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Secretaria de Estado de Educação

de Minas Gerais - SEE-MG

Professor de Educação Básica –


Língua Portuguesa

VOLUME 1

Língua Portuguesa
I - Textos: interpretação e compreensão de textos. ......................................................................................................1
II - Língua e Linguagem: As funções da linguagem; texto narrativo; texto descritivo; texto dissertativo; discurso
direto, indireto e indireto livre; o gênero poético e as figuras de linguagem. ..........................................................3
III - Fonética - fonologia: Fonemas: vogais, consoantes e semivogais; encontros vocálicos, consonantais e
dígrafos; Sílabas. ............................................................................................................................................................... 17
IV - Ortografia: Correção ortográfica; acentuação gráfica; divisão silábica. .......................................................... 21
V - Morfologia: Estrutura e formação de palavras; morfemas, afixos; processos de formação de palavras;
classes gramaticais: identificação, classificações e emprego. ................................................................................... 27
VI - Sintaxe: Frase, oração e período; período simples - termos da oração: identificação, classificações e
emprego. ............................................................................................................................................................................ 54
VII - Literatura: Denotação e conotação; conceituação de texto literário; gêneros literários; periodização da
literatura brasileira; estudo dos principais autores dos estilos de época. ............................................................. 66

Matemática
I - NÚMEROS E OPERAÇÕES: cálculo aritmético ...........................................................................................................1
II - ÁLGEBRA E FUNÇÕES: proporcionalidade, sequências e raciocínio lógico ..................................................... 13
III - GRANDEZAS E MEDIDAS: estimativas e noções de medições .......................................................................... 40
IV - ESPAÇO E FORMA: deslocamentos e movimentos no plano e no espaço ....................................................... 44
V - TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO: Leitura e representação da informação em Gráficos, Tabelas e
Pictogramas .............................................................................................................................................................................

Conhecimentos Pedagógicos
I - Direitos Humanos. ...........................................................................................................................................................1
II - Estatuto da Criança e Adolescente. .......................................................................................................................... 22
III - Diretrizes Nacionais para a educação em direitos humanos. ............................................................................ 59
IV - Programa Nacional Direitos Humanos. .................................................................................................................. 71
V - Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. ............................................................................................. 72
VI - Direitos das Mulheres................................................................................................................................................ 76
VII - A Educação Escolar Quilombola no Brasil. ........................................................................................................... 83
VIII - A organização e Funcionamento da Educação Escolar Quilombola no Estado de Minas Gerais. ............130
IX - A Educação das Relações Étnico-Raciais no Brasil. ............................................................................................133
X - A Educação das Relações Étnico-Raciais e a Década Internacional dos Povos Afrodescendentes. ............135
XI - Diretrizes para a Educação Básica nas escolas do campo em Minas Gerais. .................................................136
XII - Diretrizes Operacionais Básicas para a Educação Básica nas escolas do campo. .......................................149
XIII - Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica.................................151

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XIV - Organização e o funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educação Básica de Minas
Gerais..... ............................................................................................................................................................................154
XV - O Currículo na perspectiva da inclusão, da diversidade e do direito à aprendizagem. ..............................164
XVI - Projeto Político-Pedagógico e a estreita relação com o Plano de Ensino, o Plano de Aula e a gestão da sala
de aula. ..............................................................................................................................................................................191
XVII - A organização do trabalho pedagógico e a interdisciplinaridade. ...............................................................200
XVIII - A avaliação da aprendizagem na perspectiva de um Currículo Inclusivo. ................................................223
XIX - A política da Educação Integral e Integrada garantindo a formação humana e o desenvolvimento integral
dos estudantes. ................................................................................................................................................................246
XX - Educação Especial Inclusiva: possibilidades e desafios. ..................................................................................248
BASE NACIONAL CURRICULAR COMUM.....................................................................................................................258

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LÍNGUA PORTUGUESA

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APOSTILAS OPÇÃO
Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar
inúmeros problemas, afetando não só o desenvolvimento
profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. O mundo
moderno cobra de nós inúmeras competências, uma delas é a
proficiência na língua, e isso não se refere apenas a uma boa
comunicação verbal, mas também à capacidade de entender
aquilo que está sendo lido. O analfabetismo funcional está
I - Textos: interpretação e relacionado com a dificuldade de decifrar as entrelinhas do
código, pois a leitura mecânica é bem diferente da leitura
compreensão de textos. interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer analogias e
criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise de
textos, elaboramos algumas dicas para você seguir e tirar suas
Interpretação de Texto
dúvidas.
Uma interpretação de texto competente depende de
A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao
inúmeros fatores, mas nem por isso deixaremos de contemplar
conhecimento, portanto, precisamos aprender a ler e não
alguns que se fazem essenciais para esse exercício. Muitas vezes,
apenas “passar os olhos sobre algum texto”. Ler, na verdade,
apressados, descuidamo-nos das minúcias presentes em um
é dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de
texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente, o que
qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo, narrativo,
não é verdade. Interpretar demanda paciência e, por isso, sempre
possibilidades que se misturam e as tornam infinitas. É preciso,
releia, pois uma segunda leitura pode apresentar aspectos
para uma boa leitura, exercitar-se na arte de pensar, de captar
surpreendentes que não foram observados anteriormente.
ideias, de investigar as palavras… Para isso, devemos entender,
Para auxiliar na busca de sentidos do texto, você pode também
primeiro, algumas definições importantes:
retirar dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo,
isso certamente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto.
Texto
Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo
O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de
menos em um bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar
organização e transmissão de ideias, conceitos e informações de
que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo
modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um
uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de
ideias supracitadas ou apresentando novos conceitos.
televisão também são formas textuais.
Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram
explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costumam
Interlocutor
conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente
É a pessoa a quem o texto se dirige.
contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às ideias do autor,
isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície
Texto-modelo
do texto, mas é fundamental que não criemos, à revelia do
“Não é preciso muito para sentir ciúme. Bastam três – você,
autor, suposições vagas e inespecíficas. Quem lê com cuidado
uma pessoa amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente.
certamente incorre menos no risco de tornar-se um analfabeto
Se sua amiga disser que não, está mentindo ou se enganando.
funcional e ler com atenção é um exercício que deve ser
Quem agüenta ver o namorado conversando todo animado com
praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós
outra menina sem sentir uma pontinha de não-sei-o-quê? (…)
leitores proficientes e sagazes. Agora que você já conhece nossas
É normal você querer o máximo de atenção do seu namorado,
dicas, desejamos a você uma boa leitura e bons estudos!
das suas amigas, dos seus pais. Eles são a parte mais importante
Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/dicas-para-uma-boa-
da sua vida.”
interpretacao-texto.html
(Revista Capricho)
Modelo de Perguntas
Questões
1) Considerando o texto-modelo, é possível identificar quem
é o seu interlocutor preferencial?
O uso da bicicleta no Brasil
Um leitor jovem.
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no Brasil
2) Quais são as informações (explícitas ou não) que permitem
ainda conta com poucos adeptos, em comparação com países
a você identificar o interlocutor preferencial do texto?
como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos quais a bicicleta
Do contexto podemos extrair indícios do interlocutor
é um dos principais veículos nas ruas. Apesar disso, cada vez
preferencial do texto: uma jovem adolescente, que pode ser
mais pessoas começam a acreditar que a bicicleta é, numa
acometida pelo ciúme. Observa-se ainda , que a revista Capricho
comparação entre todos os meios de transporte, um dos que
tem como público-alvo preferencial: meninas adolescentes.
oferecem mais vantagens.
A linguagem informal típica dos adolescentes.
A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas
e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais
09 DICAS PARA MELHORAR A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos
01) Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do
considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e
assunto;
prioridade sobre os automotores.
02) Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a
Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à bicicleta
leitura;
no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade, pois as bikes
03) Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo
não emitem gases nocivos ao ambiente, não consomem petróleo
menos duas vezes;
e produzem muito menos sucata de metais, plásticos e borracha;
04) Inferir;
a diminuição dos congestionamentos por excesso de veículos
05) Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
motorizados, que atingem principalmente as grandes cidades; o
06) Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
favorecimento da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito
autor;
bom; e a economia no combustível, na manutenção, no seguro e,
07) Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor
claro, nos impostos.
compreensão;
No Brasil, está sendo implantado o sistema de
08) Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada
compartilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo,
questão;
o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitura, em
09) O autor defende ideias e você deve percebê-las;
parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com quase um
Fonte: http://portuguesemfoco.com/09-dicas-para-melhorar-a-
ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São Paulo, Santos,
interpretacao-de-textos-em-provas/
Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país aderirem a

Língua Portuguesa 1
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APOSTILAS OPÇÃO
esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto pronto Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto
em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilhamento é concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum é
semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre, os usuários (A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas.
devem fazer um cadastro pelo site. O valor do passe mensal é (B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas.
R$ 10 e o do passe diário, R$ 5, podendo-se utilizar o sistema (C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas.
durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas modalidades. Em (D) o número excessivo de automóveis nas ruas.
todas as cidades que já aderiram ao projeto, as bicicletas estão (E) o uso de novas tecnologias no transporte público.
espalhadas em pontos estratégicos.
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção 04. Considere o cartum de Douglas Vieira.
não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não Televisão
sabem que a bicicleta já é considerada um meio de transporte,
ou desconhecem as leis que abrangem a bike. Na confusão de
um trânsito caótico numa cidade grande, carros, motocicletas,
ônibus e, agora, bicicletas, misturam-se, causando, muitas vezes,
discussões e acidentes que poderiam ser evitados.
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A
verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão
totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso
é tão importante usar capacete e outros itens de segurança. A
maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e
caminhões desconhece as leis que abrangem os direitos dos
ciclistas. Mas muitos ciclistas também ignoram seus direitos
e deveres. Alguém que resolve integrar a bike ao seu estilo de
vida e usá-la como meio de locomoção precisa compreender (http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br.
que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para Adaptado)
poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro,
as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser equipadas com É correto concluir que, de acordo com o cartum,
campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos (A) os tipos de entretenimento disponibilizados pelo livro ou
pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo. pela TV são equivalentes.
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado) (B) o livro, em comparação com a TV, leva a uma imaginação
mais ativa.
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de (C) o indivíduo que prefere ler a assistir televisão é alguém
locomoção nas metrópoles brasileiras que não sabe se distrair.
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra (D) a leitura de um bom livro é tão instrutiva quanto assistir
devido à falta de regulamentação. a um programa de televisão.
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido (E) a televisão e o livro estimulam a imaginação de modo
incentivado em várias cidades. idêntico, embora ler seja mais prazeroso.
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela
maioria dos moradores. Leia o texto para responder às questões:
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os
demais meios de transporte. Propensão à ira de trânsito
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade
arriscada e pouco salutar. Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente
perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais seguro
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos do mundo, existem muitas variáveis de risco no trânsito, como
objetivos centrais do texto é clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas.
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do E com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas
ciclista. não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, mas
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é também se engajam num comportamento de risco – algumas até
mais seguro do que dirigir um carro. agem especificamente para irritar o outro motorista ou impedir
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta que este chegue onde precisa.
no Brasil. Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio de ter antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando um
locomoção se consolidou no Brasil. motorista a tomar decisões irracionais.
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista deve Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocionante.
dar prioridade ao pedestre. Para muitos de nós, os carros são a extensão de nossa
personalidade e podem ser o bem mais valioso que possuímos.
03. Considere o cartum de Evandro Alves. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para alguns, mas
Afogado no Trânsito também é uma atividade que tende a aumentar os níveis de
estresse, mesmo que não tenhamos consciência disso no
momento.
Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez que
entra no trânsito, você se junta a uma comunidade de outros
motoristas, todos com seus objetivos, medos e habilidades ao
volante. Os psicólogos Leon James e Diane Nahl dizem que um
dos fatores da ira de trânsito é a tendência de nos concentrarmos
em nós mesmos, descartando o aspecto comunitário do ato de
dirigir.
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito, o
Dr. James acredita que a causa principal da ira de trânsito não
são os congestionamentos ou mais motoristas nas ruas, e sim
como nossa cultura visualiza a direção agressiva. As crianças
aprendem que as regras normais em relação ao comportamento
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br) e à civilidade não se aplicam quando dirigimos um carro. Elas
podem ver seus pais envolvidos em comportamentos de disputa

Língua Portuguesa 2
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APOSTILAS OPÇÃO
ao volante, mudando de faixa continuamente ou dirigindo em A função informativa da linguagem tem importância central
alta velocidade, sempre com pressa para chegar ao destino. na vida das pessoas, consideradas individualmente ou como
Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos grupo social. Para cada indivíduo, ela permite conhecer o mundo;
sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era descarregar para o grupo social, possibilita o acúmulo de conhecimentos
a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a descarga de e a transferência de experiências. Por meio dessa função, a
frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma situação de ira linguagem modela o intelecto.
de trânsito, a descarga de frustrações pode transformar um É a função informativa que permite a realização do trabalho
incidente em uma violenta briga. coletivo. Operar bem essa função da linguagem possibilita que
Com isso em mente, não é surpresa que brigas violentas cada indivíduo continue sempre a aprender.
aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas está A função informativa costuma ser chamada também de
predisposta a apresentar um comportamento irracional quando função referencial, pois seu principal propósito é fazer com
dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a maior parte das que as palavras revelem da maneira mais clara possível as coisas
pessoas fica emocionalmente incapacitada quando dirige. O que ou os eventos a que fazem referência.
deve ser feito, dizem os psicólogos, é estar ciente de seu estado
emocional e fazer as escolhas corretas, mesmo quando estiver A linguagem serve para influenciar e ser influenciado:
tentado a agir só com a emoção. Função Conativa.
(Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.uol.com.br/
furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013. Adaptado) “Vem pra Caixa você também.”

05. Tomando por base as informações contidas no texto, é Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a
correto afirmar que aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Federal.
(A) os comportamentos de disputa ao volante acontecem à Para persuadir o público alvo da propaganda a adotar esse
medida que os motoristas se envolvem em decisões conscientes. comportamento, formulou-se um convite com uma linguagem
(B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são causadas bastante coloquial, usando, por exemplo, a forma vem, de
pela constante preocupação dos motoristas com o aspecto segunda pessoa do imperativo, em lugar de venha, forma de
comunitário do ato de dirigir. terceira pessoa prescrita pela norma culta quando se usa você.
(C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas é Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer
o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma direção determinadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sentir
agressiva. determinadas emoções, a ter determinados estados de alma
(D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode-se dizer que
experiências e atividades não só individuais como também ela modela atitudes, convicções, sentimentos, emoções, paixões.
sociais. Quem ouve desavisada e reiteradamente a palavra “negro”,
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle das pronunciada em tom desdenhoso, aprende a ter sentimentos
emoções positivas por parte dos motoristas. racistas; se a todo momento nos dizem, num tom pejorativo,
“Isso é coisa de mulher”, aprendemos os preconceitos contra a
Respostas mulher.
1. (B) / 2. (A) / 3. (D) / 4. (B) / 5. (D) Não se interfere no comportamento das pessoas apenas
com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam
de maneira bastante sutil, com tentações e seduções, como
II - Língua e Linguagem: As os anúncios publicitários que nos dizem como seremos bem
funções da linguagem; texto sucedidos, atraentes e charmosos se usarmos determinadas
narrativo; texto descritivo; marcas, se consumirmos certos produtos.
texto dissertativo; discurso Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos,
direto, indireto e indireto livre; o que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto
espertalhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos
gênero poético e as figuras de atemorizados, que se deixam conduzir sem questionar.
linguagem. Emprega-se a expressão função conativa da linguagem
quando esta é usada para interferir no comportamento das
pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma sugestão. A
Funções da Linguagem palavra conativo é proveniente de um verbo latino (conari) que
significa “esforçar-se” (para obter algo).
Quando se pergunta a alguém para que serve a linguagem,
a resposta mais comum é que ela serve para comunicar. Isso A linguagem serve para expressar a subjetividade: Função
está correto. No entanto, comunicar não é apenas transmitir Emotiva.
informações. É também exprimir emoções, dar ordens, falar
apenas para não haver silêncio. Para que serve a linguagem? “Eu fico possesso com isso!”

A linguagem serve para informar: Função Referencial. Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação
com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetivamos
“Estados Unidos invadem o Iraque” e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções.
Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos sobre um amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, desdém,
acontecimento do mundo. desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas vezes, falamos para
Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na memória, exprimir poder ou para afirmarmo-nos socialmente. Durante o
transmitimos esses conhecimentos a outras pessoas, ficamos governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, ouvíamos
sabendo de experiências bem-sucedidas, somos prevenidos certos políticos dizerem “A intenção do Fernando é levar o
contra as tentativas mal sucedidas de fazer alguma coisa. Graças país à prosperidade” ou “O Fernando tem mudado o país”. Essa
à linguagem, um ser humano recebe de outro conhecimentos, maneira informal de se referirem ao presidente era, na verdade,
aperfeiçoa-os e transmite-os. uma maneira de insinuarem intimidade com ele e, portanto,
Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender de exprimirem a importância que lhes seria atribuída pela
ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria proximidade com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como aprendemos que fizemos para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar
desde as mais banais informações do dia a dia até as teorias nossa valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual
científicas, as expressões artísticas e os sistemas filosóficos mais ou nossa competência na conquista amorosa.
avançados.

Língua Portuguesa 3
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APOSTILAS OPÇÃO
Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz A linguagem serve como fonte de prazer: Função Poética.
que empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não
raro inconscientemente. Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido e os sons
Emprega-se a expressão função emotiva para designar a são formas de tornar a linguagem um lugar de prazer. Divertimo-
utilização da linguagem para a manifestação do enunciador, isto nos com eles. Manipulamos as palavras para delas extrairmos
é, daquele que fala. satisfação.
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”, diz
A linguagem serve para criar e manter laços sociais: Função “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase shakespeariana
Fática. “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emílio de Menezes,
quando soube que uma mulher muito gorda se sentara no banco
__Que calorão, hein? de um ônibus e este quebrara, fez o seguinte trocadilho: “É a
__Também, tem chovido tão pouco. primeira vez que vejo um banco quebrar por excesso de fundos”.
__Acho que este ano tem feito mais calor do que nos outros. A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel comprido
__Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor. para sentar-se” e “casa bancária”. Também está empregado em
dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e “capital”, “dinheiro”.
Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram num Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diversas,
elevador e devem manter uma conversa nos poucos instantes com significados diferentes, nesta frase do deputado Virgílio
em que estão juntas. Falam para nada dizer, apenas porque o Guimarães:
silêncio poderia ser constrangedor ou parecer hostil.
Quando estamos num grupo, numa festa, não podemos “ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros. Nessas continência para os militares, bateu palmas para o Collor e quer
ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso, quando não se bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata uma dor de
tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se histórias que todos consciência e bata em retirada.”
conhecem, contam-se anedotas velhas. A linguagem, nesse caso, (Folha de S. Paulo)
não tem nenhuma função que não seja manter os laços sociais.
Quando encontramos alguém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitariamente
em geral não queremos, de fato, saber se nosso interlocutor está ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada para informar,
bem, se está doente, se está com problemas. A fórmula é uma para influenciar, para manter os laços sociais, etc. No segundo,
maneira de estabelecer um vínculo social. para produzir um efeito prazeroso de descoberta de sentidos.
Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja entre Em função estética, o mais importante é como se diz, pois o
alunos de uma escola, entre torcedores de um time de futebol sentido também é criado pelo ritmo, pelo arranjo dos sons, pela
ou entre os habitantes de um país. Não importa que as pessoas disposição das palavras, etc.
não entendam bem o significado da letra do Hino Nacional, pois Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
ele não tem função informativa: o importante é que, ao cantá-lo, Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/, /k/,
sentimo-nos participantes da comunidade de brasileiros. /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão função
fática para indicar a utilização da linguagem para estabelecer ou E o bosque estala, move-se, estremece...
manter aberta a comunicação entre um falante e seu interlocutor. Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...
A linguagem serve para falar sobre a própria linguagem:
Função Metalinguística. Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássicos.
Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um
substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usando Observe-se que a maior concentração de sons oclusivos
o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegante usar ocorre no segundo verso, quando se afirma que o barulho dos
palavrões”, não estamos falando de acontecimentos do mundo, cavalos aumenta.
mas estamos tecendo comentários sobre a própria linguagem. É Quando se usam recursos da própria língua para acrescentar
o que chama função metalinguística. A atividade metalinguística sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se que estamos
é inseparável da fala. Falamos sobre o mundo exterior e o usando a linguagem em sua função poética.
mundo interior e ao mesmo tempo, fazemos comentários sobre
a nossa fala e a dos outros. Quando afirmamos como diz o Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-
outro, estamos comentando o que declaramos: é um modo de se necessário o estudo dos elementos da comunicação.
esclarecer que não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era desenvolvido
como a que estamos enunciando; inversamente, podemos usar de maneira “sistematizada” (alguém pergunta - alguém espera
a metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo de ouvir a pergunta, daí responde, enquanto outro escuta em
dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Parodiando o silêncio, etc). Exemplo:
padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica, vou dizer que
“peixes se pescam, homens é que se não podem pescar”.
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
A linguagem serve para criar outros universos. Emissor emite, codifica a mensagem
A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala também Receptor recebe, decodifica a mensagem
do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos mundos, Mensagem conteúdo transmitido pelo emissor
outras realidades. Essa é a grande função da arte: mostrar que
outros modos de ser são possíveis, que outros universos podem conjunto de signos usado na transmissão e
Código
existir. O filme de Woody Allen “A rosa púrpura do Cairo” (1985) recepção da mensagem
mostra isso de maneira bem expressiva. Nele, conta-se a história Referente contexto relacionado a emissor e receptor
de uma mulher que, para consolar-se do cotidiano sofrido e
dos maus-tratos infligidos pelo marido, refugia-se no cinema, Canal meio pelo qual circula a mensagem
assistindo inúmeras vezes a um filme de amor em que a vida Porém, com recentes estudos linguísticos, tal teoria sofreu
é glamorosa, e o galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai certa modificação, pois, chegou-se a conclusão de que ao se
da tela e ambos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa tratar da parole (sentido individual da língua), entende-se que
outra realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o é um veículo democrático (observe a função fática), assim,
amor nunca diminui e assim por diante. admite-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diálogo
interativo):

Língua Portuguesa 4
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APOSTILAS OPÇÃO
(D) poética.
Locutor quem fala (e responde)
(E) fática.
Locutário quem ouve e responde
02.
Interlocução diálogo
SONETO DE MAIO
(Vinícius de Moraes)
As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, faciais
etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria. Suavemente Maio se insinua
As atitudes e reações dos comunicantes são também Por entre os véus de Abril, o mês cruel
referentes e exercem influência sobre a comunicação E lava o ar de anil, alegra a rua
Alumbra os astros e aproxima o céu.
Lembramo-nos: Até a lua, a casta e branca lua
Esquecido o pudor, baixa o dossel
- Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no “eu” E em seu leito de plumas fica nua
do emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta função A destilar seu luminoso mel.
está, por norma, a poesia lírica. Raia a aurora tão tímida e tão frágil
- Função apelativa (imperativa): com este tipo de Que através do seu corpo transparente
mensagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que Dir-se-ia poder-se ver o rosto
este assuma determinado comportamento; há frequente Carregado de inveja e de presságio
uso do vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é Dos irmãos Junho e Julho, friamente
frequentemente usada por oradores e agentes de publicidade. Preparando as catástrofes de Agosto...
- Função metalinguística: função usada quando a língua
explica a própria linguagem (exemplo: quando, na análise de Disponível em: http://www.viniciusdemoraes.com.br
um texto, investigamos os seus aspectos morfo-sintáticos e/ou
semânticos). Em um poema, é possível afirmar que a função de linguagem
- Função informativa (ou referencial): função usada está centrada na:
quando o emissor informa objetivamente o receptor de uma
realidade, ou acontecimento. (A) Função fática.
- Função fática: pretende conseguir e manter a atenção (B) Função emotiva ou expressiva.
dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e textos (C) Função conativa ou apelativa.
publicitários (centra-se no canal de comunicação). (D) Função denotativa ou referencial.
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensagem com
figuras de estilo, palavras belas, expressivas, ritmos agradáveis, 03. O exercício da crônica
etc. Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como
faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é
Também podemos pensar que as primeiras falas conscientes levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar
da raça humana ocorreu quando os sons emitidos evoluiram dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa
para o que podemos reconhecer como “interjeições”. As fia mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, olha através
primeiras ferramentas da fala humana. da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer,
de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera,
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo que mais em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um
profundamente distingue o homem dos outros animais. sangue novo. Se nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em
Podemos considerar que o desenvolvimento desta função torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-
cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a libertação lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida
da mão, que permitiram o aumento do volume do cérebro, a par emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em
do desenvolvimento de órgãos fonadores e da mímica facial. última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já
Devido a estas capacidades, para além da linguagem falada bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o
e escrita, o homem, aprendendo pela observação de animais, inesperado.
desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos surdos em
diferentes países, não só para melhorar a comunicação entre MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas.
surdos, mas também para utilizar em situações especiais, São Paulo: Cia. das Letras, 1991.
como no teatro e entre navios ou pessoas e não animais que
se encontram fora do alcance do ouvido, mas que se podem Predomina nesse texto a função da linguagem que se
observar entre si. constitui
Questões (A) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista.
(B) nos elementos que servem de inspiração ao cronista.
01. (C) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica.
Alô, alô, Marciano (D) no papel da vida do cronista no processo de escrita da
Aqui quem fala é da Terra crônica.
Pra variar, estamos em guerra (E) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de
Você não imagina a loucura uma crônica.
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down o high society [...] 04. Sempre que há comunicação há uma intenção, o que
determina que a linguagem varie, assumindo funções. A
LEE, Rita. CARVALHO, Roberto de. Disponível em: http://www.
função da linguagem predominante no texto com a respectiva
vagalume.com.br/ Acesso em: 30 mar. 2014.
característica está expressa em:
Os dois primeiros versos do texto fazem referência à função (A) referencial – presença de termos científicos e técnicos
da linguagem cujo objetivo dos emissores é apenas estabelecer (B) expressiva – predominância da 1ª pessoa do singular
ou manter contato de comunicação com seus receptores. Nesses (C) fática – uso de cumprimentos e saudações
versos, a linguagem está empregada em função (D) apelativa – emprego de verbos flexionados no imperativo
(A) expressiva.
(B) apelativa. Respostas
(C) referencial. 01. (E) / 02. (B) / 03. (E) / 04. (D)

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APOSTILAS OPÇÃO
Tipos Textuais Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa
ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não
Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do
implicam no domínio de capacidades linguísticas. Temos dois observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa
momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer) forma, o que será importante ser analisado para um, não será
e o de expressá-los por escrito (o escrever propriamente dito). para outro.
Fazer um texto, seja ele de que tipo for, não significa apenas A vivência de quem descreve também influencia na hora de
escrever de forma correta, mas sim, organizar ideias sobre transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto,
determinado assunto. pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.
E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos de
expressão escrita: Descrição – Narração – Dissertação. Exemplos:
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas
Descrição a penumbra dos ramos cobria o atalho.
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores,
Expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado
visão; pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha o
É um tipo de texto figurativo; meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de
abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande demais.”
Retrato de pessoas, ambientes, objetos;
Predomínio de atributos; (extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector)
Uso de verbos de ligação; (II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole,
Frequente emprego de metáforas, comparações e outras aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em
figuras de linguagem; reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta
minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o
Tem como resultado a imagem física ou psicológica. cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina,
pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola
Narração depois do pai e retiravase antes. O mestre era mais severo com
ele do que conosco.
Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta
antes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente); (Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. São
Paulo, Ática, 1974, págs. 3132.)
É um tipo de texto sequencial;
Relato de fatos; Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da
escola que o escritor frequentava.
Presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo; Deve-se notar:
Apresentação de um conflito; - que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao
mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os
Uso de verbos de ação; outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha
Geralmente, é mesclada de descrições; grande medo ao pai);
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser
O diálogo direto é frequente. considerada cronologicamente anterior a outra do ponto de
vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é
Dissertação cronologicamente anterior a retirar-se dela; no nível do relato,
porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente: o que o
Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa; escritor quer é explicitar uma característica do menino, e não
traçar a cronologia de suas ações);
É um tipo de texto argumentativo. - ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas
Defesa de um argumento: elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitância em
a) apresentação de uma tese que será defendida, relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano
b) desenvolvimento ou argumentação, de 1840, em que o escritor frequentava a escola da Rua da Costa)
c) fechamento; e, portanto, não denota nenhuma transformação de estado;
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não
Predomínio da linguagem objetiva; correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológica
Prevalece a denotação. poderíamos mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar
e ler o texto do fim para o começo: O mestre era mais severo com
Carta ele do que conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se
antes...

Esse é um tipo de texto que se caracteriza por envolver um Características:


remetente e um destinatário; - Ao fazer a descrição enumeramos características,
É normalmente escrita em primeira pessoa, e sempre visa um comparações e inúmeros elementos sensoriais;
tipo de leitor; - As personagens podem ser caracterizadas física e
psicologicamente, ou pelas ações;
É necessário que se utilize uma linguagem adequada com - A descrição pode ser considerada um dos elementos
o tipo de destinatário e que durante a carta não se perca a constitutivos da dissertação e da argumentação;
visão daquele para quem o texto está sendo escrito. - é impossível separar narração de descrição;
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim a
Descrição capacidade de observação que deve revelar aquele que a realiza;
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo:
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo
ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea
ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que seja e fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que
apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, em parecem conformados expressamente para esposas da multidão
imagens. (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu);

Língua Portuguesa 6
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APOSTILAS OPÇÃO
- Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não Descrição Subjetiva: quando há maior participação da
existe relação de anterioridade e posterioridade entre seus emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são
enunciados; transfigurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar
- Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que ou expressar seus sentimentos. Ex: “Nas ocasiões de aparato é
se usem então as formas nominais, o presente e o pretério que se podia tomar pulso ao homem. Não só as condecorações
imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferência aos gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu!
verbos que indiquem estado ou fenômeno. Aristarco todo era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos,
- Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos calmos, eram de um rei...” (“O Ateneu”, Raul Pompéia)
adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto. “(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra
esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par-
A característica fundamental de um texto descritivo é essa de-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando
inexistência de progressão temporal. Pode-se apresentar, numa por lei, de sobregoverno.”
descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam (Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
sempre simultâneos, não indicando progressão de uma situação
anterior para outra posterior. Tanto é que uma das marcas Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos
linguísticas da descrição é o predomínio de verbos no presente descritivos:
ou no pretérito imperfeito do indicativo: o primeiro expressa Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão
concomitância em relação ao momento da fala; o segundo, em temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente,
relação a um marco temporal pretérito instalado no texto. uma vez que eles indicam propriedades ou características que
Para transformar uma descrição numa narração, bastaria ocorrem simultaneamente. No entanto, ela não é indiferente do
introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um ponto de vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para
estado anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, baixo ou viceversa, do detalhe para o todo ou do todo para o
para transformá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso detalhe cria efeitos de sentido distintos.
grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo... Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de
Bocage:
Características Linguísticas:
O enunciado narrativo, por ter a representação de Magro, de olhos azuis, carão moreno,
um acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela bem servido de pés, meão de altura,
temporalidade, na relação situação inicial e situação final, triste de facha, o mesmo de figura,
enquanto que o enunciado descritivo, não tendo transformação, nariz alto no meio, e não pequeno.
é atemporal.
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático- Incapaz de assistir num só terreno,
semânticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão: mais propenso ao furor do que à ternura;
- Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores bebendo em níveas mãos por taça escura
de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente de zelos infernais letal veneno.
no presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver,
situar-se, existir, ficar). Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão,1968, pág. 497.
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é
descrito; O poeta descreve-se das características físicas para as
- Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações, características morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria
sinestesias). o mesmo, pois as características físicas perderiam qualquer
- Uso de advérbios de localização espacial. relevo.
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a
Recursos: visualizar uma cena. É como traçar com palavras o retrato de
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas características
Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do exteriores, facilmente identificáveis (descrição objetiva), ou
sol. suas características psicológicas e até emocionais (descrição
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, subjetiva).
concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos,
sereno, uma pureza de cristal. também denominado adjetivação. Para facilitar o aprendizado
- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da desta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu
natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente texto, sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou
que deslumbrava e enlouquecia qualquer um. depois deste um adjetivo ou uma locução adjetiva.
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do
texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, Descrição de objetos constituídos de uma só parte:
muito crente. - Introdução: observações de caráter geral referentes à
procedência ou localização do objeto descrito.
A descrição pode ser apresentada sob duas formas: - Desenvolvimento: detalhes (lª parte) formato (comparação
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem com figuras geométricas e com objetos semelhantes); dimensões
são apresentadas como realmente são, concretamente. Ex: “Sua (largura, comprimento, altura, diâmetro etc.)
altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. Aparência atlética, ombros largos, - Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) material, peso, cor/
pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos”. brilho, textura.
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Exemplo: - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
“ A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto
que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de como um todo.
guilhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado,
dentro de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. Descrição de objetos constituídos por várias partes:
Telhado de quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais - Introdução: observações de caráter geral referentes à
velha que Juiz de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda procedência ou localização do objeto descrito.
que tivesse ficado, capricho da sorte, na linha de passagem da - Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das
variante do Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois partes que compõem o objeto, associados à explicação de como
a Rua Direita – sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha as partes se agrupam para formar o todo.
e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).” (Pedro Nava – Baú - Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo
de Ossos) (externamente) formato, dimensões, material, peso, textura, cor
e brilho.

Língua Portuguesa 7
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APOSTILAS OPÇÃO
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500
utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto em litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado.
sua totalidade. Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em
plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para
Descrição de ambientes: evitar a deformação em caso de colisão.
- Introdução: comentário de caráter geral.
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do Textos descritivos literários: Na descrição literária
ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de
aroma (se houver). associações conotativas que podem ser exploradas a partir de
- Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a objetos descrições de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes;
lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, esculturas ou situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também
quaisquer outros objetos. podem ocorrer tanto em prosa como em verso.
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no
ambiente. Narração

Descrição de paisagens: A Narração é um tipo de texto que relata uma história real,
- Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo
outra referência de caráter geral. apresenta personagens que atuam em um tempo e em um
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo espaço, organizados por uma narração feita por um narrador.
(explicação do que se vê ao longe). É uma série de fatos situados em um espaço e no tempo,
- Desenvolvimento: observação dos elementos mais tendo mudança de um estado para outro, segundo relações
próximos do observador explicação detalhada dos elementos de sequencialidade e causalidade, e não simultâneos como na
que compõem a paisagem, de acordo com determinada ordem. descrição. Expressa as relações entre os indivíduos, os conflitos e
- Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca as ligações afetivas entre esses indivíduos e o mundo, utilizando
da impressão que a paisagem causa em quem a contempla. situações que contêm essa vivência.
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada),
Descrição de pessoas (I): o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração
aspecto de caráter geral. predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de ações;
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor assim sendo, a maioria dos verbos que compõem esse tipo de
da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas). texto são os verbos de ação. O conjunto de ações que compõem
- Desenvolvimento: características psicológicas o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de
(personalidade, temperamento, caráter, preferências, texto recebe o nome de enredo.
inclinações, postura, objetivos). As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter personagens, que são justamente as pessoas envolvidas
geral. no episódio que está sendo contado. As personagens são
identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos substantivos
Descrição de pessoas (II): próprios.
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem
aspecto de caráter geral. querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar)  as ações do
- Desenvolvimento: análise das características físicas, enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre
associadas às características psicológicas (1ª parte). uma ação ou ações  é chamado de espaço, representado no texto
- Desenvolvimento: análise das características físicas, pelos advérbios de lugar.
associadas às características psicológicas (2ª parte). Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter “quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da
geral. narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através
dos tempos verbais, mas principalmente pelos advérbios de
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele
estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predominam. que indica ao leitor “como” o fato narrado aconteceu.
Porque toda técnica descritiva implica contemplação e A história contada, por isso, passa por uma introdução
apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, (parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo
precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o pintor desenvolvimento do enredo (é a história propriamente dita,
capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma o meio, o “miolo” da narrativa, também chamada de trama)
descrição focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua e termina com a conclusão da história (é o final ou epílogo).
sensibilidade. Aquele que conta a história é o narrador,  que pode ser pessoal
(narra em 1ª pessoa: Eu) ou impessoal (narra em 3ª pessoa:
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não- Ele).
literária ou literária. Na descrição não-literária, há maior Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos
preocupação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular. de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos
Por ser objetiva, há predominância da denotação. substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes
do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é pelos verbos, formando uma rede: a própria história contada.
um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a
linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para história.
descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os
compõem, para descrever experiências, processos, etc. Elementos Estruturais (I):
Exemplo: - Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
Folheto de propaganda de carro - Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir e dão lugar à trama que se estabelece na ação. Revelam-se por
o espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando meio de características físicas ou psicológicas. Os personagens
tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat podem ser lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais
Variant possuem direção hidráulica e ar condicionado de (trabalhador, estudante, burguês etc.) ou tipos humanos (o
elevada capacidade, proporcionando a climatização perfeita do medroso, o tímido, o avarento etc.), heróis ou antiheróis,
ambiente. protagonistas ou antagonistas.
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui - Narrador: é quem conta a história.

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APOSTILAS OPÇÃO
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico. Tipos de Discurso:
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente
tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o tempo para o personagem, sem a sua interferência.
interior, subjetivo. Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem
diz, sem lhe passar diretamente a palavra.
Elementos Estruturais (II): Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do
Personagens Quem? Protagonista/Antagonista personagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente
Acontecimento O quê? Fato recente. Surgiu com romancistas inovadores do século XX.
Tempo Quando? Época em que ocorreu o fato
Espaço Onde? Lugar onde ocorreu o fato Sequência Narrativa:
Modo Como? De que forma ocorreu o fato
Causa Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias:
Resultado - previsível ou imprevisível. uma coordenase a outra, uma implica a outra, uma subordinase
Final - Fechado ou Aberto. a outra.
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se - uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um
de tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente, dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo);
como simples exemplos de uma narração. Há uma relação - uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma
de implicação mútua entre eles, para garantir coerência e competência para fazer algo);
verossimilhança à história narrada. - uma em que a personagem executa aquilo que queria ou
Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão, devia fazer (é a mudança principal da narrativa);
obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as - uma em que se constata que uma transformação se deu e
personagens ou o fato a ser narrado. em que se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens
(geralmente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os
Existem três tipos de foco narrativo: maus).

- Narrador-personagem: é aquele que conta a história na Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se
qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata a
mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa. realização de uma mudança é porque ela se verificou, e ela
- Narrador-observador: é aquele que conta a história como efetuase porque quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazêla.
alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento:
história é contada em 3ª pessoa. quando se assina a escritura, realizase o ato de compra; para
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou dever
e as personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos comprar (respectivamente, querer deixar de pagar aluguel ou
íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece ter necessidade de mudar, por ter sido despejado, por exemplo).
misturada com pensamentos dos personagens (discurso Algumas mudanças são necessárias para que outras se
indireto livre). deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um
bambu ou outro instrumento para derrubála. Para ter um carro,
Estrutura: é preciso antes conseguir o dinheiro.
- Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados
alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da Narrativa e Narração
história, como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá.
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade
propriamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, é um componente narrativo que pode existir em textos que
conduzindo ao clímax. não são narrações. A narrativa é a transformação de situações.
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu Por exemplo, quando se diz “Depois da abolição, incentivouse
momento crítico, tornando o desfecho inevitável. a imigração de europeus”, temos um texto dissertativo, que,
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações no entanto, apresenta um componente narrativo, pois contém
dos personagens. uma mudança de situação: do não incentivo ao incentivo da
imigração européia.
Tipos de Personagens: Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto,
Os personagens têm muita importância na construção de um o que é narração?
texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser principais ou A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características:
secundários, conforme o papel que desempenham no enredo, - é um conjunto de transformações de situação (o texto de
podem ser apresentados direta ou indiretamente. Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, preenche
A apresentação direta acontece quando o personagem essa condição);
aparece de forma clara no texto, retratando suas características - é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos
físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando concretos (o texto “Porquinho-daíndia» preenche também esse
os personagens aparecem aos poucos e o leitor vai construindo requisito);
a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir de - as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal
suas ações, do que ela vai fazendo e do modo como vai fazendo. que, entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e
posterioridade (no texto “Porquinhodaíndia» o fato de ganhar
- Em 1ª pessoa: o animal é anterior ao de ele estar debaixo do fogão, que por
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a sua vez é anterior ao de o menino leválo para a sala, que por seu
história e é o protagonista. turno é anterior ao de o porquinhoda-índia voltar ao fogão).
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar,
eu estava lá e vi. Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre
pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear
- Em 3ª pessoa: da temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no
romance machadiano Memórias póstumas de Brás Cubas,
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa. quando o narrador começa contando sua morte para em
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como seguida relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada.
sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo: No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as relações
de anterioridade e de posterioridade.

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APOSTILAS OPÇÃO
Resumindo: na narração, as três características explicadas Apresentação da Narrativa:
acima (transformação de situações, figuratividade e relações - visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em
de anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados) quadrinhos) e desenhos.
devem estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha só - auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e discos.
uma ou duas dessas características não é uma narração. - audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas.

Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto Dissertação


narrativo:
- Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação
aconteceu, quando e onde. de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema.
- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio,
personagens. clareza, coerência, objetividade na exposição, um planejamento
- Desenvolvimento: detalhes do fato. de trabalho e uma habilidade de expressão.
- Conclusão: consequências do fato. É em função da capacidade crítica que se questionam
pontos da realidade social, histórica e psicológica do mundo
Caracterização Formal: e dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu
Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto significado diz respeito a um tipo de texto em que a exposição
narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade, de uma ideia, através de argumentos, é feita com a finalidade
porquanto a criação e o colorido do contexto estão em função de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou artístico.
da individualidade e do estilo do narrador. Dependendo do Observe-se que:
enfoque do redator, a narração terá diversas abordagens. Assim - o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade
é de grande importância saber se o relato é feito em primeira com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem
pessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, há a participação particular e do que faz para chegar a ser primeiroministro, mas
do narrador; segundo, há uma inferência do último através da do homem em geral e de todos os métodos para atingir o poder);
onipresença e onisciência. - existe mudança de situação no texto (por exemplo, a
Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da corte
acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo no momento em que se tornam primeirosministros);
o aspecto linear e constituindo o que se denomina “flashback”. - a progressão temporal dos enunciados não tem importância,
O narrador que usa essa técnica (característica comum no pois o que importa é a relação de implicação (clamar contra a
cinema moderno) demonstra maior criatividade e originalidade, corrupção da corte implica ser corrupto depois da nomeação
podendo observar as ações ziguezagueando no tempo e no para primeiroministro).
espaço.
Características:
Exemplo - Personagens - ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é
temático;
“Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. - como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação;
Amâncio não viu a mulher chegar. - ao contrário do texto narrativo, nele as relações de
Não quer que se carpa o quintal, moço? anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm maior
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face importância o que importa são suas relações lógicas: analogia,
escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do pertinência, causalidade, coexistência, correspondência,
passado, os olhos).” implicação, etc.
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mercado - a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de
Aberto, p. 5O) redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem
características próprias a cada tipo de texto.
Exemplo - Espaço  
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza / Conclusão.
escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. Não
havia, em todo o caso, como negarlhe a insipidez.” Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta a
ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu desenvolvimento.
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto Tipos:
Alegre: Movimento, 1981, p. 51) - Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos.
Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que
Exemplo - Tempo olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...”
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um
“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembrase: a fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início no começo
mulher lhe pediu que a chamasse cedo.” dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que
a década colecionou, agravou vários dos históricos problemas
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4) sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana,
cuja escalada tem sido facilmente identificada pela população
Tipologia da Narrativa Ficcional: brasileira.”
- Romance - Proposição: o autor explicita seus objetivos.
- Conto - Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma
- Crônica coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na sua”? Quer
- Fábula se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano!
- Lenda Faça parte desse time de vencedores desde a escolha desse
- Parábola momento!
- Anedota - Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex: “É
- Poema Épico importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é a
solução no combate à insegurança.”
Tipologia da Narrativa NãoFiccional: - Características: caracterização de espaços ou aspectos.
- Memorialismo - Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex:
- Notícias “Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com
- Relatos televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de
- História da Civilização aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo, existem

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APOSTILAS OPÇÃO
no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar programas) e 7º Parágrafo: Conclusão
2.624 repetidoras (que apenas retransmitem sinais recebidos). F. Uma possível solução é apresentada.
(...)” G. O texto conclui que desigualdade não se casa com
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato. modernidade.
- Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do
texto. Ex: “A principal característica do déspota encontra-se no É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar
fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos
que definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder, recursos que permite uma segurança maior no momento de
escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre exclusivamente de dissertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são atitudes
sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.” que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento de
- Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que um texto dissertativo.
compõem o texto.
- Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a Ainda temos:
pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o
futebol não é uma prova de alienação?” assunto que vai ser abordado.
- Suspense: alguma informação que faça aumentar a Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo
curiosidade do leitor. discutido.
- Comparação: social e geográfica. Argumentação: é um conjunto de procedimentos
- Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à linguísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas
distância, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer
das massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma determinada
que marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira tese.
doença do século...”
- Narração: narrar um fato. Estes assuntos serão vistos com mais afinco posteriormente.

Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial, Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são:
de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais - toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de
importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias formas: pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação;
- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com - em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
este tipo de abordagem. - a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a ideia - impõem-se sempre o raciocínio lógico;
principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a definição. - a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração
distintas. do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original,
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal
favoráveis e desfavoráveis. (evitar-se o uso da primeira pessoa).
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou
descrever uma cena. O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar:
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos. uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) e uma ou
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para mais frases que explicitem tal ideia.
prováveis resultados. Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada
- Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve (ideia central) porque oculta os problemas sociais realmente
apresentar questionamento e reflexão. graves. (ideia secundária)”.
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, Vejamos:
valores, juízos. Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida
- Causa e Consequência: estruturar o texto através dos urgentemente.
porquês de uma determinada situação.
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética. Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser
- Exemplificação: dar exemplos. combatida urgentemente, pois a alta concentração de elementos
tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo
Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fechamento daquelas que sofrem de problemas respiratórios:
integrado de tudo que se argumentou. Para ela convergem todas
as ideias anteriormente desenvolvidas. - A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado
- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese. muita gente ao vício.
- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um - A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação
pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de criados pelo homem.
quem lê. - A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades
e hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvido
1º Parágrafo – Introdução apenas pela polícia.
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise
A. Tema: Desemprego no Brasil. atualmente.
Contextualização: decorrência de um processo histórico - O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a
problemático. sociedade brasileira.

2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:

B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de
remetem a uma análise do tema em questão. coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de características,
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemento
realidade. necessário à afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de enumerar, seguindo-se os critérios de importância, preferência,
quem propõe soluções. classificação ou aleatoriamente.
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição. Exemplo:
1- O adolescente moderno está se tornando obeso por várias
causas: alimentação inadequada, falta de exercícios sistemáticos

Língua Portuguesa 11
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APOSTILAS OPÇÃO
e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
de Televisão. Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida
(geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do texto, por
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois
número de emissoras que dedicam parte da sua programação à itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento.
veiculação de programas religiosos de crenças variadas. Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a
hipótese ou a tese a ser defendida.
3- Desenvolvimento: exposição de elementos que vão
- A Santa Missa em seu lar. fundamentar a ideia principal que pode vir especificada
- Terço Bizantino. através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da
- Despertar da Fé. causa e da consequência, das definições, dos dados estatísticos,
- Palavra de Vida. da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No
- Igreja da Graça no Lar. desenvolvimento são usados tantos parágrafos quantos
forem necessários para a completa exposição da ideia. E esses
4- parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras expostas
- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo acima.
brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilíbrios Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve
sociológicos e poluição. aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já
- Existem várias razões que levam um homem a enveredar foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação
pelos caminhos do crime. (um parágrafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo, objetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese
porque pode trazer muitas consequências indesejáveis. ou da tese, acrescida da argumentação básica empregada no
- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua desenvolvimento.
sobrevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre
várias categorias.
Discurso é a prática humana de construir textos, sejam eles
Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através escritos ou orais. Sendo assim, todo discurso é uma prática
da comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e social. A análise de um discurso deve, portanto, considerar o
apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança. contexto em que se encontra, assim como as personagens e as
Exemplo: condições de produção do texto.

“A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a Em um texto narrativo, o autor pode optar por três tipos
velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente de discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso
sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a indireto livre. Não necessariamente estes três discursos estão
felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”. separados, eles podem aparecer juntos em um texto. Dependerá
(Arthur Schopenhauer) de quem o produziu.

Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes, Vejamos cada um deles:


encontra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato
motivador) e, em outras situações, um segmento indicando Discurso Direto: Neste tipo de discurso as personagens
consequências (fatos decorrentes). ganham voz. É o que ocorre normalmente em diálogos. Isso
permite que traços da fala e da personalidade das personagens
Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam sejam destacados e expostos no texto. O discurso direto
temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos. reproduz fielmente as falas das personagens. Verbos como
dizer, falar, perguntar, entre outros, servem para que as falas das
Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se personagens sejam introduzidas e elas ganhem vida, como em
conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais uma peça teatral.
compreensíveis.
Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são muito
coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na comuns durante a reprodução das falas.
ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém
sangue vermelho-vivo, recém-oxigenado. Na artéria pulmonar, Exemplo:
porém, corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o
coração remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar “O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis
gás carbônico”. que suspira lá na língua dele - Chente! que vida dura esta de
guaxinim do banhado!...”
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve
delimitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser “- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!”
enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a
questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das Discurso Indireto: O narrador conta a história e reproduz
seguintes ideias: fala, e reações das personagens. É escrito normalmente em
terceira pessoa. Nesse caso, o narrador se utiliza de palavras
- A violência contra os povos indígenas é uma constante na suas para reproduzir aquilo que foi dito pela personagem.
história do Brasil.
- O surgimento de várias entidades de defesa das populações Exemplo:
indígenas.
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio “Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de
brasileiro. Assis)
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo
fazer a estruturação do texto. se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra,
imaginava podiam ser onze horas.” (Lima Barreto)

Língua Portuguesa 12
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APOSTILAS OPÇÃO
Passagem do discurso direto para discurso indireto (C) Normalmente é escrito na terceira pessoa. As falas são
iniciadas com o sujeito, mais o verbo de elocução seguido da fala
Na passagem do discurso direto para o discurso indireto, da personagem.
ocorre mudança nas pessoas do discurso, mudança nos tempos (D) No discurso indireto as personagens são conhecidas
verbais, mudança na pontuação das frases e mudança nos através de seu próprio discurso, ou seja, através de suas pró-
advérbios e adjuntos adverbiais. prias palavras. 

Mudança das pessoas do discurso: Toda a narrativa que 02. Assinale a alternativa que melhor complete o seguinte
se encontre na 1.ª pessoa no discurso direto passa para a 3.ª trecho:
pessoa no discurso indireto, incluindo nessa mudança não só o No plano expressivo, a força da ____________ em _____________
verbo, mas também todos os pronomes que aparecem na frase, provém essencialmente de sua capacidade de _____________ o epi-
como os pronomes eu, nós e meu, que passam para ele/ela, eles/ sódio, fazendo ______________ da situação a personagem, tornando-
elas e seu no discurso indireto. -a viva para o ouvinte, à maneira de uma cena de teatro __________
o narrador desempenha a mera função de indicador de falas.
Mudança de tempos verbais nos tempos do indicativo: O (A) narração - discurso indireto - enfatizar - ressurgir – onde;
presente no discurso direto passa para pretérito imperfeito no (B) narração - discurso onisciente - vivificar - demonstrar-
discurso indireto, o pretérito perfeito no discurso direto passa -se – donde;
para pretérito mais-que-perfeito no discurso indireto e o futuro (C) narração - discurso direto - atualizar - emergir - em que;
do presente no discurso direto passa para futuro do pretérito no (D) narração - discurso indireto livre - humanizar - imergir
discurso indireto. - na qual;
(E) dissertação - discurso direto e indireto - dinamizar - pro-
Mudança de tempos verbais nos tempos do subjuntivo: tagonizar - em que.
O presente e o futuro no discurso direto passam para pretérito
imperfeito no discurso indireto. 03. Faça a associação entre os tipos de discurso e assinale a
sequência correta.
Mudança de tempos verbais no imperativo: O imperativo
no discurso direto passa para pretérito imperfeito do subjuntivo 1. Reprodução fiel da fala da personagem, é demarcado
no discurso indireto. pelo uso de travessão, aspas ou dois pontos. Nesse tipo de dis-
curso, as falas vêm acompanhadas por um verbo de elocução,
Mudança na pontuação das frases: Frases interrogativas, responsável por indicar a fala da personagem.
exclamativas e imperativas no discurso direto passam para 2. Ocorre quando o narrador utiliza as próprias palavras
frases declarativas no discurso indireto. para reproduzir a fala de um personagem.
3. Tipo de discurso misto no qual são associadas as ca-
Mudança nas noções temporais: As noções temporais racterísticas de dois discursos para a produção de outro. Nele a
como ontem, hoje e amanhã no discurso direto passam para no fala da personagem é inserida de maneira discreta no discurso
dia anterior, naquele dia e no dia seguinte no discurso indireto. do narrador.

Mudança nas noções espaciais: As noções espaciais como ( ) discurso indireto


aqui, aí, este e isto no discurso direto passam para ali, lá, aquele ( ) discurso indireto livre
e aquilo no discurso indireto. ( ) discurso direto

Exemplo: (A) 3, 2 e 1.
(B) 2, 3 e 1.
Discurso direto: - Iremos de férias amanhã. (C) 1, 2 e 3.
Discurso indireto: Eles disseram que iriam de férias no dia (D) 3, 1 e 2.
seguinte.
04. “Impossível dar cabo daquela praga. Estirou os olhos
Discurso Indireto Livre: O texto é escrito em terceira pessoa pela campina, achou-se isolado. Sozinho num mundo coberto
e o narrador conta a história, mas as personagens têm voz de penas, de aves que iam comê-lo. Pensou na mulher e sus-
própria, de acordo com a necessidade do autor de fazê-lo. Sendo pirou.  Coitada de Sinhá Vitória, novamente nos descampados,
assim é uma mistura dos outros dois tipos de discurso e as duas transportando o baú de folha.”
vozes se fundem.
O narrador desse texto mistura-se de tal forma à persona-
Exemplo: gem que dá a impressão de que não há diferença entre eles. A
personagem fala misturada à narração. Esse discurso é chama-
“Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com do:
a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que (A) discurso indireto livre
pena! Houve um momento em que esteve quase... quase!” (B) discurso direto
(C) discurso indireto
“Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. (D) discurso implícito
Entretanto, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Machado) (E) discurso explícito 

“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para Respostas


que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos.
Irmãos.” (Graciliano Ramos) 01. Resposta D
Apenas no discurso direto as personagens ganham voz. Para
FONTE: Celso Cunha in Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição. construirmos um discurso direto, devemos utilizar o travessão e
os chamados verbos de elocução, ou seja, verbos que indicam o
Questões que as personagens falaram.
Exemplo de verbo de elocução:
01. Sobre o discurso indireto é correto afirmar, EXCETO: – Muita fome! – Lucas respondeu, passando sua mão pela
(A) No discurso indireto, o narrador utiliza suas próprias pa- barriga.
lavras para reproduzir a fala de um personagem. No exemplo acima, o verbo “respondeu” é o verbo de elocu-
(B) O narrador é o porta-voz das falas e dos pensamentos ção.
das personagens.

Língua Portuguesa 13
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APOSTILAS OPÇÃO
02. Resposta C - O autor pela obra:

03. Resposta B Ela parecia ler Jorge Amado*.


*A obra de Jorge Amado.
04. Resposta A - O abstrato pelo concreto e vice-versa:
O discurso indireto livre é um tipo de discurso misto, em que
se associam as características do discurso direto e do indireto.  Não devemos contar com o seu coração*.
*Sentimento, sensibilidade.
Figuras de Linguagem
Sinédoque: Ocorre sinédoque quando há substituição de
As figuras de linguagem ou de estilo, de acordo com Renan um termo por outro, havendo ampliação ou redução do sentido
Bardine, são empregadas para valorizar o texto, tornando usual da palavra numa relação quantitativa. Encontramos
a linguagem mais expressiva. É um recurso linguístico para sinédoque nos seguintes casos:
expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo
originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso. - O todo pela parte e vice-versa:

As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as “A cidade inteira (1) viu assombrada, de queixo caído, o
produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor. A pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos (2) de seu cavalo.”
palavra empregada em sentido figurado, não-denotativo, passa *1 O povo. 2 Parte das patas.
a pertencer a outro campo de significação, mais amplo e criativo.
- O singular pelo plural e vice-versa:
As figuras de linguagem classificam-se em:
1) figuras de palavra; O paulista (3) é tímido; o carioca (4), atrevido.
2) figuras de harmonia; *3 Todos os paulistas. 4 Todos os cariocas.
3) figuras de pensamento;
4) figuras de construção ou sintaxe. - O indivíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum):

1) FIGURAS DE PALAVRA Para os artistas ele foi um mecenas (5).


As figuras de palavra são figuras de linguagem que consistem *5 Protetor.
no emprego de um termo com sentido diferente daquele
convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito Modernamente, a metonímia engloba a sinédoque.
mais expressivo na comunicação.
Catacrese: A catacrese é um tipo de especial de metáfora,
São figuras de palavras: “é uma espécie de metáfora desgastada, em que já não se sente
a) comparação e) catacrese nenhum vestígio de inovação, de criação individual e pitoresca.
b) metáfora f) sinestesia É a metáfora tornada hábito lingüístico, já fora do âmbito
c) metonímia g) antonomásia estilístico.” (Othon M. Garcia)
d) sinédoque h) alegoria
Exemplos: folhas de livro, pele de tomate, dente de alho,
Comparação: Ocorre comparação quando se estabelece montar em burro, céu da boca, cabeça de prego, mão de direção,
aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados ventre da terra, asa da xícara, sacar dinheiro no banco.
por conectivos comparativos explícitos – feito, assim como,
tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem – e alguns verbos – Sinestesia: A sinestesia consiste na fusão de sensações
parecer, assemelhar-se e outros. diferentes numa mesma expressão. Essas sensações podem ser
físicas (gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas
Exemplos: “Amou daquela vez como se fosse máquina. (subjetivas).
Beijou sua mulher como se fosse lógico.
Exemplo: “A minha primeira recordação é um muro velho, no
Metáfora: Ocorre metáfora quando um termo substitui quintal de uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco
outro através de uma relação de semelhança resultante da e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação
subjetividade de quem a cria. A metáfora também pode ser visual] e úmida, macia [sensações táteis], quase irreal.” (Augusto
entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo Meyer)
não está expresso, mas subentendido.
Antonomásia: Ocorre antonomásia quando designamos
Exemplo: “Supondo o espírito humano uma vasta concha, o uma pessoa por uma qualidade, característica ou fato que a
meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão.” distingue.

Metonímia: Ocorre metonímia quando há substituição de Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido,
uma palavra por outra, havendo entre ambas algum grau de alcunha ou cognome, cuja origem é um aposto (descritivo,
semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação especificativo etc.) do nome próprio.
mútua. Tal substituição fundamenta-se numa relação objetiva,
real, realizando-se de inúmeros modos: Exemplos:
“E ao rabi simples(1), que a igualdade prega,
- A causa pelo efeito e vice-versa: Rasga e enlameia a túnica inconsútil;
*1 Cristo
“E assim o operário ia Pelé (= Edson Arantes do Nascimento)
Com suor e com cimento* O poeta dos escravos (= Castro Alves)
Erguendo uma casa aqui O Dante Negro (= Cruz e Souza)
Adiante um apartamento.” O Corso (= Napoleão)
*Com trabalho.
Alegoria: A alegoria é uma acumulação de metáforas
- O lugar de origem ou de produção pelo produto: referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura poética que
consiste em expressar uma situação global por meio de outra
Comprei uma garrafa do legítimo porto*. que a evoque e intensifique o seu significado. Na alegoria, todas
*O vinho da cidade do Porto. as palavras estão transladadas para um plano que não lhes é

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comum e oferecem dois sentidos completos e perfeitos – um Paradoxo: Ocorre paradoxo não apenas na aproximação
referencial e outro metafórico. de palavras de sentido oposto, mas também na de idéias que
se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade
Exemplo: “A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor enunciada com aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é
e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos outra designação para paradoxo.
comprimários, quando não são o soprano e o contralto que
lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver;
comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a É ferida que dói e não se sente;
orquestra é excelente… (Machado de Assis) É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;” (Camões)
2) FIGURAS DE HARMONIA
Eufemismo: Ocorre eufemismo quando uma palavra ou
Chamam-se figuras de som ou de harmonia os efeitos expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como
produzidos na linguagem quando há repetição de sons ou, ainda, penosa, desagradável ou chocante.
quando se procura “imitar”sons produzidos por coisas ou seres.
Ex:“E pela paz derradeira(1) que enfim vai nos redimir
As figuras de linguagem de harmonia ou de som são: Deus lhe pague” (Chico Buarque)
*1 paz derradeira: morte
a) aliteração c) assonância
b) paronomásia d) onomatopéia Gradação: Ocorre gradação quando há uma seqüência de
palavras que intensificam uma mesma idéia.
Aliteração: Ocorre aliteração quando há repetição da
mesma consoante ou de consoantes similares, geralmente em Exemplo: “Aqui… além… mais longe por onde eu movo o
posição inicial da palavra. passo.” (Castro Alves)

Exemplo: “Toda gente homenageia Januária na janela.” Hipérbole: Ocorre hipérbole quando há exagero de uma
idéia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de
Assonância: Ocorre assonância quando há repetição da impacto.
mesma vogal ao longo de um verso ou poema.
Exemplo: “Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo
Exemplo: “Sou Ana, da cama Bilac)
da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam.” Ironia: Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação,
pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as
Paronomásia: Ocorre paronomásia quando há reprodução palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa
de sons semelhantes em palavras de significados diferentes. ou sarcástica.

Exemplo: “Berro pelo aterro pelo desterro Exemplo: “Moça linda, bem tratada,
berro por seu berro pelo seu erro três séculos de família,
quero que você ganhe que você me apanhe burra como uma porta:
sou o seu bezerro gritando mamãe.” um amor.” (Mário de Andrade)

Onomatopeia: Ocorre quando uma palavra ou conjunto de Prosopopéia: Ocorre prosopopéia (ou animização ou
palavras imita um ruído ou som. personificação) quando se atribui movimento, ação, fala,
sentimento, enfim, caracteres próprios de seres animados a
Exemplo: “O silêncio fresco despenca das árvores. seres inanimados ou imaginários.
Veio de longe, das planícies altas,
Dos cerrados onde o guaxe passe rápido… Também a atribuição de características humanas a seres
Vvvvvvvv… passou.” animados constitui prosopopéia o que é comum nas fábulas
e nos apólogos, como este exemplo de Mário de Quintana: “O
3) FIGURAS DE PENSAMENTO peixinho (…) silencioso e levemente melancólico…”

As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se Exemplos: “… os rios vão carregando as queixas do caminho.”
referem ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico. (Raul Bopp)

São figuras de linguagem de pensamento: Um frio inteligente (…) percorria o jardim…” (Clarice
Lispector)
a) antítese d) apóstrofe g) paradoxo
b) eufemismo e) gradação h) hipérbole Perífrase: Ocorre perífrase quando se cria um torneio de
c) ironia f) prosopopéia i) perífrase palavras para expressar algum objeto, acidente geográfico ou
situação que não se quer nomear.
Antítese: Ocorre antítese quando há aproximação de
palavras ou expressões de sentidos opostos. Exemplo: “Cidade maravilhosa
Cheia de encantos mil
Exemplo: “Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições Cidade maravilhosa
trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos Coração do meu Brasil.” (André Filho)
almejam o bem, e nos trazem o mal.” (Rui Barbosa)
4) FIGURAS DE SINTAXE
Apóstrofe: Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma
pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar presente As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a
ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é desvios em relação à concordância entre os termos da oração,
utilizada para dar ênfase à expressão. sua ordem, possíveis repetições ou omissões.
Elas podem ser construídas por:
Exemplo: “Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?” a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
(Castro Alves) b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;

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c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage; a norma gramatical ( geralmente a conjunção e). É um recurso
d) ruptura: anacoluto; que sugere movimentos ininterruptos ou vertiginosos.
e) concordância ideológica: silepse.
Exemplo: “Vão chegando as burguesinhas pobres,
Portanto, são figuras de linguagem de construção ou sintaxe: e as criadas das burguesinhas ricas
a) assíndeto e) elipse i) zeugma e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.”
b) anáfora f) pleonasmo j) polissíndeto (Manuel Bandeira)
c) anástrofe g) hiperbato l) sínquise
d) hipálage h) anacoluto m) silepse Anástrofe: Ocorre anástrofe quando há uma simples
inversão de palavras vizinhas (determinante / determinado).
Assíndeto: Ocorre assíndeto quando orações ou palavras
deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas, aparecem Exemplo: “Tão leve estou (1) que nem sombra tenho.” (Mário
justapostas ou separadas por vírgulas. Quintana)
*1 Estou tão leve…
Exigem do leitor atenção maior no exame de cada fato, por
exigência das pausas rítmicas (vírgulas). Hipérbato: Ocorre hipérbato quando há uma inversão
completa de membros da frase.
Exemplo: “Não nos movemos, as mãos é que se estenderam
pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, Exemplo: “Passeiam à tarde, as belas na Avenida. ” 1 (Carlos
fundindo-se.” (Machado de Assis) Drummond de Andrade)
*1 As belas passeiam na Avenida à tarde.
Elipse: Ocorre elipse quando omitimos um termo ou
oração que facilmente podemos identificar ou subentender no Sínquise: Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta
contexto. Pode ocorrer na supressão de pronomes, conjunções, de distantes partes da frase. É um hipérbato exagerado.
preposições ou verbos. É um poderoso recurso de concisão e
dinamismo. Exemplo: “A grita se alevanta ao Céu, da gente. ” 1 (Camões)
*1 A grita da gente se alevanta ao Céu.
Exemplo: “Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias
coloridas.” Hipálage: Ocorre hipálage quando há inversão da posição do
1 Elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de adjetivo: uma qualidade que pertence a uma objeto é atribuída a
sandálias…) outro, na mesma frase.

Zeugma: Ocorre zeugma quando um termo já expresso na Exemplo: “… as lojas loquazes dos barbeiros.” 2 (Eça de
frase é suprimido, ficando subentendida sua repetição. Queiros)
*2 … as lojas dos barbeiros loquazes.
Exemplo: “Foi saqueada a vida, e assassinados os partidários
dos Felipes.” 1 Anacoluto: Ocorre anacoluto quando há interrupção
1 Zeugma do verbo: “e foram assassinados…” do plano sintático com que se inicia a frase, alterando-lhe a
seqüência lógica. A construção do período deixa um ou mais
Anáfora: Ocorre anáfora quando há repetição intencional de termos – que não apresentam função sintática definida –
palavras no início de um período, frase ou verso. desprendidos dos demais, geralmente depois de uma pausa
sensível.
Exemplo: “Depois o areal extenso…
Depois o oceano de pó… Exemplo: “Essas empregadas de hoje, não se pode confiar
Depois no horizonte imenso nelas.” (Alcântara Machado)
Desertos… desertos só…” (Castro Alves)
Silepse: Ocorre silepse quando a concordância não é feita
Pleonasmo: Ocorre pleonasmo quando há repetição da com as palavras, mas com a ideia a elas associada.
mesma ideia, isto é, redundância de significado.
a) Silepse de gênero: Ocorre quando há discordância entre
a) Pleonasmo literário: É o uso de palavras redundantes para os gêneros gramaticais (feminino ou masculino).
reforçar uma ideia, tanto do ponto de vista semântico quanto
do ponto de vista sintático. Usado como um recurso estilístico, Exemplo: “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.”
enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem. (Guimarães Rosa)

Exemplo: “Iam vinte anos desde aquele dia b) Silepse de número: Ocorre quando há discordância
Quando com os olhos eu quis ver de perto envolvendo o número gramatical (singular ou plural).
Quando em visão com os da saudade via.” (Alberto
de Oliveira) Exemplo: Corria gente de todos lados, e gritavam.” (Mário
Barreto)
“Ó mar salgado, quando do teu sal
São lágrimas de Portugal” (Fernando Pessoa) c) Silepse de pessoa: Ocorre quando há discordância entre o
sujeito expresso e a pessoa verbal: o sujeito que fala ou escreve
b) Pleonasmo vicioso: É o desdobramento de ideias que se inclui no sujeito enunciado.
já estavam implícitas em palavras anteriormente expressas.
Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm valor de Exemplo: “Na noite seguinte estávamos reunidas algumas
reforço de uma idéia, sendo apenas fruto do descobrimento do pessoas.” (Machado de Assis)
sentido real das palavras.
Questões
Exemplos: subir para cima, entrar para dentro, repetir de
novo, ouvir com os ouvidos, hemorragia de sangue, monopólio 01. Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto
exclusivo, breve alocução, principal protagonista faz uso de um tipo de linguagem figurada denominada
(A) metonímia.
Polissíndeto: Ocorre polissíndeto quando há repetição (B) eufemismo.
enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige (C) hipérbole.

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(D) metáfora. suas particularidades acústicas e perceptivas. Ela fundamenta-
(E) catacrese. se em estudar os sons da voz humana, examinando suas
propriedades físicas independentemente do seu “papel
02. Identifique a figura de linguagem presente na tira lingüístico de construir as formas da língua”. Sua unidade
seguinte: mínima de estudo é o som da fala, ou seja, o fone.
A Fonética se diferencia da Fonologia por considerar os sons
independentes das oposições paradigmáticas e combinações
sintagmáticas. Observe no esquema:

1. Oposições paradigmáticas: aquelas cuja presença ou


ausência implica em mudança de sentido. Ex.
/p/ata /b/ata /m/ata
Oclusiva Oclusiva Oclusiva
Bilabial Bilabial Bilabial
Surda Sonora Surda
(A) metonímia Oral Oral Nasal
(B) prosopopeia
(C) hipérbole 2. Combinações Sintagmáticas: arranjos e disposições
(D) eufemismo lineares no contínuo sonoro. Troca na posição dos fonemas
(E) onomatopeia entre si. Ex.
03. Roma, amor, mora, ramo
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.
A Fonética e a Fonologia são duas disciplinas interdependentes,
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de uma vez que, para qualquer estudo de natureza fonológica, é
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, imprescindível partir do conteúdo fonético, articulatório e/ou
horário do dia em que o calor é mais intenso, a temperatura acústico, para determinar as unidades distintivas de cada língua.
do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a Desta forma, a Fonética e a Fonologia não são dicotômicas, pois a
65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local alcançasse Fonética trata da substância da expressão, enquanto a Fonologia
aproximadamente 90 ºC. trata da forma da expressão, constituindo, as duas ciências,
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: dentro de um mesmo plano de expressão.
22 jan. 2014. O termo ‘Fonética’ pode significar tanto o estudo de qualquer
som produzido pelos seres humanos, quando o estudo da
O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para articulação, da acústica e da percepção dos sons utilizados em
fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de linguagem. O línguas específicas. No primeiro tipo de investigação, torna-se
autor do texto refere-se a qual figura de linguagem? evidente a autonomia da Fonética em relação à Fonologia. No
(A) Eufemismo. segundo tipo de investigação, porém, as relações entre as duas
(B) Hipérbole. ciências se tornam patentes.
(C) Paradoxo.
(D) Metonímia. VOGAIS
(E) Hipérbato.

04. A linguagem por meio da qual interagimos no nosso


dia a dia pode revestir-se de nuances as mais diversas: pode
apresentar-se em sentido literal, figurado, metafórico. A opção
em cujo trecho utilizou-se linguagem metafórica é
(A) O equilíbrio ou desequilíbrio depende do ambiente
familiar.
(B) Temos medo de sair às ruas.
(C) Nestes dias começamos a ter medo também dentro dos
shoppings.
(D) Somos esse novelo de dons.
(E) As notícias da imprensa nos dão medo em geral.

05. No verso “Essa dor doeu mais forte”, pode-se perceber a


presença de uma figura de linguagem denominada:
(A) ironia
(B) pleonasmo
(C) comparação
(D) metonímia
Respostas Transcrição Fonética:
01. D\02. D\03. B\04. D\05. B
As transcrições fonéticas são feitas entre colchetes [...] e para
fazê-las, os linguistas recorrem ao Quadro Fonético Internacional.
III - Fonética - fonologia: Nesse quadro há para cada fone um símbolo fonético específico.
Fonemas: vogais, consoantes e Segue abaixo uma versão adaptada do quadro:
semivogais; encontros vocálicos,
consonantais e dígrafos; Sílabas.

Fonética

A fonética, de acordo com Paula Perin dos Santos, estuda


os sons como entidades físico-articulatórias isoladas (aparelho
fonador). Cabe a ela descrever os sons da linguagem e analisar

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Dessa forma, dizemos que fonologia nada mais é do que o
estudo dos sons. Esses sons, dos quais essa parte da gramática
se ocupa em analisar, são representados pelos fonemas (fono +
ema = unidade sonora distinta). No intuito de compreendermos
melhor essa questão, analisemos os exemplos descritos adiante:

Constata-se que ambos os vocábulos apresentam


semelhanças em alguns aspectos, como por exemplo, as
terminações “-ata”. No entanto, quando expressos oralmente,
divergem de forma significativa em virtude da existência de
fonemas diferentes, representados graficamente por /m/ e /p/
– fator responsável por atribuir aos vocábulos cargas semânticas
diferentes. Mediante tal constatação, podemos dizer que os
Fonte: http://www.fonologia.org/fonetica_articulatoria.php
fonemas são os sons representados pelas letras.
Entretanto, devemos observar alguns detalhes
Exemplos de transcrições fonéticas de palavras:
importantíssimos, como a diferenciação demarcada entre
letras e fonemas. Estes, como dito anteriormente, são os
sons representados, e aquelas são apenas sinais gráficos que
procuram representar esses sons, embora nem sempre tal
representação se dê de maneira perfeita. Vejamos o porquê
dessa ocorrência:
* Há fonemas representados por letras diferentes, como é o
caso do fonema que as letras “g” e “j” representam em “ginástica”
e “jiló”;
* Existem fonemas representados por duas letras, tais como
o /r/ de “guerra” e /s/ de “pássaro”;
* Há casos nos quais a letra não corresponde a nenhum
fonema, como é o caso do “h” manifestado em “hipopótamo”.
* Ocorrem casos em que uma mesma letra representa
fonemas diferentes, como por exemplo, a letra “g” em “gato” e
“ginástica”.
* Há ainda casos em que uma letra representa dois fonemas,
tal qual ocorre com o “x” de “anexar”, o qual soa como “ks”.
Dessa forma, conclui Vânia Duarte, para que sempre
possamos perceber as diferenças demarcadas pelo emprego dos
fonemas é sempre louvável pronunciarmos as palavras em voz
alta, de modo a detectarmos tal identificação.

Fontes: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/
Fonologia http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/fonologia.htm

Fonologia é o ramo da Linguística que estuda o sistema Letra e fonema


sonoro de um idioma. Ao estudar a maneira como os fones
(sons) se organizam dentro de uma língua, classifica-os em Fonema é som da fala. Letra é o sinal gráfico que representa
unidades capazes de distinguir significados, chamadas fonemas. o som da fala.
Segundo Saussure, “a fonética é uma ciência histórica, que O sistema fonético do português falado no Brasil registra um
analisa acontecimentos, transformações e se move no tempo”. número aproximado de 33 fonemas. Já o alfabeto português é
Já a fonologia se coloca fora do tempo, pois o mecanismo da constituído de 26 letras.
articulação permanece estável de acordo com a estrutura da O número de fonemas nem sempre é igual ao número de
língua em questão. letra em uma palavra:
Mesmo não sendo uma concepção contemporânea, foi Duas letras podem representar um só fonema - carroça;
Saussure quem primeiro fez a distinção entre as duas ciências, assalto; chave...
através do uso de suas dicotomias (Langue/Parole, Forma/ A letra x pode representar dois fonemas ao mesmo tempo -
Substância). Foi com componentes do Círculo Lingüístico de fixo (/k//s/); táxi (/k//s/)
Praga que a Fonologia passa a adquirir seu próprio objeto de Há letras que não representam fonemas, mas são apenas
estudo. símbolo de nasalidade - canto [cãto], santo [sãto]; falam [falã]
Cotidianamente ouvimos algumas palavras relacionadas à
fonologia, morfologia e sintaxe. Talvez para alguns, no tocante Observação:
ao significado, essas possam ainda ser desconhecidas, em A letra H não corresponde a nenhum som. É apenas um
decorrência de alguns fatores aqui não discutidos. símbolo de aspiração, que permanece em nosso alfabeto por
O fato é que, na verdade, todas elas integram as partes força da etimologia e da tradição.
constituintes da gramática, cada uma atribuída a objetos de
estudo distintos. Assim, tendo em vista a finalidade do artigo DÍGRAFO
em questão, pautemo-nos no estudo apenas da fonologia. Para Dígrafo - é o conjunto de duas letras que representam um só
tanto, retomemos alguns conceitos relacionados à origem dessa fonema. São dígrafos:
palavra, visto que não somente ela, mas como a maioria de ch - chave, achar
nossos vocábulos, originaram-se de outras línguas existentes lh - lhama, telha
no passado. Portanto, temos que “fono” se origina do grego, cujo nh - ninho, menininho
sentido se refere a “som”, “voz”; e “logia”, originária também rr - terra, carro
do mesmo idioma, possui significado relativo a “estudo”, ss - isso, pássaro
“conhecimento”.

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APOSTILAS OPÇÃO
gu - guincho, joguinho CLASSIFICAÇÃO DAS VOGAIS
qu - quiabo, aquilo 1. Quanto a zona de articulação
sc - nascer, descer * anteriores ou palatais: quando à língua se eleva
sç - cresça, desça gradualmente para a frente. (/ É / - / Ê / - / I /)
xc - excelente, excêntrico *média: quando o fonema vocálico é emitido coma língua
baixa, quase em repouso. (/ A /)
Também são dígrafos os grupos que servem para representar *posteriores ou velares: quando a língua se eleva para trás.
as vogais nasais. São eles: (/ Õ / - / Ô / - / U /)
am - campo
an - anta 2. Quanto à intensidade
em - embora * átonas - são aquelas que se pronunciam com menor
en - tentar intensidade ( casa, rosa, Pelé).
im - importar * tônicas - são as que se pronunciam com maior intensidade,
in - findo isto é, onde cai o acento tônico (casa, rosa , Pelé).
om - bomba
on - desponta 3. Quanto ao Timbre
um - atum *abertas: maior abertura do tubo vocal. (pá, pé, pó)
un - profundo *fechadas: menor abertura do tubo vocal. (vê, vinda, avô,
mundo)
Não confunda os fonemas com as letras. Fonema é um
elemento acústico e a letra é um sinal gráfico que representa 4. Quanto ao papel das cavidades bucal e nasal: as vogais
o fonema. Nem sempre o número de fonemas de uma palavra podem ser orais e nasais
corresponde ao número de letras que usamos para escrevê-la. * orais: são aquelas cuja ressonância se dá na boca: ( par, fé,
Na palavra chuva, por exemplo, temos quatro fonemas, isto é, negro, vida, voto, povo, tudo)
quatro unidades sonoras [xuva] e cinco letras. * nasais: são aquelas cuja ressonância se dá no nariz (lã,
Certos fonemas podem ser representados por diferentes pente - cinco - conto - mundo)
letras. É o caso do fonema /s/, que pode ser representado por: s
(pensar) – ss (passado) – x (trouxe) – ç (caçar) – sc (nascer) – xc CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES
(excelente) – c (cinto) – sç (desço) 1.Quanto ao modo de articulação:
Às vezes, a letra “x” pode representar mais de um fonema, * oclusivas: quando a corrente expiratória encontra um
como na palavra táxi. Nesse caso, o “x” representa dois sons, obstáculo total (oclusão), que impede a saída do ar, explodindo
pois lemos “táksi”. Portanto, a palavra táxi tem quatro letras e subitamente. / P / - / T / - / K / - / B / - / D / - / G /
cinco fonemas. * constritivas: quando há um estreitamento do canal bucal,
Em certas palavras, algumas letras não representam nenhum saindo a corrente de ar apertada ou constrita, ou melhor, quando
fonema, como a letra h, por exemplo, em palavras como hora, o obstáculo é parcial.
hoje, etc., ou como as letras m e n quando são usadas apenas * fricativas: quando a corrente expiratória passa por uma
para indicar a nasalização de uma vogal, como em canto, tinta, estreita fenda, o que produz um ruído comparável a um fricção.
etc. /F/-/S/-/X/-/N/-/Z/-/J/
* laterais: quando a ponta ou dorso da língua se apóia
Classificação dos Fonemas no palato (céu da boca), saindo a corrente de ar pelas fendas
Vogais: são fonemas que saem livremente pelo canal bucal. laterais da boca. / L / - / LH /
(a, e, i, o, u) * vibrantes: quando a ponta mantém com os alvéolos contato
Consoantes: são fonemas produzidos com obstáculos à intermitente, o que acarreta um movimento vibratório rápido,
passagem da corrente expiratória (b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q, abrindo e fechando a passagem à corrente expiratória. / R / - /
r, s, t, v, x, w, y, z). RR /

Semivogais: são as vogais I ou U, quando acompanhadas de 2. Quanto ao ponto de articulação:


outra vogal na mesma sílaba, formando, assim, um ditongo ou * bilabiais: quando há contato dos lábios.
tritongo. * labiodentais: quando há contato da ponta da língua com a
Exemplo: CASEIRO arcada dentária superior.
* alveolares: quando há contato da ponta da língua com os
Sílaba: fonema ou grupo de fonemas emitidos de uma só vez. alvéolos dos dentes superiores.
Exemplo: Acaso (a - ca - so). * palatais: quando há contato do dorso da língua com o
palato duro, ou céu da boca.
ENCONTROS VOCÁLICOS * velares: quando há contato da parte posterior da língua
Ditongo: é o encontro de uma vogal e de uma semivogal ou com o palato mole, o véu palatino.
vice-versa na mesma sílaba.
Os ditongos podem ser: orais ou nasais, crescentes ou 3.Quanto ao papel das cordas vocais:
decrescentes. * surdas:quando são produzidas sem vibração as cordas
Ditongos orais: quando a vogal e a semivogal são orais. vocais. / P / - / T / - / K / - / F / - / S / - / X /
Exemplo: pai - fui - partiu * sonoras: quando são produzidas por vibração das cordas
Ditongos nasais: quando a vogal e a semivogal são nasais. vocais. (/ B / - / D / - / G / - / V / - / Z / - / J / - / L /- / LH / - /
Exemplo: mãe - muito - quando R / - / RR / - / M / - / N / - / NH /)
Ditongos crescentes: quando constituído por uma
semivogal e uma vogal na mesma sílaba, isto é, quando a 4.Quanto ao papel das cavidades bucal e nasal:
semivogal antecede a vogal. Exemplo: lírio - história * nasais: quando a corrente expiratória se desenvolve pela
Ditongos decrescentes: quando formados por uma vogal e boca e pelo nariz, em virtude do abaixamento do véu palatino. /
uma semivogal, isto é, a vogal antecede a semivogal. Exemplo: M / - / N / - / NH /
pai - mau *orais: quando a corrente expiratória sai exclusivamente
Tritongos: é o encontro de uma vogal entre duas semivogais pela boca.
na mesma sílaba.
Tritongos orais: quais - averiguei - enxaguei ENCONTRO CONSONANTAL
Tritongos nasais: enxáguam - saguão - deságuem É o encontro de duas ou mais consoantes na mesma sílaba
Hiatos: é o encontro de duas vogais em sílabas diferentes: ou em sílabas diferentes Exemplo: su-bli-me
Exemplo: vôo (vô - o) - saúde (sa - ú - de)

Língua Portuguesa 19
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APOSTILAS OPÇÃO
DÍGRAFO OU DIGRAMA (A) Alimentação = a-li-men-ta-ção - polissílaba
É o grupo de duas letras que representam um só fonema. Os (B) Carentes = ca-ren-tes - trissílaba
dígrafos podem ser consonantais ou vocálicos. (C) Instrumento = ins-tru-men-to - polissílaba
Dígrafos consonantais: CH, LH, NH, RR, SS, SC, SÇ. XC, XS, (D) Fome = fo-me - dissílaba
QU, GU. (E) Repetência = re-pe-tên-cia – polissílaba
Dígrafos vocálicos: AM ou AN, EM ou EN, IM ou IN, OM ou
ON, UM ou UN. 04. (B) (Observe os encontros: oi, u - i, u - í e eu).

LETRAS (DIACRÍTICA E ETIMOLÓGICA) 05. (D)


Diacrítica: é a segunda letra de dígrafo. Exemplo: chave -
campo Divisão Silábica
Etimológica: é o h sem valor fonético . Exemplo: hoje - haver.
Sílaba
CONTAGEM DE FONEMAS
1.dígrafo: vale 1 fonema A palavra amor está dividida em grupos de fonemas
2.x - ks: vale 2 fonemas pronunciados separadamente: a - mor. A cada um desses grupos
3.letra etimológica: não valem fonema algum pronunciados numa só emissão de voz dá-se o nome de sílaba.
4.Exemplos: (chave -> 5 letras e 4 fonemas) (fixo -> 4 letras e Em nossa língua, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal: não
5 fonemas) (hoje -> 4 letras e 3 fonemas). existe sílaba sem vogal e nunca há mais do que uma vogal em 
cada sílaba. Dessa forma, para sabermos o número de sílabas
Fonte: http://www.mundovestibular.com.br/articles/2445/1/ de uma palavra, devemos perceber quantas vogais tem essa
CLASSIFICACAO-DOS-FONEMAS/Paacutegina1.html palavra. Atenção: as letras i e u (mais raramente com as letras e
e o) podem representar semivogais.
Questões  
Classificação das palavras quanto ao número de sílabas
01. A palavra que apresenta tantos fonemas quantas são as - Monossílabas: possuem apenas uma sílaba. Exemplos: mãe,
letras que a compõem é: flor, lá, meu;
(A) importância - Dissílabas: possuem duas sílabas. Exemplos: ca-fé, i-ra, a-í,
(B) milhares trans-por;
(C) sequer - Trissílabas: possuem três sílabas. Exemplos: ci-ne-ma, pró-
(D) técnica xi-mo, pers-pi-caz, O-da-ir;
(E) adolescente - Polissílabas: possuem quatro ou mais sílabas. Exemplos:
a-ve-ni-da, li-te-ra-tu-ra, a-mi-ga-vel-men-te, o-tor-ri-no-la-rin-
02. Em qual das palavras abaixo a letra x apresenta não um, go-lo-gis-ta.
mas dois fonemas?
(A) exemplo Divisão Silábica
(B) complexo Na divisão silábica das palavras, cumpre observar as
(C) próximos seguintes normas:
(D) executivo - Não se separam os ditongos e tritongos. Exemplos: foi-ce,
(E) luxo a-ve-ri-guou;
- Não se separam os dígrafos ch, lh, nh, gu, qu. Exemplos: cha-
03. Marque a opção que apresenta uma palavra classificada ve, ba-ra-lho, ba-nha, fre-guês, quei-xa;
como trissílaba. - Não se separam os encontros consonantais que iniciam
(A) Alimentação sílaba. Exemplos: psi-có-lo-go, re-fres-co;
(B) Carentes - Separam-se as vogais dos hiatos. Exemplos: ca-a-tin-ga, fi-
(C) Instrumento el, sa-ú-de;
(D) Fome - Separam-se as letras dos dígrafos rr, ss, sc, sç xc. Exemplos:
(E) Repetência car-ro, pas-sa-re-la, des-cer, nas-ço, ex-ce-len-te;
- Separam-se os encontros consonantais das sílabas internas,
04. Indique a alternativa cuja sequência de vocábulos excetuando-se aqueles em que a segunda consoante é l ou r.
apresenta, na mesma ordem, o seguinte: ditongo, hiato, hiato, Exemplos: ap-to, bis-ne-to, con-vic-ção, a-brir, a-pli-car.
ditongo.
(A) jamais / Deus / luar / daí Acento Tônico
(B) joias / fluir / jesuíta / fogaréu Na emissão de uma palavra de duas ou mais sílabas, percebe-
(C) ódio / saguão / leal / poeira se que há uma sílaba de maior intensidade sonora do que as
(D) quais / fugiu / caiu / história demais.
calor - a sílaba lor é a de maior intensidade.
05. Os vocabulários passarinho e querida possuem: faceiro - a sílaba cei é a de maior intensidade.
(A) 6 e 8 fonemas respectivamente; sólido - a sílaba só é a de maior intensidade.
(B)10 e 7 fonemas respectivamente; Obs.: a presença da sílaba de maior intensidade nas palavras,
(C) 9 e 6 fonemas respectivamente; em meio à sílabas de menor intensidade, é um dos elementos
(D) 8 e 6 fonemas respectivamente; que dão melodia à frase.
(E) 7 e 6 fonemas respectivamente.  
Classificação da sílaba quanto à intensidade
-Tônica: é a sílaba pronunciada com maior intensidade.
Respostas - Átona:  é a sílaba pronunciada com menor intensidade.
- Subtônica: é a sílaba de intensidade intermediária. Ocorre,
01. (D) (Em d, a palavra possui 7 fonemas e 7 letras. Nas principalmente, nas palavras derivadas, correspondendo à
demais alternativas, tem-se: a) 10 fonemas / 11 letras; b) 7 tônica da palavra primitiva. 
fonemas / 8 letras; c) 5 fonemas / 6 letras; e) 9 fonemas / 11
letras). Classificação das palavras quanto à posição da sílaba
tônica
02. (B) (a palavra complexo, o x equivale ao fonema /ks/). De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos
da língua portuguesa que contêm  duas ou mais sílabas são
03. (B) classificados em:

Língua Portuguesa 20
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APOSTILAS OPÇÃO
- Oxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a última. Exemplos: oficial. A melhor maneira de treinar a ortografia é ler, escrever e
avó, urubu, parabéns consultar o dicionário sempre que houver dúvida.
- Paroxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a penúltima.
Exemplos: dócil, suavemente, banana O Alfabeto
- Proparoxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras. Cada
antepenúltima. Exemplos: máximo, parábola, íntimo letra apresenta uma forma minúscula e outra maiúscula. Veja:

Saiba que: a A (á) b B (bê)


- São palavras oxítonas, entre outras: cateter, mister, Nobel, c C (cê) d D (dê)
novel, ruim, sutil, transistor, ureter. e E (é) f F (efe)
- São palavras paroxítonas, entre outras: avaro, aziago, g G (gê ou guê) h H (agá)
boêmia, caracteres, cartomancia, celtibero, circuito, decano, i I (i) j J (jota)
filantropo, fluido, fortuito, gratuito, Hungria, ibero, impudico, k K (cá) l L (ele)
inaudito, intuito, maquinaria, meteorito, misantropo, necropsia m M (eme) n N (ene)
(alguns dicionários admitem também necrópsia), Normandia, o O (ó) p P (pê)
pegada, policromo, pudico, quiromancia, rubrica, subido (a). q Q (quê) r R (erre)
- São palavras proparoxítonas, entre outras: aerólito, bávaro, s S (esse) t T (tê)
bímano, crisântemo, ímprobo, ínterim, lêvedo, ômega, pântano, u U (u) v V (vê)
trânsfuga. w W (dáblio) x X (xis)
- As seguintes palavras, entre outras, admitem dupla y Y (ípsilon) z Z (zê)
tonicidade: acróbata/acrobata, hieróglifo/hieroglifo, Oceânia/
Oceania, ortoépia/ortoepia, projétil/projetil, réptil/reptil, Observação: emprega-se também o ç, que representa o
zângão/zangão. fonema /s/ diante das letras: a, o, e u em determinadas palavras.
Questões:
Emprego das letras K, W e Y
01-Assinale o item em que a divisão silábica é incorreta: Utilizam-se nos seguintes casos:
A) gra-tui-to; a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus
B) ad-vo-ga-do; derivados.
C) tran-si-tó-ri-o; Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Taylor,
D) psi-co-lo-gi-a; taylorista.
E) in-ter-stí-cio.
b) Em topônimos originários de outras línguas e seus
02-Assinale o item em que a separação silábica é incorreta: derivados.
A) psi-có-ti-co; Exemplos: Kuwait, kuwaitiano.
B) per-mis-si-vi-da-de;
C) as-sem-ble-ia; c) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como
D) ob-ten-ção; unidades de medida de curso internacional.
E) fa-mí-li-a. Exemplos: K (Potássio), W (West), kg (quilograma), km
(quilômetro), Watt.
03-Assinale o item em que todos os vocábulos têm as sílabas
corretamente separadas: Emprego de X e Ch
A) al-dei-a, caa-tin-ga , tran-si-ção; Emprega-se o X:
B) pro-sse-gui-a, cus-tó-dia, trans-ver-sal; 1) Após um ditongo.
C) a-bsur-do, pra-ia, in-cons-ci-ên-cia; Exemplos: caixa, frouxo, peixe
D) o-ccip-tal, gra-tui-to, ab-di-car; Exceção: recauchutar e seus derivados
E) mis-té-ri-o, ap-ti-dão, sus-ce-tí-vel.
2) Após a sílaba inicial “en”.
04-Assinale o item em que todas as sílabas estão Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca
corretamente separadas: Exceção: palavras iniciadas por “ch” que recebem o prefixo
A) a-p-ti-dão; “en-”
B) so-li-tá-rio; Exemplos: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro),
C) col-me-i-a; encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...)
D) ar-mis-tí-ci-o;
E) trans-a-tlân-ti-co. 3) Após a sílaba inicial “me-”.
Respostas Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão
01-E / 02-C / 03-E / 04-B Exceção: mecha

IV - Ortografia: Correção 4) Em vocábulos de origem indígena ou africana e nas palavras


inglesas aportuguesadas.
ortográfica; acentuação gráfica;
Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu
divisão silábica.
5) Nas seguintes palavras:
bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar,
Caro(a) Candidato(a), o assunto “Divisão Silábica“, foi rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara, xale,
abordado no topico acima. xingar, etc.

Ortografia Emprega-se o dígrafo Ch:


1) Nos seguintes vocábulos:
A ortografia se caracteriza por estabelecer padrões para a bochecha, bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão,
forma escrita das palavras. Essa escrita está relacionada tanto chuchu, chute, cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha,
a critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) quanto mochila, pechincha, salsicha, tchau, etc.
fonológicos (ligados aos fonemas representados). É importante
compreender que a ortografia é fruto de uma convenção. A Para representar o fonema /j/ na forma escrita, a grafia
forma de grafar as palavras é produto de acordos ortográficos considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a origem
que envolvem os diversos países em que a língua portuguesa é da palavra. Veja os exemplos:

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APOSTILAS OPÇÃO
gesso: Origina-se do grego gypsos quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos
jipe: Origina-se do inglês jeep. repus, repusera, repusesse, repuséssemos

Emprega-se o G: 7) Nos seguintes nomes próprios personativos:


1) Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem Baltasar, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa, Resende, Sousa,
Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem Teresa, Teresinha, Tomás
Exceção: pajem
8) Nos seguintes vocábulos:
2) Nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio abuso, asilo, através, aviso, besouro, brasa, cortesia,
Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio decisão,despesa, empresa, freguesia, fusível, maisena, mesada,
paisagem, paraíso, pêsames, presépio, presídio, querosene,
3) Nas palavras derivadas de outras que se grafam com g raposa, surpresa, tesoura, usura, vaso, vigésimo, visita, etc.
Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem),
vertiginoso (de vertigem) Emprega-se o Z:
1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam z no
4) Nos seguintes vocábulos: radical
algema, auge, bege, estrangeiro, geada, gengiva, gibi, gilete, Exemplos:
hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, vagem. deslize- deslizar razão- razoável vazio- esvaziar
raiz- enraizar cruz-cruzeiro
Emprega-se o J:
1) Nas formas dos verbos terminados em -jar ou -jear 2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos a
Exemplos: partir de adjetivos
arranjar: arranjo, arranje, arranjem Exemplos:
despejar: despejo, despeje, despejem inválido- invalidez limpo-limpeza macio- maciez
gorjear: gorjeie, gorjeiam, gorjeando rígido- rigidez
enferrujar: enferruje, enferrujem frio- frieza nobre- nobreza pobre-pobreza surdo-
viajar: viajo, viaje, viajem surdez

2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica 3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar
Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji substantivos
Exemplos:
3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j civilizar- civilização hospitalizar- hospitalização
Exemplos: colonizar- colonização realizar- realização
laranja- laranjeira loja- lojista lisonja -
lisonjeador nojo- nojeira 4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita
cereja- cerejeira varejo- varejista rijo- enrijecer Exemplos:
jeito- ajeitar cafezal, cafezeiro, cafezinho, arvorezinha, cãozito, avezita

4) Nos seguintes vocábulos: 5) Nos seguintes vocábulos:


berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, jeito, jejum, laje, azar, azeite, azedo, amizade, buzina, bazar, catequizar, chafariz,
traje, pegajento cicatriz, coalizão, cuscuz, proeza, vizinho, xadrez, verniz, etc.

Emprego das Letras S e Z 6) Nos vocábulos homófonos, estabelecendo distinção no


Emprega-se o S: contraste entre o S e o Z
1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam s no Exemplos:
radical cozer (cozinhar) e coser (costurar)
prezar( ter em consideração) e presar (prender)
Exemplos: traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior)
análise- analisar catálise- catalisador
casa- casinha, casebre liso- alisar Observação: em muitas palavras, a letra X soa como Z. Veja os
exemplos:
2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título exame exato exausto exemplo existir exótico
ou origem inexorável
Exemplos:
burguês- burguesa inglês- inglesa Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs
chinês- chinesa milanês- milanesa Existem diversas formas para a representação do fonema /S/.
Observe:
3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e -osa
Exemplos: Emprega-se o S:
catarinense gostoso- gostosa amoroso- amorosa Nos substantivos derivados de verbos terminados em
palmeirense gasoso- gasosa teimoso- teimosa “andir”,”ender”, “verter” e “pelir”
Exemplos:
4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa expandir- expansão pretender- pretensão verter-
Exemplos: versão expelir- expulsão
catequese, diocese, poetisa, profetisa, sacerdotisa, glicose, estender- extensão suspender- suspensão
metamorfose, virose converter - conversão repelir- repulsão

5) Após ditongos Emprega-se Ç:


Exemplos: Nos substantivos derivados dos verbos “ter” e “torcer”
coisa, pouso, lousa, náusea Exemplos:
ater- atenção torcer- torção
6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus deter- detenção distorcer-distorção
derivados manter- manutenção contorcer- contorção
Exemplos:
pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, puséssemos

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APOSTILAS OPÇÃO
Emprega-se o X: 2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra)
Em alguns casos, a letra X soa como Ss Exemplos:
Exemplos: Anticristo, antitetânico
auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta, sintaxe, texto,
trouxe 3) Nos seguintes vocábulos:
aborígine, artimanha, chefiar, digladiar, penicilina, privilégio,
Emprega-se Sc: etc.
Nos termos eruditos
Exemplos: Emprego das letras O e U
acréscimo, ascensorista, consciência, descender, discente, Emprega-se o O/U:
fascículo, fascínio, imprescindível, miscigenação, miscível, A oposição o/u é responsável pela diferença de significado de
plebiscito, rescisão, seiscentos, transcender, etc. algumas palavras. Veja os exemplos:
comprimento (extensão) e cumprimento (saudação,
Emprega-se Sç: realização)
Na conjugação de alguns verbos soar (emitir som) e suar (transpirar)
Exemplos:
nascer- nasço, nasça Grafam-se com a letra O: bolacha, bússola, costume,
crescer- cresço, cresça moleque.
descer- desço, desça
Grafam-se com a letra U: camundongo, jabuti, Manuel, tábua
Emprega-se Ss:
Nos substantivos derivados de verbos terminados em “gredir”, Emprego da letra H
“mitir”, “ceder” e “cutir” Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético.
Exemplos: Conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e
agredir- agressão demitir- demissão ceder- cessão da tradição escrita. A palavra hoje, por exemplo, grafa-se desta
discutir- discussão forma devido a sua origem na forma latina hodie.
progredir- progressão t r a n s m i t i r - t r a n s m i s s ã o
exceder- excesso repercutir- repercussão Emprega-se o H:
1) Inicial, quando etimológico
Emprega-se o Xc e o Xs: Exemplos: hábito, hesitar, homologar, Horácio

Em dígrafos que soam como Ss 2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh
Exemplos: Exemplos: flecha, telha, companhia
exceção, excêntrico, excedente, excepcional, exsudar
3) Final e inicial, em certas interjeições
Observações sobre o uso da letra X Exemplos: ah!, ih!, eh!, oh!, hem?, hum!, etc.
1) O X pode representar os seguintes fonemas:
/ch/ - xarope, vexame 4) Em compostos unidos por hífen, no início do segundo
elemento, se etimológico
/cs/ - axila, nexo Exemplos: anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc.

/z/ - exame, exílio Observações:


1) No substantivo Bahia, o “h” sobrevive por tradição. Note que
/ss/ - máximo, próximo nos substantivos derivados como baiano, baianada ou baianinha
ele não é utilizado.
/s/ - texto, extenso
2) Os vocábulos erva, Espanha e inverno não possuem a
2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci- letra “h” na sua composição. No entanto, seus derivados eruditos
Exemplos: excelente, excitar sempre são grafados com h. Veja:
herbívoro, hispânico, hibernal.
Emprego das letras E e I
Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i / Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas
pode não ser nítida. Observe: 1) Utiliza-se inicial maiúscula:
a) No começo de um período, verso ou citação direta.
Exemplos:
Emprega-se o E: Disse o Padre Antonio Vieira: “Estar com Cristo em qualquer
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar lugar, ainda que seja no inferno, é estar no Paraíso.”
Exemplos:
magoar - magoe, magoes “Auriverde pendão de minha terra,
continuar- continue, continues Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que à luz do sol encerra
2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes, anterior) As promessas divinas da Esperança…”
Exemplos: antebraço, antecipar (Castro Alves)

3) Nos seguintes vocábulos: Observações:


cadeado, confete, disenteria, empecilho, irrequieto, mexerico, - No início dos versos que não abrem período, é facultativo o
orquídea, etc. uso da letra maiúscula.

Emprega-se o I : Por Exemplo:


1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir “Aqui, sim, no meu cantinho,
Exemplos: vendo rir-me o candeeiro,
cair- cai gozo o bem de estar sozinho
doer- dói e esquecer o mundo inteiro.”
influir- influi

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APOSTILAS OPÇÃO
- Depois de dois pontos, não se tratando de citação direta, usa- Emprego FACULTATIVO de letra minúscula:
se letra minúscula. a) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica.
Por Exemplo: Exemplos:
“Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, Crime e Castigo ou Crime e castigo
incenso, mirra.” (Manuel Bandeira) Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas
Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido
b) Nos antropônimos, reais ou fictícios.
Exemplos: b) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em
Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote. nomes sagrados e que designam crenças religiosas.
Exemplos:
c) Nos topônimos, reais ou fictícios. Governador Mário Covas ou governador Mário Covas
Exemplos: Papa João Paulo II ou papa João Paulo II
Rio de Janeiro, Rússia, Macondo. Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor reitor
Santa Maria ou santa Maria.
d) Nos nomes mitológicos.
Exemplos: c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e
Dionísio, Netuno. disciplinas.
Exemplos:
e) Nos nomes de festas e festividades. Português ou português
Exemplos: Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas
Natal, Páscoa, Ramadã. modernas
História do Brasil ou história do Brasil
f) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais. Arquitetura ou arquitetura
Exemplos:
ONU, Sr., V. Ex.ª. Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/
fono24.php
g) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos, Emprego do Porquê
políticos ou nacionalistas.
Exemplos: Orações
Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado, Nação, Pátria, Interrogativas Exemplo:
União, etc.
(pode ser Por que devemos nos
Observação: esses nomes escrevem-se com inicial minúscula substituído por: preocupar com o meio
quando são empregados em sentido geral ou indeterminado. Por por qual motivo, ambiente?
Exemplo: Que por qual razão)
Todos amam sua pátria. Exemplo:
Equivalendo
Emprego FACULTATIVO de letra maiúscula: a “pelo qual” Os motivos por que não
a) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios. respondeu são desconhecidos.
Exemplos:
Rua da Liberdade ou rua da Liberdade Exemplos:
Igreja do Rosário ou igreja do Rosário
Edifício Azevedo ou edifício Azevedo Você ainda tem coragem de
Final de
Por perguntar por quê?
frases e seguidos
2) Utiliza-se inicial minúscula: Quê
de pontuação
a) Em todos os vocábulos da língua, nos usos correntes. Você não vai? Por quê?
Exemplos:
carro, flor, boneca, menino, porta, etc. Não sei por quê!

b) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana. Exemplos:


Exemplos: Conjunção
janeiro, julho, dezembro, etc. A situação agravou-se
que indica
segunda, sexta, domingo, etc. porque ninguém reclamou.
explicação ou
primavera, verão, outono, inverno causa
Ninguém mais o espera,
Porque porque ele sempre se atrasa.
c) Nos pontos cardeais.
Exemplos: Conjunção de
Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste. Exemplos:
Finalidade –
Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste, equivale a “para
sudoeste. Não julgues porque não te
que”, “a fim de
julguem.
que”.
Observação: quando empregados em sua forma absoluta, os
Função de
pontos cardeais são grafados com letra maiúscula. Exemplos:
Exemplos: substantivo
Nordeste (região do Brasil) – vem
Não é fácil encontrar o
acompanhado
Ocidente (europeu) Porquê porquê de toda confusão.
Oriente (asiático) de artigo ou
pronome
Dê-me um porquê de sua
Lembre-se: saída.
Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, usa-
se letra minúscula.
1. Por que (pergunta)
Exemplo: 2. Porque (resposta)
“Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, 3. Por quê (fim de frase: motivo)
incenso, mirra.” (Manuel Bandeira) 4. O Porquê (substantivo)

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APOSTILAS OPÇÃO
Emprego de outras palavras (D) a … consenso … há cerca
(E) há … consenço … a cerca
Senão: equivale a “caso contrário”, “a não ser”: Não fazia coisa
nenhuma senão criticar. 05. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam
Se não: equivale a “se por acaso não”, em orações adverbiais flexionadas de acordo com a norma-padrão.
condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
desta situação crítica. (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
Tampouco: advérbio, equivale a “também não”: Não (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
compareceu, tampouco apresentou qualquer justificativa. (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão
pouco esta semana. Respostas
01. D/02. B/03. D/4-B/5-D
Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios.
Traz - do verbo trazer. Acentuação

Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui. A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras
Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se compõe de
vultuosa e deformada. algumas particularidades, às quais devemos estar atentos,
Questões procurando estabelecer uma relação de familiaridade e,
consequentemente, colocando-as em prática na linguagem
01. Que mexer o esqueleto é bom para a saúde já virou escrita.
até sabedoria popular. Agora, estudo levanta hipóteses sobre
........................ praticar atividade física..........................benefícios Regras básicas – Acentuação tônica
para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas
terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para A acentuação tônica implica na intensidade com que são
.......................... e restaurar a perda muscular que ocorre com o pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de
avanço da idade. forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As
(Ciência Hoje, março de 2012) demais, como são pronunciadas com menos intensidade, são
denominadas de átonas.
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
respectivamente, com: De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas
(A) porque … trás … previnir como:
(B) porque … traz … previnir
(C) porquê … tras … previnir Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
(D) por que … traz … prevenir última sílaba.
(E) por quê … tráz … prevenir Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel

02. Assinale a opção que completa corretamente as lacunas Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica se
da frase abaixo: Não sei o _____ ela está com os olhos vermelhos, evidencia na penúltima sílaba.
talvez seja _____ chorou. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível
(A) porquê / porque;
(B) por que / porque; Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica se
(C) porque / por que; evidencia na antepenúltima sílaba.
(D) porquê / por quê; Ex.: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
(E) por que / por quê.
Como podemos observar, mediante todos os exemplos
03. mencionados, os vocábulos possuem mais de uma sílaba, mas
em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente:
são os chamados monossílabos, que, quando pronunciados,
apresentam certa diferenciação quanto à intensidade.

Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos


em uma dada sequência de palavras. Assim como podemos
observar no exemplo a seguir:

“Sei que não vai dar em nada, seus segredos sei de cor”.
Considerando a ortografia e a acentuação da norma- Os monossílabos em destaque classificam-se como tônicos;
padrão da língua portuguesa, as lacunas estão, correta e os demais, como átonos (que, em, de).
respectivamente, preenchidas por:
(A) mal ... por que ... intuíto Os Acentos Gráficos
(B) mau ... por que ... intuito
(C) mau ... porque ... intuíto acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”, “i”, “u” e
(D) mal ... porque ... intuito sobre o “e” do grupo “em” - indica que estas letras representam
(E) mal ... por quê ... intuito as vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns.
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto. 
04. Assinale a alternativa que preenche, correta e Ex.: herói – médico – céu(ditongos abertos)
respectivamente, as lacunas do trecho a seguir, de acordo com
a norma-padrão. acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e
Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenômeno da “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
corrupção e das fraudes. Ex.: tâmara – Atlântico – pêssego – supôs
(A) a … concenso … acerca
(B) há … consenso … acerca acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
(C) a … concenso … a cerca artigos e pronomes.

Língua Portuguesa 25
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APOSTILAS OPÇÃO
Ex.: à – às – àquelas – àqueles feiúra feiura

trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi totalmente O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido.
abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras Ex.:
derivadas de nomes próprios estrangeiros.
Ex.: mülleriano (de Müller) Antes Agora
crêem creem
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais vôo voo
nasais.
Ex.: coração – melão – órgão – ímã - Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos que,
no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais acento
Regras fundamentais: como antes: CRER, DAR, LER e VER.

Palavras oxítonas: Repare:


Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, “o”, 1-) O menino crê em você
“em”, seguidas ou não do plural(s): Os meninos creem em você.
Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s) 2-) Elza lê bem!
Todas leem bem!
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos: 3-) Espero que ele dê o recado à sala.
Esperamos que os dados deem efeito!
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, seguidos 4-) Rubens vê tudo!
ou não de “s”. Eles veem tudo!
Ex.: pá – pé – dó – há
- Cuidado! Há o verbo vir:
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, seguidas Ele vem à tarde!
de lo, la, los, las. Eles vêm à tarde!
respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando
seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Paroxítonas:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em: Ra-ul, ru-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz
- i, is
táxi – lápis – júri Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem
- us, um, uns seguidas do dígrafo nh:
vírus – álbuns – fórum ra-i-nha, ven-to-i-nha.
- l, n, r, x, ps
automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
- ã, ãs, ão, ãos precedidas de vogal idêntica:
ímã – ímãs – órfão – órgãos xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba

- Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Repare que As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com
essa palavra apresenta as terminações das paroxítonas que são “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” não
acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim serão mais acentuadas. Ex.:
ficará mais fácil a memorização!
Antes Depois
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de “s”. apazigúe (apaziguar) apazigue
argúi (arguir) argui
água – pônei – mágoa – jóquei
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do
Regras especiais: plural de:

Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” ( ditongos abertos), ele tem – eles têm
que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com ele vem – eles vêm (verbo vir)
a nova regra, mas desde que estejam em palavras paroxítonas.
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter,
Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma deter, abster. 
palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são ele contém – eles contêm
acentuados. Mas caso não forem ditongos perdem o acento. ele obtém – eles obtêm
Ex.: ele retém – eles retêm
ele convém – eles convêm
Antes Agora
assembléia assembleia
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes
idéia ideia
eram acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes
jibóia jiboia
(regra do acento diferencial). Apenas em algumas exceções,
apóia (verbo apoiar) apoia
como:
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do
ou não de “s”, haverá acento:
pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua
Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís
sendo acentuada para diferenciar-se de pode (terceira
pessoa do singular do presente do indicativo). Ex:
Observação importante:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato
Ela pode fazer isso agora.
quando vierem depois de ditongo: Ex.:
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou...
Antes Agora
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da
bocaiúva bocaiuva
preposição por.

Língua Portuguesa 26
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APOSTILAS OPÇÃO
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colocar”, Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas
então estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”; palavras que selecionamos, podemos depreender a existência
nos outros casos, “por” preposição. Ex: de diferentes elementos formadores. Cada um desses elementos
formadores é uma unidade mínima de significação, um elemento
Faço isso por você. significativo indecomponível, a que damos o nome de morfema.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Classificação dos morfemas:
Questões Radical
Há um morfema comum a todas as palavras que estamos
01. “Cadáver” é paroxítona, pois: analisando: escol-.
A) Tem a última sílaba como tônica. É esse morfema comum – o radical – que faz com que as
B) Tem a penúltima sílaba como tônica. consideremos palavras de uma mesma família de significação –
C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica. os cognatos. O radical é a parte da palavra responsável por sua
D) Não tem sílaba tônica. significação principal.

02. Assinale a alternativa correta. Afixos


A palavra faliu contém um: Como vimos, o acréscimo do morfema – ar - cria uma
A) hiato nova palavra a partir de escola. De maneira semelhante,
B) dígrafo o acréscimo dos morfemas sub e arização à forma escol
C) ditongo decrescente criou  subescolarização. Esses morfemas recebem o nome de
D) ditongo crescente afixos.
Quando são colocados antes do radical, como acontece
03. Em “O resultado da experiência foi, literalmente, com sub, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como
aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada pelo arização, surgem depois do radical os afixos são chamados
mesmo motivo que: de sufixos.
A) túnel Prefixos e sufixos, além de operar mudança de classe
B) voluntário gramatical, são capazes de introduzir modificações de
C) até significado no radical a que são acrescentados.
D) insólito
E) rótulos Desinências
Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como
04. Assinale a alternativa correta. amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam. Essas
A) “Contrário” e “prévias” são acentuadas por serem modificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexionado
paroxítonas terminadas em ditongo. em número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda ou
B) Em “interruptor” e “testaria” temos, respectivamente, terceira). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo
encontro consonantal e hiato. do verbo (amava, amara, amasse, por exemplo).
C) Em “erros derivam do mesmo recurso mental” as palavras Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam
grifadas são paroxítonas. as flexões das palavras. Esses morfemas sempre surgem no fim
D) Nas palavras “seguida”, “aquele” e “quando” as partes das palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há
destacadas são dígrafos. desinências nominais e desinências verbais.
E) A divisão silábica está correta em “co-gni-ti-va”, “p-si-có-
lo-ga” e “a-ci-o-na”. Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos
nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma opor as
05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO: desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina.
A) saúde Para a indicação de número, costuma-se utilizar o
B) cooperar morfema –s,  que indica o plural em oposição à ausência de
C) ruim morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas;
D) creem menino/meninos; menina/meninas.
E) pouco No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de
Respostas plural assume a forma -es:
1-B / 2-C / 3-B / 4-A / 5-E mar/mares;
revólver/revólveres;
V - Morfologia: Estrutura cruz/cruzes.
e formação de palavras;
Desinências verbais: em nossa língua, as desinências
morfemas, afixos; processos de verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que indicam
formação de palavras; classes o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e aquelas que
gramaticais: identificação, indicam o número e a pessoa dos verbos (desinência número-
classificações e emprego. pessoais):
  cant-á-va-mos
cant-á-sse-is
Estrutura e formação das palavras cant: radical
cant: radical
Observe as seguintes palavras: -á-: vogal temática
escol-a -á-: vogal temática
escol-ar
escol-arização -va-: desinência modo-temporal(caracteriza o pretérito
escol-arizar imperfeito do indicativo)
sub-escol-arização -sse-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito
imperfeito do subjuntivo)
Percebemos que há um elemento comum a todas elas: a -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira
forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis, pessoa do plural)
responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se escolar pessoa do plural)
pelo acréscimo do elemento destacável: ar.

Língua Portuguesa 27
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APOSTILAS OPÇÃO
Vogal temática en----- ---tard--- --ecer 
Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais, prefixo radical sufixo
surge sempre o morfema –a.
Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado Outros tipos de derivação
de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo
o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temática) que se Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que
acrescentam as desinências. Tanto os verbos como os nomes haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva e a
apresentam vogais temáticas. derivação imprópria.

Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas 1-) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, triste, base, redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas de substantivos derivados de verbos. Exemplo: A pesca está
terminações são desinências indicadoras de gênero, pois a mesa, proibida. (pescar). Proibida a caça. (caçar)
escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a essas
vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de plural: 2-) Derivação imprópria:  a palavra nova (derivada)
mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais é obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra
tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam primitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas tão somente
vogal temática. na classe gramatical.
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê deriva
Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam da conjunção porque)
três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. Seu olhar me fascina! (o verbo olhar tornou-se, aqui,
Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira substantivo)
conjugação; aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à
segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem à Outros processos de formação de palavras:
terceira conjugação.
  - Hibridismo: é a palavra formada com elementos oriundos
primeira conjug. segunda conjug. terceira conjug. de línguas diferentes.
govern-a-va estabelec-e-sse defin-i-ra automóvel (auto: grego; móvel: latim)
atac-a-va cr-e-ra imped-i-sse sociologia (socio: latim; logia: grego)
realiz-a-sse mex-e-rá g-i-mos sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-
Vogal ou consoante de ligação  formacao-de-palavras-i.htm

As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que - Abreviação vocabular, cujo traço peculiar manifesta-
surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo se por meio da eliminação de um segmento de uma palavra
possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Temos um no intuito de se obter uma forma mais reduzida, geralmente
exemplo de vogal de ligação na palavra escolaridade: o - i - entre aquelas mais longas. Vejamos alguns exemplos: 
os sufixos -ar- e -dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros
exemplos: gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, metropolitano – metrô
chaleira, tricota. extraordinário – extra
otorrinolaringologista – otorrino
Processos de formação de palavras: telefone – fone
1-) Composição pneumático – pneu
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de composição; - Onomatopeia: Consiste em criar palavras, tentando
justaposição e aglutinação. imitar sons da natureza ou sons repetidos. Por exemplo: zum-
1.1-) Justaposição: ocorre quando os elementos que zum, cri-cri, tique-taque, pingue-pongue, blá-blá-blá.
formam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos:  
Corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol. - Siglas: As siglas são formadas pela combinação das
1.2-) Aglutinação:  ocorre quando os elementos que letras iniciais de uma sequência de palavras que constitui um
formam o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde nome. Por exemplo:IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
sua integridade sonora: Aguardente (água + ardente), planalto Estatística); IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano).
(plano + alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre) As siglas escrevem-se com todas as letras maiúsculas, a não
ser que haja mais de três letras e  a sigla seja pronunciável sílaba
Derivação por acréscimo de afixos  por sílaba. Por exemplo: Unicamp, Petrobras. 
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivadas)  
pela anexação de afixos à palavra primitiva. A derivação pode Questões
ser: prefixal, sufixal e parassintética.
1-) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por 01. Assinale a opção em que todas as palavras se formam
acréscimo de prefixo. pelo mesmo processo:
In------ --feliz        des----------leal A) ajoelhar / antebraço / assinatura
Prefixo radical  prefixo radical B) atraso / embarque / pesca
C) o jota / o sim / o tropeço
2-) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por D) entrega / estupidez / sobreviver
acréscimo de sufixo. E) antepor / exportação / sanguessuga
Feliz---- mente    leal------dade
Radical sufixo   radical sufixo 02. A palavra “aguardente” formou-se por:
A) hibridismo
3-) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo B) aglutinação
simultâneo de prefixo e sufixo (não posso retirar o prefixo nem o C) justaposição
sufixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não “existiria”). D) parassíntese
Por parassíntese formam-se principalmente verbos. E) derivação regressiva
En-- -----trist- ----ecer
Prefixo radical  sufixo 03. Que item contém somente palavras formadas por
justaposição?

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APOSTILAS OPÇÃO
A) desagradável - complemente São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia...
B) vaga-lume - pé-de-cabra
C) encruzilhada - estremeceu - Quando indicado no singular, o artigo definido pode indicar
D) supersticiosa - valiosas toda uma espécie:
E) desatarraxou - estremeceu O trabalho dignifica o homem.

04. “Sarampo” é: - No caso de nomes próprios personativos, denotando a ideia


A) forma primitiva de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do artigo:
B) formado por derivação parassintética O Pedro é o xodó da família.
C) formado por derivação regressiva
D) formado por derivação imprópria - No caso de os nomes próprios personativos estarem no
E) formado por onomatopeia plural, são determinados pelo uso do artigo:
Os Maias, os Incas, Os Astecas...
05.As palavras são formadas através de derivação
parassintética em - Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) para
A)infelizmente, desleal, boteco, barraco. conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo), o
B)ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer. pronome assume a noção de qualquer.
C)caça, pesca, choro, combate. Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
D)ajoelhar, pesca, choro, entristecer. Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
(qualquer classe)
Respostas
01. (B) / 2. (B) / 3. (B) / 4. (C) / 5. (B) - Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo:
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.
Classes de Palavras - A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia de
aproximação numérica:
Artigo O máximo que ele deve ter é uns vinte anos.

Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica - O artigo também é usado para substantivar palavras
se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida. oriundas de outras classes gramaticais:
Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o Não sei o porquê de tudo isso.
número dos substantivos.
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo
Classificação dos Artigos cujo (e flexões).
Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira Este é o homem cujo amigo desapareceu.
precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal. Este é o autor cuja obra conheço.

Artigos Indefinidos:  determinam os substantivos - Não se deve usar artigo antes das palavras casa (no sentido
de maneira vaga:  um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu de lar, moradia) e terra (no sentido de chão firme), a menos que
matei um animal. venham especificadas.
Eles estavam em casa.
Combinação dos Artigos Eles estavam na casa dos amigos.
É muito presente a combinação dos artigos definidos e Os marinheiros permaneceram em terra.
indefinidos com preposições. Este quadro apresenta a forma Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
assumida por essas combinações:
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de tratamento,
Preposições Artigos com exceção de senhor(a), senhorita e dona.
- o, os Vossa excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria.
a ao, aos - Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome
de do, dos de revistas, jornais, obras literárias.
Li a notícia em O Estado de S. Paulo.
em no, nos
por (per) pelo, pelos Morfossintaxe
a, as um, uns uma, umas Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas relações
à, às - - com o substantivo. Assim, nas orações da língua portuguesa,
o artigo exerce a função de adjunto adnominal do substantivo
da, das dum, duns duma, dumas a que se refere. Tal função independe da função exercida pelo
na, nas num, nuns numa, numas substantivo:
pela, pelas - - A existência é uma poesia.
Uma existência é a poesia.
- As formas à e às indicam a fusão da preposição  a com o
artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida Questões
por crase.
01. Determine o caso em que o artigo tem valor qualificativo:
Constatemos as circunstâncias em que os artigos se A) Estes são os candidatos que lhe falei.
manifestam: B) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera.
C) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho.
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do numeral D) Os problemas que o afligem não me deixam descuidado.
“ambos”: E) Muito é a procura; pouca é a oferta.
Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas.
02. Em qual dos casos o artigo denota familiaridade?
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do A) O Amazonas é um rio imenso.
artigo, outros não: B) D. Manuel, o Venturoso, era bastante esperto.

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APOSTILAS OPÇÃO
C) O Antônio comunicou-se com o João. Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo
D) O professor João Ribeiro está doente. real e do mundo imaginário.
E) Os Lusíadas são um poema épico
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília,
03.Assinale a alternativa em que o uso do artigo está
etc.
substantivando uma palavra.
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc.
A) A liberdade vai marcar a poesia social de Castro Alves.
 
B) Leitor perspicaz é aquele que consegue ler as entrelinhas.
Observe agora:
C) A navalha ia e vinha no couro esticado.
D) Haroldo ficou encantado com o andar de bailado de Joana.
Beleza exposta
E) Bárbara dirigia os olhos para a lua encantada.
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
Respostas
O substantivo beleza designa uma qualidade.
1-B / 2-C / 3-D
Substantivo Abstrato:  é aquele que designa seres que
dependem de outros para se manifestar ou existir.
Substantivo
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser
observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo é
que seja bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar.
a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam
Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato.
os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos
Os substantivos abstratos designam estados, qualidades,
também nomeiam:
ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos,
-lugares: Alemanha, Porto Alegre...
e sem os quais não podem existir.
-sentimentos: raiva, amor...
vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
-estados: alegria, tristeza...
(sentimento).  
-qualidades: honestidade, sinceridade...
-ações: corrida, pescaria...
3 - Substantivos Coletivos
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
Morfossintaxe do substantivo
abelha, mais outra abelha.
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário
como núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto
repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra
direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar
abelha...
como núcleo do complemento nominal ou do aposto, como
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
núcleo do predicativo do sujeito ou do objeto ou como núcleo
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular
do vocativo. Também encontramos substantivos como núcleos
(enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie
de adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais - quando essas
(abelhas).
funções são desempenhadas por grupos de palavras. 
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Classificação dos Substantivos
Substantivo Coletivo:  é o substantivo comum que, mesmo
estando no singular, designa um conjunto de seres da mesma
1-  Substantivos Comuns e Próprios
espécie.
Observe a definição:
Formação dos Substantivos
Substantivos Simples e Compostos
s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios,
dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a sede de município
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra.
é cidade). 2. O centro de uma cidade (em oposição aos bairros).
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou
radical. É um substantivo simples.
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e
Substantivo Simples:  é aquele formado por um único
edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada  cidade.
elemento.
Isso significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora:
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma
O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos
mesma espécie de forma genérica.
(guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
cidade, menino, homem, mulher, país, cachorro.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais
elementos.
Estamos voando para Barcelona.
Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
 
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie
Substantivos Primitivos e Derivados
cidade. Esse substantivo é  próprio. Substantivo Próprio:  é
Meu limão meu limoeiro,
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma
meu pé de jacarandá...
particular.
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de
Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
nenhum outro dentro de língua portuguesa.
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma
2 - Substantivos Concretos e Abstratos
outra palavra da própria língua portuguesa.
O substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir
LÂMPADA MALA
da palavra limão.
Substantivo Derivado:  é aquele que se origina de outra
Os substantivos lâmpada e mala  designam seres com
palavra.
existência própria, que são independentes de outros seres. São
assim, substantivos concretos.
Flexão dos substantivos
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe,
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável
independentemente de outros seres.
quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo,
pode sofrer variações para indicar:

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APOSTILAS OPÇÃO
Plural: meninos f) Substantivos que formam o feminino trocando o -e final
Feminino: menina por -a:
Aumentativo: meninão elefante - elefanta
Diminutivo: menininho
g) Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e
Flexão de Gênero no feminino:
Gênero  é a propriedade que as palavras têm de indicar bode – cabra boi - vaca
sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa,
há dois gêneros:  masculino  e  feminino. Pertencem ao h) Substantivos que formam o feminino de maneira especial,
gênero masculino os substantivos que podem vir precedidos dos isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes: czar – czarina réu - ré
O velho e o mar
Um Natal inesquecível Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
Os reis da praia
  - Epicenos:
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre
A história sem fim porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar
Uma cidade sem passado o masculino e o feminino.
As tartarugas ninjas Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para
designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade
de especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea.
Substantivos Biformes (= duas formas):  ao indicar nomes A cobra macho picou o marinheiro.
de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o
masculino e outra para o feminino. Observe: gato – gata, homem Sobrecomuns:
– mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
Entregue as crianças à natureza.
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino,
única forma, que serve tanto para o masculino quanto para o quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem
feminino. Classificam-se em: um possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos. se refere a palavra. Veja:
a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré A criança chorona chamava-se João.
fêmea. A criança chorona chamava-se Maria.
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas. Outros substantivos sobrecomuns:
a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
o indivíduo. criatura.
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por cônjuge de Marcela faleceu
meio do artigo.
o colega e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista. Comuns de Dois Gêneros:
Saiba que:
- Substantivos de origem grega terminados em ema ou oma, Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
são masculinos. Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
o axioma, o fonema, o poema, o sistema, o sintoma, o teorema. É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, que a palavra motorista é um substantivo uniforme. O restante
variam em seu significado. da notícia informa-nos de que se trata de um homem.
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora) o A distinção de gênero pode ser feita através da análise do
capital (dinheiro) e a capital (cidade) artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo.
o colega - a colega
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes um jovem - uma jovem
a) Regra geral: troca-se a terminação -o por -a. artista famoso - artista famosa
aluno - aluna
- A palavra personagem é usada indistintamente nos dois
b) Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao gêneros.
masculino. a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
freguês - freguesa preferência pelo masculino:
O menino descobriu nas nuvens os personagens dos contos de
c) Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três carochinha.
formas: b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino:
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa O problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã a personagem.
- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona Não cheguei assim, nem era minha intenção, a criar uma
personagem.
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sultana - Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte.
d) Substantivos terminados em -or:
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora Observe o gênero dos substantivos seguintes:
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Masculinos
e) Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: o tapa
cônsul - consulesa abade - abadessa poeta - poetisa o eclipse
duque - duquesa conde - condessa profeta - profetisa o lança-perfume
o dó (pena)

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APOSTILAS OPÇÃO
o sanduíche a cinza (resíduos de combustão)
o clarinete
o champanha o capital (dinheiro)
o sósia a capital (cidade)
o maracajá
o clã o coma (perda dos sentidos)
o hosana a coma (cabeleira)
o herpes
o pijama o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro)
a coral (cobra venenosa)
Femininos
a dinamite o crisma (óleo sagrado, usado na administração da crisma e
a áspide de outros sacramentos)
a derme a crisma (sacramento da confirmação)
a hélice
a alcíone o cura (pároco)
a filoxera a cura (ato de curar)
a clâmide
a omoplata o estepe (pneu sobressalente)
a cataplasma a estepe (vasta planície de vegetação)
a pane
a mascote o guia (pessoa que guia outras)
a gênese a guia (documento, pena grande das asas das aves)
a entorse
a libido o grama (unidade de peso)
a grama (relva)
- São geralmente masculinos os substantivos de origem
grega terminados em -ma: o caixa (funcionário da caixa)
o grama (peso) a caixa (recipiente, setor de pagamentos)
o quilograma
o plasma o lente (professor)
o apostema a lente (vidro de aumento)
o diagrama
o epigrama o moral (ânimo)
o telefonema a moral (honestidade, bons costumes, ética)
o estratagema
o dilema o nascente (lado onde nasce o Sol)
o teorema a nascente (a fonte)
o apotegma
o trema Flexão de Número do Substantivo
o eczema
o edema Em português, há dois números gramaticais: o singular, que
o magma indica um ser ou um grupo de seres, e
o plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres. A
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. característica do plural é o “s” final.

Gênero dos Nomes de Cidades: Plural dos Substantivos Simples

Com raras exceções, nomes de cidades são femininos. a) Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n”
A histórica Ouro Preto. fazem o plural pelo acréscimo de “s”.
A dinâmica São Paulo. pai – pais ímã - ímãs hífen - hifens (sem acento, no
A acolhedora Porto Alegre. plural).
Uma Londres imensa e triste. Exceção: cânon - cânones.

Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. b) Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em
“ns”.
Gênero e Significação: homem - homens.

Muitos substantivos têm uma significação no masculino e c) Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
outra no feminino. pelo acréscimo de “es”.
Observe: revólver – revólveres raiz - raízes
Atenção: O plural de caráter é caracteres.
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à frente d) Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se
de um bloco carnavalesco, manejando um bastão) no plural, trocando o “l” por “is”.
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou quintal - quintais caracol – caracóis hotel - hotéis
proibição de trânsito) Exceções: mal e males, cônsul e cônsules.

o cabeça (chefe) e) Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas


a cabeça (parte do corpo) maneiras:
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
o cisma (separação religiosa, dissidência) - Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
a cisma (ato de cismar, desconfiança) Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas
maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
o cinza (a cor cinzenta)

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APOSTILAS OPÇÃO
f) Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas Nas provas mensais consegui muitos seis e alguns dez.
maneiras:
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo Plural dos Diminutivos
de “es”: ás – ases / retrós - retroses
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. acrescenta-se o sufixo diminutivo.
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
g) Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três animai(s) + zinhos = animaizinhos
maneiras. botõe(s) + zinhos = botõezinhos
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães farói(s) + zinhos = faroizinhos
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos tren(s) + zinhos = trenzinhos
h) Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o colhere(s) + zinhas = colherezinhas
látex - os látex. flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas
Plural dos Substantivos Compostos papéi(s) + zinhos = papeizinhos
A formação do plural dos substantivos compostos depende nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam funi(s) + zinhos = funizinhos
o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que pé(s) + zitos = pezitos
são grafados sem hífen comportam-se como os substantivos
simples: Plural dos Nomes Próprios Personativos
aguardente e aguardentes girassol e girassóis
pontapé e pontapés malmequer e malmequeres Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre
que a terminação preste-se à flexão.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são Os Napoleões também são derrotados.
ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões. As Raquéis e Esteres.
Algumas orientações são dadas a seguir:
Plural dos Substantivos Estrangeiros
a) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos como na língua original, acrescentando -se “s” (exceto quando
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens terminam em “s” ou “z”).
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras os shows os shorts os jazz
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com
b) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando as regras de nossa língua:
formados de: os clubes os chopes
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas os jipes os esportes
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto- as toaletes os bibelôs
falantes os garçons os réquiens
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
Observe o exemplo:
c) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando Este jogador faz gols toda vez que joga.
formados de: O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-
colônia e águas-de-colônia Plural com Mudança de Timbre
substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-
vapor e cavalos-vapor Certos substantivos formam o plural com mudança de
substantivo + substantivo que funciona como determinante timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético
do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo chamado metafonia (plural metafônico).
anterior.
palavra-chave - palavras-chave
bomba-relógio - bombas-relógio Singular Plural Singular Plural
notícia-bomba - notícias-bomba corpo (ô) corpos (ó) osso (ô) ossos (ó)
homem-rã - homens-rã esforço esforços ovo ovos
fogo fogos poço poços
d) Permanecem invariáveis, quando formados de: forno fornos porto portos
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora fosso fossos posto postos
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas imposto impostos rogo rogos
olho olhos tijolo tijolos
e) Casos Especiais
o louva-a-deus e os louva-a-deus
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
o bem-te-vi e os bem-te-vis
esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
o bem-me-quer e os bem-me-queres
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
molho (ó) = feixe (molho de lenha).
Plural das Palavras Substantivadas
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes
a) Há substantivos que só se usam no singular:
gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as
o sul, o norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras.
b) Outros só no plural:
O aluno errou na prova dos noves.
as núpcias, os víveres, os pêsames, as espadas/os paus
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
(naipes de baralho), as fezes.
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não
variam no plural.

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APOSTILAS OPÇÃO
c) Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular: Morfossintaxe do Adjetivo:
bem (virtude) e bens (riquezas) O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro
honra (probidade, bom nome) e honras (homenagem, de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como adjunto
títulos) adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

d) Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com Adjetivo Pátrio


sentido de plural: Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe
Aqui morreu muito negro. alguns deles:
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas Estados e cidades brasileiros:
improvisadas.

Flexão de Grau do Substantivo Alagoas alagoano


Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as Amapá amapaense
variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
Aracaju aracajuano ou aracajuense
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado Amazonas amazonense ou baré
normal. Por exemplo: casa
Belo Horizonte belo-horizontino
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser. Brasília brasiliense
Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que Cabo Frio cabo-friense
indica grandeza. Por exemplo: casa grande. Campinas campineiro ou campinense
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
aumento. Por exemplo: casarão. Adjetivo Pátrio Composto 
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser. elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Pode ser: Observe alguns exemplos:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que
indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. África afro- / Por exemplo: Cultura afro-americana
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de Alemanha germano- ou teuto- / Por exemplo:
diminuição. Por exemplo: casinha. Competições teuto-inglesas

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php América américo- / Por exemplo: Companhia


américo-africana
Questões Bélgica belgo- / Por exemplo: Acampamentos belgo-
franceses
01. A flexão de número do termo “preços-sombra” também
ocorre com o plural de China sino- / Por exemplo: Acordos sino-japoneses
(A) reco-reco. Espanha hispano- / Por exemplo: Mercado hispano-
(B) guarda-costa. português
(C) guarda-noturno.
(D) célula-tronco. Europa euro- / Por exemplo: Negociações euro-
(E) sem-vergonha. americanas
França franco- ou galo- / Por exemplo: Reuniões
02. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam franco-italianas
flexionadas de acordo com a norma-padrão.
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. Grécia greco- / Por exemplo: Filmes greco-romanos
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. Inglaterra anglo- / Por exemplo: Letras anglo-
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. portuguesas
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos! Itália ítalo- / Por exemplo: Sociedade ítalo-
portuguesa
03. Indique a alternativa em que a flexão do substantivo está Japão nipo- / Por exemplo: Associações nipo-
errada: brasileiras
A) Catalães.
B) Cidadãos. Portugal luso- / Por exemplo: Acordos luso-brasileiros
C) Vulcães.
D) Corrimões. Flexão dos adjetivos
Respostas
1-D / 2-D / 3-C O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Adjetivo Gênero dos Adjetivos

Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem
característica do ser e se relaciona com o substantivo. (masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos,
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos classificam-se em: 
que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser colocada ao Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e
lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa outra para o feminino.
bondosa.
Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade, Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu e judia.
não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade,
moça bondade, pessoa bondade.  Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino
Bondade, portanto, não é adjetivo, mas substantivo. somente o último elemento.
Por exemplo: o moço norte-americano, a moça norte-
americana. 

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APOSTILAS OPÇÃO
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como 2) Sou  mais alto  (do) que  você.  = Comparativo de
para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz. Superioridade Analítico
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no No comparativo de superioridade analítico, entre os dois
feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença substantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é
político-social. analítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”.

Número dos Adjetivos 3) O Sol é  maior (do) que  a Terra.  = Comparativo de


Superioridade Sintético
Plural dos adjetivos simples
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim.
simples.
Por exemplo: São eles:
mau e maus bom-melhor
feliz e felizes pequeno-menor
ruim e ruins mau-pior
boa e boas alto-superior
grande-maior
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função baixo-inferior
de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver
qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, Observe que: 
ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra  cinza  é a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade,
originalmente um substantivo; porém, se estiver qualificando pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente.
um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
Logo: camisas cinza, ternos cinza. (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas
Veja outros exemplos: entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar
as formas analíticas mais bom, mais mau, mais grande e mais
Motos vinho (mas: motos verdes) pequeno.
Paredes musgo (mas: paredes brancas). Por exemplo: Pedro é maior do que Paulo - Comparação de
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). dois elementos.
Pedro é  mais grande  que pequeno -  comparação de duas
Adjetivo Composto qualidades de um mesmo elemento.

É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, 4) Sou  menos alto  (do) que  você.  = Comparativo de
esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento Inferioridade
concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam Sou menos passivo (do) que tolerante.
na forma masculina, singular. Caso um dos elementos que
formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, Superlativo
todo o adjetivo composto ficará invariável. Por exemplo:  a
palavra rosa é originalmente um substantivo, porém, se estiver O superlativo expressa qualidades num grau muito
qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso se elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser
ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades:
como é um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro Superlativo Absoluto:  ocorre quando a qualidade de um
ficará invariável. Por exemplo: ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se
nas formas:
Camisas rosa-claro. Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras
Ternos rosa-claro. que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O
Olhos verde-claros. secretário é muito inteligente.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. sufixos.
Por exemplo:
Observe O secretário é inteligentíssimo.
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo
composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis. Observe alguns superlativos sintéticos: 
- O adjetivo composto pele-vermelha têm os dois elementos
flexionados.
benéfico beneficentíssimo
Grau do Adjetivo bom boníssimo ou ótimo

Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a comum comuníssimo


intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: cruel crudelíssimo
o comparativo e o superlativo.
difícil dificílimo
Comparativo doce dulcíssimo

Nesse grau, comparam-se a mesma característica fácil facílimo


atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais características fiel fidelíssimo
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade,
de superioridade ou de inferioridade. Observe os exemplos Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser
abaixo: é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação
pode ser:
1) Sou tão alto como você.  = Comparativo de Igualdade De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
No comparativo de igualdade, o segundo termo da De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.

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APOSTILAS OPÇÃO
Note bem: Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medidas
1)  O superlativo absoluto analítico é expresso por meio preventivas para que os pais evitem ter filhos que não serão
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade de integrá-los
antepostos ao adjetivo. na sociedade por meio da educação formal de bom nível, das
2)  O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas práticas esportivas e da oportunidade de desenvolvimento
formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem artístico.
vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo
latino +  um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: (Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adaptado)
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo.
A forma popular é constituída do radical do adjetivo Em – características epidêmicas –, o adjetivo epidêmicas
português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. corresponde a – características de epidemias.
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo, Assinale a alternativa em que, da mesma forma, o adjetivo
necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas em destaque corresponde, corretamente, à expressão indicada.
seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável A) água fluvial – água da chuva.
hiato i-í. B) produção aurífera – produção de ouro.
Questões C) vida rupestre – vida do campo.
D) notícias brasileiras – notícias de Brasília.
01. Leia o texto a seguir. E) costela bovina – costela de porco.

Violência epidêmica 02.Não se pluraliza os adjetivos compostos abaixo, exceto:


A) azul-celeste
A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora B) azul-pavão
possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as classes C) surda-muda
sociais, é nos bairros pobres que ela adquire características D) branco-gelo
epidêmicas.
A prevalência varia de um país para outro e entre as cidades 03.Assinale a única alternativa em que os adjetivos não
de um mesmo país, mas, como regra, começa nos grandes estão no grau superlativo absoluto sintético:
centros urbanos e se dissemina pelo interior. A) Arquimilionário/ ultraconservador;
As estratégias que as sociedades adotam para combater a B) Supremo/ ínfimo;
violência variam muito e a prevenção das causas evoluiu muito C) Superamigo/ paupérrimo;
pouco no decorrer do século 20, ao contrário dos avanços D) Muito amigo/ Bastante pobre
ocorridos no campo das infecções, câncer, diabetes e outras
enfermidades. Respostas
A agressividade impulsiva é consequência de perturbações 1-B / 2-C / 3-D
nos mecanismos biológicos de controle emocional. Tendências
agressivas surgem em indivíduos com dificuldades adaptativas Pronome
que os tornam despreparados para lidar com as frustrações de
seus desejos. Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele
A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os que se refere, ou ainda, que acompanha o nome qualificando-o de
tiveram a personalidade formada num ambiente desfavorável ao alguma forma.
desenvolvimento psicológico pleno. A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
A revisão de estudos científicos permite identificar três [substituição do nome]
fatores principais na formação das personalidades com maior
inclinação ao comportamento violento: A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos, [referência ao nome]
humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes Essa moça morava nos meus sonhos!
transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não [qualificação do nome]
lhes impuseram limites de disciplina. Grande parte dos pronomes não possuem significados
3) Associação com grupos de jovens portadores de fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de
comportamento antissocial. um contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata
Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de crianças daquilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no
que se enquadram nessas três condições de risco. Associados à ato da comunicação. Com exceção dos pronomes interrogativos
falta de acesso aos recursos materiais, à desigualdade social, e indefinidos, os demais pronomes têm por função principal
esses fatores de risco criam o caldo de cultura que alimenta a apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar,
violência crescente nas cidades. indicando-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a dessa característica, os pronomes apresentam uma forma
resposta do aprisionamento. Porém, seu efeito é passageiro: o específica para cada pessoa do discurso.
criminoso fica impedido de delinquir apenas enquanto estiver
preso. Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
Ao sair, estará mais pobre, terá rompido laços familiares [minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]
e sociais e dificilmente encontrará quem lhe dê emprego. Ao
mesmo tempo, na prisão, terá criado novas amizades e conexões Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
mais sólidas com o mundo do crime. [tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]
Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ainda.
Obrigados a optar por uma repressão policial mais ativa, A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias continuarão [dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala]
superlotadas.
Seria mais sensato investir em educação, para prevenir a Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
criminalidade e tratar os que ingressaram nela. variáveis  em gênero (masculino ou feminino) e em número
Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo. (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência através
Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar os do pronome seja coerente em termos de gênero e número
policiais a executar sua função com dignidade, criar leis que (fenômeno da concordância) com o seu objeto, mesmo quando
acabem com a impunidade dos criminosos bem-sucedidos e este se apresenta ausente no enunciado.
construir cadeias novas para substituir as velhas.

Língua Portuguesa 36
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APOSTILAS OPÇÃO
Fala-se de Roberta. Ele  quer participar do desfile O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
da nossa escola neste ano. - 1ª pessoa do singular (eu): me
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância - 2ª pessoa do singular (tu): te
adequada] - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
[neste: pronome que determina “ano” = concordância - 1ª pessoa do plural (nós): nos
adequada] - 2ª pessoa do plural (vós): vos
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
inadequada]
Observações:
Existem seis tipos de pronomes:  pessoais, possessivos, O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o
pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar
Pronomes Pessoais diretamente uma preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a
função de objeto indireto na oração.
São aqueles que substituem os substantivos, indicando
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, diretos como objetos indiretos.
“você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
“eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de objetos diretos.
quem fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções Saiba que:
que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se
oblíquo. com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo,
mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, no-
Pronome Reto la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas formas
nos exemplos que seguem:
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença,
exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
Nós lhe ofertamos flores. - Trouxeste o pacote? - Não contaram a novidade a
vocês?
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero - Sim, entreguei-to ainda há - Não, no-la contaram.
(apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal pouco.
flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o
quadro dos pronomes retos é assim configurado: No português do Brasil, essas combinações não são usadas;
- 1ª pessoa do singular: eu até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro. 
- 2ª pessoa do singular: tu
- 3ª pessoa do singular: ele, ela Atenção:
- 1ª pessoa do plural: nós Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais depois
- 2ª pessoa do plural: vós de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em -z,
- 3ª pessoa do plural: eles, elas -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
tempo que a terminação verbal é suprimida.
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como Por exemplo: fiz + o = fi-lo
complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi fazei + o = fazei-os
ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”, dizer + a = dizê-la
comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua
formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume
pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
na praça”, “Trouxeram-me até aqui”. viram + o: viram-no
Obs.: frequentemente observamos a  omissão  do pronome repõe + os = repõe-nos
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas retém + a: retém-na
verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do tem + as = tem-nas
verbo indicadas pelo pronome reto.
Fizemos boa viagem. (Nós) Pronome Oblíquo Tônico

Pronome Oblíquo Os pronomes oblíquos tônicos são sempre


precedidos por preposições, em geral as preposições a, para, de
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença, e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função
exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou  de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte.
indireto) ou complemento nominal. O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim
configurado:
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante - 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função - 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca - 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da - 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
oração. - 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com - 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico
Pronome Oblíquo Átono são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais
repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são - As preposições essenciais introduzem sempre pronomes
precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica  fraca. pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos
Ele me deu um presente. contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os
pronomes costumam ser usados desta forma:

Língua Portuguesa 37
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APOSTILAS OPÇÃO
Não há mais nada entre mim e ti. Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. oficiais-generais
Não há nenhuma acusação contra mim. Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de
Não vá sem mim. universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Atenção: Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Há construções em que a preposição, apesar de surgir Vossa Santidade V. S. Papa
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração cujo Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento
verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito cerimonioso
expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso Vossa Onipotência V. O. Deus
reto.
Também são pronomes de tratamento o senhor, a
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados
Não vá sem eu mandar. no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento
familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
- A combinação da preposição  “com” e alguns pronomes do Brasil; em algumas regiões, a forma  tu  é de uso frequente;
originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
frequentemente exercem a função de  adjunto adverbial de
companhia. Observações:
Ele carregava o documento consigo. a) Vossa Excelência X Sua Excelência:  os pronomes de
tratamento que possuem “Vossa (s)”  são empregados em
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por “com relação à pessoa com quem falamos.
nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são reforçados Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este
por palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou encontro.
algum numeral. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o
Você terá de viajar com nós todos. Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias.
Ele disse que iria com nós três. - Os pronomes de tratamento representam uma forma
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
Pronome Reflexivo tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração.
Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo b)  3ª pessoa:  embora os pronomes de tratamento dirijam-
verbo. se à  2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado: pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os
pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim. na 3ª pessoa.
Eu não me vanglorio disso. Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas,
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi. para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti. c) Uniformidade de Tratamento:  quando escrevemos ou


Assim tu te prejudicas. nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
Conhece a ti mesmo. texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim,
por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo
Guilherme já se preparou. na terceira pessoa.
Ela deu a si um presente. Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
Antônio conversou consigo mesmo. cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus
- 1ª pessoa do plural (nós): nos. cabelos. (correto)
Lavamo-nos no rio. Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
cabelos. (correto)
- 2ª pessoa do plural (vós): vos.
Vós vos beneficiastes com a esta conquista. Pronomes Possessivos

- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Eles se conheceram. (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa
Elas deram a si um dia de folga. possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)
A Segunda Pessoa Indireta
Observe o quadro:
A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando
utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso Número Pessoa Pronome
interlocutor ( portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na singular primeira meu(s), minha(s)
terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento,
que podem ser observados no quadro seguinte: singular segunda teu(s), tua(s)
singular terceira seu(s), sua(s)
Pronomes de Tratamento
plural primeira nosso(s), nossa(s)
Vossa Alteza V. A. príncipes, duques plural segunda vosso(s), vossa(s)
Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos plural terceira seu(s), sua(s)

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APOSTILAS OPÇÃO
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e puderem
o objeto possuído. ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
difícil. Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que
te indiquei.)
Observações: - mesmo(s), mesma(s):
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da - próprio(s), própria(s):
alteração fonética da palavra senhor. Os próprios alunos resolveram o problema.
- Muito obrigado, seu José.
- semelhante(s):
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. Não compre semelhante livro.
Podem ter outros empregos, como: - tal, tais:
a) indicar afetividade. Tal era a solução para o problema.
- Não faça isso, minha filha.
b) indicar cálculo aproximado. Note que:
Ele já deve ter seus 40 anos.
c) atribuir valor indefinido ao substantivo. a)  Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em
Marisa tem lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. construções redundantes, com finalidade expressiva, para
salientar algum termo anterior. Por exemplo:
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o Manuela, essa é que dera em cheio casando com o José Afonso.
pronome possessivo fica na 3ª pessoa. Desfrutar das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
Vossa Excelência trouxe sua mensagem? b)  O pronome demonstrativo neutro  ou  pode representar
um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto.
concorda com o mais próximo. O casamento seria um desastre. Todos o pressentiam.
Trouxe-me seus livros e anotações. c)  Para evitar a repetição de um verbo anteriormente
expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer,
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes
átonos assumem valor de possessivo. de).
Vou seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos.) Ninguém teve coragem de falar antes que ela o fizesse.
d)  Em frases como a seguinte,  este  se refere à pessoa
Pronomes Demonstrativos mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro
lugar.
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a O referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos;
posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. aquele casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado]
Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou e) O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica.
discurso. A menina foi a tal que ameaçou o professor?
f) Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com
No espaço: pronome demonstrativo:  àquele, àquela, deste, desta, disso,
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro nisso, no, etc.
está perto da pessoa que fala. Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
Compro esse carro (aí). O pronome  esse  indica que o carro
está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que Pronomes Indefinidos
fala.
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso,
está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo. dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade
  indeterminada.
Atenção:  em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de plantadas.
fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro Não é difícil perceber que  “alguém”  indica uma pessoa
localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
ao destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade. imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano
que seguramente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar não se quer revelar. 
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade
destinatária). Classificam-se em:
Reafirmamos a disposição  desta  universidade em participar
no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que - Pronomes Indefinidos Substantivos:  assumem o lugar
envia a mensagem). do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São
eles:  algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém,
No tempo: outrem, quem, tudo.
Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se refere Algo o incomoda?
ao ano presente. Quem avisa amigo é.
Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere a
um passado próximo. - Pronomes Indefinidos Adjetivos:  qualificam um ser
Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade
referindo a um passado distante. aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s).
  Cada povo tem seus costumes.
- Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou Certas pessoas exercem várias profissões.
invariáveis, observe:
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s). pronomes indefinidos adjetivos:
Invariáveis: isto, isso, aquilo. algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos),

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APOSTILAS OPÇÃO
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)

Menos palavras e mais ações. b)  O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
Alguns se contentam pouco. pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para
verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter
Os pronomes indefinidos podem ser divididos várias classificações) são pronomes relativos. Todos eles são
em variáveis e invariáveis. Observe: usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza
ou depois de determinadas preposições:
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto,
outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o
tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, geraria
todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, ambiguidade.)
nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo, Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
cada. dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)

São  locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um, c) O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja quem for, refere a uma oração.
seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou
qual, um ou outro, uma ou outra, etc. Não chegou a ser padre, mas deixou de ser poeta, que era a
Cada um escolheu o vinho desejado. sua vocação natural.

Indefinidos Sistemáticos d) O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente,


mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais,
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, das quais.
percebemos que existem alguns grupos que criam oposição
de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo; (antecedente) (consequente)
todo/tudo,  que indicam uma totalidade afirmativa, e  nenhum/
nada, que indicam uma totalidade negativa; alguém/ninguém, e) “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente
que se referem à pessoa, e  algo/nada, que se referem à coisa; um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
certo, que particulariza, e qualquer, que generaliza.
Essas oposições de sentido são muito importantes na Emprestei tantos quantos foram necessários.
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas (antecedente)
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumentos
expostos. Observe nas frases seguintes a força que os pronomes Ele fez tudo quanto havia falado.
indefinidos destacados imprimem às afirmações de que fazem (antecedente)
parte:
Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado f)  O pronome  “quem” se refere a pessoas e vem sempre
prático. precedido de preposição.
Certas  pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
pessoas quaisquer. É um professor a quem muito devemos.
(preposição)
Pronomes Relativos
g)  “Onde”, como pronome relativo, sempre possui
São aqueles que representam nomes já mencionados antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar.
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as A casa onde morava foi assaltada.
orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema  que  afirma a superioridade de um h) Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em
grupo racial sobre outros. que.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no
oração subordinada adjetiva). exterior.
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e
introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema” i) Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras:
é antecedente do pronome relativo que. - como (= pelo qual)
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome Não me parece correto o modo como você agiu semana
demonstrativo o, a, os, as. passada.
Não sei o que você está querendo dizer. - quando (= em que)
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.
expresso.
Quem casa, quer casa. j)  Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase.
Observe: O futebol é um esporte.
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais, O povo gosta muito deste esporte.
cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas. O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
k)  Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
Note que: ocorrer a elipse do relativo “que”.
a)  O pronome  “que”  é o relativo de mais largo emprego, A sala estava cheia de gente que conversava, (que) ria,
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído (que) fumava.
por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for
um substantivo. Pronomes Interrogativos

Língua Portuguesa 40
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APOSTILAS OPÇÃO
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito
ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem- geralmente são parecidos com você: pertencem ao mesmo
se à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos fracos, não. Eles
interrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações). transitam por grupos diferentes do seu e, por isso, podem lhe
apresentar novas pessoas e ampliar seus horizontes – gerando
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. uma renovação de ideias que faz bem a todos os relacionamentos,
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas inclusive às amizades antigas. O problema é que a maioria das
preferes. redes na Internet é simétrica: se você quiser ter acesso às
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos informações de uma pessoa ou mesmo falar reservadamente com
passageiros desembarcaram. ela, é obrigado a pedir a amizade dela. Como é meio grosseiro
dizer “não” ________ alguém que você conhece, todo mundo acaba
Sobre os pronomes: adicionando todo mundo. E isso vai levando ________ banalização
do conceito de amizade.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de É verdade. Mas, com a chegada de sítios como o Twitter, ficou
sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando diferente. Esse tipo de sítio é uma rede social completamente
desempenha função de complemento. Vamos entender, assimétrica. E isso faz com que as redes de “seguidores” e
primeiramente, como o pronome pessoal surge na frase e que “seguidos” de alguém possam se comunicar de maneira muito
função exerce. Observe as orações: mais fluida. Ao estudar a sua própria rede no Twitter, o sociólogo
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. Nicholas Christakis, da Universidade de Harvard, percebeu
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia ajudá- que seus amigos tinham começado a se comunicar entre si
lo. independentemente da mediação dele. Pessoas cujo único ponto
em comum era o próprio Christakis acabaram ficando amigas.
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” No Twitter, eu posso me interessar pelo que você tem a dizer e
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. começar a te seguir. Nós não nos conhecemos.
Mas você saberá quando eu o retuitar ou mencionar seu
Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo nome no sítio, e poderá falar comigo. Meus seguidores também
função de complemento, e, consequentemente, é do caso oblíquo. podem se interessar pelos seus tuítes e começar a seguir você.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, Em suma, nós continuaremos não nos conhecendo, mas as
o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a pessoas que estão ________ nossa volta podem virar amigas entre
segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia si.
ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe). Adaptado de: COSTA, C. C.. Disponível em:
Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do <http://super.abril.com.br/cotidiano/como-internet-
pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo estamudando-amizade-619645.shtml>.
“ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou
entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”) Considere as seguintes afirmações sobre a relação que se
estiver no infinitivo ou gerúndio. estabelece entre algumas palavras do texto e os elementos a que
Eu desejo lhe perguntar algo. se referem.
Eu estou perguntando-lhe algo. I. No segmento que nascem, a palavra que se refere a
amizades.
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: II. O segmento elos fracos retoma o segmento uma forma
os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente superficial de amizade.
dos segundos que são sempre precedidos de preposição. III. Na frase Nós não nos conhecemos, o pronome Nós refere-
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu se aos pronomes eu e você.
estava fazendo.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que Quais estão corretas?
eu estava fazendo. (A) Apenas I.
(B) Apenas II.
Questões (C) Apenas III.
(D) Apenas I e II.
01. Observe as sentenças abaixo. (E) I, II e III.
I. Esta é a professora de cuja aula todos os alunos gostam.
II. Aquela é a garota com cuja atitude discordei - tornamo- 03. Observe a charge a seguir.
nos inimigas desde aquele episódio.
III. A criança cuja a família não compareceu ficou inconsolável.

O pronome ‘cuja’ foi empregado de acordo com a norma


culta da língua portuguesa em:
(A) apenas uma das sentenças
(B) apenas duas das sentenças.
(C) nenhuma das sentenças.
(D) todas as sentenças.

02. Um estudo feito pela Universidade de Michigan constatou


que o que mais se faz no Facebook, depois de interagir com
amigos, é olhar os perfis de pessoas que acabamos de conhecer.
Se você gostar do perfil, adicionará aquela pessoa, e estará
formado um vínculo. No final, todo mundo vira amigo de todo
mundo. Mas, não é bem assim. As redes sociais têm o poder de Em relação à charge acima, assinale a afirmativa inadequada.
transformar os chamados elos latentes (pessoas que frequentam (A) A fala do personagem é uma modificação intencional de
o mesmo ambiente social, mas não são suas amigas) em elos uma fala de Cristo.
fracos – uma forma superficial de amizade. Pois é, por mais (B) As duas ocorrências do pronome “eles” referem-se a
que existam exceções _______qualquer regra, todos os estudos pessoas distintas.
mostram que amizades geradas com a ajuda da Internet são (C) A crítica da charge se dirige às autoridades políticas no
mais fracas, sim, do que aquelas que nascem e se desenvolvem poder.
fora dela. (D) A posição dos braços do personagem na charge repete a
de Cristo na cruz.

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APOSTILAS OPÇÃO
(E) Os elementos imagísticos da charge estão distribuídos de - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito.
forma equilibrada. Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
Respostas principais verbos impessoais são:
01. A\02. E\03. B a) haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se
ou fazer (em orações temporais).
Verbo Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Verbo  é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover);
ocorrência (nascer); desejo (querer). b) fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
possíveis significados. Observe que palavras como corrida, Era primavera quando a conheci.
chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns Estava frio naquele dia.
verbos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as
possibilidades de flexão que esses verbos possuem. c) Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
Estrutura das Formas Verbais escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal-
humorado”, usa-se o verbo  “amanhecer”  em sentido figurado.
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado,
apresentar os seguintes elementos: deixa de ser impessoal para ser pessoal.
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
a)  Radical:  é a parte invariável, que expressa o significado Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
essencial do verbo. Por exemplo: Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-)
d) São impessoais, ainda:
b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo.
conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r Ex.: Já passa das seis.
2. os verbos  bastar  e  chegar, seguidos da preposição  de,
São três as conjugações: indicando suficiência. Ex.: 
1ª - Vogal Temática - A - (falar) Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
2ª - Vogal Temática - E - (vender) 3. os verbos  estar  e  ficar  em orações tais como  Está bem,
3ª - Vogal Temática - I - (partir) Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal,  sem referência
a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso,
c) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o classificar o sujeito como  hipotético, tornando-se, tais verbos,
tempo e o modo do verbo. então, pessoais.
Por exemplo: 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) possível”. Por exemplo:
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uns trocados?
d)  Desinência número-pessoal:  é o elemento que designa
a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou - Unipessoais:  são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se
plural). apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) A fruta amadureceu.
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) As frutas amadureceram.

Observação:  o verbo pôr, assim como seus derivados Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos
(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a pessoais na linguagem figurada:
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver Teu irmão amadureceu bastante.
desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de
verbo: põe, pões, põem, etc. animais; eis alguns:
bramar: tigre
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas bramir: crocodilo
cacarejar: galinha
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos coaxar: sapo
verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com cricrilar: grilo
facilidade que nas formas rizotônicas, o acento tônico cai no
radical do verbo: opino, aprendam,  nutro, por exemplo. Nas Os principais verbos unipessoais são:
formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer,
na terminação verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos. ser (preciso, necessário, etc.).
Cumpre  trabalharmos bastante. (Sujeito:  trabalharmos
Classificação dos Verbos bastante.)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
Classificam-se em: É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
a) Regulares:  são aqueles que possuem as desinências 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações conjunção que.
no radical.
Faz  dez anos que deixei de fumar. (Sujeito:  que deixei de
Por exemplo: canto     cantei      cantarei     cantava      cantasse fumar.)
b) Irregulares:  são aqueles cuja flexão provoca alterações Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia.
no radical ou nas desinências. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Por exemplo: faço     fiz      farei     fizesse Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
c) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação
completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais. - Pessoais:  não apresentam algumas flexões por motivos
morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:

Língua Portuguesa 42
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APOSTILAS OPÇÃO
verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha sido.
indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que Futuro do Pretérito simples: eu seria, tu serias, ele seria,
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos nós seríamos, vós seríeis, eles seriam.
contextos. Futuro do Pretérito Composto: terei sido.
verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do Futuro do Presente: eu serei, tu serás, ele será, nós seremos,
indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade vós sereis, eles serão.
considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas Futuro do Pretérito Composto: Teria sido.
razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas
verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é SER - Modo Subjuntivo
o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a
popularização da informática, tem sido conjugado em todos os Presente: que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que nós
tempos, modos e pessoas. sejamos, que vós sejais, que eles sejam.
Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele fosse,
d) Abundantes:  são aqueles que possuem mais de uma se nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem.
forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse sido.
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares Futuro Simples: quando eu for, quando tu fores, quando ele
terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas for, quando nós formos, quando vós fordes, quando eles forem.
curtas (particípio irregular). Observe: Futuro Composto: tiver sido.

SER - Modo Imperativo


Infinitivo Particípio regular Particípio irregular
Imperativo Afirmativo: sê tu, seja ele, sejamos nós, sede
Anexar Anexado Anexo vós, sejam eles.
Imperativo Negativo: não sejas tu, não seja ele, não sejamos
Dispersar Dispersado Disperso nós, não sejais vós, não sejam eles.
Eleger Elegido Eleito Infinitivo Pessoal: por ser eu, por seres tu, por ser ele, por
sermos nós, por serdes vós, por serem eles.
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso SER - Formas Nominais
Matar Matado Morto Formas Nominais
Morrer Morrido Morto Infinitivo: ser
Gerúndio: sendo
Pegar Pegado Pego Particípio: sido
Soltar Soltado Solto
Infinitivo Pessoal : ser eu, seres tu, ser ele, sermos
e) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical nós, serdes vós, serem eles.
em sua conjugação.
Por exemplo:  ESTAR - Modo Indicativo
Ir Pôr Ser Saber Presente: eu estou, tu estás, ele está, nós estamos, vós estais,
vou ponho sou sei eles estão.
vais pus és sabes Pretérito Imperfeito: eu estava, tu estavas, ele estava, nós
ides pôs fui soube estávamos, vós estáveis, eles estavam.
fui punha foste saiba Pretérito Perfeito Simples: eu estive, tu estiveste, ele
esteve, nós estivemos, vós estivestes, eles estiveram.
foste seja
Pretérito Perfeito Composto: tenho estado.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu estivera, tu
f) Auxiliares estiveras, ele estivera, nós estivéramos, vós estivéreis, eles
São aqueles que entram na formação dos tempos estiveram.
compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando Pretérito Mais-que-perfeito Composto: tinha estado
acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas Futuro do Presente Simples: eu estarei, tu estarás, ele
nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio. estará, nós estaremos, vós estareis, eles estarão.
                         Futuro do Presente Composto: terei estado.
  Vou                       espantar           as          moscas. Futuro do Pretérito Simples: eu estaria, tu estarias, ele
(verbo auxiliar)       (verbo principal no infinitivo) estaria, nós estaríamos, vós estaríeis, eles estariam.
Futuro do Pretérito Composto: teria estado.
Está                    chegando            a         hora     do    debate.
(verbo auxiliar)      (verbo principal no gerúndio)                  ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo
                   
Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e Presente: que eu esteja, que tu estejas, que ele esteja, que
haver. nós estejamos, que vós estejais, que eles estejam.
Pretérito Imperfeito: se eu estivesse, se tu estivesses, se
Conjugação dos Verbos Auxiliares ele estivesse, se nós estivéssemos, se vós estivésseis, se eles
estivessem.
SER - Modo Indicativo Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse estado
Futuro Simples: quando eu estiver, quando tu estiveres,
Presente: eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são. quando ele estiver, quando nós estivermos, quando vós
Pretérito Imperfeito: eu era, tu eras, ele era, nós éramos, estiverdes, quando eles estiverem.
vós éreis, eles eram. Futuro Composto: Tiver estado.
Pretérito Perfeito Simples: eu fui, tu foste, ele foi, nós
fomos, vós fostes, eles foram. Imperativo Afirmativo: está tu, esteja ele, estejamos nós,
Pretérito Perfeito Composto: tenho sido. estai vós, estejam eles.
Mais-que-perfeito simples: eu fora, tu foras, ele fora, nós Imperativo Negativo: não estejas tu, não esteja ele, não
fôramos, vós fôreis, eles foram. estejamos nós, não estejais vós, não estejam eles.

Língua Portuguesa 43
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Infinitivo Pessoal: por estar eu, por estares tu, por estar ele, Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu tivera, tu tiveras,
por estarmos nós, por estardes vós, por estarem eles. ele tivera, nós tivéramos, vós tivéreis, eles tiveram.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha tido.
Formas Nominais Futuro do Presente Simples: eu terei, tu terás, ele terá, nós
Infinitivo: estar teremos, vós tereis, eles terão.
Gerúndio: estando Futuro do Presente: terei tido.
Particípio: estado Futuro do Pretérito Simples: eu teria, tu terias, ele teria,
nós teríamos, vós teríeis, eles teriam.
ESTAR - Formas Nominais Futuro do Pretérito composto: teria tido.

Infinitivo Impessoal: estar TER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Infinitivo Pessoal: estar, estares, estar, estarmos, estardes,
estarem. Modo Subjuntivo
Gerúndio: estando Presente: que eu tenha, que tu tenhas, que ele tenha, que
Particípio: estado nós tenhamos, que vós tenhais, que eles tenham.
Pretérito Imperfeito: se eu tivesse, se tu tivesses, se ele
HAVER - Modo Indicativo tivesse, se nós tivéssemos, se vós tivésseis, se eles tivessem.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse tido.
Presente: eu hei, tu hás, ele há, nós havemos, vós haveis, eles Futuro: quando eu tiver, quando tu tiveres, quando ele tiver,
hão. quando nós tivermos, quando vós tiverdes, quando eles tiverem.
Pretérito Imperfeito: eu havia, tu havias, ele havia, nós Futuro Composto: tiver tido.
havíamos, vós havíeis, eles haviam.
Pretérito Perfeito Simples: eu houve, tu houveste, ele Modo Imperativo
houve, nós houvemos, vós houvestes, eles houveram. Imperativo Afirmativo: tem tu, tenha ele, tenhamos nós,
Pretérito Perfeito Composto: tenho havido. tende vós, tenham eles.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu houvera, tu Imperativo Negativo: não tenhas tu, não tenha ele, não
houveras, ele houvera, nós houvéramos, vós houvéreis, eles tenhamos nós, não tenhais vós, não tenham eles.
houveram. Infinitivo Pessoal: por ter eu, por teres tu, por ter ele, por
Pretérito Mais-que-Prefeito Composto: tinha havido. termos nós, por terdes vós, por terem eles.
Futuro do Presente Simples: eu haverei, tu haverás, ele
haverá, nós haveremos, vós havereis, eles haverão. g) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com
Futuro do Presente Composto: terei havido. os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma
Futuro do Pretérito Simples: eu haveria, tu haverias, ele pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais
haveria, nós haveríamos, vós haveríeis, eles haveriam. acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio
Futuro do Pretérito Composto: teria havido. sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os
HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se,
ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos
Modo Subjuntivo verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita
Presente: que eu haja, que tu hajas, que ele haja, que nós no radical do verbo. Por exemplo:
hajamos, que vós hajais, que eles hajam. Arrependi-me de ter estado lá.
Pretérito Imperfeito: se eu houvesse, se tu houvesses, se A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem
ele houvesse, se nós houvéssemos, se vós houvésseis, se eles um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma,
houvessem. pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse havido. pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do
Futuro Simples: quando eu houver, quando tu houveres, verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-
quando ele houver, quando nós houvermos, quando vós se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva
houverdes, quando eles houverem. expressa pelo radical do próprio verbo.  
Futuro Composto: tiver havido. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e
respectivos pronomes): 
Modo Imperativo Eu me arrependo 
Imperativo Afirmativo: haja ele, hajamos nós, havei vós, Tu te arrependes 
hajam eles. Ele se arrepende 
Imperativo Negativo: não hajas tu, não haja ele, não Nós nos arrependemos 
hajamos nós, não hajais vós, não hajam eles. Vós vos arrependeis 
Infinitivo Pessoal: por haver eu, por haveres tu, por haver Eles se arrependem
ele, por havermos nós, por haverdes vós, por haverem eles.
 - 2. Acidentais:  são aqueles verbos transitivos diretos em que
HAVER - Formas Nominais a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por
pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito
Infinitivo Impessoal: haver, haveres, haver, havermos, faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos
haverdes, haverem. transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser
Infinitivo Pessoal: haver conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se
Gerúndio: havendo chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
Particípio: havido A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode
ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:  Maria
TER - Modo Indicativo penteou-me.
 
Presente: eu tenho, tu tens, ele tem, nós temos, vós tendes, Observações:
eles têm. 1- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes
Pretérito Imperfeito: eu tinha, tu tinhas, ele tinha, nós oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
tínhamos, vós tínheis, eles tinham. sintática.
Pretérito Perfeito Simples: eu tive, tu tiveste, ele teve, nós 2- Há verbos que também são acompanhados de pronomes
tivemos, vós tivestes, eles tiveram. oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais,
Pretérito Perfeito Composto: tenho tido. são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes,

Língua Portuguesa 44
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APOSTILAS OPÇÃO
apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, - Pretérito Imperfeito  - Expressa um fato ocorrido num
exercem funções sintáticas. momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
Por exemplo: terminado. Por exemplo: Ele  estudava  as lições quando foi
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto interrompido.
direto) - 1ª pessoa do singular - Pretérito Perfeito (simples)  -  Expressa um fato ocorrido
num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado.
Modos Verbais Por exemplo: Ele estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo início no passado e que pode se prolongar até o momento atual.
verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três Por exemplo: Tenho estudado muito para os exames.
modos:  - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por exemplo: antes de outro fato já terminado. Por exemplo: Ele já  tinha
Eu sempre estudo. estudado  as lições quando os amigos chegaram. (forma
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
exemplo: Talvez eu estude amanhã. (forma simples)
Imperativo  - indica uma ordem, um pedido. Por - Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve
exemplo: Estuda agora, menino. ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual.
Por exemplo:  Ele estudará as lições amanhã.
Formas Nominais - Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve
ocorrer posteriormente a um momento atual, mas já terminado
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas antes de outro fato futuro. Por exemplo: Antes de bater o sinal,
que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, os alunos já terão terminado o teste.
advérbio), sendo por isso denominadas  formas nominais. - Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode
Observe:  ocorrer posteriormente a um determinado fato passado. Por
- a) Infinitivo Impessoal:  exprime a significação do verbo exemplo: Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de - Futuro do Pretérito (composto)  -  Enuncia um fato que
substantivo. Por exemplo: Viver é lutar. (= vida é luta) poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) passado. Por exemplo:  Se eu tivesse ganho esse dinheiro, teria
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente viajado nas férias.
(forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro. Era preciso ter lido este livro. 2. Tempos do Subjuntivo

b) Infinitivo Pessoal:  é o infinitivo relacionado às três - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não atual. Por exemplo: É conveniente que estudes para o exame.
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; - Pretérito Imperfeito  -  Expressa um fato passado, mas
nas demais, flexiona- -se da seguinte maneira: posterior a outro já ocorrido. Por exemplo: Eu esperava que
ele vencesse o jogo.
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.:termos (nós) Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.:terdes (vós) em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo:
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.:terem (eles) Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente
Por exemplo: terminado num momento passado. Por exemplo: Embora tenha
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. estudado bastante, não passou no teste.
- Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode
- c) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Por exemplo:
advérbio. Por exemplo:  Quando ele vier à loja, levará as encomendas.
Saindo  de casa, encontrei alguns amigos. (função de Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que
advérbio) indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja,
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função adjetivo) levará as encomendas.
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; - Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior
na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo: ao momento atual mas já terminado antes de outro fato
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro. futuro. Por exemplo:  Quando ele  tiver saído do hospital, nós o
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro. visitaremos.

- d) Particípio:  quando não é empregado na formação dos Presente do Indicativo


tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado
de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e 1ª conjugação/2ª conjugação/3ª conjugação / Desinência
grau. Por exemplo: pessoal
Terminados os exames, os candidatos saíram. CANTAR VENDER PARTIR
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma cantO vendO partO O
relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo cantaS vendeS parteS S
(adjetivo verbal). Por exemplo: canta vende parte -
Ela foi a aluna escolhida para representar a escola. cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
Tempos Verbais cantaM vendeM parteM M

Tomando-se como referência o momento em que se fala, Pretérito Perfeito do Indicativo


a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.
Veja: 1ª conjugação/2ª conjugação/3ª conjugação/Desinência
pessoal
1. Tempos do Indicativo CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
- Presente  - Expressa um fato atual. Por exemplo: cantaSTE vendeSTE partISTE STE
Eu estudo neste colégio. cantoU vendeU partiU U

Língua Portuguesa 45
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APOSTILAS OPÇÃO
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS 1ª /2ª e 3ª conj.
cantaSTES vendeSTES partISTES STES CANTAR VENDER PARTIR
cantaRAM vendeRAM partiRAM AM cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
Pretérito mais-que-perfeito cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíssemos SSE MOS
1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. /Desin. Temp. /Desin. Pess. cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
1ª/2ª e 3ª conj. cantaSSE vendeSSEM partiSSEM SSE M
CANTAR VENDER PARTIR - -
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø Futuro do Subjuntivo
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
correspondente.
Pretérito Imperfeito do Indicativo
1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. / Des. temp. /Desin. pess.
1ª conjugação / 2ª conjugação / 3ª conjugação 1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA cantaR vendeR partiR Ø
cantAVAS vendIAS partAS cantaRES vendeRES partiRES R ES
CantAVA vendIA partIA cantaR vendeR partiR R Ø
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantAVAM vendIAM partIAM cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Futuro do Presente do Indicativo Imperativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Imperativo Afirmativo


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente
cantar ás vender ás partir ás do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do
cantar á vender á partir á plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm,
cantar emos vender emos partir emos sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja: 
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão Pres. do Indicativo Imperativo Afirm. Pres. do Subjuntivo
Eu canto --- Que eu cante
Futuro do Pretérito do Indicativo Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
CANTAR VENDER PARTIR Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
cantarIA venderIA partirIA Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA Imperativo Negativo
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a
cantarIAM venderIAM partirIAM negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a Que tu cantes Não cantes tu
desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do Que ele cante Não cante você
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou Que nós cantemos Não cantemos nós
pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação). Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
1ª conj./2ª conj./3ª conju./Des.Temp./Des.temp./Des. pess
1ª conj. 2ª/3ª conj. Observações:
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø - No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa
cantES vendAS partAS E A S (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
cantE vendA partA E A Ø ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
cantEIS vendAIS partAIS E A IS - O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu),
cantEM vendAM partAM E A M sede (vós).

