Aula 1 Aspectos históricos e conceituais da interface Psicologia e
Educação Parte I
Para desenvolver um trabalho pedagógico bem sucedido é
fundamental conhecer o público alvo desta ação e, ao adentrar no universo
da Psicologia da Educação é necessária a discussão sobre a identidade da
Psicologia, seu reconhecimento como ciência e as diferentes perspectivas
pelas quais se constituem esse campo de conhecimento. Acerca disso, fora
identificado que o seu objeto de estudo é o ser humano, neste sentido se
explica a fundamental contribuição da Psicologia para a prática pedagógica
escolar.
Baseiase no príncipio de que o homem possui características que o
distingue dos animais, dentre as quais se encontram: o raciocínio, a
demonstração de emoções e sentimentos, a linguagem oral, entre outras,
no entanto, o que tem provocado interesse de diversos pensadores desde a
antiguidade é a compreensão do psiquismo e do comportamento humano.
Quando há o nascimento de um bebê é muito comum que sejam
relacionadas suas características físicas a de seus pais ou parentes, de
mesmo modo ocorre com os traços de comportamento, é frequente ouvir
frases como “esse pequeno é bravo como a mãe” ou ainda “ela tem gênio
forte como o pai”, mas quais são os fatores que acarretam esses tipos de
comparações? Talvez o fator biológico/genético, determinante do
comportamento humano? Ou ainda, quais são os fatores determinantes no
desenvolvimento humano?
Essas questões têm sido alvo de pesquisas, análises e muitas
ambiguidades. É fato que atualmente os dados apontam que há UM
CONJUNTO DE fatores que influenciam no desenvolvimento humano, dentre
os quais: a hereditariedade, o crescimento orgânico e neurológico, bem
como o ambiente ao qual se está exposto.
A criança em suas diversas fases de desenvolvimento apresenta
resultados dessa integração de fatores estimuladores através de seu
comportamento, porém, antes do século XIX, o homem tentava
compreender o comportamento humano através de especulações, da
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intuição, partindo das próprias experiências e nesse período há pouca
preocupação sobre o lugar social ocupado pela criança, o conhecimento era
transmitido através de experiências repassadas pelas gerações e a cultura
ocupava lugar de destaque nessa organização social.
Em nossas aulas refletiremos sobre o momento em que a Psicologia
recebe status de ciência e como suas abordagens teóricas podem contribuir
no fazer do profissional de educação, o que podemos perceber é que as
linhas que caracterizam o percurso histórico da Psicologia da educação em
geral versam sobre o desenvolvimento do psiquismo humano e os
problemas de aprendizagem, fato é que a aprendizagem não é só
mecânica, ela é resultado de raciocínio, não tem idade, ou seja, ocorre em
qualquer fase da vida, é também sistemática, progressiva e cumulativa.
Entendemos que a aprendizagem é a capacidade de assimilar,
organizar e modificar as situações vivenciadas e esse processo dependerá
das características pessoais, orgânicas e do meio ambiente.
Nesse sentido, sugerimos a leitura de ZICK (2010), pois a autora
aborda a importância do contexto social ao qual o aluno está inserido para
compreender a prática em sala de aula e os resultados que os alunos
podem ou não apresentar.
Muitas vezes o educador fica frustrado mediante um objetivo não
alcançado com determinado aluno e coloca sobre si todo o peso do fracasso,
ou faz o contrário, culpabilizando o aluno, ou colocando nele um rótulo de
“dificuldade de aprendizagem”, mas há necessidade de uma reflexão mais
abrangente desse resultado, por isso a importância de compreender os
aspectos que interferem no processo de desenvolvimento e aprendizagem e
a literatura aponta que a Psicologia enquanto ciência tem exercido função
social de grande relevância, nas diversas áreas de conhecimento e campo
de atuação, sendo que tal observação também é fato na educação.
É importante que durante as aulas você faça uma relação dos
conteúdos abordados com a realidade vivida, pois alguns conceitos da
psicologia são aplicados vulgarmente na vida cotidiana e muitas vezes os
reproduzimos sem ao menos conhecermos ou refletirmos sobre tal, em
nossas aulas você terá a oportunidade de conhecer conceitos e
metodologias que fornecerão o embasamento de sua prática profissional.
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Aula 2 Aspectos históricos e conceituais da interface Psicologia e
Educação –
Quando pensamos que o desenvolvimento do comportamento
humano é resultado de múltiplos fatores parece uma afirmativa um tanto
quanto óbvia, mas nem sempre foi assim, a filosofia se ocupou durante
muito tempo da reflexão sobre o homem e sua relação com o mundo
interior (subjetivo) e exterior (objetivo), portanto, estudar a psicologia
pressupõe a compreensão de sua historicidade e da dicotomia entre
objetividade e subjetividade, que estão presentes tanto em teorias e
métodos como no fazer profissional.
Sendo assim, a Filosofia tem como preocupação a origem e o
significado da existência humana e surge na tentativa de explicar a
realidade sem recorrer apenas à mitologia e a religião, cabendo ao homem
ordenar e organizar o seu pensamento.
A filosofia grega coloca o homem no centro da preocupação filosófica
e o estudo da alma (psykhé) e do corpo (sendo este controlado pelo
cérebro/inteligência) como objeto de estudo.
Sócrates, Platão e Aristóteles são pensadores clássicos da Grécia (V e
IV a.C) que construíram a filosofia como metafísica
● Sócrates (469399 a.C.) se preocupava com a separação entre o
homem e o animal, sendo a razão a maior característica humana.
● Platão (427347 a.C.), discípulo de Sócrates, preocupouse em definir
um “lugar” para a razão em nosso próprio corpo, sendo definido a
cabeça (onde se encontrava a alma humana). Separava alma e corpo
sendo ligado pela medula. Quando alguém morria, a matéria (corpo)
desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo.
● Aristóteles (384322 a.C.), discípulo de Platão, postulou que alma e
corpo não eram separados. A
psyché
era o princípio ativo da vida
.
Tudo que cresce e reproduz tem uma
psyché
(alma).
Percebese que há uma relação da “alma” com questões subjetivas e
sua ligação com questões da “natureza”, para os filósofos gregos era
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importante conhecer o homem inserido no “cosmo” e assim, foi a
filosofia grega que inaugurou a sistematização das ideias psicológicas.
Os filósofos pré socráticos defendiam que a relação do homem com o
mundo se dava através da percepção e nesse contexto acontecia a
oposição entre os idealistas, que defendiam a tese de que a ideia forma
o mundo e os materialistas, os quais acreditavam que o homem conhece
o mundo através de uma matéria já existente, e isso ocorre através de
sua percepção.
Sócrates foi quem solidificou os pressupostos ou as ideias
psicológicas, pois se preocupou em distinguir o Homem dos animais
através da razão, sendo para ele esta a essência humana, daí a
importância desse filósofo para a psicologia científica, pois as teorias da
consciência se derivam de sua sistematização.
Já Platão e Aristóteles contribuíram com suas teorias divergentes, a
teoria Platônica compreendia que a alma era imortal e estaria separada
do corpo, já Aristóteles afirmava a mortalidade da alma e que esta
pertencia ao corpo.
O Cristianismo foi posterior a este período e através de Santo
Agostinho (354430) e São Tomás de Aquino (1225 – 1274) dão
continuidade aos pensamentos de seus antecessores, sendo que Santo
Agostinho concordava com a teoria platônica de que havia cisão entre alma
e corpo e São Tomás de Aquino que seguiu a justificativa aristotélica
acrescentando que a busca de aperfeiçoamento do homem seria a busca de
Deus.
As ideias a respeito de como o homem compreende o mundo estão
intimamente relacionadas à prática em sala de aula, as teorias filosóficas
que originaram a psicologia científica, ainda permeiam a nossa vida.
