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CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO

PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO

Aula 01
3 Direitos e garantias fundamentais. 3.1 Direitos e deveres
individuais e coletivos

I. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ----------------------------------------------------- 3


II. PRINCIPAIS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ---------- 20
III. PRINCIPAIS DIREITOS E GARANTIAS EM DIREITO PENAL ------------------- 50
IV. QUESTÕES DA AULA ------------------------------------------------------------------------------------------ 85
V. GABARITO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 94
VI. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ------------------------------------------------------------------------- 95

Olá futuros Auditores-Fiscais do Trabalho!

Prontos para o SEU salário de R$ 14.280,00 e para ocupar um dos


melhores cargos da Administração Pública Federal?

Bem-vindos ao curso de Direito Constitucional em teoria e exercícios! Espero


que tenham gostado da aula inaugural e prestem muita atenção àquela
matéria, pois ela é bastante recorrente nas provas de concursos!

Nessa aula, estudaremos a seguinte parte do seu edital: 3 Direitos e garantias


fundamentais. 3.1 Direitos e deveres individuais e coletivos.

Vocês observarão que a parte de exercícios está bastante extensa: serão


MUITOS exercícios comentados! Isso para que possamos GABARITAR a
prova de Direito Constitucional! Como explicado e combinado na aula
inaugural, usaremos exercícios do CESPE e, de forma complementar, de outras
bancas, para que você tenha uma cobertura completa da matéria.

Ao responder as questões, leia todos os comentários, pois foram feitas várias


observações além da mera resolução da questão, ok?

Você notará que alguns esquemas e respostas foram exaustivamente


repetidos nos comentários das questões. Isso não é por acaso! Sugiro
que você os revise várias vezes, para internalizar o conhecimento.

Como também combinado na aula inaugural, não se preocupe com o número


de páginas das nossas aulas (dê uma olhada em quantas são). Esse material
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foi desenvolvido para que a sua leitura flua tranquilamente e seja


bastante rápida. Na aula de hoje, teremos APENAS 40 páginas de
conteúdo (teoria). O restante das páginas é dividido entre MUITOS
exercícios comentados, MUITOS esquemas e uma lista com as questões
da aula. Dessa forma, apesar de o número de páginas ser elevado, a leitura do
material é bastante rápida e agradável!

Caso tenham alguma dúvida, mandem-na para o fórum ou para o email


robertoconstitucional@gmail.com.

Vamos então à nossa aula!

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I. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Meus caros Auditores-Fiscais do Trabalho, primeiramente, vocês devem saber


que a grande maioria dos direitos e garantias fundamentais está prevista no
artigo 5º da Constituição. Contudo, eles não estão contidos exclusivamente no
referido artigo. Dessa forma, os direitos e garantias fundamentais estão
previstos no art. 5o da Constituição, esparramados ao longo da CF e
também implícitos em seu texto, não constituindo um rol taxativo.
Como exemplo, temos o Princípio da anterioridade eleitoral (art. 16) e o
Princípio da anterioridade tributária (art. 150, III, b).

Tais direitos podem ser didaticamente subdivididos da seguinte forma:

x
Direitos e Garantias

Direitos individuais e coletivos;


x
Fundamentais

Direitos sociais;
x Direitos de nacionalidade;
x Direitos políticos;
x Partidos políticos; e
x Remédios constitucionais.

Deve-se, desde já, frisar que nem todos os direitos e garantias


fundamentais são cláusulas pétreas, apenas os direitos e garantias
INDIVIDUAIS o são. Assim, os direitos individuais são “espécie” do gênero
“direitos e garantias fundamentais” e somente aqueles (os individuais) são
cláusulas pétreas. Confira o art. 60, §4o da CF:

Art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de


emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

Por fim, o rol dos direitos e garantias fundamentais (DGF) previstos na


Constituição não é taxativo, podendo haver outros DGF não previstos
expressamente no texto constitucional. Observe o art. 5º § 2º: “Os direitos e
garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do

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regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em


que a República Federativa do Brasil seja parte”.

Esquematizando:

x Direitos e garantias - Direitos individuais e coletivos


fundamentais - Direitos Sociais
- Direitos de Nacionalidade art. 5o + ao longo da CF
- Direitos Políticos
- Partidos Políticos
- Remédios constitucionais

x Os Direitos Fundamentais estão no art. 5o + ao longo da CF (não se resumem ao art. 50)


- Princípio da anterioridade eleitoral (art. 16)
- Princípio da anterioridade tributária (art. 150, III, b)
x Nem todos os Direitos Fundamentais são pétreos – somente os INDIVIDUAIS (art. 60,
par. 4o, IV)
x Direito INDIVIDUAL é espécie dos Direitos Fundamentais
x Rol não é taxativo (art. 5º, § 2º)

2. GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Até a Idade Média, o Estado podia interferir na vida das pessoas como bem
entendesse. Ele era soberano e o Rei não precisava respeitar nenhum limite ou
lei. Esse contexto permitiu que o Estado cometesse uma série de abusos e
atrocidades, sem o menor limite ou respeito aos seus súditos.

Esta é uma história bem conhecida e que mostra a desproporcionalidade do


poder do Estado: havia duas mães brigando para saber de quem era o filho. O
Rei simplesmente mandou cortar o menino ao meio e dar metade da criança a
cada uma delas. A mãe que não aceitou a proposta do rei e preferiu que o filho
ficasse vivo, ainda que com a outra mãe, era a verdadeira progenitora da
criança.

Histórias como essa, para nós, beiram ao ridículo, mas expressam bem o
poder do Estado em outras épocas.

Com o passar do tempo, na era do Liberalismo, a população passou a se


revoltar com esses abusos que o Estado cometia e passou a reivindicar direitos

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como a vida, a liberdade, a propriedade, entre outros. Esses direitos


pressupõem uma não ação do Estado, ou seja, o Estado não pode matar
alguém injustamente; o Estado não pode tirar os bens de alguém
injustamente, assim como não pode tirar a liberdade de alguém injustamente.

Esse foi o contexto onde surgiram os primeiros direitos fundamentais (ou


direitos de 1ª. Geração) e, justamente por serem uma barreira à ação do
Estado (o Estado não pode matar alguém injustamente; o Estado não pode
tirar os bens de alguém injustamente, etc.), são chamados de liberdades
negativas. Entre os direitos de 1ª geração, estão o direito à vida,
propriedade, liberdade etc.

Com o passar do tempo, já na Revolução Industrial, mais abusos eram


cometidos: jornadas de trabalho de 15 a 18 horas por dia e 7 dias por semana,
crianças trabalhando, não havia férias etc...

Nesse contexto, surgiram os direitos de 2ª geração: o Estado deveria agir


para promover os direitos. Ele deveria editar leis para que os trabalhadores
tivessem férias; ele deveria agir para que os trabalhadores possuíssem 13º
salário, jornada de trabalho justa etc. Dessa forma, os direitos de 2ª geração
requerem uma ação do Estado e são relacionados à igualdade. São exemplos
de direitos de 2ª geração: direitos dos trabalhadores, educação, saúde, dentre
outros.

Com o passar do tempo e, principalmente no período pós-Grande Guerra, a


comunidade internacional começou a se preocupar com os direitos
transindividuais (que ultrapassam o indivíduo), como o meio ambiente, o
desenvolvimento e a comunicação, ou seja, direitos relacionados à
fraternidade. Esses são direitos de 3ª geração.

Com a globalização, vieram os direitos de 4ª geração, relacionados com


engenharia genética, transgênicos, softwares etc.

Esquematizando:

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Gerações dos Direitos Fundamentais

x Direitos de 1ª Geração - Liberdade


- Liberdades negativas - Pressupõem uma não ação do Estado
- Liberdades públicas e direitos políticos
- Direitos individuais
- Contexto histórico: Liberalismo

x Direitos de - Igualdade
2ª Geração - Direitos sociais (trabalhadores, educação, saúde, moradia...)
- Direitos culturais e econômicos
- Liberdades positivas: o Estado tem que agir
- Contexto histórico: Revolução industrial

x Direitos de - Fraternidade / Solidariedade


3ª Geração - Diretos Difusos
- Meio ambiente, consumidores...

x Direitos de - Engenharia genética


4ª Geração - Softwares
- Transgênicos

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3. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

x Historicidade: esses direitos foram construídos no decorrer do tempo,


juntamente com o desenvolvimento da própria sociedade. Assim, possuem
caráter histórico, nascendo com o Cristianismo, passando pelas diversas
revoluções e chegando aos dias de hoje.

x Universalidade: destinam-se a TODOS os seres humanos, sem qualquer


forma de distinção ou discriminação.

Dessa forma, os direitos fundamentais se aplicam a TODOS os brasileiros


e estrangeiros, residentes ou não no Brasil. Aplicam-se a pessoas físicas
e jurídicas, ao Estado e nas relações entre particulares.

O Estado também pode ser titular de direitos fundamentais. (ex:


propriedade). Aliás, existem direitos fundamentais direcionados
exclusivamente ao Estado, como a requisição administrativa.

No entanto, isso não significa que todos os direitos fundamentais são


aplicados a todas essas figuras na mesma proporção. A regra é que os DGF
se aplicam aos brasileiros e aos estrangeiros. No entanto, alguns direitos
fundamentais não se aplicam aos estrangeiros, por exemplo, a ação
popular.

Da mesma forma, os direitos e garantias fundamentais se aplicam às


pessoas físicas, jurídicas, nacionais e estrangeiras. No entanto, alguns não
são aplicados às pessoas jurídicas, por exemplo, a liberdade.

x Limitabilidade: a maior parte da doutrina diz que os direitos


fundamentais não são absolutos, podendo haver limitações quando um
direito fundamental entra em confronto com outro. Exemplo: direito de
propriedade vs direito de desapropriação do Estado; direito à intimidade vs
liberdade de expressão...

Mas o que acontece se um direito meu entrar em conflito com o direito de


outra pessoa? Nesse caso, os direitos fundamentais não podem ser
simplesmente suprimidos. Devem-se equilibrar tais direitos usando-se o
princípio da harmonização.

OBS: existem doutrinadores, como Gilmar Mendes, que dizem que A


DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA é um direito
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SUPRACONSTITUCIONAL (acima da própria Constituição), podendo


apenas ser confrontado com ele mesmo. Olhe esse trecho, retirado de seu
livro:

“A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA apresenta-se alheia a


qualquer outro confronto com outro princípio ou regra, em face
da necessária interpretação de sua colisão somente consigo
própria. Nessa medida, tem-se a dignidade da pessoa humana
como princípio de hierarquia SUPRACONSTITUCIONAL.”

Como dito acima, a posição dominante é que nenhum direito


fundamental é absoluto, ou seja, todos eles podem ser limitados,
respeitando-se, obviamente, princípios como a razoabilidade,
proporcionalidade etc.

x Concorrência: podem ser exercidos cumulativamente, ou seja, ao mesmo


tempo.

x Imprescritibilidade: não são perdidos se não forem usados.

x Irrenunciabilidade: os direitos fundamentais não podem ser renunciados


por seu titular (seu dono). Eles podem até não ser exercidos, mas nunca
poderão ser renunciados.

Alguns autores dizem que pode haver renúncia temporária de alguns


direitos fundamentais e desde que não ofenda a dignidade da pessoa
humana. Ex: reality shows, onde se renuncia, temporariamente, a
intimidade e a vida privada.

x Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser vendidos, são


indisponíveis e não possuem conteúdo econômico-patrimonial.

x Aplicabilidade imediata: O §1º do art. 5o. diz que “as normas definidoras
dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”.

Atenção: isso não significa que todos os direitos fundamentais são normas
de eficácia plena. Existem os três tipos de normas de direitos e garantias
fundamentais: plena, contida e limitada.

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Esquematizando:
• Historicidade – possuem caráter histórico, passando pelas diversas revoluções e chegando
aos dias de hoje.
• Universalidade – destinam-se a TODOS os seres humanos, sem qualquer forma de distinção
ou discriminação.
ƒ Abrangência:
x Todos os brasileiros e estrangeiros, residentes ou não no Brasil
x Pessoa Física, Jurídica e Estado
o Ex: direito de propriedade
x Existem direitos fundamentais direcionados somente ao Estado
o Ex: requisição administrativa
x Direitos fundamentais aplicam-se também nas relações entre particulares
Características dos direitos e garantias fundamentais

o Ex: trabalhador, danos morais


• Limitabilidade – os direitos fundamentais não são absolutos, podendo haver limitações
quando um direito fundamental entra em confronto com outro.
ƒ Não podem ser simplesmente suprimidos se houver conflito, pode apenas ser reduzida
a eficácia
o Princípio da harmonização
ƒ Nenhum Direito Fundamental é absoluto (maioria da doutrina)
ƒ OBS: Gilmar Mendes: a DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA apresenta-se alheia
a qualquer outro confronto com outro princípio ou regra, em face da necessária
interpretação de sua colisão somente consigo própria. Nessa medida, tem-se a
dignidade da pessoa humana como princípio de hierarquia
SUPRACONSTITUCIONAL

Não é a doutrina dominante


• Concorrência – podem ser exercidos cumulativamente
• Imprescritibilidade – não são perdidos se não forem usados.
• Irrenunciabilidade – eles podem não ser exercidos, mas nunca poderão ser renunciados.
ƒ Renúncia Temporária dos direitos fundamentais: Cabe
x Pode renunciar direito à intimidade e à vida privada, desde que não ofenda a
dignidade da pessoa humana
o Ex: reality shows
• Inalienabilidade – não podem ser vendidos, são indisponíveis e não possuem conteúdo
econômico-patrimonial.
• Aplicabilidade imeditada – art. 5o, §1o: “as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata”.
ƒ Não tem nada a ver com normas de eficácia PLENA
ƒ Lembrando: Existem direitos e garantias nos 3 tipos de normas (plena, contida e
LTDA)

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4. OBSERVAÇÕES

a) Segundo o art. 5º, § 3º, incluído pela EC 45/2004, os Tratados


Internacionais que versarem sobre direitos humanos e que forem
aprovados por dois turnos e 3/5 dos votos por cada uma das Casas
Congresso Nacional terão força de Emenda Constitucional. A
Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência foi o primeiro
Tratado Internacional sobre direitos humanos aprovado com força de EC
pelo Brasil.

Atenção! Estamos falando de Tratados Internacionais sobre direitos


HUMANOS (não é direitos fundamentais).

Observe que tais tratados não integram e nem modificam o texto da


CF, apenas possuem força de Emenda à Constituição.

Dessa forma, os tratados internacionais podem possuir 3 status


diferentes no ordenamento jurídico brasileiro:

x LEI ORDINÁRIA - Tratados Internacionais que não versem sobre


Direitos Humanos e forem aprovados pelo procedimento
comum.

x SUPRALEGAL - Tratados Internacionais que versem sobre Direitos


Humanos e forem aprovados por procedimento comum.

x EMENDA CONSTITUCIONAL - Tratados Internacionais que versem


sobre Direitos Humanos aprovados por 3/5 dos votos em 2
turnos (procedimento especial).

b) Teoria da Eficácia Vertical dos Direitos Fundamentais: diz respeito


à aplicabilidade desses direitos como limites à atuação dos governantes
em favor dos governados. Ela se refere aos limites da interferência
do Estado na vida dos particulares.

c) Teoria da Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais: se refere


às relações entre particulares. Aqui, os destinatários dos preceitos
constitucionais são os particulares (pessoas físicas ou jurídicas). Há uma
evolução da posição do Estado, antes como adversário, para guardião
dos direitos fundamentais.

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d) Diferença entre direitos, garantias e remédios constitucionais:


Meu caro aluno e futuro Auditor-Fiscal do Trabalho, essa diferenciação é
bastante simples e pode ser feita com a simples observação do esquema
abaixo:
o Direitos: são os bens e vantagens prescritos na CF
o Garantias: são os instrumentos que asseguram o exercício dos direitos.
ƒ Remédios: são uma espécie de garantia
• Remédios • Administrativos - Direito de certidão
- Direito de petição
• Judiciais - Habeas Corpus (HC)
- Habeas Data (HD)
- Mandado de Segurança (MS)
- Mandado de Segurança Coletivo (MSC)
- Ação Popular (AP)
- Mandado de Injunção (MI)

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EXERCÍCIOS

1. (CESPE - 2012 - TC-DF - Auditor de Controle Externo) Embora a CF estabeleça


como destinatários dos direitos e garantias fundamentais tanto os brasileiros
quanto os estrangeiros residentes no país, a doutrina e o STF entendem que os
estrangeiros não residentes (como os que estiverem em trânsito no país)
também fazem jus a todos os direitos, garantias e ações constitucionais
previstos no art. 5.o da Carta da República.

O único erro está na palavra “todos”. De fato, a regra é que os direitos


e garantias fundamentais se aplicam aos brasileiros e estrangeiros,
residentes ou não no país. No entanto, nem todos os direitos do art. 5º
se aplicam aos estrangeiros. Querem um exemplo? A ação popular é
um instituto do qual somente os cidadãos brasileiros podem lançar
mão.

Gabarito: Errado.

2. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nível Superior) O regime jurídico das


liberdades públicas protege as pessoas naturais brasileiras e as pessoas
jurídicas constituídas segundo a lei nacional, às quais são garantidos os
direitos à existência, à segurança, à propriedade, à proteção tributária e aos
remédios constitucionais, direitos esses que não alcançam os estrangeiros em
território nacional.

Os estrangeiros residentes em território nacional estão expressamente


protegidos pelas normas fundamentais da Constituição (veja no caput
do art. 5º). Apesar de a Constituição ser omissa em relação aos
estrangeiros não residentes no país, o entendimento jurisprudencial é
que os mesmos também são titulares de direitos e garantias
fundamentais, no que for possível.

Gabarito: Errado.

3. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nível Superior) As normas que


consubstanciam os direitos fundamentais democráticos e individuais são de
eficácia e aplicabilidade mediata.

O §1º do art. 5º diz que “as normas definidoras dos direitos e


garantias fundamentais têm aplicação imediata”.

Gabarito: Errado.

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4. (CESPE - 2012 - Banco da Amazônia - Técnico Científico) Os direitos


fundamentais cumprem a função de direito de defesa dos cidadãos, sob dupla
perspectiva, por serem normas de competência negativa para os poderes
públicos, ou seja, que não lhes permitem a ingerência na esfera jurídica
individual, e por implicarem um poder, que se confere ao indivíduo, não só
para que ele exerça tais direitos positivamente, mas também para que exija,
dos poderes públicos, a correção das omissões a eles relativas.

