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Direito:
Factos jurídicos:
SS (Stricto Sensus), isto é, factos naturais e\ou cuja voluntariedade é irrelevante para o
efeito jurídico, mas apenas ascende à categoria de facto jurídico se produzir efeitos de direito;
Ato jurídico, facto humano e voluntário.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
No direito objetivo está-se mais perto de uma organização da vida social (law; Direito);
O direito subjetivo é a realidade subjetiva atendendo à relação do homem com as
normas, à partida goza de uma certa posição favorável (right, direito).
Exercícios:
A.3.
a) Facto jurídico voluntário – direito de propriedade sobre esse bem – artigo 875º CC;
c) Stricto Sensus – perda do direito de propriedade de produção, Seguro – artigo 1305º CC;
d) Facto não jurídico – poderá produzir efeitos de Direito se houver prazos que caduquem em
Outubro;
f) Facto jurídico voluntário – perda do direito de vinculação – código de trabalho artigo 351º;
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Força jurídica especial é a Lei suprema, nenhuma lei é válida se se contrapuser à lei
constitucional. É uma lei necessária, mas não revogável. Sujeita a um processo legislativo de
elaboração e revisão para lhe impor limites (mais exigente e rígido do que a normalidade das
leis da Assembleia da República) – Revisão Constitucional;
Constituição é uma lei fundamental – carta orgânica do Estado (estrutura organizatória
do Estado). Estabelece tarefas e prestações para assegurar direitos. Impõem e regula relações
estabelecidas em particulares.
Conceção tradicional de Constituição – os cidadãos não são relevantes, não regia a
sociedade.
Baseia-se em constituições estrangeiras. É produto de um particular contexto histórico-
político vivido no país em diferentes momentos: exprime um compromisso histórico, cada
Partido tinha preocupações de âmago diverso (daí a sua extensão); num período pós
revolucionário houve uma preocupação em assegurar a pessoa antes do Estado, antes de
qualquer organização política. Reação à exiguidade do Estado Novo, de forma a assegurar os
direitos fundamentais e prevenir que sejam violados.
d) Constituições Portuguesas:
i) Revisões Constitucionais:
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Código Civil:
Exercício:
D.8.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Surgiu uma necessidade de distinção entre Direito privado e Direito público pela
necessidade do estudo, em relação ao conteúdo da norma jurídica, e não só. É uma
classificação, divisão do Estado e sociedade. Direito público - escrito em lei, competência
(constitucional, administrativo...). Direito privado - liberdade (civil [família, sucessões, das
coisas, das obrigações]...). Qual o tribunal responsável para julgar a causa. Dependendo do
tipo de Direito, aplica-se o ramo que lhe é correspondente.
Distingue-se em três aspetos:
o Interesse: Coletividade
Particulares
– autoridade – público
Exercício:
i) Direito Privado internacional (contrato com conexão de diferentes ordens jurídicas, entes
privados).
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Sanções:
Ubi homo, ibi societas. Ubi societas, ibi ius. Ubi ius, ibi societas
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
o A lei tem uma função auxiliar – completa e esclarece o sistema do Direito comum, mas
não é a sua base;
o A jurisprudência predomina sobre a lei, graças:
Ao empirismo do povo britânico;
À desconfiança do povo britânico em relação à lei que é tida como arma dos tiranos;
o Do sistema muçulmano: nos países atingidos pelo islamismo, o direito confunde-se com
a lei religiosa;
o Dos direitos tradicionais: que subsistem ao lado do Direito civilizado (sistema jurídico
dualista).
Normas Jurídicas:
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Exercícios:
15.
a) Artigo 13º, nº1, CRP, “Todos os cidadãos” - previsão; “tem a mesma dignidade social e
são iguais perante a lei” - estatuição.
b) Artigo 1790 º, CC, “Em caso de divórcio” - previsão; “nenhum dos cônjuges pode na
partilha receber mais do que receberia se o casamento tivesse sido celebrado segundo o
regime da comunhão de adquiridos” - estatuição.
c) Artigo 66º, nº 1, CC, “no momento do nascimento completo e com vida.” - previsão; “A
personalidade adquire-se” - estatuição.
Artigo 66º, nº 2, CC, “dependem do seu nascimento” - previsão; “Os direitos que a lei
reconhece aos nascituros” - estatuição.
d) Artigo 483º, nº1, CC, “Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito
de outrem” “Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar (...) qualquer disposição legar
destinada a proteger interesses alheios” - previsão; “fica obrigado a indemnizar o lesado pelos
danos resultantes da violação.” - estatuição.
e) Artigo 1323º, nº1, CC, “Aquele que encontrar animal ou outra coisa móvel perdida e
souber a quem pertence” “se não souber a quem pertence” “observando os usos da terra” -
previsão; “deve restituir o animal ou a coisa móvel a seu dono, ou avisar este do achado” “deve
anunciar o achado pelo modo mais conveniente, atendendo ao valor da coisa e às
possibilidades locais” “ou avisar as autoridades , (...), sempre que os haja” - estatuição.
f) Artigo 1646º, nº1, CC, “O menor que casar sem ter obtido autorização dos pais ou do
tutor, ou respetivo suprimento judicial” - previsão; “continua a ser menor quanto à administração
de bens que leve para o casal ou que posteriormente lhe advenham por título gratuito até à
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
maioridade, mas dos rendimentos desses bens ser-lhe-ão arbitrados os alimentos necessários
ao seu estado” - estatuição.
