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SAXOFONE - GUIA - A História e Evolução - Curiosidades Do Sax PDF
SAXOFONE - GUIA - A História e Evolução - Curiosidades Do Sax PDF
Página:
1- Introdução 2
2- Contextualização 3
3- Adolphe Sax 9
4- O saxofone (percurso/evolução) 12
5- Saxofonistas célebres 17
6- Técnica e funcionamento. 21
6.1- Boquilha 21
6.2- Palheta 22
6.4- Tessitura 23
7- Repertório 24
Anexos 30
Bibliografia
...O saxofone...
História e evolução
Contributos para uma nova sonoridade na Música Erudita
1- Introdução:
Escolhi este tema, em primeiro lugar, porque estudo saxofone e em segundo, por não
ter conhecimento de nenhum outro documento do género escrito em português.
A finalidade deste trabalho é realizar uma recolha de dados sobre a história e evolução
deste belo instrumento, apesar de não ser nada fácil, dada a carência de dados bibliográficos
acerca deste tema e a falta de tempo para o realizar.
Procurarei dar resposta a algumas questões minhas e também dar a conhecer o
saxofone.
Inclinar-me-ei totalmente para a vertente da Música Erudita, visto que é nesta área que
me encontro a estudar.
Com este trabalho, espero não só realizar os meus objectivos e esclarecer todas as
minhas dúvidas, mas também usufruir dos conhecimentos adquiridos durante o curso de
instrumento, e aplica-los da melhor maneira possível neste trabalho.
O século XIX ficou conhecido como o século das revoluções. Nesta época assistiu-se ao
desenvolvimento da sociedade burguesa, ao crescimento do capitalismo industrial e à expansão
imperialista. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, foi também um dos aspectos mais
relevantes deste século, apesar de ter surgido no século XVIII. Com a Revolução Industrial, o
capitalismo passa a desenvolver-se a partir do sistema fabril. As conquistas científicas e
tecnológicas melhoraram sensivelmente as condições de vida das populações, determinando um
decréscimo da mortalidade infantil e o crescimento demográfico. O desenvolvimento de novas
tecnologias permitiu a difusão das fábricas e das indústrias, modificando a estrutura económica
das nações e favorecendo a concentração da população nas cidades.
Neste período assistiu-se ao desaparecimento de impérios com vários séculos de
existência, como o turco, mas assistiu-se também à ascensão de novas potências. O início do
século foi marcado pela afirmação de
Napoleão Bonaparte, general do exército
republicano francês, que em 1804, assumiu o
título de Napoleão I Imperador de França. A
acção de Napoleão alterou o equilíbrio
político e a estrutura territorial europeia,
desafiando todas as potências e, criando um
império que se estendia da Espanha até à
Polónia incluindo, também, bastantes
Fig. 1 Napoleão Bonaparte
colónias.
Com a queda de Napoleão em 1814 e o fim da guerra acordado no Tratado de Paris1
em 30 de Maio de 1814, os grandes vencedores europeus, Áustria, Inglaterra, Prússia e Rússia
(bem como a Suécia, Espanha e Portugal) decidiram reunir-se em Viena entre Setembro de 1814
e Junho de 1815, naquele que ficou conhecido como Congresso de Viena, e que visava repor o
equilíbrio geopolítico do continente e distribuir as regiões devolvidas pelos franceses. Os
princípios fundamentais que animaram este congresso foram a restauração da situação política
anterior a 1792, a legitimização das monarquias europeias e a solidariedade entre as nações para
o estabelecimento e manutenção de uma defesa comum dos interesses dinásticos, de forma a
neutralizar qualquer ideia ou movimento liberal e revolucionário. Para garantir a continuação
destes princípios, as monarquias absolutas da Áustria, Prússia e Rússia formaram entre si a
Santa Aliança, com o objectivo de criar governos de natureza cristã, patriarcal e conservadora,
1
Tratado que confirmou a ruína do império colonial francês.
Prova de Aptidão Profissional - III CI 3
César Edgar Ribeiro Lima - 2004
...O saxofone...
