Artigo publicado

na edição 05

julho/agosto de 2008
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: : Melhores práticas

Mauro Roberto Schlüter

(mauro@ipelog.com) é formado em Administração,
com mestrado em Engenharia de Produção e
doutorando em Engenharia de Produção pela
UFRGS. Diretor do IPELOG e professor de Logística
da ESADE de Porto Alegre. Possui mais de 12 anos
de experiência em pesquisa, ensino e aplicação
prática da Logística. Palestrante sobre o assunto no
Brasil e exterior.

O uso de técnicas de planejamento de recursos para atender às demandas

de mercado é muito utilizado no subsistema de produção e de suprimentos das
empresas. Essas técnicas são aplicadas por meio da utilização de ferramentas, que
são conhecidas como MRP II (manufacturing requirement planning, planejamento
de requisitos de manufatura) e MRP (material resource planning, planejamento de
recursos materiais). Esta ferramenta é utilizada por meio de pacotes computacionais,
e permite o planejamento das operações logísticas de produção e de suprimentos
em um horizonte de tempo semanal ou diário. O planejamento das operações
de transporte é uma ferramenta semelhante ao MRP e ao MRP II, sendo utilizada
para planejar as datas e quantidades dos carregamentos para o almoxarifado e/
ou depósito de matérias-primas, ou então para uma central de distribuição. A sua
aplicação é muito simples e tem por objetivo planejar as operações de projetos
logísticos. Esta ferramenta recebeu o nome de PRT (planejamento de recursos de
transporte) e, da mesma forma que o MRP e MRPII, pode ser adaptada para uso em
pacotes computacionais.

Ferramenta de planejamento de recursos

de transporte para projetos logísticos
Como planejar projetos logísticos de transferência entre indústria e
centrais de distribuição nas quantidades e tempos certos

crescimento da demanda de consumo final e o aumento da diversi- MRPII (manufacturing requirement plan-
dade de produtos, principalmente a partir da década de 70, foram os ning), inicialmente implementados sob
principais fatores que originaram o recrudescimento da complexidade das opera- a forma de tabelas e posteriormente
ções relacionadas ao suprimento e a produção. A necessidade premente de im- automatizados por meio de uso de pa-
plementação de técnicas e ferramentas que proporcionassem planejamento de cotes computacionais, reduziu o tempo
operações com elevada complexidade é uma forma eficiente de garantir o nível de gasto no planejamento, melhorando
serviço ao cliente. Os algoritmos do MRP (material resource planning) incorporado o consideravelmente o nível de serviço.

