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AO JUÍZO DE DIREITO DO 3º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DA COMARCA DE JOÃO PESSOA – PARAÍBA

Referente ao processo n. 3001065-45.2013.815.2001

FRANCISCO ALVES DE AZEVEDO FILHO, parte já devidamente


qualificada nos autos da presente Ação de Repetição de indébito proposta
em face do BANCO VOLKSWAGEN S.A., parte igualmente qualificada, vem
à presença deste juízo, em atenção à intimação última, requerer o...

EXECUÇÃO DA SENTENÇA

... o que faz oportunamente, com espeque nos artigos 52 e seguintes da Lei
9.099/95 e artigo 475 do Código Processual Civil, tendo em vista os fatos e
fundamentos jurídicos a seguir delineados:

RESUMO.

Este Juízo julgou PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão da


parte Promovente, condenando a parte Promovida, na repetição simples dos
valores pagos a título de serviços de terceiros, a saber, R$ 2.149,17 (dois mil,
cento e quarenta e nove reais e dezessete centavos) corrigidos
monetariamente pelo INPC, desde a contratação (27 de julho de 2012) e juros
de mora à 1% desde a citação (16 de janeiro de 2013).

Ocorre que, muito embora tenha transitado em julgado, a parte


Devedora se mantém inerte, até a presente data, quanto ao cumprimento do
ônus de efetuar o pagamento do valor que foi condenada. Desse modo, incide
também a aplicação da multa de 10% sobre o valor da condenação
disciplinada no art. 475-J do CPC1.

Eis os fatos necessários.

1
Enunciado 105 do Fórum Nacional dos Juizados Especiais (FONAJE) - Caso o devedor, condenado
ao pagamento de quantia certa, não o efetue no prazo de quinze dias, contados do trânsito em
julgado, independentemente de nova intimação, o montante da condenação será acrescido de multa
no percentual de 10%.
FUNDAMENTAÇÃO.

A parte Credora, nos termos do art. 475-N, I, do CPC, é possuidora de


título executivo judicial. Entretanto, a parte Devedora não cumpriu
voluntariamente a disposição contida no título executivo, razão porque deve
ser determinado o seu cumprimento judicial (coercitivo), nos termos da
memória discriminada de cálculos (doc. anexo).

Outrossim, devem ser arbitrados honorários advocatícios nos termos


do art. 20, § 4º, do CPC2, dos precedentes advindos do SUPERIOR

2
Honorários advocatícios.
Os honorários advocatícios são devidos por força do art. 20, § 4º, do CPC, segundo o qual “nas
causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for
vencida a Fazenda Pública, e nas execuções embargadas ou não, os honorários serão fixados
consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo
anterior”.
Destaque-se que, mesmo após a recentíssima reforma processual, que deu novos contornos à
execução de título executivo judicial, NELSON NERY JÚNIOR, em comentário ao dispositivo legal
encimado, definiu que “ao deferir a petição inicial, o juiz determinará a expedição de mandado de
penhora e avaliação fixando, desde logo, os honorários de advogado (CPC art. 20, § 4º), que são
devidos ex vi legis, cumulativamente com a multa de 10% de que trata o caput do CPC 475-J”.
Até porque a execução não deixou de existir, como se verifica da leitura do art. 475-I, art. 475-J, § 5º,
art. 475-L, V e § 2º, art. 475-M, art. 475-O, todos CPC, que fazem referência expressa à “execução”.
Por conseqüência, não foi revogada (derrogada) a disposição do art. 20, § 4º, do CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL, motivo pelo qual tem plena aplicação ao caso sob exame.
Não fosse isso o suficiente, importa observar que a execução (cumprimento de sentença) contra a
Fazenda Pública continua (art. 710 do CPC), situada na fase seguinte ao conhecimento, deve aquela
ser condenada no pagamento de honorários advocatícios, caso sucumbente – não seria diferente
contra as demais pessoas.
Ainda, não seria ocioso entender que os honorários fixados no processo de conhecimento não têm o
condão de remunerar os advogados em caso de não cumprimento voluntário da sentença proferida,
porquanto o magistrado não poderia prever se a sua decisão seria cumprida voluntariamente ou não.
Segundo DIERLE JOSÉ COELHO NUNES, “não há como se retirar a possibilidade do advogado
auferir honorários na fase de cumprimento restringindo-os tão somente à fase cognitiva, pois tal
conclusão imporia o exercício de uma atividade técnica, na aludida fase, sem qualquer remuneração.
Seria como se a atividade funcional do advogado terminasse na primeira fase do procedimento
sincrético”.
Aliás, os diversos pretórios pátrios têm sufragado este entendimento. Exemplificativamente, o
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL, nos autos do agravo n.º 70016992752, cuja
relatoria coube ao E. Des. ÂNGELO MARANINCHI GIANNAKOS, definiu que:
AGRAVO INTERNO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. 1. ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA
ABSOLUTA DA JUSTIÇA ESTADUAL. DESCABIMENTO. 2. INCIDÊNCIA DA MULTA PREVISTA NO
ART. 475-J DO CPC, ACRESCIDO PELA LEI N. 11.232/05. IMPERATIVIDADE. 3. INDICAÇÃO DE
BENS À PENHORA PELO DEVEDOR. IMPOSSIBILIDADE. 4. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NO
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. CABIMENTO. NEGADO SEGUIMENTO AO AGRAVO DE
INSTRUMENTO. DECISÃO MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS E JURÍDICOS FUNDAMENTOS.
POR UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. (Agravo Nº 70016992752, Décima
Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Angelo Maraninchi Giannakos, Julgado em
22/11/2006)
Do inteiro teor do acórdão transcrito, extrai-se a seguinte e elucidativa passagem (fundamentada em
lições de ARAKEN DE ASSIS e de CÁSSIO SCARPINELLA BUENO):
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
TRIBUNAL DE JUSTIÇA3, do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA
PARAÍBA4 e diversos outros tribunais pátrios5. Confira-se:

PROCESSO CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. NOVA


SISTEMÁTICA IMPOSTA PELA LEI Nº 11.232/05. CONDENAÇÃO EM
HONORÁRIOS. POSSIBILIDADE. O fato de se ter alterado a natureza da
execução de sentença, que deixou de ser tratada como processo autônomo e
passou a ser mera fase complementar do mesmo processo em que o
provimento é assegurado, não traz nenhuma modificação no que tange aos
honorários advocatícios. A própria interpretação literal do art. 20, § 4º, do CPC
não deixa margem para dúvidas. Consoante expressa dicção do referido
dispositivo legal, os honorários são devidos “nas execuções, embargadas ou

Por fim, quanto aos honorários advocatícios, em que pese na sistemática da Lei n. 11.232/05 não haja
mais propriamente um “processo de execução”, entendo que quando o devedor não efetivar,
voluntariamente, o pagamento, na forma do caput do art. 475-J, é cabível a fixação da verba honorária
para remunerar o advogado pelas atividades tendentes ao cumprimento - agora, forçado, - da sentença.
Veja-se o entendimento de ARAKEN DE ASSIS, na obra já citada, p. 264:
“É omissa a disciplina do ’cumprimento de sentença’ acerca do cabimento dos honorários advocatícios. No
entanto, harmoniza-se com o espírito da reforma, e, principalmente, com a onerosidade superveniente do
processo para o condenado que não solve a dívida no prazo de espera de quinze dias - razão pela qual
suportará, a título de pena, a multa de 10% (art. 475-J, caput) -, a fixação de honorários em favor do
exeqüente, senão no ato que deferir a execução, no mínimo na oportunidade do levantamento do dinheiro
penhorado ou do produto da alienação dos bens. Os honorários já contemplados no título judicial (e sequer
em todos) se referem ao trabalho desenvolvido no processo de conhecimento, conforme se infere das
diretrizes contempladas no art. 20, § 3º, para sua fixação na sentença condenatória. E continua em vigor o
art. 710: retornam as sobras ao executado somente após a satisfação do principal, dos juros, da correção,
das despesas processuais e dos honorários advocatícios. Do contrário, embora seja prematuro apontar o
beneficiado com a reforma, já se poderia localizar o notório perdedor: o advogado do exeqüente, às voltas
com difícil processo e incidentes, a exemplo da impugnação do art. 475-L, sem a devida contraprestação”.
No mesmo sentido, a lição de CÁSSIO SCARPINELLA BUENO, na p. 75 da obra antes referida, é ainda
mais enfática:
“Desta forma, não cumprido o julgado tal qual constante da ‘condenação’ (o título executivo judicial), o
devedor, já executado, pagará o total daquele valor acrescido da multa de 10%, esta calculada na forma do
n. 4.3., infra, e honorários de advogado que serão devidos, sem prejuízo de outros, já arbitrados pelo
trabalho desempenhado pelo profissional na ‘fase’ ou ‘etapa’ de conhecimento, pelas atividades que serão,
a partir daquele instante, necessárias ao cumprimento forçado ou, simplesmente, execução, do julgado”.
Portanto, correta a decisão agravada ao fixar os honorários advocatícios, no tocante à execução, em 10%
