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Escola Politécnica
Departamento de Construção Civil
Marianna Grosso
Rio de Janeiro
Agosto de 2015
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola Politécnica
Departamento de Construção Civil
Marianna Grosso
Rio de Janeiro
Agosto de 2015
AS OBRAS DE RETROFIT SOB A VISÃO
DA SUSTENTABILIDADE
Marianna Grosso
Examinado por:
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______________________________________
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Rio de Janeiro
Agosto de 2015
Grosso, Marianna
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DEDICATÓRIA
IV
AGRADECIMENTOS
À professora Elaine, que sempre faz de tudo para ajudar os alunos e pelas
melhorias empregadas no bloco D e no CT como um todo.
V
À arquiteta Beti Font, pelo material e entrevista cedidos para o estudo de caso.
VI
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ
como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro
Civil.
Agosto de 2015
Resumo:
A construção civil no Brasil vem aderindo cada vez mais ao retrofit, prática que
surgiu e foi desenvolvida na Europa e que visa à preservação do patrimônio
histórico e adequação da edificação ao uso atual, com objetivo de melhorar a
edificação através do uso de novas tecnologias. Essa prática reaproveita
edificações existentes, gerando menos resíduos em comparação a uma obra
convencional. Nessa época em que os recursos estão cada vez mais escassos,
essa menor geração e o reaproveitamento de materiais são muito bem visto e é
uma ótima solução, pois, ao invés de depositar os resíduos num aterro, eles
viram novos materiais ou são reaproveitados na própria obra. Diante desse
“reaproveitamento” da antiga edificação, o ciclo de vida da nova construção
deve ser estudado desde a fase de projetos, para um desempenho mais
sustentável do empreendimento desde a obra até a sua demolição.
VII
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial
fulfillment of the requeriments for the degree of Engineer.
August/2015
Abstract:
The construction industry in Brazil has been adopting retrofit, which is a practice
that was developed in Europe. It aims to preserve the heritage and adequate
the building to current use by using new technologies to improve it.This practice
modifies existing buildings, generating less waste than conventional
construction. As nowadays resources are increasingly scarce, this benefit is
highly regarded and a great solution. It is because the construction industry
waste was reused in the construction site itself or it becomes new materials
instead of depositing waste in a landfill. Due to the reuse of the existing
building, the new building life cycle must be studied from the project phase
aiming to improve building sustainable performance from the construction to its
demolition.
VIII
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------- 1
7. CONCLUSÕES -------------------------------------------------------------------------------------- 79
A construção civil é um dos setores que mais consomem recursos naturais, afetando
todas as cadeias conexas desde o setor primário até o terciário. O caminho para um
setor mais sustentável deve prever a diminuição, reversão ou anulação de impactos
gerados em todos os âmbitos de sua atuação, segundo o Conselho Brasileiro de
Construção Sustentável. O retrofit tem função de customizar, adaptar, atualizar,
requalificar, melhorando as condições de conforto e possibilidades de uso dos
espaços trabalhados, aumentando o conforto humano com menor impacto ambiental e
custos. Para isso, técnicas de trabalho multidisciplinares envolvendo especialistas em
diversas áreas, são necessárias. Isto torna o processo mais complexo, porém com
soluções mais eficazes.
O objetivo deste trabalho é mostrar o que tem sido estudado e implantado para que as
obras de retrofit sejam mais sustentáveis desde o projeto até o uso, passando pela
execução. Será feito um estudo de caso da edificação Rio Branco 12 e do Restaurante
Ibérico, ambos no Rio de Janeiro, para aplicar os conceitos estudados durante o
trabalho e mostrar como a sustentabilidade está presente nesse processo.
1
Diante deste fato, a autora sentiu-se motivada a fazer uma análise deste cenário e
buscar alternativas que tornem o retrofit sustentável além da diminuição da quantidade
de resíduos gerados.
1.4. Metodologia
O capítulo três oferece uma maior visão do tema estudado. É mostrada uma
contextualização do retrofit de edificações, como ele tem sido utilizado, suas
vantagens e desvantagens, experiências anteriores.
2
aplicados nas várias etapas do ciclo construtivo, além de descrever competências
utilizadas, dificuldades encontradas e resultados obtidos.
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2. CICLO DE VIDA DAS EDIFICAÇÕES
Segundo Polito (2013), ciclo de vida na construção civil pode ser classificado como as
fases intermediárias entre o início e o fim de um projeto. É comum dividir um projeto
em viabilidade, desenvolvimento, implantação e operação, como pode ser visto na
Figura 1.
A vida útil não pode ser confundida com prazo de garantia legal e certificado, segundo
a publicação Manual de uso, operação e manutenção das edificações do Siduscon-
MG.
Ugaya (2011) diz que há pouco tempo não havia uma preocupação em se planejar o
ciclo de vida de uma edificação. De acordo com ela, apesar de a definição da Agenda
21 ter sido lançada na Eco – 92, conferência sobre o meio ambiente para decidir
medidas a serem tomadas para diminuir a degradação ambiental e garantir a
existência de outras gerações, foi consolidada apenas em 2002. Sustentabilidade e
impacto ambiental passaram a ter grande influência na cadeia produtiva da construção
civil.
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2.1. Avaliação do ciclo de vida
Para a ACV, o local que a obra será feita tem grande importância em função do
terreno, das condições climáticas a que estará exposta e do impacto que causará no
entorno. O empreendimento deve ser projetado para ter um longo tempo de uso,
segundo Ugaya (2011), mais de cinquenta anos. Porém, ao final de sua vida útil, ele
deve possibilitar que seu material seja reciclado ou reutilizado. Por isso a necessidade
de se ter um bom projeto, emprego dos materiais e manutenção da edificação. Esses
itens são relevantes para uma boa ACV. Até o transporte dos materiais influencia no
ciclo de vida da edificação.
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Para ser executada uma avaliação do ciclo de vida das edificações no Brasil, as
normas ISO 14.044, 14.040 e 14.049 devem ser seguidas. Elas têm como foco
principal a gestão ambiental. Elas avaliam o desempenho ambiental, rotulagem
ambiental, analisam o ciclo de vida dos produtos, entre outros fatores. É importante
ressaltar que a empresa precisa seguir a legislação ambiental do país em que está
inserida.
Já existem softwares que ajudam a definir com mais precisão o ciclo de vida do
empreendimento, como o Bees 1.0 (Building for Environmental and Economic
Sustainability). Ele implementa uma metodologia sistemática para selecionar produtos
de construção que apresentam uma relação entre performance ambiental e econômica
boa. Apesar disso, não é garantido que uma construção irá causar mais ou menos
impacto ambiental, pois é necessário levar em consideração o ambiente em que a
construção está sendo erguida.
Três tipos de análise devem ser considerados numa avaliação de ciclo de vida, ainda
de acordo com Ugaya (2011):
A) Inventário
B) Avaliação social
C) Avaliação de impacto
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2.2. Breve histórico sobre a avaliação do ciclo de vida
A partir do início da década de 1960, surgiram pressões ambientalistas nos EUA sobre
a indústria de embalagens, por causa do crescimento do mercado de descartáveis.
Isso levou a estudos específicos de análise de energia e de recursos aplicados ao
processo produtivo das embalagens. A Coca-Cola contratou o Midwest Research
Institute (MRI) para comparar os diferentes tipos de embalagens e selecionar qual era
o mais adequado do ponto de vista ambiental e de melhor desempenho com relação à
preservação dos recursos naturais. Este processo ficou conhecido como Resource
and Environmental Profile Analysis (REPA).
