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Era dos Extremos:

o Breve Século XX:


1914 – 1991

Eric Hobsbawm

Thales Estefani
Eric John Ernest
Hobsbawm (1917 – 2012)
foi um historiador marxista
britânico reconhecido como
um importante nome da
intelectualidade do século XX.
Ao longo de toda a sua vida,
Hobsbawm foi membro do
Partido Comunista Britânico.
Era dos Extremos foi
escrito por Hobsbawm em
1994 e discorre sobre o
século XX, mais
precisamente do início da
Primeira Guerra Mundial,
em 1914, até a queda da
União Soviética, no ano
de 1991.

Nesta apresentação:
Parte 2:
A Era de Ouro
► Guerra Fria

► 45 anos que vão do lançamento das bombas


atômicas até o fim da URSS não formam um período
homogêneo (década de 1970 como divisora)

“a guerra consiste não só na batalha, ou no ato de


lutar: mas num período de tempo em que a vontade
de disputar pela batalha é suficientemente
conhecida” (Thomas Hobbes)

► MAD – mutually assured destruction: confronto


nuclear permanente baseado na suposição que só o
medo impediria um lado ou outro de atacar

► Retórica apocalíptica X aceitação da distribuição


global de forças
► Europa: demarcações traçadas por acordos ou
conferências de cúpula entre Roosevelt, Churchill e
Stalin (1943-45).
Divisão da Alemanha segundo forças de ocupação
orientais e ocidentais

► Japão e proximidades (novos Estados pós-


coloniais): EUA e URSS continuaram a competir por
apoio e influência durante toda a Guerra Fria

► Terceiro Mundo: a maioria era anticomunista em


sua política interna, mesmo não possuindo
aproximações com os EUA

“(...) as duas superpotências aceitavam a divisão


desigual do mundo (…) confiavam na moderação
uma da outra, mesmo nos momentos que se
achavam oficialmente à beira da guerra, ou mesmo
já nela” (Eric Hobsbawm)
► As ações que correspondiam à retórica da
aniquilação, não eram as decisões governamentais,
mas as ações dos serviços secretos
KGB, CIA e a ficção de espionagem

► Teria havido real perigo de guerra mundial?

► Período de grande tensão: anunciação da Doutrina


Truman (1947, medo americano de revolução social
nas regiões não soviéticas); Iugoslávia deixa o bloco
soviético (1948); comunistas assumem o poder na
China (1949); URSS adquire armas nucleares (1949);
Guerra da Coréia (1950-1953).

► Nesse cenário, as potências abandonam a guerra


como instrumento político, passam a utilizar a ameaça

► Crise dos mísseis cubanos (1962)


► Crença ocidental amplamente difundida de que
após a Segunda Guerra haveria uma crise econômica
análoga a que ocorrera após a Primeira Guerra

► Planos dos EUA para o pós-guerra se


preocupavam muito mais em impedir uma nova
Grande Depressão do que evitar outra guerra

●Países em ruínas com o fim da Segunda Guerra;


●Povos desesperados e propensos à radicalização;
●Sistema internacional pré-guerra desacreditado;
●URSS fortalecida em trechos da Europa ou regiões
de futuro político incerto;
●Péssima safra e terrível inverno de 1946.

► Contudo, isso não bastaria para explicar o cenário


de pesadelo criado pelos EUA de uma “conspiração
comunista mundial”
► Segundo Hobsbawm, a URSS (1945-7) não tinha
pretensão expansionista, para além do acordado

► A economia da URSS estava exaurida e apenas


podia influenciar as regiões já ocupadas pelo
Exército Vermelho. Sua postura era defensiva.

“A URSS, consciente da precariedade e insegurança


de sua posição, via-se diante do poder mundial dos
EUA, conscientes da precariedade e insegurança da
Europa Central e Ocidental e do futuro incerto de
grande parte da Ásia.” (Eric Hobsbawm)

► Supremacia no futuro X hegemonia de fato

► Mudando do reino da razão para a emoção:


duas ideologias diferentes, uma delas precisava
ganhar apoio político constante, a outra não.
● EUA era potência
mundial: ideia de
responsabilidade e
recompensa;
● O protecionismo
defensivo de outras
nações, o grande
obstáculo;
● Histeria pública
tornava mais fácil a
contribuição para a
política;
● Sociedade
americana construída
sobre o individualismo
e a empresa privada,
naturalmente
anticomunista.
► A “exigência esquizóide” de grupos políticos para
que poupassem dinheiro e interferissem o mínimo
possível no confronto, orientou Washington e sua
aliança para uma estratégia voltada mais para as
armas nucleares que para homens

► EUA e URSS comprometiam-se com uma insana


corrida armamentista

► Complexos industrial-militares: excedente para


expostação (apenas armamentos menos avançados)
Mercados = aliados?