sobre o valor da dívida, porquanto em harmonia com a interpretação da regra prevista no art. 20, § 4º, do
CPC, ou seja, a sua aplicação passa pela “apreciação eqüitativa do juiz”, fazendo uso dos percentuais
previstos no § 3º do mesmo dispositivo.
Logo, são devidos os honorários requeridos, pois que, em decorrência do Princípio da Causalidade
(invocado pela resistência injustificada da parte adversa em não pagar o valor executado), a parte adversa
deu ensejo à necessidade de ajuizamento de demanda judicial executiva com o fim de receber valores
devidos.
3
CUMPRIMENTO. CONDENAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. A questão restringe-se em definir o
cabimento de honorários advocatícios na fase de cumprimento da sentença, de acordo com a sistemática
implementada pela Lei n. 11.232/2005, que alterou o CPC. O Tribunal de origem entendeu que, a partir da
nova lei, a execução de título judicial passou a ser continuidade do processo de conhecimento, não sendo
cabível o arbitramento de honorários advocatícios, a não ser que o devedor criasse eventuais incidentes, o
que haveria de ser analisado caso a caso. O tema é novo e, para o Min. Relator, suscita divergência no
campo acadêmico e também nos tribunais do país. O fato de se ter alterado a natureza da execução de
sentença, que deixou de ser tratada como processo autônomo e passou a ser mera fase
complementar do mesmo processo em que o provimento é assegurado, não traz nenhuma
modificação no que tange aos honorários advocatícios. A PRÓPRIA INTERPRETAÇÃO LITERAL DO
ART. 20, § 4º, DO CPC NÃO DEIXA MARGEM PARA DÚVIDAS, OS HONORÁRIOS SÃO DEVIDOS NAS
EXECUÇÕES, EMBARGADAS OU NÃO. O art. 475-I do CPC é expresso em afirmar que o cumprimento
da sentença, nos casos de obrigação pecuniária, faz-se por execução. Ora, se haverá arbitramento de
não”. O art. 475-I, do CPC, é expresso em afirmar que o cumprimento da
sentença, nos casos de obrigação pecuniária, se faz por execução. Ora, se
haverá arbitramento de honorários na execução (art. 20, § 4º, do CPC) e se o
cumprimento da sentença se faz por execução (art. 475, I, do CPC), outra
conclusão não é possível, senão a de que haverá a fixação de verba
honorária na fase de cumprimento da sentença. Ademais, a verba honorária
fixada na fase de cognição leva em consideração apenas o trabalho realizado
pelo advogado até então. Por derradeiro, também na fase de cumprimento de
sentença, há de se considerar o próprio espírito condutor das alterações
pretendidas com a Lei nº 11.232/05, em especial a multa de 10% prevista no
art. 475-J do CPC. De nada adiantaria a criação de uma multa de 10% sobre
o valor da condenação para o devedor que não cumpre voluntariamente a
sentença se, de outro lado, fosse eliminada a fixação de verba honorária,
arbitrada no percentual de 10% a 20%, também sobre o valor da condenação.
Recurso especial conhecido e provido. (STJ. REsp 978.545/MG. Rel. Min.
NANCY ANDRIGHI. DJU 19.03.08)

Alicerçada, portanto, a pretensão da parte Credora.

PEDIDOS.

