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1. Dignidade sexual
1.1- ESTUPRO – 213
Definição e etimologia
Estupro vem do latim “estuprum” que significa quaisquer práticas sexuais.
Qualquer ato que tenha conotação sexual realizado mediante violência e grave
ameaça caracteriza a infração penal. Ex.: sexo anal, sexo oral.
“Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”.
O tipo incrimina o ato de constranger o sujeito passivo a permitir que com ele se
pratique ato libidinoso da conjunção carnal ou mesmo ela.
Somente é punível a título de dolo, que consiste na vontade de obter a
conjunção carnal ou outro ato libidinoso.
Junção/modificação
Rev. 214, 216, 223, 224 e 232
Rev. 217, 219, 222
Objetividade
Protege a liberdade sexual das pessoas
Tipo misto:
Cumulativo: tipo penal que contém dentro de si mais de um crime.
Alternativo: posição do STJ. Se praticar um ou outro ato ou então ambos
estará praticando apenas uma infração. (conjunção carnal e ato libidinoso).
É possível a prática de dois crimes com a mesma vítima, desde que realizado
em outro contexto causal.
Homem vítima
Mulher/alguém
Sujeito
Ativo: qualquer pessoa pode praticar o crime. A nova Lei tornou o estupro
crime comum (antes só poderia ser sujeito ativo o homem).
Marido pode ser sujeito ativo.
Passivo: qualquer pessoa pode ser vítima do crime
Não é necessário que o ofendido tenha consciência da libidinosidade do ato
praticado, basta que o ato ofenda o pudor do “homem médio”.
Recato/virgindade
Honesta
- Único Homem
Consentimento (vulnerável)
Caracteriza outro crime a prática de ato libidinoso com conotação sexual em
vítima que não puder expressar seu consentimento (vulnerável).
Dupla figura
- Exemplos
- Ejaculação: não é necessária para caracterizar a infração
- Ereção: não é necessária para caracterizar a infração. É possível cometer
outros atos libidinosos diverso da conjunção carnal.
- Contato físico: não é indispensável. O autor pode coagir que uma pessoa
realize o ato com outra. Nesse caso, há dois crimes de estupro.*
Pode ainda exigir que o próprio ofendido toque a si.
No caso de constrangimento para que o ofendido assista atos libidinosos
praticados por terceiros (contemplação passiva), se não houver nenhuma
intervenção material da vítima não há que se falar em estupro (prática de ato
libidinoso diverso da conjunção carnal).
Ameaça idônea
Finalidade
Não é indispensável a finalidade de obter a satisfação sexual, basta a intenção
de praticar a conjunção carnal ou ato libidinoso diverso da conjunção carnal e a
consciência de tal ato.
Sentimento moral
Formas:
- Praticar: significa executar, realizar. Essa forma abrange a participação ativa da
vítima, quando é ela quem pratica o ato libidinoso (ex.: masturbação).
Nessa forma de execução, exige-se, para a caracterização do ato libidinoso, a
intervenção ativa ou passiva do ofendido. É necessária a participação material da
vítima no ato incriminado, ou seja, que haja um contato físico ou corpóreo com o
ofendido na prática do ato.* (e se tocar?)
Praticar é executar materialmente o ato, não abrangendo a mera assistência,
em que está ausente a intervenção corpórea e material da vítima. Sem a sua
participação ativa ou passiva não se pode falar em prática de ato libidinoso.
- Permitir: significa consentir, autorizar que com ela se pratique o ato libidinoso
mediante violência ou grave ameaça. É a atitude passiva da vítima, que se
submete aos caprichos de seu agressor, inibida sua vontade em razão da violência
empregada, de tal forma que a iniciativa cabe exclusivamente ao autor do crime,
contribuindo o ofendido apenas com sua inércia.
Vestimenta
Pouco importa que o ofendido esteja vestido ou despido. Pratica crime aquele
que despe uma jovem e lhe apalpa o corpo nu, bem como aquele que apalpa o
corpo vestido de alguém.
Retroatividade
Em alguns casos ela é mais grave e em alguns menos grave (?). Na lei anterior,
em determinados casos configuraria a tentativa de conjunção carnal (ato libidinoso
com conotação sexual) e na lei atual tal ato já caracterizaria o estupro consumado.
Nesse caso não poderia retroagir a lei pois é mais gravosa ao réu.
Tem que observar se vai retroagir a lei mesmo quanto à ação penal. Na anterior
a ação penal era privada, na atual é pública incondicionada.
Consumação e tentativa
No caso de crime cometido exclusivamente pela conjunção carnal, consuma-
se com a introdução do pênis, parcialmente ou integralmente, na vagina. Não se
exige a ejaculação.
No caso de o agente praticar atos libidinosos, consuma-se no momento da
prática do ato.
Admite-se tentativa, pois é possível o fracionamento da conduta do agente. Há
dois momentos distintos: o do emprego da violência ou grave ameaça e o da
prática da conjunção carnal/ato libidinoso. Nos casos em que o agente,
empregando violência ou grave ameaça, for impedido de prosseguir antes de
praticar o ato desejado caracteriza a tentativa de estupro comum.
Vale ressaltar, que a finalidade do agente pode ser a conjunção carnal, porém
se ele praticar algum ato libidinoso antes e, posteriormente, for impedido de praticar
a conjunção carnal tal delito já restará consumado pela prática do ato libidinoso,
pois já se encontram presentes todos os elementos de sua definição legal
(constranger mediante violência ou grave ameaça; presença do dissenso da
vítima; prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal).
Qualificadoras
- Idade da vítima: vítima entre 14 e 18 anos.
Segundo Damásio, se o crime for cometido no 14º aniversário da vítima deve
incidir a qualificadora, sob pena de recair no absurdo de considerar o ato estupro
simples. Não se considera estupro de vulnerável.
- Lesão ou morte: lesão grave e gravíssima. Quando qualifica pelo resultado morte
e quando há crime de estupro e homicídio? (ler) Quando houver conexão da morte
com o estupro há estupro qualificado.
Tal qualificadora constitui crime preterdoloso, em que deve existir dolo na ação
do estupro e culpa na lesão ou morte. *
Concurso de crimes
A nova legislação permite o crime continuado, na anterior era concurso
material. Não era possível o crime continuado na anterior pois a conjunção carnal
era uma infração penal e o ato libidinoso com conotação sexual era outra infração.
Sendo distintas, não poderia caracterizar crime continuado, mas sim duas ações
que geram resultados distintos (concurso material).
Anteriormente era possível o concurso material entre estupro com o revogado
atentado ao pudor, desde que os atos libidinosos não fossem daqueles que
precediam ao coito normal. Por exemplo, o coito anal, praticado com a mesma
vítima, antes ou depois da cópula normal, constituía-se crime autônomo, em
concurso com o estupro, não podendo ser absorvido por este. A lei vigente,
contudo, não admite semelhante interpretação, visto que a conjunção carnal
forçada e os demais atos libidinosos realizados sem o consentimento, em razão do
emprego de violência ou grave ameaça, passam a integrar a mesma figura típica.
Consequência disso é que a prática de mais de um ato libidinoso cometido no
mesmo contexto fático e em face do mesmo sujeito passivo, caracteriza crime
único.
Dessa forma, para o agente que pratica o ato libidinoso e a conjunção carnal
a lei vigente é mais benéfica, pois passa a cometer um crime único. Para aquele
que apenas comete o ato libidinoso é mais gravosa, pois o crime de estupro é mais
grave do que o revogado atentado ao pudor. Assim, não retroage para o primeiro
e sim para o segundo.
Parte da doutrina define tal ato como estupro de vulnerável, pois a vítima, em
razão da surpresa, não pôde oferecer resistência.
Beliscão
Caracteriza contravenção penal.
Ação penal
Art. 215
“Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da
vítima”
Somente é punível a título de dolo. Trata-se de crime comum e de mera
conduta: o tipo não faz referência a nenhum resultado da conduta
Estelionato/Posse
Parte da doutrina denomina como estelionato sexual, pois há emprego de
fraude para lesar a liberdade sexual.
Transmudação e junção
Alguém/mulher
Vítima é qualquer pessoa humana que tenha afetada a sua dignidade sexual.
Não somente a mulher
Modalidades
Caraterística: fraude
Característica essencial do tipo. É o que diverge do estupro juntamente com a
ausência da violência ou grave ameaça.
Fraude consiste em artifício (emprego de instrumento) ardil (modo de atuação
do agente) capaz de ludibriar vítima (maioria das pessoas no convívio social).
Fraude é o artifício utilizado para induzir a vítima em erro, levando a crer em uma
situação falsa.
Para a caracterização do crime não é necessário que o erro seja produzido pelo
agente. Pode ocorrer que seja da própria vítima, ou provocado por terceiro, e que
o sujeito ativo mantenha a ofendida em erro (ele deve ter consciência de que a
vítima está induzida em erro).
A fraude se difere da sedução: na sedução, embora a vontade da mulher seja
viciada pelo sedutor, a vítima se presta conscientemente à prática do ato sexual,
enquanto na fraude ela é totalmente enganada pelo agente, sua vontade é
absolutamente viciada.
*ler sobre manobra de incidir em erro e permanecer em erro.
Aproveitamento de erro
Exemplos:
- Aula ginecologia:
- Pretexto exame:
- Ingestão bebida: principal incidência. Cuidado: há como praticar dois crimes pela
ministração de bebida: violação mediante fraude ou estupro de vulnerável,
divergem entre uma e outra pelo nível de embriaguez.
- Viciada
- Diferente 217-A
* Vai cair sobre retroação ou não da lei penal nesses crimes (ler doutrina)
Assédio Sexual
Art. 216-A
“Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento
sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”.
Utilizou termo impróprio de constranger,
Deve haver o constrangimento dentro do contexto de trabalho onde haja
relação de superioridade administrativa, funcional e trabalhista e com a finalidade
de obtenção de favorecimento sexual.
São elementos subjetivos do tipo: o dolo e a finalidade do agente que consiste
em obter vantagem ou favorecimento sexual.
Trata-se de crime próprio e crime formal, pois o tipo descreve a conduta e o
resultado visado pelo sujeito, mas não o exige. A conduta é a de constranger e o
resultado pretendido é a realização, por parte da vítima, de favores sexuais, porém
para a caracterização do crime não há necessidade de que o agente obtenha o
que pretendia, bastando que tenha constrangido a vítima com a intenção de
consegui-lo.
“Constrangimento”
Necessidade da presença de tal constrangimento sem violência física, sob
pena de descaracterizar o assédio.
Elementar do tipo exercido em função de obter satisfação sexual.
Consiste em coagir, compelir alguém a fazer algo.
Não é qualquer constrangimento que pode configurar o delito de assédio
sexual. Há necessidade de limitação a um direito a que a vítima faz jus. Assim, não
se pode falar no crime quando se trata de um privilégio (algo que a vítima não faz
jus) que o sujeito ativo oferece à vítima em troca de uma ação de natureza sexual.
Ambiente trabalho
Deve ser praticado no contexto do ambiente de trabalho
Crime bipróprio
Necessidade de qualificação especial do sujeito ativo e do sujeito passivo.
- Administrativa
- Funcional
-Trabalhista
Compelir
Flerte, Gracejo
Não caracteriza o crime, pois não há uma proposta de favorecimento
vinculada ao contexto do ambiente de trabalho. Não consubstancia em
compelimento.
Fora Ambiente
Descaracteriza a figura típica
Tentativa: escrita
Somente na hipótese ato de constranger escrito, desde que não chegue ao
conhecimento da vítima
Sistematização esquecimento
- Único: vetado
Concurso de crimes
Não é possível o cúmulo material entre assédio sexual e o crime de
constrangimento ilegal. Ambos trazem como elementar o constrangimento, porém
uma única ação não pode configurar dois ou mais tipos penais. Assim, utiliza-se o
princípio da especialidade para resolver o conflito.
No que tange ao crime de ameaça, também não é possível o concurso
material com o de assédio sexual. Ocorre que a ameaça é elementar do crime de
constrangimento ilegal e n entendi o resto.
a) a ação de constranger;
Estupro de vulnerável
Art. 217-A
Praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso diverso de conjunção carnal
com menor de 14 anos, doente, enfermo ou qualquer pessoa que por qualquer
motivo não tenha a capacidade de resistência (pessoa em situação de
vulnerabilidade).
Trata-se de delito hediondo.
Junção
Ele é 213 c/c 214-A. Conjunção carnal + ato libidinoso diverso da conjunção
carnal
Sujeito passivo
- Menor de 14 anos: critério absoluto. Presunção de violência é absoluta. Se o crime
for cometido no dia em que a vítima completa 14 anos, não incidirá o delito em
análise.
- Doente e enfermo: é diferente um do outro. Enfermidade é progressiva (ex.: aids);
doença é patologia que não é dinâmica que por vezes é incurável e não evolui
(ex.: esquizofrenia). É necessário laudo médico.
- Incapacidade
É necessário laudo médico para comprovar incapacidade completa de resistir.
Consiste na situação em que a vítima não puder, por qualquer motivo, oferecer
resistência. Ex.: paralisia dos membros.
Difere da violação sexual mediante fraude pelo fato de que nesta a capacidade
de resistência é reduzida, no estupro de vulnerável é nula a capacidade de
resistência.
Proteção centrada
Sem discernimento
Critério absoluto
Qualificadas
Se não houver conexão entre o estupro de vulnerável com o resultado, há
concurso de crimes e não crime qualificado. *ler pra ver se está correto
Tais qualificadoras descrevem crimes preterdolosos, ou seja, atos que
pressupõem que tenha o agente atuado com dolo na conduta inicial (no caso, a
realização do ato libidinoso) e com culpa no resultado agravador (lesão grave ou
morte). Se houver dolo quanto à produção de tais eventos, haverá concurso
material de crimes.
Segundo Damásio, o CP não previu qualquer elevação dos patamares punitivos
ou exasperação da pena quando houver lesão corporal de natureza leve. Nesse
caso, segundo ele, ocorrerá forçosamente o concurso material. *Não deveria
absorver?
- Lesão
- Morte
Induzir
O verbo núcleo do tipo é o verbo “induzir” que significa incitar, persuadir. Para
que haja induzimento é necessário que o agente tenha feito promessas, súplicas,
sendo imprescindível que a conduta seja idônea a levar a vítima a satisfazer a
lascívia de outrem.
Exige-se que o sujeito ativo induza a vítima a satisfazer a lascívia de pessoa
determinada. Se o induzimento é feito para que a vítima satisfaça a lascívia de
indeterminado número de pessoas outro delito é caracterizado.
14 anos
Induzir maior de 14 e menor de 18 não caracteriza esse crime, se somente induzir
fato é atípico. Se induzir a praticar o ato mediante cobrança caracteriza o crime
do artigo 228.
Satisfazer lascívia
Corrupção
Prostituição
§ único – vetado
Presença
- Criança
- Adolescente
Art. 218-A
- Menor 14 anos
A prática de conjunção carnal ou ato libidinoso diverso na presença de
indivíduo com mais de 14 anos constitui fato atípico.
Praticar
Significa executar, realizar.
Elemento subjetivo: Satisfação
Finalidade do agente caracteriza o delito. É elementar do tipo. Deve ser
praticado com a intenção de satisfazer da lascívia própria ou de outrem.
Supriu lacuna
Não havia anteriormente previsão legal sobre tal conduta. Visa amparar a
intangibilidade sexual do menor de 14 anos.
Crime comum
Modalidades
Pune a autoria (pratica), a coautoria e a participação (induz). No direito pátrio
não há distinção entre a gravidade da conduta do autor, coautor e partícipe, por
isso a pena é a mesma.
- Praticar: realizar, executar
- Induzir: incitar alguém a assistir a um ato libidinoso praticado por outrem.
Consciência ofendido
Não é necessário que o ofendido tenha consciência do ato praticado. Basta
que o ato em si tenha conotação sexual para caracterizar o crime.
Mera conduta
Pune-se a mera indução, não é necessária a prática ou satisfação da lascívia
para consumar o crime. Nessa modalidade é de mera conduta (?).
Art. 218-B
Veio substituir o 244-A do ECA.
Substitui 244-A
Intangibilidade
Objeto jurídico é a proteção da intangibilidade sexual das crianças e adolescentes,
bem como das pessoas legalmente vulneráveis.
Antigo favorecimento
Sujeito ativo: qualquer
Sujeito passivo: especificado: menor de 18 anos e as pessoas, que por enfermidade
ou deficiência mental, não tenham o necessário discernimento para a prática de
atos sexuais.
Prostituição
É caracterizada pela habitualidade e pela prática com um número
indeterminado de pessoas, podendo haver contraprestação em dinheiro ou não.
Basta a habitualidade e que venha a ter relação com um número indeterminado
de pessoas para caracterizar.
Esses requisitos são necessários para caracterizar a exploração da prostituição,
não a exploração/prostituição do menor de 18 anos-14 (este tipo penal é especial).
- Habitualidade
- Relação nº indeterminado
Equiparação (§2º)
O favorecimento à prostituição ou exploração sexual de vulneráveis também
inclui as seguintes condutas típicas:
- Fazer sexo com indivíduo maior de 14 anos e menor de 18 anos.
- Atuar como proprietário, gerente ou responsável pelo local em que se verifiquem
as práticas de prostituição ou exploração sexual de menores de 18 anos ou com
pessoas com deficiência ou enfermidade que lhes retire a capacidade de
discernimento para a prática de atos sexuais.
Nessa hipótese, é imprescindível que o agente tenha conhecimento de que no
local ocorrem tais atos (caso contrário haveria a responsabilidade penal objetiva).
Cons. Verbos
O delito consuma-se, nas modalidades “submeter”, “induzir” ou “atrair” quando
a conduta do sujeito ativo produz na vítima o efeito desejado, ou seja, quando é
levada à prostituição ou à exploração sexual. Não é necessário que a vítima realize
atos sexuais, bastando a sua permanência no prostíbulo. (Damásio).
Na modalidade “facilitar” o delito consuma-se com a prática de qualquer ato
tendente a tornar mais fácil o comércio carnal. Ex.: O crime estará consumado se o
agente tiver arranjado um cliente para a vítima.
Na modalidade “impedir” o crime consuma-se no momento em que a vítima,
em virtude da conduta do agente, não abandona a prostituição.
Na conduta “dificultar” basta a criação do obstáculo, ainda que este venha a
ser superado.* Admite a tentativa?
A tentativa é admissível, quando, não obstante a conduta do agente, esta não
produz o efeito almejado por este, ou seja, o estabelecimento na prostituição ou o
seu não abandono.
Tentativa: possível
Há fracionamento de conduta.
Material
Descreve a conduta, descreve o resultado e exige a produção do resultado
DISPOSIÇÕES GERAIS
Sistematização
Marido/esposa
Penha
Proteção – Moralidade/Recato
Vergonha/Decência
É variável dentro de uma comunidade e outra. Deve se analisar o contexto social
da conduta, onde foi praticado o ato.
Objeto: pudor
Pudor público, moralidade pública.
Nº indeterminado de pessoas
Exemplos
Masturbação/urinar
Micção/urinar: nem sempre é ato obsceno. Depende da finalidade do sujeito:
atentar contra a moralidade/recato.
Masturbação: nem sempre caracteriza ato obsceno. Será considerada ato
obsceno se não houver de presença ou de grave ameaça, se foi praticada por
alguém. Se foi com o dolo de atentar contra a moralidade.
Tentativa: possível
É admissível, embora difícil de se configurar. Ex.: quando sujeito pretende
correr/ficar nu na rua e é impedido por outrem quando começa a se despir.
Estado de necessidade
DISPOSIÇÕES COMUNS
Impaciência do legislador
Em regra, o legislador só pune se o crime for iniciado. Pela insegurança que gera
na sociedade, pune-se aqui os atos preparatórios.
Legislador protege a paz pública que é o sentimento de tranquilidade,
segurança ao qual têm direitos todas as pessoas.
Atos preparatórios
A impaciência do legislador antecipa-se às efetivas violações de bens ou
interesses jurídicos e pune condutas que seriam atos preparatórios de outros delitos,
desde que tais atos se projetem no mundo exterior.
INCITAÇÃO AO CRIME
Art. 286
Consiste em alguém incitar, publicamente, a prática de crime.
Protege-se a paz pública; sentimento de tranquilidade e segurança da
coletividade.
Pune-se os meros atos preparatórios a fim de que, em virtude da incitação,
alguém pratique fato definido como delito, lesando outros bens jurídicos. Pune-se a
anterior incitação à pratica de qualquer crime.
Se o agente incitar alguém a praticar crime já está consumado o crime, porém
se a pessoa vem a praticar o crime aí ele terá cometido 2 crimes. O primeiro como
autor (incitação) e o segundo como partícipe.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo.
Incitar
Induzir, provocar, estimular a prática de crime.
Em regra, a incitação pode ser de qualquer crime. Porém, dependendo do tipo
de incitação caracteriza outros crimes.
A incita
Publicamente
Para caracterizar o delito é necessário que a incitação seja feita publicamente.
Não se admite em reuniões privadas. Deve ser em locais públicos, aberto ao público
ou exposto ao público de modo a ser percebida por um número indefinido de
pessoas.
Pode ser local privado se houver transmissão pública ou megafone e puder ser
ouvido por um número indeterminado de pessoas, necessário que qualquer um
tenha acesso.
Não é necessário demonstrar que um número indeterminado de pessoas teve
acesso à incitação. É crime de perigo abstrato, basta que potencialmente um
número indeterminado de pessoas tenha tido acesso à incitação. Ou seja, pouco
importa se o agente incita publicamente a prática de crime a determinado
indivíduo, desde que, pelo contexto no qual a conduta é realizada, possa ser
percebida por indeterminado número de pessoas.
Prática crime
Não se inclui contravenções penais. Para caracterizar o delito a prática de
crime que deve ser incitada.
A incitação deve ser de crime determinado, por exemplo, incitar a prática de
roubos, estupros, etc. Não é necessário que o ofendido seja individualizado.
Pública
- Público
- Aberto
- Exposto
Perigo Abstrato
Ato imoral/contravenção
Incitar prática de ato imoral (cuidado Damásio) não se caracteriza o crime.