► OTAN: aceitação (não satisfação) da supremacia


americana como proteção contra um sistema político
antipático
Contenção ≠ Destruição

► A retórica da campanha de John F. Kennedy (1960)


► Ameaça constante de guerra produziu movimentos
internacionais de paz pelo desarmamento nuclear e
americanos contra o recrutamento para a Guerra do
Vietnã (1965-75)

► Consequências políticas da Guerra Fria:


Comunistas desapareceram dos governos ocidentais
e a URSS fez o mesmo com os não-comunistas,
tornando sistemas multipartidários em “ditaduras do
proltariado”.

“A base política dos governos ocidentais da Guerra


Fria ia da esquerda social-democrata de antes da
guerra à direita não nacionalista moderada também
anterior à guerra” (Hobsbawm)

► Partidos Democrata-Cristãos: anticomunistas


conservadores com programa social (não socialista)
► Situação da Europa Ocidental em 1946-7 era
alarmante: EUA perceberam que o fortalecimento da
economia era prioridade

► Plano Marshall (1947): projeto de recuperação

► Uma Europa restaurada integraria efetivamente


uma aliança militar anti-soviética, complemento lógico
do Plano Marshall: a OTAN (1949).

► Essa reestruturação baseou-se muito na economia


alemã, reforçada com o rearmamento do país

► Suspeita dos franceses → entrelaçar os negócios

► Comunidade Européia do Carvão e do Aço (1950),


Comunidade Econômica Européia (1957),
Comunidade Européia, União Européia (1993)
► Comunidade Européia: organização para integrar
economia e, em certa medida, sistemas legais

► Estabelecida como alternativa ao plano americano


de integração européia.

► Postura ambígua com relação aos EUA: aliado


indispensável, mas suspeito, porque podia pôr os
interesses da supremacia americana acima de tudo

► Embora não conseguissem impor planos político-


econômicos à Europa, os EUA influenciavam seu
comportamento internacional

► A Guerra Fria se estendia: EUA aumentava seu


poder militar e político na aliança e diminuía sua força
econômica
► Na virada de 1950-1960, as disputas polarizaram-
se entre N. Kruschev e J. F. Kennedy, numa fase de
ameaças e provocações

► Economias comunistas haviam crescido


rapidamente na década de 1950 e a descolonização
do Terceiro Mundo parecia favorecer os soviéticos

► A URSS, durante a década de 1950 havia


demonstrado pioneirismo tecnológico com envio de
satélites e cosmonautas ao espaço.

► O comunismo também acabara de triunfar em


Cuba, país muito próximo dos EUA

► Acordos tácitos entre EUA e URSS: Muro de


Berlim (1961); “linha quente” telefônica (1963);
tratados de proibição de testes (tentativas de deter a
proliferação nuclear).
► Os dólares fluíram dos EUA num fluxo crescente,
principalmente na década de 1960

► Financiar o déficit gerado pelos enormes custos


das atividades militares globais e pelo mais ambicioso
programa de bem-estar social da história americana

► Na início da década de 1960, em vez de lutar


contra a crise, os países europeus estavam vivendo
períodos de inesperada prosperidade.

► Détente: uma palavra francesa que significa


distensão ou relaxamento.

► Em meados da década de 1970, o mundo entrou


no que se chamou segunda Guerra Fria, coincidindo
com um longo período de crise econômica →
► O golpe empreendido pela Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (OPEP),
aumentaram de súbito o preço da energia

► Para a URSS, parecia ser motivo de otimismo, já


que a crise de 1973 havia aumentado o valor de suas
novas jazidas de petróleo e gás

► A Guerra do Yom Kipur (1973), entre Israel (EUA) e


forças do Egito e Síria (URSS) demonstrou a
diminuição da influência dos EUA na Europa
Fornecimento de petróleo X luta contra o comunismo

► A Guerra do Vietnã desmoralizou os EUA: derrota


após dez anos (1965-75), cenas televisadas de
motins e manifestações, isolamento americano.

