Você está na página 1de 20
| APRENDIZAGEM HUMANA | ASPECTOS GERAIS | APRENDIZAGEM NA | PERSPECTIVA COGNITIVISTA Psicowen 20 2 ATEORIA DO CAMPO COGNITIVO DE KURT LEWIN AS TEORIAS DA APRENDIZAGEM DE JEROME BRUNER E DAVID AUSUBEL. ‘APRENDIZAGEM HUMANA APRENDIZAGEM NA PERSPECTIVA COGNITIVISTA TEORIA DO CAMPO COGNITIVO DE KURT LEWIN @ Autores relevantes: ® Kurt Lewin ® Contextualizagao * Prooura 0 sentido da aprendizagem nos espectos de uma situagdo na qual uma pessoa eo seu ambiente psicol6gico se juntam para formar um campo psicalégico ou 3 ‘Kurt Lovin, espago vital, (1890-1947) sees do arena eee sets © Nogdes e conceitos basicos: Campo psicolégico e espago de vida ‘© englobam a pessea (P} #0 seu ambiente psicolégico (S) ‘sendo 0 comportamento visto como uma fungao da interaogdo din&mica entre ambos. cp= fs) Beco Negev ad erin eer conse @Natureza e condigdes da aprendizagem ® A aprendizagem coincide com a motivacao e, quando opera, produz mudangas quer ao nivel da Pessoa, quer a0 nivel do seu Meio; * Os objectos do espago vital relacionam-se em insights, os quais, por sua vez, compem a estrutura cognitiva do sujelto. Pete bene hnagen cossomue 5 * Aaprendizagem resulta numa nova estrutura - descoberta de novos significados mediante processos de © Diferenclagdo/Discriminagao:- tora possivel um cada vez maior discernimento de aspectos do meio ou de si mesmo; © Generalizagdo:- resulta numa ideia geral- ou concelto- que contém as caracteristicas comuns ‘de um certo niimero de casos individuais; (© Restruturagdo:- elabora-se com a discriminagao e com a generalizagao. a @O Modelo de Aprendizagem Experiencial de a} Kurt Lewin 5 Cheers © — 2 Formosa de Concsios Abacos ‘eGaneratragies \ Si iinet < em arses toes “al a“ Poze ota edn ft @Relevancia para o ensino/aprendizagem zl ™ A educagao pode ajudar ao desenvolvimento de @ insights iteis; pare tal, torna-se necessério que 0 brfessor ‘errno expago ral dos seus alunos, “hs de modo que existam pontos de intersecgdo entre 08 diversos espagos vitals, Paco do nova eng cosssou a Paidéia, 2006, 16(34), 149-159 ABORDAGEM GESTALTICAE PSICOPEDAGOGIA: UM OLHAR COMPREENSIVO PARAA TOTALIDADE CRIANCA-ESCOLA! Miriam Liicia Herrera Masolti Dust? Marisa Maria Brito da Justa Neves Sheila Antony Universidade de Brasitia Resumo: O presente estudo visa estabelecer interface entre a abordagem gestiltica ea Psicopedagogia. Focalizam- ‘como as contribuigdes da Gestaltpedagogia para a compreensio do processo de aprendizagem c prt 25 tearias de base, a concepgio de campo holistico-relacional 2 teoria do Ciclo do Contato, bem esco- lar, Da Psicopedagogia destaca-se sua conccitiagao, abrangéncia, processo de avaliagto e intervengao junto ‘crianga ¢ instituigo educati aprendizagem, av: ® convergéncia de suas bases tedricas e priticas abrangem os fendmenos Jo ¢ intervengio na dtica gestiltca. Tal interface visa nova compreensio e agéo interventiva do processo de aprendizagem, de modo a proporcionar o desenvolvimento da crianga, Palavras-chave: abordagem gestiltica; psicopedagogia; aprendizagem; queixas escolares. GESTALT APPROACH AND PSYCHOPEDAGOGY: A COMPREHENSIVE LOOK TO. ‘THE CHILD-SCHOOL TOTALITY Abstract: The following study aims to establish an interface between gestalt approach and Psychopedagogy. Gestaltpedagogy base theories are focused, its conception of holisticrelational field, the Contact Cycle theory and the contributions for the learning process and school practices comprehension. From Psychopedagogy, its conception, amplitude and processes evaluation and intervention forthe child and educative institution are pointed out; the convergence of their theoretical and practical bases enclose the learning phenomenon, the psychopedagogy evaluation and intervention from a gestaltic standpoint. The interface secks a new comprehension and interventionist action tothe learning process and school complaints, to collaborate to the child developmeat, Key words: Gestalt approach; psychopedagogy; learning; schoo! complaints