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo Infinitivo Impessoal

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, CANTAR VENDER PARTIR
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse
tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número Infinitivo Pessoal
e pessoa correspondente.
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
1ª conj. 2ª conj. 3ª conj. Des. temporal Desin. pessoal CANTAR VENDER PARTIR

Língua Portuguesa 46
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APOSTILAS OPÇÃO
cantar vender partir Mediante tais postulados, afirma-se que, dependendo das
cantarES venderES partirES circunstâncias expressas pelos advérbios, eles se classificam em
cantar vender partir distintas categorias, uma vez expressas por:    
cantarMOS venderMOS partirMOS de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, às
cantarDES venderDES partirDES claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse
cantarEM venderEM partirEM jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado
a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam
Questões em -mente: calmamente, tristemente, propositadamente,
pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosamente,
01. Considere o trecho a seguir. É comum que objetos bondosamente, generosamente
___ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
poderiam ser evitados se as pessoas ______ a atenção voltada excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão,
para seus pertences, conservando-os junto ao corpo. Assinale a tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de
alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas muito, por completo.
do texto. de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
(A) sejam … mantesse amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
(B) sejam … mantivessem doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim,
(C) sejam … mantém afinal, breve, constantemente, entrementes, imediatamente,
(D) seja … mantivessem primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
(E) seja … mantêm à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de
quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos,
02. Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão em breve, hoje em dia
apresentando quedas sucessivas de 2005 para cá. –, a locução
verbal em destaque expressa ação de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
(A) concluída. além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde,
(B) atemporal. longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora,
(C) contínua. alhures, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância,
(D) hipotética. à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda,
(E) futura. ao lado, em volta

03. (Escrevente TJ SP Vunesp) Sem querer estereotipar, de negação  : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
mas já estereotipando: trata--se de um ser cujas interações sociais forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente,
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
(C) adotar como referência de qualidade. de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto,
(D) julgar de acordo com normas legais. efetivamente, certo, decididamente, realmente, deveras,
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. indubitavelmente

Respostas de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente,


1-B / 2-C / 3-E simplesmente, só, unicamente

Advérbio de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também

O  advérbio, assim como muitas outras palavras existentes de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo,
tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade, de designação: Eis
contiguidade.
de interrogação: onde?(lugar), como?(modo),
Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no quando?(tempo), por quê?(causa), quanto?(preço e intensidade),
sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias para quê?(finalidade)
em que esse processo se desenvolve. 
Locução adverbial 
O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio.
caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não Exemplo:
é modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
modifica o  adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
exemplos:
Há locuções adverbiais que possuem advérbios
Para quem se diz  distantemente alheio  a esse assunto,
correspondentes.
você está até bem informado.
Exemplo:
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressadamente.
alheio, representando uma qualidade, característica.
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são
O artista canta muito mal. flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única
flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro é a de grau:
advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos
verificar que se tratava de somente uma palavra funcionando Superlativo:  aumenta a intensidade. Exemplos: longe
como advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
mais de uma palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar inconstitucionalissimamente, etc;
tal função. Temos aí o que chamamos de  locução adverbial, Diminutivo: diminui a intensidade.
representada por algumas expressões, tais como: às vezes, sem Exemplos: perto - pertinho, pouco - pouquinho, devagar -
dúvida, frente a frente, de modo algum, entre outras. devagarinho, 

Língua Portuguesa 47
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APOSTILAS OPÇÃO
Questões eles sejam julgados e condenados.
A impunidade é um dos motores da onda de violência que
01. Leia os quadrinhos para responder a questão. temos visto. O machismo e o preconceito são outros. O perfil
impulsivo de alguns jovens (amplificado pela bebida e por
outras substâncias) completa o mecanismo que gera agressões.
Sem interferir nesses elementos, a situação não vai mudar.
Maior rigor da justiça, educação para a convivência com o outro,
aumento da tolerância à própria frustração e melhor controle
sobre os impulsos (é normal levar um “não”, gente!) são alguns
dos caminhos.
(Jairo Bouer, Folha de S.Paulo, 24.10.2011. Adaptado)

Assinale a alternativa cuja expressão em destaque apresenta


circunstância adverbial de modo.
A) Repetidos episódios de violência (...) estão gerando ainda
uma série de repercussões.
B) ...quebrou o braço da estudante de direito R. D., 19, em
plena balada…
C) Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem
sucesso, de duas amigas…
D) Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não passou
de um engano...
E) O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se
quebrando por aí…

03. Leia o texto a seguir.

Cultura matemática
Hélio Schwartsman

(Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano. Português. Volume SÃO PAULO – Saiu mais um estudo mostrando que o ensino
Único) de matemática no Brasil não anda bem. A pergunta é: podemos
viver sem dominar o básico da matemática? Durante muito
No primeiro e segundo quadrinhos, estão em destaque dois tempo, a resposta foi sim. Aqueles que não simpatizavam muito
advérbios: AÍ e ainda. com Pitágoras podiam simplesmente escolher carreiras nas
Considerando que advérbio é a palavra que modifica quais os números não encontravam muito espaço, como direito,
um verbo, um outro advérbio ou um adjetivo, expressando jornalismo, as humanidades e até a medicina de antigamente.
a circunstância em que determinado fato ocorre, assinale Como observa Steven Pinker, ainda hoje, nos meios
a alternativa que classifica, correta e respectivamente, as universitários, é considerado aceitável que um intelectual se
circunstâncias expressas por eles. vanglorie de ter passado raspando em física e de ignorar o beabá
A) Lugar e negação. da estatística. Mas ai de quem admitir nunca ter lido Joyce ou
B) Lugar e tempo. dizer que não gosta de Mozart. Sobre ele recairão olhares tão
C) Modo e afirmação. recriminadores quanto sobre o sujeito que assoa o nariz na
D) Tempo e tempo. manga da camisa.
E) Intensidade e dúvida. Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida
02. Leia o texto a seguir. prática. Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma
ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental, mesmo
Impunidade é motor de nova onda de agressões para quem não pretende ser engenheiro ou seguir carreiras
técnicas.
Repetidos episódios de violência têm sido noticiados nas Como sobreviver à era do crédito farto sem saber calcular as
últimas semanas. Dois que chamam a atenção, pela banalidade armadilhas que uma taxa de juros pode esconder? Hoje, é difícil
com que foram cometidos, estão gerando ainda uma série de até posicionar-se de forma racional sobre políticas públicas sem
repercussões. assimilar toda a numeralha que idealmente as informa.
Em Natal, um garoto de 19 anos quebrou o braço da Conhecimentos rudimentares de estatística são pré-requisito
estudante de direito R.D., 19, em plena balada, porque ela teria para compreender as novas pesquisas que trazem informações
recusado um beijo. O suposto agressor já responde a uma ação relevantes para nossa saúde e bem-estar.
penal, por agressão, movida por sua ex-mulher. A matemática está no centro de algumas das mais intrigantes
No mesmo final de semana, dois amigos que saíam de uma especulações cosmológicas da atualidade. Se as equações da
boate em São Paulo também foram atacados por dois jovens mecânica quântica indicam que existem universos paralelos,
que estavam na mesma balada, e um dos agredidos teve a perna isso basta para que acreditemos neles? Ou, no rastro de Eugene
fraturada. Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem Wigner, podemos nos perguntar por que a matemática é tão
sucesso, de duas garotas que eram amigas dos rapazes que eficaz para exprimir as leis da física.
saíam da boate. Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não Releia os trechos apresentados a seguir.
passou de um engano e que o rapaz teria fraturado a perna ao - Aqueles que não simpatizavam muito com Pitágoras
cair no chão. podiam simplesmente escolher carreiras nas quais os números
Curiosamente, também é possível achar um blog que diz não encontravam muito espaço... (1.º parágrafo)
que R.D., em Natal, foi quem atacou o jovem e que seu braço se - Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma
quebrou ao cair no chão. ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental...(3.º
Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos parágrafo)
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão
ajudar a polícia na investigação. Os advérbios em destaque nos trechos expressam, correta e
O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se respectivamente, circunstâncias de
quebrando por aí ao cair no chão, não é mesmo? As agressões A) afirmação e de intensidade.
devem ser rigorosamente apuradas e, se houver culpados, que B) modo e de tempo.

Língua Portuguesa 48
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APOSTILAS OPÇÃO
C) modo e de lugar. De + esse(s) = desse(s)
D) lugar e de tempo. De + essa(s) = dessa(s)
E) intensidade e de negação. De + aquele(s) = daquele(s)
De + aquela(s) = daquela(s)
Respostas De + isto = disto
1-B / 2-C / 3-B De + isso = disso
De + aquilo = daquilo
Preposição De + aqui = daqui
De + aí = daí
Preposição  é uma palavra invariável que serve para ligar De + ali = dali
termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente De + outro = doutro(s)
há uma subordinação do segundo termo em relação ao De + outra = doutra(s)
primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura Em + este(s) = neste(s)
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores Em + esta(s) = nesta(s)
semânticos indispensáveis para a compreensão do texto. Em + esse(s) = nesse(s)
Em + aquele(s) = naquele(s)
Tipos de Preposição Em + aquela(s) = naquela(s)
Em + isto = nisto
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente Em + isso = nisso
como preposições. Em + aquilo = naquilo
A, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, A + aquele(s) = àquele(s)
para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com. A + aquela(s) = àquela(s)
A + aquilo = àquilo
2.  Preposições acidentais: palavras de outras  classes
gramaticais que podem atuar como preposições. Dicas sobre preposição
Como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão,
visto. 1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal
oblíquo e artigo. Como distingui-los?
3.  Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo
como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas. - Caso o “a” seja um artigo, virá precedendo a um substantivo.
Abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de Ele servirá para determiná-lo como um substantivo singular
acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, e feminino.
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por A dona da casa não quis nos atender.
trás de. Como posso fazer a Joana concordar comigo?

A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da um tratamento adequado.
preposição, mas das palavras às quais ela se une.
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/
Esse processo de junção de uma preposição com outra ou a função de um substantivo.
palavra pode se dar a partir de dois processos: Temos Maria como parte da família. / A temos como parte
da família
1. Combinação: A preposição não sofre alteração. Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. /
preposição a + artigos definidos o, os Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
a + o = ao
preposição a + advérbio onde 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das
a + onde = aonde preposições:
Destino = Irei para casa.
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração. Modo = Chegou em casa aos gritos.
Lugar = Vou ficar em casa;
Preposição + Artigos Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
De + o(s) = do(s) Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
De + a(s) = da(s) Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
De + um = dum Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o
De + uns = duns tratamento.
De + uma = duma Instrumento = Escreveu a lápis.
De + umas = dumas Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
Em + o(s) = no(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
Em + a(s) = na(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
Em + um = num Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
Em + uma = numa Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
Em + uns = nuns Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
Em + umas = numas Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
A + à(s) = à(s) Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Por + o = pelo(s) Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
Por + a = pela(s)
Questões
Preposição + Pronomes
De + ele(s) = dele(s) 01. Leia o texto a seguir.
De + ela(s) = dela(s)
De + este(s) = deste(s) “Xadrez que liberta”: estratégia, concentração e reeducação
De + esta(s) = desta(s)

Língua Portuguesa 49
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APOSTILAS OPÇÃO
João Carlos de Souza Luiz cumpre pena há três anos e dois B) de ...com
meses por assalto. Fransley Lapavani Silva está há sete anos C) de ...a
preso por homicídio. Os dois têm 30 anos. Além dos muros, D) com ...a
grades, cadeados e detectores de metal, eles têm outros pontos E) para ...de
em comum: tabuleiros e peças de xadrez.
O jogo, que eles aprenderam na cadeia, além de uma válvula 03. Assinale a alternativa cuja preposição em destaque
de escape para as horas de tédio, tornou-se uma metáfora para o expressa ideia de finalidade.
que pretendem fazer quando estiverem em liberdade. A) Além disso, aumenta a punição administrativa, de R$
“Quando você vai jogar uma partida de xadrez, tem que pensar 957,70 para R$ 1.915,40.
duas, três vezes antes. Se você movimenta uma peça errada, B) ... o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que
pode perder uma peça de muito valor ou tomar um xeque-mate, o bafômetro e o exame de sangue eram obrigatórios para
instantaneamente. Se eu for para a rua e movimentar a peça comprovar o crime.
errada, eu posso perder uma peça muito importante na minha C) “... Ele é encaminhado para a delegacia para o perito fazer
vida, como eu perdi três anos na cadeia. Mas, na rua, o problema o exame clínico”...
maior é tomar o xeque-mate”, afirma João Carlos. D) Já para o juiz criminal de São Paulo, Fábio Munhoz
O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil internos Soares, um dos que devem julgar casos envolvendo pessoas
em 22 unidades prisionais do Espírito Santo. É o projeto “Xadrez embriagadas ao volante, a mudança “é um avanço”.
que liberta”. Duas vezes por semana, os presos podem praticar E) Para advogados, a lei aumenta o poder da autoridade
a atividade sob a orientação de servidores da Secretaria de policial de dizer quem está embriagado...
Estado da Justiça (Sejus). Na próxima sexta-feira, será realizado
o primeiro torneio fora dos presídios desde que o projeto foi Respostas
implantado. Vinte e oito internos de 14 unidades participam da
disputa, inclusive João Carlos e Fransley, que diz que a vitória 1-B / 2-B / 3-B
não é o mais importante.
“Só de chegar até aqui já estou muito feliz, porque eu não Conjunção
esperava. A vitória não é tudo. Eu espero alcançar outras coisas
devido ao xadrez, como ser olhado com outros olhos, como Conjunção  é a palavra invariável que liga duas orações ou
estou sendo olhado de forma diferente aqui no presídio devido dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por exemplo:
ao bom comportamento”.
Segundo a coordenadora do projeto, Francyany Cândido A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as
Venturin, o “Xadrez que liberta” tem provocado boas mudanças amiguinhas.
no comportamento dos presos. “Tem surtido um efeito positivo Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
por eles se tornarem uma referência positiva dentro da unidade,
já que cumprem melhor as regras, respeitam o próximo e 1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as
pensam melhor nas suas ações, refletem antes de tomar uma amiguinhas
atitude”.
Embora a Sejus não monitore os egressos que ganham a Cada informação está estruturada em torno de um verbo:
liberdade, para saber se mantêm o hábito do xadrez, João Carlos segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações:
já faz planos. “Eu incentivo não só os colegas, mas também 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e  mostrou
minha família. Sou casado e tenho três filhos. Já passei para a 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
minha família: xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a
vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar”. terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As
“Medidas de promoção de educação e que possibilitem que o palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
egresso saia melhor do que entrou são muito importantes. Nós
não temos pena de morte ou prisão perpétua no Brasil. O preso Observe: Gosto de natação e de futebol.
tem data para entrar e data para sair, então ele tem que sair Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes
sem retornar para o crime”, analisa o presidente do Conselho ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra  “e” está
Estadual de Direitos Humanos, Bruno Alves de Souza Toledo. ligando termos de uma mesma oração.
(Disponível em: www.inapbrasil.com.br/en/noticias/xadrez-que-
liberta-estrategia-concentracao-e-reeducacao/6/noticias. Adaptado) Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
ou dois termos semelhantes de uma mesma oração.
No trecho –... xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo
vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar.– o Morfossintaxe da Conjunção
termo em destaque expressa relação de
A) espaço, como em – Nosso diretor foi até Brasília para falar As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem
do projeto “Xadrez que liberta”. propriamente uma função sintática: são conectivos.
B) inclusão, como em – O xadrez mudou até o nosso modo
de falar. Classificação - Conjunções Coordenativas- Conjunções
C) finalidade, como em – Precisamos treinar até junho para Subordinativas
termos mais chances de vencer o torneio de xadrez.
D) movimento, como em – Só de chegar até aqui já estou Conjunções coordenativas
muito feliz, porque eu não esperava. Dividem-se em:
E) tempo, como em – Até o ano que vem, pretendo conseguir
a revisão da minha pena. - ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma.
Ex. Gosto de cantar e de dançar.
02. Considere o trecho a seguir. Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também,
O metrô paulistano, ________quem a banda recebe apoio, não só...como também.
garante o espaço para ensaios e os equipamentos; e a estabilidade
no emprego, vantagem________ que muitos trabalhadores sonham, - ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de oposição,
é o que leva os integrantes do grupo a permanecerem na de compensação.
instituição. Ex. Estudei, mas não entendi nada.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo,
As preposições que preenchem o trecho, correta, todavia, no entanto, entretanto.
respectivamente e de acordo com a norma-padrão, são:
A) a ...com - ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.

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APOSTILAS OPÇÃO
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho. b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer... uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que
quer, já...já. vêm marcadas por vírgula.
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações. Ex. b) Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Oração
Estudei muito, por isso mereço passar. Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela será
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois explicativa.
(depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim. Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperativo)

- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. É 2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade
melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora. porque não havia cemitério no local.”
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada
do verbo), porquanto. (parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-
Conjunções subordinativas la é colocá-la no início do período, introduzida pela
- CAUSAIS conjunção como - o que não ocorre com a CS Explicativa.
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os mortos
vez que, como (= porque). em outra cidade.
Ele não fez o trabalho porque não tem livro. b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente
dependentes uma da outra.
- COMPARATIVAS
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como, Questões
mais...do que, menos...do que.
Ela fala mais que um papagaio. 01. Leia o texto a seguir.
A música alcançou uma onipresença avassaladora em nosso
- CONCESSIVAS mundo: milhões de horas de sua história estão disponíveis em
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, disco; rios de melodia digital correm na internet; aparelhos
mesmo que, apesar de, se bem que. de mp3 com 40 mil canções podem ser colocados no bolso. No
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos, ou
inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”. até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós.
Ela se tornou um meio radicalmente virtual, uma arte sem
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar rosto. Quando caminhamos pela cidade num dia comum, nossos
cansada) ouvidos registram música em quase todos os momentos − pedaços
Apesar de ter chovido fui ao cinema. de hip-hop vazando dos fones de ouvido de adolescentes no metrô,
o sinal do celular de um advogado tocando a “Ode à alegria”, de
- CONFORMATIVAS Beethoven −, mas quase nada disso será resultado imediato de
Principais conjunções conformativas: como, segundo, um trabalho físico de mãos ou vozes humanas, como se dava no
conforme, consoante passado.
Cada um colhe conforme semeia. Desde que Edison inventou o cilindro fonográfico, em1877,
Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade. existe gente que avalia o que a gravação fez em favor e desfavor
da arte da música. Inevitavelmente, a conversa descambou para
- CONSECUTIVAS os extremos retóricos. No campo oposto ao dos que diziam que a
Expressam uma ideia de consequência. tecnologia acabaria com a música estão os utópicos, que alegam
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”, que a tecnologia não aprisionou a música, mas libertou-a, levando
“tão”, “tamanho”). a arte da elite às massas. Antes de Edison, diziam os utópicos,
Falou tanto que ficou rouco. as sinfonias de Beethoven só podiam ser ouvidas em salas de
concerto selecionadas. Agora, as gravações levam a mensagem
- FINAIS de Beethoven aos confins do planeta, convocando a multidão
Expressam ideia de finalidade, objetivo. saudada na “Ode à alegria”: “Abracem-se, milhões!”. Glenn Gould,
Todos trabalham para que possam sobreviver. depois de afastar-se das apresentações ao vivo em 1964, previu
Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque que dentro de um século o concerto público desapareceria no éter
(=para que), eletrônico, com grande efeito benéfico sobre a cultura musical.
(Adaptado de Alex Ross. Escuta só. Tradução Pedro Maia
- PROPORCIONAIS Soares. São Paulo, Cia. das Letras, 2010, p. 76-77)
Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto
mais, ao passo que, à proporção que. No entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos,
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha. ou até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós.

- TEMPORAIS Considerando-se o contexto, é INCORRETO afirmar que o


Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo elemento grifado pode ser substituído por:
que. A) Porém.
Quando eu sair, vou passar na locadora. B) Contudo.
C) Todavia.
Importante: D) Entretanto.
E) Conquanto.
Diferença entre orações causais e explicativas
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais (OSA) 02. Observando as ocorrências da palavra “como” em –
e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos deparamos Como fomos programados para ver o mundo como um lugar
com a dúvida de como distinguir uma oração causal de uma ameaçador… – é correto afirmar que se trata de conjunção
explicativa. Veja os exemplos: (A) comparativa nas duas ocorrências.
(B) conformativa nas duas ocorrências.
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser (C) comparativa na primeira ocorrência.
atropelado”: (D) causal na segunda ocorrência.
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa ou (E) causal na primeira ocorrência.
uma explicação do fato expresso na oração anterior.

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APOSTILAS OPÇÃO
03. Leia o texto a seguir. Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé...
ai: interjeição / sentença (sugestão): “Isso está doendo!” ou
Participação “Estou com dor!”
Num belo poema, intitulado “Traduzir-se”, Ferreira Gullar
aborda o tema de uma divisão muito presente em cada um de A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que
nós: a que ocorre entre o nosso mundo interior e a nossa atuação não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as
junto aos outros, nosso papel na ordem coletiva. A divisão não é sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro,
simples: costuma-se ver como antagônicas essas duas “partes” um estado da alma decorrente de uma situação particular, um
de nós, nas quais nos dividimos. De fato, em quantos momentos momento ou um contexto específico. Exemplos:
da nossa vida precisamos escolher entre o atendimento de um Ah, como eu queria voltar a ser criança!
interesse pessoal e o cumprimento de um dever ético? Como poeta ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
e militante político, Ferreira Gullar deixou-se atrair tanto pela Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
expressão das paixões mais íntimas quanto pela atuação de um hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
convicto socialista. Em seu poema, o diálogo entre as duas partes
é desenvolvido de modo a nos fazer pensar que são incompatíveis. O significado das interjeições está vinculado à maneira
como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita
Mas no último momento do poema deparamo-nos com esta o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto de
estrofe: enunciação. Exemplos:
“Traduzir uma parte na outra parte − que é uma questão de Psiu!
vida ou morte − será arte?” contexto:  alguém pronunciando essa expressão na rua;
significado da interjeição (sugestão):  “Estou te chamando! Ei,
O poeta levanta a possibilidade da “tradução” de uma parte espere!”
na outra, ou seja, da interação de ambas, numa espécie de Psiu!
espelhamento. Isso ocorreria quando o indivíduo conciliasse contexto:  alguém pronunciando essa expressão em um
verdadeiramente a instância pessoal e os interesses de uma hospital; significado da interjeição (sugestão):  “Por favor, faça
comunidade; quando deixasse de haver contradição entre a razão silêncio!”
particular e a coletiva. Pergunta-se o poeta se não seria arte esse Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
tipo de integração. Realmente, com muita frequência a arte se puxa: interjeição; tom da fala: euforia
mostra capaz de expressar tanto nossa subjetividade como nossa Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
identidade social. puxa: interjeição; tom da fala: decepção
Nesse sentido, traduzir uma parte na outra parte significaria
vencer a parcialidade e chegar a uma autêntica participação, As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
de sentido altamente político. O poema de Gullar deixa-nos essa a)  Sintetizar uma frase  exclamativa, exprimindo alegria,
hipótese provocadora, formulada com um ar de convicção. tristeza, dor, etc.
(Belarmino Tavares, inédito) Você faz o que no Brasil?
Eu? Eu negocio com madeiras.
Os seguintes fatos, referidos no texto, travam entre si uma Ah, deve ser muito interessante.
relação de causa e efeito: b) Sintetizar uma frase apelativa
A) ser poeta e militante político / confronto entre Cuidado! Saia da minha frente.
subjetividade e atuação social As interjeições podem ser formadas por:
B) ser poeta e militante político / divisão permanente em a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
cada um de nós b) palavras: Oba!, Olá!, Claro!
C) ser movido pelas paixões / esposar teses socialistas c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora
D) fazer arte / obliterar uma questão de vida ou morte bolas!
E) participar ativamente da política / formular hipóteses A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes
com ar de convicção da entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que
uma interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:
Respostas Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
1-E / 2-E / 3-A
Classificação das Interjeições
Interjeição
Comumente, as interjeições expressam sentido de:
- Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
Interjeição  é a palavra invariável que exprime emoções,
Atenção!, Olha!, Alerta!
sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o
- Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que,
- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
para isso, seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
mais elaboradas. Observe o exemplo:
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!,
Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
raiva se traduz numa palavra: Droga!
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
Ele poderia ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!,
simplesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!
Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
As sentenças da língua costumam se organizar de forma
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui
- Desculpa: Perdão!
em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!,
outro lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma
Eh!
ideia expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras -
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!,
locução interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma
Ora!
sentença.
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!,
Veja os exemplos:
Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, Putz!
Bravo! Bis!
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!,
bravo  e  bis: interjeição / sentença (sugestão): «Foi muito
Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
bom! Repitam!»

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APOSTILAS OPÇÃO
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade! das interjeições com o objetivo de caracterizar personagens
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, e, também, graças à sua natureza sintética, agilizar as falas.
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, Natureza sintética e conteúdo mais emocional do que
Deus! racional fazem das interjeições presença constante nos textos
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio! publicitários.
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh! Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
morf89.php
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é,
Numeral
não sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes,
nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os
Numeral é a palavra que indica os seres em termos
verbos. No entanto, em uso específico, algumas interjeições
numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa
sofrem variação em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que
em determinada sequência.
não se trata de um processo natural dessa classe de palavra,
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite.
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
Eu quero café duplo, e você?
Locução Interjetiva [duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma [primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de
expressão com sentido de interjeição. Por exemplo “fila”]
Ora bolas!
Quem me dera! Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
Virgem Maria! os números indicam em relação aos seres. Assim, quando a
Meu Deus! expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata
Ai de mim! de numerais, mas sim de algarismos.
Valha-me Deus! Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
Graças a Deus! ideia expressa pelos números, existem mais algumas palavras
Alto lá! consideradas numerais porque denotam quantidade, proporção
Muito bem! ou ordenação. São alguns exemplos: década, dúzia, par,
ambos(as), novena.
Observações:
Classificação dos Numerais
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por
exemplo: Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico:
Ué! = Eu não esperava por essa! um, dois, cem mil, etc.
Perdão! = Peço-lhe que me desculpe. Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada:
primeiro, segundo, centésimo, etc.
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão
tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
podem aparecer como interjeições. Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
Viva! Basta! (Verbos) seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada:
Fora! Francamente! (Advérbios) dobro, triplo, quíntuplo, etc.

3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase” Leitura dos Numerais


porque sozinha pode constituir uma mensagem.
Socorro! Separando os números em centenas, de trás para frente,
Ajudem-me!  obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
Silêncio! início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos
Fique quieto! usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte
4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas, e seis.
que exprimem ruídos e vozes. 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
Pum! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof!
Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc. Flexão dos numerais

5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a sua Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma,
homônima  “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza, etc. dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em
Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a fazemos diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc.
depois do “ó” vocativo. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
“Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!» (Olavo Bilac) 
Oh! a jornada negra!» (Olavo Bilac) Os numerais ordinais variam em gênero e número:
primeiro segundo milésimo
6) Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas primeira segunda milésima
de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no primeiros segundos milésimos
diminutivo ou no superlativo. primeiras segundas milésimas
Calminha! Adeusinho! Obrigadinho!
Interjeições, leitura e produção de textos Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam
em funções substantivas:
Usadas com muita frequência na língua falada informal, Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção.
quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além flexionam-se em gênero e número:
disso, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falante Teve de tomar doses triplas do medicamento.
- como a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo ou Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número.
dócil, até mesmo a origem geográfica. É nos textos narrativos - Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças
particularmente nos diálogos - que comumente se faz uso partes

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APOSTILAS OPÇÃO
Os numerais coletivos flexionam-se em número. Veja: uma novecentos nongentésimo
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. ou noningentésimo - nongentésimo
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos mil milésimo - milésimo
numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. milhão milionésimo - milionésimo
É o que ocorre em frases como: bilhão bilionésimo - bilionésimo
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade! Questões
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda
divisão de futebol) 01.Na frase “Nessa carteira só há duas notas de cinco reais”
temos exemplos de numerais:
Emprego dos Numerais A) ordinais;
B) cardinais;
*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em C) fracionários;
que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a D) romanos;
partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do E) Nenhuma das alternativas.
substantivo:
Ordinais Cardinais 02.Aponte a alternativa em que os numerais estão bem
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze) empregados.
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis) A) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro.
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte) B) Após o parágrafo nono virá o parágrafo décimo.
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte) C) Depois do capítulo sexto, li o capitulo décimo primeiro.
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três) D) Antes do artigo dez vem o artigo nono.
E) O artigo vigésimo segundo foi revogado.
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal
até nono e o cardinal de dez em diante: 03. Os ordinais referentes aos números 80, 300, 700 e 90
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez) são, respectivamente
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um) A) octagésimo, trecentésimo, septingentésirno,
nongentésimo
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um B) octogésimo, trecentésimo, septingentésimo, nonagésimo
e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente C) octingentésimo, tricentésimo, septuagésimo, nonagésimo
empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez D) octogésimo, tricentésimo, septuagésimo, nongentésimo
referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância Respostas
da solidariedade. Ambos agora participam das atividades 1-B / 2-D / 3-B
comunitárias de seu bairro.
VI - Sintaxe: Frase, oração e
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. período; período simples -
Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
termos da oração: identificação,
Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários classificações e emprego.
um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço Análise Sintática
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto A Análise Sintática examina a estrutura do período, divide
seis sexto sêxtuplo sexto e classifica as orações que o constituem e reconhece a função
sete sétimo sétuplo sétimo sintática dos termos de cada oração.
oito oitavo óctuplo oitavo Daremos uma ideia do que seja frase, oração, período, termo,
nove nono nônuplo nono função sintática e núcleo de um termo da oração.
dez décimo décuplo décimo As palavras, tanto na expressão escrita como na oral, são
onze décimo primeiro - onze avos reunidas e ordenadas em frases. Pela frase é que se alcança
doze décimo segundo - doze avos o objetivo do discurso, ou seja, da atividade linguística: a
treze décimo terceiro - treze avos comunicação com o ouvinte ou o leitor.
catorze décimo quarto - catorze avos Frase, Oração e Período são fatores constituintes de
quinze décimo quinto - quinze avos qualquer texto escrito em prosa, pois o mesmo compõe-se de
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos uma sequência lógica de ideias, todas organizadas e dispostas
dezessete décimo sétimo - dezessete avos em parágrafos minuciosamente construídos.
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos Frase: é todo enunciado capaz de transmitir, a quem nos
vinte vigésimo - vinte avos ouve ou lê, tudo o que pensamos, queremos ou sentimos. Pode
trinta trigésimo - trinta avos revestir as mais variadas formas, desde a simples palavra até
quarenta quadragésimo - quarenta avos o período mais complexo, elaborado segundo os padrões
cinquenta quinquagésimo - cinquenta avos sintáticos do idioma. São exemplos de frases:
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos Socorro!
oitenta octogésimo - oitenta avos Muito obrigado!
noventa nonagésimo - noventa avos Que horror!
cem centésimo cêntuplo centésimo Sentinela, alerta!
duzentos ducentésimo - ducentésimo Cada um por si e Deus por todos.
trezentos trecentésimo - trecentésimo Grande nau, grande tormenta.
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo Por que agridem a natureza?
quinhentos quingentésimo - quingentésimo “Tudo seco em redor.” (Graciliano Ramos)
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo “Boa tarde, mãe Margarida!” (Graciliano Ramos)
setecentos septingentésimo - septingentésimo “Fumaça nas chaminés, o céu tranquilo, limpo o terreiro.”
oitocentos octingentésimo - octingentésimo (Adonias Filho)

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APOSTILAS OPÇÃO
“As luzes da cidade estavam amortecidas.” (Érico Veríssimo) Olavo esteve aqui?
“Tropas do exército regular do Sul, ajustadas pelos Olavo esteve aqui?!
seus aliados brancos de além mar, tinham sido levadas em Olavo esteve aqui!
helicópteros para o lugar onde se presumia estivesse o inimigo,
mas este se havia sumido por completo.” (Érico Veríssimo) Questões

As frases são proferidas com entoação e pausas especiais, 01. Marque apenas as frases nominais:
indicadas na escrita pelos sinais de pontuação. Muitas frases, (A) Que voz estranha!
principalmente as que se desviam do esquema sujeito + (B) A lanterna produzia boa claridade.
predicado, só podem ser entendidas dentro do contexto (= (C) As risadas não eram normais.
o escrito em que figuram) e na situação (= o ambiente, as (D) Luisinho, não!
circunstâncias) em que o falante se encontra. Chamam-se frases
nominais as que se apresentam sem o verbo. 02. Classifique as frases em declarativa, interrogativa,
Exemplo: Tudo parado e morto. exclamativa, optativa ou imperativa.
(A) Você está bem?
Quanto ao sentido, as frases podem ser: (B) Não olhe; não olhe, Luisinho!
(C) Que alívio!
Declarativas: aquela através da qual se enuncia algo, (D) Tomara que Luisinho não fique impressionado!
de forma afirmativa ou negativa. Encerram a declaração ou (E) Você se machucou?
enunciação de um juízo acerca de alguém ou de alguma coisa: (F) A luz jorrou na caverna.
Paulo parece inteligente. (afirmativa) (G) Agora suma, seu monstro!
Nunca te esquecerei. (negativa) (H) O túnel ficava cada vez mais escuro.
Neli não quis montar o cavalo velho, de pelo ruço. (negativa)
03. Transforme a frase declarativa em imperativa. Siga o
Interrogativas: aquela da qual se pergunta algo, direta modelo:
(com ponto de interrogação) ou indiretamente (sem ponto de Luisinho ficou pra trás. (declarativa)
interrogação). São uma pergunta, uma interrogação: Lusinho, fique para trás. (imperativa)
Por que chegaste tão tarde?  
Gostaria de saber que horas são. (A) Eugênio e Marcelo caminhavam juntos.
“Por que faço eu sempre o que não queria” (Fernando Pessoa) (B) Luisinho procurou os fósforos no bolso.
(C) Os meninos olharam à sua volta.
Imperativas: aquela através da qual expressamos uma
ordem, pedido ou súplica, de forma afirmativa ou negativa. 04. Sabemos que frases verbais são aquelas que têm verbos.
Contém uma ordem, proibição, exortação ou pedido: Assinale, pois, as frases verbais:
“Cale-se! Respeite este templo.” (afirmativa) (A) Deus te guarde!
Não cometa imprudências. (negativa) (B) As risadas não eram normais.
“Não me leves para o mar.” (negativa) (C) Que ideia absurda!
(D) O fósforo quebrou – se em três pedacinhos.
Exclamativas: aquela através da qual externamos uma (E) Tão preta como o túnel!
admiração. Traduzem admiração, surpresa, arrependimento, (F) Quem bom!
etc.: (G) As ovelhas são mansas e pacientes.
Como eles são audaciosos! (H) Que espírito irônico e livre!
Não voltaram mais!
Respostas
Optativas: É aquela através da qual se exprime um desejo:
Bons ventos o levem! 01. “a” e “d”
Oxalá não sejam vãos tantos sacrifícios!
“E queira Deus que te não enganes, menino!” (Carlos de Laet) 02. a) interrogativa; b) imperativa; c) exclamativa; d)
optativa; e) interrogativa; f) declarativa; g) imperativa; h)
Imprecativas: Encerram uma imprecação (praga, maldição): declarativa
“Esta luz me falte, se eu minto, senhor!” (Camilo Castelo
Branco) 03. a) Eugênio e Marcelo, caminhem juntos!; b) Luisinho,
“Não encontres amor nas mulheres!” (Gonçalves Dias) procure os fósforos no bolso!; c) Meninos, olhem à sua volta!
“Maldito seja quem arme ciladas no seu caminho!”
(Domingos Carvalho da Silva) 04. a = guarde / b = eram / d = quebrou / g = são

Como se vê dos exemplos citados, os diversos tipos de frase Oração


podem encerrar uma afirmação ou uma negação. No primeiro
caso, a frase é afirmativa, no segundo, negativa. O que caracteriza Oração: é todo enunciado linguístico dotado de sentido,
e distingue esses diferentes tipos de frase é a entoação, ora porém há, necessariamente, a presença do verbo. A oração
ascendente ora descendente. encerra uma frase (ou segmento de frase), várias frases ou um
Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só podem ser período, completando um pensamento e concluindo o enunciado
integralmente captados se atentarmos para o contexto em que através de ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns
são empregadas. É o caso, por exemplo, das situações em que se casos, através de reticências.
explora a ironia. Pense, por exemplo, na frase “Que educação!”, Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes
usada quando se vê alguém invadindo, com seu carro, a faixa de elípticos). Não têm estrutura sintática, portanto não são orações,
pedestres. Nesse caso, ela expressa exatamente o contrário do não podem ser analisadas sintaticamente frases como:
que aparentemente diz.
A entoação é um elemento muito importante da frase falada, Socorro!
pois nos dá uma ampla possibilidade de expressão. Dependendo Com licença!
de como é dita, uma frase simples como «É ela.» pode indicar Que rapaz impertinente!
constatação, dúvida, surpresa, indignação, decepção, etc. Muito riso, pouco siso.
A mesma frase pode assumir sentidos diferentes, conforme o
tom com que a proferimos. Observe: Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como
Olavo esteve aqui. partes de um conjunto harmônico: elas formam os termos

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ou as unidades sintáticas da oração. Cada termo da oração fechada: nome adjetivo = núcleo do predicado
desempenha uma função sintática. Geralmente apresentam dois a padaria: sujeito
grupos de palavras: um grupo sobre o qual se declara alguma padaria: núcleo do sujeito - nome feminino singular
coisa (o sujeito), e um grupo que apresenta uma declaração (o
predicado), e, excepcionalmente, só o predicado. Exemplo: No interior de uma sentença, o sujeito é o termo determinante,
ao passo que o predicado é o termo determinado. Essa posição
A menina banhou-se na cachoeira. de determinante do sujeito em relação ao predicado adquire
A menina – sujeito sentido com o fato de ser possível, na língua portuguesa, uma
banhou-se na cachoeira – predicado sentença sem sujeito, mas nunca uma sentença sem predicado.
Choveu durante a noite. (a oração toda predicado) Exemplo:

O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em As formigas invadiram minha casa.
número e pessoa. É normalmente o «ser de quem se declara as formigas: sujeito = termo determinante
algo», «o tema do que se vai comunicar». invadiram minha casa: predicado = termo determinado
O predicado é a parte da oração que contém “a informação Há formigas na minha casa.
nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere ao sujeito, há formigas na minha casa: predicado = termo determinado
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. sujeito: inexistente

Observe: O amor é eterno. O tema, o ser de quem se declara O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma
algo, o sujeito, é “O amor”. A declaração referente a “o amor”, ou nominal, isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse
seja, o predicado, é «é eterno». nome se refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o
sujeito é representado por um pronome pessoal do caso reto (eu,
Já na frase: Os rapazes jogam futebol. O sujeito é “Os rapazes”, tu, ele, etc.). Se o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa,
que identificamos por ser o termo que concorda em número e sua representação pode ser feita através de um substantivo, de
pessoa com o verbo “jogam”. O predicado é “jogam futebol”. um pronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras,
cujo núcleo funcione, na sentença, como um substantivo.
Núcleo de um termo é a palavra principal (geralmente um Exemplos:
substantivo, pronome ou verbo), que encerra a essência de Eu acompanho você até o guichê.
sua significação. Nos exemplos seguintes, as palavras amigo e eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa
revestiu são o núcleo do sujeito e do predicado, respectivamente: Vocês disseram alguma coisa?
“O amigo retardatário do presidente prepara-se para vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa
desembarcar.” (Aníbal Machado) Marcos tem um fã-clube no seu bairro.
A avezinha revestiu o interior do ninho com macias plumas. Marcos: sujeito = substantivo próprio
Ninguém entra na sala agora.
Os termos da oração da língua portuguesa são classificados ninguém: sujeito = pronome substantivo
em três grandes níveis: O andar deve ser uma atividade diária.
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado. o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa oração

- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal e Além dessas formas, o sujeito também pode se constituir
Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e Agente de uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o nome de
da Passiva). oração substantiva subjetiva:

- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, É difícil optar por esse ou aquele doce...
Adjunto Adverbial, Aposto e Vocativo. É difícil: oração principal
optar por esse ou aquele doce: oração substantiva subjetiva
Termos Essenciais da Oração: São dois os termos essenciais
(ou fundamentais) da oração: sujeito e predicado. Exemplos: O sujeito é constituído por um substantivo ou pronome, ou
por uma palavra ou expressão substantivada. Exemplos:
Sujeito Predicado O sino era grande.
Pobreza não é vileza. Ela tem uma educação fina.
Vossa Excelência agiu com imparcialidade.
Os sertanistas capturavam os índios. Isto não me agrada.
Um vento áspero sacudia as árvores.
O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um
Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que pratica substantivo ou pronome. Em torno do núcleo podem aparecer
uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma coisa. Ao palavras secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas, etc.).
fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto semântico Exemplo: “Todos os ligeiros rumores da mata tinham uma
do sujeito (agente de uma ação) ou o seu aspecto estilístico voz para a selvagem filha do sertão.” (José de Alencar)
(o tópico da sentença). Já que o sujeito é depreendido de uma
análise sintática, vamos restringir a definição apenas ao seu O sujeito pode ser:
papel sintático na sentença: aquele que estabelece concordância
com o núcleo do predicado. Quando se trata de predicado verbal, Simples: quando tem um só núcleo: As rosas têm espinhos;
o núcleo é sempre um verbo; sendo um predicado nominal, o “Um bando de galinhas-d’angola atravessa a rua em fila indiana.”
núcleo é sempre um nome. Então têm por características básicas: Composto: quando tem mais de um núcleo: “O burro e o
- estabelecer concordância com o núcleo do predicado; cavalo nadavam ao lado da canoa.”
- apresentar-se como elemento determinante em relação ao Expresso: quando está explícito, enunciado: Eu viajarei
predicado; amanhã.
- constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo Oculto (ou elíptico): quando está implícito, isto é, quando
ou, ainda, qualquer palavra substantivada. não está expresso, mas se deduz do contexto: Viajarei amanhã.
(sujeito: eu, que se deduz da desinência do verbo); “Um soldado
Exemplo: saltou para a calçada e aproximou-se.” (o sujeito, soldado, está
expresso na primeira oração e elíptico na segunda: e (ele)
A padaria está fechada hoje. aproximou-se.); Crianças, guardem os brinquedos. (sujeito:
está fechada hoje: predicado nominal vocês)

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Agente: se faz a ação expressa pelo verbo da voz ativa: O Nilo Exemplo:
fertiliza o Egito.
Paciente: quando sofre ou recebe os efeitos da ação expressa Carolina conhece os índios da Amazônia.
pelo verbo passivo: O criminoso é atormentado pelo remorso; sujeito: Carolina = termo determinante
Muitos sertanistas foram mortos pelos índios; Construíram-se predicado: conhece os índios da Amazônia = termo
açudes. (= Açudes foram construídos.) determinado
Agente e Paciente: quando o sujeito realiza a ação expressa
por um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe os efeitos Nesse exemplo podemos observar que a concordância é
dessa ação: O operário feriu-se durante o trabalho; Regina estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois termos
trancou-se no quarto. essenciais. No exemplo, entre “Carolina” e “conhece”. Isso se dá
Indeterminado: quando não se indica o agente da ação porque a concordância é centrada nas palavras que são núcleos,
verbal: Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem atropelou isto é, que são responsáveis pela principal informação naquele
a senhora? Não se diz, não se sabe quem a atropelou.); Come-se segmento. No predicado o núcleo pode ser de dois tipos: um
bem naquele restaurante. nome, quase sempre um atributo que se refere ao sujeito da
oração, ou um verbo (ou locução verbal). No primeiro caso,
Observações: temos um predicado nominal (seu núcleo significativo é um
- Não confundir sujeito indeterminado com sujeito oculto. nome, substantivo, adjetivo, pronome, ligado ao sujeito por
- Sujeito formado por pronome indefinido não é um verbo de ligação) e no segundo um predicado verbal (seu
indeterminado, mas expresso: Alguém me ensinará o caminho. núcleo é um verbo, seguido, ou não, de complemento(s) ou
Ninguém lhe telefonou. termos acessórios). Quando, num mesmo segmento o nome e o
- Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o verbo são de igual importância, ambos constituem o núcleo do
verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer agente predicado e resultam no tipo de predicado verbo-nominal (tem
já expresso nas orações anteriores: Na rua olhavam-no com dois núcleos significativos: um verbo e um nome). Exemplos:
admiração; “Bateram palmas no portãozinho da frente.”; “De
qualquer modo, foi uma judiação matarem a moça.” Minha empregada é desastrada.
- Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo predicado: é desastrada
ativo na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se. O núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito
pronome se, neste caso, é índice de indeterminação do sujeito. tipo de predicado: nominal
Pode ser omitido junto de infinitivos.
Aqui vive-se bem. O núcleo do predicado nominal chama-se predicativo
Devagar se vai ao longe. do sujeito, porque atribui ao sujeito uma qualidade ou
Quando se é jovem, a memória é mais vivaz. característica. Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, etc.)
Trata-se de fenômenos que nem a ciência sabe explicar. funcionam como um elo entre o sujeito e o predicado.

- Assinala-se a indeterminação do sujeito deixando-se o A empreiteira demoliu nosso antigo prédio.


verbo no infinitivo impessoal: Era penoso carregar aqueles predicado: demoliu nosso antigo prédio
fardos enormes; É triste assistir a estas cenas repulsivas. núcleo do predicado: demoliu = nova informação sobre o
sujeito
Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a tipo de predicado: verbal
posposição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em nossa
língua. Os manifestantes desciam a rua desesperados.
Exemplos: predicado: desciam a rua desesperados
É fácil este problema! núcleos do predicado: desciam = nova informação sobre o
Vão-se os anéis, fiquem os dedos. sujeito; desesperados = atributo do sujeito
“Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores.” tipo de predicado: verbo-nominal
(José de Alencar)
Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é
Sem Sujeito: constituem a enunciação pura e absoluta de um responsável também por definir os tipos de elementos que
fato, através do predicado; o conteúdo verbal não é atribuído a aparecerão no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta
nenhum ser. São construídas com os verbos impessoais, na 3ª para compor o predicado (verbo intransitivo). Em outros casos
pessoa do singular: Havia ratos no porão; Choveu durante o jogo. é necessário um complemento que, juntamente com o verbo,
Observação: São verbos impessoais: Haver (nos sentidos constituem a nova informação sobre o sujeito. De qualquer
de existir, acontecer, realizar-se, decorrer), Fazer, passar, ser forma, esses complementos do verbo não interferem na tipologia
e estar, com referência ao tempo e Chover, ventar, nevar, gear, do predicado.
relampejar, amanhecer, anoitecer e outros que exprimem Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do verbo,
fenômenos meteorológicos. quando este puder ser facilmente subentendido, em geral por
estar expresso ou implícito na oração anterior. Exemplos:
Predicado: assim como o sujeito, o predicado é um
segmento extraído da estrutura interna das orações ou das “A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes
frases, sendo, por isso, fruto de uma análise sintática. Nesse inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o verbo é
sentido, o predicado é sintaticamente o segmento linguístico depois de algozes)
que estabelece concordância com outro termo essencial “Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira da
da oração, o sujeito, sendo este o termo determinante (ou Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe)
subordinado) e o predicado o termo determinado (ou principal). “A cidade parecia mais alegre; o povo, mais contente.” (Povina
Não se trata, portanto, de definir o predicado como “aquilo Cavalcante) (isto é: o povo parecia mais contente)
que se diz do sujeito” como fazem certas gramáticas da língua
portuguesa, mas sim estabelecer a importância do fenômeno Chama-se predicação verbal o modo pelo qual o verbo
da concordância entre esses dois termos essenciais da oração. forma o predicado.
Então têm por características básicas: apresentar-se como Há verbos que, por natureza, tem sentido completo,
elemento determinado em relação ao sujeito; apontar um podendo, por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos
atributo ou acrescentar nova informação ao sujeito. de predicação completa denominados intransitivos. Exemplo:

As flores murcharam.
Os animais correm.
As folhas caem.

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Outros verbos há, pelo contrário, que para integrarem castigar, contrariar, convidar, desculpar, dizer, estimar, elogiar,
o predicado necessitam de outros termos: são os verbos de entristecer, encontrar, ferir, imitar, levar, perseguir, prejudicar,
predicação incompleta, denominados transitivos. Exemplos: receber, saldar, socorrer, ter, unir, ver, etc.

João puxou a rede. Transitivos Indiretos: são os que reclamam um


“Não invejo os ricos, nem aspiro à riqueza.” (Oto Lara complemento regido de preposição, chamado objeto indireto.
Resende) Exemplos:
“Não simpatizava com as pessoas investidas no poder.” “Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma
(Camilo Castelo Branco) adolescente.” (Ciro dos Anjos)
“Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e
Observe que, sem os seus complementos, os verbos puxou, neutros.” (Érico Veríssimo)
invejo, aspiro, etc., não transmitiriam informações completas: “Lúcio não atinava com essa mudança instantânea.” (José
puxou o quê? Não invejo a quem? Não aspiro a quê? Américo)
Os verbos de predicação completa denominam-se “Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiritual.”
intransitivos e os de predicação incompleta, transitivos. Os (José Geraldo Vieira)
verbos transitivos subdividem-se em: transitivos diretos,
transitivos indiretos e transitivos diretos e indiretos Observações: Entre os verbos transitivos indiretos importa
(bitransitivos). distinguir os que se constroem com os pronomes objetivos lhe,
Além dos verbos transitivos e intransitivos, quem encerram lhes. Em geral são verbos que exigem a preposição a: agradar-lhe,
uma noção definida, um conteúdo significativo, existem os de agradeço-lhe, apraz-lhe, bate-lhe, desagrada-lhe, desobedecem-
ligação, verbos que entram na formação do predicado nominal, lhe, etc. Entre os verbos transitivos indiretos importa distinguir
relacionando o predicativo com o sujeito. os que não admitem para objeto indireto as formas oblíquas
Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em: lhe, lhes, construindo-se com os pronomes retos precedidos de
Intransitivos: são os que não precisam de complemento, preposição: aludir a ele, anuir a ele, assistir a ela, atentar nele,
pois têm sentido completo. depender dele, investir contra ele, não ligar para ele, etc.
“Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis) Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam
“Os guerreiros Tabajaras dormem.” (José de Alencar) a forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer, e
“A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia.” pouco mais, usados também como transitivos diretos: João
(Marquês de Maricá) paga (perdoa, obedece) o médico. O médico é pago (perdoado,
obedecido) por João. Há verbos transitivos indiretos, como
Observações: Os verbos intransitivos podem vir atirar, investir, contentar-se, etc., que admitem mais de uma
acompanhados de um adjunto adverbial e mesmo de um preposição, sem mudança de sentido. Outros mudam de sentido
predicativo (qualidade, características): Fui cedo; Passeamos com a troca da preposição, como nestes exemplos: Trate de sua
pela cidade; Cheguei atrasado; Entrei em casa aborrecido. vida. (tratar=cuidar). É desagradável tratar com gente grosseira.
As orações formadas com verbos intransitivos não podem (tratar=lidar). Verbos como aspirar, assistir, dispor, servir, etc.,
“transitar” (= passar) para a voz passiva. Verbos intransitivos variam de significação conforme sejam usados como transitivos
passam, ocasionalmente, a transitivos quando construídos com diretos ou indiretos.
o objeto direto ou indireto.
- “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do Nascimento) Transitivos Diretos e Indiretos: são os que se usam com
- “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís Jardim) dois objetos: um direto, outro indireto, concomitantemente.
- “Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves Dias) Exemplos:
- “Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no mundo No inverno, Dona Cléia dava roupas aos pobres.
que já morreu...” (Ciro dos Anjos) A empresa fornece comida aos trabalhadores.
Oferecemos flores à noiva.
Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer, Ceda o lugar aos mais velhos.
crescer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar,
chegar, vir, mentir, suar, adoecer, etc. De Ligação: Os que ligam ao sujeito uma palavra ou
expressão chamada predicativo. Esses verbos, entram na
Transitivos Diretos: são os que pedem um objeto direto, isto formação do predicado nominal. Exemplos:
é, um complemento sem preposição. Pertencem a esse grupo: A Terra é móvel.
julgar, chamar, nomear, eleger, proclamar, designar, considerar, A água está fria.
declarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos: O moço anda (=está) triste.
Comprei um terreno e construí a casa. A Lua parecia um disco.
“Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de
Maricá) Observações: Os verbos de ligação não servem apenas de
“Então, solenemente Maria acendia a lâmpada de sábado.” anexo, mas exprimem ainda os diversos aspectos sob os quais
(Guedes de Amorim) se considera a qualidade atribuída ao sujeito. O verbo ser, por
exemplo, traduz aspecto permanente e o verbo estar, aspecto
Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os transitório: Ele é doente. (aspecto permanente); Ele está doente.
que formam o predicado verbo nominal e se constrói com o (aspecto transitório). Muito desses verbos passam à categoria
complemento acompanhado de predicativo. Exemplos: dos intransitivos em frases como: Era =existia) uma vez uma
Consideramos o caso extraordinário. princesa.; Eu não estava em casa.; Fiquei à sombra.; Anda com
Inês trazia as mãos sempre limpas. dificuldades.; Parece que vai chover.
O povo chamava-os de anarquistas.
Julgo Marcelo incapaz disso. Os verbos, relativamente à predicação, não têm classificação
fixa, imutável. Conforme a regência e o sentido que apresentam
Observações: Os verbos transitivos diretos, em geral, podem na frase, podem pertencer ora a um grupo, ora a outro. Exemplos:
ser usados também na voz passiva; Outra característica desses O homem anda. (intransitivo)
verbos é a de poderem receber como objeto direto, os pronomes O homem anda triste. (de ligação)
o, a, os, as: convido-o, encontro-os, incomodo-a, conheço-as; Os
verbos transitivos diretos podem ser construídos acidentalmente O cego não vê. (intransitivo)
com preposição, a qual lhes acrescenta novo matiz semântico: O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto)
arrancar da espada; puxar da faca; pegar de uma ferramenta;
tomar do lápis; cumprir com o dever; Alguns verbos transitivos Não dei com a chave do enigma. (transitivo indireto)
diretos: abençoar, achar, colher, avisar, abraçar, comprar, Os pais dão conselhos aos filhos. (transitivo direto e indireto)

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Predicativo: Há o predicativo do sujeito e o predicativo do - Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém na
objeto. loja.; A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto de
plantei); Onde foi que você achou isso? Quando vira as folhas do
Predicativo do Sujeito: é o termo que exprime um atributo, livro, ela o faz com cuidado.; “Que teria o homem percebido nos
um estado ou modo de ser do sujeito, ao qual se prende por um meus escritos?”
verbo de ligação, no predicado nominal. Exemplos:
A bandeira é o símbolo da Pátria. Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos, dando-
A mesa era de mármore. se-lhes por objeto direto uma palavra cognata ou da mesma
esfera semântica:
Além desse tipo de predicativo, outro existe que entra na “Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.”
constituição do predicado verbo-nominal. Exemplos: (Vivaldo Coaraci)
O trem chegou atrasado. (=O trem chegou e estava “Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal
atrasado.) Machado)
O menino abriu a porta ansioso. “Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.” (Machado
Todos partiram alegres. de Assis)
Em tais construções é de rigor que o objeto venha
Observações: O predicativo subjetivo às vezes está acompanhado de um adjunto.
preposicionado; Pode o predicativo preceder o sujeito e até
mesmo ao verbo: São horríveis essas coisas!; Que linda Objeto Direto Preposicionado: Há casos em que o objeto
estava Amélia!; Completamente feliz ninguém é.; Raros são os direto, isto é, o complemento de verbos transitivos diretos, vem
verdadeiros líderes.; Quem são esses homens?; Lentos e tristes, precedido de preposição, geralmente a preposição a. Isto ocorre
os retirantes iam passando.; Novo ainda, eu não entendia certas principalmente:
coisas.; Onde está a criança que fui? - Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico:
Predicativo do Objeto: é o termo que se refere ao objeto de Deste modo, prejudicas a ti e a ela.; “Mas dona Carolina amava
um verbo transitivo. Exemplos: mais a ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me que Roberto
O juiz declarou o réu inocente. hostilizava antes a mim do que à ideia.”; “Ricardina lastimava o
O povo elegeu-o deputado. seu amigo como a si própria.”; “Amava-a tanto como a nós”.
- Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro
Observações: O predicativo objetivo, como vemos dos Severiano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a todos;
exemplos acima, às vezes vem regido de preposição. Esta, em deu um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo desenvolvimento
certos casos, é facultativa; O predicativo objetivo geralmente das suas graças.”; “Agora sabia que podia manobrar com ele, com
se refere ao objeto direto. Excepcionalmente, pode referir-se aquele homem a quem na realidade também temia, como todos
ao objeto indireto do verbo chamar. Chamavam-lhe poeta; ali”.
Podemos antepor o predicativo a seu objeto: O advogado - Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evitando
considerava indiscutíveis os direitos da herdeira.; Julgo que o objeto direto seja tomado como sujeito, impedindo
inoportuna essa viagem.; “E até embriagado o vi muitas construções ambíguas: Convence, enfim, ao pai o filho amado.;
vezes.”; “Tinha estendida a seus pés uma planta rústica da “Vence o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem cerimônia, como a
cidade.”; “Sentia ainda muito abertos os ferimentos que aquele um irmão.”; A qual delas iria homenagear o cavaleiro?
choque com o mundo me causara.” - Em expressões de reciprocidade, para garantir a clareza e a
eufonia da frase: “Os tigres despedaçam-se uns aos outros.”; “As
Termos Integrantes da Oração companheiras convidavam-se umas às outras.”; “Era o abraço de
duas criaturas que só tinham uma à outra”.
Chamam-se termos integrantes da oração os que completam - Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas,
a significação transitiva dos verbos e nomes. Integram (inteiram, principalmente na expressão dos sentimentos ou por amor da
completam) o sentido da oração, sendo por isso indispensável à eufonia da frase: Judas traiu a Cristo.; Amemos a Deus sobre
compreensão do enunciado. São os seguintes: todas as coisas. “Provavelmente, enganavam é a Pedro.”; “O
- Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto); estrangeiro foi quem ofendeu a Tupã”.
- Complemento Nominal; - Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o objeto
- Agente da Passiva. direto para dar-lhe realce: A você é que não enganam!; Ao
médico, confessor e letrado nunca enganes.; “A este confrade
Objeto Direto: é o complemento dos verbos de predicação conheço desde os seus mais tenros anos”.
incompleta, não regido, normalmente, de preposição. Exemplos: - Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro
As plantas purificaram o ar. caiu, molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os matava a
“Nunca mais ele arpoara um peixe-boi.” (Ferreira Castro) ambos...”.
Procurei o livro, mas não o encontrei. - Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes a
Ninguém me visitou. pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a uns e odeias a
outros?; Aumente a sua felicidade, tornando felizes também aos
O objeto direto tem as seguintes características: outros.; A quantos a vida ilude!.
- Completa a significação dos verbos transitivos diretos; - Em certas construções enfáticas, como puxar (ou arrancar)
- Normalmente, não vem regido de preposição; da espada, pegar da pena, cumprir com o dever, atirar com os
- Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um livros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas de aço fino...”;
verbo ativo: Caim matou Abel. “Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva: Abel foi morto da linha, enfiou a linha na agulha e entrou a coser.”; “Imagina-se
por Caim. a consternação de Itaguaí, quando soube do caso.”

O objeto direto pode ser constituído: Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a
- Por um substantivo ou expressão substantivada: O lavrador preposição é de rigor, nos cinco outros, facultativa; A substituição
cultiva a terra.; Unimos o útil ao agradável. do objeto direto preposicionado pelo pronome oblíquo átono,
- Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos: quando possível, se faz com as formas o(s), a(s) e não lhe,
Espero-o na estação.; Estimo-os muito.; Sílvia olhou-se ao lhes: amar a Deus (amá-lo); convencer ao amigo (convencê-
espelho.; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo a lo); O objeto direto preposicionado, é obvio, só ocorre com
tempo.; Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos amo.; verbo transitivo direto; Podem resumir-se em três as razões
“Marchei resolutamente para a maluca e intimei-a a ficar ou finalidades do emprego do objeto direto preposicionado:
quieta.”; “Vós haveis de crescer, perder-vos-ei de vista.” a clareza da frase; a harmonia da frase; a ênfase ou a força da
expressão.

Língua Portuguesa 59
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APOSTILAS OPÇÃO
Objeto Direto Pleonástico: Quando queremos dar destaque no objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de
ou ênfase à ideia contida no objeto direto, colocamo-lo no complementar verbos, complementa nomes (substantivos,
início da frase e depois o repetimos ou reforçamos por meio do adjetivos) e alguns advérbios em –mente. Os nomes que
pronome oblíquo. A esse objeto repetido sob forma pronominal requerem complemento nominal correspondem, geralmente, a
chama-se pleonástico, enfático ou redundante. Exemplos: verbos de mesmo radical: amor ao próximo, amar o próximo;
O dinheiro, Jaime o trazia escondido nas mangas da camisa. perdão das injúrias, perdoar as injúrias; obediente aos pais,
O bem, muitos o louvam, mas poucos o seguem. obedecer aos pais; regresso à pátria, regressar à pátria; etc.
“Seus cavalos, ela os montava em pelo.” (Jorge Amado)
Agente da Passiva: é o complemento de um verbo na voz
Objeto Indireto: É o complemento verbal regido de passiva. Representa o ser que pratica a ação expressa pelo verbo
preposição necessária e sem valor circunstancial. Representa, passivo. Vem regido comumente pela preposição por, e menos
ordinariamente, o ser a que se destina ou se refere à ação verbal: frequentemente pela preposição de: Alfredo é estimado pelos
“Nunca desobedeci a meu pai”. O objeto indireto completa a colegas; A cidade estava cercada pelo exército romano; “Era
significação dos verbos: conhecida de todo mundo a fama de suas riquezas.”

- Transitivos Indiretos: Assisti ao jogo; Assistimos à missa e O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos ou
à festa; Aludiu ao fato; Aspiro a uma vida calma. pelos pronomes:
- Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou passiva): As flores são umedecidas pelo orvalho.
Dou graças a Deus; Ceda o lugar aos mais velhos; Dedicou sua A carta foi cuidadosamente corrigida por mim.
vida aos doentes e aos pobres; Disse-lhe a verdade. (Disse a
verdade ao moço.) O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na voz
ativa:
O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras A rainha era chamada pela multidão. (voz passiva)
categorias, os quais, no caso, são considerados acidentalmente A multidão aclamava a rainha. (voz ativa)
transitivos indiretos: A bom entendedor meia palavra basta; Ele será acompanhado por ti. (voz passiva)
Sobram-lhe qualidades e recursos. (lhe=a ele); Isto não lhe
convém; A proposta pareceu-lhe aceitável. Observações:
Frase de forma passiva analítica sem complemento agente
Observações: Há verbos que podem construir-se com dois expresso, ao passar para a ativa, terá sujeito indeterminado
objetos indiretos, regidos de preposições diferentes: Rogue a e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi expulso da cidade.
Deus por nós.; Ela queixou-se de mim a seu pai.; Pedirei para (Expulsaram-no da cidade.); As florestas são devastadas.
ti a meu senhor um rico presente; Não confundir o objeto direto (Devastam as florestas.); Na passiva pronominal não se declara
com o complemento nominal nem com o adjunto adverbial; Em o agente: Nas ruas assobiavam-se as canções dele pelos
frases como “Para mim tudo eram alegrias”, “Para ele nada é pedestres. (errado); Nas ruas eram assobiadas as canções dele
impossível”, os pronomes em destaque podem ser considerados pelos pedestres. (certo); Assobiavam-se as canções dele nas
adjuntos adverbiais. ruas. (certo)

O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa Termos Acessórios da Oração


ou implícita. A preposição está implícita nos pronomes objetivos
indiretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Exemplos: Termos acessórios são os que desempenham na oração
Obedece-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence. (=Isto uma função secundária, qual seja a de caracterizar um ser,
pertence a ti.); Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...); Peço- determinar os substantivos, exprimir alguma circunstância. São
vos isto. (=Peço isto a vós.). Nos demais casos a preposição é três os termos acessórios da oração: adjunto adnominal, adjunto
expressa, como característica do objeto indireto: Recorro a adverbial e aposto.
Deus.; Dê isto a (ou para) ele.; Contenta-se com pouco.; Ele
só pensa em si.; Esperei por ti.; Falou contra nós.; Conto com Adjunto adnominal: É o termo que caracteriza ou determina
você.; Não preciso disto.; O filme a que assisti agradou ao os substantivos. Exemplo: Meu irmão veste roupas vistosas.
público.; Assisti ao desenrolar da luta.; A coisa de que mais (Meu determina o substantivo irmão: é um adjunto adnominal
gosto é pescar.; A pessoa a quem me refiro você a conhece.; Os – vistosas caracteriza o substantivo roupas: é também adjunto
obstáculos contra os quais luto são muitos.; As pessoas com adnominal).
quem conto são poucas. O adjunto adnominal pode ser expresso: Pelos adjetivos:
água fresca, terras férteis, animal feroz; Pelos artigos: o
Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é mundo, as ruas, um rapaz; Pelos pronomes adjetivos: nosso tio,
representado pelos substantivos (ou expressões substantivas) este lugar, pouco sal, muitas rãs, país cuja história conheço,
ou pelos pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são: a, que rua?; Pelos numerais: dois pés, quinto ano, capítulo sexto;
com, contra, de, em, para e por. Pelas locuções ou expressões adjetivas que exprimem qualidade,
posse, origem, fim ou outra especificação:
Objeto Indireto Pleonástico: à semelhança do objeto direto, - presente de rei (=régio): qualidade
o objeto indireto pode vir repetido ou reforçado, por ênfase. - livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença
Exemplos: “A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa - água da fonte, filho de fazendeiros: origem
a mim o destino de uma mulher tísica...? “E, aos brigões, - fio de aço, casa de madeira: matéria
incapazes de se moverem, basta-lhes xingarem-se a distância.” - casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade

Complemento Nominal: é o termo complementar reclamado Observações: Não confundir o adjunto adnominal formado
pela significação transitiva, incompleta, de certos substantivos, por locução adjetiva com complemento nominal. Este representa
adjetivos e advérbios. Vem sempre regido de preposição. o alvo da ação expressa por um nome transitivo: a eleição do
Exemplos: A defesa da pátria; Assistência às aulas; “O ódio ao presidente, aviso de perigo, declaração de guerra, empréstimo
mal é amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino.”; de dinheiro, plantio de árvores, colheita de trigo, destruidor
“Ah, não fosse ele surdo à minha voz!” de matas, descoberta de petróleo, amor ao próximo, etc. O
adjunto adnominal formado por locução adjetiva representa
Observações: O complemento nominal representa o o agente da ação, ou a origem, pertença, qualidade de alguém
recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um ou de alguma coisa: o discurso do presidente, aviso de amigo,
nome: amor a Deus, a condenação da violência, o medo de declaração do ministro, empréstimo do banco, a casa do
assaltos, a remessa de cartas, útil ao homem, compositor fazendeiro, folhas de árvores, farinha de trigo, beleza das
de músicas, etc. É regido pelas mesmas preposições usadas matas, cheiro de petróleo, amor de mãe.

Língua Portuguesa 60
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APOSTILAS OPÇÃO
Adjunto adverbial: É o termo que exprime uma circunstância O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.
(de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras palavras, que modifica “Acho que adoeci disso, de beleza, da intensidade das
o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. Exemplo: “Meninas coisas.” (Raquel Jardim)
numa tarde brincavam de roda na praça”. O adjunto adverbial De cobras, morcegos, bichos, de tudo ela tinha medo.
é expresso: Pelos advérbios: Cheguei cedo.; Ande devagar.;
Maria é mais alta.; Não durma ao volante.; Moramos aqui.; Vocativo: (do latim vocare = chamar) é o termo (nome, título,
Ele fala bem, fala corretamente.; Volte bem depressa.; Talvez apelido) usado para chamar ou interpelar a pessoa, o animal ou
esteja enganado.; Pelas locuções ou expressões adverbiais: Às a coisa personificada a que nos dirigimos:
vezes viajava de trem.; Compreendo sem esforço.; Saí com meu
pai.; Júlio reside em Niterói.; Errei por distração.; Escureceu “Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria
de repente. de Lourdes Teixeira)
“A ordem, meus amigos, é a base do governo.” (Machado de
Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição antes Assis)
de adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite, não “Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (Fagundes Varela)
dormi. (=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No
domingo...); Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (=De Observação: Profere-se o vocativo com entoação exclamativa.
ouvidos atentos...); Os adjuntos adverbiais classificam-se de Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo inicial, os
acordo com as circunstâncias que exprimem: adjunto adverbial pontos interrogativo e exclamativo indicam um chamado alto e
de lugar, modo, tempo, intensidade, causa, companhia, meio, prolongado. O vocativo se refere sempre à 2ª pessoa do discurso,
assunto, negação, etc. É importante saber distinguir adjunto que pode ser uma pessoa, um animal, uma coisa real ou entidade
adverbial de adjunto adnominal, de objeto indireto e de abstrata personificada. Podemos antepor-lhe uma interjeição de
complemento nominal: sair do mar (ad.adv.); água do mar (adj. apelo (ó, olá, eh!):
adn.); gosta do mar (obj.indir.); ter medo do mar (compl.nom.).
“Tem compaixão de nós , ó Cristo!” (Alexandre Herculano)
Aposto: É uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, “Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!”
desenvolve ou resume outro termo da oração. Exemplos: (Graciliano Ramos)
D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio. “Esconde-te, ó sol de maio, ó alegria do mundo!” (Camilo
“Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.” Castelo Branco)
(Carlos Drummond de Andrade) O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura da
oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado.
O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome
substantivo: Questões
Foram os dois, ele e ela.
Só não tenho um retrato: o de minha irmã. 01. O termo em destaque é adjunto adverbial de intensidade
em:
O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases (A) pode aprender e assimilar MUITA coisa
seguintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do (B) enfrentamos MUITAS novidades
sujeito: (C) precisa de um parceiro com MUITO caráter
Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas. (D) não gostam de mulheres MUITO inteligentes
As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de (E) assumimos MUITO conflito e confusão
cores.
02. Assinale a alternativa correta: “para todos os males, há
Os apostos, em geral, destacam-se por pausas, indicadas, na dois remédios: o tempo e o silêncio”, os termos grifados são
escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo respectivamente:
pausa, não haverá vírgula, como nestes exemplos: (A) sujeito – objeto direto;
Minha irmã Beatriz; o escritor João Ribeiro; o romance Tóia; (B) sujeito – aposto;
o rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o Colégio Tiradentes, etc. (C) objeto direto – aposto;
“Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?” (D) objeto direto – objeto direto;
(Graciliano Ramos) (E) objeto direto – complemento nominal.

O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, às 03. Assinale a alternativa em que o termo destacado é objeto
vezes, está elíptico. Exemplos: indireto.
Rapaz impulsivo, Mário não se conteve. (A) “Quem faz um poema abre uma janela.” (Mário Quintana)
Mensageira da ideia, a palavra é a mais bela expressão da (B) “Toda gente que eu conheço e que fala comigo / Nunca
alma humana. teve um ato ridículo / Nunca sofreu enxovalho (...)” (Fernando
Pessoa)
O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. Exemplos: (C) “Quando Ismália enlouqueceu / Pôs-se na torre a sonhar
Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, sinal de / Viu uma lua no céu, / Viu uma lua no mar.” (Alphonsus de
tempestade iminente. Guimarães)
O espaço é incomensurável, fato que me deixa atônito. (D) “Mas, quando responderam a Nhô Augusto: ‘– É a
jagunçada de seu Joãozinho Bem-Bem, que está descendo para
Um aposto pode referir-se a outro aposto: a Bahia.’ – ele, de alegre, não se pôde conter.” (Guimarães Rosa)
“Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do
velho coronel Tavares, senhor de engenho.” (Ledo Ivo) 04. “Recebeu o prêmio o jogador que fez o gol”. Nessa frase
o sujeito de “fez”?
O aposto pode vir precedido das expressões explicativas isto (A) o prêmio;
é, a saber, ou da preposição acidental como: (B) o jogador;
(C) que;
Dois países sul-americanos, isto é, a Bolívia e o Paraguai, (D) o gol;
não são banhados pelo mar. (E) recebeu.
Este escritor, como romancista, nunca foi superado.
05. Assinale a alternativa correspondente ao período onde
O aposto que se refere a objeto indireto, complemento há predicativo do sujeito:
nominal ou adjunto adverbial vem precedido de preposição: (A) como o povo anda tristonho!
(B) agradou ao chefe o novo funcionário;

Língua Portuguesa 61
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APOSTILAS OPÇÃO
(C) ele nos garantiu que viria; - Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só...
(D) no Rio não faltam diversões; mas também, não só... mas ainda.
(E) o aluno ficou sabendo hoje cedo de sua aprovação. Saí da escola / e fui à lanchonete.
OCA OCS Aditiva
Respostas
01. D\02. C\03. D\04. C\05. A Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
que expressa idéia de acréscimo ou adição com referência à
Período oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva.

Período: Toda frase com uma ou mais orações constitui um A doença vem a cavalo e volta a pé.
período, que se encerra com ponto de exclamação, ponto de As pessoas não se mexiam nem falavam.
interrogação ou com reticências. “Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até
O período é simples quando só traz uma oração, chamada nenhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara.”
absoluta; o período é composto quando traz mais de uma (Machado de Assis)
oração. Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração - Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas,
absoluta.); Quero que você aprenda. (Período composto.) porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto.

Existe uma maneira prática de saber quantas orações há Estudei bastante / mas não passei no teste.
num período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num OCA OCS Adversativa
período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as
locuções verbais nele existentes. Exemplos: Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração) que expressa idéia de oposição à oração anterior, ou seja, por
Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações) uma conjunção coordenativa adversativa.
Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma
oração) A espada vence, mas não convence.
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções “É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles)
verbais, duas orações)
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto,
Há três tipos de período composto: por coordenação, por por isso, pois, logo.
subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo
tempo (também chamada de misto). Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão.
OCA OCS Conclusiva
Período Composto por Coordenação – Orações
Coordenadas Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
que expressa ideia de conclusão de um fato enunciado na oração
Considere, por exemplo, este período composto: anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.
Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos
de infância. Vives mentindo; logo, não mereces fé.
1ª oração: Passeamos pela praia Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade.
2ª oração: brincamos
3ª oração: recordamos os tempos de infância - Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou,
As três orações que compõem esse período têm sentido ora... ora, seja... seja, quer... quer.
próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática:
elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
sentido, mas, como já dissemos, uma não depende da outra OCA OCS Alternativa
sintaticamente.
As orações independentes de um período são chamadas Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma
de orações coordenadas (OC), e o período formado só de conjunção que estabelece uma relação de alternância ou escolha
orações coordenadas é chamado de período composto por com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção
coordenação. coordenativa alternativa.
As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e
sindéticas. Venha agora ou perderá a vez.
“Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de
- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando Assis)
não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: “Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram. muito caro.” (Renato Inácio da Silva)
OCA OCA OCA “A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente.”
(Luís Jardim)
“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de
Assis) - Orações coordenadas sindéticas explicativas: que,
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” porque, pois, porquanto.
(Antônio Olavo Pereira) Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” OCA OCS Explicativa
(Coelho Neto) Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção
que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação
- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo: explicativa.
O homem saiu do carro / e entrou na casa.
OCA OCS Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã.
“A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico
As orações coordenadas sindéticas são classificadas de Veríssimo)
acordo com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas Questões
que as introduzem. Pode ser:
01. Relacione as orações coordenadas por meio de
conjunções:

Língua Portuguesa 62
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APOSTILAS OPÇÃO
(A) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram. subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele
(B) Não durma sem cobertor. A noite está fria. é classificado como período composto por subordinação. As
(C) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los. orações subordinadas são classificadas de acordo com a função
   que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas.
02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar
das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de: Orações Subordinadas Adverbiais
(A) causa
(B) explicação As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas
(C) conclusão que exercem a função de adjunto adverbial da oração principal
(D) proporção (OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa
(E) comparação que as introduz:
 
03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração - Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração
sublinhada pode indicar uma ideia de: principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que,
(A) concessão visto que.
(B) oposição Não fui à escola / porque fiquei doente.
(C) condição OP OSA Causal
(D) lugar
(E) consequência O tambor soa porque é oco.
   Como não me atendessem, repreendi-os severamente.
04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem, Como ele estava armado, ninguém ousou reagir.
entre as orações de cada item, uma correta relação de sentido. “Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de
1. Correu demais, ... caiu. Sousa)
2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
3. A matéria perece, ... a alma é imortal. - Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a
4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se,
detalhes. contanto que, a menos que, a não ser que, desde que.
5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde. Irei à sua casa / se não chover.
OP OSA Condicional
(A) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
(B) por isso, porque, mas, portanto, que Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos
(C) logo, porém, pois, porque, mas ofensores.
(D) porém, pois, logo, todavia, porque Se o conhecesses, não o condenarias.
(E) entretanto, que, porque, pois, portanto “Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de
Andrade)
05. Reúna as três orações em um período composto por A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência
coordenação, usando conjunções adequadas. tenha êxito.
- Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da
Os dias já eram quentes. oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização.
A água do mar ainda estava fria. Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais
As praias permaneciam desertas. que, mesmo que.
Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
Respostas OP OSA Concessiva
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que
01. ou se bem que) não o conhecesse pessoalmente.
Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram. Embora não possuísse informações seguras, ainda assim
Não durma sem cobertor, pois a noite está fria. arriscou uma opinião.
Quero desculpar-me, mas consigo encontrá-los. Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando
  ou ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.
02. E\03. C\04. B Por mais que gritasse, não me ouviram.

05. Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda estava - Conformativas: Expressam a conformidade de um fato
fria, por isso as praias permaneciam desertas. com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
Período Composto por Subordinação OP OSA Conformativa

Observe os termos destacados em cada uma destas orações: O homem age conforme pensa.
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal) Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi.
Todos querem sua participação. (objeto direto) Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas.
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação.
causa)
- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao
Veja, agora, como podemos transformar esses termos em que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim
orações com a mesma função sintática: que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que).
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
com função de adjunto adnominal) OP OSA Temporal
Todos querem / que você participe. (oração subordinada
com função de objeto direto) Formiga, quando quer se perder, cria asas.
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração “Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se
subordinada com função de adjunto adverbial de causa) esvaziam.” (Carlos Povina Cavalcânti)
“Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês
Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma de Maricá)
certa função sintática em relação à primeira, sendo, portanto, Enquanto foi rico, todos o procuravam.
subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo - Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi
menos um conjunto de duas orações em que uma delas (a enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de

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APOSTILAS OPÇÃO
que, porque (=para que), que. - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É
Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar. aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração
OP OSA Final principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)
Necessito / de que você me ajude.
“O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.” OP OSS Objetiva Indireta
(Marquês de Maricá)
Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor. Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua
“Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que = viagem.)
para que) Aconselha-o a que trabalhe mais.
“Instara muito comigo não deixasse de frequentar as Daremos o prêmio a quem o merecer.
recepções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse = Lembre-se de que a vida é breve.
para que não deixasse)
- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela
- Consecutivas: Expressam a consequência do que foi que exerce a função de sujeito do verbo da oração principal.
enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (= Observe: É importante sua colaboração. (sujeito)
porque), pois que, visto que. É importante / que você colabore.
A chuva foi tão forte / que inundou a cidade. OP OSS Subjetiva
OP OSA Consecutiva
A oração subjetiva geralmente vem:
Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos. - depois de um verbo de ligação + predicativo, em construções
“A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É certo que
J. Veiga) ele voltará amanhã.
De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais. - depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta-
As notícias de casa eram boas, de maneira que pude se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade.
prolongar minha viagem. - depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir,
ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e seguidos
- Comparativas: Expressam ideia de comparação com das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos participem
referência à oração principal. Conjunções: como, assim como, da reunião.
tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com
menos ou mais). É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é
Ela é bonita / como a mãe. necessária.)
OP OSA Comparativa Parece que a situação melhorou.
Aconteceu que não o encontrei em casa.
A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.” Importa que saibas isso bem.
(Marquês de Maricá)
Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro. - Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal:
Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram. É aquela que exerce a função de complemento nominal de um
Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à luz termo da oração principal. Observe: Estou convencido de sua
daquele olhar. inocência. (complemento nominal)
Estou convencido / de que ele é inocente.
Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam OP OSS Completiva Nominal
claramente o verbo, como no exemplo acima, em que está
subentendido o verbo ser (como a mãe é). Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão
- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona dele.)
proporcionalmente ao que foi enunciado na principal. Estava ansioso por que voltasses.
Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto Sê grato a quem te ensina.
mais, quanto menos. “Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo.”
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia. (Graciliano Ramos)
OSA Proporcional OP
- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela
À medida que se vive, mais se aprende. que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal,
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando. vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O importante é sua
O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai felicidade. (predicativo)
diminuindo. O importante é / que você seja feliz.
OP OSS Predicativa
Orações Subordinadas Substantivas
Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.)
As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas Minha esperança era que ele desistisse.
que, num período, exercem funções sintáticas próprias de Meu maior desejo agora é que me deixem em paz.
substantivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções Não sou quem você pensa.
integrantes que e se. Elas podem ser:
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É que exerce a função de aposto de um termo da oração principal.
aquela que exerce a função de objeto direto do verbo da oração Observe: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício
principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto) do país. (aposto)
O grupo quer / que você ajude. Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do
OP OSS Objetiva Direta país.
OP OSS Apositiva
O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O
mestre exigia a presença de todos.) Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma
Mariana esperou que o marido voltasse. coisa: a sua felicidade)
Ninguém pode dizer: Desta água não beberei. Só lhe peço isto: honre o nosso nome.
O fiscal verificou se tudo estava em ordem. “Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de
que virias a morrer...” (Osmã Lins)

Língua Portuguesa 64
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APOSTILAS OPÇÃO
“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo a conjunção ou o pronome relativo adequado ao sentido e
oculto?” (Machado de Assis) passamos o verbo para uma forma do indicativo ou subjuntivo,
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois- conforme o caso. A oração reduzida terá a mesma classificação
pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à oração da oração desenvolvida.
principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a
saúde, tornou-se realidade. Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês.
Quando entrei na escola, / encontrei o professor de inglês.
Observação: Além das conjunções integrantes que e se, OSA Temporal
as orações substantivas podem ser introduzidas por outros Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial temporal,
conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos: reduzida de infinitivo.
Não sei quando ele chegou.
Diga-me como resolver esse problema. Precisando de ajuda, telefone-me.
Se precisar de ajuda, / telefone-me.
Orações Subordinadas Adjetivas OSA Condicional
Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial
As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem condicional, reduzida de gerúndio.
a função de adjunto adnominal de algum termo da oração
principal. Observe como podemos transformar um adjunto Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.
adnominal em oração subordinada adjetiva: Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o
Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal) vestiário.
Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada OSA Temporal
adjetiva) Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal,
reduzida de particípio.
As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas
por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem Observações:
ser classificadas em:
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de
- Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas desenvolvimento. Há casos também de orações reduzidas
quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que se fixas, isto é, orações reduzidas que não são passíveis de
referem. Exemplo: desenvolvimento. Exemplo: Tenho vontade de visitar essa
O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar. cidade.
OP OSA Restritiva - O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem
orações reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal.
Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica Exemplos:
o sentido do substantivo cantor, indicando que o público não Preciso terminar este exercício.
aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar. Ele está jantando na sala.
Essa casa foi construída por meu pai.
Pedra que rola não cria limo. - Uma oração coordenada também pode vir sob a forma
Os animais que se alimentam de carne chamam-se reduzida. Exemplo:
carnívoros. O homem fechou a porta, saindo depressa de casa.
Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração
escreveram. coordenada sindética aditiva)
“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de
Mariano) gerúndio.
- Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas Qual é a diferença entre as orações coordenadas explicativas
quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se e as orações subordinadas causais, já que ambas podem ser
referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem iniciadas por que e porque? Às vezes não é fácil estabelecer a
restringi-lo ou especificá-lo. Exemplo: diferença entre explicativas e causais, mas como o próprio nome
O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um indica, as causais sempre trazem a causa de algo que se revela na
novo livro. oração principal, que traz o efeito.
OP OSA Explicativa OP Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre
a oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes,
Deus, que é nosso pai, nos salvará. imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal.
Valério, que nasceu rico, acabou na miséria. Essa noção de causa e efeito não existe no período composto por
Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho. coordenação. Exemplo: Rosa chorou porque levou uma surra.
Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado. Está claro que a oração iniciada pela conjunção é causal, visto
que a surra foi sem dúvida a causa do choro, que é efeito.
Orações Reduzidas Rosa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. O
Observe que as orações subordinadas eram sempre período agora é composto por coordenação, pois a oração
introduzidas por uma conjunção ou pronome relativo e iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se revelou
apresentavam o verbo numa forma do indicativo ou do na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e efeito: o
subjuntivo. Além desse tipo de orações subordinadas há outras fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é causa de ela
que se apresentam com o verbo numa das formas nominais ter chorado.
(infinitivo, gerúndio e particípio). Exemplos: Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto.
OP OSA Comparativa OSA Condicional
- Ao entrar nas escola, encontrei o professor de inglês.
(infinitivo) Questões
- Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio)
- Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. 01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que estava
(particípio) para ser mãe”, a oração destacada é:
(A) subordinada substantiva objetiva indireta
As orações subordinadas que apresentam o verbo numa das (B) subordinada substantiva completiva nominal
formas nominais são chamadas de reduzidas. (C) subordinada substantiva predicativa
Para classificar a oração que está sob a forma reduzida, (D) coordenada sindética conclusiva
devemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo: colocamos (E) coordenada sindética explicativa

Língua Portuguesa 65
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APOSTILAS OPÇÃO
02. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada.
Há reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na Ampliação de Sentido
realidade.” A oração sublinhada é:
(A) adverbial conformativa Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a
(B) adjetiva designar uma quantidade mais ampla de objetos ou noções do
(C) adverbial consecutiva que originariamente.
(D) adverbial proporcional “Embarcar”, por exemplo, que originariamente era
(E) adverbial causal usada para designar o ato de viajar em um barco, ampliou
consideravelmente o sentido e passou a designar a ação de
03.“Esses produtos podem ser encontrados nos viajar em outros veículos. Hoje se diz, por ampliação de sentido,
supermercados com rótulos como ‘sênior’ e com características que um passageiro:
adaptadas às dificuldades para mastigar e para engolir dos - embarcou num ter.
mais velhos, e preparados para se encaixar em seus hábitos de - embarcou no ônibus das dez.
consumo”. O segmento “para se encaixar” pode ter sua forma - embarcou no avião da força aérea.
verbal reduzida adequadamente desenvolvida em - embarcou num transatlântico.
(A) para se encaixarem.
(B) para seu encaixotamento. “Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que
(C) para que se encaixassem. escala os Alpes (cadeia montanhosa europeia). Depois, por
(D) para que se encaixem. ampliação de sentido, passou a designar qualquer tipo de
(E) para que se encaixariam. praticante do esporte de escalar montanhas.

04. A palavra “se” é conjunção integrante (por introduzir Restrição de Sentido


oração subordinada substantiva objetiva direta) em qual das
orações seguintes? Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento
(A) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão. inverso, isto é, uma palavra passa a designar uma quantidade
(B) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo. mais restrita de objetos ou noções do que originariamente. É
(C) O aluno fez-se passar por doutor. o caso, por exemplo, das palavras que saem da língua geral e
(D) Precisa-se de operários. passam a ser usadas com sentido determinado, dentro de um
(E) Não sei se o vinho está bom. universo restrito do conhecimento.
A palavra aglutinação, por exemplo, na nomenclatura
05. “Lembro-me de que ele só usava camisas brancas.” A gramatical, é bom exemplo de especialização de sentido. Na
oração sublinhada é: língua geral, ela significa qualquer junção de elementos para
(A) subordinada substantiva completiva nominal formar um todo, porém em Gramática designa apenas um tipo
(B) subordinada substantiva objetiva indireta de formação de palavras por composição em que a junção dos
(C) subordinada substantiva predicativa elementos acarreta alteração de pronúncia, como é o caso de
(D) subordinada substantiva subjetiva pernilongo (perna + longa).
(E) subordinada substantiva objetiva direta   Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais
aglutinação, mas justaposição. A palavra Pernalonga, por
Respostas exemplo, que designa uma personagem de desenhos animados,
01. B\02. A\03. D\04. E\05. B não se formou por aglutinação, mas por justaposição.
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o
significado das palavras para dar precisão à comunicação.
VII - Literatura: Denotação e A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol,
conotação; conceituação de não pode ser usada para designar, por exemplo, um astro que
texto literário; gêneros literários; gira em torno do Sol: seu sentido sofreu restrição, e ela serve
periodização da literatura para designar apenas um tipo de flor que tem a propriedade de
acompanhar o movimento do Sol.
brasileira; estudo dos principais
autores dos estilos de época. Há certas palavras que, além do significado explícito, contêm
brasileira; estudo dos principais outros implícitos (ou pressupostos).
autores dos estilos de época. Os exemplos são muitos. É o caso do adjetivo outro, por
exemplo, que indica certa pessoa ou coisa, pressupondo
necessariamente a existência de ao menos uma além daquela
indicada.
Sentido Literal (próprio ou denotativo) e Sentido Não Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que
Literal (figurado ou conotativo) nunca lançou um livro, dizer que ele estará autografando seu
outro livro. O uso de outro pressupõe necessariamente ao menos
Literal é o sentido da palavra interpretada ao pé da letra, um livro além daquele que está sendo autografado.
isto é, de acordo com o sentido geral que ela tem na maioria
dos contextos em que ocorre. É o sentido próprio da palavra. Questões
Exemplo:
01. (PC-CE – Delegado de Polícia Civil – VUNESP/2015)
“Uma pedra no meio da rua foi a causa do acidente.”
A morte do narrador
A palavra “pedra” aqui está usada em sentido literal.
Recentemente recebi um e-mail de uma leitora perguntando
Não Literal é o sentido da palavra desviado do usual, isto a razão de eu ter, segundo ela, uma visão tão dura para com
é, aquele que se distancia do sentido próprio e costumeiro. os idosos. O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma
Exemplo: de minhas colunas, que hoje em dia não existiam mais vovôs e
vovós, porque estavam todos na academia querendo parecer
“As pedras atiradas pela boca ferem mais do que as atiradas com seus netos.
pela mão.” Claro, minha leitora me entendeu mal. Mas o fato de ela
“Pedras”, nesse contexto, não está indicando o que ter me entendido mal, o que acontece com frequência quando
usualmente indica, mas um insulto, uma ofensa produzida pela se discute o tema da velhice, é comum, principalmente porque
boca. o próprio termo “velhice” já pede sinônimos politicamente

Língua Portuguesa 66
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APOSTILAS OPÇÃO
corretos, como “terceira idade”, “melhor idade”, “maturidade”, inovação, 15 encabeçam também a pesquisa. Daí não decorre
entre outros. que só quem pesquisa, atividade estupidamente cara, seja capaz
Uma característica do politicamente correto é que, quando de ensinar.
ele se manifesta num uso linguístico específico, é porque esse O gasto médio anual por aluno numa das três universidades
uso se refere a um conceito já considerado como algo ruim. estaduais paulistas, aí embutidas todas as despesas que
A marca essencial do politicamente correto é a hipocrisia contribuem direta e indiretamente para a boa pesquisa,
articulada como gesto falso, ideias bem comportadas. incluindo inativos e aportes de Fapesp, CNPq e Capes, é de R$ 46
Voltando à velhice. Minha leitora entendeu que eu dizia que mil (dados de 2008). Ora, um aluno do ProUni custa ao governo
idosos devem se afundar na doença, na solidão e no abandono, algo em torno de R$ 1.000 por ano em renúncias fiscais.
e não procurar ser felizes. Mas, quando eu dizia que eles estão Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que
fugindo da condição de avós, usava isso como metáfora da o país não dispõe de recursos para colocar os quase sete milhões
mentira (politicamente correta) quanto ao medo que temos de universitários em instituições com o padrão de investimento
de afundar na doença, antes de tudo psicológica, devido ao das estaduais paulistas. E o Brasil precisa aumentar rapidamente
abandono e à solidão, típicos do mundo contemporâneo. Minha sua população universitária. Nossa taxa bruta de escolarização
crítica era à nossa cultura, e não às vítimas dela. Ela cultua a no nível superior beira os 30%, contra 59% do Chile e 63% do
juventude como padrão de vida e está intimamente associada Uruguai.
ao medo do envelhecimento, da dor e da morte. Sua opção é pela Isso para não mencionar países desenvolvidos como
“negação”, traço de um dos sintomas neuróticos descritos por EUA (89%) e Finlândia (92%). Em vez de insistir na ficção
Freud. constitucional de que todas as universidades do país precisam
Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia que na dedicar-se à pesquisa, faria mais sentido aceitar o mundo como
modernidade o narrador da vida desapareceu. Isso quer dizer ele é e distinguir entre instituições de elite voltadas para a
que as pessoas encarregadas, antigamente, de narrar a vida produção de conhecimento e as que se destinam a difundi-lo. O
e propor sentido para ela perderam esse lugar. Hoje os mais Brasil tem necessidade de ambas.
velhos querem “aprender” com os mais jovens (aprender a amar, (Hélio Schwartsman. Disponível em: http://www1.folha.uol.
se relacionar, comprar, vestir, viajar, estar nas redes sociais). com.br, 10.09.2013. Adaptado)
Esse fenômeno, além de cruel com o envelhecimento, é também
desorganizador da própria juventude. Ouço cotidianamente, na Assinale a alternativa em que a expressão destacada é
sala de aula, os alunos demonstrarem seu desprezo por pais e empregada em sentido figurado.
mães que querem aprender a viver com eles. (A) ... universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a
Alguns elementos do mundo moderno não ajudam a nata dos especialistas...
combater essa desvalorização dos mais velhos. As ferramentas (B) Os dados do Ranking Universitário publicados em
de informação, normalmente mais acessíveis aos jovens, setembro de 2013...
aumentam a percepção negativa dos mais velhos diante do (C) Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber
acúmulo de conhecimento posto a serviço dos consumidores, que o país não dispõe de recursos...
que questionam as “verdades constituídas do passado”. A (D) ... das 20 universidades mais bem avaliadas em termos
própria estrutura sobre a qual se funda a experiência moderna – de ensino...
ciência, técnica, superação de tradição – agrava a invisibilidade (E) ... todas as despesas que contribuem direta e
dos mais velhos. Em termos humanos, o passado (que “nada” indiretamente para a boa pesquisa...
serve ao mundo do progresso) tem um nome: idoso. Enfim, resta
aos vovôs e vovós ir para a academia ou para as redes sociais. 03. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário –
VUNESP/2014)
(Luiz Felipe Pondé, Somma, agosto 2014, p. 31. Adaptado) Leia o texto para responder a questão.
Um pé de milho
O termo empregado com sentido figurado está em destaque
na seguinte passagem do texto: Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra trazido
(A) Mas o fato de ela ter me entendido mal, o que acontece pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de
com frequência quando se discute o tema da velhice… (segundo capim – mas descobri que era um pé de milho. Transplantei-o
parágrafo). para o exíguo canteiro na frente da casa. Secaram as pequenas
(B) O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma de folhas, pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando
minhas colunas, que hoje em dia não existiam mais vovôs e estava do tamanho de um palmo, veio um amigo e declarou
vovós… (primeiro parágrafo). desdenhosamente que na verdade aquilo era capim. Quando
(C) Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia que estava com dois palmos veio outro amigo e afirmou que era cana.
na modernidade o narrador da vida desapareceu. (penúltimo Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha
parágrafo). razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas folhas
(D) A própria estrutura sobre a qual se funda a experiência além do muro – e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor
moderna – ciência, técnica, superação de tradição – agrava a um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de
invisibilidade dos mais velhos. (último parágrafo). milharais – mas é diferente. Um pé de milho sozinho, em um
(E) Minha leitora entendeu que eu dizia que idosos devem anteiro, espremido, junto do portão, numa esquina de rua – não
se afundar na doença, na solidão e no abandono… (quarto é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas
parágrafo). raízes roxas se agarra mão chão e suas folhas longas e verdes
nunca estão imóveis.
02. (PC-CE – Escrivão de Polícia Civil – VUNESP/2015) Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos
Ficção universitária encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou.
Há muitas flores belas no mundo, e a flor do meu pé de milho
Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro não será a mais linda. Mas aquele pendão firme, vertical, beijado
de 2013 trazem elementos para que tentemos desfazer o mito, pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com
que consta da Constituição, de que pesquisa e ensino são uma força e uma alegria que fazem bem. É alguma coisa de vivo
indissociáveis. É claro que universidades que fazem pesquisa que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo
tendem a reunir a nata dos especialistas, produzir mais gesto da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que vive
inovação e atrair os alunos mais qualificados, tornando-se assim atrás de uma chata máquina de escrever: sou um rico lavrador
instituições que se destacam também no ensino. da Rua Júlio de Castilhos.
O Ranking Universitário mostra essa correlação de forma (Rubem Braga. 200 crônicas escolhidas, 2001. Adaptado)
cristalina: das 20 universidades mais bem avaliadas em termos Assinale a alternativa em que, nas duas passagens, há termos
de ensino, 15 lideram no quesito pesquisa (e as demais estão empregados em sentido figurado.
relativamente bem posicionadas). Das 20 que saem à frente em (A) ... beijado pelo vento do mar.... (3º §) / Meu pé de milho é

Língua Portuguesa 67
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APOSTILAS OPÇÃO
um belo gesto da terra. (3º §) 04. Resposta: B
(B) Mas ele reagiu. (1º §) / ... na verdade aquilo era capim. (A) Atitudes são o espelho;
(1º §) (B) CERTA;
(C) Secaram as pequenas folhas... (1º §) / Sou um ignorante... (C) Pipocavam palavras no texto;
(2º §) (D) Choviam risadas;
(D) Ele cresceu, está com dois metros... (2º §) / Tinha visto (E) Sabedoria abre as portas
centenas de milharais... (2º §)
(E) ... lança as suas folhas além do muro... (2º §) / Há muitas 05. Resposta: B
flores belas no mundo... (3º §) Segundo Bechara:
Vocativo: uma unidade à parte – Desligado da estrutura
04. (IF-SC – Técnico de Laboratório – IF-SC/2014) argumental da oração e desta separado por curva de entoação
Assinale a opção em que NÃO há palavra usada em sentido exclamativa, o vocativo cumpre uma função apelativa de 2.ª
conotativo. pessoa, pois, por seu intermédio, chamamos ou pomos em
(A) Tuas atitudes são o espelho do teu caráter. evidência a pessoa ou coisa a que nos dirigimos:
(B) Regras podem ser estabelecidas para uma convivência José, vem cá!
pacífica. Tu, meu irmão, precisas estudar!
(C) Pipocavam palavras no texto, como se fossem rabiscos Felicidade, onde te escondes?
coloridos do próprio pensamento Algumas vezes vem precedido de ó, que a tradição gramatical
(D) Choviam risadas naquela peça de humor. inclui entre as interjeições, pela sua correspondência material,
(E) A sabedoria abre as portas do conhecimento. mas que, na realidade, pode ser considerado um morfema de
vocativo, dada a característica entonacional que a diferencia das
05. (CRN-GO – Nutricionista Fiscal – Quadrix/2014) interjeições propriamente ditas [HCv.2, 197 n.47].
“Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?” [CAv.1, 141]
Estes exemplos nos põem diante de algumas particularidades
que envolvem o vocativo. Pelo desligamento da estrutura
argumental da oração, constitui, por si só, a rigor, uma frase
exclamativa à parte ou um fragmento de oração, à semelhança
das interjeições. Por outro lado, como no caso de Tu, meu irmão,
precisas estudar!, às vezes, se aproxima do aposto explicativo,
pela razão que vai constituir a particularidade seguinte. Por
fim, o vocativo, na função apelativa, está ligado ao imperativo
Sobre a tirinha, de uma maneira geral, analise as afirmações. ou conteúdo volitivo da forma verbal, já que, em se tratando
I. A linguagem do texto da tirinha é absolutamente formal. de ordem ou manifestação de desejo endereçada à pessoa com
II. A palavra “Garfield”, no segundo quadrinho, aparece quem falamos ou a quem nos dirigimos, presente quase sempre,
isolada por vírgula por se tratar de um vocativo. não há necessidade de marcar gramaticalmente o sujeito.
III. O humor da tirinha se constrói com base, essencialmente, Quando surge a necessidade de explicitá-lo, por algum motivo,
na linguagem não verbal, já que as bruscas alterações nas feições aludimos a esse sujeito em forma de vocativo [RLz.1, 66].
de Garfield levam à estranheza do leitor.
Denotação e Conotação
Está correto o que se afirma em:
(A) I, somente. A língua portuguesa é rica, interessante, criativa e versátil,
(B) II, somente. encontrando-se em constante evolução. As palavras não
(C) III, somente. apresentam apenas um significado objetivo e literal, mas sim
(D) I e III, somente. uma variedade de significados, mediante o contexto em que
(E) II e III, somente. ocorrem e as vivências e conhecimentos das pessoas que as
utilizam.
Respostas A significação das palavras não é fixa, nem estática. Por meio
01. Resposta: D da imaginação criadora do homem, as palavras podem ter seu
O sentido figurado ou conotativo, é aquele em que se atribui significado ampliado, deixando de representar apenas a ideia
à palavra ou expressão, um sentido ampliado, diferente do original (básica e objetiva). Assim, frequentemente remetem-
sentido literal/usual. nos a novos conceitos por meio de associações, dependendo de
d) A palavra “Indivisibilidade” foi usada com o sentido de sua colocação numa determinada frase. Observe os seguintes
“isolamento”, “exclusão” e, portanto, é o gabarito. exemplos:

02. Resposta: A A menina está com a cara toda pintada.


nata:na.ta sf (lat matta) 1 Camada que se forma à superfície Aquele cara parece suspeito.
do leite; creme. 2 A melhor parte de qualquer coisa, o que há de
melhor; a fina flor, o escol. N. da terra: nateiro; terra fértil. No primeiro exemplo, a palavra cara significa “rosto”, a parte
que antecede a cabeça, conforme consta nos dicionários. Já no
03. Resposta: A segundo exemplo, a mesma palavra cara teve seu significado
... beijado pelo vento do mar.... (3º §) / Meu pé de milho é um ampliado e, por uma série de associações, entendemos que
belo gesto da terra. (3º §) nesse caso significa “pessoa”, “sujeito”, “indivíduo”.
Algumas vezes, uma mesma frase pode apresentar duas (ou
Mas aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mais) possibilidades de interpretação. Veja:
mar, (que o vento bate no pé de milho) veio enriquecer nosso
canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. Marcos quebrou a cara.
É alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu Em seu sentido literal, impessoal, frio, entendemos que
pé de milho é um belo gesto da terra. (Como nasce da terra, para Marcos, por algum acidente, fraturou o rosto. Entretanto,
o autor parece um presente desta). podemos entender a mesma frase num sentido figurado, como
Sentido figurado: A palavra tem valor conotativo quando “Marcos não se deu bem”, tentou realizar alguma coisa e não
seu significado é ampliado ou alterado no contexto em que é conseguiu.
empregada, sugerindo ideias que vão além de seu sentido mais
usual. Pelos exemplos acima, percebe-se que uma mesma
palavra pode apresentar mais de um significado, ocorrendo,
basicamente, duas possibilidades:

Língua Portuguesa 68
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APOSTILAS OPÇÃO
a) No primeiro exemplo, a palavra apresenta seu sentido maneira, os gêneros textuais são definidos pelas características
original, impessoal, sem considerar o contexto, tal como aparece dos diversos tipos de textos, os quais apresentam características
no dicionário. Nesse caso, prevalece o sentido denotativo - ou comuns em relação à linguagem e ao conteúdo.
denotação - do signo linguístico.
b) No segundo exemplo, a palavra aparece com outro
significado, passível de interpretações diferentes, dependendo
do contexto em que for empregada. Nesse caso, prevalece o
sentido conotativo - ou conotação do signo linguístico.
Obs.: a linguagem poética faz bastante uso do sentido
conotativo das palavras, num trabalho contínuo de criar ou
modificar o significado. Na linguagem cotidiana também é
comum a exploração do sentido conotativo, como consequência
da nossa forte carga de afetividade e expressividade.

Exemplos de variação no significado das palavras:

Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido próprio


ou literal)
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido Lembre-se que existem muitos gêneros textuais, os quais
figurado) promovem uma interação entre os interlocutores (emissor e
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado) receptor) de determinado discurso, seja uma resenha crítica
As variações nos significados das palavras ocasionam jornalística, publicidade, receita de bolo, menu do restaurante,
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo bilhete ou lista de supermercado; porém, faz-se necessário
(conotação) das palavras. O sentido denotativo é também considerar seu contexto, função e finalidade.
conhecido como sentido próprio ou literal e o sentido conotativo O gênero textual pode conter mais de um tipo textual, ou
é também conhecido como sentido figurado. seja, uma receita de bolo, apresenta a lista de ingredientes
necessários (texto descritivo) e o modo de preparo (texto
Denotação injuntivo).
Uma palavra é usada no sentido denotativo (próprio ou literal) Distinguindo
quando apresenta seu significado original, independentemente É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero
do contexto frásico em que aparece. Quando se refere ao seu literário e tipo textual. Cada uma dessas classificações é
significado mais objetivo e comum, aquele imediatamente referente aos textos, porém é preciso ter atenção, cada uma
reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado possui um significado totalmente diferente da outra. Veja uma
que aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da breve descrição do que é um gênero literário e um tipo textual:
palavra.
A denotação tem como finalidade informar o receptor Gênero Literário – nestes os textos abordados são apenas os
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo assim um literários, diferente do gênero textual, que abrange todo tipo de
caráter prático e utilitário. É utilizada em textos informativos, texto. O gênero literário é classificado de acordo com a sua forma,
como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de podendo ser do gênero líricos, dramático, épico, narrativo e etc.
medicamentos, textos científicos, entre outros.
Tipo textual – este é a forma como o texto se apresenta,
Exemplos: podendo ser classificado como narrativo, argumentativo,
O elefante é um mamífero. dissertativo, descritivo, informativo ou injuntivo. Cada uma
Já li esta página do livro. dessas classificações varia de acordo como o texto se apresenta
A empregada limpou a casa. e com a finalidade para o qual foi escrito.
Conotação Tipos de Gêneros Textuais
Uma palavra é usada no sentido conotativo (figurado) Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura; note que
quando apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes existem inúmeros gêneros textuais dentro das categorias
interpretações, dependendo do contexto frásico em que aparece. tipológicas de texto. Em outras palavras, gênero textual são
Quando se refere a sentidos, associações e ideias que vão além estruturas textuais peculiares que surgem dos tipos de textos:
do sentido original da palavra, ampliando sua significação narrativo, descritivo, dissertativo-argumentativo, expositivo e
mediante a circunstância em que a mesma é utilizada, assumindo injuntivo.
um sentido figurado e simbólico.
A conotação tem como finalidade provocar sentimentos no
receptor da mensagem, através da expressividade e afetividade
que transmite. É utilizada principalmente numa linguagem
poética e na literatura, mas também ocorre em conversas
cotidianas, em letras de música, em anúncios publicitários, entre
outros.

Exemplos:
Você é o meu sol!
Minha vida é um mar de tristezas.
Você tem um coração de pedra!

Fontes: http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil1.php
Texto Narrativo
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denotacao/
Os textos narrativos apresentam ações de personagens no
tempo e no espaço. Sua estrutura é dividida em: apresentação,
Gêneros Textuais desenvolvimento, clímax e desfecho. Alguns exemplos de
gêneros textuais narrativos:
Os gêneros textuais são classificações de textos de acordo Romance
com o objetivo e o contexto em que são empregados. Dessa Novela

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APOSTILAS OPÇÃO
Crônica deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha
Contos de Fada curiosidade até quinze para as sete. Quando não dava mais para
Fábula esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as
Lendas boas-vindas, esfregando-se em minhas pernas.”
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”.
Texto Descritivo
Os textos descritivos se ocupam de relatar e expor Carta – esta, dependendo do destinatário pode ser informal,
determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento. Dessa quando é destinada a algum amigo ou pessoa com quem se tem
forma, são textos repletos de adjetivos os quais descrevem ou intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto
apresentam imagens a partir das percepções sensoriais do ou que não se tenha intimidade. Dependendo do objetivo da
locutor (emissor). São exemplos de gêneros textuais descritivos: carta a mesma terá diferentes estilos de escrita, podendo ser
Diário dissertativa, narrativa ou descritiva. As cartas se iniciam com
Relatos (viagens, históricos, etc.) a data, em seguida vem a saudação, o corpo da carta e para
Biografia e autobiografia finalizar a despedida.
Notícia
Currículo Propaganda – este gênero geralmente aparece na forma
Lista de compras oral, diferente da maioria dos outros gêneros. Suas principais
Cardápio características são a linguagem argumentativa e expositiva,
Anúncios de classificados pois a intenção da propaganda é fazer com que o destinatário
se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter
Texto Dissertativo-Argumentativo algum tipo de descrição e sempre é claro e objetivo.
Os textos dissertativos são aqueles encarregados de expor
um tema ou assunto por meio de argumentações; são marcados Notícia – este é um dos tipos de texto que é mais fácil de
pela defesa de um ponto de vista, ao mesmo tempo que tenta identificar. Sua linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo
persuadir o leitor. Sua estrutura textual é dividida em três desse texto é informar algo que aconteceu.
partes: tese (apresentação), antítese (desenvolvimento), nova
tese (conclusão). Exemplos de gêneros textuais dissertativos: Fontes: http://www.todamateria.com.br/generos-textuais/
Editorial Jornalístico http://www.estudopratico.com.br/generos-textuais/
Carta de opinião http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/genero-textual.
Resenha htm
Artigo
Ensaio Questões
Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado
Veja também: Texto Dissertativo. 01. MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE
COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS.
Texto Expositivo
Os textos expositivos possuem a função de expor determinada Revista Época. N° 424, 03 jul. 2006.
ideia, por meio de recursos como: definição, conceituação,
informação, descrição e comparação. Assim, alguns exemplos de Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como
gêneros textuais expositivos: práticas de linguagem, assumindo funções específicas, formais
Seminários e de conteúdo. Considerando o contexto em que circula o texto
Palestras publicitário, seu objetivo básico é
Conferências a) definir regras de comportamento social pautadas no
Entrevistas combate ao consumismo exagerado.
Trabalhos acadêmicos b) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos
Enciclopédia que visam à adesão ao consumo.
Verbetes de dicionários c) defender a importância do conhecimento de informática
pela população de baixo poder aquisitivo.
Texto Injuntivo d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas
O texto injuntivo, também chamado de texto instrucional, é classes sociais economicamente desfavorecidas.
aquele que indica uma ordem, de modo que o locutor (emissor) e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a
objetiva orientar e persuadir o interlocutor (receptor); por isso, máquina, mesmo a mais moderna.
apresentam, na maioria dos casos, verbos no imperativo. Alguns
exemplos de gêneros textuais injuntivos: 02. Partindo do pressuposto de que um texto estrutura-se
Propaganda a partir de características gerais de um determinado gênero,
Receita culinária identifique os gêneros descritos a seguir:
Bula de remédio I. Tem como principal característica transmitir a opinião de
Manual de instruções pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse. Algumas
Regulamento revistas têm uma seção dedicada a esse gênero;
Textos prescritivos II. Caracteriza-se por apresentar um trabalho voltado
para o estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular,
Exemplos de gêneros textuais refletindo o momento, a vida dos homens através de figuras que
Diário – é escrito em linguagem informal, sempre consta possibilitam a criação de imagens;
a data e não há um destinatário específico, geralmente, é III. Gênero que apresenta uma narrativa informal ligada à
para a própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos vida cotidiana. Apresenta certa dose de lirismo e sua principal
acontecimentos do dia. O objetivo desse tipo de texto é guardar característica é a brevidade;
as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um IV. Linguagem linear e curta, envolve poucas personagens,
exemplo: que geralmente se movimentam em torno de uma única ação,
“Domingo, 14 de junho de 1942 dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
Vou começar a partir do momento em que ganhei você, encaminham-se diretamente para um desfecho;
quando o vi na mesa, no meio dos meus outros presentes de V. Esse gênero é predominantemente utilizado em manuais
aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com de eletrodomésticos, jogos eletrônicos, receitas, rótulos de
isso eu não contava.) produtos, entre outros.
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que
não é de espantar; afinal, era meu aniversário. Mas não me São, respectivamente:

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APOSTILAS OPÇÃO
a) texto instrucional, crônica, carta, entrevista e carta Quinhentismo
argumentativa.
b) carta, bula de remédio, narração, prosa, crônica. Contexto Histórico: Grandes Navegações
c) entrevista, poesia, crônica, conto, texto instrucional. O Brasil foi descoberto em 1500 e a partir de agora começa
d) entrevista, poesia, conto, crônica, texto instrucional. a Literatura Brasileira. O Quinhentismo (uma referência ao ano
e) texto instrucional, crônica, entrevista, carta e carta de 1500) é o período literário brasileiro dos anos 1500 e tudo
argumentativa. o que tínhamos sobre o Brasil eram os textos informativos que
os navegantes europeus escreviam para descreverem a terra
03. descoberta (Literatura de Informação). Sendo assim, o marco
Câncer 21/06 a 21/07 inicial da Literatura Brasileira foi A Carta de Caminha, primeiro
documento escrito sobre o Brasil (foi escrito por Pero Vaz de
O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua Caminha para o rei de Portugal com o objetivo de dar notícias
autoestima e no seu modo de agir. O corpo indicará onde você sobre a terra descoberta e descrever as suas características).
falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se ressentirá. O Também temos a ocorrência da Literatura de Catequese, que
que ficou guardado virá à tona, pois este novo ciclo exige uma tinha o objetivo de catequizar os índios (o grande nome desse
“desintoxicação”. Seja comedida em suas ações, já que precisará período foi o padre José de Anchieta).
de energia para se recompor. Há preocupação com a família,
e a comunicação entre os irmãos trava. Lembre-se: palavra Barroco no Brasil
preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também na vida
amorosa, que será testada. Melhor conter as expectativas e ter O Barroco foi introduzido no Brasil por intermédio dos
calma, avaliando as próprias carências de modo maduro. Sentirá jesuítas. Inicialmente, no final do século XVI, tratava-se de um
vontade de olhar além das questões materiais – sua confiança movimento apenas destinado à catequização. A partir do século
virá da intimidade com os assuntos da alma. XVII, o Barroco passa a se expandir para os centros de produção
Revista Cláudia. Nº 7, ano 48, jul. 2009. açucareira, especialmente na Bahia, por meio das igrejas. Assim,
a função da igreja era ensinar o caminho da religiosidade e da
O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu moral a uma população que vivia desregradamente.
contexto de uso, sua função específica, seu objetivo comunicativo Nos séculos XVII e XVIII não havia ainda condições para
e seu formato mais comum relacionam-se com os conhecimentos a formação de uma consciência literária brasileira. A vida
construídos socioculturalmente. A análise dos elementos social no país era organizada em função de pequenos núcleos
constitutivos desse texto demonstra que sua função é: econômicos, não existindo efetivamente um público leitor
a) vender um produto anunciado. para as obras literárias, o que só viria a ocorrer no século XIX.
b) informar sobre astronomia. Por esse motivo, fala-se apenas em autores brasileiros com
c) ensinar os cuidados com a saúde. características barrocas, influenciados por fontes estrangeiras
d) expor a opinião de leitores em um jornal. (portuguesa e espanhola), mas que não chegaram a constituir
e) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho. um movimento propriamente dito.  Nesse contexto, merecem
destaque a poesia de Gregório de Matos Guerra e a prosa do
04. Leia o texto a seguir para responder à questão: padre Antônio Vieira representada pelos seus sermões.
Didaticamente, o Barroco brasileiro tem seu marco inicial
A outra noite em  1601, com a publicação do poema épico Prosopopeia, de
Bento Teixeira.
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de
vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de Conheça a seguir os trechos selecionados:
táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a
ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua Prosopopeia
cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de
cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal. I
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou
o sinal fechado para voltar-se para mim: Cantem Poetas o Poder Romano,
- O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Sobmetendo Nações ao jugo duro;
Mas, tem mesmo luar lá em cima? O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e Descendo à confusão do Reino escuro;
torpe havia uma outra – pura, perfeita e linda. Que eu canto um Albuquerque soberano,
- Mas, que coisa... Da Fé, da cara Pátria firme muro,
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira,
fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Pode estancar a Lácia e Grega lira.
Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.
- Ora, sim senhor...
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um “boa II
noite” e um “muito obrigado ao senhor” tão sinceros, tão
veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei. As Délficas irmãs chamar não quero,
que tal invocação é vão estudo;
Rubem Braga Aquele chamo só, de quem espero
A vida que se espera em fim de tudo.
Analisando as principais características do texto lido, Ele fará meu Verso tão sincero,
podemos dizer que seu gênero predominante é: Quanto fora sem ele tosco e rudo,
Que per rezão negar não deve o menos
a) Conto. Quem deu o mais a míseros terrenos.
b) Poesia.  
c) Prosa. Esse poema, além de traçar elogios aos primeiros donatários
d) Crônica. da capitania de Pernambuco, narra o naufrágio sofrido por um
e) Diário. deles, o donatário Jorge Albuquerque Coelho. Apesar de os
críticos o considerarem de pouco valor literário, o texto tem seu
Respostas valor histórico pois foi a primeira obra do Barroco brasileiro e o
01 (B) \02. (C)\03.(E)\04. (D) marco inicial do primeiro estilo de época a surgir no Brasil.

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APOSTILAS OPÇÃO
Gregório de Matos Guerra: o Boca do Inferno    À mesma d. Ângela

Anjo no nome, Angélica na cara!


Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Gregório de Matos Guerra nasceu Ser Angélica flor, e Anjo florente,
em Salvador (BA) e morreu em Em quem, senão em vós, se uniformara:
Recife (PE). Estudou no colégio Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
dos jesuítas e formou-se em De verde pé, da rama fluorescente;
Direito em Coimbra (Portugal). E quem um Anjo vira tão luzente,
Recebeu o apelido de Boca do Que por seu Deus o não idolatrara?
Inferno, graças a sua irreverente Se pois como Anjo sois dos meus altares,
obra satírica. Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que por bela, e por galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
  Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Gregório de Matos firmou-se como o primeiro poeta
brasileiro: cultivou a poesia lírica, satírica, erótica e religiosa. O poeta erótico
O que se conhece de sua obra é fruto de inúmeras pesquisas, Também alcunhado de profano, o poeta exalta a sensualidade
pois Gregório não publicou seus poemas em vida. Por essa razão, e a volúpia das amantes que conquistou na Bahia, além dos
há dúvidas quanto à autenticidade de muitos textos que lhe são escândalos sexuais envolvendo os conventos da cidade.
atribuídos.
Necessidades Forçosas da Natureza Humana
O poeta religioso
A preocupação religiosa do escritor revela-se no grande Descarto-me da tronga, que me chupa,
número de textos que tratam do tema da salvação espiritual do Corro por um conchego todo o mapa,
homem. No soneto a seguir, o poeta ajoelha-se diante de Deus, O ar da feia me arrebata a capa,
com um forte sentimento de culpa por haver pecado, e promete O gadanho da limpa até a garupa.
redimir-se. Observe: Busco uma freira, que me desemtupa
A via, que o desuso às vezes tapa,
Soneto a Nosso Senhor Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Que as cartas lhe dão sempre com chalupa.
Da vossa alta clemência me despido; Que hei de fazer, se sou de boa cepa,
Porque quanto mais tenho delinquido E na hora de ver repleta a tripa,
Vos tem a perdoar mais empenhado. Darei por quem mo vase toda Europa?
Se basta a voz irar tanto pecado, Amigo, quem se alimpa da carepa,
A abrandar-vos sobeja um só gemido: Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
Que a mesma culpa que vos há ofendido, Ou faz da mão sua cachopa.
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada Padre Antônio Vieira 
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história.
Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada, Padre Antônio Vieira nasceu
Recobrai-a; e não queirais, pastor divino, em Lisboa, em 1608, e
Perder na vossa ovelha a vossa glória. morreu na Bahia, em 1697.
  Com sete anos de idade, veio
O poeta satírico para o Brasil e entrou para
Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas a Companhia de Jesus. Por
à situação econômica da Bahia, especialmente de Salvador, defender posições favoráveis
graças à expansão econômica chegando a fazer, inclusive, uma aos índios e aos judeus, foi
crítica ao então governador da Bahia Antonio Luis da Camara condenado à prisão pela
Coutinho. Além disso, suas críticas à Igreja e a religiosidade
Inquisição, onde ficou por dois
presente naquele momento. Essa atitude de subversão por meio
das palavras rendeu-lhe o apelido de “Boca do Inferno”, por anos.
satirizar seus desafetos  
Padre Antônio Vieira, por
Triste Bahia Arnold van Westerhout (1651-
1725)
Triste Bahia!   
ó quão dessemelhante  Responsável pelo desenvolvimento da prosa no período do
Estás e estou do nosso antigo estado! barroco, Padre Antônio Vieira é conhecido por seus sermões
Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante. polêmicos em que critica, entre outras coisas, o despotismo dos
A ti tricou-te a máquina mercante, colonos portugueses, a influência negativa que o Protestantismo
Que em tua larga barra tem entrado, exerceria na colônia, os pregadores que não cumpriam com seu
A mim foi-me trocando e, tem trocado, ofício de catequizar e evangelizar (seus adversários católicos)
Tanto negócio e tanto negociante. e a própria Inquisição. Além disso, defendia os índios e sua
  evangelização, condenando os horrores vivenciados por eles
O poeta lírico nas mãos de colonos e os cristãos-novos (judeus convertidos ao
Em sua produção lírica, Gregório de Matos se mostra um Catolicismo) que aqui se instalaram. Famoso por seus sermões,
poeta angustiado em face à vida, à religião e ao amor. Na poesia padre Antônio Vieira também se dedicou a escrever cartas e
lírico-amorosa, o poeta revela sua amada, uma mulher bela profecias.
que é constantemente comparada aos elementos da natureza.  
Além disso, ao mesmo tempo que o amor desperta os desejos Mito do Sebastianismo
corporais, o poeta é assaltado pela culpa e pela angústia do Com o desenvolvimento do mercado marítimo, Portugal
pecado. vivenciou um período de ascensão e grandeza. Porém, com

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APOSTILAS OPÇÃO
o declínio do comércio no Oriente, Portugal viveu uma crise cresceu o mar até os cumes dos montes, alagou-se o mundo todo:
econômica e dinástica. Como consequência, o então rei de já estaria satisfeita vossa justiça, senão quando ao terceiro dia
Portugal D. Sebastião resolve colocar em prática seu plano de começaram a boiar os corpos mortos, e a surgir e aparecer em
organizar uma cruzada em Marrocos e levando à batalha de multidão infinita aquelas figuras pálidas, e então se representou
Alcacer-Quibir em 1578. sobre as ondas a mais triste e funesta tragédia que nunca viram os
A derrota na batalha e seu de desaparecimento (provável anjos, que homens que a vissem, não os havia.
morte em batalha), gerou especulações acerca de seu paradeiro.  
A partir de então, originou-se a crença de que o rei retornaria Sermão de Santo Antônio (1654):
para transformar Portugal novamente em uma grande potência
econômica. Padre Antônio Vieira era um dos que acreditavam no Também conhecido como “O Sermão dos Peixes”, pois nele
Sebastianismo e, mais adiante, Antônio Conselheiro anunciava o padre usa a imagem dos peixes como símbolo para fazer uma
o retorno de D. Sebastião nos episódios da Guerra de Canudos. crítica aos vícios dos colonos portugueses que se aproveitavam
  da condição dos índios para escravizá-los e sujeitá-los ao seu
poder. Leia um trecho do sermão:
Os sermões Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois
o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam
Escreveu cerca de duzentos sermões em estilo conceptista, na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção;
isto é, que privilegia a retórica e o encadeamento lógico de ideias mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo
e conceitos. Estão formalmente divididos em três partes: tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a
causa desta corrupção? (...) Enfim, que havemos de pregar hoje
Introito ou Exórdio: a apresentação, introdução do assunto. aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas
Desenvolvimento ou argumento: defesa de uma ideia com boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa
base na argumentação. pudera desconsolar o Pregador, que é serem gente os peixes que
Peroração: parte final, conclusão. se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo
  costume quase se não sente (...) Suposto isto, para que procedamos
Seus sermões mais famosos são: com clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no
  primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-
Sermão da Sexágésima (1655): vos-ei os vossos vícios. (...)  

O sermão, dividido em dez partes, é conhecido por tratar RESUMO


da arte de pregar. Nele, Padre Antônio Vieira condena aqueles
que apenas pregam a palavra de Deus de maneira vazia. Para O Barroco: século XVII
ele, a palavra de Deus era como uma semente, que deveria ser
semeada pelo pregador. Por fim, o padre chega à conclusão de CONTEXTO HISTÓRICO
que, se a palavra de Deus não dá frutos no plano terrreno a culpa - Contrarreforma;
é única e exclusivamente dos pregadores que não cumprem - Renascimento.
direito a sua função. Leia um trecho do sermão:
Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que “saiu o CARACTERÍSTICAS
pregador evangélico a semear” a palavra divina. Bem parece este - Conflito entre corpo e alma;
texto dos livros de Deus ão só faz menção do semear, mas também - Passagem do tempo;
faz caso do sair: Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a - Cultismo e conceptismo;
semeadura e hão-nos de contar os passos. (...) Entre os semeadores - Figuras de linguagem.
do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam
sem sair. Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à PRINCIPAIS AUTORES
China, ao Japão; os que semeiam sem sair, são os que se contentam - Bento Teixeira;
com pregar na Pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua - Gregório de Matos Guerra;
conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; - Padre Antônio Vieira.
aos que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a  
semeadura e hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do Juízo! Ah  Arcadismo
pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com
mais passos: Exiit seminare. (...) Ora, suposto que a conversão das O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo ou
almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Neoclacissismo, é o movimento que compreende a produção
Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender literária brasileira na segunda metade do século XVIII. O nome
a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez,
parte de Deus? (...) foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e
  Calisto).
Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra Denota-se, logo de início, as referências à mitologia grega
as de Holanda (1640): que perpassa o movimento.
Profundas mudanças no contexto histórico mundial
Neste sermão, o padre incita os seguidores a reagir contra as caracterizam o período, tais como a ascensão do Iluminismo,
invasões Holandesas, alegando que a presença dos protestantes que pressupunha o racionalismo, o progresso e as ciências.
na colônia resultaria em uma série de depredações à colônia. Na América do Norte, ocorre a Independência dos Estados
Leia um trecho do sermão: Unidos, em 1776, abrindo caminho para vários movimentos de
Se acaso for assim — o que vós não permitais — e está independência ao longo de toda a América, como foi o caso do
determinado em vosso secreto juízo, que entrem os hereges na Brasil, que presenciou inúmeras revoluções e inconfidências até
Bahia, o que só vos represento humildemente, e muito deveras, a chegada da Família Real em 1808.
é que, antes da execução da sentença, repareis bem, Senhor, no O movimento tem características reformistas, pois seu
que vos pode suceder depois, e que o consulteis com vosso coração intuito era o de dar novos ares às artes e ao ensino, aos hábitos
enquanto é tempo, porque melhor será arrepender agora, que e atitudes da época. A aristocracia em declínio viu sua riqueza
quando o mal passado não tenha remédio. Bem estais na intenção esvair-se e dar lugar a uma nova organização econômica liderada
e alusão com que digo isto, e na razão, fundada em vós mesmo, pelo pensamento burguês.
que tenho para o dizer. Também antes do dilúvio estáveis vós Ao passo que os textos produzidos no período convencionado
mui colérico e irado contra os homens, e por mais que Noé orava de Quinhentismo sofreram influência direta de Portugal e
em todos aqueles cem anos, nunca houve remédio para que se aqueles produzidos durante o Barroco, da cultura espanhola,
aplacasse vossa ira. Romperam-se enfim as cataratas do céu, os do Arcadismo, por sua vez, foram influenciados pela cultura

Língua Portuguesa 73
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APOSTILAS OPÇÃO
francesa devido aos acontecimentos movidos pela burguesia Também conhecido como o “guardador de rebanhos”
que sacudiram toda a Europa (e o mundo Ocidental). Glauceste Satúrnio, seu pseudônimo, Cláudio Manoel da Costa
  nasceu na cidade de Mariana (em Minas Gerais). Estudou
Segundo o crítico Alfredo Bosi em seu livro História Concisa Direito em Coimbra, onde teve contato com as principais ideias
da Literatura Brasileira (São Paulo: editora Cultrix, 2006) houve do Iluminismo e, ao voltar para o Brasil, fundou da Arcádia
dois momentos do Arcadismo no Brasil: Ultramarina em Vila Rica. Era um homem muito rico e de posses
a) poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos que influenciou a elite intelectual da época. Por ter participado
seus modelos, e valorização da natureza e da mitologia. da Inconfidência Mineira, foi preso e encontrado enforcado na
b)  ideológico: influenciados pela filosofia presente no cadeia em 1789.
Iluminismo, que traduz a crítica da burguesia culta aos abusos Os temas iniciais de sua obra giram em torno das reflexões
da nobreza e do clero. morais e das contradições da vida com forte inspiração nos
Seus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás modelos barrocos.
Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No Brasil, Posteriormente, dedicou-se à poesia bucólica e pastoril na
o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando qual a natureza funciona como um refúgio para o poeta que busca
houve a publicação deObras, do poeta Claudio Manoel da Costa. a vida longe da cidade e reflete o as angustias e o sofrimento
  amoroso com sua musa inacessível Nise. Estes poemas fazem
Arcádia Ultramarina parte do conjunto intitulado Obras (1768).
Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade de Cláudio Manoel da Costa também se dedicou à exaltação
Vila Rica (MG), influenciada pela Arcádia italiana (fundada em dos bandeirantes, fundadores de inúmeras cidades da região
1690) e cujos membros adotavam pseudônimos, isto é, nomes mineradora e desbravadores do interior do país e de contar
artísticos, de pastores cantados na poesia grega ou latina. Por a história da cidade de Ouro Preto no poemeto épico Vila
isso que alguns dos principais nomes do Arcadismo brasileiro Rica (1773).
publicavam suas obras com nomes inspirados na mitologia
grega e romana. Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
Principais características
- inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e
renascentistas, como por exemplo, em O Uraguai (gênero épico),
em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas Chilenas (gênero Tomás Antônio Gonzaga,
satírico); poeta árcade, ilustrdo por
- influência da filosofia francesa; artista desconhecido. Patrono
- mitologia pagã como elemento estético; da cadeira de número 37 da
- o bom selvagem, expressão do filósofo Jean-Jacques Academia Brasileira de Letras,
Rousseau, denota a pureza dos nativos da terra fazem menção à
natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril; Gonzaga deixou como legado
- tensão entre o burguês culto, da cidade, contra a aristocracia; importantes obra líricas e
- pastoralismo: poetas simples e humildes; satíricas.
- bucolismo: busca pelos valores da natureza;
- nativismo: referências à terra e ao mundo natural;
- tom confessional;
- estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos;  
- exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza. Nasceu na cidade de Porto, em Portugal, porém, filho de
  mãe portuguesa e pai brasileiro, vive parte da vida no Brasil.
Termos em latim Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, muda para
O uso de expressões em latim era comum no neoclacisssimo. o Brasil para trabalhar como ouvidor e juiz. Aqui, pretendia se
Elas estavam associadas ao estilo de vida simples e bucólico. casar com a jovem Maria Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão,
Conheça algumas delas: sua musa Marília.
Inutilia truncat:  «cortar o inútil», referência aos excessos No entanto, como participara da Inconfidência Mineira,
cometidos pelas obras do barroco. No arcadismo, os poetas
primavam pela simplicidade. é preso e levado para o Rio de Janeiro. Quando sai da prisão,
Fugere urbem: «fugir da cidade», do escritor clássico Horácio; muda-se para Moçambique, na África, onde casa com Juliana de
Locus amoenus: “lugar ameno”, um refúgio ameno em Sousa Mascarenhas.
detrimento dos centros urbanos monárquicos; Tomás Antônio Gonzaga é o pastor Dirceu, pseudônimo criado
Carpe diem:  «aproveitar a vida», o pastor, ciente da pelo poeta para seu conjunto de liras famosas intitulado Marília
efemeridade do tempo, convida sua amada a aproveitar o de Dirceu, publicadas em três partes nos anos de 1792, 1799 e
momento presente. 1812. Nessa obra, Dirceu é o pastor que cultiva o ideal da vida
Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram campestre, que vive entre ovelhas em uma choupana e aproveita
todos burgueses e habitantes dos centros urbanos. Por isso a o momento presente ao lado da amada Marília.
eles são atribuídos um fingimento poético, isto é, a simulação Essa oscilação, segundo o crítico, demonstraria o
de sentimentos fictícios. compromisso árcade entre o real e os padrões de beleza do
lirismo inspirado no poeta clássico Petrarca. Outra oscilação
Autores presente nos poemas é entre o pastor bucólico e o intelectual
Cláudio Manoel da Costa (1729-1789) da cidade.
Percebe-se, no entanto, uma mudança considerável no
discurso do poeta, coincidindo com a época em que o autor esteve
preso e passa a refletir sobre as angústias do aprisionamento, a
justiça e o destino dos homens.
Cabe ressaltar, no entanto, que, embora o conjunto de liras
Cláudio Manoel da Costa, o seja dedicado à amada Marília, em momento algum temos a
poeta mineiro nascido em voz da personagem idealizada. É apenas Dirceu quem discorre
acerca dos seus sentimentos. Segundo alguns críticos literários,
1729, ilustrado por Newton
esse fato é um reflexo da sociedade patriarcal em que Gonzaga
Resende. vivia, não permitindo que suas personagens pudessem expressar
suas vozes.

Por fim, Tomás Antônio Gonzaga também ficou conhecido


por suas Cartas Chilenas, compostas por 13 poemas satíricos
  escritos antes da Inconfidência Mineira. Novamente, Gonzaga

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APOSTILAS OPÇÃO
cria personagens e pseudônimos: aqui, Critilo assina as cartas Em 1769 publica o poema épico O Uraguai, criticando os
e as envia para Doroteu. O conteúdo das “cartas” são críticas jesuítas e defendendo a política do Marquês de Pombal que o
ao suposto governador do Chile (onde vive Critilo) Fanfarrão transforma em oficial da Secretaria do Reino. A crítica recaía
Minésio, uma referência ao governador de Minas Gerais Luís da no fato de que os jesuítas não defendiam os índios, apenas
Cunha Meneses. pretendiam falsamente libertá-los e usar a mão de obra indígena
para proveito próprio.
Santa Rita Durão (1722-1784) Em 1750, com o Tratado de Madrid, a missão dos Sete Povos
passaria aos portugueses enquanto que Colônia de Sacramento,
no Uruguai, passaria para os espanhóis. O poema narra a luta
dos portugueses contra os índios das Missões (instigados pelos
José de Santa Rita Durão jesuítas espanhóis) que se recusam a sair de suas terras, dando
início aos conflitos conhecidos como as Guerra Guaranítica
nasceu em Cata-Preta, nas
(1754-56).
proximidades de Mariana A crítica recai, principalmente, sobre o personagem Balda,
em Minas Gerais. Ingressa na padre jesuíta que encarna o mal. Corrupto e desleal, seduz uma
Ordem de Santo Agostinho, em índia e tem um filho com ela, Baldeta. Na aldeia moram também
Portugal, e lá permanece até o chefe da tribo Cacambo e sua mulher Lindóia, casal que
sua morte em 1784. representa a força do guerreiro e a beleza e delicadeza da índia.
Balda quer forçar Lindóia a se casar com Baldeta, enviando
Cacambo para as batalhas na esperança de que o índio morra
para uni-la a seu filho.
  No Canto II, Basílio da Gama relata o encontro entre os
Seu trabalho mais conhecido é o Caramuru  (1781), cujo caciques Sepé Tiaraju e Cacambo com o comandante português
subtítulo,  Poema épico do descobrimento da Bahia, remonta Gomes Freire de Andrada, ocorrido às margens do rio Uruguai
ao tempo em que os primeiros europeus chegaram ao Brasil e (chamado então de “Uraguai”). O comandante tenta estabelecer
travaram contato com os nativos. um acordo com os índios, sem sucesso, dando início aos
Caramuru é o nome dado ao português Diogo Álvares Correia combates.
que passa a viver entre os índios Tupinambás após sobreviver a O cacique Sepé Tiaraju lidera a disputa e acaba morto.
um naufrágio no litoral baiano. Considerado um herói “cultural”, Cacambo, seu sucessor, é capturado e descobre que o perigo
que ensina as leis e as virtudes aos “bárbaros” que aqui viviam, estava o tempo todo na mão dos jesuítas. Os portugueses,
ganha o respeito dos índios ao disparar uma arma de fogo. Os então, permitem que ele retorne a sua aldeia para alertar seus
índios, assustados, equiparam-no a Tupã e passam a respeitá- companheiros contra os perigos dos jesuítas. De volta, o valente
lo como uma entidade eviada. Ele se encanta com Paraguaçu, a guerreiro é envenenado por Balda e Lindóia, vendo-se forçada a
bela índia de pele branca. Já instalado na tribo, Diego percebe a casar com Baldeta, comete suicídio, deixando-se picar por uma
possibilidade de difundir a fé cristã para os índios, doutrinando- cobra venenosa.
os após ter encontrado uma gruta que se assemelharia a uma Segundo o crítico literário Alfredo Bosi no estudo História
igreja. Concisa da Literatura Brasileira  (São Paulo: Cultrix, 2006),
Mais adiante, Diego ajuda a resgatar a tripulação de um barco Basílio da Gama é o homem do fim do século XVIII «cujos valores
espanhol que havia naufragado e vê a possibilidade de retornar pré-liberais prenunciam a Revolução e se manteriam com o
à Europa através da nau francesa que viera resgatar aquela idealismo romântico». Assim, pode-se dizer que O Uraguai
tripulação. Parte, com Paraguaçu, deixando para trás as belas prenuncia muitos dos aspectos que serão desenvolvidos durante
índias que haviam se apaixonado por ele, incluindo Moema, a o movimento do Romantismo.
mais bela, que se atira ao mar em direção ao navio na tentativa Características principais do poema
de alcançar o seu amado. Ao chegar na Europa, Paraguaçu é - exaltação da natureza e do “bom selvagem”, atribuindo aos
batizada de Catarina, ambos são festejados e recebem as honras jesuítas a culpa pelo envolvimento dos índios na luta;
da realeza lusitana. - rompimento da estrutura poética camoniana;
O poema segue a estrutura dos versos camonianos (de - inovação no gênero épico: versos decassílabos brancos, isto
Camões) e da epopeia clássica, com fortes influências da é, sem rima, sem divisão de estrofes e divididos em apenas cinco
mitologia grega: composto por 10 cantos, versos decassílabos, cantos;
oitava rima camoniana. Segue também com a divisão tradicional - ao contrário da tradição épica, o poema conta um
das epopeias: proposição, invocação, dedicatória, narração e acontecimento recente na história do país;
epílogo. - inicia o poema pela narração;
- discursos permeados por ideias iluministas;
Basílio da Gama (1741-1795)
RESUMO

O Arcadismo: século XVIII


CONTEXTO HISTÓRICO
José Basílio da Gama nasceu - Iluminismo;
em 1741 na cidade de São - Lutas pela independência do Brasil.
José do Rio das Mortes, atual
Tiradentes, em Minas Gerais. CARACTERÍSTICAS
Falece em Lisboa no dia 31 de - Modelo greco-romano e renascentista;
julho de 1795. - Mitologia pagã;
- Pastoralismo, nativismo, bucolismo;
- Expressões em latim.

PRINCIPAIS AUTORES
  - Claudio Manoel da Costa;
Foi para o Rio de Janeiro, onde estudou no Colégio dos - Tomás Antônio Gonzaga;
Jesuítas e era noviço quando os jesuítas foram expulsos do - Basílio da Gama;
país. Exilou-se na Itália e filiou-se na Arcádia Romana, sob o - Santa Rita Durão.
pseudônimo de Termindo Sipílio. É preso por jesuitismo, em
Lisboa, e enviado para Angola, livrando-se do exílio ao escrever
um poema para a filha do Marquês de Pombal.

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APOSTILAS OPÇÃO
Romantismo Sentimentalismo: o eu lírico expressa e analisa a realidade
por meio de seus sentimentos, como o predomínio da emoção. É
O Romantismo surgiu na Inglaterra e na Alemanha na metade o sentimento que determina a importância das coisas.
do séc. XVIII a partir de escritores que descreviam os tempos
medievais; valorizavam os heróis nacionais e os sentimentos Individualismo/Egocentrismo: o lirismo é característica
populares; falavam de amor e saudade de forma pessoal e dominante, reproduzindo um “eu” interior num mundo exterior
íntima. Esse subjetivismo era intenso na nova literatura e então idealizado.
surgiu o Romantismo. Esse estilo chega à França e estende-se
aos demais países da Europa. É um estilo rico de características, Idealização: o romântico não vê as coisas como são, contudo
onde algumas delas são: como deveriam ser. O olhar romântico arruma, organiza, elimina
- busca por liberdade política; as imperfeições tornando os detalhes ainda mais belos.
- valorização da natureza, sinal da manifestação divina que - idealização do país: perfeito e belo;
serve como refúgio para o homem angustiado; - idealização da mulher: virgem, pura, frágil, delicada, nobre,
- exposição de sentimentos íntimos, dos estados da alma e submissa, inatingível, musa inspiradora, de beleza incomum;
das paixões; - idealização do amor: quase sempre espiritual, supremo,
- preferência por ambientes noturnos, solitários que inatingível, puro, perfeito, seguindo a ideia de platonismo
amoroso;
propiciam aos desabafos mais íntimos. - idealização do herói: belo, forte, perfeito, honrado - o índio
- descarta a ideia centrada na razão do estilo anterior e é o nosso herói nacional, o “bom selvagem”, contudo moldado
inspira-se em subjetividades como a fé, o sonho, a intuição, a com as qualidades e padrões europeus.
saudade e as lendas nacionais.
O que propiciou que o Romantismo se difundisse com maior Medievalismo: no Romantismo houve um retorno ao
velocidade foi o desenvolvimento do meio de comunicação passado com o objetivo de espelhar-se nos antigos valores,
jornalístico e a ascensão da classe burguesa que tinha acesso sendo assim, as origens do país, de seu povo e de seus heróis
aos jornais, onde começaram a ser publicados os folhetins com serão ressuscitados. Na Europa, voltou-se à Idade Média, com
histórias românticas e de suspense publicadas em capítulos. sua atmosfera de sombras e de mistério o que fascinava a
Então, a literatura começou a popularizar-se. imaginação do romântico. No Brasil, buscaremos no índio a
personagem de exaltação do passado.
O Romantismo no Brasil
Nacionalismo, patriotismo e lusofobia: nesse período
No Brasil, o Romantismo inicia-se com a publicação do livro ocorre uma intensa exaltação do país e das coisas nacionais,
de poesias de Gonçalves de Magalhães, “Suspiros poéticos e existindo também um sentimento de aversão à ex-metrópole,
saudades” e no mesmo ano é lançada em Paris a revista “Niterói” Portugal.
por iniciativa de Araújo Porto Alegre, Torres Homem, Pereira
da Silva e Gonçalves de Magalhães. Tornando uma porta-voz Escapismo psicológico: Fuga (evasão) da realidade. O
dos ideais românticos. Também, junto à política o Romantismo romântico que ir e estar além de sua realidade, por isso a volta
se expressou envolvido pelo entusiasmo da independência ao passado tanto individual (sua própria infância) quanto
proclamada em 1822, surgindo daí o desejo de criar uma histórico (época medieval).
literatura com autenticidade nacional, apesar dessa atitude ser
bastante criticada por alguns autores puristas que prezavam Evasão: o eu lírico, tomado pelo sofrimento, busca alívio
pela linguagem poética praticada em Portugal. para a sua dor fugindo da realidade - no tempo, no espaço, na
Com a invasão de Napoleão em Portugal, a Coroa portuguesa morte ou na religiosidade.
é obrigada a transferir-se para o Brasil em 1808. Esse fato - evasão no tempo: busca um passado histórico (heroico) ou
ocasiona uma série de mudanças: na infância (onde tinha felicidade);
- O Brasil passa de colônia à Reino Unido, ao lado de Portugal - evasão no espaço: busca na natureza um lugar que suavize o
e Algarves; seu sofrimento; e também no sonho.
- Desenvolvimento na educação: reformas do ensino, criação - evasão na morte: vê a morte como solução radical e
de escolas de nível superior e uma universidade; definidora do seu sofrimento.
- Incentivo e desenvolvimento da cultura, das artes e das - evasão na religiosidade: vê a religiosidade como solução
ciências; para o seu sofrimento.
- Desenvolvimento da imprensa: criação de tipografias,
iniciação da atividade editorial, imprensa periódica, comércio Mal-do-século: a impossibilidade de realizar os sonhos,
do livro; provoca no eu romântico uma reação de profunda tristeza,
- Instalação de biblioteca pública, museus, arquivos; desilusão, angústia, dor, desespero, frustração, inquietação.
O eu lírico dominado por todo esse sentimento, entrega-se ao
A vida brasileira foi alterada profundamente com esses pessimismo, ao gosto pela melancolia e sofrimento; busca da
acontecimentos que favoreceram o processo de independência solidão, que levam o homem à atração pela morte (suicídio).
política da nação ocorrida em 1822. Esse fato desperta nos
intelectuais e nos artistas a necessidade de se formar uma Religiosidade: a vida espiritual retoma sua força e
identidade nacional, votada, principalmente, paras suas raízes influência no Romantismo. Acontece uma reação ao Racionalimo
históricas, linguísticas e culturais. Dessa forma, busca-se materialista dos clássicos. A crença em Deus é uma forma de
valorizar a natureza exuberante e exótica, retorno às bases da escape das frustrações e desilusões da vida e do mundo.
história de formação do território, a partir dos primórdios da
colonização com a presença dos povos indígenas e portugueses, Supervalorização do amor: coisa mais importante da
bem como a presença da cultura desses dois povos e a identidade vida; tema mais desenvolvido pelos românticos. A perda ou
linguística de cada um desses povos. irrealização do amor leva, geralmente, à morte, à loucura ou ao
suicídio.
Características Fundamentais do Período
Instabilidade emocional (ilogismo): causado pelo
Subjetivismo: É a emoção retratando de forma pessoal predomínio da emoção (subjetivismo - com o desprezo da lógica
realidade interior de um eu lírico. e da razão), demonstrado através das antíteses (alegria/tristeza)

Liberdade de criação: o autor expressa-se através de uma Idealização da mulher: é vista, na maioria das vezes,
atitude pessoal, individual e única. O que importa é o que cada divinizada e envolta em mistérios. Figura inatingível e poderosa,
um tem de característico, ocorrendo uma forte valorização do capaz de mudar a vida de um homem, de levá-lo à morte ou à
sentimento do “eu lírico”. loucura.

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APOSTILAS OPÇÃO
Liberdade de criação e despreocupação com a forma: - apresenta como características românticas os temas:
abandono das formas fixas (sonetos, redondilhas, oitava-rima nacionalismo; religiosidade, a poesia da saudade e da natureza.
etc.), das rimas; valorização do verso branco aproximando - não utiliza a liberdade expressiva cultivada no romantismo.
a linguagem literária da linguagem oral e coloquial, para
aproximar a literatura do leitor da época. Gonçalves Dias
- primeiro poeta brasileiro autenticamente romântico
Predomínio da metáfora e de figuras de linguagem dela - temas desenvolvidos: indianismo; lirismo amoroso;
derivada exaltação à pátria
- poesia indianista: o fez conhecido e é destacada como a
- Metáfora: quando um termo é utilizado para substituir principal marca do nacionalismo romântico.
outro através de uma relação de semelhança, mas também - lirismo amoroso: mostra, quase sempre a impossibilidade
pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o de realização de anseios afetivos, tendo a mulher sempre como
conectivo (como, parece, ser semelhante, etc.) não está expresso, idealizada.
mas subentendido. - exaltação à pátria: vista sempre com saudade, mostrando
“A criança é um touro.” também exaltação à natureza (saudosismo: lembrança da pátria
“Minhas sensações são um barco de quilha pro mar.” e da infância).

- Prosopopeias: atribui ações ou qualidades humanas para Segunda Geração Romântica: considerada “mal do século”
seres inanimados ou irracionais. ou “ultrarromântica” é uma geração que tem uma visão trágica
“O dia amanheceu tristonho.” da existência e um profundo desencanto pela vida. Seus poemas
“A chuva semeou a esperança.” falam de morte, tédio, solidão e melancolia. Seus poetas
morreram muito jovens. Seus melhores representantes foram:
- Sinestesia: mistura de sensações (ruído áspero; música Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Casimiro de Abreu e
doce; perfume adocicado) Fagundes Varela.
“Uma melodia azul tomou conta da sala.”
“A sua voz áspera intimidava a plateia.” Alvares de Azevedo - principal representante do mal-do-
século
O Romantismo e o Teatro - poesia cerebral: revela mais de suas leituras do que de sua
experiência de vida;
Com a ascensão sociocultural dos brasileiros e com a - presença constante do álcool: que é tomado como fonte
chegada da família real em 1808, que trouxe consigo costumes de inspiração, sendo temas constante de sua obra (“cognac” e
da corte portuguesa; o Brasil era frequentemente visitado por “Johannisberg”);
companhias portuguesas de teatro e ópera. Então, foi crescendo a - presença de objetos que cercam a intimidade do poeta
vontade pela criação de um teatro brasileiro. O ator e empresário (cômoda, cama, travesseiro,etc)
João Caetano fundou, em 1834, a Companhia Dramática Nacional
e deu a seu teatro o nome de Teatro Nacional. Em 1836, o poeta Casimiro de Abreu
Gonçalves de Magalhães lhe entregou a peça “Antônio José ou - pessimismo decorrente do mal-do-século; do amor simples
o Poeta e a Inquisição”, encenada em 1838, representando a e espontâneo
primeira obra teatral de assunto e autor brasileiros. O teatro - saudosismo: da família, da terra natal e da infância
brasileiro ampliou-se com o comediógrafo Martins Pena - visão idealizada da mulher: meiga e ideal
tornando-se autenticamente popular. Em 1843, foi criado o - considerado um dos poetas mais populares do Romantismo
Conservatório Dramático e em 1855, o teatro Ginásio Dramático, brasileiro por sua linguagem simples e pelo lirismo ingênuo.
recebendo o apoio de escritores como José de Alencar e Joaquim
Manuel de Macedo. Terceira Geração Romântica: sua característica principal
é a preocupação com os problemas sociais, tendo com objetivo
O Indianismo Romântico denunciar as injustiças e lutar pela liberdade. Seu maior
representante é Castro Alves. Poesia social, condoreira.
Nos países da Europa os autores voltavam-se aos heróis
nacionais dos tempos medievais. No Brasil, a literatura Castro Alves - poeta revolucionário (“poeta dos escravos”)
desenvolveu a corrente indianista responsável pelo nacionalismo - poeta da liberdade e da denúncia das desigualdades sociais
romântico. Como exemplo dessa linha podemos citar o romance (mostra a África chorando seus filhos)
- poemas lírico-amorosos: visão do amor e da mulher mais
“O guarani”, de José de Alencar, onde o índio Peri salva Cecília, sensual. As mulheres são mais concretas, mais materializadas,
filha do colonizador português D. Antônio de Mariz em razão mesmo sendo sempre belas e perfeitas.
de um ataque indígena onde toda a família de Cecília é morta. - características: poesia lírica e poesia social
Os índios ganham uma imagem de herói neste estilo literário,
é considerado nobre, valoroso, fiel e cavalheiro na intenção Poesia Lírica - experiência amorosa em sua plenitude
de valorizar as origens da nacionalidade. O índio surge com sentimental e carnal;
símbolo do nacionalismo romântico, umas das características - mulher sensual, amante, individualizada, carnal (bela e
básicas do Romantismo. perfeita).

Romantismo (poesia) Poesia Social - “poeta dos escravos”.


- poesia próxima do discurso, com ênfase à oratória (arte
As três gerações de poetas românticos: de discursar) e abandono da retórica (regras), mas com grande
poder de significação
Primeira Geração Romântica: foi a geração que introduziu - poeta da liberdade e da denúncia das desigualdades sociais
as ideias românticas no Brasil e tem como características (dignidade aos sentimentos dos escravos, mostrando sua dor e
principais a exaltação da natureza, o indianismo, a expressão seu amor)
da religiosidade e o sentimento amoroso. Representantes
dessa geração são: Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães. Temas
Caracterizada pelo indianismo e nacionalismo. - amor: realização plena
- mulher: sensual, caminhando juntas a mulher-anjo e a
Gonçalves de Magalhães prostituta (causa decepção)
- publica em 1836 a obra inaugural do período - Suspiros - morte: vista com amargura pela sua pouca idade
Poéticos e Saudades. Obra medíocre do ponto de vista literário, (tuberculose), vista também como empecilho para suas grandes
tendo importância por seu valor histórico. realizações.

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APOSTILAS OPÇÃO
- natureza: aspectos grandiosos (infinito, oceano, deserto, Manuel Antônio de Almeida: Anonimamente escreveu o
condor, águia) folhetim “Memórias de um sargento de milícias”, que fez muito
sucesso entre os leitores. Este folhetim retratava com riqueza
Outros poetas românticos e suas obras de detalhes os becos, as praças, as tradições e os moradores da
cidade do Rio de Janeiro. Mais tarde publicou a história em livro
Junqueira Freire: Inspirações do Claustro; e se destacou entre os escritores do romance brasileiro.
Casimiro de Abreu: As primaveras; - Memórias de um Sargento de Milícias, romance publicado
Fagundes Varela: Vozes da América; Estandarte auriverde; em folhetins de julho de 1852 a julho de 1853.
Cantos do ermo e da cidade; Cantos religiosos; Diário de Lazaro; - linguagem coloquial, direta com ausência de descrições
Anchieta ou O Evangelho nas selvas. diretas, presença de camadas populares e ausência de heróis e
vilões. Surgimento do anti-herói (Leonardo) com características
Romantismo (prosa) de vadio.
- foge às convenções românticas; é considerada como uma
Com o Romantismo surgiu o romance brasileiro. O transição para o realismo/naturalismo, por construir um herói
romance tornou-se popular entre os jovens da classe média, não idealizado.
principalmente do Rio de Janeiro; liam apenas por distração.
Acompanhavam as histórias dos folhetins e torciam por um final Memórias de um sargento de milícias: Conta a história
feliz que sempre acontecia. Literatura folhetinesca que captava de um menino, Leonardo, filho enjeitado de Leonardo Pataca.
os costumes da época (saraus, fofocas, histórias de amor - uma Relata seus dramas cotidianos, casos engraçados e o cotidiano
visão superficial da vida). da vila onde morava. Diferentemente de “A moreninha” sai do
- Teixeira e Souza: O filho do pescador (1843) - iniciador ambiente burguês e dá ao romance um toque de realismo.
cronológico.
- Joaquim Manoel de Macedo - A Moreninha (1844) - José de Alencar: José Martiniano de Alencar nasceu no
iniciador qualitativo. Ceará em 1829 e morreu no Rio de Janeiro em 1877. É o mais
importante prosador do nosso Romantismo. Ele abrange com
Romance Romântico: preocupação nacionalista com a seus romances as quatro linhas da época:
preocupação de exaltar as paisagens e nossos costumes, voltou- - consolida o romance romântico brasileiro
se em 3 direções. - trata com perfeição literária os temas nacionais (sociais,
- passado: romance histórico, voltado para lendas e geográficos e temáticos)
histórias, mas sem a preocupação com a veracidade dos fatos, - uso de brasileirismos na língua literária, defende o
somente com a nacionalidade (índios). nacionalismo linguístico, ou seja, uma língua brasileira.
- cidade: romance urbano e de costumes (retratar a
sociedade - a Corte - do Rio de Janeiro). Social ou Urbana: retrata a sociedade carioca apontando
- regionalismo: campo e sertão com a finalidade de exaltar aspectos negativos da vida urbana e dos costumes burgueses.
a terra e o homem brasileiro, retratando seus costumes e Seus romances giram em torno de intrigas amorosas, diferenças
ambientes. econômicas, mas acaba com final feliz, pois o amor sempre
vence. No romance urbano traça 3 “perfis femininos”:
Principais Romances do Romantismo Lucíola: prostituta que se julga indigna de amor verdadeiro.
Diva: luta entre o ódio e o amor; vence o amor.
1844- A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Senhora: amor puro entre dois jovens; separação motivada
1845- O moço loiro, de Joaquim Manuel de Macedo. por dinheiro; o caça-dotes; o casamento por vingança e o amor
1852/53- Memórias de um sargento de milícias, de Manuel triunfa. Romance baseado na história de uma mulher (Aurélia)
Antônio de Almeida. que dividida entre o amor e o desejo de vingança por ter sido
1856- Cinco minutos, de José de Alencar. abandonada quando era pobre; ao herdar uma herança resolve
1857- O guarani, de José de Alencar. comprar o homem que a abandonou (Fernando Seixas) em
1862- Lucíola, de José de Alencar busca de um casamento rico e espera ansiosamente que ele
1865- Iracema, de José de Alencar. não aceite o trato feito por Lemos, seu porta-voz. Mas, para
1872- Inocência, de Taunay; O seminarista, de Bernardo seu descontentamento ele aceita se casar por dinheiro e aceita
Guimarães também a condição de conhecer a noiva apenas alguns dias
1874- Ubirajara, de José de Alencar. antes da cerimônia.
1875- Senhora e o Sertanejo, de José de Alencar; A escrava Quando Fernando descobre quem é a noiva fica feliz porque
Isaura, de Bernardo Guimarães. ele ainda a ama, mas ele cai no conceito de Aurélia que o maltrata
1876- O cabeleira, de Franklin Távora. e o humilha após o casamento. Apaixonado e ferido ele resolve
trabalhar com afinco e depois de onze meses devolve à Aurélia o
Joaquim Manuel de Macedo: Nasceu no Rio de Janeiro, dinheiro que recebeu por ter se casado com ela. Sem terem mais
em 1820 e ali morreu em 1882. Escrevia textos com assuntos motivo para ficarem separados, os dois se reconciliam e vivem
corriqueiros e tradicionais, reproduzia a vida social da um grande amor. Esse romance é uma crítica à sociedade que
burguesia, com seus mocinhos e mocinhas, casos amorosos, dava mais valor ao dinheiro do que ao caráter e por isso, seu
cenas engraçadas e finais felizes. Não há análises sociais, mas livro é dividido em quatro capítulos que representam o sistema
um pouco de suspense e muita emoção passageira. financeiro: preço, quitação, posse e resgate.
- romance urbano A Moreninha (Augusto e Carolina) Cinco minutos; A viuvinha; Lucíola; Diva; A pata da gazela;
- obra folhetinesca (novelesca), servindo como documento Sonhos d’ ouro, Senhora (considerado seu 2º melhor livro);
dos costumes da Corte do século XIX, com retratação da vida Encarnação.
doméstica e social da burguesia da época.
- linguagem oscila entre o coloquialismo informal e o Regionalista: O sertanejo (sertão nordestino); O Gaúcho
português culto (pampas gaúchos); Til (planalto paulista); O tronco do Ipê
(zona da Mata Fluminense) - retrata as diferentes partes do país
A moreninha: Conta a história de uma aposta entre dois salientado seus hábitos, sua linguagem e tradições.
rapazes, Filipe e Augusto. Augusto, que se diz incapaz de se
apaixonar por uma mulher, aposta com Filipe que se isso Histórica: procura tratar figuras históricas ou lendárias,
acontecer ele irá escrever um romance contando sua história de situando-as em seu tempo e momentos reais. Usa tanto o índio
amor. Ele encontra seu grande amor, Carolina, irmã de Filipe. Ele como fatos voltados para o período colonial do país.
perde a aposta e escreve o romance intitulado A moreninha. As minas de prata: início da procura de metais pelos
aventureiros e bandeirantes no sertão, aos quais se deve o seu
povoamento.

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APOSTILAS OPÇÃO
A guerra dos mascates: lutas entre as cidades de Olinda e A primeira é relacionada aos problemas sociais, ambiente
Recife, este desejava a sua autonomia. urbano e elementos do cotidiano. Já a segunda, aconteceu no
O guarani (livro épico, considerado seu melhor livro). flerte do realismo com o Naturalismo. Assumindo uma posição
Indianista: volta ao passado - os índios representam o ideológica regionalista, na qual se elevou a cor local, a vida
aspecto mais autêntico de nossa nacionalidade. Idealiza tanto difícil no ambiente rural brasileiro e o determinismo, negando
os índios como os nativos da colonização portuguesa, que com a existência do livre-arbítrio. Entre as principais características
sua mistura, formam a raça brasileira (isto é visto em O Guarani do Realismo brasileiro, influenciado pelo Determinismo de
através de Peri e Cecília, a Ceci). Iracema, Ubirajara. Taine e pelo Positivismo de Augusto Comte, existem duas linhas:
Marcada por Machado de Assis, de análise das classes mais
Autores Sertanistas abastadas da sociedade carioca, com foco em temas políticos
- procura substituir o indianismo pelo regionalismo, pois do século XIX. Com ênfase na análise comportamental dos
os traços tipicamente nacionais estão caracterizados no sertão seres humanos das camadas menos privilegiadas. Estabelece-
(homem simples que trabalha na terra e vive no interior do país, se o condicionamento do homem. Nesta segunda vertente, foi
agora como herói nacional). criado um laço entre a conduta humana e a terra, o problema de
- o sertão do Brasil tinha ainda intactos e naturais alguns relações entre o ambiente e o homem, verificadas na abordagem
traços peculiares de nossa cultura (língua e costumes) e de Realista/Naturalista. Ainda no que se refere ao regionalismo,
nossa paisagem. o realismo consolidou as expressões regionais, populares e
profissionais.
Bernardo Guimarães: considerado um dos criadores do Entre os escritores de ficção realista brasileiros estão:
romance sertanejo e regional, com uma linguagem repleta de Manuel Antônio de Almeida, Aluísio Azevedo, Inglês de Souza,
adjetivos. Adolfo Caminha, Júlio Ribeiro, Machado de Assis e Raul Pompéia.
Escrava Isaura: (antecipa o abolicionismo) - obra popular, Os dois últimos estão em posição singular. No caso de Machado
mais medíocre. de Assis, por ter criado um estilo que reproduzia a realidade
O seminarista: enfoca o celibato clerical forçado, onde utilizando-se de relativa indiferença formal e sem fetichismo. Já
relaciona os personagens ao meio. Raul Pompéia, pela independência dos tons impressionistas que
são características marcantes de sua obra.
Visconde de Taunay: utiliza a vida rural brasileira como As características dos romances realistas da primeira fase,
cenário nacional, com peculiaridades da fala sertaneja, cercada influenciada pelo romantismo, são: vocabulário claro e simples,
de uma história tipicamente romântica. tonalidade natural à prosa, estudo da psicologia dos personagens
Inocência: retrata o sertão no Mato Grosso, a natureza e os e narrativa linear e imaginativa. Na segunda fase, simbolizada
costumes da região. por Machado de Assis, o estilo fica maleável, rompe-se com a
linearidade, acrescenta-se o humor ligado ao pessimismo e ao
Franklin da Távora: criador da literatura do Norte, que desencanto.
para ele representa a face real do Brasil, tematiza a violência e o
banditismo do Nordeste. Principais Romances Realistas
O cabeleira: José Gomes, bandido, ao tentar violentar uma
rapariga reconhece nela um amor de infância, regenerando o 1881- O mulato, de Aluísio Azevedo; Memórias póstumas de
bandido. Brás Cubas, de Machado de Assis
1884- Casa de pensão, de Aluísio Azevedo
Realismo 1888- O missionário, de Inglês de Sousa; O Ateneu, de Raul
Pompéia
O Realismo foi um estilo oposto ao Romantismo, seus 1890- O cortiço, de Aluísio Azevedo
autores escreviam sobre a realidade de forma nua e crua, foi 1891- Quincas Borba, de Machado de Assis
um abandono das realidades do modo de vida burguês para a 1893- A normalista, de Adolfo Caminha
realidade da população anônima, marginalizada da sociedade 1895- Bom-crioulo, de Adolfo Caminha
do séc. XIX. Teve início na França, em 1857,com a publicação 1899- Dom Casmurro, de Machado de Assis
do romance “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert. Em 1881, 1903- Luzia-Homem, de Domingos Olímpio
iniciou no Brasil com a publicação do romance de Machado 1904- Esaú e Jacó, de Machado de Assis
de Assis “Memórias póstumas de Brás Cubas”, e de Aluísio de 1908- Memorial de Aires, de Machado de Assis
Azevedo “O mulato”.
Foi uma época de apogeu dos progressos científicos na Aluísio Azevedo: Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo
medicina, nas ciências, biológicas, genética e das filosofias nasceu em São Luís, no Maranhão e faleceu em 1913, em
(Positivismo de Augusto Conte, Determinismo de Hippolyte Buenos Aires, na Argentina. Escreveu várias obras, mas nem
Taine, Darwinismo de Charles Darwin, Evolucionismo social todas tinham a mesma qualidade literária. As melhores são os
de Herbert Spencer, Socialismo Utópico de Saint-Simon e romances “O mulato”, “Casa de Pensão” e “O cortiço”.
Socialismo científico de Karl Marx). O Realismo apresenta
um trabalho realizado na realidade da vida humana e deixa o O Cortiço: Este romance tem como personagem principal
sentimentalismo e o subjetivismo romântico de lado, o romance João Romão, vendeiro português, que tem por meta de vida
deixa de ser visto como pura distração e passa a ser crítico e ascender socialmente; tinha por amante uma escrava fugida
realista. que o ajudou a enriquecer (Bertoleza). Seu sonho era adquirir
Segundo Felipe Araújo1, na segunda parte do século boa posição social com a de seu patrício Miranda, que tinha um
XIX, três importantes movimentos literários floresceram: o sobrado ao lado do cortiço, e ficar noivo de sua filha. Mas para
Parnasianismo, o Realismo e o Naturalismo. O Realismo é isso ele tinha de se livrar de Bertoleza que poderia atrapalhar sua
considerado a pintura objetiva da realidade, uma forma de reação ascensão. Então, ele a delata como escrava fugida. Ao perceber a
ao excesso e à espiritualidade. Alguns autores consagrados que traição de João, Bertoleza suicida-se. É um texto povoado de tipos
escreveram obras realistas são: Homero, na tragédia e comédia humanos como lavadeiras, operários, prostitutas, mascates que
clássica, Cervantes, Chaucer, Balzac e Dostoiévski. De acordo vivem num ambiente marginalizado, degradante e corruptor.
com Eça de Queirós, um dos mais importantes escritores lusos,
“o Romantismo era apoteose do sentimento, o Realismo é a Machado de Assis: Joaquim Maria Machado de Assis nasceu
anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos no Rio de Janeiro, em 1839, e ali morreu em 1908. Mestiço, gago,
pinta a nossos próprios olhos para nos reconhecermos, para que epilético foi considerado símbolo de esforço por nunca ter ido à
saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que escola. Foi tipógrafo, revisor, colaborador da imprensa da época
houver de mau em nossa sociedade”. e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, que
No Brasil, o início do Realismo ocorre em duas direções. ajudou a fundar em 1897; o melhor escritor brasileiro do séc. XIX
1 http://www.infoescola.com/literatura/realismo-no-brasil/ e um dos mais importantes de toda a história literária em língua

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APOSTILAS OPÇÃO
portuguesa. Possuía um estilo preciso, não falava demais e mestre espírita Plácido para saber sobre as brigas. O amigo o
nem de menos, usava frases curtas, tinha um misto de graça e tranquiliza, afirmando os meninos seriam grandes homens e por
amargura. isso brigavam antes mesmo do nascimento.
Pedro e Paulo crescem idênticos fisicamente, mas
Os contos: Machado de Assis tinha uma grande habilidade completamente diferentes na personalidade. Paulo, republicano,
para escrever histórias curtas baseadas na realidade e na análise ingressa na faculdade de Direito, e Pedro, monarquista, cursa
do comportamento humano (os contos). Seus contos eram Medicina. Ambos encantam-se por Flora, filha do político
verdadeiras obras-primas. Dentre eles, estão: “O enfermeiro”, oportunista Batista e de Dª Cláudia. Com a nomeação de Batista
“ A cartomante”, “A igreja do diabo”, “O alienista”, “Pai contra para presidente de uma província do norte, a jovem, dividida
mãe”, “A causa secreta”, “Conto de escola”, “Umas férias”, “Noite de entre os gêmeos, se desespera, sem querer deixar o Rio. Com
almirante”, “O espelho”, “Missa do galo”, “Uns braços” etc. a proclamação da república, a moça acaba permanecendo na
cidade. No entanto, ainda indecisa, resolve ir para a casa da Rita,
Os romances: Na primeira fase de sua produção, Machado irmã do Conselheiro Aires, e assim ter mais tempo para escolher
de Assis, escreveu quatro romances com traços românticos: um dos irmãos. Antes de decidir, a jovem adoece e morre. Os
Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876), Iaiá irmãos sofrem, mas logo dão curso às suas carreiras.
Garcia (1878). Após essa fase ele assume um aspecto realista Os dois se enfrentam na vida política como deputados em
em suas obras com Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), lados opostos no parlamento. Com a morte de Natividade,
Quincas Borba (1891), Dom casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904), atendendo a seu último pedido, cessam os desentendimentos.
Memorial de Aires (1908) e aprofunda suas análises psicológicas A paz dura pouco, logo os irmãos voltam a trocar farpas e
dos personagens. terminam separados.

Dom Casmurro: É um de seus romances mais famosos Quincas Borba: Publicada entre 15/06/1886 a 15/09/1891
pela incerteza que ele nos causa em relação à ambiguidade da na revista Estação, a obra é a continuação do livro Memórias
personagem Capitu, onde ao final da história, não se sabe se Póstumas de Brás Cubas.
ela traiu ou não seu marido Bentinho com seu amigo Escobar. Inicialmente o livro de Romance, que tem um foco narrativo
Bentinho fez o seminário, mas, por influência de Capitu, não se em 3 pessoa, tem como tema a loucura despertada, através de
ordenou padre para casar-se com ela e, Escobar, seu amigo de um processo que ativa fatores latentes.
seminário, casou-se com a melhor amiga de Capitu, tornando- A história gira em torno da vida de Pedro Rubião de
se muito próximos. Bentinho e Capitu têm um filho, mas ele Alvarenga, ex-professor primário, que torna-se enfermeiro e
desconfia que o filho seja do suposto amante de Capitu. Bentinho discípulo do filósofo Quincas Borba, que falece no Rio, na casa
é apelidado Dom Casmurro por viver recluso e o texto é uma de Brás Cubas. Com isso, Rubião é nomeado herdeiro universal
retrospectiva de sua vida. do filósofo, sob a condição de cuidar de seu cachorro, de nome
Quincas Borba também.
Memórias Póstumas de Brás Cunha: Brás Cubas é um Rubião, então, parte para o Rio de Janeiro e, na viagem,
homem rico e solteiro que, depois de morto, resolve se dedicar conhece o capitalista Cristiano de Almeida e Palha e também
à tarefa de narrar sua própria vida. Dessa perspectiva, emite Sofia que lhe dispensava olhares e delicadezas. Sofia era mulher
opiniões sem se preocupar com o julgamento que os vivos de Crtistiano, mas Rubião se apaixonou por ela, tendo em vista o
podem fazer dele. De sua infância, registra apenas o contato modo em que os dois entraram em sua vida.
com um colega de escola, Quincas Borba, e o comportamento de O amor era tão grande que Rubião foi obrigado a assumi-
menino endiabrado, que o fazia maltratar o escravo Prudêncio lo perante Sofia. Para o espanto, Sofia recusa seu amor, mesmo
e atrapalhar os amores adúlteros de uma amiga da família, tendo lhe dado esperanças tempos atrás, e conta o fato para
D. Eusébia. Da juventude, resgata o envolvimento com uma Cristiano.
prostituta de luxo, Marcela. Apesar de sua indignação, o capitalista continua suas
Depois de retornar de uma temporada de estudos na relações com Rubião pois queria obter os restos da fortuna que
Europa, vive uma existência de moço rico, despreocupado e ainda existia.
fútil. Conhece a filha de D. Eusébia, Eugênia, e a despreza por ser O amor de Sofia, não correspondido, aos poucos começa a
manca. Envolve-se com Virgília, uma namorada da juventude, despertar a loucura em Rubião. Essa loucura o levou à morte e
agora casada com o político Lobo Neves. O adultério dura muitos foi comparada à mesma que causou o falecimento de Quincas
anos e se desfaz de maneira fria. Brás ainda se aproxima de Nhã Borba. Louco e explorado por várias pessoas, principalmente
Loló, parenta de seu cunhado Cotrim, mas a morte da moça Palha e Sofia, Rubião morre na miséria e assim se exemplifica a
interrompe o projeto de casamento. tese do humanitismo.
Desse ponto até o fim da vida, Brás se dedica à carreira A FILOSOFIA
política, que exerce sem talento, e a ações beneficentes, que
pratica sem nenhuma paixão. O balanço final, tão melancólico O livro representa a filosofia inventada por Quincas
quanto a própria existência, arremata a narrativa de forma Borba, de que a vida é um campo de batalha onde só os mais
pessimista: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o fortes sobrevivem e que fracos e ingênuos, como Rubião, são
legado da nossa miséria”. manipulados e aniquilados pelos superiores e espertos, como
Palha e Sofia, que no fim da obra terminam vivos e ricos.
Esaú e Jacó: Publicado em 1904, Esaú e Jacó é o penúltimo
romance de Machado de Assis. Memorial de Aires: Escrita em 1908, mesmo ano da morte
Tendo como título uma história retirada da Bíblia, do autor, Memorial de Aires é considerada uma obra de caráter
remetendo-nos ao Gênesis: à história de Rebeca, que privilegia autobiográfico, pois nota-se uma relação entre o romance e a
o filho Jacó, em detrimento do outro filho, Esaú, fazendo-os velhice do escritor. Sem apresentar um enredo único, a história
inimigos irreconciliáveis. A inimizade dos gêmeos Pedro e é dividida em diversas entradas de uma espécie de diário,
Paulo, do romance de Machado, não tem causa explícita, daí a apresentando anedotas e episódios que se permeiam ao longo
denominação de romance “Ab Ovo” (desde o ovo). dos capítulos.
A narrativa começa com a visita de Natividade, grávida de O romance é considerado por críticos literários como um
gêmeos, e sua irmã, Perpétua, a uma cabocla do Morro do Castelo. romance de caráter psicológico, pois apresenta temas como
A futura mãe queria conhecer o destino dos filhos gêmeos, Pedro a frivolidade da elite da sociedade brasileira ao final de 1800
e Paulo. A previsão da cabocla é animadora: “serão grandes”. e a dificuldade das relações amorosas. Ao contrário de outros
Isso, porém, não é suficiente para desfazer a inquietação de romances de Machado de Assis, esta obra não é permeada pelo
Natividade, que se preocupa com as possíveis brigas dos irmãos sarcasmo ou pela ironia. Além disso, a narração não é feita por
ainda no ventre. um narrador onisciente. Desenrola-se através de um observador
Ao chegar em casa, a mulher relata as previsões a Santos, tentando desvendar o íntimo de personagens bondosos e
seu marido. O homem fica feliz, mas resolve procurar o amigo simples.

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APOSTILAS OPÇÃO
Memorial de Aires apresenta um enredo narrado pelo trechos do tratado de Charles Darwin, “A origem das espécies”.
Conselheiro Aires, que remonta em um diário os anos de 1888 Mudou-se para São Paulo, onde foi cursar Direito na
e 1889, em que viveu como um diplomata idoso e aposentado Faculdade do Largo de São Francisco, passando a participar
no Rio de Janeiro. Com várias observações argutas em suas na campanha abolicionista e defendendo a causa republicana.
memórias, Aires chega a enganar e confundir os leitores. Segundo Publica em forma de folhetim o romance “As Joias da Coroa”,
Alfredo Bosi, crítico, professor universitário e historiador da obra explicitamente antimonarquista. Nesse mesmo ano publica
literatura nacional, o Conselheiro Aires “ouve mais do que fala e também suas primeiras poesias do livro “Canções sem metro”.
concilia o quanto pode”. Juntamente com 90 colegas da faculdade, transfere-se para a
Nas páginas de Memorial de Aires são apresentadas pessoas cidade de Recife para concluir o curso de Direito, provavelmente
com quem o narrador conviveu, citações de leituras e obras em consequência da defesa dos ideais abolicionistas e
que leu quando era diplomata e reflexões sobre fatos passados republicanos. Em 1888 publica “O Ateneu” em forma de folhetim
que ocorreram na política. Uma das principais personagens na Gazeta de notícias.
descritas por Aires é Fidélia, moça mais jovem por quem ele se Inquietante como escritor e como pessoa, o escritor
interessou. Devido à idade avançada, Aires nunca revelou seu envolveu-se em inúmeras polêmicas, inimizades e crises
amor à Fidélia, considerada uma filha para o casal Dona Carmo e depressivas, chegando até a desafiar o poeta Olavo Bilac para um
Aguiar, que não pode ter filhos. duelo. Afastado pelos amigos e caluniado nos meio jornalísticos
e intelectuais, Raul Pompéia suicidou-se na noite de natal de
Histórias sem data: Histórias sem data reúne 18 contos de 1895.
Machado de Assis publicados ao longo de 1883 em periódicos
cariocas. Parnasianismo no Brasil
A escolha do título, “Histórias sem Data”, de acordo com o
próprio Machado de Assis no prefácio de advertência da 1ª Os poetas Teófilo Dias, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e
edição: Raimundo Correia auxiliaram a implantação do Parnasianismo
De todos os contos que aqui se acham há dous que no Brasil.
efetivamente não levam datas expressas; os outros a têm, de O Parnasianismo2 tem seu marco inicial com a publicação
maneira que este título Histórias sem Data parecerá a alguns de “Fanfarras” de Teófilo Dias, em 1882. Contudo, Alberto de
ininteligível, ou vago. Supondo, porém, que o meu fim é definir Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Correia também auxiliaram a
estas páginas como tratando, em substância, de cousas que não implantação do Parnasianismo no Brasil.
são especialmente do dia, ou de um certo dia, penso que o título A estética parnasiana, originada na França, valorizava a
está explicado. E é o pior que lhe pode acontecer, pois o melhor perfeição formal, o rigor das regras clássicas na criação dos
dos títulos é ainda aquele que não precisa de explicação. M. de A. poemas, a preferência pelas formas fixas (sonetos), a apreciação
da rima e métrica, a descrição minuciosa, a sensualidade, a
À primeira vista, como num prefácio normal, Machado mitologia greco-romana. Além disso, a doutrina da “arte pela
de Assis anuncia sua independência de seu tempo, sua arte” esteve presente nos poemas parnasianos: alienação e
extemporaneidade. Com efeito, mais de um século decorrido, descompromisso quanto à realidade.
verificamos que o tempo atua a seu favor, como um aliado que Contudo, os parnasianos brasileiros não seguiram todos
cronicamente o desvela e fortalece. Fato indiscutível é que os acordos propostos pelos franceses, pois muitos poemas
o autor não nos quer presos a qualquer data, e nem sequer à apresentam subjetividade e preferência por temas voltados
descrição que faz de seus próprios personagens. à realidade brasileira, contrariando outra característica do
Histórias sem Data foi publicado em 1884, três anos parnasianismo francês: o universalismo.
depois de Memórias póstumas de Brás Cubas e quando o autor Os temas universais, vangloriados pelos franceses, se
provavelmente já idealizava o romance Quincas Borba. Este opunham ao individualismo romântico, que revelava aspectos
quarto livro de contos tem todos os ingredientes que fazem de pessoais, desejos, aflições e sentimentos do autor.
Machado de Assis um contista modelar. Outra característica que o Parnasianismo brasileiro não
seguiu à risca foi a visão mais carnal do amor em relação à
Os contos de Histórias sem data são: A Igreja do Diabo, espiritual. Olavo Bilac, principalmente, enfatizou o amor sensual,
O Lapso, Último Capítulo, Cantiga de Esponsais, Singular entretanto, sem vulgarizá-lo.
Ocorrência, Galeria Póstuma, Capítulo dos Chapéus, Conto No Brasil, os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac
Alexandrino, Primas de Sapucaiana, Uma Senhora, Anedota e Raimundo Correia.
Pecuniária, Fulano, A Segunda Vida, Noite de Almirante, O poema “Profissão de fé” de Olavo Bilac é uma
Manuscrito de um Sacristão, Ex-Cathedra, A Senhora do Galvão, representação da estética parnasiana no Brasil:
As Academias de Sião.
Veja um trecho:
Várias Histórias: Os contos de Várias Histórias constituem
rico material para um estudo da psicologia do homem e de como (...)
ele se comporta no grupo em que vive. Vemos neles a análise das E horas sem conta passo, mudo,
fraquezas humanas, norteadas muitas vezes pela preocupação O olhar atento,
com a opinião alheia. Em inúmeros casos as personagens fazem A trabalhar, longe de tudo
o mesmo que nós: mentem, usam máscaras, para não entrar O pensamento.
em conflito com o meio em que estão e, portanto, conviver em Porque o escrever – tanta perícia
sociedade. O pior é que levam tão a sério essa máscara que Tanta requer,
chegam até a enganar a si mesmas, acreditando nela como a Que ofício tal... nem há notícia
personalidade real. De outro qualquer.
Assim procedo. Minha pena
Contos: A Cartomante, Entre Santos, Uns Braços, O Homem Segue esta norma,
Célebre, A Desejada das Gentes, A causa Secreta, Trio em Lá Por servir-te, Deusa serena,
Menor, Adão e Eva, O Enfermeiro, O Diplomático, Mariana, Conto Serena Forma!
de Escola, Um Apólogo, D. Paula, Viver!, O Cônego ou Metafísica
do Estilo. Vemos nas estrofes acima aspectos parnasianos, como “a
arte pela arte”: o poeta deixa claro que a arte poética exige do
Raul Pompéia: nasceu no dia 12 de abril de 1863 no vilarejo autor o afastamento quanto ao que acontece no mundo.
de Jacuecanga, município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Ainda vemos a exaltação e procura por um rigor técnico,
Começou a escrever muito cedo, editando um jornalzinho que purismo na forma: o poeta diz que escrever requer muita perícia,
circulava no colégio. Através dele, ele criticava tanto professores 2 https://www.todamateria.com.br/parnasianismo-no-brasil/
como alunos. Na ocasião, ele estava empenhado em traduzir http://brasilescola.uol.com.br/literatura/parnasianismo-no-brasil.htm

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APOSTILAS OPÇÃO
cuidado e engrandece a estética formal “Serena Forma”. 1879.
Além disso, observamos no poema a forma fixa dos sonetos, Sua obra apresenta características românticas,
a rima rica e a perfeita ou rara em contraposição aos versos parnasianas e simbolistas. Dessa maneira, suas poesias
livres e brancos dos poetas românticos. possuem um caráter pessimista e subjetivo, ao mesmo
tempo que apresentam grande preocupação métrica. Outras
O  Parnasianismo no Brasil teve como marco inicial a obras que merecem destaque são: Sinfonias  (1883),  Versos e
publicação da obra “Fanfarras”, de Teófilo Dias, em 1882. Versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898).
Os mais importantes escritores brasileiros do período
formavam a chamada “Tríade Parnasiana” composta por Olavo Parnasianismo em Portugal
Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia. Em Portugal, o movimento parnasiano não teve a
Os escritores parnasianos buscavam o sentido para a representação e a força que se desenvolveu no Brasil e noutros
existência humana por meio da perfeição estética. Por isso, a países.
preocupação residia na “Arte pela Arte”, ou seja, a forma como Os autores parnasianos portugueses que se destacaram
caraterística principal da poesia. foram: João Penha (1838-1919), Gonçalves Crespo (1846-1883),
António Feijó (1859-1917) e Cesário Verde (1855-1886) .
Características do Parnasianismo
• Arte pela arte Simbolismo no Brasil
• Objetivismo e universalismo
• Cientificismo e positivismo O simbolismo no Brasil  surge em 1893, com a publicação
• Temas baseados na realidade (objetos e paisagens), de “Missal” e “Broquéis”, de Cruz e Souza, considerado o maior
fatos históricos, mitologia grega e cultura clássica representante do movimento no país, ao lado de Alphonsus de
• Busca da perfeição Guimarães.
• Sacralidade e o culto à forma
• Preocupação com a estética, metrificação, versificação Características do Simbolismo
• Utilização de rimas ricas e palavras raras
• Preferência por estruturas fixas (soneto) - Não-racionalidade
• Descrição visual bem detalhada - Subjetivismo, individualismo e imaginação
- Espiritualidade e transcendentalidade
Escritores Parnasianos Brasileiros - Subconsciente e inconsciente
- Musicalidade e misticismo
Teófilo Dias (1854-1889) - Figuras de linguagem: sinestesia, aliteração, assonância
Teófilo Odorico Dias de Mesquita, sobrinho do
poeta Gonçalves Dias, foi professor, jornalista, advogado e poeta O Simbolismo no Brasil foi representado, principalmente,
brasileiro. por Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens. A temática
Patrono da cadeira 36 na Academia Brasileira de Letras, simbolista apoia-se na subjetividade.
em 1882 publicou “Fanfarras”, obra que marca o início do
parnasianismo no Brasil. Musselinosas como brumas diurnas 
Outras obras que merecem destaque:  Flores e descem do ocaso as sombras harmoniosas, 
Amores  (1874), Cantos Tropicais (1878),Lira dos Verdes sombras veladas e musselinosas 
Anos (1878), A Comédia dos Deuses (1888). para as profundas solidões noturnas. 
Sacrários virgens, sacrossantas urnas, 
Olavo Bilac (1865-1918) os céus resplendem de sidéreas rosas, 
Um dos grandes escritores parnasianos, Olavo Brás Martins da Lua e das Estrelas majestosas 
dos Guimarães Bilac, conhecido como “Príncipe dos Poetas iluminando a escuridão das furnas. 
Brasileiros”, foi jornalista, tradutor, poeta e um dos fundadores Ah! por estes sinfônicos ocasos 
da Academia Brasileira de Letras. a terra exala aromas de áureos vasos, 
Sua obra é caracterizada pela linguagem clássica, com incensos de turíbulos divinos. 
conteúdos: históricos, patrióticos, emotivos, platônicos e Os plenilúnios mórbidos vaporam ... 
sensuais. Vale lembrar que o Hino à Bandeira do Brasil foi escrito E como que no Azul plangem e choram 
por Olavo Bilac. cítaras, harpas, bandolins, violinos ...
Suas principais obras são:  Poesias  (1888),  Crônicas (Sinfonias do Ocaso – Cruz e Sousa)
e Novelas  (1894),  Crítica e Fantasia(1904),  Conferências
Literárias  (1906),  Dicionário de Rimas  (1913),  Tratado de O poema que você leu pertence a Cruz e Sousa, principal
Versificação (1910), Ironia e Piedade (1916) e Tarde (1919). poeta simbolista brasileiro. O Simbolismo constituiu-se na
Europa, principalmente na França e na Bélgica, alcançando a
Alberto de Oliveira (1857-1937) poesia brasileira no final da década de 80, século XIX.
Antônio Mariano de Oliveira, mais conhecido pelo Ao contrário do que aconteceu na Europa, onde o Simbolismo
pseudônimo “Alberto de Oliveira”, foi um poeta, professor, contou com maior destaque em relação ao Parnasianismo, no
farmacêutico e um dos fundadores da Academia Brasileira de Brasil o movimento ficou à sombra da poesia parnasiana, que
Letras. ganhou a simpatia das camadas mais cultas do país, sobretudo
Publicou sua primeira obra “Canções Românticas” em 1878. em virtude do preciosismo da métrica e linguagem. Embora
A despeito desse livro apresentar características românticas, não contasse com o mesmo prestígio, a poesia simbolista
Alberto de Oliveira foi um exímio poeta parnasiano cuja obra brasileira deixou uma contribuição significativa, prenunciando
é caracterizada por temáticas e estruturas parnasianas, por os movimentos literários do século XX. Seus principais
exemplo, descrição minuciosa, composição de retratos, quadros representantes foram Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.
e cenas. Apesar da estética simbolista ser oposta à estética
Suas obras que merecem destaque parnasiana, especialmente no que se refere à ideologia, ambas
são:  Meridionais  (1884),  Versos e se preocupavam com a linguagem e com o rigor formal,
Rimas (1895),Poesias (1900), Céu, Terra e Mar (1914), O Culto da sendo possível encontrar algumas influências parnasianas
Forma na Poesia Brasileira (1916). nos versos do poeta Cruz e Sousa. O simbolismo nasceu do
descontentamento de escritores contrários ao Naturalismo e ao
Raimundo Correia (1859-1911) Realismo, que pregavam uma visão materialista e cientificista
Raimundo da Motta de Azevedo Corrêa foi um juiz, poeta da vida defendida pelo Positivismo. Os primeiros simbolistas
e um dos fundadores do Sodalício Brasileiro. Maranhense, apresentavam uma estética marcada pela subjetividade,
publicou seu primeiro livro de poesias “Primeiros Sonhos” em elemento presente no misticismo e na sugestão sensorial,

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APOSTILAS OPÇÃO
diametralmente oposta aos valores defendidos pela estética Augusto dos Anjos (1884-1914)
realista.
No Brasil, as inovações estiveram relacionadas com o plano Augusto dos Anjos foi um dos grandes poetas brasileiros
temático e com o plano formal, com uma poesia permeada simbolistas, embora, muitas vezes, sua obra apresente
pelo subjetivismo, representado pelos sofrimentos universais, características pré-modernas.
o amor, a morte e a religiosidade. Todos esses assuntos foram Patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de
expostos através de um cuidadoso trabalho com a linguagem, Letras, publicou um livro intitulado “Eu” e foi chamado de “Poeta
privilegiando o uso de figuras de linguagem, sobretudo da da morte” uma vez que seus poemas exploram temas sombrios.
sinestesia, além de versos com elaboradas construções sonoras,
tendo por finalidade conferir musicalidade e ritmo às palavras: Não alcançado na Literatura brasileira a mesma relevância
que alcançou na Literatura europeia, infelizmente o Simbolismo
Ismália no Brasil não pôde romper com a Literatura oficial, já que
apresentava uma temática que parecia distanciar-se dos
Quando Ismália enlouqueceu, problemas sociais enfrentados àquela época. Porém, podemos
Pôs-se na torre a sonhar... afirmar que o Simbolismo abriu caminhos para o Modernismo,
Viu uma lua no céu, que notadamente  foi influenciado pelas tendências
Viu outra lua no mar. irracionalistas desse movimento literário.

