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1 INTRODUÇÃO

Conforme dados da Organização Mundial de Saúde, a hemorragia pós-parto (HPP) é


uma das principais causas de morbimortalidade materno no mundo (OMS, 2012). Define-se,
portanto, hemorragia pós-parto a perda sanguínea maior que 500 ml após a expulsão do
concepto nas primeiras 24 horas, sendo mais preocupantes as perdas acima de 1000 mL por
apresentarem maios número de alterações fisiopatológicas que podem resultar em
instabilidade hemodinâmica (BAGGIERI et al, 2011).

A HPP afeta aproximadamente 2% de todas as mulheres que dão à luz e está associada
a quase um quarto de todas as mortes maternas na maioria dos países em desenvolvimento
nos quais as mulheres estão mais expostas a riscos e também a condições econômicas
desfavoráveis. A estimativa mundial é de que 30% dos óbitos maternos de causa obstétrica
sejam devido a essa entidade com 1 óbito a cada 15.000 partos e responsável por 125.000 por
ano (OMS, 2014).

Entende-se ainda que a hemorragia pós-parto seja um contribuinte significativo para a


morbidade materna grave e incapacidade prolongada bem como para várias outras condições
maternas graves associadas à perda de sangue mais substancial, incluindo choque e disfunção
orgânica (OMS, 2014). As causas de hemorragias pós-parto são variadas, incluindo lacerações
do canal de parto, retenção placentária, inversão uterinas, distúrbios de coagulação, além de
atonia uterina, que responde pela maioria dos casos. Esta é definida por contratilidade
inadequada da musculatura uterina no período pós-parto imediato. Clinicamente, a ausência
do globo de segurança de Pinnard, acompanhado de sangramento genital, hipotensão arterial
materna seguido de choque hipovolêmico em grau variado, levam ao seu diagnóstico. Tal
quadro clínico deverá desencadear uma série de intervenções por parte do obstetra, que visem
atingir tônus uterino com contração adequada e persistente no período de pós-parto imediato
(BAGGIERI et al, 2011).

Diante disso, o presente estudo de revisão busca compreender HPP descrevendo-a


conforme seu conceito, dados epidemiológicos, fatores de risco e tratamento, tendo como base
as suas principais causas e, por fim, visa identificar a assistência de enfermagem nos casos de
HPP e como esta pode contribuir para a prevenção e tratamento.

2 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada através de consulta aos bancos de dados LILACS,


MEDLINE, IBECS, através da Biblioteca BVS. Utilizaram-se combinações de descritores
contemplados no DECS (Descritores de Ciência da Saúde). A seleção inicial dos artigos foi
realizada com base em seus títulos e resumos e, selecionados conforme os objetivos do
estudo, buscou-se o texto completo no período de 2007 a 2017, no idioma português. Foram
excluídos os documentos que não disponibilizavam o texto completo, publicados há mais de
cinco anos, artigos em outros idiomas publicados em outras bases de dados e que não
abordem a temática da hemorragia no período pós-parto.

As informações foram coletadas através de um instrumento de pesquisa que


contemplou as seguintes informações: base de dados, autor, ano de publicação, título, método,
objetivos de estudo, resultados encontrados.

A apresentação dos resultados e a discussão sobre o tema foi feita de forma descritiva
para facilitar a identificação das principais causas da hemorragia pós-parto, ações de
enfermagem para prevenção e identificar cuidado de enfermagem no tratamento das
hemorragias.

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Hemorragia pós-parto (HPP)

O puerpério é o período do ciclo grávido-puerperal em que as modificações locais e


sistêmicas decorrentes da gestação materna, retornam ao estado pré-gravídico. Sua duração é
imprecisa, mas considera-se que se inicia imediatamente após a expulsão total da placenta e
das membranas ovulares, dequitação. O seu final varia entre os autores. Para alguns o término
natural da lactação e o retorno da menstruação marcariam o fim do puerpério (AGUIAR,
2007).

