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TTM

Tratamentos térmicos
Superficiais

Mychelle Companhoni
10 – Tratamentos Superficiais

Tratamentos Termoquímicos da Superfície

• Cementação
• Nitretação
• Cianetação
• Carbo-nitretação
• Boretação
10 – Tratamentos Superficiais

Cementação
• É o mais empregado e o mais antigo

• Consiste na introdução de átomos de carbono na


superfície da peça (acima da temperatura crítica -
850-950C - para haver absorção)
Considerações Gerais

• O processo deve ser seguido de têmpera e revenido para atingir


máxima dureza e alta resistência ao desgaste;
• É aplicável a aços de baixo carbono;
• O conteúdo de carbono na superfície fica acima do eutetóide
(0,8-1,0 %);
• O teor de Carbono decresce a medida que se penetra em
profundidade na peça (é importante que esse decréscimo seja
gradual);
• A cementação em si não endurece o aço, apenas favorece o
endurecimento
LEIS DE FICK PARA DIFUSÃO

A segunda lei de Fick para difusão pode ser aplicada


para tratamentos termoquímicos
Segunda Lei de Fick
(dependente do tempo e unidimensional)
•  C= - D  2C
t  x2
• Suposições (condições de contorno)
• Antes da difusão todos os átomos do soluto estão uniformemente distribuídos
• O coeficiente de difusão permanece constante (não muda com a
concentração)
• O valor de x na superfície é zero e aumenta a medida que avança-se em
profundidade no sólido
• t=o imediatamente antes da difusão
10 – Tratamentos Superficiais
Cs= Concentração dos átomos se difundindo na superfície
Co= Concentração inicial
Cx= Concentração numa distância x
D= Coeficiente de difusão
t= tempo
10 – Tratamentos Superficiais

A profundidade da cementação depende:


• Do tempo

• Da Temperatura

• Da concentração de Carbono inicial no aço (Quanto menor o


teor de carbono mais fácil a carbonetação)

• Natureza do gás de carbonetação ou do agente carbonetante

• Velocidade do fluxo do gás (se for o caso)


10 – Tratamentos Superficiais

A cementação pode ser realizada por


quatro processos:

• Por via gasosa

• Por via líquida

• Por via sólida

• Por plasma
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Cementação Sólida ou em Caixa

• Neste processo, as peças de aço são colocadas em


caixas metálicas (aço-liga resistente ao calor),
ficando separadas umas das outras pelo
carborizante.
10 – Tratamentos Superficiais

Agentes Sólidos Carbonetantes


• Ex: carvão vegetal, mais ativadores (Carbonato de Bário, ou
Sódio, ou Potássio) e óleo de linhaça (5-10%) ou óleo comum
como aglomerante.
• Também, pode-se adicionar 20% de coque para aumentar a
velocidade de transferência de calor.
Cementação Sólida ou em Caixa

Considerações Gerais:

• A cementação sólida é muito rudimentar e a camada


cementada é muito irregular. Portanto, não é
recomendada para a obtenção de camadas muito finas.

• A cementação sólida é realizada a temperaturas entre


850-950 C
Cementação Líquida

O meio carborizante é composto de sais fundidos

• NaCN, Ba(CN)2, KCN, ... Como ativador: BaCl2, MnO2, NaF e


outros. Também faz parte do banho a grafita de baixo teor de
Silício para a cobertura do banho

 A cementação líquida é realizada a temperaturas entre 840-


950 C

• A profundidade da camada cementada é controlada pela


composição do banho
10 – Tratamentos Superficiais

Cementação Líquida
Vantagens do processo:

• Melhora o controle da camada cementada


• a camada cementada é mais homogênea
• facilita a operação
• aumenta a velocidade do processo
• possibilita operações contínuas em produção
seriada
• Dá proteção quanto à oxidação e descarbonetação
10 – Tratamentos Superficiais

Cementação Líquida

Cuidados:

 não deixar faltar cobertura de grafite no banho


 a exaustão dos fornos deve ser permanente, pois os
gases desprendidos são tóxicos, os sais são venenosos
e em contato com ácidos desprendem ácido cianídrico
 as peças devem ser introduzidas no banho secas e
limpas.
10 – Tratamentos Superficiais

