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Direitos Reais 1. Anténio & proprietirio de um terreno no qual consiruia, em 1990, uma vivenda de dois andares. Na altura, deixou em relagdo ao terreno vi nho, pertencente a Bemardo, uma distancia de cinco metros. Entretanto, agora pretende construir uma garagem anexa justamente no espago que medeia entre a sua vivenda e a estrema com o terreno de Bernardo, a) Para poder construir a garagem, Anténio necessita colocar andaimes no temeno de Bernardo, Dependeri, para 0 efeito, de consentimento deste ultimo ou nao? b) Para poder utilizar mais facilmente a garagem, convinha-lhe obler acesso para a mesma através do terreno de Bernardo. Como devera proceder para 0 feito? ©) Desde @ altura em que construiu a vivenda, Anténio mantém instalado, no rés-do-chiio, um lagar de azeite. Acontece que os liquids residuais provenientes da sua exploragao so despejados directamente sobre 0 sola formando um leito que entra pelo terreno de Bemardo. Passados todos estes anos, ainda poderd este opor-se 4 actuagio de Anténio ou ndio? 2, A, proprietario, constituiu usuftuto a favor de B, sobre um apartamento, por escritura piblica datada de 1/1/2008 nao registada A faleceu em 2009 ¢ sucedewlhe o seu filho C. Este, por escritura datada de 1/1/2010, constituiu usuftuto a favor de D, sobre 0 mesmo apartamento, 0 que foi registaclo em 1/2/2010, Qual a situagiio de Be de D? Direitos Reais Rpocadefitealistas Antonio € proprietario de um terreno no qual construiu, em 1990, uma vivenda de dois andares. Na altura, deixou em relago ao terreno vizinho, pertencente a Bernardo, uma distncia de cinco metros. Entretanto, agora pretende construir uma garagem anexa justamente no espago que medeia entre a sua vivenda e a estrema com o terreno de Bernardo. a) Para poder construir a garagem, Anténio necesita colocar andaimes no terreno de Bemardo. Dependerd, para o efeito, de consentimento deste Ultimo ou nio? Resolugio: 4 colocagdo de andaimes no terreno vizinho ndo depende do consentimento de Bernardo por forga do disposto no artigo 1349°, Estd aqui prevista uma limitagao legal ao direito de propriedade estabelecida a favor daquele vizinho que necesita de utilizar provisoriamente 0 prédio atheio para algun dos efeitos ai identificados; nao se trata de uma servidao (caso em que o consentimento do afectado seria indispensavel) na medida em que deriva automaticamente da lei e niio requer um especifico acto constitutivo, De qualquer modo, pelos danos de que Bernardo venha eventualmente a padecer, Antonio é objectivamente responsdvel (artigo 483°, n.° 2) b) Para poder utilizar mais facilmente a garagem, convinha-lhe obter acesso para a mesma através do terreno de Bernardo. Como deverd proceder para 0 efeito? Resolugai : Das duas, uma: ou Aniénio tem comunicacdo suficiente com a via piiblica ou nao tem Em caso afirmativo, para poder constituir uma serviddo de passagem, nao sendo esta legal (artigo 1550°, a contrario), depende de contrato a celebrar com Anténio, a menos que (em fungdo das circunstincias do caso conereto) ‘pudessem estar reunidos os pressupostos da usucapido ou da destinagdo do pai de familia (artigo 1547, n.° 1). Deveria, assim, tentar chegar a acordo com Bernardo, formalizé-lo por escritura ptblica ou documento autenticado, ¢ registi-lo, O efeito do registo tanto poderia ser o consolidativo (artigo 5°, n.° 1, Céd.Reg.Predial) como 0 enunciativo [artigo 5° n.°2, b), Céd.Reg.Predial] em fungdo, respectivamente, do cardcter nao aparente ou aparente da servidao. Em caso negative, poderia constituir a servidao legal de passagem a que se refere o artigo 1550°, pelo que, na falta de algum dos titulos constitutivos enumerados no n.° 1 do artigo 1547°, poderia obté-la através de decisiio judicial (artigo 1547 n.9. O efeito do respectivo registo var ria igualmente em funcdo do cardcter aparente ou ndo aparente da serviddo. ©) Desde a altura em que construiu a vivenda, Anténio mantém instalado, no rés-do-chio, um lagar de azeite, Acontece que os liquidos residuais provenientes da sua explorago so despejados directamente sobre 0 solo formando um leito que entra pelo terreno de Bernardo. Passados todos estes anos, ainda poder este opor-se a actuago de Anténio ou no? Resolugio: Nos termos do artigo 1346°, 0 proprietério de um prédio ndo pode ai producir emissdes que, atingindo prédio vizinho, nele causem ‘prejuizos substanciais”. Em principio, tal seria o caso da hipétese. Trata-se, contudo, de uma limitagéo legal de vizinhanga imposta no interesse particular (dos vizinhos). Razdo pela qual estes, nisso consentindo, podem ficar sujeitos a suportar as referidas emissoes. O iinico modo, porém, com eficdeia real, através do qual a anuéncia poderia ser dado, consistiria na constituigdo de uma servidio (voluntéria) de sinal contrério (isto 6, que tivesse por contetido a submissdo & realizagdo da conduta que ultrapassasse a restrigdo legal), Diz-se entdo que a servidao é desvinculativa. Assim, se os pressupostos da usucapido estivessem preenchidos (posse durante, em principio, vinte anos — artigo 1296 — por inexistir “justo titulo”), constituir-se-ia uma serviddo que autorizaria Anténio a prosseguir com as emissdes em causa. A, proprictirio, constituiu usuftuto a favor de B, sobre um apartamento, por escritura puiblica datada de 1/1/2008 nao registada. A faleceu em 2009 ¢ sucedeu-lhe o seu filho C. Este, por escritura datada de 1/1/2010, constituiu usufruto a favor de D, sobre 0 mesmo apartamento, o que foi 1010, registado em 1/2/ Qual a situagio de Be de D? Resolugiio: O contrato contido na escritura publica em causa, na data, ndo estava ainda sujeito a registo obrigatério. Todavia, a falta de inscrigéo, na altura ou hoje, implica que os efeitos juridicos do facto ndo registado, produzindo-se, tém cardcter precdrio, na medida em que estdo sujeitos a resolugdo, caso seja registado um facto incompativel. De facto, tal acabou por suceder em virtude de D ter inscrito um outro usufruto, constituido por outro titulo, de natureza inconcilidvel como aquele de que B beneficiava. Be D sao entre si terceiros (artigo 5°, n.° 4, Céd.Reg.Predial) na medida em que: I*: adguirem ambos por negécio juridico os respectivos direitos; 2%: e fazem-no a partir de um autor comum, dado que o herdeiro C se considera, juridicamente, como um simples continuador de A, pelo que, por isso, tudo se passa como se fossem uma tinica pessoa. Nenhum dos actos constitutivos de usufruto & invélido, na medida em que, por via do principio da elasticidade, o proprietério nado perde os respectivos poderes de uso € de fruigdo quando institui o primeiro usufruto. O que certamente sucede é que 0 acto posterior de constituigdo de usufruto (a favor de D) é ineficaz enquanto subsistir a eficdcia do primeiro. Logo, hé analogia com as situagoes em que & invalido 0 acto posteriormente realizado mas primeiramente inscrito. Significa isto, por outras palavras, que D poderia exercer 0 seu usufruto em primeiro lugar (e assim prevalecer sobre B) desde que estivesse nas condigdes do artigo 291° bec

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