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Curso de Interpretação – Alfred Cortot

ALFRED CORTOT

CURSO DE
INTERPRETAÇÃO

Didática Específica

Aveiro, 8 de Fevereiro de 2017

Tiago Alexandre Mendes Nunes


Nrº 73768

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Curso de Interpretação – Alfred Cortot

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Curso de Interpretação – Alfred Cortot

Índice
1. Introdução ...................................................................................................................... 4
2. Biografia de Alfred Cortot ............................................................................................. 5
3. Prelúdio e fuga: .............................................................................................................. 6
4. Os prelúdios de Chopin ................................................................................................ 8
5. Os prelúdios de Debussy............................................................................................ 10
6. Suite .............................................................................................................................. 11
7. Sonata ........................................................................................................................... 11
8. Concerto ....................................................................................................................... 12
9. Variação ........................................................................................................................ 12
10. Conclusão..................................................................................................................... 14
11. Bibliografia ................................................................................................................... 15

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1. Introdução

Citando Jeanne Thiffry, este método assenta-se nos mesmos termos com os quais Cortot
definiu tão bem nas suas aulas: - o movimento, a expressão musical e a flor da sua
linguagem.

Citando Rossau, para se elevar às grandes expressões da musica, é necessário estudar


de uma forma muito particular as paixões humanas e as linguagens da natureza. Tolstoi
acrescenta, - a arte é a comunicação dos sentimentos apresentados.

Este método subdivide-se em 8 partes, que passarei a denominar: o prelúdio e fuga, os


prelúdios de Chopin, os prelúdios de Debussy, a suite, a sonata, o concerto e, por fim, a
variação.

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2. Biografia de Alfred Cortot

Alfred Cortot nasceu precisamente a 26 de Setembro de 1877 em Nyon na Suíça de mãe


Suíça e pai Francês. Não se pode dizer que o pianista tenha propriamente sido uma
criança prodígio. Apesar de ter entrado no Conservatório de Paris em 1886 sendo na
altura aluno de Emile Décombes e depois mais tarde (1892) de Louis Diémer. Nenhum
destes professores o marcou sobretudo porque o estilo demasiado técnico em detrimento
da liberdade de interpretação ia contra a sua natureza profunda. Alfred Cortot como
aconteceu com muitos compositores nascidos no final do século XIX nasceu um pouco
tarde demais. Como ele próprio referia citando Musset "Nasci demasiado tarde num
mundo demasiado velho.

Porém o contacto com grandes pianistas que carregavam ainda a tradição romântica como
por exemplo Paderewski, Rubinstein e sobretudo Riesler que foi a sua grande fonte de
inspiração nesses primeiros anos. É desta forma, que já relativamente tarde, vence o seu
primeiro Grande Prémio em 1896.

Entre 1905 e 1914, Cortot cria uma ligação de amizade com Fauré que o levará após a
primeira guerra mundial ao cargo de professor no Conservatório de Paris.

Em 1919 cria a Ecole Normale de Musique de Paris, em que o corpo docente é formado
por Casals, Nadia Boulanger, Stranvisnky entre outros. Esta escola, além de ser uma
escola de interpretes, é também uma escola de professores onde para além do mais
Cortot, inova pedagogicamente sendo justo atribuir-lhe, a invenção do conceito de Master
Class tal como é hoje entendida.

Cortot praticamente interpretou todos os grandes compositores, sendo especialmente


conhecido pelas suas interpretações de Chopin e de Schumann.

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3. Prelúdio e fuga:

As formas, diz Cortot, são a roupagem do pensamento musical, sendo assim um musico,
para realização sonora, dispõe apenas de 3 recursos: a repetição de um tema, a sua
criação e o seu desenvolvimento.

Os prelúdios e fugas de cravo bem temperado de Bach, segundo Cortot, são pura
indagação pois, o seu temperamento e as particularidades mecânicas e sonoras são a
essência do estudo.

