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DIREITO PENAL IV

1. Dignidade sexual
1.1- ESTUPRO – 213
 Definição e etimologia
Estupro vem do latim “estuprum” que significa quaisquer práticas sexuais.
Qualquer ato que tenha conotação sexual realizado mediante violência e grave
ameaça caracteriza a infração penal. Ex.: sexo anal, sexo oral.
“Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”.
O tipo incrimina o ato de constranger o sujeito passivo a permitir que com ele se
pratique ato libidinoso da conjunção carnal ou mesmo ela.
Somente é punível a título de dolo, que consiste na vontade de obter a
conjunção carnal ou outro ato libidinoso.

É crime plurissubsistente (se constitui de uma sucessão de atos).

 Junção/modificação
 Rev. 214, 216, 223, 224 e 232
 Rev. 217, 219, 222

 Objetividade
Protege a liberdade sexual das pessoas

 Tipo misto:
Cumulativo: tipo penal que contém dentro de si mais de um crime.
Alternativo: posição do STJ. Se praticar um ou outro ato ou então ambos
estará praticando apenas uma infração. (conjunção carnal e ato libidinoso).
É possível a prática de dois crimes com a mesma vítima, desde que realizado
em outro contexto causal.

 Homem vítima
 Mulher/alguém
 Sujeito
Ativo: qualquer pessoa pode praticar o crime. A nova Lei tornou o estupro
crime comum (antes só poderia ser sujeito ativo o homem).
Marido pode ser sujeito ativo.
Passivo: qualquer pessoa pode ser vítima do crime
Não é necessário que o ofendido tenha consciência da libidinosidade do ato
praticado, basta que o ato ofenda o pudor do “homem médio”.

- Pederasta: pode ser sujeito passivo:


- Prostituta: pode ser sujeito passivo
- Pedófilo: pode ser sujeito passivo
- Mulher: a esposa pode vítima de estupro sendo o marido sujeito ativo. Basta
a presença de violência ou grave ameaça e dissenso.

 Recato/virgindade

 Honesta

 Essencial: Só caracteriza estupro se estiver presente violência ou grave


ameaça
- Violência
- Grave ameaça:
- Dissenso: é elementar do tipo. Essencial estar presente para caracterizar a
infração. Para que haja o constrangimento (obrigar a algo, forçar a algo) é
necessário que haja o dissenso da vítima, que a resistência seja inequívoca.
- Negativa tímida
Diz respeito à falta de consentimento. Não basta a negativa tímida, mas sim a
demonstração inequívoca de evitar o ato desejado pelo agente.
Não basta o comportamento passivo e inerte da vítima. Vale ressaltar que, por
motivo de medo a vítima pode se abster de exteriorizar atos de resistência e nem
por isso significa adesão à vontade do agente.

- Único Homem
 Consentimento (vulnerável)
Caracteriza outro crime a prática de ato libidinoso com conotação sexual em
vítima que não puder expressar seu consentimento (vulnerável).

 Dupla figura

- Exemplos
- Ejaculação: não é necessária para caracterizar a infração
- Ereção: não é necessária para caracterizar a infração. É possível cometer
outros atos libidinosos diverso da conjunção carnal.
- Contato físico: não é indispensável. O autor pode coagir que uma pessoa
realize o ato com outra. Nesse caso, há dois crimes de estupro.*
Pode ainda exigir que o próprio ofendido toque a si.
No caso de constrangimento para que o ofendido assista atos libidinosos
praticados por terceiros (contemplação passiva), se não houver nenhuma
intervenção material da vítima não há que se falar em estupro (prática de ato
libidinoso diverso da conjunção carnal).

 Ameaça idônea

A ameaça para caracterizar o crime precisa ser idônea.

 Finalidade
Não é indispensável a finalidade de obter a satisfação sexual, basta a intenção
de praticar a conjunção carnal ou ato libidinoso diverso da conjunção carnal e a
consciência de tal ato.

 Sentimento moral

 Formas:
- Praticar: significa executar, realizar. Essa forma abrange a participação ativa da
vítima, quando é ela quem pratica o ato libidinoso (ex.: masturbação).
Nessa forma de execução, exige-se, para a caracterização do ato libidinoso, a
intervenção ativa ou passiva do ofendido. É necessária a participação material da
vítima no ato incriminado, ou seja, que haja um contato físico ou corpóreo com o
ofendido na prática do ato.* (e se tocar?)
Praticar é executar materialmente o ato, não abrangendo a mera assistência,
em que está ausente a intervenção corpórea e material da vítima. Sem a sua
participação ativa ou passiva não se pode falar em prática de ato libidinoso.
- Permitir: significa consentir, autorizar que com ela se pratique o ato libidinoso
mediante violência ou grave ameaça. É a atitude passiva da vítima, que se
submete aos caprichos de seu agressor, inibida sua vontade em razão da violência
empregada, de tal forma que a iniciativa cabe exclusivamente ao autor do crime,
contribuindo o ofendido apenas com sua inércia.

 Vestimenta

Não é necessário a retirada de vestimenta para consumar o delito, pois


caracteriza estupro qualquer ato libidinoso diverso da conjunção carnal.

Pouco importa que o ofendido esteja vestido ou despido. Pratica crime aquele
que despe uma jovem e lhe apalpa o corpo nu, bem como aquele que apalpa o
corpo vestido de alguém.

 Retroatividade
Em alguns casos ela é mais grave e em alguns menos grave (?). Na lei anterior,
em determinados casos configuraria a tentativa de conjunção carnal (ato libidinoso
com conotação sexual) e na lei atual tal ato já caracterizaria o estupro consumado.
Nesse caso não poderia retroagir a lei pois é mais gravosa ao réu.
Tem que observar se vai retroagir a lei mesmo quanto à ação penal. Na anterior
a ação penal era privada, na atual é pública incondicionada.

 Consumação e tentativa
No caso de crime cometido exclusivamente pela conjunção carnal, consuma-
se com a introdução do pênis, parcialmente ou integralmente, na vagina. Não se
exige a ejaculação.
No caso de o agente praticar atos libidinosos, consuma-se no momento da
prática do ato.
Admite-se tentativa, pois é possível o fracionamento da conduta do agente. Há
dois momentos distintos: o do emprego da violência ou grave ameaça e o da
prática da conjunção carnal/ato libidinoso. Nos casos em que o agente,
empregando violência ou grave ameaça, for impedido de prosseguir antes de
praticar o ato desejado caracteriza a tentativa de estupro comum.
Vale ressaltar, que a finalidade do agente pode ser a conjunção carnal, porém
se ele praticar algum ato libidinoso antes e, posteriormente, for impedido de praticar
a conjunção carnal tal delito já restará consumado pela prática do ato libidinoso,
pois já se encontram presentes todos os elementos de sua definição legal
(constranger mediante violência ou grave ameaça; presença do dissenso da
vítima; prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal).

 Qualificadoras
- Idade da vítima: vítima entre 14 e 18 anos.
Segundo Damásio, se o crime for cometido no 14º aniversário da vítima deve
incidir a qualificadora, sob pena de recair no absurdo de considerar o ato estupro
simples. Não se considera estupro de vulnerável.
- Lesão ou morte: lesão grave e gravíssima. Quando qualifica pelo resultado morte
e quando há crime de estupro e homicídio? (ler) Quando houver conexão da morte
com o estupro há estupro qualificado.
Tal qualificadora constitui crime preterdoloso, em que deve existir dolo na ação
do estupro e culpa na lesão ou morte. *

 Causas de aumento de pena

Art. 226 e 234-A CP

 Concurso de crimes
A nova legislação permite o crime continuado, na anterior era concurso
material. Não era possível o crime continuado na anterior pois a conjunção carnal
era uma infração penal e o ato libidinoso com conotação sexual era outra infração.
Sendo distintas, não poderia caracterizar crime continuado, mas sim duas ações
que geram resultados distintos (concurso material).
Anteriormente era possível o concurso material entre estupro com o revogado
atentado ao pudor, desde que os atos libidinosos não fossem daqueles que
precediam ao coito normal. Por exemplo, o coito anal, praticado com a mesma
vítima, antes ou depois da cópula normal, constituía-se crime autônomo, em
concurso com o estupro, não podendo ser absorvido por este. A lei vigente,
contudo, não admite semelhante interpretação, visto que a conjunção carnal
forçada e os demais atos libidinosos realizados sem o consentimento, em razão do
emprego de violência ou grave ameaça, passam a integrar a mesma figura típica.
Consequência disso é que a prática de mais de um ato libidinoso cometido no
mesmo contexto fático e em face do mesmo sujeito passivo, caracteriza crime
único.

Dessa forma, para o agente que pratica o ato libidinoso e a conjunção carnal
a lei vigente é mais benéfica, pois passa a cometer um crime único. Para aquele
que apenas comete o ato libidinoso é mais gravosa, pois o crime de estupro é mais
grave do que o revogado atentado ao pudor. Assim, não retroage para o primeiro
e sim para o segundo.

 Passar mão (ataque surpresa)* ver apostila

Não caracteriza estupro para a jurisprudência. Não há violência ou grave


ameaça. Jurisprudência define como ... fraude (...).

Parte da doutrina define tal ato como estupro de vulnerável, pois a vítima, em
razão da surpresa, não pôde oferecer resistência.

 Beliscão
Caracteriza contravenção penal.

 Ação penal

A lesão corporal fica absorvida pelo crime de estupro

*ver questão do beijo na apostila dele. É diferente quando é menor de 14 anos


Violação sexual mediante fraude

 Art. 215
“Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da
vítima”
Somente é punível a título de dolo. Trata-se de crime comum e de mera
conduta: o tipo não faz referência a nenhum resultado da conduta

 Estelionato/Posse
Parte da doutrina denomina como estelionato sexual, pois há emprego de
fraude para lesar a liberdade sexual.

 Transmudação e junção
 Alguém/mulher
Vítima é qualquer pessoa humana que tenha afetada a sua dignidade sexual.
Não somente a mulher

 Sujeito ativo: qualquer

 Sujeito passivo: excetuadas 217-A

 Fusão com modificação


Juntou as duas figuras no mesmo tipo (conjunção carnal e ato libidinoso diverso
de conjunção carnal) com a modificação de que qualquer um pode ser o sujeito
passivo, não só a mulher.

 Modalidades

 Caraterística: fraude
Característica essencial do tipo. É o que diverge do estupro juntamente com a
ausência da violência ou grave ameaça.
Fraude consiste em artifício (emprego de instrumento) ardil (modo de atuação
do agente) capaz de ludibriar vítima (maioria das pessoas no convívio social).
Fraude é o artifício utilizado para induzir a vítima em erro, levando a crer em uma
situação falsa.
Para a caracterização do crime não é necessário que o erro seja produzido pelo
agente. Pode ocorrer que seja da própria vítima, ou provocado por terceiro, e que
o sujeito ativo mantenha a ofendida em erro (ele deve ter consciência de que a
vítima está induzida em erro).
A fraude se difere da sedução: na sedução, embora a vontade da mulher seja
viciada pelo sedutor, a vítima se presta conscientemente à prática do ato sexual,
enquanto na fraude ela é totalmente enganada pelo agente, sua vontade é
absolutamente viciada.
*ler sobre manobra de incidir em erro e permanecer em erro.

- Violência ou grave ameaça?

Se houver violência ou grave ameaça estará caracterizado o estupro comum


(213).

 Aproveitamento de erro

 Exemplos:

- Aula ginecologia:

- Pretexto exame:

- Ingestão bebida: principal incidência. Cuidado: há como praticar dois crimes pela
ministração de bebida: violação mediante fraude ou estupro de vulnerável,
divergem entre uma e outra pelo nível de embriaguez.

Se o nível de embriaguez estiver na fase do coma caracteriza estupro de


vulnerável, nas demais fases há violação sexual mediante fraude.

Se ocorre a prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal ou desta nas


três fases da embriaguez caracteriza sempre o crime mais grave, ou seja,
caracteriza estupro de vulnerável. Crime mais grave absorve o menos grave.
Na violação sexual mediante fraude há manifestação de vontade, porém
viciada. Diferente do estupro de vulnerável em que não há capacidade de
manifestar a vontade (não há capacidade de resistência).

 Jurisprudência: ato repentino *pesquisar

 Aqui há manifestação vontade:

- Viciada

- Diferente 217-A

Consuma-se com a realização do ato libidinoso. Admite-se a tentativa, que


ocorre quando o sujeito é impedido de prosseguir com a execução do ato sexual.

* Vai cair sobre retroação ou não da lei penal nesses crimes (ler doutrina)

Assédio Sexual

 Art. 216-A
“Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento
sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”.
Utilizou termo impróprio de constranger,
Deve haver o constrangimento dentro do contexto de trabalho onde haja
relação de superioridade administrativa, funcional e trabalhista e com a finalidade
de obtenção de favorecimento sexual.
São elementos subjetivos do tipo: o dolo e a finalidade do agente que consiste
em obter vantagem ou favorecimento sexual.
Trata-se de crime próprio e crime formal, pois o tipo descreve a conduta e o
resultado visado pelo sujeito, mas não o exige. A conduta é a de constranger e o
resultado pretendido é a realização, por parte da vítima, de favores sexuais, porém
para a caracterização do crime não há necessidade de que o agente obtenha o
que pretendia, bastando que tenha constrangido a vítima com a intenção de
consegui-lo.

 “Constrangimento”
Necessidade da presença de tal constrangimento sem violência física, sob
pena de descaracterizar o assédio.
Elementar do tipo exercido em função de obter satisfação sexual.
Consiste em coagir, compelir alguém a fazer algo.
Não é qualquer constrangimento que pode configurar o delito de assédio
sexual. Há necessidade de limitação a um direito a que a vítima faz jus. Assim, não
se pode falar no crime quando se trata de um privilégio (algo que a vítima não faz
jus) que o sujeito ativo oferece à vítima em troca de uma ação de natureza sexual.

 Finalidade – favorecimento sexual


Segundo Damásio, pode ser para si ou para outrem.

 Ambiente trabalho
Deve ser praticado no contexto do ambiente de trabalho

 Crime bipróprio
Necessidade de qualificação especial do sujeito ativo e do sujeito passivo.

 Indispensável Superioridade: erro do legislador foi ter vinculado a superioridade,


pois não havendo tal vinculo de subordinação e fora do ambiente de trabalho
descaracteriza a figura típica.
A proposta de favorecimento deve ser vinculada com o exercício de cargo,
função ou emprego.
O sujeito ativo deve estar em condição de superioridade hierárquica ou
ascendência em relação à vítima, decorrente do exercício de cargo, emprego ou
função. Por outro lado, a vítima deve encontrar-se em relação de subalternidade.
Assim, ficam excluídos de ser sujeito ativo do crime aqueles que exercem a
mesma função ou cargo inferior. O que caracteriza o assédio na legislação brasileira
é a relação de sujeição da vítima que não lhe permite, em certas circunstâncias,
deixar de realizar a conduta a que está sendo constrangida sem que recaia sobre
ela um grave malefício (seja em relação à perda do emprego, a uma promoção e,
mesmo, à não admissão laboral).
Não é possível a prática do assédio sexual mediante outro meio capaz de
reduzir a capacidade de resistência da vítima, pois uma das elementares do tipo é
a referência a que o agente se prevaleça da sua condição de superior hierárquico
e de ascendência. Se fosse realizado de forma que a vítima não possuía plena
capacidade de resistência, tal condição acabaria sendo o determinante de sua
conduta e não a condição do sujeito ativo.

- Administrativa

- Funcional

-Trabalhista

 Formal: basta constrangimento


Consuma-se o assédio sexual no momento em que o agente realiza a ação de
constranger. A tentativa é admissível quando o assédio é tentado por meio escrito
e por circunstâncias alheias à vontade do agente não chega ao conhecimento do
ofendido

 Compelir

 Flerte, Gracejo
Não caracteriza o crime, pois não há uma proposta de favorecimento
vinculada ao contexto do ambiente de trabalho. Não consubstancia em
compelimento.

 Fora Ambiente
Descaracteriza a figura típica

 Vinculação com trabalho


A proposta de favorecimento deve estar vinculada com a relação de trabalho.
Se não houver proposta de favorecimento não há que se falar em crime de assédio
sexual.
Além disso, é elementar que o direito ameaçado do ofendido seja legítimo ou
injusto o sacrifício que ele deva suportar por não ceder ao assédio. (elementar)

 Consumação: ato constrangedor


Basta o ato de constranger para consumação, não é necessário o
favorecimento(?)

 Tentativa: escrita
Somente na hipótese ato de constranger escrito, desde que não chegue ao
conhecimento da vítima

 Sistematização esquecimento

- Único: vetado

- §2º vítima entre 14 e 18 anos: pena é exasperada

 Concurso de crimes
Não é possível o cúmulo material entre assédio sexual e o crime de
constrangimento ilegal. Ambos trazem como elementar o constrangimento, porém
uma única ação não pode configurar dois ou mais tipos penais. Assim, utiliza-se o
princípio da especialidade para resolver o conflito.
No que tange ao crime de ameaça, também não é possível o concurso
material com o de assédio sexual. Ocorre que a ameaça é elementar do crime de
constrangimento ilegal e n entendi o resto.

São elementares deste tipo penal:

a) a ação de constranger;

b) o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, para si ou para outrem;


c) prevalência do agente de sua condição de superior hierárquico ou de
ascendência em relação à vítima;

d) a relação de superioridade hierárquica ou de ascendência deve existir em


decorrência de emprego, cargo ou função;

e) legitimidade do direito ameaçado ou injustiça do sacrifício que a vítima deve


suportar por não ceder ao assédio

Estupro de vulnerável

 Art. 217-A
Praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso diverso de conjunção carnal
com menor de 14 anos, doente, enfermo ou qualquer pessoa que por qualquer
motivo não tenha a capacidade de resistência (pessoa em situação de
vulnerabilidade).
Trata-se de delito hediondo.

 Junção
Ele é 213 c/c 214-A. Conjunção carnal + ato libidinoso diverso da conjunção
carnal

 Sujeito ativo: qualquer

 Sujeito passivo
- Menor de 14 anos: critério absoluto. Presunção de violência é absoluta. Se o crime
for cometido no dia em que a vítima completa 14 anos, não incidirá o delito em
análise.
- Doente e enfermo: é diferente um do outro. Enfermidade é progressiva (ex.: aids);
doença é patologia que não é dinâmica que por vezes é incurável e não evolui
(ex.: esquizofrenia). É necessário laudo médico.
- Incapacidade
É necessário laudo médico para comprovar incapacidade completa de resistir.
Consiste na situação em que a vítima não puder, por qualquer motivo, oferecer
resistência. Ex.: paralisia dos membros.
Difere da violação sexual mediante fraude pelo fato de que nesta a capacidade
de resistência é reduzida, no estupro de vulnerável é nula a capacidade de
resistência.

 Proteção centrada

 Sem discernimento

 Critério absoluto

 Absorve 213 e 215

 Ex.: desmaio, coma, hipnose


Coma: estupro de vulnerável, pois é impossível exercer resistência
Hipnose: depende do nível de consciência, da capacidade de resistência. No
estado comatoso: estupro de vulnerável. No caso de sonolência: violação
mediante fraude.

 Erro quanto vulnerabilidade


É possível incidir em erro.

 Qualificadas
Se não houver conexão entre o estupro de vulnerável com o resultado, há
concurso de crimes e não crime qualificado. *ler pra ver se está correto
Tais qualificadoras descrevem crimes preterdolosos, ou seja, atos que
pressupõem que tenha o agente atuado com dolo na conduta inicial (no caso, a
realização do ato libidinoso) e com culpa no resultado agravador (lesão grave ou
morte). Se houver dolo quanto à produção de tais eventos, haverá concurso
material de crimes.
Segundo Damásio, o CP não previu qualquer elevação dos patamares punitivos
ou exasperação da pena quando houver lesão corporal de natureza leve. Nesse
caso, segundo ele, ocorrerá forçosamente o concurso material. *Não deveria
absorver?
- Lesão
- Morte

Estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude praticados mediante


ministração de bebida alcoólica se diferem um do outro no que diz respeito à
absoluta ou relativa capacidade de resistência do ofendido.
No mesmo contexto causal, se pratica conjunção carnal/outro ato libidinoso
com pessoa com relativa capacidade de resistência e continua a praticar até que
ela tenha nula capacidade de resistência comete estupro de vulnerável. O crime
mais específico prevalece.
Se comete diversas vezes a conjunção/ato libidinoso com pessoa com relativa
capacidade de resistência, há crime continuado.
O crime somente é punível a título de dolo. Exige-se consciência e vontade de
realizar os elementos objetivos do tipo.
O fato consuma-se com a realização do ato libidinoso. É admissível a tentativa.
Trata-se de delito de mera conduta uma vez que a lei não prevê qualquer
resultado naturalístico (modificação no mundo exterior provocada pela conduta).
Há casos de aumento de pena previsto nos arts. 226 e 234-A. (ver nos demais
crimes estudados quais aplicam a eles também).

Induzir menor a satisfazer lascívia de outrem


Sujeito ativo pode qualquer pessoa e se admite a coautoria.
Aquele que, com a mediação do agente, desafoga na vítima a sua libidinagem
é o destinatário do delito em análise e é o autor do crime de estupro de vulnerável.
Portanto, tal delito representa uma exceção pluralística à teoria monista. (ler oq é
pq n lembro).
Segundo Damásio, o autor do induzimento poderá ser partícipe do estupro de
vulnerável quando, além de induzir, praticar outros atos materiais tendentes a
permitir a consumação do ato libidinoso do estuprador com o menor de 14 anos.
Sujeito passivo é a pessoa que satisfaz a lascívia de outrem e que não tenha
completado 14 anos.
O crime somente é punível a título de dolo. Outro elemento subjetivo do tipo é
a finalidade do agente de satisfazer a luxúria de terceiro.
O crime se consuma no momento em que a vítima satisfaz a lascívia de terceiro.
É possível o fracionamento das condutas. Logo, a tentativa é admissível.
Tal delito é definido como material, uma vez que o legislador descreve a
conduta e o resultado, exigindo a produção deste para a consumação do delito.
Ou seja, é necessário que o menor pratique o ato de satisfazer a lascívia para se
falar em crime consumado.

 Induzir
O verbo núcleo do tipo é o verbo “induzir” que significa incitar, persuadir. Para
que haja induzimento é necessário que o agente tenha feito promessas, súplicas,
sendo imprescindível que a conduta seja idônea a levar a vítima a satisfazer a
lascívia de outrem.
Exige-se que o sujeito ativo induza a vítima a satisfazer a lascívia de pessoa
determinada. Se o induzimento é feito para que a vítima satisfaça a lascívia de
indeterminado número de pessoas outro delito é caracterizado.
 14 anos
Induzir maior de 14 e menor de 18 não caracteriza esse crime, se somente induzir
fato é atípico. Se induzir a praticar o ato mediante cobrança caracteriza o crime
do artigo 228.

 Satisfazer lascívia

 Corrupção

 Prostituição

 § único – vetado

Satisfação Lascívia mediante presença de vulnerável


Consiste em praticar atos sexuais (conjunção carnal ou outro ato libidinoso
diverso) na presença de vulnerável ou induzi-lo a presenciar conjunção carnal ou
outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem.
Difere do 217-A porque neste pratica sexo com o vulnerável, já no 218-A pratica
o ato na presença do ofendido.
Consuma-se com a indução. Se o outro agente iria praticar, mas não o fez por
circunstâncias alheias a sua vontade. O primeiro responde pelo crime consumado
e o segundo pela tentativa.
Damásio diz que se consuma com a vítima presenciando a prática da
conjunção carnal ou do ato libidinoso*
Somente é punido a título de dolo.

 Presença
- Criança
- Adolescente

 Art. 218-A
- Menor 14 anos
A prática de conjunção carnal ou ato libidinoso diverso na presença de
indivíduo com mais de 14 anos constitui fato atípico.

 Praticar
Significa executar, realizar.
 Elemento subjetivo: Satisfação
Finalidade do agente caracteriza o delito. É elementar do tipo. Deve ser
praticado com a intenção de satisfazer da lascívia própria ou de outrem.

 Supriu lacuna
Não havia anteriormente previsão legal sobre tal conduta. Visa amparar a
intangibilidade sexual do menor de 14 anos.

 Crime comum

 Modalidades
Pune a autoria (pratica), a coautoria e a participação (induz). No direito pátrio
não há distinção entre a gravidade da conduta do autor, coautor e partícipe, por
isso a pena é a mesma.
- Praticar: realizar, executar
- Induzir: incitar alguém a assistir a um ato libidinoso praticado por outrem.
 Consciência ofendido
Não é necessário que o ofendido tenha consciência do ato praticado. Basta
que o ato em si tenha conotação sexual para caracterizar o crime.

 Mera conduta
Pune-se a mera indução, não é necessária a prática ou satisfação da lascívia
para consumar o crime. Nessa modalidade é de mera conduta (?).

 Iter criminis: é possível o fracionamento da conduta. Logo, é possível a forma


tentada.

Favorecimento prostituição ou outra forma exploração sexual


Pune-se qualquer forma de incentivo, incremento ou prática de prostituição. É
punida a conduta do agente em submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra
forma de exploração sexual alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tenha o necessário discernimento para a prática do ato,
facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone.
Difere dos preceitos anteriores porque neles...
Difere a corrupção de menores dos delitos sexuais porque neles não tratam da
dignidade sexual, não diz respeito à intangibilidade sexual dos menores. Protege
dos demais crimes.
A proteção deste delito diz respeito aos menores de 18 anos, não se fala mais
em menores de 14 anos.
Não é crime a prática de sexo com prostituta maior de 18 anos. O que é crime
é quem explora essa prática.
O crime é punível a título de dolo. A finalidade do agente é irrelevante.
Na forma qualificada é imprescindível a finalidade de lucro.
Trata-se de crime de conteúdo variado ou de ação múltipla. O tipo faz
referência a várias modalidades de conduta. Assim, mesmo que o agente realize
mais de uma conduta, estas serão consideradas fases de um só delito. O sujeito
responde por crime único, por exemplo, se induz alguém à prostituição, facilita o
seu exercício e depois impede a prostituta de abandonar tal modo de vida.
É crime material. O legislador descreveu a conduta e o resultado, exigindo a sua
ocorrência para a consumação.
Nas modalidades “submeter”, “induzir”, “atrair”, “facilitar” e “dificultar”, a
prostituição é delito instantâneo. Na modalidade “impedir” é crime permanente.
Enquanto o sujeito ativo estiver impedindo a prostituta/o de abandonar a
prostituição o delito estará em fase de consumação, podendo a conduta
antijurídica cessar, dependendo da sua vontade.

 Art. 218-B
Veio substituir o 244-A do ECA.

 Submeter, induzir ou atrair


Se somente induzir e não houver a prática sexual e obtenção de vantagem não se
caracteriza o crime em análise.
Submeter: significa sujeitar, reduzir à dependência do sujeito ativo;
Induzir: tem o sentido de incitar, persuadir;
Atrair: exercer atração
Diferença entre induzir e atrair: no atrair, a conduta não é realizada tão às claras
como no induzir. Atrair pressupõe, em regra, que o que atrai se encontra no
ambiente da prostituição.
Facilitar: significa tornar fácil, afastar dificuldades. O agente não determina nem
impele, mas ajuda, p. ex.: arranjando clientes para a vítima, colocando-a em pontos
estratégicos para o melhor comércio carnal, etc. Pode-se facilitar por omissão,
desde que haja o dever jurídico de impedir o fato: pai que aceita e tolera a
prostituição da filha.
Impedir: significa criar óbices que a vítima não possa vencer
Dificultar: significa criar empecilhos, embora não definitivos.

 Substitui 244-A

 Intangibilidade
Objeto jurídico é a proteção da intangibilidade sexual das crianças e adolescentes,
bem como das pessoas legalmente vulneráveis.

 Antigo favorecimento
 Sujeito ativo: qualquer
 Sujeito passivo: especificado: menor de 18 anos e as pessoas, que por enfermidade
ou deficiência mental, não tenham o necessário discernimento para a prática de
atos sexuais.

 Prostituição
É caracterizada pela habitualidade e pela prática com um número
indeterminado de pessoas, podendo haver contraprestação em dinheiro ou não.
Basta a habitualidade e que venha a ter relação com um número indeterminado
de pessoas para caracterizar.
Esses requisitos são necessários para caracterizar a exploração da prostituição,
não a exploração/prostituição do menor de 18 anos-14 (este tipo penal é especial).
- Habitualidade
- Relação nº indeterminado

 Exploração: elemento normativo


Ter obtenção de vantagem. É necessário tal elemento para caracterizar. É
dispensável o fim de lucro, mas se estiver presente o crime será qualificado.

 Equiparação (§2º)
O favorecimento à prostituição ou exploração sexual de vulneráveis também
inclui as seguintes condutas típicas:
- Fazer sexo com indivíduo maior de 14 anos e menor de 18 anos.
- Atuar como proprietário, gerente ou responsável pelo local em que se verifiquem
as práticas de prostituição ou exploração sexual de menores de 18 anos ou com
pessoas com deficiência ou enfermidade que lhes retire a capacidade de
discernimento para a prática de atos sexuais.
Nessa hipótese, é imprescindível que o agente tenha conhecimento de que no
local ocorrem tais atos (caso contrário haveria a responsabilidade penal objetiva).

 Cons. Verbos
O delito consuma-se, nas modalidades “submeter”, “induzir” ou “atrair” quando
a conduta do sujeito ativo produz na vítima o efeito desejado, ou seja, quando é
levada à prostituição ou à exploração sexual. Não é necessário que a vítima realize
atos sexuais, bastando a sua permanência no prostíbulo. (Damásio).
Na modalidade “facilitar” o delito consuma-se com a prática de qualquer ato
tendente a tornar mais fácil o comércio carnal. Ex.: O crime estará consumado se o
agente tiver arranjado um cliente para a vítima.
Na modalidade “impedir” o crime consuma-se no momento em que a vítima,
em virtude da conduta do agente, não abandona a prostituição.
Na conduta “dificultar” basta a criação do obstáculo, ainda que este venha a
ser superado.* Admite a tentativa?
A tentativa é admissível, quando, não obstante a conduta do agente, esta não
produz o efeito almejado por este, ou seja, o estabelecimento na prostituição ou o
seu não abandono.

 Tentativa: possível
Há fracionamento de conduta.
 Material
Descreve a conduta, descreve o resultado e exige a produção do resultado

 Fim de lucro – multa

DISPOSIÇÕES GERAIS

 Sistematização

 Lei 12.015/09 Ab. – 223 e 224: aumento de pena e presunção de violência


Der. – 225 e 226: suprimiu alguns elementos do 225 e modificou
completamente o 226

 Ação penal Anterior: em regra era a ação penal privada


Atual: em regra ação penal pública condicionada à representação,
por ser mais severa não retroage. Pode ser privada quando ela for subsidiária da
pública. Quando se tratar de vítima vulnerável ou menor de 18 anos a ação penal
é pública incondicionada.
- Estupro qualificado pelo resultado morte: o entendimento jurisprudencial é que se
aplica a regra da ação penal pública incondicionada nesse caso (quando o
resultado for lesão grave ou morte).

 Art. 226 ¼ Concurso de agentes


½ Asc., desc., tio, marido (exemplos)
Causas especiais de aumento de pena.

 Marido/esposa
 Penha

Ato Obsceno (233)


Praticar ato obsceno em local público, aberto ou acessível ao público.
Ato obsceno é a manifestação corpórea, de cunho sexual, que ofende o pudor
público.
O elemento subjetivo é o dolo (a intenção do agente em praticar o ato
obsceno), pouco importando sua finalidade. O dolo pode ser direto ou eventual.

 Proteção – Moralidade/Recato

 Vergonha/Decência
É variável dentro de uma comunidade e outra. Deve se analisar o contexto social
da conduta, onde foi praticado o ato.

 Objeto: pudor
Pudor público, moralidade pública.

 Sujeito ativo: qualquer

 Sujeito passivo: Coletividade


Pessoa: eventual pessoa que assistiu o ato despudorado
 Exigência: conotação sexual
Para caracterizar o delito o ato deve ser uma manifestação corpórea de cunho
sexual. As palavras obscenas não caracterizam o delito.
O ato obsceno pode ser real (servindo ao desafogo da luxúria do agente) ou
simulado (praticado com espírito de emulação, por gracejo). Ato obsceno real:
cópula praticada em jardim público. Simulado: urinar em local público, exibindo aos
passantes o órgão sexual.

 Nº indeterminado de pessoas

 Local Público: aquele que pode ser frequentado por qq pessoa e em qq


ocasião;
Aberto: aquele que cumprido determinados requisitos pode ingressar
Acessível/exposto: local privado que pode ser visualizado por ind. nº de
pessoas. Que pode ser visto pelo público.
Segundo Damásio de Jesus, para a caracterização do delito basta que haja a
possibilidade do ato obsceno ser presenciado por um número indefinido de pessoas,
sendo irrelevante se, no caso concreto, ninguém o assistiu.

 Crime formal e de perigo


É crime de perigo abstrato, pois basta há possibilidade de dano ao pudor
público para a consumação do crime.

 Exemplos

 Masturbação/urinar
Micção/urinar: nem sempre é ato obsceno. Depende da finalidade do sujeito:
atentar contra a moralidade/recato.
Masturbação: nem sempre caracteriza ato obsceno. Será considerada ato
obsceno se não houver de presença ou de grave ameaça, se foi praticada por
alguém. Se foi com o dolo de atentar contra a moralidade.

 Tentativa: possível
É admissível, embora difícil de se configurar. Ex.: quando sujeito pretende
correr/ficar nu na rua e é impedido por outrem quando começa a se despir.

