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1. Os titulares dos órgãos das entidades reguladoras, os Os titulares dos órgãos das entidades reguladoras
mandatários destas, as pessoas ou entidades qualificadas, existentes permanecem em funções até ao termo dos seus
devidamente credenciadas, bem como os seus trabalhadores, mandatos actuais, ou até à entrada em vigor dos estatutos
eventuais ou permanentes, estão especialmente obrigados das entidades reguladoras reformulados de acordo com
a guardar sigilo de todos os factos cujo conhecimento lhes a presente lei, conforme couber.
advenha exclusivamente pelo exercício das suas funções. Artigo 91.º
2. Sem prejuízo do disposto na legislação penal e civil, a Inspecção-Geral das Actividades Económicas
violação do dever de sigilo profissional previsto no número
Enquanto não for criada a entidade fiscalizadora
anterior constitui infracção disciplinar.
externa do Estado referida na alínea b) do artigo 17º, a
Artigo 86.º articulação aí prevista é efectuada com a Inspecção-Geral
Publicação das deliberações das Actividades Económicas (IGAE).
Artigo 92.º
São objecto de publicação no Boletim Oficial e
disponibilizados através de brochuras e, quando exista, Fundo
no site das entidades reguladoras:
Até a criação do Fundo referido na alínea f) do artigo
a) As decisões das entidades reguladoras relativas 67.º, os valores a este destinado são revertidos para o
a tarifas e preços; Tesouro do Estado.
Artigo 93.º
b) Os regulamentos emitidos pelas entidades
reguladoras; Revogação
2. Com vista a promover a melhoria do desempenho desde que o conjunto das participações públicas
da actividade pública empresarial, a presente lei contém, não origine qualquer das situações previstas
designadamente: na alínea a);
a) Os princípios e regras aplicáveis à constituição, c) Participações permanentes: as que não tenham
organização e governo das empresas públicas; objectivos exclusivamente financeiros, sem
qualquer intenção de influenciar a orientação
b) Os princípios e regras aplicáveis ao exercício dos
ou a gestão da empresa por parte das entidades
poderes inerentes à titularidade de participações
participantes;
sociais ou a quaisquer participações em
organizações que integrem o Sector Público d) Empresas públicas encarregadas da gestão de
Empresarial ou que a ele estejam submetidas serviços de interesse geral: aquelas cujas
nos termos da lei; actividades devam assegurar a universalidade
e continuidade dos serviços prestados, a
c) Os princípios e regras aplicáveis à monitorização e
coesão económica e social e a protecção dos
ao controlo a que estão submetidas as empresas
consumidores, sem prejuízo da eficácia económica
públicas.
e do respeito dos princípios de não discriminação
Artigo 2.º e transparência.
Sector Público Empresarial
2. Para efeitos da alínea c) do número anterior,
1. Para efeitos da presente lei o Sector Público Empresarial presume-se a natureza permanente das participações
abrange o Sector Empresarial do Estado e o Sector sociais representativas de mais de 10% do capital social
Empresarial Local. da entidade participada, com excepção daquelas que sejam
detidas por empresas do sector financeiro.
2. O Sector Empresarial do Estado integra as empresas
públicas e as participadas, nos termos do artigo 4.º. Artigo 5.º
1. Para efeitos do presente diploma, entende-se por: 1. As empresas públicas são classificadas em diferentes
a) Empresas públicas: categorias, aferidas com base em níveis de dimensão, que
ponderam, designadamente:
i) Sociedades constituídas nos termos da lei
comercial, nas quais o Estado ou outras entidades a) O volume de negócios;
públicas estaduais possam exercer, isolada ou b) O número médio de trabalhadores;
conjuntamente, de forma directa ou indirecta,
uma influência dominante em virtude de alguma c) O activo líquido;
das seguintes circunstâncias: detenção da maioria
do capital ou dos direitos de voto; ou de direito de d) O grau de concorrência na actividade em causa; e
designar ou de destituir a maioria dos membros e) O desenvolvimento tecnológico.
dos órgãos de gestão ou de administração ou
de dominante; 2. Nas empresas públicas constituídas em grupo, a
empresa-mãe deve ser aferida com base nos níveis de
ii) As entidades públicas empresariais, enquanto dimensão consolidados.
pessoas colectivas de direito público, com natureza
empresarial, criadas pelo Estado e reguladas 3. A graduação para a classificação a efectuar nos
no Capítulo III; termos do número 1 é estabelecida mediante resolução
do Conselho de Ministros.
b) Empresas participadas: Organizações empresariais
que tenham uma participação permanente 4. A resolução prevista no número anterior explicita os
do Estado ou de quaisquer outras entidades critérios objectivos utilizados e a respectiva ponderação,
públicas estaduais, de carácter administrativo devendo a classificação ser actualizada sempre que se
ou empresarial, por forma directa ou indirecta, revele necessário.
