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CFO – PENAL MILITAR

Crimes contra a autoridade e Disciplina


Militar
Prof. Rogério Silvio
PARTE ESPECIAL DO CPM
CRIMES CONTRA A AUTORIDADE E DISCIPLINA MILITARES – BREVES COMENTÁRIOS
Art. 149 Motim e revolta (propriamente militar)
Reunirem-se militares ou assemelhados:
Observe que o tipo não fala ajustarem/concertarem/combinarem, portanto no crime de motim, basta que a
ação de um agente se adira à ação do outro. O ânimo delituoso de um autor incentiva o do outro.
I – agindo contra a ordem recebida do superior, ou negando-se a cumpri-la (o superior fala que não é para
passar o serviço de sentinela, o superior manda a guarnição atender a ocorrência);
II – recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência
(guarnição policial – agredindo alguém na rua, o superior manda parar e os subordinados recusam a cessar a ação
delituosa);
III – assentindo em recusa conjunta de obediência (art. 163), ou em resistência (art. 177) ou violência (art.
157), em comum, contra superior;
IV – ocupando quartel (a greve dos bombeiros no RJ), fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento
militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-
se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência
a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar:
Haverá o crime de revolta se os agentes estavam armados (parágrafo único). Atente-se que o crime de
revolta é basicamente o mesmo motim (as condutas são as mesmas dos incisos I a IV), diferenciando-se, tão
somente, pela presença de armas entre os agentes. E, para se configurar a revolta deve haver no mínimo 02 agentes
armados. Por fim, não há necessidade de se fazer o uso das armas, basta portá-las.
Como o crime atenta contra a autoridade, observe que se 02 ou mais militares, praticarem recusa de
obediência, resistência ou violência contra superior, haverá o crime de motim ou revolta (inc. III), cujas penas são
maiores. Portanto, numa eventual caso em que dois Sargentos agridem um Tenente, haverá o crime de motim e não
o crime de violência contra superior.
No caso de prática de violência, os agentes responderão também pela pena correspondente à violência (art.
153).
O tipo prevê aumento de pena de um terço para os cabeças, assim considerados aqueles que dirigem,
provocam, instigam ou excitam a ação, bem como, os oficiais se estiverem em concursos com inferiores (praças) e,
também, os inferiores (praça) que exercem função de Oficial (art. 53, §§ 4º e 5º).
ART. 150 : ORGANIZAÇÃO DE GRUPO PARA A PRÁTICA DE VIOLÊNCIA (propriamente militar)
A Violência tem que ser física. A violência não importa, necessariamente, em lesão corporal, morte ou
dano ao bem. Não se exige que todos pratiquem a violência contra a mesma pessoa ou o mesmo bem, o importante
é a proximidade dos agentes, num recinto mais ou menos amplo.
A tipicidade se completa apenas com o porte do armamento ou material bélico, não exigindo sua utilização.
O porte de arma e a violência são elementos do tipo, logo, violência sem agentes armados ou agentes armados sem
violência, inexiste o crime do art. 150.
ART. 151: OMISSÃO DE LEALDADE MILITAR (propriamente militar)
A lei tutela a disciplina militar e neste caso, pune os atos preparatórios.
Existe a previsão de duas condutas omissivas: Deixar de comunicar (o agente tem conhecimento dos atos
preparatórios do delito e não os comunica ao superior); Omitir-se no uso de meios disponíveis (o agente encontra-
se presente no momento imediatamente anterior à consumação do motim ou da revolta e não usa dos meios
disponíveis para impedi-los).
Para a configuração do delito basta a omissão, ainda que o delito principal não se consume.
A comunicação deve ser feita ao superior em condições de tomar qualquer providência.
ART. 152: CONSPIRAÇÃO (propriamente militar)
É um crime formal, não exige que a deserção ocorra para se consumar.
O crime é de ajuste, de acordo, de comunhão de vontades, com o fim de cometer os crimes de motim e de
revolta. O tipo não exige reunião dos agentes, o concerto pode resultar da concordância de dois ou mais militares
separados, isto é, da conversa com um ou mais militares, que aceitam realizar o motim ou a revolta. O que importa
é a concordância, é a comunhão de vontades, o acerto para realização do motim ou da revolta. Não se confunde
com conversa, externando insatisfação, discordância, e sim a determinação para realizar o ato ilícito, embora sem
fixação de dia, hora ou local.
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Se o motim ou a revolta se consumar, a conspiração por eles será absorvida.
Fica isento de pena, o agente que após realizar atos de concerto, o militar arrependido comunica o ajuste,
mesmo posteriormente aos atos de execução, após iniciar o ataque ao bem jurídico tutelado, mas anteriormente à
consumação e, ainda, quando era possível evitar-lhes as consequências.
A consumação do delito, a omissão da autoridade informada sobre o crime vindouro ou a ineficácia dos
meios adotados, não impede a isenção da pena. O que importa é a denúncia, quando era possível evitar as
consequências do delito ajustado.

