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Na sua obra sobre, A Retórica, Aristóteles

distinguiu três formas de argumentação:


1.A argumentação baseada no caráter (ethos)
do orador;
2.A argumentação baseada no estado emocional
(pathos) do auditório;
3.A argumentação baseada no argumento
(logos) propriamente dito.
Os argumentos convincentes fornecidos através do
discurso são de três espécies:

1. Alguns fundam-se no caráter de quem fala;


Os argumentos são abonados pelo caráter sempre
que o discurso é apresentado de forma a fazer quem
fala merecer a nossa confiança. Pois temos mais
confiança, e temo-la com maior prontidão, em pessoas
decentes.
Isto, contudo, tem de resultar do próprio discurso, e não
das perspetivas prévias do auditório quanto ao caráter
do orador.
2. Alguns, na condição de quem ouve;
A convicção é assegurada através dos ouvintes sempre que o
discurso desperta neles alguma emoção. Pois não damos os
mesmos vereditos quando sentimos angústia e quando
sentimos alegria, ou quando estamos numa disposição
favorável e numa disposição hostil […].

3. Alguns, no próprio discurso, através de prova ou


aparência de prova.
As pessoas são convencidas pelo próprio discurso sempre que
provamos o que é verdade ou parece verdade a partir de seja o
que for que é convincente em cada tópico.
Aristóteles, Retórica, p. 1356a
A diferença fundamental entre os
argumentos informais e os formais
é esta: nos argumentos informais,
a sua validade não depende
exclusivamente da sua forma
lógica, como nos formais.
Argumentos dedutivos Argumentos não dedutivos
. Num argumento dedutivo Nos argumentos não
válido é impossível as suas dedutivos válidos não é
premissas serem verdadeiras impossível as suas premissas
e a sua conclusão falsa. serem verdadeiras e a sua
conclusão falsa; é apenas
muito improvável.
. Um argumento dedutivo
válido com premissas . Um argumento não dedutivo
verdadeiras garante a verdade válido com premissas
da sua conclusão. verdadeiras torna provável,
mas não garante, a verdade
da sua conclusão.
 ARGUMENTOS DEDUTIVOS
(Entimema)

 ARGUMENTOS COM BASE EM EXEMPLOS


(indução: generalização e previsão)

 ARGUMENTOS POR ANALOGIA

 ARGUMENTOS COM BASE NA AUTORIDADE


São argumentos com forte consistência pois se as
premissas forem verdadeiras é logicamente
impossível a conclusão ser falsa.
Assim, se o interlocutor estiver de acordo com as
premissas, terá inevitavelmente de aceitar a
conclusão.
 Silogismo incompleto ao qual falta uma das
premissas, por vezes falta a conclusão.

Por ex.: Sou homem. Logo sou mortal.


(Falta a premissa maior: Todo o homem é
mortal).
São argumentos de tipo indutivo, isto é, parte-
se de casos ou exemplos particulares para, a
partir daí, tentar chegar a uma conclusão geral.

A probabilidade de errar está sempre presente,


mesmo nos casos em que se parte de situações
verdadeiras.
 Para que uma generalização seja válida tem
de obedecer a algumas regras:
- os casos em que se baseia têm de ser
representativos e não pode haver contra-
exemplos.
Por ex: Algumas galinhas têm penas.
Logo, todas as galinhas têm penas.
 A falácia da generalização precipitada
ocorre quando os casos em que nos
apoiamos não são representativos.
 Numa previsão as premissas baseiam-se no
passado e a conclusão é um caso particular.

 Por ex: Todos os corpos que observamos


até hoje são atraídos pelo respetivo centro
de gravidade. Por conseguinte, todos os
corpos que doravante observarmos serão
atraídos pelo respetivo centro de gravidade.
Num argumento por analogia pretende-se concluir
que algo é de certo modo porque esse algo é
análogo (semelhante) a outra coisa que é desse
modo.

Por exemplo:
Os filósofos são como os cientistas.
Os cientistas procuram compreender melhor o
mundo.
Logo, os filósofos procuram compreender
melhor o mundo.
Um argumento por analogia válido é aquele em que
as semelhanças entre as realidades são mais
relevantes do que as diferenças
Num argumento de autoridade usa-se a opinião de
um especialista.

Para que um argumento de autoridade seja bom é


necessário que o especialista ou especialistas
invocados sejam realmente especialistas da matéria
em causa e que os outros especialistas não
discordem dele.
Por isso, em filosofia os argumentos de autoridade
são quase sempre falaciosos, dado que os filósofos
discordam quase sempre uns dos outros
relativamente a questões substanciais. Só podemos
usar argumentos de autoridade em filosofia caso os
outros filósofos, quanto à questão em causa, não
discordem do filósofo que estamos a invocar.
Quando se recorre a argumentos de autoridade há que
atender a alguns requisitos como por exemplo:

 Citar as fontes com o máximo de precisão possível.

 Averiguar as fontes no sentido de determinar se têm


qualificação bastante para abonar as informações em
causa.

 Investigar acerca do caráter tendencioso ou isento das


fontes que devem ser, acima de tudo, imparciais.

