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Resumo: Neste artigo, propõe-se uma releitura do conceito de fait divers, cunhado por R. Barthes (1964), a
partir da perspectiva da semiótica de vertente tensiva. Definido pelo semiólogo francês como “uma informação
monstruosa”, Barthes foi o primeiro teórico a lançar luz sobre esse tipo de relato noticioso da ordem do inusitado,
no sentido de lhe conjecturar uma estrutura. A partir do escopo teórico da semiótica tensiva, parece heurístico
e econômico para semiótica aventar que o fait divers se configura como um fato semiótico de bases concessivas,
em geral, à maneira do acontecimento zilberberguiano. Uma visada tensiva sobre o fait divers mostra que a
teoria tensiva, além permitir um maior grau de abstração para a análise de tal categoria de notícias, põe em
evidência suas próprias relações intratextuais, mantendo intacto o primado da imanência, justamente o que
caracteriza a disciplina.
da aproximação entre dois conceitos: o de fait divers são das valências respectivas do sensível e do
Barthes (1964) e o de acontecimento [événement] 3 inteligível. Marcado por um andamento rá-
Zilberberg (2011a). pido demais para o sujeito, o acontecimento
Assim, dividimos o presente artigo desta maneira: leva o sensível à incandescência e o inteligível
começamos expondo o conceito semiótico de aconte- à nulidade (Zilberberg, 2011a, p.190).
cimento para, em seguida, apresentar o que Barthes
chama de estrutura do fait divers. Finalmente, a partir O diagrama a seguir representa graficamente a es-
da vertente tensiva da semiótica, postulamos o que, a trutura do acontecimento:
nosso ver, parece heurístico e econômico para a teoria
semiótica, qual seja, aventar que o fait divers se confi-
gura como um fato de bases concessivas, em geral, à
maneira do acontecimento zilberberguiano. tônico +
Acontecimento
1. Sobre o conceito de
andamento e tonicidade
Intensidade
acontecimento
O conceito de acontecimento ocupa uma posição cen-
tral na semiótica tensiva, tanto que Zilberberg (2011a,
p. 46) chega a afirmar: “ao lado de uma semiótica fasci-
nada ou talvez até alienada pela produção, apropriação
e circulação dos objetos de valor, está se delineando
átono –
uma não menos consistente semiótica do aconteci-
mento”.
Cumpre, assim, de início, diferenciar fato de aconte- – +
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Conrado Moreira Mendes,
O acontecimento não pode ser apreendido se- e a causa esperada. Na do primeiro tipo, não se sabe
não como algo afetante, perturbador, que sus- da causa do evento, ou, ainda, uma pequena causa
pende momentaneamente o curso do tempo. gera um grande efeito. No segundo tipo de causali-
Mas nada nem ninguém conseguiria impedir dade, a importância da relação perde força — ainda
que o tempo logo retome seu curso e que o que continue presente — e a ênfase é posta sobre o que
acontecimento entre pouco a pouco nas vias autor chama de dramatis personae, como, por exemplo,
da potencialização, isto é, primeiramente, na uma criança, um idoso, uma madrasta — “tipos de
memória, depois, com o tempo na história, de essências emocionais, encarregadas de dar vida a um
maneira que, grosso modo, tal acontecimento estereótipo” (p. 197).
ganhe em legibilidade, em inteligibilidade, o O segundo tipo de relação imanente, segundo
que perde paulatinamente em agudeza (Zil- Barthes, é o de coincidência, o qual se subdivide, igual-
berberg, 2011a, p. 169). mente, em dois subtipos: repetição e antítese. Alguém
que ganha na loteria mais de uma vez, ou, ainda, con-
trariando a expressão popular, um raio que cai duas
2. A estrutura barthesiana do fait vezes no mesmo lugar constitui um fait divers pelo
divers caráter inesperado da repetição. No caso da antítese,
duas lógicas opostas constituem esse tipo de relação
Conforme mencionamos na introdução deste artigo,
imanente.
