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Universidade Federal de Sergipe

UFS-SE
Assistente em Administração
Edital nº 020/2017

NB021-2017
DADOS DA OBRA

Título da obra: Universidade Federal de Sergipe - UFS-SE

Cargo: Assistente em Administração

(Baseado no Edital nº 020/2017)

• Língua Portuguesa
• Legislação
• Conhecimentos Específicos

Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Suelen Domenica Pereira

Capa
Joel Ferreira dos Santos

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno

Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1. Quanto à compreensão de textos: Reconhecimento da intenção comunicativa dominante no texto; avaliação do texto
sob os seguintes aspectos: recuperação da intenção comunicativa, articulações coesivas, adequação da pontuação, au-
sência de contradições e adequação à situação comunicativa e ao público-alvo; reconhecimento das variantes linguísti-
cas e avaliação de sua pertinência à situação de comunicação, ao gênero textual e ao público-alvo; reconhecimento do
tipo textual predominante no texto; estabelecimento de relações entre textos de diferentes gêneros discursivos. ...... 01
2. Quanto ao conhecimento linguístico: Classes de palavras: usos e adequação em textos; tópicos de morfossintaxe;
acentuação das palavras: regras gerais relacionadas à tonicidade; regência e concordância verbal e nominal................ 30
3. Redação Oficial..................................................................................................................................................................................................... 99

Legislação

1. Lei nº 8.112 de 11 de dezembro de 1990 - Regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e
das fundações públicas federais......................................................................................................................................................................... 01
2. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993 - Normas para Licitações e Contratos da Administração Pública......................... 36
3. Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 – Processo Administrativo Federal................................................................................... 63

Conhecimentos Específicos

1. Gestão Organizacional: Funções administrativas: planejar, organizar, dirigir e controlar; Hierarquia administrativa;
Departamentalização; Estratégia organizacional; ....................................................................................................................................... 01
Processos organizacionais: fluxograma, manuais, formulários e planilhas. ...................................................................................... 08
2. Gestão Pública: Administração direta e indireta; Tipologias da administração pública; Centralização e descentraliza-
ção; Delegação de autoridade; .......................................................................................................................................................................... 10
Princípios da administração Pública. ............................................................................................................................................................... 19
3. Gestão de Pessoas: Os processos de gestão de pessoas; Liderança e tipos de poder; .......................................................... 21
Recrutamento e seleção de pessoas; Avaliação de desempenho; ....................................................................................................... 24
Treinamento e desenvolvimento; ...................................................................................................................................................................... 28
Motivação. .................................................................................................................................................................................................................. 29
4. Gestão Logística: Princípios e missão logística; Tipos de valor em logística; Estocagem; Almoxarifado e movimentação
de materiais; Transportes: classificação e intermodalidade. ................................................................................................................... 33
5. Gestão financeira: Noções de orçamento público.................................................................................................................................. 41
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Quanto à compreensão de textos: Reconhecimento da intenção comunicativa dominante no texto; avaliação do texto
sob os seguintes aspectos: recuperação da intenção comunicativa, articulações coesivas, adequação da pontuação, au-
sência de contradições e adequação à situação comunicativa e ao público-alvo; reconhecimento das variantes linguísti-
cas e avaliação de sua pertinência à situação de comunicação, ao gênero textual e ao público-alvo; reconhecimento do
tipo textual predominante no texto; estabelecimento de relações entre textos de diferentes gêneros discursivos. ...... 01
2. Quanto ao conhecimento linguístico: Classes de palavras: usos e adequação em textos; tópicos de morfossintaxe;
acentuação das palavras: regras gerais relacionadas à tonicidade; regência e concordância verbal e nominal................ 30
3. Redação Oficial..................................................................................................................................................................................................... 99
LÍNGUA PORTUGUESA

- Comparar – é descobrir as relações de semelhança


1. QUANTO À COMPREENSÃO DE TEXTOS: ou de diferenças entre as situações do texto.
RECONHECIMENTO DA INTENÇÃO
COMUNICATIVA DOMINANTE NO TEXTO; - Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado
com uma realidade, opinando a respeito.
AVALIAÇÃO DO TEXTO SOB OS SEGUINTES
ASPECTOS: RECUPERAÇÃO DA INTENÇÃO - Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun-
COMUNICATIVA, ARTICULAÇÕES COESIVAS, dárias em um só parágrafo.
ADEQUAÇÃO DA PONTUAÇÃO, AUSÊNCIA
DE CONTRADIÇÕES E ADEQUAÇÃO - Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala-
À SITUAÇÃO COMUNICATIVA E AO vras.
PÚBLICO-ALVO; RECONHECIMENTO DAS
VARIANTES LINGUÍSTICAS E AVALIAÇÃO Condições básicas para interpretar
DE SUA PERTINÊNCIA À SITUAÇÃO DE
Fazem-se necessários:
COMUNICAÇÃO, AO GÊNERO TEXTUAL E - Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
AO PÚBLICO-ALVO; RECONHECIMENTO literários, estrutura do texto), leitura e prática;
DO TIPO TEXTUAL PREDOMINANTE NO - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
TEXTO; ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES texto) e semântico;
ENTRE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS
DISCURSIVOS. Observação – na semântica (significado das palavras)
incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
gem, entre outros.
É muito comum, entre os candidatos a um cargo públi- - Capacidade de observação e de síntese e
co, a preocupação com a interpretação de textos. Por isso, - Capacidade de raciocínio.
vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento
de responder às questões relacionadas a textos. Interpretar X compreender

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- Interpretar significa


nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - Através do texto, infere-se que...
e decodificar ). - É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con- Compreender significa
dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que está escrito.
o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma - o texto diz que...
frase for retirada de seu contexto original e analisada se- - é sugerido pelo autor que...
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
inicial. ção...
- o narrador afirma...
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe-
rências diretas ou indiretas a outros autores através de cita- Erros de interpretação
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia - Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do con-
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, texto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas
na prova. - Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con-
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: junto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do
entendimento do tema desenvolvido.
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamen-
tais de uma argumentação, de um processo, de uma época - Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias con-
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
definem o tempo). cadas e, consequentemente, errando a questão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação - Muitos pensam que há a ótica do es- QUESTÕES


critor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração 1-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – FCC/2014
é o que o autor diz e nada mais. - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão, considere
o texto abaixo.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. A marca da solidão
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono- Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a
vai dizer e o que já foi dito. testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de
penumbra na tarde quente.
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den-
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando pequenas
verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a marca
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.
cedente. (SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, reduzido no qual o menino detém sua atenção é
a saber: (A) fresta.
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- (B) marca.
te, mas depende das condições da frase. (C) alma.
- qual (neutro) idem ao anterior. (D) solidão.
- quem (pessoa) (E) penumbra.
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 2-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
- como (modo) PE/2012)
- onde (lugar) O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a
quando (tempo) totalidade do universo, toda a sociedade, a história, a concep-
quanto (montante) ção de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, que
se estende a todas as coisas e à qual nada escapa. É, de al-
Exemplo: guma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro, em todos
Falou tudo QUANTO queria (correto) os seus níveis, uma espécie de segunda revelação do mundo.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o
aparecer o demonstrativo O ). Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações).
Dicas para melhorar a interpretação de textos
Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do “O riso”.
assunto; ( ) CERTO ( ) ERRADO
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa
a leitura; 3-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010)
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atin-
pelo menos duas vezes; giu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge
- Inferir; uma explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e ge-
- Voltar ao texto quantas vezes precisar; neralizado de energia no final de 2009.
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétri-
autor; ca (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa estatal
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de 900
compreensão; km que separam Itaipu de São Paulo.
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de in-
cada questão; vestimentos e também erros operacionais conspiraram para
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. produzir a mais séria falha do sistema de geração e distri-
buição de energia do país desde o traumático racionamento
Fonte: de 2001.
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu- Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta-
gues/como-interpretar-textos ções).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”
do texto acima apresentado, julgue os próximos itens. D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”
A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18 E) “... demonstrando coragem e desprendimento, des-
estados do país” tem, nesse contexto, valor restritivo. ceram na mina...”
( ) CERTO ( ) ERRADO
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO –
4-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às
Um carteiro chega ao portão do hospício e grita: questões de números 6 a 8.
— Carta para o 9.326!!!
Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está Férias na Ilha do Nanja
em
branco, e um outro pergunta: Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as
— Quem te mandou essa carta? malas nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo
— Minha irmã. faz, pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas,
— Mas por que não está escrito nada?
fissuras* – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando!
as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com
Meus amigos partem para as suas férias, cansados de
adaptações).
tanto trabalho; de tanta luta com os motoristas da contra-
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto mão; enfim, cansados, cansados de serem obrigados a viver
acima decorre numa grande cidade, isto que já está sendo a negação da
A) da identificação numérica atribuída ao louco. própria vida.
B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a E eu vou para a Ilha do Nanja.
carta no hospício. Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
a carta. cresce como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já es-
D) da explicação dada pelo louco para a carta em bran- tou vendo os pescadores com suas barcas de sardinha, e a
co. moça à janela a namorar um moço na outra janela de outra
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele. ilha.
(Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende.
5-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – FGV Adaptado)
PROJETOS/2010)
*fissuras: fendas, rachaduras
Painel do leitor (Carta do leitor)
6-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
Resgate no Chile – VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a
maneira como se preparam para suas férias, a autora mos-
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de tra que seus amigos estão
salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo (A) serenos.
de uma mina de cobre e ouro no Chile. (B) descuidados.
Um a um os mineiros soterrados foram içados com (C) apreensivos.
sucesso, mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cum- (D) indiferentes.
primentando seus companheiros de trabalho. Não se pode (E) relaxados.
esquecer a ajuda técnica e material que os Estados Unidos,
Canadá e China ofereceram à equipe chilena de salvamen-
7-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
to, num gesto humanitário que só enobrece esses países. E,
– VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar
também, dos dois médicos e dois “socorristas” que, demons-
que, assim como seus amigos, a autora viaja para
trando coragem e desprendimento, desceram na mina para
ajudar no salvamento. (A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – pai- (B) escapar do lugar em que está.
nel do leitor – 17/10/2010) (C) reencontrar familiares queridos.
(D) praticar esportes radicais.
Considerando o tipo textual apresentado, algumas ex- (E) dedicar-se ao trabalho.
pressões demonstram o posicionamento pessoal do leitor
diante do fato por ele narrado. Tais marcas textuais podem 8-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
ser encontradas nos trechos a seguir, EXCETO: – VUNESP/2013) Ao descrever a Ilha do Nanja como um
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...” lugar onde, “à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma cresce como um bosque” (último parágrafo), a autora su-
mina de cobre e ouro no Chile.” gere que viajará para um lugar

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LÍNGUA PORTUGUESA

(A) repulsivo e populoso. 3-)


(B) sombrio e desabitado. Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo
(C) comercial e movimentado. menos 1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por
(D) bucólico e sossegado. “o qual”, portanto, trata-se de um pronome relativo (ora-
(E) opressivo e agitado. ção subordinada adjetiva). Quando há presença de vírgula,
temos uma adjetiva explicativa (generaliza a informação
9-) (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013) da oração principal. A construção seria: “do apagão, que
Grandes metrópoles em diversos países já aderiram. E atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados do país”);
o Brasil já está falando sobre isso. O pedágio urbano divide quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe,
opiniões e gera debates acalorados. Mas, afinal, o que é mais delimita a informação – como no caso do exercício).
justo? O que fazer para desafogar a cidade de tantos carros? RESPOSTA: “CERTO’.
Prepare-se para o debate que está apenas começando.
(Adaptado de Superinteressante, dezembro2012, p.34) 4-)
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais
Marque N(não) para os argumentos contra o pedágio aparece no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah,
urbano; marque S(sim) para os argumentos a favor do pe- porque nós brigamos e não estamos nos falando”.
dágio urbano. RESPOSTA: “D”.
( ) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o trans-
porte público e estender as ciclovias.
5-)
( ) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas cida-
Em todas as alternativas há expressões que represen-
des, que não resolveu os problemas do trânsito.
( ) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mun- tam a opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da
do vai ter que pensar bem antes de comprar um carro. Terra / Não se pode esquecer / gesto humanitário que só
( ) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, estacio- enobrece / demonstrando coragem e desprendimento.
namento, revisão....e agora mais o pedágio? RESPOSTA: “B”.
( ) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é
investido no transporte público. 6-)
( ) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pa- “pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas,
gue pelo privilégio! fissuras – sem falar em bandidos, milhões de bandidos en-
( ) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio tre as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...” = pensar
urbano melhorou. nessas coisas, certamente, deixa-os apreensivos.
RESPOSTA: “C”.
A ordem obtida é:
a) (S) (N) (N) (S) (S) (S) (N) 7-)
b) (S) (N) (S) (N) (N) (S) (S) Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta
c) (N) (S) (S) (N) (S) (N) (S) da própria autora!
d) (S) (S) (N) (S) (N) (S) (N) RESPOSTA: “B”.
e) (N) (N) (S) (S) (N) (S) (N)
8-)
10-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ – Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim.
ADMINISTRADOR - UFPR/2013) Assinale a alternativa que RESPOSTA: “D”.
apresenta um dito popular que parafraseia o conteúdo ex-
presso no excerto: “Se você está em casa, não pode sair. Se 9-)
você está na rua, não pode entrar”. (S) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o trans-
a) “Se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come”. porte público e estender as ciclovias.
b) “Quando o gato sai, os ratos fazem a festa”.
(N) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas ci-
c) “Um dia da caça, o outro do caçador”.
dades, que não resolveu os problemas do trânsito.
d) “Manda quem pode, obedece quem precisa”.
(S) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mun-
Resolução do vai ter que pensar bem antes de comprar um carro.
(N) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, estacio-
1-) namento, revisão....e agora mais o pedágio?
Com palavras do próprio texto responderemos: o mun- (N) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é
do cabe numa fresta. investido no transporte público.
RESPOSTA: “A”. (S) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pa-
gue pelo privilégio!
2-) (S) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a serie- urbano melhorou.
dade; ele abarca a totalidade do universo (...). Os termos S - N - S - N - N - S - S
relacionam-se. O pronome “ele” retoma o sujeito “riso”. RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “CERTO”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

10-) uma argumentação que caracteriza o ponto de vista do au-


Dentre as alternativas apresentadas, a que reafirma a tor sobre o assunto em evidência. Nesse tipo de texto a
ideia do excerto (não há muita saída, não há escolhas) é: expressão das ideias, valores, crenças são claras, evidentes,
“Se você está em casa, não pode sair. Se você está na rua, pois é um tipo de texto que propõe a reflexão, o debate
não pode entrar”. de ideias. A linguagem explorada é a denotativa, embora o
RESPOSTA: “A”. uso da conotação possa marcar um estilo pessoal. A obje-
tividade é um fator importante, pois dá ao texto um valor
TIPOLOGIA TEXTUAL universal, por isso geralmente o enunciador não aparece
porque o mais importante é o assunto em questão e não
Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As quem fala dele. A ausência do emissor é importante para
únicas tipologias existentes são: narração, descrição, dis- que a ideia defendida torne algo partilhado entre muitas
sertação ou exposição, informação e injunção. É impor- pessoas, sendo admitido o emprego da 1ª pessoa do plural
tante que não se confunda tipo textual com gênero textual. - nós, pois esse não descaracteriza o discurso dissertativo.
- expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
Texto Narrativo - tipo textual em que se conta fatos - é um tipo de texto argumentativo.
que ocorreram num determinado tempo e lugar, envol- - defesa de um argumento: apresentação de uma tese
vendo personagens e um narrador. Refere-se a objeto do que será defendida; desenvolvimento ou argumentação;
mundo real ou fictício. Possui uma relação de anterioridade fechamento;
e posterioridade. O tempo verbal predominante é o pas- - predomínio da linguagem objetiva;
sado. - prevalece a denotação.
- expõe um fato, relaciona mudanças de situação,
aponta antes, durante e depois dos acontecimentos (ge- Texto Argumentativo - esse texto tem a função de
ralmente); persuadir o leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia im-
- é um tipo de texto sequencial; posta pelo texto. É o tipo textual mais presente em ma-
- relato de fatos; nifestos e cartas abertas, e quando também mostra fatos
- presença de narrador, personagens, enredo, cenário, para embasar a argumentação, se torna um texto disserta-
tempo; tivo-argumentativo.
- apresentação de um conflito;
- uso de verbos de ação; Texto Injuntivo/Instrucional - indica como realizar
- geralmente, é mesclada de descrições; uma ação. Também é utilizado para predizer acontecimen-
- o diálogo direto é frequente. tos e comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e sim-
ples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo
Texto Descritivo - um texto em que se faz um retrato imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo e
por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um o uso do futuro do presente do modo indicativo. Ex: Pre-
objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção visões do tempo, receitas culinárias, manuais, leis, bula de
é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abor- remédio, convenções, regras e eventos.
dagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou
sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterio- Narração
ridade. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da
personagem a que o texto refere. Nessa espécie textual as A Narração é um tipo de texto que relata uma história
coisas acontecem ao mesmo tempo. real, fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto
- expõe características dos seres ou das coisas, apre- narrativo apresenta personagens que atuam em um tempo
senta uma visão; e em um espaço, organizados por uma narração feita por
- é um tipo de texto figurativo; um narrador. É uma série de fatos situados em um espa-
- retrato de pessoas, ambientes, objetos; ço e no tempo, tendo mudança de um estado para outro,
- predomínio de atributos; segundo relações de sequencialidade e causalidade, e não
- uso de verbos de ligação; simultâneos como na descrição. Expressa as relações entre
- frequente emprego de metáforas, comparações e os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre es-
outras figuras de linguagem; ses indivíduos e o mundo, utilizando situações que contêm
- tem como resultado a imagem física ou psicológica. essa vivência.
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada),
Texto Dissertativo - a dissertação é um texto que ana- o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e
lisa, interpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narra-
tipo textual requer reflexão, pois as opiniões sobre os fatos ção predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de
e a postura crítica em relação ao que se discute têm grande ações; assim sendo, a maioria dos verbos que compõem
importância. O texto dissertativo é temático, pois trata de esse tipo de texto são os verbos de ação. O conjunto de
análises e interpretações; o tempo explorado é o presente ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história
no seu valor atemporal; é constituído por uma introdução que é contada nesse tipo de texto recebe o nome de en-
onde o assunto a ser discutido é apresentado, seguido por redo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

As ações contidas no texto narrativo são praticadas Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-
pelas personagens, que são justamente as pessoas en- se de tal forma, que não é possível compreendê-los iso-
volvidas no episódio que está sendo contado. As persona- ladamente, como simples exemplos de uma narração. Há
gens são identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos uma relação de implicação mútua entre eles, para garantir
substantivos próprios. coerência e verossimilhança à história narrada. Quanto aos
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mes- elementos da narrativa, esses não estão, obrigatoriamente
mo sem querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar)  sempre presentes no discurso, exceto as personagens ou o
as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. fato a ser narrado.
O lugar onde ocorre uma ação ou ações  é chamado de
espaço, representado no texto pelos advérbios de lugar. Exemplo:
Além de contar onde, o narrador também pode es-
clarecer “quando” ocorreram as ações da história. Esse Porquinho-da-índia
elemento da narrativa é o tempo, representado no texto
narrativo através dos tempos verbais, mas principalmente Quando eu tinha seis anos
pelos advérbios de tempo. É o tempo que ordena as ações Ganhei um porquinho-da-índía.
no texto narrativo: é ele que indica ao leitor “como” o fato Que dor de coração me dava
narrado aconteceu. Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
A história contada, por isso, passa por uma introdução Levava ele pra sala
(parte inicial da história, também chamada de prólogo), Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
pelo desenvolvimento do enredo (é a história propria- Ele não gostava:
mente dita, o meio, o “miolo” da narrativa, também cha- Queria era estar debaixo do fogão.
mada de trama) e termina com a conclusão da história (é o Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
final ou epílogo). Aquele que conta a história é o narrador,  - O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira na-
que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu...) ou impes- morada.
soal (narra em 3ª pessoa: Ele...).
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por ver- Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed.
bos de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110.
lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens,
Observe que, no texto acima, há um conjunto de trans-
que são os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que
formações de situação: ganhar um porquinho-da-índia é
fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma
passar da situação de não ter o animalzinho para a de tê
rede: a própria história contada.
-lo; levá-lo para a sala ou para outros lugares é passar da
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que
situação de ele estar debaixo do fogão para a de estar em
conta a história. outros lugares; ele não gostava: “queria era estar debaixo
do fogão” implica a volta à situação anterior; “não fazia caso
Elementos Estruturais (I): nenhum das minhas ternurinhas” dá a entender que o me-
nino passava de uma situação de não ser terno com o ani-
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos. malzinho para uma situação de ser; no último verso tem-se
- Personagens: são seres que se movimentam, se re- a passagem da situação de não ter namorada para a de ter.
lacionam e dão lugar à trama que se estabelece na ação. Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande con-
Revelam-se por meio de características físicas ou psicológi- junto de mudanças de situação. É isso que define o que se
cas. Os personagens podem ser lineares (previsíveis), com- chama o componente narrativo do texto, ou seja, narrativa
plexos, tipos sociais (trabalhador, estudante, burguês etc.) é uma mudança de estado pela ação de alguma persona-
ou tipos humanos (o medroso, o tímido, o avarento etc.), gem, é uma transformação de situação. Mesmo que essa
heróis ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas. personagem não apareça no texto, ela está logicamente
- Narrador: é quem conta a história. implícita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou um
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico. porquinho-da-índia, é porque alguém lhe deu o animalzi-
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: nho. Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele
o tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o em que alguém recebe alguma coisa (o menino passou a
tempo interior, subjetivo. ter o porquinho-da índia) e aquele alguém perde alguma
coisa (o porquinho perdia, a cada vez que o menino o le-
Elementos Estruturais (II): vava para outro lugar, o espaço confortável de debaixo do
fogão). Assim, temos dois tipos de narrativas: de aquisição
Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista e de privação.
Acontecimento - O quê? Fato
Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato Existem três tipos de foco narrativo:
Espaço - Onde? Lugar onde ocorreu o fato
Modo - Como? De que forma ocorreu o fato - Narrador-personagem: é aquele que conta a his-
Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato tória na qual é participante. Nesse caso ele é narrador e
Resultado - previsível ou imprevisível. personagem ao mesmo tempo, a história é contada em 1ª
Final - Fechado ou Aberto. pessoa.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Narrador-observador: é aquele que conta a história Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a
como alguém que observa tudo que acontece e transmite cruzar os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado
ao leitor, a história é contada em 3ª pessoa. da Lua, na escuridão das noites, na cerração das madru-
gadas...; ainda que chovesse reiúnos acolherados ou que
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o ventasse como por alma de padre, nunca errou vau, nunca
enredo e as personagens, revelando seus pensamentos e perdeu atalho, nunca desandou cruzada!...
sentimentos íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas (...)
vezes, aparece misturada com pensamentos dos persona- Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento
gens (discurso indireto livre). dele. Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não no víamos
desde muito tempo. (...)
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório
Estrutura:
na matança dos leitões e no tiramento dos assados com
couro.
- Apresentação: é a parte do texto em que são apre- (J. Simões Lopes Neto – Contrabandista)
sentados alguns personagens e expostas algumas circuns-
tâncias da história, como o momento e o lugar onde a ação - Em 3ª pessoa:
se desenvolverá.
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia pro- Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira
priamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, pessoa. Exemplo:
conduzindo ao clímax.
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge “Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fan-
seu momento crítico, tornando o desfecho inevitável. tasiaram de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas saiu à rua com ar menos carnavalesco deste mundo, mor-
ações dos personagens. rendo de vergonha da malha de cetim, das asas e das an-
tenas e, mais ainda, da cara à mostra, sem máscara piedosa
Tipos de Personagens: para disfarçar o sentimento impreciso de ridículo.”
(Ilka Laurito. Sal do Lírico)
Os personagens têm muita importância na constru-
ção de um texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história
como sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo:
principais ou secundários, conforme o papel que desem-
penham no enredo, podem ser apresentados direta ou in-
Festa
diretamente.
A apresentação direta acontece quando o personagem Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental
aparece de forma clara no texto, retratando suas caracterís- olha o crioulão de roupa limpa e remendada, acompanha-
ticas físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se do de dois meninos de tênis branco, um mais velho e outro
dá quando os personagens aparecem aos poucos e o leitor mais novo, mas ambos com menos de dez anos.
vai construindo a sua imagem com o desenrolar do enredo, Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas reso-
ou seja, a partir de suas ações, do que ela vai fazendo e do lutamente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde
modo como vai fazendo. há seis mesas desertas.
O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O
- Em 1ª pessoa: homem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guara-
nás e dois pãezinhos.
Personagem Principal: há um “eu” participante que __ Duzentos e vinte.
conta a história e é o protagonista. Exemplo: O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido.
__Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz.
“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bam- __ Como?
bas, o coração parecendo querer sair-me pela boca fora. __ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito
mais gostoso.
Não me atrevia a descer à chácara, e passar ao quintal vi-
O homem olha para os meninos.
zinho. Comecei a andar de um lado para outro, estacando
__ O preço é o mesmo – informa o rapaz.
para amparar-me, e andava outra vez e estacava.” __ Está certo.
(Machado de Assis. Dom Casmurro) Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhes-
tra, como se o estivessem fazendo pela primeira vez na
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acre- vida.
ditar, eu estava lá e vi. Exemplo: O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e,
em seguida, num pratinho, os dois pães com meia almôn-
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre dega cada um. O homem e (mais do que ele) os meninos
teso do Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de olham para dentro dos pães, enquanto o rapaz cúmplice
contrabandista que fez cancha nos banhados do Ibirocaí. se retira.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as
o copo de cerveja até a boca, depois cada um prova o seu vitrines, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns.
guaraná e morde o primeiro bocado do pão. Ia firme e esforçando-se para não pensar em nada, nem
O homem toma a cerveja em pequenos goles, obser- olhar muito para nada.
vando criteriosamente o menino mais velho e o menino mais
novo absorvidos com o sanduíche e a bebida. __ Olho vivo – como dizia Paraná.
Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois me- Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das
ninos. E permanecem para sempre, humanos e indestrutíveis, ruas. Ele ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava
sentados naquela mesa. um guarda nas esquinas. O seu coraçãozinho se apertava.
(Wander Piroli) Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma
mulher. Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à
Tipos de Discurso: noite. Pelo jardim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela
lhe deu, ele seguiu. Ignorava a exatidão de seus cálculos,
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente
mas provavelmente faltava mais ou menos uma hora para
para o personagem, sem a sua interferência. Exemplo:
chegar em casa. Os bondes passavam.
(João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço)
Caso de Desquite

__ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na boca). Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala
Veja, doutor, este velho caducando. Bisavô, um neto casado. do personagem e a fala do narrador. É um recurso relati-
Agora com mania de mulher. Todo velho é sem-vergonha. vamente recente. Surgiu com romancistas inovadores do
__ Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só século XX. Exemplo:
não me pise, fico uma jararaca.
__ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão. A Morte da Porta-Estandarte
__ Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está
bom? Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de mamar Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus bra-
no primeiro mês. ços. Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é
__Você desempregado, quem é que fazia roça? preciso segurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou,
__ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. Fui se abriu... Esse temporal assim é bom, porque Rosinha não
jogado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no mundo sai. Tenham paciência... Largar Rosinha ali, ele não larga
sem ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e dia o ho- não... Não! E esses tambores? Ui! Que venham... É guer-
minho aqui na carroça. Sempre o mais sacrificado, está bom? ra... ele vai se espalhar... Por que não está malhando em
__ Se ficar doente, Severino, quem é que o atende? sua cabeça?... (...) Ele vai tirar Rosinha da cama... Ele está
__ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém morre dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo do País...
só. Sempre tem um cristão que enterra o pobre. Abraçá-la no alto de uma colina...
__ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher... (Aníbal Machado)
__ Eu arranjo.
__ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem Sequência Narrativa:
dois cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de melhor.
Vai me deixar sem nada? Uma narrativa não tem uma única mudança, mas vá-
__ Você tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a po- rias: uma coordena-se a outra, uma implica a outra, uma
tranca, deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um prato
subordina-se a outra.
de comida e roupa lavada.
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
__ Para onde foi a lavadeira?
__ Quem? - uma em que uma personagem passa a ter um que-
__ A mulata. rer ou um dever (um desejo ou uma necessidade de fazer
(...) algo);
(Dalton Trevisan – A guerra Conjugal) - uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma
competência para fazer algo);
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem - uma em que a personagem executa aquilo que queria
diz, sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo: ou devia fazer (é a mudança principal da narrativa);
- uma em que se constata que uma transformação se
Frio deu e em que se podem atribuir prêmios ou castigos às
personagens (geralmente os prêmios são para os bons, e
O menino tinha só dez anos. os castigos, para os maus).
Quase meia hora andando. No começo pensou num
bonde. Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se
que trazia, afastou a idéia como se estivesse fazendo uma pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata
coisa errada. (Nos bondes, àquela hora da noite, poderiam a realização de uma mudança é porque ela se verificou, e
roubá-lo, sem que percebesse; e depois?... Que é que diria ela efetua-se porque quem a realiza pode, sabe, quer ou
a Paraná?) deve fazê-la. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um

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LÍNGUA PORTUGUESA

apartamento: quando se assina a escritura, realiza-se o ato Caracterização Formal:


de compra; para isso, é necessário poder (ter dinheiro) e
querer ou dever comprar (respectivamente, querer deixar de Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspec-
pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido des- to narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetivi-
pejado, por exemplo). dade, porquanto a criação e o colorido do contexto estão
Algumas mudanças são necessárias para que outras se em função da individualidade e do estilo do narrador. De-
deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar pendendo do enfoque do redator, a narração terá diver-
um bambu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um sas abordagens. Assim é de grande importância saber se
carro, é preciso antes conseguir o dinheiro.
o relato é feito em primeira pessoa ou terceira pessoa. No
Narrativa e Narração primeiro caso, há a participação do narrador; segundo, há
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narrativi- uma inferência do último através da onipresença e onis-
dade é um componente narrativo que pode existir em tex- ciência.
tos que não são narrações. A narrativa é a transformação de Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação
situações. Por exemplo, quando se diz “Depois da abolição, dos acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, trans-
incentivou-se a imigração de europeus”, temos um texto dis- gredindo o aspecto linear e constituindo o que se deno-
sertativo, que, no entanto, apresenta um componente narrati- mina “flashback”. O narrador que usa essa técnica (carac-
vo, pois contém uma mudança de situação: do não incentivo terística comum no cinema moderno) demonstra maior
ao incentivo da imigração européia. criatividade e originalidade, podendo observar as ações
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de ziguezagueando no tempo e no espaço.
texto, o que é narração?
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três caracte- Exemplo - Personagens
rísticas:
- é um conjunto de transformações de situação (o tex-
to de Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, “Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr.
preenche essa condição); Amâncio não viu a mulher chegar.
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e - Não quer que se carpa o quintal, moço?
fatos concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche tam- Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face
bém esse requisito); escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira do passado, os olhos).”
tal que, entre elas, existe sempre uma relação de anteriorida-
de e posterioridade (no texto “Porquinho-da-índia” o fato de (Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre:
ganhar o animal é anterior ao de ele estar debaixo do fogão, Mercado Aberto, p. 5O)
que por sua vez é anterior ao de o menino levá-lo para a sala,
que por seu turno é anterior ao de o porquinho-da-índia vol- Exemplo - Espaço
tar ao fogão). Considerarei longamente meu pequeno deserto, a re-
dondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco
Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre
de algum rio. Não havia, em todo o caso, como negar-lhe
pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequência li-
near da temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, a insipidez.”
no romance machadiano Memórias póstumas de Brás Cubas, (Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann.
quando o narrador começa contando sua morte para em se- Porto Alegre: Movimento, 1981, p. 51)
guida relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada.
No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as rela- Exemplo - Tempo
ções de anterioridade e de posterioridade.
Resumindo: na narração, as três características explicadas “Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-
acima (transformação de situações, figuratividade e relações se: a mulher lhe pediu que a chamasse cedo.”
de anterioridade e posterioridade entre os episódios relata- (Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)
dos) devem estar presentes conjuntamente. Um texto que
tenha só uma ou duas dessas características não é uma nar- Tipologia da Narrativa Ficcional:
ração.
- Romance
Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto
narrativo: - Conto
- Crônica
- Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que - Fábula
aconteceu, quando e onde. - Lenda
- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos - Parábola
personagens. - Anedota
- Desenvolvimento: detalhes do fato. - Poema Épico
- Conclusão: consequências do fato.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Tipologia da Narrativa Não-Ficcional: - que todas as frases expõem ocorrências simultâneas


(ao mesmo tempo que gastava duas horas para reter aqui-
- Memorialismo lo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Rai-
- Notícias mundo tinha grande medo ao pai);
- Relatos - por isso, não existe uma ocorrência que possa ser
- História da Civilização considerada cronologicamente anterior a outra do ponto
de vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na
Apresentação da Narrativa: escola é cronologicamente anterior a retirar-se dela; no ní-
vel do relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em indiferente: o que o escritor quer é explicitar uma caracte-
quadrinhos) e desenhos. rística do menino, e não traçar a cronologia de suas ações);
- auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e - ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-
discos. se), todas elas estão no pretérito imperfeito, que indica
- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisiona- concomitância em relação a um marco temporal instalado
das. no texto (no caso, o ano de 1840, em que o escritor fre-
quentava a escola da rua da Costa) e, portanto, não denota
Descrição nenhuma transformação de estado;
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não
É a representação com palavras de um objeto, lugar, correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológi-
situação ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais ca - poderíamos mesmo colocar o últímo período em pri-
particulares ou individuais do que se descreve. É qualquer meiro lugar e ler o texto do fim para o começo: O mestre
elemento que seja apreendido pelos sentidos e transfor- era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola
mado, com palavras, em imagens. Sempre que se expõe depois do pai e retirava-se antes...
com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a
alguém, está fazendo uso da descrição. Não é necessário Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enun-
que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do obser- ciados pode ser invertida, está-se pensando apenas na
vador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa ordem cronológica, pois, como veremos adiante, a ordem
forma, o que será importante ser analisado para um, não em que os elementos são descritos produz determinados
será para outro. A vivência de quem descreve também in- efeitos de sentido.
fluencia na hora de transmitir a impressão alcançada sobre Quando alteramos a ordem dos enunciados, preci-
determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emo- samos fazer certas modificações no texto, pois este con-
ção vivida ou sentimento. tém anafóricos (palavras que retomam o que foi dito an-
tes, como ele, os, aquele, etc. ou catafóricos (palavras que
Exemplos: anunciam o que vai ser dito, como este, etc.), que podem
perder sua função e assim não ser compreendidos. Se to-
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redon- marmos uma descrição como As flores manifestavam
da. Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho. todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao inver-
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, termos a ordem das frases, precisamos fazer algumas al-
pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado terações, para que o texto possa ser compreendido: O Sol
pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha fazia as flores brilhar. Elas manifestavam todo o seu
o meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zu- esplendor. Como, na versão original, o pronome oblíquo
nido de abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, as é um anafórico que retoma flores, se alterarmos a or-
grande demais.” dem das frases ele perderá o sentido. Por isso, precisamos
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lis- mudar a palavra flores para a primeira frase e retomá-la
pector) com o anafórico elas na segunda.
Por todas essas características, diz-se que o fragmento
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, do conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de
aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas texto em que se expõem características de seres concretos
em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cin- (pessoas, objetos, situações, etc.) consideradas fora da re-
quenta minutos; vencia com o tempo o que não podia fa- lação de anterioridade e de posterioridade.
zer logo com o cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai.
Era uma criança fina, pálida, cara doente; raramente estava Características:
alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes.
O mestre era mais severo com ele do que conosco. - Ao fazer a descrição enumeramos características,
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. comparações e inúmeros elementos sensoriais;
São Paulo, Ática, 1974, págs. 31-32.) - As personagens podem ser caracterizadas física e psi-
cologicamente, ou pelas ações;
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do pro- - A descrição pode ser considerada um dos elementos
fessor da escola que o escritor frequentava. Deve-se notar: constitutivos da dissertação e da argumentação;

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LÍNGUA PORTUGUESA

- É impossível separar narração de descrição; lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos
mas sim a capacidade de observação que deve revelar da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras.
aquele que a realiza. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exem- despegadas do crânio.”
plo: “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais ve- (Eça de Queiroz - O Primo Basílio)
lha pelo desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda,
sanguínea e fogosa, era um desses exemplares excessivos - Emprego de figuras (metáforas, metonímias, compa-
do sexo que parecem conformados expressamente para es- rações, sinestesias). Exemplo:
posas da multidão (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu)
- Como na descrição o que se reproduz é simultâneo,
“Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não
não existe relação de anterioridade e posterioridade entre
seus enunciados. muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês.
- Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade
que se usem então as formas nominais, o presente e o pre- buliçosa e saltitante que lhe dava petulância de rapaz e ca-
tério imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferência sava perfeitamente com os olhinhos de azougue.”
aos verbos que indiquem estado ou fenômeno. (José de Alencar - Senhora)
- Todavia deve predominar o emprego das compara-
ções, dos adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido - Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo:
ao texto.
“Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha,
A característica fundamental de um texto descritivo é e essa casa era assim: na frente, uma grade de ferro; depois
essa inexistência de progressão temporal. Pode-se apresen- você entrava tinha um jardinzinho; no final tinha uma esca-
tar, numa descrição, até mesmo ação ou movimento, desde dinha que devia ter uns cinco degraus; aí você entrava na
que eles sejam sempre simultâneos, não indicando progres-
sala da frente; dali tinha um corredor comprido de onde
são de uma situação anterior para outra posterior. Tanto é
que uma das marcas linguísticas da descrição é o predomí- saíam três portas; no final do corredor tinha a cozinha, de-
nio de verbos no presente ou no pretérito imperfeito do in- pois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e atrás ain-
dicativo: o primeiro expressa concomitância em relação ao da tinha um galpão, que era o lugar da bagunça...”
momento da fala; o segundo, em relação a um marco tem- (Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)
poral pretérito instalado no texto.
Para transformar uma descrição numa narração, bastaria Recursos:
introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um
estado anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, - Usar impressões cromáticas (cores) e sensações tér-
para transformá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso micas. Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor
grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo... alegre do sol.
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exa-
Características Linguísticas: tas, concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um
céu sereno, uma pureza de cristal.
O enunciado narrativo, por ter a representação de um
acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela tempo- - As sensações de movimento e cor embelezam o po-
ralidade, na relação situação inicial e situação final, enquan- der da natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde
to que o enunciado descritivo, não tendo transformação, é transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
atemporal. - A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático- do texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O
semânticas encontradas no texto que vão facilitar a com- pessoal, muito crente.
preensão:
- Predominância de verbos de estado, situação ou indi- A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
cadores de propriedades, atitudes, qualidades, usados prin-
cipalmente no presente e no imperfeito do indicativo (ser, Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a
estar, haver, situar-se, existir, ficar). passagem são apresentadas como realmente são, concre-
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que tamente. Exemplo:
é descrito;
“Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência atlética,
Exemplo:
ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabe-
“Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço los negros e lisos”.
entalado num colarinho direito. O rosto aguçado no quei-
xo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento.
amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha à Exemplo:
outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto

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LÍNGUA PORTUGUESA

“A casa velha era enorme, toda em largura, com por- O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a vi-
ta central que se alcançava por três degraus de pedra e sualizar uma cena. É como traçar com palavras o retrato de
quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas característi-
pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos cas exteriores, facilmente identificáveis (descrição objetiva),
e apoios de madeira-de-lei. Telhado de quatro águas. Pin- ou suas características psicológicas e até emocionais (des-
tada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, crição subjetiva).
provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse ficado, Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de ad-
capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Ca- jetivos, também denominado adjetivação. Para facilitar o
minho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua aprendizado desta técnica, sugere-se que o concursando,
Direita – sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha após escrever seu texto, sublinhe todos os substantivos,
e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).” acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma
(Pedro Nava – Baú de Ossos) locução adjetiva.
Descrição Subjetiva: quando há maior participação Descrição de objetos constituídos de uma só parte:
da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a pai-
sagem são transfigurados pela emoção de quem escreve, - Introdução: observações de caráter geral referentes à
podendo opinar ou expressar seus sentimentos. Exemplo: procedência ou localização do objeto descrito.
“Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (com-
ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito
paração com figuras geométricas e com objetos semelhan-
como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo
tes); dimensões (largura, comprimento, altura, diâmetro
era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram
de um rei...” etc.)
(“O Ateneu”, Raul Pompéia) - Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso,
cor/brilho, textura.
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra - Conclusão: observações de caráter geral referentes a
esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, sua utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o
par-de-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, objeto como um todo.
mandando por lei, de sobregoverno.” Descrição de objetos constituídos por várias partes:
(Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas) - Introdução: observações de caráter geral referentes à
procedência ou localização do objeto descrito.
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos ele- - Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentá-
mentos descritivos: rios das partes que compõem o objeto, associados à expli-
cação de como as partes se agrupam para formar o todo.
Como se disse anteriormente, do ponto de vista da - Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um
progressão temporal, a ordem dos enunciados na descri- todo (externamente) - formato, dimensões, material, peso,
ção é indiferente, uma vez que eles indicam propriedades textura, cor e brilho.
ou características que ocorrem simultaneamente. No en- - Conclusão: observações de caráter geral referentes a
tanto, ela não é indiferente do ponto de vista dos efeitos sua utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o
de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-versa, do objeto em sua totalidade.
detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos
de sentido distintos. Descrição de ambientes:
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, - Introdução: comentário de caráter geral.
de Bocage: - Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura glo-
bal do ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, lumi-
Magro, de olhos azuis, carão moreno, nosidade e aroma (se houver).
bem servido de pés, meão de altura,
- Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a
triste de facha, o mesmo de figura,
objetos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros,
nariz alto no meio, e não pequeno.
esculturas ou quaisquer outros objetos.
Incapaz de assistir num só terreno, - Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira
mais propenso ao furor do que à ternura; no ambiente.
bebendo em níveas mãos por taça escura
de zelos infernais letal veneno. Descrição de paisagens:
- Introdução: comentário sobre sua localização ou
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág. qualquer outra referência de caráter geral.
497. - Desenvolvimento: observação do plano de fundo (ex-
plicação do que se vê ao longe).
O poeta descreve-se das características físicas para as - Desenvolvimento: observação dos elementos mais
características morais. Se fizesse o inverso, o sentido não próximos do observador - explicação detalhada dos ele-
seria o mesmo, pois as características físicas perderiam mentos que compõem a paisagem, de acordo com deter-
qualquer relevo. minada ordem.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Conclusão: comentários de caráter geral, concluin- Textos descritivos literários: Na descrição literária
do acerca da impressão que a paisagem causa em quem predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto
a contempla. de associações conotativas que podem ser exploradas a
partir de descrições de pessoas; cenários, paisagens, espa-
Descrição de pessoas (I): ço; ambientes; situações e coisas. Vale lembrar que textos
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de descritivos também podem ocorrer tanto em prosa como
qualquer aspecto de caráter geral. em verso.
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso,
cor da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas). Dissertação
- Desenvolvimento: características psicológicas (perso-
nalidade, temperamento, caráter, preferências, inclinações, A dissertação é uma exposição, discussão ou interpre-
postura, objetivos).
tação de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar al-
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de
gum tema. Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica,
caráter geral.
raciocínio, clareza, coerência, objetividade na exposição,
Descrição de pessoas (II): um planejamento de trabalho e uma habilidade de expres-
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de são. É em função da capacidade crítica que se questionam
qualquer aspecto de caráter geral. pontos da realidade social, histórica e psicológica do mun-
- Desenvolvimento: análise das características físicas, do e dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação
associadas às características psicológicas (1ª parte). no seu significado diz respeito a um tipo de texto em que
- Desenvolvimento: análise das características físicas, a exposição de uma ideia, através de argumentos, é feita
associadas às características psicológicas (2ª parte). com a finalidade de desenvolver um conteúdo científico,
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de doutrinário ou artístico. Exemplo:
caráter geral.
Há três métodos pelos quais pode um homem chegar
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. a ser primeiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência,
É uma estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais como servir-se de uma pessoa, de uma filha ou de uma
predominam. Porque toda técnica descritiva implica con- irmã; o segundo, como trair ou solapar os predecessores; e
templação e apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o o terceiro, como clamar, com zelo furioso, contra a corrup-
redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de sensi- ção da corte. Mas um príncipe discreto prefere nomear os
bilidade. Assim como o pintor capta o mundo exterior ou
que se valem do último desses métodos, pois os tais faná-
interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza
ticos sempre se revelam os mais obsequiosos e subservien-
cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade.
tes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua disposição
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros
não-literária ou literária. Na descrição não-literária, há subordinando a maioria do senado, ou grande conselho,
maior preocupação com a exatidão dos detalhes e a pre- e, afinal, por via de um expediente chamado anistia (cuja
cisão vocabular. Por ser objetiva, há predominância da de- natureza lhe expliquei), garantem-se contra futuras pres-
notação. tações de contas e retiram-se da vida pública carregados
com os despojos da nação.
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica Jonathan Swift. Viagens de Gulliver.
é um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usan- São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235.
do uma linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é
usado para descrever aparelhos, o seu funcionamento, as Esse texto explica os três métodos pelos quais um ho-
peças que os compõem, para descrever experiências, pro- mem chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe
cessos, etc. Exemplo: discreto a escolhê-lo entre os que clamam contra a cor-
rupção na corte e justifica esse conselho. Observe-se que:
Folheto de propaganda de carro - o texto é temático, pois analisa e interpreta a realida-
de com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem
homem particular e do que faz para chegar a ser primeiro-
incluir o espaço interno. Os seus interiores são amplos,
ministro, mas do homem em geral e de todos os métodos
acomodando tranquilamente passageiros e bagagens. O
Passat e o Passat Variant possuem direção hidráulica e ar para atingir o poder);
condicionado de elevada capacidade, proporcionando a - existe mudança de situação no texto (por exemplo, a
climatização perfeita do ambiente. mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui corte no momento em que se tornam primeiros-ministros);
capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até - a progressão temporal dos enunciados não tem im-
1500 litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado. portância, pois o que importa é a relação de implicação
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em (clamar contra a corrupção da corte implica ser corrupto
plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, depois da nomeação para primeiro-ministro).
para evitar a deformação em caso de colisão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Características: - Citação: opinião de alguém de destaque sobre o as-


sunto do texto. Ex: “A principal característica do déspota
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é encontra-se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das
temático; normas e das regras que definem a vida familiar, isto é, o
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de si- espaço privado. Seu poder, escreve Aristóteles, é arbitrário,
tuação; pois decorre exclusivamente de sua vontade, de seu prazer
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de e de suas necessidades.”
anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm
maior importância - o que importa são suas relações ló- - Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos
gicas: analogia, pertinência, causalidade, coexistência, cor- que compõem o texto.
respondência, implicação, etc.
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos - Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se
de redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística pos- faz a pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entu-
suem características próprias a cada tipo de texto. siasmo pelo futebol não é uma prova de alienação?”
 
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvi- - Suspense: alguma informação que faça aumentar a
mento / Conclusão. curiosidade do leitor.

Introdução: em que se apresenta o assunto; se apre- - Comparação: social e geográfica.


senta a ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu de-
senvolvimento. Tipos: - Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à
distância, velocidade, comunicação, linha de montagem,
- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem dis- triunfo das massas, Holocausto: através das metáforas e
cutidos. Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consi- das realidades que marcaram esses 100 últimos anos, apa-
rece a verdadeira doença do século...”
go: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de
fora para dentro...”
- Narração: narrar um fato.
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona
Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial,
a um fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início
de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais
no começo dos anos 80, com os conhecidos altos índices
importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias
de inflação que a década colecionou, agravou vários dos
formas:
históricos problemas sociais do país. Entre eles, a violência,
principalmente a urbana, cuja escalada tem sido facilmente - Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova
identificada pela população brasileira.” com este tipo de abordagem.
- Proposição: o autor explicita seus objetivos. - Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar
a idéia principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a
- Convite: proposta ao leitor para que participe de al- definição.
guma coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na
sua”? Quer se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não - Comparação: estabelecer analogias, confrontar si-
entre pelo cano! Faça parte desse time de vencedores des- tuações distintas.
de a escolha desse momento!
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta
- Contestação: contestar uma idéia ou uma situação. pontos favoráveis e desfavoráveis.
Ex: “É importante que o cidadão saiba que portar arma de
fogo não é a solução no combate à insegurança.” - Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato
ou descrever uma cena.
- Características: caracterização de espaços ou aspec-
tos. - Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados es-
tatísticos.
- Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex:
“Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com - Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para
televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque prováveis resultados.
de aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo,
existem no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar - Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve
programas) e 2.624 repetidoras (que apenas retransmitem apresentar questionamento e reflexão.
sinais recebidos). (...)”
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: concei-
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato. tos, valores, juízos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Causa e Consequência: estruturar o texto através dos 1º Parágrafo – Introdução


porquês de uma determinada situação.
A. Tema: Desemprego no Brasil.
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética. Contextualização: decorrência de um processo histó-
rico problemático.
- Exemplificação: dar exemplos.
2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento
Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fe-
chamento integrado de tudo que se argumentou. Para ela B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que
convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas. remetem a uma análise do tema em questão.
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro
- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese. dado da realidade.
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade
- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um de quem propõe soluções.
pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.
de quem lê.
7º Parágrafo: Conclusão
Exemplo: F. Uma possível solução é apresentada.
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com
Direito de Trabalho modernidade.
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um É bom lembrarmos que é praticamente impossível opi-
novo modelo econômico: o capitalismo, que até o século nar sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos
XX agia por meio da inclusão de trabalhadores e hoje pas- é um dos recursos que permite uma segurança maior no
sou a agir por meio da exclusão. (A) momento de dissertar sobre algum assunto. Debater e pes-
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo
quisar são atitudes que favorecem o senso crítico, essencial
o trabalho automático, devido à evolução tecnológica e a
no desenvolvimento de um texto dissertativo.
necessidade de qualificação cada vez maior, o que provoca
o desemprego. Outro fator que também leva ao desempre-
Ainda temos:
go de um sem número de trabalhadores é a contenção de
despesas, de gastos. (B)
Tema: compreende o assunto proposto para discus-
Segundo a Constituição, “preocupada” com essa cri-
são, o assunto que vai ser abordado.
se social que provém dessa automatização e qualificação,
obriga que seja feita uma lei, em que será dada absoluta
garantia aos trabalhadores, de que, mesmo que as empre- Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo
sas sejam automatizadas, não perderão eles seu mercado discutido.
de trabalho. (C)
Não é uma utopia?! Argumentação: é um conjunto de procedimentos lin-
Um exemplo vivo são os bóias-frias que trabalham na guísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas
colheita da cana de açúcar que devido ao avanço tecnoló- opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É for-
gico e a lei do governador Geraldo Alkmin, defendendo o necer argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma
meio ambiente, proibindo a queima da cana de açúcar para determinada tese.
a colheita e substituindo-os então pelas máquinas, desem- Estes assuntos serão vistos com mais afinco posterior-
prega milhares deles. (D) mente.
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão
cursos de cabeleleiro, marcenaria, eletricista, para não per- Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são:
derem o mercado de trabalho, aumentando, com isso, a
classe de trabalhos informais. - toda dissertação é uma demonstração, daí a necessi-
Como ficam então aqueles trabalhadores que passa- dade de pleno domínio do assunto e habilidade de argu-
ram à vida estudando, se especializando, para se diferen- mentação;
ciarem e ainda estão desempregados?, como vimos no úl- - em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao
timo concurso da prefeitura do Rio de Janeiro para “gari”, tema;
havia até advogado na fila de inscrição. (E) - a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos - impõem-se sempre o raciocínio lógico;
têm o direito de trabalho, cabe aos governantes desse país, - a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer
que almeja um futuro brilhante, deter, com urgência esse ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstra-
processo de desníveis gritantes e criar soluções eficazes ção do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural,
para combater a crise generalizada (F), pois a uma nação original, nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve
doente, miserável e desigual, não compete a tão sonhada ser impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa).
modernidade. (G)

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LÍNGUA PORTUGUESA

O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apre- - Existem várias razões que levam um homem a enve-
sentar: uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) redar pelos caminhos do crime.
e uma ou mais frases que explicitem tal ideia. - A gravidez na adolescência é um problema seríssimo,
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada porque pode trazer muitas consequências indesejáveis.
(ideia central) porque oculta os problemas sociais realmen- - O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua sobre-
te graves. (ideia secundária)”. vivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
Vejamos: - O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser comba- várias categorias.
tida urgentemente.
Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver atra-
Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser vés da comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e
combatida urgentemente, pois a alta concentração de ele- apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança.
mentos tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas,
sobretudo daquelas que sofrem de problemas respirató- Exemplo:
rios:
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a
- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente
levado muita gente ao vício. sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comuni- que a felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”.
cação criados pelo homem. (Arthur Schopenhauer)
- A violência tem aumentado assustadoramente nas ci-
dades e hoje parece claro que esse problema não pode ser Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes,
resolvido apenas pela polícia. encontra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise motivador) e, em outras situações, um segmento indicando
atualmente. consequências (fatos decorrentes).
- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a Exemplos:
sociedade brasileira.
- O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanidade
O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras: que abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas em ver
as coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam.
Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma
série de coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de - O espírito competitivo foi excessivamente exercido en-
características, funções, processos, situações, sempre ofe- tre nós, de modo que hoje somos obrigados a viver numa
recendo o complemente necessário à afirmação estabele- sociedade fria e inamistosa.
cida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-se os
critérios de importância, preferência, classificação ou alea- Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam
toriamente. temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos.
Exemplos:
Exemplo:
Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma
1- O adolescente moderno está se tornando obeso por lenta evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. De-
várias causas: alimentação inadequada, falta de exercícios pois deu um significado a cada grunhido. Muito depois, in-
sistemáticos e demasiada permanência diante de compu- ventou a escrita e só muitos séculos mais tarde é que passou
tadores e aparelhos de Televisão. à comunicação de massa.
Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas úmi-
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é gran- dos, os solos são profundos. Existe nessas regiões uma forte
de o número de emissoras que dedicam parte da sua pro- decomposição de rochas, isto é, uma forte transformação da
gramação à veiculação de programas religiosos de crenças rocha em terra pela umidade e calor. Nas regiões temperadas
variadas. e ainda nas mais frias, a camada do solo é pouco profunda.
(Melhem Adas)
3-
- A Santa Missa em seu lar. Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se con-
- Terço Bizantino. ceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais
- Despertar da Fé. compreensíveis.
- Palavra de Vida. Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente
- Igreja da Graça no Lar. do coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical
e na ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias
4- contém sangue vermelho-vivo, recém oxigenado. Na arté-
- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o ria pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais escuro e
governo brasileiro diante de tantos desmatamentos, dese- desoxigenado, que o coração remete para os pulmões para
quilíbrios sociológicos e poluição. receber oxigênio e liberar gás carbônico”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, Argumento tem uma origem curiosa: vem do latim Ar-
deve delimitar-se o tema que será desenvolvido e que po- gumentum, que tem o tema ARGU, cujo sentido primeiro é
derá ser enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, “fazer brilhar”, “iluminar”, a mesma raiz de “argênteo”, “ar-
o tema é a questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a gúcia”, “arguto”. Os argumentos de um texto são facilmente
partir das seguintes ideias: localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta por quê?
Exemplo: o autor é contra a pena de morte (tese). Por que...
- A violência contra os povos indígenas é uma constan- (argumentos).
te na história do Brasil.
- O surgimento de várias entidades de defesa das po- Estratégias argumentativas são todos os recursos
pulações indígenas. (verbais e não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ou-
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio vinte, para impressioná-lo, para convencê-lo melhor, para
brasileiro. persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade, etc.
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.
A Estrutura de um Texto Argumentativo
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver,
deve fazer a estruturação do texto. A argumentação Formal

A estrutura do texto dissertativo constitui-se de: A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra “Co-
municação em Prosa Moderna”. O autor, na mencionada
Introdução: deve conter a ideia principal a ser desen- obra, apresenta o seguinte plano-padrão para o que cha-
volvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura ma de argumentação formal:
do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar
a atenção para dois itens básicos: os objetivos do texto e o Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida
plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, e limitada; não deve conter em si mesma nenhum argu-
mento.
seus limites, ângulo de análise e a hipótese ou a tese a ser
defendida.
Análise da proposição ou tese: definição do sentido
da proposição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão
mal-entendidos.
fundamentar a ideia principal que pode vir especificada
através da argumentação, de pormenores, da ilustração,
Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados
da causa e da consequência, das definições, dos dados es-
estatísticos, testemunhos, etc.
tatísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da
citação. No desenvolvimento são usados tantos parágrafos Conclusão.
quantos forem necessários para a completa exposição da
ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco Observe o texto a seguir, que contém os elementos re-
maneiras expostas acima. feridos do plano-padrão da argumentação formal.
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que ago- Gramática e desempenho Linguístico
ra deve aparecer de forma muito mais convincente, uma
vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento Pretende-se demonstrar no presente artigo que o es-
da dissertação (um parágrafo). Deve, pois, conter de forma tudo intencional da gramática não traz benefícios signifi-
sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação cativos para o desempenho linguístico dos utentes de uma
da hipótese ou da tese, acrescida da argumentação básica língua.
empregada no desenvolvimento. Por “estudo intencional da gramática” entende-se o
estudo de definições, classificações e nomenclatura; a rea-
Texto Argumentativo lização de análises (fonológica, morfológica, sintática); a
memorização de regras (de concordância, regência e colo-
Texto Argumentativo é o texto em que defendemos cação) - para citar algumas áreas. O “desempenho linguís-
uma ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procuran- tico”, por outro lado, é expressão técnica definida como
do (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor sendo o processo de atualização da competência na pro-
aceite-a, creia nela. Num texto argumentativo, distinguem- dução e interpretação de enunciados; dito de maneira mais
se três componentes: a tese, os argumentos e as estraté- simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições
gias argumentativas. reais de comunicação.
A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem
Tese, ou proposição, é a ideia que defendemos, neces- antiga; na verdade, surgiu com os gregos, quando surgi-
sariamente polêmica, pois a argumentação implica diver- ram as primeiras gramáticas. Definida como “arte”, “arte
gência de opinião. de escrever”, percebe-se que subjaz à definição a ideia da
sua importância para a prática da língua. São da mesma

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LÍNGUA PORTUGUESA

época também as primeiras críticas, como se pode ler em Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lem-
Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc. II a.C.: “Raça brando que são os gramáticos, os linguistas - como es-
de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, es- pecialistas das línguas - as pessoas que conhecem mais a
túpidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos fundo a estrutura e o funcionamento dos códigos linguís-
poetas que mergulhais o espírito das crianças na escuridão, ticos. Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa
ide para o diabo, percevejos que devorais os versos belos”. influência do conhecimento teórico da língua sobre o de-
Na atualidade, é grande o número de educadores, filó- sempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os linguis-
logos e linguistas de reconhecido saber que negam a rela- tas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática
ção entre o estudo intencional da gramática e a melhora do isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a
desempenho linguístico do usuário. Entre esses especialis- tese que se vem defendendo.
tas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso Pedro Luft Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse
com sus obra “Língua e liberdade: por uma nova concepção significativa, deveriam os melhores escritores conhecer -
de língua materna e seu ensino” (L&PM, 1995). Com efeito, teoricamente - a língua em profundidade. Isso, no entanto,
o velho pesquisar apaixonado pelos problemas da língua, não se confirma na realidade: Monteiro Lobato, quando es-
teórico de espírito lúcido e de larga formação linguística, tudante, foi reprovado em língua portuguesa (muito prova-
reúne numa mesma obra convincente fundamentação para velmente por desconhecer teoria gramatical); Machado de
seu combate veemente contra o ensino da gramática em Assis, ao folhar uma gramática declarou que nada havia en-
sala de aula. Por oportuno, uma citação apenas: tendido; dificilmente um Luis Fernando Veríssimo saberia o
“Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez que é um morfema; nem é de se crer que todos os nossos
abandonem a superstição da teoria gramatical, desistindo bons escritores seriam aprovados num teste de Português
de querer ensinar a língua por definições, classificações, à maneira tradicional (e, no entanto eles são os senhores
análises inconsistentes e precárias hauridas em gramáticas. da língua!).
Já seria um grande benefício”. Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como
Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, recuperar linguisticamente os alunos, como promover um
acima referida suponha-se que se deva recuperar linguisti- melhor desempenho linguístico mediante o ensino-estudo
camente um jovem estudante universitário cujo texto apre- da teoria gramatical. O caminho é seguramente outro.
sente preocupantes problemas de concordância, regência,
colocação, ortografia, pontuação, adequação vocabular, Gilberto Scarton
coesão, coerência, informatividade, entre outros. E, esti-
mando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gramática que
Eis o esquema do texto em seus quatro estágios:
ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonologia?
Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta?
Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se
O feminino de cupim? Como se chama quem nasce na
enuncia claramente a tese a ser defendida.
Província de Entre-Douro-e-Minho? Que é oração subor-
dinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio? E de-
Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se de-
corasse regras de ortografia, fizesse lista de homônimos,
finem as expressões “estudo intencional da gramática” e
parônimos, de verbos irregulares... e estudasse o plural de
“desempenho lingüístico”, citadas na tese.
compostos, todas regras de concordância, regências... os
casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo de
todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho Terceiro Estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo
do jovem estudante na produção de um texto. A melhora e oitavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos.
seria, indubitavelmente, pouco significativa; uma pequena - Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argu-
melhora, talvez, na gramática da frase, mas o problema de mentação.
coesão, de coerência, de informatividade - quem sabe os - Quarto parágrafo: argumento de autoridade.
mais graves - haveriam de continuar. Quanto mais não seja - Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração
porque a gramática tradicional não dá conta dos mecanis- hipotética.
mos que presidem à construção do texto. - Sexto parágrafo: argumento com base em dados es-
Poder-se-á objetar que a ilustração de há pouco é ape- tatísticos.
nas hipotética e que, por isso, um argumento de pouco - Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em
valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que situação como fatos.
essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensino
de 1° e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório, Quarto Estágio: último parágrafo, em que se apresen-
classificatório, nomenclaturista, prescritivista, teórico. O re- ta a conclusão.
sultado? Aí estão as estatísticas dos vestibulares. Valendo
40 pontos a prova de redação, os escores foram estes no A Argumentação Informal
vestibular 1996/1, na PUC-RS: nota zero: 10% dos candida-
tos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já
Ou seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto referida. A argumentação informal apresenta os seguintes
que pode ser considerado bom. estágios:

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Citação da tese adversária. A própria independência do parlamento sucumbiria in-


- Argumentos da tese adversária. tegralmente frente à possibilidade de inobservância e des-
- Introdução da tese a ser defendida. consideração de suas deliberações.
- Argumentos da tese a ser defendida. Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nos-
- Conclusão. sa civilização.
Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete
Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson fiscalizar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos
Flores Lenz, Promotor de Justiça. demais poderes do Estado, praticamente aniquilaria as
atribuições destes, ditando a eles, a todo momento, como
Considerações sobre justiça e equidade proceder.
Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto
Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a aca- dessa concepção.
dêmico nacional, a ideia de que o julgador, ao apreciar os Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra,
caos concretos que são apresentados perante os tribunais, sem sombra de dúvidas, o desconhecimento do próprio
deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e conceito de justiça, incorrendo inclusive numa contradictio
equidade e menos por razões de estrita legalidade, no in- in adjecto.
Isto porque, e como magistralmente o salientou o insu-
tuito de alcançar, sempre, o escopo da real pacificação dos
perável Calamandrei, “a justiça que o juiz administra é, no
conflitos submetidos à sua apreciação.
sistema da legalidade, a justiça em sentido jurídico, isto é,
Semelhante entendimento tem sido sistematicamente
no sentido mais apertado, mas menos incerto, da confor-
reiterado, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistra- midade com o direito constituído, independentemente da
dos simplesmente desprezarem ou desconsiderarem de- correspondente com a justiça social”.
terminados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas le- Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios
gais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade concretos de efetivação da Justiça social compete, funda-
nacional. mentalmente, ao Legislativo e ao Executivo, eis que seus
Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura membros são indicados diretamente pelo povo.
pessoal aos insignes juízes que se filiam a esta corrente, Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade,
alguns dos quais reconhecidos como dos mais brilhantes adequando o proceder daqueles aos ditames da Constitui-
do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves consi- ção e da Legislação.
derações sobre os perigos da generalização desse enten- Luís Alberto Thompson Flores Lenz
dimento.
Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos Eis o esquema do texto em seus cinco estágios;
dos arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal
contra os princípios da legalidade e da separação de pode- Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se cita
res, esteio no qual se assenta toda e qualquer ideia de de- a tese adversária.
mocracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado.
Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se cita
insuperável José Alberto dos Reis, o maior processualista um argumento da tese adversária “... fulminando ditos dile-
português, ao afirmar que: “O magistrado não pode so- mas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à rea-
brepor os seus próprios juízos de valor aos que estão en- lidade nacional”.
carnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha
previsto legalmente, não o pode fazer mesmo quando o Terceiro Estágio: terceiro parágrafo, em que se intro-
caso é omisso”. duz a tese a ser defendida.
Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte
Quarto Estágio: do quarto ao décimo quinto, em que
qualquer espécie de legalidade ou garantia de soberania
se apresentam os argumentos.
popular proveniente dos parlamentos, até porque, na lúci-
da visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa
Quinto Estágio: os últimos dois parágrafos, em que
situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria, se conclui o texto mediante afirmação que salienta o que
na condição de legislador. ficou dito ao longo da argumentação.
A esta altura, adotando tal entendimento, estaria insti-
tucionalizada a insegurança social, sendo que não haveria Texto Injuntivo/Instrucional
mais qualquer garantia, na medida em que tudo estaria ao
sabor dos humores e amores do juiz de plantão. No texto injuntivo-instrucional, o leitor recebe orien-
De nada adiantariam as eleições, eis que os represen- tações precisas no sentido de efetuar uma transformação.
tantes indicados pelo povo não poderiam se valer de sua É marcado pela presença de tempos e modos verbais que
maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de editar as leis. apresentam um valor diretivo. Este tipo de texto distingue-
Desapareceriam também os juízes de conveniência e se de uma sequencia narrativa pela ausência de um sujeito
oportunidade política típicos dessas casas legislativas, na responsável pelas ações a praticar e pelo caráter diretivo
medida em que sempre poderiam ser afastados por uma dos tempos e modos verbais usado e uma sequência des-
esfera revisora excepcional. critiva pela transformação desejada.

19
LÍNGUA PORTUGUESA

Nota: Uma frase injuntiva é uma frase que exprime Texto organizado em itens:
uma ordem, dada ao locutor, para executar (ou não exe-
cutar) tal ou tal ação. As formas verbais específicas destas Para economizar nas compras
frases estão no modo injuntivo e o imperativo é uma das
formas do injuntivo. Quem deseja economizar ao comprar deve:
- estabelecer um valor máximo para gastar;
Textos Injuntivo-Instrucionais: Instruções de monta- - escolher previamente aquilo que deseja comprar an-
gem, receitas, horóscopos, provérbios, slogans... são textos tes de ir à loja ou entrar em sites de compra;
que incitam à ação, impõem regras; textos que fornecem - pesquisar os preços em diferentes lojas e sites, se
instruções. São orientados para um comportamento futuro possível;
do destinatário. - não se deixar levar completamente pelas sugestões
dos vendedores nem pelos apelos das propagandas;
Texto Injuntivo - A necessidade de explicar e orien- - optar pela forma de pagamento mais cômoda, sem
tar por escrito o modo de realizar determinados procedi- se esquecer de que o uso do cartão de crédito exige certa
mentos, manipular instrumentos, desenvolver atividades cautela e planejamento.
lúdicas e desempenhar algumas funções profissionais, por Do mais, é só ir às compras e aproveitar!
exemplo, deu origem aos chamados textos injuntivos, nos
quais prevalece a função apelativa da linguagem, criando- Texto organizado em períodos:
se uma relação direta com o receptor. É comum aos textos
dessa natureza o uso dos verbos no imperativo (Abra o ca- Para economizar nas compras
derno de questões) ou no infinitivo (É preciso abrir o cader-
no de questões, verificar o número de alternativas...). Não Para economizar ao comprar, primeiramente estabe-
apresenta caráter coercitivo, haja vista que apenas induz leça um valor máximo para gastar e então escolha pre-
o interlocutor a proceder desta ou daquela forma. Assim, viamente aquilo que deseja comprar antes de ir à loja ou
torna-se possível substituir um determinado procedimento entrar em sites de compra. Se possível, pesquise os preços
em função de outro, como é o caso do que ocorre com em diferentes lojas e sites; não se deixe levar completa-
os ingredientes de uma receita culinária, por exemplo. São mente pelas sugestões dos vendedores nem pelos apelos
exemplos dessa modalidade: das propagandas e opte pela forma de pagamento mais
- A mensagem revelada pela maioria dos livros de au- cômoda: não se esqueça de que o uso do cartão de crédito
toajuda; exige certa cautela e planejamento.
- O discurso manifestado mediante um manual de ins- Do mais, aproveite as compras!
truções;
- As instruções materializadas por meio de uma receita Observe que, embora ambos os textos tratem do mes-
culinária. mo assunto, o segundo é uma adaptação do primeiro:
tanto o modo verbal quanto a pontuação sofreram alte-
Texto Instrucional - o texto instrucional é um tipo de rações; além disso, algumas palavras foram omitidas e ou-
texto injuntivo, didático, que tem por objetivo justamen- tras acrescentadas. Isso ocorreu para que o aspecto instru-
te apresentar orientações ao receptor para que ele realize cional, conferido pelos itens do primeiro exemplo, não se
determinada atividade. Como as palavras do texto serão perdesse no segundo texto, o qual, sem essas adaptações,
transformadas em ações visando a um objetivo, ou seja, passaria a impressão de ser um mero texto expositivo.
algo deverá ser concretizado, é de suma importância que
nele haja clareza e objetividade. Dependendo do que se
trata, é imprescindível haver explicações ou enumerações GÊNEROS TEXTUAIS
em que estejam elencados os materiais a serem utilizados,
bem como os itens de determinados objetos que serão Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio-
manipulados. Por conta dessas características, é necessário nadas entre si, formando um todo significativo capaz de
um título objetivo. Quanto à pontuação, frequentemente produzir interação comunicativa (capacidade de codificar
empregam-se dois pontos, vírgulas e pontos e vírgulas. É e decodificar).
possível separar as orientações por itens ou de modo coe-
so, por meio de períodos. Alguns textos instrucionais pos- Contexto – um texto é constituído por diversas frases.
suem subtítulos separando em tópicos as instruções, basta Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz
reparar nas bulas de remédios, manuais de instruções e ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con-
receitas. Pelo fato de o espaço destinado aos textos instru- dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido.
cionais geralmente não ser muito extenso, recomenda-se o A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que
uso de períodos. Leia os exemplos. o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se uma
frase for retirada de seu contexto original e analisada se-
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele
inicial.

20
LÍNGUA PORTUGUESA

Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- Assim estava Lépida, uma cidade muito alegre que no
rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci- passado fora reconhecida pela leveza e agilidade de seus
tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. habitantes. Todos muito fortes, andavam, corriam e nada-
vam pelos seus limpos canais.
Interpretação de Texto - o primeiro objetivo de uma Até que chegou um terrível pirata à procura da riqueza
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia do lugar. Para dominar Lépida, roubou de um mago um
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, elixir paralisante e despejou no principal rio. Após beberem
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, a água, os habitantes ficaram muito lentos, tão lentos que
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas não conseguiram impedir a maldade do terrível pirata. Seu
na prova. povo nunca mais foi o mesmo. Lépida foi roubada em seu
maior tesouro e permaneceu estagnada por muitos anos.
Textos Ficcionais e Não Ficcionais Um dia nasceu um menino, que foi chamado de Zim. O
único entre tantos que ficou livre da maldição que passara
Os textos não ficcionais baseiam-se na realidade, e os de geração em geração. Diferente de todos, era muito ágil
ficcionais inventam um mundo, onde os acontecimentos e, ao crescer, saiu em busca de uma solução. Encontrou
ocorrem coerentemente com o que se passa no enredo da pelo caminho bruxas de olhar feroz, gigantes de três, cinco
história. e sete cabeças, noites escuras, dias de chuva, sol intenso.
Zim tudo enfrentou.
Ficcionais: Conto; Crônica; Romance; Poemas; História E numa noite morna, ao deitar-se em sua cama de fo-
em Quadrinhos. lhas, viu ao seu lado um velho de olhos amarelos e brilhan-
tes. Era o mago que havia sido roubado pelo pirata muitos
Não Ficcionais: anos antes. Zim ficou apreensivo. Mas o velho mago (que
tudo sabia) deu-lhe um frasco. Nele havia um antídoto e
- Jornalísticos: notícia, editorial, artigos, cartas e tex- Zim compreendeu o que deveria fazer. Despejou o líquido
tos de divulgação científica.
no rio de sua cidade.
Lépida despertou diferente naquela manhã. Um copo
- Instrucionais: didáticos, resumos, receitas, catálogos,
de água aqui, um banho ali e eram novamente braços que
índices, listas, verbetes em geral, bulas e notas explicativas
se mexiam, pernas que corriam, saltos e sorrisos. E a dança
de embalagens.
das sapatilhas cor-de-rosa.
(Carla Caruso)
- Epistolares: bilhetes, cartas familiares e cartas for-
mais.
CRÔNICA
- Administrativos: requerimentos, ofícios e etc.
Em jornais e revistas, há textos normalmente assinados
FICCIONAIS por um escritor de ficção ou por uma pessoa especializada
em determinada área (economia, gastronomia, negócios,
CONTO entre outras) que escreve com periodicidade para uma se-
ção (por exemplo, todos os domingos para o Caderno de
É um gênero textual que apresenta um único conflito, Economia). Esses textos, conhecidos como crônicas, são
tomado já próximo do seu desfecho. Encerra uma história curtos e em geral predominantemente narrativos, podendo
com poucas personagens, e também tempo e espaço redu- apresentar alguns trechos dissertativos. Exemplo:
zido. A linguagem pode ser formal ou informal. É uma obra
de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, A luta e a lição
de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção,
o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vis- Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no
ta e enredo. Classicamente, diz-se que o conto se define Tibete após escalar pela segunda vez o ponto culminante
pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o do planeta, o monte Everest. Da primeira, usou o reforço de
romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve um cilindro de oxigênio para suportar a altura. Na segunda
uma história e tem apenas um clímax. Exemplo: (e última), dispensou o cilindro, devido ao seu estado geral,
que era considerado ótimo. As façanhas dele me emocio-
Lépida naram, a bem sucedida e a malograda. Aqui do meu canto,
temendo e tremendo toda a vez que viajo no bondinho do
Tudo lento, parado, paralisado. Pão de Açúcar, fico meditando sobre os motivos que levam
- Maldição! - dizia um homem que tinha sido o melhor alguns heróis a se superarem. Vitor já havia vencido o cume
corredor daquele lugar. mais alto do mundo. Quis provar mais, fazendo a escalada
- Que tristeza a minha - lamentava uma pequena baila- sem a ajuda do oxigênio suplementar. O que leva um ser
rina, olhando para as suas sapatilhas cor-de-rosa. humano bem sucedido a vencer desafios assim?

21
LÍNGUA PORTUGUESA

Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a hu- Soneto do amigo


manidade. Se cada um repetisse meu exemplo, ficando so-
lidamente instalado no chão, sem tentar a aventura, ainda Enfim, depois de tanto erro passado
estaríamos nas cavernas, lascando o fogo com pedras, co- Tantas retaliações, tanto perigo
mendo animais crus e puxando nossas mulheres pelos ca- Eis que ressurge noutro o velho amigo
belos, como os trogloditas - se é que os trogloditas faziam Nunca perdido, sempre reencontrado.
isso. Somos o que somos hoje devido a heróis que trocam
a vida pelo risco. Bem verdade que escalar montanhas, em É bom sentá-lo novamente ao lado
si, não traz nada de prático ao resto da humanidade que Com olhos que contêm o olhar antigo
prefere ficar na cômoda planície da segurança. Sempre comigo um pouco atribulado
Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura E como sempre singular comigo.
de Vítor Negrete é a aspiração de ir mais longe, de superar Um bicho igual a mim, simples e humano
marcas, de ir mais alto, desafiando os riscos. Não sei até Sabendo se mover e comover
que ponto ele foi temerário ao recusar o oxigênio suple- E a disfarçar com o meu próprio engano.
mentar. Mas seu exemplo - e seu sacrifício - é uma lição de
luta, mesmo sendo uma luta perdida. O amigo: um ser que a vida não explica
(Autor: Carlos Heitor Cony. Que só se vai ao ver outro nascer
Publicado na Folha Online) E o espelho de minha alma multiplica...

Vinicius de Moraes
ROMANCE
HISTÓRIA EM QUADRINHOS
O termo romance pode referir-se a dois gêneros literá-
rios. O primeiro deles é uma composição poética popular, As primeiras manifestações das Histórias em Quadri-
histórica ou lírica, transmitida pela tradição oral, sendo ge- nhos surgiram no começo do século XX, na busca de novos
ralmente de autor anônimo; corresponde aproximadamen- meios de comunicação e expressão gráfica e visual. Entre
te à balada medieval. E como forma literária moderna, o os primeiros autores das histórias em quadrinhos estão o
termo designa uma composição em prosa. Todo Romance suíço Rudolph Töpffer, o alemão Wilhelm Bush, o francês
se organiza a partir de uma trama, ou seja, em torno dos Georges, e o brasileiro Ângelo Agostini. A origem dos ba-
acontecimentos que são organizados em uma sequência lões presentes nas histórias em quadrinhos pode ser atri-
temporal. A linguagem utilizada em um Romance é muito buída a personagens, observadas em ilustrações europeias
variável, vai depender de quem escreve, de uma boa dife- desde o século XIV.
renciação entre linguagem escrita e linguagem oral e prin- As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no
cipalmente do tipo de Romance. século XIX, adotando um estilo satírico conhecido como
Quanto ao tipo de abordagem o Romance pode ser: cartuns, charges ou caricaturas e que depois se estabelece-
Urbano, Regionalista, Indianista e Histórico. E quanto à ria com as populares tiras. A publicação de revistas próprias
época ou Escola Literária, o Romance pode ser: Romântico, de histórias em quadrinhos no Brasil começou no início do
Realista, Naturalista e Modernista. século XX também. Atualmente, o estilo cômicos dos super
-heróis americanos é o predominante, mas vem perdendo
POEMA espaço para uma expansão muito rápida dos quadrinhos
japoneses (conhecidos como Mangá).
Um poema é uma obra literária geralmente apresen- A leitura interpretativa de Histórias em Quadrinhos, as-
tada em versos e estrofes (ainda que possa existir prosa sim como de charges, requer uma construção de sentidos
poética, assim designada pelo uso de temas específicos e que, para que ocorra, é necessário mobilizar alguns proces-
de figuras de estilo próprias da poesia). Efetivamente, exis- sos de significação, como a percepção da atualidade, a re-
te uma diferença entre poesia e poema. Segundo vários presentação do mundo, a observação dos detalhes visuais
autores, o poema é um objeto literário com existência ma- e/ou linguísticos, a transformação de linguagem conota-
tiva (sentido mais usual) em denotativa (sentido amplifi-
terial concreta, a poesia tem um carácter imaterial e trans-
cado pelo contexto, pelos aspetos socioculturais etc). Em
cendente. Fortemente relacionado com a música, beleza e
suma, usa-se o conhecimento da realidade e de processos
arte, o poema tem as suas raízes históricas nas letras de
linguísticos para “inverter” ou “subverter” produzindo, as-
acompanhamento de peças musicais. Até a Idade Média,
sim, sentidos alternativos a partir de situações extremas.
os poemas eram cantados. Só depois o texto foi separado Exemplo:
do acompanhamento musical. Tal como na música, o ritmo
tem uma grande importância. Um poema também faz par-
te de um sarau (reuniões em casas particulares para expres-
sar artes, canções, poemas, poesias etc). Obra em verso em
que há poesia. Exemplo:

22
LÍNGUA PORTUGUESA

Observe a tirinha em quadrinhos do Calvin: A notícia usa uma linguagem formal, que segue a nor-
ma culta da língua. A ordem direta, a voz ativa, os verbos de
ação e as frases curtas permitem fluir as ideias. É preferível
a linguagem acessível e simples. Evite gírias, termos colo-
quiais e frases intercaladas.
Os fatos, em geral, são apresentados de forma impes-
soal e escritos em 3ª pessoa, com o predomínio da função
referencial, já que esse texto visa à informação.
A falta de tempo do leitor exige a seleção das informa-
ções mais relevantes, vocabulário preciso e termos espe-
cíficos que o ajudem a compreender melhor os fatos. Em
jornais ou revistas impressos ou on-line, e em programas
de rádio ou televisão, a informação transmitida pela notícia
precisa ser verídica, atual e despertar o interesse do leitor.

O objetivo do Calvin era vender ao seu pai um desenho EDITORIAL


de sua autoria pela exorbitante quantia de 500 dólares. Ele
optou por valorizar o desenho, mostrando todas as habi- Os editoriais são textos de um jornal em que o conteú-
lidades conquistadas para conseguir produzi-lo. O pai, no do expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe
último quadrinho, reconhece o empenho do filho, utilizan- de redação, sem a obrigação de ter alguma imparcialida-
do-se de um conector de concessão (“Ainda assim”), valo- de ou objetividade. Geralmente, grandes jornais reservam
rizando a importância de tudo aquilo. Contudo, afirma que um espaço predeterminado para os editoriais em duas ou
não pagaria o valor pedido (como se dissesse: “sim, filho, mais colunas logo nas primeiras páginas internas. Os boxes
foi um esforço absurdo, mas não vou pagar por isso!”). (quadros) dos editoriais são normalmente demarcados com
A graça está no fato de Calvin elaborar um discurso uma borda ou tipografia diferente para marcar claramente
“maduro” em relação ao seu desenvolvimento cognitivo e que aquele texto é opinativo, e não informativo. Exemplo:
motor nos dois primeiros quadrinhos e, somente depois,
ficar claro para nós, leitores, que toda a força argumenta- Cidade paraibana é exemplo ao País
tiva foi em prol da cobrança pelo desenho que ele mes-
Em tempos em que estudantes escrevem receita de
mo fez. Em outras palavras, o personagem empenha-se
macarrão instantâneo e transcrevem hino de clube de fu-
na construção de um raciocínio em prol de uma finalidade
tebol na redação do Exame Nacional do Ensino Médio e
absurda – o que nos faz sorrir no último quadrinho, já que
ainda obtém nota máxima no teste, uma boa notícia vem
é somente nele que conseguimos “completar” o sentido.
de uma pequena cidade no interior da Paraíba chamada
Claro, se você conhece os quadrinhos do Calvin, sabe que
Paulista, de cerca de 12 mil habitantes. Alunos da Escola
ele tem apenas 6 anos, o que torna tudo ainda mais hilário,
Municipal Cândido de Assis Queiroga obtiveram destaque
mas a falta deste conhecimento não prejudica em nada a nas últimas edições da Olimpíada Brasileira de Matemática
interpretação textual. das Escolas Públicas.
O segredo é absolutamente simples, e quem explica é
NÃO FICCIONAIS - JORNALÍSTICOS a professora Jonilda Alves Ferreira: a chave é ensinar Ma-
temática através de atividades do cotidiano, como fazer
NOTÍCIA compras na feira ou medir ingredientes para uma receita.
Com essas ações práticas, na edição de 2012 da Olimpíada,
O principal objetivo da notícia é levar informação atual a escola conquistou nada menos do que cinco medalhas de
a um público específico. A notícia conta o que ocorreu, ouro, duas de prata, três de bronze e 12 menções honro-
quando, onde, como e por quê. Para verificar se ela está sas. Orgulhosa, a professora conta que se sentia triste com
bem elaborada, o emissor deve responder às perguntas: a repulsa dos estudantes aos números, e teve a ideia de
O quê? (fato ou fatos); Quando? (tempo); Onde? (local); pô-los para vivenciar a Matemática em suas vidas, aproxi-
Como? (de que forma) e Por quê? (causas). A notícia apre- mando-os da disciplina.
senta três partes: O que parecia ser um grande desafio tornou-se rea-
lidade e, hoje, a cidade inteira orgulha-se de seus filhos
- Manchete (ou título principal) – resume, com obje- campeões olímpicos. Os estudantes paraibanos devem ser
tividade, o assunto da notícia. Essa frase curta e de impac- exemplo para todo o País, que anda precisando, sim, de
to, em geral, aparece em letras grandes e destacadas. modelos a se inspirar. O Programa Internacional de Ava-
- Lide (ou lead) – complementa o título principal, liação de Estudantes (PISA, na sigla em inglês) – o mais
fornecendo as principais informações da notícia. Como a sério teste internacional para avaliar o desempenho esco-
manchete, sua função é despertar a atenção do leitor para lar e coordenado pela Organização para a Cooperação e
o texto. Desenvolvimento Econômico – continua sendo implacável
- Corpo – contém o desenvolvimento mais amplo e de- com o Brasil. No exame publicado de 2012, o País aparece
talhado dos fatos. na incômoda penúltima posição entre 40 países avaliados.

23
LÍNGUA PORTUGUESA

O teste aponta que o aprendizado de Matemática, Lei- TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA


tura e Ciências durante o ciclo fundamental é sofrível, e
perdemos para países como Colômbia, Tailândia e México. Sua finalidade discursiva pauta-se pela divulgação de
Já passa da hora de as autoridades melhorarem a gestão conhecimentos acerca do saber científico, assemelhando-
de nossa Educação Pública e seguir o exemplo da pequena se, portanto, com os demais gêneros circundantes no meio
Paulista. educacional como um todo, entre eles, textos didáticos e
Fonte: http://www.oestadoce.com.br/noticia/ verbetes de enciclopédias. Mediante tal pressuposto, já te-
editorial-cidade-paraibana-e-exemplo-ao-pais mos a ideia do caráter condizente à linguagem, uma vez
que esta se perfaz de características marcantes - a obje-
ARTIGOS tividade, isentando-se de traços pessoais por parte do
emissor, como também por obedecer ao padrão formal da
É comum encontrar circulando no rádio, na TV, nas re- língua. Outro aspecto passível de destaque é o fato de que
vistas, nos jornais, temas polêmicos que exigem uma posição no texto científico, às vezes, temos a oportunidade de nos
por parte dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o deparar com determinadas terminologias e conceitos pró-
autor geralmente apresenta seu ponto de vista sobre o tema prios da área científica a que eles se referem.
em questão através do artigo (texto jornalístico). Veiculados por diversos meios de comunicação, seja
Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem em jornais, revistas, livros ou meio eletrônico, comparti-
a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso, lham-se com uma gama de interlocutores. Razão esta que
precisa apresentar bons argumentos, que consistem em incide na forma como se estruturam, não seguindo um
verdades e opiniões. O artigo de opinião é fundamentado padrão rígido, uma vez que este se interliga a vários fa-
em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são tores, tais como: assunto, público-alvo, emissor, momento
fáceis de contestar. histórico, dentre outros. Mas, geralmente, no primeiro e
O artigo deve começar com uma breve introdução, que segundo parágrafos, o autor expõe a ideia principal, sendo
descreva sucintamente o tema e refira os pontos mais im- representada por uma ideia ou conceito. Nos parágrafos
portantes. Um leitor deve conseguir formar uma ideia clara que seguem, ocorre o desenvolvimento propriamente dito
da ideia, lembrando que tais argumentos são subsidiados
sobre o assunto e o conteúdo do artigo ao ler apenas a
em fontes verdadeiramente passíveis de comprovação -
introdução. Por favor tenha em mente que embora este-
comparações, dados estatísticos, relações de causa e efeito,
ja familiarizado com o tema sobre o qual está a escrever,
dentre outras.
outros leitores da podem não o estar. Assim, é importante
clarificar cedo o contexto do artigo. Por exemplo, em vez
NÃO FICCIONAIS – INSTRUCIONAIS
de escrever:
Guano é um personagem que faz o papel de mascote DIDÁTICOS
do grupo Lily Mu. Seria mais informativo escrever:
Guano é um personagem da série de desenho anima- Na leitura de um texto didático, é preciso apanhar suas
do Kappa Mikey que faz o papel de mascote do grupo Lily ideias fundamentais. Um texto didático é um texto con-
Mu. ceitual, ou seja, não figurativo. Nele os termos significam
Caracterize o assunto, especialmente se existirem opi- exatamente aquilo que denotam, sendo descabida a atri-
niões diferentes sobre o tema. Seja objetivo. Evite o uso de buição de segundos sentidos ou valores conotativos aos
eufemismos e de calão ou gíria, e explique o jargão. No fi- termos. Num texto didático devem se analisar ainda com
nal do artigo deve listar as referências utilizadas, e ao longo todo o cuidado os elementos de coesão. Deve-se observar
do artigo deve citar a fonte das afirmações feitas, especial- a expectativa de sentido que eles criam, para que possa
mente se estas forem controversas ou suscitarem dúvidas. entender bem o texto.
O entendimento do texto didático de uma determina-
CARTAS da disciplina requer o conhecimento do significado exato
dos termos com que ela opera. Conhecer esses termos sig-
Na maioria dos jornais e revistas, há uma seção desti- nifica conhecer um conjunto de princípios e de conceitos
nada a cartas do leitor. Ela oferece um espaço para o leitor sobre os quais repousa uma determinada ciência, certa
elogiar ou criticar uma matéria publicada, ou fazer suges- teoria, um campo do saber. O uso da terminologia científi-
tões. Os comentários podem referir-se às ideias de um tex- ca dá maior rigor à exposição, pois evita as conotações e as
to, com as quais o leitor concorda ou não; à maneira como imprecisões dos termos da linguagem cotidiana. Por outro
o assunto foi abordado; ou à qualidade do texto em si. É lado, a definição dos termos depende do nível de público
possível também fazer alusão a outras cartas de leitores, a que se destina.
para concordar ou não com o ponto de vista expresso ne- Um manual de introdução à física, destinado a alunos
las. A linguagem da carta costuma variar conforme o perfil de primeiro grau, expõe um conceito de cada vez e, por
dos leitores da publicação. Pode ser mais descontraída, se conseguinte, vai definindo paulatinamente os termos espe-
o público é jovem, ou ter um aspecto mais formal. Esse cíficos dessa ciência. Num livro de física para universitários
tipo de carta apresenta formato parecido com o das cartas não cabe a definição de termos que os alunos já deveriam
pessoais: data, vocativo (a quem ela é dirigida), corpo do saber, pois senão quem escreve precisaria escrever sobre
texto, despedida e assinatura. tudo o que a ciência em que ele é especialista já estudou.

