Autoridades timorenses na mira da Amnistia Internacional
Quase quatro centenas de pessoas entregaram-se desde o final de Março às
autoridades timorenses, no âmbito da operação policial que está a tentar executar um mandado de captura contra Mauk Moruk e outros responsáveis do movimento conhecido como Conselho Revolucionário. O balanço foi no fim-de-semana avançado pelo comandante da polícia de Baucau, Justinho Menezes. Lançada pela Polícia Nacional de Timor-Leste, em cooperação com as Forças de Defesa da mais jovem nação do continente asiático, a operação Hanita está em curso desde finais de Março e já resultou na detenção efectiva de onze membros do Conselho Revolucionário. Das 395 pessoas que se entregaram às autoridades, 17 têm que se apresentar periodicamente nas esquadras da Polícia Nacional de Timor-Leste e as restantes foram identificadas pelas forças de segurança do país. Em comunicado divulgado no fim-de-semana, o Executivo de Dili explicou que a operação Hanita continua a decorrer de acordo com as regras de comportamento e disciplina. As autoridades timorenses insistem que “o esforço para minimizar um confronto” com os militantes do grupo liderado por Mauk Moruk continua a ser a via privilegiada: “As autoridades aspiram estabelecer uma relação calma e construtiva com Moruk e com os membros do seu grupo ilegal, conhecido como o “Conselho Revolucionário”, refere o comunicado. Apesar das garantias do Governo de Díli, a operação tem causado alguma polémica em Timor-Leste, sendo questionada por organizações locais de defesa dos direitos humanos e, mais recentemente, pela própria Amnistia Internacional. Na semana passada, o organismo denunciou o que diz ser a detenção arbitrária e os maus tratos impostos, desde meados de Março, a dezenas de pessoas: “As forças de segurança timorenses detiveram arbitrariamente e alegadamente torturaram ou maltrataram dezenas de indivíduos em Laga e Baguia nos últimos meses”, acusa a Amnistia Internacional em comunicado. Mauk Moruk é procurado pelas autoridades de Timor-Leste por alegado envolvimento no ataque desferido, no início de Março, contra a esquadra de polícia da vila de Baguia. O ex-comandante da guerrilha timorense nega as acusações, mas confirma que no assalto participaram elementos do grupo que lidera.