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Atendimento pré-hospitalar

Atendimento pré hospitalar (APH) é o atendimento emergencial em


ambiente extra-hospitalar (fora do hospital). É um dos elos da cadeia de
atendimento a vítimas sendo também conhecida como segundo socorro ou
resgate.

Índice
 1 A quem se destina
 2 Por quem é realizado
 3 Objectivos
 4 Protocolos do APH

 5 Ligações externas

A quem se destina
O Atendimento pré hospitalar é destinado às vítimas de trauma
(acidentes de trânsito, acidentes industriais, acidentes aéreos etc), violência
urbana (baleado, esfaquado etc), mal súbito (emergências cardiológicas,
neurológicas etc) e distúrbios psiquiátricos visando a sua estabilização clínica
e remoção para uma unidade hospitalar adequada.

Por quem é realizado


Atendimento pré-hospitalar realizado pelo SIATE (Serviço Integrado de
Atendimento ao Trauma em Emergência) do Corpo de Bombeiros do Paraná.

O APH é realizado por profissionais especialmente treinados,


(socorristas,auxiliares e técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos), no
Brasil estes serviços de APH são na maioria realizados pelos Corpos de
Bombeiros Militares dos estados, SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência) e Bombeiros Civis, equipes altamente treinadas prontas a darem o
suporte básico de vida aos traumatizados. Estes são subdivididos em Equipe
de Salvamento, Equipe de Suporte Básico à Vida (SBV) e Equipe de Suporte
Avançado à Vida (SAV).

Objectivos
As manobras de salvamento são realizadas visando retirar a(s)
vítima(s) de uma situação hostil (incêndio, preso em ferragens, ambiente
confinado, altura, aquático etc) realizando a remoção da mesma para uma
área adequada possibilitando o atendimento de SBV, isto é, sem manobras
médicas invasivas e/ou SAV (com manobras médicas invasivas). No Brasil as
Manobras de SAV somente podem ser realizadas por médicos.

Protocolos do APH
No Mundo existem diversos protocolos e modelos de atendimento pré
hospitalar, destacando o Protocolo Norte-Americano e o Protocolo Francês, no
primeiro aplica-se o conceito de chegar à vítima no menor tempo possível,
realizar manobras essenciais para estabilizá-la e removê-la o mais rápido
possível a um hospital adequado (princípio conhecido como hora de ouro).

No protocolo Francês adota-se o princípio de ofertar o atendimento médico no


local até a estabilização da vítima (princípio conhecido como stay and play).

Já no Brasil, foi adotado um sistema misto, onde se estabeleceram unidades


de suporte básico, que são tripuladas por pessoal não médico, treinado em
Atendimento Pré Hospitalar e Unidades de Suporte Avançado, nas quais se
encontra presente o médico.

O atendimento médico no Brasil Colônia e no Brasil Império era


escasso. Em 1789, no Rio de Janeiro, havia somente quatro médicos em
atuação (Salles, 1971), o atendimento pré-hospitalar (APH) era inexistente.
Em 1808, foi fundada a Escola de Anatomia, Medicina e Cirurgia do Rio de
Janeiro, quando então se iniciou o transporte e atendimento de vítimas
feridas. Desde já, o modelo pré-hospitalar adotado era estrangeiro, realizado
por carruagens.

Com a proclamação da república, o atendimento foi integrado ao Estado


e passou a ser coordenado ao longo do tempo por diversos serviços públicos:
Serviço de Atendimento Médico Domiciliar de Urgência (SAMDU); Instituto
Nacional de Previdência Social (INPS); Instituto Nacional de Assistência
Médica e Previdência Social (INAMPS) e, atualmente, pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), mediante as Secretarias de Saúde em cooperação com o Corpo
de Bombeiros.
Em 1981, em Brasília, o Corpo de Bombeiros criou um serviço
experimental de resgate de vítimas feridas, mas ainda desprovido de um
modelo concreto. Cinco anos mais tarde, após um intercâmbio de Bombeiros
brasileiros nos EUA (Companheiros das Américas) foi proposta uma
reestruturação do sistema, com a criação de um serviço com ambulâncias
equipadas e recursos humanos com treinamento específico. Em 1990, começa
a funcionar, na grande São Paulo o Projeto Resgate em 14 municípios com 38
unidades de salvamento. Contudo, o Brasil ainda não dispunha de um modelo
autêntico de atendimento e legislação específica sobre APH.
Apenas no ano de 1998, o Conselho Federal de Medicina qualifica o
atendimento pré-hospitalar como serviço médico, tanto na coordenação
quanto na supervisão (Resolução CFM nº. 1.529/98). No ano seguinte o
Ministério da Saúde aprova a normatização do atendimento pré-hospitalar
com a Portaria nº 824, a qual é revogada pela nº 814 de 2001, mais
abrangente. Ainda no mesmo ano o Ministério da Saúde cria a Política
Nacional de Redução de Morbimortalidade por Acidentes e Violência, com o
intuito de reduzir a hecatombe brasileira.
Em 2002, o Ministério da Saúde aprova a regulamentação técnica dos
sistemas estaduais de urgência e emergência (PRT nº 2048/GM), um grande
avanço do governo brasileiro, mas ainda carente de um modelo nacional,
próprio! Nesta portaria fica claro a opção pelo modelo Franco-alemão de
atendimento pré-hospitalar, paradoxalmente, o treinamento preconizado é
baseado no modelo Anglo-americano. Em 2003, é instituído a Política
Nacional de Atenção às Urgências (PRT nº 1863/GM) em todas as unidades
federadas. Finalmente o Brasil tem uma legislação completa na área de
urgência e emergência. Duas décadas após o pioneirismo em Brasília.

