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Licitações Públicas (8666/93)

1. Conceito
Licitação é um procedimento administrativo que visa a escolher a proposta mais
vantajosa (nem sempre a mais barata será a mais vantajosa) para um futuro contrato. A
licitação não é uma atividade-fim e sim uma atividade-meio necessária para celebração
de contratação de empresa para prestação de serviços à Administração Pública.
A licitação é um ato administrativo formal praticado pelos 3 Poderes no exercício da
função administrativa.
Todos os valores, preços e custos utilizados nas licitações terão como expressão
monetária a moeda corrente nacional, salvo nos casos de licitação internacional
(quando poderá ser permitida a cotação em moeda estrangeira).
2. Legislação
Art. 22 da CF Compete privativamente à União legislar sobre:
(...)
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
Atenção! A edição de normas gerais de licitação e contratação é competência da União.
Estados, DF e municípios podem editar normas específicas sobre licitação, desde que não
contrariem a 8666/93. A União também pode editar normas específicas, mas que, neste caso,
não se aplicaria aos demais entes federados.
Por se tratar de assuntos de norma geral, novas modalidades ou outras hipóteses de
contratação direta devem ser criadas pela União e por meio de LEI ou outro instrumento
equivalente (ex.: MP)
Art. 37, XXI da CF ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública
que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos
termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
Art. 173. da CF (...)§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico1 da empresa pública,
da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços,
dispondo sobre:
(...)
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os
princípios da administração pública;
1
Lei 13.303/2016 apresenta regime licitatório específico para as EP’s, SEM’s e suas subsidiárias,
exploradoras de atividade econômica, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime
de monopólio da União, ou prestadoras de serviços públicos. Aplicável, inclusive, às sociedades
de propósito específico, controladas por empresa pública ou sociedade de economia mista.

3. Obrigatoriedade para licitar


Art. 1º, Parágrafo único, 8666/93 Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos
órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações
públicas, as EP’s, as SEM’s (atividade meio)2 e demais entidades controladas direta ou
indiretamente pela União, Estados, DF e Municípios.
2
Lei 13.303/2016 apresenta regime licitatório específico para as EP’s, SEM’s.
O Art. 37, XXI, da CF, na parte que dispõe sobre “ressalvados os casos especificados na
legislação(...)”, permite, em determinadas situações, a realização de contratos que não sejam

1
precedidos de licitação: arts. 17 (dispensada = norma vinculada: não se faz), 24 (dispensável =
norma discricionária: pode ou não ser feita) e 25 (inexigível = impossível licitar)

4. Finalidade
L8666/93, Art. 3º A licitação visa garantir a observância do princípio da isonomia3, a seleção
da proposta mais vantajosa4 e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável5 (termo
incluído em 2010).
3
A lei garante o mesmo tratamento para todos aqueles que participem do procedimento licitatório; tanto
em relação aos direitos, como em relação às obrigações. Este princípio sofreu flexibilização a partir da Lei
12.349/10 que incluiu possibilidades de se instituir margem de preferência para os possíveis candidatos;
4
A proposta mais vantajosa é aquela que atende da melhor maneira às necessidades da entidade e do
interesse público, o que nem sempre será o menor preço;
5
A promoção do desenvolvimento nacional sustentável é o objetivo que fundamenta uma série de regras
de preferência presentes na Lei, destinadas a favorecer os produtos e serviços nacionais:
Lei 8248/91, Art. 3º Os órgãos e entidades da Adm. Púb. Federal, direta ou indireta,
as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público e as demais organizações sob o
controle direto ou indireto da União darão preferência, nas aquisições de bens e
serviços de informática e automação, observada a seguinte ordem, a:
I - bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País;
II - bens e serviços produzidos de acordo com processo produtivo básico, na forma a ser
definida pelo Poder Executivo. Lei 8666/93, art. 3º, § 12 – Nas contratações
destinadas à implantação, manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de
tecnologia de informação e comunicação, considerados estratégicos em ato do Poder
Executivo federal, a licitação poderá ser restrita a bens e serviços com tecnologia
desenvolvida no País e produzidos de acordo com o processo produtivo básico (processo
produtivo no qual uma parcela significativa é efetivamente desenvolvida no Brasil.).

