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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ESTRUTURAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Santa Maria, RS
2017
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me dar suporte e orientação durante toda a vida,
e também a oportunidade e saúde para realizar este trabalho.
À minha família, por sempre estarem me incentivando e apoiando em todos os
projetos realizados.
À minha mãe, Hilza Fonseca, que mesmo distante me apoiou durante toda a vida e me
instruiu em como ser um homem íntegro.
Ao meu pai, Giovany Carrião, por proporcionar-me um ambiente de vida saudável
onde pude desenvolver meus estudos com tranquilidade e me orientar sobre minha formação
profissional.
Às minhas irmãs, Gisely e Victória, por me suportarem e serem as caboclas mais
lindas que conheço, e também ao Daniel Cravo por fornecer todas as ferramentas necessárias
para que eu colocasse em prática minhas habilidades no mundo da tecnologia.
Aos meus queridos avós de coração, vó Wanda e vô João, por me ensinaram como ser
uma boa pessoa com seus exemplos de vida.
Aos meus amigos da igreja que hoje considero como irmãos por me mostrarem como
ser um grande fera da vida.
Ao meu brada e sócio, Gerson Severo, pela parceria e mostrar o que é ser boko e ter
um coração sempre disposto a ajudar os outros. Tire Tesse.
Aos meus amigos do intercâmbio que me mostraram que é possível se sentir em casa
apesar da distância dos familiares, especialmente ao grupo de Cabajos que fez valer toda a
experiência vivida e mantém uma amizade que levarei para o resto da vida.
Aos meus amigos e colegas de faculdade que fizeram valer a pena toda esta jornada
acadêmica, em especial a coisas raras que acontecem na nossa vida, pois sem eles e os bizus
nada disso seria possível.
Aos amigos da ONG Engenheiros sem Fronteiras – Núcleo Santa Maria, por
mostrarem que é possível construir uma sociedade melhor com uma engenharia sustentável e
social.
Aos professores do curso de Engenharia Civil pelos ensinamentos passados para que
fosse possível minha formação.
Ao professor André Lübeck por me orientar e mostrar-se sempre disponível para a
elaboração deste trabalho.
A todos os profissionais da Simultânea Engenharia que possibilitaram a aplicação dos
meus conhecimentos para o desenvolvimento deste trabalho.
RESUMO
Tabela 1 - Abordagem BIM sugerida pelos autores do Projeto de Apoio aos diálogos setoriais
União-Européia- Brasil. ........................................................................................................... 35
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10
1.1 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 11
1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 11
1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 11
1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................... 11
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................... 11
2 METODOLOGIA............................................................................................................... 13
2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 13
2.2 ESTUDO DE CASO ......................................................................................................... 13
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 14
3.1 DEFINIÇÃO...................................................................................................................... 14
3.2 VANTAGENS DO USO DO BIM .................................................................................... 15
3.3 APLICAÇÕES DO BIM ................................................................................................... 17
3.4 DESAFIOS DO USO DO BIM ......................................................................................... 27
3.5 CONTEXTO BRASILEIRO ............................................................................................. 33
3.6 NÍVEIS DE MATURIDADE BIM ................................................................................... 35
4 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................... 37
4.1 PLANO DE EXECUÇÃO BIM ........................................................................................ 37
4.2 COMPATIBILIZAÇÃO 3D EM EDIFÍCIO MULTIFAMILIAR .................................... 39
5 CONCLUSÕES................................................................................................................... 45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 47
APÊNDICE A – PLANO DE EXECUÇÃO BIM ............................................................... 50
10
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
O tema deste trabalho está vinculado à grande ocorrência de problemas nas edificações
devido a falhas de comunicação e colaboração entre as diversas disciplinas de engenharia na
fase de projeto, que acabam gerando problemas de execução na obra e retrabalhos na revisão
e compatibilização de projetos.
A escolha por este tema se justifica pela necessidade de criação de rotinas de trabalho
para o uso da tecnologia BIM, mostrando o atual fluxo de trabalho e o proposto para a
empresa de engenharia em questão.
1.2 OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo geral elaborar um fluxo de trabalho que facilite o uso da
tecnologia BIM para fins de compatibilização de projetos em um escritório de engenharia na
cidade de Santa Maria - RS.
