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BOLETIM DE Nº 36

CONHECIMENTO junho 2017


TÉCNICO

ZORGCAMPUS E BASISCHOOL:
LOGÍSTICA E PLANEAMENTO DE DUAS
OBRAS E UMA EQUIPA PARTILHADA
Em dezembro de 2016, a CNT Europe começou um novo projeto ao iniciar trabalhos para o cliente
VANDENBUSSCHE com duas obras: Zorgcampus e Basischool. Este desafio tem a particularidade
de, para além de ser o mesmo cliente, a equipa ser a mesma em ambas as obras. // pág. 02

EDIÇÃO ESPECIAL ENGENHARIA ENGENHARIA


UTILIZAÇÃO DE PRÁTICAS LEAN COMPLEXIDADE DO DESK NO THÉÂTRE

BÉLGICA NA OBRA DE PROVINCIEHUIS


// pág. 10
ROYAL DE LA MONNAIE
// pág. 13

INOVAÇÃO
SEGURANÇA EM 1º LUGAR DIREITO A FALAR
FIELDWIRE: COMO INICIAR UM
RISCO DE INCÊNDIO EM HABITAÇÃO LIVRO DE OBRAS ELETRÓNICO: 3 EM 1
SISTEMA LEAN - GUIA PRÁTICO // pág. 19 // pág. 23
// pág. 18

“O Engenho” é um Boletim de Conhecimento Técnico Mensal, os conteúdos não podem ser reproduzidos ou copiados sem a devida autorização dos autores.
Todos os direitos reservados. Grupo Casais © 2017 www.casais.pt | www.casaisnet.casais.pt
Boletim de Conhecimento Técnico Nº 36/2017

Zorgcampus e Basischool:
Logística e Planeamento de duas
obras e uma equipa partilhada

Em dezembro de 2016, a CNT Europe começou um novo projeto ao


iniciar trabalhos para o cliente VANDENBUSSCHE com duas obras:
Zorgcampus e Basischool. Este desafio tem a particularidade de,
Henrique Rios para além de ser o mesmo cliente, a equipa ser a mesma em ambas
Departamento de Produção as obras. Isto é, o Diretor de Obra, o Técnico Administrativo, o
CNT Europe, Bélgica Encarregado e os demais Operacionais são os mesmos. O objetivo
era conseguir tirar um elevado rendimento de produção, quer a nível
de mão-de-obra (chefes de equipa e oficiais), quer a nível de logística
(residências, transporte).

As obras localizam-se a cerca de 30 km de distância uma da outra,


entre as cidades de Antuérpia e Gante. Desde o início até agora, a
logística das obras sofreu várias alterações. No seu pico, as obras
compreenderam 44 trabalhadores e foram utilizados cinco veículos
para os transportes e cinco residências.

Por ser a obra de maior período de execução, e também com maior


área de estaleiro, a Zorgcampus possuía a cantina que abastecia as
refeições para as duas obras.

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Zorgcampus, Sint-Gillis-Waas
A Zorgcampus situa-se numa pequena localidade nos arredores
oeste de Antuérpia. A obra consiste num aumento de um lar de
idosos já existente e na substituição de um centro médico.

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Estruturalmente, o edifício é assente em estacas que


cobrem os 2.000 m2 de área. As estacas fazem a liga-
ção ao edifício diretamente através de vigas de funda-
ção (não existem sapatas). Cada bloco tem uma caixa
de escadas e, no bloco central, também existe uma
caixa de elevador, todas estas em betão armado; nas
escadas são utilizadas peças pré-fabricadas.

Os pórticos interiores dos blocos circundantes são


compostos por pilares betonados in situ e por vigas
pré-fabricadas, onde assentam peças de laje também
pré-fabricadas (predalles). Nestas últimas, é colocado a
malha superior da armadura e, posteriormente, a laje é
betonada. No bloco central, as vigas são betonadas no
local na totalidade, uma vez que também incorporam
perfis metálicos do tipo H. Este bloco tem a particulari-
dade de uma parte da laje ser pré-esforçada (hourdis).

