ESPAÇO DE FUNÇÕES E
OPERADORES HERMITIANOS
Mecânica Quântica I (1108045) - Capı́tulo 03
I. Paulino*
*UAF/CCT/UFCG - Brasil
2015.2
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Conceitos Preparatórios Espaço de funções Operadores Hermitianos Exercı́cios
Sumário
Conceitos Preparatórios
Partı́cula numa caixa
Princı́pio da correspondência de Bohr
Espaço de funções
Notação de Dirac
Espaço de Hilbert
Operadores Hermitianos
Operadores Hermitianos
Propriedades dos Operadores Hermitianos
Exercı́cios
Exercı́cios
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Conceitos Preparatórios Espaço de funções Operadores Hermitianos Exercı́cios
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p̂ 2
+∞=∞ .
Ĥ1 = (2)
2m
No segundo domı́nio, tem-se:
p̂ 2
Ĥ2 = . (3)
2m
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Ĥ1 ϕ = E ϕ (4)
é finito e, consequentemente, o lado direito dever ser também
finito. Neste caso a única possibilidade é ϕ = 0. A interpretação
deste resultado é que a probabilidade de encontrar a partı́cula no
lado exterior da caixa é nula. Estas regiões são conhecidas como
domı́nios proibidos.
No segundo domı́nio, tem-se
~2 ∂ 2 ϕ
− = Eϕ (5)
2m ∂x 2
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∂2ϕ
+ k 2ϕ = 0 , (6)
∂x 2
em que
2mE
k2 =
. (7)
~2
A solução da Equação (6) fornece:
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ϕ(0) = 0 = B . (10)
A segunda condição inicial fornece
ka = nπ, n = 0, 1, 2, 3, · · · (12)
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kn2 ~2 n2 π 2 ~2
En = = . (13)
2m 2ma2
~2 π 2
Fazendo E1 = 2ma2
, tem-se:
En = n 2 E1 (14)
O valor da constante A pode ser obtido a partir da condição de
normalização, ou seja,
Ra ∗
0 ϕ ϕdx = 1⇒
A2 a A2 a
R nπ 2
1= q nπ = 0 sin θdθ = 2 ⇒ (15)
2
A= a .
nπx
Para isto, fez-se a seguinte substituição de variáveis: θ = a .
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x = x0 + vt . (17)
Suponha que a posição inicial x0 seja completamente
desconhecida. Qual é a probabilidade (Pdx) de encontrar a
partı́cula no intervalo entre x e x + dx num tempo subsequente?
Esta probabilidade é dada por
dt
, Pdx = (18)
T
em que T é o intervalo de tempo necessário entre duas colisões da
partı́cula com as paredes. Logo,
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2j + 1
xj = a, j = 0, 1, 2, 3, · · · (20)
2n
Quando n cresce, a densidade de probabilidade começa a oscilar
em alta frequência e, consequentemente, vai se tornando uniforme.
Isto implica que quando n → ∞, a mecânica quântica se aproxima
da mecânica clássica.
Niels Bohr foi o primeiro a analisar esta transição entre a fı́sica
clássica e quântica. Para muitos problemas, esta transição ocorre
quando ~ se torna pequeno o que corresponde a números
quânticos elevados (n → ∞). Esta regra ficou conhecida como
princı́pio da correspondência de Bohr.
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Notação de Dirac
R∞
Se a é um número complexo e −∞ ψ ∗ (x)ϕ(x)dx < ∞, esta
operação tem as seguinte propriedades:
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Notação de Dirac
1 hψ|aϕi = a hψ|ϕi;
2 haψ|ϕi = a∗ hψ|ϕi;
3 hψ|ϕi∗ = hϕ|ψi;
4 hψ + ϕ| = hψ| + hϕ| ;
5
R∞
−∞ (ψ1 + ψ2 )∗ (ϕ1 + ϕ2 )dx = hψ1 + ψ2 |ϕ1 + ϕ2 i
Espaço de Hilbert
Um vetor no espço cartesiano pode ser escrito como um conjunto
de três números, chamados de componentes do vetor. Qualquer
vetor no espaço pode ser expandido em termos dos vetores
unitários êx , êy e êz que formam a base do espaço vetorial. Por
exemplo, um vetor V ~ pode ser escrito por:
V~ ·U
~ = Vx Ux + Vy Uy + Vz Uz (23)
p
~ é calculado por V
e o comprimento do vetor V ~ ·V
~.
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Espaço de Hilbert
O espaço de Hilbert H é bastante semelhante ao espaço vetorial
discutido acima. Seus elementos são funções ao invés de vetores
tridimensionais. As semelhanças são tantas que muitas das vezes
as funções são chamadas de vetores. Um espaço de Hilbert têm as
seguintes propriedades:
I. O espaço é linear. Um epaço de funções é linear se: (a) a é
uma constante e ϕ é um elemento do espaço, então aϕ
também é uma elemento do espaço e (b) ψ e ϕ são dois
elementos do espaço, então ψ + ϕ também é elemento do
espaço.