 Estado de necessidade

DISPOSIÇÕES COMUNS

Se aplica a todos os crimes contra a dignidade sexual.


As disposições gerais só se aplicam aos crimes anteriores.
Legislador transformou norma de direito processual em norma substantiva, criou
reflexos quanto à retroatividade (?)

 Art. 234-A I e II vetados


III + ½ gravidez: tem que haver consciência
IV + 1/6 transmissão

Fere o princípio da proporcionalidade. Transmitir doença é mais grave do que


engravidar.

 Art. 234-B – Segredo de justiça


- Natureza/retroatividade:
- Proteção: da sociedade e da dignidade moral da vítima.
Se aplica a todos os crimes, até aqueles de menor potencial ofensivo.

 Art. 234-C – Veto

CRIMES CONTRA PAZ PÚBLICA

 Impaciência do legislador
Em regra, o legislador só pune se o crime for iniciado. Pela insegurança que gera
na sociedade, pune-se aqui os atos preparatórios.
Legislador protege a paz pública que é o sentimento de tranquilidade,
segurança ao qual têm direitos todas as pessoas.

 Atos preparatórios
A impaciência do legislador antecipa-se às efetivas violações de bens ou
interesses jurídicos e pune condutas que seriam atos preparatórios de outros delitos,
desde que tais atos se projetem no mundo exterior.

 Atos afetam convivência harmônica


 Sentimento Coletivo Segurança

INCITAÇÃO AO CRIME

 Art. 286
Consiste em alguém incitar, publicamente, a prática de crime.
Protege-se a paz pública; sentimento de tranquilidade e segurança da
coletividade.
Pune-se os meros atos preparatórios a fim de que, em virtude da incitação,
alguém pratique fato definido como delito, lesando outros bens jurídicos. Pune-se a
anterior incitação à pratica de qualquer crime.
Se o agente incitar alguém a praticar crime já está consumado o crime, porém
se a pessoa vem a praticar o crime aí ele terá cometido 2 crimes. O primeiro como
autor (incitação) e o segundo como partícipe.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo.
 Incitar
Induzir, provocar, estimular a prática de crime.
Em regra, a incitação pode ser de qualquer crime. Porém, dependendo do tipo
de incitação caracteriza outros crimes.
A incita

 Publicamente
Para caracterizar o delito é necessário que a incitação seja feita publicamente.
Não se admite em reuniões privadas. Deve ser em locais públicos, aberto ao público
ou exposto ao público de modo a ser percebida por um número indefinido de
pessoas.
Pode ser local privado se houver transmissão pública ou megafone e puder ser
ouvido por um número indeterminado de pessoas, necessário que qualquer um
tenha acesso.
Não é necessário demonstrar que um número indeterminado de pessoas teve
acesso à incitação. É crime de perigo abstrato, basta que potencialmente um
número indeterminado de pessoas tenha tido acesso à incitação. Ou seja, pouco
importa se o agente incita publicamente a prática de crime a determinado
indivíduo, desde que, pelo contexto no qual a conduta é realizada, possa ser
percebida por indeterminado número de pessoas.

 Prática crime
Não se inclui contravenções penais. Para caracterizar o delito a prática de
crime que deve ser incitada.
A incitação deve ser de crime determinado, por exemplo, incitar a prática de
roubos, estupros, etc. Não é necessário que o ofendido seja individualizado.

 Pública
- Público
- Aberto
- Exposto

 Perigo Abstrato

 Ato imoral/contravenção
Incitar prática de ato imoral (cuidado Damásio) não se caracteriza o crime.

 Induzir, provocar, estimular


- Relevância/nexo
- Individualizada
A conduta precisa ser individualizada (ex.: não se enquadra escrever livro,
música, novela). (?)

 Crimes
A única Lei que não se inclui é a de contravenções penais.
- CP
- Extravagante
 Sujeito ativo: qualquer

 Sujeito passivo: coletividade

 Desobediência civil* acho que é

 Greve*

 Defesa de tese
Quando não é dirigida a determinadas pessoas para praticarem tal conduta
não caracteriza o delito.

 Crime
- Formal
- Perigo: o legislador presume de forma absoluta a superveniência de uma situação
perigosa ao bem jurídico tutelado com a realização da conduta de incitação não
necessitando ser provado no caso concreto.

 Crime posterior

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a percepção, por indeterminado número de pessoas,
da incitação pública ao crime. É irrelevante que o crime ao qual foram tais pessoas
incitadas não seja praticado.
A tentativa é possível uma vez que o iter criminis é passível de fracionamento no
caso de incitação por meio escrito. P. ex.: o agente planeja incitar por meio de
panfletos e se encontra em local público ou acessível ao público para distribuir tal
material e é obstado por circunstâncias alheia à sua vontade.

 Outros
- Suicídio
- Racismo
- Genocídio
Caracteriza outros crimes.

APOLOGIA
- Crime
- Criminoso
Difere da incitação ao crime, pois nela há uma projeção para o futuro. Na
apologia ao crime ou criminoso há uma projeção para o passado, de um fato
concreto, ocorrido, verídico. Para que pessoas com criminalidade latente,
sugestionáveis imitem tal conduta.
Na incitação ao crime há incitação direta da prática de um crime. Na apologia
há incitação indireta, projeção para o passado.

 Art. 287
Fazer, publicamente, louvor a fato criminoso ou autor de fato criminoso.
Para caracterizar precisa fazer louvor ao autor de fato criminoso fazendo
relação ao crime cometido, precisa vinculá-lo ao fato criminoso.
Fazer apologia significa exaltar, enaltecer, elogiar.
Não caracteriza o delito a apologia a fato criminoso culposo, pelo fato de que
é inconcebível que a paz pública seja ameaçada pela exaltação de crime
decorrente da inobservância do cuidado objetivo necessário.

 Incitação indireta

 Sugestão criminalidade

 Louvor
- Fato criminoso: o fato criminoso louvado deve ser determinado e ter realmente
ocorrido anteriormente à apologia.
- Autor de fato criminoso: também pode ser realizada por louvor ao autor de fato
criminoso. Nesse caso, exige-se que o elogio feito pelo agente ao sujeito ativo do
delito anteriormente realizado verse sobre a conduta criminosa deste e não sobre
seus atributos morais ou intelectuais.

 Sujeito ativo: qualquer


 Sujeito passivo: coletividade

 Afetam sentimento segurança da população

 Elogiar, gabar, enaltecer

 Fato futuro: incitação


Fazer incitação à fato futuro mesmo vinculado a determinada pessoa não se
enquadra em apologia ao crime/criminoso. Caracteriza incitação visto que é fato
futuro.

 Elogio fato
- Concreto
- Verdadeiro
- Ocorrido
Não pode ser um ato abstrato. O louvor deve ser de fato concreto, verdadeiro,
ocorrido. Se for de fato hipotético, abstrato não caracteriza.

 Intenção de narrar
Descrição do fato não caracteriza o delito.

 Necessária
- Condenação
- Denúncia
Não são necessárias condenação nem denúncia, porém precisa demonstrar
que o fato é verdadeiro, concreto e ocorrido.

 Publicamente
Local público, aberto ao público ou mesmo privado desde que seja exposto ao
público.
É necessário que a apologia seja feita publicamente, ou seja, em condições
que possa ser percebida por um número indeterminado de pessoas.
 Diversos meios
Instrumentos. Pode praticar verbalmente, de maneira escrita, por gestos;

 Consumação – simples conduta


Consuma-se com o simples ato/conduta de exaltação, feito publicamente, a
fato criminoso ou autor de fato criminoso.

 Tentativa: possível

É possível porque aqui se pune meros atos preparatórios. Ex.: sujeito vai fazer
apologia através de panfletos de fato criminoso ou autor de fato criminoso
vinculando ele ao crime e polícia apreende. Tentativa é admissível na forma escrita.

ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA

A nova lei trouxe a mudança do número mínimo de integrantes (que é 3).


Mudança de nome também: antigamente era quadrilha ou bando. Ainda, exigiu
que a associação seja voltada à finalidade específica de cometer crimes.

A diminuição da quantidade de componentes necessária para aperfeiçoar a


infração consiste em nova lei mais gravosa ao réu.

Com relação à necessidade de que a associação seja com a finalidade


específica de cometer crimes, tal mudança é mais benéfica, segundo Damásio,
pois ela reduz o alcance da norma (a finalidade passa a ser específica). Porém, não
há como conferir à disposição eficácia retroativa, somente em parte, pois permitiria
ao magistrado criar norma jurídica inexistente. Segundo Damásio, a nova disposição
impende que se atribua o cometimento da infração a pessoas que se reúnam em
torno de finalidades distintas daquela de realizar delitos, ainda que,
incidentalmente, venham a fazê-lo. O objetivo principal deve ser o de cometer
crimes.

Mostrando-se impossível enfraquecer o preceito primário do tipo penal, a


questão relativa ao conflito de leis penais no tempo deve ser resolvida no sentido
da disposição mais gravosa, isto é, em favor da irretroatividade da norma.

O ordenamento jurídico não pune cada um dos agentes (mínimo de 3) por


pensar em se reunir a duas outras pessoas para o fim de cometimento de crimes,
mas sim porque efetivamente se associa para tal fim, ou seja, há um fato refletido
no mundo exterior por meio de atos sensíveis. Não se cuida de cogitação punível,
mas sim de ato preparatório que o legislador entendeu constituir crime.

A consumação se dá no instante em que é preenchido todos os requisitos para


a caracterização da associação criminosa: mínimo de 3 membros, reunião estável
e duradoura e com a finalidade de prática de crimes indeterminados. Não se exige
que qualquer crime seja praticado, pune-se os meros atos preparatórios.

A tentativa é inadmissível.

 Lei 12.850/13

 Reunião
É punida a associação, ou seja, a união de pessoas de forma estável e
permanente para a específica finalidade de prática de crimes.
Não configura o crime a associação momentânea para o fim de cometer
delitos. Exige-se a estabilidade e a permanência da associação.
A reunião dos integrantes deve ter a finalidade para cometimento de crimes.
Tais crimes devem ser indeterminados. Não podem ser especificados, determinados
senão não caracteriza o crime.
A associação se difere do concurso de crimes (ambos têm associação), no
segundo é momentânea, na associação criminosa o vínculo associativo estável e
duradoura.

 Nº mínimo
Para caracterizar o crime é necessário o número mínimo de integrantes: 3
integrantes.

 Quadrilha/bando
Para parte da doutrina não havia distinção da definição. Para grande parte da
doutrina dizia respeito quadrilha em crime praticado no campo e bando na cidade.
Hoje tal discussão não tem mais relevância, pois tal denominação foi extinta.

 Elemento subjetivo
O primeiro é o dolo: a vontade de se associar com no mínimo mais duas pessoas.
A segunda é a finalidade de agir: fim específico de cometimento de crimes.

 Ato preparatório

 Crime concurso necessário


É um crime de concurso necessário/plurissubjetivo, pois há exigência de mais de
um agente para caracterizar o delito.
É crime multitudinário: condutas convergentes de ânimos (mínimo 3), reunidos
estavelmente e com permanência para a prática de um objetivo comum (prática
de crimes indeterminados).

 Sujeito ativo: qualquer que se associe minimamente a mais duas (reunião)

 Sujeito passivo: coletividade

 Crimes indeterminados
O elemento subjetivo do tipo reside na intenção específica de cometer crimes
indeterminados. Se o grupo é formado para cometer delitos hediondos de tortura
ou terrorismo, aplica-se em combinação com o art. 288 do CP, o art. 8º da Lei de
crimes hediondos. Logo, incide a Lei mais específica.
Já quando se tratar de delitos indeterminados, aplica-se o art. 288 do CP.
No caso da associação para tráfico ilícito de entorpecentes, há lei específica
para tal delito (que embora seja delito hediondo, outra lei regulamenta tal crime).

 Inimputáveis
Se houver reunião entre maiores de 18 e menores de 18 há associação criminosa
aplicável aos maiores de 18 anos. É preciso que apenas um só seja imputável para
caracterizar. Ou seja, entre os integrantes é possível que haja criança ou
adolescente, porém a eles não pode ser aplicada a penalidade do crime.
Quando houver a participação de criança ou adolescente incide a majorante
contida no parágrafo único.

 Estabilidade; permanência: requisitos


A permanência é necessária para todos os membros ou apenas para alguns
deles? Quando terceiro ingressa na reunião preenche o requisito de número mínimo
de integrantes, a estabilidade e permanência não é necessária para todos os
integrantes. Ela pode existir somente entre os outros dois integrantes, aí no momento
em que o terceiro adere à reunião caracteriza o crime.
Requisitos: número mínimo, reunião estável e duradoura/permanente.
É aquela reunião indissolúvel e que perdura no tempo e espaço.

 Momentânea/específicos

 Organização/documentos *não há necessidade de organização de tarefas, nem


de lider
- Líder

 Crime posterior
Aqui não se pune o crime posterior, pune o ato preparatório (mera reunião). Se
há prática de crime posterior há dois crimes (concurso material de crimes)
Respondem pelo crime posterior os componentes que tenham tido condutas
relevantes, no processo de causalidade que deu origem ao resultado antijurídico.
Os membros do grupo não respondem pelo crime cometido pela associação pelo
só fato de pertencerem a este (estaria adotando a hipótese de responsabilidade
penal objetiva).

 Crime permanente
A consumação se prolonga no tempo enquanto perdurar a reunião estável e
duradoura de no mínimo 3 agentes.

 Outras associações
É possível o concurso material desde que não no mesmo contexto causal. Ex.:
associação criminosa que virou rixa.

ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
 Líder
Não é necessário ter um líder

 Documento
Não é necessário ter documentos que comprovam a existência associação

 Organização Formal
Não é necessária organização formal determinando a participação de cada
um.

 Propósito
É necessário a existência de um propósito comum de cometer crimes
indeterminados.

 Específicos
É necessário o mínimo de 3 integrantes e que haja estabilidade e permanência
da associação (só precisa ser permanente e estável para alguns); que ela seja
duradoura

 Aumento
- Armada: erro do legislador: todos precisam estar armados (intepretação mais
favorável ao réu; legislador deveria ter falado emprego de arma). Jurisprudência
estabeleceu que não importa o número de armas, mas sim a potencialidade lesiva
da arma (intepretação extensiva e analógica contra o réu). Porém, se todos
estiverem armados independe a potencialidade lesiva da arma (STJ).
- Criança, adolescente: haverá majoração de pena se houver criança ou
adolescente envolvida no delito. Basta que somente um seja imputável para haver
a associação criminosa. O parágrafo único determinava exasperação da pena no
dobro, mas com o advento da nova lei, passou a determinar o aumento até a
metade. Como essa disposição tem natureza benéfica, admite-se a sua
retroatividade.

 Consumação e tentativa
Há a consumação no momento em que três pessoas se associam para a prática
de crimes, ou no momento em que alguém ingressa na associação antes
organizada. A efetiva associação deve ser demonstrada por atos sensíveis no
mundo exterior. A simples reunião para acordar-se os termos nos quais o grupo será
formado não indica que o crime esteja consumado. É necessário que tenham
começo a operar (Segundo Damásio).
Para a consumação não é necessário que o grupo tenha cometido algum
crime.
O abandono da associação por algum de seus membros não exclui o crime
nem implica desistência voluntária. Se a associação já chegou a se formar, o crime
já está consumado.
A tentativa é inadmissível uma vez que o legislador pune atos preparatórios.
Consuma-se quando há um número mínimo de integrantes, com uma
associação com vínculo indissociável no tempo e espaço e associada com um
propósito comum para a prática de crimes. Consuma-se com o preenchimento dos
requisitos (atos preparatórios).
Pode-se falar em nova associação após apuração do crime e oferecimento de
denúncia. Aí pune-se por dois crimes (?): crime permanente, consumação se
prolonga no tempo.
Não se aplica a regra do crime continuado à associação criminosa. É possível
o concurso material da associação criminosa (quando um integrante participa de
duas associações distintas).
Tentativa: impossível do ponto de vista prático, visto que se pune meros atos
preparatórios.

 Delação premiada
Possibilidade de delação premiada: delatar os outros integrantes da
associação com a finalidade de redução de pena.
É diferente de colaboração (não existe mais): permitia apagar o nome do
criminoso do registro criminal.

 Associação ≠ Concurso de pessoas


No concurso são necessários dois membros, na associação no mínimo 3. No
concurso não há necessidade de estabilidade e permanência (basta a reunião
momentânea). Na associação a finalidade é a prática de crimes indeterminados,
no concurso é a prática de crimes determinados.

 Crime
- Perigo abstrato: há a presunção do risco. Basta a mera associação para
caracterizar o delito, o perigo é presumido pelo legislador em face da associação
de mais de duas pessoas, não sendo necessário que se prove, no caso concreto,
que a coletividade ficou exposta à eventualidade de dano.
- Concurso necessário: mínimo três integrantes para caracterizar o delito.
- Multitudinário: condutas paralelas, mesma consecução finalística; o não-
multitudinário: há contraposição de condutas.
- Simples: objetividade jurídica é uma só: paz pública somente independente, da
prática de crime posterior
- Permanente: não gera nenhuma possibilidade de natureza penal, mas gera
processual. Permite a prisão em flagrante assim que quebrada a estrutura da
associação; causa uma situação perigosa que se prolonga no tempo enquanto
durar a associação.

 Concurso associações
Quando há a prática de associação (crimes distintos) e há conflito aparente de
normas: há requisitos diferentes então um não é elementar/subsidiário de outro;
deve se analisar pelo critério da especialidade, o mais restritivo prevalece sobre os
demais (1º tráfico, 2º hediondos, 3º organização criminosa, 4º 288-A, por fim a regra
geral que é a da associação), aí se resolve qual foi o crime praticado.
É possível concurso material desde que se reúna com integrantes diversos, em
locais diversos...

 Art. 288-A – Constituição de Milícia Privada


Ocorre tal crime quando o sujeito constituir, organizar, integrar, manter ou
custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a
finalidade de praticar qualquer crime do CP.
O delito em questão se trata de novatio legis incriminadora. Logo, somente
alcança comportamentos realizados após a sua entrada em vigor (2012). Porém,
há verbos nucleares presentes no tipo de consubstanciam condutas permanentes
(integrar e manter), nesses casos, mesmo que o sujeito integre ou mantenha alguma
das organizações ou grupos ilícitos previstos no preceito primário constituídos ou
organizados anteriormente à entrada em vigor da Lei, incorrerá o art. 288-A se
persistir compondo-os ou provendo sua manutenção durante o período de vigência
da norma.

 Sujeitos do delito
Segundo Damásio, a constituição de milícia privada pode ser praticada por
qualquer pessoa (crime comum).

 Crime de concurso necessário


É crime de concurso necessário, pois requer para sua caracterização a
pluralidade de agentes.
O legislador não definiu o número mínimo de integrantes. Por interpretação mais
benéfica ao réu, consagra-se o entendimento de ser no mínimo 4 membros (assim
como a organização criminosa).

 Elementos objetivos do tipo (definições Damásio)


Constituir: formar;
Organizar: estabelecer bases para a ação e formação, ordenar;
Integrar: compor, fazer parte, ser membro ou integrante;
Manter: promover meios para a manutenção ou subsistência;
Custear: abastecer economicamente, prover recursos financeiros para a existência
e manutenção.
Organização paramilitar: aquela composta por indivíduos dispostos de maneira
hierarquizada, com estrutura militar, armada, paralela ao Estado;
Milícia particular: sinônimo de organização paramilitar, que atua para o
cumprimento de metas ou serviços a que seja contratada;
Grupo: grupo armado que atue como milícia privada ou organização paramilitar;
Esquadrão: parte de um grupamento militar, paramilitar ou milícia.
 Elemento subjetivo do tipo
Consiste na finalidade de praticar quaisquer crimes previstos no CP. Necessário
esse fim especial de agir, sob pena de se tornar atípica a “milícia privada”.
Houve restrição do alcance ao excluir da esfera do dispositivo grupos
dedicados ao cometimento de infrações tipificadas em leis penais extravagantes
(ex.: tortura e tráfico ilícito de drogas).
Se a finalidade da organização militar (armada ou não) for combativa, os
sujeitos cometerão crime diverso do 288-A e tipificado na Lei de Segurança
Nacional.

 Consumação e tentativa
Depende da conduta nuclear que se busque analisar.
O ato de constituir atinge sua consumação com a efetiva formação do grupo.
A ação de organizar consuma-se com atos tendentes a ordenar o grupo, ainda
que este propósito não seja atingido a contento.
O verbo integrar realiza-se por completo no instante em que o sujeito passa a
compor organização ilegal, como um de seus membros.
Com relação a manter, exige-se a prática de atitudes capazes de prover
estabilidade ao grupo, permitindo a sua continuidade.
Na conduta custear, a consumação ocorre com a cessão de meios materiais
tendentes à subsistência econômica da organização paramilitar, milícia privada,
grupo ou esquadrão.

- Milícia: não definiu;


- Paramilitar: aqueles que agem paralelamente apesar de ter uma função pública.
Ex.: membros do exército, bombeiros, polícia militar, etc. (também não definiu).
- Número mínimo
- Paralelamente

ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (12.850/13)


Associação de 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada
pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com o objetivo de obter, direta
ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos, ou que sejam
de caráter transnacional.
Requisitos:
- Efetiva associação (reunião de caráter estável)
- 4 ou mais integrantes
- Associação estruturalmente ordenada e caracterizada pela DIVISÃO DE
TAREFAS
- Finalidade de obtenção de vantagem de qualquer natureza
- Mediante prática de infrações penais com penas máximas superiores a 4 anos
OU que possuam caráter transnacional

 4 ou mais
 Transnacionalidade: não há necessidade de ultrapassar as fronteiras nacionais, mas
necessário demonstrar que tinha essa intenção
 Objetivo obtenção de vantagem – qualquer natureza
 Divisão de Tarefas
 Penas máximas superiores 4 anos

Distinção entre associação criminosa e organização criminosa: Divergem quanto


ao número mínimo de integrantes;

1- Na segunda se exige a prática de crimes graves (penas superiores a 4 anos)


e na associação quaisquer crimes;
2- A finalidade é distinta: associação: fim específico de cometer crimes;
organização: fim de obter qualquer vantagem

3- Associação não requer que o grupo tenha qualquer estrutura/organização


interna; já a organização exige.

CRIMES FÉ PÚBLICA
Moeda não é documento.
É indispensável proteger a fé pública e a moeda para que as pessoas tenham
credibilidade nos papéis públicos e moeda.
Protege-se alguns papéis com primazia sobre outros (ex.: doc. Púb. sobre o
particular) pelo fato de sua maior circulação e da potencialidade de causar
prejuízo.

Generalidades

Veracidade papéis

MOEDA FALSA (289)


Pune-se a contrafação (imitação) da moeda verdadeira. Pode-se realizar a
contrafação integralmente (produzir a moeda) ou parcial pela alteração.
Protege-se a credibilidade dos papéis, a fé pública.
Trata-se de crime de perigo, bastando para a sua caracterização a
potencialidade da ofensa à fé pública. É formal, portanto, por não exigir o efetivo
resultado naturalístico.
Pouco importa fraudar para mais ou para menos. Para o STJ se a fraude é para
menor o fato é atípico.
A inutilização de cédula não caracteriza infração penal.
Pelo fato do §3º, considera-se crime próprio. As demais modalidades é crime
comum.
A contrafação de moeda que tenha sido retirada de circulação (não tem curso
legal) não pode ser objeto material do crime de falsificação de moeda –
caracteriza estelionato.

Medida de valores: a moeda é a medida comum dos valores e o meio de escambo.


É o valorímetro dos bens econômicos.

Espécies

- Moeda metálica

- Papel moeda
Objetividade jurídica

Visa de se proteger a credibilidade dos papéis públicos bem como a circulação


monetária.

Crime de perigo

Basta a potencialidade de causar prejuízo para caracterizar o crime.

Sujeito ativo: qualquer pessoa; é quem falsifica a moeda, fabricando-a ou


alterando-a. É indispensável que o agente tenha a consciência da falsidade da
moeda. Se for funcionário público, diretor, gente ou fiscal de bando de emissão que
fabrica, emite ou autoriza, a conduta se enquadra no §3º.

Sujeito passivo: Estado representado pela coletividade e sujeito passivo secundário


é quem sofre eventual lesão decorrente da conduta típica.

Conduta

- Falsificar moeda de curso legal no país ou no estrangeiro.


Significa imitar, reproduzir fraudulentamente, de modo a fazer passar por
verdadeiro o que não tem essa característica, ou seja, apresentar algo como
verdadeiro fosse, quando não o é.
Falsificar pode ser realizada por meio da fabricação que é a forjadura integral
da moeda ilegítima; Ou seja, é a criação de uma moeda absolutamente
semelhante à original, reproduzindo-a integralmente, produzindo um novo objeto à
imagem e semelhança da verdadeira, com idoneidade para enganar quanto à
sua essência e à sua autenticidade.
- Alterar
Por meio da alteração a conduta reprimida é a de qualquer modificação da
moeda genuína ou autêntica, a fim de lhe atribuir maior valor.
Não configura crime de moeda falsa por alteração qualquer mudança ou
supressão de características ou sinais impressos, na moeda ou papel-moeda, desde
que a circunstância não sirva para aparentar-lhe maior valor. (não gera uma
potencialidade de prejuízo).
Para que a alteração configure o ilícito, é necessário que haja uma lesão à fé
pública e, potencialmente, um prejuízo para qualquer pessoa.
Se fabricar/produzir metade da moeda (sendo a outra metade verdadeira)
caracteriza a contrafação parcial, pouco importa se a metade da moeda é
verdadeira. * Bittencourt; apostila página 100: não será crime de moeda falsa a
junção de diversas moedas verdadeiras inválidas distintas para suprimir a
característica inválida, será o do 290; será crime de moeda falsa se juntar diferentes
moedas formando uma de valor maior;

Imitação verdade

É indispensável para a caracterização do delito que o produto fabricado ou


alterado apresente semelhança ao verdadeiro, podendo ser confundido com o
autêntico ou genuíno. Precisa ter idoneidade de induzir a engano um número
indeterminado de pessoas.

Potencial causar prejuízo

Não precisa causar prejuízo, basta que haja a potencialidade de causa-lo. STJ
entende que contrafação de maior para menor não caracteriza o delito.

Falsificação grosseira
Não é necessária uma imitação perfeita da moeda, basta a aparência de uma
moeda de curso legal. A contrafação deve ter qualidade e ser suficientemente
idônea para enganar.
Se for uma contrafação grosseira sem que a moeda seja fabricada ou alterada
com semelhança à original não restará caracterizado o crime, pois é necessário
que a falsidade tenha capacidade de enganar um número indeterminado de
pessoas, circulando a moeda como se verdadeira fosse, ou seja, precisam
representar perigo à fé pública. A contrafação grosseira representa fato atípico.
STJ decidiu que a utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado,
configura, em tese, crime de estelionato. (Súmula 73).
O STJ decidiu que a falsificação de difícil percepção não caracteriza o crime
de moeda falsa em sua modalidade usar.
Elemento Subjetivo
É o dolo, representado pela vontade consciente de falsificá-la mediante
fabricação ou alteração. Basta a consciência da ilicitude da conduta e o perigo
de dano.
O dolo será excluído se a formação ou alteração da moeda for feita apenas
para fim artístico ou de coleção, ou, no caso de alteração de moeda metálica,
para utilizar o respectivo metal, deixando a moeda de ser tal.
É indispensável que o agente tenha conhecimento da existência do curso legal
da moeda (Bittencourt).

Classificação doutrinária
Crime comum, somente é próprio na figura qualificada do §3º.
É crime formal, pois para a consumação não exige nenhum resultado
consistente na efetiva perturbação da paz pública.
Instantâneo nas modalidades fabricar ou alterar, porém é crime permanente
na modalidade de “guardar”.

Junção de cédulas verdadeiras***

Se juntar cédulas verdadeiras e invalidadas não estará fabricando ou alterando


cédula que não era existente/falsa. Aí há a prática do crime do 290. *ler apostila
dele
No 289 cria uma nova cédula. Se juntar vários pedaços de cédulas diferentes aí
enquadra o 289 se for para lhe atribuir maior valor.
Se for a junção de fragmentos de cédulas diferentes apenas, sem o intuito de
lhe atribuir maior valor aí é o 290.
Se o falsificador cria uma moeda a partir dos fragmentos de moeda verdadeira
para lhe atribuir maior valor, configura este delito, não o do art. 290 (Bittencourt) *ler
apostila.

Objeto material

É a moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no País ou no estrangeiro.


- Metal

- Papel

Necessária perícia

Tratando-se de crime que deixa vestígios, o exame pericial é indispensável ao


processo.

É indispensável a perícia para analisar a moeda, pois a imitação deve ser


próxima a original, não pode ser grosseira. A imitação grosseira não caracteriza
crime de moeda falsa, mas poderá ser objeto de estelionato (STJ).

Consumação

Consuma-se mesmo sem colocar a moeda em circulação. Consuma-se com a


fabricação (integral) ou alteração da moeda.

Tentativa
É possível, pois se trata de crime cuja execução admite fracionamento; ocorre,
p. ex., quando o sujeito ativo é surpreendido durante a realização da conduta de
falsificar a referida moeda, sendo impedido de prosseguir em sua tarefa.
O 291 pune os atos preparatórios (possuir equipamento para contrafação).
Se começou a utilizar o equipamento para contrafação há tentativa de crime
de moeda falsa. (início da execução da contrafação). Há tentativa desde que
iniciada a contrafação, se tiver apenas o maquinário há outro crime (petrechos de
falsificação).
Entende-se que ocorre crime único na falsificação de várias moedas, na mesma
ocasião. No entanto, se a falsificação ocorrer em épocas diferentes, admite-se a
continuidade delitiva.

§1º colocar circulação

Pode ser qualquer pessoa desde que não tenha participado como falsificador
da moeda. Se for o falsificador que coloca em circulação incorrerá na proibição
contida no caput.
É previsto como crime autônomo ações posteriores à falsificação. Tais ações
devem ser cometidas por um terceiro, pois se forem praticadas pelo próprio
falsificador constituem um post factum impunível, como se fosse uma decorrência
do crime falsificar moeda.
As condutas incriminadas numerus clausus são as seguintes: importar ou
exportar; adquirir; vender; trocar; ceder; emprestar; guardar; introduzir em
circulação. Tais condutas atingem agentes que não tiveram participação no
processo precedente da falsificação. A criminalização dessas condutas visa reprimir
as atividades secundárias que complementam a atividade principal do falsificador
da moeda, ou seja, visa reprimir a atividade subsidiária dos intermediários e agentes
cuja atuação torna efetivo o atentado à fé pública.
Importar: significa introduzir no território nacional moeda falsificada no
estrangeiro;
Exportar: enviar moeda falsificado no País para território estrangeiro;
Adquirir: significa comprar, obter ou receber a moeda falsa, a título oneroso ou
gratuito, até mesmo mediante a subtração de alguém, a disponibilidade de moeda
falsa;
Vender: alienar a moeda falsa, a título oneroso, com a tradição da moeda falsa;
Trocar: significa recíproca transmissão de moeda falsa por outra, verdadeira ou
falsa, ou por qualquer outro objeto.
Ceder: significa transferir a moeda falsa a terceiro, abrir mão dela em favor de
outrem, a qualquer título (oneroso ou gratuito);
Emprestar: significa entregar, temporariamente, a moeda falsa sob condição
de ser restituída a mesma coisa ou coisa do mesmo gênero, qualidade e espécie;
Guardar: significa ter consigo em depósito, sob sua custódia ou à sua
disposição, moeda falsa, sem ser o proprietário; *Não é ilegítima a guarda de
moeda falsa com o fim de certificar a falsidade. – é crime permanente.
Introduzir na circulação: significa passar o dinheiro falso a alguém iludido; pôr
no meio circulante como se fosse autêntica a moeda falsa; transmiti-la como
moeda verdadeira
Não importa qual a motivação da conduta, caracterizando-se o crime ainda
que não obtenha o agente benefício algum.
Tratando-se de tipo de conduta múltipla alternativa, o agente responde por
crime único ainda que pratique várias das ações incriminadas no art. 289. A
introdução de moeda falsa na circulação só constitui crime autônomo quando
realizada por quem não foi o autor da falsificação.
Se é o próprio falsificador quem faz uso da moeda falsa, o crime é um só,
devendo o seu autor responder somente pela falsificação.
Não pune a contrafação nesse §1º, pune quem coloca a moeda falsa em
circulação. É imprescindível que não tenha participado/autor/influído no crime de
contrafação. Se foi o próprio agente que falsificou/alterou a moeda e coloca em
circulação, o crime já foi consumado com a primeira conduta.

Se o sujeito colocar a moeda falsa em circulação com culpa


(imprudentemente, negligentemente ou imperícia) não há tipicidade.
Somente cometerá o crime se o sujeito ativo das condutas do §1º tiver
consciência de que se trata de moeda falsa ou falsificada, pois o
desconhecimento dessa circunstância torna a conduta atípica, podendo
configurar erro de tipo, excludente do dolo. Assim, aquele que praticar tais
condutas agindo de boa-fé, não pratica o crime ali descrito, na medida em que
não há previsão de modalidade culposa;
Esse dispositivo pune quem sabe ou suspeita que a moeda é falsa (dolo
eventual) e coloca em circulação.

Quem pratica as condutas de adquirir, receber ou ocultar produto de crime,


em regra incorre no crime de receptação; contudo, nem sempre tais condutas
constituirão o crime de receptar, podendo, conforme as circunstâncias, tipificar
outra infração penal. Nesse caso, quem adquire ou recebe para guardar moeda
falsa, não pratica receptação, mas o crime do art. 289, §1º. Tal tipificação
(receptação) é afastada pelo princípio da especialidade.

