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Ano Letivo: 2013/2014

Curso de Animador Sociocultural – 2.º Ano

Animação Sociocultural

Módulo 9

Noções Básicas da Saúde e

20 Horas
2.º Ano de Animador Sociocultural
Animação Sociocultural
Módulo 9 – Noções Básicas de Saúde e Socorrismo

Introdução

“Este módulo visa dotar os alunos de conhecimentos básicos de saúde e socorrismo para
que os mesmos possam, na execução da sua futura profissão, saber lidar com situações
inesperadas ou de emergência.”1

Serão abordados os temas elementares acerca da saúde, nomeadamente no que


diz respeito ao reconhecimento de sinais de doença e conhecimento da cadeia de
transmissão das mesmas. Ao nível do socorrismo pretende-se que os alunos
adquirem conhecimentos básicos e elementares ao nível da prestação de
primeiros socorros, o sistema de emergência médica e o suporte básico de vida.

O módulo tem como objetivos gerais:


 Caracterizar o conceito de saúde;
 Analisar os comportamentos humanos e a sua implicação na saúde;
 Identificar os fatores condicionantes da saúde;
 Adquirir conceito de homeostasia;
 Identificar os fatores condicionantes e os estados da saúde humana;
 Distinguir os mecanismos de transmissão de doenças;
 Caracterizar o conceito de sobrevivência;
 Definir o sistema integrado de emergência médica;
 Identificar a sequência de procedimentos que permitem executar o SBV
corretamente;
 Saber aplicar primeiros socorros e saber quais os constituintes de uma
caixa de primeiros socorros;
 Relacionar o papel do Animador Sociocultural com os cuidados de saúde
e noções básicas de socorrismo.

1
Segundo o programa geral da disciplina de Animação Sociocultural (2008).

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Módulo 9 – Noções Básicas de Saúde e Socorrismo

Quanto aos conteúdos:


 O Conceito de saúde;
 A saúde como um direito universal;
 Os comportamentos humanos e a sua implicação na saúde;
 Fatores condicionantes da saúde;
 Saúde pública;
 Saúde e homeostasia;
 Serviços de saúde e cuidados de saúde primários em Portugal;
 Cadeia de sobrevivência: SBV precoce, desfibrilhação precoce, SAV
precoce;
 O sistema integrado de emergência médica;
 Suporte básico de vida: conceito, etapas e procedimentos, posicionamento,
sequência de ações e problemas associados;
 Posição lateral de segurança.
 Conceito de Primeiros Socorros;
 Princípios Gerais do Socorrismo;
 Mala de primeiros socorros;
 Hemorragias e estado de choque – tipos de atuação;
 Intoxicações – tipos de atuação;
 Desmaio – tipos de atuação;
 Epilepsia – formas de atuação.

Quanto à avaliação:

 Os alunos deverão realizar duas fichas de avaliação - 75%, juntamente com


a realização de um relatório de reflexão de aprendizagem, face à exposição
de um convidado sobre o tema do módulo – 10%. Quanto ao domínio
autorregulador - avaliação do empenho, postura, iniciativa e autonomia
do aluno nas várias atividades propostas, terá o peso na avaliação de 15%.

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O Conceito de saúde

Dicotomias entre saúde e doença.


“Saúde e doença não são estados ou condições estáveis, mas sim conceitos vitais, sujeitos
a constante avaliação e mudança. Num passado ainda recente a doença era
frequentemente definida como a “ausência de saúde”, sendo a saúde definida como a
“ausência de doença” – definições que não eram esclarecedoras. Algumas autoridades
encaram a doença e a saúde como estados de desconforto físico ou de bem-estar. Contudo,
alguns autores, ao longo dos tempos, classificam estas perspetivas como
redutoras que levaram outros a descurar os componentes emocionais e sociais da
saúde e da doença.