História e evolução
Contributos para uma nova sonoridade na Música Erudita
Darei agora maior importância à história da Bélgica, pois foi o país onde o saxofone
surgiu.
Em 1830 nasce a Bélgica. Desde o período feudal que a história da Bélgica se confunde
com a dos Países Baixos. Em 1477, o
casamento de Maria de Borgonha
com o arquiduque Maximiliano faz
com que estes territórios, até aí
pertença dos duques da Borgonha,
sejam integrados nos domínios
Habsburgos. As vicissitudes políticas
do reinado de Filipe II levaram à
detentora de uma vida nacional própria e que apresentava nítidas diferenças culturais, religiosas
e linguísticas.
Aproveitando o período da Revolução Francesa, que assinalou a transição da
restauração para a monarquia e contou com um grande envolvimento popular, os belgas
separam-se da Holanda e proclamam a sua independência, constituindo-se como uma
monarquia constitucional. Leopoldo I de Saxónia-Coburgo será o seu primeiro monarca, que
solicitou a intervenção militar da França para libertar a Bélgica do domínio holandês.
Leopoldo I jurou a Constituição em 21 de Julho de 1831 e não encontrou grandes
obstáculos à sua pretensão por parte das potências europeias, que viam com bons olhos o
aparecimento deste novo Estado. Apenas a Holanda discordou; o novo reino teve de suportar os
ataques dos vizinhos holandeses até 1839, altura em que o rei Guilherme da Holanda acabou por
o reconhecer a sua independência. A nível interno, os primeiros tempos foram de alguma
instabilidade devido às disputas entre católicos e liberais anti-clericais.
3- Adolphe Sax:
seus produtos foi rápida: em Outubro do mesmo ano a Revue et Gazette Musicale fala do
interesse despertado pelo clarinete baixo de Sax nos clarinetistas da ópera de Paris. No ano de
1848 transformou a sua modesta oficina numa
grande fábrica, que contava com 191 trabalhadores e de onde saíram 20.000
instrumentos entre os anos de 1843 e 1860. Nessa mesma oficina construiu também uma sala de
concertos que, pouco a pouco, foi conseguindo uma grande reputação. Com este sucesso, não
tardaram as conspirações contra Sax.
Em Dezembro de 1843 amplia novamente o seu clarinete baixo e desta vez Berlioz
utiliza-o na sua Requiem, sendo o próprio Sax a interpretá-la. Pouco tempo depois, o mesmo
Berlioz organiza um concerto que foi realizado na sala Herz de Paris, transcrevendo o seu Chant
Sacré para um conjunto de seis instrumentos, todos eles inventados por Sax.
Sax demonstrou que o timbre de um instrumento está determinado, não pela natureza do
material que o instrumento é construído, mas sim pela proporção de ar que é emitida para dentro
deste. Bom entendedor dessa lei, conhecida como Lei das proporções2, Sax aperfeiçoou,
engrandeceu e completou grande parte dos instrumentos de sopro, madeira ou metal.
Inventou novos tipos de instrumentos, como:
-Saxtrompas ou bombardinos (corno sax), família de seis membros. Foi um
instrumento que se utilizou em bandas com frequência e foi patenteado em 1843.
-Saxtrombas, família de sete membros patenteada em 1845.
-Saxofones, família de sete membros registada em 1846.
-Saxtubas, patenteada em 1849.
2
Defende que a qualidade sonora é provém da quantidade e pressão de ar emitida para o interior do
instrumento, e não da qualidade do material que este é construído.
Prova de Aptidão Profissional - III CI 10
César Edgar Ribeiro Lima - 2004
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História e evolução
Contributos para uma nova sonoridade na Música Erudita
Fig. 8 Sistema de
1849, 1855, 1863, 1867 (exposição em que ganhou o único grande prémio
assobios de A.Sax concedido a fabricantes de instrumentos) e em Londres em 1851, Adolphe
Sax não pôde participar na Exposição Universal Internacional de Paris de 1878 por razões
financeiras (causada pela terceira quebra no ano de 1877).
