Você está na página 1de 118

Macroeconomia PG Eng.

Econômica 2017

PG ENG. ECONÔMICA - MACROECONOMIA


Prof. Flávio Alencar do Rêgo Barros (Uerj, sala 5020E)
Notas de aula Parte 2/2

Estas notas de aula se prestam ao acompanhamento do aluno em sala de aula sem que
se faça necessário um esforço intensivo de cópia. Elas contêm os slides usados na aula mais
algum texto que complementa tais slides, também aqui e ali se apresentará propostas de
exercícios ilustrativos (não necessariamente com a respectiva resposta, em algumas o
exercício proposto será resolvido em sala de aula). Em cada módulo terá seu anexo contendo,
no mínimo, problemas propostas e respostas selecionadas. Desta forma, aconselha-se ao aluno
que mantenha sua cópia destas notas de aula em papel durante a aula anotando no verso das
páginas os complementos e os exercícios resolvidos em sala de aula.
O curso de Macroeconomia está organizado em 9 módulos temáticos (em princípio um
módulo a cada dia de aula) abordando as questões mais fundamentais da matéria, em uma
abordagem orientada à prática. Desta maneira, faremos uso frequente de exemplos ilustrativos
explorando conceitos, gráficos ou quantitativos. Aconselha-se adicionalmente o uso da
bibliografia indicada na figura ao final deste módulo.

Os módulos estão distribuídos assim:

Parte 1:
1 – Fundamentos da macroeconomia
2 – Contabilidade social e matriz I-P
3 – Lados – real e monetário
4 – Análise IS-LM
5 – Inflação, oferta agregada, curva de Phillips

Parte 2:
6 – Setor externo, modelo M-F
7 – Política fiscal, déficit público, estabilização
8 – Crescimento econômico
9 – Políticas de crescimento econômico
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.1/31

Macroeconomia

Módulo 6 – Setor Externo, Modelo Mundell-Fleming

1 – Fundamentos da macroeconomia
2 – Contabilidade social e matriz I-P
3 – Lados – real e monetário
4 – Análise IS-LM
5 – Inflação, oferta agregada, curva de Phillips
6 – Setor externo, modelo M-F
7 – Política fiscal, déficit público, estabilização
8 – Crescimento econômico
9 – Políticas de crescimento econômico

Resumo deste módulo: Fundamentos do comércio internacional; Taxa de câmbio; Modelo de


Mundell-Fleming.

Anexos:
Taxa de câmbio: uma explicação simples
Problemas propostos
Respostas selecionadas
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.2/31

Neste módulo vamos estender nossos modelos para uma economia pequena e aberta,
agora levando em consideração o setor externo. Essencialmente o que muda com economia
aberta é que despesas não precisam ser iguais a gastos, ou poupança S não precisa ser igual
ao investimento I . A oferta de “fundos emprestáveis” pode financiar investimento doméstico
ou investimento estrangeiro. Ajustemos nossa nomenclatura: NX = balança comercial; EX =
gastos estrangeiros em bens domésticos; IM = gastos domésticos em bens estrangeiros, e
podemos imaginar que IM  C f  I f  G f , onde o sobrescrito f indica “no estrangeiro”. Da
mesma forma nossas variáveis tradicionais incorporam (consumo, investimento e gasto com
governo) no exterior. Ficam assim: C  C d  C f , I  I d  I f e G  G d  G f , onde o
sobrescrito d indica “doméstico”. Com estas definições ajustadas, nossa identidade
fundamental incorpora NX  EX  IM ficando agora Y  C  I  G  NX Nestes termos o
comércio internacional se caracteriza assim: NX  Y  (C  I  G) , ou seja, as exportações
líquidas de um país é a diferença entre o produto e o total de gastos. Como indica a Figura 6-
3, um superávit comercial é resultado de a saída ser maior do que o gasto ou exportações ser
maior que importações. Neste caso NX  0 . Reversamente um déficit comercial é resultado
gasto ser maior que a saída ou importações ser maior que exportações.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.3/31

Credores e
mutuários internacionais
formam fluxos
internacionais de capitais,
mesmo que não seja o
capital físico que flui, ao
contrário, capital financeiro
(que, claro, é usado para
financiar a compra de
capital físico). Com o setor
externo levado em
consideração interessa
SI . Como já
antecipamos esta diferença
não mais precisa ser zero. Se S  I , o temos uma saída líquida e o país é credor líquido; se
S  I , temos um influxo líquido e o país é devedor líquido. A ligação entre comércio e o
fluxo de capital é NX  S  I , ou seja, balança comercial é igual à saída líquida de capitais e
esta é a identidade com o setor externo considerado.
De imediato, podemos fazer a seguinte consideração econômica: um país, como os
EUA, com grande e persistente déficit comercial ( NX  0 ), também apresenta baixo nível de
poupança relativo ao seu investimento1.

Na Figura 6-4
partimos de nosso modelo
simples, mas agora
incorporando a taxa real de
juros r *, considerada
exógena (constante) e
considerando-a superior à
taxa de juros do modelo de
economia fechada, rc , então
o investimento fica
determinado como na figura
e NX , saída líquida do
capital é ajustado pela taxa
de câmbio (veremos!).

1 A China cumpre um papel dual, alto nível de poupança em relação ao nível de investimentos. Não é
à toa que o déficit americano é principalmente coberto com poupança chinesa. Evidentemente os EUA
também pode ter forte déficit por ter uma moeda forte, mas, por ora, esta discussão está fora do nosso
escopo.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.4/31

Perceba que no exemplo da Figura 6.4, S  I , então temos exportações líquidas.


Vamos considerar agora três casos: política fiscal doméstica, política fiscal externa e
demanda por investimento. Como ponto de partida para os três casos, vamos considerar o
equilíbrio inicial com NX  0 , como no exemplo anterior.

No primeiro
caso, como na Figura
6-5, consideremos um
aumento em G (ou
redução de T ),
portanto a poupança
diminui2 (para S 2 ).
Como r * é constante,
ela “puxa” para baixo o
investimento, mas a
poupança deslocou para
a esquerda, o que gera
NX 2  NX1 . Esta
análise gera a previsão
que déficit
orçamentário e balança de pagamentos são negativamente relacionados. Os dados tendem a
confirmar isto.

No segundo
caso, como na Figura
6-6, consideremos uma
política fiscal externa
expansionista que eleve
a taxa de juros mundial
(para r2 * ). Se S * é a
soma de todas as
poupanças dos países,
I * é a soma de todos
os investimentos dos
países no mercado de
“fundos emprestáveis”
mundial, então r *

2Esta análise vale para qualquer coisa que cause uma diminuição da poupança. Por exemplo, uma
mudança nas preferências de consumo, mudança nas leis de impostos que reduzem o incentivo à
poupança, etc.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.5/31

ajusta para I * = S * , porque o mundo pode ser visto como uma economia fechada! Uma
expansão fiscal mundial pode reduzir S * e elevar r * , como na figura. Na pequena economia
a subida de r * reduz investimentos e reduz a demanda por “fundos emprestáveis”, apesar de
não modificar a oferta destes fundos, então aumenta fundos fluindo para o exterior.

No terceiro
caso, como na Figura 6-
7, diferente de uma
economia fechada, o
investimento não está
restrito pela oferta fixa
(internamente) de
“fundos emprestáveis”.
Então, aumento da
demanda da empresa
por fundos pode ser
satisfeita por meio de
empréstimos no
exterior, o que reduz o
fluxo líquido de capital
financeiro. Como a saída líquida de capitais é igual a NX , neste caso, NX caiu de igual
quantidade do aumento no investimento.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.6/31

Preliminarmente vamos fazer algumas considerações sobre as relações entre câmbio e


desigualdade, como formuladas por Piketty e indicadas na Figura 6-9. Desigualdades
mundiais são medidas por taxa nominal de câmbio ou paridade do poder de compra. Por
exemplo, em 2012 o câmbio nominal dava 1 euro como US$1,30, enquanto a paridade do
poder de compra dava 1 euro igual a US$1,20.
Os fatores
relevantes de
crescimento da
produção envolvem o
crescimento da
população (1,4% de
1913 a 2012) e o
crescimento da
produção per capita
(1,6% de 1913 a 2012).
A taxa nominal de
câmbio reflete vários
fatores:
(1) O estado da oferta
agregada e da demanda
agregada pelos bens e
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.7/31

serviços que os países transacionam;


(2) A estratégia de alocação de recursos dos investimentos internacionais;
(3) As expectativas sobre estabilidade política e financeira;
(4) As oscilações da política monetária.

A tese central de Piketty indica que: “(...) uma diferença que pareça pequena entre
crescimento da população ( n ) e taxa de remuneração do capital ( r ), no longo prazo, pode
produzir efeitos muito potentes e desestabilizadores para a estrutura e a dinâmica da
desigualdade na sociedade”.

Voltemos agora a um enfoque prático do tema.


Via-de-regra, se
considera taxa nominal
de câmbio referenciada
ao dólar. Por exemplo,
no Brasil a taxa atual é
de 3,30 reais por dólar;
no Japão é x yens por
dólar, e assim por
diante. Define-se a taxa
nominal de câmbio ( e )
como o preço relativo da
moeda nacional em
relação à moeda
estrangeira. Com esta
nomenclatura podemos
dizer que a taxa aprecia
quando e  e deprecia quando e  , o que pode causar alguma confusão, pois o que apreciou
ou depreciou foi a moeda local. Por exemplo, há alguns anos o câmbio no Brasil era 2,5
reais/dólar, ou seja, o real estava apreciado. Recentemente o câmbio bateu em 4,20
reais/dólar, valor depreciado. Define-se a taxa real de câmbio (  ) como o preço relativo dos
e P 3
bens domésticos em termos de bens estrangeiros:   .
P*
Exemplo1: Considere o BigMac japonês perante o BigMac americano e os preços respectivos
– US$2,50, 200 Yen. Considere a taxa nominal de câmbio 120 Yen/dólar. Ache a taxa real de
câmbio e interprete.

3Todas variáveis estrangeiras usaremos o símbolo *, como já fizemos com taxa real de juros. As figuras
a seguir se referem ao padrão dos EUA, onde a referência do câmbio é (moeda não americana/1
dólar). Portanto apreciação do câmbio ocorre quando e , depreciação e , ao contrário da maioria dos
países (e Brasil).
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.8/31

Respostas:
e  P 120  US $2,50
  = 1,5. Significa que para comprar um BigMac americano um
P* 200Yen
japonês deveria pagar o equivalente a 1,5 BigMacs japoneses.
Por quê?
Veja o desenvolvimento na equação a seguir, onde usamos apenas a definição de taxa real de
câmbio:

(Yen / unidade _ de _ bemEUA) unidade _ de _ bemJapão


 
(Yen / unidade _ de _ bemJapão) unidade _ de _ bemEUA

Portanto, a taxa real de câmbio mede a quantidade de poder de compra no Japão que
deve ser sacrificada por cada unidade do poder de compra nos EUA. Naturalmente a taxa real
de câmbio deve ser extraída de uma cesta de bens, não apenas de um bem, como no exemplo.
Fazer esta comparação de cestas pode ser inviável, então o candidato natural são os B&S que
compõem o PIB. Então a taxa real de câmbio deve medir quantas unidades de PIB estrangeiro
equivale a uma unidade
de PIB doméstico.
Desta forma,
podemos fazer a
associação mostrada na
Figura 6-11. Um aumento
na taxa real de câmbio
dos EUA significa que os
bens americanos tornam-
se mais caros relativos
aos bens estrangeiros.
Então EUA exporta
menos e importa mais, ou
seja, NX  EX  IM
diminui. Em outras
palavras, a função exportação líquida reflete a relação inversa entre NX e  , como mostra a
figura. Quando  é relativamente baixo, os bens americanos são baratos e as exportações
líquidas são altas, quando  é caro, os americanos exportam menos (melhor para importação,
pior para exportação).
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.9/31

Agregando este
fato ao nosso modelo:
NX ( )  S  I (r*) , então
 é a única variável
endógena (em economia
pequena e aberta a taxa de
juros mundial é dada,
portanto, esta equação
determina o valor de  ).
Interprete assim: NX é a
procura líquida por
dólares: demanda externa
por dólares para comprar
exportações americanas
menos oferta americana de dólares para comprar as exportações. A saída líquida de capitais é
a oferta líquida de dólares, ou seja, a oferta de dólares de residentes nos EUA investindo no
exterior menos a procura por dólares de estrangeiros comprando ativos nos EUA.

Vamos a seguir analisar 4 experimentos cujo objetivo é verificar como as políticas


(política fiscal doméstica, política fiscal externa, um aumento na demanda por investimentos e
política comercial para restringir as importações) afetam a taxa de câmbio.

Na Figura 6-13 se
ilustra o caso que uma
expansão fiscal doméstica
(suposto ser nos EUA!)
reduz a poupança nacional
(a reta vertical da saída
líquida de capital ou a
oferta líquida de dólares se
desloca para esquerda). Por
consequência a taxa de
câmbio sobe e NX baixa.
Os efeitos econômicos são
o incentivo ao consumo
(  S ) e à importação
(  IM ). O dólar vale mais
e os bens domésticos tornam-se mais caros relativos aos bens estrangeiros.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.10/31

Na Figura 6-14 se
ilustra o caso em que a taxa
de juros mundial r * se
eleva, então o investimento
reduz, o que aumentará a
saída líquida de capital (ou
a oferta de dólares no
mercado de câmbio) e a
reta da saída líquida de
capital desloca para a
direita com a redução do
investimento. Por
consequência a taxa real de
câmbio de equilíbrio baixa
e NX sobe refletindo um
incentivo às exportações (deprime as importações), o dólar torna-se menos valioso e os bens
domésticos mais baratos em relação aos bens estrangeiros.

Na Figura 6-15
se ilustra o caso em que
houve um aumento da
demanda de
investimento, portanto a
reta vertical da saída
líquida de capital se
desloca para a esquerda
e o efeito é semelhante à
expansão fiscal com
diminuição de poupança
do caso 1. As
consequências e
resultados econômicos
então são os mesmos.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.11/31

Nosso último caso, como mostra a Figura 6-16, considera uma política restritiva às
importações (política
protecionista), por
exemplo, via tarifas e
quotas de importação.
Aplica-se também para
mudanças nas
preferências entre bens
domésticos e bens
estrangeiros. Supondo
uma mesma taxa real de
câmbio, uma elevação
na quota de importação,
por exemplo, reduz as
importações e, por
consequência, no gráfico
NX se desloca para a
direita. A demanda por dólares aumenta, mas a oferta de dólares é fixa (uma política
protecionista não altera poupança ou investimento), o que eleva a taxa real de câmbio. O
aumento no preço dos bens domésticos em relação ao estrangeiro estimula importações e
deprime exportações, assim tende a abaixar as exportações líquidas. Observe o resultado
disto: mesmo que políticas protecionistas não alterem a balança de pagamentos, ela afeta a
quantidade de comércio, importações diminuem, mas exportações também diminuem. O
modelo que temos estudado não aconselha tais políticas. No entanto, elas são feitas na prática,
principalmente porque com elas se favorecem certos setores preferenciais na sociedade.
A Figura 6-17 mostra os determinantes da taxa nominal de câmbio: o estado da oferta
e da demanda agregada e
a estratégia de alocação
de recursos dos
investimentos
internacionais estão
representados pelo termo
NX ( )  S  I (r*) , os
termos na forma
M
 L(r , Y ) refletem no
P
país e no exterior as
expectativas sobre a
estabilidade política e
financeira e as oscilações
da política monetária. Ao
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.12/31

reescrevermos a equação da taxa nominal de câmbio em termos dos seus constituintes vemos
a Dicotomia Clássica em ação: a taxa real de câmbio é determinada por variáveis reais,
enquanto a taxa nominal de câmbio é determinada por variáveis nominais. Aplicando a
definição de taxa, como no módulo 5, Figura 5-9, reescrevemos:
e  P * P 
      *  , ou seja, para um dado valor de taxa real de câmbio, a
e  P* P 
taxa de crescimento da taxa real de câmbio é igual à diferença de inflação doméstica e
inflação externa. Suponha que os EUA seja o país doméstico e o México é o país estrangeiro.
Suponha que a taxa de inflação do México (  * ) é maior que a dos EUA (  ). Então a
inflação do México que é maior que a nos EUA implica que mais rápido o dólar deve elevar-
se em relação ao peso.

