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heeachaslo dh als Corpo ne Reg , “ O Pe, oe SS Parle AZEVEDO, Lofpo els 2. O Corpo na Danca Nossa carne ndo é mais, talver, do que um vasio abriga. capaz de recother muitos héspe des, de que nem nox apercebemos, TsapoRa Duncan JEAN-GEORGES NOVERRE! Tean-Georges Noverre, bailatino, coresgrafa « teGrico da danga do século XVIIT questiona, em suas realizagdes artisticas € em suas Lettres sur ta Danse et les Arts Imitareurs?, 0 tealé de sua época. Desejando aproximar a arte da natureza, Noverre insiste no fato de que © baitarine deve deixar de Indo o virtuosismo técnica € proc rar a expressividade corporal, desenvalvendo 0 espirito ¢ a personali- dade. ‘Antes de escolber tras, ara elas adaptar pessos, antes de éstudar pasos para formar um bals, eu procuravs. 35a nas Fabular, na hist Ou mestno na mua ioapine ‘Glo, assumios gue no gomente dessem lugar 20 vso de dangae © festas, ross tamben DSferecetsem, no seu desenvolvimento, uma aga. um intereise gradvais Usa vee con ‘cebido © porma, esnidava todos ex gestos, todos o movimentas © todas 95 expressées | Jean-Georges Novere nsscee em Parte, no din 29 de abril ce 1727, Movreu ae 19 de outubro de 1810. Desde cedo demonsttou airsgao pele Ganga, subinde mo paleo ‘em agotto de 1742. Comps. a0 longo de sua vids, mais de noventa bales eijon are ‘mentos podein ser encontradess na edigo de S. Potereburgo, 1204, de suas Lettres we la Danse et tes Arts Pmitarewrs. Sa biogratia resumnida pade cer onconrada edge de 1982 (fettions Lieutier) das j6 citadas cavtas, jentamente com a ist de tors 08 seu [beiés. Durante muito tempo fos conhecido come © Shakespeare da Saree, 2, Iean-Georges Noverre, Leires curta Danse et tes Arts mitatewrs, Pats, Editions Lieutier, 1952 Ib © PAPEL. DO CORFONO CORPO DO ATOR jue podiam mostrar as pointce ¢ os sentimentos que meu assunto (rata & tone. 56 pols de cfeiuar este wabalho en faziaapelo a milstew | _ Sio dois os prinefpios fundamentais de Noverre: 0 balé de ago ¢ pantomima; ou seja, o balé deve conter idéias dramsticas, desenvol- ver uma ago: passos e corcografias precisam ser pesquisados ¢ de- senvolvidos com essa finalidade: a de se ditigir, nao s6 a0 olhos, mas alma do espectador. Nesse sentido € que o intérprete da danga ha de procurar, por todos os meios, expressar ¢ comunicar as idéias presentes em seu tra baiho. Essa deve ser sua principal preocupagio: movimentos ¢ gestos 86 poderao ser utilizados quando tém fungao exptessiva. Noverre propde uma reforma tal que ago apenas questiona a for thagtio tradicional do bailarino (téenica ¢ geral), mas a dos professores de danga ¢ dos coredgrafes, sémorigem na ma ‘gor recehem normalipente, Para que nossa ate atinja este grou do sulin de gue pogo e dese, ¢indinpensavelmente necestirin sue os dangatinoscividaen 2 ‘empo 6 2605 estudos ene @ expiito © 0 corpo e que amis aejam ebjeto de sae rete. ‘XOes; mas, lamentavelipente, ude se aetibul un kita © tule se recuse mo primeieo® 0 termo “balé de agiio” significa entio um balé dramético, no qual a pantomima (arte de expressar emogdes por meio de gestos) seria também dangada. Tudo esté relacionado: assunto, misica, ilumi- ago, decoragio, figurine (que € desenhado para dar maior liberdade a0 bailarino) com a finalidade de, organizadamente, exprimir a idéia inicial, origem do espetficulo. Asdo, para Noverre, seria a arte de (ransmitir sentimentos hums Nos por meio movimentos e gestos, mas também da fisionomia: ‘Todo deve representar, tude deve falar na dangatino; cada {nda movimento de brago deve ter uma expresso diferente {ode modo, segue a mstureza em todas aa suns nuengas! E necessério que o intérprete, a0 dangar, se esquega das regras © aprenda a tansgredi-las sempre que precisar fazé-lo para expressar 8s Paixdes om toda a sua riqueza. Os movimentos da alma, a agho eo ritmo interiores nfo podem se prender aos movimentos prontos. nem tampouco a formas imutdveis. O gesto € uma forma exterior de um sentimento, seu caminho vistvel. Nessa medida € que principios esta. 3, Jean-Georges Novere apurc Roger Gareudy, Dancar a Vida, Rio de Sensis, ‘Nova Pronteira, 1980, pp. 33-34. 4, Jean-corges Noverre apud Paul Bourcier, Hirtéria da Daca na Ocidente, ‘to Patio, Manins Fontes, 1987, p. 174, ‘5. Jean-Georges Noverte, op. eit p. 181. © CORFONA DANGA ss veis, ditados por um estilo, devem ser derrubados quando se trata do bbalé de aco, pois, “ss paixbes s80 os motores que fazem funcionar a miiquina: quaisquer que sejam os movimentos que dela resultern, 18 podem deixar de ser verdadeiros™, Mas nem por isso 0 artista da danga deve deixar de ter uina sélida formagiio ou parar de exereitar-se na barra diariamente, como manda a tkadigao. Entretanto, no momento da criagto, tem de permitir que a alte re2a 6 guie, que suas emogSes encaminhern seus passos e transformem seu compo, que sun alma seja 6 motor eapaz de produzir cada movimento. Noverre quer que a movimentagio expressiva do bailarine naa cesqueca ns profundas alteragées fisionmieas causadas pelas emogbes: ‘As miios de um bailaring Nabil Jevern, por assim dizer, fat: s2 seu rosio nBo se lets; se aateragito que as painOes imprimem aos tages nso visivel, se seus aloe ne dizem nada e nla desvendam a siuagdo de seu coragae, sus expresso, por couse she, alsa, seu jogo # maquinal ea efeito gue da resulta peen pela desegrevagdon pla alts tte verdad verarsialenga ‘Todas as paixGes precisam ser trabalhadas pelo bailarino: o furor, o cisime, o despeito, a dor, a vinganga. a ironia. A cada uma correspon derio diferentes maneiras de pressio; o ritmo também sofre modifica Ses correspondendo a esses estados de alma; assim, numa passagem grave, nin é pnesivel se colocar pastor ligeirae, nem pascos lentos em momentos extremamente vives: [ew queria enfim que se cessasse de fané-los nos iastantes de dexespera de pros ‘lo: €0 rosie sozinhn a deseraver, 880 os oihos a falar; 8 propeios brag deve Inviveis ea dangaring. nesses tos de cenas Ferd Ho excelente come ap dancer? O bailarino deve, desce sua formagio, dividirese entre a tenica © jovimentos naturais, préprios 2 expressaio das palxdes; precisa de- senvolver juntamente com a linguagem do corpo, uma linguagem dos sentimentos. Nao pode se esquecer de que, come os atores, tem uma intengao a expressur; precisa aprender a deixar-se penetrar e afetar pe- los papéis que representa, fazcndo-o com uma verdade tal que chepue até 0 publico, tornando-o participante dos acontecimentos do paleo. FRANGOIS DELSARTE” Delsarte, inicialmente trabathando como ator, consagrou sua vida a observacae € classificagao das leis que regem o uso do corpo huma- 6. Jean-Georges Nevers op. cp. 19. 7 idem. p- 100. B.dem.p. 193, 9. Frangois Delearienasceu em Sclesmess em 1811 ¢ morrey ent 1871. Durante os (© PAPEL DO CORPO NO CORPO DO ATOR ‘como meio de expressao e comunicagao. Quer descobrir através de. fais mecanismos 0 corpo humano 6 capa? de teaduzir estados interio- 5; seu trabalho busca o tempo todo refletir e experienciar as relagaes entre 0 corpo e a alma, Por meio da observacso de si proprio e da observagio de pessoas nas mais diversas situagdes, estabelece uma lista de gestos que correspondem a estados emocionais precisos; “aos poucos, constata que @ uma emogio, a uma imagem cerebral, corresponde um movi- mento ou, ao menos, uma tentativa de movimento”, Dessa descoberta, de enorme importancia para a danca moderna, desenvolve seu sistema: a intensidade do sentimento comanda a in- tensidade do gesto!', de modo que nenhum gesto deve existit e muito menos ser apresentade sem significado. Durante quarenta anos Delsarte observa ¢ cataloga ma quantidade ithensa de gestos, encetados pelas mais diferentes partes do corpo, e suas smudangas (grandes ou sutis), decorrentes das variagbes do estado emo- ional. Seus ensinamentos, com o intermédio de uma aluna, Mme. Harvey, chegam até Denishawnschooll (da qual fatarei mais adiante), onde, por exemplo, eram analisadas setenta e duas formas de saudar alguém, relacionando-as aos sentimentos com selagdo a pessoa saudada, humor etc, © geste diria Delaaite, € mais do que um dlscurso. N30 € 0 que dizemos que convence, masa maneira de dizer. O discutso ¢ inferior ao gerto porque corresponds no fendmeno da espirWo. O getiot o agente do coragi, @ agente persuasive" Sao seus principios fundamentais: Principio da Correspondéncia: para cada fungio espiritual corres- Ponde uma fungae corporal; a cada fungio corporal correspande um ato espiritual; 0 geste vincula-se a respiracio e se desenvolve gragas ‘a08 misculos, mas fer como apoia sentirmentos, emogGes & idéias, Principio da Trindade: {loses prncipios de noeso se, a vida, o espfrito a sla formacn ume uidade, pole 1 vida € o csphito sto ern unidade com a alma: » alma e 0 esprit cetio en unidade 120 em unidade com o esprit” ‘anos de 1699 a 1859 lecionou, em Parie, um Curso de Eatética Aplicads, Foi o primes {fazer uma anise aprimorada dos pestos e expresses homanos, Elaporou tecrins oe ‘ens, mas explicov-as apenas oralmente. Alfred Girsbdet, tm de seus discipulos, eser== ‘eu, em 1895, 0 livro Physionomle at Gestes, Méthode pratique d'aprés le systeme de Frangot Delsarte 10, Paul Bourcier op. ep. 244, 11 der, biden 12. Roger Garaudy, op, cit, p. 81. 13, Frangols Delsarte qpud Roger Gacsvdy, op ct, p. 82. ©-CORPONA DANGA ss Na verdade, essa divistio, sempre em trés partes, refere-se a estt- do bastante minucioso de cada uma das partes do corpo e sua conexdo com a expressividade do todo dentro do prinefpio regulado de Lei de ‘Trindade, Anotamos a seguir um exemplo de atitudes manifestas por meio dos ombros: ‘+ ombros para frente: caidos significam abatimento: em sua cle- vagilo normal, reflexio; erguidas indicam siiplica: ‘* ombres normais: caidos denctam abandono; em sua elevagio normal, estado normal; erguides comunicam exaltagiio; ‘+ ombros para trdsi se cafdos indicum estupidez; seem sua eleva ‘eo normal, orguiho, se erguidos, desespero. Delsarte distingue também trés formas basicas de movimento: 1, Oposigéo: duas partes do corpo move-se a0 mesmo tempo-em, direcdes opostas. Um gesto assim permite que a expressividade alcan- ce um grau bastante grande; exernplo: uma parte avanga em direcio frontal enquanto outra parte recus, O corpo participa inteiramente quan- do ha oposiciio de movimentos, pois cria-se uma tensio de energias. 