A HPP é um caso inesperado que coloca a equipe de saúde sobre um estresse lutando
para a sobrevivência da puérpera, e é neste sentido que Andrade (2015) afirma que a
hemorragia pós-parto imediato “consiste todo sangramento excessivo que ocorre em qualquer
momento a partir da dequitação, retirada da placenta, até a sexta semana ou fim do puerpério.
São consideradas precoces quando ocorrem nas primeiras 24 horas, e tardias, após esse
período até o fim do puerpério”.

A Organização Mundial de Saúde (2014) define a Hemorragia pós-parto como sendo a


perda de 500 mililitros (ml) de sangue ou mais, pelo trato genital, após o parto. Sendo a mais
comum e séria forma de hemorragia obstétrica. Nesta mesma ótica Graça (2010, p.420)
acrescenta que a hemorragia pós-parto imediato é aquela quase sempre causada por atonia
uterina, lacerações do canal de parto ou coagulação intravascular disseminada é útil
considerar o problema da hemorragia excessiva referenciando os períodos do trabalho de
parto.

Segundo xxxx () a hemorragia pós- parto pode ser súbita e excessivamente abundante,
a moderada, mas persistente, pode continuar por dias ou semanas, pode ainda acontecer nas
primeiras 24 horas após o parto até aos 28 dia o controle da hemorragia do local de inserção
da placenta é conseguida pela contração e retração prolongada das fibras entrelaçadas do
miómetro a ligadura viva. xxxxxx () divide a hemorragia pós-parto em duas partes hemorragia
pós parto primária que é a hemorragia excessiva que ocorre nas 24 horas a seguir ao parto e a
hemorragia secundária excessiva que ocorre entre 24 horas após o nascimento do bebé e as 6
semanas após o parto.

Segundo Periard (2011), a manifestação clínica da HPP quase sempre é dramática,


com sangramento vagina abundante e manifestações de choque hipovolêmico, podendo ter
início ei forma discreta e posteriormente resultar em choque, desse modo faz-se necessário o
monitoramento imediato de acordo com o grau de perda sanguínea (Tabela 1).

Tabela 1 - Manifestações clínicas principais associadas ao choque hemorrágico no pós-parto em função das
perdas sanguíneas

Volume Pressão arterial Sintomas e sinais Intensidade do


da perda sistólica Choque
sanguínea

500-1.000 Normal Palpitações, Compensado


mL (10- taquicardia, vertigem
15%)
Fatigabilidade
1.000- exacerbada, taquicardia, Leve
1.500 mL 100-80 mmHg sudorese fria
(15-25%)

Irritabilidade, palidez
1.500- cutâneo-mucosa Moderado
2.000 mL 7080 mmHg
(25-35%)

2000-3000 50-70 mmHg Colapso circulatório, Grave


mL (35- dispneia intensa, anúria
50%)

Fonte: Moraes et al, (2009).

Sendo a hemorragia pós-parto considerada umas das principais causas de mortalidade


e mortes maternas não causadas por aborto, aproximadamente cerca de 8% de todos os partos
são complicados por hemorragias pós parto (PINHEIRO, 2017). Quase todos os autores
mencionados definem a HPP com o mesmo teor, interlaçando assim, as suas ideias sobre este
tema. Assim sendo, passa-se a apresentar as causas de HPP das quais são mais pertinentes
mencionar.

3.2 Causas da Hemorragia pós-parto imediato

As leituras realizadas com a revisão bibliográfica percebeu-se que várias são as causas
que podem contribuir para a hemorragia pós-parto, sendo que as mais referidas pelos autores
são as seguintes: atonia uterina, traumatismo do trato genital, retenção do tecido placentário,
inversão uterina, alteração de coagulação.

3.2.1 Atonia uterina

A atonia uterina representa a incapacidade do útero de se contrair adequadamente após


o parto e está associada a vários fatores de risco. A prevenção, o diagnóstico precoce e a
reposição volêmica adequada, além de abordagem sistematizada, são fundamentais para
reduzir seu impacto.

