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RESUMO: Esse artigo teve como objetivo apresentar uma proposta de intervenção
realizada junto aos alunos da Educação Básica visando a compreensão da
importância do aproveitamento da energia solar por meio da produção de um
trabalho para feira de ciências. A metodologia contou com as seguintes etapas:
apresentação de proposta de elaboração de um trabalho para ser apresentado em
uma feira de ciências, formação de uma equipe composta por seis alunos que se
voluntariaram para desenvolver o trabalho, escolha de um tema relacionado aos
conteúdos curriculares que fosse de interesse dos alunos, neste caso “energia solar
e suas contribuições para redução do efeito estufa”, leitura e fichamento de textos
visando a elaboração de um projeto, elaboração do projeto, desenvolvimento do
projeto pelos alunos sob orientação docente, apresentação dos resultados em uma
feira de ciências, redação do presente trabalho. O trabalho desenvolvido revelou
que, elaborar um projeto, desenvolver um trabalho fundamentado em pesquisa
bibliográfica e apresentá-lo ao público em uma feira de ciências com dados
sistematizados em um cartaz, associado a um elemento concreto (aquecedor solar
feito com materiais recicláveis) foi uma experiência inédita para os alunos e para a
orientadora uma vez que em nossas escolas não é comum seguir todos os passos
preconizados para uma feira de ciências. Nessa proposta buscou-se valorizar a
construção dos alunos, articulando os conhecimentos à cultura científica,
socialmente valorizada, considerando que a formação do sujeito crítico, reflexivo e
analítico, consolida-se por meio de um trabalho no qual o professor reconhece a
necessidade de superar concepções pedagógicas tradicionais, ao mesmo tempo em
que busca compartilhar com os alunos a afirmação de saberes científicos a favor da
compreensão de um ambiente sustentável.
Introdução
que compromete a sobrevivência das gerações atuais, podendo ser decisiva para as
futuras gerações.
Apesar de todos os alertas apresentados na mídia e do estudo de questões
ambientais em diversas séries do ensino básico como destaca Sirvinskas (2008), o
homem tem contribuído para a degradação cada vez mais intensa cometida por
ações ou omissões contra o meio ambiente, colocando em perigo a existência da
própria civilização.
Da mesma forma que o desenvolvimento tem pressionado o ser humano pela
eficiência, o meio ambiente está sendo pressionado para atender às demandas
materiais e para receber os resíduos gerados neste modelo que se curvou ao
consumo.
Segundo Andreoli et al. (2003), o modelo de desenvolvimento da sociedade
industrial está se esgotando por não conhecer limites, uma vez que ocorreu de
forma desordenada, sem planejamento e às custas de níveis crescentes de poluição
e degradação ambiental. Estes problemas começaram a causar impactos negativos
significantes, num primeiro momento de forma localizada, mas que atualmente
adquire importância global, e cujos sintomas são percebidos na degradação dos
recursos naturais, nas disparidades sociais e na onda crescente dos conflitos pelo
planeta.
No que tange ao mercado de energia renovável, esta vem crescendo, no
entanto, o tempo hábil que se tem para a transição do uso de combustíveis fósseis
para as renováveis é relativamente curto. Fernandes (2008) aponta que num futuro
próximo, a maioria das usinas de energia existentes no país pode chegar ao fim,
devendo ser substituídas. Assim, quaisquer que sejam os planos de geração de
energia para os próximos anos, estes definirão o suprimento de energia para as
próximas gerações. Menciona ter a convicção de que esta deve ser a geração solar.
Merece destaque o fato de que o Brasil, por se constituir num país localizado
na sua maior parte na região inter-tropical, possui grande potencial de energia solar
durante todo ano (TIBA et al., 2000). A utilização da energia solar pode ocasionar
benefícios em longo prazo para o país, contribuindo para o desenvolvimento de
regiões longínquas, nas quais o custo da eletrificação pela rede convencional é alto
com relação ao retorno financeiro do investimento, regulando a oferta de energia em
situações de estiagem, atenuando a dependência do mercado de petróleo, bem
como a redução de emissões de gases poluentes à atmosfera como preconiza a
Conferência de Kyoto (COLLE; PEREIRA, 1998).