Sax viveu uma vida longa; ficou arruinado por três vezes, mas nunca deixou de estudar,
inventar e aperfeiçoar instrumentos. Morreu a 7 de Fevereiro de 1894 com 80 anos de idade,
completamente arruinado, deixando ao mundo da música uma grande contribuição: o saxofone!
4- O Saxofone (percurso/evolução):
Em 1841, Sax apresentou o saxofone na primeira exposição belga, mas ao sentir que o
seu trabalho não tinha sido recebido da maneira que merecia, decidiu mudar-se para Paris
considerada, nessa época, como a Meca da música e cidade dos maiores músicos: Berlioz,
Mayerbeer, Chopin, entre outros. Uma vez instalado em Paris, Sax convida compositores a ver e
ouvir o seu novo instrumento.
A 19 de Agosto de 1845 uma decisão do ministro francês impôs a utilização de dois
saxofones (barítono e alto) nas bandas de música dos regimentos de infantaria, em vez dos
fagotes e oboés. A revolução de 1848 suspendeu esta decisão durante seis anos, mas em Agosto
de 1854 o Decreto Imperial reorganizou a formação das bandas de música e dos regimentos,
ordenando a incorporação de oito saxofones: dois barítonos, dois tenores, dois altos e dois
sopranos.
Desde a invenção do saxofone, este gerou uma grande polémica, devido aos
construtores franceses aliados contra o fabricante belga não quererem reconhecer a patente de
instrumento de sopro. Uma larga e interminável série de processos judiciais arruinaram ambas
as partes, mas as acusações que foram apresentadas nestes processos contra Sax foram
consideradas falsas. Devido a todos estes problemas, Sax foi incorporado e impedido de dar
aulas por várias ocasiões, pois o tempo que perdia em resolver os seus problemas, este era
ocupado em tempo que deveria estar a leccionar.
Começa a dar aulas em 1857 no ginásio musical, este reservado a alunos militares; este
veio mais tarde a fechar dando lugar ao Conservatório de Paris onde era o próprio inventor que
leccionava as aulas de saxofone. Apesar das reclamações do então director do Conservatório,
Ambroise Thomas, Sax só foi substituído em 1942, quando o director era Delvincourt. O novo
titular da disciplina de saxofone foi Marcel Mule, que demonstrou ser um grande pedagogo e
também um grande virtuoso.
Apesar do saxofone ser uma família de sete membros (contrabaixo, baixo, barítono,
tenor, alto, soprano e sopranino), os compositores só se limitaram a utilizar o saxofone alto,
deixando os restantes para segundo plano.
Estes instrumentos comportam-se como uma verdadeira família, tendo qualidades e
defeitos, que se podem considerar como hereditários, guardando cada um o seu próprio carácter
e personalidade. Um é ligeiro, o outro é sombrio, um é caprichoso, e outro é profundo.
Hoje em dia só são fabricados seis destes sete saxofones, e mesmo assim em
quantidades muito desiguais. Do sétimo, o contrabaixo, só existem cerca de uma dezena de
instrumentos, sendo alguns deles já peças de museu. Reunidos todos os saxofones, estes
atingem um âmbito igual ao de uma orquestra.
A combinação do corpo metálico com a embocadura proporciona ao saxofone uma
vasta variedade de sons, desde a sugestão de notas metálicas da trompa ao som profundo e
melodioso do violoncelo, passando pelos timbres agudos e delicados da flauta.
Aparte do saxofone ser utilizado nas bandas militares e nos conjuntos de jazz, aparece
também em obras orquestrais, como Le Dernier Roi de Juda (1844) de J. G. Kastner (a
primeira obra em que o saxofone surge).
Grandes compositores confiaram fragmentos das suas partituras ao saxofone (Bizert,
Strauss, Ravel, M.Phavel, Berg, etc); outros chegaram mesmo a confiar-lhe páginas inteiras,
como: Glazunov, Debussy, Hindemith ou Hector Villa-Lobos. Algumas destas composições
são:
Arlesiana Bizet
Sinfonia Doméstica Straus
Cardillac Hindemith
Job Vaugham Williams
Rapsódia para saxofone Debussy
Bolero Ravel
Uma segunda patente (1866) viria a ser registada vinte anos após a primeira(1946),
introduzindo modificações importantes nos membros da família do saxofone:
1. Sax dá uma maior extensão a cada um dos instrumentos, tanto no registo grave como
no agudo, aproximando-o da extensão do clarinete. Fê-lo, alargando o corpo do instrumento, e
colocando uma chave de harmónicos suplementar.