Alguns filósofos acreditavam que o ser humano já possuía
capacidades básicas de conhecimento desde seu nascimento, Platão está
entre os defensores dessa ideia, pois para ele “a alma procede do corpo”,
então o indivíduo encarna com uma estrutura de conhecimento pronta e
que só precisa ser aperfeiçoada, essa teoria foi chamada de
“Inatismo”.
Já Aristóteles foi defensor da teoria que denominouse como
“Ambientalismo”
, para ele o conhecimento é derivado da experiência, o
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ser humano nasce sem qualquer referência e vai se “moldando” à medida
que possui contato com o meio.
Mais adiante, os filósofos constatam que o comportamento humano é
o resultado da junção entre fatores internos e externos e ocorre a partir da
associação de ideias, de forma processual, foi essa teoria, o
“
Interacionismo”
, que influenciou diversas linhas da psicologia.
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Aula 3 Aspectos históricos e conceituais da interface Psicologia e
Educação Parte II
Como vimos, a origem da psicologia está intrinsicamente relacionada
à filosofia e para compreender as suas teorias é preciso conhecer a história,
pois cada época social exige um conhecimento específico e de acordo com o
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contexto histórico, social e cultural, as diversas áreas do conhecimento
criam suas teorias, métodos e técnicas com a finalidade de responder aos
novos desafios.
O profissional de educação está cotidianamente em contato com a
ciência e precisa compreender que esta é fruto de um processo dinâmico,
pois a ciência se concretiza na construção de interpretações, hipóteses,
confirmações e refutações, e este processo é humano e social.
Identificamos que a busca de respostas racionais baseada em
conceitos começou na antiguidade grega, o pensamento racional advindo na
época procurou superar as explicações relacionadas a mitos e opiniões de
senso comum, as quais tinham como fundamento a sensibilidade individual.
Mas a grande dúvida dos pensadores da época era se as pessoas possuíam
saberes inatos ou se aprendiam ao longo da vida.
O nascimento da psicologia enquanto ciência libertase do seu período
filosófico para o início de outra fase. Em 1879, na universidade de Leipzig,
na Alemanha, foi com Willelm Wundt, considerado o “pai da psicologia” que
começouse a utilizar os métodos científicos para comprovar as hipóteses
dos filósofos empiristas.
Wundt passou a aplicar o método da introspecção para entender do
que é feita a consciência, pensamentos e sentimentos humanos. Esse
método se configurava em ouvir relatos das pessoas sobre suas percepções
mediante estímulos.
Foi a partir dessa iniciativa que outros estudiosos da área
aprofundaram em suas pesquisas com mais definição, estabelecendo como
seu objeto de estudo o comportamento, a vida psíquica, a consciência e
delimitando o seu campo de conhecimento, diferenciandose da filosofia e
fisiologia.
Não podemos ignorar que a necessidade de uma ciência que
compreendesse a forma de pensar do homem também surge no advento do
capitalismo e carrega consigo interesses concretos, pois a forma de produzir
colocou o homem no centro das preocupações, iniciando aí uma lógica mais
individualizada, especialmente pela propriedade privada da terra e pelos
meios de produção com a divisão social do trabalho.
Foi neste contexto, de transformações econômicas e políticas, que
surgem novas formas de compreensão a vida: o universo e o homem e
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surgem novos métodos, como o Empirismo, cujo idealizador foi Francis
Bacon (15611626) e tinha como base que a fonte dos conhecimentos se
dava por meio de sensações e também o método do Racionalismo, cujo
precursor foi René Descartes (15961650), o qual defendia que a fonte dos
conhecimentos ocorre por meio da razão.
Essa nova forma de conhecimento, configurandose enquanto ciência,
buscou compreender o homem e o universo através das leis naturais, com a
premissa de que o homem, através de sua natureza humana, desenvolve
suas capacidades e potencialidades visando contribuir para o novo modelo
de produção.
A concepção naturalista substituiu a concepção sobrenatural dos
fenômenos da vida do homem e do comportamento humano, justificando
que o ser humano se constitui a partir de capacidades próprias e não
apenas de fatores externos e sobrenaturais (como cosmo ou uma
autoridade divina). A partir desse ponto, as ciências naturais estavam
baseadas na observação, experimentação, mensuração, controle e previsão
sobre as questões da vida humana, partindose daquilo que é possível ser
observado.
Foi nesse contexto, o da necessidade de conhecer o homem que se
faz por si mesmo, tanto em seus aspectos objetivos (do comportamento)
como em sua subjetividade (sentimentos, emoções, desejos…), que a
psicologia encontrou as perfeitas condições de atuar como ciência.
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Aula 4 Aspectos históricos e conceituais da interface Psicologia e
Educação Parte III
A abordagem naturalista trouxe consideráveis contribuições para o
conhecimento científico da psicologia, pois apresentou aprimoramento,
técnicas e procedimentos para analisar o comportamento humano, porém,
sua perspectiva objetiva permitia que os processos psicológicos fossem
analisados da mesma forma como se estudava os demais fenômenos da
natureza, e na contraposição a essa lógica, a perspectiva das ciências
humanas tem como prioridade a análise da experiência vivida, a
especificidade humana e sua subjetividade.
É no embate das ciências naturais com as ciências humanas que se
percebe claramente a dicotomia entre a objetividade e a subjetividade e as
linhas da psicologia se constituíram nessa relação.
Mesmo considerando que psicologia enquanto ciência teve seu marco
com Wilhelm Wundt, na Alemanha, foi nos Estados Unidos que ela se
desenvolveu e nesse contexto surgem as primeiras abordagens ou escolas
da psicologia.
O reconhecimento da psicologia enquanto ciência ocorre a medida
que ela se liberta da Filosofia e adquire padrões formais de produção de
conhecimento, as teorias deveriam obedecer critérios e metodologias
científicas.
As teorias mais importantes desse período são: Estruturalismo, o
Funcionalismo e o Associacionismo, e essas teorias foram de fundamental
importância no século XX, quando passaram a coexistir com o
behaviorismo, gestaltismo e a psicanálise, que veremos mais adiante.
Estruturalismo: Este é o sistema psicológico que teve como objeto
de estudo, a consciência e seus elementos básicos, observando a
experiência imediata dos sujeitos e o maior representante foi Wilhelm
Wundt, utilizando a instrospecção como método, ou seja, a observação do
comportamento se dava através de estímulos às pessoas e posteriormente
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a realização do estudo da consciência em seus aspectos estruturais,
separando seus componentes para um estudo das partes, tomando como
referencia o método cartesiano (René Descartes)
Funcionalismo: Considerado como a primeira sistematização
americana, os principais teóricos foram Willian James e John Dewey,
recebeu influencia da teoria evolucionista, e também tinham como objeto, a
consciência, porém, sua ideia central foi em estudar como a mente opera e
o que ela contém, os processos psicológicos são pensados com processos
que têm funções.
Associacionismo: Essa é a corrente teórica que orienta o
Behaviorismo, teve como principal representante Edward Thorndike. O
destaque dessa abordagem é por ter sido a primeira a formular uma teoria
sobre a aprendizagem, em sua concepção esse fenômeno ocorre por um
processo de associação das ideias. Foi por meio de estudos experimentais
em animais que se inicia a conceituação dessa abordagem experimental. Foi
essa linha que consolidou o pressuposto de que um comportamento tende a
se repetir quando é recompensado e que a punição pode extinguir um
comportamento indesejado.
São as divergências nas linhas de compreensão do comportamento
humano que subsidiam as escolas psicológicas e o aprimoramento das
técnicas e dos procedimentos de estudo relativos à psicologia enquanto
ciência.
