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LINGUISTICA GERAL
O QUE É LINGUISTICA?
RAMIFICAÇÕES DA LINGUISTICA
uma forte relação entre Língua e Identidade de um povo, sendo que esta última se
constitui a partir da linguagem, ou seja, como afirma Silva (2000), a identidade é o
resultado de “atos de criação linguística”.
Segundo Monteiro (2006), há poucos anos, a Língua de Sinais Brasileira era ainda
vista como "tabu", pois não havia sido atribuído a ela o status de língua.
Essa afirmação pode ser reforçada por Sacks (1998, p.33), ao dizer que os
ouvintes sempre negaram a eficácia da língua de sinais. Esse autor explica que
algumas pessoas, "por mais bem-intencionadas que possam ser, consideram a língua
de sinais como algo rudimentar, primitivo, pantomímico, confrangedor".
Diante dessa concepção sobre o meio de comunicação dos surdos, cabe
reservar um pequeno espaço para esclarecer os conceitos de Língua a partir do ponto
de vista de alguns teóricos.
A língua, para Saussure (1991), é o aspecto social da linguagem, pois, é
compartilhada por todos os falantes de uma comunidade linguística e é compreendida
como um sistema complexo com regras abstratas e composto por elementos
significativos que se relacionam entre si. Para Chomsky a língua é um sistema de
princípios radicados na mente humana. (VIOTTI, 2008 p. 32).
Nesse sentido, a língua é uma propriedade coletiva e não individual, só tem
razão de existir se for compartilhada.
Daí a importância de reconhecer a existência de uma comunidade lingüística de
surdos para que se reconheça também a língua utilizada por ela.
Martelotta (2008, p.16) assinala que "o termo 'língua' é normalmente definido como
um sistema de signos vocais, utilizado como meio de comunicação entre os membros
de um grupo social ou de uma comunidade lingüística." A abordagem desse autor
demonstra que nos estudos lingüísticos, às vezes, a modalidade visual-espacial ainda
passa despercebida quando se faz uma conceituação geral de língua.
Na consideração feita por Martelotta,a Língua de Sinais não é excluída
intencionalmente, quando utiliza a expressão "sistema de signos vocais", mas essa
concepção demonstra que não é familiar aos linguistas o reconhecimento desta
modalidade de língua como tal, e ao mesmo tempo reflete a prematuridade dos
estudos linguísticos relacionados a ela, na maioria dos países.
Percebe-se que ainda predomina conceitos anteriores ao estudo científico das
Línguas de Sinais, os quais consideram os sinais utilizados pelos surdos como
insuficientes para a formação intelectual e inferiores à linguagem
oral. Lúria e Yudovich (1978), afirmavam que a pessoa surda que utiliza só os sinais
adquiridos pela experiência visual, é incapaz de formar conceitos abstratos.
Segundo Machado (2008, p.88), essas concepções foram rejeitadas por Hans
Furth (1966), que com base na teoria cognitivista de Piaget, desenvolveu um trabalho,
utilizando provas piagetianas, às quais adaptou à linguagem não- verbal. Essas
pesquisas teriam comprovado que crianças e adolescentes surdos atingiam o mesmo
nível de desenvolvimento cognitivo que os ouvintes e deixou evidente que "o
pensamento pode avançar sem o concurso da linguagem oral".
Se ainda hoje encontramos, em algumas referências científicas, conceitos
errôneos ou preconceitos implícitos nestas, em relação às Línguas de Sinais, é ainda
mais comum nos depararmos com concepções inadequadas no discurso popular,
pois a maioria das pessoas desconhece conceitos básicos dessa língua. É bastante
comum encontrarmos ainda hoje quem acredita que a Língua de Sinais se restringe
ao alfabeto manual.
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ASPECTOS LINGUISTICO II
Brito e Langevin (1995) apud Quadros e Karnopp (2004) indicam onde os sinais
podem ser realizados como: Na Cabeça: topo de cabeça, testa, rosto, parte superior do
rosto, parte inferior do rosto, orelha, olhos, nariz, boca, bochechas, queixo. No tronco:
Pescoço, ombro, busto, estômago, cintura, braços, braço, antebraço, cotovelo, pulso. Mão:
palma, costas das mãos, lado do indicador, dedos.
