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MINISTERIO D CAGKO F SACDE INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO TURNINO DE BRITO VI OBRAS COMPLET? PROVETOS E RELATORIOS SANEAMENTO DE CAMPOS ~ IMPRENSA NACIONAL | OBRAS COMPLETAS DE SATURNINO DE BRITO Volume I~ Publicagdes preliminares. = Esgotos ~ Parte geal. ‘[ Nbastecimento de Aguas — Parte Geral, Tecnologia ¢ Esta tistiea. 1V—Engenharia Senitéria — Estudos, Instrucées, EspecificagSes © Tabelas. V.—Projetos e Relatérios ~ Saneamento de Vitéria, Petropolis Taocara, Paraiba e Juiz de Féra. ~V~ Projetos e Relatorios ~ Saneamento de Campos, a = Projetos e Relatérios ~ Saneamento de Santos. ~Projetor e Relatériot ~ Saneamento de Rec IX — Projetos e Relatériot ~ Saneamento de Rec ior — Saneamento do asso Fundo ¢ Rostrio. XII —Projetos ¢ Relatérios ~ Saneamento de Sant'Ana do Livra mento, S. Leopoldo, Uruguaiana, S. Gabriel, Irai e Alegrete XIII — Projetos ¢ Relatérios ~ Saneamento de Pelotas, Pogos de Cal: das e Tesfilo Oton ° XIV ~ Projetos © Relatorios ~ Sancamento de Curitiba. Uberaba ¢ ss — Saneamento da Lagéa Rodrigo de XIX — Defesa contra as inundag6es — Methoramentos do Rio Tieté do Rio Paraiba e da Lagéa Fei XX ~ Urbanismo — Estudos diversos, XXI—Usbanismo — A planta de Santos. XXII — Economia, Sociologia ¢ Moral XXIII_— Album de tipos de obra e pegas sanitarias. todice Geral NOTA DA PRESENTE EDICAO O livro Saneamento de Campos. editado em 1903, ¢ uma das obras fundamentais de Saturnino de Brito. Encarregado, pela Camara Municipal. do levantamento da planta da cidade ¢ do projeto dos methoramentos essenciais, vi- sando especialmente 0 saneamento, elaborou éle uma verdadeica monografia urbana, na qual nenkum problema importante foi dei- xado 4 parte. que representasse com fidelidade a si da cidade. Por- que um plano geral de trabalhos a realizar. mesmo com algumas imperfeigées. presta os servicos que jamais se podem colher de 3 parciais, sem conexao. prejudicando-se mutuamente. ferindo a harmonia ¢ a continuidade técnica do funcionamento de um or- ganismo complexe: estabelecide. porém. um prévio acérdo entre os varios elementos, as ulteriores modificagées do projeto sero sempre oportunas e normalmente exe . Esta linguagem. Figurar em qualquer obra moderna ‘a mesma nao exprimia simples indicacao prova todo o restante do volume ora em reedi¢io Consta éste de trés pa 2+) exame das condicdes gerais do m 3.*) estudo do saneamento e dos melhoramentos urbanos. ‘Na primeira destas partes 0 Autor justifica a utlidade da lanta € expée 0 método rigoroso e pratico que adotou para o le- tantamento. Este método foi depois codificado nas instrusdes de SANEAMENTO DE CAMPOS 1 — LEVANTAMENTO DA PLANTA TOPOGRAFICA. 11 — © MUNICIPIO E A CIDADE. Ill — O SANEAMENTO DA CIDADE. Iv ~ ANEXOS. APRESENTACAO AO PUBLICO Em janeiro de 1901 assumiu a presidéncia da Camara Muni- cipal de Campos o Snr. Dr. Benedito Goncalves Pereira Nunes, tra- zendo um programa administrativo cujo desenvolvimento obede- ceria & sequinte base: — fazer elaborar um plano de conjunto para 0s trabalhos do saneamento da cidade e executar os que pudessem ser empreendidos desde j4 Médico distinguido por uma grande clinica, o Snr. Dr. Pereira Nunes naturalmente se tornou conhecedor da depressio sanitéria do meio, quer vinculada as condicées naturais da zona, quer devida a erros ¢ desleixo da maioria das passadas administragées muni- cipais, desde a mais remota. quer proveniente dos defeitos gravis- simos dos prédios que visitava. Ele sabe que a necessidade de sanear 0 municipio insalubre se apresenta mais grave ¢ inadiavel fem seu centro vital. a cidade. porquanto os males ¢ os beneficios que aqui se produzem ou para aqui afluem, refluem, pelo sistema circulatério, até os mais afastados nicleos rurais. ~ fendmeno que se assimila, mui acertadamente, a0 que se passa no organismo humano. Sabe tambem que os mais brilhantes progressos indus- triais de pouco valem. e nem mesmo encontram caminho amplo € desembaracado. desde que a higiene, de onde o bem-estar no lar € se ache convenientemente estabelecida para dar a0 moral o equilibrio sadio. 