Se fizermos um resgate conceitual do caminho trilhado pela
psicologia, percebemos que é das diversas formas de observar o
comportamento humano que derivam as metodologias próprias e são essas
técnicas que podem contribuir no exercício de outras profissões,
especialmente as quais têm como objeto da prestação de seus serviços, o
homem e suas particularidades, isso se aplica diretamente à educação e ao
processo de ensinoaprendizagem.
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Aula 5 – Porque a existência de Escolas Psicológicas?
É importante compreender a transição da psicologia do campo da
reflexão filosófica para a ciência, com estrutura de estudo sistemática e
métodos próprios de comprovação/refutação de hipóteses e assim a
formação das escolas psicológicas.
Já discutimos aqui o quanto foi ampla a reflexão sobre a relação do
comportamento e a capacidade de aprendizagem do homem, desde o
conhecimento de senso comum, aquele que se deriva das experiências do
cotidiano, sem a necessidade de evidências e/ou comprovações, que
embasou as reflexões filosóficas até o reconhecimento no campo científico,
com conceitos e métodos definidos, porém, é notório também que entre os
diversos pensadores havia divergências de concepções ou mesmo
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diversidade de teorias, com aperfeiçoamento das “verdades” anteriormente
apreendidas.
A variedade e diversidade das teorias da psicologia são resultantes
dessa ciência que tem como “objeto de estudo” o homem em sua
complexidade, portanto, quando nos referimos às “escolas psicológicas”
estamos relacionando ao pensamento ideológico de um “líder”, o qual em
geral, orienta um grupo ou um movimento que compartilha da mesma
orientação teórica.
A ciência é uma construção histórica, deste modo as “verdades” são
provisórias, portanto, desconfia das certezas e dos dogmas já estabelecidos
e busca novas respostas. Toma os fenômenos da natureza e os fatos sociais
como problemas científicos.
✓ A ciência é
objetiva
, pois procura leis universais;
✓ A ciência é quantitativa porque busca medidas e critérios de
comparação;
✓ A ciência é homogênea porque busca leis gerais de funcionamento
dos fenômenos;
✓ A ciência é
generalizadora
, pois reúne individualidades sob as
mesmas leis e os mesmos critérios de medidas;
✓ A ciência é diferenciadora
, pois distingue fenômenos aparentes que
obedecem a estruturas diferentes;
✓ ciência só estabelece
relações causais depois de investigar a
natureza ou estrutura do fato estudado e suas relações com outros
semelhantes e diferentes.
✓ A ciência surpreendese com a
regularidade
, com a
constância
,
com a
frequência
, com a
repetição
e com a
diferença
.
Diante dessa contextualização, verificamos que a psicologia no campo
das ciências, precisou aperfeiçoar seus métodos e desde Wundt, houve a
preocupação em definir o objeto e a técnica de estudo. Inicialmente, a
psicologia de Wundt se localizava como ciência intermediária entre as
naturais e as da cultura, utilizandose dos métodos de experimento e
observação, sua abordagem científica teve como objeto a experiência
imediata do sujeito.
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Dando sequência à estruturação da psicologia científica, Titchener
posicionou a psicologia no campo das ciências experimentais, tendo como
referência a fisiologia para explicar os fenômenos da vida mental, seu
método se baseou na introspecção e experimentação e o objeto foi o estudo
da consciência em suas partes para atingir a estrutura.
Os conceitos elementares desses estudiosos subsidiaram a origem
das escolas de psicologia, sendo que o behaviorismo foi considerado a
primeira escola que aparece como crítica aos sistemas citados
anteriormente, foi com referencia nas teorias de Thorndike e Pavlov
(18491936) que o Behaviorismo ganhou força e forma, consolidando a
ideia de estímuloresposta, defendendo que um comportamento tende a se
repetir se recebe recompensa e que a punição é a melhor forma de
extinguir determinado comportamento, essa teoria defende a tese de que a
aprendizagem acontece através da associação ou conexão com as
experiências anteriormente vividas.
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AULA 6
ATIVIDADES
Como vimos nas aulas anteriores há uma distinção entre o que se
considera como Ciências Naturais e Ciências Humanas, a primeira está
relacionada a objetividade/racionalidade, à corrente Filosófica Positivista,
onde os resultados eram obtidos através da aplicação de métodos
experimentais e a classificação, matematização.
Nas Ciências Humanas há preservação em seus estudos da
especificidade humana, a experiência e a sua subjetividade. A constituição
das Ciências Humanas consolidouse a partir das contribuições de três
correntes do pensamento que, entre os anos 20 e 50 do século XX,
provocaram uma ruptura epistemológica e uma revolução científica no
campo das humanidades.
A fenomenologia
que introduz a noção de essência ou significação
como um conceito, permitindo que fosse feita a diferença rigorosa entre a
essência da “natureza” e a essência do “homem”: o psíquico, o social, o
histórico, o cultural.
O estruturalismo permitiu que as ciências humanas construíssem
métodos de investigação para seus objetos de estudo, mostrou que os fatos
humanos assumem a forma de estruturas, de sistemas que criam seus
próprios elementos dando a eles sentido pela posição e função que ocupam
no todo.
O marxismo permitiu compreender que os fatos humanos são
instituições sociais e históricas produzidas pelas condições objetivas nas
quais a ação e o pensamento humano devem realizarse.
Assim:
a fenomenologia permitiu a definição e a delimitação dos objetos
das ciências humanas;
o estruturalismo permitiu a criação de uma metodologia que
chegasse às leis dos fatos humanos;
o marxismo permitiu compreender que os fatos humanos são
historicamente determinados e que a historicidade, longe de impedir que
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sejam conhecidos, garantem sua interpretação racional e o conhecimento
de suas leis.
Você deve estar se perguntando o porquê dessa diversidade de
significações e nomenclaturas para as correntes filosóficas e
consequentemente para as escolas da psicologia, portanto, vale a pena
refletir sobre os conceitos que permeiam essas linhas de pensamento, a sua
postura teóricocrítica diante dos conceitos que abordamos em nossas aulas
(e ainda continuaremos a detalhar posteriormente) são de fundamental
importância para a formação de sua prática profissional, pois estamos
tratando da complexidade humana.
A atividade prática proposta nessa aula, sobre a palestra proferida
pela professora Maria helena Souza Patto deverá estimular a análise crítica
e conceitual do caminho que trilhamos até aqui, especialmente no que se
refere à dicotomia encontrada nas formas de entendimento do “homem” e
na compreensão de “como” ele adquire o conhecimento.
Podemos verificar que são variados os modelos didáticos que podem
ser utilizados para compreender o processo de desenvolvimento e
aprendizagem, especialmente na infância e adolescência e por este motivo a
história da Psicologia possui uma estreita relação com a história da
educação.
A Psicologia da Educação se construiu com a finalidade de subsidiar a
prática de ensinoaprendizagem e as linhas teóricas das escolas de
psicologia do século 20 foram grandes balizadoras desse processo e são as
abordagens que orientam a prática profissional até os dias atuais.
Nas atividades propostas nesta aula, é importante distinguir a
diferença entre o conhecimento de senso comum daquilo que se denominou
ciência, não que o senso comum mereça um patamar de desvalorização,
muito ao contrário, foi através desse modelo que se pôde chegar às
conclusões científicas, mas na prática profissional é de suma importância a
compreensão dessa distinção e a busca por conhecimentos e técnicas que
sejam de reconhecido valor científico, como os que estamos conhecendo em
nossas aulas.
Portanto, até aqui, nós conhecemos a trajetória histórica da
psicologia até conquistar o status de ciência, a partir desse momento
conheceremos mais detalhadamente a própria ciência, os desdobramentos
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dela e sua configuração através das escolas da psicologia, nessa
perspectiva, primeira abordagem que estudaremos na próxima aula será o
behaviorismo.
Aula 7
Escolas Psicológicas – Behaviorismo
O Behaviorismo tem sua origem nos Estados Unidos, com John B.