Crimes
A única Lei que não se inclui é a de contravenções penais.
- CP
- Extravagante
Sujeito ativo: qualquer
Greve*
Defesa de tese
Quando não é dirigida a determinadas pessoas para praticarem tal conduta
não caracteriza o delito.
Crime
- Formal
- Perigo: o legislador presume de forma absoluta a superveniência de uma situação
perigosa ao bem jurídico tutelado com a realização da conduta de incitação não
necessitando ser provado no caso concreto.
Crime posterior
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a percepção, por indeterminado número de pessoas,
da incitação pública ao crime. É irrelevante que o crime ao qual foram tais pessoas
incitadas não seja praticado.
A tentativa é possível uma vez que o iter criminis é passível de fracionamento no
caso de incitação por meio escrito. P. ex.: o agente planeja incitar por meio de
panfletos e se encontra em local público ou acessível ao público para distribuir tal
material e é obstado por circunstâncias alheia à sua vontade.
Outros
- Suicídio
- Racismo
- Genocídio
Caracteriza outros crimes.
APOLOGIA
- Crime
- Criminoso
Difere da incitação ao crime, pois nela há uma projeção para o futuro. Na
apologia ao crime ou criminoso há uma projeção para o passado, de um fato
concreto, ocorrido, verídico. Para que pessoas com criminalidade latente,
sugestionáveis imitem tal conduta.
Na incitação ao crime há incitação direta da prática de um crime. Na apologia
há incitação indireta, projeção para o passado.
Art. 287
Fazer, publicamente, louvor a fato criminoso ou autor de fato criminoso.
Para caracterizar precisa fazer louvor ao autor de fato criminoso fazendo
relação ao crime cometido, precisa vinculá-lo ao fato criminoso.
Fazer apologia significa exaltar, enaltecer, elogiar.
Não caracteriza o delito a apologia a fato criminoso culposo, pelo fato de que
é inconcebível que a paz pública seja ameaçada pela exaltação de crime
decorrente da inobservância do cuidado objetivo necessário.
Incitação indireta
Sugestão criminalidade
Louvor
- Fato criminoso: o fato criminoso louvado deve ser determinado e ter realmente
ocorrido anteriormente à apologia.
- Autor de fato criminoso: também pode ser realizada por louvor ao autor de fato
criminoso. Nesse caso, exige-se que o elogio feito pelo agente ao sujeito ativo do
delito anteriormente realizado verse sobre a conduta criminosa deste e não sobre
seus atributos morais ou intelectuais.
Elogio fato
- Concreto
- Verdadeiro
- Ocorrido
Não pode ser um ato abstrato. O louvor deve ser de fato concreto, verdadeiro,
ocorrido. Se for de fato hipotético, abstrato não caracteriza.
Intenção de narrar
Descrição do fato não caracteriza o delito.
Necessária
- Condenação
- Denúncia
Não são necessárias condenação nem denúncia, porém precisa demonstrar
que o fato é verdadeiro, concreto e ocorrido.
Publicamente
Local público, aberto ao público ou mesmo privado desde que seja exposto ao
público.
É necessário que a apologia seja feita publicamente, ou seja, em condições
que possa ser percebida por um número indeterminado de pessoas.
Diversos meios
Instrumentos. Pode praticar verbalmente, de maneira escrita, por gestos;
Tentativa: possível
É possível porque aqui se pune meros atos preparatórios. Ex.: sujeito vai fazer
apologia através de panfletos de fato criminoso ou autor de fato criminoso
vinculando ele ao crime e polícia apreende. Tentativa é admissível na forma escrita.
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
A tentativa é inadmissível.
Lei 12.850/13
Reunião
É punida a associação, ou seja, a união de pessoas de forma estável e
permanente para a específica finalidade de prática de crimes.
Não configura o crime a associação momentânea para o fim de cometer
delitos. Exige-se a estabilidade e a permanência da associação.
A reunião dos integrantes deve ter a finalidade para cometimento de crimes.
Tais crimes devem ser indeterminados. Não podem ser especificados, determinados
senão não caracteriza o crime.
A associação se difere do concurso de crimes (ambos têm associação), no
segundo é momentânea, na associação criminosa o vínculo associativo estável e
duradoura.
Nº mínimo
Para caracterizar o crime é necessário o número mínimo de integrantes: 3
integrantes.
Quadrilha/bando
Para parte da doutrina não havia distinção da definição. Para grande parte da
doutrina dizia respeito quadrilha em crime praticado no campo e bando na cidade.
Hoje tal discussão não tem mais relevância, pois tal denominação foi extinta.
Elemento subjetivo
O primeiro é o dolo: a vontade de se associar com no mínimo mais duas pessoas.
A segunda é a finalidade de agir: fim específico de cometimento de crimes.
Ato preparatório
Crimes indeterminados
O elemento subjetivo do tipo reside na intenção específica de cometer crimes
indeterminados. Se o grupo é formado para cometer delitos hediondos de tortura
ou terrorismo, aplica-se em combinação com o art. 288 do CP, o art. 8º da Lei de
crimes hediondos. Logo, incide a Lei mais específica.
Já quando se tratar de delitos indeterminados, aplica-se o art. 288 do CP.
No caso da associação para tráfico ilícito de entorpecentes, há lei específica
para tal delito (que embora seja delito hediondo, outra lei regulamenta tal crime).
Inimputáveis
Se houver reunião entre maiores de 18 e menores de 18 há associação criminosa
aplicável aos maiores de 18 anos. É preciso que apenas um só seja imputável para
caracterizar. Ou seja, entre os integrantes é possível que haja criança ou
adolescente, porém a eles não pode ser aplicada a penalidade do crime.
Quando houver a participação de criança ou adolescente incide a majorante
contida no parágrafo único.
Momentânea/específicos
Crime posterior
Aqui não se pune o crime posterior, pune o ato preparatório (mera reunião). Se
há prática de crime posterior há dois crimes (concurso material de crimes)
Respondem pelo crime posterior os componentes que tenham tido condutas
relevantes, no processo de causalidade que deu origem ao resultado antijurídico.
Os membros do grupo não respondem pelo crime cometido pela associação pelo
só fato de pertencerem a este (estaria adotando a hipótese de responsabilidade
penal objetiva).
Crime permanente
A consumação se prolonga no tempo enquanto perdurar a reunião estável e
duradoura de no mínimo 3 agentes.
Outras associações
É possível o concurso material desde que não no mesmo contexto causal. Ex.:
associação criminosa que virou rixa.
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
Líder
Não é necessário ter um líder
Documento
Não é necessário ter documentos que comprovam a existência associação
Organização Formal
Não é necessária organização formal determinando a participação de cada
um.
Propósito
É necessário a existência de um propósito comum de cometer crimes
indeterminados.
Específicos
É necessário o mínimo de 3 integrantes e que haja estabilidade e permanência
da associação (só precisa ser permanente e estável para alguns); que ela seja
duradoura
Aumento
- Armada: erro do legislador: todos precisam estar armados (intepretação mais
favorável ao réu; legislador deveria ter falado emprego de arma). Jurisprudência
estabeleceu que não importa o número de armas, mas sim a potencialidade lesiva
da arma (intepretação extensiva e analógica contra o réu). Porém, se todos
estiverem armados independe a potencialidade lesiva da arma (STJ).
- Criança, adolescente: haverá majoração de pena se houver criança ou
adolescente envolvida no delito. Basta que somente um seja imputável para haver
a associação criminosa. O parágrafo único determinava exasperação da pena no
dobro, mas com o advento da nova lei, passou a determinar o aumento até a
metade. Como essa disposição tem natureza benéfica, admite-se a sua
retroatividade.
Consumação e tentativa
Há a consumação no momento em que três pessoas se associam para a prática
de crimes, ou no momento em que alguém ingressa na associação antes
organizada. A efetiva associação deve ser demonstrada por atos sensíveis no
mundo exterior. A simples reunião para acordar-se os termos nos quais o grupo será
formado não indica que o crime esteja consumado. É necessário que tenham
começo a operar (Segundo Damásio).
Para a consumação não é necessário que o grupo tenha cometido algum
crime.
O abandono da associação por algum de seus membros não exclui o crime
nem implica desistência voluntária. Se a associação já chegou a se formar, o crime
já está consumado.
A tentativa é inadmissível uma vez que o legislador pune atos preparatórios.
Consuma-se quando há um número mínimo de integrantes, com uma
associação com vínculo indissociável no tempo e espaço e associada com um
propósito comum para a prática de crimes. Consuma-se com o preenchimento dos
requisitos (atos preparatórios).
Pode-se falar em nova associação após apuração do crime e oferecimento de
denúncia. Aí pune-se por dois crimes (?): crime permanente, consumação se
prolonga no tempo.
Não se aplica a regra do crime continuado à associação criminosa. É possível
o concurso material da associação criminosa (quando um integrante participa de
duas associações distintas).
Tentativa: impossível do ponto de vista prático, visto que se pune meros atos
preparatórios.
Delação premiada
Possibilidade de delação premiada: delatar os outros integrantes da
associação com a finalidade de redução de pena.
É diferente de colaboração (não existe mais): permitia apagar o nome do
criminoso do registro criminal.
Crime
- Perigo abstrato: há a presunção do risco. Basta a mera associação para
caracterizar o delito, o perigo é presumido pelo legislador em face da associação
de mais de duas pessoas, não sendo necessário que se prove, no caso concreto,
que a coletividade ficou exposta à eventualidade de dano.
- Concurso necessário: mínimo três integrantes para caracterizar o delito.
- Multitudinário: condutas paralelas, mesma consecução finalística; o não-
multitudinário: há contraposição de condutas.
- Simples: objetividade jurídica é uma só: paz pública somente independente, da
prática de crime posterior
- Permanente: não gera nenhuma possibilidade de natureza penal, mas gera
processual. Permite a prisão em flagrante assim que quebrada a estrutura da
associação; causa uma situação perigosa que se prolonga no tempo enquanto
durar a associação.
Concurso associações
Quando há a prática de associação (crimes distintos) e há conflito aparente de
normas: há requisitos diferentes então um não é elementar/subsidiário de outro;
deve se analisar pelo critério da especialidade, o mais restritivo prevalece sobre os
demais (1º tráfico, 2º hediondos, 3º organização criminosa, 4º 288-A, por fim a regra
geral que é a da associação), aí se resolve qual foi o crime praticado.
É possível concurso material desde que se reúna com integrantes diversos, em
locais diversos...
Sujeitos do delito
Segundo Damásio, a constituição de milícia privada pode ser praticada por
qualquer pessoa (crime comum).
Consumação e tentativa
Depende da conduta nuclear que se busque analisar.
O ato de constituir atinge sua consumação com a efetiva formação do grupo.
A ação de organizar consuma-se com atos tendentes a ordenar o grupo, ainda
que este propósito não seja atingido a contento.
O verbo integrar realiza-se por completo no instante em que o sujeito passa a
compor organização ilegal, como um de seus membros.
Com relação a manter, exige-se a prática de atitudes capazes de prover
estabilidade ao grupo, permitindo a sua continuidade.
Na conduta custear, a consumação ocorre com a cessão de meios materiais
tendentes à subsistência econômica da organização paramilitar, milícia privada,
grupo ou esquadrão.
4 ou mais
Transnacionalidade: não há necessidade de ultrapassar as fronteiras nacionais, mas
necessário demonstrar que tinha essa intenção
Objetivo obtenção de vantagem – qualquer natureza
Divisão de Tarefas
Penas máximas superiores 4 anos
CRIMES FÉ PÚBLICA
Moeda não é documento.
É indispensável proteger a fé pública e a moeda para que as pessoas tenham
credibilidade nos papéis públicos e moeda.
Protege-se alguns papéis com primazia sobre outros (ex.: doc. Púb. sobre o
particular) pelo fato de sua maior circulação e da potencialidade de causar
prejuízo.
Generalidades
Veracidade papéis
Espécies
- Moeda metálica
- Papel moeda
Objetividade jurídica
Crime de perigo
Conduta
Imitação verdade
Não precisa causar prejuízo, basta que haja a potencialidade de causa-lo. STJ
entende que contrafação de maior para menor não caracteriza o delito.
Falsificação grosseira
Não é necessária uma imitação perfeita da moeda, basta a aparência de uma
moeda de curso legal. A contrafação deve ter qualidade e ser suficientemente
idônea para enganar.
Se for uma contrafação grosseira sem que a moeda seja fabricada ou alterada
com semelhança à original não restará caracterizado o crime, pois é necessário
que a falsidade tenha capacidade de enganar um número indeterminado de
pessoas, circulando a moeda como se verdadeira fosse, ou seja, precisam
representar perigo à fé pública. A contrafação grosseira representa fato atípico.
STJ decidiu que a utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado,
configura, em tese, crime de estelionato. (Súmula 73).
O STJ decidiu que a falsificação de difícil percepção não caracteriza o crime
de moeda falsa em sua modalidade usar.
Elemento Subjetivo
É o dolo, representado pela vontade consciente de falsificá-la mediante
fabricação ou alteração. Basta a consciência da ilicitude da conduta e o perigo
de dano.
O dolo será excluído se a formação ou alteração da moeda for feita apenas
para fim artístico ou de coleção, ou, no caso de alteração de moeda metálica,
para utilizar o respectivo metal, deixando a moeda de ser tal.
É indispensável que o agente tenha conhecimento da existência do curso legal
da moeda (Bittencourt).
Classificação doutrinária
Crime comum, somente é próprio na figura qualificada do §3º.
É crime formal, pois para a consumação não exige nenhum resultado
consistente na efetiva perturbação da paz pública.
Instantâneo nas modalidades fabricar ou alterar, porém é crime permanente
na modalidade de “guardar”.
Objeto material
- Papel
Necessária perícia
Consumação
Tentativa
É possível, pois se trata de crime cuja execução admite fracionamento; ocorre,
p. ex., quando o sujeito ativo é surpreendido durante a realização da conduta de
falsificar a referida moeda, sendo impedido de prosseguir em sua tarefa.
O 291 pune os atos preparatórios (possuir equipamento para contrafação).
Se começou a utilizar o equipamento para contrafação há tentativa de crime
de moeda falsa. (início da execução da contrafação). Há tentativa desde que
iniciada a contrafação, se tiver apenas o maquinário há outro crime (petrechos de
falsificação).
Entende-se que ocorre crime único na falsificação de várias moedas, na mesma
ocasião. No entanto, se a falsificação ocorrer em épocas diferentes, admite-se a
continuidade delitiva.
Pode ser qualquer pessoa desde que não tenha participado como falsificador
da moeda. Se for o falsificador que coloca em circulação incorrerá na proibição
contida no caput.
É previsto como crime autônomo ações posteriores à falsificação. Tais ações
devem ser cometidas por um terceiro, pois se forem praticadas pelo próprio
falsificador constituem um post factum impunível, como se fosse uma decorrência
do crime falsificar moeda.
As condutas incriminadas numerus clausus são as seguintes: importar ou
exportar; adquirir; vender; trocar; ceder; emprestar; guardar; introduzir em
circulação. Tais condutas atingem agentes que não tiveram participação no
processo precedente da falsificação. A criminalização dessas condutas visa reprimir
as atividades secundárias que complementam a atividade principal do falsificador
da moeda, ou seja, visa reprimir a atividade subsidiária dos intermediários e agentes
cuja atuação torna efetivo o atentado à fé pública.
Importar: significa introduzir no território nacional moeda falsificada no
estrangeiro;
Exportar: enviar moeda falsificado no País para território estrangeiro;
Adquirir: significa comprar, obter ou receber a moeda falsa, a título oneroso ou
gratuito, até mesmo mediante a subtração de alguém, a disponibilidade de moeda
falsa;
Vender: alienar a moeda falsa, a título oneroso, com a tradição da moeda falsa;
Trocar: significa recíproca transmissão de moeda falsa por outra, verdadeira ou
falsa, ou por qualquer outro objeto.
Ceder: significa transferir a moeda falsa a terceiro, abrir mão dela em favor de
outrem, a qualquer título (oneroso ou gratuito);
Emprestar: significa entregar, temporariamente, a moeda falsa sob condição
de ser restituída a mesma coisa ou coisa do mesmo gênero, qualidade e espécie;
Guardar: significa ter consigo em depósito, sob sua custódia ou à sua
disposição, moeda falsa, sem ser o proprietário; *Não é ilegítima a guarda de
moeda falsa com o fim de certificar a falsidade. – é crime permanente.
Introduzir na circulação: significa passar o dinheiro falso a alguém iludido; pôr
no meio circulante como se fosse autêntica a moeda falsa; transmiti-la como
moeda verdadeira
Não importa qual a motivação da conduta, caracterizando-se o crime ainda
que não obtenha o agente benefício algum.
Tratando-se de tipo de conduta múltipla alternativa, o agente responde por
crime único ainda que pratique várias das ações incriminadas no art. 289. A
introdução de moeda falsa na circulação só constitui crime autônomo quando
realizada por quem não foi o autor da falsificação.
Se é o próprio falsificador quem faz uso da moeda falsa, o crime é um só,
devendo o seu autor responder somente pela falsificação.
Não pune a contrafação nesse §1º, pune quem coloca a moeda falsa em
circulação. É imprescindível que não tenha participado/autor/influído no crime de
contrafação. Se foi o próprio agente que falsificou/alterou a moeda e coloca em
circulação, o crime já foi consumado com a primeira conduta.
Nessa hipótese é crime próprio, somente pode ser sujeito ativo o funcionário
público. A pessoa particular pode praticar na forma de partícipe.
As condutas proibidas consistem em fabricar e emitir ou então em autorizar a
fabricação ou emissão. Fabricar e emitir refere-se ao aspecto material da conduta,
ao passo que autorizar a emissão alude a uma atividade jurídico-administrativa (a
norma se destina ao funcionário cuja função lhe atribua tal atividade).
A ilegalidade da fabricação ou emissão pode ter duas ordens de razão:
- Moeda com título ou peso inferior ao estabelecido por lei
Não há a previsão da vedação de se emitir moeda metálica superior à
quantidade autorizada.
Título consiste no nome e número cunhado na moeda metálica. Por título se
entende o teor da liga metálica determinado em lei, para a fabricação da moeda.
Título e peso são elementares normativas que se referem exclusivamente à
moeda metálica.
- Papel-moeda em quantidade superior à autorizada, ou seja, de forma irregular.
Trata-se de norma penal em branco, pois caberá a outra norma fixar o título, o
peso e a quantidade de moeda a ser colocada em circulação, além da própria
autorização para que a moeda circule.
O objeto material desta figura penal qualificada é a moeda genuína (ou
inválida?), emitida de maneira ilegal e não autorizada a circular.
São sujeitos ativos do crime (que é próprio) somente os funcionários públicos,
diretores, gerentes ou ficais de bancos emissores de moeda, devendo o fato ser
praticado em razão do ofício. É indispensável que exista uma relação de
causalidade entre a função exercida e a conduta do agente.
Não se trata de qualquer func. Pub., mas somente daquele que, em razão da
função, viole o dever funcional inerente ao ofício ou atividade estatal de emissão
de moedas.
Difere-se de colocar moeda falsa em circulação, pois nessa a ação tem por
objeto por moeda falsificada por fabricação ou alteração. Nessa, o objeto é
cédula, nota ou bilhete inutilizados (com a supressão do sinal ou não) já recolhidos
para esse fim. *
Elemento subjetivo
O elemento subjetivo é o dolo, representado pela vontade consciente de
praticar as condutas descritas no tipo.
Há um elemento subjetivo especial quanto à segunda modalidade do delito e
consiste no fim especial de restituir à circulação. É necessário que seja demonstrado
para caracterizar o delito.
Na primeira figura também há esse elemento subjetivo, mas ele é implícito, não
sendo necessário a demonstração da finalidade de restituir à circulação.
Consumação e tentativa
A consumação ocorre na primeira modalidade quando o papel-moeda se
encontra completamente formado com os fragmentos de outros. Enquanto não
estiver completamente formatada/pronta, haverá somente atos preparatórios e
eventualmente atos executórios que se interrompidos, caracterizará a tentativa.
Consuma-se a segunda modalidade com o desaparecimento do sinal de
inutilização, por obra do agente. Admite tentativa
A terceira modalidade se consuma quando a moeda volta a circular. Admite
tentativa.
Quem praticar as três condutas não cometerá 3 crimes. A regra é que quem
restitui à circulação é quem o formatou ou lhe suprimiu o sinal. A devolução à
circulação nada mais é do que o exaurimento do crime anterior em se tratando de
crime de ação múltipla/conteúdo variado.
Art. 291
Fabricar, fornecer, possuir
Maq, instrumento ou qualquer objeto
- Fabricar
- Adquirir
> Fornecer
> Possuir
> Guardar
Abrigar, conservar, manter em bom estado, tomar conta de algo, ter sob
vigilância, etc. maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
especialmente destinado à falsificação de moeda.
Nessa segunda fase, criminaliza possíveis atos preparatórios (possuir e guardar
os instrumentos). Tais condutas são tipificadas como crime permanente.
Tais atos são puníveis pois o legislador levou em consideração o valor do bem
por esses atos ameaçados, em relação à própria periculosidade da ação ou
simplesmente à periculosidade do agente, que, por si só, já representa uma
ameaça atual ao Direito.
Objetividade jurídica
Tutela-se a fé pública, no tocante aos documentos públicos e aos que lhe são
equiparados por força da lei penal.
Conceito de documento
Em sentido amplo, documento é o objeto idôneo a servir de prova o que inclui
os não-escritos.
Em sentido latíssimo, consiste na materialização do pensamento humano
aplicado às artes, às ciências ou às relações do Estado com os indivíduos e dos
indivíduos entre si.
Em um sentido mais restrito, documento consiste na peça escrita que condensa
graficamente o pensamento de alguém, podendo provar um fato ou a realização
de algum ato dotado de significação ou relevância jurídica. Excluem-se desse
conceito de documento as fotografias e as reproduções fotográficas não
autenticadas de documentos, discos, gravações em fita, pinturas, desenhos,
composições musicais, etc.