II. Existe um produto interno, para quaisquer dois elementos do
espaço. Para funções definidas no intervalo a ≤ x ≤ b, tem-se:
Z b
hψ|ϕi = ψ ∗ ϕdx (24)
a
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Espaço de Hilbert
III. Qualquer elemento do espaço H possui uma norma que está
relacionada com o produto interno da seguinte forma:
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Espaço de Hilbert
Outro exemplo é o espaço de funções conhecido como espaço L2 .
Que é o conjunto de funções quadrado integráveis definida em
todo x, isto é,
Z ∞
2
||ϕ|| = ϕ∗ ϕdx H2 . (27)
−∞
Para comparar a similaridade do produto interno entre funções
com o produto interno entre vetores, pode-se pensar na função
ϕ(x) como um vetor de infinitas componentes. O produto interno
entre dois vetores V~ eU~ é a soma de todos os produtos das
componentes paralelas. Então o produto interno entre ϕ e ψ é a
soma (integral) sobre todas os produtos das componentes paralelas
destas funções. Com isto pode-se ver que o espaço de Hilbert é
bastante semelhante a um espaço vetorial. Isto é, o espaço de
Hilbert pode ser um espaço vetorial de infinitas dimensões.
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Espaço de Hilbert
De uma forma similar, dois vetores no espaço de Hilbert ψ e ϕ são
ortogonais se:
hψ|ϕi = 0 . (28)
Lembrando que os vetores unitários êx , êy e êz geram o espaço
vetorial tridimensional. De forma similar existe um conjunto de
funções que geram o espaço de Hilbert.
Por exemplo, o espaço de Hilbert pode ser gerado pelo conjunto de
funções {ϕn } que são autofunções da Hamiltoniana referente ao
problema da caixa unidimensional. Isto quer dizer ainda que
qualquer função ϕ neste espaço pode ser expandida em séries de
sequências de {ϕn }. Isto é
∞
X
ϕ(x) = an ϕn (x) . (29)
n=1
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Espaço de Hilbert
A relação (29) pode ser esquematizada na figura abaixo.
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Espaço de Hilbert
Os coeficientes an são as projeções de ϕ sobre o vetor ϕn . Para
compreender esta afirmação, é importante saber que a base de
vetores {ϕn } compõem um conjunto ortogonal, que pode ser
representado por:
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Espaço de Hilbert
O simbolo δn,n0 é conhecido como delta de Kronecker e é definido
por:
0, para n 6= n0
δn,n0 = . (33)
1, para n = n0
Qualquer sequência de funções que obedecem à relação (33) é
chamado de conjunto ortonormal.
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Espaço de Hilbert
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R∞ R∞
hϕk 0 |ϕi = −∞ hϕk
0 |b(k)ϕk i dk = −∞ b(k) hϕk
0 |ϕk i dk ⇒
R∞ .
hϕk 0 |ϕi = 0 0
−∞ b(k)δ(k − k)dk = b(k )
(40)
O coeficiente b(k 0 ) é o produto interno entre ϕk 0 e ϕ e pode ser
entendido como a projeção de ϕ sobre ϕk 0 . Contudo, ϕk 0 não é
unitário, ou seja,
Z ∞
1
||ϕk ||2 = hϕk |ϕk i = δ(0) = dx = ∞ . (41)
2π −∞
Embora isto desqualifique as funções ϕk para serem membros do
espaço H2 , as funções ϕk podem ser adequadamente normalizadas
de tal forma que possam ser utilizadas para gerar o espaço H2 .
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Quando trabalhamos
D com
E o problema de uma caixa
unidimensional, ψ|Âψ deve ser real para todo ψ em H1 . Por
exemplo, se Ĥ é um operador de energia, então:
Z a ∗ 2 2
D E ψ ~ ∂ ψ
< E >= ψ|Ĥψ = − dx (43)
0 2m ∂x 2
deve ser real para qualquer função de estado ψ em H1 .