Fonte:
Alencar (2010)
Direcionalidade do movimento :
Unidirecional : movimento em uma direção no espaço, durante a realização de um sinal.
Ex.: PROIBID@, SENTAR, MANDAR..
Bidirecional : movimento realizado por uma ou ambas as mãos, em duas direções
diferentes.
Ex.: PRONT@, GRANDE, COMPRID@, PRIM@, TRABALHAR, BRINCAR.
Multidirecional: movimentos que exploram várias direções no espaço, durante a realização
de um sinal.
Ex. : INCOMODAR, PESQUISAR.
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Tipos de movimentos:
a) Movimento retilíneo:
ENCONTRAR ESTUDAR PORQUE
b) movimento helicoidal:
ALT@ MACARRÃO AZEITE
movimento circular:
BRINCAR IDIOTA BICICLETA
movimento semicircular
SURD@ SAP@ CORAGEM
Movimento sinuoso:
BRASIL RIO NAVIO
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Movimento angular:
RAIO ELÉTRICO DIFÍCIL
Expressão facial e/ou corporal: além dos quatro parâmetros, em sua configuração
tem como traço diferenciador a expressão facial/e ou corporal. As expressões faciais,
o movimentos do corpo ajudam a dar o exato sentido aos sinais.
Morfologia é o estudo da estrutura interna dos sinais, assim como as regras que
determinam a formação das palavras. Como as línguas orais-auditivas, a língua de sinais,
apresentam um sistema de estrutura e formação das palavras, no entanto o que diferencia
das línguas orais-auditivas é que elas são sintéticas (resumidas).
Outra característica das línguas de sinais é que muitas palavras que não possuem
sinais próprios, geralmente, por razões socioculturais, são usadas através da datilologia
(alfabeto manual), sendo que, este recurso aparece em línguas de sinais por influência da
língua oral-auditiva, em permanente contato, no entanto, não é um traço gramatical das
línguas de sinais.
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É utilizado para traduzir nomes próprios, nomes de cidade, ou palavras que ainda não
exista o sinal ou desconhecimento de um sinal para determinada palavra. Vale lembrar que
assim como as línguas de sinais não são universais, cada país adota um alfabeto manual
correspondente à sua língua.
Para a realização da soletração do alfabeto manual, é necessário que seja realiza
com calma, pois o principal objetivo é transmitir a informação desejada.
https://www.google.com.br/search?q=ALFABETO+MANUAl
É muito comum as pessoas pensarem que todos os sinais são como um „‟desenho‟‟ no ar do
referente que representam. Os sinais recebem dois tipos de classificação: icônicos ou
arbitrários e simples e composto.
Como consequência da natureza linguística, a realização de um sinal pode ser originada
pelas características do elemento da realidade a que se refere, neste caso denominamos
sinais icônicos, portanto, os sinais icônicos são aqueles que fazem alusão ao referente. Veja
alguns exemplos:
Os sinais arbitrários são a sua maioria, eles não estabelecem nenhuma analogia com o
referente. Veja alguns exemplos:
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A outra classificação dos sinais é quanto ao número de base de sinal para a formação das
palavras, como simples ou composto.
Simples são aqueles sinais que são realizados com uma base de sinal apenas, observe os
exemplos:
ASPECTOS LINGUÍSTICOS II
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
Como mencionamos algumas vezes em cada país do mundo há pelo menos uma língua de
sinais utilizada pelas comunidades surdas. No entanto, além das diferenças entre países
também temos as diferenças regionais, entre estados de um mesmo país, entre cidades de
um mesmo estado, entre grupos sociais de uma mesma cidade. Vamos compreender como
essas variações ocorrem.
Variações regionais ou regionalismo: são decorrentes das variações de uma região para a
outra dentro do mesmo país. No exemplo a seguir podemos observar que o sinal
para VERDE sofre alterações nas configurações de mãos, ponto de articulação, movimento
e orientação das mãos.