2. Melhora o mecanismo, facilitando assim algumas digitações e conseguindo uma
melhor afinação em certas notas.
3. Aperfeiçoa o tubo sonoro do instrumento.
Em 27 de Novembro de 1880 Adolphe Sax registou uma terceira patente, onde
apresentou também uma série de outras modificações no saxofone.
5- Saxofonistas célebres:
Nos Estados Unidos apareceram outras orquestras de saxofones que tiveram alguma
importância: a de David Gornston, de Michael Guerra e mais tarde Sigurd Rascher.
Em França, concretamente em Bordéus, foi criada em 1977 uma orquestra de
saxofones composta habitualmente por um baixo, dois barítonos, três tenores, três altos, dois
sopranos e um sopranino. A este tipo de formações foram dedicadas cerca de quarenta obras
originais.
Na Europa, quem se encarregou de introduzir o saxofone na música erudita foi Marcel
Mule e Sigurd Rascher. Até então o saxofone era utilizado por pessoas menos conhecidas. Do
século XIX destacam-se: Soualle Cokken, Henry Wille, Louis Mayeur, e do primeiro terço do
século XX: François Combelle, Gustav Bumcke.
algumas alterações, ficando Marcel Mule (soprano), Georges Goudret (alto), Guy Lacour
(tenor) e Marcel Josse (barítono).
O quarteto Marcel Mule deu o seu último concerto em Roma em 1966, depois de se ter
feito ouvir em vários recitais, radiofónicos e televisivos, em França e outros países da Europa.
Durante os anos de existência, o quarteto gravou treze discos desde 1930 até 1964.
Mule deu-se a conhecer como solista de orquestra com obras de Ibert, Glazunov e
Tomasi. No final da sua carreira realizou uma tourné nos Estados Unidos com a Orquestra
Sinfónica de Boston sob a direcção de Charle Munch, que com ele dá o seu último concerto em
Nova York tocando a Ballade de Henry Tomasi em 1958.
Desde 1931 até 1963 Marcel Mule gravou dezanove discos como solista. Foram-lhe
dedicadas cerca de uma centena de obras. Para além do Quarteto em Sib M de Alexander
Glazunov, outras obras relevantes também lhe foram dedicadas, como o Concerto de Henry
Tomassi, o Quarteto Op. 162 de Florent Schmitt e o Quarteto de Alfred Desenclos. Deste
excelente saxofonista fica-nos registado o seu enorme virtuosismo, mas também, a sua
sonoridade associada a um tipo de execução muito natural.
6- Técnica e funcionamento:
6.1- Boquilha:
Bisel As boquilhas normalmente são construídas em
ebonite, ou metal, mas também podem ser construídas em
câmara Cortiça do tudel plástico, e muito raramente em madeira ou cristal.
mesa
Ao contrário do que se costuma pensar, o material
Palheta túnel com que as boquilhas são construídas importa muito menos
do que a sua forma. A boquilha é constituída por várias
ponta
tudel
partes: a abertura, a mesa, a câmara, paredes laterais, bisel,
tunel, janela e ponta.
paredes laterais
A abertura é a distância que separa a ponta da
Mesa boquilha da palheta. Com uma abertura pequena, ou com
uma boquilha fechada, o saxofonista tem tendências a tocar
Janela com palhetas fortes, e o seu som será reduzido, mas bonito.
Com uma abertura grande, será difícil tocar afinada e a
abertura
tendência é em tocar com palhetas fracas.
bisel
A mesa da boquilha, é a parte plana que se prolonga
área de vibração até à parte curva. É sobre esta (mesa) que deve ser colocada a
palheta. Convém referi que o comprimento da mesa inclui
palheta
Fig. 11 Boquilha de saxofone também o comprimento da parte curva.
