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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Pós-graduação
Curso de Engenharia de Estruturas
Alvenaria Estrutural - Turma OF 1

DANILO SILVEIRA DUARTE GARAJAU


GUSTAVO PEREIRA DE ALCÂNTARA
LEANDRO MARTINS DE ALMEIDA
SÁVIO GIACOMINI DE ALMEIDA
THAWAN DIAS SILVA ANDRADE

Patologias em Alvenaria Estrutural

Ipatinga
2017
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
2. CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE FISSURAS PROVOCADAS POR
MOVIMENTAÇÕES TÉRMICAS..................................................................................... 4
2.1 LAJES DE COBERTURA SOBRE PAREDES AUTOPORTANTES .................... 4
2.1.1 CORREÇÃO DAS PATOLOGIAS CAUSADAS POR MOVIMENTAÇÕES
TÉRMICAS DA LAJE DE COBERTURA ................................................................. 8
2.1.2 ISOLAMENTO TÉRMICO ............................................................................... 8
2.1.3. SUBSTITUIÇÃO DAS JUNTAS DE ASSENTAMENTO ................................ 8
3. FISSURAS CAUSADAS POR MOVIMENTAÇÕES HIGROSCÓPICAS .................. 10
3.1 MÉTODOS PARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA ................................................. 11
3.1.1 FABRICAÇÃO DOS COMPONENTES CONSTRUTIVOS............................ 11
3.1.2 MATERIAL EXPOSTO ÀS INTEMPÉRIES DO AMBIENTE ......................... 11
4. FISSURAS CAUSADAS POR ATUAÇÃO DE SOBRECARGAS NÃO
DIMENSIONADAS ........................................................................................................ 11
4.1 MÉTODOS PARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA ................................................. 12
4.1.1 RESISTÊNCIA DA ARGAMASSA ................................................................ 12
4.1.2 AÇÕES DE SOBRECARGA PONTUAIS ...................................................... 13
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 15

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1- INTRODUÇÃO

O estudo das patologias no setor civil é de grande importância, pois, alerta para
um eventual estado limite de serviço da estrutura, do possível comprometimento da
obra em serviço, além de exercer desconforto psicológico sobre os usuários.
Segundo Duarte (1998), as manifestações patológicas que mais
preocupam os usuários leigos são as fissuras. A ocorrência de fissuras
tem se tornado um incômodo que provoca crescente preocupação na
construção civil, onde o nível de exigência dos usuários vem
aumentando em função da própria mudança de mentalidade com a
criação de novos paradigmas, tais como a qualidade e a satisfação dos
clientes.
Porém, em decorrência de problemas patológicos, falhas construtivas ou
deficiência nos detalhamentos de projeto, poderão se originar e provocar danos que
podem comprometer a segurança e a integridade da edificação. A maioria das
patologias que podem afetar uma edificação causam sintomas visíveis e pelas suas
características permitem determinar o agente causador, possibilitando que medidas
corretivas possam ser implementadas.
O presente trabalho terá como finalidade a identificação de algumas patologias
nas edificações executadas em alvenaria estrutural, tendo como principal fonte de
estudo, as fissuras causadas por movimentações térmicas da laje de cobertura sobre
paredes autoportantes, fissuras causadas por movimentações higroscópicas e fissuras
causadas por atuação, de sobrecargas não dimensionadas.
As patologias aqui descritas serão apresentadas por meio de suas configurações
e histórico de ocorrência ao decorrer do trabalho em tópicos com seguintes temas:
causa/consequência, diagnósticos e suas origens e as medidas corretivas mais
adequadas para o tratamento patológico.