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Adjunto Hermitiano
Para entender o que significa um operador Hermitiano, pode-se
começar discutindo um operador adjunto Hermitiano. Considere
um operador Â. O Adjunto Hermitiano de  e † . O adjunto
Hermitiano, na maioria das vezes é completamente diferente do
operador hermitiano em questão. Por exemplo, o adjunto
Hermitiano do número complexo c é o conjugado complexo de c,
i.e.,
c† = c∗ (44)
Para definir o adjunto Hermitiano considere dois elementos do
espaço de Hilbert ψ1 e ψn Se  é um operador e ψ é um elemento
de H , então Âψ está E no espaço H . O produto interno
D também
pode ser escrito por ψ1 |Âψn . Suponha que outro operador † ,
também definido para H resulte no seguinte:
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Adjunto Hermitiano
D E D E
† ψ1 |ψn = ψ1 |Âψn . (45)
Adjunto Hermitiano
Sendo assim,
Z ∞
D E ∂ψn
ψ1 |D̂ψn = ψ1∗ dx (47)
−∞ ∂x
Integrando por partes tem-se:
∞
∂ψ1∗
D E Z D E
ψ1 |D̂ψn = [ψ1∗ ψn ]∞
−∞ − ψn dx = −D̂ψ1 |ψn (48)
−∞ ∂x
D̂ † = −D̂ . (49)
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Operador Hermitiano
Em alguns casos, pode-se encontrar que o adjunto Hermitiano de
um operador é ele mesmo, ou seja
† =  (50)
isto implica que
D E D E
ψ1 |Âψn = Âψ1 |ψn . (51)
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Operador Hermitiano
Se  e B̂ são dois operadores Hermitianos, o produto entre eles é
Hermitiano? Para calcularmos, faz-se:
O produto entre os operadores e seu adjunto Hermitiano podem
ser calculados por:
D E D E
†
ψl |(ÂB̂)ψn = (ÂB̂) ψl |ψn , (53)
ou ainda,
D E D E D E
ψl |ÂB̂ψn = ψl |Â(B̂ψn ) = † ψl |B̂ψn
D E D E . (54)
ψl |ÂB̂ψn = B̂ † † ψl |ψn
Comparando a Equação (53) com a Equação (54), tem-se:
Operador Hermitiano
Agora se  e B̂ são Hermitianos,
(ÂB̂)† = B̂ Â (56)
e ÂB̂ não são necessariamente Hermitianos.
Operador Hermitiano
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R∞
hψ1 |p̂ψn i = −∞ ψl∗ −i~ ∂ψ ∂x
n
dx = −i~ [ψl∗ ψn ]∞
−∞ +
R∞ ∗ . (61)
i~ −∞ −i~ ∂ψ ∂x
n
ψn dx = hp̂ψ1 |ψn i
Logo p̂ é Hermitiano.
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Âϕn = an ϕn , (63)
Na notação de Dirac
E
|Âϕn = |an ϕn i (64)
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Como  é Hermitiano,
D E
Âϕn |ϕn = an∗ hϕn |ϕn i . (66)
Portanto,
an = an∗ , (67)
o que quer dizer que an é real.
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Se al 6= an , então
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Exercı́cios
1. Quais são as autofunções e autovalores para um problema de
uma caixa unidimensional se a caixa têm extremidades em − 2a
e + 2a ?
2. Para o problema da caixa unidimensional, mostre que
P = |ϕ|2 é máximo quando x = xj , dados por:
2j + 1
xj = a, j = 0, 1, 2, 3, · · ·
2n
3. Escreva as seguintes equações para os vetores de estado f , g ,
e, assimR por diante, na notação de Dirac: (a)f (x) = g (x)
(b)c = gP ∗ (x 0 )h(x 0 )dx 0
Exercı́cios
4. Considere o operador Ô = |ϕi hψ| e uma função de estado
arbitrária f (x), encontre uma expressão e descreva o
significado das seguintes fórmulas:
(a) hf | Ô;
(b) Ô |f i;
(c) h f | Ô |f i;
(d) h f | Ô |ψi.
5. Considere as funções
1
ϕk = √ e ikx
a
definidas no intervalo {− 2a , 2a }.
(a) Mostre que estas funções são todas normalizadas para
unidade e mantêm esta normalização no limite a → ∞.
(b) Mostre que estas funções compreendem um conjunto
ortogonal no limite a → ∞.
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Exercı́cios
6. A função
g (x) = x(x − a)e ikx
pertence a H1 . Calcule os coeficientes de expansão an desta
função na representação de série, em função das contantes a e
k. Use as funções bases da partı́cula numa caixa
unidimensional.
7. Dois vetores ψ e ϕ pertencem ao espaço de Hilbert e são
ortogonais. Mostre que seus comprimentos obedecem ao
teorema de Pitágoras,
||ψ + ϕ||2 = ||ψ||2 + ||ϕ||2 .
8. Mostre que:
(a) (a + b B̂)† = a∗ † + b ∗ B̂ †
(b) Se  é Hermitiano, < A > deve ser real.
(a) Se  é Hermitiano, < Â2 >≥ 0.
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Exercı́cios
Ĉ ϕ(x) = ϕ∗ (x)
(a) O operador Ĉ é Hermitiano?
(b) Quais são as autofunções de Ĉ ?
(c) Quais são os autovalores de Ĉ ?
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