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LÍNGUA PORTUGUESA

RESUMOS É um texto escrito, de caráter informativo, destinado a


explicar um conceito segundo padrões descritivos sistemá-
Resumo é uma exposição abreviada de um aconteci- ticos, determinados pela obra de referência da qual faz par-
mento. Fazer um resumo significa apresentar o conteúdo te: mais comumente, um dicionário ou uma enciclopédia. O
de forma sintética, destacando as informações essenciais verbete é essencialmente destinado a consulta, o que lhe
do conteúdo de um livro, artigo, argumento de filme, peça impõe uma construção discursiva sucinta e de acesso ime-
teatral, etc. A elaboração de um resumo exige análise e in- diato, embora isso não incorra necessariamente em curta
terpretação do conteúdo para que sejam transmitidas as extensão. Geralmente, os verbetes abordam conceitos bem
ideias mais importantes. estabelecidos em algum paradigma acadêmico-científico,
Escrever um texto em poucas linhas ajuda o aluno a ao invés de entrar em polêmicas referentes a categorias
desenvolver a sua capacidade de síntese, objetividade e teóricas discutíveis.
clareza: três fatores que serão muito importantes ao lon- Por sua pretensão universalista e pela posição respei-
go da vida escolar. Além de ser um ótimo instrumento de tável que ocupa no sistema de valores da cultura raciona-
estudo da matéria para fazer um teste. Resumo é sinônimo lista, espera-se que todo verbete siga as normas padrão de
de “recapitulação”, quando, ao final de cada capítulo de um uso da língua escrita, em um nível elevado de formalidade.
livro é apresentado um breve texto com as ideias chave Por sua natureza sistemática e por ser destinado à consul-
do assunto introduzido. Outros sinônimos de resumo são: ta, espera-se que a linguagem do verbete seja também o
sinopse, sumário, síntese, epítome e compêndio. mais objetiva possível. As consequências gramaticais desse
princípio são: no nível lexical, precisão na escolha dos ter-
RECEITAS mos e ausência de palavras que expressem subjetividade
(opiniões, impressões e sensações); no nível sintático, sim-
A receita tem como objetivo informar a fórmula de um plificação das construções; e no nível estilístico, denotação
produto seja ele industrial ou caseiro, contando detalha- (ausência de ornamentos e figuras de linguagem).
damente sobre seu preparo. É uma sequência de passos É comum a presença de terminologia especializada na
para a preparação de alimentos. As receitas geralmente construção do verbete, embora sua frequência varie confor-
vêm com seus verbos no modo imperativo, para dar ordens me o público consumidor da obra de referência em que se
insere o texto. Elementos de linguagens não verbais (espe-
de como preparar seu prato seja ele qual for. Elas são en-
cialmente pictóricos) são tradicionalmente agregados ao
contradas em diversas fontes como: livros, sites, programas
verbete com função de esclarecimento.
(TV/Rádio), revistas ou até mesmo em jornais e panfletos. A
receita também ajuda a fazer vários tipos de pratos típicos
BULAS
e saudáveis e até sobremesas deliciosas.
Bula pode referir-se a:
CATÁLOGOS
Bula Pontifícia - documento expedido pela Santa Sé.
Catálogo é uma relação ordenada de coisas ou pessoas Refere-se não ao conteúdo e à solenidade de um docu-
com descrições curtas a respeito de cada uma. Espécie de mento pontifício, como tal, mas à apresentação, à forma
livro, guia ou sumário que contém informações sobre lu- externa do documento, a saber, lacrado com pequena bola
gares, pessoas, produtos e outros. Têm o objetivo de dar (em latim, “bulla”) de cera ou metal, em geral, chumbo.
opções para uma melhor escolha. Assim, existem Litterae Apostolicae (carta apostólica) em
forma ou não de bula e também Constituição Apostólica
ÍNDICES em forma de bula. Por exemplo, a carta apostólica “Munifi-
centissimus Deus”, bem como as Constituições Apostólicas
Enumeração detalhada dos assuntos, nomes de pes- de criação de dioceses. A bula mais antiga que se conhece
soas, nomes geográficos, acontecimentos, etc., com a indi- é do Papa Agapito I (535), conservada apenas em desenho.
cação de sua localização no texto. O mais antigo original conservado é do Papa Adeodato I
(615-618).
LISTAS
Bula (medicamento) - folha com informações sobre
Enumeração de elementos selecionados do texto, tais medicamentos. Nome que se dá ao conjunto de informa-
como datas, ilustrações, exemplo, tabelas etc., na ordem de ções sobre um medicamento que obrigatoriamente os la-
sua ocorrência. boratórios farmacêuticos devem acrescentar à embalagem
de seus produtos vendidos no varejo. As informações po-
VERBETES EM GERAL dem ser direcionadas aos usuários dos medicamentos, aos
profissionais de saúde ou a ambos.
O verbete é um tipo de texto predominantemente des-
critivo. A elaboração reflete o conflito seminal que define NOTAS EXPLICATIVAS DE EMBALAGENS
a elegância científica: a negociação constante entre síntese
e exaustividade. Os padrões do gênero valorizam tanto a As notas explicativas servem para que o fabricante do
brevidade e a abordagem direta dos temas quanto o deta- produto esclareça ou explique aspectos da composição,
lhamento e a completude da informação. nutrição, advertências a respeito do produto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

NÃO FICCIONAIS – EPISTOLARES NÃO FICCIONAIS – ADMINISTRATIVOS

BILHETES REQUERIMENTOS

O bilhete é uma mensagem curta, trocada entre as pes- É o instrumento por meio do qual o interessado requer
soas, para pedir, agradecer, oferecer, informar, desculpar a uma autoridade administrativa um direito do qual se jul-
ou perguntar. O bilhete é composto normalmente de: data, ga detentor. Estrutura:
nome do destinatário antecedido de um cumprimento, - Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário),
mensagem, despedida e nome do remetente. Exemplo: ou seja, da autoridade competente.
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do re-
Belinha, querente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qua-
Passei na sua casa para contar o que aconteceu comigo lificação: nacionalidade, estado civil, profissão, documen-
ontem à noite. to de identidade, idade (se maior de 60 anos, para fins
Telefone para mim hoje à tarde, que eu vou contar tudi- de preferência na tramitação do processo, segundo a Lei
nho para você! 10.741/03), e domicílio (caso o requerente seja servidor
Um beijinho da amiga Juliana. 14/03/2013 da Câmara dos Deputados, precedendo à qualificação civil
deve ser colocado o número do registro funcional e a lo-
CARTAS FAMILIARES E CARTAS FORMAIS tação); Exposição do pedido, de preferência indicando os
fundamentos legais do requerimento e os elementos pro-
A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações batórios de natureza fática.
diversas. É um dos mais antigos meios de comunicação. - Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
Em uma carta formal é preciso ter cuidado na coerência do - Local e data.
tratamento, por exemplo, se começamos a carta no trata- - Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou car-
mento em terceira pessoa devemos ir até o fim em terceira go.
pessoa, seguindo também os pronomes e formas verbais
na terceira pessoa. Há vários tipos de cartas, o formato da OFÍCIOS
carta depende do seu conteúdo:
- Carta Pessoal é a carta que escrevemos para amigos, O Ofício deve conter as seguintes partes:
parentes, namorado(a), o remetente é a própria pessoa que
assina a carta, estas cartas não têm um modelo pronto, são - Tipo e número do expediente, seguido da sigla do
escritas de uma maneira particular. órgão que o expede. Exemplos:
- Carta Comercial se torna o meio mais efetivo e segu-
ro de comunicação dentro de uma organização. A lingua- Of. 123/2002-MME
gem deve ser clara, simples, correta e objetiva.  Aviso 123/2002-SG
Mem. 123/2002-MF
A carta ao ser escrita deve ser primeiramente bem
analisada em termos de língua portuguesa, ou seja, deve- - Local e data. Devem vir por extenso com alinhamen-
se observar a concordância, a pontuação e a maneira de to à direita. Exemplo:
escrever com início, meio e então o fim, contendo tam-
bém um cabeçalho e se for uma carta formal, deve conter Brasília, 20 de maio de 2013
pronomes de tratamento (Senhor, Senhora, V. Ex.ª etc.) e - Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:
por fim a finalização da carta que deve conter somente um
cumprimento formal ou não (grato, beijos, abraços, adeus Assunto: Produtividade do órgão em 2012.
etc.). Depois de todos esses itens terem sido colocados na Assunto: Necessidade de aquisição de novos computa-
carta, a mesma deverá ser colocada em um envelope para dores.
ser enviado ao destinatário. Na parte de trás e superior do
envelope deve-se conter alguns dados muito importantes - Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é
tais como: nome do destinatário, endereço (rua, bairro e dirigida a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluí-
cidade) e por fim o CEP. Já o remetente (quem vai enviar a do também o endereço.
carta), também deve inserir na carta os mesmos dados que
o do destinatário, que devem ser escritos na parte da fren- - Texto. Nos casos em que não for de mero encami-
te do envelope. E por fim deve ser colocado no envelope nhamento de documentos, o expediente deve conter a se-
um selo que serve para que a carta seja levada à pessoa guinte estrutura:
mencionada.
Introdução: que se confunde com o parágrafo de
abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a
comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”,
“Tenho o prazer de”, “Cumpreme informar que”, empregue
a forma direta;

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LÍNGUA PORTUGUESA

Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se Coerência


o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas
devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do
maior clareza à exposição; texto;
Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente rea- - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão
presentada a posição recomendada sobre o assunto. conceitual;
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto todo, com o aspecto global do texto;
nos casos em que estes estejam organizados em itens ou - estabelece relações de conteúdo entre palavras e fra-
títulos e subtítulos. ses.

Coesão

Coesão e Coerência - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;


- situa-se na superfície do texto, estabelece conexão
Não basta conhecer o conteúdo das partes de um tra- sequencial;
balho: introdução, desenvolvimento e conclusão. Além de - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as
saber o que se deve (e o que não se deve) escrever em partes componentes do texto;
cada parte constituinte do texto, é preciso saber escrever - Estabelece relações entre os vocábulos no interior
obedecendo às normas de coerência e coesão. Antes de das frases.
mais nada, é necessário definir os termos: coerência diz res-
peito à articulação do texto, à compatibilidade das ideias, Coerência e coesão são responsáveis pela inteligibili-
à lógica do raciocínio, a seu conteúdo. Coesão refere-se à dade ou compreensão do texto. Um texto bem redigido
expressão linguística, ao nível gramatical, às estruturas fra- tem parágrafos bem estruturados e articulados pelo enca-
sais e ao emprego do vocabulário. deamento das ideias neles contidas. As estruturas frasais
Coerência e coesão relacionam-se com o processo de devem ser coerentes e gramaticalmente corretas, no que
produção e compreensão do texto. A coesão contribui para diz respeito à sintaxe. O vocabulário precisa ser adequado
a coerência, mas nem sempre um texto coerente apresenta e essa adequação só se consegue pelo conhecimento dos
coesão. Pode ocorrer que o texto sem coerência apresente significados possíveis de cada palavra. Talvez os erros mais
coesão, ou que um texto tenha coesão sem coerência. Em comuns de redação sejam devidos à impropriedade do vo-
cabulário e ao mau emprego dos conectivos (conjunções,
outras palavras: um texto pode ser gramaticalmente bem
que têm por função ligar uma frase ou período a outro). Eis
construído, com frases bem estruturadas, vocabulário cor-
alguns exemplos de impropriedade do vocabulário, colhi-
reto, mas apresentar ideias sem nexo, sem uma sequência
dos em redações sobre censura e os meios de comunica-
lógica: há coesão, mas não coerência. Por outro lado, um
ção e outras.
texto pode apresentar ideias coerentes e bem encadeadas,
sem que no plano da expressão as estruturas frasais sejam
“Nosso direito é frisado na Constituição.”
gramaticalmente aceitáveis: há coerência, mas não coesão.
Nosso direito é assegurado pela Constituição. = correta
A coerência textual subjaz ao texto e é responsável pela
hierarquização dos elementos textuais, ou seja, ela tem ori- “Estabelecer os limites as quais a programação deveria
gem nas estruturas profundas, no conhecimento do mundo estar exposta.”
de cada pessoa, aliada à competência linguística. Deduz-se Estabelecer os limites aos quais a programação deveria
que é difícil ensinar coerência textual, intimamente ligada estar sujeita. = correta
à visão de mundo, à origem das ideias no pensamento. A
coesão, porém, refere-se à expressão linguística, aos pro- “A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.”
cessos sintáticos e gramaticais do texto. A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias sensa-
O seguinte resumo caracteriza coerência e coesão: cionalistas ou punir os meios de comunicação que veiculam
tais notícias. = correta
Coerência: rede de sintonia entre as partes e o todo de
um texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa ade- “Retomada das rédeas da programação.”
quada relação semântica, que se manifesta na compatibi- Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no
lidade entre as ideias. (Na linguagem popular: “dizer coisa que diz respeito à programação. = correta
com coisa” ou “uma coisa bate com outra”).
O emprego de vocabulário inadequado prejudica mui-
Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo tas vezes a compreensão das ideias. É importante, ao redi-
do texto, numa linha de sequência e com os quais se es- gir, empregar palavras cujo significado seja conhecido pelo
tabelece um vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo enunciador, e cujo emprego faça parte de seus conheci-
coesivo faz-se via gramática, fala-se em coesão gramatical. mentos linguísticos. Muitas vezes, quem redige conhece o
Se se faz por meio do vocabulário, tem-se a coesão lexical. significado de determinada palavra, mas não sabe empre-

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LÍNGUA PORTUGUESA

gá-la adequadamente, isso ocorre frequentemente com o Para evitar a falta de coerência e coesão na articulação
emprego dos conectivos (preposições e conjunções). Não das frases, aconselha-se levar em conta as seguintes suges-
basta saber que as preposições ligam nomes ou sintagmas tões para o emprego correto dos articuladores sintáticos
nominais no interior das frases e que as conjunções ligam (conjunções, preposições, locuções prepositivas e locuções
frases dentro do período; é necessário empregar adequada- conjuntivas).
mente tanto umas como outras. É bem verdade que, na maio- - Para dar ideia de oposição ou contradição, a articu-
ria das vezes, o emprego inadequado dos conectivos remete lação sintática faz-se por meio de conjunções adversativas:
aos problemas de regência verbal e nominal. mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto. Po-
Exemplos: dem também ser empregadas as conjunções concessivas
e locuções prepositivas para introduzir a ideia de oposição
“Estar inteirada com os fatos” significa participação, inte- aliada à concessão: embora, ou muito embora, apesar de,
ração. ainda que, conquanto, posto que, a despeito de, não obs-
“Estar inteirada dos fatos” significa ter conhecimento dos tante.
fatos, estar informada. - A articulação sintática de causa pode ser feita por
meio de conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque,
“Ir de encontro” significa divergir, não concordar. como, por isso que, visto que, uma vez que, já que. Também
“Ir ao encontro” quer dizer concordar. podem ser empregadas as preposições e locuções preposi-
tivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a,
“Ameaça de liberdade de expressão e transmissão de em consequência de, por motivo de, por razões de.
ideias” significa a liberdade não é ameaça; - O principal articulador sintático de condição é o “se”:
“Ameaça à liberdade de expressão e transmissão de ideias”, Se o time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se também
isto é, a liberdade fica ameaçada. expressar condição pelo emprego dos conectivos: caso,
contanto que, desde que, a menos que, a não ser que.
Quanto à regência verbal, convém sempre consultar um - O emprego da preposição “para” é a maneira mais
dicionário de verbos, pois muitos deles admitem duas ou três comum de expressar finalidade. “É necessário baixar as ta-
regências diferentes; cada uma, porém, tem um significado xas de juros para que a economia se estabilize” ou para a
específico. Lembre-se, a propósito, de que as dúvidas sobre economia estabilizar-se. “Teresa vai estudar bastante para
o emprego da crase decorrem do fato de considerar-se crase fazer boa prova.” Há outros articuladores que expressam
como sinal de acentuação apenas, quando o problema refere- finalidade: a fim de, com o propósito de, na finalidade de,
se à regência nominal e verbal. com a intenção de, com o objetivo de, com o fito de, com o
Exemplos: intuito de.
- A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio
O verbo assistir admite duas regências: dos articuladores: assim, desse modo, então, logo, portanto,
assistir o/a (transitivo direto) significa dar ou prestar assis- pois, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso.
tência (O médico assiste o doente): Para introduzir mais um argumento a favor de determinada
Assistir ao (transitivo indireto): ser espectador (Assisti ao conclusão emprega- -se ainda. Os articuladores aliás,
jogo da seleção). além do mais, além disso, além de tudo, introduzem um ar-
gumento decisivo, cabal, apresentado como um acréscimo,
Pedir o =n(transitivo direto) significa solicitar, pleitear para justificar de forma incontestável o argumento contrá-
(Pedi o jornal do dia). rio.
Pedir que =,contém uma ordem (A professora pediu que - Para introduzir esclarecimentos, retificações ou de-
fizessem silêncio). senvolvimento do que foi dito empregam-se os articu-
Pedir para = pedir permissão (Pediu para sair da classe); ladores: isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras. A
significa também pedir em favor de alguém (A Diretora pediu conjunção aditiva “e” anuncia não a repetição, mas o de-
ajuda para os alunos carentes) em favor dos alunos, pedir algo a senvolvimento do discurso, pois acrescenta uma informa-
alguém (para si): (Pediu ao colega para ajudá-lo); pode significar ção nova, um dado novo, e se não acrescentar nada, é pura
ainda exigir, reclamar (Os professores pedem aumento de salário). repetição e deve ser evitada.
- Alguns articuladores servem para estabelecer uma
O mau emprego dos pronomes relativos também pode gradação entre os correspondentes de determinada escala.
levar à falta de coesão gramatical. Frequentemente, empre- No alto dessa escala acham-se: mesmo, até, até mesmo; no
ga-se no qual ou ao qual em lugar do que, com prejuízo da plano mais baixo: ao menos, pelo menos, no mínimo.
clareza do texto; outras vezes, o emprego é desnecessário ou
inadequado.
“Pela manhã o carteiro chegou com um envelope para Correlação Verbal
mim no qual estava sem remetente”. (Chegou com um envelo-
pe que (o qual) estava sem remetente). Damos o nome de correlação verbal à coerência que,
em uma frase ou sequência de frases, deve haver entre as
“Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da formas verbais utilizadas. Ou seja, é preciso que haja articu-
sensibilidade...” lação temporal entre os verbos, que eles se correspondam,
Encontrei belas palavras e não duvido da sensibilidade de maneira a expressar as ideias com lógica. Tempos e mo-
delas (palavras cheias de sensibilidade). dos verbais devem, portanto, combinar entre si.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Vejamos este exemplo: Atividades


Seu eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderia a
lição. 1-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO
- FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias, vê deze-
No caso, o verbo dormir está no pretérito imperfeito nas de caminhões parados”, revelou o analista ambiental
do subjuntivo. Sabemos que o subjuntivo expressa dúvi- Geraldo Motta.
da, incerteza, possibilidade, eventualidade. Assim, em que Substituindo-se Quando por Se, os verbos sublinha-
tempo o verbo aprender deve estar, de maneira a garantir dos devem sofrer as seguintes alterações:
que o período tenha lógica? (A) entrar − vira
Na frase, aprender é usado no futuro do pretérito (B) entrava − tinha visto
(aprenderia), um tempo que expressa, dentre outras ideias, (C) entrasse − veria
uma afirmação condicionada (que depende de algo), quan- (D) entraria − veria
do esta se refere a fatos que não se realizaram e que, pro- (E) entrava − teria visto
vavelmente, não se realizarão. O período, portanto, está
correto, já que a ideia transmitida por dormisse é exata- 2-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA-
mente a de uma dúvida, a de uma possibilidade que não TIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas verbais
temos certeza se ocorrerá. está correta em:
Para tornar mais clara a questão, vejamos o mesmo (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
exemplo, mas sem correlação verbal: ta não resistiu.
Se eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderei a (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
lição. poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
Temos dormir no subjuntivo, novamente. Mas aprender o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
está conjugado no futuro do presente, um tempo verbal torções patológicas, não haverá vícios.
que expressa, dentre outras ideias, fatos certos ou prová-
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
veis.
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão baratas.
Ora, nesse caso não podemos dizer que jamais apren-
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
deremos a lição, pois o ato de aprender está condiciona-
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia.
do não a uma certeza, mas apenas à hipótese (transmitida
pelo pretérito imperfeito do subjuntivo) de dormir.
3-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA –
Correlações verbais corretas VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preenche ade-
quadamente e de acordo com a norma culta a lacuna da
A seguir, veja alguns casos em que os tempos verbais frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu lhe faria a
são concordantes: pergunta mais deliciosa de todas.
presente do indicativo + presente do subjuntivo: Exijo (A) entrasse
que você faça o dever. (B) entraria
(C) entrava
pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito (D) entrar
do subjuntivo: Exigi que ele fizesse o dever. (E) entrou

presente do indicativo + pretérito perfeito composto 4-) (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
do subjuntivo: Espero que ele tenha feito o dever. FCC/2010) Se a tendência se mantiver, teremos cada vez
pretérito imperfeito do indicativo + mais-que-perfei- mais...
to composto do subjuntivo: Queria que ele tivesse feito o Ao substituir o segmento grifado acima por “Caso a
dever. tendência”, a continuação que mantém a correção e o sen-
tido da frase original é:
futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicati- a) se mantenha, teremos cada vez mais...
vo: Se você fizer o dever, eu ficarei feliz. b) fosse mantida, teríamos cada vez mais...
c) se manter, teremos cada vez mais...
pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito d) for mantida, teremos cada vez mais...
do indicativo: Se você fizesse o dever, eu leria suas respostas. e) seja mantida, teríamos cada vez mais...
pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo +
futuro do pretérito composto do indicativo: Se você tivesse 5-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP -
feito o dever, eu teria lido suas respostas. AGENTE OPERACIONAL – VUNESP/2012 - ADAPTADA)
Assinale a alternativa que apresenta o trecho – ... o dou-
futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicati- torando enviou seu estudo para a Sociedade Britânica de
vo: Quando você fizer o dever, dormirei. Psicologia para apreciação e não esperava que houvesse
tanta publicidade. – reescrito de acordo com a norma-pa-
futuro do subjuntivo + futuro do presente composto drão, com indicação de ação a se realizar e correta corre-
do indicativo: Quando você fizer o dever, já terei dormido. lação verbal.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(A) ... o doutorando enviaria seu estudo para a Socieda- 4-)


de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperava Ao empregarmos o termo “caso a”, conjugaremos o
que haveria tanta publicidade. verbo utilizando o modo hipotético (Subjuntivo). A trans-
(B) ... o doutorando envia seu estudo para a Sociedade formação será: Caso a tendência se mantenha, teremos
Britânica de Psicologia para apreciação e não esperará que cada vez mais...
houvesse tanta publicidade. RESPOSTA: “A”.
(C) ... o doutorando enviara seu estudo para a Socieda-
de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperara 5-)
que haverá tanta publicidade. O exercício quer que conjuguemos o verbo no futuro
(D) ... o doutorando enviará seu estudo para a Socieda- do presente (ação a se realizar). Como o enunciado é es-
de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperará pecífico (quer determinado tempo verbal), não fiz as cor-
que haja tanta publicidade. reções nas demais alternativas, pois, em um concurso, per-
deríamos tempo consertando os itens que não nos interes-
6-) (METRÔ/SP – ENGENHEIRO JÚNIOR CIVIL – sam. Vamos à construção: o doutorando enviou (enviará)
FCC/2012) Está plenamente adequada a correlação entre seu estudo para a Sociedade Britânica de Psicologia para
tempos e modos verbais na frase: apreciação e não esperava (esperará) que houvesse (haja)
(A) Nem bem saí pela porta automática e subi as esca- tanta publicidade. = enviará / esperará / haja.
das rolantes, logo me encontraria diante da luz do sol e do
RESPOSTA: “D”.
ar fresco da manhã.
(B) Eu havia presumido que aquela viagem de metrô
6-)
satisfizesse plenamente as expectativas que venho alimen-
tando. (A) Nem bem saí pela porta automática e subi as esca-
(C) Se as minhocas dispusessem de olhos, provavel- das rolantes, logo me encontraria (encontrei) diante da luz
mente não terão reclamado por as expormos à luz do dia. do sol e do ar fresco da manhã.
(D) Não fossem as urgências impostas pela vida mo- (B) Eu havia presumido que aquela viagem de metrô
derna, não teria sido necessário acelerar tanto o ritmo de satisfizesse (satisfaria) plenamente as expectativas que ve-
nossas viagens urbanas. nho alimentando.
(E) Como haveremos de comparar as antigas viagens (C) Se as minhocas dispusessem de olhos, provavel-
de trem com estas que realizássemos por meio de túneis mente não terão (teriam) reclamado por as expormos à luz
entre estações subterrâneas? do dia.
(D) Não fossem as urgências impostas pela vida mo-
RESOLUÇÃO derna, não teria sido necessário acelerar tanto o ritmo de
nossas viagens urbanas.
1-) (E) Como haveremos de comparar as antigas viagens
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve- de trem com estas que realizássemos (realizamos) por
ria = entrasse / veria. meio de túneis entre estações subterrâneas?
RESPOSTA: “C”. RESPOSTA: “D”.

2-)
Fiz as correções necessárias:
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane- 2. QUANTO AO CONHECIMENTO
ta não resistiu = resistirá LINGUÍSTICO: CLASSES DE PALAVRAS:
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto USOS E ADEQUAÇÃO EM TEXTOS; TÓPICOS
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
DE MORFOSSINTAXE; ACENTUAÇÃO
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis- DAS PALAVRAS: REGRAS GERAIS
torções patológicas, não haverá = haveria RELACIONADAS À TONICIDADE; REGÊNCIA E
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL.
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou
teriam ficado)
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia = CLASSES DE PALAVRAS
crescerá
RESPOSTA: “B”. Adjetivo

3-) Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou


O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in- característica do ser e se relaciona com o substantivo.
dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou- Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, per-
tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se cebemos que, além de expressar uma qualidade, ela pode
ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço... ser colocada ao lado de um substantivo: homem bondoso,
RESPOSTA: “A”. moça bondosa, pessoa bondosa.

30
LÍNGUA PORTUGUESA

Já com a palavra bondade, embora expresse uma qua- Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
lidade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: ho-
mem bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade, Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino
portanto, não é adjetivo, mas substantivo. como para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher
feliz.
Morfossintaxe do Adjetivo Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no
feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função político-social.
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito Número dos Adjetivos
ou do objeto).
Plural dos adjetivos simples
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acor-
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
do com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
Observe alguns deles:
substantivos simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e feli-
Estados e cidades brasileiros:
zes, ruim e ruins boa e boas
Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
Amazonas amazonense ou baré função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
Belo Horizonte belo-horizontino que estiver qualificando um elemento for, originalmente,
Brasília brasiliense um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo:
Cabo Frio cabo-friense a palavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se
Campinas campineiro ou campinense estiver qualificando um elemento, funcionará como adje-
tivo. Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos
Adjetivo Pátrio Composto cinza.
Veja outros exemplos:
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro Motos vinho (mas: motos verdes)
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, eru- Paredes musgo (mas: paredes brancas).
dita. Observe alguns exemplos: Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
África afro- / Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto Adjetivo Composto
-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor-
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas
China sino- / Acordos sino-japoneses o último elemento concorda com o substantivo a que se
Espanha hispano- / Mercado hispano-português refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso
Europa euro- / Negociações euro-americanas um dos elementos que formam o adjetivo composto seja
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italia- um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto fica-
nas rá invariável. Por exemplo: a palavra rosa é originalmente
Grécia greco- / Filmes greco-romanos um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen-
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala-
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
Flexão dos adjetivos invariável. Por exemplo:
Camisas rosa-claro.
O adjetivo varia em gênero, número e grau. Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
Gênero dos Adjetivos Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se
referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
substantivos, classificam-se em: quer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mas- invariáveis.
culino e outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, - Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha
mau e má, judeu e judia. têm os dois elementos flexionados.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no
feminino somente o último elemento. Por exemplo: o moço
norte-americano, a moça norte-americana.

31
LÍNGUA PORTUGUESA

Grau do Adjetivo Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de pala-


vras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo:
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a inten- O secretário é muito inteligente.
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: Sintética: a intensificação se faz por meio do acrésci-
o comparativo e o superlativo. mo de sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo.

Comparativo Observe alguns superlativos sintéticos:


benéfico beneficentíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri- bom boníssimo ou ótimo
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi- comum comuníssimo
cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de cruel crudelíssimo
igualdade, de superioridade ou de inferioridade. Observe difícil dificílimo
os exemplos abaixo: doce dulcíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
fácil facílimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da
fiel fidelíssimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou

quão.
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe- um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
rioridade Analítico Essa relação pode ser:
No comparativo de superioridade analítico, entre os De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe- De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do
que” ou “mais...que”. Note bem:
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe- dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
rioridade Sintético etc., antepostos ao adjetivo.
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su- duas formas : uma erudita, de origem latina, outra popular,
perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo
bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo
grande/maior, baixo/inferior. ou érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A
Observe que: forma popular é constituída do radical do adjetivo portu-
a) As formas menor e pior são comparativos de supe- guês + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res- 3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, preca-
pectivamente. riíssimo, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual,
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas as formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o de-
(melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei- sagradável hiato i-í.
tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-
se usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais gran- Advérbio
de e mais pequeno. Por exemplo:
O advérbio, assim como muitas outras palavras exis-
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
tentes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas.
mentos.
Assim sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
ideia de proximidade, contiguidade. Essa proximidade faz
duas qualidades de um mesmo elemento.
referência ao processo verbal, no sentido de caracterizá-lo,
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In- ou seja, indicando as circunstâncias em que esse processo
ferioridade se desenvolve.
Sou menos passivo (do) que tolerante. O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sen-
tido de caracterizar os processos expressos por ele. Contu-
Superlativo do, ele não é modificador exclusivo desta classe (verbos),
pois também modifica o adjetivo e até outro advérbio. Se-
O superlativo expressa qualidades num grau muito guem alguns exemplos:
elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto,
absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades: você está até bem informado.
Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de Temos o advérbio “distantemente” que modifica o ad-
um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre- jetivo alheio, representando uma qualidade, característica.
senta-se nas formas:

32
LÍNGUA PORTUGUESA

O artista canta muito mal. Há locuções adverbiais que possuem advérbios corres-
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifi- pondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu
ca outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos apressadamente.
pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de
funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar modo são flexionados, sendo que os demais são todos in-
demarcado por mais de uma palavra, que mesmo assim variáveis. A única flexão propriamente dita que existe na
não deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chama- categoria dos advérbios é a de grau:
mos de locução adverbial, representada por algumas ex- Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe
pressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
modo algum, entre outras. inconstitucionalissimamente, etc.;
Dependendo das circunstâncias expressas pelos advér- Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto -
bios, eles se classificam em distintas categorias, uma vez pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho.
expressas por:
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pres-
sas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos Artigo
poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral,
frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior
Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo,
parte dos que terminam em -”mente”: calmamente, triste-
indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou
mente, propositadamente, pacientemente, amorosamente,
indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o
docemente, escandalosamente, bondosamente, generosa-
mente gênero e o número dos substantivos.
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, Classificação dos Artigos
quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase,
de todo, de muito, por completo. Artigos Definidos: determinam os substantivos de
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, maneira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en- maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei
fim, afinal, breve, constantemente, entrementes, imediata- um animal.
mente, primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às
vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em Combinação dos Artigos
quando, de quando em quando, a qualquer momento, de É muito presente a combinação dos artigos definidos
tempos em tempos, em breve, hoje em dia e indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por
de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, essas combinações:
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí,
abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, Preposições Artigos
adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, exter- o, os
namente, a distância, à distancia de, de longe, de perto, em a ao, aos
cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta de do, dos
de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, em no, nos
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum por (per) pelo, pelos
de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavel- a, as um, uns uma, umas
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe à, às - -
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efe- da, das dum, duns duma, dumas
tivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubi-
na, nas num, nuns numa, numas
tavelmente (=sem dúvida).
pela, pelas - -
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
mente, simplesmente, só, unicamente
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam- - As formas à e às indicam a fusão da preposição a
bém com o artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente conhecida por crase.
de designação: Eis
de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quan- Constatemos as circunstâncias
do? (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), em que os artigos se manifestam
para quê? (finalidade) - Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
Locução adverbial numeral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar
das olimpíadas.
É reunião de duas ou mais palavras com valor de ad-
vérbio. Exemplo: - Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso
Carlos saiu às pressas. (indicando modo) do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza,
Maria saiu à tarde. (indicando tempo) A Bahia...

33
LÍNGUA PORTUGUESA

- Quando indicado no singular, o artigo definido pode Conjunção


indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
- No caso de nomes próprios personativos, denotando ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso exemplo:
do artigo: O Pedro é o xodó da família. A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as
amiguinhas.
- No caso de os nomes próprios personativos estarem
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
os Incas, Os Astecas... 1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu
as amiguinhas
- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to-
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele Cada informação está estruturada em torno de um ver-
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer. bo: segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três ora-
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) ções:
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e
dos. (qualquer classe) mostrou 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é a terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”.
facultativo: As palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo. Observe: Gosto de natação e de futebol.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter “e” está ligando termos de uma mesma oração.
é uns vinte anos.
Morfossintaxe da Conjunção
- O artigo também é usado para substantivar palavras
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
oriundas de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de
cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
tudo isso.
Classificação
- Conjunções Coordenativas
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome re-
- Conjunções Subordinativas
lativo cujo (e flexões).
Este é o homem cujo amigo desapareceu.
Conjunções coordenativas
Este é o autor cuja obra conheço.
Dividem-se em:
- Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no - ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gos-
sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), to de cantar e de dançar.
a menos que venham especificadas. Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas
Eles estavam em casa. também, não só...como também.
Eles estavam na casa dos amigos.
Os marinheiros permaneceram em terra. - ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de opo-
Os marinheiros permanecem na terra dos anões. sição, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contu-
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata- do, todavia, no entanto, entretanto.
mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa
excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria. - ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
- Não se une com preposição o artigo que faz parte do Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora,
nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O quer...quer, já...já.
Estado de S. Paulo. - CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às ora-
Morfossintaxe ções. Ex. Estudei muito, por isso mereço passar.
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas (depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
relações com o substantivo. Assim, nas orações da língua
portuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal - EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex.
do substantivo a que se refere. Tal função independe da É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá
função exercida pelo substantivo: fora.
A existência é uma poesia. Principais conjunções explicativas: que, porque, pois
Uma existência é a poesia. (antes do verbo), porquanto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Conjunções subordinativas b) As orações são coordenadas e, por isso, indepen-


dentes uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as
- CAUSAIS orações que vêm marcadas por vírgula.
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
uma vez que, como (= porque). Outra dica é, quando a oração que antecede a OC
Ele não fez o trabalho porque não tem livro. (Oração Coordenada) vier com verbo no modo imperativo,
ela será explicativa.
- COMPARATIVAS Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo im-
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão... perativo)
como, mais...do que, menos...do que.
Ela fala mais que um papagaio. 2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra
cidade porque não havia cemitério no local.”
- CONCESSIVAS a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, (parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
mesmo que, apesar de, se bem que. verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-la é
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, colocá-la no início do período, introduzida pela conjunção
um fato inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”. como - o que não ocorre com a CS Explicativa.
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar
estar cansada) os mortos em outra cidade.
Apesar de ter chovido fui ao cinema. b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente
dependentes uma da outra.
- CONFORMATIVAS
Principais conjunções conformativas: como, segundo,
conforme, consoante Interjeição
Cada um colhe conforme semeia.
Expressam uma ideia de acordo, concordância, confor- Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
midade. ções, sensações, estados de espírito, ou que procura agir
sobre o interlocutor, levando-o a adotar certo comporta-
- CONSECUTIVAS mento sem que, para isso, seja necessário fazer uso de es-
Expressam uma ideia de consequência. truturas linguísticas mais elaboradas. Observe o exemplo:
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
“tanto”, “tão”, “tamanho”).
Falou tanto que ficou rouco. No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo.
Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia
- FINAIS ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou sim-
Expressam ideia de finalidade, objetivo. plesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!
Todos trabalham para que possam sobreviver. As sentenças da língua costumam se organizar de for-
Principais conjunções finais: para que, a fim de que, ma lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e
porque (=para que), os distribui em posições adequadas a cada um deles. As in-
terjeições, por outro lado, são uma espécie de “palavra-fra-
- PROPORCIONAIS se”, ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um
Principais conjunções proporcionais: à medida que, conjunto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser
quanto mais, ao passo que, à proporção que. colocada em termos de uma sentença. Veja os exemplos:
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha. Bravo! Bis!
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi
- TEMPORAIS muito bom! Repitam!”
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = senten-
logo que. ça (sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!”
Quando eu sair, vou passar na locadora. A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em
Diferença entre orações causais e explicativas que não há uma ideia organizada de maneira lógica, como
são as sentenças da língua, mas sim a manifestação de um
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais suspiro, um estado da alma decorrente de uma situação
(OSA) e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos de- particular, um momento ou um contexto específico. Exem-
paramos com a dúvida de como distinguir uma oração plos:
causal de uma explicativa. Veja os exemplos: Ah, como eu queria voltar a ser criança!
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
atropelado”: Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificati- hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
va ou uma explicação do fato expresso na oração anterior. ção

35
LÍNGUA PORTUGUESA

O significado das interjeições está vinculado à maneira - Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!,
como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?,
dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contex- Cruz!, Putz!
to de enunciação. Exemplos: - Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!,
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expres- Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
são na rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te - Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
chamando! Ei, espere!” - Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!,
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expres- Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-
são em um hospital; significado da interjeição (sugestão): me, Deus!
“Por favor, faça silêncio!” - Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! - Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto
puxa: interjeição; tom da fala: decepção é, não sofrem variação em gênero, número e grau como
os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: e voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, gumas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter
tristeza, dor, etc. claro, neste caso, que não se trata de um processo natural
Você faz o que no Brasil? dessa classe de palavra, mas tão só uma variação que a
Eu? Eu negocio com madeiras. linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo,
Ah, deve ser muito interessante. até loguinho.

2) Sintetizar uma frase apelativa Locução Interjetiva


Cuidado! Saia da minha frente.
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
As interjeições podem ser formadas por: expressão com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora
- simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô. bolas! Quem me dera! Virgem Maria! Meu Deus!
- palavras: Oba!, Olá!, Claro! Ó de casa! Ai de mim! Valha-me Deus! Graças a Deus!
- grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Alto lá! Muito bem!
Ora bolas!
Observações:
A ideia expressa pela interjeição depende muitas ve- - As interjeições são como frases resumidas, sintéticas.
zes da entonação com que é pronunciada; por isso, pode Por exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! =
ocorrer que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por Peço-lhe que me desculpe.
exemplo:
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contra- - Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o
riedade) seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes
Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria) gramaticais podem aparecer como interjeições.
Viva! Basta! (Verbos)
Classificação das Interjeições Fora! Francamente! (Advérbios)

Comumente, as interjeições expressam sentido de: - A interjeição pode ser considerada uma “palavra-fra-
- Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!, se” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.:
Atenção!, Olha!, Alerta! Socorro!, Ajudem-me!, Silêncio!, Fique quieto!
- Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva! - Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imita-
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah! tivas, que exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bumba!
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
Eia!, Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca! - Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
Boa! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã! e não a fazemos depois do “ó” vocativo.
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora! Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
- Desculpa: Perdão! - Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas
Oh!, Eh! no diminutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho!
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Obrigadinho!
Epa!, Ora!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Interjeições, leitura e produção de textos Leitura dos Numerais


Separando os números em centenas, de trás para fren-
Usadas com muita frequência na língua falada informal, te, obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas
quando empregadas na língua escrita, as interjeições cos- e, no início, também de dezenas ou unidades. Entre esses
tumam conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquiali- conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela con-
dade. Além disso, elas podem muitas vezes indicar traços junção “e”.
pessoais do falante - como a escassez de vocabulário, o 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos
temperamento agressivo ou dócil, até mesmo a origem e vinte e seis.
geográfica. É nos textos narrativos - particularmente nos 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
diálogos - que comumente se faz uso das interjeições com
o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à Flexão dos numerais
sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
conteúdo mais emocional do que racional fazem das inter- uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du-
jeições presença constante nos textos publicitários. zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro-
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
Fonte: em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89. são invariáveis.
php Os numerais ordinais variam em gênero e número:
primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
Numeral primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas
Numeral é a palavra que indica os seres em termos
numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
situa em determinada sequência. atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco. e conseguiram o triplo de produção.
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”] Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri-
Eu quero café duplo, e você? plas do medicamento.
...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”] Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor! duas terças partes
...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequên- Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
cia de “fila”] dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando sentido. É o que ocorre em frases como:
a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se “Me empresta duzentinho...”
trata de numerais, mas sim de algarismos. É artigo de primeiríssima qualidade!
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala- segunda divisão de futebol)
vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, Emprego dos Numerais
dúzia, par, ambos(as), novena. *Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
Classificação dos Numerais décimo e a partir daí os cardinais, desde que o numeral
venha depois do substantivo:
Cardinais: indicam contagem, medida. É o número bá-
sico: um, dois, cem mil, etc. Ordinais Cardinais
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
dada: primeiro, segundo, centésimo, etc. D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumenta-
da: dobro, triplo, quíntuplo, etc. *Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o or-
dinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

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LÍNGUA PORTUGUESA

*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são lar-
gamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
comunitárias de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal-
mente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição

1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, con-
tra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2. Preposições acidentais: palavras de outras classes De + outra = doutra(s)


gramaticais que podem atuar como preposições: como, du- Em + este(s) = neste(s)
rante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto. Em + esta(s) = nesta(s)
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va- Em + esse(s) = nesse(s)
lendo como uma preposição, sendo que a última palavra é Em + aquele(s) = naquele(s)
uma delas: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a res- Em + aquela(s) = naquela(s)
peito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente Em + isto = nisto
a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, Em + isso = nisso
por cima de, por trás de. Em + aquilo = naquilo
A + aquele(s) = àquele(s)
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto A + aquela(s) = àquela(s)
pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concor- A + aquilo = àquilo
dância em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por
+ a = pela. Dicas sobre preposição
Vale ressaltar que essa concordância não é caracterís- 1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome
tica da preposição, mas das palavras às quais ela se une. pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
Esse processo de junção de uma preposição com outra seja um artigo, virá precedendo um substantivo. Ele servirá
palavra pode se dar a partir de dois processos: para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
nino.
1. Combinação: A preposição não sofre alteração. A dona da casa não quis nos atender.
preposição a + artigos definidos o, os Como posso fazer a Joana concordar comigo?
a + o = ao
preposição a + advérbio onde - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
a + onde = aonde termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração. Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para pro-
Preposição + Artigos curar um tratamento adequado.
De + o(s) = do(s)
De + a(s) = da(s) - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
De + um = dum lugar e/ou a função de um substantivo.
De + uns = duns Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
De + uma = duma parte da família
De + umas = dumas Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém.
Em + o(s) = no(s) / Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
Em + a(s) = na(s)
Em + um = num 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio
Em + uma = numa das preposições:
Em + uns = nuns Destino = Irei para casa.
Em + umas = numas Modo = Chegou em casa aos gritos.
A + à(s) = à(s) Lugar = Vou ficar em casa;
Por + o = pelo(s) Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Por + a = pela(s) Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
Preposição + Pronomes Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra-
De + ele(s) = dele(s) tamento.
De + ela(s) = dela(s) Instrumento = Escreveu a lápis.
De + este(s) = deste(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + esta(s) = desta(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + esse(s) = desse(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + essa(s) = dessa(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + aquele(s) = daquele(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + aquela(s) = daquela(s) Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + isto = disto Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + isso = disso Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + aquilo = daquilo Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + aqui = daqui
De + aí = daí Fonte:
De + ali = dali http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + outro = doutro(s)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronome Pronomes Pessoais

Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou São aqueles que substituem os substantivos, indicando
a ele se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve
de alguma forma. assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”,
“vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e
A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus so- “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou
nhos! às pessoas de quem fala.
[substituição do nome] Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bo- ou do caso oblíquo.
nita! Pronome Reto
[referência ao nome]
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
Essa moça morava nos meus sonhos! tença, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
Nós lhe ofertamos flores.
[qualificação do nome]
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
Grande parte dos pronomes não possuem significados
nero (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên- Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi-
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos gurado:
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes - 1ª pessoa do singular: eu
têm por função principal apontar para as pessoas do dis- - 2ª pessoa do singular: tu
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação - 3ª pessoa do singular: ele, ela
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, - 1ª pessoa do plural: nós
os pronomes apresentam uma forma específica para cada - 2ª pessoa do plural: vós
pessoa do discurso. - 3ª pessoa do plural: eles, elas

Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. Atenção: esses pronomes não costumam ser usados
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] como complementos verbais na língua-padrão. Frases
como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
fala] mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. me até aqui”.
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem
se fala] Obs.: frequentemente observamos a omissão do pro-
nome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as pró-
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras prias formas verbais marcam, através de suas desinências,
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
boa viagem. (Nós)
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência
através do pronome seja coerente em termos de gênero
Pronome Oblíquo
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
sentença, exerce a função de complemento verbal (objeto
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- direto ou indireto) ou complemento nominal.
sa escola neste ano. Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
adequada] Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma
[neste: pronome que determina “ano” = concordância variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação
adequada] indica a função diversa que eles desempenham na oração:
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
dância inadequada] marca o complemento da oração.
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
tônicos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronome Oblíquo Átono O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con-
figurado:
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não - 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica - 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
fraca: Ele me deu um presente. - 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con- - 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
figurado: - 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
- 1ª pessoa do singular (eu): me - 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
- 2ª pessoa do singular (tu): te
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
- 1ª pessoa do plural (nós): nos nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
- 2ª pessoa do plural (vós): vos demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes - As preposições essenciais introduzem sempre prono-
Observações: mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en- língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por
forma:
acompanhar diretamente uma preposição, o pronome
Não há mais nada entre mim e ti.
“lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
diretos como objetos indiretos. Não há nenhuma acusação contra mim.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como Não vá sem mim.
objetos diretos.
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com- Atenção: Há construções em que a preposição, apesar
binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for- de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir
mas como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o
lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro-
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem: nome, deverá ser do caso reto.
- Trouxeste o pacote? Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
- Sim, entreguei-to ainda há pouco. Não vá sem eu mandar.
- Não contaram a novidade a vocês?
- Não, no-la contaram. - A combinação da preposição “com” e alguns prono-
mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
No português do Brasil, essas combinações não são conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
é muito raro. companhia.
Ele carregava o documento consigo.
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas
especiais depois de certas terminações verbais. Quando o - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
é suprimida. Por exemplo: todos, ambos ou algum numeral.
fiz + o = fi-lo Você terá de viajar com nós todos.
fazeis + o = fazei-lo Estávamos com vós outros quando chegaram as más
dizer + a = dizê-la
notícias.
Ele disse que iria com nós três.
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome as-
sume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
viram + o: viram-no Pronome Reflexivo
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
tem + as = tem-nas nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
Pronome Oblíquo Tônico expressa pelo verbo.
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configura-
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos do:
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função Eu não me vanglorio disso.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
forte.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.


Assim tu te prejudicas.
Conhece a ti mesmo.

- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.


Guilherme já se preparou.
Ela deu a si um presente.
Antônio conversou consigo mesmo.

- 1ª pessoa do plural (nós): nos.


Lavamo-nos no rio.

- 2ª pessoa do plural (vós): vos.


Vós vos beneficiastes com a esta conquista.

- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.


Eles se conheceram.
Elas deram a si um dia de folga.

A Segunda Pessoa Indireta

A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso inter-
locutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento,
que podem ser observados no quadro seguinte:

Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.

Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação
à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratar-
mos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado suposta-
mente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.

- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a
3ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar
na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou Pronomes Demonstrativos


nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Os pronomes demonstrativos são utilizados para ex-
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de plicitar a posição de uma certa palavra em relação a outras
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto ou ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa. espaço, no tempo ou discurso.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos No espaço:
teus cabelos. (errado) Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos carro está perto da pessoa que fala.
seus cabelos. (correto) Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da
teus cabelos. (correto) pessoa que fala.
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que
Pronomes Possessivos o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com
quem falo.
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo
(coisa possuída). quanto por meio de correspondência, que é uma moda-
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do lidade escrita de fala), são particularmente importantes o
singular) este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao
emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los
NÚMERO PESSOA PRONOME pode causar ambiguidade.
singular primeira meu(s), minha(s) Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar
singular segunda teu(s), tua(s) informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da univer-
singular terceira seu(s), sua(s) sidade destinatária).
plural primeira nosso(s), nossa(s) Reafirmamos a disposição desta universidade em parti-
plural segunda vosso(s), vossa(s) cipar no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universi-
plural terceira seu(s), sua(s) dade que envia a mensagem).
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa No tempo:
gramatical a que se refere; o gênero e o número concor- Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se
dam com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua con- refere ao ano presente.
tribuição naquele momento difícil. Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se
refere a um passado próximo.
Observações: Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resul- está se referindo a um passado distante.
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado,
seu José. - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
invariáveis, observe:
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
posse. Podem ter outros empregos, como: la(s).
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Invariáveis: isto, isso, aquilo.

b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
anos. - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela
que te indiquei.)
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas
trouxe sua mensagem? que o procuraram ontem.

4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram


vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e o problema.
anotações.
- semelhante(s): Não compre semelhante livro.
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir- - tal, tais: Tal era a solução para o problema.
lhe os passos. (= Vou seguir seus passos.)

43
LÍNGUA PORTUGUESA

Note que: algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos),


- Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
construções redundantes, com finalidade expressiva, para nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
salientar algum termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s),
é que dera em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
das belezas brasileiras, isso é que é sorte! Menos palavras e mais ações.
Alguns se contentam pouco.
- O pronome demonstrativo neutro ou pode represen-
tar um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
em que aparece, geralmente, como objeto direto, predi- riáveis e invariáveis. Observe:
cativo ou aposto: O casamento seria um desastre. Todos o Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
pressentiam. tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, ne-
- Para evitar a repetição de um verbo anteriormente nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas,
fazer, chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que outras, quantas.
faz as vezes de): Ninguém teve coragem de falar antes que Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
ela o fizesse. algo, cada.
- Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que),
primeiro lugar: O referido deputado e o Dr. Alcides eram seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (=
amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. [ou então: este certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
solteiro, aquele casado] Cada um escolheu o vinho desejado.
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação Indefinidos Sistemáticos
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta,
ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
= naquilo)
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Pronomes Indefinidos
afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
São palavras que se referem à terceira pessoa do dis- negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
curso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
quantidade indeterminada. e qualquer, que generaliza.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém Essas oposições de sentido são muito importantes na
-plantadas. construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu- de que fazem parte:
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: prático.
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu- Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. pessoas quaisquer.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin-
guém, outrem, quem, tudo. Pronomes Relativos
Algo o incomoda?
Quem avisa amigo é. São aqueles que representam nomes já mencionados
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser as orações subordinadas adjetivas.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). um grupo racial sobre outros.
Cada povo tem seus costumes. (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
Certas pessoas exercem várias profissões. tros = oração subordinada adjetiva).
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
ora pronomes indefinidos adjetivos: “sistema” é antecedente do pronome relativo que.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an-
me demonstrativo o, a, os, as. tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
Não sei o que você está querendo dizer. casa onde morava foi assaltada.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
expresso. - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
Quem casa, quer casa. ou em que.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
Observe: no exterior.
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
quantas. lavras:
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. - como (= pelo qual): Não me parece correto o modo
como você agiu semana passada.
Note que: - quando (= em que): Bons eram os tempos quando po-
- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, díamos jogar videogame.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs-
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
antecedente for um substantivo. numa só frase.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) O futebol é um esporte.
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a O povo gosta muito deste esporte.
qual) O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
quais) gente que conversava, (que) ria, (que) fumava.

- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente Pronomes Interrogativos


pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que São usados na formulação de perguntas, sejam elas di-
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa referem- -se à 3ª pessoa do discurso de modo
por motivo de clareza ou depois de determinadas preposi- impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual
ções: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, (e variações), quanto (e variações).
o qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço.
geraria ambiguidade.) Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas preferes.
dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.) Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quan-
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e tos passageiros desembarcaram.
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou Sobre os pronomes
de ser poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função
- O pronome “cujo” não concorda com o seu antece- de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
dente, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, quando desempenha função de complemento. Vamos en-
dos quais, das quais. tender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. frase e que função exerce. Observe as orações:
(antecedente) (consequente) 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antece- lhe ajudar.
dente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
Emprestei tantos quantos foram necessários. Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
(antecedente) exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
Ele fez tudo quanto havia falado. reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe”
(antecedente) exercendo função de complemento, e, consequentemente,
é do caso oblíquo.
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso,
precedido de preposição. o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
É um professor a quem muito devemos. a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
(preposição) devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Importante: Em observação à segunda oração, o em- Ênclise


prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do ver-
bo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta
estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto-
principal (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio. nos. A ênclise vai acontecer quando:
Eu desejo lhe perguntar algo. - O verbo estiver no imperativo afirmativo:
Eu estou perguntando-lhe algo. Amem-se uns aos outros.
Sigam-me e não terão derrotas.
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, - O verbo iniciar a oração:
diferentemente dos segundos que são sempre precedidos Diga-lhe que está tudo bem.
de preposição. Chamaram-me para ser sócio.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que
eu estava fazendo. - O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre-
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim posição “a”:
o que eu estava fazendo. Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
Passaram a cumprimentar-se mutuamente.

- O verbo estiver no gerúndio:


Colocação Pronominal
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreo-
cupada.
A colocação pronominal é a posição que os prono- Despediu-se, beijando-me a face.
mes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação
ao verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: - Houver vírgula ou pausa antes do verbo:
me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos. Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições mesmo instante.
na oração em relação ao verbo: Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.
1. próclise: pronome antes do verbo
2. ênclise: pronome depois do verbo Mesóclise
3. mesóclise: pronome no meio do verbo
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado
Próclise no futuro do presente ou no futuro do pretérito:
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: se realizará)
- Palavras com sentido negativo: Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
Nada me faz querer sair dessa cama. proposta a você)
Não se trata de nenhuma novidade.
Questões sobre Pronome
- Advérbios:
Nesta casa se fala alemão. 01. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP/2012).
Naquele dia me falaram que a professora não veio. Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
está claro até onde pode realmente chegar uma política ba-
- Pronomes relativos: seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra.
É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.
e da água faça em si diferença, as companhias não podem
- Pronomes indefinidos:
suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares por
Quem me disse isso?
tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portanto,
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém
encontrou até agora uma maneira de quantificar adequada-
- Pronomes demonstrativos: mente os insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas
Isso me deixa muito feliz! de crescimento verde sempre será a segunda opção.
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! (Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)

- Preposição seguida de gerúndio: Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, re-


Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais ferem- -se, respectivamente, a
indicado à pesquisa escolar. (A) dúvidas e preços.
(B) dúvidas e insumos básicos.
- Conjunção subordinativa: (C) companhias e insumos básicos.
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram. (D) companhias e preços do carbono e da água.
(E) políticas de crescimento e preços adequados.

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LÍNGUA PORTUGUESA

02. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC – 07. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
2013- adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o tre- 2013).
cho grifado está corretamente substituído por um prono- Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ-
me em: tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______
A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo prazo.
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo- Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta
lhes desalentado e respectivamente, considerando a norma culta da língua.
C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem A) a que … acaba … à
de conhecê-lo? B) com que … acabam … à
D) ...não parecia ser um importante industrial... − não C) de que … acabam … a
parecia ser-lhe D) em que … acaba … a
E) incomodaram o general... − incomodaram-no E) dos quais … acaba … à

03.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013- 08. (AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO – VUNESP
adap.). A substituição do elemento grifado pelo pronome – 2013-adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e
respectivamente, as lacunas do trecho.
correspondente, com os necessários ajustes, foi realizada
______alguns anos, num programa de televisão, uma jo-
de modo INCORRETO em:
vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava
A) mostrando o rio= mostrando-o.
sujeito de forma cômica.
B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
A) Fazem... a ... de que
C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes. B) Faz ...a ... que
D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam = C) Fazem ...à ... com que
nada lhes acrescentariam. D) Faz ...à ... que
E) viu uma dessas marcas= viu uma delas. E) Faz ...à ... a que

04. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP – 2013). As- 09. (TRF 3ª REGIÃO- TÉCNICO JUDICIÁRIO - /2014)
sinale a alternativa em que o pronome destacado está po- As sereias então devoravam impiedosamente os tripu-
sicionado de acordo com a norma-padrão da língua. lantes.
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta. ... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a ca-
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família. beça...
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais. ... e fez de tudo para convencer os tripulantes...
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha.
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança. Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
grifados acima foram corretamente substituídos por um
05. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP 2011). Assinale a al- pronome, na ordem dada, em:
ternativa cujo emprego do pronome está em conformidade (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
com a norma padrão da língua. (B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos. (C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
lada. (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks.
(D) Conformado, se rendeu às punições. 10. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃo – VUNESP
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. – 2013- adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras
06. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL - VUNESP - 2013). As- dos estabelecimentos felizmente comprovam os aconteci-
mentos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investiga-
sinale a alternativa correta quanto à colocação pronominal,
ção. – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que
de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
substituem, corretamente, os termos em destaque são:
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que
A) os comprovam … ajudá-la.
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo.
B) os comprovam …ajudar-la.
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situa- C) os comprovam … ajudar-lhe.
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
(C) Nos sentimos impotentes quando não consegui- E) lhes comprovam … ajudá-la.
mos restituir um objeto à pessoa que o perdeu.
(D) O homem se indignou quando propuseram-lhe GABARITO
que abrisse a bolsa que encontrara.
(E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma 01. C 02. E 03. C 04. D 05. C
tendência natural das pessoas em devolvê-los a seus do- 06. A 07. C 08. E 09. A 10. A
nos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

RESOLUÇÃO 8-)
Faz alguns anos, num programa de televisão, uma
1-) jovem fazia referência à violência a que o brasileiro
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, estava sujeito de forma cômica.
não está claro até onde pode realmente chegar uma po- Faz, no sentido de tempo passado = sempre no sin-
lítica baseada em melhorar a eficiência sem preços ade- gular
quados para o carbono, a água e (na maioria dos países
pobres) a terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos 9-)
preços do carbono e da água faça em si diferença, as com- devoravam - verbo terminado em “m” = pronome
panhias não podem suportar ter de pagar, de repente, di- oblíquo no/na (fizeram-na, colocaram-no)
gamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto;
preparação. Portanto, elas começam a usar preços-som- “lhe” é para objeto indireto
bra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- convencer - verbo transitivo direto = pede objeto dire-
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos. to; “lhe” é para objeto indireto
E sem eles a maioria das políticas de crescimento verde (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
sempre será a segunda opção.
10-)
2-) – Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimen-
tos felizmente comprovam os acontecimentos, e testemu-
A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
nhas vão ajudar a polícia na investigação.
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
felizmente os comprovam ... ajudá-la
desalentado
(advérbio)
C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
conhecê-las ?
D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
parecia sê-lo Substantivo
3-) Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs-
transpor [...] as matas espessas= transpô-las tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais
denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenôme-
4-) nos, os substantivos também nomeiam:
(A) Ela não se lembrava do caminho de volta. -lugares: Alemanha, Porto Alegre...
(B) A menina tinha se distanciado muito da família. -sentimentos: raiva, amor...
(C) A garota disse que se perdeu dos pais. -estados: alegria, tristeza...
(E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança -qualidades: honestidade, sinceridade...
-ações: corrida, pescaria...
5-)
(A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos. Morfossintaxe do substantivo
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba-
lada. Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em
(D) Conformado, rendeu-se às punições. geral exerce funções diretamente relacionadas com o ver-
(E) Todos querem que se combata a corrupção. bo: atua como núcleo do sujeito, dos complementos ver-
bais (objeto direto ou indireto) e do agente da passiva.
6-) Pode ainda funcionar como núcleo do complemento no-
(B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situa- minal ou do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito,
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. do objeto ou como núcleo do vocativo. Também encontra-
(C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos mos substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e
de adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
restituir um objeto à pessoa que o perdeu.
penhadas por grupos de palavras.
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram
que abrisse a bolsa que encontrara.
Classificação dos Substantivos
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma ten-
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos. 1- Substantivos Comuns e Próprios
7-) Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila,
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram pro- com muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas
dutos de que não necessitam e acabam tendo de (no Brasil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de
pagar tudo a prazo. uma cidade (em oposição aos bairros).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e Substantivo coletivo Conjunto de:
edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada cidade. assembleia pessoas reunidas
Isso significa que a palavra cidade é um substantivo comum. alcateia lobos
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de acervo livros
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, ho- antologia trechos literários selecionados
mem, mulher, país, cachorro. arquipélago ilhas
Estamos voando para Barcelona. banda músicos
bando desordeiros ou malfeitores
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espé- banca examinadores
cie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Próprio: é batalhão soldados
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma
cardume peixes
particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
caravana viajantes peregrinos
2 - Substantivos Concretos e Abstratos cacho frutas
LÂMPADA MALA cáfila camelos
cancioneiro canções, poesias líricas
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com colmeia abelhas
existência própria, que são independentes de outros seres. chusma gente, pessoas
São substantivos concretos. concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas.
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que elenco atores de uma peça ou filme
existe, independentemente de outros seres. esquadra navios de guerra
Obs.: os substantivos concretos designam seres do mun- enxoval roupas
do real e do mundo imaginário. falange soldados, anjos
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Bra- fauna animais de uma região
sília, etc. feixe lenha, capim
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc. flora vegetais de uma região
frota navios mercantes, ônibus
Observe agora: girândola fogos de artifício
Beleza exposta
horda bandidos, invasores
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
junta médicos, bois, credores, examina-
O substantivo beleza designa uma qualidade. dores
júri jurados
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que legião soldados, anjos, demônios
dependem de outros para se manifestar ou existir. leva presos, recrutas
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser malta malfeitores ou desordeiros
observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou manada búfalos, bois, elefantes,
coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para se ma- matilha cães de raça
nifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato. molho chaves, verduras
Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, multidão pessoas em geral
ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraí- ninhada pintos
dos, e sem os quais não podem existir: vida (estado), rapidez nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos,
(qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). etc.)
penca bananas, chaves
3 - Substantivos Coletivos pinacoteca pinturas, quadros
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra quadrilha ladrões, bandidos
abelha, mais outra abelha. ramalhete flores
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
rebanho ovelhas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
récua bestas de carga, cavalgadura
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais repertório peças teatrais, obras musicais
outra abelha... réstia alhos ou cebolas
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural. romanceiro poesias narrativas
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no revoada pássaros
singular (enxame) para designar um conjunto de seres da sínodo párocos
mesma espécie (abelhas). talha lenha
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. tropa muares, soldados
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, turma estudantes, trabalhadores
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres vara porcos
da mesma espécie.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação dos Substantivos Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam


uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto
Substantivos Simples e Compostos para o feminino. Classificam-se em:
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra. - Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a
O substantivo chuva é formado por um único elemento cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré
ou radical. É um substantivo simples. fêmea.
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pes-
Substantivo Simples: é aquele formado por um único soas: a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio,
elemento. o ídolo, o indivíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja - Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pes-
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- soas por meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto. doente, o artista e a artista.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
em ema ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o
Substantivos Primitivos e Derivados sistema, o sintoma, o teorema.
Meu limão meu limoeiro, - Existem certos substantivos que, variando de gêne-
meu pé de jacarandá... ro, variam em seu significado: o rádio (aparelho receptor)
e a rádio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou (cidade)
de nenhum outro dentro de língua portuguesa.
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O
substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
da palavra limão. - aluna.
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou- - Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
tra palavra. masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
Flexão dos substantivos de três formas:
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá- - troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por - troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
exemplo, pode sofrer variações para indicar: -troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Plural: meninos Feminino: menina Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão
Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho - sultana

Flexão de Gênero - Substantivos terminados em -or:


Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar - acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há - troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
dois gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero
masculino os substantivos que podem vir precedidos dos - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-
artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes: sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque
O velho e o mar - duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
Um Natal inesquecível
Os reis da praia - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
final por -a: elefante - elefanta
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: - Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
A história sem fim no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
Uma cidade sem passado
As tartarugas ninjas - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes czar – czarina réu - ré
Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar no-
mes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está re- Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
lacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas,
uma para o masculino e outra para o feminino. Observe: Epicenos:
gato – gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
prefeita

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LÍNGUA PORTUGUESA

Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso - São geralmente masculinos os substantivos de ori-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
para indicar o masculino e o feminino. grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha- eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver ma, o hematoma.
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades

Sobrecomuns: Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.


Entregue as crianças à natureza. A histórica Ouro Preto.
A dinâmica São Paulo.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo mas- A acolhedora Porto Alegre.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Uma Londres imensa e triste.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
A criança chorona chamava-se João. Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se Maria.
Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
Outros substantivos sobrecomuns: no e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa à frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar
criatura. em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco,
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de manejando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que
Marcela faleceu marca um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe),
a cabeça (parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissi-
dência), a cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor
Comuns de Dois Gêneros:
cinzenta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinhei-
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
ro), a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
administração da crisma e de outros sacramentos), a crisma
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
(sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de
A distinção de gênero pode ser feita através da análise
curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (docu-
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem mento, pena grande das asas das aves), o grama (unidade de
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa
cês - repórter francesa (recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
- A palavra personagem é usada indistintamente nos (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
dois gêneros. bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
os personagens dos contos de carochinha. (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (estação emissora), o
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não voga (remador), a voga (moda, popularidade).
aceitam a personagem.
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo Flexão de Número do Substantivo
fotográfico Ana Belmonte.
Observe o gênero dos substantivos seguintes: Em português, há dois números gramaticais: o singular,
que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o do plural é o “s” final.
maracajá, o clã, o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o
soprano, o proclama, o pernoite, o púbis. Plural dos Substantivos Simples

Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a - Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon
- cânones.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural - Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
em “ns”: homem - homens. formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. alto- -falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
Atenção: O plural de caráter é caracteres.
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam- formados de:
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara- substantivo + preposição clara + substantivo = água-
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul de-colônia e águas-de-colônia
e cônsules. substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
lo-vapor e cavalos-vapor
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de substantivo + substantivo que funciona como deter-
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo
duas maneiras:
do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
-relógio - bombas-relógio, notícia-bomba - notícias-bomba,
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
homem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada.
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas - Permanecem invariáveis, quando formados de:
maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de ca-rolhas
duas maneiras:
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o - Casos Especiais
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses o louva-a-deus e os louva-a-deus
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva- o bem-te-vi e os bem-te-vis
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. o bem-me-quer e os bem-me-queres
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural
de três maneiras. Plural das Palavras Substantivadas
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras.
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: O aluno errou na prova dos noves.
o látex - os látex. Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
Plural dos Substantivos Compostos Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou
“z” não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui-
-A formação do plural dos substantivos compostos de- tos seis e alguns dez.
pende da forma como são grafados, do tipo de palavras
que formam o composto e da relação que estabelecem en- Plural dos Diminutivos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes,
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malme-
animai(s) + zinhos = animaizinhos
queres.
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
O plural dos substantivos compostos cujos elementos chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e farói(s) + zinhos = faroizinhos
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: tren(s) + zinhos = trenzinhos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
- Flexionam-se os dois elementos, quando formados flore(s) + zinhas = florezinhas
de: mão(s) + zinhas = mãozinhas
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores papéi(s) + zinhos = papeizinhos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per- nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
feitos funi(s) + zinhos = funizinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho- túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
mens pai(s) + zinhos = paizinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras pé(s) + zinhos = pezinhos
pé(s) + zitos = pezitos

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Nomes Próprios Personativos Flexão de Grau do Substantivo

Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
sempre que a terminação preste-se à flexão. as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
Os Napoleões também são derrotados. - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-
As Raquéis e Esteres. do normal. Por exemplo: casa
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
Plural dos Substantivos Estrangeiros do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. cador de aumento. Por exemplo: casarão.
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- do ser. Pode ser:
do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
os réquiens. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
Observe o exemplo: cador de diminuição. Por exemplo: casinha.
Este jogador faz gols toda vez que joga.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. Verbo

Plural com Mudança de Timbre Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pes-
soa, número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros
Certos substantivos formam o plural com mudança de processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover);
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato ocorrência (nascer); desejo (querer).
fonético chamado metafonia (plural metafônico). O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não
Singular Plural os seus possíveis significados. Observe que palavras como
corpo (ô) corpos (ó) corrida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo
esforço esforços ao de alguns verbos mencionados acima; não apresentam,
fogo fogos porém, todas as possibilidades de flexão que esses verbos
forno fornos possuem.
fosso fossos
Estrutura das Formas Verbais
imposto impostos
olho olhos
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode
osso (ô) ossos (ó)
apresentar os seguintes elementos:
ovo ovos
poço poços - Radical: é a parte invariável, que expressa o significa-
porto portos do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am.
posto postos (radical fal-)
tijolo tijolos - Tema: é o radical seguido da vogal temática que in-
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol- dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo:
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc. fala-r
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (fa-
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), lar), 2ª - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática
de molho (ó) = feixe (molho de lenha). - I - (partir).
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
Particularidades sobre o Número dos Substantivos signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
norte, o leste, o oeste, a fé, etc. - Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
- Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, signa a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (sin-
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. gular ou plural):
- Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
bom nome) e honras (homenagem, títulos).
- Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados
com sentido de plural: (compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação,
Aqui morreu muito negro. pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”,
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas apesar de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em
improvisadas. algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formas Rizotônicas e Arrizotônicas 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente


de “ser possível”. Por exemplo:
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Não deu para chegar mais cedo.
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Dá para me arrumar uns trocados?
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por * Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conju-
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai gam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprende- plural.
rão, nutriríamos. A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.
Classificação dos Verbos
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como
Classificam-se em: verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadu-
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências receu bastante.
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alte-
rações no radical: canto cantei cantarei cantava
Entre os unipessoais estão os verbos que significam
cantasse.
vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodi-
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
lo, cacarejar: galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
ções no radical ou nas desinências: faço fiz farei fi-
zesse.
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju- Os principais verbos unipessoais são:
gação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser
e pessoais: (preciso, necessário, etc.):
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor- Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os bastante.)
principais verbos impessoais são: Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali- É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
zar-se ou fazer (em orações temporais).
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam) 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, segui-
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) dos da conjunção que.
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão) Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz) fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo
** fazer, ser e estar (quando indicam tempo) Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil. Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
Era primavera quando a conheci.
Estava frio naquele dia.
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natu- * Pessoais: não apresentam algumas flexões por moti-
reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, vos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, - verbo falir. Este verbo teria como formas do presente
“Amanheci mal- -humorado”, usa-se o verbo “ama- do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar -
nhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal, o que provavelmente causaria problemas de interpretação
empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal em certos contextos.
para ser pessoal. - verbo computar. Este verbo teria como formas do pre-
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
sente do indicativo computo, computas, computa - formas
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
de sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso
efetivo de formas verbais repudiadas por alguns gramáti-
** São impessoais, ainda:
1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando cos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com
tempo: Já passa das seis. o desenvolvimento e a popularização da informática, tem
2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.
de, indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blas-
fêmias. - Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma
3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno
bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem re- costuma ocorrer no particípio, em que, além das formas re-
ferência a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, gulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas
nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando- formas curtas (particípio irregular). Observe:
se, tais verbos, então, pessoais.

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LÍNGUA PORTUGUESA

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

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LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

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LÍNGUA PORTUGUESA

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.

Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.

57
LÍNGUA PORTUGUESA

- Há verbos que também são acompanhados de prono- - Particípio: quando não é empregado na formação
mes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pro- dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o
nominais, são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gê-
pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à nero, número e grau. Por exemplo:
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos saíram.
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me
(objeto direto) - 1ª pessoa do singular Quando o particípio exprime somente estado, sem
nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
Modos Verbais função de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas aluna escolhida para representar a escola.
pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, exis-
tem três modos: Tempos Verbais
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu Tomando-se como referência o momento em que se
sempre estudo. fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: tempos. Veja:
Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda 1. Tempos do Indicativo
agora, menino. - Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
colégio.
Formas Nominais - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for- num momento anterior ao atual, mas que não foi comple-
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo, tamente terminado: Ele estudava as lições quando foi inter-
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas rompido.
nominais. Observe: - Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do ver- momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
Ele estudou as lições ontem à noite.
bo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função
de substantivo. Por exemplo:
- Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato
Viver é lutar. (= vida é luta)
ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha es-
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
tudado as lições quando os amigos chegaram. (forma com-
posta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen-
(forma simples).
te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por
exemplo: - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
É preciso ler este livro. ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento
Era preciso ter lido este livro. atual: Ele estudará as lições amanhã.
- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im- eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira: 2. Tempos do Subjuntivo
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós) - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no mo-
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós) mento atual: É conveniente que estudes para o exame.
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles) - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado,
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele ven-
boa colocação. cesse o jogo.

- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas cons-
ou advérbio. Por exemplo: truções em que se expressa a ideia de condição ou desejo.
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad- Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do cam-
vérbio) peonato.
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de
adjetivo) - Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode
ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em ele vier à loja, levará as encomendas.
curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exem-
plo: Obs.: o futuro do presente é também usado em frases
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro. que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro. vier à loja, levará as encomendas.

58
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Indicativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

59
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
e pessoa correspondente.
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

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LÍNGUA PORTUGUESA

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:

- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Questões sobre Verbo

01. (AGENTE POLÍCIA - VUNESP 2013) Considere o trecho a seguir.


É comum que objetos ___________ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as pes-
soas _____________ a atenção voltada para seus pertences, conservando-os junto ao corpo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
(A) sejam … mantesse
(B) sejam … mantivessem
(C) sejam … mantém
(D) seja … mantivessem
(E) seja … mantêm

02. (MGS - TÉCNICO CONTÁBIL – IBFC/2017-adaptada)


Em “Assim, muitos casais têm quatro, seis, dez filhos”, nota--se que o acento do verbo em destaque deve-se a uma
exigência de concordância. Assinale a alternativa correta em relação ao emprego desse mesmo verbo.
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões.
b) O jovem têm um grande desafio pela frente.
c) As pessoas tem muitos planos.
d) A mentira tem perna curta.

03. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013-adap.) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas
interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
(A) considerar ao acaso, sem premeditação.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
(C) adotar como referência de qualidade.
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

04. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a alter- A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
nativa contendo a frase do texto na qual a expressão verbal B) … somente eles podem decidir se irão ou não com-
destacada exprime possibilidade. prar.
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sis- C) É como se abrissem em nós uma “caixa de neces-
tema capaz de disponibilizar um grande número de obras sidades”…
literárias... D) … de onde vem o produto…?
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme
arquivo virtual. 09. (AGERBA - TÉCNICO EM REGULAÇÃO – IBFC/
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por 2017-adaptada)
associação, e não mais por sequências fixas previamente A flexão de alguns verbos, sobretudo os irregulares,
estabelecidas. pode causar confusão. O verbo “quis”, presente em “Minha
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse mãe sempre quis viajar” é um exemplo típico. Nesse sen-
conceito está ligado a uma nova concepção de textuali- tido, assinale a alternativa em que se indica INCORRETA-
dade... MENTE a sua flexão.
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponi- a) queres – Presente do Indicativo.
bilizar toda a literatura do mundo... b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo.
c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo.
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO d) queira – Presente do Subjuntivo.
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo.
crescimento econômico, se associado à ampliação do empre- 10. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITEN-
go, PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, CIÁRIA – VUNESP – 2013-adap.). Leia as frases a seguir.
se passarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de ma-
do indicativo, teremos a forma: deira no animal.
A) puder. II. Existiam muitos ferimentos no boi.
B) poderia. III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida
C) pôde. movimentada.
Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este
D) poderá.
pelo verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
E) pudesse.
A) Existia – Haviam – Existiam
B) Existiam – Havia – Existiam
06. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a al-
C) Existiam – Haviam – Existiam
ternativa em que todos os verbos estão empregados de
D) Existiam – Havia – Existia
acordo com a norma- -padrão.
E) Existia – Havia – Existia
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da
impressão definitiva.
GABARITO
(B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em
silêncio. 01. B 02. D 03. E 04. B 05. B
(C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a tra- 06. A 07. C 08. B 09. B 10. D
balhar no feriado.
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga... RESOLUÇÃO
(E) Se você quer a promoção, é necessário que a reque-
ra a seu superior. 1-)
É comum que objetos sejam esquecidos em locais
07. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL VUNESP 2013-adap.) públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se
Assinale a alternativa que substitui, corretamente e sem al- as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus
terar o sentido da frase, a expressão destacada em – Se a pertences, conservando-os junto ao corpo.
criança se perder, quem encontrá-la verá na pulseira ins-
truções para que envie uma mensagem eletrônica ao gru- 2-)
po ou acione o código na internet. Analisemos:
(A) Caso a criança se havia perdido… a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. = a so-
(B) Caso a criança perdeu… ciedade tem (verbo no singular)
(C) Caso a criança se perca… b) O jovem têm um grande desafio pela frente. = o
(D) Caso a criança estivera perdida… jovem tem (verbo no singular)
(E) Caso a criança se perda… c) As pessoas tem muitos planos. = as pessoas têm
(verbo no plural)
08. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP – d) A mentira tem perna curta. = correta
2013-adap.). Assinale a alternativa em que o verbo desta- RESPOSTA: D
cado está no tempo futuro.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida


Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata- movimentada.
se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das Haver – sentido de existir= invariável, impessoal;
vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”. existir = variável. Portanto, temos:
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de I – Existiam onze pessoas...
classificar segundo ideias preconcebidas. II – Havia muitos ferimentos...
III – Existia muita gente...
4-)
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- Vozes do Verbo
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme
arquivo virtual. = verbo no futuro do pretérito Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo
para indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente
5-) da ação. São três as vozes verbais:
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode- - Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
é crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes- Ele fez o trabalho.
soa do singular (ele) = poderia. sujeito agente ação objeto
(paciente)
6-)
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em
- Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a
silêncio.
ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a
O trabalho foi feito por ele.
trabalhar no feriado.
sujeito paciente ação agente da pas-
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga...
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a re- siva
queira a seu superior.
- Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agen-
7-) te e paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve O menino feriu-se.
uma grande perda salarial...)
Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com
8-) a noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao
A) Os consumidores são assediados pelo marketing = outro)
presente
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessi- Formação da Voz Passiva
dades”… = pretérito do Subjuntivo
D) … de onde vem o produto…? = presente A voz passiva pode ser formada por dois processos:
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… = analítico e sintético.
pretérito perfeito 1- Voz Passiva Analítica
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particí-
9-) pio do verbo principal. Por exemplo:
Vamos aos itens: A escola será pintada.
a) queres – Presente do Indicativo = eu quero, tu que- O trabalho é feito por ele.
res - correta.
b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo = eu que- Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado
reria, tu quererias, ele quereria - incorreta. da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a
c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo = preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de solda-
eu quisera, ele quisera – correta. dos.
d) queira – Presente do Subjuntivo = que eu queira,
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não
que tu queiras, que ele queira - correta
esteja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo = se eu
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
quisesse, se tu quisesses, se ele quisesse – correta.
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
RESPOSTA: B
ção das frases seguintes:
10-) a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo)
I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi-
madeira no animal. cativo)
II. Existiam muitos ferimentos no boi.

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) Saiba que:


O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou refle-
xivos, são chamados neutros.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) O vinho é bom.
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) Aqui chove muito.

- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume - Há formas passivas com sentido ativo:
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
Observe a transformação da frase seguinte: Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nas-
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) cido.)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)

Obs.: é menos frequente a construção da voz passi- - Inversamente, usamos formas ativas com sentido
va analítica com outros verbos que podem eventualmente passivo:
funcionar como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou mar- Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
cada pela doença. Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)

2- Voz Passiva Sintética - Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido


cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o
A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com sujeito é paciente.
o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. Chamo-me Luís.
Por exemplo: Batizei-me na Igreja do Carmo.
Abriram-se as inscrições para o concurso. Operou-se de hérnia.
Destruiu-se o velho prédio da escola. Vacinaram-se contra a gripe.
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva
sintética. Fonte:
Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz la- http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
tina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacio- php
nam com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem o Questões sobre Vozes dos Verbos
significado de voz passiva como sendo a voz que expressa
a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois ele-
01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI-
mentos que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE e
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados
AGENTE DA PASSIVA.
ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é
(A) adjunto adnominal.
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
(B) sujeito paciente.
(C) objeto indireto.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
(D) complemento nominal.
tancialmente o sentido da frase.
Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa) (E) agente da passiva.
Sujeito da Ativa objeto Direto
02. (FCC-COPERGÁS – AUXILIAR TÉCNICO ADMINIS-
A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Pas- TRATIVO - 2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela
siva) raiz. Transpondo- -se a frase acima para a voz passiva,
Sujeito da Passiva Agente da Passiva a forma verbal resultante será:
(A) era abatido.
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o (B) fora abatido.
sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo (C) abatera-se.
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. (D) foi abatido.
Observe mais exemplos: (E) tinha abatido
- Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
nos. 03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos ... valores e princípios que sejam percebidos pela socie-
mestres. dade como tais.
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo pas-
- Eu o acompanharei. sará a ser, corretamente,
Ele será acompanhado por mim. (A) perceba.
(B) foi percebido.
Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, (C) tenham percebido.
não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: (D) devam perceber.
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado. (E) estava percebendo.

64
LÍNGUA PORTUGUESA

04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM (A) veio a ser entendida.
ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas (B) teria entendido.
pela multidão... (C) fora entendida.
A forma verbal resultante da transposição da frase aci- (D) terá sido entendida.
ma para a voz ativa é: (E) tê-la-ia entendido.
(A) ocupava-se.
(B) ocupavam. 10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
(C) ocupou. PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 - ADAP-
(D) ocupa. TADA)
(E) ocupava. ... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série
Mulheres.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
verbal resultante será:
A frase que NÃO admite transposição para a voz passiva (A) foi empreendida.
está em: (B) são empreendidos.
(A) Quando Rodolfo surgiu... (C) foi empreendido.
(B) ... adquiriu as impressoras... (D) é empreendida.
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa. (E) são empreendidas.
(D) ... acolheu-o como patrono.
(E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do GABARITO
Recife ...
01. E 02. D 03. A 04. E 05. A
06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 06. B 07. C 08. D 09. A 10. D
FCC/2010) O engajamento moral e político não chegou a
constituir um deslocamento da atenção intelectual de Said ... RESOLUÇÃO
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for-
ma verbal resultante é: 1-)
a) se constituiu. No enunciado temos uma oração com a voz passiva do
verbo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto Sou
b) chegou a ser constituído.
da Paz divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz” fun-
c) teria chegado a constituir.
ciona como sujeito da oração, ou seja, na passiva sua função
d) chega a se constituir. é a de agente da passiva. O sujeito paciente é “os dados”.
e) chegaria a ser constituído.
07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS 2-) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. =
CIVIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava indis- Ele foi abatido...
tintamente as músicas produzidas no interior do país...
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for- 3-)
ma verbal resultante será: ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
(A) vinham indicadas. ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te-
(B) era indicado. remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e
(C) eram indicadas. princípios...
(D) tinha indicado.
(E) foi indicada. 4-)
As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos
08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – na passiva, um verbo na ativa:
PROCON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 - A multidão ocupava as ruas.
adaptada) Um exemplo de construção na voz passiva está
5-)
em:
B = as impressoras foram adquiridas...
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos”
C = família numerosa é sustentada...
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do di- D – foi acolhido como patrono...
nheiro” E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada...
(C) “enviar o brinquedo por sedex”
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de De- 6-)
fesa do Consumidor” O engajamento moral e político não chegou a consti-
(E) “A empresa fez campanha para recolher” tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said = dois
verbos na voz ativa, mas com presença de preposição e, um
09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010) deles, no infinitivo, então o verbo auxiliar “ser” ficará no in-
Transpondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde finitivo (na voz passiva) e o verbo principal (constituir) ficará
vim a entender a tradução completa, a forma verbal resul- no particípio: Um deslocamento da atenção intelectual de
tante será: Said não chegou a ser constituído pelo engajamento...

65
LÍNGUA PORTUGUESA

7-) Os funcionários FORAM CONVOCADOS pelo diretor.


’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produ- (aux.: SER; princ.: CONVOCAR)
zidas no interior do país.
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo Os estudantes ESTÃO RESPONDENDO às questões.
sertanejo, indistintamente. (aux.: ESTAR; princ.: RESPONDER)

8-) Os trabalhadores TÊM ENFRENTADO muitos proble-


(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa mas.(aux.: TER; princ.: ENFRENTAR)
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do di-
nheiro” = voz ativa O vereador HAVIA DENUNCIADO seus companheiros.
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa (aux.: HAVER; princ.: DENUNCIAR)
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de
Defesa do Consumidor” = voz passiva Os alunos DEVEM ESTUDAR todos os dias. (aux.: DE-
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa VER; princ.: ESTUDAR)

9-) Sujeito
Mais tarde vim a entender a tradução completa...
A tradução completa veio a ser entendida por mim. Para se descobrir qual o sujeito do verbo (ou da locu-
ção verbal), deve-se perguntar a ele (ou a ela) o seguinte:
10-) Que(m) é que ..........? A resposta será o sujeito. Por exemplo,
ele empreende, de maneira quase clandestina, a série analisemos a primeira frase dentre as apresentadas acima:
Mulheres. Os funcionários foram convocados pelo diretor.
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira
quase clandestina. O princípio é o verbo. Procura-se, portanto, o verbo: é
a locução verbal foram convocados. - - Pergunta-se a ela:
Que(m) é que foi convocado?
SINTAXE - Resposta: Os funcionários.
- O sujeito da oração, então, é o seguinte: os funcio-
O princípio é o verbo. nários.
Encontrado o sujeito, parte-se para a análise do verbo:
Essa é a premissa fundamental da Sintaxe, que é a par- Se ele indicar que o sujeito possui uma qualidade, um
te da gramática que estuda as palavras enquanto elementos estado ou um modo de ser, sem praticar ação alguma, será
de uma frase, as suas relações de concordância, de subor- denominado de VERBO DE LIGAÇÃO. Os verbos de ligação
dinação e de ordem. Significa que, ao se realizar a análise mais comuns são os seguintes: ser, estar, parecer, ficar, per-
sintática de uma oração, sempre se inicia pelo verbo. É a manecer e continuar. Não se esqueça, porém, de que só
partir dele que se descobre qual o sujeito da oração, se há a será verbo de ligação o que indicar qualidade, estado ou
indicação de qualidade, estado ou modo de ser do sujeito, modo de ser do sujeito, sem praticar ação alguma. Observe
se ele pratica uma ação ou se a sofre, se há complemento as seguintes frases:
verbal, se há circunstância (adjunto adverbial), etc. O político continuou seu discurso mesmo com todas as
Nem sempre o verbo se apresenta sozinho em uma vaias recebidas.
oração. Em muitos casos, surgem dois ou mais verbos jun- Continuar, nesta frase, não é de ligação já que não in-
tos, para indicar que se pratica ou se sofre uma ação, ou dica qualidade do sujeito, e sim ação.
que o sujeito possui uma qualidade. A essa junção, dá-se A professora estava na sala de aula.
o nome de locução verbal. Toda locução verbal é formada Estar, nesta frase, não é de ligação já que não indica
por um verbo auxiliar (ou mais de um) e um verbo principal qualidade do sujeito, e sim fato.
(somente um).
O verbo auxiliar é o que se relaciona com o sujeito, A garota estava muito alegre.
por isso concorda com este, ou seja, se o sujeito estiver Estar é verbo de ligação porque indica qualidade do
no singular, o verbo auxiliar também ficará no singular; se sujeito.
o sujeito estiver no plural, o verbo auxiliar também ficará
no plural. Na Língua Portuguesa os verbos auxiliares são os Se o verbo indicar que o sujeito pratica uma ação, ou
seguintes: ser, estar, ter, haver, dever, poder, ir, dentre outros. que participa ativamente de um fato, será denominado de
O verbo principal é o que indica se o sujeito possui VERBO INTRANSITIVO ou VERBO TRANSITIVO, de acordo
uma qualidade, se ele pratica uma ação ou se a sofre. É o com o seguinte:
mais importante da locução. Na Língua Portuguesa, o verbo
principal surge sempre no infinitivo (terminado em –ar, -er, - Quem ............ , ................. : Todo verbo que se encaixar
ou –ir), no gerúndio (terminado em –ndo) ou no particípio nessa frase será INTRANSITIVO. Por exemplo, o verbo cor-
(terminado em –ado ou –ido, dentre outras terminações). rer: Quem corre, corre.
Veja alguns exemplos de locuções verbais:

66
LÍNGUA PORTUGUESA

- Quem ............ , ................. algo/alguém: Todo verbo 02.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013). Do-
que se encaixar nessa frase será TRANSITIVO DIRETO. Por nos de uma capacidade de orientação nas brenhas selvagens
exemplo, o verbo comer: Quem come, come algo; ou o ver- [...], sabiam os paulistas como...
bo amar: Quem ama, ama alguém. O segmento em destaque na frase acima exerce a mesma
função sintática que o elemento grifado em:
- Quem ............ , ................. + prep. + algo/alguém: Todo A) Nas expedições breves serviam de balizas ou mostra-
verbo que se encaixar nessa frase será TRANSITIVO INDI- dores para a volta.
RETO. Por exemplo, o verbo gostar: Quem gosta, gosta de B) Às estreitas veredas e atalhos [...], nada acrescentariam
algo ou de alguém. As preposições mais comuns são as aqueles de considerável...
seguintes: a, de, em, por, para, sem e com. C) Só a um olhar muito exercitado seria perceptível o sinal.
D) Uma sequência de tais galhos, em qualquer floresta,
- Quem ............ , ................. algo/alguém + prep. + algo/ podia significar uma pista.
alguém: Todo verbo que se encaixar nessa frase será TRAN- E) Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-nos
SITIVO DIRETO E INDIRETO - também denominado de BI- a vila de São Paulo como centro...
TRANSITIVO. Por exemplo, o verbo mostrar: Quem mostra,
mostra algo a alguém; ou o verbo informar: Quem informa, 03. Há complemento nominal em:
informa alguém de algo ou Quem informa, informa algo a A)Você devia vir cá fora receber o beijo da madrugada.
alguém. B)... embora fosse quase certa a sua possibilidade de ga-
nhar a vida.
É importante salientar que um verbo só será TRAN- C)Ela estava na janela do edifício.
SITIVO se houver complemento (objeto direto ou objeto D)... sem saber ao certo se gostávamos dele.
indireto). A análise de um verbo depende, portanto, do E)Pouco depois começaram a brincar de bandido e mo-
ambiente sintático em que ele se encontra. Um verbo que cinho de cinema.
aparentemente seja transitivo direto pode ser, na realidade,
intransitivo, caso não haja complemento. Por exemplo, ob- 04. (ESPM-SP) Em “esta lhe deu cem mil contos”, o termo
serve a seguinte frase: destacado é:
O pior cego é aquele que não quer ver. A) pronome possessivo
O verbo “ver” é, aparentemente, transitivo direto, uma B) complemento nominal
vez que se encaixa na frase Quem vê, vê algo. Ocorre, po- C) objeto indireto
rém, que não há o “algo”. O pior cego é aquele que não D) adjunto adnominal
quer ver o quê? Não aparece na oração; não há, portanto, E) objeto direto
o objeto direto. Como não o há, o verbo não pode ser tran-
sitivo direto, e sim intransitivo. 05. Assinale a alternativa correta e identifique o sujeito
Observe, agora, esta frase: Quem dá aos pobres, em- das seguintes orações em relação aos verbos destacados:
presta a Deus. - Amanhã teremos uma palestra sobre qualidade de vida.
Os verbos “dar” e “emprestar” são, aparentemente, - Neste ano, quero prestar serviço voluntário.
transitivos diretos e indiretos, uma vez que se encaixam nas A)Tu – vós
frases Quem dá, dá algo a alguém e Quem empresta, em- B)Nós – eu
presta algo a alguém. Ocorre, porém, que não há o “algo”. C)Vós – nós
Quem dá o que aos pobres empresta o que a Deus? Não D) Ele - tu
aparece na oração; não há, portanto, o objeto direto. Como
não o há, os verbos não podem ser transitivos diretos e 06. Classifique o sujeito das orações destacadas no texto
indiretos, e sim somente transitivos indiretos. seguinte e, a seguir, assinale a sequência correta.
É notável, nos textos épicos, a participação do sobrenatural.
FONTE: É frequente a mistura de assuntos relativos ao nacionalismo
http://www.gramaticaonline.com.br/texto/1231 com o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os deuses tomam
partido e interferem nas aventuras dos heróis, ajudando-os ou
Questões sobre Análise Sintática atrapalhando- -os.
01. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC – A)simples, composto
2013). Os trabalhadores passaram mais tempo na escola... B)indeterminado, composto
O segmento grifado acima possui a mesma função sin- C)simples, simples
tática que o destacado em: D) oculto, indeterminado
A) ...o que reduz a média de ganho da categoria.
B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa clas- 07. (ESPM-SP) “Surgiram fotógrafos e repórteres”.
se. Identifique a alternativa que classifica corretamente a função
C) O crescimento da escolaridade também foi impul- sintática e a classe morfológica dos termos destacados:
sionado... A) objeto indireto – substantivo
D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino mé- B) objeto direto - substantivo
dio... C) sujeito – adjetivo
E) ...impulsionado pelo aumento do número de uni- D) objeto direto – adjetivo
versidades... E) sujeito - substantivo

67
LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO 7-)
Surgiram fotógrafos e repórteres.
01. C 02. D 03. B 04. C 05. B 06. C 07. E O sujeito está deslocado, colocado na ordem indireta
(final da oração). Portanto: função sintática: sujeito (com-
RESOLUÇÃO posto); classe morfológica (classe de palavras): substanti-
vos.
1-)
Os trabalhadores passaram mais tempo na escola Frase é todo enunciado de sentido completo, podendo
= SUJEITO ser formada por uma só palavra ou por várias, ter verbos ou
A) ...o que reduz a média de ganho da categoria. = ob- não. A frase exprime, através da fala ou da escrita: ideias,
jeto direto emoções, ordens, apelos. Define-se pelo seu propósito co-
B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe. municativo, ou seja, pela sua capacidade de, num intercâm-
= objeto direto bio linguístico, transmitir um conteúdo satisfatório para a
C) O crescimento da escolaridade também foi impul- situação em que é utilizada. Exemplos:
sionado... = sujeito paciente O Brasil possui um grande potencial turístico.
D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino mé- Espantoso!
dio... = objeto direto Não vá embora.
E) ...impulsionado pelo aumento do número de univer- Silêncio!
sidades... = agente da passiva O telefone está tocando.

2-) Observação: a frase que não possui verbo denomina-


Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas se Frase Nominal.
selvagens [...], sabiam os paulistas como... = SUJEITO Na língua falada, a frase é caracterizada pela entoa-
A) Nas expedições breves = ADJUNTO ADVERBIAL ção, que indica nitidamente seu início e seu fim. A entoação
B) nada acrescentariam aqueles de considerável...= ad- pode vir acompanhada por gestos, expressões do rosto, do
junto adverbial olhar, além de ser complementada pela situação em que o
C) seria perceptível o sinal. = predicativo falante se encontra. Esses fatos contribuem para que fre-
D) Uma sequência de tais galhos = sujeito quentemente surjam frases muito simples, formadas por
E) apresentam-nos a vila de São Paulo como = objeto apenas uma palavra. Observe:
direto
Rua!
Ai!
3-)
A) o beijo da madrugada. = adjunto adnominal
Essas palavras, dotadas de entoação própria, e acom-
B)a sua possibilidade de ganhar a vida. = complemento
panhadas de gestos peculiares, são suficientes para satisfa-
nominal (possibilidade de quê?)
zer suas necessidades expressivas.
C)na janela do edifício. = adjunto adnominal
Na língua escrita, a entoação é representada pelos si-
D)... sem saber ao certo se gostávamos dele. = objeto
nais de pontuação, os quais procuram sugerir a melodia
indireto
E) a brincar de bandido e mocinho de cinema = objeto frasal. Desaparecendo a situação viva, o contexto é forne-
indireto cido pelo próprio texto, o que acaba tornando necessário
4-) que as frases escritas sejam linguisticamente mais comple-
esta lhe deu cem mil contos = o verbo DAR é bitransiti- tas. Essa maior complexidade linguística leva a frase a obe-
vo, ou seja, transitivo direto e indireto, portanto precisa de decer às regras gerais da língua. Portanto, a organização
dois complementos – dois objetos: direto e indireto. e a ordenação dos elementos formadores da frase devem
Deu o quê? = cem mil contos (direto) seguir os padrões da língua. Por isso é que: As meninas
Deu a quem? lhe (=a ele, a ela) = indireto estavam alegres. = constitui uma frase, enquanto: Alegres
meninas estavam as. = não é considerada uma frase da lín-
5-) gua portuguesa.
- Amanhã ( nós ) teremos uma palestra sobre qualida-
de de vida. Tipos de Frases
- Neste ano, ( eu ) quero prestar serviço voluntário.
Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só po-
6-) dem ser integralmente captados se atentarmos para o con-
É notável, nos textos épicos, a participação do sobrena- texto em que são empregadas. É o caso, por exemplo, das
tural. É frequente a mistura de assuntos relativos ao nacio- situações em que se explora a ironia. Pense, por exemplo,
nalismo com o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os deu- na frase “Que educação!”, usada quando se vê alguém in-
ses tomam partido e interferem nas aventuras dos heróis, vadindo, com seu carro, a faixa de pedestres. Nesse caso,
ajudando-os ou atrapalhando-os. ela expressa exatamente o contrário do que aparentemen-
Ambos os termos apresentam sujeito simples te diz.