Introdusio Com 0 objetivo de estabelecer uma visio gestiltica averce das priticas psicopedagégicas, re- alizousse o preseme estudo buscando idemtificar as contribuigdes das duas areas no auxilio & compreen- sio das demandas que se apresentam no universo escolar, Pore melhor compreensio, apresenta-se a abordagem gestiltica, focalizando suas teorias de base (Organismica, de Campo e Psicologia da Gestalt), a ‘concepgio de Campo Holistico Relacional, a teoria Rusch em 2740406 uci pare publicagao em 23086 = Enderegn pr conesponadocat Mulan Lisa A, M. Dist» SQN 311, Bho A, ato 311, CEP. 70757-010, Brasilia ~ OF En: mam dusiglon som do Ciclo do Contato eas contribuigdes da Gestaltpe- dagogia para a prética escolar. Da Psicopedagogia destacam-se sua conceituagio, abrangéacia, proces- so de avaliagao, intervengio e os preconceitos que permeigm o cotiiano escolar. Depois,ragam-se cone sideragdes acerca da interface entre a abordagem sestilica, a Psicopedagogia, o fendmeno da aprendi zagem, os processos de avaliagio e intervengio psicopedagégioos sob a ética gestiltica eos precon- ‘eitos do cotidiano eseotar. Abordagem Gestiltiea Gestalt ¢ totalidade, configueago, plenitude, © conccito de totaliade envolve a relagdo entre o todo ¢ suas partes, cujas interconextes harmoniosas € coerentes formam uma unidade significativa. A 150 Miriam Liicia Herrera Masotti Dusi Gestalt-Terapia originou-se com Fritz Perls (1893- 1970) que fundou uma abordagem reunindo pressu- postos ebricase filoséficos que representam um modo specifica de observar o desenvolvimento humiano na sua relago com o meio. A Psicologia da Gestalt, a Teoria Organismicae ado Campo, aliadas 20s pres- -supostas filoséfices do Humanismo, Existencialismo ¢Fenomenologia, permitem ume anilise do processo de crescimento € das relagdes do individue com 0 ‘mundo na consteugao de si. A unidade dialética organismo-ambiente explicita a influéacia reciproca entre os fendmenos internos € extemnos. A abordagem gestitica no dé primazia ao individuo, tampouco 20 meio ambiente, mas aos eventos que emergem na fronteira, no en- contro entre as necessidades dele © os objetos do meio que irio produzir a sua satisfac. O individuo, xno aqui ¢ agora, age visando a sua completude, cujo movimento apresenta-se em sucessivos ciclos de abertura ¢ fechamento de gestalten, de necessida- des eajustamentos critivos, que permitem 0 scu do- seavolvimento integral em diregao a sua auto-reali« zagio. A Psicologia da Gestalt fol iniciada por Max Wertheimer juntamente com Wolfgang Kéhlere Kurt Kofika, Seus prim bretudo, as dreas da percepeio, aprendizagem e so- lugdo de problemas, enfatizando a existéncia de leis 4a organizagao da experineia individual Nesta perspectiva, a pessoa, por meio de sua percepso,atribui um significado existencial ao am- biente observado, reestruturando seu campo perceptual a partir do principio figura-fundo, cuja diferenciagio retrata o processo pelo q ‘duo hierarquiza suas necessidades, sinalizando o que € emergente © preferencial, entendendo-se a vida ‘como uma sucesso continua de satisfaglo das ne- cessidades emergentes. A nosio do agui e agora, oriunda do principio «da contemporancidade da Psicologia da Gestalt, refe- te-se no s6 a um conceito témporo-espacial, mas, também, aum filoséfico. A situagio presente, na vis80 gestiltica, encerra tudo 0 que é necessirio para oindi- vviduo compreender ¢ experienciar a realidade como um todo. E no aqui ¢ agora que esti a encrgia ‘ransformadora que permite a ele reestruturare forta- lever seu campo perceptivo-existencial, constituindo “um processo totalizador que colhe no imediato todas 4s possbilidades do agir humano” (Ribeiro, 1994, p22), A Teoria Organismica de Kurt Goldstein, em contraposigdi as idéias seyregativas vigentes no es- tudo do ser, coneebe 0 organismo como uma unidade, ‘um todo uniticado esignificativo. O seu principio bi sico enuncia que o todo ¢ diferente da soma das par- tes e que uma slterago em qualquer parte acarreta ‘mudanga no todo