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Metodologia da Pesquisa
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UNÍNTESE
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- 2015 –
Maria Bernardete Bechler
Vice- Diretora
Pedro Stieler
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Gestora de Marketing
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Coordenação Pedagógica
Roberto de Oliveira
Gestor Administrativo
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Wiltom Dourado Aline Madrid
Gestor Acadêmico Jeanine Ferrazza Meyer
Texto

Aline Madrid
Jeanine Ferrazza Meyer
Designers Educacionais
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Metodologia da Pesquisa
UNÍNTESE
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1. O que é Conhecimento?

O conhecimento humano é, para Hessen (1999), o


resultado de um olhar, da observação, da experienciação e
da compreensão de um fenômeno peculiar de consciência.
Tem sua origem através de um esforço para solucionar
contradições das diversas relações existentes entre o
objeto e a realidade do mesmo.

A produção do conhecimento depende de variáveis


relacionadas à forma pela qual se chega às
representações. A seguir serão descritos os tipos de
conhecimentos.

1.1 Tipos de Conhecimento

O conhecimento é um processo dinâmico e


inacabado, considerado um caminho obrigatório para a
evolução humana.

Partindo do pressuposto de que todo conhecimento


reporta a um ponto de vista e a um lugar social, há quatro
tipos de conhecimento: o conhecimento popular, o
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conhecimento religioso, o conhecimento filosófico e o


conhecimento científico.

Conhecimento Popular

Conhecimento popular ou senso comum é aquele


adquirido no cotidiano, através das experiências.
Caracteriza-se pela forma espontânea e direta de como se
entende o mundo. Ocorre por meio do relacionamento
diário do homem com as coisas e com seu meio.

O Conhecimento Popular está fundamentado nas


impressões humanas geradas pelos estados de ânimo e
pelas emoções. É reflexivo e limitado “ao âmbito da vida
diária” além de ser falível e inexato justamente por ser
desprovido do conhecimento teórico/científico que
comprove os fenômenos1 (LAKATOS & MARCONI, 2003).

Conhecimento Religioso

É o conhecimento relacionado à fé divina ou crença


religiosa, por este motivo não pode ser confirmado ou
negado. Sua função é o de fornecer respostas às
perguntas relacionadas às dúvidas existenciais e aos
anseios que remetem a um ser superior.

Adquirido a partir da fé religiosa, esse tipo de


conhecimento é fruto da construção de explicações sobre a
existência humana e divina, que ao longo dos tempos

1
Fenômeno: (...) 2. Tudo quanto é percebido pelos sentidos ou pela consciência. 3.
Fato de natureza moral ou social. Referência: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.
Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa. Curitiba: Ed. Positivo, 2008, p. 402.
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agrega as contribuições de homens que apresentam


respostas aos mistérios que permeiam a mente humana.

As questões do mundo são explicadas pelo


conhecimento sistemático das obras do criador, ou de um
ser superior. As evidências não são verificadas porque
estão implícitas na fé dos conhecimentos revelados pela
divindade, por isso aqueles que se baseiam nesse
conhecimento, não discutem sua origem ou sua veracidade
(LAKATOS e MARCONI, 2003).

Conhecimento Filosófico

O conhecimento filosófico parte da reflexão que se


faz sobre as experiências de vida e suas diferentes
interpretações e opiniões a partir das impressões que elas
proporcionam. Portanto, o conhecimento filosófico é fruto
do raciocínio e da reflexão humana. Busca dar sentido aos
fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites
formais da ciência.

A Filosofia se constituiu a partir da contribuição de


três importantes pensadores gregos. O primeiro, Sócrates,
procurava fazer com que toda ação humana fosse ação
consciente, um saber. Ele partia de reflexões e
questionamentos com o objetivo de alcançar uma
consciência filosófica (HESSEN, 1999).

O maior discípulo de Sócrates foi Platão. Este se


empenhava não somente na análise a respeito de objetos
práticos, valores e virtudes - como seu mestre Sócrates -
mas principalmente no conhecimento científico (HESSEN,
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1999). Defendia a tese do Inatismo2 onde o homem já


nascia com o conhecimento. Fundou a Academia onde se
desenvolvia a dialética3 (mundo das ideias). Esse mundo
das ideias baseava-se na diferenciação das coisas
sensíveis – inteligência - e coisas visíveis - seres vivos e
matéria (CHASSOT, 2004).

O terceiro importante filósofo grego foi Aristóteles.


Ele concentrou seus estudos no conhecimento científico,
tendo como ponto central o SER (HESSEN,1999). Baseou
suas teorias em experimentações que objetivavam
entender e comprovar os fenômenos naturais, bem como
os fenômenos do Universo. Também desenvolveu a teoria
sobre Deus – Metafísica, do Bem – Ética e do Estado –
Política (CHASSOT, 2004).

As teorias de Platão e Aristóteles eram distintas:


enquanto Platão era a favor da existência do mundo das
ideias e do mundo sensível, ou seja, Aristóteles defendia
que era possível captar o conhecimento no próprio mundo
vivido. Para Aristóteles, Deus não é o Criador, mas o motor
do Universo.

Filosofia e Ciência nasceram na Grécia, há


aproximadamente seis séculos antes de Cristo com o
objetivo de buscar a verdade. Ambas buscam uma

2
No Inatismo “o sujeito já traz pronto em sua bagagem hereditária a estrutura
conceitual necessária para compreender o mundo, ou seja, o modelo standard do
inatismo baseia-se na tese de que as ideias nascem com o sujeito, residindo no seu
interior e, portanto, são anteriores à experiência”. Para saber mais: DALBOSCO,
Cláudio A. Educação e formas de conhecimento: do inatismo antigo (Platão) e da
educação natural moderna (Rousseau). Referência: Revista Educação, Porto Alegre, v.
35, n. 2, p. 268-276, maio/ago. 2012.
3
Dialética : é um método de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de
ideias que levam a outras ideias e que tem sido um tema central na filosofia ocidental
e oriental desde os tempos antigos”. A tradução literal de dialética significa “caminho
entre as ideias”. Referência: Konder, Leandro. O que é Dialética (em português). 28 ed.
São Paulo: Brasiliense, 2004.
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sistematização do conhecimento e é apenas no final do


século XIX, que há uma divisão entre ciência e filosofia.