Documento - Classificação
- Latíssimo: tudo aquilo que serve para expressar o pensamento humano
- Lato: tudo aquilo que possa servir como meio de prova
- Estrito: análise do estudo.
Documento público
Segundo Bittencourt, consiste em documento público aquele que é elaborado
na forma prescrita em lei, por funcionário público, no exercício de suas atribuições,
compreendido o documento formal e substancialmente público, observadas as
formalidades condicionantes de sua eficácia jurídica do País (Nelson Hungria).
São requisitos da constituição do documento público:
a) Qualidade do funcionário público que o redige;
b) Sua competência na matéria e no território;
c) A formação do ato durante as funções públicas do funcionário;
d) A observância das formalidades legais.
O documento particular com reconhecimento de firma ou letra feito por
tabelião não é documento público, mas a parte relativa à certificação do oficial o
é.
Tutela a lei também o documento público estrangeiro desde que haja atendido
às formalidades condicionantes de sua eficiência jurídica no país.
Para parte da doutrina, os traslados, fotocópias autenticadas, certidões ou
telegramas, desde que referentes a ato oficial de funcionário público, e ainda o
mencionado pelo §2º, são equiparados a documento público. Para Bittencourt as
cópias reprográficas não são documentos para fins penais.
- Próprio (propriamente dito): aquele que proveio de funcionário público no
exercício das funções, em razão do exercício das funções e atendidas todas as
exigências legais e formais. O documento deve ter relação com a função.
- Equiparação/extensão/assimilação: documentos emitidos por paraestatais
(autarquias). Aqueles tido ao portador, transmissível por endosso em preto (ex.: nota
promissória, letra de câmbio, cheque).
Pela falta de circulação o cartão de crédito ele é considerado documento
particular, sua potencialidade lesiva é menor que a do cheque. Por isso a punição
da falsificação do cheque é maior que a do cartão de crédito (um é público e outro
particular).
Se não enquadrar em nenhuma das duas hipóteses ele será particular ou privado.
Ação física
- Acrescentar dizeres: qualquer alteração de sentido já gera o crime; Alteração
- Trocar números: trocar nem que seja um número já gera a contrafação material
parcial.
- Alterar Foto: Sendo a alteração de documento público verdadeiro uma das duas
condutas típicas do crime de falsificação de documento público, a substituição da
fotografia em documento de identidade dessa natureza caracteriza a alteração
dele, que não cinge apenas ao seu teor escrito, mas que alcança essa modalidade
de modificação que, indiscutivelmente, compromete a materialidade e a
individualização desse documento verdadeiro, até porque a fotografia constitui
parte juridicamente relevante dele.
A substituição de fotografia em documento de identidade, segundo a
jurisprudência, caracteriza o crime de falsificação de documento público, pois
constitui ela parte juridicamente relevante do documento, havendo alteração dos
efeitos jurídicos do mesmo, embora haja decisões em contrário.
Telegrama
Depende do caso concreto para ser definido como documento particular ou
público. Deve se analisar o conteúdo.
O telegrama, no que tange ao formulário de expedição, é público quando
constitui ato oficial de funcionário público, mas o emitido pela repartição e
entregue ao destinatário não é considerado documento, porque lhe fata a
assinatura do emitente.
Telegrama não precisa de rubrica quando se sabe de onde partiu, quando não
há dúvidas sobre quem o emitiu.
Perícia
Trata-se de crime que deixa vestígio. Logo, é preciso de prova da materialidade
do fato e é feito através de exame grafotécnico.
Falsificação Grosseira
Não pode ser considerada apta a produzir o crime. É preciso ter algo muito
simétrico ao original. Logo, não caracteriza o crime pois não há potencialidade
lesiva.
É necessário que o falsum seja suficientemente idôneo para provocar erro em
outrem, senão a conduta será atípica.
Quando não se reconhece o crime de falsificação de documento diante da
conclusão de que a falsificação é grosseira, não possui potencialidade lesiva, pode
caracterizar crime de estelionato, quando o agente, apesar disso, logra a obtenção
de vantagem ilícita.
Xerox
Se for autenticado é equiparado ao documento. A xerox, propriamente dita,
sem autenticação não é considerado documento e não pode ser objeto material
de falsificação.
Sistema eletrônico
Por equiparação por lei é considerado documento.
Elemento subjetivo
É o dolo representado pela vontade de falsificar ou alterar o documento
público, ciente o agente de que o faz ilicitamente. Pouco importa que haja erro,
supondo o agente que se trata de documento particular.
O dolo deve abranger a nocividade da falsificação, estando o agente ciente
de que do fato poderá haver prejuízo para qualquer pessoa.
A lei não exige dolo específico, como por exemplo a finalidade de prejudicar.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a falsificação ou alteração, independentemente do
uso ou qualquer consequência ulterior. Logo, não é necessária a existência de
prejuízo efetivo, bastando o simples perigo de dano.
Não se consuma o crime se a falsidade não é apta sequer a causar prejuízo
pela falta de relevância jurídica de seu conteúdo.
É possível a tentativa. Por exemplo: no caso de o falsificar ser interrompido antes
de ultimar a contrafação ou alteração.
Uso
Competência julgamento
Justiça Federal quando for de interesse da União, em regra é a Justiça Estadual;
falsificação de CNH competência da justiça Estadual.
Falsificação e Estelionato
Falsifica o documento para aplicar fraude.
- Cúmulo material – doutrina majoritária
Entende-se que há duas condutas com dois resultados e objetividade jurídica
distinta. Logo, há a prática de dois crimes e cúmulo de pena. Falsificação +
estelionato
- Público
- Particular
Falsidade
- Furto
- Peculato
- Apropriação
Uso posterior
Uso posterior de documento falso pelo próprio agente que o falsificou.
É crime autônomo.
Somente pode punir o uso se não foi o próprio agente que falsificou. O uso é um
desdobramento causal da falsificação
Para cometer tal crime é necessário ter consciência de que o documento é
falso.
Segundo o STJ, somente é crime de uso se for apresentado espontaneamente.
Se alguém o constranger a exibir (ex.: PM) é fato atípico.
Consumação e tentativa
Está consumado na hipótese de fabricação quando termina a fabricação. Já
na alteração, consuma-se quando termina a alteração.
A tentativa é admissível.
FALSIFICAÇÃO PARTICULAR
Documento – bilateral?
É possível um documento conter uma manifestação de vontade unilateral e
produzir efeitos contra terceiros.
Exclusão
Chega ao conceito de documento particular por exclusão. Exceção aos
documentos que o legislador esculpiu como documento particular.
Falsidade
- Material: o que se falsifica é a materialidade gráfica, visível do documento.
- Ideológica: o que se falsifica é o teor ideativo.
Quando o agente se vale de papel assinado em branco para forjar documento
que não lhe fora confiado para ulterior preenchimento, o que a se reconhecer é o
de falsidade material e não de falsidade ideológica.
Elemento subjetivo
É a mesma vontade de falsificar ou alterar o documento particular, ciente o
agente de que o faz ilicitamente, criando a possibilidade de dano à esfera jurídica
de outrem.
Fraude para aquisição de tóxico (drogas são as que constam na portaria da Anvisa)
Entendimento do STJ, falsificar receita (não é documento público nem
particular; falsificação de atestado médico possui lei específica) para aquisição de
tóxico. Se for para posteriormente vender o crime de tráfico absorve o crime de
falsificação de atestado médico.
Concurso
Mesma coisa que o de documento público.
Uso – conflito
*ver apostila
FALSIDADE IDEOLÓGICA
Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
fato juridicamente relevante.
A declaração falsa consiste na declaração inverídica e na diversa da que devia
ser escrita, em que ocorre a substituição de uma declaração verdadeira e
substancial por outra também verdadeira, mas inócua ou impertinente ao caso.
Como a falsidade ideológica afeta o documento tão-somente na sua ideação
e não a sua autenticidade ou inalterabilidade, é desnecessária a perícia (mas já foi
decidido em sentido contrário).
Objetividade jurídica
É a fé pública, não mais no que se refere à autenticidade do documento, mas
à sua veracidade, seu conteúdo.
Sujeito
- Ativo: qualquer.
Funcionário público pode praticar prevalecendo-se do exercício de seu cargo,
inclusive é causa de majoração de pena.
- Passivo:
Estado
Prejudicado pela falsificação do documento. Não é prejuízo econômico que o
ofendido deve sofrer (caracteriza o estelionato; absorve a falsificação). O prejuízo
deve ser de ordem moral ou pessoal.
Ação Física
- Omitir:
Nesse caso, o agente silencia, não menciona fato que era obrigado a fazer
constar do documento.
Tem-se entendido que se trata de um crime omissivo puro, ou seja, aquele que
viola um comando imperativo, porém omitir, no caso de falsidade, significa fazer um
documento com declaração incompleta, constituindo-se, portanto, num crime
comissivo.
Não se trata de um crime omisso puro/próprio totalmente, pois há uma série de
declarações (conduta comissiva) e no bojo dessas inúmeras declarações ele está
omitindo uma. Ele é uma omissão ou poucas omissões dentro de várias comissões.
Essa omissão deve ser relevante. Erros materiais não caracterizam omissão
relevante.
Não é possível a tentativa na omissão. Nas outras duas é possível.
É possível retratação
- Inserir
Significa colocar, introduzir, intercalar, incluir, por ato próprio, a declaração
inverídica de modo direto, elaborando o agente o documento. Trata-se de
falsidade imediata.
Aqui a conduta é própria do agente.
- Fazer inserir
Consiste em inserir de modo indireto, em utilizar-se de terceiro para introduzir ou
incluir por sua determinação a declaração falsa ou diversa da que devia constar.
Trata-se de falsidade mediata, da qual será coautor aquele que escreve o
documento se tiver ciência da falsidade.
Na falsidade mediata não é imprescindível a presença do agente no momento
da elaboração do documento, já que a declaração pode ser feita por escrito pelo
agente para que seja inserida nele.
Aqui a conduta é realizada por terceiro (inserção), é realizada por mandato.
Estará cometendo o delito se o terceiro tiver consciência do ato que está
praticando.
A declaração prestada por particulares deve valer, por si mesma, para a
formação do documento, a fim de configurar-se a falsidade imediata. Se o
funcionário público que a recebe está adstrito a averiguar a fidelidade da
declaração, o declarante, ainda quando falte à verdade, não comete ilícito penal.
Reserva Mental
Trata-se do sujeito nada dizer quando tem o dever jurídico de declarar. É
possível falsidade ideológica por reserva mental.
Segundo o STJ, é preciso demonstrar que aquilo está sendo omitido/fazer ser
inserido/inserido com finalidade de causar prejuízo diverso do econômico (moral ou
pessoal).
Declaração
- Em juízo: Sujeito que faz declarações falsas em juízo com a finalidade de acobertar
terceiros. Não caracteriza falsidade ideológico, mas sim falso testemunho.
STJ diz que o documento precisa ter validade por si só, ou seja, documentos que
estão sujeitos à verificação não podem ser objeto de falsidade ideológica.
Declaração
- Irrelevante: faz uma declaração falsa, porém irrelevante. Se não for capaz de
causar prejuízo e ter a intenção de fazer isso, não caracteriza o crime de falsidade
ideológica.
- Inverossímil: Não tem potencial lesivo, não é capaz de enganar alguém. Não
caracteriza falsidade ideológica.
Elemento subjetivo
O dolo no crime de falsidade ideológica é a vontade de praticar a conduta
típica, ciente o agente de que a declaração é falsa ou diversa da que devia ser
escrita.
É indispensável outro elemento subjetivo do tipo (dolo específico), previsto
expressamente na cláusula “com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou
alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”.
Não há crime quando houver um fim de gracejo ou quando o acusado de um
crime mente para se defender, mas o motivo ainda que altruístico ou nobre não
descaracteriza o ilícito.
O erro, isto é, a falsa representação a respeito do fato objeto da falsidade, exclui
o crime.
Não há previsão da modalidade culposa.
Deve haver dolo e finalidade de causar prejuízo que não seja econômico. *ver
apostila, Mirabete diz que não
Há necessidade de saber se o documento é sujeito ou não à verificação, pois
descaracteriza o crime.
Consumação e tentativa
Consuma-se com a omissão ou a inserção direta ou indireta da declaração
falsa ou diversa da que devia constar.
Trata-se de crime formal, que não exige o prejuízo efetivo; basta a possibilidade
de dano.
A tentativa é possível na forma comissiva de fazer inserir declaração, pois na de
inserir o agente pode declarar a verdade até o encerramento do documento.
Não precisa causar prejuízo para consumar, basta praticar o verbo núcleo do
tipo. Consuma-se a forma omitir apenas quando terminar a elaboração do
documento, quando ele for irretratável.
Inserção:
- Declaração
- Retratação
- Final
Distinção
Em relação ao documento público, nem sempre o falso ideológico se classifica
no art. 299. Pode ocorrer a falsidade de atestado ou certidão (301), por exemplo..
Atestar ou certificar
Atestar ou certificar, no exercício da função pública, fato ou circunstância para
obtenção
É falsidade ideológica (o conteúdo é falso).
Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou
circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem.
É uma espécie de falsidade ideológica.
A declaração/atestado de falsa prestação de trabalho do preso para instrução
de pedido de remição de penas não constitui o crime do 301, mas sim o de
falsidade ideológica, por força do disposto na LEP.
Objetividade Jurídica
É a fé pública referente à autenticidade de atestado ou certidão que possa
proporcionar a alguém os fins previstos no artigo.
Objeto material
É o atestado ou certidão
Sujeito ativo
É crime próprio do funcionário público, não podendo ser cometido por
particular (exceto quando este concorre para o crime, aí a elementar se
comunica). Só aquele pode atestar ou certificar, em razão da função pública,
qualquer fato ou circunstância.
Ao contrário do que ocorre com o disposto no art. 300, exige-se que o sujeito
ativo pratique o fato quando executa ato de ofício, não bastando estar ele no
exercício da função pública.
Tratando-se da expedição por particular de atestado ou certidão (que na
verdade é apenas uma declaração), contendo afirmação falsa, configurar-se-á o
crime de falsidade ideológica.
Sujeito passivo
É o Estado, titular da fé pública, inerente aos documentos públicos ou
particulares.
Tipo objetivo
Atestar é afirmar ou provar algo em caráter oficial.
Certificar é afirmar, convencer da verdade ou da certeza de algo, também
com caráter público.
É necessário que se trate de atestado ou certidão originários do funcionário
público, pois a reprodução fraudulenta de certificado ou atestado emitido por
funcionário público configura o crime previsto no parágrafo §1º.
A lei se refere a fato ou circunstância, assim, é desnecessário que a falsidade
seja integral; basta que haja diversidade sobre qualquer particularidade do fato
com aquilo que é atestado ou certificado para que se caracterize o delito.
O fato ou circunstância que se atesta ou certifica deve ser inerente ou atinente
à pessoa a quem se destina o atestado ou certidão. Ainda, é indispensável que seja
idôneo e habilite a pessoa interessada a obter cargo público, isenção de ônus ou
de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem. Não haverá, pois, o
conteúdo material do delito, se o fato ou circunstância a que se refere o documento
não constituir condição, pressuposto ou requisito da vantagem pretendida.
A referência a “qualquer outra vantagem”, segundo Mirabete, refere-se a outra
vantagem também de caráter público. *ver apostila
Teotônio disse que vantagem não pode ser patrimonial apenas, pois caracteriza
estelionato.
Tipo subjetivo
Consiste no dolo representado pela vontade de atestar ou certificar fatos ou
circunstâncias de que tem o agente ciência que não são verídicos. Para que o ato
cometido pelo funcionário se torne típico, é necessário que certifique ou ateste
como verdadeiro fato ou circunstância em tais condições e disso tenha ciência.
Não é necessário que o falsário tenha conhecimento da finalidade do
documento. Contudo, é necessário o agente saber que o fato ou circunstância
falsamente atestado habilita o favorecido à obtenção da vantagem a que se
refere a lei, já que se trata de elemento do tipo que deve estar abrangido pelo dolo.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando o agente encerra o atestado ou certidão, não
sendo necessária a sua entrega ao destinatário. É irrelevante que o documento
chegue a alcançar o objetivo preconcebido.
É suficiente à tipificação do crime tratar-se de documento apto ou hábil à
finalidade de sua destinação.
*ver apostila.
Tentativa: igual de falsidade ideológica.
Objetividade Jurídica
É a fé pública inerente ao atestado médico, documento de conteúdo científico
que interessa não apenas ao particular, mas também ao Estado.
Sujeitos do delito
O sujeito ativo do crime é o médico. Trata-se de crime próprio, que exige no
agente essa condição pessoal, embora não seja impossível a participação
criminosa de qualquer pessoa, pois a elementar do tipo se comunica aos que
concorrem com este.
Dentistas/veterinários/demais profissionais ligados à atividade sanitária
cometem o crime de falsidade ideológica e não o do 302.
O sujeito passivo é o Estado e, secundariamente, aquele que vem a sofrer dano
pela utilização do atestado falso.
Tipo objetivo
O delito em analisa constitui-se em falsidade ideológica ao afirmar o agente,
por escrito, o que não é verdadeiro ou negar o que realmente existe.
Deve a falsidade (total ou parcial) se referir ao exercício da profissão médica, a
fato que o atestado se destina a provar e relacionado com a referida profissão.
A atestação de óbito sem exame do cadáver, configura, em tese, o delito do
artigo 302.
Não há crime quando a falsidade se relaciona com circunstâncias secundárias
ou acidentais, juridicamente irrelevantes. Por exemplo, se no atestado menciona-se
que as visitas médicas foram realizadas em casa do doente, quando o faram na
residência de seu irmão.
O falso deve versar um fato e não um juízo, uma convicção. Por exemplo, se um
médico atesta que a gripe de seu paciente o impede de comparecer ao pretório,
ainda que tal impossibilidade não seja real, pelo caráter brando da doença, não
há falsidade, visto que a atestação exprime uma opinião, enquanto o fato – a gripe
– é verdadeiro.
Tipo subjetivo
É o dolo representado pela vontade de fornecer atestado falso, exigindo-se a
ciência por parte do agente de que o teor do documento não corresponde à
verdade.
Basta o dolo eventual, que poderá ser reconhecido quando o agente está em
estado de dúvida e atesta o fato como certo, bem como quando atesta a
moléstia sem sequer examinar o paciente, pois assumiu o risco de afirmar o que
não existe ou negar o que é uma realidade.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com o fornecimento, a entrega do atestado
ideologicamente falso, já que a conduta típica é “dar”, mas não se exige
qualquer resultado lesivo.
É possível a tentativa (crime plurissubsistente) quando o atestado já elaborado
não chega às mãos do destinatário por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
Forma qualificada
Consiste na presença do elemento subjetivo especial do tipo (dolo específico)
que é a finalidade de vantagem pecuniária. Aí se aplica também a pena de multa.
Distinção
Quando o médico é funcionário público e pratica o delito abusando da sua
função, ocorre o crime previsto no 301, e, se, pelo atestado, solicita ou recebe
vantagem indevida, o de corrupção passiva.
Pode o médico responder como coautor pelo crime que vier a ser praticado
com o atestado falso, se lhe conhecia a destinação.
O uso do atestado falso constitui o crime do art. 304, mas não responderá o
médico em concurso com este delito que é post factum impunível.
Exercício função
Função de medicina.
Atestado falso
Próprio/subsidiário/especial
É crime próprio, pois somente pode ser sujeito ativo o médico (nada impede a
participação de terceiros).
É crime especial. Logo, prevalece sobre a regra o especial (art. 299).
Sujeitos do delito
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é o Estado, diante
da fé pública, e também a pessoa que sofre eventual prejuízo pelo fato.
Tipo objetivo
Reproduzir é contrafazer, fazer, copiar, produzir, criar um selo ou peça igual ou
semelhante ao original.
Alterar é modificar, mudar, contrafazer parcialmente (na cor, na data, no
picote etc.), dando ao selo ou peça genuínas características diversas da original
para fingir ser de maior valor.
São objetos materiais do crime o selo e a peça filatélica. O selo é a estampilha
adesiva ou fixa, já utilizada, correspondente à franquia postal. A peça filatélica
consiste em objetos que se destinam exclusivamente à coleção ou só tem valia para
tal fim. T
A tipicidade está excluída quando a reprodução ou alteração está visivelmente
anotada na face ou no verso do selo ou peça.
Tipo subjetivo
Consiste no dolo representado pela vontade de falsificar, ou seja, de reproduzir
ou alterar o selo postal ou a peça filatélica, tendo o agente a ciência de que se
trata de papel ou objeto de valor para coleção.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando a reprodução ou alteração está concluída, ainda
que o selo ou peça fique na posse do agente.
Trata-se de crime formal que se configura independentemente de venda,
entrega, etc.
A tentativa é possível e ocorre, por exemplo, quando o falsário é surpreendido
após o início da execução e antes de sua conclusão.
ART. 305
Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo
alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor.
Objetividade jurídica
Fé pública.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não se excluindo o proprietário do
documento diante da referência no tipo penal a documento de que o agente não
podia dispor.
Sujeito passivo é o Estado e, secundariamente, aquele a quem o fato
eventualmente causar prejuízo.
Tipo objetivo
Destruir é eliminar, desfazer, arruinar o documento. Consiste em toda a ação
que recai sobre a coisa de modo que a faça perder a essência ou forma primitivas,
atentando contra a sua existência, por diversos modos. Abrange a destruição
parcial quando atinge o documento em parte juridicamente relevante.
Suprimir significa fazer desaparecer o documento sem que o fato implique em
destruição ou ocultação. O agente o torna ilegível, risca, deteriora o documento.
Ocultar é esconder ou tirar da disponibilidade de outrem o documento, colocá-
lo em local onde não possa ser encontrado ou reconhecido. É indiferente que o
agente se haja apoderado do documento ilicitamente (subtração), ou que lhe haja
sido confiado, ou que, embora lhe pertencendo, dele não podia dispor
arbitrariamente. Há ocultação quando o agente sonega o documento que tinha o
dever jurídico de apresentar.