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A mesma complexidade experimentada pelo suprimento e pela produção atingiu terminação das quantidades de estoque
também as operações de logística de transportes a partir de meados da década mínimo de segurança, que podem variar
de 90, principalmente de produtos de consumo final. A complexidade do cená- dependendo do modal a ser utilizado. A
rio de logística de transportes é semelhante ao experimentado pelo suprimento quinta adaptação acontece na qualifica-
e pela produção e, diante disso, torna-se premente o desenvolvimento de uma ção do estoque mínimo de segurança.
ferramenta que proporcione condições de planejamento destas operações. O PRT Deve existir dois estoques mínimos de
(planejamento de recursos de transporte) é uma ferramenta que foi desenvolvida segurança no CD. Um estoque mínimo
tendo como base o MRP, e tem por objetivo facilitar a visualização e quantificação de segurança da área comercial, que pre-
do planejamento das operações de transferência entre uma ou mais bases indus- sume uma variabilidade nas previsões de
triais e uma ou mais centrais de distribuição. A ferramenta foi desenvolvida com vendas e um estoque mínimo da logísti-
possibilidade de uso de vários modais, permitindo flexibilidade no planejamento, ca, que presume a existência de atrasos e
facilidade de visualização das operações, além de possibilidade de quantificar o variabilidades nos prazos de entrega.
custo logístico total de cada operação, ou de várias operações no horizonte de tem- O funcionamento da lógica do PRT é
po definido pelo analista de logística. O passo seguinte será a transposição desta o seguinte:
técnica para um pacote computacional que possibilitará o planejamento de todas 1. execução do lançamento das previ-
as operações de transferência “indústria x CD”. sões de vendas na planilha de PRT;
2. determinação e lançamento dos da-
dos relativos ao estoque mínimo de
Desenvolvimento da técnica e da ferramenta segurança da área comercial;
3. identificação e lançamento dos dados
Conforme mencionado, a base para o desenvolvimento da técnica e ferramenta
de oferta dos modais e operadores (ca-
de PRT é o MRP. O MRP tem o seu funcionamento baseado no planejamento de aqui-
pacidade, lead time, freqüência ou data
sição das quantidades necessárias de matérias-primas e partes para o subsistema lo-
de embarque e possíveis atrasos);
gístico de produção. O algoritmo do MRP funciona da seguinte forma:
4. cálculo das quantidades de embar-
1. inicia por meio das quantidades de matérias-primas e partes necessárias para
que, estoque mínimo de logística e
atender aos pedidos em carteira (ou previsão de demanda quando for o caso), nas
lead time.
datas previstas;
Dos quatro itens da lógica menciona-
2. determina a quantidade efetiva por meio da subtração das quantidades necessá-
da acima, o quarto item é o mais comple-
rias, dos estoques existentes;
xo e necessita de muita atenção do ana-
3. identifica a quantidade mínima possível para a realização do pedido por meio da
lista que realizará os cálculos. Este cálculo
lógica de menor quantidade possível, considerando o lote mínimo de aquisição
está dividido em três grandes grupos. O
imposto pelo fornecedor (quando for o caso), e quantidade de estoque mínimo
primeiro trata da determinação das ne-
de segurança;
cessidades do CD. O segundo aborda
4. planeja de forma retroativa o pedido para o fornecedor, considerando o lead time
os embarques realizados por veículos,
(tempo dado pelo fornecedor), para atender à solicitação de matérias-primas e
modais e operadores e o terceiro inclui o
partes da empresa.
controle de estoque planejado para o CD.
O algoritmo do MRP é aplicado em uma tabela, na qual os cálculos de quantidades
Os cálculos de quantidades embarcadas
e tempo são alocados. Dessa forma, é possível obter uma visualização do planejamen-
e tempos retroativos são feitos na ordem
to de aquisição das matérias-primas e partes necessárias para atender à demanda (pe-
mencionada a seguir.
didos em carteira ou previsão).
O PRT foi desenvolvido com base na lógica de funcionamento do MRP, porém al-
gumas adaptações e aprimoramentos foram necessários de modo a obter maior acu- 1º.– Elementos do cálculo
racidade. A primeira adaptação ocorre no fracionamento do tempo. O MRP funciona de necessidades
com base de tempo semanal e o PRT funciona com base de tempo diária. Isso se faz
necessário, tendo em vista a elevada dinâmica inerente ao subsistema de distribuição. a) Identificar a previsão de de-
A segunda adaptação refere-se ao lead time dado pelo tempo transcorrido entre o em- manda e o estoque mínimo comer-
barque do produto e a efetiva entrega no CD. No caso do PRT, o lead time não é fixo, pois cial
pode variar em função dos prazos de entrega de cada operador e da velocidade dos Estabelecer a previsão de deman-
veículos de cada modal. A terceira refere-se às datas de embarque, que podem variar da futura de uma base geográfica de
de acordo com a freqüência do veículo do modal. A quarta adaptação ocorre na de- atuação e seu respectivo estoque míni-