Quais as contribuições afinal, da filosofia? Sua


essência está diretamente ligada à autorreflexão do
espírito, ou seja, considera o comportamento humano
através dos valores teóricos e práticos, aspirando conexões
inteligentes ligadas a uma visão racional de mundo
(HESSEN, 1999).

Conhecimento Científico

Para Lakatos e Marconi (2003) o conhecimento


científico analisa e verifica ocorrências e fatos reais. Ou
seja, para a comprovação da veracidade de um fenômeno
é preciso que cada hipótese passe pela experiência
sistemática e metódica, comprovando-as no âmbito da
ciência.

Os gregos, no século VII a.C., já distinguiam o


conhecimento científico, mediado pela razão, do
conhecimento mítico, inspirado pelos deuses, sem
preocupação de provar os acontecimentos.

1.2 Ciência

Ciência é uma palavra que deriva do latim "scientia"


cujo significado era conhecimento ou saber, hoje, entende-
se ciência por todo o conhecimento adquirido através do
estudo ou da prática, baseado em hipóteses.
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Ciência é a “sistematização de conhecimentos, um


conjunto de preposições logicamente correlacionadas
sobre o comportamento de certos fenômenos que se
deseja estudar” (LAKATOS & MARCONI, 2011, p. 22).
Trujillo complementa que “a ciência é todo um conjunto de
atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático
conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser
submetido à verificação” (TRUJILLO apud LAKATOS &
MARCONI, 2011, p.22).

Outro termo utilizado na escrita acadêmica é


cientificismo ou cientismo que significa “Confiança na
capacidade ilimitada de as ciências resolverem todas as
questões e problemas que se põem ao homem”
(FERREIRA, 2008). O termo "cientificismo" surgiu no
começo do século XIX.
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2. O que é Metodologia?

Methodos significa organização, e logos, estudo


sistemático, pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é
o estudo da organização, dos caminhos a serem
percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo,
ou para se fazer ciência. “Etimologicamente, significa o
estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para
fazer uma pesquisa científica” (FONSECA, 2002, p.23).

Metodologia científica é o estudo sistemático e


lógico dos métodos empregados nas ciências, seus
fundamentos, sua validade e sua relação com as teorias
científicas. Em geral, o método científico compreende
basicamente um conjunto de dados iniciais e um sistema
de operações ordenadas adequado à formulação de
conclusões, de acordo com certos objetivos
predeterminados.
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3. Os Métodos Científicos

3.1 Método Científico

O Método Científico é o conjunto de normas básicas


que devem ser seguidas com rigor da ciência para a
produção de pesquisa ou comprovações de um
determinado conteúdo. O Conhecimento Científico vai além
do empírico4, procurando conhecer além do fenômeno,
suas causas e leis (CERVO & BERVIAN, 2007).

Esse conhecimento surge da necessidade do


homem em compreender os fenômenos de forma clara e
mais próxima da realidade.

O método é o conjunto das atividades sistemáticas e


racionais que, com maior segurança e economia, permite
alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e
auxiliando as decisões do cientista (LAKATOS &
MARCONI, 2003).

4
Empírico: adj. Baseado na experiência. Referência: FERREIRA, Aurélio Buarque de
Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa. Curitiba: Ed. Positivo,
2008, p. 341.
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O método científico pode ser aplicado em várias


situações do cotidiano.

Exemplo:

Situação problema: O automóvel para de funcionar


no meio da rua.

Esse é o fato ocorrido. Observa-se agora a


aplicação do método científico para entender por qual
motivo o automóvel parou:

Pergunta: Por que o automóvel parou?

Hipótese: Pode estar sem combustível.

Verificação da hipótese: Observar o marcador de


combustível e a quilometragem percorrida.

Se o marcador estiver no nível RESERVA (zero), e a


quilometragem marcada for de que o automóvel percorreu
um trecho suficientemente longo desde o último
abastecimento, é possível que tenha parado por falta de
combustível.

Para testar essa hipótese, abastece-se o automóvel


com combustível e dá-se a partida no motor. O automóvel
volta a funcionar e se põe em movimento.

CONCLUSÃO: A hipótese corrobora: O combustível


havia de fato terminado.

3.2 Método Dedutivo

Esse método é racional, ou seja, pressupõe


raciocínio lógico para chegar ao resultado. Utiliza-se a
dedução, que é um processo argumentativo no qual a
forma de apresentar os argumentos garante a validade da
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ideia por estabelecer premissas5. Utiliza-se o silogismo6 de


duas premissas. Retira-se uma terceira logicamente
decorrente dessa combinação que será a conclusão.

O método dedutivo encontra larga aplicação em


ciências como a Física e a Matemática.

Exemplo:

Toda pessoa que nasce no Rio Grande do Sul é


gaúcha.

Regina é gaúcha.

Portanto, Regina nasceu no Rio Grande do Sul.

3.3 Método Indutivo

Também pode ser chamado de método empirista, no


qual o conhecimento é produzido a partir da experiência e
da observação do cotidiano. O método indutivo é um
processo mental de raciocínio que, após, considerar um
número suficiente de casos particulares, conclui uma
verdade geral.

O método indutivo é o mais adequado para a


investigação nas ciências sociais.

Exemplo:

Ao verificar um saco com cem batatas, o comprador


analisa duas dezenas delas e, diante da constatação de

5
Premissas são informações que servem de base para um raciocino, para um estado
que levará a uma conclusão. Referência: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.
Minidicionário da língua portuguesa. Curtiba: Ed. Positivo, 2008, p. 650
6
Silogismo: Log. Dedução formal em que postas duas proposições, as premissas, delas
se tira uma terceira, a conclusão. Referência: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.
Minidicionário da língua portuguesa. Curtiba: Ed. Positivo, 2008, p. 739
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que apresentam boas condições, conclui que todo o saco


contém batatas em boas condições.