 Comparar as diferentes fontes, especialmente se


houver discordância entre os dados fornecidos pelas
mesmas.
São argumentos em que as premissas não
sustentam a conclusão em virtude de
deficiências no conteúdo.

Para as detetarmos temos que ter em conta o


contexto em que ocorrem e, se possível, as
intenções comunicativas dos dialogantes.
1. Falácia ad baculum (ou recurso à força)
Ex: Convém admitires que esta é a melhor política
que a empresa pode seguir, se pretendes manter o
emprego.
Argumento que recorre a formas de ameaça como
meio de fazer aceitar uma afirmação

Ex:
Se não votarem em nós,
nos próximos tempos
não vai haver novos empregos!
2. Falácia ad hominem ou contra a pessoa

Quando, para se destruir o argumento de alguém,


se tenta destruir a pessoa.

Ex:
Einstein foi o criador
da teoria da relatividade.
Ora, ele era judeu.
Logo, a teoria é falsa.
3. Falácia ad ignorantiam ou da ignorância

Quando as premissas de um argumento


estabelecem que nada se sabe acerca de um
assunto e se procura concluir a partir dessas
premissas algo acerca do assunto (uma proposição
é tida como verdadeira ou como falsa só porque
não se provou o seu contrário).
4. Falácia ad misericordiam

Quando se procura comover o ouvinte…


5. Falácia ad verecundiam ou falácia da autoridade

Quando, para se justificar algo, se recorre a uma


autoridade que não é digna de confiança ou que
não é uma autoridade no assunto (apelo ao uma
autoridade não qualificada).
6. Falácia da generalização precipitada.
Surge quando se enuncia uma lei ou regra geral a
partir de dados não representativos ou insuficientes.
Por ex: a enumeração incompleta

« – Ouve com atenção: tu não sabes falar francês,


eu não sei falar francês, Petey não sabe falar francês.
Posso concluir que ninguém na universidade sabe falar
francês.
– Ninguém? – espantou‐se Polly.»
7. Falácia da falsa causa

Quando se apresenta um fenómeno como causa de outro sem


que entre eles exista qualquer nexo causal.

Quando a ligação entre premissas e conclusão depende de


uma causa não existente. Os argumentos causais são os
argumentos onde se conclui que uma coisa ou acontecimento
causa outra. São muito comuns mas, como a relação entre
causa e efeito é complexa, é fácil cometer erros. Em regra,
diz-se que C é a causa do efeito E se e só se: Geralmente,
quando C ocorre, também E ocorre.
Exemplo:
Bebi um copo de água e a dor
de cabeça passou. A água cura
as dores de cabeça.
post hoc ergo propter hoc (depois disso, logo, por causa
disso). Um autor comete a falácia quando pressupõe que, por
uma coisa se seguir a outra, então aquela teve de ser causada
por esta.
Exemplos:
A imigração do Alentejo para Lisboa aumentou mal a
prosperidade aumentou. Portanto, o incremento da imigração
foi causado pelo incremento da prosperidade.
8. Falácia da petição de princípio

Ocorre nos argumentos cuja conclusão já está


contida nas premissas, isto é, usamos como prova
o que estamos a tentar provar.

Exemplo:
«João – Deus existe!
Maria – Como é que sabes?
João – Porque a Bíblia o diz!
Maria – E porque é que acreditas na Bíblia?
João – Porque foi inspirada por Deus.»
Exemplo:
Quando os árabes conquistaram Alexandria, o califa Omar
justificou a destruição da Biblioteca de Alexandria deste modo:
«Os livros da Biblioteca de Alexandria ou contêm os princípios
do Alcorão ou não.
Se contêm os princípios do Alcorão, são supérfluos e devem ser
queimados.
Se não contêm os princípios do Alcorão, são nocivos e, se são
nocivos, devem ser queimados.
Portanto, os livros da Biblioteca de Alexandria devem ser
queimados.»

Trata‐se de um falso dilema porque havia outras


alternativas que o califa não considerou.
9. Falácia da equivocidade

Quando se introduz um termo com duplo sentido


conduzindo a conclusões erradas.
10. Falácia do Espantalho.
Consiste em atribuir a outrem uma opinião fictícia ou deturpar as
suas afirmações de modo a terem outro significado. Transforma-se
o argumento original num “espantalho” de “palha” de forma a ser
mais fácil pegar-lhe fogo.

Exemplo:
João - Eu acho que o capitalismo é bom porque incentiva as pessoas a
trabalhar e a poupar.
José – Tu achas que o capitalismo é bom porque diz que a riqueza vem
à mão de quem trabalha, mas isso é claramente falso, já que muitas
pessoas ricas simplesmente herdam fortunas sem nunca trabalhar, por
isso o capitalismo é um fracasso.
11. Falácia da Bola de Neve ( Argumentum ad
consequentian). (ou derrapagem)
Exagera-se nas consequências que podem
resultar se se aceitar uma dada tese.
Exemplos:
“João – Defendo que Deus não existe.
Manuel – Não podes defender uma posição dessas!
João – Diz-me porquê!
Manuel – Porque isso conduziria ao caos social, pois para
muitas pessoas a vida não teria sentido.”

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