► Entre 1974 e 1979, surgiram várias revoluções na


África, Ásia e Américas, atraídas para o lado soviético
► As superpotências transferiram a competição para
o Terceiro Mundo

► A URSS confiante pós-Kruschev abandonou a


cautela e isso foi interpretado pelos EUA como uma
clara ameaça a supremacia ocidental

► Contudo, havia uma grande disparidade de forças


militares e tecnológicas.

► A política dura de Ronald Reagan (1980-8): varrer


a humilhação americana (derrotas, impotências,
escândalos políticos, episódios diplomáticos)

“A cruzada contra o “Império do Mal” (…) destinava-


se assim a agir mais como uma terapia para os EUA
do que como uma tentativa prática de reestabelecer o
equilíbrio de poder mundial.” (E. Hobsbawm)
► Por volta de 1980, encerrou-se o período de
governos centristas e moderadamente social-
democratas do mundo ocidental.

► As políticas econômicas e sociais dos Anos


Dourados (1950-60) pareciam fracassar (não eram
mais apoiadas pelo sucesso econômico desde 1973)

► A direita ideológica do livre mercado e laissez-faire


chega ao poder em vários países: Margareth Thatcher
na Grã-Bretanha (1979-90)

► A URSS já não estava mais em boa forma política


e econômica também, mas sem alternativa de
mudança. Não era mais competitiva.

“O paradoxo da Guerra Fria é que o que derrotou e


acabou despedaçando a URSS não foi o confronto,
mas a détente.” (E. Hobsbawm)
► As duas superpotências distorceram demais suas
economias na corrida armamentista, mas o sistema
capitalista mundial podia absorver os 3 trilhões de
dólares de dívida → Europa e Japão

“A Guerra Fria acabou quando uma ou ambas


superpotências reconheceram o sinistro absurdo da
corrida nuclear, e quando uma acreditou na
sinceridade do desejo da outra de acabar com a
ameaça nuclear.” (E. Hobsbawm)

► Mikhail Gorbachev, conferências de Reykjavik


(1986) e Washington (1987).

► O colapso total do império soviético deu-se em


1989, ocorrendo a desintegração da própria URSS.
► Os Anos Dourados

► Só depois que passou o grande boom (1950-60) é


que ele foi percebido (comparação com os 70 e 80)

► Reconhecimento tardio por conta da situação


particularmente diferente dos EUA: esses anos não
foram revolucionários para eles, mas manutenção

► Recuperar-se da guerra era prioridade dos países


europeus e do Japão nos primeiros anos depois de
1945 (tomando por referência, níveis pré-guerra)

► Só na década de 1960 a prosperidade européia foi


dada como coisa certa (e contínua)

► Era de Ouro pertenceu essencialmente aos países


capitalistas desenvolvidos: ¾ da produção do mundo
e mais de 80% de suas exportações manufaturadas
► Na década de 1950, porém, o surto econômico
parecia sinalizar uma vantagem da parte socialista do
mundo

► De forma geral, a Era de Ouro foi um fenômeno


mundial, embora a riqueza jamais chegasse à
maioria da população do mundo

► A população do Terceiro Mundo aumentou em


ritmo espetacular, com estreita ligação com o
aumento da produção de alimentos e a indústria
farmacêutica

► A produção agrícola disparou não tanto pelo


cultivo de novas terras, mas pela elevação da
produtividade (1970-80 mudaria isso novamente)

► O mundo industrial se expandia por toda parte:


regiões capitalistas, socialistas e Terceiro Mundo.
► A produção mundial de manufaturas quadruplicou
entre 1950 e 1970 e o comércio mundial desses
produtos aumentou dez vezes.