68
LÍNGUA PORTUGUESA

A entoação é um elemento muito importante da frase Estrutura da Frase


falada, pois nos dá uma ampla possibilidade de expressão.
Dependendo de como é dita, uma frase simples como “É As frases que possuem verbo são geralmente estrutu-
ela.” pode indicar constatação, dúvida, surpresa, indigna- radas a partir de dois elementos essenciais: sujeito e pre-
ção, decepção, etc. Na língua escrita, os sinais de pontua- dicado. Isso não significa, no entanto, que tais frases de-
ção podem agir como definidores do sentido das frases. vam ser formadas, no mínimo, por dois vocábulos. Na frase
Existem alguns tipos de frases cuja entoação é mais ou “Saímos”, por exemplo, há um sujeito implícito na termina-
menos previsível, de acordo com o sentido que transmi- ção do verbo: nós.
tem. São elas: O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
- Frases Interrogativas: ocorrem quando uma per- em número e pessoa. É normalmente o “ser de quem se
gunta é feita pelo emissor da mensagem. São empregadas declara algo”, “o tema do que se vai comunicar”.
quando se deseja obter alguma informação. A interrogação O predicado é a parte da frase que contém “a infor-
pode ser direta ou indireta. mação nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere
ao sujeito, constituindo a declaração do que se atribui ao
Você aceita um copo de suco? (Interrogação direta)
sujeito. É sempre muito importante analisar qual é o nú-
Desejo saber se você aceita um copo de suco. (Interro-
cleo significativo da declaração: se o núcleo da declaração
gação indireta) estiver no verbo, teremos um predicado verbal (ocorre nas
frases verbais); se o núcleo da declaração estiver em algum
- Frases Imperativas: ocorrem quando o emissor da nome, teremos um predicado nominal (ocorre nas frases
mensagem dá uma ordem, um conselho ou faz um pedido, nominais que possuem verbo de ligação). Observe: O amor
utilizando o verbo no modo imperativo. Podem ser afirma- é eterno.
tivas ou negativas. O tema, o ser de quem se declara algo, o sujeito, é “O
Faça-o entrar no carro! (Afirmativa) amor”. A declaração referente a “o amor”, ou seja, o predi-
Não faça isso. (Negativa) cado, é «é eterno». É um predicado nominal, pois seu nú-
Dê-me uma ajudinha com isso! (Afirmativa) cleo significativo é o nome «eterno». Já na frase: Os rapazes
jogam futebol. O sujeito é “Os rapazes”, que identificamos
- Frases Exclamativas: nesse tipo de frase o emissor por ser o termo que concorda em número e pessoa com o
exterioriza um estado afetivo. Apresentam entoação ligei- verbo “jogam”. O predicado é “jogam futebol”, cujo núcleo
ramente prolongada. Por Exemplo: significativo é o verbo “jogam”. Temos, assim, um predica-
Que prova difícil! do verbal.
É uma delícia esse bolo!
Oração
- Frases Declarativas: ocorrem quando o emissor
constata um fato. Esse tipo de frase informa ou declara al- Uma frase verbal pode ser também uma oração. Para
guma coisa. Podem ser afirmativas ou negativas. isso é necessário:
Obrigaram o rapaz a sair. (Afirmativa) - que o enunciado tenha sentido completo;
Ela não está em casa. (Negativa) - que o enunciado tenha verbo (ou locução verbal).
Por Exemplo: Camila terminou a leitura do livro.
- Frases Optativas: são usadas para exprimir um dese-
jo. Por Exemplo: Obs.: Na oração as palavras estão relacionadas entre si,
como partes de um conjunto harmônico: elas são os ter-
Deus te acompanhe!
mos ou as unidades sintáticas da oração. Assim, cada ter-
Bons ventos o levem!
mo da oração desempenha uma função sintática.
De acordo com a construção, as frases classificam-se Atenção: Nem toda frase é oração. Por Exemplo: Que
em: dia lindo!
Frase Nominal: é a frase construída sem verbos. Exem- Esse enunciado é frase, pois tem sentido. Esse enun-
plos: ciado não é oração, pois não possui verbo. Assim, não pos-
Fogo! suem estrutura sintática, portanto não são orações, frases
Cuidado! como:
Belo serviço o seu! Socorro! - Com Licença! - Que rapaz ignorante!
Trabalho digno desse feirante. A frase pode conter uma ou mais orações. Veja:
Brinquei no parque. (uma oração)
Frase Verbal: é a frase construída com verbo. Por Entrei na casa e sentei-me. (duas orações)
Exemplo: Cheguei, vi, venci. (três orações)
O sol ilumina a cidade e aquece os dias.
Os casais saíram para jantar. Período
A bola rolou escada abaixo.
Período é a frase constituída de uma ou mais orações,
formando um todo, com sentido completo. O período
pode ser simples ou composto.

69
LÍNGUA PORTUGUESA

Período Simples: é aquele constituído por apenas uma Coordenadas Sindéticas


oração, que recebe o nome de oração absoluta. Exemplos:
O amor é eterno. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en-
As plantas necessitam de cuidados especiais. tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor-
Quero aquelas rosas. denativa. Esse caráter vai trazer para esse tipo de oração
O tempo é o melhor remédio. uma classificação. As orações coordenadas sindéticas são
classificadas em cinco tipos: aditivas, adversativas, alterna-
Período Composto: é aquele constituído por duas ou tivas, conclusivas e explicativas.
mais orações. Exemplos:
Quando você partiu minha vida ficou sem alegrias. Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin-
Quero aquelas flores para presentear minha mãe. cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
Vou gritar para todos ouvirem que estou sabendo o que só... como, assim... como.
acontece ao anoitecer. - Não só cantei como também dancei.
Cheguei, jantei e fui dormir. - Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia.
- Comprei o protetor solar e fui à praia.
Saiba que: Como toda oração está centrada num verbo
ou numa locução verbal, a maneira prática de saber quantas
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
orações existem num período é contar os verbos ou locu-
ções verbais. principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
Período Composto - Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
- Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dan-
O período composto caracteriza-se por possuir mais de çando.
uma oração em sua composição. Sendo Assim: - Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à
praia.
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma ora-
ção) Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
(Período Composto =locução verbal, verbo, duas orações) seja...seja.
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um pro- - Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
tetor solar. (Período Composto = três verbos, três orações). - Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carrei-
ras diferentes.
Cada verbo ou locução verbal sublinhada acima corres- - Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no
ponde a uma oração. Isso implica que o primeiro exemplo quarto.
é um período simples, pois tem apenas uma oração, os dois
outros exemplos são períodos compostos, pois têm mais de Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
uma oração. principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo)
entre as orações de um período composto: uma relação de - Passei no vestibular, portanto irei comemorar.
coordenação ou uma relação de subordinação. - Conclui o meu projeto, logo posso descansar.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas em - Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.
um mesmo período (ou seja, em um mesmo bloco de in- - A situação é delicada; devemos, pois, agir
formações, marcado pela pontuação final), mas têm, ambas,
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
estruturas individuais, como é o exemplo de:
principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
de, pois (anteposto ao verbo).
(Período Composto)
Podemos dizer: - Só passei na prova porque me esforcei por muito tem-
1. Estou comprando um protetor solar. po.
2. Irei à praia. - Só fiquei triste por você não ter viajado comigo.
Separando as duas, vemos que elas são independentes. - Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
É esse tipo de período que veremos: o Período Compos- mingo.
to por Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, temos Fonte:
dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindé- http://www.infoescola.com/portugues/oracoes-coor-
ticas. denadas-assindeticas-e-sindeticas/

Coordenadas Assindéticas

São orações coordenadas entre si e que não são liga-


das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos-
tas.

70
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Orações Coordenadas GABARITO

01. A oração “Não se verificou, todavia, uma transplan- 01. B 02. E 03. D 04. E 05. D
tação integral de gosto e de estilo” tem valor:
A) conclusivo RESOLUÇÃO
B) adversativo
C) concessivo 1-)
D) explicativo “Não se verificou, todavia, uma transplantação integral
E) alternativo de gosto e de estilo” = conjunção adversativa, portanto:
oração coordenada sindética adversativa
02. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”.
A oração em destaque é: 2-)
a) coordenada explicativa Estudamos, logo deveremos passar nos exames = a
b) coordenada adversativa oração em destaque não é introduzida por conjunção, en-
c) coordenada aditiva tão: coordenada assindética
d) coordenada conclusiva
e) coordenada assindética 3-)
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles... = conjunção (e
03. (AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP – 2013-adap.) ideia) adversativa
Releia o seguinte trecho: A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida para nossa vida prática. = conclusiva
prática.
B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como
Sem que haja alteração de sentido, e de acordo com a
quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância
norma- -padrão da língua portuguesa, ao se substituir o
para nossa vida prática. = conformativa
termo em destaque, o trecho estará corretamente reescrito
C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase
em:
toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como
sa vida prática. = conclusiva
quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância
para nossa vida prática. E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase
B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância sa vida prática. = explicativa
para nossa vida prática. Dica: conjunção pois como explicativa = dá para eu
C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase substituir por porque; como conclusiva: substituo por por-
toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos- tanto.
sa vida prática.
D) Joyce e Mozart são ótimos, todavia eles, como qua- 4-)
se toda a cultura humanística, têm pouca relevância para fruto não só do novo acesso da população ao auto-
nossa vida prática. móvel mas também da necessidade de maior número de
E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase viagens... estabelecem relação de adição de ideias, de fatos
toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
sa vida prática. 5-)
Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre.
04. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – VUNESP – 2013- = conjunção explicativa (= porque) - coordenada sin-
adap.) Em – ...fruto não só do novo acesso da população dética explicativa
ao automóvel mas também da necessidade de maior nú-
mero de viagens... –, os termos em destaque estabelecem Subordinação
relação de
A) explicação. Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes:
B) oposição.
C) alternância. “Eu sinto que em meu gesto existe o teu
D) conclusão. gesto.”
E) adição. Oração Principal Oração Subordinada

05. Analise a oração destacada: Não se desespere, que Observe que na oração subordinada temos o verbo
estaremos a seu lado sempre. “existe”, que está conjugado na terceira pessoa do singu-
Marque a opção correta quanto à sua classificação: lar do presente do indicativo. As orações subordinadas que
A) Coordenada sindética aditiva. apresentam verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos
B) Coordenada sindética alternativa. do modo do indicativo, subjuntivo e imperativo), são cha-
C) Coordenada sindética conclusiva. madas de orações desenvolvidas ou explícitas. Podemos
D) Coordenada sindética explicativa. modificar o período acima. Veja:

71
LÍNGUA PORTUGUESA

Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto. Atenção: Observe que a oração subordinada substan-
Oração Principal Oração Subordinada tiva pode ser substituída pelo pronome “ isso”. Assim, te-
mos um período simples:
A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu É fundamental isso. ou Isso é fundamental.
sinto” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
subordinada “existir em meu gesto o teu gesto”. Note que Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exerce-
a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo. rá a função de sujeito
Além disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo principal:
surge numa das formas nominais (infinitivo - flexionado ou 1- Verbos de ligação + predicativo, em construções
não -, gerúndio ou particípio) chamamos orações reduzi- do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo
das ou implícitas. - É claro - Está evidente - Está comprovado
Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por É bom que você compareça à minha festa.
conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
mente, introduzidas por preposição. 2- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-
se - Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anun-
1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS ciado - Ficou provado
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
A oração subordinada substantiva tem valor de subs-
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte- 3- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
grante (que, se). importar - ocorrer - acontecer
Convém que não se atrase na entrevista.
Suponho que você foi à biblioteca hoje. Obs.: quando a oração subordinada substantiva é sub-
Oração Subordinada Substantiva jetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pes-
soa do singular.
Você sabe se o presidente já chegou? b) Objetiva Direta
Oração Subordinada Substantiva
A oração subordinada substantiva objetiva direta exer-
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também ce função de objeto direto do verbo da oração principal.
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, Todos querem sua aprovação no concurso.
como). Veja os exemplos: Objeto Direto

O garoto perguntou qual era o telefone da moça. Todos querem que você seja aprovado. (= Todos
Oração Subordinada Substantiva querem isso)
Oração Principal oração Subordinada Substantiva
Não sabemos por que a vizinha se mudou. Objetiva Direta
Oração Subordinada Substantiva
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
desenvolvidas são iniciadas por:

- Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e


“se”:
Classificação das Orações Subordinadas A professora verificou se todos alunos estavam presen-
Substantivas tes.
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
De acordo com a função que exerce no período, a ora- vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
ção subordinada substantiva pode ser: O pessoal queria saber quem era o dono do carro im-
portado.
a) Subjetiva
- Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às
É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
do verbo da oração principal. Observe: Eu não sei por que ela fez isso.
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito c) Objetiva Indireta

É fundamental que você compareça à reunião. A oração subordinada substantiva objetiva indireta
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva atua como objeto indireto do verbo da oração principal.
Subjetiva Vem precedida de preposição.

72
LÍNGUA PORTUGUESA

Meu pai insiste em meu estudo. Fernanda tinha um grande sonho: a chegada do dia de
Objeto Indireto seu casamento.
Aposto
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai in- (Fernanda tinha um grande sonho: isso.)
siste nisso)
Oração Subordinada Substantiva Fernanda tinha um grande sonho: que o dia do seu ca-
Objetiva Indireta samento chegasse.
Oração Subordinada
Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica Substantiva Apositiva
na oração.
2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Objetiva Indireta valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
d) Completiva Nominal a função de adjunto adnominal do antecedente. Observe
o exemplo:
A oração subordinada substantiva completiva nominal
completa um nome que pertence à oração principal e tam- Esta foi uma redação bem-sucedida.
bém vem marcada por preposição. Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)

Sentimos orgulho de seu comportamento. Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo
Complemento Nominal adjetivo bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo pa-
Sentimos orgulho de que você se comportou. (= pel. Veja:
Sentimos orgulho disso.)
Oração Subordinada Substantiva Esta foi uma redação que fez sucesso.
Completiva Nominal Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob-
Perceba que a conexão entre a oração subordinada ad-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto
jetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
que orações subordinadas substantivas completivas nomi-
pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacio-
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma
nar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que
tado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o
seria exercido pelo termo que o antecede.
complemento nominal: o primeiro complementa um verbo,
Obs.: para que dois períodos se unam num período
o segundo, um nome.
composto, altera-se o modo verbal da segunda oração.
e) Predicativa
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
A oração subordinada substantiva predicativa exerce conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
papel de predicativo do sujeito do verbo da oração princi- substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
pal e vem sempre depois do verbo ser. Refiro-me ao aluno que é estudioso.
Nosso desejo era sua desistência. Essa oração é equivalente a:
Predicativo do Sujeito Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso dese- Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
jo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Predicativa apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
“de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
fui bem na prova. (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
f) Apositiva particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
A oração subordinada substantiva apositiva exerce Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
função de aposto de algum termo da oração principal.

73
LÍNGUA PORTUGUESA

No primeiro período, há uma oração subordinada ad- Observe que a oração em destaque agrega uma cir-
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome cunstância de tempo. É, portanto, chamada de oração
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito subordinada adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subor- são termos acessórios que indicam uma circunstância re-
dinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome re- ferente, via de regra, a um verbo. A classificação do adjunto
lativo e seu verbo está no infinitivo. adverbial depende da exata compreensão da circunstância
que exprime. Observe os exemplos abaixo:
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
Na relação que estabelecem com o termo que caracte- Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de
rizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de minha vida.
duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou
especificam o sentido do termo a que se referem, indivi- No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
dualizando-o. Nessas orações não há marcação de pausa, to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “senti”.
No segundo período, esse papel é exercido pela oração
sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem
“Quando vi a estátua”, que é, portanto, uma oração su-
também orações que realçam um detalhe ou amplificam
bordinada adverbial temporal. Essa oração é desenvolvida,
dados sobre o antecedente, que já se encontra suficiente-
pois é introduzida por uma conjunção subordinativa (quan-
mente definido, as quais denominam-se subordinadas ad- do) e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”,
jetivas explicativas. do pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la,
Exemplo 1: obtendo-se:
Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um
homem que passava naquele momento. Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de
Oração Subordinada Adjetiva minha vida.
Restritiva
A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma
Nesse período, observe que a oração em destaque res- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
tringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata- introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
se de um homem específico, único. A oração limita o uni- preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens,
mas sim àquele que estava passando naquele momento. Obs.: a classificação das orações subordinadas adver-
Exemplo 2: biais é feita do mesmo modo que a classificação dos ad-
O homem, que se considera racional, muitas vezes juntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
age animalescamente. oração.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
Circunstâncias Expressas
Nesse período, a oração em destaque não tem sentido pelas Orações Subordinadas Adverbiais
restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade, essa
oração apenas explicita uma ideia que já sabemos estar a) Causa
contida no conceito de “homem”.
Saiba que: A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada provoca um determinado fato, ao motivo do que se declara
na oração principal. “É aquilo ou aquele que determina um
da oração principal por uma pausa, que, na escrita, é repre-
acontecimento”.
sentada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação
Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE
seja indicada como forma de diferenciar as orações expli-
Outras conjunções e locuções causais: como (sempre
cativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre introduzido na oração anteposta à oração principal), pois,
isoladas por vírgulas; as restritivas, não. pois que, já que, uma vez que, visto que.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve al-
ternativa a não ser cancelá-lo.
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exer- Já que você não vai, eu também não vou.
ce a função de adjunto adverbial do verbo da oração prin-
cipal. Dessa forma, pode exprimir circunstância de tempo, b) Consequência
modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desen-
volvida, vem introduzida por uma das conjunções subor- As orações subordinadas adverbiais consecutivas ex-
dinativas (com exclusão das integrantes). Classifica-se de primem um fato que é consequência, que é efeito do que
acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que a in- se declara na oração principal. São introduzidas pelas con-
troduz. junções e locuções: que, de forma que, de sorte que, tanto
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. que, etc., e pelas estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...
Oração Subordinada Adverbial que.

74
LÍNGUA PORTUGUESA

Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) subordinadas adverbiais comparativas. Por exemplo:
É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa Agem como crianças. (agem)
dor.) Oração Subordinada Adverbial Comparativa
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- No entanto, quando se comparam ações diferentes,
cretizando-os. isso não ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz.
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi- (comparação do verbo falar e do verbo fazer).
da de Infinitivo)
f) Conformidade
c) Condição
As orações subordinadas adverbiais conformativas in-
Condição é aquilo que se impõe como necessário para dicam ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma re-
a realização ou não de um fato. As orações subordinadas gra, um modelo adotado para a execução do que se decla-
adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocor- ra na oração principal.
rer para que se realize ou deixe de se realizar o fato expres- Principal conjunção subordinativa conformativa: CON-
so na oração principal. FORME
Principal conjunção subordinativa condicional: SE Outras conjunções conformativas: como, consoante e
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, segundo (todas com o mesmo valor de conforme).
desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, Fiz o bolo conforme ensina a receita.
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, direitos iguais.
certamente o melhor time será campeão.
Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o g) Finalidade
contrato.
Caso você se case, convide-me para a festa. As orações subordinadas adverbiais finais indicam a
intenção, a finalidade daquilo que se declara na oração
d) Concessão principal.
Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE
As orações subordinadas adverbiais concessivas in- Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a
dicam concessão às ações do verbo da oração principal, locução conjuntiva para que.
isto é, admitem uma contradição ou um fato inesperado. A Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
ideia de concessão está diretamente ligada ao contraste, à Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada
quebra de expectativa. entrasse.
Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA
Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locu- h) Proporção
ções ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, pos-
to que, apesar de que. As orações subordinadas adverbiais proporcionais ex-
Só irei se ele for. primem ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao
expresso na oração principal.
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” Principal locução conjuntiva subordinativa proporcio-
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. Com- nal: À PROPORÇÃO QUE
pare agora com: Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida
Irei mesmo que ele não vá. que, ao passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
(maior), quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quanto mais...
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A (menos), quanto menos...(mais), quanto menos...(menos).
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con- À proporção que estudávamos, acertávamos mais ques-
cessiva. Observe outros exemplos: tões.
Embora fizesse calor, levei agasalho. Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos me- Quanto maior for a altura, maior será o tombo.
tade da população continua à margem do mercado de con-
sumo. i) Tempo
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo) As orações subordinadas adverbiais temporais acres-
centam uma ideia de tempo ao fato expresso na oração
e) Comparação principal, podendo exprimir noções de simultaneidade, an-
As orações subordinadas adverbiais comparativas esta- terioridade ou posterioridade.
belecem uma comparação com a ação indicada pelo verbo Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO
da oração principal. Outras conjunções subordinativas temporais: enquan-
Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO to, mal e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as
Ele dorme como um urso. vezes que, antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.

75
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando você foi embora, chegaram outros convidados. 02. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁ-
Sempre que ele vem, ocorrem problemas. RIA – VUNESP – 2013). No trecho – Tem surtido um efeito
Mal você saiu, ela chegou. positivo por eles se tornarem uma referência positiva den-
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi- tro da unidade, já que cumprem melhor as regras, respei-
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) tam o próximo e pensam melhor nas suas ações, refletem
antes de tomar uma atitude. – o termo em destaque esta-
Fonte: belece entre as orações uma relação de
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint29. A) condição. B) causa. C) comparação. D) tempo.
php E) concessão.

Questões sobre Orações Subordinadas 03. (UFV-MG) As orações subordinadas substantivas


que aparecem nos períodos abaixo são todas subjetivas,
01. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESp/2013). exceto:
Mais denso, menos trânsito A) Decidiu-se que o petróleo subiria de preço.
B) É muito bom que o homem, vez por outra, reflita
As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e sobre sua vida.
em processo de deterioração agudizado pelo crescimento C) Ignoras quanto custou meu relógio?
econômico da última década. Existem deficiências evidentes D) Perguntou-se ao diretor quando seríamos recebi-
em infraestrutura, mas é importante também considerar o dos.
planejamento urbano. E) Convinha-nos que você estivesse presente à reunião
Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de
desconcentração, incentivando a criação de diversos centros 04. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃO – VUNESP –
urbanos, na visão de que isso levaria a uma maior facilidade 2013). Considere a tirinha em que se vê Honi conversando
de deslocamento. com seu Namorado Lute.
Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos
centros e o aumento das distâncias multiplicam o número de
viagens, dificultando o investimento em transporte coletivo e
aumentando a necessidade do transporte individual.
Se olharmos Los Angeles como a região que levou a
desconcentração ao extremo, ficam claras as consequências.
Numa região rica como a Califórnia, com enorme investi-
mento viário, temos engarrafamentos gigantescos que vira-
ram característica da cidade.
Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com
elevado adensamento e predominância do transporte coleti-
vo, como mostram Manhattan e Tóquio.
O centro histórico de São Paulo é a região da cidade
mais bem servida de transporte coletivo, com infraestrutura
de telecomunicação, água, eletricidade etc. Como em outras
grandes cidades, essa deveria ser a região mais adensada da
metrópole. Mas não é o caso. Temos, hoje, um esvaziamento
gradual do centro, com deslocamento das atividades para
diversas regiões da cidade.
A visão de adensamento com uso abundante de trans-
porte coletivo precisa ser recuperada. Desse modo, será pos-
sível reverter esse processo de uso cada vez mais intenso do (Dik Browne, Folha de S. Paulo, 26.01.2013)
transporte individual, fruto não só do novo acesso da popu-
lação ao automóvel, mas também da necessidade de maior É correto afirmar que a expressão contanto que esta-
número de viagens em função da distância cada vez maior belece entre as orações relação de
entre os destinos da população. A) causa, pois Honi quer ter filhos e não deseja traba-
(Henrique Meirelles, Folha de S.Paulo, 13.01.2013. lhar depois de casada.
Adaptado) B) comparação, pois o namorado espera ter sucesso
As expressões mais denso e menos trânsito, no título, como cantor romântico.
estabelecem entre si uma relação de C) tempo, pois ambos ainda são adolescentes, mas já
(A) comparação e adição. pensam em casamento.
(B) causa e consequência. D) condição, pois Lute sabe que exercendo a profissão
(C) conformidade e negação. de músico provavelmente ganhará pouco.
(D) hipótese e concessão. E) finalidade, pois Honi espera que seu futuro marido
(E) alternância e explicação torne-se um artista famoso.

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LÍNGUA PORTUGUESA

05. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – VUNESP – 2013). Em GABARITO


– Apesar da desconcentração e do aumento da extensão
urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver 01. B 02. B 03. C 04. D
e adensar ainda mais os diversos centros já existentes... –, 05. A 06. C 07. D 08. E
sem que tenha seu sentido alterado, o trecho em destaque
está corretamente reescrito em: RESOLUÇÃO
A) Mesmo com a desconcentração e o aumento da Ex-
tensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvol- 1-)
ver e adensar ainda mais os diversos centros já existentes... mais denso e menos trânsito = mais denso, conse-
B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o au- quentemente, menos trânsito, então: causa e consequência
mento da extensão urbana no Brasil, é importante desen-
volver e adensar ainda mais os diversos centros já existen- 2-)
tes... já que cumprem melhor as regras = estabelece entre
C) Assim como são verificados a desconcentração e o as orações uma relação de causa com a consequência de
aumento da extensão urbana no Brasil, é importante de- “tem um efeito positivo”.
senvolver e adensar ainda mais os diversos centros já exis-
tentes...
3-)
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da
Ignoras quanto custou meu relógio? = oração subor-
extensão urbana verificados no Brasil, é importante desen-
volver e adensar ainda mais os diversos centros já existen- dinada substantiva objetiva direta
tes... A oração não atende aos requisitos de tais orações, ou
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumen- seja, não se inicia com verbo de ligação, tampouco pelos
to da extensão urbana verificados no Brasil, é importante verbos “convir”, “parecer”, “importar”, “constar” etc., e tam-
desenvolver e adensar ainda mais os diversos centros já bém não inicia com as conjunções integrantes “que” e “se”.
existentes...
4-)
06. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – VUNESP – 2013). a expressão contanto que estabelece uma relação de
Em – É fundamental que essa visão de adensamento com condição (condicional)
uso abundante de transporte coletivo seja recuperada para
que possamos reverter esse processo de uso… –, a expres- 5-)
são em destaque estabelece entre as orações relação de Apesar da desconcentração e do aumento da extensão
A) consequência. urbana verificados no Brasil = conjunção concessiva
B) condição. B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o au-
C) finalidade. mento da extensão urbana no Brasil, = causal
D) causa. C) Assim como são verificados a desconcentração e o
E) concessão. aumento da extensão urbana no Brasil = comparativa
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da
07. (ANALISTA DE SISTEMAS – VUNESP – 2013 – adap.). extensão urbana verificados no Brasil = causal
Considere o trecho: “Como as músicas eram de protesto, E) De maneira que, com a desconcentração e o aumen-
naquele mesmo ano foi enquadrado na lei de segurança na- to da extensão urbana verificados no Brasil = consecutivas
cional pela ditadura militar e exilado.” O termo Como, em
destaque na primeira parte do enunciado, expressa ideia 6-)
de para que possamos = conjunção final (finalidade)
A) contraste e tem sentido equivalente a porém.
B) concessão e tem sentido equivalente a mesmo que.
7-)
C) conformidade e tem sentido equivalente a confor-
“Como as músicas eram de protesto = expressa ideia
me.
D) causa e tem sentido equivalente a visto que. de causa da consequência “foi enquadrado” = causa e
E) finalidade e tem sentido equivalente a para que. tem sentido equivalente a visto que.

08. (ANALISTA EM PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E 8-)


FINANÇAS PÚBLICAS – VUNESP – 2013-adap.) No trecho – com tanto orgulho que chega a contaminar-me. – a
“Fio, disjuntor, tomada, tudo!”, insiste o motorista, com tanto construção estabelece uma relação de causa e consequên-
orgulho que chega a contaminar-me. –, a construção tanto cia. (a causa da “contaminação” – consequência)
... que estabelece entre as construções [com tanto orgulho]
e [que chega a contaminar-me] uma relação de
A) condição e finalidade.
B) conformidade e proporção.
C) finalidade e concessão.
D) proporção e comparação.
E) causa e consequência.

77
LÍNGUA PORTUGUESA

ORTOGRAFIA *os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-
tamorfose.
A ortografia é a parte da língua responsável pela gra- *as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
fia correta das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão quiseste.
culto da língua. *nomes derivados de verbos com radicais terminados
As palavras podem apresentar igualdade total ou par- em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
cial no que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo ten- empresa / difundir - difusão
do significados diferentes. Essas palavras são chamadas *os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
de homônimas (canto, do grego, significa ângulo / canto, Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho
do latim, significa música vocal). As palavras homônimas *após ditongos: coisa, pausa, pouso
dividem-se em homógrafas, quando têm a mesma grafia *em verbos derivados de nomes cujo radical termina
(gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular do verbo com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar
gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço, pa-
lácio ou passo, movimento durante o andar). Escreve-se com Z e não com S:
Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem- *os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje-
se observar as seguintes regras: tivo: macio - maciez / rico - riqueza
*os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de
O fonema s: origem não termine com s): final - finalizar / concreto - con-
cretizar
Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substan- *como consoante de ligação se o radical não terminar
tivadas derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel, com s: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis +
corr e sent: pretender - pretensão / expandir - expansão / inho - lapisinho
ascender - ascensão / inverter - inversão / aspergir aspersão
/ submergir - submersão / divertir - diversão / impelir - im- O fonema j:
pulsivo / compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer
- recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir Escreve-se com G e não com J:
- consensual *as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
gesso.
Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes deri-
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim.
vados dos verbos cujos radicais terminem em gred, ced,
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
prim ou com verbos terminados por tir ou meter: agredir
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge.
- agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão /
ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
Observação: Exceção: pajem
regredir - regressão / oprimir - opressão / comprometer -
*as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
compromisso / submeter - submissão
*quando o prefixo termina com vogal que se junta com litígio, relógio, refúgio.
a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé- *os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir.
trico / re + surgir - ressurgir *depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur-
*no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem- gir.
plos: ficasse, falasse *depois da letra “a”, desde que não seja radical termi-
nado com j: ágil, agente.
Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos
de origem árabe: cetim, açucena, açúcar Escreve-se com J e não com G:
*os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, *as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
Juçara, caçula, cachaça, cacique *as palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji-
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, boia, manjerona.
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, *as palavras terminada com aje: aje, ultraje.
esperança, carapuça, dentuço
*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / O fonema ch:
deter - detenção / ater - atenção / reter - retenção
*após ditongos: foice, coice, traição Escreve-se com X e não com CH:
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): *as palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
marte - marciano / infrator - infração / absorto - absorção caxi, muxoxo, xucro.
*as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J):
O fonema z: xampu, lagartixa.
*depois de ditongo: frouxo, feixe.
Escreve-se com S e não com Z: *depois de “en”: enxurrada, enxoval.
*os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, Observação: Exceção: quando a palavra de origem
freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc. não derive de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Escreve-se com CH e não com X: 04. Assinale a alternativa que não apresenta erro de
*as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, ortografia:
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha. A) Ela interrompeu a reunião derrepente.
B) O governador poderá ter seu mandato caçado.
C) Os espectadores aplaudiram o ministro.
As letras e e i: D) Saiu com descrição da sala.

*os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com 05.Em qual das alternativas a frase está corretamente
“i”, só o ditongo interno cãibra. escrita?
*os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são es- A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupan-
critos com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os verbos sa.
com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui. B) O mendigo não depositou na caderneta de poupança.
- atenção para as palavras que mudam de sentido quan- C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans-
do substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), sa.
ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou-
(vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que anda pansa.
a pé), pião (brinquedo).
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portu- LO – ADVOGADO - VUNESP/2013) Analise a propaganda do
gues/ortografia programa 5inco Minutos.

Questões sobre Ortografia

01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013) Assinale a alterna-


tiva que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do
trecho a seguir, de acordo com a norma-padrão.
Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenômeno
da corrupção e das fraudes.
(A) a … concenso … acerca
(B) há … consenso … acerca
(C) a … concenso … a cerca
(D) a … consenso … há cerca
(E) há … consenço … a cerca

02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alternati-


va cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com a Em norma-padrão da língua portuguesa, a frase da pro-
norma- -padrão. paganda, adaptada, assume a seguinte redação:
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. (A) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não ma-
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. tem-na porisso.
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. (B) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não ma-
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos. tem-na por isso.
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos! (C) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não a ma-
tem por isso.
03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). (D) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não lhe
Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para informar matem por isso.
os usuários sobre o festival Sounderground. (E) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não a ma-
Prezado Usuário tem porisso.
________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do me-
trô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30, co- GABARITO
meça o Sounderground, festival internacional que prestigia os
músicos que tocam em estações do metrô. 01. B 02. D 03. C 04. C 05. B 06. C
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen-
tarão e divirta-se! RESOLUÇÃO
Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se
preencher as lacunas, correta e respectivamente, com as ex- 1-) O exercício quer a alternativa que apresenta correção
pressões ortográfica. Na primeira lacuna utilizaremos “há”, já que está
A) A fim ...a partir ... as empregado no sentido de “existir”; na segunda, “consenso”
B) A fim ...à partir ... às com “s”; na terceira, “acerca” significa “a respeito de”, o que
C) A fim ...a partir ... às se encaixa perfeitamente no contexto. “Há cerca” = tem
D) Afim ...a partir ... às cerca (de arame, cerca viva, enfim...); “a cerca” = a cerca
E) Afim ...à partir ... as está destruída (arame, madeira...)

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-


(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = ta- tográfica:
beliães
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. 1. Em palavras compostas por justaposição que formam
= cidadãos uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório lo- para formam um novo significado: tio-avô, porto-alegrense,
cal. = certidões luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas,
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = de- guarda-chuva, arco- -íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
graus
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
3-) Prezado Usuário zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora-
A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do menina, erva-doce, feijão-verde.
metrô, a partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, co-
meça o Sounderground, festival internacional que prestigia 3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém
os músicos que tocam em estações do metrô. e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casa-
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen- do, aquém- -fiar, etc.
tarão e divirta-se!
A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado; 4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
antes de horas: há crase mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo
uso: cor- -de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-
4-) de-meia, água-de- -colônia, queima-roupa, deus-dará.
A) Ela interrompeu a reunião derrepente. =de repente
B) O governador poderá ter seu mandato caçado. = 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-
cassado Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações
D) Saiu com descrição da sala. = discrição históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Al-
sácia-Lorena, etc.
5-)
A) O mindingo não depositou na cardeneta de pou- 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
pansa. = mendigo/caderneta/poupança per- quando associados com outro termo que é iniciado
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans- por r: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc.
sa. = mendigo/caderneta/poupança
D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou- 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor,
pansa. =mendigo/depositou/caderneta/poupança ex- -presidente, vice-governador, vice-prefeito.

6-) A questão envolve colocação pronominal e orto- 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
grafia. Comecemos pela mais fácil: ortografia! A palavra pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.
“por isso” é escrita separadamente. Assim, já descartamos
duas alternativas (“A” e “E”). Quanto à colocação pronomi- 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra-
nal, temos a presença do advérbio “não”, que sabemos ser ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
um “ímã” para o pronome oblíquo, fazendo-nos aplicar a
regra da próclise (pronome antes do verbo). Então, a for- 10. Nas formações em que o prefixo tem como segun-
ma correta é “mas não A matem” (por que A e não LHE? do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, ele-
Porque quem mata, mata algo ou alguém, objeto direto. tro-higrómetro, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
O “lhe” é usado para objeto indireto. Se não tivéssemos a semi-hospitalar, super- -homem.
conjunção “mas” nem o advérbio “não”, a forma “matem-
na” estaria correta, já que, após vírgula, o ideal é que utili- 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo prefixo
zemos ênclise – pronome oblíquo após o verbo). termina na mesma vogal do segundo elemento: micro-on-
das, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.

HÍFEN Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros


termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
para ligar os elementos de palavras compostas (couve-flor, - Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mu-
ex-presidente) e para unir pronomes átonos a verbos (ofe- dança de linha), caso a última palavra a ser escrita seja for-
receram-me; vê-lo-ei). mada por hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escre-
Serve igualmente para fazer a translineação de pala- verei anti-inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na
vras, isto é, no fim de uma linha, separar uma palavra em linha debaixo escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas
duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). as linhas).

80
LÍNGUA PORTUGUESA

Não se emprega o hífen: 04.Segundo o novo Acordo, entre as palavras pão duro
(avarento), copo de leite (planta) e pé de moleque (doce) o
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo hífen é obrigatório:
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou A) em nenhuma delas.
“s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir- B) na segunda palavra.
religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia, C) na terceira palavra.
microrradiografia, etc. D) em todas as palavras.
E) na primeira e na segunda palavra.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com 05.Fez um esforço __ para vencer o campeonato __.
vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes- Qual alternativa completa corretamente as lacunas?
trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes- A) sobreumano/interregional
cola, infraestrutura, etc. B) sobrehumano-interregional
C) sobre-humano / inter-regional
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos D) sobrehumano/ inter-regional
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desu- E) sobre-humano /interegional
mano, inábil, desabilitar, etc.
GABARITO
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o
01. B 02. B 03. A 04. E 05. C
segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobriga-
ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc. RESOLUÇÃO
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção 1-)
de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis- A) autocrítica
ta, etc. C) pontapé
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei- D) supermercado
to, benquerer, benquerido, etc. E) infravermelhos

Questões sobre Hífen 2-)B) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assom-


brada.
01.Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o 3-) A) O semianalfabeto desenhou um semicírculo.
novo Acordo, está sendo usado corretamente:
A) Ele fez sua auto-crítica ontem. 4-)
B) Ela é muito mal-educada. a) pão-duro / b) copo-de-leite (planta) / c) pé de mo-
C) Ele tomou um belo ponta-pé. leque (doce)
D) Fui ao super-mercado, mas não entrei. a) Usa-se o hífen nas palavras compostas que não
E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões. apresentam elementos de ligação.
b) Usa-se o hífen nos compostos que designam espé-
02.Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do cies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos,
hífen: raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação.
A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que c) Não se usa o hífen em compostos que apresentam
faria uma superalimentação. elementos de ligação.
B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada.
C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. 5-) Fez um esforço sobre-humano para vencer o cam-
peonato inter-regional.
D) Nossos antepassados realizaram vários anteproje-
- Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h.
tos.
- Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma
E) O autodidata fez uma autoanálise.
letra com que se inicia a outra palavra
03.Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego
do hífen, respeitando-se o novo Acordo. ACENTUAÇÃO
A) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo.
B) O meia-direita fez um gol de sem-pulo na semifinal A acentuação é um dos requisitos que perfazem as re-
do campeonato. gras estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se com-
C) Era um sem-vergonha, pois andava seminu. põe de algumas particularidades, às quais devemos estar
D) O recém-chegado veio de além-mar. atentos, procurando estabelecer uma relação de familia-
E) O vice-reitor está em estado pós-operatório. ridade e, consequentemente, colocando-as em prática na
linguagem escrita.

81
LÍNGUA PORTUGUESA

À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a Regras fundamentais:


prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas
competências, e logo nos adequamos à forma padrão. Palavras oxítonas:
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”,
Regras básicas – Acentuação tônica “o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
pó(s) – armazém(s)
A acentuação tônica implica na intensidade com que Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:
são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
de forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. guidos ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há
As demais, como são pronunciadas com menos intensida- Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, se-
de, são denominadas de átonas. guidas de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – com-
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica- pô-lo
das como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a Paroxítonas:
última sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- i, is : táxi – lápis – júri
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai
- us, um, uns : vírus – álbuns – fórum
na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato
- l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax –
– passível
fórceps
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica - ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos
está na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tím-
pano – médico – ônibus -- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para
quê? Repare que essa palavra apresenta as terminações das
Como podemos observar, os vocábulos possuem mais paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =
de uma sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
uma sílaba somente: são os chamados monossílabos que,
quando pronunciados, apresentam certa diferenciação -ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
quanto à intensidade. não de “s”: água – pônei – mágoa – jóquei
Tal diferenciação só é percebida quando os pronun-
ciamos em uma dada sequência de palavras. Assim como Regras especiais:
podemos observar no exemplo a seguir:
“Sei que não vai dar em nada, Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
Seus segredos sei de cor”. abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
Os monossílabos classificam-se como tônicos; os de- palavras paroxítonas.
mais, como átonos (que, em, de).
* Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma
Os acentos palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
acentuados. Ex.: herói, céu, dói, escarcéu.
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i»,
«u» e sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras Antes Agora
representam as vogais tônicas de palavras como Amapá, assembléia assembleia
caí, público, parabéns. Sobre as letras “e” e “o” indica, além idéia ideia
da tonicidade, timbre aberto.Ex.: herói – médico – céu (di-
geléia geleia
tongos abertos)
jibóia jiboia
apóia (verbo apoiar) apoia
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.: paranóico paranoico
tâmara – Atlântico – pêssego – supôs
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acom-
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com panhados ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca
artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles – baú – país – Luís

trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi total- Observação importante:


mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: hiato quando vierem depois de ditongo: Ex.:
mülleriano (de Müller) Antes Agora
bocaiúva bocaiuva
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo- feiúra feiura
gais nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã Sauípe Sauipe

82
LÍNGUA PORTUGUESA

O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do
abolido. Ex.: pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua sen-
Antes Agora do acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa
crêem creem do singular do presente do indicativo). Ex:
lêem leem Ela pode fazer isso agora.
vôo voo Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou...
enjôo enjoo
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da
- Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos preposição por.
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais - Quando, na frase, der para substituir o “por” por “co-
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. locar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex:
Repare: Faço isso por você.
1-) O menino crê em você Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Os meninos creem em você.
2-) Elza lê bem! Questões sobre Acentuação Gráfica
Todas leem bem!
3-) Espero que ele dê o recado à sala. 01. “Cadáver” é paroxítona, pois:
Esperamos que os garotos deem o recado! A) Tem a última sílaba como tônica.
4-) Rubens vê tudo! B) Tem a penúltima sílaba como tônica.
Eles veem tudo! C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica.
D) Não tem sílaba tônica.
* Cuidado! Há o verbo vir:
Ele vem à tarde! 02. Assinale a alternativa correta.
Eles vêm à tarde! A palavra faliu contém um:
A) hiato
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan- B) dígrafo
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru C) ditongo decrescente
-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz D) ditongo crescente

Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti- 03. Em “O resultado da experiência foi, literalmente,
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada pelo
mesmo motivo que:
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem A) túnel
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba B) voluntário
As formas verbais que possuíam o acento tônico na C) até
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de D) insólito
“e” ou “i” não serão mais acentuadas. Ex.: E) rótulos
Antes Depois
apazigúe (apaziguar) apazigue 04. Assinale a alternativa correta.
averigúe (averiguar) averigue A) “Contrário” e “prévias” são acentuadas por serem
argúi (arguir) argui paroxítonas terminadas em ditongo.
B) Em “interruptor” e “testaria” temos, respectivamente,
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa encontro consonantal e hiato.
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo C) Em “erros derivam do mesmo recurso mental” as
vir) palavras grifadas são paroxítonas.
D) Nas palavras “seguida”, “aquele” e “quando” as par-
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, tes destacadas são dígrafos.
reter, deter, abster. E) A divisão silábica está correta em “co-gni-ti-va”, “p-
ele contém – eles contêm si-có-lo-ga” e “a-ci-o-na”.
ele obtém – eles obtêm
ele retém – eles retêm 05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO:
ele convém – eles convêm A) saúde
B) cooperar
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que C) ruim
antes eram acentuadas para diferenciá-las de outras seme- D) creem
lhantes (regra do acento diferencial). Apenas em algumas E) pouco
exceções, como:

83
LÍNGUA PORTUGUESA

06. “O episódio aconteceu em plena via pública de a-) Tú –nel: paroxítona terminada em L
Assis. Dez mulheres começaram a cantar músicas pela paz b-) vo – lun - tá – rio : paroxítona terminada em ditongo
mundial. A partir daquele momento outras pessoas que c-) A - té – oxítona
passavam por ali decidiram integrar ao grupo. Rapidamen- d-) in – só – li – to : proparoxítona
te, uma multidão aderiu à ideia. Assim começou a forma- e-) ró – tu los – proparoxítona
ção do maior coral popular de Assis”. O vocábulo subli-
nhado tem sua acentuação gráfica justificada pelo mesmo 4-)
motivo das palavras: a-) correta
A) eminência, ímpio, vácuo, espécie, sério b-) inteRRuptor: não é encontro consonantal, mas sim
DÍGRAFO
B) aluá, cárie, pátio, aéreo, ínvio
c-) todas são, exceto MENTAL, que é oxítona
C) chinês, varíola, rubéola, período, prêmio d-) são dígrafos, exceto QUANDO, que “ouço” o som
D) sábio, sábia, sabiá, curió, sério do U, portanto não é caso de dígrafo
e-) cog – ni - ti – va / psi – có- lo- ga
07. Assinale a opção CORRETA em que todas as pala-
vras estão acentuadas na mesma posição silábica. 5-) sa - ú - de / co - o - pe – rar / ru – im /
A) Nazaré - além - até - está - também. cre - em / pou - co (ditongo)
B) Água - início - além - oásis - religião.
C) Município - início - água - século - oásis 6-) e - pi - só - dio - paroxítona terminada em di-
D) Século - símbolo - água - histórias - missionário tongo
E) Missionário - símbolo - histórias - século – município a-) ok
b-) a – lu –á :oxítona, então descarte esse item
08. Considerando as palavras: também / revólver / lâm- c-) chi – nês : oxítona, idem
d-) sa – bi – á : idem
pada / lápis. Assinale a única alternativa cuja justificativa de
acentuação gráfica não se refere a uma delas:
7-)
A) palavra paroxítona terminada em - is a-) oxítona – TODAS
B) palavra proparoxítona terminada em - em b-) paroxítona – paroxítona – oxítona – paroxítona –
C) palavra paroxítona terminada em - r não acentuada
D) palavra proparoxítona - todas devem ser acentuadas c-) paroxítona – idem – idem – proparoxítona – paro-
xítona
09. Assinale a alternativa incorreta: d-) proparoxítona – idem – paroxítona – idem – idem
A) Os vocábulos sábio, régua e decência são paroxíto- e-) paroxítona – proparoxítona – paroxítona – proparo-
nos terminadas em ditongos crescentes. xítona – paroxítona
B) O vocábulo armazém é acentuado por ser um oxíto-
no terminado em em. 8-) tam – bém: oxítona / re – vól – ver: paroxítona / lâm
C) Os vocábulos baú e cafeína são hiatos. – pa – da: proparoxítona / lá – pis :paroxítona
D) O vocábulo véu é acentuado por ser um oxítono a-) é a regra do LÁPIS
b-) todas as proparoxítonas são acentuadas, indepen-
terminado em u.
dente de sua terminação
c-) regra para REVÓLVER
GABARITO d-) relativa à palavra lâmpada

01. B 02. C 03. B 04. A 05. E 9-) As alternativas A, B e C contêm afirmativas corretas.
06. A 07. A 08. B 09. D Na D, há erro, pois véu é monossílabo acentuado por ter-
minar em ditongo aberto.
RESOLUÇÃO

1-) Separando as sílabas: Ca – dá – ver: a penúltima PONTUAÇÃO


sílaba é a tônica (mais forte; nesse caso, acentuada). Penúl- Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
tima sílaba tônica = paroxítona servem para compor a coesão e a coerência textual, além
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Ve-
jamos as principais funções dos sinais de pontuação co-
2-) fa - liu - temos aqui duas vogais na mesma sí-
nhecidos pelo uso da língua portuguesa.
laba, portanto: ditongo. É decrescente porque apresenta
uma vogal e uma semivogal. Na classificação, ambas são Ponto
semivogais, mas quando juntas, a que “aparecer” mais na 1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
pronúncia será considerada “vogal”. - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em
que se encontra.
3-) ex – pe - ri – ên - cia : paroxítona terminada em - Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
ditongo crescente (semivogal + vogal) - Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr. 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
- Deixa, depois, o coração falar...
Ponto e Vírgula ( ; )
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma Vírgula
importância.
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo Não se usa vírgula
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; *separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) gam-se diretamente entre si:
- entre sujeito e predicado.
2- Separa partes de frases que já estão separadas por Todos os alunos da sala foram advertidos.
vírgulas. Sujeito predicado
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta-
nhas, frio e cobertor. - entre o verbo e seus objetos.
O trabalho custou sacrifício aos realiza-
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo- dores.
tivos, decreto de lei, etc. V.T.D.I. O.D. O.I.
- Ir ao supermercado;
- Pegar as crianças na escola; Usa-se a vírgula:
- Caminhada na praia; - Para marcar intercalação:
- Reunião com amigos. a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
dância, vem caindo de preço.
Dois pontos b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
1- Antes de uma citação produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
2- Antes de um aposto querem abrir mão dos lucros altos.
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
tarde e calor à noite. - Para marcar inversão:
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, viven- chadas.
do a rotina de sempre. b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
4- Em frases de estilo direto c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
Maria perguntou: maio de 1982.
- Por que você não toma uma decisão?
- Para separar entre si elementos coordenados (dispos-
Ponto de Exclamação tos em enumeração):
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
susto, súplica, etc. A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
2- Depois de interjeições ou vocativos - Para marcar elipse (omissão) do verbo:
- Ai! Que susto! Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
- João! Há quanto tempo! - Para isolar:
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei-
Ponto de Interrogação ra, possui um trânsito caótico.
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. - o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
vedo) Fontes:
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
Reticências http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
1- Indica que palavras foram suprimidas. la.htm
- Comprei lápis, canetas, cadernos...

2- Indica interrupção violenta da frase.


“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”

3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida


- Este mal... pega doutor?

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Pontuação 04.(Escrevente TJ SP – Vunesp 2012). Assinale a alter-


nativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alter- Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à regência
nativa em que a pontuação está corretamente empregada, nominal e à pontuação.
de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço
embora, experimentasse, a sensação de violar uma intimi- seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo,
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encon- do que em outros.
trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam ra-
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, pidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
embora experimentasse a sensação, de violar uma intimi- avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encon- exemplo!, do que em outros.
trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra-
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida-
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. exemplo, do que em outros.
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encon- seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. – do que em outros.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida-
embora, experimentasse a sensação de violar uma intimi- mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan-
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, en- ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem-
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua plo) do que em outros.
dona. 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.).
02. Assinale a opção em que está corretamente indica- Assinale a alternativa em que a frase mantém-se correta
da a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher após o acréscimo das vírgulas.
as lacunas da frase abaixo: (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrô-
devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica nica ao grupo ou acione o código na internet.
que o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de
ter. onde o código foi acionado.
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula; dos, recebem automaticamente, uma mensagem dizendo
C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; que a criança foi encontrada.
D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega
E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula. primeiro às, areias do Guarujá.
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o te-
03. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os lefone de quem a encontrou e informar um ponto de re-
sinais de pontuação estão empregados corretamente em:
ferência
A) Duas explicações, do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a cons-
trução de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das 06. Assinale a série de sinais cujo emprego correspon-
metas de vendas associadas aos dois temas. de, na mesma ordem, aos parênteses indicados no texto:
B) Duas explicações do treinamento para consultores “Pergunta-se ( ) qual é a ideia principal desse pará-
iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a cons- grafo ( ) A chegada de reforços ( ) a condecoração ( ) o
trução de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente (
metas de vendas associadas aos dois temas. ) Se é a chegada de reforços ( ) que relação há ( ) ou mos-
C) Duas explicações do treinamento para consultores trou seu autor haver ( ) entre esse fato e os restantes ( )”.
iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a cons- A) vírgula, vírgula, interrogação, interrogação, interro-
trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das gação, vírgula, vírgula, vírgula, ponto final
metas de vendas associadas aos dois temas. B) dois pontos, interrogação, vírgula, vírgula, interroga-
D) Duas explicações do treinamento para consulto- ção, vírgula, travessão, travessão, interrogação
res iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e C) travessão, interrogação, vírgula, vírgula, ponto final,
a construção de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou travessão, travessão, ponto final, ponto final
falar das metas de vendas associadas aos dois temas. D) dois pontos, interrogação, vírgula, ponto final, tra-
E) Duas explicações, do treinamento para consulto- vessão, vírgula, vírgula, vírgula, interrogação
res iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a E) dois pontos, ponto final, vírgula, vírgula, interroga-
construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar ção, vírgula, vírgula, travessão, interrogação
das metas, de vendas associadas aos dois temas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

07. (SRF) Das redações abaixo, assinale a que não está A) Duas explicações , (X) do treinamento para consul-
pontuada corretamente: tores iniciantes receberam destaque , (X) o conceito de
A) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o re- PPD e a construção de tabelas Price; mas por outro lado,
sultado do concurso. faltou falar das metas de vendas associadas aos dois temas.
B) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o re- C) Duas explicações do treinamento para consultores
sultado do concurso. iniciantes receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a
C) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o re- construção de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou
sultado do concurso. falar das metas de vendas associadas aos dois temas.
D) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do D) Duas explicações do treinamento para consultores
concurso, em fila. iniciantes , (X) receberam destaque: o conceito de PPD e a
E) Os candidatos aguardavam ansiosos, em fila, o resul- construção de tabelas Price , (X) mas, por outro lado, faltou
tado do concurso. falar das metas de vendas associadas aos dois temas.
E) Duas explicações , (X) do treinamento para consul-
08. A frase em que deveria haver uma vírgula é: tores iniciantes , (X) receberam destaque ; (X) o conceito
A) Comi uma fruta pela manhã e outra à tarde. de PPD e a construção de tabelas Price , (X) mas por outro
B) Eu usei um vestido vermelho na festa e minha irmã lado, faltou falar das metas , (X) de vendas associadas aos
usou um vestido azul. dois temas.
C) Ela tem lábios e nariz vermelhos.
D) Não limparam a sala nem a cozinha. 4-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-
quadas
GABARITO (A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam , (X)
rapidamente , (X) seu espaço na carreira científica (, ) ainda
01. C 02. C 03. B 04. D 05. E que o avanço seja mais notável em alguns países, o Brasil é
06. B 07. B 08. B um exemplo, do que em outros.
(B) Não há dúvida de que , (X) as mulheres , (X) am-
RESOLUÇÃO pliam rapidamente seu espaço na carreira científica ; (X)
ainda que o avanço seja mais notável , (X) em alguns paí-
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas ses, o Brasil é um exemplo ! (X) , do que em outros.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, (C) Não há dúvida de que as mulheres , (X) ampliam
embora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma rapidamente seu espaço , (X) na carreira científica , (X) ain-
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando da que o avanço seja mais notável, em alguns países : (X) o
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a Brasil é um exemplo, do que em outros.
sua dona. (E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
(B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa mente , (X) seu espaço na carreira científica, ainda que , (X)
e, embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma o avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando exemplo) do que em outros.
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
sua dona. 5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa quadas
e, embora experimentasse a sensação de violar uma inti- (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá
midade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) na pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a eletrônica ao grupo ou acione o código na internet.
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os
sua dona.
pais de onde o código foi acionado.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
embora , (X) experimentasse a sensação de violar uma in-
dos , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem
timidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando ,
dizendo que a criança foi encontrada.
(X) encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) che-
a sua dona.
ga primeiro às , (X) areias do Guarujá.
2-) Quando se trata de trabalho científico , duas coisas
6-) Pergunta-se ( : ) qual é a ideia principal desse pa-
devem ser consideradas : uma é a contribuição teórica que
rágrafo
o trabalho oferece ; a outra é o valor prático que possa ter. ( ? ) A chegada de reforços ( , ) a condecoração ( , ) o
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente
vírgula, dois pontos, ponto e vírgula (? ) Se é a chegada de reforços ( , ) que relação há ( - )
ou mostrou seu autor haver ( - ) entre esse fato e os res-
3-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade- tantes ( ? )
quadas

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LÍNGUA PORTUGUESA

7-) Em fila, os candidatos , (X) aguardavam, ansiosos, o Observação:


resultado do concurso. - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
8-) Eu usei um vestido vermelho na festa , e minha necessariamente, deverá permanecer no plural:
irmã usou um vestido azul. Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram
Há situações em que é possível usar a vírgula antes do na campanha de doação de alimentos.
“e”. Isso ocorre quando a conjunção aditiva coordena ora- Mais de um formando se abraçaram durante as soleni-
ções de sujeitos diferentes nas quais a leitura fluente pode dades de formatura.
ser prejudicada pela ausência da pontuação.
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um
dos que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi
um dos que atuaram na Copa América.
CONCORDÂNCIA
7) Em casos relativos à concordância com locuções
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
nos referindo à relação de dependência estabelecida entre quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário
um termo e outro mediante um contexto oracional. Desta nos atermos a duas questões básicas:
feita, os agentes principais desse processo são representa- - No caso de o primeiro pronome estar expresso no
dos pelo sujeito, que no caso funciona como subordinante; plural, o verbo poderá com ele concordar, como poderá
e o verbo, o qual desempenha a função de subordinado. também concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós
Dessa forma, temos que a concordância verbal carac- o receberemos. / Alguns de nós o receberão.
teriza-se pela adaptação do verbo, tendo em vista os que- - Quando o primeiro pronome da locução estiver ex-
sitos “número e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplifi- presso no singular, o verbo permanecerá, também, no sin-
cando, temos: O aluno chegou atrasado. Temos que o verbo gular: Algum de nós o receberá.
apresenta-se na terceira pessoa do singular, pois faz refe-
rência a um sujeito, assim também expresso (ele). Como 8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo
poderíamos também dizer: os alunos chegaram atrasados. pronome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa
do singular ou poderá concordar com o antecedente desse
pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para
Casos referentes a sujeito simples
ela. / Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela.
1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela
o núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós que toma-
2) Nos casos referentes a sujeito representado por
mos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo.
substantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pes-
soa do singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
10) No caso de o sujeito aparecer representado por ex-
Observação: pressões que indicam porcentagens, o verbo concordará
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa
adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular ou porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão
poderá ir para o plural: da diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão.
Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. Observações:
- Caso o verbo apareça anteposto à expressão de por-
3) Quando o sujeito é representado por expressões centagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprova-
partitivas, representadas por “a maioria de, a maior parte ram a decisão da diretoria 50% dos funcionários.
de, a metade de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto - Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no sin-
pode concordar com o núcleo dessas expressões quanto gular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da dire-
com o substantivo que a segue: A maioria dos alunos resol- toria.
veu ficar. A maioria dos alunos resolveram ficar. - Em casos em que o numeral estiver acompanhado de
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural:
4) No caso de o sujeito ser representado por expres- Os 50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.
sões aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”,
o verbo concorda com o substantivo determinado por elas: 11) Nos casos em que o sujeito estiver representado
Cerca de mil candidatos se inscreveram no concurso. por pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empre-
gado na terceira pessoa do singular ou do plural: Vossas
5) Em casos em que o sujeito é representado pela ex- Majestades gostaram das homenagens. Vossa Majestade
pressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais agradeceu o convite.
de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

12) Casos relativos a sujeito representado por substan- Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à
tivo próprio no plural se encontram relacionados a alguns regra geral mostrada acima.
aspectos que os determinam: a) Um adjetivo após vários substantivos
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do ver- - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
bo ser, este permanece no singular, contanto que o predi- plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
cativo também esteja no singular: Memórias póstumas de - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
Brás Cubas é uma criação de Machado de Assis. - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo tam-
bém permanece no plural: Os Estados Unidos são uma po- - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
tência mundial. masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que - Ela tem pai e mãe louros.
- Ela tem pai e mãe loura.
ele nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados
Unidos é uma potência mundial.
- Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoria-
mente para o plural.
Casos referentes a sujeito composto - O homem e o menino estavam perdidos.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, es- b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
tando relacionado a dois pressupostos básicos: - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as mais próximo.
demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. Comi delicioso almoço e sobremesa.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar Provei deliciosa fruta e suco.
na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são
- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
primos. concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
Estavam feridos o pai e os filhos.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer an- Estava ferido o pai e os filhos.
teposto ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus
dois filhos compareceram ao evento. c) Um substantivo e mais de um adjetivo
- antecede todos os adjetivos com um artigo.
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao ver- Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
bo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus - coloca o substantivo no plural.
dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos. Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.

d) Pronomes de tratamento
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém - sempre concordam com a 3ª pessoa.
com mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no Vossa Santidade esteve no Brasil.
singular: Meu esposo e grande companheiro merece toda a
felicidade do mundo. e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
- Concordam com o substantivo a que se referem.
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinô- As cartas estão anexas.
nimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo A bebida está inclusa.
poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha Precisamos de nomes próprios.
vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de Obrigado, disse o rapaz.
meu esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha pre-
f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
miação é fruto de meu esforço. - Após essas expressões o substantivo fica sempre no
singular e o adjetivo no plural.
Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos Renato advogou um e outro caso fáceis.
demais termos da oração para que concordem em gênero Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
e número com o substantivo. Teremos que alterar, portan-
to, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, g) É bom, é necessário, é proibido
temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira. - Essas expressões não variam se o sujeito não vier pre-
Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o prono- cedido de artigo ou outro determinante.
me concordam em gênero e número com o substantivo. Canja é bom. / A canja é boa.
- A pequena criança é uma gracinha. É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A en-
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
trada é proibida.

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LÍNGUA PORTUGUESA

h) Muito, pouco, caro Questões sobre Concordância Nominal e Verbal


- Como adjetivos: seguem a regra geral.
Comi muitas frutas durante a viagem. 01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con-
Pouco arroz é suficiente para mim. cordância verbal e nominal está inteiramente correta na
Os sapatos estavam caros. frase:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e va-
- Como advérbios: são invariáveis. lores que determinam as escolhas dos governantes, para
Comi muito durante a viagem. conferir legitimidade a suas decisões.
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de-
Comprei caro os sapatos. vem ser embasados na percepção dos valores e princípios
que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadei-
i) Mesmo, bastante
ro regime democrático, em que se respeita tanto as liber-
- Como advérbios: invariáveis
dades individuais quanto as coletivas.
Preciso mesmo da sua ajuda. (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. crático não pode estar subordinado às ordens indiscrimina-
das de um único poder central.
- Como pronomes: seguem a regra geral. (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
Seus argumentos foram bastantes para me convencer. para o momento eleitoral, que expõem as diferentes opi-
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. niões existentes na sociedade.
j) Menos, alerta
- Em todas as ocasiões são invariáveis. 02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de con-
Preciso de menos comida para perder peso. cordância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas
Estamos alerta para com suas chamadas. em:
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa
k) Tal Qual leitura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimo-
- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda ramento intelectual, estão na capacidade de criação do au-
com o consequente. tor, mediante palavras, sua matéria-prima.
As garotas são vaidosas tais qual a tia. B) Obras que se considera clássicas na literatura sem-
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos. pre delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o
leitor ao ultrapassar os limites da época em que vivem seus
autores, gênios no domínio das palavras, sua matéria-pri-
l) Possível
ma.
- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “me- C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas,
lhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as ex- lhe permitem criar todo um mundo de ficção, em que per-
pressões. sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os
A mais possível das alternativas é a que você expôs. leitores, numa verdadeira interação com a realidade.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da em- D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei-
presa. tor somente se realiza plenamente caso haja afinidade de
As piores situações possíveis são encontradas nas fave- ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o
las da cidade. crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura.
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que
m) Meio constitui leitura obrigatória e se tornam referências por seu
- Como advérbio: invariável. conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época.
Estou meio (um pouco) insegura.
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para
- Como numeral: segue a regra geral. responder à questão.
Comi meia (metade) laranja pela manhã. _________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro,
não está claro até onde pode realmente chegar uma políti-
ca baseada em melhorar a eficiência sem preços adequados
n) Só
para o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a
- apenas, somente (advérbio): invariável.
terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do
Só consegui comprar uma passagem. carbono e da água em si ___________diferença, as compa-
nhias não podem suportar ter de pagar, de repente, digamos,
- sozinho (adjetivo): variável. 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer prepara-
Estiveram sós durante horas. ção. Portanto, elas começam a usar preços- -sombra.
Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira
Fonte: de quantificar adequadamente os insumos básicos. E sem
http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia- eles a maioria das políticas de crescimento verde sempre
verbal.htm ___________ a segunda opção.
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)

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LÍNGUA PORTUGUESA

De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, 07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res- Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas
pectivamente, com: em:
(A) Restam… faça… será (A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel
(B) Resta… faz… será sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
(C) Restam… faz... serão dessas criações poéticas tão originais.
(D) Restam… façam… serão (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status
(E) Resta… fazem… será atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
nas melhores universidades do país.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alterna- (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
tiva em que o trecho a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- mesmos requizessem o respeito que faziam por merecer.
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.– (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e
está corretamente reescrito, de acordo com a norma-pa- a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser
drão da língua portuguesa. resultado do puro e simples desconhecimento.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encon-
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os proble-
trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os
mas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
insumos básicos.
representatividade.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
cos ser quantificados. 08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
(C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de con-
até agora uma maneira adequada para que os insumos bá- cordância verbal e nominal em:
sicos sejam quantificado. a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica-
trou até agora uma maneira adequada para que os insu- das às mais humildes, são cada vez mais comuns nos dias
mos básicos seja quantificado. de hoje.
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- b) A importância de intelectuais como Edward Said e
trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões
os insumos básicos. polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos livros que
05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO escreveram.
- VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto: c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre
I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota nega- árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto so-
tiva... frimento, estejam próximos de serem resolvidos ou pelo
II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classi- menos de terem alguma trégua.
ficação do continente americano (2,0)... d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo
II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores
exemplos, em: que admiradores.
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o e) No final do século XX já não se via muitos intelec-
próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente da tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era
maioria? notícia pelos livros que publicavam como pelas posições
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas. que corajosamente assumiam.
Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase
09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propos-
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas
também existem umas que não merecem nossa atenção. tas para o segmento grifado, deverá ser colocado no plural,
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. está em:
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas)
06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) (B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do pla-
Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de neta)
peregrinação. (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O
O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plu- consumo mundial de barris de petróleo)
ral caso o segmento grifado seja substituído por: (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se
(A) Há folheteiros que no custo da matéria-prima... (Constantes aumentos)
(B) A maior parte dos folheteiros (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es-
(C) O folheteiro e sua família forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças
(D) O grosso dos folheteiros climáticas)
(E) Cada um dos folheteiros

91
LÍNGUA PORTUGUESA

10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi- 3-) _Restam___dúvidas


nale a alternativa em que a concordância das formas ver- mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da
bais destacadas está de acordo com a norma-padrão da água em si __faça __diferença
língua. a maioria das políticas de crescimento verde sempre
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higie- ____será_____ a segunda opção.
nização subterrânea. Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tan-
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os to no plural quanto no singular. Nas alternativas não há
trabalhadores da área de limpeza. “restam/faça/serão”, portanto a A é que apresenta as op-
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos ris- ções adequadas.
cos de se contrair alguma doença.
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era
4-)
sete da manhã, eu já estava fazendo meu serviço.
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, (A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
começou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os
de seus funcionários. insumos básicos.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
GABARITO trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
cos serem quantificados.
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A (C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
mos básicos sejam quantificados.
RESOLUÇÃO (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
1-) Fiz os acertos entre parênteses: mos básicos sejam quantificados.
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
que determinam as escolhas dos governantes, para conferir trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
legitimidade a suas decisões. os insumos básicos. = correta
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem
(deve) ser embasados (embasada) na percepção dos valores
5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos
e princípios que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver- aos itens:
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respeitam) (A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém
tanto as liberdades individuais quanto as coletivas. tem (singular)
(D) As instituições fundamentais de um regime demo- (B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural)
crático não pode (podem) estar subordinado (subordinadas) (C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise-
às ordens indiscriminadas de um único poder central. ram (plural)
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol- (D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem
tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex- umas (plural)
põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade. (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas
as formas estão no plural)
2-)
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa lei- 6-)
tura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimora- A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto
mento intelectual, estão na capacidade de criação do autor, “folheterios”)
mediante palavras, sua matéria-prima. = correta B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional)
B) Obras que se consideram clássicas na literatura sem- C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto)
pre delineiam novos caminhos, pois são capazes de encantar
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional)
o leitor ao ultrapassarem os limites da época em que vivem
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular
seus autores, gênios no domínio das palavras, sua matéria
-prima.
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, 7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta:
lhes permite criar todo um mundo de ficção, em que per- (A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a conside-
sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os rar o cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capa-
leitores, numa verdadeira interação com a realidade. zes de fruir dessas criações poéticas tão originais.
D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei- (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status
tor somente se realizam plenamente caso haja afinidade de atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o cres- nas melhores universidades do país.
cimento intelectual deste último e o prazer da leitura. (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
constituem leitura obrigatória e se tornam referências por mesmos requizessem (requeressem) o respeito que faziam
seu conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época. por merecer.

92
LÍNGUA PORTUGUESA

(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desva- REGÊNCIA


lorização e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica
só pode (podem) ser resultado do puro e simples desco- Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
nhecimento. que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple-
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as pala-
os problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados vras, criando frases não ambíguas, que expressem efetiva-
à falta de representatividade. mente o sentido desejado, que sejam corretas e claras.

8-) Fiz as correções entre parênteses: Regência Verbal


a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofis- Termo Regente: VERBO
ticadas às mais humildes, são (é) cada vez mais comuns
(comum) nos dias de hoje. A regência verbal estuda a relação que se estabelece
b) A importância de intelectuais como Edward Said e entre os verbos e os termos que os complementam (obje-
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
polêmicas de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros adverbiais).
que escreveram. O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nos-
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio en- sa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
tre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto conhecermos as diversas significações que um verbo pode
sofrimento, estejam (esteja) próximos (próximo) de serem assumir com a simples mudança ou retirada de uma pre-
(ser) resolvidos (resolvido) ou pelo menos de terem (ter) posição. Observe:
alguma trégua. A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar,
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a contentar.
verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar
ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores agrado ou prazer”, satisfazer.
que admiradores. Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
e) No final do século XX já não se via (viam) muitos “agradar a alguém”.
intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas
era (eram) notícia pelos livros que publicavam como pelas Saiba que:
posições que corajosamente assumiam. O conhecimento do uso adequado das preposições é
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver-
9-) bal (e também nominal). As preposições são capazes de
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = modificar completamente o sentido do que se está sendo
“há” permaneceria no singular dito. Veja os exemplos:
(B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do pla- Cheguei ao metrô.
neta) = “sabe” permaneceria no singular Cheguei no metrô.
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O
consumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permane- No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se-
ceria no singular gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se oração “Cheguei no metrô”, popularmente usada a fim de
no custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “re- indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da lín-
flete” passaria para “refletem-se” gua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem di-
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es- vergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns
forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças verbos, e a regência culta.
climáticas) = “pressiona” permaneceria no singular Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos
de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém,
10-) Fiz as correções: não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular) diferentes formas em frases distintas.
(B) Ainda existe muitas pessoas = existem
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos Verbos Intransitivos
riscos
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
sete da manhã = eram importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
começou = começaram
- Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
indicar destino ou direção são: a, para.

93
LÍNGUA PORTUGUESA

Fui ao teatro. Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:


Adjunto Adverbial de Lugar - Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direi-
Ricardo foi para a Espanha. tos iguais para todos.
Adjunto Adverbial de Lugar
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
- Comparecer mentos introduzidos pela preposição “a”:
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
em ou a. Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
último jogo. - Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
Verbos Transitivos Diretos quem” ou “ao que” se responde.
Respondi ao meu patrão.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Respondemos às perguntas.
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição Respondeu-lhe à altura.
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
gar esses verbos, devemos lembrar que os pronomes oblí- Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
quos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses prono- quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
mes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas siva analítica. Veja:
verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após O questionário foi respondido corretamente.
formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen-
lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos. te.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abando-
nar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, ad- - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
mirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, tos introduzidos pela preposição “com”.
Antipatizo com aquela apresentadora.
castigar, condenar, conhecer, conservar,convidar, defender,
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
nam para uma minoria privilegiada.
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
como o verbo amar:
Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa-
Amo aquela moça. / Amo-a.
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta-
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
que, nesse grupo: Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. que apresentam objeto direto relacionado a coisas e obje-
to indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos:
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses ver- Agradeço aos ouvintes a audiência.
bos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Objeto Indireto Objeto Direto
adnominais).
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Paguei o débito ao cobrador.
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car- Objeto Direto Objeto Indireto
reira)
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu- - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
mor) com particular cuidado. Observe:

Verbos Transitivos Indiretos Agradeci o presente. / Agradeci-o.


Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Os verbos transitivos indiretos são complementados Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi- Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
gem uma preposição para o estabelecimento da relação Paguei minhas contas. / Paguei-as.
de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter- Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam Informar
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Informe os novos preços aos clientes.
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
lhe, lhes. preços)

94
LÍNGUA PORTUGUESA

- Na utilização de pronomes como complementos, veja AGRADAR


as construções: - Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. nhos, acariciar.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so- Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
bre eles) quando o revê.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. /
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.
os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
Comparar agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as introduzido pela preposição “a”.
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento O cantor não agradou aos presentes.
indireto. O cantor não lhes agradou.
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma
criança.
ASPIRAR
- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi-
Pedir
rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de pes-
soa. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
Pedi-lhe favores. (Aspirávamos a elas)
Objeto Indireto Objeto Direto
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais áto-
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva nas “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela
Objetiva Direta (s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Aspiravam a ela)
Saiba que:
- A construção “pedir para”, muito comum na linguagem ASSISTIR
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. - Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
No entanto, é considerada correta quando a palavra licença tar assistência a, auxiliar. Por exemplo:
estiver subentendida. As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa. As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti- - Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen-
vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa). ciar, estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Assistimos ao documentário.
- A construção “dizer para”, também muito usada popu- Não assisti às últimas sessões.
larmente, é igualmente considerada incorreta. Essa lei assiste ao inquilino.
Preferir Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indi-
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
reto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
conturbada cidade.
Prefiro trem a ônibus.

Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado CHAMAR


sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve- - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo solicitar a atenção ou a presença de.
existente no próprio verbo (pre). Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá cha-
má-la.
Mudança de Transitividade X Mudança de Significa- Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
do
Há verbos que, de acordo com a mudança de transi- - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
tividade, apresentam mudança de significado. O conheci- apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi-
mento das diferentes regências desses verbos é um recurso cativo preposicionado ou não.
linguístico muito importante, pois além de permitir a correta A torcida chamou o jogador mercenário.
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades A torcida chamou ao jogador mercenário.
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, A torcida chamou o jogador de mercenário.
estão: A torcida chamou ao jogador de mercenário.

95
LÍNGUA PORTUGUESA

CUSTAR - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,


- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado estimar, amar.
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Quero muito aos meus amigos.
Frutas e verduras não deveriam custar muito. Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
ou transitivo indireto. VISAR
Muito custa viver tão longe da família. - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-
Verbo Oração Subordinada Substantiva rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Subjetiva O homem visou o alvo.
Intransitivo Reduzida de Infinitivo O gerente não quis visar o cheque.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
atitude. objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Objeto Oração Subordinada Substantiva
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Subjetiva
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
Indireto Reduzida de Infinitivo
público.
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções
que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado ESQUECER – LEMBRAR
por pessoa. Observe: - Lembrar algo – esquecer algo
Custei para entender o problema. - Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (prono-
Forma correta: Custou-me entender o problema. minal)

IMPLICAR No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,


- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
implicavam um firme propósito. exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
b) Ter como consequência, trazer como consequência, to, transitivos indiretos:
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadure- - Ele se esqueceu do caderno.
cimento político de um povo. - Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro- - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
econômicas. Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-
brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é tran- alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
sitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
quem não trabalhasse arduamente. clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
PROCEDER - Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter - Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado
O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e
de adjunto adverbial de modo.
indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de al-
As afirmações da testemunha procediam, não havia
como refutá-las. guma coisa).
Você procede muito mal. SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- simpatizei com os jurados.
sição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzi-
do pela preposição “a”) é transitivo indireto. NAMORAR
O avião procede de Maceió. É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Ma-
Procedeu-se aos exames. ria namora João.
O delegado procederá ao inquérito. Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

QUERER OBEDECER
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com
vontade de, cobiçar. a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
Querem melhor atendimento. Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode
Queremos um país melhor. ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.

96
LÍNGUA PORTUGUESA

VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vá-
rios nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes:
todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atenta-
mente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Questões sobre Regência Nominal e Verbal

01. (Administrador – FCC – 2013-adap.).


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) ...astros que ficam tão distantes ...
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ...
D) ...cuja importância ninguém ignora ...
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...

97
LÍNGUA PORTUGUESA

02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013- (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
adap.). mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço
... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
filhos do sueco. – do que em outros.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de com- (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida-
plementos que o grifado acima está empregado em: mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan-
A) ...que existe uma coisa chamada exército... ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem-
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? plo) do que em outros.
C) ...compareceu em companhia da mulher à delega-
cia... 06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assina-
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro... le a alternativa correta quanto à regência dos termos em
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atre-
destaque.
vimento.
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). responsabilidade pelo problema.
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em (B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter
partes desiguais... se perdido.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que (C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho
o grifado acima está empregado em: de um índio na porta do prédio.
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
extremos de sutileza. perdido de sua família.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de macha- (E) A família toda se organizou para realizar a procura
do nos troncos mais robustos. à garotinha.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso-
rientam, não raro, quem... 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho a alternativa que completa, correta e respectivamente, as
na serra de Tunuí... lacunas do texto, de acordo com as regras de regência.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
gentio, mestre e colaborador... assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.).
A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que a mídia pode exercer sobre os jovens.
o da frase acima se encontra em: A) dos … na
A) A palavra direito, em português, vem de directum, B) nos … entre a
do verbo latino dirigere... C) aos … para a
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das D) sobre os … pela
sociedades... E) pelos … sob a
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado
pela justiça. 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspi- Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão
rações da justiça... da língua, assinale a alternativa em que os trechos desta-
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o cados estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal.
sentimento de justiça. A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais
de dez mil tomadas.
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alter- B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
nativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à regência C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de
nominal e à pontuação.
criar logotipos e negociar.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
D) O taxista levou o autor a indagar no número de
mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço
seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, tomadas do edifício.
do que em outros. E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re-
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam ra- parasse a um prédio na marginal.
pidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um 09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As-
exemplo!, do que em outros. sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra- frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da
pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o língua e sem alteração de sentido.
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
exemplo, do que em outros. direitos dos trabalhadores domésticos.

98
LÍNGUA PORTUGUESA

A) da 5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon-


B) na tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à re-
C) pela gência (pontuação encontra-se em tópico específico)
D) sob a (A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam,
E) sobre a (B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon-
tuação)
GABARITO (C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto
à pontuação)
01. D 02. D 03. A 04. A 05. D (E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapi-
06. A 07. C 08. A 09. C damente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o
RESOLUÇÃO avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um
exemplo) do que em outros.
1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das 6-)
outras ciências ... (B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por
Facilitar – verbo transitivo direto ter se perdido.
A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de li- (C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de
gação um índio na porta do prédio.
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo (D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se per-
de ligação dido de sua família.
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo tran- (E) A família toda se organizou para realizar a procura
sitivo direto e indireto pela garotinha.
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro =
verbo transitivo indireto 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se re-
portou já assinalavam uma relação entre os distúrbios da
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito imagem corporal e a exposição a imagens idealizadas pela
nos filhos do sueco. mídia.
Pedir = verbo transitivo direto e indireto A pesquisa faz um alerta para a influência negativa
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = tran- que a mídia pode exercer sobre os jovens.
sitivo direto
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de 8-)
ligação B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de ha-
C) ...compareceu em companhia da mulher à delega- ver um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
cia... =verbo intransitivo C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi- criar logotipos e negociar.
mento. =transitivo direto D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
tomadas do edifício.
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re-
em partes desiguais... parasse em um prédio na marginal.
Constar = verbo intransitivo
B) ...eram comumente assinalados a golpes de macha- 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de
do nos troncos mais robustos. =ligação direitos dos trabalhadores domésticos.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso-
rientam, não raro, quem... =transitivo direto
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho 3. REDAÇÃO OFICIAL.
na serra de Tunuí... = transitivo direto
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto
Uma boa redação é aquela que permite uma leitura
4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... prazerosa, natural, de fácil compreensão. Para fazer bons
Lidar = transitivo indireto textos é fundamental ter o hábito de leitura, utilizar todas
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das as regras da língua Portuguesa e as técnicas de redação a
sociedades... =transitivo direto seu favor.
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado
pela justiça. =ligação Principais dicas de redação:
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira-
ções da justiça... =transitivo direto e indireto - Organize seus argumentos sobre o tema proposto e
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o os escreva de forma compreensível. Organize os argumen-
sentimento de justiça. =transitivo direto tos em ordem crescente, ou seja, deixe o argumento mais
forte para o final;

99
LÍNGUA PORTUGUESA

- Nas dissertações em que é necessário defender algo, expõe o ponto de vista, e argumenta de uma forma lógica
não fique “em cima do muro”, coloque claramente sua po- para que o leitor acompanhe seu raciocínio. Nesta parte
sição, pois muitas vezes os corretores estão interessados em do texto faz-se uso de, no mínimo, dois parágrafos. A con-
avaliar sua capacidade de opinar, refletir e argumentar; clusão é o fechamento. Mas é válido lembrar que a intro-
- Escreva com clareza; dução, desenvolvimento e conclusão são ligados e depen-
- Seja objetivo e fiel ao tema; dentes entre si para que a coesão e coerência textual sejam
- Escolha sempre a ordem direta das frases (sujeito + pre- mantidas e o texto faça sentido.
dicado);
- Evite períodos e parágrafos muito longos; Introdução
- Elimine expressões difíceis ou desnecessárias do texto;
- Não use termos chulos, gírias e regionalismos; A introdução (dependendo do número máximo de li-
- Esteja sempre atualizado em tudo que acontece no nhas) deve ter argumentos, dos quais você falará no de-
mundo; senvolvimento. Então, deixe para explicar o assunto da in-
- Leia muito. A leitura enriquece o vocabulário, você olha
trodução depois. Apenas coloque os argumentos de forma
visualmente as palavras e envia para a sua memória a forma
conexa e, o mais importante, apenas os coloque se tiver
correta de escrevê-las;
certeza de que falará sobre eles depois.
- Treine fazer redação com temas que poderão estar rela-
cionados com as provas de concursos públicos, ou então faça
com temas da atualidade e notícias constantes nos meios de Desenvolvimento
comunicação;
- Seja crítico de si mesmo, revise os textos de treino, retire O desenvolvimento (dependendo do número máximo
os excessos, deixe seu texto “enxuto”; de linhas) deve ter, no mínimo, dois parágrafos. Cada pa-
- Cronometre o tempo que é gasto nas suas redações de rágrafo deve ter entre 2 a 4 linhas. O ideal seria três linhas,
treino e tente sempre diminuir o tempo gasto na próxima; pois quanto mais linhas tiver, maiores as chances de você
- Não ultrapasse as margens, nem o limite de linhas esta- escrever algo confuso. Os parágrafos devem tratar dos ar-
belecido na prova; gumentos apresentados na introdução. Cada parágrafo, ao
- Mantenha o mesmo padrão de letra do início ao fim do menos, referente a um deles.
texto. Não inicie com letra legível e arredondada, por exemplo,
e termine com ela ilegível e “apressada”. Isso dará uma pés- Conclusão
sima impressão para o examinador da banca quando for ler;
- Não faça marcas, rabiscos, não suje e nem amasse sua A conclusão não traz nenhum argumento novo. Ela
redação; Tenha o máximo de asseio possível; ressalta o que já foi dito, ou traz uma POSSÍVEL solução.
- Faça as redações de provas anteriores do concurso que
você prestará; Na dissertação NUNCA usamos: eu, nós, temos, deve-
mos, podemos, iremos, sei, sabemos, e palavras conjugadas
- Fique focado no enunciado que a banca está pedindo, da mesma forma. Isto porque ela devem ser escrita na 3ª
não redija um texto lindo, mas que está totalmente fora do pessoa do singular. O certo seria: sabe-se, deve-se, impor-
tema. Nunca fuja do tema proposto; tante se faz, tem-se. “Todo mundo”, “todo o planeta”, “todas
- Use sinônimos, evite repetir as mesmas palavras; as pessoas”, “todos”: tais palavras devem ser evitadas, pois a
- Tenha seus argumentos fundamentados. Seja coeso e dissertação não admite generalização. Logo, devemos usar
coerente; “a maioria”, “grande parte”, “parcela da população”, “um sig-
- Algo comum no mundo dos concurseiros é o grande
nificativo número” etc. “Com certeza”, “obviamente”, defini-
temor pela redação nas provas. Muitas vezes o candidato pre-
tivamente”: são palavras que também devem ser evitadas.
para-se para a prova objetiva e deixa a redação de lado, per-
A dissertação consiste numa argumentação, na qual se é
dendo grandes chances de passar. A única maneira eficaz de
aprender a fazer uma boa redação é treinando. Faça redações exposto um pensamento, o qual poderá ser refutado por
sobre diversos temas, leia e releia quantas vezes precisar, e outro pensamento.
lembre-se: a prática pode levar à perfeição;
- Além dessas dicas é preciso saber, principalmente, as re- Vamos para um exemplo. O texto trata da redução da
gras de acentuação gráfica, pontuação, ortografia e concor- maioridade no Brasil.
dância. A INTRODUÇÃO é a seguinte:

Estrutura da Redação Na sociedade atual, muitos crimes vêm sendo cometi-


dos por infratores menores de dezoito anos. As penas a eles
Um texto é composto de três partes essenciais: introdução, aplicadas são relativamente pequenas e não os inibem de
desenvolvimento e conclusão. O correto é haver um elo entre praticar novos delitos. A maioria destes jovens, contudo, SÃO
as partes, como se formassem a costura do texto. Na intro- de regiões periféricas e não têm o devido acesso á educação.
dução é onde o tema abordado é apresentado, não deve
ser muito extensa, e aconselha-se que tenha apenas um Lembra da regra dos assuntos (pelo menos três) da in-
parágrafo de quatro a seis linhas. O desenvolvimento é o trodução? Então... vamos ver quais serão os assuntos.
“corpo” do texto, a parte mais importante dele. É onde se

100
LÍNGUA PORTUGUESA

Assunto 1: na sociedade atual, muitos crimes vêm sendo 5. Em seguida, procure algum fato que sirva de exem-
cometidos por infratores menores de dezoito anos plo para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode
Assunto 2: As penas a eles aplicadas são relativamente vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do
pequenas e não os inibe de praticar novos delitos que você leu. Pode ser um fato da vida política, econômica,
Assunto 3: A maioria destes jovens, contudo, são de re- social. Pode ser um fato histórico. Ele precisa ser bastante
giões periféricas e não têm o devido acesso á educação expressivo e coerente com o seu ponto de vista. O fato
-exemplo geralmente dá força e clareza à argumentação.
Agora, vamos construir o texto, abordando cada assun- Além disso, pessoaliza o nosso texto, diferenciando-o dos
to em um parágrafo do desenvolvimento. demais.
6. A partir desses elementos, você terá o rascunho de
Na sociedade atual, muitos crimes vêm sendo cometi- sua redação.
dos por infratores menores de dezoito anos. As penas a eles
aplicadas são relativamente pequenas e não os inibem de Fontes:
praticar novos delitos. A maioria destes jovens, contudo, É de http://www.okconcursos.com.br/como-passar/dicas
regiões periféricas e não TEM o devido acesso á educação. -para-concurso/330-como-fazer-uma-boa-redacao#.Upo-
É de se notar que o crescente número de infrações reali- qg9Kfsfh
zadas por crianças e adolescentes, aparentemente, só tende http://capaciteredacao.forum-livre.com/t5097-explica-
a aumentar, tal como vem acontecendo. Crimes como roubo cao-como-fazer-uma-redacao
e tráfico se mostram cada vez mais presente nas ações des- http://www.soportugues.com.br/secoes/Redacao/Re-
tes jovens. (assunto 1) dacao2.php
Se, por um lado, o número de crimes praticados por eles
aumenta, por outro, diminui a severidade das medidas. O
grande problema de medidas tão brandas consiste no fato Redação Oficial
de estas não cumprirem um de seus importantes deveres: o
de inibir a ocorrência de novas infrações. (assunto 2) Pronomes de tratamento na redação oficial
A falta de estudo e de condições sociais favoráveis, certa-
mente, é um ponto que fortalece o envolvimento com ações A redação Oficial é a maneira para o poder público re-
infratoras. Dispersos, tratados com descaso e sem perspecti-
digir atos normativos. Para redigi-los, muitas regras fazem-
va, muitos jovens veem no crime a possível solução para seus
se necessárias. Entre elas, escrever de forma clara, concisa,
problemas. (assunto 3)
sem muito comprometimento, bem como um uso adequa-
A necessidade de se diminuir a maioridade penal, nas
do das formas de tratamento. Tais regras, acompanhadas
condições atuais, de fato, se mostra gritante. Contudo, no
de uma boa redação, com um bom uso da linguagem, as-
dia que o país investir em educação e não em formas de
seguram que os atos normativos sejam bem executados.
conter os efeitos gerados pela falta desta, talvez, sequer seja
No Poder Público, a todo momento nós nos depara-
necessária qualquer pena.
mos com situações em que precisamos escrever – ou falar –
Planejando a Dissertação com pessoas com as quais não temos familiaridade. Nesses
casos, os pronomes de tratamento assumem uma condição
Veja a seguir outro tipo de roteiro. Siga os passos: e precisam estar adequados à categoria hierárquica da pes-
1) Interrogue o tema; soa a quem nos dirigimos. E mais, exige-se, em discurso
2) Responda-o de acordo com a sua opinião; falado ou escrito, uma homogeneidade na forma de trata-
3) Apresente um argumento básico; mento, não só nos pronomes como também nos verbos.
4) Apresente argumentos auxiliares; No entanto, as formas de tratamento não são do co-
5) Apresente um fato-exemplo; nhecimento de todos. Para tanto, a partir do Manual da
6) Conclua. Presidência da República, apresentaremos as discrimina-
ções de usos dos pronomes de tratamento:
Vamos supor que o tema de redação proposto seja:
Nenhum homem vive sozinho. Tente seguir o roteiro: São de uso consagrado: Vossa Excelência, para as
1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum ho- seguintes autoridades:
mem vive sozinho? a) do Poder Executivo
2. Procure responder a essa pergunta de um modo Presidente da República;
simples e claro, concordando ou discordando (ou concor- Vice-Presidente da República;
dando em parte e discordando em parte): essa resposta é o Ministro de Estado;
seu ponto de vista. Secretário-Geral da Presidência da República;
3. Pergunte a você mesmo o porquê de sua resposta, Consultor-Geral da República;
uma causa, um motivo, uma razão para justificar sua posi- Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
ção: aí estará o seu argumento principal. Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República;
4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República;
a defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua posi- Secretários da Presidência da República;
ção. Estes serão os argumentos auxiliares. Procurador – Geral da República;

101
LÍNGUA PORTUGUESA

Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de


Federal; qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
Chefes de Estado – Maior das Três Armas; e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, im-
Oficiais Generais das Forças Armadas; pessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo
Embaixadores; a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de
Secretário Executivo e Secretário Nacional de Ministérios; toda administração pública, claro que devem igualmente nor-
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; tear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.
Prefeitos Municipais. Não se concebe que um ato normativo de qualquer na-
tureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou im-
b) do Poder Legislativo: possibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos
Presidente, Vice–Presidente e Membros da Câmara dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos
Deputados e do Senado Federal; do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto le-
Presidente e Membros do Tribunal de Contas da União; gal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica,
Presidente e Membros dos Tribunais de Contas Estaduais; pois, necessariamente, clareza e concisão.
Presidente e Membros das Assembleias Legislativas Esta- Fica claro também que as comunicações oficiais são ne-
duais; cessariamente uniformes, pois há sempre um único comuni-
Presidente das Câmaras Municipais. cador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações
c) do Poder Judiciário: ou é o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigi-
Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal; dos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou
Presidente e Membros do Superior Tribunal de Justiça; instituições tratados de forma homogênea (o público).
Presidente e Membros do Superior Tribunal Militar; A redação oficial não é necessariamente árida e infensa à
Presidente e Membros do Tribunal Superior Eleitoral; evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar
Presidente e Membros do Tribunal Superior do Trabalho; com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâ-
Presidente e Membros dos Tribunais de Justiça; metros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa da-
Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Federais; quele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência
Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais; particular, etc.
Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho; Apresentadas essas características fundamentais da reda-
Juízes e Desembargadores; ção oficial, passemos à análise pormenorizada de cada uma
Auditores da Justiça Militar.” delas.

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas A Impessoalidade


aos Chefes do Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do car-
go respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Ex- pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a)
celentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. alguém que comunique, b) algo a ser comunicado, e c) al-
guém que receba essa comunicação. No caso da redação
E mais: As demais autoridades serão tratadas com o vo- oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou
cativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço,
Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador. Seção); o que se comunica é sempre algum assunto relativo às
O Manual ainda preceitua que a forma de tratamento atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa co-
“Digníssimo” fica abolida para as autoridades descritas acima, municação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro
afinal, a dignidade é condição primordial para que tais cargos órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.
públicos sejam ocupados. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve
Fica ainda dito que doutor não é forma de tratamento, ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais
mas titulação acadêmica de quem defende tese de douto- decorre:
rado. Portanto, é aconselhável que não se use discriminada- a) da ausência de impressões individuais de quem comu-
mente tal termo. nica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assina-
do por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim,
uma desejável padronização, que permite que comunicações
1. ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL elaboradas em diferentes setores da Administração guardem
entre si certa uniformidade;
O que é Redação Oficial b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação,
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ma- com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão,
neira pela qual o Poder Público redige atos normativos sempre concebido como público, ou a outro órgão público.
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma
Poder Executivo. homogênea e impessoal;
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoali- c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se
dade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, o universo temático das comunicações oficiais restringe-
formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atri- se a questões que dizem respeito ao interesse público, é
butos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: natural que não caiba qualquer tom particular ou pessoal.

102
LÍNGUA PORTUGUESA

Desta forma, não há lugar na redação oficial para impres- A linguagem técnica deve ser empregada apenas em si-
sões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma tuações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscrimina-
carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou do. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabu-
mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta lário próprio a determinada área, são de difícil entendimento
da interferência da individualidade que a elabora. por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encami-
nos valemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, nhadas a outros órgãos da administração e em expedientes
ainda, para que seja alcançada a necessária impessoalidade. dirigidos aos cidadãos.