Cementação Gasosa

• O meio carborizante é composto de uma mistura de


GASES:

[CO2, H2, N2 (diluidor), (metano) CH4, (etano)C2H6,


(propano)C3H8,..]
Cementação Gasosa
Vantagens do processo:

• a mistura carborizante permanece estável durante toda a


cementação
• possibilita um melhor controle do teor de carbono e
consequentemente da camada cementada
• facilita a cementação de peças delicadas
• evita a oxidação
• permite a têmpera direta após a cementação (sem contato
com o ar e sem reaquecimento)
• o processo é limpo (não precisa de limpeza posterior)
• a penetração do Carbono é rápida
• as deformações por tensões são menores
10 – Tratamentos Superficiais

Cementação Gasosa

Desvantagens do processo:

• A temperatura e a mistura caborizante necessitam rígido


controle durante o processo
• as instalações são complexas e dispendiosas
• as reações são complexas.
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Cementação por Plasma

• O plasma é criado por ionização do gás (metano) a baixa


pressão. O carbono iônico é transferido para a superfície da
peça.
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Cementação por Plasma

Vantagens do processo:

 Tempos de processo menores (~30 % do à gás)


 A peça não sofre oxidação, já que o processo é feito sob
vácuo
 Fácil automatização
 Produz peças de alta qualidade.
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Tratamentos Térmicos utilizados após a
Cementação

• O TT para endurecimento deve levar em conta: o aço e as


especificações da peça.
• Não esquecer que a peça tem duas composições distintas: um
núcleo com baixo teor de Carbono (<0,8) e uma superfície com
teor de carbono acima do eutetóide (>0,8).

Portanto, tem 2 temperaturas críticas: A1 (camada cementada) e
A3 (núcleo da peça).
Têmpera Direta Simples

A peça é temperada ao ar, diretamente a partir da


temperatura de cementação (850-950c).

Observações:

 pode reter austenita na camada cementada facilitando


a fragilização da peça e comprometendo a dureza
 o núcleo fica com têmpera total (DURO)
 aplica-se à aços de granulação fina e em peças de pouca
responsabilidade ao esforço
10 – Tratamentos Superficiais

Têmpera Direta Dupla


• É uma segunda têmpera, realizada depois da direta. Parte de
uma temperatura logo acima da linha A1.

Finalidade:
- reduz a retenção da austenita e diminui a dureza do núcleo
- elimina a fragilização da peça
- produz granulação + fina
TÊMPERA INDIRETA SIMPLES
• Consiste no resfriamento da peça ao ar calmo. A seguir a
peça é aquecida e resfriada a partir de um patamar pré-
estabelecido.

“C” - a peça é aquecida acima da linha A1 (camada cementada).


** O núcleo continua com granulação grosseira e com mínima
dureza. Aplica-se à aços de granulação fina.
“D” - A peça é aquecida entre as linhas A1 e A3 (do núcleo).
** Confere uma têmpera e um refino no núcleo, tornando-o mais
tenaz e resistente.
“E” - A peça é aquecida acima das linhas A3 (do núcleo) e Acm da
superfície
** A têmpera e refino do grão no núcleo são totais.
Têmpera Indireta Dupla

• Consiste no resfriamento da peça ao ar calmo. A


seguir a peça é reaquecida acima da linhas A3 e
Acm e retemperadas.
• É indicado para aços de granulação grosseira. A
camada superficial fica dura e o núcleo mole. Há
um refino do grão e diminui a austenita residual.
Nitretação 10 – Tratamentos Superficiais

• O endurecimento superficial é obtido pela ação do


Nitrogênio (difusão).

• Temperatura de nitretação:
500-600C

As peças são resfriadas ao ar ou em salmora


10 – Tratamentos Superficiais

O processo de nitretação permite:

• Obter alta dureza superficial


• Obter elevada resistência ao desgaste
• Melhorar a resistência à fadiga, à corrosão e ao calor
• Propicia um menor empenamento das peças, já que é
realizado a temperaturas mais baixas
• Não necessita de tratamento térmico posterior
Considerações Gerais

• O tratamento térmico (como têmpera e revenido) se


desejado deve ser realizado antes da nitretação

• A nitretação promove um aumento nas dimensões da peça.