2. Paralclismo: duas partes do corpo movem-se, ao mesmo tem- Po, na mesma diregio; para Delsarte o fato indica franqueza; so mo- vimentos simétricos como aqueles da stiplica ¢ da oferenda 3. Sucesstio: movimentas qne acontecem nn rorpa toda, percar rendo-o misculo a misculo, articulagio por articulagao. Segundo Delsarte, algumas sucessées nascem na periferia para entto atingir 0 centro do corpo, mas o inverso também ocorre; 6 movimento tem in= cio no tronco © daf se irradia para os membros (estas sucessies $30 realmente as mais fortes). Esse impulso original, desenvolvide € cria- do no torso segue pelos ombros, bragos, mos c dedos, sempre em. ‘ondas. Esse princfpio esta presente em exercicios usados no mundo intei= ro, fais como quedas com torgies, giros ¢ ondulagses, uso de alternfincia voluntazia de tensfo e extensiio, Mluxo # refluxo de energia ete. Na danga modema, ¢ efeito disso ¢ imediato: 0 tronco passa a mobilizar todo o compo ¢ liderar 0 desenvolvimento de cada gesto. Nota Delsarte que © corpo se alonga como indicio de bem-estar geral © o fato comtrdcio (0 de fechar-se ern tomo de si mesmo) indica inal-estar geral. Nota também que tais posigdes, que sto tradugdio de ‘estados interiores, reforgam, por sua permanéncia, ainda mais os esta- dos intemos que thes deram origem. Delsarte realiza também um estudo minucioso do corpo em suas, principais posigées expressivas, tais como ataque, veeméncia, oxal- tagio, submissio, humildade, desalento, célera, desespero e surpresa. Cria também seqiiéncias para o estude dessas formas corporais alia das a estados primirios e essenciais; so partituras de grande interesse para atores e dangarinos 36 (© PAPEL BO CORPO NO CORPO BO ATOR xistem também estudos das maas, ombros ¢ até sombrancelhas bastante detalhados. Por exemplo, no das mis hé posigbes denotativas de afirmagao simples, afirmagao enfatica, apatia ou prostragtio. apelo enérgico, negaglo, repulsa violenta, aviso, determinagio, raiva ¢ sc plica, ‘Os impulsos interiores que levam © homem ao movimento s80 aqueles vindos do espirito, alma e vontade que tm, para cle, suas fontes respectivas no rosto, torso e membros. Cada uma dessas partes € igualmente dividida em és, sendo, por exemplo, a testa a parte es- piritual, os olhos a emocional ¢ a boca a voluntiria. Para o torso, 0 espirito manifesta-se nos ombros, a alma Jocaliza-se nos pulmbes © @ vontade nas regiGes inferiores. Para os membros, a alma situa-se no cotovelo @ joetho, 0 espfrito nos ombros ¢ articulagoes dos quadris, © a vontade nos pés e nas mos. © gesto toma-se coreogréfico quando traduzido espacialmente do certos modos especiais: 0 gesto vindo do pensamento tera o aspec~ {o de uma linha reta; oda alma, uma linha sinuosa ou arredondada © 0 ‘da vontade caminha em ziguezague. A cabeca éa sede de tudo 0 que é spiritual ¢ intelectual, 0 tronco € 0 centro emocional e moral e as pemnas refletem a vida animal Em seus exercicios ritmicos, Delsarte associa uma série de gestos com 4 misica e indica uma ordem para a execueio: cada gesto. 0% asso, encaminha organicamente o que ver # seguir. Sem divida esse itabatho influencia Daleroze na criacao da curritmain, Tais exercicios, em numero de doze, s¥o os seguintes'*: entrada ou intercupsio: agra decimento, gesias afetados, cerimoniosos; atracio; surpresa © segu= ranga: devogiio; surpresa interrogativa: interrogagto relterada: Sie: ameaga: ordem para se retirar; reiteragio: medo". Observando a linguagem gestual, Delsarte descobre que, freqiientemente, as expresses das mdos contradizem as do rosto. Essa contradigio, percebida por ele, torna-se fundamental tanto para a dan- ga quanto para o teatro. posstvel, acompanhando a leitura, realizar, na sequéncia, todos cesses exercicios criados por Delsarte, EMILE JAQUES-DALCROZE" Ernocessfrio ettabelecer comunicagdea répldas entre o cérebro que conse # ana sae o corpo que exceuta E necetsdro [.]reforga a faculdade de concen'ragte, babi- 14. C1. The Drame Review, vol. 16, . | (1-53), mas, 1972, 15 taem, p38, 16. Emile Jaques-Daleroze nasceu em 1865. Pianists © professor de misica Uo Conservatsrio de Ceneben, Dalcroze 6 crador da Gintatica Rltica ow Euritnia, So OcoRFO NA DANA ” tar 0 corpo a manterse debaizo de pressBo, por assim dizer, nqiemta aspera or ident do cerebro f.] ¢ neceesanio canalizey as forges vivas de ser homana eovienté-Ins pera um objetivo definitive que é a vidn organizada, inteligente © independents" ‘Como professor do Conservatéria de Genebra, Daleroze constat anecessidade de uma educagdo corporal para os estudantes de miisica, Para ele, 0 corpo € 0 ponto de passagem obrigatécio entre pensamento eam ce: peramente 8 pode captar 0 ritmo se ele for ditado pelo movimenta, Ba seu Conhecedor do sistema de Delsarte, desenvolvido pela Denis- hawnschooll, Datcroze leva adiante esse estado, criando a eursitmia. Estuda a tensio ¢ o relaxamento (suas fangoes no movimento) € nota que © grau correto de energia presente nos miiscutos torna © ges~ ficante, além de suprimir os “movimentos parasitas"”” que constantemente aparecem na movimentagio. Cio, entio, uma educagio psicomotora com base na repeticSo de Htmor,crladora ide relfexor, ne progresefo da complexidnde ¢ da sabreposigte de rtmor, na clecifragdo ‘corporal, na sucessio do movimento: ardsicnsuseila no cércbwo una inager, give, por {ua ve7, Impulsiona 0 movimento, que toma exprestive caco misica tenba do ‘copunda coreramente. As conseaueneias pedegpicas s800 desenvolvimento do sents fnutical em lodo o ser sensibilidade, tnteligencin, corpo ~ que famece wma orden lerior que, por sea vez, comande 9 equlifuro peiquica, © método conslete cm educa ‘alone fszendo-the praticar om solfejo corpora) end vee male eorsplexo, cam miovb Assim como Noverre e Delsarte, Dalcroze acredita que o geste ‘msi nada representa, sendo seu principal objetivo captar sentimentos & ‘emogées humanas, por meio de seqiiéncias precisas ao nivel da forma e corretas no sentido do ritmo, Pretende, pela eurritmia, equilibrar a vida psiquica e obter a har- monia do ser, pela supressio dos automatismss ¢ das habitos adquiri- dos com movimentos nfo artisticos. Esse Lipo de gindetica, comanda- -étodo fez mouito sucesso na Europe, e. 2m 1953, fundou-se a London Schoo! of Doleroze Eurythanier, A douisina dalcroviana fo} panieulermente influence na Aleta nh, onde Fol inredusiaa nor imerméalo de Mary Wieman. Morreu em 1950. 17. Emile Taques-Deleroze apud Odette Asan. ap. eit p-SE 18, Paul Bouteies op. cir, p. 291. Nota explicativa: a corecgrafa Maria Fox (Cf Maria Fox. "Dangsterapia com Sordos™. Danga, Experianeia de Vida. S80 Paulo, S1m- mus Editorial, 1983. pp. 97-114). ac trabalhar com cancarinos sures, consepue fa7é- Tos "ouvir" a musies através do numo que immprime em ceut compos, E atraves do corpo quo © sono da mdsiea nasce © ue fixa neles: usa especialmente percussto © passos Fined. 19. Paul Bouscier, op. eit. p. 291 20, ddein, pp. 291-292 oat (© PAPEL DO CORPONO CORPO DO ATOR da pela vontade, busca harmonizar miisculos e sensibilidade num flu- x@harménico, ‘Segundo Pierre Tuga!”!, os ensinamentos daicrozianos exerceram uma profunda influéncia na danca atual Para Dalcroze, cada signo musical (em um gesto correspondente, € 4 esse gesto equivale sempre um determinada som. Seu objetivo € fazer 0 ritmo ser percebido através do corpo, desenvalvendo um senti- do integral da miisica, 0 ouvide, « sentimento métrico e o instinto it mico. Cria, conseqtientemente, uma série de exercicios para desenvol- ‘vere harmonizar as fungdes motoras e ordenar os movimentos no tempo, no espago, despertando, por fim, no aluno, © desejo de expresso. © aluno prepara-se para esses exercfcios por meio de outros que envolvem a conscientizacao da postura e da prépria energia e mos. tram, sobretudo, aguelas resistencias que devem ser superadas para que o ritmo possa fluir por todo 0 organismo. O movimenta, apenas quando livre de tensdes, pode servir aos pensamentos ¢ imagens. A flexibilidade (muscular ¢ articulatéria) assegura rapidez © se- guranga nos reflexos, movimentos realizam-se articulados conscien- temente a inspiragio © a expiragtio, aprende-se a conter e a igualmente liberar impulsos, sendo assim, a vontade eo autocontrole fortalecem- se cada vez mais. Fanidanda seqtiéncias desenvolvidas para eriangas® pode-se notar ‘oenvolvimento do corpo inteiro na unidio harménica 6 fluente de passos, estas de bragos © de cabeca aliados as diregies frente-atrds, lado-lado, Acima-abaixo. A mesma organizagiio se estabelece para as pernas, em Passos que vio e que voltam, ocasionando um leve mavimento de batan- 50. Trabalha-se também com posturas (especialmente de pé ¢ no nivel médio, por exemplo, de joelhos), propondo caminhos limpos ¢ ctaros nas passagens entre uma e outra posigo, fortalecendo a sentido formal, com constante repetictio dos mesmos desenhas elaborados. Coordenagio, lateralidade e sobretudo um sentido de inteireza © trangulilidade sao desenvolvidos; por meio desses passos ritmados € onginicos desenvolve-se 0 sentido estético do movimento. O acento personalizado (ou seja, a interpretagao pessoal da seqlencia) pode ser colocado depois que toda a série ¢ dominada: o8 Ultimes exercicios Propostos sii interpretatives. A presonga dos princfpios dalcrozianos “era sensfvel no rico ecletismo dos coredgrafos dos Balés Russos de Serge Diaghilev (Massine, Nijinsky, Balanchine) € nos balés expressionistas de Kurt Joss", © préprio Nijinsky, em A Sagracao da Primavera, pede a 21. Plere Tuga, Initiation a ta Dante, avis, Grenier a Sel sf. 172. 22, Ch. L.A Cand e L. Addlaide, Gonnasnigue er Danses Rothmigues. 2° eth. Pacis, Bourelien /d, 23. Miriam Garcia Mendes, A Danca, Sto Palo, Atica, 185. OCORPO NA DARGA » Dalcroze um assistente que possa analisar para sua companhia 06 rit- mos dessa composigio: as coreografias do bailarine serao “inspiradas pelo método dalcroziano, mais ou menos assimilado, segundo Diaghilev?" Para Bourcier, “o método de Dalcroze foi descobrit uma pedago- gia do gesto: seu aluno transformara, mesmo traindo-a, o que era an Tise pragmatica em poesia ¢ dramaturgia do movimento". Pierre Tugal* aponta Jean D” Udine como divulgador de Daloroze nna Franga, Muitos de seus alunos so estudados pelo autor, entre eles ‘Mme. Simone Jaques Mortane, Para ela, 0 senso fisico do movimento no é natural ¢ precisa ser educado: 0 senso de ritmo muscular e do ritmo musical acabam por criar uma perfeita coordenagio de movi- mentos. Para Mme. Mortane, o ritmo que comanda os gestos do dangarino constitui a matéria-prima da danga. Seu ensino divide-se em trés partes: 1. trabatho muscular em busca de harmonia corporal; 2. apreensiio de um ndmero de gestos, um vocabulério plastico correspondente a valores sonoros determinados: 3. esse vocabulirio plistico se enriquece com uma série de atitu- des © gestos convencionais que representam {6rmulas ritmicas com= pletas, 34 com Mme. Daci-Fussel, por meio do corpo, esse metodo pre- tende atingir a alma; evita todo e qualquer maneirismo e busea a sim- plicidade ¢ a correcio postural, Fazein parte de seu trabalho: 1. dominio corporal; 2. despertar do sentide muscular e da nogio de equilfbri 3. seguranga no movimento; 4. 0 sentido do espago; Baer-Fussel nao deixa inicialmente nenhum espago & expressio, do sentimento: pretende antes que o aluno adquira dominio téenico hecessario para fazer uso da expresso propria. SERGE DIAGHILEV E OS BALES RUSSOS” Os Balés Russos fizeram sua primeira temporada em 1909, Ne- les, 40 contrario dos balés tradicionais, buscavam-se recursos da pin- tara e arquitetura, mésica, danga, pantomima, iluminagig, valorizan- do-se igualmente cada um desses componentes do espeticulo. 24, Paul Boutcier, op. eit. p. 292 25. kdern, 9.293, 26, Phone Tugel ap cit. p. 173 27, Sob a diregao de Serge Diaghifev (1892-1970) os Balés Russnsrealizarim sua primeira grande termporads em Paris no aso de 1909, com corcoprafian de Fokine © PAPEL DO. CORPONO CORPO DO ATOR (Os pastos da escola classica nio so os tnicos a figurar no reper- t6#i0; a danga passa a engiobar: Jos os desportos, ds profissdes. 2 ‘parnda dos sttimbencos e até a0 livre exeretcio dem corpe chet de siaaticidade pela Dritice do alltisme, Todos os moviientos humans slo suscelveis de se tornavem ‘Sbjeto de expressta,.?