Artigo 1649º, nº2, CC, “durante a menoridade do seu consorte” “por dívidas contraídas por um
ou ambos os cônjuges no mesmo período” - previsão; “Os bens subtraídos à administração do
menor são administrados pelos pais, tutor ou administrador legal, não podendo em caso algum
ser entregues à administração do outro cônjuge” “não respondem, nem antes nem depois da
dissolução do casamento” - estatuição.
g) Artigo 131º, Código Penal, “Quem matar outra pessoa” - previsão; “é punido com pena
de prisão de 8 a 16 anos” - estatuição.
Critério material: contém nele próprio uma apreciação sobre uma categoria de
situações. Permite qualificar os casos concretos e por esse meio torna possível a decisão - é
um critério de qualificação e decisão de casos concretos e não de conduta.
Norma jurídica
Critério formal: não formula regras, atua consoante as características próprias do caso
em questão, não se pode projetar para casos futuros, não tem intuito generalizador.
Equidade
Critério Material:
Generalidade e Abstração como características essenciais das normas jurídicas:
o Galvão Telles: Ambos são essenciais.
o Oliveira Ascensão: a generalidade é essencial; a abstração não, pois há normas
relativas a casos presentes ou passados e ainda são normas jurídicas, a abstração prevê
disciplinas e comportamentos para casos futuros.
o Rui Medeiros e Jorge Miranda: Não são características essenciais, embora tendenciais.
É preciso que haja um espírito generalizador e que se verifiquem os princípios constitucionais
(ex.: igualdade). Pode haver normas individuais e concretas, pois não se pode tratar igual o que
é distinto, Stricto Sensus não é geral e abstrato, mas tem o intuito generalizador.
Abstração: Factos e situações previstos pela regra que não estejam já verificados;
factos ou situações que o futuro proponha ou preveja disciplina comportamentos futuros.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Normas de conduta:
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Exercícios:
a) Artigo 894º, CC, permissiva; dispositiva supletiva (face ao 903º); especial (exigir a restituição
não proíbe de todo o preço total)
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
o Para Oliveira Ascensão e Santo Justo as Definições Legais são meros preceitos legais
que vem fornecer elementos ordenadores, não são vinculativos, logo, não é norma em sentido
material.
o Para Galvão Telles e Nuno de Sá Gomes, são normas jurídicas não autónomas, tem
que ser combinadas com outras normas.
g) Artigo 1690º, CC, permissiva; dispositiva; excecional (face ao artigo 1678, nº3 do CC)
23. Este decreto-lei pode ou não ser considerado lei em sentido material, depende pois das
doutrinas defendidas por diversos autores quanto às características essenciais da lei.
Para Galvão Teles a generalidade e a abstração são características essenciais da lei, pois
garantem a vigência da justiça através da igualdade; impedem exercícios abusivos da lei, do
poder, que prejudiquem as partes envolvidas. A generalidade diz respeito ao momento de
feitura, isto é, se se pretendia um conjunto indeterminado de destinatários. Na abstração a
categoria a que a norma se refere deve ser abstrata.
Para Oliveira Ascensão a generalidade é característica essencial, pois resulta da lei uma
necessária igualdade, sendo individualista não é aplicada igualmente a todos os cidadãos. Já a
abstração não é característica essencial, pois há leis referentes a factos passados, por
exemplo, as normas retroativas são verdadeiras normas jurídicas mas dizem respeito a factos
passados, e sendo eles assim, serão sempre determináveis e concretos.
Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia Galvão adotam uma perspetiva bilateral, sendo que, na
norma jurídica em sentido estrito (Stricto Sensus) ambas são tendencialmente características,
mas não necessariamente, se for possível identificar os sujeitos a norma é sempre individual e
concreta, isto em sentido material. No entanto, o Stricto Sensus não engloba a regra jurídica o
que significa que em sentido amplo estes critérios não são características essenciais, pois a
norma jurídica é sinónimo de regra jurídica.
Por fim, Rui Medeiros, Jorge Miranda e Miguel Teixeira de Sousa não consideram a
generalidade e a abstração critérios essenciais, pois a lei só tem que assegurar o principio da
igualdade, desde que seja conforme aos princípios constitucionais, o que se pode verificar
numa lei medida. No entanto, há um intuito generalizador, isto é, tratar de forma igual aqueles
que estão em situações iguais.