A Lei 8666/93, art. 3º, §5º autoriza o estabelecimento, ainda, de uma margem de preferência para
aquisição de: (i) produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a normas técnicas
brasileiras; e (ii) bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento
de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência
Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação (a empresa deve respeitar as
regras durante TODA a vigência do contrato).

Margem de preferência a Adm. pode adquirir produtos e serviços por um preço maior que a
proposta mais barata na licitação, simplesmente pelo fato de que tais produtos e serviços são produzidos
e prestados no país.
§ 7º Para os produtos manufaturados e serviços nacionais resultantes de
desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País, poderá ser estabelecido
margem de preferência adicional àquela prevista no § 5º.
§ 8º As margens de preferência (normal + adicional) por produto, serviço, grupo de
produtos ou grupo de serviços, a que se referem os §§ 5º e 7º, serão definidas pelo
Executivo federal, não podendo a soma delas ultrapassar o montante de 25% sobre o
preço dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros.

Resumindo:

2
5. Princípios

Mnemônico: LIMPPI VJ

Mnemônico: CAPS

 Princípio da Legalidade
A atuação do agente público no ramo das licitações está adstrita (ligada) aos limites definidos
pela Lei 8666/93, ou seja, o agente só pode fazer aquilo que a lei autoriza.

 Princípio da Impessoalidade
Todos os participantes devem receber o mesmo tratamento (diretamente ligado com o
princípio da igualdade).

 Princípio da Moralidade e da Probidade Administrativa


Exige que todos os envolvidos na licitação (agentes e licitantes) pautem suas condutas conforme
a ética, boa fé, os bons costumes e, acima de tudo, a honestidade.

 Princípio da Publicidade
Deve haver ampla divulgação do procedimento para conhecimento de todos os interessados
(publicação do edital, divulgação da carta-convite), como também dos atos da Adm. praticados
nas várias fases do procedimento. É um meio para a ampla fiscalização sobre a legalidade do
procedimento.
Quanto maior a competitividade, maior deve ser a publicidade. O §3º estabelece que a licitação
“não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo
quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura” (princípio do sigilo das propostas:
única fase sigilosa, desde o dia da entrega das propostas até o dia de sua abertura). A Lei permite
que qualquer cidadão possa acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que não
interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos (art. 4º).

3
 Princípio da Igualdade (isonomia)
Igualdade de condições entre os licitantes. Quaisquer interessados, em condições de cumprir o
futuro contrato a ser celebrado, terão a mesma oportunidade de participação nas licitações.
CF, art. 37, XXI ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras
e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade
de condições a todos os concorrentes (...).

Exceções ao princípio da isonomia: empate6 em igualdade de condições, licitações


sustentáveis7, medidas de compensação8, regras específicas para microempresas (MP) e
empresas de pequeno porte (EPP), relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser
dispensado a essas empresas nas aquisições públicas.
6
Art. 3º, §2º Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência,
sucessivamente, aos bens e serviços:
1. Produzidos no País;
2. Produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
3. Produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento
de tecnologia no País.
4. Produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de
cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência
Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.
5. Sorteio (art. 45, §2º)
7
A Adm. pode, em detrimento de critérios exclusivamente econômico-financeiros restringir a licitação a
empresas que possuam práticas “ambientalmente corretas” (é a licitação sustentável).
8
Ex. de medidas de compensação: transferência de tecnologia, treinamento de recursos humanos e
investimento financeiro em capacitação industrial e tecnológica.

 Princípio da Competitividade
Deriva do princípio da isonomia.

4
Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou
serviço e do fornecimento de bens a eles necessários:
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica;
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou
executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de
5% (cinco por cento) do capital com direito a voto ou controlador, responsável técnico ou
subcontratado;
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação.

 Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório

Exceção:

A busca pela celeridade do procedimento licitatório não justifica o descumprimento das


cláusulas do edital.

 Princípio do Julgamento Objetivo

5
Art. 45 O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o
responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação (menor preço,
melhor técnica, técnica e preço e maior lance ou oferta), os critérios previamente estabelecidos
no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a
possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

Exceção: a única modalidade que foge a este princípio é o concurso, já que não se aplicam a ele
nenhum dos tipos de licitação previstos na Lei.