A câmara é a parte interior da boquilha onde nasce o
som. O seu formato é muito importante, e esta vai determinar o qualidade do som. Uma câmara
pequena com um tecto baixo dará um som rico em harmónicos. Por outro lado, uma câmara
grande com um teco alto dará um som mais sombrio.
Em geral, ma música erudita utiliza-se uma boquilha com uma mesa curta ou mediana e
de abertura pequena. No Jazz, as boquilhas com mesa e abertura grande são as preferidas.
Uma boa boquilha é aquela que permite ao saxofonista mudar facilmente de sonoridade,
e que oferece um grande campo de liberdade tímbira.
6.2- Palheta:
É a palheta que classifica o saxofone como membro pertencente à família das
madeiras. É uma das partes mais delicadas e importantes da embocadura. Da sua qualidade
depende não só o som, mas também a flexibilidade do instrumentista.
As palhetas de saxofone extraem-se duma planta chamada Arundo Donax, cana que
cresce em regiões quentes.
O Arudo Donax mais apreciado provém de da região de Var, no sul de França junto ao
Mediterrâneo.
Dependendo da parte onde é cortada pé ou cabeça da planta), a palheta tem qualidades
diferentes, distribuindo de maneira diferente a humidade, e resistindo de maneira diferente à
temperatura.
A palheta é constituída por várias partes: talão, partes laterais, bisel, coração e ponta.
ponta da palheta
coração
partes laterais
bisel
Mesa zona de
raspagem
talão
Fig. 12 Palheta
Para fixar a palheta à boquilha Adolphe Sax, já em meados do século XIX fabricou uma
abraçadeira metálica com parafusos (parecida com a que se utiliza hoje em dia). Mesmo assim
os fabricantes e saxofonistas não param de criar novos modelos de abraçadeiras que permitam
uma maior aderência de palheta à mesa da boquilha sem ter de pressionar demasiado o talão.
instrumento soe. A outra quantidade de ar volta em direcção à palheta com a mesma velocidade.
A pressão de ar que é feita na entrada do instrumento faz com que este entre em contacto com a
palheta e a faça despegar da boquilha. O ar que volta para trás voltará a entrar em contacto com
os mesmos, e assim sucessivamente, originando movimentos periódicos de oscilações.
Se for aberto um ou vários orifícios, o instrumento comportar-se-á como se fosse
cortado o tubo pelo mesmo lugar onde o primeiro orifício foi aberto (a partir da boquilha), assim
sendo, as idas e regressos de ar serão mais numerosas, e por consequência, as frequências serão
mais elevadas.
A palheta, que actua como válvula e bate contra a boquilha, abre-se e fecha-se cerca de
35 vezes por segundo na nota mais grave do saxofone contrabaixo e 1760 na nota mais aguda do
saxofone sopranino.
6.4-Tessitura:
O saxofone, tal como muitos outros instrumentos, é transpositor, isto quer dizer que não
se escrevem na partitura do saxofone as mesmas notas que o público ouve. Isto acontece para
que os saxofonistas só tenham de aprender uma digitação para toda a família dos saxofones. Por
exemplo, se se quer que um saxofonista toque o lá do diapasão, na partitura aparecerá:
Para sopranino: Fá #
Para soprano: Si
Para barítono: Fá # (agudo).
Diz-se que o soprano está em Si b, porque quando ele toca a nota Dó, o que se ouve é
um Si b.
Apesar das possibilidades de extensão no sobreagudo (harmónicos), todos os saxofones
têm o mesmo âmbito, duas oitavas e uma sexta menor, à excepção do saxofone barítono, que
possui mais uma nota (Lá grave), que lhe permite tocar, em som real, um Dó, que seria um Dó
grave para o violoncelo.
7- Repertório:
D
arius Milhaud, compositor francês e aluno do Conservatório de Paris, também utilizou o
saxofone por várias ocasiões. Uma delas foi na obra Criação do Mundo (1923), onde dá ao
saxofone um papel tão importante como o que virá a ter no Jazz. Em Nova York, George
Gershwin, utilizou dois saxofones alto e um tenor na sua célebre Rasodie in blue (1928).