A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais Formalidade e Padronização


A necessidade de empregar determinado nível de linguagem As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto
nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio-
caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua fi- nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto
nalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tra-
normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, tamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao
ou regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é al- correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento
cançado se em sua elaboração for empregada a linguagem ade- para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a for-
quada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade malidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfo-
precípua é a de informar com clareza e objetividade. que dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
As comunicações que partem dos órgãos públicos fede- A formalidade de tratamento vincula-se, também, à neces-
rais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão sária uniformidade das comunicações. Ora, se a administração
brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de federal é una, é natural que as comunicações que expede si-
uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dú- gam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão exi-
vida de que um texto marcado por expressões de circulação ge que se atente para todas as características da redação oficial
restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jar- e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos.
gão técnico, tem sua compreensão dificultada. A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o
Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre texto definitivo e a correta diagramação do texto são indis-
a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, pensáveis para a padronização.
reflete de forma imediata qualquer alteração de costumes, e
pode eventualmente contar com outros elementos que au- Concisão e Clareza
xiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc., A concisão é antes uma qualidade do que uma caracte-
para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por rística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue trans-
essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente mitir um máximo de informações com um mínimo de pala-
as transformações, tem maior vocação para a permanência e vras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental
vale-se apenas de si mesma para comunicar. que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual
Os textos oficiais, devido ao seu caráter impessoal e sua se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de
finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, pronto. É nessa releitura que muitas vezes se percebem even-
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de tuais redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.
que o padrão culto é aquele em que a) se observam as regras O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao
da gramática formal e b) se emprega um vocabulário comum princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de
ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar que empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não
a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação oficial se deve, de forma alguma, entendê-la como economia de
decorre do fato de que ele está acima das diferenças lexicais, pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens subs-
morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabula- tanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
res, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, pas-
que se atinja a pretendida compreensão por todos os cidadãos. sagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a sim- A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi-
plicidade de expressão, desde que não seja confundida com cial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita
pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão imediata compreensão pelo leitor. No entanto a clareza não
culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
da língua literária. - a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpre-
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um tações que poderia decorrer de um tratamento personalista
“padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão dado ao texto;
culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá pre- - o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de
ferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obe- entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de
decida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas circulação restrita, como a gíria e o jargão;
isso não implica, necessariamente, que se consagre a utili- - a formalidade e a padronização, que possibilitam a
zação de uma forma de linguagem burocrática. O jargão imprescindível uniformidade dos textos;
burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá - a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos
sempre sua compreensão limitada. linguísticos que nada lhe acrescentam.

103
LÍNGUA PORTUGUESA

É pela correta observação dessas características que se Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas
redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável relei- a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró-
tura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do
de trechos obscuros e de erros gramaticais provém principal- Ministério das Relações Exteriores.
mente da falta da releitura que torna possível sua correção.
A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa Identificação do Signatário
com que são elaboradas certas comunicações quase sempre Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da
compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de República, todas as demais comunicações oficiais devem tra-
um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não há as- zer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo
suntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se, do local de sua assinatura. A forma da identificação deve ser
pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir. a seguinte:
(espaço para assinatura)
Pronomes de Tratamento Nome
Concordância com os Pronomes de Tratamento Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indi-
reta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordân- (espaço para assinatura)
cia verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segun- Nome
da pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem Ministro de Estado da Justiça
se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira
pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que in- Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi-
tegra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria natura em página isolada do expediente. Transfira para essa
nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”. página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pro-
nomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Forma de diagramação
Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”). Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à se-
Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gê- guinte forma de apresentação:
nero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
refere, e não com o substantivo que compõe a locução. Assim, corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelên- de rodapé;
cia está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
deve estar satisfeita”. - é obrigatório constar a partir da segunda página o nú-
No envelope, o endereçamento das comunicações diri- mero da página;
gidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se- - os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
guinte forma: impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
gens esquerda e direta terão as distâncias invertidas nas pági-
A Sua Excelência o Senhor nas pares (“margem espelho”);
Fulano de Tal - o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no
Ministro de Estado da Justiça mínimo, 3,0 cm de largura;
70.064-900 – Brasília. DF - o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
A Sua Excelência o Senhor distância da margem esquerda;
Senador Fulano de Tal - o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
Senado Federal - deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas
70.165-900 – Brasília. DF e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto
utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;
Senhor Ministro, - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, subli-
nhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância
e a sobriedade do documento;
Fechos para Comunicações - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalida- papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
de de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para gráficos e ilustrações;
para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela - todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem
Portaria no 1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0
quinze padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, cm;
este Manual estabelece o emprego de somente dois fechos dife- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de ar-
rentes para todas as modalidades de comunicação oficial: quivo Rich Text nos documentos de texto;
a) para autoridades superiores, inclusive o Presi- - dentro do possível, todos os documentos elabora-
dente da República: Respeitosamente, dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
rarquia inferior: Atenciosamente, gos;

104
LÍNGUA PORTUGUESA

- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de- Forma e Estrutura


vem ser formados da seguinte maneira: Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do
tipo do documento + número do documento + palavras- padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve
chaves do conteúdo ser mencionado pelo cargo que ocupa. Ex:
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002” Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos
Aviso e Ofício
Definição e Finalidade Exposição de Motivos
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial Definição e Finalidade
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que o Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente
aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para da República ou ao Vice-Presidente para: a) informá-lo de de-
autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é ex- terminado assunto; b) propor alguma medida; ou c) submeter
pedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm como fi- a sua consideração projeto de ato normativo.
nalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente
Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também da República por um Ministro de Estado.
com particulares. Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um
Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por to-
Forma e Estrutura dos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do de interministerial.
padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o desti-
natário, seguido de vírgula. Forma e Estrutura
Exemplos: Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do
Excelentíssimo Senhor Presidente da República padrão ofício. A exposição de motivos, de acordo com sua finali-
Senhora Ministra dade, apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para aque-
Senhor Chefe de Gabinete la que tenha caráter exclusivamente informativo e outra para a que
proponha alguma medida ou submeta projeto de ato normativo.
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
seguintes informações do remetente: plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presiden-
– nome do órgão ou setor; te da República, sua estrutura segue o modelo antes referido
– endereço postal; para o padrão ofício.
– telefone e e-mail.
Mensagem
OBS: Estas informações estão ausentes no memorando, Definição e Finalidade
pois trata-se de comunicação interna, destinatário e remeten- É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes
te possuem o mesmo endereço. No caso se o Aviso é de um dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas
Ministério para outro Ministério, também não precisa especi- pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para in-
ficar o endereço. O Ofício é enviado para outras instituições, formar sobre fato da Administração Pública; expor o plano
logo, são necessárias as informações do remetente e o ende- de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa;
reço do destinatário para que o ofício possa ser entregue e o submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem
remetente possa receber resposta. de deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer
e agradecer comunicações de tudo quanto seja de interesse
Memorando dos poderes públicos e da Nação.
Definição e Finalidade Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi-
O memorando é a modalidade de comunicação entre uni- nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá
dades administrativas de um mesmo órgão, que podem es- a redação final.
tar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação eminente- gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
mente interna. - encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple-
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em- mentar ou financeira;
pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. - encaminhamento de medida provisória;
a serem adotados por determinado setor do serviço público. - indicação de autoridades;
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do - pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presi-
memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez dente da República ausentarem-se do País por mais de 15 dias;
e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evi- - encaminhamento de atos de concessão e renovação de
tar desnecessário aumento do número de comunicações, os concessão de emissoras de rádio e TV;
despachos ao memorando devem ser dados no próprio do- - encaminhamento das contas referentes ao exercício an-
cumento e, no caso de falta de espaço, em folha de conti- terior;
nuação. Esse procedimento permite formar uma espécie de - mensagem de abertura da sessão legislativa;
processo simplificado, assegurando maior transparência à - comunicação de sanção (com restituição de autógrafos);
tomada de decisões, e permitindo que se historie o anda- - comunicação de veto;
mento da matéria tratada no memorando. - outras mensagens.

105
LÍNGUA PORTUGUESA

Forma e Estrutura Correio Eletrônico


As mensagens contêm: a) a indicação do tipo de expedien- Definição e finalidade
te e de seu número, horizontalmente, no início da margem es- O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e ce-
querda; b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento leridade, transformou-se na principal forma de comunicação
e o cargo do destinatário, horizontalmente, no início da mar- para transmissão de documentos.
gem esquerda (Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Fe-
deral); c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; d) o local e a Forma e Estrutura
data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e horizontalmente Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico
fazendo coincidir seu final com a margem direita. é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presi- para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de lingua-
dente da República, não traz identificação de seu signatário. gem incompatível com uma comunicação oficial.
O campo “assunto” do formulário de correio eletrônico
Telegrama mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a orga-
Definição e Finalidade nização documental tanto do destinatário quanto do reme-
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os tente.
procedimentos burocráticos, passa a receber o título de tele- Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utiliza-
grama toda comunicação oficial expedida por meio de tele- do, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que
grafia, telex, etc. encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos sobre seu conteúdo.
cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir- Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da
possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência jus- mensagem pedido de confirmação de recebimento.
tifique sua utilização e, também em razão de seu custo elevado,
esta forma de comunicação deve pautar-se pela concisão. Valor documental
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem
Forma e Estrutura de correio eletrônico tenha valor documental, e para que pos-
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a es- sa ser aceito como documento original, é necessário existir
trutura dos formulários disponíveis nas agências dos Correios certificação digital que ateste a identidade do remetente, na
e em seu sítio na Internet. forma estabelecida em lei.

Fax ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA E GRAMÁTICA


Definição e Finalidade
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma Problemas de Construção de Frases
forma de comunicação que está sendo menos usada devido ao A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas
desenvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de principalmente pela construção adequada da frase, “a menor
mensagens urgentes e para o envio antecipado de documentos, unidade autônoma da comunicação”, na definição de Celso
de cujo conhecimento há premência, quando não há condições Pedro Luft.
de envio do documento por meio eletrônico. Quando necessário A função essencial da frase é desempenhada pelo predi-
o original, ele segue posteriormente pela via e na forma de praxe. cado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendido
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre que
do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos mode- a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome de pe-
los, deteriora-se rapidamente. ríodo, que terá tantas orações quantos forem os verbos não
auxiliares que o constituem.
Forma e Estrutura Outra função relevante é a do sujeito – mas não indispen-
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a sável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –, de quem
estrutura que lhes são inerentes. se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo. Sempre que
É conveniente o envio, juntamente com o documento o verbo o exigir, teremos nas orações substantivos (nomes ou
principal, de folha de rosto, e de pequeno formulário com os pronomes) que desempenham a função de complementos
dados de identificação da mensagem a ser enviada, conforme (objetos direto e indireto, predicativo e complemento adver-
exemplo a seguir: bial). Função acessória desempenham os adjuntos adverbiais,
que vêm geralmente ao final da oração, mas que podem ser
[Órgão Expedidor] ou intercalados aos elementos que desempenham as outras
[setor do órgão expedidor] funções, ou deslocados para o início da oração.
[endereço do órgão expedidor] Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
Destinatário:____________________________________ mentos que compõem uma oração (Observação: os parênte-
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ ses indicam os elementos que podem não ocorrer):
Remetente: ____________________________________ (sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ Podem ser identificados seis padrões básicos para as ora-
No de páginas: ________No do documento:____________ ções pessoais (i. é, com sujeito) na língua portuguesa (a fun-
ção que vem entre parênteses é facultativa e pode ocorrer
Observações:___________________________________ em ordem diversa):

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LÍNGUA PORTUGUESA

1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial) Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
O Presidente - regressou - (ontem). Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo,
junto adverbial) (...).
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo,
manhã de terça-feira). (...).

3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto - Frases Fragmentadas


(adjunto adverbial).
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
tores). oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. direto frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico
- obj. indireto - (adj. Adv.) na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações - textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
ao Deputado - (no Congresso). Ex.:
Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- Nacional. Depois de ser longamente debatido.
verbial - (adjunto adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Nacional, depois de ser longamente debatido.
Aires - (na próxima semana). Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) recebeu a aprovação do Congresso Nacional.
Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consul-
verbial)
tadas as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
O problema - será - resolvido - prontamente.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
metido ao Presidente da República, que o aprovou, consulta-
Esses seriam os padrões básicos para as orações, ou
das as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
seja, as frases que possuem apenas um verbo conjugado.
Na construção de períodos, as várias funções podem ocor-
Erros de Paralelismo
rer em ordem inversa à mencionada, misturando-se e con-
fundindo-se. Não interessa aqui análise exaustiva de todos
os padrões existentes na língua portuguesa. O que importa Uma das convenções estabelecidas na linguagem es-
é fixar a ordem normal dos elementos nesses seis padrões crita “consiste em apresentar ideias similares numa forma
básicos. Acrescente-se que períodos mais complexos, com- gramatical idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim,
postos por duas ou mais orações, em geral podem ser re- incorre-se em erro ao conferir forma não paralela a ele-
duzidos aos padrões básicos (de que derivam). mentos paralelos. Vejamos alguns exemplos:
Os problemas mais frequentemente encontrados na Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministé-
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à rios economizar energia e que elaborassem planos de redu-
ambiguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos pa- ção de despesas.
ralelismos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral,
do desconhecimento da ordem das palavras na frase. In- Nesta frase temos, nas duas orações subordinadas que
dicam-se, a seguir, alguns desses defeitos mais comuns e completam o sentido da principal, duas estruturas diferen-
recorrentes na construção de frases, registrados em docu- tes para ideias equivalentes: a primeira oração (economizar
mentos oficiais. energia) é reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que
elaborassem planos de redução de despesas) é uma oração
Sujeito desenvolvida introduzida pela conjunção integrante que.
Há mais de uma possibilidade de escrevê-la com clareza e
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que correção; uma seria a de apresentar as duas orações subor-
executa a ação enunciada na oração. Ele pode ter comple- dinadas como desenvolvidas, introduzidas pela conjunção
mento, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, integrante que:
portanto, construções como: Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministé-
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. rios que economizassem energia e (que) elaborassem planos
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda. para redução de despesas.
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor-
tadas, (...). Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- como reduzidas de infinitivo:
tadas, (...). Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministé-
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. rios economizar energia e elaborar planos para redução de
Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim. despesas.

107
LÍNGUA PORTUGUESA

Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o
coordenação de orações subordinadas. salário de um médico.
Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o
culta: de um médico.
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
não ser inseguro, inteligência e ter ambição. Novamente, a não repetição dos termos comparados
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- confunde. Alternativas para correção:
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Portaria.
transformá-la em frase simples, substituindo as orações re- Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
duzidas por substantivos: Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, se- do que os Ministérios do Governo.
gurança, inteligência e ambição. No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
“demais”) acarretou imprecisão:
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa- Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
do que os outros Ministérios do Governo.
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente)
Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar,
do que os demais Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas:
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. Ambiguidade
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades
(Paris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibili- Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
dade de correção é transformá-la em duas frases simples, mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
com o cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar): todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta possam gerar equívocos de compreensão.
última capital, encontrou-se com o Papa. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar--se a que palavra se refere um pronome que
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado possui mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período ocorrer com:
que não contém nenhum “que” anterior. - pronomes pessoais:
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
tem sólida formação acadêmica. ele seria exonerado.
Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Para corrigir a frase, ou suprimimos o pronome relativo: cretariado.
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sóli- Ou então, caso o entendimento seja outro:
da formação acadêmica. Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: neração deste.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o - pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
programa. Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo ante- ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta-
rior aqui podemos ou suprimir a conjunção: do, mas isso não o surpreendeu.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas Observe-se a multiplicidade de ambiguidade no exem-
plo acima, as quais tornam virtualmente inapreensível o
precipitadas, que comprometam o andamento de todo o
sentido da frase.
programa.
Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
Erros de Comparação federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
da República.
A omissão de certos termos ao fazermos uma compa-
ração, omissão própria da língua falada, deve ser evitada - pronome relativo:
na língua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
sempre é possível identificar, pelo contexto, qual o termo costumava trabalhar.
omitido. A ausência indevida de um termo pode impossi- Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora-
bilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma ção refere--se à mesa ou a gabinete. Essa ambiguidade se
frase: deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gênero. A
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais, as
um médico. quais, que marcam gênero e número.
A omissão de termos provocou uma comparação inde- Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costuma-
vida: “o salário de um professor” com “um médico”. va trabalhar.

108
LÍNGUA PORTUGUESA

Se o entendimento é outro, então: 6-) (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS


Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costuma- GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU-
va trabalhar. MARC/2013) Sobre a Redação Oficial, NÃO é correto afir-
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da dú- mar que
vida sobre a que se refere a oração reduzida: (A) exige emprego do padrão formal de linguagem.
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o fun- (B) deve permitir uma única interpretação e ser estrita-
cionário. mente impessoal.
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, de- (C) sua finalidade básica é comunicar com impessoali-
ve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. dade e máxima clareza.
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este indis- (D) dispensa a formalidade de tratamento, uma vez
ciplinado. que o comunicador e o receptor são o Serviço Público.
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora
chamou o médico. 7-) (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi cha- GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU-
mado por uma senhora. MARC/2013 - adaptada) “Na revisão de um expediente,
deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por
Fontes: seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser des-
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_publi- conhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre
cacoes_ver.php?id=2 certos assuntos em decorrência de nossa experiência pro-
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/redacao fissional muitas vezes faz com que os tomemos como de
-oficial-para-concursos.html conhecimento geral, o que nem sempre é verdade. Explici-
te, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o sig-
ATIVIDADES nificado das siglas e abreviações e os conceitos específicos
que não possam ser dispensados.”
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE – TÉC- (Manual de Redação Oficial da Presidência da Repúbli-
NICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) O correio ele- ca. p. 14).
trônico é uma forma de comunicação célere, na qual deve ser
utilizada linguagem compatível com a comunicação oficial, Sobre a Redação Oficial, pode-se concluir que
embora não seja definida uma forma rígida para sua estrutura. (A) a concisão de um texto está relacionada ao grau de
( ) Certo ( ) Errado especificação dos termos.
(B) a padronização de termos e conceitos viabiliza a
2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE ALAGOAS – AGENTE uniformidade dos documentos.
DE POLÍCIA – CESPE/2012) O vocativo a ser empregado em (C) a revisão possibilita a substituição de termos, mui-
comunicações dirigidas ao chefe do Poder Executivo da Repú- tas vezes, desconhecidos pelo leitor.
blica Federativa do Brasil é Excelentíssimo Senhor. (D) claro é o texto que exige releituras mais aprofun-
( ) Certo ( ) Errado dadas.

3-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNICO FO- 8-) (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013) O ex-
RENSE - CESPE/2013) A concisão, uma das qualidades es- pediente adequado para a comunicação entre ministros de
senciais ao texto oficial, para a qual concorrem o domínio do Estado é a mensagem.
assunto tratado e a revisão textual, consiste em se transmitir, ( ) Certo ( ) Errado
no texto escrito, o máximo de informações empregando-se
um mínimo de palavras. 9-) (ANP – CONHECIMENTO BÁSICO PARA TODOS OS
( ) Certo ( ) Errado CARGOS – CESPE/2013) Na redação de uma ata, devem-
se relatar exaustivamente, com o máximo de detalhamento
4-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNICO FO- possível, incluindo-se os aspectos subjetivos, as discussões,
RENSE - CESPE/2013) Na parte superior do ofício, do aviso e as propostas, as resoluções e as deliberações ocorridas em
do memorando, antes do assunto, devem constar o nome e o reuniões e eventos que exigem registro.
endereço da autoridade a quem é direcionada a comunicação. ( ) Certo ( ) Errado
( ) Certo ( ) Errado
10-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) Se-
5-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E gundo o Manual de Redação da Presidência da República,
COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATI- NÃO se deve usar Vossa Excelência para
VO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar satisfeita (A) embaixadores.
com os resultados das negociações”, o adjetivo estará correta- (B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais.
mente empregado se dirigido a ministro de Estado do sexo (C) prefeitos municipais.
masculino, pois o termo “satisfeita” deve concordar com a (D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
locução pronominal de tratamento “Vossa Excelência”. (E) vereadores.
( ) Certo ( ) Errado

109
LÍNGUA PORTUGUESA

Resolução correto emprego deste ou daquele pronome de tratamen-


1-) O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo to para uma autoridade de certo nível (...); mais do que isso,
e celeridade, transformou-se na principal forma de comu- a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio
nicação para transmissão de documentos. enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrô- (Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/
nico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma manual.htm_)
rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso RESPOSTA: “D”.
de linguagem incompatível com uma comunicação oficial
(v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais). 7-) Através da leitura do excerto e das próprias alter-
(Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ nativas, chegamos à conclusão de que um texto, principal-
manual.htm) mente oficial, deve priorizar a revisão.
RESPOSTA: “CERTO”. RESPOSTA: “C”.

2-) (...) O vocativo a ser empregado em comunicações 8-) Mensagem – é o instrumento de comunicação ofi-
dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, se- cial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as
guido do cargo respectivo: mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Po-
Excelentíssimo Senhor Presidente da República (...) der Legislativo para informar sobre fato da Administração
(Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ Pública; expor o plano de governo por ocasião da abertura
manual.htm) de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional ma-
RESPOSTA: “CERTO”. térias que dependem de deliberação de suas Casas; apre-
sentar veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo
3-) É a qualidade esperada de um bom texto, assim ele quanto seja de interesse dos poderes públicos e da Nação.
não se torna prolixo: “fala, fala, mas não diz nada!”. Aviso e Ofício - são modalidades de comunicação ofi-
RESPOSTA: “CERTO”. cial praticamente idênticas. A única diferença entre eles é
que o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de
4-) O aviso, o ofício e o memorando devem conter as Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo
seguintes partes: que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades.
Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos ofi-
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do
ciais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no
órgão que o expede:
caso do ofício, também com particulares.
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com
(Fonte: http://www.fontedosaber.com/portugues/re-
alinhamento à direita:
dacao-oficial-dicas-e-macetes.html)
c) assunto: resumo do teor do documento
RESPOSTA: “ERRADO”.
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é
dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído
9-) Ata é um documento administrativo que tem a
também o endereço.
finalidade de registrar de modo sucinto a sequência de
e) texto; eventos de uma reunião ou assembleia de pessoas com um
f) fecho; fim específico. É característica da Ata apresentar um resu-
g) assinatura do autor da comunicação; e mo, cronologicamente disposto, de modo infalível, de todo
h) identificação do signatário o desenrolar da reunião.
(Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_
(Fonte: http://webcache.googleusercontent.com/ redacao_oficial_ata/)
search?q=cache:omaLJnt2UtQJ:www.planalto.gov.br/cci- RESPOSTA: “ERRADO”.
vil_03/manual/Manual_Rich_RedPR2aEd.rtf+&cd=1&hl=p-
t-BR&ct=clnk&gl=br) 10-) (...) O uso do pronome de tratamento Vossa Se-
RESPOSTA: “ERRADO”. nhoria (abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim.
Numa Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência
5-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi- para o seu presidente, de acordo com o Manual de Reda-
nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo ção da Presidência da República (1991).
masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O (Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece-
pronome de tratamento é apenas a maneira como tratar a detail.php?id=393)
autoridade, não regendo as demais concordâncias. RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “ERRADO”.

6-) As comunicações oficiais devem ser sempre for-


mais, isto é, obedecem a certas regras de forma: além das
(...) exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de
linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de trata-
mento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao

110
LEGISLAÇÃO

1. Lei nº 8.112 de 11 de dezembro de 1990 - Regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e
das fundações públicas federais......................................................................................................................................................................... 01
2. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993 - Normas para Licitações e Contratos da Administração Pública......................... 36
3. Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 – Processo Administrativo Federal................................................................................... 63
LEGISLAÇÃO

Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição


1. LEI Nº 8.112 DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 - e Substituição
REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS
CIVIS DA UNIÃO, DAS AUTARQUIAS E DAS Título II
FUNDAÇÕES PÚBLICAS FEDERAIS. Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição
e Substituição

Basicamente, provimento é a ocupação do cargo


REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS por uma pessoa, transformando-a em servidora públi-
CIVIS DA UNIÃO (LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERA- ca; enquanto vacância é o que se dá quando um cargo
ÇÕES) fica livre; remoção é o deslocamento do servidor; redis-
tribuição é o deslocamento de um cargo para outro ór-
Das Disposições Preliminares gão; substituição é a mudança de uma pessoa que está
ocupando cargo de chefia ou direção por outra.
Título I Capítulo I
Capítulo Único Do Provimento
Das Disposições Preliminares
Segundo Hely Lopes Meirelles1, provimento “é o
Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servido- ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo pú-
res Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em blico, com a designação de seu titular”, podendo ser
regime especial, e das fundações públicas federais. originário ou inicial se o agente não possui vinculação
anterior com a Administração Pública; ou derivado, que
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa le- pressupõe a existência de um vínculo com a Adminis-
galmente investida em cargo público. tração, o qual pode ser horizontal, sem ascensão na car-
reira, ou vertical, com ascensão na carreira.
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e res-
ponsabilidades previstas na estrutura organizacional que
Seção I
devem ser cometidas a um servidor.
Disposições Gerais
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos
Art. 5o São requisitos básicos para investidura em car-
os brasileiros, são criados por lei, com denominação pró-
go público:
pria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provi-
mento em caráter efetivo ou em comissão. I - a nacionalidade brasileira;
Nacional é o que possui vínculo político-jurídico com
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, um Estado, fazendo parte de seu povo na qualidade de ci-
salvo os casos previstos em lei. dadão.

Por regime jurídico dos servidores deve-se entender o II - o gozo dos direitos políticos;
conjunto de regras referentes a todos os aspectos da re- Direitos políticos são os direitos garantidos ao cidadão
lação entre o servidor público e a Administração. Envolve que envolvem sua participação direta ou indireta nas deci-
tanto questões inerentes à ocupação do cargo quanto di- sões políticas do Estado. No Brasil, se encontram nos arti-
reitos e deveres, entre outras. gos 14 e 15 da Constituição Federal.

Aplica-se na esfera federal, tanto para a Administração III - a quitação com as obrigações militares e eleito-
direta quanto para a indireta. rais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
A lei criará o cargo público, que poderá ser efetivo, cargo;
caso em que o ingresso se dará mediante concurso, ou em Ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior,
comissão, quando por uma relação de confiança o superior conforme a complexidade das funções do cargo.
puder nomear seus funcionários enquanto estiver ocupan-
do aquela posição de chefia. V - a idade mínima de dezoito anos;
VI - aptidão física e mental.
Todo serviço público será remunerado pelos cofres pú- § 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência
blicos. de outros requisitos estabelecidos em lei.
P. ex., 3 anos de atividade jurídica para cargos de mem-
bros do Ministério Público ou da Magistratura.

1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo


brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

1
LEGISLAÇÃO

§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegura- Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo
do o direito de se inscrever em concurso público para provi- isolado de provimento efetivo depende de prévia habilita-
mento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a ção em concurso público de provas ou de provas e títulos,
deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua vali-
reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas dade.
no concurso. Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro-
Cotas para deficientes. moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do
sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus
regulamentos.
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica
e tecnológica federais poderão prover seus cargos com pro- Seção III
fessores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com Do Concurso Público
as normas e os procedimentos desta Lei.
Exceção ao inciso I do art. 5°. Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títu-
los, podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispu-
Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á me- serem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira,
diante ato da autoridade competente de cada Poder. condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do
valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio,
Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente
posse. previstas.
Por investidura entende-se a instalação formal em um
cargo público, o que se dará quando a pessoa for empos- Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois)
sada. anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual
período.
Art. 8o São formas de provimento de cargo público: § 1o O prazo de validade do concurso e as condições de
I - nomeação; sua realização serão fixados em edital, que será publicado
II - promoção; no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande cir-
III e IV - (Revogados) culação.
V - readaptação; § 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver can-
VI - reversão; didato aprovado em concurso anterior com prazo de valida-
VII - aproveitamento; de não expirado.
VIII - reintegração; No concurso de provas o candidato é avaliado apenas
IX - recondução. pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos con-
Detalhes adiante. cursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua ativi-
dade profissional também é considerado.
Seção II O edital delimita questões como valor da taxa de ins-
Da Nomeação crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de va-
lidade.
Art. 9o A nomeação far-se-á:
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isola- Seção IV
do de provimento efetivo ou de carreira; Da Posse e do Exercício
II - em comissão, inclusive na condição de interino,
para cargos de confiança vagos.  Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo
termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres,
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em co- as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocu-
missão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter pado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por
exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos
prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em lei.
em que deverá optar pela remuneração de um deles du- § 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados
rante o período da interinidade. da publicação do ato de provimento.
§ 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de
O cargo em comissão é temporário e não depende de publicação do ato de provimento, em licença prevista nos in-
concurso público. Se o servidor for nomeado para outro cisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos
cargo em comissão poderá exercer ambos de maneira in- I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do art. 102, o
terina (temporária), mas somente poderá receber remune- prazo será contado do término do impedimento.
ração por um deles, o que optar. § 3o A posse poderá dar-se mediante procuração espe-
cífica.

2
LEGISLAÇÃO

§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro mu-
por nomeação. nicípio em razão de ter sido removido, redistribuído, re-
§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração quisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá,
de bens e valores que constituem seu patrimônio e declara- no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, conta-
ção quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou dos da publicação do ato, para a retomada do efetivo de-
função pública. sempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o
§ 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a tempo necessário para o deslocamento para a nova sede.
posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo. § 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença
O termo de posse é dotado de conteúdo específico. É ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo
possível tomar posse mediante procuração específica. Não será contado a partir do término do impedimento.
há posse nos cargos em comissão. A declaração de bens e § 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos esta-
valores visa permitir a verificação da situação financeira do belecidos no caput.
servidor, de forma a perceber se ele enriqueceu despropor- Se o servidor estava em exercício em outro município
cionalmente durante o exercício do cargo. e é convocado por publicação para retomar a posição su-
perior tem um prazo entre 10 e 30 dias, dos quais pode
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia desistir, se quiser.
inspeção médica oficial.
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho
for julgado apto física e mentalmente para o exercício do
fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos
cargo.
cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal
de quarenta horas e observados os limites mínimo e má-
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribui-
ções do cargo público ou da função de confiança. ximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente. 
§ 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossa- § 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de
do em cargo público entrar em exercício, contados da data confiança submete-se a regime de integral dedicação ao
da posse.  serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser con-
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tor- vocado sempre que houver interesse da Administração.
nado sem efeito o ato de sua designação para função de § 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de
confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos trabalho estabelecida em leis especiais.
neste artigo, observado o disposto no art. 18.
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para
para onde for nomeado ou designado o servidor compete cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio proba-
dar-lhe exercício.  tório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o
§ 4o O início do exercício de função de confiança coin- qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação
cidirá com a data de publicação do ato de designação, para o desempenho do cargo, observados os seguinte fato-
salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por res:
qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no pri- I - assiduidade;
meiro dia útil após o término do impedimento, que não po- II - disciplina;
derá exceder a trinta dias da publicação.  III - capacidade de iniciativa;
Nota-se que para as funções em confiança não há pra- IV - produtividade;
zo de 15 dias da posse, até mesmo porque ela não existe V - responsabilidade.
nestas funções. Então, o prazo para exercício será o do dia § 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do es-
da publicação do ato de designação. tágio probatório, será submetida à homologação da autori-
dade competente a avaliação do desempenho do servidor,
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o rei- realizada por comissão constituída para essa finalidade, de
nício do exercício serão registrados no assentamento indi- acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da res-
vidual do servidor.
pectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apre-
apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput
sentará ao órgão competente os elementos necessários ao
deste artigo.
seu assentamento individual.
§ 2o O servidor não aprovado no estágio probatório será
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exer- exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior-
cício, que é contado no novo posicionamento na carreira a mente ocupado, observado o disposto no parágrafo único
partir da data de publicação do ato que promover o ser- do art. 29.
vidor. § 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer
Na promoção não há nova posse. Então, o servidor não quaisquer cargos de provimento em comissão ou fun-
tem 15 dias para entrar em exercício, o fazendo no dia da ções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou
publicação do ato. entidade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro
órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Espe-

3
LEGISLAÇÃO

cial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em
e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
equivalentes.  de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente poderão assegurada ampla defesa.
ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos
arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento Seção VI
para participar de curso de formação decorrente de aprova- Da Transferência
ção em concurso para outro cargo na Administração Pública
Federal. Art. 23. (Execução suspensa)
§ 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, Seção VII
86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso Da Readaptação
de formação, e será retomado a partir do término do impe-
dimento.  Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em
cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci- com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen- física ou mental verificada em inspeção médica.
tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a § 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o rea-
norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo daptando será aposentado.
que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos- § 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribui-
to no artigo 41 da Constituição Federal: ções afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escola-
ridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de ine-
Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exer- xistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições
cício os servidores nomeados para cargo de provimento como excedente, até a ocorrência de vaga.
efetivo em virtude de concurso público. Se o funcionário deixa de ter condições físicas ou psi-
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: cológicas para ocupar seu cargo, deverá ser readaptado
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; para cargo semelhante que não exija tais aptidões. Ex: fun-
II - mediante processo administrativo em que lhe seja cionário trabalhava como atendente numa repartição, se
assegurada ampla defesa; movimentando o tempo todo e sofre um acidente, ficando
III - mediante procedimento de avaliação periódica de paraplégico. Sua capacidade mental não ficou prejudicada,
embora seja inconveniente ele ter que fazer tantos mo-
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
vimentos no exercício das funções. Por isso, pode ser re-
ampla defesa.
conduzido para outro cargo técnico na repartição que seja
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser-
mais burocrático e exija menos movimentação física, como
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante
o de assistente de um superior.
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou pos-
Seção VIII
to em disponibilidade com remuneração proporcional ao
Da Reversão
tempo de serviço.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune-
aposentado:
ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
aproveitamento em outro cargo. insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou 
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, II - no interesse da administração, desde que:
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co- a) tenha solicitado a reversão;
missão instituída para essa finalidade. b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
c) estável quando na atividade;
Seção V d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos an-
Da Estabilidade teriores à solicitação;
e) haja cargo vago.
Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e § 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá esta- resultante de sua transformação.
bilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de § 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será
efetivo exercício.  considerado para concessão da aposentadoria.
ATENÇÃO: Vale o prazo de 3 anos, conforme Constitui- § 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo,
ção Federal (artigo 41 retrocitado). o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
ocorrência de vaga.

4
LEGISLAÇÃO

§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse Seção XI


da administração perceberá, em substituição aos proventos Da Disponibilidade e do Aproveitamento
da aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a
exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibi-
que percebia anteriormente à aposentadoria. lidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o
proventos calculados com base nas regras atuais se perma- anteriormente ocupado.
necer pelo menos cinco anos no cargo.
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil de-
artigo. terminará o imediato aproveitamento de servidor em dispo-
nibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entida-
Art. 26. (Revogado) des da Administração Pública Federal.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37,
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver o servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob
completado 70 (setenta) anos de idade. responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Ci-
Merece destaque a impossibilidade de cumulação da vil da Administração Federal - SIPEC, até o seu adequado
aposentadoria com a remuneração caso o servidor retorne aproveitamento em outro órgão ou entidade.
às funções.
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
Seção IX cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
Da Reintegração exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por
junta médica oficial.
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor Servidor posto em disponibilidade não é servidor apo-
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo re- sentado. É apenas um servidor aguardando que surja um
sultante de sua transformação, quando invalidada a sua posto adequado para que ocupe. Quando ele surgir, deverá
demissão por decisão administrativa ou judicial, com entrar em exercício, sob pena de ter revogada a disponibili-
ressarcimento de todas as vantagens. dade, deixando de ser servidor público.
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. Capítulo II
30 e 31. Da Vacância
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto
I - exoneração;
em disponibilidade.
II - demissão;
Se um servidor for injustamente demitido e a sua de-
III - promoção;
missão for invalidada, será reinvestido no cargo, sendo to-
IV e V - (Revogados)
talmente ressarcido (por exemplo, recebendo os salários
VI - readaptação;
do período em que foi afastado). Caso o cargo esteja ex-
VII - aposentadoria;
tinto, será posto em disponibilidade; caso o cargo exista
VIII - posse em outro cargo inacumulável;
e alguém o estiver ocupando, este será retirado do cargo,
devolvendo-o ao seu legítimo titular. IX - falecimento.

Seção X Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido


Da Recondução do servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao I - quando não satisfeitas as condições do estágio pro-
cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: batório;
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
cargo; em exercício no prazo estabelecido.
II - reintegração do anterior ocupante. Sendo o cargo efetivo, somente será exonerado de ofí-
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de cio se não for habilitado no estágio probatório e se não
origem, o servidor será aproveitado em outro, observado entrar em exercício no prazo legal.
o disposto no art. 30.
Como visto, quando um servidor é promovido ele se Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispen-
sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado, sa de função de confiança dar-se-á:
voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém esti- I - a juízo da autoridade competente;
ver ocupando o cargo de um servidor que tenha sido injus- II - a pedido do próprio servidor.
tamente demitido, quando este voltar deverá desocupar o Como o cargo em comissão refere-se a uma relação de
cargo. Se a posição antes ocupada não estiver livre, deverá confiança para com a autoridade competente, esta poderá
ser reaproveitado em outro cargo semelhante. exonerar o servidor.

5
LEGISLAÇÃO

Capítulo III § 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado


Da Remoção e da Redistribuição em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilida-
de do órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório, em
Seção I outro órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento.
Da Remoção
Capítulo IV
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pe- Da Substituição
dido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou
sem mudança de sede. Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, en- direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Es-
tende-se por modalidades de remoção: pecial terão substitutos indicados no regimento interno
I - de ofício, no interesse da Administração; ou, no caso de omissão, previamente designados pelo
II - a pedido, a critério da Administração; dirigente máximo do órgão ou entidade.
III - a pedido, para outra localidade, independentemente § 1º O substituto assumirá automática e cumulativa-
do interesse da Administração: mente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do car-
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também go ou função de direção ou chefia e os de Natureza Especial,
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da nos afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que do titular e na vacância do cargo, hipóteses em que deverá
foi deslocado no interesse da Administração; optar pela remuneração de um deles durante o respectivo
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companhei- período.
ro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu § 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do
assentamento funcional, condicionada à comprovação por cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natu-
junta médica oficial; reza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipóte- legais do titular, superiores a trinta dias consecutivos, paga
se em que o número de interessados for superior ao número na proporção dos dias de efetiva substituição, que excede-
de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo ór- rem o referido período.
gão ou entidade em que aqueles estejam lotados.
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titu-
lares de unidades administrativas organizadas em nível de
Seção II
assessoria.
Da Redistribuição
Dos Direitos e Vantagens
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo
de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do
Título III
quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade
Dos Direitos e Vantagens
do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão cen-
tral do SIPEC, observados os seguintes preceitos: Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em
I - interesse da administração; estudo estabelece os direitos e vantagens do servidor
II - equivalência de vencimentos; público, para em seguida trazer seus deveres e proibi-
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; ções.
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e Resume Carvalho Filho2: “os direitos sociais consti-
complexidade das atividades; tucionais são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habi- qual determina que dezesseis dos direitos sociais ou-
litação profissional; torgados aos empregados sejam estendidos aos servi-
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as dores públicos. Dentre esses direitos estão o do salário
finalidades institucionais do órgão ou entidade. mínimo (art. 7°, IV); o décimo terceiro salário (art. 7°,
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajusta- VIII); o repouso semanal remunerado (art. 7°, XV); o
mento de lotação e da força de trabalho às necessidades dos salário-família (art. 7°, XII; o de férias anuais (art. 7°,
serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou XVII); o de licença à gestante (art. 7°, XVIII) e outros
criação de órgão ou entidade. mencionados no dispositivo constitucional. [...] Além
§ 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará disso, há vários direitos de natureza social relacionados
mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os nos diversos estatutos funcionais das pessoas federati-
órgãos e entidades da Administração Pública Federal en- vas. É nas leis estatutárias que se encontram tais direi-
volvidos. tos, como o direito às licenças, à pensão, aos auxílios
§ 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão pecuniários, como o auxílio-funeral e o auxílio-reclu-
ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desneces- são, à assistência, à saúde etc.”
sidade no órgão ou entidade, o servidor estável que não 2 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31. ris, 2010.

6
LEGISLAÇÃO

Capítulo I do-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito,


Do Vencimento e da Remuneração e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Le-
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. gislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centé-
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efe- simos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Mi-
tivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes es- nistros do Supremo Tri-bunal Federal, no âmbito do Poder
tabelecidas em lei. Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério
§ 1o A remuneração do servidor investido em função ou Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos”.
cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não Art. 44. O servidor perderá:
exige concurso público. Ver art. 62 adiante. I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem
motivo justificado;
§ 2o O servidor investido em cargo em comissão de ór- II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos
gão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a re- atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de
muneração de acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93. que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese
O funcionário é servidor público, mas foi concursado de compensação de horário, até o mês subsequente ao da
para cargo diverso, em outro órgão ou entidade, sendo no- ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata.
meado para outro cargo, que é de comissão. Parágrafo  único. As faltas justificadas decorrentes de
caso fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a
§ 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vanta- critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como
gens de caráter permanente, é irredutível. efetivo exercício.
Irredutibilidade de vencimentos: não podem ser dimi- Somente não geram perda de remuneração as faltas
nuídos. justificadas e devidamente compensadas.

Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,


§ 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para
nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
§ 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as
consignação em folha de pagamento em favor de terceiros,
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou
a critério da administração e com reposição de custos, na
ao local de trabalho.
forma definida em regulamento.
Mesmo cargo ou semelhante = mesmo vencimento.
§ 2º O total de consignações facultativas de que trata
o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da re-
§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
muneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados
salário mínimo. 
exclusivamente para: I - a amortização de despesas contraí-
Direito ao salário mínimo. das por meio de cartão de crédito; ou
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do
Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmen- cartão de crédito.
te, a título de remuneração, importância superior à soma Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou
dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a autorização do servidor.
qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos
Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atuali-
Ministros do Supremo Tribunal Federal. zadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comuni-
Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as cadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para
vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61. pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser
Estabelece o teto de remuneração, ou seja, o máximo parceladas, a pedido do interessado.
que um funcionário pode receber. Neste sentido, o art. 37, § 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao
XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de correspondente a dez por cento da remuneração, provento
cargos, funções e empregos públicos da administração di- ou pensão.
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer § 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos feita imediatamente, em uma única parcela.
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou- § 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es- atualizados até a data da reposição.
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplican-

7
LEGISLAÇÃO

Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for de- Subseção I


mitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou dispo- Da Ajuda de Custo
nibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para quitar
o débito. Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as
Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo pre- despesas de instalação do servidor que, no interesse do
visto implicará sua inscrição em dívida ativa. serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança
Débito com o erário = dívida com o Estado. de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pa-
gamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não cônjuge ou companheiro que detenha também a condição
serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos ca- de servidor, vier a ter exercício na mesma sede.
sos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. § 1o Correm por conta da administração as despesas de
transporte do servidor e de sua família, compreendendo pas-
Capítulo II sagem, bagagem e bens pessoais.
Das Vantagens § 2o À família do servidor que falecer na nova sede são
assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao ser- de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
vidor as seguintes vantagens: § 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses
I - indenizações; de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único
II - gratificações; do art. 36.
III - adicionais.
§ 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remune-
ou provento para qualquer efeito. ração do servidor, conforme se dispuser em regulamento,
§ 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao não podendo exceder a importância correspondente a 3
vencimento ou provento, nos casos e condições indicados em (três) meses.
lei.
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computa- que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de man-
das, nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer dato eletivo.
outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título
ou idêntico fundamento. Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não
De acordo com Hely Lopes Meirelles3, “o que ca- sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comis-
racteriza o adicional e o distingue da gratificação é ser são, com mudança de domicílio.
aquele que recompensa ao tempo de serviço do servi- Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do
dor, ou uma retribuição pelo desempenho de funções art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário,
especiais que fogem da rotina burocrática, e esta, uma quando cabível.
compensação por serviços comuns executados em con-
dições anormais para o servidor, ou uma ajuda pessoal Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de
em face de certas situações que agravam o orçamento custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova
do servidor”. sede no prazo de 30 (trinta) dias.

Seção I Subseção II
Das Indenizações Das Diárias

Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede
I - ajuda de custo; em caráter eventual ou transitório para outro ponto do
II - diárias; território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens
III - transporte. e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas ex-
IV - auxílio-moradia. traordinária com pousada, alimentação e locomoção urba-
A leitura da legislação seca permite conceituar e dife- na, conforme dispuser em regulamento.
renciar cada modalidade de indenização. § 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sen-
do devida pela metade quando o deslocamento não exigir
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos pernoite fora da sede, ou quando a União custear, por meio
incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua diverso, as despesas extraordinárias cobertas por diárias.
concessão, serão estabelecidos em regulamento. § 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir
exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a
3 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo diárias.
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993. ,

8
LEGISLAÇÃO

§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha
deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglome- residido no Município, nos últimos doze meses, aonde for
ração urbana ou microrregião, constituídas por municípios exercer o cargo em comissão ou função de confiança, des-
limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de contro- considerando-se prazo inferior a sessenta dias dentro desse
le integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição período; e 
e competência dos órgãos, entidades e servidores brasilei- VIII - o deslocamento não tenha sido por força de altera-
ros considera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da ção de lotação ou nomeação para cargo efetivo. 
sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho
fixadas para os afastamentos dentro do território nacional. de 2006.
Parágrafo  único. Para fins do inciso VII, não será con-
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar siderado o prazo no qual o servidor estava ocupando outro
da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las in- cargo em comissão relacionado no inciso V. 
tegralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à Art. 60-C. (Revogado).
sede em prazo menor do que o previsto para o seu afasta-
mento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado
previsto no caput. a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comis-
são, função comissionada ou cargo de Ministro de Estado
Subseção III ocupado. 
Da Indenização de Transporte § 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25%
(vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Es-
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao tado.
servidor que realizar despesas com a utilização de meio § 2o Independentemente do valor do cargo em comis-
próprio de locomoção para a execução de serviços exter- são ou função comissionada, fica garantido a todos os que
nos, por força das atribuições próprias do cargo, conforme se preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de R$
dispuser em regulamento. 1.800,00 (mil e oitocentos reais).

Subseção IV Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, coloca-


Do Auxílio-Moradia ção de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisi-
ção de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento um mês. 
das despesas comprovadamente realizadas pelo servi-
dor com aluguel de moradia ou com meio de hospeda- A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia, be-
gem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um nefício que é concedido a alguns servidores. Ele serve
mês após a comprovação da despesa pelo servidor.  para ajudar o servidor a arcar com despesas de mora-
dia, seja locando um imóvel, seja ficando em hotéis. O
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se auxílio é pago 1 mês depois que o servidor comprovar a
atendidos os seguintes requisitos:  despesa que teve. No entanto, não é qualquer servidor
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo e não é em qualquer situação que se tem o auxílio-mo-
servidor;  radia.
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe
imóvel funcional;  Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas res-
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja trições: não haver disponibilidade de imóvel funcional
ou tenha sido proprietário, promitente comprador, cessioná- (algum imóvel do poder público com tal finalidade de
rio ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde moradia, dispensando gastos particulares), não se ter
for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem tentado vender ou vendido um imóvel na cidade (evi-
averbação de construção, nos doze meses que antecederem tando que tente utilizar o auxílio-moradia como um
a sua nomeação; modo de se obter vantagem patrimonial), um cônju-
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor ge ou pessoa com quem more não receber auxílio da
receba auxílio-moradia;  mesma natureza (cumulando indevidamente), além do
V - o servidor tenha se mudado do local de residência exercício de cargos de determinada natureza (perceba-
para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do se, cargos de relevante direção).
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4,
5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equi- O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos
valentes; vencimentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o ar-
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão tigo 60-C está revogado desde 2013.
ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses do
art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou domicílio
do servidor; 

9
LEGISLAÇÃO

Seção II Art.  66. A gratificação natalina não será considerada


Das Gratificações e Adicionais para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.

Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas Subseção III


nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retri- Do Adicional por Tempo de Serviço
buições, gratificações e adicionais:
I - retribuição pelo exercício de função de direção, Regulamentação na Medida Provisória nº 2.225-45/01.
chefia e assessoramento;
II - gratificação natalina; Subseção IV
IV - adicional pelo exercício de atividades insalu- Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
bres, perigosas ou penosas; Atividades Penosas
V - adicional pela prestação de serviço extraordi-
nário; Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade
VI - adicional noturno; em locais insalubres ou em contato permanente com subs-
VII - adicional de férias; tâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do tra- um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.
balho. § 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubri-
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. dade e de periculosidade deverá optar por um deles.
Gratificações e adicionais descritos em detalhes na § 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculo-
própria legislação, conforme se denota abaixo. sidade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos
que deram causa a sua concessão.
Subseção I
Da Retribuição pelo Exercício de Função de Dire- Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de
ção, Chefia e Assessoramento servidores em operações ou locais considerados penosos, in-
salubres ou perigosos.
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será
em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das ope-
provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida
rações e locais previstos neste artigo, exercendo suas ativida-
retribuição pelo seu exercício.
des em local salubre e em serviço não penoso e não perigoso.
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remunera-
ção dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o.
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades peno-
sas, de insalubridade e de periculosidade, serão observadas
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal No-
as situações estabelecidas em legislação específica.
minalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribui-
ção pelo exercício de função de direção, chefia ou assesso-
ramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos
Especial a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei no 8.911, de servidores em exercício em zonas de fronteira ou em loca-
11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei no9.624, de 2 de abril lidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos,
de 1998. condições e limites fixados em regulamento.
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste arti-
go somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que ope-
dos servidores públicos federais. ram com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos
sob controle permanente, de modo que as doses de radiação
Subseção II ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na legis-
Da Gratificação Natalina lação própria.
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês
de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. Subseção V
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quin- Do Adicional por Serviço Extraordinário
ze) dias será considerada como mês integral.
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora
mês de dezembro de cada ano. normal de trabalho.

Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário
natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, calcula- para atender a situações excepcionais e temporárias, respei-
da sobre a remuneração do mês da exoneração. tado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada.

10
LEGISLAÇÃO

Subseção VI a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se


Do Adicional Noturno tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput
deste artigo;
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário com- b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se
preendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput
horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% deste artigo.
(vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como § 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concur-
cinquenta e dois minutos e trinta segundos. so somente será paga se as atividades referidas nos incisos
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordi- do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das atri-
nário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a buições do cargo de que o servidor for titular, devendo ser
remuneração prevista no art. 73. objeto de compensação de carga horária quando desempe-
nhadas durante a jornada de trabalho, na forma do § 4odo
Subseção VII art. 98 desta Lei.
Do Adicional de Férias § 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de cál-
servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente culo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de
a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias. cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões.
Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de
direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em co- Capítulo III
missão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo Das Férias
do adicional de que trata este artigo.
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
Subseção VIII podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em
que haja legislação específica.
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Con- § 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão
curso é devida ao servidor que, em caráter eventual: exigidos 12 (doze) meses de exercício.
I - atuar como instrutor em curso de formação, de de- § 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
senvolvimento ou de treinamento regularmente instituído serviço.
no âmbito da administração pública federal; § 3o As férias poderão ser parceladas em até três etapas,
II - participar de banca examinadora ou de comissão desde que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da
para exames orais, para análise curricular, para correção de administração pública.
provas discursivas, para elaboração de questões de provas É possível impedir que o servidor tire férias por até 2
ou para julgamento de recursos intentados por candidatos; períodos se o seu serviço for altamente necessário.
III - participar da logística de preparação e de realização
de concurso público envolvendo atividades de planejamento, Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será
coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo perío-
quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas do, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.
atribuições permanentes; §1° e §2°. Revogados.
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas § 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comis-
de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar são, perceberá indenização relativa ao período das férias a
essas atividades. que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um doze
§ 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação avos por mês de efetivo exercício, ou fração superior a qua-
de que trata este artigo serão fixados em regulamento, ob- torze dias.
servados os seguintes parâmetros: § 4o A indenização será calculada com base na remune-
I - o valor da gratificação será calculado em horas, ob- ração do mês em que for publicado o ato exoneratório.
servadas a natureza e a complexidade da atividade exercida; § 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o va-
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente lor adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição
a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada Federal quando da utilização do primeiro período.
situação de excepcionalidade, devidamente justificada e pre-
viamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemen-
entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cen- te com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte)
to e vinte) horas de trabalho anuais; dias consecutivos de férias, por semestre de atividade profis-
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá sional, proibida em qualquer hipótese a acumulação.
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior venci- Manutenção da saúde do servidor.
mento básico da administração pública federal:

11
LEGISLAÇÃO

Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, man-
motivo de calamidade pública, comoção interna, convoca- tida a remuneração do servidor; e 
ção para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou remuneração.
entidade. § 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será con-
Parágrafo único. O restante do período interrompido tado a partir da data do deferimento da primeira licença
será gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77. concedida.
O direito individual às férias pode ser mitigado pelo § 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças não
direito da coletividade de manutenção da paz e da ordem remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, conce-
social. didas em um mesmo período de 12 (doze) meses, observado
o disposto no § 3o, não poderá ultrapassar os limites estabe-
Capítulo IV lecidos nos incisos I e II do § 2o.
Das Licenças
Seção III
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
Seção I
Disposições Gerais
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: para outro ponto do território nacional, para o exterior ou
I - por motivo de doença em pessoa da família; para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou com- e Legislativo.
panheiro; § 1o A licença será por prazo indeterminado e sem re-
III - para o serviço militar; muneração.
IV - para atividade política; § 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou com-
V - para capacitação; panheiro também seja servidor público, civil ou militar, de
VI - para tratar de interesses particulares; qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
VII - para desempenho de mandato classista. deral e dos Municípios, poderá haver exercício provisório em
Atenção aos motivos que autorizam licença, detalha- órgão ou entidade da Administração Federal direta, autár-
dos a seguir na legislação. quica ou fundacional, desde que para o exercício de ativida-
§ 1o A licença prevista no inciso I do caput deste artigo de compatível com o seu cargo.
bem como cada uma de suas prorrogações serão precedidas
de exame por perícia médica oficial, observado o disposto no Seção IV
art. 204 desta Lei. Da Licença para o Serviço Militar
§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada du-
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar
rante o período da licença prevista no inciso I deste artigo.
será concedida licença, na forma e condições previstas na
legislação específica.
Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor
do término de outra da mesma espécie será considerada terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o
como prorrogação. exercício do cargo.

Seção II Seção V
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Da Licença para Atividade Política
Família
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remune-
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por ração, durante o período que mediar entre a sua escolha
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo,
filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependen- e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça
te que viva a suas expensas e conste do seu assentamento Eleitoral.
funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial. § 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
§ 1o A licença somente será deferida se a assistência di- onde desempenha suas funções e que exerça cargo de di-
reta do servidor for indispensável e não puder ser presta- reção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização,
dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de
da simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante
sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia
compensação de horário, na forma do disposto no inciso II
seguinte ao do pleito.
do art. 44.
§ 2o A partir do registro da candidatura e até o déci-
§ 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorro- mo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença,
gações, poderá ser concedida a cada período de doze meses assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo
nas seguintes condições: período de três meses.

12
LEGISLAÇÃO

Seção VI Capítulo V
Da Licença para Capacitação Dos Afastamentos

Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o ser- Seção I


vidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou En-
exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, tidade
por até três meses, para participar de curso de capacitação
profissional. Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercí-
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata cio em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos
o caput não são acumuláveis. Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou em serviço
social autônomo instituído pela União que exerça ativida-
Art. 90. (Vetado) des de cooperação com a administração pública federal, nas
seguintes hipóteses:
Seção VII I - para exercício de cargo em comissão, função de con-
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares fiança ou, no caso de serviço social autônomo, para o exercí-
cio de cargo de direção ou de gerência;
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser conce- II - em casos previstos em leis específicas.
didas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não § 1º Na hipótese de que trata o inciso I do caput, sendo
esteja em estágio probatório, licenças para o trato de as- a cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito
suntos particulares pelo prazo de até três anos consecutivos, Federal, dos Municípios ou para serviço social autônomo, o
sem remuneração. ônus da remuneração será do órgão ou da entidade cessio-
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a nária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos.
qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do ser- § 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública,
viço. sociedade de economia mista ou serviço social autônomo,
nos termos de suas respectivas normas, optar pela remune-
Seção VIII ração do cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo
Da Licença para o Desempenho de Mandato Clas- acrescida de percentual da retribuição do cargo em comis-
sista são, de direção ou de gerência, a entidade cessionária ou o
serviço social autônomo efetuará o reembolso das despesas
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem realizadas pelo órgão ou pela entidade de origem.
remuneração para o desempenho de mandato em confede- § 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no
ração, federação, associação de classe de âmbito nacional, Diário Oficial da União.
sindicato representativo da categoria ou entidade fiscali-
zadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência § 4o Mediante autorização expressa do Presidente da Re-
ou administração em sociedade cooperativa constituída por pública, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício
servidores públicos para prestar serviços a seus membros, em outro órgão da Administração Federal direta que não
observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 tenha quadro próprio de pessoal, para fim determinado e a
desta Lei, conforme disposto em regulamento e observados prazo certo.
os seguintes limites:
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, § 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado
2 (dois) servidores; ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 2º deste artigo.
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores;
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) asso- § 6° As cessões de empregados de empresa pública ou
ciados, 8 (oito) servidores. de sociedade de economia mista, que receba recursos de
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua fo-
eleitos para cargos de direção ou de representação nas re- lha de pagamento de pessoal, independem das disposições
feridas entidades, desde que cadastradas no órgão com- contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando
petente. o exercício do empregado cedido condicionado a autoriza-
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato, poden- ção específica do Ministério do Planejamento, Orçamento e
do ser renovada, no caso de reeleição. Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em comissão
ou função gratificada.

§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-


tão, com a finalidade de promover a composição da força
de trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pú-
blica Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício
de empregado ou servidor, independentemente da obser-
vância do constante no inciso I e nos §§ 1° e 2° deste artigo.

13
LEGISLAÇÃO

Seção II § 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade de-


Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo finirá, em conformidade com a legislação vigente, os pro-
gramas de capacitação e os critérios para participação em
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo apli- programas de pós-graduação no País, com ou sem afas-
cam-se as seguintes disposições: tamento do servidor, que serão avaliados por um comitê
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, constituído para este fim.
ficará afastado do cargo; § 2o Os afastamentos para realização de programas de
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do mestrado e doutorado somente serão concedidos aos ser-
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; vidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou
III - investido no mandato de vereador: entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as (quatro) anos para doutorado, incluído o período de está-
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do gio probatório, que não tenham se afastado por licença para
cargo eletivo; tratar de assuntos particulares para gozo de licença capa-
b) não havendo compatibilidade de horário, será afas- citação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos
tado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remu- anteriores à data da solicitação de afastamento.
neração. § 3o Os afastamentos para realização de programas de
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor con- pós-doutorado somente serão concedidos aos servidores
tribuirá para a seguridade social como se em exercício esti- titulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade
vesse. há pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio
§ 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista probatório, e que não tenham se afastado por licença para
não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para lo- tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste
calidade diversa daquela onde exerce o mandato. artigo, nos quatro anos anteriores à data da solicitação de
afastamento.
Seção III § 4o  Os servidores beneficiados pelos afastamentos
Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permane-
cer no exercício de suas funções após o seu retorno por um
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para período igual ao do afastamento concedido.
estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da
§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do
República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Pre-
cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de
sidente do Supremo Tribunal Federal.
permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir
§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda
o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei no 8.112,
a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será
de 11 de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfei-
permitida nova ausência.
çoamento.
§ 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que
não será concedida exoneração ou licença para tratar de
justificou seu afastamento no período previsto, aplica-se o
interesse particular antes de decorrido período igual ao do
afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da des- disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese comprova-
pesa havida com seu afastamento. da de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigen-
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores te máximo do órgão ou entidade.
da carreira diplomática. § 7o Aplica-se à participação em programa de pós-gra-
§ 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização duação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta
de que trata este artigo, inclusive no que se refere à remune- Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo.
ração do servidor, serão disciplinadas em regulamento.
Capítulo VI
Art. 96. O afastamento de servidor para servir em orga- Das Concessões
nismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual
coopere dar-se-á com perda total da remuneração. Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausen-
tar-se do serviço:
Seção IV I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
Do Afastamento para Participação em Programa II - pelo período comprovadamente necessário para
de Pós-Graduação Stricto Sensu no País alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em
qualquer caso, a dois dias; e (Redação dada pela Medida
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Adminis- Provisória nº 632, de 2013)
tração, e desde que a participação não possa ocorrer simul- III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
taneamente com o exercício do cargo ou mediante compen- a) casamento;
sação de horário, afastar-se do exercício do cargo efetivo, b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madras-
com a respectiva remuneração, para participar em pro- ta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela
grama de pós-graduação stricto sensu em instituição de en- e irmãos.
sino superior no País.

14
LEGISLAÇÃO

Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre afastamento, conforme dispuser o regulamento;
o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício VIII - licença:
do cargo. a) à gestante, à adotante e à paternidade;
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida b) para tratamento da própria saúde, até o limite de
a compensação de horário no órgão ou entidade que tiver vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de
exercício, respeitada a duração semanal do trabalho. serviço público prestado à União, em cargo de provimento
§ 2o Também será concedido horário especial ao servidor efetivo;
portador de deficiência, quando comprovada a necessidade c) para o desempenho de mandato classista ou partici-
por junta médica oficial, independentemente de compensa- pação de gerência ou administração em sociedade coopera-
ção de horário. tiva constituída por servidores para prestar serviços a seus
§ 3º As disposições constantes do § 2o são extensivas membros, exceto para efeito de promoção por merecimento;
ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com d) por motivo de acidente em serviço ou doença pro-
deficiência. fissional;
§ 4o Será igualmente concedido horário especial, vincu- e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento;
lado à compensação de horário a ser efetivada no prazo de f) por convocação para o serviço militar;
até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade pre- IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art.
18;
vista nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei.
X - participação em competição desportiva nacional ou
convocação para integrar representação desportiva nacio-
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no
nal, no País ou no exterior, conforme disposto em lei espe-
interesse da administração é assegurada, na localidade da
cífica;
nova residência ou na mais próxima, matrícula em institui- XI - afastamento para servir em organismo internacio-
ção de ensino congênere, em qualquer época, independen- nal de que o Brasil participe ou com o qual coopere.
temente de vaga.
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentado-
cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor ria e disponibilidade:
que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Mu-
sua guarda, com autorização judicial. nicípios e Distrito Federal;
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da fa-
Capítulo VII mília do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trin-
Do Tempo de Serviço ta) dias em período de 12 (doze) meses.
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86,
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de § 2o;
serviço público federal, inclusive o prestado às Forças Ar- IV - o tempo correspondente ao desempenho de man-
madas. dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior
ao ingresso no serviço público federal;
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada
em dias, que serão convertidos em anos, considerado o à Previdência Social;
ano como de trezentos e sessenta e cinco dias. VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saú-
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. de que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso
97, são considerados como de efetivo exercício os afasta- VIII do art. 102.
mentos em virtude de: § 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será
I - férias; contado apenas para nova aposentadoria.
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em § 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado
às Forças Armadas em operações de guerra.
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Muni-
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de ser-
cípios e Distrito Federal;
viço prestado concomitantemente em mais de um cargo
III - exercício de cargo ou função de governo ou adminis-
ou função de órgão ou entidades dos Poderes da União,
tração, em qualquer parte do território nacional, por nomea-
Estado, Distrito Federal e Município, autarquia, fundação
ção do Presidente da República; pública, sociedade de economia mista e empresa pública.
IV - participação em programa de treinamento regular-
mente instituído ou em programa de pós-graduação stricto Capítulo VIII
sensu no País, conforme dispuser o regulamento; Do Direito de Petição
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de reque-
merecimento; rer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou inte-
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; resse legítimo.

15
LEGISLAÇÃO

Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos esta-
competente para decidi-lo e encaminhado por intermé- belecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
dio daquela a que estiver imediatamente subordinado o re- Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição,
querente. assegurado a todos: “são a todos assegurados, indepen-
dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilega-
que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, lidade ou abuso de poder;”. Os artigos acima descrevem o
não podendo ser renovado. direito de petição específico dos servidores públicos.
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsi-
deração de que tratam os artigos anteriores deverão ser des- Do Regime Disciplinar
pachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro
de 30 (trinta) dias. Título IV
Do Regime Disciplinar
Art. 107. Caberá recurso:
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; O regime disciplinar do servidor público civil federal
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in- está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres
terpostos. e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: ambos
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente deveres e proibições são normas protetivas da boa Admi-
superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, nistração. Nas duas hipóteses, violado o preceito, cabível é
e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais autori- uma punição. Deve-se notar, porém, que os deveres cons-
dades. tam da lei como ações, como conduta positiva; as proibi-
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da au- ções, ao contrário, são descritas como condutas vedadas
toridade a que estiver imediatamente subordinado o reque- ao servidor, de modo que ele deve abster-se de praticá-las.
rente. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não de modo
exaustivo, porque o servidor deve obediência a todas as
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de recon- normas legais ou infralegais, e o próprio inciso III do refe-
rido dispositivo é, de certa maneira, uma norma disciplinar
sideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da
em branco4.
publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão re-
“Estes dispositivos preveem, basicamente, um conjunto
corrida.
de normas de conduta e de proibições impostas pela lei
aos servidores por ela abrangidos, tendo em vista a pre-
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito sus-
venção, a apuração e a possível punição de atos e omissões
pensivo, a juízo da autoridade competente.
que possam por em risco o funcionamento adequado da
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de
administração pública, do posto de vista ético, do ponto
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagi- de vista da eficiência e do ponto de vista da legalidade.
rão à data do ato impugnado. Decorrem, estes dispositivos, do denominado Poder Disci-
plinar que é aquele conferido à Administração com o obje-
Art. 110. O direito de requerer prescreve: tivo de manter sua disciplina interna, na medida em que lhe
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de atribui instrumentos para punir seus servidores (e também
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afe- àqueles que estejam a ela vinculados por um instrumento
tem interesse patrimonial e créditos resultantes das relações jurídico determinado - particulares contratados pela Ad-
de trabalho; ministração). [...]“O disposto no Título IV da lei nº 8.112/90
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo prevê basicamente um conjunto de obrigações impostas
quando outro prazo for fixado em lei. aos servidores por ela regidos. Tais obrigações, ora positi-
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da vas (os denominados Deveres – art. 116), ora negativas (as
data da publicação do ato impugnado ou da data da denominadas Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas
ciência pelo interessado, quando o ato não for publicado. ensejam sua imediata apuração (art. 143) e uma vez com-
provadas importam na responsabilização administrativa, a
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, desafiar, então, a aplicação de uma das sanções administra-
quando cabíveis, interrompem a prescrição. tivas (art. 127). Não é por outra razão que o art. 124 declara
que a responsabilidade administrativa resulta da prática de
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não poden- ato omissivo (quando o servidor deixa de cumprir os deve-
do ser relevada pela administração. res a ele impostos) ou comissivo (quando viola proibição)
praticado no desempenho do cargo ou função”5.
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegu-
rada vista do processo ou documento, na repartição, ao 4 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime
servidor ou a procurador por ele constituído. disciplinar dos servidores federais. Disponível em:
<http://www.sato.adm.br/artigos/o_regime_disciplinar_
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a dos_servidores_federais.htm>. Acesso em: 11 ago. 2013.
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. 5 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos

16
LEGISLAÇÃO

Capítulo I que devemos entender a norma hoje. Sendo assim, o dever


Dos Deveres de lealdade está inserido no Estatuto como norma progra-
mática, orientadora da conduta dos servidores”.
Art. 116. São deveres do servidor:
Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90 III - observar as normas legais e regulamentares;
são em muito compatíveis com os previstos no Código de “A função desta norma é de não deixar sem resposta
Ética profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe- qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a neces-
cutivo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem algumas sária correlação nesses casos que temos de fazer do art.
das condutas esperadas do servidor público quando do 116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra
desempenho de suas funções. Em resumo, o servidor pú- lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”.
blico deve desempenhar suas funções com cuidado, rapi-
dez e pontualidade, sendo leal à instituição que compõe, IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma-
respeitando as ordens de seus superiores que sejam ade- nifestamente ilegais;
quadas às funções que desempenhe e buscando conservar “O servidor integra a estrutura organizacional do ór-
o patrimônio do Estado. No tratamento do público, deve gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado
ser prestativo e não negar o acesso a informações que não se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro
sejam sigilosas. Caso presencie alguma ilegalidade ou abu- dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e
so de poder, deve denunciar. Tomam-se como base os en- funções que servem ao cumprimento da vontade do ente
sinamentos de Lima6 a respeito destes deveres: estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o
que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierarquia
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do car- existe para que do alto escalão até a prática dos adminis-
go; trados as coisas funcionem. Disso decorre que quando é
“O primeiro dos deveres insculpidos no regime estatu- emitida uma ordem para o servidor subordinado, este deve
tário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribuições dar cumprimento ao comando. Porém quando a ordem é
funcionais e também ao cuidado com a economia do ma- visivelmente ilegal, arbitrária, inconstitucional ou absurda,
terial, os bens da repartição e o patrimônio público. Sob o
o servidor não é obrigado a dar seguimento ao que lhe é
prisma da disciplina e da conservação dos bens e materiais
ordenado. Quando a ordem é manifestamente ilegal? Há
da repartição, o servidor deve sempre agir com dedicação
uma margem de interpretação, principalmente se o servi-
no desempenho das funções do cargo que ocupa, e que
dor subordinado não tiver nenhuma formação de ordem
lhe foram atribuídas desde o termo de posse. O servidor
jurídica. Logo, é o bom senso que irá margear o que é fla-
não é o dono do cargo. Dono do cargo é o Estado que o
grantemente inconstitucional”.
remunera. Se o referido cargo não lhe pertence, o servi-
dor deve exercer suas funções com o máximo de zelo que
V - atender com presteza:
estiver ao seu alcance. Sua eventual menor capacidade de
desempenho, para não configurar desídia ou insuficiência a) ao público em geral, prestando as informações reque-
de desempenho, deverá ser compensada com um maior ridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
esforço e dedicação de sua parte. Se um servidor altamen- b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
te preparado e capaz, vem a praticar atos que configurem direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
desídia ou mesmo falta mais grave, poderá vir a ser punido. c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
Porque o que se julgará não é a pessoa do servidor, mas a “Este dever foi insculpido na lei para que o servidor
conduta a ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a
às atribuições específicas de sua atividade. O servidor deve imagem desagradável que o mesmo possui perante a so-
ter zelo não somente com os bens e interesses imateriais ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimento a
(a imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta engloba
sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e in- o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O servidor
teresses patrimoniais do Estado”. público tem que ser expedito, diligente, laborioso. Não há
mais lugar para o burocrata que se afasta do administra-
II - ser leal às instituições a que servir; do, dificultando a vida de quem necessita de atendimen-
“O servidor que cumprir todos os deveres e normas to rápido e escorreito. Entretanto, há um longo caminho a
administrativas já positivadas, consequentemente, é leal à ser percorrido até que se atinja um mínimo ideal de aten-
instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucional é dimento e de funcionamento dos órgãos públicos, o que
deve necessariamente passar por critérios de valorização
Servidores Públicos da União. Disponível em: <http:// dos servidores bons e de treinamento e qualificação per-
www.canaldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_ar- manente dos quadros de pessoal”.
tigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
6 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
disciplinar dos servidores federais. Disponível em: razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou,
<http://www.sato.adm.br/artigos/o_regime_disciplinar_ quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conheci-
dos_servidores_federais.htm>. Acesso em: 11 ago. 2013. mento de outra autoridade competente para apuração;

17
LEGISLAÇÃO

“Todo servidor público é obrigado a dar conhecimento IX - manter conduta compatível com a moralidade ad-
ao chefe da repartição acerca das irregularidades de que ministrativa;
toma conhecimento no exercício de suas atribuições. Deve “O ato administrativo não se satisfaz somente com o
levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sistema hie- ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser
rárquico. Supõe-se que os titulares das chefias ou divisões compatível com a moralidade administrativa. O agente
detêm um conhecimento maior de como corrigir o erro ou deve se comportar em seus atos de maneira proba, escor-
comunicar aos órgãos de controle para a devida apuração. reita, séria, não atuando com intenções escusas e desvir-
De nada adiantaria o servidor, ciente de um ato irregular, tuadas. Seu poder-dever não pode ser utilizado, por exem-
ir comunicar ao público ou a terceiros. Além do dever de plo, para satisfação de interesses menores, como realizar a
sigilo, há assuntos que exigem certas reservas, visando ao prática de determinado ato para beneficiar uma amante ou
bem do serviço público, da segurança nacional e mesmo um parente. Se o agente viola o dever de agir com com-
da sociedade”. portamento incompatível com a moralidade administrativa,
poderá estar sujeito a sanção disciplinar. Seu ato ímpro-
VII - zelar pela economia do material e a conservação
bo ou imoral configura o chamado desvio de poder, que é
do patrimônio público;
totalmente abominável no Direito Administrativo e poderá
“Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela econo-
ser anulado interna corporis ou judicialmente através da
mia e pela conservação dos bens públicos presta um des-
ação popular, ação de ressarcimento ao erário e ação civil
serviço à nação que lhe remunera. E como se verá adiante
poderá ser causa inclusive de demissão, se não cumprir o pública se o ato violar direito coletivo ou transindividual”.
presente dever, quando por descumprimento dele a gra-
vidade do fato implicar a infração a normas mais graves”. X - ser assíduo e pontual ao serviço;
“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; duo significa ser presente dentro do horário do expedien-
“O agente público deve guardar sigilo sobre o que se te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é
passa na repartição, principalmente quanto aos assuntos aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o que
oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, comparece no horário para as reuniões de trabalho e de-
hoje está regulamentado o acesso às informações. Porém, mais atividades relacionadas com o exercício do cargo que
o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o fornecimen- ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o dever
to ou divulgação das informações exigem um procedimen- violado, seja por impontualidade, seja por inassiduidade
to. Maior cuidado há que se ter, quando a informação pos- (que ainda não aquela inassiduidade habitual de 60 dias
sa expor a intimidade da pessoa humana. As informações ensejadora de demissão), merece reprimenda de advertên-
pessoais dos administrados em geral devem ser tratadas cia, com fins educativos e de correção do servidor”.
forma transparente e com respeito à intimidade, à vida
privada, à honra e à imagem das pessoas, bem como às XI - tratar com urbanidade as pessoas;
liberdades e garantias individuais, segundo o artigo 31, da “No mundo moderno, e máxime em nossa civilização
Lei nº 21.527, 2011. A exceção para o sigilo existe, pois, não ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur-
devemos tratar a questão em termos de cláusula jurídica bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo
de caráter absoluto, podendo ter autorizada a divulgação da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e
ou o acesso por terceiros quando haja previsão legal. Outra que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços
exceção é quando há o consentimento expresso da pessoa públicos”.
a que elas se referirem. No caso de cumprimento de or-
dem judicial, para a defesa de direitos humanos, e quando XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
a proteção do interesse público e geral preponderante o
de poder.
exigir, também devem ser fornecidas as informações. Por-
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso
tanto, o servidor há que ter reserva no seu comportamento
XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
e fala, esquivando-se de revelar o conteúdo do que se pas-
autoridade superior àquela contra a qual é formulada,
sa no seu trabalho. Se o assunto pululante é uma irregula-
ridade absurda, deve então reduzir a escrito e representar assegurando-se ao representando ampla defesa.
para que se apure o caso. Deveriam diminuir as conversas Caso o funcionário público denuncie outro servidor,
de corredor e se efetivar a apuração dos fatos através do esta representação será encaminhada a alguém que seja
processo administrativo disciplinar. Os assuntos objeto do superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direito
serviço merecem reserva. Devem ficar circunscritos aos ser- à ampla defesa.
vidores designados para o respectivo trabalho interno, não “O servidor tem obrigação legal de dar conhecimen-
devendo sair da seção ou setor de trabalho, sem o trâmite to às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver
hierárquico do chefe imediato. Se o assunto ou o trabalho, ciência em razão do cargo, principalmente no processo
enfim, merecer divulgação mais ampla, deve ser contatado em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
o órgão de assessoria de comunicação social, que saberá suas vistas. Não é concebível que o servidor se defronte
proceder de forma oficial, obedecendo ao bom senso e às com uma irregularidade administrativa e fique inerte. Deve
leis vigentes”. provocar quem de direito para que a irregularidade seja

18
LEGISLAÇÃO

sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu círculo IV - opor resistência injustificada ao andamento de
de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá representar documento e processo ou execução de serviço;
aos órgãos superiores. Assim é que o dever de informar Não cabe impedir que o trâmite da administração seja
acerca de irregularidades anda de braço dado com o dever alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever de ce-
de representar. Não surtindo efeito a notícia da irregulari- leridade e eficiência, bem como de impessoalidade.
dade, não corrigida esta, sobrevém o dever de representar.
O dever de representação não deixa de ser uma prerro- V - promover manifestação de apreço ou desapreço no
gativa legal, investindo o servidor de um múnus público recinto da repartição;
importante, constituindo o servidor em um curador legal Violação do dever de discrição.
do ente público. O mais humilde servidor passa a ser um
agente promotor de legalidade. É claro o inciso XII do art. VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
116 quando diz que é dever do servidor “representar con- casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja
tra ilegalidade, omissão ou abuso de poder”. De modo que de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
também a omissão pode ensejar a representação. A omis- Quem é designado para o desempenho de uma função
são do agente que ilegalmente não pratica ato a que se pública deve desempenhá-la, não podendo designar outra
acha vinculado pode até configurar o ilícito penal de pre- pessoa para prestar seus serviços ou de seu subordinado.
varicação. O dever de representação deve ser privilegiado,
mas deve ser usado com o devido equilíbrio, não podendo VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de fi-
servir a finalidades egoísticas, político-partidárias, induzido liarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido
por inimizades de cunho pessoal, o que de pronto trespas- político;
sará o representante de autor a réu por prática de abuso de O direito de associação é livre, não podendo um fun-
poder ou denunciação caluniosa”. cionário forçar o seu subordinado a associar-se sindical ou
politicamente.
Capítulo II
Das Proibições VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou fun-
ção de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o
Art. 117. Ao servidor é proibido: segundo grau civil;
Em contraposição aos deveres do servidor público, É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos,
existem diversas proibições, que também estão em boa neto ou descendente, é o termo utilizado para designar o
parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação dos favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detri-
deveres ou a prática de alguma das violações abaixo des- mento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que
critas caracterizam infração administrativa disciplinar. diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. O Decreto
“Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo, sua nº 7.203, de 4 de junho de 2010 dispõe sobre a vedação
objetividade e taxatividade, o que veda sua ampliação e o do nepotismo no âmbito da administração pública federal.
uso de interpretações analógicas ou sistemáticas visto se- Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge,
rem condutas restritivas de direitos, sujeitas, portanto, ao companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
princípio da reserva legal. O descumprimento dessas proi- afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade no-
bições podem inclusive, ensejar o enquadramento penal meante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investi-
do servidor, pois muitas das condutas ali descritas, confi- do em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
guram prática de delito penal”7. exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda,
de função gratificada na Administração Pública direta e in-
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem direta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
prévia autorização do chefe imediato; Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste
Violação do dever de assiduidade. mediante designações recíprocas, viola a Constituição Fe-
deral.” Obs.: se o concurso pedir pelo entendimento juris-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade compe- prudencial, vá pela súmula, mas se não mencionar nada
tente, qualquer documento ou objeto da repartição; se atenha ao texto da lei, visto que há pequenas variações
Violação do dever de zelo com o patrimônio público. entre o texto da súmula e o da lei.

III - recusar fé a documentos públicos; IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou


É dever do servidor público conferir fé aos documentos de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança que O cargo público serve apenas aos interesses da admi-
seu cargo possui. Violação do dever de transparência. nistração pública, ou seja, da coletividade, não aos interes-
ses pessoais do servidor.

7 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos X - participar de gerência ou administração de socie-


Servidores Públicos da União. Disponível em: <http:// dade privada, personificada ou não personificada, exercer o
www.canaldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_ar- comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou co-
tigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013. manditário;

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LEGISLAÇÃO

Não cabe ao servidor público administrar sociedade XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
privada, o que pode comprometer sua eficiência e impar- patíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário
cialidade no exercício da função pública. No princípio, ou de trabalho;
seja, na redação original do Estatuto era proibida apenas a O exercício de atividades incompatíveis propicia uma
participação do servidor como sócio gerente ou adminis- violação ao princípio da imparcialidade.
trador de empresa privada, exceto na qualidade de mero
cotista, acionário ou comanditário. Atualmente, a empresa XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
pode até não estar personificada, por exemplo, não estar quando solicitado.
devidamente constituída e registrada nos órgãos compe- A atualização de dados cadastrais é necessária para
tentes (Junta Comercial, fisco estadual, municipal, distrital manter a administração ciente da situação de seu servidor.
e federal, e órgãos de controle: ambiental, trabalhista etc.).
Comprovada detidamente a gerência ou administração da Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do
sociedade particular em concomitância com a pretensa caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos:
carga horária da repartição pública, deve ser aplicada a pe- I - participação nos conselhos de administração e fiscal
nalidade de demissão. de empresas ou entidades em que a União detenha, direta
ou indiretamente, participação no capital social ou em so-
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto ciedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus
a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios membros; e 
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo II - gozo de licença para o trato de interesses particu-
grau, e de cônjuge ou companheiro; lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação
Não cabe atuar como procurador perante repartições sobre conflito de interesses.
públicas de forma profissional. Daí a limitação à atuação Nestes casos, é possível participar diretamente da ad-
como representante de parente até segundo grau (irmãos, ministração de sociedade privada, pois o interesse estatal
ascendentes e descendentes, cônjuges e companheiros). não será comprometido.

XII - receber propina, comissão, presente ou vanta- Capítulo III


gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; Da Acumulação
A percepção de vantagem indevida gerando enrique-
cimento ilícito também caracteriza ato de improbidade ad- Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição,
ministrativa de maior gravidade, bem como crime de cor- é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
rupção passiva. Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal:

XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado É vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
estrangeiro; cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários,
Trata-se de indício da intenção de praticar atos contrá- observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
rios ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado. a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; científico;
Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de di- c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
atividades de empréstimo somente podem ser desempe-
nhadas com fim lucrativo por instituições credenciadas. Segundo Carvalho Filho8, “o fundamento da proibição
é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que
XV - proceder de forma desidiosa; o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi-
Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência. ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
em serviços ou atividades particulares; se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
O aparato da administração pública pertence ao Esta- consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
do, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades par- vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons-
ticulares. titucional proibitiva”.

XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em-
transitórias; presas públicas, sociedades de economia mista da União, do
Cada servidor público tem sua atribuição legal, não Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.
cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas 8 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
salvo em caso de extrema necessidade. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
ris, 2010.

20
LEGISLAÇÃO

A proibição vale tanto para a administração direta do número de processos administrativos instaurados com
quanto para a indireta. esse objeto. O sistema adotado pela lei nº 8.112/90 é rela-
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con- de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso
dicionada à comprovação da compatibilidade de horários. nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua
Se o Estado pretende que o desempenho de atividade situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a
cumulada não gere prejuízo à função pública, correto que lei em comentário, um processo administrativo simplifica-
exija a comprovação de compatibilidade de horários; do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração
dessa infração – art. 133” 9.
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de
vencimento de cargo ou emprego público efetivo com pro- Capítulo IV
ventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decor- Das Responsabilidades
ram essas remunerações forem acumuláveis na atividade.
Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o agen- Art. 121. O servidor responde civil, penal e adminis-
te se aposente do serviço público e continue o exercendo, trativamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
recebendo aposentadoria e salário. Segundo Carvalho Filho10, “a responsabilidade se origi-
na de uma conduta ilícita ou da ocorrência de determinada
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um situação fática prevista em lei e se caracteriza pela natureza
cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo do campo jurídico em que se consuma. Desse modo, a res-
único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em ponsabilidade pode ser civil, penal e administrativa. Cada
órgão de deliberação coletiva.  responsabilidade é, em princípio, independente da outra”.
Cargo em comissão é aquele que não exige aprovação É possível que o mesmo fato gere responsabilidade ci-
em concurso público, sendo designado para o exercício vil, penal e administrativa, mas também é possível que este
por possuir um vínculo de confiança com o superior. So- gere apenas uma ou outra espécie de responsabilidade.
mente é possível exercer 1, salvo interinamente. Da mesma Daí o fato das responsabilidades serem independentes: o
forma, não cabe remuneração por participar de órgão de mesmo fato pode gerar a aplicação de qualquer uma delas,
deliberação coletiva. cumulada ou isoladamente.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omis-
à remuneração devida pela participação em conselhos de sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de prejuízo ao erário ou a terceiros.
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46,
indiretamente, detenha participação no capital social, obser- na falta de outros bens que assegurem a execução do débito
vado o que, a respeito, dispuser legislação específica. pela via judicial.
O exercício de função em determinados conselhos de § 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responde-
administração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de ex- rá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
ceção ao caput. § 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos su-
cessores e contra eles será executada, até o limite do valor
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que da herança recebida.
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido O instituto da responsabilidade civil é parte integran-
em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse-
ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera
compatibilidade de horário e local com o exercício de um para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen-
deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal,
entidades envolvidos. quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano
Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for in- deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res-
vestido de um cargo em comissão, ficará afastado dos car- taurando-se o equilíbrio social.11
gos efetivos a não ser que exista compatibilidade de ho-
rários e local com um deles, caso em que se afastará de 9 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos
somente um cargo efetivo. Servidores Públicos da União. Disponível em: <http://
“Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem da www.canaldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_ar-
acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam, tigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
no âmbito do serviço público federal a vedação genérica 10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju-
República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos ris, 2010.
constitui uma das infrações mais comuns praticadas por 11 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabili-
servidores públicos, o que se constata observando o eleva- dade Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

21
LEGISLAÇÃO

A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po- A responsabilidade penal do servidor decorre de uma
dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os conduta que a lei penal tipifique como infração penal, ou
limites da herança, embora existam reflexos na ação que seja, como crime ou contravenção penal.
apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es- O servidor poderá ser responsabilizado apenas penal-
fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de mente, uma vez que somente caberá responsabilização civil
autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que se o ato tiver causado prejuízo ao erário (elemento dano).
uma absolvição por falta de provas não o faz). Os crimes contra a Administração Pública se encon-
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil tram nos artigos 312 a 326 do Código Penal, mas existem
se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que, por outros crimes espalhados pela legislação específica.
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusiva- Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa re-
mente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central do sulta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem-
instituto da responsabilidade civil, que tem como elemen- penho do cargo ou função.
tos: ação ou omissão voluntária (agir como não se deve Quando o servidor pratica um ilícito administrativo,
ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agente a ele é atribuída responsabilidade administrativa. O ilícito
(dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e pode verificar-se por conduta comissiva ou omissiva e os
culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa fatos que o configuram são os previstos na legislação es-
e efeito entre a ação/omissão e o dano causado) e dano tatutária. Por exemplo, as sanções aplicadas pela Comissão
(dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser in- de Ética por violação ao Decreto n° 1.171/94 são adminis-
dividual ou coletivo, moral ou material, econômico e não trativas.
econômico).
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas pode-
rão cumular-se, sendo independentes entre si.
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri- Se as responsabilidades se cumularem, também as
vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos da- sanções serão cumuladas. Daí afirmar-se que tais responsa-
nos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, bilidades são independentes, ou seja, não dependem uma
da outra.
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor
será afastada no caso de absolvição criminal que negue
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí-
a existência do fato ou sua autoria.
dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau-
Determinadas decisões na esfera penal geram exclusão
sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela-
da responsabilidade nas esferas civil e administrativa, quais
ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá
sejam: absolvição por inexistência do fato ou negativa de
ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao
autoria. A absolvição criminal por falta de provas não gera
qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re- exclusão da responsabilidade civil e administrativa.
gresso é justamente o direito de acionar o causador direto A absolvição proferida na ação penal, em regra, nada
do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, prejudica a pretensão de reparação civil do dano ex delicto,
considerada a existência de uma relação obrigacional que conforme artigos 65, 66 e 386, IV do CPP: “art. 65. Faz coisa
se forma entre a vítima e a instituição que o agente com- julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o
põe. ato praticado em estado de necessidade, em legítima defe-
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- sa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
te causar aos membros da sociedade, mas se este agen- regular de direito” (excludentes de antijuridicidade); “art.
te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do 66. não obstante a sentença absolutória no juízo criminal,
que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, ca-
condutas incompatíveis com o comportamento ético dele tegoricamente, reconhecida a inexistência material do
esperado.12 fato”; “art. 386, IV – estar provado que o réu não concor-
A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- reu para a infração penal”.
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado Entendem Fuller, Junqueira e Machado13: “a absolvição
contraditório e ampla defesa. dubitativa (motivada por juízo de dúvida), ou seja, por falta
Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com de provas, (art. 386, II, V e VII, na nova redação conferida ao
culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor CPP), não empresta qualquer certeza ao âmbito da jurisdi-
que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (ad- ção civil, restando intocada a possibilidade de, na ação civil
ministrado), o servidor terá o dever de indenizar. de conhecimento, ser provada e reconhecida a existência

Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes 13 FULLER, Paulo Henrique Aranda; JUNQUEIRA,
e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. Gustavo Octaviano Diniz; MACHADO, Angela C. Can-
12 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. giano. Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Revista dos
13. ed. São Paulo: Método, 2011. Tribunais, 2010. (Coleção Elementos do Direito)

22
LEGISLAÇÃO

do direito ao ressarcimento, de acordo com o grau de cog- Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117.
nição e convicção próprios da seara civil (na esfera penal, A norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra vio-
a decisão de condenação somente pode ser lastreada em lação de dever funcional que não exija sanção mais grave.
juízo de certeza, tendo em vista o princípio constitucional
do estado de inocência)”. Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reinci-
dência das faltas punidas com advertência e de violação
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili- das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita
zado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90
autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvi- (noventa) dias.
mento desta, a outra autoridade competente para apuração A suspensão é uma sanção administrativa intermediá-
de informação concernente à prática de crimes ou improbi- ria, aplicável se as práticas sujeitas a advertência se repe-
dade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência tirem ou em caso de infração grave que ainda assim não
do exercício de cargo, emprego ou função pública. gere pena de demissão.
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias
Este dispositivo visa garantir que os servidores públi-
o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submeti-
cos denunciem os servidores hierarquicamente superiores.
do a inspeção médica determinada pela autoridade com-
Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem ser
petente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumpri-
responsabilizados civil, penal ou administrativamente por
da a determinação.
tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse que Trata-se de hipótese específica em que será aplicada
ela não procedia. suspensão.
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a pe-
Capítulo V nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na
Das Penalidades base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento
ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer
Art. 127. São penalidades disciplinares: em serviço.
I - advertência; Se for inconveniente para a administração pública abrir
II - suspensão; mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu venci-
III - demissão; mento/remuneração diário pelo número de dias de sus-
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; pensão. O servidor não poderá se recusar a permanecer
V - destituição de cargo em comissão; em serviço.
VI - destituição de função comissionada.
A advertência é a pena mais leve, um aviso de que o Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão
funcionário se portou de forma inadequada e de que isso terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e
não deve se repetir. A suspensão é uma sanção intermediá- 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o ser-
ria, fazendo com que o funcionário deixe de desempenhar vidor não houver, nesse período, praticado nova infração
o cargo por certo período. Na demissão, o funcionário não disciplinar.
mais exercerá o cargo, sendo assim sanção mais grave. Ou- Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não
tras sanções são cassação da aposentadoria ou disponibi- surtirá efeitos retroativos.
lidade, destituição do cargo em comissão, destituição da O bom comportamento posterior do servidor faz com
função comissionada. que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspensão
(após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que não sig-
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão conside- nifica que o servidor poderá requerer, por exemplo, o pa-
gamento referente aos dias que ficou suspenso.
radas a natureza e a gravidade da infração cometida,
os danos que dela provierem para o serviço público, as cir-
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
cunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
I - crime contra a administração pública;
funcionais.
Artigos 312 a 326 do Código Penal.
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da san- II - abandono de cargo;
ção disciplinar. III - inassiduidade habitual;
De forma fundamentada, justificada, se escolherá por Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em ex-
uma ou outra sanção, conforme a gravidade do ato pra- cesso.
ticado.
IV - improbidade administrativa;
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos Atos descritos na Lei n° 8.429/92.
casos de violação de proibição constante do art. 117, inci-
sos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não repartição;
justifique imposição de penalidade mais grave. Ausência de discrição no exercício das funções.

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LEGISLAÇÃO

VI - insubordinação grave em serviço; § 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento


Violação grave do dever de obediência hierárquica. do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão,
aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3o do art.
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, 167.
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; § 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo
Ofensa física a servidor ou administrado que não para para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se con-
se defender. verterá automaticamente em pedido de exoneração do outro
cargo.
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; § 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em ra- fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação
zão do cargo; de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos,
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri- empregos ou funções públicas em regime de acumulação
mônio nacional; ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação
XI - corrupção; serão comunicados.
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun- § 7o O prazo para a conclusão do processo administrati-
ções públicas; vo disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta
Na verdade, são atos de improbidade administrativa, dias, contados da data de publicação do ato que constituir a
então nem precisariam ser mencionados. comissão, admitida a sua prorrogação por até quinze dias,
quando as circunstâncias o exigirem.
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. § 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições
Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117. deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsi-
diariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação O artigo descreve o procedimento em caso de violação
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a auto- do dever de não acumular cargos ilicitamente. No início,
ridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por o servidor será notificado para se manifestar optando por
intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção um cargo. Se ficar omisso ou se recusar fazer a opção, será
no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da
instaurado processo administrativo disciplinar. Nele, o ser-
ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento su-
vidor poderá apresentar defesa no sentido de ser lícita a
mário para a sua apuração e regularização imediata, cujo
cumulação. Mas até o último dia do prazo para defesa o
processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas
servidor poderá optar por um caso, caso em que o proce-
seguintes fases:
dimento se converterá em pedido de exoneração do cargo
I - instauração, com a publicação do ato que consti-
não escolhido, presumindo-se a boa-fé do servidor.
tuir a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis,
e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a dispo-
transgressão objeto da apuração;
nibilidade do inativo que houver praticado, na atividade,
II - instrução sumária, que compreende indiciação, de-
fesa e relatório; falta punível com a demissão.
III - julgamento. Supondo que o servidor tenha praticado ato punível
§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se com demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evitará
-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade que sua aposentadoria seja cassada, assim como ele seria
pela descrição dos cargos, empregos ou funções públi- demitido se no exercício das funções.
cas em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou
entidades de vinculação, das datas de ingresso, do ho- Art. 135. A destituição de cargo em comissão exer-
rário de trabalho e do correspondente regime jurídico. cido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos
§ 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e
do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão de demissão.
transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior, Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este
bem como promoverá a citação pessoal do servidor indicia- artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será
do, ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo convertida em destituição de cargo em comissão.
de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe Logo, a destituição do cargo em comissão por quem
vista do processo na repartição, observado o disposto nos não ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comis-
arts. 163 e 164. sionado aplicar não só os atos sujeitos à pena de demissão,
§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará rela- mas também os sujeitos à pena de suspensão.
tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em co-
opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, im-
o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à autori- plica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
dade instauradora, para julgamento. erário, sem prejuízo da ação penal cabível.