apesar da pré-existência do termo fait divers, a ela-
Tomemos o Caso Isabella Nardoni para exemplifi-
boração do conceito desse tipo de notícia, no que se
car. Exaustivamente noticiado pela mídia brasileira
refere fundamentalmente à concepção de uma estru-
em 2008, o episódio gira em torno do assassinato de
tura, remete, decerto, a Barthes (1964). Tanto o é
Isabella Nardoni, de cinco anos. Os suspeitos, à época,
que esse conceito tornou-se referência obrigatória a
foram o próprio pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta,
qualquer abordagem que se faça do fait divers. O fait
Anna Carolina Jatobá. Tal desconfiança se comprovou
divers se refere, segundo o autor, a notícias acerca de
ao longo da investigação: de indiciados pelo crime,
eventos de caráter grotesco, em geral da ordem do pri-
foram acusados e condenados pela justiça. Conforme
vado. Em uma palavra, trata-se de “uma informação
narrou a imprensa, a menina foi ferida, asfixiada e, por
monstruosa” (Barthes, 1964, p. 194).
fim, jogada pela janela do sexto andar do apartamento
O semiólogo francês diferencia o fait divers de ou-
do pai. Isabella passava o final de semana com ele,
tras editorias jornalísticas ao comparar dois tipos de
a madrasta e os dois filhos do casal. Socorrida pelos
assassinato: um, por razões políticas, e um segundo,
bombeiros, a criança morreu a caminho do hospital.
por exemplo, um crime passional. O do primeiro tipo,
No que se refere à relação de causalidade, inicial-
necessariamente, remete a um conhecimento exterior
mente, desconhecia-se o motivo da morte da menina,
ao fato propriamente dito, ou seja, à conjuntura po-
isto é, configura-se uma causa perturbada, pela de-
lítica, às razões daí decorrentes que motivaram tal
finição de Barthes (1964). Ao mesmo tempo, esse
assassinato, etc.: “Em suma, o assassinato escapa
fait divers ancora-se num segundo tipo de relação de
ao fait divers sempre que ele for exógeno, vindo de
causalidade, no qual a ênfase é posta sobre as dra-
um mundo já conhecido [...]. O assassinato político é,
matis personae: estão em jogo as figuras da criança,
portanto, sempre uma informação parcial” (Barthes,
do pai, da madrasta que remontam aos estereótipos
1964, p. 195). O fait divers, conforme o autor, ao con-
que repousam na cultura. No que tange à relação
trário, prescinde de dados pré-existentes, constitui-se
de coincidência, o evento, obviamente, não se dá por
como uma informação total, “contém em si todo o sa-
repetição, mas por antítese. No Caso Isabella Nardoni,
ber: não é necessário nada do mundo para consumir
a menina é assassinada pelo próprio pai, com ajuda da
um fait divers; ele não remete formalmente a nada
madrasta. Aquele, portanto, que seria o responsável
senão a si próprio” (p. 195). Seu conteúdo, entretanto,
pela criação e bem-estar da filha, paradoxalmente, é o
não é estranho à “realidade” que nos cerca: são ge-
causador de sua morte:
ralmente desastres, mortes, acidentes e bizarrices em
geral: “sem duração e sem contexto, ele constitui um O pai, inclusive, com formação universitária.
ser imediato, total, que não remete a nada de implícito É um advogado. Isso parece não ter sido
[...]. É sua imanência que define o fait divers” (p. 195; o suficiente, para impedir o evento trágico.
itálicos nossos). [...] O jogar uma menina, de quatro anos
Na concepção de Barthes, as relações imanentes ao [na verdade, cinco anos], pela janela de um
fait divers podem ser de dois tipos. A primeira é a de prédio, de classe média, do sexto andar, com
causalidade, em geral, aberrante. Por isso, ele traz uma altura aproximada de 20 metros, é uma
consigo, nas palavras do autor, “um germe de degra- singularidade trágica. Contraria a própria
dação” (p. 197). Esse tipo de estrutura subdivide-se configuração do trágico usual e urbano. Ofe-
em duas formas de causalidade: a causa perturbada rece uma ruptura ao Estereótipo vigente.[...]