Praticando o agente duas condutas (suprimir e depois destruir, p. ex.) há apenas
um crime.
O objeto material do crime é o documento público ou o documento particular
verdadeiro.
Não ocorre o ilícito quando se tratar de documentos que sejam traslados,
certidões ou cópias, de originais constantes de livros notariais ou de arquivos de
repartição público, pois, em tal caso, com a facilidade de obtenção desses mesmos
documentos, não está conculcada a prova do fato ou relação jurídica de que se
trate. O mesmo tem sido entendido quanto à duplicata quando ainda sem aceite
ou qualquer outro ato praticado por terceiro (pode-se emitir a triplicata).
Quando a ação incidir sobre documento substituível ou falso, pode configurar-
se outro crime.
Há casos em que se exige como prova do ilícito exame pericial.
Tipo subjetivo
É o dolo representado pela vontade de praticar uma das condutas
incriminadas, sendo indispensável o elemento subjetivo do tipo (dolo específico),
compreendido nas expressões “em benefício próprio ou de outrem” ou “em prejuízo
alheio”.
Sem a finalidade de conculcação da relação jurídica, não se configura o crime.
Exige-se, portanto, que o agente pratique a conduta com o objetivo de afetar
uma relação jurídica.
Não distingue a lei qualquer espécie de benefício ou prejuízo, que poderá ser
de natureza econômica ou moral. É irrelevante, porém, a ocorrência do fim
desejado.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a destruição, a ocultação ou a supressão do
documento verdadeiro, não se exigindo a ocorrência do fim visado.
É possível a tentativa. Quanto à destruição e supressão parcial, quando apenas
partes do documento são afetadas pela ação delituosa, o crime será havido por
simplesmente tentado se as partes faltantes ou obscurecidas não impedem a
compreensão suficiente do documento, e, portanto, a realização dos seus fins
específicos (prova de fato juridicamente relevante); Dar-se-á por consumado
quando a impossibilidade da realização dos seus fins específicos se verifique se
verifique, pois, então, é irreparável o dano.
Distinção
Os crimes de furto, apropriação indébita e dano que tenham como objeto o
documento são absorvidos pelo delito do 305 quando se visa fazer desaparecer a
prova de um fato juridicamente relevante.
Prevalecem aqueles delitos, porém, quando o agente procede com animus
furandi ou nocendi visando a peça documental como valor patrimonial in se.
O dolo peculiar do crime de supressão de documento e a qualidade do agente
distinguem esse crime de outros semelhantes (312, 314, 337, 356).
A supressão de documentos tendo por fim a sonegação fiscal, fica absorvida
por este ilícito.
- Supressão
- Ocultação
Objetividade jurídica
Fé pública.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo qualquer pessoa.
Sujeito passivo é o Estado e também a pessoa que sofra eventual prejuízo.
Tipo objetivo
Fazer uso significa utilizar o documento material ou ideologicamente falso como
se fosse autêntico ou verídico.
É o emprego ou tentativa de emprego de tal documento como atestado ou
meio probatório do fato juridicamente relevante a que se refere.
É indispensável que seja empregado o documento falso em sua específica
destinação probatória.
Também é indispensável para a caracterização do delito o uso efetivo, não
sendo de considerar tal a exibição com o fim de vangloriar-se, por ostentação, etc.,
quando não há possibilidade de prejuízo ou dano.
Não caracteriza o crime se o portador for solicitado pela autoridade e não
exibido espontaneamente; se o agente apenas traz consigo o objeto.
Objetos materiais do delito são os documentos falsos referidos nos artigos 297 a
302 e, assim, o uso de documento ideologicamente falso configura o ilícito quando
o agente conhecia-lhe o falso conteúdo.
Não se configura o crime quando o documento falso não é apto para enganar
o homem médio ou se é juridicamente inócuo, Ainda, não se configura o delito
quando o documento é cópia xero não autenticada.
É necessário o exame pericial, pois se trata de crime que deixa vestígios, exceto
quando não há inequívoca certeza da falsidade.
Tipo subjetivo
É o dolo representado pela vontade de usar o documento falso. É indispensável
que o agente tenha ciência da falsidade.
A dúvida do agente quanto à autenticidade do documento, integra o dolo
eventual, configurando o seu uso o crime em análise.
O erro, ou seja, a boa-fé do usuário, exclui o dolo e, portanto, o crime.
Consumação ou tentativa
Consuma-se o crime no instante em que o documento falso entra no âmbito da
pessoa iludida, desde que possa ser o fato considerado como uso, com o primeiro
ato de utilização, ainda que não haja proveito para o agente ou prejuízo efetivo
para a vítima.
Não é admissível a tentativa de uso de documento falso. Para a doutrina e
jurisprudência a tentativa de uso já caracteriza o uso efetivo.
Concurso
Não ocorre concurso de crimes de falsificação e uso no caso de o agente
falsificar o documento e posteriormente o usar. Nesse caso, responderá pelo crime
de falsificação, sendo a utilização do documento fato posterior impunível,
exaurimento do primeiro delito.
O delito de uso de documento falso é absorvido quando é o meio fraudulento
empregado para o crime de sonegação fiscal.
*discussão sobre concurso entre o uso do documento falso e estelionato igual
falsidade de documento público (é absorvido pelo crime de estelionato).
Crime remetido; acessório
É crime acessório, pois ele não existe sem um crime anterior. Indispensável uma
falsificação anterior. Não é necessário provar a autoria da falsificação anterior.
É crime remetido, ou seja, faz alusão a todos os crimes anteriores. Não há pena
especificada, a pena é aquela cominada na falsificação (depende de cada tipo
de falsificação). A pena é mutável e pode gerar desproporcionalidades.
Não pode ser autor do uso o agente que praticou a falsificação.
Se o documento/papel estiver com uma fotografia
Objetividade jurídica
Fé pública no que se refere à identidade das pessoas, nas suas relações jurídicas
ou privadas.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que se atribua ou atribua a outrem uma
falsa identidade.
Sujeito passivo é o Estado e, secundariamente, a(s) pessoa(s) que
eventualmente sofra prejuízo em decorrência da conduta.
Tipo objetivo
As condutas típicas são atribuir-se e atribuir a outrem a falsa identidade.
A falsa identidade pode consistir tanto em fazer-se passar ou a terceiro por outra
pessoa realmente existente, quanto atribuir-se identidade imaginária.
A identidade é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa:
nome, idade, estado, sexo, impressões digitais, etc. Por essa razão entende-se na
doutrina que comete o delito quem se atribui ou atribui a terceiro falso estado civil
(filiação, idade, matrimônio, nacionalidade, etc.) ou condição social (profissão ou
qualidade individual).
Pratica o crime, assim, não só aquele que se utiliza de patronímico ou prenome
falsos, como os que, indevidamente, se dizem funcionários, militares, sacerdotes,
brasileiros, etc. Porém, tal posição não é pacífica, afirmando-se que quem alega
um estado civil diverso ou qualidade que não tem, não cometerá o questionado
delito, se não se incultar como pessoa diversa ou não atribuir a outrem falsa
personalidade. É esse o entendimento prevalente na jurisprudência, podendo o fato
constituir, conforme o caso, infrações previstas na Lei de Contravenções Penais.
Até o empréstimo de CNH, documento comprobatório da qualidade de
motorista habilitado, à pessoa não habilitada foi considerado crime de falsa
identidade para os fins do art. 308. – não é a posição majoritária.
Mirabete concorda com a primeira posição, a minoritária.
Não ocorrerá o delito se o agente limitar-se à dissimulação ou ocultação da
própria identidade sem substituir-se a outra pessoa, e sem atribuir-se falso nome ou
qualidade que a lei atribuir efeito jurídico para a prova de identidade. – É o
entendimento
Prevendo a lei a atribuição de falsa identidade, não comete também o crime
quem apenas silencia sobre a errônea identidade que lhe é imputada.
Não há falsa identidade na apresentação da pessoa pelo nome com que
habitualmente é conhecida (nome artístico, p. ex.) por não estar ela se fazendo
passar por outra.
É indispensável para a caracterização do crime que a falsa atribuição seja
praticada para que o agente obtenha vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou
para causar dano a outrem. É preciso que o fato seja ou possa vir a ser juridicamente
relevante porque, se dele não resultar, nem puder resultar efeito jurídico, será, do
ponto de vista penal, inócuo (isso no casa de dano).
Não distingue a lei a espécie de vantagem, que poderá ser de caráter
patrimonial, social, moral, etc. Decidiu-se pela existência do crime nos casos em que
o agente se apresentou em a exame de habilitação de moto em lugar do pai, p ex.
Não ocorre o crime de fala identidade se a vantagem não era ilícita ou
indevida.
É indispensável que o meio utilizado pelo agente seja idôneo a confundir, não
caracterizando o crime a falsidade grosseira.
Discute-se a existência ou não do delito em pauta nos casos em que o acusado
se inculca falsa identidade perante a autoridade, ao ser interrogado. Entende-se
não ocorrer o ilícito, pois o acusado não tem o dever de dizer a verdade.
Também já se tem defendido a tese de não existir o delito em questão quando
inexiste uma vantagem a ser obtida. > Se for para causar dano para outrem
caracteriza.
Tipo subjetivo
Atribuir-se ou 3º
Falsa identidade
Calar sobre falsidade
Esses três últimos crimes se diferem dos outros anteriores pelo fato de que quem
fabrica/altera documento não pode ser sujeito ativo de qualquer um desses três
últimos crimes.
Número clausus
Descreve os tipos de documentos usados que podem caracterizar esse delito.
Os que não forem previstos e forem usados na forma descrita (usar doc. Alheio
como próprio) é fato atípico
Legislador deixou expresso qualquer outro tipo de identidade. Os demais
documentos alheios que não forem identidades que forem usados como próprio
não caracteriza o fato típico.
É preciso o uso efetivo para caracterizar o delito (não basta guardar, portar –
fatos atípicos): apresentação voluntária.
Subsidiário
CRIMES FUNCIONAIS
São denominados crimes funcionais, pois são praticados pelas pessoas físicas
que prestam serviço em nome do Estado.
Os crimes funcionais próprios/puros são aqueles que têm como elemento
essencial a função pública, indispensável para que o fato constitua infração penal.
Sem ela a conduta seria penalmente irrelevante. Ex.: concussão, excesso de
exação, prevaricação, corrupção passiva, etc.
Os crimes funcionais impróprios/impuros são os que se destacam apenas por ser
o sujeito ativo funcionário público. Se o agente não estivesse revestido dessa
qualidade o crime seria outro. Ex.: peculato.
Tratando-se de crime funcional, não incide a agravante relativa à violação de
dever funcional (não se agrava a pena quando a circunstância constitui elementar
do crime).
Simétrica IMPROBIDADE
Guardam correlação de simetria com a Lei de Improbidade Administrativa. Tem
paridade.
Pode ter crime sem improbidade e tem improbidade sem crime.
Para caracterizar improbidade é necessário apenas a prática de uma
ilegalidade, nem tudo que é improbidade é crime.
Reparação/progressão
Tratando-se de crime contra a Adm. Pública que cause prejuízo ao erário é
necessário para progressão o ressarcimento do prejuízo, salvo quando impossível
fazê-lo.
Espécies
- Func. Contra Administração
O conceito de funcionário pub. para o direito administrativo, civil e penal são
diferentes. O conceito de funcionário público para o direito penal é muito mais
abrangente do que para os demais direitos.
Administrativo: aquele que exerce cargo criado por lei, nominado pela lei, em
que teve provimento nesse cargo mediante concurso público de provas e títulos e
deu início à prática dos atos funcionais inerentes ao seu cargo
Civil: Todo aquele que recebe remuneração pelo Poder Público
Penal: Todo aquele que, mesmo que transitoriamente e sem qualquer espécie de
remuneração, exerça função/cargo/emprego público; basta que exerça uma
função independente de existir lei que a criou. Ex.: jurado (do júri) durante a
convocação até o final do plenário é funcionário público – pelo prisma do direito
penal apenas.
- Adm. Justiça
- Finanças públicas
Func.
- Administração
- Civil
Elemento normativo
O conceito de funcionário público é elemento normativo do tipo. É preciso fazer
um juízo ético/moral fora da norma para definir.
Parecer Tribunal de Contas
Não está vinculado a parecer do Tribunal de Contas para...
PECULATO (312)
Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo
em proveito próprio ou alheio.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se e facilidade que lhe proporciona a qualidade
de funcionário.
Peculato culposo
§2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem...
§3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
pena imposta.
Etimologia
Vem de “pecus” que significa gado.
Suj. passivo: Adm púb; pode ser o particular tbm (ex.: func. Que pega carro no pátio
da Transerp (estava no poder do Estado, então atinge o Estado e diretamente
atinge o proprietário do imóvel – particular).
É o Estado e as demais entidades de direito público. Se o bem particular for de
bem móvel for particular, o proprietário ou possuidor desse bem também será sujeito
passivo.
Concurso de pessoas: a condição de funcionário público é elementar do peculato,
razão pela qual comunica-se a todos aqueles que tenham concorrido de qualquer
modo para o crime, mesmo em se tratando de pessoas alheias aos quadros
públicos.
Pressuposto do crime de peculato
O pressuposto do crime de peculato, em relação às duas modalidades previstas
no caput, é a anterior posse lícita e legítima da coisa móvel pública que o
funcionário público se apropria indevidamente.
A posse, que deve ser preexistente ao crime, deve ser exercida pelo agente em
nome alheio, ou seja, em nome do Poder Público, já que a ausência da posse altera
a tipicidade da conduta, podendo caracterizar o peculato-furto (§1º) ou,
residualmente, o crime de furto.
Essa posse deve ser entendida em sentido amplo, abrangendo a simples
detenção e até o poder de disposição da coisa. O poder de disposição não é
apenas material, abrange a disposição jurídica (não dispõe fisicamente do bem,
mas pode exercê-la por meio de ordens, requisições ou mandados).
Além da existência da posse, por si só, é insuficiente. É necessário que ela
advenha de cargo exercido pelo funcionário público.
A confiança depositada no funcionário público que recebe a coisa, objeto
material do crime, é proveniente de imposição legal, em razão do cargo exercido
pelo agente. A entrega do bem deve ser feita em decorrência de sua competência
ou atribuição funcional, circunscrevendo-se o ato às atribuições inerentes ao cargo
que ocupa. Assim, se alguém confiar a um funcionário público, determinado bem
que não diz respeito à sua competência/atribuição do cargo que exerce, se este
se apropriar, não cometerá peculato, mas sim apropriação indébita. – Não existe a
violação do dever de ofício incriminada no peculato.
Peculato:
- Próprio: Apropriação indébita praticada por funcionário público; faz da
c coisa sua ou de terceiro.
Impróprio
- Peculato-furto: nesse caso, o funcionário público não tem a posse do objeto
material e o subtrai, ou concorre para que outro o subtraía em proveito próprio ou
alheio, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Essa facilidade significa qualquer circunstância de fato que propicia à prática
do crime, notadamente o fácil ingresso à repartição ou local onde se achava a
coisa subtraída.
Para que se aperfeiçoe o crime, é preciso que haja um compromisso sério na
utilização da coisa, senão será configurado o peculato de uso que consiste no uso
momentâneo do objeto material do peculato, o qual se encontra na posse do
funcionário em razão do cargo, sem animus domini, e que é devolvido intacto após
sua utilização. Tal conduta não configura crime. Contudo, se o uso for de veículos
ou outros objetos em que se verifique o consumo de gasolina ou de outro material,
poder-se-á configurar o peculato em relação a tais materiais.
Objeto Material
Pode pertencer à Administração Pública ou a particular, desde que se encontre
na posse ou tenha sido entregue ao agente em razão do seu cargo.
- Dinheiro se difere de valor; é moeda; há dinheiro que não é considerado moeda
(quando não é de curso legal). Mesmo que seja devolvido posteriormente, não
descaracteriza o delito, segundo Bittencourt.
- Valor é todo aquele título que pode ser convertido em dinheiro.
- Qualquer bem móvel
Tipo subjetivo
É o dolo, constituído pela vontade de transformar a posse em domínio da coisa
móvel pertencente ao Estado, de quem tem posse em nome do próprio Estado em
razão de cargo por ele exercido. Ou então pelo dolo de desviá-la de sua finalidade
por esse mesmo agente e nessas mesmas circunstâncias (posse em razão do cargo;
também há transformação da posse em domínio). – exceto culposo
Também é indispensável a presença do elemento subjetivo especial do tipo que
é representado pelo especial fim de agir (em proveito próprio ou alheio) – em todas
as modalidades deve estar presente, exceto no culposo.
Consumação e tentativa
Para consumar o crime de peculato não é necessário que cause um prejuízo ao
erário.
A consumação se dá com a efetiva apropriação, desvio ou subtração do
objeto material, ou seja, quando o funcionário público torna seu o patrimônio do
qual detém a posse, ou desvia em proveito próprio ou de terceiro, sendo irrelevante
o prejuízo efetivo para a Administração Pública.
A apropriação do bem público, no entanto, não se materializa apenas num
momento subjetivo, necessitando de um fato exterior que constitua um ato de
domínio e revele o propósito de se apropriar. Essa exteriorização do título da posse,
consumadora do crime de peculato, revela-se com retenção além do tempo
necessário, uso pessoal ou consumo, alienação, que são atos característicos de
quem é dono ou agente com animus domini.
Dessa forma, consuma-se com a inversão da natureza da posse, caracterizada
por ato demonstrativo de disposição da coisa alheia.
É admissível a tentativa. Por exemplo, o funcionário é surpreendido efetuando a
venda de coisa pertencente ao Estado, e somente a intervenção de terceiro
impede a tradição da coisa ao comprador. *Bittencourt
Proveito:
- Material
- Moral
Mão de obra
Não pode praticar peculato pelo desvio de mão de obra, não há previsão legal.
Serviços
A prestação de um serviço de um funcionário público a outro não se equipara
à coisa móvel. Assim, a fruição de um funcionário do serviço do outro não constitui
crime de peculato. (desviar o serviço do funcionário para trabalhar para ele)
Restituição/compensação
Na apropriação indébita exclui o crime por exercício regular de um direito. No
peculato, por ser praticado por funcionário público, há o cometimento de crime
(protege-se a fidelidade e probidade, não tem direito de compensação pela
fidelidade funcional), somente pode se socorrer do Estado-juiz, não pode alegar
direito de retenção/compensação contra o Estado.
Prestação de contas
Dependendo do caso é preciso de perícia para se comprovar o peculato. Nem
sempre é imprescindível.
PECULATO
Culposo
Concorrer
§3º
O ressarcimento pode ser promovido tanto pelo acusado quanto por terceiro,
atingindo o mesmo objetivo e produzindo a mesma consequência.
- Extinção: se antes da sentença, o agente ressarcir o dano há extinção da
punibilidade/delito.
- Atenuação: se depois da sentença, o agente ressarcir o dano há a diminuição de
metade da pena imposta.
Na modalidade dolosa, a reparação do dano não exclui o crime, constituindo
apenas circunstância atenuante (art. 65, III).
Intenção é a de reparar o dano por essa previsão
Suj. ativo: é aquele que é o responsável por indicar que tal pessoa está incidindo
em erro (func. Púb.). Particular pode concorrer para que funcionário receba o
objeto material por erro de outrem (aí é partícipe). Contudo, o particular deve ter a
consciência da qualidade especial do funcionário público, sob pena de não
responder pelo crime de peculato.
Suj. passivo: Estado e entidades de direito público. Se o bem móvel for particular, o
proprietário ou possuidor desse bem também será sujeito passivo.
Art. 313
Apropriar-se
- Dinheiro
- Qualquer utilidade: jurisprudência interpreta que quis se referir a qualquer bem
móvel
Exercício/Erro
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a efetiva apropriação do objeto material, ou seja,
quando o funcionário público torna seu o patrimônio que recebeu, no exercício do
cargo público, por erro de outrem, sendo irrelevante o prejuízo efetivo para a
Administração Pública.
Tipo objetivo
- Inserir: consiste em introduzir, incluir, alimentar o sistema com dados falsos
- Facilitar a inserção: tornar possível, fácil, permitir que outrem insira dados falsos
A falsidade versa sobre o conteúdo do dado. O dado falso inserido no sistema
informatizado da Administração Pública sob seu aspecto formal é verdadeiro, isto
é, existente, real, efetivo, mas seu conteúdo é falso, ou seja, a ideia ou declaração
que o dado contém não corresponde à verdade.
Na modalidade “facilitar sua inserção” o sujeito ativo da infração penal é o
funcionário público autorizado, mas ele não realiza pessoalmente a infração legal
e se utiliza de terceiro, que pode ou não ser funcionário público, no caso, não
autorizado a operar os dados informatizados da Administração Pública. Esse terceiro
pode ou não ter consciência de que contribui para a prática de um ato ilegal. Se o
tiver, responderá pelo mesmo crime em razão da ampliação da adequação típica
determinada pelo art. 29 (concurso eventual de pessoas). Se não tiver consciência
de que concorre para a prática de infração legal, será mero instrumento utilizado
pelo verdadeiro autor (autoria mediata) para a prática do crime e não responderá
pelo fato por ausência de dolo que é elemento subjetivo do tipo.
Tipo subjetivo
É o dolo, representado pela vontade consciente de praticar qualquer das
condutas tipificadas no 313-A.
Exige-se a presença do elemento subjetivo especial do injusto que é o especial
fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou simplesmente causar
dano. É desnecessário que a vantagem seja obtida, basta que exista
subjetivamente como condutora do comportamento do sujeito ativo.
313-A
Inserir, facilitar, alterar, excluir
Dados corretos
Sistema informação
Fim de obter vantagem (tipo penal incongruentes – exige além do dolo uma
finalidade específica)
É indispensável a finalidade de obter vantagem
Sujeito ativo: qualquer funcionário público. É possível que o particular concorra para
o crime de acordo com o art. 29 (concurso eventual de pessoas); art. 30 comunica.
Sujeito passivo: Estado e, eventualmente, qualquer cidadão que possa resultar
lesado por essa conduta delituosa.