Na abstração há uma divergência doutrinária onde de um lado se encontram Galvão Telles, Rui
Medeiros, Marcelo Rebelo de Sousa e os restantes, e do outro se encontra Oliveira Ascensão.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Para os primeiros a abstração implica que a categoria a que a norma a que se refere seja
abstrata, tem que haver incerteza na situação e quando será ou se será aplicada; para Oliveira
Ascensão ao tratar-se de um facto passado a norma nunca seria abstrata, tem que ser
aplicável a casos futuros, logo seria sempre determinável e concreta.
“proprietários dos rés-dos-chão dos edifícios da Ribeira, no Porto, (...) atingidos pela cheia de
31 de Outubro” - individual
Logo, segundo Oliveira Ascensão, Galvão Telles, Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia Galvão
este decreto-lei não é uma lei em sentido material, pois não preenche os requisitos necessários
às características essenciais da lei.
Já Rui Medeiros, Jorge Miranda e Miguel Teixeira de Sousa consideram que este decreto-lei é
uma lei em sentido material, pois está consagrado o principio da igualdade, no tratamento igual
daqueles que estão em situações iguais.
Artigo 3º do Decreto-Lei
Para Oliveira Ascensão é abstrata porque se trata de uma norma de aplicação futura “que
venham a ser severamente afetados por cheias extraordinárias.
Para doutrina de Rui Medeiros e Jorge Miranda o decreto-lei está de acordo com os princípios
constitucionais de igualdade.
A lei já é lei em sentido material. Todo o Decreto-lei passa a ser lei, porque apesar de todo o
conjunto de preceitos individuais e concretos, se houver uma só norma jurídica geral e abstrata
(preenchidos os requisitos), passa a ser considerada lei. Ao conter uma verdadeira norma
jurídica faz com que o Decreto-lei seja lei em sentido material.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Fontes de Direito:
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
a que um bom orador (advogado) consiga convencer o intérprete (juíz) com o seu argumento.
Valor persuasivo por via de influência na vida jurídica. Ex.: vários livros sobre um certo assunto
podem ajudar o intérprete a informar-se e clarificar-se melhor acerca do mesmo, no entanto,
não há qualquer vinculação aos livros.
Em sentido técnico-jurídico:
1. Doutrina
2. Costumes
3. Lei
4. Jurisprudência
Ex.: Trocar uma lâmpada em casa é um costume, não há a sensação de que se age de forma
ilícita.
Pretensos requisitos:
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
I.
CRP
Convenções internacionais
III. (tratados, acordos em forma
simplificada)
Leis formais:
IV. leis, decretos de lei, decretos legislativos
regionais
Regulamentos
V.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Ex.: Só pode ser revista a Constituição de 5 em 5 anos; ou só pode ser revista de 4\5 dos
deputados a consentirem.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Uma lei aprovada numa Região Autónoma que não diga respeito aos
órgãos de soberania nacional nem viole as reservas prevalece, na região respetiva, sobre as
leis e decretos-leis.
V- Regulamentos:
Decreto-lei nº3\2016
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Dentro do Direito internacional há um núcleo de normas que está a cima das leis de qualquer
Estado.
Ex.: Guerra na Síria há de acabar e quando acabar serão julgados pelos crimes de guerra.
Ex.: A Hungria recusa a entrada de refugiados no seu país, algo que contraria o estipulado pela
União Europeia. A Hungria faz parte da União Europeia e esta tem o seu Direito comum a
todos os Estados-membros. Aqui está em conflito a ordem interna e a ordem da União
Europeia.
Artigo 8º, n4º, CRP, O Direito da União Europeia aplica-se em Portugal, mesmo que a
Constituição da República Portuguesa diga outra coisa; a União Europeia está a cima da
Constituição da República Portuguesa, a menos que os princípios fundamentais do Estado de
Direito democrático sejam postos em causa, assim, de certa forma, a Constituição tem
prevalência, pois o Direito da União Europeia nunca pode violar os seus princípios.
Caso Kadi- Tribunal de Primeira Instância da UE: não se pode fazer nada, a ONU manda.
- Tribunal de Segunda Instância da UE: esta resolução não se pode aplicar, pois
viola os princípios fundamentais da UE; a ONU acabou por regulamentar melhor as listas.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
inexistência jurídica (artigo 140, CRP); bem assim a falta de referenda pelo Governo de vários
atos do Presidente da República (artigo 143, nº 2, CRP)
Invalidade: Sempre que desrespeitada uma regra sobre a produção
jurídica. Distingue-se em nulidade e anulabilidade. Nula é por si inaplicável; a
inconstitucionalidade deve ser considerada causa de nulidade. Anulável aplicar-se-á enquanto
o órgão ou órgãos competentes não tomarem a iniciativa da sua anulação; esta é de mais rara
verificação.
Ineficácia em sentido restrito: Há vários motivos, mas o mais importante
é a falta de publicação.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
A lei morre por si, chega ao fim quando acaba o prazo de vigência (CRP
artigo 19º), a própria medida em si foi adotada com um quadro de vigência temporária (seja a
vigência certa [este verão] ou incerta [enquanto houver guerra]).