estrutural do individuo, que segun- do Goldstein (1995) funciona em busca de seu eqh brio organismico via satisfagdo das necessidades, ppermitindo-the a busca organizada c sadia de seu de. senvolvimento, Kurt Lewin €0 fundador da Teoria do Campo, ‘que abrange um conjunto de conceitos por meio dos queis se pode representar a realidade psicoldgica do individuo, Para Lewin (1965,1973), ocarmpo é defini do como a totslidade dos fatos eoexistentes em pro- cesso de mitua interdependéncia. Ele descreve a estrutura da personalidade por intermédio de esque- ‘mas cspaciais, em que o individuo constitui um came po delimitedo e inserido no ambiental, com 0 qual ‘mantém constanteinteraso, configurando uma tela- glo parte-todo, Assim, forma-se uma realidade ingerida em outra mais ample, com a qual se encon- tra em inter ¢ intra-telagio, formando o chamado Campo Holistico Relacional Ribeiro (1997) prope um modelo de Campo Holistico Relacional como forma de se observar e compreender 0 individuo por meio da sua expresso ‘em seu espago vital. Esse modelo possbilita uma vi- sio macro e mierosistémica ds diversos campos que compéem a realidade exisiencial do individuo (geobiolégico, psicoemocional, sécio-ambienta esa- «ro-transcendental), em que “nada que ocorra ema um campo é neutro para um outro ¢ para o todo holistico relacional” (Antony & Ribeiro, 2004, p.130). A interago fuida entre os diversos campos promove aampliagio da visdo do ser sobre si outro © o ambiente, o que o situa em seu tempo e espaga € Permite que se teatize como ser no mundo, © Cielo do Contato © humano é um ser de relago que se coloca em contato com a sua prépria natureza, com & do ‘outro e do meio. Contato € 0 processo que permite & relagio acontecer; a experiéneia humana as vivéncias do individuo, 0 outro significative © 0 mundo. Nem toda a interagdo, contudo, ¢ contato, visto esse s6 ocorrer diante do novo ¢ da diferenca. Segundo 0s pressupostos gestilticos, as dimensBes. do ser estio predispostas ao contato € todos os seus sentidos sio canis entre o individuo e o mundo ex- tesno. A diferenga vivida entre si eo outro permite o ‘enncontro; a relagao de aproximagio ¢ separago pos- sibilits organizar sua fronteirae delimitar-se, preser~ -vandlo a propria dentidade. A fronteira de contato 60 cespago limirofe subjetivo onde os eventos psicolégi- cos acontecem, Segundo Ribeiro (1997), o contto real implica ‘em que a pessoa sinta sua singularidade, identifican- do-se como diferente do outro € percebendo-se iini- ‘ca no universo; no aqui c agora experiencie o tempo © 0 espago em relagio a si mesma, perceba-se int ra, com conseiéncia de sua propria realidade ¢ da do ‘outro, 0 que proporciona a awareness! (0 Cielo do Contato proposte por Ribeiro (1997, Figura 1), representado por Bloqueios, fornece uma visto das diversas possibilidades de contato realizadas pelo individuo; completa-se um ciclo seguindo os pas- 0s, que mastram formas de relacionamento com 0 reo: Buidenfixaglo, sensagiolessensibilizagao,cons- ciéncia/deflexio, mobilizagiio/introjesao, agdo/projegio, interagdolproflexdo, contato fina/retroflexdo, satista- Figura 1, 0 "Ciclo do Contato” baseado no modelo apresentado por Ribeiro (1997) Abordagem Gestiltica 151 Segundo Ribeiro (1997), 0 ciclo fecha uma gestalt ¢ pode ser concebido como umm modelo para se identificar a psicopatologia, realizar o psicodiagndsticoe, a0 mesmo tempo, epontar o prog néstico, visando © processo de mudanga e de cure, sejadeum individuo, de um grupo ou de uma ergani- zagio mais ample A Abordagem Gestiltica © 0 Fendmeno Apren- dizagem ‘No que se refere a0 processo de aprendiza- _gem, 0s gestaltistas (Marx & Hillix, 1963/1973) des- tacaram quatro indicadores comportamentais: a tran- sigGo da incapacidade para o dominio do problema, 0 esempenho répido ¢ desembaragado pela compre- enslo correta, a boa retengdo e 0 imediatismo com que a solugao pode ser transferida para outras situa ges semelhantes A obra de Wertheimer (Schultz & Schultz, 1992) aplica 0s