► Subproduto desse crescimento: poluição (ideologia


do domínio da natureza pelo homem como medida do
avanço da humanidade)

► Ao invés de preocupação com o meio ambiente,


parecia haver motivos de autossatisfação ao
comparar tecnologias do século XIX e XX

► A industrialização dos países socialistas: sistema


arcaico de indústrias

► O impacto das atividades humanas na natureza


teve estreita relação com o enorme aumento no uso
de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás)
► Consumo de energia triplicou nos EUA de 1950 a
1973 por conta do preço do barril de petróleo saudita,
que custava em média 2 dólares no período

► Só depois de 1973, quando a OPEP decidiu


aumentar os preços, é que os ecologistas deram
atenção ao consumo indiscriminado

► As emissões de dióxido de carbono triplicaram


entre 1950 e 1973 (aumento de 1% ao ano)
► De início a explosão econômica pareceu uma
globalização do modelo de sociedade industrial
capitalista do EUA pré-1945

► Exemplos: a era do automóvel e o modelo de


produção de Henry Ford
► Bens e serviços antes restritos a minorias eram
agora produzidos para um mercado de massa.
Exemplo: setor de viagens.

► O que antes era luxo tornou-se padrão de conforto


desejado, pelo menos nos países ricos: geladeira,
lavadora de roupas, telefones.
“Em suma, era agora possível o cidadão médio desses países
viver como só os muito ricos tinham vivido no tempo de seus
pais – a não ser, claro, pela mecanização que substituía os
criados pessoais.” (E. Hobsbawm)
► Multiplicam-se não só produtos revolucionários,
como novos materiais ou usos (plásticos, poliestireno,
politeno)

► A guerra, com suas demandas de alta tecnologia,


preparou vários processos revolucionários para
posterior uso civil

► Transistor (1947) e os primeiros computadores


digitais civis (1946)

► A energia nuclear permaneceu à margem da


economia civil (5% da geração de energia no mundo
em 1975)

“Mais que qualquer período anterior, a Era de Ouro se


baseou na mais avançada e muitas vezes esotérica
pesquisa científica (…).” (E. Hobsbawm)
► Três pontos impressionam nesse fenômeno
tecnológico:

1) Ele transformou absolutamente a vida cotidiana do


mundo rico e, mesmo em menor medida, do mundo
pobre.

► O rádio, graças ao transistor e à miniaturização da


bateria de longa duração, podia chegar a lugares
remotos
→ O processo de miniaturização dos produtos
(portabilidade) ampliou seu alcance e mercado

► O uso de materiais naturais na cozinha, móveis e


roupas caiu de maneira impressionante.
→ “As sandálias de plástico substituíram os pés
descalços”

► Novo: melhor e revolucionado


2) Pesquisa e desenvolvimento tornaram-se
fundamentais para o crescimento econômico.

► Quanto mais complexa a tecnologia, mais


complexo o caminho da invenção até a produção

► Esse processo reforçou a já enorme vantagem das


“economias de mercado desenvolvidas” sobre as
demais

► O processo de inovação passou a ser tão contínuo


que os gastos em desenvolvimento se tornaram cada
vez maiores e indispensáveis do custo de produção

► Exemplos: Indústria de armamentos e produtos


farmacêuticos
3) As novas tecnologias eram de capital intensivo e
exigiam pouca mão-de-obra, ou até a substituíam.

► A Era de ouro precisava cada vez mais de maciços


investimentos e cada vez menos gente, a não ser
como consumidores

► Mas o ímpeto e rapidez do surto econômico era


tamanho, que esse fator não foi percebido.

► Mão-de-obra atraída da zona rural, imigração


estrangeira, mulheres casadas

► A Era de Ouro, na verdade, parecia dissolver as


catástrofes que perseguiam o capitalismo há tempos.

► Em 1960, a Europa tinha apenas 1,5% de


desemprego, trabalhadores possuíam carros e um
Estado previdenciário protegia-os na doença/velhice
► O que explicaria esse extraordinário triunfo do
capitalismo?

► Segundo Hobsbawm, não seria a curva de


Kondratiev simplesmente: flutuações do capitalismo

► Havia uma substancial (A) reestruturação do


capitalismo e um (B) avanço espetacular na
globalização e internacionalização da economia

► (A) produziu uma “economia mista”: planejamento


e administração da modernização econômica
(industrialização); compromisso político com o pleno
emprego e com a seguridade social e previdenciária

► Isso proporcionou um mercado de consumo de


massa para bens de luxo que agora podiam ser
aceitos como necessidade
► (B) multiplicou a capacidade produtiva da
economia mundial, tornando possível uma divisão de
trabalho internacional mais elaborada

► Fenômeno inicialmente limitado ao conjunto das


chamadas “economias de mercado desenvolvidas”

► Os países capitalistas ocidentais podiam obter


matérias-primas e alimentos mais baratos; e o
comércio de produtos industrializados aumentou
exponencialmente