0 surto das impulses nobres que Hip6- crates aliara funcionalmente a0s corpos séos. © ‘senso pratico. aconselhando 0 espirito empreendedor © pretendia iniciar deveriam obedecer a um plano de conjunto, estti- dado segundo uma planta que representasse com fidelidade a situa- Entretanto, as primei resisténcias administrativas primeiras pretensbes indi jcou patente que nao havia mudado a situacdo moral do meio politico e que a alca de mira de muitos dos aplaudi- dores de ontem visava o proveito pessoal, nao 0 da coletividade. ‘A exploracio da questio do Matadouro.— em torno de tissimos receios por contratos que pudessem abrir margem a pre- juizos para os consumidores. — questo da qual nos ocuparemos 1a sanitaria do importante fator Imente para o levante oposicio- pelas no curso ecliptico: — no € por it propria e valor intrinseco, € por uma lei fatal a que obedecem ¢ terdo de obedecer, sejam ociosas e descuidadas, sejam rebeldes 10s de abandonar por momentos 0 rigorismo da igacio profissional e de falar como campista que somos. expondo com franqueza a nossa humilde opinido sobre uma situagdo que s6 prejuizos tem produzido e produzira se persistir. No correr dos primeiros meses de 1901 fomos convidados pelo Exmo, Snr. Presidente da Camara para levantar a planta da cidade ————— © projetar os melhorame sando especialmente estudar 0 saneamento. Varios motivos, entre eles o compromisso . forgaram-nos a adiar os trabalhos fom 0 que se atrasou o inicio da execucio ;. Ficou resolvido que. —sendo 0 nosso tempenho corresponder honrosa confianca da Camara e realizar 05 trabalhos pelo menor preco possivel, — fossem eles executados por administracao, fixan rem, 0 prazo de 8 meses para a temuneragéo da sua direcdo (*): a Camara destacaria de outros ‘servigos 0 pessoal necessério, no aumentando, assim. as suas des- pesas normais. Reconhecendo-se ulteriormente nio ser possivel empregar © engenheiro e 0 arquiteto da Camara nos trabalhos de Jevantamento da planta, foram convidados os Snrs. engenheiros J Rodrigues Leite Junior, 1.° ajudante, J. Manoel Pévoa de Brito. 2 ajudante, e J. C. Soutto Barcelos. desenhista. Pelo Relatsrio do Exmo. Snr. Presidente da Camara, ja se sabe que o resultado econdmico Toi o desejado, para isto contribuindo a dedicacao do pessoal técnico € auxiliar; podemos. entretanto. afirmar, sem o menor receio de contestacdo competente, que o valor econémico dos trabalhos € superior a0 preco excepcionalmente barato do seu ‘custo efetivo; a Camara apenas pagou as despesas para o levanta- mento da planta e os desenhos correspondentes, sendo os projetos claborados sem onus. ‘Se bem que se néo possa comparar o levantamento da planta de luma pequena cidade com 0 de um amplo municipio. néo serio des- ituidas de interesse as informacées fidedignas que obtivemos, rela- tivamente ao levantamento da Carta do Distrito Federal (Rio de Janeiro) © que serio reproduzidas quando do assunto nos ‘ocuparmos. Em a sua Primeira Parte dar-se-& resposta co tira Parte dat-se-& resposta cabal aos que per- Suntam (*). Com efeito seria mais ‘cémodo e talvez de mais proveito pessoal, que acompanhasse a ial, esquecendo embora que «science sans conscience, est la ruine de I'ame> (Rabelai A cruzada, que nos Ii ve-se sob a mesma gloriosa bandeira que Broussais corajosamente nte: — «Je ne suis point possédé par la chi- je désire rendre des services & Thumanité autant que mes moyens me le permetteront. Mon but est de for- mer des medécins (digamos higi d'une pratique plus hereuse que ne peut Iétre celle des systematiques & la modes. Simples engenheiro, estudamos a higiotecnia para a aplicar € no para a discutir com os doutores; nas q\ seguimos © que indica © senso pratico: nao p dos fendmenos