“Contudo, apesar dos esforços para caracterizar estes conceitos [saúde e doença], não
existem definições universais. Por outro lado, e apesar de todos os avanços na pesquisa
biomédica, o nosso sonho de atingirmos ou mantermos uma saúde física e mental
permanece exatamente isso – um sonho que, além de tudo, vale a pena prosseguir face aos
efeitos da doença nos indivíduos e na sociedade (Diener, 1984) Isto é, a presença ou
ausência de doença é um problema pessoal e social. É pessoal, porque a capacidade
individual para trabalhar, ser produtivo, amar e divertir-se está relacionado com a saúde
física e mental da pessoa. É social pois a doença de uma pessoa pode afetar outras pessoas
significativas (ex., família, amigos e colegas).

Desta forma, podemos concluir que o conceito de saúde tem evoluído


ao longo dos tempos. Inicialmente entendia-se que saúde era apenas
o estado de ausência de doença mas, em 1948, a OMS (Organização
Mundial de Saúde) apresentou um novo conceito de saúde, definindo-
o como o estado completo de bem-estar físico, mental e social e não
a mera ausência de doença ou enfermidade, ou seja, trata-se do bem-
estar biopsicossocial.

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MENTAL
SOCIAL
SAÚDE É O
COMPLETO
ESTADO DE
BEM-ESTAR…

FÍSICO
O que o manual diz…

A definição de saúde da OMS realça aspetos fundamentais:


 Saúde não é apenas a ausência de doença;
 Saúde é um conceito positivo;
 Saúde não pode ser reduzida a questões físicas, tendo em conta as
condições globais da vida humana – que incluem as dimensões biológicas,
sociais e psicológicas.

SER HUMANO – SER BIOPSICOSSOCIAL

Atividade 1- Com base no seguinte documento explique por que


razão o Homem é um ser Biopsicossocial.

Dores de Barriga

Eis-nos perante uma situação muito vulgar e que, no entanto, serve para, na prática,
compreendermos a interdependência entre o bem-estar físico, moral e social.
O José tem um exame e, não se encontrando muito seguro na matéria, está nervoso. No
dia seguinte tem cólicas abdominais constantes, o que o leva muitas vezes à casa de banho.
Feito o exame, toda a situação se altera e volta à normalidade.
Se não conhecêssemos a situação – existência próxima de um exame – pensaríamos que
estávamos perante uma situação de patologia gastrintestinal. Mas, a alteração do trânsito
intestinal era devida unicamente à situação de stress, como reação psicossomática de uma
situação de pressão psicológica. (Jorge Costa, cit in. Elsa & Moinhos 2010)

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Segundo a OMS, o campo da saúde abrange:


 a biologia humana, que compreende a herança genética e os processos
biológicos inerentes à vida (idade, sexo…)
 o meio ambiente, que inclui a qualidade do solo, da água, o local de
trabalho;
 o estilo de vida, do qual resultam decisões que afetam a saúde como,
Consultar
o manual fumar ou deixar de fumar, beber álcool ou não, praticar ou não praticar
exercício físico;
 a organização da assistência à saúde – a assistência médica, os serviços
hospitalares…

Poderá alguém ter uma vida saudável se o meio onde está inserido, não
oferece água potável? (aspetos físicos da saúde);

Poderá alguém ter uma vida saudável se não aferir de rendimentos


suficientes para se alimentar, acesso a educação e a cuidados de saúde) Que
não tem tempo de desfrutar de momentos de lazer ou de liberdade
suficiente para desfrutar das suas escolhas e desejos de vida…? (aspetos
socioeconómicos e culturais)

Atividade 2 – Responde às seguintes questões:

1. Seleciona a única alternativa que permite uma afirmação correta:


A) Segundo a OMS, entende-se por saúde o estado de…

a) pleno bem-estar □ b) plena saúde □


c) ausência de equilíbrio □ d) ausência de doença □
B) Os fatores que influenciam as condições de saúde de uma pessoa
são:

a) apenas biológicos □ b) socioeconómicos e culturais □


c) físicos, sociais e psicológicos □ d) físicos, mentais e biológicos □

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A Saúde como um Direito Universal

Segundo o artigo 25.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

“Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para


assegurar a si e à sua família, a saúde e o bem-estar,
principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao
alojamento, à assistência médica…”

A saúde é um direito universal, inerente ao ser humano sendo ela a


base essencial ao desenvolvimento humano.