3.4 Método Hipotético Dedutivo


Esse método foi proposto pelo filósofo austríaco Karl
Popper (1902-1994) e consiste na abordagem de buscar a
eliminação dos erros de uma hipótese, a partir da ideia de
testar a falsidade de uma proposição, ou seja, a partir de
uma hipótese, se estabelece qual situação ou resultado
experimental nega essa hipótese e tenta-se realizar
experimentos para negá-la. Assim, a abordagem do
método hipotético-dedutivo é a busca da verdade,
eliminando tudo o que é falso. “Enquanto o método
dedutivo se preocupa a todo custo confirmar a hipótese, no
hipotético-dedutivo, ao contrário, a preocupação é obter
evidências empíricas para derrubá-las” (GIL, 2008, p.12).

O método hipotético-dedutivo é um dos mais


utilizados atualmente nas ciências naturais. Esse método
foi utilizado por Edward Jenner, para descobrir a vacina
contra a varíola.

Exemplo7:

Criação do problema: João não consegue ligar o


televisor usando o controle remoto.

Observando o televisor, João percebe que o


aparelho está conectado na tomada e apertando o botão
LIGA/DESLIGA, liga corretamente.

Estabelecimento das conjecturas/hipóteses: João


percebe que há duas possibilidades para seu problema:
7
Exemplo de método hipotético-dedutivo baseado nos estudos do Manual de
Metodologia Científica da Universidade de São Paulo – SP. Referência: USP.Manual de
metodologia científica/escrita cientifica. São Paulo – SP, 2011.
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- o controle estava “quebrado” ou;

- as pilhas estavam descarregadas.

Testes de falseamento: João observou inicialmente


que o controle remoto do televisor não caiu no chão e
nunca foi molhado. Por isso resolveu testar sua segunda
hipótese. Pegou as pilhas que estavam dentro do controle
remoto do televisor e colocou no controle de outro aparelho
eletrônico. Tentou ligar esse outro aparelho e não obteve
resultado.

Colocou, então, pilhas novas no controle remoto. Ao


apertar o botão LIGA / DESLIGA, o televisor funcionou
corretamente. Testou novamente, agora no controle do
outro aparelho eletrônico. Também funcionou.

Conclusão: O controle remoto do televisor não


funcionava porque as pilhas estavam descarregadas. Com
as pilhas novas, o aparelho voltou a funcionar.

A figura abaixo apresenta um esquema contendo o


resumo do Método Hipotético Dedutivo proposto por
Popper:
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3.5 Método Dialético

Fundamentado nos conceitos propostos pelo filósofo


alemão Georg Hegel (1770-1831), o método dialético
caracteriza-se pela análise das contradições que requerem
soluções. O método dialético é utilizado em pesquisas
qualitativas.

Para o método dialético, “as coisas não são


analisadas na qualidade de objetos fixos, mas em
movimento: nenhuma coisa está „acabada‟, encontrando-se
sempre em vias de se transformar, desenvolver; o fim de
um processo é sempre o começo de outro” (LAKATOS e
MARCONI, 2003, p.101).

Para esse método os fenômenos não são estáticos,


pelo contrário, estão em constante movimento e sofrendo
transformações, tudo está em processo de
constante devir8. A dialética nasceu na filosofia, como já
mencionado anteriormente, em vista disso ela descreve a
realidade e reflete sobre ela. Portanto, o método dialético,
busca fazer uma análise discursiva acerca da realidade.

Exemplo:

TESE: O esposo quer colocar o sofá perto da janela,


para aproveitar o Sol enquanto lê o jornal.

ANTITESE: A esposa, por sua vez, quer colocar o


sofá bem perto da TV, para assistir sua novela, só que a
TV está no outro canto da sala.

8
Devir: s.m. Filosofia. Processo de mudanças efetivas pelas quais todo Ser passa;
movimento permanente que atua como regra, sendo capaz de criar, transformar e
modificar tudo o que existe; essa própria mudança. v.i. Passar a ser; fazer existir;
tornar-se ou transformar-se. (Etm. do latim: devenire). Referência: Dicionário online de
Português. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/devir/> Acesso em 03 de
setembro de 2015.
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SINTESE: No final, após discutirem sobre a melhor


posição, os dois decidiram colocar o sofá num lugar que
bata sol, mas não tão próximo à janela, e mudaram a TV de
lugar para poderem assistir confortavelmente.

3.6 Método Fenomenológico

Edmund Husserl (1859-1938) filósofo alemão que


estabeleceu a escola fenomenológica, para ele a
experiência é a fonte de todo o conhecimento.

Nas pesquisas realizadas sob o enfoque


fenomenológico, o pesquisador preocupa-se em descrever
o fenômeno. Não procura explicar mediante leis, nem
deduzir com base em princípios, mas considera
imediatamente o que está presente na consciência dos
sujeitos. O que interessa ao pesquisador não é o mundo
que existe, nem o conceito subjetivo, nem uma atividade do
sujeito, mas sim o modo como o conhecimento do mundo
se dá (GIL, 2008). O objeto de conhecimento para a
Fenomenologia não é o sujeito nem o mundo, mas o
mundo vivido pelo sujeito.

A pesquisa fenomenológica parte do cotidiano, da


“compreensão do modo de viver das pessoas, e não de
definições e conceitos, como ocorre nas pesquisas
desenvolvidas segundo a abordagem positivista9” (GIL,
2008, p.14).

9
Positivismo: O positivismo é uma corrente filosófica iniciada por Auguste Comte e
John Stuart Mill, surgiu na França no começo do século XIX, onde as ideias de
percepção humanas são baseadas na observação, exatidão, deixando de lado teorias e
especulações da Teologia e Metafísica. Segundo Comte, as ciências que são positivistas
são a Matemática, Física, Astronomia, Química, Biologia e a Sociologia, que se baseia
em dados estatísticos. Referência: MARTINS, Lucas. Positivismo. Disponível em
<http://www.infoescola.com/sociologia/positivismo> Acesso em 03 de setembro de
2015.
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4. O que é Pesquisa?

Pesquisa é um processo formal e sistemático de


estudo que requer procedimentos, métodos e racionalidade
para buscar solucionar desafios, responder perguntas e
investigar uma curiosidade.