§2º privilégio – Restituir à circulação moeda falsa recebida de boa-fé


Quando o agente recebe de boa-fé a moeda falsa (acreditando ser autêntica)
e, após constatar sua falsidade, a restitui à circulação, incorre na figura privilegiada.
Trata-se de uma modalidade acentuada do delito por conta de quem adquiriu a
moeda falsa nessas condições incorreu em erro, sendo vítima da falsificação de
terceiro, e entre ficar no prejuízo e passá-lo a frente prefere esta segunda
alternativa.
O fundamento dessa redução da punibilidade reside no fato de que a conduta
do agente não foi motivada pelo locupletamento indevido, tampouco pelo
objetivo de lesar a fé pública, mas simplesmente levado por uma finalidade menos
reprovável.
A segunda razão para redução da punibilidade reside no fato de que o agente,
com sua ação de repassar o prejuízo, não está iniciando a circulação da moeda
falsa, que já ocorreu anteriormente, mas tão só procurando resgatar parte da
diminuição do seu patrimônio, que experimentara com a involuntária aquisição de
moeda falsa.
Se o sujeito a princípio acredita que é verídica a moeda e apenas depois
percebe que é falsa e coloca em circulação para evitar prejuízo...

§3º Fabricação ou emissão fraude – figura qualificada

Nessa hipótese é crime próprio, somente pode ser sujeito ativo o funcionário
público. A pessoa particular pode praticar na forma de partícipe.
As condutas proibidas consistem em fabricar e emitir ou então em autorizar a
fabricação ou emissão. Fabricar e emitir refere-se ao aspecto material da conduta,
ao passo que autorizar a emissão alude a uma atividade jurídico-administrativa (a
norma se destina ao funcionário cuja função lhe atribua tal atividade).
A ilegalidade da fabricação ou emissão pode ter duas ordens de razão:
- Moeda com título ou peso inferior ao estabelecido por lei
Não há a previsão da vedação de se emitir moeda metálica superior à
quantidade autorizada.
Título consiste no nome e número cunhado na moeda metálica. Por título se
entende o teor da liga metálica determinado em lei, para a fabricação da moeda.
Título e peso são elementares normativas que se referem exclusivamente à
moeda metálica.
- Papel-moeda em quantidade superior à autorizada, ou seja, de forma irregular.

Trata-se de norma penal em branco, pois caberá a outra norma fixar o título, o
peso e a quantidade de moeda a ser colocada em circulação, além da própria
autorização para que a moeda circule.
O objeto material desta figura penal qualificada é a moeda genuína (ou
inválida?), emitida de maneira ilegal e não autorizada a circular.
São sujeitos ativos do crime (que é próprio) somente os funcionários públicos,
diretores, gerentes ou ficais de bancos emissores de moeda, devendo o fato ser
praticado em razão do ofício. É indispensável que exista uma relação de
causalidade entre a função exercida e a conduta do agente.
Não se trata de qualquer func. Pub., mas somente daquele que, em razão da
função, viole o dever funcional inerente ao ofício ou atividade estatal de emissão
de moedas.

§4º Desvio e circulação antecipada de moeda (não autorizada)


O fato criminoso consiste na circulação de moeda autêntica/genuína
antes/sem de sua autorização.
Os verbos nucleares são desviar (mudar o destino) e fazer circular, ou seja, o
agente retira o dinheiro do local onde se encontra e o coloca em circulação, sem
autorização, de forma abusiva e ilegal.
O objeto material é a moeda genuína, produzida pelo órgão oficial, observados
os parâmetros de legalidade, peso e quantidade. Trata-se de moeda válida, apta,
portanto, a atender seu objetivo monetário, mas o sujeito ativo antecipa-se e a
coloca em circulação antes da data legalmente prevista.
É irrelevante que o agente obtenha alguma vantagem pessoal.
Hipótese prevê a caracterização do crime de moeda falsa mesmo quando a
cédula é verdadeira. Colocar em circulação moeda verdadeira sem autorização.
O delito se consuma no momento em que a moeda entra efetivamente em
circulação. O desvio, sem que ocorra a circulação caracteriza a tentativa.
Mirabete: o desvio, sem que ocorra a circulação configura a tentativa.

CRIMES ASSEMELHADOS AO DE MOEDA FALSA

- Formar moeda, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de


cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros

A primeira conduta punível é a formação de cédulas/notas/bilhetes com


fragmentos deles, ou seja, o agente, por justaposição de fragmentos de cédulas
verdadeiras (inutilizadas ou não), formar outra nota, hábil a circular legitimamente.
Não se confunde com a alteração da moeda do art. 289, pois esta apresenta
uma modificação sobre a cédula quanto aos (dizeres e números) com a finalidade
de atribuir maior valor. Enquanto na do art. 290 há a formação de uma nova cédula,
nota ou bilhete.

Segundo Guilherme Nucci, haverá a caracterização do art. 289 quando a


justaposição de fragmentos de outras cédulas visarem modificar-lhe o valor; nesse
caso, estará diante do crime de falsificação e não formação.

Não se trata de reconstruir uma cédula rasgada ou destruída, mas de compor


outra cédula com junção de fragmentos de notas distintas.

Segundo Bittencourt, a junção de fragmentos de cédulas verdadeiras e


invalidadas não traz nenhuma consequência distinta, caracteriza o delito do art.
290. Pouco importa a natureza dos fragmentos, sejam legítimos ou inutilizados.

A ação tipificada consiste em o sujeito ativo formar nova cédula, usando ou


justapondo fragmentos de outras, dando-lhe a falsa aparência de legítima para
circular.

- Suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à


circulação, sinal indicativo de sua inutilização

Nesta modalidade, os exemplares de papel-moeda já foram retirados de


circulação e devem encontrar-se com o sinal aposto (carimbo, picote, etc.) de que
se destinam à inutilização ou incineração. Trata-se de moeda fora de circulação,
ou seja, sem curso legal.

A conduta do agente consiste em suprimir, isto é, anular, eliminar ou fazer


desaparecer o sinal indicativo do recolhimento da moeda ou cédula, com o
objetivo de fazê-la circular novamente.

O objeto material nessa modalidade é o papel-moeda afastado da circulação


com sinal que indique sua inutilização.

Não integra o dispositivo legal a colocação efetiva em circulação a moeda


“revitalizada”, pois tal conduta constitui post factum impunível. Basta na supressão
do referido sinal para consumar o crime.
- Restituí-los à circulação cédula, nota ou bilhetes inutilizados ou já recolhidos para
o fim de inutilização

Nessa modalidade a ação delituosa consiste em pôr novamente em circulação


cédula, nota ou bilhete inutilizados ou já recolhidos para o fim de inutilização, com
o sinal suprimido ou não.

Difere-se de colocar moeda falsa em circulação, pois nessa a ação tem por
objeto por moeda falsificada por fabricação ou alteração. Nessa, o objeto é
cédula, nota ou bilhete inutilizados (com a supressão do sinal ou não) já recolhidos
para esse fim. *

 Bittencourt também abrange aqui a restituição à circulação de cédulas


formadas com fragmentos de notas verdadeiras. (Mirabete também)

Se a restituição for executada pelo mesmo indivíduo que formou a moeda ou


suprimiu o sinal, cometerá crime único.

Em qualquer das três modalidades, é indispensável a potencialidade lesiva da


conduta do agente, ou seja, faz-se necessário que o resultado da ação do agente
tenha idoneidade suficiente para enganar, para ser tida como cédula verdadeira
com curso legal.

 Atipicidade do recebimento/aquisição de papel-moeda de boa-fé


O recebimento/aquisição do papel-moeda com fragmentos de cédulas, notas
ou bilhetes verdadeiros, com supressão de sinal indicativo de inutilização não foi
equiparado ao crime do art. 290, a exemplo do que se fez com a hipótese de
moeda falsa (289).
Nesses casos, observadas as demais circunstâncias, o recebimento, a aquisição
ou a ocultação, sabendo que se trata de produto de crime pode caracterizar
receptação.
Quanto ao caso de receber/adquirir de boa-fé, acreditando autêntica e de
curso legal, e, posteriormente, vindo a descobrir a fraude, restituir à circulação para
reparar o prejuízo, Bittencourt entende ser mais razoável considerar atípica tal
conduta ou então, admitir a aplicação do §2º do art. 289. Pois caracterizar o crime
de receptação nesse caso seria criar uma nova figura típica, bem como pelo fato
de que não é proporcional a gravidade da sanção cominada àquele tipo. > não
há a mesma previsão de figura privilegiada como no de receber moeda falsa de
boa-fé.

 Elemento subjetivo
O elemento subjetivo é o dolo, representado pela vontade consciente de
praticar as condutas descritas no tipo.
Há um elemento subjetivo especial quanto à segunda modalidade do delito e
consiste no fim especial de restituir à circulação. É necessário que seja demonstrado
para caracterizar o delito.
Na primeira figura também há esse elemento subjetivo, mas ele é implícito, não
sendo necessário a demonstração da finalidade de restituir à circulação.

 Consumação e tentativa
A consumação ocorre na primeira modalidade quando o papel-moeda se
encontra completamente formado com os fragmentos de outros. Enquanto não
estiver completamente formatada/pronta, haverá somente atos preparatórios e
eventualmente atos executórios que se interrompidos, caracterizará a tentativa.
Consuma-se a segunda modalidade com o desaparecimento do sinal de
inutilização, por obra do agente. Admite tentativa
A terceira modalidade se consuma quando a moeda volta a circular. Admite
tentativa.
Quem praticar as três condutas não cometerá 3 crimes. A regra é que quem
restitui à circulação é quem o formatou ou lhe suprimiu o sinal. A devolução à
circulação nada mais é do que o exaurimento do crime anterior em se tratando de
crime de ação múltipla/conteúdo variado.

 Forma qualificada § único: crime funcional


Qualifica o crime o fato de o agente ser funcionário da repartição onde estava
recolhido o dinheiro, ou ter fácil acesso a ela, em razão de seu cargo.
PETRECHOS FALSIFICAÇÃO

Consiste em um crime autônomo que visa punir os atos preparatórios da


falsificação de moeda.

Art. 291
Fabricar, fornecer, possuir
Maq, instrumento ou qualquer objeto

> Sujeito ativo: qualquer pessoa


> Sujeito passivo: Estado representando a coletividade

> Tipo objetivo

- Fabricar

Consiste em construir, edificar, manufaturar, transformar matérias em objetos de


uso corrente

- Adquirir

Consiste em se tornar proprietário, comprar ou obter, etc.

> Fornecer

Significa prover, abastecer, a título oneroso ou gratuito, o objeto material


considerado “petrecho” para falsificação de moeda.

- a partir daqui se pune os meros atos preparatórios

> Possuir

Ter posse ou propriedade, ter à sua disposição, reter, etc.

> Guardar

Abrigar, conservar, manter em bom estado, tomar conta de algo, ter sob
vigilância, etc. maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
especialmente destinado à falsificação de moeda.
Nessa segunda fase, criminaliza possíveis atos preparatórios (possuir e guardar
os instrumentos). Tais condutas são tipificadas como crime permanente.

Tais atos são puníveis pois o legislador levou em consideração o valor do bem
por esses atos ameaçados, em relação à própria periculosidade da ação ou
simplesmente à periculosidade do agente, que, por si só, já representa uma
ameaça atual ao Direito.

> Tipo subjetivo


É o dolo representado pela vontade consciente de praticar qualquer das ações
descritas no tipo penal, com a consciência de que a finalidade do objeto é,
inequivocamente, a falsificação de moeda, pois sem essa destinação subjetiva as
condutas de possuir e guardar serão atípicas. Aliás, nessas duas modalidades é
insustentável a possibilidade de dolo eventual, pois a destinação objetiva, por si só,
não tipifica o crime nessas modalidades e o dolo não se presume.

> Consumação e tentativa


Consuma-se o delito com a realização de uma das condutas típicas, ou seja,
com a fabricação, aquisição ou fornecimento, bem como com a posse ou guarda
de qualquer objeto destinado à falsificação de moeda, independentemente da
produção de qualquer dano concreto.
A posse e a guarda inicia a fase consumatória no momento em que o agente
detém ou guarda consigo qualquer dos instrumentos definidos como objeto
material da infração penal. É absorvido pelo 289 se praticar a falsificação da
moeda.
Quanto às condutas de fabricar, adquirir e fornecer não há dúvidas de que
admitem a forma tentada, bastando que, por qualquer circunstância estranha à
vontade do agente, este seja impedido de concluir seu intento.

> Classificação doutrinária


Crime comum; formal (passa sua consumação não exige nenhum resultado
consistente na efetiva falsificação de moeda ou produção de prejuízo material à
alguém);
FALSIFICAÇÃO DOCUMENTO

 Objetividade jurídica
Tutela-se a fé pública, no tocante aos documentos públicos e aos que lhe são
equiparados por força da lei penal.

 Conceito de documento
Em sentido amplo, documento é o objeto idôneo a servir de prova o que inclui
os não-escritos.
Em sentido latíssimo, consiste na materialização do pensamento humano
aplicado às artes, às ciências ou às relações do Estado com os indivíduos e dos
indivíduos entre si.
Em um sentido mais restrito, documento consiste na peça escrita que condensa
graficamente o pensamento de alguém, podendo provar um fato ou a realização
de algum ato dotado de significação ou relevância jurídica. Excluem-se desse
conceito de documento as fotografias e as reproduções fotográficas não
autenticadas de documentos, discos, gravações em fita, pinturas, desenhos,
composições musicais, etc.

Não há definição do que seja documento particular. Chega-se à definição por


exclusão.
Pune com mais gravidade a falsificação do documento público do que a do
documento privado pelo fato de sua potencialidade lesiva.
Há crimes de falsidade material: cria um documento que não existia ou altera
documento verdadeiro colocando elementos materiais falsos; neste algum
elemento é fraudado, o conteúdo é fraudado e não é criado por pessoa que não
legitimidade para cria-lo/alterá-lo.
E há crimes de falsidade ideológica: o documento é verdadeiro, feito por quem
tem legitimidade para fazê-lo (aluno faz requerimento para faculdade e vc muda
o requerimento), porém insere conteúdo que não deveria constar ou omite algo
que deveria declarar; o conteúdo é verdadeiro.
O documento nulo/inválido pode ser fraudado quando é passível de
convalidação e passa a ter efeito jurídico.

 Documento - Classificação
- Latíssimo: tudo aquilo que serve para expressar o pensamento humano
- Lato: tudo aquilo que possa servir como meio de prova
- Estrito: análise do estudo.

 Tipo objetivo: contrafação


- Total: fabricação
- Parcial: alteração; pode haver possibilidade de acrescentar dizeres.
Falsificar significa criar materialmente, fabricar, formar, contrafazer. Assim, o
agente elabora, forja o escrito integralmente ou acrescente algo a um escrito
inserindo dizeres em espaço em branco.
Alterar consiste no agente excluir termos, acrescentar dizeres, substituir palavras
por outras, etc.
A DISTINÇÃO entre essas condutas consiste em que na alteração, o papel, sobre
o qual o agente trabalha, preexiste à sua ação e constitui documento verdadeiro,
sendo objetivo do agente precisamente emprestar-lhe aspecto ou sentido diferente
daquele com que nasceu e, quando se trata de falsificação, o documento nasce
como fruto do trabalho do agente cujo desiderato reside exatamente em dar
existência a um documento fictício.

 Documento – Requisitos para caracterizar como documento


- Forma escrita: conforme regras de acordo com as normas de direito (à caneta,
cores específicas); escrito de forma não possa ser alterada;
- Meio de prova: deve servir como meio de prova (não precisa ser em juízo, basta
que sirva como tal)
- Relevância jurídica: aquilo que está expresso no material precisa ter o condão de
criar, modificar ou extinguir direitos. Ou seja, que tenha capacidade de gerar
consequências no plano jurídico.
- Potencialidade jurídica: aquilo expresso deve ter o condão de potencialmente
arredondar/causar prejuízo a alguém.
- Rubrica: assinatura/visto, pois precisa ter autenticidade. Em alguns casos não
precisa de rubrica (quando você sabe de onde partiu). Residualmente apenas é
preciso de rubrica para falar de documento, quando não há certeza da
autenticidade/de onde partiu tal documento.

 Documento público
Segundo Bittencourt, consiste em documento público aquele que é elaborado
na forma prescrita em lei, por funcionário público, no exercício de suas atribuições,
compreendido o documento formal e substancialmente público, observadas as
formalidades condicionantes de sua eficácia jurídica do País (Nelson Hungria).
São requisitos da constituição do documento público:
a) Qualidade do funcionário público que o redige;
b) Sua competência na matéria e no território;
c) A formação do ato durante as funções públicas do funcionário;
d) A observância das formalidades legais.
O documento particular com reconhecimento de firma ou letra feito por
tabelião não é documento público, mas a parte relativa à certificação do oficial o
é.
Tutela a lei também o documento público estrangeiro desde que haja atendido
às formalidades condicionantes de sua eficiência jurídica no país.
Para parte da doutrina, os traslados, fotocópias autenticadas, certidões ou
telegramas, desde que referentes a ato oficial de funcionário público, e ainda o
mencionado pelo §2º, são equiparados a documento público. Para Bittencourt as
cópias reprográficas não são documentos para fins penais.
- Próprio (propriamente dito): aquele que proveio de funcionário público no
exercício das funções, em razão do exercício das funções e atendidas todas as
exigências legais e formais. O documento deve ter relação com a função.
- Equiparação/extensão/assimilação: documentos emitidos por paraestatais
(autarquias). Aqueles tido ao portador, transmissível por endosso em preto (ex.: nota
promissória, letra de câmbio, cheque).
Pela falta de circulação o cartão de crédito ele é considerado documento
particular, sua potencialidade lesiva é menor que a do cheque. Por isso a punição
da falsificação do cheque é maior que a do cartão de crédito (um é público e outro
particular).
Se não enquadrar em nenhuma das duas hipóteses ele será particular ou privado.

 Sujeito ativo: qualquer pessoa. E eventual qualidade ou condição de funcionário


público pode, teoricamente, significar o reconhecimento de causa especial de
aumento de pena.
 Sujeito passivo
Estado e a coletividade em geral, secundariamente, qualquer pessoa que seja
efetivamente lesada.

 Ação física
- Acrescentar dizeres: qualquer alteração de sentido já gera o crime; Alteração
- Trocar números: trocar nem que seja um número já gera a contrafação material
parcial.
- Alterar Foto: Sendo a alteração de documento público verdadeiro uma das duas
condutas típicas do crime de falsificação de documento público, a substituição da
fotografia em documento de identidade dessa natureza caracteriza a alteração
dele, que não cinge apenas ao seu teor escrito, mas que alcança essa modalidade
de modificação que, indiscutivelmente, compromete a materialidade e a
individualização desse documento verdadeiro, até porque a fotografia constitui
parte juridicamente relevante dele.
A substituição de fotografia em documento de identidade, segundo a
jurisprudência, caracteriza o crime de falsificação de documento público, pois
constitui ela parte juridicamente relevante do documento, havendo alteração dos
efeitos jurídicos do mesmo, embora haja decisões em contrário.

 Telegrama
Depende do caso concreto para ser definido como documento particular ou
público. Deve se analisar o conteúdo.
O telegrama, no que tange ao formulário de expedição, é público quando
constitui ato oficial de funcionário público, mas o emitido pela repartição e
entregue ao destinatário não é considerado documento, porque lhe fata a
assinatura do emitente.
Telegrama não precisa de rubrica quando se sabe de onde partiu, quando não
há dúvidas sobre quem o emitiu.
 Perícia
Trata-se de crime que deixa vestígio. Logo, é preciso de prova da materialidade
do fato e é feito através de exame grafotécnico.

 Falsificação Grosseira
Não pode ser considerada apta a produzir o crime. É preciso ter algo muito
simétrico ao original. Logo, não caracteriza o crime pois não há potencialidade
lesiva.
É necessário que o falsum seja suficientemente idôneo para provocar erro em
outrem, senão a conduta será atípica.
Quando não se reconhece o crime de falsificação de documento diante da
conclusão de que a falsificação é grosseira, não possui potencialidade lesiva, pode
caracterizar crime de estelionato, quando o agente, apesar disso, logra a obtenção
de vantagem ilícita.

 Xerox
Se for autenticado é equiparado ao documento. A xerox, propriamente dita,
sem autenticação não é considerado documento e não pode ser objeto material
de falsificação.

 Sistema eletrônico
Por equiparação por lei é considerado documento.

 Falsidade de documento nulo


Para a maioria da doutrina, se o documento é meramente anulável é possível
a falsidade enquanto não for declarada a sua anulação (é passível de
convalidação), mas não pode ser objeto do crime o documento que apresenta
nulidade absoluta.

 Elemento subjetivo
É o dolo representado pela vontade de falsificar ou alterar o documento
público, ciente o agente de que o faz ilicitamente. Pouco importa que haja erro,
supondo o agente que se trata de documento particular.
O dolo deve abranger a nocividade da falsificação, estando o agente ciente
de que do fato poderá haver prejuízo para qualquer pessoa.
A lei não exige dolo específico, como por exemplo a finalidade de prejudicar.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a falsificação ou alteração, independentemente do
uso ou qualquer consequência ulterior. Logo, não é necessária a existência de
prejuízo efetivo, bastando o simples perigo de dano.
Não se consuma o crime se a falsidade não é apta sequer a causar prejuízo
pela falta de relevância jurídica de seu conteúdo.
É possível a tentativa. Por exemplo: no caso de o falsificar ser interrompido antes
de ultimar a contrafação ou alteração.

 Crime praticado por funcionário


No caso de o agente ser funcionário público e cometer o crime prevalecendo-
se do cargo, eleva-se a pena. Não basta ser funcionário público, é exigido que ele
se prevaleça da condição que possui como tal. Ou seja, é necessário que falsifique
documento cuja emissão esteja entre as atribuições do cargo.

 Distinção falsidade material e falsidade ideológica


Na primeira a falsidade se refere à forma e a segunda ao conteúdo do
documento. Na falsidade material existe uma alteração, é forjado ou criado
documento falso no todo ou em parte.

 Uso

 Competência julgamento
Justiça Federal quando for de interesse da União, em regra é a Justiça Estadual;
falsificação de CNH competência da justiça Estadual.

 Falsificação para encobrir:


Se frauda documento para acobertar a prática de um crime anterior. A
doutrina diz que há dois comportamentos dissociados no tempo e espaço e por isso
deve responder por dois crimes. Há dois obj. jurídicos diferentes, duas condutas e
duas infrações penais e deveria somar as penas.
O STJ entende que se falsificar documento para encobrir crime anterior é mero
desdobramento causal da prática do crime anterior. Logo, somente responde pela
prática do crime anterior.
- Furto
- Apropriação
- Peculato

 Falsificação e Estelionato
Falsifica o documento para aplicar fraude.
- Cúmulo material – doutrina majoritária
Entende-se que há duas condutas com dois resultados e objetividade jurídica
distinta. Logo, há a prática de dois crimes e cúmulo de pena. Falsificação +
estelionato

- Cúmulo formal – STF


Entende que deve ser aplicado o concurso formal. Não entra na regra geral
(uma única conduta com dois ou mais resultados), pois há a prática de duas
condutas no caso em questão, mas STF entende que tal o concurso formal deve ser
aplicado.

Absorção do estelionato pelo crime de documento falso: em regra, o crime mais


grave absorve o menos grave.

- Absorção falsificação estelionato – STJ – interpretação que vigora


Para o STJ o estelionato deve absorver a falsificação (mais grave pelo menos
grave). Nesse entendimento, a falsidade não tem o propósito de lesar a fé pública,
mas sim servir de crime-meio para a prática do delito-fim.
FALSIFICAÇÃO

- Público
- Particular

 Falsidade
- Furto
- Peculato
- Apropriação

 Uso posterior
Uso posterior de documento falso pelo próprio agente que o falsificou.
É crime autônomo.
Somente pode punir o uso se não foi o próprio agente que falsificou. O uso é um
desdobramento causal da falsificação
Para cometer tal crime é necessário ter consciência de que o documento é
falso.
Segundo o STJ, somente é crime de uso se for apresentado espontaneamente.
Se alguém o constranger a exibir (ex.: PM) é fato atípico.

 Consumação e tentativa
Está consumado na hipótese de fabricação quando termina a fabricação. Já
na alteração, consuma-se quando termina a alteração.
A tentativa é admissível.

FALSIFICAÇÃO PARTICULAR

A conduta típica não se distingue da prevista na falsificação de documento


público. É a falsificação do documento, no todo ou em parte ou a alteração do
verdadeiro.
A distinção entre os crimes está no objeto material que, para este, é o
documento particular. Por documento particular entende-se o que é feito ou
assinado por particulares, sem interferência de funcionário público no exercício de
suas funções.
Certos documentos particulares são equiparados aos documentos públicos
pelo artigo 298. Por isso, a fórmula para defini-lo se obtém por exclusão: é o
documento não reconhecível, nem mesmo por equiparação como público. Ainda
que emitido por funcionário público, o documento terá caráter particular sempre
que não se enquadre entre os que o funcionário tem por função emitir.
O documento particular não tem forma especial, embora possa apresentar
certas características individualizadoras, não o transforma em público a transcrição,
o registro, o reconhecimento da firma, etc. Esses atos é que são públicos, mas não
alteram o caráter do documento, que continua de natureza particular. Também
não é documento público aquele particular destino à autoridade pública.
Para a existência do crime de falsificação de documento particular, também é
necessário que o documento tenha relevância jurídica, ou seja, não podem ser
objeto do crime os documentos alheios à prova de qualquer direito ou obrigação,
ou sem efetiva ou eventual relevância na órbita jurídica.

 Documento – bilateral?
É possível um documento conter uma manifestação de vontade unilateral e
produzir efeitos contra terceiros.

 Exclusão
Chega ao conceito de documento particular por exclusão. Exceção aos
documentos que o legislador esculpiu como documento particular.

 Forma especial – requisitos para poder caracterizar como documento


- Escrita
- Autor determinado
- Conter manifestação de vontade: aptidão para criar, modificar ou extinguir direitos
- Relevância jurídica
- Potencialidade lesiva de provocar danos a terceiro
- Rubrica: em regra, para provar a procedência/autenticidade. Não é necessária
quando inequivocamente se tem consciência de onde proveio tal documento e
de sua autoria.
Nos que não exigem forma especial, basta que estejam presentes tais
elementos para que se considere documento.

 Falsidade
- Material: o que se falsifica é a materialidade gráfica, visível do documento.
- Ideológica: o que se falsifica é o teor ideativo.
Quando o agente se vale de papel assinado em branco para forjar documento
que não lhe fora confiado para ulterior preenchimento, o que a se reconhecer é o
de falsidade material e não de falsidade ideológica.

 Elemento subjetivo
É a mesma vontade de falsificar ou alterar o documento particular, ciente o
agente de que o faz ilicitamente, criando a possibilidade de dano à esfera jurídica
de outrem.

 Fraude para aquisição de tóxico (drogas são as que constam na portaria da Anvisa)
Entendimento do STJ, falsificar receita (não é documento público nem
particular; falsificação de atestado médico possui lei específica) para aquisição de
tóxico. Se for para posteriormente vender o crime de tráfico absorve o crime de
falsificação de atestado médico.

 Concurso
Mesma coisa que o de documento público.

 Uso – conflito
*ver apostila

FALSIDADE IDEOLÓGICA
Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
fato juridicamente relevante.
A declaração falsa consiste na declaração inverídica e na diversa da que devia
ser escrita, em que ocorre a substituição de uma declaração verdadeira e
substancial por outra também verdadeira, mas inócua ou impertinente ao caso.
Como a falsidade ideológica afeta o documento tão-somente na sua ideação
e não a sua autenticidade ou inalterabilidade, é desnecessária a perícia (mas já foi
decidido em sentido contrário).

 Distinção da falsidade material


Na material o agente imita a verdade, através da contrafação ou alteração,
enquanto na ideológica o documento é perfeito em seus requisitos extrínsecos, em
sua forma, e emana realmente da pessoa que nele figura como seu autor ou
signatário, mas é falso no seu conteúdo, no seu teor, no que diz.
Uma coisa é criar materialmente o documento ou parte dele, outra é declarar
um juízo inverídico em lugar da verdade em documento que, materialmente, é
verdadeiro. Concerna a falsidade ideológica ao conteúdo, e não à forma.
Enquanto na falsidade material o crime é apurado pelo exame do escrito para
se verificar se houve contrafação ou alteração, na ideológica somente pode ser
constatado pela verificação dos fatos a que se refere o documento.

 Ideal, moral, intelectual


*Difere-se da falsidade material, pois nesta o documento é fabricado por inteiro
ou alterado. Nessa se altera o corpo do documento. Na moral o documento é
verdadeiro, emitido por quem deveria emitir e o que é falso é o conteúdo do
documento não o instrumento do documento (insere algo que não deveria constar
ou omitir informação que deveria constar).

 Objetividade jurídica
É a fé pública, não mais no que se refere à autenticidade do documento, mas
à sua veracidade, seu conteúdo.

 Sujeito
- Ativo: qualquer.
Funcionário público pode praticar prevalecendo-se do exercício de seu cargo,
inclusive é causa de majoração de pena.
- Passivo:
Estado
Prejudicado pela falsificação do documento. Não é prejuízo econômico que o
ofendido deve sofrer (caracteriza o estelionato; absorve a falsificação). O prejuízo
deve ser de ordem moral ou pessoal.

 Ação Física
- Omitir:
Nesse caso, o agente silencia, não menciona fato que era obrigado a fazer
constar do documento.
Tem-se entendido que se trata de um crime omissivo puro, ou seja, aquele que
viola um comando imperativo, porém omitir, no caso de falsidade, significa fazer um
documento com declaração incompleta, constituindo-se, portanto, num crime
comissivo.
Não se trata de um crime omisso puro/próprio totalmente, pois há uma série de
declarações (conduta comissiva) e no bojo dessas inúmeras declarações ele está
omitindo uma. Ele é uma omissão ou poucas omissões dentro de várias comissões.
Essa omissão deve ser relevante. Erros materiais não caracterizam omissão
relevante.
Não é possível a tentativa na omissão. Nas outras duas é possível.
É possível retratação

- Inserir
Significa colocar, introduzir, intercalar, incluir, por ato próprio, a declaração
inverídica de modo direto, elaborando o agente o documento. Trata-se de
falsidade imediata.
Aqui a conduta é própria do agente.

- Fazer inserir
Consiste em inserir de modo indireto, em utilizar-se de terceiro para introduzir ou
incluir por sua determinação a declaração falsa ou diversa da que devia constar.
Trata-se de falsidade mediata, da qual será coautor aquele que escreve o
documento se tiver ciência da falsidade.
Na falsidade mediata não é imprescindível a presença do agente no momento
da elaboração do documento, já que a declaração pode ser feita por escrito pelo
agente para que seja inserida nele.
Aqui a conduta é realizada por terceiro (inserção), é realizada por mandato.
Estará cometendo o delito se o terceiro tiver consciência do ato que está
praticando.
A declaração prestada por particulares deve valer, por si mesma, para a
formação do documento, a fim de configurar-se a falsidade imediata. Se o
funcionário público que a recebe está adstrito a averiguar a fidelidade da
declaração, o declarante, ainda quando falte à verdade, não comete ilícito penal.

 Reserva Mental
Trata-se do sujeito nada dizer quando tem o dever jurídico de declarar. É
possível falsidade ideológica por reserva mental.
Segundo o STJ, é preciso demonstrar que aquilo está sendo omitido/fazer ser
inserido/inserido com finalidade de causar prejuízo diverso do econômico (moral ou
pessoal).

 Intenção de causar prejuízo


Para que ocorra o delito de falsidade ideológica, é necessário que o agente
vise prejudicar direito ou criar obrigação ou, ainda, que a alteração seja relativa a
fato juridicamente relevante, entendendo-se como tal a declaração que, isolada
ou em conjunto com outros fatos, tenha significado direto ou indireto para constituir,
fundamentar ou modificar direito, ou relação jurídica pública ou privada.

- Dano patrimonial: estelionato ou tentativa de estelionato

 Declaração
- Em juízo: Sujeito que faz declarações falsas em juízo com a finalidade de acobertar
terceiros. Não caracteriza falsidade ideológico, mas sim falso testemunho.

- Impostos: Se a declaração visar sonegar impostos, o crime é de sonegação fiscal


e não falsidade ideológica.
 Simulação de negócio
A simulação maliciosa substitui, em detrimento de outrem, a verdade real pela
mentira com aparência de verdade e, é, portanto, uma declaração fraudulenta
deformadora da verdade, constituindo-se em falsidade ideológica quando o fato
pode prejudicar terceiros. Mas há discussão, pois parte da doutrina acredita que
não se configura o crime em análise, visto que na simulação as palavras são
genuínas, mas o pensamento que traduzem não é verdadeiro, trata-se de
declaração fraudulenta da vontade e não da verdade, o que descaracterizaria o
crime.
Cônjuge inventa dívida contraída com conhecidos para na separação dar
menos bens para o outro cônjuge. (ex.). Não existe crime contra patrimônio entre
cônjuges (imunidade penal absoluta).
Maioria da doutrina entende ser falsidade ideológica. A interpretação é que se
há uma declaração falsa ou uma omissão de uma declaração em negócio
verdadeiro há falsidade ideológica.

 Declaração Sujeita à Verificação

STJ diz que o documento precisa ter validade por si só, ou seja, documentos que
estão sujeitos à verificação não podem ser objeto de falsidade ideológica.