Cortot proferiu, que, para o aluno conseguir captar na totalidade a melhor abordagem do
estudo, e posteriormente da performance do preludio e fuga, é preciso que o docente
partilhe com o seu educando o lado metafísico de cada um preludio e fuga. Se pelo
contrário, a apresentação dos mesmos for dada “como exercícios mecânicos de

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movimentos rígidos”, os alunos submetidos a esse regime, tornam-se incapazes de


discernir o caracter poético dessa música”.

Por exemplo, o prelúdio e fuga em Si bemol maior, - o caracter é ornamental apenas na


aparência. A ornamentação tem como finalidade, perlongar o som.

Outro exemplo, é o Prelúdio em dó menor do segundo volume. Este, assemelha-se a


certas peças de Scarlatti, com o mesmo direcionamento tonal, isto é, à terceira e em
retorno ao tom. O seu caracter muito próximo de uma Allemande, pede um certo ambiente
Scherzando, brincalhão, leve, animado pelas passagens contínuas do motivo da mão
direita para a esquerda. A fuga, depressão vocal e de estilo religioso, se bem que indicada
a quatro vozes, não o é realmente se não por cinco compassos, quando o baixo toma a
haste pedaleira do órgão.

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4. Os prelúdios de Chopin

Segundo Nieckes, a obra de Chopin deu-nos a melhor e a mais sensível definição do


milagre musical, dizendo, “se as lágrimas tivessem um som, essa seria a dos prelúdios”

Segundo Cortot, em todas as suas composições, os prelúdios de Chopin exigem do


intérprete um grande respeito ao ritmo, uma boa determinação dos planos. Porém, deve-
se conservar ao mesmo tempo a espontaneidade da expressão, porque é a sensibilidade
nervosa do autor que se reflete nessas páginas. Nos mesmos, não se deve cair no
exagero, visto que estes são cheios de emoção. A Arte de Chopin é aristocrática, o silencio
também é um valor eloquente que não se pode negligenciar. Cortot salienta que Chopin.
possui uma vivacidade de espirito muito sua, e com uma tendência para compor em modo
maior, melodias cheias de tristeza e em modo menor antíteses imbuídas de alegria.

O prelúdio, tal como considera Chopin, diferencia essencialmente do prelúdio na visão dos
músicos do séc. XVI e XVII. Chopin encara os prelúdios como um romance sem palavras,
no qual

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argumento sensível tem primazia sobre o argumento musical, que primava nas formas do
período clássico.

Segundo Cortot, há uma armadilha que os pianistas se sentem tentados a cair: o exagero.
Os prelúdios são suficientemente significativos e, musicalmente, cheios de emoção. O
interprete não deve exagerar forçando a expressão. Deve-se recomendar a moderação, a
fim de evitar essa distorção de temas que resulta do excesso de exaltação. A arte de Chopin
é aristocrática. Apesar disso, ela a intensidade, marca cada nota, agita cada desenho: o
silencio também toma valor eloquente que não se pode negligenciar.

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5. Os prelúdios de Debussy
Segundo o pedagogo, o título de impressionista, enquadra-se perfeitamente a Debussy. A
técnica impressionista representa-se através da novidade. Este, é o novo elemento trazido
à musica .

Cada preludio, possui a sua própria atmosfera, não


mais do que os de Chopin. Todos têm um caracter
improvisatório apresentando características como: a
regularidade do ritmo que impõe o sentimento ritual de
aparições irreais numa atmosfera peculiar.

Cortot, em Debussy salienta a importância da surdina e


do próprio sustem, como elementos fundamentais para
criar os quadros pintados a aguarela, pois, os mesmos
são vistos como instrumentos.

Salienta também a sensação de mistério que é criada pelas harmonias. Cortot,


costumava aconselhar ideias visuais para cada um dos prelúdios, a fim de ajudar a
interpretação e enriquecer a paleta de sensações e cores do mesmo.

O prelúdio “Le vent dans la plaine”. É uma obra que, para obter a qualidade de som que
convém a esta peça, torna-se necessário usar a surdina mas sem demasiadas
ressonâncias do pedal.

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6. Suite
A suite, é uma exaltação da dança, sendo ela popular ou de corte. Segundo o pedagogo
a suite, é raramente emotiva. Baseia-se no ritmo mais do que no desenvolvimento melódico
e afasta-se da tonalidade inicial.