A atonia uterina associa-se aos seguintes fatores de risco: hipertensão uterina, uso de
relaxante uterino, gravidez múltipla, anestésicos halogenados, macrossomia fetal, uso de
sulfato de magnésio e polidrâmnio associados ao trabalho de parto. Entre os fatores
intrínsecos estão: indução do trabalho de parto, hemorragia pós-parto prévia, trabalho de parto
prolongado, placenta prévia, multiparidade (desgaste das fibras musculares utrerinas),
obesidade, remoção manual da placenta, idade acima de 35 anos e retenção de coágulos
(REZENDE et al, 2009).

3.2.2 Lacerações do canal de parto

Segundo Andrade (2015), a laceração do trato genital constitui a segunda principal


causa de hemorragias pós-parto e ocorre em áreas diferentes de acordo com a anatomia e
fisiologia da vagina. Os sinais e sintomas são caracterizados pelo relato da mulher, de dor
perineal ou retal persistente, ou de uma sensação de pressão na vagina. A manipulação
contínua do períneo, as condições do tecido e tipo de parto interferem nas lacerações e
hematomas.

3.2.3 Retenção de restos placentários

3.2.4 Inversão uterina


Trata-se de uma complicação pouco mais frequente, mas que implica riscos de vida,
porque o fundo do útero fica voltado para dentro da cavidade endometrial dificultando assim a
contração do útero. A inversão uterina resulta quase sempre da tração exagerada exercida no
cordão umbilical ligado a uma placenta inserida no fundo uterino, podendo esta ficar ou não
ligada ao útero. É uma complicação rara, onde o fundo uterino se encontra colapsado na
cavidade uterina (inversão parcial), podendo exteriorizar-se para a cavidade vaginal (inversão
total) ou muito raramente para o exterior (ANDRADE, 2015).

3.2.5 Distúrbios de coagulação

4 RESULTADOS

As buscas de artigos nas bases de dados incluídas na BVS (LILACS, MEDLINE e


BNDENF), foram realizadas em novembro de 2017. Utilizaram-se descritores contemplados
nos DECS (Descritores de Ciência da Saúde), (..), selecionou-se estudos publicados o período
entre os anos de 2007 a 2017, disponíveis em texto completo, no idioma português,
pesquisando-se nos campos título, resumo e assunto.

Evidenciou-se um total de 230 estudos, com a exclusão de 134 artigos não disponíveis
em texto completo, obteve-se uma amostra de 96 artigos. Com a exclusão de trabalhos no
período anterior a 2012, a pesquisa resultou numa amostra de 64 estudos. Excluindo os
trabalhos em outro idioma, que totalizaram um número de 42 publicações, obteve-se uma
amostra de 22 artigos. Após a exclusão de 3 trabalhos por não estarem relacionados ao tema, a
pesquisa obteve 19 artigos. Deste total, 3 estudos apresentavam-se repetidos nas bases de
dados estudadas, resultando em uma amostra final com 16 estudos conforme a Tabela 2 –
Características dos estudos selecionados.

Tabela 2- Características dos estudos selecionados

Autores Tipo de estudo Ano


Aguiar Revisão bibliográfica 2007
Moraes Revisão bibliográfica 2009
Rezende Relato de caso 2009
Costa Revisão bibliográfica 2010
Costa Relato de caso 2010
Baguieri et al Estudo de atualização 2011
Periard et al Revisão bibliográfica 2011
Leite Estudo transversal 2012
Silva et al Estudo exploratório 2012
Bonomi et al Revisão bibliográfica 2012
Gabrielloni et al Estudo transversal 2014
Caroci et al Estudo transversal 2014
Andrade Estudo qualitativo 2015
Rosa Revisão bibliográfica 2016
Ruiz et al Estudo epidemiológico 2017
Pinheiro Estudo conceitual 2017
Fonte: Elaboração do autor

Conforme trata a Tabela 2, os estudos selecionados provêm em sua maioria, de


realização de revisão bibliográfica (n = 6) e as publicações possuem maior concentração no
ano de 2012 (n =3).

A Tabela 3 traz as informações acerca das causas da HPP estudadas, assim como os
objetivos e conclusão de cada publicação. Optou-se por integrar os dados a partir das suas
características gerais.