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2. CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE FISSURAS PROVOCADAS POR
MOVIMENTAÇÕES TÉRMICAS

2.1 LAJES DE COBERTURA SOBRE PAREDES AUTOPORTANTES


Geralmente, as coberturas planas estão mais susceptíveis às mudanças térmicas
naturais devido à exposição do que os elementos verticais, ocorrendo movimentações
diferenciadas entre estes e os elementos horizontais. Tais movimentações podem
ainda tornar mais intenso pelas diferenças nos coeficientes de expansão térmica dos
materiais desses componentes. São significativas, também, as diferenças de
movimentações entre as superfícies inferiores e superiores das lajes de cobertura,
sendo que, geralmente, as superiores são solicitadas por movimentações mais ríspidas
e de maior intensidade. Isso ocorre com as lajes sombreadas: parte da energia
calorífica absorvida pelas telhas é transmitida para a laje, além de ocorrer, através do
ático, transmissão de calor por condução e convecção. Nesse caso, as movimentações
térmicas a que serão submetidas às lajes ocorrem em função de diversos fatores,
como: intensidade de ventilação e rugosidade das superfícies internas do ático,
natureza do material que compõe as telhas, altura do colchão de ar presente entre o
telhado e a laje de cobertura etc.
As lajes de cobertura são as que suportam os maiores efeitos da variação térmica
dos materiais, uma vez que podem estar diretamente em contato com os raios de luz
solar ou, como é utilizada, abaixo de um telhado, o qual acaba por formar uma massa
de ar aquecido por radiação do sol nas telhas. O aumento de temperatura dessa massa
de ar entre as telhas e a laje faz com que a última apresente uma dilatação térmica,
sendo que nos dias de frio o oposto também ocorre, ou seja, o ar frio entre telhado e
laje faz com que a laje se contraia.

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Figura 1 - Propagação das tensões numa laje de cobertura com bordos vinculados devidos a efeitos
térmicos. (Fonte: THOMAZ, 1989).

De um modo geral, as fissuras se desenvolvem quase que exclusivamente nas


paredes, apresentando configurações típicas, indicadas nas figuras 2 (b e c). Por
consequência ocorre devido à dilatação plana das lajes e o abaulamento provocado
pelo gradiente de temperaturas ao longo de suas alturas, o que introduz tensões de
tração e cisalhamento nas paredes estruturais das edificações.

Figura 2 – Mecanismo de formação de fissuras na alvenaria em contato com a laje de cobertura sob
ação da elevação da temperatura (Fonte: THOMAZ, 1989).

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Figura 3 – Fissuras horizontais próximas ao teto nas paredes externas. (Fonte:
https://www.google.com.br/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fimage.slideshare, 2017).

Figura 4 – Fissuras nas paredes externas são recorrentes após reparos anteriores e ainda estão ativas.
(Fonte: https://www.google.com.br/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fimage.slideshare, 2017).

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Figura 5 – Fissuras de forma escalonada na parede interna, só estão presentes no último pavimento da
edificação.(Fonte: ttps://www.google.com.br/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fimage.slideshare, 2017).

Figura 6 – Exemplo de variação de temperatura em edificação analisada através de medição


infravermelha. (Fonte: Home Inspection KC 2014).

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2.1.1 CORREÇÃO DAS PATOLOGIAS CAUSADAS POR MOVIMENTAÇÕES
TÉRMICAS DA LAJE DE COBERTURA

2.1.2 ISOLAMENTO TÉRMICO


Num caso como este, as fissuras causadas por movimentações térmicas das
lajes, para efeito de correção são necessárias algumas ações no intuito de conferir
melhor isolamento térmico e dispositivo para promover uma adequada ventilação na
cobertura das edificações. A circulação do ar pode ser promovida, por exemplo, com a
instalação de cobogós nas quatro faces do edifício, espelhadas entre si.
Quanto ao isolamento térmico, pode-se aplicar uma camada de concreto celular
(material termicamente isolante), com espessura de 10 cm, sobre toda a laje de
cobertura. Este material é composto de cimento, areia, aditivos incorporadores de ar e
pérolas ou raspas de isopor. Como possibilidade à execução do concreto celular, pode-
se fixar placas de poliestireno expandido – EPS, mais conhecido como “isopor” com
igual espessura, utilizando-se uma argamassa de assentamento do tipo AC-III-E ou
Piso Sobre Piso. Após, deve-se fazer a impermeabilização tanto da camada de
concreto celular quanto das placas de EPS. Esta impermeabilização poderá ser feita
com argamassas elastoméricas flexíveis, ou utilizando-se fibra de vidro ou ainda
mantas de poliéster.

