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sont2017 CCatecismo da lgreja Cates. Pardgratos 1-25 PROLOGO «PAI, [..] 6 esta a vida etema: que Te conhegam a Ti, tinico Deus verdadeiro, € Aquele que enviaste, Jesus Cristo» (Jo 17, 3). «Deus, nosso Salvador [...J, quet que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2, 3-4). «Nao existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos» (Act 4, 12), sendo o nome de JESUS. 1. A vida do homem — conhecer ¢ amar a Deus 1. Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em Si mesmo, num designio de pura bondade, criou livremente o homem para o tornar participante da sua vida bem-aventurada. Por isso, sempre e em toda a parte, Ele esta proximo do homem, Chama-o e ajuda-o a procuré- Lo, a conhecé-Lo ¢ a amé-Lo com todas as suas forgas. Convoca todos os homens, dispersos pelo pecado, para a unidade da sua familia que & a Tgreja, Para tal, enviou o seu Filho como Redentor e Salvador na plenitude dos tempos. N'Ele e por Ele, chama os homens a tornarem- se, no Espirito Santo, seus filhos adoptivos e, portanto, herdeiros da sua vida bem-aventurada, 2. Para que este convite se fizesse ouvir por toda a Terra, Cristo enviou os Apéstolos que escolhera, dando-lhes 0 mandato de anunciar o Evangelho: «lde, pois, fazei discipulos de todas as nagdes, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo, ensinando-os a cumprirem tudo quanto vos prescrevi. E eis que Eu estou convosco todos os dias até ao fim do mundo» (Mr 28, 19-20). Fortalecidos por esta missio, os Apdstolos «partiram a pregar por toda a parte ¢ o Senhor cooperava com eles confirmando a Palavra com os sinais que a acom- panhavam (Me 16, 20). 3. Aqueles que, com a ajuda de Deus, accitaram o convite de Cristo ¢ livremente Lhe responderam, foram por sua vez. impelidos, pelo amor do mesmo Cristo, a anunciar por toda a parte a Boa-Nova, Este tesouro, recebido dos Apéstolos, foi fielmente guardado pelos seus sucessores. Todos 0s figis de Cristo so chamados a transmiti-lo de gerago em geragio, anunciando a fé, vivendo-a em partilha fraterna e celebrando-a na liturgia e na oragdo (I). IL. Transmitir a fé— a catequese 4, Bem cedo se chamou catequese ao conjunto de esforgos empreendidos na Igreja para fazer discipulos, para ajudar os homens a acreditar que Jesus ¢ 0 Filho de Deus, a fim de, pela fé, terem a vida em seu nome, e para os educar e instruir nessa vida, construindo assim o Corpo de Cristo (2). 5. «A catequese & uma educacdo da fé das ctiangas, dos jovens ¢ dos adultos, que compreende especialmente 0 ensino da doutrina cristd, ministrado em geral dum modo orgénico e sistematico, em ordem & iniciagdo na plenitude da vida crist&» (3) 6. Sem se confundir com eles, a catequese articula-se com um certo mimero de elementos da missio pastoral da Igreja que tém um aspecto catequético, preparam para a catequese ou dela derivam: o primeiro aniincio do Evangelho ou pregagao missiondria, para suscitar a fé; a busca das razes de acreditar; a experiéncia da vida crista; a celebragdo dos sacramentos; a integragao na comunidade eclesial; o testemunho apostélico e missionétio (4) hntpiwww.vatican.valarchiveleathochism_poiindex_now/prologo%201-26_po.ttml 8 aontwa0%7 Cateisme da lea Cattea. Pardgraos 1-25 7. «A catequese esta intimamente ligada a toda a vida da Igreja, Dependem essencialmente dela no s6 a expansdo geogrifica o crescimento numérico, mas também, e muito mais ainda, o crescimento interior da Igreja e a sua conformidade com o designio de Deus» (5). 