AS DUAS ESCOLAS.

JORNADA
O DIÁLOGO ENTRE PROGRAMA DA
É FUNDAMENTAL

Mesa redonda sobre a exposição 14h-16h

Pronuncia Design em Português: Brasil Hoje”
Visita comentada à exposição “Como se 10h-12h
28 DE OUTUBRO

Conclusão: Mesa Redonda 16h-17h

Desafios dos recém-formados na ESDI 15h-16h
Ensino Global, Contexto Global 14h-15h
Uma ocupação sob investigação 12h-13h
as une: o Design.
Declaração de solidariedade com a ESDI 11:30h-12h
falar sobre aquilo que
juntaram-se para (PRE)OCUPA Apresentação da ESDI 10h-11:30h
A FBAUL e a ESDI ESDI NOS 27 DE OUTUBRO

REFLEXÃO DOS ALUNOS

EM TEMPOS DE CRISE,
A EDUCAÇÃO DEVE SER UMA
PRIORIDADE PARA O ESTADO?

A crise em que se encontra o Brasil tem trazido
várias questões relativas à importância dos
investimentos na Educação.
Infelizmente, a ESDI, como vamos expor neste
depliant, é uma das instituições que tem sido
severamente afetada com a decadência da sua
instituição mãe, a UERJ.
As novas gerações não podem pagar pelos erros
dos outros. Têm de elaborar maneiras de os
evitar no futuro. Todos tempos direito à educação
(artigo 26º da Declaração Universal dos Direitos
Humanos). Mesmo que a universidade ultrapasse
o sistema de educação “fundamental”, é uma
mais-valia que deve ser acessível a todos.
Uma geração desinformada e deseducada é uma
geração sem consciência e sem ferramentas para
combater as adversidades da vida.
Se as novas gerações não conhecem os erros
que as gerações anteriores cometeram, correm o
É A EDUCAÇÃO QUE gravíssimo risco de vir a cometer os mesmos er-
NOS TRANSFORMA E ros inconscientemente.
EVOLUI.
É a educação que nos transforma e evolui. Sem
ela permanecemos estagnados. Em tempos de
crise, isso não pode deixar de ser uma prioridade.
É precisamente por estarmos a passar por esta
fase que temos de nos instuir para sermos capazes
de a ultrapassar ou de, pelo menos, sabermos
lidar com ela.
zoy anastassakis e marcus martins
diretora e vice-diretor da esdi
cONTEXTO POLÍTIcO-CULTURAL
DO ENSINO DE DESIGN NO BRASIL
ANOS 50
JULIANA PAOLLUCC
São criados os primeiros cursos de ex-aluna da esdi
Design Industrial de pouca duração.
IMPEDIR QUE A CRISE AFETE A ESDI
Em 2017, foi criado um movimento
de resistência da ESDI frente à crise da
ANOS 60 Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
chamado “ESDI ABERTA”.
Organizou-se um evento para divulgar
A ESDI surge com vontade de estar separada da o movimento e para mostrar as renova-
ções feitas recentemente na escola (um
arquitetura. Tem logo grande adesão por parte dos novo jardim e um novo portão que me-
alunos de todo o país (cerca de 20 candidatos lhoram o aspeto e facilitam os acessos).
Foram mais de 1000 pessoas e arrecadou-
para uma vaga). -se cerca de 27.000 R$. Através de meios
criativos e alternativos criados por alunos,
ex-alunos, professores, servidores e amigos
da comunidade escolar, fizeram diversos esfor-
ANOS 70
ços para evitar que a escola fosse encerrada.
O Brasil vive um período de euforia, modernização, com Atualmente, apesar das dificuldades,
esperança de se desenvolver. São criados novos cursos a esDI PERMANECE
aberta, viva e pulsante
com base no modelo de estudos da ESDI.
DEPOISDASJORNADAS,OQUEESPERA
ANOS 80 QUE MUDE NOS ALUNOS DA FBAUL?
entrevista a juliana
A ESDI definiu como sua missão «formar profissionais e
«Um dos meus intuitos com a apresentação
pesquisadores com excelência técnica». Apesar de tudo, do caso da ESDI é o de provocar uma reflexão
reconhece que tem problemas como cargas horárias excessivas sobre a existência da educação de nível
superior pública e gratuita.
e falta de planeamento dos cursos. Começa a ponderar mudanças. Há alguns anos, enquanto graduanda, eu
via a escola como algo “dado”, público,
que não poderia se extinguir.
ATUALMENTE
A ESDI reduziu a carga horária para dar espaço para mais atividades cur-
riculares (eventos, ensino de línguas, visitas e realizações de esposições).
Com a crise, a ESDI tem as suas atividades suspensas, depois de,
em 2016, ter entrado num período extenso de greve. As bolsas e salários
não são pagos, nem há condições de limpeza e segurança.
a universidade pública e gratuita
só terá chance de existir
enquanto fizermos questão
de lutar por ela
Em março, iniciou-se um período de 40
dias intensos em que cerca de 20 alunos
alternados «moraram na escola». Outros
50, ajudavam na manutenção, limpando a
escola, cultivando a horta e experimentando
técnicas e materiais nas oficinas.
De seguida, foram criados mais de 14 cursos
livres de curta duração (costura, encader-
nação e outras aprendizagens não presentes
no currículo regular).
O “ESDIÃO”, período de iniciativas para
incentivar a discussão e a experimenta-
ção de temas diferentes, foi igualmente
fundamental para manter o dinamismo da
comunidade escolar.
Nunca havia passado pela minha cabeça a
possibilidade de o ensino superior público
e gratuito se tornar desinteressante para
o governo a ponto de o mesmo articular
o desmonte da UERJ. Mas o facto é que
esse desmonte está acontecendo, e de uma
forma muito cruel.
Ficou claro para mim, ao viver esse mo-