É isso mesmo! Os direitos fundamentais consistem na limitação do


poder do Estado de interferir na vida das pessoas, e ao mesmo tempo
conferem prerrogativas aos particulares de pleitearem ações Estatais
que contemplem seus direitos.

Gabarito: Certo.

5. (CESPE - 2011 - TJ-PB - Juiz) A jurisprudência do STF reconhece que os


estrangeiros, mesmo os não residentes no país, são destinatários dos direitos
fundamentais consagrados pela CF, sem distinção de qualquer espécie em
relação aos brasileiros. No mesmo sentido, as pessoas jurídicas são
destinatárias dos direitos e garantias elencados na CF, na mesma proporção
das pessoas físicas.

Muito boa essa questão! Realmente, a regra é que os direitos e


garantias fundamentais se aplicam aos brasileiros e aos estrangeiros.
No entanto, alguns direitos fundamentais não se aplicam aos
estrangeiros, por exemplo, a ação popular.

Da mesma forma, os direitos e garantias fundamentais se aplicam às


pessoas físicas, jurídicas, nacionais e estrangeiras. No entanto, alguns
não são aplicados às pessoas jurídicas, por exemplo a liberdade.

Gabarito: Errado.

6. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça) Quando houver conflito entre


dois ou mais direitos e garantias fundamentais, o operador do direito deve
interpretá-los de forma a coordenar e combinar os bens jurídicos em dissenso,
evitando o sacrifício total de uns em relação aos outros, realizando uma
redução proporcional do âmbito de alcance de cada qual, de forma a conseguir
uma aplicação harmônica do texto constitucional.

O item está perfeito. Os direitos fundamentais não podem ser


suprimidos. Assim, quando houver conflito entre dois ou mais direitos,
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o aplicador do direito deve encontrar uma interpretação que equilibre


os direitos em confronto, se utilizando do princípio da harmonização.

Gabarito: Certo.

7. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça) De acordo com autorizada


doutrina, os interesses transindividuais se inscrevem entre os direitos
denominados de primeira geração;

Os direitos de primeira geração são os direitos relacionados à


liberdade. Os direitos transindividuais (que ultrapassam o indivíduo)
são relacionados à fraternidade e são direitos de terceira geração.

Gabarito: Errado.

8. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça) Em regra, as normas que


definem os direitos fundamentais democráticos e individuais são de eficácia e
aplicabilidade imediata.

Nem todos os direitos fundamentais são normas de eficácia plena.


Lembrando que existem direitos e garantias fundamentais inseridos
nos três tipos de normas: plena, contida e limitada. No entanto, em
regra, eles possuem sim eficácia imediata. Além disso, a CF estabelece
que: “art. 5º § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata”.

Gabarito: Certo.

9. (CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo) As pessoas


jurídicas de direito privado ou público são destinatárias dos direitos e garantias
fundamentais compatíveis com sua natureza.

Os direitos e garantias fundamentais são universais. Dessa forma, se


aplicam a todas as pessoas, nacionais ou estrangeiras, físicas ou
jurídicas, públicas ou privadas, de acordo a sua natureza. Como
exemplo, existem alguns direitos aplicados somente às pessoas físicas,
como a vida e a liberdade. Já outros direitos são aplicados somente
aos nacionais, como a ação popular.

Gabarito: Certo.

10. (CESPE - 2011 - STM - Técnico Judiciário - Segurança) Os direitos e as


garantias expressos na Constituição Federal de 1988 (CF) excluem outros de
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caráter constitucional decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados,


uma vez que a enumeração constante no artigo 5.º da CF é taxativa.

Os direitos e garantias fundamentais (DGF) constantes no art. 5º são


exemplificativos. Assim, existem outros DGF esparramados no texto da
Constituição. Como exemplo, o princípio da anterioridade eleitoral do
art. 16. Além disso, os DGF podem estar implícitos no texto
constitucional. Observe o art. 5º, § 2º: “Os direitos e garantias
expressos nesta Constituição NÃO EXCLUEM outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.”

Gabarito: Errado.

11. (CESPE - 2011 - STM - Cargos de Nível) As liberdades individuais garantidas


na Constituição Federal de 1988 não possuem caráter absoluto.

A maior parte da doutrina diz que os direitos fundamentais não são


absolutos, podendo haver limitações quando um direito fundamental
entra em confronto com outro. Exemplo: direito de propriedade vs
direito de desapropriação do Estado; direito à intimidade vs liberdade
de expressão...

Gabarito: Certo.

12. (CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo) O exercício dos
direitos e garantias fundamentais está sujeito aos prazos prescricionais
previstos na CF e no Código Civil brasileiro.

Os direitos e garantias fundamentais são imprescritíveis, assim, eles


jamais serão perdidos caso não sejam usados. Vamos recordar as
demais características dos direitos fundamentais.

Gabarito: Errado.

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• Historicidade – possuem caráter histórico, passando pelas diversas revoluções e chegando


aos dias de hoje.
• Universalidade – destinam-se a TODOS os seres humanos, sem qualquer forma de distinção
ou discriminação.
ƒ Abrangência:
x Todos os brasileiros e estrangeiros, residentes ou não no Brasil
x Pessoa Física, Jurídica e Estado
o Ex: direito de propriedade
x Existem direitos fundamentais direcionados somente ao Estado
o Ex: requisição administrativa
x Direitos fundamentais aplicam-se também nas relações entre particulares
Características dos direitos e garantias fundamentais

o Ex: trabalhador, danos morais


• Limitabilidade – os direitos fundamentais não são absolutos, podendo haver limitações
quando um direito fundamental entra em confronto com outro.
ƒ Não podem ser simplesmente suprimidos se houver conflito, pode apenas ser reduzida
a eficácia
o Princípio da harmonização
ƒ Nenhum Direito Fundamental é absoluto (maioria da doutrina)
ƒ OBS: Gilmar Mendes: a DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA apresenta-se alheia
a qualquer outro confronto com outro princípio ou regra, em face da necessária
interpretação de sua colisão somente consigo própria. Nessa medida, tem-se a
dignidade da pessoa humana como princípio de hierarquia
SUPRACONSTITUCIONAL

Não é a doutrina dominante


• Concorrência – podem ser exercidos cumulativamente
• Imprescritibilidade – não são perdidos se não forem usados.
• Irrenunciabilidade – eles podem não ser exercidos, mas nunca poderão ser renunciados.
ƒ Renúncia Temporária dos direitos fundamentais: Cabe
x Pode renunciar direito à intimidade e à vida privada, desde que não ofenda a
dignidade da pessoa humana
o Ex: reality shows
• Inalienabilidade – não podem ser vendidos, são indisponíveis e não possuem conteúdo
econômico-patrimonial.
• Aplicabilidade imeditada – art. 5o, §1o: “as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata”.
ƒ Não tem nada a ver com normas de eficácia PLENA
ƒ Lembrando: Existem direitos e garantias nos 3 tipos de normas (plena, contida e
LTDA)

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13. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador) Os direitos fundamentais, pela sua


própria relevância, não são suscetíveis de renúncia nem tampouco de
autolimitações.

Em regra, os direitos fundamentais não podem ser renunciados por


seu titular (seu dono). Eles podem até não ser exercidos, mas nunca
poderão ser renunciados. No entanto, alguns autores dizem que pode
haver renúncia temporária de alguns direitos fundamentais e desde
que não ofenda a dignidade da pessoa humana. Ex: reality shows,
onde se renuncia, temporariamente, a intimidade e a vida privada.

Gabarito: Errado.

14. (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Papiloscópico) A característica de relatividade


dos direitos fundamentais possibilita que a própria Constituição Federal de
1988 (CF) ou o legislador ordinário venham a impor restrições ao exercício
desses direitos.

De fato, os direitos e garantias fundamentais não são absolutos (são


relativos). Além disso, a própria Constituição pode impor restrições ao
exercício desses direitos. Lembre-se, no entanto, que as emendas à
Constituição devem sempre respeitar as cláusulas pétreas e o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

Além disso, a lei também pode impor restrições aos DGF. Tome como
exemplo as normas constitucionais de eficácia contida. Elas produzem
plenos efeitos até que uma lei posterior limite o exercício desses
direitos.

Gabarito: Certo.

15. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) A indenização por danos morais tem seu


âmbito de proteção adstrito às pessoas físicas, já que as pessoas jurídicas não
podem ser consideradas titulares dos direitos e das garantias fundamentais.

Tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas, nacionais ou estrangeiras,


residentes ou não no Brasil e, inclusive o Estado, são titulares dos
direitos fundamentais. Dessa forma, uma empresa (pessoa jurídica)
possui direito à imagem e propriedade, por exemplo.

Gabarito: Errado.

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16. (CESPE/DPE-ES/2009) Os direitos de primeira geração ou dimensão (direitos


civis e políticos) — que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou
formais — realçam o princípio da igualdade; os direitos de segunda geração
(direitos econômicos, sociais e culturais) — que se identificam com as
liberdades positivas, reais ou concretas — acentuam o princípio da liberdade;
os direitos de terceira geração — que materializam poderes de titularidade
coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais — consagram o
princípio da solidariedade.

A questão inverteu os conceitos da primeira e segunda geração. Os


direitos de primeira geração estão relacionados à LIBERDADE, e os de
segunda geração se relacionam à IGUALDADE. Lembre-se do esquema:

Gerações dos Direitos Fundamentais

x Direitos de 1ª Geração - Liberdade


- Liberdades negativas - Pressupõem uma não ação do Estado
- Liberdades públicas e direitos políticos
- Direitos individuais
- Contexto histórico: Liberalismo

x Direitos de - Igualdade
2ª Geração - Direitos sociais (trabalhadores, educação, saúde, moradia...)
- Direitos culturais e econômicos
- Liberdades positivas: o Estado tem que agir
- Contexto histórico: Revolução industrial

x Direitos de - Fraternidade / Solidariedade


3ª Geração - Diretos Difusos
- Meio ambiente, consumidores...

x Direitos de - Engenharia genética


4ª Geração - Softwares
- Transgênicos

Gabarito: Errado.

17. (CESPE/MMA/2009) Os direitos e garantias fundamentais encontram-se


destacados exclusivamente no art. 5º do texto constitucional.

Os direitos e garantias fundamentais estão elencados em todo o texto


constitucional e não apenas no art. 5º. Assim, existem direitos
individuais que não estão no artigo 5º como o princípio da

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anterioridade da lei eleitoral (art. 16) e anterioridade tributária (art.


150, III, b). Além disso, os DGF podem também estar implícitos.

Gabarito: Errado.

18. (CESPE/PGE-AL/2008) Sabendo que o § 2.º do art. 5.º da CF dispõe que os


direitos e garantias nela expressos não excluem outros decorrentes do regime
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte, então, é correto afirmar que, na
análise desse dispositivo constitucional, tanto a doutrina quanto o STF sempre
foram unânimes ao afirmar que os tratados internacionais ratificados pelo
Brasil referentes aos direitos fundamentais possuem status de norma
constitucional.

Somente os tratados internacionais sobre DIREITOS HUMANOS (e não


direitos fundamentais) podem ter status de Emenda Constitucional.
Além disso, essa previsão somente foi acrescentada pela EC 45/2004.
Antes dela, o Supremo entendia que os tratados internacionais
somente poderiam ter força de Lei Ordinária.

Gabarito: Errado.

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II.PRINCIPAIS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS


E COLETIVOS

Meu amigo e futuro Auditor-Fiscal do Trabalho, antes de começarmos a


estudar esse assunto, devo fazer um alerta. Essa matéria sobre os direitos e
garantias fundamentais (DGF) é bastante prática e fala sobre diversas
situações do nosso dia a dia. Assim, quando começamos a estudar os DGF,
tendemos a extrapolar muito a matéria e a ficar pensando: “e se acontecesse
isso?”, “e se acontecesse aquilo?” Dessa forma, cuidado para não deixar a
sua imaginação voar muito. Mantenha-se focado nas informações
repassadas na aula, ok?

...

x Direito à vida

Como já explicado, os Direitos e Garantias Fundamentais foram “criados” para


limitar a intervenção do Estado na vida das pessoas. Até a Idade Média, o
Estado podia interferir na vida das pessoas como bem entendesse, inclusive,
poderia retirar a vida das pessoas como bem entedesse. Hoje em dia, o Estado
não pode mais fazer isso e o direito à vida é preservado pela Constituição
brasileira.

Três considerações para fins de prova:

1- O direito à vida inclui o direito a uma vida digna e não apenas estar vivo.

2- A Constituição brasileira prevê que não pode haver pena de morte


(regra), salvo em caso de guerra declarada (exceção).

3- O STF decidiu que a pesquisa científica com células-tronco não fere a


Constituição.

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x Princípio da Igualdade / Isonomia (art. 5º, I)

A Constituição brasileira deve buscar a igualdade de fato (igualdade material)


entre as pessoas e não apenas a igualdade perante a lei (igualdade formal).
Dessa forma, com o intuito de fazer as pessoas “competirem em pé de
igualdade”, pode haver as chamadas discriminações positivas, ou seja, o
Estado “dá uma força para equilibrar a balança”. Dessa forma, o Estado deve
promover a “Igualdade para os iguais e desigualdade para os desiguais, na
medida de sua desigualdade”.

Exemplo 1: o Estado brasileiro entendeu que os portadores de necessidades


especiais (PNE) não estavam competindo em pé de igualdade com as “pessoas
normais” em concursos públicos. Assim, hoje, deve haver reserva de vagas
para os PNE nos concursos públicos. Essa é uma discriminação positiva.

Exemplo 2: o Estado brasileiro entendeu que os negros não estavam


competindo em pé de igualdade com as “pessoas brancas” nos vestibulares
das universidades públicas. Assim, hoje, existem cotas para os negros em
algumas universidades brasileiras. Esse é outro exemplo de discriminação
positiva para garantir a igualdade material e não apenas a igualdade formal.

Por fim, essa é uma norma autoaplicável e não é suscetível de


regulamentação ou de complementação normativa.

x Princípio da legalidade (art. 5º, II)

Antigamente, o Estado poderia obrigar as pessoas a fazer praticamente tudo o


que ele quisesse. Isso dava margem a uma série de abusos cometidos pelo
Estado. Hoje em dia, a Constituição protege os cidadãos e diz que “ninguém
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei”.

Em relação aos deveres e obrigações de fazer ou de não fazer alguma coisa, os


particulares se submetem a um “regime” diferente do Poder Público. Os
particulares podem fazer tudo aquilo que quiserem, desde que não seja
proibido por lei. Isso se chama autonomia da vontade.

Já o Estado somente pode fazer aquilo que a Lei manda ou permite. Esse é o
princípio da legalidade estrita.

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O princípio da legalidade, portanto, nos diz que a criação ou modificação de


direitos ou obrigações depende de lei. Mas qual tipo de lei? A lei em
sentido estrito, ou seja, somente as leis que o Poder Legislativo produz (as leis
ordinárias, leis complementares, etc), ou isso pode ser feito pela lei em sentido
amplo, englobando também atos normativos infralegais (abaixo da lei)? A
doutrina majoritária defende a segunda opção, ou seja, a lei em sentido
amplo.

Muito próximo ao princípio da legalidade, existe outro princípio chamado de


Princípio da Reserva Legal. Ele ocorre quando a CF deixa a
regulamentação de algum tema para a lei infraconstitucional, ou seja, a lei
que está abaixo da Constituição. A depender de qual tipo de norma pode
regulamentar a Constituição, o princípio da Reserva Legal se divide em dois:

1- Reserva Legal Absoluta: quando a disciplina de determinada matéria é


reservada, pela Constituição, somente à lei em sentido estrito. Assim,
exclui-se qualquer outra fonte infralegal (infra=abaixo; legal=da lei).
Assim, somente uma LEI “fabricada pelo poder legislativo” pode
regulamentar uma matéria prevista na CF.

Ex: a CF diz que a União pode instituir impostos e o Supremo entende


que se aplica a reserva legal absoluta. Assim, os impostos somente
podem ser criados impostos por uma LEI (aquela produzida pelo
Congresso Nacional).

2- Reserva Legal Relativa: quando Constituição também exige a edição


de uma lei para sua regulamentação, mas permite que ela apenas fixe os
parâmetros de atuação a serem complementados por ato infralegal.
Dessa forma, a disciplina de determinada matéria é, em parte,
admissível a outra fonte diversa da lei (ex: decreto regulamentar,
portarias, instruções normativas, etc.).

Ex: a CF diz que a administração pública, se quiser ir às compras, deve


realizar licitação...... a esse dispositivo se aplica a reserva legal relativa.
Assim, foi editada a lei 8.666/93 para regulamentar esse dispositivo
constitucional. Além da lei 8.666/93, vários outros atos normativos
infralegais também disciplinam as licitações, como o decreto 5.450/05, a
Instrução Normativa 02/08 do MPOG, o decreto 7.174/10, etc.

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Estão vendo? A norma constitucional é regulamentada por uma lei e


também por atos infralegais (abaixo da lei).

Esquematizando:
x Direito à vida
o Direito de não ser morto e de ter uma vida digna
o Não pode ter pena de morte salvo em caso de guerra declarada
o Células-tronco: pode
x Princípio da Igualdade / Isonomia (art. 50, I)
o Igualdade material (de fato) e não somente a igualdade formal (perante a lei)
o “Igualdade para os iguais e desigualdade para os desiguais, na medida de sua
desigualdade”
o Discriminações positivas. Ex: vagas para PNE em concursos públicos
o É autoaplicável e NÃO é suscetível de regulamentação ou de complementação
normativa.
x Princípio da legalidade (art. 50, II)
o Divergência doutrinária
o Particular: autonomia da vontade
o Administração pública: só faz o que a lei permitir (legalidade estrita)
o Princípio da legalidade: a criação ou modificação de direitos ou obrigações
depende de lei (em sentido amplo).
o Princípio da reserva legal: quando a CF deixa a regulamentação de algum tema para
a lei (norma jurídica regularmente produzida pelo processo legislativo previsto na
CF – sentido estrito)
ƒ Reserva legal absoluta: quando a disciplina de determinada matéria é
reservada, pela Constituição, somente à lei em sentido estrito. Assim,
exclui-se qualquer outra fonte infralegal.
ƒ Reserva legal relativa: quando a disciplina de determinada matéria é, em
parte, admissível a outra fonte diversa da lei (ex: decreto regulamentar).

