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Significados Proféticos
27 de julho de 2014 Dionei Cleber Vieira Bíblia, Escatologia
Eu estou trabalhando num artigo sobre os diversos sinais escatológicos que podemos
observar na época atual, mas antes disso acredito ser fundamental explicar o significado
profético das Festas Judaicas. Infelizmente, para uma grande parte dos Cristãos atuais, as
passagens de Levíticos 23 onde estão as ordenanças das Festas, são maçantes textos
relacionados a cultura judaica apenas, sem maior significado. Grande engano, há muito
mais por detrás dessas Festas do que muitos imaginam.
Primeiramente, repare que em Levítico 23.1, Deus define as festas para serem fixas e
como santas convocações, ou seja, são convocações para uma assembléia sagrada para
seu povo, uma espécie de ensaio geral e, se é algo sagrado e foi instituído pelo próprio
Deus, não podemos ignorar sua importância. Os Cristãos não tem nenhum dever ou
compromisso de observar ou celebrar essas festas, mas o entendimento do seu
significado traz um ganho tremendo para a Fé. Jesus, como um judeu justo, celebrou as
festas, como pode-se observar nos registros dos evangelhos, inclusive o Hanuká
(conhecida também como Festa das Luzes ou Festa da Dedicação, leia em João 10.22-23)
que é uma festa celebrada pelos Judeus em memória da purificação do templo da
profanação de Antíoco Epifanes, celebração esta que não está na relação de Levíticos 23.
É interessante observar que em Levítico 23, a primeira ordenança envolve o Sábado, o
qual deveria ser observado pelo povo de Israel como um descanso solene. Neste artigo
não vou abordar o Sábado, mas sim as outras festas, devido aos seus significados. Meu
objetivo é apresentar as sete Festas instituídas, onde as quatro primeiras, que ocorrem na
primavera durante as épocas de plantio e colheita da cevada, já foram cumpridas por
Cristo na sua Primeira Vinda, e que as três seguintes, que ocorrem no outono durante o
período da colheita do trigo, se cumprirão profeticamente em sua Segunda Vinda. As
quatro primeiras Festas são também conhecidas como “as primeiras chuvas” ou “chuvas
temporãs” (primavera) e as três Festas seguintes são conhecidas como “as últimas
chuvas” ou “chuva serôdia” (outono), dessa forma, esses dois períodos de chuvas estão
relacionados a Primeira e a Segunda Vinda de Cristo (leia Oséias 6.3, Joel
2.23, Deuteronômio 11.10-17 e Tiago 5.7-8). Veremos que essas Festas são ensaios feitos
por Israel, das várias partes do plano de Deus para a humanidade.
Para compreender melhor as Festas e seus significados proféticos, vamos precisar
entender melhor o calendário judaico, pois diferente de nós que temos um calendário
solar, o judaico é baseado no ciclo lunar; dessa forma, cada mês começa com o
surgimento da lua nova e cada dia começa com o surgimento da Lua (muitas vezes
confundido com o pôr do Sol). Deus em Gênesis 1, instituiu esse sistema, declarando
repetidamente que “… foi a tarde e a manhã, o dia …”. Os meses judaicos comparados ao
nosso calendário, podem ser vistos da seguinte forma:
01 Nisan/Abib Março-Abril
02 Zif/Iyar Abril-Maio
03 Sivam Maio-Junho
04 Tamuz Junho-Julho
05 Ab/(Av) Julho-Agosto
06 Elul Agosto-Setembro
07 Tishrei Setembro-Outubro
08 Bul/Heshvan Outubro-Novembro
09 Chilseu/Kislev Novembro-Dezembro
10 Tebeth Dezembro-Janeiro
11 Sebat/Shebat Janeiro-Fevereiro
12 Adar Fevereiro-Março
Agora, com base no que vimos até aqui, podemos ver a tabela das sete Festas Judaicas e
seus dias para comemoração, conforme descrito em Levíticos 23:
Vamos agora analisar cada uma das Festa da tabela anterior em detalhes e seu
significado profético.
Páscoa
A Páscoa é uma Festa que lembra a libertação do povo Judeu da escravidão do Egito,
para nós Cristãos, nos lembra de nossa libertação da escravidão do pecado através de
Cristo. Jesus é o Cordeiro Pascal definitivo e provido por Deus para a salvação dos
homens, conforme profetizado durante todo o Antigo Testamento, desde a queda do
homem.
O cordeiro tinha de ser sacrificado no crepúsculo ou no início do entardecer, o horário das
3 da tarde (a hora nona) era a divisão entre a Oblação (oferta) menor e a Oblação (oferta)
maior. Jesus foi crucificado às 9 da manhã do dia 14 de Nisan e morreu (expirou) às 3 da
tarde (Marcos 15.25), sendo sepultado as 6 da tarde daquele mesmo dia.
Na pessoa de Cristo, essa Festa teve seu cumprimento máximo, na Cruz, onde foi cravada
a cédula de nossa dívida com Deus (Colossenses 2.14).