 Princípio da Adjudicação Compulsória

A contratação só é feita caso o remanescente


aceite o preço ofertado pelo licitante vencedor.

 Princípio Sigilo das Propostas

6
Art. 3º, § 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os
atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva
abertura.

 Princípio do Procedimento Formal

 Princípio da eficiência (não foi citado, mas deve ser respeitado)


Determina que a Administração Pública, agindo com moralidade e legalidade, se utilize dos bens
públicos de modo a garantir maior rentabilidade social e evitando desperdícios.

6. Objeto da Licitação
Segundo a doutrina a licitação possui 2 objetos:
Objeto imediato a seleção de determinada proposta para o atendimento de um fim
público. (necessidade de licitar)
Objeto mediato obtenção de um benefício para o Poder Público como uma obra,
serviço, compra, alienação etc.
Hely Lopes afirma que o objeto da licitação “é a obra, o serviço, a compra, a alienação, a
concessão, a permissão e a locação que, afinal, será contratada com o particular”. Logo, o
objeto da licitação confunde-se com o próprio objeto do contrato.
Atenção!
Algumas definições apresentadas pela Lei 8.666/93 (art. 6º):
• obra: toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por
execução direta ou indireta;
• serviço: - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a
Administração. Ex.: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação,
reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou
trabalhos técnico-profissionais;
• compra: toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou
parceladamente;
• alienação: toda transferência de domínio de bens a terceiros (venda);
• concessão e a permissão são formas de delegação de serviços públicos (a licitação é
sempre obrigatória). NÃO se transfere a titularidade do serviço, apenas sua execução.
• locação: proprietário cede determinado bem para utilização de terceiros.

7
• projeto básico e projeto executivo: são uma espécie de receita de como se realizar
determinado empreendimento. O projeto básico seria a lista de ingredientes e utensílios
(expõe soluções, quantidades, o que deve haver de equipamentos/utensílios etc.). O projeto
executivo, além dos itens constantes no projeto básico, especifica como deve se dar a
operacionalização e utilização dos itens de obra, serviços e equipamentos que estão
descritos no projeto básico para se alcançar o resultado desejado. Os equipamentos
necessários para a construção devem ser mencionados obrigatoriamente.
Com um projeto básico é possível se contratar o necessário (material, equipamentos...) para
a execução de uma obra. Porém, tal instrumento não determinará como deve se efetivar a
sua operacionalização/consecução, o que ocorrerá por meio do projeto executivo. Para
realização de licitação, não há obrigatoriedade da existência prévia de Projeto Executivo.
Este poderá ser desenvolvido concomitantemente à execução do contrato, se autorizado
pela Administração (art. 7º, §1º).

7. Tipos de licitação

8
Resumindo:

8. Modalidades de Licitação
Concorrência, tomada de preços, convite, concurso; e leilão. A Lei 10.520/02 instituiu
o pregão. A Lei 9.472/97 criou a consulta, aplicável às demais agências reguladoras.

O §8º do artigo 22 da Lei veda expressamente a criação de outras modalidades de licitação


ou a combinação das modalidades nela referidas. Proíbe a criação de novas modalidades
de licitação por atos administrativos, decretos ou lei federal (incide apenas no âmbito
federal), estadual ou municipal. Porém, a criação de novas modalidades por meio de lei
nacional (aplicável a todos os entes federados) é permitida: ex.: Lei 10.520/2002 (pregão).
As licitações serão efetuadas no local onde se situar a repartição interessada, salvo por
motivo de interesse público, devidamente justificado. Não impede a habilitação de
interessados residentes ou sediados em outros locais.
8.1. Prazo mínimo

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8.2. Concorrência, Tomada de Preços e Convite

Pode-se dizer que a concorrência abrange a tomada de preços e o convite.

