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Arquitetura Ecológica:
Estudo Preliminar para Implantação de Ecovila no Maranhão
São Luís
2016
BIANCA PINTO LOIOLA
Arquitetura Ecológica:
Estudo Preliminar para Implantação de Ecovila no Maranhão
São Luís
2016
Loiola, Bianca Pinto
CDU: 728.31:502.15(812.1)
BIANCA PINTO LOIOLA
Arquitetura Ecológica:
Estudo Preliminar para Implantação de Ecovila no Maranhão
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(Orientadora)
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(Examinador)
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Érika Boucinhas
(Examinador)
AGRADECIMENTO
Poucos sabem que carrego algo de Nossa Senhora onde quer que eu vá, um
adesivo no carro, sua imagem no meu quarto e até na pele já penso em homenageá-
la. Trazia um santinho de Nossa Senhora Desatadora dos Nós no bolso da jaqueta na
primeira vez que viajei para o exterior, indo morar na Espanha. E é em devoção a esta
minha mãe que faço o primeiro agradecimento, a ela que me agraciou com a aprovação
no vestibular, há quase seis anos atrás e que sem suas graças eu jamais teria concluído
este trabalho final.
Os próximos merecedores incontestáveis de todo o meu agradecimento são os
meus pais, o Sr. Plácido e a Sra. Ana Lucia que já me tinham nos braços quando
concluíram seus respectivos TCCs de nota máxima, que lutaram e batalharam todos os
dias para que eu e o meu irmão tivéssemos as melhores oportunidades e que trazem
em suas histórias de vida exemplos de superação, coragem e valores.
Agradeço também a minha avó, Maria de Jesus, parceira de tantas horas e de
tantas promessas. Aquela que sempre apoiou todos os meus sonhos por mais loucos
que parecessem, a única avó capaz de acompanhar um neto em romaria de seis horas
e no final, está mais inteira que ele.
Levaria horas mencionando todos os amigos e professores, brasileiros e
catalães que me auxiliaram nesta jornada, porém seis anos não podem e nem devem
ser resumidos em poucas linhas. Terei a missão de agradecê-los pessoalmente um a
um.
Por fim, preciso agradecer a minha “chefa”. Minha prima Kerla com quem, como
estagiaria aprendi bem mais do que a faculdade seria capaz de me ensinar. Foram
várias as manhãs e as tarde de ajuda nos trabalhos, costuma dizer que ela tem o poder
de resolver minha vida em cinco minutos. E estou certa que aprendi também, no dia a
dia do escritório a ter a dedicação e a paciência necessária para amar o doce e o
amargo da profissão que escolhi seguir para o resto da minha vida.
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem
esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo
achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra”
(Paulo Coelho).
RESUMO
This final work graduation, developed in architecture design area, presents the
design of an Ecovillage in Maranhão, the preliminary study level to provide, through an
ecological architecture, a model for a process of living gestated in order to comply and
integrate with the environment and the community, demonstrating viable constructive
solutions and low cost capable of promoting the preservation of nature, the approach of
the built environment with the natural landscape and citizen welfare. Studies
substantiate in research articles, dissertations and existing ecovillage studies and
sustainable building technologies and ecologies. The development of research made
possible the development of a deployment proposal for an ecovillage in Maranhão soil.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
3 METODOLOGIA..................................................................................................... 29
4 CONCEITO ............................................................................................................ 30
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72
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INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Outro ponto interessante nesta arquitetura é o apelo econômico justo por conta da
utilização de materiais disponíveis no ambiente e ausência de necessidade de mão
de obra altamente qualificada. Um grupo de amigos norte americano dentre eles Brian
Liloia construíram com as próprias mãos a COB House, uma casa utilizando um
material moldável feito de argila, areia e palha. A construção levou nove meses e
custou oito mil reais. Em sua composição, foram utilizados barro, madeira, pedras,
areia e fibra.
O problema é a maneira tímida com que este conceito é empregado na arquitetura
moderna e nas grandes construções, neste quesito países como a Alemanha, a
Indonésia, o México e os EUA são os que mais se destacam por terem exemplos de
construções modernas que seguem o conceito de construção ecológica.
Certamente, o nome mais conhecido quando se discute construções sustentáveis
é Johan Van Lengen, autor do livro Manual do Arquiteto Descalço que já teve edições
em vários países e se configura leitura obrigatória para o tema.