A pesquisa desenvolve-se através de um processo


que é composto por fases importantes como: a formulação
de problemas, a busca por respostas e conhecimentos,
bem como a discussão dos resultados obtidos (GIL, 2007).

A pesquisa científica tem como propósito descobrir


respostas para as indagações que são propostas. Para
tanto, é necessário recorrer a conhecimentos anteriormente
produzidos e utilizar-se criteriosamente de métodos e
técnicas que possibilitem a obtenção de resultados às
inquietações (problemas) levantadas.

Para fazer ciência é necessário pesquisar. Para


fazer pesquisa é necessário percorrer um caminho. Este
caminho é o método científico.
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5. Enfoques da Pesquisa

A pesquisa, por se tratar de um conjunto de


processos organizados, implica para o pesquisador, a
existência de critérios na sua realização. Este texto
apresenta a estrutura da pesquisa através dos enfoques
(considerando os estudos de Sampieri, Collado e Lúcio -
2013), seguida dos objetivos, procedimento e técnicas,
baseados em Antônio Carlos Gil (2002).

5.1 Os enfoques quantitativo, qualitativo


e misto na pesquisa

De acordo com Sampieri, Collado e Lúcio (2013), é


preciso levar em conta, no processo de realização da
pesquisa, o enfoque a qual estará estruturada. Uma vez
que os enfoques quantitativo, qualitativo e misto, possuem
características distintas, levando a processos de
desenvolvimento e de resultados peculiares.

Pesquisa Quantitativa: A pesquisa quantitativa é


sequencial e comprobatória, onde o pesquisador elabora
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uma questão de estudo e delimita dentro de um contexto


específico (SAMPIERI; COLLADO e LUCIO, 2013).

Ao formular o problema, parte-se para o


levantamento das hipóteses que serão investigadas. Em
seguida há a coleta de dados, que neste enfoque se
caracteriza pela medição, ou seja, é preciso medir as
variáveis ou os conceitos contidos nas hipóteses
(SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013).

Na pesquisa quantitativa não são levados em conta


crenças, desejos e tendências do pesquisador ou da
comunidade, que possam influenciar os resultados dos
estudos. O que se pretende é generalizar os resultados
obtidos por amostragem, representando uma coletividade,
uma população maior. O que se pretende é construir e
demonstrar teorias (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013).

Pesquisa Qualitativa: A pesquisa qualitativa leva em


conta o mundo social. Há uma imersão no campo
significativo e sensível (das inteligências, dos sentimentos)
no ambiente onde o estudo será realizado. Para o
pesquisador, é possível desenvolver e produzir perguntas e
hipóteses antes, durante e depois da coleta e análise de
dados (SAMPIERI; COLLADO e LUCIO, 2013).

A observação do mundo, da sociedade, dos


comportamentos a partir dessa abordagem, auxilia o
pesquisador a verificar e desenvolver uma teoria coerente
com os dados observados, baseando-se em uma lógica e
em um processo indutivo. Segundo Sampieri; Collado e
Lucio (2013), parte do particular para o geral.

Pesquisa Mista: A pesquisa mista trabalha com um


universo maior de características, pois abrange aspectos
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da pesquisa quantitativa e da qualitativa. Ela utiliza em um


mesmo estudo, processos de coleta de dados e de análise
de resultados das duas abordagens. Assim, tem por
finalidade, obter respostas mais completas sobre o objeto
em estudo, combinando componentes abrangentes. Uma
única abordagem não seria suficiente dentro da
complexidade exigida por alguns temas/assuntos,
investigados (SAMPIERI; COLLADO e LUCIO, 2013).

O quadro abaixo apresenta uma comparação entre


os enfoques quantitativo, qualitativo e misto, baseado em
Sampieri; Collado e Lucio (2013).
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5.2 Do ponto de vista dos objetivos

Para a classificação das pesquisas, com relação aos


objetivos, seguiram-se os estudos de Antônio Carlos Gil
(2002), que classifica e divide os objetivos em três grupos
relevantes: exploratórias, descritivas e explicativas.

Pesquisa exploratória: O objetivo das pesquisas


exploratórias é tornar a questão investigada familiar,
facilitando a construção de hipóteses. A maioria dessas
pesquisas envolve levantamento bibliográfico, entrevistas e
análises de exemplos como os estudos de caso, facilitando
a compreensão do problema abordado (GIL, 2002).

Pesquisa descritiva: Como o próprio nome identifica,


as pesquisas descritivas detalham os atributos de uma
população ou fenômeno, além de estabelecer conexões
entre variáveis. Seu objetivo principal é estudar e verificar
essas amostras através da idade, sexo, nacionalidade,
escolaridade, entre outras características; realizando
associações entre as variáveis (GIL, 2002).

Pesquisa explicativa: O foco dessa pesquisa é


explicar a razão do fenômeno ou da questão investigada;
descobrir o porquê e aprofundar o conhecimento da
realidade. A pesquisa explicativa oferece subsídios que
embasam o conhecimento científico, bem como dá
continuidade à pesquisa descritiva (GIL, 2002).

Em algumas obras (estudos) é possível encontrar


resultados que pertencem tanto à pesquisa descritiva,
como explicativa e exploratória, pois o pesquisador –
dependendo do objeto investigado - poderá valer-se de
objetivos distintos para obter resultados mais completos.
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5.3 Do ponto de vista dos procedimentos


técnicos

Toda pesquisa requer um planejamento. Nesse


planejamento devem constar os procedimentos sequenciais
que irão auxiliar no desenvolvimento das atividades e
ações que levarão à investigação das hipóteses
levantadas. Dentre os procedimentos e técnicas que
operacionalizam uma pesquisa destacam-se:

Pesquisa bibliográfica: É desenvolvida a partir da


consulta, leitura e análise de materiais como: livros e
artigos científicos. As vantagens desse tipo de pesquisa é
que permite aos pesquisadores colher amostras de estudos
em fontes diversas (GIL, 2002).

No entanto, Gil (2002) destaca que é preciso que o


pesquisador seja cauteloso com as bibliografias
consultadas, verificando a autenticidade dos conteúdos e a
veracidade das informações, observando possíveis
equívocos e incoerências das fontes.