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LEGISLAÇÃO

Nos casos de demissão e destituição do cargo em co- Adota-se o procedimento do art. 133.
missão, os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimento
do prejuízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação penal Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
própria. I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em co- Procurador-Geral da República, quando se tratar de demis-
missão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incom- são e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servi-
patibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo dor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. II - pelas autoridades administrativas de hierarquia ime-
O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lograr diatamente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior
proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignida- quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
de da função pública ou que tenha atuado como procura- III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na for-
dor ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo em ma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos
hipóteses específicas, não poderá ser investido em cargo de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
público federal pelo prazo de 5 anos. IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
quando se tratar de destituição de cargo em comissão.
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público Presidente da República/Presidentes da Câmara dos
federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tribu-
em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, nais Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Procura-
X e XI. dor-Geral da República - demissão ou cassação de apo-
Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes casos, sentadoria/disponibilidade do servidor vinculado ao órgão
não caberá jamais retorno ao serviço público federal, dian- (sanções mais graves).
te da gravidade dos atos praticados. Autoridade administrativa de hierarquia imediatamen-
te inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30 dias
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência in- (sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por
tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias maior período).
consecutivos. Chefe da repartição e outras autoridades previstas no
Conceito de abandono de cargo: ausência intencional regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias
por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão. (sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por me-
nor período).
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a fal- Autoridade que houver feito a nomeação, em qualquer
ta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, cargo de comissão, independente da pena.
interpoladamente, durante o período de doze meses.
Conceito de inassiduidade habitual, que também gera Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
demissão: ausência por 60 dias num período de 12 meses I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
de forma injustificada. demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
destituição de cargo em comissão;
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inas- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
siduidade habitual, também será adotado o procedimento III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
sumário a que se refere o art. 133, observando-se especial- § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em
mente que: que o fato se tornou conhecido.
I - a indicação da materialidade dar-se-á: § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli-
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação cam-se às infrações disciplinares capituladas também como
precisa do período de ausência intencional do servidor ao crime.
serviço superior a trinta dias; § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de pro-
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final
dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período proferida por autoridade competente.
igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começa-
o período de doze meses; rá a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabili- direito de acionar judicialmente.
dade do servidor, em que resumirá as peças principais dos No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais
autos, indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hi- graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de sus-
pótese de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da pensão) e 180 dias para as menos graves (pena de adver-
ausência ao serviço superior a trinta dias e remeterá o pro- tência) - Contados da data em que o fato se tornou conhe-
cesso à autoridade instauradora para julgamento. cido pela administração pública.
Por indicação de materialidade, entenda-se demons- Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos
tração do fato. É preciso indicar especificamente os dias prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos
faltados. favoráveis ao servidor.

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LEGISLAÇÃO

Interrupção da prescrição significa parar a contagem mais grave, entendendo-se por sanções mais graves qual-
do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber- quer uma pior do que suspensão por menos de 30 dias
tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar (suspensão por mais de 30 dias, além de todas as outras
até a decisão final proferida por autoridade competente que geram perda do cargo ou da aposentadoria).
não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa
a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais propor Capítulo II
ação disciplinar. Do Afastamento Preventivo

Processo administrativo disciplinar Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servi-
dor não venha a influir na apuração da irregularidade,
Título V a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá de-
Do Processo Administrativo Disciplinar terminar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo
de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.
Capítulo I
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado
Disposições Gerais
por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda
que não concluído o processo.
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularida-
O afastamento preventivo é uma medida cautelar que
de no serviço público é obrigada a promover a sua apuração
imediata, mediante sindicância ou processo administrativo impede que o servidor tente influenciar na decisão da apu-
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa. ração de sua infração, podendo ocorrer por no máximo 60
§§ 1º e 2º (Revogados) dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda de remuneração
§ 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da (afinal, ainda não foi condenado).
autoridade a que se refere, poderá ser promovida por au-
toridade de órgão ou entidade diverso daquele em que Capítulo III
tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência Do Processo Disciplinar
específica para tal finalidade, delegada em caráter perma-
nente ou temporário pelo Presidente da República, pelos Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento des-
presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais tinado a apurar responsabilidade de servidor por infra-
Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do ção praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha
respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as compe- relação com as atribuições do cargo em que se encontre in-
tências para o julgamento que se seguir à apuração. vestido.

Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão ob- Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co-
jeto de apuração, desde que contenham a identificação e o missão composta de três servidores estáveis designados
endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, pela autoridade competente, observado o disposto no § 3o
confirmada a autenticidade. do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo
evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do
arquivada, por falta de objeto. indiciado.
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor desig-
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: nado pelo seu presidente, podendo a indicação recair em
I - arquivamento do processo; um de seus membros.
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicân-
são de até 30 (trinta) dias;
cia ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do
III - instauração de processo disciplinar.
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou cola-
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicân-
teral, até o terceiro grau.
cia não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado
por igual período, a critério da autoridade superior.
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com in-
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor dependência e imparcialidade, assegurado o sigilo ne-
ensejar a imposição de penalidade de suspensão por cessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de apo- administração.
sentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comis-
em comissão, será obrigatória a instauração de proces- sões terão caráter reservado.
so disciplinar.
A sindicância é uma modalidade mais branda de apu- Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas se-
ração da infração administrativa porque ou gerará a apli- guintes fases:
cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá I - instauração, com a publicação do ato que constituir
o processo administrativo disciplinar que aplique a sanção a comissão;

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LEGISLAÇÃO

II - inquérito administrativo, que compreende instru- Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor
ção, defesa e relatório; mediante mandado expedido pelo presidente da comissão,
III - julgamento. devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser ane-
xado aos autos.
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo discipli- Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
nar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de a expedição do mandado será imediatamente comunicada
publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e
prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o hora marcados para inquirição.
exigirem.
§ 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tem- Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re-
po integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dis- duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por
pensados do ponto, até a entrega do relatório final. escrito.
§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
§ 2º As reuniões da comissão serão registradas em
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou
atas que deverão detalhar as deliberações adotadas.
que se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os de-
Este capítulo introduz aspectos sobre o processo admi-
poentes.
nistrativo que serão aprofundados adiante e na própria lei
nº 9.784/99. Em suma, tem-se que o processo administra- Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a co-
tivo deve garantir a ampla defesa, será conduzido por uma missão promoverá o interrogatório do acusado, observa-
comissão de 3 membros funcionários estáveis que decidi- dos os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.
rão com independência e imparcialidade, divide-se em 3 § 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles
fases e possui prazo limite de duração (60, eventualmente será ouvido separadamente, e sempre que divergirem em
+60). suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será pro-
movida a acareação entre eles.
Seção I § 2º O procurador do acusado poderá assistir ao inter-
Do Inquérito rogatório, bem como à inquirição das testemunhas, sendo-
lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, facultando-
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao prin- se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio do presidente da
cípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla de- comissão.
fesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em
direito. Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade
mental do acusado, a comissão proporá à autoridade com-
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o pro- petente que ele seja submetido a exame por junta médica
cesso disciplinar, como peça informativa da instrução. oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra.
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicân- Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será
cia concluir que a infração está capitulada como ilícito pe- processado em auto apartado e apenso ao processo princi-
nal, a autoridade competente encaminhará cópia dos au- pal, após a expedição do laudo pericial.
tos ao Ministério Público, independentemente da imediata
instauração do processo disciplinar. Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será for-
mulada a indiciação do servidor, com a especificação dos
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá fatos a ele imputados e das respectivas provas.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido
a tomada de depoimentos, acareações, investigações e
pelo presidente da comissão para apresentar defesa escri-
diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recor-
ta, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do
rendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a
processo na repartição.
permitir a completa elucidação dos fatos.
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será co-
mum e de 20 (vinte) dias.
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompa- § 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo do-
nhar o processo pessoalmente ou por intermédio de pro- bro, para diligências reputadas indispensáveis.
curador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e § 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente
contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da
pericial. data declarada, em termo próprio, pelo membro da comis-
§ 1º O presidente da comissão poderá denegar pedi- são que fez a citação, com a assinatura de (2) duas teste-
dos considerados impertinentes, meramente protelatórios, munhas.
ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quan- Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obri-
do a comprovação do fato independer de conhecimento gado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser
especial de perito. encontrado.

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LEGISLAÇÃO

Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e Parágrafo único. Quando o relatório da comissão con-
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário Ofi- trariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá,
cial da União e em jornal de grande circulação na localidade motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la
do último domicílio conhecido, para apresentar defesa. ou isentar o servidor de responsabilidade.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para
defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a
do edital. autoridade que determinou a instauração do processo ou
outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regular- ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de ou-
mente citado, não apresentar defesa no prazo legal. tra comissão para instauração de novo processo.
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do § 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nu-
processo e devolverá o prazo para a defesa. lidade do processo.
§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade ins- § 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição
tauradora do processo designará um servidor como defen- de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma
sor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo supe- do Capítulo IV do Título IV.
rior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual
ou superior ao do indiciado. Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a
autoridade julgadora determinará o registro do fato nos as-
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará sentamentos individuais do servidor.
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos
autos e mencionará as provas em que se baseou para formar Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como
a sua convicção. crime, o processo disciplinar será remetido ao Ministério Pú-
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à ino- blico para instauração da ação penal, ficando trasladado na
cência ou à responsabilidade do servidor. repartição.
§ 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co-
missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar trans- Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar
gredido, bem como as circunstâncias agravantes ou ate- só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado volun-
nuantes. tariamente, após a conclusão do processo e o cumpri-
mento da penalidade, acaso aplicada.
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co- Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
missão, será remetido à autoridade que determinou a parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em
sua instauração, para julgamento. demissão, se for o caso.
O inquérito é uma das fases do processo administrati-
vo disciplinar, obedecendo às regras descritas nesta seção, Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
destacando-se as que tratam da produção de provas. I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora
da sede de sua repartição, na condição de testemunha, de-
Seção II nunciado ou indiciado;
Do Julgamento II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a rea-
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do lização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos.
recebimento do processo, a autoridade julgadora profe- Nesta seção, trata-se do julgamento do processo ad-
rirá a sua decisão. ministrativo disciplinar, que não será feito pela comissão,
§ 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada mas pela autoridade competente para aplicar a sanção.
da autoridade instauradora do processo, este será encami- Afinal, a comissão apenas indica qual o ato praticado pelo
nhado à autoridade competente, que decidirá em igual indiciamento. Se houver mais de um indiciado e as sanções
prazo. forem diversas, julga a autoridade de maior nível hierárqui-
§ 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de co. Ex: autoridade que pode aplicar suspensão não pode
sanções, o julgamento caberá à autoridade competente aplicar demissão, de forma que se a um dos indiciados
para a imposição da pena mais grave. couber demissão será a autoridade que pode aplicar esta
§ 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cassa- pena que aplicará também a suspensão ao outro indiciado.
ção de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento ca-
berá às autoridades de que trata o inciso I do art. 141. Seção III
§ 4º Reconhecida pela comissão a inocência do ser- Da Revisão do Processo
vidor, a autoridade instauradora do processo determinará
o seu arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a
prova dos autos. qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzi-
rem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justifi-
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comis- car a inocência do punido ou a inadequação da penali-
são, salvo quando contrário às provas dos autos. dade aplicada.

28
LEGISLAÇÃO

§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desapareci- Da Seguridade Social do Servidor


mento do servidor, qualquer pessoa da família poderá re-
querer a revisão do processo. Título VI
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a re- Da Seguridade Social do Servidor
visão será requerida pelo respectivo curador.
Capítulo I
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe Disposições Gerais
ao requerente.
Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalida-
para o servidor e sua família.
de não constitui fundamento para a revisão, que requer
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que
elementos novos, ainda não apreciados no processo origi-
não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou em-
nário.
prego efetivo na administração pública direta, autár-
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será quica e fundacional não terá direito aos benefícios do Pla-
dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equiva- no de Seguridade Social, com exceção da assistência à saúde. 
lente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao § 2º O servidor afastado ou licenciado do cargo efe-
dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo tivo, sem direito à remuneração, inclusive para servir
disciplinar. em organismo oficial internacional do qual o Brasil seja
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade com- membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que con-
petente providenciará a constituição de comissão, na forma tribua para regime de previdência social no exterior,
do art. 149. terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de
Seguridade Social do Servidor Público enquanto durar
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo ori- o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, neste
ginário. período, os benefícios do mencionado regime de pre-
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá vidência.
dia e hora para a produção de provas e inquirição das teste- § 3º Será assegurada ao servidor licenciado ou afas-
munhas que arrolar. tado sem remuneração a manutenção da vinculação
ao regime do Plano de Seguridade Social do Servidor
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias
Público, mediante o recolhimento mensal da respectiva
para a conclusão dos trabalhos.
contribuição, no mesmo percentual devido pelos ser-
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, vidores em atividade, incidente sobre a remuneração
no que couber, as normas e procedimentos próprios da total do cargo a que faz jus no exercício de suas atri-
comissão do processo disciplinar. buições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as
vantagens pessoais.
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que § 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efe-
aplicou a penalidade, nos termos do art. 141. tuado até o segundo dia útil após a data do pagamento
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 das remunerações dos servidores públicos, aplicando-
(vinte) dias, contados do recebimento do processo, no curso se os procedimentos de cobrança e execução dos tri-
do qual a autoridade julgadora poderá determinar diligên- butos federais quando não recolhidas na data de ven-
cias. cimento.

Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cober-
sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se to- tura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família,
dos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição e compreende um conjunto de benefícios e ações que aten-
do cargo em comissão, que será convertida em exoneração. dam às seguintes finalidades:
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá re- I - garantir meios de subsistência nos eventos de doen-
sultar agravamento de penalidade.
ça, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, fale-
A revisão do processo consiste na possibilidade do ser-
cimento e reclusão;
vidor condenado requerer que sua condenação seja revista
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
se surgirem novos fatos ou circunstâncias que justifiquem
sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais leve. Po- III - assistência à saúde.
derá ser requerida ao ministro de Estado ou autoridade de Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos ter-
mesma hierarquia e será apensada ao processo adminis- mos e condições definidos em regulamento, observadas as
trativo originário. O julgamento será feito pela mesma au- disposições desta Lei.
toridade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade
a pena deveria ser maior, não cabe agravar a situação do Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do
servidor. servidor compreendem:

29
LEGISLAÇÃO

I - quanto ao servidor: § 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas


a) aposentadoria; insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas
b) auxílio-natalidade; no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso III, “a” e “c”,
c) salário-família; observará o disposto em lei específica.
d) licença para tratamento de saúde; § 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; junta médica oficial, que atestará a invalidez quando carac-
f) licença por acidente em serviço; terizada a incapacidade para o desempenho das atribuições
g) assistência à saúde; do cargo ou a impossibilidade de se aplicar o disposto no
h) garantia de condições individuais e ambientais art. 24.
de trabalho satisfatórias;
II - quanto ao dependente: Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática,
a) pensão vitalícia e temporária; e declarada por ato, com vigência a partir do dia imediato
b) auxílio-funeral; àquele em que o servidor atingir a idade-limite de perma-
c) auxílio-reclusão; nência no serviço ativo.
d) assistência à saúde.
§ 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez
mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato.
vinculados os servidores, observado o disposto nos arts. 189 § 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de li-
e 224. cença para tratamento de saúde, por período não excedente
§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por a 24 (vinte e quatro) meses.
§ 2o Expirado o período de licença e não estando em
fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total
condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o ser-
auferido, sem prejuízo da ação penal cabível.
vidor será aposentado.
§ 3o O lapso de tempo compreendido entre o término da
Capítulo II
licença e a publicação do ato da aposentadoria será conside-
Dos Benefícios
rado como de prorrogação da licença.
§ 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão
Seção I
consideradas apenas as licenças motivadas pela enfer-
Da Aposentadoria
midade ensejadora da invalidez ou doenças correlacio-
nadas.
Art. 186. O servidor será aposentado: § 5o A critério da Administração, o servidor em licença
I - por invalidez permanente, sendo os proventos inte- para tratamento de saúde ou aposentado por invalidez po-
grais quando decorrente de acidente em serviço, moléstia derá ser convocado a qualquer momento, para avaliação das
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, espe- condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. 
cificada em lei, e proporcionais nos demais casos;
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado
proventos proporcionais ao tempo de serviço; com observância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto
III - voluntariamente: na mesma data e proporção, sempre que se modificar a
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e remuneração dos servidores em atividade.
aos 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em fun- benefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos ser-
ções de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se vidores em atividade, inclusive quando decorrentes de trans-
professora, com proventos integrais; formação ou reclassificação do cargo ou função em que se
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos deu a aposentadoria.
25 (vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcio-
nais a esse tempo; Art. 190. O servidor aposentado com provento propor-
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se ho- cional ao tempo de serviço se acometido de qualquer das
mem, e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos moléstias especificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por
proporcionais ao tempo de serviço. esse motivo, for considerado inválido por junta médica
§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou in- oficial passará a perceber provento integral, calculado
curáveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose com base no fundamento legal de concessão da apo-
ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia malig- sentadoria.
na, cegueira posterior ao ingresso no serviço público, han-
seníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o
irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração
nefropatia grave, estados avançados do mal de Paget (os- da atividade.
teíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
- AIDS, e outras que a lei indicar, com base na medicina es- Art. 192. (Vetado).
pecializada.

30
LEGISLAÇÃO

Art. 193. (Revogado). Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remune-


ração, não acarreta a suspensão do pagamento do salário-
Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratifica- família.
ção natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor
equivalente ao respectivo provento, deduzido o adiantamen- Seção IV
to recebido. Da Licença para Tratamento de Saúde

Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente Art. 202. Será concedida ao servidor licença para trata-
participado de operações bélicas, durante a Segunda Guerra mento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia
Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.
1967, será concedida aposentadoria com provento integral,
aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo. Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será
concedida com base em perícia oficial.
Seção II § 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será rea-
Do Auxílio-Natalidade lizada na residência do servidor ou no estabelecimento hos-
pitalar onde se encontrar internado.
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por § 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local
motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao onde se encontra ou tenha exercício em caráter permanente
menor vencimento do serviço público, inclusive no caso de o servidor, e não se configurando as hipóteses previstas nos
natimorto. parágrafos do art. 230, será aceito atestado passado por mé-
§ 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acresci- dico particular.
do de 50% (cinquenta por cento), por nascituro. § 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente
§ 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade
servidor público, quando a parturiente não for servidora. de recursos humanos do órgão ou entidade.
§ 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte)
Seção III
dias no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro
Do Salário-Família
dia de afastamento será concedida mediante avaliação por
junta médica oficial. 
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou
§ 5o A perícia oficial para concessão da licença de que
ao inativo, por dependente econômico.
trata o caput deste artigo, bem como nos demais casos de
Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômi-
perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por cirur-
cos para efeito de percepção do salário-família:
giões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o campo de
I  -  o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os
atuação da odontologia. 
enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudan-
te, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer
idade; Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante au- 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispen-
torização judicial, viver na companhia e às expensas do sada de perícia oficial, na forma definida em regulamento. 
servidor, ou do inativo;
III - a mãe e o pai sem economia própria. Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se
referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se
Art.  198. Não se configura a dependência econômica tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, doença
quando o beneficiário do salário-família perceber rendimen- profissional ou qualquer das doenças especificadas no art.
to do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão 186, § 1o.
ou provento da aposentadoria, em valor igual ou superior ao
salário-mínimo. Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões
orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção médica.
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos
e viverem em comum, o salário-família será pago a um de- Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos
les; quando separados, será pago a um e outro, de acordo periódicos, nos termos e condições definidos em regulamen-
com a distribuição dos dependentes. to. 
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o pa- Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a
drasto, a madrasta e, na falta destes, os representantes le- União e suas entidades autárquicas e fundacionais poderão:
gais dos incapazes. I - prestar os exames médicos periódicos diretamente
pelo órgão ou entidade à qual se encontra vinculado o ser-
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer vidor;
tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição, in- II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou
clusive para a Previdência Social. parceria com os órgãos e entidades da administração direta,
suas autarquias e fundações;

31
LEGISLAÇÃO

III - celebrar convênios com operadoras de plano de as- Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite
sistência à saúde, organizadas na modalidade de autoges- de tratamento especializado poderá ser tratado em institui-
tão, que possuam autorização de funcionamento do órgão ção privada, à conta de recursos públicos.
regulador, na forma do art. 230; ou Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante con- médica oficial constitui medida de exceção e somente será
trato administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, admissível quando inexistirem meios e recursos adequados
de 21 de junho de 1993, e demais normas pertinentes. em instituição pública.

Seção V Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10


Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença (dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
-Paternidade
Seção VII
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por Da Pensão
120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remu-
neração. Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas hi-
§ 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono póteses legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito,
mês de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. observado o limite estabelecido no inciso XI do caput do art.
§ 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá 37 da Constituição Federal e no art. 2º da Lei nº 10.887, de
início a partir do parto. 18 de junho de 2004.
§ 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias
do evento, a servidora será submetida a exame médico, e se Art. 216. (Revogado)
julgada apta, reassumirá o exercício.
§ 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a Art. 217. São beneficiários das pensões:
servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remune- I - o cônjuge;
rado. II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou
de fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida
judicialmente;
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor
III - o companheiro ou companheira que comprove
terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecu-
união estável como entidade familiar;
tivos.
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos
seguintes requisitos:
Art.  209. Para amamentar o próprio filho, até a idade
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos;
de seis meses, a servidora lactante terá direito, durante a
b) seja inválido;
jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá
c)
ser parcelada em dois períodos de meia hora. d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos
do regulamento;
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda V - a mãe e o pai que comprovem dependência econô-
judicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedi- mica do servidor; e
dos 90 (noventa) dias de licença remunerada. VI - o irmão de qualquer condição que comprove depen-
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial dência econômica do servidor e atenda a um dos requisitos
de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que previstos no inciso IV.
trata este artigo será de 30 (trinta) dias. § 1º A concessão de pensão aos beneficiários de que tra-
tam os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos
Seção VI nos incisos V e VI.
Da Licença por Acidente em Serviço § 2º A concessão de pensão aos beneficiários de que tra-
ta o inciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o VI.
servidor acidentado em serviço. § 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho
mediante declaração do servidor e desde que comprovada
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou dependência econômica, na forma estabelecida em regula-
mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou mento.
imediatamente, com as atribuições do cargo exercido.
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à
dano: pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais entre os
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo beneficiários habilitados.
servidor no exercício do cargo;
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer
vice-versa. tempo, prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há
mais de 5 (cinco) anos.

32
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis)
posterior ou habilitação tardia que implique exclusão de be- anos de idade;
neficiário ou redução de pensão só produzirá efeitos a partir 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e
da data em que for oferecida. nove) anos de idade;
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta)
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: anos de idade;
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (qua-
pela prática de crime de que tenha dolosamente resultado a renta e três) anos de idade;
morte do servidor; 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se com- de idade.
provada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casa- § 1º A critério da administração, o beneficiário de
mento ou na união estável, ou a formalização desses com o pensão cuja preservação seja motivada por invalidez,
fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas por incapacidade ou por deficiência poderá ser convo-
em processo judicial no qual será assegurado o direito ao cado a qualquer momento para avaliação das referidas
contraditório e à ampla defesa. condições.
§ 2º Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte no inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII,
presumida do servidor, nos seguintes casos: ambos do caput, se o óbito do servidor decorrer de acidente
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária de qualquer natureza ou de doença profissional ou do tra-
competente; balho, independentemente do recolhimento de 18 (dezoito)
II - desaparecimento em desabamento, inundação, in- contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos
cêndio ou acidente não caracterizado como em serviço; de casamento ou de união estável.
III - desaparecimento no desempenho das atribuições do § 3º Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e
cargo ou em missão de segurança. desde que nesse período se verifique o incremento mínimo
Parágrafo único. A pensão provisória será transformada de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os
sexos, correspondente à expectativa de sobrevida da popu-
em vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5
lação brasileira ao nascer, poderão ser fixadas, em números
(cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual reapare-
inteiros, novas idades para os fins previstos na alínea “b” do
cimento do servidor, hipótese em que o benefício será auto-
inciso VII do caput, em ato do Ministro de Estado do Planeja-
maticamente cancelado.
mento, Orçamento e Gestão, limitado o acréscimo na com-
paração com as idades anteriores ao referido incremento.
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
§ 4º O tempo de contribuição a Regime Próprio de
I - o seu falecimento;
Previdência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Pre-
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer
vidência Social (RGPS) será considerado na contagem
após a concessão da pensão ao cônjuge; das 18 (dezoito) contribuições mensais referidas nas
III - a cessação da invalidez, em se tratando de benefi- alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput.
ciário inválido, o afastamento da deficiência, em se tratan-
do de beneficiário com deficiência, ou o levantamento da Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiá-
interdição, em se tratando de beneficiário com deficiência rio, a respectiva cota reverterá para os cobeneficiários.
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamen-
te incapaz, respeitados os períodos mínimos decorrentes da Art. 224. As pensões serão automaticamente atualiza-
aplicação das alíneas “a” e “b” do inciso VII; das na mesma data e na mesma proporção dos reajustes
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o disposto no
filho ou irmão; parágrafo único do art. 189.
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
VI - a renúncia expressa; e Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a per-
VII - em relação aos beneficiários de que tratam os inci- cepção cumulativa de pensão deixada por mais de um côn-
sos I a III do caput do art. 217: juge ou companheiro ou companheira e de mais de 2 (duas)
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem pensões.
que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições men-
sais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido ini- Seção VIII
ciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do servidor; Do Auxílio-Funeral
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de
acordo com a idade do pensionista na data de óbito do ser- Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor
vidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais falecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a
e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da um mês da remuneração ou provento.
união estável: § 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de será pago somente em razão do cargo de maior remunera-
idade; ção.

33
LEGISLAÇÃO

§ 2º (VETADO). pessoa jurídica, que constituirá junta médica especificamen-


§ 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e te para esses fins, indicando os nomes e especialidades dos
oito) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à seus integrantes, com a comprovação de suas habilitações e
pessoa da família que houver custeado o funeral. de que não estejam respondendo a processo disciplinar junto
à entidade fiscalizadora da profissão.
Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será § 3o Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam
indenizado, observado o disposto no artigo anterior. a União e suas entidades autárquicas e fundacionais auto-
rizadas a: 
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em servi- I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação
ço fora do local de trabalho, inclusive no exterior, as despe- de serviços de assistência à saúde para os seus servidores
sas de transporte do corpo correrão à conta de recursos da ou empregados ativos, aposentados, pensionistas, bem como
União, autarquia ou fundação pública. para seus respectivos grupos familiares definidos, com en-
tidades de autogestão por elas patrocinadas por meio de
Seção IX instrumentos jurídicos efetivamente celebrados e publicados
Do Auxílio-Reclusão até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam autorização de
funcionamento do órgão regulador, sendo certo que os con-
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxí- vênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-lo
lio-reclusão, nos seguintes valores: na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de
I - dois terços da remuneração, quando afastado por autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador,
motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei,
pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão; normas essas também aplicáveis aos convênios existentes
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em até 12 de fevereiro de 2006;
virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena que II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei
não determine a perda de cargo. no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de planos
§ 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servi- e seguros privados de assistência à saúde que possuam
dor terá direito à integralização da remuneração, desde que autorização de funcionamento do órgão regulador;
III - (VETADO)
absolvido.
§ 4o (VETADO) 
§ 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir
§ 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total des-
do dia imediato àquele em que o servidor for posto em liber-
pendido pelo servidor ou pensionista civil com plano ou se-
dade, ainda que condicional.
guro privado de assistência à saúde. 
§ 3º Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclu-
são será devido, nas mesmas condições da pensão por mor-
Capítulo IV
te, aos dependentes do segurado recolhido à prisão.
Do Custeio
Capítulo III Art. 231. (Revogado).
Da Assistência à Saúde
Disposições finais, gerais e transitórias
Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou ina-
tivo, e de sua família compreende assistência médica, hos- Título VII
pitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como
diretriz básica o implemento de ações preventivas voltadas Capítulo Único
para a promoção da saúde e será prestada pelo Sistema Úni- Da Contratação Temporária de Excepcional Interes-
co de Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao se Público
qual estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou
contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante ressarci- Art. 232. (Revogado).
mento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou
inativo, e seus dependentes ou pensionistas com planos ou Art. 233. (Revogado).
seguros privados de assistência à saúde, na forma estabele-
cida em regulamento.  Art. 234. (Revogado).
§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exi-
gida perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de Art. 235. (Revogado).
médico ou junta médica oficial, para a sua realização o ór-
gão ou entidade celebrará, preferencialmente, convênio com Título VIII
unidades de atendimento do sistema público de saúde, enti-
dades sem fins lucrativos declaradas de utilidade pública, ou Capítulo Único
com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.  Das Disposições Gerais
§ 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da
aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou en- Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a
tidade promoverá a contratação da prestação de serviços por vinte e oito de outubro.

34
LEGISLAÇÃO

Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Pode- § 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos
res Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos no regime instituído por esta Lei ficam transformados em
funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos planos cargos, na data de sua publicação.
de carreira: § 2o As funções de confiança exercidas por pessoas não
I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou tra- integrantes de tabela permanente do órgão ou entidade
balhos que favoreçam o aumento de produtividade e a redu- onde têm exercício ficam transformadas em cargos em co-
ção dos custos operacionais; missão, e mantidas enquanto não for implantado o plano de
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao méri-
cargos dos órgãos ou entidades na forma da lei.
to, condecoração e elogio.
§ 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exer-
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados cidas por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal,
em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluin- ficam extintas na data da vigência desta Lei.
do-se o do vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro § 4o (VETADO).
dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja § 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serven-
expediente. tuários da Justiça, remunerados com recursos da União, no
que couber.
Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção § 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com es-
filosófica ou política, o servidor não poderá ser privado de tabilidade no serviço público, enquanto não adquirirem a
quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida nacionalidade brasileira, passarão a integrar tabela em ex-
funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres.
tinção, do respectivo órgão ou entidade, sem prejuízo dos
Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos ter- direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se encon-
mos da Constituição Federal, o direito à livre associação sin- trem vinculados os empregos.
dical e os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes: § 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições
substituto processual; Constitucionais Transitórias, poderão, no interesse da Ad-
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ministração e conforme critérios estabelecidos em regula-
ano após o final do mandato, exceto se a pedido; mento, ser exonerados mediante indenização de um mês de
c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade remuneração por ano de efetivo exercício no serviço público
sindical a que for filiado, o valor das mensalidades e federal.
contribuições definidas em assembleia geral da catego- § 8o Para fins de incidência do imposto de renda na fonte
ria.
e na declaração de rendimentos, serão considerados como
d) e e) (Revogados).
indenizações isentas os pagamentos efetuados a título de
Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do indenização prevista no parágrafo anterior.
cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expen-  § 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do
sas e constem do seu assentamento individual. disposto no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executi-
Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira vo quando considerados desnecessários.
ou companheiro, que comprove união estável como entidade
familiar. Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já conce-
didos aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transfor-
Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o mu- mados em anuênio.
nicípio onde a repartição estiver instalada e onde o servidor
tiver exercício, em caráter permanente.
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116
Título IX da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica
transformada em licença-prêmio por assiduidade, na forma
Capítulo Único prevista nos arts. 87 a 90.
Das Disposições Transitórias e Finais
Art. 246. (VETADO).
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído
por esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servido- Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei,
res dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias, haverá ajuste de contas com a Previdência Social, correspon-
inclusive as em regime especial, e das fundações públicas, dente ao período de contribuição por parte dos servidores
regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 - Esta-
celetistas abrangidos pelo art. 243.
tuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou pela Con-
solidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo  Decreto-Lei
nº 5.452, de 1o de maio de 1943, exceto os contratados Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vi-
por prazo determinado, cujos contratos não poderão gência desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou enti-
ser prorrogados após o vencimento do prazo de pror- dade de origem do servidor.
rogação.

35
LEGISLAÇÃO

Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade,
231, os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão compras, alienações, concessões, permissões e locações da
na forma e nos percentuais atualmente estabelecidos Administração Pública, quando contratadas com terceiros,
para o servidor civil da União conforme regulamento serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas
próprio. as hipóteses previstas nesta Lei.
Parágrafo  único. Para os fins desta Lei, considera-se
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a sa- contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entida-
tisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para des da Administração Pública e particulares, em que haja
a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do an- um acordo de vontades para a formação de vínculo e a
tigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a deno-
n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a minação utilizada.
vantagem prevista naquele dispositivo. Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância
do princípio constitucional da isonomia, a seleção da pro-
Art. 251. (Revogado). posta mais vantajosa para a administração e a promoção
do desenvolvimento nacional sustentável e será processa-
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- da e julgada em estrita conformidade com os princípios
ção, com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade,
subsequente. da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa,
da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de ou- objetivo e dos que lhes são correlatos. (Redação dada pela
tubro de 1952, e respectiva legislação complementar, bem Lei nº 12.349, de 2010) (Regulamento) (Regulamento) (Re-
como as demais disposições em contrário. gulamento)
§ 1o É vedado aos agentes públicos:
Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Indepen- I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convo-
dência e 102o da República. cação, cláusulas ou condições que comprometam, restrin-
jam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos
casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferên-
2. LEI Nº 8.666 DE 21 DE JUNHO DE 1993 - cias ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou
NORMAS PARA LICITAÇÕES E CONTRATOS DA domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstân-
cia impertinente ou irrelevante para o específico objeto do
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste artigo
e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991; (Re-
dação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)
LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza
comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer ou-
Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Fe- tra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no
deral, institui normas para licitações e contratos da Admi- que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos,
nistração Pública e dá outras providências. mesmo quando envolvidos financiamentos de agências in-
ternacionais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 2o Em igualdade de condições, como critério de de-
sempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos
Capítulo I bens e serviços:
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS I - (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010)
Seção I II - produzidos no País;
Dos Princípios III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
IV - produzidos ou prestados por empresas que invis-
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licita- tam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no
ções e contratos administrativos pertinentes a obras, ser- País. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
viços, inclusive de publicidade, compras, alienações e lo- V - produzidos ou prestados por empresas que com-
cações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do provem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei
Distrito Federal e dos Municípios. para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previ-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, dência Social e que atendam às regras de acessibilidade
além dos órgãos da administração direta, os fundos es- previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
peciais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas 2015) (Vigência)
públicas, as sociedades de economia mista e demais enti- § 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e aces-
dades controladas direta ou indiretamente pela União, Es- síveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quan-
tados, Distrito Federal e Municípios. to ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.

36
LEGISLAÇÃO

§ 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) § 11. Os editais de licitação para a contratação de bens,
§ 5o Nos processos de licitação, poderá ser estabeleci- serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa da
da margem de preferência para: (Redação dada pela Lei nº autoridade competente, exigir que o contratado promo-
13.146, de 2015) (Vigência) va, em favor de órgão ou entidade integrante da adminis-
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais tração pública ou daqueles por ela indicados a partir de
que atendam a normas técnicas brasileiras; e (Incluído pela processo isonômico, medidas de compensação comercial,
Lei nº 13.146, de 2015) industrial, tecnológica ou acesso a condições vantajosas de
II - bens e serviços produzidos ou prestados por em- financiamento, cumulativamente ou não, na forma estabe-
presas que comprovem cumprimento de reserva de cargos lecida pelo Poder Executivo federal. (Incluído pela Lei nº
prevista em lei para pessoa com deficiência ou para rea- 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
bilitado da Previdência Social e que atendam às regras de § 12. Nas contratações destinadas à implantação, ma-
acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº nutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnolo-
13.146, de 2015) gia de informação e comunicação, considerados estratégi-
§ 6o A margem de preferência de que trata o § 5o será cos em ato do Poder Executivo federal, a licitação poderá
estabelecida com base em estudos revistos periodicamen- ser restrita a bens e serviços com tecnologia desenvolvida
te, em prazo não superior a 5 (cinco) anos, que levem em no País e produzidos de acordo com o processo produtivo
consideração: (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide básico de que trata a Lei no 10.176, de 11 de janeiro de
Decreto nº 7.546, de 2011) (Vide Decreto nº 7.709, de 2012) 2001. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto
(Vide Decreto nº 7.713, de 2012) (Vide Decreto nº 7.756, nº 7.546, de 2011)
de 2012) § 13. Será divulgada na internet, a cada exercício finan-
ceiro, a relação de empresas favorecidas em decorrência do
disposto nos §§ 5o, 7o, 10, 11 e 12 deste artigo, com indica-
I - geração de emprego e renda; (Incluído pela Lei nº
ção do volume de recursos destinados a cada uma delas.
12.349, de 2010)
(Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais
§ 14. As preferências definidas neste artigo e nas de-
e municipais; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
mais normas de licitação e contratos devem privilegiar o
III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados
tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e
no País; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
empresas de pequeno porte na forma da lei. (Incluído pela
IV - custo adicional dos produtos e serviços; e (Incluído
Lei Complementar nº 147, de 2014)
pela Lei nº 12.349, de 2010)
§ 15. As preferências dispostas neste artigo prevale-
V - em suas revisões, análise retrospectiva de resulta- cem sobre as demais preferências previstas na legislação
dos. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) quando estas forem aplicadas sobre produtos ou serviços
§ 7o Para os produtos manufaturados e serviços nacio- estrangeiros. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de
nais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológi- 2014)
ca realizados no País, poderá ser estabelecido margem de Art. 4o Todos quantos participem de licitação promovi-
preferência adicional àquela prevista no § 5o. (Incluído pela da pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm
Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) direito público subjetivo à fiel observância do pertinente
§ 8o As margens de preferência por produto, serviço, procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer ci-
grupo de produtos ou grupo de serviços, a que se referem dadão acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não
os §§ 5o e 7o, serão definidas pelo Poder Executivo federal, interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos
não podendo a soma delas ultrapassar o montante de 25% trabalhos.
(vinte e cinco por cento) sobre o preço dos produtos ma- Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto
nufaturados e serviços estrangeiros. (Incluído pela Lei nº nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele pra-
12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) ticado em qualquer esfera da Administração Pública.
§ 9o As disposições contidas nos §§ 5o e 7o deste artigo Art. 5o Todos os valores, preços e custos utilizados nas
não se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de licitações terão como expressão monetária a moeda cor-
produção ou prestação no País seja inferior: (Incluído pela rente nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei,
Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) devendo cada unidade da Administração, no pagamento
I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou (In- das obrigações relativas ao fornecimento de bens, loca-
cluído pela Lei nº 12.349, de 2010) ções, realização de obras e prestação de serviços, obe-
II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7o do decer, para cada fonte diferenciada de recursos, a estrita
art. 23 desta Lei, quando for o caso. (Incluído pela Lei nº ordem cronológica das datas de suas exigibilidades, salvo
12.349, de 2010) quando presentes relevantes razões de interesse público
§ 10. A margem de preferência a que se refere o § e mediante prévia justificativa da autoridade competente,
5o poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens devidamente publicada.
e serviços originários dos Estados Partes do Mercado Co- § 1o Os créditos a que se refere este artigo terão seus
mum do Sul - Mercosul. (Incluído pela Lei nº 12.349, de valores corrigidos por critérios previstos no ato convocató-
2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) rio e que lhes preservem o valor.

37
LEGISLAÇÃO

§ 2o A correção de que trata o parágrafo anterior cujo atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utiliza-
pagamento será feito junto com o principal, correrá à conta ção em condições de segurança estrutural e operacional e
das mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos com as características adequadas às finalidades para que
créditos a que se referem. (Redação dada pela Lei nº 8.883, foi contratada;
de 1994) IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários
§ 3o Observados o disposto no caput, os pagamentos e suficientes, com nível de precisão adequado, para carac-
decorrentes de despesas cujos valores não ultrapassem o terizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços
limite de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos
que dispõe seu parágrafo único, deverão ser efetuados no estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade
prazo de até 5 (cinco) dias úteis, contados da apresentação técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
da fatura. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da
Art. 5o-A. As normas de licitações e contratos devem obra e a definição dos métodos e do prazo de execução,
privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às mi- devendo conter os seguintes elementos:
croempresas e empresas de pequeno porte na forma da lei. a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) fornecer visão global da obra e identificar todos os seus
elementos constitutivos com clareza;
Seção II b)  soluções técnicas globais e localizadas, suficiente-
Das Definições mente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de
reformulação ou de variantes durante as fases de elabora-
Art. 6o Para os fins desta Lei, considera-se: ção do projeto executivo e de realização das obras e mon-
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recu- tagem;
peração ou ampliação, realizada por execução direta ou c)  identificação dos tipos de serviços a executar e de
indireta; materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como
II - Serviço - toda atividade destinada a obter deter- suas especificações que assegurem os melhores resultados
minada utilidade de interesse para a Administração, tais para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo
como: demolição, conserto, instalação, montagem, ope-
para a sua execução;
ração, conservação, reparação, adaptação, manutenção,
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução
transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou traba-
de métodos construtivos, instalações provisórias e condi-
lhos técnico-profissionais;
ções organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para
competitivo para a sua execução;
fornecimento de uma só vez ou parceladamente;
e) subsídios para montagem do plano de licitação e
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens
gestão da obra, compreendendo a sua programação, a es-
a terceiros;
tratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aque-
las cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) ve- dados necessários em cada caso;
zes o limite estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 f) orçamento detalhado do custo global da obra, fun-
desta Lei; damentado em quantitativos de serviços e fornecimentos
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cum- propriamente avaliados;
primento das obrigações assumidas por empresas em lici- X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos ne-
tações e contratos; cessários e suficientes à execução completa da obra, de
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e en- acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira
tidades da Administração, pelos próprios meios; de Normas Técnicas - ABNT;
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade XI - Administração Pública - a administração direta e
contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes regi- indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
mes: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Municípios, abrangendo inclusive as entidades com perso-
a) empreitada por preço global - quando se contrata nalidade jurídica de direito privado sob controle do poder
a execução da obra ou do serviço por preço certo e total; público e das fundações por ele instituídas ou mantidas;
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata XII - Administração - órgão, entidade ou unidade ad-
a execução da obra ou do serviço por preço certo de uni- ministrativa pela qual a Administração Pública opera e atua
dades determinadas; concretamente;
c) (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para peque- Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial
nos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento da União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
de materiais; pios, o que for definido nas respectivas leis; (Redação dada
e) empreitada integral - quando se contrata um em- pela Lei nº 8.883, de 1994)
preendimento em sua integralidade, compreendendo to- XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do
das as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, instrumento contratual;
sob inteira responsabilidade da contratada até a sua entre- XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária
ga ao contratante em condições de entrada em operação, de contrato com a Administração Pública;

38
LEGISLAÇÃO

XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, § 3o É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção


criada pela Administração com a função de receber, exami- de recursos financeiros para sua execução, qualquer que
nar e julgar todos os documentos e procedimentos relati- seja a sua origem, exceto nos casos de empreendimentos
vos às licitações e ao cadastramento de licitantes. executados e explorados sob o regime de concessão, nos
XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos termos da legislação específica.
manufaturados, produzidos no território nacional de acor- § 4o É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação,
do com o processo produtivo básico ou com as regras de de fornecimento de materiais e serviços sem previsão de
origem estabelecidas pelo Poder Executivo federal; (Incluí- quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às
do pela Lei nº 12.349, de 2010) previsões reais do projeto básico ou executivo.
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País, § 5o É vedada a realização de licitação cujo objeto in-
clua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, carac-
nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal;
terísticas e especificações exclusivas, salvo nos casos em
(Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o forne-
XIX - sistemas de tecnologia de informação e comuni- cimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime
cação estratégicos - bens e serviços de tecnologia da in- de administração contratada, previsto e discriminado no
formação e comunicação cuja descontinuidade provoque ato convocatório.
dano significativo à administração pública e que envolvam § 6o A infringência do disposto neste artigo implica a
pelo menos um dos seguintes requisitos relacionados às nulidade dos atos ou contratos realizados e a responsabili-
informações críticas: disponibilidade, confiabilidade, segu- dade de quem lhes tenha dado causa.
rança e confidencialidade. (Incluído pela Lei nº 12.349, de § 7o Não será ainda computado como valor da obra ou
2010) serviço, para fins de julgamento das propostas de preços, a
atualização monetária das obrigações de pagamento, des-
XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens,
de a data final de cada período de aferição até a do respec-
insumos, serviços e obras necessários para atividade de
tivo pagamento, que será calculada pelos mesmos critérios
pesquisa científica e tecnológica, desenvolvimento de tec- estabelecidos obrigatoriamente no ato convocatório.
nologia ou inovação tecnológica, discriminados em projeto § 8o Qualquer cidadão poderá requerer à Administra-
de pesquisa aprovado pela instituição contratante. (Incluí- ção Pública os quantitativos das obras e preços unitários de
do pela Lei nº 13.243, de 2016) determinada obra executada.
§ 9o O disposto neste artigo aplica-se também, no que
Seção III couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de lici-
Das Obras e Serviços tação.
Art. 8o A execução das obras e dos serviços deve pro-
Art. 7o As licitações para a execução de obras e para a gramar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus cus-
tos atual e final e considerados os prazos de sua execução.
prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo
Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado
e, em particular, à seguinte sequência: da execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se
I - projeto básico; existente previsão orçamentária para sua execução total,
II - projeto executivo; salvo insuficiência financeira ou comprovado motivo de
III - execução das obras e serviços. ordem técnica, justificados em despacho circunstanciado
§ 1o A execução de cada etapa será obrigatoriamente da autoridade a que se refere o art. 26 desta Lei. (Redação
precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade com- dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
petente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à ex- Art. 9o Não poderá participar, direta ou indiretamente,
ceção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvolvido da licitação ou da execução de obra ou serviço e do forne-
concomitantemente com a execução das obras e serviços, cimento de bens a eles necessários:
desde que também autorizado pela Administração. I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física
ou jurídica;
§ 2o As obras e os serviços somente poderão ser licita-
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsá-
dos quando: vel pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista
competente e disponível para exame dos interessados em ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital
participar do processo licitatório; com direito a voto ou controlador, responsável técnico ou
II - existir orçamento detalhado em planilhas que ex- subcontratado;
pressem a composição de todos os seus custos unitários; III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contra-
III - houver previsão de recursos orçamentários que tante ou responsável pela licitação.
assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de § 1o É permitida a participação do autor do projeto ou
obras ou serviços a serem executadas no exercício finan- da empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na lici-
tação de obra ou serviço, ou na execução, como consul-
ceiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma;
tor ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou
IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas gerenciamento, exclusivamente a serviço da Administração
metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. interessada.
165 da Constituição Federal, quando for o caso.

39
LEGISLAÇÃO

§ 2o O disposto neste artigo não impede a licitação ou III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias fi-
contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de nanceiras ou tributárias; (Redação dada pela Lei nº 8.883,
projeto executivo como encargo do contratado ou pelo de 1994)
preço previamente fixado pela Administração. IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras
§ 3o Considera-se participação indireta, para fins do ou serviços;
disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo de V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou admi-
natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou tra- nistrativas;
balhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos VII - restauração de obras de arte e bens de valor his-
e obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços tórico.
a estes necessários. VIII - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos § 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de lici-
membros da comissão de licitação. tação, os contratos para a prestação de serviços técnicos
Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados profissionais especializados deverão, preferencialmente,
nas seguintes formas: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de ser celebrados mediante a realização de concurso, com es-
1994) tipulação prévia de prêmio ou remuneração.
I - execução direta; § 2o Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica-
II - execução indireta, nos seguintes regimes: (Redação se, no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei.
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 3o A empresa de prestação de serviços técnicos espe-
a) empreitada por preço global; cializados que apresente relação de integrantes de seu cor-
b) empreitada por preço unitário; po técnico em procedimento licitatório ou como elemento
c) (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação,
d) tarefa; ficará obrigada a garantir que os referidos integrantes rea-
e) empreitada integral. lizem pessoal e diretamente os serviços objeto do contrato.
Parágrafo único. (Vetado). (Redação dada pela Lei nº Seção V
8.883, de 1994) Das Compras
Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada
fins terão projetos padronizados por tipos, categorias ou
caracterização de seu objeto e indicação dos recursos or-
classes, exceto quando o projeto-padrão não atender às
çamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do
condições peculiares do local ou às exigências específicas
ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa.
do empreendimento.
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: (Re-
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de
gulamento) (Regulamento) (Regulamento) (Vigência)
obras e serviços serão considerados principalmente os
I - atender ao princípio da padronização, que imponha
seguintes requisitos: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
compatibilidade de especificações técnicas e de desempe-
1994)
nho, observadas, quando for o caso, as condições de ma-
I - segurança; nutenção, assistência técnica e garantia oferecidas;
II - funcionalidade e adequação ao interesse público; II - ser processadas através de sistema de registro de
III - economia na execução, conservação e operação; preços;
IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, mate- III - submeter-se às condições de aquisição e paga-
riais, tecnologia e matérias-primas existentes no local para mento semelhantes às do setor privado;
execução, conservação e operação; IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas neces-
V - facilidade na execução, conservação e operação, sárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visan-
sem prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço; do economicidade;
VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de segu- V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos
rança do trabalho adequadas; (Redação dada pela Lei nº órgãos e entidades da Administração Pública.
8.883, de 1994) § 1o O registro de preços será precedido de ampla pes-
VII - impacto ambiental. quisa de mercado.
§ 2o Os preços registrados serão publicados trimes-
Seção IV tralmente para orientação da Administração, na imprensa
Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados oficial.
§ 3o O sistema de registro de preços será regulamenta-
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços do por decreto, atendidas as peculiaridades regionais, ob-
técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos servadas as seguintes condições:
a: I - seleção feita mediante concorrência;
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos II - estipulação prévia do sistema de controle e atuali-
ou executivos; zação dos preços registrados;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral; III - validade do registro não superior a um ano.

40
LEGISLAÇÃO

§ 4o A existência de preços registrados não obriga a e) venda a outro órgão ou entidade da administração
Administração a firmar as contratações que deles poderão pública, de qualquer esfera de governo; (Incluída pela Lei
advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, nº 8.883, de 1994)
respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegu- f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, conces-
rado ao beneficiário do registro preferência em igualdade são de direito real de uso, locação ou permissão de uso de
de condições. bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efeti-
§ 5o O sistema de controle originado no quadro geral vamente utilizados no âmbito de programas habitacionais
de preços, quando possível, deverá ser informatizado. ou de regularização fundiária de interesse social desenvol-
§ 6o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar vidos por órgãos ou entidades da administração pública;
preço constante do quadro geral em razão de incompatibi- (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007)
lidade desse com o preço vigente no mercado. g) procedimentos de legitimação de posse de que trata
§ 7o Nas compras deverão ser observadas, ainda: o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, me-
I  -  a especificação completa do bem a ser adquirido diante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração
sem indicação de marca; Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;
II - a definição das unidades e das quantidades a serem (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
adquiridas em função do consumo e utilização prováveis, h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, conces-
cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante são de direito real de uso, locação ou permissão de uso de
adequadas técnicas quantitativas de estimação; bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de
III - as condições de guarda e armazenamento que não até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) e in-
permitam a deterioração do material. seridos no âmbito de programas de regularização fundiária
§ 8o O recebimento de material de valor superior ao de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades
limite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade da administração pública; (Incluído pela Lei nº 11.481, de
de convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no mí- 2007)
nimo, 3 (três) membros. i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita
Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em ór- ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra,
gão de divulgação oficial ou em quadro de avisos de am- onde incidam ocupações até o limite de que trata o § 1o do
plo acesso público, à relação de todas as compras feitas art. 6o da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins
pela Administração Direta ou Indireta, de maneira a cla- de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais; e
rificar a identificação do bem comprado, seu preço unitá- (Redação dada pela Lei nº 13.465, 2017)
rio, a quantidade adquirida, o nome do vendedor e o valor II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de
total da operação, podendo ser aglutinadas por itens as licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
compras feitas com dispensa e inexigibilidade de licitação. a)  doação, permitida exclusivamente para fins e uso
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de
aos casos de dispensa de licitação previstos no inciso IX do
outra forma de alienação;
art. 24. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
entidades da Administração Pública;
Seção VI
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em
Das Alienações
bolsa, observada a legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública,
e) venda de bens produzidos ou comercializados por
subordinada à existência de interesse público devidamente
órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude
justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às se-
de suas finalidades;
guintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legisla- f) venda de materiais e equipamentos para outros ór-
tiva para órgãos da administração direta e entidades autár- gãos ou entidades da Administração Pública, sem utiliza-
quicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades ção previsível por quem deles dispõe.
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação § 1o Os imóveis doados com base na alínea “b” do in-
na modalidade de concorrência, dispensada esta nos se- ciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a
guintes casos: sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica
a) dação em pagamento; doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário.
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão § 2o A Administração também poderá conceder títu-
ou entidade da administração pública, de qualquer esfera lo de propriedade ou de direito real de uso de imóveis,
de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; (Re- dispensada licitação, quando o uso destinar-se: (Redação
dação dada pela Lei nº 11.952, de 2009) dada pela Lei nº 11.196, de 2005)
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública,
constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; qualquer que seja a localização do imóvel; (Incluído pela
d) investidura; Lei nº 11.196, de 2005)

41
LEGISLAÇÃO

II - a pessoa natural que, nos termos de lei, regulamen- § 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o dona-
to ou ato normativo do órgão competente, haja implemen- tário necessite oferecer o imóvel em garantia de financia-
tado os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e mento, a cláusula de reversão e demais obrigações serão
pacífica e exploração direta sobre área rural, observado o garantidas por hipoteca em segundo grau em favor do
limite de que trata o § 1o do art. 6o da Lei no 11.952, de 25 doador. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
de junho de 2009; (Redação dada pela Lei nº 13.465, 2017) § 6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispen- globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no
sadas de autorização legislativa, porém submetem-se aos art. 23, inciso II, alínea “b” desta Lei, a Administração po-
seguintes condicionamentos: (Redação dada pela Lei nº derá permitir o leilão. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
11.952, de 2009) § 7o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
I - aplicação exclusivamente às áreas em que a deten- Art. 18. Na concorrência para a venda de bens imó-
ção por particular seja comprovadamente anterior a 1o de veis, a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do
dezembro de 2004; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) recolhimento de quantia correspondente a 5% (cinco por
III - vedação de concessões para hipóteses de explora- cento) da avaliação.
ção não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.883, de 1994)
de terras públicas, ou nas normas legais ou administrativas Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja
de zoneamento ecológico-econômico; e (Incluído pela Lei aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de
nº 11.196, de 2005) dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da
IV - previsão de rescisão automática da concessão, dis- autoridade competente, observadas as seguintes regras:
pensada notificação, em caso de declaração de utilidade, I - avaliação dos bens alienáveis;
ou necessidade pública ou interesse social. (Incluído pela II - comprovação da necessidade ou utilidade da alie-
Lei nº 11.196, de 2005) nação;
§ 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo: (In- III - adoção do procedimento licitatório, sob a modali-
cluído pela Lei nº 11.196, de 2005) dade de concorrência ou leilão. (Redação dada pela Lei nº
8.883, de 1994)
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não
sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua ex-
Capítulo II
ploração mediante atividades agropecuárias; (Incluído pela
Da Licitação
Lei nº 11.196, de 2005)
Seção I
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais,
Das Modalidades, Limites e Dispensa
desde que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada
a dispensa de licitação para áreas superiores a esse limite;
Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se
(Redação dada pela Lei nº 11.763, de 2008) situar a repartição interessada, salvo por motivo de interes-
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área de- se público, devidamente justificado.
corrente da figura prevista na alínea g do inciso I do caput Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá
deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágra- a habilitação de interessados residentes ou sediados em
fo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) outros locais.
IV – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.763, de 2008) Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das
§ 3o Entende-se por investidura, para os fins desta lei: concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos
(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) leilões, embora realizados no local da repartição interessa-
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de da, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo,
área remanescente ou resultante de obra pública, área esta por uma vez: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de lici-
inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a tação feita por órgão ou entidade da Administração Públi-
50% (cinquenta por cento) do valor constante da alínea “a” ca Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas
do inciso II do art. 23 desta lei; (Incluído pela Lei nº 9.648, parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas
de 1998) por instituições federais; (Redação dada pela Lei nº 8.883,
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, de 1994)
na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins resi- II  -  no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Fede-
denciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas ral quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por
hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou
de operação dessas unidades e não integrem a categoria Municipal, ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei
de bens reversíveis ao final da concessão. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
nº 9.648, de 1998) III - em jornal diário de grande circulação no Estado e
§ 4o A doação com encargo será licitada e de seu ins- também, se houver, em jornal de circulação no Município
trumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o pra- ou na região onde será realizada a obra, prestado o serviço,
zo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a
nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de
interesse público devidamente justificado; (Redação dada outros meios de divulgação para ampliar a área de compe-
pela Lei nº 8.883, de 1994) tição. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

42
LEGISLAÇÃO

§ 1o O aviso publicado conterá a indicação do local em § 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quais-
que os interessados poderão ler e obter o texto integral do quer interessados para escolha de trabalho técnico, cientí-
edital e todas as informações sobre a licitação. fico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou re-
§ 2o O prazo mínimo até o recebimento das propostas muneração aos vencedores, conforme critérios constantes
ou da realização do evento será: de edital publicado na imprensa oficial com antecedência
I - quarenta e cinco dias para: (Redação dada pela Lei mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
nº 8.883, de 1994) § 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
a) concurso; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) interessados para a venda de bens móveis inservíveis para
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado a administração ou de produtos legalmente apreendidos
contemplar o regime de empreitada integral ou quando a ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis pre-
licitação for do tipo «melhor técnica» ou «técnica e preço»; vista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou
(Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) superior ao valor da avaliação. (Redação dada pela Lei nº
II - trinta dias para: (Redação dada pela Lei nº 8.883, 8.883, de 1994)
de 1994) § 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite,
“b” do inciso anterior; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigató-
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo
rio o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto
«melhor técnica» ou «técnica e preço»; (Incluída pela Lei nº
existirem cadastrados não convidados nas últimas licita-
8.883, de 1994)
ções. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos
§ 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto
não especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou leilão;
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do
IV - cinco dias úteis para convite. (Redação dada pela número mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo,
Lei nº 8.883, de 1994) essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas
§ 3o Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior se- no processo, sob pena de repetição do convite.
rão contados a partir da última publicação do edital resu- § 8o É vedada a criação de outras modalidades de licita-
mido ou da expedição do convite, ou ainda da efetiva dis- ção ou a combinação das referidas neste artigo.
ponibilidade do edital ou do convite e respectivos anexos, § 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a admi-
prevalecendo a data que ocorrer mais tarde. (Redação dada nistração somente poderá exigir do licitante não cadastra-
pela Lei nº 8.883, de 1994) do os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que compro-
§ 4o Qualquer modificação no edital exige divulgação vem habilitação compatível com o objeto da licitação, nos
pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo- termos do edital. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, in- Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem
questionavelmente, a alteração não afetar a formulação os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em
das propostas. função dos seguintes limites, tendo em vista o valor esti-
Art. 22. São modalidades de licitação: mado da contratação:
I - concorrência; I - para obras e serviços de engenharia: (Redação dada
II - tomada de preços; pela Lei nº 9.648, de 1998)
III - convite; a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil
IV - concurso; reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
V - leilão. b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão
§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre e quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648,
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação de 1998)
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão
qualificação exigidos no edital para execução de seu ob-
e quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648,
jeto.
de 1998)
§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação en-
II - para compras e serviços não referidos no inciso an-
tre interessados devidamente cadastrados ou que atende-
terior: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
rem a todas as condições exigidas para cadastramento até
o terceiro dia anterior à data do recebimento das propos- a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Reda-
tas, observada a necessária qualificação. ção dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 3o Convite é a modalidade de licitação entre inte- b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e
ressados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados cinquenta mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de
ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 1998)
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos
apropriado, cópia do instrumento convocatório e o esten- e cinquenta mil reais). (Redação dada pela Lei nº 9.648, de
derá aos demais cadastrados na correspondente especia- 1998)
lidade que manifestarem seu interesse com antecedência § 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Ad-
de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das pro- ministração serão divididas em tantas parcelas quantas se
postas. comprovarem técnica e economicamente viáveis, proce-

43
LEGISLAÇÃO

dendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamen- II - para outros serviços e compras de valor até 10%
to dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso
competitividade sem perda da economia de escala. (Reda- II do artigo anterior e para alienações, nos casos previs-
ção dada pela Lei nº 8.883, de 1994) tos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um
§ 2o Na execução de obras e serviços e nas compras de mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que
bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada possa ser realizada de uma só vez; (Redação dada pela Lei
etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, nº 9.648, de 1998)
há de corresponder licitação distinta, preservada a moda-
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da or-
lidade pertinente para a execução do objeto em licitação.
dem;
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, IV - nos casos de emergência ou de calamidade pú-
qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra blica, quando caracterizada urgência de atendimento de
ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer
art. 19, como nas concessões de direito real de uso e nas a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
licitações internacionais, admitindo-se neste último caso, outros bens, públicos ou particulares, e somente para os
observados os limites deste artigo, a tomada de preços, bens necessários ao atendimento da situação emergencial
quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro interna- ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que
cional de fornecedores ou o convite, quando não houver possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento
fornecedor do bem ou serviço no País. (Redação dada pela e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da
Lei nº 8.883, de 1994) ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorro-
§ 4o Nos casos em que couber convite, a Administração gação dos respectivos contratos;
poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a V - quando não acudirem interessados à licitação an-
concorrência.
terior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem
§ 5o É vedada a utilização da modalidade «convite» ou
«tomada de preços», conforme o caso, para parcelas de prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas
uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e servi- as condições preestabelecidas;
ços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser VI - quando a União tiver que intervir no domínio eco-
realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o nômico para regular preços ou normalizar o abastecimento;
somatório de seus valores caracterizar o caso de “tomada VII - quando as propostas apresentadas consigna-
de preços” ou “concorrência”, respectivamente, nos termos rem preços manifestamente superiores aos praticados no
deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados
que possam ser executadas por pessoas ou empresas de pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, obser-
especialidade diversa daquela do executor da obra ou ser- vado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo
viço. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou
§ 6o As organizações industriais da Administração Fe- serviços, por valor não superior ao constante do registro de
deral direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do art. 48)
aos limites estabelecidos no inciso I deste artigo também
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito
para suas compras e serviços em geral, desde que para a
aquisição de materiais aplicados exclusivamente na manu- público interno, de bens produzidos ou serviços prestados
tenção, reparo ou fabricação de meios operacionais bélicos por órgão ou entidade que integre a Administração Pública
pertencentes à União. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) e que tenha sido criado para esse fim específico em data
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contrata-
que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é per- do seja compatível com o praticado no mercado; (Redação
mitida a cotação de quantidade inferior à demandada na dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
licitação, com vistas a ampliação da competitividade, po- IX - quando houver possibilidade de comprometimen-
dendo o edital fixar quantitativo mínimo para preservar a to da segurança nacional, nos casos estabelecidos em de-
economia de escala. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) creto do Presidente da República, ouvido o Conselho de
§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o do- Defesa Nacional; (Regulamento)
bro dos valores mencionados no caput deste artigo quan- X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
do formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, atendimento das finalidades precípuas da administração,
quando formado por maior número. (Incluído pela Lei nº
cujas necessidades de instalação e localização condicio-
11.107, de 2005)
nem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com
Art. 24. É dispensável a licitação: (Vide Lei nº 12.188, de
2.010) Vigência o valor de mercado, segundo avaliação prévia; (Redação
I - para obras e serviços de engenharia de valor até dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inci- XI - na contratação de remanescente de obra, serviço
so I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual,
de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e ser- desde que atendida a ordem de classificação da licitação
viços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo li-
realizadas conjunta e concomitantemente; (Redação dada citante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente
pela Lei nº 9.648, de 1998) corrigido;

44
LEGISLAÇÃO

XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros XXI - para a aquisição ou contratação de produto para
gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e
dos processos licitatórios correspondentes, realizadas dire- serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor
tamente com base no preço do dia; (Redação dada pela Lei de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23;
nº 8.883, de 1994) (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento
regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou de energia elétrica e gás natural com concessionário, per-
do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedica- missionário ou autorizado, segundo as normas da legisla-
da à recuperação social do preso, desde que a contratada ção específica; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
detenha inquestionável reputação ético-profissional e não XXIII - na contratação realizada por empresa pública
tenha fins lucrativos; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e
1994) controladas, para a aquisição ou alienação de bens, presta-
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos ção ou obtenção de serviços, desde que o preço contrata-
de acordo internacional específico aprovado pelo Congres- do seja compatível com o praticado no mercado. (Incluído
so Nacional, quando as condições ofertadas forem ma- pela Lei nº 9.648, de 1998)
nifestamente vantajosas para o Poder Público; (Redação XXIV - para a celebração de contratos de prestação de
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) serviços com as organizações sociais, qualificadas no âm-
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e bito das respectivas esferas de governo, para atividades
objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que contempladas no contrato de gestão. (Incluído pela Lei nº
compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou enti- 9.648, de 1998)
dade. XXV - na contratação realizada por Instituição Cientí-
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formu- fica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a
lários padronizados de uso da administração, e de edições transferência de tecnologia e para o licenciamento de direi-
técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de to de uso ou de exploração de criação protegida. (Incluído
informática a pessoa jurídica de direito público interno, por pela Lei nº 10.973, de 2004)
órgãos ou entidades que integrem a Administração Públi- XXVI – na celebração de contrato de programa com
ca, criados para esse fim específico; (Incluído pela Lei nº ente da Federação ou com entidade de sua administração
8.883, de 1994) indireta, para a prestação de serviços públicos de forma
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de associada nos termos do autorizado em contrato de con-
sórcio público ou em convênio de cooperação. (Incluído
origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção
pela Lei nº 11.107, de 2005)
de equipamentos durante o período de garantia técnica,
XXVII - na contratação da coleta, processamento e co-
junto ao fornecedor original desses equipamentos, quan-
mercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou
do tal condição de exclusividade for indispensável para a
reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de
vigência da garantia; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para
exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhe-
o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas
cidas pelo poder público como catadores de materiais re-
ou tropas e seus meios de deslocamento quando em es-
cicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as
tada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou normas técnicas, ambientais e de saúde pública. (Redação
localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movi- dada pela Lei nº 11.445, de 2007). (Vigência)
mentação operacional ou de adestramento, quando a exi- XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, pro-
guidade dos prazos legais puder comprometer a normali- duzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativa-
dade e os propósitos das operações e desde que seu valor mente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional,
não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do mediante parecer de comissão especialmente designada
art. 23 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) pela autoridade máxima do órgão. (Incluído pela Lei nº
XIX - para as compras de material de uso pelas For- 11.484, de 2007).
ças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços
administrativo, quando houver necessidade de manter a para atender aos contingentes militares das Forças Sin-
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico gulares brasileiras empregadas em operações de paz no
dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à
comissão instituída por decreto; (Incluído pela Lei nº 8.883, escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Co-
de 1994) mandante da Força. (Incluído pela Lei nº 11.783, de 2008).
XX - na contratação de associação de portadores de XXX - na contratação de instituição ou organização,
deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a pres-
idoneidade, por órgãos ou entidades da Admininistração tação de serviços de assistência técnica e extensão rural
Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e
mão-de-obra, desde que o preço contratado seja com- Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrá-
patível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº ria, instituído por lei federal. (Incluído pela Lei nº 12.188, de
8.883, de 1994) 2.010) Vigência

45
LEGISLAÇÃO

XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabili-
disposto nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dade de competição, em especial:
dezembro de 2004, observados os princípios gerais de I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gê-
contratação dela constantes. (Incluído pela Lei nº 12.349, neros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa
de 2010) ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência
XXXII - na contratação em que houver transferência de de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser fei-
tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único ta através de atestado fornecido pelo órgão de registro do
de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de se- comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra
tembro de 1990, conforme elencados em ato da direção ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação
nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
produtos durante as etapas de absorção tecnológica. (In- II - para a contratação de serviços técnicos enumera-
cluído pela Lei nº 12.715, de 2012) dos no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profis-
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins sionais ou empresas de notória especialização, vedada a
lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
tecnologias sociais de acesso à água para consumo huma- III - para contratação de profissional de qualquer setor
no e produção de alimentos, para beneficiar as famílias ru- artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo,
rais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
água. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) opinião pública.
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito § 1o Considera-se de notória especialização o profissio-
público interno de insumos estratégicos para a saúde pro- nal ou empresa cujo conceito no campo de sua especiali-
duzidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou dade, decorrente de desempenho anterior, estudos, expe-
estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da ad- riências, publicações, organização, aparelhamento, equipe
ministração pública direta, sua autarquia ou fundação em técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas ati-
projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento vidades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e
institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do
inclusive na gestão administrativa e financeira necessária objeto do contrato.
à execução desses projetos, ou em parcerias que envol- § 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos
vam transferência de tecnologia de produtos estratégicos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respon-
dem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública
para o Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso
o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público
XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim
responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabí-
específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que
veis.
o preço contratado seja compatível com o praticado no
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17
mercado. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigi-
XXXV - para a construção, a ampliação, a refor-
bilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e
ma e o aprimoramento de estabelecimentos penais, des-
o retardamento previsto no final do parágrafo único do art.
de  que  configurada  situação  de  grave  e iminente risco à
8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três)
segurança pública. (Incluído pela Lei nº 13.500, de 2017) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na
§ 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição
do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para para a eficácia dos atos. (Redação dada pela Lei nº 11.107,
compras, obras e serviços contratados por consórcios pú- de 2005)
blicos, sociedade de economia mista, empresa pública e Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibi-
por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, lidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será ins-
como Agências Executivas. (Incluído pela Lei nº 12.715, de truído, no que couber, com os seguintes elementos:
2012) I - caracterização da situação emergencial, calamitosa
§ 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade ou de grave e iminente risco à segurança pública que jus-
que integre a administração pública estabelecido no inciso tifique a dispensa, quando for o caso; (Redação dada pela
VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou enti- Lei nº 13.500, de 2017)
dades que produzem produtos estratégicos para o SUS, no II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, confor- III - justificativa do preço.
me elencados em ato da direção nacional do SUS. (Incluído IV - documento de aprovação dos projetos de pesqui-
pela Lei nº 12.715, de 2012) sa aos quais os bens serão alocados. (Incluído pela Lei nº
§ 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI 9.648, de 1998)
do caput, quando aplicada a obras e serviços de engenha-
ria, seguirá procedimentos especiais instituídos em regula- Seção II
mentação específica. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) Da Habilitação
§ 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I
do  caput  do art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos
do caput. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) interessados, exclusivamente, documentação relativa a:

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LEGISLAÇÃO

I - habilitação jurídica; IV - prova de atendimento de requisitos previstos em


II - qualificação técnica; lei especial, quando for o caso.
III - qualificação econômico-financeira; § 1o A comprovação de aptidão referida no inciso II do
IV – regularidade fiscal e trabalhista; (Redação dada “caput” deste artigo, no caso das licitações pertinentes a
pela Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência) obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. pessoas jurídicas de direito público ou privado, devida-
7o da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 9.854, de mente registrados nas entidades profissionais competen-
1999) tes, limitadas as exigências a: (Redação dada pela Lei nº
Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, 8.883, de 1994)
conforme o caso, consistirá em: I  -  capacitação técnico-profissional: comprovação do
I - cédula de identidade; licitante de possuir em seu quadro permanente, na data
II - registro comercial, no caso de empresa individual; prevista para entrega da proposta, profissional de nível
III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vi- superior ou outro devidamente reconhecido pela entida-
gor, devidamente registrado, em se tratando de sociedades de competente, detentor de atestado de responsabilidade
comerciais, e, no caso de sociedades por ações, acompa-
técnica por execução de obra ou serviço de características
nhado de documentos de eleição de seus administradores;
semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de socieda-
maior relevância e valor significativo do objeto da licitação,
des civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício;
V - decreto de autorização, em se tratando de empresa vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos
ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato máximos; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
de registro ou autorização para funcionamento expedido II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir. a) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e b) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
trabalhista, conforme o caso, consistirá em: (Redação dada § 2o As parcelas de maior relevância técnica e de valor
pela Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência) significativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão de-
I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas finidas no instrumento convocatório. (Redação dada pela
(CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC); Lei nº 8.883, de 1994)
II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes § 3o Será sempre admitida a comprovação de aptidão
estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou através de certidões ou atestados de obras ou serviços si-
sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e milares de complexidade tecnológica e operacional equi-
compatível com o objeto contratual; valente ou superior.
III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, § 4o Nas licitações para fornecimento de bens, a com-
Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou provação de aptidão, quando for o caso, será feita através
outra equivalente, na forma da lei; de atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito pú-
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social blico ou privado.
e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), de- § 5o É vedada a exigência de comprovação de ativida-
monstrando situação regular no cumprimento dos encar- de ou de aptidão com limitações de tempo ou de época
gos sociais instituídos por lei.  (Redação dada pela Lei nº ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras não
8.883, de 1994) previstas nesta Lei, que inibam a participação na licitação.
V – prova de inexistência de débitos inadimplidos pe- § 6o As exigências mínimas relativas a instalações de
rante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico espe-
certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Conso- cializado, considerados essenciais para o cumprimento do
lidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei
objeto da licitação, serão atendidas mediante a apresenta-
no5.452, de 1o de maio de 1943. (Incluído pela Lei nº 12.440,
ção de relação explícita e da declaração formal da sua dis-
de 2011) (Vigência)
ponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as exigências
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica
limitar-se-á a: de propriedade e de localização prévia.
I - registro ou inscrição na entidade profissional com- § 7º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
petente; I - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
II - comprovação de aptidão para desempenho de ati- II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
vidade pertinente e compatível em características, quanti- § 8o No caso de obras, serviços e compras de grande
dades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Administra-
instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico ade- ção exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja
quados e disponíveis para a realização do objeto da licita- avaliação, para efeito de sua aceitação ou não, antecederá
ção, bem como da qualificação de cada um dos membros sempre à análise dos preços e será efetuada exclusivamen-
da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos; te por critérios objetivos.
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de § 9o Entende-se por licitação de alta complexidade téc-
que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que nica aquela que envolva alta especialização, como fator de
tomou conhecimento de todas as informações e das con- extrema relevância para garantir a execução do objeto a ser
dições locais para o cumprimento das obrigações objeto contratado, ou que possa comprometer a continuidade da
da licitação; prestação de serviços públicos essenciais.

47
LEGISLAÇÃO

§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins Art. 32. Os documentos necessários à habilitação po-
de comprovação da capacitação técnico-profissional de derão ser apresentados em original, por qualquer processo
que trata o inciso I do § 1o deste artigo deverão partici- de cópia autenticada por cartório competente ou por servi-
par da obra ou serviço objeto da licitação, admitindo-se dor da administração ou publicação em órgão da imprensa
a substituição por profissionais de experiência equivalente oficial. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
ou superior, desde que aprovada pela administração. (In- § 1o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31
cluído pela Lei nº 8.883, de 1994) desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos
§ 11. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) casos de convite, concurso, fornecimento de bens para
§ 12. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) pronta entrega e leilão.
Art. 31. A documentação relativa à qualificação econô- § 2o O certificado de registro cadastral a que se refe-
mico-financeira limitar-se-á a: re o § 1o do art. 36 substitui os documentos enumerados
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do
nos arts. 28 a 31, quanto às informações disponibilizadas
último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma
em sistema informatizado de consulta direta indicado no
da lei, que comprovem a boa situação financeira da empre-
edital, obrigando-se a parte a declarar, sob as penalidades
sa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços
provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais legais, a superveniência de fato impeditivo da habilitação.
quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
apresentação da proposta; § 3o A documentação referida neste artigo poderá ser
II - certidão negativa de falência ou concordata expedi- substituída por registro cadastral emitido por órgão ou en-
da pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de exe- tidade pública, desde que previsto no edital e o registro
cução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física; tenha sido feito em obediência ao disposto nesta Lei.
III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios pre- § 4o As empresas estrangeiras que não funcionem no
vistos no “caput” e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações inter-
(um por cento) do valor estimado do objeto da contrata- nacionais, às exigências dos parágrafos anteriores median-
ção. te documentos equivalentes, autenticados pelos respec-
§ 1o A exigência de índices limitar-se-á à demonstração tivos consulados e traduzidos por tradutor juramentado,
da capacidade financeira do licitante com vistas aos com- devendo ter representação legal no Brasil com poderes
promissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o expressos para receber citação e responder administrativa
contrato, vedada a exigência de valores mínimos de fatu- ou judicialmente.
ramento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade. § 5o Não se exigirá, para a habilitação de que trata este
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, sal-
§ 2o A Administração, nas compras para entrega futura
vo os referentes a fornecimento do edital, quando solicita-
e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no
do, com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor
instrumento convocatório da licitação, a exigência de ca-
pital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação
as garantias previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como fornecida.
dado objetivo de comprovação da qualificação econômi- § 6o O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art. 33 e
co-financeira dos licitantes e para efeito de garantia ao no § 2o do art. 55, não se aplica às licitações internacionais
adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado. para a aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja
§ 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido feito com o produto de financiamento concedido por or-
a que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder ganismo financeiro internacional de que o Brasil faça parte,
a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, ou por agência estrangeira de cooperação, nem nos casos
devendo a comprovação ser feita relativamente à data de contratação com empresa estrangeira, para a compra
da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a de equipamentos fabricados e entregues no exterior, des-
atualização para esta data através de índices oficiais. de que para este caso tenha havido prévia autorização do
§ 4o Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compro- Chefe do Poder Executivo, nem nos casos de aquisição de
missos assumidos pelo licitante que importem diminuição bens e serviços realizada por unidades administrativas com
da capacidade operativa ou absorção de disponibilidade sede no exterior.
financeira, calculada esta em função do patrimônio líquido § 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e
atualizado e sua capacidade de rotação.
este artigo poderá ser dispensada, nos termos de regula-
§ 5o A comprovação de boa situação financeira da em-
mento, no todo ou em parte, para a contratação de produ-
presa será feita de forma objetiva, através do cálculo de
to para pesquisa e desenvolvimento, desde que para pron-
índices contábeis previstos no edital e devidamente justi-
ficados no processo administrativo da licitação que tenha ta entrega ou até o valor previsto na alínea “a” do inciso II
dado início ao certame licitatório, vedada a exigência de do caput do art. 23. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
índices e valores não usualmente adotados para correta Art. 33. Quando permitida na licitação a participação
avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimen- de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes
to das obrigações decorrentes da licitação. (Redação dada normas:
pela Lei nº 8.883, de 1994) I - comprovação do compromisso público ou particular
§ 6º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) de constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;

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LEGISLAÇÃO

II - indicação da empresa responsável pelo consórcio Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, suspen-
que deverá atender às condições de liderança, obrigatoria- so ou cancelado o registro do inscrito que deixar de satis-
mente fixadas no edital; fazer as exigências do art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas
III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. para classificação cadastral.
28 a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admi-
tindo-se, para efeito de qualificação técnica, o somatório Seção IV
dos quantitativos de cada consorciado, e, para efeito de Do Procedimento e Julgamento
qualificação econômico-financeira, o somatório dos valo-
res de cada consorciado, na proporção de sua respectiva Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com
participação, podendo a Administração estabelecer, para o a abertura de processo administrativo, devidamente au-
consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos tuado, protocolado e numerado, contendo a autorização
valores exigidos para licitante individual, inexigível este respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso
acréscimo para os consórcios compostos, em sua totalida- próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportu-
de, por micro e pequenas empresas assim definidas em lei; namente:
IV - impedimento de participação de empresa consor- I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for
ciada, na mesma licitação, através de mais de um consórcio o caso;
ou isoladamente; II - comprovante das publicações do edital resumido,
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos na forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite;
atos praticados em consórcio, tanto na fase de licitação III - ato de designação da comissão de licitação, do
quanto na de execução do contrato. leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo
§ 1o No consórcio de empresas brasileiras e estrangei- convite;
ras a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasi- IV - original das propostas e dos documentos que as
leira, observado o disposto no inciso II deste artigo. instruírem;
§ 2o O licitante vencedor fica obrigado a promover, an- V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julga-
tes da celebração do contrato, a constituição e o registro dora;
do consórcio, nos termos do compromisso referido no in- VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a
ciso I deste artigo. licitação, dispensa ou inexigibilidade;
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da
Seção III sua homologação;
Dos Registros Cadastrais
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos lici-
tantes e respectivas manifestações e decisões;
Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da
IX - despacho de anulação ou de revogação da licita-
Administração Pública que realizem frequentemente licita-
ção, quando for o caso, fundamentado circunstanciada-
ções manterão registros cadastrais para efeito de habilita-
mente;
ção, na forma regulamentar, válidos por, no máximo, um
X - termo de contrato ou instrumento equivalente,
ano. (Regulamento)
conforme o caso;
§ 1o O registro cadastral deverá ser amplamente divul-
gado e deverá estar permanentemente aberto aos interes- XI - outros comprovantes de publicações;
sados, obrigando-se a unidade por ele responsável a pro- XII - demais documentos relativos à licitação.
ceder, no mínimo anualmente, através da imprensa oficial e Parágrafo único. As minutas de editais de licitação,
de jornal diário, a chamamento público para a atualização bem como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes
dos registros existentes e para o ingresso de novos inte- devem ser previamente examinadas e aprovadas por asses-
ressados. soria jurídica da Administração. (Redação dada pela Lei nº
§ 2o É facultado às unidades administrativas utilizarem- 8.883, de 1994)
se de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma lici-
Administração Pública. tação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou
Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atuali- sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto
zação deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá os no art. 23, inciso I, alínea “c” desta Lei, o processo licitatório
elementos necessários à satisfação das exigências do art. será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência públi-
27 desta Lei. ca concedida pela autoridade responsável com antecedên-
Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias, cia mínima de 15 (quinze) dias úteis da data prevista para
tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em gru- a publicação do edital, e divulgada, com a antecedência
pos, segundo a qualificação técnica e econômica avaliada mínima de 10 (dez) dias úteis de sua realização, pelos mes-
pelos elementos constantes da documentação relacionada mos meios previstos para a publicidade da licitação, à qual
nos arts. 30 e 31 desta Lei. terão acesso e direito a todas as informações pertinentes e
§ 1o Aos inscritos será fornecido certificado, renovável a se manifestar todos os interessados.
sempre que atualizarem o registro. Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-
§ 2o A atuação do licitante no cumprimento de obri- se licitações simultâneas aquelas com objetos similares e
gações assumidas será anotada no respectivo registro ca- com realização prevista para intervalos não superiores a
dastral. trinta dias e licitações sucessivas aquelas em que, também

49
LEGISLAÇÃO

com objetos similares, o edital subsequente tenha uma c) critério de atualização financeira dos valores a serem
data anterior a cento e vinte dias após o término do contra- pagos, desde a data final do período de adimplemento de
to resultante da licitação antecedente. (Redação dada pela cada parcela até a data do efetivo pagamento; (Redação
Lei nº 8.883, de 1994) dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de d) compensações financeiras e penalizações, por even-
ordem em série anual, o nome da repartição interessada tuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de
e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o pagamentos;
tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, e) exigência de seguros, quando for o caso;
o local, dia e hora para recebimento da documentação e XV - instruções e normas para os recursos previstos
proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, nesta Lei;
e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; XVII  -  outras indicações específicas ou peculiares da
II - prazo e condições para assinatura do contrato ou licitação.
retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta § 1o O original do edital deverá ser datado, rubricado
Lei, para execução do contrato e para entrega do objeto em todas as folhas e assinado pela autoridade que o expe-
da licitação; dir, permanecendo no processo de licitação, e dele extrain-
III - sanções para o caso de inadimplemento; do-se cópias integrais ou resumidas, para sua divulgação e
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o fornecimento aos interessados.
projeto básico; § 2o Constituem anexos do edital, dele fazendo parte
V - se há projeto executivo disponível na data da publi- integrante:
cação do edital de licitação e o local onde possa ser exami- I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas
nado e adquirido; partes, desenhos, especificações e outros complementos;
VI - condições para participação na licitação, em con- II - orçamento estimado em planilhas de quantitati-
formidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de apre- vos e preços unitários; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
sentação das propostas; 1994)
VII - critério para julgamento, com disposições claras e III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Admi-
parâmetros objetivos; nistração e o licitante vencedor;
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de IV - as especificações complementares e as normas de
comunicação à distância em que serão fornecidos elemen- execução pertinentes à licitação.
tos, informações e esclarecimentos relativos à licitação e às § 3o Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se
condições para atendimento das obrigações necessárias ao como adimplemento da obrigação contratual a prestação
cumprimento de seu objeto; do serviço, a realização da obra, a entrega do bem ou de
IX - condições equivalentes de pagamento entre em- parcela destes, bem como qualquer outro evento contra-
presas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações in- tual a cuja ocorrência esteja vinculada a emissão de docu-
ternacionais; mento de cobrança.
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e § 4o Nas compras para entrega imediata, assim enten-
global, conforme o caso, permitida a fixação de preços didas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da data
máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios prevista para apresentação da proposta, poderão ser dis-
estatísticos ou faixas de variação em relação a preços de pensadas: (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
referência, ressalvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do I - o disposto no inciso XI deste artigo; (Incluído pela
art. 48; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) Lei nº 8.883, de 1994)
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação II  -  a atualização financeira a que se refere a alínea
efetiva do custo de produção, admitida a adoção de ín- “c” do inciso XIV deste artigo, correspondente ao período
dices específicos ou setoriais, desde a data prevista para compreendido entre as datas do adimplemento e a pre-
apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa vista para o pagamento, desde que não superior a quinze
proposta se referir, até a data do adimplemento de cada dias. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
parcela; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 5º A Administração Pública poderá, nos edi-
XII - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) tais de licitação para a contratação de servi-
XIII - limites para pagamento de instalação e mobili- ços, exigir da contratada que um percentual míni-
zação para execução de obras ou serviços que serão obri- mo de sua mão de obra seja oriundo ou egresso do siste-
gatoriamente previstos em separado das demais parcelas, ma prisional, com afinalidade de ressocialização do reedu-
etapas ou tarefas; cando, na forma estabelecida em regulamento. (Incluído
XIV - condições de pagamento, prevendo: pela Lei nº 13.500, de 2017)
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, con- Art. 41. A Administração não pode descumprir as nor-
tado a partir da data final do período de adimplemento de mas e condições do edital, ao qual se acha estritamente
cada parcela; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) vinculada.
b) cronograma de desembolso máximo por período, § 1o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar
em conformidade com a disponibilidade de recursos finan- edital de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei,
ceiros; devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes

50
LEGISLAÇÃO

da data fixada para a abertura dos envelopes de habilita- Art. 43. A licitação será processada e julgada com ob-
ção, devendo a Administração julgar e responder à impug- servância dos seguintes procedimentos:
nação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade I - abertura dos envelopes contendo a documentação
prevista no § 1o do art. 113. relativa à habilitação dos concorrentes, e sua apreciação;
§ 2o Decairá do direito de impugnar os termos do edital II - devolução dos envelopes fechados aos concorren-
de licitação perante a administração o licitante que não o tes inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde
fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos que não tenha havido recurso ou após sua denegação;
envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos
envelopes com as propostas em convite, tomada de preços concorrentes habilitados, desde que transcorrido o prazo
ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irregu- sem interposição de recurso, ou tenha havido desistência
laridades que viciariam esse edital, hipótese em que tal co- expressa, ou após o julgamento dos recursos interpostos;
municação não terá efeito de recurso. (Redação dada pela IV - verificação da conformidade de cada proposta com
Lei nº 8.883, de 1994) os requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços
§ 3o A impugnação feita tempestivamente pelo licitante correntes no mercado ou fixados por órgão oficial compe-
não o impedirá de participar do processo licitatório até o tente, ou ainda com os constantes do sistema de registro
trânsito em julgado da decisão a ela pertinente. de preços, os quais deverão ser devidamente registrados
§ 4o A inabilitação do licitante importa preclusão do na ata de julgamento, promovendo-se a desclassificação
seu direito de participar das fases subsequentes. das propostas desconformes ou incompatíveis;
Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o V - julgamento e classificação das propostas de acordo
edital deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária com os critérios de avaliação constantes do edital;
e do comércio exterior e atender às exigências dos órgãos VI - deliberação da autoridade competente quanto à
competentes. homologação e adjudicação do objeto da licitação.
§ 1o Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar § 1o A abertura dos envelopes contendo a documenta-
preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá fazer o ção para habilitação e as propostas será realizada sempre
licitante brasileiro. em ato público previamente designado, do qual se lavrará
§ 2o O pagamento feito ao licitante brasileiro eventual- ata circunstanciada, assinada pelos licitantes presentes e
mente contratado em virtude da licitação de que trata o pela Comissão.
parágrafo anterior será efetuado em moeda brasileira, à
§ 2o Todos os documentos e propostas serão rubrica-
taxa de câmbio vigente no dia útil imediatamente anterior
dos pelos licitantes presentes e pela Comissão.
à data do efetivo pagamento. (Redação dada pela Lei nº
§ 3o É facultada à Comissão ou autoridade superior, em
8.883, de 1994)
qualquer fase da licitação, a promoção de diligência desti-
§ 3o As garantias de pagamento ao licitante brasileiro
nada a esclarecer ou a complementar a instrução do pro-
serão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estran-
cesso, vedada a inclusão posterior de documento ou infor-
geiro.
mação que deveria constar originariamente da proposta.
§ 4o Para fins de julgamento da licitação, as propos-
§ 4o O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e,
tas apresentadas por licitantes estrangeiros serão acresci-
no que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de preços
das dos gravames consequentes dos mesmos tributos que
oneram exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à e ao convite. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
operação final de venda. § 5o Ultrapassada a fase de habilitação dos concorren-
§ 5o Para a realização de obras, prestação de serviços tes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não cabe
ou aquisição de bens com recursos provenientes de finan- desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação,
ciamento ou doação oriundos de agência oficial de coo- salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos
peração estrangeira ou organismo financeiro multilateral após o julgamento.
de que o Brasil seja parte, poderão ser admitidas, na res- § 6o Após a fase de habilitação, não cabe desistência de
pectiva licitação, as condições decorrentes de acordos, pro- proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato super-
tocolos, convenções ou tratados internacionais aprovados veniente e aceito pela Comissão.
pelo Congresso Nacional, bem como as normas e procedi- Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão le-
mentos daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de vará em consideração os critérios objetivos definidos no
seleção da proposta mais vantajosa para a administração, o edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas
qual poderá contemplar, além do preço, outros fatores de e princípios estabelecidos por esta Lei.
avaliação, desde que por elas exigidos para a obtenção do § 1o É vedada a utilização de qualquer elemento, cri-
financiamento ou da doação, e que também não conflitem tério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que
com o princípio do julgamento objetivo e sejam objeto de possa ainda que indiretamente elidir o princípio da igual-
despacho motivado do órgão executor do contrato, despa- dade entre os licitantes.
cho esse ratificado pela autoridade imediatamente supe- § 2o Não se considerará qualquer oferta de vantagem
rior. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) não prevista no edital ou no convite, inclusive financiamen-
§ 6o As cotações de todos os licitantes serão para entre- tos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vanta-
ga no mesmo local de destino. gem baseada nas ofertas dos demais licitantes.