O edifício divide-se em quatro blocos, um central de qua-


tro pisos que dá acesso aos restantes pelas fachadas
laterais e traseira de três pisos. Apenas um dos blocos
incorpora uma cave, que é dividida em duas partes, uma
com 1,5 metros e outra com 2,75 metros de pé direito.

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As paredes de fachada são feitas de alvenaria resistente,


em que o tipo de bloco varia consoante o piso. Isto
é, no piso térreo o bloco utilizado é o mais resistente,
decrescendo a resistência em cada piso. Estes blocos PLS
eram encaixados entre si, em cada fiada, e acomodados
através de uma cola entre cada linha de bloco.

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Basischool, Zaffelare, Lochristi


Numa pequena vila a leste de Gante surgiu a necessidade de construir
uma nova escola infantil e primária. É composta por três blocos dispostos
em forma de L. A parte de trás está reservada ao infantário e a da frente à
primária, enquanto o bloco central destina-se ao refeitório, cozinha e a um
ginásio. Todo o edifício é caracterizado por janelas estreitas e altas.

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metálicos do tipo H. Este bloco já é composto por pila-


res onde assenta a laje pré-fabricada (hourdis e predal-
les). Existem duas caixas de escadas e uma de elevador
em bloco; as escadas também são pré-fabricadas.

À semelhança da outra obra, não existem sapatas de


fundação, e apenas as vigas de fundação interagem
diretamente com o solo. Em todas as paredes é utiliza-
da alvenaria resistente, com os blocos à vista. O bloco
traseiro e o central têm somente um piso, mas dividido
em zonas com três diferentes pés diretos, nomeada-
mente 3,75, 2,5 e 6,5 metros. Entre as hourdis e as pa-
redes, existe uma viga que percorre todo o perímetro do
edifício. O terceiro bloco já é composto por três pisos,
assentes em quatro vigas onde estão integrados perfis

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Planeamento logístico disponíveis. Por norma, todas as sextas-feiras eram


O maior desafio das duas obras foi conseguir coordenar discutidas as mudanças dos trabalhadores de uma obra
as equipas de cada obra, face às dificuldades encontra- para a outra para a semana seguinte, criando alguma
das com o alojamento, transporte e, numa fase inicial, estabilidade nas equipas. Podia surgir o caso de, a meio
com a alimentação. da semana, haver alguma alteração ou até o contrário,
não haver mudanças de uma semana para a outra.
No arranque das obras, apenas com o alojamento em
Zaventem (nos arredores de Bruxelas), os colabora- Quando se menciona a transferências de colaboradores,
dores faziam 65 e 80 km para se deslocarem para as apenas se refere a um máximo de cinco trabalhadores,
obras Zorgcampus e Basischool, respetivamente. Pelo para que, uma das obras, num curto período, usufruísse
facto de ainda não existir cantina em obra, os traba- de um reforço de mão-de-obra. Desta forma, um acres-
lhadores faziam as refeições numa outra obra da CNT cento de um pequeno grupo de trabalhadores insuflava
Europe, situada em Antuérpia, por ficar no caminho. o ritmo dos trabalhos. Esta mudança só era possível
Com exceção do almoço, que seria transportado por um quando, na outra obra, o planeamento estivesse em dia,
cozinheiro da empresa. e não fosse necessário um grande número de trabalha-
dores. O ritmo dos trabalhos podia, assim, abrandar um
A meio do mês de janeiro de 2017, montou-se a cantina pouco. Este modo de trabalho permitia que houvesse
em obra e conseguiram-se arranjar dois alojamentos um ritmo de trabalho constante.
próximos da cantina, tornado mais fácil a movimenta-
ção dos trabalhadores. Dessa forma, todos os colabo- A movimentação de uma obra para a outra, da parte do
radores encontravam-se de manhã na cantina e eram Diretor de Obra e do Encarregado, era diária. Por vezes,
divididos pelo encarregado pelas obras consoante os a viagem de 30 minutos entre as obras era realizada
trabalhos necessários em cada uma. pelo DO e Encarregado simultaneamente. Contudo,
quando o trabalho de cada um assim o exigia, cada um
Mais tarde, e com o aumento do número de trabalha- se incumbiria do seu próprio transporte. Desta forma,
dores, a equipa que residia em Zaventem e ia para a estando o DO numa obra e o Encarregado na outra,
obra Basischool começou a tomar o pequeno-almoço seria possível conseguir responder às necessidades
numa outra cantina em Zaventem, para retirar tempo de existentes de uma forma mais rápida como, por exem-
viagem. Sendo o almoço preparado apenas numa obra, plo, alterações de trabalho por parte do cliente, even-
um colaborador de Zorgcampus transportava o almoço tuais dúvidas de interpretação de projeto por parte dos
para os trabalhadores da obra de Zaffelare. O jantar era chefes de equipa, entre outras. No final ou até durante
servido a todos na cantina. cada dia, o DO e Encarregado reuniam-se de forma a
transmitir ao outro os acontecimentos do período e da
Neste momento, numa fase terminal com uma das obra onde cada um esteve ausente.
obras já concluídas e com metade da equipa do período
de pico, apenas há colaboradores alojados nas casas
mais próximas das obras, que se deslocam todos para
o mesmo local (obra Zorgcampus).

