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Supremo Tribunal Federal

MANDADO DE SEGURANÇA 33.983 MINAS GERAIS

RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO


IMPTE.(S) : CONSERVO SERVIÇOS GERAIS LTDA
ADV.(A/S) : ANDRE LUIZ FARIA DE SOUZA E OUTRO(A/S)
IMPDO.(A/S) : TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO

DECISÃO:

Ementa: DIREITO ADMINISTRATIVO E


PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE
SEGURANÇA. ATO DO TCU. NÃO
PRORROGAÇÃO DE CONTRATO
ADMINISTRATIVO. INEXISTÊNCIA DE
DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
1. Não há direito líquido e certo à
prorrogação de contrato celebrado com o
Poder Público, mas mera expectativa de
direito, subordinada à discricionariedade da
Administração Pública.
2. Além disso, no âmbito da relação entre o
TCU e a Administração, não é pertinente a
alegação de violação ao contraditório e à
ampla defesa, formulada por beneficiário de
eventual prorrogação do contrato.
3. Precedentes do Plenário do STF.
4. Writ a que se nega seguimento.

1. Trata-se de mandado de segurança, com pedido liminar,


impetrado contra o acórdão TCU nº 9.359/2015 (TC nº 016.461/2015-0).

2. Narra a inicial que, finalizados os procedimentos de


classificação das propostas e habilitação das licitantes no pregão
eletrônico nº 44/2014, a empresa ARCOLIMP Serviços Gerais Ltda.
impetrou mandado de segurança, perante a 19ª Vara Federal da Seção

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MS 33983 / MG

Judiciária de Minas Gerais, contra o ato da Diretora da Divisão de


Compras da UFMG, que a desclassificou do certame (MS 0012963-
96.2015.4.01.3800). Pediu, em sede liminar, que fosse garantida a sua
participação no pregão ou a suspensão do procedimento licitatório.

3. Afirma que, não obstante o indeferimento da liminar, a


ARCOLIMP apresentou representação junto ao Tribunal de Contas da
União (TC nº 016.461/2015-0), com as mesmas alegações do mandado de
segurança. Ao julgar a representação, o TCU determinou à Universidade
Federal de Minas Gerais – UFMG que se abstivesse de prorrogar o
contrato decorrente do pregão eletrônico nº 44/2014, firmado com a
empresa ora impetrante (CONSERVO Serviços Gerais Ltda.) para a
prestação de “serviços de portaria” (acórdão TCU nº 9.359/2015).

4. A empresa impetrante insurge-se contra essa determinação


do Tribunal de Contas da União. Alega, em síntese, que o processo
tramitou sem o seu conhecimento, em violação ao direito à ampla defesa
e ao contraditório. Aponta, ademais, que o ato impugnado teria usurpado
a competência do Poder Judiciário, “o qual já analisa a matéria em ação
pretérita ajuizada com o mesmo escopo, e cuja decisão proferida até então é
conflitante com aquela produzida pelo TCU”(doc. 2, p. 2).

5. Para demonstrar o periculum in mora, afirma que poderá


ocorrer a perda da eficácia dos atos administrativos já ocorridos em
função do pregão eletrônico nº 44/2014. Reporta-se, ademais, a
mensagem eletrônica que lhe foi enviada pela UFMG, em que consta,
após a informação do ato do TCU, esta observação: “[o] Edital para nova
licitação já encontra-se em andamento e será publicado em breve” (doc. 2, p. 38).

6. Pede, em caráter liminar, a suspensão do acórdão TCU nº


9.359/2015 e, em caráter definitivo, a sua cassação.

7. Durante o recesso, a Presidência da Corte solicitou

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informações (doc. 19). Em seguida, deixou de examinar o pedido liminar,


por não se enquadrar o caso no art. 13, VIII, do RI/STF (doc. 22).

8. É o relatório. Decido.

9. Dispenso o parecer ministerial, por se tratar de matéria


conhecida do Plenário desta Corte (RI/STF, art. 52, p. único).

10. Como se sabe, o mandado de segurança pressupõe a


alegação de lesão ou ameaça concreta a direito líquido e certo do
impetrante. Significa dizer que o direito invocado deve vir expresso em
norma legal, ser manifesto na sua existência e delimitado na sua extensão.

11. Em caso semelhante ao dos autos (MS 26.250, Rel. Min.


Ayres Britto), o Plenário deste Tribunal manifestou-se: (i) pela
inexistência de direito líquido e certo à prorrogação do contrato celebrado
com o Poder Público; e (ii) pela não violação das garantias do
contraditório e da ampla defesa. Confira-se a ementa do julgado:

“MANDADO DE SEGURANÇA. ACÓRDÃO DO


TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, QUE DETERMINOU A
NÃO PRORROGAÇÃO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO.
INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. VIOLAÇÃO
DAS GARANTIAS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA
DEFESA NÃO CONFIGURADA. 1. Não há direito líquido e
certo à prorrogação de contrato celebrado com o Poder Público.
Existência de mera expectativa de direito, dado que a decisão
sobre a prorrogação do ajuste se inscreve no âmbito da
discricionariedade da Administração Pública. 2. Sendo a relação
jurídica travada entre o Tribunal de Contas e a Administração
Pública, não há que se falar em desrespeito às garantias
constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 3.
Segurança denegada.”

12. No mesmo sentido: MS 27.008, Rel. Min. Ayres Britto, e MS

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24.785, Rel. p/ acórdão Min. Joaquim Barbosa.

13. Saliento, ademais, que não há falar em oponibilidade de


decisão judicial à Corte de Contas na hipótese, tendo em vista que o
indeferimento do pedido liminar, nos autos do MS 0012963-
96.2015.4.01.3800, pautou-se na ausência de liquidez e certeza do direito,
em exame sumário. Não houve determinação de prorrogação de contrato.

14. Diante do exposto, com base no art. 10 da Lei nº


12.016/2009 e no art. 21, § 1º, do RI/STF, nego seguimento ao presente
mandado de segurança. Sem honorários (Lei nº 12.016/2009, art. 25).

Publique-se.

Brasília, 12 de fevereiro de 2016

Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO


Relator

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