A Figura 6-18
mostra uma relação
muito clara entre a
diferencial da inflação e
a taxa de valorização do
dólar. Maior a inflação
do país em relação aos
EUA, mais rápido o
dólar americano
depreciará contra a
moeda deste país. Ou
ainda, para poucos países
como o Japão, que tem inflação mais baixa que a americana, vemos que a taxa de câmbio dos
EUA se apreciará mais em relação às moedas destes países.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.13/31

O modelo de Mundell-Fleming que veremos nesta seção estende o modelo de CP que


vimos até então e acrescenta os efeitos do comércio e finanças internacionais. Desta forma, os
objetivos a cumprir são: (1) Verificar IS-LM para pequena economia aberta; (2) Verificar
causas e efeitos de diferenciais na taxa de juros; (3) Discutir argumentos para câmbio fixo e
câmbio flutuante; (4) extrair a curva de demanda agregada para economia aberta.

Por ora, consideraremos os preços fixos, de modo que e e  se movem juntos, ou


seja, por simplicidade escrevemos NX como função da taxa nominal de câmbio,
NX  NX (e) . Ao final levantaremos esta restrição e então voltaremos a fazer NX como
função de  .

Como mostra a Figura 6-20 a seguir, a premissa aqui é que temos uma economia
pequena com perfeita mobilidade de capitais, ou seja, a taxa real de juros é aquela
determinada pelo mundo: r  r * 4. Com esta premissa, modificamos o modelo IS para IS*. Se
o mercado de B&S está em equilíbrio, a curva IS* pode ser descrita por
Y  C(Y  T )  I (r*)  G  NX (e) , muito semelhante ao modelo IS do módulo 3 (vide Figura
3-22), apenas agregando o novo termo NX (e) .

4 Ou seja, a taxa de juros neste contexto é uma constante, pois é determinada externamente ao país!
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.14/31

A intuição do
formato da curva IS*
é o seguinte: (a)
agora r não pode
variar, trocamos para
a variável e ; (b)  e
então  NX (como
na Figura 6-11),
portanto  Y . A
lógica usada aqui é:
se o dólar é mais
caro, melhor para
exportações, pois
bens estrangeiros
ficaram mais caros que bens domésticos, e, naturalmente, pior para as importações.

Exemplo2: O que acontece com IS* se os impostos são reduzidos (preparando para discutir
política fiscal!)?
Respostas: Inicie em um ponto qualquer da IS*. Neste ponto: Y  C  I  G  NX . Agora,
com um corte nos impostos a renda disponível é maior e o consumo aumenta. Com o resto
igual, o mercado B&S está em desequilíbrio: C  I  G  NX  Y Ou seja, um aumento de Y
(na quantidade certa!) deveria restaurar o equilíbrio. Portanto, dado o valor de e , maior Y e
IS* se desloca para a direita.
Resposta alternativa:
Início: C  I  (G  T )  NX  Y . Se  T então:
C  I  (G  T )  NX  Y 

Para ajustar o equilíbrio precisaria  NX o que significa  e para um mesmo valor de Y . De


novo, isto seria possível se IS* se deslocasse para a direita. (Sugestão: desenhe o gráfico de
cada uma das duas situações)
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.15/31

Vimos na
Figura anterior a
forma da curva IS*
por uma via intuitiva.
Vamos agora como na
Figura 6-21 derivar a
curva IS* via a “Cruz
Keynesiana”. Um
aumento na taxa
nominal de câmbio
diminui NX (vide
Figura 6-11) que
desloca a despesa
planejada para baixo
(vide Figura 3-19 e
contabilize nela a mais NX : E  C  I  G  NX ). Então na “Cruz Keynesiana” a renda Y
abaixa, portanto IS* sumariza estes movimentos ( Y menor, e maior).

Vamos a
seguir, como na
Figura 6-22, fazer a
análise equivalente
para LM*. O ponto
de partida é a
equação
M
 L(r*,Y ) , como
P
no Módulo 3, mas
com as restrições que
P é fixo, r * é
exógeno e o BC
estabelece M.
Nestes termos, LM*
é vertical e Y deve
ajustar de modo a
M
igualar a demanda por moeda ( L ) da oferta de moeda ( ).
P
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.16/31

Exemplo3: O que ocorre se aumentar M ? Por quê? (preparando para discutir política
monetária!)?
Respostas: Se M sobe então a demanda por moeda deve subir para restaurar o equilíbrio.
Uma queda em r deveria causar a demanda por moeda subir, mas em uma pequena economia
r  r * é exógeno. Então a única maneira de restaurar o equilíbrio é subir Y , equivale dizer, a
reta LM* desloca para a direita. 

O modelo de
Mundell_Fleming
(chamaremos modelo
M-F) mostrado na
Figura 6-23 trata do
equilíbrio IS*-LM*.
Algebricamente é
traduzido nas duas
equações:

(1) Y  C(Y  T )  I (r*)  G  NX (e) e


M
(2)  L(r*,Y ) .
P

Graficamente é como mostra a Figura 6-23. Relembrando, para nossos propósitos, por
simplicidade, por ora vamos considerar o modelo M-F com P (preço nacional) fixo. Ao final,
no entanto, levantaremos esta restrição.

A seguir, vamos analisar os efeitos considerando cada um dos regimes cambiais


(sistemas de câmbio fixo e de câmbio flutuante).
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.17/31

Regime de Câmbio Flutuante

Na Figura 6-24 se mostra os efeitos de uma política fiscal expansionista, sob câmbio
flutuante, segundo o
modelo M-F. Com
PF expansionista em
economia fechada
poderíamos esperar
um aumento de Y e
de r com a curva IS
se deslocando para a
direita. Porém como
LM* é vertical,
aumenta taxa
nominal de câmbio
sem aumentar o
produto. A
explicação
econômica: como
vimos antes uma
expansão fiscal pressiona para cima a taxa de juros do país. Em uma pequena economia aberta
com perfeita mobilidade de capital, tão logo a taxa de juros doméstica suba, mesmo que
ligeiramente, com a taxa de juros mundial, imenso volume de capital financeiro estrangeiro
vai fluir para tirar vantagem da diferença de taxa. Porém, para estrangeiros comprarem títulos
nacionais eles precisam antes adquirir moeda nacional. Portanto, a entrada de capital causa um
aumento na demanda estrangeira por moeda local no mercado de câmbio, fazendo a moeda
local depreciar. Isto faz as exportações mais caras para estrangeiros e importações mais
baratas para nacionais. Então NX , a queda de NX compensa o efeito da expansão fiscal.

Por outro lado o modelo M-F afirma que Y = 0. Como explicar? Porque manter o
equilíbrio no mercado monetário requer que Y não mude: a expansão fiscal não afeta a oferta
M
real de moeda ( ) ou a taxa de juros (porque a economia é pequena). Portanto, qualquer
P
alteração na renda jogaria o mercado de moeda fora do equilíbrio. Então a taxa de câmbio tem
que subir até que NX tenha caído o suficiente para compensar o impacto expansionista da
política fiscal na saída5.

5 É útil reinterpretar agora crowding-out. Numa economia fechada, a política fiscal expansionista reduz o
investimento por causa do aumento da taxa de juros; em uma economia aberta e pequena, reduz
exportações porque a taxa de câmbio deprecia (  e ).
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.18/31

A conclusão final é que a PF expansionista não afeta o PIB, mas desencoraja


exportações.

Na
Figura 6-25 se
mostra os efeitos
de uma política
monetária
expansionista
sob o regime de
câmbio flutuante,
segundo o
modelo M-F.
Numa economia
fechada
esperaríamos a
sequência

 M   r  I   Y .

Numa economia aberta e pequena, de modo similar  M   e  NX   Y . A


M
intuição para o deslocamento de LM* é direta. Na equação  L(r*,Y ) , uma subida de M
P
só pode ser sustentada por subida de Y , uma vez que P e r * são dados como constantes. A
conclusão é que a PM afeta o PIB assim: não eleva a demanda agregada mundial, mas desloca
a demanda de produtos estrangeiros para os produtos nacionais, portanto, aumenta emprego e
renda à custa de estrangeiros. A intuição econômica para os resultados (reduz a taxa de
câmbio, aumenta a saída) é a seguinte:
Inicialmente, o aumento na oferta de moeda põe pressão para abaixar a taxa de juros. Como a
economia é pequena e aberta, quando r tende a cair abaixo de r * , poupadores enviam seus
fundos emprestáveis para o mercado financeiro mundial. Esta saída de capital causa a queda
na taxa de câmbio, o que causa NX e, portanto, Y aumentar6.

6 Não é foco neste curso, mas adiantamos que em uma economia grande e aberta os diversos
resultados quanto as variáveis de interesse ( r , e e NX ) são de intensidade e sentido intermediário
entre economia fechada e pequena economia aberta, como é o nosso caso aqui. A racionalidade por
trás destes resultados é que, diferente de uma pequena economia, uma grande economia afeta a taxa
de juros mundial. Porém, como uma pequena economia, poupança e investimentos não precisam ser
iguais.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.19/31

As relações das
políticas fiscal e
monetária no modelo
M-F, sob o regime de
câmbio flutuante, estão
sumariadas na Figura 6-
26.

Na Figura 6-27 se encontram os resultados da política comercial sob regime de câmbio


flutuante usando o modelo M-F. Uma tarifa ou uma quota reduz as importações, por
consequência aumenta
NX e, assim, desloca a
curva IS* para a direita.
Resulta: (a) desaprecia
a taxa de câmbio; (b)
mas não afeta a saída. A
explicação econômica é
que: (a) quota ou tarifa
desloca a demanda
doméstica para o
mercado interno. A
redução de produtos
estrangeiros
demandados reduz a
oferta de moeda do país
no mercado cambial, ou
seja,  e  NX , como na Figura 6-11, compensando a expansão inicial de NX pela queda
de M que reduz NX (b) Como sabermos que o efeito de valorização de NX exatamente
anula o efeito da restrição de importação do NX ? Existe apenas um valor de Y que permite o
mercado monetário atuar, uma vez que Y , I , C e G estão inalterados,
NX  Y  (C  I  G) também deve estar inalterado. Visto sob um prisma diferente, vimos na
Figura 6-12 que NX  S  I . A restrição de importação não afeta S ou I , então ela não pode
afetar o valor de equilíbrio de NX .
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.20/31

Na Figura 6-28 estão sumariados os aspectos que relacionam o modelo M-F e a


política de comércio de um país.

Regime de Câmbio Fixo


Sob o regime
de taxa de câmbio
fixo, os BCs se
mostram prontos a
comprar ou vender
moeda doméstica por
moeda estrangeira a
uma pré-determinada
taxa. No modelo M-F,
como ilustram as
Figuras 6-29 e 30 o
BC desloca a curva
LM* de modo a
manter aquela taxa
anunciada (BC está
livre e propenso a
vender – ou comprar –
moeda para manter o câmbio).
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.21/31

No longo
prazo, porém, quando
os preços são flexíveis,
a taxa real de câmbio
pode se mover, mesmo
que a taxa nominal de
câmbio esteja fixa.
Observe que sob taxas
flutuantes a PF não é
efetiva, pois o BC não
altera M e não
desloca LM*. Já sob o
regime de câmbio fixo,
a PF pode ser muito
eficaz em modificar a saída, pois é possível mover a curva LM* resultado em manter a taxa de
câmbio e aumentando a saída.

Na Figura 6-31 estão ilustrados agora os efeitos de uma política monetária


expansionista sob câmbio fixo. A expansão monetária coloca pressão descendente sobre a
taxa de câmbio
(desloca LM* para a
direita). Para evitar que
ela caia o BC começa a
comprar moeda
doméstica em maiores
quantidades para
“sustentar” o valor da
moeda nos mercados
cambiais. Esta compra
remove a moeda
nacional de circulação,
fazendo com que a
oferta de moeda caia, o
que desloca a curva
LM* de volta para a
esquerda. Sob taxa de câmbio flutuante, já vimos que a PM é muito eficaz na mudança da
saída. Sob taxa de câmbio fixa, a PM não pode ser usada para afetar a saída.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.22/31

A política comercial
sob taxa de câmbio fixo está
ilustrada na sequência de
figuras 6-32 e 6-33. Supondo
uma restrição nas importações
(impõe-se tarifas ou quotas)
ocorre uma pressão
ascendente na taxa de câmbio
(IS* vai para a direita). Para
se contrapor a este movimento
da taxa de câmbio o BC deve
vender moeda nacional, o que
eleva M e desloca LM* para
a direita, até que e  0 , mas neste caso Y  0 .

Vimos que sob taxa


de câmbio flutuante as
restrições de importações
não afetam Y ou NX .
Sob taxa fixa, no entanto,
aumentam Y e NX .
Observe, porém, que estes
ganhos ocorrem à custa
dos estrangeiros, já que a
política apenas transfere a
demanda de bens
estrangeiros para bens
domésticos.

Na Figura 6-34, a seguir, se encontra um sumário dos efeitos sobre algumas variáveis
de interesse das diversas políticas – expansão fiscal, expansão monetária e restrição à
exportação - sob os dois tipos de regimes cambiais para o modelo M-F.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.23/31

Vamos a seguir refinar o modelo M-F. Nossa premissa era que a taxa de juros de uma
economia pequena e aberta
com plena mobilidade de
capital seria a mesma da
mundial, r  r *. No
7
entanto o risco país e
mudanças esperadas no
câmbio podem ser motivo
para as taxas de juros serem
diferentes. Deste modo
deve-se agregar o prêmio de
risco assim: r  r *  ,
onde  é o prêmio de risco.
O prêmio de risco tem um
valor tal que depende das
percepções dos investidores
do risco político e
econômico de manter ativos no país e percepções da taxa esperada de depreciação ou
apreciação da moeda do país. Incorporando o prêmio de risco ao modelo:
M
(1) Y  C (Y  T )  I (r * )  G  NX (e) e (2)  L(r * , Y )
P

7É o risco de que o país devedor não honrará seus compromissos por causa de turbulência política ou
econômica. Assim, os credores vão exigir uma taxa de juros maior para compensá-los deste risco.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.24/31

Vejamos agora os efeitos de mudanças no prêmio de risco ...

Suponha,
como na Figura 6-36,
um aumento no
prêmio de risco.
Então a taxa real de
juros deve aumentar,
então o investimento
deve cair e a curva
IS* deve deslocar para
a esquerda. Por outro
lado, numa curiosa e
talvez imprecisa
previsão do modelo,
com a subida da taxa
de juros, embora os
investimentos devam diminuir, a LM* desloca-se para direita porque a queda no câmbio
estimula as exportações líquidas por uma maior quantidade ainda, subindo a renda agregada.
Vejamos a intuição econômica: por que cai a taxa de câmbio? O aumento do prêmio
de risco faz com que os investidores estrangeiros vendam algumas de suas participações na
produção de bens domésticos e tire seus “fundos emprestáveis” para fora do país. Esta saída
de capitais provoca um aumento da oferta de moeda nacional no mercado de câmbio, que
causa a queda na taxa de câmbio. Ou, em termos mais simples, um aumento do risco país ou a
diminuição esperada da taxa de câmbio faz a moeda do país menos desejável.
A discussão final é sobre o melhor regime cambial: flutuante ou fixo.
Entre os
argumentos pró-câmbio
flutuante é que se adotado
permite à política
monetária perseguir outros
objetivos que não seja
apenas a queda na
inflação. Dentre os
argumentos pró-câmbio
fixo seria evitar incerteza e
volatilidade, as transações
internacionais seriam mais
previsíveis. Outro
argumento pró-câmbio
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.25/31

flutuante é que ele obrigaria uma disciplina monetária que preveniria alta inflação. Costuma-
se dizer em Macroeconomia da “Trindade Impossível”: uma nação não pode ter as três
simultâneas – fluxo livre de capitais, política monetária independente e taxa de câmbio fixo.
Cada nação deveria escolher uma das arestas do triângulo. Exemplos mundiais são mostrados
na Figura 6-37.

