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Desde os tempos remotos o homem tem utilizado a engenharia para resolver problemas que a

sociedade enfrenta.

A construção civil é uma das áreas de actividade que mais atinge a sociedade, as proporções
das suas intervenções, podem alterar a vida das pessoas ou até mesmo moldar grandes
cidades.

Com o surgimento dos pneus de borracha as rodas de madeira e ferro usadas foram
substituídas. Mas porém, as mudanças podem trazer benefícios ou criar inconvenientes, por
isso é necessário suprir as necessidades da geração presente sem afectar a habilidade das
gerações futuras de suprir as suas.

Entre as suas potencialidades industriais, além de ser mais resistente e durável, a borracha
absorve melhor o impacto das rodas com o solo, o que tornou o transporte muito mais prático
e confortável, mas por outro lado, a utilização dos pneus de borracha trouxe consigo a
problemática do impacto ambiental, uma vez que a maior parte dos pneus descartados
permanece abandonada em locais inadequados, causando grandes transtornos para a saúde e
para o meio ambiente.

Nos últimos anos, o crescimento de números de automóveis tem ocorrido de forma


descontrolada, criando consequências como o desgaste elevado da pavimentação asfáltica
convencional, causando desconforto, reduzindo a segurança e aumentando os custos para sua
manutenção.

Nos dias de hoje, com a conscientização em busca de um meio ambiente melhor e com
objectivo de solucionar os problemas mencionados acima, viu-se a possibilidade de melhorar
os revestimentos asfálticos através do aproveitamento da borracha de pneus inutilizáveis em
obras de engenharia, tornando-se uma boa alternativa de uso.

Visto que, o asfalto borracha não só é uma solução para parte dos problemas ambientais
gerados dos pneus inutilizáveis expostos no meio ambiente, como também uma solução para
melhorar a qualidade do asfalto convencional, aumentar a durabilidade e eficiência das
estradas em Moçambique.
De acordo com Silva (2007) a mistura do asfalto com a borracha não é uma
tecnologia nova, têm aproximadamente 40 anos de vida. Foi desenvolvida no
Arizona, Estados Unidos, por um técnico chamado Charles Mac’Dowell, que
registrou sua patente depois de 10 anos de experiências, estudos e análises
experimentais. Nesse processo o pneu é reciclado e triturado, dando origem à
borracha granulada, sendo necessário haver a fusão entre os dois materiais, ou
seja, dar origem a um terceiro produto, que não é nem o primeiro, nem o segundo,
consistindo numa tecnologia altamente avançada, embora tenha 40 anos de idade

Nos últimos anos, o crescimento da frota de automóveis tem ocorrido de forma descontrolada.
Dentre as diversas conseqüências negativas deste crescimento, destacam-se duas: o desgaste
elevado da pavimentação asfáltica de baixa qualidade e a degradação do meio ambiente no qual
vivemos através do descarte inadequado de pneus inservíveis.

"[...] a sociedade necessita lidar com formas eficazes para solucionar o problema da eliminação de um volume
cada vez maior de resíduos. Os Governos, juntamente com a indústria, as famílias e o público em geral devem
envidar um esforço conjunto para reduzir a geração de resíduos e de produtos descartados" (CONFERÊNCIA
DAS NAÇÕES UNIDAS, 2001).

Com o objetivo de melhorar a qualidade do asfalto convencional e solucionar o


problema ambiental causado pelo acúmulo de pneus inservíveis, pesquisadores
trabalham para encontrar novas tecnologias e materiais que modifiquem o desempenho
do asfalto utilizado atualmente.
Assim, apresenta-se o asfalto-borracha: resultado de um processo que utiliza pneus
inservíveis retirados do meio ambiente e empregado na confecção do concreto asfáltico.

Apesar de ser um processo mais caro em relação ao convencional, o asfalto-borracha apresenta


como característica o aumento da durabilidade e flexibilidade do produto final, contribuindo
assim com a redução dos custos de manutenções periódicas.

A construção civil se caracteriza pela modificação da paisagem,


consumo de recursos naturais renováveis e não renováveis, levando à
geração de
resíduos sólidos e emissões de gases a atmosfera com impactos sobre o
meio
ambiente, à qualidade de vida da população e à infraestrutura existente.
Os
materiais utilizados na pavimentação asfáltica vêm sofrendo modificações
ao longo
dos tempos visando uma melhor adequação as atuais necessidades, tais
como:
maior durabilidade, resistência, qualidade e redução de custos (DI GIULIO,
2007).

De forma geral, pode-se verificar que em muitos pavimentos, após um


curto período de tempo, os defeitos começam a aparecer na superfície de
rolamento, causando desconforto, reduzindo a segurança e aumentando
os custos
para os usuários. Os principais tipos de defeitos que ocorrem nos
pavimentos são as
trincas por fadiga e o acúmulo de deformação permanente nas trilhas de
rodas. Uma
das causas da ocorrência acentuada de deformação permanente nas
trilhas de roda
é a baixa resistência ao cisalhamento das misturas asfálticas, que
depende da
susceptibilidade térmica do ligante asfáltico e do esqueleto dos agregados
minerais
(NEVES FILHO, 2004).

O asfalto-borracha, também chamado de asfalto ecológico, foi desenvolvido na década de 1960


nos Estados Unidos. Charles H. McDonald iniciou a pesquisa quando percebeu que os pneus
triturados proporcionavam um material muito elástico que poderia ser utilizado no asfalto para
corrigir problemas relacionados à durabilidade, resistência, flexibilidade

O pneu possui papel


fundamental e insubstituível em nossa vida diária, tanto no transporte de
passageiros quanto no de cargas, e isso acaba gerando um acumulo enorme de
pneus que precisam ter um destino adequado.
Uma maneira de corrigir este problema é a adição de borracha triturada em misturas
asfálticas que, além de ecologicamente correto, melhora o desempenho dos
pavimentos e diminui os custos operacionais.