Fundador do Bio-Arquitetura e Tecnologia Intuitiva (1987), denominado Tibá,
Johan compartilhou técnicas com terra, bambu, madeira, pedras e demais materiais
de baixo custo e fácil disponibilidade provando a viabilidade e as vantagens da
arquitetura ecológica. Ainda hoje o Tibá é referência executando grandes projetos em
Moçambique, no México, no Brasil etc, melhor gestados com o meio ambiente,
geradores de pouquíssimo impacto ambiental e extremamente coerentes com a
natureza e a vida moderna.
O Tibá influenciou a criação de muitos outros centros de educação e construção
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a. TERRA
A maioria das técnicas construtivas tradicionais utiliza terra por este ser um
material abundantemente encontrado na natureza, diminuindo muitos os custos da
edificação. Ela aparece na fabricação de adobes e superadobes, nas paredes de taipa
de mão, de pilão, pisé etc. Capaz de controlar a entrada e saída de calor e a umidade,
uma construção com terra crua tem excelente conforto térmico, além de produzir
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b. PEDRA
Muitos solos são ricos em pedras e os diversos tipos permitem uma grande
variedade de utilização. Na bioconstrução as pedras podem ser usadas desde a
fundação apoiando as paredes de terra sobre elas, até mesmo nas próprias paredes,
em muros, pisos, fornos, lagos etc. Maximizando assim a resistência destes
elementos.
c. MADEIRA
d. PALHA
A arquitetura ecológica tem como uma das principais premissas gerar um ciclo
fechado, ou seja, levar em conta o tratamento e o aproveitamento de todos os resíduos
gerados na construção e também no funcionamento posterior da edificação. Lixo de
cozinha, lixo seco (plásticos, papéis, latas), esgoto primário e secundário, restos de
construção, águas pluviais etc. Casas antigas podem ter seus materiais construtivos
reutilizados em uma nova edificação, no banheiro seco o resíduo passa a ser usado
na compostagem, assim como o lixo orgânico, as águas pluviais e provenientes das
pias podem ser tratadas e armazenadas, o lixo seco vira paredes, divisórias, moveis
brinquedos e até painéis solares.
Essas vilas, também geram atividades internas de lazer para sua comunidade,
convívio social, serviços de saúde, educação, trabalhos comunitários, entre outras
atividades produzindo uma grande autonomia.
São vários os projetos de Ecovilas conhecidos fora do Brasil, podemos
destacar o Eco Truly Park, no Peru, a Comunidade Finca Bellavista Treehouse, na
Costa Rica, o Tamera Peace Research Village, em Portugal, e o Inanitah, no
Nicarágua. E no nosso país? Será que o modelo de ecovilas como comunidade
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está sendo desenvolvida pelo Green Building Council (GBC). Cada casa tem 100%
da madeira certificada FSC, energia elétrica gerada para 100% do consumo por
turbina eólica e painéis fotovoltaicos, um sistema de tratamento de esgoto para 100%
dos efluentes, possuem 80% dos resíduos desviados de aterro e devido à utilização
da ventilação e iluminação natural da paisagem conseguem ter uma redução
energética de 35%. Em 2015, o projeto piloto ganhou o selo Platina como Referencial
GBC Brasil Casa.
3 METODOLOGIA
4 CONCEITO
triturada, à separação nítida em dois blocos, sobre o bloco social se propõe uma
coberta que se estende até o bloco intimo gerando uma cobertura que une as duas
partes da habitação com a finalidade de melhorar o espaço interior comum
proporcionando um isolamento térmico a base de vazios e correntes naturais de ar,
gerar a captação da água da chuva para seu reuso. Custo total de R$ 20.000 (90.500
pesos mexicanos).
4.1.2 ECOVILA
a. AUROVILLE – ÍNDIA
A baía de Bengala, onde se encontra essa ecovila é uma região com escassez
de água, clima seco e altos índices de miséria e fome, porem desde 1968 quando foi
iniciado o crescimento da pequena comunidade resultou em uma ecocidade com
2.000 pessoas em 90 assentamentos ocupando 3.000 acres.
A Auroville já plantou cerca de dois milhões de arvores nativas, é composta por
doze fazendas, 24 escolas experimentais e mais de cem negócios na área artesanal
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sendo um instrumento forte no combate aos problemas sociais da região, sendo assim
reconhecida pela UNESCO como comunidade internacional.