Quando havia transferência de trabalhadores, ou entre


residências ou entre obras, era coordenado entre o Dire-
tor de Obra, o Encarregado e o Técnico Administrativo.
As decisões eram baseadas em critérios de produção
e rentabilidade do(s) colaborador(es) e da equipa onde
estaria integrado. Os critérios de logística, eram tidos em
conta, apurando a possibilidade de transporte, conside-
rando o ponto de partida, a obra de destino e os veículos

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Problemas e dificuldades
Desde o início que se previu a necessidade de ter aloja-
mentos perto das obras, uma vez que diminuía o tempo
de viagem para os colaboradores. Mas, devido ao facto
de as obras não serem de grande duração (seis a sete
meses), não seria possível alojar toda a equipa perto,
pois significava criar contratos de arrendamento de, no
mínimo, 12 meses. Desse modo, optou-se por utilizar
algumas vagas em casas de Zaventem e arrendar mais
duas a dois e 15 km de distância da cantina. Uma casa
ficou à responsabilidade da obra mais distante (Basis-
chool) e a outra acolheu um misto de trabalhadores das
duas obras. As casas de Zaventem acolheram trabalha-
dores de ambas as obras.

O facto de nem todos os trabalhadores residirem perto


uns dos outros, nem irem todos para o mesmo local,
tornava necessário ter em atenção o local de partida, a
obra de destino e o veículo de transporte.

Outra dificuldade existente era o facto de as mudanças


entre obras só serem possíveis se as obras assim o per-
mitissem. Isto é, se os trabalhos propostos poderiam
ser realizados com menos trabalhadores numa obra em
simultâneo, com a possibilidade de absorção de mais
trabalhadores na outra obra.

Devido à grande carga humana existente nas restantes


obras do mercado da Bélgica, e devido à necessidade
de aumentar as equipas nestas duas obras, foi essen-
cial a contratação de novos colaboradores. Desde o ar-
ranque das obras, viu-se a necessidade de criar equipas
com elementos novos (mais de metade dos colaborado-
res), integrando-os no espírito do Grupo Casais. ¶

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ENGENHARIA

Utilização de Práticas Lean


na Obra de Provinciehuis, Antuérpia

Pedro Mota A empreitada Provinciehuis foi alvo da implementação de


Departamento de Produção algumas ferramentas Lean, por parte do cliente DENYS-DEMOCO,
CNT Europe, Bélgica tanto em fase de projeto como já em fase de execução. A
aplicação das ferramentas, baseadas no princípio Lean, teve como
principal objetivo uma eficaz gestão de todos os subempreiteiros
presentes na construção de um edifício desta magnitude.