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mo de segurança é uma das tarefas mais difíceis e também decisão acerca do estoque mínimo de segurança da logística
a mais importante para um bom planejamento. Isso por- para o cenário em planejamento. É recomendável que o es-
que a demanda e o estoque mínimo de segurança da área toque mínimo de segurança do hidroviário seja sempre pelo
comercial definirão o dimensionamento dos estoques, que maior valor de possibilidades de atraso, ou seja, pelo maior
minimizará os custos logísticos e garantirá os níveis de ser- período de tempo de duração do atraso. Para o modal rodovi-
viço comerciais. Ocorre que a área comercial da maioria das ário, recomenda-se que o estoque mínimo de segurança seja
empresas pouco se preocupa com estes dados e também de um dia de demanda do CD para cada 700 quilômetros
não está habituada com cálculos estatísticos e realização de de percurso entre a indústria e o CD. Para os casos do modal
análise da demanda. Nesses casos, é possível que o analista ferroviário, cabe uma investigação detalhada, em virtude da
possa realizar os cálculos dentro de certos parâmetros que especificidade de tratamento que cada operador da malha
proporcionem acuracidade na determinação das quantida- realiza na sua operação. Nos casos do modal aéreo, pela sua
des. Caso exista algum histórico de vendas anterior, basta alta velocidade e baixa probabilidade de atrasos acima de
verificar as quantidades vendidas no mesmo período do ano um dia, recomenda-se a inexistência de estoques mínimos.
anterior e acrescentar a taxa de crescimento esperada para o Nos casos de risco, o estabelecimento de níveis de estoque
período futuro. Cabe ainda estabelecer um estoque mínimo mínimo de segurança torna-se uma tarefa que beira o impos-
de segurança por meio do acompanhamento de inclusão ou sível. Como prever um acidente? Um roubo de carga? Nesses
exclusão de grandes clientes e/ou concorrentes e realizar os casos, recomenda-se a não-inclusão de estoques mínimos,
cálculos aproximados. Certamente não mas a elaboração de planos contin-
será exato, mas sempre melhor que um genciais (plano “B” e também plano
Estabelecer a previsão de
“chute” informado pela área comercial. demanda futura de uma base “C”). Como será visto em artigos pos-
Cabe um alerta importante: muito cui- geográfica de atuação e seu teriores, em certos casos é melhor es-
dado com metas de vendas. Metas de respectivo estoque mínimo de tabelecer um plano de contingência
vendas na maioria das vezes não são segurança é uma das tarefas do que iniciar as operações com um
factíveis, pois se trata de um mero “estí- mais difíceis e também a mais estoque mínimo de segurança eleva-
mulo forçado” para a equipe de vendas importante para um bom do, gerando gastos desnecessários.
(normalmente vinculado a prêmios). Já planejamento. Nesses casos, a análise por meio de
foi constatado alguns casos de pedidos métodos estatísticos é altamente re-
inexistentes nos clientes, mas que ser- comendável.
viram para cobrir cotas de vendas. O erro da previsão pode c) Determinar a soma total das necessidades
ser medido por meio de custo por falta de produto ou por Este item é mera automação da planilha, pois trata da
excesso de estoque. A previsibilidade de demanda não deve soma pura e simples das necessidades de estoque para aten-
ser uma atividade de logística e sim de marketing, embora os der à demanda, do estoque mínimo determinado pela área
livros existentes digam o contrário. comercial para eventuais inclusões de clientes ou execuções
b) Estabelecer o estoque mínimo da logística de promoções junto aos pontos-de-venda, além dos esto-
O estoque mínimo da logística trata das possibilidades de ques mínimos de segurança da área logística.
ruptura por atrasos no cumprimento do lead time pelo veícu-
lo do modal. Via de regra é uma tarefa que gera certo descon- 2º. – Determinação e identificação dos
forto no analista, justamente pela inclusão de riscos e incerte- embarques
zas. As probabilidades de atrasos ocorrem de forma diferente
em cada modal. No caso da navegação de cabotagem (modal a) Escolha do modal
hidroviário), o navio poderá evitar uma escala em razão de Os veículos dos modais possuem características seme-
intempéries (ciclones extratropicais, por exemplo), dirigindo- lhantes, mas que ocorrem com intensidade diferenciada,
se para o próximo porto de escala, onde descarrega os con- e a escolha do modal tem interferência direta no custo lo-
têineres e realiza redespacho por caminhão até o porto cujo gístico total. Cada modal possui características peculiares a
desembarque não tenha sido realizado. O caso do transporte ele, tais como disponibilidade do veículo do modal e lead
rodoviário é mais tranqüilo, pois os atrasos podem ser de no time. Estes dados são de extrema importância, pois a partir
máximo um dia e com probabilidades de ocorrência meno- deles é possível determinar os cálculos das necessidades de
res que o caso da navegação de cabotagem. Cabe ao analista produtos e as datas de embarque para o CD, além do custo
inferir sobre o grau de probabilidade de atraso e tomar uma logístico total da operação. As informações de embarque