2 METODOLOGIA
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 DEFINIÇÃO
Segundo Eastman et al. (2011) o termo Building Information Modeling (BIM) foi
criado pela Autodesk, em 1992, como forma de impulsionar o marketing do seu novo CAD, o
Revit. O software, apesar de não ter sido o primeiro a usar a metodologia BIM, visto que o
ArchiCAD e o Allplan já trabalhavam com metodologia similar, foi quem fixou essa
terminologia no mercado.
O professor Rafael Riera López (2016) define BIM (Building Information Modeling)
ou também chamado (Modelagem de Informações da Construção) como uma metodologia de
trabalho no setor da construção baseada no uso de sistemas que permitem integrar toda a
informação útil de um projeto, analisando e gerenciando efetivamente todo o ciclo de vida do
mesmo desde a fase de concepção até a fase de manutenção de uma maneira colaborativa
entre os diferentes integrantes de um projeto. A Figura 1 mostra todas as etapas em que o
BIM está presente.
O uso da tecnologia BIM pode trazer muitos benefícios, dentre os quais podemos
destacar: visualização 3D da estrutura e melhor compreensão visual do projeto, melhor
15
planejamento do projeto, modelação por objetos com definição das suas propriedades físicas e
base de dados e informação integrada e coordenada, reduzindo erros ligados à falta de
coordenação interdisciplinar. Também podemos destacar que o uso do BIM é importante
porque amplia as possibilidades de gerenciamento do projeto, da construção, do uso e da
manutenção de edificações e instalações.
É possível dizer que na modelagem BIM, o desenho é “inteligente”, pois uma vez que
o desenho foi representado, o projetista atribui-lhe propriedades (parametrização) que são
salvas no mesmo arquivo eletrônico, gerando automaticamente, a legenda da prancha e os
quantitativos de materiais, que posteriormente serão repassados para a equipe orçamentista
(FARIA, 2007).
Portanto, “as vantagens são tamanhas que num futuro próximo, migrar para o BIM
deixará de ser uma opção e passará a ser condição compulsória, para atuar na indústria da
construção civil.” (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2016,
p. 26). Porém, cuidados devem ser tomados na hora de implementar o BIM, para que os
custos e o tempo gasto na aprendizagem não sejam maiores que o lucro e produtividade.
e permite melhor planejamento da obra, evitando erros diversos, desde a comunicação entre
os projetistas até a quantidade de materiais necessários à obra.
É notório que o BIM tem trazido melhorias para o setor da construção civil nas últimas
décadas. Esta tecnologia, como dito anteriormente, pode ser utilizada em todo o processo de
construção, desde a concepção até o processo de manutenção. Será detalhado a seguir onde e
como o BIM pode ser aplicado dentro deste processo.
Nos Estados Unidos, em dezembro de 2009, em um trabalho publicado pela
Pennsylvania State University foram identificados 25 diferentes usos para o BIM. A Figura 3
os representa organizados de acordo com as correspondentes grandes fases do ciclo de
desenvolvimento de um projeto.
Figura 3 - Os 25 casos de usos BIM, localizados nas grandes fases do ciclo de vida de um
empreendimento, publicados pela Pennsylvania State University em 2009. Os quadros com
fundo laranja representam os principais usos BIM.
Dentre estes 25 casos de usos BIM, é possível destacar os mais comuns vistos no
Brasil:
VISUALIZAÇÃO DO PROJETO EM 3D
Figura 5 - Imagem 3D renderizada, gerada por software BIM, representando parte das
instalações de ar condicionado de uma edificação.
Figura 6 - A imagem 3D renderizada, gerada por um software BIM, ensaia as diferentes fases
de construção de uma edificação e o funcionamento de uma grua.
LEVANTAMENTO DE QUANTIDADES
Uma das funções mais usadas em modelos BIM é a extração automática de todas as
quantidades de serviços e componentes dos modelos. A plataforma BIM permite que estas
informações sejam extraídas com consistência, precisão e agilidade de acesso, que podem ser
divididas e organizadas de acordo com as fases definidas no planejamento e na programação
de execução dos serviços, otimizando assim mais um dos processos que existe na construção
civil. A Figura 7 traz exemplos de elementos que são possíveis extrair informações dos
modelos BIM.
21
Figura 7 - Exemplos de extração de quantidades realizadas por soluções BIM. Podem ser
extraídos e fornecidos tanto detalhes dos componentes (exemplo dos pilares) como a
quantidade deles ou do conjunto de componentes.
MAQUETE ELETRÔNICA
Figura 8 - Figura gerada por um software BIM mostrando duas edificações inseridas
virtualmente no local de construção.
