Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
cientes para documentar a ocorrência de uma fase climática seca nessa região (fig.
1, n. 2). Nessa mesma área, a oeste de Santarém (próximo a Óbidos), Tricart
(1974: 146) observou “uma área altamente dissecada, apesar da cobertura de
densa floresta (...) os declives são muito íngremes e os divisores muito estreitos.
Tal dissecação não poderia desenvolver-se sob uma cobertura florestal densa. Ela
envolve vegetação esparsa, mais ou menos do tipo de savana”. Depois concluiu:
“A Amazônia Central sofreu os efeitos de períodos secos quando deixou de ser
recoberta pelo tipo atual de floresta pluvial (...) Dissecação densa e pronunciada
dos divisores (...) desenvolvida durante o último período do nível baixo do mar,
isto é, o último estágio da glaciação Würmiana (Wisconsin). Durante esse perío-
do é bem provável que a Amazônia Central não fosse coberta pela atual floresta
pluvial fito-estabilizante, mas por tipos de vegetação mais seca sob os quais o es-
coamento foi capaz de produzir a dissecação dos declives” (Tricart, 1985: 197,
201). Condições úmidas e florestas de galeria provavelmente persistiram ao lon-
go de porções do próprio Rio Amazonas e de seus principais tributários, como
acontece hoje nas regiões de savanas da América do Sul; assim, isso não pode ser
considerado como evidência contra um clima regionalmente seco (Müller et al.,
1995). A importância desses corredores florestais foi enfatizada por Prance ( a).
1982
A floresta pluvial em Pitinga, a cerca de250 quilômetros ao norte de Manaus,
está
bres,assentada
que devememtercamadas de sedimentos
sido depositados grossos diversos,
sob condições climáticasextremamente po-
secas, de passado
geológico recente, quando florestas pluviais densas de há muito estavam ausen-
tes dessa região (Veigaet al., 1988; fig. 1, n. 3). A mesma interpretação aplica-se
aos sedimentos depositados em partes do sul-central da Amazônia brasileira, nas
regiões dos rios Xingu superior e médio Tapajós e do norte de Rondônia (Veiga
et al., 1988, 1991; Bettencourt et al., 1988). Detritos grossos acumularam-se nas
depressões superficiais na região média do Rio Tapajós (fig. 1, n. 4) e extensas
camadas de areia cobriram as terras baixas ao redor da Serra do Cachimbo (fig. 1,
n. 5) durante um período de forte erosão, quando o clima do Pleistoceno Tardio
era seco e a vegetação da densa floresta pluvial havia em grande parte desapareci-
do dessas regiões (Bibus, 1983). Em vários perfis complexos de solo, o último
autor observou camadas discrepantes indicativas de mudanças climáticas, acom-
panhadas por forte atividade morfodinâmica. Na Amazônia Meridional, apare-
cem colinas constituídas de granito parcialmente alterado (!) sob floresta pluvial,
cuja situação só pode ser explicada por períodos intermediários de erosão, quan-
do a cobertura florestal era mais aberta ou havia desaparecido completamente.
Na região do Rio Tapajós ocorreu uma extensa fase de erosão durante o Pleisto-
ceno Tardio, quando vegetação aberta cobria essa parte da Amazônia. Bibus
(l.c.) também chamou a atenção para o fato de que os terraços do Pleistoceno na
Amazônia Inferior contêm espessas camadas de sedimentos grossos, indicando
condições de erosão muito diferentes no Baixo Amazonas, durante os períodos
de deposição fluvial existentes atualmente nessa região. Observações geomorfo-
Figura 1 – Mapa
anos recentes, com a localização
os indícios das áreas
paleoecológicos para da Amazônia
períodos cli onde
máticos foram
secos coligidos,daem
e mudanças
vegetação associadas ao Pleistoceno tardio (veja texto para explicação dos números).
Um precioso conjunto de informações sobre as mudanças climático-vegetacionais do
Quaternário está disponível para o norte da América do Sul e Brasil Central, exceto
Amazônia (não indicadas neste mapa). (ponto
P negro) – localização do Lago Pata.
rante o UMG], nível do mar, cerca de 120 m mais baixo e seqüências de polens
indicando, pelo menos, habitats secos e vegetação aberta, são persuasivas. Elas
criaram uma visão da vegetação de terras baixas neotropicais alternando entre
floresta fechada e floresta aberta mais seca ou vegetação tipo savana, durante as
flutuações ambientais ocorridas no Período Terciário Tardio e no Período Qua-
ternário” (Burhnam & Graham, 1999: 570).