Também do modelo M-F se pode extrair o formato da curva da demanda agregada,


como mostra a Figura 6-38. Até então consideramos o preço fixo no modelo, vamos levantar
esta restrição. Se o
preço sobe, como na
figura, a curva LM* se
desloca para a
esquerda, o que
significa que a taxa
nominal de câmbio
aumenta. Portanto, as
exportações líquidas
diminuem o que reduz
a saída. Portanto, o
formato da curva de
demanda agregada
para uma economia
aberta é similar àquela
para uma economia
fechada.

As exportações líquidas realmente dependem da taxa real de câmbio, e não da taxa


nominal de câmbio. No início deste Módulo 6 tomamos NX em função da taxa nominal
porque o nível de preços foi assumido como fixo. Então ambas as taxas, nominal e real,
andavam juntas. Agora, no entanto, com o nível de preços mudando também, precisaríamos
escrever NX em função da taxa real de câmbio.

Sigamos o costume, como nos diversos modelos adotados, de ver como se processa a
passagem do curto prazo para o longo prazo. Como ponto de partida, como na Figura 6-39,
vamos considerar que no curto prazo Y1  Y à taxa de câmbio  1 . Então existe uma pressão
descendente nos preços, a curva LM* vai paulatinamente para a direita (  vai caindo, NX
vai subindo) e a oferta agregada de curto prazo vai para baixo, até que, no longo prazo
voltamos à condição ( Y e  2 ). Ou seja, a análise é similar à que fizemos para economia
fechada.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.26/31
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.27/31

ANEXO:
Taxa de Câmbio: uma explicação simples

Três aspectos sobre a taxa de câmbio são abordados neste anexo: sua definição,
questão de câmbio alto e baixo, relação taxa de câmbio nominal e saída líquida de capital.

1) Em qualquer país a taxa de câmbio relaciona o valor de duas moedas, a local ou


doméstica e a estrangeira (quase sempre o dólar). Na maioria dos países como o Brasil,
relaciona como no exemplo:

(moeda estrangeira) (moeda doméstica)


US$1,00 = R$4,00
ou seja, a taxa nominal de câmbio no Brasil é de R$4,00/US$.
Na Inglaterra e nos EUA, porém, é diferente. Nestes países a unidade é a moeda
doméstica, então o mesmo câmbio do exemplo aí de cima seria expresso assim:
(moeda doméstica) (moeda estrangeira)
R$1,00 = US$0,25
Ora, é claro que R$4,00/US$ é o mesmo que US$0,25/R$ na prática!
Como nos interessa estudar e lidar como uma pequena economia aberta, como o
Brasil, deveríamos considerar que a taxa nominal de câmbio é do tipo R$4,00/US$.

2) Vamos supor agora que a taxa de câmbio “normal” ou “natural” no momento seria
R$3,20/US$ e não R$4,00/US$ ou mais, como já foi recentemente. Significa que a
R$4,00 por 1US$ (como em janeiro/2016) se gasta mais reais para obter 1 US$, então
a taxa está DEPRECIADA, ou seja, a moeda nacional está valendo menos. Isto é bom
para as exportações (cada dólar recebido do exterior nas transações comerciais se
traduz em mais reais!), porém é ruim para as importações (cada dólar que precisamos
gastar no exterior consome mais reais!).

Ao contrário, se a taxa é de R$2,50/US$ (como em janeiro/2014), a taxa nominal de


câmbio está APRECIADA, a moeda nacional vale mais, o que é bom para importações
(e viagens internacionais) e ruim para exportações.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.28/31

3) A demanda por divisas ( NX (e) , onde e é a taxa nominal de câmbio) depende de:
a) Do volume de importações, pois os importadores precisam de dólares para pagar
compras feitos do exterior;
b) Da saída de capitais, que são os dólares necessários para pagar juros no exterior,
amortizações de empréstimos no exterior, etc.

Por simplicidade, vamos considerar apenas a compra de um bem B feita no exterior:

Taxa de
Preço de B Preço de B
câmbio
em US$ em R$
(R$/US$)
Taxa de câmbio alta 4,00 10,00 40,00
Taxa de câmbio
2,50 10,00 25,00
baixa

Então, a taxa de câmbio alta ($4,00) desestimula as importações (e demais saídas de


capital), enquanto a taxa de câmbio baixa ($2,50) as estimula. Significa que existe uma
relação inversa entre taxa de câmbio ( e ) e saída líquida de capitais ( NX ), como ilustra
a figura:

Em suma, o câmbio apreciado é bom para importações (e viagens ao exterior!) e ruim


para exportações (ou para produtos domésticos exportáveis). O câmbio desapreciado é
ruim para importações e bom para exportações. Portanto, é bom para a Balança
Comercial.

Observe que esta nomenclatura é contrária à que usamos na apostila módulo 6, pois lá,
centramos as definições de câmbio no caso dos EUA, que, como vimos, adota relação inversa
desta!
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.29/31

6 - Exercícios Propostos:

6-1) Numa pequena economia aberta qual a identidade fundamental do setor externo e qual
a sua interpretação? Defina taxa real de câmbio. Qual a relação que se deve esperar
entre a taxa real de câmbio e exportações líquidas? Dê uma interpretação econômica
para esta relação.

6-2) Considerando uma economia pequena e aberta, qual o resultado esperado de uma
redução de impostos? E de uma emissão de moeda? Analise ambas as situações em
termos do diagrama IS*-LM*.

6-3) Compare para uma economia aberta e pequena a eficácia das políticas fiscal,
monetária e de restrição às importações para os regimes de câmbio flutuante e de
câmbio fixo. Mostre evidências de cada uma das suas escolhas.

6-4) Considere o BigMac japonês perante o BigMac americano e os preços respectivos –


US$2,50, 200 Yen. Considere a taxa nominal de câmbio 120 Yen/dólar. Ache a taxa
real de câmbio e interprete.

6-5) Considere a função exportação líquida para os EUA. Dê uma interpretação econômica
tanto para uma taxa real de câmbio alta quanto para uma taxa nominal de câmbio
baixa.

6-6) No contexto do modelo M-F como ficam as equações do modelo quando se considera
o risco-país  ? Qual o efeito de um aumento em  ?

6-7) Use o modelo M-F para derivar a forma da curva da demanda agregada através de uma
dinâmica com gráficos.

6-8) Mostre o ajustamento de curto para longo prazo entre oferta e demanda agregada
usando o modelo M-F.
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.30/31

6 - Respostas Selecionadas

6-1) (Fig 6-3) (Fig 6-10) (Fig 6-11)

6-2) (Fig 6-20, Exemplo2)


Redução de impostos: Partindo de um ponto qualquer da IS*, como
C  I  (G  T )  NX  Y , então  T implica  C , portanto  Y ou seja, IS* vai para a
direita. Mas também C  I  (G  T )  NX  Y , então  NX o que significa  e para um
mesmo valor de Y .
(Fig 6-22, Exemplo 3)
Emissão de moeda: supondo
M
P fixo,  L(r*, Y ) , Se
P cte 

 M a oferta de saldo real de


moeda desloca para a direita.
Como r * é constante, a
demanda por moeda deve
deslocar para a direita para
manter o equilíbrio. Se  L é
porque  Y , então LM* se
desloca para a direita, portanto
 e , como na figura.

6-3) (Fig 6-24 até 34)


Câmbio Flutuante:
PF expansionista faz IS* se deslocar para direita, ou seja,  e , mas não afeta a saída
( Y = 0): A taxa de juros local sobe atraindo capital estrangeiro que aumenta demanda por
moeda local, portanto  e e  NX , desencoraja as exportações.

PM expansionista faz LM* se deslocar para direita, ou seja,  Y ,  e : Inicialmente, o


aumento na oferta de moeda põe pressão para abaixar a taxa de juros. Como a economia é
pequena e aberta, quando r tende a cair abaixo de r * , poupadores enviam seus fundos
emprestáveis para o mercado financeiro mundial. Esta saída de capital causa a queda na taxa
de câmbio, o que causa NX e, portanto, Y aumentar.

Restrição de importações inicialmente aumenta NX e, assim, desloca a curva IS* para a


direita, então  e . Porém, a redução de produtos estrangeiros demandados reduz a oferta de
moeda do país no mercado cambial, ou seja,  e  NX anulando o efeito inicial.

Câmbio Fixo:
PF expansionista inicialmente faz IS* se deslocar para direita, e o BC para manter o câmbio
desloca LM* para a direita de acordo, portanto apenas  Y , não alterando e e NX .
Módulo 6 – Setor Externo, Modelo M-F Macroeconomia 2017 Pg.31/31

PM expansionista inicialmente faz LM* se deslocar para direita, ou seja,  Y ,  e , porém o


BC para sustentar a taxa de câmbio LM* deslocar para esquerda de acordo. Então
Y  e  NX = 0.

Restrição de importações inicialmente aumenta NX e, assim, desloca a curva IS* para a


direita, então  e . Porém, para manter a taxa o BC desloca LM* de acordo de modo que  Y .
Mesmo que o câmbio não altere, se espera  NX no sentido de que se transfere a demanda de
bens estrangeiros para bens domésticos (diminui IM, não altera EX).

6-4) (Fig 6-10, Exemplo1)

6-5) (Fig 6-11)

6-6) (Fig 6-35)


Com o risco país: r  r *  , onde  é o prêmio de risco. As equações do modelo M-F
ficam:
M
(1) Y  C (Y  T )  I (r * )  G  NX (e) e (2)  L(r * , Y )
P
(1) reflete o lado real da economia, (2) reflete o lado monetário da economia.

    r   I e IS* se desloca para esquerda. Por outro lado,


    r   ( M / P) d , então Y deve subir para restaurar o equilíbrio do mercado
monetário e LM* se desloca para direita. O resultado final e  0 e Y  0 .
Explicação da queda no câmbio: O aumento do prêmio de risco faz com que os investidores
estrangeiros vendam algumas de suas participações na produção de bens domésticos e tire
seus “fundos emprestáveis” para fora do país. Esta saída de capitais provoca um aumento da
oferta de moeda nacional no mercado de câmbio, que causa a queda na taxa de câmbio. Ou,
em termos mais simples, um aumento do risco país ou a diminuição esperada da taxa de
câmbio faz a moeda do país menos desejável.

6-7) (Fig 6-38)

6-8) .(Fig 6-39)


Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.1/30

Módulo 7 – Política Fiscal, Déficit Público, Estabilização

1 – Fundamentos da macroeconomia
2 – Contabilidade social e matriz I-P
3 – Lados – real e monetário
4 – Análise IS-LM
5 – Inflação, oferta agregada, curva de Phillips
6 – Setor externo, modelo M-F
7 – Política fiscal, déficit público, estabilização
8 – Crescimento econômico
9 – Políticas de crescimento econômico

Resumo deste módulo: Participação do setor público na atividade econômica; Problemas


com medições da dívida pública; Outras perspectivas da dívida pública; Políticas de
estabilização econômica.

Anexos:
Déficit público: Brasil e mundo
Problemas propostos
Respostas selecionadas
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.2/30

Este módulo trata das questões de governo e do setor público, sua dívida, problemas
de mensuração orçamentária, visões da dívida do governo e políticas de estabilização.

Em uma
perspectiva histórica,
ao início do século
XX as economias
ocidentais
experimentavam um
progressivo estado
de liberalismo
econômico que
eventos como a 1ª.
Guerra e a Grande
Depressão dos finais
dos 30´s fizeram
realçar as funções do
Estado: alocativa,
distributiva e
estabilizadora. Por outro lado, os governos, neste trajeto, foram acumulando dívidas e
promovendo formas de política fiscal para se autofinanciar. Ainda neste nosso tempo a
relação Dívida/PIB se mantém alta, como ilustra a Figura 7-4 para os países do OCDE.
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.3/30

A
pergunta que se
impõe é: por que
países que tem
déficit público
em relação ao
PIB mais
elevado que o
Brasil, como
EUA, Itália,
Espanha e
Coréia, têm
taxas de inflação
quase nulas? Ou
ainda, qual a
taxa de juros
que se paga a
dívida? A
resposta é múltipla e não se encontra no montante da dívida e sim no perfil de financiamento,
na fortaleza da sua moeda e nos perfis temporais de seus pagamentos. Outros condicionantes
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.4/30

conjunturais importam e muito. Por exemplo, é interessante verificar a evolução da dívida/PIB


dos EUA correlacionado com os eventos históricos ao longo do tempo, como na Figura 7-58.
De forma geral, se percebe que o padrão histórico da relação sobe em tempo de guerra e desce
em tempo de paz. A exceção foi a subida da relação no início dos anos 80´s, que, no entanto,
reforça a natureza da política de preparação para a guerra (“quente” ou “fria”) no governo
Reagan.

A dívida pública, enfim, precisa ser analisada também à luz de outras variáveis que
compõem o cenário da conjuntura e do contexto mundial. Desenvolvemos mais este assunto
no anexo deste módulo, situando diversos contextos históricos contemporâneos e outras
varáveis macroeconômicas relacionadas.

Ao longo do nosso curso fomos modelando políticas fiscais em diversos cenários.


Destacamos três
grandes cenários que
sumariamos na Figura
7-6: economia fechada,
pequena economia
aberta e estendemos
aqui para uma grande
economia aberta, que,
ao cabo, tem seus
efeitos intermediários
entre aqueles dois
outros cenários. Em
resposta a uma política
fiscal expansionista
vimos para cada um
destes cenários o
comportamento das variáveis relevantes, taxa de juros real r (p.ex., Figuras 4-10, para
economia fechada e para pequena economia aberta r * constante), investimentos I (p.ex.,
considerando a relação inversa entre investimentos e r ) e balança comercial NX (p.ex., para
pequena economia aberta veja Figura 6-12).

8 Picketty acrescenta outra visão da redução maior da dívida/PIB dos países ricos no entre guerras.
Segundo ele, “os países ricos são duplamente ricos: tem uma produção interna mais elevada e tem
capital investido no exterior. (...) Isto acarreta que, neles, a Renda Nacional seja maior que o Produto
Nacional. Com os países pobres, o contrário”.
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.5/30

As funções
econômicas do setor
público que
mencionamos estão
sumariadas e
exemplificadas na
Figura 7-7. Destacamos
que a função
estabilizadora do setor
público vem da
percepção que o pleno
emprego e a
estabilidade de preços
não ocorrem de maneira automática na economia. É claro que a visão econômica do
economista analista pode fazer variar bastante quanto ao que o Estado deveria ou não fazer
neste sentido.
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.6/30

Em se tratando de dívida pública interessa, antes de tudo, os conceitos: Déficit


primário – é o valor gasto pelo governo e que excede o valor de sua arrecadação, sem levar
em conta a despesa realizada com o pagamento de juros da dívida pública. Superávit primário
– é o dinheiro que “sobra” nas contas do governo depois de pagar as despesas, exceto juros da
dívida pública. Por isso é conhecido como a economia destinada para pagar os juros. Também
estão ilustrados na Figura 7-8 os conceitos de déficit operacional e déficit nominal. O que
fazer então para financiar o déficit primário? Na Figura 7-9 estão listadas três formas de fazê-
lo. Perceba que a possibilidade de aumento dos impostos pode trazer como consequência o
informalismo, da mesma forma, a possibilidade da queda dos gastos do governo pode
redundar em queda do nível de produto. Observe ainda que para algumas economias o
altíssimo déficit público não é um problema como para outras economias, seja pela facilidade
em financiá-lo, seja pelo poder da moeda do país endividado, como é o caso dos EUA. Se
observarmos a diferença de efeitos considerando, por exemplo, o endividamento e o
financiamento da dívida entre EUA e Grécia (veja também Figura 7-4), fica claro o
argumento.
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.7/30

Déficits são medidas imperfeitas da política fiscal por que ...


