A felicidade nasce da infelicidade; a infelicidade está escondida no
seio da felicidade. Lao–Tsé
Quando eu era adepto do kardecismo, ainda muito garoto, eu ouvia
muito a máxima: “a dor é o despertar da alma”. Não sei se é uma máxima tradicionalmente kerdecista, perdoem-me pela ignorância. Mas como eu era muito jovem, na época, eu pouco compreendia a profundidade desse dizer. Hoje, vejo a sua abrangência magnânima.
Essa máxima é totalmente ressonante com as palavras sutis de Lao-
Tsé: A felicidade nasce da infelicidade... “ As duas, com diferentes linguagens, direcionadas a públicos e a tempos diferentes, sintetizam a essência da aceitação do Tao. Que é simplesmente aceitar o inevitável, sem resistir. Abandonar a sua bagagem de sofrimento, vaidade, orgulho... e permitir que o VAZIO preencha o próprio VAZIO.
Muitos homens e muitas mulheres, quando passam por um sofrimento
insuportável, se permitam abandonar toda a sua bagagem e, assim, encontram uma paz profunda na resignação. Esses indivíduos não resistem, apenas se entregam ao inevitável, a vontade de Deus. Essa paz profunda é muito mais bela do que a própria felicidade. Essa entrega acontece com muitos prisioneiros no corredor da morte, que, diante do sofrimento extremo pelo qual passam, pela proximidade da temida morte, se entregam ao inevitável e invade-se, neles, uma paz excelsa e sublime que os acolhe e os ampara em sua difícil caminhada. Muitos desses renegados adquirem uma grande expansão de Consciência, nesse momento.
É claro que o sofrimento não é garantia dessa entrega ao VAZIO, a
Paz Profunda, mas é uma grande oportunidade para alcança-a.