A lei pode morrer naturalmente, deixar de vigorar porque já não pode ser
aplicada.
Ex.: O javali está extinto, a proibição da caça ao javali já não faz sentido.
Caducidade, foi pensada para uma realidade que já não existe hoje.
Lei inconstitucional (artigo 13º CRP) contra a igualdade de sexos, já não há fundamento para
diferenciar o homem e a mulher neste nível. As mulheres continuam a receber menos que os
homens, poderia fazer algum sentido proteger as mulheres. Independentemente da
inconstitucionalidade (da desigualdade) terá a lei caducado? Pode adaptar-se a lei, no entanto,
só o pode fazer quem tiver legitimidade para tal, só um legislador o pode fazer (às vezes
adapta-se a lei às circunstâncias, no entanto, tem que ter o mínimo de correspondência com a
lei original). Se não for feito, o intérprete tem que estar relativamente preso à letra da lei
aquando a norma resultante da sua interpretação, tem que interpretar a fonte consoante o seu
entendimento, mas não pode adaptar a fonte ao ponto de a alterar. A lei interpretada
atualisticamente gera resultados diferentes, mas não podem estes fugir à letra da lei, apesar de
não ter que se cingir à mesma de forma literal.
b) Como já se viu nos desvalores dos atos legislativos, uma lei não pode
vigorar se for contra os princípios constitucionais. Como tal é declarada ilegal ou
inconstitucional por um Acórdão com força obrigatória geral.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Exemplo: “Fica revogada toda a legislação anterior incompatível com a nova lei”
Não indica o que a lei revoga expressamente, logo é revogação tácita por incompatibilidade.
Continuam a vigorar milhares de leis que não sejam incompatíveis com a nova lei, logo é
revogada tacitamente por incompatibilidade, impõem-se sempre que o legislador diga ou não.
Artigo 287º CRP- Revogação expressa, a lei constitucional tem que dizer expressamente o que
muda na CRP. Em caso algum a CRP admite revogação tácita por incompatibilidade da revisão
constitucional.
Não Repristinação: Artigo 7º, nº4, CC: A lei que revoga uma certa
revogação não faz renascer a lei que foi revogada pela segunda.
A revogação não representa a destruição da lei anterior, cessam os seus efeitos, mas salvam-
se em princípio os efeitos já produzidos.
Está porém fora da alçada do legislador repristinar por lei uma lei já
revogada; e pode atribuir efeito retroativo a esse repristinação, impondo efeitos sobre o
passado. Uma lei por inadvertência para uma outra lei que na realidade estava já revogada, ou
cuja vigência cessara por qualquer outro motivo. Então não se deve entender que a nova lei
repõe em vigor a lei anterior. Isto é claro quando a nova lei for de nível hierárquico inferior à
antiga.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
A lei excecional tem em vista um conjunto especifico de situações não admite naquele caso
concreto a conformidade do principio geral.
Ex.: O aborto admite-se sem que seja crime – excecional (contra o regime-regra).
Se matar alguém será punido com pena de 8 a 16 anos de prisão – geral (regime-regra).
Se matar a pedido sério a pena será reduzida a 3 anos – especial (conforme o regime-regra).
Ex.: Quem fez uma nova lei do arrendamento urbano não pensa em situações específicas, as
particularidades de inúmeras situações possíveis.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Tem que se interpretar extensivamente a categoria de lei especial, de modo a albergar lei
especial e lei excecional anterior. A interpretação do artigo 7º, nº3, não pode cingir-se à letra da
lei. Independentemente da leitura que se faça é preciso em qualquer caso perceber o sentido
da lei geral não revogar a lei especial anterior. Pode-se interpretar em sentido restrito ou amplo
desde que se mostre que se sabe que qualquer uma das interpretações é lícita.
Em Portugal não é fonte imediata, pois não está vinculado pela lógica.
Perante a jurisprudência o juiz não segue o entendimento, o oposto verifica-se em Portugal.
Não é necessário adotar um entendimento expresso por um Acento\Acordão, visto que a
jurisprudência não é fonte. Um tribunal pode não concordar com a decisão tomada por outro, é
duvidoso que seja fonte de direito porque não vinculam os casos semelhantes futuros, podem
vários tribunais chegar a conclusões diferentes ou mesmo declará-las inconstitucionais, perante
uma lei inconstitucional o Tribunal Constitucional pode revogá-la.
O juiz deve julgar apenas de acordo com a lei e a sua consciência. A
máxima de decisão não é elevada a regra que deva observar-se noutros casos. Não é molde
de revelação ou formação de normas jurídicas, não é fonte de direito em sentido técnico-
jurídico em Portugal.