Criado em 1856 por Dom Pedro II, o Corpo de Bombeiros dispõe de


diversos grupamentos, entre eles, o GSE (Grupamento de Socorro e
Emergência) que é responsável pelo atendimento pré-hospitalar (APH).
Desenvolvido a partir de 1981, foi o pioneiro no resgate de vítimas feridas e
atualmente funciona sob um modelo fora das normas do anexo da Portaria nº
2048/GM, desprovido de regulação médica, integração com o Sistema Único
de Saúde (SUS) e formação, dos profissionais tripulantes de ambulâncias, por
meio dos Núcleos de Educação em Urgências (NEUs). Por outro lado, é o
órgão público responsável pela maioria dos atendimentos às vítimas de
trauma.
A estrutura do GSE, no que tange o atendimento pré-hospitalar, é
formada por unidades básicas, tripuladas por condutores e técnicos em
emergências médicas (TEM), e por unidades avançadas, tripuladas por
condutores, médicos (militares ou não) e TEMs. Algumas unidades dos Corpos
de Bombeiros possuem motocicletas, conduzidas por bombeiros socorristas e
equipadas com materiais de suporte básico de vida. Aeronaves de asa
rotativa são utilizadas no atendimento às vítimas graves.
O Corpo de Bombeiros possui uma central telefônica, 193, a qual
direciona as ocorrências para o quartel mais próximo do evento. Contudo, não
há regulação médica integrada a outros serviços e as vítimas são quase
sempre removidas para os hospitais de referência. Além disso, os bombeiros
não atendem no domicílio. As emergências nestes locais somente receberam
atenção após 2003, com a implantação do serviço de atendimento móvel de
urgência.

Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)


O SAMU é o principal resultado da Política Nacional de Atenção às
Urgências. Ele reflete a opção, do Ministério da Saúde (MS), pelo modelo
franco-alemão de atendimento pré-hospitalar, tendo como principais
características a regulação médica e integração total com o SUS, assim como,
monitorização e regulação total das vagas disponíveis em todos os hospitais
credenciados pelo MS, sejam públicos ou particulares. Segundo o MS,
atualmente, o SAMU atende 926 municípios, conta com 114 serviços e cobre
92.7 milhões de brasileiros.
A estrutura do SAMU, no que se refere às ambulâncias, é composta de
seis tipos: A; B; C; D; E; F, respectivamente, transporte, suporte básico,
resgate, suporte avançado, aeronave de transporte médico e embarcação de
transporte médico. As unidades de suporte básico são tripuladas por um
condutor e um técnico de enfermagem, nas unidades avançadas a tripulação
é composta por condutor, médico e um enfermeiro.
A rede nacional SAMU 192 é a regulação médica das urgências e
emergências pré-hospitalares. Isso confere um atendimento médico direto e
indireto a todas as chamadas, permitindo uma resposta mais bem adaptada,
assegurando a disponibilidade de hospitalização, além de organizar o
transporte e preparar a admissão do paciente no hospital.

Bombeiros x SAMU
A integração entre o SAMU e Bombeiros não é expressiva. Os pioneiros
não abrem mão do seu sistema de atendimento e sua hierarquia, enquanto o
SAMU, regulamentado de acordo com todas as portarias vigentes, se propaga
como modelo nacional. “Mais que um choque de competências, é um embate
de diálogo e treinamento.” (Mir/2004). O prazo cedido pela Portaria nº
814/GM de 2001 foi de três anos para que todos os serviços de APH se
adequassem as suas normas, entretanto, a padronização nacional ainda não é
uma realidade.
Na maioria das cidades os dois serviços não são integrados e sequer
possuem comunicação entre si, isso implica, muitas vezes, no acionamento
dos dois órgãos para a mesma ocorrência, aumentando o gasto público, atrito
entre os profissionais e, principalmente, deslocando desnecessariamente uma
ambulância. Vale ressaltar que em algumas cidades, como por exemplo,
Araras/SP e Rio de Janeiro/RJ, o Bombeiro e o SAMU são integrados, no Rio
de Janeiro, especialmente, o Corpo de Bombeiros é quem coordena o SAMU,
despachando algumas vezes viaturas do 192 para ocorrências acionadas pelo
193, inclusive. Isso ocorre porque algumas ambulâncias ficam alocadas em
quartéis dos bombeiros.
O conflito entre as duas entidades esta longe de ser simples. O diálogo
deve ser intensificado e direcionado para um ponto comum: Melhor resposta
e atendimento. No ponto de vista da maioria dos especialistas, mais
importante do que discutir a padronização dos sistemas é criarem uma
regulação médica única e articulada. Talvez esse seja o primeiro passo para
melhorar o sistema.