Watson, sua teoria foi considerada muito importante na época, pois
apresentava objetividade, definia o fato psicológico de maneira concreta, a
partir do comportamento, portanto o termo inglês
behavior
significa
“comportamento”, configurandose este o objeto de estudo dessa linha da
psicologia.
O Behaviorismo destaca a importância de fatores externos, do
ambiente e da experiência sobre o comportamento da criança, Watson
defendia a perspectiva funcionalista, pois o comportamento era estudado
como função de certas variáveis do meio, ou seja, os estímulos seriam
propulsores das respostas do organismo.
o comportamento é uma resposta do organismo a algum estímulo
presente no ambiente .
o estímulo é toda modificação do ambiente que pode ser captada
pelo organismo por meio dos sentidos .
as respostas são modificações que ocorrem no organismo em
decorrência desses estímulos.
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Interessado em saber como as crianças aprendiam comportamentos
emocionais, realizou pesquisas com crianças de 4 meses a 1 ano que foram
criadas em hospitais e não tiveram contato com os animais do experimento.
Os animais foram apresentados às crianças e suas reações anotadas pelo
pesquisador. As crianças não manifestaram medo. Watson já havia
verificado que situações como exposição a ruído forte, perda de equilíbrio
ou sensação de dor provocavam medo nas crianças (situações originais que
suscitariam medo).
Para Watson
o medo é um sentimento aprendido através de
condicionamento
. Ele resolveu verificar se era possível produzir uma
reação de medo em laboratório.
O experimento foi realizado com uma criança de 11 meses que não
manifestava medo de animais peludos (coelho, rato). Em laboratório,
quando era apresentado à criança um rato branco e quando ela o tocava,
um ruído forte era produzido. A criança começou a manifestar reações de
medo (estremecia e chorava).
Após varias repetições desse procedimento, a criança passou a
apresentar reações de medo diante da apresentação do rato, sem a
apresentação do ruído. Verificou que essa reação estendiase a outros
animais peludos que lembravam o rato branco (cão, coelho, pelúcia, casaco
de pele).
Esse é um experimento de aprendizagem por condicionamento
clássico
. Um estímulo que originalmente não provocava a resposta de
medo (rato branco) foi associado a outro que provocava (ruído forte),
tornandose um estímulo condicionado. A reação de medo a animais
peludos foi aprendida pela criança.
Para Watson a maioria das reações emocionais das pessoas é
aprendida a partir da influência do ambiente.
O mais importante behaviorista após Watson foi Burrhus Frederic
Skinner (19041990). Skinner interessouse pela
aprendizagem por
condicionamento operante, realizando pesquisas com ratos, pombos
e pessoas.
Para estudar a
programação do reforço no condicionamento
operante
, Skinner utilizouse de pesquisas com ratos brancos. Em uma
caixa de metal retangular, com isolamento acústico, controle de
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temperatura e luminosidade, contendo no interior uma bandeja, uma barra
horizontal (que quando acionada liberava alimento) e um orifício (que
liberava água), desenvolveu seus experimentos –
caixas de Skinner.
Através dos experimentos, buscouse estudar a relação entre
estímulo, reforço e o resultado no comportamento.
Seus princípios foram:
● O comportamento positivamente reforçado irá se repetir;
● As informações devem ser apresentadas de forma gradual, para que
o reforço seja possível;
● Os reforços vão se generalizar, reproduzindo o que chamou de
“condicionamento secundário”, ou seja, o comportamento será
modificado também em situações semelhantes á qual recebeu o
estímulo.
É importante ainda discorrermos sobre as noções de comportamento
para o behaviorismo.
Comportamento respondente: Podemos chamar de comportamento por
reflexos, aqueles involuntários.
Comportamento operante
: é resultante de uma atuação propositiva,
como o próprio nome sugere é operar sobre o mundo, é a ação do homem
sobre o meio e o resultado que se obtém. É baseado nesse comportamento
que Skinner atua com os reforços.
Reforçamento:
é toda consequência, que altera a probabilidade de uma
resposta. O reforço pode ser positivo, quando aumenta a probabilidade da
resposta que o produz ou negativa, quando aumenta a probabilidade de
uma resposta que o remova ou atenua.
Extinção: é um procedimento que ocorre quando uma resposta deixa de
ser reforçada e em consequência o comportamento diminui sua frequência e
pode inclusive ser extinto.
Punição: é o procedimento que funciona para reduzir a conduta, envolve a
apresentação de um estímulo aversivo ou a remoção de um reforçador
positivo.
No que se refere à educação, Skinner defendia a eficácia do reforço
positivo, sugerindo o uso de recompensas e estímulos positivos para atrair o
comportamento e a aprendizagem esperada, essas técnicas são conhecidas
como método de ensino programado.
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AULA 8
ESCOLAS PSICOLÓGICAS
:
GESTALT
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A
percepção é o ponto de partida dessa linha da psicologia. Entre o
estímulo do meio e a resposta do indivíduo encontrase o
processo de
percepção:
O que o indivíduo percebe e
como percebe são dados
importantes para a compreensão do comportamento humano
.
A Gestalt tem como base:
● O isomorfismo (suposição de uma unidade no universo, em que a
parte está relacionada ao todo).
● A boaforma
, a
nossa percepção tende a buscar
a boaforma
(equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade). A maneira como
percebemos determinado estímulo desencadeará nosso
comportamento. A nossa percepção do estímulo é mediada pela
forma como
interpretamos
o conteúdo percebido.
● O Meio geográfico e meio comportamental,
o
conjunto de
estímulos determinantes do comportamento é denominado de
meio
ou meio ambiental
, sendo dois tipos de meios:
geográfico e
comportamental
.
O
meio geográfico é o meio físico (objetivo) e o
meio
comportamental é o meio resultante da interação do individuo com o meio
físico o que implica a interpretação por meio da lei da percepção (equilíbrio,
simetria, estabilidade, simplicidade). (BOCK, 2001)
● O Campo psicológico,
é entendido como um campo de forças que
busca a boaforma de situações pouco estruturadas:
Proximidade
:
os elementos mais próximos tendem a ser agrupados;
Semelhança
:
os elementos semelhantes são agrupados;
Fechamento
: ocorre uma
tendência de completar os elementos faltantes da figura para garantir
sua compreensão .
● O Insight:
a aprendizagem pressupõe a relação entre o todo e a
parte, em que o todo tem papel fundamental na percepção do objeto
percebido, possui característica deferente do associacionismo.
Existem situações que dificultam o processo de aprendizagem, porque
não permitem uma clara definição de figurafundo, impedindo a relação
partetodo. Por exemplo, acontece, de olharmos uma figura que não tem
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uma distinção clara entre figura e fundo e, de repente temos um insight,
uma compreensão imediata.
Um grande colaborador para a propagação da teoria da Gestalt, foi
Kurt Lewin (18901947) que trabalhou por dez anos com os expoentes
gestaltistas na Universidade de Berlim, e dessa colaboração desenvolveu
sua
Teoria de campo
. Ele abandona psicofisiologia e busca na
física as
bases metodológicas de sua Psicologia.
A Psicologia da Gestalt busca a compreensão da experiência subjetiva
e tem como objetivo o estudo da experiência imediata do sujeito,
especialmente pela percepção, como já dissemos, o objeto de estudo é o
comportamento em sua totalidade, isso inclui a consciência e seu método é
a observação direta e a introspecção. Em resumo, os Gestaltistas se atêm
em dois aspectos essenciais: Reconhece a importância da experiência
imediata e preocupase em relacionar essa experiência com a natureza
física, biológica e com valores socioculturais do sujeito.