Figura 9 - Figura gerada e renderizada por um software BIM mostrando interior de uma
edificação modelada.
ANÁLISE DE CONSTRUTIBILIDADE
Figura 10 - Figura gerada por um software BIM mostrando uma montagem de uma estrutura
metálica muito complexa.
COORDENAÇÃO ESPACIAL
COORDENAÇÃO DE CONTRATADOS
RASTREAMENTO DE COMPONENTES
GESTÃO DE ATIVOS
Modelos BIM podem ser usados como base de dados, para a realização de processos
de manutenção e gestão de ativos, após a conclusão e entrega de uma obra. Alguns
softwares BIM possuem funcionalidades que possibilitam a exportação automática
do subgrupo de informações que correspondem ao COBie - Construction Operations
Building Information Exchange – é um formato para publicação de um subgrupo de
informações de uma edificação, centrado na modelagem de dados não geométricos.
Este é um formato padronizado, capaz de capturar dados em suas origens e ao longo
de todo o desenvolvimento de um projeto que são importantes para suportar
operação, manutenção e gestão de uma edificação depois de construída e entregue
para uso. (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2016,
p. 47).
Sempre existirão informações que serão importantes para futuros processos de
manutenção e gestão do empreendimento já construído. A Figura 14 mostra um exemplo de
como isso pode acontecer com o uso da tecnologia BIM.
27
Outro ponto fundamental que impede a adoção BIM e impede que ela se dissemine
mais largamente está relacionado ao entendimento e à correta compreensão da tecnologia com
os seus reais benefícios. Não é fácil, tampouco intuitivo, compreender corretamente o que é
BIM e o que a sua adoção pode significar para a indústria da construção civil.
Então, é possível afirmar que a adoção BIM não acontece mais rapidamente pois não é
muito fácil, tampouco simples, compreender o que é BIM e qual o seu significado. Também
não é fácil entender os potenciais benefícios que a adoção BIM pode proporcionar e os
envolvidos num empreendimento, num primeiro momento, não conseguem enxergar que eles
já pagam uma conta muito alta devido a erros, retrabalhos, atrasos, demandas e processos. Os
proprietários e investidores brasileiros ainda não se deram conta de que eles seriam os
principais beneficiários da adoção BIM. E os bancos e demais agentes financiadores e
seguradoras ainda não perceberam que a maior precisão garantida pelos processos BIM
possibilita a prática de taxas mais baixas, em consequência da redução dos riscos dos
empreendimentos.
Uma visão errônea, porém bastante disseminada é que o BIM seria um substituto do
CAD, quando é, na verdade, uma inovação tecnológica muito mais profunda, pois altera
radicalmente todo o processo de projeto, desde a concepção até o gerenciamento do
empreendimento.
Barreiras culturais ou particularidades do ambiente e do mercado brasileiro também
podem ser apontadas como dificultadores. Muitas vezes não se valoriza o planejamento dos
empreendimentos construtivos e ainda não há um número de profissionais suficientemente
capacitados em BIM no nosso mercado. O brasileiro ainda acredita e aposta em soluções
‘rápidas e baratas’, onde o resultado muitas vezes é pior do que o esperado.
Os maiores beneficiados pela adoção BIM são os contratantes, que respondem pelo
produto final construído perante os clientes, mas o BIM precisa ser aplicado ainda na fase do
desenvolvimento dos projetos. Sem isso não existe BIM. Para os arquitetos e projetistas,
entretanto, a exigência do BIM acaba representando, além da necessidade de investimento e
capacitação, um aumento substancial de escopo e responsabilidades, sem que sua
remuneração seja adequadamente revista em conformidade ao novo escopo ampliado. Nem
todos que atuam na indústria da construção civil no Brasil se interessam verdadeiramente por
processos mais eficazes e transparentes e acabam se valendo da indefinição de projetos para
tirar proveito dela.
O investimento para viabilizar a implementação BIM é desproporcional aos atuais
valores de remuneração dos projetistas, especialmente na área de instalações onde os projetos
29
são sub-remunerados. Em geral, não existe interesse pelo trabalho colaborativo, cada um se
preocupa só com sua parte. Algumas pessoas são céticas e pensam que BIM pode ser um
‘modismo’ passageiro e também os modelos educacionais da maioria das universidades
brasileiras constituem barreiras à disseminação da tecnologia BIM. As mudanças nas grades
curriculares são difíceis, exigem processos longos, e os professores, de modo geral, não são
estimulados às inovações.