e das hipdteses com que os sabios mal ocupados pretendem encobrir a sua e a nossa irreme- diavel ignorancia: © conhecimento das Nao —Melhorar 0 que existe: insalubres em habitagGes que melhor garantam a: se pode ter 0 timo e nem obras fantisticas substituindo, por exem- plo, as nossas ruas estreitissimas pelo tipo normal ou por belas favenidas. ..; mas,— com as economias ¢ os trabalhos sistematicos. sem tempo delimitado, — pode conseguit-se 0 bom. © conveniente para a integridade higiénica de cada lar. e, portanto, da cidade. Eis ai um programa singelamente enunciado e representando, entre- tanto, uma grande soma de servicos e para muitas geracdes. «Chi vva piano, va sano> aconselha o provérbio italiano, _Na Europa espiritos superiores_consideram 0 problema sob. este aspecto mais racional, menos aparatoso € 0 Gnico realizavel “para a generalidade das situaces: € de notar. como veremos, que & iniciativa feminina se deva esta orientacdo mais sensata. Exce- lentes expositores instruem os proprietarios ¢ os locatirios dos conhecimentos precisos para melhorarem os prédios existentes. com im novos ¢ escolherem a casa que mais convem a cada Detalhes, ao primeiro exame, secundarios, consultando situa a Ges especiais, prevenindo desgostos que reagem sobre a saude so esclarecidos com 0 carinho até entio desconhecido nos livros de higiene, que geralmente se tornam notados por uma complicada, s6 compreendida pelos pi A influéncia superior que a salubrida gBes préticas. de tanto compendiar quanto se pode facilmente co curaremos orientar apenas. Sera ocasi mente, conforme j& anunciamos. as op acertadas sobre assuntos relativos & garantia da integridade m © higiénica do lar. As brilhantes mani que chamaremos 0 esporte humanitéric, oporemos um programa certamente mais l6gico € de mor alcance social: —em lugar de hos- pitais, sanat6rios, cruz vermelha etc., a reforma do domicilio do pobre, a criagio da propriedade dom a formacio do lar operdirio, para o que apresentamos novos mente estudados para o nosso clima, a pa modificagdes do J existe; — em lugar de isolar ¢ de curar apenas alguns enfer ‘em locais especi so sanitéria, jugulando a degenerescén ocalidades ¢ pela higiene do corpo e da a Chegamos a0 termo da enumeracio Principals que vao ser estudados. exposigéo higiotécnica co: ins mar extraordinariamente este teaball Mdade pratica, e pretender dar ‘que 6 poderao ser convenientemente r a0 local, por ocasiao da execucio ; as definitivo dos problemas de a imprestaveis e da péssima dos morosos anos que se vai de hoje, outros tornario defini itivas, de acordo com a situ: solucées que esbocaremos apenas —21— A tanto se limita a nossa modesta colaboracio para 0 necessa- rio € importante empreendimento iniciado pela atual Administracdo Municipal, sob a presidéncia e a inspiragio do Snr. Di Nunes. E preciso que as porvindouras edilidades se tornem organicas ogressistas © que Sejam eficazmente auxiliadas pelo enérgico da populacdo. Em meio de agitagées, impos- .gral para reagir contra as pretensdes iondrios politicos: as sinecuras e a moral e materi € manter o prestigio i descabidas dos préprios correl desorganizagdo dos servicos so fatalidades que recaem sobre a propria populaao que desertou dos seus deveres de civismo. Que se desfacam todas as muvens que escurecem o firmamento da nossa existéncia social: que @ Politica da Ordem e do Progresso, iluminadora, saneadora € vivificadora, inicie a sua ascensio reta nos horizontes de cada pequena Patria do nosso Brasil. Seas grandes massas passivas, de relativa inércia, obedecem a leis fatais, imutaveis, que descobrimos e nos empolgam a admiragao, — porque a massa inteligente e ativa nao obedecera, muito voluntariamente.. as leis positivas que a tornem feliz de as seguir. como todos os Pla- vez, felizes de gravitarem: em torno do. sol. sem per- netas sao, turbacées nocivas?

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