™ Antonio José Faro™ cita, entre as contribuigtes mais importantes de Diaghilev e dos Balés Russos: 4. ole institu 6 baté orn um sto como obra de ere de vanto valor como. ball em tute aos! 2. por sewinterenédio, msicose artists plsticos de nomeada voltaram a tests serine por compor e desentine pt 0 Hale: 3. com suas constantes viagens,prinipalmente depois que a companbia guebrou Getiniivarnente seus lagos com a Russia, canseguin sumentar 0 pica da bale: ‘4. a aparigao de bailarinos como Nijipsky. Bolm € Mordkin, denice outros, revitaligou na Europa s danga masculina, que enfra am de seus nivels mals balxes™ © balé deverd ser, 8 partir de entfo, 0 resultado de trabaltio de toda uma equipe, tecnicamente desenvolvida e artisticamente integca- da. Seus coredgrafos, Fokine, Nijinsky, Massine, Nijinska © Balan- chine criaram navas pacens @ deslocamentos, assim como solidificaram ‘© espirito de continua pesquisa, onde a tradigao © a ousadia estavam sempre presentes. Nijinsky, por exemplo, cansado de ver o priblico aplaudir apenas suas proezas fisicas, teria exclamado: “Eu nfio sou um saltador, eu sou tum artista’ Influenciado por Isadora Duncan (que vé dangar em 1905 ¢ 1907) amplia suas ambigSes, passando a perseguir a expressiio dos sentimentos humanos por meio de passos ¢ gestos, a ponto de trocar (como em L'aprés midi d'une faune) posigdes classicas por ourras aturais.. Fokine, 2 quem Pierre Michaut chama 0 criador do balé contem- porfineo, teoriza 0 trabalho deste balé ¢ formula as regras do nove estilo. Scus principios seguem aqueles que preconizava Noverre. Silo eles: ijinaky tarobém €revelao ao mondo em toda ua peialidade e ob reeponssbilidade {de Diaghilev. Ox principai conndqratos dos Balés Russns fra Massine, Balanchine € Fokine 28, Pierte Michaut, Histéria de Ballet, $30 Palo, Difusfo Europtia dot p68. 29. Antonio lose Faro, Paquena HistSria da Dang, Rio de Janeite, Zanae, 1986. 30. Kdem p. 85. BI. Wastaw Nijnsky apne Francoise Reiss, La Vie de Nijnsky, Pasi, D' Histoire eta Ant 1973, 9.74, a ©CORMONA DANCA a 1. nile ae limitar a seus Recugfetpleticae 6 felts, mas cree exn cada caso umn ‘oma correspondeme eo estilo do indiv{dvo, o ms expressive possvel da perfoda edo pale representado. 2. toda a dange ¢ toda a mimica devetn concorter part m express80 Uramitiea, exeluindo todo divertimento ou toda digressao estranha no nssunto; 3. make ica fa deve ser limtada somente x08 gestor convencionais de moa, toda 6 20rp0 fdeve lerexpressto: 4.2 grupos « os conjuntos dem ser expresslvos como os solstas: 55.0 balé reconbiece enfim rum aienga, em pé de spunldode com as outras ate: Psion © Secorasto, nd mate pale "mibsice de balé” como acomnpanhamento de suas danas fe deraa a0 compositor a liberdade de seu poder eriasor™ ‘Massine, por sua vez, revela-se, ao eriar figuras segundo um sis tema que destiuia a coordenagio académica dos pasos © gestos de Ibeaga; enquanto os pasos seguiam determinado ritmo, os bragos po- diam acompanhar um ootro. Wm 1915. Massine viaje com Diaghilev e alguns bailarinos pela Espanha estudando as dangas populares dese pafs ¢, em suas coreo- grafias (como, por exemplo, As Mulheres de Bom Humor, desenvolve uma pantomima cOmica e caricatural, numa espécie de danga mimada Jé.as coreografias de Nijinska, com predilegdio pela parédia, visam ser “wansposig6es pldsticas do ritmo, uma “réplica fisica’ da musica’. Balanchine usa o cOmico ¢ 0 acrobatico. Em sua obra estio pre- sentes a influéncia do circo e do nusic-hall: a coreografia de O Fitho Prédigo (1929) “era uma pantomima estreitamente ligada a mésica, corti por vutiauySes de danga™, (Os Bales Russos, gracas 4 Diaghilev ¢ através de seus coredgra- fos ¢ bailarinos, conseguem realizar uma revolucio estética, mais que propriamente enica. ISADORA DUNCAN A nocessidade de véla multas venes dir-nia preserita deatto de maim por um connmesto stutico gue csiava intimamente ipado d'un ate, Mais tarde, quanda me forme! familiar dae a9ve métodor[..] vim a persuadir-me de que. nes quatre exntos do 132. Michel Fokine, em carte 26 Times, datada de 6 de jsiho ¢ 1914, apud Piewe Michaut, op. ct. pp. 83-84 [AX Pierre Michaut, op. eit. p. 90. 3A. eon, 9.95. 35 Isadora Duncan nasceu em San Francitco (ELIA) em) maio de 1878 ¢ morreu trogicamiente 2m Nice, no vera de 1927. Sea danga é mareada pelas influeneias Je Delsarte e Daleroze. Rempendo, aioda menina, com 0 baléeléssice. buses na nature zae na Oiécin anbiga a inspiracae para compor ¢ esiricurar seus movimentos. Fes 1405 furidou uma escola em Grbmewalel e entregou a direguo A sus irmd: erm 1921 briu otra escola, desta ver na Unite Sovietica, Irma Erie Grimm, autorizada por Isadora, escreve win livsa sabve esta nowa tdensea de danga, Esse livro foi publicade ‘ ers. c0comnneomro vo ae shundo, devido a condigdex deeconhesidas pere nés. mites pessoas, ein vétag eferas aseam para arte, © mesino principio exiador, nopirade ne nalurcrs"™ (Com Isadora, de fato, tem inicio uma nove era. Impée-se a danga, livre das formas preestabelecidas, livre de configuracdes criadas arti. Gicialmonte, Isadora danga a natureza em seu fluxo, e procuta, inspira da na tradigio helénica, recuperar a organicidade do movimento rela- cionado com os estados intetiores. A datiga €, para Isadora, desde muito cedo, a expresso de scu temperamento, sua mancira de viver, sua histéria pessoal. Recusando 8 técnica cléssica, ela vai em busca da beleza presente nos mais sim- ples gostas, nas ages comuns a todo ser humano: andar, correr, saltan (O compo deve sentir-se livre para criat. [Nasci unto do mare jf motel que todos os acontecimentos da miiha vida sempre ‘Scotreram nas suns proxiidndes, A minha prmcira eis da movimento ds danga vores me ceramente do sti das Sons”, Isadora procurava encontrar uma danga que fosse, {.-] pelos movimentos do compe. a expressto diving do espitito humana, Durance horas permonecia de pé, imével, com ax mios cruzadat vobre os sei. 8 allure dla plexe sor ‘hovimenton w espeine {ancaemagérico no qual me apareceu a dangs recémcriada, Poi dema Gescoberta soc ve ‘origlaoy a teoria em que apoiel a minha eseola™ Isadora pretende encontrar a fonte de irradiagiio humana, a forca cenurfuga ¢ refletora da visdio do espirito®, Seu trabalho iniciat con- sistiu em concentrar-sc intensamente nesse centro irradiador, nessa fonte de luz. Dizia a seus alunos: Escutem bem a musica, mas com a al Nocés nfo esto sentinde que hi sutra pessoa que faz voces levantarem a cabesa, ‘exer com os bragos © caminhar pars dian, na ditesdo de lee Pesquisava também: {uJ um movimento isicial de que se originasse tata ema sexe de outros movimentos, vesdadeiramente espontaneos, sem qualquer inerferéncia da minha vontade, © ie nas Fossem mals do que a reac incanaciente do movimento de partidy 36. Constantin Stanistiveld apud Isedora Duncan, Minha Vila, $80 Paulo, Jose Otjmpio, 1986, p. 137, 37. Teadora Duncan, op. cit, p. 3 38. idem, p. 39. 39. idem 7.60. 40. dem, idem, AL adem. p61 ‘© CORPO NA PANGA 6 Escolhia alguns temas ¢ seguia trabalhando com todos eles segun- do esse mesmo principio, 0 de um movimento gerador, que pudesse Provocar uma séri¢ de outros, como numa reagio em cadeia: {..19 primeiro movimento de medo, seguido das reaghes prvinds da emosAc inicio de tsteza, do qual naacia ura dana de Intmentagies: n do amon. Para dangar era preciso ligar “o motor da alma”; € dele que se irradia a luz que faz vibrar e mover cada parte do corpo, com maior ou. menor intensidade, E-essencial desenvolver e cuidar sistematicamente do corpo; pri- meiro a gindstica, depois a danga. Mas essa ginfstica é, para o bailari no, apenas um recurso, pois: L.d.esses exercicios entidiance tem par eseope fazer da corpo, em cada estégio do seu Sesenvolvimento, win insirumsio io perfelto quanto possvel Para a expressto dessa harminnie® Essa gindstica visa a preparar os mdsculos, para que se tornem 4gcis © vigorosos, A seguir tem inicio os exercfcios de aprendizado da danca Estes consistem em andar de uma maneira simples, eadencisda, avancando fenia- ‘om timos rats complicades: depots, «corre, letamente = prinefpio; depots. a salar sempre Tentanvente, em centos momentor defnidos do nit ‘Tendo a natureza como inspiragao e guia, Isadora danga sua rela- io com cada um de seus elementos, escutando e respondendo com seul corpo as pulsagées da terra, aos movimentas do vento e da agua numa (uéncia continua como a propria vida. Dangando descalca, seus movimentos nascem da observagdo € do contato com a natureza, em ondulagdes que fluem como ondas sem interrungto. Estuda também os movimentos dos dangarinos gregos (presentes nas formas cristalizadas em vasos) ndo com o intuito de copié-los, mas para descobrir, neles, movimentos espontfineos da vida. RUDOLF VON LABAN® A fone da qual dever brotar a perfalgae © 9 dominio final do movimento & ccomprecnsio daquela pare da vids interior do homer de onde se one AB fem idem. 43. temp. 1A 44, tem, fbider, 45; Rudolf Von Laban (1879-1958) vasceu na Beatislava, na époea, periencente a ol emnre 09 conta HOCORPO 20 AOR a bee: Tal compreensto aprofunda o fluir espontinee do movimento. sarantinds Ine A premencia interior do ner mano para-© Mervimente tin d= ‘tava da hubilidade externa para o movimento Exist urna relagio quase matemstica enire a raolivastie interior para o movimen- toes fungdes do corpo: 0 Unico meio ile Pode promover a tiberdade c a espontanet nad da pesson que be move 6 fer ama certs oflestogto quanto ao saber © quanto ® {plléapho dor Prinespios gerais de impulso © fungdo*® Para Laban, o movimento nasce com a finalidade de satisfagao de necessidades humanas; na relag%o com objetos materiais ou com 0 edjetivo voltado paca outros valores (valores estes que, por sua vez, sdo a origem nfo pragmiatica do gesto). Torna-se muito dificil traduzi- Toem palavras, No entanto, todo e qualquer movimento pode ser des- crito e analisado segundo o8 propésitos para os quais foi gerade: mo- vimentos de trabalho e movimentos de adoracio c prece. Nas atividades mais diversas pode-se notar movimentos iguais que. no entanto, pes suem significacso totalmente diferente. Laban d4 exemplo de dois atores: umn deles, um virtuose que em- prega os movimentos do corpo bem como das cordas vocais, } seme Thanga do mais habilidoso artesao e seus instrumentos"” ¢ o outro que “se concentra na atuagio dos impulsos intemos da conduta, que pre~ cedem aos seus movimentos, dando pouca atengio, em principio, habilidade necessaria a representacao™™. ‘Ao movimento aplicam-se esses dows objctivos, voltados, por unt tado, “para a representago dos aspectos mais exteriores da vida” e. por outro, “para um espelhamento dos processes ocultos do seu inte Fior'™. O ator, deixando que seu gesto scja resuttante de impulsos interiores. teré mais probabilidade de penetrar no que Laban denomina de “Oficina de Pensamento € Agao”. O ator deverd, também, conhecer 2s condigdes de esforgo de sta personagem, A palavra esforgo tem aqui © significado de impulso in- temo a partir do qual surgem, ou tém origem, as movimentos. Por meio do estudo ritmico do movinento de outros seres vivos, pode-se chegar a perceber as quatidades de esforgo.e suas alteragtiest ia, em 1879, Durante a Primeira Gveeta Muindlat 1xa-ge 98 Suga, sbvindo of wre to, Desenvolve a Kinetography Laban, urn sistema de nota (Glo de movimentos, mais conhecida convo Labanotation (1926), Bailar. peeqyisadot. ESrecgrato, professor. Laban fol também distor de movimero da Opera Estadval de ‘Berlin, Durante a Segunda Gueera Mundial, Laban vai para a Inglaterra, onde fonda © Malem Edvcattonel Dance; desenvalve a Danga Coral © publiea a8 seguintes obras! Effor (947), Modem Educational Dance (1948), The Mostery of Movement on the ‘Stage (0950) e Principles of Dance and Movement Notation (1954). '46, Redolt von Laban, Domino do Movimento, S40 Paulo, Seren, 78, B. (. 