A teoria dos Refúgios da diferenciação biótica
O dessecamento da América do Sul tropical, durante os períodos climáti-
cos secos do Cenozóico, provavelmente não foi responsável pelo fato de a Ama-
zônia Média e a Inferior perderem as florestas que foram substituídas por vegeta-
ção sazonalmente seca de savana e cerrado, como os recentes autores ilustraram
em seus cenários esquemáticos para o Pleistoceno (Clapperton, 1993b; Iriondo
& Latrubesse, 1994). Tal eliminação completa das florestas pluviais seria impro-
vável por duas razões: em primeiro lugar, qual foi a srcem das florestas pluviais
da Amazônia que agora são tão amplamente distribuídas? Em segundo lugar,
como poderia ser explicada a srcem do grande número de espécies e subespécies
alopátricas na Amazônia?
nuidade biogeográfica num ambiente florestal contínuo (fig. 2). Ron (2000) e
Bates (2001) estudaram cladisticamente as áreas de endemismo de diferentes
grupos vegetais usando a Análise de Parcimônia da Endemicidade para produzir
hipóteses dos parentescos de área. Os três grupos até hoje conhecidos são: Belém,
Guiana e Amazônia Superior (Napo+Inambari). No caso de zonas de hibridação
entre subespécies, essas áreas têm duas características que ocorrem em faixas nas
quais as populações estabeleceram contato secundário, após um período de sepa-
ração: populações na zona de hibridação têm variabilidade bastante aumentada;
e fora da zona de hibridação, as duas formas são, em áreas amplas, relativamente
uniformes, quando muito variando gradualmente ( clinally) ao longo de grandes
distâncias. Evidência adicional é suprida por taxa de pássaros florestais restritos a
uma ou duas regiões florestais localizadas na Amazônia, mas ausentes em outros
lugares e taxa com distribuição disjunta (Haffer, 1974, 1997b; Mayr & O’Hara,
1986). Diversos outros autores observaram fenômenos biogeográficos similares
e os interpretaram de maneira correspondente para plantas (Prance, 1973, 1982a,
1987, 1996), répteis (Vanzolini & Williams, 1970; Vanzolini, 1992), peixes
(Huber, 1998), borboletas (Brown, 1976, 1987b; Brower, 1996), e mamíferos
(Cerqueira, 1982). Podemos mencionar também as estreitas relações entre certas
faunas não-florestais e elementos da flora das áreas ao norte e ao sul da Amazônia
e que requerem conexões temporárias ao longo dessas terras baixas florestadas.
1993, 1996). Ambos, Colinvaux (l.c.) e Bush (l.c.) sugeriram que áreas do mais
elevado endemismo específico em regiões periféricas da Amazônia são locais de
perturbação máxima (ao invés de estabilidade florestal máxima em refúgios flo-
restais); essa conjetura é improvável e requer reexame (Morley 2000: 129, 279).
Colinvaux et al. (2000) revisaram os registros palinológicos em três áreas
na Amazônia e em um local de amostragem na costa e concluíram que nenhuma
porção da Amazônia jamais experimentara climas secos durante certos períodos
do Quaternário. Seu banco de dados dessa vasta região é claramente insuficiente
para chegar à tão arrojada conclusão. Além disso, esses autores não levaram em
consideração muitos dados geomorfológicos indicando climas secos e vegetação
aberta, como foi dito acima, nem os remanescentes (refúgios atuais) de plantas
de savana. Com relação aos resultados de análises de pólens de testemunhos de
sedimentos marinhos vindos de fora da desembocadura do Rio Amazonas (Haberle
& Maslin, 1999), há diversas razões para pôr em dúvida o valor da evidência
polínica como foi examinada por Hooghiemstra & Van der Hammen 1998 ( ): 1
grãos de pólen de gramíneas podem ser derivados de vegetação tipo savana ou de
campinas (campestres) flutuantes, ricas em gramóneas; 2 mistura e redeposição
de sedimentos durante stands glaciais do nível do mar, os quais estavam a cerca
de 120 metros mais baixos do que hoje; 3 as grandes florestas de galeria ao longo
dos cursosde
vegetação dossavana
rios naatingissem
Amazôniaoprovavelmente
sistema fluvial.evitaram queque
Admite-se grãos de pólen de
a vegetação da
savana esteja pobremente representada no espectro de pólen transportado pelo
rio. Segundo Hooghiemstra& Van der Hammen (1998) e Van der Hammen &
Hooghiemstra (2000), as conclusões de Colinvaux et al. (1996, 2000) com res-
peito à cobertura de floresta pluvial estável da Amazônia desde o último período
interglacial são injustificadas.