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publicados estudos sobre o mesmo produto ou serviço realizados a partir de modelos
distintos, que apresentaram resultados diferentes, ocasionando confusão nas
interpretações. A falta de metodologia padronizada levou a ao comprometimento
dessa ferramenta. Essa época é conhecida como “Guerra das ACVs”.
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O ciclo de vida de uma edificação tem seu fim na demolição ou desconstrução, como
pode ser visto na Figura 3. Essa etapa representa o início do ciclo de vida de outro
empreendimento. É também uma etapa importante, pois deve ser feito um cuidadoso
planejamento de desmonte, para garantir o reaproveitamento e a reciclagem da maior
parte dos materiais e componentes existentes.
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avaliação econômica e com a preferência dos interessados, possibilitará a decisão
sobre qual material utilizar, de acordo com Pereira, Soares e Souza (2003).
Para isso acontecer de fato, os inventários dos diferentes fluxos de materiais utilizados
na construção civil deverão estar disponíveis em um banco de dados. Na elaboração
de um serviço, como a construção de uma parede, a simulação a partir de diferentes
cenários para uma mesma função poderá ser feita. A comparação poderá ser
realizada entre blocos cerâmicos ou de concreto, revestimento de massa corrida ou
cal fina, pintura do tipo 1 ou do tipo 2, etc.
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aquecimento solar e casas de madeira. Para identificar e avaliar os parâmetros de
projeto que influenciam no desempenho ambiental de um edifício, Scheuer et al.,
2003, fizeram um estudo aplicando a ACV a um dos edifícios do complexo da
Universidade de Michigan (EUA). A avaliação do ciclo de vida do edifício da
Universidade de Michigan possibilitou uma melhor visualização dos possíveis impactos
ambientais resultantes de cada uma das fases do ciclo de vida da edificação e
possíveis estratégias de melhoria no desempenho do edifício. Itoh e Kitagawa (2003),
analisaram diferentes técnicas construtivas de pontes no Japão, de forma a reduzir
problemas resultantes de deficiências no projeto funcional das pontes e de danos
decorrentes da vida útil limitada das estruturas. Uma análise de impactos ambientais e
de custos mais detalhada pôde ser obtida através da ACV. Em uma análise posterior,
sistemas estruturais de pontes convencionais foram comparados a uma nova proposta
estrutural, a qual utiliza menor número de vigas.
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G) Detalhamentos de execução (projeto dos detalhes);
H) Levantamento “as built” (projeto pós obra).
Esse estudo oferece a melhor solução entre necessidade e demanda. Ele pode propor
uma mudança na concepção do produto caso sejam detectados nichos mais atraentes
por intermédio de análise conjunta das variáveis ambientais (localização) da demanda
e oferta (concorrência).
Ele traz análises e avaliações do ponto de vista técnico, legal e econômico e promove
seleção e recomendação de alternativas para a concepção dos projetos, de acordo
com o Caderno 1 – Estudo de viabilidade, 2012. Além disso, permite a análise do
programa, terreno, legislação, custos e investimentos para saber se são executáveis e
compatíveis com o objetivo. É ainda nesse momento que é realizado uma estimativa
de custos, impactos ambientais do empreendimento, a relação custo benefício, o
prazo para elaboração dos projetos e para execução da obra, origem de recursos e
verificação quanto a previsão de legislações orçamentárias.
Esse estudo tem como objetivo determinar o empreendimento que melhor responda
ao programa de necessidades, sob os aspectos técnico, ambiental e socioeconômico,
daí a necessidade das questões acima citadas serem todas estudadas.
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É um estudo utilizado para viabilizar ou visualizar a edificação antes do projeto
definitivo, de acordo com Melo (2010).
2.5.3. Anteprojeto
É a fase onde o projeto é concebido de fato. O projeto é iniciado com uma consulta à
Lei de Uso e Ocupação do solo e à Informação Básica fornecida pela prefeitura para
verificar as possibilidades e limitações construtivas do terreno. Essa consulta assegura
que o projeto será redigido sob as leis vigentes e que será possível no futuro a
emissão do habite-se/alvará, de acordo com Melo (2010).
Segundo Melo (2010), esse projeto cumpre a obrigação legal de aprovação do projeto
na prefeitura local, será formatado segundo legislação vigente e/ou exigida por cada
órgão fiscalizador. Ele deve ser composto por uma documentação técnica com o
mínimo de informações necessárias para a aprovação do projeto.
Esse projeto, de acordo com Melo (2010), é o “manual de instruções da obra”. Ele
deve conter todas as informações necessárias para a perfeita execução da obra.
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2.5.6. Implantação
As vistorias nas edificações devem ser anuais de forma que os aspectos acima sejam
analisados, além de outros serem identificados.
A fase de uso e manutenção é a maior na vida útil do edifício. Nesta etapa algumas
mudanças podem ser realizadas de forma que, mesmo que ele não tenha sido
planejado e executado dentro da concepção sustentável, ele poderá adquirir, através
de reformas, práticas sustentáveis.
De acordo com o Andrade (2012), a obra não acaba quando termina. São necessárias
medidas para controlar a operação e manutenção do produto final ao se estabelecer
normas de boa conservação da edificação. Assim, é possível evitar prejuízos com
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reparos e reformas. Ele defende a criação de uma legislação que obrigue o usuário a
fazer manutenção de acordo com um manual que será oficialmente entregue ao final
da obra.
2.5.8. Demolição
Existe ainda uma última etapa da vida útil do edifício, caracterizada pela fase de
demolição, que marca o final do ciclo de vida de uma edificação e o início de outro.
Esta etapa deverá ser marcada pelo aproveitamento de materiais e, sempre que
possível, pela reciclagem e reutilização deles, segundo Cardoso e Degani (2007). É a
fase de inutilização do edifício através de um processo de desmonte.
A construção civil representa, no Brasil, 14% do PIB (Produto Interno Bruto). O setor
também é um dos maiores consumidores de matérias-primas naturais, segundo a
publicação Análise da geração de resíduos sólidos da construção civil em Teresina,
Piauí, 2012. Do total de recursos naturais consumidos pela sociedade, estima-se que
entre 20% e 50% seja na construção. Essa indústria também gera impactos no meio
ambiente com a geração de resíduos, o que é um problema nas grandes cidades. A
produção de resíduos na construção causa impacto ao meio ambiente em toda a sua
cadeia produtiva. O entulho gerado pode representar 60% dos resíduos sólidos
urbanos produzidos.
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escavação de terrenos tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos,
rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa,
gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.,
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha”.
Pinto (1987) diz que “a quantidade de resíduos liberados pelas atividades construtivas
nas cidades é de tal porte que, se previsto uma reutilização do material gerado, as
necessidades de pavimentação de novas vias ou construção de habitações de
interesse social, seriam totalmente satisfeitas”.
A disposição irregular de entulho é comum na maior parte das cidades do país, por
isso, esses resíduos são considerados um problema de limpeza pública e geram
vários incômodos para a sociedade como, por exemplo, enchentes, assoreamento,
altos custos para a limpeza urbana.
Uma análise global do volume de resíduos sólidos gerados pela construção civil é
impossível, pois não existem estudos precisos que deduzam a exata produção dos
agentes atuantes na construção, segundo Pinto (1999).