Tabela 3 - Dados referentes às causas da hemorragia, objetivos e conclusão dos estudos incluídos

Autor, ano Causas da Objetivos Conclusão


Hemorragia
Aguiar, 2007 Geral Ressaltar a sistematização A partir do conhecimento e da visão
humanizada da assistência de crítica a respeito da assistência de
enfermagem no puerpério no enfermagem obstétrica é que se pode
caso de hemorragia pós-parto esperar bons resultados no combate a
precoce, permitindo uma mortalidade materna.
reflexão a respeito da assistência
materna prestada e suas
consequências na promoção à
saúde da mulher.
Andrade, 2015 Geral Identificar as intervenções de Evidenciou-se que a inexistência de um
enfermagem para prevenção das protocolo para as situações de HPP
complicações da Hemorragia condiciona muito durante uma atuação de
pós-parto imediato na Sala de emergência. Os resultados apontam ainda
partos do Hospital Baptista de para a necessidade de formação dos
Sousa. enfermeiros na área da saúde materna.
Baguieri et al, Geral Estabelecer um protocolo de
2011 prevenção de condutas diante das
hemorragias pós-parto.
Bonomi et al, Geral Definir a melhor estratégia para a Uma boa assistência a gestantes durante o
2012 prevenção e o tratamento da trabalho de parto, principalmente uma
hemorragia pós-parto, conduta ativa no terceiro estágio, interfere
enfatizando o manejo ativo no de forma positiva para a prevenção de
terceiro estágio do trabalho de hemorragias maternas graves,
parto. contribuindo para o controle e diminuição
da mortalidade materna.
Caroci et al, Laceração Analisar a distribuição das Não houve diferença estatística
2014 do trato lacerações vulvo-perineais e os significante em relação ao local da
genital fatores relacionados à sua laceração perineal e a posição materna no
localização nas regiões anterior e parto, variedade de posição no
posterior do períneo no parto desprendimento cefálico, circular de
normal. cordão umbilical e peso do recém-
nascido, porém houve diferença
significante em relação ao tipo de puxo.
Costa, 2010 Geral Apresentar discussão sobre o A HPP assume grande importância
manejo clínico da HPP. devido a sua alta incidência, e alto
potencial de gravidade. É emergência de
manejo inicialmente clínico, mas com
possibilidade de rápida evolução para
conduta cirúrgica. O fator prognóstico
importante é a existência de equipe
treinada e capacitada para reconhecer o
transtorno e agir precocemente de modo a
evitar a evolução desfavorável.
Costa, 2010 Atonia Descrever a HPP vaginal O caso representa a insistência em tratar a
uterina e imediata em jovem como alerta hipotonia uterina vislumbrada a partir de
laceração do para as consequências e a rotina diagnóstico equivocado. O controle da
trato genital de seu atendimento. hemorragia só foi possível com o retorno
da paciente ao bloco cirúrgico e a
realização da sutura da laceração vaginal.
A valorização da altura uterina no exame
de admissão da paciente e a realização da
episiotomia para evitar as lacerações
vaginais teriam evitado as complicações
do caso aqui relatado.
Gabrielloni et Geral Analisar a hemorragia no parto A análise da hemorragia no parto vaginal
al, 2014 vaginal através dos índices de através dos índices de eritrócitos e
eritrócitos e hematócrito hematócrito evidenciou que há variação
nos três tipos de parto vaginal estudados,
sendo a hemorragia maior no parto
fórceps e menor no parto vaginal
espontâneo.
Leite, 2012 Laceração Caracterizar as lacerações A ocorrência de lacerações de terceiro
do trato perineais espontâneas no parto grau e a frequência de lacerações na
genital normal; analisar as lacerações parede vaginal indicam a importância de
perineais espontâneas no parto avaliação criteriosa para as lacerações
normal e avaliar as morbidades espontâneas.
perineais até 48 horas após o
parto.
Moraes, 2009 Geral Revisar as principais causas de É de suma importância que a abordagem
HPP, bem como sua prevenção e da gestante inclua o pleno conhecimento
tratamento, com o intuito de das causas de HPP e se saiba abordá-las
discutir as medidas iniciais do corretamente, de forma a intervir
atendimento à parturiente, que corretamente.
são extremamente essenciais
para preservar sua vida e
minimizar suas complicações.
Periard et al, Atonia Discorrer a Atonia Uterina como A atonia uterina é a principal causa de
2011 Uterina principal causa da Hemorragia HPP, responsável por expressiva
pós-parto. morbimortalidade materna. É afecção
prevenível, desde que a profilaxia seja
utilizada de forma correta. O diagnóstico
e tratamento realizados precoce e
adequadamente, assim como boas
condições de infraestrutura hospitalar e
competência médica na condução do
caso, resultam em significativa
diminuição dos índices de complicações e
óbitos.
Pinheiro, 2017 Geral Investigar possíveis preditores de Uma nova definição de HPP deve incluir
hemorragia pós-parto (HPP) e perda sanguínea e variações dos sinais
orientar sua abordagem. vitais; Protocolos de tratamento de HPP
devem ser disponibilizados para
profissionais de saúde que assistem a
parturiente. Diagnóstico e tratamento
precoces contribuem para diminuir a
morbimortalidade por HPP.
Rezende, 2009 Atonia Apresentar o relato de uma A gravidade da atonia uterina resulta na
uterina paciente com hemorragia uterina opção da histerectomia como última
no pós-parto imediato, submetida medida de preservação da vida, apesar de
à histerectomia subtotal devido à amputações fisiológicas e psíquicas. O
atonia uterina refratária ao caso relatado revela a gravidade clínica da
tratamento clínico. atonia uterina, só resolvida com a
histerectomia para controle da
hemorragia.
Rosa, 2016 Laceração Identificar fatores associados à Identificou-se fatores associados às
do trato laceração perineal grave, lacerações perineais, evidenciou-se
genial oferecer subsídios para o manejo subsídios para o manejo do trabalho de
de trabalho de parto baseado em parto e descreveram-se cuidados perineais
evidências científicas, bem como frente à ocorrência de lacerações, sob a
identificar cuidados de ótica do enfermeiro obstétrico.
enfermagem frente às lacerações.
Ruiz et al, 2017 Geral Relacionar perda hemática com Assistência de enfermagem de qualidade
queixas, sinais ou sintomas de pode contribuir para a redução da
alterações sanguíneas no morbimortalidade materna, nos quadros
puerpério, por meio da de hemorragia pós-parto, a partir da
mensuração do nível de identificação precoce e valorização de
hemoglobina (Hb) e hematócrito queixas e sinais/sintomas das puérperas e
(Ht). devidas intervenções.
Silva et al, 2012 Geral Desenvolver afirmativas de A utilização da linguagem padronizada
diagnósticos de enfermagem para para construção desses diagnósticos e
parturientes e puérperas, resultados favorece a documentação de
utilizando o modelo dos setes enfermagem, que por sua vez, contribui
eixos da Classificação para evidenciar os conceitos importantes
Internacional para Prática de para prática profissional na atenção à
Enfermagem. saúde materna.
Fonte: Elaboração do autor

