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Resumo: Avaliou-se o emprego de escória de aciaria na produção de misturas asfálticas de módulo elevado, aliando a necessidade de
novas técnicas construtivas, que exijam menores freqüências de manutenção e apresente maior durabilidade, ao mesmo tempo em que
se reduz custo e dano ambiental. Essas misturas, conhecidas por EME (enrobé à module élevé), são comumente utilizadas em camadas
de base ou ligação na França. São comparadas, através de ensaios de módulo de resiliência, resistência à tração, fadiga, creep e análise
mecanística, misturas asfálticas compostas por agregado convencional e por escória de aciaria. Mostrou-se que é viável a utilização de
escória para produção de misturas asfálticas EME.
Abstract: The possibility of using steel slag as gravel in high modulus asphalt mixtures was verified. It was also studied, for compari-
son, mixtures with the same gradation and cement types, however with conventional gravel. All the mixtures were characterized me-
chanically through the testing of Resilient Modulus, Static Tensile Strength, fatigue of diametrical compression under controlled stress
and static creep. Considering the data of these tests, a numerical study, was made to evaluate the performance of the studied mixtures
in the design of a road pavement structure. The steel slag used in this study was shown appropriate to be used as gravel in high
modulus asphalt mixtures.
2. ESCÓRIAS DE ACIARIA
Nesta pesquisa, optou-se por trabalhar com as mis-
O refino do aço gera como resíduo as escórias de acia- turas EME 0/14 (devido a granulometria da escória
ria, que são classificadas, de acordo com o forno em- em estudo) e classe 2 (tipo mais utilizado e considera-
pregado no processo, em dois tipos: escória LD, pro- do de melhor desempenho pelos franceses).
veniente do conversor a oxigênio (LD - Linz- As misturas EME classe 2, geralmente associadas a
Donawitz) e escória elétrica, do forno de arco elétrico uma camada de rolamento em concreto asfáltico del-
(EAF - Electric Arc Furnace). gado, de 2 a 3 cm de espessura, são as mais utilizadas
Uma das características deste material, preocupante como técnica de manutenção de pavimentos de alto
quanto ao uso em camadas de pavimentos rodoviários, volume de tráfego. Estas misturas além de apresenta-
é seu potencial expansivo, causado, principalmente, rem elevada resistência à deformação permanente e
pela presença de CaO e MgO livres em sua composi- boa manutenção das características de superfície (ade-
ção. GONTIJO (2006) relata que o uso de escórias rência, rugosidade), devido à sua capacidade estrutu-
não curadas pode ocasionar defeitos no pavimento, ral, pode-se conseguir reduções de até 25% de espes-
tais como trincas radiais e longitudinais no revesti- sura das camadas de pavimento. Faz-se necessário, pa-
mento e deslocamento rotacional de sarjetas. ra conciliar elevada rigidez e resistência à fadiga, o
No entanto, quando o resíduo é devidamente cura- uso de ligantes duros, com penetração a 25oC entre 10
Teor de ligante = k ⋅ α ⋅ 5 Σ
S 0,00 Digestão * 4500E
(1)
* ALPHA – AWWA 20ª Ed.
sendo, ** Rock and Mineral Analysis 2ª Ed.
a penetração do ligante, aumentando desta forma sua baseada na hipótese de se trabalhar com uma curva
estabilidade (resistência à deformação permanente) na que atendesse, simultaneamente, às recomendações
temperatura de serviço. das misturas francesas de módulo elevado, no caso as
O CAP 30/45 com Sasobit usado neste trabalho EME 0/14 da norma NF P 98-140, e também alguma
vem sendo testado em pesquisas no faixa brasileira, no caso a faixa B da norma DNIT
CENPES/PETROBRAS e ainda não é comercializado 031/06.
no Brasil. O Resíduo de Vácuo (RV REPAR), produto Assim, visando utilizar a maior parcela possível de
final da destilação do petróleo, também não é comer- escória, com o mínimo acréscimo de fíler artificial, a
cializado, pois não se enquadra nas especificações composição granulométrica adotada foi de 97% de es-
brasileiras para ligantes asfálticos para pavimentação, cória ou agregado convencional e 3% de cal hidratada.
sendo base para produção de CAP especificado. A curva de projeto é apresentada na Figura 2.