No sonho em que se perdeu, Pré-Modernismo


Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu, A realização deste trabalho tem como objetivo mostrar os
Queria descer ao mar... fatos, ocorrências, consequências de um dos períodos da nossa
Literatura, o Pré-Modernismo3.
E, no desvario seu, Tentaremos mostrar claramente, com a melhor das intenções,
Na torre pôs-se a cantar... os fatos e características de tal assunto, e também através da
Estava longe do céu... realização deste trabalho, procuraremos tirar o maior proveito
Estava longe do mar... para o nosso aprendizado, buscando colher mais informações
úteis que sejam satisfatórias para que por meio da pesquisa, nós
E como um anjo pendeu possamos engrandecer o nosso conhecimento.
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu, Pré-Modernismo
Queria a lua do mar...
O pré-modernismo deve ser situado nas duas décadas iniciais
As asas que Deus lhe deu deste século, até 1922, quando foi realizada a Semana da Arte
Ruflaram de par em par... Moderna. Serviu de ponte para unir os conceitos prevalecentes
Sua alma, subiu ao céu, do Parnasianismo, Simbolismo, Realismo e Naturalismo.
Seu corpo desceu ao mar... O pré-modernismo não foi uma ação organizada nem um
(Alphonsus de Guimaraens) movimento e por isso deve ser encarado como fase.
Não possui um grande número de representantes mas conta
Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens foram os com nomes de imenso valor para a literatura brasileira que
responsáveis por incorporar a estética simbolista na Literatura formaram a base dessa fase.
brasileira. Embora o Realismo tenha supostamente chegado O pré-modernismo, também conhecido como período
ao fim — de acordo com a divisão arbitrária proposta pelas sincrético. Os autores embora tivessem cultivado formalismos
Escolas Literárias — no ano em que os livros Missal e Bróqueis, e estilismos, não deixaram de mostrar inconformismo perante
ambos de Cruz e Sousa, foram publicados (era o ano de 1893), suas próprias consciências dos aspectos políticos e sociais,
podemos dizer que o Simbolismo conviveu paralelamente ao incorporando seus próprios conceitos que abriram o caminho
Realismo, mesmo porque obras importantes de Machado de para o Modernismo.
Assis, como Dom Casmurro e  Esaú e Jacó, foram publicadas já Essa foi uma fase de uma grande transição que nos deixou
nos primeiros anos do século 20. grandes joias como Canaã de Graça Aranha; Os Sertões de
Euclides da Cunha; e Urupês de Monteiro Lobato.
O que se convencionou em chamar de Pré-Modernismo,
no Brasil, não constitui uma escola literária, ou seja, não temos
Autores Brasileiros Simbolistas um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário,
seguindo determinadas características. Na realidade, Pré-
Cruz e Sousa (1861-1898) Modernismo é um termo genérico que designa toda uma vasta
produção literária que caracterizaria os primeiros vinte anos
Considerado o precursor do simbolismo no Brasil,  João da deste século. Aí vamos encontrar as mais variadas tendências
Cruz e Sousa foi um poeta brasileiro nascido em Florianópolis. e estilos literários, desde os poetas parnasianos e simbolistas,
Sua obra é marcada pela musicalidade e espiritualidade com que continuavam a produzir, até os escritores que começavam
temáticas individualistas, satânicas, sensuais. Suas principais a desenvolver um novo regionalismo, outros preocupados com
obras: Missal (1893), Broquéis (1893), Tropos e fantasias uma literatura política e outros, ainda, com propostas realmente
(1885), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905). inovadoras.
Por apresentarem uma obra significativa para uma nova
Alphonsus de Guimarães (1870-1921) interpretação de realidade brasileira, bem como pelo valor
estilístico, limitaremos o Pré-Modernismo ao estudo de Euclides
Um dos principais poetas simbolistas do Brasil, Afonso da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e
Henrique da Costa Guimarães possui uma obra marcada pela Augusto dos Anjos. Assim, abordaremos o período que se inicia
sensibilidade, espiritualidade, misticismo, religiosidade, com em 1902 com a publicação de dois importantes livros –  Os
temas como a morte, a solidão, o sofrimento e o amor. sertões, de Euclides da Cunha e Canaã, de Graça Aranha – e se
Sua produção literária apresenta características neo- estende até o ano de 1922, com a realização da Semana da Arte
romântico, árcades e simbolistas. Suas.principais obras: Moderna.
Setenário das dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística
(1899), Kyriale (1902), Pastoral aos crentes do amor e da morte
(1923).
3 http://www.coladaweb.com/literatura/pre-modernismo

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APOSTILAS OPÇÃO
Momento Histórico lado, muitas obras ainda mostravam a influência das escolas
passadas: realista/naturalista/parnasiana e simbolista. Essa
Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra dicotomia de tendências, uma renovadora e outra conservadora,
Mundial, o Brasil começa a viver, a partir de 1894, um novo gerou não só tensão, mas sobretudo um clima rico e fecundo,
período de sua história republicana: com a posse do paulista que Alceu Amoroso Lima chamou de Pré-Modernismo.
Prudente de Morais, primeiro presidente civil, inicia-se a
“República do café-com-leite”, dos grandes proprietários rurais, Quanto à prosa, podemos distinguir três tipos de obras:
em substituição a “República da Espada” (governos do marechal
Deodoro e do marechal Floriano). É a áurea da economia 1-  Obras de ambiência rural e regional – que tem por
cafeeira no Sudeste; é o movimento de entrada de grandes temática a paisagem e o homem do interior.
levas de imigrantes, notadamente os italianos; é o esplendor da
Amazônia com o ciclo da borracha; é o surto de urbanização de 2-  Obras de ambiência urbana e social – retratando a
São Paulo. realidade das nossas cidades.
Mas toda esta prosperidade vem deixar cada vez mais
claros os fortes contrastes da realidade brasileira. É, também, o 3- Obras de ambiência indefinida – cujos autores produzem
tempo de agitações sociais. Do abandono do Nordeste partem uma literatura desligada da realidade socioeconômica brasileira.
os primeiros gritos da revolta. Em fins do século XIX, na Bahia,
ocorre a Revolta de Canudos, tema de Os sertões, de Euclides Características:
da Cunha; nos primeiros anos do século XX, o Ceará é o palco
de conflitos, tendo como figura central o padre Cícero, o famoso A)  ruptura com o passado – por meio de linguagem
“Padim Ciço”; em todo o sertão vive-se o tempo do cangaço, com chocante, com vocabulário que exprime a “frialdade inorgânica
a figura lendária de Lampião. da terra”.
O Rio de Janeiro assiste, em 1904, a uma rápida mais B)  inconformismo diante da realidade brasileira –
intensa revolta popular, sob o pretexto aparente de lutar mediante um temário diferente daquele usado pelo romantismo
contra a vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz; e pelo parnasianismo: caboclo, subúrbio, miséria, etc..
na realidade, tratava-se de uma revolta contra o alto custo de C)  interesse pelos usos e costumes do interior –
vida, o desemprego e os rumos da República. Em 1910, há outra regionalismo, com registro da fala rural.
importante rebelião, desta vez dos marinheiros liderados por D)  destaque à psicologia do brasileiro – retratando sua
João Cândido, o “almirante negro”, contra o castigo corporal, preguiça, por exemplo nas mais diferentes regiões do Brasil.
conhecida como a “Revolta de Chibata”. Ao mesmo tempo, em E) acentuado nacionalismo – exemplo Policarpo Quaresma.
São Paulo, as classes trabalhadoras sob a orientação anarquista, F) preferência por assuntos históricos.
iniciam os movimentos grevistas por melhores condições de G)  descrição e caracterização de personagens típicos –
trabalho. com o intuito de retratar a realidade política, e econômica e
Essas agitações são sintomas de crise na “República do café- social de nossa terra.
com-leite”, que se tornaria mais evidente na década de 1920, H) preferência pelo contraste físico, social e moral.
servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana I) sincretismo estético – Neorrealismo, Neoparnasianismo,
da Arte Moderna. Neossimbolismo.
J) emprego de uma linguagem mais simples e coloquial –
Características com o objetivo de combater o rebuscamento e o pedantismo de
alguns literatos.
Apesar de o Pré-Modernismo não constituir uma escola Principais autores :
literária, apresentando individualidades muito fortes, com Na poesia:  Augusto dos Anjos, Rodrigues de Abreu, Juó
estilos às vezes antagônicas – como é o caso, por exemplo, de Bananére, etc..
Euclides da Cunha e Lima Barreto -, podemos perceber alguns Na prosa: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha,
pontos em comum entre as principais obras pré-modernistas. Monteiro Lobato, Afonso Arinos, Simões Lopes, Afrânio Peixoto,
Apesar de alguns conservadorismos, são obras inovadoras, Alcides Maia, Valdomiro Silveira, etc…
apresentando uma ruptura com o passado, com o academismo;
a linguagem de Augusto dos Anjos, ponteadas de palavras “não Modernismo no Brasil: poesia e prosa
poéticas” como cuspe, vômito, escarro, vermes, era uma afronta
à poesia parnasiana ainda em vigor; a denúncia da realidade No início do século XX consolidou-se um movimento
brasileira, negando o Brasil literário herdado de Romantismo e literário e artístico que tinha como principal objetivo
Parnasianismo; o Brasil não oficial do sertão nordestino, dos romper com a estética tradicionalista, libertando-se dos
caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré- paradigmas, formalismos e regras que até então imperavam.
Modernismo; No Brasil, o Modernismo preconizava a independência
- o regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o cultural do país, sendo valorizada a cultura cotidiana brasileira,
Norte e Nordeste com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o em específico, a linguagem popular. As obras modernistas são de
interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito do Santo com suma importância e extremamente enriquecedoras da literatura
Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto; brasileira.
- os tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, Impossível falar sobre o Modernismo brasileiro sem citar
o caipira, os funcionários públicos, os mulatos; a Semana de Arte Moderna de 1922, evento realizado em São
- uma ligação com fatos políticos, econômicos e sociais Paulo que representou um divisor de águas em nossa cultura.
contemporâneos, diminuindo a distância entre a realidade e a Embora não tenha sido o começo do movimento, haja vista que
ficção. o processo de transformação de nossa arte iniciara no início do
século XX influenciado pelas vanguardas europeias, a Semana,
Pré-Modernismo no Brasil que aconteceu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922,
aproximou e apresentou os principais nomes do movimento  e
Nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras do século chamou a atenção dos meios artísticos de todo país para o
XX, o Brasil também viveu sua bélle époque. Nesse período nossa debate em torno das novas questões estéticas propostas por
literatura caracterizou-se pela ausência de uma única diretriz. seus representantes. Entre seus principais organizadores,
Houve, isso sim, um sincretismo estético, um entrecruzar de Guilherme de Almeida, Paulo Prado, Godofredo Silva
várias correntes artístico-literárias. O país vivia na época uma Telles, Mário e Oswald de Andrade; esses dois últimos formaram,
constante tensão. com o principal poeta modernista, Manuel Bandeira, aquela que
Nesse contexto, alguns autores refletiam o inconformismo ficou imortalizada como a tríade modernista, responsável por
diante de uma realidade sociocultural injusta e já apontavam definir os novos parâmetros das letras brasileiras.
para a irrupção iminente do movimento modernista. Por outro

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APOSTILAS OPÇÃO
Fases do Modernismo no Brasil Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Três momentos distintos, chamados de fases ou gerações, (Oswald de Andrade)
caracterizaram o Modernismo no Brasil.
Erro de português 
Primeira Fase (1922 a 1930)  Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Durante a primeira fase o movimento buscou concretizar-se Vestiu o índio
no Brasil. Foi um período de grande produção de arte moderna Que pena!
e de materiais que divulgavam esta arte (orgia intelectual). Em Fosse uma manhã de sol
meio a essa “orgia”, quatro correntes de pensamento ganharam O índio tinha despido
força e foram ganhando teor ideológico ao longo da década de O português.
20. São elas: Pau Brasil, Verde Amarelismo, Escola da Anta e (Oswald de Andrade)
Antropofagia.
Segunda Fase (1930 a 1945)
Pau Brasil
Fundado por Oswald de Andrade com o Manifesto Pau Também chamada de Fase Heroica e geração de 30, foi a
Brasil, o movimento Pau Brasil fazia críticas ao passado cultural mais radical no rompimento com os paradigmas tradicionais.
brasileiro, que imitava os modelos europeus, propondo um olhar Houve a redescoberta e valorização do cotidiano brasileiro, com
para o Brasil com o olhar do brasileiro, apesar das influencias grande destaque da linguagem coloquial e espontânea, com suas
europeias. gírias, erros e capacidade expressiva (humor, ironia e sarcasmo).
Ocorreu também a negação brusca do passado a nível formal,
Verde Amarelismo sendo desvalorizadas as regras de rima e métrica da poesia. 
Em resposta a isso, o Verde Amarelismo vinha com a defesa Como citado anteriormente, esta fase buscava refletir a
de um nacionalismo exagerado, valorizando os elementos realidade social e econômica brasileira. Os romances eram
nacionais sem qualquer influência europeia. Esta corrente, que carregados de denúncias e mostravam as relações do “eu” com
originaria a Escola da Anta, tinha inclinações nazistas e, de o restante do mundo. O regionalismo teve grande importância
certa forma, possuía ideais xenófobos. nesta fase, destacando a seca, a migração, os problemas do
trabalhador rural e a miséria. Dentre as temáticas trabalhadas,
Antropofagia entraram também os romances urbanos e psicológicos. Se
A Antropofagia, também fundada por Oswald de Andrade, comparado à era naturalista, o modernismo, em sua segunda
vinha como uma nova resposta às duas correntes, pregando a fase, afastou-se do apego ao cientificismo.
aceitação da cultura estrangeira, mas sem cópias e imitações. A prosa da 2ª fase modernista caracteriza-se pelo
Esta cultura deveria ser absorvida pela brasileira, que colocaria regionalismo, pela relação do homem com o meio em que vive.
na arte a representação da realidade do Brasil e do elemento A Literatura Brasileira já apresentava uma tendência regionalista.
popular, valorizando as riquezas nacionais. Desde o Romantismo, a busca de traços particulares da
realidade brasileira já estava presente em algumas obras,
Transição entretanto, neste período, a partir das conquistas da primeira
Apesar dos movimentos contrários, vemos na primeira fase modernista e das idéias socialistas, os autores dão um novo
fase modernista uma arte descontraída, com poemas que tom a esse regionalismo. O livro A bagaceira de José Américo é
desestruturavam as velhas escolas literárias e que traziam uma considerado o primeiro romance regionalista do Modernismo.
linguagem que fugia às regras gramaticais, aproximando-se Mas seu valor deve-se mais à temática histórica da seca, dos
da fala popular. A construção da imagem brasileira foi sendo retirantes e ao aspecto social do que aos aspectos literários.
aproximada do povo, da realidade popular e a principal temática
comum a todas as obras era a valorização e reconstrução do Principais autores da prosa da segunda fase:
nacionalismo. - Raquel de Queirós
A transição da primeira para a segunda fase modernista - Graciliano Ramos
ocorreu em meio a revoltas contra a política brasileira do café- - Jorge Amado
com-leite  e à crise econômica ocasionada pela crise de 1929, - Érico Veríssimo
que impossibilitava a importação do café, principal riqueza - José Lins do Rego
brasileira. As Grandes Guerras também viriam compor o cenário
histórico da época. Quase todos esses autores voltaram-se basicamente para os
A busca pela nacionalidade no final da década de 1920 temas do Nordeste, como a seca, o cangaço e o ciclo açucareiro.
já começava a ganhar ares ideológicos e os conflitos da época Com exceção de Érico Veríssimo que apresentou uma obra
também pediam a tomada definitiva de uma posição ideológica. voltada para as relações do homem e a paisagem do Sul do Brasil.
O resultado disso é a arte engajada que surgiu na segunda fase Raquel de Queirós foi a primeira mulher a se “eleger
modernista, com uma reflexão sobre a época de crise e pobreza. imortal” na Academia Brasileira de Letras. Suas obras
regionalistas destacam-se pela reflexão sobre a figura feminina
Principais autores da Primeira Fase numa sociedade patriarcal.
- Mário de Andrade;  Em seu livro O quinze, conta a história da luta de um povo
- Oswald de Andrade; contra a seca e a miséria, tema marcante da prosa modernista
- Manuel Bandeira; da segunda geração.  A força da mulher nordestina também
- Alcântara Machado. é tratada em toda sua obra. Entre as suas figuras femininas
destacam-se: Conceição em “O quinze” e Maria Bonita em “O
Poesias da Primeira Fase  Lampião”.
Graciliano Ramos é considerado pela crítica
Pronominais  literária o melhor ficcionista dessa segunda fase.
Dê-me um cigarro Sua obra é marcada pela ausência de sentimentalismo e por um
Diz a gramática forte poder de síntese, refletida na linguagem direta e precisa.
Do professor e do aluno Entre seus livros destacam-se “Memórias do Cárcere” e “São
E do mulato sabido Bernardo”.
Jorge Amado é talvez um dos autores mais conhecidos
Mas o bom negro e o bom branco pelo público jovem. Isto porque, muitos de seus livros foram
Da Nação Brasileira adaptados para a TV e o cinema. E ainda hoje, é um dos escritores
Dizem todos os dias brasileiros que mais vendeu livros. Seus livros traçam um

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verdadeiro e completo quadro do povo brasileiro, em especial Terceira Fase (1945 a 1960)
do povo baiano. A linguagem simples, marcada por expressões
populares, a preocupação com os costumes e as tradições A terceira fase é marcada pela ruptura com a 1ª e a 2ª
populares e o bom humor fizeram de Jorge Amado um dos mais fases modernistas, experimentação estética e a busca por uma
queridos escritores brasileiros. nova expressão literária foram as principais características da
Érico Veríssimo é o grande representante da região Sul terceira geração modernista.
do Brasil nessa segunda fase. E assim como Jorge Amado, Grandes escritores, preocupados principalmente com a
também foi muito querido pelo público leitor. Sua obra é pesquisa em torno da própria linguagem, surgiram, afinal o
frequentemente dividida em romances urbanos, históricos contexto político, relativamente tranquilo em relação às gerações
e políticos. Em seus romances urbanos analisa os conflitos anteriores, fomentou o trabalho estético e linguístico, pois
e os valores de uma sociedade em crise. Entre os principais menos exigidos social e politicamente, puderam explorar com
livros dessa categoria estão: “Clarissa” e “Olhai os lírios maior afinco a forma literária, tanto na prosa quanto na poesia.
do campo”. A sua grande obra prima é a trilogia histórica Em 1945, terminada a Segunda Guerra Mundial e, no Brasil, a
“O tempo e o vento”, que narra a disputa pelo poder ditadura de Vargas, o Brasil vivia um período democrático e
político entre importantes famílias na região Sul. Entre as desenvolvimentista, cujo ápice ocorreu nos anos de governo do
personagens principais estão Ana Terra e Rodrigo Cambará. presidente Juscelino Kubitschek.
José Lins do Rego foi um autor muito identificado com os Em virtude da grande discrepância com o padrão estético
costumes do povo e sua obra pautou-se fundamentalmente inaugurado por nomes como Mário e Oswald de Andrade
nas recordações de um menino que conviveu com as fazendas e Manuel Bandeira — a tríade do Modernismo de 1922 —,
produtoras de cana. Seus principais temas são: da decadência muitos críticos literários consideram a terceira geração como
dos engenhos produtores de açúcar e da estrutura patriarcal, pós-modernista, na qual se pode notar um rigor formal distante
as disputas políticas na região nordeste e o cangaço. Entre seus do proposto pelos precursores do movimento. Na poesia,
livros destacam-se: Menino de Engenho e Fogo Morto. um novo princípio literário surgiu, alterando assim a antiga
Esta segunda fase, foi uma fase de consolidação do concepção sobre o gênero: para os pós-modernistas, a poesia era
a arte da palavra, rompendo assim com o caráter social, político,
Modernismo brasileiro. Sendo uma fase mais madura, foi quando filosófico e religioso, muito explorado pela poesia da geração de
o movimento ganhou mais força e se criaram obras essenciais da 1930. Enquanto muitos retomaram a estética parnasiana, outros
literatura brasileira. buscaram uma linguagem sintética e precisa, dando continuidade
Na prosa, houve uma grande reflexão e crítica da realidade à estética de Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes,
brasileira, sendo retratados problemas sociais das diferentes grandes representantes da segunda fase modernista.
regiões, com destaque para o regionalismo nordestino. Na Na prosa, especialmente nos gêneros conto e romance,
poesia, houve um questionamento do sentido da existência, escritoras como Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles
com profunda análise dos sentimentos humanos e das angústias aprofundaram a sondagem psicológica das personagens e
sociais. introduziram inovações nas técnicas narrativas, quebrando
a frequência e a estrutura do gênero narrativo, canonizado na
Principais autores da Segunda Fase na poesia fórmula “começo, meio e fim”. Outros escritores, como Guimarães
- Carlos Drummond de Andrade; Rosa e Mário Palmério, dedicaram-se ao regionalismo,
- Cecília Meireles; estética muito desenvolvida nos anos 30, renovando-a. No caso
- Vinicius de Moraes; de Guimarães Rosa, a inovação atingiu fortemente a linguagem,
- Jorge Amado; através do emprego do discurso direto e do discurso indireto
- Graciliano Ramos; livre, revolucionando vocabulário e sintaxe:
- Érico Veríssimo; Conhecida também como Geração de 45, a última fase do
- Rachel de Queiroz. Modernismo, considerada por muitos como já Pós-Modernismo,
é caracterizada pela liberdade. Abandonam os diversos ideais
Poesias da Segunda Fase  defendidos pela primeira geração do Modernismo, como a
exploração da realidade brasileira e a linguagem popular. Na
Retrato poesia há inclusivamente um retorno à forma, sendo encarada
Eu não tinha este rosto de hoje, como a arte da palavra. Nesta última fase, houve a exploração
assim calmo, assim triste, assim magro da psicologia humana, sendo abordados conteúdos inovadores.
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo. Principais autores da Terceira Fase
Eu não tinha estas mãos sem força, - Guimarães Rosa;
tão paradas e frias e mortas; - Clarice Lispector;
eu não tinha este coração  - Mário Quintana; 
que nem se mostra. - João Cabral de Melo Neto;
Eu não por esta mudança, - Lygia Fagundes Telles;
tão simples, tão certa, tão fácil: - Ariano Suassuna.  
-Em que espelho ficou perdida a minha face?
(Cecília Meireles) Poesias da Terceira Fase

No Meio do Caminho Morte e Vida Severina


No meio do caminho tinha uma pedra [...]
tinha uma pedra no meio do caminho E se somos Severinos
tinha uma pedra iguais em tudo na vida,
no meio do caminho tinha uma pedra. morremos de morte igual,
Nunca me esquecerei desse acontecimento mesma morte severina:
na vida de minhas retinas tão fatigadas. que é a morte de que se morre
Nunca me esquecerei que no meio do caminho de velhice antes dos trinta,
tinha uma pedra de emboscada antes dos vinte
tinha uma pedra no meio do caminho de fome um pouco por dia
no meio do caminho tinha uma pedra. (de fraqueza e de doença
(Carlos Drummond de Andrade) é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
[...]
(João Cabral de Melo Neto) 

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APOSTILAS OPÇÃO
Poeminha do Contra  (D) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de
Todos estes que aí estão leitura poética.
Atravancando o meu caminho, (E) lembretes de palavras tipicamente brasileiras
Eles passarão. substitutivas das originais.
Eu passarinho!
(Mário Quintana) 03. Assinale a alternativa em que se encontram preocupações
estéticas da Primeira Geração Modernista:
Prosa da Terceira Fase (A) Principal corrente de vanguarda da Literatura Brasileira,
- Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa; rompeu com a estrutura discursiva do verso tradicional,
- Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa; valendo-se de materiais gráficos e visuais que transformaram a
- A Hora da Estrela, de Clarice Lispector; estrutura do poema.
- A cidade sitiada, de Clarice Lispector. (B) Busca pelo sentido da existência humana, confronto
entre o homem e a realidade, reflexão filosófico-existencialista,
QUESTÕES espiritualismo, preocupação social e política, metalinguagem e
sensualismo.
01.(Unifesp-SP) Sobre Manuel Bandeira, é correto afirmar (C) Os escritores de maior destaque da primeira fase do
que Modernismo defendiam a reconstrução da cultura brasileira
(A) a insistência em temas relacionados ao sonho sobre bases nacionais, revisão crítica de nosso passado histórico
e à fantasia aponta para uma concepção de vida fugidia e de nossas tradições culturais, eliminação do complexo
e distanciada da realidade. Dessa forma, entende-se de colonizados e uso de uma linguagem própria da cultura
o poeta na transição entre o Realismo e Modernismo. brasileira.
(B) sua obra é muito pouco alinhada ao Modernismo, (D) Amadurecimento da prosa, sobretudo do romance,
pois sua expressão exclui por completo a linguagem enfoque mais direto dos fatos, influência da estética Realista-
popular, priorizando a erudição e a contenção criadora. Naturalista do século XIX e caráter documental, como no
(C) o desapego aos temas do cotidiano o aponta como livro Vidas secas, de Graciliano Ramos.
um poeta que, embora inserido no Modernismo, está
muito distanciado das causas sociais e da busca de uma 04. (UC-MG) Graciliano Ramos é autor que, no Modernismo,
identidade nacional, como fizeram seus contemporâneos. faz parte da:
(D) o movimento modernista teve com seu trabalho (A) fase destruidora, que procura romper com o passado.
e com o de poetas como Oswald e Mário de Andrade a (B) segunda fase, em que se destaca a ficção regionalista.
base de sua criação. Bandeira recriou literariamente suas (C) fase irreverente, que busca motivos no primitivismo.
experiências pessoais, com temas como o amor, a morte (D) geração de 45, que procura estabelecer uma ordem no
e a solidão, aos quais conferiu um valor mais universal. caos anterior.
(E) o poeta trata de temas bastante recorrentes ao Romantismo, (E) década de 60, que transcendentaliza o regionalismo.
como a saudade, a infância e a solidão. Além disso, expressa-se
como os românticos, já que tem uma visão idealizada do mundo. Respostas
Daí seu distanciamento dos demais modernistas da primeira
fase. 01. Resposta correta: D
O aproveitamento da riqueza expressiva da linguagem e das
02. Enem – 2013 possibilidades rítmicas do verso são características da produção
dos poetas em questão. Disso resulta uma poesia simples, clara
e de profundo lirismo.

02. Resposta correta: A


A instalação “Brasilidade em construção” explora elementos
socioculturais defendidos pelos primeiros modernistas, fazendo
referência ao futebol como instrumento de supremacia sobre
os portugueses, nossos colonizadores. As anotações feitas em
torno dos versos denunciam possíveis direcionamentos para
uma leitura crítica de dados histórico-culturais.

03. Resposta correta: B

04. Resposta correta: B

Literatura Contemporânea

Olhar hoje para a literatura brasileira contemporânea e


analisar ou defini-la não é um trabalho simples. Atualmente o
mercado editorial passou por uma expansão inacreditável, e
com a multiplicação das editoras vem também uma multidão de
novos autores. Sem falar que, com as possibilidades recentes de
auto publicação, especialmente na rede virtual, vários escritores
optam pela divulgação de suas obras nesse meio para só mais
MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA. Oswald de Andrade: o tarde lançarem um livro impresso.
culpado de tudo. 27 set. 2011 a 29 jan. 2012. São Paulo: Prol Mas marcar essa produção atual com o rótulo da diversidade
Gráfica, 2012. seria diminuir o valor dessa vertente literária. O crítico e mestre
O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que da PUC - Rio Karl Erik Schollhammer defende em sua obra Ficção
a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão Brasileira Contemporânea que os autores contemporâneos
da identidade nacional, as anotações em torno dos versos interagem com os padrões canônicos da literatura nacional. O
constituem realismo, por exemplo, ganhou uma nova aparência nos livros de
(A) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de escritores como Luiz Ruffato, Marcelino Freire e Marçal Aquino.
dados histórico-culturais. Enquanto isso João Gilberto Noll reativa a face intimista de
(B) forma clássica da construção poética brasileira. autores do porte de Clarice Lispector.
(C) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.

Língua Portuguesa 87
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APOSTILAS OPÇÃO
Poesia Tropicalismo: movimento cultural do fim da década de
A partir da década de 50, vários movimentos e grupos 60 que revoluciona a música popular brasileira. É iniciado no
procuraram novos caminhos para a poesia brasileira em função lançamento das músicas “Alegria, Alegria” de Caetano Veloso
das transformações (mudanças de ordem política, social, e “Domingo no Parque” de Gilberto Gil, no Festival de MPB da
econômica e tecnológica) do mundo. Por outro lado, a prosa de TV Record em 1967. É influenciado pelo Manifesto Antropófago
ficção revelou dezenas de novos autores, que ora usam recursos de Oswald de Andrade e também um reflexo da resistência à
tradicionais da técnica narrativa, ora buscam novas formas de censura e à repressão, agravada após o AI – 5 (1968).
expressão, inserindo-se numa perspectiva experimentalista.
Concretismo (1956): concepção poética baseada na Outros poetas que merecem destaque na poesia
geometrização e na visualização da linguagem, que preconiza contemporânea são Adélia Prado, Mário Quintana, Afonso
a substituição da estrutura tradicional do verso por expressões Romano Sant’Anna, Gilberto Mendonça Telles, Paulo Leminski
nominais relacionadas espacialmente. O grupo concretista foi e Cacaso. Arnaldo Antunes, representante da poesia anárquica
liderado por Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari. que floresceu nos anos 70 do século passado é, atualmente,
Leia este poema concreto de Ivo Barroso: exemplo de artista que usufrui de mídias diversas para ampliar
público e explorar novas linguagens.
astro
ave Prosa
vela
olho ilha Intertextualidade, aproveitamento da forma popular
casco de ficção, cultivo da ambiguidade, exploração da paródia,
peixe rompimento com a sintaxe são aspectos que marcam a narrativa
ostra ficcional contemporânea.

Neoconcretismo (1957): reage aos excessos formais dos O romance


concretistas, propondo uma poesia social, mais voltada para os
problemas do país. São representantes desse grupo: Ferreira Realista-regionalista: Mário Palmério, Antônio Callado...
Gullar, Thiago de Melo, José Paulo Paes. Introspectivo: Lygia Fagundes Telles (influência de Clarice
Lispector), Autran Dourado, Adonias Filho...
Poesia Práxis (1962): considera as palavras que integram Preocupação com a linguagem: Osman Lins, Nélida Pinon...
um vocabulário não um simples objeto inerte de composição, e
sim energia transformável. Mário Chamie lidera a nova tendência Outras tendências:
e Cassiano Ricardo adere ao movimento. Como exemplo, analise - Romance Policial: Rubem Fonseca, Marcelo Rubens Paiva,
o poema de Cassiano Ricardo: Garcia Rosa, etc.
- Romance Memorialista: Fernando Gabeira.
Posições do corpo
Outros romancistas: J.J. Veiga e João Ubaldo Ribeiro.
Sob o azul O conto
sobre o azul Representantes: Moacyr Scliar, Marina Colasanti, Dalton
subazul Trevisan, Murilo Rubião, entre outros.
subsol
subsolo A Crônica: forma literária muito divulgada nos veículos de
(Cassiano Ricardo) comunicação de massa. Dedicam-se ao gênero: Luís Fernando
Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro, entre outros.
O poema apresenta uma técnica de repetição para a fixação
da mensagem nuclear do poema. Além disso, há uma sintaxe Autores e Obras Contemporâneas
antidiscursiva, suprimidos os elementos de ligação tradicionais
da frase. Luiz Ruffato: Eles eram muitos Cavalos; Mamma, son tanto
Felice; Vista Parcial da Noite; De mim já nem se Lembra; O Livro
Poema-processo (1967): propôs uma nova codificação das Impossibilidades.
para o texto, que seria uma nova linguagem. Utilizaram, além Marcelino Freire: EraOdito; Angu de Sangue; Contos
da palavra, fotografias, desenhos, colagens. Foi liderado por Negreiros; Rasif - Mar que Arrebenta; Amar é Crime; BaléRalé.
Wladimir Dias-Pino. Marçal Aquino: O Invasor; Cabeça a Prêmio; Eu Receberia as
Piores Notícias dos seus Lindos Lábios; O Amor e outros Objetos
Poesia participante (1962): Textos que se utilizam de Pontiagudos; As Fomes de Setembro; Abismos; O Mistério da
acontecimentos da vida política nacional, de fatos históricos e Cidade-Fantasma; A Turma da Rua Quinze.
problemas sociais. Rubem Fonseca: A Coleira do Cão; O Cobrador; Vastas
Emoções e Pensamentos Imperfeitos; Feliz Ano Novo; Agosto.
Dois e dois são quatro Nelson Rodrigues: Engraçadinha; O Casamento; Asfalto
Selvagem; Cem Contos Escolhidos – A Vida Como Ela é...; Meu
Como dois e dois são quatro como um tempo de Destino é Pecar; Núpcias de Fogo; Escravas do Amor.
alegria Ariano Suassuna: O Castigo da Soberba; O Rico Avarento;
Sei que a vida vale a pena por trás do temor me Auto da Compadecida; O Santo e a Porca; A Pena e a Lei.
acena Bernardo Carvalho: Aberração; Onze; Teatro; Medo de
Embora o pão seja caro Sade; Nove Noites; Mongólia; O Sol se põe em São Paulo; O Filho
E a liberdade pequena e a noite carrega o dia da Mãe; Os Bêbados e os Sonâmbulos.
no seu colo de açucena Adélia Prado: Solte os Cachorros; O Homem da Mão Seca;
como teus olhos são claros Manuscritos de Filipa; Palavra de Mulher; Contos Mineiros;
e a tua pele morena - sei que dois e dois Poesia Reunida; Prosa Reunida; A Imagem Refletida.
são quatro Milton Hatoum: Relato de um certo Oriente; Dois Irmãos;
como é azul o oceano sei que a vida vale a pena Cinzas do Norte; Órfãos do Eldorado; A Cidade Ilhada; Varandas
e a lagoa serena mesmo que o pão da Eva.
seja caro Nélida Piñon: Guia-Mapa de Gabriel Arcanjo; Madeira Feita
e a liberdade pequena. de Cruz; A Casa da Paixão; A Doce Canção de Caetana; Vozes do
(www2.uol.com.br/ferreira Gullar/ Deserto; Coração Andarilho; Tempo das Frutas; Até Amanhã,
poesia/) Outra Vez; A Roda do Vento; Aprendiz de Homero.

Língua Portuguesa 88
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APOSTILAS OPÇÃO
Lygia Fagundes Telles: membro da Academia Brasileira de 03. (FCC – 2016) O estilo Barroco chega ao Brasil pelas mãos
Letras, Academia de Ciências de Lisboa e da Academia Paulista dos colonizadores, sobretudo portugueses. Seu desenvolvimento
de Letras; Lygia nasceu em 19 de abril de 1923 em São Paulo pleno se dá no século XVIII, 100 anos após o surgimento do
capital. Barroco na Europa.
Pode-se considerar que a temática predominante do
“Porão e Sobrado”, livro de contos, é a primeira obra Barroco brasileiro e a alcunha de seu escultor mais famoso são,
publicada pela autora em 1938. respectivamente:
(A) Arte sacra, Aleijadinho.
Lygia cursou Direito em 1941, foi neste mesmo período que (B) Arte sincrética, Mestre Athaíde.
conheceu Mário e Oswald de Andrade, e começou a integrar a (C) Sincretismo religioso, mestre Vitalino.
Academia de Letras da Faculdade. Em 1946, termina os estudos (D) Arte Acadêmica, Francisco Vieira.
de Direito e publica seu terceiro livro de contos “O Cacto (E) Ex-votos, Aleijadinho.
vermelho” que recebe o Prêmio Afonso Arinos, da Academia
Brasileira de Letras. 04. (UFRS) Leia as afirmações abaixo sobre o Arcadismo
brasileiro. 
“O Cacto Vermelho” foi o primeiro de seus muitos livros I - Os poetas árcades colocavam-se como pastores para
premiados, outros exemplos são: Histórias do desencontro realizarem, dessa forma, o ideal de uma vida simples em contato
(1958), Antes do baile verde (1970), As meninas (1973), com a natureza. 
Seminário de ratos (1977), A noite escura e mais eu (1994) e II - O Arcadismo brasileiro, embora tenha reproduzido muito
Invenção e Memória (2001). dos modelos europeus, apresentou características próprias,
como a incorporação do elemento indígena e a sátira política. 
Nas obras, há uma sondagem psicológica permanente, suas III - O tema do “Carpe diem”, em que o poeta expressa
personagens femininas são misteriosas e complexas, enquanto o desejo de aproveitar intensamente o momento presente,
as personagens masculinas são, geralmente, representantes fugaz e passageiro, foi ignorado pelos árcades brasileiros,
simbólicos de funções sociais e não possuem contornos excessivamente racionalistas. 
marcantes. Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
Luís Fernando Veríssimo: O Analista de Bagé; O Popular; (B) Apenas III. 
Ed Mort e Outras Histórias; A Velhinha de Taubaté; O Santinho; (C) Apenas I e II. 
O Jardim do Diabo; Comédias da Vida Pública; Gula – O Clube dos (D) Apenas II e III. 
Anjos. (E) I, II e III.
Natural de Porto Alegre-RS, Luís Fernando Veríssimo nasceu
em 26 de setembro de 1936, iniciou seus estudos no Instituto 05. (PUR-RJ)  Qual dessas afirmações não caracterizava a
Porto Alegre e chegou a morar e estudar nos Estados Unidos. poesia arcádica realizada no Brasil no século XVIII?
Veríssimo estreou sua carreira profissional como Jornalista (A) Procurava-se descrever uma atmosfera denominada
em Porto Alegre, por volta de 1966; e a partir de 1969 passou locus amoenus. 
a escrever matérias assinadas. O autor criou, também, quadros (B) A poesia seguia o lema de “cortar o inútil” do texto. 
para o programa “Planeta dos Homens”, transmitidos pela Rede (C) As amadas eram ninfas, lembrando a mitologia grega e
Globo; bem como, possui crônicas e contos publicados nas romana. 
revistas e jornais brasileiros como “Cláudia”, “Veja”, “Folha de (D) Os poetas da época não se expressaram no gênero épico. 
São Paulo” e “O Globo”. (E) Diversos poemas foram dedicados a reis e rainhas, e
Veríssimo é conhecido principalmente por suas crônicas tinham um objetivo político.
que apresentam tom humorístico e costumam tratar de
assuntos delicados, como a política, com ironia. Em relação as Respostas
personagens, Veríssimo cria típicos protagonistas brasileiros.
01. Alternativa (C). A literatura jesuítica e os relatos de
Questões viagem dominaram o primeiro século da vida colonial brasileira,
visto que o Brasil ainda não possuía uma identidade cultural
01. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século formada. Portanto, não tínhamos ainda uma literatura que
da vida colonial brasileira, é correto afirmar que: pudesse ser chamada de brasileira.
(A) É formada principalmente de poemas narrativos e textos
dramáticos que visavam à catequese. 02. Alternativa (E).
(B) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
(C) É constituída por documentos que informam acerca da 03. Alternativa (A).
terra brasileira e pela literatura jesuítica.
(D) Os textos que a constituem apresentam evidente 04. Alternativa (C). O tema “Carpe diem” é um dos que
preocupação artística e pedagógica. prevalecem nas obras árcades.
(E) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o
homem, ao relatar as condições encontradas no Novo Mundo. 05. Alternativa (D). Os poetas árcades escreveram o gênero
épico.
02. Com relação ao Barroco, é CORRETO afirmar que:
(A) firmou-se no Brasil no início do século XVI, tendo como
característica o uso de curvas e contracurvas e a busca de poucos
efeitos decorativos.
Anotações
(B) foi o primeiro estilo artístico que o Brasil conheceu,
predominando no mesmo o aspecto racional juntamente com o
sentimento religioso.
(C) uma característica da escultura barroca são as chamadas
imagens de pau oco, as quais seguem detalhadamente os moldes
europeus.
(D) a escultura barroca complementa a arquitetura da época,
com ausência de detalhes e pouca expressividade.
(E) entre os principais artistas barrocos, destacam-
se Rembrandt, Rubens, Goya, El Greco, Velásquez, Antonio
Francisco da Costa Lisboa e Manuel da Costa Athayde.

Língua Portuguesa 89
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APOSTILAS OPÇÃO

Língua Portuguesa 90
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MATEMÁTICA

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APOSTILAS OPÇÃO

terceiro é sucessor do segundo, o quarto é sucessor do terceiro


e assim sucessivamente.
Exemplos:
a) 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 são consecutivos.
b) 7, 8 e 9 são consecutivos.
c) 50, 51, 52 e 53 são consecutivos.

- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um


I - NÚMEROS E OPERAÇÕES: antecessor (número que vem antes do número dado).
cálculo aritmético Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de
zero.
a) O antecessor do número m é m-1.
CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS - N b) O antecessor de 2 é 1.
c) O antecessor de 56 é 55.
O conjunto dos números naturais é representado pela letra d) O antecessor de 10 é 9.
maiúscula N e estes números são construídos com os
algarismos: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, que também são conhecidos O conjunto abaixo é conhecido como o conjunto dos
como algarismos indo-arábicos. Embora o zero não seja um números naturais pares. Embora uma sequência real seja
número natural no sentido que tenha sido proveniente de outro objeto matemático denominado função, algumas vezes
objetos de contagens naturais, iremos considerá-lo como um utilizaremos a denominação sequência dos números naturais
número natural uma vez que ele tem as mesmas propriedades pares para representar o conjunto dos números naturais
algébricas que estes números. pares: P = {0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, ...}
Na sequência consideraremos que os naturais têm início O conjunto abaixo é conhecido como o conjunto dos
com o número zero e escreveremos este conjunto como: N = { números naturais ímpares, às vezes também chamados, a
0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, ...} sequência dos números ímpares. I = {1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, ...}

Operações com Números Naturais


Na sequência, estudaremos as duas principais operações
possíveis no conjunto dos números naturais. Praticamente,
As reticências (três pontos) indicam que este conjunto não
toda a Matemática é construída a partir dessas duas
tem fim. N é um conjunto com infinitos números.
operações: adição e multiplicação.

- Adição de Números Naturais


A primeira operação fundamental da Aritmética tem por
finalidade reunir em um só número, todas as unidades de dois
Excluindo o zero do conjunto dos números naturais, o
ou mais números.
conjunto será representado por:
Exemplo:
N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, ...}
5 + 4 = 9, onde 5 e 4 são as parcelas e 9 soma ou total
Subconjuntos notáveis em N:
-Subtração de Números Naturais
É usada quando precisamos tirar uma quantia de outra, é a
1 – Números Naturais não nulos
operação inversa da adição. A operação de subtração só é
N* ={1,2,3,4,...,n,...}; N* = N-{0}
válida nos naturais quando subtraímos o maior número do
menor, ou seja quando a-b tal que a≥ 𝑏.
2 – Números Naturais pares
Exemplo:
Np = {0,2,4,6,...,2n,...}; com n ∈ N
254 – 193 = 61, onde 254 é o Minuendo, o 193
Subtraendo e 061 a diferença.
3 - Números Naturais ímpares
Ni = {1,3,5,7,...,2n+1,...} com n ∈ N
Obs.: o minuendo também é conhecido como aditivo e o
subtraendo como subtrativo.
4 - Números primos
P={2,3,5,7,11,13...}
- Multiplicação de Números Naturais
É a operação que tem por finalidade adicionar o primeiro
A construção dos Números Naturais
número denominado multiplicando ou parcela, tantas vezes
- Todo número natural dado tem um sucessor (número que
quantas são as unidades do segundo número denominadas
vem depois do número dado), considerando também o zero.
multiplicador.
Exemplos: Seja m um número natural.
Exemplo:
a) O sucessor de m é m+1.
2 x 5 = 10, onde 2 e 5 são os fatores e o 10 produto.
b) O sucessor de 0 é 1.
c) O sucessor de 3 é 4.
- 2 vezes 5 é somar o número 2 cinco vezes: 2 x 5 = 2 + 2 +
2 + 2 + 2 = 10. Podemos no lugar do “x” (vezes) utilizar o ponto
- Se um número natural é sucessor de outro, então os dois
“. “, para indicar a multiplicação).
números juntos são chamados números consecutivos.
Exemplos:
- Divisão de Números Naturais
a) 1 e 2 são números consecutivos.
Dados dois números naturais, às vezes necessitamos saber
b) 7 e 8 são números consecutivos.
quantas vezes o segundo está contido no primeiro. O primeiro
c) 50 e 51 são números consecutivos.
número que é o maior é denominado dividendo e o outro
número que é menor é o divisor. O resultado da divisão é
- Vários números formam uma coleção de números
naturais consecutivos se o segundo é sucessor do primeiro, o

Matemática 1
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APOSTILAS OPÇÃO

chamado quociente. Se multiplicarmos o divisor pelo (D) débito de R$ 5,00.


quociente obteremos o dividendo. (E) empatado suas despesas e seus créditos.
No conjunto dos números naturais, a divisão não é fechada,
pois nem sempre é possível dividir um número natural por 02. (PREF. IMARUI/SC – AUXILIAR DE SERVIÇOS
outro número natural e na ocorrência disto a divisão não é GERAIS - PREF. IMARUI) José, funcionário público, recebe
exata. salário bruto de R$ 2.000,00. Em sua folha de pagamento vem
o desconto de R$ 200,00 de INSS e R$ 35,00 de sindicato. Qual
o salário líquido de José?
(A) R$ 1800,00
(B) R$ 1765,00
(C) R$ 1675,00
(D) R$ 1665,00
Respostas
Relações essenciais numa divisão de números
naturais: 01. Resposta: B.
Crédito: 40 + 30 + 35 + 15 = 120
- Em uma divisão exata de números naturais, o divisor Débito: 27 + 33 + 42 + 25 = 127
deve ser menor do que o dividendo. 120 – 127 = - 7
35 : 7 = 5 Ele tem um débito de R$ 7,00.
- Em uma divisão exata de números naturais, o
dividendo é o produto do divisor pelo quociente. 02. Resposta: B.
35 = 5 x 7 2000 – 200 = 1800 – 35 = 1765
O salário líquido de José é R$ 1.765,00.
- A divisão de um número natural n por zero não é
possível pois, se admitíssemos que o quociente fosse q, então Referências
IEZZI, Gelson – Matemática - Volume Único
poderíamos escrever: n ÷ 0 = q e isto significaria que: n = 0 x q IEZZI, Gelson - Fundamentos da Matemática – Volume 01 – Conjuntos e
= 0 o que não é correto! Assim, a divisão de n por 0 não tem Funções
sentido ou ainda é dita impossível.
CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS – Z
Propriedades da Adição e da Multiplicação dos
números Naturais Definimos o conjunto dos números inteiros como a reunião
Para todo a, b e c ∈ 𝑁 do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...}, o
1) Associativa da adição: (a + b) + c = a + (b + c) conjunto dos opostos dos números naturais e o zero. Este
2) Comutativa da adição: a + b = b + a conjunto é denotado pela letra Z (Zahlen = número em
3) Elemento neutro da adição: a + 0 = a alemão).
4) Associativa da multiplicação: (a.b).c = a. (b.c)
5) Comutativa da multiplicação: a.b = b.a
6) Elemento neutro da multiplicação: a.1 = a
7) Distributiva da multiplicação relativamente à adição:
a.(b +c ) = ab + ac
8) Distributiva da multiplicação relativamente à
subtração: a .(b –c) = ab –ac
9) Fechamento: tanto a adição como a multiplicação de um
número natural por outro número natural, continua como
resultado um número natural.

Questões
O conjunto dos números inteiros possui alguns
01. (SABESP – APRENDIZ – FCC) A partir de 1º de março,
subconjuntos notáveis:
uma cantina escolar adotou um sistema de recebimento por
cartão eletrônico. Esse cartão funciona como uma conta
- O conjunto dos números inteiros não nulos:
corrente: coloca-se crédito e vão sendo debitados os gastos. É
Z* = {..., -4, -3, -2, -1, 1, 2, 3, 4,...};
possível o saldo negativo. Enzo toma lanche diariamente na
Z* = Z – {0}
cantina e sua mãe credita valores no cartão todas as semanas.
Ao final de março, ele anotou o seu consumo e os pagamentos
- O conjunto dos números inteiros não negativos:
na seguinte tabela:
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4,...}
Z+ é o próprio conjunto dos números naturais: Z+ = N

- O conjunto dos números inteiros positivos:


Z*+ = {1, 2, 3, 4,...}

- O conjunto dos números inteiros não positivos:


Z_ = {..., -5, -4, -3, -2, -1, 0}

- O conjunto dos números inteiros negativos:


Z*_ = {..., -5, -4, -3, -2, -1}
No final do mês, Enzo observou que tinha
(A) crédito de R$ 7,00. Módulo: chama-se módulo de um número inteiro a
(B) débito de R$ 7,00. distância ou afastamento desse número até o zero, na reta
(C) crédito de R$ 5,00. numérica inteira. Representa-se o módulo por | |.

Matemática 2
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APOSTILAS OPÇÃO

O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0 Fique Atento: todos parênteses, colchetes, chaves,


O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7 números, ..., entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o
O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9 seu sinal invertido, ou seja, é dado o seu oposto.
O módulo de qualquer número inteiro, diferente de zero, é
sempre positivo. Multiplicação de Números Inteiros
A multiplicação funciona como uma forma simplificada de
Números Opostos: Dois números inteiros são ditos uma adição quando os números são repetidos. Poderíamos
opostos um do outro quando apresentam soma zero; assim, os analisar tal situação como o fato de estarmos ganhando
pontos que os representam distam igualmente da origem. repetidamente alguma quantidade, como por exemplo, ganhar
Exemplo: O oposto do número 3 é -3, e o oposto de -3 é 3, 1 objeto por 30 vezes consecutivas, significa ganhar 30 objetos
pois 3 + (-3) = (-3) + 3 = 0 e está repetição pode ser indicada por um x, isto é: 1 + 1 + 1 ...
No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de a é – a, e + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
vice-versa; particularmente o oposto de zero é o próprio zero. Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos: 2 + 2
+ 2 + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60
Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos: (–2)
+ (–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60
Observamos que a multiplicação é um caso particular da
adição onde os valores são repetidos.
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser
indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre
Adição de Números Inteiros as letras.
Para melhor entendimento desta operação, associaremos
aos números inteiros positivos a ideia de ganhar e aos Divisão de Números Inteiros
números inteiros negativos a ideia de perder.
Ganhar 5 + ganhar 3 = ganhar 8 (+ 5) + (+ 3) = (+8)
Perder 3 + perder 4 = perder 7 (- 3) + (- 4) = (- 7)
Ganhar 8 + perder 5 = ganhar 3 (+ 8) + (- 5) = (+ 3)
Perder 8 + ganhar 5 = perder 3 (- 8) + (+ 5) = (- 3)
O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado,
mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado. - Divisão exata de números inteiros.
Veja o cálculo:
Subtração de Números Inteiros (– 20): (+ 5) = q  (+ 5) . q = (– 20)  q = (– 4)
A subtração é empregada quando: Logo: (– 20): (+ 5) = - 4
- Precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade;
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto uma Considerando os exemplos dados, concluímos que, para
delas tem a mais que a outra; efetuar a divisão exata de um número inteiro por outro
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto falta a número inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do
uma delas para atingir a outra. dividendo pelo módulo do divisor.
Exemplo: (+7): (–2) ou (–19) : (–5) são divisões que não
A subtração é a operação inversa da adição. podem ser realizadas em Z, pois o resultado não é um número
Observe que em uma subtração o sinal do resultado é inteiro.
sempre do maior número!!! - No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é
4+5=9 associativa e não tem a propriedade da existência do elemento
4 – 5 = -1 neutro.
- Não existe divisão por zero.
Considere as seguintes situações: - Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de
zero, é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por
1 - Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião passou zero é igual a zero.
de +3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da temperatura? Exemplo: 0: (–10) = 0 b) 0 : (+6) = 0 c) 0 : (–1) = 0
Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6) –
(+3) = +3 Regra de Sinais da Multiplicação e Divisão:
→ Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre
2 - Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, durante o positivo.
dia, era de +6 graus. À Noite, a temperatura baixou de 3 graus. → Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre
Qual a temperatura registrada na noite de terça-feira? negativo.
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) + (–3) =
+3 Potenciação de Números Inteiros
A potência an do número inteiro a, é definida como um
Se compararmos as duas igualdades, verificamos que (+6) produto de n fatores iguais. O número a é denominado a base
– (+3) é o mesmo que (+6) + (–3). e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é
Temos: multiplicado por a n vezes
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3
(+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3
(–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3

Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros é o


mesmo que adicionar o primeiro com o oposto do segundo.
Exemplos:
33 = (3) x (3) x (3) = 27

Matemática 3
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APOSTILAS OPÇÃO

(-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125


(-7)² = (-7) x (-7) = 49 (d)
3
 27 = –3, pois (–3)³ = -27.
(+9)² = (+9) x (+9) = 81
Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o
- Toda potência de base positiva é um número inteiro produto de números inteiros, concluímos que:
positivo. (1) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de número
Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9 inteiro negativo.
(2) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a raiz de
- Toda potência de base negativa e expoente par é um qualquer número inteiro.
número inteiro positivo.
Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64 Propriedades da Adição e da Multiplicação dos
números Inteiros
- Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um Para todo a, b e c ∈ 𝑍
número inteiro negativo. 1) Associativa da adição: (a + b) + c = a + (b + c)
Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125 2) Comutativa da adição: a + b = b +a
3) Elemento neutro da adição : a + 0 = a
- Propriedades da Potenciação: 4) Elemento oposto da adição: a + (-a) = 0
5) Associativa da multiplicação: (a.b).c = a. (b.c)
1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva- 6) Comutativa da multiplicação : a.b = b.a
se a base e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6 = (– 7) Elemento neutro da multiplicação: a.1 = a
7)9 8) Distributiva da multiplicação relativamente à adição:
a.(b +c ) = ab + ac
2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva- 9) Distributiva da multiplicação relativamente à
se a base e subtraem-se os expoentes. (-13)8 : (-13)6 = (-13)8 – subtração: a .(b –c) = ab –ac
6 = (-13)2 10) Elemento inverso da multiplicação: Para todo inteiro z
diferente de zero, existe um inverso
3) Potência de Potência: Conserva-se a base e z –1 = 1/z em Z, tal que, z x z–1 = z x (1/z) = 1
multiplicam-se os expoentes. [(-8)5]2 = (-8)5 . 2 = (-8)10 11) Fechamento: tanto a adição como a multiplicação de
um número natural por outro número natural, continua como
4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-8)1 = resultado um número natural.
-8 e (+70)1 = +70
Questões
5) Potência de expoente zero e base diferente de zero:
É igual a 1. 01 (FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL –
Exemplo: (+3)0 = 1 e (–53)0 = 1 VUNESP) Para zelar pelos jovens internados e orientá-los a
respeito do uso adequado dos materiais em geral e dos
Radiciação de Números Inteiros recursos utilizados em atividades educativas, bem como da
A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a é a preservação predial, realizou-se uma dinâmica elencando
operação que resulta em outro número inteiro não negativo b “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no entendimento
que elevado à potência n fornece o número a. O número n é o dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um classificasse
índice da raiz enquanto que o número a é o radicando (que fica suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo (+4)
sob o sinal do radical). pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. Se
A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro a é a um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50 atitudes
operação que resulta em outro número inteiro não negativo anotadas, o total de pontos atribuídos foi
que elevado ao quadrado coincide com o número a. (A) 50.
(B) 45.
Atenção: Não existe a raiz quadrada de um número (C) 42.
inteiro negativo no conjunto dos números inteiros. (D) 36.
(E) 32.
Erro comum: Frequentemente lemos em materiais
didáticos e até mesmo ocorre em algumas aulas aparecimento 02. (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM) Ruth
de: tem somente R$ 2.200,00 e deseja gastar a maior quantidade
possível, sem ficar devendo na loja.
9 = ± 3, mas isto está errado. O certo é: 9 = +3 Verificou o preço de alguns produtos:
TV: R$ 562,00
Observamos que não existe um número inteiro não DVD: R$ 399,00
negativo que multiplicado por ele mesmo resulte em um Micro-ondas: R$ 429,00
número negativo. Geladeira: R$ 1.213,00
A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a Na aquisição dos produtos, conforme as condições
operação que resulta em outro número inteiro que elevado ao mencionadas, e pagando a compra em dinheiro, o troco
cubo seja igual ao número a. Aqui não restringimos os nossos recebido será de:
cálculos somente aos números não negativos. (A) R$ 84,00
Exemplos: (B) R$ 74,00
3 (C) R$ 36,00
(a) 8 = 2, pois 2³ = 8. (D) R$ 26,00
(E) R$ 16,00
(b)  8 = –2, pois (–2)³ = -8.
3
Respostas
3
(c) 27 = 3, pois 3³ = 27. 01. Resposta: A.
50-20=30 atitudes negativas

Matemática 4
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APOSTILAS OPÇÃO

20.4=80 2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,


30.(-1)=-30 infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se
80-30=50 periodicamente Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
1
02. Resposta: D. = 0,333...
Geladeira + Micro-ondas + DVD = 1213 + 429 + 399 = 2041 3
Geladeira + Micro-ondas + TV = 1213 + 429 + 562 = 2204, 1
= 0,04545...
extrapola o orçamento 22
Geladeira + TV + DVD = 1213 + 562 + 399 = 2174, é a maior
quantidade gasta possível dentro do orçamento. 167
= 2,53030...
Troco:2200 – 2174 = 26 reais 66
Referências Existem frações muito simples que são representadas por
IEZZI, Gelson – Matemática - Volume Único
IEZZI, Gelson - Fundamentos da Matemática – Volume 01 – Conjuntos e formas decimais infinitas, com uma característica especial:
Funções existe um período.

CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS – Q

m
Um número racional é o que pode ser escrito na forma
n
, onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser Aproveitando o exemplo acima temos 0,333... = 3. 1/101
diferente de zero. Frequentemente usamos m/n para significar + 3 . 1/102 + 3 . 1/103 + 3 . 1/104 ...
a divisão de m por n.
Como podemos observar, números racionais podem ser Representação Fracionária dos Números Decimais
obtidos através da razão entre dois números inteiros, razão Trata-se do problema inverso: estando o número racional
pela qual, o conjunto de todos os números racionais é escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na forma de
denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos na literatura a fração. Temos dois casos:
notação: 1º) Transformamos o número em uma fração cujo
m numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador
Q={ : m e n em Z, n diferente de zero}
n é composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas
forem as casas decimais do número decimal dado:

9
0,9 =
10
57
5,7 =
10
76
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjuntos: 0,76 =
- Q* = conjunto dos racionais não nulos; 100
- Q+ = conjunto dos racionais não negativos; 348
- Q*+ = conjunto dos racionais positivos; 3,48 =
- Q _ = conjunto dos racionais não positivos;
100
- Q*_ = conjunto dos racionais negativos. 5 1
0,005 = =
1000 200
Representação Decimal das Frações
p 2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; para
Tomemos um número racional , tal que p não seja tanto, vamos apresentar o procedimento através de alguns
q exemplos:
múltiplo de q. Para escrevê-lo na forma decimal, basta efetuar Exemplos:
a divisão do numerador pelo denominador.
Nessa divisão podem ocorrer dois casos: 1) Seja a dízima 0, 333....
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um Veja que o período que se repete é apenas 1(formado pelo
número finito de algarismos. Decimais Exatos: 3) → então vamos colocar um 9 no denominador e repetir no
2 numerador o período.
= 0,4
5
1
= 0,25
4 3
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
35 9
= 8,75
4 2) Seja a dízima 5, 1717....
O período que se repete é o 17, logo dois noves no
153
= 3,06 denominador (99). Observe também que o 5 é a parte inteira,
50 logo ele vem na frente:

Matemática 5
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APOSTILAS OPÇÃO

17 Inverso de um Número Racional


5 → 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑢𝑚𝑎 𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑚𝑖𝑠𝑡𝑎, 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑛𝑑𝑜
99
512 𝒂 −𝒏 𝒃 𝒏
→ (5.99 + 17) = 512, 𝑙𝑜𝑔𝑜 ∶ ( ) ,𝒂 ≠ 𝟎 = ( ) ,𝒃 ≠ 𝟎
99 𝒃 𝒂

512 Representação geométrica dos Números Racionais


Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração .
99
Neste caso para transformarmos uma dízima
periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9
no denominador para cada quantos dígitos tiver o período Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem
da dízima. infinitos números racionais.
3) Seja a dízima 1, 23434... Soma (Adição) de Números Racionais
O número 234 é a junção do ante período com o período. Como todo número racional é uma fração ou pode ser
Neste caso temos um dízima periódica é composta, pois existe escrito na forma de uma fração, definimos a adição entre os
uma parte que não se repete e outra que se repete. Neste caso
temos um ante período (2) e o período (34). Ao subtrairmos
a c
números racionais e , da mesma forma que a soma de
deste número o ante período(234-2), obtemos 232, o b d
numerador. O denominador é formado por tantos dígitos 9 – frações, através de:
que correspondem ao período, neste caso 99(dois noves) – e
pelo dígito 0 – que correspondem a tantos dígitos tiverem o a c ad  bc
ante período, neste caso 0(um zero). + =
b d bd
Subtração de Números Racionais
A subtração de dois números racionais p e q é a própria
operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: p –
q = p + (–q)
a c ad  bc
- =
232 b d bd
1 → 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑢𝑚𝑎 𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑚𝑖𝑠𝑡𝑎, 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑛𝑑𝑜 − 𝑎
990
1222
→ (1.990 + 232) = 1222, 𝑙𝑜𝑔𝑜 ∶ Multiplicação (Produto) de Números Racionais
990 Como todo número racional é uma fração ou pode ser
escrito na forma de uma fração, definimos o produto de dois
611 a c
Simplificando por 2, obtemos x = , a fração geratriz da números racionais e , da mesma forma que o produto
495 b d
dízima 1, 23434... de frações, através de:
Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto que a c ac
x =
representa esse número ao ponto de abscissa zero. b d bd
O produto dos números racionais a/b e c/d também pode
ser indicado por a/b × c/d, a/b.c/d . Para realizar a
multiplicação de números racionais, devemos obedecer à
mesma regra de sinais que vale em toda a Matemática:
Podemos assim concluir que o produto de dois números
com o mesmo sinal é positivo, mas o produto de dois
números com sinais diferentes é negativo.
Exemplos:
3 3
. Indica-se 
3 3
1) Módulo de – é =
2 2 2 2

3 3 3 3
2) Módulo de + é . Indica-se  =
2 2 2 2
Propriedades da Adição e Multiplicação de Números
Racionais
3 3 1) Fechamento: O conjunto Q é fechado para a operação de
Números Opostos: Dizemos que – e são números
2 2 adição e multiplicação, isto é, a soma e a multiplicação de dois
racionais opostos ou simétricos e cada um deles é o oposto do números racionais ainda é um número racional.
3 3 2) Associativa da adição: Para todos a, b, c em Q: a + ( b + c
outro. As distâncias dos pontos – e ao ponto zero da )=(a+b)+c
2 2 3) Comutativa da adição: Para todos a, b em Q: a + b = b + a
reta são iguais. 4) Elemento neutro da adição: Existe 0 em Q, que
adicionado a todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q +
0=q

Matemática 6
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APOSTILAS OPÇÃO

5) Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em Q, tal


 1
2
 1  1 1
que q + (–q) = 0
  =   .   =
6) Associativa da multiplicação: Para todos a, b, c em Q: a ×  5  5   5  25
(b×c)=(a×b)×c
7) Comutativa da multiplicação: Para todos a, b em Q: a × b 6) Produto de potências de mesma base. Para reduzir um
=b×a produto de potências de mesma base a uma só potência,
8) Elemento neutro da multiplicação: Existe 1 em Q, que conservamos a base e somamos os expoentes.
multiplicado por todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: 2 3
q×1=q 2 2
a   .  =
9) Elemento inverso da multiplicação: Para todo q = em 5 5
b 23 5
Q, q diferente de zero, existe :  2 2 2 2 2  2 2
 . . . .      
q-1 =
b
em Q: q × q-1 = 1
a b
x =1  5 5 5 5 5  5 5
a b a
10) Distributiva da multiplicação: Para todos a, b, c em Q: a 7) Quociente de potências de mesma base. Para reduzir um
×(b+c)=(a×b)+(a×c) quociente de potências de mesma base a uma só potência,
conservamos a base e subtraímos os expoentes.
Divisão (Quociente) de Números Racionais 3 3 3 3 3
5 2 . . . . 5 2 3
A divisão de dois números racionais p e q é a própria 3 3 3 3
operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto   :   2 2 2 2 2      
2 2 3 3
. 2 2
é: p ÷ q = p × q-1 2 2
𝒂 𝒄 𝒂 𝒅
: = .
𝒃 𝒅 𝒃 𝒄 8) Potência de Potência. Para reduzir uma potência de
potência a uma potência de um só expoente, conservamos a
Potenciação de Números Racionais base e multiplicamos os expoentes.
A potência qn do número racional q é um produto de n 3
fatores iguais. O número q é denominado a base e o número n  1  2  2 2
1 1 1
2
1
2 2 2
1
3 2
1
6

é o expoente.
      .  .        
 2   2 2 2 2 2 2
qn = q × q × q × q × ... × q, (q aparece n vezes)
3
 1  2  1
3.2
1
6
Exemplos: ou          
2
3
2 2 2 8  2   2 2
a)   =  . . =
5  5   5   5  125 Radiciação de Números Racionais
Se um número representa um produto de dois ou mais
 1
3
 1  1  1 fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do número.
b)   =   .   .   =  1 Exemplos:
 2  2  2  2 8 2
1 1 1 1 1
1) Representa o produto . ou   .Logo, é
Propriedades da Potenciação: 9 3 3 3 3
1) Toda potência com expoente 0 é igual a 1.
1
0 a raiz quadrada de .
 2
  =1 9
 5 1 1
Indica-se =
2) Toda potência com expoente 1 é igual à própria base. 9 3
1
 9 9 2) 0,216 Representa o produto 0,6. 0,6 . 0,6 ou (0,6)3. Logo,
  = 
 4 4 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 3 0,216 = 0,6.
Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá o
3) Toda potência com expoente negativo de um número
número zero ou um número racional positivo. Logo, os
racional diferente de zero é igual a outra potência que tem a
números racionais negativos não têm raiz quadrada em Q.
base igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao
oposto do expoente anterior. 100
O número 
não tem raiz quadrada em Q, pois tanto
2 2 9
 3  5 25
  =   = 10 10 100
 5  3 9  como  , quando elevados ao quadrado, dão .
3 3 9
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no
4) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal
conjunto dos números racionais se ele for um quadrado
da base.
perfeito.
2
3
2 2 2 8 2
  =  . .  = O número não tem raiz quadrada em Q, pois não existe
3 3 3 3 27 3
2
5) Toda potência com expoente par é um número positivo. número racional que elevado ao quadrado dê .
3

Matemática 7
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APOSTILAS OPÇÃO

Questões O conjunto dos números reais apresenta outros


subconjuntos importantes:
01. (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS - Conjunto dos números reais não nulos: R* = {x ϵ R| x ≠ 0}
OPERACIONAIS – MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos - Conjunto dos números reais não negativos: R+ = {x ϵ R| x
alunos tem a língua portuguesa como disciplina favorita, 9/20 ≥ 0}
têm a matemática como favorita e os demais têm ciências - Conjunto dos números reais positivos: R*+ = {x ϵ R| x > 0}
como favorita. Sendo assim, qual fração representa os alunos - Conjunto dos números reais não positivos: R- = {x ϵ R| x ≤
que têm ciências como disciplina favorita? 0}
(A) 1/4 - Conjunto dos números reais negativos: R*- = {x ϵ R| x < 0}
(B) 3/10
(C) 2/9 Representação Geométrica dos números reais
(D) 4/5
(E) 3/2

02. (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM) Dirce


comprou 7 lapiseiras e pagou R$ 8,30, em cada uma delas. Propriedades
Pagou com uma nota de 100 reais e obteve um desconto de 10 É válido todas as propriedades anteriormente vistos nos
centavos. Quantos reais ela recebeu de troco? outros conjuntos, assim como os conceitos de módulo,
(A) R$ 40,00 números opostos e números inversos (quando possível).
(B) R$ 42,00
(C) R$ 44,00 Ordenação dos números Reais
(D) R$ 46,00 A representação dos números Reais permite definir uma
(E) R$ 48,00 relação de ordem entre eles. Os números Reais positivos são
Respostas maiores que zero e os negativos, menores. Expressamos a
01. Resposta: B. relação de ordem da seguinte maneira: Dados dois números
Somando português e matemática: Reais a e b,
1 9 5 + 9 14 7
+ = = =
4 20 20 20 10 a≤b↔b–a≥0
O que resta gosta de ciências:
7 3
1− = Exemplo: -15 ≤ ↔ 5 – (-15) ≥ 0
10 10 5 + 15 ≥ 0

02. Resposta: B. Operações com números Reais


8,3 ∙ 7 = 58,1 Operando com as aproximações, obtemos uma sucessão de
Como recebeu um desconto de 10 centavos, Dirce pagou 58 intervalos fixos que determinam um número Real. É assim que
reais vamos trabalhar as operações adição, subtração, multiplicação
Troco:100 – 58 = 42 reais e divisão. Relacionamos, em seguida, uma série de
recomendações úteis para operar com números Reais.
Referências
IEZZI, Gelson - Matemática- Volume Único
IEZZI, Gelson - Fundamentos da Matemática – Volume 1 – Conjuntos e Intervalos reais
Funções O conjunto dos números reais possui também
http://mat.ufrgs.br subconjuntos, denominados intervalos, que são determinados
por meio de desiguladades. Sejam os números a e b , com a < b.
CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS - R
Em termos gerais temos:
O conjunto dos números reais R é uma expansão do - A bolinha aberta = a intervalo aberto (estamos excluindo
conjunto dos números racionais que engloba não só os inteiros aquele número), utilizamos os símbolos:
e os fracionários, positivos e negativos, mas também todos os
> ;< ; ] ; [
números irracionais.
Assim temos: - A bolinha fechada = a intervalo fechado (estamos
incluindo aquele número), utilizamos os símbolos:
R = Q U I , sendo Q ∩ I = Ø ( Se um número real é racional, ≥;≤;[;]
não irracional, e vice-versa).
Podemos utilizar ( ) no lugar dos [ ] , para indicar as
extremidades abertas dos intervalos.
[a,b[ = [a,b) ; ]a,b] = (a,b] ; e ]a,b[ = (a,b)

Lembrando que N Ϲ Z Ϲ Q , podemos construir o diagrama


abaixo:

Matemática 8
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APOSTILAS OPÇÃO

Observações Respostas
Podemos utilizar ( ) no lugar dos [ ] , para indicar as 01. Resposta: D.
extremidades abertas dos intervalos. Pontuação atual = 2 . partida anterior – 15
[a,b[ = [a,b) ; ]a,b] = (a,b] ; e ]a,b[ = (a,b) * 4ª partida: 3791 = 2.x – 15
2.x = 3791 + 15
a) Às vezes, aparecem situações em que é necessário x = 3806 / 2
registrar numericamente variações de valores em sentidos x = 1903
opostos, ou seja, maiores ou acima de zero (positivos), como
as medidas de temperatura ou reais em débito ou em haver * 3ª partida: 1903 = 2.x – 15
etc... Esses números, que se estendem indefinidamente, tanto 2.x = 1903 + 15
para o lado direito (positivos) como para o lado esquerdo x = 1918 / 2
(negativos), são chamados números relativos. x = 959
b) Valor absoluto de um número relativo é o valor do
número que faz parte de sua representação, sem o sinal. * 2ª partida: 959 = 2.x – 15
c) Valor simétrico de um número é o mesmo numeral, 2.x = 959 + 15
diferindo apenas o sinal. x = 974 / 2
x = 487
Operações com Números Relativos * 1ª partida: 487 = 2.x – 15
2.x = 487 + 15
1) Adição e Subtração de números relativos x = 502 / 2
a) Se os numerais possuem o mesmo sinal, basta adicionar x = 251
os valores absolutos e conservar o sinal. Portanto, a soma dos algarismos da 1ª partida é 2 + 5 + 1 =
b) Se os numerais possuem sinais diferentes, subtrai-se o 8.
numeral de menor valor e dá-se o sinal do maior numeral.
Exemplos: 02. Resposta: C.
3+5=8 I. Falso, pois m é Real e pode ser negativo.
4-8=-4 II. Falso, pois m é Real e pode ser negativo.
- 6 - 4 = - 10 III. Falso, pois m é Real e pode ser positivo.
-2+7=5
Referências
IEZZI, Gelson – Matemática - Volume Único
2) Multiplicação e Divisão de Números Relativos IEZZI, Gelson - Fundamentos da Matemática Elementar – Vol. 01 –
a) O produto e o quociente de dois números relativos de Conjuntos e Funções
mesmo sinal são sempre positivos.
b) O produto e o quociente de dois números relativos de CONJUNTO DOS NÚMEROS IRRACIONAIS - I
sinais diferentes são sempre negativos.
Exemplos: Os números racionais, são aqueles que podem ser escritos
- 3 x 8 = - 24 na forma de uma fração a/b onde a e b são dois números
- 20 (-4) = + 5 inteiros, com a condição de que b seja diferente de zero, uma
- 6 x (-7) = + 42 vez que sabemos da impossibilidade matemática da divisão
28 2 = 14 por zero.
Questões Vimos também, que todo número racional pode ser escrito
na forma de um número decimal periódico, também conhecido
01. (EBSERH/ HUPAA – UFAL – Analista Administrativo como dízima periódica.
– Administração – IDECAN) Mário começou a praticar um Vejam os exemplos de números racionais a seguir:
novo jogo que adquiriu para seu videogame. Considere que a 3 / 4 = 0,75 = 0, 750000...
cada partida ele conseguiu melhorar sua pontuação, - 2 / 3 = - 0, 666666...
equivalendo sempre a 15 pontos a menos que o dobro 1 / 3 = 0, 333333...
marcado na partida anterior. Se na quinta partida ele marcou 2 / 1 = 2 = 2, 0000...
3.791 pontos, então, a soma dos algarismos da quantidade de 4 / 3 = 1, 333333...
pontos adquiridos na primeira partida foi igual a - 3 / 2 = - 1,5 = - 1, 50000...
(A) 4. 0 = 0, 000...
(B) 5.
(C) 7. Existe, entretanto, outra classe de números que não podem
(D) 8. ser escritos na forma de fração a/b, conhecidos como números
(E) 10. irracionais.
Exemplo:
02. (Pref. Guarujá/SP – SEDUC – Professor de O número real abaixo é um número irracional, embora
Matemática – CAIPIMES) Considere m um número real pareça uma dízima periódica: x =
menor que 20 e avalie as afirmações I, II e III: 0,10100100010000100000...
I- (20 – m) é um número menor que 20.
II- (20 m) é um número maior que 20. Observe que o número de zeros após o algarismo 1
III- (20 m) é um número menor que 20. aumenta a cada passo. Existem infinitos números reais que
É correto afirmar que: não são dízimas periódicas e dois números irracionais muito
A) I, II e III são verdadeiras. importantes, são:
B) apenas I e II são verdadeiras. e = 2,718281828459045...,
C) I, II e III são falsas. Pi (𝜋) = 3,141592653589793238462643...
D) apenas II e III são falsas.
Que são utilizados nas mais diversas aplicações práticas
como: cálculos de áreas, volumes, centros de gravidade,
previsão populacional, etc.

Matemática 9
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APOSTILAS OPÇÃO

Classificação dos Números Irracionais 4 𝑥−1 + 4 𝑥 + 4 𝑥+1


Existem dois tipos de números irracionais: = 16,8
4 𝑥−2 + 4 𝑥−1

- Números reais algébricos irracionais: 1


11
II. (83 + 0,4444 … ) : = 30
são raízes de polinômios com coeficientes inteiros. Todo 135
número real que pode ser representado através de uma
4 4
quantidade finita de somas, subtrações, multiplicações, III. Efetuando-se ( √6 + 2√5) 𝑥( √6 − 2√5) obtém-se um
divisões e raízes de grau inteiro a partir dos números inteiros número maior que 5.
é um número algébrico, por exemplo: Relativamente a essas afirmações, é certo que
(A) I,II, e III são verdadeiras.
(B) Apenas I e II são verdadeiras.
. (C) Apenas II e III são verdadeiras.
A recíproca não é verdadeira: existem números algébricos (D) Apenas uma é verdadeira.
que não podem ser expressos através de radicais, conforme (E) I,II e III são falsas.
o teorema de Abel-Ruffini.
02. (CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA –
- Números reais transcendentes: não são raízes de
INDEC) O resultado do produto: (2√2 + 1) ∙ (√2 − 1) é:
polinômios com coeficientes inteiros. Várias constantes
matemáticas são transcendentes, como pi ( ) e o número de (𝐴) √2 − 1
Euler ( ). Pode-se dizer que existem mais números (B) 2
transcendentes do que números algébricos (a comparação (𝐶) 2√2
entre conjuntos infinitos pode ser feita na teoria dos (𝐷) 3 − √2
conjuntos).
A definição mais genérica de números algébricos e Respostas
transcendentes é feito usando-se números complexos. 01. Resposta: B.

Identificação de números irracionais 4𝑥 (4−1 +1+4)


I
Fundamentado nas explanações anteriores, podemos 4 𝑥 (4 −2 +4 −1 )

afirmar que: 1 1+20 21


+5 21 16 21∙4
- Todas as dízimas periódicas são números racionais. 4
1 1 = 4
1+4 = 4
5 = ∙ = = 16,8
+ 4 5 5
- Todos os números inteiros são racionais. 16 4 16 16
- Todas as frações ordinárias são números racionais.
- Todas as dízimas não periódicas são números irracionais. II
1
- Todas as raízes inexatas são números irracionais. 83 = √8 = 2
3

- A soma de um número racional com um número 10x = 4,4444...


irracional é sempre um número irracional. - x = 0,4444.....
- A diferença de dois números irracionais, pode ser um 9x = 4
número racional. x = 4/9

Exemplos: 4 11 18+4 135 22 135 2∙135


(2 + ) : = ∙ = ∙ = = 30
1) √3 - √3 = 0 e 0 é um número racional. 9 135 9 11 9 11 9
- O quociente de dois números irracionais, pode ser um
número racional. III
4 4
√62 − 20 = √16 = 2
2) √8 : √2 = √4 = 2 e 2 é um número racional. Portanto, apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
- O produto de dois números irracionais, pode ser um
número racional. 02. Resposta: D.
2
(2√2 + 1) ∙ (√2 − 1) = 2(√2) − 2√2 + √2 − 1
3) √5 . √5 = √25 = 5 e 5 é um número racional. = 4 − √2 − 1 = 3 − √2
- A união do conjunto dos números irracionais com o
conjunto dos números racionais, resulta num conjunto CONJUNTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS – C
denominado conjunto R dos números reais.
- A interseção do conjunto dos números racionais com o Quantas vezes, ao calcularmos o valor de Delta (b2- 4ac) na
conjunto dos números irracionais, não possui elementos resolução da equação do 2º grau, nos deparamos com um valor
comuns e, portanto, é igual ao conjunto vazio ( ∅ ). negativo (Delta < 0). Nesse caso, sempre dizemos ser
Simbolicamente, teremos: impossível a raiz no universo considerado (normalmente no
conjunto dos reais- R).
No século XVIII, o matemático suíço Leonhard Euler
passou a representar √−1 por i, convenção que utilizamos até
os dias atuais.
Assim: √−1 = i , que passamos a chamar de unidade
imaginária.
Q∪I=R A partir daí, vários matemáticos estudaram este problema,
Q∩I=∅ sendo Gauss e Argand os que realmente conseguiram expor
Questões uma interpretação geométrica num outro conjunto de
números, chamado de números complexos, que
01. (TRF 2ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC) Considere as representamos por C.
seguintes afirmações:
I. Para todo número inteiro x, tem-se

Matemática 10
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APOSTILAS OPÇÃO

Números Complexos 𝑧1 𝑎 + 𝑏𝑖 (𝑐 − 𝑑𝑖) 𝑎𝑐 − 𝑎𝑑𝑖 + 𝑏𝑐𝑖 − 𝑏𝑑𝑖 2


Chama-se conjunto dos números complexos, e representa- = . =
𝑧2 𝑐 + 𝑑𝑖 (𝑐 − 𝑑𝑖) 𝑐 2 − 𝑐𝑑𝑖 + 𝑑𝑖𝑐 − 𝑑2 𝑖 2
se por C, o conjunto de pares ordenados, ou seja: (𝑎𝑐 + 𝑏𝑑) + (𝑏𝑐 − 𝑎𝑑)𝑖
z = (x, y) =
𝑐 2 + 𝑑2
onde x ∈ a R e y ∈ a R.
𝑧1 𝑎𝑐 + 𝑑𝑏 𝑏𝑐 − 𝑎𝑑
Então, por definição, se z = (x, y) = (x,0) + (y, 0)(0,1) onde i =( 2 )+( 2 )𝑖
𝑧2 𝑐 + 𝑑2 𝑐 + 𝑑2
= (0,1), podemos escrever que:
z = (x, y) = x + yi Potências de i
Se, por definição, temos que i = - (-1)1/2, então:
Exemplos: i0 = 1
(5, 3) = 5 + 3i i1 = i
(2, 1) = 2 + i i2 = -1
(-1, 3) = - 1 + 3i i3 = i2.i = -1.i = -i
i4 = i2.i2=-1.-1= 1
Dessa forma, todo o números complexo z = (x, y) pode ser i5 = i4. 1=1.i= i
escrito na forma z = x + yi, conhecido como forma algébrica, i6 = i5. i =i.i=i2= -1
onde temos: i7 = i6. i =(-1).i= -i ......
x = Re(z), parte real de z
y = Im(z), parte imaginária de z Observamos que no desenvolvimento de in (n pertencente
a N, com n variando, os valores repetem-se de 4 em 4 unidades.
Igualdade entre números complexos: Dois números Desta forma, para calcularmos in basta calcularmos ir onde r é
complexos são iguais se, e somente se, apresentam o resto da divisão de n por 4.
simultaneamente iguais a parte real e a parte imaginária. Exemplo: i63 => 63 / 4 dá resto 3, logo i63= i3 = -i
Assim, se z1 = a + bi e z2 = c + di, temos que:
z1 = z2 <==> a = c e b = d
Módulo de um número complexo: Dado z = a+bi, chama-
Adição de números complexos: Para somarmos dois se módulo de z, indicado por |z| ou 𝜌 , a distância entre a
números complexos basta somarmos, separadamente, as origem (O) do plano de Gauss e o afixo de z (P).
partes reais e imaginárias desses números. Assim, se z1 = a + bi
| z |= 𝜌 =√ 𝑎2 + 𝑏 2
e z2 = c + di, temos que:
z1 + z2 = (a + c) + (b + d)i
Interpretação geométrica: Como dissemos, no início, a
interpretação geométrica dos números complexos é que deu o
Subtração de números complexos: Para subtrairmos
impulso para o seu estudo. Assim, representamos o complexo
dois números complexos basta subtrairmos, separadamente,
z = a+bi da seguinte maneira
as partes reais e imaginárias desses números. Assim, se z1 = a
+ bi e z2 = c + di, temos que:
z1 – z2 = (a - c) + (b - d)i

Multiplicação de números complexos: Para


multiplicarmos dois números complexos basta efetuarmos a
multiplicação de dois binômios, observando os valores das
potência de i. Assim, se z1 = a + bi e z2 = c + di, temos que:
z1.z2 = a.c + a.di + b.ci + b.di2
Como i2 = -1, temos:
z1.z2= ac + adi + bci - bd
Agrupando os membros:
z1.z2= ac – bd + adi + bci → (ac – bd) + (ad + bc)i

Nota: As propriedades da adição, subtração e multiplicação Em particular temos que:


válidas para os Reais são válidas para os números complexos. 𝜃 = 0°, 𝑠𝑒 𝑎 > 0
𝑎 ≠0 𝑒𝑏 =0→{
𝜃 = 180°, 𝑠𝑒 𝑎 < 0
Conjugado de um número complexo: Dado z = a + bi,
define-se como conjugado de z (representa-se por 𝑧̅) ==> 𝑧̅ = a 𝜃 = 90°, 𝑠𝑒 𝑏 > 0
- bi 𝑎=0 𝑒𝑏≠0→{
𝜃 = 270°, 𝑠𝑒 𝑏 < 0
Exemplo:
z = 3 - 5i ==> 𝑧̅ = 3 + 5i Forma polar dos números complexos: Da interpretação
z = 7i ==> 𝑧̅ = - 7i geométrica, temos que:
z = 3 ==> 𝑧̅ = 3
𝑧1= 𝜌1 (𝑐𝑜𝑠𝜃1 + 𝑖. 𝑠𝑒𝑛𝜃1 )
Propriedade: 𝑧2= 𝜌2 (𝑐𝑜𝑠𝜃2 + 𝑖. 𝑠𝑒𝑛𝜃2 )
O produto de um número complexo pelo seu conjugado é
sempre um número real. Que é conhecida como forma polar ou trigonométrica de
𝑧. 𝑧̅ ∈ 𝑅 um número complexo.

Divisão de números complexos: Para dividirmos dois Exemplo:


números complexos basta multiplicarmos o numerador e o
denominador pelo conjugado do denominador. Assim, se z1= a 𝜌=2 𝜋 𝜋
+ bi e z2= c + di, temos que: 1º) 𝑧 = √3 + 𝑖 ⟹ { 𝜋 ⟹ 𝑧 = 2. (𝑐𝑜𝑠 + 𝑖. 𝑠𝑒𝑛 )
𝜃= 6 6
6

Matemática 11
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APOSTILAS OPÇÃO

A multiplicação de dois números complexos na forma Questões


polar:
A = |A| [cos(a) + i sen(a)] 01. (PM/SP – CABO – CETRO) Assinale a alternativa que
B = |B| [cos(b) + i sen(b)] apresenta o módulo do número complexo abaixo.
(1+2𝑖)2
𝑧=
É dada pela Fórmula de De Moivre: 𝑖
(A) 36.
AB = |A||B| [cos(a + b) + i sen(a + b)]
(B) 25.
Isto é, para multiplicar dois números complexos em suas
formas trigonométricas, devemos multiplicar os seus módulos (C) 5.
e somar os seus argumentos. (D) 6.
Se os números complexos A e B são unitários então |A|=1 e
|B|=1, e nesse caso 02. (TRF 2ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC) Considere a
igualdade x + (4 + y) . i = (6 − x) + 2yi , em que x e y são números
A = cos(a) + i sen(a)
reais e i é a unidade imaginária. O módulo do número
B = cos(b) + i sen(b)
complexo z = x + yi, é um número
(A) maior que 10.
Multiplicando A e B, obtemos
(B) quadrado perfeito.
AB = cos(a + b) + i sen(a + b)
(C) irracional.
Existe uma importantíssima relação matemática, atribuída
(D) racional não inteiro.
a Euler (lê-se "óiler"), garantindo que para todo número
(E) primo.
complexo z e também para todo número real z:
eiz = cos(z) + i sen(z)
03. (CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) Assinale a
Tal relação, normalmente é demonstrada em um curso de alternativa correspondente à forma trigonométrica do número
Cálculo Diferencial, e, ela permite uma outra forma para complexo z=1+i:
𝜋 𝜋
representar números complexos unitários A e B, como: (A) 𝒛 = √2(cos + 𝑖 ∙ 𝑠𝑒𝑛 )
4 4
A = eia = cos(a) + i sen(a)
B = eib = cos(b) + i sen(b) 𝜋 𝜋
(B) 𝑧 = 2(cos + 𝑖 ∙ 𝑠𝑒𝑛 )
4 4
Onde a é o argumento de A e b é o argumento de B. Assim,
ei(a+b) = cos(a + b) + isen(a + b) √2 𝜋 𝜋
Por outro lado ei(a+b) = eia . eib = [cos(a) + isen(a)] [cos(b) + (C) 𝑧 = (cos + 𝑖 ∙ 𝑠𝑒𝑛 )
2 4 4
isen(b)]
1 𝜋 𝜋
E desse modo ei(a+b) = cos(a)cos(b) - sen(a)sen(b) + i (D) 𝑧 = (cos + 𝑖 ∙ 𝑠𝑒𝑛 )
2 4 4
[cos(a)sen(b) + cos(b)sen(a)]
Para que dois números complexos sejam iguais, suas √2 𝜋 𝜋
partes reais e imaginárias devem ser iguais, logo (E) 𝑧 = (cos + 𝑖 ∙ 𝑠𝑒𝑛 )
2 3 3
cos(a + b) = cos(a)cos(b) - sen(a)sen(b)
sen(a + b) = cos(a)sen(b) + cos(b)sen(a) 04. (CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) O valor do
módulo do número complexo (i62+i123) é:
Para a diferença de arcos, substituímos b por -b nas (A) Um número natural.
fórmulas da soma (B) Um número irracional maior que 5.
cos(a + (-b)) = cos(a)cos(-b) - sen(a)sen(-b) (C) Um número racional menor que 2.
sen(a + (-b)) = cos(a)sen(-b) + cos(-b)sen(a) (D) Um número irracional maior que 3.
(E) Um número irracional menor que 2.
Para obter
cos(a - b) = cos(a)cos(b) + sen(a)sen(b) Respostas
sen(a - b) = cos(b)sen(a) - cos(a)sen(b)
01. Resposta: C.
Operações na forma polar 1 + 4𝑖 − 4 −3 + 4𝑖 𝑖
𝑧= = ∙ = 3𝑖 + 4
Sejam z1=𝜌1(cos 𝜃1+ i sen𝜃1 ) e z2=𝜌1(cos𝜃2 +i sen𝜃2 ). 𝑖 𝑖 𝑖
Então, temos que:
a) Multiplicação |𝑧| = √32 + 4² = 5

02. Resposta: E.
b) Divisão x=6-x
x=3
4+y=2y
y=4
c) Potenciação |𝑧| = √32 + 4² = 5

03. Resposta: A.
d) Radiciação
𝜌 = √12 + 1² = √2
1 √2
𝑐𝑜𝑠𝜃 = = = 𝑠𝑒𝑛𝜃
√2 2
para n = 0, 1, 2, 3, ..., n-1 𝜋
𝜃=
4

Matemática 12
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APOSTILAS OPÇÃO
𝜋 𝜋 Há também um processo prático, bastante usado, que se
𝑧 = √2(cos + 𝑖 ∙ 𝑠𝑒𝑛 )
4 4 baseia nessas ideias e na percepção de um padrão visual.
- Se a + b = c, conclui-se que a = c – b.
04. Resposta: E.
62/4=15 e resto 2 então i62=i2= -1 Na primeira igualdade, a parcela b aparece somando no
123/4=30 e resto 3 então i123=i3=-i, como 𝑖 = √−1 lado esquerdo; na segunda, a parcela b aparece subtraindo no
𝑖 62 + 𝑖123 = −1 − √−1 lado direito da igualdade.
- Se a . b = c, conclui-se que a = c : b, desde que b ≠ 0.

II - ÁLGEBRA E FUNÇÕES: Na primeira igualdade, o número b aparece multiplicando


proporcionalidade, no lado esquerdo; na segunda, ele aparece dividindo no lado
direito da igualdade.
sequências e raciocínio lógico
Questões
EQUAÇÃO DO 1º GRAU OU LINEAR 01. O gráfico mostra o número de gols marcados, por jogo,
de um determinado time de futebol, durante um torneio.
Equação é toda sentença matemática aberta que exprime
uma relação de igualdade e uma incógnita ou variável (x, y,
z,...).
Exemplos:
2x + 8 = 0
5x – 4 = 6x + 8

- Não são equações:


4 + 8 = 7 + 5 (Não é uma sentença aberta)
x – 5 < 3 (Não é igualdade)
5 ≠ 7 (não é sentença aberta, nem igualdade) Sabendo que esse time marcou, durante esse torneio, um
total de 28 gols, então, o número de jogos em que foram
Termo Geral da equação do 1º grau marcados 2 gols é:
Onde a e b (a≠0) são números conhecidos e a diferença de (A) 3.
0, se resolve de maneira simples: subtraindo b dos dois lados (B) 4.
obtemos: (C) 5.
(D) 6.
ax + b – b = 0 – b → ax = -b → x = -b / a (E) 7.
Termos da equação do 1º grau 02. Certa quantia em dinheiro foi dividida igualmente
entre três pessoas, cada pessoa gastou a metade do dinheiro
3x + 2 = x - 4 que ganhou e 1/3(um terço) do restante de cada uma foi
Nesta equação cada membro possui dois termos: colocado em um recipiente totalizando R$900,00(novecentos
1º membro composto por 3x e 2 reais), qual foi a quantia dividida inicialmente?
2º membro composto pelo termo x e -4 (A) R$900,00
(B) R$1.800,00
Resolução da equação do 1º grau (C) R$2.700,00
O método que usamos para resolver a equação de 1º grau (D) R$5.400,00
é isolando a incógnita, isto é, deixar a incógnita sozinha em um
dos lados da igualdade. O método mais utilizado para isso é 03. Um grupo formado por 16 motoristas organizou um
invertermos as operações. Vejamos churrasco para suas famílias. Na semana do evento, seis deles
Resolvendo a equação 2x + 600 = x + 750, passamos os desistiram de participar. Para manter o churrasco, cada um
termos que tem x para um lado e os números para o outro dos motoristas restantes pagou R$ 57,00 a mais.
invertendo as operações. O valor total pago por eles, pelo churrasco, foi:
2x – x = 750 – 600, com isso eu posso resolver minha (A) R$ 570,00
equação → x = 150 (B) R$ 980,50
(C) R$ 1.350,00
Outros exemplo: (D) R$ 1.480,00
Resolução da equação 3x – 2 = 16, invertendo operações. (E) R$ 1.520,00
Respostas
Procedimento e justificativa: Se 3x – 2 dá 16, conclui-se
que 3x dá 16 + 2, isto é, 18 (invertemos a subtração). Se 3x é 01. Resposta: E.
igual a 18, é claro que x é igual a 18 : 3, ou seja, 6 (invertemos 0.2 + 1.8 + 2.x + 3.2 = 28
a multiplicação por 3). 0 + 8 + 2x + 6 = 28 → 2x = 28 – 14 → x = 14 / 2
Registro: x=7
3x – 2 = 16
3x = 16 + 2 02. Resposta: D.
3x = 18 Quantidade a ser recebida por cada um: x
18 Se 1/3 de cada um foi colocado em um recipiente e deu
x=
3 R$900,00, quer dizer que cada uma colocou R$300,00.
𝑥
x=6 𝑥 3
= + 300
3 2

Matemática 13
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APOSTILAS OPÇÃO
𝑥 𝑥 – x2 – 2x2 + 8x – 16 = 0
= + 300
3 6 – 3x2 + 8x – 16 = 0
𝑥 𝑥
− = 300 Raízes de uma equação do 2º grau
3 6 Raiz é o número real que, ao substituir a incógnita de uma
2𝑥 − 𝑥 equação, transforma-a numa sentença verdadeira. As raízes
= 300 formam o conjunto verdade ou solução de uma equação.
6
𝑥 Resolução das equações incompletas do 2º grau com
= 300 uma incógnita.
6
x = 1800 Primeiramente devemos saber duas importante
Recebida: 1800.3=5400 propriedades dos números Reais que é o nosso conjunto
Universo.
03. Resposta: E.
Vamos chamar de ( x ) o valor para cada motorista. Assim: 1º) Se x ϵ R, y ϵ R e x.y=0, então x= 0 ou y=0
16 . x = Total 2º) Se x ϵ R, y ϵ R e x2=y, então x= √y ou x=-√y
Total = 10 . (x + 57) (pois 6 desistiram)
Combinando as duas equações, temos: 1º Caso) A equação é da forma ax2 + bx = 0.
16.x = 10.x + 570 → 16.x – 10.x = 570 x2 – 9x = 0  colocamos x em evidência
6.x = 570 → x = 570 / 6 → x = 95 x . (x – 9) = 0 , aplicando a 1º propriedade dos reais temos:
O valor total é: 16 . 95 = R$ 1520,00. x=0 ou x–9=0
x=9
EQUAÇÃO DO 2º GRAU Logo, S = {0, 9} e os números 0 e 9 são as raízes da equação.

Uma equação é uma expressão matemática que possui em 2º Caso) A equação é da forma ax2 + c = 0.
sua composição incógnitas, coeficientes, expoentes e um sinal x2 – 16 = 0  Fatoramos o primeiro membro, que é uma
de igualdade. As equações são caracterizadas de acordo com o diferença de dois quadrados.
maior expoente de uma das incógnitas. (x + 4) . (x – 4) = 0, aplicando a 1º propriedade dos reais
temos:
x+4=0 x–4=0
Em que a, b, c são números reais e a ≠ 0. x=–4 x=4
ou
Nas equações de 2º grau com uma incógnita, os números x2 – 16 = 0 → x2 = 16 → √x2 = √16 → x = ± 4, (aplicando a
reais expressos por a, b, c são chamados coeficientes da segunda propriedade).
equação. Logo, S = {–4, 4}.

Equação completa e incompleta: Resolução das equações completas do 2º grau com


- Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz uma incógnita.
completa. Para este tipo de equação utilizaremos a Fórmula de
Exemplos: Bháskara. Essa fórmula é chamada fórmula resolutiva ou
x2 - 5x + 6 = 0= 0 é uma equação completa (a = 1, b = – 5, c fórmula de Bháskara.
= 6).
-3y2 + 2y - 15 = 0 é uma equação completa (a = -3, b = 2, c
= -15).

- Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se


diz incompleta.
Todas essas equações estão escritas na forma ax2 + bx + c Nesta fórmula, o fato de x ser ou não número real vai
= 0, que é denominada forma normal ou forma reduzida de depender do discriminante Δ; temos então, três casos a
uma equação do 2º grau com uma incógnita. estudar.
Há, porém, algumas equações do 2º grau que não estão
escritas na forma ax2 + bx + c = 0; por meio de transformações Duas raízes reais distintas.
convenientes, em que aplicamos o princípio aditivo e o
multiplicativo, podemos reduzi-las a essa forma.
Exemplo: Pelo princípio aditivo. b 
2x2 – 7x + 4 = 1 – x2 Δ>0 x' 
2x2 – 7x + 4 – 1 + x2 = 0 1º caso 2.a
2x2 + x2 – 7x + 4 – 1 = 0 (Positivo)
3x2 – 7x + 3 = 0
b 
x '' 
Exemplo: Pelo princípio multiplicativo. 2.a
2 1 x
 
x 2 x4 Duas raízes reais iguais.
Δ=0
4.x  4  xx  4 2x 2
2º caso b

2 x x  4  2 x x  4 (Nulo) x’ = x” =
2a
4(x – 4) – x(x – 4) = 2x2
4x – 16 – x2 + 4x = 2x2
– x2 + 8x – 16 = 2x2

Matemática 14
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APOSTILAS OPÇÃO

Δ<0 Não temos raízes reais. Respostas


3º caso
(Negativo) 01. Resposta: C.
Neste caso o valor de a ≠ 0, 𝑙𝑜𝑔𝑜:
3m - 9 ≠ 0 → 3m ≠ 9 → m ≠ 3
A existência ou não de raízes reais e o fato de elas serem
duas ou uma única dependem, exclusivamente, do 02. Resposta: D.
discriminante Δ = b2 – 4.a.c; daí o nome que se dá a essa Como as raízes foram dadas, para saber qual a equação:
expressão. x² - Sx +P=0, usando o método da soma e produto; S= duas
raízes somadas resultam no valor numérico de b; e P= duas
Exemplo: raízes multiplicadas resultam no valor de c.
1) Resolver a equação 3x2 + 7x + 9 = 0 no conjunto R.
Temos: a = 3, b = 7 e c = 9 3 5
𝑆 =1+ = =𝑏
2 2
3 3
𝑃 =1∙ = = 𝑐 ; 𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖𝑛𝑑𝑜
2 2

5 3
𝑥2 − 𝑥 + = 0
−7 ± √−59 2 2
𝑥=
6
2𝑥 2 − 5𝑥 + 3 = 0
Como Δ < 0, a equação não tem raízes reais.
Então: S = ᴓ 03. Resposta: B.
x²-6x+8=0
Relação entre os coeficientes e as raízes ∆= (−6)2 − 4.1.8 ⇒ 36 − 32 = 4
As equações do 2º grau possuem duas relações entre suas
−(−6)±√4 6±2
raízes, são as chamadas relações de Girard, que são a Soma (S) 𝑥= ⇒𝑥=
2.1 2
e o Produto (P).
6+2
𝒃 𝑥1 = =4
1) Soma das raízes é dada por: 𝑺 = 𝒙𝟏 + 𝒙𝟐 = − 2
𝒂
6−2
𝒄 𝑥2 = =2
2) Produto das raízes é dada por: 𝑷 = 𝒙𝟏 . 𝒙𝟐 = 2
𝒂

Dobro da menor raiz: 22=4


Logo podemos reescrever a equação da seguinte forma:
Referências
x2 – Sx + P=0 www.somatematica.com.br
Exemplo:
Determine uma equação do 2º grau cujas raízes sejam os EQUAÇÃO EXPONENCIAL
números 2 e 7.
Resolução: Chama-se equação exponencial, toda equação onde a
Pela relação acima temos: variável x se encontra no expoente.
S = 2+7 = 9 e P = 2.7 = 14 → Com esses valores montamos
a equação: x2 -9x +14 =0 Exemplos:
3𝑥 = 1 ; 5.22𝑥+2 = 20

Questões Para resolução precisamos achar os valores da variável


que a tornem uma sentença numérica verdadeira. Vamos
01. Para que a equação (3m-9)x²-7x+6=0 seja uma relembrar algumas das propriedades da potenciação para
equação de segundo grau, o valor de m deverá, darmos continuidade:
necessariamente, ser diferente de:
(A) 1.
(B) 2.
(C) 3.
(D) 0.
(E) 9.

02. Qual a equação do 2º grau cujas raízes são 1 e 3/2?


(A) x²-3x+4=0
(B) -3x²-5x+1=0
Vamos ver o passo a passo para resolução de uma equação
(C) 3x²+5x+2=0
exponencial:
(D) 2x²-5x+3=0
Exemplo:
03. O dobro da menor raiz da equação de 2º grau dada por
(3x)2 + 4.3x + 3 = 0.
x²-6x=-8 é:
A expressão dada pode ser escrita na forma:
(A) 2
(3x)2 – 4.3x + 3 = 0
(B) 4
Criamos argumentos para resolução da equação
(C) 8
exponencial.
(D) 12
Fazendo 3x = y, temos:

Matemática 15
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APOSTILAS OPÇÃO

y2 – 4y + 3 = 0 y = 1 ou y = 3 𝑏
(− )
Como 3x= y, então 3x = 1 = 0 ou 𝑎 = −𝑏 = 8
𝑐 𝑐
3x = 3 x = 1
𝑎
S = {0,1}
-b = 8
Questões b = -8

01. O valor de x na equação é 5 ∙ 3 𝑥+1 + 3 𝑥−2 = 408 é EQUAÇÃO LOGARÍTIMICA


(A) 1.
(B) 2. Existem equações que não podem ser reduzidas a uma
(C) 3. igualdade de mesma base pela simples aplicação das
(D) 4. propriedades das potências. A resolução de uma equação
desse tipo baseia-se na definição de logaritmo.
02. É correto afirmar que a solução da equação
exponencial 3 ∙ 9x − 4 ∙ 3x + 1 = 0 é 𝒂𝒙 = 𝒃 → 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒃 , 𝒄𝒐𝒎 𝟎 < 𝒂 ≠ 𝟏 𝒆 𝒃 > 𝟎.
(A) S = {0, 1}.
Existem quatro tipos de equações logarítmicas:
(B) S = {-1, 0}.
(C) S = {-2, 1}. 1º) Equações redutíveis a uma igualdade entre dois
(D) S = {1/3,1} logaritmos de mesma base:
𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒇(𝒙) = 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒈(𝒙)
03. (Se 5x+2=100, então 52x é igual a:
(A) 4. A solução pode ser obtida impondo-se f(x) = g(x) > 0.
(B) 8.
(C) 10. Exemplo:
(D) 16. 𝐥𝐨𝐠 𝟓 𝟐𝒙 + 𝟒 = 𝐥𝐨𝐠 𝟓 𝟑𝒙 + 𝟏
Temos que:
(E) 100.
2x + 4 = 3x + 1
Respostas 2x – 3x = 1 – 4
–x=–3
01. Resposta: C. x=3
3 𝑥+1 (5 + 3−3 ) = 408 Portanto, S = {3}
1
3 𝑥+1 (5 + ) = 408
27
136 2º) Equações redutíveis a uma igualdade entre dois
3 𝑥+1 ( ) = 408
27 logaritmos e um número real:
27
3 𝑥+1 = 408 ∙ 𝐥𝐨𝐠 𝒂 𝒇(𝒙) = 𝒓
136
3 𝑥+1 = 81
3 𝑥 . 3 = 81 A solução pode ser obtida impondo-se f(x) = ar.
3 𝑥 = 27
3 𝑥 = 33 Exemplo:
𝑥=3 𝐥𝐨𝐠 𝟑 𝟓𝒙 + 𝟐 = 𝟑
Pela definição de logaritmo temos:
02. Resposta: B. 5x + 2 = 33
3. (3 𝑥 )² − 4 ∙ 3 𝑥 + 1 = 0 5x + 2 = 27
3𝑥 = 𝑦 5x = 27 – 2
3𝑦 2 − 4𝑦 + 1 = 0 5x = 25
∆= 16 − 12 = 4 x=5
(4 ± 2) Portanto S = {5}.
𝑦=
6
1 3º) Equações que são resolvidas por meio de uma
𝑦1 = 1 𝑦2 = mudança de incógnita:
3
Voltando: Exemplo:
3𝑥 = 1 (𝐥𝐨𝐠 𝟒 𝒙)𝟐 − 𝟑. 𝐥𝐨𝐠 𝟒 𝒙 = 𝟒
3 𝑥 = 30 Vamos fazer a seguinte mudança de incógnita:
𝑥=0 𝐥𝐨𝐠 𝟒 𝒙 = 𝒚
1
3𝑥 = Substituindo na equação inicial, ficaremos com:
3
3 𝑥 = 3−1
𝑥 = −1

03. Resposta: E.
1 1
+ =8
𝑋1 𝑋2

(𝑋2 + 𝑋1 )
=8
𝑋1 ∙ 𝑋2
4º) Equações que envolvem utilização de
propriedades ou de mudança de base:
Sendo x1+x2=-b/a
Exemplo:
E x1.x2=c/a
𝐥𝐨𝐠(𝟐𝒙 + 𝟑) + 𝐥𝐨𝐠(𝒙 + 𝟐) = 𝟐 𝐥𝐨𝐠 𝒙

Matemática 16
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APOSTILAS OPÇÃO

Usando as propriedades do logaritmo, podemos 1


c2
reescrever a equação acima da seguinte forma: 3
log P = log (a . 4 )
log[(2𝑥 + 3)(𝑥 + 2)] = log 𝑥 2 b
Note que para isso utilizamos as seguintes propriedades: 43 √16
log 𝑥. 𝑦 = log 𝑥 + log 𝑦 P= = 16
24
log 𝑥 𝑛 = 𝑛. log 𝑥
Vamos retornar à equação: FUNÇÃO DO 1º GRAU OU FUNÇÃO AFIM OU
POLINOMIAL DO 1º GRAU

Como ficamos com uma igualdade entre dois logaritmos, Recebe ou é conhecida por um desses nomes, sendo por
segue que: definição: Toda função f: R → R, definida por:
(2x +3)(x + 2) = x2
ou F(x) = ax + b
2x2 + 4x + 3x + 6 = x2
2x2 – x2 + 7x + 6 = 0 Com a ϵ R* e b ϵ R.
x2 + 7x + 6 = 0 O domínio e o contradomínio é o conjunto dos números
reais (R) e o conjunto imagem coincide com o contradomínio,
Im = R.
Quando b = 0, chamamos de função linear.
x = -1 ou x = - 6

Lembre-se que para o logaritmo existir o logaritmando e a


base devem ser positivos. Com os valores encontrados para x,
o logaritmando ficará negativo. Sendo assim, a equação não
tem solução ou S = ø.

Questões Tipos de Função


Função constante: é toda função definida f: R → R, para
01. O logaritmo de um produto de dois fatores é igual à cada elemento de x, temos a mesma imagem, ou seja, o mesmo
soma dos logaritmos de cada fator, mantendo-se a mesma f(x) = y. Podemos dizer que y = f(x) = k.
base. Identifique a alternativa que representa a propriedade
do logaritmo anunciada. Observe os gráficos abaixo da função constante
(A) Logb(a.c )= logba + logbc
(B) Logb(a.c) = logb(a + c)
(C) Logb(a + c) = logba.logbc
(D) Logb(a + c) = logb(a.c)
(E) Loge(a.c) = logba + logfc

02. Aplicando as propriedades de logaritmo na equação


log A - log B = 0, teremos:
(A) A . B = 0
(B) A . B > 0
A reresentação gráfica de uma função do constante, é uma
(C) A = B
reta paralela ao eixo das abscissas ou sobre o eixo (igual ao
(D) A / B = 0
eixo abscissas).
(E) A é o inverso de B

03. Sabendo que log P = 3loga - 4logb + 1/2logc, assinale a Função Identidade
alternativa que representa o valor de P. Se a = 1 e b = 0, então y = x. Quando temos este caso
(dados: a = 4, b = 2 e c = 16) chamamos a função de identidade, notamos que os valores de
(A) 12 x e y são iguais, quando a reta corta os quadrantes ímpares
(B) 52 e y = - x, quando corta os quadrantes pares.
(C) 16 A reta que representa a função identidade é denominada
(D) 24 de bissetriz dos quadrantes ímpares:
(E) 73

Respostas

01. Resposta: A.
Logb(a.c )= logba + logbc

02. Resposta: C. E no caso abaixo a reta é a bissetriz dos quadrantes pares.


log(A/B)=0
Pela propriedade do log:
A/B=1
A=B

03. Resposta: C.
1
log P = log a3 − logb4 + logc 2

Matemática 17
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APOSTILAS OPÇÃO

Função Injetora: Quando para n elementos distintos do


domínio apresentam imagens também distintas no
contradomínio. Exemplo:

Reconhecemos, graficamente, uma função injetora quando,


uma reta horizontal, qualquer que seja interceptar o gráfico da
função, uma única vez.
Função Ímpar e Função Par
Dizemos que uma função é par quando para todo elemento
x pertencente ao domínio temos 𝑓(𝑥) = 𝑓(−𝑥), ∀ 𝑥 ∈ 𝐷(𝑓).
Ou seja os valores simétricos devem possuir a mesma imagem.
Par melhor compreensão observe o diagrama abaixo:

Função Sobrejetora: Quando todos os elementos do


contradomínio forem imagens de pelo menos um elemento do
domínio. Exemplo:

A função é dita ímpar quando para todo elemento x


pertencente ao domínio, temos f(-x) = -f(x) ∀ x є D(f). Ou seja
os elementos simétricos do domínio terão imagens simétricas.
Observe o diagrama abaixo:
Reconhecemos, graficamente, uma função sobrejetora
quando, qualquer que seja a reta horizontal que interceptar o
eixo no contradomínio, interceptar, também, pelo menos uma
vez o gráfico da função.

Função crescente e decrescente


A função pode ser classificada de acordo com o valor do
coeficiente a (coeficiente angular da reta), se a > 0, a
função é crescente, caso a < 0, a função é decrescente. A
função é caracterizada por uma reta.

Função Bijetora: uma função é dita bijetora quando é


injetora e sobrejetora ao mesmo tempo. Exemplo:

Exemplo:
A função f : [1; 3] → [3; 5], definida por f(x) = x + 2, é uma
função bijetora.

Através do gráfico da função notamos que:


-Para função é crescente o ângulo formado entre a reta da
função e o eixo x (horizontal) é agudo (< 90º) e
- Para função decrescente o ângulo formado é obtuso (> 90º).

Matemática 18
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APOSTILAS OPÇÃO

Zero ou Raiz da Função Sabendo-se que é constante a razão entre a variação do


Chama-se zero ou raiz da função y = ax + b, o valor de x lucro e a variação da quantidade vendida e que se pretende ter
que anula a função, isto é, o valor de x para que y ou f(x) seja um lucro total não menor que R$ 90.500,00 em 10 dias de
igual à zero. venda desse produto, então a média diária de unidades que
deverão ser vendidas, nesse período, deverá ser, no mínimo,
de:
(A) 8 900.
(B) 8 950.
Para achar o zero da função y = ax + b, basta igualarmos y (C) 9 000.
ou f(x) a valor de zero, então assim teremos uma equação do (D) 9 050.
1º grau, ax + b = 0. (E) 9 150.

Estudo do sinal da função: 02. Em determinado estacionamento cobra-se R$ 3,00 por


Estudar o sinal da função y = ax + b é determinar os valores hora que o veículo permanece estacionado. Além disso, uma
reais de x para que: taxa fixa de R$ 2,50 é somada à tarifa final. Seja t o número de
- A função se anule (y = 0); horas que um veículo permanece estacionado e T a tarifa final,
- A função seja positiva (y > 0); assinale a seguir a equação que descreve, em reais, o valor de
- A função seja negativa (y < 0). T:
(A) T = 3t
Vejamos abaixo o estudo do sinal: (B) T = 3t + 2,50
(C) T = 3t + 2.50t
(D) T = 3t + 7,50
(E) T = 7,50t + 3

03. Dada a função f(x) = −4x +15 , sabendo que f(x) = 35,
então
(A) x = 5.
(B) x = 6.
(C) x = -6.
(D) x = -5.
Respostas

01. Resposta: E.
Pelo enunciado temos que, a razão constante entre
variação de lucro (ΔL) e variação de quantidade (ΔQ) vendida:
∆𝐿 7000 − (−1000) 8000
𝑅= →𝑅= →𝑅= → 𝑅 = 100
∆𝑄 80 − 0 80

Como se pretende ter um lucro maior ou igual a R$


90.500,00, logo o lucro final tem que ser pelo menos 90.500,00
Então fazendo a variação do lucro para este valor temos:
ΔL = 90500 – (-1000) = 90500 + 1000 = 91500
Exemplo: Como é constante a razão entre a variação de lucro (ΔL) e
Estudar o sinal da função y = 2x – 4 (a = 2 > 0). variação de quantidade (ΔQ) vendida, vamos usar o valor
Qual o valor de x que anula a função? encontrado para acharmos a quantidade de peças que
y=0 precisam ser produzidas:
2x – 4 = 0
2x = 4 ∆𝐿 91500 91500
𝑅= → 100 = → 100∆𝑄 = 91500 → ∆𝑄 =
4 ∆𝑄 ∆𝑄 100
x= → ∆𝑄 = 915
2
x=2
Como são em 10 dias, termos 915 x 10 = 9150 peças que
A função se anula para x = 2.
deverão ser vendidas, em 10 dias, para que se obtenha como
lucro pelo menos um lucro total não menor que R$ 90.500,00
Questões
02. Resposta: B.
01. O gráfico apresenta informações do lucro, em reais,
Equacionando as informações temos: 3 deve ser
sobre a venda de uma quantidade, em centenas, de um produto
multiplicado por t, pois depende da quantidade de tempo, e
em um hipermercado.
acrescentado 2,50 fixo
T = 3t + 2,50

03. Resposta: D.
35 = - 4x + 15 → - 4x = 20 → x = - 5

Referências
BIANCHINI, Edwaldo; PACCOLA, Herval – Matemática Volume 1 – Editora
Moderna
FACCHINI, Walter – Matemática Volume Único – 1ª Edição - Editora
Saraiva:1996

Matemática 19
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APOSTILAS OPÇÃO

FUNÇÃO POLINOMIAL DO 2º GRAU OU FUNÇÃO Vértice da parábola


QUADRÁTICA Toda parábola tem um ponto de ordenada máxima ou
ponto de ordenada mínima, a esse ponto denominamos
Chama-se “função do 2º grau”, função quadrática, função vértice. Dado por V (xv , yv).
polinomial do 2º grau ou função trinômio do 2º grau, toda
função f de R em R definida por um polinômio do 2º grau da
forma:

Com a, b e c reais e a ≠ 0.

Onde:
a é o coeficiente de x2 - Eixo de simetria
b é o coeficiente de x É aquele que dado o domínio a imagem é a mesma. Isso faz
c é o termo independente com que possamos dizer que a parábola é simétrica a reta que
passa por xv, paralela ao eixo y, na qual denominamos eixo de
Exemplos: simetria. Vamos entender melhor o conceito analisando o
y = x2 – 16, sendo a = 1, b = 0 e c = – 16 exemplo: y = x2 + 2x – 3 (início do assunto).
f(x) = x2, sendo a = 1, b = 0 e c = 0 Atribuímos valores a x, achamos valores para y. Temos
que:
Representação gráfica da Função f (-3) = f (1) = 0
O gráfico da função é constituído de uma curva aberta f (-2) = f (0) = -3
chamada de parábola.
Conjunto Domínio e Imagem
Exemplo: Toda função com Domínio nos Reais (R) que possui a > 0,
Se a função f de R em R definida pela equação y = x2 + x. sua concavidade está voltada para cima, e o seu conjunto
Atribuindo à variável x qualquer valor real, obteremos em imagem é dado por:
correspondência os valores de y, vamos construir o gráfico da −∆ −∆
𝑰𝒎 = {𝒚 ∈ 𝑹| 𝒚 ≥ } 𝒐𝒖 𝑰𝒎 = [ ; +∞[
função: 𝟒𝒂 𝟒𝒂

x y

-3 6

-2 2

-1 0
Logo se a < 0, a concavidade estará voltada para baixo, o
-1/2 -1/4 seu conjunto imagem é dado por:
−∆ −∆
0 0 𝑰𝒎 = {𝒚 ∈ 𝑹| 𝒚 ≤ } 𝒐𝒖 𝑰𝒎 = ]−∞; ]
𝟒𝒂 𝟒𝒂

1 2

2 6

1) Como o valor de a > 0 a concavidade está voltada para


cima;
2) -1 e 0 são as raízes de f(x);
3) c é o valor onde a curva corta o eixo y neste caso, no 0
(zero)
Coordenadas do vértice da parábola
4) O valor do mínimo pode ser observado nas Como visto anteriormente a função apresenta como eixo
extremidades (vértice) de cada parábola: -1/2 e -1/4 de simetria uma reta vertical que intercepta o gráfico num
ponto chamado de vértice.
Concavidade da Parábola As coordenadas do vértice são dadas por:
No caso das funções definida por um polinômio do 2º grau,
a parábola pode ter sua concavidade voltada para cima (a > 0)
ou voltada para baixo (a < 0).

Onde:
x1 e x2 são as raízes da função.

Matemática 20
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APOSTILAS OPÇÃO

Valor máximo e valor mínimo da função definida por


um polinômio do 2º grau
- Se a > 0, o vértice é o ponto da parábola que tem ordenada
mínima. Nesse caso, o vértice é chamado ponto de mínimo e
a ordenada do vértice é chamada valor mínimo da função;
- Se a < 0, o vértice é o ponto da parábola que tem ordenada
máxima. Nesse caso, o vértice é ponto de máximo e a
ordenada do vértice é chamada valor máximo da função.
Resolução:
Como conhecemos as raízes x1 e x2 (x1= -4 e x2 = 0),
podemos nos da forma fatorada temos:
f (x) = a.[ x – (-4)].[x – 0] ou f (x) = a(x + 4).x .
O vértice da parábola é (-2,4), temos:
4 = a.(-2 + 4).(-2) → a = -1
Logo, f(x) = - 1.(x + 4).x → (-x – 4x).x → -x2 – 4x
Raízes ou zeros da função definida por um polinômio
do 2º grau Questões
As raízes ou zeros da função quadrática f(x) = ax2 + bx + c
são os valores de x reais tais que f(x) = 0, ou seja são valores 01. Duas cidades A e B estão separadas por uma distância
que deixam a função nula. Com isso aplicamos o método de d. Considere um ciclista que parte da cidade A em direção à
resolução da equação do 2º grau. cidade B. A distância d, em quilômetros, que o ciclista ainda
ax2 + bx + c = 0 precisa percorrer para chegar ao seu destino em função do
100−𝑡 2
tempo t, em horas, é dada pela função 𝑑(𝑡) = . Sendo
A resolução de uma equação do 2º grau é feita com o 𝑡+1
assim, a velocidade média desenvolvida pelo ciclista em todo o
auxílio da chamada “fórmula de Bháskara”.
percurso da cidade A até a cidade B é igual a
(A) 10 Km/h
b  (B) 20 Km/h
x , onde, = b2 – 4.a.c (C) 90 Km/h
2.a (D) 100 Km/h

As raízes (quando são reais), o vértice e a intersecção com 02. Uma indústria produz mensalmente x lotes de um
o eixo y são fundamentais para traçarmos um esboço do produto. O valor mensal resultante da venda deste produto é
gráfico de uma função do 2º grau. V(x)=3x²-12x e o custo mensal da produção é dado por
C(x)=5x²-40x-40. Sabendo que o lucro é obtido pela diferença
Forma fatorada das raízes: f (x) = a (x – x1) (x – x2). entre o valor resultante das vendas e o custo da produção,
Esta fórmula é muito útil quando temos as raízes e então o número de lotes mensais que essa indústria deve
precisamos montar a sentença matemática que expresse a vender para obter lucro máximo é igual a
função. (A) 4 lotes.
(B) 5 lotes.
Estudo da variação do sinal da função (C) 6 lotes.
Estudar o sinal de uma função quadrática é determinar os (D) 7 lotes.
valores reais de x que tornam a função positiva, negativa ou (E) 8 lotes.
nula.
Abaixo podemos resumir todos os valores assumidos pela 03. A figura ilustra um arco decorativo de parábola AB
função dado a e Δ (delta). sobre a porta da entrada de um salão:

Considere um sistema de coordenadas cartesianas com


centro em O, de modo que o eixo vertical (y) passe pelo ponto
mais alto do arco (V), e o horizontal (x) passe pelos dois pontos
de apoio desse arco sobre a porta (A e B).
Sabendo-se que a função quadrática que descreve esse
arco é f(x) = – x²+ c, e que V = (0; 0,81), pode-se afirmar que a
Observe que: ̅̅̅̅ , em metros, é igual a
distância 𝐴𝐵
Quando Δ > 0, o gráfico corta e tangencia o eixo x em dois (A) 2,1.
pontos distintos, e temos duas raízes reais distintas. (B) 1,8.
Quando Δ = 0, o gráfico corta e tangencia o eixo dos x em (C) 1,6.
um ponto e temos duas raízes iguais. (D) 1,9.
Quando Δ < 0, o gráfico não corta e não tangencia o eixo (E) 1,4.
dos x em nenhum ponto e não temos raízes reais. Respostas
Exemplo: 01. Resposta: A.
Considere a função quadrática representada pelo gráfico Vamos calcular a distância total, fazendo t = 0:
abaixo, vamos determinar a sentença matemática que a define. 100−02
𝑑(0) = = 100𝑘𝑚
0+1

Matemática 21
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APOSTILAS OPÇÃO

Agora, vamos substituir na função: - f é continua e diferenciável em lR


100−𝑡 2
0=
𝑡+1
- A função é estritamente decrescente.
100 – t² = 0
– t² = – 100 . (– 1) - limx→ -∞ ax = + ∞
t² = 100
𝑡 = √100 = 10𝑘𝑚/ℎ - limx→ +∞ ax = 0

02. Resposta: D. - y = 0 é assíntota horizontal


L(x)=3x²-12x-5x²+40x+40
L(x)=-2x²+28x+40
𝑏 28 Função exponencial
𝑥𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 = − = − = 7 𝑙𝑜𝑡𝑒𝑠
2𝑎 −4

03. Resposta: B. a>1


C=0,81, pois é exatamente a distância de V
F(x)=-x²+0,81
0=-x²+0,81
X²=0,81
X=0,9
A distância AB é 0,9+0,9=1,8

Referências
BIANCHINI, Edwaldo; PACCOLA, Herval – Matemática Volume 1 – Editora
Moderna
FACCHINI, Walter – Matemática Volume Único – 1ª Edição - Editora
Saraiva:1996
- Domínio = lR
FUNÇÃO EXPONENCIAL
- Contradomínio = lR+
As funções exponenciais são aquelas que crescem ou
decrescem muito rapidamente. Elas desempenham papéis - f é injetiva
fundamentais na Matemática e nas ciências envolvidas com
ela, como: Física, Química, Engenharia, Astronomia, Economia, - f(x) > 0 , ⍱ x Є lR
Biologia, Psicologia e outras.
- f é continua e diferenciável em lR
Definição
A função exponencial é a definida como sendo a inversa da - A função é estritamente crescente.
função logarítmica natural, isto é:
- limx→ +∞ ax = + ∞

Podemos concluir, então, que a função exponencial é - limx→ -∞ ax = 0


definida por:
- y = 0 é assíntota horizontal

Gráficos da Função Exponencial


Propriedades da Função Exponencial
Função exponencial Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um
número racional, então:
0<a<1 - ax ay= ax + y
- ax / ay= ax - y
- (ax) y= ax.y
- (a b)x = ax bx
- (a / b)x = ax / bx
- a-x = 1 / ax

Estas relações também são válidas para exponenciais de


base e (e = número de Euller = 2,718...)
- y = ex se, e somente se, x = ln(y)
- ln(ex) =x
- ex+y= ex.ey
- ex-y = ex/ey
- Domínio = lR - ex.k = (ex)k

- Contradomínio = lR+ A Constante de Euler


Existe uma importantíssima constante matemática
- f é injetora definida por
e = exp(1)
- f(x) > 0 , ⍱ x Є lR O número e é um número irracional e positivo e em função
da definição da função exponencial, temos que:

Matemática 22
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APOSTILAS OPÇÃO

Ln(e) = 1 02. Uma população P cresce em função do tempo t (em


Este número é denotado por e em homenagem ao anos), segundo a sentença 𝑷 = 𝟐𝟎𝟎𝟎 . 𝟓𝟎,𝟏 .𝒕 . Hoje, no instante
matemático suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos t = 0, a população é de 2 000 indivíduos. A população será de
primeiros a estudar as propriedades desse número. 50 000 indivíduos daqui a
O valor deste número expresso com 40 dígitos decimais, é: (A) 20 anos.
e = (B) 25 anos.
2,718281828459045235360287471352662497757 (C) 50 anos.
Se x é um número real, a função exponencial exp(.) pode (D) 15 anos.
ser escrita como a potência de base e com expoente x, isto é: (E) 10 anos.
ex = exp(x) Respostas

Construção do Gráfico de uma Função Exponencial 01. Resposta: C.


Exemplo: 𝑃(𝑡) = 234 . (1,023)𝑡
Vamos construir o gráfico da função 𝑦 = 2 𝑥 Primeiramente, vamos calcular a população inicial,
Vamos atribuir valores a x, para que possamos traçar os fazendo t = 0:
pontos no gráfico. 𝑃(0) = 234 . (1,023)0 = 234 . 1 = 234 mil
Agora, vamos calcular a população após 1 ano, fazendo t =
X Y 1:
𝑃(1) = 234 . (1,023)1 = 234 . 1,023 = 239,382
-3 1 Por fim, vamos utilizar a Regra de Três Simples:
8 População %
234 --------------- 100
-2 1 239,382 ------------ x
4 234.x = 239,382 . 100
x = 23938,2 / 234
-1 1 x = 102,3%
2 102,3% = 100% (população já existente) + 2,3%
(crescimento)
0 1
02. Resposta: A.
1 2 𝟓𝟎𝟎𝟎𝟎 = 𝟐𝟎𝟎𝟎 . 𝟓𝟎,𝟏 .𝒕
𝟓𝟎𝟎𝟎𝟎
𝟓𝟎,𝟏 .𝒕 =
𝟐𝟎𝟎𝟎
2 4 𝟓𝟎,𝟏 .𝒕 = 𝟓𝟐
Vamos simplificar as bases (5), sobrando somente os
3 8 expoentes. Assim:
0,1 . t = 2
t = 2 / 0,1
t = 20 anos

FUNÇÃO LOGARÍTMICA

Toda equação que contém a incógnita na base ou no


logaritmando de um logaritmo é denominada equação
logarítmica. Abaixo temos alguns exemplos de equações
logarítmicas:
log 2 𝑥 = 3
log 𝑥 100 = 2
7log 5 625𝑥 = 42
3log 2𝑥 64 = 9
log −6−𝑥 2𝑥 = 1
Questões Perceba que nestas equações a incógnita encontra-se ou
no logaritmando, ou na base de um logaritmo. Para
01. As funções exponenciais são muito usadas para solucionarmos equações logarítmicas recorremos a muitas
modelar o crescimento ou o decaimento populacional de uma das propriedades dos logaritmos.
determinada região em um determinado período de tempo. A
função 𝑃(𝑡) = 234 . (1,023)𝑡 modela o comportamento de Solucionando Equações Logarítmicas
uma determinada cidade quanto ao seu crescimento Vamos solucionar cada uma das equações acima,
populacional em um determinado período de tempo, em que P começando pela primeira:
é a população em milhares de habitantes e t é o número de log 2 𝑥 = 3
anos desde 1980.
Qual a taxa média de crescimento populacional anual dessa Segundo a definição de logaritmo nós sabemos que:
cidade? log 2 𝑥 = 3 ⟺ 23 = 𝑥
(A) 1,023%
(B) 1,23% Logo x é igual a 8: 23 = x ⇒ x = 2.2.2 ⇒ x = 8
(C) 2,3%
(D) 0,023% De acordo com a definição de logaritmo o logaritmando
(E) 0,23% deve ser um número real positivo e já que 8 é um número real
positivo, podemos aceitá-lo como solução da equação. A esta
restrição damos o nome de condição de existência.
Matemática 23
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APOSTILAS OPÇÃO

log 𝑥 100 = 2 Como x = -2, então x também não satisfaz esta condição de
existência, mas não é isto que eu quero que você veja. O que eu
Pela definição de logaritmo a base deve ser um número quero que você perceba, é que enquanto uma condição diz que
real e positivo além de ser diferente de 1. Então a nossa x < -6, a outra diz que x > 0. Qual é o número real que além de
condição de existência da equação acima é que: x ϵ R*+ - {1} ser menor que -6 é também maior que 0?
Como não existe um número real negativo, que sendo
Em relação a esta segunda equação nós podemos escrever menor que -6, também seja positivo para que seja maior que
a seguinte sentença: zero, então sem solucionarmos a equação nós podemos
log 𝑥 100 = 2 ⟺ 𝑥 2 = 100 perceber que a mesma não possui solução, já que nunca
conseguiremos satisfazer as duas condições simultaneamente.
Que nos leva aos seguintes valores de x: O conjunto solução da equação é portanto S = { }, já que não
𝑥 = −10 existe nenhuma solução real que satisfaça as condições de
𝑥 2 = 100 ⟹ 𝑥 = ±√100 ⟹ {
𝑥 = 10 existência da equação.

Note que x = -10 não pode ser solução desta equação, pois Função Logarítmica
este valor de x não satisfaz a condição de existência, já que -10 A função logaritmo natural mais simples é a função
é um número negativo. y=f0(x)=lnx. Cada ponto do gráfico é da forma (x, lnx) pois a
Já no caso de x = 10 temos uma solução da equação, pois ordenada é sempre igual ao logaritmo natural da abscissa.
10 é um valor que atribuído a x satisfaz a condição de
existência, visto que 10 é positivo e diferente de 1.

7log 5 625𝑥 = 42

Neste caso temos a seguinte condição de existência:


0
625𝑥 > 0 ⟹ 𝑥 > ⟹𝑥>0
625
Voltando à equação temos:
42
7log 5 625𝑥 = 42 ⟹ log 5 625𝑥 = ⟹ log 5 625𝑥 = 6
7

Aplicando a mesma propriedade que aplicamos nos casos


anteriores e desenvolvendo os cálculos temos: Como 25 O domínio da função ln é R*+=]0,∞[ e a imagem é o
satisfaz a condição de existência, então S = {25} é o conjunto conjunto R=]-∞,+∞[.
solução da equação. Se quisermos recorrer a outras O eixo vertical é uma assíntota ao gráfico da função. De fato, o
propriedades dos logaritmos também podemos resolver este gráfico se aproxima cada vez mais da reta x=0
exercício assim: O que queremos aqui é descobrir como é o gráfico de uma
⇒ log 5 𝑥 = 2 ⟺ 52 = 𝑥 ⟺ 𝑥 = 25 função logarítmica natural geral, quando comparado ao
gráfico de y=ln x, a partir das transformações sofridas por esta
Lembre-se que: função. Consideremos uma função logarítmica cuja expressão
log 𝑏 (𝑀. 𝑁) = log 𝑏 𝑀 + log 𝑏 𝑁 e que log5 625 = 4, pois 54 é dada por y=f1(x)=ln x+k, onde k é uma constante real. A
= 625. pergunta natural a ser feita é: qual a ação da constante k no
3 log 2𝑥 64 = 9 gráfico dessa nova função quando comparado ao gráfico da
função inicial y=f0(x)=ln x ?
Neste caso a condição de existência em função da base do Ainda podemos pensar numa função logarítmica que seja
logaritmo é um pouco mais complexa: dada pela expressão y=f2(x)=a.ln x onde a é uma constante
1 real, a 0. Observe que se a=0, a função obtida não será
2𝑥 > 0 ⟹ 𝑥 > ⟹ 𝑥 > 0
2 logarítmica, pois será a constante real nula. Uma questão que
ainda se coloca é a consideração de funções logarítmicas do
E, além disto, temos também a seguinte condição: tipo y=f3(x)=ln(x+m), onde m é um número real não nulo. Se
2x ≠ 1 ⇒ x ≠ 1/2 g(x)=3.ln(x-2) + 2/3, desenhe seu gráfico, fazendo os gráficos
intermediários, todos num mesmo par de eixos.
Portanto a condição de existência é: x ϵ R*+ - {1/2} y=a.ln(x+m)+k

Agora podemos proceder de forma semelhante ao exemplo Conclusão: Podemos, portanto, considerar funções
anterior: Como x = 2 satisfaz a condição de existência da logarítmicas do tipo y = f4(x) = a In (x + m) + k, onde o
equação logarítmica, então 2 é solução da equação. Assim coeficiente a não é zero, examinando as transformações do
como no exercício anterior, este também pode ser solucionado gráfico da função mais simples y = f0 (x) = In x, quando
recorrendo-se à outra propriedade dos logaritmos: fazemos, em primeiro lugar, y=ln(x+m); em seguida,
log −6−𝑥 2𝑥 = 1 y=a.ln(x+m) e, finalmente, y=a.ln(x+m)+k.

Neste caso vamos fazer um pouco diferente. Primeiro Analisemos o que aconteceu:
vamos solucionar a equação e depois vamos verificar quais são - em primeiro lugar, y=ln(x+m) sofreu uma translação
as condições de existência: Então x = -2 é um valor candidato horizontal de -m unidades, pois x=-m exerce o papel que x=0
à solução da equação. Vamos analisar as condições de exercia em y=ln x;
existência da base -6 - x: - a seguir, no gráfico de y=a.ln(x+m) ocorreu mudança de
Veja que embora x ≠ -7, x não é menor que -6, portanto x = inclinação pois, em cada ponto, a ordenada é igual àquela do
-2 não satisfaz a condição de existência e não pode ser solução ponto de mesma abscissa em y=ln(x+m) multiplicada pelo
da equação. Embora não seja necessário, vamos analisar a coeficiente a;
condição de existência do logaritmando 2x: 2x > 0 ⇒ x > 0 - por fim, o gráfico de y=a.ln(x+m)+k sofreu uma translação
vertical de k unidades, pois, para cada abscissa, as ordenadas

Matemática 24
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APOSTILAS OPÇÃO

dos pontos do gráfico de y=a.ln(x+m)+k ficaram acrescidas de Função Crescente e Decrescente


k, quando comparadas às ordenadas dos pontos do gráfico de Assim como no caso das funções exponenciais, as funções
y=a.ln(x+m). logarítmicas também podem ser classificadas como função
crescente ou função decrescente. Isto se dará em função da
O estudo dos gráficos das funções envolvidas auxilia na base a ser maior ou menor que 1. Lembre-se que segundo a
resolução de equações ou inequações, pois as operações definição da função logarítmica f:R*+ → R, definida por
algébricas a serem realizadas adquirem um significado que é 𝑓(𝑥) = log 𝑎 𝑥 , temos que a > 0 e a ≠ 1.
visível nos gráficos das funções esboçados no mesmo
referencial cartesiano. - Função Logarítmica Crescente

Função logarítmica de base a é toda função f:R*+ → R,


definida por 𝑓(𝑥) = log 𝑎 𝑥 com a ϵ R*+ e a ≠ 1.
Podemos observar neste tipo de função que a variável
independente x é um logaritmando, por isto a denominamos
função logarítmica. Observe que a base a é um valor real
constante, não é uma variável, mas sim um número real.
A função logarítmica de R*+ → R é inversa da função
exponencial de R*+ → R e vice-versa, pois:
log 𝑏 𝑎 = 𝑥 ⟺ 𝑏 𝑥 = 𝑎

Representação da Função Logarítmica no Plano


Cartesiano Se a > 1 temos uma função logarítmica crescente,
Podemos representar graficamente uma função qualquer que seja o valor real positivo de x. No gráfico da
logarítmica da mesma forma que fizemos com a função função ao lado podemos observar que à medida que x
exponencial, ou seja, escolhendo alguns valores para x e aumenta, também aumenta f(x) ou y. Graficamente vemos que
montando uma tabela com os respectivos valores de f(x). a curva da função é crescente. Também podemos observar
Depois localizamos os pontos no plano cartesiano e traçamos através do gráfico, que para dois valor de x (x1 e x2), que
a curva do gráfico. Vamos representar graficamente a função log 𝑎 𝑥2 > log 𝑎 𝑥1 ⟺ 𝑥2 > 𝑥1 , isto para x1, x2 e a números reais
𝑓(𝑥) = log 𝑥 e como estamos trabalhando com um logaritmo positivos, com a > 1.
de base 10, para simplificar os cálculos vamos escolher para x
alguns valores que são potências de 10: - Função Logarítmica Decrescente
0,001, 0,01, 0,1, 1, 10 e 2.

Temos então seguinte a tabela:

x y = log x
0,001 y = log 0,001 = -3
0,01 y = log 0,01 = -2
0,1 y = log 0,1 = -1
1 y = log 1 = 0
10 y = log 10 = 1

Se 0 < a < 1 temos uma função logarítmica decrescente


em todo o domínio da função. Neste outro gráfico podemos
observar que à medida que x aumenta, y diminui.
Graficamente observamos que a curva da função é
decrescente. No gráfico também observamos que para dois
valores de x (x1 e x2), que log 𝑎 𝑥2 < log 𝑎 𝑥1 ⟺ 𝑥2 > 𝑥1 , isto
para x1, x2 e a números reais positivos, com 0 < a < 1. É
importante frisar que independentemente de a função ser
crescente ou decrescente, o gráfico da função sempre cruza o
eixo das abscissas no ponto (1, 0), além de nunca cruzar o eixo
das ordenadas e que o log 𝑎 𝑥2 = log 𝑎 𝑥1 ⟺ 𝑥2 = 𝑥1 , isto
Ao lado temos o gráfico desta função logarítmica, no qual
para x1, x2 e a números reais positivos, com a ≠ 1.
localizamos cada um dos pontos obtidos da tabela e os
interligamos através da curva da função: Veja que para valores
Questões
de y < 0,01 os pontos estão quase sobre o eixo das
ordenadas, mas de fato nunca chegam a estar. Note também
01. Se log x representa o logaritmo na base 10 de x, então
que neste tipo de função uma grande variação no valor de x
o valor de n tal que log n = 3 - log 2 é:
implica numa variação bem inferior no valor de y. Por
(A) 2000
exemplo, se passarmos de x = 100 para x = 1000000, a
(B) 1000
variação de y será apenas de 2 para 6. Isto porque:
(C) 500
(D) 100
𝑓(100) = log 100 = 2
{ (E) 10
𝑓(1000000) = log 1000000 = 6
02. Sabendo-se que log x representa o logaritmo de x na
base 10, calcule o valor da expressão log 20 + log 5.
(A) 5

Matemática 25
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APOSTILAS OPÇÃO

(B) 4 Matematicamente podemos escrever da seguinte forma:


(C) 1
(D) 2 𝒂𝟏 𝒂𝟐 𝒂𝟑
= = =⋯=𝒌
(E) 3 𝒃𝟏 𝒃𝟐 𝒃𝟑
Respostas
Onde a grandeza A ={a1,a2,a3...} , a grandeza B=
01. Resposta: C. {b1,b2,b3...} e os valores entre suas razões são iguais a k
log n = 3 - log 2 (constante de proporcionalidade).
log n + log 2 = 3 * 1
onde 1 = log 10 então: Exemplo:
log (n * 2) = 3 * log 10 Um mosaico foi construído com triângulos, quadrados e
log(n*2) = log 10 ^3 hexágonos. A quantidade de polígonos de cada tipo é
2n = 10^3 proporcional ao número de lados do próprio polígono. Sabe-se
2n = 1000 que a quantidade total de polígonos do mosaico é 351. A
n = 1000 / 2 quantidade de triângulos e quadrados somada supera a
n = 500 quantidade de hexágonos em
A) 108.
02. Resposta: D. B) 27.
E = log20 + log5 C) 35.
E = log(2 x 10) + log5 D) 162.
E = log2 + log10 + log5 E) 81.
E = log10 + log (2 x 5) 𝑡𝑟𝑖â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜𝑠: 3𝑥
E = log10 + log10 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑜: 4𝑥
E = 2 log10 ℎ𝑒𝑥á𝑔𝑜𝑛𝑜: 6𝑥
E=2 3𝑥 + 4𝑥 + 6𝑥 = 351
RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS 13𝑥 = 351
𝑥 = 27
Grandeza é tudo aquilo que pode ser contado e medido. Do 3𝑥 + 4𝑥 = 3.27 + 4.27 = 81 + 108 = 189
dicionário, tudo o que pode aumentar ou diminuir (medida de 6𝑥 = 6.27 = 162 → 189-162= 27
grandeza.). Resposta B
As grandezas proporcionais são aquelas que relacionadas
a outras, sofrem variações. Elas podem ser diretamente ou
inversamente proporcionais. *Se uma grandeza aumenta e a outra também

Exemplo: , elas são diretamente proporcionais.


A tabela a seguir mostra a velocidade de um trem ao
percorrer determinado percurso: *Se uma grandeza diminui e a outra também

Velocidade , elas também são diretamente proporcionais.


40 80 120 ...
(km/h)
Tempo (horas) 6 3 2 ...
- Grandezas inversamente proporcionais (GIP)
Se sua velocidade aumentar para 240 km/h, em quantas São aquelas quando, variando uma delas, a outra varia na
horas ele fará o percurso? razão inversa da outra. Isto é, duas grandezas são
Podemos pegar qualquer velocidade para acharmos o inversamente proporcionais quando, dobrando uma delas, a
novo tempo: outra se reduz pela metade; triplicando uma delas, a outra se
40 km ------ 6 horas reduz para à terça parte... E assim por diante.
240 km ----- x horas Matematicamente podemos escrever da seguinte forma:
𝒂𝟏. 𝒃𝟏 = 𝒂𝟐. 𝒃𝟐 = 𝒂𝟑. 𝒃𝟑 = ⋯ = 𝒌
40 𝑥
= → 240𝑥 = 40.6 → 240𝑥 = 240 → 𝑥 = 1 Uma grandeza A ={a1,a2,a3...} será inversamente a outra
240 6
∴ 𝐿𝑜𝑔𝑜 𝑜 𝑡𝑟𝑒𝑚 𝑓𝑎𝑟á 𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜 𝑒𝑚 1 ℎ𝑜𝑟𝑎. B= {b1,b2,b3...} , se e somente se, os produtos entre os
valores de A e B são iguais.
Observe que invertemos os valores de uma das duas
proporções (km ou tempo), neste exemplo optamos por Exemplo:
inverter a grandeza tempo. 1 - Carlos dividirá R$ 8.400,00 de forma inversamente
proporcional à idade de seus dois filhos: Marcos, de12 anos, e
Fábio, de 9 anos. O valor que caberá a Fábio será de:
Observe que: A) R$ 3.600,00
Se aumentarmos a velocidade, diminuímos de forma B) R$ 4.800,00
proporcional ao tempo. Logo as grandezas são C) R$ 7.000,00
inversamente proporcionais. D) R$ 5.600,00

- Grandezas diretamente proporcionais (GDP) Marcos: a


São aquelas em que, uma delas variando, a outra varia na Fábio: b
mesma razão da outra. Isto é, duas grandezas são a + b = 8400
diretamente proporcionais quando, dobrando uma delas, a 𝑎 𝑏 𝑎+𝑏
+ =
outra também dobra; triplicando uma delas, a outra também 1 1 1 1
+
triplica, divididas à terça parte a outra também é dividida à 12 9 12 9
terça parte... E assim por diante.

Matemática 26
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APOSTILAS OPÇÃO

𝑏 8400 16 ∙ 60 = 12 ∙ 𝑋
=
1 3 4 X=80
+
9 36 36
8400 02. Resposta: D.
7 8400 9 → 𝑏 = 8400 . 36
𝑏= →𝑏= Como a medida do lado dobrou (1,5 . 2 = 3), o tempo
36 9 7 9 7
36 também vai dobrar (2 . 2 = 4), mas, como se trata de área, o
1200 4 valor vai dobrar de novo (2 . 4 = 8h).
→ 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒: . = 4800
1 1
Resposta B 03. Resposta: A.
Chamando os radares de 2013 de ( x ), temos que:
5,8 260
=
*Se uma grandeza aumenta e a outra diminui 7,5 𝑥
, elas são inversamente proporcionais.
5,8 . x = 7,5 . 260
*Se uma grandeza diminui e a outra aumenta x = 1950 / 5,8
, elas também são inversamente proporcionais. x = 336,2 (aproximado)
Por fim, vamos calcular a arrecadação em 2013:
5,8 328
=
Questões 7,5 𝑥

01. Na tabela abaixo, a sequência de números da coluna A 5,8 . x = 7,5 . 328


é inversamente proporcional à sequência de números da x = 2460 / 5,8
coluna B. x = 424,1 (aproximado)

Referências
IEZZI, Gelson – Fundamentos da Matemática – Vol. 11 – Financeira e
Estatística Descritiva
http://www.brasilescola.com
http://www.dicio.com.br
A letra X representa o número
(A) 90. RAZÃO
(B) 80.
(C) 96. É o quociente entre dois números (quantidades, medidas,
(D) 84. grandezas).
(E) 72. Sendo a e b dois números a sua razão, chama-se razão de a
para b:
02. Um pintor gastou duas horas para pintar um quadrado
com 1,5 m de lado. Quanto tempo ele gastaria, se o mesmo 𝑎
quadrado tivesse 3 m de lado? 𝑜𝑢 𝑎: 𝑏 , 𝑐𝑜𝑚 𝑏 ≠ 0
𝑏
(A) 4 h Onde:
(B) 5 h
(C) 6 h
(D) 8 h
(E) 10 h

03 . A tabela, com dados relativos à cidade de São Paulo, Exemplo:


compara o número de veículos da frota, o número de radares Em um vestibular para o curso de marketing, participaram
e o valor total, em reais, arrecadado com multas de trânsito, 3600 candidatos para 150 vagas. A razão entre o número de
relativos aos anos de 2004 e 2013: vagas e o número de candidatos, nessa ordem, foi de
Ano Frota Radares Arrecadação
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑔𝑎𝑠 150 1
2004 5,8 260 328 milhões = =
milhões 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑡𝑜𝑠 3600 24
2013 7,5 601 850 milhões
Lemos a fração como: Um vinte e quatro avós.
milhões
(Veja São Paulo, 16.04.2014)
- Quando a e b forem medidas de uma mesma grandeza,
essas devem ser expressas na mesma unidade.
Se o número de radares e o valor da arrecadação tivessem
crescido de forma diretamente proporcional ao crescimento
- Razões Especiais
da frota de veículos no período considerado, então em 2013 a
Escala → Muitas vezes precisamos ilustrar distâncias
quantidade de radares e o valor aproximado da arrecadação,
muito grandes de forma reduzida, então utilizamos a escala,
em milhões de reais (desconsiderando-se correções
que é a razão da medida no mapa com a medida real (ambas
monetárias), seriam, respectivamente,
na mesma unidade).
(A) 336 e 424.
𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 𝑛𝑜 𝑚𝑎𝑝𝑎
(B) 336 e 426. 𝐸=
(C) 334 e 428. 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙
(D) 334 e 430.
Velocidade média → É a razão entre a distância percorrida
(E) 330 e 432.
e o tempo total de percurso. As unidades utilizadas são km/h,
Respostas
m/s, entre outras.
𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑎
01. Resposta: B. 𝑉=
16 12 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
1 = 1
60 𝑋

Matemática 27
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APOSTILAS OPÇÃO

Densidade → É a razão entre a massa de um corpo e o seu


volume. As unidades utilizadas são g/cm³, kg/m³, entre outras.
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 Resposta “B”
𝐷=
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜
Questões
PROPORÇÃO
01. André, Bruno, Carlos e Diego são irmãos e suas idades
É uma igualdade entre duas razões. formam, na ordem apresentada, uma proporção. Considere
que André tem 3 anos, Diego tem 18 anos e Bruno é 3 anos
𝑎 𝑐 𝑎 𝑐
Dada as razões e , à setença de igualdade = chama- mais novo que Carlos. Assim, a soma das idades, destes quatro
𝑏 𝑑 𝑏 𝑑
se proporção. irmãos, é igual a
Onde: (A) 30
(B) 32;
(C) 34;
(D) 36.

02. Alfredo irá doar seus livros para três bibliotecas da


- Propriedades da Proporção universidade na qual estudou. Para a biblioteca de
1 - Propriedade Fundamental matemática, ele doará três quartos dos livros, para a biblioteca
de física, um terço dos livros restantes, e para a biblioteca de
O produto dos meios é igual ao produto dos extremos, isto química, 36 livros. O número de livros doados para a biblioteca
é, a . d = b . c de física será
(A) 16.
Exemplo: (B) 22.
45 9
Na proporção = ,(lê-se: “45 esta para 30 , assim como (C) 20.
30 6 (D) 24.
9 esta para 6.), aplicando a propriedade fundamental , temos: (E)18.
45.6 = 30.9 = 270
03. Foram construídos dois reservatórios de água. A razão
2 - A soma dos dois primeiros termos está para o primeiro entre os volumes internos do primeiro e do segundo é de 2
(ou para o segundo termo), assim como a soma dos dois para 5, e a soma desses volumes é 14m³. Assim, o valor
últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo). absoluto da diferença entre as capacidades desses dois
reservatórios, em litros, é igual a
𝑎 𝑐 𝑎+𝑏 𝑐+𝑑 𝑎+𝑏 𝑐+𝑑 (A) 8000.
= → = 𝑜𝑢 =
𝑏 𝑑 𝑎 𝑐 𝑏 𝑑 (B) 6000.
(C) 4000.
3 - A diferença entre os dois primeiros termos está para o (D) 6500.
primeiro (ou para o segundo termo), assim como a diferença (E) 9000.
entre os dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto Respostas
termo).
01. Resposta: D.
𝑎 𝑐 𝑎−𝑏 𝑐−𝑑 𝑎−𝑏 𝑐−𝑑
= → = 𝑜𝑢 = Pelo enunciado temos que:
𝑏 𝑑 𝑎 𝑐 𝑏 𝑑 A=3
B=C–3
4 - A soma dos antecedentes está para a soma dos
C
consequentes, assim como cada antecedente está para o seu
D = 18
consequente.
Como eles são proporcionais podemos dizer que:
𝐴 𝐶 3 𝐶
𝑎 𝑐 𝑎+𝑐 𝑎 𝑎+𝑐 𝑐 = → = → 𝐶 2 − 3𝐶 = 3.18 → 𝐶 2 − 3𝐶 − 54 = 0
= → = 𝑜𝑢 = 𝐵 𝐷 𝐶 − 3 18
𝑏 𝑑 𝑏+𝑑 𝑏 𝑏+𝑑 𝑑
Vamos resolver a equação do 2º grau:
5 - A diferença dos antecedentes está para a diferença dos
consequentes, assim como cada antecedente está para o seu −𝑏 ± √𝑏 2 − 4𝑎𝑐
𝑥=
consequente. 2𝑎

𝑎 𝑐 𝑎−𝑐 𝑎 𝑎−𝑐 𝑐 −(−3) ± √(−3)2 − 4.1. (−54) 3 ± √225


= → = 𝑜𝑢 = → →
𝑏 𝑑 𝑏−𝑑 𝑏 𝑏−𝑑 𝑑 2.1 2

3 ± 15
- Problema envolvendo razão e proporção →
2
Em um concurso participaram 3000 pessoas e foram
aprovadas 1800. A razão do número de candidatos aprovados 3 + 15 18 3 − 15 −12
para o total de candidatos participantes do concurso é: 𝑥1 = = = 9 ∴ 𝑥2 = = = −6
2 2 2 2
A) 2/3
B) 3/5 Como não existe idade negativa, então vamos considerar
C) 5/10 somente o 9. Logo C = 9
D) 2/7 B=C–3=9–3=6
E) 6/7 Somando teremos: 3 + 6 + 9 + 18 = 36

Resolução:

Matemática 28
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APOSTILAS OPÇÃO

02. Resposta: E. MAIS serviço a ser produzido


X = total de livros Serviço x
Direta exige MAIS tempo para
Matemática = ¾ x , restou ¼ de x tempo
realiza-lo
Física = 1/3.1/4 = 1/12
Química = 36 livros
Quanto MAIOR for a
Serviço x
Logo o número de livros é: 3/4x + 1/12x + 36 = x Direta eficiência dos funcionários,
eficiência
Fazendo o mmc dos denominadores (4,12) = 12 MAIS serviço será produzido
Logo:
9𝑥 + 1𝑥 + 432 = 12𝑥 Quanto MAIOR for o grau de
→ 10𝑥 + 432 = 12𝑥
12 Serviço x grau dificuldade de um serviço,
Inversa
de dificuldade MENOS serviços serão
432
→ 12𝑥 − 10𝑥 = 432 → 2𝑥 = 432 → 𝑥 = →𝑥 produzidos
2

= 216 Quanto MAIOR for a


eficiência dos funcionários,
Tempo x
Como a Biblioteca de Física ficou com 1/12x, logo teremos: Inversa MENOS tempo será
1 216 eficiência
. 216 = = 18 necessário para realizar um
12 12 determinado serviço
03. Resposta: B.
Quanto MAIOR for o grau de
Primeiro:2k
Segundo:5k dificuldade de um serviço,
Tempo x grau
2k + 5k = 14 → 7k = 14 → k = 2 Direta MAIS tempo será necessário
de dificuldade
Primeiro: 2.2 = 4 para realizar determinado
Segundo5.2=10 serviço
Diferença: 10 – 4 = 6 m³
1m³------1000L
6--------x Exemplos:
x = 6000 l 1) Um carro faz 180 km com 15L de álcool. Quantos litros
Referências
de álcool esse carro gastaria para percorrer 210 km?
IEZZI, Gelson – Fundamentos da Matemática – Vol. 11 – Financeira e O problema envolve duas grandezas: distância e litros de
Estatística Descritiva álcool.
IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único
Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
http://educacao.globo.com
consumido.
REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma
mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que se
REGRA DE TRÊS SIMPLES correspondem em uma mesma linha:

Os problemas que envolvem duas grandezas diretamente Distância (km) Litros de álcool
ou inversamente proporcionais podem ser resolvidos através 180 ---- 15
de um processo prático, chamado regra de três simples. 210 ---- x
Vejamos a tabela abaixo:
Na coluna em que aparece a variável x (“litros de álcool”),
vamos colocar uma flecha:
Grandezas Relação Descrição

Nº de MAIS funcionários
funcionário x Direta contratados demanda MAIS
serviço serviço produzido Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo de
álcool também duplica. Então, as grandezas distância e litros
Nº de MAIS funcionários de álcool são diretamente proporcionais. No esquema que
estamos montando, indicamos esse fato colocando uma flecha
funcionário x Inversa contratados exigem MENOS
na coluna “distância” no mesmo sentido da flecha da coluna
tempo tempo de trabalho “litros de álcool”:

Nº de MAIS eficiência (dos


funcionário x Inversa funcionários) exige MENOS
eficiência funcionários contratados

Nº de Quanto MAIOR o grau de Armando a proporção pela orientação das flechas, temos:
funcionário x dificuldade de um serviço,
Direta 180 15
grau MAIS funcionários deverão =
dificuldade ser contratados 210 𝑥
→ 𝑜𝑚𝑜 180 𝑒 210 𝑝𝑜𝑑𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑟 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 30, 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠:
180: 30 15 1806 15
= =
210: 30 𝑥 2107 𝑥

→ 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑎𝑑𝑜(𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑖𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑒𝑚𝑜𝑠)

Matemática 29
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APOSTILAS OPÇÃO

105 Conclui-se, então, que se o competidor tivesse andando em


→ 6𝑥 = 7.156𝑥 = 105 → 𝑥 = = 𝟏𝟕, 𝟓
6 300 km/h, teria gasto 12 segundos para realizar o percurso.
Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool.
Questões
2) Viajando de automóvel, à velocidade de 50 km/h, eu
gastaria 7 h para fazer certo percurso. Aumentando a 01. (PM/SP – Oficial Administrativo – VUNESP) Em 3 de
velocidade para 80 km/h, em quanto tempo farei esse maio de 2014, o jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte
percurso? informação sobre o número de casos de dengue na cidade de
Campinas.
Indicando por x o número de horas e colocando as
grandezas de mesma espécie em uma mesma coluna e as
grandezas de espécies diferentes que se correspondem em
uma mesma linha, temos:

Velocidade (km/h) Tempo (h)


50 ---- 7
80 ---- x

Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”), vamos


colocar uma flecha:

Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo fica


reduzido à metade. Isso significa que as grandezas velocidade
e tempo são inversamente proporcionais. No nosso
esquema, esse fato é indicado colocando-se na coluna De acordo com essas informações, o número de casos
“velocidade” uma flecha em sentido contrário ao da flecha da registrados na cidade de Campinas, até 28 de abril de 2014,
coluna “tempo”: teve um aumento em relação ao número de casos registrados
em 2007, aproximadamente, de
(A) 70%.
(B) 65%.
(C) 60%.
(D) 55%.
Na montagem da proporção devemos seguir o sentido das (E) 50%.
flechas. Assim, temos:
7 80 7 808 02. (FUNDUNESP – Assistente Administrativo –
= , 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑙𝑎𝑑𝑜 → = 5 → 7.5 = 8. 𝑥 VUNESP) Um título foi pago com 10% de desconto sobre o
𝑥 50 𝑥 50
valor total. Sabendo-se que o valor pago foi de R$ 315,00, é
35 correto afirmar que o valor total desse título era de
𝑥= → 𝑥 = 4,375 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 (A) R$ 345,00.
8
(B) R$ 346,50.
Como 0,375 corresponde 22 minutos (0,375 x 60 minutos), (C) R$ 350,00.
então o percurso será feito em 4 horas e 22 minutos (D) R$ 358,50.
aproximadamente. (E) R$ 360,00.

3) Ao participar de um treino de fórmula Indy, um 03. (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF.
competidor, imprimindo a velocidade média de 180 km/h, faz IMARUÍ) Manoel vendeu seu carro por R$27.000,00(vinte e
o percurso em 20 segundos. Se a sua velocidade fosse de 300 sete mil reais) e teve um prejuízo de 10%(dez por cento) sobre
km/h, que tempo teria gasto no percurso? o valor de custo do tal veículo, por quanto Manoel adquiriu o
carro em questão?
Vamos representar pela letra x o tempo procurado. (A) R$24.300,00
Estamos relacionando dois valores da grandeza velocidade (B) R$29.700,00
(180 km/h e 300 km/h) com dois valores da grandeza tempo (C) R$30.000,00
(20 s e x s). (D)R$33.000,00
Queremos determinar um desses valores, conhecidos os (E) R$36.000,00
outros três.
Respostas

01. Resposta: E.
Se duplicarmos a velocidade inicial do carro, o tempo gasto Utilizaremos uma regra de três simples:
para fazer o percurso cairá para a metade; logo, as grandezas ano %
são inversamente proporcionais. Assim, os números 180 e 300 11442 ------- 100
são inversamente proporcionais aos números 20 e x. 17136 ------- x
Daí temos: 11442.x = 17136 . 100 x = 1713600 / 11442 = 149,8%
3600 (aproximado)
180.20 = 300. 𝑥 → 300𝑥 = 3600 → 𝑥 = 149,8% – 100% = 49,8%
300
𝑥 = 12 Aproximando o valor, teremos 50%

Matemática 30
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APOSTILAS OPÇÃO

02. Resposta: C.
Se R$ 315,00 já está com o desconto de 10%, então R$
315,00 equivale a 90% (100% - 10%).
Utilizaremos uma regra de três simples:
$ % Simplificando as proporções obtemos:
315 ------- 90 4 2 4.5
x ------- 100 = → 2𝑥 = 4.5 → 𝑥 = → 𝑥 = 10
𝑥 5 2
90.x = 315 . 100 x = 31500 / 90 = R$ 350,00
Resposta: Em 10 dias.
03. Resposta: C.
Como ele teve um prejuízo de 10%, quer dizer 27000 é 2) Uma empreiteira contratou 210 pessoas para
90% do valor total. pavimentar uma estrada de 300 km em 1 ano. Após 4 meses de
Valor % serviço, apenas 75 km estavam pavimentados. Quantos
27000 ------ 90 empregados ainda devem ser contratados para que a obra seja
X ------- 100 concluída no tempo previsto?
27000 909 27000 9
= 10 → = → 9.x = 27000.10 → 9x = 270000 Comparemos cada grandeza com aquela em que está o x.
𝑥 100 𝑥 10
→ x = 30000. As grandezas “pessoas” e “tempo” são inversamente
proporcionais (duplicando o número de pessoas, o tempo fica
REGRA DE TRÊS COMPOSTA reduzido à metade). No nosso esquema isso será indicado
colocando-se na coluna “tempo” uma flecha no sentido
O processo usado para resolver problemas que envolvem contrário ao da flecha da coluna “pessoas”:
mais de duas grandezas, diretamente ou inversamente
proporcionais, é chamado regra de três composta.

Exemplos:
1) Em 4 dias 8 máquinas produziram 160 peças. Em
quanto tempo 6 máquinas iguais às primeiras produziriam As grandezas “pessoas” e “estrada” são diretamente
300 dessas peças? proporcionais. No nosso esquema isso será indicado
Indiquemos o número de dias por x. Coloquemos as colocando-se na coluna “estrada” uma flecha no mesmo
grandezas de mesma espécie em uma só coluna e as grandezas sentido da flecha da coluna “pessoas”:
de espécies diferentes que se correspondem em uma mesma
linha. Na coluna em que aparece a variável x (“dias”),
coloquemos uma flecha:

Comparemos cada grandeza com aquela em que está o x.

As grandezas peças e dias são diretamente proporcionais. Como já haviam 210 pessoas trabalhando, logo 315 – 210
No nosso esquema isso será indicado colocando-se na coluna = 105 pessoas.
“peças” uma flecha no mesmo sentido da flecha da coluna Reposta: Devem ser contratados 105 pessoas.
“dias”:
Questões

01. (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO


ADMINISTRATIVO – FCC) O trabalho de varrição de 6.000 m²
de calçada é feita em um dia de trabalho por 18 varredores
trabalhando 5 horas por dia. Mantendo-se as mesmas
As grandezas máquinas e dias são inversamente proporções, 15 varredores varrerão 7.500 m² de calçadas, em
proporcionais (duplicando o número de máquinas, o número um dia, trabalhando por dia, o tempo de
de dias fica reduzido à metade). No nosso esquema isso será (A) 8 horas e 15 minutos.
indicado colocando-se na coluna (máquinas) uma flecha no (B) 9 horas.
sentido contrário ao da flecha da coluna “dias”: (C) 7 horas e 45 minutos.
(D) 7 horas e 30 minutos.
(E) 5 horas e 30 minutos.

02. (PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL) Uma


equipe constituída por 20 operários, trabalhando 8 horas por
Agora vamos montar a proporção, igualando a razão que dia durante 60 dias, realiza o calçamento de uma área igual a
4800 m². Se essa equipe fosse constituída por 15 operários,
4 trabalhando 10 horas por dia, durante 80 dias, faria o
contém o x, que é , com o produto das outras razões, obtidas
x calçamento de uma área igual a:
(A) 4500 m²
 6 160  (B) 5000 m²
segundo a orientação das flechas  . :
 8 300  (C) 5200 m²
(D) 6000 m²
(E) 6200 m²

Matemática 31
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APOSTILAS OPÇÃO

03. (PC/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP) Dez porcentagem. Servem para representar de uma
funcionários de uma repartição trabalham 8 horas por dia, maneira prática o "quanto" de um "todo" se está
durante 27 dias, para atender certo número de pessoas. Se um referenciando.
funcionário doente foi afastado por tempo indeterminado e Costumam ser indicadas pelo numerador seguido do
outro se aposentou, o total de dias que os funcionários símbolo % (Lê-se: “por cento”).
restantes levarão para atender o mesmo número de pessoas,
trabalhando uma hora a mais por dia, no mesmo ritmo de 𝒙
𝒙% =
trabalho, será: 𝟏𝟎𝟎
(A) 29.
(B) 30. Exemplo:
(C) 33. Em uma classe com 30 alunos, 18 são rapazes e 12 são
(D) 28. moças. Qual é a taxa percentual de rapazes na classe?
(E) 31. Resolução: A razão entre o número de rapazes e o total de
18
Respostas alunos é . Devemos expressar essa razão na forma
30
centesimal, isto é, precisamos encontrar x tal que:
01. Resposta: D.
Comparando- se cada grandeza com aquela onde esta o x. 18 𝑥
M² varredores horas = ⟹ 𝑥 = 60
30 100
6000--------------18-------------- 5
7500--------------15--------------- x E a taxa percentual de rapazes é 60%. Poderíamos ter
Quanto mais a área, mais horas (diretamente divido 18 por 30, obtendo:
proporcionais)
Quanto menos trabalhadores, mais horas (inversamente 18
proporcionais) = 0,60(. 100%) = 60%
30
5 6000 15
= ∙
𝑥 7500 18 - Lucro e Prejuízo
É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo.
6000 ∙ 15 ∙ 𝑥 = 5 ∙ 7500 ∙ 18 Caso a diferença seja positiva, temos o lucro(L), caso seja
90000𝑥 = 675000 negativa, temos prejuízo(P).
𝑥 = 7,5 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠
Como 0,5 h equivale a 30 minutos, logo o tempo será de 7 Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).
horas e 30 minutos.
Podemos ainda escrever:
02. Resposta: D. C + L = V ou L = V - C
Operários horas dias área P = C – V ou V = C - P
20-----------------8-------------60-------4800
15----------------10------------80-------- x A forma percentual é:
Todas as grandezas são diretamente proporcionais, logo:

4800 20 8 60
= ∙ ∙
𝑥 15 10 80
20 ∙ 8 ∙ 60 ∙ 𝑥 = 4800 ∙ 15 ∙ 10 ∙ 80
9600𝑥 = 57600000
𝑥 = 6000𝑚² Exemplo:
Um objeto custa R$ 75,00 e é vendido por R$ 100,00.
03. Resposta: B. Determinar:
Temos 10 funcionários inicialmente, com os afastamento a) a porcentagem de lucro em relação ao preço de custo;
esse número passou para 8. Se eles trabalham 8 horas por dia b) a porcentagem de lucro em relação ao preço de venda.
, passarão a trabalhar uma hora a mais perfazendo um total de
9 horas, nesta condições temos: Resolução:
Funcionários horas dias Preço de custo + lucro = preço de venda → 75 + lucro =100
10---------------8--------------27 → Lucro = R$ 25,00
8----------------9-------------- x
Quanto menos funcionários, mais dias devem ser 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜
trabalhados (inversamente proporcionais). 𝑎) . 100% ≅ 33,33%
𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜
Quanto mais horas por dia, menos dias devem ser
trabalhados (inversamente proporcionais). 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜
Funcionários horas dias 𝑏) . 100% = 25%
𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎
8---------------9-------------- 27
10----------------8----------------x - Aumento e Desconto Percentuais
27 8 9 A) Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo
= ∙ → x.8.9 = 27.10.8 → 72x = 2160 → x = 30 dias. por (𝟏 +
𝒑
).V .
𝑥 10 8
𝟏𝟎𝟎
Referências Logo:
𝒑
MARIANO, Fabrício – Matemática Financeira para Concursos – 3ª Edição – VA = (𝟏 + ).V
Rio de Janeiro: Elsevier,2013. 𝟏𝟎𝟎

PORCENTAGEM Exemplo:
1 - Aumentar um valor V de 20% , equivale a multiplicá-
Razões de denominador 100 que são chamadas de lo por 1,20, pois:
20
razões centesimais ou taxas percentuais ou simplesmente de (1 + ).V = (1+0,20).V = 1,20.V
100

Matemática 32
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APOSTILAS OPÇÃO

B) Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo Respostas


𝒑
por (𝟏 − ).V.
𝟏𝟎𝟎
Logo: 01. Resposta: A.
𝒑 Como o produto já está acrescido de 20% juros sobre o seu
V D = (𝟏 − ).V
𝟏𝟎𝟎 preço original, temos que:
100% + 20% = 120%
Exemplo: Precisamos encontrar o preço original (100%) da
Diminuir um valor V de 40%, equivale a multiplicá-lo por mercadoria para podermos aplicarmos o desconto.
0,60, pois: Utilizaremos uma regra de 3 simples para encontrarmos:
40
(1 − ). V = (1-0,40). V = 0, 60.V R$ %
100
108 ---- 120
𝒑
A esse valor final de (𝟏 +
𝒑
) ou (𝟏 − ), é o que X ----- 100
𝟏𝟎𝟎 𝟏𝟎𝟎 120x = 108.100 → 120x = 10800 → x = 10800/120 → x =
chamamos de fator de multiplicação, muito útil para
90,00
resolução de cálculos de porcentagem. O mesmo pode ser um
O produto sem o juros, preço original, vale R$ 90,00 e
acréscimo ou decréscimo no valor do produto.
representa 100%. Logo se receber um desconto de 25%,
significa ele pagará 75% (100 – 25 = 75%) → 90. 0,75 = 67,50
- Aumentos e Descontos Sucessivos
Então Marcos pagou R$ 67,50.
São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente.
Para efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos
02. Resposta: B.
uso dos fatores de multiplicação. 15 30
* Dep. Contabilidade: . 20 = = 3 → 3 (estagiários)
100 10
Vejamos alguns exemplos:
20 200
1) Dois aumentos sucessivos de 10% equivalem a um * Dep. R.H.: . 10 = = 2 → 2 (estagiários)
100 100
único aumento de...?
𝑝
Utilizando VA = (1 + ).V → V. 1,1 , como são dois de 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑔𝑖á𝑟𝑖𝑜𝑠 5 1
100
10% temos → V. 1,1 . 1,1 → V. 1,21 Analisando o fator de ∗ 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = = =
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛á𝑟𝑖𝑜𝑠 30 6
multiplicação 1,21; concluímos que esses dois aumentos
significam um único aumento de 21%.
Observe que: esses dois aumentos de 10% equivalem a 03. Resposta: D.
21% e não a 20%. 15% de 1130 = 1130.0,15 ou 1130.15/100 → 169,50

2) Dois descontos sucessivos de 20% equivalem a um Referências


único desconto de: IEZZI, Gelson – Fundamentos da Matemática – Vol. 11 – Financeira e
𝑝 Estatística Descritiva
Utilizando VD = (1 − ).V → V. 0,8 . 0,8 → V. 0,64 . . IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único
100
Analisando o fator de multiplicação 0,64, observamos que http://www.porcentagem.org
http://www.infoescola.com
esse percentual não representa o valor do desconto, mas sim
o valor pago com o desconto. Para sabermos o valor que
JUROS
representa o desconto é só fazermos o seguinte cálculo:
100% - 64% = 36%
A Matemática Financeira é um ramo da Matemática
Observe que: esses dois descontos de 20% equivalem a
Aplicada que estuda as operações financeiras de uma forma
36% e não a 40%.
geral, analisando seus diferentes fluxos de caixa ao longo do
tempo, muito utilizada hoje para programar a vida financeira
Questões
não só de empresas mais também dos indivíduos.
Existe também o que chamamos de Regime de
01. Marcos comprou um produto e pagou R$ 108,00, já
Capitalização, que é a maneira pelo qual será pago o juro por
inclusos 20% de juros. Se tivesse comprado o produto, com
um capital aplicado ou tomado emprestado.
25% de desconto, então, Marcos pagaria o valor de:
(A) R$ 67,50
Elementos Básicos:
(B) R$ 90,00
- Valor Presente ou Capital Inicial ou Principal (PV, P
(C) R$ 75,00
ou C): termo proveniente do inglês “Present Value”, sendo
(D) R$ 72,50
caracterizado como a quantidade inicial de moeda que uma
pessoa tem em disponibilidade e concorda em ceder a outra
02. O departamento de Contabilidade de uma empresa tem
pessoa, por um determinado período, mediante o pagamento
20 funcionários, sendo que 15% deles são estagiários. O
de determinada remuneração.
departamento de Recursos Humanos tem 10 funcionários,
sendo 20% estagiários. Em relação ao total de funcionários
- Taxa de Juros (i): termo proveniente do inglês “Interest
desses dois departamentos, a fração de estagiários é igual a
Rate” (taxa de juros) e relacionado à sua maneira de
(A) 1/5.
incidência. Salientamos que a taxa pode ser mensal, anual,
(B) 1/6.
semestral, bimestral, diária, entre outras.
(C) 2/5.
(D) 2/9.
- Juros (J): é o que pagamos pelo aluguel de determinada
(E) 3/5.
quantia por um dado período, ou seja, é a nomenclatura dada
à remuneração paga para que um indivíduo ceda
03. Quando calculamos 15% de 1.130, obtemos, como
temporariamente o capital que dispõe.
resultado
(A) 150
- Montante ou Valor Futuro (FV ou M): termo
(B) 159,50;
proveniente do inglês “Future Value”, sendo caracterizado em
(C) 165,60;
termos matemáticos como a soma do capital inicial mais os
(D) 169,50.