1) Não são corrigidos pela inflação;
2) Não leva em conta os ativos do governo;
3) Omite alguns passivos, por exemplo, o pagamento de pensão futura para os
trabalhadores atuais;
4) Não leva em conta o ciclo de negócio.

Analisemos mais detidamente cada um deles.


Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.8/30

O
problema
principal,
consenso mínimo
entre os analistas,
é que o déficit
deve ser corrigido
pela inflação. Na
D
Figura 7-11,
D
representa a taxa
de crescimento da
dívida nominal e
D é o déficit
nominal
reportado. Ora, os
gastos governamentais deveria incluir rD real e não iD nominal. Portanto, D reportado é
exagerado e se deveria expurgar a inflação.
Exemplo1: Em 1979 o déficit nominal nos EUA era US$28 bilhões, a inflação era 8,6% e a
dívida era de US$ 495 bilhões no começo do ano. Analise o crescimento da dívida nominal.
Respostas: Calculando o déficit nominal reportado: D  0,086  $495bi = US$ 43 bilhões.
Como o déficit real = $28bi - $43bi = $15 bilhões excedentes!
Conclusão: Mesmo que a dívida do governo estivesse subindo, a dívida real do governo esteve
caindo!... 

Dois outros
problemas estão
ilustrados na Figura 7-
12. A contabilização
dos ativos de capital
do governo é
problemática.
Atualmente a
contabilização não
leva em conta os
ativos do governo, mas
deveria! A proposta é
o déficit ser
contabilizado como
mudança na dívida
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.9/30

subtraído da mudança nos ativos. Por exemplo, a BR101 é um ativo do governo ou não?
Como contabilizar? Gastos com educação devem ser contabilizados como capital humano9?
Os que são contra contabilizar os ativos do governo argumentam que é difícil programar na
prática, os que são a favor argumentam que, mesmo com imperfeições é melhor que ignorar!
Da mesma forma passivos não são contabilizados, como os exemplos listados na Figura 7-12.

Outro problema é que o déficit varia ao longo do ciclo do negócio devido aos
estabilizadores automáticos (seguro-desemprego, sistema de imposto de renda, etc.). Por isto
pode ser
difícil julgar a
política fiscal,
por exemplo,
um déficit é
devido a uma
crise (se a
recessão
aumenta,
diminui o
produto, então
sobe o déficit
orçamentário
mesmo sem
G ou T )
ou a um
deslocamento

expansionista? De qualquer forma, por uma ou por outra razão, o setor público é quem paga.
Uma solução proposta é o déficit orçamentário ciclicamente ajustado. Ele é útil, pois reflete as
variações das políticas, mas não o estágio atual do ciclo de negócio.

9Segundo Piketty, capital humano não é capital porque não pode pertencer a outra pessoa e não pode
ser comprado e vendido em um mercado permanente.
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.10/30

Déficit governamental é realmente um problema? Consideremos um corte de


impostos, o que corresponderá ao aumento da dívida do governo. Lembrando o modelo dos
“Fundos Emprestáveis”: numa economia fechada S  Y  C (Y  T )  G é uma reta vertical e
I (r ) é uma reta
negativamente
inclinada, ambas
determinando r de
equilíbrio. Se T
diminui então se
consome mais e S se
desloca para esquerda
aumentando r e
diminuindo I , no LP
baixa o padrão de
vida. Numa economia
aberta aumenta  e
diminui NX , ou seja,
aumenta o déficit
comercial. Ambas as
análises compõem a visão tradicional. A conclusão geral é que um corte de impostos leva a
consumidores gastarem mais num primeiro momento (CP), mas a tendência é de um futuro
pior (LP).
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.11/30

Na visão
ricardiana, um déficit
financiado por corte de
impostos não afeta o
consumo e a renda
nacional. Portanto não
afeta r , I ou NX . Esta
visão considera que a
dívida do governo
equivale a um imposto
do futuro,
reciprocamente o
imposto do futuro
equivale a um imposto
atual, portanto, “financiar o governo por dívida é equivalente a financiá-lo por impostos”. A
base desta visão é que os consumidores são “forwarding-looking”, ou seja, um corte no
imposto hoje implica um aumento de imposto no futuro. Os consumidores não se sentem mais
ricos, então não irão
aumentar o consumo,
portanto a poupança
privada se mantém na
mesma quantidade da
queda da poupança
pública. Note que se o
consumidor entende que
um corte de imposto atual
NÃO significa um
aumento de imposto
futuro, ele irá consumir
mais. Então a
Equivalência Ricardiana
não significa que toda
política fiscal é
irrelevante! A visão ricardiana tem seus críticos. Três destas críticas estão listadas na Figura
7-17.
Particularmente chamamos atenção para o debate do elo entre as gerações (terceira
crítica na figura).
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.12/30

Um exemplo citado como evidência contra a visão ricardiana é mostrado na Figura 7-


17. A política liberal de Reagan levou ao corte nos impostos e metade dos consumidores
aumentou o consumo,
diferente do previsto.
Os aderentes à visão
ricardiana, no entanto
não aceitam este
exemplo como um
teste justo.
Conclusão: seja a
visão tradicional da
dívida, seja a visão
ricardiana todas tem
os seus defensores e
detratores.

Aproveitamos
a discussão da dívida
pública para colocar a curiosa visão de Piketty a respeito: “(...) o endividamento público
britânico não teria, sob certas condições, qualquer impacto sobre a acumulação de capital
nacional, (...). O fenômeno do tão temido crowding-out não se produziu e o crescimento do
endividamento público parecia financiado por um aumento da poupança privada. Por certo,
isso não significa que se tratasse de uma lei universal, válida a todo tempo e em todo lugar:
tudo dependia, sem dúvida, da prosperidade do grupo social em questão (na época, uma
minoria de britânicos dispunha dos meios para gerar a poupança adicional necessária), da taxa
de juros oferecida e, evidentemente, da confiança no governo”. Historiando as visões de
dívida pública – rentista, progressista e contemporânea - Piketty afirma: “(...)(visão rentista)
no século XIX a dívida rendia muito, o que era uma vantagem para os credores e reforçava a
riqueza privada, no século XX a dívida foi corroída pela inflação (...) (visão progressista)
permitiu que se financiassem os déficits com os recursos daqueles que tinham emprestado ao
Estado (...) (visão contemporânea) no século XXI esta visão continua a impregnar os
espíritos, ainda que a inflação tenha voltado a níveis mais altos que do século XIX e seus
efeitos redistributivos sejam relativamente obscuros. (...) Foi no final dos anos 70, década
caracterizada por uma mistura de inflação alta, aumento de desemprego e relativa estagnação
econômica (a “estagflação”) que um novo consenso dominante a favor de uma inflação baixa
se desenvolveu.”
Também curiosa e progressista era a visão de Keynes em 1936 para reduzir a dívida
pública:
“(...) a inflação, aceita pelo Reino Unido a contragosto por causa da forte defesa nos meios
conservadores do padrão-ouro de antes de 1914, era a maneira mais simples – ainda que não a
mais justa – de reduzir o peso do endividamento público e das riquezas do passado”.
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.13/30

Existe um debate
em curso sobre o ativismo
ou não de política fiscal. Se
o governo deve ou não
lançar mão destes
instrumentos. Este debate
toma a forma de orçamento
equilibrado (contra política
fiscal) versus política fiscal
ideal (pró- política fiscal).
Na Figura 7-20 está
sumariado este debate. Os
que defendem o ativismo
da política fiscal
argumentam que o déficit deve ser usado para estabilizar a saída e o emprego, tem efeito
anticíclico para as flutuações na renda e redistribuir renda através de gerações, quando
apropriado. Os contra o ativismo da política fiscal discordam, particularmente daquele último
argumento do déficit intergeracional, pois, dizem, os futuros contribuintes não podem
participar do processo decisório, portanto, seus argumentos não podem ser levados em conta.
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.14/30

Outro aspecto relevante


são os possíveis efeitos fiscais
sobre a política monetária. Uma
maneira para reduzir a dívida
pública é imprimir moeda, por
conseguinte, aumentar a inflação
para reduzir o valor real da dívida
à custa dos detentores de títulos.
Embora a política fiscal possa
guiar a política monetária em
situações clássicas de
hiperinflação, de maneira geral os
governos sabem dos malefícios da inflação. Atualmente a maioria dos BCs tem alguma
independência política (discutiremos adiante) de autoridades fiscais.

Na Figura 7-22 estão


listadas as dimensões
internacionais dos déficits
públicos de um país.

Resumidamente, a dívida
governamental pode ter os
efeitos:
1) Pode levar à inflação;
2) Políticos podem transferir
o fardo dos impostos da
geração atual para a
geração futura;
3) Pode reduzir a credibilidade política internacional do país. Por consequência diminui a
atratividade do investimento estrangeiro.

Um país pode reduzir a relação dívida/PIB de 4 formas:


1) Calote – repudiar a dívida abertamente;
2) Imposto direto sobre detentores da dívida – este e o anterior apresentam o grande
custo da perda de credibilidade, o que pode comprometer novos empréstimos;
3) Subir a inflação – pulveriza-se a se ela não for indexada e se ela é majoritariamente de
longo prazo. Foi o que aconteceu com a Alemanha no século XX, segundo Piketty: “...
a Alemanha, por Excelência, foi o país que eliminou com a inflação o seu déficit
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.15/30

público no século XX (...) hoje (2012) tem o seguinte paradoxo: o país que mais usou
a inflação para se livrar das dívidas do século XX não quer ouvir falar de uma alta
superior a 2% a.a.”
4) Resgatar títulos com superávits primários – tem sido muito usado ultimamente, mas
apresenta custos políticos10.

10O debate gira em torno de produzir superávit primário para reduzir o estoque da dívida versus usar
estes recursos para educação, saúde, saneamento, etc.
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.16/30

Nesta seção vamos nos debruçar principalmente nas questões de política monetária, ou
seja, o policemaker em questão é o presidente do BC.

Três questões a considerar: ativismo do BC, regras versus discrição e


independência do
BC.

Na Figura 7-
25 estão os
argumentos pró-
políticas ativas, a
primeira questão
sobre políticas.
Essencialmente se
entende que o
ativismo pode reduzir
a gravidade e a
duração da crise, ou
mesmo, se possível,
impedi-la!
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.17/30

Exemplos mais citados pró- política ativa tem sido: (1) Comparando a crise do
subprime nos EUA de 2008 com o crash de 1929, a omissão de ação em 1929 levou a uma
quebradeira geral e, talvez, a maior guerra mundial, enquanto a injeção de recursos públicos
em bancos e empresas nos EUA e Reino Unido, berços do capitalismo, talvez tenha salvada a
economia de consequências trágicas; (2) Na prática, quase todos os países mais desenvolvidos
tem frequentemente adotado políticas anticíclicas, ainda que o discurso para os outros países
menos desenvolvidos seja ultra liberal.

Na Figura 7-26 estão listados argumentos contra o ativismo. Se a política fiscal requer
ação no Congresso, então
é de se esperar que seus
efeitos sejam longos e
difíceis. Já a política
monetária poderia
trabalhar com defasagens
menores, mas as firmas
fazem seus planos de
investimento
antecipadamente e
defasagens mais longas ou
incertas tornam previsões
difíceis. Também, se as
condições mudam antes
de se sentir o impacto da
política, ela pode ter efeito contrário, ou seja, pode desestabilizar a economia.

Estabilizadores
automáticos são políticas
que estimulam ou
deprimem a economia sem
que se faça mudança
política deliberada. Por
exemplo, no imposto de
renda a fatura fiscal de
cada pessoa depende da
sua renda. Em recessão,
rendimentos médios caem,
a pessoa paga menos
impostos. É como se o
governo desse um corte de
imposto nas recessões. Já o
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.18/30

seguro-desemprego reduz a queda no rendimento do desempregado e ajuda a reduzir a queda


na demanda agregada durante a recessão. A assistência social faz uma função semelhante.
De modo geral previsões em Macroeconomia levam em conta modelos que são
versões mais elaboradas de
IS-LM-OA-DA. Os
parâmetros de cada
equação (por exemplo, a
sensibilidade da taxa de
juros em relação aos
investimentos) são
estimados com dados reais.
Em seguida, alterando os
valores das variáveis
exógenas, ou especificando
os choques de preços ou de
outras alterações, os
modelos macroeconômicos
geram previsões de todas as
variáveis endógenas (PIB, taxa de juros, desemprego, inflação) em diversos horizontes
temporais após o choque ou da mudança de política. A questão é que as previsões podem não
ser precisas, políticas podem desestabilizar a economia.

Um dos fatores que mais afeta os modelos são as expectativas. Lembre que a curva de
Phillips no módulo 5
consideravam-se as
expectativas: um aumento
no crescimento da moeda e
da inflação reduz somente
o desemprego se a inflação
esperada permanece
inalterada. Talvez tenha
sido este o caso no
passado. Mas agora, se
aumentar o crescimento da
moeda fizer as pessoas
criarem expectativas de
inflação, o desemprego
pode não cair. É esta a
chamada “Crítica de Lucas”.
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.19/30

Exemplo2: Use a “Crítica de Lucas” e a curva de Phillips e mostre graficamente o


efeito indicado por Lucas.
Respostas: Talvez em sala de aula.

Na Figura 7-30
se confrontam dados
reais e previstos. Cada
linha verde representa
a média das últimas 20
previsões. Observe que
as três primeiras
previsões falharam em
prever a severidade da
recessão, enquanto as
três últimas previsões
falharam em predizer a
velocidade de
recuperação. Estes
erros de previsão
podem ser vistos como
argumentos contra o ativismo das políticas.

Por outro lado,


na Figura 7-31 mostra
o como se passou o
confronto das
volatilidades do PIB e
da inflação nos EUA
ao longo de quatro
décadas e meia. Como
nas duas últimas
décadas coincide com
a época em que mais
se lança mão de
ferramentas
econométricas e
modelos
macroeconômicos e
vemos que o PIB e a
inflação tem se tornado menos volátil após os 1980s, este resultado poderia ser argumento a
favor do ativismo político ou pelo menos da confiabilidade nas previsões.
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.20/30

A segunda questão sobre políticas econômicas se refere à forma de condução: por


regras ou com discricionarismo. Numa política monetária conduzida por regras, o
policemaker anuncia
antecipadamente como a
política responderá a
várias situações e, a seguir,
se compromete com o que
anunciou. Já na condução
com discrição, à medida
que os eventos vão
ocorrendo e as
circunstâncias forem
mudando, os policemakers
ajustam e aplicam ações
que se mostrarem mais
apropriadas no momento.
O principal
argumento pró- discrição é que este manejo dá maior flexibilidade em resposta ao inesperado.
Por exemplo, Alan Greenspan, presidente do FED à época, criticava a “exuberância
irracional” da economia americana em 2007, mas comprometido com regras liberais nada fez,
e assim, ocorreu a crise do subprime de 2008.

Nas Figuras 7-32 até 7-34 são dados argumentos pró- regras, basicamente a
desconfiança em
policemakers e do
processo político (tais
desconfianças elevam os
problemas de expectativas
dos agentes econômicos) e
a inconsistência temporal
da política discricionária
(para quem precisa, como
empresários, traçar
cenários e estratégias com
horizonte temporal amplo,
ser enganado no momento
da tomada de decisão
nunca é uma boa ideia!).
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.21/30

Nos tempos atuais, a


escolha por condução com
regras tem sido amplamente
majoritária. Conforme a
tendência econômica
predominante, várias regras de
política monetária podem ser
seguida. Algumas delas estão
listadas na Figura 7-35. Uma,
numa linha monetarista, manter
a taxa de crescimento da oferta
de moeda constante. Outra é
perseguir a meta de taxa de
crescimento do PIB nominal,
configurando uma condução
adaptativa, mas ainda por metas.
Outra ainda, talvez a mais
amplamente adotada, é manter a
meta da taxa de inflação.