Tipo objetivo
- Modificar: consiste em transformar, dar novo conteúdo
- Alterar: mudar, dar nova configuração, modificar o acesso
Modificar significa uma radical transformação no programa ou sistema de
informações da Administração Pública, ao passo que alterar, embora também
represente “modificação” em dito programa, não atinge a mesma profundida, ou
seja, não chega a alterar a sua essência, mantendo suas propriedades
fundamentais.
Elemento normativo especial
Tal elemento constitui a modificação/alteração sem autorização ou solicitação
de autoridade competente.
A falta de autorização ou solicitação não representa mera irregularidade
administrativa, mas constitui a própria ilicitude da conduta.
Havendo a autorização ou solicitação de autoridade competente além de
afastar a ilicitude da conduta, afasta a própria tipicidade.
O dolo deve abranger todos os elementos que compõem a figura típica,
inclusive o elemento normativo especial, sob pena de caracterização do erro de
tipo que exclui a tipicidade.
Tipo subjetivo
É o dolo.
Não há exigência da presença de elemento subjetivo especial do injusto (fim
especial para a prática do crime).
Consumação e tentativa
Consuma-se com a modificação/alteração do sistema de informações com a
simples prática de qualquer das condutas descritas no dispositivo, desde que sem
autorização/solicitação de autoridade competente.
A tentativa é possível desde que haja interrupção da fase executória por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Objeto material
É o livro oficial ou qualquer documento público ou privado.
Tipo objetivo
- Extraviar: “perder” livro oficial ou qualquer outro documento de que tem a guarda
em razão do cargo; desencaminhar, desviar do destino (segundo Hungria).
Bittencourt não concorda com Hungria, acredita que extraviar é perder, produto
de descuido, desatenção, negligenciar no dever de cuidado que incumbe ao
funcionário público no exercício do cargo.
Para Bittencourt, extraviar significa desconhecer seu paradeiro, ignorar a sua
localização, não saber onde se encontra o objeto material, não ter como localizá-
lo.
- Sonegar: é omitir, deixar de mencionar ou de apresentar quando lhe é exigido por
quem de direito, e desde que o funcionário esteja obrigado a fazê-lo.
- Inutilizar: é retirar a aptidão, é tornar inidônea, desnaturar a coisa, total ou
parcialmente, suprimindo suas propriedades essenciais, tornando-a inapta para
atingir suas finalidades. É tornar uma coisa imprestável para o fim a que se destina.
Tipo subjetivo
É o dolo. Ele deve abranger todos os elementos configuradores do tipo penal.
Ou seja, deve haver conhecimento de que a posse do livro/documento oficial existe
em razão do cargo exercido por este, bem como o dolo deve ser de praticar as
condutas descritas.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com o extravio, sonegação ou inutilização de livro ou
documento confiado a funcionário em razão de seu cargo.
Na modalidade de extraviar, o crime é permanente, protraindo-se a
consumação enquanto o documento ou livro permanecer extraviado. *parte da
doutrina acredita ser crime permanente.
Na modalidade de sonegar, consuma-se o crime quando surge a exigência
legal de apresentar qualquer dos objetos materiais e o agente não o faz. Para que
se configure a modalidade sonegar livro oficial ou qualquer documento é
indispensável que o funcionário tenha o dever jurídico de apresenta-los e,
injustificadamente, negue-se a fazê-lo, não o apresente ou o oculte
intencionalmente.
A modalidade de inutilizar consuma-se com o início da ação, pois o tipo penal
se satisfaz com a inutilização parcial.
Não se exige para a consumação, em qualquer das modalidades, a
superveniência de dano efetivo quer à Adm., quer ao particular que possa
eventualmente ser atingido pela ação do sujeito ativo.
Razão do cargo
Próprio/funcional
Particular: particular pode praticar o crime como partícipe.
Sujeito ativo: somente o funcionário público que pode dispor das rendas e verbas
públicas. Não abrange a conduta de quem apenas realiza, isto é, quem cumpre ou
executa a ordem expedida pelo sujeito ativo próprio, o “ordenador de despesas”.
O funcionário que executa a ordem deverá ter sua conduta examinada à luz do
art. 22, segunda parte do CP, ou seja, à luz do princípio da obediência hierárquica.
*Bittencourt
Sujeito passivo: Estado e entidades de direito público relacionadas no art. 327, §1º.
Tipo objetivo
Consiste a conduta incriminada em empregar irregularmente as verbas
(dinheiro especificamente destinado pela lei orçamentária a tal serviço público ou
fim de utilidade pública) ou rendas públicas (todo e qualquer dinheiro recebido
pela Fazenda Pública), em desacordo com a lei orçamentaria especial.
Para que se atenda a elementar exigida pelo tipo penal, é indispensável que
exista lei regulamentando a aplicação dos recursos orçamentários-financeiros: não
pode ser qualquer lei, mas somente lei orçamentária.
Não há para o Estado em princípio, qualquer dano patrimonial. As verbas ou
rendas públicas são aplicadas no interesse da própria Administração Pública,
embora com destinação diferente daquela prevista em lei. Consequentemente,
não há subtração ou apropriação das receitas públicas, pois se estas forem
destinadas a fins particulares – em proveito próprio ou de terceiro – o crime seria de
peculato. Trata-se fundamentalmente de perturbação do regular funcionamento
da administração púbica, que exige a aplicação dos fundos públicos em sua
destinação legal.
Salvo o caso de necessidade, não exclui o crime a aplicação de verbas ou
rendas em fins que sejam real ou supostamente de maior interesse e proveito para
os serviços públicos.
Tipo subjetivo
É o dolo constituído pela vontade livre e consciente de empregar verbas
públicas diversamente do previsto em lei.
O eventual desconhecimento da inexistência de autorização legal caracteriza
erro de tipo que exclui o dolo e, por extensão, a própria tipicidade.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando as verbas e rendas públicas forem efetivamente
destinadas a fins diversos do estabelecido em lei. Não basta o simples lançamento
escritural, a mera programação para sua aplicação pelo Poder Público,
contrariando previsão legal. Enquanto não for cumprida a determinação do
“ordenador de despesas” não se produzirá qualquer efeito.
Desvio tem que ser para dentro da Administração (se for para fora é peculato –
exceto prefeito e presidente).
Não engloba os prefeitos e os presidentes – há Lei específica.
Rendas públicas: são os valores recebidos como tributos. Tudo aquilo recebido
aos cofres públicos a título de impostos/tributos
Verbas: consiste no preço/custo para a execução de um serviço/obra público.
Será desvio de rendas quando desviar o dinheiro quando não há lei ainda
destinando para o que é o dinheiro.
Será desvio de verbas quando já há lei destinando o dinheiro e ele é desviado.
Art. 315
Prefeitos
Estado Necessidade
Exclui a ilicitude do fato.
Destinação legal
Dentro Adm.
CONCUSSÃO (316)
Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.
Parte da doutrina diz que é uma extorsão praticada por funcionário público,
porém sem violência ou grave ameaça.
Sempre que o fato puder acarretar em prisão (o temor do suj. passivo) consistirá
em temor e não em corrupção passiva.
Sujeito ativo: somente pode ser o funcionário público. Não é necessário que seja no
exercício da função, podendo ocorrer nas férias, no período licença ou mesmo
antes de assumi-la, desde que o faça em razão dela. *Bittencourt. – Crime
próprio/pespecial
Pode ser aquele que tem expectativa de ser funcionário público.
Pode ser o particular coautor ou partícipe, ocasião em que ocorre a
comunicação da elementar de ser o agente funcionário público.
Sujeito passivo: Estado e o particular lesado.
Tipo objetivo
O elemento material do crime consiste na exigência da vantagem indevida;
para o próprio funcionário ou para terceiros; mediante um ato de imposição (exigir).
O verbo nuclear exigir tem o sentido de obrigar, ordenar, impor ao sujeito
passivo a concessão da pretendida vantagem indevida. Há na base da
incriminação o temor de represálias por parte do agente.
Não é necessário que o agente faça a promessa de um mal determinado,
basta o temor genérico que a autoridade inspira, desde que influa na manifestação
volitiva do sujeito passivo.
Ex.: exigência de vantagem para aliviar sanções impostas em decorrência de
infração cometida pelo indivíduo, para evitar instauração de inquérito policial, etc.
Prevê a lei a concussão explícita, ou seja, a feita abertamente pelo funcionário,
que não encobre a exigência da vantagem indevida ou as possíveis represálias, e
a implícita, em que o sujeito ativo, veladamente, com malícia, dá a entender à
vítima que deseja obter a vantagem indevida ou que é ela legítima. Não se
considera a insinuação sutil, a sugestão na proposta maliciosa para que a
vantagem fosse proporcionada.
Pode a vantagem ser exigida pelo funcionário (direta) ou por interposta pessoa
(indireta), ainda que não seja esta funcionária pública.
É indispensável para caracterização do crime que o sujeito ativo se valha da
função que exerce ou vai exercer, ou que se prevaleça da autoridade que possui
ou vai possuir.
É necessário que exista ameaça de represálias imediatas ou futuras, inexistindo
a infração penal quando já não se pode vislumbrar a infusão do temor que a
autoridade inspira.
Exigir não se confunde com solicitar, pois naquele há uma imposição do
funcionário, que, valendo-se do cargo ou da função que exerce, “constrange” o
sujeito passivo com sua “exigência”.
É indispensável que a exigência, explícita ou implícita, seja motivada pela
função que o agente exerce. A característica fundamental do crime de concussão
é o abuso de autoridade, que pode repousar na “qualidade de funcionário” ou na
“função pública” exercida. Se não se verificar o abuso, o ato configurará extorsão.
Não existindo função ou não havendo relação de causalidade entre ela e o
fato imputado, não se pode falar em crime de concussão.
A exigência de vantagem indevida pode ser direta ou indireta. É direta quando
o sujeito ativo formula diretamente à vítima ou de forma explícita, deixando clara a
sua pretensão; é indireta quando o sujeito vale-se de interposta pessoa ou quando
a formula tácita, implícita.
A forma mais usual da concussão é a indireta, a dissimulada, isto é, a implícita.
Objeto do crime
É a vantagem indevida, ilícita ou ilegal, não autorizada por lei.
Tipo subjetivo
É indispensável a vontade de exigir a vantagem prevalecendo-se da função.
Também é necessária a presença do elemento subjetivo do tipo subjetivo do
tipo registrado na expressão “para si ou para outrem”.
Não se caracteriza o crime se há ausência de consciência do indébito pelo
agente (erro de tipo).
Antes ou folga
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a simples exigência da vantagem indevida: se
sobrevém a efetiva percepção desta, o que ocorre é apenas o exaurimento do
delito.
Não se desnatura o crime se a vantagem é devolvida ou se não ocorre prejuízo.
Ainda que a consumação ocorra com a exigência, é coautor aquele que,
sendo ou não funcionário, intervém posteriormente à conduta do agente,
procurando auxiliá-lo na obtenção da vantagem.
É possível a tentativa desde que a exigência não seja oral.
Crime formal
Não é necessário que obtenha a indevida vantagem, basta que faça exigência
da indevida vantagem.
Se ocorre erro quanto a vantagem, acreditando ser ela devida, há erro de tipo
que exclui a tipicidade.
Consuma-se com a realização da exigência.
Tentativa – escrita
Quando a exigência não chega ao conhecimento do funcionário.
Funcionário que não está no exercício da função (de férias, licença) pode
cometer concussão. O que é relevante é que o funcionário se valha da função para
exigir.
Objetividade jurídica
O objeto da tutela jurídica é o funcionamento normal da administração pública,
no que diz respeito à preservação dos princípios de probidade e moralidade no
exercício da função.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo é o funcionário público na sua acepção de direito penal prevista
no art. 347. Comete o crime não só o agente que esteja afastado de sua função
(férias, licença, suspensão, etc.), como também aquele que ainda não a assumiu.
Responde pelo crime em coautoria ou participação outro funcionário ou
particular que colabora na prática da conduta típica. Não é coautor aquele que
concede a vantagem indevida, respondendo este pelo crime de corrupção ativa.
Sujeito passivo é o Estado, titular do bem jurídico penalmente tutelado e o
lesado, quando este não pratica o crime de corrupção ativa.
Tipo objetivo
Contém três modalidades de condutas típicas: solicitar ou receber vantagem
indevida ou aceitar promessa desta.
Solicitar é pedir, procurar, buscar, rogar, induzir, manifestar o desejo de receber.
Pode a solicitação ser expressa, clara, indubitável, como velada, insinuada.
Receber é tomar, obter, acolher, alcançar, entrar na posse.
Aceitar promessa de vantagem é consentir, concordar, estar de acordo, anuir
ao recebimento.
Na solicitação a iniciativa é do agente; no recebimento e aceitação de
vantagem é o particular, com a concordância do funcionário.
É indiferente que a oferta ou promessa seja feita ao funcionário público
diretamente pelo corruptor ou por interposta pessoa.
Nada impede que a aceitação também ocorra através de terceira pessoa,
coautor, que, em nome do funcionário, comunica ao particular a sua concordância
com a vantagem prometida.
É indispensável para a caracterização do ilícito que a prática do ato tenha
relação com a função do sujeito ativo. O pagamento feito ou prometido deve ser
a contraprestação de ato de atribuição do sujeito ativo. Não se tipifica a infração
se a vantagem desejada pelo corruptor não é da atribuição e competência do
funcionário. Nesses casos, poderá ocorrer o crime de tráfico de influência ou
coautoria do funcionário em corrupção ativa se transferir o pagamento ou a
promessa de vantagem indevida ao colega que tem atribuições para prática do
ato.
Pode o ato objeto do tráfico ser legítimo, lícito, justo (corrupção imprópria) ou
ilegítimo, ilícito, injusto (corrupção própria). Dessa forma, há crime se a vantagem é
solicitada/recebida ou a promessa é aceita para a prática de ato regular e legal.
É indiferente que se trate de ato definitivo ou irrevogável ou sujeito a recurso e
confirmação ou revogação.
A solicitação/recepção ou aceitação da promessa pode ser anterior à prática
do ato ou posterior.
O objeto do ilícito é a vantagem indevida. Não ocorrendo o ilícito se a
vantagem é solicitada e recebida para ressarcimento de despesas realizadas pelo
agente no exercício da função pública. Pode ser vantagem patrimonial ou não.
Indiferente é se a vantagem for destinada ao próprio funcionário ou para
terceiro, porém se for revertida para a pessoa jurídica de direito público,
descaracteriza-se o ilícito.
Não se aperfeiçoa a corrupção passiva se o funcionário recusa a oferta por
entender “pequena” a recompensa, mas, se a aceitou, discutindo apenas o
quantum, consumou-se o ilícito.
Pouco importa a capacidade penal do particular.
Tipo subjetivo
Consiste na vontade de praticar uma das modalidades da conduta típica,
tendo o agente consciência de sua ilicitude.
O elemento subjetivo do tipo é a finalidade da obtenção da vantagem para si ou
para outrem.
É indiferente que o sujeito tenha a vontade ou não de praticar o ato que deu
ensejo à corrupção.
Consumação e tentativa
É crime formal e independe de resultado.
Consuma-se com a simples solicitação da vantagem ou aceitação da
promessa, ainda que esta não se concretize. É desnecessário que o ato funcional
venha a ser praticado, omitido ou retardado.
A tentativa é possível quando, p. ex., um funcionário tenta remeter a solicitação
ao particular/sujeito, mas é interceptado antes.
Distinção
A bilateralidade não é requisito indispensável da corrupção. Pode apresentar-
se esta de maneira unilateral. Por isso o legislador cogitou a corrupção em duas
formas autônomas, conforme a qualidade do agente.
Para a caracterização da corrupção passiva não é indispensável a existência
da corrupção ativa.
Na modalidade de solicitação, o crime é apenas do funcionário, mas havendo
recebimento ou aceitação de promessa de vantagem, pratica o sujeito passivo o
crime de corrupção ativa.
Distingue-se a corrupção passiva da concussão. Naquela há solicitação, nesta
exigência, ainda que tácita, da vantagem indevida.
Distingue-se a corrupção passiva da prevaricação porque nesta não há
qualquer intervenção ou proposta ao “sujeito passivo” (particular), agindo o sujeito
ativo por interesse ou sentimento pessoal.
Distingue-se a corrupção passiva do estelionato, quando o proveito ilícito não é
obtido em razão da função, mas mediante meio fraudulento, valendo-se o agente,
para tanto, de sua condição a fim de enganar a vítima.
Concurso
Se o ato praticado pelo funcionário constitui por si só um crime, haverá concurso
formal ou material entre a corrupção passiva qualificada e o crime resultante.
Tráfico função
Solicitar, receber, aceitar promessa
Solicitar não precisa obter efetivamente a vantagem, basta a solicitação.
Receber é necessário a efetiva obtenção da vantagem.
Aceitar promessa
Tutela
- Probidade
- Moralidade
Espelho 333
Dualista – Motivo
Exceção do concurso de agentes: quando duas ou mais pessoas concorrem
para cometer um delito devem responder pelo mesmo crime.
Há punição por crimes distintos, a finalidade é a de punir mais gravosamente
determinada conduta do que outra, porém tal fundamento não se aplica ao caso
da corrupção passiva/ativa já que as penas são as mesmas.
A finalidade da criação jurídica é para que uma infração não dependa sempre
da outra para se aperfeiçoar.
Sujeitos
Ativo: é possível que particular responda por corrupção passiva quando concorre
para o crime, por exemplo: quando influência funcionário público a solicitação
vantagem. O mesmo ocorre com a corrupção ativa.
Própria; imprópria
Própria: quando o ato que está vendendo é ilegal/ilegítimo
Imprópria: quando o ato que está vendendo é legal (o que não pode é cobrar
para praticá-lo).
Antecedente; subsequente
Antecedente: quando o pagamento é prévio
Subsequente: quando o pagamento é projetado para o futuro.
Crime formal
Vantagem indevida; vantagem para terceiro
Tentativa – escrita
Se o sujeito quer discutir valores já está consumado o delito, uma vez que basta
a solicitação para consumar o delito.
Sujeito não precisa estar no pleno exercício da função para a vender. Mesmo
caso que o dispositivo anterior.
Objetividade jurídica
Tutela-se a administração pública, não só na regularidade das importações e
exportações, como também nos seus interesses econômicos referes aos impostos,
na moralidade, na preservação da saúde pública, etc.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo: funcionário público no seu conceito amplo (327). Não basta a
qualidade de ser o agente funcionário público, exigindo-se que viole o seu dever
funcional. Deve o agente ter, por lei, o dever funcional de reprimir o contrabando e
o descaminho.
Quando o funcionário participa do fato sem estar no exercício de sua função,
responderá, como qualquer particular, pelo crime previsto no art. 334 ou 334-A.
Sujeito passivo: Estado.
Tipo objetivo
Pratica o crime o funcionário que, no exercício funcional, facilita a prática do
contrabando ou do descaminho.
Facilitar é tornar fácil, afastar obstáculos, auxiliar de forma comissiva ou omissiva
a prática do crime. Tanto comete o crime aquele que indica ao autor do
contrabando ou descaminho as vias mais seguras para a entrada ou saída da
mercadoria, como aquele que, propositalmente, não efetua regularmente as
diligências de fiscalização destinadas a evitá-las.
Contrabando é a importação ou exportação fraudulenta de mercadoria, cuja
entra ou saída seja absoluta ou relativamente proibida. Descaminho é o ato
fraudulento que se destina a evitar, total ou parcialmente, o pagamento de direitos
e impostos previstos pela entrada, saída ou consumo de mercadorias.
Não é indispensável para a comprovação do crime o exame de corpo de
delito.
Tipo subjetivo
É o dolo de facilitar o contrabando ou descaminho, tendo o agente
consciência da ilicitude da conduta, o que envolve a ciência de que está
infringindo dever funcional.
O mero descumprimento do dever funcional concernente à vistoria na
oportunidade da saída da alfândega não pode conduzir à ocorrência do delito,
porque não basta a culpa do funcionário para a caracterização do tipo subjetivo.
Assim, também não ocorre o crime no simples erro de classificação que permite o
despacho ou livre trânsito da mercadoria.
Não exige a lei finalidade especial, pouco importando que o agente proceda
gratuitamente, por favor ou influência, visando à vantagem recebida ou à sua
promessa.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a facilitação por parte do agente, independente de
se ter completado ou não o contrabando ou descaminho.
É possível a tentativa quando se tratar de conduta comissiva.
Competência
Justiça Federal.
Facilitar
Facilitar com infringência do dever funcional.
Infringência dever funciona
É indispensável que o funcionário esteja no exercício da função pública.
Prática – 334
Legislador não previu o caso de o funcionário público ser autor e não apenas
facilitar o contrabando ou descaminho. E no caso dele ser partícipe fora do
exercício da função.
Insignificância
Para a Justiça Federal, considera-se insignificante o valor de R$20.000,00
Federal
PREVARICAÇÃO (319)
Sujeitos do delito
Ativo: funcionário público (conceito amplo – 327)
Passivo: Estado e eventual prejudicado.
Tipo objetivo
Retardar é atrasar, delongar, adiar, protelar, protrair, procrastinar. O funcionário
não realiza o ato que deve executar no prazo prescrito, se existe, ou em tempo útil
para que produza seus efeitos normais.
Deixar de praticar constitui-se na omissão do agente, que não tem intenção de
praticar o ato devido, diferindo da conduta anterior porque, naquela, a vontade é
apenas de protelar.
Praticar é a conduta comissiva em que o agente executa de forma ilegal.
A lei prevê que nas duas primeiras hipóteses a omissão seja indevida (ilegal,
injusta ou injustificada), exigindo assim um elemento normativo. Ato indevido é o ato
reprovável, contra o senso comum de moralidade.
Tratando-se de conduta comissiva (praticar), exige-se que seja esta ilegal,
contra disposição expressa de lei. É indispensável que exista norma jurídica em
sentido estrito violada para a ocorrência do crime. Não basta que se viole o
princípio da moralidade, pois o tipo penal exige que a conduta seja violadora de
“disposição expressa em LEI”.
Não há que se falar em ato ilegítimo quando o funcionário tem certa
discricionariedade para a escolha da conduta a tomar.