10
8.2.1. Concorrência
É a mais complexa das modalidades comuns, sendo aplicada em licitações de maior vulto,
precedida de ampla publicidade.
Art. 23, § 3º é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor de seu objeto,
tanto na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 191, como nas
concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais, admitindo-se neste último caso,
observados os limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de
cadastro internacional de fornecedores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem ou
serviço no País.
1
Art. 19 Os bens imóveis da Adm. Pub., cuja aquisição haja derivado de procedimentos
judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da autoridade competente,
observadas as seguintes regras:
I - avaliação dos bens alienáveis;
II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão.

Quem participa? Quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar,


comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução
de seu objeto. Pode ser aplicada, em tese, em qualquer situação quando o critério de
escolha for o valor.
Características principais: universalidade e ampla publicidade:
 Universalidade: possibilidade de participação de quaisquer interessados comprovado os
requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
 Ampla publicidade: A publicidade da concorrência é a mais ampla. Além do prazo mais
dilatado entre a publicação do edital e o recebimento das propostas ou da realização do
evento, a divulgação deverá ocorrer por todos os meios disponíveis, por tantas vezes
quantas julgar necessária. Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma
forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto
quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas. Neste
caso, a alteração de edital prescinde (dispensa) da veiculação em jornal de grande
circulação, podendo ser veiculada APENAS em diário oficial SEM acarretar prejuízo ao
princípio da publicidade.
A aplicação da concorrência não decorre somente do preço. Há casos que exigem a
utilização dessa modalidade, independentemente do valor do objeto.
a) Obras e serviços de engenharia de valor superior a R$ 1.500.000,00;
b) Compras e serviços que não sejam de engenharia, de valor superior a R$ 650.000,00;
c) Compra e alienação de bens imóveis (construções, terrenos etc.), qualquer que seja o
seu valor, ressalvado o disposto no art. 19, que admite concorrência ou leilão para
alienação de bens adquiridos em procedimentos judiciais ou mediante dação em
pagamento (§3º do art. 23);
d) Concessões de direito real de uso (§3º do art. 23);
e) Licitações internacionais. De acordo com o §3º do art. 23, a concorrência é obrigatória.
Exceção: [...] nas licitações internacionais, admite-se, observados os limites deste
artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro
internacional de fornecedores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem
ou serviço no País. Os limites de valores utilizados para convite e tomada de preços
devem ser respeitados.
f) Alienação de bens móveis de valor superior a R$ 650 mil (art. 17, § 6º, c/c art. 23, II, b);
g) Registro de preços ressalvadas as hipóteses de utilização do pregão;
h) Concessão de serviço público (art. 2º, II, da Lei 8.987/1995);
i) Parcerias público-privadas (PPP), conforme art. 10 da Lei 11.079/2004.

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8.2.2. Tomada de preço
Quem participa? A TP permite a participação de duas espécies de concorrentes: os
cadastrados, que já comprovaram, em momento anterior à licitação, o preenchimento dos
requisitos previstos no edital para a execução do contrato; e os não cadastrados, que
poderão apresentar a documentação comprobatória até o terceiro dia útil anterior à data
do recebimento das propostas.
Como na concorrência, o julgamento é realizado por uma comissão composta por 3
membros. É aplicável nas seguintes situações:
a) Obras e serviços de engenharia com valor estimado de até R$ 1.500.000,00;
b) Compras e serviços que não de engenharia até o valor estimado de R$ 650.000,00;
c) Em licitações internacionais, desde que preenchidas as seguintes condições:
 O órgão ou entidade disponha de cadastro internacional de fornecedores;
 O valor estimado do contrato a ser celebrado não ultrapasse o limite de valor para a TP;

8.2.3. Convite
A mais simples das três comuns. É a modalidade de licitação entre interessados do ramo
pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo
de 3.
Aplicável nas seguintes situações:

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a) Obras e serviços de engenharia com valor estimado de até R$ 150.000,00
b) Compras e serviços que não de engenharia até o valor estimado de R$ 80.000,00
c) Em licitações internacionais, quando:
 Não houver fornecedor do bem ou serviço no País; e
 O valor estimado do contrato a ser celebrado não ultrapasse o limite de valor para o
convite.
Publicidade: a carta-convite não precisa ser publicada em diário oficial ou jornal. Para
garantir a publicidade do certame, além do envio da carta a no mínimo 3 possíveis
interessados no objeto da licitação, basta a Adm. afixar em local apropriado uma cópia do
instrumento convocatório, a fim de que os demais cadastrados não originalmente
convidados possam participar, desde que manifestem seu interesse com antecedência de
até 24 horas antes da apresentação das propostas.
A comissão de licitação, excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em
face da escassez de pessoal disponível, poderá ser substituída por servidor formalmente
designado pela autoridade competente (art. 51, §1º).
A diferença fundamental em relação a outras modalidades é que o convite utiliza a carta-
convite no lugar do edital para fins de convocação dos participantes.
Quem participa?
1. Os concorrentes, cadastrados ou não, em número mínimo de três, aos quais a
Administração envia a carta-convite.
2. Demais cadastrados, que poderão manifestar interesse em participar com
antecedência mínima de até 24 horas da apresentação da proposta. (só cadastrados!)
Quando existirem mais do que três possíveis interessados, a cada novo convite, realizado
para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um
interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações (art. 22,
§6º).
Exceção: é possível convidar menos do que três interessados quando, por limitações de
mercado ou manifesto desinteresse, seja impossível a obtenção do número mínimo de
licitantes. Essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena
de repetição do convite (art. 22, §7º).

8.2.4. Quadro comparativo

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8.3. Concurso
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho
técnico, científico ou artístico (ex.: obras de artes, projetos arquitetônicos,
monografias, etc.), mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores
(ressalvados os casos de inexigibilidade), conforme critérios constantes no edital. Deve
ser publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 dias (art. 22, §4º).
Nessa modalidade, não interessa o valor, e sim a natureza do objeto.
O procedimento é bem diferente do utilizado nas modalidades comuns. O julgamento é
realizado por uma comissão especial integrada por pessoas de reputação ilibada e
reconhecido conhecimento da matéria em exame. Não há necessidade de servidores
efetivos na comissão. A avaliação não se prende ao princípio do julgamento objetivo,
pois não é possível determinar com precisão os critérios que serão estabelecidos. Os
critérios de avaliação serão distintos para cada processo, considerando às
peculiaridades do tipo de aquisição.
Os tipos de licitação (menor preço, melhor técnica, técnica e preço e maior lance ou
oferta) NÃO se aplicam a essa modalidade.
O concurso deverá ser precedido de regulamento próprio, a ser obtido pelos
interessados no local especificado no edital, indicando pelo menos:
I – A qualificação exigida dos participantes;
II – As diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
III – As condições de realização do concurso e os prêmios a serem concedidos.
Art. 13. Consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos
relativos a:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
Em se tratando de projeto (ex.: projeto arquitetônico), o vencedor deverá autorizar a
Administração a executá-lo quando julgar conveniente.

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8.4. Leilão
Modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda (alienação), a quem
oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação, dos seguintes bens:
a) bens móveis inservíveis para a administração;
b) produtos legalmente apreendidos ou penhorados; ou
c) para a alienação de bens imóveis, em que a aquisição derivou de procedimentos
judiciais ou dação em pagamento, conforme determina os art. 19, III.

O leilão para a alienação de bens móveis está limitado a bens avaliados, isolada ou
globalmente, até o valor de R$ 650 mil reais. Acima desse valor utiliza-se a concorrência.
O leilão pode ser feito por leiloeiro oficial ou servidor designado pela Administração.
Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela Administração para fixação do
preço mínimo de arrematação.
Os bens arrematados serão pagos à vista ou em percentual (não pode ser inferior a 5%)
estabelecido no edital. Depois de lavrada a ata, os bens devem ser entregues
imediatamente. O prazo para pagamento do restante deve constar no edital de
convocação. Por fim, o prazo de vinte e quatro horas é para pagamentos à vista em
licitações internacionais.
Para atender o princípio da publicidade, o edital deve ser amplamente divulgado, no
prazo mínimo de 15 dias, principalmente no município em que se realizará.