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AULA 9
ESCOLAS PSICOLÓGICAS
:
PSICANÁLISE
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Não há possibilidade de falar em Psicanálise sem nos remetermos à
Freud e ao inconsciente, essa escola da psicologia considera que seu
objetivo de estudo é a motivação humana, que em grande parte é
inconsciente e deve ser estudada através dos sonhos, símbolos ou livre
associações.
Sigmund Freud (1856 – 1939) era médico, formado na Universidade
de Viena, se especializou em psiquiatria e sua atuação teve destaque no
atendimento de “problemas nervosos” e posteriormente a histeria. Esse
homem alterou o modo de pensar a vida psíquica, colocou as fantasias, os
sonhos, os esquecimentos e a interioridade da vida psíquica como problema
científico. Desenvolveu uma nova área de conhecimento, a
Psicanálise
.
O termo psicanálise é usado para se referir a uma
teoria
(um
conjunto de conhecimentos sistematizados sobre a estrutura o
funcionamento da psique humana), a um
método de investigação
(caracterizase como um método interpretativo que busca o significado dos
sintomas, sonhos, delírios, chistes, atos falhos, lapsos) e a uma
prática
profissional.
No início Freud trabalhou com a
hipnose não somente com objetivos
de sugestão, mas para conhecer a origem dos sintomas. Posteriormente
trabalhou com o
método catártico e depois veio a abandonálo porque nem
todos os pacientes se prestavam a hipnose. Outra questão era que
reapareciam outros sintomas. Desenvolveu a técnica de
concentração na
qual a rememoração sistemática era feita por meio da conversação e, por
fim, atendendo a sugestão de uma jovem, aboliu as perguntas e passou a
escutar a fala
desordenada do paciente
.
Depois desenvolveu um novo
método interpretativo
, por meio da
técnica da
associação livre (o individuo relata seguindo o fluxo de
suas ideias) e da atenção flutuante, por meio do qual solicitava ao
paciente repousasse sobre o divã e encorajavao a dizer o eu lhe viesse à
mente.
Freud nomeou
três instancias psíquicas
:
O
inconsciente (conjunto de conteúdos não presentes na consciência;
constituído por conteúdos reprimidos que não tem acesso as demais
24
instancias psíquicas, pela ação da censura interna; possui leis próprias de
funcionamento, é atemporal e amoral);
préconsciente (instância psíquica onde permanecem conteúdos
acessíveis à consciência; referese aquilo que agora não está na
consciência, mas depois pode estar);
consciente (referese a instância psíquica que estabelece a ligação entre
os conteúdos do mundo exterior e interior, como o fenômeno da percepção,
atenção e raciocínio – percepção do mundo exterior).
25
A Psicanálise nos revela uma nova reflexão, especificamente sobre o
tipo de relação professoraluno que se estabelece e quais as expectativas do
professor em relação ao comportamento do aluno.
AULA 10
ATIVIDADES
Em nossas aulas percorremos uma importante trajetória histórica da
psicologia e já conhecemos algumas de suas escolas, com reconhecimento
científico e métodos consagrados pelas diferentes correntes teóricas, se
você escolheu trabalhar com o ser humano em seu processo de
aprendizagem, esses conceitos são de fundamental importância e conhecer
o percurso de alguns teóricos em busca dessas “descobertas” faz parte da
identificação da sua práxis.
A atividade avaliativa desta aula suscita a sua reflexão sobre todos os
conceitos que abordamos até o momento, em seu núcleo o que apresenta
nada mais é do que o processo de desenvolvimento humano. Na atividade 1
você deverá refletir sobre a frase na sua perspectiva e relacionar com a
subjetividade humana.
Já na atividade 2 e 3 as questões objetivam verificar a aprendizagem
sobre as teorias da psicologia que discorremos até este ponto.
As tendências que estudamos são bases para a prática pedagógica,
são diversos autores da psicologia que poderão contribuir em conjunto com
os demais autores das diversas áreas do saber, pois a prática na educação
não é estritamente pedagógica, ela recebe influências de elementos
históricos, sociais, políticos, portanto, a escola moderna precisa se adaptar
aos momentos, assim como ocorre com a ciência e consequentemente vem
acontecendo na psicologia.
Se vocês observarem em outros autores da pedagogia, verificarão
que também possuem embasamento teórico nas correntes filosóficas e em
algumas tendências que abordamos até aqui.
Cabe deixar claro que quando tratamos sobre a interface da
Psicologia com a Educação não quer dizer que obrigatoriamente devese
escolher uma ou outra abordagem para trabalhar, na verdade há conceitos
26
que o profissional ou a instituição podem possuir maior identificação, mas
de maneira geral todas as fontes são importantes para fornecer subsídios na
prática de ensino.
Agora, diante de todo o conceito que estudamos, cabe aqui uma
indagação, você acredita que a psicologia pode melhorar os procedimentos
da educação?
Não há como contestar que as descobertas realizadas pela psicologia
sobre a criança e seu processo de desenvolvimento biopsicossocial foram
preponderantes para que a Educação aprimorasse seus métodos, desde
detalhes simples como a organização “física” do ambiente, os materiais
utilizados e as técnicas de ensino. Certamente essas adaptações
aconteceram e ainda acontecem graças ao trabalho de muitos psicólogos
preocupados com o desenvolvimento e a aprendizagem.
A psicologia educacional tem contribuído na alfabetização, educação
de jovens e adultos, inclusão de pessoas com deficiências, na relação
professoraluno, nas intervenções institucionais do espaço escolar e em
muitos outros aspectos, a psicologia transformou a aprendizagem em um
processo a ser investigado.
Embora o seu desenvolvimento científico não tenha se dado
diretamente em sala de aula, mas sim nos laboratórios, algumas teorias
tiveram relevância na prática educativa, como o o trabalho de Skinner sobre
a relação do reforço e a aprendizagem.
Os Behavioristas enfatizam o papel do ambiente no desenvolvimento
e não podemos descartar que o ambiente escolar é fundamental nessa
relação, não que os outros espaços de convivência não o sejam, mas a
escola possui os recursos e as possibilidades de propiciar a aprendizagem.
A Gestalt também apresentou conteúdos sobre a importância do
ambiente, mas principalmente a percepção que o aluno tem do estímulo que
recebe, na educação essa teoria pode ser aplicada para pensar em como o
aluno recebe o conteúdo e como ele é apreendido.
E a psicanalise inovou com seus conceitos sobre o homem em seu
núcleo mais íntimo, o inconsciente. Para a perspectiva da educação essa
teoria trouxe a reflexão sobre a relação alunoprofessor, o funcionamento
psíquico do aluno e especialmente as contribuições de Ana Freud que tratam
da aplicação da psicanálise na pedagogia.
27
Assim, concluímos que a contribuição da psicologia para a pedagogia
está na junção de diversos saberes que subsidiam a prática de “como
ensinar”, “como se aprende” e “em quais condições se aprende.”
AULA 11 – ESCOLAS PSICOLÓGICAS: HUMANISMO
Parece que o conjunto de teorias estudadas até aqui já é o bastante
para a psicologia, mas as descobertas não param por aí, hoje veremos que
a escola humanista prega o homem em processo de construção, o qual
possui liberdade e poder de escolha, seu foco é a experiência vivida e as
possibilidades de superação.
Recebeu forte influência do existencialismo e da fenomenologia e
emergiu como uma oposição aos determinismos das antecessoras,
contrapondose à ideia de análise focada no comportamento, defendida
pelos Behavioristas, bem como ao enfoque no inconsciente e seu
determinismo defendido na Psicanálise.
Para os humanistas o homem é capaz de construir seu próprio
destino, o principal teórico dessa abordagem foi Abraham Maslow
(19081970), ele auto realizar, mas para isso deveriam ter suas
necessidades elementares sanadas.
Essa abordagem é bastante difundida nas teorias administrativas e
justificam o investimento em gestão de pessoas no segmento empresarial.