ART. 154: ALICIAÇÃO PARA MOTIM OU REVOLTA (impropriamente militar)

Aliciar que consiste em convidar, seduzir, atrair, dois ou mais militares para a prática de motim e de
revolta, de organização de grupo armado para a prática de violência, omissão de lealdade militar e conspiração.
É um crime formal, pois não se exige a concretização do delito fim, sendo suficiente o convite revestido de
circunstâncias que demonstrem a seriedade de propósito e a possível viabilidade. Diante da gravidade dos fatos, a
lei antecipa-se, elegendo como crime o fato de convidar, seduzir, atrair militares para a prática dos delitos
pretendidos, sem aguardar qualquer resultado do ato ilícito.
A aliciação se dá por qualquer meio. Ex.: rádio, televisão, panfletos etc, sendo indispensável que chegue ao
conhecimento dos aliciados.

ART. 155: INCITAR À DESOBEDIÊNCIA, À INDISCIPLINA OU À PRÁTICA DE CRIME MILITAR


(impropriamente militar)

O verbo incitar, descrito no núcleo do tipo, tem a significação de açular, excitar, provocar; é incitar a
revolta. Tratando-se de crime formal, o crime se consuma sem que alguém cometa atos de desobediência e de
indisciplina ou pratique crime militar.
Pode ser cometido até mesmo por meio da Internet (Blogs, Orkut etc).
Observe que este crime é mais amplo que o anterior, pois, lá alicia só para crimes específicos e aqui, incita
a prática de crime militar, a desobediência e a indisciplina.
O crime não precisa ser praticado em lugar sujeito à administração militar, a não ser nos casos de afixação
de impressos, cujo conteúdo contenha incitamento á prática dos crimes previstos no artigo (parágrafo único).

ART. 156: APOLOGIA (impropriamente militar)

Fazer apologia significa: louvar, elogiar, enaltecer, exaltar.


Para a configuração do delito é necessário que a apologia se refira a fato real e determinado que o CPM
tipifica como crime ou ao autor do crime militar (deve ter sido condenado transitado em julgado) e deve ocorrer em
local sujeito à administração militar.
É crime formal que se consuma no momento em que ocorre o elogia em público. É possível a tentativa, se
por exemplo, o agente posta um artigo na internet, porém, por falha do sistema a mensagem não seja publicada.

ART. 157: VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR (propriamente militar)

Os sujeitos: ativo e passivo (secundário) devem ser militares.


O agressor tem que saber que a vítima é um superior (art. 47, I).
A violência exigida para caracterização deste delito é a violência física, consistente em tapas,
empurrões, rasgar roupas, puxão de orelhas, pontapés e socos que podem ou não provocar lesões. Caso
restem lesões o crime será qualificado.
A agressão verbal poderá caracterizar outros delitos, tais como desrespeito a superior (art. 160),
desacato a superior (art. 298) etc.
Se o superior agredir ou provocar injustamente o subordinado, fica afastada incidência do crime (art. 47,
II). Imagine por exemplo um superior bêbado destratando um subordinado, agredindo-o, xingando-o.
Se a vítima for o Comandante da Unidade do agente ou Oficial General, haverá uma nova pena em abstrato
(reclusão de 03 a 09 anos)
Haverá aumento de pena, da seguinte forma:
1) com emprego de arma: 1/3;
2) se ocorre em serviço: 1/6.