 Declaração
- Irrelevante: faz uma declaração falsa, porém irrelevante. Se não for capaz de
causar prejuízo e ter a intenção de fazer isso, não caracteriza o crime de falsidade
ideológica.
- Inverossímil: Não tem potencial lesivo, não é capaz de enganar alguém. Não
caracteriza falsidade ideológica.

 Abuso folha em branco


Há duas hipóteses distintas: no caso de o agente ter sido confiado o documento
e no caso do agente se apossar do papel. Na primeira caracteriza falsidade
ideológica e na segunda falsidade material.
Se a folha estiver na posse legítima do agente, para que preencha de acordo
com o entendimento mantido com o signatário, o preenchimento abusivo será
falsidade ideológica, pois insere ele declaração diversa da que deveria ser escrita.
Se o papel foi obtido por meio ilegítimo ou apenas confiado ao agente para
guarda, constituirá falsidade material, pois haverá no caso contrafação total ou
parcial.
Abuso de documento falso em branco. Se partiu de quem deveria ter partido,
mas a declaração falsa é falsidade ideológica.
Se tiver furtado o documento (?)
*O documento para ser público ou privado deve ser analisado quanto a quem
o documento foi obtido

 Elemento subjetivo
O dolo no crime de falsidade ideológica é a vontade de praticar a conduta
típica, ciente o agente de que a declaração é falsa ou diversa da que devia ser
escrita.
É indispensável outro elemento subjetivo do tipo (dolo específico), previsto
expressamente na cláusula “com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou
alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”.
Não há crime quando houver um fim de gracejo ou quando o acusado de um
crime mente para se defender, mas o motivo ainda que altruístico ou nobre não
descaracteriza o ilícito.
O erro, isto é, a falsa representação a respeito do fato objeto da falsidade, exclui
o crime.
Não há previsão da modalidade culposa.
Deve haver dolo e finalidade de causar prejuízo que não seja econômico. *ver
apostila, Mirabete diz que não
Há necessidade de saber se o documento é sujeito ou não à verificação, pois
descaracteriza o crime.

 Precisa causar efetivo prejuízo?


Não precisa causar prejuízo efetivo, mas é necessário demonstrar a intenção e
a de causar dano.

 Consumação e tentativa
Consuma-se com a omissão ou a inserção direta ou indireta da declaração
falsa ou diversa da que devia constar.
Trata-se de crime formal, que não exige o prejuízo efetivo; basta a possibilidade
de dano.
A tentativa é possível na forma comissiva de fazer inserir declaração, pois na de
inserir o agente pode declarar a verdade até o encerramento do documento.
Não precisa causar prejuízo para consumar, basta praticar o verbo núcleo do
tipo. Consuma-se a forma omitir apenas quando terminar a elaboração do
documento, quando ele for irretratável.
Inserção:
- Declaração
- Retratação
- Final

 Distinção
Em relação ao documento público, nem sempre o falso ideológico se classifica
no art. 299. Pode ocorrer a falsidade de atestado ou certidão (301), por exemplo..

 Falsidade para acobertar crime


Se o autor da falsidade ideológica é o usuário do documento falso, responde
ele somente pelo primeiro crime. Nos demais casos, o crime-fim absorve o anterior.
Se omitir/inserir/fazer inserir para acobertar um crime há responsabilidade por
dois crimes, porém entendimento do STJ é que o crime que está sendo acobertado
absorva a falsificação. (obj jur. Diversas, contextos causais diversos...). Estelionato
absorve crime de falsificação. (é o entendimento que vigora no ordenamento).
No caso de crime de sonegação fiscal, a falsidade ideológica, como meio para
a execução daquele delito, é absorvida por este, entendendo-se na jurisprudência
haver no caso a aplicação do princípio da especialidade.

*Ler no caso do estelionato


CERTIDÃO OU ATESTADO FALSO

 Atestar ou certificar
Atestar ou certificar, no exercício da função pública, fato ou circunstância para
obtenção
É falsidade ideológica (o conteúdo é falso).
Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou
circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem.
É uma espécie de falsidade ideológica.
A declaração/atestado de falsa prestação de trabalho do preso para instrução
de pedido de remição de penas não constitui o crime do 301, mas sim o de
falsidade ideológica, por força do disposto na LEP.

 Objetividade Jurídica
É a fé pública referente à autenticidade de atestado ou certidão que possa
proporcionar a alguém os fins previstos no artigo.

 Objeto material
É o atestado ou certidão

 Sujeito ativo
É crime próprio do funcionário público, não podendo ser cometido por
particular (exceto quando este concorre para o crime, aí a elementar se
comunica). Só aquele pode atestar ou certificar, em razão da função pública,
qualquer fato ou circunstância.
Ao contrário do que ocorre com o disposto no art. 300, exige-se que o sujeito
ativo pratique o fato quando executa ato de ofício, não bastando estar ele no
exercício da função pública.
Tratando-se da expedição por particular de atestado ou certidão (que na
verdade é apenas uma declaração), contendo afirmação falsa, configurar-se-á o
crime de falsidade ideológica.
 Sujeito passivo
É o Estado, titular da fé pública, inerente aos documentos públicos ou
particulares.

 Tipo objetivo
Atestar é afirmar ou provar algo em caráter oficial.
Certificar é afirmar, convencer da verdade ou da certeza de algo, também
com caráter público.
É necessário que se trate de atestado ou certidão originários do funcionário
público, pois a reprodução fraudulenta de certificado ou atestado emitido por
funcionário público configura o crime previsto no parágrafo §1º.
A lei se refere a fato ou circunstância, assim, é desnecessário que a falsidade
seja integral; basta que haja diversidade sobre qualquer particularidade do fato
com aquilo que é atestado ou certificado para que se caracterize o delito.
O fato ou circunstância que se atesta ou certifica deve ser inerente ou atinente
à pessoa a quem se destina o atestado ou certidão. Ainda, é indispensável que seja
idôneo e habilite a pessoa interessada a obter cargo público, isenção de ônus ou
de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem. Não haverá, pois, o
conteúdo material do delito, se o fato ou circunstância a que se refere o documento
não constituir condição, pressuposto ou requisito da vantagem pretendida.
A referência a “qualquer outra vantagem”, segundo Mirabete, refere-se a outra
vantagem também de caráter público. *ver apostila
Teotônio disse que vantagem não pode ser patrimonial apenas, pois caracteriza
estelionato.

 Tipo subjetivo
Consiste no dolo representado pela vontade de atestar ou certificar fatos ou
circunstâncias de que tem o agente ciência que não são verídicos. Para que o ato
cometido pelo funcionário se torne típico, é necessário que certifique ou ateste
como verdadeiro fato ou circunstância em tais condições e disso tenha ciência.
Não é necessário que o falsário tenha conhecimento da finalidade do
documento. Contudo, é necessário o agente saber que o fato ou circunstância
falsamente atestado habilita o favorecido à obtenção da vantagem a que se
refere a lei, já que se trata de elemento do tipo que deve estar abrangido pelo dolo.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando o agente encerra o atestado ou certidão, não
sendo necessária a sua entrega ao destinatário. É irrelevante que o documento
chegue a alcançar o objetivo preconcebido.
É suficiente à tipificação do crime tratar-se de documento apto ou hábil à
finalidade de sua destinação.
*ver apostila.
Tentativa: igual de falsidade ideológica.

 301, §1º falsidade atestado – falsidade material de atestado ou certidão


Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor da
certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que
habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter
público, ou qualquer outra vantagem.
Refere-se o dispositivo a um tipo de falsidade material, total ou parcial, que
pode ser praticado por qualquer pessoa e cujas condutas típicas são idênticas às
previstas no art. 297. É necessário, portanto, que a falsa declaração tenha
idoneidade, seja constituída de um ato capaz de produzir efeitos jurídicos, no caso
especificados no próprio tipo.
Na jurisprudência, a interpretação quanto à expressão “qualquer vantagem”
não tem se restringido apenas às de caráter público *ver apostila tbm; acima escrevi
o contrário.
Da expressão “alguém”, utilizada no dispositivo, não está excluído o próprio
falsificador.
Dolo desse dispositivo é o de falsificar, contrafazendo ou alterando a certidão
ou atestado que possa servir de prova de fato ou circunstância.
Consumação e tentativa: mesma coisa que o art. 297.
Se o atestado for materialmente falso aplica-se o parágrafo primeiro.
 Fim de lucro – forma qualificada
Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa
de liberdade, a de multa.
A aplicação da pena pecuniária exige um especial fim de agir (dolo
específico), que é o fim de lucro.
Previsto no caso do atestado materialmente falso. É inaplicável, pois se tiver
finalidade lucrativa caracteriza estelionato. *ver apostila

É crime próprio, subsidiário, especial;

Se for para sonegar impostos caracteriza crime de sonegação de impostos.

ART. 302 – Dano médico – Falsidade de atestado médio

“Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso”.


É um modalidade especial da falsidade ideológica.

 Objetividade Jurídica
É a fé pública inerente ao atestado médico, documento de conteúdo científico
que interessa não apenas ao particular, mas também ao Estado.

 Sujeitos do delito
O sujeito ativo do crime é o médico. Trata-se de crime próprio, que exige no
agente essa condição pessoal, embora não seja impossível a participação
criminosa de qualquer pessoa, pois a elementar do tipo se comunica aos que
concorrem com este.
Dentistas/veterinários/demais profissionais ligados à atividade sanitária
cometem o crime de falsidade ideológica e não o do 302.
O sujeito passivo é o Estado e, secundariamente, aquele que vem a sofrer dano
pela utilização do atestado falso.

 Tipo objetivo
O delito em analisa constitui-se em falsidade ideológica ao afirmar o agente,
por escrito, o que não é verdadeiro ou negar o que realmente existe.
Deve a falsidade (total ou parcial) se referir ao exercício da profissão médica, a
fato que o atestado se destina a provar e relacionado com a referida profissão.
A atestação de óbito sem exame do cadáver, configura, em tese, o delito do
artigo 302.
Não há crime quando a falsidade se relaciona com circunstâncias secundárias
ou acidentais, juridicamente irrelevantes. Por exemplo, se no atestado menciona-se
que as visitas médicas foram realizadas em casa do doente, quando o faram na
residência de seu irmão.
O falso deve versar um fato e não um juízo, uma convicção. Por exemplo, se um
médico atesta que a gripe de seu paciente o impede de comparecer ao pretório,
ainda que tal impossibilidade não seja real, pelo caráter brando da doença, não
há falsidade, visto que a atestação exprime uma opinião, enquanto o fato – a gripe
– é verdadeiro.

 Tipo subjetivo
É o dolo representado pela vontade de fornecer atestado falso, exigindo-se a
ciência por parte do agente de que o teor do documento não corresponde à
verdade.

Basta o dolo eventual, que poderá ser reconhecido quando o agente está em
estado de dúvida e atesta o fato como certo, bem como quando atesta a
moléstia sem sequer examinar o paciente, pois assumiu o risco de afirmar o que
não existe ou negar o que é uma realidade.

É possível o erro excludente do dolo, como no diagnóstico equivocado, por


exemplo. Não se pune a conduta simplesmente culposa.

É irrelevante a finalidade do atestado ou motivo determinante da conduta.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com o fornecimento, a entrega do atestado
ideologicamente falso, já que a conduta típica é “dar”, mas não se exige
qualquer resultado lesivo.
É possível a tentativa (crime plurissubsistente) quando o atestado já elaborado
não chega às mãos do destinatário por circunstâncias alheias à vontade do
agente.

 Forma qualificada
Consiste na presença do elemento subjetivo especial do tipo (dolo específico)
que é a finalidade de vantagem pecuniária. Aí se aplica também a pena de multa.

 Distinção
Quando o médico é funcionário público e pratica o delito abusando da sua
função, ocorre o crime previsto no 301, e, se, pelo atestado, solicita ou recebe
vantagem indevida, o de corrupção passiva.
Pode o médico responder como coautor pelo crime que vier a ser praticado
com o atestado falso, se lhe conhecia a destinação.
O uso do atestado falso constitui o crime do art. 304, mas não responderá o
médico em concurso com este delito que é post factum impunível.

 Exercício função
Função de medicina.

 Atestado falso

 Próprio/subsidiário/especial

É crime próprio, pois somente pode ser sujeito ativo o médico (nada impede a
participação de terceiros).
É crime especial. Logo, prevalece sobre a regra o especial (art. 299).

ART. 303 – Reprodução ou alteração selo ou sinal


“Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica de valor para coleção, salvo
quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no
verso do selo ou peça”.
Também é falsidade material. Previsão é extravagante.
 Objetividade jurídica
É a fé pública, a confiança que deve existir entre colecionadores de selos.

 Sujeitos do delito
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo é o Estado, diante
da fé pública, e também a pessoa que sofre eventual prejuízo pelo fato.

 Tipo objetivo
Reproduzir é contrafazer, fazer, copiar, produzir, criar um selo ou peça igual ou
semelhante ao original.
Alterar é modificar, mudar, contrafazer parcialmente (na cor, na data, no
picote etc.), dando ao selo ou peça genuínas características diversas da original
para fingir ser de maior valor.
São objetos materiais do crime o selo e a peça filatélica. O selo é a estampilha
adesiva ou fixa, já utilizada, correspondente à franquia postal. A peça filatélica
consiste em objetos que se destinam exclusivamente à coleção ou só tem valia para
tal fim. T
A tipicidade está excluída quando a reprodução ou alteração está visivelmente
anotada na face ou no verso do selo ou peça.

 Tipo subjetivo
Consiste no dolo representado pela vontade de falsificar, ou seja, de reproduzir
ou alterar o selo postal ou a peça filatélica, tendo o agente a ciência de que se
trata de papel ou objeto de valor para coleção.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando a reprodução ou alteração está concluída, ainda
que o selo ou peça fique na posse do agente.
Trata-se de crime formal que se configura independentemente de venda,
entrega, etc.
A tentativa é possível e ocorre, por exemplo, quando o falsário é surpreendido
após o início da execução e antes de sua conclusão.

 Uso de selo ou peça filatélica


O art. 39, § único da Lei nº 6.538 que substituiu o parágrafo do art. 303 do CP,
prevê o uso do selo ou peça filatélica.
A conduta típica é usar o produto contrafeito para fim de comércio (venda,
troca, etc). A simples posse ou guarda do produto sem essa finalidade, por parte de
quem não é responsável pela falsificação, não constitui crime.
O selo ou peça falsificados, quando realizadas venda ou troca com fraude, são
meios para a prática de estelionato. O ilícito, porém, não é absorvido, podendo
ocorrer concurso material com a falsificação, ou formal, com o uso.

ART. 305
Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo
alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor.

 Objetividade jurídica
Fé pública.

 Sujeitos do delito
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não se excluindo o proprietário do
documento diante da referência no tipo penal a documento de que o agente não
podia dispor.
Sujeito passivo é o Estado e, secundariamente, aquele a quem o fato
eventualmente causar prejuízo.

 Tipo objetivo
Destruir é eliminar, desfazer, arruinar o documento. Consiste em toda a ação
que recai sobre a coisa de modo que a faça perder a essência ou forma primitivas,
atentando contra a sua existência, por diversos modos. Abrange a destruição
parcial quando atinge o documento em parte juridicamente relevante.
Suprimir significa fazer desaparecer o documento sem que o fato implique em
destruição ou ocultação. O agente o torna ilegível, risca, deteriora o documento.
Ocultar é esconder ou tirar da disponibilidade de outrem o documento, colocá-
lo em local onde não possa ser encontrado ou reconhecido. É indiferente que o
agente se haja apoderado do documento ilicitamente (subtração), ou que lhe haja
sido confiado, ou que, embora lhe pertencendo, dele não podia dispor
arbitrariamente. Há ocultação quando o agente sonega o documento que tinha o
dever jurídico de apresentar.
Praticando o agente duas condutas (suprimir e depois destruir, p. ex.) há apenas
um crime.
O objeto material do crime é o documento público ou o documento particular
verdadeiro.
Não ocorre o ilícito quando se tratar de documentos que sejam traslados,
certidões ou cópias, de originais constantes de livros notariais ou de arquivos de
repartição público, pois, em tal caso, com a facilidade de obtenção desses mesmos
documentos, não está conculcada a prova do fato ou relação jurídica de que se
trate. O mesmo tem sido entendido quanto à duplicata quando ainda sem aceite
ou qualquer outro ato praticado por terceiro (pode-se emitir a triplicata).
Quando a ação incidir sobre documento substituível ou falso, pode configurar-
se outro crime.
Há casos em que se exige como prova do ilícito exame pericial.

 Tipo subjetivo
É o dolo representado pela vontade de praticar uma das condutas
incriminadas, sendo indispensável o elemento subjetivo do tipo (dolo específico),
compreendido nas expressões “em benefício próprio ou de outrem” ou “em prejuízo
alheio”.
Sem a finalidade de conculcação da relação jurídica, não se configura o crime.
Exige-se, portanto, que o agente pratique a conduta com o objetivo de afetar
uma relação jurídica.
Não distingue a lei qualquer espécie de benefício ou prejuízo, que poderá ser
de natureza econômica ou moral. É irrelevante, porém, a ocorrência do fim
desejado.
 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a destruição, a ocultação ou a supressão do
documento verdadeiro, não se exigindo a ocorrência do fim visado.
É possível a tentativa. Quanto à destruição e supressão parcial, quando apenas
partes do documento são afetadas pela ação delituosa, o crime será havido por
simplesmente tentado se as partes faltantes ou obscurecidas não impedem a
compreensão suficiente do documento, e, portanto, a realização dos seus fins
específicos (prova de fato juridicamente relevante); Dar-se-á por consumado
quando a impossibilidade da realização dos seus fins específicos se verifique se
verifique, pois, então, é irreparável o dano.

 Distinção
Os crimes de furto, apropriação indébita e dano que tenham como objeto o
documento são absorvidos pelo delito do 305 quando se visa fazer desaparecer a
prova de um fato juridicamente relevante.
Prevalecem aqueles delitos, porém, quando o agente procede com animus
furandi ou nocendi visando a peça documental como valor patrimonial in se.
O dolo peculiar do crime de supressão de documento e a qualidade do agente
distinguem esse crime de outros semelhantes (312, 314, 337, 356).
A supressão de documentos tendo por fim a sonegação fiscal, fica absorvida
por este ilícito.

- Supressão

- Destruição Documento Público ou part.

- Ocultação

 Benefício próprio ou alheio


ART. 304 – Fazer uso papéis ou documentos falso

“Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os


artigos 297 a 302”.

STJ: se o uso for forçado não é crime. Se o agente é compelido a mostrar o


documento não é crime (ex.: mostrar cnh para PM na blitz). Somente se caracteriza
o delito se o documento/papel é exibido/usado voluntariamente.

Aqui não se trata de contrafação, mas sim do uso.

 Objetividade jurídica
Fé pública.

 Sujeitos do delito
Sujeito ativo qualquer pessoa.
Sujeito passivo é o Estado e também a pessoa que sofra eventual prejuízo.

 Tipo objetivo
Fazer uso significa utilizar o documento material ou ideologicamente falso como
se fosse autêntico ou verídico.
É o emprego ou tentativa de emprego de tal documento como atestado ou
meio probatório do fato juridicamente relevante a que se refere.
É indispensável que seja empregado o documento falso em sua específica
destinação probatória.
Também é indispensável para a caracterização do delito o uso efetivo, não
sendo de considerar tal a exibição com o fim de vangloriar-se, por ostentação, etc.,
quando não há possibilidade de prejuízo ou dano.
Não caracteriza o crime se o portador for solicitado pela autoridade e não
exibido espontaneamente; se o agente apenas traz consigo o objeto.
Objetos materiais do delito são os documentos falsos referidos nos artigos 297 a
302 e, assim, o uso de documento ideologicamente falso configura o ilícito quando
o agente conhecia-lhe o falso conteúdo.
Não se configura o crime quando o documento falso não é apto para enganar
o homem médio ou se é juridicamente inócuo, Ainda, não se configura o delito
quando o documento é cópia xero não autenticada.
É necessário o exame pericial, pois se trata de crime que deixa vestígios, exceto
quando não há inequívoca certeza da falsidade.

 Tipo subjetivo
É o dolo representado pela vontade de usar o documento falso. É indispensável
que o agente tenha ciência da falsidade.
A dúvida do agente quanto à autenticidade do documento, integra o dolo
eventual, configurando o seu uso o crime em análise.
O erro, ou seja, a boa-fé do usuário, exclui o dolo e, portanto, o crime.

 Consumação ou tentativa
Consuma-se o crime no instante em que o documento falso entra no âmbito da
pessoa iludida, desde que possa ser o fato considerado como uso, com o primeiro
ato de utilização, ainda que não haja proveito para o agente ou prejuízo efetivo
para a vítima.
Não é admissível a tentativa de uso de documento falso. Para a doutrina e
jurisprudência a tentativa de uso já caracteriza o uso efetivo.

 Concurso
Não ocorre concurso de crimes de falsificação e uso no caso de o agente
falsificar o documento e posteriormente o usar. Nesse caso, responderá pelo crime
de falsificação, sendo a utilização do documento fato posterior impunível,
exaurimento do primeiro delito.
O delito de uso de documento falso é absorvido quando é o meio fraudulento
empregado para o crime de sonegação fiscal.
*discussão sobre concurso entre o uso do documento falso e estelionato igual
falsidade de documento público (é absorvido pelo crime de estelionato).
Crime remetido; acessório
É crime acessório, pois ele não existe sem um crime anterior. Indispensável uma
falsificação anterior. Não é necessário provar a autoria da falsificação anterior.
É crime remetido, ou seja, faz alusão a todos os crimes anteriores. Não há pena
especificada, a pena é aquela cominada na falsificação (depende de cada tipo
de falsificação). A pena é mutável e pode gerar desproporcionalidades.
Não pode ser autor do uso o agente que praticou a falsificação.
Se o documento/papel estiver com uma fotografia

FALSA IDENTIDADE (307)

Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em


proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem.
Não se aplica esse delito pela apresentação do documento de documento de
identidade (se for falso caracteriza 304 e se for verdadeiro 308).

Se se tratar de documento sujeito à verificação não caracteriza contrafação


(?). As declarações sujeitas à verificação não caracterizam falsa identidade (?) –
ex.: preso

 Objetividade jurídica
Fé pública no que se refere à identidade das pessoas, nas suas relações jurídicas
ou privadas.
 Sujeitos do delito
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que se atribua ou atribua a outrem uma
falsa identidade.
Sujeito passivo é o Estado e, secundariamente, a(s) pessoa(s) que
eventualmente sofra prejuízo em decorrência da conduta.

 Tipo objetivo
As condutas típicas são atribuir-se e atribuir a outrem a falsa identidade.
A falsa identidade pode consistir tanto em fazer-se passar ou a terceiro por outra
pessoa realmente existente, quanto atribuir-se identidade imaginária.
A identidade é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa:
nome, idade, estado, sexo, impressões digitais, etc. Por essa razão entende-se na
doutrina que comete o delito quem se atribui ou atribui a terceiro falso estado civil
(filiação, idade, matrimônio, nacionalidade, etc.) ou condição social (profissão ou
qualidade individual).
Pratica o crime, assim, não só aquele que se utiliza de patronímico ou prenome
falsos, como os que, indevidamente, se dizem funcionários, militares, sacerdotes,
brasileiros, etc. Porém, tal posição não é pacífica, afirmando-se que quem alega
um estado civil diverso ou qualidade que não tem, não cometerá o questionado
delito, se não se incultar como pessoa diversa ou não atribuir a outrem falsa
personalidade. É esse o entendimento prevalente na jurisprudência, podendo o fato
constituir, conforme o caso, infrações previstas na Lei de Contravenções Penais.
Até o empréstimo de CNH, documento comprobatório da qualidade de
motorista habilitado, à pessoa não habilitada foi considerado crime de falsa
identidade para os fins do art. 308. – não é a posição majoritária.
Mirabete concorda com a primeira posição, a minoritária.
Não ocorrerá o delito se o agente limitar-se à dissimulação ou ocultação da
própria identidade sem substituir-se a outra pessoa, e sem atribuir-se falso nome ou
qualidade que a lei atribuir efeito jurídico para a prova de identidade. – É o
entendimento
Prevendo a lei a atribuição de falsa identidade, não comete também o crime
quem apenas silencia sobre a errônea identidade que lhe é imputada.
Não há falsa identidade na apresentação da pessoa pelo nome com que
habitualmente é conhecida (nome artístico, p. ex.) por não estar ela se fazendo
passar por outra.
É indispensável para a caracterização do crime que a falsa atribuição seja
praticada para que o agente obtenha vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou
para causar dano a outrem. É preciso que o fato seja ou possa vir a ser juridicamente
relevante porque, se dele não resultar, nem puder resultar efeito jurídico, será, do
ponto de vista penal, inócuo (isso no casa de dano).
Não distingue a lei a espécie de vantagem, que poderá ser de caráter
patrimonial, social, moral, etc. Decidiu-se pela existência do crime nos casos em que
o agente se apresentou em a exame de habilitação de moto em lugar do pai, p ex.
Não ocorre o crime de fala identidade se a vantagem não era ilícita ou
indevida.
É indispensável que o meio utilizado pelo agente seja idôneo a confundir, não
caracterizando o crime a falsidade grosseira.
Discute-se a existência ou não do delito em pauta nos casos em que o acusado
se inculca falsa identidade perante a autoridade, ao ser interrogado. Entende-se
não ocorrer o ilícito, pois o acusado não tem o dever de dizer a verdade.
Também já se tem defendido a tese de não existir o delito em questão quando
inexiste uma vantagem a ser obtida. > Se for para causar dano para outrem
caracteriza.

 Tipo subjetivo

 Atribuir-se ou 3º
 Falsa identidade
 Calar sobre falsidade

ART. 308 – Usar como próprio documento alheio

Esses três últimos crimes se diferem dos outros anteriores pelo fato de que quem
fabrica/altera documento não pode ser sujeito ativo de qualquer um desses três
últimos crimes.

 Número clausus
Descreve os tipos de documentos usados que podem caracterizar esse delito.
Os que não forem previstos e forem usados na forma descrita (usar doc. Alheio
como próprio) é fato atípico
Legislador deixou expresso qualquer outro tipo de identidade. Os demais
documentos alheios que não forem identidades que forem usados como próprio
não caracteriza o fato típico.
É preciso o uso efetivo para caracterizar o delito (não basta guardar, portar –
fatos atípicos): apresentação voluntária.
 Subsidiário

CRIMES FUNCIONAIS

São denominados crimes funcionais, pois são praticados pelas pessoas físicas
que prestam serviço em nome do Estado.
Os crimes funcionais próprios/puros são aqueles que têm como elemento
essencial a função pública, indispensável para que o fato constitua infração penal.
Sem ela a conduta seria penalmente irrelevante. Ex.: concussão, excesso de
exação, prevaricação, corrupção passiva, etc.
Os crimes funcionais impróprios/impuros são os que se destacam apenas por ser
o sujeito ativo funcionário público. Se o agente não estivesse revestido dessa
qualidade o crime seria outro. Ex.: peculato.
Tratando-se de crime funcional, não incide a agravante relativa à violação de
dever funcional (não se agrava a pena quando a circunstância constitui elementar
do crime).

 Conceito de funcionário público


Todas as pessoas físicas incumbidas defitiva ou transitoriamente, do exercício de
alguma função estatal (com ou sem remuneração);
Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em
entidade paraestatal (emp. Pub.; sociedade economia mista; fundações; serviços
autônomos) e quem trabalha em empresa prestadora de serviço contratada ou
conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
 Proteção atividades
Protege as atividades administrativas. Não se protege o funcionário público,
mas sim as atividades públicas, funcionais.

 Simétrica IMPROBIDADE
Guardam correlação de simetria com a Lei de Improbidade Administrativa. Tem
paridade.
Pode ter crime sem improbidade e tem improbidade sem crime.
Para caracterizar improbidade é necessário apenas a prática de uma
ilegalidade, nem tudo que é improbidade é crime.

 Reparação/progressão
Tratando-se de crime contra a Adm. Pública que cause prejuízo ao erário é
necessário para progressão o ressarcimento do prejuízo, salvo quando impossível
fazê-lo.

 Espécies
- Func. Contra Administração
O conceito de funcionário pub. para o direito administrativo, civil e penal são
diferentes. O conceito de funcionário público para o direito penal é muito mais
abrangente do que para os demais direitos.
Administrativo: aquele que exerce cargo criado por lei, nominado pela lei, em
que teve provimento nesse cargo mediante concurso público de provas e títulos e
deu início à prática dos atos funcionais inerentes ao seu cargo
Civil: Todo aquele que recebe remuneração pelo Poder Público
Penal: Todo aquele que, mesmo que transitoriamente e sem qualquer espécie de
remuneração, exerça função/cargo/emprego público; basta que exerça uma
função independente de existir lei que a criou. Ex.: jurado (do júri) durante a
convocação até o final do plenário é funcionário público – pelo prisma do direito
penal apenas.

- Particular contra Administração em geral


- Particular contra Administração Estrangeira

- Adm. Justiça

- Finanças públicas

 Func.
- Administração
- Civil

- Penal Nacional: citado acima (327).

Estrangeiro: 337-D: para funcionário público estrangeiro não tem


equiparação. É aquele que, mesmo que transitoriamente e sem remuneração,
esteja no país representando uma empresa estrangeira ou governo nacional
estrangeiro.

- Equiparação: aquele que trabalha em atividades paraestatais e aquele que


trabalha por contrato ou convênio com o Poder Público (327, §2º).

 Elemento normativo
O conceito de funcionário público é elemento normativo do tipo. É preciso fazer
um juízo ético/moral fora da norma para definir.
 Parecer Tribunal de Contas
Não está vinculado a parecer do Tribunal de Contas para...

PECULATO (312)
Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo
em proveito próprio ou alheio.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se e facilidade que lhe proporciona a qualidade
de funcionário.
Peculato culposo
§2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem...
§3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
pena imposta.

O bem jurídico tutelado é a Administração Pública, no que concerne à


preservação do patrimônio público e do interesse patrimonial do estado, bem
como à fidelidade e probidade dos agentes do poder público. O que se pretende
é garantir o bom funcionamento da Administração, bem como o dever de o
funcionário conduzir-se com lealdade e probidade no exercício de suas atividades
e em relação ao patrimônio público. Secundariamente, visa a proteção do
patrimônio mobiliário do Poder Público.

I- Patrimônio público (diretamente) e particular (indiretamente)


II- Probidade administrativa
III- Fidelidade do agente para o cargo por ele ocupado

 Etimologia
Vem de “pecus” que significa gado.

 Tutela: patrimônio público sob o prisma da:


- Fidelidade
- Probidade
 Suj. ativo: func./particular.
É o funcionário público ou aquele expressamente equiparado a este para fins
penais. Trata-se de crime próprio. Porém, a condição especial de “funcionário
público” elementar do crime de peculato se comunica ao particular que
eventualmente concorra, como coautor ou partícipe, para a prática do crime (art.
30).
Assim, é necessário que pelo menos um dos autores reúna tal condição
especial, podendo os demais não possuir essa qualidade. Contudo, é indispensável
que o particular tenha consciência da qualidade especial do funcionário público,
sob pena de não responder pelo crime em análise. Desconhecendo essa condição,
o dolo do particular não abrange todos os elementos constitutivos do tipo,
configurando-se o erro de tipo, que afasta a tipicidade da conduta. Logo,
responderá por crime distinto.

 Suj. passivo: Adm púb; pode ser o particular tbm (ex.: func. Que pega carro no pátio
da Transerp (estava no poder do Estado, então atinge o Estado e diretamente
atinge o proprietário do imóvel – particular).
É o Estado e as demais entidades de direito público. Se o bem particular for de
bem móvel for particular, o proprietário ou possuidor desse bem também será sujeito
passivo.
 Concurso de pessoas: a condição de funcionário público é elementar do peculato,
razão pela qual comunica-se a todos aqueles que tenham concorrido de qualquer
modo para o crime, mesmo em se tratando de pessoas alheias aos quadros
públicos.
 Pressuposto do crime de peculato
O pressuposto do crime de peculato, em relação às duas modalidades previstas
no caput, é a anterior posse lícita e legítima da coisa móvel pública que o
funcionário público se apropria indevidamente.
A posse, que deve ser preexistente ao crime, deve ser exercida pelo agente em
nome alheio, ou seja, em nome do Poder Público, já que a ausência da posse altera
a tipicidade da conduta, podendo caracterizar o peculato-furto (§1º) ou,
residualmente, o crime de furto.
Essa posse deve ser entendida em sentido amplo, abrangendo a simples
detenção e até o poder de disposição da coisa. O poder de disposição não é
apenas material, abrange a disposição jurídica (não dispõe fisicamente do bem,
mas pode exercê-la por meio de ordens, requisições ou mandados).
Além da existência da posse, por si só, é insuficiente. É necessário que ela
advenha de cargo exercido pelo funcionário público.
A confiança depositada no funcionário público que recebe a coisa, objeto
material do crime, é proveniente de imposição legal, em razão do cargo exercido
pelo agente. A entrega do bem deve ser feita em decorrência de sua competência
ou atribuição funcional, circunscrevendo-se o ato às atribuições inerentes ao cargo
que ocupa. Assim, se alguém confiar a um funcionário público, determinado bem
que não diz respeito à sua competência/atribuição do cargo que exerce, se este
se apropriar, não cometerá peculato, mas sim apropriação indébita. – Não existe a
violação do dever de ofício incriminada no peculato.

 Peculato:
- Próprio: Apropriação indébita praticada por funcionário público; faz da
c coisa sua ou de terceiro.

Desvio praticado por func. Pub. para fora da administração. Se


desvia para dentro da própria adm. não há que se falar em peculato próprio desvio,
é outro delito (há emprego irregular de verbas/rendas públicas).