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ENGENHARIA

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Figura 1. Exemplo de mapa de Gantt para um piso

A CNT Europe utilizou a filosofia Lean de modo a com carácter mais generalista e, numa segunda, com
melhorar as suas atividades produtivas ao otimizar ao caráter mais minimalista. Esta divisão tonar possível
máximo o seu planeamento. Para isso, foi necessário agilizar os processos e eliminar os constrangimentos
melhorar a interligação com outros subempreiteiros e que frequentemente surgem quando se planeia com
assim reduzir todos os tempos ‘mortos’ em obra. baixo grau de previsibilidade.

Uma das atividades alvo foi a laje pois o planeamento Foi implementada uma ‘sala Lean’ no estaleiro de obra, visí-
de toda a execução, desde a colocação da cofragem vel na figura 2, para incentivar a discussão entre os vários
‘skydeck’ até à betonagem, é aquele que exige mais subempreiteiros e empreiteiro geral. Nesta sala encontrava-
rigor. Como podemos observar na figura seguinte, para -se presente um cronograma com os diferentes trabalhos
cada laje, entram várias equipas em obra, simultanea- representados com post-its, de várias cores, para uma fácil
mente. Isto cria constrangimentos e implicações na leitura e ajuste temporal das atividades. Ao utilizar esta
realização das tarefas, pois existe uma grande de- ferramenta foi possível obter os seguintes resultados:
pendência entre trabalhos, que são realizados, na sua
maioria, por empresas distintas. O que se encontra a • Planeamento mais detalhado na fase de execução;
azul mais claro representa os trabalhos da CNT (carpin- • Desenvolvimento do plano de trabalhos juntamen-
taria, cofragem e armadura) e todos os restantes estão te com quem o vai executar;
a encargo da BKA (tubos de aquecimento), Freyssinet • Esforço coletivo para identificar e remover cons-
(cabos pós-esforço) e ainda outras equipas destinadas trangimentos de fluxo (por exemplo, a falta de
a instalações técnicas. varões de aço para as armaduras);
• Realização de planeamentos realistas, baseados
em processos de execução de trabalhos, havendo
De modo a otimizar este planeamento, foi introduzida uma maior coordenação e negociação ativa em
a ferramenta Last Planner System, que tem como base todas as partes envolvidas;
um sistema de planeamento e controlo da produção • Aprendizagem derivada de anteriores falhas de
que procura suavizar as variações nos fluxos de traba- planeamento, através da identificação coletiva da
lho na construção, o desenvolvimento de planeamen- raiz das causas e tomada de medidas preventivas.
tos altamente previsíveis, e a redução de operações
com fator de incerteza. O planeamento de tarefas é
dividido em diferentes dimensões: numa primeira fase

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ENGENHARIA

Substituição da armadura de projeto. Foi pedida uma


alteração dos projetos no que diz respeito à armadura
dos muros exteriores. Assim, passou-se de um proces-
so que levava o triplo do tempo a realizar, para peças
já pré-fabricadas (malha eletrosoldada). É visível na
imagem seguinte o antes e depois desse processo.
Figura 2. Quadro Last Planner

O princípio Kaizen - Processo de Melhoria Contínua foi


outro instrumento utilizado no Projeto Provinciehuis. A ativi-
dade alvo foi a execução dos muros fachada. Os principais
resultados decorrentes da aplicação deste princípio foram:

Rotação dos painéis de cofragem dos muros. Foram


feitas, para cada piso, tentativas sucessivas de combi-
nações possíveis dos vários painéis, com base em erros Figura 4. O antes e o depois das alterações de armadura dos muros
e lições aprendidas nos pisos anteriores. Verificou-se
que essa rotação nos pisos mais antigos levava a um
tempo de execução dos muros mais demorado do que Pré-fabricação de pilares. Observou-se que seria
em pisos superiores. A figura 3 representa um exemplo também uma mais-valia pré-fabricar as armaduras dos
de planeamento controlado dos muros, com datas para pilares em estaleiro, sendo depois apenas necessária
armadura, fecho dos painéis e betonagem, e com cores a sua colocação e amarração. Isto reduziu o tempo
que permitem saber, de forma rápida, qual as posições de execução e evitou a acumulação de materiais em
a assumir de cada painel. espaço de trabalho.