Haverá concurso formal se houver lesão corporal. E se restar morte a pena será única (reclusão de 12 a 30
anos).
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ART. 158 – VIOLÊNCIA CONTRA MILITAR DE SERVIÇO (impropriamente militar)

Com relação à violência, permanece os comentários feitos ao crime acima. Inclusive, a ausência de
elemento constitutivo do crime prevista no art. 47, II, a saber, a ação praticada em repulsa a agressão.
O sujeito passivo somente será o militar que estiver exercendo uma das funções descritas no tipo penal
(Oficial: de dia, similar ou CPU / praça: sentinela, vigia ou plantão). Tutela-se a integridade do militar responsável
pela segurança do aquartelamento, ou seja, está protegendo à Instituição Militar.
Se a vítima for superior, mas encontrar-se num dos serviços discriminados, o crime previsto no art. 158
absorve o do art. 157, visto que a violência contra militar de serviço é mais específica.
As causas de aumento de pena e o concurso formal, seguem, basicamente, o mesmo tratamento do delito
anterior.
Diz o art. 159 que no crime em comento e no anterior, se ficar evidenciado que a morte ou lesão ocorreram por
culpa do agressor a pena do crime de contra a pessoa é reduzida à metade (ex: O Sd PM desfere um tapa no rosto
do Sgt PM, quando este se desequilibra e cai sobre o braço, quebrando este membro do corpo).

ART. 160 - DESRESPEITO A SUPERIOR (propriamente militar)

Os sujeitos: ativo e passivo (secundário) devem ser militares.


Desrespeitar significa faltar ao respeito, perturbar, praticar um gesto de indelicadeza. No caso, o agente,
inferior (subordinado), falta com o devido respeito a seu superior. Exige o tipo penal que o fato seja praticado na
presença de outro militar, independentemente do grau hierárquico.
No meio social é considerada mera falta de educação e no serviço público civil, enseja punição disciplinar.
Na sociedade hierarquizada militar, o legislador houve por bem incluir no elenco dos crimes militares a falta de
respeito, de consideração do subordinado para com o superior hierárquico, ampliando, dessa forma, a proteção à
disciplina militar.
O desrespeito pode manifestar-se através de gestos, atitudes e palavras. Assim, um gesto de desaprovação,
de crítica, pode considerar-se um a atitude desrespeitosa. Uma palavra de crítica, de menosprezo, brincadeiras na
rede de rádio, gestos, desenhos exibidos ostensivamente, dar as costas a um superior, retirar-se de sua presença sem
licença, podem constituir-se, conforme as circunstâncias, ofensa à autoridade do superior.
É crime subsidiário, pois, se a intenção é de deprimir ou ofender a dignidade do superior será o crime de
desacato a superior (art. 298).
Se a vítima for o Cmt da Unidade ou Oficial general aumenta a pena pela metade.
O crime em comento, em alguns casos, se parece e até se confunde, com o desacato a superior (art. 298).
Sendo, inclusive, controversos os entendimentos acerca de alguns casos concretos, podendo se afirmar seguramente
que o desacato é delito mais grave e mais afrontoso À autoridade, embora, tenha sido tipificado no capitulo dos
crimes contra a administração militar. Nesta esteira, cita-se aqui algumas diferenças entre os dois delitos:

DESRESPEITO DESACATO (art. 298)


Na presença de outro militar. Não precisa estar na presença de outro militar.
Crime contra a autoridade ou disciplina Crime contra a administração militar.
militares.
Falta de educação, desconsideração, indiferença Procura deprimir a autoridade ou ofender a
etc. dignidade e o decoro
Ex: gestos, caricaturas, rir (zombar) do superior, Ex: chamar o superior de muxiba, frouxo, burro,
etc. fraco, incompetente, etc
Desrespeito a superior se difere da recusa a obediência e da desobediência, visto que naquele não existe
uma ordem emanada.

ART. 161 – DESRESPEITO A SIMBOLO NACIONAL (propriamente militar)

Somente se configura se praticado diante da tropa ou em lugar sujeito à administração militar. Ultraje a
símbolo nacional consiste no insulto, vilipêndio, menosprezo, manifestados por meio de palavras gestos, escritos
etc.
O art. 1º da Lei federal n. 5700/71 estabelece que são Símbolos Nacionais, e inalteráveis: a Bandeira
Nacional; o Hino Nacional; as Armas Nacionais; o Selo Nacional.
Exemplos: cuspir na bandeira nacional, dançar funk enquanto é entoado o hino nacional.
Se for bandeira estadual (de MG) não configura o crime.