A destinação final adequada para esse tipo de resíduo não é o aterro, ela deve incluir
reutilização, reciclagem, compostagem, recuperação e aproveitamento energético, de
acordo com normas operacionais específicas para evitar danos ou riscos à saúde
pública e à segurança e minimizar os impactos ambientais.
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agregados) no solo. Esse tipo de aterro é mais barato que o sanitário e a concentração
dos resíduos em um único local facilitaria a execução de projetos que visem à
reutilização ou a reciclagem.
Etapas a serem seguidas para um gerenciamento dos RCC, segundo o Manual sobre
os resíduos sólidos da construção civil, publicado pelo Siduscon – CE, 2011:
A) Segregação ou Triagem
A separação dos diversos tipos de resíduos é fundamental para eles poderem ser
reaproveitados. Os materiais inertes são os que possuem maior potencial de
reciclagem.
B) Acondicionamento
C) Transporte
O Art. 10 da Resolução 307 do CONAMA indica que os RCC de Classe A devem ser
reutilizados ou reciclados na forma de agregados. Em último caso, podem ser
encaminhados para áreas de aterro de resíduos da construção civil. Quanto aos
resíduos das Classes B (resíduos recicláveis para destinações diferentes da Classe
A), C (resíduos sem tecnologia para reciclagem) e D (resíduos perigosos), a
Resolução não especifica formas de reciclagem ou reutilização para cada tipo de
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resíduo, apenas indica que devem ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as normas técnicas específicas.
O Art. 4 da Resolução 307 do CONAMA deixa claro que os geradores devem ter como
objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a
reutilização, a reciclagem e a destinação final dos RCC.
Pode-se dizer então que o fechamento do ciclo produtivo, gerando novos produtos, a
partir da incorporação de resíduos, é uma alternativa a ser levada em consideração,
na resolução do problema global do lixo, sendo que o setor da construção civil
apresenta grandes oportunidades em relação a este aspecto. Assim, o
desenvolvimento de tecnologias para reciclagem de resíduos ambientalmente
eficientes e seguras, que resultem em produtos com desempenho técnico adequado e
que sejam economicamente competitivas nos diferentes mercados, é um desafio
técnico importante, inclusive, do ponto de vista metodológico, de acordo com John
(2000).
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3. CONTEXTUALIZAÇÃO – RETROFIT DE EDIFICAÇÕES
Campos, 2006, cita que o termo retrofit tem sido amplamente empregado com o
sentido de renovação, atualização, mas mantendo as características intrínsecas do
bem. Com a tradução liberal de “colocar o antigo em boa forma”, percebe- se que não
se trata apenas de uma reconstrução, pois esta implicaria em uma simples
restauração. Ao invés disto, busca-se o renascimento. Esta arte está aliada ao
conceito de preservação da memória e da história.
Croitor, 2009, diz que o retrofit não se limita somente a edificações antigas, também é
aplicável quando há interesse na substituição de sistemas prediais ineficientes ou
inadequados, pela mudança de uso do imóvel ou também quando as edificações estão
inacabadas ou abandonadas.
Esta prática surgiu e foi desenvolvida na Europa, no final da década de 1990, devido à
enorme quantidade de edifícios antigos e históricos, mas também é muito utilizada nos
Estados Unidos. Lugares onde a rígida legislação não permitiu que o rico acervo
arquitetônico fosse substituído, abrindo espaço para esta solução, que preserva o
patrimônio histórico ao mesmo tempo em que permite a utilização adequada do
imóvel.
Comum na Europa, esta modalidade construtiva chega a 50% das obras, e em países
como Itália e França, este indicador aumenta para 60%. Estes países têm intensificado
tais práticas em edificações residenciais, comerciais e industriais com o objetivo de
valorizar velhas edificações, aumentando sua vida útil através de avanços
tecnológicos e da utilização de materiais e processos de última geração, além de ser
uma prática mais econômica, sustentável e eficiente que a demolição total e nova
construção.
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O edifício, estilo art decó, La Samaritaine, de 80 mil metros quadrados, que abrigou
uma loja de departamentos entre 1870 e 2005, abriga atualmente lojas, escritórios e
um hotel com vista para o rio Sena. As escadarias, afrescos e o teto de vidro originais
foram preservados nesse processo.
(Fonte: http://www.portobello.com.br/blog/design-e-inovacao/retrofit-la-samaritaine-
renascera-as-margens-do-sena/) (05/06/15)
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Figura 5 – Edifício multiuso La Samaritaine após retrofit
(Fonte:http://www.aviewoncities.com/gallery/showpicture.htm?key=svefr0393)
(05/06/15)
É importante ressaltar que, apesar de ser a forma ideal para lidar com patrimônios
históricos, o retrofit também pode ser aplicado em marcos de valor significativo, como
a sede de uma empresa, ou qualquer imóvel, condomínio e até bairros inteiros em que
haja o desejo de preservar a sua estética, promovendo a atualização de amplas áreas
urbanas.
Essa técnica também é considerada quando é mais rápida que uma nova construção
ou quando é necessário continuar utilizando o prédio durante a obra. (EGGER, 2015)
Imóveis desgastados pelo uso ou pelo tempo, recuperados pelo processo de retrofit,
podem chegar a uma valorização de até 100%.
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com pés direitos mais altos e vãos mais largos, facilitadores na execução de pisos
elevados e forros, por exemplo.
Botelha (2015) cita que finalmente o retrofit tem obtido destaque e crescido no Brasil
devido à escassez e alto custo dos terrenos, principalmente nas cidades de São Paulo
e Rio de Janeiro. Impondo ao mercado esta solução, que revitaliza importantes
edificações já existentes no centro urbano. Existem vários casos de sucesso que
fomentaram grandes investimentos no setor imobiliário e da construção civil.
Ele destaca ainda que alguns cuidados devem ser tomados, como a realização de um
estudo e memorial fiel às condições do imóvel, conjunto de projetos bem coordenados,
estudo rigoroso quanto ao emprego de materiais adequados na edificação.
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3.2. Breve histórico do retrofit no Rio de Janeiro
Enquanto nas cidades estrangeiras as iniciativas de retrofit surgiram de grupos
alternativos, no Rio de Janeiro elas surgiram do próprio governo.
Essa requalificação atraiu grandes empresas de volta para o centro da cidade além de
aumentar a procura por imóveis na região. Surgiram novos centros culturais, lojas
sofisticadas, universidades e grandes garagens subterrâneas.
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F) Proposta de implementação, incluindo vários cenários, entre eles, da
arquitetura, elétrica, dados, voz, elevador e fachada;
G) Comercialização.
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Tabela 2 – Comparativo entre obra tradicional e retrofit
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Não há diferenças no fechamento realizado no retrofit ou numa obra convencional.
Porém, uma prática comum na modernização de edificações antigas é o uso de
drywall para fechamentos internos. Essas chapas são mais leves e causam um
impacto menor na estrutura existente, além de gerar menos resíduos e ser uma
construção mais limpa.
Muitas vezes, os sistemas prediais são os fatores cruciais para um retrofit ser
implantado. A modernização dessas instalações, que começa pela substituição de
todo cabeamento e vai até a instalação de novas caixas para suportar a maior
quantidade de cabos utilizada atualmente, por exemplo, é fundamental para a
edificação tornar-se moderna e atender as demandas de uso.