Próprio: É necessário ter a posse, senão configura o peculato impróprio.

- Impróprio: Furto cometido por funcionário público (subtração); Pode ser


cometido quando se vale da atividade pública/do exercício da função para
subtrair patrimônio (do Poder Público ou de terceiro). Nesse não há a
posse/detenção do objeto material. Se praticar o crime que teve conhecimento no
exercício da função, mas cometeu fora dela não caracteriza o crime.
Estelionato:
Culposo:
 Próprio
É o previsto no caput. Consiste no apossamento ou desvio, por parte de
funcionário público, de coisa móvel pública ou particular, de que tem a posse em
razão de cargo, em proveito próprio ou alheio. Ou seja, é o fato do funcionário
público que, tendo, em razão do cargo, a posse de coisa móvel pertencente à
administração pública ou sob a guarda desta, dela se apropria, ou a distrai em seu
destino, em proveito próprio ou de outrem; no próprio há a posse do objeto.
- Peculato-apropriação
- Peculato-desvio (2ª parte caput): o verbo núcleo desviar tem o sentido de alterar
o destino natural do objeto material ou dar-lhe outro encaminhamento. Nesse caso,
o funcionário público dá ao objeto material aplicação diversa da que lhe foi
determinada, em benefício próprio ou de outrem.
Nessa figura não há o propósito de apropriar-se, podendo ser caracterizado o
desvio proibido pelo tipo com o simples uso irregular da coisa pública. Ao invés do
destino certo e determinado do bem de que tem a posse, o agente lhe dá outro,
no interesse próprio ou de terceiro. No entanto, para que se complete essa conduta
é indispensável a presença do elemento subjetivo especial do tipo, ou seja, que se
faça o desvio em proveito próprio ou alheio.
Se o desvio se operar em benefício (dentro) da própria Administração não
haverá peculato, mas desvio de verba.
O crime, nessa modalidade, se consuma com a efetivação do desvio,
independentemente da real obtenção de proveito para si ou para outrem.
A posse não pode estar viciada de violência, fraude ou erro: se ela decorre de
violência, haverá concussão; se foi obtida mediante fraude ou engano, pode
caracterizar, concussão ou estelionato, dependendo das demais circunstâncias. Se
a posse provier de erro de outrem, o crime será o do 313.

 Impróprio
- Peculato-furto: nesse caso, o funcionário público não tem a posse do objeto
material e o subtrai, ou concorre para que outro o subtraía em proveito próprio ou
alheio, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Essa facilidade significa qualquer circunstância de fato que propicia à prática
do crime, notadamente o fácil ingresso à repartição ou local onde se achava a
coisa subtraída.
Para que se aperfeiçoe o crime, é preciso que haja um compromisso sério na
utilização da coisa, senão será configurado o peculato de uso que consiste no uso
momentâneo do objeto material do peculato, o qual se encontra na posse do
funcionário em razão do cargo, sem animus domini, e que é devolvido intacto após
sua utilização. Tal conduta não configura crime. Contudo, se o uso for de veículos
ou outros objetos em que se verifique o consumo de gasolina ou de outro material,
poder-se-á configurar o peculato em relação a tais materiais.

 Presidentes/prefeitos não cometem peculato, há lei especial que regulamenta a


conduta praticada por eles.
 Particular pode praticar o próprio crime de peculato (de funcionários contra a
adm.), pois o elemento funcionário público é elementar do tipo e se comunica no
concurso. Porém, o particular sozinho jamais pratica tais crimes sozinho.

 Objeto Material
Pode pertencer à Administração Pública ou a particular, desde que se encontre
na posse ou tenha sido entregue ao agente em razão do seu cargo.
- Dinheiro se difere de valor; é moeda; há dinheiro que não é considerado moeda
(quando não é de curso legal). Mesmo que seja devolvido posteriormente, não
descaracteriza o delito, segundo Bittencourt.
- Valor é todo aquele título que pode ser convertido em dinheiro.
- Qualquer bem móvel

 Tipo subjetivo
É o dolo, constituído pela vontade de transformar a posse em domínio da coisa
móvel pertencente ao Estado, de quem tem posse em nome do próprio Estado em
razão de cargo por ele exercido. Ou então pelo dolo de desviá-la de sua finalidade
por esse mesmo agente e nessas mesmas circunstâncias (posse em razão do cargo;
também há transformação da posse em domínio). – exceto culposo
Também é indispensável a presença do elemento subjetivo especial do tipo que
é representado pelo especial fim de agir (em proveito próprio ou alheio) – em todas
as modalidades deve estar presente, exceto no culposo.
 Consumação e tentativa
Para consumar o crime de peculato não é necessário que cause um prejuízo ao
erário.
A consumação se dá com a efetiva apropriação, desvio ou subtração do
objeto material, ou seja, quando o funcionário público torna seu o patrimônio do
qual detém a posse, ou desvia em proveito próprio ou de terceiro, sendo irrelevante
o prejuízo efetivo para a Administração Pública.
A apropriação do bem público, no entanto, não se materializa apenas num
momento subjetivo, necessitando de um fato exterior que constitua um ato de
domínio e revele o propósito de se apropriar. Essa exteriorização do título da posse,
consumadora do crime de peculato, revela-se com retenção além do tempo
necessário, uso pessoal ou consumo, alienação, que são atos característicos de
quem é dono ou agente com animus domini.
Dessa forma, consuma-se com a inversão da natureza da posse, caracterizada
por ato demonstrativo de disposição da coisa alheia.
É admissível a tentativa. Por exemplo, o funcionário é surpreendido efetuando a
venda de coisa pertencente ao Estado, e somente a intervenção de terceiro
impede a tradição da coisa ao comprador. *Bittencourt

 Proveito:
- Material
- Moral

 Mão de obra
Não pode praticar peculato pelo desvio de mão de obra, não há previsão legal.

 Serviços
A prestação de um serviço de um funcionário público a outro não se equipara
à coisa móvel. Assim, a fruição de um funcionário do serviço do outro não constitui
crime de peculato. (desviar o serviço do funcionário para trabalhar para ele)

 Restituição/compensação
Na apropriação indébita exclui o crime por exercício regular de um direito. No
peculato, por ser praticado por funcionário público, há o cometimento de crime
(protege-se a fidelidade e probidade, não tem direito de compensação pela
fidelidade funcional), somente pode se socorrer do Estado-juiz, não pode alegar
direito de retenção/compensação contra o Estado.

 Prestação de contas
Dependendo do caso é preciso de perícia para se comprovar o peculato. Nem
sempre é imprescindível.

PECULATO

Ocorre peculato culposo quando o funcionário público concorre para que


outrem se aproprie, desvie ou subtraia objeto material da proteção penal, em razão
de sua inobservância ao dever objetivo de cuidado necessário.
Nesse caso, o funcionário negligente não concorre diretamente no fato (e para
o fato) praticado por outrem, mas, com sua desatenção ou descuido, propicia ou
oportuniza, involuntariamente, a que outrem pratique um crime doloso, que pode
ser de outra natureza.
Não há participação doloso em crime culposo, dessa forma, o funcionário
público responde na modalidade culposa por sua inobservância do dever objetivo
de cuidado, deixando o objeto material desprotegido, ao facilitar, ainda que
inadvertidamente, que terceiro pratique outro crime contra o patrimônio público
que, em razão de seu cargo, deveria proteger. Entretanto, não há participação da
ação culposa do funcionário na conduta dolosa do terceiro, que pode ou não ser
outro funcionário público, inexistindo, por conseguinte, qualquer vínculo ou liame
subjetivo entre ambos. Há uma espécie de autorias colaterais. Contudo, para que
se caracterize o peculato culposo não basta a ação (ou omissão) descuidada do
funcionário faltoso, sendo indispensável que, aliada à sua desatenção, ocorra a
prática de outro fato, agora doloso, por parte de terceiro, sem o qual não se
configurará o peculato culposo, mesmo que sobrevenha um dano ao patrimônio
da Administração Pública.
Aquele que concorre culposamente para a infração responde por esse crime.
Concorrer nesse caso não quer dizer concurso de agentes.

 Culposo
 Concorrer

 §3º
O ressarcimento pode ser promovido tanto pelo acusado quanto por terceiro,
atingindo o mesmo objetivo e produzindo a mesma consequência.
- Extinção: se antes da sentença, o agente ressarcir o dano há extinção da
punibilidade/delito.
- Atenuação: se depois da sentença, o agente ressarcir o dano há a diminuição de
metade da pena imposta.
Na modalidade dolosa, a reparação do dano não exclui o crime, constituindo
apenas circunstância atenuante (art. 65, III).
Intenção é a de reparar o dano por essa previsão

PECULATO POR ERRO DE OUTREM – Estelionato

Nesse caso, o sujeito não tem previamente a posse do objeto material da


infração. Na realidade, o funcionário público aproveitando-se do erro de outrem,
apropria-se de dinheiro ou qualquer outra utilidade recebidos no exercício do cargo
(não em razão dele – corrupção passiva *Bittencourt). Ou seja, o sujeito ativo não
dispõe previamente da posse do dinheiro ou da utilidade de que se apropria, ao
contrário, estes lhe vêm às mãos por erro de terceiro. Assim, o funcionário público,
que não dispunha da posse previamente, aproveita-se do erro de outrem que,
indevidamente, lhe entrega a posse do objeto material.
Entretanto, tal erro não pode ter sido provocado pelo sujeito ativo, sob pena de
alterar-se a figura típica – estelionato.
O recebimento do dinheiro ou utilidade é insuficiente, por si só, para que a
infração se adeque ao tipo penal, sendo necessário que esse recebimento por erro
ocorra no exercício de cargo público.
O erro pode incidir sobre a coisa entregue (dinheiro ou qualquer utilidade – ex.:
entregar a mais), sobre o funcionário a quem se entrega ou sobre o local ou a razão
da entrega.
Caracteriza-se o crime também quando o funcionário que recebeu a coisa se
recusa a devolvê-la depois de ter tomado ciência do equívoco (caso ele também
tenha incidido em erro). Contudo, se o funcionário incide em erro ao receber o
objeto, também entregue em razão de erro (ou não), não se caracteriza o crime
por ausência de dolo, que é o elemento subjetivo do tipo.
O objeto material pode pertencer tanto à Administração Pública quanto a
particular, desde que seja entregue ao sujeito ativo (funcionário público) no
exercício do cargo.
Aqui não há meio fraudulento. Há um terceiro que incidiu em erro e o
funcionário não o alertou do erro e receber a coisa.
O sujeito estava obrigado a alertar que tal coisa não deveria ser recebida por
ele, mas sim por outro, porém se o funcionário não agir com dolo é fato atípico.

 Suj. ativo: é aquele que é o responsável por indicar que tal pessoa está incidindo
em erro (func. Púb.). Particular pode concorrer para que funcionário receba o
objeto material por erro de outrem (aí é partícipe). Contudo, o particular deve ter a
consciência da qualidade especial do funcionário público, sob pena de não
responder pelo crime de peculato.
 Suj. passivo: Estado e entidades de direito público. Se o bem móvel for particular, o
proprietário ou possuidor desse bem também será sujeito passivo.

 Art. 313

 Apropriar-se
- Dinheiro
- Qualquer utilidade: jurisprudência interpreta que quis se referir a qualquer bem
móvel

 Exercício/Erro

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a efetiva apropriação do objeto material, ou seja,
quando o funcionário público torna seu o patrimônio que recebeu, no exercício do
cargo público, por erro de outrem, sendo irrelevante o prejuízo efetivo para a
Administração Pública.

INSERÇÃO DADOS SISTEMA

Consiste na criminalização da conduta de funcionário público inserir dados


falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados
ou bancos de dados da Administração Pública, com fim de obter vantagem
indevida para si ou para outrem ou para causar dano.

 Bem jurídico tutelado: Administração Pública e segurança do conjunto de


informações da Administração.

 Objeto material: os dados verdadeiros dos sistemas informatizados ou bancos de


dados da Administração Pública em geral. Os dados falsos são apenas
consequências da conduta proibida que se pretende evitar.

 Sujeito ativo: Funcionário público devidamente autorizado a trabalhar com a


informatização ou sistemas de dados da Adm. Ou seja, não é qualquer funcionário
público que pode ser sujeito ativo.

 Sujeito passivo: Estado e, eventualmente, qualquer cidadão que possa resultar


lesado por essa conduta delituosa.

 Tipo objetivo
- Inserir: consiste em introduzir, incluir, alimentar o sistema com dados falsos
- Facilitar a inserção: tornar possível, fácil, permitir que outrem insira dados falsos
A falsidade versa sobre o conteúdo do dado. O dado falso inserido no sistema
informatizado da Administração Pública sob seu aspecto formal é verdadeiro, isto
é, existente, real, efetivo, mas seu conteúdo é falso, ou seja, a ideia ou declaração
que o dado contém não corresponde à verdade.
Na modalidade “facilitar sua inserção” o sujeito ativo da infração penal é o
funcionário público autorizado, mas ele não realiza pessoalmente a infração legal
e se utiliza de terceiro, que pode ou não ser funcionário público, no caso, não
autorizado a operar os dados informatizados da Administração Pública. Esse terceiro
pode ou não ter consciência de que contribui para a prática de um ato ilegal. Se o
tiver, responderá pelo mesmo crime em razão da ampliação da adequação típica
determinada pelo art. 29 (concurso eventual de pessoas). Se não tiver consciência
de que concorre para a prática de infração legal, será mero instrumento utilizado
pelo verdadeiro autor (autoria mediata) para a prática do crime e não responderá
pelo fato por ausência de dolo que é elemento subjetivo do tipo.

- Alterar: mudar, modificar dados corretos dos sistemas


- Excluir: retirar, eliminar, remover dados corretos dos sistemas
Nessas duas hipóteses, as informações verdadeiras é que são substituídas ou
excluídas dos sistemas informatizados. A única peculiaridade aqui é que somente se
proíbe a alteração ou exclusão INDEVIDA. Indevida será toda e qualquer alteração
ou exclusão não permitida em lei, não autorizada.

Qualquer das condutas tem de demonstrar a finalidade específica de obter


vantagem indevida para si ou para outrem ou, simplesmente, de causar dano.

 Elemento normativo: obtenção de vantagem indevida


A vantagem exigida pelo tipo penal tem de ser injusta, ilegal. Se for justa a
vantagem pretendida pelo funcionário, estará afastada a figura de inserção de
dados falsos em sistemas de informação, podendo configurar o crime de exercício
arbitrário das próprias razões, residualmente, se não houver outra figura mais grave.
O legislador não restringiu à obtenção de vantagem econômica indevida,
portanto, pode-se enquadrar aqui qualquer tipo de vantagem indevida, seja
econômica, moral, etc. (Bittencourt).

 Tipo subjetivo
É o dolo, representado pela vontade consciente de praticar qualquer das
condutas tipificadas no 313-A.
Exige-se a presença do elemento subjetivo especial do injusto que é o especial
fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou simplesmente causar
dano. É desnecessário que a vantagem seja obtida, basta que exista
subjetivamente como condutora do comportamento do sujeito ativo.
 313-A
 Inserir, facilitar, alterar, excluir
 Dados corretos
 Sistema informação
 Fim de obter vantagem (tipo penal incongruentes – exige além do dolo uma
finalidade específica)
É indispensável a finalidade de obter vantagem

MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO SISTEMAS – 313-B

 Bem jurídico tutelado: Administração Pública, particularmente a probidade


administrativa

 Objeto material: é o sistema público de informações e seu programa de


informatização.

 Sujeito ativo: qualquer funcionário público. É possível que o particular concorra para
o crime de acordo com o art. 29 (concurso eventual de pessoas); art. 30 comunica.
 Sujeito passivo: Estado e, eventualmente, qualquer cidadão que possa resultar
lesado por essa conduta delituosa.

 Tipo objetivo
- Modificar: consiste em transformar, dar novo conteúdo
- Alterar: mudar, dar nova configuração, modificar o acesso
Modificar significa uma radical transformação no programa ou sistema de
informações da Administração Pública, ao passo que alterar, embora também
represente “modificação” em dito programa, não atinge a mesma profundida, ou
seja, não chega a alterar a sua essência, mantendo suas propriedades
fundamentais.
 Elemento normativo especial
Tal elemento constitui a modificação/alteração sem autorização ou solicitação
de autoridade competente.
A falta de autorização ou solicitação não representa mera irregularidade
administrativa, mas constitui a própria ilicitude da conduta.
Havendo a autorização ou solicitação de autoridade competente além de
afastar a ilicitude da conduta, afasta a própria tipicidade.
O dolo deve abranger todos os elementos que compõem a figura típica,
inclusive o elemento normativo especial, sob pena de caracterização do erro de
tipo que exclui a tipicidade.

 Tipo subjetivo
É o dolo.
Não há exigência da presença de elemento subjetivo especial do injusto (fim
especial para a prática do crime).
 Consumação e tentativa
Consuma-se com a modificação/alteração do sistema de informações com a
simples prática de qualquer das condutas descritas no dispositivo, desde que sem
autorização/solicitação de autoridade competente.
A tentativa é possível desde que haja interrupção da fase executória por
circunstâncias alheias à vontade do agente.

 P. único – Resultado dano

Se causar dano, qualquer que seja o prejuízo (patrimonial ou não), a pena é


majorada.

EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO – Livro, Documento

 Bem jurídico tutelado


É a administração Pública, especialmente a probidade administrativa. A
finalidade da tutela penal é a preservação do regular funcionamento da Adm.,
particularmente garantir a integridade e idoneidade de livros oficiais e documentos
confiados a funcionário público em razão de seu cargo.

 Objeto material
É o livro oficial ou qualquer documento público ou privado.

 Sujeito ativo: funcionário público ou aquele expressamente a este equiparado para


fins penais, que tenha a guarda de livro oficial ou de documento em razão de
cargo. É admissível a participação de terceiro através de concurso eventual de
pessoas – art. 30 comunica*
Se o sujeito ativo for um particular, sem concorrer com o funcionário público
para o crime, cometerá o crime do art. 337.
 Sujeito passivo: Estado e as entidades de direito público. Se o particular, de alguma
forma, também for lesado com o extravio, a inutilização ou sonegação de livro
oficial ou qualquer documento, será incluído como sujeito passivo direito. (quando
o objeto material lhe pertença, por exemplo).

Aqui diz respeito ao crime praticado contra o banco de dados da


Administração Pública e que só pode ser praticado por funcionário público (com
isso diverge do 304);

 Tipo objetivo
- Extraviar: “perder” livro oficial ou qualquer outro documento de que tem a guarda
em razão do cargo; desencaminhar, desviar do destino (segundo Hungria).
Bittencourt não concorda com Hungria, acredita que extraviar é perder, produto
de descuido, desatenção, negligenciar no dever de cuidado que incumbe ao
funcionário público no exercício do cargo.
Para Bittencourt, extraviar significa desconhecer seu paradeiro, ignorar a sua
localização, não saber onde se encontra o objeto material, não ter como localizá-
lo.
- Sonegar: é omitir, deixar de mencionar ou de apresentar quando lhe é exigido por
quem de direito, e desde que o funcionário esteja obrigado a fazê-lo.
- Inutilizar: é retirar a aptidão, é tornar inidônea, desnaturar a coisa, total ou
parcialmente, suprimindo suas propriedades essenciais, tornando-a inapta para
atingir suas finalidades. É tornar uma coisa imprestável para o fim a que se destina.

É necessário que o livro oficial ou documento tenha sido confiado ao


funcionário público para a guarda em razão do cargo que ocupa. A confiança ao
funcionário público não se refere somente à guarda ou detenção material do livro
ou documento, mas também à faculdade dele dispor, visto que administrar não se
resume apenas em tê-lo sob sua guarda física.
Livro oficial ou qualquer documento para terem idoneidade de constituírem
objetos materiais deste crime devem ser de interesse da administração pública ou
do serviço público, mesmo que representem somente simples valor histórico ou sirva
apenas a expediente burocrático.

 Subsidiariedade expressa: se não constituir crime mais grave


O tipo penal deixa expresso o caráter subsidiário dessa infração penal. Isso quer
dizer que, em tese, esta infração penal fica subsumida por crime mais grave.
A configuração de qualquer infração penal mais grave afasta a incidência do
dispositivo.

 Tipo subjetivo
É o dolo. Ele deve abranger todos os elementos configuradores do tipo penal.
Ou seja, deve haver conhecimento de que a posse do livro/documento oficial existe
em razão do cargo exercido por este, bem como o dolo deve ser de praticar as
condutas descritas.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com o extravio, sonegação ou inutilização de livro ou
documento confiado a funcionário em razão de seu cargo.
Na modalidade de extraviar, o crime é permanente, protraindo-se a
consumação enquanto o documento ou livro permanecer extraviado. *parte da
doutrina acredita ser crime permanente.
Na modalidade de sonegar, consuma-se o crime quando surge a exigência
legal de apresentar qualquer dos objetos materiais e o agente não o faz. Para que
se configure a modalidade sonegar livro oficial ou qualquer documento é
indispensável que o funcionário tenha o dever jurídico de apresenta-los e,
injustificadamente, negue-se a fazê-lo, não o apresente ou o oculte
intencionalmente.
A modalidade de inutilizar consuma-se com o início da ação, pois o tipo penal
se satisfaz com a inutilização parcial.
Não se exige para a consumação, em qualquer das modalidades, a
superveniência de dano efetivo quer à Adm., quer ao particular que possa
eventualmente ser atingido pela ação do sujeito ativo.

 Razão do cargo
 Próprio/funcional
 Particular: particular pode praticar o crime como partícipe.

EMPREGO IRREGULAR – Verbas, Rendas

 Bem jurídico tutelado


É o patrimônio da Adm. Púb., assim como a probidade administrativa.

 Sujeito ativo: somente o funcionário público que pode dispor das rendas e verbas
públicas. Não abrange a conduta de quem apenas realiza, isto é, quem cumpre ou
executa a ordem expedida pelo sujeito ativo próprio, o “ordenador de despesas”.
O funcionário que executa a ordem deverá ter sua conduta examinada à luz do
art. 22, segunda parte do CP, ou seja, à luz do princípio da obediência hierárquica.
*Bittencourt
 Sujeito passivo: Estado e entidades de direito público relacionadas no art. 327, §1º.

 Tipo objetivo
Consiste a conduta incriminada em empregar irregularmente as verbas
(dinheiro especificamente destinado pela lei orçamentária a tal serviço público ou
fim de utilidade pública) ou rendas públicas (todo e qualquer dinheiro recebido
pela Fazenda Pública), em desacordo com a lei orçamentaria especial.
Para que se atenda a elementar exigida pelo tipo penal, é indispensável que
exista lei regulamentando a aplicação dos recursos orçamentários-financeiros: não
pode ser qualquer lei, mas somente lei orçamentária.
Não há para o Estado em princípio, qualquer dano patrimonial. As verbas ou
rendas públicas são aplicadas no interesse da própria Administração Pública,
embora com destinação diferente daquela prevista em lei. Consequentemente,
não há subtração ou apropriação das receitas públicas, pois se estas forem
destinadas a fins particulares – em proveito próprio ou de terceiro – o crime seria de
peculato. Trata-se fundamentalmente de perturbação do regular funcionamento
da administração púbica, que exige a aplicação dos fundos públicos em sua
destinação legal.
Salvo o caso de necessidade, não exclui o crime a aplicação de verbas ou
rendas em fins que sejam real ou supostamente de maior interesse e proveito para
os serviços públicos.

 Aplicação diversa da estabelecida em lei


A falta de autorização legal para a destinação das rendas públicas não
constitui mera irregularidade administrativa, mas representa um elemento
constitutivo do tipo cuja ausência (de autorização legal – de previsão em lei
orçamentária) afasta a tipicidade da conduta (descaracteriza esse delito).

 Despesa “justificada” (embora não autorizada por lei)


Se despesa é realizada por estado de necessidade, há exclusão da ilicitude do
fato.

 Tipo subjetivo
É o dolo constituído pela vontade livre e consciente de empregar verbas
públicas diversamente do previsto em lei.
O eventual desconhecimento da inexistência de autorização legal caracteriza
erro de tipo que exclui o dolo e, por extensão, a própria tipicidade.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando as verbas e rendas públicas forem efetivamente
destinadas a fins diversos do estabelecido em lei. Não basta o simples lançamento
escritural, a mera programação para sua aplicação pelo Poder Público,
contrariando previsão legal. Enquanto não for cumprida a determinação do
“ordenador de despesas” não se produzirá qualquer efeito.

 Distinção do art. 312


Distingue-se do 312 pelo fato de o agente não visar proveito próprio ou alheio,
em prejuízo da Adm. Púb.

Consiste em empregar verbas/renda para destinação diferente daquela


prevista na Lei.

Desvio tem que ser para dentro da Administração (se for para fora é peculato –
exceto prefeito e presidente).
Não engloba os prefeitos e os presidentes – há Lei específica.
Rendas públicas: são os valores recebidos como tributos. Tudo aquilo recebido
aos cofres públicos a título de impostos/tributos
Verbas: consiste no preço/custo para a execução de um serviço/obra público.
Será desvio de rendas quando desviar o dinheiro quando não há lei ainda
destinando para o que é o dinheiro.
Será desvio de verbas quando já há lei destinando o dinheiro e ele é desviado.

 Art. 315

 Prefeitos

 Estado Necessidade
Exclui a ilicitude do fato.

 Destinação legal
 Dentro Adm.

CONCUSSÃO (316)
Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.

§1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria


saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza. (excesso de exação).

§2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu


indevidamente para recolher aos cofres públicos

A concussão é crime em que o funcionário público, valendo-se do respeito ou


mesmo receio em que sua função infunde, impõe à vítima a concessão de
vantagem a que não tem direito. De modo informal, é a extorsão praticada por
funcionário público que se vale da função pública, mas sem violência ou grave
ameaça.

Nesse caso, o temor decorre do próprio exercício da função. Contudo, não


precisa estar no exercício da função, podendo ser mesmo antes de exercê-la, na
expectativa de pretensão de direito.

Parte da doutrina diz que é uma extorsão praticada por funcionário público,
porém sem violência ou grave ameaça.

É indispensável que se valha da função (fazer em razão dela) para fazer a


exigência e que haja temor – se não houver temor, for uma mera solicitação não
caracteriza a concussão.

Sempre que o fato puder acarretar em prisão (o temor do suj. passivo) consistirá
em temor e não em corrupção passiva.

 Bem jurídico tutelado

É o patrimônio da Adm. Púb., assim como a probidade administrativa.

 Sujeito ativo: somente pode ser o funcionário público. Não é necessário que seja no
exercício da função, podendo ocorrer nas férias, no período licença ou mesmo
antes de assumi-la, desde que o faça em razão dela. *Bittencourt. – Crime
próprio/pespecial
Pode ser aquele que tem expectativa de ser funcionário público.
Pode ser o particular coautor ou partícipe, ocasião em que ocorre a
comunicação da elementar de ser o agente funcionário público.
 Sujeito passivo: Estado e o particular lesado.

 Tipo objetivo
O elemento material do crime consiste na exigência da vantagem indevida;
para o próprio funcionário ou para terceiros; mediante um ato de imposição (exigir).
O verbo nuclear exigir tem o sentido de obrigar, ordenar, impor ao sujeito
passivo a concessão da pretendida vantagem indevida. Há na base da
incriminação o temor de represálias por parte do agente.
Não é necessário que o agente faça a promessa de um mal determinado,
basta o temor genérico que a autoridade inspira, desde que influa na manifestação
volitiva do sujeito passivo.
Ex.: exigência de vantagem para aliviar sanções impostas em decorrência de
infração cometida pelo indivíduo, para evitar instauração de inquérito policial, etc.
Prevê a lei a concussão explícita, ou seja, a feita abertamente pelo funcionário,
que não encobre a exigência da vantagem indevida ou as possíveis represálias, e
a implícita, em que o sujeito ativo, veladamente, com malícia, dá a entender à
vítima que deseja obter a vantagem indevida ou que é ela legítima. Não se
considera a insinuação sutil, a sugestão na proposta maliciosa para que a
vantagem fosse proporcionada.
Pode a vantagem ser exigida pelo funcionário (direta) ou por interposta pessoa
(indireta), ainda que não seja esta funcionária pública.
É indispensável para caracterização do crime que o sujeito ativo se valha da
função que exerce ou vai exercer, ou que se prevaleça da autoridade que possui
ou vai possuir.
É necessário que exista ameaça de represálias imediatas ou futuras, inexistindo
a infração penal quando já não se pode vislumbrar a infusão do temor que a
autoridade inspira.
Exigir não se confunde com solicitar, pois naquele há uma imposição do
funcionário, que, valendo-se do cargo ou da função que exerce, “constrange” o
sujeito passivo com sua “exigência”.
É indispensável que a exigência, explícita ou implícita, seja motivada pela
função que o agente exerce. A característica fundamental do crime de concussão
é o abuso de autoridade, que pode repousar na “qualidade de funcionário” ou na
“função pública” exercida. Se não se verificar o abuso, o ato configurará extorsão.
Não existindo função ou não havendo relação de causalidade entre ela e o
fato imputado, não se pode falar em crime de concussão.
A exigência de vantagem indevida pode ser direta ou indireta. É direta quando
o sujeito ativo formula diretamente à vítima ou de forma explícita, deixando clara a
sua pretensão; é indireta quando o sujeito vale-se de interposta pessoa ou quando
a formula tácita, implícita.
A forma mais usual da concussão é a indireta, a dissimulada, isto é, a implícita.

 Objeto do crime
É a vantagem indevida, ilícita ou ilegal, não autorizada por lei.

 Tipo subjetivo
É indispensável a vontade de exigir a vantagem prevalecendo-se da função.
Também é necessária a presença do elemento subjetivo do tipo subjetivo do
tipo registrado na expressão “para si ou para outrem”.
Não se caracteriza o crime se há ausência de consciência do indébito pelo
agente (erro de tipo).

 Necessidade da elementar normativa: vantagem indevida


A vantagem deve ser indevida. (pág. 98).

 Temor: de represália futura é elementar do tipo. Se ele for ausente, haverá


solicitação e caracterizará a corrupção passiva.
Por vezes haverá na prova “funcionário solicitou sob pena de prisão”, mas
consiste em concussão, pois há temor de represália.

 Antes ou folga

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a simples exigência da vantagem indevida: se
sobrevém a efetiva percepção desta, o que ocorre é apenas o exaurimento do
delito.
Não se desnatura o crime se a vantagem é devolvida ou se não ocorre prejuízo.
Ainda que a consumação ocorra com a exigência, é coautor aquele que,
sendo ou não funcionário, intervém posteriormente à conduta do agente,
procurando auxiliá-lo na obtenção da vantagem.
É possível a tentativa desde que a exigência não seja oral.

 Crime formal
Não é necessário que obtenha a indevida vantagem, basta que faça exigência
da indevida vantagem.
Se ocorre erro quanto a vantagem, acreditando ser ela devida, há erro de tipo
que exclui a tipicidade.
Consuma-se com a realização da exigência.

 Tentativa – escrita
Quando a exigência não chega ao conhecimento do funcionário.

 Distinção da extorsão e corrupção passiva


Concussão e extorsão: na primeira, a ameaça diz respeito à função pública e
as represálias prometida expressas ou implicitamente, a ela se referem. Havendo
violência, ou ameaça de mal estranho à qualidade ou função do agente, ocorre
extorsão.
Concussão e corrupção passiva: na corrupção passiva há solicitação, na
corrupção há exigência. Na concussão a vítima é levada pelo medo a atender a
exigência; na corrupção passiva satisfaz ao pedido livremente, recebendo ou não,
em contrapartida, alguma vantagem.

 §1º excesso – exação


Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber
indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso,
que a lei não autoriza.
Sujeito ativo é o funcionário que pratica uma das ações incriminadas no tipo e
encarregado peça arrecadação. Não o sendo (o encarregado) cometerá outro
crime (extorsão, estelionato, etc.). A pretensão do sujeito ativo deve ser a de
recolher para os cofres públicos o que arrecadou indevidamente, pois, se não o
fizer, incidirá na forma qualificada (§2º).
Exação é a cobrança rigorosa de dívida ou imposto. Consiste o crime em o
funcionário se exceder no desempenho da função que é a de receber tributo ou
contribuição social.
Na primeira hipótese do preceito (excesso no modo de exação) há uma
exigência de tributo ou contribuição que não é devido, tendo o sujeito ativo
consciência da ilegitimidade. Para que se configure o delito é necessário que a
vantagem seja indevida, isto é, não correspondente ao todo ou em parte a
dispositivo legal.
Na segunda (exação fiscal vexatória), a exigência é de tributo devido, mas a
cobrança se faz de modo não permitido pela lei, de maneira vexatória ou gravosa
para o devedor (expondo o contribuinte à vergonha ou humilhação – vexatória).
Gravoso é o meio que traz ao contribuinte maiores ônus.
Exação é cobrança. Excesso de cobrança/exagerar cobrança de tributo ou
contribuição social.
Aqui significa cobrar tributo ou contribuição social que se sabe que é indevido.
Aqui não precisa praticar exigência, causar temor.
Se a cobrança é indevida, não pode cobrar.
Exação também é a cobrança devida, desde que se cobre de forma vexatória
ou gravosa.
Tributos: impostos, taxas e contribuições de melhorias
Contribuição social: aquelas contribuições para entidades de classe.
O objeto do crime é o tributo e a contribuição social.
O crime pode ser praticado com dolo, quando o agente sabe que está exigindo
tributo ou contribuição social indevida, ou quando emprega meio vexatório ou
gravoso na cobrança do valor devido. Entretanto, também pode ser cometido por
culpa por conta da previsão “que deveria saber indevido”. A lei equipara a forma
dolosa e culposa da mesma infração.
- Indevida
- Devida: vexatória; gravosa
 §2º Forma qualificada de excesso de exação
Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres públicos
Depois de efetuado o pagamento pela vítima, o agente, em vez de recolher a
quantia obtida aos cofres públicos, desvia-a em proveito seu ou alheio.
Exige-se a conduta de desvio da quantia (total ou parcial), bem como o
elemento subjetivo do tipo, que é a finalidade de beneficiar-se ou beneficiar
terceiro.
Haverá peculato, porém, se o tributo já estiver recolhido e o agente apossar-se
dele
*ver vídeo sobre a diferença da concussão comum
Quando o excesso de exação é praticado e o funcionário fica com o dinheiro
(não o destina para a Administração). Só cabe no caso da cobrança indevida; não
sobre a modalidade devida.