A participação ativa do CONFEA, CREA e CAU é de extrema importância nas
iniciativas existentes para a disseminação do BIM. Ainda é difícil encontrar documentos de
origem brasileira definidores de boas práticas que auxiliem nos processos de seleção,
contratação e gerenciamento do projeto e empreendimento utilizando BIM. Além disso, não
há bibliotecas de componentes BIM que correspondam aos produtos produzidos e utilizados
na indústria brasileira.
Existem algumas questões e necessidades intrínsecas à tecnologia BIM, que também
se constituem obstáculos a uma adoção mais ampla, sua adoção requer esforço, aprendizado e
investimento. Não é simples nem fácil calcular e comprovar o retorno sobre o investimento
(ROI) no BIM, e também é difícil mensurar alguns dos principais benefícios oferecidos pelo
BIM, que é justamente o aumento da precisão dos projetos e do planejamento.
É possível resumir bem os entraves para adoção do BIM de acordo com Manzione
(2016), em um estudo realizado por seu orientando Willian Santos, onde são apontados alguns
fatores pessoais, tecnológicos e de gestão como dificultadores da implementação BIM. São
eles:
FATORES PESSOAS:
1. Falta de tempo e planejamento para a aquisição do conhecimento;
2. Falta de consultor técnico (cultura BIM inexistente);
3. Resistencia à mudanças pela equipe (em geral pelos funcionários mais
experientes);
4. Dificuldade em trabalhar em equipe simultaneamente;
5. Falta de trabalho em parceria / relação com complementares/ relações conflitantes
e não cooperativas. Conflito entre as diversas disciplinas, risco na produtividade,
retrabalhos e perda de prazos;
6. Falta de conhecimento dos princípios enxutos;
7. Medo do desconhecido x falta de interesse pela nova tecnologia;
8. Falta de conhecimento do que é BIM;
9. Fixação em cultura operacional própria. Dificuldade em integração e colaboração
com processos padronizados;
10. Falta de conhecimento da estratégia do negócio e competitividade;
30
Eventos e medidas vem acontecendo no Brasil para que o uso do BIM seja
regularizado e difundido em todo o território brasileiro. Isso inclui protocolos BIM,
especificações de novos profissionais e, juntamente com o SENAI, o desenvolvimento de
programas de capacitação. Procura-se desenvolver diretrizes para o aprendizado BIM a nível
superior federal e treinamento profissional. (KASSEM; AMORIM, 2015).
Nos anos de 2016 e 2017 é possível ver várias iniciativas no Brasil que apoiam o uso
do BIM, dentre elas temos o Comitê Estratégico de Implementação do Building Information
Modeling, criado por meio de decreto presidencial em junho. Seus integrantes deram o
primeiro passo formal para a formulação da Estratégia Nacional de Disseminação de BIM. O
Comitê, realizado no Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), aprovou
o regimento interno do colegiado e a formação dos grupos de trabalho, que devem ter as
atividades concluídas até julho de 2018.
Outras iniciativas que podem ser citadas são:
• Caderno de Apresentação de Projetos em BIM de Santa Catarina – procedimentos
adotados pelo Comitê de Obras e Serviços que deverão ser utilizados pelos prestadores
de serviços ao estado de Santa Catarina para a apresentação de projetos em BIM.
• Guia AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) de boas práticas
em BIM.
• CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) – elaborou uma coletânea de
implementação do BIM para construtoras e incorporadoras.
• ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) por meio de uma comissão
especial de estudo voltada ao BIM, já elaborou três normas referentes ao sistema de
classificação.
• Estado de Santa Catarina decretou que até 2018 todas as obras públicas deverão
utilizar a tecnologia BIM.
• Termo de cooperação técnica entre Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
• Secretaria de Infraestrutura e Logística e universidades do Paraná firmam parceria
para fomentar tecnologia BIM/ Plano de Fomento BIM.