47. dder 9.25. 48. dem 9.27. 49. Idem. p28. ©. CORFO NA DANGA “ por exemplo, de um animal para outro, de um hemem para outro, nas Yarias situagdes da vida, Laban diz que: ‘As faces © as rato dot adios hummanos podem ser consideradss como tend sido ‘noidades por sous habitos de esforgo. A forma de eous corpos, ineluindo ada eabegae Sas extremidades, signifies talver uma disposigho natural de exforgo e pode sar vise ‘come “inanifeatagses de esforgo congeladae™. Salicnta também 08 movimentos de sombra que stio foclem gerol executados incontciantemente-e mits vezes acompankam, 8 maneira de ‘Sina sombra, ou movimento da ago com objetive, dat a danominagao escoThiaa © intérprete deve conhecer esses esforgos, mas, além disso, deve poder alterd-los conscientemente; mudar suas qualidades; “ou seja. 0 modo segundo o qual ¢ liberada a energia nervosa...", por uma mo- dificacio num dos componentes do movimento: Peso, Espago, Tempo ¢ Fluéncia, que, por sia vez, aliam-se a uma atitude interior (consciente ou inconsciente). Essas caracterfsticas de esforgo podem ser desenvolvidas, modi- ficadas ¢ treinadas, jf que dizem respeito também a relago estabele- cida com o meia ambiente, com os outros homens ete. [Mas os seres humatios,seiam eles primsitivns ou civitizados, pobres ou reas, con. sceuem insitir complicndas reds de qalidades cambiantes de esforgat qe represen {am os malliplos meios de linerar a enersla nervosa que Thes éinerente™ A rigueza e a diversidade dos esforgas humanos so a propria fonte de sua dramaticidade, que pode ser fortalecida através de um treinamento sistematico e objetivo. A selesio que © homem far das mins sequbscias de esforgo mio mate parece ser {olalneate inconacientesele tems expacidade de coordenar ima gama de posed. {Seestorcn vastamente maior do que e de qualquer out animale esta game ultrapass fas necessidades da mera anhrevivencta* Um dos principios bésicos de tal treinamento ¢ aquele que visa “ao pensar em termos de movimento”, em vez de pensé-lo somente através das palavras. 50. tern. po 9. SL idem p83. 52. Idem 33 Maem, 6) (© PAPEL BO CORPO RO CORPO DO ATOR | © pencur por movimentos poderia ser considerada come tim conjunto de impres: s8ee de scomtecimentos na mente de ume pessoa, eouunto pare o gus falta ene nomen ‘lacira adequada. Este tipo de pensamento nto se prestakoientaguo no mhusido exterion ccarao 0 faz 0 pensamento através dar pelavins, mts, ante, aperfeigon a orientacta de hhomem.ero seu mundo interior, onde continuamente a: impulses surgem © baseem urna ‘élvala de escape no fazer, no representae na dangar™, Segundo Laban, “temos necessidade de um sfmbolo autentico da visio interna que efetue contato com © piiblico ¢ ele $6 € atingido ‘quando se aprenden a raciocinar em termos de movimento", Os esforcos, ou agdes basicas que compoem a dinamica do movi- mento sio oito: deslizar (mavimentes leves, diretos © lentos), futuar eves, flexiveis © lentos). socar (fortes, diretos ¢ subiros), empurrar (fortes, diretos ¢ lentes), torcer (fortes, Mlextveis ¢ lentos), chicotoat (fortes, flexiveis e sibitos), pontuar (leves, diretos ¢ subitos) © sacudir (leves, flextveis ¢ rapidos). Escas ages basicas devem ser treinadas pelo ator; esse treino auxilia-o a perceber a origem interior ¢ a forma exterior de seus movimentos. ‘Observando e analisando o movimento, Laban conclui que esse poder de compreensio © andlise pes habitita 9 excother urns atiuce host, contd, constita, de vesiatincia, por unt lado. ¢ por outre de complacéncia, de aceitacSo, talerineia ¢ Yeneveléncia em relag@ Cumpre ter consciéncia do que se faze desenvolver a vontade através das escolhas poss(veis em termos de acto: basicamente duns atitudes sio possiveis: entrega aos fatores do movimento (€ sensagdes ‘ocasionadas) ou luta contra eles, por meio de uma resisténcia ativa, Restar todas as ages humanas ligadas ao esforgo é fundamental a0 ator-dangarino: Lelnto apenas tomerse ciente das vériaxarieulagBes do compa e do 9eu use na crag) e paurtes espaciaise ftmicor, como também apereeber-re do eneado de expirto eda atitude inte produaida pela seo corporal™ Laban apresenta um método de anélise de ages corporais sim- ples para que o aluno desenvolva sua capacidade de observagtio e rea Tizagao de agdes as mais diversas; estuda, entre outras coisas a diego € planos dos gestos, sua extenstio e caminho no espago, a energia muscular usada na resistéacia ao peso e a acentuagio da movimento: 55. Idem, p. 92. 56. Idem. 9.46. 51 Idem p31 OcoRPO NA DANGA o ‘emprego do tempo rapido, normal c lento) fluSneia que pode se mar festar aos trancos (com interrupcBes ou quebras entre um € outro mov mente) ou continua (sem qualquer perda de ligacdo entre um movimen- toe aquele que vem a seguit). Detém-se também longamente na investigagio e andlise das agbes corporis complexas, que devemn sempre revelar aspectos da vida in- terior daquele que as executa. Todo € qualquer movimento acontece relacionado a fatores de mensuragio objetiva e igualmente a persona- Tidade do seu agente. Fase dado pessoal é que acaba por criar certas expressGes muito caracierfsticas que se manifestam na ago corporea. Tais atitudes pessoais refletern-se [1 mum attude celaxecs ow uma aitude energies, quanto a0 pena; ama atieude nest ‘ou ina aitide flextvel ne espate, uma alitude eurta a ume altade prolonged rente 0 tempo: uma aftude liberta ou uene ainide cantealada, em relagto & Ounele® Nas ages funcionais “a sensagiio do movimento no passa de um fator secundario; nas situacdes expressivas, onde a experiéncia psicos- somftica é da maior importincia, sua relevancia cresee’”®, Estudando o significado do movimento, Laban volta-se para duas ages basicas que so as de recolher (trazer para junto de si) ¢ espalhar (afastar para longe). Para ele, “o apoderar-se © 0 ropelir constituem necessidades fandamentais™, ou seja, impulsos de posse ou de repulsa so os impulsos bésicos. ‘A observagio, anilise ¢ treing das ages humanas sio promovi- dos por meio de exercicios progressives, cabendo-lhes desenvolver o pensamento-movimento para que © ator ou © dangarino cansigam, por sua agio consciente, que personagens © scus valores (muitas vezes conflitantes) transparegam, pois: {sua atlude mentale suas particinagdesinteriores refleten-teexm suas ages compe ‘is daliberadgs, bara como nos movimentos de eombra que acorapasham primeiro © estndo das leis da harmonia espacial visa & experimentagiio das dimensiies posstveis ao corpo em sua canexo com a Kinesfera®, cer- tas ages, como cnuzar, abrir, subir, descer, recuar e avangar, slo orga- nizadas em seqUéncias formais claras para fins de pesquisa. Essa ex- ploragao inclui também variagoes na amplitude do movimento, passos sallos e gestos que saem e retormam ao centro do corpo. 59. Idem 9 318 60: Idem, p13 61 Idew, p 137, 62. Idem: P 168. 63, Kinesfora, trea em torno do comme limitada pelos movimientoe de Bragos € perma, tendo sempre eirance coma cealra, £0 ezpaga que o corpo pods ocupar sm ns ialor amplitede, eet, no eotento, qoslauer deslocamento a! O PAPEL DO coRPONO CORPO DO ATOR | A.consciéncia da forma € promovida em ligagiio com os esforgos prépositalmente pesquisados. A relagio Esforga-Forma € o principio notteador desse trabalho. MARY WIGMAN® Para Mary Wigman o objetivo da danea € a expresso da personali- dade ido dangarino, sendo © corpe 0 instrumento utilizado, © professor deve preocupar-se em aloneé-lo, afind-lo, para que nfio oferega nenhuim impedimento a passagem das emogdes do intérprete. © dangarino acaba or incorporar a técnica d sua prépria personalidade, tomando-a sua, Formar um dangarino € toné-lo consciente de seus impulsos par- tictilares; os gestos provenientes desses mesmios impulsos leva © aluno a tomar contato com sua realidade pessoal e artistica Aluna de Laban por seis anos (1913-1919), pretende que a danga revele 0 lado oculto do ser humano. Segundo Bourcier: Js tiberdade individust que aeststica de Wigman supbe no pode canvie aos nazisas, ‘gv Fecham soa ecnla de Dresden em 1940, qualifcando-ade “eenro de arte degeneracs © clemento marcante de seu trabalho € 0 contato intenso com o chao, com a terra. O espace no qual se movimenta ou tenta mover-se 0 dangarino é asfixiante ¢ opressor, algo contra o qual é preeiso lutar. ‘Sendo assim, o intérprete nfo pode fugir ao seu destino de autocon- fronto; cle acaba por tornar-se consciente de seus mais secretes impul- 808, de seus mais fntimos desejos. © mundo, tal como € percebido pelo dangarino nessa busca solitiria de si mesmo, é transformado em cacia um dos pasos da danga Eniio.o& vishimbres de conhecimento que comecam s brotar exprimem-se por ‘esbogos da geston que contribucm para acomecientinagia dns pulses icin. Ao Rls ‘dees jonga eaminho, atiata conse guid, na mesmo tempo, conhecet ss Forgas cto" Sdoras © guise of meioe comparais perm expr Ia ‘O ser humano, imerso em desespero ¢ lutando para niio sucumbir 08 perigos que constantemente o ameagamn (perigos vindos do mundo exterior) reiine, para se defender, todas as forgas que ainda lhe restarn. 64. otary Wiaman (1886-1973), conhece, anda jovem, 0 pintor Node, que mit ‘sinfluenciasa seguir frequentaaescolae Laba. ne Sufga, de 1913 9 1919. Sus print! ru grande coreografia¢ Hexenta © data de 191 (1930), Os nasisas fecha sua eatole, Escreve Die Sprache des Tanzes (1983), (rahoei= o para inglés em 1966: The Langwage af Dance 165. Paul Bourcer. op. eit,» 298, 86. idem. 9299, ©. CORPO NA DANCA © Mary Wigman também quer que © movimento se desenvolva a partir do tronco: para isso é necessdrio envolvé-Io em ondulagdes que vao se espalhando até atingir os membros e suas extremidades, Os movimentos. quando nascem desse modo, (¢ por integrarem todo © corpo do daugatino) sio os mais intensos ¢ viscerais. Também o ritmo nae pode ser imposto ao dangarino: ao contrario, ele precisa surgir espontaneamente, ditado por necessidades intimnas de expressao. A movimentagiio do bailarino nao pode ser codificada a priori, e, Por isso, nao ha ce existir formas preestabelecidas sujeitas a mera re- etigdo. Ox movimentos artisticos surgem através da realidade € de- vem ser procurades io cotidiano e nas paixdes escondidas. Isso sir 8 verdadeira matéria-prima da danca a ser organizada na forma. Garaudy assim a descreve dangando: Sun cabega estavafrequentermente baixa, seus erbeos eats, «os beagos rartmente ss levantavar, Sem rajitarnenhuma express fsica possivel, seus ovimentas parca some que puridos para o chto por uma especie de aragio ou verigen feava ajettada, gachaua, rasiejane, as tos mvitas vezes crspadan rum pose Sida da tera” Na verdade, um processo de criag#o, para ela, divide-se em duas fases mutuamente relacionadas: primeiro, o improviso: segundo, a ten- tativa de manter e cristalizar as formas eriadas. ‘A expresso da forgsexiadera da bailar atinge sa plenitude quando se estbe- wee umn equitthia entre 9s dois momnton: nem expessio pela express, en formas pela forma, mas euime fieio entre oF dove etrnos!