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estudos semióticos, vol. 9, no 2 – dezembro 2013
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Isabella perde a vida pelas mãos de quem a (Greimas, 1974, p. 25), admitimos que são suas
dera — o seu pai, conforme a acusação. [...] próprias categorias em relação que definem tal ima-
Alexandre Nardoni, responsável pelo cuidado, nência. Desse modo, o conceito de estrutura, segundo
pelo amparo da menina, torna-se réu pelo Hjelmslev (1991, p. 29), “entidade autônoma de de-
seu assassinato. Ele, um advogado, que de- pendências internas”, ao qual subjaz o conceito de
veria ser o paladino das leis, parece ser o imanência, encontra-se, a nosso ver, atual para o es-
seu fiel transgressor, cultivando a Antítese tudo das relações intratextuais de quaisquer textos,
— pai e provável assassino (Ramos, 2008, p. entendidos em sentido lato.
144-145)4 .
3. Semiótica tensiva e fait
Assim, pelas categorias postuladas por Barthes, o
divers: algumas aproximações
Caso Isabella Nardoni constitui-se como um fait divers
por excelência. A nosso ver, Barthes (1964) esboçou, a partir de seu
Cabe dizer ainda que, pela proposição barthesiana, ensaio, uma espécie de “semiótica do acontecimento”
não há fait divers sem o susto, sem o espanto de quem avant la lettre, concebida e assim denominada por
vê, lê ou assiste. A temática pode ser ainda de dois ti- Zilberberg (2011a, p. 46). A curta duração, a intensi-
pos: crimes (crimes passionais, suicídios, chantagens, dade com que ele se dá, as paixões, nomeadas ou não,
agressões sádicas) e fenômenos [prodige], da ordem suscitadas e intrínsecas a tais informações inespera-
do inesperado, tais como notícias sobre supostos dis- das, pontuais e “monstruosas” são, ao que queremos
cos voadores, fenômenos paranormais, religiosos, etc. demonstrar, passíveis de serem transpostas a uma
Dion (2007, p. 126), nesse sentido, destaca a pouca abordagem tensiva.
variabilidade temática do relato noticioso em questão: Nesse sentido, Alencar (2005, p. 116), na esteira do
“De fato, parece que o fait divers é eminentemente pensamento barthesiano, ressalta a intensidade cons-
repetitivo”. Observa-se, entretanto, uma particulari- titutiva do fait divers e a temporalidade posteriormente
dade desse pequeno inventário temático: são sempre demandada para apreendê-lo:
marcados por um forte caráter fortuito e emocional.
Entre um suicídio, um naufrágio, o nasci-
Barthes (1964), nesse ensaio pleno de ideias, lança
mento de uma criança deformada ou um caso
luz para o estudo do fenômeno dos faits divers, e indica
de canibalismo, o que haveria em comum,
caminhos capazes de suscitar ainda outras questões.
além de terem ocorrido “de fato” e de marca-
Propomos fazê-lo, conforme anunciamos, pelo viés da
rem o limite do humano? O que diferencia um
semiótica tensiva. Antes, entretanto, é necessário su-
fait divers de outros tipos de notícia? Assim
blinhar a diferença entre o que Barthes (1964) entende
como todo acidente, o fait divers interroga a
por estrutura/imanência e como o faz a semiótica de
visibilidade das coisas. Diante do incompreen-
bases greimasianas.
sível, os preconceitos e a tentação jornalística
Para a semiótica, a definição de Barthes para tais
de tudo explicar — tudo e imediatamente —
notícias (a exemplo do crime político — que necessita-
recuam, perdem terreno. [...] O vivenciado se
ria de informações exógenas a ele mesmo — diferente
configura, tornando-se processo, traduzindo-
de um crime passional), apesar de estrutural 5 , não
se em temporalidade, ou seja, a vida busca
constituiria sua imanência. Aos olhos da disciplina
inteligibilidade através da narrativa (itálicos
de Greimas, são preliminarmente as relações intratex-
nossos).