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x Liberdade de consciência, crença e culto

Há algum tempo atrás, o Estado determinava que as pessoas acreditassem em


um tipo de crença ou religião e essa deveria ser seguida. Caso o cidadão
confessasse outra religião ou outra crença, o Estado determinava a sua morte.
A Inquisição é um exemplo disso.

Hoje em dia, a CF88 estabelece a garantia das pessoas que “ninguém será
privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”.

Assim, a CF estabelece que não se pode privar ninguém de direitos, ou seja,


não se pode restringir o direito de ninguém, só porque ela pensa diferente ou
crê em alguma religião diferente, a não ser que isso seja usado como
desculpa para se esquivar de uma obrigação imposta a todos pela lei.

Exemplo: todo homem tem que servir o exército brasileiro assim que
completa 18 anos. Isso é uma obrigação legal que é imposta a todos pela lei.
No entanto, se uma determinada pessoa fala que é contra a violência e que
isso vai contra suas crenças, tudo bem: o Estado não obrigará esse indivíduo a
servir o exército. Mas ele terá que cumprir uma prestação alternativa.

Por outro lado, se a pessoa se recusa a servir o exército e também se recusa a


prestar a pena alternativa, ela estará se esquivando de suas obrigações legais
e, nesse caso, poderá sim haver restrição de direitos (no caso, ele perde
os direitos políticos).

Além disso, a lei deve proteger os locais de culto, liturgias e cerimônias e


assegurar a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares
de internação coletiva (ex: presídios).

x Liberdade de manifestação do pensamento (art. 5º, IV)

Hoje em dia, cada um pode expressar o seu pensamento como quiser.


Antigamente isso não era permitido. Porém, é vedado o anonimato, pois,
caso essa manifestação cause dano a alguém, haverá o direito a indenização
além do direito de resposta proporcional ao dano (agravo) causado.

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Recentemente, o STF decidiu que não se precisa de diploma para exercer a


profissão de jornalista, justamente para ampliar o direito de liberdade de
manifestação de pensamento.

Além disso, é vedada instauração de Inquérito Policial ou Denúncia


exclusivamente com base em denúncia anônima. Dessa forma, as
autoridades públicas devem coletar mais provas (indícios de autoria e
materialidade do crime) para que seja aberto o inquérito policial ou a ação
penal.

Explicando melhor: o inquérito policial é um procedimento investigativo que


ocorre antes de ser instaurada a ação penal. Ele serve justamente para coletar
provas para que a ação penal seja instaurada. A denúncia, por sua vez, é o
instrumento que inicia a ação penal.

Dessa forma, é vedada tanto a instauração da ação penal (por meio da


denúncia) quanto de inquérito policial somente com base em denúncia
anônima. Observe que a autoridade policial deve sim investigar a denúncia
anônima, o que ele não pode é instaurar o inquérito policial antes de coletar
mais provas.

Igualmente, é vedada a instauração de inquérito policial quando a conduta,


claramente, não for um crime, ou seja, não for típica.

x Liberdade de atividade intelectual, artística, científica ou de


comunicação e indenização em caso de danos

Todo indivíduo pode estudar o que quiser, pode exercer a arte como quiser,
pesquisar, produzir a ciência como quiser e se comunicar como quiser,
independente de licença ou censura. No entanto, se essa arte,
comunicação ou pesquisa científica causarem dano a alguém, caberá o direito
a indenização.

x Inviolabilidade domiciliar

Durante o período da ditadura militar, o Estado cometia uma série de abusos,


entrando nas casas das pessoas e desrespeitando seus direitos a intimidade e
a vida privada.

Hoje em dia, o Estado não pode entrar na casa das pessoas como bem
entender. Ele só poderá fazê-lo em três casos:
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1- Com o consentimento do morador. Nesse caso, obviamente, se o


morador permite, pode-se entrar em sua casa a qualquer horário, de
dia ou de noite, com ou sem ordem judicial.

2- Em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro.


Nesse caso, também se pode entrar na casa de alguém a qualquer
horário, de dia ou de noite e independente de ordem judicial.

3- Por determinação judicial. Nesse último caso, o Estado, em regra,


somente pode entrar na casa de alguém durante o dia.

x Excepcionalmente, o STF recentemente decidiu que para instalar


escuta policial em um escritório de advocacia que era usado para
cometimento de crimes, PODE-SE entrar a noite (lembrando:
sempre com autorização judicial).

Uma última observação quanto a esse direito é que o conceito de casa é


bastante amplo, sendo entendido como a residência, domicílio ou o local onde
a pessoa exerce sua profissão, desde que seja restrito ao público. Ex:
escritório, garagens, consultório médico, quarto de hotel etc.

x Liberdade de profissão

A Constituição estabelece que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou


profissão, desde que atendidas as qualificações que a lei estabelecer. Assim,
qualquer pessoa pode exercer qualquer profissão, desde que cumpra os
requisitos previstos na lei. Essa é uma norma de eficácia contida, ou seja,
que pode ser exercida plenamente até que seja criada uma lei que restrinja
esse direito.

Como exemplo, desde a promulgação da CF, qualquer um pode exercer a


profissão de borracheiro, sem ter que preencher nenhum requisito ou obter
autorização. No entanto, se uma lei for promulgada e regulamentar a profissão
de borracheiro, em tese, ela pode exigir que, a partir daquele momento, essa
profissão só poderá ser exercida por profissional com curso em engenharia
mecânica. Estão vendo? Um direito que era amplo passa a ser mais
restrito.

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x Liberdade de informação

Todos têm direito ao acesso à informação, resguardado o sigilo da fonte,


quando necessário ao exercício profissional. Tomemos como exemplo um
jornalista, que não precisa divulgar de onde vieram as informações que ele
publicou. No entanto, ele se responsabiliza pelas informações divulgadas,
devendo indenizar o prejudicado, caso haja danos indevidos.

O STF também decidiu que a proibição de divulgação de pesquisas eleitorais


quinze dias antes do pleito é inconstitucional (Adin 3.741). Assim, é permitida
a divulgação de pesquisas eleitorais a qualquer momento antes do pleito.

Esquematizando:

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x Liberdade de consciência, crença e culto


o Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa, filosófica ou
política
ƒ Salvo se as invocar para eximir-se de obrigação a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa
o A lei deve proteger os locais de culto, liturgias e cerimônias (eficácia LTDA)
ƒ Liberdade de culto (eficácia plena)
o Assegurada prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva

x Liberdade de manifestação do pensamento (art. 50, IV)


o Vedado o anonimato
o Assegura o direito de resposta proporcional ao agravo e indenização em caso de
dano (art. 50, V)
o Não precisa diploma para ser jornalista
o Vedado instauração de Inquérito - exclusivamente com base em denúncia anônima
Policial ou Denúncia - quando a conduta é atípica (HC 82.969)
x Liberdade de atividade intelectual, artística, científica ou de comunicação e
indenização em caso de danos
o Não precisa de licença
o Independente de censura
o Se causar dano, tem que indenizar

x Inviolabilidade domiciliar
o Salvo por 1 – Consentimento: dia e noite, com ou sem ordem judicial
2 - Flagrante delito, desastre ou prestar socorro: dia e noite, com ou
sem ordem judicial
3 - Determinação judicial - Regra: durante o DIA
- Exceção: Para instalar escuta policial
PODE a noite (com autorização judicial)
o Casa = domicílio, escritório, garagens, consultório médico, quarto de hotel...
ƒ Qualquer lugar restrito ao público
x Liberdade de profissão
o Atendidas as qualificações que a lei estabelecer (eficácia Contida)

x Liberdade de informação:
o Acesso a informação, resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional

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x Liberdade de locomoção

Todos podem entrar, permanecer e sair do país com seus bens, nos termos da
lei e em tempos de paz. No entanto, esse direito pode sofrer restrições nos
Estados de Defesa e de Sítio.

x Requisição

Em regra, o Estado não pode se utilizar da propriedade de alguém. O direito de


propriedade é bastante precioso para as pessoas. No entanto,
excepcionalmente, em caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar da propriedade particular. Essa utilização pode ser
feita sem autorização judicial, devido à urgência (iminente perigo público).
Caso haja algum dano, é assegurada indenização ao proprietário dos bens
utilizados. No entanto, essa indenização é sempre posterior ao uso e
somente ocorrerá se houver dano ao patrimônio do particular, não sendo
cabível indenização somente pelo uso da propriedade.

x Direito de herança e estatuto sucessório

Todos possuem o direito de herança. Caso o “de cujus” (o morto) seja


estrangeiro, a Constituição dá uma “colher de chá” para os herdeiros e prevê
que deve ser aplicada a lei mais favorável: ou do Brasil ou a do de cujus.

Ressalta-se que pode haver imposto sobre a herança e que tal tributo é de
competência estadual.

x Direito de propriedade intelectual, industrial e de direitos autorais

A CF88 assegura a todos o direito de propriedade intelectual, industrial e de


direitos autorais. No entanto, algumas regras devem ser seguidas:

1- A propriedade intelectual e de direitos autorais é permanente para


o autor e temporária para os sucessores.

2- Já a propriedade industrial é sempre temporária.

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x Direito de reunião em locais abertos ao público

A Constituição assegura que todas as pessoas podem se reunir em locais


abertos ao público (ex: passeatas e manifestações). No entanto, essa reunião
deve seguir 3 regras:

1- Ser pacífica.
2- Sem armas.
Desse dispositivo, decorre o fato de que uma reunião de policiais
manifestando pelo seu direito de greve ou por melhores salários, por
exemplo, deve ser sem armas.
3- É necessário o aviso prévio às autoridades competentes.
ATENÇÃO: não é preciso pedir AUTORIZAÇÃO e sim apenas o
aviso prévio para preparação antecipada do poder público, como
organização, policiamento, desvio de trânsito etc. O aviso prévio serve
também para que não se frustre outra reunião que esteja
anteriormente agendada para o mesmo local.

O direito de reunião pode ser restringido no Estado de Defesa e suspenso no


Estado de Sítio e, caso seja violado, o remédio correto a ser utilizado é o
mandado de segurança (geralmente, as questões de prova dizem que é
habeas corpus, cuidado!).

x Sigilo de correspondência, comunicações telegráficas, de dados e


telefônicas

O artigo 5º, XII versa que “é inviolável o sigilo da correspondência e das


comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.

Se fizermos uma leitura desatenta deste inciso, podemos chegar a uma


conclusão errônea de que somente o sigilo das comunicações telefônicas pode
ser quebrado. No entanto todos os sigilos podem ser relativizados e não
apenas o das comunicações telefônicas.

Além disso, os sigilos de correspondência e comunicações podem ser restritos


nos Estados de Sítio e de Defesa (art. 139, III e 136, § 1º, I).

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Uma observação bastante curiosa: o contraditório e ampla defesa são


POSTERIORES à quebra dos sigilos.

Contraditório e ampla defesa são duas garantias constitucionais que


estabelecem que todos os que estão sendo acusados de alguma
irregularidade possuem o direito de responder às acusações, ou seja, de
contestar as acusações e dar a sua versão dos fatos. Além disso, todos
têm o direito de produzir as provas da maneira mais ampla possível
(desde que de acordo com a lei).

No entanto, quando acontecem algumas quebras de sigilo, o contraditório e


a ampla defesa ocorrem somente após a quebra. Imagine só um
traficante sendo investigado pela polícia. É óbvio que primeiro se faz a quebra
do sigilo das comunicações para somente depois ser oferecido o contraditório e
a ampla defesa ao traficante. Caso ocorresse o contrário, o criminoso já
saberia de antemão que estaria sendo investigado e as investigações restariam
frustradas.

o Sigilo das comunicações telefônicas

Quando se fala em quebra das comunicações telefônicas, está se falando


em “escuta policial, grampo”. Assim, por ser a intimidade um direito
bastante sensível, a CF88 estabelece que as comunicações telefônicas
podem ser quebradas apenas:

1- Por ordem Judicial E


2- Somente para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal.

Além disso, pode-se usar uma prova legalmente autorizada e gerada em


processo criminal para instruir processo administrativo ou civil.

Atenção: em âmbito administrativo ou civil JAMAIS poderá haver


a quebra do sigilo das comunicações. No entanto, se a prova for
legalmente gerada em processo criminal, pode-se aproveitá-la para
instruir processo administrativo ou civil.

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o Sigilo bancário

O sigilo bancário pode ser quebrado por:

1- Juiz
2- CPI

Quanto à CPI, esta, ao quebrar o sigilo bancário de alguém, tem que


fundamentar em fatos específicos e a quebra deve ter duração
determinada.

Duas observações importantíssimas:

1- O Ministério Público não pode quebrar o sigilo bancário.


Deve haver ordem judicial (Inq. 2.245, Rel Min Joaquim Barbosa).

No entanto, ressalta-se o fato de que já houve um caso em que o


STF afastou seu entendimento tradicional sobre a incompetência
do MP em determinar a quebra do sigilo bancário para permiti-la,
visando proteger o patrimônio público (MS 21.729/DF).

2- Autoridades Tributárias também NÃO PODEM quebrar sigilo


bancário.

Existe bastante discussão acerca da possibilidade das autoridades


tributárias realizarem a quebra do sigilo bancário em
procedimentos fiscais. Observe o art. 6º da Lei Complementar 105:

“As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados,


do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar
documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os
referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras,
quando houver processo administrativo instaurado ou
procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados
indispensáveis pela autoridade administrativa competente.”

No entanto, o STF já decidiu que “Conflita com a Carta da


República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte
na relação jurídico-tributária – o afastamento do sigilo de
dados relativos ao contribuinte” (RE 389.808).

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Apesar de a decisão do STF ter sido somente para o caso concreto,


possuindo validade apenas para as partes do processo, a melhor
doutrina entende que o posicionamento já é no sentido de não
permitir que as autoridades tributárias quebrem o sigilo
bancário.

Por fim, o Supremo Tribunal Federal entende que é possível a interceptação


de carta de presidiário pela administração penitenciária, por questões de
segurança pública.

Esquematizando:

x Liberdade de locomoção
o Pode entrar, permanecer e sair do país com seus bens
o Nos termos da lei e em tempos de paz
o Restrições no Estado de Defesa e Sítio

x Requisição - Iminente perigo público


- Autoridade competente pode usar da propriedade particular
- Assegurada indenização - Posterior
- Se houver dano

x Direito de herança e estatuto sucessório


o Aplica a lei mais favorável: ou do Brasil ou a do de cujus
o Pode haver imposto de herança (E+DF)

x Propriedade - Intelectual permanente para o autor e


- Direitos autorais temporária para os sucessores
- Industrial - temporária

x Direito de reunião em - Pacífica,


locais abertos ao público - Sem armas Reunião de policiais: não pode ir armado
o Não precisa de autorização
ƒ Mas precisa avisar autoridades
ƒ Desde que não frustre outra reunião já marcada
o Pode ser - Restringido no Estado de Defesa
- Suspenso no Estado de Sítio
o Remédio caso o direito de reunião seja violado: MS (questão diz que é HC)

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x Sigilo de correspondência, comunicações telegráficas, de dados e telefônicas


o Art. 5o XII – aparente restrição
ƒ Pode relativizar TODAS e não só a comunicação telefônica
o Correspondência e comunicações: podem ser restritas nos Estados de Sítio e Defesa
(art. 139,III e 136, § 1º, I)
o O contraditório e a ampla defesa são POSTERIORES à quebra

o Sigilo das comunicações Telefônicas


ƒ Quebra para investigação CRIMINAL
ƒ Por ordem Judicial
ƒ Pode usar uma prova legalmente autorizada e gerada em processo criminal
para instruir processo administrativo e civil

o interceptação de carta de presidiário: Pode (segurança pública)

x Sigilo bancário
o Quebrado por - Juiz
- CPI – tem que fundamentar em fatos específicos e ter duração
determinada

o MP – NÃO pode quebrar sigilo bancário – tem que pedir ao Juiz


ƒ (Inq. 2.245, Rel Min Joaquim Barbosa)
Não podem quebrar o

ƒ Ressalta-se o fato de que já houve um caso em que o STF afastou seu


sigilo bancãrio

entendimento tradicional sobre a incompetência do MP em determinar a


quebra do sigilo bancário para permiti-la, visando proteger o patrimônio
público (MS 21.729/DF).

o Autoridades Tributárias – NÃO PODEM quebrar sigilo bancário


ƒ LC 105, art. 6º: “As autoridades e os agentes fiscais tributários da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão
examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras,
inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras,
quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento
fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela
autoridade administrativa competente.”

ƒ STF: “Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à


Receita Federal – parte na relação jurídico-tributária – o afastamento do
sigilo de dados relativos ao contribuinte” (RE 389.808).

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x Direito de associação

Outra proteção dos cidadãos frente ao Estado é que a Constituição assegura o


direito de associação, independente de autorização do Estado.

No entanto, essa liberdade não é plena: são vedadas associações de


caráter paramilitar. Associações paramilitares são corporações particulares
de cidadãos armados, fardados e adestrados, que não fazem parte do exército
ou da polícia de um país.

Aqui, devemos fazer uma distinção que não é tão importante para fins de
provas, mas é de extrema relevância para a compreensão da matéria:

o Associação: reunião de um grupo de pessoas ou de entidades em busca


de interesses comuns, sejam eles econômicos, sociais, filantrópicos,
científicos, políticos ou culturais.

o Cooperativa: associação com fins econômicos e participação no


mercado.

Para que as pessoas se reúnam em forma de cooperativas, não é necessária


autorização do Estado, desde que seja na forma da lei.

Já para que as pessoas se reúnam em forma de associações, não é


necessária autorização do Estado e nem de ser na forma da lei. É também
vedada a interferência estatal em seu funcionamento.

Uma outra observação importante: a única forma de se DISSOLVER


COMPULSORIAMENTE uma associação é por sentença judicial transitada
em julgado.

ATENÇÃO: pode-se SUSPENDER as atividades de uma associação por ordem


judicial (não precisa estar transitada em julgado), mas para DISSOLVÊ-LA
COMPULSORIAMENTE, somente por sentença judicial transitada em julgado.

o Associações: Representação e Substituição Processual

Para entendermos esses dois institutos do direito, devemos antes


entender o conceito de Legitimidade Ativa: é a capacidade de pedir o
direito em juízo (capacidade de entrar com a ação).

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Em regra, somente pode-se entrar no judiciário para proteger direito


próprio (em nome próprio). Assim, somente o “dono” do direito pode
entrar com uma ação no Poder Judiciário, ou seja, somente o “dono” do
direito possui a legitimidade ativa. No entanto, existem dois institutos
que são exceções a essa regra: a representação e a substituição
processual.

