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1) Estabeleça em quais hipóteses a competência brasileira é relativa e absoluta?

A competência internacional é tratada nos artigos 88 a 90 do CPC; o artigo 88 trata da competência


concorrente, ou seja, hipóteses em que a jurisdição civil brasileira poderá atuar sem prejuízos da
competência as jurisdições estrangeiras; assim, há competência concorrente sempre que o réu for
domiciliado no Brasil (independente de nacionalidade) no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação,
bem como na hipótese da ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. O artigo
89 trata da competência exclusiva, ou seja, em que a autoridade judiciária brasileira é a única
competente para apreciar e julgar as lides; a competência é exclusiva quando a ação versar sobre
imóveis situados no Brasil, bem como proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil,
ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.
A competência absoluta é a competência que não pode jamais ser modificada, é determinada
segundo o interesse público (pelos critérios material, pessoal ou funcional), não podendo ser
modificada pela vontade das partes em foro de eleição, nem por circunstâncias processuais. A
incompetência absoluta deve ser declarada de ofício, independente da argüição da parte e pode
ser alegada em qualquer fase do processo tanto pelo juiz como pelas partes (art. 113, CPC), o seu
não cumprimento da norma gera nulidade absoluta. Na competência relativa, ao contrário da
absoluta, o interesse privado prevalece, é fixada pelos critérios: territorial ou econômico; exceto
no caso do CPC, artigo 95; a competência de juízo é sempre absoluta, como também a funcional
e a territorial estabelecida com fundamento no artigo 95 (ações que versam direito real sobre bem
imóvel). A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício, pois, trata-se de nulidade
relativa, ou seja, que depende de argüição do réu que deverá alegá-la por meio de exceção
(exceção de incompetência), no prazo de resposta. Se o réu não argüir a incompetência relativa
no momento oportuno, ou seja, no prazo de resposta, prorroga-se a competência, de modo que
o juízo tornar-se competente para o julgamento da lide.

2) O que são elementos de conexão e sua relação com o direito internacional privado?

O elemento de conexão são normas estabelecidas pelo direito internacional privado que indicam
o direito aplicável a uma ou diversas situações jurídicas unidas a mais de um sistema jurídico.
Pode-se chamar também de normas indiretas ou indicativas, devido apontar o direito que irá
aplicar no caso concreto nas relações particulares com conexão internacional, mas sem solucioná-
lo, apenas indicam.

3) Do que se trata a cooperação jurídica internacional e quais suas espécies de acordo com
o novo CPC?

A cooperação jurídica internacional pode ser definida como a união de esforços entre os países
com a finalidade de proporcionar aos seus nacionais a realização da Justiça. Ela pode ser requerida
com base em acordos internacionais, bilaterais ou multilaterais, firmados em âmbito regional ou
global, cuja tramitação se opera por meio de Autoridades Centrais. Na ausência de normativo
internacional específico, ou se existindo o mesmo não puder ser aplicado, em razão do pedido
estar fora do alcance de suas disposições, a cooperação poderá ser requerida com fundamento
na reciprocidade, caso em que a tramitação se fará pela via diplomática, por intermédio do
Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Vale observar que a "cooperação jurídica internacional" é uma expressão bastante ampla e pode
se referir a diferentes e variadas espécies de cooperação. Ela pode se dividir em cooperação ativa
e passiva. A cooperação ativa é aquela solicitada por autoridades brasileiras para a realização de
diligências no estrangeiro. Já a cooperação passiva é aquela requerida por autoridades
estrangeiras para cumprimento de diligências no Brasil. Na prática, os pedidos de cooperação
ativa mais comumente encaminhados ao estrangeiro têm por finalidade a prática de atos
processuais de simples tramitação (citação, intimação, notificação e entrega de documentos) ou
de instrução probatória (oitiva e interrogatório).

4) De que maneira é realizada a homologação de sentença estrangeira?

Para que a decisão estrangeira seja homologada no Brasil, é preciso que ela seja definitiva (não
pode estar pendente de recurso) (§ 1º do art. 961 do CPC 2015);

• Uma decisão que no estrangeiro não é considerada judicial, ou seja, uma decisão que no
estrangeiro não foi proferida pelo Poder Judiciário no exercício de sua função típica, pode, mesmo
assim, ser homologada no Brasil se aqui, em nosso país, ela for considerada decisão judicial. É o
que prevê o § 1º do art. 961 do CPC 2015: "É passível de homologação (...) a decisão não judicial
que, pela lei brasileira, teria natureza jurisdicional.";

• A decisão estrangeira poderá ser homologada parcialmente (§ 2º do art. 961);

• A autoridade judiciária brasileira poderá deferir pedidos de urgência e realizar atos de execução
provisória no processo de homologação de decisão estrangeira (§ 3º do art. 961).