8. Os periodos de renovagdo da Igreja so também tempos fortes de catequese. Assim, na grande época dos Padres da Igreja, vemos santos bispos consagrarem parte importante do seu ministério a catequese, como por exemplo Sao Cirilo de Jerusalém, Sao Joao Criséstomo, Santo Ambrésio, Santo Agostinho e tantos outros Padres, cujas obras catequéticas continuam a ser modelo. 9. O ministério da catequese vai buscar energias sempre novas aos concilios. © Concilio de Trento constitui, a este respeito, um exemplo a sublinhar: nas suas constituigdes e decretos, deu prioridade & catequese; esté na origem do Catecismo Romano que tem o seu nome e que constitui um trabalho de primeira ordem como compéndio da doutrina eristd; fez nascer na Igreja uma organizagdo notvel da catequese; e, gragas a santos bispos e tedlogos, como So Pedro Canisio, Sdo Carlos Borromeo, Sao Toribio de Mogrovejo e Sdo Roberto Belarmino, levou a publicago de numerosos catecismos. 10. Nao admira, pois, que, na sequéncia do II Concilio do Vaticano (que o Papa Paulo VI considerava como o grande catecismo dos tempos modernos), a catequese da Igreja tenha de novo chamado a atengio. O Directorio catequético geral, de 1971; as sessbes do Sinodo dos Bispos consagradas & evangelizago (1974) e a catequese (1977): e as exortagdes apostolicas corresponden Evangelii nuntiandi (1975) e Catechesi tradendae (1979) — sio disso bom testemunho, A assembleia extraordindria do Sinodo dos Bispos de 1985 pediu: «que seja redigido um catecismo ou compéndio de toda a doutrina catélica, tanto no tocante a £8 como no que respeita A moral» (6). O Santo Padre Jodo Paulo II fez seu este voto do Sinodo dos Bispos. Reconheceu que «tal desejo corresponde inteiramente a uma verdadeira necessidade da Igreja universal e das Igrejas particulares»(7). E p6s todo o seu empenho cm que se concretizasse este desejo dos Padres sinodais. IIL. Finalidade e destinatarios deste catecismo 11. A finalidade deste Catecismo é apresentar uma exposigdo orgénica e sintética dos contetidos essenciais ¢ fundamentais da doutrina catdlica, tanto sobre a fé como sobre a moral, 4 luz do II Concilio do Vaticano e do conjunto da Tradigdo da Igreja. As suas fontes prineipais sfo a Sagrada Escritura, os santos Padres, a liturgia e o Magistério da Igreja. E destina-se a servir «como ponto de referéncia aos catecismos ou compéndios a publicar nos diversos paises» (8). 12. Este Catecismo destina-se principalmente aos responsaveis pela catequese, que sfio em primeiro lugar os bispos, enquanto doutores da fé e pastores da Igreja. E-Ihes oferecido como instrumento para o desempenho da sua missio de ensinar o povo de Deus. E, através dos bispos, dirige-se aos redactores de catecismos, aos sacerdotes ¢ aos catequistas. Serd também uma leitura itil para todos os outros figis eristaos. IV. Estrutura deste catecismo 13. O plano deste Catecismo inspira-se na grande tradigdo dos catecismos que articulam a catequese cm torno de quatro «pilares»: a profissdo da fé baptismal (Simbolo), os sacramentos da fé, a vida da fé (Mandamentos) e a oragao do crente (0 Pai Nosso). PRIMEIRA PARTE: A PROFISSAO DA FE 14, Aqueles que, pela fé e pelo Baptismo, pertencem a Cristo, devem confessar a sua f& baptismal diante dos homens (9). Por isso, 0 Catecismo comega por