tuais ali engendradas que criariam efeitos de sentido
específicos desse tipo de relato. É por esse direção, A autora observa ainda a rapidez e a não serialidade,
portanto, que nos orientamos. 6 características do fait divers, ao afirmar:
Pela exemplificação de Barthes, a não necessidade
de contexto especificaria o fait divers, enquanto sua Este [o leitor] é seduzido pelo princípio de
imprescindibilidade definiria aquilo que não o é. Sem uma desorganização generalizada, como se
pretender fazer uma leitura estrita da máxima greima- algo viesse dizer que a vida é assim mesmo, ir-
siana, segundo a qual “fora do texto não há salvação” risória, vertiginosa, confusa. Os outros tipos
4
Quando da publicação do texto de Ramos (2008), o casal suspeito não havia ainda sido julgado e condenado.
5
Lembre-se que os termos estrutural e estruturalismo não constituem expressões unívocas. No dizer de Dosse (2007, p. 25), “os
contornos da referência estruturalista são sobremaneira vagos, difusos”. Segundo o autor, não há senão estruturalismos, no plural. No que
respeita a este texto, entretanto, entendemos estruturalismo a partir do conceito hjelmsleviano de estrutura.
6
Sabe-se, contudo, que a semiótica não ignora a “exterioridade discursiva”, termo semiotizado por Barros (2009); todavia, aborda-a a
partir de metodologias que não contradigam o primado da imanência, que incluem, por exemplo, as relações intertextuais ou interdiscursivas
que o texto em análise estabelece com outros textos/discursos.
7
Até porque cabe ao analista definir a semiótica-objeto, isto é, o que é texto e o que não é numa determinada análise. Nesse sentido,
assevera Fontanille (2008, p. 19): “Assim, o slogan greimasiano deveria ser hoje reformulado: ‘Fora das semióticas-objeto não há salvação!’,
cabendo a nós definir o que são essas ‘semióticas-objeto”’.
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Conrado Moreira Mendes,
de notícia se aproximam do romance, expres- ada, por exemplo, em Tempos modernos, de Chaplin.
são da totalidade e da longa duração, que A repetição aqui possui sempre um quê de insólito, de
supõe uma serialidade que o fait divers des- monstruoso, tal como na seguinte manchete do portal
conhece (Alencar, 2005, p. 118-119; itálicos de notícias G1 9 : “Número de mulheres estupradas em
nossos). festa na PB sobe para 6, diz delegada”. Isso porque a
repetição, baseada no senso comum, é distributiva e
Assim, tal como o acontecimento zilberberguiano, o não reiterativa.
referido conceito de Barthes possui uma temporalidade O segundo tipo de relação de repetição é a antítese,
mínima, é da ordem daquilo que afeta, do intenso, do isto é, a oposição de duas lógicas distintas. Tal figura
universo do sensível, do passional, do estésico. da retórica encontra ressonância na proposta zilber-
Dion (2007, p. 125) também ressalta que: “o fait berguiana de estilo concessivo, que remete à realização
divers é sempre a narração de uma transgressão qual- do irrealizável. Em ambos os casos, ocorre o contrário
quer, de um afastamento em relação a uma norma do que se espera.
(social, moral, religiosa, natural)”. A afirmação da Para Ramos (2008, p. 142), a abordagem barthesi-
autora vem ao encontro de outra característica do ana do fait divers:
conceito de acontecimento postulado por Zilberberg
(2011a): seu caráter transgressor, inesperado, enfim, Oferece-lhe uma estrutura, com duas catego-
concessivo. rias: a Causalidade e a Coincidência. Ambas
Dessa forma, temos elementos para conjecturar que estão direcionadas, para a classificação da
o estilo concessivo de que fala (2011a, 2011b), que excepcionalidade, fixada na dimensão do con-
leva em consideração a realização do irrealizável, do flito, respectivamente, através da Causa Per-
fortuito, parece subjazer à estrutura do fait divers. É turbada e Causa Esperada, da Repetição e da
possível, assim, sugerir que a concessão se encontra Antítese. Revela-lhe a Fatalidade, como Su-
nos substratos das relações imanentes propostas por jeito Absoluto, análogo ao “Deus-ex-Machina”
Barthes (1964): causalidade e coincidência. da linguagem trágica.