Esses ligantes em estudo serão designados neste tra- Foram estudados 6 tipos de misturas, convencio-
balho por: CAP 30/45, CAP 30/45 + Sasobit e RV. Os nalmente designadas por letras e números correspon-
resultados dos ensaios de caracterização desses ligan- dentes à combinação dos três ligantes e dos dois agre-
tes são encontrados em Freitas (2007). gados utilizados, conforme a Tabela 4.
Como o objetivo deste trabalho é comparar a influ- O método adotado na dosagem das misturas foi o
ência do tipo de agregado (escória versus agregado Marshall e os corpos-de-prova foram compactados
convencional) no desempenho de misturas de módulo com 75 golpes do soquete por face. Antes da compac-
elevado, optou-se por realizar o peneiramento da escó- tação, as misturas eram condicionadas em estufa na
ria e do agregado convencional e enquadrá-los na cur- temperatura de compactação por 2 horas, com o obje-
va de projeto para diminuir o número de variáveis tivo de simular o efeito do envelhecimento de curto
consideradas. prazo, segundo a especificação da AASHTO -
A adoção da curva granulométrica de projeto foi PP2/2001.
100
90 Curva Agregado
Limite Inferior
80
Limite Superior
70
Passante (%)
Faixa B (Média)
60
50
40
30
20
10
0
0,01 0,10 1,00 10,00 100,00
Peneiras (mm)
Figura 2: Curva granulométrica de projeto e faixa B do DNER
8000
7500 mas na prensa na época desta pesquisa. As misturas
7121 7082
7000 3 com CAP 30/45 + Sasobit apresentaram menores va-
6500
lores de deformação, apesar da diferença entre todas
6000
5500
as misturas terem sido pequenas.
5000
1A 1B 2A 1
2B 3A 3B 5.5. Fadiga
Figura 3: Valores médios de MR de todas as misturas em estu- Estão apresentadas na Tabela 6 as equações obtidas no
do nos teores de projeto
Figura 5: Estrutura comparativa da Rodovia Carvalho Pinto LIGAÇÃO - Misturas em estudo MR=variável h = variável
log(Dadm ) = 3,148 − 0,188 ⋅ log N p [10−2 mm] (3) Figura 6: Estrutura adotada para análise da aplicação das
misturas em estudo
Na falta de outra equação que melhor representasse
as condições de rigidez e deslocamentos limites para Nas misturas com escória, os critérios de projeto se-
as estruturas em estudo, optou-se por utilizar a Equa- riam atendidos com 6 cm de espessura ao utilizar o
ção 3 (DNER PRO 269/94), porém deve-se salientar CAP 30/45 + Sasobit (mistura 2A), enquanto que para
que essa equação foi desenvolvida com base num os demais ligantes (misturas 1A e 3A) seriam necessá-
banco de dados com estruturas típicas brasileiras e rios 8cm de camada intermediária. Considerando-se as
misturas asfálticas com faixa de módulos resilientes misturas com agregado convencional, com o CAP
(3.000 a 6.000 MPa), diferentes dos valores das mistu- 30/45 (mistura 3B) seria necessária uma camada asfál-
ras em estudo e não se aplica diretamente para bases tica de 10cm, enquanto que as misturas 1B e 2B aten-
cimentadas. deriam aos critérios de projeto com 8cm de espessura.
Ao analisar a influência do agregado no dimensio-
Diferença de tensões no revestimento
namento da estrutura adotada, verifica-se que para to-
A diferença de tensões foi considerada a partir das
dos os ligantes, as misturas com escória apresentaram,
curvas de fadiga obtidas em laboratório para as mistu-
3
SMA
3
MISTURA 1A MISTURA 3A
8
8
MISTURA 2A
6
6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
BASE BASE BASE Com base nos resultados desta pesquisa, foi possível
12
12
12
concluir que:
SUBLEITO SUBLEITO SUBLEITO escória de aciaria deste estudo atendeu às ex-
SMA pectativas quanto ao uso como agregado em
3
SMA SMA
3
10
MISTURA 1B MISTURA 2B MISTURA 3B
tando características físicas e mecânicas tão bo-
8
12
12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AASHTO - American Association of State Highway and Transportation
Officials, 2001, PP2, Standard Practice for Mixture Conditioning
of Hot Mix Asphalt (HMA).
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2004, NBR 10004,
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Subbases for Highways or Airport.