A representação processual ocorre quando alguém age para


defender direito alheio em nome alheio. Nesse caso, o representado
precisa dar uma autorização expressa para o seu representante.

Já a substituição processual ocorre quando se age para defender


direito alheio em nome próprio. Nesse caso, não é necessária uma
autorização expressa do representado.

Pois bem, as associações podem representar os seus associados.


Lembre-se de que é necessária autorização expressa e específica, pois é
caso de representação processual. No entanto, não se precisa de
autorização expressa de cada associado individualmente, podendo tal
autorização ser feita em assembleia.

Outra observação importante é que as associações podem representar o


associado nas esferas civil e administrativa, judicial e extrajudicial, mas
não podem representar o associado em direito penal.

Além disso, as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 ano


e em defesa de seus membros e associados podem impetrar o mandado
de segurança coletivo. Nesse caso (e somente nesse), a associação
será substituta processual, não precisando de autorização dos
associados, bastando uma autorização genérica no estatuto.

Por último, o sindicato é substituto processual irrestrito na defesa de


direitos dos trabalhadores.

Esquematizando:

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x Direito de associação
o Liberdade não é plena
ƒ Vedado de caráter paramilitar

o Cooperativas - não precisa de autorização


- mas tem que ser na forma da lei

o Associações - Não precisam de autorização e nem de ser na forma da lei


- Única forma de dissolver compulsoriamente uma ASSOCIAÇÃO:
sentença judicial transitada em julgado
- Pode suspender as atividades - Ordem judicial
- Não precisa transitar em julgado

o Representação e Substituição Processual

ƒ Legitimidade ativa – capacidade de pedir o direito em juízo (capacidade de


entrar com a ação)
ƒ Regra: defesa de direito próprio em nome próprio
ƒ Representação Processual - Defesa de direito alheio em nome alheio
- Precisa de autorização do representado
ƒ Substituição - Defesa de direito alheio em nome próprio
Processual - Também chamada de legitimidade ativa extraordinária
- Não precisa de autorização do substituído

x Pode REPRESENTAR o associado


x Precisa de autorização expressa e específica, pois é caso de
REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL
o Não precisa de autorização expressa de cada associado
individualmente
Associação ƒ Pode ser feita em assembleia

x Podem representar o associado nas esferas civil e administrativa,


judicial e extrajudicial, mas NÃO PODEM REPRESENTAR O
ASSOCIADO EM DIREITO PENAL

x Para MSCOLETIVO não precisa de autorização expressa (é caso de


SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL)
ƒ Pode ser autorização genérica no estatuto

x Substituto Processual IRRESTRITO


x
Sindicato
Na defesa de direitos dos trabalhadores

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x Direito de informação de órgãos públicos

A Constituição Federal assegura a todos o direito de receber dos órgãos


públicos informações de seu interesse particular, coletivo ou geral, por
exemplo: informações sobre licitações e contratos públicos. No entanto, o
Poder Público pode fazer sigilo se a informação for necessária à segurança da
sociedade e do Estado.

Atenção: O direito de informação de órgãos públicos é diferente do direito de


petição ou de certidão (os próximos direitos a serem estudados). Cuidado para
não confundir!

x Direito de petição e obtenção de certidões

A Constituição assegura o direito de qualquer pessoa, física ou jurídica,


nacional ou estrangeira, de obter certidões em repartições públicas em defesa
de direitos ou esclarecimentos de interesse pessoal; ou ainda, de peticionar
(pedir) aos mesmos em defesa de seus direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder. Esse direito pode ser exercido independentemente de taxas ou
de advogado e é um remédio administrativo.

O prazo para que a Administração emita as certidões é, em regra, de 15 dias


e, caso a mesma não se manifeste, o remédio judicial correto para proteger o
direito será o Mandado de Segurança (cuidado! Muitas questões de
prova dizem que é o habeas data!)

ATENÇÃO: Direito petição e certidão é diferente de capacidade postulatória.


Esta última é a capacidade que o advogado tem de “conversar com o juiz”/agir
em juízo. Dessa forma, em regra, para que possamos entrar com alguma ação
no judiciário, devemos fazê-lo por meio de um advogado, pois esse é o único
que possui a capacidade de agir em juízo (capacidade postulatória).

o Depósito prévio da quantia questionada: VEDADO (não pode)

O STF entende que é vedado o depósito prévio da quantia questionada


para se entrar com recurso administrativo (súmula vinculante 21) e
também para que o particular discuta a exigibilidade de crédito tributário
com uma ação no judiciário (súmula vinculante 28).

Explicando melhor, caso um particular esteja disputando com o Estado


sobre alguma quantia (exemplo, uma multa) e pretenda entrar com um
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recurso administrativo, ele não precisa pagar previamente a quantia


questionada. Dessa forma, ele pode primeiro entrar com o recurso, para,
somente se perder, pagar a quantia questionada.

O mesmo entendimento vale para as ações no judiciário em que se


discuta exigibilidade de crédito tributário.

Esquematizando:

x Direito de informação de órgãos públicos


o Receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, coletivo ou geral
ƒ Não é direito de petição nem de certidão.
ƒ Poder público pode fazer sigilo se a informação for necessária à segurança da
sociedade e do Estado
o Ex: informação sobre licitações e contratos

x Direito de petição e obtenção de certidões


o Direito de qualquer pessoa - Física ou jurídica
- Nacional ou estrangeira
o Independente de taxas
o Não precisa de advogado
o É um remédio administrativo

o Petição – aos poderes públicos - Em defesa de direitos


- Contra ilegalidade ou abuso de poder

o Certidões – em repartições - Defesa de direitos


públicas, para - Esclarecimentos de situações de interesse pessoal
ƒ Prazo das certidões: 15 dias
ƒ Se a Administração não se manifestar: MS e não HD

o Direito petição e certidão é diferente de capacidade postulatória (advogado)

o Depósito prévio da quantia • Para RECURSO ADMINISTRATIVO


questionada: VEDADO - Súmula Vinculante 21
• Para o acesso ao Judiciário
- Exigibilidade de crédito tributário: O Estado não
pode exigir depósito prévio para que o particular
entre com a ação no judiciário.
- Súmula vinculante 28

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x Princípio do Juiz Natural

A CF88 estabelece que:

- ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade


competente;

- não haverá juízo ou tribunal de exceção; (Se um tribunal não assegurar


as garantias constitucionais às partes em litígio, ele será considerado
tribunal de exceção).

Assim, a Constituição protege o cidadão porque assegura que todos saibam


qual será a autoridade julgadora (o foro competente) antes mesmo de
se entrar com uma ação no Poder Judiciário.

Por exemplo: imagine que José cometa um crime que choque toda a população
nacional e que cause grave comoção de toda a nação. Imagine também que se
queira criar um Tribunal somente para julgar esse tipo de crime. O princípio do
Juiz Natural assegura que José não poderá ser julgado por esse novo Tribunal,
uma vez que sua condenação seria quase certa, pois todos estão comovidos e
a autoridade julgadora não seria imparcial.

Assim, essa garantia constitucional assegura que as regras de


julgamento e processo não sejam mudadas durante o jogo. No exemplo,
José será julgado por um Juiz Criminal de primeira instância (se for o caso) e
não por um Tribunal criado somente para julgá-lo.

Outra observação: o princípio do juiz natural não é válido somente para o


Judiciário, mas também para o Legislativo nas causas em que for julgador (Ex:
Senado Federal julga o Presidente da República por crime de
responsabilidade).

x Princípio da inafastabilidade da jurisdição

O princípio da inafastabilidade da jurisdição também possui outros nomes:


direito de ação, princípio do livre acesso ao judiciário, princípio da
ubiquidade da justiça.

Ele está previsto no art. 5º, XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

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Assim, esse princípio é uma garantia constitucional de que qualquer lesão ou


ameaça a qualquer direito pode ser apreciada pelo Poder Judiciário. Isso
garante que qualquer pessoa que teve seu direito lesado ou ameaçado pelo
Estado ou por outro particular possa buscar a reparação ou proteção no Poder
Judiciário.

ATENÇÃO: esse direito não se confunde com o direito de petição.

Em decorrência dele, não é preciso que se peça primeiro um direito


administrativamente (na Receita Federal, INSS etc.) para só depois se recorrer
ao judiciário. Qualquer um pode, então, entrar diretamente com a ação no
juízo competente (Poder Judiciário), sem precisar pedir primeiro nas vias
administrativas.

Dessa forma, caso o direito de alguém esteja sendo ameaçado por um ato do
Estado, via de regra, pode-se entrar no Judiciário mesmo sem ter
entrado administrativamente. A isso, dá-se o nome de ausência da
jurisdição condicionada ou ausência da instância administrativa de
curso forçado.

Além disso, em regra, a opção pela via judicial implica renúncia tácita à
via administrativa e o processo se extingue no estado em que se
encontrar. Dessa forma, se alguém estiver discutindo um direito em âmbito
administrativo, ela poderá entrar no judiciário quando bem entender. No
entanto, caso entre no judiciário, o processo administrativo será extinto no
estado em que se encontrar.

Excepcionalmente, exige-se a utilização primária da via administrativa para,


somente depois, se poder entrar com a ação no Poder Judiciário. Isso se
chama jurisdição condicionada ou instância administrativa de curso
forçado e ocorre em 3 casos:

1- Justiça desportiva
2- Habeas Data
3- Reclamação ao STF de ato que contrarie Súmula Vinculante

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o O Poder Judiciário não pode adentrar em:

1- Atos interna corporis (Ex. Regimento Interno das Casas


Legislativas).

Exemplo: se durante o processo legislativo (o procedimento que


“fabrica” uma lei), ocorrer violação ao Regimento Interno da Casa
Legislativa, em regra, o Poder Judiciário não poderá apreciar essa
violação, pois isso fere a separação dos poderes.

Por outro lado, se o ato ferir, ao mesmo tempo, o Regimento Interno


da Casa Legislativa e a Constituição Federal, aí sim, caberá
intervenção do Poder Judiciário. Isso acontece não porque o ato violou
o Regimento Interno, mas sim porque ele violou a Constituição.

2- Discricionariedade administrativa (conveniência e oportunidade).

Por exemplo: a nomeação para um cargo em comissão ou função


comissionada não pode ser apreciada pelo poder judiciário quanto ao
mérito. Quem decide quem deve ou não ser nomeado para a função
é o Administrador.

Por outro lado, os referidos atos podem ser apreciados quanto à


legalidade.

o Taxa judiciária calculada sobre o valor global da causa

Em regra, para se entrar com uma ação no Poder Judiciário e se obter


uma prestação jurisdicional, deve-se pagar uma taxa. Essa taxa se
chama taxa judiciária e é calculada sobre o valor da causa. Dessa
forma, quanto maior for o valor da causa, maior será a taxa cobrada
para a prestação jurisdicional.

No entanto, a taxa judiciária não pode ter um valor ilimitado para


que o Estado não enriqueça ilicitamente. Assim, ela deve ter um valor
máximo (Não se preocupe com esse valor. Ele não é assunto da sua
prova de Direito Constitucional).

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x Limites à retroatividade da lei

A Constituição assegura que “a Lei não prejudicará o direito adquirido, o ato


jurídico perfeito e a coisa julgada.”

De forma bem resumida:

o Direito adquirido: é aquele direito que já foi incorporado ao patrimônio


jurídico de uma pessoa, independentemente de já ter sido exercido ou não.
Exemplo: se uma pessoa já cumpriu todos os requisitos para se aposentar,
mesmo que ela não tenha efetivamente se aposentado, ela já tem o direito
adquirido à aposentadoria;

o Ato jurídico perfeito: é aquele que cumpriu todos os requisitos para seu
aperfeiçoamento, segundo a lei vigente à época que se realizou;

o Coisa julgada: é aquela ação que o poder judiciário já julgou e contra a


qual não cabe mais recurso.

Dessa forma, essa garantia constitucional confere a segurança jurídica para


os cidadãos, garantindo que nem mesmo uma lei poderá ferir um desses três
itens.

Uma observação importante é que não se alega direito adquirido frente


ao:

1- Poder Constituinte Originário: assim, uma nova Constituição não


precisa respeitar o direito adquirido. Ela é ilimitada.
Lembre-se que uma Emenda Constitucional (fruto do Poder
Constituinte Reformador ou Revisor) não pode desrespeitar o direito
adquirido, nem o ato jurídico perfeito e nem a coisa julgada.
2- Criação ou aumento de tributos: ninguém tem o direito adquirido
de não pagar impostos (tributos).
3- Mudança de padrão monetário.
4- Regime jurídico de Servidor

Uma breve exceção à irretroatividade é que a lei penal pode retroagir para
beneficiar o réu. Assim, se a sociedade edita uma lei apenando um crime
com uma pena mais branda, não há sentido em manter uma pena mais severa
para aqueles que praticaram o crime antes da nova lei.
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Ao contrário, a lei não pode retroagir para prejudicar o réu. Assim, se a


sociedade edita uma lei apenando um crime com uma pena mais severa, essa
pena mais grave não pode ser aplicada a quem praticou o crime antes da lei.

Esquematizando:
x Princípio do Juiz Natural
o LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
o XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; (Se um tribunal não assegurar as
garantias constitucionais às partes litigantes, ele será considerado tribunal de exceção)
o Não é só para o Judiciário – também para o Legislativo nas causas em que for julgar
ƒ Ex: Senado Federal julgar o Presidente por crime de responsabilidade
x Princípio da - Inafastabilidade da jurisdição
- Direito de ação
- Princípio do livre acesso ao judiciário
- Princípio da ubiquidade da justiça
o XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
o Não se confunde com o direito de petição
o Regra: pode-se entrar no Judiciário mesmo sem ter entrado administrativamente

Ausência da jurisdição condicionada / ausência


da instância administrativa de curso forçado

ƒ A opção pela via judicial implica renúncia tácita à via administrativa


x O processo se extingue no estado em que se encontrar
o Exceção: Exige-se - utilização inicial da via adm para entrar na via judicial
- esgotamento
ƒ Justiça desportiva (é Administrativa e não Judicial)
ƒ Habeas Data
ƒ Reclamação ao STF de ato que contrarie Súmula Vinculante (CF, art. 102, I, 'L')
o O Judiciário não - Atos interna corporis (ex. Regimento Interno das Casas Legisl.)
pode adentrar - OBS: se o ato ferir junto a CF caberá intervenção do Judiciário
- Discricionariedade administrativa (conveniência e oportunidade)
- Ex: nomeação para cargo em comissão
- Atos políticos (em regra)

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o Taxa judiciária calculada sobre o valor global da causa: Não pode cobrar valor
absurdo. A taxa deve ter limites.
ƒ Súmula 667 STF
o Exigibilidade de crédito tributário: Para entrar com a ação não pode exigir depósito prévio.
ƒ Súmula Vinculante 28 - é inconstitucional a exigência de depósito prévio
como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda
discutir a exigibilidade do crédito tributário
x Limites à retroatividade da LEI
o Não pode prejudicar o - Direito adquirido
- Coisa julgada
- Ato jurídico perfeito
o Não se alega direito - Poder Constituinte Originário
adquirido face ao - Criação ou aumento de tributos
- Mudança de padrão monetário
- Regime jurídico de Servidor
o Pode alegar Direito Adquirido frente ao Poder Constituinte Reformador (EC) e Revisor
o Lei penal retroativa para beneficiar: Pode

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x Direito de propriedade

O direito de propriedade é um direito de primeira geração e, na época de seu


surgimento (durante o liberalismo econômico), era quase que considerado um
direito absoluto.

Assim, o dono da propriedade podia usar de seus bens da maneira como bem
entendesse, não importando se isso era bom ou ruim para a sociedade.

Com o passar do tempo, o direito de propriedade não é mais considerado


um direito absoluto. Por exemplo: a sociedade não tolera mais que exista
um latifúndio improdutivo quando existem milhares de pessoas passando
fome.

Assim, o direito de propriedade pode sofrer uma série de restrições, como por
exemplo:

1- Necessidade ou utilidade pública;


2- Requisição administrativa;
3- Requisição de bens no Estado de Sítio;
4- Desapropriação;
5- A propriedade deve cumprir a sua função social.

Função social da propriedade urbana: cumprir o plano diretor.

Função social da propriedade rural: CF Art. 186. A função social é


cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II -
utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação
do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as
relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos
proprietários e dos trabalhadores.

o Desapropriação

A desapropriação é uma forma de relativização (diminuir o alcance) do


direito de propriedade. Ela pode ocorrer por três motivos: Interesse
social, necessidade pública ou utilidade pública.

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Em regra, a indenização será sempre em dinheiro, justa e prévia.

No entanto, caso a propriedade não esteja cumprindo a sua função


social, poderá haver dois tipos de desapropriação:

1- Desapropriação confiscatória: ocorre quando a terra é usada para


o cultivo de plantas psicotrópicas. Nesse caso, não haverá
indenização e as terras serão destinadas ao assentamento de
colonos.

Não confundir com a “desapropriação urbananística” ou com a


“desapropriação rural”

2- Desapropriação sanção: nesse tipo de desapropriação, a


indenização deve ser justa e prévia. No entanto, ela não será em
dinheiro e sim em títulos da dívida do governo, garantida a
preservação de seu valor real.

a) Desapropriação Urbanística: feita pelo município em imóveis


urbanos. Nesse caso, a indenização será feita em títulos da
dívida pública resgatáveis em até 10 anos.

Na propriedade urbana, a desapropriação-sanção é a última


medida: antes, tem IPTU progressivo e parcelamento ou
edificação compulsória

b) Desapropriação Rural: feita pela União em imóveis rurais e


sempre para reforma agrária (por interesse social). Essa
modalidade de desapropriação é paga em títulos da dívida
agrária resgatáveis a partir do segundo ano de sua emissão
e em até 20 anos.

As benfeitorias úteis e necessárias são indenizadas em


dinheiro.

Não se pode desapropriar para reforma agrária a propriedade


produtiva e nem a pequena e média propriedade rural, desde que
seu proprietário não tenha mais nenhuma outra propriedade
rural.

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ENTENDENDO MELHOR

Benfeitorias necessárias são aquelas que se destinam à


conservação do imóvel ou que evitem que ele se deteriore. Os reparos
de um telhado, infiltração ou a substituição dos sistemas elétricos e
hidráulicos danificados serão benfeitorias necessárias, vez que
conservam o imóvel e evitam sua deterioração.