Considerando formas de
modelar o comportamento do
policemaker quanto a regras,
uma das mais estudadas é a
regra de Taylor, mostrada nas
Figuras 7-36 e 37. A regra de
Taylor é uma proposta de modelar os fundos federais (EUA) com fatores empíricos que
tentam aproximar o comportamento real destes fundos. A título de exercício, vamos mapear
esta regra de Taylor ao caso brasileiro. A equação fundamental teria como alvo a meta de taxa
nominal dos fundos federais (a taxa Selic no Brasil!) e a correlação buscada com taxa de
inflação e o hiato entre o PIB atual e o de pleno emprego11. A equação da regra de Taylor
capta de forma ponderada o hiato de inflação e o gap do PIB, que é o quanto ele está abaixo
de sua taxa natural:
Y Y
i SEL  i SEL    0,5(   )  0,5( )
Y

11Chama-se hiato da inflação a diferença entre a inflação atual e a inflação desejada. Chama-se hiato
do produto a diferença entre o PIB atual e o PIB de pleno emprego.
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.22/30

Exemplo3: Considere a regra de Taylor para o Brasil onde o BC tem como ideal a taxa Selic
de 2%, meta de inflação de 2%. Estabeleça sua equação e faça uma análise de sensibilidade.
Respostas: A equação de Taylor resulta da substituição direta:
Y Y
i SEL  i SEL    0,5(   )  0,5( ) , então i SEL    2  0,5(  2)  0,5(hiato _ PIB)
 2% Y
2%
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.23/30

Assumindo diferentes valores de inflação e a saída no pleno emprego:


 meta Selic acréscimo
4% 7,0% 1,5%
3% 5,5% 1,5%
2% 4,0% Base
Conclusão: Para cada aumento de 1% na inflação a política monetária é automaticamente
apertada subindo a taxa Selic de 1,5% (taxa de sacrifício. Vide 5-37 e Lista 5-4).

Y Y
Em raciocínio alternativo, observando o termo 0,5( ) da equação de Taylor,
Y
vemos que a cada queda de 1% no PIB abaixo do pleno emprego a política monetária deverá
“afrouxar” de 0,5% na taxa Selic. 

Observemos agora o comportamento concreto da taxa dos fundos federais nos EUA
versus o comportamento previsto teoricamente pela regra de Taylor:

Se de um lado o FED jamais anunciou que segue a regra de Taylor, os resultados


mostrados na Figura 7-38 sugerem que ele de fato segue!
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.24/30

A terceira questão sobre políticas econômicas é sobre a independência do BC. Os que


combatem a ideia de independência do BC criticam fundamentalmente a inconsistência das
políticas econômicas. Os argumentos pró- independência do BC inclui: (1) se BC anuncia
com credibilidade um novo acordo para reduzir a inflação, então a inflação esperada irá cair,
reduzindo a taxa de sacrifício; (2) Como mostra a Figura 7-39, ela em si é um argumento
empírico pela independência do BC. Os detratores deste argumento indicam que o grau de
independência foi estipulado por quem acredita na independência do BC. Adicionalmente,
com outros países como exemplo, a correlação pode não ser tão clara!
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.25/30
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.26/30

ANEXO: Déficit no Brasil e no Mundo


Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.27/30

A dívida pública vista de forma isolada pode não produzir conclusões tão
significativas assim. A seguir é mostrada uma tabela onde além de situá-la em três contextos
históricos da era contemporânea (1994, 2002 e 2014), são mostrados outros indicadores nos
momentos semelhantes (PIB, renda per capita, câmbio com o dólar, salário mínimo, ranking
econômico mundial e reservas internacionais), bem como situamos nestes momentos alguns
dados de três países representativos da economia ocidental.

PIB Renda Salário Câmbio Ranking Dívida Reservas


US$ bi per Mínimo aproximado Mundial Pública Internac.
Capita US$ R$, euro, (economia Bruta US$bi
US$ mil yen/US$ no mundo) (%PIB)
Brasil 2014 2.400 11.208 308 4,0 7º. 35 370

Brasil 2002 504 2.810 88 4,0 14º. 60 37

Brasil 1994 534 3.426 82 0,85 10º. 30 38

EUA 2014 17.400 54.630 - - 1º. 104 120

Alemanha 2014 3.800 46.400 - 1,21 4º. 71,2 180

Japão 2014 4.600 36.700 - 0,008 3º. 220 125

Fontes diversas
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.28/30

7 - Exercícios Propostos:

7-1) Em 1979 o déficit nominal nos EUA era US$28 bilhões, a inflação era 8,6% e a dívida
era de US$ 495 bilhões no começo do ano. Analise o crescimento da dívida nominal.

7-2) Use a “Crítica de Lucas” e a curva de Phillips e mostre graficamente o efeito indicado
por Lucas.

7-3) Considere a regra de Taylor para o Brasil onde o BC tem como ideal a taxa Selic de
2%, meta de inflação de 2%. Estabeleça sua equação e faça uma análise de
sensibilidade. Conclua a taxa de sacrifício e a cada 1% de queda no PIB corresponde a
que afrouxamento na taxa Selic?

7-4) a) Detalhe as funções econômicas do setor público. b) Em se tratando da dívida de um


país, detalhe quatro problemas na sua medição. Quais são as consequências do
financiamento da dívida pública nas duas visões, tradicional e ricardiana?

7-5) Discuta prós e contras: ativismo do BC; atuação da autoridade monetária com regras
ou com discrição; independência do BC.

7-6) Resume os efeitos de uma expansão fiscal para as variáveis taxa de juros real,
investimentos e saldo líquido externo. Considere modelos para economia fechada,
grande economia aberta e pequena economia aberta.

7-7) Caracterize as funções econômicas do setor público.

7-8) Conceitue: (a) déficit primário; (b) superávit primário; (c) déficit operacional; (d)
déficit nominal; (e) formas de financiamento do déficit primário; (f) estabilizadores
automáticos.

7-9) Cite e explique três efeitos perversos da dívida pública. Cite e explique quatro formas
de um país reduzir a relação dívida/PIB.

7-10) Discuta os prós e contras das previsões econômicas sob a luz de modelos, base de
dados e efeitos na inflação e na renda.
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.29/30

7 - Respostas Selecionadas

7-1)
(Fig 7-11)

7-2)
(Fig 7-29)
A crítica de Lucas assinala que aumento da taxa de crescimento da moeda pode elevar a
inflação esperada, então o desemprego não necessariamente
cairia. Sinteticamente, a sua lógica é que se  (M ,  ) ,
considerando também as expectativas racionais (vide Figs 5-33
e 34), então   somente se  e inalterada. Porém, se   e ,
então a Curva de Phillips apenas se desloca para cima e o valor
de  não se altera, como na figura.
8- A explicação econômica é que se aumentar o crescimento
da moeda, pode fazer as pessoas criarem apenas expectativas de inflação, então se
antecipa a subida da inflação sem que o desemprego caia.

7-3)
(Fig 7-36/37)

7-4) a) (Fig 7-7)


b) (Figs 7-11/12/13)

7-5)
(Figs 7-25 até 31) – Ativismo do BC
(Figs 7-32 até 38) – Regras e Discricionarismo
(Fig 7-39) – Independência do BC

7-6)
(Fig 7-4) e em módulos anteriores

7-7)
Já respondido em 7-4a.

7-8) Conceitue: (a) ; (b) ; (c) ; (d) - (Fig 7-8) (e) (Fig 7-9) ; (f) (Fig 7-27)
Módulo 7 – PF, Déficit, Estabilização Macroeconomia 2017 Pg.30/30

7-9)
Efeitos perversos:
(Fig 7-22)
Dívida pública pode:
(1) Levar à inflação (por si só um efeito perverso);
(2) Políticos podem transferir o fardo dos impostos da geração atual para a geração futura (a
maior perversidade envolvida é que os cidadãos do futuro não estão aqui para se defender!);
(3) Reduzir a credibilidade política internacional do país, assim, reduzir a atratividade de
investidores estrangeiros, déficit comercial e importância do país em assuntos internacionais.

Redução Dívida/PIB:
(Fig 7-23).

7-10)
(Figs 7-28/29/30/31)
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.1/29

Módulo 8 – Crescimento Econômico

1 – Fundamentos da macroeconomia
2 – Contabilidade social e matriz I-P
3 – Lados – real e monetário
4 – Análise IS-LM
5 – Inflação, oferta agregada, curva de Phillips
6 – Setor externo, modelo M-F
7 – Política fiscal, déficit público, estabilização
8 – Crescimento econômico
9 – Políticas de crescimento econômico

Resumo deste módulo: Crescimento econômico versus desenvolvimento econômico; Modelo


básico de Solow; Regra de ouro do estoque de capital; Crescimento populacional e modelo de
Solow.

Anexos:
Problemas propostos
Respostas selecionadas
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.2/29

Modelos de crescimento e de desenvolvimento econômico é o tema destes dois


últimos módulos. O objetivo geral é entender porque os países pobres são pobres, ajudar a
projetar políticas capazes de ajudá-los a crescer, entender como a taxa de crescimento de
países ricos é afetada por choques e políticas governamentais.
Neste módulo 8 o alvo é chegar ao modelo de Solow e verificar como padrões de vida
de países dependem de suas taxas de poupança e de crescimento populacional. Também é
objetivo usar certa “Regra de Ouro” para achar ambos os valores ótimos: da taxa de poupança
e do estoque de capital.
Preliminarmente, como mostra a Figura 8-3, é preciso diferenciar crescimento
econômico de desenvolvimento econômico. O primeiro é o crescimento contínuo da renda per
capita ao longo do tempo. A ênfase são as questões de curto prazo ou conjunturais
relacionadas com as chamadas políticas de estabilização que atuarão sobre o nível de
atividade, o emprego e os preços. Já o desenvolvimento econômico tem um perfil mais
permanente e sustentável, as estratégias são então de longo prazo e os indicadores são
variáveis de natureza também qualitativa tais como pobreza, desemprego, desigualdade,
condições de saúde, nutrição, educação saúde, nível educacional e moradia.
Entender como atuar para ajudar países sair da pobreza pode fazer grande diferença
tanto na vida de bilhões de pessoas, quanto na criação de novos mercados. Nos 20% dos
países mais pobres a taxa calórica diária ingerida é 1/3 mais baixa que nos 20% mais ricos, a
taxa de mortalidade infantil é de 200 por 1000 nascimentos, quando é de 4 por 1000 nos
países mais ricos.
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.3/29

Como mostra a
Figura 8-4, um aumento na
renda de 10% significa um
decréscimo de 6% na
mortalidade infantil. No
exemplo mostrado na figura
está também ilustrado a
correlação entre crescimento
da renda e a redução da
pobreza para um país
específico que poderia
simbolizar muitos outros em
desenvolvimento (ou
precisando de desenvolvimento).

Na Figura 8-5 fica mais claramente caracterizada a relação inversa entre renda per
capita e pobreza. Observe ainda a posição intermediária do Brasil com respeito a este
parâmetro.
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.4/29

Diferentes estratégias têm sido postas em prática por países para alcançar
desenvolvimento
econômico. Na Figura 8-6
estão listadas as
principais. De forma geral
se entende como
estratégia mais natural
para atingir este fim é a
industrialização, é sabido
que o setor industrial
apresenta cadeia
produtiva mais profunda.
No entanto, as coisas
podem não ser tão fáceis
assim. Teria campo para
todos se industrializarem?
Seriam alguns países
mais propensos a outras direções por conta de dimensões territoriais, diversidade de ambiente,
recursos naturais, clima, água, etc.? Teriam alguns países razões para desenvolver
complementaridades e sinergias com seus vizinhos ou mesmo com países não vizinhos?
Vejamos.
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.5/29

Mesmo para
países ricos, ainda
que choques ou
políticas
governamentais
tenha pequeno
impacto na taxa de
crescimento de
longo prazo, poderá
ter grande impacto
sobre o padrão de
vida em longo prazo.
O exemplo da
Figura 8-7 explora
quais seriam os efeitos de um aumento de 0,5% na taxa de crescimento e o correspondente
aumento do padrão de vida ao se acumular muito tempo.

Por fim,
nestes comentários
preliminares,
indicamos que o
consenso quanto ao
crescimento
econômico é que os
recursos estejam
plenamente
empregados. Neste
sentido os valores
nesta direção são
aqueles cinco
apontados na Figura
8-8: aumento e
melhoria da mão de
obra, aumento do estoque de capital, melhoria tecnológica e eficiência organizacional.

O que veremos a seguir é um modelo que, de início, busca se amparar em algum outro
modelo que já estudamos e que seja simples, como o que vimos nos módulos 2 e 3 com o
equilíbrio entre oferta e demanda agregada no LP e o modelo de “fundos emprestáveis”.
Trata-se do modelo de Solow.
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.6/29

O que se pretende responder com o modelo básico de Solow está listado na Figura 8-
10. Em suma, queremos tratar dos determinantes do crescimento econômico e do padrão de
vida no longo prazo.
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.7/29

O ponto
de partida é o
modelo dos
fundos
emprestáveis,
visto na sua
forma mais
simples. Em um
gráfico r Y
(taxa de juros
real por
produção) com a
poupança
igualando os
investimentos,
assim:
S  Y  C (Y  T )  G é uma reta vertical e I  I (r ) é uma reta negativamente inclinada. O
ponto de equilíbrio ilustra a que taxa de juros aqueles que emprestam iguala aos que buscam
por empréstimo, tudo o mais considerado constante (na produção o capital K é constante, o
trabalho L também).
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.8/29

O modelo
básico de Solow é o
mesmo, porém com
algumas
modificações
cosméticas: (1) o
capital não é mais
fixo porque o
investimento faz com
que ele cresça ou a
depreciação faz com
que ele encolha; (2) o
trabalho também não
é mais fixo, pois a
população cresce; (3) o consumo será simplesmente o que não se poupou; (4) por
simplicidade se desconsidera as variáveis relativas ao governo. Desta forma a função de
produção será Y  F ( K , L) . Interessa no modelo de Solow a saída normaliza, per capita.
Então se redefine as variáveis: y  Y / L , saída por trabalhador; k  K / L , capital por
trabalhador. Ainda por simplicidade se assume retornos constantes de escala
( zY  F ( zK , zL) ), de modo que se fizermos z  1 / L , então Y / L  F ( K / L,1) . Finalmente:
y  F (k ,1)  f (k ) , que indica quanta saída um trabalhador pode produzir com k unidades de
capital (ou seja, o mesmo que buscamos nos módulos 2 e 3, só que, aqui, normalizado). O
gráfico do modelo dá conta de y  f (k ) , como na Figura 8-12. A inclinação desta função é o
produto marginal do capital PMgK , que vai decrescendo com o aumento de k , pelas razões
que já analisamos em Microeconomia.
Além da função
de produção teremos as
funções consumo,
poupança e
investimento. Se s é a
fração da renda que é
poupada, poupança e
consumo são definidos
simplesmente: sy é a
função poupança,
c  (1  s) y é a função
consumo. Como
partimos do modelo
sem governo e como
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.9/29

definimos o modelo de “fundos emprestáveis” – ou se consome, ou se poupa, i  y  c  sy .


Em outras palavras sf (k ) é a função investimento. Observe que a taxa de juros r não aparece
explicitamente no modelo, ela está implícita em i . A taxa r ajusta todo tempo I  S , como
prescreve o modelo de “fundos emprestáveis”, ou i  sy aqui em Solow.

Olhando-se a
demanda por bens e a
função de produção
podemos plotar em um
mesmo gráfico o que se
produz, o que se consome,
o que se poupa, portanto, o
que se investe, tudo
normalizado por
trabalhador. É o que mostra
a Figura 8-14. A taxa de
poupança s determina a
alocação de saída entre
consumo e investimento.

A questão é: como cresce o estoque de capital? Existe um regime permanente que o


caracterize? Duas forças influenciam o estoque de capital: (a) investimento – gastos em
plantas fabris e
equipamentos; (b)
depreciação – desgaste do
capital velho. A
depreciação reduz o
estoque de capital. Se  é
a fração do capital que se
desgasta ao longo de um
período, ou ainda, a
depreciação é proporcional
ao estoque de capital e
podemos contabilizar k
como a depreciação do
capital por trabalhador,
uma reta de inclinação  ,
como mostra a Figura 8-15.
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.10/29

Vemos então
que o investimento tem
um impacto positivo no
estoque de capital,
enquanto a depreciação
tem um impacto
negativo. Ou ainda, a
mudança no estoque de
capital ou é positiva
através de
investimento, ou é
negativa através da
depreciação. Isto nos
leva à equação central
de Solow,

k  i  k  sf (k )  k . A equação é também chamada de equação de movimento do capital,


pois permite contabilizar ao longo do tempo os acúmulos e os esvaziamentos de estoque de
capital. Observe que se fica determinado em qualquer momento o acúmulo de capital, as
outras variáveis de interesse também são determinadas (são endógenas!): renda é y  f (k ) e
consumo c  (1  s) f (k ) .

