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QUESTÕES DE PRESCRIÇÃO CORRIGIDAS EM AULA
Questão 01. Bruno, nascido em 25 de junho de 1992, foi condenado, com sentença transitada em julgado em 12
de junho de 2013, à pena de 06 anos de reclusão, pela prática de 03 delitos, sendo um furto qualificado, uma
apropriação indébita e uma receptação, em concurso material, sendo a pena para cada um dos delitos, de dois
anos de reclusão, somando-se 6 anos de reclusão.
Em 18 de março de 2016, foi cumprido o respectivo mandado de prisão. Em agosto de 2016, Ana, companheira
de Bruno, procura por seus préstimos advocatícios, buscando saber se o mesmo poderia receber algum benefício.
A) Qual a orientação jurídica e as medidas legais, se cabíveis?
B) Quem seria competente para apreciar tal medida?
C) Se o juízo competente negar o pedido eventualmente formulado, como deve proceder o advogado?
Espelho da questão
A) A orientação dada é de que ocorreu a prescrição da pretensão executória, nos termos do art. 110 do Código
Penal, já que o prazo prescricional, no caso de concurso material, deve ser analisado individualmente para cada
delito, não interessando a pena total imposta, conforme disposto no art. 119 do Código Penal.
Além disso, por ser o agente menor de 21 anos na data do fato, a prescrição é contada pela metade, conforme
previsto no art. 115 do Código Penal.
Assim, no caso concreto, a prescrição de cada pena imposta ocorreria em 11 de junho de 2015, visto que cada
crime teve pena isolada de 02 anos de reclusão, e, de acordo com o art.
109, V do Código Penal a prescrição ocorreria em 04 anos; passando a 02 anos por ser o agente beneficiado pelo
prazo prescricional à metade.
Desta forma, caberia a juntada de uma simples petição ao juízo da execução requerendo o reconhecimento da
extinção de punibilidade pela prescrição da pretensão executória.
Caberia ainda o intento Habeas Corpus como medida mais eficaz ao caso concreto, visto que o agente encontra-
se preso, fundamentando-se a medida no art. 648, VII do Código de Processo Penal.
B) A competência para apreciação da petição é do juízo da execução penal, visto que o réu já se encontra cum-
prindo pena, com fundamento no art. 66, II da LEP.
Em sendo impetrado Habeas Corpus com fundamento no art. 648, VII do Código de Processo Penal, a competên-
cia para a apreciação da medida é do Tribunal de Justiça.
C) Mais uma vez, havendo o indeferimento do pedido de extinção de punibilidade realizado por petição simples ao
juízo da execução, cabível o recurso de Agravo em Execução, com fundamento no art. 197 da Lei de Execuções
Penais (Lei nº 7210/84).
Caso houvesse sido impetrado diretamente Habeas Corpus ao tribunal, com fundamento no art. 648, VII do Códi-
go de Processo Penal, em caso de denegação da ordem pelo tribunal, cabível seria o Recurso Ordinário Constitu-
cional ao Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 105, II, “a” da Constituição Federal.
Questão 02. Henrique, 20 anos de idade, praticou, em 18/05/2007, na Av. Amaral Peixoto, em Niterói, o crime de
roubo tentado, tipificado no art. 157 c/c 14, II, ambos do CP. Os policiais tentaram capturar o agente, porém não
obtiveram êxito. O inquérito foi instaurado para averiguação do fato, sendo posteriormente concluído e remetido
ao Ministério Público.
A denúncia foi oferecida em 17/05/2013, tendo sido recebida em 18/05/2013. Depois de todos os trâmites proces-
suais, Henrique foi condenado a uma pena de 2 anos de reclusão, em 19/09/2014. Qual a melhor tese defensiva
aplicável ao caso concreto?
Espelho da questão
A denúncia em face de Henrique sequer poderia ter sido oferecida e recebida, uma vez que já havia ocorrido a
prescrição da pretensão punitiva em seu favor, conforme art. 107, IV, combinado com os arts. 109, III, e 115, to-
dos do Código Penal.
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Como o crime praticado por Henrique deu-se na modalidade tentada, a pena em abstrato a ser considerada no
caso concreto será calculada levando-se em consideração a redução de 1/3 de que trata o art. 14, parágrafo úni-
co, do Código Penal.