Concluindo, e apesar algumas destas atividades Lean já


estarem implementadas em obra, a sua utilização, de uma
forma consciente e organizada, promove ganhos produ-
tivos de segurança, assim como um aumento do grau de
satisfação de todos os intervenientes. A adoção desta
filosofia deverá ser sempre algo a considerar na entrada
numa empreitada de grande magnitude, que exija uma
interligação complexa entre os vários participantes. ¶

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ENGENHARIA

Complexidade do Desk
no Théâtre Royal de la Monnaie, Bruxelles

Daniel Braga O teatro de La Monnaie situa-se em pleno coração da cidade de


Departamento de Produção Bruxelas, numa das zonas mais movimentadas da cidade. É uma
Carpincasais Bélgica das instituições com maior intervenção cultural da Bélgica e é
conhecida não só pelos eventos que promove, mas também pela
qualidade dos cenários que produz, sendo estes para serventia do
próprio teatro e de outros na Bélgica, ou mesmo para exportação.

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Complexidade da forma

No âmbito da reabilitação de um dos mais prestigiados


teatros de Bruxelas designado como Théâtre Royal
de la Monnaie, a Denys encontra na Carpincasais um
parceiro capaz de produzir um balcão de acolhimento
aos artistas. O Desk de geometria complexa em Corian,
desenhado para a entrada dos artistas no teatro é com-
posto por formas oblíquas cheias de força e dinâmica,
desafiando assim a sua própria forma e a do espaço
envolvente, e visto pelos arquitetos como uma impor-
tante peça de design na reabilitação.

Contexto histórico

Em 1700, Gio Paolo Bombarda, consultor financeiro


para o governador dos Países Baixos espanhóis, man-
dou construir um salão para apresentações públicas de
ópera, teatro e ballet. Projetado pelos arquitetos Paolo
e Pietro Bezzi, o teatro foi construído no lugar Maison
Ostrevent onde se produzia a moeda, daí o nome “La
Monnaie”, que significa ‘Casa da Moeda’.

O edifício foi alvo de várias intervenções de expansão


e de renovações. Em 1800 quando Bruxelas foi ocupa-
da pela França de Napoleão decorreu uma expansão
que terminou 1819. Em 1830, o rei William da Holanda
permitiu ópera de Auber "La Muette de Portici", que viria
a ter um papel histórico na luta pela independência da
Bélgica. Em 1855, parte do teatro foi consumido pelo
fogo, sendo o arquiteto belga Joseph Poelaert respon-
sável pela reconstrução. A Casa da Moeda tornou-se na
Ópera Nacional em 1963. No decorrer de 1985 foram
iniciados os trabalhos de modernização da sala, me-
lhoramento do desempenho técnico do palco e fortes
melhoramentos na área da segurança. De 2015 a 2017
decorrem novos trabalhos de modernização do teatro a
cargo da empresa Denys, parceira da Carpincasais em
outros projetos, que encontra em nós uma empresa ca-
paz de realizar uma das ‘peças’ que apesar de pequena
dimensão era das mais difíceis de realizar.

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A nível de forma, e apesar da escala, lembra-nos edifícios


como a Casa da Música ou a sede da Vodafone no Porto,
pelas suas formas complexas e dinâmicas, compostas
por planos oblíquos que no todo potenciam a interação
do objeto com o espaço e com as pessoas.

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ENGENHARIA

A forma do Desk transpõe dois tipos de sentimentos o que nos levou a desenvolver uma modelação 3D do
para observador: por um lado, a sua complexa geome- balcão em BIM para podermos, assim, extrair os perfis
tria de planos e arestas inclinadas potencia a ideia do com maior exatidão. Esta técnica construtiva permitiu
complexo mas, em contraponto, a sua materialidade uma melhor leitura dos planos e das suas dimensões
homogénea - e sem emendas que o Corian permite - faz facilitando fortemente a composição do mesmo. Após
a peça parecer um bloco, ou seja, permite a leitura do esta fase, seguiu-se a colocação e acabamento do
todo de modo imediato. Corian que, ao termos mais do que duas arestas a
convergir no mesmo ponto, causou também dificuldade
no acabamento do mesmo. O balcão foi transportado
da Carpincasais PT para a Bélgica em duas peças e
acabado posteriormente em obra. Esta foi uma obra
que demonstra claramente o bom entendimento entre a
Carpincasais BE e a Carpin PT.