™ A procura de um transe corporal que ajude 9 homem @ exorcizar seus demGnios € 0 principio do éxtase: estar inteiro c inteiramente entregue 20 giro, ou a uma ondulagdo que parece nao ter mais fim: aldin da amplitude dos passos © gestot de sew turhilhiesiimico, hd esta absbade 445 espace se Fechando sobre si mesma, em expiral © conteabndo rm wim pants © ‘cena. E tudo gleando em volta dasseelxo mavel, Ene mesmon, pregadns neste conte fe girtode na monotonie do circulo, até que pouco = pouco nos perdemos e semimee 8 rotagio etastonse do nesso corpo. Agara €o mundi em volia que comega » gitar Seu outro prinefpio, deconente do delirio ap qual se enirega 0 dan- garino, é o da perseguigae da forma e refere-se A organizaga de tal fend- reno expressive; "Sem éxtase, niio hé danga; sem forma, nao ha danga"™®. (67. Reger Gnraudy, Dangar Vd, Rio cle Janeixo, Nova Frontera, 1980, p, 106, 68. Iden, p- 10°. 69, Mary Wigman aptd Roger Garay, op. cit. p. 109. 70, Mary Wigman apid Roger Garaudy, op. cx. p. 119. Consultar também The Drama Revie, Vol. 24,4 (T-8). Boe, 1980, 4 omre-roconrono conrovo roa i Entre seus miiltipios interesses ¢ paixSes pessoais. encontramos dancas e mascaras de outras civilizagoes (africana, oceanica, asiatica) eas pesquisas da Bauhaus, em que movimento do bailarino resolvia problemas concretos de uso do espago. OSKAR SCHLEMMER”! © ensino elementar da Bauhaus transmite uma base comum de trabalho, voltada diretamente para 0 contato com materiais e com as obras artisticas, Nos anos de 1927 ¢ 1928 Schlemner trabatha (nas aulas de dese- ho) com modelos em repouso e em movimento. Esse estudo amplia- se, a seguir, para um curse mais abrangente sabre o homem, (© Departamento de Teatro da Bauhaus forma pintores, técnicos, atores, bailarinos ¢ diretores, num exercfcio de muitua cooperagtio. Fs” tuda-se a linha, planos e volumes. cor e luz, espaco; movimento danca ¢ pantomima, uso de mdscaras e vestutrio, Desenvolve-se a cringio de. ‘espacos cénicos ¢ exercitam-se fungdes técnicas, interpretagiio e diregio. ‘A concepgfio de Schlemmer baseada no expressionismo, nas pan- tomimas ¢ nos sketchs, caracteriza-se, sobretudo, por uma intensa ex- perimentacia plastica (© homem situave-se, pers Schlemmer, no centra da teabatbo e, através de maa ‘danga teria oportunidade de estdar-se @ si me=mo © ap mesmo tempo o espago a0 Se redor A cortografia de Schlemmer delineia-se pincticemente e aproxima-se do srawitesaies™ ‘© que se pretende é a relagho estabelecida entre o corpo dangante © @ espago circundante. Para Giulio Carlo Argan: Por meio daimuigio eda energia metafisica que absorve do todo, ohamem desco- bree expago imaterial da sparenciae dn visio interna?” Schlemmer considera o espace cBnico como produto desse movi- mento € do ritmo que a ele se imprime; a propria personage & uma forma claramente desenhada que, ao integrar-se ao espago da cena, ‘1, Oskar Schlemmer foi pintoreesculor, nasce em Stuttgart, erm 1888 e merrey ‘2m Paris, em 1943. Trabatfos na Bauats de 1920 » 1929. como ditor da sega dle © ‘altura teatro No titimo periode de ron vida cutivou a arte abstrata, O Brshaus,i {ato no qual tabathou ¢ desenvoives suns pesquisas foi Fundade por Waller Gropias ert 1919, em Weimar, para eervir ao estude conjunte das artes pldatieas « das ares apical, 72. Hane M. Winglet (ed) Lar Breuelas de Arte de Venguarda (1900-1933) Madrid, Taurus Exiciones, 1980, pp. 112. 73, Giulio Carte Argan, Water Gropins.y ef Bauhaus, Buenos Aices, Nueva Visi, 1961, p48. OcoRFONA DARGA ” acaba por determiné-lo. Importa que tudo mantenha sua quatidade ff- sica e concretissima, ‘Secu teatro parte, como cle mesmo diz, do clementar: do ponto, da linha © das superficies ¢ volumes: Litaue « gente parta da sitoagto do corpo. do ser, do estar em pf, do caminhar 6, Somenie por fit, do snare da dancar. porque o dar ut passo a frente represenia um Imnortante accntecimento e nada menos que isto ‘Todas as agdes do corp human devem Sigurar como sendo im- portantes, “de vex que no palco se manifesta este mundo especial da vida, do aparecer, esta segunda realidade, na qual tudo esta circunda- do pelo brilho do Magico"’s. © ator, ao converter-se no ser que habita esse espaco de magia Proposital, movimenta-se af em estudos priticos de profundidade, for mas e ritmos diferentes; matétia e espfrito em constante transforma- flo. Odette Aslan diz: Nao 6 mais coma na dansa tradicions. a slegra, awiszera ou ema emogso gual que move o hailartno: 98 canta a recolwgia quaze impesroal das problemas de expao, Torraa © cor", Se of oficios podem ser ensinadas, « arte, por ea ver, nin ce deixa aprisionar por qualquer método. Baseando-se nesse principio, le trabalho, 0 treinamento, na Bauhaus, pretende levar a expecimenta Glo pratica e disciplinada: o que se vé siio mestres e aprendizes envol- vidos numa mesma ¢ enriquecedora experiéncia. © teatro ocupa-se da transformagao da forma humana no contato com matetiais diversos, € © papel do artista nasce de possibilidades Priticas de metamorfase ¢ é por elas determinado. A idéia inicial, em felagiio com os materiais dispontveis ¢ alterada, causando, inevitavel- mente, a alteragio da matéria com a qual se relaciona. Nao h4 coma separar, para Schlemmer, as fungGes orghnicas hus manag dos fatores que as Ueterminam, os inovimentos (determinados tanto fisica quanto emocionalmente) constituem-se de impulses visivei Para que a transformagao seja possfvel, usa as leis do espaco cibi- ca cireundante o que gera uma “arquitetura ambulante”, as leis funcio- nais do corpo humano em seu relacionamento no espago, daf resultan- do a “marionete as leis do movimento do corpo humano, a dar origem 74, Beubans, Institue Cultral de Relagdes Exteriores, Sttgart. sob auspicios do Departaniento Catal slo Ministerio das Relagies Exteriores dla epublica Pederal da Alenantha. Oskec Schlemmer, didi. mio de 1929, p85, "75, lem, sider 76. Odetis Aslan, op. eit. p. 182 1 SoC SRSA alum organismo técnico” ¢ as formas de expresso que, ao mesmo tempo que simbolizam membros do corpo humano, atingem uma es- pécie de “desmaterializagio" Com esses recursos artificiais (que envolvem-o corpo do ator em figuras geométricas) sio descobertas novas possibilidades de agio: posigses © deslocamentos antes impossiveis tornam-se vidveis pelo tempo desejado. Criam-se, a partir dessas formas, a abstrato, 0 cOmi- €0, © grotesco, o sublime, © acrobitico, 0 dinfimico, 0 mecinico e assim por diante”. Falando do tipo de teatro realizado pela Bauhaus, Schlemmer diz; Se née precios procurte por mevclos, eles podem er cnewntrssos ma ‘Tete Javants, na Taponts © no Chinés, mais feilmente da que ne Teatro Europeu Atal DENISHAWNSCHOOL” A Denishawnschoo! reinvindica um completo ronipiniento com a danga tradicional e traz, segundo Roger Garaudy, doas contribuigées fundamentais para a dana moderna: ~ om enriquecimente do vacabulétio pela (908 do Oriente ou, mats examen nto vekdents "ma tears o ume tenia sister = vontade do homen® roe8o des eonuibuiedes dae den: ln dapga como expressfo dos sentimenton Essa escola tem, em seu curriculo, matérias como cultura geral, musica, anatomia e treinamente corporal. 4 linba de trabatho adatada pretende alingir a personalidade do aluno, indo além do simples pre- aro corporal para o desempenho profissional, A técnica clissica ain 77. CF. Oskar Scblemmer, “Man and att figure”, Em Walter opius (e.). The Theater ofthe Bauhaus. London, Eyre Nethuren, 1979, by acvaigement with Wesleyan University Prees, Midleton, USA. "78, Idem, p. 101. Consultae tanibétn Alberta Corazon (ed), Comunieacion 4. Investigaciones sobre et Espacio Fscenico. Made, A Ce, 2, especiaments 0 ea tule "Ser urnano 3 Representacion™ 79. Denishawnschool. Te Shawn ¢ Roth Saint-Denis Ted Shawn natcew em 1801 ‘= mowev em 1972, Aprende o delzartiama eam Henrietle Crane. Cantece Ruth Sa Denis em 1921.34 em 1914 est2o eabalhando juntorAlgons doo baléa de Ted Shavers Polonaize (1926), Pacific 237 (2929) Kinette Motpat (1935) « 0 Libemtod! (1937). Ee lexeve Every Litle Movement sobre 0 deisatismo © Dance we must Juntainente com ou Uwosbuallarinosesereve Dance: A Basie Educatfonal Technic, Naesidann ano de 1878 (pto- ‘yevelmente), Ruth Sait Denis cedo se inila na danea através ee sun ye. Casa-eo Som, ‘Ted Shawn juntos fondarn # Denishavenachool, Desenvolvendo wma Haha de dang qe ‘rina pela eligiosidase.realiza, entre outras, ns seuintescriagies: The Lamp <1928) © Ritual of the Mosque of Marie (1934). Danga pl 80, Roger Garaidy, ap, cit. p73 im ver aos 83 anos The Pncense: O.CORFONA DANCA n da € utilizada como exercicio, mas excluemse a ponta e as sapatithas tradicionais; danga-se descalco. Do ponto de vista técnico, o vonco passa a ser considerado 0 motor do movimento, centro € ponte de partida de todo e qualquer mo- ‘Vimento: os impulsos stio irradiados a partir do plexo solar, Cada miis- culo do dangarino deve estar preparado para traduzir em movimentos © impulse interior. Ruth Saint-Denis busca na danga o sentido religioso original. Mesmo sem conhecer as dancas egipeia ¢ hindu, ela as toma coma, fonte de interesse ¢ de pesquisa, imaginando-as e recriando-as em. suas primeiras coreografias. O principio que inspira seu trabalho é © de que “todo 0 corpo é mobilizado pelo movimento, principal- mente 0 tronco, os ombros € os bragos, ullizados em todos os eixos do espago, com nreferéncia pelos mavimentos ondulatérios”*'. Unide a.esse, o segundo principio: interrupgao do movimento em paradas angulares, cujas posigbes do corpo almejam um sentide hieratico, provinds do oriente. Em busca de uma esséncia humana ¢ usando a danga come meio, a dangarina americana procura deenvolver uma técnica capaz de pos sibilitar o envelvimento do corpo com a alma do intérprete. Pesquisa a danga de sabre dos samurais e as dangas rituais hindus, juntamente com, “Botuda a linguagem das mos, as técnicas de movimentagto da cabeca eo controle da coluna vertebral; esté voltada sobretudo para os principios espirituais envolvidos nessas técnicas. Ja Ted Shawn inicia sua carreira com o estudo do detsartismo, considerande 0 dinamismo da danga uma fungi essencial; ha, em suas coreogralias, “uma progressdo da intensidade do movimento que correspande 2 progressao da ago, efeitos dramticos em um quadro, coin cenérios, Toupas e cenografia especificas"™ Blabora uma teoria a partir das atividades masculinas bésicas ten: lando definir certos movimentos para um ¢ outro sexos ¢ se inspira tainbérn em “mavimentos estilizados que fora busear em av vos esculpidos no México”™®. Além de trabalhar com 0 jazz, elabora “um estudo sistemético dos movimentos do corpo humano ¢ das leis de expresso das emo- ‘e6cs™, A partir dessa escola, adanga moderna americana (tendo como © grande precursor Frangois Delsarte) pode desenvolver-se tanto t6c~ nica quanto artisticamente; suas bases estiio Iangadas. igos rele ir, op. elt, p 259, 82. Idem. 92 Ba, Roger Gacaudy. op, eft 7. 79, BA Fac, onder Consultar também Weiler Terry, The Dance in America, New ‘York, Hamer ane Dresher Publishers. 