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METODOLOGIA
RESULTADO
Introdução/Justificativa
país, que pode ser convertida em energia elétrica e acumulada, ou mesmo usada
diretamente no aquecimento de água, sem poluir e sem causar qualquer tipo de dano ao
meio ambiente, contribuindo, assim, para diminuição do aquecimento global.
Objetivos
- Promover através da investigação ou pesquisa o entendimento que a energia
solar é limpa, renovável e economicamente viável.
-Compreender o processo de conversão da energia solar em energia térmica e
elétrica.
-Socializar com a comunidade os novos conhecimentos despertando nos
mesmos, uma consciência crítica e um novo comportamento,
Metodologia
Pesquisas em livros, revistas, documentários, banco de dados
Leitura e análise de textos
Fichamento
Redigir o próprio texto baseado nos textos lidos.
Confeccionar o protótipo de aquecedor solar.
Confeccionar o cartaz (painel).
Produto Final
Os conhecimentos adquiridos serão compartilhados com a comunidade por
meio da apresentação em uma feira de ciências.
Cronograma
Julho, agosto e setembro: Pesquisa.
Outubro: Confecção do protótipo.
Novembro: Apresentação à comunidade e análise dos resultados.
tendo cursado apenas até a 5a série. Ele nos deu as primeiras instruções sobre o
material de que necessitaríamos. Com o material em mãos, voltamos para a
confecção do protótipo aos sábados.
Assim, foi explicado como proceder para manusear o material reciclável e
canos, cortando-os na medida certa. Essa tecnologia foi criada pelo Sr. José Alano
um morador da cidade de Tubarão-SC, com a finalidade de contribuir com a
população de baixa renda, possibilitando o acesso à "água quente" com baixo custo,
e beneficiar a natureza, pois além do aquecedor não causar poluição, retira
materiais poluentes do meio ambiente.
Um senhor que confecciona o aquecedor solar sob encomendas, instalando-o
em residências, com custo baixo, o que torna o produto acessível, comentou que
como o aquecedor é confeccionado com materiais recicláveis, sua aparência não é
das melhores (Figura 1).
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caso não haja democracia, nem processo significativo, se não houver uma
coordenação que a serviço do grupo, tenha como tarefa organizar sua concepção e
ter ação coerente com ela. Não estamos propondo que se tenha alguém que mande
para que alguém obedeça. Quando trabalhamos coletivamente não há “autoridades,
pois todos se tornam responsáveis pelo processo e pelos resultados dele, acabando
com um dos mitos educacionais – a existência de autoridade(s) que deve(m) decidir,
resolver e de quem se espera toda a solução dos problemas existentes na escola.
Conforme proposto pelas Diretrizes Curriculares de Ciências para o Ensino
Fundamental – Paraná (2008, p. 41):
Esse novo caminhar indica a troca imediata da “ação sobre” pela “ação junto”,
porque precisamos ter consciência de que todo processo de mudança que deseja
construir uma escola democrática, com vista à democratização do ensino, necessita
direcionar seu trabalho para a redescoberta do valor da pessoa humana, de sua
capacidade e de sua insubstituibilidade. Esta é a primeira mudança que
consideramos necessário estabelecer.
Definidas as questões iniciais, considerou-se a necessidade de organizar um
plano, cujo objetivo era dar consistência ao trabalho educacional, havendo
necessidade de coerência, já que nenhuma ação se baseia em aventuras, mas em
teoria e conhecimento da realidade. Para tanto, entendeu-se a importância de criar
espaços de leitura e estudos, e que se pensasse na implantação de uma
metodologia para a ação de todo o grupo, que passou a se reunir toda semana em
horário contrário às aulas na própria escola .
Após a identificação do problema dentro do contexto, orientadora e alunos
iniciaram a pesquisa-ação para apurar os dados pertinentes ao assunto proposto, As
fontes de dados incluíram, num primeiro momento, uma pesquisa bibliográfica,
através de leituras, análise e fichamento de livros, periódicos e banco de dados
relacionados ao tema proposto.