O aspecto religioso e cultural da índia se faz presente nas edificações, na
ecovila existe um centro de cura, um programa de artes marciais, um centro de
estudos indianos, um centro de idiomas, incluindo o Sânscrito e um laboratório de
pesquisas de transformação da consciência (JACKSON & SVENSSON, 2002, p.111).
c. HUEHUECOYOTL – MÉXICO
perfil inicial de uma ecovila implantada no Maranhão. Fundada em 1982 por artistas
mambembes contém atualmente cerca de 20 moradores, mas o voluntariado, a
permacultura e a cooperação agregam dezenas de outros membros a ecovila. A
origem no teatro móvel compõe a essência cultural da comunidade que promove
cursos de arte e possui membros que ainda viajam em Caravana.
EDIFÍCIO 1
ITEM AMBIENTE UNIDADE ÁREA (M²) TOTAL
1 QUARTO 3 (12 A 24 21,30
ALOJAMENTO CAMAS)
2 REFEITÓRIO 1 110,70
COMUNITÁRIO
3 COZINHA 1 22,80
COMUNITÁRIA 438,10
4 BANHEIRO 4 5,90 (2) M²
10,40(2)
5 LAVANDERIA 1 32,85
6 SALAS EDUCACIONAIS 4 20,15 (3)
39,60 (1)
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4.2.2 TERRENO
4.3.1 SETORIZAÇÃO
a. VIAS PRINCIPAIS
b. CALÇAMENTO
5 EDIFICAÇÕES
habitacional proposto, cada modelo foi desenvolvido para uma família de quatro
pessoas. A acessibilidade do projeto se reafirma pelos acessos rampeados, vencendo
o desnível do terreno para o piso da residência acima do baldrame de pedra.
5.1.3 FUNDAÇÃO
A boa durabilidade de uma casa construída com terra requer fundações acima
do piso, uma vez que a taipa não é muito resistente exposta a água e a umidade, por
isto optou-se por construir uma sapata corrida abaixo de toda a extensão das paredes
feita de pedras e concreto magro com 40 cm de altura mínimo acima do nível do solo.
Abaixo deste nível as alturas serão variáveis em função do relevo.
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5.1.4 PAREDES
c. TIJOLO DE ADOBE
A taipa de pilão não pode ser facilmente executada em cima dos vãos das
janelas e das portas, já que os caixilhos de madeira tendem a não suportar o peso da
terra compactada sobre eles. Este limitador fez com que o adobe se apresentasse
como material a cumprir essa função, pois além de ser executado na obra usando
praticamente a mesma matéria prima das paredes principais é mais leve podendo ser
modulado com as mesmas dimensões do tijolo de solocimento fazendo assim uma
composição com o mesmo conforme a necessidade.
A terra para a fabricação dos adobes deve ser testada, muito negra (gordurosa)
ou branca (arenosa) não serve a mesma também não pode ter odor de mofo. Os testes
de sedimentação, contração e tira são os mais usuais para saber se a terra é
adequada para a fabricação, entretanto o traço 4-8 / 4/ 4 de areia, argila e água,
respectivamente, resulta em uma terra apropriada.
A parede que une a sala e o pátio interno da casa é composta por cobogós que
permitem a circulação do ar livremente pelos ambientes, além de propiciar a
integração visual dos dois espaços. A opção escolhida foi o mais comum de 35 cm x
35 cm feito em cimento, porém diversos modelos podem ser fabricados na
comunidade utilizando formas e a mesma terra usada na fabricação do adobe. Ou
então a partir de tijolos cônicos dispostos de diversas maneiras.
São três as principais vantagens neste tipo de banheiro, por não utilizar água
na descarga e sim uma mistura de materiais secos visando a compostagem ou
desidratação dos resíduos, ele economiza água, impacta menos o meio ambiente e
ainda transforma os dejetos em fertilizante natural.
Neste projeto, diferente do que normalmente é feito, o banheiro seco faz parte
do layout da casa ao invés de aparecer como um bloco separado no terreno. Algumas
problemáticas justificam essa separação do banheiro seco do restante da casa:
possibilidade de mau cheiro, atrativo para insetos e a altura necessária para o
armazenamento dos dejetos funcionar.
A fim de solucionar estas questões e manter o banheiro seco com um perfil
mais integrado a habitação garantindo acessibilidade e conforto o modelo da caixa de
armazenamento utilizado será de concreto, pois a vedação neste material é maior do
que a obtida com os tijolos de adobe. No próprio vaso há um segregador de urina para
homens e mulheres, e as águas são conduzidas para a rega de plantas.