É fonte por via “mediata”, tem um valor persuasivo por via de influxo na
vida jurídica. Vai formando o ambiente que permitirá, através de verdadeiras fontes do direito, a
criação de regras jurídicas.
o Sentido restrito – é o conjunto das orientações que resultam de todos os
atos jurisdicionais, em regra são individuais e concretos, contudo podem ser gerais e abstratos.
o Sentido amplo – é o conjunto de orientações que resultam de todos os
atos jurisdicionais, tomam-se decisões perante a igualdade, há uma vinculação do processo
que lhe deu origem, estabilidade do caso julgado (uma vez estabelecida, não pode ser alterada
a decisão).
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Exercícios
a) Lei, em sentido material, texto ou fórmula que contenha norma jurídica e que tenha sido
deliberadamente criada (para ser imposta na sociedade) por um órgão competente para tal.
Contém norma jurídica, não é norma jurídica.
Costume, prática social reiterada (corpus) com convicção de obrigatoriedade (animus). Deve
ser conforme aos princípios fundamentais do direito, segundo Oliveira Ascensão, tem que ser
racional.
Doutrina, opiniões de jurisconsultos, fonte por via “mediata” caso a lei assim o estabeleça.
b) Previstos na CRP, artigo 112º: facto produtor de um diploma, emanado por um órgão
competente tendo observado a forma exigida\predeterminada para tal ato normativo. Internos:
legislativos e regulamentares. Leis constitucionais e atípicos (não estão no artigo 112º). Há um
pluralismo jurídico (ver pirâmide hierárquica a cima).
Artigo 112, nº 1 e 5. Subprincípios, não podem existir outros atos legislativos para além dos
que estão fixados. Catálogo taxativo.
e) As fontes imediatas são as que nos vinculam, das quais a interpretação não pode sair do
propósito inicial para que foi criada, como é o caso da Constituição, uma norma inconstitucional
não tem qualquer efetividade. No caso do costume é apenas vinculativo se para além do uso
houver intervenção da convicção de obrigatoriedade, assim, o costume em si é uma fonte
imediata.
As fontes por via “mediata” não têm caráter vinculativo, têm valor persuasivo por via de influxo
na vida jurídica, como o caso da doutrina, vários livros sobre um certo assunto facilitam e
clarificam providenciando informação à cerca do mesmo, como por exemplo os livros de
Oliveira Ascensão, Galvão Telles, Sandra Lopes Luís, não são vinculativos mas estão ao dispor
do intérprete permitindo-lhe analisar diferentes doutrinas e decidir ou não à luz destas ou de
outras. A doutrina não é fonte em sentido técnico-jurídico , nem a jurisprudência, apenas
auxiliam o intérprete que formulará a norma jurídica, mas não faz parte do processo de
formação da norma.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
As fontes mediatas são os usos e a equidade, não têm autonomia, precisam do acolhimento da
lei para terem efetividade e só se pode recorrer a estas fontes mediatas quando a lei assim o
dispuser.
f) É a leitura que o tribunal faz para chegar a um critério que permita tornar-se vinculativa em
casos semelhante futuros. É uma orientação extraída da interpretação do tribunal, o critério que
este utilizou. Esta é considerada fonte de direito vinculativa nos sistemas jurídicos anglo-
saxónico e americano, é uma das principais se não mesmo a principal fonte; as decisões
baseiam-se no precedente, o direito é criado e aperfeiçoado pelos juízes, é a common law. Há
uma obrigação em seguir o raciocínio utilizado na decisão anterior. Típico do sistema jurídico
americano e anglo-saxónico.
25.
c) À partida todas as fontes de direito têm a mesma força vinculativa, logo perguntar à lei se o
costume é fonte de direito é estar a elevar a lei como fonte principal de direito, como “critério
único de avaliação das fontes de direito”; não sendo o caso, a lei poderá efetivamente
considerar que o costume não é fonte de direito, mas isso não quer dizer que o seja, quer dizer
simplesmente que aos olhos da lei o costume não tem força vinculativa; o inverso poder-se-á
também verificar, o costume, tendo a mesma força, à partida, que a lei, poderá não admitir a lei
como vinculativa, logo poderá ir para além da lei.
A lei e o costume estão em pé de igualdade, a lei não admitindo o costume como fonte de
direito tem primazia como fonte; o costume como fonte reconhece-se com igual força
vinculativa, logo a sua legalidade é-lhe irrelevante. Cabe ao intérprete decidir qual a fonte a que
se vincula. Apesar de tudo isto, o espaço para o costume é diminuto, pois há soberania popula
e a lei acaba por comtemplar aspetos relacionados com o costume, o que faz com que não seja
necessário convocá-lo.
Há uma tensão entre ser e dever ser na lei. Enquanto, o costume brota diretamente da
sociedade
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Contudo, a doutrina moderna diz, unanimemente, que não existe qualquer presunção em saber
toda a legislação devido à quantidade existente e constante; Segundo Oliveira Ascensão pode
dividir-se: na racionalidade das normas, isto é, áreas éticas, o Direito é intuitivo quando são
áreas como o Direito Penal, mas a mera intuição jurídica não será guia certeiro do que diz
respeito às novas normas jurídicas, áreas técnicas; e na necessidade de eficácia ou
operacionalidade do ordenamento jurídico, ou seja, fundamento máximo do princípio de
segurança da lei, as leis contendo normas jurídicas vêm estabelecer o ordenamento jurídico.