Vejamos de que maneira tais relações, propostas Esse autor, ao sintetizar as relações barthesianas
por Barthes (1964), encontram ressonância na teoria desse tipo de notícia, permite que nos apoiemos em
de Zilberberg (2011a). Em primeiro lugar, pensemos sua asserção no sentido de que se entrevejam seme-
na relação de causalidade: a “relação de causalidade lhanças entre os conceitos de fait divers e de aconteci-
aberrante” é o oposto daquilo que se espera, portanto, mento. Essa primeira aproximação entre tal conceito
do estilo implicativo (se... então). Consideremos agora de Barthes (1964) e a gramática tensiva mostra-se ser
o fait divers cuja relação de causalidade (causa espe- profícua, não apenas pelo que ambos têm em comum,
rada) perde força e o acento é posto sobre as dramatis mas no sentido de aventar um modelo de maior poder
personae: são figuras que carregam uma carga tímica heurístico para a abordagem dessa categoria noticiosa,
muito elevada. Por exemplo, à figura da mãe que perde pois, sendo mais abstrato, será, por conseguinte, mais
um filho, subjaz, no imaginário popular, a mater do- econômico.
lorosa, a Pietà, ou, como é conhecida em português,
Nossa Senhora das Dores 8 . Retomando a citação 4. Considerações finais
de Barthes (1964, p. 197), as dramatis personae são Neste artigo, propusemos uma releitura do conceito
“tipos de essências emocionais, encarregadas de dar barthesiano de fait divers à luz da semiótica tensiva,
vida a um estereótipo” (itálicos nossos). São figuras, aproximando tal conceito ao de acontecimento e de
portanto, que subtendem uma base figural de natureza concessão. Essa visada tensiva sobre o fait divers
eminentemente intensa. mostra que a teoria, além permitir um maior grau de
Pensemos agora, ainda à luz do conceito zilberber- abstração para a análise desse relato noticioso, põe em
guiano de acontecimento, nas relações de coincidência evidência suas próprias relações intratextuais, man-
do fait divers. O termo coincidência comporta muitos tendo intacto o primado da imanência, justamente o
traços sêmicos em comum com outros termos como que caracteriza a disciplina.
acaso, fortuito. São eventos da ordem do inesperado,
portanto. No que se refere ao primeiro tipo de coin- Referências
cidência, há a repetição. Todavia, não se trata de
uma repetição no sentido de “a ordem natural das
coisas”, ou da repetição que pauta o cotidiano, ou, Alencar, Maria Amorim de
ainda, aquela da linha de montagem fordista, parodi- 2005. Viver com Barthes, O que é o fait divers: con-
8
Encontramos respaldo para nossa argumentação no trabalho Lima (2010, p. 79-80), em que a autora analisa as relações intertextuais
entre a fotografia de uma mãe com o filho morto nos braços e a obra Pietà, de Michelangelo.
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Disponível em: http://g1.globo.com/paraiba/noticia/2012/02/numero-de-mulheres-estupra das-em-festa-na-pb-sobe-para-6-diz-
delegada.html. Acesso em: jul. 2012.
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estudos semióticos, vol. 9, no 2 – dezembro 2013
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Dados para indexação em língua estrangeira
Résumé: Dans cet article, nous proposons une relecture de la notion de fait divers, présenté par R. Barthes
(1964), à partir du point de vue de la sémiotique tensive. Défini par le sémiologue français comme «une information
monstrueuse», Barthes a été le premier théoricien à souligner ce genre de rapport de nouvelles de l’ordre inhabituel,
afin d’en suggérer une structure. A partir de la sémiotique tensive, il semble heuristique et économique à la
théorie sémiotique penser le fait divers comme un fait sémiotique de bases concessives, en général, à la façon
dont l’événement zilberberguien. Une visée tensive sur le fait divers montre que la théorie tensive qui, en plus
de permettre un plus grand degré d’abstraction pour l’analyse de ce rapport de nouvelles, met en évidence leurs
relations intratextuels, en gardant intacte la primauté de l’immanence, que c’est précisément ce qui caractérise la
discipline.