Diante do exposto, requer a parte Promovente:

a) Determinar a penhora on-line6 através de bloqueio de todas e


quaisquer contas bancárias titularizadas pela parte Executada até o limite do
crédito da parte Exequente, conforme memória discriminada de cálculos em
anexo (art. 475-J, §3º, do CPC), a ser aplicada também em seu desfavor a
multa no percentual de 10% (dez por cento) do valor executado, nos termos
do artigo 475-J do CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.

honorários na execução (art. 20, § 4º, do CPC) e se o cumprimento da sentença faz-se por execução (art.
475, I, do CPC), outra conclusão não é possível senão a de que haverá a fixação de verba honorária na
fase de cumprimento da sentença. Ademais, a verba honorária fixada na fase de cognição leva em
consideração apenas o trabalho realizado pelo advogado até então. Por derradeiro, também na fase
de cumprimento de sentença, há de se considerar o próprio espírito condutor das alterações pretendidas
com a Lei n. 11.232/2005, em especial a multa de 10% prevista no art. 475-J do CPC. De nada adiantaria a
criação de uma multa de 10% sobre o valor da condenação para o devedor que não cumpre
voluntariamente a sentença se, de outro lado, fosse eliminada a fixação de verba honorária arbitrada no
percentual de 10% a 20%, também sobre o valor da condenação. Precedente citado: REsp 978.545-MG,
DJ 1º/4/2008. REsp 1.050.435-SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 10/6/2008.
4
É totalmente cabível a fixação dos honorários advocatícios para o caso de pronto pagamento, na fase de
cumprimento de sentença, uma vez que houve resistência da parte devedora ao cumprimento do
estipulado na fase de conhecimento. (TJPB. AI 200.2001.040813-2. Segunda Câmara Cível. Rel. Des.ª
MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI. DJ 22.01.08)
5
Defendem o cabimento dos honorários advocatícios: TJRS. Agravo nº 70019837152, julgado em 11 de
julho de 2007, que teve como relator o desembargador Bayard Ney de Freitas Barcellos; TJSP. Agravo nº
1.088.844-0/5, relatado pelo desembargador Fernando Melo Bueno Filho e julgado em 19 de março de
2007; TJMG. Agravo de Instrumento nº 1.0145.02.016771-7/001, relatado pelo desembargador Renato
Martins Jacob e julgado em 31 de maio deste ano; e TJRJ. Agravo de Instrumento nº 3231, relatado pelo
desembargador Roberto Wider e julgado em 10 de abril também deste ano.
6
Enunciado 93 do FONAJE “O bloqueio on-line de numerário será considerado para todos os efeitos como
penhora, dispensando-se a lavratura do termo e intimando-se o devedor da constrição”.
a.1) Caso não sejam encontradas contas bancárias titularizadas
pela parte Executada, obedecer a ordem prevista no art. 655 do CPC,
onerando tantos bens quantos bastem para satisfazer o crédito da parte
Exequente;

a.2) Caso não seja onerado bens, abrir vista à parte Exequente
para requerer o que entender de direito7;

b) Após a constrição de valores, deve o juiz determinar a intimação do


executado da penhora para, querendo, oferecer os respectivos embargos à
execução8, no prazo de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 52, IX 9, da Lei nº
9.099/95;

c) Fixar honorários advocatícios na ordem de 20% (vinte por cento) do


valor da pretensão econômica perseguida, nos termos do art. 20, § 4º, do
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL;

d) Condenar a parte Executada no pagamento das custas processuais.

Nestes termos, pede deferimento.

João Pessoa, 01 de Outubro de 2015.

Vital Borba de Araújo Junior Amanda Luna Torres


Advogado Inscrito na OAB/PB sob o n.º 11.783 Advogada Inscrita na OAB/PB sob o n.º 15.400

Nathália Souto de Arruda Vasconcelos Juliene Alves Moreira


Advogada Inscrita na OAB/PB sob o n.º 19.931 Estagiária Acadêmica do Curso de Direito

7
Enunciado 117 do FONAJE “É obrigatória à segurança do Juízo pela penhora para apresentação de
embargos à execução de título judicial ou extrajudicial perante o Juizado Especial”.
8
Enunciado 141 da FONAJE “Na execução por título judicial o prazo para oferecimento de embargos será
de quinze dias e fluirá da intimação da penhora”.
9
Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no próprio Juizado, aplicando-se, no que couber, o
disposto no Código de Processo Civil, com as seguintes alterações:
IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da execução, versando sobre:
a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu à revelia;
b) manifesto excesso de execução;
c) erro de cálculo;
d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, superveniente à sentença.

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