Pesquisa documental: Os objetos consultados e


analisados nesse procedimento são aqueles que
geralmente, não recebem um tratamento analítico.
Destacam-se aqueles arquivos disponibilizados por igrejas,
associações, instituições públicas e privadas, ente outras.
Também estão incluídos nessa demanda, documentos que
já tiveram uma pré-análise como: relatórios de pesquisas,
tabelas, gráficos de desempenho (GIL, 2002).

Pesquisa experimental: As ciências naturais estão


em uma área do conhecimento que mais se utiliza da
pesquisa experimental, uma vez que trabalha
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preferencialmente com a análise de variáveis, observando


formas de controle dos efeitos destas, sob o objeto
investigado. Por questões éticas e humanas, as
experimentações são adequadas apenas em situações
específicas. Nas áreas das exatas como a física e a
química, são mais eficientes, porém nas ciências humanas
precisam ser consideradas as influências que alteram os
resultados (GIL, 2002).

Levantamento: O levantamento nas pesquisas tem


como característica principal, buscar os dados de análise
diretamente com o universo em foco, através de uma
amostragem. Essa coleta de dados ocorre através do
questionamento direto das pessoas as quais se deseja
conhecer.

Tomando por referência os estudos de Gil (2002), os


levantamentos populacionais são também chamados de
Censo e são especialmente desenvolvidos por entidades
governamentais ou instituições com amplos recursos. São
importantes porque geram informações específicas sobre
os grupos investigados e servem de base para a
organização e disponibilização de projetos sociais, projetos
governamentais, entre outros. É conveniente lembrar que
os resultados dos Censos precisam ser divulgados, de
modo a tornar significativo o conhecimento das realidades
populacionais, obtidas através de amostragem.

Estudo de caso: Gil (2002) define estudo de caso


como um profundo e exaustivo estudo de um objeto - ou
alguns objetos – permitindo uma análise detalhada, ampla
e cuidadosa de todos os aspectos relevantes para
obtenção de resultados satisfatórios.
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A utilização hoje, desse procedimento, vem


crescendo consideravelmente entre as áreas do
conhecimento ligadas às humanas por ter como
características: permitir a exploração de situações da vida
real; preservação do caráter unitário do objeto em foco;
descrição do contexto da investigação; formulação de
hipóteses e teorias e; explicação das variáveis através de
situações complexas (GIL, 2002).

Pesquisa-ação: A pesquisa-ação tem base empírica,


ou seja, em experiências vividas e consiste na resolução de
um problema onde o pesquisador possui um envolvimento
ativo na situação. Geralmente está relacionada a
problemas coletivos e cooperativos (GIL, 2002).

Pesquisa participante: Assim como a pesquisa-ação,


a pesquisa participante requer o envolvimento do
pesquisador e das comunidades ou populações envolvidas.
Envolve posições valorativas, derivadas do humanismo
cristão10 e de concepções marxistas11, diferenciando-se
assim da pesquisa-ação.

10
O cristianismo tem uma concepção elevada do ser humano e afirma a dignidade e
até mesmo a sacralidade da vida. Todo indivíduo reflete a imagem do Criador e tem
um lugar privilegiado no cosmos (Gn 1.26; Sl 8.5). (...) O humanismo cristão centrado
no respeito, na solidariedade, na justiça e no amor tem permeado, mesmo que
imperceptivelmente, a cultura, a legislação, as instituições públicas e os valores éticos
de muitas nações. MATOS, Alderi Souza de. Fé cristã: o verdadeiro humanismo.
Disponível em < http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/331/fe-crista-o-
verdadeiro-humanismo> Acesso em 03 de setembro de 2015.
11
O marxismo foi formulado a partir do materialismo moderno por Karl Marx (1818 –
1883) e seu colaborador, Friedrich Engels (1820 – 1895). Foram eles que sistematizam
os diferentes aspectos, históricos, econômicos e sociais da então nova concepção de
mundo, também conhecido como materialismo histórico. Marx e Engels
sistematizaram também como seriam esses mesmos aspectos sob outra concepção de
mundo: a capitalista. Referência: PACIEVITCH, Thais. O Marxismo. Disponível em <
http://www.infoescola.com/sociologia/marxismo/> Acesso em 03 de setembro de
2015.
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6. Importância da Leitura para o


Trabalho Acadêmico

Especialistas acreditam que, para alguém se


interessar por livros na vida adulta, é fundamental que a
palavra escrita esteja ao seu alcance desde cedo.
Estimular a leitura dentro do berçário, com bebês que ainda
nem aprenderam a falar, pode ser um dos caminhos para a
formação de um futuro leitor. A leitura é a base do sucesso
para uma escrita acadêmica de qualidade

Ler não pode ser um hábito, hábito é escovar dente,


tomar banho, etc., isso é hábito, já a leitura deve ser um
prazer, não precisa ter hábito da leitura, pois nós não
temos o hábito de abraçar a mãe, pai, irmãos ou filhos,
abraçamos porque temos prazer e assim deve ser vista a
leitura, como prazer (ALVES, 2008).

Precisamos ler, e ler bem, para obtermos sucesso


escolar e acadêmico. A leitura fortalece além de uma
escrita consistente, um vocabulário mais apurado, memória
mais aguçada e amplia e integra o conhecimento.

A leitura pode ser comparada a uma lâmpada que


ilumina os caminhos à medida que se apaga a luz do dia. É
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dessa forma que a leitura e a escrita estão entrelaçadas


(MARQUES, 2001).

Conforme Rodrigues e Cardoso (2007), a leitura


exerce um papel importante na formação das pessoas, a
leitura para os acadêmicos é um instrumento de estudo e
pode também, tornar-se uma poderosa ferramenta de
aperfeiçoamento profissional, mas percebemos que muitos
acadêmicos possuem uma barreira quanto à leitura e isso
faz com que se torne inviável o aproveitamento total dos
textos da graduação, quando ocorre esse distanciamento
da leitura, a escrita fica pobre de conteúdo e ideias. O que
se percebe é uma dificuldade na construção de textos.