Matemática 33
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APOSTILAS OPÇÃO

juros capitalizados durante o período. Em outras palavras, é a necessariamente iguais. Este é um detalhe importantíssimo,
quantidade de moeda (ou dinheiro) que poderá ser usufruída que não pode ser esquecido!
no futuro. Em símbolos, escrevemos FV = PV + J.
Questões
- Tempo ou período de capitalização (n ou t): nada mais
é do que a duração da operação financeira, ou seja, o horizonte 01. Uma aplicação de R$ 1.000.000,00 resultou em um
da operação financeira em questão. O prazo pode ser descrito montante de R$ 1.240.000,00 após 12 meses. Dentro do
em dias, meses, anos, semestres, entre outros. regime de Juros Simples, a que taxa o capital foi aplicado?
JUROS SIMPLES (A) 1,5% ao mês.
(B) 4% ao trimestre.
Em regime linear de juros (ou juros simples), o juro é (C) 20% ao ano.
determinado tomando como base de cálculo o capital da (D) 2,5% ao bimestre.
operação, e o total do juro é devido ao credor (aquele que (E) 12% ao semestre.
empresta) no final da operação. As operações aqui são de
curtíssimo prazo, exemplo: desconto simples de duplicata, 02. Mirtes aplicou um capital de R$ 670,00 à taxa de juros
“Hot Money” entre outras. simples, por um período de 16 meses. Após esse período, o
No juros simples o juro de cada intervalo de tempo sempre montante retirado foi de R$ 766,48. A taxa de juros praticada
é calculado sobre o capital inicial emprestado ou aplicado. nessa transação foi de:
(A) 9% a.a.
Chamamos de simples os juros que são somados ao capital (B) 10,8% a.a.
inicial no final da aplicação. (C) 12,5% a.a.
(D) 15% a.a.
Devemos sempre relacionar taxa e tempo numa mesma
unidade: 03. Qual o valor do capital que aplicado por um ano e meio,
Taxa anual Tempo em anos a uma taxa de 1,3% ao mês, em regime de juros simples resulta
Taxa mensal Tempo em meses em um montante de R$ 68.610,40 no final do período?
Taxa diária Tempo em dias (A) R$ 45.600,00
E assim sucessivamente (B) R$ 36.600,00
(C) R$ 55.600,00
Podemos definir o Juros como: (D) R$ 60.600,00
J=C.i.t Respostas
Onde:
J = Juros 01. Resposta: E.
C = 1.000.000,00
C = Capital M = 1.240.000,00
i = taxa t = 12 meses
t = tempo i=?
M = C.(1+it) → 1240000 = 1000000(1 + 12i) → 1 + 12i =
1) O capital cresce linearmente com o tempo; 1240000 / 1000000 → 1 + 12i = 1,24 → 12i = 1,24 – 1 → 12i =
2) O capital cresce a uma progressão aritmética de razão: J 0,24 → i = 0,24 / 12 → i = 0,02 → i = 0,02x100 → i = 2% a.m
= C.i Como não encontramos esta resposta nas alternativas,
3) A taxa i e o tempo t devem ser expressos na mesma vamos transformar, uma vez que sabemos a taxa mensal:
unidade. Um bimestre tem 2 meses → 2 x 2 = 4% a.b.
4) Nessa fórmula, a taxa i deve ser expressa na forma Um trimestre tem 3 meses → 2 x 3 = 6% a.t.
decimal. Um semestre tem 6 meses → 2 x 6 = 12% a.s.
5) Chamamos de montante (M) ou FV (valor futuro) a Um ano tem 1 ano 12 meses → 2 x 12 = 24% a.a.
soma do capital com os juros, ou seja:
Na fórmula J= C . i . t, temos quatro variáveis. Se três delas 02. Resposta: B.
forem valores conhecidos, podemos calcular o 4º valor. Pelo enunciado temos:
C = 670
M = C + J  M = C. (1+i.t) i=?
n = 16 meses
Exemplo: M = 766,48
Qual o valor dos juros correspondentes a um empréstimo Aplicando a fórmula temos: M = C.(1+in) → 766,48 = 670
de R$ 10.000,00, pelo prazo de 15 meses, sabendo-se que a (1+16i) → 1 + 16i = 766,48 / 670 →1 + 16i = 1,144 → 16i =
taxa cobrada é de 3% a m.? 1,144 – 1 → 16i = 0,144 → i = 0,144 / 16 → i = 0,009 x 100 → i
Dados: = 0,9% a.m.
PV = 10.000,00 Observe que as taxas das alternativas são dadas em ano,
n = 15 meses logo como 1 ano tem 12 meses: 0,9 x 12 = 10,8% a.a.
i = 3% a.m = 0,03
J=? 03. Resposta: C.
Solução: C=?
J = PV.i.n → J = 10.000 x 0,03 x 15 → J = 4.500,00 n = 1 ano e meio = 12 + 6 = 18 meses
i = 1,3% a.m = 0,013
Para não esquecer!!! M = 68610,40
Só podemos efetuar operações algébricas com valores Aplicando a fórmula: M = C (1+in) → 68610,40 = C
referenciados na mesma unidade, ou seja, se apresentarmos (1+0,013.18) → 68610,40 = C (1+0,234) → C = 68610,40 =
a taxa de juros como a anual, o prazo em questão também C.1,234 → C = 68610,40 / 1,234 → C = 55600,00.
deve ser referenciado em anos. Ou seja, as unidades de tempo
referentes à taxa de juros (i) e do período (t), tem de ser

Matemática 34
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APOSTILAS OPÇÃO

JUROS COMPOSTOS 𝐥𝐨𝐠⟨𝑴|𝑪⟩ 𝐥𝐨𝐠 𝑴 − 𝐥𝐨𝐠 𝑪


𝒕= =
𝐥𝐨𝐠(𝟏 + 𝒊) 𝐥𝐨𝐠(𝟏 + 𝒊)
No regime exponencial de juros (ou juros compostos) é
incorporado ao capital não somente os juros referentes a cada Temos também da expressão acima que: t.log(1 + i) = logM
período, mas também os juros sobre os juros acumulados até – logC
o momento anterior. Pode-se falar que é um comportamento
equivalente a uma progressão geométrica (PG), pela qual os Deste exemplo, dá para perceber que o estudo dos juros
juros incidem sempre sobre o saldo apurado no início do compostos é uma aplicação prática do estudo dos logaritmos.
período correspondente (e não unicamente sobre o capital
inicial). É o que chamamos no linguajar habitual de “juros Fica a dica!!!
sobre juros”. - Em juros simples quando a taxa de juros(i) estiver em
Na prática, as empresas, órgãos governamentais e unidade diferente do tempo(t), pode-se colocar na mesma
investidores particulares costumam reinvestir as quantias unidade de (i) ou (t).
geradas pelas aplicações financeiras, o que justifica o emprego - Em juros compostos é preferível colocar o (t) na
mais comum de juros compostos na Economia. Na verdade, o mesma unidade da taxa (i).
uso de juros simples não se justifica em estudos econômicos.
De uma forma genérica, teremos para um capital C,
aplicado a uma taxa de juros compostos (i) durante o período Questões
(t):
M = C (1 + i)t 01. Um capital foi aplicado por um período de 3 anos, com
taxa de juros compostos de 10% ao ano. É correto afirmar que
Saiba mais!!! essa aplicação rendeu juros que corresponderam a,
(1+i)t ou (1+i)n é conhecido como fator de exatamente:
acumulação de capital (FC) e o seu inverso, (A) 30% do capital aplicado.
1/(1+i)n é o fator de atualização de capital (FA). (B) 31,20% do capital aplicado.
(C) 32% do capital aplicado.
Graficamente temos, que o crescimento do (D) 33,10% do capital aplicado.
principal(capital) segundo juros simples é LINEAR,
CONSTANTE enquanto que o crescimento segundo juros 02. José Luiz aplicou R$60.000,00 num fundo de
compostos é EXPONENCIAL, GEOMÉTRICO e, portanto tem um investimento, em regime de juros compostos, com taxa de 2%
crescimento muito mais "rápido". ao mês. Após 3 meses, o montante que José Luiz poderá sacar
é
(A) R$63.600,00.
(B) R$63.672,48.
(C) R$63.854,58.
(D) R$62.425,00.
(E) R$62.400,00.

03. Pretendendo aplicar em um fundo que rende juros


compostos, um investidor fez uma simulação. Na simulação
feita, se ele aplicar hoje R$ 10.000,00 e R$ 20.000,00 daqui a
um ano, e não fizer nenhuma retirada, o saldo daqui a dois anos
será de R$ 38.400,00. Desse modo, é correto afirmar que a taxa
anual de juros considerada nessa simulação foi de
- O montante após 1º tempo é igual tanto para o regime de (A) 12%.
juros simples como para juros compostos; (B) 15%.
- Antes do 1º tempo o montante seria maior no regime de (C) 18%.
juros simples; (D) 20%.
- Depois do 1º tempo o montante seria maior no regime (E) 21%.
de juros compostos. Respostas

Juros Compostos e Logaritmos 01. Resposta: D.


Para resolução de algumas questões que envolvam juros 10% = 0,1
compostos, precisamos ter conhecimento de conceitos de 𝑀 = 𝐶 . (1 + 𝑖)𝑡
logaritmos, principalmente aquelas as quais precisamos achar 𝑀 = 𝐶 . (1 + 0,1)3
o tempo/prazo. É muito comum ver em provas o valor dado do 𝑀 = 𝐶 . (1,1)3
logaritmo para que possamos achar a resolução da questão. 𝑀 = 1,331. 𝐶
Como, M = C + j , ou seja , j = M – C , temos:
Exemplo: j = 1,331.C – C = 0,331 . C
Expresse o número de períodos t de uma aplicação, em 0,331 = 33,10 / 100 = 33,10%
função do montante M e da taxa de aplicação i por período.
Solução: 02. Resposta: B.
Temos M = C(1+i)t C=60.000 ; i = 2% a.m = 0,02 ; t = 3m
Logo, M/C = (1+i)t 𝑀 = 𝐶(1 + 𝑖)𝑡 ⇒ 𝑀 = 60000(1 + 0,02)3 ⇒ 𝑀
Pelo que já conhecemos de logaritmos, poderemos = 60000 + (1,02)3 ⇒ 𝑀 = 63672,48
escrever:
t = log (1+ i ) (M/C) . Portanto, usando logaritmo decimal O montante a ser sacado será de R$ 63.672,48.
(base 10), vem:
03. Resposta: D.
C1º ano = 10.000 ; C2º ano = 20.000

Matemática 35
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APOSTILAS OPÇÃO

𝑀1 = 𝐶(1 + 𝑖)𝑡 Exemplo:


𝑀1 = 10000(1 + 𝑖)2 𝑀2 = 20000(1 + 𝑖)1 - Determinar os cincos primeiros termos da sequência cujo
M1+M2 = 384000 termo geral e igual a:
38400 = 10000(1 + 𝑖)2 + 20000(1 + 𝑖) (: 400) an = n2 – 2n,com n ∈ N*.
96 = 25(1 + 2𝑖 + 𝑖 2 ) + 50 + 50𝑖 Teremos:
96 = 25 + 50𝑖 + 25𝑖 2 + 50 + 50𝑖 - se n = 1 ⇒ a1 = 12 – 2. 1 ⇒ a1 = 1 – 2 = - 1
25𝑖 2 + 100𝑖 − 21 = 0 - se n = 2 ⇒ a2 = 22 – 2. 2 ⇒ a2 = 4 – 4 = 0
Têm se uma equação do segundo grau, usa-se então a - se n = 3 ⇒ a3 = 32 – 2. 3 ⇒ a3 = 9 – 6 = 3
fórmula de Bháskara: - se n = 4 ⇒ a4 = 42 – 4. 2 ⇒ a4 =16 – 8 = 8
∆= 1002 − 4 ∙ 25 ∙ (−21) = 12100 - se n = 5 ⇒ a5 = 52 – 5. 2 ⇒ a5 = 25 – 10 = 15
−100±110
𝑖=
50 3. Lei de Recorrências
−100+110 10
𝑖1 = = = 0,2 Uma sequência pode ser definida quando oferecemos o
50 50
−100−110 valor do primeiro termo e um “caminho” (uma fórmula) que
𝑖2 = = −4,4 (𝑛ã𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑣é𝑚)
50
permite a determinação de cada termo conhecendo-se o seu
antecedente. Essa forma de apresentação de uma sucessão é
É correto afirmar que a taxa é de 20%
chamada lei de recorrências.
Referências
MARIANO, Fabrício – Matemática Financeira para Concursos – 3ª Edição – Exemplo:
Rio de Janeiro: Elsevier,2013.
SAMANEZ, Carlos P. Matemática Financeira: aplicações à análise de
- Escrever os cinco primeiros termos de uma sequência em
investimentos. 4 Edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. que:
a1 = 3 e an+1 = 2an – 4 , em que n ∈ N*.
SEQUÊNCIAS
Teremos: o primeiro termo já foi dado.
Podemos, no nosso dia-a-dia, estabelecer diversas - a1 = 3
sequências como, por exemplo, a sucessão de cidades que - se n = 1 ⇒ a1+1 = 2.a1 – 4 ⇒ a2 = 2.3 – 4 ⇒ a2 = 6 – 4 = 2
temos numa viagem de automóvel entre Brasília e São Paulo - se n = 2 ⇒ a2+1 = 2.a2 – 4 ⇒ a3 = 2.2 – 4 ⇒ a3 = 4 – 4 = 0
ou a sucessão das datas de aniversário dos alunos de uma - se n = 3 ⇒ a3+1 = 2.a3 – 4 ⇒ a4 = 2.0 – 4 ⇒ a4 = 0 – 4 = - 4
determinada escola. - se n = 4 ⇒ a4+1 = 2.a4 – 4 ⇒ a5 = 2.(-4) – 4 ⇒ a5 = - 8 – 4 = -
Podemos, também, adotar para essas sequências uma 12
ordem numérica, ou seja, adotando a1 para o 1º termo, a2 para
o 2º termo até an para o n-ésimo termo. Dizemos que o termo Observações
an é também chamado termo geral das sequências, em que n é 1) Devemos observar que a apresentação de uma
um número natural diferente de zero. Evidentemente, sequência através do termo geral é mais pratica, visto que
daremos atenção ao estudo das sequências numéricas. podemos determinar um termo no “meio” da sequência sem a
As sequências podem ser finitas, quando apresentam um necessidade de determinarmos os termos intermediários,
último termo, ou, infinitas, quando não apresentam um último como ocorre na apresentação da sequência através da lei de
termo. As sequências infinitas são indicadas por reticências no recorrências.
final. 2) Algumas sequências não podem, pela sua forma
“desorganizada” de se apresentarem, ser definidas nem pela
Exemplo: lei das recorrências, nem pela formula do termo geral. Um
- Sequência dos números primos positivos: (2, 3, 5, 7, 11, exemplo de uma sequência como esta é a sucessão de números
13, 17, 19, ...). Notemos que esta é uma sequência infinita com naturais primos que já “destruiu” todas as tentativas de se
a1 = 2; a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 11; a6 = 13 etc. encontrar uma formula geral para seus termos.
3) Em todo exercício de sequência em que n ∈ N*, o
1. Igualdade primeiro valor adotado é n = 1. No entanto de no enunciado
As sequências são apresentadas com os seus termos entre estiver n > 3, temos que o primeiro valor adotado é n = 4.
parênteses colocados de forma ordenada. Sucessões que Lembrando que n é sempre um número natural.
apresentarem os mesmos termos em ordem diferente serão A Matemática estuda dois tipos especiais de sequências,
consideradas sucessões diferentes. uma delas a Progressão Aritmética.
Duas sequências só poderão ser consideradas iguais se, e
somente se, apresentarem os mesmos termos, na mesma PROGRESSÃO ARITMÉTICA (P.A.)
ordem.
Exemplo Definição: é uma sequência numérica em que cada termo,
A sequência (x, y, z, t) poderá ser considerada igual à a partir do segundo termo, é igual ao termo anterior somado
sequência (5, 8, 15, 17) se, e somente se, x = 5; y = 8; z = 15; e t com uma constante que é chamada de razão (r).
= 17. Como em qualquer sequência os termos são chamados de
Notemos que as sequências (0, 1, 2, 3, 4, 5) e (5, 4, 3, 2, 1, a1, a2, a3, a4,.......,an,....
0) são diferentes, pois, embora apresentem os mesmos
elementos, eles estão em ordem diferente. Cálculo da razão: a razão de uma P.A. é dada pela
diferença de um termo qualquer pelo termo imediatamente
2. Formula Termo Geral anterior a ele.
Podemos apresentar uma sequência através de um r = a2 – a1 = a3 – a2 = a4 – a3 = a5 – a4 = .......... = an – an – 1
determinado valor atribuído a cada de termo a n em função do
valor de n, ou seja, dependendo da posição do termo. Esta Exemplo:
formula que determina o valor do termo an é chamada formula - (5, 9, 13, 17, 21, 25,......) é uma P.A. onde a 1 = 5 e razão r =
do termo geral da sucessão. 4

Classificação: uma P.A. é classificada de acordo com a


razão.

Matemática 36
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APOSTILAS OPÇÃO

1- Se r > 0 ⇒ a P.A. é crescente. 1- Crescente: quando cada termo é maior que o anterior.
2- Se r < 0 ⇒ a P.A. é decrescente. Isto ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
3- Se r = 0 ⇒ a P.A. é constante. 2- Decrescente: quando cada termo é menor que o
anterior. Isto ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 <
Fórmula do Termo Geral 0 e q > 1.
Em toda P.A., cada termo é o anterior somado com a razão, 3- Alternante: quando cada termo apresenta sinal
então temos: contrário ao do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
1° termo: a1 4- Constante: quando todos os termos são iguais. Isto
2° termo: a2 = a1 + r ocorre quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de
3° termo: a3 = a2 + r = a1 + r + r = a1 + 2r razão r = 0. A PG constante é também chamada de PG
4° termo: a4 = a3 + r = a1 + 2r + r = a1 + 3r estacionaria.
5° termo: a5 = a4 + r = a1 + 3r + r = a1 + 4r 5- Singular: quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre
6° termo: a6 = a5 + r = a1 + 4r + r = a1 + 5r quando a1 = 0 ou q = 0.
. . . . . .
. . . . . . Fórmula do termo geral
. . . . . . Em toda P.G. cada termo é o anterior multiplicado pela
n° termo é: razão, então temos:
𝐚𝐧 = 𝐚𝟏 + (𝐧 − 𝟏). 𝐫 1° termo: a1
2° termo: a2 = a1.q
Fórmula da soma dos n primeiros termos: 3° termo: a3 = a2.q = a1.q.q = a1q2
4° termo: a4 = a3.q = a1.q2.q = a1.q3
(𝐚𝟏 + 𝐚𝐧 ). 𝐧 5° termo: a5 = a4.q = a1.q3.q = a1.q4
𝐒𝐧 = . . . . .
𝟐 . . . . .
Propriedades: . . . . .
1- Numa P.A. a soma dos termos equidistantes dos
extremos é igual à soma dos extremos. n° termo é:
Exemplo: (2, 8, 14, 20, 26, 32, 38,......) an = a1.qn – 1

Soma dos n primeiros termos:


𝐚𝟏 . (𝐪𝐧 − 𝟏)
𝐒𝐧 =
𝐪−𝟏
Soma dos infinitos termos (ou Limite da soma)
Vamos ver um exemplo:
1
Seja a P.G. (2, 1, ½, ¼, 1/8, 1/16, 1/32,.....) de a1 = 2 e q =
- como podemos observar neste exemplo, temos um 2
número ímpar de termos. Neste caso sobrou um termo no se colocarmos na forma decimal, temos
meio (20) que é chamado de termo médio e é igual a metade (2; 1; 0,5; 0,25; 0,125; 0,0625; 0,03125;.....) se efetuarmos
da soma dos extremos. Porém, só existe termos médio se a somas destes termos:
houver um número ímpar de termos. 2+1=3
3 + 0,5 = 3,5
P.G. – PROGRESSÃO GEOMETRICA 3,5 + 0,25 = 3,75
3,75 + 0,125 = 3,875
Definição: é uma sequência numérica em que cada termo, 3,875 + 0,0625 = 3,9375
a partir do segundo termo, é igual ao termo anterior 3,9375 + 0,03125 = 3,96875
multiplicado por uma constante que é chamada de razão (q). .
Como em qualquer sequência os termos são chamados de .
a1, a2, a3, a4,.......,an,.... .
Como podemos observar o número somado vai ficando
Cálculo da razão: a razão de uma P.G. é dada pelo cada vez menor e a soma tende a um certo limite. Então temos
quociente de um termo qualquer pelo termo imediatamente a seguinte fórmula:
anterior a ele.
𝑎 𝑎 𝑎 𝑎 𝐚𝟏
𝑞 = 2 = 3 = 4 = ⋯……… = 𝑛 𝐒= → −𝟏 < 𝐪 < 𝟏
𝑎1 𝑎2 𝑎3 𝑎𝑛−1
𝟏−𝐪
Exemplos: 2 2
- (3, 6, 12, 24, 48,...) é uma PG de primeiro termo a 1 = 3 e Utilizando no exemplo acima: 𝑆 = 1 = 1 = 4, logo
1−
2 2
razão q = 2 dizemos que esta P.G. tem um limite que tenda a 4.
−9 −9
- (-36, -18, -9, , ,...) é uma PG de primeiro termo a1 = -
2 4
36 e razão q =
1 Produto da soma de n termos
2
5 5
- (15, 5, , ,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 15 e razão
3 9
|𝐏𝐧 | = √(𝐚𝟏 . 𝐚𝐧 )𝐧
1
q=
3
- (- 2, - 6, -18, - 54, ...) é uma PG de primeiro termo a1 = - 2 Temos as seguintes regras para o produto, já que esta
e razão q = 3 fórmula está em módulo:
1- O produto de n números positivos é sempre positivo.
Classificação: uma P.G. é classificada de acordo com o 2- No produto de n números negativos:
primeiro termo e a razão. a) se n é par: o produto é positivo.

Matemática 37
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b) se n é ímpar: o produto é negativo. Da mesma forma os termos pares é uma PA de razão 1 e


primeiro termo igual a 8 - (8; 9; 10; 11; …).
Propriedades Assim, as duas PA têm como termo geral o seguinte
1- Numa P.G., com n termos, o produto de dois termos formato:
equidistantes dos extremos é igual ao produto destes (1) ai = a1 + (i - 1).1 = a1 + i – 1
extremos. Para determinar a30 + a55 precisamos estabelecer a regra
Exemplo: (1, 2, 4, 8, 16, 32, 64,....) geral de formação da sequência, que está intrinsecamente
relacionada às duas progressões da seguinte forma:
- Se n (índice da sucessão) é ímpar temos que n = 2i - 1, ou
seja, i = (n + 1)/2;
- Se n é par temos n = 2i ou i = n/2.
Daqui e de (1) obtemos que:
- como podemos observar neste exemplo, temos um an = 10 + [(n + 1)/2] - 1 se n é ímpar
número ímpar de termos. Neste caso sobrou um termo no an = 8 + (n/2) - 1 se n é par
meio (8) que é chamado de termo médio e é igual a raiz Logo:
quadrada do produto dos extremos. Porém, só existe a30 = 8 + (30/2) - 1 = 8 + 15 - 1 = 22 e
termos médio se houver um número ímpar de termos. a55 = 10 + [(55 + 1)/2] - 1 = 37
E, portanto:
Questões a30 + a55 = 22 + 37 = 59.

01. Descubra o 99º termo da P.A. (45, 48, 51,...) 04. Resposta: E.
(A) 339 Sejam S as somas dos elementos da sequência e S1 a soma
(B) 337 da PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q = 0,09/0,9 = 0,1.
(C) 333 Assim:
(D) 331 S = 3 + S1
Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de uma
02. Uma sequência inicia-se com o número 0,3. A partir do PG infinita para obter S1:
2º termo, a regra de obtenção dos novos termos é o termo S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4
anterior menos 0,07. Dessa maneira o número que
corresponde à soma do 4º e do 7º termos dessa sequência é DEFINIÇÕES DE RACIOCÍNIO LÓGICO
(A) –6,7.
(B) 0,23. Raciocínio lógico é um processo de estruturação do
(C) –3,1. pensamento de acordo com as normas da lógica que permite
(D) –0,03. chegar a uma determinada conclusão ou resolver um
(E) –0,23. problema. É aquele que se desvincula das relações entre os
objetos e procede da própria elaboração do indivíduo. Surge
03. Os termos da sequência (10; 8; 11; 9; 12; 10; 13; …) através da coordenação das relações previamente criadas
obedecem a uma lei de formação. Se an, em que n pertence a entre os objetos.
N*, é o termo de ordem n dessa sequência, então a30 + a55 é
igual a: Um raciocínio lógico requer consciência e capacidade de
(A) 58 organização do pensamento. É possível resolver problemas
(B) 59 usando o raciocínio lógico. No entanto, ele não pode ser
(C) 60 ensinado diretamente, mas pode ser desenvolvido através da
(D) 61 resolução de exercícios lógicos que contribuem para a
(E) 62 evolução de algumas habilidades mentais.
Muitas empresas utilizam exercícios de raciocínio lógico
04. A soma dos elementos da sequência numérica infinita para testarem a capacidade dos candidatos.
(3; 0,9; 0,09; 0,009; …) é:
(A) 3,1 Raciocínio lógico matemático ou quantitativo
(B) 3,9 O raciocínio lógico matemático ou quantitativo é o
(C) 3,99 raciocínio usado para a resolução de alguns problemas e
(D) 3, 999 exercícios matemáticos. Esses exercícios são
(E) 4 frequentemente usados no âmbito escolar, através de
Respostas problemas matriciais, geométricos e aritméticos, para que
os alunos desenvolvam determinadas aptidões. Este tipo de
01. Resposta: A. raciocínio é bastante usado em áreas como a análise
r = 48 – 45 = 3 combinatória.
𝑎1 = 45 - Raciocínio analítico (crítico) ou Lógica informal - é a
𝑎𝑛 = 𝑎1 + (𝑛 − 1)𝑟 capacidade de raciocinar rapidamente através da percepção.
𝑎99 = 45 + 98 ∙ 3 = 339 Em concursos exigem bastante senso crítico do candidato e
capacidade de interpretação, portanto exigem mecanismos
02. Resposta: D. próprios para a resolução das questões. O raciocínio analítico
𝑎𝑛 = 𝑎1 − (𝑛 − 1)𝑟 nada mais é que a avaliação de situações através de
𝑎4 = 0,3 − 3.0,07 = 0,09 interpretação lógica de textos.
𝑎7 = 0,3 − 6.0,07 = −0,12
𝑆 = 𝑎4 + 𝑎7 = 0,09 − 0,12 = −0,03 Tipos de raciocínio

03. Resposta: B. Raciocínio Raciocínio Raciocínio


Primeiro, observe que os termos ímpares da sequência é verbal - consiste espacial - remete abstrato -
uma PA de razão 1 e primeiro termo 10 - (10; 11; 12; 13; …).

Matemática 38
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Exemplos
na capacidade de para a aptidão para responsável pelo
apreensão e criar e manipular pensamento
01. (Câmara de Aracruz/ES – Agente Administrativo e
estruturação de representações abstrato e a
Legislativo – IDECAN/2016) Analise a lógica envolvida nas
elementos mentais visuais. Está capacidade para
figuras a seguir.
verbais, relacionada com a determinar
culminando na capacidade de ligações
formação de visualização e de abstratas entre
significados e uma raciocinar em três conceitos através
ordem e relação dimensões. de ideias
entre eles. inovadoras.

A letra que substitui o sinal “?” é:


Vejamos um exemplo que roda pela internet e redes sociais, os (A) O.
quais são chamados de Desafios, os mesmos envolvem o (B) R.
“raciocínio” para chegarmos ao resultado: (C) T.
(D) W.

Substituindo as letras pelas posições no alfabeto:


C - 3º posição do alfabeto / E - 5º posição do alfabeto / H -
8ºposição do alfabeto
L- 12º posição do alfabeto / G- 7º posição do alfabeto / S-
19º posição do alfabeto
I - 9º posição do alfabeto / K - 11º posição do alfabeto /
Qual será a letra?

Solução: 4 em romanos é IV e 1 em inglês é ONE, logo Após a substituição observamos que a 1ª letra é a diferença
juntando os dois temos: IVONE. das outras duas:
C (3) E (5) H (8)
CONCEITOS LÓGICOS L (12) G (7) S (19)
I (9) K (11) ?
A lógica a qual conhecemos hoje foi definida por
Aristóteles, constituindo-a como uma ciência autônoma que se 8–5=3
dedica ao estudo dos atos do pensamento (Conceito, Juízo, 19 – 7 = 12
Raciocínio, Demonstração) do ponto de vista da sua estrutura ? – 11 = 9 → ? = 9 + 11 → ? = 20 = T.
ou forma lógica, sem ter em conta qualquer conteúdo material. Resposta: C.
Falar de Lógica durante séculos, era o mesmo que falar da
lógica aristotélica. Apesar dos enormes avanços da lógica, 02. (Pref. Barbacena/MG – Advogado – FCM/2016)
sobretudo a partir do século XIX, a matriz aristotélica persiste Maria tem três filhos, Bianca, Celi e João, e seis netos, Ana,
até aos nossos dias. A lógica de Aristóteles tinha objetivo André, Beth, Cláudia, Fernando e Paula. Sabe-se que:
metodológico, a qual tratava de mostrar o caminho correto Bianca tem três filhos(as).
para a investigação, o conhecimento e a demonstração Celi tem dois filhos(as).
científica. O método científico que ele preconizava assentava João tem um(a) filho(a).
nos seguintes fases: Cláudia não tem irmãos.
1. Observação de fenômenos particulares; Beth é irmã de Paula.
2. Intuição dos princípios gerais (universais) a que os André não tem irmãs.
mesmos obedeciam; Com essas informações, pode-se afirmar que Ana é
3. Dedução a partir deles das causas dos fenômenos (A) filha de Celi.
particulares. (B) prima de Beth.
(C) prima de Paula.
Por este e outros motivos Aristóteles é considerado o pai (D) filha de Bianca.
da Lógica Formal.
A lógica matemática (ou lógica formal) estuda a lógica Partindo das informações temos:
segundo a sua estrutura ou forma. A lógica matemática
consiste em um sistema dedutivo de enunciados que tem como Filhos (3) Netos (6)
objetivo criar um grupo de leis e regras para determinar a Bianca (3 filhos(as))
validade dos raciocínios. Assim, um raciocínio é considerado Maria
Celi (2 filhos (as))
válido se é possível alcançar uma conclusão verdadeira a partir
João (1 filho (a))
de premissas verdadeiras.
Em sentido mais amplo podemos dizer que a Lógica está
Netos: André e Fernando (2)
relacionado a maneira específica de raciocinar de forma
Netas: Ana, Beth, Claudia, Paula (4)
acertada, isto é, a capacidade do indivíduo de resolver
- A resposta mais direta é a de Claudia que não tem irmãos,
problemas complexos que envolvem questões matemáticas, os
logo é filha única e só pode ser filha de João.
sequências de números, palavras, entre outros e de
- Depois temos que André não tem irmãs. Logo ele pode ter
desenvolver essa capacidade de chegar a validade do seu
irmão, como só tem 2 meninos. André e Fernando são filhos de
raciocínio.
Celi.
O estudo das estruturas lógicas, consiste em aprendermos
- Observe que sobrou Ana, Beth e Paula que só podem ser
a associar determinada preposição ao conectivo
filhas de Bianca.
correspondente. Mas é necessário aprendermos alguns
Analisando as alternativas a única correta é a D.
conceitos importantes para o aprendizado.

Matemática 39
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Referências 03. Resposta: C


Se um dos números é 44, os outros nove somam 356.
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Nobel –
2002.
Dividindo 356 por 9, temos 39,9999.... Logo, podemos ver
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio lógico que não importa quais são os números, um necessariamente
passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. será menor que 40. Por isso, a afirmativa I é Verdadeira.
http://conceito.de/raciocinio-logico É possível que menos de 3 números seja menor maior que
http://www.significados.com.br/raciocinio-logico
39. Por exemplo, 100 + 100 + 100 + 40 + 10 + 2 + 2 + 1 + 1 =
356. Logo, afirmativa II é Falsa.
Questões
Como vimos, é possível que os 9 números restantes sejam
iguais a 39,999... ou seja, afirmação III é Falsa.
01. "Abaixar" está para "Curvar" assim como
Gabarito: V, F e F.
"Continuidade" está para:
(A) Intervalo
04. Resposta: A.
(B) Frequência
Seja A= Analu, B= Babalu, C= Capitu, L= Lulu e M= Marilu.
(C) Intermitência
Pelo enunciado temos:
(D) Interrupção
M>L
(E) Suspensão
L>B
A>L
02. Marcelo tinha 77 figurinhas e Paulo tinha 58. Marcelo
A>M.
deu algumas de suas figurinhas para Paulo. Depois dessa
Portanto a maior de todas é A= Analu.
doação, é possível que Marcelo e Paulo fiquem,
respectivamente, com as seguintes quantidades de figurinhas:
05. Resposta: C.
(A) 82 e 53
Se em cada lado deverá haver 20 estacas, nos quatro lados
(B) 74 e 62
do terreno deverá ter 4x20 – 4 = 76 estacas.
(C) 68 e 68
Diminuímos 4 porque contando 20 em cada lado as que
(D) 66 e 69
estão no canto (vértices) foram contadas duas vezes.
(E) 56 e 89

03. (SESAU-RO – Farmacêutico – FUNRIO/2017) A soma


de 10 números é 400. Um desses números é o 44. Assim, avalie
III - GRANDEZAS E
se as seguintes afirmativas são falsas (F) ou verdadeiras (V): MEDIDAS: estimativas e
Ao menos um dos demais 9 números é menor do que 40. noções de medições
Ao menos três números são menores ou iguais a 39.
Ao menos um dos números é menor do que 37.
As afirmativas são respectivamente: SISTEMA MÉTRICO DECIMAL E NÃO DECIMAL
(A) F, V e V.
(B) V, F e V. Sistema de Medidas Decimais
(C) V, F e F. Um sistema de medidas é um conjunto de unidades de
(D) F, V e F. medida que mantém algumas relações entre si. O sistema
(E) F, F e F. métrico decimal é hoje o mais conhecido e usado no mundo
todo. Na tabela seguinte, listamos as unidades de medida de
04. (SESAU-RO – Técnico em Informática – comprimento do sistema métrico. A unidade fundamental é o
FUNRIO/2017) Capitu é mais baixa que Marilu e é mais alta metro, porque dele derivam as demais.
que Lulu. Lulu é mais alta que Babalu mas é mais baixa que
Analu. Marilu é mais baixa que Analu. Assim, a mais alta das
cinco é:
(A) Analu.
(B) Babalu.
(C) Capitu.
(D) Lulu.
(E) Marilu. Há, de fato, unidades quase sem uso prático, mas elas têm
uma função. Servem para que o sistema tenha um padrão: cada
05. Um terreno retangular será cercado com arames e unidade vale sempre 10 vezes a unidade menor seguinte.
estacas. Quantas estacas serão necessárias se em cada lado Por isso, o sistema é chamado decimal.
terá de haver 20 delas?
(A) 80 estacas. E há mais um detalhe: embora o decímetro não seja útil na
(B) 78 estacas. prática, o decímetro cúbico é muito usado com o nome popular
(C) 76 estacas. de litro.
(D) 74 estacas. As unidades de área do sistema métrico correspondem às
(E) 72 estacas. unidades de comprimento da tabela anterior.
São elas: quilômetro quadrado (km2), hectômetro
Respostas quadrado (hm2), etc. As mais usadas, na prática, são o
quilômetro quadrado, o metro quadrado e o hectômetro
01. Resposta: B quadrado, este muito importante nas atividades rurais com o
O sinônimo de "Continuidade" é "Frequência". nome de hectare (há): 1 hm2 = 1 há.
No caso das unidades de área, o padrão muda: uma
02.Resposta: A unidade é 100 vezes a menor seguinte e não 10 vezes, como
Observe que enquanto um ganha figurinhas o outro perde, nos comprimentos. Entretanto, consideramos que o sistema
logo se Marcelo estava com 77 e foi para 82 figurinhas ele continua decimal, porque 100 = 102.
ganhou 5 figurinhas, com isso Paulo perdeu 5 figurinhas, Existem outras unidades de medida mas que não
ficando com 53. pertencem ao sistema métrico decimal. Vejamos as relações

Matemática 40
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entre algumas essas unidades e as do sistema métrico Questões


decimal (valores aproximados):
1 polegada = 25 milímetros 3
01. O suco existente em uma jarra preenchia da sua
4
1 milha = 1 609 metros
capacidade total. Após o consumo de 495 mL, a quantidade de
1 légua = 5 555 metros 1
1 pé = 30 centímetros suco restante na jarra passou a preencher da sua capacidade
5
total. Em seguida, foi adicionada certa quantidade de suco na
jarra, que ficou completamente cheia. Nessas condições, é
correto afirmar que a quantidade de suco adicionada foi igual,
em mililitros, a
(A) 580.
(B) 720.
(C) 900.
A nomenclatura é a mesma das unidades de comprimento (D) 660.
acrescidas de quadrado. (E) 840.
Agora, vejamos as unidades de volume. De novo, temos a
lista: quilômetro cúbico (km3), hectômetro cúbico (hm3), etc. 02. Em uma casa há um filtro de barro que contém, no
Na prática, são muitos usados o metro cúbico(m3) e o início da manhã, 4 litros de água. Desse filtro foram retirados
centímetro cúbico(cm3). 800 mL para o preparo da comida e meio litro para consumo
Nas unidades de volume, há um novo padrão: cada unidade próprio. No início da tarde, foram colocados 700 mL de água
vale 1000 vezes a unidade menor seguinte. Como 1000 = 103, dentro desse filtro e, até o final do dia, mais 1,2 litros foram
o sistema continua sendo decimal. utilizados para consumo próprio. Em relação à quantidade de
água que havia no filtro no início da manhã, pode-se concluir
que a água que restou dentro dele, no final do dia, corresponde
a uma porcentagem de
(A) 60%.
(B) 55%.
(C) 50%.
(D) 45%.
(E) 40%.
A noção de capacidade relaciona-se com a de volume. Se o
volume da água que enche um tanque é de 7.000 litros, 03. Admita que cada pessoa use, semanalmente, 4 bolsas
dizemos que essa é a capacidade do tanque. A unidade plásticas para embrulhar suas compras, e que cada bolsa é
fundamental para medir capacidade é o litro (l); 1l equivale a composta de 3 g de plástico. Em um país com 200 milhões de
1 dm3. pessoas, quanto plástico será utilizado pela população em um
Cada unidade vale 10 vezes a unidade menor seguinte. ano, para embrulhar suas compras? Dado: admita que o ano é
formado por 52 semanas. Indique o valor mais próximo do
obtido.
(A) 108 toneladas
(B) 107 toneladas
(C) 106 toneladas
(D) 105 toneladas
(E) 104 toneladas
O sistema métrico decimal inclui ainda unidades de Respostas
medidas de massa. A unidade fundamental é o grama(g).
01. Resposta: B.
Unidades de Massa e suas Transformações Vamos chamar de x a capacidade total da jarra. Assim:
3 1
. 𝑥 − 495 = . 𝑥
4 5

3 1
.𝑥 − . 𝑥 = 495
4 5
Dessas unidades, só têm uso prático o quilograma, o grama
e o miligrama. No dia-a-dia, usa-se ainda a tonelada (t). 5.3.𝑥 − 4.𝑥=20.495
Medidas Especiais: 20
1 Tonelada(t) = 1000 Kg
1 Arroba = 15 Kg 15x – 4x = 9900
1 Quilate = 0,2 g 11x = 9900
x = 9900 / 11
Relações entre unidades: x = 900 mL (capacidade total)
Como havia 1/5 do total (1/5 . 900 = 180 mL), a quantidade
adicionada foi de 900 – 180 = 720 mL

02. Resposta: B.
4 litros = 4000 ml; 1,2 litros = 1200 ml; meio litro = 500
ml
4000 – 800 – 500 + 700 – 1200 = 2200 ml (final do dia)
Utilizaremos uma regra de três simples:
Temos que: ml %
1 kg = 1l = 1 dm3 4000 ------- 100
1 hm2 = 1 ha = 10.000m2 2200 ------- x
1 m3 = 1000 l 4000.x = 2200 . 100 x = 220000 / 4000 = 55%

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03. Resposta: D.
4 . 3 . 200000000 . 52 = 1,248 . 1011 g = 1,248 . 105 t

MEDIDAS DE TEMPO
Logo o valor encontrado é de 50 min.
Não Decimais
Questões
Medidas de Tempo (Hora) e suas Transformações
01. Joana levou 3 horas e 53 minutos para resolver uma
prova de concurso, já Ana levou 2 horas e 25 minutos para
resolver a mesma prova. Comparando o tempo das duas
candidatas, qual foi a diferença encontrada?
(A) 67 minutos.
(B) 75 minutos.
Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que mede (C) 88 minutos.
intervalos de tempo, é o mais conhecido. A unidade utilizada (D) 91 minutos.
como padrão no Sistema Internacional (SI) é o segundo. (E) 94 minutos.
1h → 60 minutos → 3 600 segundos 02. A tabela a seguir mostra o tempo, aproximado, que um
professor leva para elaborar cada questão de matemática.
Para passar de uma unidade para a menor seguinte, Questão (dificuldade) Tempo (minutos)
multiplica-se por 60.
Fácil 8
Exemplo:
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos, quantos
minutos indica 0,3 horas? Média 10

Difícil 15
Efetuando temos: 0,3 . 60 = 1. x → x = 18 minutos.
Muito difícil 20
Concluímos que 0,3horas = 18 minutos.

- Adição e Subtração de Medida de tempo


O gráfico a seguir mostra o número de questões de
Ao adicionarmos ou subtrairmos medidas de tempo,
matemática que ele elaborou.
precisamos estar atentos as unidades. Vejamos os exemplos:

A) 1 h 50 min + 30 min

Observe que ao somar 50 + 30, obtemos 80 minutos, como


sabemos que 1 hora tem 60 minutos, temos, então O tempo, aproximado, gasto na elaboração dessas questões
acrescentamos a hora +1, e subtraímos 80 – 60 = 20 minutos, foi
é o que resta nos minutos: (A) 4h e 48min.
(B) 5h e 12min.
(C) 5h e 28min.
(D) 5h e 42min.
(E) 6h e 08min.

03. Para obter um bom acabamento, um pintor precisa dar


duas demãos de tinta em cada parede que pinta. Sr. Luís utiliza
uma tinta de secagem rápida, que permite que a segunda
Logo o valor encontrado é de 2 h 20 min. demão seja aplicada 50 minutos após a primeira. Ao terminar
a aplicação da primeira demão nas paredes de uma sala, Sr.
B) 2 h 20 min – 1 h 30 min Luís pensou: “a segunda demão poderá ser aplicada a partir
das 15h 40min.”
Se a aplicação da primeira demão demorou 2 horas e 15
minutos, que horas eram quando Sr. Luís iniciou o serviço?
Observe que não podemos subtrair 20 min de 30 min, (A) 12h 25 min
então devemos passar uma hora (+1) dos 2 para a coluna (B) 12h 35 min
minutos. (C) 12h 45 min
(D) 13h 15 min
(E) 13h 25 min
Respostas

01. Resposta: C.

Então teremos novos valores para fazermos nossa


subtração, 20 + 60 = 80:

Matemática 42
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APOSTILAS OPÇÃO

Como 1h tem 60 minutos. ∆𝑆 ∆𝑆𝑓 − ∆𝑆𝑖


𝑉𝑚 = =
Então a diferença entre as duas é de 60+28=88 minutos. ∆𝑡 ∆𝑡𝑓 − ∆𝑡𝑖

02. Resposta: D. Ou seja, a variação da distância ΔS (final menos inicial)


T = 8 . 4 + 10 . 6 + 15 . 10 + 20 . 5 = dividido por Δt, variação do tempo (final menos inicial).
= 32 + 60 + 150 + 100 = 342 min Montando de acordo com as informações do enunciado
Fazendo: 342 / 60 = 5 h, com 42 min (resto) temos:
ΔS = 300 Km
03. Resposta: B. Δt = 12 – 7 = 5 horas de percurso.
15 h 40 – 2 h 15 – 50 min = 12 h 35min Então:
300
Medidas de Ângulos e suas Transformações 𝑉𝑚 = = 60𝑘𝑚/ℎ
5

Transformando para m/s teremos apenas que dividir por


3,6:
60 : 3,6 = 16,67 m/s

CALENDÁRIOS

Pode-se dizer que Calendário visa atender diversas


necessidades tanto civis quanto religiosas, além disso, temos
Para medir ângulos, também temos um sistema não as divisões do ano:
decimal. Nesse caso, a unidade básica é o grau. Na astronomia, Um ano possui 365 dias (modo padronizado, lembre-se
na cartografia e na navegação são necessárias medidas que temos o ano bissexto) divididos em semanas de 7 dias,
inferiores a 1º. Temos, então: assim um ano possui 52 semanas mais 1 dia, com isso lembre-
se que se uma determinado ano começa em uma terça-feira no
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’) ano seguinte começará em uma quarta-feira (se não for
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”) bissexto).
O primeiro dia da semana é o domingo e encerra-se no
Os minutos e os segundos dos ângulos não são, é claro, os sábado (sétimo dia da semana).
mesmos do sistema de tempo – hora, minuto e segundo. Há O ano é dividido em 12 meses:
uma coincidência de nomes, mas até os símbolos que os Janeiro: 31 dias.
indicam são diferentes: Fevereiro: 28 dias (em ano bissexto possui 29 dias).
Março: 31 dias.
1h 32min 24s é um intervalo de tempo ou um instante Abril: 30 dias.
do dia. Maio: 31 dias.
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. Junho: 30 dias.
Julho: 31 dias.
Por motivos óbvios, cálculos no sistema hora – minuto – Agosto: 31 dias.
segundo são similares a cálculos no sistema grau – minuto – Setembro: 30 dias.
segundo, embora esses sistemas correspondam a grandezas Outubro: 31 dias.
distintas. Novembro: 30 dias.
Dezembro: 31 dias.
UNIDADES DE MEDIDA – VELOCIDADE Lembre-se: 1 dia possui 24 horas, 1 hora possui 60
minutos e 1 minuto possui 60 segundos.
A velocidade de um corpo é dada pela relação entre o
deslocamento de um corpo em determinado tempo. Pode Um ano bissexto é o nome dado ao ano que possui 366 dias
ser considerada a grandeza que mede o quão rápido um corpo (52 semanas mais 2 dias). O ano bissexto foi criado para
se desloca. ajustar o calendário pois um ano não possui exatamente 365
Segundo o S.I (Sistema Internacional de medidas) as dias e sim 365 dias e 6 horas aproximadamente, e se não
unidades mais utilizadas para se medir a velocidade é Km/h houvesse este ajuste as datas não cairiam nas mesmas épocas
(Quilômetro por hora) e o m/s (metro por segundo). e estações naturais (primavera, verão, outono e inverno).

Quando ouvimos que carro se desloca a uma velocidade de Regras do ano bissexto.
20 km/h, isto significa que ele percorre 20 km em 1 hora.
Muitas questões pedem para que passemos de km/h para Ocorre de 4 em 4 anos.
m/s, para efetuarmos essa transformação, basta utilizarmos o De 100 em 100 anos não é bissexto.
que segue na figura abaixo: De 400 em 400 anos é bissexto.
A ordem prevalece das últimas para as primeiras.
Por exemplo, 1600 foi um ano bissexto pois é múltiplo de
400, 1500 não foi um ano bissexto pois é múltiplo de 100, 2008
foi um ano bissexto pois é múltiplo de 4.

Concluindo:
Exemplo: - 1 ano tem 365 a 366(bissexto) dias;
Um carro se desloca de Florianópolis – SC a Curitiba – PR. - 1 ano está dividido em 12 meses;
Sabendo que a distância entre as duas cidades é de 300 km e - 1 mês tem de 30 a 31 dias, exceto fevereiro;
que o percurso iniciou as 7 horas e terminou ao meio dia, - 1 dia tem 24 horas.
calcule a velocidade média do carro durante a viagem, em m/s.
A velocidade média é dada por:

Matemática 43
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APOSTILAS OPÇÃO

Questões Seguindo a sequência dos dias da semana, temos que


enumera-los agora para trás:
01 . (IBGE - CESGRANRIO) Depois de amanhã é segunda-
feira, então, ontem foi Ontem Hoje Amanhã Depois de Amanhã
(A) terça-feira. Sexta Sábado Domingo Segunda
(B) quarta-feira.
(C) quinta-feira.
(D) sexta-feira.
(E) sábado Com isso concluímos que ontem é sexta-feira.
02. (TRT 18 – Técnico Judiciário – Área Administrativa 02. Resposta: D.
- FCC) A audiência do Sr. José estava marcada para uma Vamos dividir os 100 dias pela quantidade de dias da
segunda-feira. Como ele deixou de apresentar ao tribunal uma semana(7) 100 dias /7 = 14 semanas + 2 dias. Obtemos 14
série de documentos, o juiz determinou que ela fosse semanas e 2 dias (resto da divisão). Como após uma semana é
remarcada para exatos 100 dias após a data original. A nova segunda de novo, então após 14 semanas cairá em uma
data da audiência do Sr. José cairá em uma segunda, só que como tenho +2 dias, logo:
(A) quinta-feira. Segunda-feira + 2 dias = quarta-feira.
(B) terça-feira.
(C) sexta-feira. 03. Resposta: A.
(D) quarta-feira. Se nos basearmos no calendário fiscal(4-4-5) chegamos à
(E) segunda-feira. conclusão que a única alternativa certa é a que contém
Fevereiro. Pois os meses de Janeiro e Fevereiro tem sempre 4
03. (IF/RO – Administrador – Makiyama) A Terra leva, domingos os demais nada podemos dizer pois variam de
aproximadamente, 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 acordo com o ano.
segundos para dar uma volta completa em torno do Sol. Por
isso, nosso calendário, o gregoriano, tem 365 dias divididos em 04. Resposta: B.
12 meses. Assim, a cada 4 anos, um dia é acrescentado ao mês Sabe-se que a cada ano todos os dias da semana
de fevereiro para compensar as horas que “sobram” e, então, apresentam 52 dias iguais. O dia da semana em que o ano se
tem-se um ano bissexto. Em um ano não bissexto, três meses inicia aparece por 53 vezes. Logo, se 2014 iniciou numa
consecutivos possuem exatamente 4 domingos cada um. Logo, quarta-feira em 2014 teremos 53 quartas feiras, 52 segundas
podemos afirmar que: feiras e 52 sextas feiras.
(A) Um desses meses é fevereiro. O ano de 2015 se iniciará numa quinta-feira. Logo, teremos
(B) Dois desses devem ter 30 dias. 52 quartas feiras, 52 segundas feiras e 52 sextas feiras.
(C) Um desses meses deve ser julho ou agosto. Resumindo, teremos: 53 + (5x52) = 53 + 260 = 313.
(D) Um desses meses deve ser novembro ou dezembro.
(E) Dois desses meses devem ter 31 dias.
IV - ESPAÇO E FORMA:
04. (TRT/2ª Região – Técnico Judiciário – Área
Administrativa - FCC) Um jogo eletrônico fornece, uma vez deslocamentos e movimentos
por dia, uma arma secreta que pode ser usada pelo jogador no plano e no espaço
para aumentar suas chances de vitória. A arma é recebida
mesmo nos dias em que o jogo não é acionado, podendo ficar
acumulada. A tabela mostra a arma que é fornecida em cada ÂNGULOS
dia da semana.
Dia da semana Arma secreta fornecida Ângulo: É uma região limitada por duas semirretas de
pelo jogo mesma origem.
2ªs, 4ªs e 6ªs feiras Bomba colorida
3ªs feiras Doce listrado Elementos de um ângulo:
5ªs feiras Bala de goma ⃗⃗⃗⃗⃗ e 𝑂𝐵
- LADOS: são as duas semirretas 𝑂𝐴 ⃗⃗⃗⃗⃗ .
Domingos Rosquinha gigante -VÉRTICE: é o ponto de intersecção das duas semirretas,
no exemplo o ponto O.
Considerando que o dia 1º de janeiro de 2014 foi uma 4ª
feira e que tanto 2014 quanto 2015 são anos de 365 dias, o
total de bombas coloridas que um jogador terá recebido no
biênio formado pelos anos de 2014 e 2015 é igual a
(A) 312.
(B) 313.
(C) 156.
(D) 157.
(E) 43.
Respostas
01. Resposta: D.
Vamos enumerar os dias para que possamos ter a Ângulo Central:
verdadeira noção do dia que estamos e do dia que queremos. - Da circunferência: é o ângulo cujo vértice é o centro da
Temos a informação que Depois de amanhã é segunda e que circunferência;
precisamos saber o dia de ontem, no esquema abaixo temos - Do polígono: é o ângulo, cujo vértice é o centro do
uma maneira de visualizar melhor o que queremos: polígono regular e cujos lados passam por vértices
consecutivos do polígono.
Ontem Hoje Amanhã Depois de Amanhã
Segunda

Matemática 44
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APOSTILAS OPÇÃO

Ângulo Circunscrito: É o ângulo, cujo vértice não Então, se x e y são dois ângulos, temos:
pertence à circunferência e os lados são tangentes a ela. - se x + y = 90° → x e y são Complementares.
- se x + y = 180° → e y são Suplementares.
- se x + y = 360° → x e y são Replementares.

Ângulos Congruentes: São ângulos que possuem a mesma


medida.

Ângulo Inscrito: É o ângulo cujo vértice pertence a uma


circunferência.

Ângulos Opostos pelo Vértice: Dois ângulos são opostos


pelo vértice se os lados de um são as respectivas semirretas
opostas aos lados do outro.
Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do que
90º.

Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que


90º.

Ângulo Raso: Ângulos consecutivos: são ângulos que tem um lado em


- É o ângulo cuja medida é 180º; comum.
- É aquele, cujos lados são semirretas opostas.
Ângulos adjacentes: são ângulos consecutivos que não
Ângulo Reto: tem ponto interno em comum.
- É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendiculares.

̂ B e BO
- Os ângulos AO ̂ C, AO
̂ B e AO
̂ C, BO
̂ C e AO
̂ C são pares
de ângulos consecutivos.
̂ B e BO
- Os ângulos AO ̂ C são ângulos adjacentes.
Ângulos Complementares: Dois ângulos são
0
complementares se a soma das suas medidas é 90 . Unidades de medida de ângulos:
Grado: (gr.): dividindo a circunferência em 400 partes
iguais, a cada arco unitário que corresponde a 1/400 da
circunferência denominamos de grado.
Grau: (º): dividindo a circunferência em 360 partes iguais,
cada arco unitário que corresponde a 1/360 da circunferência
denominamos de grau.
- o grau tem dois submúltiplos: minuto e segundo. E temos
que 1° = 60’ (1 grau equivale a 60 minutos) e 1’ = 60” (1 minuto
Ângulos Replementares: Dois ângulos são ditos equivale a 60 segundos).
0
replementares se a soma das suas medidas é 360 .
Questões

01. As retas f e g são paralelas (f // g). Determine a medida


do ângulo â, nos seguintes casos:

a)
Ângulos Suplementares: Dois ângulos são ditos
suplementares se a soma das suas medidas de dois ângulos é
180º.

Matemática 45
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APOSTILAS OPÇÃO

b)
03. Respostas:
a) 160° - 3x = x + 100°
160° - 100° = x + 3x → 60° = 4x
x = 60°/4 → x = 15°
Então 15°+100° = 115° e 160°-3*15° = 115°

b) 6x + 15° + 2x + 5º = 180°
6x + 2x = 180° -15° - 5° → 8x = 160° → x = 160°/8
x = 20°
02. As retas a e b são paralelas. Quanto mede o ângulo î? Então, 6*20°+15° = 135° e 2*20°+5° = 45°

c) Sabemos que a figura tem 90°.


Então x + (x + 10°) + (x + 20°) + (x + 20°) = 90°
4x + 50° = 90° → 4x = 40° → x = 40°/4 → x = 10°

d) Sabemos que os ângulos laranja + verde formam 180°,


pois são exatamente a metade de um círculo.
03. Obtenha as medidas dos ângulos assinalados:
Então, 138° + x = 180° → x = 180° - 138° → x = 42°
a)
Logo, o ângulo x mede 42°.

PONTO – RETA E PLANO

Ao estudo das figuras em um só plano chamamos de


Geometria Plana.
A Geometria estuda, basicamente, os três princípios
b) fundamentais (ou também chamados de “entes primitivos”)
que são: Ponto, Reta e Plano. Estes três princípios não tem
definição e nem dimensão (tamanho).
Para representar um ponto usamos. e para dar nome
usamos letras maiúsculas do nosso alfabeto. Exemplo: . A
c) (ponto A).
Para representar uma reta usamos ↔ e para dar nome
usamos letras minúsculas do nosso alfabeto ou dois pontos por
onde esta reta passa.
⃡⃗⃗⃗⃗ ).
Exemplo: t ( reta t ou reta 𝐴𝐵

d)

Para representar um plano usamos uma figura chamada


paralelogramo e para dar nome usamos letras minúsculas do
alfabeto grego (α, β, π, θ,....).
Exemplo:

Respostas

01. Respostas:
Semi plano: toda reta de um plano que o divide em outras
a) 55˚
duas porções as quais denominamos de semi plano. Observe a
b) 74˚
figura:
02. Resposta: 130.
Imagine uma linha cortando o ângulo î, formando uma
linha paralela às retas "a" e "b".
Fica então decomposto nos ângulos ê e ô.

Partes de uma reta


Estudamos, particularmente, duas partes de uma reta:
- Semirreta: é uma parte da reta que tem origem em um
ponto e é infinita.
Exemplo: (semirreta ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐴𝐵), tem origem em A e passa por B.

Sendo assim, ê = 80° e ô = 50°, pois o ângulo ô é igual ao


complemento de 130° na reta b.
Logo, î = 80° + 50° = 130°.

Matemática 46
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APOSTILAS OPÇÃO

- Segmento de reta: é uma parte finita (tem começo e fim) Ângulos colaterais internos: (colaterais = mesmo lado)
da reta.
̅̅̅̅ ).
Exemplo: (segmento de reta 𝐴𝐵

Observação: ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐴𝐵 ≠ ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐵𝐴 e ̅̅̅̅
𝐴𝐵 = ̅̅̅̅
𝐵𝐴.

POSIÇÃO RELATIVA ENTRE RETAS A soma dos ângulos 4 e 5 é igual a 180°.


- Retas concorrentes: duas retas são concorrentes
quando se interceptam em um ponto. Observe que a figura
abaixo as retas c e d se interceptam no ponto B.

A soma dos ângulos 3 e 6 é igual a 180°

- Retas paralelas: são retas que por mais que se Ângulos colaterais externos:
prolonguem nunca se encontram, mantêm a mesma distância
e nunca se cruzam. O ângulo de inclinação de duas ou mais
retas paralelas em relação a outra é sempre igual. Indicamos
retas paralelas a e b por a // b.

A soma dos ângulos 2 e 7 é igual a 180°


- Retas coincidentes: duas retas são coincidentes se
pertencem ao mesmo plano e possuem todos os pontos em
comum.

- Retas perpendiculares: são retas concorrentes que se A soma dos ângulos 1 e 8 é igual a 180°
cruzam num ponto formando entre si ângulos de 90º ou seja
ângulos retos. Ângulos alternos internos: (alternos = lados diferentes)

Os ângulos 4 e 6 são congruentes (iguais)

Ângulos formados por duas retas paralelas com uma


transversal
Lembre-se: Retas paralelas são retas que estão no mesmo
plano e não possuem ponto em comum.
Vamos observar a figura abaixo: Os ângulos 3 e 5 são congruentes (iguais)

Ângulos alternos externos:

Os ângulos 1 e 7 são congruentes (iguais)

Matemática 47
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APOSTILAS OPÇÃO

02. O valor de x na figura seguinte, em graus, é:

(A) 32°
Os ângulos 2 e 8 são congruentes (iguais) (B) 32° 30’
(C) 33°
Ângulos correspondentes: são ângulos que ocupam uma (D) 33° 30’
mesma posição na reta transversal, um na região interna e o (E) 34°
outro na região externa.
̂ é reto, o valor
03. Na figura abaixo, sabendo que o ângulo A
de 𝛼 é:

Os ângulos 1 e 5 são congruentes (iguais)


(A) 20°
(B) 30°
(C) 40°
(D) 50°
(E) 60°
Respostas

01. Resposta: E.
Na figura, os ângulos assinalados são correspondentes,
os ângulos 2 e 6 são congruentes (iguais)
portanto são iguais.

x + 2x + 30° = 180°
os ângulos 3 e 7 são congruentes (iguais) 3x = 180°- 30°
3x = 150°
x = 150° : 3
x = 50°

02. Resposta: B.
Na figura dada os ângulos 47° e 2x – 18° são
correspondentes e, portanto tem a mesma medida, então:
2x – 18° = 47° → 2x = 47° + 18° → 2x = 65° → x = 65°: 2

os ângulos 4 e 8 são congruentes (iguais)

Questões

01. Na figura abaixo, o valor de x é:


x = 32° 30’

03. Resposta: C.
Precisamos traçar uma terceira reta pelo vértice A paralela
às outras duas.

(A) 10°
(B) 20°
(C) 30°
(D) 40°
(E) 50°

Os ângulos são dois a dois iguais, portanto 𝛼 = 40°

Matemática 48
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APOSTILAS OPÇÃO

POLÍGONOS 4 – Soma dos ângulos externos: para qualquer polígono o


valor da soma dos ângulos externos é uma constante, isto é, Se
Um polígono é uma figura geométrica fechada, simples, = 360°.
formada por segmentos consecutivos e não colineares.
Polígonos Regulares: um polígono é chamado de regular
Elementos de um polígono quando tem todos os lados congruentes (iguais) e todos os
ângulos congruentes. Exemplo: o quadrado tem os 4 lados
iguais e os 4 ângulos de 90°, por isso é um polígono regular. E
para polígonos regulares temos as seguintes fórmulas, além
das quatro acima:

(𝐧−𝟐).𝟏𝟖𝟎° 𝐒
1 – Ângulo interno: 𝐚𝐢 = ou 𝐚𝐢 = 𝐢.
𝐧 𝐧

𝟑𝟔𝟎° 𝐒
2 - Ângulo externo: 𝐚𝐞 = ou 𝐚𝐞 = 𝐞.
𝐧 𝐧

Semelhança de Polígonos: Dois polígonos são


Um polígono possui os seguintes elementos: semelhantes quando os ângulos correspondentes são
congruentes e os lados correspondentes são proporcionais.
- Lados: cada um dos segmentos de reta que une vértices
̅̅̅̅, BC
̅̅̅̅, CD
̅̅̅̅, DE ̅̅̅̅.
̅̅̅̅ e AE Vejamos:
consecutivos: AB

- Vértices: ponto de intersecção de dois lados consecutivos:


A, B, C, D e E.

- Diagonais: Segmentos que unem dois vértices não


̅̅̅̅, AD
consecutivos: AC ̅̅̅̅, BD ̅̅̅̅ e BE
̅̅̅̅, CE ̅̅̅̅.

- Ângulos internos: ângulos formados por dois lados


Fonte: http://www.somatematica.com.br
consecutivos (assinalados em azul na figura): , , ,
1) Os ângulos correspondentes são congruentes:
, .

- Ângulos externos: ângulos formados por um lado e pelo


2) Os lados correspondentes (homólogos) são
prolongamento do lado a ele consecutivo (assinalados em
proporcionais:
vermelho na figura): , , , , . 𝐴𝐵 𝐵𝐶 𝐶𝐷 𝐷𝐴
= = = 𝑜𝑢
𝐴′𝐵′ 𝐵′𝐶′ 𝐶′𝐷′ 𝐷′𝐴′
Classificação: os polígonos são classificados de acordo
com o número de lados, conforme a tabela abaixo. 3,8 4 2,4 2
= = =
N° de lados Nome 5,7 6 3,6 3
3 Triângulo
4 Quadrilátero Podemos dizer que os polígonos são semelhantes. Mas
5 Pentágono a semelhança só será válida se ambas condições existirem
6 Hexágono simultaneamente.
7 Heptágono
8 Octógono A razão entre dois lados correspondentes em polígonos
semelhante denomina-se razão de semelhança, ou seja:
9 Eneágono
𝐴𝐵 𝐵𝐶 𝐶𝐷 𝐷𝐴 2
10 Decágono = = = = 𝑘 , 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑘 =
𝐴′𝐵′ 𝐵′𝐶′ 𝐶′𝐷′ 𝐷′𝐴′ 3
11 Undecágono
12 Dodecágono Questões
15 Pentadecágono
20 Icoságono 01. A soma dos ângulos internos de um heptágono é:
(A) 360°
(B) 540°
Fórmulas: na relação de fórmulas abaixo temos a letra n
(C) 1400°
que representa o números de lados ou de ângulos ou de
(D) 900°
vértices de um polígonos, pois um polígono de 5 lados tem
(E) 180°
também e vértices e 5 ângulos.
02. Qual é o número de diagonais de um icoságono?
1 – Diagonais de um vértice: dv = n – 3.
(A) 20
(𝐧−𝟑).𝐧 (B) 70
2 - Total de diagonais: 𝐝 = . (C) 160
𝟐
(D) 170
3 – Soma dos ângulos internos: Si = (n – 2).180°. (E) 200

Matemática 49
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APOSTILAS OPÇÃO

03. O valor de x na figura abaixo é: III) Hexágono Regular

Questões

01. O apótema de um hexágono regular inscrito numa


(A) 80° circunferência de raio 8 cm, vale, em centímetros:
(B) 90° (A) 4
(C) 100° (B) 4√3
(D) 70° (C) 8
(E) 50° (D) 8√2
(E) 12
Respostas
02. O apótema de um triângulo equilátero inscrito em uma
01. Resposta: D. circunferência mede 10 cm, o raio dessa circunferência é:
Heptágono (7 lados) → n = 7 (A) 15 cm
Si = (n – 2).180° (B) 10 cm
Si = (7 – 2).180° (C) 8 cm
Si = 5.180° = 900° (D) 20 cm
(E) 25 cm
02. Resposta: D.
Icoságono (20 lados) → n = 20 03. O apótema de um quadrado mede 6 dm. A medida do
raio da circunferência em que esse quadrado está inscrito, em
𝑑=
(𝑛−3).𝑛 dm, vale:
2
(A) 4√2 dm
(20−3).20 (B) 5√2 dm
𝑑= = 17.10
2 (C) 6√2 dm
(D) 7√2 dm
d = 170
(E) 8√2 dm
Respostas
03. Resposta: A.
A soma dos ângulos internos do pentágono é:
01. Resposta: B.
Si = (n – 2).180º
Basta substituir r = 8 na fórmula do hexágono
Si = (5 – 2).180º
𝑟√3 8√3
Si = 3.180º → Si = 540º 𝑎= →𝑎 = = 4√3 cm
2 2
540º = x + 3x / 2 + x + 15º + 2x – 20º + x + 25º
540º = 5x + 3x / 2 + 20º 02. Resposta: D.
520º = 10x + 3x / 2 Basta substituir a = 10 na fórmula do triangulo equilátero.
1040º = 13x 𝑟 𝑟
𝑎 = → 10 = → r = 2.10 → r = 20 cm
X = 1040º / 13 → x = 80º 2 2

03. Resposta: C.
POLÍGONOS REGULARES Sendo a = 6, temos:
Todo polígono regular pode ser inscrito em uma 𝑟√2
𝑎=
circunferência. E temos fórmulas para calcular o lado e o 2
𝑟√2
apótema desse triângulo em função do raio da circunferência. 6= → 𝑟√2 = 2.6 → 𝑟√2 = 12 (√2 passa dividindo)
2
Apótema e um segmento que sai do centro das figuras 12
r= (temos que racionalizar, multiplicando em cima e
√2
regulares e divide o lado em duas partes iguais.
em baixo por √2)

I) Triângulo Equilátero: 12.√2 12√2


𝑟= →𝑟 = → 𝑟 = 6√2 dm
√2.√2 2

RAZÃO ENTRE ÁREAS

- Razão entre áreas de dois triângulos semelhantes

II) Quadrado:

Vamos chamar de S1 a área do triângulo ABC = S1 e de S2


a do triângulo A’B’C’ = S2

𝑏1 ℎ1
Δ ABC ~ Δ A’B’C’ → = = 𝑘 (𝑟𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑚𝑒𝑙ℎ𝑎𝑛ç𝑎)
𝑏2 ℎ2

Matemática 50
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APOSTILAS OPÇÃO
𝑏.ℎ - “Em todo triângulo retângulo o quadrado da hipotenusa
Sabemos que a área do triângulo é dada por 𝑆 =
2
é igual à soma dos quadrados dos catetos”.
Aplicando as razões temos que:
𝑏1. ℎ1 a2 = b2 + c2
𝑆1 𝑏1 ℎ1 𝑆1
= 2 = . = 𝑘. 𝑘 = 𝑘 2 → = 𝑘2 Questões
𝑆2 𝑏2. ℎ2 𝑏2 ℎ2 𝑆2
2
01. Millôr Fernandes, em uma bela homenagem à
A razão entre as áreas de dois triângulos semelhantes Matemática, escreveu um poema do qual extraímos o
é igual ao quadrado da razão de semelhança. fragmento abaixo:
Às folhas tantas de um livro de Matemática, um Quociente
- Razão entre áreas de dois polígonos semelhantes apaixonou-se um dia doidamente por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a do Ápice à Base:
uma figura Ímpar; olhos romboides, boca trapezoide, corpo
retangular, seios esferoides.
Fez da sua uma vida paralela à dela, até que se
encontraram no Infinito.
“Quem és tu” – indagou ele em ânsia Radical.
“Sou a soma dos quadrados dos catetos. Mas pode me
chamar de Hipotenusa.” (Millôr Fernandes – Trinta Anos de
Área de ABCDE ... MN = S1 Área de A’B’C’D’ ... Mim Mesmo).
M’N’ = S2 A Incógnita se enganou ao dizer quem era. Para atender ao
Teorema de Pitágoras, deveria dar a seguinte resposta:
ABCDE ... MN = S1 ~ A’B’C’D’ ... M’N’ = S2 → ΔABC ~ ΔA’B’C’ (A) “Sou a soma dos catetos. Mas pode me chamar de
e ΔACD ~ ΔAMN → Hipotenusa.”
𝐴𝐵 𝐵𝐶 𝑀𝑁 (B) “Sou o quadrado da soma dos catetos. Mas pode me
= = ⋯ = ′ ′ = 𝑘 (𝑟𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑚𝑒𝑙ℎ𝑎𝑛ç𝑎)
𝐴′𝐵′ 𝐵′ 𝐶 ′ 𝑀𝑁 chamar de Hipotenusa.”
(C) “Sou o quadrado da soma dos catetos. Mas pode me
Fazendo: chamar de quadrado da Hipotenusa.”
(D) “Sou a soma dos quadrados dos catetos. Mas pode me
Área ΔABC = t1, Área ΔACD = t2, ..., Área ΔAMN = tn-2 chamar de quadrado da Hipotenusa.”
(E) Nenhuma das anteriores.
Área ΔA’B’C’ = T1, Área ΔA’C’D’ = T2, ..., Área ΔA’M’N’ = Tn-2
02. Um barco partiu de um ponto A e navegou 10 milhas
Anteriormente vimos que: para o oeste chegando a um ponto B, depois 5 milhas para o
𝑡𝑖 sul chegando a um ponto C, depois 13 milhas para o leste
= 𝑘 2 → 𝑡𝑖 = 𝑘 2 𝑇𝑖 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑖 = 1,2,3, … , 𝑛 − 2
𝑇𝑖 chagando a um ponto D e finalmente 9 milhas para o norte
chegando a um ponto E. Onde o barco parou relativamente ao
Então: ponto de partida?
(A) 3 milhas a sudoeste.
𝑆1 𝑡1 + 𝑡2 + 𝑡3 + ⋯ + 𝑡𝑛−2 𝑆1 (B) 3 milhas a sudeste.
= → = 𝑘2
𝑆2 𝑇1 + 𝑇2 + 𝑇3 + ⋯ + 𝑇𝑛−2 𝑆2 (C) 4 milhas ao sul.
(D) 5 milhas ao norte.
A razão entre as áreas de dois polígonos semelhantes é (E) 5 milhas a nordeste.
igual ao quadrado da razão de semelhança.
03. Em um triângulo retângulo a hipotenusa mede 13 cm e
Observação: A propriedade acima é extensiva a quaisquer um dos catetos mede 5 cm, qual é a medida do outro cateto?
superfícies semelhantes e, por isso, vale (A) 10
(B) 11
A razão entre as áreas de duas superfícies (C) 12
semelhantes é igual ao quadrado da razão de (D) 13
semelhança. (E) 14
Respostas
Referências
DOLCE, Osvaldo; POMPEO, José Nicolau – Fundamentos da Matemática – 01. Resposta: D.
Vol. 09 – Geometria Plana – 7ª edição – Editora Atual
www.somatematica.com.br
02. Resposta: E.
TEOREMA DE PITÁGORAS

Em todo triângulo retângulo, o maior lado é chamado de


hipotenusa e os outros dois lados são os catetos.

x2 = 32 + 42
x2 = 9 + 16
x2 = 25
x = √25 = 5

Matemática 51
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APOSTILAS OPÇÃO

03. Resposta: C. Respostas


132 = x2 + 52
169 = x2 + 25 01. Resposta: 𝟐√𝟏𝟑
169 – 25 = x2 2𝑥
Do enunciado se um cateto é x o outro é , e em um
x2 = 144 3
triângulo retângulo para calcular a área, uma cateto é a base e
x = √144 = 12 cm 𝑏.ℎ
o outro é a altura, e a fórmula da área é 𝐴 = , então:
2
RELAÇÕES MÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO A = 12
2𝑥
𝑥.
3
= 12
Na figura abaixo temos um triângulo retângulo cuja 2
hipotenusa é a base e h é a altura relativa a essa hipotenusa:
2𝑥 2
= 12 → 2x2 = 12.6 → 2x2 = 72 → x2 = 72 : 2
6

x2 = 36 → 𝑥 = √36 = 6

2.6
Uma cateto mede 6 e o outro = 4, pelo teorema de
3
Sendo: Pitágoras, sendo a a hipotenusa:
A= hipotenusa a2 = 6 2 + 4 2
b e c = catetos a2 = 36 + 16
h= altura a2 = 52
m e n = projeções do catetos
𝑎 = √52
Por semelhança de triângulos temos quatro relações
métricas válidas somente para triângulos retângulos que são: 𝑎 = √13.4
𝑎 = 2√13
I) Teorema de Pitágoras: O quadrado da hipotenusa é
igual à soma dos quadrados dos catetos. 02. Resposta: A.
HIP2 = CAT2 + CAT2 Pelo teorema de Pitágoras:
̅̅̅̅ 2 = 242 + 182
𝐴𝐶
II) O quadrado de um cateto é igual ao produto da ̅̅̅̅ 2 = 576 + 324
𝐴𝐶
hipotenusa pela projeção do cateto. ̅̅̅̅
𝐴𝐶 2 = 900
CAT2 = HIP.PROJ ̅̅̅̅
𝐴𝐶 = √900
̅̅̅̅ = 30
𝐴𝐶
III) O quadrado da altura é igual ao produto das projeções
dos catetos. 03. Resposta 8 cm
ALT2 = PROJ.PROJ Do enunciado um cateto mede 6 cm e a hipotenusa 10 cm,
pelo teorema de Pitágoras:
IV) O produto da hipotenusa pela altura é igual ao produto 102 = x2 + 62
dos catetos. 100 = x2 + 36
HIP.ALT = CAT.CAT 100 – 36 = x2
x2 = 64
Questões x = √64
x = 8 cm
01. A área de um triângulo retângulo é 12 dm2. Se um dos
catetos é 2/3 do outro, calcule a medida da hipotenusa desse PERÍMETRO E ÁREA DAS FIGURAS PLANAS
triângulo.
Perímetro: é a soma de todos os lados de uma figura plana.
02. (UEL) Pedrinho não sabia nadar e queria descobrir a Exemplo:
medida da parte mais extensa (AC) da "Lagoa Funda". Depois
de muito pensar, colocou 3 estacas nas margens da lagoa,
esticou cordas de A até B e de B até C, conforme figura abaixo.
Medindo essas cordas, obteve: AB = 24 m e BC = 18 m.
Usando seus conhecimentos matemáticos, Pedrinho concluiu
que a parte mais extensa da lagoa mede:

Perímetros de algumas das figuras planas:

(A) 30
(B) 28
(C) 26
(D) 35
(E) 42

03. Em um triângulo retângulo a hipotenusa mede 10 cm e


um dos catetos mede 6 cm, pede-se determinar as medidas do
outro cateto, a altura e as projeções dos catetos. Área é a medida da superfície de uma figura plana.

Matemática 52
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APOSTILAS OPÇÃO

A unidade básica de área é o m2 (metro quadrado), isto é,


uma superfície correspondente a um quadrado que tem 1 m de
lado.

V) circunferência inscrita:
Fórmulas de área das principais figuras planas:

1) Retângulo
- sendo b a base e h a altura:

VI) circunferência circunscrita:

2. Paralelogramo
- sendo b a base e h a altura:

Questões

3. Trapézio 01. A área de um quadrado cuja diagonal mede 2√7 cm é,


- sendo B a base maior, b a base menor e h a altura: em cm2, igual a:
(A) 12
(B) 13
(C) 14
(D) 15
(E) 16
4. Losango
- sendo D a diagonal maior e d a diagonal menor: 02. Corta-se um arame de 30 metros em duas partes. Com
cada uma das partes constrói-se um quadrado. Se S é a soma
das áreas dos dois quadrados, assim construídos, então o
menor valor possível para S é obtido quando:
(A) o arame é cortado em duas partes iguais.
(B) uma parte é o dobro da outra.
5. Quadrado (C) uma parte é o triplo da outra.
- sendo l o lado: (D) uma parte mede 16 metros de comprimento.

03. Um grande terreno foi dividido em 6 lotes retangulares


congruentes, conforme mostra a figura, cujas dimensões
indicadas estão em metros.
6. Triângulo: essa figura tem 6 fórmulas de área,
dependendo dos dados do problema a ser resolvido.

I) sendo dados a base b e a altura h:

Sabendo-se que o perímetro do terreno original, delineado


em negrito na figura, mede x + 285, conclui-se que a área total
II) sendo dados as medidas dos três lados a, b e c: desse terreno é, em m2, igual a:
(A) 2 400.
(B) 2 600.
(C) 2 800.
(D) 3000.
(E) 3 200.
III) sendo dados as medidas de dois lados e o ângulo Respostas
formado entre eles:
01.Resposta: C.
Sendo l o lado do quadrado e d a diagonal:

IV) triângulo equilátero (tem os três lados iguais):

Matemática 53
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APOSTILAS OPÇÃO

Utilizando o Teorema de Pitágoras: 2𝜇𝑟


a é o apótema), temos para a área do círculo 𝐴 = . 𝑟, então
2
d2 = l2 + l2 temos:
2
(2√7) = 2l2
4.7 = 2l2
2l2 = 28
28
l2 =
2
A = 14 cm2
II- Coroa circular:
02. Resposta: A. É uma região compreendida entre dois círculos
- um quadrado terá perímetro x concêntricos (tem o mesmo centro). A área da coroa circular é
x
o lado será l = e o outro quadrado terá perímetro 30 – x igual a diferença entre as áreas do círculo maior e do círculo
4
30−x menor. A = 𝜋R2 – 𝜋r2, como temos o 𝜋 como fator comum,
o lado será l1 = , sabendo que a área de um quadrado podemos colocá-lo em evidência, então temos:
4
é dada por S = l2, temos:
S = S1 + S2
S=l²+l1²
x 2 30−x 2
S=( ) +( )
4 4
x2 (30−x)2
S= + , como temos o mesmo denominador 16:
16 16

x 2 + 302 − 2.30. x + x 2 III- Setor circular:


S= É uma região compreendida entre dois raios distintos de
16
x 2 + 900 − 60x + x 2 um círculo. O setor circular tem como elementos principais o
S= raio r, um ângulo central 𝛼 e o comprimento do arco l, então
16
2x2 60x 900 temos duas fórmulas:
S= − + ,
16 16 16

sendo uma equação do 2º grau onde a = 2/16; b = -60/16


e c = 900/16 e o valor de x será o x do vértice que e dado pela
−b
fórmula: x = , então:
2a

−60 60
−( )
xv = 16 = 16
2 4 IV- Segmento circular:
2. 16
16 É uma região compreendida entre um círculo e uma corda
60 16 60
xv = . = = 15, (segmento que une dois pontos de uma circunferência) deste
16 4 4
círculo. Para calcular a área de um segmento circular temos
logo l = 15 e l1 = 30 – 15 = 15. que subtrair a área de um triângulo da área de um setor
circular, então temos:
03. Resposta: D.
Observando a figura temos que cada retângulo tem lados
medindo x e 0,8x:
Perímetro = x + 285
8.0,8x + 6x = x + 285
6,4x + 6x – x = 285
11,4x = 285
x = 285:11,4
x = 25
Sendo S a área do retângulo:
S= b.h Questões
S= 0,8x.x
S = 0,8x2 01. A figura abaixo mostra três círculos, cada um com 10
Sendo St a área total da figura: cm de raio, tangentes entre si.
St = 6.0,8x2
St = 4,8.252
St = 4,8.625
St = 3000

ÁREA DO CIRCULO E SUAS PARTES Considerando √3 ≅ 1,73 e 𝜋 ≅ 3,14, o valor da área


sombreada, em cm2, é:
I- Círculo: (A) 320.
Quem primeiro descreveu a área de um círculo foi o (B) 330.
matemático grego Arquimedes (287/212 a.C.), de Siracusa, (C) 340.
mais ou menos por volta do século II antes de Cristo. Ele (D) 350.
concluiu que quanto mais lados tem um polígono regular mais (E) 360.
ele se aproxima de uma circunferência e o apótema (a) deste
polígono tende ao raio r. Assim, como a fórmula da área de um 02. A área de um círculo, cuja circunferência tem
polígono regular é dada por A = p.a (onde p é semiperímetro e comprimento 20𝜋 cm, é:

Matemática 54
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APOSTILAS OPÇÃO

(A) 100𝜋 cm2. 2


4.Acirc = .Aret
5
(B) 80 𝜋 cm2.
(C) 160 𝜋 cm2. 2
(D) 400 𝜋 cm2. 4.πr2 = .496
5
992
4.3,1.r2 =
5
03. Quatro tanques de armazenamento de óleo, cilíndricos 12,4.r2 = 198,4
e iguais, estão instalados em uma área retangular de 24,8 m de r2 = 198,4 : 12, 4 → r2 = 16 → r = 4
comprimento por 20,0 m de largura, como representados na d = 2r =2.4 = 8
figura abaixo.
GEOMETRIA DE POSIÇÃO

A geometria de posição estuda os três entes primitivos da


geometria ponto, reta e plano no espaço. Temos o estudo dos
postulado, das posições relativas entre estes entes.
Na matemática nós temos afirmações que são chamadas de
postulados e outras são chamadas de teoremas.
Se as bases dos quatro tanques ocupam
2
da área Postulado: são afirmações que são aceitas sem
5 demonstração. Isto é, sabemos que são verdadeira, porém
retangular, qual é, em metros, o diâmetro da base de cada
não tem como ser demonstradas.
tanque?
Dado: use 𝜋=3,1 Teorema: são afirmações que tem demonstração.
(A) 2.
(B) 4. Estudo dos Postulados
(C) 6. Na Geometria de Posição, os postulado se dividem em
(D) 8. quatro categorias:
(E) 16.
Respostas I) Postulados da existência:

01. Resposta: B. a) No espaço existem infinitos pontos, retas e planos.


Unindo os centros das três circunferências temos um (este postulado também é chamado de postulado fundamental
triângulo equilátero de lado 2r ou seja l = 2.10 = 20 cm. Então da geometria de posição).
a área a ser calculada será:
b) Numa reta e fora dela existem infinitos pontos.

c) Num plano e fora dele existem infinitos pontos e


retas.

d) Entre dois pontos distintos, sempre existe um outro


𝐴𝑐𝑖𝑟𝑐 ponto.
𝐴 = 𝐴𝑐𝑖𝑟𝑐 + 𝐴𝑡𝑟𝑖𝑎𝑛𝑔 +
2
𝐴𝑐𝑖𝑟𝑐 II) Postulados da determinação:
𝐴= + 𝐴𝑡𝑟𝑖𝑎𝑛𝑔
2
𝜋𝑟 2 a) Dois pontos distintos determinam uma única reta.
𝐴= + 𝐴𝑡𝑟𝑖𝑎𝑛𝑔
2 (Observe que a palavra distintos esta destacada, tem que ser
distintos e não somente dois pontos).
𝜋𝑟 2 𝑙 2 √3
𝐴= +
2 4 b) Três pontos não colineares determinam um único
(3,14 ∙ 102 ) 202 ∙ 1,73
𝐴= + plano. (Observe que as palavras não colineares estão
2 4 destacadas, tem que ser não colineares e não somente três
400 ∙ 1,73
𝐴 = 1,57 ∙ 100 + pontos).
4
𝐴 = 157 + 100 ∙ 1,73 = 157 + 173 = 330
- como consequência deste postulado, temos também:
02. Resposta: A.
A fórmula do comprimento de uma circunferência é C = b.1) uma reta e um ponto fora dela determinam um único
2π.r, Então: plano.
C = 20π b.2) duas retas paralelas distintas determinam um único
2π.r = 20π plano.
20π
r= b.3) duas retas concorrentes determinam um único plano.

r = 10 cm
A = π.r2 → A = π.102 → A = 100π cm2 III) Postulado da inclusão.

03. Resposta: D. - Se dois pontos distintos de uma reta pertencem a um


Primeiro calculamos a área do retângulo (A = b.h) plano, então a reta está contida no plano.
Aret = 24,8.20
Aret = 496 m2 IV) Postulados da divisão.

Matemática 55
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APOSTILAS OPÇÃO

a) Um ponto divide uma reta em duas semirretas. - Paralelas distintas não tem ponto em comum e estão no
mesmo plano (coplanares).
b) Uma reta divide um plano em dois semiplanos. - Reversas não tem ponto em comum e não estão no
mesmo plano (não coplanares).
c) Um plano divide o espaço em dois semiespaços.
II) Posições relativas entre reta e plano.
Estudo das posições relativas
Vamos estudar, agora, as posições relativas entre duas a) Reta paralela ao plano: não tem nenhum ponto em
retas; entre dois planos e entre um plano e uma reta. comum com o plano. A intersecção da reta com o plano é um
conjunto vazio.
I) Posições relativas entre duas retas.

𝑑𝑖𝑠𝑡𝑖𝑛𝑡𝑎𝑠
𝐶𝑜𝑝𝑙𝑎𝑛𝑎𝑟𝑒𝑠(𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑜 ∶ {𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑎𝑠 {𝑐𝑜𝑖𝑛𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
𝑐𝑜𝑛𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
Não coplanares: - Reversas

Observação: uma reta paralela a um plano é paralela com


No esquema acima, temos: infinitas retas do plano, mas não a todas.

a) Retas coplanares :estão no mesmo plano. Podem ser: b) Reta contida no plano: tem todos os pontos em comum
com o plano. Também obedece ao postulado da Inclusão. A
- Retas paralelas distintas: não tem nenhum ponto em intersecção da reta com o plano é igual à própria reta.
comum.

c) Reta secante (ou incidente) ao plano: tem um único


- Retas paralelas coincidentes: tem todos os pontos em ponto em comum com o plano. A intersecção da reta com o
comum. Temos duas retas, sendo uma sobre a outra. plano é o ponto P.

representamos por r ≡ s

- Retas concorrentes: tem um único ponto em comum.

III) Posições relativas entre dois planos


a) Planos paralelos: não tem nenhum ponto em comum.
A intersecção entre os planos é um conjunto vazio.
Observação: duas retas concorrentes que formam entre si b) Planos coincidentes: tem todos os pontos em comum.
um ângulo reto (90°) são chamadas de perpendiculares. c) Planos secantes (ou incidentes): tem uma única reta
em comum. A intersecção entre os planos é uma reta. Podem
b) Retas não coplanares: não estão no mesmo plano. São: ser oblíquos (formam entre si um ângulo diferente de 90°) ou
podem ser perpendiculares (formam entre si um ângulo de
- Retas Reversas: não tem ponto em comum. 90°).

Observação: duas retas reversas que “formam” entre si


um ângulo reto (90°) são chamadas de ortogonais.

Como podemos verificar, retas paralelas distintas e retas


reversas não tem ponto em comum. Então esta não é uma
condição suficiente para diferenciar as posições, porém é uma
condição necessária. Para diferenciar paralelas distintas e
reversas temos duas condições:

Matemática 56
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APOSTILAS OPÇÃO

Questões Os polígonos são as faces do poliedro; os lados e os vértices


dos polígonos são as arestas e os vértices do poliedro.
01. Dadas as proposições: Cada vértice pode ser a interseção de três ou mais arestas.
I) Dois pontos distintos determinam uma única reta que os Observando a figura abaixo temos que em torno de cada um
contém. dos vértices forma-se um triedro.
II) Três pontos distintos determinam um único plano que
os contém.
III) Se dois pontos de uma reta pertencem a um plano,
então a reta está contida no plano.

É correto afirmar que:


(A) Todas são verdadeiras.
(B) Todas são falsas.
(C) Apenas I e II são falsas. Convexidade
(D) Apenas II e III são falsas. Um poliedro é convexo se qualquer reta (não paralela a
(E) Apenas I e III são falsas. nenhuma de suas faces) o corta em, no máximo, dois pontos.
Ele não possuí “reentrâncias”. E caso contrário é dito não
02. Assinale a alternativa verdadeira: convexo.
(A) Todas as afirmações podem ser demonstradas.
(B) Plano, por definição, é um conjunto de pontos.
(C) Ponto tem dimensão.
(D) Para se obter um plano basta obter 3 pontos distintos.
(E) Reta não tem definição.

03. Assinala a alternativa falsa:


(A) Duas retas não coplanares são reversas.
(B) Se uma reta não tem ponto em comum com um plano,
Relação de Euler
ela é paralela a ele.
Em todo poliedro convexo sendo V o número de vértices, A
(C) Duas retas que tem ponto em comum são concorrentes.
o número de arestas e F o número de faces, valem as seguintes
(D) Dois planos sendo paralelos, toda reta que fura um fura
relações de Euler:
o outro.
(E) Dois planos sendo paralelos, todo plano que intercepta
1) Poliedro Fechado: V – A + F = 2
um intercepta o outro.
2) Poliedro Aberto: V – A + F = 1
Respostas
01. D. I) V, II) F e III) F \ 02. E. \ 03. C.
Observação: Para calcular o número de arestas de um
poliedro temos que multiplicar o número de faces F pelo
POLIEDROS
número de lados de cada face n e dividir por dois. Quando
Diedros
temos mais de um tipo de face, basta somar os resultados.
Sendo dois planos secantes (planos que se cruzam) α e β, o 𝑛. 𝐹
espaço entre eles é chamado de diedro. A medida de um diedro 𝐴=
é feita em graus, dependendo do ângulo formado entre os 2
planos.
Podemos verificar a relação de Euler para alguns poliedros
não convexos. Assim dizemos:

Todo poliedro convexo é euleriano, mas nem todo


poliedro euleriano é convexo.

Exemplos:
1) O número de faces de um poliedro convexo que possui
exatamente oito ângulos triédricos é?
Poliedros A cada 8 vértices do poliedro concorrem 3 arestas, assim o
São sólidos geométricos ou figuras geométricas espaciais número de arestas é dado por
formadas por três elementos básicos: faces, arestas e
vértices. Chamamos de poliedro o sólido limitado por quatro 𝑛. 𝐹 3.8
ou mais polígonos planos, pertencentes a planos diferentes e 𝐴= →𝐴= = 12
2 2
que têm dois a dois somente uma aresta em comum. Veja
alguns exemplos:
Pela relação de Euler: V – A + F = 2 → 8 - 12 + F = 2 → F = 6
(o poliedro possui 6 faces). Assim o poliedro com essas
características é:

Matemática 57
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2) Vamos aplicar a relação de Euler em um Poliedro não


convexo.

V – A + F = 2 → 14 – 21 + 9 = 2 → 2 = 2
Assim podemos comprovar que para alguns poliedros não
convexos, podemos utilizar a relação de Euler.

Soma dos ângulos poliédricos: as faces de um poliedro


são polígonos. Sabemos que a soma dos ângulos internos de
um polígono é dada
Poliedros Regulares
Um poliedro e dito regular quando:
S = (v – 2).360º
- suas faces são polígonos regulares congruentes;
- seus ângulos poliédricos são congruentes;
Poliedros de Platão
Por essas condições e observações podemos afirmar que
São poliedros que satisfazem as seguintes condições:
todos os poliedros de Platão são ditos Poliedros Regulares.
- todas as faces têm o mesmo número n de arestas;
Observação:
- todos os ângulos poliédricos têm o mesmo número m de
arestas;
Todo poliedro regular é poliedro de Platão, mas nem todo
- for válida a relação de Euler (V – A + F = 2).
poliedro de Platão é poliedro regular.
Exemplos:
1) O prisma quadrangular da figura a seguir é um poliedro Por exemplo, uma caixa de bombom, como a da figura a
de Platão. seguir, é um poliedro de Platão (hexaedro), mas não é um
poliedro regular, pois as faces não são polígonos regulares e
congruentes.

Vejamos se ele atende as condições:


- todas as 6 faces são quadriláteros (n = 4);
- todos os ângulos são triédricos (m = 3);
- sendo V = 8, F = 6 e A = 12, temos: 8 – 12 + 6 = 14 -12 = 2

2) O prisma triangular da figura abaixo é poliedro de A figura se compara ao paralelepípedo que é um hexaedro,
Platão? e é um poliedro de Platão, mas não é considerado um poliedro
regular:

As faces são 2 triangulares e 3 faces são quadrangulares,


logo não é um poliedro de Platão, uma vez que atende a uma
das condições. - Não Poliedros

- Propriedade: existem exatamente cinco poliedros de


Platão (pois atendem as 3 condições). Determinados apenas
pelos pares ordenados (m,n) como mostra a tabela abaixo.

m n A V F Poliedro
3 3 6 4 4 Tetraedro
3 4 12 8 6 Hexaedro Os sólidos acima são: Cilindro, Cone e Esfera, são
considerados não planos pois possuem suas superfícies
4 3 12 6 8 Octaedro
curvas.
3 5 30 20 12 Dodecaedro
Cilindro: tem duas bases geometricamente iguais
5 3 30 12 20 Icosaedro
definidas por curvas fechadas em superfície lateral curva.
Cone: tem uma só base definida por uma linha curva
fechada e uma superfície lateral curva.
Esfera: é formada por uma única superfície curva.

- Planificações de alguns Sólidos Geométricos

Matemática 58
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APOSTILAS OPÇÃO

Questões
Poliedro Planificação Elementos
01. (PUC RS) Um poliedro convexo tem cinco faces
triangulares e três pentagonais. O número de arestas e o
número de vértices deste poliedro são, respectivamente:
(A) 30 e 40
(B) 30 e 24
- 4 faces (C) 30 e 8
triangulares (D) 15 e 25
- 4 vértices (E) 15 e 9
- 6 arestas
02. (ITA – SP) Considere um prisma regular em que a
Tetraedro soma dos ângulos internos de todas as faces é 7200°. O número
de vértices deste prisma é igual a:
(A) 11
(B) 32
(C) 10
(D) 22
- 6 faces (E) 20
quadrangular
es 03. (CEFET – PR) Um poliedro convexo possui duas faces
- 8 vértices triangulares, duas quadrangulares e quatro pentagonais. Logo
- 12 arestas a soma dos ângulos internos de todas as faces será:
(A) 3240°
Hexaedro (B) 3640°
(C) 3840°
(D) 4000°
(E) 4060°
Respostas

01. Resposta: E.
- 8 faces O poliedro tem 5 faces triangulares e 3 faces pentagonais,
triangulares logo, tem um total de 8 faces (F = 8). Como cada triângulo tem
- 6 vértices 3 lados e o pentágono 5 lados. Temos:
- 12 arestas
5.3+3.5 15+15 30
𝐴= = = = 15
2 2 2
V–A+F=2
V – 15 + 8 = 2
Octaedro V = 2 + 15 – 8
V=9

02. Resposta: D.
Basta utilizar a fórmula da soma dos ângulos poliédricos.
S = (V – 2).360°
7200° = (V – 2).360° (passamos o 360° dividindo)
7200° : 360° = V – 2
-12 faces
20 = V – 2
pentagonais
V = 20 + 2
- 20 vértices
V = 22
- 30 arestas
03. Resposta: A.
Dodecaedro Temos 2 faces triangulares, 2 faces quadrangulares e 4
faces pentagonais.
F=2+2+4
F=8
𝟐.𝟑+𝟐.𝟒+𝟒.𝟓 𝟔+𝟖+𝟐𝟎 𝟑𝟒
𝑨= = = = 𝟏𝟕
𝟐 𝟐 𝟐
V–A+F=2
V – 17 + 8 = 2
V = 2 + 17 – 8
V = 11
- 20 faces A soma é:
triangulares S = (v – 2).260°
- 12 vértices S = (11 – 2).360°
- 30 arestas S = 9.360°
S = 3240°
Referências
Icosaedro http://educacao.uol.com.br
http://www.uel.br/cce/mat/geometrica/php/gd_t/gd_19t.php
http://www.infoescola.com

Matemática 59
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APOSTILAS OPÇÃO

SÓLIDOS GEOMÉTRICOS

Sólidos Geométricos são figuras geométricas que possui


três dimensões. Um sólido é limitado por um ou mais planos.
Os mais conhecidos são: prisma, pirâmide, cilindro, cone e
esfera.

- Principio de Cavalieri
Bonaventura Cavalieri foi um matemático italiano,
discípulo de Galileu, que criou um método capaz de determinar A aplicação do princípio de Cavalieri, em geral, implica na
áreas e volumes de sólidos com muita facilidade, denominado colocação dos sólidos com base num mesmo plano, paralelo ao
princípio de Cavalieri. Este princípio consiste em estabelecer qual estão as secções de áreas iguais (que é possível usando a
que dois sólidos com a mesma altura têm volumes iguais se as congruência)
secções planas de iguais altura possuírem a mesma área.
Vejamos: - Sólidos geométricos
Suponhamos a existência de uma coleção de chapas
retangulares (paralelepípedos retângulos) de mesmas I) PRISMA: é um sólido geométrico que possui duas bases
dimensões, e consequentemente, de mesmo volume. iguais e paralelas.
Imaginemos ainda a formação de dois sólidos com essa coleção
de chapas.

Elementos de um prisma:
a) Base: pode ser qualquer polígono.
Tanto em A como em B, a parte do espaço ocupado, ou seja, b) Arestas da base: são os segmentos que formam as
o volume ocupado, pela coleção de chapas é o mesmo, isto é, os bases.
sólidos A e B tem o mesmo volume. c) Face Lateral: é sempre um paralelogramo.
Mas se imaginarmos esses sólidos com base num mesmo d) Arestas Laterais: são os segmentos que formam as
plano α e situados num mesmo semi espaço dos determinados faces laterais.
por α. e) Vértice: ponto de intersecção (encontro) de arestas.
f) Altura: distância entre as duas bases.

Classificação:
Um prisma pode ser classificado de duas maneiras:

1- Quanto à base:
- Prisma triangular...........................................................a base é
um triângulo.
- Prisma quadrangular.....................................................a base é
um quadrilátero.
Qualquer plano β, secante aos sólidos A e B, paralelo a α, - Prisma pentagonal........................................................a base é
determina em A e em B superfícies de áreas iguais (superfícies um pentágono.
equivalentes). A mesma ideia pode ser estendida para duas - Prisma hexagonal.........................................................a base é
pilhas com igual número de moedas congruentes. um hexágono.
E, assim por diante.

2- Quanta à inclinação:
- Prisma Reto: a aresta lateral forma com a base um
ângulo reto (90°).
- Prisma Obliquo: a aresta lateral forma com a base um
ângulo diferente de 90°.

Dois sólidos, nos quais todo plano secante, paralelo a


um dado plano, determina superfícies de áreas iguais
(superfícies equivalentes), são sólidos de volumes iguais
(sólidos equivalentes).
Fórmulas:
- Área da Base
Como a base pode ser qualquer polígono não existe uma
fórmula fixa. Se a base é um triângulo calculamos a área desse
triângulo; se a base é um quadrado calculamos a área desse
quadrado, e assim por diante.
- Área Lateral:

Matemática 60
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APOSTILAS OPÇÃO

Soma das áreas das faces laterais 1- Quanto à base:


- Área Total: - Pirâmide triangular...........................................................a base é
At=Al+2Ab um triângulo.
- Volume: - Pirâmide quadrangular.....................................................a base é
V = Abh um quadrilátero.
- Pirâmide pentagonal........................................................a base é
Prismas especiais: temos dois prismas estudados a parte um pentágono.
e que são chamados de prismas especiais, que são: - Pirâmide hexagonal.........................................................a base é
um hexágono.
a) Hexaedro (Paralelepípedo reto-retângulo): é um E, assim por diante.
prisma que tem as seis faces retangulares.
2- Quanta à inclinação:
- Pirâmide Reta: tem o vértice superior na direção do
centro da base.
- Pirâmide Obliqua: o vértice superior está deslocado em
relação ao centro da base.

Temos três dimensões: a= comprimento, b = largura e c =


altura.

Fórmulas:
- Área Total: At = 2.(ab + ac + bc)

- Volume: V = a.b.c
Fórmulas:
- Diagonal: D = √a2 + b 2 + c 2 - Área da Base: 𝐴𝑏 = 𝑑𝑒𝑝𝑒𝑛𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜, como a base
pode ser qualquer polígono não existe uma fórmula fixa. Se a
b) Hexaedro Regular (Cubo): é um prisma que tem as 6 base é um triângulo calculamos a área desse triângulo; se a
faces quadradas. base é um quadrado calculamos a área desse quadrado, e
assim por diante.
- Área Lateral: 𝐴𝑙 =
𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑑𝑎𝑠 á𝑟𝑒𝑎𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑓𝑎𝑐𝑒𝑠 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑖𝑠

- Área Total: At = Al + Ab

As três dimensões de um cubo comprimento, largura e - Volume: 𝑉 = . 𝐴𝑏 . ℎ


1
altura são iguais. 3

- TRONCO DE PIRÂMIDE
Fórmulas:
- Área Total: At = 6.a2 O tronco de pirâmide é obtido ao se realizar uma secção
transversal numa pirâmide, como mostra a figura:
- Volume: V = a3

- Diagonal: D = a√3

II) PIRÂMIDE: é um sólido geométrico que tem uma base


e um vértice superior.

O tronco da pirâmide é a parte da figura que apresenta as


arestas destacadas em vermelho.
É interessante observar que no tronco de pirâmide as
arestas laterais são congruentes entre si; as bases são
polígonos regulares semelhantes; as faces laterais são
trapézios isósceles, congruentes entre si; e a altura de
qualquer face lateral denomina-se apótema do tronco.

→ Cálculo das áreas do tronco de pirâmide.


Elementos de uma pirâmide: Num tronco de pirâmide temos duas bases, base maior e
A pirâmide tem os mesmos elementos de um prisma: base, base menor, e a área da superfície lateral. De acordo com a
arestas da base, face lateral, arestas laterais, vértice e altura. base da pirâmide, teremos variações nessas áreas. Mas
Além destes, ela também tem um apótema lateral e um observe que na superfície lateral sempre teremos trapézios
apótema da base. isósceles, independente do formato da base da pirâmide. Por
Na figura acima podemos ver que entre a altura, o apótema exemplo, se a base da pirâmide for um hexágono regular,
da base e o apótema lateral forma um triângulo retângulo, teremos seis trapézios isósceles na superfície lateral.
então pelo Teorema de Pitágoras temos: ap2 = h2 + ab2. A área total do tronco de pirâmide é dada por:
St = Sl + SB + Sb
Classificação: Onde:
Uma pirâmide pode ser classificado de duas maneiras: St → é a área total

Matemática 61
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APOSTILAS OPÇÃO

Sl → é a área da superfície lateral


SB → é a área da base maior
Sb → é a área da base menor

→ Cálculo do volume do tronco de pirâmide.


A fórmula para o cálculo do volume do tronco de pirâmide
é obtida fazendo a diferença entre o volume de pirâmide maior
e o volume da pirâmide obtida após a secção transversal que
produziu o tronco. Colocando em função de sua altura e das
áreas de suas bases, o modelo matemático para o volume do
tronco é:

Cilindro Equilátero: um cilindro é chamado de equilátero


quando a secção meridiana for um quadrado, para isto temos
Onde, que: h = 2r.
V → é o volume do tronco
h → é a altura do tronco IV) CONE: é um sólido geométrico que tem uma base
SB → é a área da base maior circular e vértice superior.
Sb → é a área da base menor

III) CILINDRO: é um sólido geométrico que tem duas bases


iguais, paralelas e circulares.

Elementos de um cone:
a) Base: é sempre um círculo.
b) Raio
c) Altura: distância entre o vértice superior e a base.
d) Geratriz: segmentos que formam a face lateral, isto é, a
face lateral e formada por infinitas geratrizes.
Elementos de um cilindro:
a) Base: é sempre um círculo. Classificação: como a base de um cone é um círculo, ele só
b) Raio tem classificação quanto à inclinação.
c) Altura: distância entre as duas bases. - Cone Reto: o vértice superior está na direção do centro
d) Geratriz: são os segmentos que formam a face lateral, da base.
isto é, a face lateral é formada por infinitas geratrizes. - Cone Obliquo: o vértice superior esta deslocado em
relação ao centro da base.
Classificação: como a base de um cilindro é um círculo, ele
só pode ser classificado de acordo com a inclinação:
- Cilindro Reto: a geratriz forma com o plano da base um
ângulo reto (90°).
- Cilindro Obliquo: a geratriz forma com a base um ângulo
diferente de 90°.

Fórmulas:
- Área da base: Ab = π.r2

- Área Lateral: Al = π.r.g

Fórmulas: - Área total: At = π.r.(g + r) ou At = Al + Ab


- Área da Base: Ab = π.r2
1 1
- Volume: 𝑉 = . 𝜋. 𝑟 2 . ℎ ou 𝑉 = . 𝐴𝑏 . ℎ
- Área Lateral: Al = 2.π.r.h 3 3

- Área Total: At = 2.π.r.(h + r) ou At = Al + 2.Ab - Entre a geratriz, o raio e a altura temos um triângulo
retângulo, então: g2 = h2 + r2.
- Volume: V = π.r2.h ou V = Ab.h
Secção Meridiana: é um “corte” feito pelo centro do cone.
Secção Meridiana de um cilindro: é um “corte” feito pelo O triângulo obtido através desse corte é chamado de secção
centro do cilindro. O retângulo obtido através desse corte é meridiana e tem como medidas, base é 2r e h. Logo a área da
chamado de secção meridiana e tem como medidas 2r e h. Logo secção meridiana é dada pela fórmula: ASM = r.h.
a área da secção meridiana é dada pela fórmula: ASM = 2r.h.

Matemática 62
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APOSTILAS OPÇÃO

V) ESFERA

Cone Equilátero: um cone é chamado de equilátero


quando a secção meridiana for um triângulo equilátero, para
isto temos que: g = 2r.

- TRONCO DE CONE
Se um cone sofrer a intersecção de um plano paralelo à sua
base circular, a uma determinada altura, teremos a Elementos da esfera
constituição de uma nova figura geométrica espacial - Eixo: é um eixo imaginário, passando pelo centro da
denominada Tronco de Cone. esfera.
- Polos: ponto de intersecção do eixo com a superfície da
esfera.
- Paralelos: são “cortes” feitos na esfera, determinando
círculos.
- Equador: “corte” feito pelo centro da esfera,
determinando, assim, o maior círculo possível.

Fórmulas

Elementos
- A base do cone é a base maior do tronco, e a seção
transversal é a base menor;
- A distância entre os planos das bases é a altura do tronco.

- na figura acima podemos ver que o raio de um paralelo


(r), a distância do centro ao paralelo ao centro da esfera (d) e
o raio da esfera (R) formam um triângulo retângulo. Então,
podemos aplicar o Teorema de Pitágoras: R2 = r2 + d2.
- Área: A = 4.π.R2
4
- Volume: V = . π. R3
3

Diferentemente do cone, o tronco de cone possui duas Fuso Esférico:


bases circulares em que uma delas é maior que a outra, dessa
forma, os cálculos envolvendo a área superficial e o volume do
tronco envolverão a medida dos dois raios. A geratriz, que é a
medida da altura lateral do cone, também está presente na
composição do tronco de cone.
Não devemos confundir a medida da altura do tronco de
cone com a medida da altura de sua lateral (geratriz), pois são
elementos distintos. A altura do cone forma com as bases um Fórmula da área do fuso:
ângulo de 90º. No caso da geratriz os ângulos formados são um
agudo e um obtuso. 𝛼. 𝜋. 𝑅2
𝐴𝑓𝑢𝑠𝑜 =
90°

Área da Superfície e
Cunha Esférica:
Volume

Onde:

h = altura
Fórmula do volume da cunha:
g = geratriz
𝛼. 𝜋. 𝑅3
𝑉𝑐𝑢𝑛ℎ𝑎 =
270°

Matemática 63
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APOSTILAS OPÇÃO

Questões 5) Se P ∈ ao eixo das abcissas: y = 0


6) Se P ∈ ao eixo das ordenadas: x = 0
01. Dado o cilindro equilátero, sabendo que seu raio é igual 7) Se P ∈ à bissetriz dos quadrantes ímpares (1° e 3°
a 5 cm, a área lateral desse cilindro, em cm2, é: quadrantes): x = y
(A) 90π 8) Se P ∈ à bissetriz dos quadrantes pares (2° e 4°
(B) 100π quadrantes): x = - y
(C) 80π
(D) 110π Ponto médio
(E) 120π Sendo A(xA, yA) e B(xB, yB) dois pontos do sistema
cartesiano:
02. Seja um cilindro reto de raio igual a 2 cm e altura 3 cm.
Calcular a área lateral, área total e o seu volume. - se M(xM, yM) é ponto
̅̅̅̅,
médio do segmento AB
Respostas temos a fórmula do
ponto médio:
01. Resposta: B.
Em um cilindro equilátero temos que h = 2r e do enunciado
r = 5 cm.
h = 2r → h = 2.5 = 10 cm xA + xB
xM =
Al = 2.π.r.h 2
Al = 2.π.5.10
Al = 100π
𝑦𝐴 + 𝑦𝐵
02. Respostas: Al = 12π cm2, At = 20π cm2 e V = 12π cm3 𝑦𝑀 =
2
Aplicação direta das fórmulas sendo r = 2 cm e h = 3 cm.
Al = 2.π.r.h At = 2π.r(h + r)
V = π.r2.h
Al = 2.π.2.3 At = 2π.2(3 + 2)
V = π.22.3 Distância entre dois pontos
Al = 12π cm2 At = 4π.5 V =
π.4.3 - de acordo com o Teorema
At = 20π cm2 de Pitágoras, temos a
V = 12π cm2 fórmula da distância:
Referências
IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único
DOLCE, Osvalo; POMPEO, José Nicolau – Fundamentos da matemática
elementar – Vol 10 – Geometria Espacial, Posição e Métrica – 5ª edição – Atual
Editora
www.brasilescola.com.br 𝑑𝐴𝐵
= √(𝑥𝐵 − 𝑥𝐴 )2 + (𝑦𝐵 − 𝑦𝐴 )2
SISTEMA CARTESIANO ORTOGONAL (OU PLANO
CARTESIANO)

Área do triângulo e condição de alinhamento de três


pontos

Sejam os pontos A(xA, yA), B(xB, yB) e C(xC, yC) os três


vértices de um triângulo ABC, para calcular a área desse
triângulo temos a fórmula:

xA yA 1
|D|
A= , onde D = |xB yB 1|
2
xC yC 1

Temos dois eixos orientados, um horizontal e outro E a condição para que os três estejam alinhados (mesma
vertical, perpendiculares entre si. O eixo horizontal é chamado linha ou mesma reta) é que D = 0.
de “eixo das abscissas” e o eixo vertical e chamado de “eixo das
ordenadas”. Questões
Estes eixos dividem o plano em quatro partes chamadas de
“quadrantes”. 01. O ponto A(2m + 1, m + 7) pertence à bissetriz dos
O ponto O e chamado de ponto “Zero” ou “Ponto de quadrantes ímpares. Então, o valor de m é:
Origem” do sistema. (A) 5
(B) 6
- Propriedades do Sistema Cartesiano. (C) 7
Sendo um ponto p(x, y), temos: (D) 8
(E) 9
1) Se P ∈ ao 1° quadrante: x > 0 e y > 0
2) Se P ∈ ao 2° quadrante: x < 0 e y > 0 02. O ponto P(2 + p, 4p – 12) pertence ao eixo das
3) Se P ∈ ao 3° quadrante: x < 0 e y < 0 abscissas, então:
4) Se P ∈ ao 4° quadrante: x > 0 e y < 0 (A) P(2 ,0)

Matemática 64
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APOSTILAS OPÇÃO

(B) P(3, 0) temos um ângulo α, tal que 90° < α < 180°. O ângulo α é
(C) P(- 5, 0) obtuso.
(D) P(5, 0)
(E) P(- 2, 0) - se m = ∄ (não existe)  a reta é perpendicular ao eixo
x, isto é, α = 90°.
03. O ponto médio entre A(4, - 1) e B(2, 5) é:
(A) M(- 3, 2)
(B) M(3, - 2)
(C) M(- 3, - 2)
(D) M(3, 2)
(E) M(1, 2)
Respostas
Sendo A e B dois pontos pertencentes a uma reta r, temos:
01. Resposta: B.
Se o ponto pertence à bissetriz dos quadrantes ímpares
temos que x = y.
x=y
2m + 1 = m + 7
2m – m = 7 – 1
m=6

02. Resposta: D.
Se P pertence ao eixo das abscissas y = 0.
y=0
4p – 12 = 0
4p = 12 cateto aposto
p = 12/4 No triângulo retângulo: tgα = , então
cateto adjacente
p=3 temos que o coeficiente angular m é:

x=2+p yB −yA ∆𝐲
m= m=
x=2+3 xB −xA ∆𝐱
x=5
Logo: P(5, 0)
Equação fundamental da reta
03. Resposta: D. Considerando uma reta r e um ponto A(x0, y0) pertencente
x +x y +y
x M = A B e yM = A B à reta. Tomamos outro ponto B(x, y) genérico diferente de A.
2 2
Com esses dois pontos pertencentes à reta r, podemos calcular
4+2 −1+5 o seu coeficiente angular.
xM = = 3 e yM = =2
2 2

ESTUDO DA RETA

Inclinação de uma reta


Considere-se no Plano Cartesiano uma reta r. Chama-se
inclinação de r à medida de um ângulo α que r forma com o
eixo x no sentido anti-horário, a partir do próprio eixo x.

∆y m y−y0
m=  = , multiplicando em “cruz”:
∆x 1 x−x0

y – yo = m(x – xo), fórmula da equação fundamental da


reta.

Exemplos:
1- Uma reta tem inclinação de 60° em relação ao eixo x.
Qual é o coeficiente angular desta reta?
Coeficiente angular da reta
Definimos o coeficiente angular (ou declividade) da reta Solução: m = tgα  m = tg60°  m = √3
r o número m tal que 𝐦 = 𝐭𝐠𝛂.
Então, temos: 2- Uma reta passa pelos pontos A(3, -1) e B(5, 8).
Determinar o coeficiente angular dessa reta.
- se m = 0
a reta é paralela ao eixo x, isto é, α = 0°. Solução: m =
∆y
=
yB −yA
 m=
8−(−1)
 m=
9
∆x xB −xA 5−3 2

- se m > 0
temos um ângulo α, tal que 0° < α < 90°. O ângulo α é agudo. 3- Uma reta passa pelo ponto A(2, 4) e tem coeficiente
angular m = 5. Determinar a equação fundamental dessa reta.
- se m < 0

Matemática 65
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APOSTILAS OPÇÃO

Solução: o ponto por onde a reta passa são os valores de xo Paralelismo e perpendicularismo
e yo para substituir na fórmula, então: Considere-se no Plano Cartesiano duas reta r e s.
y − yo = m. (x − xo )  y − 4 = 5. (x − 2) (esta é a
equação fundamental da reta)

Equação geral da reta


Toda reta tem uma Equação Geral do tipo:

𝐚𝐱 + 𝐛𝐲 + 𝐜 = 𝟎 , onde a, b e c são os coeficientes da


equação e podem ser qualquer número real, com a condição de
que a e b não sejam nulos ao mesmo tempo. Isto é se a = 0  b
≠ 0 e se b = 0  a ≠ 0.
Exemplos:
(r) 2x – 3y + 8 = 0  a = 2, b = - 3 e c = 8
(s) – x + 10 = 0  a = - 1, b = 0 e c = 10 Se as retas são paralelas, o ângulo 𝛼 de inclinação em
(t) 3y – 7 = 0  a = 0, b = 3 e c = - 7 relação ao eixo x é o mesmo. Este ângulo nos dá o valor do
(u) x + 5y = 0  a = 1, b = 5 e c = 0 coeficiente angular da reta e, sendo mr e ms, respectivamente
os coeficientes angulares de r e s, temos:
Da equação geral da reta, temos uma nova fórmula para
−𝐚 1) Se r e s são paralelas: mr = ms
o coeficiente angular: 𝐦 =
𝐛

Equação reduzida da reta 2) Se r e s são concorrentes: mr ≠ ms


Para determinar a equação reduzida da reta, basta “isolar”
o y. 3) Se r e s são perpendiculares: mr.ms = - 1

ax + by + c = 0 Observação: para que o produto de dois números seja


igual a – 1, mr e ms devem ser inversos e opostos.
by = −ax − c

−ax c
y= − Distância entre ponto e reta
b b Seja uma reta (r) de equação geral ax + by + c = 0 e um
−a ponto P(xo, yo):
Na equação reduzida da reta temos que é o coeficiente
b
−c
angular (m) da reta e é o coeficiente linear (q) da reta.
b
Então, a equação reduzida é da forma:

y = mx + q

O coeficiente linear q é o ponto em que a reta “corta” o eixo


y.
Para calcular a distância d entre o ponto P e a reta r temos
a seguinte fórmula:

|𝐚𝐱 𝐨 + 𝐛𝐲𝟎 + 𝐜|
𝐝𝐏,𝐫 =
√𝐚𝟐 + 𝐛 𝟐

Exemplo: Qual é a distância entre a reta (r) 3x + 4y – 1 = 0


Observações:
e o ponto P(1, 2)?
I) A equação reduzida de uma reta fornece diretamente
o coeficiente angular e o coeficiente linear. Solução: temos uma equação de reta em que a = 3, b = 4 e c
II) As retas de inclinação igual a 90° (reta vertical ao = - 1.
eixo x) não possuem equação reduzida.
|3x+4y−1|
dP,r =  substituindo x = 1 e y = 2 (coordenadas
Bissetrizes dos ângulos de duas retas √32 +4 2
do ponto P)

|3.1+4.2−1| |3+8−1| |10| 10


A bissetriz de dP,r = = = = =2
√9+16 √25 5 5
ângulos de retas,
nada mais é a que a
aplicação direta da Distância entre duas retas
fórmula da distância Só existe distância entre duas retas r e s se elas forem
paralelas. E, neste caso, os valores de a e b na equação geral da
de um ponto a uma
reta são iguais ou proporcionais, sendo diferente somente o
reta
valor de c. Isto é:

(r) ax + by + c = 0 e (s) ax + by + c’ = 0.

Matemática 66
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APOSTILAS OPÇÃO

Exemplos: 𝑦𝐵 −𝑦𝐴 0−3 −3


𝑚=  𝑚= = =-1
𝑥𝐵 −𝑥𝐴 3−0 3
(r) 2x – 3y + 8 = 0 e (s) 2x – 3y – 7 = 0 são paralelas, pois a
= 2 e b = - 3 nas duas equações.
02. Resposta: D.
Chamando os pontos, respectivamente, de A(2, - 3), B(4, 3)
(r) 3x + 2y – 10 = 0 e (s) 6x + 4y + 30 = 0 são paralelas, pois 𝑘
na reta r a = 3 e b = 2 e na reta s a = 6 e b = 2 são proporcionais e C(5, ) e se esses três pontos estão numa mesma reta, temos:
2
(o dobro). Se dividirmos por 2 os coeficientes a e b da reta (s) mAB = mBC (os coeficientes angulares de pontos que estão
obtemos valores iguais. na mesma reta são iguais)
Então, para calcular a distância entre as retas r e s temos a
seguinte fórmula: yB −yA yC −yB
=
xB −xA xC −xB
|𝐜 − 𝐜′|
𝐝𝐫,𝐬 = 3−(−3)
=
k
2
−3
√𝐚𝟐 + 𝐛 𝟐 4−2 5−4

k−6
6
Exemplo 1: Calcular a distância entre as retas (r) 4x + 3y – = 2
2 1
10 = 0 e (s) 4x + 3y + 5 = 0.
k−6
3=
2
Solução: temos que a = 4 e b = 3 nas duas equações e k–6=6
somente o valor de c é diferente, então, c = - 10 e c’ = 5 (ou c = k=6+6
5 e c’ = - 10). k = 12
|−10−5| |−15| 15 15
dr,s = = = = =3 03. Respostas:
√4 2 +32 √16+9 √25 5
Utilizar a fórmula y – yo = m(x – xo), onde xo e yo são do
Exemplo 2 : Calcular a distância entre as retas (r) 3x – 2y + ponto P.
8 = 0 e (s) 6x – 4y – 12 = 0. a) y – 4 = 7(x – 1)
b) y – (- 1) = 3.(x – 0)  y + 1 = 3.(x – 0)
Solução: primeiro temos que dividir a equação da reta (s) c) y – 5 = - 2(x – (-2))  y – 5 = - 2(x + 2)
por dois para que a e b fiquem iguais nas duas equações.
(s) 6x – 4y – 12 = 0 :(2)  3x – 2y – 6 = 0 INEQUAÇÃO DO 1º GRAU COM DUAS INCÓGNITAS

Logo, a = 3, b = - 2, c = 8 e c’ = - 6 (ou c = - 6 e c’ = 8) É comum aparecerem regiões do plano cartesiano


delimitado por retas. Vejamos a figura abaixo:
|8−(−6)| |8+6| |14| 14
dr,s = = = = , neste caso temos que
√32 +(−2)2 √9+4 √13 √13
racionalizar o denominador multiplicando em cima e em
embaixo por √13.

14 √13 14√13
dr,s = . =
√13 √13 13

A essas regiões podemos associar expressões do tipo ax +


Questões
by +c < 0 ou ax + by +c ≤ 0, assim como expressões similares,
as quais constituem as chamadas inequações do 1º grau com
01. (FGV-SP) A declividade do segmento de reta que passa
duas variáveis ou incógnitas.
pelos pontos A(0, 3) e B(3, 0) é:
(A) 1
Exemplo:
(B) – 1
(C) 0
1) A região sombreada da figura abaixo, a qual é definida
(D) 3
pela reta r: 3x + 4y – 12 = 0, pode ser expressa por meio da
(E) 1/3
inequação:
𝑘 3x + 4y – 12 > 0
02. (MACK-SP) Se os pontos (2, - 3), (4, 3) e (5, ) estão
2
numa mesma reta, então k é igual a:
(A) – 12
(B) – 6
(C) 6
(D) 12
(E) 18

03. Escreva a equação fundamental da reta que passa pelo


ponto P e tem coeficiente angular m nos seguintes casos:
a) P(1, 4) e m = 7
b) P(0, - 1) e m = 3 Com efeito, a reta r divide o plano em dois semiplanos
c) P(- 2, 5) e m = - 2 opostos. Como os pontos (x0, y0) de um mesmo semiplano,
Respostas relativamente à reta ax + by + c = 0, conferem à expressão ax 0
+ by0 + c o mesmo sinal, resta apenas dúvida: “qual
01. Resposta: B. desigualdade, entre 3x + 4y – 12 > 0 e 3x + 4y – 12 < 0 devemos
Como temos dois pontos, o coeficiente angular é dado por escolher?
∆y
m= .
∆x

Matemática 67
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APOSTILAS OPÇÃO

Tal escolha deve se a “experimentação” das coordenadas Equação Geral de uma circunferência
de um Ponto P qualquer, P ∉ r, na equação da reta delimitadora Para se obter a equação geral de um circunferência basta
dos semiplanos. fazer o desenvolvimento da equação reduzida:

Seja P(0,0); fazendo: (x − a)2 + (y − b)2 = r 2


x 2 − 2ax + a2 + y 2 − 2by + b2 = r 2

E = - 12 < 0 Observações:
- numa equação de
Como a origem não está contida na região sombreada, é de circunferência:
se supor que, para qualquer ponto da região sombreada,
ocorra a outra hipótese, isto é, E > 0 (sinal escolhido). 1) sempre começa por x2 + y2.....
Assim, 3x + 4y – 12 > 0 é a inequação que expressa a região 2) não existe termo xy.
assinalada. 3) r > 0
ESTUDO DA CIRCUNFERÊNCIA
Questões
Os elementos principais de uma circunferência são o
centro e o raio. Na geometria analítica o raio é representado 01. Uma circunferência tem centro C(2, 4) e raio 5. A
por r e o centro por C(a, b). equação reduzida dessa circunferência é:
(A) (x – 2)2 + (y + 4)2 = 25
(B) (x + 2)2 + (y + 4)2 = 25
(C) (x – 2)2 + (y – 4)2 = 5
(D) (x – 2)2 + (y – 4)2 = 25
(E) (x + 2)2 + (y – 4)2 = 25

02. (VUNESP) A equação da circunferência, com centro no


ponto C(2, 1) e que passa pelo ponto P(0, 3), é:
(A) x2 + (y – 3)2 = 0
(B) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 4
(C) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 8
(D) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 16
(E) x2 + (y – 3)2 = 8

03. (CESGRANRIO-RJ) Uma equação da circunferência de


Equação Reduzida de uma circunferência centro C(- 3, 4) e que tangencia o eixo x é:
Considerando uma circunferência de centro C e raio r; e (A) (x – 3)2 + (y – 4)2 = 16
sendo P(x, y) um ponto genérico dessa circunferência, temos (B) (x – 3)2 + (y – 4)2 = 9
que a distância entre C e P é igual ao raio. (C) (x + 3)2 + (y + 4)2 = 16
(D) (x + 3)2 + (y – 4)2 = 9
𝐝𝐂𝐏 = 𝐫 (E) (x + 3)2 + (y – 4)2 = 16

√(𝐱 − 𝐚)𝟐 + (𝐲 − 𝐛)𝟐 = 𝐫 Respostas


- elevamos os dois membros da equação acima ao 01. Resposta: D.
quadrado: Temos C(2, 4), então a = 2 e b = 4; e raio r = 5.
𝟐
(x – a)2 + (y – b)2 = r2
(√(𝐱 − 𝐚)𝟐 + (𝐲 − 𝐛)𝟐 ) = 𝐫 𝟐 (x – 2)2 + (y – 4)2 = 52
(x – 2)2 + (y – 4)2 = 25
- então, temos a seguinte fórmula:
02. Resposta: C.
(𝐱 − 𝐚)𝟐 + (𝐲 − 𝐛)𝟐 = 𝐫 𝟐 Temos que C(2, 1), então a = 2 e b = 1. O raio não foi dado
no enunciado.
(x – a)2 + (y – b)2 = r2
(x – 2)2 + (y – 1)2 = r2 (como a circunferência passa pelo
ponto P, basta substituir o x por 0 e o y por 3 para achar a raio.
(0 – 2)2 + (3 – 1)2 = r2
Exemplo: Determinar a equação reduzida da (- 2)2 + 22 = r2
circunferência que tem centro C(3, 2) e raio r = 5. 4 + 4 = r2
r2 = 8
Resolução: (x – 2)2 + (y – 1)2 = 8
As coordenadas do centro são os valores de a e b para
substituir na fórmula. 03. Resposta: E.
(𝑥 − 𝑎)2 + (𝑦 − 𝑏)2 = 𝑟 2 Neste caso temos que fazer um gráfico para determinar o
(x – 3)2 + (y – 2)2 = 52 raio que não foi dado no enunciado. Porém foi dito que a
(x – 3)2 + (y – 2)2 = 25 circunferência tangencia o eixo x.

Matemática 68
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APOSTILAS OPÇÃO

Assim o plano cartesiano fica dividido em três regiões:


- a região dos pontos pertences à circunferência
representam as soluções de f(x,y) = 0
- a região dos pontos internos à circunferência
representam as soluções de f(x,y) < 0
- a região dos pontos externos à circunferência
representam de f(x,y) > 0

Exemplo:
Determinar a posição dos pontos A(-2,3), B(-4,6) e C(4,2)
em relação à circunferência de equação x2 + y2 + 8x – 20 = 0.
Substituindo as coordenadas dos pontos A, B e C no 1º
Através do gráfico, podemos ver que o raio vale 4 membro da equação da circunferência obtemos:
(distância do centro ao ponto de tangência no eixo x), então: a A(-2,3)  x = -2 e y = 3
= - 3 e b = 4. x2 + y2 + 8x – 20 = (-2)2 + 32 + 8.(-2) – 20 = -23 < 0
(x – a)2 + (y – b)2 = r2 A é ponto interno.

(x – (-3))2 + (y – 4)2 = 42 B(-4,6)  x = -4 e y = 6


x2 + y2 + 8x – 20 = (-4)2 + 62 + 8.(-4) – 20 = 0
B pertence à circunferência.
(x + 3)2 + (y – 4)2 = 16
C(4,2)  x = 4 e y = 2
04. Resposta: A. x2 + y2 + 8x – 20 = 42 + 22 + 8 . 4 – 20 = 32 > 0
Através da fórmula (x – a)2 + (y – b)2 = r2.
- DE UMA RETA E UMA CIRCUNFERÊNCIA
(x – 3)2 + (y – 5)2 = 49
a = 3 e b = 5  C(3, 5) e r 2 = 49  r = √49  r = 7 Uma reta l e uma circunferência λ podem ocupar as
seguintes posições relativas:
POSIÇÕES RELATIVAS
l e λ são
- DE UM PONTO E UMA CIRCUNFERÊNCIA secantes
Um ponto pode ser:
- Interno;
- Externo ou A reta l
- Pertencer a uma dada circunferência de centro C e raio r. intercepta a
circunferência
λ em 2 pontos,
e a distância d
entre a reta e
o centro da
circunferência
é menor que o
raio.

l e λ são
Para conhecermos a posição de um ponto P em relação a tangentes
uma circunferência basta calcularmos a sua distância do ponto
P ao centro da circunferência e compará-la com medida do
raio.
A reta l intercepta a
d(P,C)=r(x-a)²+(y-b)²=r² circunferência λ em
único ponto de
(x-a)²+(y-b)²-r²=0 (P) tangência, e a
distância d entre a
reta e o centro da
d(P,C)>r(x-a)²+(y-b)²>r² circunferência é
igual ao raio.
(x-a)²+(y-b)²-r²>0 (P é externo a )

l e λ são
exteriores
d(P,C)>r(x-a)²+(y-b)²<r²

(x-a)²+(y-b)²-r²<0 (P é interno a )
A reta l não
intercepta a
circunferência λ, e

Matemática 69
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APOSTILAS OPÇÃO

a distância d entre 02. (UFRS) O valor de k que transforma a equação x² + y²


a reta e o centro da – 8x + 10y + k = 0 na equação de uma circunferência de raio 7
circunferência é é:
maior que o raio. (A) –4
(B) –8
(C) 5
Resumindo (D) 7
(E) –5
- Para determinarmos a posição relativa entre uma reta
e uma circunferência, basta comparar a distância d (entre a Respostas
reta e o centro da circunferência) com o raio r.
01. Resposta: A.
d(C,l)<r – reta e circunferência secantes Resolver o sistema de equações:

d(C,l)=r – reta e circunferência tangentes

d(C,l)>r – reta e circunferência exteriores

Simplificando a 1ª equação:

Com isso podemos achar também a posição relativa de


uma reta e uma circunferência procurando os pontos de
intersecção da reta com a circunferência. Para isso resolvemos
um sistema formado pelas equações da reta:

𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐 = 0
{ 2
𝑥 + 𝑦 2 + 𝛼𝑥 + 𝛽𝑦 + 𝛾 = 0

Com essa resolução caímos em um sistema de equações do Substituindo x na 2ª equação:


2º grau e através do discriminante (Δ) encontramos as x² + y² = 400
seguintes condições: x² + (20 – 2x)² = 400
x² + 400 – 80x + 4x² ¬– 400 = 0
Para >0 a reta é secante à circunferência (2 pontos 5x² – 80x = 0
comuns) 5x * (x – 16) = 0
Para =0 a reta é tangente à circunferência (1 ponto 5x = 0
comuns) x’ = 0
Para <0 a reta é exterior à circunferência (nenhum ponto x – 16 = 0
comum) x’’ = 16

Exemplo: Para x = 0, temos:


1) Verifique a posição relativa entre a reta s: 3x + y – 13 = y = 20 – 2x
0 e a circunferência de equação (x – 3)2 + (y – 3)2 = 25. y = 20 – 2*0
Solução: Devemos calcular a distância entre o centro da y = 20
circunferência e a reta s e comparar com a medida do raio. Da (0; 20)
equação da circunferência, obtemos:
x0 = 3 e y0 = 3 → O(3, 3) Para x = 16, temos:
r2 = 25 → r = 5 y = 20 – 2x
Vamos utilizar a fórmula da distância entre ponto e reta y = 20 – 2 * 16
para calcular a distância entre O e s. y = 20 – 32
y = – 12
(16; –12)

Da equação geral da reta, obtemos: Os pontos de intersecção são (0; 20) e (16; –12).
a = 3, b = 1 e c = – 13 Determinando a distância entre os pontos:
Assim,

Como a distância entre o centro O e a reta s é menor que o


02. Resposta: B.
raio, a reta s é secante à circunferência.
x² + y² – 8x + 10y + k = 0
Encontrar a equação reduzida (completar os trinômios)
Questões
x² – 8x + y² + 10y = –k
x² – 8x + 4 + y² + 10y + 25 = – k + 4 + 25
01. (ITA-SP) A distância entre os pontos de intersecção da
(x – 4)² + (x + 5)² = –k + 41
reta com a circunferência x² + y² = 400 é:
Temos que o raio será dado por:
(A) 16√5
–k + 41 = 7²
(B) 4√5
–k = 49 – 41
(C) 3√3
–k = 8
(D) 4√3
k=8
(E) 5√7

Matemática 70
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APOSTILAS OPÇÃO

- ENTRE DUAS CIRCUNFERÊNCIAS


Duas circunferências distintas, podem ter dois, um ou
nenhum ponto em comum.

1. Circunferências tangentes.

a) Tangentes externas
dOC = 0
Duas circunferências são tangentes internas quando
Exemplo:
possuem somente um ponto em comum e uma exterior à outra.
1) Dadas as circunferências λ e σ, de equações:
A condição para que isso ocorra é que a distância entre os
λ: x2 + y2 = 9
centros das duas circunferências seja equivalente à soma das
σ: (x – 7)2 + y2 = 16
medidas de seus raios.
Verifique a posição relativa entre elas.

Para resolução do problema devemos saber as


coordenadas do centro e a medida do raio de cada uma das
circunferências. Através da equação de cada uma podemos
encontrar esses valores.
dOC = r1 + r2 Como a equação de toda circunferência é da forma: (x –
x0)2 + (y – y0)2 = r2, teremos:
b) Tangentes internas
Duas circunferências são tangentes internas quando
possuem apenas um ponto em comum e uma esteja no interior
da outra. A condição para que isso ocorra é que a distância
entre os dois centros seja igual à diferença entre os dois raios.

dOC = r1 . r2
Conhecidos os elementos de cada uma das circunferências,
2. Circunferências externas. vamos calcular a distância entre os centros, utilizando a
Duas circunferências são consideradas externas quando fórmula da distância entre dois pontos.
não possuem pontos em comum. A condição para que isso
ocorra é que a distância entre os centros das circunferências
deve ser maior que a soma das medidas de seus raios.

Questões

01. (PUC-SP) O ponto P(3, b) pertence à circunferência de


dOC > r1 + r2 centro no ponto C(0, 3) e raio 5. Calcule o valor da coordenada
3. Circunferências secantes. b.
Duas circunferências são consideradas secantes quando
possuem dois pontos em comum. A condição para que isso
aconteça é que a distância entre os centros das circunferências 02. (FEI-SP) Determine a equação da circunferência com
deve ser menor que a soma das medidas de seus raios. centro no ponto C(2, 1) e que passa pelo ponto A(1, 1).

03. (ITA-SP) Qual a distância entre os pontos de


intersecção da reta com a circunferência x² + y² = 400?

dOC < r1 + r2 Respostas


4. Circunferências internas.
Duas circunferências são consideradas internas quando 01. A equação da circunferência que possui centro C(0, 3)
não possuem pontos em comum e uma está localizada no e raio r = 5 é dada por:
interior da outra. A condição para que isso ocorra é que a (x – 0)² + (y – 3)² = 5² → x² + (y – 3)² = 25.
distância entre os centros das circunferências deve ser Sabendo que o ponto (3, b) pertence à circunferência,
equivalente à diferença entre as medidas de seus raios. temos que:
3² + (b – 3)² = 25 → 9 + (b – 3)² = 25 → (b – 3)² = 25 – 9 →
(b – 3)² = 16
b–3=4→b=4+3→b=7
b–3=–4→b=–4+3→b=–1
O valor da coordenada b pode ser –1 ou 7.
dOC < r1 . r2
02. Sabendo que o ponto A(1 ,1) pertence à circunferência
e que o centro possui coordenadas C(2, 1), temos que a
5. Circunferências concêntricas.
distância entre A e C é o raio da circunferência. Dessa forma
Duas circunferências são consideradas concêntricas
temos que d(A, C) = r.
quando possuem o centro em comum. Nesse caso, a distância
entre os centro é nula.

Matemática 71
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APOSTILAS OPÇÃO

- subconjunto dos pontos (x,y) exteriores a λ, que é a


solução para f(x,y) > 0;

Se o raio da circunferência é igual a 1 e o centro é dado por - subconjunto dos pontos (x,y) pertecentes a λ, que é a
(2, 1), temos que a equação da circunferência é dada por: (x – solução para f(x,y) = 0;
2)² + (y – 1)² = 1.

03. Vamos obter os pontos de intersecção da reta e da


circunferência através da resolução do seguinte sistema de - subconjunto dos pontos (x,y) interiores a λ, que é a
equações: solução para f(x,y) < 0;

Resolvendo o sistema por substituição:


2x + y = 20
y = 20 – 2x
Substituindo y na 2ª equação:
x² + y² = 400
x² + (20 – 2x)² = 400
x² + 400 – 80x + 4x² = 400
5x² – 80x + 400 – 400 = 0 Vejamos o exemplo:
5x² – 80x = 0
5x * (x – 16) = 0
1) Encontre a solução de x2 + y2 – 2x + 6y + 6 ≤ 0
5x = 0
Resolvendo temos:
x’ = 0 F(x,y) = x2 + y2 – 2x + 6y + 6 = (x – 1)2 – 1 + (y + 3)2 – 9 +
x – 16 = 0 6 = (x – 1)2 + (y + 3)2 - 4
x’’ = 16 Sabendo que f(x,y) = 0 é a equação da circunferência λ de
Substituindo x = 0 e x = 16, na equação y = 20 – 2x: centro C(1, -3) e raio 2.
x=0
y = 20 – 2 * 0
y = 20
S = {0, 20}

x = 16
y = 20 – 2 * 16
y = 20 – 32
y = – 12
S = {16, –12} O conjunto dos pontos que tornam f(x,y) ≤ 0 é o conjunto
dos pontos interiores a λ, reunidos com os pontos de λ.
Os pontos de intersecção são: {0, 20} e {16, –12}. Vamos Se pegarmos como exemplo o ponto P(1, -2), temos para
agora estabelecer a distância entre eles: suas coordenadas:
F(1, -2) = 12 + (-2)2 – 2.1 + 6.(-2) + 6 = -3 ≤ 0

Referências
IEZZI, Gelson – Matemática - Volume Único
GIOVANNI & BONJORNO – Matemática Completa – Volume 3 - FTD
www.brasilescola.com.br

V - TRATAMENTO DA
A distância entre os pontos de intersecção da reta e da INFORMAÇÃO: Leitura e
circunferência é igual a 16√5. representação da informação
em Gráficos, Tabelas e
INEQUAÇÕES DO 2º GRAU COM DUAS INCÓGNITAS
Pictogramas
Quando estudamos as posições relativas entre um ponto e
uma circunferência devemos conhecer um método para
resolver inequações do 2º grau da forma f(x,y) > 0 ou f(x,y) < MEDIDAS DE POSIÇÃO – CENTRALIDADE
0, em que f(x,y) = 0 é a equação de uma circunferência com
As medidas de posição visam localizar com maior
coeficiente de x2 positivo.
facilidade onde está a maior concentração de valores de uma
dada distribuição, podendo estar ela no início, meio ou fim; e
Dada a circunferência λ de equação f(x,y) = (x – a)2 + (y – também se esta distribuição está sendo feita de forma igual.
b)2 – r2 = 0 , o plano cartesiano fica dividido em três As medidas de posição mais importantes são as de
subconjuntos: tendência central, as quais destacamos aqui:
- Média (veremos aqui para dados agrupados)

Matemática 72
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APOSTILAS OPÇÃO

- Moda; 2 154 ├ 158 9


- Mediana. 3 158 ├ 162 11
4 162 ├ 166 8
E temos ainda as medidas de posição denominadas 5 166 ├ 170 5
separatrizes, que englobam: 6 170 ├ 174 3
- a própria mediana ∑ = 40
- os quartis;
- os percentis. Vamos abrir uma coluna para os pontos médios e outra
para os produtos:
MÉDIA ARITMÉTICA (𝒙 ̅)
A média aritmética é o quociente da divisão da soma dos
i Estaturas fi xi xi.fi
valores da variável pelo número deles. Anteriormente
(cm)
tratamos a média para dados não agrupados, agora veremos
para dados agrupados. 1 150 ├ 154 4 152 608
2 154 ├ 158 9 156 1404
1) Sem intervalo de classe: considerando a distribuição 3 158 ├ 162 11 160 1760
relativa a 34 famílias de quatro filhos, e tomando como 4 162 ├ 166 8 164 1312
variável o número de filhos do sexo masculino, teremos a 5 166 ├ 170 5 168 840
seguinte tabela: 6 170 ├ 174 3 172 516
∑= ∑=
40 6440
Nº de meninos fi
0 2 Σ𝑥𝑖 𝑓𝑖
1 6 ∑xifi = 6440, ∑fi = 40 e 𝑥̅ =
Σ𝑓𝑖
2 10
3 12 Aplicando:
4 4
∑ = 34 6440
𝑥̅ = = 161 → 𝑥̅ = 161 𝑐𝑚
40
As frequências são números indicadores da intensidade de
cada valor da variável, elas funcionam como fatores de
ponderação, o que nos leva a calcular a média aritmética MODA (Mo)
ponderada, dada por: A moda é o valor que aparece com maior frequência em
uma série de valores. Podemos dizer é o valor que “está na
𝚺𝒙𝒊 𝒇𝒊 moda”.
̅=
𝒙
𝚺𝒇𝒊
- Para dados não agrupados: ela é facilmente
O método mais prático de resolvermos é adicionarmos reconhecida, pois observamos o valor que mais se repete,
mais uma coluna para obtenção da média ponderada: como dito na definição.
Exemplo:
A série: 7,8,9,10,11, 11, 12, 13, 14 tem moda igual a 10.
Nº de meninos fi xi.fi
0 2 0 Observações:
1 6 6 - Quando uma série não apresenta valor modal, ou seja,
2 10 20 quando nenhum valor aparece com frequência, dizemos que
3 12 36 ela é AMODAL.
4 4 16 - Quando uma série tiver mais de um valor modal, dizemos
∑ = 34 ∑ = 78 que é BIMODAL (dois valores modas), TRIMODAL, etc.
Aplicando a fórmula temos:
- Para dados agrupados
Σ𝑥𝑖 𝑓𝑖 78 1) Sem intervalo de classe: para determinarmos a moda
𝑥̅ = = = 2,29 → 𝑥̅ = 2,3 𝑚𝑒𝑛𝑖𝑛𝑜𝑠
Σ𝑓𝑖 34 basta observamos a variável com maior frequência. Vejamos o
exemplo:
Nota: quando a variável apresenta um valor 2 meninos, 3
décimos de meninos, como devemos interpretar o resultado? Nº de meninos fi
Como o valor médio 2,3 meninos sugere (para este caso) que o 0 2
maior número de famílias tem 2 meninos e 2 meninas, sendo 1 6
uma tendência geral, certa superioridade numérica em relação 2 10
ao número de meninos. 3 12
4 4
2) Com intervalos de classe: convencionamos que todos ∑ = 34
os valores incluídos em um determinado intervalo de classe
coincidam com seu ponto médio. Determinamos a média
ponderada através da fórmula: Observamos que a maior frequência(fi) é 12, que
Σ𝑥𝑖 𝑓𝑖 corresponde ao valor de variável 3, logo: Mo = 3
𝑥̅ = , 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑥𝑖 é 𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑎 𝑐𝑙𝑎𝑠𝑠𝑒.
Σ𝑓𝑖
2) Com intervalo de classe: a classe que apresenta maior
frequência é denominada classe modal. A moda é o valor
Exemplo:
dominante que está compreendido entre os limites da classe
i Estaturas (cm) fi modal. O método mais simples para o cálculo é tomar o ponto
1 150 ├ 154 4

Matemática 73
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APOSTILAS OPÇÃO

médio da classe modal. A este valor damos o nome de moda


bruta.
𝒍 ∗ +𝑳 ∗
𝑴𝒐 =
𝟐

Onde:
l* → limite inferior da classe modal
L* → limite superior da classe modal
Exemplo:
A moda é utilizada:
- Quando desejamos obter uma medida rápida e
i Estaturas (cm) fi aproximada de posição;
1 150 ├ 154 4 - Quando a medida de posição deve ser o valor mais
2 154 ├ 158 9 típico da distribuição.
3 158 ├ 162 11
4 162 ├ 166 8 MEDIANA (Md)
5 166 ├ 170 5 Como o próprio nome sugere, a mediana é o valor que se
6 170 ├ 174 3 encontra no centro de uma série de números, estando
∑ = 40 estes dispostos segundo uma ordem. É o valor situado de tal
forma no conjunto que o separa em dois subconjuntos de
Observe que a classe com maior frequência é a de i = 3, nela mesmo número de elementos.
temos que l* = 158 e o L* = 162, aplicando na fórmula:
- Para dados não agrupados: para identificarmos a
𝑙 ∗ +𝐿 ∗ 158 + 162 320 mediana, precisamos ordenar os dados (crescente ou
𝑀𝑜 = = = = 160, 𝑙𝑜𝑔𝑜 𝑎 𝑀𝑜 decrescente) dos valores, para depois identificarmos o valor
2 2 2
= 160𝑐𝑚 central. Exemplo:
Dada a série de valores:
Existem ainda outros métodos mais elaborados para 5, 13, 10, 2, 18, 15, 6, 16, 9, vamos ordenar os valores em
encontramos a moda, um deles seria a fórmula de Czuber, ordem crescente:
onde: 2, 5, 6, 9, 10, 13, 15, 16,18; como temos uma sequência de
9 números precisamos identificar aquele que divide o conjunto
𝑫𝟏 em 2 subconjuntos com a mesma quantidade de elementos.
𝑴𝒐 = 𝒍 ∗ + .𝒉 ∗
𝑫𝟏 + 𝑫𝟐 Neste caso o valor é 10, pois temos a mesma quantidade de
elementos tanto a esquerda quanto a direita:
Onde temos:
l*→ limite inferior da classe modal
h* → amplitude da classe modal
D1 → f* - f(ant)
D2 → f* - f(post)
f*→ frequência simples da classe modal
f(ant)→ frequência simples da classe anterior à classe Md = 10
modal
f(post) → frequência simples da classe posterior à classe Neste caso como a série tem número ímpar de termos,
modal. ficou fácil identificarmos a mediana. Porém se a série tiver
número par, a mediana será, por definição, qualquer dos
Aplicando a fórmula ao exemplo anterior temos: números compreendidos entre dois valores centrais desta
série, ao qual utilizaremos o ponto médio entre as duas.
𝐷1 Exemplo:
𝑀𝑜 = 𝑙 ∗ + .ℎ ∗
𝐷1 + 𝐷2
11 − 9 2, 6, 7, 10, 12, 13, 18, 21 (8 termos), vamos utilizar os
= 158 + . (162 − 158) valores mais centrais que neste caso são o 4º e o 5º termo.
(11 − 9) + (11 − 8) Então a mediana será:
2
= 158 + .4
2+3 10 + 12 22
𝑀𝑑 = = = 11
2 2
8
𝑀𝑜 = 158 + = 158 + 1,6 = 159,6 ≅ 160 𝑐𝑚 Observações: estando ordenado os valores de uma série e
5
sendo n o número de elementos desta série, o valor mediano
Gráficos da moda será:
Observe que a moda é o valor correspondente, no eixo das 𝑛+1
abcissas, ao ponto de ordenada máxima. Assim temos: - o termo de ordem , se n for ímpar;
2
𝑛 𝑛
- a média aritmética dos termos de ordem 𝑒 + 1, se n
2 2
for par.

Observando os exemplos dados:


𝑛+1 9+1 10
- Para n = 9, temos = = = 5, a mediana é o 5º
2 2 2
temo, que é Md = 10.

- Para n = 8, temos 8/2 = 4 e 8/2 + 1 = 4 + 1 = 5. Logo a


mediana é a média aritmética do 4º e 5º termo:

Matemática 74
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10 + 12 / 2 = 22 / 2 = 11 → Md = 11 Σfi
imediatamente superior a . Fazendo isso podemos
2
Notas: interpolar os dados (inserção de uma quantidade de valores
- O valor da mediana pode coincidir ou não com um entre dois números), admitindo-se que os valores se
elemento da série. Se for ímpar há coincidência, se for par já distribuam uniformemente em todo o intervalo de classe.
não há; Exemplo:
- A mediana e a média aritmética não têm
necessariamente, o mesmo valor; i Estaturas (cm) fi Fi
- A mediana depende da posição dos elementos e não dos 1 150 ├ 154 4 4
valores dos elementos na série ordenada. Essa é uma 2 154 ├ 158 9 13
diferença marcante entre mediana e a média; 3 158 ├ 162 11 24
- A mediana também pode ser chamada de valor 4 162 ├ 166 8 32
mediano. 5 166 ├ 170 5 37
6 170 ├ 174 3 40
∑ = 40
- Para dados agrupados: o cálculo da mediana se
processa de modo semelhante ao dos dados não agrupados, A classe destaca é a classe mediana. Temos que:
implicando na determinação prévia das frequências Σfi 40
= = 20
acumuladas. 2 2
1) Sem intervalo de classe: neste caso basta Como há 24 valores incluídos nas três primeiras classes
identificarmos a frequência acumulada imediatamente de distribuição e como pretendemos determinar o valor que
superior à metade da soma da frequências. A mediana será o ocupa o 20º lugar, a partir do início da série, vemos que este
valor da variável que corresponde a tal frequência acumulada. deve estar localizado na terceira classe (i = 3), supondo que as
Exemplo: frequências dessa classe estejam uniformemente distribuídas.
Como existe 11 elementos nesta classe (fi) e o intervalo da
Nº de meninos fi Fa classe (i) é 4, devemos tomar, a partir do limite inferior, a
0 2 2 distância:
1 6 8
2 10 18 20 − 13 7
.4 = . 4, 𝑎 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑛𝑎 𝑠𝑒𝑟á 𝑑𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑟: 𝑀𝑑
3 12 30 11 11
7 28
4 4 34 = 158 + . 4 = 158 + = 158 + 2,54
∑ = 34 11 11
= 160,5 𝑐𝑚
Logo teremos:
Σfi 34
Em resumo aplicamos os seguintes passos:
= = 17, a menor frequência acumulada que supera
2 2
este valor é 18, que corresponder ao valor 2 da variável, sendo 1º - Determinamos as frequências acumuladas;
esta a mediana ou valor mediano. Md = 2 meninos. 2º - Calculamos ∑fi / 2;
3º - Marcamos a classe corresponde à frequência
acumulada imediatamente superior a ∑fi / 2 (classe mediana)
e após isso aplicamos a fórmula:
Nota: 𝚺𝒇𝒊
- Caso exista uma frequência acumulada (Fa ou Fi), tal que: [ − 𝑭(𝒂𝒏𝒕)] . 𝒉 ∗
𝟐
Σfi 𝑴𝒅 = 𝒍 ∗ +
𝐹𝑖 = , a mediana será dada por: 𝒇∗
2
𝑥𝑖 + 𝑥𝑖+1 Onde:
𝑀𝑑 = l* → limite inferior da classe mediana;
2
F (ant) → frequência acumulada da classe anterior à classe
Ou seja, a mediana será a média aritmética entre o valor da mediana;
variável correspondente a essa frequência acumulada e a f* → frequência simples da classe mediana;
seguinte. Exemplo: h* → amplitude do intervalo da classe mediana.

xi fi Fi Baseado no exemplo anterior temos:


12 1 1 l* = 158 ; F(ant) = 13 ; f* = 11 e h* = 4
14 2 3
15 1 4 Empregamos a mediana quando:
16 2 6 - Desejamos obter o ponto que divide a distribuição em
17 1 7 partes iguais;
20 1 8 - Há valores extremos que afetam de uma maneira
∑=8 acentuada a média;
Temos: 8/2 = 4 = F3 - A variável em estudo é salário.

Então: Posição relativa da Média, Mediana e Moda


Quando a distribuição é simétrica, as 3 medidas coincidem;
15 + 16 31 porém a assimetria torna elas diferentes e essa diferença é
𝑀𝑑 = = = 15,5
2 2 tanto maior quanto é a assimetria. Com isso teremos um
distribuição em forma de sino:
1) Com intervalo de classe: precisamos, neste caso,
x̅ = Md = Mo → curva simétrica
determinar o ponto do intervalo em que está compreendido a
mediana. Para tal, precisamos determinar a classe mediana,
que será aquela correspondente à frequência acumulada

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A mediana é o meio, como é uma sequência com 9 números


temos: n+1/2 → 9 +1 / 2 → 10/2 → 5, logo a mediana será o
5º termo, então Md = 2
A média é a somatória de todos os valores, dividido pela
quantidade 1+1+2+2+3+3+3 = 15, 15/9 = 1,66
Logo: média < mediana < moda

Referência
CRESPO, Antônio Arnot – Estatística fácil – 18ª edição – São Paulo - Editora
Saraiva: 2002
Mo < Md < x̅ → curva assimétrica positiva;
x̅ < Md < Mo → curva assimétrica negativa.
TABELAS E GRÁFICOS

A parte da Matemática que organiza e apresenta dados


numéricos e a partir deles fornecer conclusões é chamada de
Estatística.

Tabelas: as informações nela são apresentadas em linhas


e colunas, possibilitando uma melhor leitura e interpretação.
Exemplo:

Questões

01. Com relação à definição das medidas de tendência


central e de variabilidade dos dados em uma estatística,
assinale a opção correta.
(A) A moda representa o centro da distribuição, é o valor
que divide a amostra ao meio.
Fonte: SEBRAE
(B) A amplitude total, ou range, é uma medida de tendência
central pouco afetada pelos valores extremos.
Observação: nas tabelas e nos gráficos podemos notar que
(C) A mediana é o valor que ocorre mais vezes,
a um título e uma fonte. O título é utilizado para evidenciar a
frequentemente em grandes amostras.
principal informação apresentada, e a fonte identifica de onde
(D) A variância da amostra representa uma medida de
os dados foram obtidos.
dispersão obtida pelo cálculo da raiz quadrada positiva do
valor do desvio padrão dessa amostra.
Tipos de Gráficos
(E) A média aritmética representa o somatório de todas as
observações dividido pelo número de observações.
Gráfico de linhas: são utilizados, em geral, para
representar a variação de uma grandeza em certo período de
02. A medida estatística que separa as metades superior e
tempo.
inferior dos dados amostrados de uma população é chamada
Marcamos os pontos determinados pelos pares
de:
ordenados (classe, frequência) e os ligados por segmentos de
(A) mediana.
reta. Nesse tipo de gráfico, apenas os extremos dos
(B) média.
segmentos de reta que compõem a linha oferecem
(C) bissetriz.
informações sobre o comportamento da amostra. Exemplo:
(D) moda.

03. A sequência a seguir mostra o número de gols


marcados pelo funcionário Ronaldão nos nove últimos jogos
disputados pelo time da empresa onde ele trabalha:
2, 3, 1, 3, 0, 2, 0, 3, 1.
Sobre a média, a mediana e a moda desses valores é
verdade que:
(A) média < mediana < moda;
(B) média < moda < mediana;
(C) moda < média < mediana;
(D) mediana < moda < média;
(E) mediana < média < moda.

Respostas

01.Resposta: E.
Pela definições apresentadas a única que responde de
forma correta a questão é sobre a média. Gráfico de barras: também conhecido como gráficos de
colunas, são utilizados, em geral, quando há uma grande
02. Resposta: A. quantidade de dados. Para facilitar a leitura, em alguns casos,
Pela definição temos que esta medida é a Mediana. os dados numéricos podem ser colocados acima das colunas
correspondentes. Eles podem ser de dois tipos: barras
03.Resposta: A. verticais e horizontais.
Reordenando temos: - Gráfico de barras verticais: as frequências são
0,0,1,1,2,2,3,3,3 indicadas em um eixo vertical. Marcamos os pontos
Fica evidente o valor da moda, Mo = 3 determinados pelos pares ordenados (classe, frequência) e os

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ligamos ao eixo das classes por meio de barras verticais.


Exemplo:

- Gráfico de barras horizontais: as frequências são Histograma: o consiste em retângulos contíguos com base
indicadas em um eixo horizontal. Marcamos os pontos nas faixas de valores da variável e com área igual à frequência
determinados pelo pares ordenados (frequência, classe) e os relativa da respectiva faixa. Desta forma, a altura de cada
ligamos ao eixo das classes por meio de barras horizontais. retângulo é denominada densidade de frequência ou
Exemplo: simplesmente densidade definida pelo quociente da área pela
amplitude da faixa. Alguns autores utilizam a frequência
absoluta ou a porcentagem na construção do histograma, o que
pode ocasionar distorções (e, consequentemente, más
interpretações) quando amplitudes diferentes são utilizadas
nas faixas. Exemplo:

Observação: em um gráfico de colunas, cada barra deve


ser proporcional à informação por ela representada.

Gráfico de setores: são utilizados, em geral, para


visualizar a relação entre as partes e o todo.
Dividimos um círculo em setores, com ângulos de
medidas diretamente proporcionais às frequências de classes. Polígono de Frequência: semelhante ao histograma, mas
A medida α, em grau, do ângulo central que corresponde a construído a partir dos pontos médios das classes. Exemplo:
uma classe de frequência F é dada por:
360°
𝛼= .𝐹
𝐹𝑡
Onde:
Ft = frequência total

Exemplo:

Gráfico de Ogiva: apresenta uma distribuição de


frequências acumuladas, utiliza uma poligonal ascendente
utilizando os pontos extremos.

Pictograma ou gráficos pictóricos: em alguns casos,


certos gráficos, encontrados em jornais, revistas e outros
meios de comunicação, apresentam imagens relacionadas ao
contexto. Eles são desenhos ilustrativos. Exemplo:

Cartograma: é uma representação sobre uma carta


geográfica. Este gráfico é empregado quando o objetivo é de

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figurar os dados estatísticos diretamente relacionados com


áreas geográficas ou políticas.

Qual deles pode conter exatamente 1 litro de água?


(A) A caneca
(B) A jarra
(C) O garrafão
(D) O tambor

O caminho é identificar grandezas que fazem parte do dia


a dia e conhecer unidades de medida, no caso, o litro. Preste
atenção na palavra exatamente, logo a resposta está na
alternativa B.
Interpretação de tabelas e gráficos
Para uma melhor interpretação de tabelas e gráficos 2) No gráfico abaixo, encontra-se representada, em bilhões
devemos ter em mente algumas considerações: de reais, a arrecadação de impostos federais no período de
- Observar primeiramente quais informações/dados estão 2003 a 2006. Nesse período, a arrecadação anual de impostos
presentes nos eixos vertical e horizontal, para então fazer a federais:
leitura adequada do gráfico;
- Fazer a leitura isolada dos pontos.
- Leia com atenção o enunciado e esteja atento ao que
pede o enunciado.

Exemplo:
O termo agronegócio não se refere apenas à agricultura e
à pecuária, pois as atividades ligadas a essa produção incluem
fornecedores de equipamentos, serviços para a zona rural,
industrialização e comercialização dos produtos. (A) nunca ultrapassou os 400 bilhões de reais.
O gráfico seguinte mostra a participação percentual do (B) sempre foi superior a 300 bilhões de reais.
agronegócio no PIB brasileiro: (C) manteve-se constante nos quatro anos.
(D) foi maior em 2006 que nos outros anos.
(E) chegou a ser inferior a 200 bilhões de reais.
Analisando cada alternativa temos que a única resposta
correta é a D.

Questões

01. “Estar alfabetizado, neste final de século, supõe saber


Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA).
ler e interpretar dados apresentados de maneira organizada e
Almanaque abril 2010. São Paulo: Abril, ano 36 (adaptado)
construir representações, para formular e resolver problemas
que impliquem o recolhimento de dados e a análise de
Esse gráfico foi usado em uma palestra na qual o orador
informações. Essa característica da vida contemporânea traz
ressaltou uma queda da participação do agronegócio no PIB
ao currículo de Matemática uma demanda em abordar
brasileiro e a posterior recuperação dessa participação, em
elementos da estatística, da combinatória e da probabilidade,
termos percentuais.
desde os ciclos iniciais” (BRASIL, 1997).
Segundo o gráfico, o período de queda ocorreu entre os
Observe os gráficos e analise as informações.
anos de
A) 1998 e 2001.
B) 2001 e 2003.
C) 2003 e 2006.
D) 2003 e 2007.
E) 2003 e 2008.

Resolução:
Segundo o gráfico apresentado na questão, o período de
queda da participação do agronegócio no PIB brasileiro se
deu no período entre 2003 e 2006. Esta informação é extraída
através de leitura direta do gráfico: em 2003 a participação
era de 28,28%, caiu para 27,79% em 2004, 25,83% em 2005,
chegando a 23,92% em 2006 – depois deste período, a
participação volta a aumentar.
Resposta: C

Mais alguns exemplos:

1) Todos os objetos estão cheios de água.

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A partir das informações contidas nos gráficos, é correto Respostas


afirmar que:
(A) nos dias 03 e 14 choveu a mesma quantidade em 01. Resposta: C.
Fortaleza e Florianópolis. A única alternativa que contém a informação correta com
(B) a quantidade de chuva acumulada no mês de março foi ao gráficos é a C.
maior em Fortaleza.
(C) Fortaleza teve mais dias em que choveu do que 02. Resposta: CERTO.
Florianópolis. 555----100%
(D) choveu a mesma quantidade em Fortaleza e 306----x
Florianópolis. X=55,13%

02. 03. Resposta: D.


(A) 1,8*10+2,5*8+3,0*5+5,0*4+8,0*2+15,0*1=104
salários
(B) 60% de 30, seriam 18 funcionários, portanto essa
alternativa é errada, pois seriam 12.
(C)10% são 3 funcionários
(D) 40% de 104 seria 41,6
20% dos funcionários seriam 6, alternativa correta,
pois5*3+8*2+15*1=46, que já é maior.
(E) 6 dos trabalhadores: 18
30% da renda: 31,20, errada pois detêm mais.
Ministério da Justiça — Departamento Penitenciário Nacional
— Sistema Integrado de Informações Penitenciárias – InfoPen, Referências
https://www.infoenem.com.br
Relatório Estatístico Sintético do Sistema Prisional Brasileiro,
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br
dez./2013 Internet:<www.justica.gov.br> (com adaptações)

A tabela mostrada apresenta a quantidade de detentos


no sistema penitenciário brasileiro por região em 2013.
Nesse ano, o déficit relativo de vagas — que se define pela
Anotações
razão entre o déficit de vagas no sistema penitenciário e a
quantidade de detentos no sistema penitenciário —
registrado em todo o Brasil foi superior a 38,7%, e, na
média nacional, havia 277,5 detentos por 100 mil
habitantes.

Com base nessas informações e na tabela apresentada,


julgue o item a seguir.
Em 2013, mais de 55% da população carcerária no
Brasil se encontrava na região Sudeste.
( )certo ( ) errado

03. A distribuição de salários de uma empresa com 30


funcionários é dada na tabela seguinte.

Salário (em salários Funcionários


mínimos)

1,8 10

2,5 8

3,0 5

5,0 4

8,0 2

15,0 1

Pode-se concluir que

(A) o total da folha de pagamentos é de 35,3 salários.


(B) 60% dos trabalhadores ganham mais ou igual a 3
salários.
(C) 10% dos trabalhadores ganham mais de 10 salários.
(D) 20% dos trabalhadores detêm mais de 40% da renda
total.
(E) 60% dos trabalhadores detêm menos de 30% da renda
total.