Como é possível perceber, o uso da tecnologia BIM não é algo mais para o futuro e
sim já é possível ver seu uso hoje no Brasil. Eventos também tem acontecido para incentivar e
promover seu uso, segue abaixo alguns desses eventos:
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Mesmo com um grande avanço do uso do BIM, ainda encontram-se muitos problemas
quando se trata de interoperabilidade no Brasil. A maioria dos processos de formação de
preços e de contratação são baseados em licitação por menor preço, o que cria uma lacuna
entre projeto e execução, indo na contramão do que propõe o processo BIM. Diferentemente
do Brasil, em países mais desenvolvidos, o conceito do Integrated Project Delivery (IPD) é
realidade e resulta em empreendimentos com mais qualidade, eficácia e colaboração entre
projetistas, construtores, governo e partes interessadas. (KASSEM; AMORIM, 2015).
Visando esse desenvolvimento no país, foi criado o Projeto de Apoio aos diálogos
Setoriais UE-Brasil, com o objetivo de contribuir na parceria estratégica entre o Brasil e a
União Européia através do intercâmbio de conhecimento técnico. O projeto é coordenado pelo
MPOG e pela DELBRA. O estudo tem como objetivo selecionar dois peritos sêniors, um do
Brasil e um da Europa, para avaliar o nível que se encontra o BIM nos países envolvidos em
termos públicos e privados, visando a colaboração mútua de ambas as partes no
desenvolvimento BIM. (MANZIONE, 2015).
A seguinte abordagem apresentada na Tabela 1 mostra o que os consultores desse
Projeto de Apoio sugeriram para tornar o BIM mandatório em programas financiados pelo
Governo Federal.
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Tabela 1 - Abordagem BIM sugerida pelos autores do Projeto de Apoio aos diálogos setoriais
União-Européia- Brasil.
O BIM pode ser entendido de várias formas de acordo com a visão de diferentes
pessoas, seja baseado em experiências prévias ou percepção pessoal. Alguns vêm a tecnologia
como modelagem orientada a objetos, outros como a possibilidade de criar modelos IFC.
Desta forma, surge a necessidade de estabelecer uma definição comum em termos de nível de
maturidade BIM. (KHOSROWSHAHI; ARAYICI, 2012).
Para essa identificação, Succar (2008) define a subdivisão dos níveis de maturidade
BIM em três componentes, que podem auxiliar na classificação da implementação BIM:
• Estágio 1 - Modelagem baseada em objetos;
• Estágio 2 - Modelo baseado em colaboração;
• Estágio 3 - Integração baseada em rede.
Os leveis, ou estágios de maturidade BIM podem ser definidos da seguinte forma:
• Pré-BIM: Se refere as práticas tradicionais 2D, ainda com ineficiência e barreiras
significativas. A maioria da informação é armazenada em documentos escritos, pranchas e
detalhes 2D. Existe grande possibilidade de existirem erros humanos e problemas entre
diferentes versões de projeto. (KHOSROWSHAHI; ARAYICI, 2012).
• BIM Level 1 - Se refere à transição de 2D para o 3D, onde o modelo passa a ser construído
com elementos arquitetônicos reais. Nessa fase, as disciplinas ainda são tratadas
separadamente e a documentação final ainda é composta, majoritariamente, por desenhos 2D.
(KHOSROWSHAHI; ARAYICI, 2012).
36
Para o presente estudo, foi definido alcançar o BIM level 2 para a empresa de
engenharia onde a tecnologia foi implementada.
37
4 ESTUDO DE CASO
Este capítulo demonstra como foi elaborado e executado um Plano de Execução BIM
para um edifício multifamiliar de 13 pavimentos para a coordenação 3D das disciplinas de
estrutura e instalações hidrossanitárias com o uso dos softwares QiBuilder, TQS e Autodesk
Navisworks.
No novo fluxo de trabalho sugerido entram dois novos softwares: o Autodesk Revit e o
Autodesk Navisworks. O Autodesk Revit serve para modelar o projeto arquitetônico em 3D e
que também pode ser utilizado para fazer projetos de PPCI (Plano de Prevenção e Proteção
Contra Incêndio), e o Autodesk Navisworks que faz a compatibilização das diversas
disciplinas em 3D. Neste novo fluxo de trabalho os engenheiros e arquitetos exportam os
arquivos de seus respectivos projetos no formato IFC (Industry Foudation Classes, formato
desenvolvido pela buildingSMART que fornece uma solução de interoperabilidade entre
diferentes aplicativos de software), onde a compatibilização é feita toda em 3D no
Navisworks. A Figura 18 mostra o novo fluxo de trabalho sugerido para a empresa.
O presente estudo não entrará em detalhes sobre a origem e composição dos formatos
de arquivos citados anteriormente, visto que este é um assunto que necessita de profunda
revisão bibliográfica e foge dos objetivos do trabalho.