principios gestaltistas da aprendiza- {gem 20 pensamento criativo em seres humanos, afir- ‘mando que 0 peasamento se process em fermos de todos e que as resolugdes $6 sio possiveis por meio da apreensio dessa totalidade. Nesse sentido, no que tange & pritica docente, “no somente o aprendiz considera. situagio como um todo, mas 0 professor deve lhe apresentara situago como um todo” (p.314). Nesse processo, os aspectos motivacionais € «mocionais do individuo apontardo as figuras para as quais se direcionardo a atengio, a percepgao ¢ a ‘moméria relevantes& aprendizagem e desenvolvimen- to intelectual, Dessa forma, diante da toalidade que compreende o ambiente social, fisico e psicolégico do contexto escolar -tido como uma unidede total de significagdes-, 6 0 mundo interior éa pessoa, sua per- cepgio ¢ 0 significado existencial do ambiente que determinario a figura eo fundo no fenémeno. Em ou- tras palavras, & 0 aluno que, de acordo com as suas necessidades e interessessingulares (su subjetivida- de), identificaré ¢ direcionari sua percepgio para 2s- ppectos especificos do que lhe € oferecido pela escola ‘Uma vez que 0 processo de ensino ¢ aprendi- -zagemse inicia nas possbilidades e necessidades dos alunos, pode-se verificr que, numa visio gestatica, "0 tm amerenes, pra os gestalt, significa a consiasia (is pga concitncl, a conse cmocioul da perceptive, 152 Miriam Liicia Herrera Masotti Dusi © processo de aprendizagem inclui uma configuragéo elementos (figura-fundo) que constituio objeto de Conhecimento, em que a figura aprendida sera inte- srada &totalidade do individuo, interferindo na sua ‘configuracZo e modificando-a. Dessa forma, a apren- dlizagem gera mudanga porque reconfigura, reorga- niza; © @ mudanga gera aprendizagem porque abre lum novo ciclo de onde emergem figuras em busca de significado. A aprendizagem significativa fecha a gestalt, «di sentido & experincia e organiza harmonicamente © individuo em suatotalidade funcional; ea, seja mon- {ada por disciplinas escolares ou oriunda da vida cot diana, promove a awareness por meio da integragio os sistemas cognitivo, sensério e motor, cuja figura objeto de conhecimento passa a tazer parie da ton talidade individuo, retornando ao fundo ecriando con- digbes para novas figuras. Goldstein (1995) aponta que, nesse processo, ‘o material consciente que nfo é necessirio em deter. ‘minada situago retoma ao fundo inconsciente de onde ‘emerge quando se torna apropriado em nova situa- $20. Assim, verifica-se que os conteticos aprendidos ‘em momentos anteriores tendem a emergir em uma nova solugdo de problemes, torando-se figura a par- tirda mobilizagao do fundo repleto de experiéncias ja Vividas eassimiladas. A aprendizagem refere-se, nes- se caso, a aquisigdo de respostas por meio da introvisio (insight) resultante de uma stibita altera- $0 no campo perceptual, enquanto a solugdo de pro- blemas consisie na combinagio de elementos ja exis- tents. Uma gestalt aberta, entretanto, carscteriza Uma energia nfo totalmente descartegada, que ne= cessita fluir mas nao flui, ficando presa em pontos especificos da historia do individuo. A figure que nia volta totalmente ao firndo passa a competir com as atuais, fazendo com que ele no consiga vivenciar plenamente 0 aqui ¢ agora, uma vez que exige maior investimento de energia no controle das possibilida- des do que numa agdo presente. O fenémeno do nfo- aprender implica 0 no fechamento de uma gestalt em formagio, « nfo elaboragio de uma situagio que ermanece inacabada, fixada, ineompleta, Pode-se identificar tal movimento em um ale ‘no que, vivenciando sérios problemas no contexto familia ou social, orienta sua atengo para o campo sensorial € emocional, apresentando dificuldade em Stender, no plano cognitivo, as demandas escolares, De igual forma diticuldades no contato dentro doe texto escolar tendem a representar figuras que con. correm com os coutetdos trabalhados em sala de aula, Assim como as partes influenciam 0 todo, esse

Você também pode gostar