Sem este princípio a ordem jurídica seria paralisada, contra os valores de justiça e de
segurança jurídica, muito embora a Daniela tenha razão – um cidadão médio não pode
verdadeiramente conhecer todas as normas jurídicas.
A revogação tácita é uma das formas de revogação da lei, cessação da vigência (a par do
costume contra legem, a inconstitucionalidade\ilegalidade e da caducidade). O juiz tinha que
estar perante uma noa lei hierarquicamente igual ou superior ao Código Civil. Não tem qualquer
sentido invocar a revogação tácita.
Um último ponto a salientar é o facto de o juiz se abster a tomar uma decisão devido a factos
pouco esclarecedores. O artigo 8º nº 1 e 2 do Código Civil estabelece que o juiz não se pode
abster de decidir o caso, proibição Non Liquet: falta ou obscuridade da lei para avaliar ou
julgar os factos; ou dúvida insanável quanto aos factos – o juiz diz que tem dúvidas insanáveis
quanto aos factos invocados por Carlos (invoca o incumprimento de um contrato, mas não
consegue provar a sua existência). O artigo 342º é supletivo quanto a este artigo 8º, haverá
sempre uma solução possível, sem prova não há direito para o Carlos ser indemnizado. O juiz
é obrigado a julgar com o dever de obediência ao Direito objetivo, não pode seguir a sua
compreensão subjetiva achando que Daniela tem ou não razão.
33. A lei começará a produzir efeitos dia 12 de Setembro, pois segundo a posição de Oliveira
Ascensão a publicação é condição de eficácia da lei, pois a distribuição desta desprotegeria as
pessoas que começaram a contar a partir desta mesma publicação, haveria insegurança
jurídica. No entanto, não é necessariamente com a publicação que passa a produzir efeitos,
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
apenas com a publicação no Diário da República é que a lei passa e ter efetividade. O período
entre a publicação e a entrada em vigor destina-se a assegurar o conhecimento da lei aos seus
destinatários, como explicita o artigo 5º do Código Civil. No entanto, há situações em que o
legislador não estabelece a Vacatio Legis, então, o artigo 2º da Lei dos Formulários vem
supletar esta lacuna afirmando que, na ausência de Vacatio Legis, a lei passará a vigorar no
quinto dia após a publicação. A Lei 26\2006 de 30 de Junho estabelece que a publicação
online, ou seja, a data de disponibilidade é o ponto de partida para se aplicar a Vacatio Legis
ou a sua norma supletiva. Sendo assim, a lei passa a vigorar dia 25 de Setembro e não dia 12,
pois só foi distribuída a 20 de Setembro sem Vacatio Legis estabelecida.
34. Caso a lei não estabeleça a Vacatio Legis, artigo 5º do Código Civil, pode uma outra lei
estabelecer um prazo supletivo, artigo 2º da Lei dos Formulários. Abílio pode exercer a sua
atividade até ao dia 24 de Setembro às 23:59 horas. Mesmo que já tenha condições para
produzir efeitos, só os produz quando entrar em vigor, não os produz imediatamente. Dentro do
prazo supletivo de cinco dias ou do período da Vacatio Legis, não é exigível que os
destinatários, mesmo conhecendo a lei, cumprem ou respeitem a lei, só a partir da entrada em
vigor e que se torna efetiva. O prazo supletivo nunca pode suprimir a Vacatio Legis escolhida
pelo legislador.
35. Hoje está em vigor o Decreto-Lei Y, pois foi publicado posteriormente, como já se viu, a lei
ou decreto-lei posterior prevalece. Segundo a perspetiva de Oliveira Ascensão prevalece, pois
houve uma revogação tácita do Decreto-Lei X, isto é, nada diz quanto à revogação da lei
antiga, mas é incompatível, logo, sedo posterior, anula esta anterior, artigo 7º, nº1 e 2, Código
Civil. Já Miguel Teixeira de Sousa, concluindo o mesmo que esta doutrina unânime, utiliza um
fundamento diferente do de Oliveira Ascensão, no período de Vacatio Legis do Decreto-Lei X é
publicado outro incompatível, sendo assim, não se trata de verdadeira uma revogação, mas
sim um impedimento à vigência do primeiro, artigo 5º, nº1.
40. Em 2014 continua a vigorar o Decreto-Lei X de 1981, ou seja, podem caçar-se cinco
perdizes por dia, apesar de, em 1998, ter sido estabelecido pelo Decreto-Lei Y que apenas se
podiam caçar três perdizes por dia, foi também estabelecido o prazo de caducidade do mesmo,
“durante a época de caça de 1998”. Findo este prazo a lei morre por si mesma, mas não
revoga o Decreto-Lei X, o Decreto-Lei Y vem suspender o Decreto-Lei X, é uma lei especial
face à lei geral do segundo, tendo estabelecido um prazo para o fim da sua vigência. O
Decreto-Lei X não tem nada que indique a cessação da sua vigência nem foi revogado, logo
mantém-se em vigor, artigo 7º, nº1, Código Civil.
