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HERRERA FLORES
Data: 4.10.2009
Resumo: HERRERA FLORES, Joaquín. A (re)invenção dos direitos
humanos. Florianópolis : Fundação Boiteux, 2009. 231p.
1
Ponto confuso da obra. Não consigo compreender uma sociedade que “não precise” de direitos humanos,
mesmo que já os tenha alcançado...
Uma das premissas para que tudo isso ocorra é a necessidade de postular uma
outra globalização, que quebre os paradigmas do pensamento único e siga em
direção à consciência universal (Milton Santos). Para este objetivo o autor propõe
claramente uma visão antineoliberal, que em primeiro lugar parta de uma
perspectiva integradora dos direitos (social, político, econômico, cultural), passando
pela crítica ao paradoxo neoliberal da divisão do bolo para, finalmente, com as
práticas emancipadoras, alcançar o elemento ético universal: a dignidade humana.
Quando retoma o tema da necessidade de dar poder às pessoas na busca pelos
direitos humanos, Flores cunha outras duas expressões antagônicas mas igualmente
precisas: ontologia da potência e ontologia da passividade. Para o autor, é
necessário conferir à ação social a possibilidade de colocar em prática as
mudanças sociais, é necessário empoderar (dar poder), instigar, ao contrário da
ideologia atual, que prega a passividade, a abstenção e a inação.
Joaquín Flores prega também uma concepção integral dos direitos, que
considere os três direitos fundamentais para a obtenção do mínimo ético: direito à
integridade corporal (contra a tortura, por exemplo); direito à satisfação de
necessidades (sociais, econômicas, físicas, culturais); e os direitos de
reconhecimento (gênero, de etnia e de diferença).
A reinvenção dos direitos humanos exige também uma concepção
metodológica diferente, que, ao contrário do purismo tradicionalmente louvado
nesta área, apele conscientemente para uma filosofia ‘impura’, que considere
também fatores de ação, pluralidade e tempo, fugindo das fobias (ação, pluralidades
e tempo) em direção a uma metodologia relacional, holística e que leve em
consideração todos os objetos de uma determinada sociedade.
Para que os direitos humanos se desenvolvam é preciso denunciar
estratégias de reprodução das forças hegemônicas, que rechaçam as alternativas
e criam sistemas de garantais jurídicas da hegemonia. Outra necessidade é denunciar
as manipulações simbólicas de educação, mídia e cultura.
A função social dos direitos humanos é lutar contra a banalização das
desigualdades. O conhecimento, assim, deve ser compreendido como um bem social
e protegido da privatização imposta pelo neoliberalismo.
Para ilustrar a teoria dos direitos humanos proposta, o autor usa a imagem de
um diamante ético, no centro do qual fica situada a dignidade humana. Com o
diamante e seus lados múltiplos pretende demonstrar a real complexidade dos
direitos humanos, que permita obter a ética da dignidade. O diamante gira, e
com isso demonstra-se que os direitos estão em constante movimento, relacionados
uns aos outros.
Dentre os principais conceitos do diamante estão os de disposições,
desenvolvimento, valores e narrações. Disposições são a consciência da posição
que se ocupa no processo de acesso aos bens que permitem ou impedem os
direitos humanos. Interessante neste ponto é notar que o desenvolvimento tanto
pode permitir quanto impedir os direitos humanos, tudo dependendo do sentido em
que seguirem. Os valores são os conceitos individuais e coletivos sobre algo, como,
por exemplo, a dignidade do trabalho, o valor do trabalho. Por fim, as narrações são
os modos com que se descreve o mundo, que podem ser hegemônicos e acríticos, ou
críticos e inclusivos (liberatórios).
Numa das camadas do diamante está situada a noção acerca do caráter
impuro dos direitos humanos. Nesta camada é que se encontra a posição de cada
indivíduos, que certamente tem uma visão diferente sobre direitos humanos
que é preciso ser considerada. A própria consciência desta “posição”, o que flores
chama de “disposição”, é aqui registrada. A necessidade de estar atento às narrações
decorre do fato de elas já adotarem, sempre, uma ou outra posição.