Benfeitorias úteis são obras que aumentam ou facilitam o uso do


imóvel. A construção de uma garagem, a instalação de grades
protetoras nas janelas, ou o fechamento de uma varanda são
benfeitorias úteis, porque tornam o imóvel mais confortável, seguro
ou ampliam sua utilidade.

Benfeitorias voluptuárias não aumentam ou facilitam o uso do


imóvel, mas podem torná-lo mais bonito ou mais agradável. São as
obras de jardinagem, de decoração ou alterações meramente
estéticas.

Além disso, não se pode penhorar a pequena propriedade


rural desde que seja trabalhada pela família e que as dívidas
resultem da atividade produtiva.

Esquematizando:

x Direito de propriedade
o Liberalismo econômico "laissez faire, laissez aller, laissez passer"
o Não é mais considerado um direito absoluto
ƒ Deve cumprir sua função social
x Função social da - Urbana – cumpre o plano diretor
propriedade - Rural – aproveitamento racional dos recursos,
preservação do meio ambiente, observação das
relações de trabalho e bem-estar dos donos e
trabalhadores... (CF 186)

ƒ Necessidade ou utilidade pública


ƒ Requisição administrativa
ƒ Desapropriação
ƒ Requisição de bens no Estado de Sítio

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x Desapropriação
o Pode desapropriar por - Interesse social
- Necessidade pública
- Utilidade pública
o Regra: indenização em dinheiro, justa e prévia
o Se estiver cumprindo a função social: indenização justa, prévia e em $ (regra)

• Desapropriação - Cultivo de plantas psicotrópicas


Se não estiver cumprindo

Confiscatória - Não é indenizável


- Serão destinadas ao assentamento de colonos
a função social

- Não confundir com a “desapropriação urbananística” ou com a


“desapropriação rural”

- Tem que ser prévia e justa também


- Só não é em dinheiro (mas sim em títulos da dívida do governo)
- Ambas devem preservar seu valor real

• Desap. • Desapropriação - Imóveis URBANOS


Sanção Urbanística - Feita pelo Município
- Indenização em títulos da dívida pública
- Resgatáveis em até 10 anos
- Na propriedade urbana, a desapropriação-sanção é a
última medida: antes tem IPTU progressivo e
parcelamento ou edificação compulsória

• Desapropriação - Imóveis RURAIS


Rural - Feita pela União
- Para reforma agrária (interesse social)
- Resgate - Títulos da dívida agrária
- A partir do 2º ano de sua emissão
- Até 20 anos
- Benfeitorias úteis e necessárias são
indenizadas em dinheiro
- Não pode desapropriar - propriedade produtiva
para reforma agrária - pequena e média prop. rural

• Desde que não tenha mais


nenhuma outra propriedade rural
o Pequena propriedade rural
ƒ Não pode penhorar
ƒ Desde que - Trabalhada pela família
- Que os débitos resultem da atividade produtiva

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III. PRINCIPAIS DIREITOS E GARANTIAS


EM DIREITO PENAL

x Presunção de inocência

Meus caros Auditores-Fiscais do Trabalho, a CF versa, em seu art. 5º, LVII


“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória”. Dessa forma evita-se que alguém seja considerado
culpado e tenha seus direitos restringidos antes que essa pessoa seja
condenada de forma definitiva.

Em decorrência desse princípio, a condenação criminal RECORRÍVEL não pode


impedir participação de candidato em concursos públicos ou cursos de
formação (RE 565.519).

x Segurança Jurídica em matéria criminal (Legalidade e anterioridade da


lei penal incriminadora)

A Constituição nos diz, em seu art. 5º, XXXIX: “não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Dessa forma, para que
alguém seja condenado por algum crime, é necessário que haja uma lei
anterior ao cometimento do ato prevendo que aquela conduta é considerada
criminosa pela sociedade. Essa exigência evita abusos por parte do Estado.

x Irretroatividade da lei penal in pejus

A lei penal que apenar um crime com uma pena mais grave não deve ser
aplicada aos que cometeram o mesmo crime quando a lei era mais branda.
Assim, a lei penal in pejus (que prejudica/que é mais grave) não pode
retroagir, devendo ser aplicada sempre prospectivamente (daqui para frente).

Uma observação deve ser feita quanto ao crime permanente. Nesse caso,
aplica-se a lei mais grave. Explica-se: o crime permanente é aquele que se
prolonga durante o tempo. Exemplo: o sequestro. Esse crime é cometido não
só no momento da captura, mas também durante todo o tempo em que
alguém fica sequestrado. Nesse caso, havendo a edição de uma lei que
estabeleça uma pena mais grave para o crime de sequestro, o criminoso será
apenado pela nova lei, ou seja, com a pena mais grave. Isso ocorre não
porque a lei penal retroagiu, mas sim porque o crime foi cometido
durante a vigência da lei mais severa.

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O mesmo ocorre para os crimes continuados: se forem cometidos durante a


vigência da nova lei mais grave, será aplicada essa nova lei mais grave. O
crime continuado ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro.

x Quanto à Prisão

A CF88 nos traz que alguém somente pode ser preso em duas situações:

1- Em flagrante delito; ou
2- Por ordem fundamentada de Juiz. Atenção: não é sentença
transitada em julgado! É sentença FUNDAMENTADA!

Ainda quanto a esse direito, o art. 5º, LXVII diz que não haverá prisão civil por
dívida, salvo a:

a) do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de


obrigação alimentícia; e
b) do depositário infiel.

No entanto, a única hipótese de prisão civil por dívida em nosso ordenamento


jurídico é o inadimplemento voluntário e inescusável de pensão
alimentícia.

Mas a prisão do depositário infiel não está prevista na Constituição?

Sim. Está. Mas, segundo o entendimento do STF, o Pacto de San José da


Costa Rica (apesar de não ter revogado a Constituição) por ter status
supralegal, tornou inaplicável toda a legislação que previa a prisão do
depositário infiel. Assim, o depositário infiel não é mais considerado
hipótese de prisão civil por dívida.

Por fim, deve ser feita uma observação quanto ao uso de algemas. O
Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante nº 11, que diz o
seguinte:

“Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou


de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,
justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade

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disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do


ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”

x Tribunal do Júri

O Tribunal do Júri possui a competência constitucional de julgar todos os


crimes dolosos (com intenção de matar) contra a vida, salvo foro especial
estabelecido pela Constituição FEDERAL.

Dessa forma, o foro especial não pode ser estabelecido somente pela
Constituição Estadual, devendo ser estabelecido pela Constituição FEDERAL.
Assim, a Constituição Estadual não pode retirar competência do Tribunal do
Júri.

São ainda características do Tribunal do Júri: sigilo das votações, plenitude


de defesa e soberania dos veredictos.

Como dito, se o réu tiver prerrogativa de função (foro especial), ele será
julgado pelo foro especial e não pelo Tribunal do Júri (exemplo: deputados e
senadores são julgados pelo STF).

Ainda quanto ao foro privilegiado, caso haja corréu (mais de um réu ao mesmo
tempo) e um deles tiver foro especial e o outro não: o processo deverá ser
desmembrado e cada um julgado pelo foro que lhe couber.

x Práticas discriminatórias

A Constituição Federal estabelece que as práticas discriminatórias deverão ser


punidas por lei: “art. 5º, XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
dos direitos e liberdades fundamentais”.

x Proibição de tortura (art. 5º, III)

CF art. 5º, III: “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento


desumano ou degradante”. Assim, nem mesmo os crimes hediondos podem
ser apenados com tortura, por mais horríveis ou cruéis que sejam.

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x Racismo x H3T x Ação de Grupos armados

o Racismo: o racismo é considerado um crime inafiançável,


imprescritível e sujeito à pena de reclusão. Seu conceito deve ser
considerado de forma ampla, como qualquer forma de distinção e não
apenas quanto a distinções raciais.

o A ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem


constitucional e o Estado Democrático é considerada um crime
inafiançável e imprescritível.

o H3T – Crimes Hediondos, Tortura, Tráfico e Terrorismo: são crimes


inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia. Por outro lado, estes
crimes são prescritíveis.

Entendendo melhor: a fiança é um instrumento jurídico onde o réu pode


responder o processo em liberdade, mediante pagamento de um
determinado valor e cumprimento de determinadas obrigações. Assim,
mediante pagamento da fiança, é concedida liberdade provisória ao réu. Ela
está regulamentada nos arts. 321 a 350 do Código de Processo Penal.

A CF prevê no art. 5º, LXVI que ninguém será levado à prisão ou nela
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.

Dessa forma, existem alguns crimes que são afiançáveis e outros que não o
são. A CF prevê expressamente como crimes inafiançáveis o H3T, o
racismo e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático.

Esquematizando:

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x Presunção de inocência
o LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
o Condenação criminal RECORRÍVEL não pode impedir participação de candidato
em concursos públicos ou cursos de formação (RE 565.519)

x Segurança Jurídica em matéria criminal (Legalidade e anterioridade da lei penal


incriminadora)
o XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
x Irretroatividade da lei penal in pejus
o Crimes continuados e permanentes aplica a lei mais grave se forem cometidos
durante sua vigência (súmula 711 STF)

x Quanto à Prisão
o Alguém só pode ser preso - em flagrante delito
- por ordem fundamentada de Juiz
ƒ Não é sentença transitada em julgado! É sentença FUNDAMENTADA!
ƒ Não confundir com o princípio da presunção da inocência

o Única hipótese de prisão civil por dívida: inadimplemento voluntário e inescusável


pensão alimentícia
ƒ Depositário infiel não é mais: Pacto de San José da Costa Rica (art. 50 LXVII)

o Uso de algemas - Só pode em caso de - Resistência


- Fundado receio de fuga
- Perigo à integridade física própria ou
alheia, por parte do preso ou de terceiros
- É excepcional e deve ser justificada por escrito, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado
- Sob pena de - responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou
da autoridade
- nulidade da prisão ou do ato processual
- Súmula Vinculante nº 11

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x Tribunal do Júri
o Julga crimes dolosos contra a vida
ƒ Salvo foro especial estabelecido pela CF
x O foro especial não pode ser estabelecido somente pela CE, devendo
ser estabelecido pela CF.
x A Constituição Estadual não pode retirar competência do Tribunal do Júri
o Possui - Sigilo das votações
- Plenitude de Defesa
- Soberania dos veredictos
o Se o réu tiver prerrogativa de função
ƒ Sai do Juri
ƒ A Constituição Estadual não pode retirar competência do Tribunal do Júri
ƒ Ex: deputados e senadores são julgados pelo STF
ƒ Se houver corréu: desmembra o processo se 1 deles tem prerrogativa de
função e o outro não
x Racismo x H3T x Ação de Grupos armados
o Racismo
ƒ Inafiançável e imprescritível
ƒ Conceito amplo: qualquer forma de distinção
ƒ Sujeito à pena de reclusão

o Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado


Democrático
ƒ Inafiançável e imprescritível

o H3T – Crimes Hediondos, Tortura, Tráfico e Terrorismo


ƒ Inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia
ƒ São prescritíveis

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x Pena

Segundo a Constituição, a pena deve ser sempre individualizada, ou seja, não


deve passar da pessoa do acusado. Além disso, é vedado pena de:

o Caráter perpétuo (penal cível e administrativa);


o Banimento;
o Trabalhos forçados;
o Cruéis;
o Morte, salvo em caso de guerra declarada.

A Carta Magna estabelece também, no inciso XLVI do art. 5º, alguns tipos de
penas (esta lista não é exaustiva):

o Privação ou restrição da liberdade;


o Perda de bens;
o Multa;
o Prestação social alternativa;
o Suspensão ou interdição de direitos.

x Direitos dos presos

Os presos possuem direito a:

o Integridade física e moral;


o A mãe pode amamentar os filhos durante o período de lactação;
o Comunicação da prisão e o local onde o preso está ao Juiz e à
pessoa indicada. Apesar desse direito, a omissão da comunicação à
autoridade competente NÃO é, por si só, causadora da ilegalidade
da prisão.
o Informação dos direitos dos presos entre os quais o de
permanecer calado (direito ao silêncio), sendo-lhe assegurada
a assistência da família e de advogado;
Do direito ao silêncio deriva o princípio nemo tenetur se
detegere, ou seja, o direito que o acusado tem de não produzir

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prova contra si mesmo. Ele não está expressamente previsto na


CF, mas a melhor doutrina diz que ele deriva do direito ao silêncio,
previsto no art. 5º, LXIII. Ele se aplica tanto ao direito penal,
quanto aos acusados em geral nas esferas cível e
administrativa.
Em decorrência desse princípio, não é admitida a determinação
judicial que obriga a condução de réu a laboratório para coleta de
material necessário ao exame de DNA em ação de investigação de
paternidade.
o Pode haver progressão de pena antes do trânsito em julgado caso
haja morosidade da justiça.
o Pode haver identificação criminal (o famoso “tocar piano”) se o
sujeito não for identificado civilmente, ou, mesmo civilmente
identificado em alguns casos, nos termos da lei.
o A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária.
o Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.
o Identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial.

x Ação penal privada subsidiária da Pública

A regra é que a titularidade da ação penal é do Ministério Público (MP).


Assim, o MP é o “dono” da ação penal e ela é PÚBLICA. No entanto, em caso
de inércia do MP em entrar com a ação penal ou em dar andamento à mesma,
caberá a ação penal privada subsidiária da pública. Entretanto, a referida
ação não retira o caráter privativo da ação penal (que é do Ministério Público).

Exemplo 1: o crime de homicídio é um crime de ação penal pública. Caso seja


instaurada uma ação penal por este crime, ela sempre será pública e o MP
sempre será o titular da ação. Dessa forma, ainda que a família da vítima
acompanhe os atos processuais, ajude o Ministério Público e a polícia ou até
mesmo não queira que a ação seja instaurada, o “dono da ação” sempre será o
parquet (MP), sendo ele quem decide sobre a instauração da ação e quem
pratica os atos processuais.

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No entanto, caso o Ministério Público seja desidioso na propositura ou na


condução da ação, aí sim caberá a ação penal privada subsidiária da pública.

Exemplo 2: a calúnia é um crime de ação penal privada. Para que alguém seja
processado por este crime, o ofendido deve entrar com a ação penal contra o
agressor, não podendo o MP instaurar a ação sozinho.

Para a sua prova de Direito Constitucional, não é necessário saber quais crimes
são de ação penal pública ou privada, bastando as informações colocadas aqui.

x Devido processo legal

A CF88 traz em seu art. 5º:

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido


processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos


acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes;

Dessa forma, o devido processo legal é uma garantia ao cidadão de que ele
não será privado de direitos sem que haja um processo para que ele se
defenda e ofereça seu ponto de vista e a sua versão para os fatos.

Importante ressaltar que, em regra, possuem esses direitos os litigantes em


processo judicial (penal ou civil) ou administrativo. Entretanto, não possuem
ampla defesa e contraditório: Inquérito policial, CPI e Sindicância que
implique em Processo Administrativo Disciplinar.

Explica-se: o inquérito policial é um procedimento investigativo feito pela


polícia para coletar provas que embasarão a ação penal. Assim, ele é anterior
à propositura da ação penal. Dessa forma, o inquérito policial é um
procedimento inquisitório e não possui a ampla defesa e o contraditório porque
eles serão oferecidos ao acusado durante a ação penal.

Já a CPI possui o único objetivo de apurar fatos. Ela não processa, julga ou
aplica penalidades a ninguém. Assim, não são necessários o contraditório e a
ampla defesa se alguém não pode ter seus direitos restringidos. Por outro lado,
caso a CPI encaminhe as suas conclusões para o Ministério Público e este inicie

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uma ação penal, aí sim, serão oferecidos o contraditório e a ampla defesa (na
ação penal e não na CPI).

Já a sindicância que implique em PAD não possui o contraditório e ampla


defesa, pois estes serão oferecidos no decorrer do PAD.

Além disso, o devido processo legal deve ser encarado de duas formas:

o Devido processo legal formal – se refere ao processo


(procedimento) em si. Assim, o procedimento que priva alguém de
sua liberdade ou de seus bens deve ser devidamente
regulamentado.

o Devido processo legal substantivo ou material – além de ser


regulamentado, o processo deve ser realmente capaz de oferecer o
contraditório e a ampla defesa e os meios de produção de provas
pertinentes.

Por fim, em âmbito administrativo, não é necessário que as partes sejam


representadas por um advogado. No entanto, salvo os casos previstos em lei,
o advogado é indispensável para o acesso ao judiciário (penal ou civil).

x Provas ilícitas

A Constituição estabelece que não são admitidas provas obtidas por meio
ilícito. Essa garantia serve para se evitar que, na busca desenfreada por meios
de prova, se viole ainda mais os direitos de alguém. Além disso, se uma prova
for obtida por meio ilícito e dela derivarem outras provas, todas as provas
derivadas da prova ilícita serão também consideradas ilícitas. A isso, dá-se o
nome de teoria dos frutos da árvore envenenada.

Funciona assim:

1 - Em regra, não são aceitas provas obtidas por meios ilícitos (nem em prol
do Estado e nem em prol do particular).

2 – Todas as provas derivadas daquelas obtidas por meio ilícito também são
ilícitas (teoria dos frutos da árvore envenenada).

3 - Excepcionalmente, por causa da ampla defesa (uma das facetas do


devido processo legal), admite-se a prova obtida por meios ilícitos quando esta

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for indispensável para o exercício do direito fundamental à ampla defesa PELO


ACUSADO, para que prove sua inocência.

Observe este trecho, bem elucidativo, escrito por Gilmar Mendes e Paulo
Branco:

"Registre-se, ainda, que o princípio do devido processo legal, em sua face atinente à
ampla defesa, autoriza a produção de provas ilícitas pro reo. A garantia da
inadmissibilidade das provas obtidas de forma ilícita, como corolário do devido
processo legal, é direcionada, em princípio, à acusação (Estado), que detém o ônus
da prova. Quando a prova obtida ilicitamente for indispensável para o
exercício do direito fundamental à ampla defesa pelo acusado, de forma a
provar a sua inocência, não há por que se negar a sua produção no
processo.

O devido processo legal atua, nesses casos, com dupla função: a de proibição de
provas ilícitas e a de garantia da ampla defesa do acusado. Na solução dos casos
concretos, há que se estar atento, portanto, para a ponderação entre ambas as
garantias constitucionais. A regra da inadmissibilidade de provas ilícitas não deve
preponderar quando possa suprimir o exercício da ampla defesa pelo acusado, sob
pena de se produzir um verdadeiro paradoxo: a violação ao devido processo legal
(ampla defesa) com o fundamento de proteção do próprio devido processo legal
(inadmissibilidade de provas ilícitas).