O Desk

Quando iniciamos a preparação do balcão, deparamo-


-nos com incompatibilidades entre a estrutura metálica
prevista pelos arquitetos e a execução dos planos oblí-
quos. Fomos obrigados a fazer alterações na conceção
da estrutura, através de uma estrutura mista, composta
por partes metálicas e partes de madeira. A base de
trabalho passou a ser uma estrutura metálica vertical,
servindo como uma espinha dorsal, que percorria todo o
balcão e duas partes horizontais, uma na parte superior
e outra na inferior, que percorrem os desvios oblíquos.
Entre as estruturas metálicas superior e inferior, co-
locamos cambotas em contraplacado, cortadas com
os perfis da volumetria, que indicariam diretamente a
forma a seguir pelos planos frontais e laterias do Desk.
Estas cambotas, numeradas de 1 a 7, foram colocadas
ao comprimento do balcão. A complexidade da forma
trouxe ainda dificuldades nas verdadeiras grandezas,

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ENGENHARIA

Os trabalhos na zona da entrada dos artistas que nos


foram designados foi o balcão de acolhimento, as
caixas de correio, também em Corian, a antecâmara em
alumínio e o gesso cartonado. O resultado final da obra
foi bastante positivo e potenciador da boa relação entre
a Carpincasais BE e a Denys, que mereceu elogios da
parte dos arquitetos responsáveis pelo projeto. ¶

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I N OV AÇ ÃO

FIELDWIRE:
COMO INICIAR UM SISTEMA LEAN
Um guia prático

A filosofia Lean tem a sua origem no sistema de produção Toyota,


que está relacionado com a baixa de preços dos veículos e com
Guilherme Teixeira o aumento da qualidade dos mesmos, nas décadas de 80 e 90.
Departamento de Sistemas Desde então, o pensamento Lean tem sido aplicado a várias
de Informação indústrias além da automóvel, incluindo saúde, desenvolvimento
de software e construção.

Lean Construction promove uma visão sobre o sistema de


produção do projeto de construção, com um foco na otimização
do projeto como um todo, em vez de individualizar as diversas
partes. Ao olhar para o projeto como um sistema de produção,
a abordagem Lean enfatiza o fluxo, a melhoria contínua, a
eliminação de desperdícios e a geração de valor para o cliente, ao
longo do ciclo de vida do projeto.

Ao ser bem implementado, o sistema Lean Construction pode


trazer uma melhoria brutal no desempenho sob a forma de
projetos concluídos mais rapidamente, menos mudanças
Para mais informações de planos e uma maior qualidade no produto final. Quando
consulte o documento: implementado de forma errada, pode resultar em resistência por
parte da equipa e até em trabalho extra.

Lean Construction é um processo que leva tempo e pode questionar


a tradicional entrega da gestão da construção. Por isso, este paper
tem como objetivo ajudar a sua organização a dar os primeiros
passos, ilustrando algumas ferramentas e técnicas Lean que podem
ser implementadas nos seus projetos nos próximos tempos. ¶

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Boletim de Conhecimento Técnico Nº 36/2017

S E G U R A N Ç A E M 1 º LU G A R

RISCO DE INCÊNDIO EM

HABITAÇÃO
PREVENÇÃO E SEGURANÇA

Daniel Pintor Sabia que…


Departamento de Prevenção
e Segurança – Casais Gibraltar …Os incêndios são muito mais frequentes do
que pensamos e, na verdade, são milhares
as vítimas mortais e com danos irreversíveis
resultantes deste tipo de acidente?

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Será que a nossa casa está protegida?