► O capitalismo do pós-guerra foi um sistema


“reformado a ponto de ficar irreconhecível”

► Espécie de casamento entre liberalismo


econômico e democracia social (ou New Deal de
Roosevelt), com influências da URSS (planejamento
econômico)
► Por isso a reação a ele, dos defensores do livre
mercado, nas décadas de 1970 e 1980, viria a ser tão
extremada

► Friedrich von Hayek: um desvio do livre mercado


seria “a estrada para a servidão”

► A reforma que o capitalismo sofreu nessa época


pode ser explicada como uma resposta daqueles que
haviam aprendido a lição com a Grande Depressão

► J. M. Keynes: na vida pública desde 1914

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► Os partidos socialistas e movimentos trabalhistas
se adaptaram bem ao capitalismo reformado

► Todos queriam um mundo com as vantagens que


o capitalismo reformado apresentava, mesmo que
por um sistemático controle governamental e
cooperação com movimentos trabalhistas
organizados, contanto que não fossem comunistas

► A supremacia americana ainda era fato

► A Era de Ouro foi a era do livre comércio, livres


movimentos de capital e moedas estáveis, devido à
dominação econômica do dólar que funcionou como
estabilizador (ouro)

► O papel da Guerra Fria no crescimento econômico


dos países capitalistas do ocidente, embora a longo
prazo, os EUA tenha trocado força militar por
enfraquecimento econômico
► A partir da década de 1960, começou a existir uma
economia cada vez mais transnacional

► Três aspectos da transnacionalização são


importantes: (1) financiamento offshore; (2) empresas
transnacionais (ou multinacionais) e (3) divisão
internacional do trabalho

► (1) Offshore: termo usado para descrever a prática


de registrar uma empresa num território fiscal
generoso

► Num dado momento da década de 1960, o centro


internacional financeiro de Londres foi transformado
num centro offshore global

► Dólares depositados em bancos não americanos


foram se acumulando graças aos crescentes
investimentos dos EUA, sobretudo empréstimos
► Muitos governos acabaram sendo vítimas desse
fenômeno, pois perderam o controle da taxa de
câmbio e do volume de dinheiro em circulação

► (2) Multinacionais: internalizar mercados


ignorando fronteiras nacionais

► Fenômeno que reforça a tendência de


concentração de capital

► Entre 1970 e 1983 as exportações de produtos


manufaturados do Terceiro Mundo mais que
dobraram

► (3) Nova divisão internacional do trabalho:


processo transnacional de manufatura

► Possível com a revolução dos transportes e


sistemas de comunicação → zonas francas
► O boom da Era de Ouro provocou o abandono dos
países-núcleo da velha industrialização

► Combinação de crescimento econômico, numa


economia baseada em consumo em massa de uma
força de trabalho plenamente empregada e cada vez
mais bem paga e protegida

► Consenso: manter as reivindicações trabalhistas


dentro de limites que não atrapalhassem os lucros e
as perspectivas de lucro altas o suficiente para
justificar os enormes investimentos

► A partir da década de 1960, o centro de gravidade


do consenso muda para a esquerda: aparecimento
de Estados de Bem-estar.

► No fim da década de 1970, todos os Estados


capitalistas avançados haviam se tornado Estados de
Bem-estar
► A política das economias de mercado passou a
depositar seu tempo e investimento em novas
atividades imperiais no exterior

► Suez (Grã-Bretanha), Guerra da Argélia (França),


Vietnã (EUA).

► E os sinais de desgaste da Era de Ouro não


demoraram a surgir: hegemonia dos EUA declinou;
sistema monetário com base no dólar-ouro desabou;
aprodutividade da mão-de-obra diminuiu em muitos
países (explosão mundial dos salários)

► Isso provocou a explosão inesperada dos


movimentos de 1968

► A mudança no estado de espírito dos


trabalhadores tinha muito mais peso que a agitação
estudantil, por implicações econômicas
► Contudo, o significado cultural dos movimentos de
1968 foram muito mais importantes

► Serviu como um aviso para uma geração que


acreditava ter solucionado os problemas da
sociedade ocidental

► A economia mundial não recuperou o ritmo após


essa crise. A Era de Ouro chegava ao fim.

► Mas tem como mérito ter iniciado a mais profunda


e rápida revolução nos assuntos humanos que a
história tem registro

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