Além dessas etapas, segundo Dorigo e Cari (2014) podem ser incluídas também
soluções como telhado verde, que aumenta o conforto térmico e diminui o gasto com
energia e manutenção de ar condicionado além de reter a água precipitada, que pode
ser tratada e reaproveitada para fins não potáveis como irrigação e descarga; parede
verde, que pode servir como isolante térmico; torneiras dosadoras, que controlam o
desperdício e reduzem o consumo de água; sensores de presença que acionam a luz
somente quando há presença de pessoa e mantém acessa por um intervalo de tempo
pré-determinado, evitando o uso desnecessário e economizando energia; vidros
térmicos, que diminuem a quantidade de raios solares transmitidos para o ambiente
sem influenciar na iluminação natural, diminuindo a necessidade de climatização
artificial; placas fotovoltaicas, que aumenta a eficiência energética da edificação,
podendo ser utilizada desde o aquecimento de água até geração de energia para a
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própria edificação. Todas essas medidas visam aumentar o conforto da construção,
reduzir o uso de água e energia, aumentando a sustentabilidade.
Apesar de um retrofit não gerar a mesma margem de lucro que projetos de construção
iniciados do zero, ele é uma escolha mais segura no atual cenário econômico. Ele é
geralmente menos arriscado por envolver menos despesas com materiais, uma vez
que a estrutura já está disponível.
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acústica, é uma dificuldade enfrentada em obras de retrofit já que são poucos os
fabricantes que produzem esquadrias fora do padrão, por exemplo.
De acordo com Camargos (2013), como não há legislação específica para retrofit, a
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) deveria pensar numa norma
específica para o retrofit. “Nesta área, ainda há uma ausência total de especificações”,
alerta.
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Outro ponto importante, é que reforma ou retrofit não fazem parte do escopo da NBR
15575 – Edificações habitacionais – Desempenho, publicada pela ABNT em 2013.
Manter a fachada original não aconteceu no caso do retrofit do Diamond Hotel, que
segundo o arquiteto responsável, Juan Carlos Belay, a única coisa preservada foi a
vista para a Baía de Guanabara. O Hotel Excelsior, em Copacabana foi totalmente
remodelado.
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condicionado, segurança, infraestrutura de telecomunicações e informática foram
reformulados. Com isso, a locação passou de R$13,00 por metro quadrado em 1993
para R$55,00 em 2005.
Saindo da área Zona Sul – Centro e indo para a Zona Norte, outra obra interessante
foi a adaptação e mudança de uso de uma antiga fábrica de tecidos para instalações
comerciais, o shopping Nova América.
Entre outras razões para realizar um retrofit, cita-se uma maior comodidade para os
usuários, redução de custos operacionais da edificação (gastos necessários para o
funcionamento da mesma) na ordem de 30%.
Nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, a demanda por retrofit é sentida
praticamente nos centros, aonde a infraestrutura de serviços e comércio é pouco
aproveitada por muitos edifícios terem tecnologias obsoletas para as novas
necessidades das empresas.
Vale (2006) aborda ainda que a forma de acabar com a degradação de lugares
abandonados em regiões habitáveis é fixar uma população residencial. A revitalização
de microrregiões centrais é preferível à realização de retrofit em alguns edifícios que
não resgatam a ocupação do entorno.
30
devido ao alto investimento. Por isso, de acordo com Vale (2006), em alguns lugares
onde há disponibilidade de terrenos disponíveis, a preferência é para novas
construções.
Mas isso ainda divide opiniões. Há quem diga que se a fundação e estrutura estiverem
em bom estado de conservação, a economia ao se realizar o retrofit ao invés de uma
nova construção pode ser superior a 20%. Isso em caso de edifícios comerciais, que
são fáceis de reformar. Já retrofit em hotéis, que possuem muitas divisões internas, é
mais complicado.
Ainda de acordo com Vale (2006), os bons empreendimentos para sofrerem retrofit,
em função das estruturas, são os com até 50 anos, onde pode-se aproveitar fundação,
alvenaria e estrutura. Independente do estado de conservação, instalações prediais,
elevadores e caixilharia sempre têm de ser refeitos totalmente para um bom resultado
final.
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4. CONTEXTUALIZAÇÃO: SUSTENTABILIDADE NA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Uma edificação, para ser sustentável, deve ter soluções que priorizem o baixo impacto
ambiental, desde a concepção do projeto até a especificação dos materiais,
construção e operação.
Como desafio, pode-se afirmar que o setor da construção civil em todo o mundo é
responsável pelo consumo de 50% dos recursos naturais e 40% dos insumos
energéticos de todas as fontes, considerando o ciclo de vida das edificações, o que
inclui além do consumo de energia na vida útil das edificações, também a energia
gasta na fabricação dos materiais de construção, na obra propriamente dita e na
desconstrução, segundo Tavares (2006).
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construtivas, atividades no uso e operação do espaço construído, hábitos dos
usuários, procedimentos de manutenção e destinação dos materiais no fim da vida útil.
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Segundo Pacetta (2010), ser sustentável no Brasil não é fácil. Os consumidores ainda
duvidam da qualidade e da reputação de produtos e serviços sustentáveis. Eles
confundem sustentabilidade com ecologia, baixa qualidade, rusticidade. Acabam
achando que o que é sustentável é mais caro e que o mercado não oferece oferta,
além de não conhecerem os critérios para tornarem esses produtos e serviços verdes.
Como a construção civil é um setor que consome muito recurso natural, e tem uma
importância grande no PIB, é possível perceber a magnitude dessa atividade na
economia mundial e como o impacto ambiental por ela gerado é significativo, de
acordo com Santos (2010). Uma análise feita de dados obtidos nos Estados Unidos,
mas que são considerados válidos para a construção civil dos demais países
industrializados, segundo Araújo (2002), aponta os seguintes indicadores: utilização de
30% das matérias primas, 42% do consumo de energia, 25% para o de água e 16%
para o de terra. O segmento contribui com 40% da emissão atmosférica, 20% dos
efluentes líquidos, 25% dos sólidos e 13% de outras liberações. Esses indicadores
mostram a importância do tema e a necessidade de elaboração de ações que
reduzam o impacto ao meio ambiente da construção civil.
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A ECO – 92 fez com que os assuntos ganhassem ramificações independentes, com
desenvolvimento de atividades específicas, avanço de conhecimento e acordos entre
nações.
Para minimizar os impactos gerados pelas construções, tem que repensar algumas
atividades. A fase de projetos deve contemplar soluções para os processos usuais da
construção civil. Novos materiais, menos impactantes, com origem em diferentes
matérias primas devem ser desenvolvidos com um custo aceitável para o mercado
poder utilizá-los.
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As construções certificadas tendem a serem laboratórios de soluções e ideias que
podem ser utilizadas pelas outras construções, onde elas são desenvolvidas, testadas
e aprovadas, levando sustentabilidade para as construções de um modo geral, de
acordo com Jesus (2014). Esse processo tem difundido o conceito de construção
sustentável pelo mercado e a consequência é a aceitação cada vez maior.
Os empreendimentos com selo verde tendem a ser mais caros que as construções
similares, porém sem certificação. A receptividade desse tipo de construção tem
aumentado, o que eleva ainda mais o seu valor. E a construtora responsável pela
construção também passa a ter reconhecimento no mercado pela adoção de filosofias
sustentáveis, de acordo com Valente (2009).