1956, a (© PAPEL D0 CORPO NO CORPO D0 ATOR MARTHA GRAHAMS Os prinefpios de trabalho de Martha Graham, desenvalvidos por ‘ela aps sua passagem (como aluna) pela Denlshawnschool, propiciam uma base bastante ampia de experimentagiio para a danga dos nossos dias. Martha Graham procura, por meio da danga, aprofundar-se nas Zonas sombrias do homem, a fim de trazé-tas 3 tona do gesto, Sua pesquisa do movimento visa a revelar algumas emogdes e impulsos. fandamentais ao ser humana. Todo movimento € acorréucia visivel de pulsGes: ¢ preciso, com urgencia, que todo impulso seja forma, pesto, deslocamento em cena. Mudancas bruscas na directo imposta a0 ges” to, paradas repentinas. desequilfbrios e quedas com rapida recupera- do fazem parte de sua arte. Em sua técnica estio presentes elementos de danga cléssica; no entanto, ela os vai alterando para que sirvam ao seu desejo maximo le. expressdo. O torso € a origem do movimento em seu constante pulsar, inspiracio © expirago, contragio ¢ relaxamento. {Uon circuit vital parte da cavidare formada ecto & coxa ¢ # baci, volta x subir are o.corpo fecha-se sobre x} mesma. Nela também, (ata forga do gesto acontece em fang0 da forga da emocao. Greham reage hy {Wh pulsdo ometiva, por vezes de fornna convutsiva, co1ta-& com paradaa bh ‘auudangas de eixo, Volta 8 descobrir gestos situa primitives que provavel reinvents, [J come a danga com os joelhog muito flexionados, tfpiea Gas eull smditeertnicas mote antigas™” Sua danga aspira a um novo vocabulirio que permita ao mundo exprimir-se pelo movimento; “adguirir a téenica da danca tem apenas ‘um fim: treinar 0 corpo para responder a qualquer exigéncia do espft to que tenha a visdo do que quer dizer 585, Marthe Graham (1894-1991, estudou na Denishassnschoo! de 1916 a 1923, Apis alguns sola era suas primeira composigaes: Prom (1933), Heretic {1920}, “American Document (1938): ApalacInan Spring (1944) Ji Primitive Mysteries € COT. sta pars o seu proprio gripe. Cris, n partir dat uma série munca te Bales, dos quate salicntare’ alguns das que abordamn grandes tema Juivh (1950), Clytenmnasira (195, Alcests (2960), Phsedra (1962). Sum Wenien € conhecida em todo @ rund Jo dangs ‘oder © canterpordies, Bh, Bethsabée de Rothschild, “A Danza Antatica nos Estados Unidas. Tendéncas Modemnas™. apud Baul Bouraie, ap. cit pe 279 87. Pau! Bourcier op. cite pp. 279.280. 88. Manna Graham apud Roser Garsudy, op. cit. 9.97, ©coRFO NA DANCA 1" © ponto de partida para essa nova técnica € a respiragio, em seu fuxo © refluxo. A parti do movimento respiratorio pode se perceter & enti motor do movimento, “dle once nascem e se irradiam as agbes™ £ no tronco que tudo (em infcio. Nefe se alojam as forgas vias ‘manifestas em continua pulsagio. Segundo Garay, uF ponte de apoto de todos os movimentos eeténa reise pélvien € genital, no cent (8 quel se ngitam os tumultos do sexo. Alize faz a conjungle enw ae duse Brandes hase foxga de toda a vids: vida do ivi na vexpieagto. vida Ja repeats ha fovea dade. A force de mojecto externa e sua expressive dependem da extya desta pulses pslmrsats ‘Seu segundo principio técnico é o de intensificar tanto os movi mentos de contragio quanto de expansio: “impulsos bruscos, convul- sivos, projegdes violentas do corpo intciro"™®, elevagdes ¢ quedas, ondutagoes e vibragdes, torgdes e alteracdes inesperadas no uso da diresaio do gesto proporcionam a sua danga um colorido forte e por vezes brutal © terceiro prinespio € 0 da busca da relagio com a terra, entrega e luta com n forga da gravidade. O dangatino deve perceber o “instante de imobilidade aparente em que o corpo estd pronto para a aco mais intensa e sutil, no seu momento de maior eficdcia potencial”™". A isso Graham ot rude, © quarto principio é o da totalidade. Todo 0 corpo do dangarino deve articular-se num conjunto significativo; estar inteiro no movimen- to signifien perceber c realizar esses impulsos que brotam do centro para periferia do corpo, em busca da unidade na relago com 4 mundo. A ascese ¢ 0 quinto principio de sua técnica, juntamente com a cringho post ‘A canga mio éa ate de evadir-se da velidae, mes. a eerterio, a de se-com ela, de orcifient-te mela, para alesngar uma vida mais clevads™ fica. Danea ¢ teatro so, para ela, uma s6 coisa. O teatro é uma celebra- Ko, um ritual que requer a participago direta do priblico. A. aang tem 209 6 cen, Fondant cconceder a fnrtal fm no rita, eet eterna aspeagao a imortaliess © sto nas lend eseje de conseguir urna site com os seres que poe lade a0 remem, Hoje. prticamos urvrita di autee gener, peso dt sombra que pesa sobre © mundo, pois buseamas uma imeriidade de um gugo pe —® _Brondeza potencial de homes" 89. Roger Garay, op ft pp. 98-99. 80. enn 999, 91. Murtha Graton eyed Reger Garaudy. op. eft. p10) 92. Reger Garwoay. op. cit p. 102. 98, Martha Graham apd Roger Garaudy, gp, cit p. 94, Conraltac também Waiter “Terry, He Dance ia America, New York, Harper and Brothers Publishers, 1956 + © PAPEL DO. CORPO NO CORFO DO ATOR DORIS HUMPEREY™ Para Doris Humprey a danga parte dos movimentos da vida; 08 plimeiros gestos estudados por ela sto os sociais; aquetes utili no dia-a-dia e que, mal sio eshocados, jé se conhece seu significado Ao dangarino cabe descobrir as raizes primordiais desses gestos ba. pais tentando chegar 3 sua esséncia, ‘Os gestos fancionais referem-se aos movimentos de trabalho: cabe, a0 dangarino aprender a recri-los simbolicamente, mantendo certas caracterfsticas inerentes As agties originals. Os gestos rituais possuem razGes muito claras ¢ fandamentadas para sua existéneiay referem-se a relugHo estabelecida com a magia e a religio, 34 0s gestos emocionais sto agueles que extravasam dle nosso mundo interior © podem ser de tantas formas ¢ intensidades, que no se lhes pode impor modelos preconcebidos; devom ocorrer espant neamente, pois sio gerados pela emogao, O bailarino deve estudar 0 vocabulirio emocional atilizado no cotidiano e saber transpé-lo para 6 paleo, jf que as motivages de um © ontro espago sto diferentes. Ele tem de conhecer Odio. a vinganea, © desprezn, 0 dexespero, 0 remorso, enfim todos accles sentimentos € paixBes a que se expoe o homem durante sua existéncia. {O imerprete no pode se contentar com a apaténcia das coisas, pre- cisa esquecer-se daquilo que se convencionou chamar de boa educagio e ‘mergullando em si mesmo, procurar divisat o que enté eseondido, ‘Aluna da Denishawn, Humprey teve oportunidacle de viajar Com companhia pelo Japao, China, Malésia, india ¢ Java: do contato com as dangas desses paises, percebeu que o quic as tornava belas era a autenticidade. Sua preocupaciio, a partir dessa experiencia, éa de que 9 bailarino deve estar de acordo com suas préprias tradigces, visando uma movimentagaa Inserida em época e lugar determinados. Para ela, 0 ritino fundamental € 6 ritmo motor, que aeontece na relagdo do homem com o espago, via movimento. Esse movimento hhumano primordial € aqucle que envotve a resisiéneia a forya da gra vidade; forga essa que continuamente 9 ameaga em seu equilfbrio © seguranca. O esforgo humano, na luta contra a gravidade, € 0 centro de sua danga dramatica: 0 homem coloca-se entre a tensiio ocasionada pela possibilidade de queda e 0 risco do abandono (a tentacio do rela~ xamento). 94. Doris Humprey (1895-1958). Bx-aluna da Denishawnschou!, sempre preferin ss milas a0 paleo, Diige. por algumn tempo, 3 sucuceal nove lorena da Derishawn ‘ogo 9 seguir, nda sua propria escola e sua prépeia companhin. S40 as as eoreogratias| Water Study (1928), The Life of che Bee (3928), Canonade (1948) Laren! for fgnceie Sancher =, Lecionow corsogratia no Bennington Culiege-e no Comecticnr Coltese ‘urante 08 Gtimos anos de sua vide esereveu The Art of Making Dancer OCORFO NA DANCA oo Concebo 0 movimento uiizndo pelo dengarino come resulta de uns eqailixio, De fio, toda a minha teenies resume se ern dole afos afasat-te de ne posit 3e ‘squilfoio ¢ & ela volta Trata-re aqui de um problems bern mais complono 60 Gb ‘manter-se em equilforio, oqve est& igade 8 forga macula @ & stratus comport Cait ‘crefarer-te fall-recovers consttnew a prépria exstneia do movirvento, dere fi=0 Gum, Incessantemente, cireuls em toda ser vivo, aé em suse partes mais fimas. A tenia ‘gue decorre destas nogSes € xurpreendentemente ica etm porsibilidades, Comegengo-s6 Poraimples quedae no chlo ¢ voltae xe sitnagdo vera, deseobre se diversas Pro Dricdndes do mavimento que se acrescentarm & queds do corpo no espago. Ure ¢ 9 imo. Ad efetuar wna sére de quedas © valtas & posiglo, fazemos aparecer temper fortes que &e erganizam cnt seqiencian rtmicns. Urs ovtra dado dinars, o0 =e) s medanga de Inansigade. © ferceiro elementa & 0 desenbo™. A danca conta também com dois pontos mortos (ou duns possibi- lidades estiticas. mesmo que por instantes) 0 corpo caide na che de pé, em perfeite equilfbrio. Entre um e outro momento (nas constantes Passagens), encontrarse a motivagdo da danga, as sucessivas mudan- ‘gas de postura, quedas ¢ sua recuperagio. ; E ainda a forga da gravidade, servindo de desaGio ao dangarino, ‘que produz os acentos ritmicos: A dance for uso comacientedisto, para tansformsae ut tine espomnes aun rt Ino vohuntatie, quence seus movimento, coma of Ga vida, precnchiem take © espag0 cate date tempos mortos™ © dinarnismo esta presente nos movimentos, nas mudangas de in- Censidade numa mesma frase. Gestos répicios e fortes sio estinutlantes, cenquanto os lentos trazem calma. A acentuago, por meio de mudangas no uso da cnergia, deve ser trabathada em Fangio das motivagies: frases podem ter seu ponto culminante no inicio, no meio ou no fim, em Fungo do que se quer expressar: docilidade, revolta, unitio ou édio, © desento pode sofrer, por parte do aluno, uma constante apren- ygem: ele precisa saber manejar as linhas criadas por seu corpo no espace. conseguir, partindo de wma idéia, encontrar a atitude que Ihe correspondente e saber desenvolver o tragado do movimento. Deve saber ainda relacionar o estudo do trago com a forga que impulsiona para o movimento: por isso, antes de se dedicar a coreografia, precisa dominar a expresso dos estados emocionais. Os desenhos podem ser simétricos (sugerinde repouse, seguranga. certeza) ou assimétricos (confronto, diivida, intensidade no confito). Em seu livro?” Humphrey sistematiza a composi¢ao coreografica € estuda profundamente as trés dimensées téenicas do. movimento: formas espaciais ou desenhos do corpo, ritmos e diatmica 95. Doris Humphisey qpuel Paul Bourcies, ep. elt, pp. 27-271 196. Roger Gaeatidy. op. ci. p. 127 97 Denis Humphrey. Ef Arte de Crear Donzas, Buenos Aires, Editorial Univers! aria de Buenas Aires, 1965, Consultar também Waller Tey. op it be ore conn convo 1 JALWIN NIKOLAIS* I | Sous espetdeulos sto pura magia de movimento © luz, cor aces- Aorios que envotvem o compo dos bailarinos, deformam, teansformam 4uas figuras. Huminacio e projegdo ajudam nessa continua metamor- fose cGnic, onde as inhas se ateramn buscando figuras Beomctrons, roves dimensbes ¢ volumes, "A danga, para Abwin Nikolas, no & um fim em si, ras toma clemeito ndispenstvel do expetdculo, coma movinente foes nee hos, contecenda mam espago tornado. pla eultipheldale oe ef toe? piopostcsen ea ‘Aiwin tentarecontar a vida cotdiana no desvendamento da ma- tia