Pães Asmos
A Páscoa é seguida de uma semana de Festa dos Pães Asmos (não levedados). No
Antigo Testamento, fermento poderia ser leite; ovo ou qualquer outro ingrediente que, ao
ser adicionado na massa, poderia causar a fermentação. Normalmente o fermento é a
“levedura”, e a massa se leveda quando é adicionada outra massa contaminada, nessa
massa fresca e pura (Gálatas 5.9). O termo fermento ou levedo, no seu sentido mais
amplo, é qualquer coisa que pode causar uma mudança numa massa maior. Referente às
escrituras, é qualquer coisa que corrompe um ingrediente quando é adicionado.
E no caso de Cristo, o que isso representa? Vejamos:
Em Cristo a Festa dos Pães Asmos foi cumprida, pois ele é o Pão da Vida sem fermento,
do qual devemos nos alimentar continuamente para termos vida e vida em abundância.
Primeiros Frutos (Primícias)
Durante o ano existiam alguns sábados (“Shabat“) extras conhecidos como “Shabaton” ou
como “O Grande Shabat“. Esses sete “Shabaton” extras caíam em dias especiais do
calendário e não exatamente nas noites de sextas-feiras. O primeiro Shabaton do ano é no
dia 15 de Nisan. No ano em que Jesus morreu, o dia 15 de Nisan caiu numa quinta à noite
e na sexta de dia. Portanto, houve dois Shabats, um logo após o outro, ou seja, um
Grande Shabat para a Páscoa, no dia 15 de Nisan, e o outro no dia 16 de Nisan que foi
um Shabat normal celebrado na sexta a noite e no sábado durante o dia. Isso só pode ser
encontrado no Novo Testamento somente se for lido no grego em Mateus 28.1 onde a
palavra traduzida para Shabat é, na verdade, Shabaton e indo até Marcos
15.42 encontramos o texto dizendo claramente que “e portanto era o Dia da Preparação,
isto é a véspera do sábado (Shabat), …”, veja também Mateus 26.62 e João 19.31. O “Dia
da Preparação” refere-se a qualquer dia da semana, em qualquer data, antes de
um Shabat.
A Festa dos Primeiros Frutos ou das Primícias teve seu cumprimento em Cristo através
de sua ressurreição nesse dia, sendo assim Ele é o primogênito entre os mortos
(Colossenses 1.18) para a vida eterna, Ele foi feito a primícia dos que dormem (1 Corintios
15.20). As manifestações descritas em Mateus 27.52-53 foram as Primícias de Cristo
oferecidas a Deus Pai, aqueles santos que ressuscitaram foram os primeiros de uma
imensa colheita que está para acontecer. A Festa das Primícias é a terceira e última Festa
que Jesus cumpriu pessoalmente na Terra. Jesus estava presente fisicamente na Páscoa,
nos Pães Asmos e nas Primícias. Ele subiu (ascendeu) ao céu depois de 40 dias, 10 dias
antes do Pentecostes. Ele ainda virá fisicamente cumprir mais três Festas.
Pentecostes
Depois das Primícias conta-se o Omer (feixe), a contagem dos 50 dias é chamada de
“contando o Omer“, contando os feixes. A nação de Israel ressuscitou quando saiu das
águas do Mar Vermelho e 50 dias depois Deus deu a eles a Lei, a Torah. Jesus
ressuscitou e 50 dias depois Deus nos concedeu o Ruach Ha’Kodesh (o Espírito Santo).
Ambos os casos citados tem o mesmo propósito (João 16.13 e Gálatas 5.22-23).
A Festa hebraica é chamada Festa do Shavuot. Shavuot significa “semanas” e se refere as
semanas que estão entre as Festas das Primícias e do Pentecostes. Nas Primícias, um
feixe de “grãos ázimos” era movido perante Deus, exatamente como Jesus, sem pecados,
foi movido (levantado) diante do Pai. No Shavuot, dois pães levedados (porosos) eram
levantados diante de Deus. Já que os dois pães contem levedura (fermento), o que eles
representam? Os dois pães são as duas partes da Igreja, a judia e a gentia, mas ambas
contem pecado. O término dessa quarta Festa traz o encerramento das Festas das
primeiras chuvas, as chuvas temporãs. Jesus falou sobre o Pentecostes em vários
momentos, inclusive no dia de sua ascenção (Atos 1.4-9).
Com isso finalizamos esse pequeno estudo sobre as Festas e seus significados proféticos.
O cumprimento das últimas três Festas está próximo, os sinais estão cada vez mais
visíveis. Nos artigos anteriores dessa série de Escatologia, já apresentei em que época
estamos, no próximo artigo vou apresentar vários sinais relacionados à essa época atual
em que vivemos. Se deseja estudar com mais profundidade os temas das Festas aqui
abordados, recomendo a leitura do livro “As Festas Judaicas do Antigo Testamento” do Dr.
Grady Shannon McMurtry (veja aqui), este artigo foi uma adaptação de vários trechos
dessa obra.
Que Deus o abençoe e ilumine Seu rosto sobre você!!!