Os alunos foram orientados sobre a forma de resumir e fichar textos técnicos
científicos, utilizando para isso um roteiro composto por 05 (cinco) questões
recomendadas por Silva (2004), a saber: 1 – do que o texto trata (tema)? 2 – Qual o
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As perguntas elaboradas nesta etapa não são respondidas aqui, mas sim na
fase da Instrumentalização, quando os alunos estão efetivamente construindo, de
forma mais elaborada, seu conhecimento, seus conceitos.
De acordo com Gasparin (2005), a problematização é o fio condutor de todo o
processo de ensino-aprendizagem. Todavia, este momento é ainda preparatório, no
sentido de que o educando, após ter sido desafiado, provocado, despertado e ter
apresentado algumas hipóteses de encaminhamento, compromete-se teórica e
praticamente com a busca da solução para as questões levantadas. O conteúdo
começa a ser seu. Já não é mais apenas um conjunto de informações
programáticas. A aprendizagem assume, gradativamente, um significado subjetivo e
social aprendente.
Assim, inicialmente percebemos uma grande dificuldade dos alunos em se
motivarem para a leitura associada a dificuldades de interpretar e extrair dos textos
aquilo que mais interessava em função do direcionamento do trabalho da equipe.
Talvez tais dificuldades estejam relacionadas ao fato de na maioria das vezes os
alunos lerem para a fruição estética enquanto a maior expectativa dos professores é
de que leiam para aprender. Ao elaborar um trabalho para feira do conhecimento em
que o aluno tenha necessariamente que ler e, posteriormente, produzir um texto
sintético com as idéias principais de tudo que leu implica em ler para aprender.
Ler para aprender, no entanto, é tarefa complexa. Envolve várias operações cognitivas – buscar
informações, colher dados, distinguir o que é conceito, argumento, pressuposto, fato, opinião
ou juízo de valor; verificar se as relações entre argumentos e conclusões são pertinentes;
discernir e comparar o tratamento do mesmo assunto em diferentes autores; comparar suas
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próprias idéias com as dos autores e tirar conclusões; aplicar o conhecimento obtido á solução
ou à discussão de um problema, etc.(SILVA, 2004 p.105).
Percebeu-se que essas alunas não tinham formado o conceito que o Sol é
fonte primordial de toda forma de energia que se tem na terra, ou seja, que as fontes
de energia são, em última instância, derivadas do sol.
É a partir da energia do sol que se dá a evaporação, origem do ciclo das
águas, que possibilita o represamento e a conseqüente geração de eletricidade nas
usinas hidrelétricas. A radiação solar também induz a circulação atmosférica em
larga escala, causando os ventos que geral a energia eólica. Petróleo, carvão e gás
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natural foram gerados a partir dos resíduos de plantas e animais que, originalmente,
obtiveram a energia necessária ao seu desenvolvimento, da radiação solar.
A energia que acende as lâmpadas e liga os aparelhos elétricos em nossa
casa também vem do sol. A energia elétrica é produzida em usinas. No Brasil temos
usinas termelétricas e hidrelétricas.
Uma usina termelétrica produz energia elétrica a partir do calor que é obtido
com a queima de óleo (petróleo ou derivados) ou carvão, ambos resultantes da
decomposição de matéria orgânica soterrada. Uma caldeira com água é aquecida,
entra em ebulição e vira vapor que é conduzido até as turbinas.
Então, como os carros, essas usinas também usam energia do sol.
As usinas hidrelétricas utilizam a energia de quedas-d’água para gerar
energia elétrica. Para que haja queda que impulsionem as turbinas, as represas
precisam estar cheias. E isso acontece por causa da evaporação/chuva, processo
alimentado pelo sol.
Após o confronto entre as informações que os alunos possuíam e o
conhecimento científico adquirido, os mesmos demonstraram interesse em
apresentar soluções alternativas para o problema. Esse interesse foi demonstrado
por meio de propósitos e compromisso com a elaboração de um projeto de
pesquisa.
De acordo com Paraná (2008, p. 23), nos dias atuais, o educando “tem mais
acesso a informações sobre o conhecimento científico, no entanto, constantemente
reconstrói suas representações a partir do conhecimento cotidiano, formando as
bases para a construção de conhecimentos alternativos, úteis na sua vida diária”.