51
LEGISLAÇÃO

§ 3o Não se admitirá proposta que apresente preços Art. 46. Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “téc-
global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, nica e preço” serão utilizados exclusivamente para serviços
incompatíveis com os preços dos insumos e salários de de natureza predominantemente intelectual, em especial
mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervi-
ato convocatório da licitação não tenha estabelecido limi- são e gerenciamento e de engenharia consultiva em ge-
tes mínimos, exceto quando se referirem a materiais e ins- ral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos
talações de propriedade do próprio licitante, para os quais preliminares e projetos básicos e executivos, ressalvado o
ele renuncie a parcela ou à totalidade da remuneração. (Re- disposto no § 4o do artigo anterior. (Redação dada pela Lei
dação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) nº 8.883, de 1994)
§ 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se tam- § 1o Nas licitações do tipo “melhor técnica” será ado-
bém às propostas que incluam mão-de-obra estrangeira tado o seguinte procedimento claramente explicitado no
ou importações de qualquer natureza. (Redação dada pela instrumento convocatório, o qual fixará o preço máximo
Lei nº 8.883, de 1994) que a Administração se propõe a pagar:
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de- I - serão abertos os envelopes contendo as propostas
vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convi- técnicas exclusivamente dos licitantes previamente qualifi-
te realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os cados e feita então a avaliação e classificação destas pro-
critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e postas de acordo com os critérios pertinentes e adequados
de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de ao objeto licitado, definidos com clareza e objetividade no
maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos instrumento convocatório e que considerem a capacitação
órgãos de controle. e a experiência do proponente, a qualidade técnica da pro-
§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de posta, compreendendo metodologia, organização, tecno-
licitação, exceto na modalidade concurso: (Redação dada logias e recursos materiais a serem utilizados nos trabalhos,
pela Lei nº 8.883, de 1994) e a qualificação das equipes técnicas a serem mobilizadas
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da para a sua execução;
proposta mais vantajosa para a Administração determinar II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proce-
der-se-á à abertura das propostas de preço dos licitantes
que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de
que tenham atingido a valorização mínima estabelecida no
acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar
instrumento convocatório e à negociação das condições
o menor preço;
propostas, com a proponente melhor classificada, com
II - a de melhor técnica;
base nos orçamentos detalhados apresentados e respec-
III - a de técnica e preço.
tivos preços unitários e tendo como referência o limite re-
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de aliena-
presentado pela proposta de menor preço entre os licitan-
ção de bens ou concessão de direito real de uso. (Incluído
tes que obtiveram a valorização mínima;
pela Lei nº 8.883, de 1994)
III - no caso de impasse na negociação anterior, pro-
§ 2o No caso de empate entre duas ou mais propostas, cedimento idêntico será adotado, sucessivamente, com
e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a os demais proponentes, pela ordem de classificação, até a
classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato consecução de acordo para a contratação;
público, para o qual todos os licitantes serão convocados, IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas
vedado qualquer outro processo. aos licitantes que não forem preliminarmente habilitados
§ 3o No caso da licitação do tipo “menor preço”, en- ou que não obtiverem a valorização mínima estabelecida
tre os licitantes considerados qualificados a classificação para a proposta técnica.
se dará pela ordem crescente dos preços propostos, pre- § 2o Nas licitações do tipo “técnica e preço” será ado-
valecendo, no caso de empate, exclusivamente o critério tado, adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o
previsto no parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº seguinte procedimento claramente explicitado no instru-
8.883, de 1994) mento convocatório:
§ 4o Para contratação de bens e serviços de informáti- I - será feita a avaliação e a valorização das propostas
ca, a administração observará o disposto no art. 3o da Lei de preços, de acordo com critérios objetivos preestabeleci-
no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta os dos no instrumento convocatório;
fatores especificados em seu parágrafo 2o e adotando obri- II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo
gatoriamento o tipo de licitação “técnica e preço”, permiti- com a média ponderada das valorizações das propostas
do o emprego de outro tipo de licitação nos casos indica- técnicas e de preço, de acordo com os pesos preestabele-
dos em decreto do Poder Executivo. (Redação dada pela Lei cidos no instrumento convocatório.
nº 8.883, de 1994) § 3o Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos
§ 5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação neste artigo poderão ser adotados, por autorização expres-
não previstos neste artigo. sa e mediante justificativa circunstanciada da maior auto-
§ 6o Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão sele- ridade da Administração promotora constante do ato con-
cionadas tantas propostas quantas necessárias até que se vocatório, para fornecimento de bens e execução de obras
atinja a quantidade demandada na licitação. (Incluído pela ou prestação de serviços de grande vulto majoritariamen-
Lei nº 9.648, de 1998) te dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada e

52
LEGISLAÇÃO

de domínio restrito, atestado por autoridades técnicas de § 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo
reconhecida qualificação, nos casos em que o objeto pre- de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado
tendido admitir soluções alternativas e variações de execu- o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
ção, com repercussões significativas sobre sua qualidade, § 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do
produtividade, rendimento e durabilidade concretamente contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art.
mensuráveis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha 59 desta Lei.
dos licitantes, na conformidade dos critérios objetivamente § 3o No caso de desfazimento do processo licitatório,
fixados no ato convocatório. fica assegurado o contraditório e a ampla defesa.
§ 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) § 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se
Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e servi- aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade
ços, quando for adotada a modalidade de execução de em- de licitação.
preitada por preço global, a Administração deverá fornecer Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contra-
obrigatoriamente, junto com o edital, todos os elementos to com preterição da ordem de classificação das propostas
e informações necessários para que os licitantes possam ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatório,
elaborar suas propostas de preços com total e completo
sob pena de nulidade.
conhecimento do objeto da licitação.
Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro
Art. 48. Serão desclassificadas:
I - as propostas que não atendam às exigências do ato cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas
convocatório da licitação; serão processadas e julgadas por comissão permanente
II - propostas com valor global superior ao limite es- ou especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo
tabelecido ou com preços manifestamente inexequiveis, menos 2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes
assim considerados aqueles que não venham a ter de- aos quadros permanentes dos órgãos da Administração
monstrada sua viabilidade através de documentação que responsáveis pela licitação.
comprove que os custos dos insumos são coerentes com § 1o No caso de convite, a Comissão de licitação, ex-
os de mercado e que os coeficientes de produtividade são cepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e
compatíveis com a execução do objeto do contrato, condi- em face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser
ções estas necessariamente especificadas no ato convoca- substituída por servidor formalmente designado pela au-
tório da licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) toridade competente.
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste ar- § 2o A Comissão para julgamento dos pedidos de ins-
tigo consideram-se manifestamente inexequíveis, no caso crição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamen-
de licitações de menor preço para obras e serviços de en- to, será integrada por profissionais legalmente habilitados
genharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% no caso de obras, serviços ou aquisição de equipamentos.
(setenta por cento) do menor dos seguintes valores: (Incluí-
§ 3o Os membros das Comissões de licitação respon-
do pela Lei nº 9.648, de 1998)
derão solidariamente por todos os atos praticados pela
a) média aritmética dos valores das propostas supe-
riores a 50% (cinquenta por cento) do valor orçado pela Comissão, salvo se posição individual divergente estiver
administração, ou (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na
b) valor orçado pela administração. (Incluído pela Lei reunião em que tiver sido tomada a decisão.
nº 9.648, de 1998) § 4o A investidura dos membros das Comissões perma-
§ 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo nentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução
anterior cujo valor global da proposta for inferior a 80% (oi- da totalidade de seus membros para a mesma comissão no
tenta por cento) do menor valor a que se referem as alíneas período subsequente.
“a” e “b”, será exigida, para a assinatura do contrato, presta- § 5o No caso de concurso, o julgamento será feito por
ção de garantia adicional, dentre as modalidades previstas uma comissão especial integrada por pessoas de reputação
no § 1º do art. 56, igual a diferença entre o valor resultante ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame,
do parágrafo anterior e o valor da correspondente propos- servidores públicos ou não.
ta. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do art. 22
§ 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou desta Lei deve ser precedido de regulamento próprio, a ser
todas as propostas forem desclassificadas, a administração obtido pelos interessados no local indicado no edital.
poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para a § 1o O regulamento deverá indicar:
apresentação de nova documentação ou de outras propos- I - a qualificação exigida dos participantes;
tas escoimadas das causas referidas neste artigo, facultada,
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
no caso de convite, a redução deste prazo para três dias
III - as condições de realização do concurso e os prê-
úteis. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do mios a serem concedidos.
procedimento somente poderá revogar a licitação por ra- § 2o Em se tratando de projeto, o vencedor deverá au-
zões de interesse público decorrente de fato supervenien- torizar a Administração a executá-lo quando julgar conve-
te devidamente comprovado, pertinente e suficiente para niente.
justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou
ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer es- a servidor designado pela Administração, procedendo-se
crito e devidamente fundamentado. na forma da legislação pertinente.

53
LEGISLAÇÃO

§ 1o Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que
pela Administração para fixação do preço mínimo de arre- a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do lici-
matação. tante vencedor;
§ 2o Os bens arrematados serão pagos à vista ou no XII - a legislação aplicável à execução do contrato e
percentual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco especialmente aos casos omissos;
por cento) e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no XIII - a obrigação do contratado de manter, durante
local do leilão, imediatamente entregues ao arrematante, toda a execução do contrato, em compatibilidade com as
o qual se obrigará ao pagamento do restante no prazo es- obrigações por ele assumidas, todas as condições de habi-
tipulado no edital de convocação, sob pena de perder em litação e qualificação exigidas na licitação.
favor da Administração o valor já recolhido. § 1º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 3o Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela § 2o Nos contratos celebrados pela Administração Pú-
à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas. (Reda- blica com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas do-
ção dada pela Lei nº 8.883, de 1994) miciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente
§ 4o O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, cláusula que declare competente o foro da sede da Admi-
principalmente no município em que se realizará. (Incluído nistração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o
pela Lei nº 8.883, de 1994) disposto no § 6o do art. 32 desta Lei.
§ 3o No ato da liquidação da despesa, os serviços de
Capítulo III contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da ar-
DOS CONTRATOS recadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou
Seção I Município, as características e os valores pagos, segundo o
Disposições Preliminares disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964.
Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada
Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta caso, e desde que prevista no instrumento convocatório,
Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações
direito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os prin- de obras, serviços e compras.
cípios da teoria geral dos contratos e as disposições de di-
§ 1o Caberá ao contratado optar por uma das seguintes
reito privado.
modalidades de garantia: (Redação dada pela Lei nº 8.883,
§ 1o Os contratos devem estabelecer com clareza e
de 1994)
precisão as condições para sua execução, expressas em
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida públi-
cláusulas que definam os direitos, obrigações e responsa-
ca, devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural,
bilidades das partes, em conformidade com os termos da
mediante registro em sistema centralizado de liquidação
licitação e da proposta a que se vinculam.
e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e
§ 2o Os contratos decorrentes de dispensa ou de ine-
avaliados pelos seus valores econômicos, conforme defini-
xigibilidade de licitação devem atender aos termos do ato
que os autorizou e da respectiva proposta. do pelo Ministério da Fazenda; (Redação dada pela Lei nº
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as 11.079, de 2004)
que estabeleçam: II - seguro-garantia; (Redação dada pela Lei nº 8.883,
I - o objeto e seus elementos característicos; de 1994)
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; III - fiança bancária. (Redação dada pela Lei nº 8.883,
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, de 8.6.94)
data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os § 2o A garantia a que se refere o caput deste artigo não
critérios de atualização monetária entre a data do adimple- excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu
mento das obrigações e a do efetivo pagamento; valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalva-
IV - os prazos de início de etapas de execução, de con- do o previsto no parágrafo 3o deste artigo. (Redação dada
clusão, de entrega, de observação e de recebimento defini- pela Lei nº 8.883, de 1994)
tivo, conforme o caso; § 3o Para obras, serviços e fornecimentos de grande
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indica- vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos finan-
ção da classificação funcional programática e da categoria ceiros consideráveis, demonstrados através de parecer tec-
econômica; nicamente aprovado pela autoridade competente, o limite
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser ele-
execução, quando exigidas; vado para até dez por cento do valor do contrato. (Redação
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
penalidades cabíveis e os valores das multas; § 4o A garantia prestada pelo contratado será liberada
VIII - os casos de rescisão; ou restituída após a execução do contrato e, quando em
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, dinheiro, atualizada monetariamente.
em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta § 5o Nos casos de contratos que importem na entrega
Lei; de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará
X - as condições de importação, a data e a taxa de depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o va-
câmbio para conversão, quando for o caso; lor desses bens.

54
LEGISLAÇÃO

Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos
ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamen- instituído por esta Lei confere à Administração, em relação
tários, exceto quanto aos relativos: a eles, a prerrogativa de:
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequa-
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais po- ção às finalidades de interesse público, respeitados os di-
derão ser prorrogados se houver interesse da Administra- reitos do contratado;
ção e desde que isso tenha sido previsto no ato convoca- II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especifica-
tório; dos no inciso I do art. 79 desta Lei;
II - à prestação de serviços a serem executados de for- III - fiscalizar-lhes a execução;
ma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou
por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de parcial do ajuste;
preços e condições mais vantajosas para a administração, V - nos casos de serviços essenciais, ocupar proviso-
limitada a sessenta meses; (Redação dada pela Lei nº 9.648, riamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vincu-
de 1998) lados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade
III - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de pro- pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do
gramas de informática, podendo a duração estender-se contrato administrativo.
pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início § 1o As cláusulas econômico-financeiras e monetárias
da vigência do contrato. dos contratos administrativos não poderão ser alteradas
V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e sem prévia concordância do contratado.
XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por § 2o Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusu-
até 120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da admi- las econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas
nistração. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) para que se mantenha o equilíbrio contratual.
§ 1o Os prazos de início de etapas de execução, de Art. 59. A declaração de nulidade do contrato admi-
conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as nistrativo opera retroativamente impedindo os efeitos ju-
demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção rídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de
de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra desconstituir os já produzidos.
algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em Parágrafo único. A nulidade não exonera a Adminis-
processo: tração do dever de indenizar o contratado pelo que este
I - alteração do projeto ou especificações, pela Admi- houver executado até a data em que ela for declarada e por
nistração; outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade
estranho à vontade das partes, que altere fundamental- de quem lhe deu causa.
mente as condições de execução do contrato;
III - interrupção da execução do contrato ou diminui- Seção II
ção do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Ad- Da Formalização dos Contratos
ministração;
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados
no contrato, nos limites permitidos por esta Lei; nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo
V - impedimento de execução do contrato por fato ou cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do
ato de terceiro reconhecido pela Administração em docu- seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis,
mento contemporâneo à sua ocorrência; que se formalizam por instrumento lavrado em cartório de
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Ad- notas, de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu
ministração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de origem.
que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato
na execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras
aplicáveis aos responsáveis. de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor
§ 2o Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido
por escrito e previamente autorizada pela autoridade com- no art. 23, inciso II, alínea «a» desta Lei, feitas em regime
petente para celebrar o contrato. de adiantamento.
§ 3o É vedado o contrato com prazo de vigência inde-
terminado. Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das
§ 4o Em caráter excepcional, devidamente justificado e partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que
mediante autorização da autoridade superior, o prazo de autorizou a sua lavratura, o número do processo da licita-
que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser pror- ção, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos con-
rogado por até doze meses. (Incluído pela Lei nº 9.648, de tratantes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais.
1998)

55
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. A publicação resumida do instrumen- § 3o Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega


to de contrato ou de seus aditamentos na imprensa ofi- das propostas, sem convocação para a contratação, ficam
cial, que é condição indispensável para sua eficácia, será os licitantes liberados dos compromissos assumidos.
providenciada pela Administração até o quinto dia útil do
mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo Seção III
de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, Da Alteração dos Contratos
ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser
Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes ca-
casos de concorrência e de tomada de preços, bem como sos:
nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam com- I - unilateralmente pela Administração:
preendidos nos limites destas duas modalidades de licita- a)  quando houver modificação do projeto ou das es-
ção, e facultativo nos demais em que a Administração pu- pecificações, para melhor adequação técnica aos seus ob-
der substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como jetivos;
carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização b) quando necessária a modificação do valor contratual
de compra ou ordem de execução de serviço. em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa
§ 1o A minuta do futuro contrato integrará sempre o de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;
edital ou ato convocatório da licitação. II - por acordo das partes:
§ 2o Em “carta contrato”, “nota de empenho de des- a) quando conveniente a substituição da garantia de
pesa”, “autorização de compra”, “ordem de execução de execução;
serviço” ou outros instrumentos hábeis aplica-se, no que b) quando necessária a modificação do regime de exe-
couber, o disposto no art. 55 desta Lei.  (Redação dada pela cução da obra ou serviço, bem como do modo de forne-
Lei nº 8.883, de 1994) cimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade
§ 3o Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei dos termos contratuais originários;
e demais normas gerais, no que couber: c)  quando necessária a modificação da forma de pa-
I  -  aos contratos de seguro, de financiamento, de lo- gamento, por imposição de circunstâncias supervenientes,
cação em que o Poder Público seja locatário, e aos demais mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do
cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por norma pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado,
de direito privado; sem a correspondente contraprestação de fornecimento de
II - aos contratos em que a Administração for parte bens ou execução de obra ou serviço;
como usuária de serviço público. d) para restabelecer a relação que as partes pactua-
§ 4o É dispensável o «termo de contrato» e facultada a ram inicialmente entre os encargos do contratado e a re-
substituição prevista neste artigo, a critério da Administra- tribuição da administração para a justa remuneração da
ção e independentemente de seu valor, nos casos de com- obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção
pra com entrega imediata e integral dos bens adquiridos, do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na
dos quais não resultem obrigações futuras, inclusive assis- hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis
tência técnica. porém de consequências incalculáveis, retardadores ou im-
Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimen-
peditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de
to dos termos do contrato e do respectivo processo licita-
força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando
tório e, a qualquer interessado, a obtenção de cópia auten-
álea econômica extraordinária e extracontratual. (Redação
ticada, mediante o pagamento dos emolumentos devidos.
dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 64. A Administração convocará regularmente o in-
§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas
teressado para assinar o termo de contrato, aceitar ou reti-
condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se
rar o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições
fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e
estabelecidos, sob pena de decair o direito à contratação,
cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e,
sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta Lei.
§ 1o O prazo de convocação poderá ser prorrogado no caso particular de reforma de edifício ou de equipamen-
uma vez, por igual período, quando solicitado pela parte to, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus
durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo justi- acréscimos.
ficado aceito pela Administração. § 2o Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder
§ 2o É facultado à Administração, quando o convocado os limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo: (Reda-
não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar ção dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
o instrumento equivalente no prazo e condições estabe- I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
lecidos, convocar os licitantes remanescentes, na ordem II - as supressões resultantes de acordo celebrado en-
de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas tre os contratantes. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive § 3o Se no contrato não houverem sido contemplados
quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato preços unitários para obras ou serviços, esses serão fixados
convocatório, ou revogar a licitação independentemente mediante acordo entre as partes, respeitados os limites es-
da cominação prevista no art. 81 desta Lei. tabelecidos no § 1o deste artigo.

56
LEGISLAÇÃO

§ 4o No caso de supressão de obras, bens ou serviços, Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito
se o contratado já houver adquirido os materiais e posto pela Administração, no local da obra ou serviço, para repre-
no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Ad- sentá-lo na execução do contrato.
ministração pelos custos de aquisição regularmente com- Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, re-
provados e monetariamente corrigidos, podendo caber in- mover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total
denização por outros danos eventualmente decorrentes da ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem
supressão, desde que regularmente comprovados. vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou
§ 5o Quaisquer tributos ou encargos legais criados, al- de materiais empregados.
terados ou extintos, bem como a superveniência de dispo- Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causa-
sições legais, quando ocorridas após a data da apresenta- dos diretamente à Administração ou a terceiros, decorren-
ção da proposta, de comprovada repercussão nos preços tes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não ex-
contratados, implicarão a revisão destes para mais ou para cluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização
menos, conforme o caso. ou o acompanhamento pelo órgão interessado.
§ 6o Em havendo alteração unilateral do contrato que Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos tra-
aumente os encargos do contratado, a Administração de- balhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes
da execução do contrato.
verá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-
§ 1o A inadimplência do contratado, com referência aos
financeiro inicial.
encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à
§ 7o (VETADO)
Administração Pública a responsabilidade por seu paga-
§ 8o A variação do valor contratual para fazer face ao
mento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restrin-
reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atuali- gir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive
zações, compensações ou penalizações financeiras decor- perante o Registro de Imóveis. (Redação dada pela Lei nº
rentes das condições de pagamento nele previstas, bem 9.032, de 1995)
como o empenho de dotações orçamentárias suplemen- § 2o A Administração Pública responde solidariamente
tares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam com o contratado pelos encargos previdenciários resultan-
alteração do mesmo, podendo ser registrados por simples tes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei
apostila, dispensando a celebração de aditamento. nº 8.212, de 24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei
nº 9.032, de 1995)
Seção IV  § 3º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Da Execução dos Contratos Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem
prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá
Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pe- subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o
las partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as nor- limite admitido, em cada caso, pela Administração.
mas desta Lei, respondendo cada uma pelas consequências Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será rece-
de sua inexecução total ou parcial. bido:
Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § I - em se tratando de obras e serviços:
2o e no inciso II do § 5o do art. 3o desta Lei deverão cumprir, a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompa-
durante todo o período de execução do contrato, a reserva nhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado,
de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comuni-
para reabilitado da Previdência Social, bem como as regras cação escrita do contratado;
de acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei b) definitivamente, por servidor ou comissão designa-
nº 13.146, de 2015) (Vigência) da pela autoridade competente, mediante termo circuns-
Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o cum- tanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo
de observação, ou vistoria que comprove a adequação do
primento dos requisitos de acessibilidade nos serviços e
objeto aos termos contratuais, observado o disposto no
nos ambientes de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
art. 69 desta Lei;
2015)
II - em se tratando de compras ou de locação de equi-
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompa-
pamentos:
nhada e fiscalizada por um representante da Administra- a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação
ção especialmente designado, permitida a contratação de da conformidade do material com a especificação;
terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações perti- b)  definitivamente, após a verificação da qualidade e
nentes a essa atribuição. quantidade do material e consequente aceitação.
§ 1o O representante da Administração anotará em § 1o Nos casos de aquisição de equipamentos de gran-
registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a de vulto, o recebimento far-se-á mediante termo circuns-
execução do contrato, determinando o que for necessário tanciado e, nos demais, mediante recibo.
à regularização das faltas ou defeitos observados. § 2o O recebimento provisório ou definitivo não exclui a
§ 2o As decisões e providências que ultrapassarem a responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou
competência do representante deverão ser solicitadas a do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução
seus superiores em tempo hábil para a adoção das medi- do contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou
das convenientes. pelo contrato.

57
LEGISLAÇÃO

§ 3o O prazo a que se refere a alínea “b” do inciso I X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do con-
deste artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, tratado;
salvo em casos excepcionais, devidamente justificados e XI - a alteração social ou a modificação da finalidade
previstos no edital. ou da estrutura da empresa, que prejudique a execução do
§ 4o Na hipótese de o termo circunstanciado ou a ve- contrato;
rificação a que se refere este artigo não serem, respecti- XII - razões de interesse público, de alta relevância e
vamente, lavrado ou procedida dentro dos prazos fixados, amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela má-
reputar-se-ão como realizados, desde que comunicados à xima autoridade da esfera administrativa a que está subor-
Administração nos 15 (quinze) dias anteriores à exaustão dinado o contratante e exaradas no processo administrati-
dos mesmos. vo a que se refere o contrato;
Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisó- XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras,
rio nos seguintes casos: serviços ou compras, acarretando modificação do valor ini-
I - gêneros perecíveis e alimentação preparada; cial do contrato além do limite permitido no § 1o do art. 65
II - serviços profissionais; desta Lei;
III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita
inciso II, alínea “a”, desta Lei, desde que não se compo- da Administração, por prazo superior a 120 (cento e vin-
nham de aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à te) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave per-
verificação de funcionamento e produtividade. turbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por repe-
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimento tidas suspensões que totalizem o mesmo prazo, indepen-
será feito mediante recibo. dentemente do pagamento obrigatório de indenizações
Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobi-
edital, do convite ou de ato normativo, os ensaios, testes e lizações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao
demais provas exigidos por normas técnicas oficiais para a contratado, nesses casos, o direito de optar pela suspensão
boa execução do objeto do contrato correm por conta do do cumprimento das obrigações assumidas até que seja
contratado. normalizada a situação;
Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em par- XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos paga-
te, obra, serviço ou fornecimento executado em desacordo
mentos devidos pela Administração decorrentes de obras,
com o contrato.
serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos
ou executados, salvo em caso de calamidade pública, gra-
Seção V
ve perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado
Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos
ao contratado o direito de optar pela suspensão do cum-
primento de suas obrigações até que seja normalizada a
Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato en-
situação;
seja a sua rescisão, com as consequências contratuais e as
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de
previstas em lei ou regulamento.
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou for-
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especi- necimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes
ficações, projetos ou prazos; de materiais naturais especificadas no projeto;
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior,
especificações, projetos e prazos; regularmente comprovada, impeditiva da execução do
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Admi- contrato.
nistração a comprovar a impossibilidade da conclusão da XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art.
obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos estipu- 27, sem prejuízo das sanções penais cabíveis. (Incluído pela
lados; Lei nº 9.854, de 1999)
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão
fornecimento; formalmente motivados nos autos do processo, assegura-
V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimen- do o contraditório e a ampla defesa.
to, sem justa causa e prévia comunicação à Administração; Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a I - determinada por ato unilateral e escrito da Adminis-
associação do contratado com outrem, a cessão ou trans- tração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do
ferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incor- artigo anterior;
poração, não admitidas no edital e no contrato; II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a ter-
VII - o desatendimento das determinações regulares da mo no processo da licitação, desde que haja conveniência
autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua para a Administração;
execução, assim como as de seus superiores; III - judicial, nos termos da legislação;
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execu- IV - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
ção, anotadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei; § 1o A rescisão administrativa ou amigável deverá ser
IX - a decretação de falência ou a instauração de insol- precedida de autorização escrita e fundamentada da auto-
vência civil; ridade competente.

58
LEGISLAÇÃO

§ 2o Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos
a XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, em desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a frus-
será este ressarcido dos prejuízos regularmente comprova- trar os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previs-
dos que houver sofrido, tendo ainda direito a: tas nesta Lei e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das
I - devolução de garantia; responsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar.
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que sim-
a data da rescisão; plesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando
III - pagamento do custo da desmobilização. servidores públicos, além das sanções penais, à perda do
§ 3º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) cargo, emprego, função ou mandato eletivo.
§ 4º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins des-
§ 5o Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação ta Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou
do contrato, o cronograma de execução será prorrogado sem remuneração, cargo, função ou emprego público.
automaticamente por igual tempo. § 1o Equipara-se a servidor público, para os fins desta
Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo ante- Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
rior acarreta as seguintes consequências, sem prejuízo das paraestatal, assim consideradas, além das fundações, em-
sanções previstas nesta Lei: presas públicas e sociedades de economia mista, as demais
I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado entidades sob controle, direto ou indireto, do Poder Públi-
e local em que se encontrar, por ato próprio da Adminis- co.
tração; § 2o A pena imposta será acrescida da terça parte,
II - ocupação e utilização do local, instalações, equi- quando os autores dos crimes previstos nesta Lei forem
pamentos, material e pessoal empregados na execução do ocupantes de cargo em comissão ou de função de confian-
contrato, necessários à sua continuidade, na forma do inci- ça em órgão da Administração direta, autarquia, empresa
so V do art. 58 desta Lei; pública, sociedade de economia mista, fundação pública,
III - execução da garantia contratual, para ressarcimen- ou outra entidade controlada direta ou indiretamente pelo
to da Administração, e dos valores das multas e indeniza- Poder Público.
ções a ela devidos; Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei perti-
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até nem às licitações e aos contratos celebrados pela União,
o limite dos prejuízos causados à Administração. Estados, Distrito Federal, Municípios, e respectivas autar-
§ 1o A aplicação das medidas previstas nos incisos I e
quias, empresas públicas, sociedades de economia mista,
II deste artigo fica a critério da Administração, que poderá
fundações públicas, e quaisquer outras entidades sob seu
dar continuidade à obra ou ao serviço por execução direta
controle direto ou indireto.
ou indireta.
§ 2o É permitido à Administração, no caso de concor-
Seção II
data do contratado, manter o contrato, podendo assumir o
Das Sanções Administrativas
controle de determinadas atividades de serviços essenciais.
§ 3o Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deve-
Art. 86. O atraso injustificado na execução do contrato
rá ser precedido de autorização expressa do Ministro de
Estado competente, ou Secretário Estadual ou Municipal, sujeitará o contratado à multa de mora, na forma prevista
conforme o caso. no instrumento convocatório ou no contrato.
§ 4o A rescisão de que trata o inciso IV do artigo ante- § 1o A multa a que alude este artigo não impede que a
rior permite à Administração, a seu critério, aplicar a medi- Administração rescinda unilateralmente o contrato e apli-
da prevista no inciso I deste artigo. que as outras sanções previstas nesta Lei.
§ 2o A multa, aplicada após regular processo adminis-
Capítulo IV trativo, será descontada da garantia do respectivo contra-
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA JUDI- tado.
CIAL § 3o Se a multa for de valor superior ao valor da garan-
Seção I tia prestada, além da perda desta, responderá o contratado
Disposições Gerais pela sua diferença, a qual será descontada dos pagamen-
tos eventualmente devidos pela Administração ou ainda,
Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em assi- quando for o caso, cobrada judicialmente.
nar o contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a
dentro do prazo estabelecido pela Administração, caracte- Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao
riza o descumprimento total da obrigação assumida, sujei- contratado as seguintes sanções:
tando-o às penalidades legalmente estabelecidas. I - advertência;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica II - multa, na forma prevista no instrumento convoca-
aos licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2o desta tório ou no contrato;
Lei, que não aceitarem a contratação, nas mesmas condi- III - suspensão temporária de participação em licitação
ções propostas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quan- e impedimento de contratar com a Administração, por pra-
to ao prazo e preço. zo não superior a 2 (dois) anos;

59
LEGISLAÇÃO

IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer
com a Administração Pública enquanto perdurarem os mo- modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contra-
tivos determinantes da punição ou até que seja promovida tual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos
a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a contratos celebrados com o Poder Público, sem autoriza-
penalidade, que será concedida sempre que o contratado ção em lei, no ato convocatório da licitação ou nos res-
ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após pectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade,
anterior. observado o disposto no art. 121 desta Lei: (Redação dada
§ 1o Se a multa aplicada for superior ao valor da garan- pela Lei nº 8.883, de 1994)
tia prestada, além da perda desta, responderá o contratado Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. (Reda-
pela sua diferença, que será descontada dos pagamentos ção dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
eventualmente devidos pela Administração ou cobrada ju- Parágrafo único. Incide na mesma pena o contrata-
dicialmente. do que, tendo comprovadamente concorrido para a con-
§ 2o As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste sumação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se
artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso beneficia, injustamente, das modificações ou prorrogações
II, facultada a defesa prévia do interessado, no respectivo contratuais.
processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis. Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de
§ 3o A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é qualquer ato de procedimento licitatório:
de competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secre- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
tário Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a multa.
defesa do interessado no respectivo processo, no prazo de Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em
10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o en-
ser requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação. (Vide art sejo de devassá-lo:
109 inciso III) Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do ar- Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de
tigo anterior poderão também ser aplicadas às empresas violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vanta-
ou aos profissionais que, em razão dos contratos regidos gem de qualquer tipo:
por esta Lei: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
I  -  tenham sofrido condenação definitiva por pratica- além da pena correspondente à violência.
rem, por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abs-
quaisquer tributos; tém ou desiste de licitar, em razão da vantagem oferecida.
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licita-
objetivos da licitação; ção instaurada para aquisição ou venda de bens ou merca-
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar dorias, ou contrato dela decorrente:
com a Administração em virtude de atos ilícitos praticados. I - elevando arbitrariamente os preços;
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
Seção III falsificada ou deteriorada;
Dos Crimes e das Penas III - entregando uma mercadoria por outra;
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóte- mercadoria fornecida;
ses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais
pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: onerosa a proposta ou a execução do contrato:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que,
tendo comprovadamente concorrido para a consumação Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com
da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilida- empresa ou profissional declarado inidôneo:
de ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combina- multa.
ção ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que,
do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a
ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do Administração.
objeto da licitação:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Art.  98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais
privado perante a Administração, dando causa à instaura- ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou
ção de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalida- cancelamento de registro do inscrito:
ção vier a ser decretada pelo Poder Judiciário: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
multa.

60
LEGISLAÇÃO

Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 Capítulo V


desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sen- DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS
tença e calculada em índices percentuais, cuja base cor-
responderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da
potencialmente auferível pelo agente. aplicação desta Lei cabem:
§ 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da
ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:
(cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebra- a) habilitação ou inabilitação do licitante;
do com dispensa ou inexigibilidade de licitação. b) julgamento das propostas;
§ 2o O produto da arrecadação da multa reverterá, con- c) anulação ou revogação da licitação;
forme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Mu- d) indeferimento do pedido de inscrição em registro
nicipal. cadastral, sua alteração ou cancelamento;
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do
art. 79 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Seção IV
f) aplicação das penas de advertência, suspensão tem-
Do Processo e do Procedimento Judicial
porária ou de multa;
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da
Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pe- intimação da decisão relacionada com o objeto da licitação
nal pública incondicionada, cabendo ao Ministério Público ou do contrato, de que não caiba recurso hierárquico;
promovê-la. III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro
Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme
efeitos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, forne- o caso, na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei, no prazo de
cendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e sua au- 10 (dez) dias úteis da intimação do ato.
toria, bem como as circunstâncias em que se deu a ocor- § 1o A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas
rência. “a”, “b”, “c” e “e”, deste artigo, excluídos os relativos a ad-
Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal, vertência e multa de mora, e no inciso III, será feita me-
mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo diante publicação na imprensa oficial, salvo para os casos
apresentante e por duas testemunhas. previstos nas alíneas “a” e “b”, se presentes os prepostos
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que co- dos licitantes no ato em que foi adotada a decisão, quando
nhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou poderá ser feita por comunicação direta aos interessados e
Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes lavrada em ata.
do sistema de controle interno de qualquer dos Poderes § 2o O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso I
verificarem a existência dos crimes definidos nesta Lei, re- deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade
meterão ao Ministério Público as cópias e os documentos competente, motivadamente e presentes razões de interes-
necessários ao oferecimento da denúncia. se público, atribuir ao recurso interposto eficácia suspensi-
Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária va aos demais recursos.
da pública, se esta não for ajuizada no prazo legal, apli- § 3o Interposto, o recurso será comunicado aos demais
cando-se, no que couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cin-
Código de Processo Penal. co) dias úteis.
Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este § 4o O recurso será dirigido à autoridade superior, por
o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa escri- intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá
reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis,
ta, contado da data do seu interrogatório, podendo juntar
ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente infor-
documentos, arrolar as testemunhas que tiver, em número
mado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro
não superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas que
do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento
pretenda produzir. do recurso, sob pena de responsabilidade.
Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da § 5o Nenhum prazo de recurso, representação ou pedi-
defesa e praticadas as diligências instrutórias deferidas ou do de reconsideração se inicia ou corre sem que os autos
ordenadas pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de do processo estejam com vista franqueada ao interessado.
5 (cinco) dias a cada parte para alegações finais. § 6o Em se tratando de licitações efetuadas na modali-
Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos dade de “carta convite” os prazos estabelecidos nos incisos
dentro de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) dias I e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de dois dias úteis.
para proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no
prazo de 5 (cinco) dias. Capítulo VI
Art. 108. No processamento e julgamento das infra- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
ções penais definidas nesta Lei, assim como nos recursos
e nas execuções que lhes digam respeito, aplicar-se-ão, Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nes-
subsidiariamente, o Código de Processo Penal e a Lei de ta Lei, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do ven-
Execução Penal. cimento, e considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto
quando for explicitamente disposto em contrário.

61
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos re- Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir
feridos neste artigo em dia de expediente no órgão ou na normas relativas aos procedimentos operacionais a serem
entidade. observados na execução das licitações, no âmbito de sua
Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar, competência, observadas as disposições desta Lei.
premiar ou receber projeto ou serviço técnico especializa- Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo,
do desde que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele após aprovação da autoridade competente, deverão ser
relativos e a Administração possa utilizá-lo de acordo com publicadas na imprensa oficial.
o previsto no regulamento de concurso ou no ajuste para Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que
sua elaboração. couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instru-
Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra mentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da
imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, Administração.
a cessão dos direitos incluirá o fornecimento de todos os § 1o A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos
dados, documentos e elementos de informação pertinen- órgãos ou entidades da Administração Pública depende de
tes à tecnologia de concepção, desenvolvimento, fixação prévia aprovação de competente plano de trabalho pro-
em suporte físico de qualquer natureza e aplicação da obra. posto pela organização interessada, o qual deverá conter,
Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a no mínimo, as seguintes informações:
mais de uma entidade pública, caberá ao órgão contratan- I - identificação do objeto a ser executado;
te, perante a entidade interessada, responder pela sua boa II - metas a serem atingidas;
execução, fiscalização e pagamento. III - etapas ou fases de execução;
§ 1o Os consórcios públicos poderão realizar licitação IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;
da qual, nos termos do edital, decorram contratos admi- V - cronograma de desembolso;
nistrativos celebrados por órgãos ou entidades dos entes VI  -  previsão de início e fim da execução do objeto,
da Federação consorciados. (Incluído pela Lei nº 11.107, de bem assim da conclusão das etapas ou fases programadas;
2005) VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de en-
§ 2o É facultado à entidade interessada o acompanha- genharia, comprovação de que os recursos próprios para
mento da licitação e da execução do contrato. (Incluído complementar a execução do objeto estão devidamente
pela Lei nº 11.107, de 2005)
assegurados, salvo se o custo total do empreendimento re-
Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos con-
cair sobre a entidade ou órgão descentralizador.
tratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito
§ 2o Assinado o convênio, a entidade ou órgão repas-
pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legisla-
sador dará ciência do mesmo à Assembléia Legislativa ou à
ção pertinente, ficando os órgãos interessados da Admi-
Câmara Municipal respectiva.
nistração responsáveis pela demonstração da legalidade e
§ 3o As parcelas do convênio serão liberadas em estrita
regularidade da despesa e execução, nos termos da Cons-
conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto
tituição e sem prejuízo do sistema de controle interno nela
nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o
previsto.
saneamento das impropriedades ocorrentes:
§ 1o Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou
jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos I - quando não tiver havido comprovação da boa e
órgãos integrantes do sistema de controle interno contra regular aplicação da parcela anteriormente recebida, na
irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do dis- forma da legislação aplicável, inclusive mediante proce-
posto neste artigo. dimentos de fiscalização local, realizados periodicamente
§ 2o Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do pela entidade ou órgão descentralizador dos recursos ou
sistema de controle interno poderão solicitar para exame, pelo órgão competente do sistema de controle interno da
até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimen- Administração Pública;
to das propostas, cópia de edital de licitação já publicado, II  -  quando verificado desvio de finalidade na aplica-
obrigando-se os órgãos ou entidades da Administração in- ção dos recursos, atrasos não justificados no cumprimen-
teressada à adoção de medidas corretivas pertinentes que, to das etapas ou fases programadas, práticas atentatórias
em função desse exame, lhes forem determinadas. (Reda- aos princípios fundamentais de Administração Pública nas
ção dada pela Lei nº 8.883, de 1994) contratações e demais atos praticados na execução do
Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a convênio, ou o inadimplemento do executor com relação a
pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser pro- outras cláusulas conveniais básicas;
cedida sempre que o objeto da licitação recomende análise III - quando o executor deixar de adotar as medidas
mais detida da qualificação técnica dos interessados. saneadoras apontadas pelo partícipe repassador dos recur-
§ 1o A adoção do procedimento de pré-qualificação sos ou por integrantes do respectivo sistema de controle
será feita mediante proposta da autoridade competente, interno.
aprovada pela imediatamente superior. § 4o Os saldos de convênio, enquanto não utilizados,
§ 2o Na pré-qualificação serão observadas as exigên- serão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de pou-
cias desta Lei relativas à concorrência, à convocação dos in- pança de instituição financeira oficial se a previsão de seu
teressados, ao procedimento e à analise da documentação. uso for igual ou superior a um mês, ou em fundo de apli-

62
LEGISLAÇÃO

cação financeira de curto prazo ou operação de mercado Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas, observar-
aberto lastreada em títulos da dívida pública, quando a uti- se-á procedimento licitatório específico, a ser estabelecido
lização dos mesmos verificar-se em prazos menores que no Código Brasileiro de Aeronáutica.
um mês. Art. 123. Em suas licitações e contratações adminis-
§ 5o As receitas financeiras auferidas na forma do pará- trativas, as repartições sediadas no exterior observarão as
grafo anterior serão obrigatoriamente computadas a crédi- peculiaridades locais e os princípios básicos desta Lei, na
to do convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de forma de regulamentação específica.
sua finalidade, devendo constar de demonstrativo específi- Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para
co que integrará as prestações de contas do ajuste. permissão ou concessão de serviços públicos os dispositi-
§ 6o Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou ex- vos desta Lei que não conflitem com a legislação específica
tinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros sobre o assunto. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
remanescentes, inclusive os provenientes das receitas ob- Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II a
tidas das aplicações financeiras realizadas, serão devolvi- IV do § 2o do art. 7o serão dispensadas nas licitações para
dos à entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo concessão de serviços com execução prévia de obras em
improrrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob pena da que não foram previstos desembolso por parte da Admi-
imediata instauração de tomada de contas especial do res- nistração Pública concedente. (Incluído pela Lei nº 8.883,
ponsável, providenciada pela autoridade competente do de 1994)
órgão ou entidade titular dos recursos. Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações rea- cação. (Renumerado por força do disposto no art. 3º da Lei
lizados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e nº 8.883, de 1994)
do Tribunal de Contas regem-se pelas normas desta Lei, no Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário, es-
que couber, nas três esferas administrativas. pecialmente os Decretos-leis nos 2.300, de 21 de novembro
Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios de 1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360, de 16 de se-
e as entidades da administração indireta deverão adaptar tembro de 1987, a Lei no 8.220, de 4 de setembro de 1991,
suas normas sobre licitações e contratos ao disposto nesta e o art. 83 da Lei no 5.194, de 24 de dezembro de 1966.
Lei. (Renumerado por força do disposto no art. 3º da Lei nº
Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas 8.883, de 1994)
e fundações públicas e demais entidades controladas dire- Brasília, 21 de junho de 1993, 172o da Independência e
ta ou indiretamente pela União e pelas entidades referidas 105o da República.
no artigo anterior editarão regulamentos próprios devida- ITAMAR FRANCO
mente publicados, ficando sujeitas às disposições desta Lei. Rubens Ricupero
Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este Romildo Canhim
artigo, no âmbito da Administração Pública, após apro-
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
vados pela autoridade de nível superior a que estiverem
22.6.1993 e republicado em 6.7.1994 e retificado em de
vinculados os respectivos órgãos, sociedades e entidades,
6.7.1994
deverão ser publicados na imprensa oficial.
Art.  120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser
anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os
fará publicar no Diário Oficial da União, observando como 3. LEI Nº 9.784 DE 29 DE JANEIRO DE 1999 –
limite superior a variação geral dos preços do mercado, no PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL.
período. (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licita-
ções instauradas e aos contratos assinados anteriormente à
sua vigência, ressalvado o disposto no art. 57, nos parágra- LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999.
fos 1o, 2o e 8o do art. 65, no inciso XV do art. 78, bem assim
o disposto no «caput» do art. 5o, com relação ao pagamen- Regula o processo administrativo no âmbito da Admi-
to das obrigações na ordem cronológica, podendo esta ser nistração Pública Federal.
observada, no prazo de noventa dias contados da vigência
desta Lei, separadamente para as obrigações relativas aos O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
contratos regidos por legislação anterior à Lei no 8.666, de gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
21 de junho de 1993. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
1994) CAPÍTULO I
Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
patrimônio da União continuam a reger-se pelas disposi-
ções do Decreto-lei no 9.760, de 5 de setembro de 1946, Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o pro-
com suas alterações, e os relativos a operações de crédito cesso administrativo no âmbito da Administração Federal
interno ou externo celebrados pela União ou a concessão direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direi-
de garantia do Tesouro Nacional continuam regidos pela tos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins
legislação pertinente, aplicando-se esta Lei, no que couber. da Administração.

63
LEGISLAÇÃO

§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos ór- II - ter ciência da tramitação dos processos adminis-
gãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando trativos em que tenha a condição de interessado, ter vista
no desempenho de função administrativa. dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: conhecer as decisões proferidas;
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutu- III - formular alegações e apresentar documentos an-
ra da Administração direta e da estrutura da Administração tes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo
indireta; órgão competente;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de perso- IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado,
nalidade jurídica; salvo quando obrigatória a representação, por força de lei.
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado
de poder de decisão. CAPÍTULO III
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre ou- DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
tros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla de- Art. 4o São deveres do administrado perante a Adminis-
fesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e tração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:
eficiência. I - expor os fatos conforme a verdade;
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
observados, entre outros, os critérios de:
III - não agir de modo temerário;
I - atuação conforme a lei e o Direito;
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a re-
colaborar para o esclarecimento dos fatos.
núncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
autorização em lei;
III - objetividade no atendimento do interesse público, CAPÍTULO IV
vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; DO INÍCIO DO PROCESSO
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, de-
coro e boa-fé; Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofí-
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressal- cio ou a pedido de interessado.
vadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo ca-
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição sos em que for admitida solicitação oral, deve ser formula-
de obrigações, restrições e sanções em medida superior do por escrito e conter os seguintes dados:
àquelas estritamente necessárias ao atendimento do inte- I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
resse público; II - identificação do interessado ou de quem o repre-
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito sente;
que determinarem a decisão; III - domicílio do requerente ou local para recebimento
VIII – observância das formalidades essenciais à garan- de comunicações;
tia dos direitos dos administrados; IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e
IX - adoção de formas simples, suficientes para propi- de seus fundamentos;
ciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos V - data e assinatura do requerente ou de seu repre-
direitos dos administrados; sentante.
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresenta- Parágrafo único. É vedada à Administração a recu-
ção de alegações finais, à produção de provas e à interpo- sa imotivada de recebimento de documentos, devendo o
sição de recursos, nos processos de que possam resultar servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de
sanções e nas situações de litígio; eventuais falhas.
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão
ressalvadas as previstas em lei;
elaborar modelos ou formulários padronizados para assun-
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo,
tos que importem pretensões equivalentes.
sem prejuízo da atuação dos interessados;
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de in-
XIII - interpretação da norma administrativa da forma
teressados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
que melhor garanta o atendimento do fim público a que se
dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. poderão ser formulados em um único requerimento, salvo
preceito legal em contrário.
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS CAPÍTULO V
DOS INTERESSADOS
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos peran-
te a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam Art. 9o São legitimados como interessados no processo
assegurados: administrativo:
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servi- I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como ti-
dores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o tulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício
cumprimento de suas obrigações; do direito de representação;

64
LEGISLAÇÃO

II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm di- CAPÍTULO VII
reitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
a ser     adotada;
III - as organizações e associações representativas, no Art. 18. É impedido de atuar em processo administrati-
tocante a direitos e interesses coletivos; vo o servidor ou autoridade que:
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituí- I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
das quanto a direitos ou interesses difusos. II - tenha participado ou venha a participar como peri-
Art. 10. São capazes, para fins de processo administra- to, testemunha ou representante, ou se tais situações ocor-
tivo, os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão espe- rem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins
cial em ato normativo próprio. até o terceiro grau;
III - esteja litigando judicial ou administrativamente
CAPÍTULO VI com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.
DA COMPETÊNCIA Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em im-
pedimento deve comunicar o fato à autoridade competen-
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos te, abstendo-se de atuar.
órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o
salvo os casos de delegação e avocação legalmente admi- impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplina-
tidos. res.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular pode- Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou
rão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes com algum dos interessados ou com os respectivos côn-
não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for juges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição po-
social, econômica, jurídica ou territorial. derá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo apli-
ca-se à delegação de competência dos órgãos colegiados CAPÍTULO VIII
aos respectivos presidentes. DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCES-
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: SO
 I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos; Art. 22. Os atos do processo administrativo não depen-
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou dem de forma determinada senão quando a lei expressa-
autoridade. mente a exigir.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por es-
ser publicados no meio oficial. crito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e po- e a assinatura da autoridade responsável.
deres transferidos, os limites da atuação do delegado, a § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma
duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, somente será exigido quando houver dúvida de autentici-
podendo conter ressalva de exercício da atribuição dele- dade.
gada. § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo poderá ser feita pelo órgão administrativo.
pela autoridade delegante. § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas se-
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem men- quencialmente e rubricadas.
cionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias
editadas pelo delegado. úteis, no horário normal de funcionamento da repartição
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por na qual tramitar o processo.
motivos relevantes devidamente justificados, a avocação Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário
temporária de competência atribuída a órgão hierarquica- normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o
mente inferior. curso regular do procedimento ou cause dano ao interes-
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulga- sado ou à Administração.
rão publicamente os locais das respectivas sedes e, quando Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do
conveniente, a unidade fundacional competente em maté- órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos ad-
ria de interesse especial. ministrados que dele participem devem ser praticados no
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o pro- prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
cesso administrativo deverá ser iniciado perante a autori- Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser
dade de menor grau hierárquico para decidir. dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação.
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se prefe-
rencialmente na sede do órgão, cientificando-se o interes-
sado se outro for o local de realização.

65
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO IX § 1o A abertura da consulta pública será objeto de di-


DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS vulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas
ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita para oferecimento de alegações escritas.
o processo administrativo determinará a intimação do in- § 2o O comparecimento à consulta pública não confere,
teressado para ciência de decisão ou a efetivação de dili- por si, a condição de interessado do processo, mas confere
gências. o direito de obter da Administração resposta fundamenta-
§ 1o A intimação deverá conter: da, que poderá ser comum a todas as alegações substan-
I - identificação do intimado e nome do órgão ou enti- cialmente iguais.
dade administrativa;  Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da auto-
II - finalidade da intimação; ridade, diante da relevância da questão, poderá ser reali-
III - data, hora e local em que deve comparecer; zada audiência pública para debates sobre a matéria do
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou processo.
fazer-se representar;  Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em ma-
V - informação da continuidade do processo indepen- téria relevante, poderão estabelecer outros meios de par-
dentemente do seu comparecimento; ticipação de administrados, diretamente ou por meio de
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais perti- organizações e associações legalmente reconhecidas.
nentes.  Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de e de outros meios de participação de administrados de-
três dias úteis quanto à data de comparecimento. verão ser apresentados com a indicação do procedimento
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no pro- adotado.
cesso, por via postal com aviso de recebimento, por tele- Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a
grama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do audiência de outros órgãos ou entidades administrativas
interessado. poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participa-
§ 4o No caso de interessados indeterminados, desco- ção de titulares ou representantes dos órgãos competen-
nhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser tes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos.
efetuada por meio de publicação oficial.  Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem ob- tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão
servância das prescrições legais, mas o comparecimento do competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta
administrado supre sua falta ou irregularidade. Lei.
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e da-
o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a dos estão registrados em documentos existentes na pró-
direito pelo administrado. pria Administração responsável pelo processo ou em outro
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será órgão administrativo, o órgão competente para a instrução
garantido direito de ampla defesa ao interessado. proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das res-
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do pro- pectivas cópias.
cesso que resultem para o interessado em imposição de Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e an-
deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos tes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres,
e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse. requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações
referentes à matéria objeto do processo.
CAPÍTULO X § 1o  Os elementos probatórios deverão ser considera-
DA INSTRUÇÃO dos na motivação do relatório e da decisão.
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante deci-
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averi- são fundamentada, as provas propostas pelos interessados
guar e comprovar os dados necessários à tomada de deci- quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou
são realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão protelatórias.
responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos in- Art. 39. Quando for necessária a prestação de infor-
teressados de propor atuações probatórias. mações ou a apresentação de provas pelos interessados
§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim,
dos autos os dados necessários à decisão do processo. mencionando-se data, prazo, forma e condições de aten-
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos dimento.
interessados devem realizar-se do modo menos oneroso Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, po-
para estes. derá o órgão competente, se entender relevante a matéria,
 Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a
as provas obtidas por meios ilícitos. decisão.
 Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assun- Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos soli-
to de interesse geral, o órgão competente poderá, median- citados ao interessado forem necessários à apreciação de
te despacho motivado, abrir período de consulta pública pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela
para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedi- Administração para a respectiva apresentação implicará ar-
do, se não houver prejuízo para a parte interessada. quivamento do processo.

66
LEGISLAÇÃO

Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de pro-
diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias cesso licitatório;
úteis, mencionando-se data, hora e local de realização. V - decidam recursos administrativos;
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um VI - decorram de reexame de ofício;
órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
máximo de quinze dias, salvo norma especial ou compro- questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e
vada necessidade de maior prazo. relatórios oficiais;
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
ser emitido no prazo fixado, o processo não terá segui- convalidação de ato administrativo.
mento até a respectiva apresentação, responsabilizando-se § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruen-
quem der causa ao atraso. te, podendo consistir em declaração de concordância com
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar fundamentos de anteriores pareceres, informações, deci-
de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter pros- sões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante
seguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo
do ato.
da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza,
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo de-
vam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os funda-
administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo mentos das decisões, desde que não prejudique direito ou
assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá soli- garantia dos interessados.
citar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e
e capacidade técnica equivalentes. comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o di- ou de termo escrito.
reito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo
se outro prazo for legalmente fixado. CAPÍTULO XIII
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pú- DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO
blica poderá motivadamente adotar providências acautela- PROCESSO
doras sem a prévia manifestação do interessado.
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação
e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado
documentos que o integram, ressalvados os dados e docu- ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
mentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à § 1o Havendo vários interessados, a desistência ou re-
privacidade, à honra e à imagem. núncia atinge somente quem a tenha formulado.
Art. 47. O órgão de instrução que não for competen-
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, confor-
te para emitir a decisão final elaborará relatório indicando
me o caso, não prejudica o prosseguimento do processo,
o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e
formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, se a Administração considerar que o interesse público as-
encaminhando o processo à autoridade competente. sim o exige.
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto
CAPÍTULO XI o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da
DO DEVER DE DECIDIR decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato
superveniente.
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente
emitir decisão nos processos administrativos e sobre soli- CAPÍTULO XIV
citações ou reclamações, em matéria de sua competência. DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
Art. 49. Concluída a instrução de processo administra-
tivo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos,
decidir, salvo prorrogação por igual período expressamen- quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los
te motivada. por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos.
CAPÍTULO XII Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
DA MOTIVAÇÃO administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motiva-
que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
dos, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos,
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo
quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pa-
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou san- gamento.
ções; § 2o Considera-se exercício do direito de anular qual-
III - decidam processos administrativos de concurso ou quer medida de autoridade administrativa que importe im-
seleção pública; pugnação à     validade do ato.

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LEGISLAÇÃO

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarre- Art. 63. O recurso não será conhecido quando inter-
tarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, posto:
os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser I - fora do prazo;
convalidados pela própria Administração. II - perante órgão incompetente;
III - por quem não seja legitimado;
CAPÍTULO XV IV - após exaurida a esfera administrativa.
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorren-
te a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em para recurso.
face de razões de legalidade e de mérito. § 2o O não conhecimento do recurso não impede a Ad-
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu ministração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não
a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco ocorrida preclusão administrativa.
dias, o encaminhará à autoridade superior. Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso ad- poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
ministrativo independe de caução. parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
§ 3o  Se o recorrente alegar que a decisão administrativa competência.
contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autori- Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste ar-
dade prolatora da decisão impugnada, se não a reconside- tigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este
rar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade deverá ser cientificado para que formule suas alegações
superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da antes da decisão.
súmula, conforme o caso.       (Incluído pela Lei nº 11.417, Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enuncia-
de 2006).  Vigência do da súmula vinculante, o órgão competente para decidir
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inapli-
por três instâncias administrativas, salvo disposição legal cabilidade da súmula, conforme o caso.       (Incluído pela
diversa. Lei nº 11.417, de 2006).  Vigência
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso admi- Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a
nistrativo: reclamação fundada em violação de enunciado da súmu-
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte la vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao
no processo; órgão competente para o julgamento do recurso, que de-
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indireta- verão adequar as futuras decisões administrativas em casos
mente afetados pela decisão recorrida; semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas
III - as organizações e associações representativas, no esferas cível, administrativa e penal.      (Incluído pela Lei nº
tocante a direitos e interesses coletivos; 11.417, de 2006). Vigência
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou Art. 65. Os processos administrativos de que resultem
interesses difusos. sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstân-
o prazo para interposição de recurso administrativo, con- cias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da
tado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão sanção aplicada.
recorrida. Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso resultar agravamento da sanção.
administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de
trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão CAPÍTULO XVI
competente. DOS PRAZOS
§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá
ser prorrogado por igual período, ante justificativa explí- Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data
cita. da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimen- começo e incluindo-se o do vencimento.
to no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro
pedido de reexame, podendo juntar os documentos que dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não
julgar convenientes. houver expediente ou este for encerrado antes da hora
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso normal.
não tem efeito suspensivo. § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de contínuo.
difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a au- § 3o  Os prazos fixados em meses ou anos contam-se
toridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia
ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso. equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para o último dia do mês.
dele conhecer deverá intimar os demais interessados para Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente com-
que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações. provado, os prazos processuais não se suspendem.

68
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO XVII EXERCÍCIOS


DAS SANÇÕES
01) A respeito da Lei n.º 8.666/1993, julgue os itens que
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade se seguem.
competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em Os órgãos da administração direta, os fundos especiais, as au-
obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o tarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as socieda-
direito de defesa. des de economia mista e as demais entidades controladas direta
ou indiretamente pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e
CAPÍTULO XVIII pelos municípios estão subordinados ao regime dessa lei.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS C. Certo
E. Errado
Art. 69. Os processos administrativos específicos conti-
Resposta: Certo
nuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas
subsidiariamente os preceitos desta Lei.
02) Quando há impossibilidade jurídica de licitação para con-
Art. 69-A.  Terão prioridade na tramitação, em qualquer
tratação de um determinado serviço, estamos diante de caso de
órgão ou instância, os procedimentos administrativos em A. dispensa de licitação.
que figure como parte ou interessado:       (Incluído pela Lei B. inexigibilidade de licitação.
nº 12.008, de 2009). C. licitação dispensada.
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) D. licitação dispensável.
anos;      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). E. inexequibilidade de licitação.
II - pessoa portadora de deficiência, física ou men-
tal;       (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). Resposta: B
III – (VETADO)       (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose 03) Relativamente às licitações, contratos administrativos
múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversí- e convênios, julgue os itens a seguir.
vel e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkin- As hipóteses de dispensa de licitação previstas na Lei n.º
son, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, he- 8.666, de 21 de junho de 1993, são taxativas, não comportan-
patopatia grave, estados avançados da doença de Paget do ampliação, segundo entendimento de Maria Sylvia Zanella
(osteíte deformante), contaminação por radiação, síndro- Di Pietro. Já em relação à inexigibilidade, a referida lei não
me de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, prevê um numerus clausus. No caso de doação com encargo,
com base em conclusão da medicina especializada, mesmo estabelece o mencionado diploma legal que deverá a admi-
que a doença tenha sido contraída após o início do proces- nistração pública realizar licitação, dispensada no caso de in-
so.      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). teresse público devidamente justificado.
§ 1o  A pessoa interessada na obtenção do benefício, C. Certo
juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à au- E. Errado
toridade administrativa competente, que determinará as
providências a serem cumpridas.       (Incluído pela Lei nº Resposta: Certo
12.008, de 2009).
§ 2o  Deferida a prioridade, os autos receberão identifi- 04) Dentre os requisitos mínimos de conteúdo do edital
de licitação, NÃO se faz presente o que consiste em:
cação própria que evidencie o regime de tramitação priori-
A. Critério para julgamento, com disposições claras e pa-
tária.       (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
râmetros objetivos.
§ 3o  (VETADO)      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
B. Objeto da licitação, descrito clara e sucintamente.
§ 4o  (VETADO)      (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). C. Minuta de contrato a ser celebrado, sob a forma de
anexo.
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- D. Condições de anulação e revogação superveniente da
cação. licitação.
E. Sanções para o caso de inadimplemento.
Resposta: D

05) A modalidade de licitação em que a disputa pelo


fornecimento de bens ou serviços comuns é feita em sessão
pública, por meio de propostas de preços escritas e lances
verbais, denomina-se:
A. Convite.
B. Registro de Preço.
C. Leilão.
D. Tomada de Preço.
E. Pregão.
Resposta: E

69
LEGISLAÇÃO

ANOTAÇÕES

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70
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Gestão Organizacional: Funções administrativas: planejar, organizar, dirigir e controlar; Hierarquia administrativa;
Departamentalização; Estratégia organizacional; ....................................................................................................................................... 01
Processos organizacionais: fluxograma, manuais, formulários e planilhas. ...................................................................................... 08
2. Gestão Pública: Administração direta e indireta; Tipologias da administração pública; Centralização e descentraliza-
ção; Delegação de autoridade; .......................................................................................................................................................................... 10
Princípios da administração Pública. ............................................................................................................................................................... 19
3. Gestão de Pessoas: Os processos de gestão de pessoas; Liderança e tipos de poder; .......................................................... 21
Recrutamento e seleção de pessoas; Avaliação de desempenho; ....................................................................................................... 24
Treinamento e desenvolvimento; ...................................................................................................................................................................... 28
Motivação. .................................................................................................................................................................................................................. 29
4. Gestão Logística: Princípios e missão logística; Tipos de valor em logística; Estocagem; Almoxarifado e movimentação
de materiais; Transportes: classificação e intermodalidade. ................................................................................................................... 33
5. Gestão financeira: Noções de orçamento público.................................................................................................................................. 41
LÍNGUA PORTUGUESA

Nesse aspecto, é possível perceber que a comunicação


1. GESTÃO ORGANIZACIONAL: FUNÇÕES organizacional pode se constituir numa instância da aprendi-
ADMINISTRATIVAS: PLANEJAR, ORGANIZAR, zagem pois, se praticada com ética, pode provocar uma ten-
DIRIGIR E CONTROLAR; HIERARQUIA dência favorável à participação dos trabalhadores, dar maior
sentido ao trabalho, favorecer a credibilidade da direção
ADMINISTRATIVA; DEPARTAMENTALIZAÇÃO;
(desde que seja transparente), fomentar a responsabilidade
ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL; e aumentar as possibilidades de melhoria da organização ao
favorecer o pensamento criativo entre os empregados para
solucionar os problemas da empresa (Ricarte, 1996).
Para Ricarte, um dos grandes desafios das próximas dé-
O processo administrativo apresenta-se como uma su-
cadas será fazer da criatividade o principal foco de gestão de
cessão de atos, juridicamente ordenados, destinados todos
todas as empresas, pois o único caminho para tornar uma
à obtenção de um resultado final. O procedimento é, pois,
empresa competitiva é a geração de ideias criativas; a única
composto de um conjunto de atos, interligados e progressi-
forma de gerar ideias é atrair para a empresa pessoas criati-
vamente ordenados em vista da produção desse resultado.
vas; e a melhor maneira de atrair e manter pessoas criativas é
O devido processo legal simboliza a obediência às nor-
proporcionando-lhes um ambiente adequado para trabalhar.
mas processuais estipuladas em lei; é uma garantia constitu-
Esse ambiente adequado pressupõe liberdade e compe-
cional concedida a todos os administrados, assegurando um
tência para comunicar. Hoje, uma das principais exigências
julgamento justo e igualitário, assegurando a expedição de
para o exercício da função gerencial é certamente a habilidade
atos administrativos devidamente motivados bem como a
comunicacional. As outras habilidades seriam a predisposição
aplicação de sanções em que se tenha oferecido a dialetici-
para a mudança e para a inovação; a busca do equilíbrio entre
dade necessária para caracterização da justiça. Decisões pro-
a flexibilidade e a ética, a desordem e a incerteza; a capaci-
feridas pelos tribunais já tem demonstrado essa posição no
dade permanente de aprendizagem; saber fazer e saber ser.
sistema brasileiro, qual seja, de defesa das garantias consti-
Essa habilidade comunicacional, porém, na maioria das
tucionais processuais no sentido de conceder ao cidadão a
empresas, ainda não faz parte da job-description de um exe-
efetividade de seus direitos.
cutivo. É ainda uma reserva do profissional de comunicação,
Seria insuficiente se a Constituição garantisse aos cidadãos
embora devesse ser encarada como responsabilidade de to-
inúmeros direitos se não garantisse a eficácia destes. Nesse de-
dos, em todos os níveis.
siderato, o princípio do devido processo legal ou, também, prin-
O desenvolvimento dessa habilidade pressupõe, an-
cípio do processo justo, garante a regularidade do processo, a
tes de tudo, saber ouvir e lidar com a diferença. É preciso
forma pela qual o processo deverá tramitar, a forma pela qual
lembrar: sempre apenas metade da mensagem pertence a
deverão ser praticados os atos processuais e administrativos.
quem a emite, a outra metade é de quem a escuta e a pro-
Cabe ressaltar que o princípio do devido processo legal
cessa. Lasswell já dizia que quem decodifica a mensagem é
resguarda as partes de atos arbitrários das autoridades juris-
aquele que a recebe, por isso a necessidade de se ajustarem
dicionais e executivas.
os signos e códigos ao repertório de quem vai processá-los.
O processo é composto de fases e atos processuais, que
Pode-se afirmar, ainda, que as bases para a construção
devem ser rigorosamente seguidos, viabilizando as partes a
de um ambiente propício à criatividade, à inovação e à apren-
efetividade do processo, não somente em seu aspecto jurídi-
dizagem estão na autoestima, na empatia e na afetividade.
co-procedimental, mas também em seu escopo social, ético
Sem esses elementos, não se estabelece a comunicação nem
e econômico. Razão pela qual, pode-se afirmar que o prin-
o entendimento. Embora durante o texto tenhamos exposto
cípio do devido processo legal reúne em si todos os demais
inúmeros obstáculos para o advento dessa nova realidade e
princípios processuais, de modo a assegurar o cumprimento
que poderiam nos levar a acreditar, tal qual Luhman (1992),
dos princípios constitucionais processuais, somente aí, ter-
na improbabilidade da comunicação, acreditamos que essa
se-á a efetivação de um Estado Democrático de Direito, no
é uma utopia pela qual vale a pena lutar.
qual o povo não se sujeita a imposição de decisões, mas
Mas é preciso ter cuidado. Esse ambiente de mudanças,
participa ativamente destas.
que traz consigo uma radical mudança no processo de troca de
Toda atuação do Estado há de ser exercida em prol do
informações nas organizações e afeta, também, todo um sis-
público, mediante processo justo, e mediante a segurança
tema de comunicação baseado no paradigma da transmissão
dos trâmites legais do processo.
controlada de informações, favorece o surgimento e a atuação
A aprendizagem, como já vimos, pressupõe uma busca
do que chamo de novos Messias da comunicação, que prome-
criativa da inovação, ao mesmo tempo em que lida com a
tem internalizarem nas pessoas os novos objetivos e conceitos,
memória organizacional e a reconstrói. Pressupõe, também,
estimularem a motivação e o comprometimento à nova ordem
motivação para aprender. E motivação só é possível se as
de coisas, organizarem rituais de passagem em que se dá outro
pessoas se identificam e consideram nobres as missões or-
sentido aos valores abandonados e introduz-se o novo.
ganizacionais e se orgulham de fazer parte e de lutar pelos
Hoje, não é raro encontrar-se nos corredores das orga-
objetivos. Se há uma sensação de que é bom trabalhar com
nizações profissionais da mudança cultural, agentes da nova
essa empresa, pode-se vislumbrar um crescimento conjun-
ordem, verdadeiros profetas munidos de fórmulas infalíveis,
to e ilimitado. Se há ética e confiança nessa relação, se não
de cartilhas iluministas, capazes de minar resistências e via-
há medos e se há valorização à livre troca de experiências e
bilizar uma nova cultura e que se autodenominam reenge-
saberes.
nheiros da cultura.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

Esses profissionais se aproveitam da constatação de que a tégia exige toda uma implementação dos meios necessários
comunicação é, sim, instrumento essencial da mudança, mas se para a sua execução. Como esses meios envolvem a empresa
esquecem de que o que transforma e qualifica é o diálogo, a como um todo, trata-se aqui de atribuir incumbências a todos
experiência vivida e praticada, e não a simples transmissão uni- os níveis (ou subsistemas) da empresa: o nível institucional, o
lateral de conceitos, frases feitas e fórmulas acabadas tão pró- nível intermediário e o nível operacional. E a implementação
prias da chamada educação bancária descrita por Paulo Freire. exige planejamento. Isto é, a estratégia empresarial precisa de
E a viabilização do diálogo e da participação tem de ser um plano básico - o planejamento estratégico- para a empresa
uma política de comunicação e de RH. A construção e a viabi- poder lidar com todas estas forças em conjunto. E o planeja-
lização dessa política é, desde já, um desafio aos estrategistas mento estratégico precisa apoiar-se em uma multiplicidade de
de RH e de comunicação, como forma de criar o tal ambiente planos situados carreira abaixo dentro da estrutura da orga-
criativo a que Ricarte de referiu e viabilizar, assim, a construção nização. Para levar adiante o planejamento estratégico requer
da organização qualificante, capaz de enfrentar os desafios planos táticos e cada um deles requer planos operacionais,
constantes de um mundo em mutação, incerto e inseguro. combinando esforços para obter efeitos sinergísticos.
Em Sociologia, um grupo é um sistema de relações so-
ciais, de interações recorrentes entre pessoas. Também pode Administração é o ato de administrar ou gerenciar
ser definido como uma coleção de várias pessoas que com- negócios,  pessoas ou recursos, com o objetivo de alcançar
partilham certas características, interajam uns com os outros, metas definidas.
aceitem direitos e obrigações como sócios do grupo e com- A gestão de uma empresa ou organização se faz de for-
partilhem uma identidade comum — para haver um grupo ma que as atividades sejam administradas com planejamen-
social, é preciso que os indivíduos se percebam de alguma to, organização, direção, e controle. Segundo alguns autores
forma afiliados ao grupo. (Montana e Charnov) o ato de administrar é trabalhar com e
Segundo COSTA (2002), o grupo surgiu pela necessidade por intermédio de outras pessoas na busca de realizar obje-
de o homem viver em contato com os outros homens. Nesta tivos da organização bem como de seus membros.
relação homem-homem, vários fenômenos estão presentes; A administração tem uma série de características entre
comunicação, percepção, afeição liderança, integração, nor- elas: um circuito de atividades interligadas tais como busca
mas e outros. À medida que nós nos observamos na relação de obtenção de resultados, proporcionar a utilização dos re-
eu-outro surge uma amplitude de caminhos para nosso co- cursos físicos e materiais disponíveis, envolver atividades de
nhecimento e orientação. planejamento, organização, direção e controle.Administrar,
Cada um passa a ser um espelho que reflete atitudes e dá independente do nível organizacional, requer algumas habi-
retorno ao outro, através do feedback. lidades, que podem ser classificadas em três grupos:
Para encontrarmos maior crescimento, a disponibilidade • Habilidades Técnicas – requer conhecimento es-
em aprender se faz necessária. Só aprendemos aquilo que pecializado e procedimentos específicos e pode ser obtida
queremos e quando queremos. através de instrução.
Nas relações humanas, nada é mais importante do que • Habilidades Humanas – capacidade de relaciona-
nossa motivação em estar com outro, participar na coordena- mento interpessoal, envolvem também aptidão, pois intera-
ção de caminhos ou metas a alcançar. ge com as pessoas e suas atitudes, exige compreensão para
Um fato merecedor de nossa atenção é que o homem liderar eficazmente.
necessita viver com outros homens, pela sua própria natureza • Habilidades Conceituais – trata-se de uma visão
social, mas ainda não se harmonizou nessa relação. panorâmica das organizações, o gestor precisa conhecer
Lewin (1965) considerou o grupo como o terreno sobre cada setor, como ele trabalha e para que ele existe.
o qual o indivíduo se sustenta e se satisfaz. Um instrumento O conceito de administração representa uma governa-
para satisfação das necessidades físicas, econômicas, políticas, bilidade, gestão de uma empresa ou organização de forma
sociais, etc.·. que as atividades sejam administradas com planejamento,
organização, direção, e controle.  
As empresas não funcionam na base da pura improvisa-
ção. A estratégia empresarial é basicamente uma atividade PLANEJAMENTO
racional que envolve a identificação das oportunidades e das É a função administrativa em que se estima os meios
ameaças do ambiente onde opera a empresa, bem como a que possibilitarão realizar os objetivos (prever), a fim de po-
avaliação das forças e fraquezas da empresa, sua capacidade der tomar decisões acertadas, com antecipação, de modo
atual ou potencial em se antecipar às necessidades e deman- que sejam evitados entraves ou interrupções nos processos
das do mercado ou em competir sob condições de risco com organizacionais.
os concorrentes. Assim, a estratégia deve ser capaz de com- É também uma forma de se evitar a improvisação.
binar as oportunidades ambientais com a capacidade empre- Nesta função, o gerente especifica e seleciona os objeti-
sarial em um nível de equilíbrio ótimo entre o que a empresa vos a serem alcançados e como fazer para alcançá-los.
quer e o que ela realmente pode fazer. Exemplos: o chefe de seção dimensiona os recursos ne-
A estratégia constitui uma abordagem integrada, relacio- cessários (materiais, humanos, etc.), em face dos objetivos e
nando as vantagens da empresa com os desafios do ambien- metas a serem atingidos; a montagem de um plano de ação
te, no sentido de assegurar o alcance dos objetivos básicos para recuperação de uma área avariada.
da empresa. Todavia, a estratégia se preocupa com o “o que
fazer” e não com “como fazer”. Em outros termos, a estra-

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LÍNGUA PORTUGUESA

Planejamento: funciona como a primeira função administradora, pois serve de base para as demais.
• É uma reflexão que antecede a ação;
• É um processo permanente e contínuo;
• É sempre voltado para o futuro;
• É uma relação entre as coisas a serem feitas e o tempo disponível para tanto;
• É mais uma questão de comportamento e atitude da administração do que propriamente um elenco de planos e
programas de ação;
• É a busca da racionalidade nas tomada de decisões;
• É um curso de ação escolhido entre várias alternativas de caminhos potenciais;
• É interativo, pois pressupõem avanços e recuos, alterações e modificações em função de eventos novos ocorridos no
ambiente externo e interno da empresa.
• O planejamento é um processo essencialmente participativo, e todos os funcionários que são objetos do processo
devem participar.
• Para realizar o planejamento, a empresa deve saber onde está agora (presente) e onde pretende chegar (futuro).

Para isso, deve dividir o planejamento em sete fases sequenciais, como veremos abaixo.

Etapas do planejamento

1.Definir: visão e missão do negócio 

Visão 
É a direção em que a empresa pretende seguir, ou ainda, um quadro do que a empresa deseja ser. Deve refletir as as-
pirações da empresa e suas crenças.
Fórmula base para definição da visão:
Verbo em perspectiva futura + objetivos desafiadores + até quando.
 
Missão 
A declaração de missão da empresa deve refletir a razão de ser da empresa, qual o seu propósito e o que a empresa faz.
Fórmula base para definição da Missão:
Fazer o quê + Para quem (qual o público?) + De que forma.

2. Analisar o ambiente externo Uma vez declarada a visão e missão da empresa, seus dirigentes devem conhecer as
partes do ambiente que precisam monitorar para atingir suas metas. É preciso analisar as forças macroambientais (demo-
gráficas, econômicas, tecnológicas, políticas, legais, sociais e culturais) e os atores microambientais (consumidores, concor-
rentes, canais de distribuição, fornecedores) que afetam sua habilidade de obter lucro.

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LÍNGUA PORTUGUESA

 Oportunidades
Um importante propósito da análise ambiental é identificar novas oportunidades de marketing e mercado. 
 
Ameaças
Ameaça ambiental é um desafio decorrente de uma tendência desfavorável que levaria a deterioração das vendas ou lucro. 
 
3. Analisar o ambiente interno
Você saberia dizer quais são as qualidades e o que pode ou deve ser melhorado na sua empresa? Esses são os pontos
fortes/forças e fracos/fraquezas do seu negócio.

4. Analisar a situação atual 


Depois de identificados os pontos fortes e pontos fracos e analisadas as oportunidades e ameaças, pode-se obter a
matriz FOFA (força ou fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças) ou SWOT (strengths, weaknesses, opportunities e
threats). Inclua os pontos fortes e fracos de sua empresa, juntamente com as oportunidades e ameaças do setor, em cada
uma das quatro caixas:

A análise FOFA fornece uma orientação estratégica útil.

5. Definir objetivos e Metas


São elementos que identificam de forma clara e precisa o que a empresa deseja e pretende alcançar. A partir dos obje-
tivos e de todos os dados levantados acima, são definidas as metas.
As Metas existem para monitorar o progresso da empresa. Para cada meta existe normalmente um plano operacional,
que é o conjunto de ações necessárias para atingi-la; Toda meta, ao ser definida, deve conter a unidade de medida e onde
se pretende chegar.
 
6. Formular e Implementar a estratégia 
Até aqui, você definiu a missão e visão do seu negócio e definiu metas e objetivos visando atender sua missão em di-
reção à visão declarada. Agora, é necessário definir-se um plano para se atingir as metas estabelecidas, ou seja, a empresa
precisa de uma formulação de estratégias para serem implantadas.

Após o desenvolvimento das principais estratégias da empresa, deve-se adotar programas de apoio detalhados com
responsáveis, áreas envolvidas, recursos e prazos definidos.
 

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LÍNGUA PORTUGUESA

7. Gerar Feedback e Controlar CONTROLE


À medida que implementa sua estratégia, a empresa Esta função se aplica tanto a coisas quanto a pessoas.
precisa rastrear os resultados e monitorar os novos desenvol- Para que a função de controle possa efetivamente se
vimentos nos ambientes interno e externo. Alguns ambientes processar e aumentar a eficiência do trabalho, é fundamen-
mantêm-se estáveis de um ano para outro. O ideal é estar tal que o estabelecido ou determinado esteja perfeito, cla-
sempre atento à realização das metas e estratégias, para que ramente explicado.
sua empresa possa melhorar a cada dia. “O que perturba o bom entendimento não são regras
  do jogo muito exigentes, mas sim regras esclarecidas após
Princípios aplicados ao planejamento o jogo iniciado.”
  É a função administrativa através da qual se verifica se
I- Princípio da definição dos objetivos (devem ser traça- o que foi estabelecido ou determinado foi cumprido (sem
dos com clareza, precisão) entrar especificamente nos méritos e se deu ou não bons
II- Princípio da flexibilidade do planejamento (poderá e resultados).
deverá ser alterado sempre que necessário e possível).
  Um sistema de controle deve ter:
Com esta primeira função montaremos o plano teórico, •um objetivo, um padrão, uma linha de atuação, uma
completando assim o ciclo de planejamento: Estabelecer ob- norma, uma regra “decisorial”, um critério, uma unidade de
jetivos, tomar decisões e elaborar planos. medida;
•um meio de medir a atividade desenvolvida;
ORGANIZAÇÃO •um procedimento para comparar tal atividade com o
É a função administrativa que visa dispor adequadamen- critério fixado;
te os diferentes elementos (materiais, humanos, processos, •algum mecanismo que corrija a atividade como cri-
etc.) que compõem (ou vierem a compor) a organização, tério fixado. O processo de controle é realizado em quatro
como objetivo de aumentar a sua eficiência, eficácia e efe- fases a saber:
a) Estabelecimento de padrões ou critérios;
tividade.
b) Observação do desempenho;
c) Comparação do desempenho com o padrão esta-
DIREÇÃO
belecido;
Podemos dividir essa função em duas subfunções:
d) Ação para corrigir o desvio entre o desempenho
atual e o desempenho esperado.
COMANDAR
É a função administrativa que consiste basicamente em:
DEPARTAMENTALIZAÇÃO
É uma divisão do trabalho por especialização dentro da
Decidir a respeito de “que” (como, onde, quando, com estrutura organizacional da empresa.
que, com quem) fazer, tendo em vista determinados objeti- Departamentalização é o agrupamento, de acordo com
vos a serem conseguidos. um critério específico de homogeneidade, das atividades e
Determinar as pessoas, as tarefas que tem que executar. correspondente recursos (humanos, financeiros, materiais
É fundamental para quem comanda desfrutar de certo e equipamentos) em unidades organizacionais.
poder: Existem diversas maneiras básicas pelas quais as orga-
•Poder de decisão. nizações decidem sobre a configuração organizacional que
•Poder de determinação de tarefas a outras pessoas. será usada para agrupar as várias atividades. O processo
•Poder de delegar – a possibilidade de conferir á outro organizacional de determinar como as atividades devem
parte do próprio poder. ser agrupadas chama-se Departamentalização.
•Poder de propor sanções àqueles que cumpriram ou
não ás determinações feitas. Formas de Departamentalizar:
• Função
COORDENAR • Produto ou serviço
É a função administrativa que visa ligar, unir, harmonizar • Território
todos os atos e todos os esforços coletivos através da qual se • Cliente
estabelece um conjunto de medidas, que tem por objetivo • Processo
harmonizar recursos e processos. Dois tipos de Coordenação: • Projeto
•Vertical/Hierárquico: É aquela que se faz com as pes- • Matricial
soas sempre dentro de uma rigorosa observância das linhas • Mista
de comando (ou escalões hierárquicos estabelecidos).
•Horizontal: É aquela que se estabelece entre as outras Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organi-
pessoas sem observância dos níveis hierárquicos dessas mes- zações usa uma abordagem da contingência à Departa-
mas pessoas. Essa coordenação possibilita a comunicação mentalização: isto é, a maioria usará mais de uma destas
entre as pessoas de vários departamentos e de diferentes ní- abordagens usadas em algumas das maiores organizações.
veis hierárquicos. Risco Básico: Desmoralização ou destruição A maioria usa a abordagem funcional na cúpula e outras
das linhas de comando ou hierarquia. nos níveis mais baixos.

5
LÍNGUA PORTUGUESA

Departamentalização Por Funções: A Departamenta- Desvantagens:


lização funcional agrupa funções comuns ou atividades se- • Exige mais pessoal e recursos de material, podendo
melhantes para formar uma unidade organizacional. Assim daí resultar duplicação desnecessária de recursos e equipa-
todos os indivíduos que executam funções semelhantes fi- mento.
cam reunidos, todo o pessoal de vendas, todo o pessoal de • Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplici-
contabilidade, todo o pessoal de secretaria, todas as enfer- dades de atividade nos vários grupos de produtos.
meiras, e assim por diante. • Pode criar uma situação em que os gerentes de pro-
A Departamentalização funcional pode ocorrer em qual- dutos se tornam muito poderosos, o que pode desestabilizar
quer nível e é normalmente encontrada muito próximo à cú- a estrutura da empresa.
pula.
Departamentalização Territorial: Algumas vezes
Vantagens: As vantagens principais da abordagem fun- mencionadas como regional, de área ou geográfica. É
cional são: o agrupamento de atividades de acordo com os lugares
• Mantém o poder e o prestígio das funções principais onde estão localizadas as operações. Uma empresa de
• Cria eficiência através dos princípios da especializa- grande porte pode agrupar suas atividades de vendas em
ção. áreas do Brasil como a região Nordeste, região Sudeste, e
• Centraliza a perícia da organização. região Sul. Muitas vezes as filiais de bancos são estabeleci-
• Permite maior rigor no controle das funções pela das desta maneira.
alta administração. As vantagens e desvantagens da Departamentalização
• Segurança na execução de tarefas e relacionamento territorial são semelhantes às dadas para a Departamenta-
de colegas. lização de produto. Tal grupamento permite a uma divisão
• Aconselhada para empresas que tenham poucas li- focalizar as necessidades singulares de sua área, mas exi-
nhas de produtos. ge coordenação e controle da administração de cúpula em
cada região.
Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na
abordagem funcional. Departamentalização Por Cliente: A Departamenta-
Entre elas podemos dizer: lização de cliente consiste em agrupar as atividades de tal
• A responsabilidade pelo desempenho total está so- modo que elas focalizem um determinado uso do produ-
mente na cúpula. to ou serviço. A Departamentalização de cliente é usada
• Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita principalmente no grupamento de atividade de vendas ou
• O treinamento de gerentes para assumir a posição serviços.
no topo é limitado.
• A coordenação entre as funções se torna complexa A principal vantagem:
e mais difícil quanto à organização em tamanho e amplitude. • a adaptabilidade uma determinada clientela.
• Muita especialização do trabalho. Desvantagens:
• Dificuldade de coordenação.
Departamentalização De Produto: É feito de acordo • Subutilização de recursos e concorrência entre os
com as atividades inerentes a cada um dos produtos ou ser- gerentes para concessões especiais em benefício de seus
viços da empresa. próprios clientes.
Exemplos de Departamentalização de produto:
1- Lojas de departamentos Departamentalização por Processo ou Equipamen-
2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, to: É o agrupamento de atividades que se centralizam nos
Mercury e Lincoln Continental. processos de produção ou equipamento. É encontrada
3- Um hospital pode estar agrupado por serviços presta- com mais frequência em produção. As atividades de uma
dos, como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana. fábrica podem ser grupadas em perfuração, esmerilamen-
to, soldagem, montagem e acabamento, cada qual em seu
Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentali- departamento.
zação de produtos são:
• Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de Vantagens:
produtos ou serviços. • Maior especialização de recursos alocados.
• A coordenação de funções ao nível da divisão de • Possibilidade de comunicação mais rápida de in-
produto torna-se melhor. formações técnicas.
• Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto
ao lucro. Desvantagens:
• Facilita a coordenação de resultados. • Possibilidade de perda da visão global do anda-
• Propicia a alocação de capital especializado para mento do processo.
cada grupo de produto. • Flexibilidade restrita para ajustes no processo.
• Propicia condições favoráveis para a inovação e cria-
tividade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Departamentalização Por Projeto: Aqui as pessoas Diferenciação, cujo princípio estabelece que as ativi-
recebem atribuições temporárias, uma vez que o projeto dades diferentes devem ficar em departamentos separa-
tem data de inicio e término. Terminado o projeto as pes- dos. A diferenciação ocorre quando:
soas são deslocadas para outras atividades. Por exemplo: • O fator humano é diferente,
uma firma contábil poderia designar um sócio (como admi- • A tecnologia e a natureza das atividades são dife-
nistrador de projeto), um contador sênior, e três contadores rentes,
juniores para uma auditoria que está sendo feita para um • Os ambientes externos são diferentes,
cliente. Uma empresa manufatureira, um especialista em • Os objetivos e as estratégias são diferentes.
produção, um engenheiro mecânico e um químico pode-
riam ser indicados para, sob a chefia de um administrador Integração – Quanto mais atividades trabalham inte-
de projeto, completar o projeto de controle de poluição. gradas, maior razão para ficarem no mesmo departamento.
Em cada um destes casos, o administrador de projeto se-
ria designado para chefiar a equipe, com plena autoridade CENTRALIZAÇÃO
sobre seus membros para a atividade específica do projeto. Uma empresa é centralizada, quando a maioria das
decisões são tomadas pelas chefias posicionadas nos seus
Departamentalização De Matriz: A Departamentali- níveis hierárquicos superiores, ocorrendo uma redução dos
zação de matriz é semelhante à de projeto, com uma exce- centros decisórios.
ção principal. No caso da Departamentalização de matriz, o A centralização ocorre normalmente nas seguintes si-
administrador de projeto não tem autoridade de linha so- tuações básicas:
bre os membros da equipe. Em lugar disso, a organização • Manter maior nível de integração da empresa;
do administrador de projeto é sobreposta aos vários de- • Manter uniformidade de decisões e ações;
partamentos funcionais, dando a impressão de uma matriz. • Melhor administrar as urgências;
A organização de matriz proporciona uma hierarquia • Quando o empresário não quer um segundo ho-
que responde rapidamente às mudanças em tecnologia. mem que lhe faça sombra;
Por isso, é tipicamente encontrada em organização de • Quando a estrutura organizacional da empresa
orientação técnica, também é usada por empresas com não possibilita a descentralização.
projetos de construção complexos • Aumentar o nível de controle das atividades da
empresa.
Vantagens: Existem decisões que são centralizadas na grande
• Permitem comunicação aberta e coordenação de maioria das empresas, destacando-se:
atividades entre os especialistas funcionais relevantes. • Decisões sobre diretrizes que a empresa traçará
• Capacita a organização a responder rapidamente para atingir suas metas, gerando uma política de uniformi-
à mudança. dade de ação para toda instituição.
• São abordagens orientadas para a tecnologia. • Decisões que envolvam custos muito altos, não só
em termos financeiros, como também em termos de con-
Desvantagens: ceito da empresa, seu posicionamento no mercado etc.
• Pode haver choques resultantes das prioridades.
• Principais vantagens da centralização:
Departamentalização Mista - É o tipo mais frequen- • Menor número de níveis hierárquicos
te, cada parte da empresa deve ter a estrutura que mais se • Melhor uso dos recursos humanos, materiais,
adapte à sua realidade organizacional. equipamentos e financeiros
• Melhor possibilidade de interação no processo de
A melhor forma de departamentalizar planejamento, controle e avaliação
Para evitar problemas na hora de decidir como depar- • Maior uniformidade em termos de processos téc-
tamentalizar, pode-se seguir certos princípios: nicos e administrativos
• Princípio do maior uso – o departamento que faz • Decisões estratégicas mais rápidas
maior uso de uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição. • Maior segurança nas informações
• Principio do maior interesse – o departamento que É bom lembrar que organizações que têm sistemas de
tem maior interesse pela atividade deve supervisiona-la. comunicações excelentes e rápidos tendem a favorecer a
• Principio da separação e do controle – As ativi- centralização da autoridade. Em situações nas quais não há
dades do controle devem estar separadas das atividades disponibilidade de pessoal adequado, a organização tende
controladas. para a autoridade centralizada.
• Principio da supressão da concorrência – Eliminar
a concorrência entre departamentos, agrupando atividades DESCENTRALIZAÇÃO
correlatas no mesmo departamento. A descentralização administrativa existe quando a
Outro critério básico para departamentalização está maioria das decisões processa-se nos níveis hierárquicos
baseado na diferenciação e na integração, os princípios inferiores, ou seja, a descentralização coloca os centros de-
são: cisórios o mais próximo possível dos órgãos de execução.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A descentralização é um estado de espírito, criado pela ad-


ministração estratégica que formula os limite dentro dos quais PROCESSOS ORGANIZACIONAIS:
se desenvolve e que assegura as comunicações necessárias e
FLUXOGRAMA, MANUAIS,
a formação dos homens que o praticam. A política de descen-
tralização e frequentemente revista, devendo ser dinâmica, não FORMULÁRIOS E PLANILHAS.
podendo ser reduzida a formulários e/ou instruções imutáveis.
A descentralização normalmente ocorre nas seguintes situações:
• A carga de trabalho de alta administração esta volu- MANUAIS, PROCEDIMENTOS
mosa e/ou demasiadamente complexa. OPERACIONAIS, ORGANOGRAMAS,
• Pela maior ênfase que a empresa quer dar à relação FLUXOGRAMAS, CRONOGRAMAS.
produto-mercado.
• Para encorajar o desenvolvimento gerencial de seus Procedimento Operacional Padrão 
executivos lotados na média e baixa administração. é uma descrição detalhada de todas as operações neces-
• Para proporcionar maior participação e motivação sárias para a realização de uma atividade, ou seja, é um roteiro
• O grande volume de trabalho de alta administração
padronizado para realizar uma atividade.
provoca morosidade no processo decisório.
O Procedimento Operacional Padrão  pode ser aplicado,
Para que o processo de descentralização seja efetivado al-
por exemplo, numa empresa cujos colaboradores trabalhem em
gumas questões devem ser observadas, tais como:
três turnos, sem que os trabalhadores desses turnos se encontrem
• Nível de treinamento e preparo da chefia;
e que, por isso, executem a mesma tarefa de modo diferente.
• Grau de confiança dos chefes sobre os subordinados;
A maioria das empresas que empregam este tipo de for-
• Capacidade do subordinado de lidar com as suas res-
ponsabilidades; mulário possui um Manual de Procedimentos que é originado
• A forma de atuação das unidades organizacionais de a partir do fluxograma da organização.
assessoria.
Instruções de trabalho
Algumas vantagens da descentralização: Consideradas como o instrumento mais simples do rol
• Rapidez nas decisões pela proximidade do lugar das informações técnicas e gerenciais da área da qualidade,
onde surgem os problemas. as Instruções de Trabalho – IT - também conhecidas como
• Aumento do moral e da experiência dos jovens executivos. NOP (Norma Operacional Padrão) ou POP (Procedimento
• Diminuição da esfera de controle do principal executivo. Operacional Padrão), têm uma importância capital dentro de
• Tendência a maior número de ideias inovadoras. qualquer processo funcional cujo objetivo básico é o de ga-
• Possibilidade de maior participação e motivação. rantir, mediante uma padronização, os resultados esperados
• Maior tempo à alta administração para outras atividades. por cada tarefa executada (Colenghi, 2007).
• Maior desenvolvimento da capacitação gerencial e Quando da elaboração de uma IT, mais importante do
profissional. que a forma é essencial colocar todas as informações neces-
sárias ao bom desempenho da tarefa, e não deve ser ignorado
Algumas desvantagens da descentralização: que a Instrução é um instrumento destinado a quem realmen-
• Inadequada utilização dos especialistas centrais. te vai executar a tarefa, ou seja, o operador. Preferencialmen-
• Maior necessidade de controle e de coordenação. te, as IT deverão ser “elaboradas” pelos próprios operadores,
• Maior dificuldade de normatização e de padronização. executores de cada tarefa.
• Pouca flexibilidade da organização frente a situações
excepcionais. Itens
• Necessidade de contar com dirigentes treinados para Procedimentos de segurança para realizar a atividade
a descentralização. A seleção e uso adequado de recursos e ferramentas
• O custo das comunicações tende a aumentar. Condições para assegurar a repetição do desempenho
• Maior dificuldade de coordenação de atividades que dentro das variações previstas ao longo do tempo
envolvem alto nível de interdependência.
Os principais passos para se elaborar um POP, são :
Pode-se dizer que a descentralização deve ser considerada 1. Nome do POP (nome da atividade/processo a ser tra-
como os demais problemas organizacionais, em termos de con- balhado)
veniência administrativa. Sempre que uma decisão puder ser 2. Objetivo do POP (A quê ele se destina, qual a razão da
mais bem tomada ao nível operativo, com maior rapidez e favo- sua atual existência e importância)
recendo o completo exame dos vários fatores em causa, pode- 3. Documentos de referência (Quais documentos pode-
se proceder logo a uma descentralização da função respectiva. rão ser usados ou consultados quando alguém for usar ou se-
A descentralização esta intimamente associada à ideia guir o POP ? Podem ser Manuais, outros POP’s, Códigos, etc)
de se alterar o regimento interno da organização e os docu- 4. Local de aplicação (Aonde se aplica aquele POP? Am-
mentos decorrentes, para que a decisão relativa aos assuntos biente ou Setor ao qual o POP é destinado)
descentralizados passe a ser competência dos níveis inferiores. 5. Siglas (Caso siglas sejam usadas no POP, dar a explicação
A descentralização tem caráter permanente e é impessoal, de todas : DT = Diretor Técnico ; MQ = Manual da Qualidade, etc)
onde a autoridade passa para o nível subordinado as atribui- 6. Descrição das etapas da tarefa com os executantes e
ções e responsabilidades. responsáveis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Há um detalhe muito importante. Executante é uma coi- Informativo - apresenta um máximo de informações de
sa, responsável é outra. Pode acontecer que o executante seja diversas naturezas relacionadas com cada unidade organiza-
a mesma pessoa responsável, mas nem sempre isso acontece. cional da empresa.
7. Se existir algum fluxograma relativo a essa tarefa, Dial de Wyllie - na forma de um disco separado por círculos
como um todo, ele pode ser agregado nessa etapa. concêntricos conforme o grau hierárquico e, dentro de tais ses-
8. Informar o local de guarda do documento ; aonde ele sões, órgãos representados por círculos menores, cuja posição
vai ficar guardado e o responsável pela guarda e atualização. relativa aos órgãos representados em sessões mais próximas ao
9. Informar freqüência de atualização (Digamos, de 12 centro indicam sua subordinação hierárquica.[2] O organogra-
em 12 meses ) ma Dial de Wyllie tem por objetivo representar organizações de
10. Informar em quais meios ele será guardado (Eletrôni- hierarquia dinâmica, com vinculações variando conforme o de-
co ou computador ou em papel) senvolvimento de novos projetos interdepartamentais.
11. Gestor do POP (Quem o elaborou)
12. Responsável por ele. Cargo, tarefa ou função
O conceito de cargo é abrangente, baseando-se em di-
ORGANOGRAMA ferentes noções fundamentais, tais como tarefa, atribuição,
função e cargo. A noção de tarefa consiste nas atividades in-
Organograma é um gráfico que representa a estrutura dividuais executadas pelo titular do cargo e é atribuída, nor-
formal de uma organização. malmente, a cargos bastante simples. A noção de atribuição
Os organogramas mostram como estão dispostas uni- caracteriza-se por ser uma atividade individual, executada
dades funcionais, a hierarquia e as relações de comunicação pelo titular respectivo, referindo-se a cargos que envolvem
existentes entre estes. atividades mais diferenciadas. A função já é um conceito de
Os órgãos são unidades administrativas com funções maior abrangência, porquanto se refere ao conjunto de tare-
bem definidas. Exemplos de órgãos: Tesouraria, Departamento fas que são executadas, de uma forma sistemática, pelo ocu-
de Compras, Portaria, Biblioteca, Setor de Produção, Gerên- pante do cargo. Por último, a definição de cargo, integra um
cia Administrativa, Diretoria Técnica, Secretaria, etc. Os órgãos conjunto de funções com uma posição definida na estrutura
possuem um responsável, cujo cargo pode ser chefe, supervi- organizativa, isto é, no organograma da empresa.
sor, gerente, coordenador, diretor, secretário, governador, pre-
sidente, etc. Normalmente tem colaboradores (funcionários) e
espaço físico definido. Num organograma, os órgãos são dis-
postos em níveis que representam a hierarquia existente entre
eles. Em um organograma vertical, quanto mais alto estiver o
órgão, maior a autoridade e a abrangência da atividade.