O objeto do tipo é o ato de ofício; é necessário que o funcionário seja
responsável pela função relacionada ao fato que esteja em suas atribuições ou
competência.
Não há o crime de prevaricação se o ato praticado, omitido ou retardado
refoge ao âmbito de competência funcional do servidor, já que o delito se
caracteriza pela infidelidade do dever funcional e pela parcialidade no seu
desempenho. Assim, não pratica prevaricação o funcionário que, ao deixar de
praticar ato de ofício, não se encontrava no exercício de suas atividades.
Tipo subjetivo
Consiste no dolo de retardar omitir ou praticar ilegalmente o ato de ofício. Exige-
se também o elemento subjetivo do tipo que é o intuito de satisfazer interesse ou
sentimento pessoal, indispensável para a caracterização do delito.
É indiferente à lei a natureza do sentimento se é nobre ou não, se moral ou
imoral, etc.
Quando a omissão se refere a ato de ofício cuja execução poderá acarretar
consequências gravosas, penalmente relevantes, o omitente excluído está o crime
de prevaricação, pois ninguém pode ser compelido a, desvelando-se, agravar a
própria situação criminal.
Tendo o tipo exigido que haja disposição contrária expressa de lei, não
caracteriza o delito se houver o erro sobre a interpretação do mandamento legal
pelo funcionário.
Também não constitui o tipo subjetivo a simples negligência, desídia, desleixo,
indolência, preguiça ou a mera deficiência administrativa.
Consumação e tentativa
Consuma-se com o retardamento, omissão ou prática do ato,
independentemente de estar sujeito a confirmação ou recurso.
Tratando-se das formas omissivas, não há que se falar em tentativa.
Distinção
Distingue-se a prevaricação da corrupção passiva porque esta exige a
bilateralidade, a intervenção do “sujeito passivo” (particular, terceiro), por acordo
ou por ser destinatário da solicitação, enquanto naquela está ele totalmente alheio
à prática da conduta.
Difere-se da desobediência, pois esta somente pode ser praticada por
particular ou por funcionário que não age nessa qualidade.
- Praticar (ilegal): sujeito não deveria praticar o ato; pratica com a finalidade
de beneficiar alguém.
Tentativa – comissiva
319 ≠ 320
Difere-se da condescendência criminosa pelo fato de que o elemento subjetivo
(motivo) desta é somente a indulgência e pelo fato de que somente é praticado
por uma conduta omissiva.
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
Sujeitos do delito
Ativo: funcionário público (art. 327), sendo indispensável que o agente seja
superior hierárquico do funcionário infrator. Inexistindo situação de hierarquia
funcional o crime em análise inexiste.
Tratando-se de crime omissivo puro não se admite a coautoria. Se dois ou mais
funcionários se omitem no cumprimento do dever, responderão eles, isoladamente,
pela prática do crime.
É possível a participação, mediante instigação, de outro funcionário público ou
de terceiro que não ostente essa condição.
Passivo: Estado
Tipo objetivo
A primeira modalidade de conduta descrita no tipo é deixar, por indulgência,
de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo. Trata-
se de crime omissivo puro, em que o superior não toma as providências necessárias
para aplicar ao subordinado a sanção administrativa, não promove a sua
responsabilidade. É elemento do tipo que a infração praticada pelo subalterno seja
mero ilícito administrativo ou crime funcional. Deve existir conexão entre os fatos e
o exercício do cargo.
Ficam fora do âmbito do tipo penal mesmo as faltas disciplinares que importam
demissão de cargo que não se relacionam ao exercício do cargo.
A segunda modalidade é a de não tendo o superior atribuição para
responsabilizar o subordinado pela infração praticada, deixar de levar o fato ao
conhecimento de autoridade competente. Trata-se também de crime omissivo.
Deve o sujeito ativo comunicar a ocorrência da falta à autoridade que tenha
atribuição para responsabilizar o funcionário; não o fazendo, responde pelo ilícito
previsto no 320.
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de não responsabilizar o funcionário na primeira hipótese,
ou de não comunicar o fato à autoridade competente, na segunda.
A vontade de omitir-se pressupõe que o superior tenha ciência da infração e de
sua autoria. A lei incrimina apenas a conduta dolosa.
Exige o tipo subjetivo que o superior se omita por indulgência. Esta é um estado
anímico de tolerância, de clemência, de complacência, condescendência para
com o infrator. Havendo outro interesse ou sentimento pessoa, o crime será o de
prevaricação ou corrupção passiva (se o agente visa obter vantagem indevida).
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a omissão quando o sujeito ativo, ao tomar
conhecimento do fato e de sua autoria, não promove de imediato a
responsabilidade do infrator ou não comunica o fato à autoridade competente se
não tiver atribuições para fazê-lo.
A omissão estará caracterizada quando decorrer prazo juridicamente
relevante, levando-se em conta as circunstâncias do fato e as providências
necessárias para a apuração da responsabilidade.
A condescendência criminosa é omissivo puro e não admite tentativa.
Deixar – Omissão
Funcionário: próprio
Motivo: indulgência
Subordinado
- Responsabilizar
Cometeu infração
Legislador utiliza a expressão: lato sensu. Abrange crime e infrações
administrativas.
Exercício cargo
Somente pratica o crime aquele funcionário público que ocupa cargo, ou seja,
aquele considerado pelo ponto de vista do administrativo.
ART. 319 – A
Sujeitos do delito
Ativo: o funcionário público (327) que tenha dever de vedar ao preso o acesso
aos aparelhos descritos no tipo. A menção no dispositivo ao diretor da penitenciária
não exclui a responsabilidade de ser o crime praticado pelo diretor ou funcionário
de estabelecimento penais de espécies diversas, como as cadeias públicas e
CDP’s.
Tratando-se de crime omissivo puro não se admite a coautoria. Se dois ou mais
funcionários se omitem no cumprimento do dever, responderão eles, isoladamente,
pela prática do crime.
É possível a participação, mediante instigação, de outro funcionário público ou
de terceiro que não ostente essa condição. Nesse caso, a circunstância de ser o
agente funcionário público se comunica ao partícipe por ser elementar do crime.
Tipo objetivo
Pratica o crime o funcionário que deixa de praticar o ato destinado a impedir o
acesso do preso aos aparelhos vedados, se o ato omitido se insere entre os seus
deveres funcionais.
Vedar significa proibir ou impedir. Praticam a infração tanto o diretor do presídio
que se omite na adoção de providências destinadas a proibir o acesso dos presos
a aparelho telefônico celular, como o agente penitenciário que não impede esse
acesso por deixar de proceder à apreensão quando encontrado o aparelho no
interior do estabelecimento prisional ou na posse de um visitante, omitindo-se no
cumprimento de dever de ofício ou de ordem recebida.
Não se pune a conduta na omissão que propicia o acesso aos mencionados
aparelhos por interno em estabelecimento destinado à execução de medida de
segurança detentiva ou por adolescente infrator de medida socioeducativa de
internação, pois a lei se refere ao preso.
Tipo subjetivo
É constituído do dolo (vontade) de se omitir no cumprimento do dever de vedar
o acesso ao preso dos aparelhos previstos no tipo.
Diferentemente do que ocorre na prevaricação, em que se prevê que a
conduta seja praticada para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, a
motivação do agente é irrelevante para a caracterização desse crime.
Não se exige a vontade do agente de que o preso venha a ter acesso ao
aparelho vedado.
Não é prevista modalidade culposa. Assim, não se configura o ilícito pela simples
negligência do funcionário ou quando a omissão decorre de uma mera falha ou
deficiência no cumprimento do dever.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime no momento em que o sujeito, omitindo-se no
cumprimento do dever funcional, deixa de praticar o ato impeditivo de acesso do
preso a um dos aparelhos mencionados no dispositivo.
Não é necessária para a consumação do delito que o preso venha a ter a posse
do aparelho.
Tratando-se de crime omissivo puro, não há possibilidade de tentativa. Ou o
agente se omitiu quando devia agir, consumando-se o delito, ou praticou o ato na
ocasião adequada, inexistindo a infração.
Consuma-se o crime mesmo se após a omissão do agente outro agente intervir,
apreendendo o aparelho e evitando que algum detento dele se aposse.
Distinção
Distingue-se o crime da prevaricação por tipificar a violação de um dever
funcional específico e por dispensar para a sua caracterização o intuito de
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Mesmo que a conduta seja praticada
com esse intuito, responde o agente pelo crime descrito no art. 319-A, por se tratar
de norma especial/específica.
Tratando-se do recebimento ou aceitação de promessa de vantagem indevida
para que o agente viole o seu dever funcional, configura-se o crime de corrupção
passiva.
Deixar o diretor do estabelecimento prisional ou o agente público de evitar ou
de cumprir o dever de vetar ao preso o acesso de aparelho telefônico, radiofônico
ou que permita a comunicação a ambiente externo.
O componente do aparelho não é integrado à elementar do tipo, não é
abrangido pelo delito, não há previsão e não se pode fazer interpretação extensiva
ou analógica em desfavor do réu (extensão de conceitos). Não estará cometendo
o crime em análise nesse caso.
Deixar
- Diretor
- Agente Público
Cumprir dever
Vedar ao preso acesso
- Aparelho telefônico
- Aparelho radiofônico
- Similar
Permita comunicação ambiente externo
Dualista / participação
Exceção dualista da teoria monista do concurso de agentes. Há dois crimes: um
para o funcionário público e outro para o particular. (ler).
Pune somente a participação (?)
ADVOCACIA ADM.
Objetividade jurídica
Regularidade administrativa
Sujeitos do delito
Ativo: funcionário público (327) que esteja no exercício da função (não basta
ser nomeado e ter tomado posse).
Não importa que o sujeito tenha iniciado o patrocínio quando ainda não se
revestia a qualidade de funcionário público se, após assumir suas funções, continua
praticando os atos caracterizadores do ilícito.
Coautor é o particular que colabora na conduta do funcionário, estendendo-
se àquele a circunstância elementar de funcionário público.
É partícipe também o particular em benefício de quem atua o funcionário
desde que, ciente da ilicitude de seu procedimento, solicita o patrocínio.
Passivo: Estado.
Tipo objetivo
O centro do tipo penal é patrocinar interesse privado. É advogar, defender,
facilitar, proteger, apadrinhar, favorecer um interesse particular alheio perante a
administração pública, em qualquer dos seus setores, junto a companheiros ou
superiores hierárquicos.
Não basta à configuração do crime que o agente ostente a condição de
funcionário público, sendo indispensável que pratique a ação aproveitando-se das
facilidades que a sua qualidade de funcionário lhe proporcione.
Pode exercer-se o patrocínio diretamente, sem intermediário, agindo o sujeito
ativo junto à repartição, através de requerimentos, defesas, justificações, cuidados
na tramitação de procedimentos, e solicitando providências a outros funcionários,
etc. Indiretamente atua o funcionário quando se vale de interposta pessoa que
aparece ostensivamente como procurador, assinando requerimentos, petições,
etc. (atuação dissimulada).
O interesse privado a que se refere a lei pode ser legítimo ou ilegítimo, ocorrendo
nesta última hipótese uma qualificadora (parágrafo único).
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de patrocinar interesse privado perante a administração
pública.
Embora a finalidade de obter vantagem seja comum, não existe a lei esse
intuito, podendo o funcionário agir por amizade, ou qualquer interesse ou
sentimento pessoal.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a prática de um ato de patrocínio,
independentemente de atuar o sujeito ativo como verdadeiro patrono do particular
ou de obter o resultado pretendido.
É possível a tentativa, como no exemplo de uma petição em se advoga o
interesse de terceiro, sendo, entretanto, o funcionário obstado de, no momento
preciso, apresenta-la a quem de direito.
Distinção
Na advocacia administrativa podem ocorrer, em concurso formal, os crimes de
corrupção passiva, corrupção ativa ou concussão, seja a conduta do sujeito ativo
solicitar ou receber vantagem ilícita, oferece-la ou promover a vantagem a outro
funcionário, ou exigi-la.
Quando o interesse privado corresponde a ato de ofício do sujeito ativo, ocorre
apenas corrupção passiva ou prevaricação.
Se o dinheiro entregue não for exigido ou reclamado pelo sujeito ativo, mas
simples retribuição ocorre apenas o crime previsto no art. 321 (advocacia
criminosa).
Ocorre estelionato quando o funcionário não patrocina o interesse privado, mas
ilude o particular para obter vantagem indevida.
Art. 321
Patrocinar
- Direta: por gestões diretas através de petições/forma verbal/gestual indica
(diretamente) que determinados agentes são melhores do que outros visando o
favorecimento destes.
- Indireta: através de sugestionamentos.
Interesse privado
Não precisa ser imoral/ilegítimo o interesse. Se ele for ilegítimo há aumento de
pena, ou seja, é possível o interesse legítimo.
Não há lucro/intenção de lucro – caracteriza outra infração penal.
Aqui basta que esteja defendendo o interesse privado, sem qualquer intenção
de lucro.
Perante
Único – ilegítimo
VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA
Objetividade jurídica
Regularidade administrativa.
Sujeitos do delito
Ativo: funcionário público (327)
Passivo: Estado e pessoa contra quem é praticada a violência
Tipo objetivo
O núcleo do tipo é praticar violência. Refere-se a lei apenas à violência física,
não configurando o ilícito a prática de violência moral (ameaça).
Deve a violência ser arbitrária, sem motivo legítimo não autorizada em qualquer
norma jurídica.
É indispensável que a violência ocorra no exercício da função ou que o agente
tenha pretexto de exercê-la.
É imprescindível a existência íntima conexão entre a violência e o desempenho
da função. Quando a função não é a razão determinante do excesso nem o seu
objetivo final, mas apenas a ocasião em que o sujeito ativo atua, inexiste o crime
funcional.
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de praticar a violência no exercício da função ou a pretexto
de exercê-la, sendo indispensável que o agente tenha consciência da
ilegitimidade da sua conduta.
São indiferentes para a lei penal os motivos do crime.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a violência, pois basta a prática de vias de fato para
configurar o crime.
Ocorrendo lesões corporais ou homicídio, haverá acúmulo de sanções do que
dispõe o art. 322 na cominação da pena.
É possível a tentativa.
Concurso
Determina a lei que seja somada à pena prevista no art. 322 aquela prevista
para a violência (homicídio, lesões, etc.). Entretanto, as vias de fatos estão
subsumidas no crime.
Abuso
- Autoridade
- Poder: *ver a questão de emprego de violência e sem.
Objetividade jurídica
Regularidade administrativa.
Sujeitos do delito
Ativo: funcionário público (327). Quanto se trata de exoneração, sujeito ativo é
aquele que deixou de ter aquela qualidade e que continuar a exercer funções
ilegalmente.
Tais circunstâncias distinguem o crime em apreço do de usurpação de função,
que tem como sujeito ativo o particular.
Passivo: Estado.
Tipo objetivo
A primeira conduta prevista no tipo penal é a de o funcionário público
antecipar-se para exercer suas funções antes de satisfeitas as exigências legais
(posse, exames, etc.). Tal dispositivo trata-se de norma penal em branco, já que
deve ser integrada, para a sua aplicação, por normas jurídicas que preveem quais
as exigências para o exercício da função.
A segunda modalidade típica é a de prosseguir o agente no exercício da
função depois da exoneração, remoção, substituição ou suspensão. Esqueceu-se o
legislador da demissão e da aposentadoria. A primeira pode-se considerar uma
espécie de exoneração, enquanto a segunda, por ser omissa a lei, não configura o
ilícito previsto no art. 324.
É indispensável que o funcionário tenha conhecimento oficial do impedimento
ao exercício das funções. Exige-se a comunicação expressa ao agente público,
não suprindo a publicação no Diário Oficial quando não houver prova de que o
agente tomou conhecimento inequívoco da exoneração, remoção, etc.
Não ocorre o crime quando se trata de cessação temporária (férias, licença,
etc.) ou em casos de necessidade ou autorização. Exige-se a ilegitimidade do fato,
que pode ser excluída pela necessidade do serviço e pela autorização, a que se
refere expressamente a lei (deve ela emanar de superior hierárquico competente e
revestir as formas legais).
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de exercer a função pública tendo a ciência da
irregularidade da conduta.
Exige-se o conhecimento oficial da exoneração, suspensão, remoção,
substituição (segunda hipótese). Não basta a culpa ou o dolo eventual. O erro sobre
essa circunstância, sobre a necessidade do serviço ou sob a legitimidade da
autorização exclui o crime.
É irrelevante o fim do agente, não eximindo de responsabilidade o intuito de
auxiliar a administração, exceto no caso de necessidade.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando o funcionário pratica qualquer ato constitutivo de
exercício da função antes de satisfeitas as exigências legais ou depois do
conhecimento oficial do impedimento.
É indiferente que não persista o agente na prática irregular dos atos de exercício
da função, bastando um deles para consumar o ilícito.
É possível a tentativa.
328
Vantagem
Se for praticada a conduta para auferir vantagem há a prática de outro crime
(infração é residual).
ABANDONO DE FUNÇÃO
Objetividade jurídica
Regularidade e o normal desempenho das atividades do funcionário na
administração pública.
Sujeitos do delito
Ativo: somente pode cometer o crime aquele que está investido em cargo
público – não é o conceito de funcionário em sentido amplo.
Passivo: Estado
Tipo objetivo
Abandonar é largar, deixar, afastar-se.
Trata-se de crime omissivo puro, em que o agente deixa de exercer as funções
de seu cargo.
Para haver o abandono punível é necessário que o fato acarrete perigo à Adm.
É indispensável que, decorrido um prazo juridicamente relevante, a omissão do
sujeito ativo possa causar prejuízo à administração. Não ocorrendo essa situação
de perigo o fato constituirá em mera falta disciplinar.
Não ocorre o ilícito quando está presente o funcionário a quem incumbe
assumir o cargo na ausência do ocupante, isto porque não há probabilidade de
dano, que é a condição mínima para a existência de um evento criminoso.
O abandono pode ocorrer pelo afastamento do funcionário ou por não ter-se
apresentado para o desempenho de suas funções no local e ocasião devidos. Se
depois de ter sido empossado, não chega o acusado a exercer, por vontade
própria, o cargo para o qual foi nomeado, abandonando a função pública com
prejuízos para a Administração, ocorre o crime em apreço.
Indispensável que o sujeito ativo seja titular de cargo público.
Somente ocorre o delito quando o abandono é total – não é abrangida a
ausência esporádica.
Tipo subjetivo
O dolo do crime é a vontade de abandonar cargo; só se caracteriza com a
vontade deliberada do funcionário de abandonar o cargo fora dos casos permitidos
em lei. É o abandono proposital, intencional, onde o agente tem consciência da
possibilidade de prejuízo para a administração, embora possa não ser o seu intuito,
já não se exige qualquer fim especial de agir (finalidade).
Não importa que o sujeito ativo não tenha o ânimo definitivo de abandonar o
cargo; não exclui o crime o animus revertendi.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com o abandono, ou seja, com o afastamento do cargo
por tempo juridicamente relevante, de modo que haja possibilidade de dano para
a Administração Pública.
Há que ser uma ausência injustificada, por tempo suficiente para criar a
possibilidade de dano.
Tratando-se de crime omissivo puro, não é possível a tentativa.
Crimes qualificados
“Se do fato resulta prejuízo público”
Havendo prejuízo efetivo (patrimonial ou não) para a Administração Pública, e
não a simples probabilidade de dano, há fato mais grave, sendo o funcionário
merecedor de sanção mais severa.
A pena também é aumentada “se o fato ocorre em lugar compreendido na
faixa de fronteira”. Considera-se por lei faixa de fronteira a situada dentro de 150 km
ao longo das fronteiras nacionais.
Abandonar cargo
Para caracterizar o delito, deve-se analisar as leis correspondentes ao cargo
para ver se está fora dos casos permitidos.
Não se aplica a norma aos militares, há previsão específica no CP militar.
Art. 323
Fora dos casos permitidos
Estado de necessidade
Extensão
“Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer
em segredo, ou facilitar-lhe a revelação”.
Objetividade jurídica
Regularidade administrativa.
Sujeitos do delito
Ativo: funcionário público (327). Quando a revelação do segredo ocorre depois
de ter o funcionário público deixado definitivamente a função pública não
caracteriza o delito (desaparece o dever funcional, bem como a qualidade
especial do agente na ocasião do fato, indispensável para caracterização do
delito).
Pode o aposentado praticar o crime, pois este não se desvincula totalmente de
deveres para com a administração.
Pode ocorrer a participação de particular nos casos em que este induz, auxilia
ou colabora de qualquer forma na conduta do funcionário.
Passivo: Estado e eventual particular interessado no segredo
Tipo objetivo
A primeira conduta típica é revelar segredo, ou seja, comunicar a qualquer
pessoa (por escrito, verbalmente, através de exibição de documentos) fato ou
circunstância dele que deve ser mantida em sigilo.
A segunda ação incriminada é a de facilitar a revelação ou segredo. Nesta
hipótese, o agente torna possível ou mais fácil o conhecimento do segredo pelo
particular.
Facilita a revelação o que propositalmente deixa aberta a porta do cofre ou
gaveta onde se encontra o documento sigiloso, p. ex.
Não ocorre o crime se o destinatário da revelação já tinha conhecimento
integral do fato.
O objeto do crime é o segredo funcional. Deve-se referir ao interesse da coisa
pública e estar contida em “expressa disposição de lei ou de regulamento”. Embora
não impeça que, concomitantemente, seja interessado um particular, não haverá
ilícito se o segredo é exclusivamente este, não atingindo a regular atividade da
Administração.
Só existe o crime se o funcionário teve ciência do segredo em razão do cargo.
É indispensável que tenha ele tido conhecimento em razão das suas atribuições ou
competência.
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de transmitir a qualquer pessoa o que deve ficar em sigilo.
Não basta a simples culpa, não ocorrendo o ilícito se, por esquecimento, o
funcionário deixa ao alcance de terceiro documento confidencial da
administração, possibilitando-lhe o conhecimento do conteúdo.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando qualquer pessoa, particular ou funcionário não
autorizado a conhecer o segredo toma ciência dele.