HOMEM MULHER
Exemplos:
PAI = HOMEM + BÊNÇÃO
MÃE = MULHER + BÊNÇÃO
MARIDO = HOMEM + CASAD@
ESPOSA = MULHER + CASAD@
FILHA = MULHER + FILH@
TIO = HOMEM + TI@
PRIMA = MULHER + PRIM@
NAMORADO = HOMEM + NAMORAD@
SOGRA = MULHER + SOGR@
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TIPOS DE FRASES
Para produzirmos uma frase em LIBRAS nas formas afirmativa, exclamativa, interrogativa,
negativa ou imperativa é necessário estarmos atentos às expressões faciais e corporais a
serem realizadas, simultaneamente, às mesmas.
Afirmativa: a expressão facial é neutra.
Interrogativa: sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça, inclinando-se
para cima.
Exclamativa: sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento da cabeça inclinando-se
para cima e para baixo.
Forma negativa: a negação pode ser feita através de três processos:
A- Incorporando-se um sinal de negação diferente do afirmativo:
TER / NÃO-TER GOSTAR / NÃO-GOSTAR
Ex.: bochechas infladas e olhos bem abertos para coisas grandes ou grossas.
No plural
A configuração muda conforme o número de participantes.
Advérbio de tempo: Na LIBRAS não há marca de tempo nas formas verbais, é como se
os verbos ficassem na frase quase sempre no infinitivo. O tempo é marcado sintaticamente
através de advérbios de tempo que indicam se a ação está ocorrendo no presente: HOJE,
AGORA; ocorreu no passado: ONTEM, ANTEONTEM; ou irá ocorrer no futuro: AMANHÃ,
SEMPRE.
Tanto para representar um passado próximo ou distante, é determinante a expressão facial
e o movimento que quanto mais afastado do corpo, mais reforça a ideia de distância
temporal.
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Polissemia : há sinais que denotam vários significados apesar de apresentarem uma única
forma na LIBRAS.
Ex.:
CC
Gíria: é utilizada em LIBRAS, porém não pode ser traduzida para o português, pois o sinal a
ser utilizado varia de acordo com o contexto em que ocorre.
EX: Estou com sono, é o violino tocando (desinteresse total com relação à palestra, aulas,
etc.).
Verbos: Em Libras os verbos são classificados de acordo com duas categorias, verbos
direcionais e verbos não direcionais, sendo que na categoria dos verbos não direcionais
existe uma subclasse, vejamos.
Os Verbos direcionais são aqueles que possuem marca de concordância. A direção do
movimento, marca no ponto inicial o sujeito e no final o objeto.
Exemplo: aENSINARb, aAVISARb, aENTREGARb e outros.
Os Verbos não direcionais são aqueles que não possuem marca de concordância. Quando
se faz uma frase é como se eles ficassem no infinitivo. Os verbos não direcionais aparecem
em duas subclasses:
Ancorados no corpo: são verbos realizados com contato muito próximo do corpo.
Exemplos: PENSAR, ENTENDER, GOSTAR, ODIAR, SABER, e verbos de ação como:
CONVERSAR, PAGAR, FALAR.
Verbos que incorporam o objeto: quando o verbo incorpora o objeto, alguns parâmetros
modificam-se para especificar as informações como: COMER – BOLACHA; ANDAR-
CAVALO ANDAR- BICICLETA.
Seguem abaixo alguns verbos para vocês praticarem:
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5 - Quando em português forem usadas mais de uma palavra para representar um único
sinal da língua de sinais brasileira, faz-se uma junção de palavras por hífens.
Exemplos:
ANDAR-DE-BICICLETA
PENTEAR-OS-CABELOS
10 - Expressões interrogativas (quem, o que, como, porque) < > qu Ex. <ONDE>qu
M-A-R-I-A MORAR.
REFERÊNCIAS
ORLANDI, Eni Pulcinelli. O que é Lingüística. Série Princípios. São Paulo, Ática, 1989.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação Departamento de Educação
Especial. LIBRAS: Falando com as mãos. Curitiba, 1999.