Hipótese do Museu. Fjeldså et al. (1999: 63, 76) associaram a srcem de no-
vas espécies com áreas muito restritas e ecologicamente bastante estáveis nos pie-
montes de regiões montanhosas, ao redor da Amazônia, de onde novas espécies
supostamente se espalharam nos níveis de base das planícies e aí se “acumularam”
ao longo do tempo. Os últimos autores são da opinião que “a especiação em pás-
saros florestais pode não requerer necessariamente o desenvolvimento de grandes
“barreiras” de habitats não-florestais (como é admitido pela teoria dos Refúgios).
Um pássaro adaptado poderia também desaparecer ao longo de grandes áreas em
razão do aumento da reposição de espécies resultante da alta heterogeneidade
funcional de habitats. Tais modelos, mesmo plausíveis do ponto de vista teórico,
são contestados pela evidência geocientífica de ampla ocorrência de mudanças na
vegetação em toda a Amazônia durante os períodos climáticos alternados entre
secos e úmidos do Quaternário e, provavelmente, nos períodos anteriores.
Hipótese Paleogeográfica.O cenário paleogeográfico comparativamente sim-
ples da bacia amazônica, entre o Escudo da Guiana para o norte e o Escudo Bra-
sileiro para o sul, durante o período Cenozóico (de 60 milhões de anos de dura-
cos únicos (por exemplo, a srcem do sistema fluvial amazônico) ou a uma curta
extensão de tempo geológico, como Pleistoceno somente depois que muitas ou
a maioria das espécies ainda existentes se srcinaram (como é o caso da hipótese
da Perturbação da Vicariância).
Conclusão
Parece provável que na Amazônia e em outras regiões tropicais do mundo,
a distribuição e a composição de espécies das florestas úmidas e secas, bem como
de biomas não-florestais, mudaram continuamente durante o Cenozóico e no
período anterior. A floresta úmida foi fragmentada em blocos isolados que depois
coalesceram sob variadas condições climáticas. Devido ao efeito dos ciclos de
Milankovitch, florestas úmidas e refúgios não-florestais formados provavelmente
durantes os picos (frio-) seco e (quente-) úmido de fases climáticas levaram à
“reposição por pulsações” na evolução de floras e faunas durante o Quaternário-
Terciário e períodos anteriores (Vrba,1992, 1993).
Referências bibliográficas
AB’SÁBER, A. N. “T he paleoecology of Brazilian Amazonia” in: PRANCE, G.T. (ed.).
Biological diversification in the tropics. Nova York: Columbia Univ. Press, 1982, p.
41-
49, 714 p.
AB’SÁBER, A.N. & M. L. ABSY. “Paleoclimas da Amazonia”. Ciência Hoje, 16, São
Paulo, p. 1-3 e 21-51, 1993.
ABSY, M. L., CLEEF, A., FOURNIER, M., MARTIN, L., SERVANT, M., SIFEDINE,
A., FERREIRA DA SILVA, M., SOUBIES, K., TURCQ, K. & T. VAN DER
HAMMEN. “Mise en évidence de quatre phases d’ouverture de la forêt dense dans le
sud-est de l’Amazonie au cours des 60.000 dernières années”. Première comparaison
avec d’autres régions tropicales. C.R. Acad. Sci. Paris, 312(2), p. 673-78, 1991.
ANDERSON, A. B. “White sand vegetacion of Brazilian Amazonia”. Biotropica 13, p.
199-210, 1981.
AVISE, J.C. Phylogeography. The history and formation of species. Cambridge: Harvard
Univ. Press, 2000, 447 p.
AYRES, J. M. C. & T. H. CLUTTON-BROCK. “River boundaries and species range
size in Amazonian primates”. Amer. Naturalist .140, 1992, p. 531-37.
BAKER, P.A., SELTZER, G.O., FRITZ, S.C., DUNBAR, R.B., GROVE, M.J., TAPIA,
P.M., CROSS, S.L., ROWE, H.D. & J.P. BRODA. “The history of South American
tropical precipitation for the past 25,000 years”. Science. 291: 2001, p. 640-43.