Se o investimento é apenas suficiente para cobrir a depreciação, ou seja, sf (k )  k ,


então o capital por trabalhador permanecerá constante, vale dizer: k  0 e não há mais
movimento do capital. É
esta situação que se
chama Estado
Estacionário do
estoque de capital,
denotaremos k * . A
Figura 8-17 destaca que
a sua obtenção se dá no
ponto de encontro das
funções investimento e
depreciação.
Abaixo do k *
investimento excede a
depreciação, então o
estoque de capital deve
crescer, acima de k * a
depreciação excede o investimento, então o estoque de capital deve encolher.
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.11/29

O modelo básico de Solow também mostra como a poupança afeta o crescimento. Se a


taxa de poupança s é alta, a economia terá um grande estoque de capital e nível alto de saída.
Se a taxa é baixa, a economia terá um pequeno estoque de capital e baixo nível de saída.
Por fim, o modelo mostra que um aumento na taxa de poupança leva o estoque de
capital crescer em direção a um novo estado estacionário. Tudo isto veremos em detalhes e
exemplos.
A sequência das Figuras 8-18 até 8-24 mostra o movimento em direção ao estado
estacionário do estoque de capital, supondo um ponto de partida k  k * .
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.12/29

Como mostra a
Figura 8-24, enquanto
não se chega ao estado
estacionário, o
investimento será maior
que a depreciação então
“puxará” k na direção
de k * . Se o ponto de
partida fosse além do
estado estacionário,
k1  k * , a depreciação
maior que o
investimento reduzirá
k na direção de k * .
Resultado: a
convergência é o estado estacionário do estoque de capital.

Exemplo1: Considere a função de produção agregada Y  F ( K , L)  K  L e taxa de


poupança de 30%,
a taxa de
depreciação de
10%, como na
Figura 8-25. De
início a economia
opera com 4
unidades de capital
para cada
trabalhador.
Mostre o passo a
passo em direção
ao estado
estacionário.
Caracterize os
valores do estado
estacionário
(capital por trabalhador, renda por trabalhador e consumo por trabalhador).
Respostas: Na planilha Solow+b.xls. O passo a passo é mostrado também na Figura 8-
26.
A equação de movimento do capital diz: k  sf (k )  k
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.13/29

A solução do EE (estado estacionário): k  0  sf (k*)  K * , então com os valores


dados 0,3 k *  0,1k*  k*  9; y*  k *  3; c*  (1  s) y*  (0,7)(3)  2,1
Os cálculos sistemáticos da planilha mostrada na Figura 8-26 confirmam estes valores. 

8-26
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.14/29

As predições do modelo de Solow mostram que taxas de poupança e investimentos


mais altos levarão a níveis mais altos de capital e renda por trabalhador no longo prazo. Tal
situação está ilustrada na Figura 8-27. Podemos agora voltar com as variáveis governamentais.

O reverso do mostrado na Figura 8-27 também é verdade. Uma queda em s (por


exemplo, por corte de T ou por aumento de G ) leva, em última análise, segundo o modelo a
diminuir o padrão de vida! O modelo de Solow permite ver os efeitos dinâmicos no longo
prazo: a expansão fiscal diminui a taxa de poupança e investimento. Considerando cada caso:
(1) Em EE ( i  k , então investimento apenas cobre depreciação), então  i acarreta  k ,
 produtividade e  y em direção a um novo EE mais baixo; (2) Aquém de EE ( i  k ),
então  k ,  produtividade e  y mais lentamente e reduz seu valor EE. As evidências
empíricas de tais predições de Solow podem ser vistas na Figura 8-28.

Para efeito comparativo, observe, por exemplo, Etiópia e Japão. O Brasil não aparece
na figura, mas está situado em posição intermediária, perto de México e Argentina.
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.15/29

*
O valor do estado permanente de k (chamaremos k gold ) que maximiza o consumo é
chamado “Regra
de Ouro do Estado
Estacionário”.
Observe
que diferentes
valores de s levam
a diferentes EE.
Qual o melhor? O
que faremos aqui é
adotar o critério do
maior valor
possível do
consumo por
pessoa.
Da identidade
inicial yci
derivamos
c y i (1).

No EE c*  f (k*)  k * .
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.16/29

É esta função que queremos maximizar, vale dizer, encontrar qual valor de k * que
maximiza esta função de consumo. Observe que mudaremos a variável independente em
relação ao modelo de Solow de k para k * . Como agora estamos sempre no EE, então
i*  k * porque em EE
k  0 sempre.

A Figura 8-31
ilustra o que estamos em
busca agora.

Às vezes se
confunde este gráfico
com o outro gráfico do
modelo de Solow, as
curvas parecem
semelhantes. Porém,
além da mudança de
variável neste gráfico que
permite achar a Regra de Ouro do Estado Estacionário a solução almejada não é uma
intercessão e sim uma inclinação. Na Figura 8-32 estão listadas as quatro diferenças entre os
dois gráficos.

As curvas de interesse agora são a função de produção e função depreciação, ambas


tendo como variável independente k * . Um pouco de matemática nos revela que o máximo de
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.17/29

uma função acontece quando sua derivada primeira iguala a zero. A derivada primeira da
função de produção é o produto marginal do capital, a derivada primeira da reta de
depreciação é a taxa de depreciação  .
Observe que em Economia não se caminha automaticamente para a Regra de Ouro do
Estado Estacionário. Se
nós queremos um estado
estacionário do estoque
de capital particular,
precisamos de uma taxa
de poupança que o
suporte!
A Figura 8-33
mostra o que já
prenunciamos: o valor de
*
k gold é tal que
PMgK   porque
derivamos e igualamos a
zero a função c * . Ou
ainda, igualamos as
inclinações das duas
funções.

Levar uma economia


para a Regra de Ouro do
Estado Estacionário é uma
tarefa que pode ser
desempenhada por
policemakers. As diversas
formas de fazê-lo estão
listadas na Figura 8-34. O
ajuste que queremos, ao fim
e ao cabo, nos leva a um
novo estado estacionário,
por definição com consumo
mais alto. Interessa agora
analisar o que acontece com
o consumo durante a transição para a Regra de Ouro?

Dois cenários diferentes com resultados diferentes são considerados: transição para
Regra de Ouro iniciando com muito capital e transição para Regra de Ouro com muito pouco
capital. Analisemos cada um dos dois casos a seguir. Em todos os casos vamos supor as
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.18/29

varáveis relevantes em estado estacionário (constantes) e um choque na poupança fará o


movimento a ser analisado.

Se k*  k gold
*

como
c*  f (k*)  k * , um
aumento de c * requer
redução de s (poupa
menos implica que
consome mais).
Supondo que o
choque de redução de
s ocorra em t 0 .
Imediatamente sobe a
variável c e desce a
variável i (porque a
poupança reduziu),
mas k não pode modificar imediatamente, portanto y também não.

Como c  y  i , então c  y  i  0  i  i , o consumo vai diminuir. A partir


de t 0 como poupança
e investimento caíram,
então a depreciação
está maior que o
investimento, então k
cai em direção a um
novo e mais baixo
valor do estado
estacionário Por
consequência da caída
de k também caem
y , c e i , pois todos
eles são função de k ,
como ilustra a Figura
8-35. O resultado da
queda da taxa de
poupança é que o consumo se mantém em todos os pontos do tempo maior do que era,
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.19/29

podemos imaginar que todas as gerações ficam melhores. Observe ainda que esta é uma
situação confortável para o policemaker atuar na direção da redução da taxa de poupança.
O cenário inicial que descrevemos, convenhamos, não é o mais comum no mundo de
contingências que vivemos ...

Iniciaram-se
com muito pouco
capital, ou seja, se
k*  k gold
*
, ainda
considerando todas
variáveis de interesse
no estado estacionário,
aumentar c * requer
aumentar s (pois
precisa produzir mais,
o que requer
investimentos e,
portanto, poupança).
Então em t0 o
consumo cai abruptamente, o investimento sobe de mesma grandeza. Após este primeiro
momento, poupança e investimento excedem a depreciação e k se eleva em direção a um
novo e mais elevado EE. Por consequência se elevam y , c e i , como mostra a Figura 8-37.
Aqui ocorre o curioso
efeito: para o consumo
se elevar no futuro foi
preciso o consumo cair
abruptamente no
presente. Os
policemakers nesta
situação podem não se
sentir confortáveis em
privilegiar gerações
futuras em detrimento da
geração presente. Porém
existe um argumento
forte: se aumentar a taxa
de poupança, várias
gerações futuras se
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.20/29

beneficiarão, o que torna o sacrifício da geração presente mais aceitável. A Figura 8-38
resume a transição para a Regra de Ouro do Estado Estacionário quando em presença de
pouco capital.

Conclusão: Só com poupança não se garante o crescimento sustentado, a renda per capita fica
constante. Voltaremos a este assunto.

O modelo básico de Solow mostra que a acumulação de capital, sozinha, não pode
explicar o crescimento econômico sustentado. Altas taxas de poupança levam a um alto cresci
mento temporariamente, porém a economia eventualmente se aproxima do estado estacionário
no qual capital e saída são constantes.
Para explicar o crescimento econômico sustentado o modelo acrescenta duas outras
fontes de crescimento. Por ora, vamos acrescentar ao modelo o crescimento da população a
uma taxa constante n . A população, portanto a força de trabalho, crescendo a esta taxa
L
(considerada exógena ao modelo) significa que:  n . Para prover intuição do motor de
L
crescimento econômico pelo crescimento populacional e o uso desta equação:
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.21/29

Exemplo2: Suponha L = 1000 no ano 1 e taxa de crescimento populacional de


2% a.a., qual será a força de trabalho disponível no ano 2?
Respostas: L  nL  (0,02)(1000) = 20. Significa que a força de trabalho passará
a ser 1020 no ano 2 com todas suas implicações em consumo, investimento e
capital. 

Para acrescentar o crescimento populacional ao modelo de crescimento definimos


investimento de “break-even” que é a quantidade de investimento necessário para manter o
capital per capita k
constante. Então, do
ponto de vista
econômico, o
aumento da população
por si só implica na
necessidade de
crescer o capital.
Então, como na
Figura 8-40, este
investimento será
(  n)k , o que
significa que ele deve
incluir uma parte
responsável por
substituir o capital
quando ele se degrada ( k ), e outra parte ( nk ) para equipar os novos trabalhadores com
capital. Observe que se este investimento não ocorresse, o estoque de capital atual se
distribuiria entre mais trabalhadores, portanto k seria menor! Contabilizando agora o “break-
even” a equação de movimento do capital no modelo de Solow passa a ser:

k  sf (k )  (  n)k
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.22/29

O primeiro
termo da direita é o
investimento atual,
o segundo o
investimento de
“break-even”. Estes
dois componentes
de investimentos
estão representados
no gráfico da Figura
8-41.

Na prática,
observe que ao
incrementarmos o
modelo de Solow
com o crescimento
populacional, nós
elevamos a
inclinação da reta de
k para (  n)k ,
ela gira para a
esquerda, o que
induz reduzir o
valor de k * do
estado estacionário!
Na Figura 8-42 está
ilustrado este fato ao analisarmos o que acontece quando de um aumento em n (aumento da
taxa populacional). O valor de k * vai diminuir, portanto diminui também y * .
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.23/29

Este resultado do modelo de Solow prediz que países com maiores taxas de
crescimento
populacional terá
menores níveis de capital
e renda por trabalhador
no longo prazo. As
evidências internacionais
do resultado estão
representadas na Figura
8-43, onde se pode
observar uma correlação
inversa entre renda per
capita e crescimento
populacional. Fica claro
a “moral” do modelo
para países pobres, eles
devem, segundo o
modelo: (1) aumentar a poupança; (2) reduzir o crescimento populacional.
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.24/29

Refaçamos agora a Regra de Ouro do Estado Estacionário, agora considerando o


crescimento populacional. De novo, buscando o consumo máximo em termos do capital per
capita do EE k * (como na Figura 8-30): c*  y * i*  f (k*)  (  n)k * . Derivando esta
expressão e igualando a zero achamos o ponto de máximo: 0  PMgK  (  n) , então o
consumo é maximizado
quando PMgK    n , ou
seja, no ponto ótimo, o
produto marginal do capital
líquido da taxa de
depreciação deve igualar a
taxa de crescimento
populacional. Dito de outra
forma, na Regra de Ouro do
EE se dá pelo produto
marginal do capital líquido
da depreciação. Por ora, ele
iguala a taxa de crescimento
populacional, mas
brevemente vamos
incrementar esta relação para incorporar o progresso tecnológico.

O modelo de Solow nos mostra até aqui que no longo prazo o padrão de vida dos
países depende:
(1) Positivamente de sua taxa de poupança s ;
(2) Negativamente da taxa de crescimento da população n .

Até aqui não foi respondida a questão “o que causa o tipo de crescimento sustentado
da qualidade de vida experimentada na maioria dos países da OCDE12 no longo prazo?”. Tudo
o que foi obtido até agora é que o estado estacionário leva à renda per capita constante! O
progresso tecnológico é o que deve ser acrescentado ao modelo. Mas isto será tarefa do
último módulo ...

12 Organização para Crescimento e Desenvolvimento Econômico.


Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.25/29
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.26/29

8 - Exercícios Propostos:

8-1) Considere o modelo básico de Solow e a função de produção Y = F(K,L) = K1/2L1/2. Se


a economia poupa 30% da renda e se 10% é a taxa de depreciação do capital, então, se
a mesma economia inicia com k = 4 unidades de capital para cada trabalhador,
responda:
a) Qual o valor após um período das variáveis k, y, c, i, k e k?
b) Idem, para o estado estacionário?.

8-2) Suponha L = 1000 no ano 1 e taxa de crescimento populacional de 2% a.a., qual será
a força de trabalho disponível no ano 2?

8-3) Descreva graficamente o impacto do crescimento populacional no modelo básico de


Solow. Defina o que é investimento de “break-even”.

8-4) Considerando no modelo de Solow o progresso tecnológico, se um país apresenta:


- estoque de capital igual a duas vezes e meia o PIB do ano;
- 10% do PIB é usado para substituir capital depreciado;
- rendimentos de capital corresponde a 30% do PIB.
a) De quanto cresce o PIB real por ano?
b) Em relação à Regra de Ouro do estado estacionário, como se encontra o país?

8-5) Derive a expressão da equação central do modelo de Solow na sua forma mais básica.
Derive agora a expressão desta equação levando em conta o crescimento populacional.
Em uma e outra equação está subjacente uma ideia de mobilidade do capital. Explique
isto.

8-6) Mostre as diferenças entre o modelo de Solow e a Regra de Ouro do Estado


Estacionário.

8-7) Descreva a transição para a Regra de Ouro do Estado Estacionário quando se inicia
com muito capital. Quais os resultados esperados no curto e no longo prazo?

8-8) Descreva a transição para a Regra de Ouro do Estado Estacionário quando se inicia
com muito pouco capital. Quais os resultados esperados no curto e no longo prazo?
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.27/29

8-9) a) Discuta as predições do modelo de Solow em termos dos fatos econômicos no


mundo real.
b) O modelo de Solow é considerado uma visão otimista, na medida em que propõe
condições que levariam uma economia a alcançar uma “trajetória de crescimento equilibrado”,
diminuindo desigualdades , ao contrário do que preconizavam David Ricardo e Karl Marx,
que defendiam, por razões diversas, uma espiral da desigualdade. Nos momentos atuais,
Thomas Picketty argumenta por uma terceira via: no longo prazo, “a força que de fato
impulsiona o aumento da igualdade é a difusão do conhecimento e a disseminação da
educação de qualidade”, no curto prazo, circunstâncias mundiais aumentam (estabilidade) ou
diminuem (guerra, crises) as desigualdades. Comente.