42. Um Decreto-Lei nunca poderia alterar o artigo 24º da CRP, pois para além do Direito à vida
ser inviolável, um direito fundamental, e estar implícito nas normas do ius cogens que estão a
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
cima da Constituição de qualquer Estado e desta norma resultar a proibição da pena de morte
em caso algum.
47. A questão apresentada aqui remete à doutrina, o conjunto de orientações que resultam da
opinião de jurisconsultos. Ora, a doutrina não é fonte do direito em sentido técnico-jurídico em
Portugal, não é um modo de revelação e formulação das normas, logo, não é vinculativa. Esta
doutrina contraria um parecer que há muito este tribunal seguia, há uma repetição de julgados,
isto é, uma jurisprudência constante. No entanto, como já foi visto, a jurisprudência também
não é fonte de direito em sentido técnico-jurídico, por isso, o tribunal não pode decidir o caso
nestes termos. Não podendo decidir de acordo com as suas pré-compreensões, estando
apenas vinculado ao Direito objetivo, segundo o artigo 203º da CRP e 8º do CC, os juízes têm
o dever de fundamentar as suas decisões, também acrescenta o artigo 615º do Código do
Processo Civil, que se não fundamentar a sua decisão esta é nula. Não sendo nem a doutrina
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
nem a jurisprudência vinculativas, o Conselheiro relator não tem qualquer legitimidade no que
diz.
49. As afirmações de Sofia não são devidamente fundamentadas e são falaciosas. Sofia invoca
o costume contra legem, no entanto, ao definir costume fica-se pela metade, isto é, está
meramente a definir usos – prática social reiterada –, para estar presente no seu todo para
além de uso tem que estar vinculado a uma convicção de obrigatoriedade. Neste caso não há
uma convicção de que se deve proceder segundo aquele uso, não estão implícitas regras
jurídicas, ou seja, falar ao telefone não é uma prática segundo a qual há uma crença de que é
lícita a prática e assim se deve proceder. A definição e má formulação do conceito de costume
não permitem que o mesmo seja invocado, logo, não tem qualquer prevalência sobre a lei que
dita que falar ao telefone enquanto se conduz é proibido devido à insegurança que subjaz ao
primeiro e terceiros. Não estando reunidos os requisitos de costume, não há qualquer valor
revogatório da lei, quem está mal informada é a Sofia e não os agentes que simplesmente
cumprem a sua função.
A maioria da doutrina considera o costume contra legem fonte do direito, a lei por si própria não
se pode considerar superior ao costume, a supremacia da lei está ainda por demonstrar. O
costume é uma fonte privilegiada, pois brota diretamente da sociedade, expressa a vontade
das pessoas, não está dependente do Estado: tem que ser observado e espontâneo, tem uma
eficácia assegurada. A lei pode não ter eficácia, mas o costume tem-na, é observável e
independente do comportamento dos governantes. O costume contra legem prevalece neste
caso.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
54. Estamos perante uma repetição de julgados, isto é, perante a jurisprudência constante,
como já vimos, a jurisprudência não é vinculativa, o juiz está apenas vinculado ao direito
objetivo e à sua consciência, artigo 8º do CC e 203º CRP, o juiz pode decidir sem estar
vinculado aos precedentes. Não é, pois, um costume jurisprudencial, porque apesar da
repetição de julgados, os juízes decidem naturalmente daquela forma, não há convicção de
obrigatoriedade, mas é preciso, contudo, ter em conta os casos análogos apesar de não serem
vinculativos. Perante uma disposição geral não se podem afastar da lei os juízes, por muito
persuasiva que seja a jurisprudência constante.
60. A jurisprudência uniformizadora não é fonte de direito, ou seja, não vincula os tribunais
inferiores nem os casos futuros. O juiz está vinculado somente ao Direito objetivo. Assim, este
Acórdão uniformizador vinculou o caso para que foi criado, mas não vincula mais nenhum, pois
não tem força obrigatória geral. Assim, o tribunal de primeira instância não está vinculado a
tomar esta decisão que foi tomada naquele caso concreto.
Equidade:
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
3. Substitui a lei:
Casos em que a lei não pode ser convocada, mas são resolvidos pela
lei, a equidade flexibiliza a durabilidade da lei (ex.: artigo 494º CC). Critério de decisão por
afastamento dos critérios legais. Segundo o artigo 4º do Código Civil, é preciso autorização
legal ou acordo das partes.
Lei da arbitragem voluntária, artigo 39º CC, as partes vão querer resolver
o litígio não segundo o Direito, mas segundo o que é justo. – Tribunal arbitrário.