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5. A classificação de acordo com a graduação resultante empresas públicas regem-se pelo direito privado, salvo
das alíneas d) e e) do número 1 é estabelecida por Despacho o que estiver disposto na presente lei, nos diplomas que
conjunto dos membros do Governo responsáveis pela tenham aprovado os respectivos estatutos, bem como
área das finanças e pelo respectivo sector de actividade. noutros dispositivos especiais referentes as entidades que
integram o sector público, naquilo que lhes é aplicável.
6. A classificação das empresas públicas releva, nos
termos da lei, para efeitos de determinação do Estatuto 2. Podem ser fixadas por lei normas excepcionais, de
remuneratório dos gestores públicos, nos termos do carácter temporário, relativas ao regime retributivo e
respectivo Estatuto. às valorizações remuneratórias dos titulares dos órgãos
Artigo 7.º sociais e dos trabalhadores, independentemente do seu
vínculo contratual ou da natureza da relação jurídica de
Missão das empresas públicas e do Sector Empresarial
do Estado
emprego das seguintes entidades:
1. Sem prejuízo do disposto na legislação aplicável O disposto nos números 1 e 2 do artigo anterior não
às empresas públicas intermunicipais e municipais, as prejudica regimes derrogatórios especiais, devidamente
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justificados, sempre que a aplicação das normas gerais 3. As orientações previstas nos números anteriores
de concorrência seja susceptível de frustrar, de direito reflectem-se nas deliberações a tomar em assembleia geral
ou de fato, as missões confiadas às empresas públicas pelos representantes públicos ou, tratando-se de entidades
incumbidas da gestão de serviços de interesse geral ou públicas empresariais, na preparação e aprovação dos
que apoiem a gestão do património do Estado. respectivos planos de actividades e de investimento, bem
Secção III
como nos contratos de gestão a celebrar com os gestores
públicos, nos termos da lei.
Outras Disposições
4. As orientações gerais e específicas podem envolver
Artigo 13.º
metas quantificadas e contemplar a celebração de contratos
Função accionista do Estado entre o Estado e as empresas públicas, bem como fixar
parâmetros ou linhas de orientação para a determinação
1. Os direitos do Estado como accionista são exercidos
da remuneração dos gestores públicos, nos termos do
através da Direção-Geral do Tesouro, sob a direcção do
respectivo Estatuto e tendo em conta a classificação
membro do Governo responsável pela área das finanças,
prevista no artigo 6.º.
que pode delegar, em conformidade com as orientações
previstas no artigo seguinte e mediante a prévia 5. Compete ao membro do Governo responsável pela área
coordenação, por Despacho conjunto, com o membro do das Finanças e ao membro do Governo responsável pelo
Governo responsável pelo sector. sector de actividade, que podem delegar, directamente ou
através das sociedades previstas no número 3 do artigo
2. Os direitos de outras entidades públicas estaduais
anterior, a verificação do cumprimento das orientações
como accionistas são exercidos pelos órgãos de gestão ou de
previstas nos números 1 e 2, podendo emitir recomendações
administração respectivos, com respeito pelas orientações
para a sua prossecução.
decorrentes da superintendência e pela tutela que sobre
elas sejam exercidas. 6. A verificação do cumprimento daquelas orientações
é tida em conta na avaliação de desempenho dos gestores
3. Os direitos referidos nos números anteriores podem
públicos, nos termos da lei.
ser exercidos indirectamente, através de sociedades de
capitais exclusivamente públicos. 7. O disposto nos números anteriores não prejudica a
especificação em cada diploma constitutivo de empresa
4. As entidades responsáveis pelo exercício da função
pública dos demais poderes de tutela e superintendência
accionista, nos termos do presente artigo, devem estar
que venham a ser estabelecidos.
representadas no órgão de gestão ou de administração
das empresas públicas, através de um membro não Artigo 15.º
executivo, ou, caso a estrutura de gestão da empresa Controlo financeiro
não preveja a existência destes membros, no respectivo
órgão de fiscalização. 1. As empresas públicas estão sujeitas a controlo
financeiro que compreende, designadamente, a análise da
Artigo 14.º
sustentabilidade e a avaliação da legalidade, economia,
Orientações de gestão eficiência e eficácia da sua gestão.
1. Com vista à definição do exercício da gestão das 2. Sem prejuízo das competências atribuídas por lei ao
empresas públicas, correspondente ao exercício da função Tribunal de Contas, o controlo financeiro das empresas
política do Governo, tendo sempre por base o equilíbrio públicas compete à Inspeção-Geral das Finanças (IGF),
económico e financeiro, são emitidas orientações estratégicas nos termos da lei.
de carácter plurianual destinadas à globalidade do Sector
Empresarial do Estado, através de Resolução do Conselho 3. As empresas públicas adoptam procedimentos de
de Ministros. controlo interno adequados a garantir a fiabilidade das
contas e demais informações financeiras, bem como a
2. Com a mesma finalidade, podem ainda ser emitidas articulação com as entidades referidas no número anterior.
as seguintes orientações:
Artigo 16.º
a) Orientações gerais, definidas através de despacho Endividamento
conjunto do membro do Governo responsável pela
área das Finanças, e do ministro responsável 1. As empresas públicas estão obrigadas ao cumprimento
pelo sector de actividade e destinadas a um das normas relativas ao endividamento, estabelecidas na
conjunto de empresas públicas no mesmo sector presente Lei e demais legislação aplicável.
