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Apesar de todos estes tratados continuamos com um sistema que não permite ler à primeira
vista.
Tanto Odon de Cluny como Aurelianus Reomensis usaram os modos a partir das escalas gregas,
tal como foram transmitidas por Boécio, o que perpetuou o erro de transmissão feito por Boécio
em que este identificou de forma diferente o modo dórico, que na Grécia correspondia a Mi e na
Idade Média é identificado como sendo Ré.
Os 8 modos gregorianos
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O mesmo modo pode ter diferentes notas tenor embora a finalis seja a mesma.
Os modos I, III, V e VII são autênticos e os modos II, IV, VI e VIII são plagais.
Acabaram por dar nomes gregos aos modos:
Autênticos Plagais
Dório Hipodório
Frígio Hipofrígio
Lídio Hipolídio
Mixolídio Hipomixolídio
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Características práticas da música gregoriana
Âmbito – o âmbito encontrado na maioria dos cânticos vai de Dó até Lá ou Si agudo. Este âmbito
era menor com toda a certeza, uma vez que os cânticos eram executados pelos monges - âmbito
masculino e sabemos que as mulheres permaneciam caladas, excepto nos conventos de freiras.
Intervalos – os mais utilizados são os graus conjuntos e depois a 3ª e 4ª. Surgem poucas 5ªs e as
6ªs eram combinadas em 3ª+4ª e as 8ªs são raras.
Linha melódica – forma um ou vários arcos e por vezes pode formar um arco invertido.
Cadências – (clausulae) são figuras melódicas que conduzem até à nota que fecha uma frase ou o
cântico. A mais comum é por grau conjunto ou 3ª descendente.
Há 3 tipos de cadências ou cláusulas:
o Cláusula final – termina na finalis.
o Cláusula média – pode terminar na final, na dominante ou uma 3ª acima da final.
o Cláusula de passo – todas as outras notas.
O sistema hexacordal
Por volta do séc.IX começam a desenvolver-se todas as definições teóricas tonais sobre o Canto
Gregoriano.
O hexacorde (6 notas) será a base do sistema tonal gregoriano e obtém-se pela junção de 3
tetracordes ligados pelo mesmo meio-tom. Assim:
Dó Ré Mi Fá
Ré Mi Fá Sol resulta um hexacorde em Dó natural – dó ré mi fá sol lá.
Mi Fá Sol Lá
Com os tetracordes:
Sol Lá Si Dó
Lá Si Dó Ré resulta o hexacorde em sol (durum) com si natural –
Si Dó Ré Mi (com um b quadrado) sol, lá, si, dó, ré e mi.
Com os tetracordes:
Fá Sol Lá Sib
Sol Lá Sib Dó criamos o hexacorde em Fá (b mole=b redondo) –
Lá Sib Dó Ré fá, sol, lá, sib, dó e ré.
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O sistema de Solmização
Este sistema consiste em derivar cada nota do hexacorde nas notas com que começava cada
verso de um Hino de S. João Baptista, que tinha uma melodia muito conhecida na altura.
Este sistema foi criado por Guido d’Arezzo (992 - 1050) - um monge italiano que dirigia o coro
da Catedral de Arezzo e que se dedicou à criação de metodologias de ensino que ajudassem a
aprender o reportório de uma forma mais fácil e rápida.
A melodia do Hino continha os 6 graus da escala do hexacorde e Guido atribuiu um nome a
cada grau a partir da primeira sílaba do texto do Hino.
O Hino tem 7 versos – 7 sílabas.
Tradução: "Para que os teus servos possam cantar as maravilhas dos teus atos admiráveis, absolve as faltas
dos seus lábios impuros".
Mais tarde ut foi substituído por do, de Giovanni Battista Doni, um músico italiano que achava a
sílaba incómoda para o solfejo, e foi adicionada a sílaba si, como abreviação de Sante Iohannes
("São João").
A sílaba sol, mais tarde, foi encurtada para so, para uniformizar todas as sílabas, mas a mudança
acabou por ser novamente revertida.
As sílabas ut, ré, mi, fa, sol e lá, não correspondiam a alturas absolutas na escala, mas apenas
aos graus num hexacorde e eram designadas por letras de A a G. A partir de um trecho escrito
num modo qualquer, podia-se transpor uma quarta, quinta ou oitava sem modificar nenhuma das
sílabas sobre as quais o trecho seria cantado.
Por exemplo, uma sequência ré-mi-fa transposta uma quarta continuava a ser considerada ré-
mi-fa, na solmização, e não sol-lá-sib como no sistema actual, embora fosse designada por G-A-Bb
em vez de D-E-F.
Os países latinos adotaram a designação "dó ré mi fá sol lá si dó" para representar "C D E F G A
B C".
Mutação
Quando a melodia excedia o âmbito das 6 notas do hexacorde, saltava-se para o outro
hexacorde e a este processo chamava-se Mutação (Mutatione). Ex: a nota Lá no hexacorde de Dó
corresponde a Ré no hexacorde de Sol.
Funcionava como uma modulação.
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A Mão Guidoniana
O Ritmo Gregoriano
Ao contrário do que se pode pensar, o Canto Gregoriano não é arrítmico. A ordem rítmica neste
tipo de música evidencia-se através de um arco ou curva que se forma a partir da elevação e
repouso do canto.
O ritmo é livre mas resulta de uma sequência contínua de conjuntos binários e ternários de
valor indivisível, e que são identificados pelo ictus.
É sobre essas unidades que se estabelece a relação rítmica da arsis e da tesis (elevação e
repouso) e que adquire dimensões de acordo com o arco rítmico que constitui toda a peça.
Pontos intermédios do arco serão o incisum, o membrum, a frase e o período.
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