Ressalte-se, nesse contexto, que, em alguns casos, a prova ilícita poderá ser
produzida pelo próprio interessado, como único meio de sustentar sua inocência,
configurando, dessa forma, o estado de necessidade, que exclui a ilicitude do ato.

O Supremo Tribunal Federal tem admitido a prova, que em princípio seria ilícita,
produzida pelo réu em estado de necessidade, ou legítima defesa, causas
excludentes da antijuridicidade da conduta (HC 74.678/SP)."

x Assistência jurídica integral e gratuita

A Constituição prevê no art. 5º, LXXIV, que o Estado prestará assistência


jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos.

Cuidado para não confundir com o próximo direito (as questões de prova
costumam inverter os destinatários).

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x Gratuidade nas certidões de nascimento e de óbito aos


reconhecidamente pobres

A Constituição prevê no art. 5º, LXXVI, que são gratuitos para os


reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento e
a certidão de óbito.

x Defesa do consumidor

A defesa do consumidor é um direito fundamental constitucional e foi elevado a


princípio da ordem econômica.

x Razoável duração do processo

Para evitar que os processos se arrastem por anos a fio, a todos é assegurada
a razoável duração do processo, tanto no âmbito judicial quanto
administrativo.

x Publicidade dos atos processuais

Prevê o art. 5º, LX “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos


processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”.
Dessa forma, um processo da vara de família pode ser considerado sigiloso,
para preservar a intimidade, por exemplo.

Portanto, atenção: em regra, os processos do judiciário são públicos. No


entanto, a lei poderá sim restringir a publicidade dos mesmos quando a defesa
da intimidade ou o interesse social o exigirem.

Esquematizando:

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x Pena: personalíssima
o Vedado pena de - Caráter perpétuo (penal cível e administrativa)
- Banimento
- Trabalhos forçados
- Cruéis
- Morte, salvo em caso de guerra declarada

x Direitos dos presos


o Integridade física e moral
o Mãe amamentar os filhos – pode
o Comunicação da prisão e o local onde está ao Juiz e pessoa indicada
ƒ A omissão da comunicação à autoridade competente NÃO é, por si só,
causadora da ilegalidade da prisão
o Informação dos direitos dos presos entre os quais o de permanecer calado (direito ao
silêncio), sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
ƒ Princípio nemo tenetur se detegere (direito de não produzir prova contra si
mesmo)
x Não está expressamente previsto na CF, mas a melhor doutrina diz
que ele deriva do direito ao silêncio,
x Se aplica tanto ao direito penal, quanto aos acusados em geral nas
esferas cível e administrativa.
x Em decorrência desse princípio, não é admitida a determinação
judicial que obriga a condução de réu a laboratório para coleta de
material necessário ao exame de DNA em ação de investigação de
paternidade.
o Pode progredir pena antes do trânsito em julgado – morosidade
o Pode haver identificação criminal (o famoso “tocar piano”) se o sujeito não for
identificado civilmente, ou, mesmo civilmente identificado em alguns casos..
o A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária.
o Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança

x Pode haver identificação criminal - Se não identificado civilmente


- Mesmo civilmente identificado em alguns casos

x Ação penal privada subsidiária da Pública


o No caso de inércia do MP
o Não tira a titularidade do MP

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x Devido processo legal


o LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal

o LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral


são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;

ƒ Ampla defesa - Inquérito policial NÃO possuem


e contraditório - CPI ampla defesa e
- Sindicância que implique em PAD contraditório

ƒ Em âmbito administrativo, não é necessário advogado

o Devido Processo legal


ƒ Devido processo legal formal – o processo/procedimento em si
ƒ Devido processo legal substantivo ou material – o que é realmente capaz de
oferecer o contraditório e a ampla defesa e os meios de produção de provas
pertinentes

x Provas ilícitas
o Não são admitidas
o Teoria dos frutos da árvore envenenada
o O Supremo Tribunal Federal tem admitido a prova, que em princípio seria ilícita,
produzida pelo réu em estado de necessidade, ou legítima defesa, causas excludentes
da antijuridicidade da conduta (HC 74.678/SP)

x Assistência Jurídica integral e gratuita


o Defensoria pública
ƒ Autonomia administrativa, financeira e funcional (inclusive LDO)
ƒ Aos que comprovarem insuficiência de recursos
o Se não houver Defensoria Pública – o Estado paga o advogado

x Gratuidade nas certidões de nascimento e de óbito aos reconhecidamente pobres

x Defesa do consumidor
o É um direito fundamental constitucional
o Defesa do consumidor é princípio da ordem econômica

x Celeridade processual

x Publicidade dos atos processuais

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EXERCÍCIOS

19. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nível Superior) Os tratamentos normativos


diferenciados não são compatíveis com o texto constitucional, por ofensa ao
princípio da igualdade, mesmo quando verificada a existência de uma
finalidade razoavelmente proporcional ao fim visado.

O Estado pode, sim, estabelecer tratamento diferenciado quando


existir a finalidade de garantir a igualdade material entre os
indivíduos. É o caso do tratamento diferenciado aos portadores de
deficiência em concursos públicos, às mulheres no mercado de
trabalho, e aos negros e índios no ingresso nas Universidades.

Gabarito: Errado.

20. (CESPE – 2012 – Polícia Federal – Agente de Polícia Federal) O direito ao


silêncio, constitucionalmente assegurado ao preso, estende-se a pessoa
denunciada ou investigada em qualquer processo criminal, em inquérito
policial, em processo administrativo disciplinar e àquela que for convocada a
prestar depoimento perante comissão parlamentar de inquérito.

Do direito ao silêncio deriva o princípio nemo tenetur se detegere, ou


seja, o direito que o acusado tem de não produzir prova contra si
mesmo. Ele não está expressamente previsto na CF, mas a melhor
doutrina afirma que é derivado do direito ao silêncio, previsto no art.
5º, LXIII.

Este direito se aplica a qualquer pessoa que seja objeto de


investigação administrativa, policial, penal ou parlamentar, ostentando
ou não a condição formal de indiciado. Assim, aplica-se tanto ao direito
penal, quanto aos acusados em geral nas esferas cível e
administrativa, inclusive perante as Comissões Parlamentares de
Inquérito (HC 94.082).

Gabarito: Certo.

21. (CESPE – 2012 – Polícia Federal – Agente de Polícia Federal) O exercício do


direito à liberdade de reunião em locais abertos ao público, previsto na
Constituição Federal, condiciona-se a dois requisitos expressos: o encontro não
pode frustrar outro anteriormente convocado para o mesmo local e a
autoridade competente deve ser previamente avisada a respeito de sua
realização.
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A questão trouxe duas das condições a respeito do direito de reunião,


que não depende de autorização, disposto no art. 5º, XVI. Vamos quais
são essas condições?

- Pacificamente
- Sem armas
Todos poderão se reunir - Em locais abertos ao público
- Desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local
- Exigido o aviso prévio à autoridade competente

Só para esgotarmos este assunto “direito de reunião”, não se esqueça


da possibilidade deste direito ser restringido em caso de decretação de
estado de sítio!

Gabarito: Certo.

22. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Agente de Proteção) A CF proíbe a aplicação de penas


de morte em tempo de paz, de penas cruéis, de penas de banimento, de penas
de caráter perpétuo e de trabalhos forçados.

O art. 5º, XLVII traz as restrições às penas no Brasil. Vamos reproduzi-


lo?

XLVII - não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

Como podemos perceber, não há erro na questão. Atenção para a pena


de morte, que é permitida em caso de guerra declarada, ou seja, sua
vedação não é absoluta.

Gabarito: Certo.

23. (CESPE - 2012 - Banco da Amazônia - Técnico Científico) O direito à


propriedade, embora incluído entre os direitos individuais, já não consiste em
puro direito individual, tendo sido, na CF, relativizados seu conceito e
significado e preordenados os princípios da ordem econômica à vista da
realização de seu fim maior, que é garantir a todos uma existência digna,
conforme os ditames da justiça social.

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O direito de propriedade é um direito de primeira geração e, na época


de seu surgimento (durante o liberalismo econômico), era quase que
considerado um direito absoluto. Assim, o dono da propriedade podia
usar de seus bens da maneira como bem entendesse, não importando
se isso era bom ou ruim para a sociedade.

Com o passar do tempo, o direito de propriedade não é mais


considerado um direito absoluto. Por exemplo: a sociedade não tolera
mais que exista um latifúndio improdutivo quando existem milhares de
pessoas passando fome.

Assim, o direito de propriedade pode sofrer uma série de restrições,


como por exemplo:

1 - Necessidade ou utilidade pública;


2 - Requisição administrativa;
3 - Requisição de bens no Estado de Sítio;
4 - Desapropriação;
5 - A propriedade deve cumprir a sua função social.

Gabarito: Certo.

24. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Agente de Proteção) Os direitos de propriedade e de


herança não estão sujeitos a nenhum limite.

O direito de propriedade e o direito de herança não são absolutos,


estando sujeitos a limitações. Pode haver desapropriação, por
exemplo, se a terra for utilizada para o cultivo de plantas
psicotrópicas. A herança é tratada pelo código civil, que traz
pormenorizadamente as regras de sucessão.

Gabarito: Errado.

25. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Agente de Proteção) Conforme o preceito


constitucional, agente de polícia, estando judicialmente autorizado, pode entrar
na casa de suspeito de crime, sem o seu consentimento, durante a noite, com
o objetivo de conduzi-lo à delegacia para depor.

Essa questão trata da inviolabilidade do domicílio. Durante a noite e


sem o consentimento do morador, o Estado só pode entrar na casa do
particular em situações “extraordinárias”: em caso de flagrante delito
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ou desastre, ou para prestar socorro. No caso da questão, a entrada só


pode ser realizada durante o dia (ela está munida de determinação
judicial). Vamos relembrar?

x Inviolabilidade domiciliar
o Salvo por 1 – Consentimento: dia e noite, com ou sem ordem judicial
2 - Flagrante delito, desastre ou prestar socorro: dia e noite, com ou
sem ordem judicial
3 - Determinação judicial - Regra: durante o DIA
- Exceção: Para instalar escuta policial
PODE a noite (com autorização judicial)

Gabarito: Errado.

26. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Agente de Proteção) Brasileiro naturalizado detido


após comprovação de seu envolvimento com o tráfico de drogas pode ser
extraditado.

A regra é que o brasileiro, nato ou naturalizado não será extraditado.


Entretanto, existem duas situações excepcionais onde o naturalizado
pode, sim, ser entregue para julgamento em outro país: quando tiver
praticado crime comum antes da naturalização ou quando, na forma da
lei, tiver comprovado seu envolvimento com tráfico de entorpecentes.
Observe que o brasileiro nato NUNCA será extraditado! Essa é a regra
do art. 5º, LI.

Gabarito: Certo.

27. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Agente de Proteção) A assistência jurídica integral e


gratuita é assegurada aos que comprovarem insuficiência de recursos.

Os que comprovarem insuficiência de recursos serão gratuitamente


assistidos em juízo por um defensor público. Cuidado para não
confundir a insuficiência de recursos com os reconhecidamente
pobres, que possuem o direito a certidões de nascimento e óbito sem
custos. São coisas diferentes! A pessoa pode não ser
reconhecidamente pobre, mas ainda assim ter recursos insuficientes
para assistência jurídica. Veja os incisos LXXIV e LXXVI do art. 5º.

Gabarito: Certo.

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28. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário) O direito à duração razoável de


processos, tanto no âmbito judicial quanto no administrativo, é um direito
fundamental previsto expressamente na CF.

Esta questão cobra o conhecimento do último dos incisos do nosso


querido artigo 5º. Reproduzindo: “a todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.

Gabarito: Certo.

29. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário) Excluem-se dos direitos e


garantias fundamentais, previstos de forma taxativa na CF, os direitos
decorrentes de tratados internacionais de que a república Federativa do Brasil
seja parte.

Exatamente o contrário! O §2º afirma o seguinte: “Os direitos e


garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte”. Isso significa que os direitos e garantias fundamentais da CF88
não constituem um rol taxativo. A eles podem se juntar outros direitos
decorrentes dos princípios e de tratados internacionais.

Gabarito: Errado.

30. (CESPE - 2012 – STJ) De acordo com a CF, é admitida, mediante ordem
judicial, a violação das comunicações telefônicas, nas hipóteses e na forma que
a lei estabelecer, para fins de investigação criminal, instrução processual penal
ou em processos político-administrativos.

O equívoco está no finalzinho da questão. Em processos político-


administrativos, não é admitida a violação das comunicações
telefônicas. Nos outros dois casos trazidos pela questão, a violação é
autorizada, nos termos da lei (art. 5º, XII)

Gabarito: Errado.

31. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário) A CF garante a todos o direito de


reunir-se pacificamente para protestar, sem armas, em locais abertos ao
público, desde que mediante aviso prévio e autorização da autoridade
competente.

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Não é necessário pedir autorização ao Estado para exercer o direito de


reunião. O prévio aviso é exigido para que a Administração possa
tomar as providências cabíveis no sentido de minimizar os distúrbios
que a reunião possa vir a causar para a coletividade (isolamento de
faixas, acompanhamento e escolta policial, etc). Vamos dar uma
olhada no direito de reunião?

x Direito de reunião em - Pacífica,


locais abertos ao público - Sem armas Greve de policiais: não pode ir armado
o Não precisa de autorização
ƒ Mas precisa avisar autoridades
ƒ Desde que não frustre outra reunião já marcada
o Pode ser - Restringido no Estado de Defesa
- Suspenso no Estado de Sítio

Gabarito: Errado.

32. (CESPE - 2012 - STJ) O estabelecimento de regras distintas para homens e


mulheres, quando necessárias para atenuar desníveis, é compatível com o
princípio constitucional da isonomia e poderá ocorrer tanto na CF quanto na
legislação infraconstitucional.

Eu gosto muito das questões do CESPE, pois elas exigem a


interpretação do candidato. Essa questão está corretíssima. A
igualdade deve ser buscada de forma efetiva, mesmo que seja preciso
estabelecer situações mais favoráveis a grupos hipossuficientes
(deficientes físicos, por exemplo). Isso não viola o princípio da
isonomia, mas sim viabiliza sua plena eficácia.

Gabarito: Certo.

33. (CESPE - 2012 - MPE-PI - Analista Ministerial) Todas as pessoas têm direito a
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, com exceção das informações que exijam sigilo
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

Isso é simplesmente uma reescrita do art. 5º, XXXIII, que trata do


direito de informação. Quer conferir? “todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.
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Gabarito: Certo.

34. (CESPE - 2011 - CNPQ - Analista em Ciência e Tecnologia Júnior) Pessoa que
se exima de obrigação legal a todos imposta por motivo de crença religiosa
deve sofrer as consequências legais por seu ato, já que o Brasil é um país
laico.

Para que alguém sofra restrições de direitos por invocar crença


religiosa ou convicção filosófica ou política, ele deve se eximir de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa.

Gabarito: Errado.

35. (CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo) Considere que um
delegado de polícia, com o objetivo de obter provas em inquérito policial,
determine que se proceda à interceptação das comunicações telefônicas de
determinado suspeito. Nesse caso, considera-se lícita a prova obtida por meio
da interceptação.

A interceptação das comunicações telefônicas, ou seja, a escuta


telefônica/grampo, somente pode ser determinada por ORDEM
JUDICIAL e para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal. Dessa forma, o delegado de polícia não pode determinar a
interceptação telefônica. Somente o juiz pode fazê-lo.

Gabarito: Errado.

36. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça) Embora inserido no inciso II


do artigo 5.º da Constituição Federal, o princípio da legalidade não se insere
entre os direitos e garantias fundamentais, pois é apenas uma regra básica
para aplicação das normas jurídicas.

O princípio da legalidade está previsto expressamente pela


Constituição no art. 5º, II “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

Gabarito: Errado.

37. (CESPE - 2011 - Correios - Analista de Correios) Considerando que


determinada pessoa tenha uma única propriedade, classificada como média
propriedade rural, que não esteja cumprindo sua função social, julgue o item

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seguinte com base nos direitos e garantias fundamentais e no regime


constitucional da propriedade. Como o direito de propriedade não é absoluto, a
referida propriedade poderá ser objeto de desapropriação para fins de reforma
agrária, por ato da União, mediante prévia e justa indenização em títulos da
dívida agrária.

De fato, o direito de propriedade não é absoluto. No entanto, está


previsto no art. 185: “São insuscetíveis de desapropriação para fins de
reforma agrária:

I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde


que seu proprietário não possua outra;

II - a propriedade produtiva.”

Gabarito: Errado.

38. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça) A inviolabilidade do domicílio


durante o período noturno poderá ser quebrada somente mediante prévia
autorização judicial no caso de flagrante delito, ou independentemente dessa
autorização em hipóteses de desastre ou para prestação de socorro.

Existem três formas de o Estado entrar na casa de alguém:

1 - Com o consentimento do morador. Nesse caso, obviamente, se o


morador permite, pode-se entrar em sua casa a qualquer horário, de dia
ou de noite, com ou sem ordem judicial.

2 - Em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro.


Nesse caso, também se pode entrar na casa de alguém a qualquer
horário, de dia ou de noite e independente de ordem judicial.

3 - Por determinação judicial. Nesse último caso, o Estado, em regra,


somente pode entrar na casa de alguém durante o dia.

x Excepcionalmente, o STF recentemente decidiu que para instalar


escuta policial em um escritório de advocacia que era usado para
cometimento de crimes, PODE-SE entrar a noite (lembrando:
sempre com autorização judicial).

Gabarito: Errado.

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39. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador) Os elementos de informação obtidos por


meio de interceptação telefônica, ainda que válida, não podem ser utilizados
em processo administrativo disciplinar.

É permitido sim usar uma prova legalmente autorizada e gerada em


processo criminal para instruir processo administrativo ou civil.
Atenção: em âmbito administrativo ou civil JAMAIS poderá haver a
quebra do sigilo das comunicações. No entanto, se a prova for
legalmente gerada em processo criminal, pode-se aproveitá-la para
instruir processo administrativo ou civil.

Gabarito: Errado.

40. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador) Na esfera judicial, é dispensável a prévia


oitiva do investigado para que seja quebrado seu sigilo bancário, sendo viável
a impugnação da referida determinação judicial por intermédio do habeas
corpus.