Moura e Motta (2013) mostram que um grupo de críticos alega que estes processos de
certificação não têm sido utilizados para a promoção da prática da sustentabilidade a
que eles propõem, mas como uma forma para as construtoras aumentarem seus
ganhos através da mudança de conscientização pela qual o mercado passou. Dessa
forma, eles alegam que as certificações enrijecem o desenvolvimento de soluções
sustentáveis, pois estas seguem apenas o que é previsto pela certificação desejada,
de forma a inibir soluções realmente sustentáveis, já que essas não têm contribuição
para atingir a meta. Além de também deixar em segundo plano soluções
arquitetônicas naturalmente sustentáveis, já que não contribuem para o mesmo fim.
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Outro questionamento é o fato de que as exigências feitas por alguns métodos de
certificação não possuem adaptações para outras culturas, engessando a concepção
de projetos sustentáveis.
Desse modo, alguns arquitetos têm sido contra os sistemas de certificação, pois os
definem como reducionistas e excessivamente tecnicistas, não considerando aspectos
culturais, sociais e econômicos do desenvolvimento sustentável. Dessa forma, deve
ser feita uma análise detalhada das especificidades do projeto, levando em
consideração o ambiental em que a construção está inserida e todas as suas
variáveis, analisando se a certificação possui apenas objetivos pragmáticos ou se visa
realmente disseminar a sustentabilidade. Isso determinará a real utilidade do
empreendimento para a sociedade.
O LEED é um sistema voluntário que pode ser aplicado a qualquer tipo de construção
e em qualquer fase da vida do empreendimento. Inclusive durante o retrofit.
37
4.2.3. Selo Qualiverde
Esta certificação entrou em vigor em 2012 e foi criada pela prefeitura da cidade do Rio
de Janeiro, lançada na Rio +20. O desenvolvimento começou em 2010, segundo
Barros e Bastos (2015), o foco era diminuir os impactos do setor da construção civil e
o objetivo era incentivar ações sustentáveis e não torná-las obrigatórias, visando
especificamente o Rio de Janeiro.
Por ser um selo gratuito e desenvolvido especialmente para o Rio de Janeiro, ainda de
acordo com Barros e Bastos (2015), o acesso é facilitado a investidores de menor
porte e prioriza ações relevantes para o município, como a construção de reservatórios
de retardo e aumento da permeabilidade do solo, para reduzir as enchentes que
ocorrem na cidade.
38
4.3. Empreendimentos certificados no Brasil
(Fonte: Confidere)
O primeiro prédio público sustentável de Santa Catarina foi entregue em 2008 pela
construtora Vez das Árvores. É um posto de Polícia Militar e Ambiental da Praia do
Rosa. O projeto foi focado no design para aproveitar a ventilação natural, captação e
aproveitamento de água de chuva, iluminação natural, telhado verde, painéis solares e
tratamento de esgoto anaeróbico.
39
Figura 8 – Posto da Polícia Civil e Ambiental
A primeira certificação HQE – AQUA no Brasil foi a loja da Leroy Merlin em 2009 em
Niterói. Essa certificação foi a escolhida pela facilidade de adaptação à realidade
brasileira, segundo Valente (2009).
40
seguidas para ser possível a obtenção de certificação nos empreendimentos
construídos para os jogos.
De acordo com o Guia de Boas Práticas na Construção Civil, publicado em 2011 pelo
Santander, uma obra sustentável estimula iniciativas que apresentam soluções para
as interferências socioambientais da construção civil. Deve-se construir de maneira
responsável, atender às legislações trabalhistas, fiscais e ambientais e estender isso
aos fornecedores, fazer além do que a legislação obriga, reduzir os desperdícios,
reutilizar e reciclar os materiais, buscar sistemas elétricos e hidráulicos que reduzam o
consumo e evitem o desperdício, procurar materiais e processos que reduzam a
utilização de recurso naturais e contribuam para a manutenção da biodiversidade, que
não utilizem produtos tóxicos na fabricação nem liberem gases tóxicos na aplicação e
uso e que tenham uma vida útil maior. Deve-se também implantar técnicas e
equipamentos que permitam medir e monitorar o desempenho ambiental da edificação
durante a obra e na fase de uso. Além de tudo isso, durante o processo de
planejamento e construção, deve haver uma preocupação em melhorar a qualidade de
vida dos funcionários, da comunidade e do entorno do empreendimento.
41
conteúdo reciclado. Deve-se evitar o uso de materiais químicos prejudiciais à
saúde e ao meio ambiente;
D) Resíduos da construção à deve-se atentar para a redução da geração de
resíduos e disposição adequada e promover a reciclagem e reuso dos
materiais;
E) Energia à uso de coletor solar térmico para aquecimento de água, de energia
eólica para bombeamento de água e de energia solar fotovoltaica, com
possibilidade de injetar o excedente na rede pública;
F) Água e esgoto à prever coleta e utilização de águas pluviais, utilização de
dispositivos economizadores de água, reuso de águas, tratamento adequado
de esgoto no local e, quando possível, uso de banheiro seco;
G) Áreas externas à valorização dos elementos naturais no paisagismo e uso de
espécies nativas, destinação de espaços para produção de alimentos e
compostagem de resíduos orgânicos, uso de reciclados da construção na
pavimentação e pavimentação permeável, previsão de passeios sombreados
no verão e ensolarados no inverno.
42
de planos diretores à construção de grandes empreendimentos, utilizando
princípios de sustentabilidade e retrofit de empreendimentos em áreas urbanas
consolidadas.
Para que esses desafios sejam superados, o setor não pode atuar de maneira isolada.
Esses desafios envolvem questões sociais, legais, tributárias e institucionais.
43
as políticas de sustentabilidade e propõe a criação de órgãos responsáveis pelo
planejamento, formulação, aplicação e fiscalização destas políticas, além de
penalização, de acordo com as responsabilidades de cada um.
Essa legislação não é muito específica pelo fato de ser federal em um país de
dimensões continentais. Assim, cada localidade deve aplicar estes princípios a suas
demandas e realidades para atender as exigências locais. Este é o papel da legislação
nacional.
44
5. APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE SUSTENTABILIDADE EM
OBRAS DE RETROFIT
Na busca pela sincronicidade, o retrofit tem sentido de renovação do edifício e sua
adequação às necessidades dos atuais usuários com reestruturação dos sistemas
prediais. Com isso, pode-se implantar soluções como controle do gasto energético,
segurança e conforto, introduzir sistemas de telefonia e cabeamento para informática,
instalação de sprinklers e outros itens de segurança contra incêndio, além de
substituição de todo o sistema hidráulico e elétrico. Deve-se renovar os materiais dos
revestimentos sem alterar a feição original da edificação, em caso de
empreendimentos históricos.
A busca pela reabilitação e requalificação das edificações através do retrofit, deve ser
executada de acordo com os valores ecológicos existentes na sociedade atual,
segundo Vale (2006).
45
ápice do movimento. Assim, utilizando parâmetros de sustentabilidade no retrofit das
edificações, contribui-se para um desenvolvimento urbano sustentável dentro dos
novos paradigmas ambientais.
O que torna uma tecnologia sustentável, de acordo com Adam (2001), é a qualificação
que ela possui de ser limpa, ecologicamente fiel e não poluir. Pode ser utilizada em
pequena ou grande escala e deve ser absorvida pela sociedade como um todo. Ainda
segundo ele, os processos de retrofit aliados à “ecotecnologia” devem possuir uns
princípios básicos, como:
Ainda na etapa de projetos, deve ser prevenida a Síndrome do Edifício Enfermo (SEE)
que é a conjunção de poluição atmosférica, sonora e das que ocorrem dentro do
46
próprio edifício para uma melhor salubridade das construções e dos seus habitantes,
segundo Vale (2011).