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necessárias para inclusão na tabela do
PRT são: lead time (prazo de entrega
fornecido pelo operador do modal), as
datas de viagem ou freqüência (para
os casos do hidroviário e ferroviário) e
as capacidades dos implementos. Para
os casos dos modais rodoviário e aero-
viário, não é necessária a inclusão de
datas de viagem, pois ambos possuem
disponibilidade plena.
b) Cálculo das quantidades dos
embarques
O cálculo dos embarques é realiza-
do a partir da escolha do modal, dos
dados fornecidos pelo operador e das
necessidades totais alocadas em cada
dia da planilha de PRT. O modal e ope-
rador escolhidos fornecem os dados
de freqüência (para os casos dos mo-
dais hidroviário e ferroviário somente)
e o lead time (prazo de entrega). Com
base nessas informações, calcula-se a
quantidade de cada embarque dentro
de um horizonte de tempo de dispo-
nibilidade do veículo do modal. Se o
modal escolhido for o hidroviário, com
freqüência de uma embarcação a cada
5 dias no percurso em análise, o hori-
zonte de tempo e o respectivo cálcu-
lo são realizados em blocos de 5 dias
(soma-se cinco dias de necessidades
totais, observando a data de saída do
navio do porto de origem). Além disso,
se houver necessidade de manutenção
de um estoque mínimo por possíveis
atrasos causados por intempéries (es-
toque mínimo de logística na ordem
de 3 dias, por exemplo), o cálculo deve
ser feito sobre os três primeiros dias
do bloco de planejamento seguinte
(o atraso pode ocorrer na chegada do
próximo navio).
c) Cálculo do lead time
O cálculo do lead time é muito
simples. Basta determinar as datas de
chegada do veículo no CD e lançar o
embarque retroativo ao lead time.
As informações necessárias para o
lançamento do embarque na planilha
de PRT são alocadas para cada remessa de produtos e abrangem a definição do
modal, freqüência (quando for o caso), lead time, nível de confiabilidade e quan-
tidade do lote transportado.
3º. – Cálculo de controles de estoque
Os cálculos de controle dos níveis de estoque seguem o mesmo padrão do
cálculo de qualquer situação de estoque. As informações são alocadas obede-
cendo à seguinte ordem: estoque inicial, recebimentos, saídas e estoque final.
O cálculo é feito somando-se o estoque inicial e os recebimentos, em seguida
subtrai-se as saídas de produtos projetadas para cada dia, resultando em um es-
toque final, que será transportado para o dia seguinte como estoque inicial.
Layout e lógica de funcionamento da planilha de PRT
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itens mencionados anteriormente.
Dias
Demanda
Necessidades Est. Mínimo Comercial
Est. Mínimo Logístico
Total
Estoque Inicial
Recebimentos
Controle de Estoque
Saídas
Estoque Final
Modal:
Lote Transp.:
Embarques Freqüência:
Lead time:
Confiabilidade:
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O funcionamento da planilha de PRT segue os seguintes passos:
1. inicia com a alocação das demandas projetadas (primeira linha do item Necessi-
dades);
2. na linha seguinte, são alocadas as quantidades de estoque mínimo de segurança
da área comercial;
3. define-se o modal e o operador. Os dados de modal, freqüência, lead time e con-
fiabilidade são alocados no item “Embarques”;
4. define-se o estoque mínimo de segurança logístico, somando-se a demanda diá-
ria da quantidade de dias relativa a falta de confiabilidade, posterior ao bloco de
planejamento (bloco de planejamento é a freqüência de embarques e determina
a quantidade de itens a ser embarcado);
5. soma-se a demanda, o estoque mínimo da área comercial e o estoque mínimo
logístico. O resultado é alocado na linha “Total”, do item “Necessidades”;
6. a partir do bloco de planejamento definido, calcula-se a quantidade de produtos
a ser embarcado. Esta quantidade é resultado da soma das demandas e estoque
mínimo de segurança da área comercial de todo o bloco de planejamento, além
da quantidade total demandada pela necessidade de confiabilidade. O resultado
desta soma é alocado na linha de “Lote Transportado”, do item “Embarques”;
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7. executa-se o cálculo de tempo do
lead time retroativo ao dia de recebi-
mento e aloca-se a quantidade em-
barcada neste dia;
8. a quantidade embarcada é lançada
também no dia da sua efetiva che-
gada no CD, na linha “Recebimentos”
do item “Controle de Estoque”;
9. executa-se o lançamento dos dados
da linha de “Saídas”, no item “Con-
trole de Estoques”. A quantidade da
linha de saídas é mera replicação das
quantidades alocadas na linha “De-
manda” do item “Necessidades”;
10. a partir do recebimento, inicia-se os
cálculos do controle de estoque. O
recebimento é lançado no primeiro
dia de funcionamento do CD. Em
seguida, subtrai-se a saída de produ-
tos e aloca-se os resultados na linha
“Estoque Final” do item “Controle de
Estoque”;
11. o cálculo para o dia seguinte é feito
por meio da alocação das quantida-
des de produtos no estoque final do
dia anterior, na linha “Estoque Inicial”
do item “Controle de Estoque”. Em
seguida, executa-se os cálculos de
saídas e de estoque final e assim su-
cessivamente;
12. quando o estoque final for menor
que o total de necessidades para um
bloco de planejamento, inicia-se o
processo de planejamento do pró-
ximo embarque, que segue toda a
lógica de funcionamento a partir do
passo 1.
Embora a lógica seja extensa na re-
dação, a sua execução é simples e não
requer mais do que uma hora para
aquisição de prática. A partir do cál-
culo do terceiro embarque, o analista
já consegue realizar os lançamentos
com mais eficiência e eficácia.
Exemplo de aplicação
prática do PRT
Para melhor entendimento do fun-
cionamento do PRT, cabe um exemplo
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de aplicação prática. A seguir, será dado um cenário, no qual as demandas proje-
tadas, os estoques mínimos de segurança da área comercial e os dados de oferta
modal e do operador também serão fornecidos. Alguns comentários acerca dos
critérios de coleta e inclusão dos dados serão realizados, com o intuito de alertar
os analistas acerca dos possíveis problemas que poderão ocorrer na aplicação
prática no planejamento de um projeto logístico.
a) Descrição do cenário
Uma indústria de arroz com sede em Porto Alegre deseja implantar um CD
em Recife. A demanda projetada e os estoques mínimos foram devidamente le-
vantados junto à equipe comercial e estão informados a seguir, tendo como base
1.000 quilos (tonelada).