8.5. Pregão
A aplicação do pregão não decorre de seu valor, mas do objeto. O pregão é utilizado
para a aquisição de bens e serviços comuns, independentemente do valor estimado
para a contratação.
Art. 1º, Lei 10520/02 Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá
ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

15
Destaca-se o poderá, pois, para a União, o pregão é obrigatório, preferencialmente na
forma eletrônica (art. 4º, Decreto 5.450/05 Nas licitações para aquisição de bens
e serviços comuns será obrigatória a modalidade pregão, sendo preferencial a utilização
da sua forma eletrônica).
Bens e serviços comuns são aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais do
mercado. “Comuns” não significa simples, apenas que suas características podem ser
descritas no edital através das especificações de mercado. O TCU já entendeu possível
até a contratação de serviços de engenharia ou o fornecimento de bens e serviços
comuns de informática e automação.
A Lei 10.520/02 instituiu o pregão, com disciplina e procedimentos próprios, destinado
à aquisição de bens e serviços comuns, visando dar celeridade a escolha dos futuros
contratados, já que, muitas vezes, as modalidades previstas na 8666/93 foram incapazes
de dar a celeridade desejável. Trata-se de uma lei nacional, aplicável à União, estados,
DF e municípios.
Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte:
I - a autoridade competente justificará a necessidade de contratação e definirá o objeto
do certame, as exigências de habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as
sanções por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos
prazos para fornecimento;
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas especificações
que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem a competição;
III - dos autos do procedimento constarão a justificativa das definições referidas no
inciso I deste artigo e os indispensáveis elementos técnicos sobre os quais estiverem
apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade promotora da
licitação, dos bens ou serviços a serem licitados; e
IV - a autoridade competente designará, dentre os servidores do órgão ou entidade
promotora da licitação, o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição inclui,
dentre outras, o recebimento das propostas e lances, a análise de sua aceitabilidade e
sua classificação, bem como a habilitação e a adjudicação do objeto do certame ao
licitante vencedor.
§ 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua maioria por servidores ocupantes
de cargo efetivo ou emprego da administração, preferencialmente pertencentes ao
quadro permanente do órgão ou entidade promotora do evento.
§ 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de pregoeiro e de membro da equipe
de apoio poderão ser desempenhadas por militares.

O pregão tem algumas peculiaridades próprias, como por exemplo a punição ao


licitante/contratado, concernente ao impedimento de licitar e contratar com a U, E, DF,
M e descredenciamento no Sicaf pelo prazo de até 5 anos.

Tal punição será aplicada pela prática das seguintes condutas:


- quem, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta, não celebrar o
contrato;
- deixar de entregar ou apresentar documentação falsa exigida para o certame;
- ensejar o retardamento da execução de seu objeto;
- não mantiver a proposta;
- falhar ou fraudar na execução do contrato;

16
- comportar-se de modo inidôneo;
- cometer fraude fiscal.

8.6. Consulta
Aplicada exclusivamente às agências reguladoras. Foi criada pela Lei Geral de
Telecomunicações (Lei 9.472/1997), que também criou a Anatel. Sua aplicação foi
estendida para todas as demais agências.
É uma modalidade de exceção e tem por objetivo o fornecimento de bens e serviços
“não comuns” ( não compreendidos nos artigos 56 e 57, que tratam dos bens ou serviços
comuns). A Resolução Anatel nº 5/98, dispõe que a consulta “é a modalidade em que ao
menos 5 pessoas, físicas ou jurídicas, de elevada qualificação, serão chamadas a
apresentar propostas para o fornecimento de bens ou serviços não comuns”
A consulta não se aplica a:
• obras e serviços de engenharia civil (segue as modalidades da Lei 8.666/1993); e
• bens e serviços comuns ( feita via pregão, Lei 10520/2002).

9. Fases da licitação
Aplicáveis as modalidades comuns: concorrência, TP e convite.

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9.1. Fase interna
As obras e os serviços somente poderão ser licitados após a administração tomar as
seguintes providências:

i) elaborar um projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para


exame dos interessados em participar do processo licitatório;

ii) elaborar um orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de


todos os seus custos unitários;

iii) ter previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações
decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso,
de acordo com o respectivo cronograma;

iv) o produto dela esperado estiver contemplado nas metas estabelecidas no Plano
Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso (contratos
acima de um ano).

9.2. Fase externa


9.3. Abertura do Procedimento Administrativo
9.4.

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10.

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