Na Constituição da República Portuguesa – Artigo 64.º

4. Todos têm direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover.

2. O direito à proteção da saúde é realizado:


a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em
conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente
gratuito;
b) Pela criação de condições económicas, sociais, culturais e ambientais
que garantam, designadamente, a proteção da infância, da juventude e da
velhice, e pela melhoria sistemática das condições de vida e de trabalho,
bem como pela promoção da cultura física e desportiva, escolar e popular,
e ainda pelo desenvolvimento da educação sanitária do povo e de práticas
de vida saudável.

3. Para assegurar o direito à proteção da saúde, incumbe prioritariamente ao


Estado:
a) Garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua
condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de
reabilitação;
b) Garantir uma racional e eficiente cobertura de todo o país em recursos
humanos e unidades de saúde;

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c) Orientar a sua ação para a socialização dos custos dos cuidados médicos
e medicamentosos;
d) Disciplinar e fiscalizar as formas empresariais e privadas da medicina,
articulando-as com o serviço nacional de saúde, por forma a assegurar, nas
instituições de saúde públicas e privadas, adequados padrões de eficiência
e de qualidade;
e) Disciplinar e controlar a produção, a distribuição, a comercialização e o
uso dos produtos químicos, biológicos e farmacêuticos e outros meios de
tratamento e diagnóstico;
f) Estabelecer políticas de prevenção e tratamento da toxicodependência.

4. O serviço nacional de saúde tem gestão descentralizada e participada.

O texto atual da Constituição da República Portuguesa foi aprovado pela Lei Constitucional n.º 1/2001, de 12 de
Dezembro.

Relação entre Direitos Humanos e Saúde

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Fatores condicionantes à saúde.

1. Serviços de Saúde;
2. Sistemas socio culturais;
3. Condições socioeconómicas e ambientais;
4. A hereditariedade;
5. A adoção de estilos de vida saudáveis.

Estes fatores podem ser divididos em dois grupos:

Interiores ao Exteriores ao
indivíduo indivíduo

(Fatores que podem (Capacidade de


ser manipulados controlar estes
por cada um, fatores é
individualmente). normalmente
reduzida ou nula).

Ex. Ex.

Reflexão:

Contudo, mesmo no caso dos fatores que são considerados como interiores ao
indivíduo, que parte de uma escolha pessoal, nem sempre o indivíduo tem poder,
ou consegue controlar essa mesma escolha ao nível da saúde. Por exemplo, em
caso de extrema pobreza como podem as pessoas alterar o seu estilo de vida ou
controlar o ambiente?

Consultar o
manual

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Saúde Pública

Até então, temos vindo a analisar e a definir o conceito de saúde numa perspetiva
centrada no individuo. Contudo, é importante definir um outro conceito ligado
à saúde, quando aplicado a uma comunidade. Neste sentido iremos definir saúde
pública.

Segundo a American Public Health Association, sáude pública é a ciência e a arte


de manter, proteger e melhorar a saúde de um povo através de esforços organizados da
comunidade.

Outras definições:
“A Saúde Pública é a ciência e a arte de promover saúde (…), com base no
entendimento de que a saúde é um processo que envolve o bem-estar social,
mental, espiritual e físico. A Saúde Pública intervém com base no conhecimento
de que a saúde é um recurso fundamental do indivíduo, da comunidade e da
sociedade como um todo e que deve ser sustentada por um forte investimento
nas condições de vida que criam, mantêm e protegem a saúde.” (Kickbusch, 1989)

Resumindo, a saúde público corresponde ao conjunto de atuações coordenadas


e organizadas levadas a cabo, por forma a melhorar a sáúde das populações, ao
nível da luta e eliminação de doenças através da:
 Investigação;
 do estudo e,
 atuação prática. O que o manual diz…

Os principais objetivos da saúde pública são:


 levar a cabo processos que permitam conhecer as doenças e a sua
evolução numa comunidade;
 estabelecer objetivos e metas na luta contra a doença,
 escolher planos de ação e os meios para melhorar a saúde de uma
comunidade.