Dia do mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Demanda 80 70 70 60 50 50 30 25 22 20 17 15
Est. Mínimo Com. 30 30 30 30 30 20 20 20 15 15 10 10
Uma descrição qualitativa do produto revela que a embalagem individual são
sacos de 1 quilo, a embalagem coletiva são fardos com 50 quilos e a embalagem
coletiva são pallets de 1.250 quilos, ou 1,25 toneladas. O prazo de validade é de 6
meses, o que proporciona um floating dentro dos tempos de giro do estoque.
Os dados referente a oferta modal existente foram obtidos no mercado e estão
alocadas no quadro abaixo.
Modal Rodoviário:
Freqüência: Plena
Tempo de viagem: 5 dias
Confiabilidade: 2 dias de demanda
Capacidade do veículo: 25 mil quilos
Modal Hidroviário:
Freqüência: uma embarcação a cada 5 dias
Tempo de viagem: 10 dias
Confiabilidade: 4 dias
Capacidade de container: 15 mil quilos
A partir desses dados, é possível calcular as quantidades necessárias para ga-
rantir o nível de serviço aos clientes que estão inseridos na base geográfica de atua-
ção do CD. A seguir, será apresentada a forma de cálculo e o PRT para cada modal.
b) Cálculo e PRT do modal rodoviário
Seguindo os passos mencionados anteriormente, segue o cálculo e depois os
dados lançados no PRT.
1. Lançamento da demanda projetada e dos estoques mínimos de segurança da
área comercial no item “Necessidades”.
2. O modal que executará o serviço é o rodoviário. Os dados relativos à investiga-
ção da oferta modal e operador são alocados no item “Embarques”.
3. O estoque mínimo de segurança será o equivalente a 2 dias de demanda.
4. O bloco de planejamento é diário, uma vez que a freqüência do modal rodoviá-
rio é plena. O estoque mínimo de segurança vai abranger dois dias posteriores
ao da chegada do produto no CD, conforme pode ser visto no exemplo da re-
messa do primeiro dia de funcionamento do CD, no qual a soma das demandas
dos dias 2 e 3 é 140 toneladas. Se o próximo carregamento atrasar no percurso,
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o estoque de segurança cobre a demanda dos próximos dois dias (atrasos). c) Cálculo e PRT do modal
5. Somar a demanda, o estoque mínimo da área comercial e o estoque mínimo
da logística. No caso do primeiro dia, o total de necessidades abrange os 80 mil hidroviário
quilos da demanda prevista para o primeiro dia, além dos estoques de segu- A lógica de cálculo do modal hidro-
rança da área comercial, que é de 30 mil quilos, e dos 140 mil quilos de estoque viário difere do rodoviário apenas no
mínimo de segurança da logística, totalizando 250 mil quilos. que diz respeito ao bloco de planeja-
6. A quantidade a ser embarcada para atender às necessidades totais do primeiro mento. Como o modal hidroviário pos-
dia de funcionamento do CD, para o caso do modal rodoviário, é de 250 mil sui uma freqüência que não é plena (os
quilos ou 250 toneladas. veículos não estão disponíveis para em-
7. Insere-se o recebimento das 250 toneladas no primeiro dia de funcionamento barcar os produtos a qualquer momen-
do CD e calcula-se retroativamente o lead time do embarque, que no caso do to), o bloco de planejamento assume a
rodoviário é de 5 dias. quantidade de dias da freqüência do
8. Executa-se o lançamento do embarque com 5 dias de antecedência na linha de modal. As datas de atraque do navio
Lote Transportado no item de Embarques. no porto de origem também devem
9 . Executa-se o cálculo do item de Controle de Estoques, diminuindo as saídas ser observadas para que haja sincronia
(demanda), e encontrando como resultado o Estoque Final, que será o estoque nas operações.
inicial do dia seguinte. Os passos são semelhantes confor-
10 .Repetição dos passos 1 a 9. me pode ser visto na seqüência:
O PRT é demonstrado a seguir, seguindo os passos mencionados acima. 1. lançamento da demanda projeta-
Dias -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 da e dos estoques mínimos de se-
Demanda 80 70 70 60 50 50 30 25 22 20 17 15
Estoque Mínimo 30 30 30 30 30 20 20 20 15 15 10 10 gurança da área comercial no item
Necessidades Comercial
Estoque Mínimo 140 130 110 100 80 55 47 42 37 32 “Necessidades”;
Logístico
Total 250 230 210 190 160 125 97 87 74 67
2. o modal que executará o serviço
é o hidroviário. Os dados relativos
Estoque Inicial Zero 170 175 155 145 120 95 90 65 68
Recebimentos 250 75 50 50 25 25 25 - 25 - à investigação da oferta modal e
Controle de Estoque
Saídas -80 -70 -70 -60 -50 -50 -30 -25 -22 -20 operador são alocados no item
Estoque Final 170 175 155 145 120 95 90 65 68 48
Modal: Rodo “Embarques”;
Lote Transpor-
tado
250 75 50 50 25 25 25 - 25 - 3. o estoque mínimo de segurança será
Embarques
Freqüência: o equivalente a 4 dias de demanda;
Plena
Lead time: 5 4. o bloco de planejamento é 5 dias.
Confiabilida-
de: 2 Dessa forma, o navio deve levar
uma quantidade equivalente a 5
Observações
dias de demanda e o estoque mí-
- O cálculo das quantidades para o segundo dia de funcionamento do CD leva
nimo de segurança vai abranger 4
em consideração o estoque inicial do primeiro dia e confronta com o total de
dias posteriores ao da chegada do
necessidades para o segundo dia. Neste caso, o total de necessidades é de 230
produto no CD, conforme pode ser
toneladas, porém existem 170 toneladas remanescentes de saldo de estoque.
visto no exemplo da remessa do pri-
O embarque segue a lógica da diferença entre o saldo e a necessidade total,
meiro dia de funcionamento do CD.
que é de 60 toneladas. Deve ser observado o arredondamento da quantidade
A soma das demandas dos dias 1, 2,
que deve ser embarcada, com a capacidade do veículo. As 60 toneladas são ar-
3, 4 e 5 é 330 toneladas. A quantida-
redondadas para 75 toneladas (3 caminhões), pois caso contrário poderia existir
de do estoque mínimo de seguran-
ociosidade nos veículos. Existe a possibilidade de embarcar a quantidade exata
ça da logística abrange a soma dos
(60 toneladas), porém o operador deve ser informado dessa ocorrência. Este
4 dias posteriores ao primeiro bloco
tipo de operação de carregamento (acima de 4 toneladas) também é chamado
de planejamento (dias 6 a 9) que,
de carga direta e pode ser feito, desde que o operador concorde com esta ope-
neste caso, é de 127 toneladas. Se o
ração.
próximo carregamento atrasar no
- Para o terceiro dia, a quantidade embarcada é de 50 toneladas, resultado das
percurso, o estoque de segurança
necessidades, menos o estoque inicial (210 – 175), que é igual a 35 toneladas e
cobre a demanda dos próximos
que arredondado segundo a capacidade do veículo é de 50 toneladas.
quatro dias (atrasos);