6.1. Sublinhar, fazer esquema e resumir

6.1.1 Sublinhar

Primeiramente devemos saber que todo texto,


capítulo, subdivisão ou mesmo um parágrafo têm uma ideia
principal, um conceito fundamental que liga a palavra
chave à ideia principal do texto. E a descoberta dessa ideia
central é à base do conhecimento.
Em observância a Lakatos e Marconi (2003):
 Nunca assinalar nada na primeira leitura,
 Sublinhar apenas as ideias principais e os
detalhes importantes,
 Quando aparecem passagens que se configuram
como um todo relevante para a ideia
desenvolvida no texto, elas devem ser
inteiramente assinaladas com uma linha vertical,
à margem,
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 Cada parágrafo deve ser reconstituído a partir


das palavras sublinhadas,
 Cada palavra não compreendida deve ser
entendida mediante consulta a dicionários e, se
necessário, seu sentido anotado no espaço
intermediário, para facilitar a leitura.

6.1.2 Fazer esquema

Depois de assinalar, com marcas ou cores


diferentes, as várias partes constitutivas do texto, após
sucessivas leituras, devemos proceder à elaboração de um
esquema que respeite a hierarquia emanada do fato de
que, em cada frase, a ideia expressa pode ser condensada
em palavras chave.
O esquema é uma linha, uma diretriz que deve ser
seguida pelo autor no processo da escrita. Esse esquema
leva a delimitar um tema e estabelece uma trajetória para a
escrita que, independentemente de quem for ler, entenda
de forma global o que esta sendo proposto na escrita.
Exemplo:

1. O que é Conhecimento
1.1 Tipos de conhecimento
1.2 Ciência

2. O que é Metodologia

3. O Método Científico
3.1 Conhecimento Científico
3.2 Método Dedutivo
3.3 Método Indutivo
3.4 Método Hipotético-Dedutivo
3.5 Método Dialético
3.6 Método Fenomenológico
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6.1.3 Resumir

Um resumo “consiste na capacidade de


condensação de um texto, parágrafo, frase, reduzindo-o a
seus elementos de maior importância” (LAKATOS &
MARCONI, 2003, p. 25).
Diferentemente do esquema, o resumo forma
parágrafos com sentido completo, não indica apenas os
tópicos, mas condensa sua apresentação. O resumo facilita
o trabalho de captar, analisar, relacionar, fixar e integrar
aquilo que se está estudando, e serve para melhor expor o
assunto, inclusive em uma avaliação.
Fazer um resumo significa apresentar o conteúdo de
forma sintética, destacando as informações essenciais do
conteúdo de um livro, artigo, argumento de filme, peça
teatral, etc.
A elaboração de um resumo exige análise e
interpretação do conteúdo para que sejam transmitidas as
ideias mais importantes. Um resumo pode ser indicativo,
informativo ou crítico (com opiniões críticas do autor).
Lakatos e Marconi (2003) apresentam algumas dicas
simples, porém úteis na produção de um bom resumo. São
elas:

Um bom resumo permite ao leitor:


 Identificar o conteúdo com rapidez e precisão;
 Avaliar a relevância do texto para os seus
interesses;
 Decidir rapidamente se lhe interessa ler o texto
na íntegra.

O resumo precisa:
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 Ser breve (até 250 palavras) ou seguir as


indicações dadas;
 Conter os principais objetivos e âmbito do
estudo;
 Indicar a metodologia de forma muito sucinta (a
menos que o estudo seja de ordem
metodológica, em que o método tem de ser mais
explicitado) e;
 Ser rigorosamente econômico no número de
palavras.
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7. A Escrita do Trabalho Acadêmico

A escrita acadêmica realiza uma mediação, uma


ponte entre o autor e o leitor, pois tanto o autor quanto o
leitor são figuras importantes nesse cenário literário. Para
quem vai elaborar um trabalho acadêmico o embasamento
teórico é um dos pontos que merecem atenção e cuidado,
pois a teoria irá nortear todo o trabalho do aluno e qualquer
que seja o tema abordado pelo autor, deve-se apoiar em
conceitos e teorias já existentes e que estejam divulgadas
em obras científicas.
No trabalho acadêmico, em geral, a escrita precisa
ser clara, objetiva e imparcial, para que o leitor possa
interpretar e analisar os resultados de forma que produza
suas conclusões – estimule o raciocínio.
Algumas características que devem ser
12
consideradas na escrita (MESTRE CIENTÍFICO, 2014) :

 Formal: a escrita acadêmica é sempre formal, o


texto deve ser escrito de acordo com regras
gramaticais, nunca utilizar gírias e termos do dia
a dia;

12
MESTRE CIENTÍFICO. Metodologia da Pesquisa Cientifica: características da escrita
acadêmica. Disponível em: <http://www.revistabw.com.br/mestrecientifico/escrita-
academica/> Criado em: 29/12/2014, Acesso em: 26/08/2015, 15hs14min.
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 Geralmente baseado em trabalhos de outros:


as pesquisas raramente são completamente
originais, mesmo que algumas ideias sejam
originais e inéditas elas serão produzidas com
teorias já existentes;
 Sóbrio e Prudente: mesmo com os resultados
obtido quando positivos, a escrita não poderá ser
extrapolada para outras situações gerais, por
esse motivo, evita-se o uso dos termos -
definitivamente, deve, aplicável a qualquer.
Geralmente utilizam-se os termos - a hipótese
mais provável, aparentemente, de acordo com.
 Sucinto: Não é recomendado estender
explicações e comentários em textos
acadêmicos. Um bom texto é claro, objetivo e
coerente, proporcionando ao leitor uma melhor
compreensão dos conceitos abordados;
 Impessoal: a escrita deve ser sempre impessoal,
evitando utilizar termos como: nós fizemos, eu fiz,
pesquisei. Recomenda-se a utilização de
expressões como, por exemplo: foi realizado,
pesquisamos, entre outros.
 Neutro: a escrita acadêmica evita juízo de valor
que não pode ser comprovado pelo fato da
pesquisa. Exemplo: “muitos consideram que o
remédio X é o melhor para...”, “este é o melhor
sistema...”. Recomendamos que se utilize: “de
acordo com...” o melhor remédio para... é o X”.