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SIEM – Sistema Integrado de Emergência Médica em Portugal

Portugal tem, desde 1981, um Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM).

O SIEM trata-se de um conjunto de entidades que cooperam com um objetivo:


prestar assistência às vítimas de acidente ou doença súbita. Essas entidades são
a PSP, a GNR, o INEM, os Bombeiros, a Cruz Vermelha Portuguesa e os Hospitais
e Centros de Saúde.

O INEM é o organismo do Ministério da Saúde responsável por coordenar o


funcionamento, no território de Portugal Continental, do SIEM. O sistema
começa quando alguém liga 112 - o Número Europeu de Emergência. O
atendimento das chamadas cabe à PSP, nas centrais de emergência. Sempre que
o motivo da chamada tenha a ver com a saúde, a mesma é encaminhada para os
Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM.2

Consultar o
manual

2
Segundo a informação disponibilizada no site do INEM – www.inem.pt

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Texto de Apoio 1:

LIGUE 112
Em caso de acidente ou doença súbita ligue 112.

A chamada é gratuita e está acessível de qualquer ponto do país a qualquer hora


do dia.

O 112 é o Número Europeu de Emergência, sendo comum, para além da saúde,


a outras situações tais como incêndios, assaltos ou roubos. As chamadas
efectuadas para o 112 são atendidas, em primeira linha, por uma Central de
Emergência da PSP que apenas canaliza para os Centros de Orientação de
Doentes Urgentes (CODU) do INEM as chamadas que à saúde digam respeito.

A sua colaboração é fundamental:


Faculte toda a informação que lhe for solicitada, para permitir um rápido e eficaz
socorro às vítimas.

Informe, de forma simples e clara:


 O tipo de situação (doença, acidente, parto, etc.);
 O número de telefone do qual está a ligar;
 A localização exata e, sempre que possível, com indicação de pontos de
referência;
 O número, o sexo e a idade aparente das pessoas a necessitar de socorro;
 As queixas principais e as alterações que observa;
 A existência de qualquer situação que exija outros meios para o local, por
exemplo, libertação de gases, perigo de incêndio, etc.

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Depois de feita a triagem da situação


Os operadores dos CODU indicam-lhe a melhor forma de proceder, enviando -
se necessário - os meios de socorro adequados.
Lembre-se que as ambulâncias do INEM deverão ser apenas utilizadas em
situação de risco de vida iminente.

No caso de não ser necessário enviar uma ambulância do INEM são dadas todas
as informações sobre a melhor forma do doente ser transportado para as
unidades de saúde adequadas.

Desligue o telefone apenas quando o operador indicar.

Da próxima vez que ligar 112 lembre-se:

As chamadas desnecessárias sobrecarregam o sistema, pondo em perigo de vida


aqueles que realmente precisam de ajuda imediata. Os falsos alarmes afetam a
capacidade de resposta às verdadeiras emergências.3

Texto de Apoio 2 :

CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA

3
Segundo a informação disponibilizada no site do INEM – www.inem.pt

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À luz do conhecimento médico atual, considera-se que há três atitudes que


modificam o resultado no socorro à vítima de paragem cardio-respiratória (PCR):
1. Pedir ajuda, acionando de imediato o Sistema Integrado de Emergência
Médica (SIEM);
2. Iniciar de imediato manobras de Suporte Básico de Vida (SBV);
3. Aceder à desfibrilhação tão precocemente quanto possível mas apenas
quando indicado.

Estes procedimentos sucedem-se de uma forma encadeada e constituem uma


cadeia de atitudes em que cada elo articula o procedimento anterior com o
seguinte. Surge assim o conceito de Cadeia de Sobrevivência, composta por
quatro elos ou ações, em que o funcionamento adequado de cada elo e a
articulação eficaz entre os vários elos é vital para que o resultado final seja uma
vida salva.

Os quatro elos da cadeia de sobrevivência são: (consultar imagem, na pág.


anterior)
1. Acesso precoce ao Sistema Integrado de Emergência Médica – 112;
2. Início precoce de SBV;
3. Desfibrilhação precoce,
4. Suporte Avançado de Vida (SAV) precoce.

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