Matemática 79
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Matemática 80
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

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de uma vida digna; a liberdade de desenvolver e realizar o


potencial humano de cada pessoa; a ausência do medo,
traduzida na garantia de segurança pública; a ausência de
injustiça e de violações ao Estado de Direito; a liberdade de
pensamento e opinião, de participar em processos de tomada
de decisão e de formar associações; e ter um trabalho digno.
Atualmente o Brasil vive outra realidade, em que se podem
perceber os resultados dos investimentos sociais realizados
pelo governo brasileiro ao longo da última década, como a
distribuição de renda, a inclusão social e a promoção do acesso
I - Direitos Humanos. à educação, com o aumento da oferta de vagas e
disponibilização de recursos que garantem um ensino de
qualidade. O enfrentamento das desigualdades é consolidado
1Educação em Direitos Humanos: Diretrizes Nacionais no enfrentamento da pobreza com a implementação de
políticas de direito humanos.
Apresentação Desta forma, esperamos que o caderno “Educação em
Direitos Humanos: Diretrizes Nacionais” contribua para
A Constituição Federal de 1988 considera os direitos transformar a Educação em Direitos Humanos em um direito
humanos, a democracia, a paz e o desenvolvimento humano efetivo.
socioeconômico como essenciais para garantir a dignidade da
pessoa humana. Dessa forma, a educação se configura como Introdução
uma ação essencial que possibilita o acesso real a todos os
direitos. Direitos Humanos são aqueles que o indivíduo possui
Em 1996, o Brasil torna real o compromisso assumido na simplesmente por ser uma pessoa humana, por sua
luta pela consolidação dos direitos humanos e lança o importância de existir, tais como: o direito à vida, à família, à
Programa Nacional de Direitos Humanos I (PNDH). Em 2002, alimentação, à educação, ao trabalho, à liberdade, à religião, à
o PNDH foi reformulado e, em 2010, foi lançado o PNDH-3, que orientação sexual e ao meio ambiente sadio, entre outros.
tem um eixo que trata da educação em direitos humanos. São direitos fundamentais, reconhecidos no âmbito
O Eixo 5 do PNDH-3 trata da educação e da cultura em internacional, garantidos pelo sistema social do qual o
Direitos Humanos e dialoga com o Plano Nacional de Educação indivíduo faz parte. Todavia, para os Direitos Humanos
em Direitos Humanos (PNEDH) como referência para a atingirem patamar de norma, foi necessário um processo
política nacional de Educação e Cultura em Direitos Humanos. histórico, político e social. Inúmeras lutas se travaram com o
O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos objetivo de retirar o homem da violência e da opressão.
(PNEDH) foi lançado em 2003 e teve sua versão final em 2006. Ao visualizar o mundo atual com tantas disparidades, em
O PNEDH está respaldado em documentos internacionais, que a busca desenfreada pelo poder e a coisificação das
notadamente no Programa Mundial de Educação em Direitos pessoas são tangíveis, a cultura e a Educação em Direitos
Humanos (PMDH) e no seu plano de ação. Humanos podem configurar-se como possibilidades para
A Secretaria de Direitos Humanos, o Ministério da transformar essa realidade.
Educação e o Ministério da Justiça assinam o PNEDH, que A educação é um instrumento imprescindível para que o
está constituído por cinco eixos, a saber: educação básica; indivíduo possa reconhecer a si próprio como agente ativo na
educação superior; educação não formal; educação dos modificação da mentalidade de seu grupo, sendo protagonista
profissionais de Justiça e Segurança; e educação e mídia. na construção de uma democracia.
Em 2012, o Ministério da Educação aprova as Diretrizes Antes de tudo, é indispensável que se reconheça que a
Nacionais para a Educação em Direitos Humanos (DNEDH). As educação é um direito humano, garantido pela Constituição
diretrizes estão em consonância com a Constituição Federal de Federal em seus Artigos 205 a 214. O texto constitucional é
1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei claro ao dispor que é dever da nação proporcionar educação a
nº 9.394/1996). todos.
As diretrizes têm como fundamento os seguintes As instituições de ensino, desde escolas básicas até as de
princípios: a dignidade humana; a igualdade de direitos; o ensino superior, devem direcionar seus projetos pedagógicos
reconhecimento e a valorização das diferenças e das para os direitos humanos, preocupando-se não só com os
diversidades; a laicidade do Estado; a democracia na conteúdos voltados para o letramento, mas também com a
educação; a transversalidade, a vivência e a globalidade; e formação do caráter e da personalidade das pessoas.
a sustentabilidade socioambiental. A Educação em Direitos Humanos (EDH) enquanto uma
A publicação do caderno “Educação em Direitos Humanos: proposta de política pública foi fomentada no cenário nacional
Diretrizes Nacionais” tem o propósito de divulgar e difundir com a instituição do Comitê Nacional de Educação em Direitos
informações relativas à educação em direitos humanos, Humanos – CNEDH e posteriormente com a elaboração e
segundo o que preconiza o Programa Mundial de Direitos publicação do Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos (2005-2014), e é uma parceria entre a Secretaria de Humanos – PNEDH em 2003, em resposta a uma exigência da
Direitos Humanos, a Organização dos Estados Ibero- ONU no âmbito da Década das Nações Unidas para a Educação
americanos e o Ministério da Educação. em Direitos Humanos (1995–2004).
Esse documento objetiva orientar a comunidade escolar e Esse plano é um instrumento orientador e fomentador de
todos que são responsáveis pela educação, atendendo aos ações educativas no âmbito da Educação em Direitos Humanos
objetivos de promover a inclusão e a prática da educação em com o propósito de nortear a formação de sujeitos de direitos,
direitos humanos em todos os níveis de ensino. voltados para os reais compromissos sociais.
Esta é uma ação concreta para garantir as condições Para que seja consolidada, a Educação em Direitos
necessárias para assegurar as liberdades fundamentais como: Humanos necessita da participação dos profissionais do
a ausência de discriminação; a ausência de miséria e o usufruto ensino, da sociedade civil, dos agentes e representantes

1Texto adaptado de Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República


– SDH/PR

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políticos. A EDH trabalha com a orientação de crianças, jovens Existe uma diversidade de participantes (estudantes,
e adultos para que assumam suas responsabilidades enquanto professores, gestores e comunidade escolar em geral), que
cidadãos, promovendo o respeito entre as pessoas e suas possuem cultura e experiências diferentes.
diferenças; fazendo com que reconheçam seus direitos e Nessa situação, a EDH intervém por meio de uma mediação
defendam os direitos dos outros. pedagógico-pacificadora, restabelecendo os valores e a
A implementação da EDH é um projeto que exige segurança necessários para um ambiente educacional
envolvimento da comunidade escolar, da rede de promoção e saudável, no qual a justiça, a igualdade, o respeito, a
defesa dos direitos humanos, bem como dos gestores solidariedade e a consideração entre as pessoas prevalecem.
educacionais e sociais. Desta forma, a EDH é mais do que uma educação para
Para que a EDH tivesse a legitimidade que lhe é devida, foi mediação de conflitos, visto que fortalece laços de
necessária a elaboração de dispositivos normativos que dão solidariedade, notadamente nas comunidades escolares em
base legal e norteiam esse projeto de política pública. Em que os princípios de respeito à dignidade da pessoa humana já
2010, a EDH deixa de ser uma ideia e torna-se legítima com a são vivenciados; e se não ocorrem, devem ser estimulados a
aprovação do Programa Nacional de Direitos Humanos 3 – acontecer.
PNDH-3, atualmente em sua terceira versão. As Diretrizes Nacionais da Educação em Direitos Humanos
Diante disso, o Conselho Nacional de Educação/Conselho recomendam a formação para a vida e a convivência. O
Pleno, através do Parecer n° 8/2012 e da Resolução n° 1/2012, indivíduo pode e deve, por meio da EDH, adotar uma posição
estabelece as Diretrizes Nacionais da Educação em Direitos de sujeito de direitos e assim reconhecer que o outro também
Humanos (DNEDH), que orientam para a prática e a o é, em uma troca mútua de respeito e reciprocidade. Dessa
funcionalidade da EDH em todos os setores da educação. maneira, é possível evitar alguns tipos de violência – como o
A finalidade dessas premissas é atender aos deveres do bullying.
Brasil com alguns pactos internacionais, bem como cumprir São seis os princípios que sustentam a Educação em
com sua própria legislação interna, como a Constituição Direitos Humanos segundo as DNEDH: a) dignidade humana;
Federal (CF), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional b) democracia na educação e no ensino; c) valorização das
(LDBEN), o Programa Mundial de Educação em Direitos diversidades; d) transformação social; e)
Humanos (PMEDH), o Plano Nacional de Educação em Direitos interdisciplinaridade; f) sustentabilidade. Com densidade de
Humanos (PNEDH) e o Programa Nacional de Direitos significados, cada um desses preceitos se explica como
Humanos – 3 (PNDH-3). É adequado mencionar que quando o instrumento de disseminação e realização dos Direitos
Brasil se torna signatário de um pacto internacional, este Humanos.
passará a compor a legislação infraconstitucional, portanto, O governo, os órgãos públicos e a inciativa privada podem
parte do ordenamento interno. colaborar com a legitimação e o reconhecimento desses
No entanto, essa não é a primeira iniciativa do Conselho princípios na organização da estrutura educacional das
Nacional de Educação ao relacionar a Educação em Direitos instituições pelas quais são responsáveis. Podem participar
Humanos nos dispositivos de normatização da educação. com a produção de materiais pedagógicos que incentivem as
Outros documentos foram criados, como as Diretrizes Gerais práticas voltadas para a promoção dos direitos da pessoa.
para a Educação Básica; as Diretrizes Curriculares Nacionais Todo o exposto foi uma simples interligação entre a
para a Educação Infantil; as Diretrizes Curriculares do Ensino Educação, os Direitos Humanos e a Educação em Direitos
Fundamental de nove anos e para o Ensino Médio. Humanos, em que um breve resumo das Diretrizes Nacionais
As instituições de ensino possuem grande para Educação em Direitos Humanos visa a apresentar as
responsabilidade na criação de espaços para a cultura dos propostas do projeto.
Direitos Humanos. Estes devem ser inclusos em projetos Posteriormente, as Diretrizes Nacionais serão
pedagógicos, nos currículos, nas avaliações, em produções de aprofundadas, com o detalhamento das estruturas
materiais pedagógicos e na atualização/ capacitação dos metodológicas para a Educação em Direitos Humanos. Para
professores. É oportuna a inclusão dessa temática para a tanto, é necessário promover a efetiva implementação das
sociedade civil através dos conselhos escolares. diretrizes por sua disseminação entre os profissionais da
As Diretrizes Nacionais têm como alvo formar para vida e Educação.
a convivência. Pautam-se na admissão de inovações das O presente documento pretende, dessa forma, apresentar
metodologias, buscando embasar as técnicas de ensino na a evolução do respeito aos Direitos Humanos, e da defesa da
inclusão de toda a comunidade escolar, a partir da aceitação Educação em Direitos Humanos, bem como divulgar as
das diversidades e do respeito à diferença. Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos no
A Educação em Direitos Humanos fundamenta-se na que se refere aos seus princípios, dimensões, estratégias de
formação ética, crítica e política do indivíduo. A formação ética aplicação e avaliação.
se atém a preceitos subjetivos: dignidade da pessoa, liberdade, O objetivo maior do livro será contemplado se, ao final da
justiça, paz, igualdade e reciprocidade entre as nações são leitura, diretores, coordenadores, gestores, professores e
tidos como valores humanizadores. Já a formação crítica demais profissionais da Educação Básica sentirem-se
implica no desenvolvimento de juízo de valores diante dos informados e motivados a propor mudanças efetivas para
cenários cultural, político, econômico e social. Por fim, a garantir a promoção, a proteção e a defesa dos Direitos
formação política trabalha num ponto de vista transformador, Humanos em seus ambientes de trabalho e transformação
promove o empoderamento, compreendido como a social.
emancipação dos indivíduos para que eles próprios tenham
capacidade para defender os interesses da coletividade. 1.1. Direitos Humanos: contextualização e histórico no
Um ponto importante que as Diretrizes Nacionais da mundo
Educação em Direitos Humanos defendem é o cotidiano do
ambiente educacional – momento em que as teorias são postas Ao falar sobre Direitos Humanos, vários julgamentos e
em prática e os conhecimentos são produzidos pelas sentidos distintos permeiam o entendimento. E qual seria o
experiências. Essa atmosfera é propícia para a construção dos mais próximo conceito de tão amplo assunto? Para Dornelles
valores, significados e estabelecimento da cultura dos direitos (2006), os direitos humanos podem ser interpretados de
humanos. acordo com a experiência de cada um.
O ambiente educacional não é um recinto propriamente A construção de um conceito de direitos humanos para a
dito. É o tempo e o contexto em que a aprendizagem acontece. sociedade deve ter como eixo fundamental a dignidade da

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pessoa humana, visando o integral desenvolvimento de seu segurança, a livre expressão, a reunião e associação e a
potencial criador enquanto cidadão crítico e consciente de liberdade de ir e vir.
seus deveres e direitos. Os Direitos de Segunda Geração, ou Direitos Políticos, são
A ideia de Direitos Humanos é relativamente nova na direitos positivos que têm a liberdade como núcleo central e
história ocidental. Esses direitos foram conquistados de forma garantem a todos os membros de uma comunidade o sufrágio
diferente em cada sociedade, e surgiram como alternativa para universal, o direito de constituir partidos políticos e o direito
garantir à pessoa, dentro de uma sociedade, as condições de plebiscito.
essenciais à plenitude do gozo da vida humana. Os Direitos de Terceira Geração, ou Direitos Econômicos,
A aprovação de uma declaração universal dos direitos Sociais e Culturais, são efetivados pelo Estado e voltados para
humanos foi proposta em 1948 em uma reunião do Conselho trabalhadores e marginalizados, visando a garantir-lhes um
Econômico e Social das Nações Unidas. Esse documento mínimo de igualdade e bem-estar social, respondendo à
afirmaria o disposto no Artigo 55 da Carta das Nações Unidas. globalização, às alterações financeiras em todo o mundo e às
Diz o texto: mudanças no meio ambiente.
Com o fim de criar condições de estabilidade e bem-estar, Os Direitos de Quarta Geração ou Direitos de Solidariedade
necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as Nações, compreendem os direitos no âmbito internacional. Entre esses
baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos e da direitos destacam-se: o direito ao desenvolvimento e ao meio
autodeterminação dos povos, as Nações Unidas promoverão: ambiente sadio; o direito à paz; e o direito à autodeterminação
a) a elevação dos níveis de vida, o pleno emprego e condições dos povos.
de progresso e desenvolvimento econômico e social; b) a Em 1968, as Nações Unidas realizaram em Teerã a
solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, de Primeira Conferência de Direitos Humanos. As discussões da
saúde e conexos, bem como a cooperação internacional, de conferência culminaram com um documento que reafirmava a
carácter cultural e educacional; c) o respeito universal e inalienabilidade e a inviolabilidade dos direitos humanos. Tal
efetivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais documento explicitava a condenação à discriminação de
para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. gênero, demonstrava preocupação com o analfabetismo (a
Para cumprir o exposto no artigo, o Conselho Econômico e falta de acesso à Educação coloca a pessoa em situação de
Social das Nações Unidas instituiu a Comissão de Direitos vulnerabilidade), reconhecia os direitos humanos e
Humanos, que “exerce a dupla função: de promoção e proteção identificava como o objetivo primeiro das Nações Unidas em
da dignidade da pessoa humana”. A comissão recebeu a missão direitos humanos a garantia do máximo da liberdade com
de elaborar anteprojetos de documentos (declarações e dignidade. O Artigo 13 da Proclamação de Teerã associa a
tratados internacionais) que garantissem esses direitos. realização plena da pessoa e as liberdades fundamentais à
(COMPARATO, 2003) possibilidade de exercer os direitos sociais:
Em 10 de dezembro de 1948, foi aprovada a Declaração 13. Como os direitos humanos e liberdades fundamentais
Universal dos Diretos Humanos (DUDH), cujo preâmbulo são indivisíveis, a plena realização dos direitos civis e políticos
enfatiza que “o reconhecimento da dignidade inerente a todos sem o gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais é
os membros da família humana e de seus direitos iguais e impossível. O alcance de progresso duradouro na
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz implementação dos direitos humanos depende de políticas
no mundo”. O Artigo I afirma que “todos os seres humanos nacionais e internacionais saudáveis e eficazes de
nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de desenvolvimento econômico e social;
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros Diferente da Conferência de Teerã (1968), a Conferência
com espírito de fraternidade” (DUDH). Mundial sobre os Direitos Humanos de 1993, também
A expressão direitos humanos é utilizada em referência a conhecida como Conferência de Viena, apresenta um
princípios universais que podem, potencialmente, ser aceitos documento final que propõe programas de proteção aos
por todas as culturas. Já os Direitos Fundamentais são direitos humanos, haja vista que os processos de normatização
definidos no texto constitucional, conferindo ao cidadão foram considerados resolvidos no âmbito do direito
direitos e garantias individuais, políticas, sociais, econômicas internacional em instrumentos internacionais vigentes.
e culturais e que guardam os valores fundamentais da ordem Os avanços assumidos pelas Nações Unidas como não
jurídica de um país. negociáveis e que fundamentam seus programas atuais foram:
Para entender a essência dos direitos humanos, é a) a universalidade dos direitos humanos;
necessário realizar um breve histórico sobre as conquistas b) a legitimidade do sistema internacional de proteção aos
humanas desde os primórdios até os dias hodiernos. Na direitos humanos;
política internacional de direitos humanos, pode-se c) o direito ao desenvolvimento;
acompanhar a história de avanços por intermédio dos d) o direito à autodeterminação;
diferentes pactos acordados pela comunidade a respeito do e) o estabelecimento da inter-relação entre democracia,
tema. desenvolvimento e direitos humanos.
A história dos Direitos Humanos fundamenta-se em duas
concepções tradicionais: a jusnaturalista e a de conquista Seguindo a recomendação da Declaração e Programa de
histórica. Thomas Hobbes, John Locke e Rousseau defendem o Ação de Viena, o Governo Federal brasileiro lançou em maio
jusnaturalismo, segundo o qual a pessoa possui direitos de 1996 o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH),
naturais que lhe são inerentes. Na concepção histórica, que visava sistematizar as demandas da sociedade brasileira
defendida por Vasak, citado por Bobbio (1992) e por Bedin com relação à proteção e promoção de direitos humanos e
(1998), os direitos humanos resultam de lutas históricas pela identificar alternativas para a solução de problemas
libertação e emancipação. Bedin (1998) propõe uma estruturais, subsidiando a formulação e implementação de
classificação para os direitos humanos, baseada na proposta políticas públicas orientadas para a garantia e promoção
de Vasak. A história da evolução dos direitos humanos é desses direitos.
marcada por quatro gerações, cada uma com uma nova Em 15 de dezembro de 1998, a Organização das Nações
conquista (TOSI, 2004). Unidas assinou a Resolução 53/198, relativa à aplicação da
Os Direitos de Primeira Geração, ou Direitos Civis, são Primeira Década das Nações Unidas para a Erradicação da
direitos negativos, que proíbem excessos do Estado e Pobreza (1997-2006), em que estabeleceu dois objetivos:
garantem a vida, a igualdade perante a lei, a propriedade, a erradicar a pobreza absoluta e reduzir consideravelmente a
pobreza geral do mundo. Ainda que sejam diferentes quanto

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ao seu grau, os dois tipos de pobreza têm consequências pois há uma obrigação do Estado de provê-lo. Uma
igualmente danosas – precisando, portanto, de tratamento necessidade não tem respaldo jurídico, portanto não existem
igual para serem erradicadas. mecanismos legais que garantam a sua satisfação. Os direitos
A Conferência de Viena, em seu informe final, reafirmou estão associados ao “ser”, enquanto as necessidades estão
que a existência da pobreza inibia o desfrute pleno e efetivo associadas ao “ter”.
dos direitos humanos e constituía violação da dignidade da Na prática, o enfoque dos direitos humanos nas políticas e
pessoa humana. A partir de tal visão, a Organização das Nações estratégias de desenvolvimento implica a garantia de que o
Unidas incorporou a Declaração sobre os Objetivos do Milênio Estado adote políticas sociais e destine recursos que garantam
e passou a recomendar a adoção do enfoque dos direitos a realização dos direitos humanos. Os critérios básicos dessa
humanos nos projetos de desenvolvimento – estabelecendo, estratégia são: os mecanismos de responsabilidade; a
na prática, que as atividades de cooperação entre os países- igualdade e a não discriminação; a participação e a outorga do
membros devem priorizar a defesa dos direitos humanos. poder aos setores marginalizados e excluídos.
Nesse sentido, um dos principias mecanismos é colocar como O primeiro passo para a outorga do poder aos setores
marco conceitual das estratégias de desenvolvimento excluídos é reconhecer que são titulares de direitos. Esse
garantias de igual tratamento a toda população, de igualdade e conceito muda a lógica na proposição de políticas públicas
de não discriminação, e de participação e outorga do poder a tanto pelo Estado quanto pelos movimentos sociais. Na
todos os setores, principalmente aos grupos vulneráveis. verdade, não se buscará mais recursos para pessoas
Por fim, a Conferência de Viena confirmou a necessitadas, mas sim sujeitos detentores de direitos. Essa
universalidade, a indivisibilidade, a interdependência e a nova perspectiva gera obrigações e exige condutas que
inter-relação dos direitos civis e dos direitos econômicos, respondam às demandas sociais (ABRAMOVICH).
sociais, culturais e ambientais. Como característica dos
direitos humanos, a universalidade obriga Estado e sociedade 1.2. Direitos Humanos: contextualização e histórico no
a respeitarem esses direitos sem qualquer restrição, Brasil
independentemente de nacionalidade, raça, sexo, credo ou
convicção política, religiosa e/ou filosófica. A indivisibilidade A democracia é fator de coesão que pode ser avaliado a
implica na unidade de todos os direitos, o que na prática partir da capacidade que um país tem de responder às
significa que a violação de qualquer direito gera violações de expectativas de seus cidadãos em termos de seus direitos, de
numerosos outros e que qualquer contraposição entre direitos suas necessidades socioeconômicas e de seu desenvolvimento
civis e políticos e direitos econômicos, sociais e culturais é integral como seres humanos.
artificial. A interdependência, por sua vez, pressupõe Esses direitos, para serem efetivados, precisam ser
interatividade entre direitos: a não realização do direito à traduzidos na garantia da qualidade de vida – o que implica
Educação pode comprometer o exercício dos direitos à que a população beneficiada tenha acesso aos serviços de
liberdade, à moradia e à alimentação adequada, entre outros. saúde, à moradia, à educação, à terra, à água, à alimentação e à
Podem-se ainda citar outras características dos direitos segurança pública, entre outros.
humanos, apresentadas por Lima Junior (2000): a Mas tal acesso exige, por sua vez, a concretização das
inviolabilidade estabelece que os direitos humanos não podem condições para a vigência desses direitos, dado que a
ser desrespeitados, sob pena de responsabilidades civis, realização da pessoa não pode acontecer à margem da
penais e administrativas; a irrenunciabilidade significa que integração social e na ausência de uma sociedade que permita
direitos como a vida, a liberdade, a dignidade e a intimidade aos seus membros desenvolverem-se plenamente.
não podem ser objeto de renúncia por seus titulares; a O Brasil é um país continental, possui enormes riquezas
imprescritibilidade refere-se ao fato de que o decurso do naturais e culturais, e, no entanto, conta com uma enorme
tempo não pode elidir os direitos humanos, como no caso de dívida com seu povo no que se refere ao respeito aos direitos
crimes de racismo ou tortura, por exemplo; a inalienabilidade humanos.
significa que a pessoa não pode transferir qualquer um dos A Constituição Brasileira de 1988, considerada a
seus direitos; e a efetividade impõe a materialização dos “Constituição Cidadã”, institucionalizou os direitos humanos
diretos humanos – que não precisam ser realizados para no país, destacando a cidadania e a dignidade da pessoa
existirem. humana como princípios fundamentais do Estado Brasileiro. O
Sarmento (2013) complementa o conceito de direitos que é preconizado, entretanto, não se concretiza plenamente.
humanos ao dizer que são ações subjetivas para assegurar a No Brasil, lutar pelos direitos humanos significa lutar por
dignidade da pessoa nas dimensões de liberdade, igualdade e melhores condições de vida para uma grande maioria de
solidariedade. Dessa forma, entende que os direitos humanos brasileiros. A política de projetos sociais é uma possibilidade
se interligam a questões políticas, já que falam em liberdade, de tornar concreto o que se define como direito de cada
igualdade e solidariedade. pessoa: ser “igual ao igual”. O “igual” sujeito da exclusão exige,
Ainda no mesmo raciocínio, Dornelles (2006) aponta que portanto, moradia, trabalho, educação, saúde e,
Direitos Humanos é um movimento ideológico e que esses principalmente, o direito a ter esperança.
direitos só se tornaram fundamentais – isto é, indispensáveis, Em muitas localidades do Brasil, o Estado de Direito e o
imprescritíveis – a partir de sua normatização como força de império da lei têm aplicabilidade limitada. Isto ocorre em
lei. O direito inerente à pessoa humana tornou-se direito virtude de continuar imperando em muitos municípios o
fundamental de acordo com a evolução do entendimento da clientelismo, em que relações pessoais imperam sobre
sociedade ao longo dos tempos e através de suas constituições. instituições e a troca de favores perpetua concentrações
Esse marco conceitual contribui para atingir os Objetivos extremas e duradouras de poder em poucas famílias ou
do Milênio ao definir com maior precisão as obrigações do grupos. A conquista de avanços sociais está diretamente
Estado frente aos direitos humanos nas estratégias de relacionada a tais relações pessoais e tais trocas, o que – além
programas e projetos de desenvolvimento. Para entender o de não ser legítimo ou ético – atenta contra a perspectiva de
que significa o enfoque dos direitos humanos, entretanto, faz- direitos. Neste contexto, a inclusão social é processo lento e
se necessário compreender a diferença entre direitos e demorado que não acompanha a vida das pessoas.
necessidades. Um direito é algo que é inerente à pessoa e que Existem as políticas macroeconômicas que o Brasil adota,
lhe permite viver com dignidade. Uma necessidade é uma muitas delas historicamente concentradoras de renda a bem-
aspiração que pode ou não ser reconhecida pelo Estado, por estar. Vez por outra, os brasileiros são surpreendidos por
legítima que seja. Um direito pode ser reclamado perante a lei, planos econômicos elaborados em obediência a mercados

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internacionais. Quanto maior a concentração de riqueza e de Ditadura Militar, como tortura, assassinatos e sequestros,
renda, entretanto, menor o crescimento e maior a tomaram a pauta dos movimentos sociais, dando visibilidade
desigualdade. Lustosa (2002) afirma que “a desigualdade da para a sociedade brasileira, antes impossível em razão da
vida social resulta dos padrões dominantes de produção e repressão política.
consumo que operam segundo valores de crescimento Na década de1990, em decorrência de compromissos
ilimitado estimulando a competitividade”. firmados internacionalmente, o Governo Federal se envolveu
Apesar das contradições, o Brasil possui tradição no que se diretamente no tema, colocando-se como um novo ator ao
refere à defesa dos direitos humanos, notadamente os direitos elaborar políticas públicas voltadas à Educação em Direitos
civis e políticos, defesa incrementada a partir do golpe militar Humanos. Nesse período, foram realizadas parcerias entre o
de 1964. Mais recentemente, grupos organizados de Governo Federal e a sociedade civil, e ao longo dos anos novas
brasileiros também vêm sendo despertados a denunciar as temáticas foram incorporadas, acrescentando à pauta os
violações aos direitos econômicos, sociais e culturais. direitos econômicos, sociais e culturais.
Segundo Demo (1995), ainda existe parte da política O PNDH I de 1996 tinha o foco voltado para os direitos civis
perversa da mais-valia praticada no Brasil, onde o mercado e políticos, a saber:
interno é diminuto e a quantidade de trabalhadores que forma 1) Políticas Públicas para Proteção e Promoção dos
a massa salarial é pequena. A distribuição de riqueza é Direitos Humanos (incluindo a proteção do direito à vida,
desigual, já que uma parcela mínima detém a maioria dos liberdade e igualdade perante a lei);
recursos financeiros. 2) Educação e Cidadania: Bases para uma Cultura dos
A presença de riqueza não basta para caracterizar a Direitos Humanos;
situação de bem-estar, porque o desafio propriamente dito é 3) Políticas Internacionais para Promoção dos Direitos
sua redistribuição. O que estranha demais aos organismos da Humanos; e
Organização das Nações Unidas (ONU) dedicados à promoção 4) Implementação e Monitoramento do Programa
do desenvolvimento é precisamente esta gritante contradição: Nacional de Direitos Humanos.
um país rico que cultiva pobreza extrema com a maior sem-
cerimônia. O PNDH I sofreu ampla revisão e esse processo teve por
Apesar de ter ratificado a maioria dos instrumentos objetivo incluir também os direitos econômicos, sociais e
globais e regionais de proteção dos direitos humanos, e apesar culturais na pauta do governo, reforçando a indivisibilidade e
da extensa redistribuição realizada nos últimos anos, o Brasil a interdependência dos direitos humanos.
continua sendo um dos países com elevada desigualdade e O PNDH II, de 2002, incorporou alguns temas destinados à
grande contingente de pessoas pobres. conscientização da sociedade brasileira com o fito de
Diante dessa realidade, o direito de conquistar direitos é consolidar uma cultura de respeito aos direitos humanos, tais
legítimo e só poderá ser realizado na medida em que as como cultura, lazer, saúde, educação, previdência social,
pessoas conheçam seus direitos e saibam exigir do Estado. Um trabalho, moradia, alimentação, um meio ambiente saudável.
vínculo jurídico é necessário para que tais direitos possam ser O PNDH-3 é lançado em 2009 e é importante ferramenta
exigidos judicialmente. Para que possam ser efetivados, para consolidação dos direitos humanos como política pública.
entretanto, é necessário algo mais: é necessário garantir o O Brasil avançou na materialização das orientações que
acesso ao espaço público. possibilitam a concretização e a promoção dos Direitos
A efetivação dos Direitos Humanos passa, Humanos. Configura-se como amplo avanço a
necessariamente, pela prática cotidiana em que a educação é interministerialidade de suas diretrizes, de seus objetivos
um fato social essencial. A Constituição Federal de 1988 dá estratégicos e de suas ações programáticas.
sentido diferente em relação à participação e ao controle A Constituição Federal de 1988 reconhece a importância
social, uma vez que contempla, no plano jurídico, direitos que da educação ao tornar explícito em seu Artigo 6º que a
garantam aos cidadãos uma vida mais digna, baseada em Educação é um direito social. Por sua vez, o Art. 205 determina
princípios de igualdade de justiça social e de equidade. uma responsabilidade compartilhada entre o Estado e a
Um direito de todas as pessoas que torna possível o família no sentido de garantir o pleno exercício desse direito.
desenvolvimento de seu potencial, a Educação é a principal O texto constitucional considera que a Educação deve ser
esperança para alterar o curso da humanidade. Às “promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
transformações necessárias têm que atrelar o reconhecimento visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
do Estado de que os excluídos são titulares de direitos. A o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. O
adoção dessa condição certamente mudará a lógica dos Artigo 206 disciplina que
processos de elaboração das políticas públicas. O ensino será ministrado com base nos seguintes
Porém, a adoção de leis ou a adesão a tratados não serão princípios:
suficientes se não houver compromisso individual e coletivo I – igualdade de condições para o acesso e permanência na
de mudar os interesses antropocêntricos, tornando-os mais escola;
universais, com maior empatia por todas as formas de vida e, II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
em relação aos homens, tornar a sociedade mais igualitária. pensamento, a arte e o saber;
A mudança no jogo de interesses terá reflexos positivos na III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e
sociedade. Nesse contexto, a Educação em Direitos Humanos coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
adota um [...] enfoque que supõe, necessariamente, um IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos
processo de construção de cidadania ativa, que implica a oficiais;
formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. V – valorização dos profissionais da educação escolar,
(SACAVINO). garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso
Ainda tendo como referência a Constituição Federal, em exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos
seus Artigos 205 a 214, a Educação é considerada como direito das redes públicas;
fundamental, cabendo ao Estado em conjunto com a sociedade VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
implementar ações de todos. VII – garantia de padrão de qualidade;
Na década de 1980 o Brasil iniciou o processo de VIII – piso salarial profissional nacional para os
redemocratização política, e a luta da sociedade para acabar profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei
com as violações de direitos humanos se intensificou. federal.
Denúncias contra os crimes que aconteceram durante a

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Os Artigos 208 e 214 da Constituição Federal de 1988 propunha às nações do mundo questões relativa à Educação
detalham mecanismo que garantem esse direito à Educação. O em Direitos Humanos.
primeiro assegura o ensino gratuito, a progressiva Essas medidas terminaram por levar as nações que faziam
universalização do ensino médio, o atendimento educacional parte da ONU a incluir nos seus programas e projetos
especializado aos portadores de deficiência, educativos temas que tratavam de Educação para paz, os
preferencialmente na rede regular de ensino, e a educação direitos humanos, a democracia e a tolerância. Tais medidas
infantil em creche e pré-escola às crianças até 5 (cinco) anos influenciaram as reformas educativas desses países,
de idade. implementando a democratização da discussão sobre a
O segundo determina que o Plano Nacional de Educação importância de se tratar dos direitos humanos na Educação.
deverá ter a duração de dez anos e definir e articular o Sistema Tuvilla Rayo (2004) assevera que no período de 1948 a
Nacional de Educação, garantindo o “desenvolvimento do 1974 a Organização das Nações Unidas implementou ações
ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio com vistas à produção e difusão de materiais educativos,
de ações integradas dos poderes públicos das diferentes concretizando dessa forma a oficialização de programas de
esferas federativas que conduzam a: “I - erradicação do Educação em Direitos Humanos. Desta forma, a ONU elaborou
analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III documentos que incentivam a inserção da temática em
- melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o diversos espaços educativos, a saber:
trabalho; V - promoção humanística, científica e tecnológica do - A Resolução 217 D (III), em 10 de dezembro de 1948, da
país; VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos Assembleia das Nações Unidas estabeleceu que a DUDH
públicos em educação como proporção do produto interno deveria ter uma difusão de caráter permanente,
bruto”. verdadeiramente universal e popular, com vistas à
consolidação da paz mundial. Propôs ainda aos estados-
2.1 Educação em Direitos Humanos – trajetória no membros a fidelidade ao Artigo 56 da Carta das Nações Unidas,
mundo de maneira que a DUDH fosse distribuída, exposta, lida e
comentada em todas as escolas e centros educativos;
A Educação é um instrumento imprescindível para que o - A Resolução 314 (XI), de 24 de julho de 1950, do Conselho
indivíduo possa reconhecer a si próprio como agente ativo na Econômico e Social das Nações Unidas indicou a UNESCO como
modificação da mentalidade de seu grupo e ser promotor dos fomentadora e facilitadora do ensino dos direitos humanos
ideais humanos que sustentam o movimento a favor da paz e nas escolas e centros educativos, nos programas de educação
dos direitos humanos. de jovens e adultos e através dos meios de comunicação;
A incorporação das Diretrizes Nacionais para a Educação - A Convenção de Paris contra a discriminação no campo
em Direitos Humanos nos projetos pedagógicos das do Ensino, de 14 de dezembro de 1960, adotada pela
instituições de ensino quebra a rigidez da educação Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a
tradicional, levando em conta as experiências de vida dos Educação, a Ciência e a Cultura, recomendou o respeito à
participantes, fazendo com que eles despertem para seus diversidade pelos sistemas nacionais de educação.
direitos. Essa é uma das várias propostas da Educação em Recomendou ainda que não permitissem qualquer
Direitos Humanos. discriminação em matéria de ensino, mas igualmente
Mas que educação é essa? É um assunto? É uma matéria? promovessem a igualdade de oportunidades e tratamento
As respostas para essas perguntas serão os parâmetros para a para todos;
formação de uma consciência voltada para quem quer mudar - A Resolução 958 D II (XXXVI), de 2 de julho de 1963, da
a realidade onde vive. A consciência universal dos direitos Assembleia das Nações Unidas ampliou o espaço de difusão,
humanos está cada vez mais forte. debate e inclusão em programas e projetos educativos a
Estes direitos hoje tão proclamados são, no entanto, universidades, institutos, associações culturais e sindicais e a
sistematicamente violados em sociedades marcadas pela outras organizações;
exclusão, pelos conflitos, pelas desigualdades estruturais, em - A Resolução 2.445 (XIII), de 19 de dezembro de 1968, da
que se vivenciam situações de injustiça institucionalizada. Assembleia das Nações Unidas solicitou aos Estados que
Assim, a questão dos direitos humanos torna-se central e tomassem medidas para introduzir ou estimular, pelo sistema
urgente. É imprescindível promover os direitos econômicos, educativo, a formação de professores e o estudo da ONU e de
sociais e culturais dos diferentes povos, assim como dar organismos especializados como a UNESCO, assim como os
atenção prioritária às necessidades dos grupos sociais princípios da DUDH e de outras declarações.
discriminados. A “Recomendação sobre a educação para a compreensão, a
Lutar pela consolidação dos direitos sociais, econômicos e cooperação e a paz in ternacional e a educação relativa aos
culturais significa reduzir a desigualdade na distribuição das direitos humanos e às liberdades fundamentais”, de 1974,
oportunidades de desenvolvimento. A distribuição mais indica a realização de pesquisas sobre a inclusão dos direitos
equitativa de rendimentos funcionaria como forte catalisadora humanos nas universidades como matéria de ensino,
da redução acelerada da pobreza. notadamente nos cursos de direito. No mesmo documento, é
A Educação deve ser prioridade nesse processo, pois reforçado o papel dos organismos internacionais na promoção
possibilita a construção da cidadania e a formação de sujeitos da paz e dos direitos humanos e na eliminação de todas as
de direitos, cientes de seus deveres e conscientes de sua formas de discriminação.
responsabilidade na defesa e promoção dos direitos humanos.
A Educação em Direitos Humanos tem seu início oficial Essa Recomendação definiu que os componentes e
com a proclamação da Carta das Nações Unidas e com a objetivos dos programas de educação deveriam ter:
aprovação da DUDH, em 10 de dezembro de 1948. A partir a) a educação para a compreensão e a paz internacional;
desse momento a declaração se tornou um instrumento b) a educação para o desarmamento;
pedagógico de conscientização dos valores fundamentais da c) a educação sobre os direitos humanos e as liberdades
democracia e dos direitos humanos (CANÇADO TRINDADE, fundamentais;
1993). d) a educação para a democracia e a tolerância;
Os organismos internacionais e amplos setores da e) a educação intercultural e multicultural; e f) o ensino
sociedade civil desenvolveram materiais educativos e relativo aos problemas da humanidade.
promoveram sua difusão. Particularmente, a Organização das
Nações Unidas tratou de incluir nas resoluções e pactos que

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A Declaração do Programa de Ação de Viena, em 1993, em (a) ao fortalecimento do respeito pelos direitos e
seus Artigos 78 a 82, recomenda que a Educação em Direitos liberdades fundamentais do ser humano;
Humanos seja essencial nos programas de formação e (b) ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e
informação no sentido de promover ações estáveis e do senso de dignidade;
harmoniosas na sociedade. Esse documento enfatiza a (c) à promoção do entendimento, da tolerância, da
inclusão de temas pertinentes ao respeito aos direitos igualdade de gênero e amizade entre todas as nações, povos
humanos e às liberdades fundamentais tais como: a paz, a indígenas e grupos raciais, nacionais, étnicos, religiosos e
democracia, o desenvolvimento e a justiça social. linguísticos;
O Artigo 79 do Programa de Ação de Viena recomenda que (d) à possibilidade de todas as pessoas participarem
sejam incluídas matérias relativas aos direitos humanos, ao efetivamente de uma sociedade livre;
direito humanitário, à democracia e ao Estado de Direito nos (e) ao fomento às atividades das Nações Unidas para a
currículos, planos e programas do sistema de ensino formal e manutenção da paz.
não formal.
O Artigo 82 do programa faz duas recomendações. Na O Plano de Ação para a Década tem os seguintes objetivos:
primeira, enfatiza a necessidade de que organizações a) avaliação das necessidades e formulação de estratégia;
governamentais e não governamentais intensifiquem a b) criação e fortalecimento de programas de educação no
Campanha Mundial de Informação Pública sobre Direitos campo dos direitos humanos a nível internacional, regional,
Humanos das Nações Unidas. nacional regional e local;
A segunda recomendação do Artigo 82 da Declaração do c) elaboração de material didático;
Programa de Ação de Viena destaca a Educação em Direitos d) reforço dos meios de comunicação;
Humanos e recomenda a instituição de uma década para o e) difusão global da DUDH.
tema.
Os Governos devem iniciar a apoiar a Educação em Direitos Esse documento referencial destaca a necessidade da
Humanos e efetivamente divulgar informações públicas nessa criação, instituição e fortalecimento de Programas de EDH nos
área. Os programas de consultoria e assistência técnica do planos internacional, nacional e local. A base para esse plano
sistema das Nações Unidas devem atender imediatamente às de ação fundamenta-se na perspectiva da associação entre os
solicitações de atividades educacionais e de treinamento dos governos, dos governos às organizações não governamentais e
Estados na área dos direitos humanos, assim como às vários outros setores da sociedade civil, objetivando a
solicitações de atividades educacionais especiais sobre as formação de cidadãos e cidadãs capazes de conhecer, defender
normas consagradas em instrumentos internacionais de e promover os direitos humanos.
direitos humanos e no direito humanitário e sua aplicação a Em 2011 a ONU aprova a Resolução AG/66/137 –
grupos especiais, como forças militares, pessoal encarregado Declaração das Nações Unidas para a Educação e a Formação
de velar pelo cumprimento da lei, a polícia e os profissionais em Direitos Humanos. Essa resolução disciplina sobre
de saúde. Deve-se considerar a proclamação de uma década atividades educativas voltadas para a promoção dos direitos
das Nações Unidas para a Educação em Direitos Humanos, humanos.
visando a promover, estimular e orientar essas atividades
educacionais. 2.2 A Educação em Direitos Humanos no Brasil
Em 1995, as Nações Unidas proclamaram a Década das No Brasil, a discussão sobre a Educação em Direitos
Nações Unidas para a EDH atendendo ao período de 1º de Humanos se fortaleceu nos fins da década de 1980 por meio
janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2004. O documento que dos processos de redemocratização do país e das experiências
apresentou as diretrizes da década foi a Resolução 49/184, pioneiras que surgiram entre os profissionais liberais,
aprovada na Assembleia Geral de 23 de dezembro de 1994. universidades e organizações populares na luta por esses
A Oficina do Alto Comissariado das Nações Unidas para os direitos.
Direitos Humanos, em novembro de 1997, organizou e Na época algumas organizações ganharam credibilidade
apresentou à comunidade internacional as “Diretrizes para pelas suas experiências no campo da Educação em Direitos
elaboração de planos nacionais de ação para a educação na Humanos no Brasil. Uma delas é a Rede Brasileira de EDH,
esfera dos direitos humanos”, como marco referencial das fundada em 1995, que tem como finalidade reunir em
atividades da Década das Nações Unidas para educação na atividades conjuntas pessoas e entidades que desenvolviam
esfera dos direitos humanos (1995-2004). experiências nesta temática em diferentes partes do Brasil. A
O Plano de Ação para a Década para a Educação em criação da Rede teve como referência a Comissão de Justiça e
Direitos Humanos foi proclamado na Assembleia Geral no dia Paz da Arquidiocese de São Paulo, a USP e a PUC-RIO.
22 de dezembro de 1995 através da Resolução 50/177. Esse Uma de suas atividades foi a organização do Primeiro
plano defende a necessidade de um plano de ação para Congresso Brasileiro de Educação em Direitos Humanos e
Educação em Direitos Humanos no sentido de cooperar na Cidadania (maio de 1997, com 1.250 participantes) e do
missão dos Governos em cumprir os acordos assumidos com Seminário de Educadores em Direitos Humanos, que contou
relação à Educação em Direitos Humanos no âmbito da política com a participação de representantes de cinco Estados do
internacional de direitos humanos. Brasil. Este último resultou na elaboração de um documento,
Os instrumentos normativos presentes são os Parágrafos baseado na análise e discussão de pesquisas realizadas pelos
33 e 34 da Declaração de Viena e os Parágrafos 78 a 82 do seu integrantes da Rede em todo o Brasil.
Programa de Ação de Viena (1993), a Década das Nações A Rede foi também responsável por atividades de
Unidas para a Educação em Direitos Humanos (1995-2004) e pesquisa, formação, elaboração e divulgação de materiais
o Programa Mundial Para Educação em Direitos Humanos em pedagógicos sobre EDH. A Rede possibilitou o intercâmbio de
sua primeira fase (2005–2009). (ONU, 1998). experiências sobre EDH. Entre os trabalhos realizados pela
O documento A/52/469/Supl. 1 de 20 de outubro de 1997 Rede estão a disponibilização e disseminação de documentos
define a Educação em Direitos Humanos como: a Educação em da ONU sobre direitos humanos.
Direitos Humanos pode ser definida como esforços de As Instituições de Ensino Superior (IES) e ONGs
treinamento, disseminação e informação com vistas à criação reconhecidas nacionalmente e internacionalmente com
de uma cultura universal de direitos humanos por meio da trabalhos de pesquisa, ensino e extensão em EDH são:
transferência de conhecimentos e habilidades, assim como da - a UFPB, no Nordeste, com produção voltada para
formação de atitudes dirigidas: extensão e formação em nível de Pós- Graduação Lato sensu

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em Direitos Humanos. A ênfase maior do trabalho realizado e fomentador de ações educativas direcionadas às seguintes
pela UFPB era voltada para Segurança Pública e formação de áreas temáticas:
redes de defesa dos direitos humanos através dos Conselhos (a) Educação Básica,
de Direitos 1; (b) Ensino Superior,
- a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC- (c) Educação Não-formal,
RIO), pelo Departamento de Direito com o oferecimento (d) Educação dos Profissionais dos Sistemas de Justiça e
permanente da disciplina de direitos humanos; a definição de Segurança,
linha de pesquisa Direitos Humanos, Ética e Cidadania, nos (e) Educação e Mídia. Cada uma dessas áreas está
cursos de pós-graduação em Teoria do Estado e Direito composta de programas e projetos a serem desenvolvidos
Constitucional; e realização de convênio com o Sistema tanto pelo governo como pela sociedade, divididos em ações
Prisional com vistas a orientação e assistência jurídica; de curto, médio e longo prazo.
realização de seminários estaduais, nacionais e internacionais, O PNEDH propõe-se a contribuir com a construção de uma
além da produção de livros, cartilhas, jornais e textos sobre cultura voltada para o respeito aos direitos fundamentais da
direitos humanos; celebração de convênios com instituições pessoa humana, envolvendo diferentes segmentos sociais,
estrangeiras como o Instituto Interamericano de Direitos órgãos públicos e privados e esferas do governo.
Humanos, órgão da ONU responsável pela disseminação de O PNEDH (2006) tem como objetivos gerais:
informações sobre direitos humanos nas Américas. a) destacar o papel estratégico da Educação em Direitos
- a Universidade de São Paulo (USP), pelo Núcleo de Humanos para o fortalecimento do Estado Democrático de
Estudos da Violência (NEV), que foi criado em 1987 com o Direito;
objetivo de investigar as graves violações aos direitos b) enfatizar o papel dos direitos humanos na construção de
humanos que aconteciam no período de transição política no uma sociedade justa, equitativa e democrática;
Brasil. É um centro de pesquisa que adota as seguintes linhas c) encorajar o desenvolvimento de ações de Educação em
de pesquisa: continuidade autoritária e construção da Direitos Humanos pelo poder público e a sociedade civil por
democracia; criminalidade violenta, estado de direito e meio de ações conjuntas;
violência social; pobreza, marginalização, violência e d) contribuir para a efetivação dos compromissos
realização dos direitos humanos; desigualdade racial no internacionais e nacionais com a Educação em Direitos
acesso à justiça penal; conflitos fatais em embates com a Humanos;
Polícia Militar. e) estimular a cooperação nacional e internacional na
- A ONG NOVAMÉRICA, sediada no Rio de Janeiro, que implementação de ações de Educação em Direitos Humanos;
desde o final da década de 1980 realiza trabalho de Educação f) propor a transversalidade da Educação em Direitos
em Direitos Humanos em parceria com entidades Humanos nas políticas públicas, estimulando o
internacionais como: OEA, UNESCO, IIDH. Dos trabalhos desenvolvimento institucional e interinstitucional das ações
realizados, os de maior relevância dessa ONG são sem dúvida: previstas no PNEDH nos mais diversos setores (educação,
a) a difusão da EDH em nível nacional; b) produção de saúde, comunicação, cultura, segurança e justiça, esporte e
materiais didáticos sobre EDH e Educação Ambiental; c) a lazer, dentre outros);
pesquisa sobre materiais de EDH produzidos na América g) avançar nas ações e propostas do Programa Nacional de
Latina. Direitos Humanos (PNDH) no que se refere às questões da
- Entre as instituições que realizavam trabalhos com Educação em Direitos Humanos;
enfoque em direitos humanos, e que não são IES e nem ONGs, h) orientar políticas educacionais direcionadas para a
vale ressaltar o trabalho da Comissão de Justiça e Paz da constituição de uma cultura de direitos humanos;
Arquidiocese de São Paulo. A entidade foi criada no período da i) estabelecer objetivos, diretrizes e linhas de ações para a
luta pela redemocratização do Brasil, após o golpe de 1964. O elaboração de programas e projetos na área da Educação em
principal trabalho dessa comissão foi combater a tortura e Direitos Humanos;
demais violações aos direitos humanos protagonizadas pelo j) estimular a reflexão, o estudo e a pesquisa voltados para
aparato estatal de segurança. a Educação em Direitos Humanos;
- O Núcleo de Estudos para a Paz e os Direitos Humanos k) incentivar a criação e o fortalecimento de instituições e
(NEP), vinculado à Universidade de Brasília, iniciou suas organizações nacionais, estaduais e municipais na perspectiva
atividades em 1986 e tinha como objetivos: da Educação em Direitos Humanos;
a) desenvolver pesquisa sobre paz e direitos humanos; l) balizar a elaboração, implementação, monitoramento,
b) manter programas de ensino, pesquisa e extensão no avaliação e atualização dos Planos de Educação em Direitos
âmbito da universidade envolvendo a comunidade; Humanos dos estados e municípios;
c) divulgar os resultados de suas pesquisas sobre a paz e m) incentivar formas de acesso às ações de Educação em
os direitos humanos em eventos e publicações; e Direitos Humanos a pessoas com deficiência.
d) promover intercâmbios com centros que desenvolvem As propostas do PNDH-3 são consequência também da
atividades similares. A contribuição do NEP pode ser importante contribuição das Conferências Nacionais de
exemplificada pelas pesquisas, pelo curso de extensão O Direitos Humanos, que desde 1996 são realizadas quase todos
direito achado na rua, que gerou publicações configuradas na os anos, e tiveram em 2008 sua 11ª edição. O documento final
coleção “O Direito Achado na Rua”, e pela institucionalização dessa conferência serve de subsídio para a construção do
da disciplina Direitos Humanos e Cidadania na Graduação. Programa Nacional de Direitos Humanos 3. O Presidente da
A Década da ONU para EDH teve início em janeiro de 1995, República assina o Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de
e em julho de 2003 o Estado brasileiro tornou oficial a 2009, que depois é atualizado pelo Decreto nº 7.177, de 12 de
Educação em Direitos Humanos como política pública com a maio de 2010.
constituição do Comitê Nacional de Educação em Direitos O PNDH-3 é estruturado em seis eixos orientadores, que
Humanos (CNEDH). Esse Comitê reúne especialistas da área e contêm diretrizes, orientações e ações concretas para
teve como primeira missão elaborar o PNEDH, objetivando promover a igualdade entre os cidadãos, sendo o eixo V sobre
estimular o debate sobre os direitos humanos e a formação a Educação em Direitos Humanos. Os seis eixos são:
para a cidadania no Brasil. (I) Interação Democrática entre Estado e Sociedade Civil,
O Plano teve seu lançamento em dezembro de 2003 pela (II) Desenvolvimento e Direitos Humanos,
Secretaria de Direitos Humanos, e teve como parceiros os (III) Universalizar Direitos em um Contexto de
Ministérios da Educação e da Justiça. É instrumento orientador Desigualdades,

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(IV) Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à direitos humanos se materialize na democracia social,
Violência, econômica e cultural.
(V) Educação e Cultura em Direitos Humanos e O momento atual é profícuo para a discussão e a proteção
(VI) Direito à Memória e à Verdade. dos direitos humanos. É um desafio que está posto para a
sociedade, está além de conhecer, pois envolve a tomada de
Em 2010, com a promulgação do PNDH-3 observa-se que consciência e o compromisso de lutar para transformar essa
no Eixo V, que trata da Cultura de Direitos Humanos, a Diretriz realidade. Nesse sentido, citamos Candau (2001):
18, que aborda a Efetivação das diretrizes e dos princípios da O direito à vida, a uma vida digna e a ter razões para viver,
política nacional de Educação em Direitos Humanos, para está na raiz da Educação em Direitos Humanos, deve ser
fortalecer a cultura de direitos sugere no Objetivo estratégico defendido e promovido para todas as pessoas, assim como
I a implementação do Plano Nacional de Educação em Direitos para todos os grupos sociais e culturais. Esta é uma afirmação
Humanos (PNEDH). com dimensões planetárias, raízes antropológicas, éticas,
A da cidadania em suas dimensões é uma experiência de políticas e transcendentais, que aponta à construção de uma
constituição de um projeto de sociedade em que o eixo alternativa para um futuro mais humano para o nosso
norteador é a EDH. A prática da promoção e defesa dos direitos continente e a escala mundial (p. 35).
humanos preserva na sociedade a convivência da diversidade. A EDH deve ser orientada para o respeito às diferenças e
ao compromisso com a transformação da realidade. Deve
2.3 . Conceito de Educação em Direitos Humanos sensibilizar o indivíduo a participar de um processo ativo na
resolução dos problemas em um contexto de realidades
Falar sobre direitos humanos implica a necessidade de específicas e orientar a iniciativa, o sentido de
haver sintonia entre o discur so e a ação de todos os envolvidos responsabilidade e o empenho de edificar um amanhã melhor.
no processo. O bem coletivo vem em primeiro lugar. Educar O PNEDH conceitua a Educação em Direitos Humanos como:
para os direitos humanos dignifica o homem, faz dele “um processo sistemático e multidimensional que orienta
protagonista de um projeto que tem como objetivo um mundo a formação do sujeito de direitos, articulando as seguintes
melhor, assegurando que o direito seja para todos. dimensões: a) apreensão de conhecimentos historicamente
Toda ação educativa com enfoque nos direitos humanos construídos sobre direitos humanos e a sua relação com os
deve conscientizar acerca da realidade, identificar as causas contextos internacional, nacional e local; b) afirmação de
dos problemas, procurar modificar atitudes e valores, e valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos
trabalhar para mudar as situações de conflito e de violações direitos humanos em todos os espaços da sociedade; c)
dos direitos humanos, trazendo como marca a solidariedade e formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer
o compromisso com a vida. presente nos níveis cognitivo, social, ético e político; d)
É nesse processo que se constrói o conhecimento desenvolvimento de processos metodológicos participativos e
necessário para a transformação da realidade. Tal processo de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais
deve ser coletivo, integrado ao meio onde acontece, e em didáticos contextualizados; e) fortalecimento de práticas
sintonia com as necessidades de quem dele participa. individuais e sociais que gerem ações e instrumentos em favor
Uma escola verdadeiramente cidadã deve apresentar-se à da promoção, da proteção e da defesa dos direitos humanos,
sociedade com projetos de transformação da realidade, que é bem como da reparação das violações”.
adversa à dignidade da pessoa humana; deve procurar Urgate (2003, p. 2) assevera que um dos componentes do
interagir com a sociedade, que enfrenta várias transformações. direito à educação é o direito à Educação em Direitos Humanos
Educar para os direitos humanos significa preparar os e esta, por sua vez, consolida seu sentido pleno ao afirmar a
indivíduos para que possam participar da formação de uma dignidade da pessoa humana.
sociedade mais democrática e mais justa. Essa preparação Esta é uma educação em sentido pleno, já que ajuda a
pode priorizar o desenvolvimento da autonomia política e da alcançar o desenvolvimento pessoal na sua plenitude, que é o
participação ativa e responsável dos cidadãos em sua fim primeiro o qual se orienta a educação. Nesse sentido, a
comunidade. Educação em Direitos Humanos vem destacar o núcleo da
Os processos educativos, ao tempo em que tornam possível autêntica educação e através dela tomar parte do direito à
às pessoas e aos grupos que deles participam se afirmarem educação. De uma reflexão sobre a Educação em Direitos
desde o lugar onde atuam, e a partir do qual constroem sua Humanos, se pode afirmar que esta educação é um meio
visão de mundo, tornam possível, também, sua inserção na idôneo para afirmar a dignidade humana, contribuir para o
sociedade como agentes de transformação. Como bem afirma desenvolvimento pleno, fomentar o respeito aos demais
Freire (1980, p. 25), “a educação para a libertação é um ato de direitos humanos, estimular a participação social e favorecer o
conhecimento e um método de ação transformadora que os respeito a um mesmo e a todos os demais.
seres humanos devem exercer sobre a realidade”. Felisa Tibbitts (2002) relaciona a Educação em Direitos
A EDH concebe a formação de pessoas em direitos Humanos às lutas para encontrar uma melhor maneira de
humanos como um processo de empoderamento, que pode ser concretizar os princípios dos direitos humanos. A educação
concretizado na gestão de ações preventivas de violações dos nesse processo favorece a promoção desses direitos e catalisa
direitos humanos em diferentes espaços; de articulação as transformações sociais necessárias para o respeito à
política educacional, principalmente, pelos grupos dignidade da pessoa humana.
vulneráveis; de difusão de conhecimentos que possibilitem o Poma (2002) enfatiza a importância da EDH e chama
exercício da cidadania e da democracia; e, na vivência atenção para o primeiro artigo da Declaração Universal dos
cotidiana de uma postura solidária com os outros. Direitos Humanos, que coloca a dignidade da pessoa humana
A educação se revela como um elemento essencial para a em primeiro plano. Esse artigo afirma: “Todas as pessoas
formação do cidadão enquanto sujeito de direitos. Isto é, nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de
aquela pessoa que se sente responsável pelo projeto de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras
sociedade à qual pertence. Magendzo (2003) situa a com espírito de fraternidade”.
dignidade humana como valor fundante das relações Uma significação fundamental nesta nova consciência do
humanas e que para tanto deve ser entendida como ser humano repousa na noção de dignidade. A dignidade da
elemento essencial para a democratização da sociedade. pessoa é aquela condição em virtude da qual cada ser humano
Para o autor, o respeito à dignidade humana deve permear pode exigir ser tratado como semelhante a todos os demais,
as relações no tecido social, de forma que a vigência dos seja qual for seu sexo, cor da pele, ideias, etc. A dignidade que

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tem cada ser humano é justamente o que nos serve para assim como adverte contra as ameaças de destruição do bem e
reconhecer a cada um como um ser único e irrepetível. da justiça e chama atenção para o respeito que devemos ter ao
Diferentemente das coisas, que podem ser substituídas, ou outro.
compradas, o ser humano não tem preço, tem dignidade (p. O respeito ao outro significa respeitar os valores
22). republicanos e os valores democrá ticos. O segundo
A dignidade da pessoa humana confere valor imensurável documento da Rede Brasileira de EDH assim expressa seu
à vida humana. Flowers (1998) diz que a educação tem papel entendimento sobre valores republicanos e valores
essencial nesse contexto na medida em que estimula o democráticos:
desenvolvimento humano e dá suporte à sociedade para: Por valores republicanos entendem-se:
compreender o contexto social e político que a envolve; (a) O respeito às leis, legitimadas pela aprovação soberana
reconhecer os próprios prejuízos; assumir a responsabilidade do povo e acima das vontades particulares;
de defender seus direitos e os direitos dos outros; e preparar (b) O respeito ao bem público, acima do interesse privado;
para a mediação e a solução de conflitos. e
Os direitos humanos são reconhecidos como conjunto de (c) O sentido da responsabilidade no exercício do poder,
direitos individuais e coletivos, que devem ser respeitados, inclusive o poder implícito na ação dos educadores, sejam
promovidos. Existem leis internacionais e nacionais que, professores, sejam gestores do ensino. [...]
desde a promulgação da DUDH em 1948, garantem a Por valores democráticos entendem-se:
efetivação dos direitos humanos em vários países. (a) O amor à igualdade e consequente horror aos
Nesse diapasão é importante fazer referência a Misgeld privilégios;
apud Poma (2002, p. 149) que afirma que: (b) A aceitação da vontade da maioria legitimamente
Assumir os direitos humanos como um humanismo de formada, decorrente de eleições ou de outro processo
reconhecimento significa reconhecer a vulnerabilidade de democrático, porém com constante respeito aos direitos das
todos os seres humanos como seres mortais e especialmente minorias; e
aqueles mais expostos à dor e ao sofrimento. Desta maneira, (c) Em consequência dos tópicos acima, configura-se como
os direitos humanos operam como a consciência ética da conclusivo o respeito integral aos Direitos Humanos.[...]
vulnerabilidade humana, sobretudo quando ela é levada a Janine (2002) coloca que os valores democráticos e os
limites inimagináveis de violência de uns contra os outros. valores republicanos devem ser incorporados ao cotidiano das
Dali, os direitos humanos aportem a uma “unificação da pessoas em seu sentido mais íntimo (aquele que governa a
universalidade dos sofrimentos”. vida privada) e não só na esfera pública. Esta é uma tarefa
Poma (2002) coloca que a nossa vulnerabilidade e o difícil de ser executada, mas que pode ter na EDH um espaço
reconhecimento do outro são fortalecidos pelos direitos de construção de uma responsabilidade coletiva.
humanos como forma de construir novo humanismo. Requer Em alguns aspectos, encontrar situações em que não há o
para a sua efetivação não só boa vontade das pessoas, mas uma respeito a esses valores. A frase célebre “os fins justificam os
ação coletiva e deliberada da sociedade. meios” nos parece orientar a práxis que tem levado a “[...] uma
A solidariedade deve orientar as diversas formas de cultura de desencantamento, somada a uma versão
organização da sociedade. Nesse contexto, a cooperação, a minimalista da democracia (uma democracia reduzida ao rito
reciprocidade e a colaboração são essenciais, e esse processo eleitoral e estranha à participação substantiva), ajuda a
de reconhecimento pode ser entendido como solidariedade. expropriar as pessoas da capacidade de decidir” (NOGUEIRA).
A Educação em Direitos Humanos abarca práticas O Artigo 26 da DUDH diz que: “A educação tem por objetivo
pedagógicas, políticas e de militância na defesa dos direitos o pleno desenvolvimento da personalidade humana e o
humanos. Portanto, existe na vida cotidiana a necessidade de fortalecimento ao respeito aos direitos humanos e às
criar espaços discursivos e práticos sobre a participação de liberdades fundamentais”. Corroborando essa afirmativa,
todos em ação recíproca de responsabilidade na defesa dos Pacheco (2002) argumenta que o direito à educação deverá ser
direitos humanos. Levinas (2000) sustenta que cada um de nós convertido no pilar do cumprimento dos demais direitos e que
é responsável pelo outro e pela responsabilidade dos outros. a educação para os direitos humanos deve ser inserida nesse
A minha responsabilidade não cessa, ninguém pode processo.
substituir-me. De fato, trata-se de afirmar a própria identidade Tornar o direito à Educação em Direitos Humanos como
do eu humano a partir da responsabilidade, isto é, a partir da marco a ser conquistado é imperativo no mundo atual. Ainda
posição ou da deposição do eu soberano da consciência de si, segundo Pacheco (2002), essa forma de educar transcende ao
deposição que é precisamente sua responsabilidade por conhecimento do direito: implica em estar preparado para
outrem. A responsabilidade é o que exclusivamente me exigi-lo, conhecer os mecanismos legais e institucionais de sua
incumbe e que humanamente, não posso recusar. Este encargo exigibilidade, saber onde lutar por seus direitos e as
é uma suprema dignidade do único. (P. 92-93.) consequências pessoais e sociais de não fazê-lo; tem um
O respeito aos direitos humanos implica reconhecer os caráter multiplicador da eficácia desses direitos a partir da
deveres humanos e estes últimos, por sua vez, implicam um apreensão conceitual de princípios éticos; impõe o exercício
agir consciente e coerente com o discurso e ser responsável constante na proteção da vida e exige que os direitos sejam
pelo outro. O sentido último da Educação em Direitos efetivados para que todos tenham uma vida digna.
Humanos é a formação do sujeito de direito que tem como A EDH concebe possibilidade de interação entre as
aspiração acabar com as estruturas de injustiças e de diferentes áreas do conhecimento, podendo preparar as
discriminação social. pessoas para compreender e intervir na realidade. Ela deve ser
O exercício de direitos e deveres implica conhecimento da problematizadora, geradora de conhecimento e conteúdos de
realidade, na vivência da responsabilidade com liberdade e acordo com as pautas e demandas da sociedade.
com autonomia. A ética propõe um estilo de vida objetivando Educar para os direitos humanos implica em tomar a
a realização plena do homem no âmbito da história em um decisão e assumir o compromisso de exercer a cidadania de
projeto sociopolítico de comunidade. Ela dá o direcionamento maneira irrestrita, voluntária e cooperativa. Essa ação requer
à vida do homem, em seu comportamento pessoal e suas ações a constituição de alianças entre os membros da sociedade civil,
coletivas. formando redes, e entre o estado e a sociedade civil, o que
Como um fio condutor, a ética direciona as grandes fortalece a luta na defesa dos direitos humanos.
decisões humanas, gerenciando os conflitos de liberdade e A Educação em Direitos Humanos se insere num
apontando para caminhos da construção pessoal e coletiva, paradigma: por um lado a dignidade humana é central; por

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outro, se descentraliza ao intensificar a interculturalidade da consequentes com os direitos humanos e os princípios


sociedade. Ou seja, ao passo que os direitos humanos democráticos.
defendem a dignidade do indivíduo, ela também defende a A implementação da EDH é um projeto complexo, e exige
dignidade da coletividade. Isso é transitar por uma sociedade bastante desprendimento dos participantes, pois realizar uma
democrática. formação em Direito Humanos demanda posicionamento
Nessa perspectiva, a sociedade civil, os movimentos sociais definido quanto à divulgação da cultura do direito.
e as instituições formais de construção do saber constroem Para que esse compromisso tivesse a legitimidade que lhe
suas articulações e intercâmbios, constituindo redes de ações é devida, foi necessária a criação de dispositivos normativos
solidárias e emancipatórias. Essas ações tornam possível a como decretos, resoluções, que dão base legal ao projeto.
fundação e/ou consolidação da cidadania e da democracia, Apesar de toda a positivação para dar validade a essa forma de
possibilitando a participação de todos os segmentos da educar, para sua real execução e efetividade é imperiosa a
sociedade onde existe convergência das forças sociais que adoção de Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos
congregam o movimento pelos direitos humanos. Humanos que deem orientações para sua prática e
A Educação em Direitos Humanos deve ser orientada para funcionalidade.
a comunidade. Deve sensibilizar o indivíduo a participar de um
processo ativo na resolução dos problemas em um contexto de 3.1 As Diretrizes Nacionais para Educação em Direitos
realidades específicas e orientar a iniciativa, o sentido de Humanos: dimensões e princípios
responsabilidade e o empenho de edificar um amanhã melhor.
Por sua própria natureza, a Educação em Direitos Humanos O caminho percorrido para o estabelecimento das
pode contribuir poderosamente para renovar o processo Diretrizes Nacionais para a Edu cação em Direitos Humanos –
educativo. DNEDH não foi simples. Já é um desafio recomendar
Os efeitos esperados são: metodologias pedagógicas para serem implantadas nos
(1) envolvimento e compromisso das pessoas currículos, nos projetos pedagógicos e na própria gestão
comprometidas na luta pela defesa e proteção dos direitos educacional.
humanos, que tornarão possível a continuidade das ações com No Brasil, a maior inquietação estava em elencar a forma
novos atores e instituições; que mais se adequasse à nossa realidade, pois de nada
(2) consolidação da EDH como uma política pública adiantaria produzir um complexo compêndio de normas sem
através da geração de programas e projetos educativos com que houvesse aplicabilidade, e principalmente identificação
vistas a promoção e defesa dos direitos, valores e normas dos com as entidades educacionais brasileiras. Por essa razão, a
direitos humanos no sistema de educação formal; construção elaboração das Diretrizes foi bastante cautelosa ao determinar
de processo de interlocução entre os espaços formais de as estratégias metodológicas para a introdução dos Direitos
educação e os espaços não formais; Humanos na estrutura educacional.
(3) estabelecimento de ações solidárias pelos docentes, De acordo com o Parecer Nº 8/2012 CNE/CP, as Diretrizes
discentes e técnicos administrativos, através de atividades Nacionais para a EDH são produto de reuniões da comissão do
educativas que tenham a EDH como eixo norteador. Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno e da Comissão
Desenvolver a EDH requer uma práxis crítica e reflexiva. Interinstitucional. Vale dizer que a Secretaria de Direitos
Freire (1991) afirma que as principais consequências dessa Humanos da Presidência da República, a Secretaria de
proposta foram: desenvolvimento de uma identidade coletiva Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, a
onde o sentimento de pertencimento ao grupo permite Secretaria de Educação Superior, a Secretaria de Articulação
convivência democrática e crítica, onde todos se respeitam; com os Sistemas de Ensino, a Secretaria de Educação Básica, a
melhoria na autoestima dos alunos e maior confiança nos Secretaria de Direitos Humanos e o Comitê Nacional de
relacionamentos e na tomada de decisões; desenvolvimento Educação em Direitos Humanos compõem essa Comissão
de habilidades na solução de conflitos; e aumento da Interinstitucional.
capacidade de argumentar apresentando pensamento lógico Primeiramente, foram realizadas reuniões entre a
fundamentado em conhecimentos adquiridos durante os Comissão Bicameral do Conselho Pleno do CNE e da Comissão
processos educativos. Interinstitucional. Noutro momento, foram necessárias mais
Nesse contexto, o exercício da solidariedade – em que há o duas reuniões com especialistas que colaboraram para a
reconhecimento do outro como alguém que tem dignidade – e formalização do Parecer, dando abertura para a Resolução
a ação de quem se reconhece como sujeito de direitos deve N°1/2012 CNE/CP, que estabelece as Diretrizes Nacionais
acontecer simultaneamente. Quando acontecem processos para a EDH a serem observadas pelos sistemas de ensino e
dessa natureza pode-se perceber que o compromisso apenas suas instituições (Art.1).
individual não existe e o bem coletivo passa a ser vivenciado. Conforme o texto do parecer citado, o maior propósito da
Rodino (2003) propõe um entendimento mútuo para a Resolução é abarcar os reais interesses e anseios da
assimilação de alguns conceitos sobre Educação em Direitos comunidade educacional em relação à Educação em Direitos
Humanos que são utilizados por vários atores no campo social, Humanos e os caminhos para sua execução. As DNEDH não
acadêmico e político. A autora considera que: “A abordagem de representam uma fórmula acabada para eliminar as
um tema educativo como este apresenta algumas dificuldades dificuldades da efetivação da EDH. Trazem parâmetros que
desde o início. Na mão um, em grande escala e a possibilidade esclareceram como se deve proceder, permitindo que os
de diferentes ângulos de abordagem e ênfase, embora os trabalhadores em educação, a comunidade escolar e os
termos utilizados sejam os mesmos”. gestores ficassem livres para adequar as propostas às suas
Rodino (2003) afirma que a EDH significa que todas as realidades.
pessoas, independentemente do que são ou representam, Uma das concepções trazidas pelas Diretrizes Nacionais
tenham a possibilidade concreta de receber educação para a Educação em Direitos Humanos é a da educação para a
sistemática, ampla e de boa qualidade que lhes permita: mudança e a transformação social. Essa transformação
compreender seus direitos humanos e suas respectivas proposta está relacionada a fazer com que o sujeito possa
responsabilidades; respeitar e proteger os direitos humanos realizar uma nova interpretação de sua existência, tornando-
de outras pessoas; entender a inter-relação entre direitos se livre das violações e dos preconceitos que permeiam o seu
humanos, estado de direito e governo democrático, e exercitar, ambiente, como, por exemplo, as desigualdades, a violência e a
em sua interação diária de valores, atitudes e condutas discriminação.

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Essa reavaliação nada mais é do que a conquista do realidade, e a educação é o principal viés para essa
entendimento crítico, em que os sujeitos refletem sobre suas transformação, por meio da dignidade da pessoa humana.
experiências e as modificam, através da educação dos valores A escola, ou qualquer ambiente de aprendizagem, é o
humanísticos. espaço de convivência inicial do ser humano em formação,
Deve-se ter prudência ao falar sobre formação para bem como uma atmosfera de convivência para os que buscam
Educação em Direitos Humanos, não esquecendo que o sujeito um objetivo em comum, que é a instrução. É muito importante
é um conjunto das experiências vividas e, assim, possui que esse ambiente possa formar cidadãos inspirados no
conceitos e verdades que ele mesmo construiu. A sugestão das respeito ao próximo, na aceitação das diferenças.
Diretrizes não é educar partindo da premissa de que o Werthein (2002) ensina que uma Cultura de Paz se
indivíduo desconhece seus direitos, uma vez que esse constitui através de valores, atitudes e comportamentos que
indivíduo tem um conhecimento prévio sobre a temática. Ao refletem o respeito à vida. Viver uma Cultura de paz significa
contrário, as Diretrizes sugerem uma restauração de valores repudiar todas as formas de violência, especialmente a
pelo conhecimento dos direitos humanos. cotidiana, e promover os princípios de liberdade, justiça,
O exposto serve como fundamento para a forma como irá solidariedade e tolerância, bem como estimular a
ser abordado o método de aplicação das ações para a Educação compreensão entre os povos e as pessoas.
para os Direitos Humanos: o empoderamento. Não se trata de Pode-se notar, então, que a educação, quando aplicada em
uma formação de cunho filantrópico (ajudar por querer ver a prol da sociedade, é fator de desenvolvimento, criatividade e
pobreza, a discriminação e as desigualdades sanadas), mas de inovação, capaz de modificar e transformar vidas, descortinar
dar à pessoa ferramentas, para que ela própria possa sair situações novas de cidadania, contribuir para o progresso de
dessa situação que impede seu reconhecimento como pessoa “mudança de vida”, tornando o ser humano mais responsável
de direito. O empoderamento será a chave-mestra da análise e solidário com suas ações e atos cotidianos.
metodológica das Diretrizes Nacionais para a Educação em Todos os argumentos elencados justificam as Diretrizes
Direitos Humanos. Nacionais para Educação em Direitos Humanos, pois
Dentre as diversas dimensões de empoderamento, a conscientizam os educadores de sua importância na formação
dimensão que mais se aproxima do que propomos de cidadãos para conseguirem passar aos educandos a certeza
fundamenta-se em: Magendzo (2002); Freire (1972); Candau de que eles também são agentes dos direitos humanos.
(1995); Sacavino (2000); Carbonari (2007). Trata-se de Torna-se apropriado falar do Artigo 3°, de forma sintética,
compreender o empoderamento das pessoas como uma das DNEDH para que se entenda que os interesses contidos no
condição para a obtenção de acesso aos bens que o discurso sobre os princípios da EDH, dessa forma, auxiliem a
desenvolvimento sustentável proporciona a partir do compreensão do documento.
resultado de uma transformação do meio onde vive. Essa - O princípio da dignidade humana coloca o ser humano
transformação deverá ser um processo construído a partir da e seus direitos como centro das ações para a educação.
leitura crítica do mundo e dos espaços com que se relaciona, Qualquer iniciativa deve obedecer, ou pelo menos levar em
reconhecendo-se como sujeito de direitos e deveres e consideração, a promoção dos Direitos Humanos e da
exercendo a solidariedade com o outro. valorização da dignidade do homem.
Sacavino (2000) propõe uma educação para os direitos - A respeito do princípio de igualdade de direitos,
humanos e para a democracia com vista à promoção da orienta a realizar a justiça social, que é muito além de
democracia participativa. A autora recomenda o tratar a todos como iguais, é dar a cada indivíduo a atenção
reconhecimento dos direitos como uma forma de e a importância que merece, percebendo as necessidades
empoderamento de atores sociais, especialmente os individuais.
marginalizados e os excluídos. - Já o princípio do reconhecimento e valorização das
O conceito de empoderamento adotado por Sacavino diferenças e das diversidades fala da existência da
(1998) apud Morgado (2001) é: Empoderamento significa que pluralidade de sujeitos, onde podem nascer os preconceitos
cada cidadão individual e coletivamente deve descobrir, e as discriminações. Esse norte aconselha como honrar as
construir e exercer no cotidiano o poder que tem por essa diferenças de cada um e assim construir um ambiente de
condição de cidadão(ã). É importante que cada grupo, valores igualitários.
movimento, associação descubra seu poder e o exerça. É uma - A laicidade do Estado é o princípio que propõe a
tarefa educativa fundamental colaborar com a construção do liberdade religiosa no contexto educacional, mantendo a
empoderamento dos grupos tradicionalmente marginalizados imparcialidade da pedagogia ao disseminar os saberes,
e excluídos: indígenas, negros, mulheres, jovens, garantindo a diversidade das crenças.
desempregados, analfabetos, sem-terra, sem casa, etc., todos - O princípio da democracia na educação tangencia os
esses grupos que o sistema dominante os faz crer que não têm preceitos de liberdade, igualdade, solidariedade, e
poder, porque o poder está concentrado exclusivamente nos principalmente dos Direitos Humanos, que embasam a
políticos, empresários e inversores financeiros, construção das condições de acesso e permanência ao
principalmente. direito educacional.
A educação, neste contexto, tornará o sujeito mais - O princípio da transversalidade, vivência e
consciente e comprometido com a melhoria das condições globalidade levanta a questão da interdisciplinaridade dos
gerais de vida, sendo, portanto, elemento crítico e necessário direitos humanos na edificação das metodologias para
no processo educativo. Educação em Direitos Humanos. Refere-se, também, à
globalidade, que quer dizer o envolvimento completo dos
3.2 Contextualização e aplicação das Diretrizes atores da educação.
Nacionais de Educação em Direitos Humanos. - Por fim, o princípio da sustentabilidade
socioambiental informa que a Educação em Direitos
O Brasil é um país onde os problemas sociais vêm sendo Humanos deve incentivar o desenvolvimento sustentável,
redimensionados através de programas e incetivos de visando o respeito ao meio ambiente, preservando-o para
políticas públicas de inclusão e reparo às violações dos direitos as gerações vindouras.
humanos. Ainda o preconceito e as disparidades sociais A partir dessa referência do documento das Diretrizes
contribuem para o declínio do cenário humanístico, cultural, Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, tem-se o
político e econômico. Os direitos humanos podem mudar essa liame para se chegar ao ápice desse trabalho, que é justamente

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analisar as metodologias de aplicação da EDH no sistema compreende a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o
educacional formal. Ensino Médio.
O Art. 4º cita então as dimensões envolvidas no processo A garantia do direito à educação básica pública, gratuita e
sistemático de Educação em Direitos Humanos, especificando laica para todas as pessoas, inclusive para os que a ela não
que a aplicação das diretrizes deve ocorrer de forma integral, tiveram acesso na idade própria é o primeiro passo para
englobando diversos aspectos envolvidos no cotidiano dos estruturar a Educação em Direitos Humanos, considerando
educadores, dos educandos e de toda a comunidade escolar. que a efetividade do acesso às informações possibilita a busca
No aspecto cognitivo destaca-se a importância da e a ampliação desses direitos.
apreensão dos conceitos e conhecimentos historicamente A democratização da sociedade exige, necessariamente,
construídos sobre direitos humanos, uma vez que o sujeito só informação e conhecimento para que a pessoa possa situar-
poderá sentir-se efetivamente consciente de seus direitos se se no mundo, argumentar, reivindicar e ampliar novos
souber quais são esses direitos, como surgiram, como se direitos. As Diretrizes destacam princípios educacionais
desenvolveram, que lutas históricas foram travadas no que a norteiam e que são definidos no PNEDH, e chama a
processo de construção e fortalecimento desses direitos. atenção para a importância de se alicerçarem Projetos
No aspecto social e atitudinal, há que se destacar a Político -Pedagógicos nos princípios, valores e objetivos da
necessidade de que o espaço escolar seja um lugar de EDH, para as instituições de ensino.
afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que a todo Tais projetos, para essa modalidade de ensino, devem
momento e em todas as situações, estejam preservando a levar em consideração que “a escola de educação básica é um
cultura de vivência do respeito aos direitos humanos. espaço privilegiado de formação pelas contribuições que
No aspecto relacionado à gestão e ao funcionamento das possibilitam o desenvolvimento do ser humano”. Tendo em
escolas, há que se pensar no desenvolvimento de processos vista que “a socialização e a apreensão de determinados
metodológicos participativos e de construção coletiva, conhecimentos acumulados ao longo da história da
utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados, humanidade podem ser efetivadas na ambiência da educação
elaborados com o objetivo de fomentar a Educação em Direitos básica por meio de suas diferentes modalidades e múltiplas
Humanos. Nesse sentido cabe ainda sugerir o fortalecimento dimensionalidades, tais como educação de jovens e adultos,
de práticas individuais e sociais que busquem a promoção, educação no campo, educação indígena, educação quilombola,
proteção e defesa dos direitos humanos. educação ético-racial, educação em sexualidade, educação
As dimensões citadas nas DNEDH são interdependentes e ambiental, educação especial, dentre outras”.
inseparáveis, uma vez que o desenvolvimento de uma delas Outro aspecto importante a ser observado é que a
implica no desenvolvimento das demais e que apenas juntas educação em Direitos Humanos, na educação básica, deve ter
alcançarão os resultados desejados. Importante destacar, o cotidiano como referência para ser analisado, compreendido
então, a necessidade de análise e verificação das relações e modificado. Isso requer o exercício de cidadania de todos os
interpessoais que se estabelecem nos cenários escolares, pois envolvidos no processo de construção e conhecimento sobre
seria incoerente ensinar aos alunos noções de cidadania, se a os Direitos Humanos.
escola não disponibiliza um espaço e um momento para ouvi- Sob a perspectiva das Diretrizes Nacionais para a Educação
los. Tampouco se torna ineficaz criar práticas democráticas em Direitos Humanos, as metodologias de ensino, na educação
para a gestão escolar, se os alunos de lá egressos não souberem básica, devem possibilitar:
como se posicionar no mundo em relação a situações de - construir normas de disciplina e de organização da escola,
violência, preconceitos contra as pessoas a seu redor, já que com a participação direta dos/as estudantes;
não conhecem documentos legais básicos. - discutir questões relacionadas à vida da comunidade, tais
Evoluindo nessa linha de pensamento, acredita-se que a como problemas de saúde, saneamento básico, educação,
gestão e os demais profissionais da educação devem ser o moradia, poluição de rios e defesa do meio ambiente,
ponto de partida para a implantação e a disseminação das transporte, entre outras;
práticas educativas voltadas para a Educação em Direitos - trazer para sala de aula exemplos de discriminações e
Humanos. preconceitos comuns na sociedade, a partir de situação-
As DNEDH citam em seus arts. 8º e 9º a necessidade de problema e discutir de forma a resolvê-las;
inserção de conhecimentos alusivos à Educação em Direitos - tratar as datas comemorativas que permeiam o
Humanos nos programas de formação inicial e continuada dos calendário escolar de forma articulada com os conteúdos dos
profissionais de todas as áreas de conhecimento e Direitos Humanos de forma transversal, interdisciplinar e
especialmente dos profissionais da educação. Para que a disciplinar;
formação dessa consciência cidadã junto ao universo escolar - trabalhar os conteúdos curriculares integrando-os aos
aconteça é imprescindível que as pessoas que fazem a escola conteúdos da área de DH, através das diferentes linguagens;
estejam preparadas para fazê-lo. musical, corporal, teatral, literária, plástica, poética, entre
A preparação dos profissionais da educação, em especial os outras, com metodologia ativa, participativa e
gestores, deve passar pela aquisição de conhecimentos problematizadora.
embasadores da cultura de respeito aos Direitos Humanos. A Os desafios a serem enfrentados, na implantação dessas
partir desses conhecimentos, será possível fazer uma leitura metodologias, no âmbito legal e prático das políticas
crítica da realidade de suas escolas, com vistas a detectar educacionais brasileiras e que obstaculizam a
oportunidades, espaços e cenários onde se torna possível concretização da EDH, nos sistemas de ensino, é a
aplicar e inserir os princípios e dimensões contidos nas inexistência na formação dos/as profissionais nas
DNEDH. diferentes áreas de conhecimento, de conteúdos e
metodologias fundados nos DH e na EDH. Desafios estes que
3.3. As Diretrizes Nacionais da Educação em Direitos “precisam ser enfrentados coletivamente para a garantia
Humanos na Educação Básica de uma educação de qualidade social que possibilita a
inclusão e permanência dos/as estudantes com resultados
O Art. 22 da LDB informa que a educação básica tem o positivos no ambiente educacional e na sociedade quando
objetivo de fazer com que o educando se desenvolva, assentada na perspectiva da EDH”. (DNEDH)
garantindo meios para formação para o exercício da cidadania, Do ponto de vista documental, as DNEDH explicitam, em
que o levará a florescer no trabalho e na educação continuada, seu Art. 6º, que a Educação em Direitos Humanos deve estar
se for seu intuito. A mesma lei explica que a educação básica contemplada, de forma transversal, nos documentos

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constitutivos e orientadores do funcionamento escolar, a predicados que lhe conferem esses direitos em condições de
saber: Projetos Político-Pedagógicos (PPP); Regimentos igualdade, respeito e dignidade. O direito à educação está
Escolares; Planos de Desenvolvimento Escolar (PDE). inserido nos direitos fundamentais e, portanto, não pode ser
Além disso, os materiais didáticos e pedagógicos com que privilégio de alguns, mas deve ser assegurado a todos os
a escola trabalha devem trabalhar o desenvolvimento da cidadãos do mundo como uma condição necessária para o
formação de alunos voltada para o fortalecimento da exercício da cidadania e uma existência digna.
concepção de respeito aos Direitos Humanos. O direito à educação não se resume ao acesso à escola, pois
Atendendo à segunda fase do PMEDH, as DNEDH propõem ele não será vivenciado plenamente se a escola não der ao
ações a serem implementadas pelas instituições de ensino indivíduo informações, conhecimentos e domínio de técnicas
superior, que têm o encargo de formar cidadãos e cidadãs imprescindíveis à compreensão do mundo que o rodeia,
éticos comprometidos com a construção de um mundo melhor, desenvolvendo nele o senso crítico que o levará a uma ação
com a defesa dos Direitos Humanos e dos valores da transformadora da sociedade.
democracia, visando atender ao atual desafio dos Direitos O conjunto de atividades criadas, desenvolvidas e
Humanos, que é livrar o homem da discriminação, da pobreza vivenciadas nas escolas deve ser estimulado sob o ponto de
e do preconceito. vista da criatividade como uma potencialidade humana
As IES são responsáveis pela formação de profissionais possível de ser desenvolvida de modo a estimular práticas
com um mínimo de sensibilidade para uma sociedade que interdisciplinares mediante diversas estratégias, como
respeita e promove os direitos humanos. Fez-se assim, pela objetivo da aquisição do conhecimento e do desenvolvimento
implementação do Programa Mundial de Educação em do gosto pela pesquisa em relação ao estudo do meio
Direitos Humanos – 2, em 2010, em que instrui as IES a ambiente.
formarem para os valores humanos. A Educação em Direitos Humanos concebe uma escola viva
e dinâmica, com práticas educacionais que estimulem a
4.1 Proposta metodológica para se trabalhar a participação de toda a comunidade escolar no seu destino e
Educação em Direitos Humanos na Educação Básica que legitimem processos participativos. Assim como por
acreditarmos ser necessário estar em sintonia com uma
A Educação em Direitos Humanos deve ser entendida educação dialógica como um meio para a construção da
como um caminho facilitador para a concretização de um cidadania, viabilizando um trabalho “com” os envolvidos e não
projeto pedagógico em que todos os membros da comunidade somente “sobre” eles.
escolar sejam sujeitos dessa ação. Essa educação deve permitir Para tanto, é necessário que o Projeto Político Pedagógico
a percepção integral do contexto em que está inserida em suas das escolas contemple estratégias como:
várias dimensões, a saber: éticas, sociais, econômicas, (1) incentivar o trabalho colaborativo, em que o diálogo
culturais e ambientais; (b) que o processo seja articulado de indicará os caminhos para construção das relações;
forma transversal; e (c) que o educando participe do processo (2) estimular a curiosidade e o espírito investigativo sobre
em todos os momentos, seja na construção e aplicação do determinado problema ou contexto, de tal forma a possibilitar
conhecimento, no enfrentamento de situações críticas, ao aluno um encontro com a realidade e se for o caso, sua
propondo soluções e tendo autonomia para superá-las. transformação;
Tal educação deve afirmar valores e estimular ações que (3) selecionar conteúdos que contribuam para o
contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a aperfeiçoamento da capacidade de observar, apreender e
mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a estabelecer relações entre as transformações que ocorrem e o
preservação da natureza. Como processo educativo, a contexto em que está inserido;
Educação em Direitos Humanos é um chamamento à (4) tornar transdisciplinar a abordagem do conjunto de
responsabilidade que envolve a ciência e a ética. E um dos conteúdos de modo que o aluno enriqueça a visão de conjunto
instrumentos de que a sociedade dispõe no momento para das diversas inter-relações existentes sem descuidar da
recriar valores perdidos ou jamais alcançados. dimensão histórica;
A escola deve estar comprometida com uma educação em (5) dar a esse ensino uma dimensão mais humana e social
que os alunos aprendam a estabelecer suas próprias metas, sem perder sua especificidade;
com consciência do que estão fazendo, ultrapassando seus (6) construir uma metodologia capaz de oferecer
próprios limites, sem competição, assumindo uma postura condições para se implementarem práticas educativas que
ética. Devem buscar a satisfação de suas necessidades diárias, possam ser vivenciadas no cotidiano escolar dentro de uma
fortalecendo sua autoestima e aprendendo a assumir perspectiva de construção do conhecimento e que estimulem
responsabilidades por suas próprias opções e ações. a criatividade dos alunos.
A EDH deve acontecer transversalmente, de forma a Os projetos curriculares podem trazer concepções capazes
conceber a possibilidade de interação entre as diferentes áreas de contribuir para a leitura crítica do mundo. Torna-se
do conhecimento e em todas as etapas educativas, importante, então, traçar objetivos compatíveis com a
comprometendo de forma positiva o currículo e a própria formação com foco em temáticas da vida cotidiana,
organização da escola. Essa forma de ensinar estimula o solidariedade, compaixão e justiça, por exemplo.
diálogo, podendo preparar o educando para compreender e Corroborando essa ideia, Rayo (2001) considera a
intervir na realidade. educação imprescindível no processo de construção de uma
Nesse sentido, a negociação de saberes, segundo sociedade justa. Para tanto, recomenda a implementação da
Magendzo (2002), deve buscar consensos nas diferenças e nos tríplice finalidade da educação para os direitos humanos e
diversos espaços sociais. O desenvolvimento humano ocorre para a paz, que é informação, formação e transformação.
em uma realidade social. O conhecimento sobre os direitos Uma das tarefas da educação é a reconstrução cultural da
humanos se arquiteta na medida em que os homens tomam sociedade, devendo primeiro formar sobre os conhecimentos
consciência das diferentes “verdades” sobre liberdade, justiça, mundialmente construídos, reconhecendo-os como obra da
igualdade, dignidade humana e principalmente sobre humanidade. Isso inclui as limitações, preconceitos, suas
situações em que os direitos humanos são violados em suas causas e os obstáculos, assim como fazer uma reflexão sobre a
vidas. (MAGENDZO, 2005). participação dos agentes sociais nesse processo e quais os
Consideramos que qualquer discussão sobre educação caminhos para a promoção das transformações
passa obrigatoriamente pela indagação dos direitos emancipatórias necessária.
fundamentais do ser humano, que nasce com atributos e

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A DNEDH propõe mudanças no processo educacional de instituir equipes que tenham um grau de autonomia. Os
maneira que “a inserção de conhecimentos relativos à EDH” conselhos escolares possibilitam uma integração da
deve ser articulada: “I – pela transversalidade, por meio de comunidade escolar com a comunidade do entorno da escola.
temas relacionados aos Direitos Humanos e tratados Os grêmios estudantis contribuem para o aprendizado do
interdisciplinarmente; II – como um conteúdo específico de fazer coletivo dos estudantes da escola, eles serão
uma das disciplinas já existentes no currículo escolar; III – de responsáveis por propor atividade culturais, reivindicar
maneira mista, ou seja, combinando transversalidade e direitos a partir das demandas que a comunidade escolar lhes
disciplinaridade”. solicita.
O Artigo 6º das DNEDH indica alguns elementos que
devem ser considerados na construção da transversalidade em 4.3 Projeto Político pedagógico
processos educativos em Educação em Direitos Humanos, a
saber: o Projeto Político-Pedagógico; os Regimentos Escolares; A Educação em Direitos Humanos poderá promover o
o modelo de gestão; os processos avaliativos; e na produção conhecimento necessário para a prevenção das violações dos
dos materiais didáticos. direitos humanos, portanto deverá ser desenvolvida nos
Através da EDH, transmite-se uma ética da atenção e do trabalhos ou na ação programática inserida no Projeto
cuidado com o “outro”, uma atitude, uma prática, para que Político-Pedagógico da escola. Nesse sentido, os processos
todas as gerações tenham mais atenção aos jovens em razão educativos devem ser participativos, voltados para a
do futuro que representam e às gerações mais velhas pelo que construção e a promoção de valores como a paz, a justiça, a
elas representam enquanto construção história. Nesse tolerância e a solidariedade.
contexto, a EDH contém valores da justiça para os outros e de Nessa proposta educativa as práticas pedagógicas são
solidariedade com os outros, de responsabilidade para com os regidas por princípios democráticos; toda comunidade escolar
outros, de acolhida aos outros e de respeito com todas as é responsável pelo processo, todos são protagonistas, porém
pessoas. É mudar. O direito humano não é de um só e sim de sem perder de vista o respeito e a hierarquia; tem como prática
todos, como já mencionado. cotidiana o diálogo, o princípio da democratização da
O comportamento humano configura ações que produzem educação.
consequências. Por conseguinte, educar para os direitos A forma desta construção coletiva, a equipe que coordena
humanos significa preparar os indivíduos para que possam a escola é autônoma para fazê-la, o mais relevante é
participar da formação de uma sociedade mais democrática. efetivamente criar a cultura da participação cooperativa na
Essa preparação, entretanto, deve priorizar o escola dos processos pedagógicos, desde a educação infantil
desenvolvimento da autonomia e da participação ativa e até o ensino superior.
responsável dos cidadãos em sua comunidade. 4.4 Avaliação nos processos de inserção de conteúdos
Os processos educativos, ao mesmo tempo em que tornam relacionados aos Direitos Humanos na Educação Básica
possível às pessoas e aos grupos que deles participam se
afirmarem desde o lugar onde atuam, e a partir do qual A avaliação é o processo mediante o qual se julga o mérito
constroem sua visão de mundo, tornam possível, também, sua dos processos solicitados das pessoas ou grupos envolvidos. A
inserção na sociedade como agentes de transformação. Como avaliação deverá ser internalizada em todo o projeto,
bem afirma Freire (1980, p. 25), a educação para a libertação abrangendo toda a ação, desde sua concepção, elaboração,
“é um ato de conhecimento e um método de ação planejamento e gestão até sua conclusão.
transformadora que os seres humanos devem exercer sobre a Magendzo (2005) afirma que o propósito da avaliação na
realidade”. Educação em Direitos Humanos é investigar o processo
educativo, observando: a articulação entre os diversos
4.2 Gestão democrática conteúdos e sua incidência no desenvolvimento e construção
afetiva, intelectual, moral, cívica e cidadã dos estudantes. Para
Uma escola pautada na gestão democrática deve criar o autor a avaliação deve ser uma prática coletiva que demanda
espaços para o desenvolvimento das ações educativas onde uma ação envolvendo professores e alunos onde cada um é
mais do que “falar” ou “refletir” sobre os direitos humanos eles responsável pelo processo educativo.
sejam vivenciados na prática. Os procedimentos e as práticas O desenvolvimento de um trabalho pedagógico que
devem garantir a participação da comunidade escolar. O envolve a temática de Direitos Humanos requer a
diálogo deve permear a prática cotidiana na escola. incorporação da avaliação no seu desenho didático. Magendzo
A gestão democrática é respaldada no Artigo 206 da (2005), ao discutir critérios, processos e recursos para
Constituição Federal de 1988 que trata dos princípios pelos avaliação da Educação em Direitos Humanos, comenta: “A
quais o ensino será ministrado. Essa modalidade de gestão avaliação da Educação em Direitos Humanos nos desafia a
dever ser orientada pelos princípios: da liberdade de pensar como e em que momento reunir a informação que nos
aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e permitirá construir aquela apreciação ou juízo. Pois, se a
o saber; do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; formação em direitos humanos compromete o âmbito afetivo,
e da gestão democrática do ensino público, na forma da lei. intelectual, moral e cívico é eminentemente um processo
Os processos administrativos devem refletir as práticas continuado e lento. Muitas vezes incluso não linear”
democráticas adotadas na gestão, em que deve haver (MAGENDZO).
coerência entre a finalidade de formar para a cidadania e a A educação, a informação e a orientação são fatores básicos
democracia e os meios adotados para a construção desses fins. para o desenvolvimento da responsabilidade individual e
Portanto, para formar cidadãos democráticos a escola deve coletiva que possibilita a cada cidadã e cidadão uma ação
estar organizada fundamentada no diálogo, na transparência, positiva na solução dos problemas sociais. É nesse contexto
na coerência, fomentando na comunidade escolar uma atitude que a avaliação se insere enquanto uma perspectiva de
de confiança e respeito. exercício da cidadania, “afirmando o ser humano, sujeito de
A democracia que pode ser vivenciada na escola deve direitos, no centro do desenvolvimento e da democracia”.
traduzir os princípios explicitados: nas normas; nas rotinas; no (CARBONARI).
estilo de administrar; na mediação dos conflitos. Kemmis (1986) propõe um modelo de avaliação que dá
Como espaço para a convivência e para concretização de ênfase aos processos em que exista a participação democrática
projetos coletivos a serem desenvolvidos na escola na e cooperativa, em que todos os implicados no processo
perspectiva da sustentabilidade, recomenda-se à escola educativo participem. Para esse teórico a avaliação é um

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processo de planejar, obter e sistematizar informações que 4.5 Proposta de metodologia fundamentada no
permitam às pessoas e aos grupos interessados no debate modelo problematizador de Magendzo (2005)
crítico daquela ação educativa promover um debate enquanto
construção de espaço político sobre o programa específico. Para realização das atividades de EDH propõe-se um
O objetivo da avaliação nesse caso não será resolver ou processo de pesquisa onde vivenciamos a avaliação para o
evitar um conflito, mas proporcionar a informação básica empoderamento. Optamos pelo método do problematizador
necessária para que os implicados no processo educativo de Magendzo (2006).
possam resolvê-lo formulando os juízos correspondentes. A O modelo problematizador caracteriza-se pela abordagem
avaliação deve projetar-se em um sentido amplo sobre os crítica, levando o educando ou o defensor dos direitos
componentes da educação com professores, currículo, humanos à conscientização dos problemas ou dificuldades que
administradores, alunos, problemas etc. afetam sua comunidade, a partir da análise das dimensões
Os sete princípios da avaliação do modelo proposto por políticas e ideológicas.
Kemmis (1980) dão ênfase: O desenvolvimento humano ocorre em uma realidade
a) racionalidade ou sensatez; social. O conhecimento sobre os direitos humanos se constrói
b) autonomia e responsabilidade; na medida em que os homens tomam consciência das
c) comunidade de interesses; diferentes “verdades” sobre liberdade, justiça, igualdade,
d) pluralidade de perspectivas de valor; dignidade humana e principalmente sobre situações em que os
e) pluralidade de critérios de avaliação; direitos humanos são violados em suas vidas. (MAGENDZO,
f) oportunidade na elaboração e distribuição da 2005).
informação; e O educando ou o defensor dos direitos humanos tem como
g) adaptação. característica própria explorar o meio em que vive e, por meio
dessa exploração, constrói sua realidade e adquire novos
Para viver esses princípios é necessário articular ação e conhecimentos. Nesse sentido, é necessário que o educador
reflexão no ato de avaliar. É imperativo na atuação dos em direitos humanos promova uma reflexão e análise dos
participantes e na tarefa de avaliar ter presente essa problemas e estimule os que dela participam a procurar
racionalidade em suas características. A autonomia permeia soluções tendo como fundamento o respeito aos direitos
todo processo e possibilita uma ação cooperativa em que cada humanos.
membro assume certa responsabilidade sem deixar de se O desenvolvimento com preservação ambiental em países
relacionar com o resto dos participantes. Outras tarefas com grandes desigualdades sociais é uma questão política,
implícitas na avaliação consistem em tornar clara a natureza ética e social complexa. Magendzo (2006) afirma que a EDH
dos interesses de todos aqueles que participam do processo e tem que contemplar e assumir essa complexidade se quer ser
do desenvolvimento educativo. significativa e relevante. O modelo problematizador propõe
Nesse sentido, a avaliação deve facilitar o processo de uma leitura da realidade a partir de sua complexidade, pois
negociação para harmonização evitando assim possíveis incentiva os alunos a tomar consciência de que as situações
disparidades. Para tanto se exige uma tarefa esclarecedora da relacionadas com os direitos humanos do conflito, tal como
avaliação e esta pode contribuir para o alcance do acordo. O referido acima, porque os diferentes interesses estão em jogo
debate interno entre os participantes deve ser alimentado os que estão contestando as quotas de energia. Pense sobre as
pelas informações, levando-se em consideração valores que tensões que surgem, por exemplo, entre a liberdade e a
promovam o desenvolvimento do processo educativo, e igualdade entre os interesses público e privado, entre o bem
produzir-se paralelamente ao mesmo para facilitar seu comum e bem individual, entre a liberdade e a ordem, entre
aperfeiçoamento. justiça e misericórdia, entre o desejável e viável, ou entre o
O domínio de técnicas que possibilitam a obtenção de desenvolvimento econômico e desenvolvimento sustentável…
dados acerca da realidade exige do avaliador saber descobrir (p. 88).
e classificar os problemas e as questões na ordem de
importância, que por sua vez orientam a avaliação. Porém, os O modelo problematizador contempla três etapas, e que
processos avaliativos que tratam dos fenômenos sociais são caracterizadas a seguir:
devem considerá-los como “ações” e interpretá-los como - momento do diagnóstico, nesse momento todos que estão
resultados de interações em que aspectos sociais políticos e envolvidos com o processo avaliativo identificam situações
culturais das relações são a base das atitudes de uma problemáticas que serão objeto de análise e problematização.
população. Procurando relacioná-los às questões globais críticas, suas
causas e inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seu
Os indicadores considerados positivos nos processos contexto social e histórico. Procurando, ainda, conexões com
avaliativos devem traduzir avanços no sentido de: os aspectos essenciais relacionados ao desenvolvimento e ao
1) fazer uma articulação de esforços conjuntos orientados meio ambiente e aos direitos humanos, tais como população,
a alcançar resultados educacionais mutuamente benéficos; saúde, paz, direitos humanos, fome, seca, degradação do solo
2) identificar mecanismos que indicam processos que etc. Nesse momento o aluno poderá vivenciar um processo de
criem as condições que viabilizem os propósitos sensibilização, assim, deve receber informações suficientes
estabelecidos; para poder conhecer todas as dimensões do problema.
3) construir espaços de diálogo no sentido de que as Magendzo (2006) afirma que cabe ao educador em direitos
decisões sejam tomadas coletivamente; 4) concretizar ações humanos adotar metodologias participativas para que no
que permitam os fins educacionais propostos; debate seja possível.
4) estabelecer a avaliação em todas as etapas do processo Colocá-los em uma situação de alerta e de discussão que os
educativo; induza a concluir que o saber sobre os direitos humanos se
5) promover o intercâmbio de experiências entre áreas, os alcança na medida em que se contrasta, se compara e se critica.
participantes, os propositores, as comunidades beneficiadas; e Portanto, é um conhecimento que os questiona
6) estabelecer meios para melhorar a qualidade da profundamente a eles em aspectos muito relevantes e
atividade educativa, que tem os direitos humanos como tema fundamentais em suas vidas. (p. 91).
gerador. - momento do desenvolvimento, a primeira fase deste
momento corresponde a delimitação do problema, seleção e
sistematização das informações pertinentes e necessárias para

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sua solução, o que se dará em um processo de diálogo entre Nesse sentido, podem-se tecer algumas considerações e
todos os participantes do processo. Depois de identificadas as apresentar algumas propostas que indicam a existência de
situações problemas, cabe aos implicados no processo definir uma gama de possibilidades para a transformação da prática
quais interesses estão em jogo, quem será beneficiado, quais educacional e consolidação da educação em direitos humanos
direitos estão sendo violados e quais as repercussões sociais como eixo norteador para uma educação de qualidade.
do que está sendo avaliado. Cada membro da comunidade escolar tem um potencial
A busca por informações é essencial nesse processo, para criativo, e a educação em direitos humanos oportuniza aos
tanto se faz necessário investigar fontes que possam fornecer professores e alunos o desenvolvimento pleno desse potencial.
subsídios importantes como autoridades, instituições, atores Portanto, é necessário dar maior alcance aos processos
sociais, culturais e políticos e principalmente aqueles que de pedagógicos onde se apresenta aos alunos uma maior
alguma forma estão relacionados à problemática. variedade de experiências possíveis, oportunizando uma
Na última etapa desse momento, podem-se estabelecer análise crítica da realidade.
categorias que posteriormente orientarão para elaboração de Cabe à escola oferecer, a partir dos temas abordados,
um documento, uma decisão a ser tomada. Cabe ao condições aos alunos de refletir e de tomar decisões sobre
coordenador do processo orientar os envolvidos no questões relacionadas à sua vida e ao ambiente que os cerca,
levantamento de hipóteses das causas e consequências da onde o racismo, o sexismo, a discriminação social, cultural,
situação problema. religiosa e outras formas de discriminação presentes na
- momento em que se levantam alternativas de soluções, sociedade sejam discutidos de forma crítica e denunciados
nessa proposta o objetivo será desenvolver um trabalho cuja como contrários a uma cultura de respeito aos diretos
meta seja estimular a cooperação, e desenvolver um humanos.
sentimento de solidariedade, fraternidade e respeito mútuo: Uma educação de qualidade deve proporcionar vivências
que haja uma unidade de pensamento de todos os significativas no campo social e científico, que permitem ao
participantes, no objetivo da construção de um saber coletivo. aluno desenvolver seu potencial criador, mostrar a sua
Assim são elaboradas por todos propostas de soluções capacidade de realização. Portanto, na implementação do
para o problema investigado. Essas soluções podem ser processo pedagógico é necessário difundir e intercambiar
classificadas em três categorias de soluções: ações (conduzem informações gerais e conhecimentos científicos, demonstrar e
os alunos a interagir direta e ativamente sobre o problema); aprimorar seu comportamento social e contribuir para o
atitudinais (correspondem a uma tomada de consciência fortalecimento do vínculo entre a escola e a comunidade, cujo
acerca do problema, um desejo de tomar partido, se levantamento de problemas decorrentes das relações
comprometer); e cognitivas (são aquelas em que o aluno humanas e ambientais, leva à tomada de posição crítica em
oferece soluções discursivas e intelectuais sobre o problema). relação à qualidade de vida, contribuindo para a formação da
Consideramos a participação a chave dos processos cidadania.
educativos, uma forma privilegiada de educar socializando O Artigo 6º das Diretrizes Nacionais para Educação em
emoções, valores, conhecimentos e comportamentos. Também Direitos Humanos orienta que a Educação em Direitos
entendemos ser importante a incorporação do conflito como Humanos, de modo transversal, deverá ser considerada na
parte e aspecto do processo para estimular o debate e construção dos Projetos Político-Pedagógicos (PPP); dos
fortalecer o reconhecimento das diferenças. O modelo adotado Regimentos Escolares; dos Planos de Desenvolvimento
por Magendzo possibilita o desenvolvimento de um trabalho, Institucionais (PDI); dos Programas Pedagógicos de Curso
que estimula a criatividade de quem participa, procura (PPC) das Instituições de Educação Superior como
relacionar a participação, a investigação e as ações educativas importante instrumento para a garantia da educação em
como momentos de um mesmo processo. Tornando, portanto, direitos humanos como um direito humano.
a ação educativa um ato de produção de conhecimento. No projeto educacional de uma escola ou universidade
Assim, podemos identificar pontos em comum entre a pode-se vivenciar uma proposta democrática de educação
Educação em Direitos Humanos, a avaliação com enfoque nos através do enriquecimento das relações em sala de aula
direitos humanos e a avaliação do empoderamento: orientam tanto entre professor e aluno quanto na comunidade como
a tomada de decisões; colocam a participação como elemento um todo, onde o diálogo e o respeito devam permear os
essencial; têm enfoque político; partem do contexto onde a processos educativos, da diminuição do distanciamento
ação social se desenvolve; destinam-se à solução do problema; entre os graus hierárquicos estabelecidos na escola
e têm o diálogo como eixo integrador. (diretor/coordenador/professor/alunos) e estimular
maior envolvimento da comunidade escolar e não só de
Considerações Finais professores na realização de trabalhos e projetos na escola.
Desenvolver projetos em educação em direitos
A educação em direitos humanos é toda a aprendizagem humanos permite ao educador adotar uma perspectiva
que desenvolve o conhecimento, as habilidades e os valores interdisciplinar utilizando o conteúdo especifico de cada
dos direitos humanos. O reconhecimento pelo professor da matéria e articulando outras áreas do conhecimento de
importância dos direitos humanos serem trabalhados em sala modo a analisarem-se os problemas sociais e ambientais
de aula deverá estar em sintonia com o projeto político- tendo como base o pensamento crítico e inovador.
pedagógico e com a gestão da escola. É importante trabalhar com metodologias
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei participativas que possibilitem organizar um ensino
Federal n° 9.394/1996) afirma o exercício da cidadania como voltado para o desenvolvimento de futuros cidadãos que
uma das finalidades da educação e destaca a escola como “um reconheçam a importância da educação como fator
espaço social privilegiado onde se definem a ação institucional essencial para a formação de uma sociedade mais justa e
pedagógica e a prática e vivência dos direitos humanos”. comprometida com as questões sociais e ambientais.
Um dos princípios presentes no Plano Nacional de Ao final deste trabalho, a lição que fica é que uma escola
Educação em Direitos Humanos para a educação básica ideal que vive a Educação em diretos humanos é aquela que
propõe que “a educação em direitos humanos deve ser um dos em seu projeto pedagógico, além da apresentação de
eixos norteadores da educação básica e permear todo o conteúdos, propicia a prática de atitudes científicas e permite
currículo, não devendo ser reduzida à disciplina ou à área aos professores e alunos comungarem os valores humanos
curricular específica”. mais fundamentais como: a verdade, a responsabilidade, o
respeito e o amor à vida.

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Consideramos que este texto não esgota a questão da f) sugerir a inclusão da temática dos direitos humanos nos
educação em diretos humanos, mas que pode servir de concursos para todos os cargos públicos em âmbito federal,
orientação para a realização de experiências inovadoras na distrital, estadual e municipal;
escola e na universidade. g) incluir a temática da educação em direitos humanos nas
conferências nacionais, estaduais e municipais de direitos
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos2 humanos e das demais políticas públicas;
h) fortalecer o Comitê Nacional de Educação em Direitos
Objetivos gerais Humanos;
i) propor e/ou apoiar a criação e a estruturação dos
São objetivos gerais do PNEDH: Comitês Estaduais, Municipais e do Distrito Federal de
a) destacar o papel estratégico da educação em direitos Educação em Direitos Humanos.
humanos para o fortalecimento do Estado Democrático de
Direito; Produção de informação e conhecimento
b) enfatizar o papel dos direitos humanos na construção de
uma sociedade justa, equitativa e democrática; a) Promover a produção e disseminação de dados e
c) encorajar o desenvolvimento de ações de educação em informações sobre educação em direitos humanos por
direitos humanos pelo poder público e a sociedade civil por diversos meios, de modo a sensibilizar a sociedade e garantir
meio de ações conjuntas; acessibilidade às pessoas com deficiências14;
d) contribuir para a efetivação dos compromissos b) publicizar os mecanismos de proteção nacionais e
internacionais e nacionais com a educação em direitos internacionais;
humanos; c) estimular a realização de estudos e pesquisas para
e) estimular a cooperação nacional e internacional na subsidiar a educação em direitos humanos;
implementação de ações de educação em direitos humanos; d) incentivar a sistematização e divulgação de práticas de
f) propor a transversalidade da educação em direitos educação em direitos humanos.
humanos nas políticas públicas, estimulando o
desenvolvimento institucional e interinstitucional das ações Realização de parcerias e intercâmbios internacionais
previstas no PNEDH nos mais diversos setores (educação, a) Incentivar a realização de eventos e debates sobre
saúde, comunicação, cultura, segurança e justiça, esporte e educação em direitos humanos;
lazer, dentre outros); b) apoiar e fortalecer ações internacionais de cooperação
g) avançar nas ações e propostas do Programa Nacional de em educação em direitos humanos;
Direitos Humanos (PNDH) no que se refere às questões da c) promover e fortalecer a cooperação e o intercâmbio
educação em direitos humanos; internacional de experiências sobre a elaboração,
h) orientar políticas educacionais direcionadas para a implementação e implantação de Planos Nacionais de
constituição de uma cultura de direitos humanos; Educação em Direitos Humanos, especialmente em âmbito
i) estabelecer objetivos, diretrizes e linhas de ações para a regional;
elaboração de programas e projetos na área da educação em d) apoiar e fortalecer o Grupo de Trabalho em Educação e
direitos humanos; Cultura em Direitos Humanos criado pela V Reunião de Altas
j) estimular a reflexão, o estudo e a pesquisa voltados para Autoridades Competentes em Direitos Humanos e
a educação em direitos humanos; Chancelarias do MERCOSUL;
k) incentivar a criação e o fortalecimento de instituições e e) promover o intercâmbio entre redes nacionais e
organizações nacionais, estaduais e municipais na perspectiva internacionais de direitos humanos e educação, a exemplo do
da educação em direitos humanos; Fórum Internacional de Educação em Direitos Humanos, do
l) balizar a elaboração, implementação, monitoramento, Fórum Educacional do MERCOSUL, da Rede Latino-Americana
avaliação e atualização dos Planos de Educação em Direitos de Educação em Direitos Humanos, dos Comitês Nacional e
Humanos dos estados e municípios; Estaduais de Educação em Direitos Humanos, entre outras.
m) incentivar formas de acesso às ações de educação em
direitos humanos a pessoas com deficiência. Produção e divulgação de materiais

Linhas gerais de ação a) Fomentar a produção de publicações sobre educação em


direitos humanos, subsidiando as áreas do PNEDH;
Desenvolvimento normativo e institucional b) promover e apoiar a produção de recursos pedagógicos
a) Consolidar o aperfeiçoamento da legislação aplicável à especializados e a aquisição de materiais e equipamentos para
educação em direitos humanos; a educação em direitos humanos, em todos os níveis e
b) propor diretrizes normativas para a educação em modalidades da educação, acessíveis para pessoas com
direitos humanos; deficiência;
c) apresentar aos órgãos de fomento à pesquisa e pós- c) incluir a educação em direitos humanos no Programa
graduação proposta de reconhecimento dos direitos humanos Nacional do Livro Didático e outros programas de livro e
como área de conhecimento interdisciplinar, tendo, entre leitura;
outras, a educação em direitos humanos como subárea; d) disponibilizar materiais de educação em direitos
d) propor a criação de unidades específicas e programas humanos em condições de acessibilidade e formatos
interinstitucionais para coordenar e desenvolver ações de adequados para as pessoas com deficiência, bem como
educação em direitos humanos nos diversos órgãos da promover o uso da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) em
administração pública; eventos ou divulgação em mídia.
e) institucionalizar a categoria educação em direitos
humanos no Prêmio Direitos Humanos do governo federal; Formação e capacitação de profissionais
a) Promover a formação inicial e continuada dos
profissionais, especialmente aqueles da área de educação e de

2Texto adaptado de Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da


Educação, Ministério da Justiça, UNESCO

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educadores(as) sociais em direitos humanos, contemplando as para o exercício da crítica, da criatividade, do debate de ideias
áreas do PNEDH; e para o reconhecimento, respeito, promoção e valorização da
b) oportunizar ações de ensino, pesquisa e extensão com diversidade.
foco na educação em direitos humanos, na formação inicial dos Para que esse processo ocorra e a escola possa contribuir
profissionais de educação e de outras áreas; para a educação em direitos humanos, é importante garantir
c) estabelecer diretrizes curriculares para a formação dignidade, igualdade de oportunidades, exercício da
inicial e continuada de profissionais em educação em direitos participação e da autonomia aos membros da comunidade
humanos, nos vários níveis e modalidades de ensino; escolar.
d) incentivar a interdisciplinaridade e a Democratizar as condições de acesso, permanência e
transdisciplinaridade na educação em direitos humanos; conclusão de todos(as) na educação infantil, ensino
e) inserir o tema dos direitos humanos como conteúdo fundamental e médio, e fomentar a consciência social crítica
curricular na formação de agentes sociais públicos e privados. devem ser princípios norteadores da Educação Básica. É
necessário concentrar esforços, desde a infância, na formação
Gestão de programas e projetos de cidadãos(ãs), com atenção especial às pessoas e segmentos
sociais historicamente excluídos e discriminados.
a) Sugerir a criação de programas e projetos de educação A educação em direitos humanos deve ser promovida em
em direitos humanos em parceria com diferentes órgãos do três dimensões: a) conhecimentos e habilidades: compreender
Executivo, Legislativo e Judiciário, de modo a fortalecer o os direitos humanos e os mecanismos existentes para a sua
processo de implementação dos eixos temáticos do PNEDH; proteção, assim como incentivar o exercício de habilidades na
b) prever a inclusão, no orçamento da União, do Distrito vida cotidiana; b) valores, atitudes e comportamentos:
Federal, dos estados e municípios, de dotação orçamentária e desenvolver valores e fortalecer atitudes e comportamentos
financeira específica para a implementação das ações de que respeitem os direitos humanos; c) ações: desencadear
educação em direitos humanos previstas no PNEDH; c) captar atividades para a promoção, defesa e reparação das violações
recursos financeiros junto ao setor privado e agências de aos direitos humanos.
fomento, com vistas à implementação do PNEDH. São princípios norteadores da educação em direitos
humanos na educação básica:
Avaliação e monitoramento a) a educação deve ter a função de desenvolver uma
a) Definir estratégias e mecanismos de avaliação e cultura de direitos humanos em todos os espaços sociais;
monitoramento da execução física e financeira dos programas, b) a escola, como espaço privilegiado para a construção e
projetos e ações do PNEDH; consolidação da cultura de direitos humanos, deve assegurar
b) acompanhar, monitorar e avaliar os programas, que os objetivos e as práticas a serem adotados sejam
projetos e ações de educação em direitos humanos, incluindo coerentes com os valores e princípios da educação em direitos
a execução orçamentária dos mesmos; humanos;
c) elaborar anualmente o relatório de implementação do c) a educação em direitos humanos, por seu caráter
PNEDH. coletivo, democrático e participativo, deve ocorrer em espaços
marcados pelo entendimento mútuo, respeito e
EDUCAÇÃO BÁSICA responsabilidade;
d) a educação em direitos humanos deve estruturar-se na
Concepção e princípios diversidade cultural e ambiental, garantindo a cidadania, o
acesso ao ensino, permanência e conclusão, a equidade
A educação em direitos humanos vai além de uma (étnico-racial, religiosa, cultural, territorial, físico-individual,
aprendizagem cognitiva, incluindo o desenvolvimento social e geracional, de gênero, de orientação sexual, de opção política,
emocional de quem se envolve no processo ensino- de nacionalidade, dentre outras) e a qualidade da educação;
aprendizagem (Programa Mundial de Educação em Direitos e) a educação em direitos humanos deve ser um dos eixos
Humanos – PMEDH/2005). A educação, nesse entendimento, fundamentais da educação básica e permear o currículo, a
deve ocorrer na comunidade escolar em interação com a formação inicial e continuada dos profissionais da educação, o
comunidade local. projeto político pedagógico da escola, os materiais didático-
Assim, a educação em direitos humanos deve abarcar pedagógicos, o modelo de gestão e a avaliação;
questões concernentes aos campos da educação formal, à f) a prática escolar deve ser orientada para a educação em
escola, aos procedimentos pedagógicos, às agendas e direitos humanos, assegurando o seu caráter transversal e a
instrumentos que possibilitem uma ação pedagógica relação dialógica entre os diversos atores sociais.
conscientizadora e libertadora, voltada para o respeito e
valorização da diversidade, aos conceitos de sustentabilidade Ações programáticas
e de formação da cidadania ativa.
A universalização da educação básica, com indicadores 1. Propor a inserção da educação em direitos humanos nas
precisos de qualidade e de equidade, é condição essencial para diretrizes curriculares da educação básica;
a disseminação do conhecimento socialmente produzido e 2. integrar os objetivos da educação em direitos humanos
acumulado e para a democratização da sociedade. aos conteúdos, recursos, metodologias e formas de avaliação
Não é apenas na escola que se produz e reproduz o dos sistemas de ensino;
conhecimento, mas é nela que esse saber aparece 3. estimular junto aos profissionais da educação básica,
sistematizado e codificado. Ela é um espaço social privilegiado suas entidades de classe e associações, a reflexão teórico-
onde se definem a ação institucional pedagógica e a prática e metodológica acerca da educação em direitos humanos;
vivência dos direitos humanos. Nas sociedades 4. desenvolver uma pedagogia participativa que inclua
contemporâneas, a escola é local de estruturação de conhecimentos, análises críticas e habilidades para promover
concepções de mundo e de consciência social, de circulação e os direitos humanos;
de consolidação de valores, de promoção da diversidade 5. incentivar a utilização de mecanismos que assegurem o
cultural, da formação para a cidadania, de constituição de respeito aos direitos humanos e sua prática nos sistemas de
sujeitos sociais e de desenvolvimento de práticas pedagógicas. ensino;
O processo formativo pressupõe o reconhecimento da
pluralidade e da alteridade, condições básicas da liberdade

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6. construir parcerias com os diversos membros da 22. fomentar a criação de uma área específica de direitos
comunidade escolar na implementação da educação em humanos, com funcionamento integrado, nas bibliotecas
direitos humanos; públicas;
7. tornar a educação em direitos humanos um elemento 23. propor a edição de textos de referência e bibliografia
relevante para a vida dos(as) alunos(as) e dos(as) comentada, revistas, gibis, filmes e outros materiais
trabalhadores(as) da educação, envolvendo-os(as) em um multimídia em educação em direitos humanos;
diálogo sobre maneiras de aplicar os direitos humanos em sua 24. incentivar estudos e pesquisas sobre as violações dos
prática cotidiana; direitos humanos no sistema de ensino e outros temas
8. promover a inserção da educação em direitos humanos relevantes para desenvolver uma cultura de paz e cidadania;
nos processos de formação inicial e continuada dos(as) 25. propor ações fundamentadas em princípios de
trabalhadores(as) em educação, nas redes de ensino e nas convivência, para que se construa uma escola livre de
unidades de internação e atendimento de adolescentes em preconceitos, violência, abuso sexual, intimidação e punição
cumprimento de medidas socioeducativas, incluindo, dentre corporal, incluindo procedimentos para a resolução de
outros(as), docentes, não-docentes, gestores (as) e leigos(as); conflitos e modos de lidar com a violência e perseguições ou
9. fomentar a inclusão, no currículo escolar, das temáticas intimidações, por meio de processos participativos e
relativas a gênero, identidade de gênero, raça e etnia, religião, democráticos;
orientação sexual, pessoas com deficiências, entre outros, bem 26. apoiar ações de educação em direitos humanos
como todas as formas de discriminação e violações de direitos, relacionadas ao esporte e lazer, com o objetivo de elevar os
assegurando a formação continuada dos(as) índices de participação da população, o compromisso com a
trabalhadores(as) da educação para lidar criticamente com qualidade e a universalização do acesso às práticas do acervo
esses temas; popular e erudito da cultura corporal;
10. apoiar a implementação de projetos culturais e 27. promover pesquisas, em âmbito nacional, envolvendo
educativos de enfrentamento a todas as formas de as secretarias estaduais e municipais de educação, os
discriminação e violações de direitos no ambiente escolar; conselhos estaduais, a UNDIME e o CONSED sobre
11. favorecer a inclusão da educação em direitos humanos experiências de educação em direitos humanos na educação
nos projetos político- pedagógicos das escolas, adotando as básica.
práticas pedagógicas democráticas presentes no cotidiano;
12. apoiar a implementação de experiências de interação EDUCAÇÃO SUPERIOR
da escola com a comunidade, que contribuam para a formação
da cidadania em uma perspectiva crítica dos direitos Concepção e princípios
humanos;
13. incentivar a elaboração de programas e projetos A Constituição Federal de 1988 definiu a autonomia
pedagógicos, em articulação com a rede de assistência e universitária (didática, científica, administrativa, financeira e
proteção social, tendo em vista prevenir e enfrentar as patrimonial) como marco fundamental pautado no princípio
diversas formas de violência; da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
14. apoiar expressões culturais cidadãs presentes nas artes O artigo terceiro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
e nos esportes, originadas nas diversas formações étnicas de Nacional propõe, como finalidade para a educação superior, a
nossa sociedade; participação no processo de desenvolvimento a partir da
15. favorecer a valorização das expressões culturais criação e difusão cultural, incentivo à pesquisa, colaboração na
regionais e locais pelos projetos político-pedagógicos das formação contínua de profissionais e divulgação dos
escolas; conhecimentos culturais, científicos e técnicos produzidos por
16. dar apoio ao desenvolvimento de políticas públicas meio do ensino e das publicações, mantendo uma relação de
destinadas a promover e garantir a educação em direitos serviço e reciprocidade com a sociedade.
humanos às comunidades quilombolas e aos povos indígenas, A partir desses marcos legais, as universidades brasileiras,
bem como às populações das áreas rurais e ribeirinhas, especialmente as públicas, em seu papel de instituições sociais
assegurando condições de ensino e aprendizagem adequadas irradiadoras de conhecimentos e práticas novas, assumiram o
e específicas aos educadores e educandos; compromisso com a formação crítica, a criação de um
17. incentivar a organização estudantil por meio de pensamento autônomo, a descoberta do novo e a mudança
grêmios, associações, observatórios, grupos de trabalhos entre histórica.
outros, como forma de aprendizagem dos princípios dos A conquista do Estado Democrático delineou, para as
direitos humanos, da ética, da convivência e da participação Instituições de Ensino Superior (IES), a urgência em participar
democrática na escola e na sociedade; da construção de uma cultura de promoção, proteção, defesa e
18. estimular o fortalecimento dos Conselhos Escolares reparação dos direitos humanos, por meio de ações
como potenciais agentes promotores da educação em direitos interdisciplinares, com formas diferentes de relacionar as
humanos no âmbito da escola; múltiplas áreas do conhecimento humano com seus saberes e
19. apoiar a elaboração de programas e projetos de práticas. Nesse contexto, inúmeras iniciativas foram
educação em direitos humanos nas unidades de atendimento realizadas no Brasil, introduzindo a temática dos direitos
e internação de adolescentes que cumprem medidas humanos nas atividades do ensino de graduação e pós-
socioeducativas, para estes e suas famílias; graduação, pesquisa e extensão, além de iniciativas de caráter
20. promover e garantir a elaboração e a implementação cultural.
de programas educativos que assegurem, no sistema Tal dimensão torna-se ainda mais necessária se
penitenciário, processos de formação na perspectiva crítica considerarmos o atual contexto de desigualdade e exclusão
dos direitos humanos, com a inclusão de atividades social, mudanças ambientais e agravamento da violência, que
profissionalizantes, artísticas, esportivas e de lazer para a coloca em risco permanente a vigência dos direitos humanos.
população prisional; As instituições de ensino superior precisam responder a esse
21. dar apoio técnico e financeiro às experiências de cenário, contribuindo não só com a sua capacidade crítica, mas
formação de estudantes como agentes promotores de direitos também com uma postura democratizante e emancipadora
humanos em uma perspectiva crítica; que sirva de parâmetro para toda a sociedade.
As atribuições constitucionais da universidade nas áreas
de ensino, pesquisa e extensão delineiam sua missão de ordem

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educacional, social e institucional. A produção do h) a participação das IES na formação de agentes sociais de
conhecimento é o motor do desenvolvimento científico e educação em direitos humanos e na avaliação do processo de
tecnológico e de um compromisso com o futuro da sociedade implementação do PNEDH.
brasileira, tendo em vista a promoção do desenvolvimento, da
justiça social, da democracia, da cidadania e da paz. Ações programáticas
O Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos
(ONU, 2005), ao propor a construção de uma cultura universal 1. Propor a temática da educação em direitos humanos
de direitos humanos por meio do conhecimento, de para subsidiar as diretrizes curriculares das áreas de
habilidades e atitudes, aponta para as instituições de ensino conhecimento das IES;
superior a nobre tarefa de formação de cidadãos(ãs) hábeis 2. divulgar o PNEDH junto à sociedade brasileira,
para participar de uma sociedade livre, democrática e envolvendo a participação efetiva das IES;
tolerante com as diferenças étnico-racial, religiosa, cultural, 3. fomentar e apoiar, por meio de editais públicos,
territorial, físico-individual, geracional, de gênero, de programas, projetos e ações das IES voltados para a educação
orientação sexual, de opção política, de nacionalidade, dentre em direitos humanos;
outras. 4. solicitar às agências de fomento a criação de linhas de
No ensino, a educação em direitos humanos pode ser apoio à pesquisa, ao ensino e à extensão na área de educação
incluída por meio de diferentes modalidades, tais como, em direitos humanos;
disciplinas obrigatórias e optativas, linhas de pesquisa e áreas 5. promover pesquisas em nível nacional e estadual com o
de concentração, transversalização no projeto político- envolvimento de universidades públicas, comunitárias e
pedagógico, entre outros. privadas, levantando as ações de ensino, pesquisa e extensão
Na pesquisa, as demandas de estudos na área dos direitos em direitos humanos, de modo a estruturar um cadastro
humanos requerem uma política de incentivo que institua esse atualizado e interativo.
tema como área de conhecimento de caráter interdisciplinar e 6. incentivar a elaboração de metodologias pedagógicas de
transdisciplinar. caráter transdisciplinar e interdisciplinar para a educação em
Na extensão universitária, a inclusão dos direitos humanos direitos humanos nas IES;
no Plano Nacional de Extensão Universitária enfatizou o 7. estabelecer políticas e parâmetros para a formação
compromisso das universidades públicas com a promoção dos continuada de professores em educação em direitos humanos,
direitos humanos. A inserção desse tema em programas e nos vários níveis e modalidades de ensino;
projetos de extensão pode envolver atividades de capacitação, 8. contribuir para a difusão de uma cultura de direitos
assessoria e realização de eventos, entre outras, articuladas humanos, com atenção para a educação básica e a educação
com as áreas de ensino e pesquisa, contemplando temas não-formal nas suas diferentes modalidades, bem como
diversos. formar agentes públicos nessa perspectiva, envolvendo
A contribuição da educação superior na área da educação discentes e docentes da graduação e da pós-graduação;
em direitos humanos implica a consideração dos seguintes 9. apoiar a criação e o fortalecimento de fóruns, núcleos,
princípios: comissões e centros de pesquisa e extensão destinados à
a) a universidade, como criadora e disseminadora de promoção, defesa, proteção e ao estudo dos direitos humanos
conhecimento, é instituição social com vocação republicana, nas IES;
diferenciada e autônoma, comprometida com a democracia e a 10. promover o intercâmbio entre as IES no plano regional,
cidadania; nacional e internacional para a realização de programas e
b) os preceitos da igualdade, da liberdade e da justiça projetos na área da educação em direitos humanos;
devem guiar as ações universitárias, de modo a garantir a 11. fomentar a articulação entre as IES, as redes de
democratização da informação, o acesso por parte de grupos educação básica e seus órgãos gestores (secretarias estaduais
sociais vulneráveis ou excluídos e o compromisso cívico-ético e municipais de educação e secretarias municipais de cultura
com a implementação de políticas públicas voltadas para as e esporte), para a realização de programas e projetos de
necessidades básicas desses segmentos; educação em direitos humanos voltados para a formação de
c) o princípio básico norteador da educação em direitos educadores e de agentes sociais das áreas de esporte, lazer e
humanos como prática permanente, contínua e global, deve cultura;
estar voltado para a transformação da sociedade, com vistas à 12. propor a criação de um setor específico de livros e
difusão de valores democráticos e republicanos, ao periódicos em direitos humanos no acervo das bibliotecas das
fortalecimento da esfera pública e à construção de projetos IES;
coletivos; 13. apoiar a criação de linhas editoriais em direitos
d) a educação em direitos humanos deve se constituir em humanos junto às IES, que possam contribuir para o processo
princípio ético-político orientador da formulação e crítica da de implementação do PNEDH;
prática das instituições de ensino superior; 14. estimular a inserção da educação em direitos humanos
e) as atividades acadêmicas devem se voltar para a nas conferências, congressos, seminários, fóruns e demais
formação de uma cultura baseada na universalidade, eventos no campo da educação superior, especialmente nos
indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos, debates sobre políticas de ação afirmativa;
como tema transversal e transdisciplinar, de modo a inspirar 15. sugerir a criação de prêmio em educação em direitos
a elaboração de programas específicos e metodologias humanos no âmbito do MEC, com apoio da SEDH, para
adequadas nos cursos de graduação e pós-graduação, entre estimular as IES a investir em programas e projetos sobre esse
outros; tema;
f) a construção da indissociabilidade entre ensino, 16. implementar programas e projetos de formação e
pesquisa e extensão deve ser feita articulando as diferentes capacitação sobre educação em direitos humanos para
áreas do conhecimento, os setores de pesquisa e extensão, os gestores(as), professores(as), servidores(as), corpo discente
programas de graduação, de pós-graduação e outros; das IES e membros da comunidade local;
g) o compromisso com a construção de uma cultura de 17. fomentar e apoiar programas e projetos artísticos e
respeito aos direitos humanos na relação com os movimentos culturais na área da educação em direitos humanos nas IES;
e entidades sociais, além de grupos em situação de exclusão ou 18. desenvolver políticas estratégicas de ação afirmativa
discriminação; nas IES que possibilitem a inclusão, o acesso e a permanência
de pessoas com deficiência e aquelas alvo de discriminação

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por motivo de gênero, de orientação sexual e religiosa, entre d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
outros e seguimentos geracionais e étnico-raciais; relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
19. estimular nas IES a realização de projetos de educação Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
em direitos humanos sobre a memória do autoritarismo no qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
Brasil, fomentando a pesquisa, a produção de material violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei
didático, a identificação e organização de acervos históricos e qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
centros de referências; fundamentais.
20. inserir a temática da história recente do autoritarismo
no Brasil em editais de incentivo a projetos de pesquisa e Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os
extensão universitária; fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os
21. propor a criação de um Fundo Nacional de Ensino, direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar
Pesquisa e Extensão para dar suporte aos projetos na área da criança e do adolescente como pessoas em
temática da educação em direitos humanos a serem desenvolvimento.
implementados pelas IES.
Comentários:

II - Estatuto da Criança e O ECA incorporou a doutrina da proteção integral à criança


Adolescente. e ao adolescente, passando assim a serem sujeitos e titulares
de direitos fundamentais.
O direito da criança e do adolescente possui fundamento
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. constitucional, em especial nos artigos 227 a 229.
O art. 2º do Estatuto traz os conceitos de criança e de
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá adolescente:
outras providências. Criança é a pessoa com até 12 anos de idade incompletos.
Adolescente é a pessoa entre 12 e 18 anos de idade.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: O critério adotado para distinguir essas pessoas foi o
cronológico, ou seja, verifica-se apenas a idade da pessoa e
Título I não sua capacidade de discernimento para a prática de alguma
Das Disposições Preliminares conduta.
Na interpretação do ECA se levará em conta as exigências
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e
e ao adolescente. a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas
em desenvolvimento. Em eventual semelhança de interesses
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a jurídicos será preciso aplicar o princípio da
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente proporcionalidade, de modo a optar pelo interesse que mais se
aquela entre doze e dezoito anos de idade. aproxime dos fins sociais da lei e do princípio da dignidade
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se humana, coluna vertebral da proteção integral e do próprio
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e Direito da Infância e da Juventude.
vinte e um anos de idade. Temos 4 princípios norteadores do ECA:
A- Princípio da Proteção Integral.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos Em seu artigo 227, a Constituição Federal trás o princípio
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da da Proteção Integral indica o dever da família, da sociedade e
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, do Estado de zelar pela inviolabilidade dos direitos
por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e fundamentais da criança e do adolescente, deixando-os a salvo
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e violência, crueldade e opressão.
de dignidade. B- Princípio da Prioridade Absoluta.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam- Também previsto no artigo 227 da Carta Magna, o
se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de princípio da prioridade absoluta determina que a criança e o
nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, adolescente devem ser tratados com absoluta preferência,
religião ou crença, deficiência, condição pessoal de pela sociedade e. em especial, pelo Poder Público.
desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, O próprio ECA traz em quais aspectos essa prioridade
ambiente social, região e local de moradia ou outra condição absoluta deve ser observada (art. 4º, parágrafo único):
que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em relevância pública;
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a c) preferência na formulação e na execução das políticas
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sociais públicas;
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
liberdade e à convivência familiar e comunitária. C- Princípio do Respeito à Condição Peculiar da
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: Criança e do Adolescente de Pessoa em Desenvolvimento.
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer Por esse princípio entendemos que as crianças e
circunstâncias; adolescentes são pessoas em condições peculiares de
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de desenvolvimento e, por isso, apresentam hipossuficiência
relevância pública; frente à defesa dos seus próprios interesses, além de
c) preferência na formulação e na execução das políticas possuírem interesses especiais, assim, esta expressão significa
sociais públicas; que a criança e o adolescente possuem todos os direitos, de

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que são detentores os adultos, desde que sejam aplicáveis à custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que
sua idade, ao grau de desenvolvimento físico ou mental e à sua atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único
capacidade de autonomia e discernimento. de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o
D- Princípio da Participação Popular. sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento
Este princípio decorre do artigo, 204, II da Constituição integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Federal, que garante a participação da população, por meio de
organizações representativas, na formulação das políticas Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores
públicas e no controle das ações em todos os níveis propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno,
relacionados à infância e à juventude. inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de
liberdade.
Título II § 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde
Dos Direitos Fundamentais desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas,
Capítulo I visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de
Do Direito à Vida e à Saúde ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno
e à alimentação complementar saudável, de forma
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à contínua. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais § 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos
programas e às políticas de saúde da mulher e de Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção
planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e I - manter registro das atividades desenvolvidas, através
atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua
Lei nº 13.257, de 2016) impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem
§ 1o O atendimento pré-natal será realizado por prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade
profissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei administrativa competente;
nº 13.257, de 2016) III - proceder a exames visando ao diagnóstico e
§ 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-
garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao nascido, bem como prestar orientação aos pais;
estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº necessariamente as intercorrências do parto e do
13.257, de 2016) desenvolvimento do neonato;
§ 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato
assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta a permanência junto à mãe.
hospitalar responsável e contra referência na atenção VI - acompanhar a prática do processo de amamentação,
primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a
apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo
de 2016) técnico já existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência 2017) (Vigência)
psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal,
inclusive como forma de prevenir ou minorar as Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado
consequências do estado puerperal. voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade
prestada também a gestantes e mães que manifestem no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e
interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257,
gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de de 2016)
liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 1o A criança e o adolescente com deficiência serão
§ 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas
acompanhante de sua preferência durante o período do pré- necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e
natal, do trabalho de parto e do pós-parto reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
§ 7o A gestante deverá receber orientação sobre àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e
aleitamento materno, alimentação complementar saudável e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento,
crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de
formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades
estimular o desenvolvimento integral da específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
§ 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudável frequente de crianças na primeira infância receberão
durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, formação específica e permanente para a detecção de sinais de
estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o
intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela
pela Lei nº 13.257, de 2016) Lei nº 13.257, de 2016)
§ 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré- Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde,
natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de
pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) cuidados intermediários, deverão proporcionar condições
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à para a permanência em tempo integral de um dos pais ou
mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob

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responsável, nos casos de internação de criança ou hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de
adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) gestantes, públicos e particulares, passam a ser obrigados a
acompanhar a prática do processo de amamentação,
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo
contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente técnico já existente, conforme agora o artigo 10º, VI.
comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, No que diz respeito ao artigo 14 §5º foi acrescido a
sem prejuízo de outras providências legais. obrigatoriedade ao Sistema Único de Saúde promover a
§ 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse em aplicação a todas as crianças, nos seus primeiros dezoito
entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente meses de vida, de protocolo ou outro instrumento construído
encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta pediátrica
Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) de acompanhamento da criança, de risco para o seu
§ 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de desenvolvimento psíquico.
entrada, os serviços de assistência social em seu componente
especializado, o Centro de Referência Especializado de Capítulo II
Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão
conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade,
faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo
de violência de qualquer natureza, formulando projeto de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos
terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela
Lei nº 13.257, de 2016) Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
aspectos:
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
de assistência médica e odontológica para a prevenção das comunitários, ressalvadas as restrições legais;
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, II - opinião e expressão;
e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e III - crença e culto religioso;
alunos. IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
§ 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos V - participar da vida familiar e comunitária, sem
recomendados pelas autoridades discriminação;
sanitárias. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº VI - participar da vida política, na forma da lei;
13.257, de 2016) VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
§ 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à
saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
integral e inter setorial com as demais linhas de cuidado integridade física, psíquica e moral da criança e do
direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
13.257, de 2016) identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
§ 3o A atenção odontológica à criança terá função educativa espaços e objetos pessoais.
protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer,
por meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e
sexto e no décimo segundo anos de vida, com orientações do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
§ 4o A criança com necessidade de cuidados odontológicos constrangedor.
especiais será atendida pelo Sistema Único de
Saúde. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser
§ 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro tratamento cruel ou degradante, como formas de correção,
instrumento construído com a finalidade de facilitar a disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais,
detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis,
criança, de risco para o seu desenvolvimento pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas
psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017) ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los,
educá-los ou protegê-los.
Comentários: Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
No Título II da Lei 8.069 está disposto os direitos I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
fundamentais das crianças e dos adolescentes, estes são aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o
aqueles mesmos outorgados aos adultos, mais outros especiais adolescente que resulte em:
e conferidos em respeito a condição peculiar de pessoa em a) sofrimento físico; ou
desenvolvimento. b) lesão;
No Capítulo II temos os direitos à vida e a saúde. II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma
cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente
Atenção! No ano de 2016 esse capítulo sofreu relevantes que:
alterações em razão da publicação da Lei nº 13.257 que dispõe a) humilhe;
acerca da Primeira Infância. Observa-se, que o direito à vida, b) ameace gravemente; ou
embutido no direito à saúde, é considerado o mais elementar c) ridicularize.
e absoluto dos direitos fundamentais, já que este é
indispensável ao exercício dos demais direitos, ficando a cargo Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os
do Estado garanti-los através de políticas públicas. responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
Atenção! Em virtude da Lei n.º 13.438, os artigos 10 e 14 socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de
sofreram adição de incisos e parágrafos, dessa forma, os crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los

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que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou que atenda ao seu superior interesse, devidamente
degradante como formas de correção, disciplina, educação ou fundamentada pela autoridade judiciária. (Redação
qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão § 3o A manutenção ou a reintegração de criança ou
aplicadas de acordo com a gravidade do caso: adolescente à sua família terá preferência em relação a
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em
proteção à família; serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101
psiquiátrico; e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta
III - encaminhamento a cursos ou programas de Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
orientação; § 4o Será garantida a convivência da criança e do adolescente
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas
especializado; periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de
V - advertência. acolhimento institucional, pela entidade responsável,
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão independentemente de autorização judicial.
aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras § 5o Será garantida a convivência integral da criança com a
providências legais. mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional.
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Comentários: § 6o A mãe adolescente será assistida por equipe
especializada multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509,
O direito à liberdade é mais amplo do que o direito de ir e de 2017)
vir, sendo compreendido pelo amplo acesso a logradouros e
espaços comunitários, a livre opinião e expressão, crença e Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em
culto religioso, bem como ao direito de participar sem entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o
discriminação da vida familiar, comunitária e da vida política, nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da
na forma da lei. Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Há, ainda, o especialíssimo direito de brincar, praticar § 1o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe inter
esportes e divertir-se, absolutamente condizente com a profissional da Justiça da Infância e da Juventude, que
condição infanto-juvenil, aliás, tão agradável também ao apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando
adulto que busca uma vida feliz e plena. inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e
Entretanto, esse direito à liberdade não é absoluto. É puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
importante lembrar que crianças e adolescentes estão § 2o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá
submetidos ao poder familiar dos pais ou à tutela ou guarda determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante
dos responsáveis, e por isso, a eles devem respeito e sua expressa concordância, à rede pública de saúde e
subordinação para efeito de criação e educação, cabendo-lhes assistência social para atendimento especializado. (Incluído
obediência e reverência. pela Lei nº 13.509, de 2017)
Outra restrição ao direito de liberdade, é a possibilidade do § 3o A busca à família extensa, conforme definida nos
adolescente de ser apreendido em flagrante pela prática de ato termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual
autoridade judiciária competente. Observa-se que as período. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
limitações à liberdade são impostas devido a própria condição § 4o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de
de pessoas em desenvolvimento, levando sempre em não existir outro representante da família extensa apto a
consideração o seu bem estar. receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá
Atenção! A criança não pode ser privada de liberdade e, decretar a extinção do poder familiar e determinar a colocação
no caso de flagrante de ato infracional, tão somente, será da criança sob a guarda provisória de quem estiver habilitado
encaminhada ao Conselho Tutelar, na companhia dos pais ou a adotá-la ou de entidade que desenvolva programa de
responsável. acolhimento familiar ou institucional. (Incluído pela Lei nº
13.509, de 2017)
Capítulo III § 5o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado,
Seção I deve ser manifestada na audiência a que se refere o § 1o do art.
Disposições Gerais 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela
Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e § 6o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de
educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família 2017)
substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, § 7o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15
em ambiente que garanta seu desenvolvimento (quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do dia
integral. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) seguinte à data do término do estágio de
§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua § 8o Na hipótese de desistência pelos genitores -
situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, manifestada em audiência ou perante a equipe inter
devendo a autoridade judiciária competente, com base em profissional - da entrega da criança após o nascimento, a
relatório elaborado por equipe inter profissional ou criança será mantida com os genitores, e será determinado
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela pela Justiça da Infância e da Juventude o acompanhamento
possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta)
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
desta Lei. § 9o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta
programa de acolhimento institucional não se prolongará por Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada necessidade

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 10. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
2017) descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que
alude o art. 22.
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de
acolhimento institucional ou familiar poderão participar de Comentários:
programa de apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
2017) Atenção! O texto do Capítulo III, Seção I, que trata sobre as
§ 1o O apadrinhamento consiste em estabelecer e disposições gerais do Direito à Convivência Familiar e
proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à Comunitária, sofreu relevantes alterações após a Lei 13.257.
instituição para fins de convivência familiar e comunitária e A permanência da criança e do adolescente em programa
colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, de acolhimento não se prolongará por mais de dezoito
moral, físico, cognitivo, educacional e meses, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu
financeiro. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) superior interesse, devidamente fundamentada pela
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de autoridade judiciária. Em relação a convivência, será garantida
2017) a mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional a
§ 3o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou convivência integral com a criança, sendo assistida por equipe
adolescente a fim de colaborar para o seu especializada multidisciplinar. Nos casos de gestantes ou mães
desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) que manifeste o interesse em entregar seu filho para adoção,
§ 4o O perfil da criança ou do adolescente a ser antes ou logo após o nascimento será encaminhado à Justiça
apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de da Infância e da Juventude, sendo levado em consideração para
apadrinhamento, com prioridade para crianças ou tal, os efeitos do estado gestacional e puerperal.
adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar Acrescido o Art.19-B, que trata sobre o programa de
ou colocação em família adotiva. (Incluído pela Lei nº apadrinhamento, que consiste em proporcionar à criança e ao
13.509, de 2017) adolescentes, que estão em programa de acolhimento
§ 5o Os programas ou serviços de apadrinhamento institucional, vínculos externos à instituição para fins de
apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser convivência familiar e comunitária, colaborando assim para o
executados por órgãos públicos ou por organizações da seu desenvolvimento nos aspectos sociais, morais, físicos,
sociedade civil. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) cognitivos, educacionais e financeiros. Assim, deverá ser
§ 6o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os respeitada para tal as exigências contidas na Lei.
responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento
deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária Seção II
competente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Da Família Natural

Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou
filiação. ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e
filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de com os quais a criança ou adolescente convive e mantém
condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a vínculos de afinidade e afetividade.
legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em
caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser
competente para a solução da divergência. reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no
próprio termo de nascimento, por testamento, mediante
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e escritura ou outro documento público, qualquer que seja a
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse origem da filiação.
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o
determinações judiciais. nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm descendentes.
direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados
no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito
o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) restrição, observado o segredo de Justiça.

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não Seção III


constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão Da Família Substituta
do poder familiar. Subseção I
§ 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a Disposições Gerais
decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido
em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á
incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da
promoção. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta
§ 2o A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará Lei.
a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de § 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, previamente ouvido por equipe inter profissional, respeitado
contra o próprio filho ou filha. seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre
as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão considerada
decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição
necessário seu consentimento, colhido em audiência. de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
§ 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de previdenciários.
parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de § 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em
evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida. contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a
§ 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, medida for aplicada em preparação para adoção, o
tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros
comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim
justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de
procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento regulamentação específica, a pedido do interessado ou do
definitivo dos vínculos fraternais. Ministério Público.
§ 5o A colocação da criança ou adolescente em família Art. 34. O poder público estimulará, por meio de
substituta será precedida de sua preparação gradativa e assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o
acompanhamento posterior, realizados pela equipe inter acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente
profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, afastado do convívio familiar.
preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela § 1o A inclusão da criança ou adolescente em programas de
execução da política municipal de garantia do direito à acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento
convivência familiar. institucional, observado, em qualquer caso, o caráter
§ 6o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou temporário e excepcional da medida, nos termos desta Lei.
proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é § 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal
ainda obrigatório. cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade receber a criança ou adolescente mediante guarda, observado
social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei.
instituições, desde que não sejam incompatíveis com os § 3o A União apoiará a implementação de serviços de
direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela acolhimento em família acolhedora como política pública, os
Constituição Federal; quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no temporário de crianças e de adolescentes em residências de
seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não
etnia; estejam no cadastro de adoção. (Incluído pela Lei nº
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão 13.257, de 2016)
federal responsável pela política indigenista, no caso de § 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais,
crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante distritais e municipais para a manutenção dos serviços de
a equipe inter profissional ou multidisciplinar que irá acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de
acompanhar o caso. recursos para a própria família acolhedora. (Incluído pela
Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a
pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo,
a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério
adequado. Público.

Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá Subseção III


transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a Da Tutela
entidades governamentais ou não-governamentais, sem
autorização judicial. Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a
pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos.
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a
constitui medida excepcional, somente admissível na prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e
modalidade de adoção. implica necessariamente o dever de guarda.

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único
encargo, mediante termo nos autos. do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a
abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao
Subseção II controle judicial do ato, observando o procedimento previsto
Da Guarda nos arts. 165 a 170 desta Lei.
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei,
material, moral e educacional à criança ou adolescente, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na
conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, disposição de última vontade, se restar comprovado que a
inclusive aos pais. medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, em melhores condições de assumi-la.
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art.
estrangeiros. 24.
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos
casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares
ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser
deferido o direito de representação para a prática de atos
determinados.

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Subseção IV Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência


Da Adoção com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90
(noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á e as peculiaridades do caso. (Redação dada pela Lei nº
segundo o disposto nesta Lei. 13.509, de 2017)
§ 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se § 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o
deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante
manutenção da criança ou adolescente na família natural ou durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a
extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. conveniência da constituição do vínculo.
§ 2o É vedada a adoção por procuração. § 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a
§ 3o Em caso de conflito entre direitos e interesses do dispensa da realização do estágio de convivência.
adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, § 2o-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo
devem prevalecer os direitos e os interesses do pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão
adotando. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) fundamentada da autoridade judiciária. (Incluído pela
Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito § 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou
anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no
dos adotantes. mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco)
dias, prorrogável por até igual período, uma única vez,
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, mediante decisão fundamentada da autoridade
com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os § 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo,
impedimentos matrimoniais. deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do mencionada no § 4o deste artigo, que recomendará ou não o
outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o deferimento da adoção à autoridade judiciária. (Incluído
cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes. pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus § 4o O estágio de convivência será acompanhado pela
descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e equipe inter profissional a serviço da Justiça da Infância e da
colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
hereditária. responsáveis pela execução da política de garantia do direito à
convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, acerca da conveniência do deferimento da medida.
independentemente do estado civil. § 5o O estágio de convivência será cumprido no território
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do nacional, preferencialmente na comarca de residência da
adotando. criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade
§ 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do
adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união juízo da comarca de residência da criança. (Incluído pela
estável, comprovada a estabilidade da família. Lei nº 13.509, de 2017)
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença
velho do que o adotando. judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado
§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex do qual não se fornecerá certidão.
companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como
acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o pais, bem como o nome de seus ascendentes.
estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o
período de convivência e que seja comprovada a existência de registro original do adotado.
vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da § 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser
guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua
§ 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado residência.
efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda § 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá
compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei constar nas certidões do registro.
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil § 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante
§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do modificação do prenome.
procedimento, antes de prolatada a sentença. § 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo
adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. § 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em
julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à
saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o data do óbito.
pupilo ou o curatelado. § 8o O processo relativo à adoção assim como outros a ele
relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida
do representante legal do adotando. a sua conservação para consulta a qualquer tempo.
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de
criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou adoção em que o adotando for criança ou adolescente com
tenham sido destituídos do poder familiar. deficiência ou com doença crônica.
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de § 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção
idade, será também necessário o seu consentimento. será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por

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igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade possível e recomendável, será colocado sob guarda de família
judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) cadastrada em programa de acolhimento familiar.
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem § 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério
qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após Público.
completar 18 (dezoito) anos. § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente
ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, nos termos desta Lei quando:
a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e I - se tratar de pedido de adoção unilateral;
psicológica. II - for formulada por parente com o qual a criança ou
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda
familiar dos pais naturais. legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde
que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a
ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos
condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas arts. 237 ou 238 desta Lei.
na adoção. § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que
consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério preenche os requisitos necessários à adoção, conforme
Público. previsto nesta Lei.
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não § 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas
satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das interessadas em adotar criança ou adolescente com
hipóteses previstas no art. 29. deficiência, com doença crônica ou com necessidades
§ 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de específicas de saúde, além de grupo de irmãos. (Incluído
um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela o pretendente possui residência habitual em país-parte da
execução da política municipal de garantia do direito à Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção
convivência familiar. das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção
§ 4o Sempre que possível e recomendável, a preparação Internacional, promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 junho
referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da
adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em Convenção. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, § 1o A adoção internacional de criança ou adolescente
supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando
e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo restar comprovado:
programa de acolhimento e pela execução da política I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada
municipal de garantia do direito à convivência familiar. ao caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 5o Serão criados e implementados cadastros estaduais e II - que foram esgotadas todas as possibilidades de
nacional de crianças e adolescentes em condições de serem colocação da criança ou adolescente em família adotiva
adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção. brasileira, com a comprovação, certificada nos autos, da
§ 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil com
residentes fora do País, que somente serão consultados na perfil compatível com a criança ou adolescente, após consulta
inexistência de postulantes nacionais habilitados nos aos cadastros mencionados nesta Lei; (Redação dada pela Lei
cadastros mencionados no § 5o deste artigo. nº 13.509, de 2017)
§ 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi
adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a consultado, por meios adequados ao seu estágio de
troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida,
sistema. mediante parecer elaborado por equipe inter profissional,
§ 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
(quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes § 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência
em condições de serem adotados que não tiveram colocação aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança
familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que ou adolescente brasileiro.
tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros § 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das
estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, sob pena de Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de
responsabilidade. adoção internacional.
§ 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento
posterior comunicação à Autoridade Central Federal previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes
Brasileira. adaptações:
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar
pretendentes habilitados residentes no País com perfil criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de
compatível e interesse manifesto pela adoção de criança ou habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria
adolescente inscrito nos cadastros existentes, será realizado o de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido
encaminhamento da criança ou adolescente à adoção aquele onde está situada sua residência habitual;
internacional. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar
2017) que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar,
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado emitirá um relatório que contenha informações sobre a
em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes
para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio

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social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir III - estar submetidos à supervisão das autoridades
uma adoção internacional; competentes do país onde estiverem sediados e no país de
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e
relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a situação financeira;
Autoridade Central Federal Brasileira; IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a
IV - o relatório será instruído com toda a documentação cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem
necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por como relatório de acompanhamento das adoções
equipe inter profissional habilitada e cópia autenticada da internacionais efetuadas no período, cuja cópia será
legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de encaminhada ao Departamento de Polícia Federal;
vigência; V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a
V - os documentos em língua estrangeira serão Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade
devidamente autenticados pela autoridade consular, Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois)
observados os tratados e convenções internacionais, e anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia
acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país
juramentado; de acolhida para o adotado;
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os
e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal
postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento
acolhida; estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade sejam concedidos.
Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira § 5o A não apresentação dos relatórios referidos no §
com a nacional, além do preenchimento por parte dos 4o deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar
postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos a suspensão de seu credenciamento.
necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta § 6o O credenciamento de organismo nacional ou
Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção
de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, internacional terá validade de 2 (dois) anos.
no máximo, 1 (um) ano; § 7o A renovação do credenciamento poderá ser concedida
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será mediante requerimento protocolado na Autoridade Central
autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao
Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança término do respectivo prazo de validade.
ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade § 8o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu
Central Estadual. a adoção internacional, não será permitida a saída do
§ 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, adotando do território nacional.
admite-se que os pedidos de habilitação à adoção § 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade
internacional sejam intermediados por organismos judiciária determinará a expedição de alvará com autorização
credenciados. de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando,
§ 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente
credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão
internacional, com posterior comunicação às Autoridades digital do seu polegar direito, instruindo o documento com
Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em
imprensa e em sítio próprio da internet. julgado.
§ 3o Somente será admissível o credenciamento de § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a
organismos que: qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção crianças e adolescentes adotados
de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos
Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida credenciados, que sejam considerados abusivos pela
do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil; Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam
II - satisfizerem as condições de integridade moral, devidamente comprovados, é causa de seu
competência profissional, experiência e responsabilidade descredenciamento.
exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser
Federal Brasileira; representados por mais de uma entidade credenciada para
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua atuar na cooperação em adoção internacional.
formação e experiência para atuar na área de adoção § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou
internacional; domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano,
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento podendo ser renovada.
jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela § 14. É vedado o contato direto de representantes de
Autoridade Central Federal Brasileira. organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com
§ 4o Os organismos credenciados deverão ainda: dirigentes de programas de acolhimento institucional ou
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições familiar, assim como com crianças e adolescentes em
e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do condições de serem adotados, sem a devida autorização
país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela judicial.
Autoridade Central Federal Brasileira; § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos
e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo
formação ou experiência para atuar na área de adoção fundamentado.
internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia
Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e
Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de
competente; organismos estrangeiros encarregados de intermediar

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pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a uma única vez por igual período, mediante decisão
pessoas físicas. fundamentada da autoridade judiciária.
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser
efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente Capítulo IV
e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao
Direitos da Criança e do Adolescente Lazer

Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,
país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
tenha sido processado em conformidade com a legislação para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea assegurando-se lhes:
“c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
recepcionada com o reingresso no Brasil. escola;
§ 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea II - direito de ser respeitado por seus educadores;
“c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. recorrer às instâncias escolares superiores;
§ 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em país IV - direito de organização e participação em entidades
não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no estudantis;
Brasil, deverá requerer a homologação da sentença V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for ciência do processo pedagógico, bem como participar da
o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país definição das propostas educacionais.
de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela
Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao
habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à adolescente:
Autoridade Central Federal e determinará as providências I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive
necessárias à expedição do Certificado de Naturalização para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
Provisório. II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade
§ 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério ao ensino médio;
Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela III - atendimento educacional especializado aos portadores
decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de
da criança ou do adolescente. zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306,
§ 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, de 2016)
prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
imediatamente requerer o que for de direito para resguardar e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
providências à Autoridade Central Estadual, que fará a condições do adolescente trabalhador;
comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à VII - atendimento no ensino fundamental, através de
Autoridade Central do país de origem. programas suplementares de material didático-escolar,
transporte, alimentação e assistência à saúde.
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país público subjetivo.
de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder
ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da
adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à autoridade competente.
Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no
adoção nacional. ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos
pais ou responsável, pela frequência à escola.
Comentários:
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de
Atenção! Este capítulo também sofreu alterações em matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
decorrência da Lei 13.509, assim
O Capítulo III da Lei 8.069/90, assegura à toda criança e Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
adolescente o direito de ser criado e educado no seio da sua fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
família e, excepcionalmente, em família substituta, I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
assegurando a convivência familiar, bem como a comunitária, II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar,
assim, fica evidente que a legislação brasileira preconiza que esgotados os recursos escolares;
toda criança e adolescente tem direito a uma família, cujos III - elevados níveis de repetência.
vínculos devem ser protegidos pelo Estado e pela sociedade,
em caso de conflito entre direitos e interesses do adotando e Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências
de outras pessoas, inclusive de seus pais biológicos, devem e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo,
prevalecer os direitos e os interesses do adotando. metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de
A adoção será precedida de estágio de convivência com a crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental
criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) obrigatório.
dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as
peculiaridades do caso, sendo respeitada as exigências Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores
estabelecidas na lei, e com prazo máximo para conclusão da culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da
ação de adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável

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criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia
criação e o acesso às fontes de cultura. e as cinco horas do dia seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas IV - realizado em horários e locais que não permitam a
para a infância e a juventude. frequência à escola.

Comentários: Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
educativo, sob responsabilidade de entidade governamental
A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar
ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o ao adolescente que dele participe condições de capacitação
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, para o exercício de atividade regular remunerada.
assegurando-se: § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral
a) igualdade de condições para o acesso e permanência na em que as exigências pedagógicas relativas ao
escola; desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem
b) direito de ser respeitado por seus educadores; sobre o aspecto produtivo.
c) direito de contestar critérios avaliativos, podendo § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo
recorrer às instâncias escolares superiores; trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de
d) direito de organização e participação em entidades seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
estudantis;
e) acesso à escola pública e gratuita próxima de sua Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à
residência. proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre
Assim, a Lei8.069/90 assegura a criança e ao adolescente outros:
uma educação voltada ao integral desenvolvimento da pessoa, I - respeito à condição peculiar de pessoa em
com prática para a cidadania de forma clara e objetiva e desenvolvimento;
capacitação para o trabalho, sempre preconizando o absoluto II - capacitação profissional adequada ao mercado de
respeito aos direitos fundamentais da criança e do trabalho.
adolescente.
Segundo o art. 59, os Municípios contarão com a Comentários:
assistência e cooperação dos estados e da União na destinação
de recursos e espaços para o desenvolvimento programações Observa-se no Capítulo V que, quando a criança ou o
culturais, esportivas e de lazer destinadas à criança e ao adolescente exercita o trabalho não mais como impulso de
adolescente. experimento de suas potencialidades, mas, sim, como
necessidade de prover seu próprio sustento, o trabalho torna-
Capítulo V se incompatível com outros interesses necessários ao seu
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no pleno desenvolvimento.
Trabalho Assim, o trabalho poderá retirar estímulos imprescindíveis
para o acompanhamento das aulas regulares, limitando a
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de capacidade de aprendizado e prejudicando sua qualificação
quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. teórico-profissional. Ainda, o trabalho poderá representar um
esforço superior ao seu estágio de crescimento,
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada comprometendo a saúde e o seu desenvolvimento cognitivo.
por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei Para que isso não ocorra e visando sempre a proteção da
. criança ou adolescente e, ao mesmo tempo, assegurar-lhes o
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico- direito fundamental à profissionalização, o ordenamento
profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da estabeleceu um regime especial de trabalho, com direitos e
legislação de educação em vigor. restrições.

Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos Título III


seguintes princípios: Da Prevenção
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino Capítulo I
regular; Disposições Gerais
II - atividade compatível com o desenvolvimento do
adolescente; Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça
III - horário especial para o exercício das atividades. ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
assegurada bolsa de aprendizagem. Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração
de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e
são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários. difundir formas não violentas de educação de crianças e de
adolescentes, tendo como principais ações:
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é I - a promoção de campanhas educativas permanentes
assegurado trabalho protegido. para a divulgação do direito da criança e do adolescente de
serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de
familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em proteção aos direitos humanos;
entidade governamental ou não-governamental, é vedado II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
trabalho: Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho

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Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Capítulo II


Adolescente e com as entidades não governamentais que Da Prevenção Especial
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança Seção I
e do adolescente; Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e
III - a formação continuada e a capacitação dos Espetáculos
profissionais de saúde, educação e assistência social e dos
demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos Art. 74. O poder público, através do órgão competente,
direitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento regulará as diversões e espetáculos públicos, informando
das competências necessárias à prevenção, à identificação de sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as recomendem, locais e horários em que sua apresentação se
formas de violência contra a criança e o adolescente; mostre inadequada.
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e
de conflitos que envolvam violência contra a criança e o espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil
adolescente; acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no
garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a certificado de classificação.
atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e
responsáveis com o objetivo de promover a informação, a Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às
reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de diversões e espetáculos públicos classificados como
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no adequados à sua faixa etária.
processo educativo; Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente
VI - a promoção de espaços inter setoriais locais para a poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.
conjunta focados nas famílias em situação de violência, com
participação de profissionais de saúde, de assistência social e Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão,
de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa dos no horário recomendado para o público infanto juvenil,
direitos da criança e do adolescente; programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes informativas.
com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou
políticas públicas de prevenção e proteção. anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua
transmissão, apresentação ou exibição.
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas
áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários
seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de
comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus- programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou
tratos praticados contra crianças e adolescentes. locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela competente.
comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão
por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a
ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e faixa etária a que se destinam.
adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado
retardamento ou omissão, culposos ou dolosos. Art. 78. As revistas e publicações contendo material
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito à informação, ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e de seu conteúdo.
serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas
desenvolvimento. que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam
protegidas com embalagem opaca.
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da
prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público
adotados. infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias,
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco,
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e
importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, sociais da pessoa e da família.
nos termos desta Lei.
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que
Comentários: explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por
casas de jogos, assim entendidas as que realizem apostas,
O direito à cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja
deve fazer parte da vida da criança em todas as suas fases de permitida a entrada e a permanência de crianças e
desenvolvimento, reconhecendo assim o direito de receber adolescentes no local, afixando aviso para orientação do
uma educação capaz de promover a sua cultura e capacitá-la a público.
desenvolver suas aptidões, sua capacidade de emitir juízo, seu
senso de responsabilidade moral e social. Seção II
Dos Produtos e Serviços

Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:


I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoólicas;

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III - produtos cujos componentes possam causar VI - políticas e programas destinados a prevenir ou
dependência física ou psíquica ainda que por utilização abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a
indevida; garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que crianças e adolescentes;
pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de
qualquer dano físico em caso de utilização indevida; guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de
saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou
adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou I - municipalização do atendimento;
responsável. II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional
dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos
Seção III e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a
Da Autorização para Viajar participação popular paritária por meio de organizações
representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da III - criação e manutenção de programas específicos,
comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou observada a descentralização político-administrativa;
responsável, sem expressa autorização judicial. IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e
§ 1º A autorização não será exigida quando: municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, da criança e do adolescente;
se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma V - integração operacional de órgãos do Judiciário,
região metropolitana; Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e
b) a criança estiver acompanhada: Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local,
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente
comprovado documentalmente o parentesco; a quem se atribua autoria de ato infracional;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, VI - integração operacional de órgãos do Judiciário,
mãe ou responsável. Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou encarregados da execução das políticas sociais básicas e de
responsável, conceder autorização válida por dois anos. assistência social, para efeito de agilização do atendimento de
crianças e de adolescentes inseridos em programas de
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida
autorização é dispensável, se a criança ou adolescente: reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; comprovadamente inviável, sua colocação em família
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28
expressamente pelo outro através de documento com firma desta Lei;
reconhecida. VII - mobilização da opinião pública para a indispensável
participação dos diversos segmentos da sociedade.
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, VIII - especialização e formação continuada dos
nenhuma criança ou adolescente nascido em território profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à
nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos
residente ou domiciliado no exterior. da criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído pela Lei
nº 13.257, de 2016)
Parte Especial IX - formação profissional com abrangência dos diversos
Título I direitos da criança e do adolescente que favoreça a inter
Da Política de Atendimento setorialidade no atendimento da criança e do adolescente e
Capítulo I seu desenvolvimento integral; (Incluído pela Lei nº 13.257, de
Disposições Gerais 2016)
X - realização e divulgação de pesquisas sobre
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e desenvolvimento infantil e sobre prevenção da
do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de violência. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
ações governamentais e não-governamentais, da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios. Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: adolescente é considerada de interesse público relevante e não
I - políticas sociais básicas; será remunerada.
II - serviços, programas, projetos e benefícios de
assistência social de garantia de proteção social e de Capítulo II
prevenção e redução de violações de direitos, seus Das Entidades de Atendimento
agravamentos ou reincidências; (Redação dada pela Lei nº Seção I
13.257, de 2016) Disposições Gerais
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico
e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela
exploração, abuso, crueldade e opressão; manutenção das próprias unidades, assim como pelo
IV - serviço de identificação e localização de pais, planejamento e execução de programas de proteção e
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos regime de:
direitos da criança e do adolescente. I - orientação e apoio sócio familiar;
II - apoio socioeducativo em meio aberto;

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III - colocação familiar; VI - evitar, sempre que possível, a transferência para


IV - acolhimento institucional; outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;
V - prestação de serviços à comunidade; VII - participação na vida da comunidade local;
VI - liberdade assistida; VIII - preparação gradativa para o desligamento;
VII - semiliberdade; e IX - participação de pessoas da comunidade no processo
VIII - internação. educativo.
§ 1o As entidades governamentais e não governamentais § 1o O dirigente de entidade que desenvolve programa de
deverão proceder à inscrição de seus programas, acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para
especificando os regimes de atendimento, na forma definida todos os efeitos de direito.
neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e § 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem
do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão
suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses,
e à autoridade judiciária. relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança
§ 2o Os recursos destinados à implementação e ou adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação
manutenção dos programas relacionados neste artigo serão prevista no § 1o do art. 19 desta Lei.
previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos § 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes
encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a
Social, dentre outros, observando-se o princípio da prioridade permanente qualificação dos profissionais que atuam direta
absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo caput ou indiretamente em programas de acolhimento institucional
do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo e destinados à colocação familiar de crianças e adolescentes,
único do art. 4o desta Lei. incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e
§ 3o Os programas em execução serão reavaliados pelo Conselho Tutelar.
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, § 4o Salvo determinação em contrário da autoridade
no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para judiciária competente, as entidades que desenvolvem
renovação da autorização de funcionamento: programas de acolhimento familiar ou institucional, se
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de
como às resoluções relativas à modalidade de atendimento assistência social, estimularão o contato da criança ou
prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao
do Adolescente, em todos os níveis; disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo.
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, § 5o As entidades que desenvolvem programas de
atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela acolhimento familiar ou institucional somente poderão
Justiça da Infância e da Juventude; receber recursos públicos se comprovado o atendimento dos
III - em se tratando de programas de acolhimento princípios, exigências e finalidades desta Lei.
institucional ou familiar, serão considerados os índices de § 6o O descumprimento das disposições desta Lei pelo
sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família dirigente de entidade que desenvolva programas de
substituta, conforme o caso. acolhimento familiar ou institucional é causa de sua
destituição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade
Art. 91. As entidades não-governamentais somente administrativa, civil e criminal.
poderão funcionar depois de registradas no Conselho § 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual em acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à
comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade atuação de educadores de referência estáveis e
judiciária da respectiva localidade. qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao
§ 1o Será negado o registro à entidade que: atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
b) não apresente plano de trabalho compatível com os Art. 93. As entidades que mantenham programa de
princípios desta Lei; acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e
c) esteja irregularmente constituída; de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. determinação da autoridade competente, fazendo
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz
deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade
Adolescente, em todos os níveis. judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o
§ 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas
cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do necessárias para promover a imediata reintegração familiar da
Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão não for
renovação, observado o disposto no § 1o deste artigo. isso possível ou recomendável, para seu encaminhamento a
programa de acolhimento familiar, institucional ou a família
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de substituta, observado o disposto no § 2o do art. 101 desta
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os Lei.
seguintes princípios
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
reintegração familiar; internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
II - integração em família substituta, quando esgotados os I - observar os direitos e garantias de que são titulares os
recursos de manutenção na família natural ou extensa; adolescentes;
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; II - não restringir nenhum direito que não tenha sido
IV - desenvolvimento de atividades em regime de objeto de restrição na decisão de internação;
coeducação; III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
V - não desmembramento de grupos de irmãos; unidades e grupos reduzidos;

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IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito c) afastamento definitivo de seus dirigentes;


e dignidade ao adolescente; d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da II - às entidades não-governamentais:
preservação dos vínculos familiares; a) advertência;
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas
casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento públicas;
dos vínculos familiares; c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas d) cassação do registro.
de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os § 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por
objetos necessários à higiene pessoal; entidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao
adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos; Ministério Público ou representado perante autoridade
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, judiciária competente para as providências cabíveis, inclusive
odontológicos e farmacêuticos; suspensão das atividades ou dissolução da entidade.
X - propiciar escolarização e profissionalização; § 2o As pessoas jurídicas de direito público e as
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; organizações não governamentais responderão pelos danos
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, que seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes,
de acordo com suas crenças; caracterizado o descumprimento dos princípios norteadores
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; das atividades de proteção específica.
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à Título II
autoridade competente; Das Medidas de Proteção
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado Capítulo I
sobre sua situação processual; Disposições Gerais
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os
casos de adolescentes portadores de moléstias Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente
infectocontagiosas; são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos forem ameaçados ou violados:
adolescentes; I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
acompanhamento de egressos; III - em razão de sua conduta.
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício
da cidadania àqueles que não os tiverem; Capítulo II
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e Das Medidas Específicas de Proteção
circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus
pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser
acompanhamento da sua formação, relação de seus pertences aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas
e demais dados que possibilitem sua identificação e a a qualquer tempo.
individualização do atendimento.
§ 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as
deste artigo às entidades que mantêm programas de necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao
acolhimento institucional e familiar. fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este Parágrafo único. São também princípios que regem a
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recursos aplicação das medidas:
da comunidade. I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de
direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição
abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que Federal;
em caráter temporário, devem ter, em seus quadros, II - proteção integral e prioritária: a interpretação e
profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser
Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos. voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que
crianças e adolescentes são titulares;
Seção II III - responsabilidade primária e solidária do poder
Da Fiscalização das Entidades público: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças
e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo
Art. 95. As entidades governamentais e não- nos casos por esta expressamente ressalvados, é de
governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de
Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares. governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e
da possibilidade da execução de programas por entidades não
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas governamentais;
serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a IV - interesse superior da criança e do adolescente: a
origem das dotações orçamentárias. intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e
direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de consideração que for devida a outros interesses legítimos no
atendimento que descumprirem obrigação constante do art. âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso
94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus concreto
dirigentes ou prepostos: V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da
I - às entidades governamentais: criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela
a) advertência; intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;

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VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio
competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade
seja conhecida; judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais
exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja ou de seu responsável, se conhecidos;
indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da II - o endereço de residência dos pais ou do responsável,
criança e do adolescente; com pontos de referência;
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em
ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a tê-los sob sua guarda;
criança ou o adolescente se encontram no momento em que a IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao
decisão é tomada; convívio familiar.
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser § 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para adolescente, a entidade responsável pelo programa de
com a criança e o adolescente; acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na individual de atendimento, visando à reintegração familiar,
proteção da criança e do adolescente deve ser dada ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em
prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na contrário de autoridade judiciária competente, caso em que
sua família natural ou extensa ou, se isso não for possível, que também deverá contemplar sua colocação em família
promovam a sua integração em família adotiva; (Redação dada substituta, observadas as regras e princípios desta Lei.
pela Lei nº 13.509, de 2017) § 5o O plano individual será elaborado sob a
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou
capacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável.
ser informados dos seus direitos, dos motivos que § 6o Constarão do plano individual, dentre outros:
determinaram a intervenção e da forma como esta se I - os resultados da avaliação interdisciplinar;
processa; II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável;
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o e
adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com
responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou
pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja
nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e esta vedada por expressa e fundamentada determinação
de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação
autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§ em família substituta, sob direta supervisão da autoridade
1o e 2o do art. 28 desta Lei. judiciária.
§ 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e,
art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre como parte do processo de reintegração familiar, sempre que
outras, as seguintes medidas: identificada a necessidade, a família de origem será incluída
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção
termo de responsabilidade; social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; ou com o adolescente acolhido.
III - matrícula e frequência obrigatórias em § 8o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o
estabelecimento oficial de ensino fundamental; responsável pelo programa de acolhimento familiar ou
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou institucional fará imediata comunicação à autoridade
comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de
criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
2016) § 9o Em sendo constatada a impossibilidade de
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou reintegração da criança ou do adolescente à família de origem,
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; após seu encaminhamento a programas oficiais ou
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de comunitários de orientação, apoio e promoção social, será
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual
VII - acolhimento institucional; conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade
IX - colocação em família substituta. ou responsáveis pela execução da política municipal de
§ 1o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar garantia do direito à convivência familiar, para a destituição
são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o
esta possível, para colocação em família substituta, não prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de
implicando privação de liberdade. destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a
§ 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais realização de estudos complementares ou de outras
para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências indispensáveis ao ajuizamento da
providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
criança ou adolescente do convívio familiar é de competência § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou
exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas
a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento
interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se familiar e institucional sob sua responsabilidade, com
garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada
contraditório e da ampla defesa. um, bem como as providências tomadas para sua reintegração
§ 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das
encaminhados às instituições que executam programas de modalidades previstas no art. 28 desta Lei.

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§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser
Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e
e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade,
implementação de políticas públicas que permitam reduzir o demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
número de crianças e adolescentes afastados do convívio
familiar e abreviar o período de permanência em programa de Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
acolhimento. submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais,
de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação,
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo havendo dúvida fundada.
serão acompanhadas da regularização do registro civil.
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o Capítulo III
assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à Das Garantias Processuais
vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da
autoridade judiciária. Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de liberdade sem o devido processo legal.
que trata este artigo são isentos de multas, custas e
emolumentos, gozando de absoluta prioridade. Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as
§ 3o Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado seguintes garantias:
procedimento específico destinado à sua averiguação, I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de infracional, mediante citação ou meio equivalente;
1992. II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-
§ 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas
dispensável o ajuizamento de ação de investigação de necessárias à sua defesa;
paternidade pelo Ministério Público se, após o não III - defesa técnica por advogado;
comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a IV - assistência judiciária gratuita e integral aos
paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para necessitados, na forma da lei;
adoção. V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade
§ 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a competente;
qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento são VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou
isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta responsável em qualquer fase do procedimento.
prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação Capítulo IV
requerida do reconhecimento de paternidade no assento de Das Medidas Socioeducativas
nascimento e a certidão correspondente. (Incluído dada Seção I
pela Lei nº 13.257, de 2016) Disposições Gerais

Título III Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a


Da Prática de Ato Infracional autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as
Capítulo I seguintes medidas:
Disposições Gerais I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita III - prestação de serviços à comunidade;
como crime ou contravenção penal. IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de VI - internação em estabelecimento educacional;
dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a
considerada a idade do adolescente à data do fato. sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade
da infração.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será
corresponderão as medidas previstas no art. 101. admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
Capítulo II mental receberão tratamento individual e especializado, em
Dos Direitos Individuais local adequado às suas condições.

Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem 100.
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II
dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes
acerca de seus direitos. da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a
hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre
onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à que houver prova da materialidade e indícios suficientes da
autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou autoria.
à pessoa por ele indicada.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de
responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.

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Seção II Seção VII


Da Advertência Da Internação

Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, Art. 121. A internação constitui medida privativa da
que será reduzida a termo e assinada. liberdade, sujeita aos princípios de brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
Seção III desenvolvimento.
Da Obrigação de Reparar o Dano § 1º Será permitida a realização de atividades externas, a
critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos determinação judicial em contrário.
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, § 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo
que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão
do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. fundamentada, no máximo a cada seis meses.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de
medida poderá ser substituída por outra adequada. internação excederá a três anos.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o
Seção IV adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de
Da Prestação de Serviços à Comunidade semiliberdade ou de liberdade assistida.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na idade.
realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida
não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem § 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá
como em programas comunitários ou governamentais. ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as
aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada
jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, quando:
domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de ameaça ou violência a pessoa;
trabalho. II - por reiteração no cometimento de outras infrações
graves;
Seção V III - por descumprimento reiterado e injustificável da
Da Liberdade Assistida medida anteriormente imposta.
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser
afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, decretada judicialmente após o devido processo legal.
auxiliar e orientar o adolescente. § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para havendo outra medida adequada.
acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
entidade ou programa de atendimento. Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele
seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por
revogada ou substituída por outra medida, ouvido o critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.
orientador, o Ministério Público e o defensor. Parágrafo único. Durante o período de internação,
inclusive provisória, serão obrigatórias atividades
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a pedagógicas.
supervisão da autoridade competente, a realização dos
seguintes encargos, entre outros: Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade,
I - promover socialmente o adolescente e sua família, entre outros, os seguintes:
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; Ministério Público;
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do IV - ser informado de sua situação processual, sempre que
adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; solicitada;
IV - apresentar relatório do caso V - ser tratado com respeito e dignidade;
. VI - permanecer internado na mesma localidade ou
Seção VI naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou
Do Regime de Semiliberdade responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio
possibilitada a realização de atividades externas, pessoal;
independentemente de autorização judicial. X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, e salubridade;
devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos XI - receber escolarização e profissionalização;
existentes na comunidade. XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
§ 2º A medida não comporta prazo determinado XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e
internação. desde que assim o deseje;

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XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a
local seguro para guardá-los, recebendo comprovante fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança
daqueles porventura depositados em poder da entidade; ou o adolescente dependentes do agressor.
XVI - receber, quando de sua desinternação, os
documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade. Título V
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. Do Conselho Tutelar
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender Capítulo I
temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se Disposições Gerais
existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade
aos interesses do adolescente. Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adolescente, definidos nesta Lei.
adequadas de contenção e segurança.
Art. 132. Em cada Município e em cada Região
Capítulo V Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um)
Da Remissão Conselho Tutelar como órgão integrante da administração
pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1
apuração de ato infracional, o representante do Ministério (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.
Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão
do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho
fato, ao contexto social, bem como à personalidade do Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
adolescente e sua maior ou menor participação no ato I - reconhecida idoneidade moral;
infracional. II - idade superior a vinte e um anos;
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da III - residir no município.
remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão
ou extinção do processo. Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local,
dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem assegurado o direito a:
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir I - cobertura previdenciária;
eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3
em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a (um terço) do valor da remuneração mensal;
internação. III - licença-maternidade;
IV - licença-paternidade;
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá V - gratificação natalina.
ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e
expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao
Ministério Público. funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e
formação continuada dos conselheiros tutelares.
Título IV
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro
constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: de idoneidade moral.
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
comunitários de proteção, apoio e promoção da família; Capítulo II
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) Das Atribuições do Conselho
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
psiquiátrico; previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no
IV - encaminhamento a cursos ou programas de art. 101, I a VII;
orientação; II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar as medidas previstas no art. 129, I a VII;
sua frequência e aproveitamento escolar; III - promover a execução de suas decisões, podendo para
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tanto:
tratamento especializado; a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
VII - advertência; educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
VIII - perda da guarda; b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
IX - destituição da tutela; descumprimento injustificado de suas deliberações.
X - suspensão ou destituição do poder familiar. IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos constitua infração administrativa ou penal contra os direitos
incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. da criança ou adolescente;
23 e 24. V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
competência;
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade
abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o adolescente autor de ato infracional;
afastamento do agressor da moradia comum. VII - expedir notificações;

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APOSTILAS OPÇÃO

VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de finalidade. Em sua definição apresenta três características
criança ou adolescente quando necessário; básicas: Permanente, autônomo e não jurisdicional.
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da O Conselho Tutelar é órgão permanente, com trabalho
proposta orçamentária para planos e programas de contínuo e ininterrupto, com a finalidade de representação da
atendimento dos direitos da criança e do adolescente; sociedade, implementando assim a participação popular no
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a processo de busca de melhores condições para o
violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da desenvolvimento do menor.
Constituição Federal; Também, o Conselho Tutelar é autônomo, já que não
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações necessita de ordem judicial para aplicar medidas protetivas
de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as previstas nesse Lei, quando as entender adequadas. Exercendo
possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente assim, sua função com independência, sob fiscalização do
junto à família natural. Conselho Municipal, da autoridade judiciária competente e do
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos Ministério Público.
profissionais, ações de divulgação e treinamento para o Este órgão Tutelar, exerce função de natureza executiva, e
reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e não está vinculado ao poder judiciário, por isso tem a
adolescentes. característica de não jurisdicional.
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o
Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do Título VI
convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Do Acesso à Justiça
Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal Capítulo I
entendimento e as providências tomadas para a orientação, o Disposições Gerais
apoio e a promoção social da família.
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao
poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
quem tenha legítimo interesse. § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que
dela necessitarem, através de defensor público ou advogado
Capítulo III nomeado.
Da Competência § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da
Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos,
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.
competência constante do art. 147.
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão
Capítulo IV representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e
Da Escolha dos Conselheiros um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na
forma da legislação civil ou processual.
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses
realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou
Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do quando carecer de representação ou assistência legal ainda
Ministério Público. que eventual.
§ 1o O processo de escolha dos membros do Conselho
Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e
nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes
de outubro do ano subsequente ao da eleição a que se atribua autoria de ato infracional.
presidencial. Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se
de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. fotografia, referência ao nome, apelido, filiação, parentesco,
§ 3o No processo de escolha dos membros do Conselho residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome.
Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou
entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se
natureza, inclusive brindes de pequeno valor. refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade
judiciária competente, se demonstrado o interesse e
Capítulo V justificada a finalidade.
Dos Impedimentos
Capítulo II
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho Da Justiça da Infância e da Juventude
marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro Seção I
ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, Disposições Gerais
padrasto ou madrasta e enteado.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar
conselheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
judiciária e ao representante do Ministério Público com cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua
atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de
comarca, foro regional ou distrital. infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em
plantões.
Comentários:

O artigo 131 do Estatuto da Criança e do Adolescente


apresenta o conceito de Conselho Tutelar, bem como a sua

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APOSTILAS OPÇÃO

Seção II e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.


Do Juiz II - a participação de criança e adolescente em:
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da b) certames de beleza.
Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
forma da lei de organização judiciária local. judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
a) os princípios desta Lei;
Art. 147. A competência será determinada: b) as peculiaridades locais;
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; c) a existência de instalações adequadas;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à d) o tipo de frequência habitual ao local;
falta dos pais ou responsável. e) a adequação do ambiente a eventual participação ou
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a frequência de crianças e adolescentes;
autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras f) a natureza do espetáculo.
de conexão, continência e prevenção. § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as
autoridade competente da residência dos pais ou responsável, determinações de caráter geral.
ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou
adolescente. Seção III
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão Dos Serviços Auxiliares
simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma
comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua
autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de
rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou equipe inter profissional, destinada a assessorar a Justiça da
retransmissoras do respectivo estado. Infância e da Juventude.

Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente Art. 151. Compete à equipe inter profissional dentre outras
para: atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local,
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou
Público, para apuração de ato infracional atribuído a verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos
adolescente, aplicando as medidas cabíveis; de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade
extinção do processo; judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; técnico.
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao servidores públicos integrantes do Poder Judiciário
adolescente, observado o disposto no art. 209; responsáveis pela realização dos estudos psicossociais ou de
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em quaisquer outras espécies de avaliações técnicas exigidas por
entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis; esta Lei ou por determinação judicial, a autoridade judiciária
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de poderá proceder à nomeação de perito, nos termos do art. 156
infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente; da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Civil). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou Capítulo III
adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a Dos Procedimentos
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de: Seção I
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; Disposições Gerais
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar,
perda ou modificação da tutela ou guarda; Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação
casamento; processual pertinente.
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna § 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade,
ou materna, em relação ao exercício do poder familiar; prioridade absoluta na tramitação dos processos e
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execução
faltarem os pais; dos atos e diligências judiciais a eles referentes.
f) designar curador especial em casos de apresentação de § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus
queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia
ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou do começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em
adolescente; dobro para a Fazenda Pública e o Ministério
g) conhecer de ações de alimentos; Público. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento
dos registros de nascimento e óbito. Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não
corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de
através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, Público.
desacompanhado dos pais ou responsável, em: Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para
a) estádio, ginásio e campo desportivo; o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua
b) bailes ou promoções dançantes; família de origem e em outros procedimentos
c) boate ou congêneres; necessariamente contenciosos.
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;

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Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214. Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento
Seção II da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor.
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão requisitará de qualquer repartição ou órgão público a
do poder familiar terá início por provocação do Ministério apresentação de documento que interesse à causa, de ofício ou
Público ou de quem tenha legítimo interesse. a requerimento das partes ou do Ministério Público.

Art. 156. A petição inicial indicará: Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do inter profissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária
requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias,
tratando de pedido formulado por representante do salvo quando este for o requerente, e decidirá em igual
Ministério Público; prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
III - a exposição sumária do fato e o pedido; § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde das partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de
logo, o rol de testemunhas e documentos. testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de
suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts.
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão (Código Civil), ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada
do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o pela Lei nº 13.509, de 2017)
julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509,
adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de de 2017)
responsabilidade. § 3o Se o pedido importar em modificação de guarda, será
§ 1o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança
determinará, concomitantemente ao despacho de citação e ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e
independentemente de requerimento do interessado, a grau de compreensão sobre as implicações da medida.
realização de estudo social ou perícia por equipe inter § 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem
profissional ou multidisciplinar para comprovar a presença de identificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os
uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar, casos de não comparecimento perante a Justiça quando
ressalvado o disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, e devidamente citados. (Redação dada pela Lei nº 13.509,
observada a Lei no 13.431, de 4 de abril de 2017. (Incluído de 2017)
pela Lei nº 13.509, de 2017) § 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a
§ 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva
é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe inter
profissional ou multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária
de representantes do órgão federal responsável pela política dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo
indigenista, observado o disposto no § 6o do art. 28 desta quando este for o requerente, designando, desde logo,
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) audiência de instrução e julgamento.
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez 2017)
dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem § 2o Na audiência, presentes as partes e o Ministério
produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente
documentos. o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito,
§ 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e
meios para sua realização. o Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada
§ 2o O requerido privado de liberdade deverá ser citado um, prorrogável por mais 10 (dez) minutos. (Redação
pessoalmente. dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 3o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver § 3o A decisão será proferida na audiência, podendo a
procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para
encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, informar sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído
qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho pela Lei nº 13.509, de 2017)
do dia útil em que voltará a fim de efetuar a citação, na hora § 4o Quando o procedimento de destituição de poder
que designar, nos termos do art. 252 e seguintes da Lei familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá
no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo necessidade de nomeação de curador especial em favor da
Civil). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) criança ou adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
§ 4o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local 2017)
incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10
(dez) dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios Art. 163. O prazo máximo para conclusão do
para a localização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz,
no caso de notória inviabilidade de manutenção do poder
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de familiar, dirigir esforços para preparar a criança ou o
constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua adolescente com vistas à colocação em família
família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado substituta. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
dativo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta, Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a
contando-se o prazo a partir da intimação do despacho de suspensão do poder familiar será averbada à margem do
nomeação. registro de nascimento da criança ou do adolescente.

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Comentários: preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela


execução da política municipal de garantia do direito à
Atenção! A Lei 13.509 de 2017 também modificou o convivência familiar. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
Capítulo III, Seção I e Seção II, que trata sobre os 2017)
procedimentos da perda e da suspenção do poder Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a
familiar. requerimento das partes ou do Ministério Público,
determinará a realização de estudo social ou, se possível,
Seção III perícia por equipe inter profissional, decidindo sobre a
Da Destituição da Tutela concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção,
sobre o estágio de convivência.
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda
procedimento para a remoção de tutor previsto na lei provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o
processual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior. adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de
responsabilidade.
Seção IV
Da Colocação em Família Substituta Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial,
e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco
colocação em família substituta: dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual
cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste; Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto
seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, lógico da medida principal de colocação em família substituta,
especificando se tem ou não parente vivo; será observado o procedimento contraditório previsto nas
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de Seções II e III deste Capítulo.
seus pais, se conhecidos; Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento,
anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; observado o disposto no art. 35.
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.
também os requisitos específicos. Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente
sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade
destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
aderido expressamente ao pedido de colocação em família
substituta, este poderá ser formulado diretamente em Seção V
cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a
dispensada a assistência de advogado. Adolescente
§ 1o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
devidamente assistidas por advogado ou por defensor público,
para verificar sua concordância com a adoção, no prazo Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato
máximo de 10 (dez) dias, contado da data do protocolo da infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade
petição ou da entrega da criança em juízo, tomando por termo policial competente.
as declarações; e (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada
II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela para atendimento de adolescente e em se tratando de ato
Lei nº 13.509, de 2017) infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a
§ 2o O consentimento dos titulares do poder familiar será atribuição da repartição especializada, que, após as
precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o
equipe inter profissional da Justiça da Infância e da Juventude, adulto à repartição policial própria.
em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da
medida. Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido
§ 3o São garantidos a livre manifestação de vontade dos mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade
detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo
informações. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) único, e 107, deverá:
§ 4o O consentimento prestado por escrito não terá I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o
validade se não for ratificado na audiência a que se refere o § adolescente;
1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
§ 5o O consentimento é retratável até a data da realização III - requisitar os exames ou perícias necessários à
da audiência especificada no § 1o deste artigo, e os pais podem comprovação da materialidade e autoria da infração.
exercer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a
da data de prolação da sentença de extinção do poder lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de
familiar. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) ocorrência circunstanciada.
§ 6o O consentimento somente terá valor se for dado após
o nascimento da criança. Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável,
§ 7o A família natural e a família substituta receberão a o adolescente será prontamente liberado pela autoridade
devida orientação por intermédio de equipe técnica inter policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua
profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, apresentação ao representante do Ministério Público, no

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mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a
exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua autoridade judiciária obrigada a homologar.
repercussão social, deva o adolescente permanecer sob
internação para garantia de sua segurança pessoal ou Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do
manutenção da ordem pública. Ministério Público não promover o arquivamento ou conceder
a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária,
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial propondo a instauração de procedimento para aplicação da
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do medida socioeducativa que se afigurar a mais adequada.
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de § 1º A representação será oferecida por petição, que
apreensão ou boletim de ocorrência. conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas,
autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada
atendimento, que fará a apresentação ao representante do pela autoridade judiciária.
Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas. § 2º A representação independe de prova pré-constituída
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de da autoria e materialidade.
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial.
À falta de repartição policial especializada, o adolescente Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a
aguardará a apresentação em dependência separada da conclusão do procedimento, estando o adolescente internado
destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade designará audiência de apresentação do adolescente,
policial encaminhará imediatamente ao representante do decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da
Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
ocorrência. § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
cientificados do teor da representação, e notificados a
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
indícios de participação de adolescente na prática de ato § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
infracional, a autoridade policial encaminhará ao autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
representante do Ministério Público relatório das § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
investigações e demais documentos. judiciária expedirá mandado de busca e apreensão,
determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato apresentação.
infracional não poderá ser conduzido ou transportado em § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a
compartimento fechado de veículo policial, em condições sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua responsável.
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade. Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela
autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do estabelecimento prisional.
Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de § 1º Inexistindo na comarca entidade com as
apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, características definidas no art. 123, o adolescente deverá ser
devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o
informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais adolescente aguardará sua remoção em repartição policial,
ou responsável, vítima e testemunhas. desde que em seção isolada dos adultos e com instalações
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de
representante do Ministério Público notificará os pais ou cinco dias, sob pena de responsabilidade.
responsável para apresentação do adolescente, podendo
requisitar o concurso das polícias civil e militar. Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado.
anterior, o representante do Ministério Público poderá: § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a
I - promover o arquivamento dos autos; remissão, ouvirá o representante do Ministério Público,
II - conceder a remissão; proferindo decisão.
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de
medida socioeducativa. internação ou colocação em regime de semiliberdade, a
autoridade judiciária, verificando que o adolescente não
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou possui advogado constituído, nomeará defensor, designando,
concedida a remissão pelo representante do Ministério desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a
Público, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo realização de diligências e estudo do caso.
dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no
homologação. prazo de três dias contado da audiência de apresentação,
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas.
autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas
cumprimento da medida. arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos diligências e juntado o relatório da equipe inter profissional,
autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho será dada a palavra ao representante do Ministério Público e
fundamentado, e este oferecerá representação, designará ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos
outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da
autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão.