Além disso, em sendo Henrique menor de 21 anos na data do fato, a prescrição é contada à metade, na forma do
art. 115 do mesmo diploma legal. Então, no caso concreto, considerando-se a redução da pena abstratamente
cominada ao delito em razão da tentativa, bem como a redução do prazo prescricional em face da idade do agen-
te, a denúncia deveria ter sido recebida até o dia 17/05/2013, ou seja, em lapso temporal inferior a 6 (seis) anos, o
que não ocorreu.
Questão 03. Em 25/01/2002, Maria Antonieta, depois de um dia tenso no trabalho resolveu fazer uma caminhada
na orla da praia antes de entrar em seu edifício. Distraída, Maria Antonieta é surpreendida por um indivíduo, vulgo
Zeca, de 20 anos, que anuncia o assalto. Zeca leva a bolsa da vítima com 1000 reais, um relógio importado e
alguns documentos. Alguns minutos depois Zeca foi preso em flagrante com os objetos do crime. Devidamente
processado, Zeca foi condenado a 6 anos de reclusão, com sentença transitada em julgado dia 20/03/2005. Cum-
prido exato 1 ano de pena, 25/03/2006, depois de uma rebelião, Zeca fugiu do presídio onde estava custodiado.
Ocorre que, em 19/06/2013, Zeca foi finalmente capturado para cumprimento do restante de sua pena. Seu advo-
gado peticiona ao juiz da execução pleiteando seja reconhecida a prescrição. Contudo, o juiz da execução, em
levantamento na Vara de Execuções Penais verifica que, em 10/05/2011, sobreveio nova condenação definitiva
de Zeca, pelo estupro tentado de Maria Eduarda, de 13 anos de idade, na casa da menor, fato este ocorrido em
06/01/2009.
Assiste razão ao advogado, ou seja, deve o juiz reconhecer a extinção da punibilidade em relação à primeira con-
denação?
Espelho da questão
Neste caso, não assiste razão ao advogado de Zeca, não podendo o juiz reconhecer a extinção da punibilidade
em relação à primeira condenação, visto ser a reincidência, no caso decorrente do estupro praticado em
06/01/2009, nova causa interruptiva da prescrição, conforme art. 117, VI, do Código Penal.
Observe-se que Zeca era menor de 21 anos na data do primeiro fato, motivo pelo qual, conforme art. 115 do CP, a
prescrição, em relação a este crime, deverá ser contada pela metade.
No caso, verificamos que da pena aplicada na sentença (6 anos) foi cumprido 1 ano de pena, dois quais restam 5
a cumprir. Assim, como 5 (cinco) anos prescrevem em 12 anos (art. 109, III, CP), e Zeca era menor de 21, apli-
cando-se a redução do art. 115 do CP, a prescrição da pretensão executória se daria, quanto ao primeiro crime,
em 6 anos, ou seja, em 24/03/2012, que seria a data limite para sua recaptura.
Contudo, como Zeca praticou novo crime em 06/01/2009, data em que se encontrava no prazo da reincidência
(arts. 63 e 64, I, do CP), sendo por este segundo crime condenado definitivamente em 10/05/2011, verifica-se,
durante o período em que se encontrava foragido, e antes de ter ocorrido a referida prescrição da pretensão exe-
cutória, uma nova causa de interrupção do prazo prescricional, zerando-se o prazo a partir da data do cometimen-
to do segundo crime pelo qual foi condenado definitivamente (reincidência). Assim, entre a data de 06/01/2009 e
a data de sua recaptura (19/06/2013), o lapso prescricional foi inferior a 6 anos, não se podendo falar em prescri-
ção no caso concreto.
Obs. 1: O aumento de 1/3 em razão da reincidência previsto na parte final do art. 110 do CP não se aplica à pres-
crição da pretensão executória do primeiro crime, que é a que está sendo analisada no caso concreto, pois quan-
do da prática deste delito o réu não era reincidente.
Obs. 2: Existe divergência sobre qual seria a data para a reincidência como causa de interrupção da prescrição.
Para a primeira corrente, majoritária, a data em que ocorre a zeragem do prazo deve ser a data do segundo crime,
embora a causa interruptiva só possa ser considerada após confirmada a condenação. Para a segunda, deveria
ser considerada como data para a interrupção a data do trânsito em julgado da condenação pelo segundo crime.
No caso em tela, ainda que considerássemos a segunda corrente, ou seja, como data para a interrupção da pres-
crição da pretensão executória a data do trânsito em julgado da segunda condenação (10/05/2011), ainda assim
não estaria prescrito.
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