8-10) A conclusão do modelo de Solow é que “embora uma alta taxa de poupança produza
uma alta saída no estado estacionário, a poupança, por ela só, não pode gerar
crescimento econômico persistente”. Discuta as razões desta afirmação.
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.28/29

8 - Respostas Selecionadas

8-1)
a) (Fig 8-25/26)

b) Idem

8-2)
(Fig 8-40)

8-3)
(Figs 8-40/41/42)

8-4)
(Problema referente ao Módulo 9, Problema 9-4, colocado aqui erradamente)

8-5)
(Fig 8-16)

8-6)
(Fig 8-32)
Além da mudança de variável no gráfico que permite achar a Regra de Ouro do Estado
Estacionário, k * e não k , a solução almejada não é uma intercessão, como no modelo de
Solow, e sim duas inclinações iguais ( PMgK   ) . Mais, para a “Regra de Ouro”, as curvas
de interesse agora são a função de produção e função depreciação. Na “Regra de Ouro” não
existe uma dinâmica como no modelo de Solow. A questão da “Regra de Ouro” é achar a
condição de consumo máximo c * , justamente quando se igualam aquelas duas inclinações.

8-7)
(Figs 8-34/35/36)

8-8)
(Figs 8-37/38)
Módulo 8 –Crescimento Econômico Macroeconomia 2017 Pg.29/29

8-9) a)
(Figs 8-28 e 42/43)
O modelo de Solow prevê que o crescimento sustentado é maior quanto maior for a poupança
conseguida pelo país. A Figura 8-28, que relaciona produto per capita (escala logarítmica)
com investimento como percentual da saída para vários países parece confirmar isto.
O mesmo modelo também prediz que países com maior crescimento populacional terá
menores níveis de capital e renda por trabalhador no LP (Fig 8-42). Evidências internacionais
como mostrado na Fig 8-43 (renda per capita versus crescimento da população) parece
confirmar isto.

b)
(em aberto, a afirmação em si é o essencial)

8-10)
(Figura 8-44)
Na sua versão básica o modelo de Solow prevê que uma alta taxa de poupança produz uma
saída alta no EE. Porém, (1) a população cresce e (2) o progresso tecnológico oferece meios
de uma maior taxa de crescimento de forma sustentada. Então o modelo na sua forma básica
apresenta a equação PMgK    n , o termo da esquerda retrata o potencial teórico de
crescimento dado pela Regra de Ouro do Estado Estacionário, e o termo da direita retrata o
potencial prático do crescimento (que deve incluir a taxa de crescimento propiciado pelo
progresso tecnológico)
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.1/27

Módulo 9 – Políticas de Crescimento Econômico

1 – Fundamentos da macroeconomia
2 – Contabilidade social e matriz I-P
3 – Lados – real e monetário
4 – Análise IS-LM
5 – Inflação, oferta agregada, curva de Phillips
6 – Setor externo, modelo M-F
7 – Política fiscal, déficit público, estabilização
8 – Crescimento econômico
9 – Políticas de crescimento econômico

Resumo deste módulo: Progresso tecnológico em Solow, Políticas de crescimento


econômico, Da teoria para o empírico, Crescimento endógeno.

Anexos:
Problemas propostos
Respostas selecionadas
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.2/27

Ao modelo básico de Solow vamos acrescentar o progresso tecnológico. Vamos


resumir o que vimos a respeito até aqui. A saída (produto) agora sofre influência indireta da
eficiência do trabalho.
Esta eficiência afeta
(aumenta) a
produtividade do
trabalhador e, assim,
aumenta a saída.
Chamando E , eficiência
do trabalho, o progresso
tecnológico amplifica o
resultado do trabalho a
E
uma taxa g : g  .
E
Então, a função de
produção reescreve
assim: Y  F ( K , L  E ) ,
onde L  E representa o
número efetivo de trabalhadores. Nestes termos, o aumento da eficiência do trabalho tem o
mesmo poder do aumento da força de trabalho.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.3/27

Reescrevendo as variáveis do modelo básico de Solow em variáveis per capita:

Y
y , que é a saída
LE
por trabalhador efetivo.
K
k , que é o capital
LE
por trabalhador efetivo.
Nestes termos, a função
de produção por
trabalhador efetivo é:
y  fk )

Reescrevendo
poupança e o
investimento por
trabalhador efetivo: sy  sf (k ) . Então, podemos reinterpretar o investimento de break-even,
que introduzimos no módulo passado. Agora ele é (  n  g )k , quantidade necessária para
manter k constante. Observe que aqui apenas gk é novo, parte do investimento, termo para
fornecer capital para os novos “trabalhadores efetivos” criados pelo progresso tecnológico. O
termos k e nk já tínhamos no modelo básico, dando conta, respectivamente da depreciação
e do crescimento populacional.

Já vimos no modelo básico de Solow que no estado estacionário o capital por


Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.4/27

trabalhador k * dependiam da taxa de crescimento populacional (a depreciação era


considerada constante). Podemos então modificar a variável independente do estado
estacionário (EE) para k * . Na Figura 9-5 se encontra transcrito os gráficos de depreciação
(taxa constante) e de saída em função desta nova variável. Vai haver um valor ótimo para k * ,
chamaremos Regra de Ouro do Estado Estacionário, k * gold . Ele acontecerá quando a
diferença da saída for a maior possível frente à depreciação, ou seja, no ponto que a saída tem
a mesma inclinação da depreciação constante. Perceba que se nos alocamos abaixo de k * gold
um aumento do capital aumenta o consumo no EE; se acima de k * gold reduz o consumo. Ou
seja, k * gold é realmente um ponto de maximização do consumo.

Falando de outro modo, a economia precisa de uma taxa de poupança adequada e o

policemaker pode perseguir com seus instrumentos esta taxa. Na Figura 9-6 se encontra as
curvas mencionadas, agora considerando a curva de investimento com a poupança adequada.
Naturalmente para alcançar a Regra de Ouro do EE a taxa de poupança deveria ser s gold e o
EE deveria estabilizar em k * gold .
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.5/27

As variáveis per capita consumo, investimento e capital se modificam ao longo do


tempo. Vejamos a transição para o EE considerando duas hipóteses de início.
Primeiramente imaginemos iniciar com mais capital (vide Figura 9-7 à esquerda) que a
Regra de Ouro EE. Então o policemaker vai atuar para reduzir a taxa de poupança, pois o seu
objetivo seria alcançar k * gold à esquerda (vide Figura 9-6 na página anterior!). A redução da
taxa de poupança ocasiona um imediato aumento de consumo e igual decréscimo no
investimento, então, com o passar do tempo, a saída diminui. Esta situação está resumida no
lado esquerdo da Figura 9-7. Neste caso, a geração atual ganha mais quando se compara com
as gerações futuras (que, de resto, também ganha algo em termos de consumo).

A segunda hipótese a considerar é que iniciamos com menos capital que a Regra de
Ouro EE (vide Figura 9-7 à direita). Neste caso, o policemaker opera para aumentar a taxa de
poupança, portanto, cai o consumo e aumenta abruptamente o investimento, de modo que ao
longo do tempo a saída sobe e se estabiliza em patamar superior, o mesmo acontecendo com o
consumo, que pode alcançar valores até maiores que os originais. Neste caso, ganham as
gerações futuras, perde (em consumo) a geração atual.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.6/27

Vamos a seguir, após este breve resumo do modelo básico, retomar o modelo de
Solow, agora considerando o progresso tecnológico.

Na Figura 9-8 reescrevemos as curvas da equação de mobilidade do capital, agora


modificada para incorporar o progresso tecnológico. A principal diferença em relação ao
modelo básico é que no EE a renda do trabalhador per capita está crescendo à taxa g, ao invés
de ser constante. Naturalmente a linha de investimento break-even é mais inclinada que no
modelo básico, em qualquer valor de k , mais investimento é necessário para prevenir k
diminuir (investimento de gk ).
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.7/27

Na Figura 9-9 resumimos as taxas de crescimento no EE tendo em vista nossas últimas

considerações. Observe que k é constante por definição, y é constante porque y  f (k ) e k


é constante, saída por trabalhador cresce à taxa g e saída total cresce à taxa g  n .

Neste ponto, podemos chegar à Regra de Ouro do nível de capital por dois caminhos.
No primeiro caminho vamos usar detalhes da matemática. Como a derivada do logaritmo é
. .
d 1 x . x
[ln( x)]   , onde x é a derivada de x , a relação 13 representa a taxa de variação de
dx x x x
x. Também o logaritmo de um produto é igual à soma de logaritmos, ln(a.b)  ln a  ln b .
Tomemos o resultado final na figura, Y  y  E  L , então aplicando logaritmo e derivando em
. . . .
Y y E L y
relação a L , obtemos: = + + . Ou se fizermos meramente com variações: +
Y y E L y
0

x
13 Numa relação matemática menos rigorosa, dizemos que a relação representa bem a taxa de
x
variação da variável x , ou ainda, a variação percentual de x .
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.8/27

E L
+ . Observe que o primeiro termo é zero, pois k = 0 e y  f (k ) . Resultado: a taxa
E L
g n

de crescimento do EE é g  n .

Para nossos propósitos, no entanto, nos interessa mais chegar ao mesmo resultado por
outro caminho, menos dependente da matemática, e mais articulado com o raciocínio do

módulo anterior. Vimos no módulo 8 (vide Figura 8-44), apenas considerando o crescimento
populacional, que c*  y * i * = f (k*)  (  n)k * , onde c * é maximizado quando
derivamos esta expressão e a igualamos a zero, então: PMgK    n , ou ainda, no EE i * é o
investimento de break-even e o estado estacionário de k , que maximiza o consumo, k * , é
chamado de Regra de Ouro do nível de capital. Ora, o que estamos fazendo agora é
acrescentar um novo termo para representar o progresso tecnológico, portanto:
PMgK    n  g . Portanto, o ponto ótimo do estoque de capital líquido da depreciação é
igual à taxa de crescimento populacional mais a taxa de crescimento do progresso
tecnológico.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.9/27

As quatro questões listadas na Figura 9-12 são as que interessam ser respondidas sobre
políticas de crescimento pelos policemakers.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.10/27

A primeira, avaliando o valor da taxa de poupança e do estoque de capital. O modelo


servirá para guiar
ações dos
policemakers:
Se
PMgK    n  g ,
então estamos abaixo
da Regra de Ouro do
EE e devemos
aumentar s .
Se
PMgK    n  g ,
então estamos acima
da Regra de Ouro do
EE e devemos
diminuir s .

Exemplo: Considere um país que cresce o PIB a 3% ao ano e que apresenta o estoque de
capital por volta de duas vezes e meia do PIB anual, 10% do PIB é usado para substituir
capital depreciado e rendimentos de capital representam cerca de 30% no PIB. Este exemplo é
hipotético, mas se aproxima dos dados reais dos EUA.
Solução:
Fica então formado o sistema de equações:
k  2.5 y (1) k  0.1y (2) PMgK  k  0.3 y (3)
( 2) k 0 .1 y
: = ,
(1) k 2 .5 y
então  = 0.04
(3) PMgK  k
: =
(1) k
0 .3 y
, então PMgK =
2 .5 y
0.12
Assim: PMgK   =
0.12 – 0.04 = 0.08.
Significa que o PIB
real de 3% a.a. implica
n  g = 0.03, mas
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.11/27

PMgK    0.08  0.03  n  g . Então o país está abaixo da Regra de Ouro do EE, ou seja,
se aumentar a taxa de poupança, terá crescimento mais rápido até alcançar novo estado
estacionário com consumo per capita mais alto. Significa também que o país deveria poupar
mais. Obviamente outras questões caberiam aqui, mas não estamos tratando. Por exemplo,
uma moeda forte e seus impactos. 

A segunda questão trata de quais políticas poderiam ser implementadas para alterar a
taxa de poupança. As possibilidades estão listadas na Figura 9-14: reduzir o déficit
orçamentário ou aumentar o
excedente orçamentário no
setor público; incentivar a
poupança privada, via, por
exemplo, redução de impostos
sobre ganhos de capital,
imposto de renda, imposto
específico para quem não
poupar, etc., substituir o
imposto de renda por um
imposto sobre o consumo,
expandir incentivos fiscais
para contas de aposentadoria
individual e outras contas de
poupança de aposentadoria.
Um leque de medidas, enfim, poderiam ser tomadas para aumentar a poupança.

A terceira questão
para o crescimento
econômico seria a alocação
de investimento na economia.
No modelo de Solow só
existe um tipo de capital. No
mundo real existem vários
tipos:
- estoque privado de capital;
- infraestrutura pública;
- capital humano14, que
consiste no conhecimento e
habilidades que os
trabalhadores adquirem através de educação e treinamento.

14Para Piketty, capital humano não é capital, pois: (1) não pode pertencer a outra pessoa; (2) não pode
ser comprado ou vendido em um mercado permanente, exceto em escravidão.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.12/27

Alocação de investimento se torna uma questão complexa também por conta de


diferentes visões: (1) ponto de vista liberal – equalizar o tratamento fiscal de todos os tipos
de capital e, em seguida, deixar o mercado alocar investimentos para o tipo com o maior
produto marginal; (2) ponto de vista desenvolvimentista – cabe ao governo promover
política industrial. A forma de fazê-lo poderia variar, mas, em geral, levam-se em conta
setores estratégicos para a nação. Dito de outra forma, se reconhece nesta visão que o governo
tem papel ativo, deve encorajar
o investimento em capital de
determinados tipos ou em certas
indústrias, porque eles podem
ter efeitos externos positivos,
que os investidores privados não
consideram. Acredita-se que, de
forma geral, investimento de
longo, tendo tempo de
maturação e certo nível de
incerteza, recai neste figurino.
Por outro lado, esta visão recebe
uma série de críticas, pois, em
última análise, o governo
escolheria alguns em detrimento de outros. Como selecionar? Quem selecionar? O que é
realmente um setor estratégico? O quanto se admite uma parceria público – privada?

A última questão
referente a políticas de
crescimento é o encorajamento
do progresso tecnológico. Neste
sentido, além da política
15
industrial que mencionamos,
outros mecanismos se prestam
para isto:
- lei de patentes – busca
incentivar a inovação através de
concessão de monopólios
temporários para os inventores de
novos produtos, ou lhe outorga
direitos e garantias;

15É sempre bom ter em mente que a indústria de transformação apresenta uma cadeia produtiva
grande, diferente do setor primário e do setor de serviços. Exatamente por isto que se discute política
industrial com maior frequência.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.13/27

- incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento (público ou privado);


- subvenções para financiar pesquisas nas universidades e centros de pesquisas. Difere do
anterior no sentido do financiamento ser de natureza direta.

O modelo de Solow mostra que o crescimento da renda por trabalhador deve vir do
progresso tecnológico, porém o faz exógeno, não o explica. Precisamos de dados empíricos.

Tratemos nesta seção de casos reais quanto ao crescimento ou não do acumulo de


capital. Na última metade do século passado, como ilustra a Figura 9-20, houve uma redução
na saída per capita nos países (todos!) do OCDE.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.14/27

Muitas são as explicações para o fato.


(1) Problemas de
mensuração –
nem sempre e nem
em todos os países
os aumentos de
produtividade
foram medidos
total e de forma
confiável. Porém,
nada nos indica
que as medições
após 1972 foram
piores.
(2) Preços do
petróleo – A
desaceleração da produtividade ocorreu mais ou menos simultâneo ao(s) choque(s) de
petróleo comandado(s) pela OPEP. Porém, quando o preço do petróleo caiu nos
meados de 1980 a produtividade não acelerou.
(3) Qualidade do trabalhador – novos trabalhadores são menos produtivos que
trabalhadores experientes. Verificou-se que nos anos 1970 ingressou um contingente
jovem e mulheres no mercado de trabalho. Porém, este argumento tem sido acusado de
conter certa dose de preconceito;
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.15/27

(4) O esgotamento das ideias – talvez a desaceleração do crescimento de 1972 – 1995 seja
o normal, a anormalidade seria o rápido crescimento no período 1948 – 1972.