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário
comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a ou código de acesso tenha sido atribuído no momento da
autoridade judiciária designará nova data, determinando sua conexão.
condução coercitiva. § 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não será
admitida se a prova puder ser obtida por outros
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão meios. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do
procedimento, antes da sentença. Art. 190-B. As informações da operação de infiltração
serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído
medida, desde que reconheça na sentença: pela Lei nº 13.441, de 2017)
I - estar provada a inexistência do fato; Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso
II - não haver prova da existência do fato; aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao
III - não constituir o fato ato infracional; delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para de garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº
o ato infracional. 13.441, de 2017)
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua
adolescente internado, será imediatamente colocado em identidade para, por meio da internet, colher indícios de
liberdade. autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts.
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts.
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de 154-A, 217-A, 218,218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de
internação ou regime de semiliberdade será feita: 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). (Incluído pela Lei nº
I - ao adolescente e ao seu defensor; 13.441, de 2017)
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de
ou responsável, sem prejuízo do defensor. observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
unicamente na pessoa do defensor.
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público
deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as
Seção V-A informações necessárias à efetividade da identidade fictícia
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta
Investigação de Crimes contra a Dignidade Sexual de Seção será numerado e tombado em livro
Criança e de Adolescente específico. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos
com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. eletrônicos praticados durante a operação deverão ser
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e
154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de ao Ministério Público, juntamente com relatório
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
regras: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados
I – será precedida de autorização judicial devidamente no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e
circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito
da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério policial, assegurando-se a preservação da identidade do
Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público adolescentes envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, de
ou representação de delegado de polícia e conterá a 2017)
demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos
policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e,
quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que Seção VI
permitam a identificação dessas pessoas; (Incluído pela Lei nº Da Apuração de Irregularidades em Entidade de
13.441, de 2017) Atendimento
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem
prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades
exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua em entidade governamental e não-governamental terá início
efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial. (Incluído mediante portaria da autoridade judiciária ou representação
pela Lei nº 13.441, de 2017) do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste,
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão necessariamente, resumo dos fatos.
requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a
do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) liminarmente o afastamento provisório do dirigente da
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste entidade, mediante decisão fundamentada.
artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo
início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar
(IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela documentos e indicar as provas a produzir.
Lei nº 13.441, de 2017)
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e
endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado

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Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
necessário, a autoridade judiciária designará audiência de casamento, ou declaração relativa ao período de união
instrução e julgamento, intimando as partes. estável;
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações de Pessoas Físicas;
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. V - comprovante de renda e domicílio;
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou VI - atestados de sanidade física e mental
definitivo de dirigente de entidade governamental, a VII - certidão de antecedentes criminais;
autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa VIII - certidão negativa de distribuição cível.
imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a
substituição. Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá:
irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe
processo será extinto, sem julgamento de mérito. inter profissional encarregada de elaborar o estudo técnico a
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da que se refere o art. 197-C desta Lei;
entidade ou programa de atendimento. II - requerer a designação de audiência para oitiva dos
postulantes em juízo e testemunhas;
Seção VII III - requerer a juntada de documentos complementares e
Da Apuração de Infração Administrativa às Normas a realização de outras diligências que entender
de Proteção à Criança e ao Adolescente necessárias.

Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe
administrativa por infração às normas de proteção à criança e inter profissional a serviço da Justiça da Infância e da
ao adolescente terá início por representação do Ministério Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que
Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o
por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade
duas testemunhas, se possível. ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, desta Lei.
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a § 1o É obrigatória a participação dos postulantes em
natureza e as circunstâncias da infração. programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude,
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir- preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos execução da política municipal de garantia do direito à
motivos do retardamento. convivência familiar e dos grupos de apoio à adoção
devidamente habilitados perante a Justiça da Infância e da
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para Juventude, que inclua preparação psicológica, orientação e
apresentação de defesa, contado da data da intimação, que estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de adolescentes
será feita: com deficiência, com doenças crônicas ou com necessidades
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado específicas de saúde, e de grupos de irmãos. (Redação
na presença do requerido; dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente § 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa
habilitado, que entregará cópia do auto ou da representação obrigatória da preparação referida no § 1o deste artigo incluirá
ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão; o contato com crianças e adolescentes em regime de
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for acolhimento familiar ou institucional, a ser realizado sob
encontrado o requerido ou seu representante legal; orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio à adoção, com
sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal. apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de
acolhimento familiar e institucional e pela execução da política
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a municipal de garantia do direito à convivência
autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério familiar. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo. § 3o É recomendável que as crianças e os adolescentes
acolhidos institucionalmente ou por família acolhedora sejam
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária preparados por equipe inter profissional antes da inclusão em
procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo família adotiva. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
necessário, designará audiência de instrução e Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da
julgamento. participação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
sucessivamente o Ministério Público e o procurador do decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério
requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um, Público e determinará a juntada do estudo psicossocial,
prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, designando, conforme o caso, audiência de instrução e
que em seguida proferirá sentença. julgamento.
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou
Seção VIII sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em
igual prazo.
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no
Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste: Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será
I - qualificação completa; inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a
II - dados familiares; sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem

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cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer
crianças ou adolescentes adotáveis. dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que
§ 1o A ordem cronológica das habilitações somente poderá deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo.
deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas
hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de
comprovado ser essa a melhor solução no interesse do destituição de poder familiar, em face da relevância das
adotando. questões, serão processados com prioridade absoluta,
§ 2o A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que
trienalmente mediante avaliação por equipe inter aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e
profissional. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) serão colocados em mesa para julgamento sem revisão e com
§ 3o Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção, parecer urgente do Ministério Público.
será dispensável a renovação da habilitação, bastando a
avaliação por equipe inter profissional. (Incluído pela Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa
Lei nº 13.509, de 2017) para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
§ 4o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à contado da sua conclusão.
adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da
escolhido, haverá reavaliação da habilitação data do julgamento e poderá na sessão, se entender
concedida. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) necessário, apresentar oralmente seu parecer.
§ 5o A desistência do pretendente em relação à guarda
para fins de adoção ou a devolução da criança ou do Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a
adolescente depois do trânsito em julgado da sentença de instauração de procedimento para apuração de
adoção importará na sua exclusão dos cadastros de adoção e responsabilidades se constatar o descumprimento das
na vedação de renovação da habilitação, salvo decisão judicial providências e do prazo previstos nos artigos
fundamentada, sem prejuízo das demais sanções previstas na anteriores.
legislação vigente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Capítulo V
Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação Do Ministério Público
à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual
período, mediante decisão fundamentada da autoridade Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta
judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.

Capítulo IV Art. 201. Compete ao Ministério Público:


Dos Recursos I - conceder a remissão como forma de exclusão do
processo;
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às
da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas infrações atribuídas a adolescentes;
socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar,
com as seguintes adaptações: nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem
I - os recursos serão interpostos independentemente de como oficiar em todos os demais procedimentos da
preparo; competência da Justiça da Infância e da Juventude;
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de IV - promover, de ofício ou por solicitação dos
declaração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e
será sempre de 10 (dez) dias; a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer
III - os recursos terão preferência de julgamento e administradores de bens de crianças e adolescentes nas
dispensarão revisor; hipóteses do art. 98;
IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a
V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos
VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;
instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho instruí-los:
fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo a) expedir notificações para colher depoimentos ou
de cinco dias; esclarecimentos e, em caso de não comparecimento
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela
remeterá os autos ou o instrumento à superior instância polícia civil ou militar;
dentro de vinte e quatro horas, independentemente de novo b) requisitar informações, exames, perícias e documentos
pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos de autoridades municipais, estaduais e federais, da
dependerá de pedido expresso da parte interessada ou do administração direta ou indireta, bem como promover
Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da inspeções e diligências investigatórias;
intimação. c) requisitar informações e documentos a particulares e
instituições privadas;
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências
149 caberá recurso de apelação. investigatórias e determinar a instauração de inquérito
policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito proteção à infância e à juventude;
desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as
adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
ou de difícil reparação ao adotando.

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IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática
corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos de ato infracional, ainda que ausente ou foragido,
interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e será processado sem defensor.
ao adolescente; § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
por infrações cometidas contra as normas de proteção à constituir outro de sua preferência.
infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da § 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento
responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto,
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.
atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se
pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido
remoção de irregularidades porventura verificadas; indicado por ocasião de ato formal com a presença da
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos autoridade judiciária.
serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência
social, públicos ou privados, para o desempenho de suas Capítulo VII
atribuições. Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais,
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações Difusos e Coletivos
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de
Lei. responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou
outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério oferta irregular:
Público. I - do ensino obrigatório;
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de II - de atendimento educacional especializado aos
suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre portadores de deficiência;
criança ou adolescente. III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de
§ 4º O representante do Ministério Público será zero a cinco anos de idade;
responsável pelo uso indevido das informações e documentos IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do
que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. educando;
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII V - de programas suplementares de oferta de material
deste artigo, poderá o representante do Ministério Público: didático-escolar, transporte e assistência à saúde do educando
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, do ensino fundamental;
instaurando o competente procedimento, sob sua presidência; VI - de serviço de assistência social visando à proteção à
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como
reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem;
acertados; VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços VIII - de escolarização e profissionalização dos
públicos e de relevância pública afetos à criança e ao adolescentes privados de liberdade.
adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e
adequação. promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do
direito à convivência familiar por crianças e adolescentes.
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for X - de programas de atendimento para a execução das
parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa medidas socioeducativas e aplicação de medidas de
dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que proteção.
terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar
documentos e requerer diligências, usando os recursos Obs: A Lei nº 13.431/2017 acrescentou o inciso XI ao
cabíveis. artigo 208, entretanto, essa lei só entrará em vigor após 1 ano
de sua publicação (04/04/2018).
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer
caso, será feita pessoalmente. § 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo pela Constituição e pela Lei.
juiz ou a requerimento de qualquer interessado. § 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou
adolescentes será realizada imediatamente após notificação
Art. 205. As manifestações processuais do representante aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos
do Ministério Público deverão ser fundamentadas. portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de
transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes
Capítulo VI todos os dados necessários à identificação do
Do Advogado desaparecido.

Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas
responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar
trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado para a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a
todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, competência originária dos tribunais superiores.
respeitado o segredo de justiça.
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses
integral e gratuita àqueles que dela necessitarem. coletivos ou difusos, consideram-se legitimados
concorrentemente:

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APOSTILAS OPÇÃO

I - o Ministério Público; Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado


II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e da sentença condenatória sem que a associação autora lhe
os territórios; promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,
III - as associações legalmente constituídas há pelo menos facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa
dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao
autorização da assembleia, se houver prévia autorização réu os honorários advocatícios arbitrados na conformidade
estatutária. do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a
Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos pretensão é manifestamente infundada.
interesses e direitos de que cuida esta Lei. Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação autora e os diretores responsáveis pela
associação legitimada, o Ministério Público ou outro propositura da ação serão solidariamente condenados ao
legitimado poderá assumir a titularidade ativa. décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por
perdas e danos.
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar
dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá
às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
extrajudicial. quaisquer outras despesas.

Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público
por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-
pertinentes. lhe informações sobre fatos que constituam objeto de ação
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.
normas do Código de Processo Civil.
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a
poder público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério
Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da Público para as providências cabíveis.
lei do mandado de segurança.
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de poderá requerer às autoridades competentes as certidões e
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no
específica da obrigação ou determinará providências que prazo de quinze dias.
assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento. Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao organismo público ou particular, certidões, informações,
juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá
prévia, citando o réu. ser inferior a dez dias úteis.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de diligências, se convencer da inexistência de fundamento para
pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos
obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
preceito. fundamentadamente.
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta
o dia em que se houver configurado o descumprimento. grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do
Ministério Público.
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de
pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério
respectivo município. público, poderão as associações legitimadas apresentar razões
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do
em julgado da decisão serão exigidas através de execução inquérito ou anexados às peças de informação.
promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, § 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame
facultada igual iniciativa aos demais legitimados. e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro conforme dispuser o seu regimento.
ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a
conta com correção monetária. promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
recursos, para evitar dano irreparável à parte. Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985.
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de
peças à autoridade competente, para apuração da
responsabilidade civil e administrativa do agente a que se
atribua a ação ou omissão.

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APOSTILAS OPÇÃO

Título VII Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade


Dos Crimes e Das Infrações Administrativas judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do
Capítulo I Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
Dos Crimes Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Seção I
Disposições Gerais Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem
o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados o fim de colocação em lar substituto:
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
prejuízo do disposto na legislação penal.
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as a terceiro, mediante paga ou recompensa:
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal. Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece
ou efetiva a paga ou recompensa.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública
incondicionada. Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato
destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior
Seção II com inobservância das formalidades legais ou com o fito de
Dos Crimes em Espécie obter lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter ou fraude:
registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à correspondente à violência.
parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou
parto e do desenvolvimento do neonato: registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
Pena - detenção de seis meses a dois anos. pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. § 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita,
recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de participação de criança ou adolescente nas cenas referidas
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena.
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, § 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 comete o crime:
desta Lei: I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. exercê-la;
Parágrafo único. Se o crime é culposo: II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. ou de hospitalidade; ou
III – prevalecendo-se de relações de parentesco
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de
liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem,
de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu
judiciária competente: consentimento.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
procede à apreensão sem observância das formalidades legais. pornográfica envolvendo criança ou adolescente.
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
comunicação à autoridade judiciária competente e à família do distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
apreendido ou à pessoa por ele indicada: por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
constrangimento: I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento
Pena - detenção de seis meses a dois anos. das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
artigo;
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata
logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: o caput deste artigo.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste
artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o
nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer
meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que

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contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer
criança ou adolescente: dano físico em caso de utilização indevida:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
multa.
§ 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais
pequena quantidade o material a que se refere o caput deste definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à
artigo. exploração sexual
§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da
finalidade de comunicar às autoridades competentes a perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em
ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da
241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi
I – agente público no exercício de suas funções; cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-
II – membro de entidade, legalmente constituída, que fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440, de 2017)
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o § 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente
processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de
referidos neste parágrafo; criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste
III – representante legal e funcionários responsáveis de artigo.
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de § 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação
computadores, até o recebimento do material relativo à notícia da licença de localização e de funcionamento do
feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder estabelecimento.
Judiciário.
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor
manter sob sigilo o material ilícito referido. de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou
induzindo-o a praticá-la:
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por § 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de
vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. internet.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, § 2o As penas previstas no caput deste artigo são
expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25
produzido na forma do caput deste artigo. de julho de 1990.

Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por Capítulo II


qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela Das Infrações Administrativas
praticar ato libidinoso.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental,
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente
cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou
praticar ato libidinoso; confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com Pena - multa de três a vinte salários de referência,
o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
sexualmente explícita.
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos
expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
compreende qualquer situação que envolva criança ou Pena - multa de três a vinte salários de referência,
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou
adolescente para fins primordialmente sexuais. Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização
devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou documento de procedimento policial, administrativo ou
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato
munição ou explosivo: infracional:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido
adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga
produtos cujos componentes possam causar dependência respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma
física ou psíquica: a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
fato não constitui crime mais grave. emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste
artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou da publicação ou a suspensão da programação da emissora até
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de por dois dias, bem como da publicação do periódico até por
estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu dois números. (Expressão declara inconstitucional pela ADIN
869-2)

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Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de
seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar programação em vídeo, em desacordo com a classificação
a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a atribuída pelo órgão competente:
prestação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
pais ou responsável: (Vide Lei n.º 13.431, de 2017) de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
Pena - multa de três a vinte salários de referência, fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
aplicando-se o dobro em caso de reincidência,
independentemente das despesas de retorno do adolescente, Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79
se for o caso. desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência,
Observação: A Lei nº 13.431/2017 revoga o art. 248, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de
entretanto, essa lei só entrará em vigor após 1 ano de sua apreensão da revista ou publicação.
publicação (04/04/2018).
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso
inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua
bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho participação no espetáculo:
Tutelar: Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
Pena - multa de três a vinte salários de referência, de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 250. Hospedar criança ou adolescente Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de
desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros
escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei:
motel ou congênere: Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
Pena – multa. mil reais).
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de
fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em
30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente regime de acolhimento institucional ou familiar.
fechado e terá sua licença cassada.
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de
desta Lei: que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em
Pena - multa de três a vinte salários de referência, entregar seu filho para adoção:
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
mil reais).
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de
público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada programa oficial ou comunitário destinado à garantia do
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da direito à convivência familiar que deixa de efetuar a
diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no comunicação referida no caput deste artigo.
certificado de classificação:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. II do art. 81:
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer (dez mil reais);
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
a que não se recomendem: comercial até o recolhimento da multa aplicada.
Pena - multa de três a vinte salários de referência,
duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, Observação: A Lei nº 13.431/2017 revoga o art. 248,
à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou entretanto, essa lei só entrará em vigor após 1 ano de sua
publicidade. publicação (04/04/2018).

Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, Disposições Finais e Transitórias


espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de
sua classificação: Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo
duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da
poderá determinar a suspensão da programação da emissora política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece
por até dois dias. o Título V do Livro II.
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às
classificado pelo órgão competente como inadequado às diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas,
dias.

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sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda, de imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com
obedecidos os seguintes limites: os acréscimos legais previstos na legislação.
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido § 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo
real; e ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado Direitos da Criança e do Adolescente municipais, distrital,
pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado estaduais e nacional concomitantemente com a opção de que
o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art.
1997. 260.
§ 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas
com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260
municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão poderá ser deduzida:
consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção, I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas
Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e
Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para
pela Primeira Infância. (Redação dada pela Lei nº 13.257, as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.
de 2016) Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos período a que se refere a apuração do imposto.
direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de
utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei
subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem
guarda, de crianças e adolescentes e para programas de ser depositadas em conta específica, em instituição financeira
atenção integral à primeira infância em áreas de maior pública, vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art.
carência socioeconômica e em situações de 260.
calamidade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das
Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos deste nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo
artigo. em favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a presidente do Conselho correspondente, especificando:
forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos I - número de ordem;
Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e
referidos neste artigo. endereço do emitente;
§ 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no 9.249, III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do
de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso I doador;
do caput IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a V - ano-calendário a que se refere a doação.
limite em conjunto com outras deduções do imposto; e § 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode
II - não poderá ser computada como despesa operacional ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores
na apuração do lucro real. doados mês a mês.
§ 2o No caso de doação em bens, o comprovante deve
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário conter a identificação dos bens, mediante descrição em campo
de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata próprio ou em relação anexa ao comprovante, informando
o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração também se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço
de Ajuste Anual. dos avaliadores.
§ 1o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até
os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador
na declaração: deverá
I - (VETADO); I - comprovar a propriedade dos bens, mediante
II - (VETADO); documentação hábil;
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos,
§ 2o A dedução de que trata o caput: quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto pessoa jurídica; e
sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso II III - considerar como valor dos bens doados:
do caput do art. 260; a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
II - não se aplica à pessoa física que: declaração do imposto de renda, desde que não exceda o valor
a) utilizar o desconto simplificado; de mercado;
b) apresentar declaração em formulário; ou b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
c) entregar a declaração fora do prazo; Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será
III - só se aplica às doações em espécie; e considerado na determinação do valor dos bens doados,
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em exceto se o leilão for determinado por autoridade
vigor. judiciária.
§ 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data
de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto, Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D
observadas instruções específicas da Secretaria da Receita e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo
Federal do Brasil. de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da dedução
§ 4o O não pagamento da doação no prazo estabelecido no perante a Receita Federal do Brasil.
§ 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução,
ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das logo estejam criados os conselhos dos direitos da criança e do
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente adolescente nos seus respectivos níveis.
nacional, estaduais, distrital e municipais devem:
I - manter conta bancária específica destinada Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares,
exclusivamente a gerir os recursos do Fundo; as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela
II - manter controle das doações recebidas; e autoridade judiciária.
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal
do Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de
seguintes dados por doador: 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
a) nome, CNPJ ou CPF; alterações:
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou 1) Art. 121 ............................................................
em bens. § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público. imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de
divulgarão amplamente à comunidade: catorze anos.
I - o calendário de suas reuniões; 2) Art. 129 ...............................................................
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer
atendimento à criança e ao adolescente; das hipóteses do art. 121, § 4º.
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança 3) Art. 136.................................................................
e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
municipais; contra pessoa menor de catorze anos.
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano- 4) Art. 213 ..................................................................
calendário e o valor dos recursos previstos para Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
implementação das ações, por projeto; Pena - reclusão de quatro a dez anos.
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, 5) Art. 214...................................................................
por projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
dados do Sistema de Informações sobre a Infância e a Pena - reclusão de três a nove anos.
Adolescência; e Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados 1973, fica acrescido do seguinte item:
com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do "Art. 102 ....................................................................
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais. 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. "

Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União,
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos da administração direta ou indireta, inclusive fundações
fiscais referidos no art. 260 desta Lei. instituídas e mantidas pelo poder público federal promoverão
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. edição popular do texto integral deste Estatuto, que será posto
260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação à disposição das escolas e das entidades de atendimento e de
judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
ofício, a requerimento ou representação de qualquer
cidadão. Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla
divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos meios
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da de comunicação social. (Redação dada pela Lei nº
Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria 13.257, de 2016)
da Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será
arquivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fundos veiculada em linguagem clara, compreensível e adequada a
dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, crianças e adolescentes, especialmente às crianças com idade
estaduais e municipais, com a indicação dos respectivos inferior a 6 (seis) anos. (Incluído dada pela Lei nº 13.257,
números de inscrição no CNPJ e das contas bancárias de 2016)
específicas mantidas em instituições financeiras públicas,
destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua
Fundos. publicação.
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil ser promovidas atividades e campanhas de divulgação e
expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto nos esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.
arts. 260 a 260-K.
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais
criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a disposições em contrário.
que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão
efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que Questões
pertencer a entidade.
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos 01. (Prefeitura de Sul Brasil – SC - Agente Educativo –
estados e municípios, e os estados aos municípios, os recursos ALTERNATIVE CONCURSOS/2017) De acordo com o
referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, art. 60,
é proibido qualquer trabalho a menores:

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APOSTILAS OPÇÃO

(A) De quatorze anos de idade, inclusive na condição de 07. (IF-AP - Auxiliar em Assuntos Educacionais –
aprendiz. FUNIVERSA/2017) O Estatuto da Criança e do Adolescente
(B) De quatorze anos de idade, salvo na condição de (ECA) aplica-se a pessoas com
aprendiz. (A) até doze anos de idade incompletos.
(C) De dezesseis anos de idade, salvo na condição de (B) até dezoito anos de idade incompletos.
aprendiz. (C) idade entre doze e dezesseis anos.
(D) De dezesseis anos de idade, inclusive na condição de (D) idade entre doze e dezoito anos.
aprendiz. (E) até dezoito anos de idade e, excepcionalmente, até 21
(E) De dezessete anos de idade, inclusive na condição de anos de idade.
aprendiz.
08. (Prefeitura de Cruzeiro – SP - Auxiliar de
02. (Prefeitura de Sul Brasil – SC - Educador Social – Desenvolvimento Infantil - Instituto Excelência/2016)
ALTERNATIVE CONCURSOS/2017) De acordo com o Assinale a alternativa INCORRETA sobre o Estatuto da Criança
Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, art. 69, e do Adolescente.
o adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no (A) A função de membro do Conselho Nacional e dos
trabalho, observados os seguintes aspectos: Conselhos Estaduais e Municipais dos direitos da criança e do
I. Respeito à condição peculiar de pessoa em adolescente é considerado de interesse público relevante e
desenvolvimento. não será remunerado.
II. Capacitação profissional adequada ao mercado de (B) Intervenção precoce: a intervenção das autoridades
trabalho. competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo
III. Remuneração do adolescente em relação ao trabalho seja conhecida.
prestado. (C) O Exercício efetivo da função de conselheiro constituirá
(A) Somente I e III estão corretas. serviço público relevante e estabelecerá presunção de
(B) Somente I e II estão corretas. idoneidade moral.
(C) Somente II e III estão corretas. (D) Examinar-se á desde logo com pena de
(D) Somente I está correta. responsabilidade e não possibilidade de liberação mediata, a
(E) Todas estão corretas. internação depois da sentença pode ser determinada pelo
prazo máximo de 30 dias.
03. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional –
CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente 09. (AL-MS - Agente de Polícia Legislativo – FCC/2016)
(ECA) — Lei n.º 8.069/1990 — e da CF, julgue o item seguinte. Sobre a adoção, nos termos preconizados pelo Estatuto da
Conforme o ECA, professores que submeterem estudantes Criança e do Adolescente,
sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a (A) o adotante deve ser, no mínimo, 18 anos mais velho que
constrangimento serão passíveis de detenção de um a seis o adotando.
meses. (B) é permitida a adoção por procuração.
( ) Certo (C) se um dos cônjuges adota o filho do outro, mantêm-se
( ) Errado os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge do adotante
e os respectivos parentes.
04. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional – (D) é vedada a adoção conjunta pelos divorciados,
CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente separados judicialmente e pelos ex companheiros.
(ECA) — Lei n.º 8.069/1990 — e da CF, julgue o item seguinte. (E) o estágio de convivência que precede a adoção não
Os conselhos tutelares das regiões administrativas do DF poderá, em nenhuma hipótese, ser dispensado pela autoridade
são compostos por seis membros indicados pela SEE/DF, com judiciária.
mandatos fixos de quatro anos.
( ) Certo 10. (IF-PA - Assistente de Alunos – FUNRIO/2016)
( ) Errado Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei
8.069/90), é considerado criança
05. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional – (A) a pessoa até seis anos incompletos de idade.
CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente (B) a pessoa até oito anos incompletos de idade.
(ECA) — Lei n.º 8.069/1990 — e da CF, julgue o item seguinte. (C) a pessoa até 12 anos incompletos de idade.
Situação hipotética: Maurício completou quatorze anos de (D) a pessoa até 18 anos incompletos de idade.
idade e deseja trabalhar, mas não quer abandonar seus (E) a pessoa até 14 anos incompletos, desde que não tenha
estudos. Assertiva: Nesse caso, o direito de proteção especial cometido nenhum crime.
permite que Maurício seja admitido ao trabalho, cabendo ao
Estado garantir seu acesso à escola. 11. (Prefeitura de Niterói – RJ - Agente de
( ) Certo Administração Educacional – COSEAC/2016) Segundo o
( ) Errado Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), a
pessoa com 13 anos de idade é considerada:
06. (SEDF - Monitor de Gestão Educacional – (A) criança.
CESPE/2017) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente (B) adolescente.
(ECA) — Lei n.º 8.069/1990 — e da CF, julgue o item seguinte. (C) jovem.
Situação hipotética: Lorena, que tem dez anos de idade, (D) imputável.
relatou à sua professora que está sofrendo maus-tratos em (E) capaz.
casa. Assertiva: Nesse caso, a professora deverá relatar o
episódio ao diretor da escola; este, por sua vez, terá de, 12. (Prefeitura de Coqueiral/MG – Auxiliar
imediatamente, comunicar o caso ao conselho tutelar, sendo o Administrativo – Prefeitura de Coqueiral/MG – 2016) De
injustificável retardamento e(ou) a omissão puníveis na forma acordo com a Lei Federal Nº 8.069/90, de 13 de julho de 1990
estabelecida no ECA. – Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – Responda a
( ) Certo questão a seguir: O art. 121 do ECA, dispõe sobre a internação,
( ) Errado que constitui medida privativa de liberdade, sujeita aos

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APOSTILAS OPÇÃO

princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à Portanto, a alternativa B está em conformidade com o


condição de pessoa em desenvolvimento. De acordo com esse disposto na legislação, pois determina a proibição do trabalho
artigo, em nenhuma hipótese, o período máximo de internação à menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de
poderá exceder a: aprendiz.
(A) Três anos
(B) Dois anos 02. Resposta B.
(C) Um ano O Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8.069/90 traz
(D) Seis meses em seu artigo 69, o direito à profissionalização e a proteção do
trabalho do adolescente, assim, observa-se que não faz luz a
13. (Prefeitura de Alumínio/SP – Auxiliar de remuneração por meio deste, ficando a cargo da Consolidação
Desenvolvimento Infantil – VUNESP – 2016) O Conselho das Leis Trabalhistas – CLT, a sua regulamentação (Art. 428,
Tutelar do Município, de acordo com o artigo 131 do ECA, é §2º).
órgão encarregado pela sociedade, de zelar pelo cumprimento
dos direitos da criança e do adolescente definidos na citada lei. Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à
Esse órgão tem como uma de suas características proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre
fundamentais ser: outros:
(A) Partidário. I - respeito à condição peculiar de pessoa em
(B) Jurisdicional. desenvolvimento;
(C) Legislativo. II - capacitação profissional adequada ao mercado de
(D) Autônomo. trabalho.
(E) Provisório
03. Resposta Errado.
14. (Secretaria da Criança – DF - Atendente de Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
Reintegração Socioeducativo – FUNIVERSA - 2015) É crime autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
previsto no ECA. constrangimento:
(A) deixar o médico de comunicar à autoridade Pena - detenção de seis meses a dois anos.
competente os casos de seu conhecimento que envolvam
suspeita de maus-tratos contra criança ou adolescente. Percebe-se com a leitura, do artigo 232, que qualquer
(B) deixar a autoridade policial responsável pela pessoa legalmente responsável que submeter a criança ou o
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame
comunicação à autoridade judiciária competente e à família do ou constrangimento terá como pena a detenção de seis meses
apreendido ou à pessoa por ele indicada. a dois anos.
(C) descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
inerentes ao poder familiar ou decorrentes de tutela ou 04. Resposta Errado.
guarda. Art. 132. Em cada Município e em cada Região
(D) hospedar crianças ou adolescentes desacompanhados Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um)
dos pais ou dos responsáveis, ou sem autorização escrita Conselho Tutelar como órgão integrante da administração
desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela
congênere. população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1
(E) exibir filmes, trailers, peças, amostras ou congêneres (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.
classificados pelo órgão competente como inadequados a
crianças ou adolescentes admitidos no espetáculo. O artigo 132 da Lei 8.069/90 traz muitas informações no
que diz respeito ao processo de formação dos Conselhos
15. (Prefeitura Municipal de Alumínio – Auxiliar de Tutelares assim, merece ser analisado separadamente:
Desenvolvimento Infantil – VUNESP - 2016) O artigo 18-A Haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão
do Estatuto da Criança e do Adolescente é de particular integrante da administração pública local
relevância para os educadores porque aborda a questão de Composto de 5 (cinco) membros escolhidos pela
forma como os diversos responsáveis pelo cuidados e pela população local
educação da criança devem agir em relação a ela. Assim, esse Para mandato de 4 (quatro) anos
artigo determina-se que Permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo
(A) O uso de castigo físico é admissível unicamente para a de escolha.
correção de comportamentos extremamente indisciplinados. DICA: Conselho Tutelar
(B) Qualquer pessoa, a qualquer pretexto, não tem o direito
de utilizar castigo físico contra a criança. 05. Resposta Certo.
(C) As proibições elencadas nesse artigo não se aplicam A situação hipotética pode gerar dúvidas ao candidato que
aos pais ou responsáveis legais pela criança. em primeiro momento pode acreditar que há falta de dados
(D) O tratamento degradante da criança poderá ser por não haver menção a situação de menor aprendiz, porém
relevado se o praticante apresentar a devida justificativa à ao escrever “legislação especial”, o enunciado está fazendo luz
autoridade competente. a Lei 8.069 – Estatuto da Criança e do Adolescente, que permite
(E) Crianças devem ser educadas sem excessos de direitos em seu artigo 60 o trabalho de menores de 14 (quatorze) anos
para que sejam disciplinadas. na condição de menor aprendiz.
Assim, percebe-se através do artigo 54, VI da referida
Respostas legislação, que há obrigatoriedade por parte do Estado em
assegurar à criança e ao adolescente a oferta de ensino
01. Resposta B. noturno regular, adequado às condições do adolescente
O enunciado da questão exige do candidato conhecimento trabalhador.
acerca do artigo 60 do ECA o qual estabelece:
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze adolescente:
anos de idade, salvo na condição de aprendiz.

Conhecimentos Pedagógicos 57
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APOSTILAS OPÇÃO

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena
do adolescente trabalhador; de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.

06. Resposta Certo. Assim, a alternativa D é considerada incorreta já que


Para responder a questão, o candidato deverá ter domínio examinar-se-á desde logo com pena de responsabilidade, a
de três artigos pertinentes a legislação estudada, assim, o possibilidade de liberação imediata, conforme o parágrafo
candidato usará os artigos 56, 70-B e 245 do ECA, os quais único do artigo 107 da Lei 8.069/90.
estabelecem em respectiva ordem:
09. Resposta C.
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino O enunciado da questão exige do candidato o
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: conhecimento do Capítulo III, Subseção IV da Lei 8.069/90 que
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; trata sobre a adoção, assim é possível analisar a questão 09 da
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem seguinte maneira:
nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar,
em seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e Falso - Art. 42. (...) § 3º O adotante há de ser, pelo menos,
comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus- dezesseis anos mais velho do que o adotando.
tratos praticados contra crianças e adolescentes. Falso - Art. 39. (...) § 2º É vedada a adoção por
procuração.
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por CERTO - Art. 41. (...) § 1º Se um dos cônjuges ou
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de
fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do
autoridade competente os casos de que tenha adotante e os respectivos parentes.
conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de Falso - Art. 42. (...) § 4º Os divorciados, os judicialmente
maus-tratos contra criança ou adolescente: separados e os ex companheiros podem adotar
conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o
07. Resposta E. regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido
O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/90, em iniciado na constância do período de convivência e que seja
seu artigo 2º delimita que o mesmo será aplicado a pessoas de comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade
até 18 anos de idade, porém em seu parágrafo único abre com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a
exceção aos portadores entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) excepcionalidade da concessão.
anos de idade nos casos expressos em lei. Falso - Art. 46. (...) § 1º O estágio de convivência poderá ser
dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a do adotante durante tempo suficiente para que seja possível
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela avaliar a conveniência da constituição do vínculo.
entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se 10. Resposta C.
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e Percebe-se pelo caput do artigo 2º do ECA que será
vinte e um anos de idade. considerado criança, a pessoa até com 12 (doze) anos de idade
incompletos, assim:
08. Resposta D.
Correta Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a
Correta pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
Correta aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Incorreta Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte
Percebe-se que para responder a referida questão, o e um anos de idade.
candidato terá que utilizar os seguintes artigos do ECA,
respectivamente: 11. Resposta B.
O conteúdo abordado na questão 11 também faz alusão ao
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conceito trazido pelo artigo 2º da Lei 8.069/90, ao definir
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do como adolescente a pessoa entre doze e dezoito anos de idade,
adolescente é considerada de interesse público relevante e não assim a alterativa correta é a assertiva B.
será remunerada.
12. Resposta A.
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as O enunciado da questão 14 faz alusão ao artigo 121 da Lei
necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao 8.069/90 que dispõe sobre a internação, que é medida
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. privativa de liberdade, destinada à pessoa em
Parágrafo único. São também princípios que regem a desenvolvimento, assim, em seu § 3º, percebe-se que a mesma
aplicação das medidas: não poderá exceder a 3 (três) anos.
(...)
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades Art. 121. (...) § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo
competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo de internação excederá a três anos.
seja conhecida;
13. Resposta D.
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro Conforme mencionado pelo enunciado e corroborado pelo
constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção caput do artigo 131 da Lei 8.069/90, entre as características
de idoneidade moral. fundamentais do Conselho Tutelar está o seu caráter
autônomo, uma vez que, não necessita de ordem judicial para
Art. 107. (...) aplicar medidas protetivas quando as entender adequadas.

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e Direitos Humanos, o Conselho Nacional de Educação pretende
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de contribuir para a promoção de uma cultura de direitos
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, humanos.
definidos nesta Lei. Os princípios e normas regulatórias que expressam uma
cultura de direitos humanos estão presentes na legislação
14. Resposta B. internacional e na brasileira. No caso brasileiro destaca-se a
(A) CORRETA – Prevista no art. 245 do ECA. explicitação desse tema na Constituição Federal de 1988 e,
(B) CORRTETA – Prevista no art. 231 do ECA. especificamente sobre educação, na Lei de Diretrizes e Bases
(C) INCORRETA da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96).
(D) CORRETA – Prevista no art. 250 do ECA.
(E) CORRETA – Prevista no art. 255 do ECA. 1. Contexto histórico

Percebe-se que a assertiva “C” é considerada incorreta, Faz muito tempo que os mais diversos países procuram
devido ao artigo 249 da Lei 8.069/90, que dispõe: institucionalizar os direitos, seja por meio de legislação
adequada, seja por meio da criação de organismos que possam
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres defender os cidadãos no caso de qualquer atentado que queira
inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, usurpar o efetivo exercício de qualquer direito.
bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Nesse contexto, deve-se salientar a Declaração Universal
Tutelar: dos Direitos Humanos, elaborada em 1945 pela Organização
Pena - multa de três a vinte salários de referência, das Nações Unidas (ONU).
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Apesar da inegável importância desse documento, que
afirmou a universalidade dos direitos humanos a partir do
Assim, trata-se uma infração administrativa. reconhecimento da igualdade entre todos, identificou-se que
nem todos os sujeitos humanos eram alcançados, pois em
15. Resposta B. muitas sociedades foram sendo construídas desigualdades
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser estruturantes que, na realidade, impediam que todos os
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento indivíduos tivessem os seus direitos assegurados.
cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, Dessa forma, nos últimos vinte anos, no Brasil e em
educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos diversas outras sociedades, iniciou-se um movimento de
integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos especificação dos sujeitos de direitos, a partir do
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por desvelamento das questões de gênero, sexualidade,
qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá- etnicidade, raça, deficiências, desigualdades de acessos aos
los ou protegê-los. bens materiais e imateriais e diversidades socioculturais e
linguísticas presentes nas violações de direitos humanos.
Dessa forma, o caput do artigo 18-A do ECA deixa evidente Na agenda atual há um realce para o tema do preconceito,
que a criança assim como o adolescente têm o direito de serem que no campo da educação é considerado como fator de
educados sem a utilização de castigos físicos, ainda que estes exclusão escolar e social, uma vez que considerado essencial
sejam aplicados pelos responsáveis, pelos agentes públicos para a devida compreensão de inúmeras violências contra os
executores de medidas socioeducativas ou por qualquer direitos humanos.
pessoa encarregada de cuidar, tratar, educar ou protegê-los.
2. Direitos humanos e Educação em Direitos Humanos
no Brasil
III - Diretrizes Nacionais
Com a volta da democracia, a partir de 1985, e com a
para a educação em direitos Constituição Federal de 1988, surge no país um contexto social
humanos. propício para a elaboração de novas propostas para a área de
direitos humanos.
Entre os anos de 1996 e 2010 surgem três versões do
Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) em 1996,
RESOLUÇÃO Nº 1, DE 30 DE MAIO DE 2012
2002 e 2010.
Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos
O PNDH-3 merece destaque, pois contém um eixo
Humanos
orientador destinado especificamente para a promoção e
garantia da Educação e Cultura em Direitos Humanos.
A noção de direitos humanos está baseada no conceito da
Além das três versões do PNDH, a Secretaria Especial de
dignidade humana. Trata-se de um processo em construção
Direitos Humanos da Presidência da República lança, a partir
em que, diante das desigualdades da sociedade brasileira,
de 2003, com revisão em 2006, o Plano Nacional de Educação
busca-se afirmar o respeito à dignidade humana como valor
em Direitos Humanos voltado para organizar ações em cinco
fundamental da organização da sociedade.
áreas: Educação Básica, Educação Superior, educação não
Por se tratar de um processo em construção, em
formal, mídia e formação de profissionais dos sistemas de
contraposição à realidade da desigualdade, a Educação em
segurança e justiça.
Direitos Humanos é essencial para o avanço da construção de
Considerando que muitos preconceitos e julgamentos
um novo tecido social, ao mesmo tempo em que a educação é
pejorativos se formam desde muito cedo na estrutura
cada vez mais considerada como um dos direitos humanos.
cognitiva das crianças e adolescentes, o papel da escola se
Nessa luta pela concretização de uma nova ordem social, a
torna indispensável no sentido de propiciar a formação de
Educação em Direitos Humanos tem um papel decisivo na
uma consciência crítica que consiga perceber a realidade tal
medida em que ela auxilia no desvelamento de situações de
como ela é, desenvolva valores de respeito a todos os direitos
graves ofensas à dignidade humana e, ao mesmo tempo,
do ser humano e se abra para práticas institucionais e pessoais
objetiva formar crianças, jovens e adultos com base no
coerentes com os direitos humanos.
respeito e na promoção dos direitos de todas as pessoas.
Ao lado do desenvolvimento da consciência crítica, a
Com o reconhecimento da educação como direito humano
Educação em Direitos Humanos deverá estar voltada, também,
e com a definição das Diretrizes Nacionais para a Educação em

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para a formação ética e política. Educação em Direitos Humanos diz respeito à construção de
A formação ética se refere à preocupação de estabelecer sociedades que valorizem e propiciem condições para a
comportamentos e atitudes que tenham por fundamento garantia da dignidade humana.
valores que respeitam a dignidade da pessoa como a liberdade, Nesse sentido, os seguintes objetivos devem ser
a igualdade, a justiça e a paz. realçados:
A formação política diz respeito à emancipação e A) Cada pessoa e/ou grupo social se reconheça como
transformação dos sujeitos de direitos. Uma das preocupações sujeito de direitos.
urgentes diz respeito aos indivíduos que vivem à margem da B) Sejam capazes de exercê-los e promovê-los.
sociedade no sentido de propiciar condições para a sua C) Reconhecem e respeitam os direitos dos outros.
organização e participação na sociedade civil.
Dessa forma, o PNDH define a Educação em Direitos 5. As instituições educacionais como espaços
Humanos como um processo sistemático e multidimensional privilegiados para a vivência e aprendizagem em direitos
que orienta a formação do sujeito de direitos, articulando as humanos
seguintes dimensões:
As instituições educacionais recebem alunos com origens
A) Apreensão de conhecimentos historicamente muito diversas, tanto no que diz respeito ao ambiente social e
construídos sobre direitos humanos e a sua relação com os cultural que frequentaram, como também em relação a
contextos internacional, nacional e local. valores, história de vida e visão de mundo. Há uma
B) Afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que multiplicidade de sujeitos provenientes de diferentes
expressem a cultura dos direitos humanos em todos os contextos culturais e sociais. Sendo assim, o ambiente escolar
aspectos da sociedade. se constitui em lócus privilegiado para a vivência e promoção
C) Formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer dos direitos humanos.
presente em nível cognitivo, social, cultural e político. O caráter de mediação da instituição escolar e dos
D) Desenvolvimento de processos metodológicos professores possibilitará trocas de experiências para que os
participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens estudantes possam perceber semelhanças e diferenças e ao
e materiais didáticos contextualizados; mesmo tempo apreender as múltiplas facetas da realidade,
E) Fortalecimento de práticas individuais e sociais que contribuindo dessa forma para o desenvolvimento da
gerem ações e instrumentos em favor da promoção, da consciência cidadã dos alunos.
proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como da A inclusão dos conteúdos referentes à Educação em
reparação das violações. Direitos Humanos nas propostas curriculares da Educação
Básica e da Educação Superior poderá ocorrer de formas
O papel e a importância da Educação em Direitos Humanos diferentes:
na construção de uma nova sociedade estão muito A) Pela transversalidade, por meio de temas relacionados
estabelecidos na legislação ordinária e também na legislação aos direitos humanos e tratados de forma interdisciplinar.
educacional específica. B) Como um conteúdo específico de uma determinada
Apesar dos avanços obtidos, principalmente nos últimos disciplina já existente.
anos, é indispensável o reconhecimento de que ainda vivemos C) De maneira mista, ou seja, combinando
numa sociedade constituída por privilégios, desigualdades, transversalidade e disciplinaridade.
discriminações, preconceitos e desrespeitos. Dessa forma,
assume maior importância o papel de uma educação 6. A Educação em Direitos Humanos nas instituições de
fundamentada na noção e na prática de respeito aos direitos Educação Básica
humanos.
Nas escolas de Educação Básica, a Educação em Direitos
3. Princípios da Educação em Direitos Humanos Humanos terá o cotidiano como referência central, no sentido
de analisá-lo, compreendê-lo e modificá-lo.
São os seguintes os princípios que devem orientar a prática O cotidiano de uma escola apresenta um grande número de
da educação voltada para a efetivação de direitos humanos: situações que possibilitam desvelar preconceitos, rever
atitudes e valores que estejam em desacordo com a
A) Dignidade humana: O ser humano tem valor só pelo perspectiva de respeito aos direitos humanos. As estratégias
fato de ser homem. É uma qualidade intrínseca ao ser humano. orientadas para essa finalidade têm como fundamento o
B) Igualdade de direitos: Todos os direitos devem ser desenvolvimento da prática da cidadania que procura
estendidos a todos; são universais. consolidar os direitos já conquistados e a luta pela sua
C) Reconhecimento e valorização das diferenças e das ampliação.
diversidades: As diferenças não devem ser transformadas em A formação de cidadãos implica em oferecer
desigualdades. Daí a necessidade do combate ao preconceito e oportunidades para as crianças e jovens terem acesso ao
discriminações. conhecimento historicamente acumulado, mas principalmente
D) Laicidade do Estado: A religião não influencia o Estado em formar os indivíduos para serem atores sociais que
e o Estado não detém nenhum poder religioso. respeitam a dignidade do outro ser humano e se
E) Democracia na educação: A democracia na escola comprometam na defesa dos interesses sociais.
exige diálogo e participação de todos no processo educativo. Especial cuidado será devido à formação inicial e
F) Transversalidade, vivência e globalidade: Educação continuada dos profissionais da educação, ao projeto político-
em Direitos Humanos exige diálogo interdisciplinar, pedagógico, aos materiais de ensino e ao modelo de gestão e
experiências e o envolvimento de todos na escola. avaliação da aprendizagem.
G) Sustentabilidade socioambiental: A dimensão
política da educação se estende ao cuidado com o meio 7. A Educação em Direitos Humanos nas instituições de
ambiente local, regional e global. Educação Superior

4. Objetivos da Educação em Direitos Humanos Da mesma forma que na Educação Básica, as instituições
de Educação Superior também participam do imperativo ético
O interesse social de longo prazo com a prática da de formar profissionais comprometidos com a construção de

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uma ordem social que preserve e promova os direitos Educação em Direitos Humanos dos campi da Universidade
humanos, a paz e a democracia. Estadual de São Paulo (UNESP) de Bauru e de Araraquara.
Além disso, cabe também às instituições que atuam na
Educação Superior a produção de conhecimento que permita Introdução
erradicar a pobreza e combater as desigualdades. Os Direitos Humanos são frutos da luta pelo
A Educação em Direitos Humanos deve estar presentes no reconhecimento, realização e universalização da dignidade
ensino, na pesquisa e na extensão, tríplice finalidade da humana. Histórica e socialmente construídos, dizem respeito a
Educação Superior reconhecida em quase todos os países. um processo em constante elaboração, ampliando o
Os temas específicos da área de direitos humanos deverão reconhecimento de direitos face às transformações ocorridas
fazer parte das propostas pedagógicas dos cursos como nos diferentes contextos sociais, históricos e políticos.
também das atividades extracurriculares. Esses temas Nesse processo, a educação vem sendo entendida como
deverão ser considerados na construção dos projetos político- uma das mediações fundamentais tanto para o acesso ao
pedagógicos (PPP), dos regimentos escolares e dos planos de legado histórico dos Direitos Humanos, quanto para a
desenvolvimentos institucionais (PDI). Especial atenção será compreensão de que a cultura dos Direitos Humanos é um dos
dada à integração entre cultura e educação, principalmente alicerces para a mudança social. Assim sendo, a educação é
para as atividades de teatro, música, pintura e literatura que reconhecida como um dos Direitos Humanos e a Educação em
são muito ricas para o desenvolvimento da cultura de direitos Direitos Humanos é parte fundamental do conjunto desses
humanos. direitos, inclusive do próprio direito à educação.
A pesquisa na área de direitos humanos reveste-se da mais As profundas contradições que marcam a sociedade
alta importância, visto que a produção científica produz brasileira indicam a existência de graves violações destes
conhecimentos imprescindíveis para a formulação de políticas direitos em consequência da exclusão social, econômica,
públicas, que busquem a diminuição das desigualdades e o política e cultural que promovem a pobreza, as desigualdades,
acesso a direitos fundamentais como educação, saúde e as discriminações, os autoritarismos, enfim, as múltiplas
habitação. Isso exigirá das agências de fomento o formas de violências contra a pessoa humana. Estas
desenvolvimento de política de incentivo para o financiamento contradições também se fazem presentes no ambiente
de pesquisas voltadas para a área de direitos humanos. educacional (escolas, instituições de educação superior e
outros espaços educativos). Cabe aos sistemas de ensino,
PARECER CNE/CP Nº: 8/2012, DE 06 DE MARÇO DE gestores/as, professores/as e demais profissionais da
2012 educação, em todos os níveis e modalidades, envidar esforços
para reverter essa situação construída historicamente. Em
3DIRETRIZES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO EM suma, estas contradições precisam ser reconhecidas, exigindo
DIREITOS HUMANOS o compromisso dos vários agentes públicos e da sociedade
com a realização dos Direitos Humanos.
I – RELATÓRIO Neste contexto, a Educação em Direitos Humanos emerge
como uma forte necessidade capaz de reposicionar os
Apresentação compromissos nacionais com a formação de sujeitos de
Este parecer foi construído no âmbito dos trabalhos de direitos e de responsabilidades. Ela poderá influenciar na
uma comissão interinstitucional, coordenada pelo Conselho construção e na consolidação da democracia como um
Nacional de Educação (CNE) que trata do assunto em uma de processo para o fortalecimento de comunidades e grupos
suas comissões bicamerais. Participaram da comissão tradicionalmente excluídos dos seus direitos.
interinstitucional a Secretaria de Direitos Humanos da Como a Educação em Direitos Humanos requer a
Presidência da República (SDHPR), Secretaria de Educação construção de concepções e práticas que compõem os Direitos
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), Humanos e seus processos de promoção, proteção, defesa e
Secretaria de aplicação na vida cotidiana, ela se destina a formar crianças,
Educação Superior (SESU), Secretaria de Articulação com jovens e adultos para participar ativamente da vida
os Sistemas de Ensino (SASE), Secretaria de Educação Básica democrática e exercitar seus direitos e responsabilidades na
(SEB) e o Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos sociedade, também respeitando e promovendo os direitos das
(CNEDH). demais pessoas. É uma educação integral que visa o respeito
Durante o processo de elaboração das diretrizes foram mútuo, pelo outro e pelas diferentes culturas e tradições.
realizadas, além das reuniões de trabalho da comissão Para a sua consolidação, a Educação em Direitos Humanos
bicameral do Conselho Pleno do CNE e da comissão precisa da cooperação de uma ampla variedade de sujeitos e
interinstitucional, duas reuniões técnicas com especialistas no instituições que atuem na proposição de ações que a
assunto, ligados a diversas instituições. No intuito de construir sustentam. Para isso todos os atores do ambiente educacional
diretrizes que expressassem os interesses e desejos de devem fazer parte do processo de implementação da Educação
todos/as os/as envolvidos/as com a educação nacional, em Direitos Humanos. Isso significa que todas as pessoas,
ocorreram consultas por meio de duas audiências públicas e independente do seu sexo; origem nacional, étnicorracial, de
da disponibilização do texto, com espaço para envio de suas condições econômicas, sociais ou culturais; de suas
sugestões, nos sites do CNE, MEC e SDH. escolhas de credo; orientação sexual; identidade de gênero,
Neste processo foram de grande importância as sugestões faixa etária, pessoas com deficiência, altas
da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas; habilidades/superdotação, transtornos globais e do
Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmem desenvolvimento, têm a possibilidade de usufruírem de uma
Bascarán de Açailândia, Maranhão; Diretoria de Cidadania e educação não discriminatória e democrática.
Direitos Humanos (DCDH) da Secretaria de Educação do Reconhecer e realizar a educação como direito humano e a
Distrito Federal, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais Educação em Direitos Humanos como um dos eixos
(APAE) de São Paulo, Grupo de Estudos e Pesquisas em fundamentais do direito à educação, exige posicionamentos
Sexualidades, Educação e Gênero (GEPSEX) da Universidade claros quanto à promoção de uma cultura de direitos. Essa
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Observatório de concepção de Educação em Direitos Humanos é refletida na

3 http://www.sdh.gov.br/assuntos/direito-para-
todos/pdf/ParecerhomologadoDiretrizesNacionaisEDH.pdf

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própria noção de educação expressa na Constituição Federal O impacto desses conflitos impulsionou a criação, em
de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 1945, da Organização das Nações Unidas (ONU) como um
(Lei nº 9.394/1996). organismo regulador da ordem internacional, bem como a
Apesar da existência de normativas que determinam o elaboração, em 1948, da Declaração Universal dos Direitos
caráter geral dessa educação, expressas em documentos Humanos, que firmou a concepção contemporânea de Direitos
nacionais e internacionais dos quais o País é signatário, é Humanos, ancorada no tripé universalidade, indivisibilidade e
imprescindível, para a sua efetivação, a adoção de Diretrizes interdependência. Naquele momento, a Cultura de Direitos se
Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, ampliava para uma Cultura de Direitos Humanos. Afirmava-se
contribuindo para a promoção de uma educação voltada para a universalidade dos direitos, aplicável a todas as nações,
a democracia e a cidadania. Uma educação que se comprometa povos e seres humanos; integravam-se as várias dimensões de
com a superação do racismo, sexismo, homofobia e outras direitos (civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e
formas de discriminação correlatas e que promova a cultura ambientais) e tematizavam-se novos objetos de direitos, tais
da paz e se posicione contra toda e qualquer forma de como: as problemáticas do desenvolvimento e da
violência. autodeterminação dos povos, relacionadas ao contexto pós-
guerra, bem como, à educação e à cultura.
1. Contexto histórico dos Direitos Humanos e da Não obstante tal orientação universalizante de direitos,
Educação em Direitos Humanos novos processos históricos apontaram para outras situações
A ideia de Direitos Humanos diz respeito a um conjunto de de violações dos Direitos Humanos. Nos anos de 1960-1970,
direitos internacionalmente reconhecidos, como os direitos por exemplo, o amplo processo de implantação de ditaduras
civis, políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais, militares na América Latina, mediante fortíssima repressão,
sejam eles individuais, coletivos, transindividuais ou difusos, censura, prisões, desaparecimento e assassinatos de milhares
que se referem à necessidade de igualdade e de defesa da de opositores/opositoras aos regimes ditatoriais, representou
dignidade humana. Atuando como linguagem internacional um retrocesso nas lutas por direitos civis, sociais e políticos.
que estabelece a sua conexão com os estados democráticos de Neste período, o Brasil, embora também vivenciando a
direito, a política dos direitos humanos pretende fazer experiência da ditadura militar, torna-se signatário, em 1966,
cumprir: a) os direitos humanos que estão preconizados e do pacto internacional dos direitos civis e políticos e do pacto
trabalhar pela sua universalização e b) os princípios da internacional dos direitos econômicos e sociais. Apesar da
contemporaneidade: da solidariedade, da singularidade, da assinatura de tais documentos o tema dos Direitos Humanos
coletividade, da igualdade e da liberdade. no Brasil ganhará maior evidência em agendas públicas ou
Constituindo os princípios fundadores de uma sociedade ações populares a partir das lutas e movimentos de oposição
moderna, os Direitos Humanos têm se convertido em formas ao regime ditatorial.
de luta contra as situações de desigualdades de acesso aos Nos anos de 1980, as lutas da sociedade civil dos vários
bens materiais e imateriais, as discriminações praticadas países latino-americanos pela redemocratização
sobre as diversidades socioculturais, de identidade de gênero, reverberaram na tematização de novos direitos e embates
de etnia, de raça, de orientação sexual, de deficiências, dentre para sua institucionalização. Sendo assim, tomando o exemplo
outras e, de modo geral, as opressões vinculadas ao controle da América Latina, pode-se observar que as transformações e
do poder por minorias sociais. as reivindicações advindas de processos sociais, históricos,
A conversão dessas lutas e de suas conquistas em normas culturais e políticos de resistência aos regimes ditatoriais
regulatórias mais sistematizadas, expressas numa Cultura de desempenharam importante papel no movimento de defesa e
Direitos, inicia-se ainda no bojo dos movimentos contrários ao promoção dos Direitos Humanos.
Antigo Regime. Desses movimentos surgiram marcos Na contemporaneidade novos desafios e lutas continuam
históricos que assinalam a institucionalização de direitos: o sendo postos na agenda de debates e ações dos grupos
Bill of Rights das Revoluções Inglesas (1640 e 1688-89); a envolvidos com a defesa e promoção dos Direitos Humanos. É
Declaração de Virgínia (1776) no processo da independência importante lembrar, a este respeito, as implicações do
das 13 colônias frente à sua metrópole inglesa, do qual fenômeno da globalização, tanto no estabelecimento de um
surgiram os Estados Unidos como nação; a Declaração do idioma universal de direitos humanos, buscando a sua
Homem e do Cidadão (1791), no âmbito da Revolução promoção nos diversos países ou contextos nacionais, quanto,
Francesa. Nesses três documentos foram afirmados direitos paradoxalmente, nas violações de tais direitos.
civis e políticos, sintetizados nos princípios da liberdade, Neste processo, as reações que os grupos e países em
igualdade e fraternidade. situação de maior desigualdade e pobreza no contexto
Do século XIX até a primeira metade do século XX, a eclosão capitalista apontam para as possibilidades de uma política
de novos conflitos no âmbito internacional favoreceu a emancipatória dos Direitos Humanos, quando o caráter global
expansão da Cultura de Direitos para vários países tanto dos direitos é legitimado em processos culturais de tradução e
europeus quanto latino-americanos, bem como para outros negociação locais (SANTOS, 1997).
grupos sociais. A chamada Cultura de Direitos incorporou Em decorrência desse contexto vários organismos
dimensões econômicas e sociais por meio das quais se passou internacionais vêm, sistematicamente, alargando a pauta dos
a combater as desigualdades e as opressões, pondo em Direitos Humanos bem como a sua regulamentação. É diante
evidência as diversidades biopsicossociais e culturais da de tal contexto internacional que a Educação em Direitos
humanidade. Humanos emerge como um dos direitos básicos da Cultura de
No século XX, com as atrocidades da 1ª Guerra Mundial e, Direitos que se pretende universalizar.
posteriormente, do Holocausto e das bombas atômicas de
Hiroshima e Nagasaki, na 2ª grande guerra, os impactos e a Direitos Humanos e Educação em Direitos Humanos
grandiosa dimensão do genocídio humano abalaram a no Brasil
consciência crítica internacional. Logo também entram em Se em um primeiro momento foi afirmada a universalidade
curso vários processos descolonizadores de países asiáticos e dos Direitos Humanos, pautando-se numa concepção de
africanos (anos 1940-1970), que geraram guerras localizadas. igualdade de direitos universalizada, verificou-se, a posteriori,
Além das guerras e demais conflitos, este momento trouxe que esta ampla declaração de igualdade não alcançava, na
para a agenda internacional a questão do desenvolvimento dos prática, todos os sujeitos humanos, como por exemplo:
países do chamado Terceiro Mundo. mulheres, crianças, negros, indígenas, etc. Isso porque, nas
diversas sociedades, foram construídas histórica e

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culturalmente desigualdades estruturantes, inviabilizando a Formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer
fruição de direitos humanos, de modo equânime, por todos os presente em níveis cognitivo, social, cultural e político;
indivíduos. Por conseguinte foi buscada a afirmação de Desenvolvimento de processos metodológicos
direitos humanos dos sujeitos excluídos da fruição das Cartas participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens
de Direitos, promovendo o processo denominado de e materiais didáticos contextualizados;
especificação dos sujeitos de direitos, sobremaneira em Fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem
decorrência das manifestações e lutas pelo reconhecimento de ações e instrumentos em favor da promoção, da proteção e da
suas existências políticas. É nesse processo que esses sujeitos defesa dos direitos humanos, bem como da reparação das
passam a ter maior visibilidade, mediante a discussão das violações.
questões identitárias, dentre elas a de gênero, etnicidade, raça Nas últimas décadas tem-se assistido a um crescente
e orientação sexual. processo de fortalecimento da construção da Educação em
No Brasil, conforme anunciado, o tema dos Direitos Direitos Humanos no País, por meio do reconhecimento da
Humanos ganha força a partir do processo de relação indissociável entre educação e Direitos Humanos.
redemocratização ocorrido nos anos de 1980, com a Desde então, foi adotada uma série de dispositivos que visam
organização política dos movimentos sociais e de setores da a proteção e a promoção de direitos de crianças e
sociedade civil. Estes se opuseram a um regime ditatorial adolescentes; a educação das relações étnicorraciais; a
(1964-1985), de tipo militar, que, por suas deliberadas educação escolar quilombola; a educação escolar indígena; a
práticas repressivas, se configurou como um dos períodos educação ambiental; a educação do campo; a educação para
mais violadores dos Direitos Humanos. jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos
Em resposta a estas violações, as organizações em defesa estabelecimentos penais, as temáticas de identidade de gênero
dos Direitos Humanos constituíram-se em movimentos e orientação sexual na educação; a inclusão educacional das
organizados contra a carestia, em defesa do meio-ambiente, na pessoas com deficiência e a implementação dos direitos
luta pela moradia, por terra, pela união dos/das estudantes, humanos de forma geral no sistema de ensino brasileiro.
pela educação popular, em prol da democratização do sistema Evidenciando a importância que vem ocupando no cenário
educacional, entre outros. Nessa nova conjuntura os discursos educacional brasileiro, a Educação em Direitos Humanos foi
e práticas em torno dos Direitos Humanos buscavam instaurar tematizada na Conferência Nacional de Educação (CONAE) em
uma contra-hegemonia por meio de suas lutas por 2010, no eixo VI - Justiça Social, Educação e Trabalho: Inclusão,
emancipação. Diversidade e Igualdade.
A ampliação do escopo de suas ações levou as organizações Justiça social, igualdade e diversidade “não são
em defesa dos Direitos Humanos a empreenderem incursões antagônicas. [...] Em uma perspectiva democrática e,
mais incisivas no campo da Educação em Direitos Humanos. sobretudo, em sociedades pluriétnicas, pluriculturais e
Assim, tal como ocorrido em outros países da América Latina, multirraciais, [...] deverão ser eixos da democracia e das
essa proposta de educação no Brasil se apresenta como prática políticas educacionais, desde a educação básica e educação
recente, desenvolvendo-se, ainda no contexto da repressão superior que visem a superação das desigualdades em uma
ditatorial, a partir do encontro entre educadores/as, perspectiva que articula a educação e os Direitos Humanos”
populares e militantes dos Direitos Humanos. (BRASIL, 2010). O documento final resultante dessa
Sendo assim, com a retomada da democracia e a conferência apresenta importantes orientações para seu
promulgação da Constituição Federal de 1988, cria-se um tratamento nos sistemas de ensino. Destaque-se que tais
marco jurídico para a elaboração de propostas educacionais orientações serão ratificadas ao longo deste documento.
pautadas nos Direitos Humanos, surgidas a partir da década de O Conselho Nacional de Educação também tem se
1990. É nesse contexto que surgem as primeiras versões do posicionado a respeito da relação entre Educação e Direitos
Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), produzidos Humanos por meio de seus atos normativos. Como exemplo
entre os anos de 1996 e 2002. Dentre os documentos podem ser citadas as Diretrizes Gerais para a Educação Básica,
produzidos a respeito desse programa, no que diz respeito ao as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil,
tema da Educação em Direitos Humanos, merece destaque o do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos e para o Ensino
PNDH-3, de 2010, que apresenta um eixo orientador destinado Médio.
especificamente para a promoção e garantia da Educação e Nas Diretrizes Gerais para a Educação Básica o direito à
Cultura em Direitos Humanos. educação é concebido como direito inalienável de todos/as
É a partir de 2003 que a Educação em Direitos Humanos os/as cidadãos/ãs e condição primeira para o exercício pleno
ganhará um Plano Nacional (PNEDH), revisto em 2006, dos Direitos Humanos. Neste sentido, afirma que uma escola
aprofundando questões do Programa Nacional de Direitos de qualidade social deve considerar as diversidades, o respeito
Humanos e incorporando aspectos dos principais documentos aos Direitos Humanos, individuais e coletivos, na sua tarefa de
internacionais de Direitos Humanos dos quais o Brasil é construir uma cultura de Direitos Humanos formando
signatário. Esse plano se configura como uma política cidadãos/ãs plenos/as. O parecer do CNE/CEB nº 7/2010,
educacional do estado voltada para cinco áreas: educação recomenda que o tema dos Direitos Humanos deverá ser
básica, educação superior, educação não-formal, mídia e abordado ao longo do desenvolvimento de componentes
formação de profissionais dos sistemas de segurança e justiça. curriculares com os quais guardam intensa ou relativa relação
Em linhas gerais, pode-se dizer que o PNEDH ressalta os temática, em função de prescrição definida pelos órgãos do
valores de tolerância, respeito, solidariedade, fraternidade, sistema educativo ou pela comunidade educacional, respeitadas
justiça social, inclusão, pluralidade e sustentabilidade. as características próprias da etapa da Educação Básica que a
Assim, o PNEDH define a Educação em Direitos Humanos justifica (BRASIL, 2010, p. 24)
como um processo sistemático e multidimensional que orienta As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
a formação do sujeito de direitos, articulando as seguintes Infantil (Parecer CNE/CEB nº 20/2009 e Resolução CNE/CEB
dimensões: nº 5/2009), por sua vez, reconhece a criança como sujeito de
Apreensão de conhecimentos historicamente construídos direito, inserindo-a no mundo dos Direitos Humanos, no que
sobre direitos humanos e a sua relação com os contextos diz respeito aos direitos fundamentais à saúde, alimentação,
internacional, nacional e local; lazer, educação, proteção contra a violência, discriminação e
Afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que negligência, bem como o direito à participação na vida social e
expressem a cultura dos direitos humanos em todos os cultural.
espaços da sociedade;

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Já as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino para os ambientes educacionais, a questão das diversidades de
Médio (Parecer CNE/CEB nº 5/2011 e Resolução CNE/CEB nº grupos e sujeitos historicamente excluídos do direito à
2/2012), ao levarem em consideração as deliberações do educação e, de um modo geral, dos demais direitos. Tal
Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) no que diz situação colocou como necessidade a adoção de novas formas
respeito à implementação do Plano Nacional de Educação em de organização educacional, de novas metodologias de ensino-
Direitos Humanos (PNEDH), colocam como pressupostos e aprendizagem, de atuação institucional, buscando superar
fundamentos para o Ensino Médio de qualidade social o tema paradigmas homogeneizantes.
dos Direitos Humanos como um dos seus princípios A Educação em Direitos Humanos, como um paradigma
norteadores. construído com base nas diversidades e na inclusão de
O Parecer CNE/CEB nº 5/2011 que fundamenta essas todos/as os/as estudantes, deve perpassar, de modo
diretrizes reconhece a educação como parte fundamental dos transversal, currículos, relações cotidianas, gestos, “rituais
Direitos Humanos. Nesse sentido, chama a atenção para a pedagógicos”, modelos de gestão. Sendo assim, um dos meios
necessidade de se implementar processos educacionais que de sua efetivação no ambiente educacional também poderá
promovam a cidadania, o conhecimento dos direitos ocorrer por meio da (re)produção de conhecimentos voltados
fundamentais, o reconhecimento e a valorização da para a defesa e promoção dos Direitos Humanos.
diversidade étnica e cultural, de identidade de gênero, de A Educação em Direitos Humanos envolve também valores
orientação sexual, religiosa, dentre outras, enquanto formas e práticas considerados como campos de atuação que dão
de combate ao preconceito e à discriminação. sentido e materialidade aos conhecimentos e informações.
Além dessas diretrizes, o CNE ainda aborda a temática dos Para o estabelecimento de uma cultura dos Direitos Humanos
Direitos Humanos na Educação por meio de normativas é necessário que os sujeitos os signifiquem, construam-nos
específicas voltadas para as modalidades da Educação Escolar como valores e atuem na sua defesa e promoção.
Indígena, Educação Para Jovens e Adultos em Situação de A Educação em Direitos Humanos tem por escopo
Privação de Liberdade nos Estabelecimentos Penais, Educação principal uma formação ética, crítica e política. A primeira se
Especial, Educação Escolar Quilombola (em elaboração), refere à formação de atitudes orientadas por valores
Educação Ambiental (em elaboração), Educação de Jovens e humanizadores, como a dignidade da pessoa, a liberdade, a
Adultos, dentre outras. igualdade, a justiça, a paz, a reciprocidade entre povos e
As escolas, nessa orientação, assumem importante papel culturas, servindo de parâmetro ético-político para a reflexão
na garantia dos Direitos Humanos, sendo imprescindível, nos dos modos de ser e agir individual, coletivo e institucional.
diversos níveis, etapas e modalidades de ensino, a criação de A formação crítica diz respeito ao exercício de juízos
espaços e tempos promotores da cultura dos Direitos reflexivos sobre as relações entre os contextos sociais,
Humanos. No ambiente escolar, portanto, as práticas que culturais, econômicos e políticos, promovendo práticas
promovem os Direitos Humanos deverão estar presentes tanto institucionais coerentes com os Direitos Humanos.
na elaboração do projeto político-pedagógico, na organização A formação política deve estar pautada numa perspectiva
curricular, no modelo de gestão e avaliação, na produção de emancipatória e transformadora dos sujeitos de direitos. Sob
materiais didático-pedagógicos, quanto na formação inicial e esta perspectiva promover-se-á o empoderamento de grupos
continuada dos/as profissionais da educação. e indivíduos, situados à margem de processos decisórios e de
Pelo exposto, pode-se afirmar que a relevância da construção de direitos, favorecendo a sua organização e
Educação em Direitos Humanos aparece explícita ou participação na sociedade civil. Vale lembrar que estes
implicitamente nos principais documentos que norteiam as aspectos tornam-se possíveis por meio do diálogo e
políticas e práticas educacionais. No entanto, a efetivação da aproximações entre sujeitos biopsicossociais, históricos e
Educação em Direitos Humanos no sistema educacional culturais diferentes, bem como destes em suas relações com o
brasileiro implica na adoção de um conjunto de diretrizes Estado.
norteadoras para que esse processo ocorra de forma Uma formação ética, critica e política (in)forma os sentidos
integrada, com a participação de todos/as e, sobretudo, de da EDH na sua aspiração de ser parte fundamental da
maneira sistematizada a fim de que as garantias exigidas para formação de sujeitos e grupos de direitos, requisito básico
sua construção e consolidação sejam observadas. para a construção de uma sociedade que articule
Embora avanços possam ser verificados em relação ao dialeticamente igualdade e diferença. Como afirma Candau
reconhecimento de direitos nos marcos legais, ainda se está (2010:400): “Hoje não se pode mais pensar na afirmação dos
distante de assegurar na prática os fundamentos clássicos dos Direitos Humanos a partir de uma concepção de igualdade que
Direitos Humanos - a liberdade, a igualdade e a fraternidade. não incorpore o tema do reconhecimento da s diferenças, o
Ainda hoje se pode constatar a dificuldade de consolidação de que supõe lutar contra todas as formas de preconceito e
uma cultura social de Direitos Humanos, em parte devido aos discriminação”.
preconceitos presentes numa sociedade marcada por
privilégios e pouco afeita aos compromissos assumidos 2.1 Princípios da Educação em Direitos Humanos
nacional e internacionalmente. A Educação em Direitos Humanos, com finalidade de
Não se pode ignorar a persistência de uma cultura, promover a educação para a mudança e a transformação
construída historicamente no Brasil, marcada por privilégios, social, fundamenta-se nos seguintes princípios:
desigualdades, discriminações, preconceitos e desrespeitos. Dignidade humana: Relacionada a uma concepção de
Sobretudo em uma sociedade multifacetada como a brasileira, existência humana fundada em direitos. A ideia de dignidade
esta herança cultural é um obstáculo à efetivação do Estado humana assume diferentes conotações em contextos
Democrático de Direito. Assim, considera-se que a mudança históricos, sociais, políticos e culturais diversos. É, portanto,
dessa situação não se opera sem a contribuição da educação um princípio em que se devem levar em consideração os
realizada nas instituições educativas, particularmente por diálogos interculturais na efetiva promoção de direitos que
meio da Educação em Direitos Humanos. garantam às pessoas e grupos viverem de acordo com os seus
pressupostos de dignidade.
2. Fundamentos da Educação em Direitos Humanos Igualdade de direitos: O respeito à dignidade humana,
A busca pela universalização da Educação Básica e devendo existir em qualquer tempo e lugar, diz respeito à
democratização do acesso a Educação Superior trouxe novos necessária condição de igualdade na orientação das relações
desafios para o campo das políticas educacionais. Novos entre os seres humanos. O princípio da igualdade de direitos
contingentes de estudantes, por exemplo, trouxeram à tona, está ligado, portanto, à ampliação de direitos civis, políticos,

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econômicos, sociais, culturais e ambientais a todos os cidadãos 2.2 Objetivos da Educação em Direitos Humanos
e cidadãs, com vistas a sua universalidade, sem distinção de Um dos principais objetivos da defesa dos Direitos
cor, credo, nacionalidade, orientação sexual, biopsicossocial e Humanos é a construção de sociedades que valorizem e
local de moradia. desenvolvam condições para a garantia da dignidade humana.
Reconhecimento e valorização das diferenças e das Nesse marco, o objetivo da Educação em Direitos Humanos é
diversidades: Esse princípio se refere ao enfrentamento dos que a pessoa e/ou grupo social se reconheça como sujeito de
preconceitos e das discriminações, garantindo que diferenças direitos, assim como seja capaz de exercê-los e promovê-los ao
não sejam transformadas em desigualdades. O princípio mesmo tempo em que reconheça e respeite os direitos do
jurídico-liberal de igualdade de direitos do indivíduo deve ser outro. A EDH busca também desenvolver a sensibilidade ética
complementado, então, com os princípios dos direitos nas relações interpessoais, em que cada indivíduo seja capaz
humanos da garantia da alteridade entre as pessoas, grupos e de perceber o outro em sua condição humana.
coletivos. Dessa forma, igualdade e diferença são valores Nesse horizonte, a finalidade da Educação em Direitos
indissociáveis que podem impulsionar a equidade social. Humanos é a formação para a vida e para a convivência, no
Laicidade do Estado: Esse princípio se constitui em pré- exercício cotidiano dos Direitos Humanos como forma de vida
condição para a liberdade de crença garantida pela Declaração e de organização social, política, econômica e cultural
Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e pela Constituição (MALDONADO, 2004, p. 24). Esses objetivos orientam o
Federal Brasileira de 1988. Respeitando todas as crenças planejamento e o desenvolvimento de diversas ações da
religiosas, assim como as não crenças, o Estado deve manter- Educação em Direitos Humanos, adequando-os às
se imparcial diante dos conflitos e disputas do campo religioso, necessidades, às características de seus sujeitos e ao contexto
desde que não atentem contra os direitos fundamentais da nos quais são efetivados.
pessoa humana, fazendo valer a soberania popular em matéria
de política e de cultura. 3. O ambiente educacional como espaço e tempo dos
O Estado, portanto, deve assegurar o respeito à DH e da EDH
diversidade cultural religiosa do País, sem praticar qualquer Sabe-se que os processos formativos envolvem diferentes
forma de proselitismo. tempos, lugares, ações e vivências em diversos contextos de
Democracia na educação: Direitos Humanos e socialização, como a comunidade, a família, grupos culturais,
democracia alicerçam-se sobre a mesma base - liberdade, os meios de comunicação, as instituições escolares, dentre
igualdade e solidariedade - expressando-se no outros. Os vários ambientes de aprendizagem ou formação,
reconhecimento e na promoção dos direitos civis, políticos, nesse sentido, se relacionam em determinados momentos ou
sociais, econômicos, culturais e ambientais. Não há situações, caso dos ambientes escolares em que se encontram
democracia sem respeito aos Direitos Humanos, da mesma diversos indivíduos oriundos de variados contextos sociais e
forma que a democracia é a garantia de tais direitos. Ambos culturais, com histórias e visões de mundo particulares. É
são processos que se desenvolvem continuamente por meio da chamando a atenção para estes aspectos que a ideia de
participação. No ambiente educacional, a democracia implica ambiente educacional pode ser entendida como tempo e
na participação de todos/as os/as envolvidos/as no processo espaço potenciais para a vivência e promoção dos Direitos
educativo. Humanos e da prática da Educação em Direitos Humanos.
Transversalidade, vivência e globalidade: Os Direitos Sendo assim, é importante ressaltar que o ambiente
Humanos se caracterizam pelo seu caráter transversal e, por educacional diz respeito não apenas ao meio físico,
isso, devem ser trabalhados a partir do diálogo envolvendo também as diferentes interações que se realizam
interdisciplinar. Como se trata da construção de valores éticos, no interior e exterior de uma instituição de educação.
a Educação em Direitos Humanos é também Compreende, então, os espaços e tempos dos processos
fundamentalmente vivencial, sendo-lhe necessária a adoção educativos que se desenvolvem intra e extramuros escolares e
de estratégias metodológicas que privilegiem a construção acadêmicos, exemplificados pelas aulas; pelas relações
prática destes valores. Tendo uma perspectiva de globalidade, interpessoais estabelecidas entre as diferentes pessoas e os
deve envolver toda a comunidade escolar: alunos/as, seus papéis sociais, bem como pelas formas de interação entre
professores/as, funcionários/as, direção, pais/mães e instituições de educação, ambiente natural, comunidade local
comunidade local. Além disso, no mundo de circulações e e sociedade de um modo geral.
comunicações globais, a EDH deve estimular e fortalecer os Segundo Duarte (2003) o ambiente educacional está
diálogos entre as perspectivas locais, regionais, nacionais e relacionado a todos os processos educativos que têm lugar nas
mundiais das experiências dos/as estudantes. instituições, abrangendo:
Sustentabilidade socioambiental: A EDH deve estimular Ações, experiências, vivências de cada um dos/as
o respeito ao espaço público como bem coletivo e de utilização participantes;
democrática de todos/as. Nesse sentido, colabora para o Múltiplas relações com o entorno;
entendimento de que a convivência na esfera pública se Condições sócioafetivo;
constitui numa forma de educação para a cidadania, Condições materiais;
estendendo a dimensão política da educação ao cuidado com o Infraestrutura para a realização de propostas culturais
meio ambiente local, regional e global. A EDH, então, deve educativas.
estar comprometida com o incentivo e promoção de um Tendo esses aspectos em mente, a ideia de um ambiente
desenvolvimento sustentável que preserve a diversidade da educacional promotor dos Direitos Humanos liga-se ao
vida e das culturas, condição para a sobrevivência da reconhecimento da necessidade de respeito às diferenças,
humanidade de hoje e das futuras gerações. garantindo a realização de práticas democráticas e inclusivas,
Ainda que as instituições de educação básica e superior livres de preconceitos, discriminações, violências, assédios e
não sejam as únicas instâncias a educar os indivíduos em abusos sexuais, dentre outras formas de violação à dignidade
Direitos Humanos, elas têm como responsabilidade a humana.
promoção e legitimação dos seus princípios como norteadores Sob o ponto de vista da gestão, isso significa que todos os
dos laços sociais, éticos e políticos. Isso se faz mediante a espaços e relações que têm lugar no ambiente educacional
formação de sujeitos de direitos, capazes de defender, devem se guiar pelos princípios da EDH e se desenvolverem
promover e reivindicar novos direitos. por meio de processos democráticos, participativos e
transparentes.

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Então, quando se fala em ambiente educacional promotor desenvolvimento do ser humano. A socialização e a apreensão
da Educação em Direitos Humanos deve-se considerar que de determinados conhecimentos acumulados ao longo da
esse tipo de educação se realiza na interação da experiência história da humanidade podem ser efetivados na ambiência da
pessoal e coletiva. Sendo assim, não é estática ou circunscrita educação básica por meio de suas diferentes modalidades e
a textos, declarações e códigos. Trata-se de um processo que múltiplas dimensionalidades, tais como a educação de jovens
se recria e se reelabora na intersubjetividade, nas vivências e e adultos, educação no campo, educação indígena, educação
relações dos sujeitos, na relação com o meio ambiente, nas quilombola, educação étnicorracial, educação em sexualidade,
práticas pedagógicas e sociais do cotidiano e nos conflitos educação ambiental, educação especial, dentre outras.
sociais, constituindo-se, assim, num modo de orientação e A vivência da Educação em Direitos Humanos, nesse nível
condução da vida. de ensino, deve ter o cotidiano como referência para analisá-
A esse respeito é importante lembrar que, inerentes à lo, compreendê-lo e modificá-lo. Isso requer o exercício da
convivência humana, os conflitos também se fazem presentes cidadania ativa de todos/as os/as envolvidos/as com a
nas instituições de educação. Estas são microcosmos sociais educação básica. Sendo a cidadania ativa entendida como o
onde as diversidades se encontram. Nelas estão presentes exercício que possibilita a prática sistemática dos direitos
valores, visões de mundo, necessidades, culturas, crenças, conquistados, bem como a ampliação de novos direitos. Nesse
preferências das mais diferentes ordens. O convívio com tal sentido, contribui para a defesa da garantia do direito à
diversidade, como se sabe, pode suscitar conflitos. educação básica pública, gratuita e laica para todas as pessoas,
Assim sendo, tais instituições devem analisar a realidade inclusive para os que a ela não tiveram acesso na idade
criticamente, permitindo que as diferentes visões de mundo se própria. É possível afirmar que essa garantia é condição para
encontrem e se confrontem por meio de processos pensar e estruturar a Educação em Direitos Humanos,
democráticos e procedimentos éticos e dialógicos, visando considerando que a efetividade do acesso às informações
sempre o enfrentamento das injustiças e das desigualdades. É possibilita a busca e a ampliação dos direitos.
dessa forma que o ambiente educativo favorecerá o Conforme estabelece o PNEDH (BRASIL, 2006, p. 23), “a
surgimento de indivíduos críticos capazes de analisar e avaliar universalização da educação básica, com indicadores precisos
a realidade a partir do parâmetro dos Direitos Humanos. de qualidade e de equidade, é condição essencial para a
Nesse sentido, o conflito no ambiente educacional é disseminação do conhecimento socialmente produzido e
pedagógico uma vez que por meio dele podem ser discutidos acumulado e para a democratização da sociedade”. Essa é a
diferentes interesses, sendo possível, com isso, firmar acordos principal função social da escola de educação básica.
pautados pelo respeito e promoção aos Direitos Humanos. A democratização da sociedade exige, necessariamente,
Além disso, a função pedagógica da mediação permite que os informação e conhecimento para que a pessoa possa situar-se
sujeitos em conflito possam lidar com suas divergências de no mundo, argumentar, reivindicar e ampliar novos direitos. A
forma autônoma, pacífica e solidária, por intermédio de um informação toma uma relevância maior quando se lida com os
diálogo capaz de empoderá-los para a participação ativa na vários tipos de conhecimentos e saberes, sejam eles
vida em comum, orientada por valores baseados na caracterizados como tecnológicos, instrumentais, populares,
solidariedade, justiça e igualdade. filosóficos, sociológicos, científicos, pedagógicos, entre outros
(SILVA,2010).
4. A Educação em Direitos Humanos nas instituições Mesmo sabendo que a escola não é o único lugar onde
de educação básica e educação superior esses conhecimentos são construídos, reconhece-se que é nela
A Educação em Direitos Humanos também ocorre onde eles são apresentados de modo mais sistemático. Ao
mediante a aproximação entre instituições educacionais e desempenhar essa importante função social, a escola pode ser
comunidade, a inserção de conhecimentos, valores e práticas compreendida, de acordo com o PNEDH como:
convergentes com os Direitos Humanos nos currículos de cada Um espaço social privilegiado onde se definem a ação
etapa e modalidade da educação básica, nos cursos de institucional pedagógica e a prática e vivência dos direitos
graduação e pós-graduação, nos Projetos Políticos humanos. [...] local de estruturação de concepções de mundo e
Pedagógicos das escolas (PPP), nos Planos de de consciência social, de circulação e de consolidação de valores,
Desenvolvimento Institucionais (PDI) e nos Programas de promoção da diversidade cultural, da formação para a
Pedagógicos de Curso (PPC) das instituições de educação cidadania, de constituição de sujeitos sociais e de
superior. Em suma, nos diferentes espaços e tempos que desenvolvimento de práticas pedagógicas (BRASIL, 2006, p.
instituem a vida escolar e acadêmica. 23).
A inserção dos conhecimentos concernentes à Educação Essa escola, Alain Touraine (1998) denomina de escola
em Direitos Humanos na organização dos currículos da democratizante, entendendo-a como aquela que assume o
Educação Básica e Educação Superior poderá se dar de compromisso de formar os indivíduos para serem atores
diferentes formas, como por exemplo: sociais, ensina a respeitar a liberdade do outro, os direitos
Pela transversalidade, por meio de temas relacionados aos individuais, a defesa dos interesses sociais e os valores
Direitos Humanos e tratados interdisciplinarmente; culturais, objetivando o combate a todos os tipos de
Como um conteúdo específico de uma das disciplinas já preconceitos e discriminações com qualquer segmento da
existentes no currículo escolar; sociedade.
De maneira mista, ou seja, combinando transversalidade e Nessa concepção, a Educação em Direitos Humanos não se
disciplinaridade; limita à contextualização e à explicação das variáveis sociais,
Não é demasiado lembrar que os sistemas de ensino e suas econômicas, políticas e culturais que interferem e orientam os
instituições têm autonomia para articular e adaptar essas processos educativos, embora ela seja imprescindível para a
possibilidades de implementação da EDH em suas orientações compreensão da sua construção. Faz parte dessa educação a
teóricas e práticas no processo educativo, observando os apreensão dos conteúdos que dão corpo a essa área, como a
princípios e objetivos gerais da Educação em Direitos história, os processos de evolução das conquistas e das
Humanos. Há, todavia, especificidades da Educação Básica e da violações dos direitos, as legislações, os pactos e acordos que
Educação Superior que precisam ser explicitadas. dão sustentabilidade e garantia aos direitos.
Além disso, os conteúdos devem estar associados ao
4.1 Na Educação Básica desenvolvimento de valores e de comportamentos éticos na
A escola de educação básica é um espaço privilegiado de perspectiva de que o ser humano é parte da natureza e sempre
formação pelas contribuições que possibilitam o incompleto em termos da sua formação. O ser humano por ter

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essa incompletude tem necessidade permanente de conhecer, Para a efetivação da educação com esses fundamentos
construir e reconstruir regras de convivência em sociedade. teórico-metodológicos será necessário o enfrentamento de
É importante destacar alguns princípios que norteiam a muitos desafios nos âmbitos legais e práticos das políticas
Educação em Direitos Humanos na Educação Básica, definidos educacionais brasileiras. Um dos maiores desafios que
no PNEDH (BRASIL, 2006) e referendados no Programa obstaculizam a concretização da EDH nos sistemas de ensino é
Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3 (BRASIL, 2010), no a inexistência, na formação dos/as profissionais nas diferentes
sentido de contribuir com os sistemas de ensino e suas áreas de conhecimento, de conteúdos e metodologias
instituições de educação na elaboração das suas respectivas fundados nos DH e na EDH.
propostas pedagógicas: Com relação a essa preocupação há uma recomendação
A Educação em Direitos Humanos além de ser um dos eixos explícita no Documento Final da Conferência Nacional de
fundamentais da educação básica, deve orientar a formação Educação 2010 (CONAE), na área específica da Educação em
inicial e continuada dos/as profissionais da educação, a Direitos Humanos, que se refere à ampliação da
elaboração do projeto político pedagógico, os materiais [...]
didático-pedagógicos, o modelo de gestão e a avaliação das “formação continuada dos/as profissionais da educação em
aprendizagens. todos os níveis e modalidades de ensino, de acordo com o Plano
A prática escolar deve ser orientada para a Educação em Nacional de Educação em Direitos Humanos e dos planos
Direitos Humanos, assegurando o seu caráter transversal e a estaduais de Direitos Humanos, visando à difusão, em toda a
relação dialógica entre os diversos atores sociais. comunidade escolar, de práticas pedagógicas que reconheçam e
Os/as estudantes devem ser estimulados/as para que valorizem a diversidade e a democracia participativa.” (BRASIL,
sejam protagonistas da construção de sua educação, com o 2010, p. 162)
incentivo, por exemplo, do fortalecimento de sua organização Ao lado do reconhecimento da existência de muitos
estudantil em grêmios escolares e em outros espaços de desafios, há o entendimento de que eles precisam ser
participação coletiva. enfrentados coletivamente para a garantia de uma educação
Participação da comunidade educativa na construção e de qualidade social que possibilita a inclusão e permanência
efetivação das ações da Educação em Direitos Humanos. dos/as estudantes com resultados positivos no ambiente
Cabe chamar a atenção para a importância de alicerçar o educacional e na sociedade quando assentada na perspectiva
Projeto Político Pedagógico nos princípios, valores e objetivos da EDH. Alguns desses desafios serão explicitados mais
da Educação em Direitos Humanos que deverão adiante.
transversalizar o conjunto das ações em que o currículo se
materializa. Propõe-se assim que, no currículo escolar, sejam 4.2 Na Educação Superior
incluídos conteúdos sobre a realidade social, ambiental, O Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos
política e cultural, dialogando com as problemáticas que estão (PMEDH- 2, 2010) tratando da sua implementação na
próximas da realidade desses estudantes. Com isso pretende- educação superior, destaca a responsabilidade das IES com a
se possibilitar a incorporação de conhecimentos e de vivências formação de cidadãos/ãs éticos/as comprometidos/as com a
democráticas, incluindo o estímulo a participação dos/as construção da paz, da defesa dos direitos humanos e dos
estudantes na vida escolar, inclusive na organização valores da democracia, além da responsabilidade de gerar
estudantil, para a busca e defesa dos direitos e conhecimento mundial visando atender os atuais desafios dos
responsabilidades coletivas. direitos humanos, como a erradicação da pobreza, do
Para que a instituição educativa se constitua em um preconceito e da discriminação.
ambiente educativo democrático, local de diferentes Sendo assim, as responsabilidades das IES com a Educação
aprendizagens, é necessário considerar também as diversas em Direitos Humanos no ensino superior estão ligadas aos
fases de desenvolvimento da criança, jovens e adultos processos de construção de uma sociedade mais justa, pautada
respeitando as suas individualidades enquanto sujeitos de no respeito e promoção dos Direitos Humanos, aspectos
direitos. Assim, os jogos e as brincadeiras devem ter por ratificados pelo PNEDH como forma de firmar o compromisso
princípios o respeito integral aos direitos do outro, a brasileiro com as orientações internacionais. Com base nessas,
convivência democrática, a sociabilidade socioambiental e a toda e qualquer ação de Educação em Direitos Humanos deve
solidariedade. contribuir para a construção de valores que visam a práxis
Sob a perspectiva da EDH as metodologias de ensino na transformadora da sociedade, perpassando os espaços e
educação básica devem privilegiar a participação ativa dos /as tempos da educação superior.
estudantes como construtores/as dos seus conhecimentos, de Vê-se, com isso, que a inserção da Educação em Direitos
forma problematizadora, interativa, participativa e dialógica. Humanos na Educação Superior deve ser transversalizada em
São exemplos das possibilidades que a vivência destas todas as esferas institucionais, abrangendo o ensino, a
metodologias pode possibilitar: pesquisa, a extensão e a gestão. No ensino, por exemplo, os
Construir normas de disciplinas e de organização da Direitos Humanos, nos projetos pedagógicos dos cursos e suas
escola, com a participação direta dos/as estudantes; atividades curriculares, podem ser incluídos como conteúdos
Discutir questões relacionadas à vida da comunidade, tais complementares e flexíveis, por meio de seminários e
como problemas de saúde, saneamento básico, educação, atividades interdisciplinares, como disciplinas obrigatórias
moradia, poluição dos rios e defesa do meio ambiente, e/ou optativas ou ainda de maneira mista, combinando mais
transporte, entre outros; de um modo de inserção por meio do diálogo com várias áreas
Trazer para a sala de aula exemplos de discriminações e de conhecimento. Como ação transversal e interdisciplinar,
preconceitos comuns na sociedade, a partir de situação- numa perspectiva crítica de currículo, a EDH propõe a relação
problema e discutir formas de resolvê-las; entre teoria e prática, entre as garantias formais e a efetivação
Tratar as datas comemorativas que permeiam o calendário dos direitos.
escolar de forma articulada com os conteúdos dos Direitos No que se refere à pesquisa, vale lembrar que, semelhante
Humanos de forma transversal, interdisciplinar e disciplinar; a qualquer área de conhecimento, o desenvolvimento de
Trabalhar os conteúdos curriculares integrando-os aos saberes e ações no campo da Educação em Direitos Humanos
conteúdos da área de DH, através das diferentes linguagens; se dá principalmente com o apoio de investigações
musical, corporal, teatral, literária, plástica, poética, entre especializadas. “A pesquisa científica nos mais variados
outras, com metodologias ativa, participativa e campos do conhecimento e da vida associativa produz
problematizadora. resultados passíveis de serem incorporados a programas e

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políticas de promoção da paz, do desenvolvimento, da justiça, conhecimento, uma vez que esses conteúdos não fizeram e, em
da igualdade e das liberdades” (ADORNO; CARDIA, 2008, geral, não fazem parte dos cursos de graduação e pós-
p.196), assim como da fraternidade. graduação, nem mesmo da Educação Básica (SILVA,
As demandas por conhecimentos na área dos direitos FERREIRA, 2010, p. 89). Sendo assim, compreende-se que a
humanos requerem uma política de incentivo que institua a formação destes/as profissionais deverá contemplar o
realização de estudos e pesquisas. Faz-se necessário, nesse conhecimento e o reconhecimento dos temas e questões dos
sentido, a criação de núcleos de estudos e pesquisas com Direitos Humanos com o intuito de desenvolver a capacidade
atuação em temáticas como violência, direitos humanos, de análise crítica a respeito do papel desses direitos na
segurança pública, criança e adolescente, relações de gênero, sociedade, na comunidade, na instituição, fazendo com que tais
identidade de gênero, diversidade de orientação sexual, profissionais se identifiquem e identifiquem sua instituição
diversidade cultural, dentre outros. como protetores e promotores destes direitos.
O Programa Nacional de Direitos Humanos III (2009) e o O segundo desafio diz respeito à valorização desses/as
Plano Nacional de educação em Direitos Humanos (2006) profissionais que deverão ser compreendidos/as e
reiteram a necessidade destes estudos e pesquisas, bem como tratados/as como sujeitos de direitos, o que implica, por parte
a criação, a longo prazo, dos Direitos Humanos como área de dos entes federados responsáveis pelas políticas educacionais,
conhecimento nos órgãos de fomento a pesquisa. Enfatizam garantir condições dignas de trabalho que atendam as
ainda a importância da organização de acervos e da memória necessidades básicas e do exercício profissional. Tal situação
institucional como valor democrático e pedagógico. requer o efetivo cumprimento das políticas de
Nas atividades de extensão, a inclusão dos Direitos profissionalização, assegurando garantias instituídas nos
Humanos no Plano Nacional de Extensão Universitária diversos planos de carreira de todos/as os/as
enfatiza o compromisso das universidades com a promoção e trabalhadores/as da educação.
a defesa dos Direitos Humanos. É oportuno lembrar, a este O terceiro diz respeito à socialização dos estudos e
respeito, a necessidade das Instituições de Ensino Superior experiências bem sucedidas desenvolvidos na área dos
atenderem demandas não só formativas, mas também de Direitos Humanos, realizados em instituições de ensino e
intervenção por meio da aproximação com os segmentos centros independentes, como institutos e organizações não
sociais em situação de exclusão social e violação de direitos, governamentais. Torna-se necessário, então, o fomento às
assim como os movimentos sociais e a gestão pública. À IES pesquisas em Educação em Direitos Humanos e nas temáticas
cabe, portanto, o papel de assessorar governos, organizações que a integram no âmbito das instituições de educação
sociais e a sociedade na implementação dos Direitos Humanos superior que, por sua vez, poderão promover encontros,
como forma de contribuição para a consolidação da seminários, colóquios e publicações de caráter interdisciplinar
democracia. a fim de divulgar os novos conhecimentos produzidos na área.
Na gestão, os direitos humanos devem ser incorporados na O quarto desafio a ser enfrentado pelas instituições de
cultura e gestão organizacional, no modo de mediação de educação e de ensino está ligado à perspectiva do respeito às
conflitos, na forma de lidar e reparar processos de violações diversidades como aspecto fundamental na reflexão sobre as
através de ouvidorias e comissões de direitos humanos, na diversas formas de violência que ocasionam a negação dos
representação institucional e intervenção social junto às Direitos Humanos. Nesse sentido, o reconhecimento político
esferas públicas de cidadania, a exemplo da participação das das diversidades, fruto da luta de vários movimentos sociais,
IES em conselhos, comitês e fóruns de direitos e políticas ainda se apresenta como necessidade urgente no ambiente
públicas. educacional, dadas as recorrentes situações de preconceitos e
As Instituições de Ensino Superior não estão isentas de discriminações que nele ocorrem.
graves violações de direitos. Muitas delas (re)produzem O quinto desafio se refere à compreensão ampla da
privilégios de classe e discriminações étnicas, raciais, de participação democrática requerida pela Educação em
orientação sexual, dentre outras. Mesmo com tantas Direitos Humanos. Nesse sentido, é preciso lembrar da
conquistas no campo jurídico-político, ainda persiste a falta de necessidade de representação de todos os segmentos que
igualdade de oportunidades de acesso e permanência na integram a comunidade escolar e acadêmica em seus
Educação Superior, sendo ainda necessária a implementação diferentes tempos e espaços. É dessa forma que se construirá
de políticas públicas que, efetivamente, revertam as situações o sentido de participação política entre os diferentes atores
de exclusão a que estão sujeitos muitos/as estudantes que compõem o ambiente escolar. No que diz respeito à
brasileiros/as. participação na construção do conhecimento, é imprescindível
Espera-se de uma IES que contemple os Direitos Humanos considerar o protagonismo discente e docente, favorecendo as
como seus princípios orientadores e a Educação em Direitos suas participações ativas.
Humanos como parte do processo educativo. Sem o respeito O sexto desafio refere-se à necessidade de criação de
aos Direitos Humanos não será possível consolidar uma políticas de produção de materiais didáticos e paradidáticos,
democracia substancial, nem garantir uma vida de qualidade tendo como princípios orientadores o respeito à dignidade
para todos/as. Será preciso o compromisso com a construção humana e a diversidade cultural e socioambiental, na
de uma cultura de direitos, contribuindo para o bem estar de perspectiva de educar para a consolidação de uma cultura de
todos/as e afirmação das suas condições de sujeitos de Direitos Humanos nos sistemas de ensino.
direitos. O sétimo desafio está ligado ao reconhecimento da
importância da Educação em Direitos Humanos e sua relação
5. Desafios com a mídia e as tecnologias da informação e comunicação. O
Ter leis que garantam direitos não significa que estes caráter crítico da informação e da comunicação deverá se
sejam (re)conhecidos e vivenciados no ambiente educacional, pautar nos direitos humanos, favorecendo a democratização
bem como nas demais instituições sociais. Diante disso, torna- do acesso e a reflexão dos conteúdos veiculados. A garantia do
se premente a efetivação de uma cultura dos Direitos direito humano deve considerar também a livre expressão de
Humanos, reafirmando a importância do papel da Educação pensamento, como forma de combate a toda forma de censura
em Direitos Humanos. No entanto, para se alcançar tal objetivo ou exclusão.
é necessário enfrentar alguns desafios. Por fim, posto que direitos humanos e educação em
O primeiro deles é a formação, pautada nas questões direitos humanos são indissociáveis, o oitavo desafio se refere
pertinentes aos Direitos Humanos, de todos/as os/as à efetivação dos marcos teórico-práticos do diálogo
profissionais da educação nas diferentes áreas do intercultural ao nível local e global, de modo a garantir o

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reconhecimento e valorização das diversidades socioculturais, Art. 3º A Educação em Direitos Humanos, com a finalidade
o combate às múltiplas opressões, o exercício da tolerância e de promover a educação para a mudança e a transformação
da solidariedade, tendo em vista a construção de uma cultura social, fundamenta-se nos seguintes princípios:
em direitos humanos capaz de constituir cidadãos/ãs I - dignidade humana;
comprometidos/as com a democracia, a justiça e a paz. II - igualdade de direitos;
III - reconhecimento e valorização das diferenças e das
II – VOTO DA COMISSÃO diversidades;
Ao aprovar este Parecer e o Projeto de Resolução anexo, a IV - laicidade do Estado;
comissão bicameral de Educação em Direitos Humanos V - democracia na educação;
submete-os ao Conselho Pleno para decisão. VI - transversalidade, vivência e globalidade; e
VII - sustentabilidade socioambiental.
Brasília (DF), 6 de março de 2012.
Art. 4º A Educação em Direitos Humanos como processo
III – DECISÃO DO CONSELHO PLENO sistemático e multidimensional, orientador da formação
O Conselho Pleno aprova, por unanimidade, o voto da integral dos sujeitos de direitos, articula-se às seguintes
Comissão. dimensões:
I - apreensão de conhecimentos historicamente
Plenário, 6 de março de 2012. construídos sobre direitos humanos e a sua relação com os
Conselheiro Antonio Carlos Caruso Ronca – Presidente contextos internacional, nacional e local;
II - afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que
RESOLUÇÃO Nº 1, DE 30 DE MAIO DE 20124 expressem a cultura dos direitos humanos em todos os
espaços da sociedade;
O Presidente do Conselho Nacional de Educação, no uso de III - formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer
suas atribuições legais e tendo em vista o disposto nas Leis nos presente em níveis cognitivo, social, cultural e político;
9.131, de 24 de novembro de 1995, e 9.394, de 20 de dezembro IV - desenvolvimento de processos metodológicos
de 1996, com fundamento no Parecer CNE/CP nº 8/2012, participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens
homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado da e materiais didáticos contextualizados; e
Educação, publicado no DOU de 30 de maio de 2012, V - fortalecimento de práticas individuais e sociais que
gerem ações e instrumentos em favor da promoção, da
CONSIDERANDO o que dispõe a Declaração Universal dos proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como da
Direitos Humanos de 1948; a Declaração das Nações Unidas reparação das diferentes formas de violação de direitos.
sobre a Educação e Formação em Direitos Humanos
(Resolução A/66/137/2011); a Constituição Federal de 1988; Art. 5º A Educação em Direitos Humanos tem como
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº objetivo central a formação para a vida e para a convivência,
9.394/1996); o Programa Mundial de Educação em Direitos no exercício cotidiano dos Direitos Humanos como forma de
Humanos (PMEDH 2005/2014), o Programa Nacional de vida e de organização social, política, econômica e cultural nos
Direitos Humanos (PNDH-3/Decreto nº 7.037/2009); o Plano níveis regionais, nacionais e planetário.
Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH/2006); e § 1º Este objetivo deverá orientar os sistemas de ensino e
as diretrizes nacionais emanadas pelo Conselho Nacional de suas instituições no que se refere ao planejamento e ao
Educação, bem como outros documentos nacionais e desenvolvimento de ações de Educação em Direitos Humanos
internacionais que visem assegurar o direito à educação a adequadas às necessidades, às características biopsicossociais
todos(as), e culturais dos diferentes sujeitos e seus contextos.
§ 2º Os Conselhos de Educação definirão estratégias de
RESOLVE acompanhamento das ações de Educação em Direitos
Humanos.
Art. 1º A presente Resolução estabelece as Diretrizes
Nacionais para a Educação em Direitos Humanos (EDH) a Art. 6º A Educação em Direitos Humanos, de modo
serem observadas pelos sistemas de ensino e suas instituições. transversal, deverá ser considerada na construção dos
Projetos Político-Pedagógicos (PPP); dos Regimentos
Art. 2º A Educação em Direitos Humanos, um dos eixos Escolares; dos Planos de Desenvolvimento Institucionais
fundamentais do direito à educação, refere-se ao uso de (PDI); dos Programas Pedagógicos de Curso (PPC) das
concepções e práticas educativas fundadas nos Direitos Instituições de Educação Superior; dos materiais didáticos e
Humanos e em seus processos de promoção, proteção, defesa pedagógicos; do modelo de ensino, pesquisa e extensão; de
e aplicação na vida cotidiana e cidadã de sujeitos de direitos e gestão, bem como dos diferentes processos de avaliação.
de responsabilidades individuais e coletivas.
§ 1º Os Direitos Humanos, internacionalmente Art. 7º A inserção dos conhecimentos concernentes à
reconhecidos como um conjunto de direitos civis, políticos, Educação em Direitos Humanos na organização dos currículos
sociais, econômicos, culturais e ambientais, sejam eles da Educação Básica e da Educação Superior poderá ocorrer
individuais, coletivos, transindividuais ou difusos, referem-se das seguintes formas:
à necessidade de igualdade e de defesa da dignidade humana. I - pela transversalidade, por meio de temas relacionados
§ 2º Aos sistemas de ensino e suas instituições cabe a aos Direitos Humanos e tratados interdisciplinarmente;
efetivação da Educação em Direitos Humanos, implicando a II - como um conteúdo específico de uma das disciplinas já
adoção sistemática dessas diretrizes por todos(as) os(as) existentes no currículo escolar;
envolvidos(as) nos processos educacionais. III - de maneira mista, ou seja, combinando
transversalidade e disciplinaridade.
Parágrafo único. Outras formas de inserção da Educação
em Direitos Humanos poderão ainda ser admitidas na

4Resolução CNE/CP 1/2012. Diário Oficial da União, Brasília, 31 de maio de 2012


– Seção 1 – p. 48.

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organização curricular das instituições educativas desde que ( ) A educação em direitos humanos, por seu caráter
observadas as especificidades dos níveis e modalidades da coletivo e participativo, deve ocorrer em espaços marcados
Educação Nacional. pelo entendimento mútuo, respeito e responsabilidade.
( ) A escola deve assegurar que os objetivos e as práticas a
Art. 8º A Educação em Direitos Humanos deverá orientar a serem adotados sejam coerentes com os valores e princípios
formação inicial e continuada de todos(as) os(as) profissionais da educação em direitos humanos.
da educação, sendo componente curricular obrigatório nos ( ) A educação em direitos humanos deve ser um dos eixos
cursos destinados a esses profissionais. fundamentais da educação básica e permear o currículo e a
formação inicial e continuada dos profissionais da educação.
Art. 9º A Educação em Direitos Humanos deverá estar
presente na formação inicial e continuada de todos(as) os(as) As afirmativas são, respectivamente,
profissionais das diferentes áreas do conhecimento. A) V, V e V.
B) F, V e F.
Art. 10. Os sistemas de ensino e as instituições de pesquisa C) V, V e F.
deverão fomentar e divulgar estudos e experiências bem D) F, V e V.
sucedidas realizados na área dos Direitos Humanos e da E) F, F e V.
Educação em Direitos Humanos.
04. (TJ/RS – Pedagogo judiciário – FAURGS/2016) O
Art. 11. Os sistemas de ensino deverão criar políticas de Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos afirma: “(...)
produção de materiais didáticos e paradidáticos, tendo como a mobilização global para a educação em direitos humanos
princípios orientadores os Direitos Humanos e, por extensão, está imbricada no conceito de educação para uma cultura
a Educação em Direitos Humanos. democrática, na compreensão dos contextos nacional e
internacional, nos valores da tolerância, da solidariedade, da
Art. 12. As Instituições de Educação Superior estimularão justiça social e na sustentabilidade, na inclusão e na
ações de extensão voltadas para a promoção de Direitos pluralidade”.
Humanos, em diálogo com os segmentos sociais em situação Assinale a alternativa que apresenta o princípio fundante
de exclusão social e violação de direitos, assim como com os dos Direitos Humanos:
movimentos sociais e a gestão pública.
A) Todos são iguais perante a lei, sem discriminação de
Art. 13. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua sexo, raça ou religião.
publicação. B) É necessário acabar com as diferenças sociais e
promover programas sociais.
ANTONIO CARLOS CARUSO RONCA C) Os indivíduos são portadores de direitos inalienáveis,
que devem ser reconhecidos pelo sistema de justiça.
Questões D) Os direitos humanos foram construídos
historicamente como parte de um referencial religioso.
01 (SEDUC/AM – Professor – Língua Portuguesa – FGV) E) Os direitos humanos significam que todos têm direito
A respeito dos objetivos do Plano Nacional de Educação em a ter direitos, e que os mesmos não decorrem nem de Deus,
Direitos Humanos, assinale V para a afirmativa verdadeira e F nem da autoridade, mas da condição de ser humano.
para a falsa.
Respostas
( ) Direcionar as políticas educacionais para uma cultura
de direitos humanos. 01. Alternativa A
( ) Incentivar a criação de instituições e de organizações Todas as assertivas são consideradas corretas, pois como
que valorizem a educação em direitos humanos. vimos, o objetivo da Educação em Direitos Humanos é a
( ) Incentivar o acesso de pessoas com deficiência nas ações construção de uma sociedade que valorize e ofereça condições
de educação em direitos humanos. para a garantia da dignidade humana.

As afirmativas são, respectivamente, 02. Certo


A) V, V e V. Conforme o artigo 3º da Resolução 01, de 30 de maio de
B) V, V e F 2012, que trata sobre os princípios da Educação em Direitos
C) V, F e F. Humanos, a sustentabilidade socioambiental está presente em
D) F, V e V seu inciso VII, assim a questão está correta.
E) F, F e V.
Art. 3º A Educação em Direitos Humanos, com a finalidade
de promover a educação para a mudança e a transformação
02. (MEC – Analista Educacional – CESPE) Julgue o item, social, fundamenta-se nos seguintes princípios:
acerca das Diretrizes Nacionais para Educação em Direitos I - dignidade humana;
Humanos. “Com a finalidade de promover a educação para a II - igualdade de direitos;
mudança e a transformação social, um dos princípios que III - reconhecimento e valorização das diferenças e das
fundamentam a educação em direitos humanos é a diversidades;
sustentabilidade socioambiental.” IV - laicidade do Estado;
( ) Certo V - democracia na educação;
( ) Errado VI - transversalidade, vivência e globalidade; e
VII - sustentabilidade socioambiental.
03. (CONDER – Pedagogo – FGV) Com relação aos
princípios norteadores da educação em direitos humanos na 03. Alternativa A
Educação Básica, assinale V para a afirmativa verdadeira e F Para responder a questão, o candidato deverá utilizar
para a falsa. novamente do artigo 3º da Resolução 01, de 30 de maio de
2012, que trata sobre os princípios da Educação em Direitos

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Humanos, e sua interpretação é de fundamental importância c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e


para a resolução da questão. d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade;
IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça
04. Alternativa E e Combate à Violência:
O enunciado fala sobre o princípio fundante dos Direitos a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema
Humanos e, este, deve ser analisado sob a seguinte de segurança pública;
perspectiva: b) Diretriz 12: Transparência e participação popular no
"Se, no mundo contemporâneo, os direitos humanos sistema de segurança pública e justiça criminal;
pressupõem a cidadania como meio para a sua proteção, o c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e
direito a ter direitos deve ser o primeiro direto humano profissionalização da investigação de atos criminosos;
assegurado a todos."5 d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com
ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalidade
policial e carcerária;
e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes
IV - Programa Nacional e de proteção das pessoas ameaçadas;
Direitos Humanos. f) Diretriz 16: Modernização da política de execução penal,
priorizando a aplicação de penas e medidas alternativas à
privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; e
g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais
DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009. acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia e a
defesa de direitos;
APROVA O PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos
HUMANOS - PNDH-3 E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. Humanos:
a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que política nacional de educação em Direitos Humanos para
lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, fortalecer uma cultura de direitos;
b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da
DECRETA: democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de educação
básica, nas instituições de ensino superior e nas instituições
Art. 1o Fica aprovado o Programa Nacional de Direitos formadoras;
Humanos - PNDH-3, em consonância com as diretrizes, c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal
objetivos estratégicos e ações programáticas estabelecidos, na como espaço de defesa e promoção dos Direitos Humanos;
forma do Anexo deste Decreto. d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos
Humanos no serviço público; e
Art. 2o O PNDH-3 será implementado de acordo com os e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação
seguintes eixos orientadores e suas respectivas diretrizes: democrática e ao acesso à informação para consolidação de
I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e uma cultura em Direitos Humanos; e
sociedade civil: VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade:
a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade
sociedade civil como instrumento de fortalecimento da como Direito Humano da cidadania e dever do Estado;
democracia participativa; b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como construção pública da verdade; e
instrumento transversal das políticas públicas e de interação c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada
democrática; e com promoção do direito à memória e à verdade, fortalecendo
c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de a democracia.
informações em Direitos Humanos e construção de Parágrafo único. A implementação do PNDH-3, além dos
mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação; responsáveis nele indicados, envolve parcerias com outros
II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos órgãos federais relacionados com os temas tratados nos eixos
Humanos: orientadores e suas diretrizes.
a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento
sustentável, com inclusão social e econômica, ambientalmente Art. 3o As metas, prazos e recursos necessários para a
equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e implementação do PNDH-3 serão definidos e aprovados em
regionalmente diverso, participativo e não discriminatório; Planos de Ação de Direitos Humanos bianuais.
b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito
central do processo de desenvolvimento; e Art. 4o Fica instituído o Comitê de Acompanhamento e
c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais Monitoramento do PNDH-3, com a finalidade de:
como Direitos Humanos, incluindo as gerações futuras como I - promover a articulação entre os órgãos e entidades
sujeitos de direitos; envolvidos na implementação das suas ações programáticas;
III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um II - elaborar os Planos de Ação dos Direitos Humanos;
contexto de desigualdades: III - estabelecer indicadores para o acompanhamento,
a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma monitoramento e avaliação dos Planos de Ação dos Direitos
universal, indivisível e interdependente, assegurando a Humanos;
cidadania plena; IV - acompanhar a implementação das ações e
b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e recomendações; e
adolescentes para o seu desenvolvimento integral, de forma V - elaborar e aprovar seu regimento interno.
não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e § 1o O Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do
participação; PNDH-3 será integrado por um representante e respectivo

5DIREITOS DO HOMEM OU DO CIDADÃO? O DIREITO A TER DIREITOS.-Mario


Thadeu Leme de Barros Filho e Marco Antonio Loschiavo Leme de Barros.

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suplente de cada órgão a seguir descrito, indicados pelos


respectivos titulares: V - Plano Nacional de
I - Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência
da República, que o coordenará; Educação em Direitos
II - Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Humanos.
Presidência da República;
III - Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial da Presidência da República;
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos6
IV - Secretaria-Geral da Presidência da República;
V - Ministério da Cultura;
Objetivos gerais
VI - Ministério da Educação;
VII - Ministério da Justiça;
São objetivos gerais do PNEDH:
VIII - Ministério da Pesca e Aqüicultura;
a) destacar o papel estratégico da educação em direitos
IX - Ministério da Previdência Social;
humanos para o fortalecimento do Estado Democrático de
X - Ministério da Saúde;
Direito;
XI - Ministério das Cidades;
b) enfatizar o papel dos direitos humanos na construção de
XII - Ministério das Comunicações;
uma sociedade justa, equitativa e democrática;
XIII - Ministério das Relações Exteriores;
c) encorajar o desenvolvimento de ações de educação em
XIV - Ministério do Desenvolvimento Agrário;
direitos humanos pelo poder público e a sociedade civil por
XV - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
meio de ações conjuntas;
Fome;
d) contribuir para a efetivação dos compromissos
XVI - Ministério do Esporte;
internacionais e nacionais com a educação em direitos
XVII - Ministério do Meio Ambiente;
humanos;
XVIII - Ministério do Trabalho e Emprego;
e) estimular a cooperação nacional e internacional na
XIX - Ministério do Turismo;
implementação de ações de educação em direitos humanos;
XX - Ministério da Ciência e Tecnologia; e
f) propor a transversalidade da educação em direitos
XXI - Ministério de Minas e Energia.
humanos nas políticas públicas, estimulando o
§ 2o O Secretário Especial dos Direitos Humanos da
desenvolvimento institucional e interinstitucional das ações
Presidência da República designará os representantes do
previstas no PNEDH nos mais diversos setores (educação,
Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do PNDH-3.
saúde, comunicação, cultura, segurança e justiça, esporte e
§ 3o O Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do
lazer, dentre outros);
PNDH-3 poderá constituir subcomitês temáticos para a
g) avançar nas ações e propostas do Programa Nacional de
execução de suas atividades, que poderão contar com a
Direitos Humanos (PNDH) no que se refere às questões da
participação de representantes de outros órgãos do Governo
educação em direitos humanos;
Federal.
h) orientar políticas educacionais direcionadas para a
§ 4o O Comitê convidará representantes dos demais
constituição de uma cultura de direitos humanos;
Poderes, da sociedade civil e dos entes federados para
i) estabelecer objetivos, diretrizes e linhas de ações para a
participarem de suas reuniões e atividades.
elaboração de programas e projetos na área da educação em
direitos humanos;
Art. 5o Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os
j) estimular a reflexão, o estudo e a pesquisa voltados para
órgãos do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do
a educação em direitos humanos;
Ministério Público, serão convidados a aderir ao PNDH-3.
k) incentivar a criação e o fortalecimento de instituições e
organizações nacionais, estaduais e municipais na perspectiva
Art. 6o Este Decreto entra em vigor na data de sua
da educação em direitos humanos;
publicação.
l) balizar a elaboração, implementação, monitoramento,
avaliação e atualização dos Planos de Educação em Direitos
Art. 7o Fica revogado o Decreto no 4.229, de 13 de maio de
Humanos dos estados e municípios;
2002.
m) incentivar formas de acesso às ações de educação em
direitos humanos a pessoas com deficiência.
Brasília, 21 de dezembro de 2009; 188o da Independência
e 121o da República.
Linhas gerais de ação
Caro (a) candidato (a), os arquivos em anexo, podem ser
Desenvolvimento normativo e institucional
encontrados no endereço: <https://goo.gl/DDdCio>.
a) Consolidar o aperfeiçoamento da legislação aplicável à
educação em direitos humanos;
b) propor diretrizes normativas para a educação em
direitos humanos;
c) apresentar aos órgãos de fomento à pesquisa e pós-
graduação proposta de reconhecimento dos direitos humanos
como área de conhecimento interdisciplinar, tendo, entre
outras, a educação em direitos humanos como subárea;
d) propor a criação de unidades específicas e programas
interinstitucionais para coordenar e desenvolver ações de
educação em direitos humanos nos diversos órgãos da
administração pública;
e) institucionalizar a categoria educação em direitos
humanos no Prêmio Direitos Humanos do governo federal;

6Texto adaptado de Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da


Educação, Ministério da Justiça, UNESCO

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f) sugerir a inclusão da temática dos direitos humanos nos b) oportunizar ações de ensino, pesquisa e extensão com
concursos para todos os cargos públicos em âmbito federal, foco na educação em direitos humanos, na formação inicial dos
distrital, estadual e municipal; profissionais de educação e de outras áreas;
g) incluir a temática da educação em direitos humanos nas c) estabelecer diretrizes curriculares para a formação
conferências nacionais, estaduais e municipais de direitos inicial e continuada de profissionais em educação em direitos
humanos e das demais políticas públicas; humanos, nos vários níveis e modalidades de ensino;
h) fortalecer o Comitê Nacional de Educação em Direitos d) incentivar a interdisciplinaridade e a
Humanos; transdisciplinaridade na educação em direitos humanos;
i) propor e/ou apoiar a criação e a estruturação dos e) inserir o tema dos direitos humanos como conteúdo
Comitês Estaduais, Municipais e do Distrito Federal de curricular na formação de agentes sociais públicos e privados.
Educação em Direitos Humanos.
Gestão de programas e projetos
Produção de informação e conhecimento
a) Sugerir a criação de programas e projetos de educação
a) Promover a produção e disseminação de dados e em direitos humanos em parceria com diferentes órgãos do
informações sobre educação em direitos humanos por Executivo, Legislativo e Judiciário, de modo a fortalecer o
diversos meios, de modo a sensibilizar a sociedade e garantir processo de implementação dos eixos temáticos do PNEDH;
acessibilidade às pessoas com deficiências14; b) prever a inclusão, no orçamento da União, do Distrito
b) publicizar os mecanismos de proteção nacionais e Federal, dos estados e municípios, de dotação orçamentária e
internacionais; financeira específica para a implementação das ações de
c) estimular a realização de estudos e pesquisas para educação em direitos humanos previstas no PNEDH; c) captar
subsidiar a educação em direitos humanos; recursos financeiros junto ao setor privado e agências de
d) incentivar a sistematização e divulgação de práticas de fomento, com vistas à implementação do PNEDH.
educação em direitos humanos.
Avaliação e monitoramento
Realização de parcerias e intercâmbios internacionais a) Definir estratégias e mecanismos de avaliação e
a) Incentivar a realização de eventos e debates sobre monitoramento da execução física e financeira dos programas,
educação em direitos humanos; projetos e ações do PNEDH;
b) apoiar e fortalecer ações internacionais de cooperação b) acompanhar, monitorar e avaliar os programas,
em educação em direitos humanos; projetos e ações de educação em direitos humanos, incluindo
c) promover e fortalecer a cooperação e o intercâmbio a execução orçamentária dos mesmos;
internacional de experiências sobre a elaboração, c) elaborar anualmente o relatório de implementação do
implementação e implantação de Planos Nacionais de PNEDH.
Educação em Direitos Humanos, especialmente em âmbito
regional; EDUCAÇÃO BÁSICA
d) apoiar e fortalecer o Grupo de Trabalho em Educação e
Cultura em Direitos Humanos criado pela V Reunião de Altas Concepção e princípios
Autoridades Competentes em Direitos Humanos e
Chancelarias do MERCOSUL; A educação em direitos humanos vai além de uma
e) promover o intercâmbio entre redes nacionais e aprendizagem cognitiva, incluindo o desenvolvimento social e
internacionais de direitos humanos e educação, a exemplo do emocional de quem se envolve no processo ensino-
Fórum Internacional de Educação em Direitos Humanos, do aprendizagem (Programa Mundial de Educação em Direitos
Fórum Educacional do MERCOSUL, da Rede Latino-Americana Humanos – PMEDH/2005). A educação, nesse entendimento,
de Educação em Direitos Humanos, dos Comitês Nacional e deve ocorrer na comunidade escolar em interação com a
Estaduais de Educação em Direitos Humanos, entre outras. comunidade local.
Assim, a educação em direitos humanos deve abarcar
Produção e divulgação de materiais questões concernentes aos campos da educação formal, à
escola, aos procedimentos pedagógicos, às agendas e
a) Fomentar a produção de publicações sobre educação em instrumentos que possibilitem uma ação pedagógica
direitos humanos, subsidiando as áreas do PNEDH; conscientizadora e libertadora, voltada para o respeito e
b) promover e apoiar a produção de recursos pedagógicos valorização da diversidade, aos conceitos de sustentabilidade
especializados e a aquisição de materiais e equipamentos para e de formação da cidadania ativa.
a educação em direitos humanos, em todos os níveis e A universalização da educação básica, com indicadores
modalidades da educação, acessíveis para pessoas com precisos de qualidade e de equidade, é condição essencial para
deficiência; a disseminação do conhecimento socialmente produzido e
c) incluir a educação em direitos humanos no Programa acumulado e para a democratização da sociedade.
Nacional do Livro Didático e outros programas de livro e Não é apenas na escola que se produz e reproduz o
leitura; conhecimento, mas é nela que esse saber aparece
d) disponibilizar materiais de educação em direitos sistematizado e codificado. Ela é um espaço social privilegiado
humanos em condições de acessibilidade e formatos onde se definem a ação institucional pedagógica e a prática e
adequados para as pessoas com deficiência, bem como vivência dos direitos humanos. Nas sociedades
promover o uso da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) em contemporâneas, a escola é local de estruturação de
eventos ou divulgação em mídia. concepções de mundo e de consciência social, de circulação e
de consolidação de valores, de promoção da diversidade
Formação e capacitação de profissionais cultural, da formação para a cidadania, de constituição de
a) Promover a formação inicial e continuada dos sujeitos sociais e de desenvolvimento de práticas pedagógicas.
profissionais, especialmente aqueles da área de educação e de O processo formativo pressupõe o reconhecimento da
educadores(as) sociais em direitos humanos, contemplando as pluralidade e da alteridade, condições básicas da liberdade
áreas do PNEDH; para o exercício da crítica, da criatividade, do debate de ideias

Conhecimentos Pedagógicos 73
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e para o reconhecimento, respeito, promoção e valorização da 7. tornar a educação em direitos humanos um elemento
diversidade. relevante para a vida dos(as) alunos(as) e dos(as)
Para que esse processo ocorra e a escola possa contribuir trabalhadores(as) da educação, envolvendo-os(as) em um
para a educação em direitos humanos, é importante garantir diálogo sobre maneiras de aplicar os direitos humanos em sua
dignidade, igualdade de oportunidades, exercício da prática cotidiana;
participação e da autonomia aos membros da comunidade 8. promover a inserção da educação em direitos humanos
escolar. nos processos de formação inicial e continuada dos(as)
Democratizar as condições de acesso, permanência e trabalhadores(as) em educação, nas redes de ensino e nas
conclusão de todos(as) na educação infantil, ensino unidades de internação e atendimento de adolescentes em
fundamental e médio, e fomentar a consciência social crítica cumprimento de medidas socioeducativas, incluindo, dentre
devem ser princípios norteadores da Educação Básica. É outros(as), docentes, não-docentes, gestores (as) e leigos(as);
necessário concentrar esforços, desde a infância, na formação 9. fomentar a inclusão, no currículo escolar, das temáticas
de cidadãos(ãs), com atenção especial às pessoas e segmentos relativas a gênero, identidade de gênero, raça e etnia, religião,
sociais historicamente excluídos e discriminados. orientação sexual, pessoas com deficiências, entre outros, bem
A educação em direitos humanos deve ser promovida em como todas as formas de discriminação e violações de direitos,
três dimensões: a) conhecimentos e habilidades: compreender assegurando a formação continuada dos(as)
os direitos humanos e os mecanismos existentes para a sua trabalhadores(as) da educação para lidar criticamente com
proteção, assim como incentivar o exercício de habilidades na esses temas;
vida cotidiana; b) valores, atitudes e comportamentos: 10. apoiar a implementação de projetos culturais e
desenvolver valores e fortalecer atitudes e comportamentos educativos de enfrentamento a todas as formas de
que respeitem os direitos humanos; c) ações: desencadear discriminação e violações de direitos no ambiente escolar;
atividades para a promoção, defesa e reparação das violações 11. favorecer a inclusão da educação em direitos humanos
aos direitos humanos. nos projetos político- pedagógicos das escolas, adotando as
São princípios norteadores da educação em direitos práticas pedagógicas democráticas presentes no cotidiano;
humanos na educação básica: 12. apoiar a implementação de experiências de interação
a) a educação deve ter a função de desenvolver uma da escola com a comunidade, que contribuam para a formação
cultura de direitos humanos em todos os espaços sociais; da cidadania em uma perspectiva crítica dos direitos
b) a escola, como espaço privilegiado para a construção e humanos;
consolidação da cultura de direitos humanos, deve assegurar 13. incentivar a elaboração de programas e projetos
que os objetivos e as práticas a serem adotados sejam pedagógicos, em articulação com a rede de assistência e
coerentes com os valores e princípios da educação em direitos proteção social, tendo em vista prevenir e enfrentar as
humanos; diversas formas de violência;
c) a educação em direitos humanos, por seu caráter 14. apoiar expressões culturais cidadãs presentes nas artes
coletivo, democrático e participativo, deve ocorrer em espaços e nos esportes, originadas nas diversas formações étnicas de
marcados pelo entendimento mútuo, respeito e nossa sociedade;
responsabilidade; 15. favorecer a valorização das expressões culturais
d) a educação em direitos humanos deve estruturar-se na regionais e locais pelos projetos político-pedagógicos das
diversidade cultural e ambiental, garantindo a cidadania, o escolas;
acesso ao ensino, permanência e conclusão, a equidade 16. dar apoio ao desenvolvimento de políticas públicas
(étnico-racial, religiosa, cultural, territorial, físico-individual, destinadas a promover e garantir a educação em direitos
geracional, de gênero, de orientação sexual, de opção política, humanos às comunidades quilombolas e aos povos indígenas,
de nacionalidade, dentre outras) e a qualidade da educação; bem como às populações das áreas rurais e ribeirinhas,
e) a educação em direitos humanos deve ser um dos eixos assegurando condições de ensino e aprendizagem adequadas
fundamentais da educação básica e permear o currículo, a e específicas aos educadores e educandos;
formação inicial e continuada dos profissionais da educação, o 17. incentivar a organização estudantil por meio de
projeto político pedagógico da escola, os materiais didático- grêmios, associações, observatórios, grupos de trabalhos entre
pedagógicos, o modelo de gestão e a avaliação; outros, como forma de aprendizagem dos princípios dos
f) a prática escolar deve ser orientada para a educação em direitos humanos, da ética, da convivência e da participação
direitos humanos, assegurando o seu caráter transversal e a democrática na escola e na sociedade;
relação dialógica entre os diversos atores sociais. 18. estimular o fortalecimento dos Conselhos Escolares
como potenciais agentes promotores da educação em direitos
Ações programáticas humanos no âmbito da escola;
19. apoiar a elaboração de programas e projetos de
1. Propor a inserção da educação em direitos humanos nas educação em direitos humanos nas unidades de atendimento
diretrizes curriculares da educação básica; e internação de adolescentes que cumprem medidas
2. integrar os objetivos da educação em direitos humanos socioeducativas, para estes e suas famílias;
aos conteúdos, recursos, metodologias e formas de avaliação 20. promover e garantir a elaboração e a implementação
dos sistemas de ensino; de programas educativos que assegurem, no sistema
3. estimular junto aos profissionais da educação básica, penitenciário, processos de formação na perspectiva crítica
suas entidades de classe e associações, a reflexão teórico- dos direitos humanos, com a inclusão de atividades
metodológica acerca da educação em direitos humanos; profissionalizantes, artísticas, esportivas e de lazer para a
4. desenvolver uma pedagogia participativa que inclua população prisional;
conhecimentos, análises críticas e habilidades para promover 21. dar apoio técnico e financeiro às experiências de
os direitos humanos; formação de estudantes como agentes promotores de direitos
5. incentivar a utilização de mecanismos que assegurem o humanos em uma perspectiva crítica;
respeito aos direitos humanos e sua prática nos sistemas de 22. fomentar a criação de uma área específica de direitos
ensino; humanos, com funcionamento integrado, nas bibliotecas
6. construir parcerias com os diversos membros da públicas;
comunidade escolar na implementação da educação em
direitos humanos;

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23. propor a edição de textos de referência e bibliografia brasileira, tendo em vista a promoção do desenvolvimento, da
comentada, revistas, gibis, filmes e outros materiais justiça social, da democracia, da cidadania e da paz.
multimídia em educação em direitos humanos; O Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos
24. incentivar estudos e pesquisas sobre as violações dos (ONU, 2005), ao propor a construção de uma cultura universal
direitos humanos no sistema de ensino e outros temas de direitos humanos por meio do conhecimento, de
relevantes para desenvolver uma cultura de paz e cidadania; habilidades e atitudes, aponta para as instituições de ensino
25. propor ações fundamentadas em princípios de superior a nobre tarefa de formação de cidadãos(ãs) hábeis
convivência, para que se construa uma escola livre de para participar de uma sociedade livre, democrática e
preconceitos, violência, abuso sexual, intimidação e punição tolerante com as diferenças étnico-racial, religiosa, cultural,
corporal, incluindo procedimentos para a resolução de territorial, físico-individual, geracional, de gênero, de
conflitos e modos de lidar com a violência e perseguições ou orientação sexual, de opção política, de nacionalidade, dentre
intimidações, por meio de processos participativos e outras.
democráticos; No ensino, a educação em direitos humanos pode ser
26. apoiar ações de educação em direitos humanos incluída por meio de diferentes modalidades, tais como,
relacionadas ao esporte e lazer, com o objetivo de elevar os disciplinas obrigatórias e optativas, linhas de pesquisa e áreas
índices de participação da população, o compromisso com a de concentração, transversalização no projeto político-
qualidade e a universalização do acesso às práticas do acervo pedagógico, entre outros.
popular e erudito da cultura corporal; Na pesquisa, as demandas de estudos na área dos direitos
27. promover pesquisas, em âmbito nacional, envolvendo humanos requerem uma política de incentivo que institua esse
as secretarias estaduais e municipais de educação, os tema como área de conhecimento de caráter interdisciplinar e
conselhos estaduais, a UNDIME e o CONSED sobre transdisciplinar.
experiências de educação em direitos humanos na educação Na extensão universitária, a inclusão dos direitos humanos
básica. no Plano Nacional de Extensão Universitária enfatizou o
compromisso das universidades públicas com a promoção dos
EDUCAÇÃO SUPERIOR direitos humanos. A inserção desse tema em programas e
projetos de extensão pode envolver atividades de capacitação,
Concepção e princípios assessoria e realização de eventos, entre outras, articuladas
com as áreas de ensino e pesquisa, contemplando temas
A Constituição Federal de 1988 definiu a autonomia diversos.
universitária (didática, científica, administrativa, financeira e A contribuição da educação superior na área da educação
patrimonial) como marco fundamental pautado no princípio em direitos humanos implica a consideração dos seguintes
da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. princípios:
O artigo terceiro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação a) a universidade, como criadora e disseminadora de
Nacional propõe, como finalidade para a educação superior, a conhecimento, é instituição social com vocação republicana,
participação no processo de desenvolvimento a partir da diferenciada e autônoma, comprometida com a democracia e a
criação e difusão cultural, incentivo à pesquisa, colaboração na cidadania;
formação contínua de profissionais e divulgação dos b) os preceitos da igualdade, da liberdade e da justiça
conhecimentos culturais, científicos e técnicos produzidos por devem guiar as ações universitárias, de modo a garantir a
meio do ensino e das publicações, mantendo uma relação de democratização da informação, o acesso por parte de grupos
serviço e reciprocidade com a sociedade. sociais vulneráveis ou excluídos e o compromisso cívico-ético
A partir desses marcos legais, as universidades brasileiras, com a implementação de políticas públicas voltadas para as
especialmente as públicas, em seu papel de instituições sociais necessidades básicas desses segmentos;
irradiadoras de conhecimentos e práticas novas, assumiram o c) o princípio básico norteador da educação em direitos
compromisso com a formação crítica, a criação de um humanos como prática permanente, contínua e global, deve
pensamento autônomo, a descoberta do novo e a mudança estar voltado para a transformação da sociedade, com vistas à
histórica. difusão de valores democráticos e republicanos, ao
A conquista do Estado Democrático delineou, para as fortalecimento da esfera pública e à construção de projetos
Instituições de Ensino Superior (IES), a urgência em participar coletivos;
da construção de uma cultura de promoção, proteção, defesa e d) a educação em direitos humanos deve se constituir em
reparação dos direitos humanos, por meio de ações princípio ético-político orientador da formulação e crítica da
interdisciplinares, com formas diferentes de relacionar as prática das instituições de ensino superior;
múltiplas áreas do conhecimento humano com seus saberes e e) as atividades acadêmicas devem se voltar para a
práticas. Nesse contexto, inúmeras iniciativas foram formação de uma cultura baseada na universalidade,
realizadas no Brasil, introduzindo a temática dos direitos indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos,
humanos nas atividades do ensino de graduação e pós- como tema transversal e transdisciplinar, de modo a inspirar
graduação, pesquisa e extensão, além de iniciativas de caráter a elaboração de programas específicos e metodologias
cultural. adequadas nos cursos de graduação e pós-graduação, entre
Tal dimensão torna-se ainda mais necessária se outros;
considerarmos o atual contexto de desigualdade e exclusão f) a construção da indissociabilidade entre ensino,
social, mudanças ambientais e agravamento da violência, que pesquisa e extensão deve ser feita articulando as diferentes
coloca em risco permanente a vigência dos direitos humanos. áreas do conhecimento, os setores de pesquisa e extensão, os
As instituições de ensino superior precisam responder a esse programas de graduação, de pós-graduação e outros;
cenário, contribuindo não só com a sua capacidade crítica, mas g) o compromisso com a construção de uma cultura de
também com uma postura democratizante e emancipadora respeito aos direitos humanos na relação com os movimentos
que sirva de parâmetro para toda a sociedade. e entidades sociais, além de grupos em situação de exclusão ou
As atribuições constitucionais da universidade nas áreas discriminação;
de ensino, pesquisa e extensão delineiam sua missão de ordem h) a participação das IES na formação de agentes sociais de
educacional, social e institucional. A produção do educação em direitos humanos e na avaliação do processo de
conhecimento é o motor do desenvolvimento científico e implementação do PNEDH.
tecnológico e de um compromisso com o futuro da sociedade

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Ações programáticas Brasil, fomentando a pesquisa, a produção de material


didático, a identificação e organização de acervos históricos e
1. Propor a temática da educação em direitos humanos centros de referências;
para subsidiar as diretrizes curriculares das áreas de 20. inserir a temática da história recente do autoritarismo
conhecimento das IES; no Brasil em editais de incentivo a projetos de pesquisa e
2. divulgar o PNEDH junto à sociedade brasileira, extensão universitária;
envolvendo a participação efetiva das IES; 21. propor a criação de um Fundo Nacional de Ensino,
3. fomentar e apoiar, por meio de editais públicos, Pesquisa e Extensão para dar suporte aos projetos na área
programas, projetos e ações das IES voltados para a educação temática da educação em direitos humanos a serem
em direitos humanos; implementados pelas IES.
4. solicitar às agências de fomento a criação de linhas de
apoio à pesquisa, ao ensino e à extensão na área de educação
em direitos humanos;
5. promover pesquisas em nível nacional e estadual com o VI - Direitos das Mulheres.
envolvimento de universidades públicas, comunitárias e
privadas, levantando as ações de ensino, pesquisa e extensão
em direitos humanos, de modo a estruturar um cadastro
atualizado e interativo. A Lei Maria da Penha representa uma grande conquista
6. incentivar a elaboração de metodologias pedagógicas de dos movimentos feministas na busca da erradicação,
caráter transdisciplinar e interdisciplinar para a educação em prevenção e punição da violência contra a mulher.
direitos humanos nas IES; As relações e o espaço intrafamiliares foram
7. estabelecer políticas e parâmetros para a formação historicamente interpretados como restritos e privados,
continuada de professores em educação em direitos humanos, gerando uma alta impunidade dos agentes da violência
nos vários níveis e modalidades de ensino; perpetrada no ambiente familiar. A naturalidade com que a
8. contribuir para a difusão de uma cultura de direitos violência contra a mulher nas relações privadas tem sido
humanos, com atenção para a educação básica e a educação tratada, socialmente, ofusca a visibilidade do problema e
não-formal nas suas diferentes modalidades, bem como banaliza a sua ocorrência. Acrescente-se a isso o fato de a
formar agentes públicos nessa perspectiva, envolvendo violência doméstica servir de base para outras formas de
discentes e docentes da graduação e da pós-graduação; violência. Ela produz experiências de brutalidade na infância e
9. apoiar a criação e o fortalecimento de fóruns, núcleos, adolescência que terminam por levar a condutas violentas e
comissões e centros de pesquisa e extensão destinados à desvios psíquicos graves também nesse público.
promoção, defesa, proteção e ao estudo dos direitos humanos Diante dessa realidade, que assola não só o Brasil mas todo
nas IES; o mundo, inúmeros instrumentos internacionais foram
10. promover o intercâmbio entre as IES no plano regional, criados (todos ratificados pelo Estado Brasileiro), tais como: a
nacional e internacional para a realização de programas e Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
projetos na área da educação em direitos humanos; Discriminação contra a Mulher (CEDAW), o Plano de Ação da
11. fomentar a articulação entre as IES, as redes de IV Conferência Mundial sobre a Mulher (1995), a Convenção
educação básica e seus órgãos gestores (secretarias estaduais Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
e municipais de educação e secretarias municipais de cultura contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará, 1994) e o
e esporte), para a realização de programas e projetos de Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de
educação em direitos humanos voltados para a formação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, além de
educadores e de agentes sociais das áreas de esporte, lazer e outros instrumentos de Direitos Humanos.
cultura; Paralelamente a esse processo legislativo internacional,
12. propor a criação de um setor específico de livros e organizações de defesa dos direitos humanos apresentaram à
periódicos em direitos humanos no acervo das bibliotecas das Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA
IES; denúncia relativa à impunidade do crime cometido contra a
13. apoiar a criação de linhas editoriais em direitos farmacêutica cearense Maria da Penha Fernandes. Ela ficou
humanos junto às IES, que possam contribuir para o processo paraplégica em consequência de duas tentativas de homicídio
de implementação do PNEDH; praticadas contra ela por seu marido, que, à época, permanecia
14. estimular a inserção da educação em direitos humanos impune e em vias de ser beneficiado com a prescrição do
nas conferências, congressos, seminários, fóruns e demais crime. Reconhecendo a omissão do Estado brasileiro, a
eventos no campo da educação superior, especialmente nos Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA
debates sobre políticas de ação afirmativa; aceitou a denúncia contra o Estado brasileiro e determinou
15. sugerir a criação de prêmio em educação em direitos expressamente, além do julgamento do agressor, a elaboração
humanos no âmbito do MEC, com apoio da SEDH, para de lei especifica relativa a violência contra a mulher.
estimular as IES a investir em programas e projetos sobre esse Em 2002, as Organizações Não-Governamentais
tema; Feministas Advocacy, Agende, Themis, Cladem/Ipê, Cepia e
16. implementar programas e projetos de formação e Cfemea reuniram-se sob a forma de consórcio para elaborar
capacitação sobre educação em direitos humanos para um anteprojeto de lei para combater a violência doméstica e
gestores(as), professores(as), servidores(as), corpo discente familiar contra a mulher.
das IES e membros da comunidade local; Em março de 2004, o anteprojeto foi apresentado à
17. fomentar e apoiar programas e projetos artísticos e Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da
culturais na área da educação em direitos humanos nas IES; República – SPM, que instituiu Grupo de Trabalho
18. desenvolver políticas estratégicas de ação afirmativa Interministerial para elaborar um Projeto de Lei versando
nas IES que possibilitem a inclusão, o acesso e a permanência sobre mecanismos de combate e prevenção à violência
de pessoas com deficiência e aquelas alvo de discriminação doméstica contra as mulheres (Decreto 5.030, de 31 de março
por motivo de gênero, de orientação sexual e religiosa, entre de 2004).
outros e seguimentos geracionais e étnico-raciais; Após consultar representantes da sociedade civil,
19. estimular nas IES a realização de projetos de educação operadores do direito e servidores da segurança pública e
em direitos humanos sobre a memória do autoritarismo no demais representantes de entidades envolvidas na temática,

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por meio de debates e seminários, o Poder Executivo Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de
encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei sob o nº Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da
4.559/2004. Na Câmara dos Deputados, o projeto original foi Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
alterado por meio de amplo debate e de audiências públicas Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados
realizadas em todo o país. de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o
O substitutivo foi aprovado nas duas casas legislativas e Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução
culminou na Lei 11.340, sancionada pelo Presidente da Penal; e dá outras providências.
República e publicada em 7 de agosto de 2006, com a
denominação de Lei “Maria da Penha”. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
A Lei Maria da Penha incorporou o avanço legislativo Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
internacional e se transformou no principal instrumento legal
de enfrentamento à violência doméstica contra a mulher no TÍTULO I
Brasil, tornando efetivo o dispositivo constitucional que impõe DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
ao Estado assegurar a "assistência à família, na pessoa de cada
um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a
violência, no âmbito de suas relações” (art. 226, § 8º, da violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do
Constituição Federal). § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a
Os benefícios alcançados pelas mulheres com a Lei Maria Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher,
da Penha são inúmeros. A Lei criou um mecanismo judicial da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar
específico - os Juizados de Violência Doméstica e Familiar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais
contra as Mulheres com competência cível e criminal; inovou ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a
com uma série de medidas protetivas de urgência para as criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
vítimas de violência doméstica; reforçou a atuação das a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às
Delegacias de Atendimento à Mulher, da Defensoria Pública, mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
do Ministério Público e de uma rede de serviços de atenção à
mulher em situação de violência doméstica e familiar. Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça,
A Lei previu, ainda, uma série de medidas de caráter social, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional,
preventivo, protetivo e repressivo, e definiu as diretrizes das idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à
políticas públicas e ações integradas para a prevenção e pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e
erradicação da violência doméstica contra as mulheres, tais facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física
como: a implementação de redes de serviços e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
interinstitucionais, a promoção de estudos e estatísticas, a
avaliação dos resultados; a implementação de centros de Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para o
atendimento multidisciplinar, delegacias especializadas e exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à
casas abrigo; e a realização de campanhas educativas, alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à
capacitação permanente dos integrantes dos órgãos justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
envolvidos na questão, celebração de convênios e parcerias, e liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
a inclusão de conteúdos de equidade de gênero nos currículos comunitária.
escolares. § 1o O poder público desenvolverá políticas que visem
Em suma, a Lei Maria da Penha reconhece a obrigação do garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das
Estado em garantir a segurança das mulheres nos espaços relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las
público e privado, ao definir as linhas de uma política de de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
prevenção e atenção no enfrentamento à violência doméstica violência, crueldade e opressão.
e familiar contra a mulher. Delimita, ademais, o atendimento § 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as
às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar e inverte condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos
a lógica da hierarquia de poder em nossa sociedade, de modo enunciados no caput.
a privilegiar as mulheres e dotá-las de maior cidadania e
conscientização dos reconhecidos recursos para agir e se Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os
posicionar, no âmbito familiar e social, garantindo-lhes sua fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições
emancipação e autonomia. peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e
Lembrando que, a Lei 13.505 de 8 de novembro de 2017 familiar.
acrescentou dispositivos à Lei Maria da Penha), para dispor
sobre o direito da mulher em situação de violência doméstica TÍTULO II
e familiar de ter atendimento policial e pericial especializado, DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
ininterrupto e prestado, preferencialmente, por servidores do MULHER
sexo feminino. CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Referências Bibliográficas:
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência
Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres. doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou
Disponível em: omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
http://www.spm.gov.br/assuntos/violencia/lei-maria- sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
da-penha/breve-historico. patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o
Segue abaixo a Lei Maria da Penha em sua integralidade: espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem
vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 II - no âmbito da família, compreendida como a
comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por
familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da vontade expressa;

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III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido
conviva ou tenha convivido com a ofendida, no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do
independentemente de coabitação. art. 221 da Constituição Federal;
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste IV - a implementação de atendimento policial
artigo independem de orientação sexual. especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias
de Atendimento à Mulher;
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher V - a promoção e a realização de campanhas educativas de
constitui uma das formas de violação dos direitos humanos. prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher,
voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão
CAPÍTULO II desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR das mulheres;
CONTRA A MULHER VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos
ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra governamentais ou entre estes e entidades não-
a mulher, entre outras: governamentais, tendo por objetivo a implementação de
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que programas de erradicação da violência doméstica e familiar
ofenda sua integridade ou saúde corporal; contra a mulher;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar,
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos
autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, VIII - a promoção de programas educacionais que
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade
vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou
chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito etnia;
de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis
saúde psicológica e à autodeterminação; de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da
que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de violência doméstica e familiar contra a mulher.
relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça,
coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a CAPÍTULO II
utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante
coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência
anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; doméstica e familiar será prestada de forma articulada e
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei
conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no
ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas o caso.
necessidades; § 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta mulher em situação de violência doméstica e familiar no
que configure calúnia, difamação ou injúria. cadastro de programas assistenciais do governo federal,
estadual e municipal.
TÍTULO III § 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR psicológica:
CAPÍTULO I I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública,
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO integrante da administração direta ou indireta;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um § 3o A assistência à mulher em situação de violência
conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios
Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico,
tendo por diretrizes: incluindo os serviços de contracepção de emergência, a
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da
Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros
segurança pública, assistência social, saúde, educação, procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de
trabalho e habitação; violência sexual.
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras
informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de
ou etnia, concernentes às causas, às consequências e à violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade
frequência da violência doméstica e familiar contra a mulher, policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de
para a sistematização de dados, a serem unificados imediato, as providências legais cabíveis.
nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo
medidas adotadas; ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência
os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a doméstica e familiar o atendimento policial e pericial

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especializado, ininterrupto e prestado por servidores - VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos
preferencialmente do sexo feminino - previamente autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a
capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) existência de mandado de prisão ou registro de outras
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência ocorrências policiais contra ele;
doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica, VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial
quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às ao juiz e ao Ministério Público.
seguintes diretrizes: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) § 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional autoridade policial e deverá conter:
da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa I - qualificação da ofendida e do agressor;
em situação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela II - nome e idade dos dependentes;
Lei nº 13.505, de 2017) III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em solicitadas pela ofendida.
situação de violência doméstica e familiar, familiares e § 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento
testemunhas terão contato direto com investigados ou referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos os
suspeitos e pessoas a eles relacionadas; (Incluído pela Lei nº documentos disponíveis em posse da ofendida.
13.505, de 2017) § 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de
inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e saúde.
administrativo, bem como questionamentos sobre a vida
privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência de suas políticas e planos de atendimento à mulher em
doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade,
esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias
procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos
I - a inquirição será feita em recinto especialmente Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas para
projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos o atendimento e a investigação das violências graves contra a
próprios e adequados à idade da mulher em situação de mulher.
violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à
gravidade da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de
2017) 2017)
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
profissional especializado em violência doméstica e familiar § 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
designado pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela § 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços
Lei nº 13.505, de 2017) públicos necessários à defesa da mulher em situação de
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou violência doméstica e familiar e de seus dependentes.
magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
TÍTULO IV
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência DOS PROCEDIMENTOS
doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras CAPÍTULO I
providências: DISPOSIÇÕES GERAIS
I - garantir proteção policial, quando necessário,
comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das
Judiciário; causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas
ao Instituto Médico Legal; dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação
III - fornecer transporte para a ofendida e seus específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não
dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco conflitarem com o estabelecido nesta Lei.
de vida;
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência
domicílio familiar; cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o
Lei e os serviços disponíveis. julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de
violência doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se
contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a em horário noturno, conforme dispuserem as normas de
autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes organização judiciária.
procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de
Processo Penal: Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
a representação a termo, se apresentada; I - do seu domicílio ou de sua residência;
II - colher todas as provas que servirem para o II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; III - do domicílio do agressor.
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à
concessão de medidas protetivas de urgência; representação da ofendida de que trata esta Lei, só será
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito admitida a renúncia à representação perante o juiz, em
da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários; audiência especialmente designada com tal finalidade, antes
V - ouvir o agressor e as testemunhas; do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas
doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica por qualquer meio de comunicação;
ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de c) frequentação de determinados lugares a fim de
pena que implique o pagamento isolado de multa. preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
CAPÍTULO II menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA serviço similar;
Seção I V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Disposições Gerais § 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a
aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem,
caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as § 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o
medidas protetivas de urgência; agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art.
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz
assistência judiciária, quando for o caso; comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a
providências cabíveis. restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do
agressor responsável pelo cumprimento da determinação
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de
concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou desobediência, conforme o caso.
a pedido da ofendida. § 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio
concedidas de imediato, independentemente de audiência das da força policial.
partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este § 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que
ser prontamente comunicado. couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a
qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os Seção III
direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou
a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de
urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender outras medidas:
necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa
patrimônio, ouvido o Ministério Público. oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, agressor;
decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem
Público ou mediante representação da autoridade policial. prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva alimentos;
se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que IV - determinar a separação de corpos.
subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões
que a justifiquem. Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade
conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas,
processuais relativos ao agressor, especialmente dos entre outras:
pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo
intimação do advogado constituído ou do defensor público. agressor à ofendida;
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar II - proibição temporária para a celebração de atos e
intimação ou notificação ao agressor. contratos de compra, venda e locação de propriedade em
comum, salvo expressa autorização judicial;
Seção II III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o ao agressor;
Agressor IV - prestação de caução provisória, mediante depósito
judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório
aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou competente para os fins previstos nos incisos II e III deste
separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, artigo.
entre outras: CAPÍTULO III
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei
no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência
com a ofendida; doméstica e familiar contra a mulher.
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar
e o agressor; contra a mulher, quando necessário:

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I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de implantação das curadorias necessárias e do serviço de
educação, de assistência social e de segurança, entre outros; assistência judiciária.
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares
de atendimento à mulher em situação de violência doméstica Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os
e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas Municípios poderão criar e promover, no limite das
ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades respectivas competências:
constatadas; I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar mulheres e respectivos dependentes em situação de violência
contra a mulher. doméstica e familiar;
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes
CAPÍTULO IV menores em situação de violência doméstica e familiar;
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de
saúde e centros de perícia médico-legal especializados no
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a atendimento à mulher em situação de violência doméstica e
mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá familiar;
estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. IV - programas e campanhas de enfrentamento da
19 desta Lei. violência doméstica e familiar;
V - centros de educação e de reabilitação para os
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência agressores.
doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria
Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus
humanizado. programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.

TÍTULO V Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais


DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR previstos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente,
pelo Ministério Público e por associação de atuação na área,
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar regularmente constituída há pelo menos um ano, nos termos
contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com da legislação civil.
uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá
por profissionais especializados nas áreas psicossocial, ser dispensado pelo juiz quando entender que não há outra
jurídica e de saúde. entidade com representatividade adequada para o
ajuizamento da demanda coletiva.
Art. 30. Compete à equipe de atendimento
multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e
reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados
ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de
laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos subsidiar o sistema nacional de dados e informações relativo
de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, às mulheres.
voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos
especial atenção às crianças e aos adolescentes. Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas
informações criminais para a base de dados do Ministério da
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação Justiça.
mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de
profissional especializado, mediante a indicação da equipe de Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
atendimento multidisciplinar. Municípios, no limite de suas competências e nos termos das
respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada
orçamentária, poderá prever recursos para a criação e exercício financeiro, para a implementação das medidas
manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos estabelecidas nesta Lei.
termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
TÍTULO VI outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de familiar contra a mulher, independentemente da pena
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de
criminais acumularão as competências cível e criminal para 1995.
conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro
do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido
pertinente. do seguinte inciso IV:
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, “Art. 313. .................................................
nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas ................................................................
referidas no caput. IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar
TÍTULO VII contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a
DISPOSIÇÕES FINAIS execução das medidas protetivas de urgência.” (NR)

Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica


e Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela

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Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei (A) A assistência à mulher em situação de violência
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a doméstica e familiar será prestada de forma articulada e
vigorar com a seguinte redação: conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei
“Art. 61. .................................................. Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no
................................................................. Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e
II - ............................................................ políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for
................................................................. o caso
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações (B) O juiz determinará, por prazo incerto, a inclusão da
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com mulher em situação de violência doméstica e familiar no
violência contra a mulher na forma da lei específica; cadastro de programas assistenciais do governo federal,
........................................................... ” (NR) estadual e municipal
(C) O juiz assegurará à mulher em situação de violência
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as psicológica, acesso prioritário à remoção quando servidora
seguintes alterações: pública, integrante da administração direta ou indireta
“Art. 129. .................................................. (D) O juiz assegurará à mulher em situação de violência
.................................................................. doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, psicológica manutenção do vínculo trabalhista, quando
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o meses
agente das relações domésticas, de coabitação ou de (E) A assistência à mulher em situação de violência
hospitalidade: doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico,
.................................................................. incluindo os serviços de contracepção de emergência, a
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da
aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros
portadora de deficiência.” (NR) procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de
Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de violência sexual.
1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte
redação: 03. (AGERBA - Técnico em Regulação – IBFC/2017)
“Art. 152. ................................................... Assinale a alternativa correta sobre a espécie de violência que
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a Lei Federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da
a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento Penha) indica, em termos expressos e precisos, como qualquer
obrigatório do agressor a programas de recuperação e conduta contra a mulher que lhe cause dano emocional e
reeducação.” (NR) diminuição da autoestima, que lhe prejudique e perturbe o
pleno desenvolvimento, que vise degradar ou controlar suas
Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça.
após sua publicação. (A) Violência psicológica
(B) Violência moral
Questões (C) Violência imaterial
(D) Violência uxória
01. (PC-GO - Delegado de Polícia Substituto – (E) Violência extra corporal
CESPE/2017) À luz do posicionamento jurisprudencial e
doutrinário dominantes acerca das disposições da Lei n.º 04. (IBFC/2017) Assinale a alternativa INCORRETA
11.340/2006 (Lei Maria da Penha), assinale a opção correta. considerando as disposições da Lei Federal nº 11.340, de 7 de
(A) Caracteriza o crime de desobediência o reiterado agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), sobre a assistência à
descumprimento, pelo agressor, de medida protetiva mulher em situação de violência doméstica e familiar.
decretada no âmbito das disposições da Lei Maria da Penha. (A) A assistência à mulher em situação de violência
(B) Em se tratando dos crimes de lesão corporal leve e doméstica e familiar será prestada de forma articulada e
ameaça, pode o Ministério Público dar início a ação penal sem conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei
necessidade de representação da vítima de violência Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no
doméstica. Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e
(C) No caso de condenação à pena de detenção em regime políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for
aberto pela prática do crime de ameaça no âmbito doméstico o caso
e familiar, é possível a substituição da pena pelo pagamento (B) O juiz determinará, por prazo incerto, a inclusão da
isolado de multa. mulher em situação de violência doméstica e familiar no
(D) No âmbito de aplicação da referida lei, as medidas cadastro de programas assistenciais do governo federal,
protetivas de urgência poderão ser concedidas estadual e municipal
independentemente de audiência das partes e de manifestação (C) O juiz assegurará à mulher em situação de violência
do Ministério Público, o qual deverá ser prontamente doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e
comunicado. psicológica, acesso prioritário à remoção quando servidora
(E) Afasta-se a incidência da Lei Maria da Penha na pública, integrante da administração direta ou indireta
violência havida em relações homoafetivas se o sujeito ativo é (D) O juiz assegurará à mulher em situação de violência
uma mulher. doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e
psicológica manutenção do vínculo trabalhista, quando
02. (AGERBA - Técnico em Regulação – IBFC/2017) necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis
Assinale a alternativa INCORRETA considerando as meses
disposições da Lei Federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (E) A assistência à mulher em situação de violência
(Lei Maria da Penha), sobre a assistência à mulher em situação doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios
de violência doméstica e familiar. decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico,

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incluindo os serviços de contracepção de emergência, a V - a violência moral, entendida como qualquer conduta
proflaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da que configure calúnia, difamação ou injúria.
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros
procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de 04. Resposta: B.
violência sexual Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e
05. (MPE/RO – Promotor – FMP Concursos/2017) Em conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei
relação à Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), assinale a Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no
alternativa CORRETA. Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e
(A) Os crimes de ameaça e de lesões corporais leves políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for
praticados no contexto de violência doméstica e familiar são o caso.
de ação penal pública incondicionada. § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da
(B) A mulher pode ser sujeito ativo de crime praticado no mulher em situação de violência doméstica e familiar no
contexto de violência doméstica e familiar. cadastro de programas assistenciais do governo federal,
(C) A ação penal no crime de lesões corporais leves é estadual e municipal.
pública condicionada, segundo a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal. 05. Resposta: B.
(D) Admite-se a aplicação da suspensão condicional do O sujeito passivo da violência doméstica objeto da Lei Maria
processo aos autores de crimes praticados no contexto de da Penha é a mulher, já o sujeito ativo pode ser tanto o homem
violência doméstica e familiar. quanto a mulher, desde que fique caracterizado o vínculo de
(E) As medidas protetivas de urgência vigem durante o relação doméstica, familiar ou de afetividade, além da
prazo decadencial da representação da vítima, ou seja, 6 (seis) convivência, com ou sem coabitação. (Jurisprudência em teses
meses. nº 41/STJ).
Respostas

01. Resposta: D.
Art. 19. § 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser
VII - A Educação Escolar
concedidas de imediato, independentemente de audiência das Quilombola no Brasil.
partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este
ser prontamente comunicado.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
02. Resposta: B. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Art. 9º § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
da mulher em situação de violência doméstica e familiar no
cadastro de programas assistenciais do governo federal, RESOLUÇÃO Nº 8, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2012
estadual e municipal.
Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
03. Resposta: A. Escolar Quilombola na Educação Básica.
A Lei Maria da Penha protege diversas formas de violência
a física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Veja a O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho
definição que o art. 7º traz de cada uma delas. Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais, e de
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra conformidade com o disposto na alínea “c” do § 1º do art. 9º da
a mulher, entre outras: Lei nº 4.024/61, com a redação dada pela Lei nº 9.131/95, nos
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que arts. 26-A e 79-B da Lei nº 9.394/96, com a redação dada,
ofenda sua integridade ou saúde corporal; respectivamente, pelas Leis nº 11.645/2008 e nº 10.639/2003
II - a violência psicológica, entendida como qualquer e com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 16/2012,
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da homologado por Despacho do Senhor Ministro da Educação,
autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno publicado no DOU de 20 de novembro de 2012,
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas CONSIDERANDO, A Constituição Federal, no seu artigo 5º,
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, inciso XLII, dos Direitos e Garantias Fundamentais e no seu
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, CONSIDERANDO, A Convenção 169 da Organização
chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e
de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à Tribais, promulgada no Brasil, por meio do Decreto nº 5.051,
saúde psicológica e à autodeterminação; de 19 de abril de 2004; A Convenção sobre os Direitos da
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta Criança, promulgada pelo Decreto nº 99.710, de 21 de
que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de novembro de 1990; A Declaração e o Programa de Ação da
relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial,
coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, realizada em
utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de Durban, na África do Sul, em 2001; A Declaração Universal
usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao sobre a Diversidade Cultural, proclamada pela UNESCO, em
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante 2001; A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas
coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou as Formas de Discriminação Racial, promulgada pelo Decreto
anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; nº 65.810, de 8 de dezembro de 1969; A Convenção Relativa à
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer Luta Contra a Discriminação no Campo do Ensino, promulgada
conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial pelo Decreto nº 63.223, de 6 de setembro de 1968; A
ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, da
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos Organização das Nações Unidas (ONU).
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas CONSIDERANDO, A Lei nº 9.394/96, de Diretrizes e Bases
necessidades; da Educação Nacional, na redação dada pelas Leis nº

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10.639/2003 e nº 11.645/2008, e a Resolução CNE/CP nº técnicas de trabalho e audiências públicas promovidas pelo
1/2004, fundamentada no Parecer CNE/CP nº 3/2004; A Lei Conselho Nacional de Educação.
nº 12.288/2010, que institui o Estatuto da Igualdade Racial; A
Lei nº 11.494/2007, que regulamenta o Fundo de RESOLVE:
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (FUNDEB); A Lei nº 11.346/2006, Art. 1º Ficam estabelecidas Diretrizes Curriculares
que cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação
Nutricional (SISAN), com vistas a assegurar o direito humano Básica, na forma desta Resolução.
à alimentação adequada; A Lei nº 8.069/90, que institui o § 1º A Educação Escolar Quilombola na Educação Básica:
Estatuto da Criança e do Adolescente. I - organiza precipuamente o ensino ministrado nas
CONSIDERANDO, O Decreto nº 4.887/2003, que instituições educacionais fundamentando-se, informando-se e
regulamenta o procedimento para identificação, alimentando-se:
reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das a) da memória coletiva;
terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos b) das línguas reminiscentes;
quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições c) dos marcos civilizatórios;
Constitucionais Transitórias; O Decreto nº 7.352/2010, que d) das práticas culturais;
dispõe sobre a política de Educação do Campo e o Programa e) das tecnologias e formas de produção do trabalho;
Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA); O f) dos acervos e repertórios orais;
Decreto nº 6.040/2007, que institui a Política Nacional de g) dos festejos, usos, tradições e demais elementos que
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades conformam o patrimônio cultural das comunidades
Tradicionais; O Decreto legislativo nº 2/94, que institui a quilombolas de todo o país;
Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). h) da territorialidade.
CONSIDERANDO, A Resolução CNE/CP nº 1/2004, que II - compreende a Educação Básica em suas etapas e
define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das modalidades, a saber: Educação Infantil, Ensino Fundamental,
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Ensino Médio, Educação do Campo, Educação Especial,
Afro-brasileira e Africana, fundamentada no Parecer CNE/CP Educação Profissional Técnica de Nível Médio, Educação de
nº 3/2004; A Resolução CNE/CP nº 1/2012, que estabelece Jovens e Adultos, inclusive na Educação a Distância;
Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, III - destina-se ao atendimento das populações
com base no Parecer CNE/CP nº 8/2012; A Resolução quilombolas rurais e urbanas em suas mais variadas formas de
CNE/CEB nº 1/2002, que define Diretrizes Operacionais para produção cultural, social, política e econômica;
a Educação Básica nas Escolas do Campo, com fundamento no IV - deve ser ofertada por estabelecimentos de ensino
Parecer CNE/CEB nº 36/2001; A Resolução CNE/CEB nº localizados em comunidades reconhecidas pelos órgãos
2/2008, que define Diretrizes Complementares para a públicos responsáveis como quilombolas, rurais e urbanas,
Educação do Campo, com fundamento no Parecer CNE/CEB nº bem como por estabelecimentos de ensino próximos a essas
23/2007, reexaminado pelo parecer CNE/CEB nº 3/2008; A comunidades e que recebem parte significativa dos estudantes
Resolução CNE/CEB nº 2/2009, que fixa as Diretrizes oriundos dos territórios quilombolas;
Nacionais para os Planos de Carreira e Remuneração dos V - deve garantir aos estudantes o direito de se apropriar
Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública, com dos conhecimentos tradicionais e das suas formas de produção
base no Parecer CNE/CEB nº 9/2009; A Resolução CNE/CEB de modo a contribuir para o seu reconhecimento, valorização
nº 5/2009, que define Diretrizes Curriculares Nacionais para a e continuidade;
Educação Infantil, com fundamento no Parecer CNE/CEB nº VI - deve ser implementada como política pública
20/2009; A Resolução CNE/CEB nº 4/2010, que define educacional e estabelecer interface com a política já existente
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação para os povos do campo e indígenas, reconhecidos os seus
Básica, com base no Parecer CNE/CEB nº 7/2010; A Resolução pontos de intersecção política, histórica, social, educacional e
CNE/CEB nº 5/2010, que fixa Diretrizes Nacionais para os econômica, sem perder a especificidade.
planos de carreira e remuneração dos funcionários da
Educação Básica pública, com fundamento no Parecer Art. 2º Cabe à União, aos Estados, aos Municípios e aos
CNE/CEB nº 9/2010; A Resolução CNE/CEB nº 7/2010, que sistemas de ensino garantir:
define Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino I) apoio técnico-pedagógico aos estudantes, professores e
Fundamental de 9 anos, com fundamento no Parecer CNE/CEB gestores em atuação nas escolas quilombolas;
nº 11/2010; A Resolução CNE/CEB nº 1/2012, que dispõe II) recursos didáticos, pedagógicos, tecnológicos, culturais
sobre a implementação do regime de colaboração mediante e literários que atendam às especificidades das comunidades
Arranjo de Desenvolvimento da Educação (ADE), como quilombolas;
instrumento de gestão pública para a melhoria da qualidade c) a construção de propostas de Educação Escolar
social da educação, com fundamento no Parecer CNE/CEB nº Quilombola contextualizadas.
9/2012; A Resolução CNE/CEB nº 2/2012, que define
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, com Art. 3º Entende-se por quilombos:
fundamento no Parecer CNE/CEB nº 5/2011; O Parecer I - os grupos étnico-raciais definidos por auto-atribuição,
CNE/CEB nº 11/2012, sobre Diretrizes Curriculares Nacionais com trajetória histórica própria, dotados de relações
para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio; O territoriais específicas, com presunção de ancestralidade
Parecer CNE/CEB nº 13/2012, sobre Diretrizes Curriculares negra relacionada com a resistência à opressão histórica; II -
Nacionais para a Educação Escolar Indígena. comunidades rurais e urbanas que:
CONSIDERANDO, As deliberações da I Conferência a) lutam historicamente pelo direito à terra e ao território
Nacional de Educação Básica (CONEB, 2008) e da Conferência o qual diz respeito não somente à propriedade da terra, mas a
Nacional da Educação Básica (CONAE, 2010). todos os elementos que fazem parte de seus usos, costumes e
CONSIDERANDO, finalmente, as manifestações e tradições;
contribuições provenientes da participação de representantes b) possuem os recursos ambientais necessários à sua
de organizações quilombolas e governamentais, manutenção e às reminiscências históricas que permitam
pesquisadores e de entidades da sociedade civil em reuniões perpetuar sua memória.

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III - comunidades rurais e urbanas que compartilham patrimônio afro-brasileiro, cujo conhecimento é
trajetórias comuns, possuem laços de pertencimento, tradição imprescindível para a compreensão da história, da cultura e da
cultural de valorização dos antepassados calcada numa realidade brasileira.
história identitária comum, entre outros.
TÍTULO II
Art. 4º Observado o disposto na Convenção 169 da DOS PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR
Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos QUILOMBOLA
Indígenas e Tribais, promulgada pelo Decreto nº 5.051, de 19
de abril de 2004, e no Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de Art. 7º A Educação Escolar Quilombola rege-se nas suas
2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento práticas e ações políticopedagógicas pelos seguintes
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, os princípios:
quilombolas entendidos como povos ou comunidades I - direito à igualdade, liberdade, diversidade e pluralidade;
tradicionais, são: II - direito à educação pública, gratuita e de qualidade;
I - grupos culturalmente diferenciados e que se III - respeito e reconhecimento da história e da cultura
reconhecem como tais; afro-brasileira como elementos estruturantes do processo
II - possuidores de formas próprias de organização social; civilizatório nacional;
III - detentores de conhecimentos, tecnologias, inovações e IV - proteção das manifestações da cultura afro-brasileira;
práticas gerados e transmitidos pela tradição; V - valorização da diversidade étnico-racial;
IV - ocupantes e usuários de territórios e recursos naturais VI - promoção do bem de todos, sem preconceitos de
como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, origem, raça, sexo, cor, credo, idade e quaisquer outras formas
ancestral e econômica. de discriminação;
VII - garantia dos direitos humanos, econômicos, sociais,
Art. 5º Observado o disposto no art. 68 do Ato das culturais, ambientais e do controle social das comunidades
Disposições Constitucionais Transitórias e no Decreto nº quilombolas;
6.040/2007, os territórios tradicionais são: VIII - reconhecimento dos quilombolas como povos ou
I - aqueles nos quais vivem as comunidades quilombolas, comunidades tradicionais;
povos indígenas, seringueiros, castanheiros, quebradeiras de XIX - conhecimento dos processos históricos de luta pela
coco babaçu, ribeirinhos, faxinalenses e comunidades de fundo regularização dos territórios tradicionais dos povos
de pasto, dentre outros; quilombolas;
II – espaços necessários à reprodução cultural, social e X - direito ao etnodesenvolvimento entendido como
econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles modelo de desenvolvimento alternativo que considera a
utilizados de forma permanente ou temporária. participação das comunidades quilombolas, as suas tradições
locais, o seu ponto de vista ecológico, a sustentabilidade e as
TÍTULO I suas formas de produção do trabalho e de vida;
DOS OBJETIVOS XI - superação do racismo – institucional, ambiental,
alimentar, entre outros – e a eliminação de toda e qualquer
Art. 6º Estas Diretrizes, com base na legislação geral e forma de preconceito e discriminação racial;
especial, na Convenção 169 da Organização Internacional do XII - respeito à diversidade religiosa, ambiental e sexual;
Trabalho, ratificada no Brasil, por meio do Decreto Legislativo XV - superação de toda e qualquer prática de sexismo,
nº 143/2003, e no Decreto nº 6.040/2007, tem por objetivos: machismo, homofobia, lesbofobia e transfobia;
I - orientar os sistemas de ensino e as escolas de Educação XVI - reconhecimento e respeito da história dos quilombos,
Básica da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos dos espaços e dos tempos nos quais as crianças, adolescentes,
Municípios na elaboração, desenvolvimento e avaliação de jovens, adultos e idosos quilombolas aprendem e se educam;
seus projetos educativos; XVII - direito dos estudantes, dos profissionais da educação
II - orientar os processos de construção de instrumentos e da comunidade de se apropriarem dos conhecimentos
normativos dos sistemas de ensino visando garantir a tradicionais e das formas de produção das comunidades
Educação Escolar Quilombola nas diferentes etapas e quilombolas de modo a contribuir para o seu reconhecimento,
modalidades, da Educação Básica, sendo respeitadas as suas valorização e continuidade;
especificidades; XVIII - trabalho como princípio educativo das ações
III - assegurar que as escolas quilombolas e as escolas que didático-pedagógicas da escola;
atendem estudantes oriundos dos territórios quilombolas XIX - valorização das ações de cooperação e de
considerem as práticas socioculturais, políticas e econômicas solidariedade presentes na história das comunidades
das comunidades quilombolas, bem como os seus processos quilombolas, a fim de contribuir para o fortalecimento das
próprios de ensinoaprendizagem e as suas formas de redes de colaboração solidária por elas construídas;
produção e de conhecimento tecnológico; XX - reconhecimento do lugar social, cultural, político,
IV - assegurar que o modelo de organização e gestão das econômico, educativo e ecológico ocupado pelas mulheres no
escolas quilombolas e das escolas que atendem estudantes processo histórico de organização das comunidades
oriundos desses territórios considerem o direito de consulta e quilombolas e construção de práticas educativas que visem à
a participação da comunidade e suas lideranças, conforme o superação de todas as formas de violência racial e de gênero.
disposto na Convenção 169 da OIT; Art. 8º Os princípios da Educação Escolar Quilombola
V - fortalecer o regime de colaboração entre os sistemas de deverão ser garantidos por meio das seguintes ações:
ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos I - construção de escolas públicas em territórios
Municípios na oferta da Educação Escolar Quilombola; quilombolas, por parte do poder público, sem prejuízo da ação
VI - zelar pela garantia do direito à Educação Escolar de ONG e outras instituições comunitárias;
Quilombola às comunidades quilombolas rurais e urbanas, II - adequação da estrutura física das escolas ao contexto
respeitando a história, o território, a memória, a quilombola, considerando os aspectos ambientais, econômicos
ancestralidade e os conhecimentos tradicionais; e socioeducacionais de cada quilombo;
VII - subsidiar a abordagem da temática quilombola em III - garantia de condições de acessibilidade nas escolas;
todas as etapas da Educação Básica, pública e privada,
compreendida como parte integrante da cultura e do

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IV - presença preferencial de professores e gestores Art. 11 O calendário da Educação Escolar Quilombola


quilombolas nas escolas quilombolas e nas escolas que deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive
recebem estudantes oriundos de territórios quilombolas; climáticas, econômicas e socioculturais, a critério do
V - garantia de formação inicial e continuada para os respectivo sistema de ensino e do projeto político-pedagógico
docentes para atuação na Educação Escolar Quilombola; da escola, sem com isso reduzir o número de horas letivas
VI - garantia do protagonismo dos estudantes quilombolas previsto na LDB.
nos processos políticopedagógicos em todas as etapas e § 1º O Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em
modalidades; 20 de novembro, deve ser instituído nos estabelecimentos
VII - implementação de um currículo escolar aberto, públicos e privados de ensino que ofertam a Educação Escolar
flexível e de caráter interdisciplinar, elaborado de modo a Quilombola, nos termos do art. 79-B da LDB, com redação dada
articular o conhecimento escolar e os conhecimentos pela Lei nº 10.639/2003, e na Resolução CNE/CP nº 1/2004,
construídos pelas comunidades quilombolas; fundamentada no Parecer CNE/CP nº 3/2004.
VIII - implementação de um projeto político-pedagógico § 2º O calendário escolar deve incluir as datas
que considere as especificidades históricas, culturais, sociais, consideradas mais significativas para a população negra e para
políticas, econômicas e identitárias das comunidades cada comunidade quilombola, de acordo com a região e a
quilombolas; localidade, consultadas as comunidades e lideranças
IX - efetivação da gestão democrática da escola com a quilombolas.
participação das comunidades quilombolas e suas lideranças;
X - garantia de alimentação escolar voltada para as Art. 12 Os sistemas de ensino, por meio de ações
especificidades socioculturais das comunidades quilombolas; colaborativas, devem implementar, monitorar e garantir um
XI - inserção da realidade quilombola em todo o material programa institucional de alimentação escolar, o qual deverá
didático e de apoio pedagógico produzido em articulação com ser organizado mediante cooperação entre a União, os Estados,
a comunidade, sistemas de ensino e instituições de Educação o Distrito Federal e os Municípios e por meio de convênios
Superior; entre a sociedade civil e o poder público, com os seguintes
XII - garantia do ensino de História e Cultura Afro- objetivos:
Brasileira, Africana e Indígena, nos termos da Lei nº 9394/96, I - garantir a alimentação escolar, na forma da Lei e em
com a redação dada pelas Leis nº 10.639/2003 e nº conformidade com as especificidades socioculturais das
11.645/2008, e na Resolução CNE/CP nº 1/2004, comunidades quilombolas;
fundamentada no Parecer CNE/CP nº 3/2004; II - respeitar os hábitos alimentares do contexto
XIII - efetivação de uma educação escolar voltada para o socioeconômico-cultural-tradicional das comunidades
etnodesenvolvimento e para o desenvolvimento sustentável quilombolas;
das comunidades quilombolas; III - garantir a soberania alimentar assegurando o direito
XIV - realização de processo educativo escolar que respeite humano à alimentação adequada;
as tradições e o patrimônio cultural dos povos quilombolas; IV - garantir a qualidade biológica, sanitária, nutricional e
XV - garantia da participação dos quilombolas por meio de tecnológica dos alimentos, bem como seu aproveitamento,
suas representações próprias em todos os órgãos e espaços estimulando práticas alimentares e estilos de vida saudáveis
deliberativos, consultivos e de monitoramento da política que respeitem a diversidade cultural e étnico-racial da
pública e demais temas de seu interesse imediato, conforme população;
reza a Convenção 169 da OIT;
XVI - articulação da Educação Escolar Quilombola com as Art. 13 Recomenda-se que os sistemas de ensino e suas
demais políticas públicas relacionadas aos direitos dos povos escolas contratem profissionais de apoio escolar oriundos das
e comunidades tradicionais nas diferentes esferas de governo. comunidades quilombolas para produção da alimentação
escolar, de acordo com a cultura e hábitos alimentares das
TÍTULO III próprias comunidades.
DA DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA Parágrafo Único Os sistemas de ensino, em regime de
colaboração, poderão criar programas de Educação
Art. 9º A Educação Escolar Quilombola compreende: Profissional Técnica de Nível Médio para profissionais que
I - escolas quilombolas; executam serviços de apoio escolar na Educação Escolar
II - escolas que atendem estudantes oriundos de territórios Quilombola, de acordo com o disposto na Resolução CNE/CEB
quilombolas. nº 5/2005, fundamentada no Parecer CNE/CEB 16/2005, que
Parágrafo Único Entende-se por escola quilombola aquela cria a área Profissional nº 21, referente aos Serviços de Apoio
localizada em território quilombola. Escolar.