O novo fluxo de trabalho foi então testado para a compatibilização dos projetos
estrutural e hidrossanitário no software Autodesk Navisworks. Inicia-se o processo importando
os arquivos IFC provenientes do TQS e do QiBuilder para o Navisworks. As Figuras 19, 20 e
21 mostram como os arquivos IFC aparecem no software de compatibilização.
41
• Hard Clash - Ocorre quando dois objetos ocupam o mesmo espaço. Quando há o
choque entre os elementos. É o tipo mais comum e prejudicial de interferência.
• Soft Clash ou Clearance Clash - São os conflitos que ocorrem sem o choque físico dos
objetos. Ocorrem em elementos que demandam certa tolerância espacial livre dentro
de um raio específico. Por exemplo, a execução de forro em placas de gesso, que para
ser correta precisa de uma distância mínima para a passagem de tubulações entre ele e
a laje.
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Após clicar no botão ‘Run Test’ que aparece na figura anterior, o programa mostra
quais elementos estão conflitando. Foram encontradas 67 interferências no pavimento térreo
entre os elementos estruturais (pilares e vigas) e elementos hidrossanitários (tubulações de
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água fria, água quente, sanitárias, peças e acessórios). Gera-se então um relatório em um
formato que se possa abrir em no programa Microsoft Excel, onde as interferências são
analisadas, revisadas e depois corrigidas nos modelos (Figura 23).
Uma matriz de interferências também foi criada para ter controle de todas as
interferências que foram realizadas no projeto. A Figura 24 mostra parte desta matriz criada
no programa Microsoft Excel.
Figura 24 - Parte da matriz de interferências.
Todos os arquivos criados e mostrados neste estudo podem ser fornecidos pelo autor
do mesmo mediante requisição.
5 CONCLUSÕES
trabalho proposto para a compatibilização de futuros projetos, utilizando esta nova tecnologia
que não é mais tendência e sim realidade seu uso no setor de construção civil brasileiro.
Vale ressaltar que as referências na língua portuguesa a respeito dessa temática são
restritas a artigos e alguns estudos de casos, mostrando-se ainda mais escasso o material
referente a literatura conceitual. A maioria dos materiais encontrados em português falam
apenas sobre o conceito de BIM e não mostram como realmente é o processo de
implementação desta tecnologia em alguma empresa.
Enfim, é possível concluir com este trabalho que a utilização do BIM em empresas
não se refere apenas à utilização de um software, mas também a elaboração de um plano bem
detalhado de implementação, onde todo o processo deve ser planejado e documentado de
acordo com as prioridades de uso do BIM da empresa.
47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRESPO, Cláudia Campos; RUSCHEL, Regina Coeli. Ferramentas BIM: um desafio para
a melhoria no ciclo de vida do projeto. In: Anais do III Encontro de Tecnologia de
Informação e Comunicação na Construção Civil. Porto Alegre, 2007.
FARIA, Renato. Construção Integrada. Revista Téchne: São Paulo, 2007. Disponível em
<http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/127/imprime64516.asp>. Acesso em 25
de outubro de 2017.
LÓPEZ, R.R. BIM A0. Introdução ao BIM. Definição e objetivos do BIM: apostila.
Barcelona: Zigurat Consultoria de Formação Técnica, 2016.
MANZIONE, L. Barreiras para a implantação do BIM. São Paulo: [s.n.], 2016. Blog.
Disponível em: <http://www.coordenar.com.br/barreiras-implantacao-do-bim/>. Acesso em
02 de novembro de 2017.
MANZIONE, L. Diálogos setoriais BIM. São Paulo: [s.n.], 2015. Blog. Disponível em:
<http://www.coordenar.com.br/dialogos-setoriais-bim/>. Acesso em 02 de novembro de
2017;
National Institute of Building Sciences. National BIM Standard - United States. Terceira.
[S.l.], 2015.
Obra não é sinônimo de problema, ou ao menos não deveria ser. Minas Gerais. Blog
VEREDAS. 2017. Disponível em <https://www.veredas.arq.br/single-
post/2017/02/20/OBRA-NAO-E-PROBLEMA>. Acesso em 25 de outubro de 2017.
YAN, H.; DAMIAN, P. Benefits and barriers of building information modelling. In: 12th
International conference on computing in civil and building engineering. [S.l.: s.n.], 2008. v.
161.
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