Nessa perspectiva, o novo indicador da aprendizagem escolar, segundo
Gasparin (2005) consiste na demonstração do domínio teórico do conteúdo e no seu
uso pelo aluno, em função das necessidades sociais a que deve responder. Esse
procedimento implica um novo posicionamento, uma nova atitude do professor e dos
alunos em relação ao conteúdo e à sociedade: o conhecimento escolar passa a ser
teórico-prático. Implica que seja apropriado teoricamente como um elemento
fundamental na compreensão e na transformação da sociedade.
Essa nova postura implica trabalhar os conteúdos de forma contextualizada
em todas as áreas do conhecimento humano. Isso Possibilita evidenciar aos alunos
que os conteúdos são sempre uma produção histórica de como os homens
conduzem sua vida nas relações sociais de trabalho em cada modo de produção.
Conseqüentemente, os conteúdos reúnem dimensões conceituais, científicas,
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O interesse do professor por aquilo que os alunos já conhecem é uma ocupação prévia sobre o
tema que será desenvolvido. É um cuidado preliminar que visa saber quais as “pré-ocupações”
que estão nas mentes e nos sentimentos dos escolares. Isso possibilita ao professor
desenvolver um trabalho pedagógico mais adequado, a fim de que os educandos, nas fases
posteriores do processo, apropriem-se de um conhecimento significativo para suas vidas
(GASPARIN, 2005, p.16)
O processo de aprendizagem obedece algumas etapas que se sucedem e que permitem graus
variados de aprofundamento do raciocínio. O “simplesmente “ler” implica em um nível de
complexidade; o “ler escrevendo”, outro nível de complexidade; executando uma atividade,
outro nível mais profundo de complexidade de mobilização cerebral (MIRANDA NETO; BRUNO
NETO, 2008, p. 2).
Evidentemente, essa nova forma pedagógica de agir exige que se privilegiem a contradição, a
dúvida, o questionamento que se valorizem a diversidade e a divergência que se interroguem
as certezas e as incertezas, despojando os conteúdos de sua forma naturalizada, pronta,
imutável. Se cada conteúdo deve ser analisado, compreendido e apreendido dentro de uma
totalidade dinâmica, faz-se necessário instituir uma nova forma de trabalho pedagógico que dê
conta deste novo desafio para a escola.
Assim, com base numa postura pedagógica fundamentada numa teoria crítica
do conhecimento, os alunos foram levados a pensar que a pesquisa é “conquista
lenta e progressiva”, porém há que se começar, primeiro, aprender a aprender, não
copiar, não se recusar à elaboração com meras cópias, leituras ruins, feitas pela
metade ou número prévio de páginas estabelecidas. “É o aluno que deve saber
descobrir o que ler, quanto ler, como ler, para formar o seu próprio juízo. Sobretudo,
deve saber justificar quando e por que julga “ter dado conta do tema”, sem empáfias
exaustivas” (DEMO, 1996, p. 67).
No processo de elaboração do projeto, observou-se que a mediação do
professor foi fundamental, possibilitando aos mesmos o acesso ao conhecimento
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[...] a mediação realiza-se de fora para dentro quando o professor atuando como agente cultural
externo possibilita aos educandos o contato com a realidade científica. Ele atua como
mediador, resumindo, valorizando, interpretando a informação a transmitir. Sua ação desenrola-
se na zona de desenvolvimento imediato, através da explicitação do conteúdo científico, de
perguntas sugestivas, de indicações sobre como o aluno deve iniciar e desenvolver a tarefa, do
diálogo, de experiências vividas juntos, da colaboração. É sempre uma atividade orientada,
cuja finalidade é forçar o surgimento de funções ainda não totalmente desenvolvidas.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
COLLE, S., PEREIRA, E.B. Atlas de Irradiação Solar do Brasil (Primeira Versão
para Irradiação Global Derivada de Satélite e Validada na Superfície) Brasília:
Instituto Nacional de Meteorologia -INMET, 1998, 58 pp.
DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 7.ed. São Paulo: Cortez, 1996.
ECO, U. Como se faz uma tese. 12 ed. São Paulo: Perspectiva, 1995.
SILVA, A.C.T. Orientações para o primeiro projeto de pesquisa. In: SILVA, A.C.T.;
BELLINI, L.M. Métodos e técnicas de pesquisa em educação. Maringá: UEM,
2005.
UMUARAMA - PARANÁ
2008