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ART. 162 – DESPOJAMENTO DESPREZÍVEL (propriamente militar)

O agente atua com o dolo de menosprezar, desprezar a instituição militar. Ex: retirar a divisa de sargento e
dizer que ela não significa nada; despe-se da farda, joga-a no chão, pisa em cima e coloca fogo.
Muito embora, o tipo não utiliza a expressão militar, a conduta praticada por um civil não ofende a
disciplina militar.
Despojar significa despir-se, desvestir-se, tornando a ação típica quando é feita em relação ao uniforme,
condecoração militar (medalhas e comendas), insígnia (autoridade – postos e graduações) ou distintivo (cursos)
levado a efeito por menosprezo (desconsiderar) ou vilipêndio (afrontar).
A questão da agravante do parágrafo único. Não precisa ser em local sujeito à administração militar e nem
diante de outro militar. Mas, se ocorrer diante da tropa ou em público aumenta a pena da metade.

ART. 163 – RECUSA DE OBEDIÊNCIA (propriamente militar)

É também chamada de insubordinação. A ordem emanada deve ser inerente a assunto de serviço ou dever
imposto em lei, regulamento ou instrução.
Ex: O Ten manda o soldado confeccionar o BO e este se recusa; O Sgt se recusa a fazer a escala de serviço
determinada pelo Capitão.
O núcleo do tipo é recusar-se, é negar-se a cumprir ordem do superior. A recusa consiste em manifestação
de vontade que se exterioriza sob as formas mais variadas, por meio de palavra, gesto, imobilidade, agir de forma
contrária à ordem recebida.
A ordem pode ser escrita ou verbal, dada diretamente pelo superior ou por interposta pessoa, sendo, no
entanto, indispensável seu conhecimento pelo subordinado. Determinadas circunstâncias relacionadas como a
espécie da ordem ou sua execução, admitem pedido de confirmação pelo subordinado, desde que tal solicitação não
sirva de pretexto para retardar ou deixar de cumprir a ordem.
Requisitos da ordem:
a) a ordem tem que ser: imperativa (exigência), pessoal (não tem caráter geral) e concreta (não sujeita a apreciação,
ordem pura e simples);
b) a ordem tem que ser legal.
Trata-se de crime subsidiário, pois a recusa de obediência poderá evoluir para o delito de motim ou revolta
(art. 149), violência contra superior (art. 157), ou outro delito penal militar, cujas penas são mais severas.

Observações:
Recusa a obediência e Descumprimento de missão (art. 196) – a insubordinação tem como objeto
jurídico a “autoridade ou a disciplina militar”, ao passo que o delito de descumprimento de missão tem como objeto
jurídico “o serviço militar e o dever militar”. A única semelhança é que ambos os crimes têm como essência o não-
cumprimento de uma ordem legal em matéria de serviço, porém, na insubordinação, há recusa imediata no
cumprimento desta ordem, ao passo que no descumprimento de missão, o militar não se recusa a receber a ordem,
mas, tendo-a recebido, não a cumpre posteriormente.

Recusa a obediência e desobediência (art. 301) - enquanto o delito de recusa de obediência é crime militar
próprio, somente podendo praticá-lo o inferior diante de um superior, o de desobediência é crime militar impróprio,
podendo o superior, e até mesmo o civil, praticá-lo. Na recusa, a ordem refere-se a matéria de serviço ou dever
imposto em lei regulamento ou instrução, na desobediência basta que a ordem seja legal e o receptor da ordem
figura como se fosse um particular (ex: durante uma blitz o PM fiscalizador determina que o militar, condutor de
um veículo entregue-lhe os documentos para a devida conferência).

Art. 164 - Oposição à ordem de sentinela (crime impropriamente militar)

Novamente se tutela a instituição militar, agora representada pelo militar que detém a responsabilidade
pela segurança da Unidade.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive, um superior.
É crime subsidiário, se houver violência contra a sentinela, configura o crime previsto no art. 158.
Só para registro, se o sujeito ativo for civil ou militar federal e a sentinela for militar estadual, inexiste o
crime, prevalecendo o tipo penal previsto no art. 330 do CP.

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Art. 171 - Uso indevido por militar de uniforme, distintivo ou insígnia (propriamente militar)

O crime se refere ao militar que se apresenta indevidamente fardado, em posto ou graduação superior à
sua, afrontando os pilares da disciplina e hierarquia.
São os casos em que um Sd PM fardado utiliza divisa de sargento ou o Ten PM fardado utiliza estrela de
Capitão, etc.
Quando a norma fala sobre uniforme, considere a farda e aqueles uniformes não interpretados como farda,
por exemplo o agasalho de Educação Física. O que deve ter em mente é que no uniforme existem características
que diferenciam os postos e graduações, que são as insígnias (indicadores do posto ou graduação) e distintivos
(indicadores de cursos relacionados ao posto ou graduação, como distintivo do curso do CFO).
É crime de mera conduta, basta usar dolosamente.
É crime subsidiário, podendo ser absorvido pelo estelionato (art. 251).