scretn das colts; cor ee nto i noceansonde se envede, neon fa apenas de baiarinos que re deiquern & tansformncao gesteal ea teatalizagto desitangbor Comomdiedy dearihrthecenginmaceoritwitsea aeieannate a iaind'e ae pesos ne tantuvarde flagran pale Acsaie tides Sarictersties fundamenuae,euidando. depots, de eatizar on ties, elisa Huan ers openly webooraneeee 0 movimento $ pesquiado como sree autGnoms, Sea) A preaci- pagto da expressividade teatal quo merce « danga iederta, Pasa Roger Garaudy, Alwin Nikolas omen, © comeside no sentido tradicional, sta €, a narngio © aemogBo, ara eter apenas © movimento pela movimento, sem qualquer “signifiensa0", coma materia dnied de sdanga a danga nfo deve sigaifiar mas exitr comma unm reatsae ntOnoma®™ Por isso certas técnicas criadas pela danga modema stio agora desnecessirias, como, por exemplo, os mavimentos que téin inicio no centro do corpo do intérprete, Pode-se perteitamente trabalhar com a ‘movimentacao periférica ¢ com movimentos vazios de qualquer tipo de emocio. coreégrafo nfo rejeita as tradigoes vindas da danga académica, ‘nem tampouco a danga moderna, incorporando livremente todos os elementos disponiveis sem qualquer preconceito, Chega mesmo a impor movimentagao completamente impessoal aos seus baitarinos, desde que isso seja uma necessidade do espetéculo, Tals (1910-1993) comesou san vida profissionst come pianista compachante de filmes modos. im 1933 eneontrase com Mary Wigman, Destle 1978 Eresponssve! pelo Centre Nationale de Danse de Angers, Franga, Conhecido mundial: ‘mente como Um dos rs inovacdores artistas mltimitia da danga tesla tem, como algunas de sues obras: Kaleidascope (1936), Imago (1963). cho (1967) Fareplos (1972) ¢ Trad (1976) 99. Roger Garaidy, op. cir, p. 136; Consultar também Theatre de Ia Ville, m6) ago, 1983 #n.36, ube 198? ‘O.CORPONADANGA » MERCE CUNNINGHAM" Para Merce Cunningham, a danga comega pelos movimentos do corpo do beilarino e niio se baseia em emocoes do intérprete ou do. coredgrafo: o movimento em si é a matéria-prima da danga. Em seu processo de trabalho, ben como em seus espeticulos, movi- mento tende a separar-se de tudo o que niio seja ele mesmo, distanciando- se até da pessoa do bailarino, na procura de seu satus de puro objeto. Os elementos traballiados (passos, figuras, encadeamentos de fra ‘se5 corpéreas) podem ligar-se tanto ao cléssico quanto ao moderno, sendo fondamentalmente oriundos de pesquisa realizada em laborat6- ios de danga, onde se experimenta, ao sabor do acaso, séries de ges tos ¢ deslocamentos aleatérios. Para Cunningham, danga é movimento no tempo e no espago. Segundo Roger Garaudy'®!, “Merce Cunningham chegn a trans- crever cada gesto possivel em um pedago de papel © a sortear suas justaposigdes & suas sucesstes”. Uibildade com ganatomiae oequilfbrio) A sueessio, o tempo da dang s3o tubmetidos 0 mesin desfocamentoe a uma forma de composigho que evoca a8 “colsgens™ Peter Brook conta que: Ble desenvelven uma companhia de balé, cujos exereicios diftios sko ima cont un preparacto pata 9 chaque da iberdade {.|-O3 danesrinos de Merce Cunningham, foe fan altamente etnados. usa Gua discilina para Tearem mais conscientes las cotsentes que fluem num mewimenta, h medida que este fe desea pela n vez —reasunecrlen thes peraive responder a ese estilo delicado sem a fl “do homer destrcnado, Quando eles imiproviaam ~ enguanta nogies nnecern & floem entre eles, nunca se repetinde, sempre em movimento oe intervaloe tem fur". [para qe os ritmos possam ser setidos cam exalin = a proporgBescom verdade ode Eezpontinca 2, no-entents, hordem No silencio exittem mune potencinlidades: exo fo ordem, confusio ou organizagao. todos incultor, © hviehvel wornala vieivel € de enquanta danza, Merce Cunningham lus por urna are sagrada!™ 100, Merce Cunninghare, nasceu em 1919, nos Estados Unidos, © comegou cestudar dang nos doves. Ate teceselsenlta Cevelatechoel pra sper Sieas de palon¢ contest John Cage. qe ai lesions, Em 1939 eonhece Marta Graham ‘ha Conspnin de quem dangacd 6 1945, Ein 1983, presenta a of Brontray. 019 Sire m space anid rine « Progntents, ents autos. En 1974 ea Events, concebido pe serdnngadoemaquniquer sipode capo. Cunningham seg tala een sa Cor mis, Encaniran-se isan cm Fon pia aren merce-or, 109 expe lon [odigia ica cm sualidade na esperimeatayio técmien © quandace, Er 1999, cm Crension Prec, tos eitenta ence, danga com Mika! Heys TOI Roger Garaudy. op itp 158 {oz tem 135 103, Peer Brook, © Teams ¢ seu xpago, Petxopol ores, 197, p.36. joo (PAPEL DO-CORFO NO CORNO DO ATOR Merce lida com a fungtio do acaso, a total auséneia de encadea- mento l6gico, enredo ou emogao. Seus bailarinos, cujas evolucBes no tém relagio alguma entre si (apenas ocupam o mesmo espago cénico), movimentam-se numa espécie de vazio, compondo quadros que num instante jé se desfazem, como num jogo sem motivo algum. Qualguet Ponto do espaco € bom para ser dancado, pais nfo se pretende nenhu- 'ma significagao nesses deslocamentos, Cendrio ¢ musica também nifo necessitam de quaisquer relagsio entre si © tampouco com a coreografia. Sto criagSes realizadas em. separado, segundo os mesmos princfpios do acaso e, muitas vezes, 36 se encontram na estréia do espeticulo, Cada dangarino centraliza seu espago proprio e, ao se destocar, ‘carrega esse espago consigo; mesmo nas coreografias de conjunto tor. na-se visivel como alguns solos se relacionam apenas eventualmente. Ao puiblico cabe a fungio de selecionar, recortar, organizar ¢ montar seu proprio espetéculo. como na wus, exptica Merce Cunningham, nés soos atingidlos por ages die es, ons diferentes: nés precisamos mudar constantementc a arcs Wo nosso Desde 1945 (a0 deixar a Companhia de Martha Graham). Cunnia ‘gham comesa a pesquisar novas combinagées de movimento, partindo de resolugiio de problemas mecanicos, tais como passagens de uma posi¢io para outra, impulsionar o corpo nas elevagies, moversse i ripido ete. © tempo prescrito para cada movimento ¢ importantissimo, jé que 05 bailarinos nao tém 0 apoio ritmico da masica; muitas vezes vcore dangarem juntos seguindo ritmos diferentes marcados com preciso, Ao longo desses anos seu trabalho vem se apoiando na andlise © investigacao constante da danga e na observagio do movimento cali diagno onde, também, muitas agdes acontecem sem necessiria relacia umas com as outras. ‘Seus bailarinos acabam por desenvolver uma grande concentra- 80 no proprio trabalho ¢ em seu ritmo interior, posto que executam exercicios © coreografias no mais absoluto siléneio, Tudo pode ser- vir A arte do movimento: danga classica, danca moderna, pestos co- ianos. 104. Pedr defo Vite, n. G1, ago. 1983; antigo de Marcelle Miche. Vide ta ‘bem Revista Damear, expecial sabre 9 Carlton Dance Festival, n.24, Sto Pavio, Ene eta Editorial de Comunicagves. AnotagSes dueante © workshop de Beice ‘Cunningham no eat Cultura Artistica, por casita da Carton Dance Pesival 1968 be O.coRFO NA DANA a MAURICE BEJART*S Os intérpretes de Béjart exercitam-se na barra, como todo bailari- no elissico, mas 0 coredgrafo nio se deixa aprisionar por qualquer estifo, O que marca sua trajetsria de artista é a constants renovagio: “Meu balé prefecido ser sempre 0 proximo"!™, Se seu ponto de partida, sem divida nenhuma, é a danga elassica (seus exercicios, sua rigorosa disciplina), a ponto de sempre chamar Professores rossos para desenvolver a técnica com seu grupo, a partir dela desenvolve uma linguagem que visa a sacudir e sensibilizar 0 homem contempordneo. [Be busco, diz Bejan, 0 que tem origens profondas nos mos, na psicandlise. na ‘eligifo, na vida scereta de vin povo, da wma clilizagio, Jo haem! Sua linguagem cozeografica vai sendo criada como modo muito particular dle expressar as anguistias, paixdes e desespero do século XX. Eliminando os floreios do classico (enredos e tutus), envolve 0 corpo de sens bailarinos em cotlants, tentando extrair deles o maximo em expressividade cénica: a presenga forte, a proximidade com a tetra, Fm 1954, vendo Martha Graham dangar, sente que precisa fundir featen « danga. Procurando incorparar elementos das cuas artes, Béjait aproxima-se das propostas de Artaud, Brecht ¢ trabalha com Jean- Louis Barrault. Fazem parte de suas exig€ncias técnicas: (além do clissico). a Mexibilidade do tronco, bragos e mfos (vinda da danga hindu) 0 NO, 0 Jazz, o Twist € 0 Sapatead (da danca espanhala), Nao hi, em suns criagées, nenhum tipo de preconceito quanto aos recursos utilizadon, ‘© ritmo é fundamental pois £8 quando se dange era silcio que 4 canes me parece mis prafundamene unida ’temsica, unin vex que, para exist elt pede emprestadas ax piping eis do desenroat ‘nsieal 105. Manrice Bejan massed om Mace a farocuulas de dane a eonselie tien. En "sieomanhia: em 1955 descobe a msicn Fiomer 58. ris tnle 8 Sagrada Prim fem Bronelas. Urs quarto de século mats tse ele leva sus companhla para Lavsanne, lrlando © Bélart Baller Lausanne, Entre sias isimeras estagbes figure: A Viagem (962), Variagdes pacer sme Porta eum Suspito © Missa para Tonpo Presente 1967 (0 Pécs de Foga 1971}, & Petrucltks (1978). Er 1970 funda a eas Madea 106, Maurice Bejan. Um instante na Vie do Ouro, Rie de Janina, Balto Nova Fronteira, 3981, p.» (ee8a Biograta for cxerta em 1979), 107. Roger Garaudy. op. tp. 166 308 Idem, p 168. 1_me dia 1° de janeiro de 1927, Comegou [983 criao Bale! de PEtnile 29 prime F (© PAPEL BO CORPO NO CORPO DO AVOR Sous bailarinos so livres para desenvolver sua prépria personalie dade na danga que realizam, o intérprete tem primazia nos espetdculos. Por entender 0 coreégrato como 0 organizador do material dado pelo ‘s7upo, os dancarinos devem saber exercer sua liberdade de criago, Sua danga recusa-se a ser uma arte para iniciados, apresenta.se 40b a Jona de um circo, em largos estédios populares; ditigindlo-se ao publico, muitas vezes escandaliza a platéia tradicional do balé. O intérprete, assim como faz a ator, hé de mergulhar de corpo e alma na obra a ser dancada, transportando-se para exse context por inteiro, ¢ deve desvendi-lo na imaginagio e por tados os meios posstveis. As emoges humanas tém papel muito importante no trabalho de Bejan: © ae peta sto as emogbes que, [.] tm ini profengamentos. Goste de esboga Iistviae que sesvem de trampolim ts emozbon, E quando digo que umn balé funcionou # que as pessoas, depois de rei assistido, {20 invés de me comarem o que dangaremos, contavarn su propriss vidas ™ Ao escolher seus bailarinos leva em consideraco tanto 0s rostos quanto as qualidades téenicas: Um rosto nto se exquece. Se sina cxpressio vem de mute onge. se cereesponde 3 ‘ama verdade interior sersida pelo intérprete plblice a yeceberd as veres vision Com Michéle Seigneuret descobre que! {lo eszenci na danga ndo sto beagoxe peroas, mas a plexo efinstmente corpo toto A dance € wna forms de expressia do carpe humane, © corpo deve dene ha ‘evalidade'" B acrescenta aind: (Ou meinor: a extstica © a pureza da danga vm dos selagdes existentesentee eas ino exiremidades © 0 centro da inivoe:o plexal™ Se num balé lida com o mundo inconsciente de seus bailarinos, houtro recupera © teatro de marionetes de sua infancia: Reuni todos os persenagens da Commedia dell’Arte: Aslequim, Colombina. Pantatonc, Scaramouche © divertiane em tauer para t Ganga clinica a acefiocis bortesco' 109. Maurice Bajar, op. cit. pp. 51-52, 10. stem thidem 111 Jem, 9. 