expor em que consiste a hntpiwww.vatican.valarchiveleathochism_poiindex_now/prologo%201-26_po.ttml 215 sor20%7 Catectsmo dale Cate. Pardratos 1-25 Revelagdo, pela qual Deus Se dirige ¢ Se da ao homem, ¢ a fé pela qual o homem responde a Deus (Primeira Seccda). O Simbolo da fé resume os dons que Deus faz a0 homem, como Autor de todo o bem, Redentor ¢ Santificador, ¢ articula-os em volta dos «trés capitulos» do nosso Baptismo — a fé num sé Deus: 0 Pai Todo-poderoso, Criador; e 0 seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador: ¢ o Espirito Santo, na Santa Igreja (Segunda Seceao). SEGUNDA PARTE: OS SACRAMENTOS DA FE 15. A segunda parte do Catecismo expe como a salvagaio de Deus, realizada uma vez por todas por Jesus Cristo e pelo Espirito Santo, se toma presente nas acces sagradas da liturgia da Igreja(Primeira Seceao), e em especial nos sete sacramentos (Segunda Sec¢ao). TERCEIRA PARTE: A VIDA DA FE 16. A terceira parte do Catecismo apresenta o fim diltimo do homem, criado & imagem de Deus —a bem-aventuranga ¢ os caminhos para a ela chegar: um comportamento recto ¢ livre, com a ajuda da lei de Deus e da sua graga (Primeira Secedo); um comportamento que realize 0 duplo mandamento da caridade, explicitado nos dez Mandamentos de Deus (Segunda Seceéo). QUARTA PARTE: A ORACAO NA VIDA DA FE 17. A iiltima parte do Catecismo trata do sentido e da importancia da orago na vida dos crentes(Primeira Seccdo), terminando com um breve comentario aos sete pedidos da Oragao do Senhor/Segunda Seceao). De facto, nesses sete pedidos encontramos a suma dos bens que devemos esperar e que 0 nosso Pai dos Céus nos quer dar. V. Indicagées priticas para o uso deste catecismo 18. Este Catecismo foi concebido como uma exposicdo orgdnica de toda a fé catdlica. Deve, portanto, ser lido como um todo. Numerosas notas remissivas 4 margem do texto (ndimeros impressos em tipos menores remetendo para outros pardgrafos que tratam do mesmo assunto) © 0 indice analitico no fim do volume, permitem encarar cada tema na sua ligagdo com o conjunto da fé. 19, Muitas vezes, os textos da Sagrada Escritura nao sao citados literalmente, mas com a simples indicagdo da referéncia (por meio dum cf, feita em nota. Para uma inteligéncia aprofundada desses passos, convém recorrer aos préprios textos, Tais referéncias bibl um instrumento de trabalho para a catequese, 20. Quando, em certas passagens, se emprega a letra mitida, isso quer dizer qu trata de anotagdes de tipo histérico ou apologético, ou de exposigdes doutrinais complementares. 21. As citacdes, em letra mitida, de fontes patristicas, litirgicas, do Magistério ou da hagiografia, destinam-se a enriquecer a exposigao doutrinal. Frequentemente, esses textos foram escolhidos a pensar num emprego directamente catequético. 22. No fim de cada unidade tematica, uma série de textos breves resume, em formulas escolhidas, o essencial do ensinamento, Estes «RESUMINDOp tém por ‘fim dar & catequese local sugestoes de formulas sintéticas e faceis de decorar. VI. Adaptagies necessérias 23. A tonica deste Catecismo incide sobte a exposi¢ao doutrinal. Com efeito, a sua intengao & ajudar a aprofundar 0 conhecimento da fé. Todo ele se orienta no sentido do amadurecimento da mesma fé, do seu enraizamento na vida e da sua irradiagdo no testemunho (10), Iipviwm vateanvalarchiveteatechism,potindex_newiprologo%201-28_po. tml 36 sor20%7 Catectsmo dale