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27/01/2018 Blog | Oasys Cultural

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Menino oculto em Paris 2015


2014
De 20 a 23 de março, Godofredo de Oliveira Neto 2013
estará em Paris participando do Salão do Livro a
convite da editora Edition Envolume, que acaba de
lançar L’enfant caché, tradução para o francês de
Menino oculto, romance publicado em 2005 e
classificado em segundo lugar no Jabuti 2006,
categoria Melhor Romance. O autor lançou em
novembro o livro de contos Ilusão e mentira (editora
Batel), inspirado em Machado de Assis e adotado pelo
ensino médio da Escola ECO, no Grajaú (RJ), e
finaliza o romance Grito que sairá em breve pela
editora Record. Antes de viajar de férias para Santa
Catarina, estado onde nasceu, Godofredo conversou
com Oasys Cultural.

Qual é a sua relação com a obra de Machado de


Assis?
Machado é um autor seminal na história da literatura
brasileira e um dos grandes escritores da literatura
ocidental. Num momento em que há na literatura
contemporânea o estabelecimento de modelos
qualitativos individuais (cada obra é única) parece-me
fundamental trazer sempre presente a qualidade
literária do Bruxo do Cosme Velho. Não copiá-lo, mas
examinar como o autor resolveu os problemas da arte
de escrever e como respondeu literariamente às
grandes questões da sua época. Aproprio-me do
Machado para cantar o presente.

Porque elegeu esses dois textos – o conto Ideias


de canário e o romance Dom Casmurro – como
inspiração para Ilusão e mentira?
Ideias de canário aborda a questão da liberdade a
partir de um enfoque muito atual. A relatividade das
noções do que seja liberdade leva o leitor a
indagações que, espera-se, potencialize o humanismo
e a fraternidade tão escassa nos dias que correm.
Dom Casmurro abraça o tema da verdade de forma
genial. O leitor recebe na cara essa ideia angustiante
de que a verdade é uma construção retórica. O ciúme
de Bentinho e as dissimulações de Capitu turvam a
racionalidade do leitor. Liberdade e verdade, essas
foram as minhas preocupações no Ilusão e mentira.

Você gosta de experimentar novos modos de


narrativa. A ficcionista, seu romance anterior, foi
http://oasyscultural.com.br/menino-oculto-em-paris 1/2
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escrito como se a protagonista respondesse a
perguntas em um gravador. Lalinha é a história de
uma velha advogada que também resolve ouvir
fitas da época em que trabalhava em uma
instituição penal. O que lhe atrai e porque vem
explorando esse estilo de diálogo/narrativa?
Uma das facetas da tão falada morte do autor é que o
narrador se esconde atrás dos personagens e o livro
pertence à história da nossa literatura via Machado.
De quebra, proponho, com essa maneira de escrever,
uma mistura entre modalidade falada e modalidade
escrita, estilo que o mundo da internet e das redes
sociais trouxe com vigor. Tentei manter uma gradação
na questão da apropriação do texto machadiano: no
primeiro conto mantive uma dicção mais perto do
Machado, preparando o leitor, e no segundo há uma
escritura que se afasta daquela literatura. A oralização
ganha mais força e os temas, como o embate entre
razão e emoção, verdade e mentira, fatos e
versões, são tratados dentro desse viés estilístico.

Seu romance Menino oculto acaba de ser


publicado na França e irá participar do Salão do
Livro de Paris. Como aconteceu essa tradução e
publicação?
A Edition Envolume me escreveu manifestando
grande interesse em publicá-lo. Penso que a tradução
excepcional do Richard Roux ajudou bastante. O
editor me convidou para estar em Paris no Salão do
Livro a fim de atender à imprensa e ajudar a
divulgação. Estou muito feliz e espero que L’enfant
caché corresponda à expectativa do editor.

Está trabalhando em algum novo projeto


atualmente? Pode revelar algo?
Estou terminando o romance Grito, que sairá pela
Editora Record. O romance se passa no Rio de
Janeiro nos dias de hoje. O personagem é um jovem
com a vida profissional e afetiva fragmentada. Sua
história é relatada por uma atriz de teatro aposentada
e reclusa num pequeno apartamento de Copacabana,
onde o jovem mora.

Como avalia sua trajetória de escritor até hoje?


Literatura é um trabalho “duro como quebrar pedras”,
como disse a Clarice. Tento ir tocando a carreira em
velocidade de cruzeiro e com respeito ao leitor e às
nossas letras.

Por Valéria Martins


Foto Mariana Carnaval

webdesigner MICAEL HOCHERMAN programador ALEXANDRE PAIVA oasyscontato@gmail.com

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