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5. somar a demanda, o estoque mínimo da área comercial e o estoque mínimo indústria e CD, principalmente no que
da logística, para encontrar o total de necessidades do primeiro embarque do diz respeito à visualização das quanti-
navio. No caso do primeiro bloco de planejamento do navio, esta soma é de dades e datas dos embarques. É possí-
457 toneladas (330 toneladas da demanda relativa aos 5 dias de freqüência, vel ainda calcular o custo logístico total
além das 127 toneladas de estoque mínimo de segurança). Além disso, deve por meio do uso do modelo “Função
se tomar o cuidado de arredondar o total das necessidades com a quantidade Logística”, que será objeto do próximo
de contêineres cheios (457 toneladas são arredondadas para 465 com a fina- artigo desta revista.
lidade de encher todos os contêineres); A lógica da planilha de PRT está
6. insere-se o recebimento das 465 toneladas no primeiro dia de funcionamento sendo automatizada dentro do pacote
do CD e calcula-se retroativamente o lead time do embarque, que no caso do computacional “Simulador Tarifário” de
hidroviário é de 10 dias; propriedade do IPELOG, dedicado a
7. executa-se o lançamento do embarque com 10 dias de antecedência na linha empresas de transporte de cargas (ro-
de Lote Transportado no item de Embarques; doviárias, multimodais e operadoras
8. executa-se o cálculo do item de Controle de Estoques, diminuindo as saídas logísticas), com o objetivo de facilitar
(demanda), e encontrando como resultado o Estoque Final, que será o esto- o planejamento de projetos logísticos
que inicial do dia seguinte; complexos.
9. repetição dos passos 1 a 8.
O PRT é demonstrado a seguir, seguindo os passos mencionados anteriormente.
: : Referências
Bloco de planejamento