Quando acontecem algumas quebras de sigilo, o contraditório e a


ampla defesa ocorrem somente após a quebra. Imagine só um bandido
sendo investigado pela polícia. É óbvio que primeiro se faz a quebra do
sigilo das comunicações para somente depois ser oferecido o
contraditório e a ampla defesa ao delinquente. Caso ocorresse o
contrário, o criminoso já saberia de antemão que estaria sendo
investigado e as investigações restariam frustradas.

Além disso, qualquer procedimento ilegal que lese ou possa ameaçar a


liberdade de alguém pode ser combatido por meio do Habeas Corpus.

Gabarito: Certo.

41. (CESPE - 2011 - EBC - Analista - Advocacia) Será garantida indenização por
benfeitorias necessárias nos casos de desapropriação de fazenda que sedie
cultura de plantas psicotrópicas.

A Desapropriação CONFISCATÓRIA ocorre quando a terra é usada para


o cultivo de plantas psicotrópicas. Nesse caso, não haverá indenização
e as terras serão destinadas ao assentamento de colonos.

A questão tentou confundir o candidato com a desapropriação RURAL.


Essa é feita pela União em imóveis rurais e sempre para reforma
agrária (por interesse social). Essa modalidade de desapropriação é

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paga em títulos da dívida agrária resgatáveis a partir do segundo ano


de sua emissão e em até 20 anos. Nesse caso sim, as benfeitorias úteis
e necessárias são indenizadas em dinheiro.

Gabarito: Errado.

42. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Comissário da Infância e da Juventude - Específicos) A


requisição, como forma de intervenção pública no direito de propriedade que
se dá em razão de iminente perigo público, não configura forma de
autoexecução administrativa na medida em que pressupõe autorização do
Poder Judiciário.

Não é necessária autorização judicial para que a autoridade


competente se utilize de propriedade particular. Lembre-se que a
requisição somente é possível em caso de iminente perigo público e
que só haverá indenização se houver dano e ela será sempre posterior.

Observe o art. 5º, XXV “no caso de iminente perigo público, a


autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”.

Gabarito: Errado.

43. (CESPE - 2011 - PC-ES - Delegado de Polícia - Específicos) Com fundamento


no dispositivo constitucional que assegura a liberdade de manifestação de
pensamento e veda o anonimato, o Supremo Tribunal Federal (STF) entende
que os escritos anônimos não podem justificar, por si só, desde que
isoladamente considerados, a imediata instauração de procedimento
investigatório.

O STF entende que é vedada instauração de Inquérito Policial ou


Denúncia exclusivamente com base em denúncia anônima. Dessa
forma, as autoridades públicas devem coletar mais provas (indícios de
autoria e materialidade do crime) para que seja aberto o inquérito
policial ou a ação penal.

Gabarito: Certo.

44. (CESPE - 2011 - EBC - Analista - Advocacia) É permitida a violação de


correspondência de presidiário em face de suspeita de rebelião.

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Apesar do direito à intimidade e à inviolabilidade das


correspondências, o Supremo Tribunal Federal entende que é possível
a interceptação de carta de presidiário pela administração
penitenciária, por questões de segurança pública.

Gabarito: Certo.

45. (CESPE - 2011 - STM - Técnico Judiciário - Segurança) A imparcialidade do


Poder Judiciário e a segurança do povo contra o arbítrio estatal são garantidas
pelo princípio do juiz natural, que é assegurado a todo e qualquer indivíduo,
brasileiro e estrangeiro, abrangendo, inclusive, pessoas jurídicas.

O Princípio do juiz natural protege o cidadão porque assegura que


todos saibam qual será a autoridade julgadora (o foro competente)
antes mesmo de se entrar com uma ação no Poder Judiciário. Dessa
forma, evita-se arbitrariedades, como a criação de tribunais de
exceção. Além disso, ele é aplicado a qualquer processo do Poder
Judiciário, protegendo as pessoas nacionais, estrangeiras, físicas e
jurídicas.

Gabarito: Certo.

46. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) João foi preso em flagrante
enquanto caminhava à noite, nas proximidades de sua casa. Antes de ser
encaminhado à delegacia, João foi levado à sua residência pelos policiais, que
a revistaram, lá encontrando trinta papelotes de cocaína, algumas pedras de
crack, uma balança de precisão e três mil reais em espécie. Conduzido à
delegacia, João foi interrogado e autuado por tráfico ilícito de entorpecentes.
João tem o direito de permanecer calado no interrogatório, bem como tem
direito a assistência da família e de advogado.

O direito ao silêncio é uma das garantias do preso, assim como a


assistência da família e de advogado. Vamos revisar os demais direitos
dos presos:

o Integridade física e moral;


o A mãe pode amamentar os filhos durante o período de lactação;
o Comunicação da prisão e o local onde o preso está ao Juiz e à
pessoa indicada. Apesar desse direito, a omissão da comunicação à
autoridade competente NÃO é, por si só, causadora da ilegalidade
da prisão.
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o Informação dos direitos dos presos entre os quais o de


permanecer calado (direito ao silêncio), sendo-lhe assegurada
a assistência da família e de advogado;
Do direito ao silêncio deriva o princípio nemo tenetur se
detegere, ou seja, o direito que o acusado tem de não produzir
prova contra si mesmo. Ele não está expressamente previsto na
CF, mas a melhor doutrina diz que ele deriva do direito ao silêncio,
previsto no art. 5º, LXIII. Ele se aplica tanto ao direito penal,
quanto aos acusados em geral nas esferas cível e
administrativa.
Em decorrência desse princípio, não é admitida a determinação
judicial que obriga a condução de réu a laboratório para coleta de
material necessário ao exame de DNA em ação de investigação de
paternidade.
o Pode haver progressão de pena antes do trânsito em julgado caso
haja morosidade da justiça.
o Pode haver identificação criminal (o famoso “tocar piano”) se o
sujeito não for identificado civilmente, ou, mesmo civilmente
identificado em alguns casos, nos termos da lei.
o A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária.
o Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.
o Identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial.

Gabarito: Certo.

47. (CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - Análise de Sistemas) Ninguém


poderá ser privado do exercício de um direito por invocar crença religiosa ou
convicção filosófica ou política para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta.

Para que alguém sofra restrições de direitos por invocar crença


religiosa ou convicção filosófica ou política, ele deve se eximir de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa.

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Exemplo: todo homem tem que servir o exército brasileiro assim que
completa 18 anos. Isso é uma obrigação legal que é imposta a todos
pela lei. No entanto, se uma determinada pessoa fala que é contra a
violência e que isso vai contra suas crenças, tudo bem: o Estado não
obrigará esse indivíduo a servir o exército. Mas ele terá que cumprir
uma prestação alternativa.

Por outro lado, se a pessoa se recusa a servir o exército e também se


recusa a prestar a pena alternativa, ela estará se esquivando de suas
obrigações legais e, nesse caso, poderá sim haver restrição de direitos
(no caso, ele perde os direitos políticos).

Gabarito: Errado.

48. (CESPE - 2011 - CNPQ - Analista em Ciência e Tecnologia Júnior - Geral) Entre
as possibilidades de violação de domicílio, inclui-se a realizada em horário
noturno e autorizada por ordem judicial.

Em regra, a entrada na casa de alguém por ordem judicial somente


pode ser feita durante o dia. Vamos revisar os casos onde o Estado
pode entrar na casa de alguém:

1- Com o consentimento do morador. Nesse caso, obviamente, se o


morador permite, pode-se entrar em sua casa a qualquer horário, de
dia ou de noite, com ou sem ordem judicial.

2- Em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro.


Nesse caso, também se pode entrar na casa de alguém a qualquer
horário, de dia ou de noite e independente de ordem judicial.

3- Por determinação judicial. Nesse último caso, o Estado, em regra,


somente pode entrar na casa de alguém durante o dia.

x Excepcionalmente, o STF recentemente decidiu que para instalar


escuta policial em um escritório de advocacia que era usado para
cometimento de crimes, PODE-SE entrar a noite (lembrando:
sempre com autorização judicial).

Gabarito: Errado.

49. (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Criminal - Específicos) Considerando o âmbito


de abrangência dos direitos constitucionais à segurança e à propriedade, na
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hipótese de uma autoridade estadual competente, no exercício de suas funções


institucionais, vier a utilizar propriedade particular para se evitar iminente
perigo público, não será devida qualquer indenização ulterior ao respectivo
proprietário pela utilização do bem, salvo se houver dano.

No caso da requisição, só haverá indenização se houver dano, não


cabendo a indenização pelo simples uso da propriedade particular.
Confira o art. 5º, XXV “no caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”.

Gabarito: Certo.

50. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) João foi preso em flagrante
enquanto caminhava à noite, nas proximidades de sua casa. Antes de ser
encaminhado à delegacia, João foi levado à sua residência pelos policiais, que
a revistaram, lá encontrando trinta papelotes de cocaína, algumas pedras de
crack, uma balança de precisão e três mil reais em espécie. Conduzido à
delegacia, João foi interrogado e autuado por tráfico ilícito de entorpecentes.
Por motivos de segurança, os policiais responsáveis pela prisão poderão omitir
seus nomes a João, caso ele os indague.

O preso tem o direito à identificação dos responsáveis por sua prisão


ou por seu interrogatório policial (art. 5º, LXIV).

Gabarito: Errado.

51. (CESPE - 2011 - PREVIC - Técnico Administrativo) De acordo com a CF, com o
objetivo de fomentar a produção e a renda, a pequena propriedade rural,
assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de
penhora para pagamento de qualquer tipo de débito adquirido.

Não se pode penhorar a pequena propriedade rural desde que seja


trabalhada pela família e que as dívidas resultem da atividade
produtiva. Assim, a questão erra ao dizer “qualquer débito adquirido”.

Gabarito: Errado.

52. (CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - Análise de Sistemas) Caso um


tratado internacional sobre direitos humanos que estabeleça um direito
fundamental seja aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois

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turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, ele equivalerá a
uma emenda constitucional.

Os tratados internacionais podem possuir 3 status diferentes no


ordenamento jurídico brasileiro:

x LEI ORDINÁRIA - Tratados Internacionais que não versem sobre


Direitos Humanos e forem aprovados pelo procedimento
comum.

x SUPRALEGAL - Tratados Internacionais que versem sobre Direitos


Humanos e forem aprovados por procedimento comum.

x EMENDA CONSTITUCIONAL - Tratados Internacionais que versem


sobre Direitos Humanos aprovados por 3/5 dos votos em 2
turnos (procedimento especial).

No caso em tela, o tratado internacional sobre direitos humanos se


encaixou na terceira hipótese, tendo força de Emenda Constitucional.

Gabarito: Certo.

53. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador) Se determinada pessoa tomar ciência de


que será publicada matéria jornalística que ofenda sua privacidade ou honra,
não lhe será assegurado o direito de requerer na via judicial que a respectiva
matéria não seja divulgada, considerando que a liberdade de informação tem
proteção constitucional. Ao ofendido restará apenas a correspondente
compensação econômica, que tem como premissa necessária a consumação do
prejuízo ao direito fundamental.

Segundo o art. 5º, XXXV “a lei não excluirá da apreciação do Poder


Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Portanto, se alguém tem seu
direito de privacidade ou honra ameaçados, ele poderá sim recorrer ao
Poder Judiciário.

É bem verdade que também existe o direito de liberdade de


informação, mas a questão foi bem clara ao dizer que a matéria ofende
sua privacidade ou honra. Ademais, quando dois direitos fundamentais
entram em choque, deve-se usar o princípio da harmonização, da
proporcionalidade e a razoabilidade para que nenhum dos dois direitos
sejam suprimidos ou prevaleça sobre o outro.

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Gabarito: Errado.

54. (CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz - Parte I) O princípio da


inafastabilidade da jurisdição tem aplicação absoluta no sistema jurídico
vigente, o qual não contempla a hipótese de ocorrência da denominada
jurisdição condicionada.

Apesar da inafastabilidade da jurisdição ser a regra, existem três


hipóteses onde é necessário que primeiro se entre na via
administrativa, para somente depois ser cabível o acesso ao judiciário
(jurisdição condicionada):

1 - Justiça desportiva
2 - Habeas Data
3 - Reclamação ao STF de ato que contrarie Súmula Vinculante

Gabarito: Errado.

55. (CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz - Parte I) A CF assegura aos
litigantes em processo judicial ou administrativo e aos acusados em geral o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a eles inerentes,
razão pela qual, no âmbito do processo administrativo disciplinar, é
imprescindível a presença de advogado.

Não é necessária a presença do advogado no âmbito administrativo.


No entanto, ele é indispensável para o acesso ao judiciário (tanto na
esfera civil, quanto na penal).

Gabarito: Errado.

56. (CESPE - 2010 - MPE-RO - Promotor de Justiça) As associações podem ser


compulsoriamente dissolvidas mediante ato normativo editado pelo Poder
Legislativo.

A única forma de se DISSOLVER COMPULSORIAMENTE uma associação


é por sentença judicial transitada em julgado.

ATENÇÃO: pode-se SUSPENDER as atividades de uma associação por


ordem judicial (não precisa estar transitada em julgado), mas para
DISSOLVÊ-LA COMPULSORIAMENTE, somente por sentença judicial
transitada em julgado.

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Gabarito: Errado.

57. (FMP – Ag. Oper./ Câmara de Vereadores de Santa Bárbara do Oeste / 2010)
São admissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.

É justamente o contrário: as provas obtidas por meios ilícitos são


INADMISSÍVEIS (art. 5º, LVI). Essa garantia serve para, na busca
desenfreada por meios de prova, se barrar a violação de direitos.

São também inadmissíveis todas as provas derivadas de uma prova


ilícita. Assim, se uma determinada prova não é ilícita, mas derivou de
uma prova obtida irregularmente, ela também será considerada ilícita.
Isso se chama “teoria dos frutos da árvore envenenada”.

Gabarito: Errado.

58. (CESPE - 2010 - MPE-RO - Promotor de Justiça) A garantia constitucional da


inviolabilidade do domicílio legal durante o período noturno pode ser afastada
por determinação judicial.

Existem três formas do Estado entrar na casa de alguém:

1- Com o consentimento do morador. Nesse caso, obviamente, se o


morador permite, pode-se entrar em sua casa a qualquer horário, de
dia ou de noite, com ou sem ordem judicial.

2- Em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro.


Nesse caso, também se pode entrar na casa de alguém a qualquer
horário, de dia ou de noite e independente de ordem judicial.

3- Por determinação judicial. Nesse último caso, o Estado, em regra,


somente pode entrar na casa de alguém durante o dia.

x Excepcionalmente, o STF recentemente decidiu que para instalar


escuta policial em um escritório de advocacia que era usado para
cometimento de crimes, PODE-SE entrar a noite (lembrando:
sempre com autorização judicial).

Gabarito: Errado.

59. (CESPE - 2010 - MPE-RO - Promotor de Justiça) Segundo pronunciamento do


STF, é inconstitucional, por ofender a garantia da liberdade de expressão e do

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direito à informação, norma legal que determine vedação de divulgação de


pesquisas eleitorais quinze dias antes do pleito.

O STF decidiu que a proibição de divulgação de pesquisas eleitorais


quinze dias antes do pleito é inconstitucional (ADI 3.741). Assim, é
permitida a divulgação de pesquisas eleitorais a qualquer momento
antes do pleito.

Gabarito: Certo.

60. (CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz - Parte I) Embora a CF admita a
decretação, pela autoridade judicial, da interceptação telefônica para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal, é possível a utilização das
gravações no processo civil ou administrativo, como prova emprestada.

Pode-se usar uma prova legalmente autorizada e gerada em processo


criminal para instruir processo administrativo ou civil.

Atenção: em âmbito administrativo ou civil JAMAIS poderá haver a


quebra do sigilo das comunicações telefônicas. No entanto, se a prova
for legalmente gerada em processo criminal, pode-se aproveitá-la para
instruir processo administrativo ou civil.

Gabarito: Certo.

61. (CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz - Parte I) Diante da natureza dos
interesses envolvidos, a administração pública pode legitimamente determinar
a quebra dos sigilos fiscal e bancário em procedimento administrativo na
esfera tributária.

Existe bastante discussão acerca da possibilidade das autoridades


tributárias realizarem a quebra do sigilo bancário em procedimentos
fiscais. Observe o art. 6º da Lei Complementar 105:

“As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros
e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de
depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo
administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais
exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade
administrativa competente.”

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No entanto, o STF já decidiu que “Conflita com a Carta da República


norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídico-
tributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte”
(RE 389.808).

Apesar da decisão do STF ter sido somente para o caso concreto,


possuindo validade apenas para as partes do processo, a melhor
doutrina entende que o posicionamento já é no sentido de não permitir
que as autoridades tributárias quebrem o sigilo bancário.

Gabarito: Errado.

62. (CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judiciário - Área Judiciária) A CF permite


que seja constituído tribunal penal especial para o julgamento de crimes
hediondos que causem grande repercussão na localidade em que foram
cometidos.

A CF prevê expressamente que não será permitido juízo ou tribunal de


exceção. Essa garantia serve para que as regras de processamento e
julgamento não sejam alteradas “no meio do jogo”, garantindo, assim,
a imparcialidade do órgão julgador.

Gabarito: Errado.

63. (CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judiciário - Área Judiciária) A CF garante a


todos o direito de reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização ou prévio aviso à autoridade
competente.

Para que o direito de reunião seja exercido, ela deve ser pacífica, sem
armas e deve haver aviso prévio às autoridades. Isso ocorre para que
as autoridades competentes possam se preparar para a reunião, como
proporcionar policiamento, médicos, bombeiros etc. O aviso prévio
serve também para que não seja frustrada outra reunião previamente
agendada.

Gabarito: Errado.

64. (CESPE/TRT-17ª/2009) Caso um escritório de advocacia seja invadido, durante


a noite, por policiais, para nele se instalar escutas ambientais, ordenadas pela
justiça, já que o advogado que ali trabalha estaria envolvido em organização

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criminosa, a prova obtida será ilícita, já que a referida diligência não foi feita
durante o dia.

Excepcionalmente, o STF recentemente decidiu que para instalar


escuta policial em um escritório de advocacia que era usado para
cometimento de crimes, PODE-SE entrar a noite (lembrando: sempre
com autorização judicial).

Gabarito: Errado.

65. (CESPE/Técnico-TCU/2009) Somente por decisão judicial transitada em julgado


as associações podem ser compulsoriamente dissolvidas.

A única forma de se DISSOLVER COMPULSORIAMENTE uma associação


é por sentença judicial transitada em julgado. No entanto, pode-se
SUSPENDER as atividades de uma associação por ordem judicial (não
precisa estar transitada em julgado).