mento da Esdi, que a universidade pública
e gratuita, que deveria ser um direito de
todos, só terá chance de existir enquanto
fizermos questão de lutar por ela.
Outro ponto que fica cada dia mais claro
para mim, e que espero que vos tenha
conseguido transmitir, é a importância da
comunidade, dos laços e da troca.
O potencial de aprendizado torna-se expo-
nencial quando assumimos uma postura
ativa em vez de esperarmos, passivamente,
que a escola nos dê tudo o que precisamos
para nos formarmos bons profissionais.»
frederico duarte
ex-aluno da fbaul e curador da exposição
COMO SE PRONUNCIA DESIGN
EM PORTUGUêS: BRASIL HOJE
CADA EXPOSIÇÃO
DE DESIGN É UMA
INTRODUÇÃO
Os cartazes promocionais da exposição têm
inspiração em diversos cartazes icónicos
de recentes manifestações brasileiras.
Design SÓ É ÚTIL se tivermos objetos
que nos fazem pensar
Atualmente, o design precisa de ter uma
componente sustentável.
A marca “Natura” percebeu que existe
um desperdício desnecessário nos seus
produtos. Para quê colocar sabões em
embalagens que se podem tornar definiti-
vas se é possível poupar nos recursos e criar
algo mais prático?
Por essa razão, criaram as “embalagens mo-
les” que são mais baratas, gastam menos
recursos, chegam por isso a mais consumi-
dores e defendem o consumo consciente.
O design tem de ser flexível para se adaptar
à procura e às necessidades dos clientes.
Assim, surge a “Lavadora Super Pop”, uma
máquina de lavar transparente, que vai de
encontro ao gosto mostrado ao longo dos
tempos pelo público-alvo deste equipa-
mento de ver a roupa a ser lavada.
É também uma máquina muito leve, o que
revela uma preocupação pelo desejo do
consumidor e não apenas pelo consumo na
sua forma mais básica, tendo em conta a
realidade social e urbanística do Brasil,
nomeadamente das favelas.
Na segunda parte desta jornada, fomos até
ao Palácio da Calheta visitar esta exposição,
organizada pelo MUDE.
Tivemos a oportunidade de usufruir de uma
visita guiada pelo curador Frederico Duarte,
que começou por explicar como surgiu
a ideia desta exposição.
Tudo começou com o tema da sua tese de
mestrado “Desafios contemporâneos do
Designer Brasileiro”, através da qual teve
a oportunidade de contactar com diversos
designers amadores e profissionais do Brasil
e tentar entender o que é o design aí.
Depois do mestrado, decidiu elaborar uma
exposição relacionada com o tema da sua
tese mas que não fosse unicamente sobre o
design brasileiro, mas sim sobre o design e
sobre o Brasil do século XXI.
Para além de questões ecológicas, o design
depara-se com questões éticas. O mapa da
rede de transportes de Belo Horizonte ilustra
perfeitamente esse caso.
A encomenda do mapa, feita pela empresa
municipal, pedia que fossem representados
os trajetos executados pelas empressas con-
cessionárias ao serviço. A equipa dirigida
por José Verdi achou melhor incluir a rede
inteira e, por mostrar também as marcas
concorrentes, o projeto não foi aceite.
Esta situação reflete como é fazer design
no Brasil, em que as empresas são postas
acima do serviço aos cidadãos, visto que
o mapa se revela incompleto, e por essa
razão, inútil.
O HOJE
EM DESIGN
NÃO EXISTE
O design pode ter também uma dimensão
performativa e emocional.
O “Love Project” é uma investigação sobre
isso mesmo. O designer Guto Requena
considera que é possível criar formas
através da memória e dos sentimentos,
mais precisamente de ondas cerebrais e
batimentos cardíacos.
Com o seu atelier, tornou possível criar
estas formas com a aplicação “AURA”, por
agora disponível apenas para iPhone, que
mede a nossa pulsação e analisa as ondas
sonoras da nossa voz, ao contarmos uma
história de amor. Depois deste processo,
é possívei imprimir em três dimensões o
objeto, de alto valor material e simbólico,
que neste caso é uma joia.
Rodrigo Almeida é um dos mais “cerebrais”
designers brasileiros. Nos seus trabalhos,
é frequentemente questionada a fronteira
entre peça de mobiliário e obra de arte.
Várias das suas peças de design estavam
expostas num corredor do palácio, que nos
levava a uma livraria que se confundia com
um objeto da própria exposição.
Por último, fomos teletransportados
para a ESDI através de um cubo gigante
disposto no meio da sala. A surpresa foi
o facto de podermos interagir com ele,
entrando e saindo por todos os lados,
sendo feita uma alusão ao movimento
“ESDI Aberta”.
Foi um momento emocionante para todos
os convidados brasileiros que recordaram
momentos difíceis que viveram na escola
e que estão longe de terminar.
Poder visitar este exposição na presença do
curador foi, sem dúvida, uma experiência
enriquecedora porque nos foi mostrado
um outro lado das exposições, a que não
costumamos temos acesso. Não falamos
de um lado físico, mas sim mental que
inclui todas as questões e problemas que
surgem na produção de uma exposição.
Frederico Duarte compartilhou que não
queria que esta fosse uma “exposição dos
ícones do design”. A nosso ver, conseguiu
concretizar o seu objetivo, mostrar o design
atual e refletir sobre a sua importância.