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Dias -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 7
Suprimentos. Bookmann: Porto Alegre:
Demanda 80 70 70 60 50 50 30
Estoque Mínimo 1999.
Necessidades 30 30 30 30 30 20 20
Comercial
Estoque Mínimo
127
Logístico r
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Total 238 229 230 221 212
G. B., SUGDEN, S. J. Genetic Algorithms in
the Design of Complex Distribution Ne-
Estoque Inicial Zero 385 315 245 185 135
tworks. Distribution & Logistics Manage-
Recebimentos 465 0 0 0 0
Controle de Estoque ment. Vol. 28, no 5, 1998.
Saídas -80 -70 -70 -60 -50 -50 -30
Estoque Final 385 315 245 185 135
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Modal: Hidro
Logistics – in Principle, in Practice and in
Lote Transportado 465
Education. International Journal of Produc-
Embarques Freqüência: 1/5
tion Economics. no 69, 2001.
Lead time: 10
Confiabilidade: 4
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Observações
Editora Atlas. 1996.
- O segundo embarque de produtos para o CD segue a mesma lógica que o cál-
culo do primeiro embarque, porém deve ser considerado que o CD possui um
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450$,
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estoque remanescente de 135 toneladas e, portanto, deve ser inserido no cál-
Fundamentals of Logistics Management.
culo das quantidades do próximo embarque. McGraw-Hill, Boston: 1998.
- Conforme já mencionado, a elaboração da planilha no caso do hidroviário requer
mais atenção, porém a prática do analista certamente o levará a perfeição. r
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- Recomenda-se que após a elaboração da planilha, as operações sejam acompa- da Cadeia de Distribuição. Editora Campus:
nhadas e anotadas em nova planilha de PRT, de modo a permitir uma compara- Rio de Janeiro, 2001.
ção entre o previsto e o realizado, corrigindo eventuais falhas no processo.
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Conclusão da Empresa de Transporte de Cargas e
Logística – A Gestão Focada no Resultado.
A planilha de PRT é um instrumento capaz de proporcionar um planeja- HTS Editora, Inadiatuba: 2005.
mento adequado das operações logísticas de transferência de produtos entre

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