• Haverá homologação de decisão estrangeira para fins de execução fiscal quando prevista em
tratado ou em promessa de reciprocidade apresentada à autoridade brasileira (§ 4º do art. 961).

5) Estabeleça o procedimento da Carta Rogatória.

a) Petição inicial;

b) Despacho judicial que ordene sua expedição;

c) Procuração;
d) Para oitiva de testemunha ou depoimento pessoal, deverá acompanhar a carta rogatória os
quesitos (perguntas) a serem feitos à pessoa designada pelo juízo estrangeiro;

e) Outras peças consideradas indispensáveis pelo juízo rogante, conforme a natureza da ação; e

f) Tradução de todos os documentos enviados. A tradução deve ser providenciada pelas partes
interessadas.

Toda a documentação deverá ser enviada em duas vias. Com exceção dos Estados Unidos da
América, que deve ser em três vias.

Por fim, ressalta-se que essas orientações de caráter geral devem ser complementadas com
eventuais requisitos específicos do país destinatário, que podem ser consultados no Capítulo
orientações por países.

6) O auxílio direto é realizado de que forma? Quem é no Brasil a autoridade central?

O auxílio direto é instrumento usado atualmente para facilitar a realização de atos internacionais
entre os países e se caracteriza pelo peculiar fato de que o país requerente abre mão do exercício
de sua jurisdição interna e por conseguinte soberania, solicitando que o próprio país na qual se
deseja ver um dado ato judicial ou administrativo cumprido e que se faz necessário para o negócio
jurídico realizado se concretizar, podendo ser ativo e passivo.

Ou seja, tanto o Brasil recebe pedidos de países para que os atos aqui se realizem, utilizando-se
da autoridade central, a qual intermediará junto aos órgãos competentes, fazendo inclusive
internamente o próprio pedido acaso a mesma não seja diretamente responsável para feitura do
ato ou o Brasil requer no mesmo estilo ao país que haja necessidade de realização de um ato,
tudo inclusive devidamente previsto em tratados e acordos internacionais.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) passou a ser, à partir de 29 de setembro de 2015, a


autoridade central para pedidos de cooperação internacional em matéria penal na Convenção de
Auxílio Judiciário em Matéria Penal entre os Estados Membros da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa. Este tratado foi concluído na cidade da Praia, Cabo Verde, em 23 de novembro
de 2005.

7) Quando foi criado o TPI e quais são os crimes de sua competência?

A competência material, como a própria nomenclatura sugere, indica quais as matérias que podem
ser objeto de julgamento pelo Tribunal Penal Internacional.

De acordo com o artigo 5º do Estatuto de Roma, o TPI tem competência para julgar os crimes de
genocídio, contra a humanidade, crimes de guerra e o crime de agressão.
O TPI foi criado em 17 de julho de 1998, o documento foi resultado de um longo período de
discussão da Comissão de Direito Internacional da ONU acerca da criação de um Tribunal
internacional permanente. O estatuto passou a vigorar em 1º de julho de 2002, quando conseguiu
o quórum de 60 países ratificando a convenção

8) Do que se trata o princípio de complementariedade da competência do TPI?

O Tribunal Penal Internacional rege-se pelo princípio da complementariedade porque ele tem
competência complementar e subsidiária.

De acordo com a orientação do princípio da complementariedade, entende-se que o TPI não deve
intervir nos sistemas judiciais internos (nacionais), que continuam com a responsabilidade de
investigar e processar os crimes cometidos nos respectivos territórios. A competência do TPI é
subsidiária e restringe-se às hipóteses nas quais a Justiça repressiva interna não se mostre capaz
de cumprir sua missão.

9) O artigo 77 do Decreto 4388/2002 prevê pena de prisão perpétua e o artigo 89 a entrega


de indivíduos ao TPI. Considerando que a Constituição Brasileira veda a primeira pena e
a extradição de brasileiro nato. De que forma tal problema é solucionado?

A Constituição Federal veda a extradição de brasileiros natos. Não obstante, o Brasil é signatário
do Estatuto de Roma que prevê a possibilidade de entrega de indivíduos que tenham cometido
crimes contra a humanidade, independentemente de sua nacionalidade. Por conseguinte, o
brasileiro nato a depender das circunstâncias poderá ser entregue à jurisdição do Tribunal Penal
Internacional.

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