Independe a consumação do dano efetivo.
É possível a tentativa quando não se tratar de revelação oral.
Distinção e concurso
Tal crime é expressamente subsidiário, podendo o fato constituir crime mais
grave.
Tratando-se de simples violação de segredo particular, que não afete interesse
algum da Administração, poderão ocorrer outros crimes.
Com a conduta praticada para obter vantagem, poderá o agente responder,
em concurso formal, com o crime de corrupção passiva.
Forma qualificada
Se da ação ou omissão resulta dano à Adm. ou a outrem a pena é aumentada.
Facilitar divulgação
Pode ser praticado de duas formas: revelar o fato ou facilitar a divulgação para
que alguém tenha acesso ao fato. E ainda: fornecimento de senha ou acesso
restrito.
Fornecimento de senha
Fornecimento de senha ou liberação de acesso restrito também é englobado
nesse crime.
Acesso restrito
CRIMES PARTICULAR
Sujeitos do delito
Ativo: particular. Pode o funcionário público ser sujeito ativo quando usurpar
função público que não lhe é atribuída, que não lhe compete (há jurisprudência
em sentido contrário).
Passivo: Estado e eventual prejudicado.
Tipo objetivo
A conduta típica é usurpar o exercício da função. Usurpar significa apossar-se,
alcançar sem direito, assumir o exercício indevidamente, obter com fraude.
Pratica o crime quem, ilegitimamente, executa ato de ofício.
Refere-se a lei a qualquer função, gratuita ou remunerada.
Para a ocorrência do ilícito é necessária a ausência de ato de autoridade
competente, legitimador da investidura no cargo; não se configura ele quando se
discute a legitimidade ou ilegitimidade desta; ainda quando resultante de fraude;
Não basta que o agente intitule-se de funcionário ou se apresente como
ocupante de determinado cargo, na mera autoatribuição dessa qualidade. É
indispensável para a caracterização do crime que o agente pratique ao menos um
ato de ofício, embora seja indiferente que observe ou não a forma estabelecida
para a prática de ato válido.
Não indispensável que o agente procure obter vantagem; se a conseguir,
haverá crime qualificado.
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade livre e consciente de praticar a conduta ilícita, tendo o
agente ciência da ilegitimidade do fato. A ausência do animus de usurpar
desnatura o delito.
O dolo estará excluído quando houver erro por parte do agente que considera
legítima a sua conduta, insciente de que age sem direito.
Não prevê a lei a forma culposa.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a prática efetiva de pelo menos um ato de ofício. A
prática de vários atos funcionais, desnecessária para a configuração do delito,
constitui delito permanente.
Não é necessária a verificação do dano.
É possível a tentativa, que ocorre quando o agente, praticando atos
inequívocos, não consegue a execução do ato de ofício por circunstâncias alheia
à sua vontade.
Art. 328 CP
Usurpar exercício
Não basta tomar usurpar a função pública, é necessário usurpar o exercício.
Mera invocação
Não basta a mera invocação, precisa praticar um ato inerente à função.
RESISTÊNCIA (329)
Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa que se opõe à execução de ato legal,
independentemente de dirigir-se ele ao agente ou outra pessoa.
Responde pelo crime quem intervém na execução de ato legal por autoridade,
opondo-se, por exemplo, à prisão de terceiro ou comparsa por policiais no exercício
de suas funções.
Passivo: Estado e funcionário público e, eventualmente, a pessoa que esteja
prestando auxílio
É necessário que o funcionário público seja competente para a prática do ato
de ofício já que o dispositivo se refere a ordem legal.
É necessário para a caracterização do crime que o funcionário público esteja
exercendo suas funções quando o agente se opõe à execução do ato; não ocorre
o ilícito se o funcionário pratica o ato, ainda que legal, quando está de folga.
Pode ser sujeito passivo a pessoa que esteja prestando auxílio, solicitado ou não,
ao funcionário. Não será ofendido do crime o mero espectador que não presta ao
funcionário auxílio material. O agente responderá, com relação a este, por eventual
crime de lesões corporais ou ameaça.
Tipo objetivo
A conduta típica é a oposição do agente ao ato legal mediante violência ou
ameaça.
É indispensável que o agente empregue força física ou ameaça. A violência
deve ser exercida contra a pessoa do funcionário ou de quem o auxiliar.
A ameaça pode ser real ou verbal.
Não caracteriza o crime a resistência passiva. Nesse caso, poderá ocorrer o
crime de desobediência ou desacato.
É indispensável que a oposição ocorra quando o ato está sendo executado,
não constituindo crime de resistência a violência ou ameaça praticada antes do
início da execução do ato ou ocorrida após ter sido este concluído, em represália
à autoridade.
É pressuposto do crime a execução de um ato legal por parte do funcionário.
Sem comprovação rigorosa da legalidade do ato, não há resistência punível. É
lícita a resistência a ato ilegal e à prisão ilegal.
Não constitui o crime empreender fuga à prisão legal, pois é justificável tal
reação por se tratar de movimento instintivo do agente, reflexo de seu desejo de
preservar ou garantir sua liberdade.
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de se opor à execução do ato, mediante violência ou
ameaça, mas é indispensável que o agente tenha consciência da antijuridicidade
de sua conduta. A dúvida quanto a esta basta para o reconhecimento do dolo
eventual.
O erro do agente quanto à legalidade do ato, ainda que culposo, exclui o dolo.
P. ex., não configura o crime no caso de um particular supor ser injusta a agressão
sofrida pelo irmão por parte de terceiro e o auxilia, ignorando o fato de que este
era policial e executava prisão legal.
Quanto à exclusão do dolo pela embriaguez: se a ebriez impedir a
compreensão de que o ato é legal e de que está se opondo à ordem legal não se
caracteriza o crime (coma e violência).
Na fase da excitação é possível caracterizar o crime, pois é possível ter
consciência de que o ato é legal. Só é perdida a compreensão do ato a partir da
fase da violência da ebriez. *Com exceção da ebriez voluntária – para criar
coragem.
Consumação e tentativa
É crime formal. Consuma-se com a prática da violência ou ameaça. É
dispensável o resultado pretendido pelo agente, que é a não execução do ato
legal. Obtendo esse feito, responde pelo crime qualificado.
É possível a tentativa de violência ou da ameaça (por escrito).
Concurso
Além das penas aplicadas pela resistência, executado ou não o ato, são
aplicáveis as penas correspondentes à violência (§2º). A lei determina a cumulação
da pena com as de lesão corporal ou homicídio. Não se aplica o concurso formal
de crimes.
O crime de resistência absorve os crimes de ameaça, de desobediência e de
exposição ao perigo de vida.
A resistência oposta por autores de crime para evitar a prisão, quando
perseguidos logo após a prática do ilícito, não constitui crime autônomo, mas
simples desdobramento da violência caracterizadora daquele.
A resistência a dois funcionários não configura concurso formal e sim crime
único, porque o sujeito passivo é a Administração como um todo.
Tutela: protege-se
- Autoridade: da função pública
- Prestígio: da função pública
Ebriez
Se a ebriez impedir a compreensão de que o ato é legal e de que está se
opondo à ordem legal não se caracteriza o crime (coma e violência).
Na fase da excitação é possível caracterizar o crime, pois é possível ter
consciência de que o ato é legal. Só é perdida a compreensão do ato a partir da
fase da violência da ebriez.
Formal
Não é necessário que o ato não se concretize, basta o emprego de violência
ou ameaça durante a execução do ato legal para tipificar a conduta.
Tentativa: escrita
§ 1º Ato não se executa
Se pela oposição à execução de ordem legal mediante violência ou ameaça
não se executa o ato, há uma espécie de exasperação.
Se o funcionário poderia executar o ato mesmo sofrendo a violência ou
ameaça e não o executa, não caracteriza o dispositivo majorante.
Se resultar lesões corporais, responde pelos dois crimes (expressa previsão legal).
Desdobramento roubo
STJ: quando há conexão entre a prática da subtração e a violência e a fuga
do cerco imediato da polícia só há roubo. Quando eventualmente a polícia vem a
perseguir o agente e há emprego de violência ou ameaça há dois crimes.
DESOBEDIÊNCIA (330)
Sujeitos do delito
Ativo: aquele que desobedecer a ordem legal emanada de autoridade
competente. Em regra, será o particular, entretanto, também pode ser o funcionário
público, porém é indispensável que este NÃO esteja no exercício da função.
É possível a participação e coautoria.
Passivo: Estado e o funcionário público que dá a ordem.
Tipo objetivo
Desobedecer significa não acatar, não atender, não cumprir a ordem legal de
funcionário público.
A desobediência só ocorre quando não atendida a ordem legal. Se o ato de
ofício não é legal, não se pode cogitar o crime.
Havendo dúvida sobre a legitimidade da ordem, estabelece-se um estado de
dúvida sobre a própria existência do delito.
É indispensável que a ordem se revista das formalidades legais (legal) e que o
funcionário esteja no exercício da função (legítima).
Para que se caracterize o crime, a ordem deve ser transmitida diretamente ao
desobediente (verbal, por escrito, etc.). Ela deve conduzir ao conhecimento
perfeito da ordem.
O crime somente existe quando a ordem é individualizada, ou seja, quando
dirigida inequivocamente a quem tem o dever jurídico de recebe-la ou acatá-la.
Não se exige que esteja presente aquele que expediu a ordem, bastando que se
comprove ter o agente ciência da determinação e que tenha o dever jurídico de
obedecer para que se configure o ilícito de desobediência.
A desobediência à lei não configura o crime, mas sim a desobediência à ordem
legal.
A simples fuga, sem violência, não caracteriza o crime de desobediência,
mesmo diante da voz de prisão – trata-se de impulso instintivo de liberdade.
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de não obedecer à ordem legal do funcionário público. É
indispensável que o agente tenha ciência da determinação e consciência da
antijuridicidade de sua conduta. É abrangido nesta a consciência de que a ordem
emana de funcionário competente para expedi-la. Ignorando o agente a
qualidade de funcionário, que não se identifica, não se caracteriza o crime.
A dúvida caracteriza o crime por dolo eventual.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime no momento da ação ou omissão ilícita, ou seja, após
decorrido o prazo fixado pela autoridade ou lapso suficiente que caracterize o
descumprimento da ordem.
A tentativa só é possível na forma comissiva.
Distinção
Distingue-se a desobediência da resistência pelo não emprego de violência ou
ameaça ao funcionário competente para executar a ordem.
A violência contra a coisa não configura resistência, mas simples
desobediência.
Quando o agente desobedece à ordem legal para satisfazer pretensão, ainda
que legítima, ocorre exercício arbitrário das próprias razões.
Tutela
- Prestígio
- Dignidade
Sujeito passivo: Estado; funcionário que emitiu ou que está cumprindo a ordem.
Prevaricação
Verbo – Desobedecer
Pode ser uma conduta comissiva ou omissiva. Deve contrariar a ordem: se a
ordem for de uma abstenção, a prática delitiva será de uma ação e vice-versa.
É importante para justificar as hipóteses de tentativa.
- Comissão
- Omissão
Ordem: indispensável que desobedeça à ordem legal, tanto faz que seja injusta.
Aqui se exige que seja inequívoca a ordem, seja expressa e também direta.
Também se exige que o agente tenha consciência da legalidade da ordem.
Se a ordem gerar dúvidas quanto ao seu conteúdo, não há como caracterizar
o crime.
- Legal
- Injusta
- Expressa
- Direta: dirigida à pessoa certa e determinada.
Penalidade extrapenais
Há determinadas ordens legais que pelo seu conteúdo não se enquadra no
crime, sua sanção será extrapenal.
Poderá punir também pelo crime de desobediência algo que é tutelado por
norma extrapenal com cominação de sanção extrapenal apenas quando houver
previsão expressa. Senão aplica-se apenas a cominação extrapenal.
Simples fuga
A simples fuga não caracteriza infração penal.
Ebriez
Quanto à exclusão do dolo pela embriaguez: se a ebriez impedir a
compreensão de que o ato é legal e de que está se opondo à ordem legal não se
caracteriza o crime (coma e violência).
Na fase da excitação é possível caracterizar o crime, pois é possível ter
consciência de que o ato é legal. Só é perdida a compreensão do ato a partir da
fase da violência da ebriez. *Exceção da ebriez voluntária – para criar coragem.
Simples fuga
É um direito inato, constitucional do cidadão a busca pela liberdade. Não
caracteriza a desobediência
Ordem inequívoca
No trânsito, caracteriza a ordem inequívoca (ordem de parada) quando
reiterada. É indispensável, no trânsito, a ordem ser reiterada para ser inequívoca.
DESACATO (331)
Sujeito passivo
Estado e funcionário público desacatado (327).
Tipo objetivo
Desacatar significa ofender, vexar, humilhar, desprestigiar o funcionário,
ofendendo a dignidade ou o decoro da função.
O desacato é qualquer ofensa direta e voluntária à honra ou ao prestígio de
funcionário público com a consciência de atingi-lo no exercício ou por causa de
suas funções.
Pode o desacato constituir-se em palavras ou atos e violência que constitua vias
de fato ou o crime de lesões corporais.
A jurisprudência já caracterizou o desacato nas ofensas morais seguidas de
agressão física; na tentativa de agressão; no insulto seguido de um tapa; nas
palavras grosseiras, etc.
Pouco importa que o funcionário se julgue ou não ofendido, pois não se está em
jogo apenas a integridade moral ou física do funcionário, mas também a dignidade
e o prestígio do cargo ou função.
Para a caracterização do delito é indispensável o nexo funcional, ou seja, que
a ação ocorra quando o funcionário esteja no exercício da função ou, não
estando, que o funcionário esteja no desempenho de sua atividade funcionário,
caracterizando-se a infração ainda que a ofensa não diga respeito à função.
Quando o funcionário não está no exercício da função, é necessário que a
ofensa diga respeito à sua função.
Se o funcionário é ofendido fora do ofício, como particular, e as expressões
usadas não tem ligação alguma com o exercício de sua função pública, não
caracteriza desacato; caracteriza crime contra honra.
É indispensável para caracterizar o desacato a presença do funcionário na
ocasião da ofensa. Não é necessária que ela seja realizada face a face, bastando
que esteja próximo o ofendido e por ele seja percebida.
Não ocorre o crime quando o funcionário já não é funcionário público, ainda
que se refira a ofensa ao anterior exercício da função.
Não há crime nas críticas genéricas a uma instituição, por si, pois para a
tipificação do desacato é indispensável que as ofensas sejam dirigidas contra o
funcionário público no exercício de suas funções ou em razão delas.
Não constitui desacato a mera censura ou crítica sobre a atuação de servidor
público, quando não há adjetivação ofensiva.
Tipo subjetivo
Consiste o dolo na vontade consciente de praticar a ação ou proferir a palavra
injuriosa, com o propósito de ofender ou desrespeitar o funcionário a quem se dirige.
Deve saber o agente que o ofendido é funcionário público e que ele está no
exercício da função ou que a ofensa irrogada é em razão desta. A ignorância ou
erro sobre essa circunstância exclui o dolo com relação ao desacato, devendo o
agente responder pelo crime contra a honra, por ameaça, lesões, etc.
É predominante na jurisprudência o entendimento de que o dolo fica excluído
quando as ofensas são realizadas em um estado de exaltação/emotivo.
Quanto à ebriez: depende do grau de ebriez para poder caracterizar o
desacato pelo ébrio. Somente na fase da excitação o delito se caracteriza, pois
tem consciência da conduta praticada; na fase da violência não caracteriza
desacato, pois o sujeito não tem consciências dos atos praticados – ausência de
dolo.
Desacato não caracteriza quando o ânimo está exaltado, somente caracteriza
a infração quando o ânimo calmo e refletido.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a prática da ofensa. Trata-se de crime formal, sendo
irrelevantes as consequências do fato.
Caracterizado o crime, é irrelevante eventual pedido de desculpas por parte
do agente.
Tratando-se de crime de ação pública, não admite retratação.
É possível a tentativa, salvo nos casos de ofensa oral.
Distinção
Distingue-se o desacato da resistência; naquele há agressão com intenção de
ofender a dignidade ou decoro do funcionário ou da Administração; nesta, a
violência é exercida para impedir o cumprimento de ordem legal.
Concurso
Quando o desacato se traduz em agressão física, subsiste apenas esse delito,
absorvendo o crime de lesões corporais. Ocorre o mesmo com a tentativa de lesão
ou ameaça e com a injúria.
Haverá concurso formal se se tratar de lesões graves ou calúnia.
Ainda que haja vários funcionários ofendidos, o crime é um só se houve apenas
uma conduta, já que trata de infração contra a Adm. Pub.; porém, já se decidiu
nessa hipótese pelo concurso formal.
Há crime continuado no comportamento do agente que, em atitudes
sucessivas, desacata vários funcionários e concurso material se ocorre, além do
desacato, desobediência ou resistência.
Não fere a Constituição por não estar em desacordo com nenhum tratado
internacional.
O desacato exige presença física do funcionário. A injúria qualificada requer
ausência do funcionário.
Não precisa ser face a face.
Tutela
- Dignidade da função
- Prestígio da função
- Decoro
Não somente o funcionário.
Sujeito ativo: particular; funcionário?
1ª teoria: somente particular poderia cometer – está inserido em crimes
praticados por particular contra a Adm.
2ª teoria: funcionário poderia cometer contra superior hierárquico
3ª teoria (majoritária e jurisprudencial): pode haver desacato praticado por um
funcionário contra outro funcionário.
Sujeito passivo: Estado; funcionário
Na função ou em razão
No exercício da função: estar efetivamente praticando um ato funcional.
Presença física
Exige-se a presença física para cometer desacato.
Telefone/petição/e-mail
Protocolar petição: injúria qualificada – não há presença física
Telefone: não há presença física – injúria qualificada
Críticas genéricas
Críticas genéricas à instituição não caracteriza a infração. Se não individualizar
a conduta não caracteriza crime contra a honra ou desacato.
Crime formal
Significa que o legislador prevê a conduta, prevê o resultado, mas não exige a
produção do resultado (funcionário se sentir vexado).
Absorção lesões
Segundo a jurisprudência, o crime de desacato absorve o crime de lesão leve
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa
de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no
exercício da função.
Sujeitos do delito
Ativo: aquele que obtém vantagem ou promessa dela, para si ou para terceiro,
arrogando influência junto a funcionário público. Tanto o particular como o
funcionário público podem ser sujeito ativo do crime – há decisão em sentido
contrário.
Passivo: Estado e, secundariamente, a pessoa que pretende “comprar” o
prestígio que o sujeito ativo diz ter. Este nunca será coautor ou partícipe, pois está
adquirindo influência inexistente. Supõe ele que está praticando um crime de
corrupção ativa, que somente existirá se houver realmente a influência efetiva sobre
o funcionário.
Tipo objetivo
Exige-se que o “agente se arrogue prestígio junto a funcionário público, pois,
caso contrário, o fato não ofende à administração pública, e poderá constituir
apenas um estelionato”.
Não é indispensável que o agente mencione expressamente o nome do
funcionário sobre o qual se exercerá a suposta influência – há decisão em sentido
contrário.
O fim lícito ou ilícito do fraudado é irrelevante, pois a essência do delito reside
em o agente conseguir vantagem ou promessa desta, a pretexto de atuar junto ao
funcionário de quem depende para satisfação daquele fim.
A vantagem não precisa ser somente patrimonial.
Quando o agente realmente goza de influência e dela se utiliza, poderá haver
outro crime (corrupção ativa, p. ex.), que absorverá o crime previsto no art. 322.
Se o prestígio arrotado junto ao funcionário público não causa a mínima
impressão na vítima, que não se deixa enganar, não há que se cogitar do delito.
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de obter vantagem ou promessa desta, arrogando-se
influência junto a funcionário público.
Não se exige que o agente tenha a consciência de atingir a administração ou
de desacreditá-la.
Consumação e tentativa
Consuma-se o delito com a simples prática de uma das condutas previstas no
dispositivo, independentemente de obter o agente a vantagem pretendida, salvo
na última figura, em que o agente, sem ter praticado uma das demais ações
inscritas no tipo, recebe a vantagem.
É possível a tentativa quando a solicitação, exigência ou cobrança, por ser feita
por mensagem ou por intermédio de terceiro, não chega ao conhecimento do
ofendido.
Distinção
Distingue-se o crime de tráfico de influência do estelionato, porque no primeiro
há sempre o pretexto de influir na Administração. Há no caso concurso aparente de
normas que se resolve pelo princípio da especialidade.
Se a exploração de prestígio chega a constitui o crime de corrupção ativa, este
será o único delito caracterizado, absorvente o anterior.
Quando a vantagem é patrimonial e o pretexto é de influir em funcionário do
Poder Judiciário, há disposição específica.
Crime qualificado
A pena é aumentada se o agente alega ou insinua que a vantagem é também
destinada ao funcionário – maior desprestígio para Adm. Pub.
Não existe mais exploração de prestígio – lei anterior. Aqui é venda de função
de terceiro.
Ver distinção do 332 e 357; distinguir com corrupção; distinguir do estelionato;
de usurpação de função pública.
Funcionário pode praticar a infração desde que esteja vendendo a função de
terceiro, não a sua.
332
Solicitar, exigir, cobrar ou obter
Vantagem ou promessa
A pretexto influir
Falar que vai fazer algo que não irá fazer – venda falsa da função de terceiro.
Se vender a função de terceiro com a anuência desta há a prática de corrupção
passiva indireta.
Ato praticado func.
No exercício da função
Funcionário da justiça
Lei específica
Venda de fumaça
P. único
Exaspera a pena se alegar/insinuar que o sujeito irá pagar para o funcionário
praticar o ato (ler).
- Alega
- Insinua:
- Vantagem funcional
Estelionato funcional
328
171
CORRUPÇÃO ATIVA (333)
Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa, inclusive o funcionário público desde que agindo como
particular.
Passivo: Estado
Tipo objetivo
Prevê a lei as ações de oferecer ou prometer vantagem indevida ao funcionário
público.
Oferecer é colocar à disposição, apresentar, exibir. Prometer é obrigar-se,
comprometer-se.