5.1.6 PISO
a. BAMBU TRANÇADO
b. LAJOTAS
Para os pisos dos quartos e da sala de estar integrada a cozinha a escolha foi
o uso de lajotas. Este material é mais fresco, não aloja insetos e pode ser limpo com
água, pois não estraga em contato com a umidade.
Também, pode ser fabricado na obra a partir de formas preenchidas com
concreto ou solocimento, ou adquirido de fabricantes locais que ainda o produzem de
maneira artesanal até mesmo com argila levada ao forno.
c. CACOS DE CERÂMICA
5.1.7 COBERTURAS
Fonte: (www.ecodesenvolvimento.org).
b. TELHADO VERDE
c. PAINÉIS SOLARES
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A parte mais elevada da casa, a torre onde se encontra a caixa d’ agua acima
do banheiro, se configura o local ideal para a colocação de painéis solares. O modelo
construído com garrafas pet tem como função principal funcionar como aquecedor
para o chuveiro e a torneira da cozinha. O projeto da habitação comporta dois painéis
com 60 garrafas cada um, em uma inclinação de 18,5 graus (15º de inclinação mais
2,58º de latitude) que faz referência à radiação solar local.
Cada m² do sistema tem autonomia para aquecer o equivalente ao consumo
de 1 adulto, cada placa deste projeto tem cerca de 2,5 m² e são montadas através de
um processo simples. As garrafas são cortadas de forma que se encaixem
perfeitamente umas nas outras, em fileiras de seis garrafas. Dentro das mesmas,
embalagens de leite longa vida pintadas de preto (para absorver o calor) se localizam
logo abaixo do cano de PVC de 1/2″ também pintado de preto, por onde a água circula.
5.1.8 REVESTIMENTOS
Todas as paredes nas suas faces externas, dando para as fachadas, serão
revestidas com argamassa de argila, uma mistura de terra, água e argila que pode
assumir diferentes tonalidades a partir do solo utilizado na fabricação. As paredes dos
quartos também serão coloridas. As construídas com tijolo de solocimento terão o
mesmo aparente, sem revestimento. O mesmo vai acontecer com o adobe e a taipa
nas faces internas da sala e da cozinha.
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Já os cobogós de cimento serão pintados usando tinta natural. Para fazer uma
lata de 3,6 litros se utiliza 6 kg de terra argilosa, 10 litros de água, 1 kg de cola branca
e pigmentos como açafrão ou urucum para obter a cor desejada.
a. EDIFÍCIO 1
e/ou voluntários da ecovila, cada quarto com capacidade para quatro camas ou quatro
beliches, podendo juntos abrigar até 24 pessoas.
Um refeitório, uma cozinha comunitária e uma lavanderia foram concebidos
para atender estas pessoas e as demais que utilizarem uma das três salas destinadas
às oficinas ou a sala de uso misto.
Por fim, quatro banheiros secos com sanitário Bason atendem o edifício, dois
destes com ducha para banheiro voltado para as saídas dos quartos.
b. EDIFÍCIO 2
b. LOJAS
Quatro blocos contendo duas lojas dotadas de um banheiro seco cada uma
pretendem fomentar a atividade econômica dentro da ecovila. O objetivo é que estas
sejam usadas para a venda de produtos confeccionados localmente. A tecnologia
construtiva utilizada mantém o padrão modular da taipa de pilão utilizado nos demais
edifícios e o uso do tijolo ecológico nas paredes das áreas molhadas.
c. ÁREA DE ESTACIONAMENTO
veículos motorizados que comportam vagas para todas as residências (1 carro por
família), para as lojas, mais a capacidade máxima do alojamento (24 pessoas). Essa
solução reduz a circulação de veículos dentro da ecovila sem ignorar ou excluir a
existência dos mesmos.
g. RECICLAGEM DO LIXO
h. ÁREA DE AMPLIAÇÃO
(1˚ PRANCHA)
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(2˚ PRANCHA)
65
(3˚ PRANCHA)
66
(4˚ PRANCHA)
67
(5˚ PRANCHA)
68
(6˚ PRANCHA)
69
(7˚ PRANCHA)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS:
REFERÊNCIAS
EASTON, D. Workshop sobre Paredes de Taipa. Revista Projeto, São Paulo, n.65,
p.15, 1990.