Carl Rogers (1902 1987) também foi um teórico reconhecido pela
psicologia humanista, ele defendia que o homem possui capacidades e
potenciais para superar as situações vivenciadas, sua tese foi de que o ser
humano possui uma visão de si mesmo que pode ser alterado á medida vive
28
novas experiências, as quais podem reforçar ou substituir o conceito
anteriormente adquirido.
Na relação ensinoaprendizagem, Rogers acreditava que seria mais
fácil aprender de determinado assunto se ele fizesse sentido aos interesses
e objetivos da pessoa, portanto, nessa perspectiva, o educador tem papel
fundamental em facilitar a aprendizagem.
A teoria humanista possui um viés motivacional, acredita no potencial
da pessoa em superar suas fragilidades. A Gestalt também se apoiou nessa
linha para o desenvolvimento da gestaltterapia, com a visão do homem
como sujeito de sua atuação.
O professor que adotar esses conceitos em sua prática, vai
demonstrar sua crença na capacidade do aluno em superar seus limites,
contrariando a velha máxima de que algumas pessoas são incapazes de
superar as dificuldades de aprendizagem, e ele quiser e tomar consciência
de que é possível vai atingir as suas expectativas.
A abordagem humanista dá ênfase às relações interpessoais e a
contribuição desta para a integração e a centralidade do homem ao mundo.
No contexto da educação essa escola psicológica possui um significado
amplo, pois contextualiza o aluno não somente em uma instituição de
ensino, mas num espaço que contribui para tornalo capaz de tomar
iniciativa, adquirir autodeterminação, discernimento das experiências
adquiridas, ou seja, os conhecimentos contribuem para sua adaptação às
situações mais adversas. Na relação professoraluno, a relação é de
cordialidade e de participação democrática, o aluno deve ser ativo em seu
processo de aprendizagem e o professor acolhedor das opiniões e se
porventura surgir divergências, o que é normal nessas condições, deverá
ser o mediador, incentivando a livre expressão.
Outro desafio importante para o educador, segundo Carl Rogers é
considerar as reações cognitivas e afetivas do aluno no processo de
aprendizagem, pois ambas possuem o mesmo patamar de importância.
Como pudemos ver e como o próprio nome nos remete, a abordagem
humanista coloca o homem no centro de sua preocupação filosófica, ele
possui as capacidades próprias de se superar.
A maior contribuição da escola Humanista é a da experiência
consciente, acreditase na integralidade da natureza e do comportamento
29
humano, no livre arbítrio, espontaneidade e seu poder criativo. A integração
do homem com seu mundo faz com que ele sinta a realidade e possa
intervir.
AULA 12
CONCEPÇÕES INATISTA
O que iremos abordar na concepção inatista não é algo inédito em
nossas aulas, basta retroceder um pouco na história da psicologia como
conhecimento do campo científico para as origens dos questionamentos
humanos sobre a capacidade da aprendizagem. Afinal, os seres humanos já
nascem sabendo ou com capacidades inatas para aprender ou é o meio que
o transforma?
Acreditamos que a origem da psicologia está no cerne dessa
pergunta. Alguns filósofos da era Grega acreditavam na premissa de que o
homem já vinha ao mundo carregado de saberes, com o caráter biológico,
hereditário. A perspectiva inatista sustenta a proposta de que as pessoas
carregam naturalmente certas aptidões.
A maturidade, a aptidão e a inteligência são temas abordados
pela Psicologia inatista a partir de uma perspectiva teórica que atribui papel
central aos
fatores biológicos
no desenvolvimento da criança.
30
O modo de tratar o desenvolvimento humano nessa perspectiva é
separar os seus aspectos mental, afetivo, cognitivo, etc. e ordenálos numa
sequencia evolutiva
A abordagem inatistamaturacionista parte do princípio que os
fatores hereditários e de maturação são mais importantes para o
desenvolvimento da criança e para a determinação de suas capacidades do
que os fatores relacionados à aprendizagem e à experiência.
Ao considerarmos as prerrogativas da teoria inatista, a evolução
psicológica da criança é determinada biologicamente e a interação com o
meio social pode apenas limitar ou facilitar seu desenvolvimento.
Teóricos desta abordagem supõem que, do mesmo modo que a cor
dos olhos, aptidões individuais e inteligência são características herdadas
dos pais e, portanto, já estão determinadas biologicamente quando a
criança nasce. Ou então que, do mesmo modo que o desenvolvimento
intrauterino, o desenvolvimento do comportamento e das habilidades da
criança é determinado por um processo de maturação biológica,
independente da aprendizagem e da experiência.
Estudos realizados por Alfred Binet (18571911) e Arnold Gesell
(18801961) revelaram através de suas pesquisas que os fatores
hereditários são de primordial importância no desenvolvimento individual
Binet concebia a inteligência como a capacidade de julgar,
compreender e raciocinar. Essas capacidades, segundo Binet, não podem
ser aprendidas, mas são biologicamente determinadas, variável de uma
pessoa para outra.
Gesell foi um dos primeiros pesquisadores a se preocupar com a
evolução da criança (do nascimento aos 16 anos), tendo estudado as
formas que o comportamento toma no decorrer dessa evolução, defendeu
a tese da prioridade dos fatores de maturação biológica sobre fatores de
aprendizagem ou da experiência na evolução do comportamento da criança.
Se partirmos do contexto educacional para discutirmos os conceitos
da abordagem inatista, poderíamos pensar que aqueles alunos que são
filhos de pais analfabetos poderiam ter o mesmo destino dos pais devido à
alguma limitação genética que levaria à dificuldade de aprender.
Para os inatistas a prevalência é do desenvolvimento sobre a
aprendizagem, esta última estaria em desvantagem, e nesse caso, será que
31
os alunos aprendem do mesmo jeito se estão na mesma fase do
desenvolvimento?
Embora o inatismo possua um caráter restrito sobre a aprendizagem,
ele também apresenta conceitos importantes, especialmente no aspecto do
desenvolvimento biológico e do valor pessoal de cada indivíduo, que possui
singularidades que devem ser respeitadas e a escola deve oferecer espaço
para que o aluno que possui esse potencial possa aprimorálo.
AULA 13 CONCEPÇÕES AMBIENTALISTAS
Estamos aprendendo sobre concepções de aprendizagem e nesses
modelos se encaixam algumas teorias que já estudamos em nossas aulas,
pois
cada linha da psicologia tem sua própria concepção de homem e de seu
modo de aprendizagem.
A abordagem ambientalista é também conhecida como
comportamentalista e ao contrário do inatismo, destaca a importância de
32
fatores externos, do ambiente e da experiência sobre o comportamento da
criança. Parte do princípio de que as ações e as habilidades dos indivíduos
são determinadas por sua relação com o meio em que se encontram.
Novamente nos remetemos à Thorndike que através de seus estudos
experimentais com animais criou o associacionismo ou conexionismo e
consolidou a teoria de que o ser humano aprende através da associação de
ideias, nesse caso o comportamento tende a se repetir quando há
recompensa se extinguir quando ocorre a punição.
Foi John Broadus Watson (18781958), que definiu a psicologia como
a ciência do comportamento e foi considerado o fundador do movimento
behaviorista na Psicologia.
Watson acreditava que maioria das reações emocionais eram
aprendidas através das influências do meio, na interação com o ambiente.
Teve como objeto de seu estudo o comportamento expresso e seu método
foi a observação direta, experimentação e mensuração, sua vertente
descarta o subjetivismo no processo de aprendizagem.
Ao tratarmos dos conceitos ambientalistas sobre comportamento e
aprendizagem novamente iremos falar de
Burrhus Frederic Skinner
(19041980), que defende uma visão natural do homem e supera a teoria
de Watson, com sua pesquisa elaborada e partir do comportamento
operante.