Durante esta época apareceu em todo mundo uma série de obras sinfónicas onde o
saxofone ocupava um lugar privilegiado:
O Concertino da Camara foi escrito graças a Sigurd Rascher, que demonstra a Ibert o
saxofone alto e o faz descobrir os seus recursos e múltiplas qualidades técnicas e sonoras.
Seduzido então polo saxofone, pouco tardaria a escrever para Rascher um Allegro com moto,
interpretando-o este no dia 2 de Maio em Paris. O êxito foi tal que Ibert adiciona a este
andamento outros dois: um larghetto encadeado com um animato molto, e assim converte estes
três andamentos no seu Concertino da Camara para saxofone alto e onze instrumentos.
A Ballade (1938)- Frank Martin, compositor suíço, compôs uma Ballade para saxofone
alto e outra para tenor.
Fantasia op. 630 (1948) para saxofone soprano e orquestra de Villa-Lobos.
Musique de concert (1954) Marius Constant.
Concerto piccolo (1977) para quatro saxofones e percussão de Edison Denisov.
Scaramouche (1937) de Darius Milhauld.
Do repertório concertante, estas são as obras que mais se destacam, porém, não quer
dizer que não existam mais obras com este carácter.
Formação diversa:
Aqui volta a estar bem presente o interesse de Villa-Lobos pelo saxofone, mas agora no
campo da música de câmara. A primeira obra de música de câmara que incluiu o saxofone foi
Sexteto misto op. 123 (1917) para flauta, oboé, saxofone alto, celesta e harpa; Choros nº 7 op.
186 (1924). Também usou o saxofone em algumas obras com voz, como é o caso de Quartuor
op. 168 (1921).
Paul Hindemith (1895-1963), compositor, director de orquestra e teórico musical,
escreveu no ano de 1929 um Trio op. 47 para viola, saxofone tenor e piano. Um ano mais tarde,
Anton Weber compôs um Quarteto op. 22 para violino, clarinete, saxofone tenor e piano.
Outras obras para este tipo de formação são:
Quarteto de saxofones:
Nos primeiros tempos do saxofone, o repertório deste tipo de música era bastante
escasso, e os quartetos compostos até então eram considerados muito pouco interessantes;
porém, a passagem de algumas gerações trouxe mudanças significativas no repertório deste
género de formação. A primeira obra interessante foi o Quarteto em Sib op. 109 (1936) de
Alexander Glazunov. Esta obra romântica, escrita em pleno século XX, foi dedicada ao
Quarteto Marcel Mule. Posteriormente foram-lhe dedicadas outras obras, como é o caso de
Introdução e Variações sobre um rondó popular (1937) de Gabriel Pierné e Quarteto op. 102
(1946) de Florent Schmitt.
Jean Baptist Singeleé (1812-1875), compositor e violinista nascido em Bruxelas,
compôs muitas obras para saxofone (solos de concerto, quartetos e obras para saxofone e
piano). Entre o seu extenso repertório para saxofone está presente o Premier quatuor pour
saxophone para saxofone soprano, alto, tenor e barítono.
Pouco a pouco, este tipo de música foi-se enriquecendo, contando hoje em dia com um
alargado repertório. Destacam-se:
ANEXOS:
Anexos:
Acontecimentos Acontecimentos
ANO IDADE VIDA DE A. SAX
musicais Históricos
Nasce em Dinant a 6 de Queda do Império
Beethoven: Ópera
1814 novembro, filho de C. J. Francês. Luis XVII rei
Fidelio
Sax e Marie J. Masson. de França
Seu pai abre uma fábrica de Beethoven: Sonata
1815 1 Batalha de Waterloo
instrumentos musicais. Op. 101
Morre Schubert.
Estuda na Royal Escola de
1828 14 Chopin: primeira
Música de Bruxelas.
sonata.
Apresenta 2 flautas e 2
clarinetes em marfim na Berlioz: Sinfonia
1830 16 Revolução Polaca.
Exposição Industrial de Fantástica
Bruxelas.