Para que esse sistema funcione, é necessário um perfeito nivelamento das paredes de
vedação. É aceitável no máximo um desnível de 5 cm, já que acima desse valor o
processo é inviabilizado devido não só à descontinuidade de nivelamento das placas,
que gera uma estética indesejável, como também pelo comprometimento da
estanqueidade e circulação do ar.
47
Figura 10 – Fluxo de ar e calor em fachadas ventiladas
Além das vantagens já citadas, esse tipo de fachada protege a estrutura e prolonga a
vida útil da edificação. O sistema controla a entrada de água da chuva e elimina uma
das causas mais frequentes da deterioração de fachadas, as infiltrações. A água que
consegue penetrar no interior da cavidade é extremamente pequena. Estudos
realizados na Alemanha mostraram que menos de 1% da água que penetra atinge o
paramento, e isso pode ser amenizado através de uma camada impermeabilizante, de
acordo com a publicação “Fachadas respirantes” da edição de março de 2009 da
revista Téchne.
Esse tipo de fachada ainda oferece proteção acústica devido às placas e à lâmina de
ar, e à proteção isolante caso possua, agem como uma barreira amenizando os ruídos
oriundos de fora. Esse detalhamento pode ser observado na Figura 11 e Figura 12.
Como desvantagem desse tipo de fachada, pode ser citada a impossibilidade de uso
de painéis muito finos, pois a execução segura de furos ou cortes para as ancoragens
que ligam a placa à subestrutura fica difícil.
Outra desvantagem é a falta de normas brasileiras para esse tipo de fachada. O que
deve ser feito é utilizar normas internacionais ou normas brasileiras de outros tipos de
fachada.
48
Figura 11 – Detalhe de uma fachada ventilada
(Fonte: http://forumdacasa.com/discussion/25614/placas-revestimento-exterior/)
(23/07/15)
(Fonte: http://www.archiproducts.com/pt/produtos/88172/fachada-ventilada-blizzard-
sanmarco-terreal-italia.html) (23/07/15)
49
5.1.2. Shafts
Shafts são passagens onde as tubulações de uma edificação devem passar, como
pode ser observado na Figura 13. O principal objetivo é que sejam de fácil acesso
para manutenção, de acordo com Vale (2006).
Nos processos de retrofit, o shaft tem sido empregado para atender as novas
necessidades de instalações elétricas e hidráulicas.
Ele pode ser instalado em fachadas ou nas laterais das edificações durante o
processo de retrofit caso não haja espaço no interior do prédio, mas deve ser feito um
tratamento arquitetônico para suavizar a aplicação para que não seja notado.
Segundo Barrientos (2004), esta técnica surgiu na década de 1890 nos Estados
Unidos e chegou ao Brasil junto com a abertura econômica.
50
Figura 14 – Detalhe de parede de drywall
As placas verdes podem ser aplicadas em áreas úmidas, as rosas são mais
resistentes ao fogo e podem ser aplicadas ao redor de lareiras e bancadas de cooktop,
e as brancas são as mais básicas e são amplamente aplicadas em forros e paredes de
ambientes secos, de acordo com a reportagem “Drywall: entenda como funciona esse
sistema de construção". Esses tipos de placa podem ser vistos na Figura 15.
Por si só, o sistema oferece proteção contra barulho e calor, já que forma um colchão
de ar e, se necessário, é possível incrementar seu desempenho com enchimento de lã
mineral.
51
Figura 15 – Tipos de chapas de drywall
(Fonte: http://casa.abril.com.br/materia/drywall-entenda-como-funciona-esse-sistema-
de-construcao) (24/07/15)
Outras vantagens do drywall são: otimização do ambiente, paredes mais leves sem
desperdício de materiais, facilidade na hora da montagem, não necessita de reboco ou
massa corrida, facilidade nas instalações prediais, como pode ser visto na Figura 16.
52
5.1.4. Piso elevado
Seu uso foi aumentando por ser possível implantar instalações não previstas no
projeto original e hoje é indispensável no setor corporativo, por permitir mudanças de
layout, flexibilidade no acesso ao cabeamento e outras soluções arquitetônicas e
funcionais, segundo Vale (2006).
Esse sistema deve ser previsto ainda na fase de projetos para permitir a
compatibilização das saídas de elevadores e escadas e altura de janelas com o nível
do piso acabado.
(Fonte: http://www.amazonoffice.com.br/category/piso-elevado/)(24/07/15)
53
composto por um conjunto de conectores e cabos, conforme Figura 18, reunidos de
maneira modular e baseado na padronização, tornando o cabeamento independente
da aplicação e do layout.
A maior vantagem desse tipo de cabeamento, segundo Vale (2006), é a facilidade nas
modificações de layout dos postos de trabalho, dando total flexibilidade à construção.
A desvantagem é o elevado custo de implantação. Mas antes da escolha, deve ser
pensado não só o investimento inicial, mas também a vida útil e a manutenção.
5.1.6. Forros
Os forros são barreiras entre a estrutura e o ambiente interno, que pode ser visto na
Figura 19, com funções diversas como:
A) Conforto térmico;
B) Absorção e isolamento acústico;
C) Abrigo de instalações prediais;
D) Acabamento estético.
No setor comercial e industrial, de acordo com Vale (2006), os forros modulares são
os mais utilizados. Eles permitem acesso para manutenção de cabos e tubulações, de
forma rápida e limpa.
54
No retrofit, o forro desempenha importante papel auxiliando o acabamento das
instalações.
(Fonte: http://www.sulmodulos.com.br/produto-forro-em-gesso-acartonado-drywall)
(24/07/15)
Seu conceito é igual ao de uma instalação elétrica (tubo guia). Os tubos são
conectados a uma prumada através de uma válvula esférica e tem um ponto central de
distribuição de ramais. O mesmo tubo pode ser utilizado para água quente, vermelho,
e água fria, azul. Essa identificação por cores fica clara na Figura 20.
55
D) Possui baixa condutibilidade térmica e menor nível de ruído, além de grande
durabilidade.
Além das questões estéticas, outros fatores devem ser analisados como conforto e
características climáticas, que devem ter grande peso na decisão sobre a reabilitação
ou não da fachada já que pode proporcionar maior eficiência à edificação.
56
5.1.9. Análise dos recursos construtivos
Com todos esses recursos construtivos expostos, percebe-se que eles podem
contribuir para os processos de retrofit das edificações nacional e internacionalmente.
Quando foi inaugurado, em 1931, esse edifício (Figura 21) não era só o maior prédio
do mundo, era também o prédio com os elevadores já criados que atingiam a maior
altura. Mas essa construção, como qualquer outra, começou a apresentar problemas
decorrentes da sua idade. Com isso, a família proprietária e responsável pelas
operações desse marco da cidade de Nova Iorque teve que decidir se venderia o
empreendimento ou se faria melhorias que poderiam custar mais de 500 milhões de
dólares. Eles decidiram arriscar na segunda alternativa e torná-lo um edifício
autossuficiente em energia. Mas eles queriam mais, queriam criar um processo que
pudesse ser repetido no mundo inteiro e em outros grandes edifícios como hospitais e
universidades para tornar o mundo um lugar melhor.