BARTLEIN, P.J. & I. PRENTICE. “Orbital variations, climate andpaleoecology”.Trends
Ecol. Evol., 4, 1989, p. 195-99.
BATES, J.M. “Avian diversification in Amazonia: evidence for historical complexity and
a vicariance model for a basic diversification pattern”. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi,
Série Zoologia: no prelo; 2001.
BEEHLER, B.M., PRATT, T.K. & D.A. ZIMMERMAN. Birds of New Guinea. New
Jersey, Princeton Univ. Press, 1986, 293 p.
BEHLING, H. “Der Amazonas-Regenwald im Wandel derZeit”. Naturwiss. Rundschau
54, 2001, p. 140-44.
BENNETT, K. D. “Evolution and ecology” in The pace of life. Cambridge Univ. Press,
1977, 241 p.
BERGER, A., LOUTRE, M.F. & V. DEHANT. “Pre-Quaternary Milankovitch
frequencies”. Nature. 342, 1989, p. 133.
BETTENCOURT, J.S., MUZZOLON, R. PAYOLLA, B.L., DALL’LGNA, L.G. &
O.G. PINHO DE. “Depósitos estaníferos secundários da região central de Rondônia”.
Principais Depósitos Minerais do Brasil 3 . Brasília, Ministério das Minas e Energia,
1988, 670 p.
BIBUS, E. “Die klimamorphologische Bedeutung von stone-lines und Decksedimenten
in mehrgliedrigen Bodenprofilen Brasiliens”. Zeitschr. Geomorphol. N.F., Suppl. 48,
1983, p. 79-98.
BIGARELLA, J. J. & A. M. M. FERREIRA. “Amazonian geology and the Pleistocene
and the Cenozoic environments and paleoclimates”. In PRANCE, G. T. & T. E.
LOVEJOY (eds.): Amazonia. Oxford, Pergamon Press, 1985, p. 49-71, 442 p.
BRANDON-JONES, D. “The Asian Colobinae (Mammalia: Cercopithecidae) as
indicators of Quaternary climatic change”. Biol. J. Linnean Soc.. 59, 1996, p. 327-50.
BRANDON-JONES, D. “Pre-glacial Bornean primate impoverishment and WALLACE’s
line” in R. HALL & J.D. HOLLOWAY (eds.). Biogeography and geological evolution
of SE Asia. Backhuys Publ., Leiden, 1998, p. 393-404, 417 p.
BROWER, A.V.Z. “Parallel race formation and the evolution of mimicry in Heliconius
butterflies: a phylogenetic hypothesis from mitochondrial DNA sequences”. Evolution
50, 1996, p. 95-221.
BROWN JR., K.S. “Geographical patterns of evolution in Neotropical Lepidoptera:
Systematics and derivation of known and new Heliconiini (Nymphalidae:
Nymphalinae)”. J. Entomol. B 44, 1976, p. 201-42.
BROWN JR., K.S. “Soils and vegetation”. In: WHITMORE, T.C. & G.T. PRANCE
(eds.). Biogeography and Quaternary history in tropical America. Oxford: Clarendon
Press, 1987a, p. 19-45, 214 p.
BROWN JR., K.S. “Biogeography and evolution of Neotropical butterflies”. In: WHIT-
MORE, T.C. & G.T. PRANCE (eds.): Biogeography and Quaternary history in tropi-
cal America. Oxford, Clarendon Press, 1987b, 66-104, 214 pp.
BROWN JR., K.S.“Conclusions, synthesis, and alternative hypotheses”.In: WHITMO-
RE, T.C. & G.T. PRANCE (eds.): Biogeography and Quaternary history in tropical
America. Oxford, Clarendon Press, 1987c, p. 175-96, 214 p.
BROWN JR., K.S. & A.N. AB’SÁBER. “Ice-age forest refuges and evolution in the
Neotropics: correlation of palaeoclimatological, geomorphological and pedological
data with modern biological endemism”. Paleoclimas (São Paulo). 5, 1979, p. 1-30.
BROWN, K.S., JR., SHEPPARD, P.M. & J.R. TURNER. “Quaternary refugia in tropi-
cal America: Evidence from race formation in Heliconius butterflies”. Proc. R. Soc.
London, B 187, 1974, p. 369-78.