Existem no mercado equipamentos disponíveis, muito
baratos, e que reduzem, em mais de metade, as conse-
quências de incêndio (seja de ferimentos/intoxicação,
seja de danos materiais).

Estes equipamentos são simples DETETORES DE


FUMO (alarmes de fumo) que podem ser acoplados
facilmente em qualquer tipo de habitação. Estes deteto-
res são normalmente munidos de bateria (pilha) a qual
deve apenas ser substituída anualmente (normalmente
também alertam para a proximidade de fim carga).

Que tipo de equipamentos


existe no mercado?

• Detetores de fumo
• Detetores térmicos ou termo velocimétricos

Onde devo instalar este tipo


de equipamento?
Instale estes equipamentos em corredores e salas
(centro). Dependendo da área da habitação e da ficha
técnica do equipamento (instruções do fabricante),
normalmente dois detetores por piso são suficientes
(corredor e sala).

Sendo detetores de fumo, deve evitar cozinhas e WCs,


pois podem ser indevidamente acionados com vapores
ou fumos ‘normais’ (no caso da cozinha). Substitua
anualmente a bateria e efetue testes (através do botão
de teste), no mínimo, todos os meses.

Detetores térmicos ou termo velocimétricos podem ser


instalados em todos os locais onde o detetor de fumo
não é praticável.

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Dicas para Prevenir os Incêndios


‘Caseiros’ mais Comuns

Sobrecargas em tomadas elétricas Cabos elétricos ou tomadas danificadas


Conheça a capacidade das ‘triplas’. Leia a ficha técnica Sempre que verifique uma tomada ou cabo elétrico da-
e não exceda a capacidade de fornecimento da tomada nificado, PARE O EQUIPAMENTO ou eletrodoméstico
onde será ligada. e simplesmente solicite a reparação junto de um ele-
tricista. Muitas vezes po-
A soma dos consumos dos aparelhos ligados a esta to- demos ser nós próprios a
mada não deve ser superior à sua capacidade (normal- efetuar essa substituição
mente cerca de 10 A). ou reparação. Garanta
que o aparelho esteja
O cálculo pode ser feito mentalmente com facilidade se desligado e que a corren-
levarmos em conta que, na rede de 110 V, cada 100 W te esteja totalmente cor-
correspondem a 1 A e que na rede de 220 V, cada 200 W tada, antes de iniciar uma
correspondem a 1 A. reparação.

Cozinhar com frituras a óleo


O óleo a altas temperaturas e a água são uma mistura
EXPLOSIVA E IMEDIATAMENTE INFLAMÁVEL.
Garanta que os alimentos estão devidamente secos.
Em caso de chama, não entre em pânico, nem tente
atirar o óleo para outro local. Corte imediatamente o
gás ou eletricidade (corte geral) e deixe o efeito passar.

Se vir que a chama pode afetar mobília e alastrar, tape


Antes de ligar qualquer aparelho (inclusive o computador, im- a panela com o respetivo tampo ou molhe uma toalha
pressora, etc.) verifique se o conjunto de aparelhos já ligados ou pano e tape totalmente a chama de forma a abafá-la
não ultrapassa a capacidade de corrente na extensão. (eliminar o comburente/oxigénio).

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ATENÇÃO!
Não atire água nem a toalha ou pano!!! Cuidado com os potenciais salpicos de óleo a ferver!!!
Faça esta operação cuidadosamente e sempre com calma!!!

Fósforos, velas, cigarros e Tenha um plano de emergência caseiro e


acendedores a gás (isqueiros) faça simulacros em casa com a família

Tenha especial cuidado com • Definir o que fazer se o sinal de emergência tocar;
as crianças, nunca as deixe • Saber o que fazer em caso de ‘chama’/fogo;
sozinhas em locais onde exis- • Identificar onde se encontram as saídas de
tam este tipo de equipamento emergência;
acessível (cozinha). • Instruir para a não utilização de elevadores;
• Optar pela utilização de mantas e extintores;
Mantenha todo o tipo de fós- • Definir um ponto de encontro;
foro ou isqueiro devidamente • Possuir uma lista de contactos de emergência
guardado. atualizada.