Durante a descrição dos andamentos da suite, o pedagogo dá ideias de caracter, ou seja,


sugestões de como estes andamentos devem ser tocados. Para além disto, é de
salientado a necessidade de realizar os ornamentos a tempo, bem como a sua
descrição no crescendo.

Existe na arte francesa, uma parte da beleza que se a tem à discrição, à medida, ao
equilíbrio perfeito, à exata apropriação do meio à ideia. Há, de parte dos estrangeiros um
pequeno esforço a fazer nesta direção para nos compreender.

A corante, é uma dança nobre, grave e tranquila. A corante francesa, é mais lenta que a
italiana. O nome advém dos dançarinos que faziam grande saltos, mesmo até ao fim de
uma sala, para em seguida, voltarem ao lugar anteriormente ocupado.

“Le tombeau de Couperin” de Ravel, concebido de inicio, como uma homenagem ao velho
mestre francês, tornou-se pouco a pouco, uma homenagem à memória dos mortos na
guerra, e, por aí, uma glorificação do génio francês. Nenhuma das peças tem caracter
fúnebre.

7. Sonata
Segundo o pedagogo, o termo “sonata”, era aplicado às peças de violino pertencentes à
música programática. Nas sonatas bíblicas de Kuhnau, o mais importante é o elemento
descritivo, ou seja, cada nota ou cada acorde descrevia uma passagem do evangelho.

Haydn, respeita fielmente a forma da sonata, fixada desde então. No entanto, Mozart
modifica a forma por vezes.
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8. Concerto
Segundo Cortot, os belos concertos, são aqueles que fundem o virtuosismo com a
musicalidade.

O pedagogo tem um carinho especial pelo concerto em Mi de Mozart. Segundo ele, este,
aproxima-se à conceção inicial de Bach e apresenta várias particularidades:

1ª o tutti habitual do inicio é substituído por um compasso de introdução

2ª o segundo andamento, com o seu baixo contínuo, introduz uma espécie de passacalhia

O pedagogo alerta sempre que a interpretação de um concerto, deve conservar bastante


candura, para não tirar a espécie de buço, de pólen que torna a música aveludada. Se a
forma das ideias ainda é um pouco académica, por outro lado, Mozart nesta obra mostra-
se leve, feliz eterno.

Para Cortot, a tonalidade de um concerto é uma indicação de caracter, sobretudo em Bach


e em Schumann.

Para Beethoven, a tonalidade é um elemento poético que não necessita de ser definida.
Sabia-se, que o Mi bemol maior, possuía um caracter heroico e altivo. Todavia, um detalhe
curioso: foi Beethoven quem conferiu ao tom de Dó menor a cor trágica que mais tarde
lhe atribuímos.

9. Variação
É um género que para o interprete não é isento de dificuldades, visto que no conjunto da
forma variação fica-se aprisionado ao caracter do tema proposto, não podendo dar asas
para outro olhar interpretativo.

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Bach nas suas Passacaglie e Chacones, mostra-nos como se pode guardar o essencial
do sentimento temático e ao mesmo tempo variar o tema várias vezes, sempre de uma
forma diferente. As variações Goldeberg, moestra, esta particularidade de uma forma muito
nítida.

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10. Conclusão

Após ter realizado um apanhado do Curso de Interpretação de Alfred Cortot,


consegui reunir algumas de experiencias e conselhos do mestre Cortot.

Cortot ensina o artista a conhecer-se a si e à obra. Ensina a juntar e a transportar


a expressão poética às impressões que o desperta. É possível encontrei neste método,
uma Natureza poderosa, cheia de conhecimento e experiência, fruto da sua larga
experiência enquanto pedagogo.

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11. Bibliografia

Cortot, Alfred, La musique française de piano, 1930–48


—, Cours d’interprétation, 1934 (Studies in Musical Interpretation, 1937)
—, Aspects de Chopin, 1949 (In Search of Chopin, 1951)
Gavoty, Bernard, Alfred Cortot, 1977 (French)
Manshardt, Thomas, Aspects of Cortot, 1994

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