Conforme os dados supracitados pode-se observar a mesma quantidade de estudos (n =


3) com especificidade de causas da HPP a atonia uterina e as lacerações puerperais. Os
demais estudos se debruçaram sobre a demanda das demais causas, mas também tratam das já
citadas. Dentre as 16 publicações incluídas nesta revisão, mais de 50% (n = 7) se dedicaram a
tratar da contribuição dos cuidados de enfermagem para o tema estudado seja por meio de
intervenção, diagnóstico, tratamento ou atualização de protocolos para manejo clínico da
HPP.
5 DISCUSSÃO

Os estudos selecionados para esta revisão contemplaram a hemorragia pós-parto desde


o seu conceito até a prevenção e o tratamento. Como estão presentes em todos os estudos,
consideram-se as principais causas da HPP a atonia uterina e as lacerações perineais, esta
última identificada dentro da amplitude dos traumas. Segundo Negrini (2017), a atonia uterina
é a principal causa da HPP, sendo responsável por mais de 80% dos casos registrados e as
lacerações perineais representam cerca de 15%. Em relação aos cuidados de enfermagem,
obter-se maioria dos estudos retratando-os corrobora com as palavras de Santos e Cabeirão
(2014) que ressaltam a importância do conhecimento e a consulta detalhada da enfermagem
no período puerperal, para evitar complicações futuras e a necessidade da implantação da
sistematização e rotinas de enfermagem em todos os estabelecimentos de saúde visando a
redução da morbimortalidade materna.