68, 112. dem. np. 68-69, MB. dem, p92, OCORTONA DANGA 2 ‘Trabalha ainda com o uso de méscaras do teatro NO € com a ma- quiagem do Kabuki ‘Num de seus espetiéculos (Variagdes para uma Porta € um Suspi ro, misica de Pierre Henry) numera os sete bailariaos ¢, a cada noite, € feito um sorteio frente ao publico para decidir qual deles dangaria qual trecho da pega. No programa lé-se: “Sete bailarinos entram em. cena para criar um balé onde 0 coredgrato nia existe”, ‘Mudra!’ € 0 significative nome da escola fundada por Béjart, nela o coredgrafo pretende formar o intérprete pleno: [Lal abrir a escola ao canta, A percustio, 8 ign, a0 Masmence, & arte drométien, Tl [pecquisa retoma sina teoria muito antiga” a agédin grege, no telco jepones. 6 ten Tepresema, canta, danga. Ne Mudra queternos enconirar © ator total. squele qe tem possibilidade de exprimir se pela voz, pelo movimente, pelo compe inteino'!™ SANKATTUKU © fundamental no treinamento dos intérpretes desse grupo de danga Buté € o dialog com o préprio corpo. B precise uma grands ‘concentragio em si mesmo, a autopercepgio da tensdo e do telaxamen- fo © uma aguda consciéncia corporal para conseguir estahelecer © manter esse didlogo: sensagdes S40 como informagdes muito delica das vindas do aparato corporal, e é preciso ter muito cuidado e dispo- nibilidade para deixar que © corpo conduza © movimento segundo seus préprios impulsos"", Ushio Amagatsu, diretor © coredgrafo do grupo diz: Se pegamas 0 tem "vento", € possfvel assaciésto Aguile que seating entre @ ‘rages corpo quando fazemes 6 movimenta de alongat abrigs para a dieitm Ohad como, os cidentais costenam fazer. € porsivel a iar v sovienta da cman, me ineressa outca perspectiva. Camo se © espelho estivesse dent Wo corpo. Cala wim de née tem uma forga por Genta capse de peieeber a gue ¢e 118, denn, 9.137 115, Musas so gestes simplices, eatizados prineipalenente com as mos. Tet ‘sass gesios ontuito de levar aqucles que o praticam a determinedos estados interiores, podendo mesmo cassar alteragces psiqulcas importantes. Si0 uma ponte de unite ent ‘Corpo e sina, individue # easmans; sho bastante usados pelos Yopuie 116. Maurice Bajar, op. frp. 219. 117, Sanka Suku: San quer dizer montana: Kas, as @ juke, stelie. eve grupo de anga pertonce & Segunda geraeso de dinea But japones, cwo pai é Karo Ohno. O {2rupo Tot fundaclo em 1975 e hoje costa com einca integrantes. todos homens, O Buli> hnaccet apis 2 Peimeira Gaeta Mundial eramificou se arm sigumas linhas de perouica, Entie as coreografiae do Sankal Juku encontra-te Koskan Shonen (1978), expetéeulo leazido a0 Brasil em 1988, de wine rasa Beleza. IR. AnotagGes feitas no workshop da grupo Sanksl Juku realizade no Teatro Cuhura Avtisticn, Sie Pau, por ooasifo do as (0 PAPEL 00. CORPO NO. CORPO DO ATOR sensarao do vewo. Sensiilizar 9 ponto em que te potcehe isto com nislor elareen © ‘deteartennspareces através do corpo ents esac seta 6 verdavetra "ven Assim, mesmo que fod win grupo realize 9 missmo movimente, 0 peste at (Cada pessoa tem o sen captador. Por ieso& tia importante suc suites we ‘ssjam predeterminados™ para mdi. ‘ferent, Para ele, chegar a0 movimento exato tra imediatammente @ sensa- ‘slo procurada. 6 entio se pode perceber a energia fluindo e aquccen- doa danga com uma magia secreta. “A danga seria 0 trabalho de fia go das sensagdes do corpo. As sensagies nascem da natureza, Ocorpo filtrae simboliza"!, © dangarino precisa penetrar em seu prépria interior, deixando ue sua energia produza 0 gesto e comande suas agbes exieriores. A forma antistiea resulta de uma exploragko metédiea da propria organi- cidade da dancatino. Para o gripo Sankai Juku o gesto € expressio de interioridade, signo de uma tensao interior que esta sempre buscando limites « metas morfose na morte de uma imagem, naseimonto de outra, O corpa deve ser percebiclo em toda sua maleabilidade e abandono, com movimen tos que lembram a infancia. Mais do que com qualquer técnica prees- tabelecida, € com 0 sentimento que se quer trabalhar. E necessério que uma completa disponibilidade corporal seja esta- belecida eiss0 86 ocorre rm astade de relaxamento ativor!, Base extado Prevé uma dose muito grande de controle, a0 lado do abandono: mister deixar que as “informagbes" percorram 0 corpo em om cessivas ¢ harmoniosas. Deixar o movimento fluit, deixar que ele pro- cure no corpo seus caminhos. que nele faga sua prdpria trajetGria, Os exerefcios mostrados em So Paulo'™ parecem muita simples, ‘mas, come o proprio Amagatsu lembra, a sitnplicidade € 0 mais diffe de ser conse guia”, PINA BAUSCH" Pina Bausch encerra nossa pesquisa no mundo da danga. Seu trae batho utiliza-se, fartamente, de elementos teatrais, seja durante © pro- cesso de criagio, seja em suas corcografias 119. Entrevista com Ushio Amagatsu, dizetore coredgrafo do gaupo, rekizada pr (Chinsine Greiner Revista Dancar.m. 24, (Espeval sabre Caslion Dance Festival) p12 120. fern ba, 121. Come se péde ver em workshop j& mencionsde em nota I 122. Workshop mancianade nas notas | 4 123. Material eonsuliado: Théarre de la Ville, Jousnat ds Imprimerie Jean Musser arity n. 61 (ago, 1983), 55 fev. 1982), 63 (few, 1984), 69 (temporada 1985 1986) ‘Consuitar arise The Drama Review, vol, 30, 2 (T-O), verko 1986, sobre at ot ‘gens, tendencias © nomes igados ao Hu, '24. Pine Bausch nasceu s 27 de jutho de L940, em Solingen. Ligmss a0 ©CORPONA DANCA as Diz Maribel Portinari: © ‘Teatro de Danga de Weppertl em provocado controvérsiae. HA quem 0 defina como um cireo de attudes. Ou Inboratria de excentricidades, Cade nova taal pode fer encarado coms a limite do abautdo, Ox revigerantc basta de renevwasd Dinate Se eritiens ou elogias, Pina conserva o mesmo sornsa enipinatica. Sein se nora po ent ‘iastas ou deteatores, experiments o possivel ea imposs(vel. Seve hailarinos mergers ‘num mor de folhas putonais os no-eaas da préchistéria, Ye foram identificacos wo a3o8 160 Apocalipse. E ass demdnior da sociedade de canaumo'™ Com cla a estétiea convencional cai por terra, a comecar pela es- cotha de seus bailarinos, que tém os tipos fisicos os mais diversos. Essa escolha se faz segundo as capacidades de imérprete de cada um, devern ser atores tanto quanto sao bailarinos. Diz ela: Nao me parece Kigiesavaliae bs +9, Persenalidade comta muita ms inos por padeties de concutze de Mist Univer que balange ou fa metsiea™® A coreégrafa foi aluna de Kurt Joss que, por sua vez, foi aluno & assistente de Laban e esteve em contato com José Limon, Paul Taylor © La Meri, nos Estados Unidos. Seus bailarinos-atores cantam, falar edangam, envolvendo o publico em imagens violentas, inesqueciveis. Sao caricias que se transformam inesperadamente em agressivo, tentativas de toque que se partem em recuos ¢ recusas, © ser humano mostra-se em suas aparEncias e profundezas, seus polos conflitantes, seu desespero. Seus corpos, densos de energia, tornam-se frageis & vulnerdveis em encentros e desencontros: depois de violentados s30 acariciados, novamente agredidos, restando imagens solitérias pro- fundamente dilaceradas ou ocultando a dor em raascaras impassiveis. ‘Durante o processo de eriagao. os bailarinos de Pina Bausch evo- cam hist6rias € recordagdes Jonginquas, tocam propositalmente na- quilo que os amedronta, relembram sua propria infancia, suas Fantasias, suas culpas, suas antigas feridas. Esse material de trabalho, assim colhide em improvisagses com temas muito definidos, € entao organizado em sequencias obsessivas de gestos insélitos; montado, remontado, cortado, enquadrado cena a cena nun procedimento quase cinematogeafico. -Exprestionismo via Rudoif Laban ¢ Kut Sooss. Gatscou na Julliard Sehool. maz Logs absndonou a2 apatites de pont e veliow para = Alemanhs, zando-se em Wuppertal ‘onde monton um grape eam 24 hailarios-ainres. Algoma de mia criaghes #80 Blucheard (1977). Gebirme (1989). Kentabehof (1978) Arien (1979). 1980 @ Bandoneon (0980), Palenne Patermo (1989), Lanzar (1995), Werenland (2000). Pisa Buse oh rige o Teatro-Danga de Wuppertal desde 1973, prodvaindo pele menos ui prance expe \eeulo por ano. 125. Mabel Portinesi, Mor Passos da Dango, Rie de Saveiro, Nowa Fremteira, 1985, p30 136. idem, p32. £ © mPEL Bo.conro Na conRO DO aroR ‘Mas cada trabatho difere do outro; As vezes Pina traz jé uma idéin pronta ¢ acabada. De qualquer forma, seus intérpretes nao fogem a0 spu universo pessoal; pelo cantrétio, utilizam-se criteriosamente dete ando & densidade artistica em toda a sua ctueza. Esse gestual de hit ito se distanciou dos artificialismos, quer apenas mostrar os aspec- os contraditorios do ser humano, entze eles a etema e incontrolavel sede de amor e a violenta tejeigao a esse mesmo amor. Em suas coreografias percebe-se a liberdade extrema de pesqul ‘88, a importincia do desenhio exato no espago, o ritmo obsessivo de {Bf stos ane se repetem ¢ repetem até a axons. S80 movimentos que se vao tornando autométicos e, ao mesmo tempo, plenos de sentide. Pode sé amar ou odiar obra como essa, no entanto, ela jamais nos deixard indiferentes: sto corpos que gritam e se torturam (muitas veres im- Passiveis) ¢ almas afucinadas em desespero mudo e solitirio. Disciplina érdua (rigor nos exercicios formais e ritmicos) ¢ busca de energia no secreto mundo das paixées atingem resultados indes- critiveis!™. 127. Ck. Thédure de te Vile. Journal du Inprimerie Jean Musso. Patis. 0 53 (280, 1981), 35 (ev. 1982), 37 (ago. 1982). 65 (ago. 1984), 67 Gan. 1988} 69 Compe ‘ada 1985-1986). Consultsr também The Drama Review val. 20, n, 2 (1-110) vetdo 3. O Corpo como Totalidade, Fora dos Palcos Nas escolas esoréricas de pensamento, conta-se wna parébola tibetan, De acordo com @eitiria o homem sem conscionciad como nia carriagem, cujos passageiros sao os desejox, os misculos slo 0% cavalos, enquanto a propria carmuagem #0 esqueleto. A conseiéncia é a cocheiro adormecido. Enquanto o cacheiro pennanece adormecido, Gurnaiugem arrusiarseod sem objertia, dagu’ pare Va. Cada passa: zelra tem destino diferente 2 os cavolas pusain para caminhos diferen- tes. Mas quanda 0 cocheivo esrd bem aconiado e segura as rédeas. 0s cavalos puxarae a carruagem ¢ levardo cada parsagein a seu prépr esting, Naqueles momentos em que a consciéncia te organiza be com ox sentinenios, sentidos. movimento e pensamento, «carruagert ganhard velocidade 10 caminho certo. Entao, 0 Homem pode fazer descobertas, inventar, erlar, inovar ¢ “saber”. Ble compreende que te pequeno muncto €o grande mundo ao redor sie apenas um, eque nesta ntdade, efe nao esta mais sozinho. ‘Mose Fen pevkats DOIN! De-In, segundo o Professor Turacy Cangado, significa “caminho de dentro. A compreensav dos principios que embasam essa pritica 1. ssa pica milena ancmiidaaraves de geragdes eve se period treo Mt roais ou mencs cinea mil ann, durante oelnado de Huanget-a quem se atiul weseta do tivra Nei Ching, Nese lino, estBo presentes ox fondapontos de Medicina chines ‘Atéenien da autornassagen ifundidaapiarmente poe eda Oreote rece sev Pere Sefinitivo ne Iapaos Davtn,o camino de casa 1 Cure de borin ¢ Brses da Medicina Chineta, clizada por mim no Bepace ‘iver como profesor Juracy Campos L, Cangadem Y6e 17 de mato de 1987

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