57
Figura 21 – Empire State Building
58
Figura 22 – Emissão de gás carbônico por setor nos Estados Unidos ao longo dos
anos
De acordo com o estudo de caso Empire State Building Case Study, produzido e
divulgado pela própria associação do Empire State, o retrofit foi motivado pela vontade
de reduzir as emissões de gases do efeito estufa e demonstrar que o retrofit aplicado
em grandes prédios comerciais pode ser viável economicamente e um bom negócio,
além de criar um modelo replicável pelo mundo.
59
Figura 23 – Janelas instaladas durante o retrofit
Uma das medidas de Malkin durante a etapa de projetos foi manter os locatários de
andares inteiros e tirar os de pequenos escritórios, com isso ganharia áreas que não
eram aproveitadas, como espaços de corredor e perto de escadas e elevadores. Ao
mesmo tempo em que anteriormente nesses espaços não existiam sistemas de
aquecimento e resfriamento. Com isso, foi necessária a compra e instalação de um
novo chiller, além da substituição das 6.514 janelas já programada.
60
As conclusões ao final do processo que durou cinco anos foram que é necessário ter
estratégias para maximizar economias rentáveis, equilibrar a emissão de gás
carbônico e modernizar o desenvolvimento dos projetos. Devem existir projetos com
ciclo de substituição de equipamentos, os sistemas devem ser dinâmicos e os
processos podem e devem ser modernizados.
Malkin, que sempre foi ligado a causas ambientais, diz que o retrofit além reduzir os
custos no uso da edificação, gera empregos locais e diminui os gastos com geração
de energia. Diz ainda que criar estacionamento de bicicleta é bonito, mas que o que
vai modificar o mundo é a eficiência energética.
O projeto foi do arquiteto francês Joseph Gire em estilo neoclássico francês e levou
em consideração fatores importantes como iluminação e ventilação natural, áreas de
circulação, tamanho de elevadores, localização de restaurantes, cozinhas, entre
outros.
61
Figura 24 – Construção do Hotel Glória em 1919
De acordo com Tapajós (2009), na época da inauguração, esse era o único hotel cinco
estrelas do país e também é reconhecido como o primeiro prédio construído em
concreto armado no Brasil.
No processo de retofit, todo o interior do hotel foi demolido, ficando apenas fachada,
pilares e lajes. Internamente não há vestígios da arquitetura neoclássica, dando lugar
às novas divisões estabelecidas, segundo Brisolla (2012).
Brisolla (2013) diz que o grande desafio do retrofit nesse hotel era preservar a
fachada, que é preservada pelo patrimônio histórico municipal, enquanto o resto da
edificação não é tombado por nenhum órgão de patrimônio histórico.
62
6. ESTUDO DE CASO
São apresentados dois estudos de caso, de um prédio comercial que está passando
pelo processo de retrofit e continuará sendo um prédio comercial e de uma clínica de
fisioterapia que após o retrofit se tornou um restaurante.
Essa construção era originalmente um prédio comercial, de um único dono, com duas
salas alugáveis por pavimento, composto por 25 pavimentos, como pode ser visto na
63
Figura 25 – Edificação antes do retrofit
(Fonte: http://rb12.com.br/pt/)
64
O empreendimento tem cerca de 35 anos, foi construído entre os anos de 1979 e
1980, tendo seu habite-se concedido em 28/01/1981.
Esse projeto alia modernidade, luxo e sustentabilidade e foi pensado para otimizar o
conforto dos usuários utilizando soluções tecnológicas avançadas do ponto de vista
ambiental, como produção própria de energia, otimização da luz natural e utilização de
um sistema de ar condicionado baseado em vigas frias. Esse é o primeiro prédio
comercial do país a utilizar painéis fotovoltaicos para a produção de energia elétrica,
de acordo com o site do empreendimento.
Como peculiaridade encontrada durante a obra pode ser citada a própria estrutura da
edificação, principalmente os pilares e as lajes. Foi constatado que a construção não
foi executada com boas técnicas de engenharia e não houve um controle de
qualidade. Diversos pilares apresentavam “barrigas”, característica de abertura das
formas durante as concretagens (Figura 27). Algumas lajes, que os projetos indicavam
ter espessuras de 10 cm, tinham na verdade entre 5 cm e 7 cm, com recobrimentos de
apenas 1 cm. Havia pilares e vigas fora de prumo, inclusive a fachada estava fora de
prumo. Para compensar esses defeitos, havia emboços com mais de 10 cm de
espessura. Foi constatado que a armação das lajes era feita com aços CA-25 e CA-
50.
65
Figura 27 – Pilar “embarrigado”
Um fato curioso que ocorreu foi o fornecimento das plantas originais da edificação que
estavam guardadas em ótimo estado de conservação com o porteiro chefe do prédio
(Figura 28).
66
Figura 28 – Planta original
Como solução para esse problema inesperado, foi necessário fazer um reforço em
estrutura metálica nas lajes dos 22º e 24º pavimentos (Figura 29) para que fosse
possível içar os chillers (Figura 30) pela fachada principal até o 24º andar.
67
Figura 29 – Reforço em estrutura metálica
68
Outra dificuldade foi o recebimento de materiais e retirada de entulho, já que o local só
permitia que esses serviços fossem realizados a noite. Ainda por causa das obras do
VLT, depois de um tempo ficou ainda mais complicado o recebimento de materiais
para a obra, pois nem durante o período noturno era permitido estacionar na frente da
obra para a descarga desses produtos. Os veículos de carga tinham que ficar
estacionados em ruas próximas e os materiais serem transportados até a obra por
outros meios.
Por se tratar de uma obra de retrofit, o canteiro de obras é reduzido, não havendo
muito espaço para o armazenamento de materiais na obra. Com isso, a areia e a brita
tinham que ser entregues ensacadas além de serem recebidas a noite, junto com o
cimento, para o uso no dia seguinte.
Também não havia local para construção de refeitórios, vestiários e banheiros. Foi
necessário montar estruturas para essas instalações nos próprios pavimentos.
69
e desumidificado no recuperador de calor, trocando o calor com o excesso de ar
ambiente, sendo levado para o compartimento do condicionador.
O excesso do ar ambiente é captado no teto dos sanitários e, após trocar calor com o
ar novo, é descarregado para o exterior.
Deve haver também um sistema de controle de umidade da sala para que não haja
condensação nas vigas frias.
70
Figura 32 – Formato em zig-zag da fachada com caixilho de alumínio e vidros
Além desse sistema empregado na fachada, foi utilizado também acabamento em aço
inox escovado, que não absorve calor.
71
Esse edifício conta ainda com piso elevado, para facilitar as instalações das
tubulações elétricas, de telefonia, de dados e de CFTV, e aumentar as possibilidades
de layouts do pavimento; uso de shafts, para passagem das tubulações (Figura 34);
sistema de irrigação automático.
A iluminação artificial da fachada e das áreas comuns é feita através de LEDs, que
têm um consumo de energia menor e possuem uma vida útil muito maior. Nos
sanitário e na escada, existem sensores de presença.
Durante a obra, foi feita uma gestão de resíduos. Estes eram separados na própria
obra e colocados em caçambas, localizadas na frente do prédio, para a transportadora
poder retirar com mais facilidade. A cada retirada era emitido um manifesto para
assegurar a destinação legal dos mesmos (Figura 35).