Art. 172 - Usar, indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia militar a que não tenha direito
(impropriamente militar)

No crime anterior, somente o militar que usa uniforme, distintivo ou insígnia de posto ou graduação
superior, pratica aquele crime. Aqui, o crime é pratricado por qualquer pessoa que não tenha direito ao uso do
uniforme, distintivo ou insígnia militares.
Portanto, são exemplos: um militar PM usa uma farda de BM, um Cap PM usa insígnia de Ten PM na sua
farda, um civil utiliza fardamento das forças armadas; um Sd PM usa um uniforme de militar das forças armadas,
ainda, que seja com insígnia de Cb PM.
Cita-se, que nem mesmo o militar inativo tem direito a usar farda se não for devidamente autorizado,
conforme súmula n. 57 do STF: “Militar inativo não tem direito ao uso do uniforme, fora dos casos previstos em lei
ou regulamento”.
Só para registro, se o civil ou militar das forças armadas utilizar farda da PM, inexiste o delito, e a conduta
se amoldará à contravenção penal prevista no art. 46 da LCP.

Art. 174 - Rigor excessivo (propriamente militar)

Além de ser propriamente militar, somente o Oficial pode praticá-lo (crime próprio), pois, a pena prevista é
a suspensão do posto.
Trata-se de abuso de autoridade, sendo esta mal exercida pelo superior para disciplinar os subordinados.
É crime subsidiário, sendo absorvido, por exemplo, pelo crime de sequestro ou cárcere privado (art. 225).
O delito pode ser cometido de duas formas. Na primeira o superior usa rigor não permitido nos
regulamentos ao punir o subordinado. É o caso de recolhê-lo à prisão, deixando-o sem alimento para tornar o
castigo mais severo. Na Segunda, ao aplicar punição verbal ou escrita, o superior usa palavras ofensivas ao
subordinado, incluindo-se a ofensa por meio de gestos.

Art. 175 Violência contra inferior (propriamente militar)

Tanto o sujeito ativo quanto passivo devem ser militares.


Exemplos: chutar o subordinado, empurrá-lo, dar-lhe um soco no peito, etc.
Aqui o legislador está protegendo não a autoridade, mas a disciplina militar, pois, não somenos relevante é
o respeito à integridade física do subordinado que deve ser observado pelo superior, sob pena de se romper com a
harmonia entre os militares (vide art. 47, II).
Quanto à violência, considere os mesmos comentários já feitos.
Chama-se a atenção para o fato de neste crime, no caso de restar morte haverá duas penas e não uma, como
ocorre nos tipos previstos nos arts. 157 e 158.
A figura preterdolosa do art. 159, aplica-se aqui.

Art. 176 Ofensa aviltante a inferior (propriamente militar)

Ato aviltante é aquele que desvaloriza, subjuga a vítima.


Exemplos: dar um tapa no rosto do recruta na frente da tropa; mandar o inferior ficar na posição de apoio
(posição de flexão de braço) e pisar em suas costas ou cabeça; empurrar o inferior e na sequência. Cuspir-lhe no
rosto.

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A ofensa aviltante, que se constituiria em injúria real (CPM, art. 217) é aqui apenada com mais severidade,
em função da tutela necessária à civilidade, parte da Educação Militar e de interesse vital para a disciplina
consciente.
Aplica-se aqui os mesmos comentários do artigo anterior em relação á lesão corporal ou morte.

Como existe certa semelhança entre os crimes previstos nos arts. 174, 175 e 176, apresenta-se aqui
algumas diferenças:

Rigor excessivo Violência contra inferior Ofensa aviltante a inferior


Supõe-se que o inferior tenha Independe de comportamento Independe de comportamento
praticado algum desvio de do inferior. E não precisa do inferior. E não precisa
conduta. E o superior vai puni- necessariamente ser uma necessariamente ser uma
lo. punição. punição.
Não existe violência. Não Existe a violência física. Existe a violência física e com
existe previsão legal para natureza de humilhação,
punição aplicada. envilecimento, subjugo.
Sujeito ativo: somente Oficial Sujeito ativo: qualquer Sujeito ativo: qualquer
na condição de superior. superior. superior.

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