Gabarito: Certo.

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Meus caros Auditores-Fiscais do Trabalho, chegamos ao final de nossa aula de


hoje. Continuem firmes e estudem de maneira simples, procurando entender o
espírito das normas e não apenas decorando informações. Lembre-se que
A SIMPLICIDADE É O GRAU MÁXIMO DA SOFISTICAÇÃO (Leonardo da
Vinci).

Espero que todos vocês tenham muito SUCESSO nessa jornada, que é
bastante trabalhosa, mas extremamente gratificante!

Abraços a todos e até a próxima aula.

Roberto Troncoso

Se você acha que pode ou se você acha que não


pode, de qualquer maneira, você tem razão.
(Henry Ford)

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IV. QUESTÕES DA AULA

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – INTRODUÇÃO

1. (CESPE - 2012 - TC-DF - Auditor de Controle Externo) Embora a CF estabeleça


como destinatários dos direitos e garantias fundamentais tanto os brasileiros
quanto os estrangeiros residentes no país, a doutrina e o STF entendem que os
estrangeiros não residentes (como os que estiverem em trânsito no país)
também fazem jus a todos os direitos, garantias e ações constitucionais
previstos no art. 5.o da Carta da República.

2. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nível Superior) O regime jurídico das


liberdades públicas protege as pessoas naturais brasileiras e as pessoas
jurídicas constituídas segundo a lei nacional, às quais são garantidos os
direitos à existência, à segurança, à propriedade, à proteção tributária e aos
remédios constitucionais, direitos esses que não alcançam os estrangeiros em
território nacional.

3. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nível Superior) As normas que


consubstanciam os direitos fundamentais democráticos e individuais são de
eficácia e aplicabilidade mediata.

4. (CESPE - 2012 - Banco da Amazônia - Técnico Científico) Os direitos


fundamentais cumprem a função de direito de defesa dos cidadãos, sob dupla
perspectiva, por serem normas de competência negativa para os poderes
públicos, ou seja, que não lhes permitem a ingerência na esfera jurídica
individual, e por implicarem um poder, que se confere ao indivíduo, não só
para que ele exerça tais direitos positivamente, mas também para que exija,
dos poderes públicos, a correção das omissões a eles relativas.

5. (CESPE - 2011 - TJ-PB - Juiz) A jurisprudência do STF reconhece que os


estrangeiros, mesmo os não residentes no país, são destinatários dos direitos
fundamentais consagrados pela CF, sem distinção de qualquer espécie em
relação aos brasileiros. No mesmo sentido, as pessoas jurídicas são
destinatárias dos direitos e garantias elencados na CF, na mesma proporção
das pessoas físicas.

6. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça) Quando houver conflito entre


dois ou mais direitos e garantias fundamentais, o operador do direito deve
interpretá-los de forma a coordenar e combinar os bens jurídicos em dissenso,
evitando o sacrifício total de uns em relação aos outros, realizando uma
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redução proporcional do âmbito de alcance de cada qual, de forma a conseguir


uma aplicação harmônica do texto constitucional.

7. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça) De acordo com autorizada


doutrina, os interesses transindividuais se inscrevem entre os direitos
denominados de primeira geração;

8. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça) Em regra, as normas que


definem os direitos fundamentais democráticos e individuais são de eficácia e
aplicabilidade imediata.

9. (CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo) As pessoas


jurídicas de direito privado ou público são destinatárias dos direitos e garantias
fundamentais compatíveis com sua natureza.

10. (CESPE - 2011 - STM - Técnico Judiciário - Segurança) Os direitos e as


garantias expressos na Constituição Federal de 1988 (CF) excluem outros de
caráter constitucional decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados,
uma vez que a enumeração constante no artigo 5.º da CF é taxativa.

11. (CESPE - 2011 - STM - Cargos de Nível) As liberdades individuais garantidas


na Constituição Federal de 1988 não possuem caráter absoluto.

12. (CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo) O exercício dos
direitos e garantias fundamentais está sujeito aos prazos prescricionais
previstos na CF e no Código Civil brasileiro.

13. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador) Os direitos fundamentais, pela sua


própria relevância, não são suscetíveis de renúncia nem tampouco de
autolimitações.

14. (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Papiloscópico) A característica de relatividade


dos direitos fundamentais possibilita que a própria Constituição Federal de
1988 (CF) ou o legislador ordinário venham a impor restrições ao exercício
desses direitos.

15. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) A indenização por danos morais tem seu


âmbito de proteção adstrito às pessoas físicas, já que as pessoas jurídicas não
podem ser consideradas titulares dos direitos e das garantias fundamentais.

16. (CESPE/DPE-ES/2009) Os direitos de primeira geração ou dimensão (direitos


civis e políticos) — que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou

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formais — realçam o princípio da igualdade; os direitos de segunda geração


(direitos econômicos, sociais e culturais) — que se identificam com as
liberdades positivas, reais ou concretas — acentuam o princípio da liberdade;
os direitos de terceira geração — que materializam poderes de titularidade
coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais — consagram o
princípio da solidariedade.

17. (CESPE/MMA/2009) Os direitos e garantias fundamentais encontram-se


destacados exclusivamente no art. 5º do texto constitucional.

18. (CESPE/PGE-AL/2008) Sabendo que o § 2.º do art. 5.º da CF dispõe que os


direitos e garantias nela expressos não excluem outros decorrentes do regime
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte, então, é correto afirmar que, na
análise desse dispositivo constitucional, tanto a doutrina quanto o STF sempre
foram unânimes ao afirmar que os tratados internacionais ratificados pelo
Brasil referentes aos direitos fundamentais possuem status de norma
constitucional.

PRINCIPAIS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

19. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nível Superior) Os tratamentos normativos


diferenciados não são compatíveis com o texto constitucional, por ofensa ao
princípio da igualdade, mesmo quando verificada a existência de uma
finalidade razoavelmente proporcional ao fim visado.

20. (CESPE – 2012 – Polícia Federal – Agente de Polícia Federal) O direito ao


silêncio, constitucionalmente assegurado ao preso, estende-se a pessoa
denunciada ou investigada em qualquer processo criminal, em inquérito
policial, em processo administrativo disciplinar e àquela que for convocada a
prestar depoimento perante comissão parlamentar de inquérito.

21. (CESPE – 2012 – Polícia Federal – Agente de Polícia Federal) O exercício do


direito à liberdade de reunião em locais abertos ao público, previsto na
Constituição Federal, condiciona-se a dois requisitos expressos: o encontro não
pode frustrar outro anteriormente convocado para o mesmo local e a
autoridade competente deve ser previamente avisada a respeito de sua
realização.

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22. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Agente de Proteção) A CF proíbe a aplicação de penas


de morte em tempo de paz, de penas cruéis, de penas de banimento, de penas
de caráter perpétuo e de trabalhos forçados.

23. (CESPE - 2012 - Banco da Amazônia - Técnico Científico) O direito à


propriedade, embora incluído entre os direitos individuais, já não consiste em
puro direito individual, tendo sido, na CF, relativizados seu conceito e
significado e preordenados os princípios da ordem econômica à vista da
realização de seu fim maior, que é garantir a todos uma existência digna,
conforme os ditames da justiça social.

24. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Agente de Proteção) Os direitos de propriedade e de


herança não estão sujeitos a nenhum limite.

25. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Agente de Proteção) Conforme o preceito


constitucional, agente de polícia, estando judicialmente autorizado, pode entrar
na casa de suspeito de crime, sem o seu consentimento, durante a noite, com
o objetivo de conduzi-lo à delegacia para depor.

26. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Agente de Proteção) Brasileiro naturalizado detido


após comprovação de seu envolvimento com o tráfico de drogas pode ser
extraditado.

27. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Agente de Proteção) A assistência jurídica integral e


gratuita é assegurada aos que comprovarem insuficiência de recursos.

28. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário) O direito à duração razoável de


processos, tanto no âmbito judicial quanto no administrativo, é um direito
fundamental previsto expressamente na CF.

29. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário) Excluem-se dos direitos e


garantias fundamentais, previstos de forma taxativa na CF, os direitos
decorrentes de tratados internacionais de que a república Federativa do Brasil
seja parte.

30. (CESPE - 2012 – STJ) De acordo com a CF, é admitida, mediante ordem
judicial, a violação das comunicações telefônicas, nas hipóteses e na forma que
a lei estabelecer, para fins de investigação criminal, instrução processual penal
ou em processos político-administrativos.

31. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário) A CF garante a todos o direito de


reunir-se pacificamente para protestar, sem armas, em locais abertos ao

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público, desde que mediante aviso prévio e autorização da autoridade


competente.

32. (CESPE - 2012 - STJ) O estabelecimento de regras distintas para homens e


mulheres, quando necessárias para atenuar desníveis, é compatível com o
princípio constitucional da isonomia e poderá ocorrer tanto na CF quanto na
legislação infraconstitucional.

33. (CESPE - 2012 - MPE-PI - Analista Ministerial) Todas as pessoas têm direito a
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, com exceção das informações que exijam sigilo
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

34. (CESPE - 2011 - CNPQ - Analista em Ciência e Tecnologia Júnior) Pessoa que
se exima de obrigação legal a todos imposta por motivo de crença religiosa
deve sofrer as consequências legais por seu ato, já que o Brasil é um país
laico.

35. (CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo) Considere que um
delegado de polícia, com o objetivo de obter provas em inquérito policial,
determine que se proceda à interceptação das comunicações telefônicas de
determinado suspeito. Nesse caso, considera-se lícita a prova obtida por meio
da interceptação.

36. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça) Embora inserido no inciso II


do artigo 5.º da Constituição Federal, o princípio da legalidade não se insere
entre os direitos e garantias fundamentais, pois é apenas uma regra básica
para aplicação das normas jurídicas.

37. (CESPE - 2011 - Correios - Analista de Correios) Considerando que


determinada pessoa tenha uma única propriedade, classificada como média
propriedade rural, que não esteja cumprindo sua função social, julgue o item
seguinte com base nos direitos e garantias fundamentais e no regime
constitucional da propriedade. Como o direito de propriedade não é absoluto, a
referida propriedade poderá ser objeto de desapropriação para fins de reforma
agrária, por ato da União, mediante prévia e justa indenização em títulos da
dívida agrária.

38. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça) A inviolabilidade do domicílio


durante o período noturno poderá ser quebrada somente mediante prévia

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autorização judicial no caso de flagrante delito, ou independentemente dessa


autorização em hipóteses de desastre ou para prestação de socorro.

39. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador) Os elementos de informação obtidos por


meio de interceptação telefônica, ainda que válida, não podem ser utilizados
em processo administrativo disciplinar.

40. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador) Na esfera judicial, é dispensável a prévia


oitiva do investigado para que seja quebrado seu sigilo bancário, sendo viável
a impugnação da referida determinação judicial por intermédio do habeas
corpus.

41. (CESPE - 2011 - EBC - Analista - Advocacia) Será garantida indenização por
benfeitorias necessárias nos casos de desapropriação de fazenda que sedie
cultura de plantas psicotrópicas.

42. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Comissário da Infância e da Juventude - Específicos) A


requisição, como forma de intervenção pública no direito de propriedade que
se dá em razão de iminente perigo público, não configura forma de
autoexecução administrativa na medida em que pressupõe autorização do
Poder Judiciário.

43. (CESPE - 2011 - PC-ES - Delegado de Polícia - Específicos) Com fundamento


no dispositivo constitucional que assegura a liberdade de manifestação de
pensamento e veda o anonimato, o Supremo Tribunal Federal (STF) entende
que os escritos anônimos não podem justificar, por si só, desde que
isoladamente considerados, a imediata instauração de procedimento
investigatório.

44. (CESPE - 2011 - EBC - Analista - Advocacia) É permitida a violação de


correspondência de presidiário em face de suspeita de rebelião.

45. (CESPE - 2011 - STM - Técnico Judiciário - Segurança) A imparcialidade do


Poder Judiciário e a segurança do povo contra o arbítrio estatal são garantidas
pelo princípio do juiz natural, que é assegurado a todo e qualquer indivíduo,
brasileiro e estrangeiro, abrangendo, inclusive, pessoas jurídicas.

46. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) João foi preso em flagrante
enquanto caminhava à noite, nas proximidades de sua casa. Antes de ser
encaminhado à delegacia, João foi levado à sua residência pelos policiais, que
a revistaram, lá encontrando trinta papelotes de cocaína, algumas pedras de
crack, uma balança de precisão e três mil reais em espécie. Conduzido à
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delegacia, João foi interrogado e autuado por tráfico ilícito de entorpecentes.


João tem o direito de permanecer calado no interrogatório, bem como tem
direito a assistência da família e de advogado.

47. (CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - Análise de Sistemas) Ninguém


poderá ser privado do exercício de um direito por invocar crença religiosa ou
convicção filosófica ou política para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta.

48. (CESPE - 2011 - CNPQ - Analista em Ciência e Tecnologia Júnior - Geral) Entre
as possibilidades de violação de domicílio, inclui-se a realizada em horário
noturno e autorizada por ordem judicial.

49. (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Criminal - Específicos) Considerando o âmbito


de abrangência dos direitos constitucionais à segurança e à propriedade, na
hipótese de uma autoridade estadual competente, no exercício de suas funções
institucionais, vier a utilizar propriedade particular para se evitar iminente
perigo público, não será devida qualquer indenização ulterior ao respectivo
proprietário pela utilização do bem, salvo se houver dano.

50. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) João foi preso em flagrante
enquanto caminhava à noite, nas proximidades de sua casa. Antes de ser
encaminhado à delegacia, João foi levado à sua residência pelos policiais, que
a revistaram, lá encontrando trinta papelotes de cocaína, algumas pedras de
crack, uma balança de precisão e três mil reais em espécie. Conduzido à
delegacia, João foi interrogado e autuado por tráfico ilícito de entorpecentes.
Por motivos de segurança, os policiais responsáveis pela prisão poderão omitir
seus nomes a João, caso ele os indague.

51. (CESPE - 2011 - PREVIC - Técnico Administrativo) De acordo com a CF, com o
objetivo de fomentar a produção e a renda, a pequena propriedade rural,
assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de
penhora para pagamento de qualquer tipo de débito adquirido.

52. (CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - Análise de Sistemas) Caso um


tratado internacional sobre direitos humanos que estabeleça um direito
fundamental seja aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, ele equivalerá a
uma emenda constitucional.

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53. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador) Se determinada pessoa tomar ciência de


que será publicada matéria jornalística que ofenda sua privacidade ou honra,
não lhe será assegurado o direito de requerer na via judicial que a respectiva
matéria não seja divulgada, considerando que a liberdade de informação tem
proteção constitucional. Ao ofendido restará apenas a correspondente
compensação econômica, que tem como premissa necessária a consumação do
prejuízo ao direito fundamental.

54. (CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz - Parte I) O princípio da


inafastabilidade da jurisdição tem aplicação absoluta no sistema jurídico
vigente, o qual não contempla a hipótese de ocorrência da denominada
jurisdição condicionada.

55. (CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz - Parte I) A CF assegura aos
litigantes em processo judicial ou administrativo e aos acusados em geral o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a eles inerentes,
razão pela qual, no âmbito do processo administrativo disciplinar, é
imprescindível a presença de advogado.

56. (CESPE - 2010 - MPE-RO - Promotor de Justiça) As associações podem ser


compulsoriamente dissolvidas mediante ato normativo editado pelo Poder
Legislativo.

57. (FMP – Ag. Oper./ Câmara de Vereadores de Santa Bárbara do Oeste / 2010)
São admissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.

58. (CESPE - 2010 - MPE-RO - Promotor de Justiça) A garantia constitucional da


inviolabilidade do domicílio legal durante o período noturno pode ser afastada
por determinação judicial.

59. (CESPE - 2010 - MPE-RO - Promotor de Justiça) Segundo pronunciamento do


STF, é inconstitucional, por ofender a garantia da liberdade de expressão e do
direito à informação, norma legal que determine vedação de divulgação de
pesquisas eleitorais quinze dias antes do pleito.

60. (CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz - Parte I) Embora a CF admita a
decretação, pela autoridade judicial, da interceptação telefônica para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal, é possível a utilização das
gravações no processo civil ou administrativo, como prova emprestada.

61. (CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz - Parte I) Diante da natureza dos
interesses envolvidos, a administração pública pode legitimamente determinar
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a quebra dos sigilos fiscal e bancário em procedimento administrativo na


esfera tributária.

62. (CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judiciário - Área Judiciária) A CF permite


que seja constituído tribunal penal especial para o julgamento de crimes
hediondos que causem grande repercussão na localidade em que foram
cometidos.

63. (CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judiciário - Área Judiciária) A CF garante a


todos o direito de reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização ou prévio aviso à autoridade
competente.

64. (CESPE/TRT-17ª/2009) Caso um escritório de advocacia seja invadido, durante


a noite, por policiais, para nele se instalar escutas ambientais, ordenadas pela
justiça, já que o advogado que ali trabalha estaria envolvido em organização
criminosa, a prova obtida será ilícita, já que a referida diligência não foi feita
durante o dia.

65. (CESPE/Técnico-TCU/2009) Somente por decisão judicial transitada em julgado


as associações podem ser compulsoriamente dissolvidas.

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V. GABARITO

Direitos e garantias fundamentais - introdução

1. E 2. E 3. E 4. C 5. E 6. C 7. E 8. C 9. C 10.E

11.C 12.E 13.E 14.C 15.E 16.E 17.E 18.E

Principais direitos individuais e coletivos

19.E 20.C 21.C 22.C 23.C 24.E 25.E 26.C 27.C 28.C

29.E 30.E 31.E 32.C 33.C 34.E 35.E 36.E 37.E 38.E

39.E 40.C 41.E 42.E 43.C 44.C 45.C 46.C 47.E 48.E

49.C 50.E 51.E 52.C 53.E 54.E 55.E 56.E 57.E 58.E

59.C 60.C 61.E 62.E 63.E 64.E 65.C

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VI. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito


Constitucional. São Paulo: Saraiva

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Ed. Átlas

PAULO, Vicente e ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional


Descomplicado. Ed. Impetus

CRUZ, Vítor. 1001 questões Comentadas Direito Constitucional. Questões do


Ponto (ebook)

www.stf.jus.br

www.cespe.unb.br

http://www.esaf.fazenda.gov.br/

http://www.fcc.org.br/institucional/

www.consulplan.net

http://www.concursosfmp.com.br

http://www.fujb.ufrj.br

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