Na redação do texto científico, as informações


devem obedecer à ordem lógica do raciocínio com uma
linguagem clara e precisa, sem verbalismo inconsistente. A
seguir, algumas orientações (FACHIN, 2003):
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 Usar de frases completas e curtas;

 Evitar repetições do título na primeira frase;

 Empregar verbos em terceira pessoa;

 Coletar dados bibliográficos obedecendo à ordem


das informações;

 Preferir palavras familiares e termos de fácil


compreensão;

 No rascunho, escrever o que lhe vier à cabeça.


Depois, eliminar as partes desnecessárias e dar
continuidade à construção do texto;

 Recorrer a um amigo fazendo-o ler; as reações


dele poderão ser de grande utilidade;

 Usar clareza ao expressar as ideias, pois um


trabalho acadêmico científico tem por objetivo
expressar e não impressionar;

 Ter sempre à mão um dicionário de língua


portuguesa;

 Ter cuidado com termos que expressem


qualidade, quantidade, frequência, quando
usados com palavras como “bom”, “muito”, “às
vezes”; podem dar margem a diferentes
interpretações;

 Evitar o início de frases diretamente com


números, como: 12 professores pertencem ao
Curso de Direito. O indicado seria: No curso de
Direito, há doze professores.
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8. Uma Abordagem Sobre Autoria


e Plágio
Ética é uma palavra de origem grega, éthos, e pode
ser traduzida como “costume” e “propriedade do caráter”.
De acordo com o Novo Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa, ética é o “estudo dos juízos de apreciação
referentes à conduta humana suscetível de qualificação do
ponto de vista do bem o do mal”. No entanto, ao abordar a
ética, junto vem a moral.

Moral e ética conforme LA TAILLE (2006) é um


conceito habitualmente empregado para se referir a um
conjunto de regras e condutas consideradas importantes
para a conduta dos princípios humanos de comportamento.

O plágio se caracteriza com a apropriação ou


expropriação de direitos intelectuais. O termo “plágio” vem
do latim “plagiarius”, um abdutor de “plagiare”, ou seja,
“roubar” [...]. A expropriação do texto de um outro autor e a
apresentação desse texto como sendo de cunho próprio
caracterizam um plágio e, segundo a Lei 9.610/98, é
considerada violação grave à propriedade intelectual e aos
direitos autorais, além de agredir frontalmente a ética e
ofender a moral acadêmica (FONSECA apud SILVA, 2008).
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O ato de assumir a autoria por uma produção sem


que seja sua, constitui plágio. Pode se dar pela simples
apresentação de uma ideia no todo ou em partes, como por
exemplo, usar citações em um texto sem a devida
identificação do seu verdadeiro autor e fonte de consulta.

Em nosso País, a propriedade intelectual é protegida


por um conjunto de leis, dentre elas, a Lei nº 9.610, de 19
de fevereiro de 1998 e a Lei nº 12.853 de 14 de agosto de
2013 que atualizam e consolidam a legislação sobre os
direitos autorais.

Diante disso e demais normativas, nos trabalhos


acadêmicos os estudantes devem seguir as normas da
ABNT as quais estabelecem que, mesmo nos pequenos
trechos que não são da autoria do executante do trabalho,
o autor deve ser devidamente identificado, segundo as
regras estipuladas pela Norma.

SILVA (2008) aponta que historicamente as


pessoas têm convivido com a prática de cópias de
produções textuais de outrem, sendo parcial ou total a
omissão da fonte.

Assim, diante dos conceitos de ética e moral, o


plágio se constitui como uma conduta antiética e, diante da
legislação brasileira, um crime. É importante destacar,
também, que o ato de plagiar traz implicações para a
escrita acadêmica e prejudica o desenvolvimento do
pensamento crítico do estudante, retardando seu
aprendizado.
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9. Trabalho de Conclusão de Curso

Em conformidade as normas da Universidade Tuiuti


do Paraná e da Uníntese, o Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) tem a função de organizar os conteúdos
obtidos pelos acadêmicos no decorrer de um Curso de
nível acadêmico, na medida em que desenvolvem
pesquisas e reflexões relacionadas com conhecimentos
específicos. Além disso, o TCC oportuniza aos acadêmicos
desenvolver procedimentos metodológicos e de pesquisa
que propiciem sistematizar, na prática, os conhecimentos
adquiridos.

O TCC é um trabalho acadêmico de caráter


obrigatório e instrumento de avaliação final de um curso
superior ou técnico. Pode ser apresentado em forma de
monografia, relatório, artigo científico, projeto experimental
ou outro, segundo as especificidades de cada curso e de
cada Instituição de Ensino. Vejamos alguns, de acordo com
a ABNT, as normas da Universidade Tuiuti do Paraná e
da Uníntese.
Página 37 de 42 Metodologia da Pesquisa

9.1 Monografia

Apresenta um estudo aprofundado de uma questão


ou problema bem delimitados, implicando em análise,
crítica e reflexão. É uma forma de registro de pesquisa,
comumente utilizada como trabalho de conclusão de curso
de graduação ou de especialização, constituindo um dos
requisitos para a obtenção do título acadêmico respectivo –
bacharel, licenciado ou tecnólogo, no caso de cursos de
graduação, ou, especialista, quando em cursos de pós-
graduação lato sensu (especialização).

9.2 Artigo Científico

Também chamado de paper, é parte de uma


publicação com autoria declarada, que apresenta e discute
ideais, métodos, técnicas, processos e resultados nas
diversas áreas do conhecimento. Os artigos científicos são
publicados em periódicos: periódicos são edições em
fascículos ou partes, com intervalos regulares ou
irregulares de publicação, seja na forma impressa ou
eletrônica.