BURNHAM, R. J. & A. GRAHAM. “The history of Neotropical vegetation: New
developments and status”. Ann. Missouri Bot. Garden. 86, 1999, p. 546-89.
BUSH, M.B. “Amazonian speciation: a necessarily complex model”, Biogeogr. 21, 1994,
p. 5-17.
CARNEIRO FILHO, A. & J.A. ZINCK. “Mapping paleo-aeolian sand cover formations
in the northern Amazon basin from TM images”. ITC Journal, 3, 1994, p. 270-82.
CERQUEIRA, R. “South American landscapes and their mammals”. In: MARES, M.A.
& H.H. GENÓWAYS (eds.): Mammalian Biology in South America. The Pymatuning
Symposia in Ecology 6. University of Pittsburgh, 1982, p. 53-75, 539 p.
CLAPPERTON, C.M. “Nature of environmental changes in South America at the gla-
cial maximum”. Palaeogeogr. Palaeoclimat. Palaeoecol., 101, 1993a, p. 189-208.
CLAPPERTON, C.M.Quaternary geology and geomorphology of SouthAmerica. Elsevier,
Amsterdã, 1993b, 713 p.
COLINVAUX, P. A. “Pleistocene biogeography and diversity in tropical forests of South
America”. In: GOLDBLATT, P. (ed.): Biological relationships between Africa andSouth
America. New Haven: Yale Univ. Press, 1993, p. 473-99, 630 p.
COLINVAUX, P. A. “Quaternary environmental history and forest diversity in the
Neotropics”. In JACKSON,
and environment J. B. C., BUDD,
in tropical America A. F. & A.
. Univ. Chicago G. COATES
Press, (eds.): Evolution
1996, p. 359-405, 425 p.
COLINVAUX, P. A. “A new vicariance model for Amazonian endemics”. Global Ecol.
Biogeogr. Lett. 7, 1998, p. 95-96.
COLINVAUX, P.A. & DE OLIVEIRA, P. E. “Palaeoecology and climate of the Amazon
basin during the last glacial cycle”.J. Quaternary Sci., 15, 2000, p. 347-56.
COLINVAUX, P. & DE OLIVEIRA, P. E. “Amazon plant diversity and climate through
the Cenozoic”. Palaeogeogr. Palaeoclimat. Palaeoecol ., 166, 2001, p. 51-63.
COLINVAUX, P. A., DE OLIVEIRA, P. E., MORENO, J. E., MILLER, M. C. & M. B.
BUSH. “A long pollen record from lowland Amazonia: forest and cooling in glacial
times”. Science, 274, 1996, p. 85-88.
COLINVAUX, P. A., BUSH, M.B., STEINITZ-KANNAN, M. & M. C. MILLER.
“Glacial and postglacial pollen records from the Ecuadorian Andes and Amazon”.
Quaternary Res., 48, 1997, p. 69-78.
COLINVAUX, P. A., DE OLIVEIRA, P. E. & M. B. BUSH. “Amazonian and
Neotropical plant communities on glacial time scales: The failure of the aridity and
refuge hypotheses”. Quaternary Sci. Rev., 19, 2000, p. 141-69.
COWLING, S. A., MASLIN, M. A. & M. T. SYKES. “Paleovegetation simulations of
lowland Amazonia and implications for Neotropical allopatry and speciation”.
Quaternary Res., 55, 2001, p. 140-49.
CROWE, T. M. & A. A. CROWE. “Patterns of distribution, diversity and endemism in
Afro-tropical birds”. Londres, J. Zool., v. 198, 1982, p. 417-42.
PATTON, J.L. & M.N.F. DA SILVA. “Rivers, refuges, and ridges. The geography of
speciation of Amazonian mammals”. In: HOWARD, D.J. &;S.H. BERLOCHER (eds.)
Endless Forms: Species and Speciation. Nova York: Oxford Univ. Press, 1998, p. 202-
13, 470 p.
PATTON, J.L., DA SILVA, M.N., & J.R. MALCOLM. “Mammals of the Rio Juruá
and the evolutionary and ecological diversification of Amazonia”. Bull. Amer. Mus.
Nat. Hist. 244, p. 1-306, 2000.
PETRI, S. & V.J. FÚLFARO.Geologia do Brasil. Universidade de São Paulo, 1983, 631 p.