O presente estudo possibilitou identificar e conhecer o processo que permite utilizar


matérias que representam um problema socioambiental, transformando-se numa
oportunidade de geração de trabalho e renda. Neste contexto, o presente estudo
teve como objetivo conhecer as diferentes alternativas para os pneus inservíveis e
avaliar a viabilidade de utilização do pneu descartado e os resíduos do processo de
reforma na composição de massa asfáltica
Atualmente, devido ao crescente estudo sobre a sustentabilidade
na construção civil, em razão do elevado uso de recursos naturais nesta
área, tornam-se cada vez mais necessárias pesquisas sobre a utilização
dos resíduos gerados e, assim, uma possível otimização destes meios,
proporcionado a sustentabilidade dentro da construção civil. Em outras
palavras, a recuperação de resíduos pela indústria da construção civil
está se firmando como uma prática importante para a sustentabilidade,
seja atenuando o impacto ambiental gerado pelo setor ou reduzindo os
custos (Ângulo et al, 2010).
Em vista disso, a importância sobre o uso destes recursos em
pavimentação rodoviária não é diferente. Inúmeros estudos sobre a
utilização de resíduos em pavimentação mostram que é possível
construir estradas com durabilidade significativa, além de oferecer
conforto, segurança e economia, itens essenciais para um bom
pavimento. O presente trabalho abordará diferentes tipos de resíduos
utilizados em pavimentação rodoviária, assim como suas características,
desempenhos mecânicos e novidades na área de pesquisa

A utilização da borracha reciclada de pneus usados em pavimentos pode ser uma solução para
atenuar o problema da disposição deste resíduo. Porém, o principal objetivo da inclusão de pneus
em misturas modificadas de asfáltico é a melhoria das propriedades de desempenho do pavimento
no que se refere ao trincamento térmico, por fadiga ao envelhecimento.
Pela oxidação natural se formam as trincas que ocorre no asfalto. O asfalto tradicional tem uma
vida útil de 10 anos em média, por ser um produto perecível sofre um processo de
envelhecimento natural do ligante asfáltico. Mas, quando se miscigena e funde-se a borracha com
o asfalto, sua vida útil é de 25 a 30 anos segundo MORILHA e GRECA

Por meio da combinação de determinados polímeros pode-se estender a vida útil e prevenir a
degradação prematura do pavimento. Outra característica apresentada é a contribuição para
uma maior resistência ao intemperismo e uma melhor adesão ligante/agregado. Com adição de
polímeros, encontra-se no pavimento asfáltico o aumento da ductilidade e a redução da
suscetibilidade térmica levando a uma maior resistência às deformações plásticas à altas
temperaturas e suprimindo o aparecimento de fissuras de retração térmica e fadiga.

Nos últimos tempos aumentaram-se os estudos sobre a incorporação de fragmentos de


borracha proveniente de pneus inutilizáveis a cerca da reutilização e reciclagem deste
material como ligantes asfálticos.

Com os mesmos propósitos este artigo pretende contribuir para uma melhor compreensão do
uso da borracha de pneus inutilizáveis como insumo de pavimentação dentro da engenharia
civil contribuindo para um melhor desempenho do asfalto convencional, além de dar uma
destinação ambientalmente adequada aos pneus velhos.

importância deste trabalho justifica-se por acreditar que a utilização


da borracha de pneu inservível contribui na maior durabilidade do
pavimento e colabora na preservação do meio ambiente. O estudo dos
ligantes asfálticos
apresenta necessidade de desenvolvimento e viabilização na utilização de
novos
produtos capazes de tornar o pavimento mais econômico e seguro a
população.
Assim sendo, compreendendo que a borracha de pneu pode contribuir na
diminuição
de custos para as empresas de engenharia, a partir do gerenciamento de
resíduos
sólidos, desta forma, pode-se minimizar os efeitos traumáticos dos
resíduos sólidos
para o meio ambiente.

DI GIULIO, G. Vantagens ambientais e econômicas no uso de


borracha em
asfalto – Inovação Uniemp v.3 n.3 – Campinas, 2007.

NEVES FILHO, C. L. D. Avaliação laboratorial de misturas asfálticas


SMA
produzidas com ligante asfalto-borracha. Dissertação de Mestrado –
Escola de
Engenharia de São Carlos, USP – São Carlos-SP, 2004.

ÂNGULO, Sérgio C.; ZORDAN, Sérgio E.; JOHN, Vanderley


M. Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem de Resíduos na
Construção Civil. PCC - Departamento Engenharia de Construção
Civil da Escola Politécnica. EPUSP.

MORILHA JR., A.; TRICHÊS, G. Análise comparativa de envelhecimento em laboratório de nove


ligantes asfálticos. In: REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO, 34, 2003, Campinas. Anais... Rio de
Janeiro: ABPV, 2003.
SAMPAIO,E.A.N. Análise da viabilidade técnica do uso de borracha
de pneus
inservíveis como modificadores de asfaltos produzidos por
refinarias do
Nordeste – Unifacs, Salvador (2005).

MORILHA JR., GRECA, M. R. Considerações Relacionadas ao Asfalto Ecológico –


Ecoflex. IEP (2003), Apostila sobre Asfalto Borracha, Instituto de Engenharia do Paraná,
12 p. Disponível em: www.iep.org.br/lit/_apostila_asfalto_borracha.doc. Acesso em 19
set 2014.

MORILHA Jr, Armando; GRECA, Marcos Rogério. Apostila da empresa GRECA Asfaltos, 2003.

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