Poderíamos ainda considerar uma combinação de todos estes efeitos (e outros mais!).

Na Figura 9-22
acrescentamos a coluna relativa
ao período 1995 – 2000, o
período do estabelecimento nos
processos produtivos da
Tecnologia da Informação.
Observe o leitor que, à exceção
da Alemanha e do Japão, os
países da OCDE experimentaram
uma reversão no crescimento da
saída per capita. Salta aos olhos
a reversão verificada na Itália.

Aparentemente a revolução da TI não afetou a produtividade agregada até meados dos


anos 1990. São identificadas duas razões para isto:
(1) Parcela do PIB da
indústria de computadores
foi muito maior no final
dos anos 1990s do que no
começo;
(2) Leva tempo para as firmas
determinarem como usar a
nova tecnologia mais
eficientemente.
Os casos extremos apontados
poderiam ter a explicação
econômica: Japão e Alemanha
estão entre os países precursores
de uso de TI em seus parques industriais, o os ganhos de produtividade possivelmente
apareceram ali antecipadamente e ao final da década os efeitos já não eram tão
pronunciados. A Itália possivelmente por agregar TI em momento posterior teve ganhos
mais abruptos por usufruir depois de tecnologia já maturada e disponível.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.16/27

De qualquer modo restam as questões:


- O surto de crescimento de 1990 continuou menor nos 2000s. Será que continuará?
- TI permanecerá como um motor do crescimento?

As respostas são incertas. Hoje se sabe que nos anos 2000s outros motores do
crescimento se impuseram,
particularmente o preço das
commodities. No entanto,
mesmo estes, nos anos 2010s
parecem em declínio. Fica,
pois, a discussão em aberto.

Voltemos ao
cotejamento do modelo de
Solow e os resultados
empíricos. O EE do modelo
de Solow apresenta
crescimento balanceado:
prediz que a saída por
Y
trabalhador, , e o estoque
L
de capital por
K
trabalhador, ,
L
crescem ambos à taxa
g , que é a taxa do
progresso tecnológico.
O progresso tecnológico
também afeta os preços.
O salário real cresce à
taxa do progresso
tecnológico, enquanto o
preço do capital
permanece constante,
então a razão capital-
saída é constante Estas
predições parecem se
confirmar no mundo real, mas os críticos de Solow dizem ser excesso de otimismo! Uma
Y K
consequência das predições de Solow é que os países pobres (baixos e ) devem crescer
L L
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.17/27

mais rápido que os países ricos, o que significaria uma diminuição do gap entre ricos e
pobres. Diz-se que Solow prevê a convergência condicional, como mostra a Figura 9-25,
também chamado de efeito catching-up. A hipótese é que países mais pobres tendem a crescer
mais rápido que os ricos em termos per capita porque retornos decrescentes do capital não são
tão fortes quanto nos países ricos. Além do mais, os países pobres podem replicar métodos de
produção, tecnologia e instituições já testadas e vitoriosas dos desenvolvidos. As condições
são a poupança, o crescimento populacional e a educação. Japão e Alemanha do pós-guerra
foram os exemplos mais agudos deste efeito.

Os críticos da teoria da convergência apontam dois problemas principais:


1) O mecanismo não
garante a
convergência da
renda per capita,
no máximo a
convergência do
produto per capita.
Então, poderia, ao
contrário,
perpetuar a
diferença entre
pobres e ricos;
2) Mecanismo de
mobilidade do
capital não é o
fator principal de
convergência entre países. As evidências, dizem os críticos, são mais presentes nos
“tigres asiáticos”, que se apoiaram, sobretudo, na abertura do mercado internacional de
bens e serviços, nem tanto na livre circulação dos fluxos de capitais. Modelos de
crescimento endógenos, neste caso, supõem que agentes econômicos respondem a
estímulos de mercado e buscam a inovação tecnológica.

Neste sentido, Piketty afirma: “(...) maior parte dos ganhos provenientes da abertura do
comércio internacional advém da difusão do conhecimento e do aumento dinâmico da
produtividade, e não dos ganhos relacionados à especialização”.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.18/27

Voltando às predições de Solow, duas razões explicam porque a renda per capita em
uns países são mais baixas que de outros:
1- Diferenças no capital (físico ou humano) por trabalhador;
2- Diferenças na eficiência da produção.

As razões que levam o fator multiplicativo da eficiência do trabalho a uma espiral virtuosa
pode ser assim colocada: a eficiência de produção encoraja acumulação de capital, e esta
apresenta externalidades que elevam a eficiência. Para além destas razões, uma terceira
variável ainda desconhecida e não prevista no modelo faz com que a acumulação de capital e
a eficiência serem maior em certos países que nos outros. Posto em termos simples, em países
pobres trabalhadores ou não tem as ferramentas e habilidades, ou não põe suas ferramentas e
habilidades para seu melhor uso.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.19/27

Para além do
modelo de Solow, a
Teoria do Crescimento
Endógeno rejeita a
premissa básica de Solow
de a mudança tecnológica
ser exógena. Enquanto no
modelo de Solow a taxa de
crescimento do progresso
tecnológico é dada, na
Teoria do Crescimento
Endógeno se explica
decisões através da criação
de conhecimento com o
uso de pesquisa e desenvolvimento.

O modelo começa com uma simples função de produção Y  AK , onde Y é a saída,


K é o estoque de capital e A , exógeno, é uma constante medindo a quantidade de saída
produzida para cada
unidade de capital
(lembrando microeconomia,
esta função não tem
retornos decrescentes de
capital), ou seja, uma
unidade extra de capital
produz A unidades extras
de saída, não importa
quanto capital exista. Ou
seja, enquanto neste modelo
PMgK é constante, em
Solow ele é decrescente. Se,
como em Solow,
investimento é sY e
depreciação é K a equação que descreve o movimento do capital, K  sY  K , estabelece
que a mudança no estoque de capital K é igual ao investimento menos a depreciação. Então,
esta equação com a função de produção nos leva a:
Y K
  sA   .
Y K
Y
Esta equação mostra o que determina a taxa de crescimento da saída .
Y
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.20/27

Como se mostra na Figura 9-30:


Se sA   , então a renda vai crescer para sempre, mesmo sem a premissa de progresso
tecnológico exógeno, e o investimento é o motor do crescimento, a taxa deste crescimento
permanente depende de s , a taxa de poupança. Lembre que no modelo de Solow o aumento
da poupança leva a um crescimento temporário, mas retornos decrescentes do capital
eventualmente força a
economia a tender a EE
no qual o crescimento
depende apenas do
progresso tecnológico
exógeno. Ao contrário,
no modelo de
Crescimento Endógeno,
poupança e
investimento podem
levar a um crescimento
persistente.

A racionalidade
por detrás do modelo
endógeno é: o retorno
para o capital é o incentivo para investir. Se o capital apresenta retornos decrescentes, então o
investimento não pode ser fonte de crescimento sustentável. Por outro lado, como preconiza
este modelo, se PMgK não cai, então o incentivo para investir mais que a depreciação é
constante, significa que, como assinalamos, o investimento se torna motor da economia.

Veja o leitor que


comparando os dois
modelos, Solow e
Crescimento Endógeno, o
decisivo é responder se o
capital tem ou não
retornos decrescentes. A
resposta vai determinar se
o crescimento é ou não
sustentável na
produtividade e no padrão
de vida. A resposta a esta
questão é SIM, se capital
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.21/27

é definido de forma mais estrita como plantas fabris e equipamentos, A resposta é TALVEZ
NÃO com uma definição mais ampla de capital envolvendo capital físico, humano e
conhecimento. Alguns economistas, inclusive, acreditam que o conhecimento apresenta
retornos crescentes.

Neste sentido vamos analisar um terceiro modelo, o de Dois Setores, uma extensão do
modelo de Solow com
progresso tecnológico e duas
diferenças que apontaremos
a seguir. São os dois setores
a Manufatura (Mft) e a
Pesquisa (Psq). No setor
manufatureiro, como se
espera, firmas produzem
bens. No setor de pesquisa,
universidades e centros de
pesquisa produzem
conhecimento que aumenta a
eficiência do trabalho na
manufatura (não só em
tecnologia de
produção, mas também
métodos de gestão,
etc.).

As diferenças do
modelo Dois Setores
para o modelo de
Solow são:
1) Uma fração de
trabalhadores
não produz
bens e serviços,
mas sim
conhecimento
através das pesquisas. Chamamos u a fração do trabalho na pesquisa, u é uma
variável exógena.
2) A taxa de progresso tecnológico não é exógena, mas depende da velocidade no estoque
de conhecimento, que por sua vez depende de quanto a economia aloca recursos para
pesquisa.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.22/27

Nestes termos, Mft é como em Solow com progresso tecnológico exógeno, a saída
depende do capital e da força efetiva de trabalho empregada. A saída aumenta com o
conhecimento eficiência do trabalho L . Por setor, ficam as funções de produção:
Mft - Y  F[ K , (1  u) EL]
Psq - E  g (u) E , onde a função g (u ) mostra como a troca na quantidade de trabalho
devotado à pesquisa afeta a criação de novo conhecimento. Tudo que o modelo precisa é que
g (u ) seja uma função crescente. Não interessa se uma dupla de cientistas faz o conhecimento
dobrar, mais que dobrar ou menos que dobrar.

Por fim, a acumulação do capital é dada por, como em Solow, investimento bruto
menos depreciação: K  sY  K .
No estado estacionário, a taxa de crescimento da eficiência do trabalho é igual à taxa
E
de crescimento do padrão de vida:  g (u ) , como na Figura 9-34.
E

A questão a ser respondida é: “Um aumento em u , fração do trabalho em pesquisa,


seria inequivocamente bom para a economia”?
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.23/27

A resposta é não. De um lado, quanto maior u significa crescimento rápido. De outro


lado, quanto maior u significa menos trabalho dedicado à produção de bens e serviços. Se
aumentar u , a saída de B&S per capita seria eventualmente mais alta. Porém, se aumentar u
para seu valor máximo 1, então nenhum B&S será produzido, teríamos um “bando de gênios
famintos”! Este tradeoff sugere que existe alguma espécie de “regra de ouro” para u , um
valor de u que maximize bem-estar per capita no estado estacionário.

Vistos os modelos
que procuram dar conta
do progresso tecnológico
no crescimento
econômico, surgem três
fatos sobre pesquisa e
desenvolvimento no
mundo real:
1) Muitas pesquisas
são feitas por
empresas que
procuram lucros;
2) Empresas lucram
com a pesquisa,
porque novas invenções podem ser patenteadas, criando um fluxo de lucros de
monopólio até que a patente expire;
3) Inovação produz externalidades que reduzem o custo da próxima inovação, vale dizer,
produz um círculo virtuoso.

Muito da teoria do
crescimento endógeno e o do
modelo de dois setores tenta
incorporar estes fatos para
melhor dar conta do
progresso tecnológico.
Um argumento do campo
de visão desenvolvimentista é
que externalidade positivas
na criação de conhecimento
sugere que o setor privado
não está fazendo pesquisa e
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.24/27

desenvolvimento suficiente, ainda que a concorrência possa significar muita duplicação de


esforços. Esta linha de raciocínio leva naturalmente ao argumento que o setor público deva
encorajar P&D.

Uma última palavra sobre modelos de crescimento econômico nos leva a Schumpeter,
que sugeria que o progresso da economia surgia de um processo de “criação destrutiva”.
Segundo ele, a força guia por detrás do progresso é o empreendedor com uma ideia para um
novo produto, uma nova maneira de produzir um produto antigo, ou alguma outra inovação.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.25/27

Exercícios Propostos:

9-1) No modelo de Solow básico descreva e justifique o que acontece ao longo do tempo
quando se inicia com muito capital e se vai em direção à regra de ouro do estado
estacionário. Considere as variáveis saída, y, consumo, c, e investimento i.

9-2) No modelo de Solow básico descreva e justifique o que acontece ao longo do tempo
quando se inicia com pouco capital e se vai em direção à regra de ouro do estado
estacionário. Considere as variáveis saída, y, consumo, c, e investimento i.

9-3) O que no modelo de Solow se modifica se, agora, consideramos o progresso


tecnológico?

9-4) Considere um país que cresce o PIB a 3% ao ano e que apresenta o estoque de capital
por volta de duas vezes e meia do PIB anual, 10% do PIB é usado para substituir
capital depreciado e rendimentos de capital representam cerca de 30% no PIB. Este
exemplo é hipotético, mas se aproxima dos dados reais dos EUA. Use o modelo de
Solow para concluir se o país está ou não abaixo da “regra de ouro do estado
estacionário”. Quais as conclusões que se tiram?

9-5) Quando se trata da alocação de investimento na economia existem dois pontos de


vistas divergentes: o liberal e o desenvolvimentista. Estabeleça as diferenças entre os
dois.

9-6) Sabe-se que nos países do OCDE houve uma desaceleração da produtividade quando
comparamos os períodos pós-guerra até 1972 com o período 1972-1995. Quais são as
explicações deste fato? Qual o impacto nestes mesmos países com o advento da
tecnologia da informação?

9-7) Explique em equações e conclusões o modelo de crescimento endógeno. Faça uma


comparação com o modelo de Solow.

9-8) Explique em equações e conclusões o modelo de dois setores. Faça uma comparação
com o modelo de Solow.
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.26/27

9 - Respostas Selecionadas

9-1)
(Fig 9-7) e também o módulo 8.

9-2)
(Fig 9-7) e também o módulo 8.

9-3)
(Figs 9-9/10)
Acrescenta o progresso tecnológico ao modelo. A Regra de Ouro do Estado Estacionário (que
maximiza o consumo) agora é: PMgK    n  g , o termo da esquerda representa o
crescimento teórico previsto pelo modelo, o termo da direita representa o crescimento real.
Significa que se PMgK    n  g , então o país está abaixo da Regra de Ouro EE (situação
de início com pouco capital). Se PMgK    n  g então o país está acima da Regra de Ouro
EE (situação – rara - de início com muito capital).

9-4)
(Fig 9-14)
A conclusão final é que o país está abaixo da Regra de Ouro do EE, ou seja, se aumentar a
taxa de poupança, terá crescimento mais rápido até alcançar novo estado estacionário com
consumo per capita mais alto. Significa também que o país deveria poupar mais. Obviamente
outras questões caberiam aqui, mas não estamos tratando. Por exemplo, uma moeda forte e
seus impactos.

9-5)
(Fig 9-16)
Módulo 9 –Políticas Cresc. Econômico Macroeconomia 2017 Pg.27/27

9-6)
(Figs 9-20/21)
Explicações:
(5) Problemas de mensuração – nem sempre e nem em todos os países os aumentos de
produtividade foram medidos total e de forma confiável. Porém, nada nos indica que
as medições após 1972 foram piores.
(6) Preços do petróleo – A desaceleração da produtividade ocorreu mais ou menos
simultâneo ao(s) choque(s) de petróleo comandado(s) pela OPEP. Porém, quando o
preço do petróleo caiu nos meados de 1980 a produtividade não acelerou.
(7) Qualidade do trabalhador – novos trabalhadores são menos produtivos que
trabalhadores experientes. Verificou-se que nos anos 1970 ingressou um contingente
jovem e mulheres no mercado de trabalho. Porém, este argumento tem sido acusado de
conter certa dose de preconceito;
(8) O esgotamento das ideias – talvez a desaceleração do crescimento de 1972 – 1995 seja
o normal, a anormalidade seria o rápido crescimento no período 1948 – 1972.

(Fig 9-22)
Impactos de TI:
Período 1995 – 2000: estabelecimento nos processos produtivos da Tecnologia da
Informação. À exceção da Alemanha e do Japão, os países da OCDE experimentaram uma
reversão na direção do crescimento da saída per capita.

9-7)
(Figs 9-28/29/30)

9-8)
(Figs 9-32/33/34)

Você também pode gostar