No aspecto educacional os conceitos da teoria ambientalista tem
evidência na necessidade de uma identificação apurada dos
comportamentos considerados “indesejados” bem como daqueles que se
pretende desenvolver ou reforçar para que seja realizado um planejamento
eficaz. O professor deve delimitar os objetivos que pretende alcançar e
especificar os tipos de reforçadores para que as respostas sejam
condizentes aos seus objetivos.
Você pode refletir sobre as situações que já viveu onde uma
experiência positiva o levou a repetir determinado comportamento? A
criança aprende a perceber as semelhanças entre os estímulos e repetem
sua resposta sempre que estiverem presentes estímulos parecidos, por isso
considerase que a aprendizagem é um processo onde o comportamento é
modificado de acordo com o resultado da experiência.
33
Na visão ambientalista, o homem é sempre resultado das
aprendizagens que obteve ao longo de sua vida, através dos estímulos
reforçadores e/ou punitivos em relação ao comportamento anterior,
portanto, se torna resultado de associações entre o que provoca, o que
mantém e o que puni determinado comportamento.
Em sala de aula a visão ambientalista propõe que a aplicação desse
conceito ocorra no planejamento do ensino, na organização das condições
adequadas para a aprendizagem, no esclarecimento dos objetivos, na
sequencia das atividades e nos reforçadores que serão utilizados, portanto,
o professor possui lugar especial, ele é como o cientista que conduz a
pesquisa com as “cobaias” no laboratório, e pode lançar mão de artifícios
como elogios, notas, premiações para reforçar os comportamentos
esperados.
É fato que através do ambientalismo a educação possui diversos
recursos para trabalhar com o aluno, no entanto, as críticas em relação a
esta concepção são no sentido de limitar a capacidade humana para a
elaboração de novos comportamentos, dános a sensação de que o aluno é
um simples marionete conduzido pelo “mestre” e carece de significações do
contexto onde a criança está inserida e de sua relação interpessoal.
34
AULA 10
ATIVIDADES
Durante nossa trajetória de conceitos para compreender a interface
entre a Psicologia e a Educação, você conheceu a origem dos
questionamentos sobre as capacidades humanas e seu funcionamento
psíquico, bem como as pesquisas realizadas, métodos propostos e
principalmente os diversos viés que as linhas da psicologia apresentam e
que podem contribuir significativamente na prática pedagógica.
Em nossa última atividade vale fazer uma revisão geral dessa
trajetória, dos conceitos filosóficos às tendências da psicologia, é essa
história que possui seu contexto e oferece sentido nas contribuições da
psicologia para a educação.
A psicologia e configurou como uma ciência que estuda o
comportamento humano, sua sustentação e motivação e os processos
mentais, portanto, é uma disciplina que orienta o professor a compreender
a identidade do aluno e construir o seu saberfazer.
Nenhuma intervenção do homem é neutra, portanto, o professor
também é um ser humano que possui sua própria identidade, seus valores e
uma história de construção de seu próprio conhecimento e comportamento,
não é possível que atue na neutralidade, as concepções e abordagens que
tratamos aqui poderão caracterizar sua intervenção, pois o professor não
atua apenas pelo senso comum, mas utilizase do arcabouço teórico e
científico disponível para desenvolver uma didática eficaz.
Em nossa viagem ao túnel do tempo da Psicologia, pudemos verificar
a contribuição da Filosofia, da fisiologia, da biologia, mas também outras
35
ciências, que buscam conhecer o homem em sua relação consigo e com o
meio social.
As abordagens teóricas que influenciaram os pensadores que
estudamos até agora, são em geral: O Positivismo, a qual preconiza que
os fenômenos sociais podem ser definidos por leis e princípios semelhantes
aos fenômenos da natureza, excluindo assim as crenças, superstições ou
qualquer outro tipo de conhecimento. Essa linha de pensamento foi a que
influenciou significativamente as teorias ambientalistas ou
comportamentais.
Outra abordagem foi a Fenomenologia, uma corrente teórica que
influenciou fortemente a psicologia e as ciências humanas, ela se define
como o estudo ou a ciência dos fenômenos e a interpretação consciente que
se possui dos mesmos. A fenomenologia introduz a noção de essência ou
significação como um conceito que permite diferenciar internamente uma
realidade de outras, encontrando seu sentido, sua forma, suas propriedades
e suas origens, a Gestalt e a psicanálise tiveram suas bases nessa
abordagem.
E há ainda o materialismo dialético, que não foi contemplado com
maiores detalhes até este momento, mas será nas nossas últimas aulas,
pois foi a base de correntes da psicologia que ainda estudaremos.
O materialismo dialético tem como base filosófica o Materialismo
Histórico e Dialético (Karl Marx) com foco nas ciências humanas e sociais.
O marxismo permitiu compreender que os fatos humanos são
historicamente determinados e que a historicidade garante sua
interpretação racional e o conhecimento de suas leis.
São termos complexos e várias direções para um mesmo objeto, o
homem e sua consciência, ou sua percepção de mundo, ou ainda, sua
capacidade de aprender com seus componentes objetivos e subjetivos e
vale incluir aqui o questionamento sobre o papel da escola e o lugar do
professor em meio a tantas descobertas sobre a complexidade do ser
humano.
As atividades propostas neste momento devem estimular a
compreensão demarcação de cada período da psicologia, suas descobertas,
as “verdades” defendidas e como utilizarse de todo esse arcabouço na
prática de ensino.
36
A última atividade proposta nesta aula é a construção de um jornal
com a matéria ”A importância da psicologia na Educação: possibilidades e
limites”, é esperado que nesta atividade o aluno utilize a sua criatividade e
especialmente a sua postura crítica em relação a todo o conteúdo que
abordamos ao longo de nossas 14 aulas, muito mais do que atender aos
requisitos de normas técnicas para apresentação de trabalhos científicos, é
neste desafio que fazse importante a demonstração dos resultados de seu
processo de aprendizagem e dos conteúdos abordados aqui, embora a
relação professoraluno não seja direta e algumas técnicas que a psicologia
oferece não possam ser aplicada aqui, este será o resultado de todo um
trabalho de dedicação da díade ensinoaprendizagem.
AULAS 15 E 16
NOVAS TENDÊNCIAS EM
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO PARTE I E II
Apesar de todo o conteúdo que verificamos até aqui, confirmaremos
que o conhecimento é uma fonte inesgotável, a ciência não para de avançar
e se adaptar aos diferentes contextos e aos desafios que surgem no
decorrer de sua história, as psicologias que conhecemos até agora,
Behaviorismo, Gestalt e psicanálise, respectivamente o Humanismo,
inatismo e ambientalismo foram matrizes e propulsoras de outras
abordagens da psicologia contemporânea. O Behaviorismo clássico serviu
como base para o Behaviorismo radical (Skinner) e o Behaviorismo
cognitivista (Bandura, Hawton e Beck). A Gestalt, em sua tradição
fenomenológica deu sequência ao seu status filosófico, mas também à
Gestalt terapia e da Psicanálise desenvolveuse inúmeras abordagens,
como: Psicologia analítica (Jung), Psicologia Reichiana (Reich), Psicanálise
Kleiniana (Melanie Klein) e a Lacaniana (Lacan).
Uma abordagem interessante e que ganhou importância e status para
a psicologia do desenvolvimento, a psicologia social e para a educação, foi a
teoria sóciohistórica de Vigotsky, com influências do materialismo dialético;
essa abordagem buscou superar tradições positivistas e olhar para o
homem sob a perspectiva de que a construção de seu mundo psíquico é
permeado pela construção histórica e social da humanidade, em seus
estudos sobre o desenvolvimento humano focalizou mais a infância e a
37
adolescência, entretanto o arcabouço teórico elaborado não se restringe a
essa fase inicial do desenvolvimento, mas à vida humana.