De todos os meios pode valer-se o corruptor: palavras, gestos, escritos, etc. É
necessário apenas que a ação seja inequívoca, positivando o propósito do agente.
É necessário que a oferta ou promessa tenha por finalidade que o funcionário
pratique, omita ou retarde ato de ofício.
Não é necessário que a oferta ou promessa seja feita diretamente ao servidor,
pode ser realizada por interposta pessoa que será coautor do crime.
A lei não distingue se a oferta ou promessa se faz por sugestão ou solicitação
do funcionário, pois para que possam constituir o crime de corrupção passiva,
devem ser espontâneas, o que não exclui que a iniciativa da ação parta do
funcionário corrompido. Entretanto, solicitada a vantagem pelo funcionário e
configurado a corrupção ativa, a simples conduta do particular de entrega-la é
atípica, pois apenas acede à solicitação. Não está oferecendo ou prometendo
vantagem, e sua ação, embora voluntária, não é espontânea.
É indispensável para caracterização do delito que o ato que deve ser omitido,
retardado ou praticado seja de ofício e esteja compreendido nas específicas
atribuições funcionais do servidor público visado.
A configuração do crime independe de ser a oferta ou promessa aceita pelo
funcionário.
Não se caracteriza o crime de corrupção ativa quando a oferta ou promessa
tem o fim de impedir ou retardar medida ou ato ilegal.
Desde que não haja oferta explícita de vantagem indevida, também não há
que se falar em corrupção ativa quando o sujeito pedir ao funcionário para dar um
“jeitinho” ou para “quebrar o galho”.
Objeto material: vantagem indevida – seja patrimonial ou não.
Pouco importa para a caracterização do delito que o ato a ser praticado seja
ilícito, injusto ou ilegítimo.
Não é típica a conduta de quem oferece ou promove vantagem após ter o
funcionário praticado, omitido ou retardado o ato. Nesse caso, poderá responder o
funcionário, se presente os requisitos típicos, por prevaricação.
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de praticar a conduta inscrita no núcleo do tipo: oferecer
ou prometer a vantagem indevida, incluído o elemento subjetivo que é a finalidade
(conseguir do funcionário a omissão, retardamento ou prática do ato de ofício –
dolo específico).
É necessário que se estabeleça a relação entre a oferta/promessa e a intenção
de obter a prática, omissão ou retardamento de algum ato de ofício.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a simples oferta ou promessa de vantagem indevida
pelo agente. Trata-se de crime formal, assim, a consumação independe da
aceitação pelo funcionário da vantagem que lhe é oferecida/prometida.
É possível a tentativa nas hipóteses em que a oferta ou promessa é feita de tal
forma que não chegue ao conhecimento do funcionário por circunstâncias alheia
à vontade do agente.
Concurso
Se a corrupção é praticada para que o funcionário infrinja dever funcional que,
por sua vez, constitua crime, haverá coautoria nesse delito, em concurso material
com a corrupção ativa e corrupção passiva.
Crime formal: legislador prevê a conduta, descreve o resultado, mas não exige
a produção do resultado. Basta que haja a oferta ou promessa para caracterizar o
crime, mas também se exige a finalidade especial de agir do agente (finalidade de
determinar que o funcionário pratique/omita/retarde determinado ato).
Oferecer ou prometer
Vantagem
Com fim determ.
- Praticar
- Omitir
- Retardar
Tutela: probidade
- Evitar venalidade
Elemento subjetivo
Presentes
Oferta/promessa de presentes sem o fim de específico não caracteriza o delito
– fato atípico independentemente do valor.
Oferta indireta
Pode ser indireta.
Pode se utilizar de pessoa interposta, nesse caso há concurso.
Pode ser implícita a oferta
Ato de ofício
“Dar jeitinho”
Mera solicitação, “pedir para quebrar um galho/fazer vista grossa), etc – É fato
atípico. Exige-se uma oferta/promessa para um fim específico (elementar do tipo).
Objeto material
- Vantagem indevida – normativo – cunho patrimonial
Não precisa ter cunho patrimonial a vantagem. Basta que a vantagem seja
indevida.
Se a vantagem for devida, caracteriza exação
ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Sujeitos do delito
Ativo: somente o estrangeiro. Não cometem o ilícito aqueles que reingressarem
no país após a deportação ou extradição diante da impossibilidade de aplicação
da analogia in malam partem.
Passivo: Estado.
Tipo objetivo
É pressuposto de existência do crime a anterior expulsão do sujeito ativo.
A conduta típica é reingressar no território nacional, isto é, reentrar, voltar,
ingressar de novo.
Não cabe ao juiz penal verificar se a decisão da expulsão foi justa ou
conveniente, bastando que seja o ato formalmente regular.
O território a que se refere a lei não é apenas o espaço físico entre as fronteiras
e o mar territorial, mas compreende todos os lugares abrangidos pelo conceito
jurídico do termo. *Teotônio falou diferente; ver apostila
Referindo-se a lei ao reingresso, não caracteriza o crime a permanência do
estrangeiro no território nacional, ainda que irregular, após o decreto de sua
expulsão não cumprido.
Inexiste o crime se o reingresso do agente foi autorizado por autoridade consular
competente.
Tipo subjetivo
O dolo do crime é a vontade de retornar ao território nacional, ciente o
estrangeiro da antijuridicidade de sua conduta, ou seja, de que foi expulso do país.
Pode ocorrer erro de proibição se o sujeito ativo supõe que seu reingresso foi
autorizado – exclui o dolo.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando o agente reingressa no território nacional.
Trata-se de crime de mera conduta e não está excluído com a saída
espontânea do agente após o reingresso.
É possível a tentativa.
Reingressar
Consiste em retornar.
Território Nacional
É considerado apenas o território físico, não as hipóteses do território por
extensão.
Estrangeiro
Não pode ser considerado estrangeiro aquele que tem nacionalidade brasileira
(caso de dupla nacionalidade).
Expulso
- Degredo /extradição
Expulsão não abrange o degredo (revogado) e extradição – não se pode fazer
interpretação extensiva ou analógica em prejuízo do réu.
Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa. Em se tratando de crime que se apura mediante ação
privada ou por meio de ação pública que depende de representação, somente
aquele que tiver a qualidade para oferecer queixa ou formular a representação
poderá ser sujeito ativo do crime quanto à investigação policial ou processo judicial.
Passivo: Estado e o sujeito que é falsamente acusado.
Tipo objetivo
Pode o crime ser praticado de forma indireta. Ex.: denúncia anônima ou feita
maliciosamente a terceiro de boa-fé.
É essencial que o sujeito ativo tenha agido por sua própria iniciativa
(voluntariamente) e não em resposta a pergunta de terceiro.
O crime apenas existe quando se dá causa à investigação policial, a processo
criminal, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de
improbidade administrativa – não se aplica à instauração de sindicâncias, inquéritos
administrativos, etc.
É indispensável para a caracterização que se impute falsamente a prática de
crime, atribuindo a pessoa certa, bastando que os dados oferecidos pelo sujeito
ativo sejam suficientes para identificar a pessoa visada pelo agente.
Ocorre a denunciação caluniosa não só quando é atribuída infração penal
verdadeira a quem dela não participou, como quando se atribui a alguém infração
penal inexistente.
Não ocorre o delito quando não mais for possível a apuração da infração
atribuída pelo agente a outrem. Também não ocorre o crime quando o fato
imputado caracteriza um caso de excludente de antijuridicidade (não há crime) ou
existe uma imunidade absoluta (não é possível a instauração de inquérito ou ação
penal).
Não comete o crime quem, em interrogatório, atribui falsamente a outrem a
autoria ou coparticipação, justificando-se a exclusão pelo direito de autodefesa.
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de provocar as instaurações/investigações descritas no
tipo, exigindo que o agente saiba que imputa a alguém crime que este não
praticou. Assim, é indispensável que a acusação esteja em contradição com a
verdade dos fatos e que haja por parte do agente a certeza da inocência da
pessoa a quem atribui a prática do crime. Sem essa certeza não configura o crime
em apreço.
O simples estado de dúvida a respeito da inocência afasta a tipicidade do
delito. Não é suficiente para a caracterização do delito o dolo eventual.
Agindo de boa-fé o denunciante, a circunstância de ter posteriormente ciência
da falsidade da imputação é irrelevante, não se caracterizando o ilícito pela não
retratação espontânea.
Consumação e tentativa
Consuma-se com a instauração da investigação criminal , do inquérito, etc.
Como as investigações policiais podem anteceder o inquérito policial, é
dispensável a instauração deste ou a apresentação formal da denúncia ou queixa.
Entretanto, na jurisprudência tem-se exigido a instauração de inquérito policial.
Consumado o crime, não há efeito a retratação do agente – vale apenas para
calúnia.
Admite-se a tentativa quando, apesar da denunciação, não se instaura
investigação policial ou ação penal por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
Distinção
A falsa imputação sem a vontade de provocar a instauração de investigação
policial, processo criminal, investigação administrativa, inquérito civil ou ação de
improbidade adm., constitui calúnia.
A distinção entre denunciação caluniosa e comunicação falsa de crime ou
contravenção é pelo fato de que neste último não há acusação contra pessoa
alguma, ao passo que no primeiro acusa-se pessoa determinada e certa.
Também difere do crime de autoacusação falsa porque em tal crime o
denunciado não é pessoa diversa do denunciante, mas sim ele próprio.
Concurso
Haverá concurso formal na denunciação falsa contra várias pessoas ou
concurso material quando o agente efetuar várias denúncias.
Imputando crime
Saber ser inocente
Dolo (dúvida)
Prévia maldade
Intenção instauração
Calúnia ≠ denunciação
§1º Anonimato
§2º Privilégio: contravenção
No caput não faz menção que a contravenção seria punida – denunciação
caluniosa de contravenção é fato atípico. Não há crime sem prévia cominação
legal.
COMUNICAÇÃO FALSA
Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou
de contravenção que sabe não se ter verificado.
Tutela-se a regularidade administrativa
Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa
Passivo: Estado
Tipo objetivo
Provocar (dar causa, ocasionar) a ação da autoridade. Tal provocação deve
ocorrer pela comunicação da ocorrência de crime ou de contravenção que não
se verificou.
O agente não imputa falsamente a alguém a pratica de um crime, mas
comunica a ocorrência de infração penal que não se verificou.
Não deixa de configurar o crime ainda quando se indiquem pessoas, mas
imaginárias ou indetermináveis, fornecendo o agente dados que não permitam a
individualização do suposto autor da infração penal.
A lei refere-se não só a autoridade policial, mas também ao representante do
MP, ao juiz, a qualquer autoridade administrativa que, ao tomar conhecimento
oficial da ocorrência de ilícito penal, deve provocar a ação da primeira.
Não se deve reconhecer o ilícito na falsa comunicação de crime perante
policiais militares, já que a lei se refere a ação da autoridade e não se pode
equiparar aqueles a esta. *Mirabete
Haverá crime impossível na comunicação de crime ou contravenção atingidos
por causa de extinção da punibilidade (prescrição, decadência, etc.).
Não haverá crime se o fato delituoso que o agente simula é da mesma natureza
do que efetivamente ocorreu (ex.: roubo em vez de furto). Porém, haverá crime se
o fato alegado é essencialmente diverso do verdadeiramente ocorrido.
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de comunicar a ocorrência da infração penal inexistente
com o fim de provocar, ou mesmo aceitando o risco de causar a ação da
autoridade.
Exige-se o elemento subjetivo que é a certeza moral do agente de não ter sido
praticada a infração penal. A dúvida a respeito exclui o dolo.
Consumação e tentativa
Consuma-se desde que provocada, com a falsa comunicação, a ação da
autoridade, ainda que não vá além de indagações preliminares, isto é, não se
chegando a abrir inquérito formalizado.
É possível a tentativa quando é feita a comunicação e não são iniciadas as
investigações por circunstâncias alheia à vontade do agente.
Distinção e concurso
Distingue-se a denunciação caluniosa e a comunicação falsa de crime ou
contravenção porque, neste último, não há acusação contra pessoa alguma, ao
passo que no primeiro acusa-se pessoa determinada e certa.
AUTOACUSAÇÃO FALSA
Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem.
Tutela-se a regularidade administrativa.
Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa. Pode haver coautoria no caso do agente que
completou e corroborou a autoacusação de outrem. Também é possível a
participação.
Passivo: Estado.
Tipo objetivo
O agente imputa a si mesmo a prática de um crime que não ocorreu ou que foi
praticado por outra pessoa.
É indispensável que a autoacusação se faça perante a autoridade, que se dirija
a ela. Pode ser tanto a policial ou judiciária como a administrativa que tenha o
dever legal de levar o fato ao conhecimento de autoridade competente.
Exige-se que a autoacusação se refira a crime, não constituindo o ilícito a
imputação a si mesmo de contravenção.
O delito exige que o sujeito ativo não tenha sido autor, coautor ou participado
do crime cuja autoria atribui a si próprio.
Tipo subjetivo
Exige-se a vontade de acusar-se falsamente e que esteja o agente ciente de
que a autoridade tomará conhecimento da autoacusação.
Não se exige que a conduta seja espontânea, praticando o ilícito aquele que,
interrogado, confessa o crime que não praticou. – DIFERENÇA DRÁSTICA DA
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (esta EXIGE que seja espontânea).
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando esta chega ao conhecimento da autoridade,
pouco importando as ulteriores consequências.
Não há efeito algum a retratação do agente – já foi decidido em sentido
contrário.
Admite-se a tentativa, p. ex.: no caso de autoacusação por escrito que não
chega ao conhecimento da autoridade.
Concurso
Quando o agente além de se acusar, imputa falsamente a terceiros a
participação no crime, haverá concurso material entre autoacusação e
denunciação caluniosa.
Menor potencial
Distinção
- 139
- 339
- 340
- 341
FALSO TESTEMUNHO
Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral.
Tutela-se a regularidade administrativa.
Sujeito
Ativo: Os previstos no tipo.
Passivo: Estado e eventual prejudicado pelo falso testemunho ou falsa perícia.
Teorias
- Objetiva
Diz que falso testemunho é a discrepância entre o que ocorreu e a versão que
está sendo apresentada.
Neste conceito contradição seria falso testemunho.
- Subjetiva
Teoria adotada pelo ordenamento jurídico.
Diz que falso testemunho é a discrepância entre o que o autor sabia e o que ele
revelou.
Exige-se a prova do que o autor tinha conhecimento e o dolo de deturpar a
verdade.
Crime próprio
Contradição
Hipóteses
- Coautoria
Não há coautoria, pois não há como praticar o verbo núcleo do tipo
conjuntamente, pois não há testemunho conjunto (falso testemunho). Nesse caso,
cada um cometerá o crime de falso testemunho. Impossível coautoria no falso
testemunho
Na falsa perícia a regra é a coautoria.
Acareação: não caracteriza coautoria, pois deveria ser previamente
combinado. Impossível
- Participação
STJ instituiu que é crime próprio e não de mão própria. E que é possível a
participação não só quando alguém oferece vantagem (partícipe). É possível
participação no influir para que a testemunha minta.
É possível participação no 342 desde que a influência seja apta para que
testemunha faça a afirmação falsa/negue/cale a verdade, levando em
consideração o paradigma da teoria subjetiva. Necessário provar que tinha
conhecimento e que fez relato diverso do que tinha conhecimento
Participação em falsa perícia (no 342): é possível ao induzir/instigar o perito a
mentir.
Tentar influenciar
Mero informante
- Compromisso
Pessoa sem compromisso
Consumação – final depoimento/ entrega
Falsa perícia: quando há a entrega do laudo ao juiz.
Falso testemunho: consuma-se somente com o fim do depoimento, pois até ali
é possível a retratação. Se ele mentir e declarar a verdade no final do depoimento
não consuma o delito.
É possível a tentativa de falso testemunho qnd o testemunho não se encerra
com circunstâncias alheia à vontade do agente e no caso de carta precatória não
ser recebida.
- Retratação
Tentativa
Tentar influir – 342 ≠ 343
Para o 343 basta a oferta ou promessa para que já tenha caracterizado o crime
de suborno, não é preciso ter quaisquer atos posteriores.
Se a oferta diz respeito à vantagem, promessa, suborno já caracteriza. Se não
dizer respeito a aspectos pecuniários e a testemunhar não mentir (...) *ler
No 342 a tentativa de influenciar sem oferta ou promessa não caracteriza o
crime se a testemunha não realizar o falso testemunho/perícia – é fato atípico. Se a
testemunha mentir caracteriza o crime a influência.
Potencialidade lesiva
Não é necessário que o testemunho tenha influência para a decisão. Basta a
realização do falso testemunho para caracterizar o crime.
Precisa influir?
Proc. Anulado
O depoimento passa a não mais existir. Logo, apaga-se o fato.
Prescrição
A prescrição punitiva apaga tudo (antes do trânsito em julgado): apaga-se a
ocorrência do crime cometido.
A prescrição executória: apaga-se apenas a possibilidade de executar a pena
– o crime continua, leva-se em consideração a prática do crime para efeitos de
reincidência.
Retratação - §2º
Legislador prevê a possibilidade de retratação antes da publicação de
sentença: prevê como causa extintiva de punibilidade – apaga a prática de falso
testemunho (não é impedimento à ação, mas é impedimento para a sentença.
Logo, enquanto não for julgado o primeiro procedimento – pq pode se retratar até
a sentença – não poderá ser julgado ação que quer punir por falso testemunho).
Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa, tenha ou não interesse próprio no processo.
Passivo: Estado
Tipo objetivo
É um crime é simétrico ao constrangimento ilegal em que não se exige, para
sua caracterização, que o coacto se submeta ao sujeito ativo.
É indispensável que a violência física ou moral se dirija contra as pessoas
mencionadas no dispositivo. Exige-se que a violência ou grave ameaça ocorra em
razão da interveniência dessas pessoas no processo.
Não se configura o crime se o sujeito passivo não mais intervirá no processo ou
quando tal sujeito já participou e não participará mais.
Também não se configura tal crime se não se iniciou o processo.
Tipo subjetivo
Além da vontade de praticar a violência ou grave ameaça, exige-se a
finalidade de favorecer interesse próprio ou alheio (elemento subjetivo do tipo/dolo
específico).
O interesse pode ser de qualquer natureza, desde que relacionado com a
demanda.
Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a violência ou grave ameaça, independentemente
de lograr o agente o fim visado ou mesmo de ficar a vítima intimidada. Entretanto,
é necessário que a ameaça seja grave, capaz de incluir na vítima justificável receio,
para se caracterizar o delito.
Distinção e concurso
Determina a lei que seja somada à pena aquela correspondente à violência
(lesão corporal/homicídio), ocorrendo o concurso material ainda que o crime
componente fique em grau de tentativa.
A reiteração de ameaças para se conseguir o mesmo objetivo não implica
continuidade da infração, mas sim crime único.
Ameaça é uma das formas de prática delitiva (é absorvida pelo crime mais
grave).
Aqui exige-se uma finalidade específica (tipo penal incongruente): o fim de
satisfazer interesse. Ou seja, na coação no curso do processo é necessário utilizar de
violência ou grave ameaça com a (nexo) finalidade de favorecer interesse.
É preciso condicionar a violência/ameaça com a finalidade específica. Se
apenas agredir/ameaçar sem vincular com o curso do processo caracteriza apenas
ameaça.
Contra
- Autoridade
- Parte
- Qualquer chamado intervir
Sujeito ativo: qualquer pessoa que tenha interesse a ser satisfeito pelo curso que irá
ser levado o processo.
Sujeito passivo: Estado e pessoa que venha a ser agredida ou ameaçada
Crime formal
EXERCÍCIO ARBITRÁRIO
Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima,
salvo quando a lei o permite.
Tutela-se a regularidade da administração da justiça.
Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa que pratica a conduta inscrita no tipo. Tratando-se de
funcionário público, poderá o fato, eventualmente, constituir outro crime (abuso de
autoridade, violência arbitrária, etc.).
Passivo: Estado e pessoa lesada.
Tipo objetivo
Configura-se o crime quando o agente faz justiça pelas próprias mãos para
satisfazer uma pretensão.
A pretensão consiste em um direito que o agente tem ou julga ter (de boa-fé).
A pretensão pode ser ilegítima, caso em que configurará o delito se o agente
estiver convencido de ser titular do direito.
É indispensável que a pretensão possa ser apreciada pela justiça; não ocorrerá
o crime se faltar a possibilidade jurídica do pedido ou o interesse de agir. Entretanto,
é indiferente a efetiva existência do direito.
Não configura o ilícito se há lei que permita tal conduta.
Tipo subjetivo
O dolo constitui-se pela vontade de empregar o meio (violência, ameaça,
fraude, etc.), bem como pela finalidade especial de satisfazer uma pretensão real
ou supostamente legítima. Inexistente essa finalidade, sabendo o agente que é
ilegítima essa pretensão, o crime será outro.
Consumação e tentativa
Consuma-se com a satisfação da pretensão.
Não obtido o resultado pretendido, haverá tentativa.
*Mirabete
Concurso e distinção
Responde o agente pelo crime de exercício arbitrário das próprias razões em
concurso material com a violência (lesões, homicídio, etc.). O dano é absorvido.
345 – Autotutela
Fazer Justiça com as próprias mãos
Finalidade – satisfazer pretensão embora legítima
Fazer prevalecer vontade
- Violência
- Ameaça
- Fraude
Desprezo justiça
Sujeito ativo: qualquer. Funcionário?
Funcionário público no exercício da função ou em razão dela não pode
cometer o crime. Comete o abuso de autoridade, em regra.
Sujeito passivo: Estado
Consumação: satisfação
Consuma-se com a satisfação da pretensão.
Ameaça fica absorvida pelo crime especial.
Se emprega fraude para satisfazer a pretensão, somente come o crime de
exercício arbitrário
Tentativa
Se ameaçou/empregou a violência, mas não obteve a satisfação de sua
pretensão por circunstâncias alheias à sua vontade há tentativa.
Lesão – somatória
Se da violência resulta lesão, há cumulação de penas.
A lesão tem que ser direta e dolosa contra a pessoa.
Queixa
Ação penal em regra é privada.