2.1.3. SUBSTITUIÇÃO DAS JUNTAS DE ASSENTAMENTO


Nas lajes de cobertura com bordos vinculados apoiadas em alvenaria estrutural,
cuja fissuração apresente atividade considerável, pode-se, “segundo THOMAZ (2000),
executar o escoramento da laje, a remoção da última junta de assentamento e a
introdução de material flexível”. Quando o escoramento da laje não for exequível, pode
ser feita a raspagem da junta até a profundidade de aproximadamente 10 mm e
preenche-la com material flexível. Na Figura 7 e 8 ilustra-se esse procedimento.

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Figura 7 – Detalhe de material redutor de atrito para dessolidarização entre alvenaria estrutural (parede
interna) e laje de cobertura. (Fonte: THOMAZ, 1989).

Figura 8 – Detalhe de material redutor de atrito para dessolidarização entre alvenaria estrutural (parede
externa) e laje de cobertura sem beiral. (Fonte: THOMAZ, 1989).

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3. FISSURAS CAUSADAS POR MOVIMENTAÇÕES HIGROSCÓPICAS
As fissuras causadas por movimentação higroscópica são provenientes das
diferentes modificações dos volumes dos materiais quando expostos a umidade. O que
acontece nas estruturas de alvenaria, que os materiais são porosos e tem a facilidade
em absorver água, causando a expansão desses materiais e quando expostos ao calor
se contraem devido à perda de água nos poros.
Segundo Thomaz (1990), a expansão das alvenarias devido a
movimentos higroscópicos, ocorre com maior intensidade nas regiões
da edificação mais sujeitas a variações de umidade. Por exemplo, a
base das paredes e o encontro entre a laje de cobertura e a platibanda
(local de possível empoçamento).
A umidade pode ter acesso aos materiais de construção através de diversas vias,
tais como:
 Na fabricação de componentes construtivos à base de ligantes hidráulicos,
empregando-se uma quantidade de água superior à necessária para que ocorram as
reações químicas de hidratação. A água em excesso permanece em estado livre no
interior do componente e ao se evaporar, provoca a contração do material.

 Quando o material está exposto às intempéries do ambiente, o mesmo poderá


absorver água da chuva antes mesmo de ser utilizado na obra, durante o transporte ou
na armazenagem desprotegida no canteiro.

 A água presente no solo poderá ascender por capilaridade à base da


construção.

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Figura 9 – Horizontal por movimentação higroscópica (Fonte: THOMAZ, 1990).

3.1 MÉTODOS PARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA

3.1.1 FABRICAÇÃO DOS COMPONENTES CONSTRUTIVOS


Durante a fabricação dos componentes construtivos, o total controle de
água nas bases ligantes é de suma importância para que não ocorra a o
excesso de água, fazendo que mude a estrutura do material.

3.1.2 MATERIAL EXPOSTO ÀS INTEMPÉRIES DO AMBIENTE


Os blocos de alvenaria estrutural, tanto o cerâmicos quanto os de concreto,
precisam ser adequadamente guardados, de forma a não ter contato com o solo,
ou seja, em paletes e coberto com lonas plásticas para evitar que os mesmos
absorvam grandes quantidades de umidades tanto do solo, quanto das chuvas.