Os resultados das publicações foram descritos a partir do agrupamento de oito


categorias dos assuntos abordados, a fim de obter a melhor organização das informações. As
categorias escolhidas foram: dados epidemiológicos, fisiopatologia, classificação, fatores de
risco, complicações de hemorragia imediata, assistência de enfermagem e intervenções e
tratamento.

Dados Epidemiológicos

Em relação aos dados epidemiológicos, obtiveram destaque o estudo de Ruiz et al.


(2017), que traz dados atualizados sobre o diagnóstico de HPP no Brasil e no mundo.
Segundo o autor, esta afecção atinge cerca de 536 mil mulheres/ano no mundo e deste número
25% dos casos foram registradas mortes. No Brasil, este número sobre para 41% do total das
mortes maternas. Os estudos de Aguiar (2007), Baggieri (2011), Leite (2012) e Andrade
(2015), também trazem dados epidemiológicos e, a partir destes, pode-se obter informações
sobre a evolução da HPP dentro da literatura especializada.

Fisiopatologia da HPP

Quando à fisiopatologia da HPP foram encontradas informações mais específicas nos


estudos de Moraes et al (2009), Silva et al (2012), Costa et al (2010) e Periard et al (2012).
Em todos estas publicações a HPP foi definida classicamente como a perda de mais de 500ml de
sangue nas primeiras 24 horas após o parto e associada a atonia uterina, retenção placentária, inversão
e ruptura uterina, tocotraumatismos e coagulopatias.
Classificação da HPP

A classificação das HPP pôde ser observada no estudo de Moraes (2009) observada como
primária e secundária. A forma primária ocorre nas primeiras 24 horas após o parto, ocorrendo em 4 a
6% de todos os nascimentos, sendo na maioria das vezes devida a atonia uterina. A hemorragia é
secundária ou tardia quando ocorre entre 24 horas e seis semanas após o parto. Associa-se com
complicação em 1 a 3% dos partos, na maioria das vezes, devido a retenção de restos placentários.
Manifesta-se, frequentemente, na segunda semana de pós-parto.

Fatores de Risco

Quanto aos fatores de Risco, Moraes (2009), Rezende (2009) e Andrade (2015) apontam
fatores de risco para a HPP: hipertensão uterina, uso de relaxante uterino, gravidez múltipla,
anestésicos halogenados, macrossomia fetal, uso de sulfato de magnésio e polidrâmnio associados ao
trabalho de parto. Além disso, destacam do denominados fatores intrínsecos: indução do trabalho de
parto, hemorragia pós-parto prévia, trabalho de parto prolongado, placenta prévia, multiparidade,
obesidade, remoção manual da placenta, idade acima de 35 anos e retenção de coágulos.

Complicações da hemorragia

As complicações de hemorragia imediata são contempladas nos estudos de Gabrielloni et al


(2014), Silva et al (2012) e Ruiz et al (2017). Estes autores Estes autores relatam que as
complicações se dão geralmente quando é possível obter estimação visual de perda de grande
ou média quantidade de sangue; necessidade de em até 24 horas após o parto associadas à
alterações hemodinâmicas – hipotensão, taquicardia, hipotermia, lipotimia e outras
complicações. Nessa perspectiva, relatam ainda os cuidados de enfermagem quando aos sinais
e sintomas de choque e instituir o tratamento o mais precoce possível, salientando a
responsabilidade pela execução do tratamento prescrito, a monitorização da paciente,
prevenção de complicações e promoção de conforto, sendo sua atuação essencial para o
tratamento adequado e melhor prognóstico da paciente.