Ex.: Chefe da RDA foi preso, ao fim de cumprir um grande período de prisão descobriu-se que
tinha cancro terminal: a equidade diz para o deixar morrer em casa. O caso foi resolvido não
segundo a equidade, o cumprimento de uma pena não pode atentar à dignidade humana, logo
deste princípio retirou-se um critério, uma lei. Logo o caso foi solucionado segundo a lei e não
segundo a equidade.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Exercícios:
61.
a) A equidade é entendida como justiça do caso concreto; a solução pode ser adequada, mas
não fazer sentido num caso concreto. Há casos em que devemos resolver a situação não
segundo uma norma geral e abstrata para “n” situações, mas segundo uma solução que seja
justa no caso concreto, isto é, casos em que a solução tem que ser uma com base nas
especialidades muito atípicas que o caso concreto apresenta e não segundo o critério geral e
abstrato, não pode ser universal, tem que ter princípios de justiça e racionalidade.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
pois não há casos concretos iguais, cada caso é irrepetível na vida das pessoas. Não se retira
da equidade um critério para casos futuros semelhantes.
O legislador quando formula uma norma jurídica atende aos casos mais frequentes e não a
todas as possibilidades que podem ocorrer. A equidade vem atenuar a rigidez das fontes de
direito oportunas, por vezes a justiça social não é a mais adequada, assim, a equidade tempera
a lei. O valor reconhecido pelo direito português à equidade é a amenização da rigidez da lei
apenas quando está dentro dos parâmetros do artigo 4º: Disposição legal (lei expressamente
diz); disposição convencional (vontade das partes).
A escolha da lei forma sobre a lei material é sempre escolher a justiça do caso concreto sobre
a segurança jurídica (justiça social) – quanto à orientação dos seus atos; previsibilidade da
solução do caso concreto. A escolha da justiça concreta vem denegrir a segurança jurídica. O
julgador apenas pode recorrer à equidade nos termos da disposição legal ou convencional. A
equidade é fonte do direito mediata.
c) A solução dos casos é muitas vezes comparada à régua de Lesbos; em vez da rigidez da
régua vulgar (todas as fontes de direito) substitui-se pela régua flexível, permitindo a adaptação
às faces irregulares dos objetos a medir. A norma é uma régua rígida que abstrai das
circunstâncias por ela não consideradas relevantes. Já a equidade é um régua maleável, pois
está em condições de tomar em conta circunstâncias do caso que a regra despreza, como
força ou fraqueza, para chegar a uma solução que melhor se adapte ao caso concreto, mesmo
que se afaste da solução da lei; há uma criação para o caso singular.
Artigo 566º, nº3 - critério complementar (determina medida da consequência jurídica da norma
legal).
67. Estamos perante um contrato de depósito nos termos do artigo 1185º do Código Civil, “
Depósito é o contrato pelo qual uma das partes entrega à outra uma coisa, móvel ou imóvel,
para que a guarde, e a restitua quando for exigida”, não tem que estar escrito, pois o artigo
219º permite a liberdade de forma.
Segundo o artigo 1187 alínea c) a Carolina tem o dever de restituir a coisa depositada, neste
caso a arma de Bruno. O artigo 1192º, nº1, estabelece que ainda que tenha um contra crédito
não pode exercer o direito de retenção da coisa depositada. Mas o artigo 1192, nº3 estabelece
um regime excecional em relação ao nº1, vem dizer que poderá de facto reter a coisa
depositada se lhe vier ao conhecimento que a coisa é roubada. Mas neste caso não é o que se
passa, a Carolina tem conhecimento que o Bruno quer praticar um crime. Tratando-se de uma
norma excecional, não se pode aplicar a analogia, se fosse uma norma geral já se podia fazê-
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lo. Com base nos artigos 8º do CC e 203º da CRP os juízes estão sujeitos à lei, ao Direito
objetivo. O artigo 8º diz que não pode afastar-se da disposição com base na injustiça do caso
concreto. Mas o artigo 4º acrescenta que só se pode recorrer à equidade quando está expresso
na disposição legal ou convencional no âmbito da disponibilidade das partes.
O artigo 339º do Código Civil, remete ao Estado de Necessidade, este é uma das formas de
tutela privada que é sempre excecional face à tutela pública. Carolina se estivesse junto de um
polícia podia recorrer à tutela da autoridade pública, contudo, quando não o é possível existem
meios de tutela privada (legitima defesa, estado de necessidade...). Este artigo vem permitir a
tutela privada se existirem os critérios do perigo atual, um dano manifestamente superior
àquele que ocorreria da destruição ou danificação da coisa, com o fim de remover o perigo
atual manifestamente superior. O perigo atual é o homicídio que Bruno cometeria sobre Álvaro,
que é manifestamente superior à danificação ou destruição da arma, mas se a lei permite o
mais permite o menos, se a lei permite que se destrua a coisa, também permite que se retenha
a coisa. A doutrina geral em relação ao artigo não o considera um elenco taxativo, logo se se
vem permitir o mais, também se vem permitir o menos.
É preciso interpretar em sentido estrito, é preciso partir da fonte para retirar o sentido da regra
que lá está albergada.
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