Um artigo científico também é um documento que


contém a descrição de descobertas inéditas na ciência
onde está inserido. Contém a descrição do método,
apresentação e discussão dos resultados e as conclusões
dos autores, baseados nas evidências e epistemas
(hipóteses) sugeridos.
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9.3 Relatório

É um documento que expõe resultados parciais ou


totais de uma determinada atividade de pesquisa, de um
experimento, projeto, ação ou evento que esteja finalizado
ou ainda em andamento, cuja estrutura é constituída de
elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Há diversos
tipos de Relatórios (UTP, 2012):

Relatório Técnico–Científico: De acordo com a


NBR 10719, “é um documento que descreve formalmente o
progresso ou resultado de pesquisa científica e ou técnica”.

Relatório de Estágio: É o documento que serve


para registrar as experiências de atuação do aluno. Devem
ser relatados a data, a duração e o local, além das
atividades desenvolvidas pelo estagiário.

Relatório de Aula Prática: É próprio para registrar


desenvolvimento experimental realizado em atividade
extraclasse, como em laboratório, oficina, ateliê e outros.

Relatório de Visita Técnica: Destina-se à


apresentação de informações técnicas de visitas a locais
relacionados à área de estudo em desenvolvimento.

Relatório de Viagem e/ou de Participação em


Eventos: descreve as atividades desenvolvidas em
viagens e/ou eventos temáticos. Especifica, ainda, data,
local, duração e participantes do evento.

Relatório Administrativo: seu objetivo é relatar


uma atuação administrativa para que uma autoridade
superior conheça e acompanhe os fatos na impossibilidade
de estar presente. Descrevem-se as atividades realizadas,
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data e horário, período de duração e demais informações


complementares, como pessoas envolvidas, materiais,
problemas detectados, dentre outros.

Relatório para Fins Especiais: visa atender a uma


necessidade específica. É elaborado em caráter
extraordinário como, por exemplo, para o levantamento de
produção, orçamentos, registro de patentes, manuais de
softwares, otimização do uso de materiais ou
equipamentos, dentre outros.

Relatório Progressivo: tem o objetivo de prestar


contas do que já foi realizado em um período e o que se
pretende fazer no seguinte. Caracteriza-se pelo
encaminhamento sistemático e periódico estabelecido pela
entidade solicitante e/ou patrocinadora do trabalho.

Embora havendo vários outros tipos de relatórios


para o mesmo tipo de uso, os quatro primeiros tipos, acima
mencionados (técnico–científico, de estágio, de aula prática
e de visita técnica) são os mais comuns para o estudo
acadêmico.

9.4 Resenha

Resenha acadêmica é um texto em que seu autor


comenta, opina e avalia uma obra, seja um livro, um artigo,
uma tese ou outra. Normalmente, resenhas são compostas
por uma descrição minuciosa que analisa por diversos
ângulos essa obra. Essa descrição analítica engloba a
crítica e a formulação de um conceito de valor desse objeto
por parte do resenhista.
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A avaliação crítica feita na resenha é uma


argumentação realizada com o propósito de convencer o
leitor de um ponto de vista, que é particular ao resenhista.
A resenha pode conter, também, comparações com outras
obras do mesmo gênero.

Uma resenha deve conter uma análise e um


julgamento (de verdade ou de valor), podendo ser:

Descritiva – É o caso dos resumos de livros técnicos,


também chamada de resenha técnica ou cientifica. A
apreciação, ou o julgamento em uma resenha
descritiva julga as ideias do autor, a consistência e a
pertinência de suas colocações, ao longo da
descrição da obra, ou seja, trata-se de um
julgamento de verdade (PACIEVITCH, s.d)13.

Crítica ou opinativa – Nesse tipo de resenha o


conteúdo apresentado é um pouco mais detalhado
do que na resenha descritiva, pois os critérios de
julgamento são de valor, de beleza da forma, estilo
do objeto (acontecimento ou obra). A exploração um
pouco maior dos detalhes ocorre devido à
necessidade de que o autor da resenha fundamente
suas críticas, sejam elas positivas ou negativas,
utilizando outros autores que trabalharam o mesmo
tema (PACIEVITCH, s.d).

Quanto à estrutura da resenha crítica, devem-se


colocar, antes do texto, elementos de apresentação, como
título, dados do resenhista e referência da obra a ser
resenhada. A resenha não traz elementos pré ou pós-
textuais, mas apenas uma identificação.

13
Pacievitch, Thais. Resenha. Disponível em
<http://www.infoescola.com/redacao/resenha> Acesso em 26 de agosto de 2015.
Página 41 de 42 Metodologia da Pesquisa

Referências
ALVES, Rubens. Ostra feliz não faz pérola. São Paulo:
Editora Planeta do Brasil, 2008.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA,


Roberto da. Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2007.

CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. 2. ed.


São Paulo: Moderna, 2004.

FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 4.ed. São


Paulo: Saraiva, 2003.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o


minidicionário da língua portuguesa. Curitiba: Ed. Positivo,
2008.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica.


Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.


São Paulo: Atlas, 2002.

------. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São


Paulo: Atlas, 2007.

------ Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São


Paulo: Atlas, 2008.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade.


Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2003.

________. Metodologia Cientifica. 6. ed. São Paulo: Atlas,


2011.
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HESSEN, Johannes. Teoria do Conhecimento. São Paulo:


Martins Fontes, 1999.

LA TAILLE, Yves de. Moral e ética: dimensões intelectuais


e afetivas. Porto Alegre: Artmed, 2006.

MARQUES, Mario Osorio. Escrever é preciso: o princípio


da pesquisa. 4. ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2001.

RODRIGUES, Paulo Cezar; CARDOSO, Rosimeiri Darc. A


leitura como instrumento de capacitação profissional. Net,
Apucarana, 2007. F@pciência. Disponível em
<http://www.fap.com.br/fapciencia/001/edicao_2007/001.pdf>.
Acesso em 26/08/2015.

SAMPIERI, Roberto Hernández; COLLADO, Carlos


Fernández; LUCIO, Maria del Pilar Baptista. Metodologia
da Pesquisa. 5.ed. Porto Alegre: Penso, 2013.

SILVA, Obdália Santana Ferraz. Plágio no universo


acadêmico: a negação da autoria/ Revista Brasileira de
Educação. V.13, nº 38 Maio/Ago. 2008.

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ. Normas técnicas:


elaboração e apresentação de trabalho acadêmico-
científico. 3. ed - Curitiba: UTP, 2012.

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