• Depois da nitretação só é possível retificar. Não é possível


usinar porque a superfície é muito dura.
Processos de Nitretação

• a gás
• líquida ou em banho de sal
• Por Plasma
Nitretação à Gás

• Este processo é usado especialmente para aços ligados


(Cr, Al, Mo,...).

• Tempo de processo: é longo (48-72 horas ou mais)


• O tratamento é realizado em fluxo de Amônia (NH3).
• A camada nitretada atinge 0,8 mm e
dureza de 1000-1100 HV.
10 – Tratamentos Superficiais

Mecanismo da Nitretação à gás

2NH3  2N + 3H2

O Nitrogênio produzido combina-se com a ferrita


formando nitretato de ferro ou forma nitretos
complexos, de alta dureza, com os elementos de liga
do aço.
10 – Tratamentos Superficiais

Nitretação Líquida

• O MEIO NITRETANTE É UMA MISTURA DE SAIS:


NaCN, Na2CO3, KCN, KCNO, KCl.
• Tempo de nitretação: no máximo 2 horas
• Temperatura de nitretação: 500-580 C
• A camada nitretada é menos espessa que na
nitretação à gás
10 – Tratamentos Superficiais

Nitretação Líquida

Banho simples: NaCN, KCN.

A nitretação líquida é usada também em aços baixo Carbono (em


peças de menor solicitação)
Nitretação Líquida
Exemplo de banhos:
Banho Tenifer- Tufftride: KCN, KCNO fundido em um cadinho de
titânio + aeração para promover a oxidação do KCN, produzindo C
+ N.
• Forma uma estrutura de carbonetos e nitretos na superfície (8-16
mícrons) + zona de difusão do Nitrogênio (370-450 mícrons).
• A zona de difusão contribui para um aumento da resistência à
fadiga.
• Este processo pode ser usado para aço comum, baixo carbono,
aços-liga.
• É bastante usado na indústria automobilística e de ferramentas:
engrenagens, pinos, eixos, brocas, fresas, matrizes, etc.
Nitretação por Plasma

• Procedimento

• A peça é colocada num forno com vácuo


• Aplica-se um potencial entre as paredes do forno e a peça
(500-1000 Volts)
• Gás Nitrogênio é introduzido na câmara e é ionizado
• Os íons são acelerados em direção a peça (pólo negativo)
• O impacto dos íons gera calor suficiente para promover a
difusão
• O forno atua como eletrodo e como câmara de vácuo e não
como fonte de calor.
Nitretação por Plasma

Vantagens
• O processo é rápido
• Baixo consumo de gases
• Baixo custo de energia
• Fácil automatização
• Necessita de pouco espaço físico
• É aplicável a vários materiais
• Produz peças de alta qualidade
10 – Tratamentos Superficiais

Cianetação
• Há um enriquecimento superficial de carbono e Nitrogênio.

• T= 650-850 C

• Espessura: 0,1-0,3 mm

• É aplicado em aços-carbono com baixo teor de Carbono

• O resfriamento é feito em água ou salmora


Cianetação 10 – Tratamentos Superficiais

O processo é executado em banho de sal fundido


(cianeto)
• Semelhante a cementação líquida

2NaCN + O2  2NaCNO
4NaCNO  Na2CO3 + 2NaCN + CO +2N
2CO  CO2 +C
10 – Tratamentos Superficiais

CIANETAÇÃO

• Vantagens em relação a cementação:


• Maior rapidez
• Maior resistência ao desgaste e a corrosão
• Menor temperatura de processo
10 – Tratamentos Superficiais

CARBO-NITRETAÇÃO

É SEMELHANTE À CEMENTAÇÃO À GÁS


• O processo ocorre em meio gasoso
• Espessura: 0,7 mm

 Neste processo introduz-se Amônia (30%) + gás


carbonizante na atmosfera do forno

• T= 700-900 C
10 – Tratamentos Superficiais

Carbo-Nitretação

Deve-se posteriormente temperar as peças em óleo e revenir

• Tempo de 1 hora 0,1 mm de camada endurecida


10 – Tratamentos Superficiais

Carbo-Nitretação

Vantagem em relação à tempera:

• O material apresenta uma melhor temperabilidade devido ao


aumento do teor de Carbono
• Processo mais rápido
• Temperatura mais baixa
• Menor crescimento de grão
• Maior resistência ao desgaste
• Menor distorção
10 – Tratamentos Superficiais

Boretação
• Consiste na introdução de Boro por difusão
• Ocorre em meio sólido
• Temperatura: 900°C
B4C + ATIVADOR

BORETO DE FERRO que é um composto duro
(DUREZA VICKERS: 1700-2000)
10 – Tratamentos Superficiais

Boretação

• Temperatura de boretação = 900 C

Para um aço 0,45 % de Carbono

um tempo de processo de 4 horas origina uma camada


endurecida de 100 mícrons.
10 – Tratamentos Superficiais

TEMPERA COMUM

DEVE SER SEGUIDA


DE REVENIDO

USADA EM GERAL PARA AÇOS BAIXO TEOR DE


CARBONO, LIGADOS OU NÃO

EM GERAL, PROMOVE DISTORÇÕES


10 – Tratamentos Superficiais

TEMPERA SUPERFICIAL

DEVE SER SEGUIDA


DE REVENIDO

USADA EM GERAL PARA AÇOS BAIXO TEOR DE


CARBONO, LIGADOS OU NÃO
10 – Nitretação

Objetivos:
• Objetiva o endurecimento superficial e aumento da
resistência ao desgaste de aços por meio da absorção de
nitrogênio, que gera nitretos de ferro;
• É realizado em fornos com atmosfera controlada, rica em
Nitrogênio (em geral NH3).
10 – Nitretação

Vantagens:
– A temperatura de tratamento é inferior à da cementação;
- A camada nitretada provoca tensões de compressão que aumentam
consideravelmente a resistência à fadiga.
– As peças apresentam-se nas dimensões e acabamento finais.
Desvantagens:
– O tempo de permanência é grande;
– A espessura da camada nitretada é muito pequena;
10 – Nitretação

Temperatura de tratamento:

Estágio – Nitretação
500-520ºC sob atmosfera gasosa / 550-580ºC em banho de sais

Aquecimento

Gasoso
Líquido
Resfriamento no forno
(gás), ou água (sais)
10 – Nitretação
Materiais para nitretação:
• Somente em aços que contêm quantidades suficientes de elementos capazes
de formar nitretos especiais (Al, Cr, Mo, W, V) obterão durezas superficiais
máximas.
• Em geral são utilizados aços com teores de carbono entre 0,13 e 0,40%.Nos
outros aços obtem-se uma nitretação macia.

• Aços de construção:
- Melhora a resistência ao desgaste, diminui o perigo de “gripagem”
• Aços para trabalho a quente:
- Evita a adesão de certos materiais, especialmente o alumínio, às ferramentas e
retarda a erosão;
- Aumenta a duração do tempo de vida do fio de corte
10 – Nitretação
Efeito da composição química do aço:
Aço ligado

Aço carbono
10 – Nitretação
Características da camada nitretada:
• A zona exterior da camada é muito frágil e fina:
 Evitar choques
 Evitar esforços locais de compressão

• O controle da espessura da camada


nitretada é feita de modo semelhante ao que
é feito na cementação.

Influência do tempo de nitretação para


um aço ao cromo
10 – Nitretação

Características da camada nitretada:


A zona nitretada é composta por duas camadas:
• ZONA DE LIGAÇÃO, superficial com 0,015-0,02 mm,
constituída por nitretos e carbonetos.
• ZONA DE DIFUSÃO, com 0,1-0,3 mm, formada pela
absorção do nitrogênio.
10 – Nitretação
10 – Nitretação
Profundidade da camada
nitretada (mm)

Tempo de nitretação (horas)


10 – Nitretação
• Nitretação parcial
– As partes das peças que não se queira tratar são cobertas por estanho ou liga
estanho-chumbo (80-20)
– Podem ser cobertas com cobre (com espessuras entre 0,01 e 0,02 mm)
• Tratamentos térmicos anteriores
– Têmpera e revenido: As temperaturas de revenido necessárias à obtenção
das resistências habituais estão situadas acima da temperatura de nitretação.

Observação: Só se aplica em peças que já tenham sido tratadas para alcançarem


a dureza de utilização, sendo a limpeza superficial fundamental para se dar a
penetração do N.

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