Pena min qualificado para STJ: 3 anos (apesar que é previsto 2)

Particular pode cometer concussão porque a condição de funcionário público


é elementar do tipo e se comunica.

Particular pode praticar concussão sozinho (sem concurso de funcionário


público) no caso de exigir vantagem indevida antes de ingressar no cargo/função
pública.

Funcionário que não está no exercício da função (de férias, licença) pode
cometer concussão. O que é relevante é que o funcionário se valha da função para
exigir.

Funcionário aposentado não comete concussão, pois não gera temor de


represália futura.
CORRUPÇÃO PASSIVA

Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que


fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem.

 Objetividade jurídica
O objeto da tutela jurídica é o funcionamento normal da administração pública,
no que diz respeito à preservação dos princípios de probidade e moralidade no
exercício da função.

 Sujeitos do delito
Sujeito ativo é o funcionário público na sua acepção de direito penal prevista
no art. 347. Comete o crime não só o agente que esteja afastado de sua função
(férias, licença, suspensão, etc.), como também aquele que ainda não a assumiu.
Responde pelo crime em coautoria ou participação outro funcionário ou
particular que colabora na prática da conduta típica. Não é coautor aquele que
concede a vantagem indevida, respondendo este pelo crime de corrupção ativa.
Sujeito passivo é o Estado, titular do bem jurídico penalmente tutelado e o
lesado, quando este não pratica o crime de corrupção ativa.

 Tipo objetivo
Contém três modalidades de condutas típicas: solicitar ou receber vantagem
indevida ou aceitar promessa desta.
Solicitar é pedir, procurar, buscar, rogar, induzir, manifestar o desejo de receber.
Pode a solicitação ser expressa, clara, indubitável, como velada, insinuada.
Receber é tomar, obter, acolher, alcançar, entrar na posse.
Aceitar promessa de vantagem é consentir, concordar, estar de acordo, anuir
ao recebimento.
Na solicitação a iniciativa é do agente; no recebimento e aceitação de
vantagem é o particular, com a concordância do funcionário.
É indiferente que a oferta ou promessa seja feita ao funcionário público
diretamente pelo corruptor ou por interposta pessoa.
Nada impede que a aceitação também ocorra através de terceira pessoa,
coautor, que, em nome do funcionário, comunica ao particular a sua concordância
com a vantagem prometida.
É indispensável para a caracterização do ilícito que a prática do ato tenha
relação com a função do sujeito ativo. O pagamento feito ou prometido deve ser
a contraprestação de ato de atribuição do sujeito ativo. Não se tipifica a infração
se a vantagem desejada pelo corruptor não é da atribuição e competência do
funcionário. Nesses casos, poderá ocorrer o crime de tráfico de influência ou
coautoria do funcionário em corrupção ativa se transferir o pagamento ou a
promessa de vantagem indevida ao colega que tem atribuições para prática do
ato.
Pode o ato objeto do tráfico ser legítimo, lícito, justo (corrupção imprópria) ou
ilegítimo, ilícito, injusto (corrupção própria). Dessa forma, há crime se a vantagem é
solicitada/recebida ou a promessa é aceita para a prática de ato regular e legal.
É indiferente que se trate de ato definitivo ou irrevogável ou sujeito a recurso e
confirmação ou revogação.
A solicitação/recepção ou aceitação da promessa pode ser anterior à prática
do ato ou posterior.
O objeto do ilícito é a vantagem indevida. Não ocorrendo o ilícito se a
vantagem é solicitada e recebida para ressarcimento de despesas realizadas pelo
agente no exercício da função pública. Pode ser vantagem patrimonial ou não.
Indiferente é se a vantagem for destinada ao próprio funcionário ou para
terceiro, porém se for revertida para a pessoa jurídica de direito público,
descaracteriza-se o ilícito.
Não se aperfeiçoa a corrupção passiva se o funcionário recusa a oferta por
entender “pequena” a recompensa, mas, se a aceitou, discutindo apenas o
quantum, consumou-se o ilícito.
Pouco importa a capacidade penal do particular.

 Tipo subjetivo
Consiste na vontade de praticar uma das modalidades da conduta típica,
tendo o agente consciência de sua ilicitude.
O elemento subjetivo do tipo é a finalidade da obtenção da vantagem para si ou
para outrem.
É indiferente que o sujeito tenha a vontade ou não de praticar o ato que deu
ensejo à corrupção.

 Consumação e tentativa
É crime formal e independe de resultado.
Consuma-se com a simples solicitação da vantagem ou aceitação da
promessa, ainda que esta não se concretize. É desnecessário que o ato funcional
venha a ser praticado, omitido ou retardado.
A tentativa é possível quando, p. ex., um funcionário tenta remeter a solicitação
ao particular/sujeito, mas é interceptado antes.

 Corrupção passiva qualificada


Se em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa
de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo o dever funcional.
É o caso de consumada a corrupção, o sujeito ativo prossegue na conduta
ilícita e viola efetivamente o dever funcional.
Pode ocorrer por retardar a prática do ato de ofício por um lapso de tempo
juridicamente relevante ou deixar de praticá-lo ou praticá-lo com infringência do
dever funcional.
É necessário na hipótese qualificada que o retardamento, a omissão ou a
prática irregular do ato ocorra após a solicitação/recebimento/aceitação da
promessa de vantagem.

 Corrupção passiva privilegiada


Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem.
Trata-se de conduta de menor gravidade que as anteriores, pois o sujeito ativo
não atua no interesse próprio, visando uma vantagem indevida para si ou para
outrem, e sim cede a pedido ou influência de outrem.
Na primeira hipótese há solicitação por parte de terceiro; na segunda, o
agente, por timidez, gratidão, bajulação, fraqueza, etc., presta deferência ilícita a
terceiro.
As condutas do sujeito ativo, de retardamento, omissão ou prática irregular do
ato são idênticas à do previsto na forma qualificada. Estabelece-se a diferença
apenas em torno da motivação do funcionário. O dolo é a vontade de retardar,
deixar de praticar ou praticar o ato irregular, exigindo-se um elemento subjetivo do
tipo que é ceder a pedido ou à influência de terceiro.
A consumação se dá quando caracterizado o retardamento, a omissão ou
prática irregular do ato de ofício.

 Distinção
A bilateralidade não é requisito indispensável da corrupção. Pode apresentar-
se esta de maneira unilateral. Por isso o legislador cogitou a corrupção em duas
formas autônomas, conforme a qualidade do agente.
Para a caracterização da corrupção passiva não é indispensável a existência
da corrupção ativa.
Na modalidade de solicitação, o crime é apenas do funcionário, mas havendo
recebimento ou aceitação de promessa de vantagem, pratica o sujeito passivo o
crime de corrupção ativa.
Distingue-se a corrupção passiva da concussão. Naquela há solicitação, nesta
exigência, ainda que tácita, da vantagem indevida.
Distingue-se a corrupção passiva da prevaricação porque nesta não há
qualquer intervenção ou proposta ao “sujeito passivo” (particular), agindo o sujeito
ativo por interesse ou sentimento pessoal.
Distingue-se a corrupção passiva do estelionato, quando o proveito ilícito não é
obtido em razão da função, mas mediante meio fraudulento, valendo-se o agente,
para tanto, de sua condição a fim de enganar a vítima.

 Concurso
Se o ato praticado pelo funcionário constitui por si só um crime, haverá concurso
formal ou material entre a corrupção passiva qualificada e o crime resultante.

 Tráfico função
 Solicitar, receber, aceitar promessa
Solicitar não precisa obter efetivamente a vantagem, basta a solicitação.
Receber é necessário a efetiva obtenção da vantagem.
Aceitar promessa
 Tutela
- Probidade
- Moralidade

 Espelho 333

 Dualista – Motivo
Exceção do concurso de agentes: quando duas ou mais pessoas concorrem
para cometer um delito devem responder pelo mesmo crime.
Há punição por crimes distintos, a finalidade é a de punir mais gravosamente
determinada conduta do que outra, porém tal fundamento não se aplica ao caso
da corrupção passiva/ativa já que as penas são as mesmas.
A finalidade da criação jurídica é para que uma infração não dependa sempre
da outra para se aperfeiçoar.

 Sujeitos
Ativo: é possível que particular responda por corrupção passiva quando concorre
para o crime, por exemplo: quando influência funcionário público a solicitação
vantagem. O mesmo ocorre com a corrupção ativa.

 Ato relação função


- Comp. Outro func.

 Própria; imprópria
Própria: quando o ato que está vendendo é ilegal/ilegítimo
Imprópria: quando o ato que está vendendo é legal (o que não pode é cobrar
para praticá-lo).

 Antecedente; subsequente
Antecedente: quando o pagamento é prévio
Subsequente: quando o pagamento é projetado para o futuro.

 Crime formal
 Vantagem indevida; vantagem para terceiro

 Tentativa – escrita

 §1º qualificada – é corrupção passiva própria


Se além de solicitar vantagem indevida e deixa de praticar um ato que deveria
praticar ou então pratica o ato contrariamente à lei. Incorre na figura qualificada.
O ato é ilegal, ilegítimo, incabível.

 §2º privilégio – Influência


Não há relação de causalidade com o “caput”.
Ao invés de vender a função, o sujeito cede à influência de terceiro.
O terceiro não precisa ser influente, basta que tenha influência sobre o
funcionário público e ele deixe de praticar o ato ou o pratique contrariamente à lei
devido a essa influência.
Não possui congruência com o tipo básico, pois não há venda da função, não
há tráfico da função.

Se o sujeito quer discutir valores já está consumado o delito, uma vez que basta
a solicitação para consumar o delito.

Deve vender sua função (funcionário público), há corrupção passiva. Se vender


a função de terceiro (funcionário público) consiste em tráfico de influência e não
corrupção passiva.

Sujeito não precisa estar no pleno exercício da função para a vender. Mesmo
caso que o dispositivo anterior.

A solicitação de vantagem indevida deve ter correlação com (ser para) a


prática de um ato que deva fazer ou então para não praticar um ato que deve
fazer senão não caracteriza o crime.

Distinção entre concussão e corrupção passiva: do ponto de vista prático não


há diferença alguma, visto que possuem a mesma pena.

Concussão: incute temor


FACILITAÇÃO – Contrabando; Descaminho

Consiste na participação do funcionário na prática do contrabando ou


descaminho.

Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou


descaminho.

É crime praticado por funcionário público contra Administração Pública


infringindo o dever funcional.

 Objetividade jurídica
Tutela-se a administração pública, não só na regularidade das importações e
exportações, como também nos seus interesses econômicos referes aos impostos,
na moralidade, na preservação da saúde pública, etc.

 Sujeitos do delito
Sujeito ativo: funcionário público no seu conceito amplo (327). Não basta a
qualidade de ser o agente funcionário público, exigindo-se que viole o seu dever
funcional. Deve o agente ter, por lei, o dever funcional de reprimir o contrabando e
o descaminho.
Quando o funcionário participa do fato sem estar no exercício de sua função,
responderá, como qualquer particular, pelo crime previsto no art. 334 ou 334-A.
Sujeito passivo: Estado.

 Tipo objetivo
Pratica o crime o funcionário que, no exercício funcional, facilita a prática do
contrabando ou do descaminho.
Facilitar é tornar fácil, afastar obstáculos, auxiliar de forma comissiva ou omissiva
a prática do crime. Tanto comete o crime aquele que indica ao autor do
contrabando ou descaminho as vias mais seguras para a entrada ou saída da
mercadoria, como aquele que, propositalmente, não efetua regularmente as
diligências de fiscalização destinadas a evitá-las.
Contrabando é a importação ou exportação fraudulenta de mercadoria, cuja
entra ou saída seja absoluta ou relativamente proibida. Descaminho é o ato
fraudulento que se destina a evitar, total ou parcialmente, o pagamento de direitos
e impostos previstos pela entrada, saída ou consumo de mercadorias.
Não é indispensável para a comprovação do crime o exame de corpo de
delito.

 Tipo subjetivo
É o dolo de facilitar o contrabando ou descaminho, tendo o agente
consciência da ilicitude da conduta, o que envolve a ciência de que está
infringindo dever funcional.
O mero descumprimento do dever funcional concernente à vistoria na
oportunidade da saída da alfândega não pode conduzir à ocorrência do delito,
porque não basta a culpa do funcionário para a caracterização do tipo subjetivo.
Assim, também não ocorre o crime no simples erro de classificação que permite o
despacho ou livre trânsito da mercadoria.
Não exige a lei finalidade especial, pouco importando que o agente proceda
gratuitamente, por favor ou influência, visando à vantagem recebida ou à sua
promessa.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a facilitação por parte do agente, independente de
se ter completado ou não o contrabando ou descaminho.
É possível a tentativa quando se tratar de conduta comissiva.

 Competência
Justiça Federal.

 Participação: Tipo penal pune a participação do funcionário público no


contrabando e descaminho.

 Facilitar
Facilitar com infringência do dever funcional.
 Infringência dever funciona
É indispensável que o funcionário esteja no exercício da função pública.

 Prática – 334
Legislador não previu o caso de o funcionário público ser autor e não apenas
facilitar o contrabando ou descaminho. E no caso dele ser partícipe fora do
exercício da função.

 334: Crime praticado por particular contra a Administração Pública.


> Contrabando
- Importar trazer para o território nacional mercadoria proibida no todo ou em parte
(total ou parcialmente proibida)
- Exportar mercadoria proibida no todo ou em parte

 Descaminho: importar ou exportar mercadoria permitida sem o recolhimento dos


impostos devidos. - Ilidir pagamento: imposto; direto

Não incide em contrabando e descaminho as substâncias constantes em


Portaria consideradas drogas ilícitas, substâncias que podem afetar a saúde pública
(ver como está escrito). Aplicam-se leis especiais.

 Insignificância
Para a Justiça Federal, considera-se insignificante o valor de R$20.000,00

 Federal

PREVARICAÇÃO (319)

Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo


contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
A infração constitui infidelidade ao dever de ofício, em que o agente não
cumpre as obrigações inerentes à sua função, ou as pratica contra disposição legal
com a finalidade de satisfazer a interesse ou sentimento pessoal.
 Objeto jurídico
É a regularidade da administração pública

 Sujeitos do delito
Ativo: funcionário público (conceito amplo – 327)
Passivo: Estado e eventual prejudicado.

 Tipo objetivo
Retardar é atrasar, delongar, adiar, protelar, protrair, procrastinar. O funcionário
não realiza o ato que deve executar no prazo prescrito, se existe, ou em tempo útil
para que produza seus efeitos normais.
Deixar de praticar constitui-se na omissão do agente, que não tem intenção de
praticar o ato devido, diferindo da conduta anterior porque, naquela, a vontade é
apenas de protelar.
Praticar é a conduta comissiva em que o agente executa de forma ilegal.
A lei prevê que nas duas primeiras hipóteses a omissão seja indevida (ilegal,
injusta ou injustificada), exigindo assim um elemento normativo. Ato indevido é o ato
reprovável, contra o senso comum de moralidade.
Tratando-se de conduta comissiva (praticar), exige-se que seja esta ilegal,
contra disposição expressa de lei. É indispensável que exista norma jurídica em
sentido estrito violada para a ocorrência do crime. Não basta que se viole o
princípio da moralidade, pois o tipo penal exige que a conduta seja violadora de
“disposição expressa em LEI”.
Não há que se falar em ato ilegítimo quando o funcionário tem certa
discricionariedade para a escolha da conduta a tomar.
O objeto do tipo é o ato de ofício; é necessário que o funcionário seja
responsável pela função relacionada ao fato que esteja em suas atribuições ou
competência.
Não há o crime de prevaricação se o ato praticado, omitido ou retardado
refoge ao âmbito de competência funcional do servidor, já que o delito se
caracteriza pela infidelidade do dever funcional e pela parcialidade no seu
desempenho. Assim, não pratica prevaricação o funcionário que, ao deixar de
praticar ato de ofício, não se encontrava no exercício de suas atividades.
 Tipo subjetivo
Consiste no dolo de retardar omitir ou praticar ilegalmente o ato de ofício. Exige-
se também o elemento subjetivo do tipo que é o intuito de satisfazer interesse ou
sentimento pessoal, indispensável para a caracterização do delito.
É indiferente à lei a natureza do sentimento se é nobre ou não, se moral ou
imoral, etc.
Quando a omissão se refere a ato de ofício cuja execução poderá acarretar
consequências gravosas, penalmente relevantes, o omitente excluído está o crime
de prevaricação, pois ninguém pode ser compelido a, desvelando-se, agravar a
própria situação criminal.
Tendo o tipo exigido que haja disposição contrária expressa de lei, não
caracteriza o delito se houver o erro sobre a interpretação do mandamento legal
pelo funcionário.
Também não constitui o tipo subjetivo a simples negligência, desídia, desleixo,
indolência, preguiça ou a mera deficiência administrativa.

 Consumação e tentativa
Consuma-se com o retardamento, omissão ou prática do ato,
independentemente de estar sujeito a confirmação ou recurso.
Tratando-se das formas omissivas, não há que se falar em tentativa.

 Distinção
Distingue-se a prevaricação da corrupção passiva porque esta exige a
bilateralidade, a intervenção do “sujeito passivo” (particular, terceiro), por acordo
ou por ser destinatário da solicitação, enquanto naquela está ele totalmente alheio
à prática da conduta.
Difere-se da desobediência, pois esta somente pode ser praticada por
particular ou por funcionário que não age nessa qualidade.

Infringe o dever funcional de maneira unilateral.


Difere o crime da infração administrativa pelo motivo (elemento subjetivo) que
levou o agente a realizar a conduta.
 Infidelidade ao exercício da função pública
 Etimologia

Vem do latim prevaricato que significa se destraçar do caminho.

 Tutela: regularidade administrativa


Visa preservar a regularidade administrativa

 Crime funcional puro


Crime funcional puro ou próprio é aquele que a condição pessoal (funcionário
público) é elementar do tipo.
Opera-se a atipicidade de retira essa condição pessoal ou desclassificação do
delito.

- Retardar: demorar para praticar algo que poderia fazer imediatamente/em


prazo específico. Não basta o retardamento ou deixar de praticar, é necessário
que sejam indevidas.

- Deixar de praticar INDEVIDA

- Praticar (ilegal): sujeito não deveria praticar o ato; pratica com a finalidade
de beneficiar alguém.

 Objeto – Ato de ofício; competência; pleno exercício


Somente comete prevaricação quando é relativo a atos de ofício, de sua
competência/atribuição e realizados (deixados de realizar) no pleno exercício de
suas funções.

 Pessoal: interesse/sentimento – É indispensável que tenha um motivo para


caracterizar o delito: sentimento (condição de afeto ou ódio que nutre por alguém)
ou interesse pessoal (condição de reciprocidade entre pessoas).
- Nobre
Não exclui a prevaricação. Não tem relevância o tipo de sentimento.
- Consequências funcionais à própria pessoa do agente
Se o ato possa ter repercussão na vida funcional do agente, ele não é obrigado
a praticar – exclui o crime (ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo).
- Desleixo, indolência, desídia
Falta de eficácia, eficiência no serviço público; preguiça (dormir em serviço, p.
ex.) – caracteriza infração administrativa. Nas hipóteses em que deixa de praticar
determinado, na ausência do elemento subjetivo não há como caracterizar a
prevaricação.

 Tentativa – comissiva

Na figura comissiva é possível tentativa. Ex.:

 319 ≠ 320
Difere-se da condescendência criminosa pelo fato de que o elemento subjetivo
(motivo) desta é somente a indulgência e pelo fato de que somente é praticado
por uma conduta omissiva.

CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA

Deixar o funcionário, por motivo de indulgência, de responsabilizar subordinado


que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,
não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. (pag. 318)

 Objetividade jurídica: regularidade administrativa

 Sujeitos do delito
Ativo: funcionário público (art. 327), sendo indispensável que o agente seja
superior hierárquico do funcionário infrator. Inexistindo situação de hierarquia
funcional o crime em análise inexiste.
Tratando-se de crime omissivo puro não se admite a coautoria. Se dois ou mais
funcionários se omitem no cumprimento do dever, responderão eles, isoladamente,
pela prática do crime.
É possível a participação, mediante instigação, de outro funcionário público ou
de terceiro que não ostente essa condição.
Passivo: Estado

 Tipo objetivo
A primeira modalidade de conduta descrita no tipo é deixar, por indulgência,
de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo. Trata-
se de crime omissivo puro, em que o superior não toma as providências necessárias
para aplicar ao subordinado a sanção administrativa, não promove a sua
responsabilidade. É elemento do tipo que a infração praticada pelo subalterno seja
mero ilícito administrativo ou crime funcional. Deve existir conexão entre os fatos e
o exercício do cargo.
Ficam fora do âmbito do tipo penal mesmo as faltas disciplinares que importam
demissão de cargo que não se relacionam ao exercício do cargo.
A segunda modalidade é a de não tendo o superior atribuição para
responsabilizar o subordinado pela infração praticada, deixar de levar o fato ao
conhecimento de autoridade competente. Trata-se também de crime omissivo.
Deve o sujeito ativo comunicar a ocorrência da falta à autoridade que tenha
atribuição para responsabilizar o funcionário; não o fazendo, responde pelo ilícito
previsto no 320.

 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de não responsabilizar o funcionário na primeira hipótese,
ou de não comunicar o fato à autoridade competente, na segunda.
A vontade de omitir-se pressupõe que o superior tenha ciência da infração e de
sua autoria. A lei incrimina apenas a conduta dolosa.
Exige o tipo subjetivo que o superior se omita por indulgência. Esta é um estado
anímico de tolerância, de clemência, de complacência, condescendência para
com o infrator. Havendo outro interesse ou sentimento pessoa, o crime será o de
prevaricação ou corrupção passiva (se o agente visa obter vantagem indevida).

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a omissão quando o sujeito ativo, ao tomar
conhecimento do fato e de sua autoria, não promove de imediato a
responsabilidade do infrator ou não comunica o fato à autoridade competente se
não tiver atribuições para fazê-lo.
A omissão estará caracterizada quando decorrer prazo juridicamente
relevante, levando-se em conta as circunstâncias do fato e as providências
necessárias para a apuração da responsabilidade.
A condescendência criminosa é omissivo puro e não admite tentativa.

Consiste em deixar de punir funcionário subordinado por motivo de indulgência,


sendo o agente responsável para puni-lo ou de comunica-lo a quem tem a
atribuição de dar a punição.

 Deixar – Omissão
 Funcionário: próprio
 Motivo: indulgência
 Subordinado
- Responsabilizar

 Cometeu infração
Legislador utiliza a expressão: lato sensu. Abrange crime e infrações
administrativas.

 Exercício cargo
Somente pratica o crime aquele funcionário público que ocupa cargo, ou seja,
aquele considerado pelo ponto de vista do administrativo.

 Quando houver comp.


 Ou comunicação

ART. 319 – A

Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de


vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
 Objetividade jurídica
Regularidade da administração pública em relação ao funcionamento dos
estabelecimentos prisionais.

 Sujeitos do delito
Ativo: o funcionário público (327) que tenha dever de vedar ao preso o acesso
aos aparelhos descritos no tipo. A menção no dispositivo ao diretor da penitenciária
não exclui a responsabilidade de ser o crime praticado pelo diretor ou funcionário
de estabelecimento penais de espécies diversas, como as cadeias públicas e
CDP’s.
Tratando-se de crime omissivo puro não se admite a coautoria. Se dois ou mais
funcionários se omitem no cumprimento do dever, responderão eles, isoladamente,
pela prática do crime.
É possível a participação, mediante instigação, de outro funcionário público ou
de terceiro que não ostente essa condição. Nesse caso, a circunstância de ser o
agente funcionário público se comunica ao partícipe por ser elementar do crime.

 Tipo objetivo
Pratica o crime o funcionário que deixa de praticar o ato destinado a impedir o
acesso do preso aos aparelhos vedados, se o ato omitido se insere entre os seus
deveres funcionais.
Vedar significa proibir ou impedir. Praticam a infração tanto o diretor do presídio
que se omite na adoção de providências destinadas a proibir o acesso dos presos
a aparelho telefônico celular, como o agente penitenciário que não impede esse
acesso por deixar de proceder à apreensão quando encontrado o aparelho no
interior do estabelecimento prisional ou na posse de um visitante, omitindo-se no
cumprimento de dever de ofício ou de ordem recebida.
Não se pune a conduta na omissão que propicia o acesso aos mencionados
aparelhos por interno em estabelecimento destinado à execução de medida de
segurança detentiva ou por adolescente infrator de medida socioeducativa de
internação, pois a lei se refere ao preso.
 Tipo subjetivo
É constituído do dolo (vontade) de se omitir no cumprimento do dever de vedar
o acesso ao preso dos aparelhos previstos no tipo.
Diferentemente do que ocorre na prevaricação, em que se prevê que a
conduta seja praticada para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, a
motivação do agente é irrelevante para a caracterização desse crime.
Não se exige a vontade do agente de que o preso venha a ter acesso ao
aparelho vedado.
Não é prevista modalidade culposa. Assim, não se configura o ilícito pela simples
negligência do funcionário ou quando a omissão decorre de uma mera falha ou
deficiência no cumprimento do dever.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime no momento em que o sujeito, omitindo-se no
cumprimento do dever funcional, deixa de praticar o ato impeditivo de acesso do
preso a um dos aparelhos mencionados no dispositivo.
Não é necessária para a consumação do delito que o preso venha a ter a posse
do aparelho.
Tratando-se de crime omissivo puro, não há possibilidade de tentativa. Ou o
agente se omitiu quando devia agir, consumando-se o delito, ou praticou o ato na
ocasião adequada, inexistindo a infração.
Consuma-se o crime mesmo se após a omissão do agente outro agente intervir,
apreendendo o aparelho e evitando que algum detento dele se aposse.

 Distinção
Distingue-se o crime da prevaricação por tipificar a violação de um dever
funcional específico e por dispensar para a sua caracterização o intuito de
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Mesmo que a conduta seja praticada
com esse intuito, responde o agente pelo crime descrito no art. 319-A, por se tratar
de norma especial/específica.
Tratando-se do recebimento ou aceitação de promessa de vantagem indevida
para que o agente viole o seu dever funcional, configura-se o crime de corrupção
passiva.
Deixar o diretor do estabelecimento prisional ou o agente público de evitar ou
de cumprir o dever de vetar ao preso o acesso de aparelho telefônico, radiofônico
ou que permita a comunicação a ambiente externo.
O componente do aparelho não é integrado à elementar do tipo, não é
abrangido pelo delito, não há previsão e não se pode fazer interpretação extensiva
ou analógica em desfavor do réu (extensão de conceitos). Não estará cometendo
o crime em análise nesse caso.

 Deixar
- Diretor
- Agente Público

 Cumprir dever
 Vedar ao preso acesso
- Aparelho telefônico
- Aparelho radiofônico
- Similar
 Permita comunicação ambiente externo

 Dualista / participação
Exceção dualista da teoria monista do concurso de agentes. Há dois crimes: um
para o funcionário público e outro para o particular. (ler).
Pune somente a participação (?)

ADVOCACIA ADM.

Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração


pública, valendo-se da qualidade de funcionário público.

 Objetividade jurídica
Regularidade administrativa
 Sujeitos do delito
Ativo: funcionário público (327) que esteja no exercício da função (não basta
ser nomeado e ter tomado posse).
Não importa que o sujeito tenha iniciado o patrocínio quando ainda não se
revestia a qualidade de funcionário público se, após assumir suas funções, continua
praticando os atos caracterizadores do ilícito.
Coautor é o particular que colabora na conduta do funcionário, estendendo-
se àquele a circunstância elementar de funcionário público.
É partícipe também o particular em benefício de quem atua o funcionário
desde que, ciente da ilicitude de seu procedimento, solicita o patrocínio.
Passivo: Estado.

 Tipo objetivo
O centro do tipo penal é patrocinar interesse privado. É advogar, defender,
facilitar, proteger, apadrinhar, favorecer um interesse particular alheio perante a
administração pública, em qualquer dos seus setores, junto a companheiros ou
superiores hierárquicos.
Não basta à configuração do crime que o agente ostente a condição de
funcionário público, sendo indispensável que pratique a ação aproveitando-se das
facilidades que a sua qualidade de funcionário lhe proporcione.
Pode exercer-se o patrocínio diretamente, sem intermediário, agindo o sujeito
ativo junto à repartição, através de requerimentos, defesas, justificações, cuidados
na tramitação de procedimentos, e solicitando providências a outros funcionários,
etc. Indiretamente atua o funcionário quando se vale de interposta pessoa que
aparece ostensivamente como procurador, assinando requerimentos, petições,
etc. (atuação dissimulada).
O interesse privado a que se refere a lei pode ser legítimo ou ilegítimo, ocorrendo
nesta última hipótese uma qualificadora (parágrafo único).

 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de patrocinar interesse privado perante a administração
pública.
Embora a finalidade de obter vantagem seja comum, não existe a lei esse
intuito, podendo o funcionário agir por amizade, ou qualquer interesse ou
sentimento pessoal.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a prática de um ato de patrocínio,
independentemente de atuar o sujeito ativo como verdadeiro patrono do particular
ou de obter o resultado pretendido.
É possível a tentativa, como no exemplo de uma petição em se advoga o
interesse de terceiro, sendo, entretanto, o funcionário obstado de, no momento
preciso, apresenta-la a quem de direito.

 Advocacia administrativa qualificada


Se o interesse é ilegítimo.
Por sofrer maior dano a administração pública com a defesa de interesses ilegais
ou indevidos, a pena é maior.
Exige-se para a caracterização da qualificadora que o sujeito ativo tenha
ciência da ilegitimidade do interesse.

 Distinção
Na advocacia administrativa podem ocorrer, em concurso formal, os crimes de
corrupção passiva, corrupção ativa ou concussão, seja a conduta do sujeito ativo
solicitar ou receber vantagem ilícita, oferece-la ou promover a vantagem a outro
funcionário, ou exigi-la.
Quando o interesse privado corresponde a ato de ofício do sujeito ativo, ocorre
apenas corrupção passiva ou prevaricação.
Se o dinheiro entregue não for exigido ou reclamado pelo sujeito ativo, mas
simples retribuição ocorre apenas o crime previsto no art. 321 (advocacia
criminosa).
Ocorre estelionato quando o funcionário não patrocina o interesse privado, mas
ilude o particular para obter vantagem indevida.

Patrocinar direta ou indiretamente interesse privado perante a Administração


Pública.
O agente é funcionário público (não precisa ser advogado, mas sim funcionário
público) e pratica tal conduta dentro da Adm.

 Art. 321

 Patrocinar
- Direta: por gestões diretas através de petições/forma verbal/gestual indica
(diretamente) que determinados agentes são melhores do que outros visando o
favorecimento destes.
- Indireta: através de sugestionamentos.

 Interesse privado
Não precisa ser imoral/ilegítimo o interesse. Se ele for ilegítimo há aumento de
pena, ou seja, é possível o interesse legítimo.
Não há lucro/intenção de lucro – caracteriza outra infração penal.
Aqui basta que esteja defendendo o interesse privado, sem qualquer intenção
de lucro.

 Perante
 Único – ilegítimo

VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA

Praticar violência, no exercício da função ou a pretexto de exercê-la.

 Objetividade jurídica
Regularidade administrativa.

 Sujeitos do delito
Ativo: funcionário público (327)
Passivo: Estado e pessoa contra quem é praticada a violência
 Tipo objetivo
O núcleo do tipo é praticar violência. Refere-se a lei apenas à violência física,
não configurando o ilícito a prática de violência moral (ameaça).
Deve a violência ser arbitrária, sem motivo legítimo não autorizada em qualquer
norma jurídica.
É indispensável que a violência ocorra no exercício da função ou que o agente
tenha pretexto de exercê-la.
É imprescindível a existência íntima conexão entre a violência e o desempenho
da função. Quando a função não é a razão determinante do excesso nem o seu
objetivo final, mas apenas a ocasião em que o sujeito ativo atua, inexiste o crime
funcional.

 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de praticar a violência no exercício da função ou a pretexto
de exercê-la, sendo indispensável que o agente tenha consciência da
ilegitimidade da sua conduta.
São indiferentes para a lei penal os motivos do crime.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a violência, pois basta a prática de vias de fato para
configurar o crime.
Ocorrendo lesões corporais ou homicídio, haverá acúmulo de sanções do que
dispõe o art. 322 na cominação da pena.
É possível a tentativa.

 Concurso
Determina a lei que seja somada à pena prevista no art. 322 aquela prevista
para a violência (homicídio, lesões, etc.). Entretanto, as vias de fatos estão
subsumidas no crime.

 Violência arbitrária e a Lei nº 4.898


Essa lei define os crimes de abuso de autoridade, prevento como ilício qualquer
atentado à “incolumidade física do indivíduo”.
O STF e alguns tribunais estaduais têm decidido pela não revogação do art. 322
por essa lei.