4. FISSURAS CAUSADAS POR ATUAÇÃO DE SOBRECARGAS NÃO


DIMENSIONADAS
Segundo Thomaz (1989), a atuação de sobrecargas previstas ou não
em projeto pode produzir o fissuramento de componentes de concreto
armado sem que isto implique, necessariamente, ruptura do
componente ou instabilidade da estrutura: a ocorrência de fissuras num
determinado componente estrutural produz uma redistribuição de
tensões ao longo do componente fissurado e mesmo nos componentes

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vizinhos, de maneira que a solicitação externa geralmente acaba sendo
absorvida de forma globalizada pela estrutura ou parte dela.
Claro que este pensamento, não pode ser generalizado. Cada estrutura possui
um arranjo estrutural diferente e diferentes carregamentos e redistribuição de carga.
Geralmente as trincas causadas por carregamento excessivo são verticais (ver
figura 10).
Segundo Duarte (1998), essas fissuras por carregamentos verticais de
compressão são causadas por esforços transversais de tração gerados
nos blocos pelo atrito da argamassa da junta, com a maior face dos
blocos, ao ser comprimida a argamassa se expande, como a
deformação da argamassa é maior que a deformação do bloco, ao se
expandir a argamassa gera esforços de tração no bloco, estes esforços
geram fissuras verticais.

Figura 10 – Imagem retirada do caderno técnico de alvenaria estrutural.

4.1 MÉTODOS PARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA

4.1.1 RESISTÊNCIA DA ARGAMASSA


A resistência da argamassa sempre tem que ser um valor bem abaixo da
resistência do bloco de maneira que quando ocorrer fissuras por movimentação

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térmica, ou outras deformações da parede, que essas ocorram nas juntas e não no
bloco.
Segundo Duarte (1998), paredes estruturais de blocos cêramicos de
uma forma errada são executadas com furos horizontais, assim quando
a parede é solicitada, ocorre concentração de tensões ao longo dos
septos longitudinais externos, essa carga gera o rompimento desse
septo, provocando fissuras horizontais (ver figura 11), este tipo de
ruptura, é um tipo perigoso para os ocupantes da edificação, devido ao
ser surgimento ser rápido e explosivo, levando instantaneamente a
estrutura a um colapso, não permitindo aos ocupantes notar
préviamente a situação de perigo.

Figura 11 – Mecanismo de ruptura de paredes com blocos cerâmicos com furos horizontais. (Fonte:
Duarte 1998).

4.1.2 AÇÕES DE SOBRECARGA PONTUAIS


As ações de sobrecarga pontuais precisam ser distribuídas através de elementos
de concreto armado nomeado de coxins, quando não acontece a utilização deste
elemento ou o elemento não trabalha como deveria, acontece o esmagamento pontual
da parede (ver Figura 12), “segundo (Sampaio 2010), esse esmagamento produz
fissuras inclinadas a partir da região onde a carga pontual foi aplicada”.

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Figura 12 – Ruptura localizada em alvenaria sob o ponto de aplicação da carga e propagação de fissuras
a partir desse ponto. (Fonte: Thomaz 1989).

Figura 13 – Fissura inclinada causada por sobrecarga concentrada. (Fonte: Caderno técnico 5 Prisma).

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Associação Brasileira da Construção Industrializada, Manual Técnico da Alvenaria,


Projeto Editores Associados, 1990, Patologias- Ércio Thomaz.

Caderno Técnico, Alvenaria Estrutural da revista Prisma-PATOLOGIAS EM


ALVENARIA ESTRUTURAL DE BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO, Roberto José
Falcão Bauer.

DUARTE, R. B. Fissuras em alvenarias: causas principais, medidas preventivas e


técnicas de recuperação. Porto Alegre: CIENTEC, 1998.

THOMAZ, E. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: Pini;


EPUSP; IPT,1989.

THOMAZ, E.; HELENE, P. Qualidade no projeto e na execução de alvenaria estrutural


e de alvenarias de vedação em edifícios. Boletim técnico da Escola Politécnica da USP,
Departamento de Engenharia de Construção Civil. São Paulo: EPUSP, 2000.

SAMPAIO, MARLIANE BRITO S192m Fissuras em edifícios residenciais em alvenaria


estrutural/ Marliane Brito Sampaio; Orientador Marcio Antônio Ramalho – São Carlos
2010 Dissertação de mestrado.

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