PRANCE, G.T. “Phytogeographic support for the theory of Pleistocene forest refuges
in the Amazon basin, based on evidence from distribution patterns in Caryocaraceae,
Chrysobalanaceae, Dichapetalaceae and Lecythidaceae”. Acta Amazônica 3, p. 5-28,
1973.
PRANCE, G.T. “Discussion”. In: NELSON, G. & D.E. ROSEN (eds.): Vicariance
Biogeography: A Critique. Nova York: Columbia Univ. Press, 1981, p. 395-405, 593 p.
PRANCE, G.T. “A review of the phytogeographic evidences for Pleistocene climate
changes in the Neotropics”. Ann. Missouri Bot. Garden69, p. 594-624, 1982a.
PRANCE, G.T. (ed.) Biological diversification in the tropics. Nova York, Columbia Univ.
Press, 1982b, 714 p.
PRANCE, G.T. “Biogeography of Neotropical plants”. In: WHITMORE, T.C. & G.T.
PRANCE (eds.): Biogeography and Quaternary history in tropical America. Oxford
Monogr. Biogeogr. 3: p. 46-65, 214 p., 1987.
PRANCE, G.T. “Islands in Amazonia”. Phil. Trans. R. Soc. London B351, p. 823-33,
1996.
PRATT, T.K. “Biogeography of birds in New Guinea”. In: GRESSIT, J.L (ed.):
Biogeography and Ecology of New Guinea. Junk Publ., The Hague, 1982, p. 815-36,
941 p.
RANCY, A. “Pleistocene
Ph.D, Univ. of Florida,mammals
EUA, 164 andp.,paleoecology
1991. of the western Amazon”. Tese de
RANCY, A. “A paleofauna da Amazônia indica áreas de pastagem com pouca cobertura
vegetal”. São Paulo, Ciência Hoje, 16, p. 48-51, 1993.
RÄSÄNEN, M.E., LINNA, A.M., SANTOS, J.C.R. & F.R. NEGRI. “Late Miocene
tidal deposits in the Amazonian foreland basin”. Science 269, p. 386-96, 1995.
RON, S.R. “Biogeographic area relationships of lowland Neotropical rainforest based
on raw distributions of vertebrate groups”. Biol. J. Linn. Soc. 71, p. 379-402, 2000.
ROOSMALEN, M.G.M. VAN, ROOSMALEN, T. VAN, MITTERMEIER, R.A. &
A.B. RYLANDS. “Two new species of marmoset, genus Callithrix Erxleben, 1777
(Callitrichidae, Primates), from the Tapajós/Madeira interfluvium, south central
Amazonia, Brazil”. Neotropical Primates, 8, p. 2-18, 2000.
ROY, M.S., DA SILVA, J.M.C., ARCTANDER, P., GARCIA-MORENO, J. & J.
FJELDSÅ. “The speciation of South American and African birds in montane regions”.
In: MINDELL, D.P. (ed.) Avian molecular evolution and systematics. San Diego,
Academic Press, 1997, p. 325-43, 382 p.
SALATI, E. “The climatology and hydrology of Amazonia”. In: PRANCE, G. T. &
T.E. LOVEJOY (eds.) Amazonia. Oxford: Pergamon Press, p. 18-48, 442 p., 1985.
SANTOS, J.O.S., NELSON, B.W. & C.A. GIOVANNINI. “Corpos de areia sob leitos
abandonados de grandes rios”. São Paulo, Ciência Hoje 16, p. 22-25, 1993.
SCHNEIDER, C.J., CUNNINGHAM, M. & C. MORITZ. “Comparative
phylogeography and the history of endemic vertebrates in the Wet Tropics rainforests
of Australia”. Mol. Evol. 7, p. 487-98, 1998.
SCHUBERT, C. “Climatic change during the last glacial maximum in northern South
America and the Caribbean: a review”. Interciência 13, p. 128-37, 1988.
SECCO, R. DE S. & A.L. MESQUITA. “Notas sobre a vegetação de Canga da Serra
Norte - 1. Boi. Mus. Para. Emílio Goeldi, Sér. Botânica59, p. 1-13, 1983.
SIFEDDINE, A., FROHLICH, F., FOURNIER, M., MARTIN, L., SERVANT, M.,
SOUBIES, F., TURQ, B., SUGUIO, K. & C. VOLKMER-RIBEIRO. “La sédimen-
tation lacustre indicateur de changements des paléoenvironnements au cours des 30,000
dernières années (Carajás, Amazonie, Brésil)”. C.R. Acad. Sci. Paris 318(2), p. 1.645-
52, 1994.