Praticar violência no exercício da função ou a pretexto de exercê-la.

Exclui o delito se a violência é praticada no estrito cumprimento do dever legal


(excludente de ilicitude).

Se houver previsão na lei de abuso de autoridade, aplica-se ela


(especialidade). Aplica-se a violência arbitrária se não houver a previsão da
conduta especificamente na lei.

 Art. 322 – Praticar violência


Não é só aquela que resulta lesão corporal, mas também as vias de fato.

 Exercício função ou pretexto

 Abuso
- Autoridade
- Poder: *ver a questão de emprego de violência e sem.

Primeiro: ver se encaixa na lei de abuso de autoridade (especial), depois ver se


encaixa no artigo 322 (regra geral mais específica do que o 350), se não encaixar
aplica o 350 (exceder limites ... SEM emprego de violência). *ler pra ter ctz se é isso

EXERCÍCIO ANTECIPADO OU PROLONGADO

“Entrar no exercício de função pública antes de satisfeita as exigências legais,


ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi
exonerado, removido, substituído ou suspenso”.

 Objetividade jurídica
Regularidade administrativa.
 Sujeitos do delito
Ativo: funcionário público (327). Quanto se trata de exoneração, sujeito ativo é
aquele que deixou de ter aquela qualidade e que continuar a exercer funções
ilegalmente.
Tais circunstâncias distinguem o crime em apreço do de usurpação de função,
que tem como sujeito ativo o particular.
Passivo: Estado.

 Tipo objetivo
A primeira conduta prevista no tipo penal é a de o funcionário público
antecipar-se para exercer suas funções antes de satisfeitas as exigências legais
(posse, exames, etc.). Tal dispositivo trata-se de norma penal em branco, já que
deve ser integrada, para a sua aplicação, por normas jurídicas que preveem quais
as exigências para o exercício da função.
A segunda modalidade típica é a de prosseguir o agente no exercício da
função depois da exoneração, remoção, substituição ou suspensão. Esqueceu-se o
legislador da demissão e da aposentadoria. A primeira pode-se considerar uma
espécie de exoneração, enquanto a segunda, por ser omissa a lei, não configura o
ilícito previsto no art. 324.
É indispensável que o funcionário tenha conhecimento oficial do impedimento
ao exercício das funções. Exige-se a comunicação expressa ao agente público,
não suprindo a publicação no Diário Oficial quando não houver prova de que o
agente tomou conhecimento inequívoco da exoneração, remoção, etc.
Não ocorre o crime quando se trata de cessação temporária (férias, licença,
etc.) ou em casos de necessidade ou autorização. Exige-se a ilegitimidade do fato,
que pode ser excluída pela necessidade do serviço e pela autorização, a que se
refere expressamente a lei (deve ela emanar de superior hierárquico competente e
revestir as formas legais).

 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de exercer a função pública tendo a ciência da
irregularidade da conduta.
Exige-se o conhecimento oficial da exoneração, suspensão, remoção,
substituição (segunda hipótese). Não basta a culpa ou o dolo eventual. O erro sobre
essa circunstância, sobre a necessidade do serviço ou sob a legitimidade da
autorização exclui o crime.
É irrelevante o fim do agente, não eximindo de responsabilidade o intuito de
auxiliar a administração, exceto no caso de necessidade.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando o funcionário pratica qualquer ato constitutivo de
exercício da função antes de satisfeitas as exigências legais ou depois do
conhecimento oficial do impedimento.
É indiferente que não persista o agente na prática irregular dos atos de exercício
da função, bastando um deles para consumar o ilícito.
É possível a tentativa.

Entrar no exercício de função antes de cumprir os requisitos ou continuar no


exercício da função após não pertencer mais a função.
Somente pode cometer o crime aquele agente que tem expectativa de assumir
a função ou aquele que exercia a função.
Tutela: a coletividade, os atos praticados pelo agente são inválidos e os
prejudica – preserva o status da função.
 Art. 324 – Entrar exercício antes cumprimento requisitos ou continuar exercício

 328

 Vantagem
Se for praticada a conduta para auferir vantagem há a prática de outro crime
(infração é residual).

ABANDONO DE FUNÇÃO

Abandonar cargo público fora dos casos permitidos em lei

 Objetividade jurídica
Regularidade e o normal desempenho das atividades do funcionário na
administração pública.

 Sujeitos do delito
Ativo: somente pode cometer o crime aquele que está investido em cargo
público – não é o conceito de funcionário em sentido amplo.
Passivo: Estado

 Tipo objetivo
Abandonar é largar, deixar, afastar-se.
Trata-se de crime omissivo puro, em que o agente deixa de exercer as funções
de seu cargo.
Para haver o abandono punível é necessário que o fato acarrete perigo à Adm.
É indispensável que, decorrido um prazo juridicamente relevante, a omissão do
sujeito ativo possa causar prejuízo à administração. Não ocorrendo essa situação
de perigo o fato constituirá em mera falta disciplinar.
Não ocorre o ilícito quando está presente o funcionário a quem incumbe
assumir o cargo na ausência do ocupante, isto porque não há probabilidade de
dano, que é a condição mínima para a existência de um evento criminoso.
O abandono pode ocorrer pelo afastamento do funcionário ou por não ter-se
apresentado para o desempenho de suas funções no local e ocasião devidos. Se
depois de ter sido empossado, não chega o acusado a exercer, por vontade
própria, o cargo para o qual foi nomeado, abandonando a função pública com
prejuízos para a Administração, ocorre o crime em apreço.
Indispensável que o sujeito ativo seja titular de cargo público.
Somente ocorre o delito quando o abandono é total – não é abrangida a
ausência esporádica.

 Tipo subjetivo
O dolo do crime é a vontade de abandonar cargo; só se caracteriza com a
vontade deliberada do funcionário de abandonar o cargo fora dos casos permitidos
em lei. É o abandono proposital, intencional, onde o agente tem consciência da
possibilidade de prejuízo para a administração, embora possa não ser o seu intuito,
já não se exige qualquer fim especial de agir (finalidade).
Não importa que o sujeito ativo não tenha o ânimo definitivo de abandonar o
cargo; não exclui o crime o animus revertendi.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com o abandono, ou seja, com o afastamento do cargo
por tempo juridicamente relevante, de modo que haja possibilidade de dano para
a Administração Pública.
Há que ser uma ausência injustificada, por tempo suficiente para criar a
possibilidade de dano.
Tratando-se de crime omissivo puro, não é possível a tentativa.

 Crimes qualificados
“Se do fato resulta prejuízo público”
Havendo prejuízo efetivo (patrimonial ou não) para a Administração Pública, e
não a simples probabilidade de dano, há fato mais grave, sendo o funcionário
merecedor de sanção mais severa.
A pena também é aumentada “se o fato ocorre em lugar compreendido na
faixa de fronteira”. Considera-se por lei faixa de fronteira a situada dentro de 150 km
ao longo das fronteiras nacionais.

Restringe o âmbito de alcance: somente se aplica a cargo público


(interpretação mais restritiva).

É norma penal em branco (heterogênea – integração se dá por uma norma


(não federal igual o CP), mas sim inferior (estadual/municipal/etc) – pode ser
homogênea se o funcionário for federal) *ler para saber

 Abandonar cargo
Para caracterizar o delito, deve-se analisar as leis correspondentes ao cargo
para ver se está fora dos casos permitidos.
Não se aplica a norma aos militares, há previsão específica no CP militar.

 Art. 323
 Fora dos casos permitidos
 Estado de necessidade
 Extensão

VIOLAÇÃO SIGILO PROFISSIONAL

“Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer
em segredo, ou facilitar-lhe a revelação”.

 Objetividade jurídica
Regularidade administrativa.

 Sujeitos do delito
Ativo: funcionário público (327). Quando a revelação do segredo ocorre depois
de ter o funcionário público deixado definitivamente a função pública não
caracteriza o delito (desaparece o dever funcional, bem como a qualidade
especial do agente na ocasião do fato, indispensável para caracterização do
delito).
Pode o aposentado praticar o crime, pois este não se desvincula totalmente de
deveres para com a administração.
Pode ocorrer a participação de particular nos casos em que este induz, auxilia
ou colabora de qualquer forma na conduta do funcionário.
Passivo: Estado e eventual particular interessado no segredo

 Tipo objetivo
A primeira conduta típica é revelar segredo, ou seja, comunicar a qualquer
pessoa (por escrito, verbalmente, através de exibição de documentos) fato ou
circunstância dele que deve ser mantida em sigilo.
A segunda ação incriminada é a de facilitar a revelação ou segredo. Nesta
hipótese, o agente torna possível ou mais fácil o conhecimento do segredo pelo
particular.
Facilita a revelação o que propositalmente deixa aberta a porta do cofre ou
gaveta onde se encontra o documento sigiloso, p. ex.
Não ocorre o crime se o destinatário da revelação já tinha conhecimento
integral do fato.
O objeto do crime é o segredo funcional. Deve-se referir ao interesse da coisa
pública e estar contida em “expressa disposição de lei ou de regulamento”. Embora
não impeça que, concomitantemente, seja interessado um particular, não haverá
ilícito se o segredo é exclusivamente este, não atingindo a regular atividade da
Administração.
Só existe o crime se o funcionário teve ciência do segredo em razão do cargo.
É indispensável que tenha ele tido conhecimento em razão das suas atribuições ou
competência.

 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de transmitir a qualquer pessoa o que deve ficar em sigilo.
Não basta a simples culpa, não ocorrendo o ilícito se, por esquecimento, o
funcionário deixa ao alcance de terceiro documento confidencial da
administração, possibilitando-lhe o conhecimento do conteúdo.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando qualquer pessoa, particular ou funcionário não
autorizado a conhecer o segredo toma ciência dele.
Independe a consumação do dano efetivo.
É possível a tentativa quando não se tratar de revelação oral.

 Distinção e concurso
Tal crime é expressamente subsidiário, podendo o fato constituir crime mais
grave.
Tratando-se de simples violação de segredo particular, que não afete interesse
algum da Administração, poderão ocorrer outros crimes.
Com a conduta praticada para obter vantagem, poderá o agente responder,
em concurso formal, com o crime de corrupção passiva.

 Fornecimento e empréstimo de senha


Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:

I- permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou


qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de
informações ou bancos de dados da Adm. Púb.
II- se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.

Protege-se a regularidade administrativa.

O sujeito ativo, nas duas hipóteses, é o funcionário público que opera os


sistemas ou bancos de dados da Adm. O sujeito passivo é o Estado.

No inciso I, a primeira conduta é a de permitir, mediante atribuição indevida por


parte de superior hierárquico, fornecimento ou empréstimo de senha, ou de
qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas aos sistemas de
informação ou bancos de dados. Na segunda, o de facilitar, ou seja, de auxiliar,
ajudar, pelos mesmos meios, o referido acesso. Exige-se para a caracterização do
crime o dolo, ou seja, a vontade de atribuir, fornecer ou emprestar a senha, ou de
praticar qualquer outro comportamento, que terceiro, não autorizado, tenha
acesso ao sistema.

Trata-se de crime forma, que se consuma com a simples atribuição,


fornecimento ou empréstimo de senha. Não há necessidade de que haja prejuízo
efetivo para a Adm., mas é indispensável que ocorre o acesso indevido pela pessoa
não autorizada.

No inciso II, é incriminada a conduta do próprio funcionário, que se utiliza


indevidamente, de qualquer forma, dos dados que obtém do sistema ou do banco,
quando tais dados são de acesso restrito aos interesses da Adm. Irrelevante que
tenha ocorrido dano à Adm. ou a terceiro, bastando para a consumação do crime
a utilização indevida dos dados.

Não configurando o crime de fornecimento e empréstimo de senha por não ser


o agente funcionário público ou em razão da ausência de alguma elementar do
tipo, o acesso não autorizado aos sistemas/bancos pode caracterizar o crime de
invasão de dispositivo informático (154-A).

 Forma qualificada
Se da ação ou omissão resulta dano à Adm. ou a outrem a pena é aumentada.

Foi objeto de modificação: acrescentou o acesso restrito.


Revelar fato de que tenha ciência em razão da função.

 Art. 325 – revelar fato


Não é qualquer revelação que dá ensejo na aplicação da norma. É preciso
que seja fato o objeto material.

 Ciência em razão da função


Não está restrito mais a cargo.

 Facilitar divulgação
Pode ser praticado de duas formas: revelar o fato ou facilitar a divulgação para
que alguém tenha acesso ao fato. E ainda: fornecimento de senha ou acesso
restrito.

 Fornecimento de senha
Fornecimento de senha ou liberação de acesso restrito também é englobado
nesse crime.

 Acesso restrito

CRIMES PARTICULAR

Usurpar o exercício de função pública.

 Sujeitos do delito
Ativo: particular. Pode o funcionário público ser sujeito ativo quando usurpar
função público que não lhe é atribuída, que não lhe compete (há jurisprudência
em sentido contrário).
Passivo: Estado e eventual prejudicado.

 Tipo objetivo
A conduta típica é usurpar o exercício da função. Usurpar significa apossar-se,
alcançar sem direito, assumir o exercício indevidamente, obter com fraude.
Pratica o crime quem, ilegitimamente, executa ato de ofício.
Refere-se a lei a qualquer função, gratuita ou remunerada.
Para a ocorrência do ilícito é necessária a ausência de ato de autoridade
competente, legitimador da investidura no cargo; não se configura ele quando se
discute a legitimidade ou ilegitimidade desta; ainda quando resultante de fraude;
Não basta que o agente intitule-se de funcionário ou se apresente como
ocupante de determinado cargo, na mera autoatribuição dessa qualidade. É
indispensável para a caracterização do crime que o agente pratique ao menos um
ato de ofício, embora seja indiferente que observe ou não a forma estabelecida
para a prática de ato válido.
Não indispensável que o agente procure obter vantagem; se a conseguir,
haverá crime qualificado.

 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade livre e consciente de praticar a conduta ilícita, tendo o
agente ciência da ilegitimidade do fato. A ausência do animus de usurpar
desnatura o delito.
O dolo estará excluído quando houver erro por parte do agente que considera
legítima a sua conduta, insciente de que age sem direito.
Não prevê a lei a forma culposa.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a prática efetiva de pelo menos um ato de ofício. A
prática de vários atos funcionais, desnecessária para a configuração do delito,
constitui delito permanente.
Não é necessária a verificação do dano.
É possível a tentativa, que ocorre quando o agente, praticando atos
inequívocos, não consegue a execução do ato de ofício por circunstâncias alheia
à sua vontade.

 Usurpação de função pública qualificada


Se do fato o agente aufere vantagem, a pena é aumentada.
 Distinção e concurso
A simples apresentação do agente na qualidade de funcionário público
configura apenas uma contravenção, que é absorvida quando o agente usurpa
função pública.
Divergem os delitos de estelionato e usurpação de função público, porque no
primeiro o bem jurídico vulnerado pelo agente é o patrimônio, no segundo o
agente, particular ou funcionário público, obra em detrimento da Administração
Pública. Também divergem quanto à obtenção de vantagem: se o agente prática
ato de ofício ilicitamente e aufere vantagem caracteriza a usurpação. Entretanto,
se o agente se autointitula funcionário como meio fraudulento para obtenção de
vantagem, caracteriza estelionato.
Configura os crimes de usurpação e constrangimento ilegal o ato de quem, a
pretexto de ser policial, mas a serviço de empresa particular, mediante violência
procura investigar sobre alcance praticado contra aquela e atribuído a
empregado.
Não há concurso material entre usurpação e roubo, este absorvente aquele
como meio.

 Usurpação função pública


Usurpar (tomar o lugar de alguém) o exercício da função pública. O agente
não tem a prerrogativa e toma o lugar do funcionário público e passe a exercer a
função.
Funcionário público pode cometer esse crime, basta que invoque função
diversa da que exerce e pratique um ato inerente à função.

 Art. 328 CP

 Usurpar exercício
Não basta tomar usurpar a função pública, é necessário usurpar o exercício.

 Mera invocação
Não basta a mera invocação, precisa praticar um ato inerente à função.

 Único – aufere vantagem


Pune mais gravosamente quando o agente aufere vantagem com a
usurpação.
Pode ser qualquer vantagem, não é necessário que seja econômica.
Não caracteriza estelionato se auferir vantagem econômica, é previsão mais
especial, caracteriza a usurpação.

RESISTÊNCIA (329)

Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário


competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio.

 Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa que se opõe à execução de ato legal,
independentemente de dirigir-se ele ao agente ou outra pessoa.
Responde pelo crime quem intervém na execução de ato legal por autoridade,
opondo-se, por exemplo, à prisão de terceiro ou comparsa por policiais no exercício
de suas funções.
Passivo: Estado e funcionário público e, eventualmente, a pessoa que esteja
prestando auxílio
É necessário que o funcionário público seja competente para a prática do ato
de ofício já que o dispositivo se refere a ordem legal.
É necessário para a caracterização do crime que o funcionário público esteja
exercendo suas funções quando o agente se opõe à execução do ato; não ocorre
o ilícito se o funcionário pratica o ato, ainda que legal, quando está de folga.
Pode ser sujeito passivo a pessoa que esteja prestando auxílio, solicitado ou não,
ao funcionário. Não será ofendido do crime o mero espectador que não presta ao
funcionário auxílio material. O agente responderá, com relação a este, por eventual
crime de lesões corporais ou ameaça.

 Tipo objetivo
A conduta típica é a oposição do agente ao ato legal mediante violência ou
ameaça.
É indispensável que o agente empregue força física ou ameaça. A violência
deve ser exercida contra a pessoa do funcionário ou de quem o auxiliar.
A ameaça pode ser real ou verbal.
Não caracteriza o crime a resistência passiva. Nesse caso, poderá ocorrer o
crime de desobediência ou desacato.
É indispensável que a oposição ocorra quando o ato está sendo executado,
não constituindo crime de resistência a violência ou ameaça praticada antes do
início da execução do ato ou ocorrida após ter sido este concluído, em represália
à autoridade.
É pressuposto do crime a execução de um ato legal por parte do funcionário.
Sem comprovação rigorosa da legalidade do ato, não há resistência punível. É
lícita a resistência a ato ilegal e à prisão ilegal.
Não constitui o crime empreender fuga à prisão legal, pois é justificável tal
reação por se tratar de movimento instintivo do agente, reflexo de seu desejo de
preservar ou garantir sua liberdade.

 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de se opor à execução do ato, mediante violência ou
ameaça, mas é indispensável que o agente tenha consciência da antijuridicidade
de sua conduta. A dúvida quanto a esta basta para o reconhecimento do dolo
eventual.
O erro do agente quanto à legalidade do ato, ainda que culposo, exclui o dolo.
P. ex., não configura o crime no caso de um particular supor ser injusta a agressão
sofrida pelo irmão por parte de terceiro e o auxilia, ignorando o fato de que este
era policial e executava prisão legal.
Quanto à exclusão do dolo pela embriaguez: se a ebriez impedir a
compreensão de que o ato é legal e de que está se opondo à ordem legal não se
caracteriza o crime (coma e violência).
Na fase da excitação é possível caracterizar o crime, pois é possível ter
consciência de que o ato é legal. Só é perdida a compreensão do ato a partir da
fase da violência da ebriez. *Com exceção da ebriez voluntária – para criar
coragem.
 Consumação e tentativa
É crime formal. Consuma-se com a prática da violência ou ameaça. É
dispensável o resultado pretendido pelo agente, que é a não execução do ato
legal. Obtendo esse feito, responde pelo crime qualificado.
É possível a tentativa de violência ou da ameaça (por escrito).

 Concurso
Além das penas aplicadas pela resistência, executado ou não o ato, são
aplicáveis as penas correspondentes à violência (§2º). A lei determina a cumulação
da pena com as de lesão corporal ou homicídio. Não se aplica o concurso formal
de crimes.
O crime de resistência absorve os crimes de ameaça, de desobediência e de
exposição ao perigo de vida.
A resistência oposta por autores de crime para evitar a prisão, quando
perseguidos logo após a prática do ilícito, não constitui crime autônomo, mas
simples desdobramento da violência caracterizadora daquele.
A resistência a dois funcionários não configura concurso formal e sim crime
único, porque o sujeito passivo é a Administração como um todo.

 Tutela: protege-se
- Autoridade: da função pública
- Prestígio: da função pública

 Sujeito ativo: qualquer – particular em geral; pode o funcionário público também


opor-se à execução.
 Sujeito passivo: Estado; funcionário que sofre a agressão/ameaça – em regra;
particular – será vítima quando presta auxílio ao funcionário público.

 Ordem legal – func. comp.


Ordem legal é aquela cuja a forma é a legal, bem como seu conteúdo
(material).
Ordem legal é aquela que cumpre as formalidades/procedimentos e que cujo
conteúdo é compatível com o ordenamento jurídico.
É indispensável que o agente tenha ciência da legalidade do ato para
caracterizar o crime.

 Emprego de (durante a execução da ordem): indispensável que o emprego de


violência ou grave ameaça seja feito durante a execução do ato legal.
- Violência:
- Ameaça: não se fala em grave ameaça, pois não se pode ameaçar em hipótese
alguma o funcionário público.
Ameaça precisa ser idônea.

 Resistência passiva – hipótese criada pela jurisprudência


É aquela que apesar do emprego da violência não pode caracteriza-la como
resistência.
NÃO caracteriza o crime de resistência
- Mera recusa
- Espernear
- Indisciplina

 Ciência ato executado


 Ilegalidade ≠ Injustiça
Quando se indaga a legalidade não se considera a justiça/injustiça da ordem.

 Ebriez
Se a ebriez impedir a compreensão de que o ato é legal e de que está se
opondo à ordem legal não se caracteriza o crime (coma e violência).
Na fase da excitação é possível caracterizar o crime, pois é possível ter
consciência de que o ato é legal. Só é perdida a compreensão do ato a partir da
fase da violência da ebriez.

 Formal
Não é necessário que o ato não se concretize, basta o emprego de violência
ou ameaça durante a execução do ato legal para tipificar a conduta.

 Tentativa: escrita
 § 1º Ato não se executa
Se pela oposição à execução de ordem legal mediante violência ou ameaça
não se executa o ato, há uma espécie de exasperação.
Se o funcionário poderia executar o ato mesmo sofrendo a violência ou
ameaça e não o executa, não caracteriza o dispositivo majorante.

 §2º Concurso crimes

Se resultar lesões corporais, responde pelos dois crimes (expressa previsão legal).

 Desdobramento roubo
STJ: quando há conexão entre a prática da subtração e a violência e a fuga
do cerco imediato da polícia só há roubo. Quando eventualmente a polícia vem a
perseguir o agente e há emprego de violência ou ameaça há dois crimes.

DESOBEDIÊNCIA (330)

Desobedecer à ordem legal de funcionário público.

 Sujeitos do delito
Ativo: aquele que desobedecer a ordem legal emanada de autoridade
competente. Em regra, será o particular, entretanto, também pode ser o funcionário
público, porém é indispensável que este NÃO esteja no exercício da função.
É possível a participação e coautoria.
Passivo: Estado e o funcionário público que dá a ordem.

 Tipo objetivo
Desobedecer significa não acatar, não atender, não cumprir a ordem legal de
funcionário público.
A desobediência só ocorre quando não atendida a ordem legal. Se o ato de
ofício não é legal, não se pode cogitar o crime.
Havendo dúvida sobre a legitimidade da ordem, estabelece-se um estado de
dúvida sobre a própria existência do delito.
É indispensável que a ordem se revista das formalidades legais (legal) e que o
funcionário esteja no exercício da função (legítima).
Para que se caracterize o crime, a ordem deve ser transmitida diretamente ao
desobediente (verbal, por escrito, etc.). Ela deve conduzir ao conhecimento
perfeito da ordem.
O crime somente existe quando a ordem é individualizada, ou seja, quando
dirigida inequivocamente a quem tem o dever jurídico de recebe-la ou acatá-la.
Não se exige que esteja presente aquele que expediu a ordem, bastando que se
comprove ter o agente ciência da determinação e que tenha o dever jurídico de
obedecer para que se configure o ilícito de desobediência.
A desobediência à lei não configura o crime, mas sim a desobediência à ordem
legal.
A simples fuga, sem violência, não caracteriza o crime de desobediência,
mesmo diante da voz de prisão – trata-se de impulso instintivo de liberdade.

 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de não obedecer à ordem legal do funcionário público. É
indispensável que o agente tenha ciência da determinação e consciência da
antijuridicidade de sua conduta. É abrangido nesta a consciência de que a ordem
emana de funcionário competente para expedi-la. Ignorando o agente a
qualidade de funcionário, que não se identifica, não se caracteriza o crime.
A dúvida caracteriza o crime por dolo eventual.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime no momento da ação ou omissão ilícita, ou seja, após
decorrido o prazo fixado pela autoridade ou lapso suficiente que caracterize o
descumprimento da ordem.
A tentativa só é possível na forma comissiva.

 Distinção
Distingue-se a desobediência da resistência pelo não emprego de violência ou
ameaça ao funcionário competente para executar a ordem.
A violência contra a coisa não configura resistência, mas simples
desobediência.
Quando o agente desobedece à ordem legal para satisfazer pretensão, ainda
que legítima, ocorre exercício arbitrário das próprias razões.

 Tutela
- Prestígio
- Dignidade

 Sujeito ativo: qualquer; funcionário público não pode praticar no exercício da


função ou em razão dela desobediência, há previsão específica (prevaricação). Se
o funcionário não estiver no exercício da função ou não praticar em decorrência
da função aí pode praticar desobediência.

 Sujeito passivo: Estado; funcionário que emitiu ou que está cumprindo a ordem.

 Prevaricação

 Verbo – Desobedecer
Pode ser uma conduta comissiva ou omissiva. Deve contrariar a ordem: se a
ordem for de uma abstenção, a prática delitiva será de uma ação e vice-versa.
É importante para justificar as hipóteses de tentativa.
- Comissão
- Omissão

 Exercício cargo e formalidades

 Ordem: indispensável que desobedeça à ordem legal, tanto faz que seja injusta.
Aqui se exige que seja inequívoca a ordem, seja expressa e também direta.
Também se exige que o agente tenha consciência da legalidade da ordem.
Se a ordem gerar dúvidas quanto ao seu conteúdo, não há como caracterizar
o crime.
- Legal
- Injusta
- Expressa
- Direta: dirigida à pessoa certa e determinada.

 Penalidade extrapenais
Há determinadas ordens legais que pelo seu conteúdo não se enquadra no
crime, sua sanção será extrapenal.
Poderá punir também pelo crime de desobediência algo que é tutelado por
norma extrapenal com cominação de sanção extrapenal apenas quando houver
previsão expressa. Senão aplica-se apenas a cominação extrapenal.
 Simples fuga
A simples fuga não caracteriza infração penal.

 Ebriez
Quanto à exclusão do dolo pela embriaguez: se a ebriez impedir a
compreensão de que o ato é legal e de que está se opondo à ordem legal não se
caracteriza o crime (coma e violência).
Na fase da excitação é possível caracterizar o crime, pois é possível ter
consciência de que o ato é legal. Só é perdida a compreensão do ato a partir da
fase da violência da ebriez. *Exceção da ebriez voluntária – para criar coragem.

 Tentativa: somente nas modalidades comissivas.

 Simples fuga
É um direito inato, constitucional do cidadão a busca pela liberdade. Não
caracteriza a desobediência

 Ordem inequívoca
No trânsito, caracteriza a ordem inequívoca (ordem de parada) quando
reiterada. É indispensável, no trânsito, a ordem ser reiterada para ser inequívoca.

DESACATO (331)

Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela.


 Sujeito ativo
Qualquer pessoa que desacata o funcionário público, sendo que o funcionário
público também pode ser autor de desacato, desde que fora do exercício da
função ou despido da qualidade de funcionário.
Há discussão a respeito da possibilidade da prática de desacato quando o
funcionário público está no exercício da função/invocando a sua qualidade. Há
posições que defendem ser possível tal prática quando a ofensa é dirigida ao
superior hierárquico.

 Sujeito passivo
Estado e funcionário público desacatado (327).

 Tipo objetivo
Desacatar significa ofender, vexar, humilhar, desprestigiar o funcionário,
ofendendo a dignidade ou o decoro da função.
O desacato é qualquer ofensa direta e voluntária à honra ou ao prestígio de
funcionário público com a consciência de atingi-lo no exercício ou por causa de
suas funções.
Pode o desacato constituir-se em palavras ou atos e violência que constitua vias
de fato ou o crime de lesões corporais.
A jurisprudência já caracterizou o desacato nas ofensas morais seguidas de
agressão física; na tentativa de agressão; no insulto seguido de um tapa; nas
palavras grosseiras, etc.
Pouco importa que o funcionário se julgue ou não ofendido, pois não se está em
jogo apenas a integridade moral ou física do funcionário, mas também a dignidade
e o prestígio do cargo ou função.
Para a caracterização do delito é indispensável o nexo funcional, ou seja, que
a ação ocorra quando o funcionário esteja no exercício da função ou, não
estando, que o funcionário esteja no desempenho de sua atividade funcionário,
caracterizando-se a infração ainda que a ofensa não diga respeito à função.
Quando o funcionário não está no exercício da função, é necessário que a
ofensa diga respeito à sua função.
Se o funcionário é ofendido fora do ofício, como particular, e as expressões
usadas não tem ligação alguma com o exercício de sua função pública, não
caracteriza desacato; caracteriza crime contra honra.
É indispensável para caracterizar o desacato a presença do funcionário na
ocasião da ofensa. Não é necessária que ela seja realizada face a face, bastando
que esteja próximo o ofendido e por ele seja percebida.
Não ocorre o crime quando o funcionário já não é funcionário público, ainda
que se refira a ofensa ao anterior exercício da função.
Não há crime nas críticas genéricas a uma instituição, por si, pois para a
tipificação do desacato é indispensável que as ofensas sejam dirigidas contra o
funcionário público no exercício de suas funções ou em razão delas.
Não constitui desacato a mera censura ou crítica sobre a atuação de servidor
público, quando não há adjetivação ofensiva.

 Tipo subjetivo
Consiste o dolo na vontade consciente de praticar a ação ou proferir a palavra
injuriosa, com o propósito de ofender ou desrespeitar o funcionário a quem se dirige.
Deve saber o agente que o ofendido é funcionário público e que ele está no
exercício da função ou que a ofensa irrogada é em razão desta. A ignorância ou
erro sobre essa circunstância exclui o dolo com relação ao desacato, devendo o
agente responder pelo crime contra a honra, por ameaça, lesões, etc.
É predominante na jurisprudência o entendimento de que o dolo fica excluído
quando as ofensas são realizadas em um estado de exaltação/emotivo.
Quanto à ebriez: depende do grau de ebriez para poder caracterizar o
desacato pelo ébrio. Somente na fase da excitação o delito se caracteriza, pois
tem consciência da conduta praticada; na fase da violência não caracteriza
desacato, pois o sujeito não tem consciências dos atos praticados – ausência de
dolo.
Desacato não caracteriza quando o ânimo está exaltado, somente caracteriza
a infração quando o ânimo calmo e refletido.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a prática da ofensa. Trata-se de crime formal, sendo
irrelevantes as consequências do fato.
Caracterizado o crime, é irrelevante eventual pedido de desculpas por parte
do agente.
Tratando-se de crime de ação pública, não admite retratação.
É possível a tentativa, salvo nos casos de ofensa oral.

 Distinção
Distingue-se o desacato da resistência; naquele há agressão com intenção de
ofender a dignidade ou decoro do funcionário ou da Administração; nesta, a
violência é exercida para impedir o cumprimento de ordem legal.

 Concurso
Quando o desacato se traduz em agressão física, subsiste apenas esse delito,
absorvendo o crime de lesões corporais. Ocorre o mesmo com a tentativa de lesão
ou ameaça e com a injúria.
Haverá concurso formal se se tratar de lesões graves ou calúnia.
Ainda que haja vários funcionários ofendidos, o crime é um só se houve apenas
uma conduta, já que trata de infração contra a Adm. Pub.; porém, já se decidiu
nessa hipótese pelo concurso formal.
Há crime continuado no comportamento do agente que, em atitudes
sucessivas, desacata vários funcionários e concurso material se ocorre, além do
desacato, desobediência ou resistência.

Não fere a Constituição por não estar em desacordo com nenhum tratado
internacional.
O desacato exige presença física do funcionário. A injúria qualificada requer
ausência do funcionário.
Não precisa ser face a face.

 Tutela
- Dignidade da função
- Prestígio da função
- Decoro
Não somente o funcionário.
 Sujeito ativo: particular; funcionário?
1ª teoria: somente particular poderia cometer – está inserido em crimes
praticados por particular contra a Adm.
2ª teoria: funcionário poderia cometer contra superior hierárquico
3ª teoria (majoritária e jurisprudencial): pode haver desacato praticado por um
funcionário contra outro funcionário.
 Sujeito passivo: Estado; funcionário

 Na função ou em razão
No exercício da função: estar efetivamente praticando um ato funcional.

 Vexar, humilhar, menoscabar

 Palavras, atos, gestos, símbolo, violência, ameaça


Se invocar a função para humilhar caracteriza o crime de desacato. Ex.:
delegado fdp.
Por escrito: fazer cartaz, p. ex. – desde que na presença física
Gestos: também é possível
Simbólico:

 Funcionário não se sente


Funcionário não precisa se sentir ofendido, pois se trata de crime formal. Basta
que a ofensa realizada seja apta para macular a maioria dos funcionários naquela
mesma condição.

 Presença física
Exige-se a presença física para cometer desacato.