Assistência e intervenção em enfermagem

A assistência e intervenção de enfermagem são retratadas e analisadas nos estudos de


Aguiar (2007), Andrade (2015), Ruiz et al (2017). Conforme relatam os autores a HPP pode
evoluir rapidamente para o choque, portanto, o enfermeiro deve avaliar a paciente
cuidadosamente. Terminado o trabalho de parto o perigo de
hemorragia é maior, durante a hora seguinte o período é considerado crítico, portanto, a
primeira meta no controle da hemorragia a contenção do sangramento corrigindo a causa. A
segunda meta é manter um volume sanguíneo circulante para prevenir o choque ou a anemia,
e como última meta, prevenir a infecção (LOWDERMILK e PERRY, 2002 apud AGUIAR,
2007).

Segundo Andrade (2015) a assistência de enfermagem numa situação de hemorragia


pós-parto “deverá ser rápida e eficaz, a fim de assegurar, de uma forma razoável que a
avaliação da eficácia dos cuidados basear-se-á nos resultados esperados no final dos cuidados
prestados”. É de consonância também entre os autores que cuidado da mulher que apresenta a
hemorragia deve ser rigoroso e respeitar os procedimentos adequados de acordo com o
diagnóstico, pois, intervenções de enfermagem durante uma situação de
hemorragia pós-parto são múltiplas, já que a situação é considerada de
emergência obstétrica.

Tratamento para a HPP

Por fim, o tratamento para a HPP é mencionado em quase todos os estudos. Em


comum acordo o tratamento adequado para a HPP se inicia com a prevenção. Segundo
Baggieri (2011), a prevenção da hemorragia e de suas complicações pode ser observada a
partir dos seus fatores de risco e do reconhecimento de anemias ainda no acompanhamento
pré-natal. Costa (2010), alerta para o diagnóstico imediato da HPP destacando a intervenção
através de medidas de ressuscitação volêmica e de transfusão de hemoderivados para tratar
essas graves intercorrências.

Segundo Andrade (2015), “os enfermeiros e a equipe de saúde têm um papel crucial
em assegurar a hemóstase nos pós-parto com o intuito de diminuir as perdas sanguíneas
controlando assim a hemorragia.” Depois da expulsão da placenta os profissionais de saúde
deve ter atenção aos seguintes sinais clínicos que variam de acordo com a intensidade, leve,
moderada ou severa, podendo apresentar queda significativa ou acentuada da pressão arterial,
palpitações, tonturas, taquicardia, fraqueza, sudorese, irritabilidade, palidez, colapso, falta
de ar e sinais de choque hipovolêmico.

No que diz respeito ao tratamento e os cuidados de enfermagem o primeiro passo a


seguir é no controle da hemorragia a contenção do sangramento procurando assim a sua
causa. A segunda meta é manter um volume sanguíneo circulante para prevenir choque
hipovolêmico ou a anemia, e também a prevenção de infecções. Para um tratamento bem
sucedido da HPP é necessário também o tratamento farmacológico. A responsabilidade de
administração de medicamentos é uma das responsabilidades do enfermeiros e exige
responsabilidade para intervenção (PINHEIRO, 2017).

6 CONCLUSÃO

O presente estudo se debruçou sobre o tema da Hemorragia Pós-parto (HPP) com o


objetivo de compreender e analisar as possibilidades do cuidado em enfermagem para esta
afecção. Infelizmente, como constam nos dados coletados a HPP ainda é uma das principais
causas da mortalidade materna no mundo. Diante disso, pode-se enxergar a responsabilidade
do cuidado em enfermagem quando se trata especificamente desta afecção.

A HPP assume grande importância devido a sua alta incidência e potencial gravidade,
assim, torna-se essencial o conhecimento teórico-técnico mais apurado possível a fim de
possibilitar desde a prevenção até o tratamento imediato da hemorragia.

REFERÊNCIAS

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS

FISIOPATOLOGIA

FATORES DE RISCO
COMPLICAÇÕES DE HEMORRAGIA IMEDIATO

ASSISTENCIA EM ENFERMAGEM E INTERVENÇOES

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