Tipos de organogramas

Clássicos - O organograma clássico também é chama-


do de vertical. É o mais comum tipo de organograma, ela-
borado com retângulos que representam os órgãos e linhas
que fazem a ligação hierárquica e de comunicação entre eles.
Não clássicos - São todos os demais tipos como abaixo:
Em barras - representados por intermédio de longos
retângulos a partir de uma base vertical, onde o tamanho
do retângulo é diretamente proporcional à importância da
autoridade que o representa.
Em setores (setorial, setograma) - são elaborados por
meio de círculos concêntricos, os quais representam os di- FLUXOGRAMAS
versos níveis de autoridade a partir do círculo central, onde
localiza-se a autoridade maior da empresa. O fluxograma é um gráfico que demonstra a sequência
Radial (solar, circular) - o seu objetivo é mostrar o macrossiste- operacional do desenvolvimento de um processo, o qual ca-
ma das empresas componentes de um grande grupo empresarial. racteriza: o trabalho que está sendo realizado, o tempo neces-
Lambda - apresentam, apenas, grupos de órgãos que sário para sua realização, a distância percorrida pelos docu-
possuam características comuns. mentos, quem está realizando o trabalho e como ele flui entre
Bandeira - apresentam grupos de órgãos que possuem os participantes deste processo.
uma missão específica e bem definida na estrutura organiza- Como existe uma parafernália de tipos e denomina-
cional, normalmente em quatro níveis. ções de fluxogramas diferentes, discorremos sobre o que se
Organograma Linear de Responsabilidade (OLR) - pos- acredita ser o mais eficiente e eficaz na solução dos proble-
sui um diferenciador em relação aos demais organogramas, mas processuais vivenciados nas empresas: o FAP - Fluxo-
pois a sua preocupação não é apresentar o posicionamento grama de Análise de Processos. Este fluxograma originou-
hierárquico, mas sim o inter-relacionamento entre diversas se a partir do aperfeiçoamento do diagrama de blocos e do
atividades e os responsáveis por cada uma delas. fluxograma utilizado na área de processamento de dados.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Como instrumento de múltiplas funções, o FAP, me- CRONOGRAMA


diante sua representação gráfica, permite visualizar e com-
preender melhor os processos de trabalho em execução, as Cronograma  é uma ferramenta  de  gestão  de ati-
diversas fases operacionais, a interligação com outros pro- vidades  normalmente em forma de tabela, que também
cessos e todos os documentos envolvidos. contempla o tempo em que as atividades vão se realizar.
A partir de uma visão sistêmica, possibilitará ao analis- O cronograma é uma representação gráfica do tempo
ta um conhecimento mais íntimo e profundo da situação investido em uma determinada tarefa ou projeto, segundo
atual, permitindo, também, uma análise técnica mais acura- as tarefas que devem ser executadas no âmbito desse pro-
da e confiável, possibilitando como resultado uma proposta jeto. É uma ferramenta que ajuda a controlar e visualizar o
mais racional, mais coerente e com melhor qualidade. progresso do trabalho. A utilização de cronogramas é bas-
A elaboração de fluxograma de um processo integral, tante comum em projetos de pesquisa.
descendo até o nível das tarefas individuais, forma o emba- No contexto empresarial o cronograma é um auxílio
samento da análise e do aperfeiçoamento do processo. A importante, já que através dele é possível determinar os
atribuição de partes do processo a membros específicos da custos de um projeto, determinando assim se a realização
equipe acelera a execução das tarefas, que, de outra forma, desse projeto será proveitosa para a empresa.
demandaria muito tempo. Alguns estudantes recorrem a cronogramas para con-
Toda situação e/ou processo apresentará problemas es- trolarem melhor quanto tempo devem dedicar a cada ma-
pecíficos de mapeamento. Por exemplo, a documentação téria. Muitas vezes esses cronogramas são parecidos com
disponível raramente é suficiente para mapear todas as ati- um horário ou calendário.
vidades e tarefas, sem falar nas pessoas que executam es- Muitos cronogramas são feitos com o suporte do pro-
sas tarefas. Tenha cuidado com aquilo que a documentação grama informático Excel, em uma das suas planilhas.
determina como deve ser feito e como as coisas são feitas Um cronograma também pode ser uma data com nu-
na realidade. meração romana, espalhadas em um texto. O registro de
Há muitos tipos diferentes de fluxograma. Cada um um cronógrafo também pode ser designado como crono-
para cada aplicação específica. Você precisa entender pelo grama.
menos quatro destas técnicas para ser eficaz. São elas:
1. Diagrama de blocos que fornece uma rápida noção
do processo;
2. O fluxograma padrão da American National Stan-
2. GESTÃO PÚBLICA: ADMINISTRAÇÃO
dards Institute (ANSI), que analisa os inter-relacionamentos DIRETA E INDIRETA; TIPOLOGIAS DA
detalhados de um processo; ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; CENTRALIZAÇÃO
3. Fluxogramas funcionais, que mostram o fluxo do pro- E DESCENTRALIZAÇÃO; DELEGAÇÃO DE
cesso entre organizações ou áreas; AUTORIDADE;
4. Fluxogramas geográficos, que mostram o fluxo do
processo entre localidades.
Centralização, descentralização, concentração e
Outros fluxogramas: desconcentração
FLUXOGRAMA FUNCIONAL: constitui um outro tipo
de fluxograma. Ele retrata o movimento entre as diferen- Em linhas gerais, descentralização significa transferir
tes áreas de trabalho, uma dimensão adicional que se torna a execução de um serviço público para terceiros que não
particularmente útil quando o tempo de ciclo é um pro- se confundem com a Administração direta; centralização
blema. Um fluxograma funcional pode ser elaborado com significa situar na Administração direta atividades que, em
blocos quanto com símbolos padrões. tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora dela;
desconcentração significa transferir a execução de um ser-
FLUXO-CRONOGRAMA: apresenta além do fluxograma viço público de um órgão para o outro dentro da própria
padrão, a indicação do tempo de processamento de cada Administração; concentração significa manter a execução
atividade e do tempo de ciclo para cada atividade. Esse central ao chefe do Executivo em vez de atribui-la a outra
tipo de fluxograma permite algumas conclusões preciosas, autoridade da Administração direta.
quando se faz uma análise de custo da deficiência da qua-
lidade, para determinar quanto dinheiro a organização está Passemos a esmiuçar estes conceitos:
perdendo, pelo fato de o processo não ser eficaz e eficiente. Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do
Agregar a dimensão do tempo às funções já definidas, que Executivo, do poder de delegar certas atribuições que são de
interagem no processo facilita a identificação das áreas de sua competência privativa. Neste sentido, o previsto na CF:
desperdício de tempo e que provocam atrasos.
Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da República
FLUXOGRAMA GEOGRÁFICO: um fluxograma geográfi- poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
co, ou superposto ao layout físico, analisa o fluxo físico das XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procu-
atividades. Ele ajuda o tempo desperdiçado entre o trabalho rador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que
realizado e os recursos envolvidos dentro das atividades. observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Neste sentido: XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas,


nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero-
Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre:  náutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os
a) organização e funcionamento da administração fede- cargos que lhes são privativos; 
ral, quando não implicar aumento de despesa nem criação XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
ou extinção de órgãos públicos;  Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;  Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-
Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas, com Geral da República, o presidente e os diretores do banco
audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; central e outros servidores, quando determinado em lei;
Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos públicos XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis-
federais, na forma da lei; (apenas o provimento é delegável, tros do Tribunal de Contas da União;
não a extinção) XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
Constituição, e o Advogado-Geral da União;
Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem op- XVII - nomear membros do Conselho da República, nos
ções de delegar parte de suas atribuições privativas para os termos do art. 89, VII;
Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República ou o XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e
Advogado-Geral da União. O Presidente irá delegar com re- o Conselho de Defesa Nacional;
lação de hierarquia cada uma destas essencialidades dentro XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
da estrutura organizada do Estado. Reforça-se, desconcentrar autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
significa delegar com hierarquia, pois há uma relação de quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas
subordinação dentro de uma estrutura centralizada, isto é, os mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobili-
Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República e o Ad- zação nacional;
vogado-Geral da União respondem diretamente ao Presidente XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
da República e, por isso, não possuem plena discricionariedade Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
na prática dos atos administrativos que lhe foram delegados.
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições priva-
ou nele permaneçam temporariamente;
tivas da Administração pública direta no âmbito mais central
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual,
possível, isto é, diretamente pelo chefe do Poder Executivo,
o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas
seja porque não são atribuições delegáveis, seja porque se op-
de orçamento previstos nesta Constituição;
tou por não delegar.
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, den-
tro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as
Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente da contas referentes ao exercício anterior;
República: XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; na forma da lei;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
superior da administração federal; termos do art. 62;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Cons-
previstos nesta Constituição; tituição.
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Descentralizar envolve a delegação de interesses es-
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; tatais para fora da estrutura da Administração direta, o que
VI - dispor, mediante decreto, sobre:  é possível porque não se refere a essencialidades, ou seja,
a) organização e funcionamento da administração fede- a atos administrativos que somente possam ser praticados
ral, quando não implicar aumento de despesa nem criação pela Administração direta porque se referem a interesses es-
ou extinção de órgãos públicos;  tatais diversos previstos ou não na CF. Descentralizar é uma
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;  delegação sem relação de hierarquia, pois é uma delega-
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acredi- ção de um ente para outro (não há subordinação nem mes-
tar seus representantes diplomáticos; mo quanto ao chefe do Executivo, há apenas uma espécie de
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio- tutela ou supervisão por parte dos Ministérios – se trata de
nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; vínculo e não de subordinação).
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; Basicamente, se está diante de um conjunto de pessoas
X - decretar e executar a intervenção federal; jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para presta-
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso rem serviços de interesse do Estado. Possuem patrimônio
Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expon- próprio e são unidades orçamentárias autônomas. Ainda,
do a situação do País e solicitando as providências que julgar exercem em nome próprio direitos e obrigações, respon-
necessárias; dendo pessoalmente por seus atos e danos.
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên- Existem duas formas pelas quais o Estado pode efetuar a
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; descentralização administrativa: outorga e delegação.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade e a Quanto se faz desconcentração da autoridade central –
ela transfere, através de previsão em lei, determinado servi- chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara com diver-
ço público e é conferida, em regra, por prazo indeterminado. sos níveis de órgãos, que podem ser classificados em simples ou
Isso é o que acontece quanto às entidades da Administração complexos (simples se possuem apenas uma estrutura adminis-
Indireta prestadoras de serviços públicos. Neste sentido, o Es- trativa, complexos se possuem uma rede de estruturas adminis-
tado descentraliza a prestação dos serviços, outorgando-os trativas) e em unitários ou colegiados (unitário se o poder de
a outras entidades criadas para prestá-los, as quais podem decisão se concentra em uma pessoa, colegiado se as decisões
tomar a forma de autarquias, empresas públicas, sociedades são tomadas em conjunto e prevalece a vontade da maioria):
de economia mista e fundações públicas. a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou estrutura
A delegação ocorre quando o Estado transfere, por con- do Estado, gozando de independência para agir e não se subme-
trato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço, para que tendo a outros órgãos. Cabe a eles definir as políticas que serão
o ente delegado o preste ao público em seu próprio nome e implementadas. É o caso da Presidência da República, órgão com-
por sua conta e risco, sob fiscalização do Estado. A delegação plexo composto pelo gabinete, pela Advocacia-Geral da União,
é geralmente efetivada por prazo determinado. Ela se dá, por pelo Conselho da República, pelo Conselho de Defesa, e unitário
exemplo, nos contratos de concessão ou nos atos de permis- (pois o Presidente da República é o único que toma as decisões).
são, pelos quais o Estado transfere aos concessionários e aos b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do poder,
permissionários apenas a execução temporária de determina- com autonomia funcional, porém subordinados politicamente
do serviço. aos independentes. É o caso de todos os ministérios de Estado.
Centralizar envolve manter na estrutura da Administra- c) Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia
ção direta o desempenho de funções administrativas de inte- ou independência, sendo plenamente vinculados aos órgãos
resses não essenciais do Estado, que poderiam ser atribuídos autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho, vinculada ao
a entes de fora da Administração por outorga ou delegação. Ministério do Trabalho e Emprego; Departamento da Polícia
Federal, vinculado ao Ministério da Justiça.
Administração Pública Direta d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima
Administração Pública direta é aquela formada pelos en- deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos que
tes integrantes da federação e seus respectivos órgãos. Os executam trabalho de campo, policiais federais, fiscais do MTE.
entes políticos são a União, os Estados, o Distrito Federal e os ATENÇÃO: O Ministério Público, os Tribunais de Contas e
Municípios. À exceção da União, que é dotada de soberania, as Defensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura, sen-
todos os demais são dotados de autonomia. do órgãos independentes constitucionais. Em verdade, para
Dispõe o Decreto nº 200/1967: Canotilho e outros constitucionalistas, estes órgãos não per-
tencem nem mesmo aos três poderes.
Art. 4° A Administração Federal compreende: Conforme Carvalho Filho
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços , “a noção de Estado, como visto, não pode abstrair-se da
integrados na estrutura administrativa da Presidência da Repú- de pessoa jurídica. O Estado, na verdade, é considerado um ente
blica e dos Ministérios. personalizado, seja no âmbito internacional, seja internamente.
Quando se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo,
A administração direta é formada por um conjunto de porque além da pessoa jurídica central existem outras internas
núcleos de competências administrativas, os quais já foram que compõem o sistema político. Sendo uma pessoa jurídica, o
tidos como representantes do poder central (teoria da repre- Estado manifesta sua vontade através de seus agentes, ou seja,
sentação) e como mandatários do poder central (teoria do as pessoas físicas que pertencem a seus quadros. Entre a pessoa
mandato). Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke, jurídica em si e os agentes, compõe o Estado um grande nú-
segundo a qual os órgãos são apenas núcleos administrativos mero de repartições internas, necessárias à sua organização, tão
criados e extintos exclusivamente por lei, mas que podem ser grande é a extensão que alcança e tamanha as atividades a seu
organizados por decretos autônomos do Executivo (art. 84, cargo. Tais repartições é que constituem os órgãos públicos”.
VI, CF), sendo desprovidos de personalidade jurídica própria. “Várias teorias surgiram para explicar as relações do Esta-
Assim, os órgãos da Administração direta não possuem do, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do manda-
patrimônio próprio; e não assumem obrigações em nome to, o agente público é mandatário da pessoa jurídica; a teoria
próprio e nem direitos em nome próprio (não podem ser au- foi criticada por não explicar como o Estado, que não tem von-
tor nem réu em ações judiciais, exceto para fins de mandado tade própria, pode outorgar o mandato”
de segurança – tanto como impetrante como quanto impe- . A origem desta teoria está no direito privado, não tendo
trado). Já que não possuem personalidade, atuam apenas no como prosperar porque o Estado não pode outorgar mandato
cumprimento da lei, não atuando por vontade própria. Logo, a alguém, afinal, não tem vontade própria.
órgãos e agentes públicos são impessoais quando agem no Num momento seguinte, adotou-se a teoria da represen-
estrito cumprimento de seus deveres, não respondendo dire- tação: “Posteriormente houve a substituição dessa concepção
tamente por seus atos e danos. pela teoria da representação, pela qual a vontade dos agen-
Esta impossibilidade de se imputar diretamente a respon- tes, em virtude de lei, exprimiria a vontade do Estado, como
sabilidade a agentes públicos ou órgãos públicos que estejam ocorre na tutela ou na curatela, figuras jurídicas que apontam
exercendo atribuições da Administração direta é denominada para representantes dos incapazes. Ocorre que essa teoria, além
teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke, que institui o de equiparar o Estado, pessoa jurídica, ao incapaz (sendo que
princípio da impessoalidade. o Estado é pessoa jurídica dotada de capacidade plena), não

12
LÍNGUA PORTUGUESA

foi suficiente para alicerçar um regime de responsabilização da Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que
pessoa jurídica perante terceiros prejudicados nas circunstâncias prestam serviços públicos por delegação, embora não inte-
em que o agente ultrapassasse os poderes da representação” grem os quadros da Administração, quais sejam, os permis-
. Criticou-se a teoria porque o Estado estaria sendo visto sionários, os concessionários e os autorizados.
como um sujeito incapaz, ou seja, uma pessoa que não tem Essas quatro pessoas integrantes da Administração indi-
condições plenas de manifestar, de falar, de resolver pendên- reta serão criadas para a prestação de serviços públicos ou,
cias; bem como porque se o representante estatal exorbitasse ainda, para a exploração de atividades econômicas, como no
seus poderes, o Estado não poderia ser responsabilizado. caso das empresas públicas e sociedades de economia mista,
Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke, e atuam com o objetivo de aumentar o grau de especialidade
segundo a qual os órgãos são apenas núcleos administrativos e eficiência da prestação do serviço público ou, quando ex-
criados e extintos exclusivamente por lei, mas que podem ser ploradoras de atividades econômicas, visando atender a rele-
organizados por decretos autônomos do Executivo (art. 84, VI, vante interesse coletivo e imperativos da segurança nacional.
CF), sendo desprovidos de personalidade jurídica própria. Com Com efeito, de acordo com as regras constantes do ar-
efeito, o Estado brasileiro responde pelos atos que seus agen- tigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só poderá
tes praticam, mesmo se estes atos extrapolam das atribuições explorar atividade econômica a título de exceção, em duas
estatais conferidas, sendo-lhe assegurado o intocável e assus- situações, conforme se colhe do caput do referido artigo, a
tador direito de regresso. seguir reproduzido:
Apresenta-se a classificação dos órgãos: Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constitui-
a) Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais, distritais ção, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado
e municipais. só será permitida quando necessária aos imperativos de se-
b) Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são aque- gurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
les que detêm condição de comando e de direção, e os subordi- definidos em lei.
nados, incumbidos das funções rotineiras de execução. Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras consti-
c) Quanto à composição: singulares, quando integrados tucionais e em razão dos fins desejados pelo Estado, ao Poder
em um só agente, e os coletivos, quando compostos por vários Público não cumpre produzir lucro, tarefa esta deferida ao
agentes. setor privado. Assim, apenas explora atividades econômicas
d) Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem atribui- nas situações indicadas no artigo 173 do Texto Constitucio-
ções em todo o território nacional, estadual, distrital e municipal, nal. Quando atuar na economia, concorre em grau de igual-
e os locais, que atuam em parte do território. dade com os particulares, e sob o regime do artigo 170 da
e) Quanto à posição estatal: são os que representam os po- Constituição, inclusive quanto à livre concorrência, subme-
deres do Estado – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. tendo-se ainda a todas as obrigações constantes do regime
f) Quanto à estrutura: simples ou unitários e compostos. Os jurídico de direito privado, inclusive no tocante às obrigações
órgãos compostos são constituídos por vários outros órgãos. civis, comerciais, trabalhistas e tributárias.

Administração indireta Autarquias


A Administração Pública indireta pode ser definida como Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou privado,
criadas ou instituídas a partir de lei específica, que atuam pa- I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com
ralelamente à Administração direta na prestação de serviços personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para exe-
públicos ou na exploração de atividades econômicas. cutar atividades típicas da Administração Pública, que requei-
“Enquanto a Administração Direta é composta de órgãos ram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e
internos do Estado, a Administração Indireta se compõe de financeira descentralizada.
pessoas jurídicas, também denominadas de entidades”
. Em que pese haver entendimento diverso registrado em As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, de
nossa doutrina, integram a Administração indireta do Estado natureza administrativa, criadas para a execução de serviços
quatro espécies de pessoa jurídica, a saber: as Autarquias, as tipicamente públicos, antes prestados pelas entidades es-
Fundações, as Sociedades de Economia Mista e as Empresas Pú- tatais que as criam. Por serviços tipicamente públicos enten-
blicas. da-se aqueles sem fins lucrativos criados por lei e comum
Dispõe o Decreto nº 200/1967: monopólio do Estado.
“O termo autarquia significa autogoverno ou governo
Art. 4° A Administração Federal compreende: próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção semântica
II - A Administração Indireta, que compreende as se- para ter o sentido de pessoa jurídica administrativa com rela-
guintes categorias de entidades, dotadas de personalidade tiva capacidade de gestão dos interesses a seu cargo, embora
jurídica própria: sob controle do Estado, de onde se originou. Na verdade, até
a) Autarquias; mesmo em relação a esse sentido, o termo está ultrapassado
b) Empresas Públicas; e não mais reflete uma noção exata do instituto. [...] Pode-se
c) Sociedades de Economia Mista. conceituar autarquia como a pessoa jurídica de direito públi-
d) fundações públicas. co, integrante da Administração Indireta, criada por lei para
desempenhar funções que, despidas de caráter econômico,
sejam próprias e típicas do Estado”

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LÍNGUA PORTUGUESA

Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo re- Agências reguladoras


gime jurídico de direito público, podendo, tão-somente, ser São figuras muito recentes em nosso ordenamento ju-
prestadoras de serviços públicos, contando com capital oriun- rídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de regime
do da Administração direta. O Código Civil, em seu artigo 41, especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com capa-
IV, as coloca como pessoas jurídicas de direito público, embora cidade administrativa, aplicando-se a elas todas as regras das
exista controvérsia na doutrina. autarquias.
Carvalho Filho O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas a
classifica quanto ao regime jurídico: “a) autarquias co- nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que se baseia
muns (ou de regime comum); b) autarquias especiais (ou de nos critérios de conhecimento. Uma vez nomeado, o dirigente
regime especial). Segundo a própria terminologia, é fácil dis- passa a gozar de mandato com prazo determinado e só pode
tingui-las: as primeiras estariam sujeitas a uma disciplina ju- ser destituído por processo com decisão motivada.
rídica sem qualquer especificidade, ao passo que as últimas Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução de
seriam regidas por disciplina específica, cuja característica seria serviços públicos. Elas não executam o serviço propriamente,
a de atribuir prerrogativas especiais e diferenciadas a certas elas o fiscalizam. Logo, são entidades com típica função de
autarquias”. São exemplos de autarquias especiais aquelas controle da prestação dos serviços públicos e do exercício de
criadas para serviços especiais, como autarquias de ensino (ex.: atividades econômicas, evitando a prática de abusos por par-
USP) e autarquias de fiscalização (ex.: CRM e CREA). te de entidades do setor privado.
A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias: Ins- São titulares da matéria técnica que regulam, de modo
tituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Insti- que somente elas podem disciplinar as regras e padrões téc-
tuto Nacional do Seguro Social (INSS), Departamento Nacional nicos desta determinada seara.
de Estradas de Rodagem (DNER), Conselho Administrativo de No exercício de seus poderes, compete a elas: fiscalizar
Defesa Econômica (CADE), Departamento nacional de Registro o cumprimento de contratos de concessões e o atingimento
do Comércio (DNRC), Instituto Nacional da Propriedade Indus- de metas neles fixadas, fiscalizar e controlar o atendimento a
trial (INPI), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos consumidores e usuários (inclusive recebendo e processando
Naturais Renováveis (Ibama), Banco Central do Brasil (Bacen). denúncias e reclamações, aplicando penas administrativas e
Ainda sobra as autarquias: multas, bem como rescindindo contratos), definir política ta-
Contam com patrimônio próprio, constituído a partir de rifária e reajustá-la.
transferência pela entidade estatal a que se vinculam, portan- Entre as agências reguladoras inseridas no ordenamento
to, capital exclusivamente público. brasileiro, destacam-se: ANEEL – Agência Nacional de Energia
São dotadas, ainda, de autonomia financeira, planejando Elétrica, criada pela Lei nº 9.427/1996; a ANATEL – Agência
seus gastos e compromissos a cada exercício. A proposta orça- Nacional de Telecomunicações, pela Lei nº 9.472/1997; e a
mentária é encaminhada anualmente ao chefe do Executivo, que ANP – Agência Nacional do Petróleo, pela Lei nº 9.478/1997.
a inclui no orçamento fiscal da lei orçamentária anual. A própria
autarquia presta contas diretamente ao Tribunal de Contas. Agências executivas
Podem pagar aos seus credores por meio de precatórios e Agência executiva é a qualificação conferida a autarquia,
requisição de pequeno valor, tal como a Administração direta. Po- fundação pública ou órgão da administração direta que ce-
dem emitir sozinhas certidão de dívida ativa de seus devedores. lebra contrato de gestão com o próprio ente político com o
Gozam de imunidade tributária recíproca em relação a to- qual está vinculado. As agências executivas se distinguem das
das unidades da federação. A elas se conferem as mesmas prer- agências reguladoras por não terem como objetivo principal
rogativas processuais que à Fazenda Pública, inclusive prazo em o de exercer controle sobre particulares que prestam serviços
dobro para contestar e recorrer, além de reexame necessário da públicos, que é o objetivo fundamental das agências regula-
causa em situações de condenação acima de certos valores. doras. Assim, a expressão “agências executivas” corresponde
Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e ex- a um título ou qualificação atribuída à autarquia ou a funda-
tintas por lei, que podem ser complementadas por atos do ções públicas cujo objetivo seja exercer atividade estatal.
Executivo, notadamente Decretos. As autarquias podem ser
federais, estaduais, distritais e municipais, contudo não podem Fundações públicas
ser interestaduais ou intermunicipais (não é permitida a asso- Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
ciação de unidades federativas para a criação de autarquias).
Devem executar atividades típicas do direito público e, no- IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personali-
tadamente, serviços públicos de natureza social e atividades dade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em
administrativas, com a exclusão dos serviços e atividades de virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de
cunho econômico e mercantil. atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades
O patrimônio da autarquia é formado por bens públicos, de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio
razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas regras apli- próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funciona-
cáveis aos bens públicos em geral, inclusive no que se refere à im- mento custeado por recursos da União e de outras fontes.
penhorabilidade e à impossibilidade de oneração e de usucapião. As Fundações são pessoas jurídicas compostas por um
Os agentes públicos das autarquias são concursados e es- patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor para
tatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não à CLT. Já atingir uma finalidade específica, denominadas, em latim, uni-
os dirigentes não precisam ser concursados e são nomeados e versitas bonorum. Entre estas finalidades, destacam-se as de
destituídos livremente pelo chefe do Executivo. escopo religioso, moral, cultural ou de assistência.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Essa definição serve para qualquer fundação, inclusive Sociedades de economia mista
para aquelas que não integram a Administração indireta (não- Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
governamentais). No caso das fundações que integram a Ad-
ministração indireta (governamentais), quando forem dotadas III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de
de personalidade de direito público, serão regidas integral- personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a
mente por regras de direito público. Quando forem dotadas exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade
de personalidade de direito privado, serão regidas por regras anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
de direito público e direito privado. maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.
Quando as fundações são criadas pelo Estado são co- As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas
nhecidas como fundações públicas, ou autarquias fundacio- de Direito Privado criadas para a prestação de serviços públi-
nais ou fundações autárquicas. O estatuto da fundação, no cos ou para a exploração de atividade econômica, contando
caso, terá a forma de lei, cujo escopo será criar e organizar a com capital misto e constituídas somente sob a forma em-
fundação. As fundações públicas são regulamentadas por lei presarial de S/A.
complementar. Sendo fundações públicas que adotam regi- Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Estado
me jurídico de direito público, se equiparam às autarquias e que participa dela, existem acionistas a ela vinculados. Entre-
se sujeitam às mesmas regras que elas. tanto, o Estado deve ser o acionista controlador do direito a
Obs.: é possível que a lei autorize (não crie) uma fundação voto, mesmo que não seja o acionista majoritário (se o Esta-
pública que adote regime jurídico de direito privado, ou então um do for sócio, mas não for controlador, trata-se de empresa
regime misto, caso em que seus servidores poderão se sujeitar à comum, não sociedade de economia mista).
CLT, seu patrimônio não será exclusivamente oriundo de verbas Alguns exemplos de sociedade mista:
estatais. A lei autorizadora deve ser expressa neste sentido. - Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil
e Banespa.
Empresas públicas - Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Me-
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: trô e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional
Urbano).
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade Estas sociedades de economia mista se caracterizam e se
jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital ex- diferenciam das empresas públicas por: possuírem fins lucra-
clusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade tivos (os lucros são distribuídos entre os acionistas), adotam
econômica que o Governo seja levado a exercer por força de o perfil de sociedade anônima S/A, o capital social é formado
contingência ou de conveniência administrativa podendo re- por recursos públicos e privados, os sócios são privados e
vestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. públicos (Estado).
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Priva-
do, criadas para a prestação de serviços públicos ou para a Empresas públicas e sociedades de economia mista:
exploração de atividades econômicas, que contam com ca- semelhanças
pital exclusivamente público, e são constituídas por qualquer Embora a Constituição Federal reserve a atividade eco-
modalidade empresarial, após autorização legislativa do ente nômica à iniciativa privada, resguardando ao Estado os papéis
federativo criador. de integração (integrar o Brasil na economia global), regu-
Sendo a empresa pública uma prestadora de serviços pú- lação (definindo regras e limites na exploração da atividade
blicos, estará submetida a regime jurídico público, ainda que econômica por particulares) e intervenção (fixação de regras
constituída segundo o modelo imposto pelo Direito Privado. e normas para combater o abuso do poder econômico) (con-
Se a empresa pública é exploradora de atividade econômica, forme artigos 173 e seguintes, CF), autoriza-se excepcio-
estará submetida a regime jurídico denominado pela doutri- nalmente que o Estado explore diretamente atividades
na como semipúblico, ante a necessidade de observância, ao econômicas se houver um relevante interesse em matérias
menos em suas relações com os administrados, das regras ati- (serviços públicos em geral) ou atividades de soberania.
nentes ao regime da Administração, a exemplo dos princípios Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por
expressos no “caput” do artigo 37 da Constituição Federal. meio de sociedades de economia mista e empresas públi-
Podemos citar, a título de exemplo, algumas empresas cas. Tais empresas são regidas por regime jurídico de direito
públicas, nas mais variadas esferas de governo, como o Banco privado, o que evita que o próprio Estado possa abusar do
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); poder econômico. Logo, o Estado não pode dar às suas pró-
a Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo (EMURB); prias empresas benefícios previdenciários, tributários e tra-
a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT); a Caixa balhistas. Além disso, em termos processuais, não gozam das
Econômica Federal (CEF). prerrogativas que as autarquias gozam.
Estas empresas públicas se caracterizam e se diferenciam ATENÇÃO: o impedimento de prerrogativas somente se
das sociedades de economia mista por: não possuírem fins aplica quando o Estado está explorando atividade econômica
lucrativos (o capital excedente não se transforma em lucro, propriamente dita, não quando está ofertando serviços pú-
é reinvestido na própria empresa), podem adotar perfis em- blicos. Afinal, se o serviço é público, então o Estado pode
presariais diversos (LTDA, comandita, nome coletivo, S/A), o sobre ele exercer monopólio, o que afasta a necessidade
capital social é formado por recursos públicos e só admite de regras que impeçam o abuso do poder econômico. Por
sócios públicos (pode ter apenas um sócio – unipessoalidade exemplo, os Correios são uma empresa pública e possuem
originária ou inicial). isenção fiscal e impenhorabilidade de bens.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de econo- Art. 3º O consórcio público será constituído por contrato
mia mista são criadas por lei e a existência delas deve ser fundada cuja celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo
em contrato ou estatuto. Ambas se sujeitam, ainda, ao regime de intenções.
jurídico de direito privado. Inclusive, seus bens são, a princípio, pe-
nhoráveis (exceto se for prestadora de serviço público e não ex- Art. 4º São cláusulas necessárias do protocolo de intenções
ploradora de atividade econômica). No entanto, não se sujeitam as que estabeleçam:
à falência ou à recuperação judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005). I – a denominação, a finalidade, o prazo de duração e a
Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório mí- sede do consórcio;
nimo: licitar (exceto no que tange à prestação da atividade- II – a identificação dos entes da Federação consorciados;
fim), concursar (os agentes se sujeitam ao regime da CLT, são III – a indicação da área de atuação do consórcio;
celetistas e não estatutários, mas são contratados mediante IV – a previsão de que o consórcio público é associação pú-
concurso público de provas ou provas e títulos), prestar con- blica ou pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos;
tas ao Tribunal de Contas e obedecer ao teto de remuneração V – os critérios para, em assuntos de interesse comum, au-
(exceto no caso de sociedade de economia mista que subsista torizar o consórcio público a representar os entes da Federação
sem qualquer auxílio do governo, apenas com seus lucros). consorciados perante outras esferas de governo;
VI – as normas de convocação e funcionamento da assem-
LEI Nº 11.107, DE 6 DE ABRIL DE 2005. bléia geral, inclusive para a elaboração, aprovação e modifica-
ção dos estatutos do consórcio público;
Dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios VII – a previsão de que a assembléia geral é a instância máxima
públicos e dá outras providências. do consórcio público e o número de votos para as suas deliberações;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congres- VIII – a forma de eleição e a duração do mandato do repre-
so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: sentante legal do consórcio público que, obrigatoriamente, deverá
ser Chefe do Poder Executivo de ente da Federação consorciado;
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, os IX – o número, as formas de provimento e a remuneração
Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem consór-
dos empregados públicos, bem como os casos de contratação
cios públicos para a realização de objetivos de interesse comum
por tempo determinado para atender a necessidade temporá-
e dá outras providências.
ria de excepcional interesse público;
§ 1º O consórcio público constituirá associação pública
X – as condições para que o consórcio público celebre con-
ou pessoa jurídica de direito privado.
trato de gestão ou termo de parceria;
§ 2º A União somente participará de consórcios públicos
em que também façam parte todos os Estados em cujos terri- XI – a autorização para a gestão associada de serviços pú-
tórios estejam situados os Municípios consorciados. blicos, explicitando:
§ 3º Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão a) as competências cujo exercício se transferiu ao consór-
obedecer aos princípios, diretrizes e normas que regulam o cio público;
Sistema Único de Saúde – SUS. b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a área
em que serão prestados;
Art. 2º Os objetivos dos consórcios públicos serão determi- c) a autorização para licitar ou outorgar concessão, per-
nados pelos entes da Federação que se consorciarem, observa- missão ou autorização da prestação dos serviços;
dos os limites constitucionais. d) as condições a que deve obedecer o contrato de progra-
§ 1º Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio ma, no caso de a gestão associada envolver também a pres-
público poderá: tação de serviços por órgão ou entidade de um dos entes da
I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer na- Federação consorciados;
tureza, receber auxílios, contribuições e subvenções sociais ou e) os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas e de
econômicas de outras entidades e órgãos do governo; outros preços públicos, bem como para seu reajuste ou revisão; e
II – nos termos do contrato de consórcio de direito público, XII – o direito de qualquer dos contratantes, quando adim-
promover desapropriações e instituir servidões nos termos de plente com suas obrigações, de exigir o pleno cumprimento das
declaração de utilidade ou necessidade pública, ou interesse cláusulas do contrato de consórcio público.
social, realizada pelo Poder Público; e § 1º Para os fins do inciso III do caput deste artigo, con-
III – ser contratado pela administração direta ou indireta sidera-se como área de atuação do consórcio público, inde-
dos entes da Federação consorciados, dispensada a licitação. pendentemente de figurar a União como consorciada, a que
§ 2º Os consórcios públicos poderão emitir documentos de corresponde à soma dos territórios:
cobrança e exercer atividades de arrecadação de tarifas e outros I – dos Municípios, quando o consórcio público for consti-
preços públicos pela prestação de serviços ou pelo uso ou ou- tuído somente por Municípios ou por um Estado e Municípios
torga de uso de bens públicos por eles administrados ou, median- com territórios nele contidos;
te autorização específica, pelo ente da Federação consorciado. II – dos Estados ou dos Estados e do Distrito Federal, quando
§ 3º Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, o consórcio público for, respectivamente, constituído por mais de
permissão ou autorização de obras ou serviços públicos me- 1 (um) Estado ou por 1 (um) ou mais Estados e o Distrito Federal;
diante autorização prevista no contrato de consórcio público, III – (VETADO)
que deverá indicar de forma específica o objeto da concessão, IV – dos Municípios e do Distrito Federal, quando o consór-
permissão ou autorização e as condições a que deverá aten- cio for constituído pelo Distrito Federal e os Municípios; e
der, observada a legislação de normas gerais em vigor. V – (VETADO)

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LÍNGUA PORTUGUESA

§ 2º O protocolo de intenções deve definir o número de vo- § 3º Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem
tos que cada ente da Federação consorciado possui na assem- como o consórcio público, são partes legítimas para exigir o
bleia geral, sendo assegurado 1 (um) voto a cada ente consorciado. cumprimento das obrigações previstas no contrato de rateio.
§ 3º É nula a cláusula do contrato de consórcio que pre- § 4º Com o objetivo de permitir o atendimento dos dis-
veja determinadas contribuições financeiras ou econômicas positivos da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000,
de ente da Federação ao consórcio público, salvo a doação, o consórcio público deve fornecer as informações necessárias
destinação ou cessão do uso de bens móveis ou imóveis e as para que sejam consolidadas, nas contas dos entes consorcia-
transferências ou cessões de direitos operadas por força de dos, todas as despesas realizadas com os recursos entregues em
gestão associada de serviços públicos. virtude de contrato de rateio, de forma que possam ser conta-
§ 4º Os entes da Federação consorciados, ou os com eles bilizadas nas contas de cada ente da Federação na conformi-
conveniados, poderão ceder-lhe servidores, na forma e con- dade dos elementos econômicos e das atividades ou projetos
dições da legislação de cada um. atendidos.
§ 5º O protocolo de intenções deverá ser publicado na § 5º Poderá ser excluído do consórcio público, após pré-
imprensa oficial. via suspensão, o ente consorciado que não consignar, em sua
lei orçamentária ou em créditos adicionais, as dotações su-
Art. 5º O contrato de consórcio público será celebrado com ficientes para suportar as despesas assumidas por meio de
a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções. contrato de rateio.
§ 1º O contrato de consórcio público, caso assim preveja
cláusula, pode ser celebrado por apenas 1 (uma) parcela dos Art. 9º A execução das receitas e despesas do consórcio pú-
entes da Federação que subscreveram o protocolo de intenções. blico deverá obedecer às normas de direito financeiro aplicáveis
§ 2º A ratificação pode ser realizada com reserva que, às entidades públicas.
aceita pelos demais entes subscritores, implicará consorcia- Parágrafo único. O consórcio público está sujeito à fisca-
mento parcial ou condicional. lização contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal de
§ 3º A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subscri- Contas competente para apreciar as contas do Chefe do Poder
ção do protocolo de intenções dependerá de homologação da Executivo representante legal do consórcio, inclusive quanto à
assembleia geral do consórcio público. legalidade, legitimidade e economicidade das despesas, atos,
§ 4º É dispensado da ratificação prevista no caput deste contratos e renúncia de receitas, sem prejuízo do controle exter-
artigo o ente da Federação que, antes de subscrever o pro- no a ser exercido em razão de cada um dos contratos de rateio.
tocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação no
consórcio público. Art. 10. (VETADO)
Parágrafo único. Os agentes públicos incumbidos da ges-
Art. 6º O consórcio público adquirirá personalidade jurídica: tão de consórcio não responderão pessoalmente pelas obriga-
I – de direito público, no caso de constituir associação pú- ções contraídas pelo consórcio público, mas responderão pelos
blica, mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo atos praticados em desconformidade com a lei ou com as dis-
de intenções; posições dos respectivos estatutos.
II – de direito privado, mediante o atendimento dos requi-
sitos da legislação civil. Art. 11. A retirada do ente da Federação do consórcio públi-
§ 1º O consórcio público com personalidade jurídica de co dependerá de ato formal de seu representante na assembleia
direito público integra a administração indireta de todos os geral, na forma previamente disciplinada por lei.
entes da Federação consorciados. § 1º Os bens destinados ao consórcio público pelo con-
§ 2º No caso de se revestir de personalidade jurídica de di- sorciado que se retira somente serão revertidos ou retrocedi-
reito privado, o consórcio público observará as normas de direi- dos no caso de expressa previsão no contrato de consórcio
to público no que concerne à realização de licitação, celebração público ou no instrumento de transferência ou de alienação.
de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal, que § 2º A retirada ou a extinção do consórcio público não
será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. prejudicará as obrigações já constituídas, inclusive os contra-
tos de programa, cuja extinção dependerá do prévio paga-
Art. 7º Os estatutos disporão sobre a organização e o funcio- mento das indenizações eventualmente devidas.
namento de cada um dos órgãos constitutivos do consórcio público.
Art. 12. A alteração ou a extinção de contrato de consórcio
Art. 8º Os entes consorciados somente entregarão recursos público dependerá de instrumento aprovado pela assembleia
ao consórcio público mediante contrato de rateio. geral, ratificado mediante lei por todos os entes consorciados.
§ 1º O contrato de rateio será formalizado em cada exercício § 1º Os bens, direitos, encargos e obrigações decorren-
financeiro e seu prazo de vigência não será superior ao das do- tes da gestão associada de serviços públicos custeados por
tações que o suportam, com exceção dos contratos que tenham tarifas ou outra espécie de preço público serão atribuídos aos
por objeto exclusivamente projetos consistentes em programas e titulares dos respectivos serviços.
ações contemplados em plano plurianual ou a gestão associada de § 2º Até que haja decisão que indique os responsáveis
serviços públicos custeados por tarifas ou outros preços públicos. por cada obrigação, os entes consorciados responderão so-
§ 2º É vedada a aplicação dos recursos entregues por lidariamente pelas obrigações remanescentes, garantindo o
meio de contrato de rateio para o atendimento de despesas direito de regresso em face dos entes beneficiados ou dos
genéricas, inclusive transferências ou operações de crédito. que deram causa à obrigação.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato Art. 15. No que não contrariar esta Lei, a organização e
de programa, como condição de sua validade, as obrigações funcionamento dos consórcios públicos serão disciplinados pela
que um ente da Federação constituir para com outro ente da legislação que rege as associações civis.
Federação ou para com consórcio público no âmbito de gestão
associada em que haja a prestação de serviços públicos ou a Art. 16. O inciso IV do art. 41 da Lei nº 10.406, de 10 de
transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou janeiro de 2002 - Código Civil, passa a vigorar com a seguinte
de bens necessários à continuidade dos serviços transferidos. redação:
§ 1º O contrato de programa deverá:
I – atender à legislação de concessões e permissões de ser- “Art. 41. [...] IV – as autarquias, inclusive as associações pú-
viços públicos e, especialmente no que se refere ao cálculo de blicas; [...]” (NR)
tarifas e de outros preços públicos, à de regulação dos serviços
a serem prestados; e Art. 17. Os arts. 23, 24, 26 e 112 da Lei nº 8.666, de 21 de
II – prever procedimentos que garantam a transparência junho de 1993, passam a vigorar com a seguinte redação:
da gestão econômica e financeira de cada serviço em relação a
cada um de seus titulares. “Art. 23. [...]
§ 2º No caso de a gestão associada originar a transferên- § 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o do-
cia total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens es- bro dos valores mencionados no caput deste artigo quando
senciais à continuidade dos serviços transferidos, o contrato formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando
de programa, sob pena de nulidade, deverá conter cláusulas formado por maior número.”
que estabeleçam:
I – os encargos transferidos e a responsabilidade subsidiá- “Art. 24. [...]
ria da entidade que os transferiu; XXVI – na celebração de contrato de programa com ente
II – as penalidades no caso de inadimplência em relação da Federação ou com entidade de sua administração indireta,
aos encargos transferidos; para a prestação de serviços públicos de forma associada nos
III – o momento de transferência dos serviços e os deveres termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em
convênio de cooperação.
relativos a sua continuidade;
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II
IV – a indicação de quem arcará com o ônus e os passivos
do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para com-
do pessoal transferido;
pras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, so-
V – a identificação dos bens que terão apenas a sua gestão
ciedade de economia mista, empresa pública e por autarquia
e administração transferidas e o preço dos que sejam efetiva-
ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Exe-
mente alienados ao contratado;
cutivas.” (NR)
VI – o procedimento para o levantamento, cadastro e ava-
liação dos bens reversíveis que vierem a ser amortizados me- “Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17
diante receitas de tarifas ou outras emergentes da prestação e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigi-
dos serviços. bilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o
§ 3º É nula a cláusula de contrato de programa que atri- retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8o
buir ao contratado o exercício dos poderes de planejamento, desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à
regulação e fiscalização dos serviços por ele próprio prestados. autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa
§ 4º O contrato de programa continuará vigente mesmo oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficá-
quando extinto o consórcio público ou o convênio de coope- cia dos atos” (NR).
ração que autorizou a gestão associada de serviços públicos.
§ 5º Mediante previsão do contrato de consórcio públi- “Art. 112. [...]
co, ou de convênio de cooperação, o contrato de programa § 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação da
poderá ser celebrado por entidades de direito público ou pri- qual, nos termos do edital, decorram contratos administrati-
vado que integrem a administração indireta de qualquer dos vos celebrados por órgãos ou entidades dos entes da Fede-
entes da Federação consorciados ou conveniados. ração consorciados.
§ 6º O contrato celebrado na forma prevista no § 5o deste § 2º É facultado à entidade interessada o acompanhamen-
artigo será automaticamente extinto no caso de o contratado to da licitação e da execução do contrato.” (NR)
não mais integrar a administração indireta do ente da Federa-
ção que autorizou a gestão associada de serviços públicos por Art. 18. O art. 10 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992,
meio de consórcio público ou de convênio de cooperação. passa a vigorar acrescido dos seguintes incisos:
§ 7º Excluem-se do previsto no caput deste artigo as obri- “Art. 10. [...]
gações cujo descumprimento não acarrete qualquer ônus, in- XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha
clusive financeiro, a ente da Federação ou a consórcio público. por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão
associada sem observar as formalidades previstas na lei;
Art. 14. A União poderá celebrar convênios com os con- XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem
sórcios públicos, com o objetivo de viabilizar a descentrali- suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as
zação e a prestação de políticas públicas em escalas ade- formalidades previstas na lei.” (NR)
quadas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Art. 19. O disposto nesta Lei não se aplica aos convênios de c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no
cooperação, contratos de programa para gestão associada de artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie
serviços públicos ou instrumentos congêneres, que tenham sido de moralidade administrativa, intimamente relacionada ao po-
celebrados anteriormente a sua vigência. der público. A administração pública não atua como um parti-
cular, de modo que enquanto o descumprimento dos preceitos
Art. 20. O Poder Executivo da União regulamentará o dis- morais por parte deste particular não é punido pelo Direito (a
posto nesta Lei, inclusive as normas gerais de contabilidade pú- priori), o ordenamento jurídico adota tratamento rigoroso do
blica que serão observadas pelos consórcios públicos para que comportamento imoral por parte dos representantes do Esta-
sua gestão financeira e orçamentária se realize na conformida- do. O princípio da moralidade deve se fazer presente não só
de dos pressupostos da responsabilidade fiscal. para com os administrados, mas também no âmbito interno.
Está indissociavelmente ligado à noção de bom administrador,
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. que não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
princípios éticos regentes da função administrativa. TODO ATO
Brasília, 6 de abril de 2005; 184º da Independência e 117º IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IMPES-
da República. SOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios anteriores.
d) Princípio da publicidade: A administração pública é
obrigada a manter transparência em relação a todos seus atos
e a todas informações armazenadas nos seus bancos de dados.
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Daí a publicação em órgãos da imprensa e a afixação de porta-
rias. Por exemplo, a própria expressão concurso público (art. 37, II,
CF) remonta ao ideário de que todos devem tomar conhecimen-
to do processo seletivo de servidores do Estado. Diante disso,
Princípios constitucionais expressos
como será visto, se negar indevidamente a fornecer informações
São princípios da administração pública, nesta ordem:
ao administrado caracteriza ato de improbidade administrativa.
Legalidade
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o
Impessoalidade princípio da publicidade seja deturpado em propaganda po-
Moralidade lítico-eleitoral:
Publicidade Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
Eficiência obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter ca-
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam ráter educativo, informativo ou de orientação social, dela
o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Ad- não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracte-
ministração Pública. É de fundamental importância um olhar rizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
atento ao significado de cada um destes princípios, posto Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a lega-
que eles estruturam todas as regras éticas prescritas no Códi- lidade e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos
go de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, tomando para proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°,
como base os ensinamentos de Carvalho Filho e Spitzcovsky XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - do mandado
: de segurança. Neste viés, ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade
significa a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de partici-
Contudo, como a administração pública representa os inte- pação do usuário na administração pública direta e indi-
resses da coletividade, ela se sujeita a uma relação de subor- reta, regulando especialmente:
dinação, pela qual só poderá fazer o que a lei expressamen- I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços públi-
te determina (assim, na esfera estatal, é preciso lei anterior cos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendi-
editando a matéria para que seja preservado o princípio da mento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da
legalidade). A origem deste princípio está na criação do Es- qualidade dos serviços;
tado de Direito, no sentido de que o próprio Estado deve II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e a in-
respeitar as leis que dita. formações sobre atos de governo, observado o disposto no art.
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes- 5º, X e XXXIII;
ses que representa, a administração pública está proibida de III -  a disciplina da representação contra o exercício negligente
promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar al- ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
guém de forma diferente dos demais, privilegiando ou pre-
judicando. Segundo este princípio, a administração pública e) Princípio da eficiência: A administração pública deve
deve tratar igualmente todos aqueles que se encontrem na manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle
mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou igualda- de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o con-
de). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalidade no que curso público seleciona os mais qualificados ao exercício do
tange à contratação de serviços. O princípio da impessoali- cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível
dade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo qual o exonerar um servidor público por ineficiência) e ao controlar
alvo a ser alcançado pela administração pública é somente gastos (limitando o teto de remuneração), por exemplo. O nú-
o interesse público. Com efeito, o interesse particular não cleo deste princípio é a procura por produtividade e economi-
pode influenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se cidade. Alcança os serviços públicos e os serviços administrati-
buscar somente a preservação do interesse coletivo. vos internos, se referindo diretamente à conduta dos agentes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Outros princípios administrativos Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, con-
Além destes cinco princípios administrativo-constitucio- cessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
nais diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,
apontados como princípios de natureza ética relacionados à eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
função pública a probidade e a motivação: Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou
a) Princípio da probidade:  um princípio constitucional parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas
incluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o de- jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causa-
ver de todo o administrador público, o dever de honestidade dos, na forma prevista neste código.
e fidelidade com o Estado, com a população, no desempenho
de suas funções. Possui contornos mais definidos do que a mo- d) Princípios da Tutela e da Autotutela da Administra-
ralidade. Diógenes Gasparini alerta que alguns autores tratam ção Pública: a Administração possui a faculdade de rever os seus
veem como distintos os princípios da moralidade e da probi- atos, de forma a possibilitar a adequação destes à realidade fática
dade administrativa, mas não há características que permitam em que atua, e declarar nulos os efeitos dos atos eivados de vícios
tratar os mesmos como procedimentos distintos, sendo no quanto à legalidade. O sistema de controle dos atos da Adminis-
máximo possível afirmar que a probidade administrativa é um tração adotado no Brasil é o jurisdicional. Esse sistema possibilita,
aspecto particular da moralidade administrativa. de forma inexorável, ao Judiciário, a revisão das decisões tomadas
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao no âmbito da Administração, no tocante à sua legalidade. É, por-
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou tanto, denominado controle finalístico, ou de legalidade.
de efeitos concretos. É considerado, entre os demais princípios, À Administração, por conseguinte, cabe tanto a anulação
um dos mais importantes, uma vez que sem a motivação não dos atos ilegais como a revogação de atos válidos e eficazes,
há o devido processo legal, uma vez que a fundamentação sur- quando considerados inconvenientes ou inoportunos aos fins
ge como meio interpretativo da decisão que levou à prática buscados pela Administração. Essa forma de controle endóge-
do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilização do no da Administração denomina-se princípio da autotutela. Ao
controle da legalidade dos atos da Administração. Poder Judiciário cabe somente a anulação de atos reputados
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao caso
ilegais. O embasamento de tais condutas é pautado nas Sú-
concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram à aplica-
mulas 346 e 473 do Supremo Tribunal Federal.
ção daquele dispositivo legal. Todos os atos administrativos devem
ser motivados para que o Judiciário possa controlar o mérito do ato
Súmula 346. A administração pública pode declarar a nuli-
administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle,
dade dos seus próprios atos.
devem ser observados os motivos dos atos administrativos.
Em relação à necessidade de motivação dos atos admi-
nistrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único Súmula 473. A administração pode anular seus próprios
comportamento possível) e dos atos discricionários (aqueles atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta um ou mais deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de con-
comportamentos possíveis, de acordo com um juízo de con- veniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
veniência e oportunidade), a doutrina é uníssona na determi- ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
nação da obrigatoriedade de motivação com relação aos atos Os atos administrativos podem ser extintos por revogação
administrativos vinculados; todavia, diverge quanto à referida ou anulação. A Administração tem o poder de rever seus pró-
necessidade quanto aos atos discricionários. prios atos, não apenas pela via da anulação, mas também pela
Meirelles entende que o ato discricionário, editado sob os li- da revogação. Aliás, não é possível revogar atos vinculados,
mites da Lei, confere ao administrador uma margem de liberdade mas apenas discricionários. A revogação se aplica nas situa-
para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo ções de conveniência e oportunidade, quanto que a anulação
necessária a motivação. No entanto, se houver tal fundamenta- serve para as situações de vício de legalidade.
ção, o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da necessidade
de observância da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendi- e) Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade: Ra-
mento majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato zoabilidade e proporcionalidade são fundamentos de caráter
discricionário, é necessária a motivação para que se saiba qual o instrumental na solução de conflitos que se estabeleçam entre
caminho adotado pelo administrador. Gasparini, com respaldo direitos, notadamente quando não há legislação infraconstitu-
no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais cional específica abordando a temática objeto de conflito. Nes-
discussões doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação te sentido, quando o poder público toma determinada decisão
para todos os atos nele elencados, compreendendo entre estes, administrativa deve se utilizar destes vetores para determinar se
tanto os atos discricionários quanto os vinculados. o ato é correto ou não, se está atingindo indevidamente uma
c) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos: O esfera de direitos ou se é regular. Tanto a razoabilidade quanto a
Estado assumiu a prestação de determinados serviços, por con- proporcionalidade servem para evitar interpretações esdrúxulas
siderar que estes são fundamentais à coletividade. Apesar de os manifestamente contrárias às finalidades do texto declaratório.
prestar de forma descentralizada ou mesmo delegada, deve a Razoabilidade e proporcionalidade guardam, assim, a
Administração, até por uma questão de coerência, oferecê-los mesma finalidade, mas se distinguem em alguns pontos. His-
de forma contínua e ininterrupta. Pelo princípio da continui- toricamente, a razoabilidade se desenvolveu no direito anglo-
dade dos serviços públicos, o Estado é obrigado a não inter- saxônico, ao passo que a proporcionalidade se origina do di-
romper a prestação dos serviços que disponibiliza. A respeito, reito germânico (muito mais metódico, objetivo e organizado),
tem-se o artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor: muito embora uma tenha buscado inspiração na outra certas

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LÍNGUA PORTUGUESA

vezes. Por conta de sua origem, a proporcionalidade tem pa- no nível institucional, intermediário e operacional das organi-
râmetros mais claros nos quais pode ser trabalhada, enquanto zações. Todas as organizações precisam de líderes em todos os
a razoabilidade permite um processo interpretativo mais livre. seus níveis e em todas as suas áreas de atuação.
Evidencia-se o maior sentido jurídico e o evidente caráter deli- A liderança é um fenômeno tipicamente social que ocorre
mitado da proporcionalidade pela adoção em doutrina de sua exclusivamente em grupos sociais e nas organizações. Pode-
divisão clássica em 3 sentidos: mos definir liderança como uma influência interpessoal exer-
- adequação, pertinência ou idoneidade: significa que o cida numa dada situação e dirigida através do processo de
meio escolhido é de fato capaz de atingir o objetivo pretendido; comunicação humana para a consecução de um ou mais ob-
- necessidade ou exigibilidade: a adoção da medida restri- jetivos específicos. Os elementos que caracterizam a liderança
tiva de um direito humano ou fundamental somente é legítima são, portanto, quatro: a influência, a situação, o processo de
se indispensável na situação em concreto e se não for possível comunicação e os objetivos a alcançar.
outra solução menos gravosa; A liderança envolve o uso da influência e todas as relações
- proporcionalidade em sentido estrito: tem o sentido de interpessoais podem envolver liderança. Todas as relações den-
máxima efetividade e mínima restrição a ser guardado com re- tro de uma organização envolvem líderes e liderados: as comis-
lação a cada ato jurídico que recaia sobre um direito humano sões, os grupos de trabalho, as relações entre linha e assessoria,
ou fundamental, notadamente verificando se há uma propor- supervisores e subordinados etc. Outro elemento importante
ção adequada entre os meios utilizados e os fins desejados. no conceito de liderança é a comunicação. A clareza e a exa-
tidão da comunicação afetam o comportamento e o desem-
f) Supremacia do interesse público sobre o privado: Na penho dos liderados. A dificuldade de comunicar é uma defi-
maioria das vezes, a Administração, para buscar de maneira efi- ciência que prejudica a liderança. O terceiro elemento é a con-
caz tais interesses, necessita ainda de se colocar em um patamar secução de metas. O líder eficaz terá de lidar com indivíduos,
de superioridade em relação aos particulares, numa relação de grupos e metas. A eficácia do líder é geralmente considerada
verticalidade, e para isto se utiliza do princípio da supremacia, em termos de grau de realização de uma meta ou combinação
conjugado ao princípio da indisponibilidade, pois, tecnicamen- de metas. Mas, por outro lado, os indivíduos podem considerar
te, tal prerrogativa é irrenunciável, por não haver faculdade de o líder como eficaz ou ineficaz, em termos de satisfação decor-
atuação ou não do Poder Público, mas sim “dever” de atuação. rente da experiência total do trabalho. De fato, a aceitação das
Sempre que houver conflito entre um interesse individual diretrizes e comandos de um líder apoia-se muito nas expecta-
e um interesse público coletivo, deve prevalecer o interesse pú- tivas dos liderados de que suas respostas favoráveis os levarão
blico. São as prerrogativas conferidas à Administração Pública, a bons resultados. Nesse caso, o líder serve ao grupo como um
porque esta atua por conta de tal interesse. Com efeito, o exa- instrumento para ajudar a alcançar objetivos.
me do princípio é predominantemente feito no caso concreto,
analisando a situação de conflito entre o particular e o interesse Teorias sobre Liderança
público e mensurando qual deve prevalecer. Teorias de Traços de Personalidade
As mais antigas teorias sobre liderança se preocupa-
vam em identificar os traços de personalidade capazes de
3. GESTÃO DE PESSOAS: OS PROCESSOS DE caracterizar os líderes. O pressuposto era que se poderia
GESTÃO DE PESSOAS; LIDERANÇA encontrar um número finito de características pessoais, in-
telectuais, emocionais e físicas que identificassem os líde-
E TIPOS DE PODER;
res de sucesso, como:
• Habilidade de interpretar objetivos e missões;
• Habilidade de estabelecer prioridades;
Uma característica essencial das organizações é que elas • Habilidade de planejar e programar atividades da
são sistemas sociais, com divisão de tarefas. É aí que entra o con- equipe;
ceito de Gestão de Pessoas! Gestão de Pessoas é um modelo • Facilidade em solucionar problemas e conflitos;
geral de como as organizações se relacionam com as pessoas. • Facilidade em supervisionar e orientar pessoas;
Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há • Habilidade de delegar responsabilidades para os
na organização também o subsistema técnico. A interação da outros.
gestão de pessoas com outros subsistemas, especialmente o As críticas à teoria de traços de personalidade residem
técnico, envolve alinhar objetivos organizacionais e individuais. em dois aspectos principais. O primeiro é que as caracterís-
A gestão de pessoas é uma das áreas que mais tem sofrido ticas de personalidade são geralmente medidas de maneira
mudanças e transformações nos últimos anos. pouco precisa. O segundo é que essa teoria não considera
Profissionais capazes de liderar, de exercer poder e influên- a situação dentro da qual atua a liderança, ou seja, os ele-
cia sobre as pessoas, fazem a diferença para muitas organiza- mentos do ambiente que são importantes para determinar
ções. É uma atividade que, se bem feita, mantém a saúde das quem será um líder eficaz. Alguns traços de personalidade
relações entre os indivíduos. Por isso, é muito importante essa são importantes em certas situações, mas não em outras.
atenção dada aos fundamentos da psicologia. Um líder de empresa pode ser o último a falar em casa.
A liderança não deve ser confundida com direção nem Muitas vezes é a situação que define um líder. Quando a
com gerência. Um bom administrador deve ser necessariamen- situação se modifica, a liderança passa para outras mãos.
te um bom líder. Por outro lado, nem sempre um líder é um
administrador. Na verdade, os líderes devem estar presentes

21
LÍNGUA PORTUGUESA

Teoria Sobre Estilos de Liderança gulamentos vigentes. Porém, na medida em que se adota um
Um dos mais populares expoentes da teoria comporta- modelo adaptativo, a teoria Y torna-se imprescindível para
mental, Douglas McGregor, publicou um livro clássico, em o sucesso organizacional. Contudo, independentemente do
que procura mostrar com simplicidade que cada adminis- modelo organizacional, o mundo moderno está abandonan-
trador possui uma concepção própria a respeito da natureza do a teoria X e trocando-a definitivamente pela teoria Y.
das pessoas que tende a moldar o seu comportamento em
relação aos subordinados. Ele chegou à conclusão de que há Comportamentos de Liderança
duas maneiras diferentes e antagônicas de encarar a nature- A abordagem comportamental tenta identificar o que
za humana. Uma delas é antiga e negativa, baseada na des- fazem os líderes. Os líderes devem concentrar-se em fazer
confiança nas pessoas. A outra é moderna e positiva, baseada com que as tarefas sejam cumpridas ou em manter seus se-
na confiança nas pessoas. McGregor denominou-as, respec- guidores felizes? Na abordagem comportamental, as carac-
tivamente, Teoria X e Teoria Y. terísticas pessoais são consideradas menos importantes que
o real comportamento exibido pelos líderes.
Teoria X Três categorias gerais do comportamento de liderança
O administrador que pensa e age de acordo com a Teo- receberam atenção particular: comportamentos relacionados
ria X tende a dirigir e controlar os subordinados de maneira ao desempenho de tarefas, à manutenção do grupo e à parti-
rígida e intensiva, fiscalizando seu trabalho, pois considera cipação do empregado nas tomadas de decisão.
que as pessoas são passivas, indolentes, relutantes e sem
qualquer iniciativa pessoal. Nesse estilo de liderança, o ad- Desempenho de Tarefas
ministrador pensa que não se deve confiar nas pessoas, por- A liderança exige fazer com que as tarefas sejam desem-
que elas não têm ambição e evitam a responsabilidade. Ele penhadas. Os comportamentos de desempenho de tarefas
não lhes delega responsabilidades porque acredita que elas são os esforços do líder para garantir que a unidade de tra-
são dependentes e preferem ser dirigidas. Com todas essas balho ou a organização atinjam suas metas. Essa dimensão é
restrições, o administrador cria um ambiente autocrático de às vezes mencionada como preocupação com produção, lide-
trabalho, uma atitude de desconfiança, vigilância e controle rança diretiva, estrutura iniciadora ou proximidade de super-
coercitivo que não estimula ninguém a trabalhar. Pessoas tra- visão. Inclui o enfoque na velocidade, qualidade e precisão do
tadas dessa maneira tendem naturalmente a responder com trabalho, quantidade de produção e na obediência às regras.
falta de interesse e de estímulo, alienação, desencorajamen-
to, pouco esforço pessoal e baixa produtividade, situação Manutenção do Grupo
que vai reforçar o ponto de vista do administrador, fazendo-o Ao exibir o comportamento de manutenção do grupo,
aumentar ainda mais a pressão, a vigilância e a fiscalização. A os líderes agem para garantir a satisfação dos membros do
ação constrangedora do administrador provoca reação aco- grupo, para desenvolver e manter relações harmoniosas de
modada das pessoas. Quanto mais ele obriga, tanto mais elas trabalho e preservar a estabilidade social do grupo. Essa di-
tendem a se alienar em relação ao trabalho. mensão é algumas vezes chamada de preocupação com as
pessoas, liderança de apoio ou consideração. Inclui enfoque
Teoria Y nos sentimentos e no bem-estar das pessoas, apreciação por
Já o administrador que pensa e age de acordo com a elas e redução do estresse.
teoria Y, tende a dirigir as pessoas com maior participação,
liberdade e responsabilidade no trabalho, pois considera Líderes positivos e negativos
que elas são aplicadas, gostam de trabalhar e têm iniciativa Existem diferenças entre maneiras pelas quais os líderes
própria. Ele tende a delegar e a ouvir opiniões, pois acredi- focalizam a motivação das pessoas. Se o enfoque enfatiza
ta que as pessoas sejam criativas e habilidosas. Compartilha recompensas – econômicas ou outras – o líder usa a lideran-
com elas os desafios do trabalho, porque pensa que elas são ça positiva. Quanto melhor for a educação do empregado,
capazes de assumir responsabilidades, com autocontrole e maior é a sua solicitação de independência, e outros fatores
autodireção no seu comportamento. Esse estilo de adminis- trabalham a favor da motivação, mais dependente da lide-
trar tende a criar um ambiente democrático de trabalho e rança positiva. Se a ênfase é colocada em penalidades, o líder
oportunidades para que as pessoas possam satisfazer suas está se utilizando da liderança negativa. Este enfoque pode
necessidades pessoais mais elevadas através do alcance conseguir um desempenho aceitável em suas situações, mas
dos objetivos organizacionais. Pessoas que trabalham com tem custos humanos altos. Líderes de estilo negativo agem
respeito, confiança e participação tendem a responder com de forma a dominarem e serem superiores às pessoas. Para
iniciativa, prazer em trabalhar, dedicação, envolvimento pes- conseguirem que um trabalho seja feito, eles submetem o
soal, entusiasmo e elevada produtividade em seu trabalho. seu pessoal a personalidades tais como perda do emprego,
A situação impulsionadora do administrador provoca uma reprimendas frente a outros e descontos de dias trabalhados.
reação empreendedora das pessoas. Quanto mais ele impul- Exibem sua autoridade a partir da falsa crença que podem
siona, tanto mais elas tendem a tomar iniciativa e responsa- amedrontar todos para que atinjam a produtividade. Eles são
bilidade no trabalho. mais chefes do que líderes. Existe um contínuo de estilo de li-
Onde se situar? Qual o estilo de liderança a adotar? Essa derança que classifica desde o fortemente positivo até o for-
questão é simples. Em um modelo burocrático, provavelmen- temente negativo. Quase todos os gerentes usam ambos os
te a teoria X seria a mais indicada como estilo de liderança estilos indicados em algum lugar do contínuo todos os dias,
para submeter rigidamente todas as pessoas às regras e re- mas o estilo dominante deve afirmar-se com o grupo. O esti-

22
LÍNGUA PORTUGUESA

lo está relacionado com o modelo de comportamento orga- Na liderança democrática ou participativa, o líder traba-
nizacional da pessoa. O modelo autocrático tende a produzir lha e toma decisões em conjunto com os subordinados, ou-
o estilo chamado de negativo, o modelo protetor é de algu- vindo, orientando e impulsionando os membros.
ma forma positivo; e os modelos de apoio ou corporativo são Grupos com líder democrático. Os indivíduos convivem
claramente positivos. A liderança positiva geralmente atinge amigavelmente. Há mais atitudes amistosas e ligadas às tare-
níveis mais altos de satisfação no trabalho e desempenho. fas. As relações com o chefe são mais espontâneas e livres. O
trabalho progredia de maneira suave e espontânea, mesmo
Líderes autocráticos quando o chefe está ausente. Sob frustrações, originadas na
O líder centraliza totalmente a autoridade e as decisões. situação de trabalho, responde o grupo através de ataques
Os subordinados não têm nenhuma liberdade de escolha. O organizados às dificuldades.
líder autocrático é dominador, emite ordens e espera obe-
diência plena e cega dos subordinados. Os grupos subme- Líderes liberais
tidos à liderança autocrática apresentaram o maior volume Os líderes liberais ou rédeas soltas evitam o poder e a
de trabalho produzido, com evidentes sinais de tensão, frus- responsabilidade. Eles dependem muito do grupo, quanto
tração e agressividade. O líder é temido pelo grupo, que só ao estabelecimento dos seus próprios objetivos e resolução
trabalha quando ele está presente. A liderança autocrática dos seus próprios problemas. São os membros do grupo
enfatiza somente o líder. O líder autocrático é tipicamente que treinam a si mesmos e promovem suas próprias motiva-
negativo, baseia suas ações em ameaças e punições: mas ções. O líder tem apenas um papel secundário. Na lideran-
também podem ser positivos, como foi demonstrado no ça do tipo rédeas soltas a contribuição do líder é ignorada
caso de um autocrata benevolente que faz escolhas para dar aproximadamente da mesma forma que na liderança do tipo
algumas recompensas a seus subordinados. autocrática o líder ignora o grupo. Essa forma de lideran-
Algumas vantagens do estilo de liderança autocrática ça tende a permitir que diferentes unidades da organização
é que ele geralmente satisfaz como líder, favorece decisões elaborem objetivos cruzados, e que pode degenerar num
rápidas, utiliza favoravelmente os subordinados menos com- caos. Por essa razão normalmente não é usada como um
petentes, oferecendo segurança e base estruturais para os estilo dominante, mas mostra-se útil naquelas situações nas
empregados. A maior desvantagem é que a maioria dos su- quais o líder pode deixar as escolhas inteiramente por conta
bordinados não gosta desse estilo, especialmente se for usa- do grupo.
do de maneira extrema a ponto de criar medo e frustração. O líder permite total liberdade para a tomada de de-
Na liderança autocrática, o líder centraliza o poder e cisões individuais ou grupais, participando delas apenas
mantém o controle de tudo e de todos em suas mãos. quando solicitado pelo grupo. O comportamento do líder
Grupos com líder autoritário. Tendia a ser mais agressivo é evasivo e sem firmeza. Os grupos submetidos à liderança
e briguento. Quando se exprimia a agressão, esta tendia a liberal não se saíram bem, nem quanto à quantidade nem
ser dirigida aos outros membros do grupo e não ao líder. quanto à qualidade do trabalho, com fortes sinais de indivi-
Alguns indivíduos passaram a depender completamente do dualismo, desagregação do grupo, insatisfação, agressivida-
líder e só trabalhavam quando ele estava presente. Quando
de e pouco respeito ao líder. O líder é ignorado pelo grupo.
o líder se afastava do grupo, o trabalho não progredia com a
A liderança liberal enfatiza somente o grupo.
mesma intensidade. Nas frustrações, esses grupos tendem a
Na liderança liberal, o líder omite-se e deixa a situação
se dissolver, através de recriminações e acusações pessoais.
fluir à vontade, sem intervir ou mudar o rumo dos aconte-
cimentos.
Líderes democráticos
Grupos com líder permissivo. O trabalho progredia de-
Os líderes participativos ou democráticos descentralizam
a autoridade. As decisões participativas não são unilaterais, sordenadamente e pouco. Embora houvesse considerável
como no caso do estilo autocrata, pois elas saem da consulta atividade, a maior parte dela era improdutiva. Perdeu-se um
aos subordinados, bem como de sua participação. O líder e tempo considerável em discussões e conversas sobre assun-
seus subordinados atuam como uma unidade social. Os em- tos meramente pessoais entre os componentes do grupo.
pregados são informados sobre as condições que afetam seu Um líder usa todos três tipos de estilos durante um pe-
trabalho e encorajados a expressar suas ideias, bem como a ríodo de tempo, mas um deles tende a ser dominante. Os
fazer sugestões. A tendência geral é no sentido de ampliar pesquisadores notaram diferença na atmosfera de trabalho,
o uso das práticas participativas, pois elas são consistentes no comportamento dos elementos do grupo e nas realiza-
com os modelos de apoio colegiado do comportamento or- ções no desempenho dos três grupos.
ganizacional.
O líder é extremamente comunicativo, encoraja a partici- Como um Líder Deve Agir
pação das pessoas e se preocupa igualmente com o trabalho A gestão situacional é a habilidade de mudar a situação,
e com o grupo. O líder atua como um facilitador para orientar quando for necessário. E para realizar essa mudança, deve o
o grupo, ajudando-o na definição dos problemas e nas so- líder ter uma variedade de comportamentos para adaptar-se
luções, coordenando atividades e sugerindo ideias. Os gru- à situação. Esse fato chama-se residência de estilo, que é a
pos submetidos à liderança democrática apresentaram boa capacidade de manter um estilo adequado a cada situação.
quantidade de trabalho e qualidade surpreendentemente Já o repertório de estilos consiste na habilidade do ge-
melhor, acompanhadas de um clima de satisfação, integração rente (ou líder) em variar seu próprio estilo básico de com-
grupal, responsabilidade e comprometimento das pessoas. portamento.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Comportamento do líder 1. Elaboração das políticas de recrutamento; 


As pesquisas sobre liderança levaram os psicólogos a obser- 2. Organização do recrutamento, delegação de autorida-
var duas estruturas gerais de comportamento do líder. Vejamos: de e responsabilidade apropriadas a essa função; 
• Líder orientado para a tarefa (OT). Dentro dessa es- 3. Listagem dos requisitos necessários à força de trabalho; 
trutura de comportamento, o líder (gerente) dirige os seus es- 4. Utilização de meios e técnicas para atrair; 
forços e o de seus subordinados para a tarefa, visando iniciar, 5. Avaliação do programa de recrutamento, em função
organizar e dirigir um trabalho. dos objetivos e dos resultados alcançados.
• Líder orientado para as relações interpessoais (OR).
O gerente (líder) voltado para essa orientação tem relações Processo de recrutamento
pessoais mais amplas no trabalho, caracterizado por ouvir, O recrutamento envolve um processo que varia conforme
confiar e encorajar. a organização. O órgão de recrutamento não tem autoridade
Baseado nessa orientação, Reddin propôs quatro combi- para efetuar qualquer atividade de recrutamento sem a devi-
nações de estilos de liderança. da tomada de decisão por parte do órgão que possui a vaga a
• Líder separado: Esse estilo de liderança dá ao geren- ser preenchida. O recrutamento de pessoal é oficializado atra-
te baixa orientação para o trabalho e pouca orientação para vés de uma ordem de serviço denominada como requisição
as relações humanas. de pessoal. Quando o órgão de recrutamento a recebe, veri-
• Líder relacionado: Tem apenas alta orientação para fica se existe algum candidato adequado disponível nos seus
as relações humanas. arquivos; caso contrário, deve recrutá-lo através das técnicas
• Líder integrado: Possui uma elevada orientação para de recrutamento.
o trabalho e também interesses altos; é voltado para as rela-
ções humanas. Meios de recrutamento
• Líder dedicado: Tem apenas alta orientação para o Verificou-se que as fontes de recrutamento são áreas do
trabalho. mercado de recursos humanos exploradas pelos mecanismos
de recrutamento. O mercado de recursos humanos apresenta
fontes diversificadas que devem ser diagnosticadas e locali-
RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS; zadas pela empresa. Deste modo, ela passa a influencia-las
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO; através de uma multiplicidade de técnicas de recrutamento,
visando atrair candidatos para atender às suas necessidades.
Verificamos também que o mercado de recursos humanos é
constituído por um conjunto de candidatos que podem ser
Recrutamento e Seleção: técnicas e processo decisório empregados (a exercer atividades noutra empresa) ou dis-
O recrutamento é um conjunto de técnicas e procedimen- poníveis (desempregados). Os candidatos empregados ou
tos que visam atrair candidatos potencialmente qualificados, ca- disponíveis podem ser reais (que estão à procura ou querem
pazes de assumirem cargos dentro da organização. É como um mudar de emprego) ou potenciais (que não estão interessa-
sistema de informação, através do qual a organização divulga e dos em procurar emprego). Daí existirem dois meios de recru-
oferece ao mercado de recursos humanos as oportunidades de tamento: o interno e o externo.
emprego que pretende preencher. O recrutamento é uma ativi-
dade que tem por objetivo imediato atrair candidatos que, na Recrutamento interno
fase de seleção serão apontados como adequados ou não para Diz-se que o recrutamento é interno quando uma de-
a vaga disponível, o que leva a afirmação de que o recrutamento terminada empresa, para preencher uma vaga, aproveita o
é uma atividade de comunicação com o ambiente externo. potencial humano existente na própria organização. A razão
Fontes de recrutamento deste aproveitamento prende-se, muitas vezes, com promo-
As fontes de recrutamento representam os alvos específi- ções, programas de desenvolvimento pessoal, planos de car-
cos sobre os quais irão incidir as técnicas de recrutamento. Para reira e transferências. Para isso, algumas questões devem ser
melhor identificar as fontes de recrutamento (dentro dos requi- levadas em consideração:
sitos que a organização irá exigir aos candidatos), são possíveis Resultados das avaliações de desempenho do candidato
dois tipos de pesquisa: a pesquisa externa e a pesquisa interna. interno; 
Pesquisa externa - verificar o que o mercado tem a ofe- Análise e descrição do cargo atual do candidato interno
recer, onde está o candidato ideal para suprir essa deficiência e comparação com a análise e descrição do cargo que se está
na organização. Relaciona-se com a elaboração de uma pes- a pensar ocupar;
quisa do mercado de recursos humanos, de modo a poder Planos de carreira de pessoal para se verificar qual a tra-
segmentá-lo, para facilitar a sua análise. jetória mais adequada para o ocupante do cargo em questão; 
Pesquisa interna – Aqui faz-se o desenho do cargo, ou seja: Condições de promoção do candidato interno, para saber
Descrição – o que o funcionário vai fazer se este tem um substituto preparado para o seu lugar; 
Análise – o que ele tem que ter Resultados obtidos pelo candidato interno nos testes de
Corresponde a uma pesquisa sobre as necessidades da seleção no momento da sua entrada na organização; 
organização em relação aos recursos humanos e quais as po- 6. Resultados dos programas de formação, caso tenha fei-
líticas que a organização pretende adaptar em relação ao seu to, do candidato interno.
pessoal. Esta pesquisa, geralmente, envolve a: 

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LÍNGUA PORTUGUESA

Vantagens do recrutamento interno Recrutamento externo


O recrutamento interno constitui uma transferência de O recrutamento é externo quando, havendo uma deter-
recursos humanos dentro da própria organização. As princi- minada vaga, a organização tenta atrair os talentos dispo-
pais vantagens deste tipo de recrutamento são:  níveis no mercado através de técnicas de recrutamento. As
1. Maior rapidez: evita as demoras frequentes no recruta- técnicas de recrutamento são os métodos através dos quais
mento externo, como por exemplo, a colocação de anúncios, a organização divulga a existência de uma oportunidade de
a espera de respostas e ainda a demora natural do próprio trabalho junto às fontes de recursos humanos mais adequa-
processo de admissão;  das. O que vai definir as técnicas são as fontes de recrutamen-
2. Mais econômico para a empresa: evita os custos ine- to e as qualificações. O recrutamento externo incide sobre
rentes ao processo do recrutamento externo, custos de ad- candidatos reais ou potenciais, disponíveis ou em situação
missão do novo candidato e os custos relacionados com a de emprego e pode envolver uma ou mais técnicas de recru-
integração do novo colaborador;  tamento. As principais técnicas de recrutamento externo são: 
3. Aproveita os investimentos da empresa em formação 1. Consulta de bases de dados: os candidatos que te-
do pessoal: o que, por vezes, só tem retorno quando o cola- nham enviado o seu currículo para uma organização e não
borador passa a ocupar cargos mais complexos;  tenham sido considerados em recrutamentos anteriores, têm
4. Apresenta maior índice de segurança: o candidato é a sua candidatura devidamente arquivada no órgão de recru-
conhecido, a empresa tem a sua avaliação de desempenho, tamento e podem ser chamados a qualquer momento para
dispensa-se a integração na organização e, por vezes, não ne- um processo de seleção. A organização deve estimular a vin-
cessita de período experimental;  da de candidaturas espontâneas, para garantir um stock de
5. É uma fonte de motivação para os colaboradores: por- candidatos para qualquer eventualidade. Considera-se esta
que possibilita o crescimento dentro da organização. Quando técnica a que acarreta menores custos para a organização,
uma empresa desenvolve uma política consistente de recruta- uma vez que elimina a necessidade de colocar anúncios, tor-
mento interno estimula os seus colaboradores a um constan- nando-a, por isso mesmo, numa das mais rápidas; 
te autoaperfeiçoamento, no sentido de estes depois estarem 2. Boca a boca: apresentação do candidato a partir de
um colaborador. Desta forma, a organização faz com que o
aptos a ocupar cargos mais elevados e complexos; 
colaborador se sinta prestigiado pelo fato da organização
6. Cria uma competição salutar entre o pessoal: uma vez
considerar as suas recomendações, ao apresentar um ami-
que as oportunidades serão oferecidas aqueles que realmen-
go ou conhecido e, dependendo da forma como o processo
te as merecerem.
é conduzido, o colaborador torna-se coresponsável junto à
empresa pela sua admissão. É também uma técnica de baixo
Desvantagens do recrutamento interno
custo, alto rendimento e baixa morosidade; 
1. A organização pode estagnar, perdendo criatividade e
3. Cartazes ou anúncios na portaria da empresa: é uma
inovação;  técnica de baixo custo, mas cuja eficácia nos resultados de-
2. Se a organização não oferecer as oportunidades de pende de uma série de fatores, como a localização da empre-
crescimento no momento certo, corre-se o risco de defrau- sa, a proximidade das fontes de recrutamento, a proximidade
dar as expectativas dos colaboradores e, consequentemente, de movimento de pessoas, facilidade de acesso. É uma téc-
podem-se criar estados de desinteresse, apatia e até levar à nica que espera que o candidato vá até ela. Normalmente, é
demissão;  utilizada para funções de baixo nível; 
3. Pode gerar conflitos de interesses entre pessoas que 4. Anúncios em jornais e revistas: é considerada uma das
estão em pé de igualdade para ocupar o mesmo cargo;  técnicas de recrutamento que atrai mais candidatos à orga-
4. Pode provocar nos colaboradores menos capazes, nor- nização. Porém, é mais quantitativa, uma vez que se dirige ao
malmente em cargos de chefia, um sentimento de inseguran- público em geral e a sua discriminação depende da objetivi-
ça que poderá fazer com que estes sufoquem o desempenho dade do anúncio; 
e aspirações dos subordinados, a fim de evitarem futura con- 5. Contactos com sindicatos e associações de classe: tem
corrência;  a vantagem de envolver outras organizações no processo
5. Quando administrado incorretamente, pode levar à si- de recrutamento sem que isso traga à organização qualquer
tuação denominada de Principio de Peter, segundo o qual as tipo de encargos; 
empresas, ao promoverem incessantemente os seus colabo- 6. Contactos com centros de emprego; 
radores, elevam-nos sempre à posição onde demonstram o 7. Contactos com universidades, associações de estu-
máximo da sua incompetência; ou seja, à medida que um co- dantes, escolas e centros de formação profissional, no sen-
laborador demonstra competência num determinado cargo, tido de divulgar as oportunidades oferecidas pela empresa; 
a organização, a fim de premiar o seu desempenho, promo- 8. Conferências em universidades e escolas: no sentido
ve-o sucessivamente até ao cargo em que o colaborador por de promover a empresa: para tal, há uma apresentação da
se mostrar incompetente, estagnará, uma vez que o sistema organização, em que esta fala dos seus objetivos, da sua es-
jurídico-laboral não permite que o colaborador retome à sua trutura e das políticas de emprego; 
posição anterior;  9. Viagens de recrutamento a outras localidades: quando o
6. Não pode ser feito em termos globais dentro da orga- mercado de recursos humanos local está bastante explorado, a
nização: uma vez que o recrutamento interno só pode ser efe- empresa pode recorrer ao recrutamento em outras cidades ou
tuado à medida que o candidato interno tenha, a curto prazo, outras localidades. Neste caso o técnico de recrutamento dirige-se
condições de igualar a performance do antigo ocupante. ao local em questão e anuncia através da rádio e imprensa local; 

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LÍNGUA PORTUGUESA

10. Contatos com outras empresas que atuam no mesmo Independente da estratégia ou tipo de recrutamento e se-
mercado, em termos de cooperação mútua: estes contatos in- leção utilizados é necessário estar atento aos erros de avaliação
terempresas chegam a formar cooperativas de recrutamento;  que frequentemente são observados, tais como:
11. Agências de recrutamento: estas agências estão a pro-
liferar, no sentido de prestar serviços de recrutamento e se- Efeito Halo - Ato de beneficiar o candidato (gostou do candidato)
leção a pequenas, médias e grandes empresas. Estão aptas a Efeito Horn - Ato de prejudicar o candidato (não gostou dele)
recrutar e selecionar candidatos independentemente das suas Recenticidade - O que importa são os últimos fatos
qualificações. Ou seja, ao contrário de outras técnicas, esta per- Avaliação Congelada - A primeira impressão é a que fica
mite recrutar candidatos não só de baixo nível, mas também Tendencia Central - Intermediário, todos são bons.
altamente qualificados. Torna-se, então uma das técnicas mais Identificação - Espelho, o candidato é parecido comigo.
caras, embora seja compensada pelos fatores tempo e rendi-
mento. Na maior parte das vezes, as técnicas de recrutamento Desenvolvimento e Treinamento de pessoal: levanta-
são utilizadas conjuntamente, pois o processo de recrutamento mento de necessidades, programação, execução e avaliação.
tem que ter em conta a relação custo/rapidez. Assim, o custo Recrutar é atrair pessoas. É uma forma preliminar, inicial, de
de recrutamento aumenta à medida que se exige maior rapidez agregar pessoas à organização. É uma comunicação, emitida pela
no recrutamento e seleção dos candidatos. organização, para as pessoas, a respeito das vagas em aberto na
organização. Seleção, por sua vez, é uma etapa posterior. A sele-
Vantagens do recrutamento externo ção é uma espécie de filtro: é a etapa em que a organização utiliza
1. Traz sangue novo e experiências novas à organização: a instrumentos concretos para avaliar e classificar os candidatos.
entrada de recursos novos na organização impulsiona novas Os processos de recrutamento e seleção podem ser in-
ideias, novas estratégias, diferentes abordagens dos problemas ternos, quando são voltados para as pessoas que já trabalham
internos da organização; para a organização; ou externos, quando buscam atrair para
2. Permite munir a empresa com quadros técnicos com for- a organização pessoas que ainda não são colaboradoras dela.
mação no exterior: isto não significa que, a partir da admissão, O processo decisório, na contratação de pessoas, não é
feito apenas pela área de gestão de pessoas. O processo é con-
não tenha que investir em formação com esse candidato, mas
duzido em parceria, tanto pela área que quer preencher a vaga
o que é certo é que vai usufruir de imediato do retorno dos
quanto pela unidade de gestão de pessoas. A decisão final a
investimentos efetuados pelos outros; 
respeito da contratação cabe à área que quer preencher a vaga.
3. Renova e enriquece os recursos humanos da organiza-
Existem diversas técnicas de seleção, tais como entrevistas,
ção;
provas de conhecimento, testes psicológicos, técnicas viven-
4. Evita conflitos entre pessoas que fazem parte da mesma
ciais e análise de currículo. No caso de concursos públicos, a di-
organização: no caso de, por exemplo, duas pessoas estarem
vulgação do edital corresponde ao recrutamento, enquanto as
aptas a ocupar o mesmo cargo e a organização escolher uma provas de conhecimento e de títulos correspondem à seleção.
delas, pode desencadear na rejeitada um sentimento de injus- Treinamento é voltado para as competências relaciona-
tiça e provocar um conflito grave. das a tarefas e atividades do trabalho atual. São ações bastante
específicas, voltadas para o curto ou médio prazo. Programas
Desvantagens do recrutamento externo de treinamento são desenhados em função das necessidades
1. É um processo mais demorado do que o recrutamen- atuais da organização.
to interno: porque temos de considerar o tempo despendido Desenvolvimento é um conceito mais geral. Ele refere-se
com a escolha das técnicas mais adequadas, com as fontes de a competências mais gerais, não necessariamente relacionadas
recrutamento, com a atração dos candidatos, com a seleção, os ao trabalho atual. Tem forte vínculo com a carreira do indivíduo,
exames médicos, com possíveis compromissos do candidato a com o crescimento do indivíduo, ou seja, ele pode desenvolver
outra organização e com o processo de admissão. competências que hoje ainda não utiliza. São ações educacio-
2. Desmotiva as pessoas que trabalham na organização: nais voltadas para o futuro do indivíduo.
os funcionários podem, em determinados casos, ver o recru- Educação tem um horizonte temporal maior, de médio e
tamento externo como uma política de deslealdade para com longo prazo. É um conceito abrangente, que, na nossa vida,
eles;  pode se referir a qualquer processo de aprendizado, mas que,
3. Cria distorções ao nível salarial: porque quem vem de no contexto profissional, refere-se a competências futuras. Edu-
novo, normalmente vem ganhar mais do que aquele que já cação tem a ver com a necessidade de aprendizado contínuo.
está há mais tempo na organização e a desempenhar a mesma
função, o que pode levar ao aumento dos salários em geral, Levantamento de necessidades, programação, exe-
para evitar grandes disparidades; cução e avaliação.
4. É mais caro: exige despesas imediatas com anúncios, jor- As organizações organizam as ações de Treinamento,
nais, agências de recrutamento;  Desenvolvimento e Educação (TD&E) em um ciclo compos-
5. É menos seguro do que o recrutamento interno: dado to de quatro etapas.
que os candidatos são desconhecidos: apesar das técnicas de A primeira etapa é o levantamento de necessidades de
seleção, muitas vezes a empresa não tem condições de confir- treinamento. Consiste em avaliar as lacunas (diferenças)
mar as qualificações do candidato; daí submeter o candidato a entre as competências atualmente existentes e as compe-
um período experimental, precisamente pela insegurança da tências necessárias, obtíveis por treinamento. O gap ou di-
empresa relativamente ao processo de recrutamento e seleção. ferença seriam justamente as necessidades.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A segunda etapa, denominada programação, consiste A conceituação de treinamento apresenta significados


na elaboração do planejamento instrucional. O planeja- diferentes e assim, diversos autores têm apresentado defi-
mento instrucional é a etapa na qual as ações educacionais nições com relação ao treinamento. De acordo com Chia-
são formatadas. Inclui a definição dos objetivos instrucio- venato quase sempre o treinamento tem sido entendido
nais, estratégias de ensino, estratégias de avaliação, plane- como o processo pelo qual a pessoa é preparada para de-
jamento e produção de materiais didáticos etc. sempenhar de maneira excelente as tarefas específicas do
Finalmente, temos a terceira etapa, a execução. É quan- cargo que deve ocupar. Modernamente, o treinamento é
do a ação de TD&E efetivamente ocorre. Para que a apren- considerado um meio de desenvolver competências nas
dizagem ocorra, a execução requer uma série de atividades pessoas para que elas se tornem mais produtivas, criativas
pedagógicas e logísticas. e inovadoras, a fim de contribuir melhor para os objetivos
Finalmente, temos a avaliação, que é o fechamento do organizacionais.
ciclo. Nesta etapa, são avaliados os resultados obtidos pela Ainda segundo Chiavenato “treinamento é o processo
ação educacional. A avaliação se dá em diversos níveis: educacional de curto prazo aplicado de maneira sistemá-
Avaliação de reação: nível mais imediato que busca tica e organizada, através do qual as pessoas aprendem
avaliar as opiniões e satisfações dos participantes acerca conhecimentos, atitudes e habilidades em função de ob-
do treinamento; jetivos definidos”.
Avaliação de aprendizagem: verifica a diferença nos re- Há uma diferença entre treinamento e desenvolvimen-
pertórios, conhecimentos e capacidades dos participantes to de pessoas. Embora os seus métodos sejam similares
antes e depois dos treinamentos; para afetar a aprendizagem, a sua perspectiva de tempo é
Avaliação de transferência ou impacto: realizada alguns diferente. 
meses após o final do treinamento, verifica se houve mu- Ambos, treinamento e desenvolvimento (T&D), consti-
dança de comportamento dos indivíduos após o treina- tuem processos de aprendizagem por isso que Chiavenato
mento. afirma que
Mudança organizacional: verifica se houve alterações segundo a base primordial para o atingimento dos
em processos de trabalho, indicadores duros, estrutura or- objetivos de uma instituição, começa pelo treinamento e
ganizacional ou outras mudanças na organização, decor- desenvolvimento das pessoas. Tende-se a investir pesada-
rentes do treinamento. mente em treinamentos para obter um retomo garantido.
Valor final: Último nível da avaliação e verifica a contri- Treinamento não é uma simples despesa, mas um precioso
buição do treinamento para os objetivos mais importantes investimento seja na organização ou nas pessoas. Isto é,
da organização traz benefícios diretos. Antigamente, alguns especialistas
Muitas empresas tem investido cada vez mais em pro- em RH consideravam o treinamento um meio para ade-
gramas de treinamentos e desenvolvimento de funcioná- quar cada pessoa ao seu cargo, recentemente mudou este
rios, a ideia é aprimorar o potencial e a capacidade dos conceito, considerando um meio para alcançar o desempe-
funcionários, e abrir novas oportunidades dentro da em- nho no cargo. Quase sempre treinamento é compreendido
presa. As organizações contemporâneas têm sido levadas como o processo pelo qual as pessoas vão desenvolver de
à modernização e/ou adequação ao novo contexto produ- maneira excelente as tarefas específicas dos cargos.
tivo por diferentes caminhos, seja pela via tecnológica, seja Assim, acredita-se que através de um treinamento vi-
pela via gerencial diferentes mecanismos e/ou ferramentas sando o desenvolvimento das pessoas nas organizações
são utilizados, em um esforço voltado à eficácia na utiliza- os resultados serão satisfatórios tanto para os indivíduos
ção dos recursos produtivos visando, em última instância a como para as organizações.
melhor adequação das pessoas ao local de trabalho.
A capacitação dos funcionários é inegavelmente a res- Benefícios são as vantagens oferecidas ao profissio-
ponsável hoje, pelo sucesso organizacional. Assim, as orga- nal, com o intuito de estimulá-lo, de aumentar sua moti-
nizações têm que estar “preocupadas” com o treinamento vação, em alguns casos essas vantagens são totalmente
e desenvolvimento das pessoas envolvidas em sua empre- subsidiadas pelas organizações, em outros esse subsidio é
sa para que tenham sempre um segmento adequado. parcial, em alguns não se trata de valores financeiros, mas
Com base no contexto atual das empresas e nos de- sim de ambientes, investimentos na qualidade do trabalho,
safios que as pessoas enfrentam no desempenho de suas nas possibilidades de crescimento, enfim, tudo aquilo que
funções, decidiu-se pesquisar as competências requeridas agrega valor à remuneração do colaborador.
aos funcionários para atuarem nos setores da organização,  O conceito de benefícios sociais está relacionado com
para a partir daí propor treinamentos nas áreas adequadas. o conceito de responsabilidade social, conceito esse cada
Nos últimos anos as organizações, cada vez mais cons- vez mais difundido entre as organizações.
cientes de que seu sucesso será determinado pela quali- Abaixo três níveis de aplicabilidade dos benefícios:
ficação de seus empregados passaram a atribuir maior No exercício do cargo (como gratificações, seguro de
relevância à gestão estratégica de pessoas principalmente vida, prêmios de produção etc.); 
no que diz respeito ao desenvolvimento de competências Fora do cargo, mas dentro da organização (lazer, refei-
humanas ou profissionais. tório, cantina, transporte etc.); 
Assim, o treinamento do funcionário passou a ser as- Fora da empresa, ou seja, na comunidade (recreação,
sunto de interesse das organizações.  atividades comunitárias etc.);

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LÍNGUA PORTUGUESA

Esses benefícios possuem características conforme o Atualmente, torna-se de suma importância a necessi-
tipo, temos por exemplo, aqueles benefícios que são insti- dade de descentralização, a participação de todos os ges-
tuídos pela própria lei (benefícios legais ou financeiros), por tores de áreas no sentido de valorizar e contribuir com os
exemplo, salário, férias, aposentadoria, horas extras, 13º objetivos dos treinamentos, só assim, estes serão alcança-
terceiro salário, adicionais de periculosidade e insalubrida- dos de forma mais eficaz.
de, etc. Temos ainda aqueles valores agregados no aspecto Também devemos considerar que a aprendizagem de
financeiro que são de escolha da organização, como as co- adultos é diferente, pois deve levar em consideração os co-
missões por exemplo. Se falando ainda nos tipos de benefí- nhecimentos já adquiridos e o fato de que o adulto tem
cios, não podemos nos esquecer daqueles oferecidos pelas uma tendência a atualização, no sentido de estar sempre
organizações por livre vontade, como gratificações, refei- buscando a concretização de suas potencialidades, o enri-
ção, transporte, auxílios e assistências. O que observamos quecimento amplo de sua vida, no campo do saber, do po-
é que esses benefícios buscam trazer uma condição de tra- der, do fazer, do ter, do sentir-se gratificado por suas con-
balho tanto dentro da empresa, como na sociedade onde quistas. Nessa busca, o adulto orienta seus esforços para
ela está inserida, proporcionando a todos os envolvidos um atingir objetivos específicos, plenos de significado para si.
processo de melhoria na qualidade de vida, no clima orga- Sabendo dessas características, que vão interagir e
nizacional, no comprometimento, na produtividade, enfim, interferir em todas suas atividades, inclusive no aprendi-
no processo como um todo. zado, o adulto aprendiz requer uma filosofia educacional
específica, realizada através de técnicas que utilizem estas
peculiaridades para potencializar seu aprendizado. A An-
dragogia é a resposta para esta necessidade educacional.
TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO;
A palavra Andragogia deriva das palavras gregas andros
(homem) + agein (conduzir) + logos (tratado, ciência), re-
ferindo-se à ciência da educação de adultos.
A importância do treinamento e desenvolvimento de A andragogia propõe uma educação baseada na liber-
pessoas nas organizações dade, nos moldes concebidos por Carl Rogers, na educação
por toda a vida, no aproveitamento das experiências viven-
A algum tempo atrás, o treinamento estava voltado so- ciais dos adultos, tão valorizadas hoje nos treinamentos.
mente para a preparação de atividades, visando o conheci- O facilitador deve estar atento a tais tendências, afim
mento técnico sobre a realização destas, mas atualmente, de que possa realizar treinamentos ricos de participação,
percebe-se sua importância não mais somente para a pre- atrativos e condizentes ao público alvo. Desta forma, com
paração técnica, mas também para o desenvolvimento de certeza terá uma chance maior de sucesso em seu progra-
competências comportamentais que auxiliem as pessoas a ma de treinamento.
desenvolverem suas atividades da forma mais eficaz pos- Feito isso, ambos, colaboradores e organização sairão
sível, trazendo com isso, um crescimento para a pessoa, ganhando, os primeiros em crescimento pessoal e profis-
que adquire novos conhecimentos e desenvolve suas habi- sional, o segundo com uma força de trabalho qualificada e
lidades e para a empresa, que alcança o sucesso com uma preparada para enfrentar o mercado, cada vez mais com-
força de trabalho bem mais preparada, podendo desenvol- petitivo e segmentado.
ver-se de forma mais competitiva e destacada no mercado.
Cabe ao profissional de RH, estar atento as novas ten-
Percebe-se a importância do treinamento como uma dências da área, para que possa realizar um trabalho efi-
função de apoio aos setores da organização, na medida caz e de qualidade. É preciso manter-se atualizado sobre
em que o RH deve adotar uma postura de assessoria frente as ferramentas de treinamento, com o intuito de tornar o
aos outros setores da empresa. Desta forma, no momento RH como uma assessoria aos diversos setores. Devemos
em que há uma necessidade de treinamento, não só o RH sair “das mesas” e mostrar nosso trabalho em campo, na
pode auxiliar neste diagnóstico, mas os próprios setores prática. O T&D deve ser atual, dinâmico. Desta forma, as
podem e devem sinalizar tal necessidade. organizações tendem a ver nosso papel como imprescindí-
O treinamento deve ser precedido de uma análise cri- vel ao desenvolvimento e bom andamento da organização.
teriosa, onde seja levado em consideração o ambiente so-
cioeconômico onde a empresa se insere, as pessoas que Fonte: http://www.rhportal.com.br/artigos-rh/a-im-
fazem parte da organização e os papéis que estas desem- portncia-do-treinamento-e-desenvolvimento-de-pessoas-
penham na empresa. Feito isso, parte-se para o levanta- nas-organizaes/
mento das necessidades, a programação dos treinamentos
e por fim a análise dos resultados alcançados.
Percebe-se neste contexto, a importância das chefias
no sucesso dos programas de treinamento, visto que sem
o apoio da gestão, pouco poderá ser feito por parte do
responsável pela área de treinamento e desenvolvimento.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O ideal seria o alinhamento de todos estes tipos de moti-


vação; pessoas auto motivadas atuando em grupos coesos, com
MOTIVAÇÃO. orientação clara, sólida e coerente.