TÍTULO IV Art. 14 A Educação Escolar Quilombola deve ser


DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR acompanhada pela prática constante de produção e publicação
QUILOMBOLA de materiais didáticos e de apoio pedagógico específicos nas
diversas áreas de conhecimento, mediante ações colaborativas
Art. 10 A organização da Educação Escolar Quilombola, em entre os sistemas de ensino.
cada etapa da Educação Básica, poderá assumir variadas § 1º As ações colaborativas constantes do caput deste
formas, de acordo com o art. 23 da LDB, tais como: artigo poderão ser realizadas contando com a parceria e
I - séries anuais; participação dos docentes, organizações do movimento
II - períodos semestrais; quilombola e do movimento negro, Núcleos de Estudos Afro-
III - ciclos; Brasileiros e grupos correlatos, instituições de Educação
IV - alternância regular de períodos de estudos com Superior e da Educação Profissional e Tecnológica.
tempos e espaços específicos; § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
V - grupos não-seriados, com base na idade, na devem assegurar, por meio de ações cooperativas, a aquisição
competência e em outros critérios ou por forma diversa de e distribuição de livros, obras de referência, literatura infantil
organização, sempre que o interesse do processo de e juvenil, materiais didático-pedagógicos e de apoio
aprendizagem assim o recomendar. pedagógico que valorizem e respeitem a história e a cultura
local das comunidades quilombolas.

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TÍTULO V comunidade deve constituir-se em tempo e espaço dos


DAS ETAPAS E MODALIDADES DE EDUCAÇÃO educandos articulado ao direito à identidade étnico-racial, à
ESCOLAR QUILOMBOLA valorização da diversidade e à igualdade.
§ 1º A oferta do Ensino Fundamental como direito público
Art. 15 A Educação Infantil, primeira etapa da Educação subjetivo é de obrigação do Estado que, para isso, deve
Básica, na qual se privilegiam práticas de cuidar e educar, é um promover a sua universalização nas comunidades
direito das crianças dos povos quilombolas e obrigação de quilombolas.
oferta pelo poder público para as crianças de 4 (quatro) e 5 § 2º O Ensino Fundamental deve garantir aos estudantes
(cinco) anos, que deve ser garantida e realizada mediante o quilombolas:
respeito às formas específicas de viver a infância, a identidade I - a indissociabilidade das práticas educativas e das
étnico-racial e as vivências socioculturais. práticas do cuidar visando o pleno desenvolvimento da
§ 1º Na Educação Infantil, a frequência das crianças de 0 formação humana dos estudantes na especificidade dos seus
(zero) a 3 (três) anos é uma opção de cada família das diferentes ciclos da vida;
comunidades quilombolas, que tem prerrogativa de, ao avaliar II - a articulação entre os conhecimentos científicos, os
suas funções e objetivos a partir de suas referências culturais conhecimentos tradicionais e as práticas socioculturais
e de suas necessidades, decidir pela matrícula ou não de suas próprias das comunidades quilombolas, num processo
crianças em: educativo dialógico e emancipatório;
I - creches ou instituições de Educação Infantil; III - um projeto educativo coerente, articulado e integrado,
II - programa integrado de atenção à infância; de acordo com os modos de ser e de se desenvolver das
III - programas de Educação Infantil ofertados pelo poder crianças e adolescentes quilombolas nos diferentes contextos
público ou com este conveniados. sociais;
§ 2º Na oferta da Educação Infantil na Educação Escolar IV - a organização escolar em ciclos, séries e outras formas
Quilombola deverá ser garantido à criança o direito a de organização, compreendidos como tempos e espaços
permanecer com o seu grupo familiar e comunitário de interdependentes e articulados entre si, ao longo dos nove
referência, evitando-se o seu deslocamento. anos de duração do Ensino Fundamental, conforme a
§ 3º Os sistemas de ensino devem oferecer a Educação Resolução CNE/CEB nº 7/2010;
Infantil com consulta prévia e informada a todos os envolvidos V - a realização dos três anos iniciais do Ensino
com a educação das crianças quilombolas, tais como pais, Fundamental como um bloco pedagógico ou um ciclo
mães, avós, anciãos, professores, gestores escolares e sequencial, não passível de interrupção, voltado para ampliar
lideranças comunitárias de acordo com os interesses legítimos a todos os estudantes as oportunidades de sistematização e
de cada comunidade quilombola. aprofundamento das aprendizagens básicas, imprescindíveis
§ 4º As escolas quilombolas e as escolas que atendem para o prosseguimento dos estudos, conforme a Resolução
estudantes oriundos de territórios quilombolas e que ofertam CNE/CEB nº 7/2010.
a Educação Infantil devem:
I - promover a participação das famílias e dos anciãos, Art. 18 O Ensino Médio é um direito social e dever do
especialistas nos conhecimentos tradicionais de cada Estado na sua oferta pública e gratuita a todos, nos termos da
comunidade, em todas as fases de implantação e Resolução CNE/CEB nº 2/2012.
desenvolvimento da Educação Infantil;
II - considerar as práticas de educar e de cuidar de cada Art. 19 As unidades escolares que ministram esta etapa da
comunidade quilombola como parte fundamental da educação Educação Básica na Educação Escolar Quilombola devem
das crianças de acordo com seus espaços e tempos estruturar seus projetos político-pedagógicos considerando as
socioculturais; finalidades previstas na Lei nº 9.394/96, visando:
III - elaborar e receber materiais didáticos específicos para I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
a Educação Infantil, garantindo a incorporação de aspectos adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o
socioculturais considerados mais significativos para a prosseguimento de estudos;
comunidade de pertencimento da criança. II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do
educando para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de
Art. 16 Cabe ao Ministério da Educação redefinir seus se adaptar a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento
programas suplementares de apoio ao educando para posteriores;
incorporar a Educação Infantil, de acordo com o inciso VII do III - o aprimoramento do educando como pessoa humana,
art. 208 da Constituição Federal que, na redação dada pela incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
Emenda Constitucional n º 59/2009, estendeu esses intelectual e do pensamento crítico;
programas a toda a Educação Básica. IV - a compreensão dos fundamentos científico-
§ 1º Os programas de material pedagógico para a Educação tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria
Infantil devem incluir materiais diversos em artes, música, com a prática.
dança, teatro, movimentos, adequados às faixas etárias,
dimensionados por turmas e número de crianças das Art. 20 O Ensino Médio na Educação Escolar Quilombola
instituições e de acordo com a realidade sociocultural das deverá proporcionar aos estudantes:
comunidades quilombolas. I - participação em projetos de estudo e de trabalho e
§ 2º Os equipamentos referidos no parágrafo anterior, pelo atividades pedagógicas que visem o conhecimento das
desgaste natural com o uso, devem ser considerados como dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura
material de consumo, havendo necessidade de sua reposição; próprios das comunidades quilombolas, bem como da
§ 3º Compete ao Ministério da Educação viabilizar por sociedade mais ampla;
meio de criação de programa nacional de material pedagógico II - formação capaz de oportunizar o desenvolvimento das
para a Educação Infantil, processo de aquisição e distribuição capacidades de análise e de tomada de decisões, resolução de
sistemática de material para a rede pública de Educação problemas, flexibilidade, valorização dos conhecimentos
Infantil, considerando a realidade das crianças quilombolas. tradicionais produzidos pelas suas comunidades e
aprendizado de diversos conhecimentos necessários ao
Art. 17 O Ensino Fundamental, direito humano, social e aprofundamento das suas interações com seu grupo de
público subjetivo, aliado à ação educativa da família e da pertencimento.

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Art. 21 Cabe aos sistemas de ensino promover consulta § 1º Na Educação Escolar Quilombola, a EJA deve atender
prévia e informada sobre o tipo de Ensino Médio adequado às às realidades socioculturais e interesses das comunidades
diversas comunidades quilombolas, por meio de ações quilombolas, vinculando-se a seus projetos de vida.
colaborativas, realizando diagnóstico das demandas relativas § 2º A proposta pedagógica da EJA deve ser
a essa etapa da Educação Básica em cada realidade contextualizada levando em consideração os tempos e os
quilombola. espaços humanos, as questões históricas, sociais, políticas,
Parágrafo Único As comunidades quilombolas rurais e culturais e econômicas das comunidades quilombolas.
urbanas por meio de seus projetos de educação escolar, têm a § 3º A oferta de EJA no Ensino Fundamental não deve
prerrogativa de decidir o tipo de Ensino Médio adequado aos substituir a oferta regular dessa etapa da Educação Básica na
seus modos de vida e organização social, nos termos da Educação Escolar Quilombola, independentemente da idade.
Resolução CNE/CEB nº 2/2012. § 4º Na Educação Escolar Quilombola, as propostas
educativas de EJA, numa perspectiva de formação ampla,
Art. 22 A Educação Especial é uma modalidade de ensino devem favorecer o desenvolvimento de uma Educação
que visa assegurar aos estudantes com deficiência, Profissional que possibilite aos jovens, adultos e idosos
transtornos globais do desenvolvimento e com altas quilombolas atuar nas atividades socioeconômicas e culturais
habilidades e superdotação o desenvolvimento das suas de suas comunidades com vistas ao fortalecimento do
potencialidades socioeducacionais em todas as etapas e protagonismo quilombola e da sustentabilidade de seus
modalidades da Educação Básica nas escolas quilombolas e territórios.
nas escolas que atendem estudantes oriundos de territórios
quilombolas. Art. 24 A Educação Profissional Técnica de Nível Médio na
§ 1º Os sistemas de ensino devem garantir aos estudantes Educação Escolar Quilombola deve articular os princípios da
a oferta de Atendimento Educacional Especializado (AEE). formação ampla, sustentabilidade socioambiental e respeito à
§ 2º O Ministério da Educação, em sua função indutora e diversidade dos estudantes, considerando-se as formas de
executora de políticas públicas educacionais, deve realizar organização das comunidades quilombolas e suas diferenças
diagnóstico da demanda por Educação Especial nas sociais, políticas, econômicas e culturais, devendo:
comunidades quilombolas, visando criar uma política nacional I - contribuir para a gestão territorial autônoma,
de Atendimento Educacional Especializado aos estudantes possibilitando a elaboração de projetos de desenvolvimento
quilombolas que dele necessitem. sustentável e de produção alternativa para as comunidades
§ 3º Os sistemas de ensino devem assegurar a quilombolas, tendo em vista, em muitos casos, as situações de
acessibilidade para toda a comunidade escolar e aos falta de assistência e de apoio para seus processos produtivos;
estudantes quilombolas com deficiência, transtornos globais II - articular-se com os projetos comunitários, definidos a
do desenvolvimento e com altas habilidades e superdotação, partir das demandas coletivas das comunidades quilombolas,
mediante: contribuindo para a reflexão e construção de alternativas de
I - prédios escolares adequados; gestão autônoma dos seus territórios, de sustentabilidade
II - equipamentos; econômica, de soberania alimentar, de educação, de saúde e de
III - mobiliário; atendimento às mais diversas necessidades cotidianas;
IV - transporte escolar; III - proporcionar aos estudantes quilombolas
V - profissionais especializados; oportunidades de atuação em diferentes áreas do trabalho
VI - tecnologia assistiva; técnico, necessárias ao desenvolvimento de suas
VIII - outros materiais adaptados às necessidades desses comunidades, como as da tecnologia da informação, saúde,
estudantes e de acordo com o projeto político-pedagógico da gestão territorial e ambiental, magistério e outras.
escola.
§ 4º No caso dos estudantes que apresentem necessidades Art. 25 Para o atendimento das comunidades quilombolas
diferenciadas de comunicação, o acesso aos conteúdos deve a Educação Profissional Técnica de Nível Médio deverá ser
ser garantido por meio da utilização de linguagens e códigos realizada preferencialmente em seus territórios, sendo
aplicáveis, como o sistema Braille, a Língua Brasileira de Sinais ofertada:
(LIBRAS) e a tecnologia assistiva, facultando-lhes e às suas I - de modo interinstitucional;
famílias a opção pela abordagem pedagógica que julgarem II - em convênio com:
adequada, ouvidos os profissionais especializados em cada a) instituições de Educação Profissional e Tecnológica;
caso. b) instituições de Educação Superior;
§ 5º Na identificação das necessidades educacionais c) outras instituições de ensino e pesquisa;
especiais dos estudantes quilombolas, além da experiência dos d) organizações do Movimento Negro e Quilombola, de
professores, da opinião da família, e das especificidades acordo com a realidade de cada comunidade.
socioculturais, a Educação Escolar Quilombola deve contar
com assessoramento técnico especializado e o apoio da equipe TÍTULO VI
responsável pela Educação Especial do sistema de ensino. DA NUCLEAÇÃO E TRANSPORTE ESCOLAR
§ 6º O Atendimento Educacional Especializado na
Educação Escolar Quilombola deve assegurar a igualdade de Art. 26 A Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino
condições de acesso, permanência e conclusão com sucesso Fundamental na Educação Escolar Quilombola, realizada em
aos estudantes que demandam esse atendimento. áreas rurais, deverão ser sempre ofertados nos próprios
territórios quilombolas, considerando a sua importância, no
Art. 23 A Educação de Jovens e Adultos (EJA), caracteriza- âmbito do Estatuto da Criança e do Adolescente.
se como uma modalidade com proposta pedagógica flexível, Parágrafo Único As escolas quilombolas, quando
tendo finalidades e funções específicas e tempo de duração nucleadas, deverão ficar em polos quilombolas e somente
definido, levando em consideração os conhecimentos das serão vinculadas aos polos não quilombolas em casos
experiências de vida dos jovens e adultos, ligadas às vivências excepcionais.
cotidianas individuais e coletivas, bem como ao mundo do
trabalho. Art. 27 Quando os anos finais do Ensino Fundamental, o
Ensino Médio, integrado ou não à Educação Profissional
Técnica, e a Educação de Jovens e Adultos não puderem ser

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ofertados nos próprios territórios quilombolas, a nucleação § 2º Na realização do diagnóstico e na análise dos dados
rural levará em conta a participação das comunidades colhidos sobre a realidade quilombola e seu entorno, o projeto
quilombolas e de suas lideranças na definição do local, bem político-pedagógico deverá considerar:
como as possibilidades de percurso a pé pelos estudantes na I - os conhecimentos tradicionais, a oralidade, a
menor distância a ser percorrida e em condições de segurança. ancestralidade, a estética, as formas de trabalho, as tecnologias
e a história de cada comunidade quilombola;
Art. 28 Quando se fizer necessária a adoção do transporte II - as formas por meio das quais as comunidades
escolar no Ensino Fundamental, Ensino Médio, integrado ou quilombolas vivenciam os seus processos educativos
não à Educação Profissional Técnica, e na Educação de Jovens cotidianos em articulação com os conhecimentos escolares e
e Adultos devem ser considerados o menor tempo possível no demais conhecimentos produzidos pela sociedade mais ampla.
percurso residência-escola e a garantia de transporte § 3º A questão da territorialidade, associada ao
intracampo dos estudantes quilombolas, em condições etnodesenvolvimento e à sustentabilidade socioambiental e
adequadas de segurança. cultural das comunidades quilombolas deverá orientar todo o
Parágrafo Único Para que o disposto nos arts. 25 e 26 seja processo educativo definido no projeto político-pedagógico.
cumprido, deverão ser estabelecidas regras para o regime de
colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Art. 33 O projeto político-pedagógico da Educação Escolar
Municípios ou entre Municípios consorciados. Quilombola deve incluir o conhecimento dos processos e
hábitos alimentares das comunidades quilombolas por meio
Art. 29 O eventual transporte de crianças e jovens com de troca e aprendizagem com os próprios moradores e
deficiência, em suas próprias comunidades ou quando houver lideranças locais.
necessidade de deslocamento para a nucleação, deverá
adaptar-se às condições desses estudantes, conforme leis CAPÍTULO I
específicas. DOS CURRÍCULOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NA
§ 1º No âmbito do regime de cooperação entre os entes EDUCAÇÃO ESCOLAR
federados, do regime de colaboração entre os sistemas de QUILOMBOLA
ensino e admitindo-se o princípio de que a responsabilidade
pelo transporte escolar de estudantes da rede municipal seja Art. 34 O currículo da Educação Escolar Quilombola diz
dos próprios Municípios, e de estudantes da rede estadual seja respeito aos modos de organização dos tempos e espaços
dos próprios Estados, os veículos pertencentes ou contratados escolares de suas atividades pedagógicas, das interações do
pelos Municípios também poderão transportar estudantes da ambiente educacional com a sociedade, das relações de poder
rede estadual e vice-versa. presentes no fazer educativo e nas formas de conceber e
§ 2º O ente federado que detém as matrículas dos construir conhecimentos escolares, constituindo parte
estudantes transportados é o responsável pelo seu transporte, importante dos processos sociopolíticos e culturais de
devendo ressarcir àquele que efetivamente o realizar. construção de identidades.
Art. 30 O transporte escolar quando for comprovadamente § 1º Os currículos da Educação Básica na Educação Escolar
necessário, deverá considerar o Código Nacional de Trânsito, Quilombola devem ser construídos a partir dos valores e
as distâncias de deslocamento, a acessibilidade, as condições interesses das comunidades quilombolas em relação aos seus
de estradas e vias, as condições climáticas, o estado de projetos de sociedade e de escola, definidos nos projetos
conservação dos veículos utilizados e sua idade de uso, a político-pedagógicos.
melhor localização e as melhores possibilidades de trabalho § 2º O currículo deve considerar, na sua organização e
pedagógico com padrão de qualidade. prática, os contextos socioculturais, regionais e territoriais das
comunidades quilombolas em seus projetos de Educação
TÍTULO VII Escolar Quilombola.
DO PROJETO POLITICO-PEDAGÓGICO DAS ESCOLAS
QUILOMBOLAS Art. 35 O currículo da Educação Escolar Quilombola,
obedecidas as Diretrizes Curriculares Nacionais definidas para
Art. 31 O projeto político-pedagógico, entendido como todas as etapas e modalidades da Educação Básica, deverá:
expressão da autonomia e da identidade escolar, é primordial I - garantir ao educando o direito a conhecer o conceito, a
para a garantia do direito a uma Educação Escolar Quilombola história dos quilombos no Brasil, o protagonismo do
com qualidade social e deve se pautar nas seguintes movimento quilombola e do movimento negro, assim como o
orientações: seu histórico de lutas;
I - observância dos princípios da Educação Escolar II - implementar a Educação das Relações Étnico-Raciais e
Quilombola constantes desta Resolução; o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, nos
II - observância das Diretrizes Curriculares Nacionais e termos da Lei nº 9.394/96, na redação dada pela Lei nº
locais, estas últimas definidas pelos sistemas de ensino e seus 10.639/2003, e da Resolução CNE/CP nº 1/2004;
órgãos normativos; III - reconhecer a história e a cultura afro-brasileira como
III - atendimento às demandas políticas, socioculturais e elementos estruturantes do processo civilizatório nacional,
educacionais das comunidades quilombolas; considerando as mudanças, as recriações e as ressignificações
IV - ser construído de forma autônoma e coletiva mediante históricas e socioculturais que estruturam as concepções de
o envolvimento e participação de toda a comunidade escolar. vida dos afro-brasileiros na diáspora africana;
IV - promover o fortalecimento da identidade étnico-racial,
Art. 32 O projeto político-pedagógico da Educação Escolar da história e cultura afrobrasileira e africana ressignificada,
Quilombola deverá estar intrinsecamente relacionado com a recriada e reterritorializada nos territórios quilombolas;
realidade histórica, regional, política, sociocultural e V - garantir as discussões sobre a identidade, a cultura e a
econômica das comunidades quilombolas. linguagem, como importantes eixos norteadores do currículo;
§ 1º A construção do projeto político-pedagógico deverá VI - considerar a liberdade religiosa como princípio
pautar-se na realização de diagnóstico da realidade da jurídico, pedagógico e político atuando de forma a:
comunidade quilombola e seu entorno, num processo a) superar preconceitos em relação às práticas religiosas e
dialógico que envolva as pessoas da comunidade, as lideranças culturais das comunidades quilombolas, quer sejam elas
e as diversas organizações existentes no território. religiões de matriz africana ou não;

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b) proibir toda e qualquer prática de proselitismo religioso CAPÍTULO II


nas escolas. DA GESTÃO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA
VII - respeitar a diversidade sexual, superando práticas
homofóbicas, lesbofóbicas, transfóbicas, machistas e sexistas Art. 39 A Educação Escolar Quilombola deve atender aos
nas escolas. princípios constitucionais da gestão democrática que se
Art. 36 Na construção dos currículos da Educação Escolar aplicam a todo o sistema de ensino brasileiro e deverá ser
Quilombola, devem ser consideradas as condições de realizada em diálogo, parceria e consulta às comunidades
escolarização dos estudantes quilombolas em cada etapa e quilombolas por ela atendidas.
modalidade de ensino; as condições de trabalho do professor; § 1º Faz-se imprescindível o diálogo entre a gestão da
os espaços e tempos da escola e de outras instituições escola, a coordenação pedagógica e organizações do
educativas da comunidade e fora dela, tais como museus, movimento quilombola nos níveis local, regional e nacional, a
centros culturais, laboratórios de ciências e de informática. fim de que a gestão possa considerar os aspectos históricos,
Art. 37 O currículo na Educação Escolar Quilombola pode políticos, sociais, culturais e econômicos do universo
ser organizado por eixos temáticos, projetos de pesquisa, eixos sociocultural quilombola no qual a escola está inserida.
geradores ou matrizes conceituais, em que os conteúdos das § 2º A gestão das escolas quilombolas deverá ser realizada,
diversas disciplinas podem ser trabalhados numa perspectiva preferencialmente, por quilombolas.
interdisciplinar. § 3º Os sistemas de ensino, em regime de colaboração,
estabelecerão convênios e parcerias com instituições de
Art. 38 A organização curricular da Educação Escolar Educação Superior para a realização de processos de formação
Quilombola deverá se pautar em ações e práticas político- continuada e em serviço de gestores em atuação na Educação
pedagógicas que visem: Escolar Quilombola.
I - o conhecimento das especificidades das escolas
quilombolas e das escolas que atendem estudantes oriundos Art. 40 O processo de gestão desenvolvido na Educação
dos territórios quilombolas quanto à sua história e às suas Escolar Quilombola deverá se articular à matriz curricular e ao
formas de organização; projeto político-pedagógico, considerando:
II - a flexibilidade na organização curricular, no que se I - os aspectos normativos nacionais, estaduais e
refere à articulação entre a base nacional comum e a parte municipais;
diversificada, a fim de garantir a indissociabilidade entre o II - a jornada e o trabalho dos profissionais da educação;
conhecimento escolar e os conhecimentos tradicionais III - a organização do tempo e do espaço escolar;
produzidos pelas comunidades quilombolas; IV - a articulação com o universo sociocultural quilombola.
III - a duração mínima anual de 200 (duzentos) dias letivos,
perfazendo, no mínimo, 800 (oitocentas) horas, respeitando- CAPÍTULO III
se a flexibilidade do calendário das escolas, o qual poderá ser DA AVALIAÇÃO
organizado independente do ano civil, de acordo com as
atividades produtivas e socioculturais das comunidades Art. 41 A avaliação, entendida como um dos elementos que
quilombolas; compõem o processo de ensino e aprendizagem, é uma
IV - a interdisciplinaridade e contextualização na estratégia didática que deve:
articulação entre os diferentes campos do conhecimento, por I - ter seus fundamentos e procedimentos definidos no
meio do diálogo entre disciplinas diversas e do estudo e projeto político-pedagógico;
pesquisa de temas da realidade dos estudantes e de suas II - articular-se à proposta curricular, às metodologias, ao
comunidades; modelo de planejamento e gestão, à formação inicial e
V - a adequação das metodologias didático-pedagógicas às continuada dos docentes e demais profissionais da educação,
características dos educandos, em atenção aos modos próprios bem como ao regimento escolar;
de socialização dos conhecimentos produzidos e construídos III - garantir o direito do estudante a ter considerado e
pelas comunidades quilombolas ao longo da história; respeitado os seus processos próprios de aprendizagem.
VI - a elaboração e uso de materiais didáticos e de apoio
pedagógico próprios, com conteúdos culturais, sociais, Art. 42 A avaliação do processo de ensino e aprendizagem
políticos e identitários específicos das comunidades na Educação Escolar Quilombola deve considerar:
quilombolas; I - os aspectos qualitativos, diagnósticos, processuais,
VII - a inclusão das comemorações nacionais e locais no formativos, dialógicos e participativos do processo
calendário escolar, consultadas as comunidades quilombolas educacional;
no colegiado, em reuniões e assembleias escolares, bem como II - o direito de aprender dos estudantes quilombolas;
os estudantes no grêmio estudantil e em sala de aula, a fim de, III - as experiências de vida e as características históricas,
pedagogicamente, compreender e organizar o que é políticas, econômicas e socioculturais das comunidades
considerado mais marcante a ponto de ser rememorado e quilombolas;
comemorado pela escola; IV - os valores, as dimensões cognitiva, afetiva, emocional,
VIII - a realização de discussão pedagógica com os lúdica, de desenvolvimento físico e motor, dentre outros.
estudantes sobre o sentido e o significado das comemorações
da comunidade; Art. 43 Na Educação Infantil, a avaliação far-se-á mediante
IX - a realização de práticas pedagógicas voltadas para as acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o
crianças da Educação Infantil, pautadas no educar e no cuidar; objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino
X - o Atendimento Educacional Especializado, Fundamental.
complementar ou suplementar à formação dos estudantes
quilombolas com deficiência, transtornos globais do Art. 44 A Educação Escolar Quilombola desenvolverá
desenvolvimento e com altas habilidades e superdotação. práticas de avaliação que possibilitem o aprimoramento das
ações pedagógicas, dos projetos educativos, da relação com a
comunidade, da relação professor/estudante e da gestão.

Art. 45 Os Conselhos de Educação devem participar da


definição dos parâmetros de avaliação interna e externa que

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atendam às especificidades das comunidades quilombolas f) o estudo da memória, da ancestralidade, da oralidade, da


garantindo-lhes: corporeidade, da estética e do etnodesenvolvimento,
I - a consideração de suas estruturas sociais, suas práticas entendidos como conhecimentos e parte da cosmovisão
socioculturais e suas atividades econômicas; produzidos pelos quilombolas ao longo do seu processo
II - as suas formas de produção de conhecimento e histórico, político, econômico e sociocultural;
processos e métodos próprios de ensino-aprendizagem. g) a realização de estágio curricular em articulação com a
realidade da Educação Escolar Quilombola;
Art. 46 A inserção da Educação Escolar Quilombola nos h) as demais questões de ordem sociocultural, artística e
processos de avaliação institucional das redes da Educação pedagógica da sociedade e da educação brasileira de acordo
Básica deve estar condicionada às especificidades das com a proposta curricular da instituição.
comunidades quilombolas. Art. 51 Nos cursos de formação inicial da Educação Escolar
Quilombola deverão ser criados espaços, condições de estudo,
CAPÍTULO IV pesquisa e discussões sobre:
DA FORMAÇÃO INICIAL, CONTINUADA E I - as lutas quilombolas ao longo da história;
PROFISSIONALIZAÇÃO DOS II- o papel dos quilombos nos processos de libertação e no
PROFESSORES PARA ATUAÇÃO NA EDUCAÇÃO contexto atual da sociedade brasileira;
ESCOLAR QUILOMBOLA III - as ações afirmativas;
IV - o estudo sobre a articulação entre os conhecimentos
Art. 47 A admissão de profissionais do magistério para científicos e os conhecimentos tradicionais produzidos pelas
atuação na Educação Escolar Quilombola nas redes públicas comunidades quilombolas ao longo do seu processo histórico,
deve dar-se mediante concurso público, nos termos do art. 37, sociocultural, político e econômico;
inciso II, da Constituição Federal. IV - as formas de superação do racismo, da discriminação
Parágrafo Único As provas e títulos podem valorizar e do preconceito raciais, nos termos da Lei nº 9.394/96, na
conhecimentos profissionais e técnicos exigidos para a redação dada pela Lei nº 10.639/2003, e da Resolução CNE/CP
atuação na Educação Escolar Quilombola, observando a nº 1/2004.
natureza e a complexidade do cargo ou emprego.
Art. 52 Os sistemas de ensino podem, em articulação com
Art. 48 A Educação Escolar Quilombola deverá ser as instituições de Educação Superior, firmar convênios para a
conduzida, preferencialmente, por professores pertencentes realização de estágios curriculares de estudantes dos cursos
às comunidades quilombolas. de licenciatura para que estes desenvolvam os seus projetos
na Educação Escolar Quilombola, sobretudo nas áreas rurais,
Art. 49 Os sistemas de ensino, no âmbito da Política em apoio aos docentes em efetivo exercício.
Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, § 1º Os estagiários que atuarão na Educação Escolar
deverão estimular a criação e implementar programas de Quilombola serão supervisionados por professor designado
formação inicial de professores em licenciatura para atuação pela instituição de Educação Superior e acompanhados por
em escolas quilombolas e escolas que atendem estudantes docentes em efetivo exercício profissional nas escolas
oriundos de territórios quilombolas ou ainda em cursos de quilombolas e nas escolas que atendem estudantes oriundos
magistério de nível médio na modalidade normal, de acordo de territórios quilombolas;
com a necessidade das comunidades quilombolas. § 2º As instituições de Educação Superior deverão
assegurar aos estagiários, em parceria com o poder público,
Art. 50 A formação inicial de professores que atuam na condições de transporte, deslocamento e alojamento, bem
Educação Escolar Quilombola deverá: como todas as medidas de segurança para a realização do seu
I - ser ofertada em cursos de licenciatura aos docentes que estágio curricular na Educação Escolar Quilombola.
atuam em escolas quilombolas e em escolas que atendem
estudantes oriundos de territórios quilombolas; Art. 53 A formação continuada de professores que atuam
II - quando for o caso, também ser ofertada em serviço, na Educação Escolar Quilombola deverá:
concomitante com o efetivo exercício do magistério; I - ser assegurada pelos sistemas de ensino e suas
III - propiciar a participação dos graduandos ou instituições formadoras e compreendida como componente
normalistas na elaboração, desenvolvimento e avaliação dos primordial da profissionalização docente e estratégia de
currículos e programas, considerando o contexto sociocultural continuidade do processo formativo, articulada à realidade
e histórico das comunidades quilombolas; das comunidades quilombolas e à formação inicial dos seus
IV - garantir a produção de materiais didáticos e de apoio professores;
pedagógico específicos, de acordo com a realidade quilombola II - ser realizada por meio de cursos presenciais ou a
em diálogo com a sociedade mais ampla; distância, por meio de atividades formativas e cursos de
V - garantir a utilização de metodologias e estratégias atualização, aperfeiçoamento, especialização, bem como
adequadas de ensino no currículo que visem à pesquisa, à programas de mestrado ou doutorado;
inserção e à articulação entre os conhecimentos científicos e III - realizar cursos e atividades formativas criadas e
os conhecimentos tradicionais produzidos pelas comunidades desenvolvidas pelas instituições públicas de educação, cultura
quilombolas em seus contextos sócio-histórico-culturais; e pesquisa, em consonância com os projetos das escolas e dos
VI - ter como eixos norteadores do currículo: sistemas de ensino;
a) os conteúdos gerais sobre a educação, política IV - ter atendidas as necessidades de formação continuada
educacional, gestão, currículo e avaliação; dos professores pelos sistemas de ensino, pelos seus órgãos
b) os fundamentos históricos, sociológicos, próprios e instituições formadoras de pesquisa e cultura, em
sociolinguísticos, antropológicos, políticos, econômicos, regime de colaboração.
filosóficos e artísticos da educação;
c) o estudo das metodologias e dos processos de ensino- Art. 54 Os cursos destinados à formação continuada na
aprendizagem; Educação Escolar Quilombola deverão atender ao disposto no
d) os conteúdos curriculares da base nacional comum; art. 51 desta Resolução.
e) o estudo do trabalho como princípio educativo;

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Art. 55 A profissionalização de professores que atuam na f) promover a elaboração e publicação sistemática de


Educação Escolar Quilombola será realizada, além da material didático e de apoio pedagógico específico, em
formação inicial e continuada, por meio das seguintes ações: parceria com as instituições de Educação Superior, destinado
I - reconhecimento e valorização da carreira do magistério à Educação Escolar Quilombola;
mediante acesso por concurso público; g) realizar, em colaboração com os Estados, o Distrito
II - garantia das condições de remuneração compatível Federal e os Municípios, as
com sua formação e isonomia salarial; Conferências Nacionais de Educação Escolar Quilombola;
III - garantia de condições dignas e justas de trabalho e de h) aprofundar a discussão específica sobre a Educação
jornada de trabalho nos termos da Lei. Escolar Quilombola nas Conferências Nacionais de Educação.
§ 1º Os docentes que atuam na Educação Escolar II - Compete aos Estados:
Quilombola, quando necessário, deverão ter condições a) garantir a oferta do Ensino Médio no nível estadual,
adequadas de alojamento, alimentação, material didático e de levando em consideração a realidade das comunidades
apoio pedagógico, bem como remuneração prevista na Lei, quilombolas, priorizando a sua oferta nessas comunidades e
garantidos pelos sistemas de ensino. no seu entorno;
§ 2º Os sistemas de ensino podem construir, quando b) ofertar e executar a Educação Escolar Quilombola
necessário, mediante regime de colaboração, residência diretamente ou por meio de regime de colaboração com seus
docente para os professores que atuam em escolas Municípios;
quilombolas localizadas nas áreas rurais, sendo que a c) estruturar, nas Secretarias de Educação, instâncias
distribuição dos encargos didáticos e da sua carga horária de administrativas de Educação Escolar Quilombola com a
trabalho deverá levar em consideração essa realidade. participação de quilombolas e de profissionais especializados
Art. 56 Dada a especificidade das comunidades nas questões quilombolas, destinando-lhes recursos
quilombolas rurais e urbanas do país, estas Diretrizes financeiros específicos para a execução dos programas de
orientam os sistemas de ensino, em regime de colaboração, e Educação Escolar Quilombola;
em parceria com instituições de Educação Superior a d) criar e regularizar as escolas em comunidades
desenvolver uma política nacional de formação de professores quilombolas como unidades do sistema estadual e, quando for
quilombolas. o caso, do sistema municipal de ensino;
e) prover as escolas quilombolas e escolas que atendem
TÍTULO VIII estudantes oriundos dos territórios quilombolas de recursos
DA AÇÃO COLABORATIVA PARA A GARANTIA DA financeiros, técnico-pedagógicos e materiais, visando o pleno
EDUCAÇÃO ESCOLAR atendimento da Educação Básica;
QUILOMBOLA f) promover a formação inicial e continuada de professores
CAPÍTULO I quilombolas, em regime de cooperação com a União, o Distrito
Competências dos sistemas de ensino no regime de Federal e os Municípios;
colaboração g) realizar Conferências Estaduais de Educação Escolar
Quilombola, em regime de colaboração com a União, o Distrito
Art. 57 As políticas de Educação Escolar Quilombola serão Federal e os Municípios;
efetivadas por meio da articulação entre os diferentes h) implementar Diretrizes Curriculares estaduais para a
sistemas de ensino, definindo-se, no âmbito do regime de Educação Escolar Quilombola, em diálogo com as
colaboração, suas competências e corresponsabilidades. comunidades quilombolas, suas lideranças e demais órgãos
§ 1º Quando necessário, os territórios quilombolas que atuam diretamente com a educação dessas comunidades;
poderão se organizar mediante Arranjos de Desenvolvimento i) promover a elaboração e publicação sistemática de
da Educação, nos termos da Resolução CEB/CNE nº 1/2012. material didático e de apoio pedagógico e específico para uso
§ 2º Municípios nos quais estejam situados territórios nas escolas quilombolas e escolas que atendem estudantes
quilombolas poderão, em colaboração com Estados e União, se oriundos dos territórios quilombolas.
organizar, visando à oferta de Educação Escolar Quilombola, § 1º As atribuições dos Estados na oferta da Educação
mediante consórcios públicos intermunicipais, conforme a Lei Escolar Quilombola poderão ser realizadas por meio de regime
nº 11.107/2005. de colaboração com os Municípios, desde que estes tenham se
constituído em sistemas de educação próprios e disponham de
Art. 58 Nos termos do regime de colaboração, definido no condições técnicas, pedagógicas e financeiras adequadas, e
art. 211 da Constituição Federal e no artigo 8º da LDB: consultadas as comunidades quilombolas.
I - Compete a União: III - Compete aos Municípios:
a) legislar e definir diretrizes e políticas nacionais para a a) garantir a oferta da Educação Infantil e do Ensino
Educação Escolar Quilombola; Fundamental no nível municipal, levando em consideração a
b) coordenar a política nacional em articulação com os realidade das comunidades quilombolas, priorizando a sua
sistemas de ensino, induzindo a criação de programas oferta nessas comunidades e no seu entorno;
específicos e integrados de ensino e pesquisa voltados para a b) ofertar e executar a Educação Escolar Quilombola
Educação Escolar Quilombola, com a participação das diretamente ou por meio do regime de colaboração com os
lideranças quilombolas em seu acompanhamento e avaliação; Estados;
c) apoiar técnica, pedagógica e financeiramente os c) estruturar, nas Secretarias de Educação, instâncias
sistemas de ensino na oferta de educação nacional e, dentro administrativas de Educação Escolar Quilombola com a
desta, de Educação Escolar Quilombola; participação de quilombolas e de profissionais especializados
d) estimular a criação e implementar, em colaboração com nas questões quilombolas, destinando-lhes recursos
os sistemas de ensino e em parceria com as instituições de financeiros específicos para a execução das ações voltadas
Educação Superior, programas de formação inicial e para a Educação Escolar Quilombola;
continuada de professores para atuação na Educação Escolar d) prover as escolas quilombolas e as escolas que atendem
Quilombola; estudantes oriundos dos territórios quilombolas de recursos
e) acompanhar e avaliar o desenvolvimento de ações na financeiros, técnicos, materiais e humanos visando, o pleno
área da formação inicial e continuada de professores para atendimento da Educação Básica;
atuação na Educação Escolar Quilombola; f) implementar Diretrizes Curriculares municipais para a
Educação Escolar Quilombola, em diálogo com as

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comunidades quilombolas, suas lideranças e demais órgãos Art. 63 O financiamento da Educação Escolar Quilombola
que atuam diretamente com a educação dessas comunidades; deve considerar o disposto no art. 10, inciso XV, da Lei nº
g) realizar Conferências Municipais de Educação Escolar 11.494/2007 (FUNDEB), o qual dispõe que a distribuição
Quilombola, em colaboração com os Estados. proporcional de recursos dos Fundos levará em conta a
§ 2º As atribuições dos Municípios na oferta da Educação Educação do Campo, a Educação Escolar Indígena e
Escolar Quilombola poderão ser realizadas por meio do Quilombola dentre as diferentes etapas, modalidades e tipos
regime de colaboração com os Estados, consultadas as de estabelecimento de ensino da Educação Básica.
comunidades quilombolas, desde que estes tenham se
constituído em sistemas de educação próprios e disponham de Art. 64 Esta Resolução entra em vigor na data de sua
condições técnicas, pedagógicas e financeiras adequadas. publicação.
IV - Compete aos Conselhos Estaduais de Educação:
a) estabelecer critérios específicos para criação e RAIMUNDO MOACIR MENDES FEITOSA
regularização das escolas de Ensino Fundamental, de Ensino
Médio e de Educação Profissional na Educação Escolar PARECER HOMOLOGADO
Quilombola; Despacho do Ministro, publicado no D.O.U. de
b) autorizar o funcionamento e reconhecimento das 20/11/2012, Seção 1, Pág. 8.
escolas de Ensino Fundamental, de Ensino Médio e de
Educação Profissional em comunidades quilombolas; MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE
c) regularizar a vida escolar dos estudantes quilombolas, EDUCAÇÃO
quando for o caso;
d) elaborar Diretrizes Curriculares estaduais para a
Educação Escolar Quilombola em diálogo com as comunidades
quilombolas, suas lideranças e demais órgãos que atuam
diretamente com a educação nessas comunidades.
V - compete aos Conselhos Municipais de Educação:
a) estabelecer critérios específicos para a criação e a
regularização da Educação Infantil e do Ensino Fundamental
na Educação Escolar Quilombola, com a participação das
I – RELATÓRIO
lideranças quilombolas;
b) autorizar o funcionamento e reconhecimento das
1 Histórico
escolas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental em
De acordo com as deliberações da Conferência Nacional de
comunidades quilombolas;
Educação (CONAE, 2010), em atendimento ao Parecer
c) regularizar a vida escolar dos estudantes quilombolas,
CNE/CEB no 7/2010 e à Resolução CNE/CEB no 4/2010, que
quando for o caso;
instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
d) elaborar Diretrizes Curriculares municipais para a
Educação Básica, e tendo em vista a Indicação CNE/CEB no
Educação Escolar Quilombola, em diálogo com as
2/2010, a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional
comunidades quilombolas, suas lideranças, e demais órgãos
de Educação instituiu, por meio da Portaria CNE/CEB no
que atuam diretamente com a educação nessas comunidades.
5/2010, comissão responsável pela elaboração das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola.
TÍTULO IX
Essa comissão foi composta pelos conselheiros Adeum
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Hilário Sauer, Clélia Brandão Alvarenga Craveiro, Nilma Lino
Gomes (relatora), Raimundo Moacir Mendes Feitosa e Rita
Art. 59 É responsabilidade do Estado cumprir a Educação
Gomes do Nascimento (presidente) e foi assessorada por
Escolar Quilombola tal como previsto no art. 208 da
Maria da Glória Moura (UnB), na condição de consultora e
Constituição Federal.
especialista no assunto.
A elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Art. 60 As instituições de Educação Superior poderão
Educação Escolar Quilombola segue as orientações das
realizar projetos de extensão universitária voltados para a
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação
Educação Escolar Quilombola, em articulação com as diversas
Básica. De acordo com tais Diretrizes:
áreas do conhecimento e com as comunidades quilombolas.
A Educação Escolar Quilombola é desenvolvida em unidades
Art. 61 Recomenda-se que os Entes Federados (União,
educacionais inscritas em suas terras e cultura, requerendo
Estados, Distrito Federal e Municípios) trabalhem no sentido
pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-cultural
de articular as ações de diferentes setores que garantam o
de cada comunidade e formação específica de seu quadro
direito às comunidades quilombolas à educação, à cultura, à
docente, observados os princípios constitucionais, a base
ancestralidade, à memória e ao desenvolvimento sustentável,
nacional comum e os princípios que orientam a Educação Básica
especialmente os Municípios, dada a sua condição de estarem
brasileira. Na estruturação e no funcionamento das escolas
mais próximos dos locais em que residem as populações
quilombolas, deve ser reconhecida e valorizada sua diversidade
quilombolas rurais e urbanas.
cultural. (p. 42)
Art. 62 O Ministério da Educação, em cooperação com os
Orienta-se também pelas deliberações da Conferência
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, ouvidas as
Nacional de Educação (CONAE, 2010). De acordo com o
lideranças quilombolas e em parceria com as instituições de
documento final da conferência, a União, os Estados, o Distrito
Educação Superior e de Educação Profissional e Tecnológica,
Federal e os Municípios deverão:
Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e grupos correlatos,
a) Garantir a elaboração de uma legislação específica para
organizações do Movimento Quilombola e do Movimento
a educação quilombola, com a participação do movimento
Negro deverá instituir o Plano Nacional de Implementação das
negro quilombola, assegurando o direito à preservação de suas
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar
manifestações culturais e à sustentabilidade de seu território
Quilombola.
tradicional.
b) Assegurar que a alimentação e a infraestrutura escolar

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quilombola respeitem a cultura alimentar do grupo, observando Escolar Quilombola, Georgina Helena Lima Nunes (UFPEL);
o cuidado com o meio ambiente e a geografia local. uma representante da SECADI/MEC, Maria Auxiliadora Lopes;
c) Promover a formação específica e diferenciada (inicial e e uma representante da SEPPIR/PR, Leonor Araújo. No
continuada) aos/às profissionais das escolas quilombolas, processo, o CNE convidou também a Secretaria de Educação
propiciando a elaboração de materiais didático-pedagógicos Básica do MEC (SEB/MEC) e a Fundação Cultural Palmares
contextualizados com a identidade étnico-racial do grupo. para compor o grupo, as quais foram representadas,
d) Garantir a participação de representantes quilombolas respectivamente, por Sueli Teixeira Mello e Maria Isabel
na composição dos conselhos referentes à educação, nos três Rodrigues.
entes federados. Em parceria com a comissão assessora, durante o ano de
e) Instituir um programa específico de licenciatura para 2011, a comissão da CEB coordenou e realizou três audiências
quilombolas, para garantir a valorização e a preservação públicas para subsidiar a elaboração das referidas Diretrizes
cultural dessas comunidades étnicas. Curriculares Nacionais. Para isso, foram selecionados os
f) Garantir aos professores/as quilombolas a sua formação Estados do Maranhão e da Bahia, juntamente com o Distrito
em serviço e, quando for o caso, concomitantemente com a sua Federal. A escolha dos dois primeiros deve-se ao contingente
própria escolarização. populacional quilombola, à intensa articulação política e à
g) Instituir o Plano Nacional de Educação Quilombola, capacidade de congregar municípios do entorno e das Regiões
visando à valorização plena das culturas das comunidades Norte e Nordeste. O último, por ser o local da sede do CNE e
quilombolas, à afirmação e manutenção de sua diversidade capaz de articular a participação das Regiões Centro-Oeste,
étnica. Sudeste e Sul do país.
h) Assegurar que a atividade docente nas escolas A realização das três audiências contou com o apoio e a
quilombolas seja exercida preferencialmente por professores/as parceria do Ministério da Educação (SECADI e SEB), SEPPIR,
oriundos/as das comunidades quilombolas. (C0NAE, 2010, p. Fundação Cultural Palmares, Secretarias Municipais e
131-132) Estaduais de Educação, Governos de Estados, Prefeituras
Municipais locais e alguns Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros
Observado o disposto na Convenção 169 da Organização (NEABs).
Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e O CNE disponibilizou no seu site, no período de junho a
Tribais, promulgada pelo Decreto no 5.051, de 19 de abril de dezembro de 2011, o documento “Texto-Referência para a
2004, e pelo Decreto no 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, que elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável Educação Escolar Quilombola”, o qual subsidiou as audiências,
dos Povos e Comunidades Tradicionais, os quilombolas são tornou público o debate e recebeu críticas e sugestões. As
considerados comunidades e povos tradicionais. Isso porque contribuições recebidas foram enviadas ao e-mail institucional
são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem audienciaquilombola@mec.gov.br. Esse mesmo texto foi
como tais, possuidores de formas próprias de organização encaminhado às redes sociais e circulou nos fóruns dedicados
social, utilizam conhecimentos, inovações e práticas gerados e à questão quilombola no Brasil.
transmitidos pela tradição, são ocupantes e usuários de As audiências públicas realizadas tiveram como tema “A
territórios e recursos naturais como condição à sua Educação Escolar Quilombola que temos e a que queremos” e
reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica. contaram com a participação significativa de representantes
Além disso, de acordo com o art. 68 do Ato das Disposições das comunidades quilombolas, gestores, docentes, estudantes,
Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988 movimentos sociais, ONGs, fóruns estaduais e municipais de
e com o Decreto no 6.040/2007, que institui a Política Nacional educação e diversidade étnico-racial, pesquisadores e demais
de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades interessados no tema. As datas dos encontros foram as
Tradicionais, os quilombolas reproduzem sua existência nos seguintes:
territórios tradicionais, os quais são considerados como 1ª audiência: Cidade de Itapecuru-Mirim, MA, no dia 5 de
aqueles onde vivem comunidades quilombolas, povos agosto de 2011, das 9h às 13h, no Itapecuru Social Clube.
indígenas, seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco Público: 368 participantes.
babaçu, ribeirinhos, faxinalenses e comunidades de fundo de 2ª audiência: Cidade de São Francisco do Conde, BA, no dia
pasto, dentre outros, e necessários à reprodução cultural, 30 de setembro de 2011, das 9h às 13h, na Câmara dos
social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, Vereadores de São Francisco do Conde. Público: 433
territórios esses utilizados de forma permanente ou participantes.
temporária. 3ª° audiência: Brasília, DF, no dia 7 de novembro de 2011,
Durante a realização do 1º Seminário Nacional de das 9h às 13h, no auditório do Conselho Nacional de Educação.
Educação Quilombola, em novembro de 2010, organizado pelo Público: 110 participantes.
Ministério da Educação (MEC), por meio da então Secretaria
de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade (SECAD), Com o objetivo de tornar a discussão sobre a Educação
com apoio da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Escolar Quilombola acessível aos quilombolas presentes nas
Racial da Presidência da República (SEPPIR/PR) e demais audiências e ao público em geral, foi produzido pela comissão
parceiros, a Câmara de Educação Básica transferiu a sua especial da CEB o folheto “Diretrizes Curriculares para
reunião ordinária para esse evento, na manhã do dia 10 de Educação Escolar Quilombola: algumas informações”. Trata-se
novembro de 2010, com o objetivo de ouvir os docentes e os da síntese dos pontos centrais do documento-referência,
gestores quilombolas presentes sobre as suas principais distribuída gratuitamente em todas as audiências públicas e
demandas educacionais. Nesse mesmo evento, foi instituída para os demais interessados, por meio de uma parceria com a
uma comissão quilombola de assessoramento à comissão SEPPIR. O mesmo texto foi disponibilizado no site da SEPPIR
especial da Câmara de Educação Básica, formada por oito para download.
integrantes: quatro quilombolas indicados pela Coordenação No contexto das discussões em torno da Educação Escolar
Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombola, alguns Estados e Municípios realizaram as
Quilombolas (CONAQ), Edicélia Santos (Quilombo Bom Jesus próprias audiências públicas. Destaca-se a audiência realizada
da Lapa, BA), Laura Maria dos Santos (Quilombo Campinho da em Vitória, ES, no dia 29 de março de 2012, por meio da
Independência, RJ), Maria Diva Rodrigues (Quilombo parceria entre a comissão quilombola e a Assembleia
Conceição das Crioulas, PE), Maria Zélia de Oliveira (Quilombo Legislativa do Estado do Espírito Santo. Para essa audiência, a
Conceição das Crioulas, PE); uma pesquisadora da Educação comissão especial da Câmara de Educação Básica foi

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convidada e representada pela relatora destas Diretrizes. O consciência que as comunidades quilombolas têm de sua
evento contou com um total de 150 participantes, dentre eles história e a necessidade de considerar o conceito de quilombo
quilombolas, gestores de escolas públicas, professores, e suas ressemantizações para a elaboração das Diretrizes
estudantes da Educação Básica e da Educação Superior, líderes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola.
comunitários, advogados, prefeitos de cidades do Espírito Segundo Munanga e Gomes (2004, p. 71, 72), a palavra
Santo com grande contingente populacional quilombola, kilombo é originária da língua banto umbundo, falada pelo
deputados, representante da SECADI/MEC e vice-reitoria da povo ovimbundo, que se refere a um tipo de instituição
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). sociopolítica militar conhecida na África Central e, mais
Ainda no processo de discussão destas Diretrizes, o CNE especificamente, na área formada pela atual República
realizou uma reunião técnica com a participação da Comissão Democrática do Congo (antigo Zaire) e Angola. Apesar de ser
Técnica Nacional de Diversidade para Assuntos Relacionados um termo umbundo, constitui-se em um agrupamento militar
à Educação dos Afro-Brasileiros (CADARA), da SECADI/MEC, composto dos jagas ou imbangalas (de Angola) e dos lundas
da Fundação Cultural Palmares, do Instituto de Pesquisa (do Zaire) no século XVII.
Econômica Aplicada (IPEA), de quilombolas, pesquisadores e De acordo com alguns antropólogos, na África, a palavra
convidados, no dia 24 de maio de 2012, na sede do CNE, em quilombo refere-se a uma associação de homens, aberta a
Brasília. Durante o encontro, a conselheira relatora todos.
apresentou aos presentes a minuta de parecer que instituirá Os autores ainda discorrem que existem muitas
as referidas Diretrizes, oportunidade em que também foi semelhanças entre o quilombo africano e o brasileiro,
realizada a leitura conjunta e detalhada de item por item do formados mais ou menos na mesma época. Sendo assim, os
Projeto de Resolução, totalizando 14 horas de trabalho de quilombos brasileiros podem ser considerados como uma
discussão, debate, problematização e construção de consenso. inspiração africana, reconstruída pelos escravizados para se
No dia 25 de maio de 2012, todos os integrantes da reunião opor a uma estrutura escravocrata, pela implantação de outra
técnica participaram do seminário “Educação e Relações forma de vida, de outra estrutura política na qual todos os
Étnico-Raciais” promovido pelo CNE, o qual contou com um oprimidos são acolhidos.
público em torno de 260 pessoas. O processo de aquilombamento existiu onde houve
Diante do exposto, estas Diretrizes, de caráter mandatório, escravidão dos africanos e de seus descendentes. Em todas as
com base na legislação geral e em especial na Convenção 169 Américas, há grupos semelhantes, porém com nomes
da Organização Internacional do Trabalho, ratificada no Brasil diferentes, de acordo com a região onde viveram: cimarrónes,
por meio do Decreto Legislativo no 143/2003 e do Decreto no em muitos países de colonização espanhola; palenques, em
6.040/2007, que institui a Política Nacional de Cuba e na Colômbia; cumbes, na Venezuela; e marroons, na
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Jamaica, nas Guianas e nos Estados Unidos. Anjos, R. (2007)
Tradicionais, têm por objetivos: confirma esse dado ao afirmar que surgiram milhares de
I - orientar os sistemas de ensino e as escolas de Educação quilombos de norte a sul do Brasil, assim como na Colômbia,
Básica da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos no Chile, no Equador, na Venezuela, no Peru, na Bolívia, em
Municípios na elaboração, no desenvolvimento e na avaliação Cuba, no Haiti, na Jamaica, nas Guianas e em outros territórios
de seus projetos educativos; da América.
II - orientar os processos de construção de instrumentos Dessa forma, podemos entender os quilombos não
normativos dos sistemas de ensino visando garantir a somente como uma instituição militar da África Central, mas,
Educação Escolar Quilombola nas diferentes etapas e principalmente, como uma experiência coletiva de africanos e
modalidades, da Educação Básica, sendo respeitadas as suas seus descendentes, uma estratégia de reação à escravidão,
especificidades; somada a participação de outros segmentos da população com
III - assegurar que as escolas quilombolas e as escolas que os quais os quilombolas interagiram em cada país,
atendem estudantes oriundos dos territórios quilombolas notoriamente, alguns povos indígenas.
considerem as práticas socioculturais, políticas e econômicas Trata-se, portanto, de uma experiência da diáspora
das comunidades quilombolas, bem como os seus processos africana, ainda pouco conhecida no contexto da sociedade
próprios de ensino- aprendizagem e as suas formas de brasileira, de maneira geral, e na educação escolar, em
produção e de conhecimento tecnológico; específico. Os quilombos, todavia, não se perderam no
IV - assegurar que o modelo de organização e gestão das passado. Eles se mantêm vivos, na atualidade, por meio da
escolas quilombolas e das escolas que atendem estudantes presença ativa das várias comunidades quilombolas existentes
oriundos desses territórios considere o direito de consulta e a nas diferentes regiões do país. O direito a uma educação
participação da comunidade e suas lideranças, conforme o escolar que respeite e reconheça sua história, memória,
disposto na Convenção 169 da OIT; tecnologias, territórios e conhecimentos tem sido uma das
V - fortalecer o regime de colaboração entre os sistemas reivindicações históricas dessas comunidades e das
de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos organizações do movimento quilombola.
Municípios na oferta da Educação Escolar Quilombola; Segundo Moura (1997), no processo de colonização, a
VI - zelar pela garantia do direito à Educação Escolar primeira conceituação do que era “quilombo” foi realizada
Quilombola às comunidades quilombolas rurais e urbanas, pela Coroa portuguesa, como resposta do rei de Portugal à
respeitando a história, o território, a memória, a consulta do Conselho Ultramarino (2/12/1740): “Toda
ancestralidade e os conhecimentos tradicionais; habitação de negros fugidos que passem de cinco, em parte
VII - subsidiar a abordagem da temática quilombola em despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados nem se
todas as etapas da Educação Básica, pública e privada, achem pilões neles”.
compreendida como parte integrante da cultura e do A concepção de que quilombos eram constituídos somente
patrimônio afro-brasileiro, cujo conhecimento é por africanos escravizados foi modificada ao longo do tempo,
imprescindível para a compreensão da história, da cultura e da mediante ações e reivindicações dos próprios quilombolas e
realidade brasileiras. das pesquisas realizadas por estudiosos do tema. Insistir nessa
concepção reducionista significa negar ou tentar invisibilizar
2 Mérito o sentido histórico, cultural e político dos quilombos.
2.1 Quilombos: conceito e desdobramentos atuais Lamentavelmente, essa visão colonial ainda persiste nos livros
didáticos e no imaginário social, fruto das estratégias de
Nas audiências públicas realizadas, revelaram-se a branqueamento da população e das tentativas de apagamento

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da memória afro-brasileira e africana imposto pelo racismo. sobrevivência nos mercados e portos das cidades. Já Barbosa
A Constituição Federal de 1988 avançou ao aprovar o art. (s/d) afirma que estas aglomerações ficavam a quatro, cinco
68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: “Aos quilômetros da cidade, fixados no alto dos morros ou nos vales.
remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam Eram comunidades clandestinas que sobreviviam do
ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, intercâmbio com os negros libertos, e os redutos se tornaram
devendo o Estado emitir- lhes os títulos respectivos”. focos de resistência na luta abolicionista. Com o fim da
Esse reconhecimento legal suscitou amplos debates e escravidão, os quilombos urbanos não desapareceram da
discussões sobre quem seriam “remanescentes de paisagem das cidades.
quilombos” e como deveriam ser tituladas suas terras. Para Rolnik (1989), os antigos redutos de resistência à
De acordo com O’Dwyer (1995), a Associação Brasileira escravidão viraram “territórios negros”, onde floresceram as
de Antropologia (ABA) passa a ter, a partir de 1994, uma tradições herdadas dos africanos. A capoeira, o batuque, as
compreensão mais ampliada de quilombo. Segundo a autora: danças de roda e o culto aos orixás encontraram nesses locais
um porto seguro. No entanto, esses espaços continuaram
O termo quilombo tem assumido novos significados na sendo estigmatizados e vistos pelas elites políticas e
literatura especializada e também para grupos, indivíduos e econômicas como redutos marginais a ser eliminados.
organizações. Vem sendo ressemantizado para designar a Os quilombos urbanos do passado tiveram grande
situação presente dos segmentos negros em regiões e contextos importância na vida do trabalhador negro nas cidades. Esses
do Brasil. Contemporaneamente, quilombo não se refere a trabalhadores se acomodavam muitas vezes em cortiços na
resíduos ou resquícios arqueológicos de ocupação temporal ou periferia ou em casas de amigos e parentes, para exercer
de comprovação biológica. Não se trata de grupos isolados ou de durante o dia suas funções nos mercados ou nos portos ou em
população estritamente homogênea, nem sempre foram qualquer atividade remunerada.
constituídos a partir de movimentos insurrecionais ou Castro (2005) discute que, mesmo com a perseguição,
rebelados. Sobretudo consistem em grupos que desenvolveram vários bairros nasceram sobre as ruínas dos velhos quilombos,
práticas cotidianas de resistência na manutenção e na como o Bairro da Liberdade, em Salvador; a Gamboa, a
reprodução de seus modos de vida característicos e na Serrinha e o Sacopã, no Rio de Janeiro; o Bexiga e a Barra
consolidação de território próprio. A identidade desses grupos Funda, em São Paulo. Encontramos, ainda, o Quilombo Urbano
não se define por tamanho e número de membros, mas pela Família Silva, em Porto Alegre, que descende de antepassados
experiência vivida e as versões compartilhadas de sua trajetória que chegaram, na década de 30, na região denominada Colônia
comum e da continuidade como grupo. Neste sentido, Africana de Porto Alegre, hoje bairro Três Figueiras, cujo
constituem grupos étnicos conceitualmente definidos pela metro quadrado é o mais valorizado da capital do Rio Grande
antropologia como um tipo organizacional que confere ao Sul. Esses espaços, além de se tornarem berços das escolas
pertencimento por meio de normas e meios empregados para de samba, dos grupos de jongo, dos templos de cultos africanos
indicar afiliação ou exclusão. (O’DWYER, 1995, p. 2) e das rodas de capoeira, transformaram-se em redutos de
Autores como Gusmão (1995), Araújo (1990), Leite resistência às dificuldades dos remanescentes de africanos
(1991), Almeida (1988), Gomes e Pereira (1988), dentre escravizados de sobreviver à pós-Abolição.
outros, afirmam a contemporaneidade das comunidades Acrescentem-se a essa reflexão os estudos de Vilasboas et
quilombolas, localizando-as como celeiros de uma tradição al. (2010) sobre a territorialidade negra urbana em Porto
cultural de valorização dos antepassados calcada numa Alegre. Esses afirmam que os territórios negros urbanos
história identitária comum, com normas de pertencimento e tiveram a presença de muitos negros africanos e de seus
consciência de luta pelos territórios que habitam e usufruem; descendentes que aportaram, nessa cidade, na condição de
daí a referência a “quilombos contemporâneos”. cativos, ocupando as mais diversas atividades domésticas e
Essas análises enfatizam a identidade das comunidades públicas em sua área central. Exerceram as funções de
quilombolas definida pela experiência vivida, versões escravos domésticos, escravos de ganho, escravos de aluguel,
compartilhadas de suas trajetórias comuns, pertencimento, pedreiros, carregadores, lavadeiras, vendedores, marinheiros,
tradição cultural de valorização dos antepassados, músicos etc. Constituíram quilombos urbanos e rotas de fuga,
fundamentada numa história identitária comum, dentre a fim de escapar da opressão vivenciada no contexto rural,
outros. Aspectos relevantes quando pensamos em Diretrizes evadindo-se do meio urbano para o meio rural ou para a
Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola. A periferia da capital gaúcha.
essas dimensões, as comunidades quilombolas e o movimento A localização urbana dos quilombos possui características
quilombola acrescentam a consciência política construída nas mais complexas. Segundo Silva, G. (2011), além daquelas que
lutas pelos territórios que habitam, nas quais constroem e já nasceram em regiões urbanas, pelas suas formas de
ressignificam suas identidades. organização e lutas e participação em movimentos de
desterritorialização e territorialização em vários lugares no
2.2 Os quilombos urbanos Brasil, existem comunidades que foram crescendo e
absorvendo as cidades e se urbanizando. Outras vezes, elas
O conceito de quilombo incorpora também as foram deslocadas para as periferias das grandes cidades para
comunidades quilombolas que ocupam áreas urbanas, fugir das pressões do meio rural, que vem alterando de forma
ultrapassando a ideia de que essas se restringem ao meio rural. negativa a vida dessa parcela da população, como, por
Diferentemente dos quilombos de resistência à exemplo, o desmatamento que cede espaço para grandes
escravatura ou de rompimento com o regime dominante, como plantações, mineradoras, grandes barragens, hidrelétricas,
o de Palmares, que se situavam em locais distantes das sedes bases militares, dentre outras.
de províncias, com visão estratégica para se proteger das A territorialização e a desterritorialização ora se ligam com
invasões dos adeptos da Coroa, existiram os chamados a exclusão, ora com a liberdade sonhada e buscada pelas
“quilombos urbanos”, que se localizavam bem próximos das comunidades quilombolas. Mais recentemente, pelo modelo
cidades, com casas de pau a pique, construídas com barro e de expansão do capitalismo no campo e a consequente
pequenos troncos de árvores. Plantadas em clareiras na mata, valorização das terras e, ainda, pela sua disputa e apropriação.
as casas eram rodeadas pela criação de cabras, galinhas, Lamentavelmente, as características das pressões e opressões
porcos e animais de estimação. vividas no passado se repetem em outros moldes nos dias
Segundo Silva, E. (2003), os quilombos urbanos eram atuais. Dentre elas, destaca-se um dos resultados negativos da
dormitórios dos negros fugitivos que tentavam a violência e das desigualdades vividas por várias comunidades

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quilombolas no meio rural, como a busca das cidades como quilombolas. O Ministério do Desenvolvimento estima que
abrigo e possibilidade de trabalho com melhor remuneração. existam, ao menos, 109.036 famílias quilombolas vivendo em
Somadas a isso, a necessidade de conclusão dos anos finais do comunidades espalhadas por 1.211 municípios de todo o país.
Ensino Fundamental e a realização do Ensino Médio e da Entretanto, o processo de titulação dos territórios ocupados
Educação Superior também levam jovens quilombolas a pelas comunidades acontece de forma lenta: segundo o
abandonar o campo. (SILVA, G., 2011) Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA),
Silva, G. (2011) ainda reflete: “Se, por um lado, perderam a em 20 anos, apenas 189 comunidades foram tituladas e 120
relação com o território de origem, por outro, construíram títulos foram expedidos em 108 territórios. (LIMA JUNIOR,
novos territórios. A incorporação dos elementos dessa 2011, p. 52)
composição não é necessariamente física, material, mas Após anos de luta dos quilombolas pelos seus direitos, em
muitas vezes imaterial.” (p. 23-24) 2003, foi assinado pelo então presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva, o Decreto no 4.887/2003,
2.3 Comunidades quilombolas no Brasil: dados simbolicamente, no dia 20 de novembro (Dia Nacional da
escolares e legais Consciência Negra), na Serra da Barriga, em União dos
Palmares, AL, sede do Quilombo dos Palmares. Esse Decreto
O número de comunidades quilombolas no Brasil é apresenta um novo caráter fundiário, dando ênfase à cultura,
elevado, mas ainda não existe levantamento extensivo. Sabe- à memória, à história e à territorialidade, uma inovação no
se que há quilombos em quase todos os Estados da Federação, Brasil, isto é, o reconhecimento do direito étnico. A partir da
mas não se tem conhecimento de existirem em Brasília, no data de publicação do referido decreto, o INCRA, vinculado ao
Acre e em Roraima. Segundo dados da SECADI/MEC, os Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), voltou a ser o
Estados com maior número de quilombos são: Maranhão, com órgão responsável pela titulação das terras quilombolas.
318; Bahia, com 308; Minas Gerais, com 115; Pernambuco, De acordo com o Decreto no 4.887/2003, os quilombos são
com 93, e Pará, com 85. No entanto, é válido esclarecer que, em entendidos como: “Os grupos étnico-raciais segundo critérios
alguns Estados como o Maranhão, foram registradas mais de de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados
400 comunidades no levantamento realizado, em 1988, pelo de relações territoriais específicas, com presunção de
Projeto Vida de Negro, do Centro de Cultura Negra do ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão
Maranhão (CCN/MA). histórica sofrida” (art. 2o do Decreto no 4.887/2003).
De acordo com o Censo Escolar de 2010, existem no Brasil Na opinião de Arruti (2008), a definição das condições de
1.912 escolas localizadas em áreas remanescentes de execução das ações de regularização de territórios
quilombos. Desse total, 1.889 são públicas e 23, privadas. Das quilombolas pode ser considerada como a maior importância
públicas, 109 são estaduais, 1.779, municipais e apenas uma é desse decreto presidencial. Segundo esse autor:
federal. Ignorando as objeções impostas, (o decreto) estabeleceu o
Em 2010, havia nessas escolas 31.943 funções docentes. Incra como o responsável pelo processo de regularização
Destas, 31.427 professores atuavam em escolas públicas e 516, fundiária das comunidades quilombolas, incorporou o direito
em escolas privadas. Dos professores das escolas públicas, destas ao auto-reconhecimento, restituiu a possibilidade de
9.754 trabalhavam nas estaduais, 21.624, nas municipais, e 49, desapropriações e, finalmente, estabeleceu que a titulação deve
na federal. se efetuar em nome de entidade representativa da comunidade.
Estavam matriculados na Educação Básica, em 2010, (p. 85)
210.485 mil estudantes em escolas localizadas em áreas Cabe destacar o fato de esse novo decreto tanto incorporar
remanescentes de quilombos. Desses, 207.604 nas escolas uma perspectiva comunitarista ao artigo constitucional (um
públicas e 2.881, nas privadas. Dos estudantes da escola direito de coletividades, e não de indivíduos) quanto dar à
pública, 42.355 estavam nas estaduais, 165.158, nas noção de “terra” a dimensão conceitual de território (ARRUTI,
municipais e 91, na escola federal. 2008, p. 85).
Do total de estudantes matriculados no Brasil, 15,2% Em 24 de março de 2004, é publicada a Instrução
encontravam-se na Região Norte, 68% na Região Nordeste, Normativa no 16 (IN 16) do INCRA, com a finalidade de
10,9% na Região Sudeste, 3,1% na Região Sul, 2,8% na Região regulamentar o procedimento para identificação,
Centro-Oeste. reconhecimento, delimitação, demarcação, desintrusão,7
Do total de matrículas estaduais, 12,4% diziam respeito à titulação e registro das comunidades quilombolas com base no
Região Norte, 68,5% à Nordeste, 17,4% à Sudeste, 0,6% à Sul Decreto no 4.887/2003.
e 1,1% ao Centro-Oeste. No mesmo ano, o então Partido da Frente Liberal (PFL),
Do total de matrículas municipais, 16,2% estavam na atual Democratas, ingressa no Supremo Tribunal Federal com
Região Norte, 67,6% na Nordeste, 9,2% na Sudeste, 3,7% na a ADIN n° 3.239, alegando a inconstitucionalidade do Decreto
Sul e 3,2% no Centro-Oeste. no 4.887/2003, ainda em processo de julgamento.
Do total de matrículas federais, 100% estavam na Região Em 20 de outubro de 2009, o INCRA cria a IN 57, que
Nordeste, já que o Censo de 2010 encontrou apenas uma regulamenta o procedimento para identificação,
escola. reconhecimento e registro das terras ocupadas por
Do total das matrículas públicas (federal, estadual e remanescentes das comunidades dos quilombos de que tratam
municipal), 15,5% encontravam- se na Região Norte, 67,8% na o art. 68 do ADCT da Constituição Federal de 1988 e o Decreto
Nordeste, 10,9% na Sudeste, 3,1% na Sul e 2,8% no Centro- no 4.887/2003.
Oeste.
Do total de matrículas privadas, 0% está na Região Norte, 3 Os quilombolas compreendidos como povos e
82,9% na Nordeste, 13,1% no Sudeste, 1,1% no Sul e 3% no comunidades tradicionais
Centro-Oeste.
Do ponto de vista da regularização, as comunidades As comunidades quilombolas e sua luta por direitos fazem
quilombolas passam pelo processo de identificação, parte dos contextos nacional e internacional. Ao longo dos
certificação5 e titulação6. Dados da Fundação Cultural anos, juntamente com outros povos e comunidades
Palmares estimam que existam 3.524 comunidades considerados tradicionais e em articulação com outros
quilombolas identificadas no Brasil, das quais 1.711 já foram movimentos sociais, os quilombolas, por meio de suas ações e
certificadas. Em dezembro de 2011, 52.601 famílias inscritas atuação política, têm contribuído no processo de mudança no
no Cadastro Único do Programa Bolsa-Família declararam-se próprio campo jurídico, na aplicação e interpretação das leis,

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pressionando o Estado e o próprio Direito a realizar a devida considerado. Nesse sentido, a ratificação e a promulgação da
relação entre os princípios da igualdade e da pluralidade. Convenção 169 pelo Estado brasileiro têm provocado e
Questionam a tendência ainda hegemônica do Estado e do promovido uma ruptura no mundo jurídico, que sempre
campo do Direito de aplicarem a lei de maneira neutra e esteve vinculado aos intérpretes autorizados da lei.
indagam por que em sociedades reconhecidamente diversas e A Convenção 169 também prevê o processo de
pluriculturais, como é o caso do Brasil, ainda é possível participação e de consulta que envolve os povos e as
encontrar tanta resistência à garantia dos direitos dos comunidades tradicionais. Segundo o art. 6o, os governos
coletivos sociais considerados diversos. É nesse campo que a devem estabelecer os meios para que os povos e as
discussão do “direito étnico” começa a ocupar mais espaço. E é comunidades tradicionais interessados possam participar das
também nesse campo que os quilombolas, enquanto coletivo decisões em todos os níveis nos âmbitos legislativo e
étnico-racial e social, adquirem maior visibilidade na arena administrativo (inclusive alocando recursos, investindo na
política. formação e capacitação e no fortalecimento institucional dos
De acordo com Shiraishi Neto (2007), se fizermos uma grupos...).
leitura dos diversos dispositivos jurídicos internacionais que Na perspectiva apontada pelo documento, “o ‘princípio da
foram “acordados”, “assinados” e “ratificados” pelo Brasil, os igualdade’ passa a ser o pressuposto e não o objetivo a ser
quais fazem referência aos grupos sociais portadores de alcançado, uma vez que a emancipação decorre do
identidade étnica e coletiva, tal como são designados os reconhecimento da existência da diversidade e das diferenças
diversos povos e comunidades tradicionais no país, de cultura, que envolvem distintos sujeitos.” (SHIRAISHI
compreenderemos melhor o processo de luta pelo NETO, 2007, p. 48)
reconhecimento desses grupos. No Brasil, assistimos a uma Dessa forma, o Estado deverá condicionar suas políticas e
ampla mobilização pelo reconhecimento de direitos, programas às ações dos grupos sociais, estruturar-se de forma
protagonizada pelos povos indígenas, povos quilombolas, diferenciada para o atendimento das demandas que são
seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco babaçu, múltiplas e complexas, determinando “novas” maneiras de
ribeirinhos, faxinalenses e comunidades de fundo de pasto, pensá-las. Isso acarreta uma mudança do Estado na forma de
dentre outros. organizar e operacionalizar suas ações, que não pode ficar
Do ponto de vista da luta por reconhecimento e pelo direito restrita às competências administrativas firmadas
desencadeada pelas comunidades quilombolas, cabe destacar previamente.
a importância dessas convenções internacionais das quais o Ainda de acordo com as reflexões de Shiraishi Neto (2007),
Brasil é signatário e os avanços que elas trouxeram para a a importância da Convenção 169, assim como a dos outros
sociedade mais ampla e para os quilombolas, indígenas e tratados internacionais, está na sua possibilidade de induzir
outros povos tradicionais, de modo específico. A Convenção uma série de políticas, programas e ações. A sua aplicação, de
169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma fato, pode e deve significar uma mudança nas estruturas do
delas. Estado, que sempre foram esboçadas e operacionalizadas de
A Convenção 169 foi adotada pela Organização forma universal, sem deixar margem para o tratamento das
Internacional do Trabalho (OIT), em 1989. Em junho de 2002, diferenças existentes.
como resultado da força das reivindicações dos movimentos O Decreto no 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, que instituiu
sociais e ressaltando o caráter aplicado do conceito de “terras a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos
tradicionalmente ocupadas”, o governo brasileiro ratificou e Comunidades Tradicionais, caminha nessa mesma direção e
essa Convenção, por meio do Decreto Legislativo no 143, não define a priori os povos e as comunidades tradicionais no
assinado pelo presidente do Senado Federal. Brasil, o que possibilita maior inclusão dos grupos sociais.
Segundo Almeida (2007), a Convenção 169 reconhece De acordo com o Decreto:
como critério fundamental os elementos de autoidentificação
e reforça, em certa medida, a lógica de atuação dos Art. 3º (...) I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos
movimentos sociais orientados principalmente por fatores culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que
étnicos e pelo advento de novas identidades coletivas. Ainda possuem formas próprias de organização social, que ocupam e
segundo esse autor, a ratificação da Convenção 169 enfatiza os usam territórios e recursos naturais como condição para sua
instrumentos de redefinição da política agrária, favorece a reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica,
aplicação da política ambiental e de políticas étnicas, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e
reforçando os termos da implementação de outro dispositivo transmitidos pela tradição.
transnacional, a saber, a Convenção sobre Diversidade
Biológica (CDB), cujo texto foi firmado durante a Conferência A Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Povos Tradicionais, juntamente com a Convenção 169 da OIT,
em 1992, e aprovado pelo Senado Federal, por meio do é, portanto, documento importante e orientador das Diretrizes
Decreto Legislativo no 2/94. Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola.
Shiraishi Neto (2007) aponta outras importantes Em concordância com o art. 3o dessa política, estas
características dessa mesma Convenção: o documento não faz Diretrizes consideram:
distinção de tratamento aos “povos indígenas” e “tribais”, ou
seja, ambos têm peso semelhante. Ao mantê-lo assim, todavia, I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente
a Convenção alarga as possibilidades de maior abrangência e diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem
inclusão de outros grupos sociais. As situações vivenciadas por formas próprias de organização social, que ocupam e usam
esses grupos não se vinculam, necessariamente, a um período territórios e recursos naturais como condição para sua
temporal ou a um determinado lugar. O que deve ser reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica,
considerado no processo de identificação é a forma de “criar”, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e
“fazer” e “viver”, independentemente do tempo e do local, transmitidos pela tradição; (grifos nossos).
importando assinalar que o referido critério distintivo da II - Territórios Tradicionais: os espaços necessários à
noção de “povo” não é o mesmo do direito internacional. reprodução cultural, social e econômica dos povos e das
O autor ainda afirma que, para a Convenção 169, o critério comunidades tradicionais, quer utilizados de forma
de distinção dos sujeitos é o da consciência, ou seja, da permanente, quer temporária, observado, no que diz respeito
autodefinição. Em outras palavras, é o que o sujeito diz de si aos povos indígenas e quilombolas, respectivamente, o que
mesmo, em relação ao grupo ao qual pertence, que deve ser dispõem os arts. 231 da Constituição e 68 do Ato das Disposições

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Constitucionais Transitórias e demais regulamentações; e Racismo, pela Cidadania e pela Vida”, coordenada pelo
(grifos nossos). Movimento Negro, em âmbito nacional, em parceria com
III - Desenvolvimento Sustentável: o uso equilibrado dos outros setores da sociedade civil.
recursos naturais, voltado para a melhoria da qualidade de vida Por ocasião da Marcha, o país assistiu a uma das primeiras
da presente geração, garantindo as mesmas possibilidades para manifestações públicas da articulação nacional dos
as gerações futuras (grifos nossos). quilombolas, a saber, o I Encontro Nacional, que aconteceu em
Brasília, no período de 17 a 20 de novembro de 1995. Desse
3.1 Comunidades quilombolas no Brasil: entre encontro, saíram reivindicações concretas das populações
tensões, lutas e desafios quilombolas ao Estado brasileiro, incluindo entre elas a
educação.
Os quilombolas, compreendidos também como povos ou Em 1996, foi organizada a Coordenação Nacional de
comunidades tradicionais, exigem que as políticas públicas a Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas
eles destinadas considerem a sua inter-relação com as (CONAQ), entidade de representação máxima das
dimensões históricas, políticas, econômicas, sociais, culturais comunidades quilombolas, formada pelos próprios
e educacionais que acompanham a constituição dos quilombos quilombolas, com representação em diferentes Estados
no Brasil. Consequentemente, a Educação Escolar Quilombola brasileiros com o propósito de mobilizar as comunidades
não pode ser pensada somente levando-se em conta os quilombolas em todo o Brasil em defesa de seus direitos.
aspectos normativos, burocráticos e institucionais que O processo de mobilização e a participação do Movimento
acompanham a configuração das políticas educacionais. A sua Negro e do Movimento Quilombola na 3a Conferência Mundial
implementação deverá ser sempre acompanhada de consulta contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e
prévia e informada realizada pelo poder público junto às Formas Correlatas de Intolerância, promovida pela
comunidades quilombolas e suas organizações. Organização das Nações Unidas (ONU), de 31 de agosto a 8 de
Considerando-se o processo histórico de configuração dos setembro de 2001, na cidade de Durban, África do Sul, também
quilombos no Brasil e a realidade vivida, hoje, pelas deve ser considerado. Atendendo ao compromisso assumido
comunidades quilombolas, é possível afirmar que a história em Durban, o governo brasileiro se desdobra em políticas mais
dessa parcela da população tem sido construída por meio de concretas. Destaca-se a criação da Secretaria Especial de
várias e distintas estratégias de luta, a saber: contra o racismo, Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), em 2003.
pela terra e território, pela vida, pelo respeito à diversidade No Ministério da Educação, é criada a Secretaria de Educação
sociocultural, pela garantia do direito à cidadania, pelo Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI),
desenvolvimento de políticas públicas que reconheçam, em 2004, na qual a Educação Escolar Quilombola encontra um
reparem e garantam o direito das comunidades quilombolas à lugar institucional de discussão.
saúde, à moradia, ao trabalho e à educação. É importante considerar outras formas de mobilização do
Esse histórico de lutas tem o Movimento Quilombola e o Movimento Negro nas quais a educação, de maneira geral, e a
Movimento Negro como os principais protagonistas políticos Educação Escolar Quilombola, em particular, também
que organizam as demandas das diversas comunidades ocuparam espaço, tal como a “Marcha Zumbi + 10: Pela
quilombolas de todo o país e as colocam nas cenas pública e Cidadania e a Vida”, em 2005, realizada pelo Movimento
política, transformando-as em questões sociais. São esses Negro, em Brasília, com o apoio de outras entidades do
movimentos sociais que denunciam que a situação de movimento social. Foram duas mobilizações: a primeira, no dia
desigualdade e preconceito vivida pelos quilombolas não se 16 de novembro, enfocou a desigualdade socioeconômica e o
restringe à questão da terra e do território, mas está baixo orçamento público destinado à melhoria da qualidade de
intrinsecamente ligada ao racismo. Portanto, a garantia dos vida da população negra; e a segunda, no dia 22 de novembro,
direitos aos povos quilombolas faz parte da luta antirracista. enfatizou a exclusão social e a necessidade de combater a
Na agenda das lutas do Movimento Negro no Brasil, a violência e o genocídio da população negra, sobretudo a dos
questão quilombola foi se tornando cada vez mais marcante, jovens. É fundamental citar também a realização da 1a
com a participação de lideranças quilombolas que Conferência Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade
explicitavam a especificidade das suas demandas, sobretudo Racial (I CONAPIR), realizada pela SEPPIR, em 2005, e da 2a
em torno de uma educação escolar que se realizasse em âmbito Conferência Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade
nacional e, de fato, contemplasse não só a diversidade regional Racial (II CONAPIR), nas quais as especificidades do
na qual a população quilombola se distribui em nosso país, Movimento Negro, dos povos indígenas, dos quilombolas, das
mas, principalmente, a realidade sócio histórica, política, comunidades terreiro, da população LGBT, dos judeus e dos
econômica e cultural desse povo. Uma realidade que tem sido palestinos estiveram presentes.
invisibilidade ao longo da história da política educacional. Vale destacar a Marcha Quilombola a Brasília, no dia 7 de
Deve-se chamar a atenção nesse processo ao protagonismo novembro de 2011, na capital federal, durante a qual foi
da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades realizada uma audiência pública das organizações
Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e de várias outras quilombolas com o Senado Federal. Como dito, a 3a Audiência
organizações quilombolas locais, as quais são responsáveis Pública para a elaboração das Diretrizes Curriculares
pelas pressões ao Estado brasileiro pelo atendimento Nacionais para a Educação Escolar Quilombola, realizada pelo
educacional que leve em consideração a realidade quilombola CNE, foi inserida entre as ações políticas da CONAQ que
no país. As respostas, porém, ainda são lentas, dada a acompanharam a referida marcha.
gravidade da situação de desigualdade e invisibilidade que
ainda recai sobre as escolas localizadas em territórios 3.2 O avanço da consciência de direitos das
remanescentes de quilombos ou que atendem a essa parcela comunidades quilombolas
da população.
Para melhor compreensão do processo em esfera nacional Essa história de lutas das comunidades quilombolas, desde
que desencadeou a demanda de um trato pedagógico a formação dos quilombos e, mais recentemente, pela titulação
específico para a Educação Escolar Quilombola nas políticas de suas terras, tem proporcionado significativos avanços na
educacionais, cabe destacar alguns momentos de luta do consciência dos direitos.
Movimento Negro no Brasil: a comemoração dos 300 anos de Dos direitos destacados pelos quilombolas durante as
Zumbi, em 1995, e a realização, em Brasília, no dia 20 de audiências públicas, poderíamos sintetizar aqueles
novembro de 1995, da “Marcha Zumbi dos Palmares contra o considerados uma constante na vivência e na luta política das

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comunidades quilombolas atuais: o direito às identidades quilombolas na transformação de suas reivindicações em


étnico-raciais, à terra, ao território e à educação. direitos e em prol de uma educação de qualidade que dialogue
com a sua realidade e cultura próprias advêm do total
3.2.1 Direitos às identidades étnico-raciais desconhecimento do poder público, das instituições de ensino
e dos educadores sobre o tema. Por isso, ao falarmos em
Nas diversas comunidades quilombolas, é possível Educação Escolar Quilombola, é importante retomarmos
observar a consciência de ter sua origem, no Brasil, associada alguns aspectos históricos da organização dos quilombos no
aos vários processos de resistência à escravidão negra, no Brasil, os quais se encontram intrinsecamente ligados à
passado, e à luta pelo território, pela identidade étnico-racial e problemática fundiária no passado e no presente.
pelas suas especificidades históricas, sociais, culturais, A ocupação da terra, no Brasil, faz parte do padrão de
políticas e econômicas, no presente. poder e de dominação étnico- racial que, no período colonial,
Podemos dizer que o lugar da luta por espaço, vida, excluiu da posse da terra os povos indígenas, os africanos
ancestralidade, memória, conhecimentos tradicionais, formas escravizados e os seus descendentes.
de cura e de cuidado faz parte do processo de construção da A Lei de Terras (1850) pretendeu que o Estado
identidade dos quilombolas. Um processo intrinsecamente regulamentasse as sesmarias, desapropriasse terras
ligado a um histórico de resistência, construído de acordo com improdutivas, vendesse terras para subsidiar a imigração
as especificidades locais, regionais, políticas e culturais de estrangeira, além de proibir a doação e a ocupação. A aquisição
cada comunidade quilombola. de terras só poderia ser realizada por compra e venda.
Entendidas como comunidades tradicionais, a construção Naquela época, fazendeiros recusaram-se a registrar as
da identidade e as diferentes formas de organização e luta terras, o que questionava os limites de suas posses. Em 1870,
(seja ela política, seja ela cotidiana) fazem parte da noção de raros haviam regulamentado as terras registradas, levando a
pertencimento e laços grupais construídos pelos quilombolas. lei já mencionada ao fracasso. As terras no Brasil eram
Além disso, o fato de serem grupos classificados como negros possuídas por poucos, um bem de capital não acessível às
e de assim se autodenominarem traz elementos mais populações pobre, indígena e negra. A origem da propriedade
complexos a essas identidades. de terra no país mostra que tal bem esteve sempre nas mãos
As comunidades quilombolas na luta pelos seus direitos à de uns poucos. Essa situação persiste até hoje e impede o
terra, ao território, à memória e aos conhecimentos reordenamento da estrutura fundiária brasileira, tornando-a
tradicionais vivem as mais diversas situações de racismo: no acessível a um maior número de pessoas, principalmente, aos
cotidiano, na relação com os grandes proprietários de terra e que nela trabalham e nela vivem, dentre eles, os trabalhadores
das grandes imobiliárias e nas escolas. É importante rurais do campo e os quilombolas.
considerar que, além das formas mais conhecidas de Ao estabelecer a compra como única possibilidade de
expressão do racismo, há o racismo ambiental. Portanto, a aquisição da terra, a Lei de Terras, de 1850, ignorou as
discriminação e o preconceito raciais são elementos que distintas posses e regulações existentes entre as comunidades
compõem as cenas e situações de violência que essas tradicionais. A apropriação de terras e o racismo continuaram
comunidades enfrentam quando lutam pelo direito ao a ser legados pendentes do período da Independência. (BALDI,
reconhecimento e pela titulação de suas terras. Aos embates 2010, p. 2)
enfrentados pelos quilombolas na luta pelo reconhecimento A história dos quilombos não se limita à resistência à
como sujeitos e cidadãos e pelo direito à terra e ao território escravidão. Ela está imersa nos processos de resistência ao
somam-se olhares, perspectivas e discursos racistas. padrão de poder, apropriação, expropriação da terra, imposto
Tal situação exigiu que as organizações quilombolas aos africanos escravizados e a seus descendentes. Os povos
passassem a compreender melhor e a inserir a luta contra o quilombolas têm consciência dessa relação persistente entre
racismo nas suas demandas e reivindicações. Essa inserção é sua história e as lutas pela manutenção de seus territórios.
também mais um aprendizado no interior das próprias Nessa tensa relação, têm construído e afirmado a sua
comunidades e tem possibilitado maior aproximação entre o consciência do direito à terra e ao território e, nesse sentido,
Movimento Quilombola e as organizações do Movimento aproximam-se das lutas dos movimentos sociais do campo.
Negro.
Por isso, não se pode dissociar a identidade quilombola dos 3.2.3 Direito à territorialidade
processos complexos de construção da identidade étnico-
racial no Brasil. Entendendo sempre que todo e qualquer Para as comunidades quilombolas, a territorialidade é um
processo identitário é dinâmico, mutável, interage com outras princípio fundamental. Não se trata de segregação e
identidades, possui dimensão relacional e está ligado às isolamento. A terra é muito mais do que possibilidade de
noções de pertencimento. fixação; antes, é condição para a existência do grupo e de
continuidade de suas referências simbólicas (NUNES, 2006).
3.2.2 Direito à terra Segundo Ratts (2003, 2004), o território quilombola se
constitui como um agrupamento de pessoas que se
O direito à terra aparece com centralidade nas reconhecem com a mesma ascendência étnica, que passam por
comunidades quilombolas rurais e urbanas; é um direito numerosos processos de mudanças culturais como formas de
aprendido numa longa trajetória de lutas. Não obstante, se adaptação resultantes do processo histórico, mas se mantêm,
fizermos uma análise das propostas curriculares das escolas fortalecem-se e redimensionam as suas redes de
de Educação Básica e dos cursos de Licenciatura em nosso solidariedade.
país, notaremos a ausência da discussão sobre as comunidades A terra, para os quilombolas, tem valor diferente daquele
quilombolas, bem como do seu histórico de lutas pela terra no dado pelos grandes proprietários. Ela representa o sustento e
passado e no presente. é, ao mesmo tempo, um resgate da memória dos antepassados,
Mesmo que as escolas de Educação Básica e os cursos de onde realizam tradições, criam e recriam valores, lutam para
formação de professores sejam orientados, hoje, pelo Parecer garantir o direito de ser diferente sem ser desigual. Portanto,
CNE/CP no 3/2004 e pela Resolução CNE/CP no 1/2004, a a terra não é percebida apenas como objeto em si mesmo, de
inserir em seus currículos a história e a cultura afro-brasileiras trabalho e de propriedade individual, uma vez que está
e africanas, a discussão sobre a realidade quilombola, de relacionada com a dignidade, a ancestralidade e a uma
maneira geral, pode ser considerada como uma lacuna. dimensão coletiva.
Muitas resistências enfrentadas pelas comunidades Há que se considerar, portanto, as distinções entre terra e

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território quando pensamos a questão quilombola. O território trabalho que vão além do mundo rural ou de uma vivência
diz respeito a um espaço vivido e de profundas significações muito interna à própria comunidade. As novas gerações de
para a existência e a sustentabilidade do grupo de parentes quilombolas vivem no mundo contemporâneo e, mesmo com
próximos e distantes que se reconhecem como um coletivo por limites impostos pelas condições de desigualdade por eles
terem vivido ali por gerações e gerações e por terem experienciadas, muitos têm acesso às novas tecnologias,
transformado o espaço em um lugar. Um lugar com um nome, circulam em outros espaços socioculturais e geográficos,
uma referência forte no imaginário do grupo, construindo entram em contato com outros costumes e valores diferentes
noções de pertencimento. Trata-se de um espaço conquistado da sua comunidade.
pela permanência, pela convivência, que ganha importância de Há também movimentos diferenciados quando os jovens
uma tradicionalidade ao servir de suporte para a existência de criam projetos de geração de renda e projetos culturais
um grupo de pessoas aparentadas por afinidade e diversos, lançando mão da recriação de técnicas e costumes
consanguinidade ou até mesmo por uma afiliação cosmológica. ancestrais adotadas historicamente pela sua comunidade ou
(LEITE, 1991) Segundo Santos, M. (2007), é impossível ainda praticam e difundem a cultura viva do próprio quilombo
imaginar uma cidadania concreta que prescinda do como forma de afirmação e valorização identitária. Fazem a
componente territorial, já que o valor do indivíduo depende, opção por permanecerem nas suas comunidades participando
em larga escala, do lugar em que está. Dessa forma, a igualdade dos seus valores e tradições e, ao mesmo tempo, dialogando
dos cidadãos supõe para todos uma acessibilidade semelhante com as mudanças do nosso tempo.
aos bens e serviços, sem os quais a vida não seria vivida com As mudanças na vivência dos quilombolas demonstram a
um mínimo de dignidade. Isso significa um arranjo territorial sua capacidade de atualização. O contato com as novas
desses bens e serviços de que, conforme a sua hierarquia, os tecnologias e com as produções culturais da sociedade mais
lugares sejam pontos de apoio, levando a uma densidade ampla, quer seja no trato com a terra, quer seja na relação com
demográfica e econômica da área e sua fluidez. Em um o território, quer seja no acesso a todas as formas de
território onde a localização dos serviços essenciais é deixada conhecimento e tecnologias, deve ser compreendido como um
à mercê da lei do mercado, tudo colabora para que as direito dos quilombolas contemporâneos e não pode ser
desigualdades sociais aumentem. É o caso da sociedade negado. A educação é um direito de todos, e, nesse sentido, a
brasileira. (SANTOS, M., 2007, p. 144-145) escola é um direito das comunidades quilombolas. Por isso,
Portanto, pensar a questão quilombola e o território é essa instituição precisa saber dialogar e compreender a
compreender a forma complexa como se entrelaçam direito, complexidade dessa realidade. É possível, portanto, ser
autodeterminação dos povos e superação de desigualdades. quilombola, viver em uma comunidade quilombola, apropriar-
Para as comunidades quilombolas, a questão fundiária se das mudanças do nosso tempo sem desprezar valores,
incorpora outra dimensão, visto que o território tradicional – tradições e cultura.
espaço geográfico-cultural de uso coletivo – diferentemente da
terra, que é uma necessidade econômica e social, é uma 3.2.4 Direito à educação
necessidade cultural e política, vinculado ao seu direito de
autodeterminação. (PROGRAMA BRASIL QUILOMBOLA, 2005) Nas audiências públicas realizadas pelo CNE, apareceu
Segundo Silva, G. (2011), não se pode esquecer, nesse com destaque a consciência das comunidades quilombolas do
contexto, da importância da opção de reivindicação seu direito à educação e à escola. Um direito negado ao longo
quilombola pela titulação coletiva, ao invés do parcelamento de sua história, timidamente reconhecido. As lutas pelo direito
individual de propriedades. Ela é parte dessa luta pelo à educação se articulam a outras lutas: pelo reconhecimento
território. A valorização de práticas e regimes fundiários em das suas identidades, pelo direito à memória e pela vivência da
ampla medida baseados no uso comum da terra é resultado e sua cultura.
condição das territorialidades construídas no seio das É nesse contexto mais amplo de produção de legislações,
comunidades. Essas são marcadas pela coletividade, e a ações e políticas voltadas para a questão quilombola, no Brasil,
comunalidade entendida como condição para a vida, em que a política educacional começa, aos poucos, a compreender
oposição à valorização da individualidade. No caso dos que a Educação Escolar Quilombola vem sendo negada como
quilombos da atualidade, isso se relaciona diretamente com as um direito. Entretanto, na gestão dos sistemas de ensino, nos
origens comuns, advindas da ancestralidade africana e/ou processos de formação de professores, na produção teórica
laços sanguíneos entre os membros do grupo. educacional, essa realidade tem sido invisibilizada ou tratada
Os quilombos contemporâneos, rurais e urbanos, possuem de forma marginal. São as pressões das organizações do
formas singulares de transmissão de bens materiais e Movimento Quilombola e do Movimento Negro que trazem
imateriais que se transformaram e se transformarão no legado essa problemática à cena pública e política e a colocam como
de uma memória coletiva, um patrimônio simbólico do grupo. importante questão social e educacional.
Suas especificidades e diferenças socioculturais devem ser Existem princípios constitucionais que atestam o direito
ressaltadas, valorizadas e priorizadas quando da montagem de das populações quilombolas a uma educação diferenciada. A
um modelo baseado no etnodesenvolvimento para as Constituição Federal de 1988, no art. 208, I, assegura a todos
comunidades quilombolas, conjuntamente com a integração em idade escolar “Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito,
das dimensões ambiental, social, cultural, econômica, política. garantida, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele
Portanto, não se deve fazer uma leitura romântica da não tiverem acesso na idade própria” e afirma ainda no inciso
relação dos quilombolas com a terra e o território, sobretudo VII, § 3o, ser competência do poder público “recensear os
as comunidades rurais. É importante levar em conta que educandos no Ensino Fundamental, fazer-lhes a chamada e
estamos no século XXI, e é possível encontrar, principalmente zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola”.
entre os jovens que vivem nesses espaços, expectativas No art. 210, a Constituição diz: “Serão fixados conteúdos
diferentes no que diz respeito ao próprio quilombo, a relação mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar
com a terra e sua permanência nela. As mudanças decorrentes formação básica comum e respeito aos valores culturais e
da história, dos valores, da busca pelo trabalho, das artísticos, nacionais e regionais”, garantindo que a escola
possibilidades de outras inserções no mundo interferem nesse levará em conta a cultura da região onde está inserida.
processo. A oferta da educação escolar para as comunidades
Alguns jovens quilombolas, por exemplo, buscam novos quilombolas faz parte do direito à educação; porém, o histórico
mundos, outra relação com a terra e o território, lutam pela de desigualdades, violência e discriminações que recai sobre
continuidade dos estudos, pela inserção em outros postos de esses coletivos afeta a garantia do seu direito à educação, à

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saúde, ao trabalho e à terra. Nesse sentido, atendendo aos fundamento no Parecer CNE/CEB no 36/2001 e na Resolução
mesmos preceitos constitucionais, pode-se afirmar que é CNE/CEB no 2/2008, que definiu as Diretrizes
direito da população quilombola ter a garantia de uma escola Complementares para a Educação do Campo, com fundamento
que lhe assegure a formação básica comum, bem como o no Parecer CNE/CEB no 23/2007, reexaminado pelo Parecer
respeito aos seus valores culturais. Para tal, faz-se necessário CNE/CEB no 3/2008).
normatização e orientações específicas no âmbito das políticas Do ponto de vista nacional, com destaque para a legislação
educacional e curricular. educacional, as escolas quilombolas e as escolas que atendem
estudantes oriundos de territórios quilombolas, bem como as
4 A implementação das Diretrizes Curriculares redes de ensino das quais fazem parte, possuem orientações
Nacionais para a Educação Escolar Quilombola gerais constantes da Lei no 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases
da Educação) e da Lei no 11.494/2007, que regulamenta o
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e de
Escolar Quilombola deverão estar de acordo com o conjunto Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) para o
das Diretrizes Curriculares Nacionais em vigor na educação atendimento dessa parcela da população. De acordo com a
brasileira. Contudo, como apresentado, a especificidade LDB:
histórica, econômica, social, política, cultural e educacional dos
quilombolas, assegurada pela legislação nacional e Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries
internacional, demanda a elaboração e a implementação de anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de
Diretrizes Curriculares Nacionais específicas. estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na
Cabe ressaltar que a configuração dos quilombolas como competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
povos e comunidades tradicionais e a proximidade de alguns organização, sempre que o interesse do processo de
aspectos das comunidades quilombolas rurais com as demais aprendizagem assim o recomendar.
populações que também vivem nesses contextos possibilitam Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem
pontos de intersecção histórica, econômica, social, política, ter uma base nacional comum, a ser complementada em cada
cultural e educacional entre os quilombolas, os indígenas e os sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma base
povos do campo. nacional comum, a ser complementada em cada sistema de
No caso dos povos indígenas, essa aproximação pode ser ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
vista nos aspectos aqui apontados pela Convenção 169 da OIT exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
e na Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos cultura, da economia e da clientela. (grifo nosso)
Povos e Comunidades Tradicionais: o direito à autodefinição, Art. 28. Na oferta da educação básica para a população
ao território, a identidade étnica e a relação de rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações
sustentabilidade com o meio. Deve-se considerar também o necessárias à sua adequação, às peculiaridades da vida rural e
fato de serem comunidades tradicionais que se identificam de cada região, especialmente. (grifo nosso)
entre si, situam-se em determinados contextos territoriais, I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às
geográficos, culturais e sociais nos quais a economia está à reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
mercê das relações sociais, enquanto, em outros espaços da II - organização escolar própria, incluindo a adequação do
sociedade mais ampla, as relações sociais é que estão calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições
subordinadas à economia. (FILHO; ALMEIDA; MELO, p. 3, s/d) climáticas;
É também importante reiterar que muitas comunidades III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
quilombolas constroem a sua história e sua vida em contextos
rurais e, dessa forma, também podem ser compreendidas Conforme a Lei nº 11.494/2007 (FUNDEB):
como integrantes da ampla configuração formada pelos povos
do campo, no Brasil. Art. 10 A distribuição proporcional de recursos dos Fundos
O campo nesse sentido “é mais que um perímetro não levará em conta as seguintes diferenças entre etapas,
urbano; é um campo de possibilidades que dinamizam a modalidades e tipos de estabelecimento de ensino da educação
ligação dos seres com a própria produção das condições de básica:
existência social e com as realizações da sociedade humana” I - creche em tempo integral;
(Parecer CNE/CEB no 36/2001). II - pré-escola em tempo integral;
Portanto, a Educação Escolar Quilombola será III - creche em tempo parcial;
implementada guardando as suas particularidades, bem como IV - pré-escola em tempo parcial;
na sua interface com a Educação Escolar Indígena e a Educação V - anos iniciais do ensino fundamental urbano;
do Campo. Sendo assim, as comunidades quilombolas poderão VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo;
ser destinatárias, em algumas situações, das políticas públicas VII - anos finais do ensino fundamental urbano;
voltadas para povos indígenas e do campo, respeitado o que é VIII - anos finais do ensino fundamental no campo;
peculiar de cada um e quando a legislação assim o permitir. IX- ensino fundamental em tempo integral;
Nesse sentido, guardadas as devidas especificidades X - ensino médio urbano;
apontadas sobre a realidade histórica, social, cultural, política XI - ensino médio no campo;
e educacional quilombola nas cinco regiões do Brasil, estas XII - ensino médio em tempo integral;
Diretrizes e a Resolução delas decorrente seguirão os XIII - ensino médio integrado à educação profissional;
princípios e os aspectos legais nacionais da Constituição XIV - educação especial;
Federal e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei no XV - educação indígena e quilombola;
9.394/96), bem como orientações comuns constantes nos XVI - educação de jovens e adultos com avaliação no
diversos Pareceres e Resoluções referentes às Diretrizes processo;
Curriculares Nacionais aprovadas pela Câmara de Educação XVII - educação de jovens e adultos integrada à educação
Básica do Conselho Nacional de Educação e homologadas pelo profissional de nível médio, com avaliação no processo. (grifo
Ministro da Educação, em especial, aquelas voltadas para a nosso)
Educação Escolar Indígena (Parecer CNE/CEB no 13/2012) e
para a Educação Básica das Escolas do Campo (Resolução No caso específico da Educação do Campo, a legislação
CNE/CEB no 1/2002, que definiu as Diretrizes Operacionais nacional também possibilita uma ampliação da sua
para a Educação Básica nas Escolas do Campo, com compreensão e daqueles que por ela devem ser atendidos,

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incluindo, dentre esses, os quilombolas. A legislação conceitua ensino, das escolas de Educação Básica, das instituições de
as escolas do campo de forma alargada, compreendendo não Educação Superior e de Educação Profissional e Tecnológica
somente aquelas localizadas nas áreas rurais, mas também as que considerem as comunidades quilombolas rurais na
turmas anexas vinculadas a escolas com sede em área urbana, implementação de políticas e práticas voltadas para a
conforme Decreto no 7.352/2010, que dispõe sobre a política população que vive nas áreas rurais do país, respeitando as
de Educação do Campo e o Programa Nacional de Educação na suas especificidades.
Reforma Agrária (PRONERA):
4.1 Comunidades quilombolas: aproximações e
Art. 1º (...) § 1o Para os efeitos deste Decreto, entende-se por: especificidades no contexto rural
I - populações do campo: os agricultores familiares, os
extrativistas, os pescadores artesanais, os ribeirinhos, os Na configuração histórica das comunidades quilombolas,
assentados e acampados da reforma agrária, os trabalhadores articulam-se as duas questões mais tensas da nossa
assalariados rurais, os quilombolas, os caiçaras, os povos da conformação social e política: terra e raça. Trata-se de uma
floresta, os caboclos e outros que produzam suas condições história densa, tensa e complexa. É interessante notar que essa
materiais de existência a partir do trabalho no meio rural; e complexidade pode ser vista na capacidade de interface que a
II - escola do campo: aquela situada em área rural, conforme questão quilombola assume com outros grupos e coletivos
definida pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e sociais, quer seja pelas questões étnicas, raciais e identitárias,
Estatística (IBGE), ou aquela situada em área urbana, desde que quer seja pelas questões de direito ao território e de luta pela
atenda predominantemente a populações do campo. terra.
§ 2º Serão consideradas do campo as turmas anexas No contexto das lutas por uma Educação do Campo
vinculadas a escolas com sede em área urbana, que funcionem realizada no campo, vários representantes das comunidades e
nas condições especificadas no inciso II do § 1º organizações quilombolas rurais se fazem presentes. Alguns
coletivos quilombolas participaram, ativamente, dos eventos
A legislação anteriormente citada possibilita aos sistemas históricos realizados pelos movimentos sociais do campo, tais
de ensino e às escolas construírem suas políticas e seus como a 1a e a 2a Conferência Nacional por uma Educação no
projetos político-pedagógicos, organizarem o seu orçamento Campo (1998 e 2004). Do ponto de vista da formação de
incluindo financiamento para a Educação do Campo e, dentro professores, alguns quilombolas têm se formado, em nível
dessa, a Educação Escolar Quilombola, levando-se em superior, nos cursos de Formação de Educadores do Campo,
consideração a diversidade cultural e regional brasileira. promovidos por diferentes universidades públicas do país.
Somada a essa legislação, temos ainda a regulamentação Segundo as Diretrizes Operacionais para a Educação
específica para a educação escolar dos povos do campo por Básica nas Escolas do Campo (Parecer CNE/CEB no 36/2001 e
meio da Resolução CNE/CEB no 1/2002, que definiu as Resolução CNE/CEB no 1/2002), os sujeitos do campo
Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do abarcam uma diversidade de coletivos sociais e, dentre eles,
Campo, com fundamento no Parecer CNE/CEB no 36/2001. citam-se as comunidades quilombolas. Podemos encontrar
Essas Diretrizes orientam os sistemas de ensino em relação à essa conceituação no texto de apresentação que acompanha
organização dessas escolas e garantem a oferta da Educação tais Diretrizes. Segundo ele, o ele, o campo é composto de
do Campo – tratada como educação rural na legislação múltiplos sujeitos: assalariados rurais temporários, posseiros,
brasileira – para os povos do campo. Segundo elas, o campo meeiros, arrendatários, acampados, assentados, reassentados
abarca os coletivos sociais que vivem nos espaços da floresta, atingidos por barragens, agricultores familiares, vileiros
da pecuária, das minas e da agricultura, os espaços pesqueiros, rurais, povos da floresta, indígenas, descendentes negros
caiçaras, ribeirinhos e extrativistas. Dentre esses, estão os provenientes de quilombos, pescadores, ribeirinhos e outros
quilombolas. mais (Parecer CNE/CEB no 36/2001, grifos nossos).
Como salientado, é possível reconhecer pontos comuns No entanto, deve-se ressaltar que, apesar dos pontos de
entre as comunidades quilombolas – em especial aquelas que confluência na luta por educação entre os povos do campo e os
se localizam nas áreas rurais – e os povos do campo quilombolas, há particularidades históricas, culturais, étnico-
mencionados nas Diretrizes acima referidas. raciais, regionais e econômicas que os distinguem entre si,
Ao conceituar os povos do campo reconhecendo nesses a bem como o tipo de educação escolar por eles demandada. Tais
presença das comunidades quilombolas e o dever do poder singularidades exigem dos sistemas de ensino a necessária
público na oferta de uma educação que respeite suas oferta de uma educação escolar que garanta uma educação
especificidades, cabe destacar até que ponto as questões de igualitária e que, ao mesmo tempo, reconheça o direito à
ordem étnico-raciais, os conhecimentos tradicionais, as diferença aos coletivos sociais diversos que compõem a nossa
questões de ancestralidade que dizem respeito aos sociedade. Incide sobre os quilombolas algo que não é
quilombolas conseguem, de fato, ser contempladas na considerado como uma bandeira de luta dos povos do campo:
regulamentação voltada para a Educação do Campo. o direito étnico.
O reconhecimento público de uma orientação educacional Há dimensões de constituição histórica, das marcas de um
específica dirigida às comunidades quilombolas vem passado escravista e das lutas pela liberdade, da forte
ocorrendo, paulatinamente, por pressão dos Movimentos presença da ancestralidade, da memória e da forma como a
Quilombolas, pelo reconhecimento na CONAE, pelo próprio terra foi conquistada, doada e comprada quando nos referimos
Conselho Nacional da Educação e pela União. Sobre este último aos quilombolas. Há também a vivência do racismo, da
aspecto, cabe destacar o Decreto nº 7.352/2010, que dispõe discriminação e do preconceito racial, que são específicas das
sobre a política de Educação do Campo e o Programa Nacional comunidades quilombolas e que atravessam sua relação com
de Educação na Reforma Agrária (PRONERA). o Estado, a sociedade mais ampla e a escola.
Esse Decreto dá origem ao Programa Nacional de Educação De acordo com Flávio Gomes (2011), as comunidades
do Campo (PRONACAMPO), que estabelece um conjunto de negras rurais quilombolas no Brasil têm uma característica
ações articuladas que atenderá escolas do campo e única – comparadas às comunidades semelhantes em países
quilombolas em quatro eixos: gestão e práticas pedagógicas, como Colômbia, Venezuela, Equador, Suriname, Jamaica entre
formação de professores, Educação de Jovens e Adultos, outros – no caso, a densidade espacial e temporal e a
Educação Profissional e Tecnológica e infraestrutura física e articulação com outros setores sociais da população negra
tecnológica. desde os tempos coloniais. Aqui nunca houve isolamentos e,
Tal mudança exige do MEC, dos gestores dos sistemas de portanto, os quilombos cada vez mais se articularam com

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variadas formas de microssociedades camponesas. exescravos e filhos desses podem ter sido a forma de forjarem
Ao invés de obstáculos, tais características devem ser comunidades camponesas, tentando integrar suas atividades
pensadas como desafios de ampliação para as identidades e econômicas não só com as Educação Básica do CNE muito
expectativas das atuais e inúmeras comunidades negras rurais agradece.antigas comunidades de senzalas próximas, como
quilombolas e todas as formas de políticas públicas a elas também junto a pequenos lavradores, homens livres, pobres,
destinadas. No Brasil, as comunidades negras rurais vendeiros, etc. Na perspectiva da formação de comunidades
quilombolas – e as políticas públicas envolventes – devem camponesas, pode-se pensar a sua constituição e as suas
também pensar nas experiências da pós-emancipação. A articulações socioeconômicas. Tal horizonte pode ser
experiência dos quilombolas no país não se esgota num dado fundamental para articular as expectativas da Educação
passado da escravidão. É fundamental entender a sua Escolar Quilombola com outros mecanismos e projetos
formação, expectativas identitárias, a constituição da ideia de educacionais ampliados e com perspectiva de cidadania.
“nação” no alvorecer do século XX etc. Nunca num sentido culturalista e pior de isolamento.
Em diversas áreas – com peculiaridades Aparentemente, detalhes da história acerca dessas
sóciodemográficas – cativos e quilombos constituíram práticas questões são importantes para ampliar os sentidos de
socioeconômicas e culturais, a partir das quais interagiram. cidadania, identidade e políticas públicas que envolvem o
Existiriam “camponeses não proprietários”, “camponeses debate sobre a educação quilombola. Políticas de inclusão,
proprietários”, “atividades camponesas dos quilombolas” e o cidadania, diversidade, direitos humanos e reparação. Os
“protocampesinato escravo”. Ainda são poucos os estudos que quilombolas de ontem e de hoje são o Brasil. Se não estiveram
acompanharam as populações de libertos e ex-escravos e as contemplados nas narrativas do passado colonial, nos modelos
suas expectativas de ocupação de terra na pós-emancipação. de formação do Estado Nacional, no império e nos ideais
Muitas terras podem ter sido legadas por gerações de famílias republicanos de nação e modernidade, deverão estar hoje no
de escravos e depois libertos, ocasionando conflitos com acesso à terra, aos bens públicos e às políticas de cidadania.
antigos senhores no pós-1888. Isso sem falar em terras doadas É fundamental considerar que, ao falarmos de
em testamentos para escravos e libertos. O que aconteceu com comunidades quilombolas, referimo-nos também a quilombos
muitas comunidades quilombolas na pós-emancipação? urbanos. Esse é um aspecto importante na história da
Certamente estigmatização, intolerância, truculência e a constituição dos quilombos no Brasil. Muitas comunidades
produção de uma “invisibilidade” social travestida de um falso quilombolas urbanas e suburbanas existiram no período
isolamento, algo que nunca houve historicamente. escravista, mantiveram-se após a abolição e existem até hoje.
Ainda durante o cativeiro, as relações da população livre Vivem a tensão e a opressão do mercado imobiliário dos
pobre rural com as comunidades de fugitivos eram centros urbanos, que usurpa suas terras, desvaloriza suas
simbióticas. E podemos indagar em que medida a experiência culturas e oprime seus moradores. Essa é mais uma
de um campesinato negro (ocupações em áreas de fronteiras característica que difere as comunidades quilombolas dos
agrárias) se articulou com migração de populações de demais povos do campo e que precisa ser inserida pelos
mocambos e terras doadas a libertos. sistemas de ensino, pelas escolas de Educação Básica, pelas
É importante entender os processos de formação de um instituições de Educação Superior e de Educação Profissional
campesinato negro não só a partir dos quilombos/mocambos, e Tecnológica na implementação destas Diretrizes.
mas, fundamentalmente, com base nas experiências de
ocupação de terra via libertos e terras doadas nas últimas 4. 2 Comunidades quilombolas e o
décadas do século XIX e início do XX. Estudos clássicos sobre etnodesenvolvimento
campesinato no Brasil pouco enfatizaram as conexões – em
termos de apropriação da terra, territórios, memórias, O trabalho humano, ao longo dos tempos, foi sendo
mundos do trabalho – com a pós- emancipação e a questão concebido tão somente como atividade econômica que cada
étnico-racial. Seria uma questão fundamental para pensar a vez mais se distancia da experiência compartilhada entre
história e as políticas públicas de direitos humanos e cidadania homens e mulheres que agem sobre a natureza de modo a
(uma base da educação quilombola) contemporânea. produzir a vida, seja na solução de desafios cotidianos, seja na
Vejamos: ao longo de todo o Brasil, tanto próximas às inventividade de tecnologias, seja ainda na inclusão nas
grandes cidades, em áreas importantes da agroexportação e práticas de fazer daqueles elementos advindos de uma cultura
produção de alimentos dos séculos XVIII e XIX, como em áreas cuja dimensão simbólica produz vasto repertório de
de fronteiras e mesmo em divisa com terras indígenas, são significados.
encontradas inúmeras vilas, povoados e comunidades negras. As populações negras e quilombolas, por meio de modos
As formações históricas dessas são diversas: terras herdadas próprios de manusear a terra, têm, ancestralmente, revelado
de quilombolas/escravos fugidos e seus descendentes da modelos que, no âmbito do vivido, tornam o território um
escravidão; doações de senhores ou ordens religiosas a ex- lugar de paradoxos em que a inventividade humana ora
escravos; terras compradas por libertos e herdadas pelos seus desafia a escassez decorrente da falta de direitos humanos, ora
descendentes; terras conseguidas do Estado em troca de aponta para um sentimento gregário, de comunidade, que
participação em guerras ou ainda de inúmeras migrações de produz uma economia assentada na reciprocidade.
libertos e suas famílias no período imediatamente pós- Uma economia de reciprocidade se efetiva na medida em
emancipação. É possível identificar comunidades que se trocam “bens sem a intermediação de dinheiro, com
remanescentes em vários lugares, muitas das quais conhecidas uma intensidade e frequência que não são comuns em outras
pelas denominações: populações tradicionais rurais negras, estruturas sociais exteriores à unidade familiar de moradia” e
comunidades e bairros rurais negros, também chamados de que, em decorrência disso, torna a solidariedade uma dívida
terras de preto. moral que “não envolve apenas o interesse pelo outro, mas
Na complexidade histórica de um campesinato negro no também o interesse em se autoafirmar, em demonstrar que é
Brasil, no alvorecer do século XX, vemos o surgimento de possível dar-se ao luxo da generosidade.” (ANJOS; LEITÃO,
culturas e identidades no mundo rural. Diversos fatores 2009, p. 18)
econômicos, geográficos e demográficos tiveram impacto Essa economia baseada em ações de reciprocidade aponta
sobre essas formações sociais onde elas existiram. As para visões de mundo em que o ato de trabalhar não é cindido
estratégias para manter autonomia podiam estar combinadas do pensar e, muito menos, desagregador de um grupo que
a contextos geográficos e socioeconômicos diversos. Na pós- dialoga, permanentemente, com suas necessidades diárias,
emancipação, estratégias de grupos familiares de negros levando-o a não desprezar, de igual modo, soluções que muitas

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vezes lhe são exteriores. Tais medidas têm como princípio a trabalho familiar que reassume dimensão educativa na
garantia de uma sustentabilidade que não viola as identidades medida em que esse não se funda na base exploratória da força
locais, dentre elas, a étnico- racial, que cimenta relações que de trabalho tão presente em uma sociedade que
rejeitam a excessiva produção de mercadorias, de consumo, de estratifica/classifica pelas diferenças. No âmbito do trabalho
devastação socioambiental, e também aquelas que abarcam familiar, as gerações presentes têm desenvolvido uma
relações sociais sólidas que reafirmam concepções de consciência política que coaduna com a defesa do território,
desenvolvimento contrárias a desenraizamentos de qualquer visto que os tempos de trabalho são tempos de, igualmente,
natureza. brincar, estudar, escutar, observar, confrontar o vivido com o
Muitos desses princípios são encontrados no desconhecido, que é função da escola propiciar e fomentar.
etnodesenvolvimento, que pode ser visto como “um dos
modelos possíveis de desenvolvimento alternativo, em tudo e 5 Sobre a Educação Escolar Quilombola
por tudo oposto à ideologia desenvolvimentista, normalmente
portadora de posturas contaminadas de autoritarismo.” 5.1 Características das escolas quilombolas e escolas
(OLIVEIRA, R., p. 217, 2000) Tal modelo, cujo surgimento que atendem estudantes oriundos de territórios
decorre das experiências das populações indígenas hispano- quilombolas
americanas e que pode ser utilizado por qualquer outro
grupamento étnico-racial, respeitadas as suas especificidades, A Educação Escolar Quilombola organiza precipuamente o
pressupõe: “(1) que as estratégias de desenvolvimento sejam ensino ministrado nas instituições educacionais,
destinadas prioritariamente ao atendimento das necessidades fundamentando-se, informando-se e alimentando-se de
básicas da população e para a melhoria de seu padrão de vida; memória coletiva, línguas reminiscentes, marcos
(2) que a visão seja orientada para as necessidades do país; (3) civilizatórios, práticas culturais, acervos e repertórios orais,
que se procure aproveitar as tradições locais; (4) que se festejos, usos, tradições e demais elementos que conformam o
respeite o ponto de vista ecológico; (5) que seja patrimônio cultural das comunidades quilombolas de todo o
autossustentável, respeitando, sempre que possível, os país.
recursos locais, seja naturais, seja técnicos ou humanos; (6) Na Educação Escolar Quilombola, a Educação Básica, em
que seja um desenvolvimento participante, jamais suas etapas e modalidades, compreende a Educação Infantil, o
tecnocrático, abrindo-se à participação das populações em Ensino Fundamental, o Ensino Médio, a Educação Especial, a
todas as etapas de planejamento, execução e avaliação.” Educação Profissional Técnica de Nível Médio, a Educação de
(STAVENHAGEM apud OLIVEIRA, R., 2000, p. 48) Jovens e Adultos, inclusive na Educação a Distância, e destina-
A diversidade dos elementos apontados na perspectiva se ao atendimento das populações quilombolas rurais e
etnodesenvolvimentista obriga a compreender a dimensão urbanas em suas mais variadas formas de produção cultural,
pedagógica contida nos conhecimentos tradicionais que social, política e econômica.
produzem metodologias que garantem uma biodiversidade, Essa modalidade de educação deverá ser ofertada por
resultado de “um sistema lógico e racional de se conviver com estabelecimentos de ensino, públicos e privados, localizados
a natureza”, tornando possível “observar uma gama enorme de em comunidades reconhecidas pelos órgãos públicos
sementes agrícolas, ervas medicinais, formas de adubar os responsáveis como quilombolas, rurais e urbanas, bem como
solos e produzir alimentos sem a necessidade de se adotar por estabelecimentos de ensino próximos aos territórios
técnicas da agricultura convencional baseada em técnicas quilombolas e que recebem parte significativa dos seus
industriais degradadoras da natureza e seus recursos.” estudantes.
(FIDELIS, 2011, s.n.) Ao se analisar a realidade educacional dos quilombolas,
A racionalidade do modo de produção da existência observa-se que só o fato de uma instituição escolar estar
contida no estilo de vida quilombola deve ser reconhecida, localizada em uma dessas comunidades ou atender a crianças,
igualmente, nas tecnologias presentes nos territórios onde adolescentes, jovens e adultos residentes nesses territórios
muitas delas estão a cair em desuso. Mesmo assim, contribuem não assegura que o ensino por ela ministrado, seu currículo e
no processo de reconhecimento do lugar como potencializador o projeto político-pedagógico dialoguem com a realidade
de ferramentas não apenas para fins utilitários, mas também quilombola local. Isso também não garante que os
como mecanismos didático-pedagógicos que, na dinâmica profissionais que atuam nesses estabelecimentos de ensino
escolar, reafirmam a intelectualidade negra decorrente da tenham conhecimento da história dos quilombos, dos avanços
humana capacidade em projetar, selecionar matéria- prima, e dos desafios da luta antirracista e dos povos quilombolas no
construir tecnologias que solucionam problemas de diferentes Brasil.
ordens ou, então, formas de trabalho, tais como os mutirões É preciso reconhecer que muitos estudantes quilombolas,
que otimizam tempo, espaço e energia e fortalecem a principalmente aqueles que estudam nos anos finais do Ensino
sociabilidade. Fundamental e do Ensino Médio, frequentam escolas públicas
A dinamicidade das populações negras e quilombolas e privadas fora das suas comunidades de origem. Nesse
revela a herança africana que, em todos os ciclos da economia sentido, a Educação Escolar Quilombola possui abrangência
colonial, se valia de seu capital cultural não apenas para maior. Ela focaliza a realidade de escolas localizadas em
favorecer o modelo escravocrata vigente, como também para territórios quilombolas e no seu entorno e se preocupa ainda
potencializar as inúmeras resistências negras que dialogavam com a inserção dos conhecimentos sobre a realidade dos
com esse capital de forma oposta à escravidão, ou seja, mais quilombos em todas as escolas da Educação Básica.
libertária. O projeto político-pedagógico a ser construído é aquele em
As chamadas tecnologias sociais, como mais um que os estudantes quilombolas e demais estudantes presentes
desdobramento de práticas solidárias que almejam a nas escolas da Educação Escolar Quilombola possam estudar a
sustentabilidade, correspondem a práticas de inclusão cuja respeito dessa realidade de forma aprofundada, ética e
melhoria na condição de vida decorre da intersecção de contextualizada. Quanto mais avançarem nas etapas e
“diferentes maneiras de conhecer o mundo – saberes modalidades da Educação Básica e na Educação Superior, se
tradicionais, saberes populares e saberes científicos; saberes esses estudantes forem quilombolas, mais deverão ser
pertencentes ao campo das ciências humanas e saberes respeitados enquanto tais no ambiente escolar e, se não o
pertencentes ao campo das ciências exatas.” (OTERO; JARDIM, forem, deverão aprender a tratar dignamente seus colegas
2004, p. 122) quilombolas, sua história e cultura, assim como conhecer suas
A infância e a juventude quilombolas convivem com um tradições, relação com o trabalho, questões de

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etnodesenvolvimento, lutas e desafios. recomendar.


Embora ainda nos falte um quadro nacional, regional e Reitera-se que os sistemas de ensino, ao organizar as
local mais completo sobre as características dessas etapas e modalidades da Educação Escolar Quilombola na
instituições escolares, as três audiências públicas realizadas Educação Básica, deverão considerar o exposto nestas
pelo CNE no processo de elaboração das Diretrizes Diretrizes, no conjunto das Diretrizes Curriculares Nacionais
Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação e
permitem assim definir essa modalidade: Educação Escolar homologadas pelo Ministro da Educação, com especial atenção
Quilombola é a modalidade de educação que compreende as para a aproximação entre a Educação Escolar Quilombola, a
escolas quilombolas e as escolas que atendem estudantes Educação Escolar Indígena e a Educação do Campo no
oriundos de territórios quilombolas. Nesse caso, entende-se processo de implementação destas Diretrizes.
por escola quilombola aquela localizada em território
quilombola. 5.2.1 Educação Infantil
A educação ofertada aos povos quilombolas faz parte da
educação nacional e, nesse sentido, deve ser garantida como No cumprimento da Educação Infantil como uma das
um direito. Portanto, estas Diretrizes orientam os sistemas de etapas da Educação Básica, a Educação Escolar Quilombola
ensino e as escolas de Educação Básica a desenvolver deverá ser desenvolvida de acordo com a Resolução CNE/CEB
propostas pedagógicas em sintonia com a dinâmica nacional, no 4/2010, que definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais
regional e local da questão quilombola no Brasil. Ao dialogar Gerais para a Educação Básica, fundamentada no Parecer
com a legislação educacional geral e produzir normas e CNE/CEB no 7/2010, e com a Resolução CNE/CEB no 5/2009,
orientações específicas para as realidades quilombolas, o CNE que definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
orienta Estados, Distrito Federal e Municípios na construção Educação Infantil, com fundamento no Parecer CNE/CEB no
das próprias Diretrizes Curriculares em consonância com a 20/2009, bem como os aspectos específicos dessas
nacional e que atendam à história, à vivência, à cultura, às comunidades na vivência da sua infância destacados nestas
tradições, à inserção no mundo do trabalho próprios dos Diretrizes e construídos em conjunto com as comunidades e as
quilombos da atualidade, os quais se encontram lideranças quilombolas.
representados nas diferentes regiões do país. A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, na
qual se privilegiam práticas de cuidar e educar, é um direito
5.2 Etapas e modalidades da Educação Escolar das crianças dos povos quilombolas e obrigação de oferta pelo
Quilombola poder público para as crianças de 4 e 5 anos. Deve ser
garantida e realizada mediante o respeito às formas
Como integrante da educação nacional, a Educação Escolar específicas de viver a infância, a identidade étnico-racial e a
Quilombola é dever do Estado, de acordo com o art. 208 da vivência sociocultural.
Constituição Federal. Deverá também atender aos critérios de Na Educação Infantil, a frequência das crianças de até 3
flexibilidade na sua organização escolar conforme o art. 23 da anos é uma opção de cada família das comunidades
Lei no 9.394/96 (LDB), seguindo as orientações gerais quilombolas que tem prerrogativa de, ao avaliar suas funções
prescritas nos arts. 24, 26 e 26-A dessa mesma lei. e objetivos valendo-se de suas referências culturais e de suas
A Educação Escolar Quilombola pode ser entendida como necessidades, decidir pela matrícula ou não de suas crianças
uma modalidade alargada, pois, dada sua especificidade, em creches ou instituições de Educação Infantil, ou programa
abarca dentro de si todas as etapas e modalidades da Educação integrado de atenção à infância ou, ainda, em programas de
Básica e, ao mesmo tempo, necessita de legislação específica Educação Infantil ofertados pelo poder público ou com este
que contemple as suas características. conveniados.
Guardadas as particularidades da vivência e realidade É fundamental ressaltar que, na oferta da Educação Infantil
quilombolas, a educação a ser ofertada e garantida a essas na Educação Escolar Quilombola, deverá ser garantido à
comunidades deverá estabelecer as etapas correspondentes criança o direito a permanecer com o seu grupo familiar e
aos diferentes momentos constitutivos do desenvolvimento comunitário de referência, evitando-se o seu deslocamento.
educacional da Educação Básica: Os sistemas de ensino devem oferecer a Educação Infantil
a) a Educação Infantil, que compreende: a creche, com consulta prévia e informada a todos os envolvidos com a
englobando as diferentes etapas do desenvolvimento da educação das crianças quilombolas, tais como pais, mães, avós,
criança até 3 (três) anos e 11 (onze) meses; e a pré-escola, com anciãos, professores, gestores escolares e lideranças
duração de 2 (dois) anos; comunitárias de acordo com os interesses e as necessidades de
b) o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, com cada comunidade quilombola.
duração de 9 (nove) anos, e organizado e tratado em duas Visando ao bem-estar e ao direito das crianças
fases: a dos 5 (cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) anos quilombolas na Educação Infantil, as instituições educativas
finais; que ofertam tal etapa e em atendimento às reivindicações do
c) o Ensino Médio, com duração mínima de 3 (três) anos. Movimento Quilombola deverão proporcionar a participação
Deverá também considerar as modalidades: Educação das famílias e dos anciãos, especialistas nos conhecimentos
Profissional Técnica de Nível Médio, Educação de Jovens e tradicionais de cada comunidade, em todas as fases de
Adultos, Educação Especial, bem como a Educação a Distância. implantação e desenvolvimento da Educação Infantil. Deverão
Cabe ressaltar que os sistemas de ensino na organização ainda considerar as práticas de educar e de cuidar de cada
das atividades consideradas letivas das escolas quilombolas e comunidade quilombola como parte fundamental da
das escolas que atendem estudantes oriundos de territórios organização curricular de acordo com seus espaços e tempos
quilombolas deverão considerar as orientações dadas pelo art. socioculturais. Outra função será elaborar material didático
23 da LDB e sua relação com as demandas e especificidades específico para a Educação Infantil, junto com os docentes
dessas comunidades. Sendo assim, a Educação Escolar quilombolas, Secretarias de Educação, instituições de
Quilombola poderá se organizar de variadas formas, tais como Educação Superior e pesquisadores, a fim de garantir a
séries anuais; períodos semestrais; ciclos; alternância regular introdução de aspectos socioculturais quilombolas
de períodos de estudos com tempos e espaços específicos; considerados mais significativos para a comunidade de
grupos não seriados, com base na idade, na competência e em pertencimento da criança.
outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre Aos profissionais da Educação Infantil, nos seus processos
que o interesse do processo de aprendizagem assim o de formação inicial e continuada, deverão ser proporcionados

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estudos e pesquisas sobre a infância de maneira geral e a o prosseguimento dos estudos.


infância quilombola em diferentes partes do país, costumes, Cabe ainda destacar a reivindicação das comunidades
brincadeiras, práticas de cuidado, músicas, parlendas, quilombolas quanto à oferta do Ensino Fundamental na
brincadeiras e jogos. Isso objetivando maior compreensão da Educação Escolar Quilombola, preferencialmente nos
vivência desse ciclo da formação humana, suas especificidades territórios quilombolas.
e características comuns quando comparado com outras
infâncias vividas no país no meio rural e urbano. 5.2.3 Ensino Médio
Cabe ao MEC redefinir seus programas suplementares de
apoio ao educando para incorporar a Educação Infantil, de No cumprimento do Ensino Médio como direito social,
acordo com o inciso VII do art. 208 da Constituição Federal dever do Estado e como etapa da Educação Básica, a Educação
que, na redação da Emenda Constitucional n o 59/2009, Escolar Quilombola deverá ser implementada de acordo com a
estendeu esses programas a toda a Educação Básica. Resolução CNE/CEB no 4/2010, que definiu as Diretrizes
Os programas de material pedagógico para a Educação Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica,
Infantil devem incluir materiais diversos em artes, música, fundamentada no Parecer CNE/CEB no 7/2010, e com a
dança, teatro, movimentos, adequados às faixas etárias, Resolução CNE/CEB no 2/2012, que definiu as Diretrizes
dimensionados por turmas e número de crianças das Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, com fundamento
instituições e de acordo com a realidade sociocultural das no Parecer CNE/CEB no 5/2011, bem como os aspectos
comunidades quilombolas. É importante que esses específicos dessas comunidades na vivência da sua juventude
equipamentos, pelo desgaste natural com o uso, sejam e construídos em conjunto com as comunidades e lideranças
considerados como material de consumo, havendo quilombolas.
necessidade de reposição. As escolas de Ensino Médio na Educação Escolar
O MEC deverá viabilizar também, por meio de criação de Quilombola deverão estruturar seus projetos político-
programa nacional de material pedagógico para a Educação pedagógicos considerando as finalidades previstas na Lei no
Infantil, um processo de aquisição e distribuição sistemática 9.394/96, a saber: a consolidação e o aprofundamento dos
de material para a rede pública de Educação Infantil, conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental,
considerando a realidade das crianças quilombolas. possibilitando o prosseguimento de estudos; a preparação
básica para o trabalho e a cidadania do educando para
5.2.2 Ensino Fundamental continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar a
novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
No cumprimento do Ensino Fundamental como uma das o aprimoramento do educando como pessoa humana,
etapas da Educação Básica, a Educação Escolar Quilombola incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
deverá ser implementada de acordo com a Resolução intelectual e do pensamento crítico; a compreensão dos
CNE/CEB no 4/2010, que definiu as Diretrizes Curriculares fundamentos científico-tecnológicos dos processos
Nacionais Gerais para a Educação Básica, fundamentada no produtivos, relacionando a teoria com a prática.
Parecer CNE/CEB no 7/2010, e com a Resolução CNE/CEB no O Ensino Médio na Educação Escolar Quilombola deverá
7/2010, que definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para garantir aos estudantes a sua participação em projetos de
o Ensino Fundamental de nove anos, com fundamento no estudo e de trabalho, atividades pedagógicas dentro e fora da
Parecer CNE/CEB no 11/2010, bem como os aspectos escola que visem ao fortalecimento dos laços de
específicos dessas comunidades na vivência da sua infância e pertencimento com a sua comunidade e ao conhecimento das
da adolescência destacados nestas Diretrizes e construídos em dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura
conjunto com as comunidades e lideranças quilombolas. próprios das comunidades quilombolas. Além disso, esses
Enquanto direito humano, social e público subjetivo, aliado estudantes deverão ter conhecimento da sociedade mais
à ação educativa da família e da comunidade, o Ensino ampla, o seu protagonismo nos processos educativos, a fim de
Fundamental deve constituir-se em tempo e espaço de participar de uma formação capaz de oportunizar o
formação para a cidadania, articulado ao direito à identidade desenvolvimento das capacidades de análise e de tomada de
étnico-racial, à valorização da diversidade e ao direito à decisões, resolução de problemas, flexibilidade, valorização
igualdade. Nesse sentido, é de obrigação do Estado a sua dos conhecimentos tradicionais produzidos pelas suas
universalização, incluindo nessa as comunidades quilombolas. comunidades e aprendizado de diversos conhecimentos
Em concordância com as reivindicações e consultadas as necessários ao aprofundamento das suas interações com seu
comunidades quilombolas, o Ensino Fundamental na grupo de pertencimento. Eles também deverão ter acesso à
Educação Escolar Quilombola deverá considerar no seu articulação entre os conhecimentos científicos, bem como os
currículo, na gestão e nas práticas pedagógicas o respeito, a conhecimentos tradicionais e as práticas socioculturais
valorização e o estudo dos conhecimentos tradicionais próprias de seus grupos étnico-raciais de pertencimento.
produzidos pelas comunidades quilombolas e necessários ao De acordo com a Resolução CNE/CEB no 2/2012, as
seu convívio sociocultural com sua comunidade de pertença e comunidades quilombolas rurais e urbanas, por meio de seus
com a sociedade mais ampla. projetos de educação escolar, têm a prerrogativa de decidir o
Para tal, deverá garantir aos estudantes ações, práticas e tipo de Ensino Médio adequado ao seu modo de vida e
oportunidades educativas que visem à indissociabilidade das organização social. Por isso, as propostas de Ensino Médio na
práticas educativas e do cuidar, possibilitando o pleno Educação Escolar Quilombola deverão considerar as
desenvolvimento da formação humana dos estudantes e a especificidades de ser jovem quilombola, seus desafios,
articulação entre os conhecimentos científicos, os dilemas e complexidades sendo ofertadas, preferencialmente,
conhecimentos tradicionais e as práticas socioculturais em territórios quilombolas.
próprias das comunidades quilombolas, num processo Os sistemas de ensino, por intermédio de ações
dialógico e emancipatório. colaborativas, deverão promover consulta prévia e informada
O Ensino Fundamental na Educação Escolar Quilombola, sobre o tipo de Ensino Médio adequado às diversas
conforme a Resolução CNE/CEB no 7/2010, realizará os três comunidades quilombolas, realizando diagnóstico das
anos iniciais como um bloco pedagógico ou um ciclo demandas relativas a essa etapa da Educação Básica, ouvidas
sequencial não passível de interrupção, voltado para oferecer as comunidades.
a todos os estudantes as oportunidades de sistematização e As escolas de Ensino Médio deverão inserir no seu projeto
aprofundamento da aprendizagem básica, imprescindível para político-pedagógico temas para debate; estudo e discussão

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sobre a profissionalização da juventude; a Educação Superior Portanto, o Atendimento Educacional Especializado na


como um direito ao jovem quilombola egresso do Ensino Educação Escolar Quilombola deve assegurar a igualdade de
Médio; as possibilidades de inserção em processos de ações condições para o acesso, a permanência e a aprendizagem dos
afirmativas nas instituições de Educação Superior como um estudantes que demandam esse atendimento.
direito constitucional garantido aos jovens oriundos de
escolas públicas, negros, quilombolas e indígenas do país; a 5.2.5 Educação de Jovens e Adultos (EJA)
relação entre a sociedade moderna e os conhecimentos
tradicionais e as questões que envolvem as situações de Com base na Constituição Federal de 1988, aos cidadãos de
abandono do campo pelos jovens. Também deverão inserir todas as faixas etárias, incluindo aqueles que já ultrapassaram
debates, estudos e discussões sobre sexualidade, relações de a idade de escolarização regular, foi estabelecido o imperativo
gênero, diversidade sexual e religiosa, superação do racismo, de ampliar as oportunidades educacionais.
da discriminação e do preconceito racial. No decorrer dos anos, a concepção do direito à educação
das pessoas jovens e adultas extrapolou o enfoque meramente
5.2.4 Educação Especial etário e cada vez mais adentrou a esfera do direito à educação
nos diferentes ciclos da vida. Do ponto de vista nacional e
A Educação Especial é uma modalidade de educação internacional, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) passou a
transversal que visa assegurar aos estudantes com deficiência, ser pensada como uma educação ao longo da vida. Tal
transtornos globais do desenvolvimento e com altas concepção impacta as políticas e as práticas de EJA.
habilidades e superdotação o desenvolvimento da sua Portanto, atualmente, a EJA é considerada como uma
potencialidade socioeducacional em todas as etapas e exigência de justiça social para que a ampliação das
modalidades da Educação Básica nas escolas quilombolas e oportunidades educacionais não se reduza a uma ilusão, nem
nas escolas que atendem estudantes oriundos de territórios se configure na escolarização tardia de milhares de cidadãos e
quilombolas, por meio da oferta de Atendimento Educacional cidadãs nem tampouco como mais uma experiência de
Especializado (AEE), de acordo com a Resolução CNE/CEB no fracasso e exclusão. (RIBEIRO, 1997)
4/2009, fundamentado no Parecer CNE/CEB no 13/2009. A EJA realizada nas instituições escolares caracteriza-se
Além da LDB, as escolas da Educação Básica, no que se como uma proposta pedagógica flexível, com finalidades e
refere à Educação Especial, estão orientadas a seguir a Política funções específicas e tempo de duração definido, levando em
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação consideração os conhecimentos da experiência de vida de
Inclusiva. Essa política, pelo seu caráter nacional, deverá ser jovens, adultos e idosos, ligada às vivências cotidianas
universalizada para todas as escolas brasileiras e, nesse individuais e coletivas, bem como ao mundo do trabalho.
sentido, cabe a ela atender às comunidades quilombolas. Na Educação Escolar Quilombola, a EJA deve atender às
Durante as audiências públicas, várias lideranças e realidades socioculturais e aos interesses das comunidades
educadores quilombolas presentes solicitaram especial quilombolas, vinculando-se a seus projetos de vida. A proposta
atenção do Conselho Nacional de Educação em relação à pedagógica da EJA deverá ser contextualizada de acordo com
elaboração de orientações específicas para a oferta e garantia as questões históricas, sociais, políticas, culturais e
da Educação Especial na Educação Escolar Quilombola. Falta econômicas das comunidades quilombolas. Cabe aqui um
muito para que o Atendimento Educacional Especializado se alerta: a oferta de EJA no Ensino Fundamental não deve
realize nessas comunidades, tanto nos territórios quilombolas substituir a oferta regular dessa etapa da Educação Básica na
rurais quanto nos urbanos. Educação Escolar Quilombola, independentemente da idade.
Nesse sentido, o Ministério da Educação, em sua função As propostas educativas de EJA na Educação Escolar
indutora e executora de políticas públicas educacionais, Quilombola deverão ser realizadas numa perspectiva de
deverá realizar diagnóstico da demanda por Educação formação ampla, favorecendo também o desenvolvimento de
Especial nas comunidades quilombolas, visando criar uma uma Educação Profissional que possibilite aos jovens, aos
política nacional de Atendimento Educacional Especializado adultos e aos idosos quilombolas atuarem nas atividades
aos estudantes que dele necessitem. socioeconômicas e culturais de suas comunidades com vistas
Os sistemas de ensino possuem obrigações a cumprir na ao fortalecimento do protagonismo quilombola e da
garantia desse direito. Uma delas é assegurar a acessibilidade sustentabilidade de seus territórios.
aos estudantes quilombolas com deficiência, transtornos Nesse sentido, a EJA se articula à Educação Profissional
globais do desenvolvimento e com altas habilidades e Técnica de Nível Médio. Tal articulação deverá considerar os
superdotação, por meio de prédios escolares, equipamentos, princípios de uma formação ampla, o etnodesenvolvimento, a
mobiliários, transporte escolar, profissionais especializados, sustentabilidade socioambiental e o respeito à diversidade dos
tecnologia assistiva, alimentação escolar e outros materiais e estudantes, considerando-se as formas de organização das
recursos necessários ao atendimento dos estudantes e de comunidades quilombolas e suas diferenças sociais, regionais
acordo com o projeto político-pedagógico da escola. políticas, econômicas e culturais.
No caso dos estudantes que apresentem necessidades
diferenciadas de comunicação, o acesso aos conteúdos deve 5.2.6 Educação Profissional Técnica de Nível Médio
ser garantido mediante a utilização de linguagens e códigos
aplicáveis, como o sistema Braille, a Língua Brasileira de Sinais O Parecer CNE/CEB no 11/2012, que define e sistematiza
(LIBRAS), bem como a garantia da tecnologia assistiva, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
facultando-lhes e às suas famílias a opção pela abordagem Profissional Técnica de Nível Médio aos dispositivos da Lei no
pedagógica que julgarem adequada, ouvidos os profissionais 11.741/2008, apresenta aspectos importantes sobre a oferta
especializados em cada caso, voltada à garantia da educação de dessa modalidade para as comunidades quilombolas rurais e
qualidade sociocultural como um direito dos povos urbanas, os quais também deverão ser considerados na
quilombolas. Educação Escolar Quilombola.
Na identificação das necessidades educacionais especiais Segundo o referido parecer, cabe à Educação Profissional
dos estudantes quilombolas, além da experiência dos Técnica de Nível Médio a ser ofertada para as comunidades
professores, da consulta e opinião da família e das urbanas e rurais:
especificidades socioculturais, as escolas deverão contar com
assessoramento técnico especializado e apoio da equipe [...] considerar seu contexto histórico, social, cultural,
responsável pela Educação Especial dos sistemas de ensino. político e econômico, inclusive a situação de tensão, violência,

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racismo, violação dos direitos humanos, extermínio, opressão e Além da inclusão da Educação Escolar Quilombola na Lei
luta por elas vivida. Devem-se considerar as especificidades no 11.494/2007 (FUNDEB, art. 10, XV), no que se refere à
desse contexto e os pontos comuns dessas comunidades na sua distribuição proporcional de recursos dos Fundos, a
inserção na sociedade mais geral. Deve, em consequência, organização, a gestão e o funcionamento da Educação Escolar
considerar as lutas pelo direito à terra, ao território, ao Quilombola deverão ter rubrica própria que atenda às suas
desenvolvimento sustentável e à memória, requerendo especificidades.
pedagogia que reconheça e respeite as particularidades étnico- O financiamento deverá considerar também os critérios
culturais de cada comunidade e a formação específica de seu específicos para a construção de escolas quilombolas, os quais
quadro docente. deverão ser estabelecidos pelo Ministério da Educação em
A Educação Profissional e Tecnológica comprometida com a diálogo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da
realidade e a especificidade das comunidades quilombolas Educação (FNDE) e representantes do Movimento Quilombola.
rurais e urbanas é, portanto, um direito. Sua implementação A construção e a reforma das escolas quilombolas e das
consiste no fomento, na oferta, na garantia do acesso e da escolas que atendem estudantes oriundos de territórios
permanência à Educação Profissional e Tecnológica articulada quilombolas deverão levar em conta a arquitetura específica
(integrada ou concomitante) e subsequente ao Ensino Médio, que favoreça espaços culturais e pedagógicos. Relembrando
com perfis adequados às características socioeconômicas das que as comunidades quilombolas rurais são também
regiões e comunidades quilombolas rurais e urbanas. Consiste, consideradas como povos do campo, as escolas públicas
ainda, na oferta e garantia da Educação Básica na modalidade localizadas nessas comunidades poderão seguir as orientações
de Educação de Jovens e Adultos, integrando qualificação social do Decreto no 7.352/2010, que dispõe sobre a política de
e profissional ao Ensino Fundamental e Médio, articulada com a Educação do Campo e o PRONERA:
promoção do desenvolvimento sustentável da comunidade.
É imprescindível considerar que a garantia da Educação Art. 4º- Inciso V - A União, por meio do Ministério da
Escolar Quilombola como um direito das comunidades Educação, prestará apoio técnico e financeiro aos Estados, ao
quilombolas rurais e urbanas vai além do acesso à educação Distrito Federal e aos Municípios na implantação das seguintes
escolar. Significa a construção de um projeto de educação e de ações voltadas à ampliação e qualificação da oferta de educação
formação profissional que inclua: a participação das básica e superior às populações do campo em seus respectivos
comunidades quilombolas na definição do projeto político- sistemas de ensino, sem prejuízo de outras que atendam aos
pedagógico e na gestão escolar; a consideração de suas objetivos previstos neste Decreto:
estruturas sociais, suas práticas socioculturais e religiosas, um V - construção, reforma, adequação e ampliação de escolas
currículo aberto e democrático que articule e considere as suas do campo, de acordo com critérios de sustentabilidade e
formas de produção de conhecimento; a construção de acessibilidade, respeitando as diversidades regionais, as
metodologias de aprendizagem adequadas às realidades características das distintas faixas etárias e as necessidades do
socioculturais das comunidades; a produção de material processo educativo.
didático-pedagógico contextualizado, atualizado e adequado; a
alimentação que respeite a cultura alimentar das comunidades; Embora a realidade urbana das comunidades quilombolas
a infraestrutura escolar adequada e em diálogo com as apresente suas peculiaridades em comparação com o contexto
realidades regionais e locais; o transporte escolar de qualidade; rural, podemos estender algumas dessas orientações para as
a formação específica dos professores quilombolas, em serviço e, escolas de comunidades quilombolas urbanas, de acordo com
quando for o caso, concomitante à sua escolarização; a inserção as particularidades dessas.
da realidade sociocultural e econômica das comunidades Nas audiências públicas realizadas pelo CNE, os
quilombolas nos processos de formação inicial e continuada de quilombolas presentes denunciaram veementemente as mais
docentes quilombolas e não quilombolas que atuarão ou diversas situações de abandono do poder público em relação
receberão estudantes dessas comunidades na educação. às escolas em territórios quilombolas e escolas que atendem
(Parecer CNE/CEB no 11/2012, p. 26 e 27) estudantes oriundos de territórios quilombolas, sobretudo no
contexto rural. Uma delas diz respeito às condições precárias
Nesse sentido, a Educação Profissional e Técnica de Nível do prédio escolar. Pensar a arquitetura das escolas localizadas
Médio na Educação Escolar Quilombola pode ser realizada de nesses territórios vai além de uma arquitetura que dialogue de
modo interinstitucional, devendo ser ofertada em convênio forma sustentável com sua cultura, seus costumes, suas
com as instituições de Educação Profissional e Tecnológica, as tecnologias. Significa algo mais urgente: retirar esses
instituições de Educação Superior, outras instituições de estudantes de espaços físicos precários e, ao mesmo tempo,
ensino e pesquisa e com a participação de organizações do construir prédios escolares adequados.
Movimento Negro e do Movimento Quilombola, de acordo com Segundo Hage (s/d), na sua maioria a escola localizada nas
a realidade de cada comunidade e deverá ser disponibilizada, áreas rurais funciona em espaços improvisados, cedidos ou
preferencialmente, nos territórios quilombolas. alugados de instituições religiosas ou privadas, em barracões,
igrejas e salões comunitários, em condições muito precárias,
5.3 Funcionamento da Educação Escolar Quilombola com pouca ventilação, espaços muito apertados, ausência de
carteiras e de material didático. Uma situação que afeta
Dadas as condições de desigualdades socioeconômicas e estudantes, docentes e familiares e induzem ao seu
regionais que atingem as comunidades quilombolas deslocamento para as áreas urbanas à procura de melhores
brasileiras, o funcionamento com qualidade das escolas condições para estudar. A análise dessa situação, em vez de
quilombolas e daquelas que atendem estudantes oriundos de resultar em uma ação mais incisiva e democrática do poder
territórios quilombolas é desafiador. Algumas das sérias público local em colaboração com os Estados e a União, no
questões a ser enfrentadas dizem respeito à arquitetura, ao sentido de corrigir tal desigualdade, tem sido, na realidade,
transporte e à alimentação escolar. usada como justificativa para a realização de políticas de
As questões ligadas à arquitetura da escola estão nucleação. Estas, por sua vez, levam ao fechamento dessas
interligadas com os processos de financiamento e com a escolas, muitas das quais se localizam em comunidades
nucleação associada ao transporte escolar. Mesmo que quilombolas rurais ou atendem estudantes oriundos dos
possamos fazer uma análise específica de cada um dessas territórios quilombolas.
dimensões, é inegável a forma imbricada como se realizam e a Além disso, segundo o autor supracitado, temos a ausência
sua lamentável precariedade. de escolas nas comunidades localizadas nas áreas rurais. Essa

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insuficiência tem imposto o deslocamento de 48% dos alunos integral que respeite as particularidades territoriais e
dos anos iniciais e 68,9% dos alunos dos anos finais do Ensino culturais dos quilombolas.
Fundamental que vivem no campo para as escolas localizadas A nucleação pode acarretar desenraizamento dos
no meio urbano em todo o país. Esse problema se agrava à estudantes em relação ao seu lugar de origem e produzir
medida que os alunos vão avançando para as séries mais situações constrangedoras e bullying nas escolas. Nesse
elevadas, em que mais de 90% daqueles que vivem no campo sentido, afeta as identidades. No contexto da nucleação, muitas
precisam se deslocar para as escolas urbanas para cursar o instituições nem sequer inserem em seus currículos a
Ensino Médio (INEP, 2002). Se somarmos aos dados as discussão sobre a realidade e a história das comunidades
dificuldades de acesso às escolas, as condições de conservação quilombolas, suas identidades culturais e políticas. As
e o tipo de transporte utilizado, bem como as condições de crianças, os adolescentes, os jovens e adultos enfrentam várias
tráfego das estradas, compreendemos que a saída do local de situações de preconceito, isto é, são criticados no seu jeito de
residência acaba por tornar-se uma condição para o acesso à ser, de falar, de vestir, de comer e de construir conhecimento.
escola, e não uma opção dos estudantes. É o que também Além disso, recebem insultos raciais.
acontece em várias comunidades quilombolas rurais. Tal política tem revelado um mau funcionamento e uma
O mesmo autor ainda alerta que a forma como a nucleação má aplicação de recursos públicos no que se refere não
aparece como parte da solução para esse problema tem somente às comunidades quilombolas, como também aos
impossibilitado a garantia do direito à educação para várias outros coletivos sociais que vivem fora dos centros
comunidades que vivem no campo. Não se trata somente de considerados urbanos. A superação dessa situação não
uma resposta racional ao uso dos recursos públicos em razão depende apenas de vontade política, mas de mudanças na
do baixo número de estudantes que frequentam algumas própria política de financiamento e transporte escolar e na
escolas em comunidades localizadas no campo e distribuídas aplicação de recursos públicos voltados para a garantia do
nas diferentes regiões brasileiras, tampouco de uma solução direito à educação da população que vive fora do perímetro
para a pouca oferta dessas escolas. Trata-se de pensar uma urbano. Depende, ainda, do acompanhamento e
alternativa construída com a participação das comunidades, monitoramento do poder público e do controle público da
ouvindo propostas, críticas e denúncias que essas têm a fazer sociedade civil em relação às formas por meio das quais o
sobre a concepção de nucleação, a forma precária como ela se direito à universalização da Educação Básica vem se
estabeleceu e como tem acarretado situações de perigo, efetivando ou não nos contextos rurais.
desestímulo, discriminação e preconceito aos estudantes e a A nucleação se configura como um problema maior
suas famílias. Essa realidade atinge também a população quando pensamos nas crianças menores, da Educação Infantil
quilombola rural e as escolas por ela frequentadas. ao Ensino Fundamental. Sobre elas a atenção das famílias recai
Um dos desdobramentos da nucleação tem sido o como um cuidado redobrado devido ao ciclo da vida em que
transporte escolar. Embora esse se configure como uma encontram. Sendo a proteção da infância um dever do Estado,
prática antiga presente, sobretudo nas regiões rurais, a política o mesmo deverá ocorrer com os sistemas de ensino e suas
de nucleação deu relevo às práticas e aos programas de escolas, com destaque especial, na educação ofertada para as
transporte escolar, porém sem a devida adequação. A crianças das comunidades quilombolas, os demais povos do
precariedade que existia se intensificou. campo e a população indígena.
Nas audiências públicas realizadas pelo CNE, foi unânime No caso dos jovens, as várias comunidades quilombolas
a denúncia da situação de desrespeito, abandono e de presentes nas audiências públicas realizadas pelo CNE
sobrecarga imposta aos pais, mães, responsáveis, crianças, demandaram que esse fosse realizado preferencialmente nos
adolescentes, jovens, adultos e idosos quilombolas, por causa territórios quilombolas, mediante regime de colaboração
da política de transporte escolar articulada ao processo de entre os sistemas de ensino e consultadas as comunidades e as
nucleação. lideranças quilombolas. Reconhecendo os limites da oferta do
É importante considerar, nesse caso, a imbricação entre Ensino Médio público em nosso país, discutiram que, quando
desigualdade socioeconômica e desigualdade regional em tal situação não for possível, devem-se considerar as condições
nosso país. Nas escolas em regiões quilombolas localizadas nos mais favoráveis e seguras de deslocamento, transporte e
Estados e Municípios com a oferta precária da Educação segurança aos estudantes e profissionais da educação.
Básica, em locais mais distantes e ainda carentes de políticas No caso do Ensino Médio, há também a demanda pela
públicas básicas como moradia, estradas, energia elétrica, oferta da modalidade Educação Profissional Técnica em Nível
telefonia, saneamento básico, saúde e emprego, a situação se Médio com uma proposta pedagógica voltada para as questões
torna ainda mais agravante. Nas estações de chuva, o de trabalho e organização da vida social das comunidades
transporte nem sequer chega a essas comunidades, o que quilombolas. Não se trata de uma importação de tecnologias,
significa que os estudantes não conseguem frequentar a mas do estudo aprimorado de tecnologias apropriadas para a
escola, e as escolas não cumprem o total da carga horária realidade quilombola na qual a escola está inserida e da
mínima de 800 horas garantidas na LDB. abertura de novas possibilidades técnicas e tecnológicas que
Além do cansaço, a situação de nucleação e sua imbricação contribuam para ampliar, melhorar e formar os jovens
com o transporte escolar afetam o desempenho escolar dos quilombolas sem desconsiderar sua cultura, seus
estudantes residentes nos territórios quilombolas que chegam conhecimentos tradicionais, sua história e seus valores. A
à escola, muitas vezes, com fome, com roupas empoeiradas, em proposta é que essa modalidade também seja ofertada
estado de estresse, sono e cansaço; nem sempre essa realidade preferencialmente em território quilombola.
é considerada pelas escolas. Somado a isso, o tempo gasto para No entanto, é sabido que, em algumas realidades
transportar os estudantes desorganiza a vida da família. Como brasileiras, a nucleação para estudantes dos anos finais do
é sabido, várias famílias quilombolas vivem da agricultura, da Ensino Fundamental, do Ensino Médio articulado ou não à
pequena pecuária, são empregados de pequenos comércios, Educação Profissional Técnica e da Educação de Jovens e
atuam como domésticas e exercem atividades rurais ou Adultos, ainda é necessária. Nesse caso, recomenda-se que as
urbanas que envolvem toda a família. Os filhos e as filhas são escolas, quando nucleadas, deverão ficar em polos
imprescindíveis para a produção cotidiana da existência quilombolas e somente serão vinculadas aos polos não
dessas famílias e na ajuda aos mais velhos. O tempo quase quilombolas em casos excepcionais.
integral que passam na escola em razão da nucleação e das Levando-se em consideração os pontos de interseção entre
precárias condições de deslocamento e transporte escolar a realidade das comunidades quilombolas rurais e a dos
nada tem a ver com a proposta de uma escola em tempo demais povos do campo, é possível afirmar que existe

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legislação educacional com parâmetros explícitos em relação à A Resolução CNE/CEB no 2/2008 estabelece, ainda, que o
política de nucleação vinculada ao transporte escolar. transporte escolar será oferecido considerando-se o regime de
Podemos citar a Resolução CNE/CEB no 2/2008, que colaboração entre os entes federados.
estabelece diretrizes complementares, normas e princípios Portanto, os sistemas de ensino possuem regulamentações
para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento e orientações legais sobre o tema. É necessário que construam
da Educação Básica do Campo. Essas se aplicam também para canais de consulta e diálogo com as comunidades quilombolas
a realidade da Educação Escolar Quilombola. No art. 3º, a e suas lideranças na busca de melhores soluções para a
referida resolução afirma que: garantia da Educação Escolar Quilombola no próprio território
quilombola e as melhores condições para a frequência e a
Art. 3° (...) permanência dos estudantes nessas mesmas escolas e, quando
§ 1°- A Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino necessário, nas escolas do entorno.
Fundamental serão sempre oferecidos nas próprias Outra questão levantada durante as audiências públicas
comunidades rurais, evitando-se os processos de nucleação de refere-se à presença de escolas multisseriadas nos territórios
escolas e de deslocamento das crianças (...). quilombolas. Reconhecendo a sua existência principalmente
(...) Os cincos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos territórios localizados nos contextos rurais, houve o
excepcionalmente, poderão ser oferecidos em escolas nucleadas, reconhecimento de que em algumas situações a sua existência
com deslocamento intracampo dos alunos, cabendo aos sistemas é ainda necessária, porém, enfatizou-se a necessidade de
estaduais e municipais estabelecer o tempo máximo dos alunos superação dessa forma de funcionamento das escolas. Além
em deslocamento a partir de suas realidades. disso, houve a reivindicação do direito à formação dos
professores que atuam em instituições escolares ainda
O § 2° desse mesmo artigo estabelece que “em nenhuma organizadas dessa maneira e que atuam sem a conclusão dos
hipótese serão agrupadas em uma mesma turma crianças de seus estudos, quer seja em nível médio, quer seja em nível
Educação Infantil com crianças do Ensino Fundamental”. superior.
No seu art. 4°, a Resolução institui que:
5.3.1 Material didático e de apoio pedagógico
Art. 4° (...)
Parágrafo único: Quando os anos iniciais do Ensino As comunidades quilombolas e suas lideranças têm
Fundamental não puderem ser oferecidos nas próprias reivindicado, historicamente, o direito à participação na
comunidades das crianças, a nucleação rural levará em conta a produção de material didático e de apoio pedagógico
participação das comunidades interessadas na definição do específicos, produzidos pelo MEC e pelos sistemas de ensino e
local, bem como as possibilidades de percurso a pé pelos alunos voltados para a realidade quilombola. Reivindicam a parceria
na menor distância a ser percorrida; entre os quilombolas, pesquisadores do tema, sobretudo
(...) quando se fizer necessária a adoção do transporte aqueles vinculados aos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e
escolar, devem ser considerados o menor tempo possível no grupos correlatos, e as instituições de Educação Superior e de
percurso residência-escola e a garantia de transporte das Educação Profissional e Tecnológica na elaboração desse tipo
crianças do campo para o campo. de material.
O Ministério da Educação tem produzido algum material
No caso dos anos finais do Ensino Fundamental, do Ensino específico e enviado às escolas; porém, esbarra em uma
Médio integrado ou não à Educação Profissional Técnica e da questão delicada: a forma como os gestores de sistemas de
Educação de Jovens e Adultos, os arts. 5° e 6° dessa Resolução ensino e suas respectivas Secretarias de Educação
asseveram que: encaminham esse material até os estabelecimentos. Muitas
vezes, o próprio gestor de sistema de ensino e da escola
Art. 5° A nucleação rural poderá constituir-se em melhor desconhece a presença de escolas quilombolas na sua zona de
solução, mas deverá considerar o processo de diálogo com as atuação. Outras vezes, por causa de interpretações pessoais
comunidades atendidas, respeitados seus valores e sua cultura; e/ou políticas partidárias, se omite, não exercendo o seu dever
Art. 6° [...] deve considerar que os deslocamentos sejam feitos público de fazer chegar a essas escolas o material enviado pelo
nas menores distâncias possíveis, preservado o princípio MEC.
intracampo, evitando-se, ao máximo, o deslocamento do campo Em outras situações, quando o material específico é
para a cidade. encaminhado pelo MEC e direcionado pela gestão do ensino às
escolas quilombolas e àquelas que atendem estudantes
Sobre o transporte escolar, a mesma Resolução estabelece oriundos dos territórios quilombolas, o processo é feito sem o
em seu art. 8o que esse, “quando necessário e indispensável, devido cuidado e sem o acompanhamento de uma sistemática
deverá ser cumprido de acordo com as normas do Código de formação em serviço para uso adequado desse material.
Trânsito Brasileiro (CTB) quanto aos veículos utilizados” (Lei É sabido da necessidade de formação de quadros
nº 9.503, de 23 de setembro de 1997), o qual põe em vigor o qualificados para atuar na gestão dos sistemas de ensino em
seguinte: nosso país, bem como da dificuldade de organização dos seus
processos de formação em serviço. Para esse setor, a
Os veículos destinados à condução coletiva de escolares articulação com a universidade, as ONGs, os movimentos
somente poderão circular nas vias com autorização emitida pelo sociais, os Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros das instituições
órgão ou entidade executivos de trânsito dos Estados e do de Educação Superior e da Educação Profissional e
Distrito Federal, exigindo-se, para tanto: registro como veículo Tecnológica, por meio de assessoria, projetos de extensão
de passageiros; inspeção semestral para verificação dos universitária, cursos modulares, seminários, palestras, poderá
equipamentos obrigatórios e de segurança; pintura de faixa ser estratégia de formação em serviço que atenda gestores,
horizontal na cor amarela, em toda a extensão da carroçaria, técnicos e coordenação pedagógica que atuam nas escolas
com o dístico ESCOLAR, em preto; equipamento registrador quilombolas e naquelas que atendem estudantes oriundos de
instantâneo inalterável de velocidade e tempo; lanternas de luz territórios quilombolas. Nesses processos, poderão ser
com cores específicas nas extremidades da parte superior incluídas orientações sobre como trabalhar com material de
dianteira e traseira e cintos de segurança em número igual à apoio pedagógico específico, produzido para as comunidades
lotação (CTB, art. 136, cap. XIII). quilombolas, desde que analisada e verificada a sua qualidade
técnica, conceitual e teórica.