SIMPSON, B.B. & J. HAFFER. “Speciation patterns in the Amazonian forest biota”.
Ann. Rev. Ecol. Syst. 9, p. 497-518, 1978.
STRESEMANN, E. “Über die europäischen Baumläufer”. Verh. Ornith. Ges. Bayern
14, p. 39-74, 1919.
STRESEMANN, E. & H. GROTE. “Verbreitung und Gliederung afrikanischer
Formenkreise”. Verh. VIth Int. Ornith. Kongr.(Kopenhagen, 1926), p. 358-74, 1929.
THOMAS, M.F. “Late Quaternary environmental changes and the alluvial record in
humid tropical environments”. Quaternary Int. 72, 2000, p. 23-36.
THOMPSON, L.G., MOSLEY-THOMPSON, E., DAVIS, M.E. LIN,P.-N., HENDER-
SON, K.A., COLEDAI, J., BOLZAN, J.F. & K.-B. LIU. “Late glacial stage and Holo-
cene tropical T.ice&core records from Huascarán, Science, 269, p. 46-50, 1995.
TREGENZA, R.K.. BUTLIN. “SpeciationPeru”.
without isolation”. Nature, 400, p.
311-12, 1999.
TRICART, J. “Existence de périodes sèches au Quaternaire en Amazonie et dans les
regions voisines”. Rev. Géomorph. Dynam. 4, p. 145-58, 1974.
TRICART, J. “Evidence of upper Pleistocene dry climates in northern South America”.
In: DOUGLAS, I. & T. SPENCER (eds.) Environmental change and tropical
geomorphology. School of Geography, Univ. of Manchester, 1985, p. 196-220, 382 p.
VAN DER HAMMEN, T. & M.L. ABSY. “Amazonia during the last glacial”.Palaeogeogr.
Palaeoclimat. Palaeoecol. 109, p. 247-61, 1994.
VAN DER HAMMEN, T. & H. HOOGHIEMSTRA. “Neogene and Quaternary history
of vegetation, climate, and plant diversity in Amazonia”. Quaternary Sci. Rev. 19, p.
725-42, 2000.
VANZOLINI, P.E. “Paleoclimates, relief, and species multiplication in equatorial forests:
255-258”. In: MEGGERS, B.J., AYENSU, E.S. & W.D. DUCKWORTH (eds.) Tro-
pical forest ecosystems in Africa and South America: a comparative review. Washington,
D.C.: Smithsonian Institution Press, 1973, 350 p.
VANZOLINI, P.E. “Paleoclimas e especiação em animais da América do Sul tropical”.
São Paulo, Estudos Avançados, 6 (15), p. 41-65, 1992.
VANZOLINI, P .E. & E.E. WILLIAMS. “South American anoles: Geographic
differentiation and evolution of theAnolis chrysolepisspecies group (Sauria, Iguanidae)”.
São Paulo, Arquivos de Zoologia, 19, p. 1-298, 1970.
VANZOLINI, P.E. & E.E. WILLIAMS. “The vanishing refuge: a mechanism for
ecogeographical speciation”. São Paulo,Papéis Avulsos Zool., 34 (23), p. 251-55, 1981.
VEIGA, A.T.C. “Paleoenvironmental and archeological significance of alluvial placers of
the Brazilian Amazon”. Proc. Symp. on Global Changes in South America during the
Quaternary . São Paulo, Boletín IG-USP, publicação especial, 8, p. 213-22, 1991.
VEIGA, A.T.C., DARDENNE, M.A. & E.P. SALOMÃO. “Geologia dos aluviões
auríferos e estaníferos da Amazônia”. Belém, Anais do 35º Cong. Geol ., 1, p. 164-77,
1988.
VRBA, E.S. “Mammals as a key to evolutionary theor y”. J. Mammal , 73, p. 1-28, 1992.
VRBA, E.S. “Mammal evolution in the African Neogene and a new look at the Great
American Interchange”. In: GOLDBLATT, P. (ed.) Biological relationships between
Africa and South America. New Haven: Yale Univ. Press, 1993, p. 393-432, 630 p.
VRBA, E.S. “On the connections between paleoclimate and evolution”. In: VRBA,
E.S., DENTON, G.H., PARTRIDGE, T.C. & L.H. BURCKLE (eds.): Paleoclimate
and evolution, with emphasis on human srcins . Yale Univ. Press, New Haven, 1995, p.
