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Amplitude social

Uma das mais interessantes fomentações de pensamento que surge dos modernos se constrói de forma
diferente do que os próprios atribuem como avanço - no caso a separação que cria dois polos de análises.
A mediação que surge para lidar com híbridos emergentes da produção e envolvimento entre coletivos e
sujeitos amplia as misturas perceptíveis e derivadas da bi-polaridade (natureza – sociedade),
demonstrando um sucesso ao desobrigar-se de abordagens que tratem os fatos isolados de outros fatores
como suficientes por eles mesmos. As revoluções demonstram um exemplo destes fatores que estão
conectados com outros contextos além deles mesmos.

No final do capitulo dois o autor aborda a questão da revolução francesa evidenciando duas dimensões da
revolução apontadas por François Furet: uma como modalidade de ação, e outra como processo. Usado
para evidenciar uma dupla negação, Latour aponta que os revolucionários da época não eram de fato
revolucionários, assim como os modernos também não são modernos. Ambos os termos; revolução e
modernidade, carregam a intenção de situar o local de fala a fim de facilitar a compressão de onde estão
inseridos para que possam construir o destino a partir daí. (p. 45)

A amplidão que surge destas possibilidades de ação e análise também amplia o numero de híbridos que
surgem pela multiplicidade de janelas abertas. Devido à intensa quantidade de híbridos que começam a
aparecer como fruto da própria modernidade, fica extremamente difícil mantê-los dentro das analises
“objeto – sujeito”, assim como nas janelas mediadoras que surgem como consequência da própria
condenação da mediação; “​É como se não houvesse mais um número suficiente de juízes e de críticos para tratar
dos híbridos. O sistema de purificação fica tão entulhado quanto nosso sistema judiciário.”.

A consequência destas exceções que não se encaixam nos três parâmetros de analise vem bem descrita
neste trecho:

“Como Michel Serres, chamo estes híbridos de quase-objetos, porque não ocupam nem a
posição de objetos que a constituição prevê para eles, nem a de sujeitos, e por que é
impossível encurralar todos eles na posição mediana que os tornaria uma simples mistura
de coisa natural e símbolo social.”

E como a filosofia moderna vai abordar simultaneamente sua constituição moderna e os quase-objetos
que dela deriva? Primeiro ele aborda que distinção advinda de Hobbes e Boyle (XVII) se comunga com a
separação do espírito e das coisas em si advinda de Kant, e desemboca na dialética de Hegel que prefere a
contradição que os erros advindos de tratar o papel de purificação e de mediação.Latour preocupa-se com
estas teorias para que desemboquem em um refinamento crítico que mostre compatibilidade e conversão
da consequência destes pensamentos. Os modernos que viam na constituição formal a incompatibilidade
entre os quatro elementos: realidade natural exterior, laços sociais, significação e sentido que compõe a
historia e por fim o ser; são surpreendidos com discursos de conexão entre as áreas e que são:

“Reais como a natureza, narrados como o discurso, coletivos como a sociedade, existenciais
como o ser, tais são os quase objetos que os modernos fizeram proliferar, e é assim que nos
convém segui-los, tornando-nos simplesmente aquilo que jamais deixamos de ser, ou seja,
não-modernos.”

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