72
Figura 35 – Cópia do manifesto de resíduos
73
A primeira previsão era para a instalação de 100 painéis fotovoltaicos na fachada
norte, porém foram instalados 88, sendo 72 na fachada norte de 16 no 24º pavimento.
Existe uma caixa d’água para a água de reuso, porém, em projeto, essa caixa
somente seria abastecida com esse tipo de água. Os vasos sanitários e torneira de
irrigação só são ligados a essa caixa. Durante a execução do projeto, notou-se a
necessidade dessa caixa ter que receber também água da CEDAE, para no caso de
falta de água de reuso não haver interrupção de fornecimento de água para esses fins.
74
Figura 36 – Fachada inicial
75
Foi construído também um terceiro pavimento em steelframe pré-fabricado e um
telhado verde, resultando em um maior conforto térmico e minimizando o impacto
deste pavimento extra no entorno.
A água ganhou atenção especial por ser um bem cada dia mais precioso. Foi criado
um sistema de captação de água pluvial nas áreas externas. Depois de filtrada, essa
água é utilizada para irrigação do jardim vertical, feito com plantas nativas, e do
telhado verde. Essa mesma água pode ser reutilizada para lavagem de pisos e áreas
externas. Foram instaladas também torneiras com dispositivos de economia e vasos
sanitários com sistema ecoflush. Além de piso drenante, para melhorar a qualidade da
terra e alívio ao sistema de esgoto da área.
Como diferencial, pode ser citado um inovador tratamento de água por osmose
inversa, que garante água mineral com e sem gás. A água é engarrafada no próprio
restaurante e vendida para quem quiser integrar-se a um projeto sócio-sustentável, já
que parte da arrecadação com a venda de cada garrafa é destinada a uma ONG
dedicada à formação de novos chefes.
76
Ainda não há incentivos fiscais para empreendimentos com esse tipo de selo no Rio
de Janeiro.
O Decreto número 35.745 lista todas as medidas passíveis de pontuação e seu valor
correspondente, deixando ainda um espaço para “Inovações Tecnológicas”, e cada
inovação aplicada, soma 1 ponto.
Como exemplo, pode ser citado o uso de descargas com duplo acionamento, presente
nos dois empreendimentos – 2 pontos; reuso de água – 1 ponto; aproveitamento de
águas pluviais – 1 ponto; pavimentação permeável, presente no restaurante – 2
pontos; aquecimento solar de água, também presente no Ibérico – mínimo 5 pontos;
iluminação artificial por LED – mínimo 2 pontos.
Além desses, muitos outros itens são pontuáveis nas áreas de gestão da água,
eficiência energética e projeto.
Para obter o selo, é necessário que as medidas atinjam 70 pontos, caso essa
pontuação seja 100 ou maior, a certificação passa a ser “Qualiverde Total”, conforme
informa o mesmo decreto.
No edifício comercial, essas medidas não foram implantadas. Uma das justificativas foi
o fato de ser um prédio comercial com o intuito de locação, e a utilização de materiais
reciclados poderia causar certa desconfiança quanto à qualidade destes nos
locatários.
77
No edifício, a maior parte dos sistemas é automatizado, enquanto no restaurante, até
mesmo por ser um empreendimento menor, a solução aplicada foi a execução de
vários circuitos, para evitar o acendimento de luminárias desnecessariamente.
Por ser uma construção própria, todas as luminárias do Ibérico são com lâmpadas
LEDs. No RB12, apenas as lâmpadas das áreas comuns são com essa mesma
tecnologia, as das salas particulares ficarão a cargo de cada empresa locatária a
decisão de qual tecnologia será utilizada. Cada uma será responsável por seu projeto
luminotécnico.
Pelo fato de não haver uma legislação específica para esse tipo de obra, foram
utilizadas normas que tratam de cada etapa de obra convencional.
Como dito anteriormente, as soluções são diferentes, mas todas com a mesma
finalidade de tornar o empreendimento mais sustentável. Além de cada uma ser mais
adequada para a edificação onde foi empregada, como foi exemplificado.
78
7. CONCLUSÕES
O objetivo deste trabalho era mostrar o que está sendo estudado e empregado em
obras de retrofit para que estas sejam mais sustentáveis em todas as suas etapas,
desde o projeto até a sua demolição.
Por conta disso, este trabalho apresentou um embasamento teórico sobre as medidas
de sustentabilidade aplicadas em obras de retrofit, visando sempre uma redução do
gasto energético e economia de água, mas sem esquecer do bem estar do usuário.
Para isso, foram apresentados métodos construtivos utilizados em retrofit que visam
sempre esse resultado final além de mostrar dois casos em que foram implementados
retrofit, um nacional, que não foi concluído, e outro internacional, que é um
considerado um exemplo a ser seguido.
Ficou claro que, através das medidas apresentadas e muitas outras que estão sendo e
serão desenvolvidas, é possível sim atrelar economia, qualidade, sofisticação e bem
estar em um único projeto.
Passando pelo ciclo de vida da edificação antes e depois do retrofit, deve ser feita uma
análise do que era o edifício, se ele pode ser utilizado para o uso pretendido antes de
optar pelo retrofit, para não ser feito um alto investimento e depois concluir que não foi
uma boa ideia. Por isso as etapas de estudo e projeto são tão importantes. Se o
retrofit for bem empregado, a edificação sofrerá uma valorização altíssima além de o
investidor ter o lucro pretendido.
Através dos estudos de caso foi possível entender que, com um projeto bem
elaborado e estudos adequados, é possível adequar uma edificação antiga com
investimento em técnicas e materiais sustentáveis para a sua nova vida, sendo ela
similar ao antigo uso ou não, podendo até mesmo ter certificação sustentável.
Como sugestão para trabalhos futuros fica uma ação de conscientização da população
que ainda tem certo preconceito com esse tipo de empreendimento por acreditar que
este não possui qualidade se comparado a uma nova edificação, ajudar no
79
desenvolvimento de uma legislação específica para retrofit, busca e análise de novos
materiais e técnicas compatíveis com a filosofia do retrofit.
80
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALUCCI, M. P. Uma Metodologia para Implantação de Edificação: Ênfase no
Desempenho Térmico, Acústico, Luminoso e Eficiência Energética. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 2010.
81
CROITOR, E. P. N. A gestão de projetos aplicada à reabilitação de edifícios:
estudo da interface entre projeto e obra. São Paulo: Escola Politécnica, 2009.
82
MOURA, E. Téchne. Téchne, 2009. Disponivel em:
<http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/144/fachadas-respirantes-fachadas-
ventiladas-combinam-funcoes-esteticas-com-bom-287636-1.aspx>. Acesso em: 23 jul.
2015.
MUNDO das Tribos. Mundo das Tribos. Acesso em: 24 jul. 2015.
NBR 14037 - Manual de operação, uso e manutenção das edificações. ABNT. 2011.
RESÍDUOS da Construção Civil e o estado de São Paulo. São Paulo: Siduscon SP,
2012.
83
SECOVI. SECOVI SP, 2009. Disponivel em:
<http://www.secovi.com.br/noticias/congresso-secovi-ne-elenca-motivos-que-inibem-
investimentos-em-retrofit-no-brasil/1032/>. Acesso em: 05 jun. 2015.
STATE, E. Empire State Building Case Study. Clinton Climate Initiative. Nova
Iorque. 2012.
84