 Telefone/petição/e-mail
Protocolar petição: injúria qualificada – não há presença física
Telefone: não há presença física – injúria qualificada

 Críticas genéricas
Críticas genéricas à instituição não caracteriza a infração. Se não individualizar
a conduta não caracteriza crime contra a honra ou desacato.

 Crime formal
Significa que o legislador prevê a conduta, prevê o resultado, mas não exige a
produção do resultado (funcionário se sentir vexado).

 Absorção lesões
Segundo a jurisprudência, o crime de desacato absorve o crime de lesão leve

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa
de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no
exercício da função.

 Sujeitos do delito
Ativo: aquele que obtém vantagem ou promessa dela, para si ou para terceiro,
arrogando influência junto a funcionário público. Tanto o particular como o
funcionário público podem ser sujeito ativo do crime – há decisão em sentido
contrário.
Passivo: Estado e, secundariamente, a pessoa que pretende “comprar” o
prestígio que o sujeito ativo diz ter. Este nunca será coautor ou partícipe, pois está
adquirindo influência inexistente. Supõe ele que está praticando um crime de
corrupção ativa, que somente existirá se houver realmente a influência efetiva sobre
o funcionário.

 Tipo objetivo
Exige-se que o “agente se arrogue prestígio junto a funcionário público, pois,
caso contrário, o fato não ofende à administração pública, e poderá constituir
apenas um estelionato”.
Não é indispensável que o agente mencione expressamente o nome do
funcionário sobre o qual se exercerá a suposta influência – há decisão em sentido
contrário.
O fim lícito ou ilícito do fraudado é irrelevante, pois a essência do delito reside
em o agente conseguir vantagem ou promessa desta, a pretexto de atuar junto ao
funcionário de quem depende para satisfação daquele fim.
A vantagem não precisa ser somente patrimonial.
Quando o agente realmente goza de influência e dela se utiliza, poderá haver
outro crime (corrupção ativa, p. ex.), que absorverá o crime previsto no art. 322.
Se o prestígio arrotado junto ao funcionário público não causa a mínima
impressão na vítima, que não se deixa enganar, não há que se cogitar do delito.

 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de obter vantagem ou promessa desta, arrogando-se
influência junto a funcionário público.
Não se exige que o agente tenha a consciência de atingir a administração ou
de desacreditá-la.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o delito com a simples prática de uma das condutas previstas no
dispositivo, independentemente de obter o agente a vantagem pretendida, salvo
na última figura, em que o agente, sem ter praticado uma das demais ações
inscritas no tipo, recebe a vantagem.
É possível a tentativa quando a solicitação, exigência ou cobrança, por ser feita
por mensagem ou por intermédio de terceiro, não chega ao conhecimento do
ofendido.

 Distinção
Distingue-se o crime de tráfico de influência do estelionato, porque no primeiro
há sempre o pretexto de influir na Administração. Há no caso concurso aparente de
normas que se resolve pelo princípio da especialidade.
Se a exploração de prestígio chega a constitui o crime de corrupção ativa, este
será o único delito caracterizado, absorvente o anterior.
Quando a vantagem é patrimonial e o pretexto é de influir em funcionário do
Poder Judiciário, há disposição específica.
 Crime qualificado
A pena é aumentada se o agente alega ou insinua que a vantagem é também
destinada ao funcionário – maior desprestígio para Adm. Pub.

Não existe mais exploração de prestígio – lei anterior. Aqui é venda de função
de terceiro.
Ver distinção do 332 e 357; distinguir com corrupção; distinguir do estelionato;
de usurpação de função pública.
Funcionário pode praticar a infração desde que esteja vendendo a função de
terceiro, não a sua.

 332
 Solicitar, exigir, cobrar ou obter
 Vantagem ou promessa
 A pretexto influir
Falar que vai fazer algo que não irá fazer – venda falsa da função de terceiro.
Se vender a função de terceiro com a anuência desta há a prática de corrupção
passiva indireta.
 Ato praticado func.
 No exercício da função

 Funcionário da justiça
Lei específica
 Venda de fumaça

 P. único
Exaspera a pena se alegar/insinuar que o sujeito irá pagar para o funcionário
praticar o ato (ler).
- Alega
- Insinua:
- Vantagem funcional
 Estelionato funcional
 328
 171
CORRUPÇÃO ATIVA (333)

Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para


determina-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

 Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa, inclusive o funcionário público desde que agindo como
particular.
Passivo: Estado

 Tipo objetivo
Prevê a lei as ações de oferecer ou prometer vantagem indevida ao funcionário
público.
Oferecer é colocar à disposição, apresentar, exibir. Prometer é obrigar-se,
comprometer-se.
De todos os meios pode valer-se o corruptor: palavras, gestos, escritos, etc. É
necessário apenas que a ação seja inequívoca, positivando o propósito do agente.
É necessário que a oferta ou promessa tenha por finalidade que o funcionário
pratique, omita ou retarde ato de ofício.
Não é necessário que a oferta ou promessa seja feita diretamente ao servidor,
pode ser realizada por interposta pessoa que será coautor do crime.
A lei não distingue se a oferta ou promessa se faz por sugestão ou solicitação
do funcionário, pois para que possam constituir o crime de corrupção passiva,
devem ser espontâneas, o que não exclui que a iniciativa da ação parta do
funcionário corrompido. Entretanto, solicitada a vantagem pelo funcionário e
configurado a corrupção ativa, a simples conduta do particular de entrega-la é
atípica, pois apenas acede à solicitação. Não está oferecendo ou prometendo
vantagem, e sua ação, embora voluntária, não é espontânea.
É indispensável para caracterização do delito que o ato que deve ser omitido,
retardado ou praticado seja de ofício e esteja compreendido nas específicas
atribuições funcionais do servidor público visado.
A configuração do crime independe de ser a oferta ou promessa aceita pelo
funcionário.
Não se caracteriza o crime de corrupção ativa quando a oferta ou promessa
tem o fim de impedir ou retardar medida ou ato ilegal.
Desde que não haja oferta explícita de vantagem indevida, também não há
que se falar em corrupção ativa quando o sujeito pedir ao funcionário para dar um
“jeitinho” ou para “quebrar o galho”.
Objeto material: vantagem indevida – seja patrimonial ou não.
Pouco importa para a caracterização do delito que o ato a ser praticado seja
ilícito, injusto ou ilegítimo.
Não é típica a conduta de quem oferece ou promove vantagem após ter o
funcionário praticado, omitido ou retardado o ato. Nesse caso, poderá responder o
funcionário, se presente os requisitos típicos, por prevaricação.

 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de praticar a conduta inscrita no núcleo do tipo: oferecer
ou prometer a vantagem indevida, incluído o elemento subjetivo que é a finalidade
(conseguir do funcionário a omissão, retardamento ou prática do ato de ofício –
dolo específico).
É necessário que se estabeleça a relação entre a oferta/promessa e a intenção
de obter a prática, omissão ou retardamento de algum ato de ofício.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a simples oferta ou promessa de vantagem indevida
pelo agente. Trata-se de crime formal, assim, a consumação independe da
aceitação pelo funcionário da vantagem que lhe é oferecida/prometida.
É possível a tentativa nas hipóteses em que a oferta ou promessa é feita de tal
forma que não chegue ao conhecimento do funcionário por circunstâncias alheia
à vontade do agente.

 Corrupção ativa qualificada


A pena é aumentada se em razão da vantagem/promessa o funcionário
retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
 Distinção
Quando a oferta se destina a funcionários do Poder Judiciário há disposição
específica (343).
Se o oferecimento ou promessa forem praticados por imposição ou ameaça do
funcionário, haverá apenas concussão.

 Concurso
Se a corrupção é praticada para que o funcionário infrinja dever funcional que,
por sua vez, constitua crime, haverá coautoria nesse delito, em concurso material
com a corrupção ativa e corrupção passiva.

Diz respeito a crime praticado por particular contra a Administração Pública;


corrupção ativa diz respeito a crime praticado por funcionário público contra a
Adm.

Quem pratica juntamente de corrupção com funcionário público não estaria


praticando crime de corrupção passiva em concurso? Ex.: oferece 100 reais para
funcionário não aplicar multa – Sim, há uma conduta concorrente, mas a corrupção
ativa é uma exceção dualista ou pluralista da teoria monista/unitária do concurso
de agentes; o fundamento é fazer que um delito não dependa de outro. Em regra
comete o delito oferecendo e o funcionário recebendo, mas há casos em que o
funcionário ofereça e o funcionário recusa e vice-versa.

É crime espelho da corrupção passiva. Em regra, o pratica conjuntamente com


funcionário.

Querer discutir valores (funcionário) consiste em crime, já pactuou.

Crime formal: legislador prevê a conduta, descreve o resultado, mas não exige
a produção do resultado. Basta que haja a oferta ou promessa para caracterizar o
crime, mas também se exige a finalidade especial de agir do agente (finalidade de
determinar que o funcionário pratique/omita/retarde determinado ato).

Apenas a promessa/oferta sem finalidade não caracteriza o crime.

 Oferecer ou prometer
 Vantagem
 Com fim determ.
- Praticar
- Omitir
- Retardar

 Tutela: probidade
- Evitar venalidade

 Sujeito ativo: qualquer; funcionário?


Funcionário no exercício da função pode cometer corrupção ativa caso ele
ofereça/prometa vantagem a outro funcionário (este cometerá a passiva).

 Sujeito passivo: Estado


 Modalidades
- Oferecer
- Prometer

 Elemento subjetivo
 Presentes
Oferta/promessa de presentes sem o fim de específico não caracteriza o delito
– fato atípico independentemente do valor.

 Oferta indireta
Pode ser indireta.
Pode se utilizar de pessoa interposta, nesse caso há concurso.
Pode ser implícita a oferta
 Ato de ofício
 “Dar jeitinho”
Mera solicitação, “pedir para quebrar um galho/fazer vista grossa), etc – É fato
atípico. Exige-se uma oferta/promessa para um fim específico (elementar do tipo).

 Objeto material
- Vantagem indevida – normativo – cunho patrimonial
Não precisa ter cunho patrimonial a vantagem. Basta que a vantagem seja
indevida.
Se a vantagem for devida, caracteriza exação

 § único: 1/3 funcionário age ou deixa


Inaplicável do ponto de vista dos princípios penais, pois é uma majoração da
pena de uma conduta não prevista no caput. É um caso de responsabilidade penal
objetiva – não depende do particular a prática ou não do ato pelo funcionário.

ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

É aquilo que afeta ou poderia afetar a dignidade da função jurisdicional.

REINGRESSO ESTRANGEIRO EXPULSO (338)


Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso.
Tutela-se a eficiência do ato administrativo de expulsão do estrangeiro.

 Sujeitos do delito
Ativo: somente o estrangeiro. Não cometem o ilícito aqueles que reingressarem
no país após a deportação ou extradição diante da impossibilidade de aplicação
da analogia in malam partem.
Passivo: Estado.

 Tipo objetivo
É pressuposto de existência do crime a anterior expulsão do sujeito ativo.
A conduta típica é reingressar no território nacional, isto é, reentrar, voltar,
ingressar de novo.
Não cabe ao juiz penal verificar se a decisão da expulsão foi justa ou
conveniente, bastando que seja o ato formalmente regular.
O território a que se refere a lei não é apenas o espaço físico entre as fronteiras
e o mar territorial, mas compreende todos os lugares abrangidos pelo conceito
jurídico do termo. *Teotônio falou diferente; ver apostila
Referindo-se a lei ao reingresso, não caracteriza o crime a permanência do
estrangeiro no território nacional, ainda que irregular, após o decreto de sua
expulsão não cumprido.
Inexiste o crime se o reingresso do agente foi autorizado por autoridade consular
competente.

 Tipo subjetivo
O dolo do crime é a vontade de retornar ao território nacional, ciente o
estrangeiro da antijuridicidade de sua conduta, ou seja, de que foi expulso do país.
Pode ocorrer erro de proibição se o sujeito ativo supõe que seu reingresso foi
autorizado – exclui o dolo.

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando o agente reingressa no território nacional.
Trata-se de crime de mera conduta e não está excluído com a saída
espontânea do agente após o reingresso.
É possível a tentativa.

Reingressar no território nacional

 Reingressar
Consiste em retornar.

 Território Nacional
É considerado apenas o território físico, não as hipóteses do território por
extensão.

 Estrangeiro
Não pode ser considerado estrangeiro aquele que tem nacionalidade brasileira
(caso de dupla nacionalidade).

 Expulso
- Degredo /extradição
Expulsão não abrange o degredo (revogado) e extradição – não se pode fazer
interpretação extensiva ou analógica em prejuízo do réu.

 Pena? Sem prejuízo nova expulsão

ART. 339 – DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA


Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial,
instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente.
Tutela-se a regularidade administrativa.

 Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa. Em se tratando de crime que se apura mediante ação
privada ou por meio de ação pública que depende de representação, somente
aquele que tiver a qualidade para oferecer queixa ou formular a representação
poderá ser sujeito ativo do crime quanto à investigação policial ou processo judicial.
Passivo: Estado e o sujeito que é falsamente acusado.

 Tipo objetivo
Pode o crime ser praticado de forma indireta. Ex.: denúncia anônima ou feita
maliciosamente a terceiro de boa-fé.
É essencial que o sujeito ativo tenha agido por sua própria iniciativa
(voluntariamente) e não em resposta a pergunta de terceiro.
O crime apenas existe quando se dá causa à investigação policial, a processo
criminal, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de
improbidade administrativa – não se aplica à instauração de sindicâncias, inquéritos
administrativos, etc.
É indispensável para a caracterização que se impute falsamente a prática de
crime, atribuindo a pessoa certa, bastando que os dados oferecidos pelo sujeito
ativo sejam suficientes para identificar a pessoa visada pelo agente.
Ocorre a denunciação caluniosa não só quando é atribuída infração penal
verdadeira a quem dela não participou, como quando se atribui a alguém infração
penal inexistente.
Não ocorre o delito quando não mais for possível a apuração da infração
atribuída pelo agente a outrem. Também não ocorre o crime quando o fato
imputado caracteriza um caso de excludente de antijuridicidade (não há crime) ou
existe uma imunidade absoluta (não é possível a instauração de inquérito ou ação
penal).
Não comete o crime quem, em interrogatório, atribui falsamente a outrem a
autoria ou coparticipação, justificando-se a exclusão pelo direito de autodefesa.

 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de provocar as instaurações/investigações descritas no
tipo, exigindo que o agente saiba que imputa a alguém crime que este não
praticou. Assim, é indispensável que a acusação esteja em contradição com a
verdade dos fatos e que haja por parte do agente a certeza da inocência da
pessoa a quem atribui a prática do crime. Sem essa certeza não configura o crime
em apreço.
O simples estado de dúvida a respeito da inocência afasta a tipicidade do
delito. Não é suficiente para a caracterização do delito o dolo eventual.
Agindo de boa-fé o denunciante, a circunstância de ter posteriormente ciência
da falsidade da imputação é irrelevante, não se caracterizando o ilícito pela não
retratação espontânea.

 Consumação e tentativa
Consuma-se com a instauração da investigação criminal , do inquérito, etc.
Como as investigações policiais podem anteceder o inquérito policial, é
dispensável a instauração deste ou a apresentação formal da denúncia ou queixa.
Entretanto, na jurisprudência tem-se exigido a instauração de inquérito policial.
Consumado o crime, não há efeito a retratação do agente – vale apenas para
calúnia.
Admite-se a tentativa quando, apesar da denunciação, não se instaura
investigação policial ou ação penal por circunstâncias alheias à vontade do
agente.

 Denunciação caluniosa qualificada


A pena é aumentada se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
 Denunciação caluniosa de contravenção
A pena é diminuída se a imputação é de prática de contravenção.

 Distinção
A falsa imputação sem a vontade de provocar a instauração de investigação
policial, processo criminal, investigação administrativa, inquérito civil ou ação de
improbidade adm., constitui calúnia.
A distinção entre denunciação caluniosa e comunicação falsa de crime ou
contravenção é pelo fato de que neste último não há acusação contra pessoa
alguma, ao passo que no primeiro acusa-se pessoa determinada e certa.
Também difere do crime de autoacusação falsa porque em tal crime o
denunciado não é pessoa diversa do denunciante, mas sim ele próprio.

 Concurso
Haverá concurso formal na denunciação falsa contra várias pessoas ou
concurso material quando o agente efetuar várias denúncias.

Difere da calúnia, pois a intenção da denunciação caluniosa é que seja


instaurado um procedimento contra alguém, em ambos há imputação de fato
falso.
Na denunciação caluniosa não pode ser praticada/não se admite por dolo
eventual – legislador exige certeza inequívoca (sabe ser inocente), somente por
dolo direto. Calúnia admite dolo eventual. *ler diferenciação

 Dar causa instauração


- Investigação
- Processo judicial
- Processo administrativo
- I. C.
- Ação de Improbidade

 Imputando crime
 Saber ser inocente
 Dolo (dúvida)
 Prévia maldade
 Intenção instauração
 Calúnia ≠ denunciação
 §1º Anonimato
 §2º Privilégio: contravenção
No caput não faz menção que a contravenção seria punida – denunciação
caluniosa de contravenção é fato atípico. Não há crime sem prévia cominação
legal.

COMUNICAÇÃO FALSA
Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou
de contravenção que sabe não se ter verificado.
Tutela-se a regularidade administrativa

 Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa
Passivo: Estado

 Tipo objetivo
Provocar (dar causa, ocasionar) a ação da autoridade. Tal provocação deve
ocorrer pela comunicação da ocorrência de crime ou de contravenção que não
se verificou.
O agente não imputa falsamente a alguém a pratica de um crime, mas
comunica a ocorrência de infração penal que não se verificou.
Não deixa de configurar o crime ainda quando se indiquem pessoas, mas
imaginárias ou indetermináveis, fornecendo o agente dados que não permitam a
individualização do suposto autor da infração penal.
A lei refere-se não só a autoridade policial, mas também ao representante do
MP, ao juiz, a qualquer autoridade administrativa que, ao tomar conhecimento
oficial da ocorrência de ilícito penal, deve provocar a ação da primeira.
Não se deve reconhecer o ilícito na falsa comunicação de crime perante
policiais militares, já que a lei se refere a ação da autoridade e não se pode
equiparar aqueles a esta. *Mirabete
Haverá crime impossível na comunicação de crime ou contravenção atingidos
por causa de extinção da punibilidade (prescrição, decadência, etc.).
Não haverá crime se o fato delituoso que o agente simula é da mesma natureza
do que efetivamente ocorreu (ex.: roubo em vez de furto). Porém, haverá crime se
o fato alegado é essencialmente diverso do verdadeiramente ocorrido.

 Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de comunicar a ocorrência da infração penal inexistente
com o fim de provocar, ou mesmo aceitando o risco de causar a ação da
autoridade.
Exige-se o elemento subjetivo que é a certeza moral do agente de não ter sido
praticada a infração penal. A dúvida a respeito exclui o dolo.

 Consumação e tentativa
Consuma-se desde que provocada, com a falsa comunicação, a ação da
autoridade, ainda que não vá além de indagações preliminares, isto é, não se
chegando a abrir inquérito formalizado.
É possível a tentativa quando é feita a comunicação e não são iniciadas as
investigações por circunstâncias alheia à vontade do agente.

 Distinção e concurso
Distingue-se a denunciação caluniosa e a comunicação falsa de crime ou
contravenção porque, neste último, não há acusação contra pessoa alguma, ao
passo que no primeiro acusa-se pessoa determinada e certa.

Provocar ação da autoridade comunicando crime ou contravenção que sabe


não ter se verificado.
Distinção do 339: na falsa comunicação provoca a ação da autoridade, mas
não precisa provocar a instauração de procedimento. Aqui não precisa atribuir a
autoria, somente comunicar um fato falso.
Denunciação caluniosa: ter a intenção de instaurar um procedimento e
identificar o autor.
Havendo dúvida razoável não é crime.
 Art. 340
 Provocar ação autoridade
 Comunicando
- Crime
- Contravenção

 Sabe não ter verificado

AUTOACUSAÇÃO FALSA
Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem.
Tutela-se a regularidade administrativa.

 Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa. Pode haver coautoria no caso do agente que
completou e corroborou a autoacusação de outrem. Também é possível a
participação.
Passivo: Estado.

 Tipo objetivo
O agente imputa a si mesmo a prática de um crime que não ocorreu ou que foi
praticado por outra pessoa.
É indispensável que a autoacusação se faça perante a autoridade, que se dirija
a ela. Pode ser tanto a policial ou judiciária como a administrativa que tenha o
dever legal de levar o fato ao conhecimento de autoridade competente.
Exige-se que a autoacusação se refira a crime, não constituindo o ilícito a
imputação a si mesmo de contravenção.
O delito exige que o sujeito ativo não tenha sido autor, coautor ou participado
do crime cuja autoria atribui a si próprio.

 Tipo subjetivo
Exige-se a vontade de acusar-se falsamente e que esteja o agente ciente de
que a autoridade tomará conhecimento da autoacusação.
Não se exige que a conduta seja espontânea, praticando o ilícito aquele que,
interrogado, confessa o crime que não praticou. – DIFERENÇA DRÁSTICA DA
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (esta EXIGE que seja espontânea).

 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime quando esta chega ao conhecimento da autoridade,
pouco importando as ulteriores consequências.
Não há efeito algum a retratação do agente – já foi decidido em sentido
contrário.
Admite-se a tentativa, p. ex.: no caso de autoacusação por escrito que não
chega ao conhecimento da autoridade.

 Concurso
Quando o agente além de se acusar, imputa falsamente a terceiros a
participação no crime, haverá concurso material entre autoacusação e
denunciação caluniosa.

Acusa-se perante a autoridade policial crime inexistente ou praticado por


outrem.
Aqui identifica a autoria, ao contrário do 340. Difere-se do 339, pois não
identifica um terceiro, mas sim a si mesmo.
A mentira pode dizer respeito a um crime que não existiu ou um crime que foi
cometido por outrem.
Se faz imputação de um crime a alguém sem comunicar a autoridade policial
ou sem instaurar procedimento, caracteriza calúnia.

 Acusar-se perante autoridade


 Crime
- Inexistente
- Praticado por outrem

 Menor potencial
 Distinção
- 139
- 339
- 340
- 341

FALSO TESTEMUNHO
Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral.
Tutela-se a regularidade administrativa.

 Sujeito
Ativo: Os previstos no tipo.
Passivo: Estado e eventual prejudicado pelo falso testemunho ou falsa perícia.

Pune o falsear laudo (falsa perícia) ou falso testemunho – 342


No 343 pune o comprar o perito ou a testemunha.
Fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade.
Fazer afirmação falsa: conduta positiva.
Negar a verdade: conduta positiva. Está afirmando que não aconteceu tal fato
Calar a verdade: conduta negativa.
STJ diz que a mera contradição não calcada em outros elementos não
caracteriza falso testemunho.
Alguns doutrinadores consideram crime próprio e outros de mão própria. De
mão própria exclui a participação.
Algumas pessoas JAMAIS poderão cometer o crime como o réu (princípio
constitucional que garante o direito de não dizer a verdade). As pessoas que não
prestam compromisso também não cometem o crime (amigos e parentes, inimigos
mortais...). O STJ decidiu que o magistrado que comete o equívoco de não advertir
a testemunha que ela tem que dizer a verdade, se ela mentir não cometerá o crime
– não prestou compromisso.

 Art. 342 CP – Falsear


 Art. 343 – Comprar: promete vantagem para testemunha mentir
 Fazer afirmação falsa, negar ou calar
- Processo judicial
- Administrativo
- IP
- Juízo Arbitral

 Teorias
- Objetiva
Diz que falso testemunho é a discrepância entre o que ocorreu e a versão que
está sendo apresentada.
Neste conceito contradição seria falso testemunho.

- Subjetiva
Teoria adotada pelo ordenamento jurídico.
Diz que falso testemunho é a discrepância entre o que o autor sabia e o que ele
revelou.
Exige-se a prova do que o autor tinha conhecimento e o dolo de deturpar a
verdade.

 Crime próprio

 Contradição

 Hipóteses
- Coautoria
Não há coautoria, pois não há como praticar o verbo núcleo do tipo
conjuntamente, pois não há testemunho conjunto (falso testemunho). Nesse caso,
cada um cometerá o crime de falso testemunho. Impossível coautoria no falso
testemunho
Na falsa perícia a regra é a coautoria.
Acareação: não caracteriza coautoria, pois deveria ser previamente
combinado. Impossível
- Participação
STJ instituiu que é crime próprio e não de mão própria. E que é possível a
participação não só quando alguém oferece vantagem (partícipe). É possível
participação no influir para que a testemunha minta.
É possível participação no 342 desde que a influência seja apta para que
testemunha faça a afirmação falsa/negue/cale a verdade, levando em
consideração o paradigma da teoria subjetiva. Necessário provar que tinha
conhecimento e que fez relato diverso do que tinha conhecimento
Participação em falsa perícia (no 342): é possível ao induzir/instigar o perito a
mentir.

 Tentar influenciar

É indispensável que a testemunha minta. Não basta a mera influência.

 Mero informante
- Compromisso
 Pessoa sem compromisso
 Consumação – final depoimento/ entrega
Falsa perícia: quando há a entrega do laudo ao juiz.
Falso testemunho: consuma-se somente com o fim do depoimento, pois até ali
é possível a retratação. Se ele mentir e declarar a verdade no final do depoimento
não consuma o delito.
É possível a tentativa de falso testemunho qnd o testemunho não se encerra
com circunstâncias alheia à vontade do agente e no caso de carta precatória não
ser recebida.

- Retratação

 Tentativa
 Tentar influir – 342 ≠ 343
Para o 343 basta a oferta ou promessa para que já tenha caracterizado o crime
de suborno, não é preciso ter quaisquer atos posteriores.
Se a oferta diz respeito à vantagem, promessa, suborno já caracteriza. Se não
dizer respeito a aspectos pecuniários e a testemunhar não mentir (...) *ler
No 342 a tentativa de influenciar sem oferta ou promessa não caracteriza o
crime se a testemunha não realizar o falso testemunho/perícia – é fato atípico. Se a
testemunha mentir caracteriza o crime a influência.

 Potencialidade lesiva
Não é necessário que o testemunho tenha influência para a decisão. Basta a
realização do falso testemunho para caracterizar o crime.
 Precisa influir?
 Proc. Anulado
O depoimento passa a não mais existir. Logo, apaga-se o fato.

 Prescrição
A prescrição punitiva apaga tudo (antes do trânsito em julgado): apaga-se a
ocorrência do crime cometido.
A prescrição executória: apaga-se apenas a possibilidade de executar a pena
– o crime continua, leva-se em consideração a prática do crime para efeitos de
reincidência.

 Retratação - §2º
Legislador prevê a possibilidade de retratação antes da publicação de
sentença: prevê como causa extintiva de punibilidade – apaga a prática de falso
testemunho (não é impedimento à ação, mas é impedimento para a sentença.
Logo, enquanto não for julgado o primeiro procedimento – pq pode se retratar até
a sentença – não poderá ser julgado ação que quer punir por falso testemunho).

 §1º efeito – causa especial de aumento de pena


- Proc. Penal
Quando a mentira for feita para produzir efeito no processo penal.
- Adm. Pública
Quando a mentira for feita para produzir efeitos em face da Administração
Pública
- Suborno
Quando houver suborno – no 343 o punido é quem ofereceu; no 342 o punido
é quem recebeu para mentir.
No 343 basta a oferta para punição. No 342 é preciso a oferta, o recebimento
da oferta e mentir no testemunho.
(1/6 a 1/3)

COAÇÃO NO CURSO PROCESSO


Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio
ou alheio, contra autoridade, parte ou qualquer outra pessoa que funciona ou é
chamada a intervir em processo judicial ou administrativo, ou em juízo arbitral.
Tutela-se a regularidade administrativa.

 Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa, tenha ou não interesse próprio no processo.
Passivo: Estado

 Tipo objetivo
É um crime é simétrico ao constrangimento ilegal em que não se exige, para
sua caracterização, que o coacto se submeta ao sujeito ativo.
É indispensável que a violência física ou moral se dirija contra as pessoas
mencionadas no dispositivo. Exige-se que a violência ou grave ameaça ocorra em
razão da interveniência dessas pessoas no processo.
Não se configura o crime se o sujeito passivo não mais intervirá no processo ou
quando tal sujeito já participou e não participará mais.
Também não se configura tal crime se não se iniciou o processo.

 Tipo subjetivo
Além da vontade de praticar a violência ou grave ameaça, exige-se a
finalidade de favorecer interesse próprio ou alheio (elemento subjetivo do tipo/dolo
específico).
O interesse pode ser de qualquer natureza, desde que relacionado com a
demanda.
 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com a violência ou grave ameaça, independentemente
de lograr o agente o fim visado ou mesmo de ficar a vítima intimidada. Entretanto,
é necessário que a ameaça seja grave, capaz de incluir na vítima justificável receio,
para se caracterizar o delito.

 Distinção e concurso
Determina a lei que seja somada à pena aquela correspondente à violência
(lesão corporal/homicídio), ocorrendo o concurso material ainda que o crime
componente fique em grau de tentativa.
A reiteração de ameaças para se conseguir o mesmo objetivo não implica
continuidade da infração, mas sim crime único.

Ameaça é uma das formas de prática delitiva (é absorvida pelo crime mais
grave).
Aqui exige-se uma finalidade específica (tipo penal incongruente): o fim de
satisfazer interesse. Ou seja, na coação no curso do processo é necessário utilizar de
violência ou grave ameaça com a (nexo) finalidade de favorecer interesse.
É preciso condicionar a violência/ameaça com a finalidade específica. Se
apenas agredir/ameaçar sem vincular com o curso do processo caracteriza apenas
ameaça.

 Art. 344 – usar


- Violência
- Grave

 Fim de favorecer interesse


- Próprio
- Alheio

 Contra
- Autoridade
- Parte
- Qualquer chamado intervir
 Sujeito ativo: qualquer pessoa que tenha interesse a ser satisfeito pelo curso que irá
ser levado o processo.
 Sujeito passivo: Estado e pessoa que venha a ser agredida ou ameaçada

 Espécie de constrangimento ilegal adm.


Tal nomenclatura dada pela doutrina não é correta, pois se fosse isso deveria
estar localizada como subtipo do constrangimento ilegal, porém o objeto jurídico é
distinto do constrangimento ilegal (o objeto desse é a liberdade)...

 Mal grave – incutir temor

 Testemunha que já depôs

 Crime formal

 Soma pena violência

EXERCÍCIO ARBITRÁRIO
Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima,
salvo quando a lei o permite.
Tutela-se a regularidade da administração da justiça.

 Sujeitos do delito
Ativo: qualquer pessoa que pratica a conduta inscrita no tipo. Tratando-se de
funcionário público, poderá o fato, eventualmente, constituir outro crime (abuso de
autoridade, violência arbitrária, etc.).
Passivo: Estado e pessoa lesada.

 Tipo objetivo
Configura-se o crime quando o agente faz justiça pelas próprias mãos para
satisfazer uma pretensão.
A pretensão consiste em um direito que o agente tem ou julga ter (de boa-fé).
A pretensão pode ser ilegítima, caso em que configurará o delito se o agente
estiver convencido de ser titular do direito.
É indispensável que a pretensão possa ser apreciada pela justiça; não ocorrerá
o crime se faltar a possibilidade jurídica do pedido ou o interesse de agir. Entretanto,
é indiferente a efetiva existência do direito.
Não configura o ilícito se há lei que permita tal conduta.

 Tipo subjetivo
O dolo constitui-se pela vontade de empregar o meio (violência, ameaça,
fraude, etc.), bem como pela finalidade especial de satisfazer uma pretensão real
ou supostamente legítima. Inexistente essa finalidade, sabendo o agente que é
ilegítima essa pretensão, o crime será outro.

 Consumação e tentativa
Consuma-se com a satisfação da pretensão.
Não obtido o resultado pretendido, haverá tentativa.
*Mirabete

 Concurso e distinção
Responde o agente pelo crime de exercício arbitrário das próprias razões em
concurso material com a violência (lesões, homicídio, etc.). O dano é absorvido.

 Ação penal – ver no código

 345 – Autotutela
 Fazer Justiça com as próprias mãos
 Finalidade – satisfazer pretensão embora legítima
 Fazer prevalecer vontade
- Violência
- Ameaça
- Fraude

 Desprezo justiça
 Sujeito ativo: qualquer. Funcionário?
Funcionário público no exercício da função ou em razão dela não pode
cometer o crime. Comete o abuso de autoridade, em regra.
 Sujeito passivo: Estado

 Pretensão: aquela que eu precisaria do amparo do juízo...


- Poder ser apreciado
- Próprio agente ou 3º: pode empregar a grave ameaça contra 3º ou agir em nome
de 3º.

 Retenção/Compensação: se tiver o direito de retenção ou compensação e


empregar violência ou grave ameaça comete o delito. Isso porque retenção ou
compensação consiste em uma pretensão legítima praticada com violência ou
grave ameaça.

 Consumação: satisfação
Consuma-se com a satisfação da pretensão.
Ameaça fica absorvida pelo crime especial.
Se emprega fraude para satisfazer a pretensão, somente come o crime de
exercício arbitrário

 Tentativa
Se ameaçou/empregou a violência, mas não obteve a satisfação de sua
pretensão por circunstâncias alheias à sua vontade há tentativa.

 Lesão – somatória
Se da violência resulta lesão, há cumulação de penas.
A lesão tem que ser direta e dolosa contra a pessoa.

 Queixa
Ação penal em regra é privada.

 Violência contra pessoa – Pública


A ação passa a ser pública incondicionada se houver emprego de violência
contra PESSOA.
A violência pode ser empregada contra coisa, o que não transmuda a ação
penal.

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