Nunca saia de casa (ou adormeça) e deixe velas acesas.

Não fume dentro de casa, nem tenha cinzeiros dentro de


casa (muito menos cheios).
Se fumar, tenha muita atenção ao apagar o cigarro.
Nunca o atire aceso.

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DIREITO A FALAR

Manuel Luís Gonçalves


Departamento Jurídico

LIVRO DE OBRAS
ELETRÓNICO
em
Foi aprovada, no passado dia 5 de junho,
a Resolução do Conselho de Ministros
n.º 76/2017, que procede à criação do
livro de obra eletrónico e à extinção da
ficha técnica de habitação.

Esta iniciativa surge no âmbito do Programa


SIMPLEX+2016 e destina-se a criar os procedi-
mentos destinados à convergência da atual ficha
técnica de habitação com o livro de obra, uma
vez que a respetiva informação encontra-se dis-
ponível naqueles documentos, bem como à pos-
sibilidade de consulta do certificado energético
através daquele documento.

A Ficha Técnica de Habitação foi criada através


do Decreto-Lei n.º 68/2004, de 25 de março, e tra-
ta-se de um documento que contém uma síntese
das principais características do edifício e das
suas frações e visa fornecer uma noção genérica
da configuração do edifício, bem como a infor-
mação onde podem ser obtidos elementos detal-
hados sobre as características físicas e jurídicas
do mesmo, de modo, essencialmente, a permitir
aos consumidores aceder à mais relevante e

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DIREITO A FALAR

completa informação sobre os imóveis e proceder à sua O objetivo desta iniciativa legislativa é concretizar a des-
aquisição consciente e informada, e com a necessária materialização do Livro de Obra, transformando-o num
segurança jurídica. documento eletrónico incorporado em sistema de con-
sulta eletrónica disponibilizado aos interessados, por
Decorridos mais de 10 anos da entrada em vigor deste entidade pública a designar, que deve garantir elevados
diploma verificou-se, porém, que grande parte da infor- padrões de integridade, fidedignidade, inadulterabilidade
mação que consta da ficha técnica da habitação já se e de segurança na sua criação e manutenção.
encontra disponível no livro de obra e no certificado en-
ergético, pelo que deixa de se justificar a sua existência. Para o efeito, foi instituída uma comissão que ficou in-
cumbida da elaboração de um relatório técnico indis-
O Livro de Obra contém uma primeira parte destinada ao pensável à aprovação das necessárias alterações legislati-
registo de factos e observações respeitantes à execução vas e administrativas e que deverá ser entregue ao Governo
da obra, bem como à realização do registo periódico do até 31 de dezembro de 2017, para permitir a aprovação do
seu estado de execução; Uma segunda parte, destinada diploma que irá regular o livro de obra eletrónico. ¶
ao registo das principais características da edificação e
das soluções construtivas adotadas, com impacte na
qualidade e funcionalidade do edificado, quando esteja
em causa obra de construção, reconstrução, com ou
sem preservação de fachadas, ampliação ou alteração
de edifício e quanto a todos os elementos construtivos
que da mesma resultem.

Já o Certificado Energético visa assegurar a eficiência


energética dos edifícios através do Sistema Certificação
Energética dos Edifícios (SCE).

O Governo, considerando que a proliferação de docu-


mentos comprovativos de determinadas caraterísticas
dos imóveis tende a criar risco de contradição entre
documentos oficiais, bem como a criar insegurança no
comércio jurídico e a onerar os particulares com custos
económicos acrescidos, aprovou esta Resolução com o
objetivo de instituir um único documento com as princi-
pais características do imóvel, quer a nível de execução
da obra, quer a nível de certificação energética.

Assim, através da supra referida Resolução, o Governo


resolveu convergir no Livro de Obra Eletrónico, as infor-
mações constantes da Ficha Técnica de Habitação, do
Certificado Energético e do Livro de Obra, tendo em vista
a extinção da Ficha Técnica de Habitação.

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