Para o autor, o desenvolvimento psíquico superior tem origem e
natureza social, nas relações sociais entre as pessoas, nas condições
concretas de vida, que ao serem internalizadas se tornam função da pessoa,
o que caracteriza o caráter quase social do psiquismo, sendo assim, o
homem constrói sua existência a partir de sua ação no mundo concreto, a
qual possui o objetivo de satisfazer suas necessidades.
Vigotsky enfatiza a importância dos valores culturais e da interação
social para o desenvolvimento e sua teoria sobre as fases da aprendizagem
subsidiam a prática do professor, já que a escola pode contribuir para a
compreensão da criança a partir de seu desenvolvimento já conquistado e
para as fases posteriores. O Professor pode estimular através de sua
interferência o avanço nos conhecimentos que ainda não foram adquiridos,
bem como o estímulo para a interação social através das atividades
coletivas.
Ainda na coletânea das inovações pedagógicas, nos deparamos com
Jean Piaget (18961980), reconhecido pelo rigor científico de sua produção
teórica, especialmente para a educação, para ele o desenvolvimento
humano é resultante do desenvolvimento mental e crescimento orgânico e
estuda o desenvolvimento do ser humano em seus aspectos físicomotor,
intelectual, afetivoemocional e social, desde o nascimento até a idade
adulta.
Para Piaget, o desenvolvimento humano está alicerçado no aspecto
mental e no crescimento orgânico, para ele a criança não é um adulto em
miniatura, mas possui características próprias de cada faixa etária. Esses
aspectos são muito importantes para a educação, pois implica conhecer as
particularidades de cada idade, reconhecendo as individualidades e
facilitando a observação e a interpretação dos comportamentos, subsidiando
o professor no planejamento do que ensinar e como fazêlo.
Piaget nomeia os fatores que influenciam o desenvolvimento humano,
sendo eles:
● A hereditariedade: Existe o componente genético que
estabelece o potencial humano e as pesquisas já evidenciavam tal
38
fato, mas Piaget defendeu que a inteligência pode desenvolverse
além ou aquém desse potencial, dependendo das condições do meio.
● O crescimento orgânico: o aumento da estrutura física é
fundamental para o domínio do mundo e o alcance de novas
aptidões.
● Maturação neurofisiológica: o desenvolvimento motor, a
capacidade de raciocionio, enfim, o desenvolvimento neurológico
como um todo tem suas características preponderantes para cada
idade.
● Meio: Se refere aos estímulos e as influência que interferem no
comportamento do sujeito.
Além dos fatores listados acima, existem ainda os
aspectos físico
motor que está diretamente relacionado ao componente orgânico e
referese às capacidades relativas ao desenvolvimento do organismo; o
aspecto intelectual que se apresenta como a capacidade de raciocínio,
aquilo que vulgarmente nomeamos como “Inteligência”; o
aspecto
afetivoemocional
, que se demonstra no modo particular como cada um
“sente” e vive sua própria experiência e finalmente o
aspecto social que
nada mais é do que a postura do indivíduo quando está num convívio com
outras pessoas.
Vale ressaltar que todos esses aspectos estão constante interação,
são indissociáveis e estão presente no processo de desenvolvimento e
aprendizagem.
Piaget também distingue os períodos de desenvolvimento humano da
seguinte forma:
O período sensóriomotor (0 aos 2 anos): O desenvolvimento
cognitivo se inicia a partir dos reflexos e gradativamente se transforma em
esquemas de ação, a primeira descoberta geralmente é a linguagem, que
traz consigo uma sequencia de modificações e que se manifesta na
interação social. Do nascimento aos 2 anos de idade, o desenvolvimento da
criança passa pelo funcionamento por meio dos reflexos inatos a outro em
que ela já é capaz de uma organização perceptiva e motora dos fenômenos
do meio.
39
A criança age sobre o mundo e por meio dos reflexos inatos
assimila os elementos do meio.
O período préoperatório (dos 2 aos 7 anos)
A interiorização ocorre através da representação mental do mundo
externo e das próprias ações da criança. Ela tornase capaz de tratar os
objetos como símbolos de outras coisas. O desenvolvimento da
representação permite a aquisição da linguagem, pois a capacidade de
construir símbolos possibilita a aquisição dos significados sociais (das
palavras) existentes no seu contexto.
Nesse momento a criança está centrada no seu próprio ponto de
vista, pois ainda não é capaz de se colocar no lugar do outro nem de avaliar
seu próprio pensamento.
Os processos de raciocínio lógico e os conceitos demoram a se
desenvolver. A partir da representação a criança desenvolve os raciocínios
prélógicos.
O período das operações concretas (dos 7 aos 11 anos)
Ao final do período préoperatório, através de equilibrações
sucessivas, o pensamento assume a forma de operações intelectuais. As
operações intelectuais são ações mentais voltadas para a constatação, a
explicação, a classificação e a seriação.
As ações mentais são reversíveis. Portanto a criança tornase
capaz de compreender o ponto de vista do outro e de conceituar. Nessa fase
são desenvolvidas as bases do pensamento lógico.
Por meio das operações intelectuais, inicialmente aplicáveis a
objetos concretos e presentes no ambiente, os conhecimentos vão se
transformando em conceitos.
O período das operações formais (dos 11 aos 15 anos)
Apenas na adolescência se torna capaz de pensar abstratamente e
formular hipóteses de maneira lógica e a partir de palavras. Ou seja, o
pensamento sobre possibilidades e acontecimentos futuros e sobre
conceitos abstratos se tornam mais articulados.
O adolescente tornase capaz de pensar sobre seu próprio
pensamento, tendo consciência sobre as operações mentais que realiza ou
que precisa realizar diante de um problema.
40
Quando refletimos sobre as contribuições dos dois maiores teóricos
do desenvolvimento humano, chegamos a conclusão que Piaget apresenta
uma teoria hiperconstrutivista, cuja ênfase está no papel estruturante do
individuo, para ele, a maturação, experiências físicas, transmissões sociais e
culturais e equilibração são fatores fundamentais.
Já Vygostky enfatiza o aspecto interacionista, já que considera que é
na troca, na relação entre as pessoas que ocorre o processo de
conhecimento, mas esta também possui o aspecto construtivista, pois
justifica o aparecimento de inovações e mudanças no desenvolvimento a
partir de mecanismos de internalização.
Vigotski diferentemente de Piaget, compreende que desde o
nascimento o bebê é um ser social e sua atividade está orientada para o
adulto, para a comunicação com ele. Desta forma, o homem é um ser social
que vai se constituindo indivíduo à medida que participa das relações
sociais, que se enculturaliza.
CONCLUSÃO
Como pudemos observar, há inúmeras teorias da psicologia que
podem contribuir para a educação, mas essas poderiam ser reunidas em
duas categorias, as teorias de condicionamento e as teorias cognitivistas,
entre a primeira se encontram os argumentos que definem a aprendizagem
pelas condições ambientais e a relação estímuloresposta, já no segundo
grupo estão as teorias que definem a aprendizagem como fruto da relação
do homem com o meio externo, nessa vertente o conhecimento é
consequência da organização dos conteúdos internos e externos
(biopsicossociais).
Piaget inaugurou uma nova concepção da psicologia escolar, por suas
semelhanças teóricas com Vigotsky, são considerados por alguns autores
como teóricos do construtivismo, uma forma de oposição às concepções
positivistas e fenomenológicas difundidas naquela época.
Finalmente, concluímos o nosso conteúdo e em resumo pudemos
reconhecer que a Psicologia tem o importante papel de contribuir na
formação de professores, especialmente na fundamentação da prática de
ensino aprendizagem para que o professor ocupe um lugar de reconhecida
41
importância e responsabilidade no desenvolvimento e na formação do ser
humano.
42