O compositor Alemão J.
Berlioz: Harold em
1834 20 Küffner dedica-lhe alguns
Itália
duos de clarinete.
Dirige as oficinas de seu pai
1835 21 em Bruxelas. Apresenta o Morre Bellini Atentado de Fieschi
clarinete com 24 chaves
Wagner: Começa
Reside na Rue Notre-Dame- Subida ao Trono da
1837 23 Rienzi
-aux-Neiges nº 70 Rainha Vitória
Berlioz: Requiem.
1º patente do novo sistema
1838 24 Nasce Bizet Morte de Talleyrand
de clarinete baixo
Nascimento de
1839 25 1ª Viagem a Paris
Mussorgsky
Morre Paganini;
1840 26 Inventa o saxofone Tratado de Londres
Nasce Tchaikovsky.
Exposição industrial belga. Schumann:1º
1841 27
Consegue medalha de prata Sinfonia
Junho: encontra-se com
Berlioz. Mostra os seus
1842 28
novos instrumentos no
Conservatório de Paris
Requerimento de patentes, Berlioz publica
1843 29 sistema cromático para Tratado de
instrumentos de metal Instrumentação
3 de Fevereiro, 1º concerto Chopin: Sonata Op.
oficial onde se utiliza o 58.
1844 30
saxofone. Medalha de prata Wagner:
na Exposição de Paris. Tannhäuser.
Nasce Fauré.
Os seus instrumentos são
Berlioz: A Guerra: Estados Unidos
1845 31 adoptados nas Bandas
Condenação de – México.
militares francesas.
Fausto
21 de Março: patente da
família dos saxofones.
1846 32 Condecorado com a grande
medalha de ouro de mérito
belga.
Morte de M. J. Masson,
1861 47
mãe de A. Sax.
Exposição de Londres,
Verdi: A força do
obtém medalha.
1862 48 destino. Indochina é anexada.
Dezembro, patente
Nasce Debussy
“Goudronniers”.
Segundo levantamento
Exposição de paris,
1863 49 polaco.
medalha de 1ª classe.
Invasão do México
Exposição em Bayona, Maximiliano imperador
1864 50 Gounod: Mireille.
medalha de honra. do México
Morre C. J. Sax, pai de A.
1865 57 Verdi: Macbeth. Guerra Autro-Perussiana
Sax
Patente onde melhora o
saxofone. Wagner: Os
Planos para sala de maestros cantores.
1866 52
concertos. Tchaikovsky: 1ª
Exposição no Porto, Sinfonia
medalha de honra
Mossorgsky: Uma
Exposição de Paris, Grande Execução de
1867 53 noite em monte calvo
Prémio Maximiliano
Final das aulas destinadas a Detenção de Napoleão
1870 56
alunos militares. III
Nasce Fim da ocupação alemã
1873 59 2ª quebra Rachmaninoff. em frança.
Verdi: Requiem III República Francesa.
3ª quebra. Vende o seu Tchaikovsky: Eleições para a
1877 63 museu instrumental. Concerto para presidência da
violino República.
Não pode participar na
exposição de paris, porque Grèvy é eleito
1878 64 Brahms: 2ª Sinfonia.
não tem fundos para pagar a presidente.
inscrição.
Regista a patente que
Brahms: Danças
1880 66 introduziu melhorias no
Húngaras.
saxofone
Patente de aperfeiçoamento Czar Alexandre II é
1881 67 Morre Mussorgsky
de vários instrumentos. assassinado.
Carta a A. Thomas
Expansão colonial na
1883 69 oferecendo-se como Morre Wagner
Indochina.
professor de saxofone
Expõe a sua lamentável Rimsky-Korsakov:
1887 73 Demição de Grèvy.
situação ao público. Scherezade.
7 de Fevereiro: morre na
Dvorak: Sinfonia do Nicolau II Czar da
1894 80 mais profunda solidão e
Novo Mundo. Rússia.
miséria.
Anexo 3 Berlioz, Halevy, Rossini e Meyebeer contemplando Adolphe Sax e o seu novo
instrumento. (ilustração de A. Daoust)