de actividade;
2. Podem, ainda, ser fixadas, mediante decisão do titular
b) Orientações específicas, definidas através de da função accionista, normas em matéria de endividamento
despacho conjunto do membro do Governo para cada exercício económico.
responsável pela área das Finanças e do ministro
3. O disposto nos números anteriores deve reflectir-se
responsável pelo sector de actividade ou de
na preparação e aprovação dos planos de actividades e
deliberação accionista, consoante se trate de
orçamento.
entidade pública empresarial ou de sociedade,
respectivamente, e destinadas individualmente 4. As operações de financiamento contratadas pelas
a uma empresa pública. empresas do Sector Empresarial do Estado e Sector
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Empresarial Local cujo prazo seja superior a um ano, sector de actividade ou da assembleia- geral, consoante
requerem um parecer prévio favorável emitido pela se trate de entidade pública empresarial ou de sociedade,
Direcção-Geral do Tesouro (DGT). respectivamente, tendo por base proposta do órgão de
Artigo 17.º
gestão ou de administração da respectiva empresa pública.
b) Projectos dos orçamentos anuais, incluindo Os relatórios anuais das empresas, além dos elementos
estimativa das operações financeiras com que caracterizem as respectivas situações económicas e
o Estado, também sujeitos a aprovação em financeiras, contêm:
assembleia geral ou por despacho conjunto,
consoante o caso, os quais deverão concretizar a) As orientações de gestão fixadas ao abrigo do artigo 14.º
os planos anuais de actividades, devidamente que sejam aplicadas à empresa em causa;
quantificados, de que são parte integrante;
b) A estrutura e composição dos órgãos sociais;
c) Planos de investimento anuais e plurianuais e
respectivas fontes de financiamento; c) Os principais elementos curriculares e as funções
exercidas por cada um dos membros do órgão
d) A identificação das participações sociais que detêm; de gestão e administração;
e) O grau de execução dos objectivos fixados, a d) Quando for caso disso, as funções exercidas por
justificação dos desvios verificados e as medidas qualquer membro dos órgãos de gestão ou de
de correcção aplicadas ou a aplicar; administração noutra empresa;
f) Documentos de prestação anual de contas; e) Os processos de selecção dos gestores profissionais
g) Relatórios trimestrais de execução orçamental, independentes, quando existam;
acompanhados dos relatórios do órgão de f) Informação sobre o modo e as condições de
fiscalização sempre que exigíveis; cumprimento, em cada exercício, de funções
h) Cópias das atas da assembleia geral e das relacionadas com a gestão de serviços de interesse
deliberações sociais unânimes por escrito; geral, sempre que esta se encontre cometida a
determinadas empresas, nos termos dos artigos
i) Cópia das atas do organismo de gestão ou de 35.º a 36.º;
administração; e
g) Informação sobre o efectivo exercício de poderes
j) Quaisquer outras informações e documentos de autoridade por parte de empresas que sejam
solicitados para o acompanhamento da situação titulares desse tipo de poderes, nos termos
da empresa e da sua actividade, com vista, previstos no artigo seguinte;
designadamente, a assegurar a boa gestão dos
fundos públicos e a evolução da sua situação h) A indicação do número de reuniões do órgão de
económico-financeira. gestão ou de administração, com referência
sucinta às matérias versadas;
2. O endividamento ou assunção de responsabilidades
de natureza similar fora do balanço, a médio-longo prazo, i) Os montantes das remunerações dos membros
ou a curto prazo, se excederem em termos acumulados do órgão de gestão ou de administração e o
30 % do capital e não estiverem previstos nos respectivos modo como são determinados, incluindo todos
orçamento ou plano de investimentos, estão sujeitos a os complementos remuneratórios de qualquer
autorização do membro do Governo responsável pela área espécie, os regimes de previdência, bem como
das finanças e do membro do Governo responsável pelo o custo total para a empresa dos encargos
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legalmente definidas, aquela informa obrigatoriamente despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis
a Inspecção Geral das Finanças para que esta promova pela área das finanças e pelo sector de actividade de cada
a acção inspectiva devida, nos termos da lei. empresa.
2. A alteração de estatutos de empresas públicas sob 1. Nas assembleias gerais ordinárias realizadas são
forma societária pode ser efectuada nos termos da lei aprovadas as orientações estratégicas de gestão a que
comercial, carecendo de autorização prévia mediante se refere o artigo 14.º.
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I SÉRIE
BOLETIM
O F I C I AL
Registo legal, nº 2/2001, de 21 de Dezembro de 2001
I.N.C.V., S.A. informa que a transmissão de actos sujeitos a publicação na I e II Série do Boletim Oficial devem
obedecer as normas constantes no artigo 28º e 29º do Decreto-Lei nº 8/2011, de 31 de Janeiro.