Os primeiros passos para a organização moderna do serviço de


emergência médica foram dados pelo cirurgião chefe do exército de Napoleão
Bonaparte, Dominique Larrey, em 1792. Seu objetivo principal era evitar
complicações (principalmente gangrena) nas vítimas de ferimento de guerra,
mediante o tratamento precoce (imobilização ou amputação), o qual ocorria
nos campos de batalha e, freqüentemente, sob fogo inimigo. Após pouco mais
de dois séculos, o atendimento pré-hospitalar propõe objetivos e princípios
semelhantes ao de Larrey: Iniciar o atendimento precocemente, sem agravar
as lesões, oferecendo suporte básico e avançado ao paciente.

Modelos
Existem dois modelos predominantes de serviço de emergência médica
no globo: O Anglo-americano e o Franco-alemão. O segundo iniciado nos anos
60 e legalizado em 1986, baseia-se na ampliação do raio de ação do hospital,
levando à vítima quase todo tratamento disponível em um hospital. O que
permite tal abrangência e especificidade é a utilização da tele-coordenação
médica (regulação), a qual possibilita a triagem dos atendimentos e reserva
de vagas nos hospitais de referência para vítimas graves. Além disso, o
regulador médico tem controle sobre recursos públicos e privados para o
atendimento de pacientes.
O modelo Anglo-americano surge nos EUA em 1966, mediante
iniciativas da National Highway Traffic Safety Administration e do
Departament of Health and Human Services. Dois anos depois foi criado um
telefone único para emergência, o famoso 911. O modelo baseia-se em um
principio chamado load and go, que preconiza estabilização e transporte
rápido dá vítima para o hospital qualificado mais próximo, onde será realizado
o tratamento definitivo. Os provedores de saúde neste sistema são os
paramédicos, que recebem formação técnica, e atuam sem supervisão
médica.

A disputa
Os dois modelos são adotados em diversos países, sendo o sistema
Anglo-americano o que possui uma lista maior. Entretanto, não existe
nenhum estudo comparativo entre os dois. O modelo anglo-americano tem
um custo financeiro maior, mas é facilmente implantado. No sistema franco-
alemão o atendimento pré-hospitalar ao paciente é mais amplo e completo,
com forte carga de atendimento social. Em contrapartida, sua implementação
é complexa e depende da integração de diversas esferas governamentais. Um
ponto de tangência entre os dois modelos é que nenhum pretende oferecer o
tratamento definitivo ao paciente.
O sistema ideal
Antes de tentar definir qual o melhor modelo de atendimento pré-
hospitalar, devemos estabelecer as características locais, através da
observação e análise de dados estatísticos e indicadores sociais. O sistema de
emergência médica deve visar, acima de tudo, um atendimento de qualidade
e eqüidade, proporcionando o bem-estar do paciente.

O que é trauma?
A palavra trauma é oriunda do grego (tráuma), a qual significa ferida.
Atualmente, utilizamos quase todas suas derivações, por exemplo,
traumatismo e traumatizante. Entretanto, segundo Luís Mir, hoje há uma
consolidação do uso da palavra “trauma” para aspectos psíquicos e
“traumatismo” para os físicos.
O trauma psíquico pode ser percebido quando um indivíduo, após algum
choque emocional violento, passa a modificar sua personalidade,
sensibilizando-a em relação a emoções da mesma natureza e podendo
desencadear problemas psíquicos. Já o traumatismo (trauma físico) são
lesões orgânicas produzidas por transferência de energia proveniente de
agentes externos, esses se compreendem em: físicos, mecânicos e químicos.
Em última análise, segundo o Colégio Americano de Cirurgiões,
podemos definir trauma físico como um evento nocivo que advém da
liberação de energias específicas ou de barreiras físicas ao fluxo normal de
energia.
Trauma como doença
Para que uma doença ocorra, alguns itens devem interagir: (1) Um
agente que cause a doença - energia; (2) Um hospedeiro na qual o agente
possa residir – ser humano; (3) Um ambiente apropriado em que os dois
possam interagir – local do evento. O trauma se comporta de maneira
semelhante a uma doença qualquer, por exemplo, o hospedeiro pode ser um
adulto jovem que ingeriu bebida alcoólica e conduz um veículo automotor; o
agente pode ser a alta velocidade em que o veículo é conduzido; e o
ambiente pode ser uma via pública com o asfalto molhado pela chuva. A
interação desses fatores produz a doença chamada de trauma.

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