Cate. Pardratos 1-25 24, Pela sua pripria finalidade, este Catecismo nio se propée realizar as adaptagdes da exposigio ¢ dos métodos catequéticos, exigidas pelas diferengas de culturas, idades, maturidade espiritual, situagGes sociais e eclesiais daqueles a quem a catequese se dirige Essas indispensdveis adaptagdes pertencem aos catecismos apropriados e, sobretudo, aqueles que ministram 0 ensino aos figis: «Aquele que ensina deve "fazer-se tudo para todos" (I Cor 9, 22) para a todos atrair a Jesus Cristo, [..] Sobretudo, nao julgue que Ihe esté confiada apenas uma categoria de almas e que, portanto, Ihe incumbe o trabalho de ensinar e formar de modo idéntico, na verdadeira piedade, todos os fikis, usando sempre um s6 ‘mesmo método! Atendendo a que, em Cristo Jesus, uns so como criangas recém- nascidas, outros como adolescentes ¢ outro, finalmente, ja so efectivamente adultos, é necessério que pondere com toda a diligéneia quais so os que precisam de leite e quais os que carecem de um alimento mais s6lido. [..] Isto ‘mesmo testemunhava de si préprio o Apéstolo. [...] Os que so chamados a ministério da pregago devem, ao transmitir 0 ensino dos mistérios da fé e das normas dos costumes, adaptar as suas palavras & mentalidade e & inteligéncia dos seus ouvintes» (11). ACIMA DE TUDO — A CARIDADE 25. A concluir esta apresentagdo, é oportuno Lembrar este principio pastoral enunciado pelo Catecismo Romano: Este & sem divida 0 caminho melhor, que © mesmo apéstolo seguia quando fundamentava a sua doutrina e ensino na caridade que no acaba nunca, A finalidade da doutrina e do ensino deve fixar-se toda no amor, que néo acaba. Podemos expor muito bem o que se deve crer, esperar ou fazer; mas, sobretudo, devemos pér sempre em evidéncia o amor de nosso Senhor, de modo que cada qual compreenda que qualquer acto de virtude perfeitamente cri tem outra origem nem outro fim sendo 0 amor (12). Notas 1. Cf. Act 2, 42. 2, 2. Cf. Jodo Paulo II, Ex. ap. Catechesi tradendae, 1: AAS 71 (1979) 1277-1278, 3. Cf. Jodo Paulo II, Ex. ap. Catechesi tradendae, 18: AAS 71 (1979) 1292. 4. Cf. Jodo Paulo II, Ex. ap. Catechesi tradendae, 18: AAS 71 (1979) 1292. 5. Cf. Jodo Paulo Il, Ex. ap. Catechesi tradendae, 13: AAS 71 (1979) 1288, 6. Sinodo dos Bispos, Assembleia extraordiniria, Ecclesia sub Verbo Dei mysteria Christi celebrans pro salute mundi. Relatorio final Il B A 4 (Cidade do Vaticano 1985), p. 11 7, Joao Paulo Il, Discurso de encerramento da Assembleia extraordiniria do Sinodo dos Bispos (7 de Dezembro de 1985), 6: AAS 58 (1986) 435. 8. Sinodo dos Bispos, Ecclesia sub Verbo Dei mysteria Christi celebrans pro salute mundi. Relatorio final 11 B A 4 (Cidade do Vaticano 1985), p. 11 hntpiwww.vatican.valarchiveleathochism_poiindex_now/prologo%201-26_po.ttml 45 sont2017 CCatecismo da lgreja Cates. Pardgratos 1-25 9. CE. Mr 10, 23; Rm 10, 9. 10. Cf. Joao Paulo II, Ex. ap. Catechesi tradendae, 20-22: AAS 71 (1979) 1293-1296; Ibid., 25: AAS 71 (1979) 1207-1298. 11, Catechismus Romanus seu Catechismus ex decreto Concilii Tridentini ad parochos, Pit V Pontificis Maximi iussu editus, Praefatio, 11: ed P. Rodriguez (Citta del Vaticano — Pamplona 1989) p. 11. 12. Catechismus Romanus, Praefatio 10: ed. P. Rodriguez (Citti del Vaticano ~ Pamplona 1989) p. 10. es hntpiwww.vatican.valarchiveleathochism_poiindex_now/prologo%201-26_po.ttml 515

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