Afinal o que é motivação? É ser feliz? É enxergar o mundo


Trata-se de processos psíquicos que a pessoa tem que a im- com outros olhos? É conquistar resultados, é superar obstáculos,
pulsiona à ação. Existe uma influência tanto individual como pelo é ser persistente, é acreditar nos seus sonhos, é o que? 
contexto em que essa pessoa se encontre. Indivíduos motivados Motivação segundo o dicionário é o ato de motivar; expo-
tendem a ter um melhor desempenho, o que faz com que a or- sição de motivos ou causas ; conjunto de fatores psicológicos,
ganização invista em estímulos para promover essa motivação. conscientes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva,
A ideia de hierarquizar os motivos humanos foi, sem dú- que determinam um certo tipo de conduta em alguém. Sendo
vida, a solução inovadora para que se pudesse compreender assim Motivação está intimamente ligado aos Motivos que se-
melhor o comportamento humano na sua variedade. Um gundo o dicionário é fato que leva uma pessoa a algum estado
mesmo indivíduo ora persegue objetivos que atendem a uma ou atividade. 
necessidade, ora busca satisfazer outras. Tudo depende da sua Motivação vem de motivos que estão ligados simplesmente
carência naquele momento. Duas pessoas não perseguem ao que você quer da vida , e seus motivos são pessoais , intransfe-
necessariamente o mesmo objetivo no mesmo momento. O ríveis e estão dentro da sua cabeça (e do coração também) , logo
problema das diferenças individuais assume importância pre- seus motivos são abstratos e só têm significado pra você , por isso
ponderante quando falamos de motivação. motivação é algo tão pessoal , porque vêm de dentro.
A motivação é uma força interior que se modifica a cada
Razões da Motivação momento durante toda a vida, onde direciona e intensifica os
• objetivos de um indivíduo. Dessa forma, quando dizemos que a
• Razões empresariais  motivação é algo interior, ou seja, que está dentro de cada pessoa
• concorrência  de forma particular erramos em dizer que alguém nos motiva ou
• produtos e preços desmotiva, pois ninguém é capaz de fazê-lo. Existem pessoas que
• fidelização pregam a automotivação, mas tal termo é erroneamente empre-
gado, já que a motivação é uma força intrínseca, ou seja, interior e
Razões Pessoais o emprego desse prefixo deve ser descartado.
• empregabilidade
• motivos p/ servir Segundo Abraham Maslow, o homem se motiva quando
suas necessidades são todas supridas de forma hierárquica. Mas-
* (ordem material = cliente =lucro) low organiza tais necessidades da seguinte forma:
* (ordem intelectual = interação / troca / oportu- - Autorrealização
nidade) - Autoestima
* (ordem espiritual = crescimento pessoal) - Sociais
- Segurança
O indivíduo precisa suprir suas necessidades para motivar- - Fisiológicas
se e alcançar seus objetivos. Podemos identificar os seguintes
tipos de motivação: Tais necessidades devem ser supridas primeiramente no ali-
• Motivação Externa: a pessoa realiza determinadas tare- cerce das necessidades escritas, ou seja, as necessidades fisioló-
fas por ser “obrigada”, ou seja, são impostas determinações gicas são as iniciantes do processo motivacional, porém, cada in-
para que essa pessoa cumpra. É a forma mais “primitiva” de divíduo pode sentir necessidades acima das que está executando
motivação, baseada na hierarquia e normalmente utilizando as ou abaixo, o que quer dizer que o processo não é engessado, e
punições como fator principal de motivação. Trata-se de “fazer sim flexível.
o ordenado para não ser punido”, “cumprir ordens”.
• Pressão Social: a pessoa cumpre as atividades porque Teoria dos Dois Fatores - Para Frederick Herzberg, a motiva-
outras pessoas também o fazem. Ela não age por si, mas sim, ção é alcançada através de dois fatores:
para acompanhar um grupo e cumprir as expectativas de ou-  Fatores higiênicos que são estímulos externos que me-
tras pessoas. Aqui, estamos falando de “fazer o que os outros lhoram o desempenho e a ação de indivíduos, mas que não con-
fazem para ser aceito, fazer parte do grupo”. segue motivá-los.
• Automotivação: a pessoa automotivada age por iniciativa  Fatores motivacionais que são internos, ou seja, são sen-
própria, em função de objetivos que escolheu. A automotiva- timentos gerados dentro de cada indivíduo a partir do reconheci-
ção é a convicção que a pessoa tem de que deseja os frutos mento e da autorrealização gerada através de seus atos.
das suas ações. É “fazer o que creio ser adequado aos meus Já David McClelland identificou três necessidades que seriam
objetivos”. pontos chave para a motivação: poder, afiliação e realização.
Não existe motivação “certa”. Em situações de emergência, Para McClelland, tais necessidades são “secundárias”, são
por exemplo, provavelmente a simples obediência seja a ação adquiridas ao longo da vida, mas que trazem prestígio, status e
mais indicada. O sucesso de uma ação coletiva pode depender outras sensações que o ser humano gosta de sentir.
da conformidade das ações individuais à orientação do grupo. Em relação às teorias, podemos ainda citar as linhas teóricas,
Por outro lado, uma pessoa pode ser fortemente auto motiva- que se dividem em Teorias de Conteúdo e Teorias de Processo,
da a objetivos destrutivos, como uma ambição excessiva. onde, em cada uma delas, identificamos as correntes pertencentes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Existem algumas teorias mais clássicas sobre motivação que veremos abaixo:

 Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow:


Organiza as necessidades humanas em cinco categorias hierárquicas: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança,
necessidades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de autorrealização.

 Teoria ERC de Alderfer:


Tentou aperfeiçoar a hierarquia das necessidades de Maslow, criando três categorias: Existência (necessidades fisiológicas e
de segurança), Relacionamento (dividiu a estima em duas partes: o componente externo da estima.
(social) e o componente interno da estima (autoestima) incluindo nessa categoria as necessidades sociais e o componente
externo da estima) e Crescimento (incluindo aqui autoestima e a necessidade de autorrealização).

 Teoria dos dois fatores de Herzberg:


Herzberg descobriu que há dois grandes blocos de necessidade humanas: os fatores de higiene (extrínsecos) e os fatores
motivacionais (intrínsecos). Os fatores de Higiene são fatores extrínsecos ou exteriores ao trabalho. Para Herzberg, eles podem
causar a insatisfação e desmotivação se não atendidos, mas, se atendidos, não necessariamente causarão a motivação. Exemplos:
segurança, status, relações de poder, vida pessoal, salário, condições de trabalho, supervisão, política e administração da empre-
sa. Os fatores motivadores são os fatores intrínsecos, internos ao trabalho. Estes fatores podem causar a satisfação e a motivação.
Exemplos: crescimento, progresso,responsabilidade, o próprio trabalho, o reconhecimento e a realização.

 Teoria da determinação de metas:


Considera que a determinação de metas motiva os trabalhadores. A equipe deve participar na definição das metas (constru-
ção conjunta), que devem ser claras, desafiadoras mas alcançáveis.

 Teoria da equidade:
Também conhecida como teoria da comparação social. A motivação seria influenciada fortemente pela percepção de igual-
dade e justiça existente no ambiente profissional.

 Teoria da expectativa (ou expectância) de Victor Vroom:


Construída em função da relação entre três variáveis: Valência, força (instrumentalidade) e expectativa, referentes a um
determinado objetivo. Valência, ou valor, é a orientação afetiva em direção a resultados particulares. Pode-se traduzi-la como
a preferência em direção, ou não, a determinados objetivos. Valência positiva atrai o comportamento em sua direção, valência
zero é indiferente e valência negativa é algo que o indivíduo prefere não buscar. Expectativa é o grau de probabilidade que o
indivíduo atribui a determinado evento, em função da relação entre o esforço que vai ser despendido no evento e o resultado
que se busca alcançar. Força, ou instrumentalidade, por sua vez, é o grau de energia que o indivíduo irá ter que gastar em sua
ação para alcançar o objetivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

 Teorias X e Y:
McGregor afirmava que havia duas abordagens principais de motivação e liderança: as teorias X e Y.A teoria X apresen-
tava uma visão negativa da natureza humana: pressupunha que os indivíduos são naturalmente preguiçosos, não gostam
de trabalhar, precisam ser guiados, orientados e controlados para realizarem a contento os trabalhos. A teoria Y é o oposto:
diz que os indivíduos são automotivados, gostam de assumir desafios e responsabilidades e irão contribuir criativamente
para o processo se tiverem suficientes oportunidades de participação.

Dentre as teorias citadas, a mais difundida é a da Hierarquia das Necessidades, abaixo mais detalhes sobre ela.

Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow:


necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades sociais, necessidades de autoestima e neces-
sidades de auto realização.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quanto às implicações dessas teorias: O ciclo motivacional percorre as seguintes etapas: uma
Implicações aos Administradores: necessidade rompe o estado de equilíbrio do organismo,
As implicações para os administradores estão relacio- causando um estado de tensão, insatisfação, desconforto e
nadas quanto à forma como motivar os subordinados: desequilíbrio. Esse estado de tensão leva o indivíduo a um
 Devem determinar recompensas que são valoriza- comportamento ou ação, capaz de descarregar a tensão ou
das por cada subordinado. Ao serem motivadoras devem livrá-lo do desconforto e do desequilíbrio. Se o comporta-
ser adequadas aos indivíduos observando suas reações em mento ‘for eficaz o indivíduo encontrará a satisfação da ne-
diferentes situações e perguntando que tipos de recom- cessidade e, portanto, a descarga da tensão provocada por
pensas desejam; ela’. Satisfeita a necessidade, o organismo volta ao estado de
 Determinar o desempenho que você deseja - de- equilíbrio anterior e à sua forma de ajustamento ao ambiente.
terminar qual o nível de desempenho que os subordinados As necessidades ou motivos não são estáticos, pelo con-
têm que ter para serem recompensados; trario, são forças dinâmicas e persistentes que provocam
 Fazer com que o nível de desempenho seja alcan- comportamentos. Com a aprendizagem e a repetição (refor-
çável - a motivação poderá ser baixa se os subordinados ço positivo), os comportamentos tornam-se gradativamente
acharem que o que foi determinado é difícil ou impossível; mais eficazes na satisfação, de certas necessidades. E quando
 Ligar as recompensas ao desempenho; uma necessidade é satisfeita ela não é mais motivadora de
 Certificar se a recompensa e adequada - recom- comportamento já que não causa tensão ou desconforto.
pensas pequenas significam motivações fracas. O ciclo motivacional pode alcançar vários níveis de resolução
Implicações para a Organização: da tensão: uma necessidade pode ser satisfeita, frustrada (quando
A expectativa da motivação também traz várias impli- a satisfação é impedida ou bloqueada) ou compensada (a satis-
cações para a organização: fação é transferida para objeto). Muitas vezes a tensão provocada
Geralmente, as organizações recebem o equivalente a pelo surgimento da necessidade encontra uma barreira ou obstá-
recompensa e não o que desejam - o sistema de recom- culo para a sua liberação. Não encontrando a saída normal, a ten-
pensas devem ser projetados para motivar os comporta- são represada no organismo procura um meio indireto de saída,
seja por via psicológica (agressividade, descontentamento, tensão
mentos desejados; ex.: segurança, aumento de produção.
emocional, apatia, indiferença etc.) seja por via fisiológica (tensão
O trabalho em si pode tornar-se intrinsicamente re-
nervosa, insônia, repercussões cardíacas ou digestivas etc.). Outras
compensador - se forem projetados para atender as ne-
vezes, a necessidade não é satisfeita nem frustrada, mas é trans-
cessidades mais elevadas dos empregados, como ex.: in-
ferida ou compensada. Isto se dá quando a satisfação de outra
dependência, criatividade, o trabalho pode ser motivador
necessidade reduz ou aplaca a intensidade de uma necessidade
por si mesmo.
que não pode ser satisfeita. A satisfação de alguma necessidade
Portanto, a tarefa mais importante para os administra-
é temporal e passageira, ou seja, a motivação humana é cíclica
dores e organizações é garantir que os subordinados te- e orientada pelas diferentes necessidades. O comportamento é
nham os recursos necessários para dar o melhor de si em quase um processo de resolução de problemas, de satisfação
prol do planejamento da organização. de necessidade, à medida que elas vão surgindo.
O conceito de motivação – ao nível individual – conduz
Ainda sobre motivação, precisamos entender o proces- ao de clima organizacional – ao nível da organização. Os se-
so que leva o indivíduo a tomar uma ação em busca de um res humanos estão continuamente engajados no ajustamento
objetivo, conforme mostra o Ciclo Motivacional. a uma variedade de situações, no sentido de satisfazer suas
necessidades e manter um equilíbrio emocional. Isto pode
O Ciclo Motivacional ser definido com um estado de ajustamento. Tal ajustamento
não se refere somente à satisfação das necessidades de per-
tencer a um grupo social de estima e de auto realização. É a
frustração dessas necessidades que causa muitos dos proble-
mas de ajustamento. Como a satisfação dessas necessidades
superiores depende muito de outras pessoas, particularmen-
te daquelas que estão em posições de autoridade, torna-se
importante para a administração compreender a natureza do
ajustamento e do desajustamento das pessoas.
O ajustamento – assim como a inteligência ou as apti-
dões – varia de uma pessoa para outra e dentro do mesmo
indivíduo de um momento para outro. Varia dentro de um
continuum e pode ser definido em vários graus, mas do que
em tipos. Um bom ajustamento denota “saúde mental”. Uma
das maneiras de se definir saúde mental é descrever as ca-
racterísticas de pessoas mentalmente sadias. As características
básicas de saúde mental são:
- As pessoas sentem-se bem consigo mesmas;
- As pessoas sentem-se bem em relação às outras pessoas;
- As pessoas são capazes de enfrentar por si as demandas da vida.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Com relação à Fábula de La Fontaine, a preocupação do


autor era, conforme sua época, garantir a melhoria quanti-
4. GESTÃO LOGÍSTICA: PRINCÍPIOS E
tativa das ações dos empregados. Aqueles q mantêm uma
MISSÃO LOGÍSTICA; TIPOS DE VALOR EM padronização de tarefas (em todos os outonos deve-se
LOGÍSTICA; ESTOCAGEM; ALMOXARIFADO dobrar o esforço para se ter comida) são recompensados
E MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS; pela Organização (natureza). Na moderna interpretação da
TRANSPORTES: CLASSIFICAÇÃO E Fábula a autora passa a ideia de que precisamos além de
INTERMODALIDADE. trabalhar investir no nosso talento de maneira diferencial.
Assim, poderemos não só garantir a sustentabilidade da
Organização para os diversos invernos como, também, fa-
Atividade que planeja, executa e controla, nas condi- zê-los em Paris.
ções mais eficientes e econômicas, o fluxo de material, par- Historicamente, a administração de recursos materiais
tindo das especificações dos artigos e comprar até a entre- e patrimoniais tem seu foco na eficiência de processos – vi-
ga do produto terminado para o cliente. (FRANCISCHINI & são operacional. Hoje em dia, a administração de materiais
GURGEL, 2002). passa a ser chamada de área de logística dentro das Or-
É um sistema integrado com a finalidade de prover a ganizações devido à ênfase na melhor maneira de facilitar
administração, de forma contínua, recursos, equipamentos o fluxo de produtos entre produtores e consumidores, de
e informações essenciais para a execução de todas as ativi- forma a obter o melhor nível de rentabilidade para a orga-
dades da Organização. nização e maior satisfação dos clientes.
Evolução da Administração de Recursos Materiais e Pa- A Administração de Materiais possui hoje uma Visão
trimoniais Estratégica. Ou seja, foco em ser a melhor por meio da INO-
Segundo Francischini & Gurgel (2002), a evolução da VAÇÃO e não baseado na melhor no que já existe. A partir
Administração de Materiais processou-se em várias fases: da visão estratégica a Administração de Recursos Materiais
A Atividade exercida diretamente pelo proprietário da e Patrimoniais passa ser conhecida por LOGISTICA.
empresa, pois comprar era a essência do negócio;
Atividades de compras como apoio às atividades pro- Sendo assim:
dutivas se, portanto, integradas à área de produção;
Condenação dos serviços envolvendo materiais, come-
çando com o planejamento das matérias-primas e a entre- VISÃO OPERACIONAL VISÃO ESTRATÉGICA
ga de produtos acabados, em uma organização indepen- EFICIENCIA EFETIVIDADE
dente da área produtiva; ESPECIFICA SISTEMICA
Agregação à área logística das atividades de suporte à QUANTITATIVA
área de marketing. QUANTITATIVA
E QUALTAITIVA
Com a mecanização, racionalização e automação, o ex- MELHORAR O QUE
cedente de produção se torna cada vez menos necessário, INOVAÇÃO
JÁ EXISTE
e nesse caso a Administração de Materiais é uma ferramen-
QUANTO QUANDO
ta fundamental para manter o equilíbrio dos estoques, para
que não falte a matéria-prima, porém não haja excedentes.
Princípios da Administração de Recursos Materiais e
Essa evolução da Administração de Materiais ao lon-
Patrimoniais
go dessas fases produtivas baseou-se principalmente, pela
Qualidade do material;
necessidade de produzir mais, com custos mais baixos.
Quantidade necessária;
Atualmente a Administração de Materiais tem como função
Prazo de entrega
principal o controle de produção e estoque, como também
Preço;
a distribuição dos mesmos.
Condições de pagamento.
As Três Fases da Administração de Recursos Mate-
riais e Patrimoniais Qualidade do Material
1 – Aumentar a produtividade. Busca pela eficiência. O material deverá apresentar qualidade tal que pos-
2 – Aumentar a qualidade sem preocupação em preju- sibilite sua aceitação dentro e fora da empresa (mercado).
dicar outras áreas da Organização. Busca pela eficácia.
3 – Gerar a quantidade certa, no momento certo par aten- Quantidade
der bem o cliente, sem desperdício. Busca pela efetividade. Deverá ser estritamente suficiente para suprir as neces-
sidades da produção e estoque, evitando a falta de mate-
Visão Operacional e Visão Estratégica rial para o abastecimento geral da empresa bem como o
Na visão operacional busca-se a melhoria relacionada excesso em estoque.
a atividades específicas. Melhorar algo que já existe.
Na visão estratégica busca-se o diferencial. Fazer as Prazo de Entrega
coisas de um modo novo. Aqui se preocupa em garantir a Deverá ser o menor possível, a fim de levar um melhor
alta performance de maneira sistêmica. Ou seja, envolven- atendimento aos consumidores e evitar falta do material. 
do toda a organização de maneira inter relacional.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Menor Preço No campo da Ciência Contábil o termo MATERIAL com-


O preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo preende todos os itens contabilizáveis que participam direta-
em posição da concorrência no mercado, proporcionando mente ou indiretamente na constituição do bem/serviço de
à empresa um lucro maior. uma organização.
Na gestão pública, temos a classificação de Material por
Condições de pagamento natureza de despesa em Material Permanente e Material de
Deverão ser as melhores possíveis para que a empresa Consumo, discorrendo os seguintes conceitos:
tenha maior flexibilidade na transformação ou venda do a. Material Permanente é aquele que, em razão de seu
produto. uso corrente, não perde a sua identidade física e/ou tem du-
Diferença Básica entre Administração de Materiais e rabilidade superior a dois anos.
Administração Patrimonial Se um material for adquirido como permanente e ficar
A diferença básica entre Administração de Materiais comprovado que possui custo de controle superior ao seu be-
e Administração Patrimonial é que a primeira se tem por nefício, deve ser controlado de forma simplificada, por meio
produto final a distribuição ao consumidor externo e a área de relação-carga, que mede apenas aspectos qualitativos e
patrimonial é responsável, apenas, pela parte interna da lo- quantitativos, não havendo necessidade de controle por meio
gística. Seu produto final é a conservação e manutenção de número patrimonial. No entanto, esses bens deverão estar
de bens. registrados contabilmente no patrimônio da entidade.
Isso deve ao fato de obedecer ao Princípio da Economi-
Fonte: https://docs.google.com/document/d/1tD1_0...f.../e cidade previsto no
Art. 70 da CF/88 que se traduz na relação custo-bene-
A gestão eficiente do fluxo de bens e serviços do ponto fício. Ou seja, os controles devem ser simplificados quando
de origem ao ponto de consumo requer de maneira se- se apresentam como meramente formais ou cujo custo seja
quencial, o planejamento, a programação e o controle de evidentemente superior ao risco.
um conjunto de atividades que reúnem: insumos básicos b. Material de Consumo é aquele que, em razão de seu
(matérias-primas); materiais em processamento; materiais uso corrente, perde normalmente sua identidade física e/ou
acabados; serviços e informações disponíveis. Como resul- tem sua utilização limitada a dois anos. Deve atender a pelo
tado da administração destas atividades gera-se o movi- menos um dos critérios a seguir:
mento de bens e serviços aos clientes (cidadão/usuário), - Critério de Durabilidade: se em uso normal perde ou
havendo como decorrência a geração das chamadas utili- tem reduzidas as suas condições de funcionamento no prazo
dades de tempo e/ou de lugar, que por sua vez são fatores máximo de dois anos;
fundamentais para as funções logísticas. Para a administra- - Critério de Fragilidade: se sua estrutura for quebradiça,
ção pública, tanto recursos quanto o público-alvo organi- deformável ou danificável, caracterizando sua irrecuperabili-
zacional estão espalhados em áreas de distintos tamanhos, dade e perda de sua identidade ou funcionalidade;
além da diversidade sócio cultural dos residentes locais. - Critério de Perecibilidade: se está sujeito a modificações
Esse é o problema que a logística têm a missão de resol- químicas ou físicas, ou se deteriora ou perde sua característica
ver. Ou seja, diminuir o hiato entre o resultado do processo pelo uso normal;
de transformação da organização e a demanda, de modo - Critério de Incorporabilidade: se está destinado à in-
que os consumidores (cidadão-cliente/sociedade/usuário) corporação a outro bem, e não pode ser retirado sem pre-
tenham bens e serviços quando e onde quiserem, na con- juízo das características físicas e funcionais do principal. Pode
dição que desejarem, e com o menor custo. ser utilizado para a constituição de novos bens, melhoria ou
Na organização pública, a missão do gestor é estabele- adições complementares de bens em utilização (sendo clas-
cer o nível de atividades logísticas necessário para atender sificado como 4.4.90.30), ou para a reposição de peças para
ao público-alvo organizacional no tempo certo, no local manutenção do seu uso normal que contenham a mesma
certo e nas condições e formas desejadas, de forma eco- configuração (sendo classificado como 3.3.90.30);
nomicamente eficaz, eficiente e efetiva no uso dos recursos - Critério de Transformabilidade: se foi adquirido para fim
públicos. de transformação.
Se um material de consumo for considerado como de
As áreas da logística uso duradouro, devido à durabilidade, quantidade utilizada
A logística realiza a integração da administração de ou valor relevante, deve ser controlado por meio de relação-
materiais (suprimentos) com a logística organizacional, carga e incorporado ao patrimônio da entidade.
com a distribuição física e/ou prestação de serviços, e com
as atividades relativas ao retorno/descarte de materiais. Logística organizacional (operacional)
Logística de entrada (administração de materiais/logís- É a integração das atividades de um sistema organizacional,
tica de suprimentos) em função do seu modelo de transformação, desde o plane-
É o conjunto de operações associadas ao fluxo de ma- jamento e obtenção dos insumos necessários, passando pelo
teriais e informações necessários ao modelo de transfor- processo produtivo até a distribuição para o consumidor (inter-
mação da organização. mediário/final), atendendo as necessidades do público-alvo a
Para a organização pública, têm-se os seguintes enten- custos reduzidos, com qualidade e uso adequado de recursos.
dimentos sobre Material e Serviços com seus respectivos O instrumento legal de criação da instituição pública e seu regi-
embasamento legal. mento interno norteiam essas atividades na organização.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Logística de saída (distribuição física do bem/prestação do Para a organização pública não está sendo diferen-
serviço) te. Hoje se tem, por exemplo, serviços como segurança,
É o conjunto de operações associadas à transferência do manutenção e limpeza realizados por terceiros e que até
resultado objeto de uma transação desde o local de origem pouco tempo eram realizados pela organização com um
até o local designado no destino e no fluxo de informação as- quadro próprio de servidores. Como a prática administra-
sociado, devendo garantir que chegue ao destino nas condi- tiva na organização pública precisa de uma base jurídica, a
ções desejadas, oportunamente e com uso maximizado dos Instrução Normativa Nº 02 de 30 de Abril de 2008 dispõe
recursos disponíveis. A missão da organização constante no sobre regras e diretrizes para a contratação de serviços,
dispositivo de sua criação e as atribuições funcionais ineren- continuados ou não, definindo, em seu
tes ao cargo desempenhado orientam os gestores públicos na Art. 6º, que os serviços continuados que podem ser
execução dessas operações. contratos por terceiros são aqueles que apoiam a realiza-
ção de atividades essenciais ao cumprimento da missão
Logística Reversa: institucional do órgão ou entidade. Essas atividades mate-
Para o autor PIRES, duas premissas básicas impõem a ne- riais acessórias, instrumentais ou complementares aos as-
cessidade de gestão da logística reversa: a agregação de valor suntos que constituem área de competência legal do órgão
e a responsabilidade pela sucata e/ou lixo industrial. A agre- ou entidade poderão ser objeto de execução indireta ( Art.
gação de valor, considerando o aumento do comércio global, 1º do Decreto 2.271/97).
está relacionada à importância na gestão dos recipientes (pal- É interessante observar os seguintes conceitos relativos
lets, containers, etc.) e das embalagens, envolvendo processos à logística:
logísticos complexos e estando sujeitos a restrições legais e - Função logística é a reunião, sob uma única designa-
sanitárias, dentre outras. A responsabilidade pela sucata e/ou ção, de um conjunto de atividades logísticas afins, correla-
lixo industrial diz respeito à gestão dos materiais após o tér- tas ou de mesma natureza.
mino de suas vidas úteis, passando a vigorar cada vez mais - Atividade logística é um conjunto de tarefas afins,
a regra de que “quem produz é o responsável pelo produto reunidas segundo critérios de relacionamento, interdepen-
após a sua vida útil”.
dência ou de similaridade.
Para a organização pública, essa preocupação e/ou exigên-
- Tarefa logística é um trabalho específico e limitado
cia sócio ambiental pode ser observada na INSTRUÇÃO NOR-
no tempo, que agrupa passos, atos ou movimentos inter-
MATIVA Nº 205, DE 08 DE ABRIL DE 1988 expressa no item 1.
ligados segundo uma determinada sequência e visando à
Material que: “a designação genérica de equipamentos, com-
obtenção de um resultado definido.
ponentes, sobressalentes, acessórios, veículos em geral, maté-
rias-primas e outros itens empregados ou passíveis de emprego
nas atividades das organizações públicas federais, independen- As funções logísticas primárias (o ciclo crítico)
te de qualquer fator, bem como, aquele oriundo de demolição O conceito de logística identifica aquelas funções ou
ou desmontagem, aparas, acondicionamentos, embalagens e atividades que são de importância primária para atingir os
resíduos economicamente aproveitáveis (grifo meu)”, dando objetivos logísticos de custo e nível de serviço. Estas ati-
importância à logística reversa nas organizações públicas com vidades-chave são: Transporte, Manutenção de Estoques,
o objetivo de racionalizar com minimização de custos o uso de Processamento de Pedidos. Constituem o “ciclo crítico de
material através de técnicas modernas que atualizam e enrique- atividades logísticas”.
cem essa gestão com as desejáveis condições de operacionali- O resultado final é prover o cidadão (cliente final)
dade, no emprego do material nas diversas atividades. quando e onde necessitar, com a melhor alocação de re-
cursos (menor custo).
As funções logísticas a. A função logística primária de transportes
As atividades administrativas a serem geridas, em qual- Para a maioria das organizações, o transporte é a ati-
quer organização, podem incluir todo ou parte do seguinte: vidade logística mais importante simplesmente porque ela
transportes, manutenção de estoques, processamento de pe- absorve, em média, de um a dois terços dos custos logís-
didos, compras (obtenção), armazenagem, manuseio de ma- ticos. É uma atividade essencial, pois nenhuma instituição
teriais, embalagem, padrões de serviços e programação do pode operar sem providenciar a movimentação de seu pro-
processo de produtivo. duto (bem/serviço) de alguma forma. Implica na utilização
Devido à característica sistêmica da logística, as ativida- dos modais de transporte para se movimentar bens. Este
des administrativas organizacionais passam a ser abordadas movimento é realizado pelos modais de transporte: aero-
de forma diferente da tradicional distinção em atividades fim viário, dutoviário, ferroviário, hidroviário; rodoviário, inter-
e atividades meio. modalidade e multimodalidade. Os transportes adicionam
Essa nova abordagem vem sendo provocada pela neces- valor de “lugar” ao produto.
sidade das organizações em direcionar seus esforços para o b. A função logística primária de manutenção de es-
foco do seu negócio, terceirizando aquelas atividades que são toques
economicamente melhor desempenhadas por outras orga- Para se atingir um grau razoável de disponibilidade
nizações que as tem como produto do seu trabalho e que, de bens, é necessário manter estoques, que agem como
consequentemente, passam a serem parceiros no negócio da “amortecedores” entre a disponibilidade e a necessidade
empresa. Um exemplo clássico é o da indústria automotiva, (oferta e demanda). O estoque agrega valor de “tempo”.
formando uma cadeia produtiva.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Na administração pública, a Instrução Normativa Nr. Consumo Médio Mensal (c)


205, de 08 de Abril de 1988, da Secretaria de Administra- É a média aritmética do consumo nos últimos 12 meses
ção Pública da Presidência da República (SEDAP/PR), trata (IN 205/88).
do assunto no item DA AQUISIÇÃO: Estoque Mínimo (Em)
- “As compras de material, para reposição de estoques É a menor quantidade de material a ser mantida em es-
e/ou para atender necessidade específica de qualquer toque capaz de atender a um consumo superior ao estima-
unidade, deverão, em princípio, ser efetuadas através do do para certo período ou para atender a demanda normal
Departamento de Administração, ou de unidade com atri- em caso de entrega da nova aquisição. Obtém-se multipli-
buições equivalentes ou ainda, pelas correspondentes re- cando o Consumo Médio Mensal (c) por uma fração (f) do
partições que, no território nacional, sejam projeções dos tempo de aquisição (T) que deve, em princípio, variar de
órgãos setoriais ou seccionais, (delegacias, distritos, etc.)”. 0,25 de T a 0,50 de T (IN 205/88). Essa fração (f) do Tempo
Uma questão importante é saber qual o nível de es- de Aquisição (T) é o chamado fator de risco que a organi-
toque mais adequado para a organização. Para isso, cres- zação está disposta a assumir com relação à ocorrência de
cem em importância para a gestão de estoques as variáveis falta de estoque. É básico para o adequado estabelecimen-
“quantidade” e “tempo”. Essas variáveis compõem os cha- to do Ponto de Pedido (Pp).
mados fatores de ressuprimento. Estoque Máximo (EM)
POZO expressa que uma das técnicas utilizadas para É a maior quantidade de material admissível em esto-
a avaliação dos níveis de estoques é o enfoque da dimen- que, suficiente para o consumo em certo período, deven-
são do “lote econômico” para a manutenção de níveis de do-se considerar a área de armazenagem, disponibilidade
estoques satisfatórios e que é denominado de “sistema financeira, imobilização de recursos, intervalo e tempo
máximo-mínimo”. O funcionamento do sistema consiste na de aquisição, perecimento, obsoletismo, etc. Obtém-se
necessidade nas seguintes informações básicas para cada somando ao Estoque Mínimo (Em) o produto do Consu-
material: mo Médio Mensal (c) pelo Intervalo de Aquisição (I) (IN
- Estoque mínimo ou de segurança que se deseja man- 205/88).
ter (EMin/ESeg);
Quantidade a Ressuprir (Q)
- O momento em que nova quantidade de material
É o número de unidades a adquirir para recompor o Es-
deve ser adquirida, o Ponto do Pedido (PP);
toque Máximo. Obtém-se multiplicando o Consumo Médio
- O tempo necessário para repor o material (TR);
Mensal (c) pelo Intervalo de Aquisição (I) (IN 205/88).
- A quantidade de material que deve ser adquirida, ou
No item SANEAMENTO DE MATERIAL, a IN 205/88 ex-
seja, o Lote de Compra ou Ressuprimento (LC); e
pressa que essa atividade visa a otimização física dos ma-
- Quando o material é recebido e aceito pela organiza-
teriais em estoque ou em uso decorrente da simplificação
ção, tem-se o estoque máximo (EMax).
de variedades, reutilização, recuperação e movimentação
A IN 205/88, no item RENOVAÇÃO DE ESTOQUE, em-
prega essas variáveis quando expressa que o acompanha- daqueles considerados ociosos ou recuperáveis, bem como
mento dos níveis de estoque e as decisões de “quando” a alienação dos antieconômicos e irrecuperáveis”; “Os esto-
e “quanto” comprar deverão ocorrer em função da aplica- ques devem ser objeto de constantes Revisões e Análises.
ção de fatores de ressuprimento e suas respectivas fórmu- Essas atividades são responsáveis pela identificação dos
las constantes no dispositivo legal e aplicáveis à gerência itens ativos e inativos”.
de estoques. Os fatores de ressuprimento são: Tempo de c. A função logística primária de processamento de pe-
Aquisição, Intervalo de Aquisição, Ponto de Pedido, Con- didos
sumo Médio Mensal, Estoque Mínimo, Estoque Máximo e É a atividade que inicializa a movimentação de bens e
Quantidade a Ressuprir. Como pode-se inferir esses fatores a prestação de serviços. Sua importância deriva do tempo
constituem o sistema máximo-mínimo com o enfoque da necessário para levar bens e serviços aos consumidores.
dimensão do lote econômico para a manutenção de níveis Para a organização pública, o início dessa atividade
de estoques satisfatórios. pode ser considerado por ocasião do levantamento das ne-
Tempo de Aquisição (T) cessidades organizacionais, no ano vigente, a serem incluí-
Conforme consta no item RENOVAÇÃO DE ESTOQUE, das na previsão orçamentária para o exercício financeiro do
da IN 205/88, é entendido como o período decorrido entre ano seguinte. Após a liberação orçamentária no início do
a emissão do pedido de compra e o recebimento do ma- ano em exercício é que as instituições podem começar a
terial no Almoxarifado (relativo, sempre, à unidade mês). realizar seus processos de licitações e contratos.
Intervalo de Aquisição (I) Essa consideração visa esclarecer uma prática bastan-
Compreende o período entre duas aquisições normais te comum nas organizações públicas quanto à solicitação
e sucessivas (IN 205/88). de material feita pelas áreas demandantes. É comum o en-
Ponto de Pedido (Pp) tendimento equivocado de que o pedido de material feito
É o nível de estoque que, ao ser atingido, determina pela área demandante é para efetuar a compra, ou seja,
imediata emissão de um pedido de compra, visando com- um “pedido de compra”. O pedido realizado é para “for-
pletar o Estoque Máximo. Obtém-se somando ao Estoque necimento” através de uma requisição ou tabela de provi-
Mínimo (Em) o produto do Consumo Médio Mensal (c) são (IN 205/88). A definição do “quanto comprar” já deve
pelo Tempo de Aquisição (T) (IN 205/88). ter sido realizada por ocasião do processo de previsão do

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LÍNGUA PORTUGUESA

orçamento no ano anterior, e a consequente liberação or- No item ARMAZENAGEM expressa que essa atividade
çamentária no ano vigente para a decisão dos gestores em compreende a guarda, localização, segurança e preserva-
relação ao “quando comprar”, com os ajustes, se for o caso, ção do material adquirido, a fim de suprir adequadamente
na definição do “quanto comprar”. Esse esclarecimento é as necessidades operacionais das unidades integrantes da
importante pois visa valorizar o planejamento na institui- estrutura do órgão ou entidade.
ção. b. A função logística de apoio de manuseio de mate-
É importante destacar que a descrição do material para riais
o Pedido de Compra deverá ser elaborada através do méto- Diz respeito à movimentação do bem no local de es-
do Descritivo, que identifica com clareza o item através da tocagem. São atividades: de seleção do equipamento de
enumeração de suas características físicas, mecânicas, de movimentação e balanceamento da carga de trabalho.
acabamento e de desempenho, possibilitando sua perfeita No setor público, pode-se inferir que essa função logís-
caracterização para a boa orientação do processo licitatório tica está caracterizada na Instrução Normativa Nr. 205/88,
e deverá ser utilizada com absoluta prioridade, sempre que no item ARMAZENAGEM, onde se verifica: “os materiais
possível. E pelo método Referencial, que identifica indireta- devem ser estocados de modo a possibilitar uma fácil ins-
mente o item, através do nome do material, aliado ao seu peção e um rápido inventário”; “os materiais que possuem
símbolo ou número de referência estabelecido pelo fabri- grande movimentação devem ser estocados em lugar de
cante, não representando necessariamente preferência de fácil acesso e próximo das áreas de expedição e o material
marca (IN 205/88). que possui pequena movimentação deve ser estocado na
As necessidades de uma organização pública são aten- parte mais afastada das áreas de expedição”; “os materiais
didas por BENS contratados por meio de atividades de jamais devem ser estocados em contato direto com o piso.
COMPRAS, por SERVIÇOS que são contratados para a sua É preciso utilizar corretamente os acessórios de estocagem
PRESTAÇÃO, e por OBRAS que são contratadas para a sua para os proteger”; “a arrumação dos materiais não deve
EXECUÇÃO. prejudicar o acesso as partes de emergência, aos extintores
Esses contratos são oriundos de um procedimento ad- de incêndio ou à circulação de pessoal especializado para
ministrativo formal chamado de LICITAÇÃO, em que o ór- combater a incêndio (Corpo de Bombeiros)”; “os materiais
gão público convoca, por meio de condições estabelecidas da mesma classe devem ser concentrados em locais adja-
em ato próprio (edital/convite) as empresas interessadas. centes, a fim de facilitar a movimentação e inventário”; “os
Tem por objetivos a observância do princípio constitucional materiais pesados e/ou volumosos devem ser estocados
da ISONOMIA e a seleção da PROPOSTA MAIS VANTAJOSA nas partes inferiores das estantes e porta-estrados, elimi-
para a administração pública. nando-se os riscos de acidentes ou avarias e facilitando a
As funções logísticas de apoio movimentação”; e “quando o material tiver que ser empi-
Apoiam as atividades primárias: Armazenagem, Ma- lhado, deve-se atentar para a segurança e altura das pilhas,
nuseio de Materiais, Embalagem de Proteção, Obtenção, de modo a não afetar sua qualidade pelo efeito da pressão
Programação de Produtos e Manutenção de Informação. decorrente, o arejamento (distância de 70 cm aproximada-
a. A função logística de apoio de armazenagem mente do teto e de 50 cm aproximadamente das paredes)”.
Uma questão básica do gerenciamento logístico nas c. A função logística de apoio de embalagem de pro-
organizações públicas é como estruturar sistemas de dis- teção
tribuição/prestação capazes de atender, otimizando a Destina-se a movimentar bens sem danificá-los. No go-
aplicação de recursos, o cidadão-cliente geograficamente verno, a IN 205/88, disponível no sítio eletrônico do “com-
disperso das fontes de distribuição/prestação de um bem/ prasnet”, apresenta, no item ARMAZENAGEM, as atividades
serviço, oferecendo níveis de serviço cada vez mais altos a serem realizadas pelo gestor público nesta função logís-
em termos de disponibilidade de estoque e tempo de aten- tica: “os materiais devem ser conservados nas embalagens
dimento. originais e somente abertos quando houver necessidade
A Instrução Normativa Nr. 205, de 08 de Abril de 1988, de fornecimento parcelado, ou por ocasião da utilização”;
trata do assunto no item RECEBIMENTO E ACEITAÇÃO de “a arrumação dos materiais deve ser feita de modo a man-
materiais para as entidades públicas. Expressa que o re- ter voltada para o lado de acesso ao local de armazenagem
cebimento é o ato pelo qual o material encomendado é a face da embalagem (ou etiqueta) contendo a marcação
entregue ao órgão público no local previamente desig- do item, permitindo a fácil e rápida leitura de identificação
nado, não implicando em aceitação. Transfere apenas a e das demais informações registradas”.
responsabilidade pela guarda e conservação do material, d. A função logística de apoio de obtenção
do fornecedor ao órgão recebedor. Ocorrerá nos almoxa- A função obtenção é também tratada como suprimen-
rifados, salvo quando o mesmo não possa ou não deva ali tos e aquisição. Independente do termo usado é basica-
ser estocado ou recebido, caso em que a entrega se fará mente uma função de compras. O termo “compras”, para
nos locais designados. Qualquer que seja o local de rece- o órgão ou entidade pública, deve ser entendido como
bimento, o registro de entrada do material será sempre no toda aquisição remunerada de bens para o fornecimento
almoxarifado. O recebimento, rotineiramente, nos órgãos de uma só vez ou parceladamente ( Art. 6º da Lei 8.666/93).
sistêmicos, decorrerá de: compra, cessão, doação, permuta,
transferência, produção interna.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Segundo BALLOU a “obtenção ou aquisição” refere-se e. A função logística de apoio de programação do pro-
àquelas atividades que ocorrem entre a organização e os duto
seus fornecedores e, geralmente, dá a impressão de tratar- Não diz respeito à programação detalhada da produ-
se de “compras”. Para o autor existem três variáveis-chave ção, executada diariamente pelos programadores de pro-
no processo de fornecimento para a organização: o preço, a dução. Lida com a distribuição de bens e/ ou prestação de
qualidade e a disponibilidade ou entrega do produto. É a ati- serviço. Trata do fluxo de saída.
vidade que deixa o BEM disponível para o sistema produtivo Nas organizações públicas, a missão institucional esta-
organizacional. Devem-se considerar as seguintes decisões: belece o produto organizacional e o seu regimento interno
quantidades a serem obtidas; programação de compras; lo- regula as atividades administrativas a serem desenvolvidas
calização de fornecedores e a forma física das mercadorias: para a consecução de metas e objetivos estabelecidos para
As quantidades a serem obtidas envolvem decisões so- atender as necessidades do público-alvo organizacional,
bre “o que deve ser comprado” de fontes externas e sobre caracterizando essa função logística.
“o que pode ser produzido” pela empresa. Por sua vez, as f. A função logística de apoio de manutenção de infor-
quantidades a serem compradas devem ser abordadas pelo mação
total a ser comprado e pelo tamanho do lote individual de Segundo, CHOPRA e MEINDL, a informação é crucial
entrega e/ou de compra. para o desempenho das funções logísticas em qualquer or-
A programação de compras envolve os aspectos de vo- ganização porque disponibiliza fatos e dados para o gestor
lume e da frequência das compras. A determinação do “tem- agrupá-los e analisá-los a fim de tomar decisões adminis-
po certo” é uma questão-chave. trativas organizacionais.
A localização de fornecedores envolve a “variável dis- Como toda organização integra uma ou várias cadeias
tância” que implica no tempo para a entrega do suprimen- de suprimentos a informação se torna ainda mais impor-
to. Fontes próximas têm vantagens, pois a entrega pode ser tante porque permite que a gerência tome decisões sobre
mais rápida e há menor risco de interrupções no transporte. um amplo escopo que abrange interação de funções e
A forma física das mercadorias influencia o fluxo de interação com outras instituições, sendo influenciada por
fatores do ambiente externo à organização, tais como: eco-
materiais entre o fornecedor e o comprador, sendo essen-
nômico, político-legal, sociocultural, tecnológico, fisiográ-
cial para a eficiência da movimentação no que se refere ao
fico e ecológico.
uso de equipamentos adequados para a movimentação, à
Para realizar a integração das funções logísticas, o
conversão de um para outro tipo de acondicionamento da
gestor público deve se valer de informações, além daque-
mercadoria, ao volume e/ou peso do material e no modal de
las sobre os objetivos da análise dos fatores ambientais,
transporte mais apropriado.
as relativas ao fornecedor, às funções logísticas críticas
Ainda segundo BALLOU, a “aquisição ou obtenção” é
(transporte, manutenção de estoque e processamento de
vista como uma extensão da programação do processo pro-
pedidos) e as funções logísticas de apoio (armazenagem,
dutivo organizacional, pois é onde são geradas as informa- manuseio de materiais, embalagem de proteção, obtenção,
ções de QUANDO e QUANTO “comprar” (grifo meu). programação de produto) cujo resultado será o estabele-
Para a organização pública, podemos observar a neces- cimento do nível de serviço desejado, possível e adequado
sidade dessas informações na IN 205/88 em seu item RE- às características do público-alvo organizacional. A neces-
NOVAÇÃO DE ESTOQUE onde expressa que o acompanha- sidade de informação sobre essas áreas agrega valor às
mento dos níveis de estoque e as decisões de QUANDO e atividades administrativas organizacionais, permitindo me-
QUANTO “comprar” (grifo meu) deverá ocorrer em função lhor coordenação entre os envolvidos no negócio público,
da aplicação de fórmulas constantes na referida Instrução configurando uma engrenagem logística.
Normativa. Enfim, para a organização pública, a importância da Lo-
Ainda na IN 205/88, pode ser encontrado no item DA gística está no fato de que ela permite administrar o fluxo
REQUISIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO: “A guia de remessa de ma- dos bens/serviços de onde eles são transformados para o
terial (ou nota de transferência), além de outros dados in- local certo de consumo, na forma desejada, no tempo certo
formativos julgados necessários, deverá conter: descrição e com o emprego adequado dos recursos públicos dispo-
padronizada do material; quantidade; unidade de medida; níveis, proporcionando o nível de serviço desejado pela so-
preços (unitário e total); número de volumes; peso; acondi- ciedade. Um sistema logístico eficiente permite uma região
cionamento e embalagem; e grau de fragilidade ou pereci- geográfica explorar suas vantagens inerentes pela especia-
bilidade do material”. lização de seus esforços produtivos naqueles produtos que
No setor público, pode-se considerar a aplicação do ela tem vantagens e pela exportação desses produtos às
conceito de AQUISIÇÃO ou OBTENÇÃO na IN 205/88 no outras regiões.
item DA AQUISIÇÃO onde descreve que as “compras” de Pelo exposto, pode-se verificar que aplicar a técnica
material, para reposição de estoques e/ou para atender logística nas atividades administrativas de uma organiza-
necessidade específica de qualquer unidade, deverão, em ção pública é estabelecer uma relação entre os dispositivos
princípio, ser efetuadas através do Departamento de Admi- legais e normativos vigentes para o setor público com os
nistração, ou de unidade com atribuições equivalentes ou conceitos e procedimentos logísticos aplicáveis às ativida-
ainda, pelas correspondentes repartições que, no território des funcionais do gestor público e aos processos adminis-
nacional, sejam projeções dos órgãos setoriais ou seccionais. trativos de sua instituição com vistas: a uma convergência

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LÍNGUA PORTUGUESA

aos padrões internacionais de logística aplicados a uma or- GESTÃO DE ESTOQUE


ganização (pública ou privada); a adoção de procedimen-
tos e práticas que permitam o reconhecimento, a mensu- Um dos itens mais importantes do Ativo de uma em-
ração, a avaliação e a evidenciação das funções logísticas presa comercial é o estoque. Essa importância advém não
nas atividades administrativas públicas; a configuração de só de sua alta participação percentual no total do Ativo,
um sistema logístico no âmbito da organização, valendo-se mas também do fato de ser a partir dele que se determi-
dos instrumentos administrativos existentes; e a caracteri- na o custo das mercadorias ou produtos vendidos. O es-
zação e a consolidação das informações de natureza logís- toque representa o custo das mercadorias possuídas por
tica constantes nos sistemas estruturadores do governo e uma empresa numa data especifica. Ou seja, é uma conta
nos dispositivos legais e normativos para a administração que registra os bens adquiridos para serem revendidos ou
pública. transformados.
Custos Logísticos O tipo de estoque que uma empresa possui, depende
Muitas pessoas que estudam e trabalham com logística do seu objetivo social: se for uma empresa que comercia-
às vezes tem dificuldade em definir o que é a logística, e o liza produtos, ela compra e vende os mesmos produtos e
que compõe o processo logístico. Quando se está em uma seu estoque é constituído de mercadorias. Assim sendo, a
empresa, é essencial saber para onde o dinheiro está indo venda de estoques gera receita de vendas, custo de mer-
(ou por onde está saindo!), e compreender quais são os cadorias ou produtos vendidos e estoque final. O termo
componentes dos custos logísticos é essencial nessa área. Custo de Mercadorias entende-se que é o preço pago pela
A função mais conhecida da logística são os transpor- mercadoria, acrescido de outras despesas para movimen-
tes, e eles representam o maior percentual dos custos lo- tação do estoque, deduzido os impostos recuperáveis e o
gísticos para a maioria das empresas. Considerando que valor de mercado.
a matriz de transporte brasileira, que utiliza fundamental- O princípio básico é que o custo das mercadorias ad-
mente o transporte rodoviário mesmo para longas distân- quiridas deve compreender todos os gastos que a empre-
cias, faz com que os custos de transportes sejam muito sa realiza para adquiri-las e colocá-las em condições de
elevados, o que influencia o custo final dos produtos e a serem vendidas. Para uma empresa que compra e vende
competitividade de nossas empresas. Assim, o custo de mercadorias, tais custos incluem o preço de compra e os
transporte é composto por custos fixos e variáveis. Os fixos gastos com transporte, recepção, inspeção e colocação nas
incluem depreciação da frota, salários, manutenção. Os va- prateleiras, além de custos administrativos associados ao
riáveis incluem: combustíveis, pneus, lubrificantes, dentre controle dos estoques. (STICKNEY, 2001, P.340). Diante da
outros. Caso o transporte seja terceirizado, então todo o existência do custo das mercadorias e do valor de mercado,
custo é pago na forma de frete. surge a necessidade de escolher o menor valor para avaliar
Outro fator importante na composição dos custos lo- o estoque. O problema para se chegar a essa conclusão,
gísticos são os estoques. Se o transporte é rápido e fre- prende-se ao fato da empresa ter em estoque o mesmo
quente, então podemos manter níveis de estoques baixos, produto adquirido em datas distintas, com custos unitários
mas pagaremos caro pelo transporte. Por outro lado, se os diferentes.
lotes são grandes (grandes volumes, pouca frequência), en- Se a empresa conseguir identificar qual unidade foi
tão o estoque médio será alto e custo de estocagem será vendida e quais unidades ficaram em estoque no final do
elevado. O custo do estoque é composto por diversos ele- período, a mensuração do custo das mercadorias vendidas
mentos: (1) o próprio valor do estoque que poderia estar e do estoque final não apresenta problemas. A semelhança
investido rendendo juros e pela oportunidade do capital; física entre unidades de alguns produtos, entretanto, cria
(2) manter o estoque também custa dinheiro: seguros, ob- dificuldades para a identificação de quais unidades foram
solescência, perdas e outros riscos associados; (3) durante vendidas e quais ficaram em estoque. Mesmo quando
a operação de transportes, um pouco do estoque fica in- avanços na tecnologia permitem que a empresa acompa-
disponível dentro dos caminhões – assim, o estoque em nhe cada item de seu estoque, ela pode preferir não fazê-lo,
trânsito também compõe este custo; (4) finalmente, caso os dados os custos envolvidos. (STICKNEY, 2001, p.339). Desta
estoques não sejam bem gerenciados, a empresa terá uma forma, surge a dúvida sobre qual preço unitário deve ser
falta de produtos, e este custo é difícil de ser mensurado. atribuído a tais estoques na data do balanço. Favaro et al.
O local onde é feita a armazenagem também compõe (1997, p.219), destaca que: “o importante é que de acordo
o custo logístico. Assim, o custo com armazenagem envol- com os princípios contábeis (do custo original como base
ve impostos, luz, conservação (ou aluguel caso o armazém de valor), deve se trabalhar com os valores de aquisição
seja alugado); para manusear os produtos são necessários (entradas) das mercadorias, o que pode variar é o critério
equipamentos de movimentação e armazenagem, além de adotado para sua valoração”. Considerando esse ponto de
salários (e encargos) dos funcionários. vista são varias as possibilidades de atribuição desse va-
Um pouco menores, mas também importantes de se- lor. Qualquer um dos métodos de valoração dos estoques,
rem considerados, estão os custos do pedido: custos rela- quando utilizados nas mesmas condições de quantidades e
cionados ao material utilizado (papel, materiais de escritó- preços, manterá a situação real das empresas nas mesmas
rio, computadores), custos de pessoal (salários e encargos) igualdades, com a mesma quantidade de estoque, porém
e os custos indiretos (luz, telefone, dentre outros). segundo Favaro et al. (1997, p.253), os resultados são in-
fluenciados pelos diferentes critérios de valoração de seus

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LÍNGUA PORTUGUESA

estoques, que provocam diferença no custo das mercado- Geralmente as empresas que não possuem uma boa
rias vendidas interferindo assim na obtenção do lucro bruto política de estocagem e vivem um dilema: quanto a empre-
na Demonstração de Resultado do Exercício. Isso quer dizer sa deve estocar para que seus interesses e os dos seus clien-
que os resultados obtidos são diferentes, em consequência tes sejam atendidos de forma satisfatória? A esse respeito,
dos critérios de atribuição de custos utilizados, embora to- o Planejamento é um dos principais instrumentos para o
dos tenham como base o mesmo custo de aquisição. estabelecimento de uma política de estocagem eficiente.
Pois, o departamento de vendas deseja um estoque elevado
Alguns critérios de avaliação de estoques: para atender melhor o cliente e a área de produção prefere
- Método PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai), também trabalhar com uma maior margem de segurança
do inglês, FIFO (first-in, first-out), ou seja, os primeiros ar- de estoque.
tigos a entrarem no estoque, serão aqueles que sairão em Em contrapartida, o departamento financeiro quer es-
primeiro lugar, deste modo o custo da matéria-prima deve toques reduzidos para diminuir o capital investido e melho-
ser considerado pelo valor de compra desses primeiros ar- rar seu fluxo de caixa. Segundo Erasmo (2006), planejar esta
tigos. O estoque apresenta uma relação forte com o custo atividade é fundamental, porque de um bom planejamento
de reposição, pois esse estoque representa os preços pa- virão, por exemplo, uma menor necessidade de capital de
gos recentemente, adotar este método, faz com que haja giro e uma margem de lucro maior”. Por esse motivo, os
oscilação dos preços sobre os resultados, pois as saídas empresários devem estar atentos aos objetivos da empre-
são confrontadas com os custos mais antigos, sendo esta sa para definir as quantidades corretas de cada mercadoria
uma das principais razões pelas quais alguns se mostram que deve estar no estoque em um determinado período de
contrários a este método. As vantagens o desse método tempo, para que a empresa não sofra nenhum prejuízo.
consistem no controle preciso dos materiais, pois são orde- E, já que o alto custo do dinheiro não permite imobilizar
nados em uma base contínua de acordo com sua entrada, grandes quantias em estoque e que manter uma empresa
o que é importante, quando se trata de produtos sujeitos a com uma boa variedade de produtos exige uma imobiliza-
mudança de qualidade, decomposição, deterioração etc.; o ção elevada de capital de giro, ele deve saber exatamente
resultado obtido revela o custo real dos artigos específicos o equilíbrio entre a quantidade de compras suficiente para
utilizados nas saídas; os artigos utilizados são retirados do um determinado período de vendas e a variedade de ar-
estoque e a baixa dos mesmos é dada de uma maneira tigos para que os clientes tenham opção de escolha. Para
sistemática e lógica. que isso aconteça, é importante que o empresário levante
- Método UEPS (último a entrar, primeiro a sair), do in- periodicamente a média mensal de compras para compará
glês LIFO (last-in first-out) é um método de avaliar estoque -las com as vendas e, com isso, saber se o investimento em
bastante discutido. O custo do estoque é obtido como se mercadorias está tendo o retorno desejado.
as unidades mais recentes adicionadas ao estoque (últimas O ato de comprar deve ser sempre precedido de um
a entrar) fossem as primeiras unidades vendidas (saídas). bom planejamento. A compra de mercadorias envolve a
Pressupõe-se, deste modo, que o estoque final consiste colocação do pedido, o recebimento e a inspeção das mer-
nas unidades mais antigas e é avaliado ao custo das mes- cadorias encomendadas e o registro da compra. Rigorosa-
mas. Segue-se que, de acordo com o método UEPS, o cus- mente, o comprador de uma mercadoria somente deveria
to dos artigos vendidos (saídas) tende a refletir no custo registrar a compra quando a propriedade legal da merca-
dos artigos comprados mais recentemente (comprados ou doria adquirida passasse do vendedor para o comprador.
produzidos). Também permite reduzir os lucros líquidos ex- Caracterizar quando isso acontece envolve tecnicalidades
postos. As vantagens de utilização deste método consistem legais associadas ao contrato entre as duas partes. E para
na apuração correta de seus custos correntes; o estoque é que isso aconteça, é de grande importância a elaboração
avaliado em termos do nível de preço da época em que o de uma previsão de compras. Nas empresas comerciais,
UEPS foi introduzido; é uma forma de se custear os artigos essa previsão é complicada, pois o numero de mercado-
consumidos de uma maneira realista e sistemática; em pe- rias comercializadas é muito grande. As empresas preferem
ríodos de alta de preços, os preços maiores das compras vender tanto quanto possível, com um numero mínimo de
mais recentes, são ajustados mais rapidamente às produ- capital empatado em estoque. Por isso, a previsão deve ser
ções, reduzindo o lucro. No entanto, não é aceito pela le- elaborada pelos diversos setores funcionais da empresa,
gislação brasileira. observando-se as características e peculiaridades do mer-
- Custo Médio é o método utilizado nas empresas bra- cado fornecedor e do comportamento das vendas (STICK-
sileiras para atendimento à legislação fiscal. Empresas mul- NEY, 2001).
tinacionais com operações no Brasil frequentemente têm É aconselhável que sejam feitas previsões individuais
de avaliar o estoque segundo o método da matriz, e tam- para cada setor ou departamento e reuni-las posterior-
bém segundo o custo médio para atendimento à legislação mente em uma só, facilitando o planejamento das compras.
brasileira. Esse método permite que as empresas realizem Depois de preparada a previsão de compras, esta deve ser
um controle permanente de seus estoques, e que a cada ajustada ás condições financeiras da empresa. Isso deve
aquisição, o seu preço médio dos produtos seja atualizado, ser feito em reunião com os encarregados de compras, os
pelo método do custo médio ponderado. encarregados de vendas e os encarregados pelo controle
financeiro para que se encontre um equilíbrio entre os se-
tores.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A empresa que não faz a previsão de compras encontra É aprovado por lei quadrienal, sujeita a prazos e ritos
dificuldades para manter seus estoques de forma equilibrada. diferenciados de tramitação e tem vigência do segundo
Acabam comprando mercadorias de acordo com as necessi- ano de um mandato do Poder Executivo até o final do pri-
dades surgidas correndo o risco de não ter produtos em épo- meiro ano do mandato seguinte.
cas que o volume de vendas cresce. Perdendo dessa forma, Nele se prevê a atuação do Governo, durante o perío-
oportunidade de aumentar suas vendas, perdendo clientes e, do mencionado, em programas de duração continuada já
consequentemente, diminuído o lucro da empresa. E não ten- instituídos ou a instituir no médio prazo, buscando o cum-
do a previsão correta de compras, ele pode comprar um volu- primento do princípio da continuidade da prestação do
me inadequado de mercadorias aumentando o custo de ma- serviço público, em prol do interesse público.
nutenção dos estoques. Para Stickney (2001, p.362): “Manter Com a obrigatoriedade do PPA, tornou-se obrigatório
estoques – ou como também se diz, carregar estoques - gera o Governo planejar todas as suas ações e também seu or-
custos”. Isso ocorre, porque quanto maior a quantidade de çamento de modo a não ferir as diretrizes nele contidas,
mercadorias estocadas, maior será o espaço físico necessário somente devendo efetuar investimentos em programas
para guardá-las, maior o número de funcionários necessários estratégicos previstos na redação do PPA para o período
e maiores os gastos para controle do estoque. Além disso, o vigente. A Constituição, também, sugere que a iniciativa
mesmo autor destaca que pelo menos uma pequena quan- privada volte suas ações de desenvolvimento para as áreas
tidade de mercadorias precisa ser mantida em estoque para abordadas pelo plano vigente.
satisfazer às necessidades dos clientes à medida que elas apa- O PPA é dividido em planos de ações, e cada plano
reçam. deverá conter: (i) objetivo, órgão do Governo responsável
pela execução do projeto, (ii) o valor, (iii) o prazo de con-
clusão, (iv) as fontes de financiamento, (v) o indicador que
5. GESTÃO FINANCEIRA: NOÇÕES represente a situação que o plano visa alterar, (vi) a ne-
DE ORÇAMENTO PÚBLICO. cessidade de bens e serviços para a correta efetivação do
previsto, (vii) a regionalização do plano, etc.
Cada um desses planos (ou programas) será designa-
do a uma unidade responsável competente, mesmo que
O orçamento público brasileiro compreende a elaboração
durante a execução dos trabalhos várias unidades da esfe-
e a execução de três leis básicas: (i) o Plano Plurianual (“PPA”),
ra pública sejam envolvidas. Também será designado um
(ii) a Lei de Diretrizes Orçamentárias (“LDO”) e a Lei de Orça-
gerente específico para cada ação prevista no Plano Plu-
mento Anual (“LOA”), que em conjunto materializam o pla-
rianual, por determinação direta da Administração Pública.
nejamento e a execução das políticas públicas de cada ente
da Federação (União, Estados, Municípios e Distrito Federal). O Decreto nº 2.829, 29.10.1998, que regulamentou o
Nesse capítulo, analisaremos cada uma das leis, buscando de- PPA prevê que sempre se deve buscar a integração das vá-
monstrar a sua função no sistema orçamentário brasileiro, e de rias esferas do poder público (federal, estadual e munici-
que forma respeitam os orçamentários pátrios. pal), e também destas com o setor privado.
A cada ano, deverá ser realizada uma avaliação do pro-
PLANO PLURIANUAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. cesso de andamento das medidas a serem desenvolvidas
durante o período quadrienal – não só apresentando a si-
O Plano plurianual está previsto na constituição no artigo tuação atual dos programas, mas também sugerindo for-
a seguir: mas de evitar o desperdício de dinheiro público em ações
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: não significativas. Com base nesta avaliação é que serão
I - o plano plurianual; traçadas as bases para a elaboração do orçamento anual.
II - as diretrizes orçamentárias; A avaliação anual poderá se utilizar de vários recursos
III - os orçamentos anuais. para sua efetivação, inclusive de pesquisas de satisfação
§ 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de pública, quando viáveis.
forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da admi- Embora teoricamente todos os projetos do PPA sejam
nistração pública federal para as despesas de capital e outras importantes e necessários para o desenvolvimento socioe-
delas decorrentes e para as relativas aos programas de dura- conômico do ente, dentro do mesmo devem ser estabe-
ção continuada. lecidos projetos que detêm de maior prioridade na sua
§ 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e seto- realização.
riais previstos nesta Constituição serão elaborados em conso-
nância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS NA CONSTITUIÇÃO
Nacional. FEDERAL.
A Lei das Diretrizes Orçamentárias está prevista na
O Plano Plurianual (“PPA”), no Brasil, previsto no artigo 165 constituição no artigo a seguir:
da Constituição Federal de 1988, e regulamentado pelo Decre- Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabe-
to nº 2.829, de 29.10.1998, em plena compatibilidade com o lecerão:
princípio do orçamento investimento, estabelece as medidas, I - o plano plurianual;
gastos e objetivos a serem seguidos pela Administração ao II - as diretrizes orçamentárias;
longo de um período (exercício) de quatro anos. III - os orçamentos anuais.

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LÍNGUA PORTUGUESA

§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá estão em andamento; (vi) estabelecer critérios de progra-
as metas e prioridades da administração pública federal, mação financeira mensal; (vii) estabelecer o percentual da
incluindo as despesas de capital para o exercício financei- receita corrente líquida a ser retido na peça orçamentária,
ro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária como Reserva de Contingência.
anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e Além do estabelecimento e definição dos itens acima,
estabelecerá a política de aplicação das agências financei- a LDO deverá ser acompanhada dos chamados Anexos
ras oficiais de fomento. de Metas Fiscais. Esses Anexos deverão conter: (i) metas
§ 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após anuais para receitas, despesas, resultados nominal e pri-
o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da mário e montante da dívida para o exercício a que se re-
execução orçamentária. ferirem e para os dois exercícios seguintes; (ii) a avaliação
§ 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e do cumprimento das metas relativas ao ano anterior; (iii) o
setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e
em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pre-
Congresso Nacional. tendidos, comparando-as com as fixadas nos três últimos
exercícios, evidenciando a consistência delas com as pre-
A LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS missas e os objetivos da política vigente; (iv) o demons-
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (“LDO”) tem a fina- trativo da evolução do patrimônio líquido nos últimos três
lidade precípua de orientar a elaboração dos orçamentos exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos
fiscal e da seguridade social e de investimento das empre- obtidos com a alienação de ativos; (v) a avaliação financei-
sas estatais. Busca sincronizar a Lei Orçamentária Anual ra e atuarial de todos os fundos e programas de natureza
(“LOA”) com as diretrizes, objetivos e metas da administra- atuarial; (vi) o demonstrativo da estimativa e compensa-
ção pública, estabelecidas no PPA, em estrita observância ção da renúncia de receita e da margem de expansão das
aos princípios do orçamento investimento e da unidade despesas obrigatórias de caráter continuado; (vii) a ava-
orçamentária. liação dos passivos contingentes e outros riscos capazes
De acordo com o parágrafo 2º, do art. 165, da Consti-
de afetar as contas, informando as providências, caso se
tuição Federal de 1988, a LDO (i) deverá trazer as metas e
concretizem, como por exemplo, é importante verificar os
prioridades da administração pública, incluindo as despe-
processos judiciais de devolução de tributos questionáveis,
sas de capital para o exercício financeiro subsequente, (ii)
ou demanda de reivindicações salariais não concedidas.
orientará a elaboração da LOA, (iii) disporá sobre as alte-
Enfim, o Anexo de Metas Fiscais compreenderá: (i) a
rações na legislação tributária e (iv) estabelecerá a política
previsão trienal da receita, da despesa, estimando, assim,
de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
Em observância do princípio da anualidade orçamentá- os resultados nominal e primário; (ii) a previsão trienal do
ria, a LDO será elaborada, anualmente, pela Administração estoque da dívida pública, considerando os passivos fi-
e aprovada pelo Poder Legislativo que, após aprovação, nanceiro e permanente; (iii) a avaliação do cumprimento
devolverá ao Executivo para sanção. É importante destacar das metas do ano anterior; (iv) a evolução do patrimônio
que a Constituição de 1988 não prevê a possibilidade de líquido ou passivo real descoberto (resultado patrimonial
rejeição do projeto de lei de diretrizes orçamentárias, uma negativo); (v) a avaliação financeira e atuarial dos fundos
vez que prescreve, em seu art. 57, §2º, que a sessão legis- de previdência dos servidores públicos; (vi) a Estimativa de
lativa não será interrompida sem a aprovação do projeto, compensação da renúncia de receitas (anistias, remissões,
logo, o projeto após entregue pelo Executivo deverá ser isenções, subsídios etc.) e da margem de expansão das
analisado e encaminhado para aprovação. despesas obrigatórias de caráter continuado.
A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº
101, de 04.05.2000) ampliou a importância da LDO, deter- A LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL
minando a previsão de várias outras situações, além das A Lei Orçamentária Anual (“LOA”) ou orçamento anual
previstas na Constituição. São elas (i) estabelecer os crité- visa concretizar os objetivos e metas propostas no PPA, se-
rios para o congelamento de dotações, quando as recei- gundo as diretrizes estabelecidas pela LDO, em conformi-
tas não evoluírem de acordo com a estimativa orçamen- dade com o princípio da unidade do orçamento público. É
tária; (ii) estabelecer controles operacionais e suas regras uma lei, em sentido formal, elaborada pelo Poder Executivo
de atuação para avaliação das ações desenvolvidas ou em e aprovada pelo Poder Legislativo, que estabelece as des-
desenvolvimento; (iii) estabelecer as condições de ajudar pesas e as receitas que serão realizadas em determinado
ou subvencionar financeiramente instituições privadas, ano (princípio da anualidade do orçamento). A Constitui-
fornecendo o nome da instituição, valor a ser concedido, ção determina que o Orçamento deve ser votado e aprova-
objetivo etc., sendo importante ressaltar que serão nulas do até o final de cada Legislatura, sendo competência do
as subvenções não previstas na LDO, excluindo casos de Chefe do Poder Executivo de cada ente público enviar ao
emergência; (iv) estabelecer condições para autorizar os órgão legislativo a proposta do orçamento.
entes a auxiliar o custeio de despesas próprias de outros A proposta da LOA compreende os três tipos distin-
entes, como por exemplo, gastos de quartel da Polícia Mi- tos de orçamentos, a saber: (i) o Orçamento Fiscal, que
litar, de Cartório Eleitoral, Recrutamento Militar, de ativi- compreende os poderes da União, dos Estados, do Distrito
dades da Justiça etc.; (v) estabelecer critérios para o início Federal e dos Municípios, os Fundos, Órgãos, Autarquias,
de novos projetos, após o adequado atendimento dos que inclusive as especiais, e Fundações instituídas e mantidas

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LÍNGUA PORTUGUESA

pelo ente público; abrange, também, as empresas públicas esses estágios, já que, após o recebimento do crédito orça-
e sociedades de economia mista em que o Poder Público, mentário e antes do seu comprometimento para a realização
direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social da despesa, existe uma fase geralmente demorada de lici-
com direito a voto e que recebam desta quaisquer recur- tação obrigatória junto a fornecedores de bens e serviços
sos que não sejam provenientes de participação acioná- que impõe a necessidade de se assegurar o crédito até o
ria, pagamentos de serviços prestados, transferências para término do processo licitatório.
aplicação em programas de financiamento atendendo ao Todo esse processo ocorre observando, estritamente,
disposto na alínea “c” do inciso I do art. 159 da CF e refi- os princípios constitucionais orçamentários, bem como
nanciamento da dívida externa; (ii) o Orçamento de Seguri- aqueles que regem a Administração Pública, dentre eles a
dade Social, que compreende todos os órgãos e entidades moralidade, a publicidade e a eficiência, de modo que o
a quem compete executar ações nas áreas de saúde, pre- interesse público seja sempre garantido.
vidência e assistência social, quer sejam da Administração
Direta ou Indireta, bem como os fundos e fundações insti- ESTRUTURA PROGRAMÁTICA.
tuídas e mantidas pelo Poder Público; compreende, ainda,
os demais subprojetos ou subatividades, não integrantes Identificação dos produtos finais de uma organização,
do Programa de Trabalho dos Órgãos e Entidades mencio- representados pelos seus programas e subprogramas, fixa-
nados, mas que se relacionem com as referidas ações, ten- dos a partir dos objetivos constantes dos planos de gover-
do em vista o disposto no art. 194 da CF; e (iii) o Orçamento no, além da determinação dos recursos reais e financeiros
de Investimento das Empresas Estatais: previsto no inciso II, exigidos e das medidas de coordenação e compatibilização
parágrafo 5º do art. 165 da CF, que abrange as empresas requeridas.
públicas e sociedades de economia mista em que o Estado, De grande importância para a compreensão do orça-
direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social mento são os critérios de classificação das contas públicas.
com direito a voto. As classificações são utilizadas para facilitar e padronizar
as informações que se deseja obter. Pela classificação é
Execução Orçamentária possível visualizar o orçamento por Poder, por Instituição,
A execução orçamentária ocorre concomitantemente por Função de Governo, por Subfunção, por Programa, por
com a financeira. Esta afirmativa tem como sustentação o Projeto, Atividade e/ou Operação Especial, ou, ainda, por
fato de que a execução tanto orçamentária como finan-
categoria econômica.
ceira estão atreladas uma a outra. Havendo orçamento e
não existindo o financeiro, não poderá ocorrer a despe-
Várias são as razões pelas quais deve existir um bom
sa. Por outro lado, havendo recurso financeiro, mas não se
sistema de classificação no orçamento. Podemos citar al-
podendo gastá-lo, não há que se falar em disponibilidade
gumas:
orçamentária.
1) facilitar a formulação de programas;
Em consequência, pode-se definir execução orçamen-
tária como sendo a utilização dos créditos na LOA. Já a 2) proporcionar uma contribuição efetiva para o acom-
execução financeira, por sua vez, representa a utilização de panhamento da execução do orçamento;
recursos financeiros, visando atender à realização dos pro- 3) determinar a fixação de responsabilidades e
jetos e/ou atividades atribuídas às Unidades Orçamentárias 4) possibilitar a análise dos efeitos econômicos das
pelo Orçamento. ações governamentais.
Na técnica orçamentária, inclusive, é habitual se fazer
a distinção entre as palavras crédito e recursos. O primeiro Dependendo do critério de classificação, alguns aspec-
termo designa o lado orçamentário e o segundo, o lado fi- tos das contas poderão ser evidenciados. A Lei estabelece
nanceiro. Crédito e Recurso são duas faces de uma mesma a obrigatoriedade de classificação segundo vários critérios,
moeda. O crédito é a dotação ou autorização de gasto ou encontrados na Classificação por Categoria Econômica.
sua descentralização, e o recurso é o dinheiro ou saldo de
disponibilidade bancária. Classificação por Categoria Econômica
Uma vez publicada a LOA, observadas as normas de A classificação por categoria econômica é importante
execução orçamentária e de programação financeira para para o conhecimento do impacto das ações de governo
o exercício, e lançadas as informações orçamentárias, cria- na conjuntura econômica do país. Ela possibilita que o or-
se o crédito orçamentário e, a partir daí, tem-se o início da çamento constitua um instrumento de importância para a
execução orçamentária propriamente dita. análise e ação de política econômica, de maneira a ser uti-
Executar o orçamento é, portanto, realizar as despesas lizado no fomento ao desenvolvimento nacional, no con-
públicas nele previstas, ressaltando que para que qualquer trole do déficit público, etc. Por esse critério, o orçamento
utilização de recursos públicos seja efetuada, a primeira se divide em dois grandes grupos: as Contas Correntes e
condição é que esse gasto tenha sido legal e oficialmente Contas de Capital.
previsto e autorizado pelo Poder Legislativo e que sejam
seguidos à risca os três estágios da execução das despe-
sas previstos na Lei nº 4.320/64, isto é, (i) o empenho, (ii)
a liquidação e (iii) o pagamento – atualmente se encontra
em aplicação a sistemática do pré-empenho antecedendo

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação Funcional O PLANO PLURIANUAL


A classificação funcional-programática representou um O Plano Plurianual (“PPA”), no Brasil, previsto no arti-
grande avanço na técnica de apresentação orçamentária. Ela go 165 da Constituição Federal de 1988, e regulamentado
permitiu a vinculação das dotações orçamentárias a objetivos de pelo Decreto nº 2.829, de 29.10.1998, em plena compati-
governo, que por sua vez eram viabilizados pelos programas de bilidade com o princípio do orçamento investimento, es-
governo. Esse enfoque permitiu uma visão de ‘o que o governo tabelece as medidas, gastos e objetivos a serem seguidos
fazia’, o que tinha significado bastante diferenciado do enfoque pela Administração ao longo de um período (exercício) de
tradicional, que visualizava ‘o que o governo comprava’. quatro anos.
Para o orçamento do ano 2000, diversas modificações É aprovado por lei quadrienal, sujeita a prazos e ritos
foram estabelecidas na classificação vigente, procurando-se diferenciados de tramitação e tem vigência do segundo
privilegiar o aspecto gerencial do orçamento, com adoção de ano de um mandato do Poder Executivo até o final do pri-
práticas simplificadoras e descentralizadoras. meiro ano do mandato seguinte.
O eixo principal dessas modificações foi a interligação Nele se prevê a atuação do Governo, durante o perío-
entre o planejamento (PPA) e o orçamento (LOA), por inter- do mencionado, em programas de duração continuada já
médio de programas que são gerenciados por um responsá- instituídos ou a instituir no médio prazo, buscando o cum-
vel e orientados para a consecução dos objetivos estratégi- primento do princípio da continuidade da prestação do
cos definidos pelo governo. Esses objetivos são viabilizados serviço público, em prol do interesse público.
por meio de projetos e atividades que têm produto (bem/ Com a obrigatoriedade do PPA, tornou-se obrigatório
serviço) específico. Assim, uma vez definido o programa, com o Governo planejar todas as suas ações e também seu or-
suas respectivas ações, classifica-se a despesa de acordo com çamento de modo a não ferir as diretrizes nele contidas,
a especificidade de seu conteúdo e produto, em uma subfun- somente devendo efetuar investimentos em programas
ção, independente de sua relação institucional. Em seguida estratégicos previstos na redação do PPA para o período
será feita a associação com a função, voltada à área de atua- vigente. A Constituição, também, sugere que a iniciativa
ção característica do órgão/unidade em que as despesas es- privada volte suas ações de desenvolvimento para as áreas
tão sendo efetuadas. Dessa forma, a classificação orçamentá-
abordadas pelo plano vigente.
ria para 2000 apresenta:
O PPA é dividido em planos de ações, e cada plano
1) Um rol de funções, que representa o maior nível de
deverá conter: (i) objetivo, órgão do Governo responsável
agregação das diversas áreas da despesa que competem ao
pela execução do projeto, (ii) o valor, (iii) o prazo de con-
setor público. Dentre elas existe a função “Encargos Espe-
clusão, (iv) as fontes de financiamento, (v) o indicador que
ciais”, que engloba despesas não associadas a um bem ou
represente a situação que o plano visa alterar, (vi) a ne-
serviço gerado no processo produtivo, como: dívida, ressar-
cimento, indenização, entre outros. cessidade de bens e serviços para a correta efetivação do
2) Um rol de subfunções, que representa uma partição previsto, (vii) a regionalização do plano, etc.
da função, agregando um determinado subconjunto de Cada um desses planos (ou programas), será designa-
despesas do setor público. Cabe ressaltar que a classifica- do a uma unidade responsável competente, mesmo que
ção funcional ora introduzida preservou a matricialidade da durante a execução dos trabalhos várias unidades da esfe-
funcional-programática, ou seja, as subfunções poderão ser ra pública sejam envolvidas. Também será designado um
combinadas com funções diferentes daquelas a que estejam gerente específico para cada ação prevista no Plano Plu-
vinculadas. rianual, por determinação direta da Administração Pública.
3) Um rol de programas, que representa um conjunto de O Decreto nº 2.829, 29.10.1998, que regulamentou o
ações que concorrem para um objetivo preestabelecido. Os PPA prevê que sempre se deve buscar a integração das vá-
programas são definidos de acordo com a estrutura de cada rias esferas do poder público (federal, estadual e munici-
nível de governo, de maneira a adequar a solução de proble- pal), e também destas com o setor privado.
mas identificados. O programa é entendido como módulo A cada ano, deverá ser realizada uma avaliação do pro-
integrador entre planejamento e orçamento, solucionando cesso de andamento das medidas a serem desenvolvidas
assim a difícil compatibilização dessas duas estruturas. durante o período quadrienal – não só apresentando a si-
4) Um rol de projetos, que são os instrumentos de pro- tuação atual dos programas, mas também sugerindo for-
gramação para alcançar os objetivos de um programa, envol- mas de evitar o desperdício de dinheiro público em ações
vendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das não significativas. Com base nesta avaliação é que serão
quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o traçadas as bases para a elaboração do orçamento anual.
aperfeiçoamento da ação do governo. A avaliação anual poderá se utilizar de vários recursos
5) Um rol de atividades, que são os instrumentos de para sua efetivação, inclusive de pesquisas de satisfação
programação para alcançar os objetivos de um programa, pública, quando viáveis.
envolvendo um conjunto de operações, que se realizam de Embora teoricamente todos os projetos do PPA sejam
modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto importantes e necessários para o desenvolvimento socioe-
necessário à manutenção da ação do governo. 6) Um rol de conômico do ente, dentro do mesmo devem ser estabe-
operações especiais, que representam ações que não contri- lecidos projetos que detêm de maior prioridade na sua
buem para a manutenção das ações de governo, das quais realização.
não resulta um produto e não geram contraprestação direta
sob a forma de bens e serviços.

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LÍNGUA PORTUGUESA

EXERCICIOS 3) O desenvolvimento de uma sociedade e de suas ins-


tituições coloca a capacidade de dialogar como meio efi-
1) A opinião do cliente/usuário é necessária para que caz de resolução de problemas. No atendimento, o diálo-
se possa atingir a qualidade do atendimento. O processo go é tudo, abre portas, cativa clientes e convence. Por isso,
de busca da qualidade deve considerar que todas as pes- uma das habilidades mais valorizadas nos perfis profissio-
soas que mantenham contato com a empresa são clientes, nais tem sido a persuasão. Analise as afirmativas a seguir.
tenham elas adquirido ou não algum produto ou serviço. I. O profundo domínio técnico sobre os serviços da
Portanto, deve-se estar atento para evitar falhas. A seguir, empresa ajuda a dar segurança no momento de esclare-
são listadas três orientações importantes no trato com al- cer, convencer e informar. Um indivíduo persuasivo é argu-
guém que busca informação. Assinale a alternativa que, mentativo e focado.
correta e respectivamente, traz os corretos complementos II. O controle emocional é um ingrediente-chave du-
a cada uma delas. rante o diálogo. Pessoas que não sabem lidar com suas
- Quando conversar com o cliente: _____________
reações emocionais dificilmente conseguirão manter o
- Faça perguntas específicas sobre o problema do
equilíbrio, correndo o risco de deixar a racionalidade de
cliente:____________
lado.
- Dê sugestões para solucionar a questão: ____________
III. Para persuadir é imprescindível falar bastante. Na
(A) faça com que ele se sinta ouvido / para demonstrar
que talvez algo possa ser feito / para demonstrar que há a comunicação interpessoal, deve-se fundamentar a argu-
intenção de ajudá-lo. mentação em evidências, fatos ou dados.
(B) reproduza todo o discurso dele com suas palavras Está correto o que se afirma em:
para confirmar o seu entendimento / para identificar se o (A) I, somente.
que ele quer é mesmo necessário / com base em sua pró- (B) II, somente.
pria experiência – não no que você acha que o cliente quer (C) III, somente.
ouvir. (D) I e II, somente.
(C) faça com que ele se sinta especial / para colher to- (E) todas.
das as informações possíveis / de forma que tudo seja feito
brevemente e possa-se partir para outro cliente. 4) O Assistente Administrativo recebe a incumbência
(D) olhe para ele bem fixamente; isso demonstrará que de redigir um memorando. Atendendo aos requisitos bási-
está atento / para descobrir a real origem do problema/ cos da redação oficial, ele deverá redigir o documento de
independentemente de qualquer situação. forma concisa, ou seja, o texto deverá transmitir um má-
(E) imponha limites / para demonstrar interesse / e ga- ximo de informações com um mínimo de palavras. Outro
ranta que tudo será resolvido para garantir a total confian- requisito importante é a clareza, qualidade básica de todo
ça do cliente. texto oficial. Claro é aquele texto que possibilita imedia-
ta compreensão pelo leitor. E, além disso, deverá evitar a
2) Imprimir cópias ou arquivos é uma das tarefas mais duplicidade de interpretações que pode decorrer de um
corriqueiras, sobretudo no departamento administrativo. tratamento personalista dado ao texto. Essa descrição cor-
São procedimentos corretos para colocar papel (normal) responde à característica do(a):
na impressora: (A) uniformidade.
I. Puxe o receptor de papel. Pressione a pastilha do guia (B) ordenamento.
de margem esquerdo e faça deslizar o guia para que a dis- (C) formalidade.
tância entre os guias de margem seja ligeiramente maior (D) impessoalidade.
do que a largura do papel.
(E) factualidade.
II. Folheie uma resma de papel e alinhe-a numa super-
fície plana.
III. Coloque a resma de papel no alimentador com a
face a ser impressa voltada para cima e com a margem di-
reita encostada ao guia de margem direito. Em seguida,
faça deslizar o guia de margem esquerdo até a margem
esquerda do papel. Certifique-se de que a resma de papel
fica por baixo das patilhas existentes nos guias de margem.
Está correto o que se afirma em:
(A) I, somente.
(B) II, somente.
(C) III, somente.
(D) todos.
(E) nenhum.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5) A conduta ética do servidor é tão ou mais impor-


tante do que qualquer outra profissão regulamentada por ANOTAÇÕES
lei específica, uma vez que as atividades da Administração
Pública e do servidor estão reguladas nos artigos 37 a 41
da Constituição Federal, valendo destacar e transcrever o ___________________________________________________
caput do art. 37 que determina: “A administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos ___________________________________________________
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá ___________________________________________________
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.” Resumidamente, a ética é a ciên- ___________________________________________________
cia da moral que estabelece normas de conduta de um
profissional no desempenho de suas atividades. Assinale, ___________________________________________________
a seguir, uma conduta que não seja ética por parte do ser- ___________________________________________________
vidor.
(A) Jamais retardar qualquer prestação de contas, con- ___________________________________________________
dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da
coletividade a seu cargo. ___________________________________________________
(B) Facilitar a fiscalização de todos os atos ou serviços ___________________________________________________
por quem de direito.
(C) Ter respeito à hierarquia, com temor de representar ___________________________________________________
contra qualquer comprometimento indevido da estrutura
hierárquica superior. ___________________________________________________
(D) Exercer, com estrita moderação, as prerrogativas ___________________________________________________
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê
-lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários ___________________________________________________
do serviço público e dos jurisdicionados administrativos.
(E) Abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun- ___________________________________________________
ção, poder ou autoridade com finalidade estranha ao in- ___________________________________________________
teresse público, mesmo que observando as formalidades
legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei. ___________________________________________________

___________________________________________________
GABARITO ___________________________________________________
1. A ___________________________________________________
2. D
3. D ___________________________________________________
4. D ___________________________________________________
5. C
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

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