24-45, 547 p.
VRBA, E.S., DENTON, G.H., PATRIDGE, T.C. & L.H. BURCKLE (eds.)Paleoclimate
and evolution, with emphasis on human srcins . New Haven: Yale Univ. Press, 1995,
547 p.
Adenda
Neste artigo, baseamos nossas análises acerca da história climático-vegetacional da
Amazônia em dados de campo e interpretações de especialistas em vários ramos das ciên-
cias, indicando o efeito de fases climáticas secas em partes da Amazônia durante períodos
geológicos diferentes. Esses cientistas são: os palinologistas T. van der Hammen, H. Hoo-
ghiemstra e M. Absy; os geomorfologistas A. N. Ab’Sáber, E. Bibus, J. J. Bigarella, A.
Journaux,
J. Bertaux,M. Iriondo,
J. O. J. S. K.
S. Santos, Bettencourt,
Suguio, J. B. I. Kronberg,
Tricart E.Veiga;
e A. T. C. M. Latrubesse, M.-P Ledru,
e os paleontólogos A.
Rancy e S.D. Webb.
Em seus comentários críticos sobre a teoria dos Refúgios, Colinvaux et al. (2001)
sustentam que as interpretações de todos os cientistas mencionados acima são espúrias,
porque supostamente distorceram e, em geral, interpretaram erroneamente seus dados
de campo em favor da idéia preconcebida de aridez no período glacial. Com certeza
essas alegações um tanto simplistas levarão a intensas discussões entre os cientistas da
Terra nos anos futuros.
Segundo Colinvaux et al. (l.c.), climas tropicais úmidos com condições atmosféricas
úmidas prevaleceram na Amazônia, desde pelo menos o Mioceno, com nenhuma fase
seca interrompendo a história climática continuamente úmida dessa região (exceto para
pequenas flutuações vegetacionais em partes periféricas da Amazônia). Esses autores não
comentaram especificamente os dados de campo de Bibus (1983), Veiga (1991) e Veiga
et al. (1988), que apóiam nossas interpretações. Bibus ( l.c.) descreveu perfis complexos
de solo ee chamou
Central a ocorrência muito
a atenção paradifundida de de
a existência fragmentos grosseiros
espessas camadas na Amazônia
de sedimentos Sub-
grossei-
ros nos terraços do Pleistoceno encontrados na Amazônia Inferior (e cuja srcem requer
uma explicação). Ele estudou os cortes nos terrenos ao longo da construção da
Transamazônica, ao sul de Santarém e, entre outros fenômenos, descreveu uma “linha
de seixos consistindo de fragmentos angulares de quartzo. A forma e a textura desses
pedaços de quartzo indicam que eles não se srcinaram através de precipitação secundá-
ria de sílica, mas sem dúvida são cascalhos residuais derivados de veios de quartzo no
interior do afloramento de granito. Portanto, essa linha de seixos pode ser tomada,
inequivocamente, como prova de uma fase erosional anterior” nessa região (Bibus, l.c.,
p. 83). Mencionamos esta observação aqui como uma lembrança de que, além das
“pseudolinhas de seixos” consistindo de concreções (tratadas em extensão por Colinvaux
et al., l.c.), verdadeiras linhas de seixos também existem na Amazônia. Veiga et. al (l.c.)
descreveram sedimentos grosseiros e pobremente sortidos subjacentes à vegetação de
floresta pluvial ao norte de Manaus e nas bacias dos Rios Tapajós e Xingu, e analisaram
as implicações paleoecológicas desses depósitos. É claro que estudos de campo adicio-
nais nessas regiões são altamente desejáveis.
As asserções de Colinvaux et al. (2001) ilustram duas das noções erradas acerca da
teoria dos Refúgios que mencionamos em nosso texto: 1 a proposta do modelo ao longo
desses 30 anos baseou-se, supostamente, apenas nos padrões bióticos atuais, quando na
verdade também os resultados previamente publicados de estudos geomorfológicos e
palinológicos têm sido usados; 2 mudanças vegetacionais que ocorreram na Amazônia
supostamente alternadas entre floresta pluvial e savana de gramíneas, quando de fato fo-
ram consideradas mudanças muito mais complexas de floresta úmida para floresta seca,
floresta de lianas, floresta de bambus e outros tipos de vegetação de climas sazonalmente
quentes.