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Essa ação também poderá contribuir com a produção de deverá ser desenvolvido mediante diálogo e consulta a essas
material ainda mais específico que dialogue com as realidades comunidades. Deverão ser ouvidas as lideranças quilombolas
locais dos vários quilombos existentes no Brasil. É desejável e o Movimento Quilombola local, a fim de que tais políticas se
que os processos de formação em serviço tanto de professores realizem de forma coerente com suas reais necessidades e
quanto de gestores possam se realizar também na forma de hábitos alimentares, os quais variam de acordo com a região
intercâmbio entre as diferentes escolas quilombolas e suas do país. Essa postura implica também o monitoramento da
práticas pedagógicas. política pública por parte dos quilombolas.
O processo de produção e distribuição de material didático O respeito à diversidade cultural no que concerne à
e de apoio pedagógico para a Educação Escolar Quilombola garantia da alimentação escolar a essas comunidades acarreta
deverá ainda estar de acordo com a Resolução CNE/CP no a superação de práticas alimentares massificadas,
1/2004, fundamentada no Parecer CNE/CP nº 3/2004, que industrializadas e muito pautadas no modelo urbano de
definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação alimentação. As comunidades quilombolas rurais guardam
das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e processos de produção e consumo alimentar diferenciados
Cultura Afro-brasileira e Africana, nos termos da Lei nº daqueles dos demais grupos que vivem no meio urbano. Para
9.394/96 e na redação dada pela Lei nº 10.639/2003. De conhecer tal realidade, o poder público deverá considerar a
acordo com estas Diretrizes, os sistemas de ensino e os especificidade, a sabedoria e os conhecimentos tradicionais
estabelecimentos de Educação Básica nas etapas e produzidos pelas próprias comunidades, elegendo-as como
modalidades da Educação Básica deverão providenciar: seu principal interlocutor na elaboração e construção da
- Registro da história não contada dos negros brasileiros, política.
tais como em remanescentes de quilombos, comunidades e A prática agrícola é uma atividade comum e ancestral de
territórios negros urbanos e rurais (p. 23) [...] várias comunidades quilombolas. Por mais que existam
- Edição de livros e de materiais didáticos, para diferentes projetos específicos de construção de hortas nas escolas,
níveis e modalidades de ensino, que atendam ao disposto neste muitas vezes, essas ações são realizadas pela equipe
parecer, em cumprimento ao disposto no Art. 26a da LDB, e para pedagógica e pelos docentes sem o menor diálogo com a
tanto abordem a pluralidade cultural e a diversidade étnico- comunidade atendida. Acabam privilegiando práticas urbanas
racial da nação brasileira, corrijam distorções e equívocos em de plantio, uso de agrotóxicos, organização incorreta do solo,
obras já publicadas sobre a história, a cultura, a identidade dos tempo incorreto de plantio, etc.
afrodescendentes, sob o incentivo e supervisão dos programas Uma política de alimentação escolar na perspectiva
de difusão de livros educacionais do MEC – Programa Nacional quilombola deverá incluir, além de cuidado com as técnicas de
do Livro Didático e Programa Nacional de Bibliotecas Escolares plantio, colheita e conservação dos alimentos, os
(PNBE). conhecimentos tradicionais da comunidade.
- Divulgação, pelos sistemas de ensino e mantenedoras, com Recomenda-se que os sistemas de ensino e suas escolas
o apoio dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, de uma contratem profissionais de apoio escolar oriundos das
bibliografia afro-brasileira e de outros materiais como mapas comunidades quilombolas para produção da alimentação
da diáspora, da África, de quilombos brasileiros, fotografias de escolar de acordo com a história, a cultura e os hábitos
territórios negros urbanos e rurais, reprodução de obras de arte alimentares das próprias comunidades. Nesse caso, os
afro-brasileira e africana a serem distribuídos nas escolas da sistemas de ensino, em regime de colaboração, poderão criar
rede, com vistas à formação de professores e alunos para o programas de Educação Profissional Técnica de Nível Médio
combate à discriminação e ao racismo (p. 25). para profissionais que executem serviços de apoio escolar na
Educação Escolar Quilombola, tendo em vista o disposto na
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Resolução CNE/CEB no 5/2005, com fundamento no Parecer
também deverão assegurar, por meio de ações cooperativas, a CNE/CEB no 16/2005, que cria a área profissional no 21,
aquisição e a distribuição de livros, obras de referência, referente aos Serviços de Apoio Escolar.
literaturas infantil e juvenil, material didático-pedagógico e de Se a questão da alimentação escolar saudável tem sido
apoio pedagógico que valorizem e respeitem a história e a debatida para a educação escolar em geral, ela se torna ainda
cultura das comunidades quilombolas. mais séria quando se pensa a peculiaridade da dieta alimentar
dos povos indígenas e quilombolas. Por isso, estas Diretrizes
5.3.2 Alimentação escolar orientam e alertam os sistemas de ensino e suas escolas para a
gravidade dessa situação. Muitas vezes, a falta de
Outra questão séria, e que diz respeito à organização e ao conhecimento e de consideração por parte da gestão do
funcionamento das escolas quilombolas e das escolas que sistema de ensino e das escolas em relação aos costumes
recebem estudantes oriundos desses territórios, refere-se à alimentares das comunidades quilombolas acaba resultando
alimentação escolar. Há uma reivindicação histórica das em prejuízos à saúde dos estudantes, docentes e familiares,
organizações do Movimento Quilombola em relação à tais como aumento da pressão arterial (uso de alimentos com
alimentação destinada às escolas e seus estudantes. Os alto percentual de sódio), obesidade, aumento do colesterol,
quilombolas reivindicam uma alimentação escolar articulada infecções intestinais, dentre outras.
aos costumes locais, à sua dieta alimentar, aos modos de ser e Existem, atualmente, algumas iniciativas do Governo
de produzir das comunidades. Federal que envolvem o estímulo da produção agrícola de
Algumas experiências de alimentação escolar específica agricultores familiares e comunidades tradicionais, dentre
destinada às comunidades quilombolas têm sido eles, as quilombolas. Esses programas, de âmbito mais geral,
desenvolvidas no Brasil. Todavia, ainda acontecem como poderão envolver as escolas da região ou a comercialização e
programas e projetos específicos. A Educação Escolar o consumo dos alimentos produzidos pelas pessoas da
Quilombola deverá implementar um programa institucional comunidade à própria escola. Para tal, convênios entre as
de alimentação escolar voltado para as especificidades secretarias de educação, cooperativas e organizações
socioculturais das comunidades quilombolas e seus hábitos quilombolas, ONGs e associações poderão ser realizados.
alimentares. Esse deverá ser organizado em regime de Mais do que essas iniciativas, porém, a questão da
cooperação entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios alimentação escolar na Educação Escolar Quilombola orienta
e por meio de convênios entre sociedade civil e poder público. os sistemas de ensino a implementar um programa
Contudo, cabe um alerta: todo e qualquer programa de institucional de alimentação escolar voltado para as
alimentação escolar dirigido às comunidades quilombolas particularidades socioculturais das comunidades quilombolas,

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o qual deverá ser organizado mediante cooperação entre a mas também, conforme cada projeto escolar, outros
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios e por meio componentes flexíveis e variáveis que possibilitem percursos
de convênios entre sociedade civil e poder público. formativos que atendam aos inúmeros interesses, necessidades
Uma política de alimentação escolar voltada para as e características dos educandos (p. 22).
especificidades das comunidades quilombolas rurais e Tais orientações deverão ser seguidas pelas escolas de
urbanas envolve, ainda, questões ligadas a soberania todo o país e dizem respeito às etapas da Educação Básica e
alimentar, ao desenvolvimento sustentável e ao suas modalidades. Portanto, a ideia de um currículo aberto não
etnodesenvolvimento, as quais deverão ser consideradas pelas é uma exclusividade da Educação Escolar Quilombola; todavia,
políticas públicas educacionais, na formação inicial e em razão de suas especificidades, ela se torna um campo ainda
continuada (incluindo a formação em serviço) dos mais propício para sua realização.
profissionais da educação e no estabelecimento de políticas Baseada nas orientações das Diretrizes Curriculares
intersetoriais. Nacionais Gerais para a Educação Básica, a Educação Escolar
Quilombola deverá seguir os eixos orientadores gerais da
5.4 O currículo educação brasileira e também se referenciar nos valores das
comunidades quilombolas.
Como alerta Silva, T. (1996), o currículo deixou de ser, há Ainda de acordo com estas Diretrizes, o currículo na
muito tempo, um assunto meramente técnico. Existe, hoje, Educação Escolar Quilombola poderá ser organizado por eixos
uma tradição crítica do currículo, orientada por questões temáticos, projetos de pesquisa, eixos geradores ou matrizes
sociológicas, políticas e epistemológicas. O currículo não é uma conceituais, em que os conteúdos das diversas disciplinas
simples transmissão desinteressada do conhecimento social, podem ser trabalhados numa perspectiva interdisciplinar.
ou seja, está implicado em relações de poder, transmite visões Contudo, a Educação Escolar Quilombola deverá ir mais
sociais particulares e interessadas, produz identidades além: ao dialogar e inserir os conhecimentos tradicionais em
individuais e sociais particulares. Ele também não é comunicação com o global, o nacional, o regional e o local,
transcendente e atemporal. Possui uma história, vinculada a algumas dimensões deverão constar de forma nuclear nos
formas específicas e contingentes de organização da sociedade currículos das escolas rurais e urbanas que ofertam a
e da educação. Educação Escolar Quilombola ao longo das suas etapas e
Dessa forma, todo o conhecimento organizado como modalidades: a cultura, as tradições, a oralidade, a memória, a
currículo educacional não pode deixar de ser problematizado. ancestralidade, o mundo do trabalho, o etnodesenvolvimento,
Quando se questiona, por exemplo, por que os currículos das a estética, as lutas pela terra e pelo território.
escolas de Educação Básica localizadas em territórios Para tal, faz-se necessário abrir espaços, de fato, para
quilombolas ou que atendem a esses estudantes geralmente maior participação da comunidade e dos movimentos sociais e
não contemplam a sua realidade sociocultural, indagamos o construir outras formas de participação coletiva e de consulta,
porquê de certas vozes e culturas serem ainda silenciadas e nas quais docentes, gestores, pedagogos e estudantes
invisibilizadas dos currículos e por que outras continuam tão dialoguem com as lideranças quilombolas, pessoas da
audíveis e visíveis. comunidade, anciãos e anciãs e educadores quilombolas. Um
O currículo é, portanto, uma arena política e um território currículo flexível e aberto só poderá ser construído se a
em disputa, como nos diz Arroyo (2011). Estando flexibilidade e a abertura forem, realmente, as formas
profundamente envolvido em um processo cultural é, adotadas na relação estabelecida entre a instituição escolar e
consequentemente, um campo de produção ativo da cultura. a comunidade.
Mesmo que tenhamos uma política curricular centralizadora e A proposta curricular da Educação Escolar Quilombola
diretiva repleta de intenções oficiais de transmissão de incorporará, portanto, conhecimentos tradicionais das
determinada ideologia e cultura oficiais, na prática comunidades quilombolas em articulação com o
pedagógica, quando esse currículo se realiza na escola, essas conhecimento escolar, sem hierarquização. A Educação
intencionalidades podem ser transgredidas, alteradas, Escolar Quilombola é um dos lugares primordiais para se
transformadas pelos sujeitos nas relações sociais. É organizar o currículo que tenha em sua orientação o desafio de
importante reconhecer que a implementação do currículo se ordenar os conhecimentos e as práticas sociais e culturais,
dá num contexto cultural que significa e ressignifica o que considerando a presença de uma constelação de saberes que
chega às escolas. Entra em ação não apenas aquilo que se circulam, dialogam e indagam a vida social.
transmite, mas aquilo que se faz com o que se transmite. Valorizar o passado e recriar o presente tem sido um dos
Esse é um desafio colocado para estas e quaisquer caminhos na construção da identidade quilombola. A
Diretrizes Curriculares de caráter nacional, estadual ou dimensão da ancestralidade africana ressignificada no Brasil,
municipal. Portanto, quanto mais próximos os sistemas de os conhecimentos transmitidos pelas gerações de negros que
ensino e seus gestores estiverem do contexto e das viveram durante o período da escravidão, as mudanças
comunidades para os quais suas orientações pedagógicas se advindas após o processo da Abolição, as vivências e as lutas
dirigem, maior será a possibilidade de diálogo e compreensão no Brasil, antes e durante a ditadura militar, os avanços sociais
dos processos de contestação e de disputa do currículo e sua e políticos advindos da Constituição de 1988 e as lutas pela
realização no cotidiano da escola. garantia do direito à terra, ao território, à saúde, à moradia, ao
O currículo da Educação Escolar Quilombola deverá trabalho e à educação encontram-se emaranhados nesse
considerar os aspectos gerais apontados nas Diretrizes processo. Pensar o currículo da Educação Escolar Quilombola
Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica, bem como não significa se ater apenas a um passado histórico ou se fixar
as singularidades das comunidades quilombolas explicitadas ao momento presente. Significa realizar a devida conexão
nestas Diretrizes. entre os tempos históricos, as dimensões socioculturais, as
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais lutas sociais do Movimento Quilombola e do Movimento
para a Educação Básica, a organização do tempo curricular Negro, as tradições, as festas, a inserção no mundo do trabalho.
deve se realizar em função das peculiaridades de seu meio e das Nos quilombos contemporâneos, a cultura, o trabalho e o
características próprias dos seus estudantes, não se restringindo etnodesenvolvimento são práticas que garantem a articulação
às aulas das várias disciplinas. Dessa forma, o percurso entre as pessoas. Manter suas terras e suas tradições e garantir
formativo dos estudantes deve ser aberto e contextualizado, o direito ao trabalho fazem parte dos processos de afirmação
incluindo não só os componentes curriculares centrais da identidade quilombola. Esse processo complexo permite à
obrigatórios, previstos na legislação e nas normas educacionais, comunidade negociar os termos de sua inserção na

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contemporaneidade, de ser reconhecida e respeitada como diversas. Existem até aqueles que não partilham de nenhum
sujeito de direitos na sua diferença como quilombola e na tipo de prática religiosa de forma pública. O que se deve
igualdade de direitos sociais, como cidadão. A escola se destacar, nesse caso, é que o currículo da Educação Escolar
apresenta como uma das instituições na qual essa realidade se Quilombola deve considerar o direito à diversidade religiosa
descortina de forma mais explícita, pela própria dimensão como um dos pontos centrais da sua prática.
pública e como direito social. Sendo assim, o currículo da Dessa maneira, a Educação Escolar Quilombola deverá
Educação Escolar Quilombola terá que, necessariamente, proibir toda e qualquer prática de proselitismo religioso nas
contemplar essas especificidades, entendendo-as como parte escolas. As comunidades quilombolas e os próprios
constituinte da garantia do direito à igualdade social. profissionais da educação deverão denunciar todas as vezes
Nesse sentido, tal currículo deve se organizar em constante em que esse ocorrer, tanto sob forma de orientação do sistema
diálogo com o que está proposto nas Diretrizes Curriculares de ensino quanto pelas práticas de docentes, gestores e até
Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para mesmo pela intervenção das famílias dentro das escolas.
o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana A intolerância e a violência religiosa nunca estão sozinhas.
(Parecer CNE/CP no 3/2004 e Resolução CNE/CP no 1/2004). Como são fruto de posturas conservadoras e autoritárias, elas
Deve-se considerar, portanto, que as comunidades caminham junto com o racismo e a homofobia. Nas audiências
quilombolas são espaços onde se inscrevem experiências públicas, foram inúmeras as denúncias dos quilombolas a
significativas que podem potencializar o ensino de História e respeito de situações que envolvem ofensa moral, agressões
Cultura Afro-Brasileira e Africana, por meio de uma verbais e físicas, bullying em relação às questões étnico-
abordagem articulada entre passado, presente e futuro dessas raciais e à diversidade sexual. Na realização cotidiana do
comunidades. currículo, lamentavelmente, ainda são comuns as situações de
O reconhecimento das africanidades que, “apesar das racismo, discriminação e preconceito racial, os quais podem
modificações e rupturas, seguem estruturando as concepções ocorrer associados ou não à homofobia, à transfobia, à
de vida dos africanos e seus descendentes espalhados pelo lesbofobia, ao sexismo e ao machismo. Por isso, a Educação
mundo depois da Diáspora Negra” (OLIVEIRA, E., 2003, p. 40), Escolar Quilombola deverá incluir nos seus princípios, nas
deverá também ser um importante eixo orientador da ação suas práticas curriculares e no seu projeto político-pedagógico
pedagógica e do currículo da Educação Escolar Quilombola. o direito e o respeito à diversidade étnico-racial, religiosa e
Indo além do que é afirmado pelo autor, podemos dizer que sexual, bem como a superação do racismo, da discriminação e
tais concepções presentes no processo das africanidades do preconceito racial. Deverá ainda inserir nos processos de
dizem respeito à diáspora africana. A educação será, portanto formação inicial e em serviço dos profissionais das escolas o
fonte de fortalecimento da identidade, da cultura afro- estudo acerca dos preceitos legais que proíbem a adoção de
brasileira e africana, ressignificada, recriada e tais práticas.
reterritorializada pelas comunidades quilombolas.
O currículo da Educação Escolar Quilombola deverá 5.5 O calendário escolar
considerar também as questões da liberdade religiosa,
atuando de forma a superar preconceitos em relação às O currículo da Educação Escolar Quilombola deverá
práticas religiosas e culturais das comunidades quilombolas, introduzir as comemorações nacionais e locais no calendário,
quer sejam religiões de matriz africana, quer não. evitando restringi-las às meras “datas comemorativas”.
Cabe nesse aspecto um destaque: durante as audiências Há que se questionar quais são as datas e os eventos
públicas realizadas pelo CNE, foram inúmeras as situações em comemorados, como eles são organizados na escola, qual é o
que os presentes fizeram denúncias de violência religiosa nas envolvimento de estudantes e comunidade na organização das
escolas quilombolas e nas escolas que atendem estudantes festas e cerimônias, se essas mantêm o caráter laico da escola
oriundos de territórios quilombolas. Geralmente, tais pública ou se são usadas como forma de imposição de
situações se apresentavam nos casos de polarização e tensão determinado credo ou comemoração religiosa, dentre outras.
entre grupos religiosos de determinadas vertentes cristãs e A melhor forma de reorganizar o calendário é discuti-lo
neopentecostais e os de matriz afro-brasileira. com a comunidade e os estudantes. Para tal, o assunto poderá
Portanto, um cuidado deve ser tomado no currículo ao ser levado para discussão nas assembleias escolares, com o
tematizar as questões da religiosidade, de maneira geral, e do Colegiado ou Conselho Escolar, com o Grêmio Estudantil, bem
ensino religioso, de maneira particular. Em muitas escolas, como ser tema das reuniões e visitas à comunidade. Essa
assistimos a práticas de ensino religioso que extrapolam o que poderá ser uma estratégia da escola para o conhecimento, a
está determinado no art. 33 da LDB, a saber: consulta e a escuta atenta do que é considerado mais marcante
pela comunidade a ponto de ser rememorado e comemorado
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte pela escola.
integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina Cabe destacar que as comemorações deverão ser
dos horários normais das escolas públicas de ensino precedidas e acompanhadas de uma discussão pedagógica
fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural com os estudantes sobre o seu sentido e o seu significado, sua
religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. relação com a sociedade em geral e a comunidade quilombola
(Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22 de julho de 1997) em específico. Poderá ser, portanto, a culminância de
atividades realizadas em sala de aula com os estudantes,
É conhecida a manipulação que a implementação de tal projetos de trabalho, projetos de áreas, de disciplinas
artigo tem sofrido nas escolas brasileiras de modo geral e específicas ou atividades interdisciplinares.
como esse tem recebido interpretações distorcidas em Nesse processo de discussão, pesquisa e estudo, muitas
algumas redes de ensino públicas e privadas do país. datas e comemorações naturalizadas como universais poderão
A Educação Escolar Quilombola não deverá fugir do debate ser discutidas, problematizadas e ressignificadas mediante
da diversidade religiosa e a forma tensa como as escolas lidam diálogo e entendimento entre a escola e a comunidade. Os
com o tema. O currículo não deve privilegiar esse ou aquele sistemas de ensino também poderão desenvolver um
credo. Também não se deve incorrer no equívoco de julgar que procedimento de releitura e ressignificação das várias datas
todos os quilombolas, no plano da religiosidade, participem comemorativas junto com as escolas e a comunidade.
das mesmas práticas religiosas, cristãs ou vinculadas às Desse modo, pode-se concluir que algumas datas e
religiões de matriz africana. Os quilombolas, assim como comemorações fazem mais sentido e têm maior significado do
outros coletivos sociais, vivenciam práticas religiosas que outras para os estudantes e seus familiares, como também

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outras poderão ser problematizadas. Contudo, mais do que desenvolvimento dentro dos ciclos de formação humana, os
enfatizar datas e comemorações, a escola e seu currículo valores, as dimensões cognitiva, afetiva, emocional, lúdica, de
deverão orientar os estudantes e docentes a compreender as desenvolvimento físico e motor, dentre outros.
mudanças no processo histórico, tensionamentos, lutas É importante considerar a inserção da Educação Escolar
sociais, fatos marcantes da vida das comunidades e do país Quilombola nos processos de avaliação institucional das redes
considerados como pedagogicamente relevantes de ser da Educação Básica condicionada às especificidades das
estudados pela escola. Portanto, faz-se necessário, dentro da comunidades quilombolas. Para tal, essas comunidades e suas
autonomia de organização do calendário escolar, um olhar lideranças deverão ser ouvidas. A realidade quilombola ajuda
atento às comemorações e sua ressignificação. a indagar e problematizar até a tendência homogeneizadora
Considerando-se os avanços do país na luta antirracista, presente nas metodologias e nos critérios avaliativos
cabe destacar a importância do Dia Nacional da Consciência estabelecidos pelo sistema nacional de avaliação.
Negra como culminância de várias ações e práticas Não basta apenas mudar estratégias e metodologias de
pedagógicas realizadas nas escolas e que abordem a temática avaliação institucional das escolas e da aprendizagem dos
afro-brasileira e africana. Trata- se do reconhecimento estudantes sem considerar os sujeitos, os seus processos
nacional da resistência cultural, política e social do povo negro, próprios de produção do conhecimento e as suas formas de
que se encontra na Lei no 9.394/96 (LDB) e deve ser aprendizagem em interação com os contextos histórico, social,
comemorado no calendário escolar. De acordo com a LDB: cultural e escolar. É importante que os sistemas de ensino, as
escolas e os profissionais da educação envolvidos na oferta da
Art. 79-B O calendário escolar incluirá o dia 20 de Educação Escolar Quilombola considerem as formas por meio
novembro como Dia Nacional da Consciência Negra. (Incluído das quais os estudantes quilombolas aprendem, na vivência da
pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003) comunidade, na relação com o mundo do trabalho, as tradições
e a oralidade e como esses fatores se articulam com o
Para além desse aspecto e da simplificação que as datas conhecimento e a aprendizagem produzidos no contexto
comemorativas acabam recebendo em algumas escolas, o escolar.
calendário escolar deverá incluir outras datas consideradas É importante ainda considerar as condições da oferta, a
mais significativas para a população negra e para cada infraestrutura e a formação dos docentes que atuam nas
comunidade quilombola de acordo com a região e a localidade, escolas quilombolas existentes no país e a urgente necessidade
consultadas as comunidades e as lideranças quilombolas. de garantir aos estudantes, aos profissionais da educação e às
comunidades que atuam na Educação Escolar Quilombola
5.6 A avaliação condições dignas de realização do fazer educativo. O
conhecimento dessa realidade deverá ser considerado pelos
A avaliação na Educação Escolar Quilombola se aproxima processos de avaliação institucional contribuindo para uma
de vários aspectos da Educação Escolar Indígena, guardadas as análise mais cuidadosa dos seus resultados, bem como para
especificidades. Por isso, várias orientações presentes nestas superar a tendência de ranqueamento das escolas mediante os
Diretrizes poderão também ser encontradas no Parecer resultados obtidos na avaliação.
CNE/CEB no 13/2012, que institui as Diretrizes Curriculares A discussão mais aprofundada da avaliação institucional
Nacionais para a Educação Escolar Indígena. articulada ao conhecimento da realidade dos contextos
Muito foi escrito e dito sobre a avaliação escolar e sua regionais e socioculturais e da desigualdade das escolas
relação com os processos de aprendizagem. Há concordância brasileiras deverá colaborar na superação da adoção dos
de que ela deve ser diagnóstica, participativa, processual, resultados dessas avaliações como medida punitiva aos
formativa, dinâmica e deve dialogar com os conhecimentos docentes, tal como tem sido feito, lamentavelmente, por
produzidos pelos sujeitos nas suas vivências históricas e algumas redes de ensino. A expectativa é de que essa
socioculturais, bem como os ditos conhecimentos problematização possa fazer avançar, de fato, o direito à
historicamente organizados pela humanidade e acordados educação e à aprendizagem.
como parte integrante da educação brasileira. Sabe- se que os Os sistemas de ensino, por meio de ações colaborativas, ao
processos avaliativos não são neutros. Eles implicam uma implementar processos avaliativos institucionais na educação
seleção de conteúdos do currículo e podem até ser punitivos e escolar, deverão considerar, portanto, as múltiplas e diversas
classificatórios. realidades culturais e regionais existentes no Brasil, no
A avaliação como um dos elementos que compõem o contexto das desigualdades e da diversidade.
processo de ensino e aprendizagem é uma estratégia didática Um papel importante deverá ser atribuído aos Conselhos
que deve ter seus fundamentos e procedimentos definidos no de Educação na Educação Escolar Quilombola, isto é, eles
projeto político-pedagógico, ser articulada à proposta devem participar da definição dos parâmetros de avaliação
curricular, às metodologias, ao modelo de planejamento e interna e externa que atendam às especificidades das
gestão, à formação inicial e continuada dos docentes e demais comunidades quilombolas, garantindo- lhes o reconhecimento
profissionais da educação, bem como ao regimento escolar. das suas estruturas sociais; suas práticas socioculturais; suas
Nesse sentido, na Educação Escolar Quilombola ela deverá atividades econômicas; as formas de produção de
servir para aprimorar o projeto político-pedagógico e garantir conhecimento das comunidades quilombolas, seus processos
o direito do estudante a ter respeitado o seu processo de e métodos próprios de ensino-aprendizagem.
aprendizagem e de formação humana.
A avaliação na Educação Escolar Quilombola deve estar 5.7 O projeto político-pedagógico
associada aos processos de ensino e aprendizagem próprios,
reportando-se às dimensões de participação e de O projeto político-pedagógico (PPP) é um dos eixos da
protagonismo quilombola, objetivando a formação de sujeitos educação escolar de maneira geral e que possui
sócio-históricos autônomos, capazes de atuar ativamente na particularidades quando pensamos a Educação Escolar
sua comunidade e na sociedade mais ampla. Quilombola. De acordo com as Diretrizes Curriculares
Dessa forma, a avaliação externa e interna do processo de Nacionais Gerais para a Educação Básica, o PPP, nomeado na
ensino e aprendizagem na Educação Escolar Quilombola LDB como proposta ou projeto pedagógico, representa mais do
deverá considerar o direito de aprendizagem; os que um documento.
conhecimentos tradicionais; as experiências de vida dos
diferentes atores sociais e suas características culturais; o seu

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Aquelas Diretrizes orientam que “o ponto de partida para a escolar? Como ela é feita? Quais são os estudantes e qual é a
conquista da autonomia pela instituição educacional tem por faixa etária que ela atende? O que a nucleação escolar significa
base a construção da identidade de cada escola, cuja para a comunidade? Quais são as condições de transporte
manifestação se expressa no seu Projeto Pedagógico e no escolar? Como se dá a alimentação escolar nas escolas? Como
regimento escolar próprio, enquanto manifestação de seu ideal estão as condições dos prédios escolares? A profissionalização
de educação e que permite uma nova e democrática ordenação dos docentes tem sido realizada de acordo com a Lei? Os
pedagógica das relações escolares. O projeto político- profissionais da escola participam de processos de formação
pedagógico deve, pois, ser assumido pela comunidade educativa, em serviço? Quem os oferta? Como? Quando? Essa oferta
ao mesmo tempo, como sua força indutora do processo atende as necessidades desses profissionais e da escola? Como
participativo na instituição e como um dos instrumentos de se dá a relação entre a gestão da escola, os profissionais, os
conciliação das diferenças, de busca da construção de estudantes e a comunidade? Como se dá a relação entre a
responsabilidade compartilhada por todos os membros escola, a comunidade e a gestão do sistema de ensino? O que a
integrantes da comunidade escolar, sujeitos históricos nossa escola necessita para atender à comunidade na qual está
concretos, situados num cenário geopolítico preenchido por inserida? Que pontos positivos vemos na escola que temos? E
situações cotidianas desafiantes.” (p. 27) negativos?
A realização de um diagnóstico poderá auxiliar na
Sendo, concomitantemente, um processo e um documento formulação do PPP da Educação Escolar Quilombola, bem
em que se registra o resultado das negociações estabelecidas como será o eixo orientador da proposta curricular a ser
por aqueles atores que estudam a escola e por ela respondem desenvolvida pelas escolas.
em parceria (gestores, professores, técnicos e demais Construir o PPP poderá ser uma forma de
funcionários, representação estudantil, representação da autoconhecimento da escola e seus profissionais e de
família e da comunidade local), o PPP deverá expressar as conhecimento do seu contexto. Para elaborá-lo, é necessário
especificidades históricas, sociais, culturais, econômicas e envolver o coletivo da escola e da comunidade. Seriam
étnico-raciais da comunidade quilombola na qual a escola se oportunas à escola e aos profissionais da educação, discentes
insere ou é atendida por ela. e comunidade mais algumas indagações: Quem são os sujeitos
O PPP diz respeito ao planejamento, o qual é mais do que centrais do projeto político-pedagógico a ser construído? Qual
uma ação técnica, ou melhor, é antes de tudo política. Portanto, é o objetivo central do PPP que estamos elaborando? O que
o PPP das escolas quilombolas e das escolas que atendem os vamos fazer para alcançá-lo? Com quem? Quando? Quais serão
estudantes oriundos de territórios quilombolas deverá ser nossos parceiros? Como envolver a gestão do sistema de
uma proposta “transgressora”, que induza um currículo ensino na realização do PPP? De quais recursos materiais e
também transgressor, que rompa com práticas ainda financeiros precisaremos para desenvolver essa proposta?
inflexíveis, com os tempos e espaços escolares rígidos na Como as ações do PPP serão desenvolvidas em curto, médio e
relação entre o ensinar e o aprender, com a visão longo prazos?
estereotipada e preconceituosa sobre a história e a cultura de De acordo com Silva, D. (2007), a construção do PPP é uma
matrizes afro- brasileira e africana no Brasil. Deverá ainda forma de a escola dar sentido ao seu saber fazer enquanto
tematizar, de forma profunda e conceitualmente competente, instituição escolar. Nesse processo, ações são construídas,
as questões do racismo, os conflitos em relação à terra, a desconstruídas e reconstruídas. O ideal é que elas sejam feitas
importância do território, a cultura, o trabalho, a memória e a de forma participativa, envolvendo todos os sujeitos. Trata-se
oralidade. de um processo no qual a escola revela seus compromissos,
Segundo Silva, D. (2007), para a construção do projeto suas intenções e principalmente sua identidade e de seus
político-pedagógico da Educação Escolar Quilombola, um integrantes. A escola se transforma na ação e poderá chegar a
passo fundamental é elaborar um diagnóstico da realidade, novas situações, construirá outras práticas e uma relação
num processo que envolva as pessoas da comunidade e as horizontal entre a ciência e os conhecimentos tradicionais
diversas organizações existentes no território. Identificar o produzidos pelas comunidades quilombolas.
que elas pensam sobre educação e como a educação pode Para que tais ações aconteçam, as escolas precisarão do
influenciar no seu modo de existir, na sua forma de vivenciar o apoio do poder público local e da realização de algumas
presente e definir o futuro. atividades, a saber: mobilizar a comunidade quilombola rural
Para realizar o diagnóstico, é necessário fazer algumas ou urbana para que seja sujeito na construção do PPP;
perguntas iniciais sobre a comunidade na qual a escola se registrar as práticas e as experiências de educação existentes
insere, tais como: Quem somos? Onde estamos? Como nas comunidades quilombolas, sobretudo valorizando a
vivemos? Há quanto tempo vivemos nessa comunidade? Quem sabedoria dos anciãos; valorizar os saberes da terra, os
são nossos ancestrais? Quais são os conhecimentos que saberes aprendidos no trabalho, a ancestralidade construída
aprendemos na vivência cotidiana da nossa comunidade? no interior das diferentes comunidades quilombolas;
Há perguntas sobre a própria escola: Qual é a escola que organizar, dialogar com as secretarias estaduais e municipais
temos? Qual é a escola que queremos? O que aprendemos na a fim de conseguir tempo, espaço para discussão e
escola e que tem relação com o que aprendemos em nossas desenvolvimento de processos de formação continuada em
comunidades? O que aprendemos na escola e nos ajuda a serviço de professores em atuação na Educação Escolar
compreender melhor a nossa história? E também nos ajuda a Quilombola e estabelecer ações intersetoriais.
compreender melhor a sociedade em que vivemos? Quem são O PPP da Educação Escolar Quilombola deverá ser, nos
os professores e as professoras da nossa escola? Como lidam dizeres de Santos, B. (1996), um projeto emancipatório
com a nossa comunidade? baseado em um perfil epistemológico que abriga um conflito.
O diagnóstico poderá identificar quais são, de fato, as O conflito é visto, aqui, ocupando o centro de toda experiência
necessidades educacionais da comunidade quilombola rural pedagógica emancipatória. Segundo o autor, o conflito serve,
ou urbana, como, por exemplo: Quantas e quais são as escolas antes de tudo, para desestabilizar os modelos epistemológicos
quilombolas que existem no território quilombola no qual dominantes e para olhar o passado através do sofrimento
estamos inseridos? Quantas e quais são as escolas que existem humano que, por via deles e da iniciativa humana a eles
nas proximidades desse território e que atendem os referida, foi indesculpavelmente causado. Esse olhar
quilombolas? Quais são as etapas e modalidades da Educação produzirá imagens desestabilizadoras, susceptíveis de
Básica ofertadas pelas escolas quilombolas e pelas escolas da desenvolver nos estudantes e nos professores a capacidade de
região que atendem estudantes quilombolas? Existe nucleação espanto e de indignação e uma postura de inconformismo.

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Estas são necessárias para olhar com empenho os modelos da alimentação escolar.
dominados ou emergentes por meio dos quais é possível
aprender um novo tipo de relacionamento entre saberes e, 5.9 A formação de gestores
portanto, entre pessoas e grupos sociais. Poderá emergir daí
um relacionamento mais igualitário e mais justo que nos faça A Educação Escolar Quilombola demanda ainda a
apreender o mundo de forma edificante, emancipatória e formação de gestores de sistemas, das escolas e suas
multicultural. respectivas coordenações pedagógicas. Atualmente, é muito
comum, no interior das secretarias de educação, a presença de
5.8 A gestão e a organização da escola coordenações ou núcleos da diversidade. Em algumas outras
situações, há aqueles que cuidam especificamente das
A Educação Escolar Quilombola deverá atentar aos questões étnico- raciais e quilombolas. Todavia, nem sempre
princípios constitucionais da gestão democrática que se essa equipe possui conhecimento e qualificação para atuar
aplicam a todo o sistema de ensino brasileiro. As práticas de com a complexidade das várias expressões da diversidade
gestão da escola deverão ser realizadas junto com as (quilombolas, negros, indígenas, pessoas com deficiência,
comunidades quilombolas por ela atendidas. povos do campo, população LGBT, dentre outras), tendendo a
Nesse processo, faz-se imprescindível o diálogo entre a enfatizar, dentro do grande leque da diversidade, somente
gestão da escola, a coordenação pedagógica, as comunidades algumas de suas expressões e subalternizando outras.
quilombolas e suas lideranças em âmbitos nacional, estadual e Portanto, formar esses profissionais da gestão educacional
local. A gestão deverá considerar os aspectos históricos, para a diversidade é também um dos eixos da Educação
políticos, sociais, culturais e econômicos do universo Escolar Quilombola.
sociocultural quilombola no qual está inserida. Um dos aspectos que pode ser considerado inovador nessa
Os processos de gestão da Educação Escolar Quilombola formação e que está em curso em algumas realidades
também apresentam aspectos já contemplados nas Diretrizes educacionais quilombolas do país é a participação da
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica e comunidade, dos anciãos e das lideranças quilombolas no
mantêm diálogo muito próximo com alguns aspectos das processo de formação dos gestores e coordenadores
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar pedagógicos. Trata-se do reconhecimento de que esses
Indígena. sujeitos constroem conhecimentos, são frequentemente os
Cabe enfatizar que a gestão das escolas quilombolas guardiões dos conhecimentos tradicionais, os quais, na
deverá ser realizada, preferencialmente, por quilombolas. Os maioria das vezes, não são dominados pelos gestores do poder
sistemas de ensino, em regime de colaboração, poderão público. Essa participação atenderá também uma das
estabelecer convênios e parcerias com as instituições de reivindicações das organizações do Movimento Quilombola,
Educação Superior e de Educação Profissional e Tecnológica, ou seja, a presença de suas lideranças nos processos de gestão
sobretudo com os Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e da educação, do trabalho e da saúde a fim de também
grupos correlatos dessas instituições, para a realização de participarem da elaboração, análise e monitoramento das
processos de formação continuada e em serviço de gestores políticas voltadas para essas comunidades.
que atuam nas escolas quilombolas e nas escolas que atendem
estudantes oriundos desses territórios. 5.10 A formação de professores
O processo de gestão da Educação Escolar Quilombola
também deverá se realizar articulado à matriz curricular e ao Como destacado, de acordo com o documento final da
projeto político-pedagógico. A organização do tempo e espaço CONAE (2010), a União, os Estados, o Distrito Federal e os
curricular, a distribuição e o controle da carga horária docente, Municípios deverão: h) Assegurar que a atividade docente nas
além de considerar os aspectos normativos nacionais, escolas quilombolas seja exercida preferencialmente por
estaduais e municipais, deverão se articular ao universo professores/as oriundos/as das comunidades quilombolas.
sociocultural quilombola. Trata-se de realizar a devida (C0NAE, 2010, p. 131-132, grifo nosso)
mediação entre gestão escolar e os processos de Essa deliberação orienta a elaboração destas Diretrizes, as
conhecimento. quais enfatizam que a Educação Escolar Quilombola deverá ser
A Educação Escolar Quilombola desenvolverá suas conduzida, preferencialmente, por professores pertencentes
atividades de acordo com o proposto nos respectivos projetos às comunidades quilombolas.
político-pedagógicos e regimentos escolares com as Faz-se necessária pelo poder público a realização de um
prerrogativas de: organização das atividades escolares, levantamento sistemático em âmbitos nacional, regional,
independente do ano civil, respeitado o fluxo das atividades estadual e local de dados sobre o perfil, as condições de
econômicas, sociais, culturais e religiosas; e duração trabalho e a formação de professores em atuação na Educação
diversificada dos períodos escolares, ajustando-a às condições Escolar Quilombola no Brasil.
e especificidades de cada comunidade. A realização desse levantamento permitirá à União, aos
Assim como na Educação Escolar Indígena, a participação Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios ações
da comunidade quilombola, na definição do modelo de coordenadas e articuladas para a oferta de formação de
organização e gestão da Educação Escolar Quilombola, deverá magistério em nível médio para os docentes que ainda não
considerar: concluíram a Educação Básica e que atuam nas escolas, bem
I - suas estruturas sociais; como a formação em nível superior para aqueles que já
II - suas práticas socioculturais e religiosas; cursaram o nível médio, mas ainda não possuem tal
III - suas formas de produção de conhecimento, processos qualificação.
próprios e métodos de ensino-aprendizagem; Nesse contexto, os sistemas de ensino deverão estimular a
IV - suas atividades econômicas; criação e implementar programas de formação inicial de
V - critérios de edificação de escolas produzidos em professores em Licenciatura para atuação em escolas
diálogo com as comunidades quilombolas e que atendem aos quilombolas e escolas que atendem estudantes oriundos dos
seus interesses; territórios quilombolas ou ainda em cursos de magistério em
VI - a produção e o uso de material didático-pedagógico nível médio na modalidade normal de acordo com a
em parceria com os quilombolas e de acordo com o contexto necessidade das comunidades quilombolas.
sociocultural de cada comunidade; Nas diversas regiões do país, muitos docentes que atuam
VII - a organização do transporte escolar; VIII - a definição em escolas localizadas em territórios quilombolas rurais

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residem em área urbana e mantêm pouca ou nenhuma relação formação, bem como de consolidar a Educação Escolar
com essa realidade. É possível que, mesmo aqueles que atuam Quilombola como modalidade de Educação Básica, impele a
em escolas localizadas dentro ou próximas aos quilombos realização de políticas afirmativas que corrijam as
urbanos, desenvolvam a sua prática profissional sem conhecer desigualdades educacionais que historicamente incidem sobre
a realidade histórica, social, cultural e política quilombola na essa parcela da população.
qual atuam. A efetivação de um processo de formação inicial e
Os processos de formação inicial e continuada de continuada é uma responsabilidade dos Sistemas de Ensino e
professores da Educação Escolar Quilombola deverão cobrir o deverá ser garantida como um direito. Para tal, quando
complexo quadro dessa modalidade de educação. Caberá a eles necessário, esses deverão assegurar a liberação dos
garantir aos docentes que atuam nessa modalidade condições professores em efetivo exercício e que estejam participando de
dignas e jornada de trabalho na forma da lei. Para tal, a processos de formação das suas atividades de docência, sem
colaboração entre os sistemas de ensino se apresenta como prejuízo do cumprimento da carga horária dos estudantes.
uma necessidade. Isso implicará articulação entre o poder público, os docentes,
Os processos de formação inicial e continuada da Educação a gestão da escola, as comunidades e as lideranças
Escolar Quilombola deverão ter como eixos: quilombolas. A escola poderá discutir coletivamente e junto
I - os conteúdos gerais sobre a educação, política com representantes das secretarias de educação a melhor
educacional, gestão, currículo, avaliação; forma de viabilizar tal situação, incluindo a formação dos
II - os fundamentos históricos, sociológicos, professores em atuação na Educação Escolar Quilombola
sociolinguísticos, antropológicos, políticos, econômicos, como parte integrante do projeto político-pedagógico da
filosóficos e artísticos da educação; escola.
III - o estudo das metodologias e dos processos de ensino- Durante as audiências públicas realizadas pelo CNE, vários
aprendizagem; docentes e gestores quilombolas denunciaram situações de
IV - os conteúdos curriculares da base nacional comum; rotatividade dos professores nas escolas quilombolas e que
V - o estudo do trabalho como princípio educativo; atendem estudantes oriundos de territórios quilombolas. Essa
VI - o estudo de memória, ancestralidade, oralidade, situação pode estar relacionada às questões de ordem salarial,
corporeidade, estética e do etnodesenvolvimento, produzido localização, transporte, alojamento e precariedade de várias
pelos quilombolas ao longo do seu processo histórico, político, escolas. Contudo, pondera-se que a rotatividade também pode
econômico e sociocultural; estar relacionada com o desconhecimento desses profissionais
VII - a realização de estágio curricular em articulação com em relação às próprias comunidades quilombolas e seus
a realidade da Educação Escolar Quilombola; processos históricos, culturais, sociais e identitários,
VIII - as demais questões de ordem sociocultural, artística provocando desinteresse e rejeição de atuarem nessas escolas.
e pedagógica da sociedade e da educação brasileira de acordo Tal situação pode estar associada até mesmo a questões mais
com a proposta curricular da instituição. complexas como discriminação e preconceito raciais, ausência
A formação de professores que atuam na Educação Escolar de ética profissional e posturas autoritárias em relação aos
Quilombola deverá ainda desencadear outra ação dos poderes coletivos sociais considerados diversos.
públicos federal, estadual e municipal: a inserção da realidade A inserção do estudo e da discussão sobre a realidade das
quilombola no material didático e de apoio pedagógico comunidades quilombolas no Brasil, nos processos de
existente e produzido para docentes da Educação Básica nas formação inicial e continuada de professores, somada às
suas diferentes etapas e modalidades. condições justas e dignas de trabalho, poderá contribuir para
Os sistemas de ensino podem, em articulação com as a superação da situação de rotatividade e provocar indagação
instituições de Educação Superior e de Educação Profissional sobre a postura e o compromisso profissional a ser assumido
e Tecnológica, firmar convênios para a realização de estágios por aqueles que atuam na Educação Escolar Quilombola.
curriculares de estudantes dos cursos de licenciatura para que Colocará, portanto, em outro patamar político a discussão
esses desenvolvam os seus projetos na Educação Escolar sobre os processos educativos, a postura ética do profissional
Quilombola, sobretudo nas áreas rurais, em apoio aos da educação, o seu direito à profissionalização e às condições
docentes em efetivo exercício. Os estagiários serão dignas de trabalho e a garantia do direito à educação para as
supervisionados por professor designado pela instituição de comunidades quilombolas.
Educação Superior e acompanhados por docentes em efetivo Também durante as audiências públicas, vários
exercício profissional nas escolas quilombolas e naquelas que professores quilombolas denunciaram que, muitas vezes,
atendem estudantes oriundos de territórios quilombolas. Tais quando o corpo docente consegue dialogar e criar canais de
instituições deverão assegurar aos estagiários, em parceria consulta para a participação das comunidades quilombolas e
com o poder público, condições de transporte, deslocamento e suas lideranças na organização dos seus projetos de trabalho
alojamento, bem como todas as medidas de segurança para a e disciplinas, acabam por ser impedidos de dar continuidade a
realização do seu estágio curricular na Educação Escolar essas ações. Isso acontece em razão da atuação autoritária da
Quilombola. gestão da escola, da coordenação pedagógica e até mesmo da
Nos currículos dos cursos e nos processos de formação gestão do sistema de ensino. Além de fatores ligados ao abuso
inicial e continuada de professores, deverão ser criados de poder, essas posturas autoritárias muitas vezes advêm do
espaços, condições de estudo e discussões sobre as lutas desconhecimento dos próprios gestores sobre a realidade das
quilombolas ao longo da história, o papel dos quilombos nos comunidades quilombolas, bem como de posturas
processos de libertação e no contexto atual da sociedade preconceituosas, já narradas. Também nesses casos, a inserção
brasileira, o respeito à diversidade religiosa e sexual, as ações da discussão sobre a realidade quilombola nos processos de
afirmativas e as formas de superação do racismo formação inicial e continuada de gestores apresenta-se como
(institucional, ambiental, alimentar, dentre outros), da uma possibilidade de provocar mudanças.
discriminação e do preconceito racial, nos termos da Lei no Além da garantia da formação inicial e continuada, os
9.394/96, na redação dada pela Lei no 10.639/2003, e na professores em atuação na Educação Escolar Quilombola
Resolução CNE/CP no 1/2004, fundamentada no Parecer deverão ter seus direitos trabalhistas e salariais garantidos
CNE/CP no 3/2004. por meio de ações de reconhecimento e valorização mediante
A formação de professores para atuação na Educação acesso a concurso de provas e títulos para inserção na carreira
Escolar Quilombola tem um sentido de urgência. A do magistério, garantia das condições de remuneração
necessidade de garantir o direito desses docentes à sua compatível com sua formação e isonomia salarial, condições e

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jornada de trabalho dignas e justas nos termos da lei. Educação Superior e da Educação Profissional e Tecnológica,
Estas Diretrizes também orientam os sistemas de ensino, dos gestores, dos professores e das organizações do
em regime de colaboração e em parceria com instituições de Movimento Quilombola em nível nacional, estadual e local,
Educação Superior e de Educação Profissional e Tecnológica, a levando em consideração o diálogo entre o conhecimento
desenvolver uma política nacional de formação de professores científico e os conhecimentos tradicionais construídos pelas
para a Educação Escolar Quilombola. Essa tem sido uma das próprias comunidades quilombolas.
reivindicações do Movimento Quilombola acordada nas Há também que se garantir a inserção da questão
deliberações da CONAE (2010) e reivindicada nas três quilombola em todos os currículos dos cursos de graduação de
audiências públicas realizadas pelo CNE durante o processo de forma atualizada, contextualizada e que esteja em acordo com
elaboração destas Diretrizes. os avanços da luta quilombola e com os estudos críticos sobre
o tema, para seu conhecimento e superação de visões
5.10.1 Formação inicial de professores: mais alguns estereotipadas, preconceituosas e naturalizadas sobre a
aspectos complexa realidade dos quilombolas no Brasil.

A invisibilidade, o desconhecimento e a escassa produção 5.10.2 Formação continuada de professores: mais


teórica no campo educacional sobre a Educação Escolar alguns aspectos
Quilombola levam a sua quase total inexistência nos currículos
de licenciatura. Também não se pode dizer que, na produção A formação continuada de docentes para atuação na
teórica educacional, tenhamos, até o momento, um corpo Educação Escolar Quilombola exige um esforço diferenciado
significativo de dissertações e teses e pesquisas acadêmicas do poder público e aponta para a necessidade de efetivação do
que elegem a questão quilombola como tema de investigação regime de colaboração entre os sistemas de ensino em
e estudo. parceria com as instituições de Educação Superior e de
Assim, deverão também ser criados espaços e discussões Educação Profissional e Tecnológica, os Núcleos de Estudos
dentro dos cursos de formação inicial de professores sobre a Afro- Brasileiros, as ONGs e os pesquisadores do tema. A
história das lutas quilombolas ao longo da história do Brasil e complexidade e as necessidades do atendimento à realidade
no contexto atual da sociedade brasileira. O direito à terra e ao educacional quilombola exigem conjugação de forças e
território deverá ser tema estudado pelos docentes de todo o esforços.
país nos seus processos de formação. Os processos de formação continuada poderão ser
Faz-se necessária a construção de um programa específico realizados por meio da oferta de oficinas, cursos de
de formação inicial de professores para atuação na Educação atualização, extensão, aperfeiçoamento e especialização,
Escolar Quilombola pelo Ministério da Educação que se presenciais e a distância, que correspondam às principais
organize com base em dados coletados pelo Instituto Nacional demandas de formação dos professores. Tais cursos inserirão
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) em seus currículos os temas apontados nestas Diretrizes, bem
sobre a oferta dessa modalidade de educação nas cinco regiões como nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
do Brasil, em colaboração com os sistemas de ensino e em das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e
parceria com as instituições de Educação Superior e de Cultura Afro-Brasileira e Africana (Parecer CNE/CP no 3/2004
Educação Profissional e Tecnológica. e Resolução CNE/CP no 1/2004).
A formação inicial também poderá ser ofertada em serviço As instituições de Educação Superior poderão realizar
e, quando for o caso, concomitantemente com a escolarização projetos de extensão universitária voltados para a Educação
dos docentes em efetivo exercício do magistério, que atuam Escolar Quilombola em articulação com as diversas áreas do
em escolas quilombolas e em escolas que atendem estudantes conhecimento e com as comunidades quilombolas.
oriundos dos territórios quilombolas.
Sabe-se que, atualmente, parte dessa demanda de 6 Da ação colaborativa para a garantia da Educação
formação inicial de professores que atuam na Educação Escolar Quilombola
Escolar Quilombola tem sido coberta por alguns cursos de
Formação de Educadores do Campo; porém, isso ainda não é As políticas de Educação Escolar Quilombola serão
suficiente para atender às reivindicações e às demandas das efetivadas por meio da articulação entre os diferentes
comunidades quilombolas. Os cursos de Formação de sistemas de ensino definindo-se, no âmbito do regime de
Educadores do Campo existentes possuem currículos flexíveis colaboração, suas competências e corresponsabilidades.
e em diálogo com a população do campo, mas nem todos Nesse sentido, quando necessário, os territórios
contemplam as especificidades da realidade histórica, política, quilombolas poderão se organizar mediante Arranjos de
econômica e sociocultural quilombola. É importante Desenvolvimento da Educação, nos termos da Resolução
relembrar também que as comunidades quilombolas não se CEB/CNE no 1/2012, fundamentada no Parecer CEB/CNE no
localizam apenas nas áreas rurais, isto é, elas estão presentes 9/2011.
nos centros urbanos. Essa particularidade precisa ser Os municípios nos quais estejam situados territórios
compreendida e abordada nos processos de formação inicial quilombolas poderão, em colaboração com Estados e União, se
de professores. organizar, visando à oferta de Educação Escolar Quilombola,
Para a oferta da formação inicial, as instituições de mediante consórcios públicos intermunicipais, conforme a Lei
Educação Superior deverão ser chamadas a participar. Os no 11.107/2005, que dispõe sobre normas gerais de
cursos poderão ter formato semelhante àqueles ofertados na contratação de consórcios públicos.
Educação do Campo e na Educação Escolar Indígena, ou seja, Dessa forma, nos termos do regime de colaboração,
poderão ser apresentados por módulos que abarquem o definido no art. 211 da Constituição Federal e no artigo 8º da
tempo escola e o tempo comunidade ou organizados de outra LDB, serão definidas competências da União, dos Estados, dos
maneira de acordo com as condições do sistema de ensino e as Municípios e dos Conselhos Estaduais e Municipais de
demandas das comunidades quilombolas. Para tal, condições Educação na oferta da Educação Escolar Quilombola, as quais
dignas de trabalho deverão ser garantidas aos docentes das estão explicitados no Projeto de Resolução que acompanha
instituições de Educação Superior e de Educação Profissional este Parecer.
e Tecnológica que atuarão em tais cursos. Para a plena efetivação e implementação destas Diretrizes,
O projeto pedagógico desses cursos de formação inicial o Ministério da Educação, em cooperação com os Estados, o
deverá ser construído com a participação das instituições de Distrito Federal e os Municípios, ouvidas as lideranças

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quilombolas e em parceria com as instituições de Educação A Lei nº 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação
Superior e de Educação Profissional e Tecnológica, Núcleos de Nacional, na redação dada pelas Leis no 10.639/2003 e no
Estudos Afro-Brasileiros e grupos correlatos, organizações do 11.645/2008, e a Resolução CNE/CP no 1/2004,
Movimento Quilombola e do Movimento Negro deverá fundamentada no Parecer CNE/CP no 3/2004;
instituir o plano nacional de implementação das Diretrizes A Lei no 12.288/2010, que institui o Estatuto da Igualdade
Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola. Racial; A Lei no 11.494/2007, que regulamenta o Fundo de
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
II – VOTO DA COMISSÃO Profissionais da Educação (FUNDEB);
A Lei no 11.346/2006, que cria o Sistema Nacional de
À vista do exposto, propõe-se à Câmara de Educação Básica Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), com vistas a
a aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a assegurar o direito humano à alimentação adequada;
Educação Escolar Quilombola, na forma deste Parecer e do A Lei no 8.069/90, que institui o Estatuto da Criança e do
Projeto de Resolução em anexo, do qual é parte integrante. Adolescente.
Brasília (DF), 5 de junho de 2012.
Conselheira Nilma Lino Gomes – Relatora CONSIDERANDO,
Conselheiro Adeum Hilário Sauer – Membro O Decreto nº 4.887/2003, que regulamenta o
Conselheira Clélia Brandão Alvarenga Craveiro – Membro procedimento para identificação, reconhecimento,
Conselheiro Raimundo Moacir Mendes Feitosa – Membro delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por
Conselheira Rita Gomes do Nascimento – Presidente remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o
art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;
III – DECISÃO DA CÂMARA O Decreto no 7.352/2010, que dispõe sobre a política de
Educação do Campo e o Programa Nacional de Educação na
A Câmara de Educação Básica aprova por unanimidade o Reforma Agrária (PRONERA);
voto da Comissão. O Decreto no 6.040/2007, que institui a Política Nacional
Sala das Sessões, em 5 de junho de 2012. de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Conselheiro Francisco Aparecido Cordão – Presidente Tradicionais;
Conselheiro Adeum Hilário Sauer – Vice-Presidente O Decreto legislativo no 2/94, que institui a Convenção
sobre Diversidade Biológica (CDB).
PROJETO DE RESOLUÇÃO
CONSIDERANDO,
Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação A Resolução CNE/CP nº 1/2004, que define Diretrizes
Escolar Quilombola na Educação Básica. Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Africana, fundamentada no Parecer CNE/CP nº 3/2004;
Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais, e de A Resolução CNE/CP no 1/2012, que estabelece Diretrizes
conformidade com o disposto na alínea “c” do § 1o do art. 9o Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, com base no
da Lei no 4.024/61, com a redação dada pela Lei no 9.131/95, Parecer CNE/CP no 8/2012;
nos arts. 26-A e 79-B da Lei no 9.394/96, com a redação dada, A Resolução CNE/CEB no 1/2002, que define Diretrizes
respectivamente, pelas Leis no 11.645/2008 e no Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo,
10.639/2003 e com fundamento no Parecer CNE/CEB no com fundamento no Parecer CNE/CEB no 36/2001;
.../2012, homologado por Despacho do Senhor Ministro da A Resolução CNE/CEB no 2/2008, que define Diretrizes
Educação, publicado no DOU de ... de ... de 2012, Complementares para a Educação do Campo, com fundamento
no Parecer CNE/CEB no 23/2007, reexaminado pelo parecer
CONSIDERANDO, CNE/CEB no 3/2008;
A Constituição Federal, no seu artigo 5º, inciso XLII, dos A Resolução CNE/CEB no 2/2009, que fixa as Diretrizes
Direitos e Garantias Fundamentais e no seu artigo 68 do Ato Nacionais para os Planos de Carreira e Remuneração dos
das Disposições Constitucionais Transitórias. Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública, com
base no Parecer CNE/CEB no 9/2009;
CONSIDERANDO, A Resolução CNE/CEB no 5/2009, que define Diretrizes
A Convenção 169 da Organização Internacional do Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, com
Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais, promulgada fundamento no Parecer CNE/CEB no 20/2009;
no Brasil, por meio do Decreto nº 5.051, de 19 de abril de 2004; A Resolução CNE/CEB no 4/2010, que define Diretrizes
A Convenção sobre os Direitos da Criança, promulgada Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, com
pelo Decreto no 99.710, de 21 de novembro de 1990; base no Parecer CNE/CEB no 7/2010;
A Declaração e o Programa de Ação da Conferência A Resolução CNE/CEB no 5/2010, que fixa Diretrizes
Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia Nacionais para os planos de carreira e remuneração dos
e Formas Correlatas de Intolerância, realizada em Durban, na funcionários da Educação Básica pública, com fundamento no
África do Sul, em 2001; Parecer CNE/CEB no 9/2010;
A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, A Resolução CNE/CEB no 7/2010, que define Diretrizes
proclamada pela UNESCO, em 2001; Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos,
A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as com fundamento no Parecer CNE/CEB no 11/2010;
Formas de Discriminação Racial, promulgada pelo Decreto no A Resolução CNE/CEB no 1/2012, que dispõe sobre a
65.810, de 8 de dezembro de 1969; implementação do regime de colaboração mediante Arranjo
A Convenção Relativa à Luta Contra a Discriminação no de Desenvolvimento da Educação (ADE), como instrumento de
Campo do Ensino, promulgada pelo Decreto no 63.223, de 6 de gestão pública para a melhoria da qualidade social da
setembro de 1968; educação, com fundamento no Parecer CNE/CEB no 9/2012;
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, da A Resolução CNE/CEB no 2/2012, que define Diretrizes
Organização das Nações Unidas (ONU). Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, com fundamento
no Parecer CNE/CEB no 5/2011;
CONSIDERANDO, O Parecer CNE/CEB no 11/2012, sobre Diretrizes

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APOSTILAS OPÇÃO

Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica Art. 3° Entende-se por quilombos:
de Nível Médio; I - os grupos étnico-raciais definidos por auto-atribuição,
O Parecer CNE/CEB no 13/2012, sobre Diretrizes com trajetória histórica própria, dotados de relações
Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena. territoriais específicas, com presunção de ancestralidade
negra relacionada com a resistência à opressão histórica;
CONSIDERANDO, II - comunidades rurais e urbanas que:
As deliberações da I Conferência Nacional de Educação a) lutam historicamente pelo direito à terra e ao território
Básica (CONEB, 2008) e da Conferência Nacional da Educação o qual diz respeito não somente à propriedade da terra, mas a
Básica (CONAE, 2010). todos os elementos que fazem parte de seus usos, costumes e
tradições;
CONSIDERANDO, finalmente, as manifestações e b) possuem os recursos ambientais necessários à sua
contribuições provenientes da participação de representantes manutenção e às reminiscências históricas que permitam
de organizações quilombolas e governamentais, perpetuar sua memória.
pesquisadores e de entidades da sociedade civil em reuniões III - comunidades rurais e urbanas que compartilham
técnicas de trabalho e audiências públicas promovidas pelo trajetórias comuns, possuem laços de pertencimento, tradição
Conselho Nacional de Educação. cultural de valorização dos antepassados calcada numa
história identitária comum, entre outros.
RESOLVE:
Art. 4° Observado o disposto na Convenção 169 da
Art. 1° Ficam estabelecidas Diretrizes Curriculares Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos
Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Indígenas e Tribais, promulgada pelo Decreto no 5.051, de 19
Básica, na forma desta Resolução. de abril de 2004, e no Decreto no 6.040, de 7 de fevereiro de
§ 1° A Educação Escolar Quilombola na Educação Básica: 2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento
I - organiza precipuamente o ensino ministrado nas Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, os
instituições educacionais fundamentando-se, informando-se quilombolas entendidos como povos ou comunidades
e alimentando-se: tradicionais, são:
a) da memória coletiva; I - grupos culturalmente diferenciados e que se
b) das línguas reminiscentes; reconhecem como tais;
c) dos marcos civilizatórios; II - possuidores de formas próprias de organização social;
d) das práticas culturais; III - detentores de conhecimentos, tecnologias, inovações e
e) das tecnologias e formas de produção do trabalho; práticas gerados e transmitidos pela tradição;
f) dos acervos e repertórios orais; IV - ocupantes e usuários de territórios e recursos naturais
g) dos festejos, usos, tradições e demais elementos que como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa,
conformam o patrimônio cultural das comunidades ancestral e econômica.
quilombolas de todo o país;
h) da territorialidade. Art. 5° Observado o disposto no art. 68 do Ato das
II - compreende a Educação Básica em suas etapas e Disposições Constitucionais Transitórias e no Decreto no
modalidades, a saber: Educação Infantil, Ensino Fundamental, 6.040/2007, os territórios tradicionais são:
Ensino Médio, Educação do Campo, Educação Especial, I - aqueles nos quais vivem as comunidades quilombolas,
Educação Profissional Técnica de Nível Médio, Educação de povos indígenas, seringueiros, castanheiros, quebradeiras de
Jovens e Adultos, inclusive na Educação a Distância; coco babaçu, ribeirinhos, faxinalenses e comunidades de fundo
III - destina-se ao atendimento das populações de pasto, dentre outros;
quilombolas rurais e urbanas em suas mais variadas formas II – espaços necessários à reprodução cultural, social e
de produção cultural, social, política e econômica; econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles
IV - deve ser ofertada por estabelecimentos de ensino utilizados de forma permanente ou temporária.
localizados em comunidades reconhecidas pelos órgãos
públicos responsáveis como quilombolas, rurais e urbanas, TÍTULO I DOS OBJETIVOS
bem como por estabelecimentos de ensino próximos a essas
comunidades e que recebem parte significativa dos estudantes Art. 6° Estas Diretrizes, com base na legislação geral e
oriundos dos territórios quilombolas; especial, na Convenção 169 da Organização Internacional do
V - deve garantir aos estudantes o direito de se apropriar Trabalho, ratificada no Brasil, por meio do Decreto Legislativo
dos conhecimentos tradicionais e das suas formas de produção no 143/2003, e no Decreto no 6.040/2007, tem por objetivos:
de modo a contribuir para o seu reconhecimento, valorização I - orientar os sistemas de ensino e as escolas de Educação
e continuidade; Básica da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
VI - deve ser implementada como política pública Municípios na elaboração, desenvolvimento e avaliação de
educacional e estabelecer interface com a política já existente seus projetos educativos;
para os povos do campo e indígenas, reconhecidos os seus II - orientar os processos de construção de instrumentos
pontos de intersecção política, histórica, social, educacional e normativos dos sistemas de ensino visando garantir a
econômica, sem perder a especificidade. Educação Escolar Quilombola nas diferentes etapas e
modalidades, da Educação Básica, sendo respeitadas as suas
Art. 2º Cabe à União, aos Estados, aos Municípios e aos especificidades;
sistemas de ensino garantir: III - assegurar que as escolas quilombolas e as escolas que
I) apoio técnico-pedagógico aos estudantes, professores e atendem estudantes oriundos dos territórios quilombolas
gestores em atuação nas escolas quilombolas; considerem as práticas socioculturais, políticas e econômicas
II) recursos didáticos, pedagógicos, tecnológicos, culturais das comunidades quilombolas, bem como os seus processos
e literários que atendam às especificidades das comunidades próprios de ensino- aprendizagem e as suas formas de
quilombolas; produção e de conhecimento tecnológico;
c) a construção de propostas de Educação Escolar IV - assegurar que o modelo de organização e gestão das
Quilombola contextualizadas. escolas quilombolas e das escolas que atendem estudantes
oriundos desses territórios considerem o direito de consulta e

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APOSTILAS OPÇÃO

a participação da comunidade e suas lideranças, conforme o Art. 8° Os princípios da Educação Escolar Quilombola
disposto na Convenção 169 da OIT; deverão ser garantidos por meio das seguintes ações:
V - fortalecer o regime de colaboração entre os sistemas I - construção de escolas públicas em territórios
de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos quilombolas, por parte do poder público, sem prejuízo da ação
Municípios na oferta da Educação Escolar Quilombola; de ONG e outras instituições comunitárias;
VI - zelar pela garantia do direito à Educação Escolar II - adequação da estrutura física das escolas ao contexto
Quilombola às comunidades quilombolas rurais e urbanas, quilombola, considerando os aspectos ambientais, econômicos
respeitando a história, o território, a memória, a e socioeducacionais de cada quilombo;
ancestralidade e os conhecimentos tradicionais; III - garantia de condições de acessibilidade nas escolas; IV
VII - subsidiar a abordagem da temática quilombola em - presença preferencial de professores e gestores quilombolas
todas as etapas da Educação Básica, pública e privada, nas escolas quilombolas e nas escolas que recebem estudantes
compreendida como parte integrante da cultura e do oriundos de territórios quilombolas;
patrimônio afro-brasileiro, cujo conhecimento é V - garantia de formação inicial e continuada para os
imprescindível para a compreensão da história, da cultura e da docentes para atuação na Educação Escolar Quilombola;
realidade brasileira. VI - garantia do protagonismo dos estudantes quilombolas
nos processos político- pedagógicos em todas as etapas e
TÍTULO II DOS PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR modalidades;
QUILOMBOLA VII - implementação de um currículo escolar aberto,
flexível e de caráter interdisciplinar, elaborado de modo a
Art. 7° A Educação Escolar Quilombola rege-se nas suas articular o conhecimento escolar e os conhecimentos
práticas e ações político- pedagógicas pelos seguintes construídos pelas comunidades quilombolas;
princípios: VIII - implementação de um projeto político-pedagógico
I - direito à igualdade, liberdade, diversidade e pluralidade; que considere as especificidades históricas, culturais, sociais,
II - direito à educação pública, gratuita e de qualidade; políticas, econômicas e identitárias das comunidades
III - respeito e reconhecimento da história e da cultura quilombolas;
afro-brasileira como elementos estruturantes do processo IX - efetivação da gestão democrática da escola com a
civilizatório nacional; participação das comunidades quilombolas e suas lideranças;
IV - proteção das manifestações da cultura afro-brasileira; X - garantia de alimentação escolar voltada para as
V - valorização da diversidade étnico-racial; especificidades socioculturais das comunidades quilombolas;
VI - promoção do bem de todos, sem preconceitos de XI - inserção da realidade quilombola em todo o material
origem, raça, sexo, cor, credo, idade e quaisquer outras formas didático e de apoio pedagógico produzido em articulação com
de discriminação; a comunidade, sistemas de ensino e instituições de Educação
VII - garantia dos direitos humanos, econômicos, sociais, Superior;
culturais, ambientais e do controle social das comunidades XII - garantia do ensino de História e Cultura Afro-
quilombolas; Brasileira, Africana e Indígena, nos termos da Lei no 9394/96,
VIII - reconhecimento dos quilombolas como povos ou com a redação dada pelas Leis no 10.639/2003 e no
comunidades tradicionais; 11.645/2008, e na Resolução CNE/CP no 1/2004,
XIX - conhecimento dos processos históricos de luta pela fundamentada no Parecer CNE/CP no 3/2004;
regularização dos territórios tradicionais dos povos XIII - efetivação de uma educação escolar voltada para o
quilombolas; etnodesenvolvimento e para o desenvolvimento sustentável
X - direito ao etnodesenvolvimento entendido como das comunidades quilombolas;
modelo de desenvolvimento alternativo que considera a XIV - realização de processo educativo escolar que respeite
participação das comunidades quilombolas, as suas tradições as tradições e o patrimônio cultural dos povos quilombolas;
locais, o seu ponto de vista ecológico, a sustentabilidade e as XV - garantia da participação dos quilombolas por meio de
suas formas de produção do trabalho e de vida; suas representações próprias em todos os órgãos e espaços
XI - superação do racismo – institucional, ambiental, deliberativos, consultivos e de monitoramento da política
alimentar, entre outros – e a eliminação de toda e qualquer pública e demais temas de seu interesse imediato, conforme
forma de preconceito e discriminação racial; reza a Convenção 169 da OIT;
XII - respeito à diversidade religiosa, ambiental e sexual; XVI - articulação da Educação Escolar Quilombola com as
XV - superação de toda e qualquer prática de sexismo, demais políticas públicas relacionadas aos direitos dos povos
machismo, homofobia, lesbofobia e transfobia; e comunidades tradicionais nas diferentes esferas de governo.
XVI - reconhecimento e respeito da história dos quilombos,
dos espaços e dos tempos nos quais as crianças, adolescentes, TÍTULO III
jovens, adultos e idosos quilombolas aprendem e se educam; DA DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA
XVII - direito dos estudantes, dos profissionais da educação
e da comunidade de se apropriarem dos conhecimentos Art. 9° A Educação Escolar Quilombola compreende:
tradicionais e das formas de produção das comunidades I - escolas quilombolas;
quilombolas de modo a contribuir para o seu reconhecimento, II - escolas que atendem estudantes oriundos de
valorização e continuidade; territórios quilombolas.
XVIII - trabalho como princípio educativo das ações Parágrafo Único Entende-se por escola quilombola aquela
didático-pedagógicas da escola; localizada em território quilombola.
XIX - valorização das ações de cooperação e de
solidariedade presentes na história das comunidades TÍTULO IV
quilombolas, a fim de contribuir para o fortalecimento das DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR
redes de colaboração solidária por elas construídas; QUILOMBOLA
XX - reconhecimento do lugar social, cultural, político,
econômico, educativo e ecológico ocupado pelas mulheres no Art. 10 A organização da Educação Escolar Quilombola,
processo histórico de organização das comunidades em cada etapa da Educação Básica, poderá assumir variadas
quilombolas e construção de práticas educativas que visem à formas, de acordo com o art. 23 da LDB, tais como:
superação de todas as formas de violência racial e de gênero. I - séries anuais;

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APOSTILAS OPÇÃO

II - períodos semestrais; quilombola e do movimento negro, Núcleos de Estudos Afro-


III - ciclos; Brasileiros e grupos correlatos, instituições de Educação
IV - alternância regular de períodos de estudos com Superior e da Educação Profissional e Tecnológica.
tempos e espaços específicos; § 2° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
V - grupos não-seriados, com base na idade, na devem assegurar, por meio de ações cooperativas, a aquisição
competência e em outros critérios ou por forma diversa de e distribuição de livros, obras de referência, literatura infantil
organização, sempre que o interesse do processo de e juvenil, materiais didático-pedagógicos e de apoio
aprendizagem assim o recomendar. pedagógico que valorizem e respeitem a história e a cultura
local das comunidades quilombolas.
Art. 11 O calendário da Educação Escolar Quilombola
deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive TÍTULO V
climáticas, econômicas e socioculturais, a critério do DAS ETAPAS E MODALIDADES DE EDUCAÇÃO
respectivo sistema de ensino e do projeto político-pedagógico ESCOLAR QUILOMBOLA
da escola, sem com isso reduzir o número de horas letivas
previsto na LDB. Art. 15 A Educação Infantil, primeira etapa da Educação
§ 1° O Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em Básica, na qual se privilegiam práticas de cuidar e educar, é um
20 de novembro, deve ser instituído nos estabelecimentos direito das crianças dos povos quilombolas e obrigação de
públicos e privados de ensino que ofertam a Educação Escolar oferta pelo poder público para as crianças de 4 (quatro) e 5
Quilombola, nos termos do art. 79-B da LDB, com redação dada (cinco) anos, que deve ser garantida e realizada mediante o
pela Lei no 10.639/2003, e na Resolução CNE/CP no 1/2004, respeito às formas específicas de viver a infância, a identidade
fundamentada no Parecer CNE/CP no 3/2004. étnico-racial e as vivências socioculturais.
§ 2° O calendário escolar deve incluir as datas § 1° Na Educação Infantil, a frequência das crianças de 0
consideradas mais significativas para a população negra e para (zero) a 3 (três) anos é uma opção de cada família das
cada comunidade quilombola, de acordo com a região e a comunidades quilombolas, que tem prerrogativa de, ao avaliar
localidade, consultadas as comunidades e lideranças suas funções e objetivos a partir de suas referências culturais
quilombolas. e de suas necessidades, decidir pela matrícula ou não de suas
crianças em:
Art. 12 Os sistemas de ensino, por meio de ações I - creches ou instituições de Educação Infantil;
colaborativas, devem implementar, monitorar e garantir um II - programa integrado de atenção à infância;
programa institucional de alimentação escolar, o qual deverá III - programas de Educação Infantil ofertados pelo poder
ser organizado mediante cooperação entre a União, os Estados, público ou com este conveniados.
o Distrito Federal e os Municípios e por meio de convênios § 2° Na oferta da Educação Infantil na Educação Escolar
entre a sociedade civil e o poder público, com os seguintes Quilombola deverá ser garantido à criança o direito a
objetivos: permanecer com o seu grupo familiar e comunitário de
I - garantir a alimentação escolar, na forma da Lei e em referência, evitando-se o seu deslocamento.
conformidade com as especificidades socioculturais das § 3° Os sistemas de ensino devem oferecer a Educação
comunidades quilombolas; Infantil com consulta prévia e informada a todos os envolvidos
II - respeitar os hábitos alimentares do contexto com a educação das crianças quilombolas, tais como pais,
socioeconômico-cultural-tradicional das comunidades mães, avós, anciãos, professores, gestores escolares e
quilombolas; lideranças comunitárias de acordo com os interesses legítimos
III - garantir a soberania alimentar assegurando o direito de cada comunidade quilombola.
humano à alimentação adequada; § 4° As escolas quilombolas e as escolas que atendem
IV - garantir a qualidade biológica, sanitária, nutricional e estudantes oriundos de territórios quilombolas e que ofertam
tecnológica dos alimentos, bem como seu aproveitamento, a Educação Infantil devem:
estimulando práticas alimentares e estilos de vida saudáveis I - promover a participação das famílias e dos anciãos,
que respeitem a diversidade cultural e étnico-racial da especialistas nos conhecimentos tradicionais de cada
população; comunidade, em todas as fases de implantação e
desenvolvimento da Educação Infantil;
Art. 13 Recomenda-se que os sistemas de ensino e suas II - considerar as práticas de educar e de cuidar de cada
escolas contratem profissionais de apoio escolar oriundos das comunidade quilombola como parte fundamental da educação
comunidades quilombolas para produção da alimentação das crianças de acordo com seus espaços e tempos
escolar, de acordo com a cultura e hábitos alimentares das socioculturais;
próprias comunidades. III - elaborar e receber materiais didáticos específicos para
Parágrafo Único Os sistemas de ensino, em regime de a Educação Infantil, garantindo a incorporação de aspectos
colaboração, poderão criar programas de Educação socioculturais considerados mais significativos para a
Profissional Técnica de Nível Médio para profissionais que comunidade de pertencimento da criança.
executam serviços de apoio escolar na Educação Escolar
Quilombola, de acordo com o disposto na Resolução CNE/CEB Art. 16 Cabe ao Ministério da Educação redefinir seus
no 5/2005, fundamentada no Parecer CNE/CEB 16/2005, que programas suplementares de apoio ao educando para
cria a área Profissional no 21, referente aos Serviços de Apoio incorporar a Educação Infantil, de acordo com o inciso VII do
Escolar. art.208 da Constituição Federal que, na redação dada pela
Emenda Constitucional n o 59/2009, estendeu esses
Art. 14 A Educação Escolar Quilombola deve ser programas a toda a Educação Básica.
acompanhada pela prática constante de produção e publicação § 1° Os programas de material pedagógico para a Educação
de materiais didáticos e de apoio pedagógico específicos nas Infantil devem incluir materiais diversos em artes, música,
diversas áreas de conhecimento, mediante ações colaborativas dança, teatro, movimentos, adequados às faixas etárias,
entre os sistemas de ensino. dimensionados por turmas e número de crianças das
§ 1° As ações colaborativas constantes do caput deste instituições e de acordo com a realidade sociocultural das
artigo poderão ser realizadas contando com a parceria e comunidades quilombolas.
participação dos docentes, organizações do movimento § 2°Os equipamentos referidos no parágrafo anterior, pelo

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desgaste natural com o uso, devem ser considerados como dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura
material de consumo, havendo necessidade de sua reposição; próprios das comunidades quilombolas, bem como da
§ 3° Compete ao Ministério da Educação viabilizar por sociedade mais ampla;
meio de criação de programa nacional de material pedagógico II - formação capaz de oportunizar o desenvolvimento das
para a Educação Infantil, processo de aquisição e distribuição capacidades de análise e de tomada de decisões, resolução de
sistemática de material para a rede pública de Educação problemas, flexibilidade, valorização dos conhecimentos
Infantil, considerando a realidade das crianças quilombolas. tradicionais produzidos pelas suas comunidades e
aprendizado de diversos conhecimentos necessários ao
Art. 17 O Ensino Fundamental, direito humano, social e aprofundamento das suas interações com seu grupo de
público subjetivo, aliado à ação educativa da família e da pertencimento.
comunidade deve constituir-se em tempo e espaço dos
educandos articulado ao direito à identidade étnico-racial, à Art. 21 Cabe aos sistemas de ensino promover consulta
valorização da diversidade e à igualdade. prévia e informada sobre o tipo de Ensino Médio adequado às
§ 1° A oferta do Ensino Fundamental como direito público diversas comunidades quilombolas, por meio de ações
subjetivo é de obrigação do Estado que, para isso, deve colaborativas, realizando diagnóstico das demandas relativas
promover a sua universalização nas comunidades a essa etapa da Educação Básica em cada realidade
quilombolas. quilombola.
§ 2° O Ensino Fundamental deve garantir aos estudantes Parágrafo Único As comunidades quilombolas rurais e
quilombolas: urbanas por meio de seus projetos de educação escolar, têm a
I - a indissociabilidade das práticas educativas e das prerrogativa de decidir o tipo de Ensino Médio adequado aos
práticas do cuidar visando o pleno desenvolvimento da seus modos de vida e organização social, nos termos da
formação humana dos estudantes na especificidade dos seus Resolução CNE/CEB no 2/2012.
diferentes ciclos da vida;
II - a articulação entre os conhecimentos científicos, os Art. 22 A Educação Especial é uma modalidade de ensino
conhecimentos tradicionais e as práticas socioculturais que visa assegurar aos estudantes com deficiência,
próprias das comunidades quilombolas, num processo transtornos globais do desenvolvimento e com altas
educativo dialógico e emancipatório; habilidades e superdotação o desenvolvimento das suas
III - um projeto educativo coerente, articulado e integrado, potencialidades socioeducacionais em todas as etapas e
de acordo com os modos de ser e de se desenvolver das modalidades da Educação Básica nas escolas quilombolas e
crianças e adolescentes quilombolas nos diferentes contextos nas escolas que atendem estudantes oriundos de territórios
sociais; quilombolas.
IV - a organização escolar em ciclos, séries e outras formas § 1° Os sistemas de ensino devem garantir aos estudantes
de organização, compreendidos como tempos e espaços a oferta de Atendimento Educacional Especializado (AEE).
interdependentes e articulados entre si, ao longo dos nove § 2° O Ministério da Educação, em sua função indutora e
anos de duração do Ensino Fundamental, conforme a executora de políticas públicas educacionais, deve realizar
Resolução CNE/CEB no 7/2010; diagnóstico da demanda por Educação Especial nas
V - a realização dos três anos iniciais do Ensino comunidades quilombolas, visando criar uma política nacional
Fundamental como um bloco pedagógico ou um ciclo de Atendimento Educacional Especializado aos estudantes
sequencial, não passível de interrupção, voltado para ampliar quilombolas que dele necessitem.
a todos os estudantes as oportunidades de sistematização e § 3° Os sistemas de ensino devem assegurar a
aprofundamento das aprendizagens básicas, imprescindíveis acessibilidade para toda a comunidade escolar e aos
para o prosseguimento dos estudos, conforme a Resolução estudantes quilombolas com deficiência, transtornos globais
CNE/CEB no 7/2010. do desenvolvimento e com altas habilidades e superdotação,
mediante:
Art. 18 O Ensino Médio é um direito social e dever do I - prédios escolares adequados;
Estado na sua oferta pública e gratuita a todos, nos termos da II - equipamentos;
Resolução CNE/CEB no 2/2012. III - mobiliário;
IV - transporte escolar;
Art. 19 As unidades escolares que ministram esta etapa da V - profissionais especializados;
Educação Básica na Educação Escolar Quilombola devem VI - tecnologia assistiva;
estruturar seus projetos político-pedagógicos considerando as VIII - outros materiais adaptados às necessidades desses
finalidades previstas na Lei nº 9.394/96, visando: estudantes e de acordo com o projeto político-pedagógico da
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos escola.
adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o § 4° No caso dos estudantes que apresentem necessidades
prosseguimento de estudos; diferenciadas de comunicação, o acesso aos conteúdos deve
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do ser garantido por meio da utilização de linguagens e códigos
educando para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de aplicáveis, como o sistema Braille, a Língua Brasileira de Sinais
se adaptar a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento (LIBRAS) e a tecnologia assistiva, facultando-lhes e às suas
posteriores; famílias a opção pela abordagem pedagógica que julgarem
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, adequada, ouvidos os profissionais especializados em cada
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia caso.
intelectual e do pensamento crítico; § 5° Na identificação das necessidades educacionais
IV - a compreensão dos fundamentos científico- especiais dos estudantes quilombolas, além da experiência dos
tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria professores, da opinião da família, e das especificidades
com a prática. socioculturais, a Educação Escolar Quilombola deve contar
com assessoramento técnico especializado e o apoio da equipe
Art. 20 O Ensino Médio na Educação Escolar Quilombola responsável pela Educação Especial do sistema de ensino.
deverá proporcionar aos estudantes: § 6° O Atendimento Educacional Especializado na
I - participação em projetos de estudo e de trabalho e Educação Escolar Quilombola deve assegurar a igualdade de
atividades pedagógicas que visem o conhecimento das condições de acesso, permanência e conclusão com sucesso

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aos estudantes que demandam esse atendimento. âmbito do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Parágrafo Único As escolas quilombolas, quando
Art. 23 A Educação de Jovens e Adultos (EJA), caracteriza- nucleadas, deverão ficar em polos quilombolas e somente
se como uma modalidade com proposta pedagógica flexível, serão vinculadas aos polos não quilombolas em casos
tendo finalidades e funções específicas e tempo de duração excepcionais.
definido, levando em consideração os conhecimentos das
experiências de vida dos jovens e adultos, ligadas às vivências Art. 27 Quando os anos finais do Ensino Fundamental, o
cotidianas individuais e coletivas, bem como ao mundo do Ensino Médio, integrado ou não à Educação Profissional
trabalho. Técnica, e a Educação de Jovens e Adultos não puderem ser
§ 1° Na Educação Escolar Quilombola, a EJA deve atender ofertados nos próprios territórios quilombolas, a nucleação
às realidades socioculturais e interesses das comunidades rural levará em conta a participação das comunidades
quilombolas, vinculando-se a seus projetos de vida. quilombolas e de suas lideranças na definição do local, bem
§ 2° A proposta pedagógica da EJA deve ser como as possibilidades de percurso a pé pelos estudantes na
contextualizada levando em consideração os tempos e os menor distância a ser percorrida e em condições de segurança.
espaços humanos, as questões históricas, sociais, políticas,
culturais e econômicas das comunidades quilombolas. Art. 28 Quando se fizer necessária a adoção do transporte
§ 3° A oferta de EJA no Ensino Fundamental não deve escolar no Ensino Fundamental, Ensino Médio, integrado ou
substituir a oferta regular dessa etapa da Educação Básica na não à Educação Profissional Técnica, e na Educação de Jovens
Educação Escolar Quilombola, independentemente da idade. e Adultos devem ser considerados o menor tempo possível no
§ 4° Na Educação Escolar Quilombola, as propostas percurso residência-escola e a garantia de transporte
educativas de EJA, numa perspectiva de formação ampla, intracampo dos estudantes quilombolas, em condições
devem favorecer o desenvolvimento de uma Educação adequadas de segurança.
Profissional que possibilite aos jovens, adultos e idosos Parágrafo Único Para que o disposto nos arts. 25 e 26 seja
quilombolas atuar nas atividades socioeconômicas e culturais cumprido, deverão ser estabelecidas regras para o regime de
de suas comunidades com vistas ao fortalecimento do colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
protagonismo quilombola e da sustentabilidade de seus Municípios ou entre Municípios consorciados.
territórios.
Art. 29 O eventual transporte de crianças e jovens com
Art. 24 A Educação Profissional Técnica de Nível Médio na deficiência, em suas próprias comunidades ou quando houver
Educação Escolar Quilombola deve articular os princípios da necessidade de deslocamento para a nucleação, deverá
formação ampla, sustentabilidade socioambiental e respeito à adaptar-se às condições desses estudantes, conforme leis
diversidade dos estudantes, considerando-se as formas de específicas.
organização das comunidades quilombolas e suas diferenças § 1° No âmbito do regime de cooperação entre os entes
sociais, políticas, econômicas e culturais, devendo: federados, do regime de colaboração entre os sistemas de
I - contribuir para a gestão territorial autônoma, ensino e admitindo-se o princípio de que a responsabilidade
possibilitando a elaboração de projetos de desenvolvimento pelo transporte escolar de estudantes da rede municipal seja
sustentável e de produção alternativa para as comunidades dos próprios Municípios, e de estudantes da rede estadual seja
quilombolas, tendo em vista, em muitos casos, as situações de dos próprios Estados, os veículos pertencentes ou contratados
falta de assistência e de apoio para seus processos produtivos; pelos Municípios também poderão transportar estudantes da
II - articular-se com os projetos comunitários, definidos a rede estadual e vice-versa.
partir das demandas coletivas das comunidades quilombolas, § 2° O ente federado que detém as matrículas dos
contribuindo para a reflexão e construção de alternativas de estudantes transportados é o responsável pelo seu transporte,
gestão autônoma dos seus territórios, de sustentabilidade devendo ressarcir àquele que efetivamente o realizar.
econômica, de soberania alimentar, de educação, de saúde e de
atendimento às mais diversas necessidades cotidianas; Art. 30 O transporte escolar quando for comprovadamente
III - proporcionar aos estudantes quilombolas necessário, deverá considerar o Código Nacional de Trânsito,
oportunidades de atuação em diferentes áreas do trabalho as distâncias de deslocamento, a acessibilidade, as condições
técnico, necessárias ao desenvolvimento de suas de estradas e vias, as condições climáticas, o estado de
comunidades, como as da tecnologia da informação, saúde, conservação dos veículos utilizados e sua idade de uso, a
gestão territorial e ambiental, magistério e outras. melhor localização e as melhores possibilidades de trabalho
pedagógico com padrão de qualidade.
Art. 25 Para o atendimento das comunidades quilombolas
a Educação Profissional Técnica de Nível Médio deverá ser TÍTULO VII
realizada preferencialmente em seus territórios, sendo DO PROJETO POLITICO-PEDAGÓGICO DAS ESCOLAS
ofertada: QUILOMBOLAS
I - de modo interinstitucional;
II - em convênio com: Art. 31 O projeto político-pedagógico, entendido como
a) instituições de Educação Profissional e Tecnológica; expressão da autonomia e da identidade escolar, é primordial
b) instituições de Educação Superior; para a garantia do direito a uma Educação Escolar Quilombola
c) outras instituições de ensino e pesquisa; com qualidade social e deve se pautar nas seguintes
d) organizações do Movimento Negro e Quilombola, de orientações:
acordo com a realidade de cada comunidade. I - observância dos princípios da Educação Escolar
Quilombola constantes desta Resolução;
TÍTULO VI II - observância das Diretrizes Curriculares Nacionais e
DA NUCLEAÇÃO E TRANSPORTE ESCOLAR locais, estas últimas definidas pelos sistemas de ensino e seus
órgãos normativos;
Art. 26 A Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino III - atendimento às demandas políticas, socioculturais e
Fundamental na Educação Escolar Quilombola, realizada em educacionais das comunidades quilombolas;
áreas rurais, deverão ser sempre ofertados nos próprios IV - ser construído de forma autônoma e coletiva mediante
territórios quilombolas, considerando a sua importância, no o envolvimento e participação de toda a comunidade escolar.

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Art. 32 O projeto político-pedagógico da Educação Escolar recriada e reterritorializada nos territórios quilombolas;
Quilombola deverá estar intrinsecamente relacionado com a V - garantir as discussões sobre a identidade, a cultura e a
realidade histórica, regional, política, sociocultural e linguagem, como importantes eixos norteadores do currículo;
econômica das comunidades quilombolas. VI - considerar a liberdade religiosa como princípio
§ 1° A construção do projeto político-pedagógico deverá jurídico, pedagógico e político atuando de forma a:
pautar-se na realização de diagnóstico da realidade da a) superar preconceitos em relação às práticas religiosas e
comunidade quilombola e seu entorno, num processo culturais das comunidades quilombolas, quer sejam elas
dialógico que envolva as pessoas da comunidade, as lideranças religiões de matriz africana ou não;
e as diversas organizações existentes no território. b) proibir toda e qualquer prática de proselitismo religioso
§ 2° Na realização do diagnóstico e na análise dos dados nas escolas. VII - respeitar a diversidade sexual, superando
colhidos sobre a realidade quilombola e seu entorno, o projeto práticas homofóbicas, lesbofóbicas, transfóbicas, machistas e
político-pedagógico deverá considerar: sexistas nas escolas.
I - os conhecimentos tradicionais, a oralidade, a
ancestralidade, a estética, as formas de trabalho, as tecnologias Art. 36 Na construção dos currículos da Educação Escolar
e a história de cada comunidade quilombola; Quilombola, devem ser consideradas as condições de
II - as formas por meio das quais as comunidades escolarização dos estudantes quilombolas em cada etapa e
quilombolas vivenciam os seus processos educativos modalidade de ensino; as condições de trabalho do professor;
cotidianos em articulação com os conhecimentos escolares e os espaços e tempos da escola e de outras instituições
demais conhecimentos produzidos pela sociedade mais ampla. educativas da comunidade e fora dela, tais como museus,
§ 3° A questão da territorialidade, associada ao centros culturais, laboratórios de ciências e de informática.
etnodesenvolvimento e à sustentabilidade socioambiental e
cultural das comunidades quilombolas deverá orientar todo o Art. 37 O currículo na Educação Escolar Quilombola pode
processo educativo definido no projeto político-pedagógico. ser organizado por eixos temáticos, projetos de pesquisa, eixos
geradores ou matrizes conceituais, em que os conteúdos das
Art. 33 O projeto político-pedagógico da Educação Escolar diversas disciplinas podem ser trabalhados numa perspectiva
Quilombola deve incluir o conhecimento dos processos e interdisciplinar.
hábitos alimentares das comunidades quilombolas por meio
de troca e aprendizagem com os próprios moradores e Art. 38 A organização curricular da Educação Escolar
lideranças locais. Quilombola deverá se pautar em ações e práticas político-
pedagógicas que visem:
CAPÍTULO I I - o conhecimento das especificidades das escolas
DOS CURRÍCULOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NA quilombolas e das escolas que atendem estudantes oriundos
EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA dos territórios quilombolas quanto à sua história e às suas
formas de organização;
Art. 34 O currículo da Educação Escolar Quilombola diz II - a flexibilidade na organização curricular, no que se
respeito aos modos de organização dos tempos e espaços refere à articulação entre a base nacional comum e a parte
escolares de suas atividades pedagógicas, das interações do diversificada, a fim de garantir a indissociabilidade entre o
ambiente educacional com a sociedade, das relações de poder conhecimento escolar e os conhecimentos tradicionais
presentes no fazer educativo e nas formas de conceber e produzidos pelas comunidades quilombolas;
construir conhecimentos escolares, constituindo parte III - a duração mínima anual de 200 (duzentos) dias letivos,
importante dos processos sociopolíticos e culturais de perfazendo, no mínimo, 800 (oitocentas) horas, respeitando-
construção de identidades. se a flexibilidade do calendário das escolas, o qual poderá ser
§ 1° Os currículos da Educação Básica na Educação Escolar organizado independente do ano civil, de acordo com as
Quilombola devem ser construídos a partir dos valores e atividades produtivas e socioculturais das comunidades
interesses das comunidades quilombolas em relação aos seus quilombolas;
projetos de sociedade e de escola, definidos nos projetos IV - a interdisciplinaridade e contextualização na
político-pedagógicos. articulação entre os diferentes campos do conhecimento, por
§ 2° O currículo deve considerar, na sua organização e meio do diálogo entre disciplinas diversas e do estudo e
prática, os contextos socioculturais, regionais e territoriais das pesquisa de temas da realidade dos estudantes e de suas
comunidades quilombolas em seus projetos de Educação comunidades;
Escolar Quilombola. V - a adequação das metodologias didático-pedagógicas às
características dos educandos, em atenção aos modos próprios
Art. 35 O currículo da Educação Escolar Quilombola, de socialização dos conhecimentos produzidos e construídos
obedecidas as Diretrizes Curriculares Nacionais definidas para pelas comunidades quilombolas ao longo da história;
todas as etapas e modalidades da Educação Básica, deverá: VI - a elaboração e uso de materiais didáticos e de apoio
I - garantir ao educando o direito a conhecer o conceito, a pedagógico próprios, com conteúdos culturais, sociais,
história dos quilombos no Brasil, o protagonismo do políticos e identitários específicos das comunidades
movimento quilombola e do movimento negro, assim como o quilombolas; VII - a inclusão das comemorações nacionais e
seu histórico de lutas; locais no calendário escolar, consultadas as comunidades
II - implementar a Educação das Relações Étnico-Raciais e quilombolas no colegiado, em reuniões e assembleias
o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, nos escolares, bem como os estudantes no grêmio estudantil e em
termos da Lei no 9.394/96, na redação dada pela Lei no sala de aula, a fim de, pedagogicamente, compreender e
10.639/2003, e da Resolução CNE/CP no 1/2004; organizar o que é considerado mais marcante a ponto de ser
III - reconhecer a história e a cultura afro-brasileira como rememorado e comemorado pela escola;
elementos estruturantes do processo civilizatório nacional, VIII - a realização de discussão pedagógica com os
considerando as mudanças, as recriações e as ressignificações estudantes sobre o sentido e o significado das comemorações
históricas e socioculturais que estruturam as concepções de da comunidade;
vida dos afro-brasileiros na diáspora africana; IX - a realização de práticas pedagógicas voltadas para as
IV - promover o fortalecimento da identidade étnico-racial, crianças da Educação Infantil, pautadas no educar e no cuidar;
da história e cultura afro- brasileira e africana ressignificada, X - o Atendimento Educacional Especializado,

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complementar ou suplementar à formação dos estudantes Art. 45 Os Conselhos de Educação devem participar da
quilombolas com deficiência, transtornos globais do definição dos parâmetros de avaliação interna e externa que
desenvolvimento e com altas habilidades e superdotação. atendam às especificidades das comunidades quilombolas
garantindo-lhes:
CAPÍTULO II DA GESTÃO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR I - a consideração de suas estruturas sociais, suas práticas
QUILOMBOLA socioculturais e suas atividades econômicas;
II - as suas formas de produção de conhecimento e
Art. 39 A Educação Escolar Quilombola deve atender aos processos e métodos próprios de ensino-aprendizagem.
princípios constitucionais da gestão democrática que se
aplicam a todo o sistema de ensino brasileiro e deverá ser Art. 46 A inserção da Educação Escolar Quilombola nos
realizada em diálogo, parceria e consulta às comunidades processos de avaliação institucional das redes da Educação
quilombolas por ela atendidas. Básica deve estar condicionada às especificidades das
§ 1° Faz-se imprescindível o diálogo entre a gestão da comunidades quilombolas.
escola, a coordenação pedagógica e organizações do
movimento quilombola nos níveis local, regional e nacional, a CAPÍTULO IV
fim de que a gestão possa considerar os aspectos históricos, DA FORMAÇÃO INICIAL, CONTINUADA E
políticos, sociais, culturais e econômicos do universo PROFISSIONALIZAÇÃO DOS PROFESSORES PARA
sociocultural quilombola no qual a escola está inserida. ATUAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA
§ 2° A gestão das escolas quilombolas deverá ser realizada,
preferencialmente, por quilombolas. Art. 47 A admissão de profissionais do magistério para
§ 3° Os sistemas de ensino, em regime de colaboração, atuação na Educação Escolar Quilombola nas redes públicas
estabelecerão convênios e parcerias com instituições de deve dar-se mediante concurso público, nos termos do art. 37,
Educação Superior para a realização de processos de formação inciso II, da Constituição Federal.
continuada e em serviço de gestores em atuação na Educação Parágrafo Único As provas e títulos podem valorizar
Escolar Quilombola. conhecimentos profissionais e técnicos exigidos para a
atuação na Educação Escolar Quilombola, observando a
Art. 40 O processo de gestão desenvolvido na Educação natureza e a complexidade do cargo ou emprego.
Escolar Quilombola deverá se articular à matriz curricular e ao
projeto político-pedagógico, considerando: Art. 48 A Educação Escolar Quilombola deverá ser
I - os aspectos normativos nacionais, estaduais e conduzida, preferencialmente, por professores pertencentes
municipais; às comunidades quilombolas.
II - a jornada e o trabalho dos profissionais da educação;
III - a organização do tempo e do espaço escolar; Art. 49 Os sistemas de ensino, no âmbito da Política
IV - a articulação com o universo sociocultural Nacional de Formação de Professores da Educação Básica,
quilombola. deverão estimular a criação e implementar programas de
formação inicial de professores em licenciatura para atuação
CAPÍTULO III DA AVALIAÇÃO em escolas quilombolas e escolas que atendem estudantes
oriundos de territórios quilombolas ou ainda em cursos de
Art. 41 A avaliação, entendida como um dos elementos que magistério de nível médio na modalidade normal, de acordo
compõem o processo de ensino e aprendizagem, é uma com a necessidade das comunidades quilombolas.
estratégia didática que deve:
I - ter seus fundamentos e procedimentos definidos no Art. 50 A formação inicial de professores que atuam na
projeto político-pedagógico; II - articular-se à proposta Educação Escolar Quilombola deverá:
curricular, às metodologias, ao modelo de planejamento e I - ser ofertada em cursos de licenciatura aos docentes que
gestão, à formação inicial e continuada dos docentes e demais atuam em escolas quilombolas e em escolas que atendem
profissionais da educação, bem como ao regimento escolar; estudantes oriundos de territórios quilombolas;
III - garantir o direito do estudante a ter considerado e II - quando for o caso, também ser ofertada em serviço,
respeitado os seus processos próprios de aprendizagem. concomitante com o efetivo exercício do magistério;
III - propiciar a participação dos graduandos ou
Art. 42 A avaliação do processo de ensino e aprendizagem normalistas na elaboração, desenvolvimento e avaliação dos
na Educação Escolar Quilombola deve considerar: currículos e programas, considerando o contexto sociocultural
I - os aspectos qualitativos, diagnósticos, processuais, e histórico das comunidades quilombolas;
formativos, dialógicos e participativos do processo IV - garantir a produção de materiais didáticos e de apoio
educacional; pedagógico específicos, de acordo com a realidade quilombola
II - o direito de aprender dos estudantes quilombolas; em diálogo com a sociedade mais ampla;
III - as experiências de vida e as características históricas, V - garantir a utilização de metodologias e estratégias
políticas, econômicas e socioculturais das comunidades adequadas de ensino no currículo que visem à pesquisa, à
quilombolas; inserção e à articulação entre os conhecimentos científicos e
IV - os valores, as dimensões cognitiva, afetiva, emocional, os conhecimentos tradicionais produzidos pelas comunidades
lúdica, de desenvolvimento físico e motor, dentre outros. quilombolas em seus contextos sócio-histórico-culturais;
VI - ter como eixos norteadores do currículo:
Art. 43 Na Educação Infantil, a avaliação far-se-á mediante a) os conteúdos gerais sobre a educação, política
acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o educacional, gestão, currículo e avaliação;
objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino b) os fundamentos históricos, sociológicos,
Fundamental. sociolinguísticos, antropológicos, políticos, econômicos,
filosóficos e artísticos da educação;
Art. 44 A Educação Escolar Quilombola desenvolverá c) o estudo das metodologias e dos processos de ensino-
práticas de avaliação que possibilitem o aprimoramento das aprendizagem;
ações pedagógicas, dos projetos educativos, da relação com a d) os conteúdos curriculares da base nacional comum;
comunidade, da relação professor/estudante e da gestão. e) o estudo do trabalho como princípio educativo;

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f) o estudo da memória, da ancestralidade, da oralidade, da Art. 55 A profissionalização de professores que atuam na


corporeidade, da estética e do etnodesenvolvimento, Educação Escolar Quilombola será realizada, além da
entendidos como conhecimentos e parte da cosmovisão formação inicial e continuada, por meio das seguintes ações:
produzidos pelos quilombolas ao longo do seu processo I - reconhecimento e valorização da carreira do magistério
histórico, político, econômico e sociocultural; mediante acesso por concurso público;
g) a realização de estágio curricular em articulação com a II - garantia das condições de remuneração compatível
realidade da Educação Escolar Quilombola; com sua formação e isonomia salarial;
h) as demais questões de ordem sociocultural, artística e III - garantia de condições dignas e justas de trabalho e de
pedagógica da sociedade e da educação brasileira de acordo jornada de trabalho nos termos da Lei.
com a proposta curricular da instituição. § 1° Os docentes que atuam na Educação Escolar
Quilombola, quando necessário, deverão ter condições
Art. 51 Nos cursos de formação inicial da Educação Escolar adequadas de alojamento, alimentação, material didático e de
Quilombola deverão ser criados espaços, condições de estudo, apoio pedagógico, bem como remuneração prevista na Lei,
pesquisa e discussões sobre: garantidos pelos sistemas de ensino.
I - as lutas quilombolas ao longo da história; II - o papel dos § 2° Os sistemas de ensino podem construir, quando
quilombos nos processos de libertação e no contexto atual da necessário, mediante regime de colaboração, residência
sociedade brasileira; docente para os professores que atuam em escolas
III - as ações afirmativas; IV - o estudo sobre a articulação quilombolas localizadas nas áreas rurais, sendo que a
entre os conhecimentos científicos e os conhecimentos distribuição dos encargos didáticos e da sua carga horária de
tradicionais produzidos pelas comunidades quilombolas ao trabalho deverá levar em consideração essa realidade.
longo do seu processo histórico, sociocultural, político e
econômico; Art. 56 Dada a especificidade das comunidades
IV - as formas de superação do racismo, da discriminação quilombolas rurais e urbanas do país, estas Diretrizes
e do preconceito raciais, nos termos da Lei no 9.394/96, na orientam os sistemas de ensino, em regime de colaboração, e
redação dada pela Lei no 10.639/2003, e da Resolução em parceria com instituições de Educação Superior a
CNE/CP no 1/2004. desenvolver uma política nacional de formação de professores
quilombolas.
Art. 52 Os sistemas de ensino podem, em articulação com
as instituições de Educação Superior, firmar convênios para a TÍTULO VIII
realização de estágios curriculares de estudantes dos cursos DA AÇÃO COLABORATIVA PARA A GARANTIA DA
de licenciatura para que estes desenvolvam os seus projetos EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA CAPÍTULO I
na Educação Escolar Quilombola, sobretudo nas áreas rurais, Competências dos sistemas de ensino no regime de
em apoio aos docentes em efetivo exercício. colaboração
§ 1° Os estagiários que atuarão na Educação Escolar
Quilombola serão supervisionados por professor designado Art. 57 As políticas de Educação Escolar Quilombola serão
pela instituição de Educação Superior e acompanhados por efetivadas por meio da articulação entre os diferentes
docentes em efetivo exercício profissional nas escolas sistemas de ensino, definindo-se, no âmbito do regime de
quilombolas e nas escolas que atendem estudantes oriundos colaboração, suas competências e corresponsabilidades.
de territórios quilombolas; § 1° Quando necessário, os territórios quilombolas
§ 2° As instituições de Educação Superior deverão poderão se organizar mediante Arranjos de Desenvolvimento
assegurar aos estagiários, em parceria com o poder público, da Educação, nos termos da Resolução CEB/CNE no 1/2012.
condições de transporte, deslocamento e alojamento, bem § 2° Municípios nos quais estejam situados territórios
como todas as medidas de segurança para a realização do seu quilombolas poderão, em colaboração com Estados e União, se
estágio curricular na Educação Escolar Quilombola. organizar, visando à oferta de Educação Escolar Quilombola,
mediante consórcios públicos intermunicipais, conforme a Lei
Art. 53 A formação continuada de professores que atuam no 11.107/2005.
na Educação Escolar Quilombola deverá:
I - ser assegurada pelos sistemas de ensino e suas Art. 58 Nos termos do regime de colaboração, definido no
instituições formadoras e compreendida como componente art. 211 da Constituição Federal e no artigo 8o da LDB:
primordial da profissionalização docente e estratégia de I - Compete a União:
continuidade do processo formativo, articulada à realidade a) legislar e definir diretrizes e políticas nacionais para a
das comunidades quilombolas e à formação inicial dos seus Educação Escolar Quilombola;
professores; b) coordenar a política nacional em articulação com os
II - ser realizada por meio de cursos presenciais ou a sistemas de ensino, induzindo a criação de programas
distância, por meio de atividades formativas e cursos de específicos e integrados de ensino e pesquisa voltados para a
atualização, aperfeiçoamento, especialização, bem como Educação Escolar Quilombola, com a participação das
programas de mestrado ou doutorado; lideranças quilombolas em seu acompanhamento e avaliação;
III - realizar cursos e atividades formativas criadas e c) apoiar técnica, pedagógica e financeiramente os
desenvolvidas pelas instituições públicas de educação, cultura sistemas de ensino na oferta de educação nacional e, dentro
e pesquisa, em consonância com os projetos das escolas e dos desta, de Educação Escolar Quilombola;
sistemas de ensino; d) estimular a criação e implementar, em colaboração com
IV - ter atendidas as necessidades de formação continuada os sistemas de ensino e em parceria com as instituições de
dos professores pelos sistemas de ensino, pelos seus órgãos Educação Superior, programas de formação inicial e
próprios e instituições formadoras de pesquisa e cultura, em continuada de professores para atuação na Educação Escolar
regime de colaboração. Quilombola;
e) acompanhar e avaliar o desenvolvimento de ações na
Art. 54 Os cursos destinados à formação continuada na área da formação inicial e continuada de professores para
Educação Escolar Quilombola deverão atender ao disposto no atuação na Educação Escolar Quilombola;
art. 51 desta Resolução. f) promover a elaboração e publicação sistemática de
material didático e de apoio pedagógico específico, em

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parceria com as instituições de Educação Superior, destinado g) realizar Conferências Municipais de Educação Escolar
à Educação Escolar Quilombola; Quilombola, em colaboração com os Estados.
g) realizar, em colaboração com os Estados, o Distrito § 2° As atribuições dos Municípios na oferta da Educação
Federal e os Municípios, as Conferências Nacionais de Escolar Quilombola poderão ser realizadas por meio do
Educação Escolar Quilombola; regime de colaboração com os Estados, consultadas as
h) aprofundar a discussão específica sobre a Educação comunidades quilombolas, desde que estes tenham se
Escolar Quilombola nas Conferências Nacionais de Educação. constituído em sistemas de educação próprios e disponham de
II - Compete aos Estados: condições técnicas, pedagógicas e financeiras adequadas.
a) garantir a oferta do Ensino Médio no nível estadual, IV - Compete aos Conselhos Estaduais de Educação:
levando em consideração a realidade das comunidades a) estabelecer critérios específicos para criação e
quilombolas, priorizando a sua oferta nessas comunidades e regularização das escolas de Ensino Fundamental, de Ensino
no seu entorno; Médio e de Educação Profissional na Educação Escolar
b) ofertar e executar a Educação Escolar Quilombola Quilombola;
diretamente ou por meio de regime de colaboração com seus b) autorizar o funcionamento e reconhecimento das
Municípios; escolas de Ensino Fundamental, de Ensino Médio e de
c) estruturar, nas Secretarias de Educação, instâncias Educação Profissional em comunidades quilombolas;
administrativas de Educação Escolar Quilombola com a c) regularizar a vida escolar dos estudantes quilombolas,
participação de quilombolas e de profissionais especializados quando for o caso;
nas questões quilombolas, destinando-lhes recursos d) elaborar Diretrizes Curriculares estaduais para a
financeiros específicos para a execução dos programas de Educação Escolar Quilombola em diálogo com as comunidades
Educação Escolar Quilombola; quilombolas, suas lideranças e demais órgãos que atuam
d) criar e regularizar as escolas em comunidades diretamente com a educação nessas comunidades.
quilombolas como unidades do sistema estadual e, quando for V - compete aos Conselhos Municipais de Educação:
o caso, do sistema municipal de ensino; a) estabelecer critérios específicos para a criação e a
e) prover as escolas quilombolas e escolas que atendem regularização da Educação Infantil e do Ensino Fundamental
estudantes oriundos dos territórios quilombolas de recursos na Educação Escolar Quilombola, com a participação das
financeiros, técnico-pedagógicos e materiais, visando o pleno lideranças quilombolas;
atendimento da Educação Básica; b) autorizar o funcionamento e reconhecimento das
f) promover a formação inicial e continuada de professores escolas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental em
quilombolas, em regime de cooperação com a União, o Distrito comunidades quilombolas;
Federal e os Municípios; c) regularizar a vida escolar dos estudantes quilombolas,
g) realizar Conferências Estaduais de Educação Escolar quando for o caso;
Quilombola, em regime de colaboração com a União, o Distrito d) elaborar Diretrizes Curriculares municipais para a
Federal e os Municípios; Educação Escolar Quilombola, em diálogo com as
h) implementar Diretrizes Curriculares estaduais para a comunidades quilombolas, suas lideranças, e demais órgãos
Educação Escolar Quilombola, em diálogo com as que atuam diretamente com a educação nessas comunidades.
comunidades quilombolas, suas lideranças e demais órgãos
que atuam diretamente com a educação dessas comunidades; TÍTULO IX DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
i) promover a elaboração e publicação sistemática de
material didático e de apoio pedagógico e específico para uso Art. 59 É responsabilidade do Estado cumprir a Educação
nas escolas quilombolas e escolas que atendem estudantes Escolar Quilombola tal como previsto no art. 208 da
oriundos dos territórios quilombolas. Constituição Federal.
§ 1º As atribuições dos Estados na oferta da Educação
Escolar Quilombola poderão ser realizadas por meio de regime Art. 60 As instituições de Educação Superior poderão
de colaboração com os Municípios, desde que estes tenham se realizar projetos de extensão universitária voltados para a
constituído em sistemas de educação próprios e disponham de Educação Escolar Quilombola, em articulação com as diversas
condições técnicas, pedagógicas e financeiras adequadas, e áreas do conhecimento e com as comunidades quilombolas.
consultadas as comunidades quilombolas.
III - Compete aos Municípios: Art. 61 Recomenda-se que os Entes Federados (União,
a) garantir a oferta da Educação Infantil e do Ensino Estados, Distrito Federal e Municípios) trabalhem no sentido
Fundamental no nível municipal, levando em consideração a de articular as ações de diferentes setores que garantam o
realidade das comunidades quilombolas, priorizando a sua direito às comunidades quilombolas à educação, à cultura, à
oferta nessas comunidades e no seu entorno; ancestralidade, à memória e ao desenvolvimento sustentável,
b) ofertar e executar a Educação Escolar Quilombola especialmente os Municípios, dada a sua condição de estarem
diretamente ou por meio do regime de colaboração com os mais próximos dos locais em que residem as populações
Estados; quilombolas rurais e urbanas.
c) estruturar, nas Secretarias de Educação, instâncias
administrativas de Educação Escolar Quilombola com a Art. 62 O Ministério da Educação, em cooperação com os
participação de quilombolas e de profissionais especializados Estados, o Distrito Federal e os Municípios, ouvidas as
nas questões quilombolas, destinando-lhes recursos lideranças quilombolas e em parceria com as instituições de
financeiros específicos para a execução das ações voltadas Educação Superior e de Educação Profissional e Tecnológica,
para a Educação Escolar Quilombola; Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e grupos correlatos,
d) prover as escolas quilombolas e as escolas que atendem organizações do Movimento Quilombola e do Movimento
estudantes oriundos dos territórios quilombolas de recursos Negro deverá instituir o Plano Nacional de Implementação das
financeiros, técnicos, materiais e humanos visando, o pleno Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar
atendimento da Educação Básica; Quilombola.
f) implementar Diretrizes Curriculares municipais para a
Educação Escolar Quilombola, em diálogo com as Art. 63 O financiamento da Educação Escolar Quilombola
comunidades quilombolas, suas lideranças e demais órgãos deve considerar o disposto no art. 10, inciso XV, da Lei no
que atuam diretamente com a educação dessas comunidades; 11.494/2007 (FUNDEB), o qual dispõe que a distribuição

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proporcional de recursos dos Fundos levará em conta a Minas Gerais, na forma desta Resolução. *
Educação do Campo, a Educação Escolar Indígena e
Quilombola dentre as diferentes etapas, modalidades e tipos Art. 2° - A Educação Escolar Quilombola na Educação
de estabelecimento de ensino da Educação Básica. Básica fundamenta-se nos princípios:
|- da memória coletiva;
Art. 64 Esta Resolução entra em vigor na data de sua II- das línguas reminiscentes;
publicação. III- dos marcos civilizatórios:
IV- das práticas culturais;
V- das tecnologias e formas de produção do trabalho como
VIII - A organização e princípio educativo; VI- dos acervos e repertórios orais;
VIII- dos festejos, usos, tradições e demais elementos que
Funcionamento da Educação conformam o patrimônio cultural das comunidades
Escolar Quilombola no quilombolas de todo o país;
Estado de Minas Gerais. VIII- da territorialidade e respeito aos processos históricos
de luta pela regularização dos territórios tradicionais dos
povos quilombolas:
IX - reconhecimento dos quilombolas como povos ou
RESOLUCAO SEE N° 3658 DE 24 DE NOVEMBRO DE 2017.
comunidades tradicionais:
X - direito ao etnodesenvolvimento, entendido como
Institui as Diretrizes para a organização da Educação
modelo de desenvolvimento alternativo, que considera a
Escolar Quilombola no Estado de Minas Gerais.
participação das comunidades quilombolas, as suas tradições
locais, o seu ponto de vista ecológico, a sustentabilidade e as
A SECRETÁRIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, no uso de sua
suas formas de produção do trabalho e de vida:
competência, tendo em vista o disposto na Lei de Diretrizes e
XI - superação do racismo institucional, ambiental,
Bases da Educação Nacional n°9.394, de 20 de dezembro de
alimentar, entre outros:
1996, o Parecer do Conselho Nacional de Educação n° 16, de
XII - a articulação entre os conhecimentos científicos, os
05 de junho de 2012, a Resolução CNE/CEB no 8, de 20 de
conhecimentos tradicionais e as práticas socioculturais
novembro de 2012, que define as Diretrizes Curriculares
próprias das comunidades quilombolas, em processo
Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação
educativo dialógico e emancipatório.
Básica, a Resolução SEE no 2.197. de 26 de outubro de 2012,
que dispõe sobre a organização e o funcionamento do ensino
Art. 3°- A Educação Escolar Quilombola deve estabelecer
nas Escolas Estaduais de Educação Básica de Minas Gerais, a
interface com a Educação do Campo e a Indígena, reconhecidos
Resolução SEE no 2.820, de 11 de " dezembro de 2015, que
os seus pontos de intersecção política, histórica, social e
institui as Diretrizes para a Educação Básica nas escolas do
econômica, sem perder sua especificidade.
campo de Minas Gerais, e considerando:
- o direito à Educação Escolar Quilombola às comunidades
CAPÍTULO III
quilombolas rurais e urbanas, respeitando a história, o
DO ATENDIMENTO DA DEMANDA
território, a memória, a ancestralidade e os conhecimentos
tradicionais;
Art. 4° - A Educação Escolar Quilombola destina-se ao
- que a Educação Escolar Quilombola destina-se ao
atendimento das populações quilombolas rurais e urbanas em
atendimento das populações quilombolas rurais e urbanas em
suas mais variadas formas de produção cultural, social, política
suas mais variadas formas de produção cultural, social, política
e econômica.
e económica; -
- a necessidade de assegurar que as escolas quilombolas e
Art. 5°- A Educação Escolar Quilombola será ofertada
as escolas que atendem estudantes oriundos dos territórios
preferencialmente por estabelecimentos de ensino localizados
quilombolas considerem as práticas socioculturais, políticas e
em comunidades quilombolas, rurais e urbanas, reconhecidas
econômicas das comunidades quilombolas, bem como os seus
pelos órgãos públicos responsáveis.
processos próprios de ensino aprendizagem e as suas formas
Parágrafo único. Os estabelecimentos de ensino próximos
de produção e de conhecimento tecnológico, admitindo
às comunidades quilombolas poderão ofertar a Educação
pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-cultural
Escolar Quilombola desde que mais da metade de seus
de cada comunidade, observados os princípios constitucionais,
estudantes sejam oriundos dos territórios quilombolas.
a Base Nacional Comum Curricular e os princípios que
orientam a Educação Básica brasileira;
Art. 6° - A Secretaria de Estado de Educação deve garantir
- os subsídios para implementação das Diretrizes
a identificação dos estudantes oriundos dos territórios
Curriculares da Educação Escolar Quilombola, elaborados pelo
quilombolas, no seu sistema de informações educacionais,
grupo de trabalho da Educação Quilombola, criado pela
bem como o monitoramento do acesso, da permanência, e do
Resolução SEE no 2.796, de 2 outubro de 2015;
aproveitamento escolar desses estudantes.
- a Convenção 169 da Organização Internacional do
Trabalho, ratificada pelo Estado brasileiro por meio do
Art. 7° - A demanda da Educação Escolar Quilombola deve
Decreto n° 5.051, de 19 de abril de 2004:
ser identificada no Plano de Atendimento Educacional da
- a Política Estadual de Desenvolvimento Sustentável para
Superintendência Regional de Ensino.
os Povos e Comunidades Tradicionais, estabelecida pela Lei n°
21.147, de 14 de janeiro de 2014;
CAPÍTULO IV
DO CALENDARIO ESCOLAR
RESOLVE:
Art. 8° - O calendário da Educação Escolar Quilombola,
CAPÍTULO I
respeitando as Normas vigentes poderá adequar-se às
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
especificidades locais, inclusive climáticas, da agricultura de
base familiar e socioculturais.
Art. 1° - Ficam estabelecidas as Diretrizes para a
Parágrafo único. O calendário escolar deve incluir as datas
organização da Educação Escolar Quilombola no Estado de

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consideradas mais significativas para a população negra e para garantir à criança o direito de permanecer, prioritariamente,
cada comunidade quilombola, de acordo com a região e a no seu espaço comunitário de referência, evitando o seu
localidade, consultadas as comunidades e lideranças deslocamento.
quilombolas.
Art. 17 - O Ensino Fundamental, direito humano, social,
CAPÍTULO II. público subjetivo, aliado à ação educativa da família e da
DO PROJETO POLITICO PEDAGOGICO comunidade, deve articular-se, no contexto da Educação
Escolar Quilombola, com os conhecimentos tradicionais, com
Art. 9° - O Projeto Político Pedagógico da instituição o direito à identidade étnico-racial, e com a dinâmica própria
escolar deve expressar os princípios da Educação Escolar de organização de cada comunidade quilombola, tendo o
Quilombola na Educação Básica, de forma coerente, articulada respeito à diversidade como valor fundamental.
e integrada com a realidade histórica, regional, política, Parágrafo único. O Estado, em regime de colaboração com
sociocultural e econômica das comunidades quilombolas. - os municípios, deve garantir o Ensino Fundamental, com
duração de nove anos, para toda a população quilombola de 6
Art. 10- A construção do projeto político-pedagógico (seis) a 14 (quatorze) anos de idade. -
deverá ser elaborada de forma autônoma e coletiva, pautada
em diagnóstico da realidade e mediante o envolvimento e Art. 18 - A proposta pedagógica do Ensino Fundamental
participação de toda a comunidade escolar, em processo deverá ser coerente, articulada e integrada com os modos de
dialógico com as lideranças e as diversas organizações ser e de desenvolver das crianças e adolescentes quilombolas
existentes no território. - nos diferentes contextos sociais.

Art. 11 – O projeto político-pedagógico deverá considerar: Art. 19 - O Ensino Médio na Educação Escolar Quilombola
I- os princípios descritos no art. 2 desta Resolução: deverá proporcionar aos estudantes:
II- os conhecimentos tradicionais, a oralidade, a I - Formação capaz de oportunizar o desenvolvimento das
ancestralidade, a estética, as formas de trabalho, as tecnologias capacidades de análise e de tomada de decisões, de resolução
e a história de cada comunidade quilombola; de problemas, com flexibilidade e valorização dos
III - as formas por meio das quais as comunidades conhecimentos tradicionais produzidos pelas suas
quilombolas vivenciam os seus processos educativos comunidades e aprendizado de diversos conhecimentos
cotidianos em articulação com os conhecimentos escolares e necessários ao aprofundamento das suas interações com seu
demais conhecimentos produzidos pela sociedade mais ampla; grupo de pertencimento e com a sociedade mais ampla.
IV - a possibilidade de articulação entre Escola Quilombola II - Participação em projetos de estudo e de trabalho e
e instituições de Ensino Superior. devidamente apoiadas por atividades pedagógicas que visem ao conhecimento das
agências de fomento à pesquisa: dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura
V - os processos de aprendizagens com os próprios próprias das comunidades quilombolas, bem como da
moradores e lideranças locais. sociedade mais ampla;

CAPÍTULO V Art. 20 - O Estado deve garantir a universalização do


DAS ETAPAS E MODALIDADES DA EDUCAÇAO BASICA atendimento escolar do Ensino Médio para toda a população
quilombola de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos.
Art. 12 - A Educação Escolar Quilombola no âmbito da
Educação Básica deve compreender todas as etapas e Art. 21 - A proposta pedagógica do Ensino Médio na
modalidades de ensino, de oferta segundo as competências Educação Escolar Quilombola deve abrir perspectivas para os
definidas nos termos da legislação vigente. estudantes vislumbrarem seu ingresso no Ensino Superior.

Art. 13 - A Educação Infantil constitui a primeira etapa da Art. 22 - A Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Educação Básica, na qual se privilegiam práticas de cuidar e na Educação Escolar Quilombola deve articular os princípios
educar, é um direito das crianças dos povos quilombolas, de da formação ampla, sustentabilidade socioambiental e
oferta obrigatória pelo poder público municipal para as respeito à diversidade dos estudantes, considerando-se as
crianças de 4 (quatro) e 5 (cinco) anos de idade. formas de organização das comunidades quilombolas e suas
§1° - A decisão pela matrícula e frequência das crianças de diferenças sociais, políticas, econômicas e culturais, devendo:
0 (zero) a 3 (três) anos de idade é uma opção das famílias I - contribuir para a gestão territorial autônoma,
quilombolas, a partir de suas referências culturais e de suas possibilitando a elaboração de projetos de desenvolvimento
demandas. sustentável e de produção alternativa para as comunidades
§2° - É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula quilombolas, tendo em vista, em muitos casos, as situações de
das crianças de 4 (quatro) e 5 (cinco) anos de idade. falta de assistência e de apoio para seus processos produtivos;
II - articular-se com os projetos comunitários, definidos a
Art. 14 - A educação infantil será oferecida em: partir das demandas coletivas das comunidades quilombolas,
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até contribuindo para a reflexão e construção de alternativas de
três anos de idade: gestão autônoma dos seus territórios, de sustentabilidade
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) econômica, de soberania - alimentar, de educação, de saúde e
anos de idade. de atendimento às mais diversas necessidades cotidianas:
§1° - As escolas poderão solicitar a autorização de oferta
Art. 15 - A Secretaria de Estado de Educação, no âmbito da de Cursos Técnicos via Plano de Atendimento, em
Educação Infantil, colabora com os Municípios, através da conformidade com o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos,
cessão de espaço e formação de professores em nível médio ressaltando a importância de que essa modalidade esteja
para atuar nessa etapa de ensino, ou indiretamente no apoio voltada para o estudo aprimorado de tecnologias apropriadas
pedagógico, favorecendo o padrão de qualidade de acordo com ao contexto quilombola.
as peculiaridades locais. §2° - Para o atendimento das comunidades quilombolas, a
Educação Profissional Técnica de Nível Médio deverá ser
Art. 16 - A oferta da Educação Infantil Quilombola deverá realizada preferencialmente em seus territórios, podendo ser

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ofertada nas escolas estaduais ou através de parcerias com atuando de forma a superar preconceitos em relação às
outras instituições de ensino e organizações do Movimento práticas religiosas e culturais das comunidades quilombolas,
Negro e Quilombola. de matriz africana ou não, e a proibir toda e qualquer prática
de proselitismo religioso nas escolas.
Art. 23 - A Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Educação
Escolar Quilombola deve atender às realidades socioculturais Art. 27 - Na construção dos currículos da Educação Escolar
e interesses das comunidades quilombolas, vinculando-se a Quilombola, devem ser consideradas as particularidades de
seus projetos de vida e trabalho. aprendizagens dos estudantes quilombolas em cada etapa e
§1° - A EJA deve favorecer uma formação ampla aos modalidade de ensino, os espaços e tempos da escola e de
estudantes, possibilitando a atuação nas atividades outras instituições educativas da comunidade e fora dela, tais
socioeconômicas e culturais de suas comunidades, como museus, centros culturais, laboratórios de ciências e de
fortalecendo os laços de pertencimento, o protagonismo informática, associações comunitárias, cooperativas locais,
quilombola e em diálogo com o mundo do trabalho. entre outros espaços comunitários e educativos. '
§2° - Os critérios para autorização de abertura de turmas
de EJA em escolas quilombolas ou em escolas que atendam a Art. 28 - A organização curricular da Educação Escolar
maioria dos estudantes oriundos das comunidades Quilombola deverá se pautar em ações e práticas político-
quilombolas serão diferenciados e devem ocorrer em pedagógicas que visem:
consonância com as demandas das comunidades. I - а interdisciplinaridade e contextualização na articulação
§3°- A oferta de EJA no Ensino Fundamental não deve entre os diferentes campos do conhecimento, por meio do
substituir a oferta regular dessa etapa da Educação Básica na diálogo entre disciplinas diversas e do estudo e pesquisa de
Educação Escolar Quilombola, independentemente da idade. temas da realidade dos estudantes e de suas comunidades:
II - a adequação das metodologias pedagógicas às
Art. 24 - O atendimento da Educação Especial deve ser características dos estudantes, em atenção aos modos
contemplado nas escolas quilombolas e nas escolas que próprios de socialização dos conhecimentos produzidos e
atendem estudantes oriundos de territórios quilombolas, em construídos pelas comunidades quilombolas ao longo da
todas as etapas e modalidades da Educação Básica, conforme história:
orientações específicas. III - as estratégias e metodologias de pesquisa como eixo
para a produção de conhecimentos:
CAPÍTULO VI IV - os conhecimentos produzidos no percurso formativo
DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR dos estudantes tornar-se-ão uma fonte para a elaboração e
produção de materiais pedagógicos, contemplando os
Art. 25 - O currículo da Educação Escolar Quilombola diz conteúdos culturais, sociais, políticos e identitários específicos
respeito aos modos de organização dos tempos e espaços das comunidades quilombolas.
escolares de suas atividades pedagógicas, das interações do
ambiente educacional com a sociedade, das relações de poder CAPÍTULO VIII
presentes no fazer educativo e nas formas de conceber e DA AVALIAÇÃO
construir conhecimentos escolares, constituindo parte
importante dos processos sociopolíticos e culturais de Art. 29 - A avaliação, entendida como um dos elementos
construção de identidades. - que compõem o processo de ensino e aprendizagem deverá
Parágrafo único. O currículo da Educação Escolar garantir o direito do estudante a ter considerados e
Quilombola deve observar e respeitar as disposições e respeitados os seus processos próprios de aprendizagem.
orientações da Base Nacional Comum Curricular, do Currículo
Básico Comum (CBC) e articulados com a parte diversificada, a Art. 30 - A avaliação do processo de ensino e aprendizagem
fim de garantir a indissociabilidade entre o conhecimento na Educação Escolar Quilombola deverá considerar:
escolar e os conhecimentos tradicionais produzidos pelas I - os aspectos qualitativos, diagnósticos, processuais,
comunidades quilombolas. formativos, dialógicos e participativos do processo
educacional;
Art. 26 - O currículo da Educação Escolar Quilombola, II - o direito de aprender dos estudantes:
obedecidas as Diretrizes Curriculares Nacionais definidas para III - as experiências de vida e as características históricas,
todas as etapas e modalidades da Educação Básica, deverá: políticas, econômicas e socioculturais das comunidades:
I - garantir ao estudante o direito a conhecer o conceito, a IV - os valores, as dimensões cognitiva, afetiva, lúdica, de
história dos quilombos no Brasil e em Minas Gerais, o desenvolvimento fisico e motor.dentre outros.
protagonismo do movimento quilombola e do movimento
negro, assim como o seu histórico de lutas; Art. 31 - A Educação Escolar Quilombola desenvolverá
II - implementar a Educação das Relações Etnico-Raciais e práticas de avaliação que possibilitem o aprimoramento das
o Ensino de História e Cultura afro-brasileira, Africana e ações pedagógicas, dos projetos educativos, da relação com a
Indígena, nos termos da legislação em vigor; comunidade, da relação professor/estudante e da gestão.
III - reconhecer a história e a cultura afro-brasileira como
elementos estruturantes do processo de formação nacional e CAPÍTULO VIII
regional, considerando as mudanças, as recriações e as DA GESTÃO DEMOCRÁTICA
ressignificações históricas e socioculturais que fundamentam
as concepções de vida dos afro-brasileiros na diáspora Art. 32 - A Educação Escolar Quilombola deverá atender
africana; aos princípios constitucionais da gestão democrática e ser
IV - promover o fortalecimento da identidade étnico-racial, realizada por meio do diálogo, parcerias e participação das
da história e cultura afrobrasileira e africana ressignificada, comunidades quilombolas por ela atendida.
recriada e reterritorializada nos espaços quilombolas;
V - garantir as discussões sobre a identidade, a cultura e a Art. 33 - A gestão democrática será exercida por meio do
linguagem, como eixos norteadores do currículo; diálogo entre a gestão da escola, a coordenação pedagógica,
VI - considerar a liberdade religiosa, a diversidade a professores, demais profissionais da escola, o Colegiado
inclusão como princípios jurídicos, políticos e pedagógicos Escolar e as organizações do movimento quilombola nos níveis

Conhecimentos Pedagógicos 132


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local e regional. Art. 2° As Diretrizes Curriculares Nacionais para a


Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de
Art. 34 - A avaliação coletiva do desempenho da escola História e Cultura Afro-Brasileira e Africanas constituem-se de
deverá ser desenvolvida periodicamente, com ampla orientações, princípios e fundamentos para o planejamento,
participação da comunidade escolar e da comunidade execução e avaliação da Educação, e têm por meta, promover
quilombola. a educação de cidadãos atuantes e conscientes no seio da
sociedade multicultural e pluriétnica do Brasil, buscando
CAPÍTULO IX relações étnico-sociais positivas, rumo à construção de nação
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS democrática.
§ 1° A Educação das Relações Étnico-raciais tem por
Art. 35 - A Secretaria de Estado de Educação deve manter objetivo a divulgação e produção de conhecimentos, bem como
em seu espaço virtual e/ou eletrônico divulgação das ações de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto
pedagógicas, normas, orientações e informações pertinentes à à pluralidade étnicorracial, tornando-os capazes de interagir e
Educação Escolar Quilombola. de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito
aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da
Art. 36 - A composição do quadro de pessoal das Escolas consolidação da democracia brasileira.
Quilombolas deverá observar as normas específicas da § 2º O Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Secretaria de Estado de Educação e o disposto na legislação Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorização da
pertinente à Carreira dos Profissionais da Educação. identidade, história e cultura dos afro-brasileiros, bem como a
garantia de reconhecimento e igualdade de valorização das
Art. 37 - O processo de escolha de servidor ao exercício de raízes africanas da nação brasileira, ao lado das indígenas,
cargo de diretor e à função de vice-diretor de escolas estaduais europeias, asiáticas.
quilombolas ocorrerá mediante processo específico, conforme § 3º Caberá aos conselhos de Educação dos Estados, do
as normas vigentes da Secretaria. - Distrito Federal e dos Municípios desenvolver as Diretrizes
Curriculares Nacionais instituídas por esta Resolução, dentro
Art. 38 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua do regime de colaboração e da autonomia de entes federativos
publicação. e seus respectivos sistemas.

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, em Belo Art. 3° A Educação das Relações Étnico-raciais e o estudo
Horizonte, aos 24 de novembro de 2017. de História e Cultura Afro-Brasileira, e História e Cultura
Africana será desenvolvida por meio de conteúdos,
Macaé Maria Evaristo dos Santos competências, atitudes e valores, a serem estabelecidos pelas
Secretária de Estado de Educação Instituições de ensino e seus professores, com o apoio e
supervisão dos sistemas de ensino, entidades mantenedoras e
coordenações pedagógicas, atendidas as indicações,
recomendações e diretrizes explicitadas no Parecer CNE/CP
IX - A Educação das Relações 003/2004.
Étnico-Raciais no Brasil. § 1° Os sistemas de ensino e as entidades mantenedoras
incentivarão e criarão condições materiais e financeiras, assim
como proverão as escolas, professores e alunos, de material
bibliográfico e de outros materiais didáticos necessários para
a educação tratada no “caput” deste artigo.
RESOLUÇÃO Nº 1, DE 17 DE JUNHO DE 2004.7
§ 2° As coordenações pedagógicas promoverão o
aprofundamento de estudos, para que os professores
O Presidente do Conselho Nacional de Educação, tendo em
concebam e desenvolvam unidades de estudos, projetos e
vista o disposto no art. 9º, § 2º, alínea “c”, da Lei nº 9.131,
programas, abrangendo os diferentes componentes
publicada em 25 de novembro de 1995, e com fundamentação
curriculares.
no Parecer CNE/CP 3/2004, de 10 de março de 2004,
§ 3° O ensino sistemático de História e Cultura Afro-
homologado pelo Ministro da Educação em 19 de maio de
Brasileira e Africana na Educação Básica, nos termos da Lei
2004, e que a este se integra, resolve:
10639/2003, refere-se, em especial, aos componentes
curriculares de Educação Artística, Literatura e História do
Art. 1° A presente Resolução institui Diretrizes
Brasil.
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
§ 4° Os sistemas de ensino incentivarão pesquisas sobre
raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
processos educativos orientados por valores, visões de
Africana, a serem observadas pelas Instituições de ensino, que
mundo, conhecimentos afro-brasileiros, ao lado de pesquisas
atuam nos níveis e modalidades da Educação Brasileira e, em
de mesma natureza junto aos povos indígenas, com o objetivo
especial, por Instituições que desenvolvem programas de
de ampliação e fortalecimento de bases teóricas para a
formação inicial e continuada de professores.
educação brasileira.
§ 1° As Instituições de Ensino Superior incluirão nos
conteúdos de disciplinas e atividades curriculares dos cursos
Art. 4° Os sistemas e os estabelecimentos de ensino
que ministram, a Educação das Relações Étnico-raciais, bem
poderão estabelecer canais de comunicação com grupos do
como o tratamento de questões e temáticas que dizem respeito
Movimento Negro, grupos culturais negros, instituições
aos afrodescendentes, nos termos explicitados no Parecer
formadoras de professores, núcleos de estudos e pesquisas,
CNE/CP 3/2004.
como os Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, com a finalidade
§ 2° O cumprimento das referidas Diretrizes Curriculares,
de buscar subsídios e trocar experiências para planos
por parte das instituições de ensino, será considerado na
institucionais, planos pedagógicos e projetos de ensino.
avaliação das condições de funcionamento do
estabelecimento.

7 http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/res012004.pdf

Conhecimentos Pedagógicos 133


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Art. 5º Os sistemas de ensino tomarão providências no 02. (SEDUC/AM - Professor – História – FGV). O
sentido de garantir o direito de alunos afrodescendentes de Conselho Pleno do Conselho Nacional de Educação aprovou,
frequentarem estabelecimentos de ensino de qualidade, que em 2004, resolução que instituiu as “Diretrizes Curriculares
contenham instalações e equipamentos sólidos e atualizados, Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para
em cursos ministrados por professores competentes no o Ensino da História e Cultura Afro- Brasileira e Africana”.
domínio de conteúdos de ensino e comprometidos com a O conjunto de diretrizes estabelecido, pautado em marcos
educação de negros e não negros, sendo capazes de corrigir legais anteriores (como a Lei nº 10.639, de 2003), especificou
posturas, atitudes, palavras que impliquem desrespeito e que
discriminação. (A) a Educação das Relações Étnico-Raciais teria como
meta a valorização da sociedade multicultural e pluriétnica do
Art. 6° Os órgãos colegiados dos estabelecimentos de Brasil, visando à construção de uma efetiva democracia racial.
ensino, em suas finalidades, responsabilidades e tarefas, (B) o cumprimento das referidas Diretrizes Curriculares
incluirão o previsto o exame e encaminhamento de solução seria obrigatório, passando a ser considerado na avaliação das
para situações de discriminação, buscando-se criar situações condições de funcionamento dos estabelecimentos de ensino.
educativas para o reconhecimento, valorização e respeito da (C) a exclusividade da Educação das Relações Étnico-
diversidade. Raciais como componentes curriculares de História do Brasil,
§ Único: Os casos que caracterizem racismo serão tratados visando à efetivação da aplicação sistemática dos termos da
como crimes imprescritíveis e inafiançáveis, conforme prevê o Lei nº 10.639/2003.
Art. 5º, XLII da Constituição Federal de 1988. (D) a avaliação do ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africanas deveria ser feita em atividades
Art. 7º Os sistemas de ensino orientarão e supervisionarão periódicas, comunicando-se o resultado de tais atividades ao
a elaboração e edição de livros e outros materiais didáticos, em Movimento Negro.
atendimento ao disposto no Parecer CNE/CP 003/2004. (E) o reconhecimento das raízes africanas da nação
brasileira deveria ser garantido como elemento primordial na
Art. 8º Os sistemas de ensino promoverão ampla formação da identidade nacional, em detrimento de indígenas,
divulgação do Parecer CNE/CP 003/2004 e dessa Resolução, europeus e asiáticos.
em atividades periódicas, com a participação das redes das
escolas públicas e privadas, de exposição, avaliação e 03. (MEC - Analista Processual - Regulação da
divulgação dos êxitos e dificuldades do ensino e aprendizagens Educação Superior – CESPE). O Conselho Pleno (CP) do
de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e da Educação Conselho Nacional de Educação (CNE), por meio da Resolução
das Relações Étnico-raciais. CNE/CP n.º 1/2004, instituiu as Diretrizes Curriculares
§ 1° Os resultados obtidos com as atividades mencionadas Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para
no caput deste artigo serão comunicados de forma detalhada o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Com
ao Ministério da Educação, à Secretaria Especial de Promoção base nesse instrumento legal, julgue o item seguinte.
da Igualdade Racial, ao Conselho Nacional de Educação e aos Ao estabelecer as diretrizes para a educação das relações
respectivos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, étnico-raciais, a referida resolução concebe que essa educação
para que encaminhem providências, que forem requeridas. deve estar voltada para a produção do conhecimento, a
formação de posturas, valores e atitudes que possam garantir
Art. 9º Esta resolução entra em vigor na data de sua o respeito aos direitos e a valorização da cultura afro-
publicação, revogadas as disposições em contrário. brasileira.

Questões ( ) Certo ( ) Errado

01. (Ano: 2015Banca: IF-SPÓrgão: IF-SPProva: Respostas


Professor – Biologia)
De acordo com a Resolução nº 1, de 17 de junho de 2004, 01. Resposta: B
que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Resolução 1/2004
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de Art. 1° A presente Resolução institui Diretrizes
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, é correto afirmar Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
que: raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
(A) A referida Resolução deve ser observada apenas por Africana, a serem observadas pelas Instituições de ensino, que
instituições de ensino públicas, excluindo-se as entidades atuam nos níveis e modalidades da Educação Brasileira e, em
privadas. especial, por Instituições que desenvolvem programas de
(B) As Instituições de Ensino Superior devem incluir nos formação inicial e continuada de professores.
conteúdos de disciplinas e atividades curriculares dos cursos § 1° As Instituições de Ensino Superior incluirão nos
que ministram, a Educação das Relações Étnico-Raciais, bem conteúdos de disciplinas e atividades curriculares dos cursos
como o tratamento de questões e temáticas que dizem respeito que ministram, a Educação das Relações Étnico-raciais, bem
aos afrodescendentes. como o tratamento de questões e temáticas que dizem respeito
(C) O disposto na Resolução não é de observância aos afrodescendentes, nos termos explicitados no Parecer
obrigatória pelas instituições de ensino, servindo apenas a CNE/CP 3/2004.
título de recomendação ou sugestão.
(D) A Educação das Relações Étnico-Raciais tem por 02. Resposta: B
objetivo a divulgação e produção de conhecimentos, bem como Resolução 1/2004
de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto Art. 1° A presente Resolução institui Diretrizes
à cultura africana apenas. Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
(E) A Educação das Relações Étnico-Raciais e o estudo de raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
História e Cultura Afro-Brasileira, e História e Cultura Africana Africana, a serem observadas pelas Instituições de ensino, que
serão desenvolvidos por meio de um componente curricular atuam nos níveis e modalidades da Educação Brasileira e, em
específico a ser incluído nos currículos. especial, por Instituições que desenvolvem programas de
formação inicial e continuada de professores.

Conhecimentos Pedagógicos 134


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( ) correlatas, inclusive suas manifestações contemporâneas,


§ 2° O cumprimento das referidas Diretrizes Curriculares, algumas das quais tomam formas violentas,
por parte das instituições de ensino, será considerado na Enfatizando sua resolução 64/169 de 18 de dezembro de
avaliação das condições de funcionamento do 2009, que proclama 2011 como o Ano Internacional de Povos
estabelecimento. Afrodescendentes,
Lembrando suas resoluções 3057 (XXVIII) de 02 de
03. Resposta: errado novembro de 1973, 38/14 de 22 de novembro de 1983 e
Resolução 1/2004 48/91 de 20 de dezembro de 1993, que proclamam as três
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africanas Décadas de Combate ao Racismo e à Discriminação Racial, e
constituem-se de orientações, princípios e fundamentos para consciente do fato de que seus objetivos ainda estão para ser
o planejamento, execução e avaliação da Educação, e têm por alcançados,
meta, promover a educação de cidadãos atuantes e conscientes Sublinhando sua resolução 67/155 de 20 de dezembro de
no seio da sociedade multicultural e pluriétnica do Brasil, 2012, pela qual solicitou ao presidente da Assembleia Geral,
buscando relações étnico-sociais positivas, rumo à construção em consulta com os Estadosmembros, os programas e
de nação democrática. organizações pertinentes das Nações Unidas e a sociedade
§ 1° A Educação das Relações Étnico-raciais tem por civil, incluindo as organizações não governamentais, o
objetivo a divulgação e produção de conhecimentos, bem como lançamento de uma consulta informal no processo
de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto preparatório para a proclamação da Década Internacional de
à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e Povos Afrodescendentes, com o tema “Povos
de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito afrodescendentes: reconhecimento, justiça e
aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da desenvolvimento”, com vista à proclamação da Década
consolidação da democracia brasileira. Internacional em 2013,
Lembrando o parágrafo 61 de sua resolução 66/144 de 19
de dezembro de 2011, pelo qual se encoraja o Grupo de
X - A Educação das Relações Trabalho de Especialistas sobre Povos Afrodescendentes a
desenvolver um programa de ação, incluindo um tema, para
Étnico-Raciais e a Década aprovação pelo Conselho de Direitos Humanos, e neste sentido
Internacional dos Povos toma nota da resolução 21/33 de 28 de setembro de 2012 do
Afrodescendentes. Conselho de Direitos Humanos, na qual o Conselho elogiou o
projeto do programa de ação para a Década de Povos
Afrodescendentes e decidiu encaminhá-lo à Assembleia Geral,
com vista à sua adoção,
Sexagésimo oitava sessão
Tomando nota com satisfação do trabalho realizado pelo
Item 67 da agenda (b)
Grupo de Trabalho de Especialistas sobre Povos
Eliminação do racismo, discriminação racial,
Afrodescendentes na produção de um projeto de programa de
xenofobia e intolerâncias correlatas: a implementação
ação que é abrangente e cobre uma ampla gama de áreas que
completa da Declaração e do Programa de Ação de Durban
poderiam servir como um quadro amplo para o programa de
ação para a Década Internacional de Povos Afrodescendentes,
Projeto de resolução apresentado pelo Presidente da
bem como o relatório do secretáriogeral sobre como tornar a
Assembleia Geral
Década Internacional de Povos Afrodescendentes eficaz,
1. Decide proclamar a Década Internacional de Povos
Proclamação da Década Internacional de Povos
Afrodescendentes, com início em 1 de janeiro de 2015 e final
Afrodescendentes
em 31 de dezembro de 2024, com o tema “Povos
afrodescendentes: reconhecimento, justiça e
A Assembleia Geral,
desenvolvimento”, a ser lançada oficialmente logo após o
debate geral da sexagésima nona sessão da Assembleia Geral;
Lembrando sua resolução 52/111 de 12 de dezembro de
2. Solicita ao presidente da Assembleia Geral, através do
1997, pela qual se decidiu convocar a Conferência Mundial
facilitador, para continuar as consultas com os Estados-
contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e
membros da Assembleia Geral e outros interessados, tendo em
Intolerâncias Correlatas, e suas resoluções 56/266 de 27 de
vista a elaboração de um programa para a implementação da
março de 2002, 57/195 de 18 de dezembro de 2002, 58/160
Década Internacional de Povos Afrodescendentes, com um
de 22 de dezembro de 2003, 59/177 de 20 de dezembro de
projeto de programa desenvolvido pelo Grupo de Trabalho
2004 e 60/144 de 16 de dezembro de 2005, que orientaram o
Intergovernamental sobre a Implementação efetiva da
abrangente seguimento da Conferência Mundial e a
Declaração e Programa de Ação de Durban, para ser finalizado
implementação efetiva da Declaração e Programa de Ação de
e adotado durante a sexagésima oitava sessão da Assembleia
Durban,
Geral e, o mais tardar, até 30 de junho de 2014;
Reiterando que todos os seres humanos nascem livres e
3. Solicita a atribuição de financiamento do orçamento
iguais em dignidade e direitos e têm o potencial de contribuir
regular e de recursos extraorçamentários da Organização das
construtivamente para o desenvolvimento e o bem-estar de
Nações Unidas para a efetiva implementação do programa de
suas sociedades, e que qualquer doutrina de superioridade
ação e atividades no âmbito da Década Internacional de Povos
racial é cientificamente falsa, moralmente condenável,
Afrodescendentes.
socialmente injusta e perigosa e deve ser rejeitada, juntamente
com teorias que tentam determinar a existência de raças
humanas distintas,
Reconhecendo os esforços e as iniciativas empreendidas
pelos Estados para proibir a discriminação e a segregação para
gerar o pleno desfrute dos direitos econômicos, sociais e
culturais, bem como civis e políticos,
Enfatizando que, apesar dos esforços nesse sentido,
milhões de seres humanos continuam sendo vítimas de
racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerâncias

Conhecimentos Pedagógicos 135


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aprovar previamente a eventual alteração do calendário


escolar.
XI - Diretrizes para a
Educação Básica nas escolas Art. 4° Os servidores de que trata esta Resolução não fazem
jus a qualquer tipo de adicional financeiro para custeio de suas
do campo em Minas Gerais. despesas acadêmicas.

Art. 5° Os casos omissos serão analisados e resolvidos


conjuntamente pelas Subsecretarias de Desenvolvimento da
RESOLUÇÃO SEE N° 3019, 15 DE JULHO DE 2016.
Educação Básica e de Gestão de Recursos Humanos.
Dispõe sobre a participação de professores de escolas do
Art. 6° Esta Resolução entra em vigor na data de sua
campo da Secretaria de Estado de Educação - SEE em cursos
publicação.
de licenciatura em educação no campo.
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, em Belo
A SECRETÁRIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, no uso de suas
Horizonte, aos 15 de alvo de 2016.
atribuições e tendo em vista o disposto no-inciso IV do artigo
3° da Resolução SEE n° 2.820, de 11 de dezembro de 2015, e
MACAÉ MARIA EVARISTO DOS SANTOS
considerando a necessidade de aperfeiçoamento dos
Secretária de Estado de Educação
professores que atuam na Educação do Campo,
DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO DO CAMPO DO ESTADO
RESOLVE:
DE MINAS GERAIS
Art. 1° Esta Resolução estabelece normas exclusivamente
Apresentação
para a participação de professores de escolas do campo da
Secretaria de Estado de Educação - SEE, em cursos de
As Diretrizes da Educação do Campo da Secretaria de
licenciatura em educação no campo, ministrados por
Estado de Educação de Minas Gerais vêm ratificar as
instituições de ensino superior.
orientações presentes na Resolução n° 1 do Conselho Nacional
§1°. A participação de que trata o caput destina-se a
de Educação – CNE, que instituiu, no ano de 2002, as Diretrizes
possibilitar o cumprimento da carga horária referente ao
Operacionais para Educação Básica das Escolas do Campo e da
tempo escolar presencial do curso, doravante denominado
Política Nacional de Educação do Campo, instituída pelo
“Tempo Universidade”.
Decreto no 7.352, de 4 de novembro de 2010. Trata-se da
§2°. O disposto nesta Resolução não se aplica aos
abertura de um novo paradigma na educação escolar mineira,
servidores em exercício fora da docência ou em atuação em
historicamente marcada por um contexto de exclusão social,
unidade escolar que não seja considerada escola do campo, ou
sendo inacessível para grande parte da população rural, para
para frequência a curso que não seja de licenciatura em
quem a oferta de políticas públicas foi historicamente tida
educação no campo.
como uma concessão aos povos do campo, sem a consideração
do protagonismo dos sujeitos de direitos que nele vivem.
Art. 2° O afastamento do servidor para o cumprimento do
Apesar das lutas empreendidas nas décadas de 60 e 70 do
Tempo Universidade deverá observar as seguintes condições:
século XX, por diferentes setores que procuravam construir
I - afastamento por período igual ou inferior a cinco dias, a
propostas de inclusão dos povos do campo nas políticas
chefia imediata do servidor autoriza esse afastamento
educacionais, de forma a garantir o direito à educação e à
mediante a negociação da reposição da carga horária
escola, é preciso assinalar que, somente com a
dispensada;
redemocratização do país nos anos 1980 e com a aprovação da
II - afastamento por período superior a cinco dias, o
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), em
servidor deverá protocolar solicitação de afastamento que
1996, a educação rural emerge como uma construção com e
deverá ser encaminhada pela chefia imediata à
dos povos do campo, em que se reconhecem suas
Superintendência Regional de Ensino - SRE, que analisará o
especificidades e seus direitos na construção de uma escola de
pedido e encaminhará à SEE para publicação do ato de
qualidade para todos os cidadãos.
autorização de afastamento.
§1°. Para a concessão do afastamento o servidor deverá
A Educação do Campo – construída na perspectiva do
apresentar declaração de matrícula acompanhada do
protagonismo dos sujeitos e movimentos, buscando sua
cronograma das aulas presenciais, emitida regularmente pela
diferenciação das formulações até então existentes
respectiva instituição de ensino superior.
relacionadas à educação rural – tem como marco o I Encontro
§2°. Os afastamentos autorizados, com ou sem publicação
Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agrária
de ato, não geram direito à designação para substituição do
(ENERA), no ano de 1997, organizado através da parceria
servidor.
entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
§3°. Obriga-se o servidor afastado, com ou sem ato
(MST), a Universidade de Brasília (UnB), o Fundo das Nações
publicado, a repor integralmente a carga horária de trabalho
Unidas para a Infância (UNI- CEF), a Organização das Nações
dispensada, com reposição das aulas ao estudante.
Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a
§4°. Fica o servidor obrigado a apresentar, no retorno ao
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a I
serviço, documento comprobatório de participação no Tempo
Conferência Nacional Por uma Educação do Campo, realizada
Universidade no período para o qual foi dispensado do ponto,
em 1998, em Luziânia/GO. Neste momento houve a ampliação
sob pena de ter a concessão anulada e o comando das faltas
da participação de outros atores sociais como: sindicatos,
efetuado.
universidades e órgãos públicos, professores (as) e
instituições religiosas em torno da proposta da Conferência e
Art. 3° A critério da direção da escola de exercício do
da discussão da construção de políticas públicas para
servidor poderá haver redefinição do calendário escolar a fim
educação no campo. Nessa mesma década, em Minas Gerais, o
de garantir que o período do Tempo Universidade não seja
outro marco foi a organização da Rede Mineira de Educação do
coincidente com o período letivo da escola estadual do campo.
Campo constituída principalmente pela Associação Mineira
Parágrafo único. O Colegiado Escolar e a SRE deverão

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das Escolas Famílias Agrícola (AMEFA), Federação dos especificada nas resoluções instituídas pela Secretaria de
Trabalhadores na Agricultura de Minas Gerais (FETAEMG) e Estado de Educação de Minas Gerais.
pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST),
com apoio de universidades, sindicatos entre outros atores. Art. 3° São princípios da Educação do Campo:
A instituição das Diretrizes da Educação do Campo de I- respeito à diversidade do campo em seus aspectos
Minas Gerais resultou de um longo processo de discussões, sociais, culturais, ambientais, políticos, econômicos, de gênero,
ocorridas inicialmente pela articulação do Movimento dos geracional e de etnias;
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 2011, no IV II- incentivo à formulação de projetos político-pedagógicos
Encontro dos Movimentos Sociais, em que o Movimento se específicos para as escolas do campo, estimulando o
reuniu com todas as secretarias do governo, incluindo a desenvolvimento das unidades escolares como espaços
Secretaria de Estado de Educação, tendo a participação públicos de investigação e articulação de experiências e
também de várias universidades, e apoiadores. Com a criação estudos direcionados para o desenvolvimento social,
do Grupo de Trabalho: “Educação do Campo” (2011), o “I economicamente justo e ambientalmente sustentável, com
Seminário Educação do Campo: Propostas de Diretrizes para base na agroecologia e em articulação com o mundo do
Minas Gerais” (2012) e o trabalho da Comissão Permanente de trabalho;
Educação do Campo (CPEC) ao longo dos anos de 2013, 2014 III- desenvolvimento de política de valorização dos
e finalmente com sua aprovação em 2015. profissionais da Educação do Campo, que garanta uma
Neste exposto, sinaliza-se que essas Diretrizes remuneração digna, com a inclusão e reconhecimento dos
representam a síntese do amplo diálogo entre a sociedade diplomas das Licenciaturas do Campo pelos editais de
civil, a Secretaria de Estado de Educação, os movimentos concurso público;
sociais, instituições de ensino superior e as entidades de IV- desenvolvimento de políticas de formação de
formação de educadores e educadoras, que são mediações profissionais de educação para o atendimento da
funda- mentais na construção dos saberes necessários à especificidade das escolas do campo, considerando-se as
formulação de uma política pública educacional pertinente às condições concretas de produção e reprodução social da vida
necessidades dos povos do campo, tendo como desafio, a do campo;
partir da aprovação da Re- solução n° 2.820 de 11 de dezembro V- valorização da identidade da escola do campo,
de 2015, a implementação de um Plano de Ação que efetive considerando as práticas socioculturais e suas formas
melhorias na realidade educacional dos diferentes territórios específicas de organização do tempo, por meio de projetos
do campo de Minas Gerais. pedagógicos com conteúdos curriculares e metodologias
adequadas às reais necessidades dos estudantes do campo,
RESOLUÇÃO SEE Nº 2820, DE 11 DE DEZEMBRO DE bem como flexibilidade na organização escolar, incluindo
2015. adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola, às
Institui as Diretrizes para a Educação Básica nas condições climáticas e às características socioculturais da
escolas do campo de Minas Gerais. região;
VI- Implementação de gestão democrática das instituições
A SECRETÁRIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, no uso das escolares, por meio do controle social, sobretudo da qualidade
atribuições que lhe confere o artigo 93, § 1o, inciso II da da educação oferecida, mediante a efetiva participação das
constituição do Estado de Minas Gerais. comunidades e dos movimentos sociais e sindicais do campo
na definição do modelo de organização pedagógica e de gestão.
RESOLVE:
Art. 4° A política de educação do campo destina-se à
Art. 1° Ficam instituídas as Diretrizes para a Educação ampliação e qualificação da oferta de Educação Básica às
Básica nas escolas do campo de Minas Gerais, que deverão ser populações do campo, será desenvolvida em regime de
observadas no desenvolvimento dos programas e projetos e colaboração entre Estado e os municípios, de acordo com as
na atuação das instituições educacionais que integram o orientações e metas estabelecidas no Plano Nacional de
sistema estadual de ensino de Minas Gerais. Educação e o disposto nestas diretrizes, a saber:
I- alfabetização e redução das desigualdades educacionais
Art. 2° Para os efeitos desta Resolução, entende-se por: para a população jovem e adulta;
I- populações do campo: os agricultores familiares, os II- universalização da Educação Básica conforme a
extrativistas, os ribeirinhos, os assentados e acampados da legislação;
reforma agrária, os trabalhadores assalariados rurais, os III- desenvolvimento de políticas que promovam a
quilombolas, geraizeiros, vazanteiros, caatingueiros, permanência e a aprendizagem dos estudantes em todos os
veredeiros, pescadores artesanais, integrantes do movimento níveis e modalidades da Educação Básica;
dos atingidos por barragens, apanhadores de sempre viva,
faiscadores e outros que produzam suas condições materiais Art. 5° A Educação Infantil constitui a primeira etapa da
de existência a partir do trabalho no meio rural; educação básica em creches e escolas do campo, promovendo
II- escola do campo: aquela situada em área rural, o desenvolvimento integral de crianças de zero a cinco anos de
conforme definida pela Fundação Instituto Brasileiro de idade.
Geografia e Estatística – IBGE ou aquela situada em área § 1° A Secretaria de Estado de Educação colaborará com os
urbana, desde que atenda, predominantemente, às populações municípios para definir, conforme estabelecido no Plano
do campo. Nacional de Educação – PNE 2014, a meta de expansão da
§ 1° Serão consideradas do campo as turmas anexas e/ou respectiva rede de educação infantil do campo, observando o
localizadas nos segundos endereços vinculados às escolas com padrão de qualidade e considerando as peculiaridades locais.
sede em área urbana (sede de município) que funcionem nas
condições especificadas no inciso II, do art.2o. Art.6° O Ensino Fundamental, com duração de 9 (nove)
§ 2° As escolas do campo, as turmas anexas e/ou anos, gratuito na escola pública, iniciando- -se aos 6 (seis) anos
localizadas nos segundos endereços de escolas com sede em de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão.
área urbana (sede do município), deverão elaborar seu projeto Parágrafo Único. A Secretaria de Estado de Educação
político pedagógico na forma estabelecida pelo Conselho colaborará com os municípios, para a garantia da
Nacional de Educação e pelo Conselho Estadual de Educação, universalização do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos para

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toda a população do campo de 6 (seis) a 14(quatorze) anos de estudantes de diferentes idades e graus de conhecimento de
idade, e ainda: uma mesma etapa de ensino, especialmente nos anos iniciais
I- garantir que, até o último ano de vigência do PNE, pelo do Ensino Fundamental;
menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam II- oferta de educação básica, em suas diversas
o Ensino Fundamental na idade própria recomendada; modalidades e considerando, quando necessário, os princípios
II- criar mecanismos para acompanhamento e da pedagogia da alternância nos anos finais do Ensino
monitoramento do acesso, permanência e aproveitamento Fundamental e no Ensino Médio;
escolar das crianças e adolescentes do campo, matriculados III- organização do calendário escolar, de acordo com as
nas escolas públicas de Ensino Fundamental; fases do ciclo produtivo, das condições climáticas e das
III- caberá à Secretaria de Estado de Educação, em parceria características socioculturais de cada região.
com outros órgãos públicos de assistência social, saúde e
proteção à infância, promover a busca ativa de crianças e Art.12 A Educação Básica do Campo será
adolescentes do campo fora da escola. preferencialmente ofertada nas próprias comunidades rurais,
evitando-se os processos de nucleação de escolas e de
Art. 7° O Ensino Médio, etapa final da educação básica, com deslocamento de estudantes para fora de sua comunidade de
duração mínima de três anos, terá como finalidade a pertencimento.
consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos § 1° Para garantir o atendimento mais próximo às
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o comunidades de pertencimento, as escolas poderão adotar
prosseguimento de estudos. estratégias de oferta multisseriada, classes unidocentes ou
§ 1° Caberá à Secretaria de Estado de Educação, em regime ciclos por idade de formação.
de colaboração com os municípios, assegurar, até o final da § 2° Deve-se evitar que sejam agrupadas, em uma mesma
vigência do PNE, a universalização do atendimento escolar turma, crianças da Educação Infantil com crianças do Ensino
para toda a população do campo de 15 (quinze) a 17 Fundamental.
(dezessete) anos. § 3° Quando os anos iniciais do Ensino Fundamental não
§ 2° Caberá à Secretaria de Estado de Educação a garantia puderem ser ofertados nas próprias comunidades das
da oferta de educação profissional e tecnológica, integrada, crianças, o processo de nucleação rural (intracampo) deverá
concomitante ou sucessiva ao Ensino Médio, com perfis garantir a participação das comunidades, especialmente as
adequados às características socioeconômicas das regiões famílias das crianças, na definição do local, bem como na
onde será ofertada. avaliação das possibilidades de percurso a pé pelos alunos, na
§ 3° Compete aos entes federativos citados no caput menor distância a ser percorrida.
promover, de forma colaborativa, parceria com os serviços § 4° Para os anos finais do Ensino Fundamental e para o
públicos de assistência social, saúde e proteção à adolescência Ensino Médio, integrado ou não à Educação Profissional
e à juventude para a busca ativa da população do campo de 15 Técnica, o processo de nucleação intracampo poderá
(quinze) a 17 (dezessete) anos fora da escola. constituir-se, desde que salvaguarde o diálogo, o respeito, os
valores e a cultura das comunidades atendidas.
Art. 8° A educação na modalidade da Educação de Jovens e § 5° A oferta da Educação de Jovens e Adultos também deve
Adultos deverá atender, mediante procedimentos adequados, considerar que os deslocamentos sejam feitos nas menores
às populações do campo que não tiveram acesso ou não distâncias possíveis, preservado o princípio intracampo.
concluíram seus estudos no Ensino Fundamental ou no Ensino § 6° A Secretaria de Estado de Educação, em colaboração
Médio. com os municípios buscará estabelecer o tempo máximo de
Parágrafo único. A oferta da educação básica na deslocamento intracampo dos alunos do Ensino Fundamental
modalidade de Educação de Jovens e Adultos poderá ser e Médio a partir de sua realidade.
articulada com qualificação social e profissional, visando à
promoção do desenvolvi- mento sustentável do campo. Art. 13 Caberá à Secretaria de Estado de Educação por
meio do Programa Estadual de Transporte Escolar – PTE-MG,
Art. 9° A Educação Especial será compreendida conforme Lei no 21777 de 29 de setembro de 2015, transferir recursos
a Lei no 12.796, de 4/4/2013, como a modalidade de educação financeiros, de forma direta, aos municípios que realizam o
escolar para estudantes com deficiência, transtornos globais transporte escolar dos alunos da rede estadual de ensino,
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. residentes em zona rural.
Parágrafo único. Os sistemas de ensino adotarão § 1° Deverá ser criado procedimento de controle e
providências para que as crianças e os jovens com deficiência, monitoramento do transporte escolar em cada município, em
transtornos globais do desenvolvimento e altas consonância com as Superintendências Regionais de Ensino –
habilidades/superdotação, residentes no campo, tenham SRE e comunidades, com vistas ao melhor atendimento aos
acesso à Educação Básica e ao atendimento educacional estudantes e considerando o tempo de desloca- mento, a
especializado em escolas da rede de ensino regular. melhoria das condições do transporte, das vias de acesso e das
rotas utilizadas.
Art. 10 Anualmente, no período do cadastro escolar, § 2° O transporte escolar, quando necessário, deverá ser
deverá ser feita a avaliação da demanda escolar da população ofertado de acordo com as normas do Código Nacional de
do campo de cada município, relacionando-a com os dados da Trânsito.
população do campo por faixa etária, com a finalidade de
verificar as taxas de freqüência líquida, tanto na Educação Art. 14 Para o atendimento dos objetivos previstos nas
Infantil quanto no Ensino Fundamental e Médio. diretrizes propostas, a condição do trabalho docente bem
como a formação de professores para a educação do campo
Art. 11 Caberá à Secretaria de Estado de Educação, em observarão os princípios e objetivos da Política Nacional de
colaboração com os entes federados – União e os municípios Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica,
mineiros -, nos seus respectivos âmbitos de atuação conforme disposto no Decreto Federal no 6.755, de 29 de
prioritária, sempre que o cumprimento do direito à educação janeiro de 2009, e será orientada, no que couber, pelas
assim o exigir, o desenvolvimento e manutenção da política de diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação.
educação do campo, em seus respectivos sistemas de ensino:
I- organização e funcionamento de turmas formadas por Art. 15 A Secretaria de Estado de Educação, em

Conhecimentos Pedagógicos 138


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colaboração com os municípios nos seus respectivos âmbitos comunitários e escolares, integrando na realidade escolar as
de atuação prioritária, e com a devida participação da União, potencialidades educativas do território em que a escola está
buscará garantir: inserida;
I- remuneração digna, melhoria nos planos de carreira e IV- comprometimento de professores e alunos com os
concursos públicos para os professores e demais profissionais; saberes culturais locais, bem como pesquisa, inovação,
II- institucionalização de programas de formação inicial e memória e história das comunidades, fomentando-as.
continuada para os profissionais da educação do campo que
atendam às necessidades de funcionamento da escola do Art. 18 A Secretaria de Estado de Educação, em
campo e propiciem, no mínimo, o disposto nos artigos 13, 61, colaboração com os municípios, deve promover a criação e
62 e 67 da LDB; e implementação de mecanismos para garantia da manutenção
III- formação específica de gestores e profissionais da e desenvolvimento da Educação do Campo nas suas
educação que atendam às necessidades de funcionamento da respectivas esferas de competências.
escola do campo, produção de recursos didáticos, pedagógicos, Parágrafo único. A construção de escolas do campo
tecnológicos, culturais e literários que atendam às poderá constituir objeto de cooperação entre os entes
especificidades formativas das populações do campo. federados.
§ 1° A formação de professores poderá ser oferecida
concomitante à atuação profissional, de acordo com Art. 19 Competirá à Secretaria de Estado de Educação, em
metodologias adequadas, como a Pedagogia da Alternância e a colaboração com os municípios, buscar constituir instâncias
Educação a Distância, sem prejuízo de outras que atendam às colegiadas, com participação de representantes municipais,
especificidades da educação do campo e por meio de das organizações sociais do campo, das universidades públicas
atividades de ensino, pesquisa e extensão. e outras instituições afins, com vistas a colaborar para a
§ 2° A formação de professores incorporará, em seus formulação, implementação e acompanhamento das políticas
projetos político-pedagógicos, as orientações das Diretrizes de Educação do Campo.
Curriculares Nacionais do Conselho Nacional de Educação –
CNE para os cursos de formação continuada, os princípios e as Art. 20 Esta Resolução entra em vigor na data de sua
concepções da educação diferenciada, as especificidades e publicação.
diversidades socioculturais, ambientais, políticas e
econômicas, os processos de interação entre o campo e a SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, em Belo
cidade e a organização dos espaços e tempos da formação. Horizonte, aos 11 de dezembro de 2015.
§3º Os recursos didáticos, pedagógicos, tecnológicos, MACAÉ MARIA EVARISTO DOS SANTOS
culturais e literários destinados à educação do campo deverão Secretária de Estado de Educação
atender às especificidades e peculiaridades das populações do
campo. PARECER DO CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE
MINAS GERAIS
Art. 16 Em cumprimento ao art. 12 da Lei federal no
11.947, de 16 de junho de 2009, caberá à Secretaria de Estado Processo no 41.398
de Educação e aos entes federados, no âmbito de suas Relator: Sebastião Antônio dos Reis e Silva
competências específicas e sob o regime de colaboração, Parecer no 885/2015
buscar garantir alimentação escolar aos estudantes, de acordo Aprovado em 26.11.2015
com os hábitos alimentares próprios do contexto
predominante em que a escola está inserida. Examina expediente de interesse da Secretaria de Estado
Parágrafo único. Do total dos recursos financeiros da Educação – “Diretrizes Operacionais para a Educação
repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Básica nas Escolas do Campo de Minas Gerais”.
Educação, no âmbito do Programa Nacional de Alimentação
Escolar, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser Histórico
utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente O Secretário Adjunto de Estado da Educação de Minas
da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de Gerais, Antônio Carlos Ramos Pereira, encaminha, para
suas organizações, priorizando-se os assentamentos da consideração e parecer deste Conselho, por intermédio do
reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e as Ofício GSA no 002212/2015, de 19 de outubro de 2015, o
comunidades quilombolas. expediente referido na ementa, a seguir resumido:
As Diretrizes Operacionais da Educação Básica do Campo
Art. 17 A Secretaria de Estado de Educação poderá, em do Estado de Minas Gerais estão as- sentadas na legislação que
colaboração com a União e os municípios, nos seus respectivos orienta o contexto da educação no Brasil – a Lei no 9394/1996
âmbitos de atuação prioritária, buscar apoio técnico e –, consolidada no Plano Nacional de Educação, cujas políticas
financeiro para as es- colas do campo mediante transferência são descritas no Decreto no 7.352/2010, ratificadas pelas
direta de recursos. orientações constantes da Resolução no 01 do Conselho
Parágrafo Único. A forma de apresentação das demandas Nacional de Educação, de 2002, que permitem nova estratégia
de apoio técnico e financeiro para cobertura de despesas de de abordagem, na construção de paradigmas para a educação
custeio, capital, reforma, ampliação e manutenção e pequenos escolar mineira no campo.
investimentos será por meio de Planos de Ação específicos As Diretrizes da Educação do Campo em Minas Gerais
para esse atendimento, visando: demonstram, em síntese, o esforço do amplo diálogo dos
I- adequação e benfeitoria na infraestrutura física dessas diversos segmentos sociais, instituições e Entidades de
unidades educacionais, necessárias à realização de atividades Formação de Educadores mediadores, fundamentais na
educativas e pedagógicas voltadas à melhoria da qualidade do construção dos saberes à formulação de políticas públicas
ensino e à elevação do desempenho escolar; inerentes às necessidades dos povos do campo, para que
II- melhoria de suas instalações, bem como aquisição de possam enfrentar os seus desafios, a partir da aprovação de
mobiliário escolar e concretização de outras ações que um Plano de Ação que as efetivem na busca de melhorias
concorram para a elevação do desempenho escolar; contínuas.
III- promoção, fortalecimento e consolidação de territórios
educativos sustentáveis, valorizando o diálogo entre saberes

Conhecimentos Pedagógicos 139


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Mérito para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de


As diretrizes formuladas na presente proposta têm por carga ou descarga.
finalidade o oferecimento de educação escolar de qualidade § 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos
para aqueles que trabalham e residem no meio rural, por meio e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema
de uma escola identificada com suas vivências e práticas de Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das
manejo e produção do campo, que é o que se espera para uma respectivas competências, adotar as medidas destinadas a
melhor qualidade de vida. assegurar esse direito.
A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, § 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema
cumprindo o seu papel de órgão incentivador, está colocando Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas
em prática uma política de educação que respeita as competências, objetivamente, por danos causados aos
diversidades culturais e as diferentes experiências, que serão cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e
desenvolvidas em todos os níveis da educação, em regime de manutenção de programas, projetos e serviços que garantam
colaboração entre Estado e municípios, de acordo com o exercício do direito do trânsito seguro.
orientações do Plano Nacional de Educação. § 4º (VETADO)
Na premissa de que a escola é a porta de entrada para a § 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes no
educação, a presente proposta estabelece as condições de Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações
permanência e de sucesso na apropriação do conhecimento e à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do
sua contextualização na prática do campo, pois a Educação do meio-ambiente.
Campo não se esgota nas escolas situadas na zona rural, mas
na vivência pedagógica durante o processo ensino- Art. 2° São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as
aprendizagem e em toda a vida do educando. avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as
Para implementação adequada do previsto na presente estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo
minuta de resolução, a SEE traçou metas que visam a seu órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo
sucesso, que são: com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais.
- garantia de transporte escolar; - remuneração digna, Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são
melhoria nos planos de carreira e concurso público para consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação
professores e demais profissionais; - instrumentalização de pública e as vias internas pertencentes aos condomínios
programa de formação inicial e continuada para os constituí- dos por unidades autônomas. (Vide Lei no 13.146,
profissionais da educação do campo; - formação específica de de 6/7/2015)
gestores e professores da educação, aptos ao atendimento
pleno das escolas; - produção de recursos didáticos, Art. 3° As disposições deste Código são aplicáveis a
pedagógicos, tecnológicos, culturais e literários que deverão qualquer veículo, bem como aos proprietários, condutores dos
atender as especificidades formativas da população do campo; veículos nacionais ou estrangeiros e às pessoas nele
- cooperação entre as entidades federativas para construção expressamente mencionadas.
de escola.
Art. 4° Os conceitos e definições estabelecidos para os
Conclusão efeitos deste Código são os constantes do Anexo I.
Com manifestação de apreço pela iniciativa de grande ................................................................................................................................
alcance social e com as considerações contidas neste Parecer, ................................................
somos porque este Conselho Estadual de Educação, através da ................................................................................................................................
Câmara de Planos e Legislação, tome conhecimento da minuta ................................................
de Resolução, que institui as Diretrizes Operacionais para a ................................................................................................................................
Educação Básica nas escolas do Campo de Minas Gerais, ................................................
elaborada pela Secretaria de Estado de Educação de Minas
Gerais juntamente com diversos atores da sociedade civil e CAPÍTULO XIII
entidades representativas dos segmentos da Educação, com DA CONDUÇÃO DE ESCOLARES
nossos aplausos e expressão da melhor estima.
É o parecer. Art. 136. Os veículos especialmente destinados à condução
Belo Horizonte, 11 de novembro de 2015. coletiva de escolares somente poderão circular nas vias com
a) Sebastião Antônio dos Reis e Silva – Relator autorização emitida pelo órgão ou entidade executivos de
trânsito dos Estados e do Distrito Federal, exigindo-se, para
ANEXOS tanto:
I - registro como veículo de passageiros;
ANEXO I II - inspeção semestral para verificação dos equipamentos
obrigatórios e de segurança;
LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997 III - pintura de faixa horizontal na cor amarela, com
Institui o Código de Trânsito Brasileiro. quarenta centímetros de largura, à meia altura, em toda a
extensão das partes laterais e traseira da carroçaria, com o
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA dístico ESCOLAR, em preto, sendo que, em caso de veículo de
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu carroçaria pintada na cor ama- rela, as cores aqui indicadas
sanciono a seguinte Lei: devem ser invertidas;
IV - equipamento registrador instantâneo inalterável de
CAPÍTULO I velocidade e tempo;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES V - lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispostas nas
extremidades da parte superior dianteira e lanternas de luz
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres vermelha dispostas na extremidade superior da parte traseira;
do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este VI - cintos de segurança em número igual à lotação;
Código. VII - outros requisitos e equipamentos obrigatórios
§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, estabelecidos pelo CONTRAN.
veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não,

Conhecimentos Pedagógicos 140


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Art. 137. A autorização a que se refere o artigo anterior de Jovens e Adultos, a Educação Especial, a Educação Indígena,
deverá ser afixada na parte interna do veículo, em local visível, a Educação Profissional de Nível Técnico e a Formação de
com inscrição da lotação permitida, sendo vedada a condução Professores em Nível Médio na modalidade Normal.
de escolares em número superior à capacidade estabelecida Parágrafo único. A identidade da escola do campo é
pelo fabricante. definida pela sua vinculação às questões inerentes à sua
realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios
Art. 138. O condutor de veículo destinado à condução de dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na
escolares deve satisfazer os seguintes requisitos: rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos
I - ter idade superior a vinte e um anos; movimentos sociais em defesa de projetos que asso- ciem as
II - ser habilitado na categoria D; soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida
III - (VETADO) coletiva no país.
IV - não ter cometido nenhuma infração grave ou
gravíssima, ou ser reincidente em in- frações médias durante Art. 3° O Poder Público, considerando a magnitude da
os doze últimos meses; importância da educação escolar para o exercício da cidadania
V - ser aprovado em curso especializado, nos termos da plena e para o desenvolvimento de um país cujo paradigma
regulamentação do CONTRAN. tenha como referências a justiça social, a solidariedade e o
diálogo entre todos, independente de sua inserção em áreas
Art. 139. disposto neste Capítulo não exclui a competência urbanas ou rurais, deverá garantir a universalização do acesso
municipal de aplicar as exigências previstas em seus da população do campo à Educação Básica e à Educação
regulamentos, para o transporte de escolares. Profissional de Nível Técnico.
........................................................................................................................
................................................................................................................................ Art. 4° O projeto institucional das escolas do campo,
....................................................................................................... expressão do trabalho compartilhado de todos os setores
................................................................................................................................ comprometidos com a universalização da educação escolar
........ com qualidade social, constituir-se-á num espaço público de
investigação e articulação de experiências e estudos
Art. 341. Ficam revogadas as Leis nos 5.108, de 21 de direcionados para o mundo do trabalho, bem como para o
setembro de 1966, 5.693, de 16 de agosto de 1971, 5.820, de desenvolvimento social, economicamente justo e
10 de novembro de 1972, 6.124, de 25 de outubro de 1974, ecologicamente sustentável.
6.308,de 15 de dezembro de 1975, 6.369, de 27 de outubro de
1976, 6.731, de 4 de dezembro de 1979, 7.031, de 20 de Art. 5° As propostas pedagógicas das escolas do campo,
setembro de 1982, 7.052, de 02 de dezembro de 1982, 8.102, respeitadas as diferenças e o direito à igualdade e cumprindo
de 10 de dezembro de 1990, os arts. 1o a 6o e 11 do Decreto- imediata e plenamente o estabelecido nos artigos 23, 26 e 28
lei no 237, de 28 de fevereiro de 1967, e os Decretos-lei nos da Lei 9.394, de 1996, contemplarão a diversidade do campo
584, de 16 de maio de 1969, 912, de 2 de outubro de 1969, e em todos os seus aspectos: sociais, culturais, políticos,
2.448, de 21 de julho de 1988. econômicos, de gênero, geração e etnia.
Parágrafo único. Para observância do estabelecido neste
Brasília, 23 de setembro de 1997; 176o da Independência artigo, as propostas pedagógicas das escolas do campo,
e 109o da República. elaboradas no âmbito da autonomia dessas instituições, serão
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO desenvolvidas e avaliadas sob a orientação das Diretrizes
Iris Rezende Curriculares Nacionais para a Educação Básica e a Educação
Eliseu Padilha Profissional de Nível Técnico.

ANEXO II Art. 6° O Poder Público, no cumprimento das suas


RESOLUÇÃO CNE/CEB 1, DE 3 DE ABRIL DE 2002. responsabilidades com o atendimento escolar e à luz da
diretriz legal do regime de colaboração entre a União, os
Institui Diretrizes Operacionais para a Educação Básica Estados, o Distrito Federal e os Municípios, proporcionará
nas Escolas do Campo. Educação Infantil e Ensino Fundamental nas comunidades
O Presidente da Câmara da Educação Básica, reconhecido rurais, inclusive para aqueles que não o concluíram na idade
o modo próprio de vida social e o de utilização do espaço do prevista, cabendo em especial aos Estados garantir as
campo como fundamentais, em sua diversidade, para a condições necessárias para o acesso ao Ensino Médio e à
constituição da identidade da população rural e de sua Educação Profissional de Nível Técnico.
inserção cidadã na definição dos rumos da sociedade
brasileira, e tendo em vista o disposto na Lei no 9.394, de 20 Art. 7° É de responsabilidade dos respectivos sistemas de
de dezembro de 1996 -LDB, na Lei no 9.424, de 24 de ensino, através de seus órgãos normativos, regulamentar as
dezembro de 1996, e na Lei no 10.172, de 9 de janeiro de 2001, estratégias específicas de atendimento escolar do campo e a
que aprova o Plano Nacional de Educação, e no Parecer flexibilização da organização do calendário escolar,
CNE/CEB 36/2001, homologado pelo Senhor Ministro de salvaguardando, nos diversos espaços pedagógicos e tempos
Estado da Educação em 12 de março de 2002, resolve: de aprendizagem, os princípios da política de igualdade.
§ 1° O ano letivo, observado o disposto nos artigos 23, 24 e
Art. 1° A presente Resolução institui as Diretrizes 28 da LDB, poderá ser estruturado independente do ano civil.
Operacionais para a Educação Básica nas escolas do campo a § 2° As atividades constantes das propostas pedagógicas
serem observadas nos projetos das instituições que integram das escolas, preservadas as finalidades de cada etapa da
os diversos sistemas de ensino. educação básica e da modalidade de ensino prevista, poderão
ser organizadas e desenvolvidas em diferentes espaços
Art. 2° Estas Diretrizes, com base na legislação pedagógicos, sempre que o exercício do direito à educação
educacional, constituem um conjunto de princípios e de escolar e o desenvolvimento da capacidade dos alunos de
procedimentos que visam adequar o projeto institucional das aprender e de continuar aprendendo assim o exigirem.
escolas do campo às Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil, o Ensino Fundamental e Médio, a Educação Art. 8° As parcerias estabelecidas visando ao

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desenvolvimento de experiências de escolarização básica e de Art. 14. O financiamento da educação nas escolas do
educação profissional, sem prejuízo de outras exigências que campo, tendo em vista o que de- termina a Constituição
poderão ser acrescidas pelos respectivos sistemas de ensino, Federal, no artigo 212 e no artigo 60 dos Atos das Disposições
observarão: Constitucionais Transitórias, a LDB, nos artigos 68, 69, 70 e 71,
I - articulação entre a proposta pedagógica da instituição e e a regulamentação do Fundo de Manutenção e
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a respectiva etapa da Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Educação Básica ou Profissional; Magistério - Lei 9.424, de 1996, será assegurado mediante
II - direcionamento das atividades curriculares e cumprimento da legislação a respeito do financiamento da
pedagógicas para um projeto de desenvolvimento sustentável; educação escolar no Brasil.
III - avaliação institucional da proposta e de seus impactos
sobre a qualidade da vida individual e coletiva; Art. 15. No cumprimento do disposto no § 2o, do art. 2o, da
IV - controle social da qualidade da educação escolar, Lei 9.424, de 1996, que determina a diferenciação do custo-
mediante a efetiva participação da comunidade do campo. aluno com vistas ao financiamento da educação escolar nas
escolas do campo, o Poder Público levará em consideração:
Art. 9° As demandas provenientes dos movimentos sociais I - as responsabilidades próprias da União, dos Estados, do
poderão subsidiar os componentes estruturantes das políticas Distrito Federal e dos Municípios com o atendimento escolar
educacionais, respeitado o direito à educação es- colar, nos em todas as etapas e modalidades da Educação Básica,
termos da legislação vigente. contemplada a variação na densidade demográfica e na
relação professor/aluno;
Art. 10. O projeto institucional das escolas do campo, II - as especificidades do campo, observadas no
considerado o estabelecido no artigo 14 da LDB, garantirá a atendimento das exigências de mate- riais didáticos,
gestão democrática, constituindo mecanismos que equipamentos, laboratórios e condições de deslocamento dos
possibilitem estabelecer relações entre a escola, a comunidade alunos e professores apenas quando o atendimento escolar
local, os movimentos sociais, os órgãos normativos do sistema não puder ser assegurado direta- mente nas comunidades
de ensino e os demais setores da sociedade. rurais;
III - remuneração digna, inclusão nos planos de carreira e
Art. 11. Os mecanismos de gestão democrática, tendo como institucionalização de pro- gramas de formação continuada
perspectiva o exercício do poder nos termos do disposto no para os profissionais da educação que propiciem, no mínimo,
parágrafo 1o do artigo 1o da Carta Magna, contribuirão o disposto nos artigos 13, 61, 62 e 67 da LDB.
diretamente: I - para a consolidação da autonomia das escolas
e o fortalecimento dos conselhos que propugnam por um Art. 16. Esta Resolução entra em vigor na data de sua
projeto de desenvolvimento que torne possível à população do publicação, ficando revogadas as disposições em contrário.
campo viver com dignidade; II - para a abordagem solidária e
coletiva dos problemas do campo, estimulando a auto- gestão FRANCISCO APARECIDO CORDÃO
no processo de elaboração, desenvolvimento e avaliação das Presidente da Câmara de Educação Básica
propostas pedagógicas das instituições de ensino.
ANEXO III
Art. 12 O exercício da docência na Educação Básica, DECRETO Nº 7.352, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2010.
cumprindo o estabelecido nos arts. 12, 13, 61 e 62 da LDB e
nas Resoluções CNE/CEB no 3/97 e no 2/99, assim como os Dispõe sobre a política de educação do campo e o
Pareceres CNE/CP no 9/2001, no 27/2001 e no 28/2001, e as Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária -
Resoluções CNE/CP no 1/2002 e no 2/2002, a respeito da PRONERA.
formação de professores em nível superior para a Educação
Básica, prevê a formação inicial em curso de licenciatura, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
estabelecendo como qualificação mínima, para a docência na lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição,
Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o e tendo em vista o disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro
curso de formação de professores em Nível Médio, na de 1996, e no art. 33 da Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009,
modalidade Normal.
Parágrafo único. Os sistemas de ensino, de acordo com o DECRETA:
artigo 67 da LDB desenvolverão políticas de formação inicial e Art. 1° A política de educação do campo destina-se à
continuada, habilitando todos os professores leigos e ampliação e qualificação da oferta de educação básica e
promovendo o aperfeiçoamento permanente dos docentes. superior às populações do campo, e será desenvolvida pela
União em regime de colaboração com os Estados, o Distrito
Art. 13. Os sistemas de ensino, além dos princípios e Federal e os Municípios, de acordo com as diretrizes e metas
diretrizes que orientam a Educação Básica no país, observarão, estabelecidas no Plano Nacional de Educação e o disposto
no processo de normatização complementar da formação de neste Decreto.
professores para o exercício da docência nas escolas do campo, § 1º Para os efeitos deste Decreto, entende-se por:
os seguintes componentes: I - populações do campo: os agricultores familiares, os
I - estudos a respeito da diversidade e o efetivo extrativistas, os pescadores artesanais, os ribeirinhos, os
protagonismo das crianças, dos jovens e dos adultos do campo assentados e acampados da reforma agrária, os trabalhadores
na construção da qualidade social da vida individual e coletiva, assalariados rurais, os quilombolas, os caiçaras, os povos da
da região, do país e do mundo; floresta, os caboclos e outros que produzam suas condições
II - propostas pedagógicas que valorizem, na organização materiais de existência a partir do trabalho no meio rural; e
do ensino, a diversidade cultural e os processos de interação e II - escola do campo: aquela situada em área rural,
transformação do campo, a gestão democrática, o acesso ao conforme definida pela Fundação Instituto Brasileiro de
avanço científico e tecnológico e respectivas contribuições Geografia e Estatística - IBGE, ou aquela situada em área
para a melhoria das condições de vida e a fidelidade aos urbana, desde que atenda predominantemente a populações
princípios éticos que norteiam a convivência solidária e do campo.
colaborativa nas sociedades democráticas. § 2º Serão consideradas do campo as turmas anexas
vinculadas a escolas com sede em área urbana, que funcionem

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nas condições especificadas no inciso II do § 1º. básica e superior às populações do campo em seus respectivos
§ 3º As escolas do campo e as turmas anexas deverão sistemas de ensino, sem prejuízo de outras que atendam aos
elaborar seu projeto político pedagógico, na forma objetivos previstos neste Decreto:
estabelecida pelo Conselho Nacional de Educação. I - oferta da educação infantil como primeira etapa da
§ 4º A educação do campo concretizar-se-á mediante a educação básica em creches e pré-escolas do campo,
oferta de formação inicial e continuada de profissionais da promovendo o desenvolvimento integral de crianças de zero a
educação, a garantia de condições de infraestrutura e cinco anos de idade;
transporte escolar, bem como de materiais e livros didáticos, II - oferta da educação básica na modalidade de Educação
equipamentos, laboratórios, biblioteca e áreas de lazer e de Jovens e Adultos, com qualificação social e profissional,
desporto adequados ao projeto político-pedagógico e em articulada à promoção do desenvolvimento sustentável do
conformidade com a realidade local e a diversidade das campo;
populações do campo. III - acesso à educação profissional e tecnológica,
integrada, concomitante ou sucessiva ao ensino médio, com
Art. 2° São princípios da educação do campo: perfis adequados às características socioeconômicas das
I - respeito à diversidade do campo em seus aspectos regiões onde será ofertada;
sociais, culturais, ambientais, políticos, econômicos, de gênero, IV - acesso à educação superior, com prioridade para a
geracional e de raça e etnia; formação de professores do campo;
II - incentivo à formulação de projetos político- V - construção, reforma, adequação e ampliação de escolas
pedagógicos específicos para as escolas do campo, do campo, de acordo com critérios de sustentabilidade e
estimulando o desenvolvimento das unidades escolares como acessibilidade, respeitando as diversidades regionais, as
espaços públicos de investigação e articulação de experiências características das distintas faixas etárias e as necessidades do
e estudos direcionados para o desenvolvimento social, processo educativo;
economicamente justo e ambientalmente sustentável, em VI - formação inicial e continuada específica de professores
articulação com o mundo do trabalho; que atendam às necessidades de funcionamento da escola do
III - desenvolvimento de políticas de formação de campo;
profissionais da educação para o atendimento da VII - formação específica de gestores e profissionais da
especificidade das escolas do campo, considerando-se as educação que atendam às necessidades de funcionamento da
condições concretas da produção e reprodução social da vida escola do campo;
no campo; VIII - produção de recursos didáticos, pedagógicos,
IV - valorização da identidade da escola do campo por meio tecnológicos, culturais e literários que atendam às
de projetos pedagógicos com conteúdos curriculares e especificidades formativas das populações do campo; e
metodologias adequadas às reais necessidades dos alunos do IX - oferta de transporte escolar, respeitando as
campo, bem como flexibilidade na organização escolar, especificidades geográficas, culturais e sociais, bem como os
incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo limites de idade e etapas escolares.
agrícola e às condições climáticas; e § 1º A União alocará recursos para as ações destinadas à
V - controle social da qualidade da educação escolar, promoção da educação nas áreas de reforma agrária,
mediante a efetiva participação da comunidade e dos observada a disponibilidade orçamentária.
movimentos sociais do campo. § 2º Ato do Ministro de Estado da Educação disciplinará as
condições, critérios e procedimentos para apoio técnico e
Art. 3° Caberá à União criar e implementar mecanismos financeiro às ações de que trata este artigo.
que garantam a manutenção e o desenvolvimento da educação
do campo nas políticas públicas educacionais, com o objetivo Art. 5° A formação de professores para a educação do
de superar as defasagens históricas de acesso à educação campo observará os princípios e objetivos da Política Nacional
escolar pelas populações do campo, visando em especial: de Formação de Profissionais do Magistério da Educação
I - reduzir os indicadores de analfabetismo com a oferta de Básica, conforme disposto no Decreto no 6.755, de 29 de
políticas de educação de jovens e adultos, nas localidades onde janeiro de 2009, e será orientada, no que couber, pelas
vivem e trabalham, respeitando suas especificidades quanto diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação.
aos horários e calendário escolar; § 1º Poderão ser adotadas metodologias de educação a
II - fomentar educação básica na modalidade Educação de distância para garantir a adequada formação de profissionais
Jovens e Adultos, integrando qualificação social e profissional para a educação do campo.
ao ensino fundamental; § 2º A formação de professores poderá ser feita
III - garantir o fornecimento de energia elétrica, água concomitantemente à atuação profissional, de acordo com
potável e saneamento básico, bem como outras condições metodologias adequadas, inclusive a pedagogia da alternância,
necessárias ao funcionamento das escolas do campo; e e sem prejuízo de outras que atendam às especificidades da
IV - contribuir para a inclusão digital por meio da educação do campo, e por meio de atividades de ensino,
ampliação do acesso a computado- res, à conexão à rede pesquisa e extensão.
mundial de computadores e a outras tecnologias digitais, § 3º As instituições públicas de ensino superior deverão
beneficiando a comunidade escolar e a população próxima às incorporar nos projetos político-pedagógicos de seus cursos
escolas do campo. de licenciatura os processos de interação entre o campo e a
Parágrafo único. Aos Estados, Distrito Federal e Municípios cidade e a organização dos espaços e tempos da formação, em
que desenvolverem a educação do campo em regime de consonância com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho
colaboração com a União caberá criar e implementar Nacional de Educação.
mecanismos que garantam sua manutenção e seu
desenvolvimento nas respectivas esferas, de acordo com o Art. 6° Os recursos didáticos, pedagógicos, tecnológicos,
disposto neste Decreto. culturais e literários destinados à educação do campo deverão
atender às especificidades e apresentar conteúdos relaciona-
Art. 4° A União, por meio do Ministério da Educação, dos aos conhecimentos das populações do campo,
prestará apoio técnico e financeiro aos Estados, ao Distrito considerando os saberes próprios das comunidades, em
Federal e aos Municípios na implantação das seguintes ações diálogo com os saberes acadêmicos e a construção de
voltadas à ampliação e qualificação da oferta de educação propostas de educação no campo contextualizadas.

Conhecimentos Pedagógicos 143


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Art. 7° No desenvolvimento e manutenção da política de PNRA e dos profissionais que desenvolvem atividades
educação do campo em seus sistemas de ensino, sempre que o educacionais e técnicas nos assentamentos.
cumprimento do direito à educação escolar assim exigir, os
entes federados assegurarão: Art. 13. São beneficiários do PRONERA:
I - organização e funcionamento de turmas formadas por I - população jovem e adulta das famílias beneficiárias dos
alunos de diferentes idades e graus de conhecimento de uma projetos de assentamento criados ou reconhecidos pelo INCRA
mesma etapa de ensino, especialmente nos anos iniciais do e do Programa Nacional de Crédito Fundiário - PNFC, de que
ensino fundamental; trata o § 1o do art. 1o do Decreto no 6.672, de 2 de dezembro
II - oferta de educação básica, sobretudo no ensino médio de 2008;
e nas etapas dos anos finais do ensino fundamental, e de II - alunos de cursos de especialização promovidos pelo
educação superior, de acordo com os princípios da INCRA;
metodologia da pedagogia da alternância; e III - professores e educadores que exerçam atividades
III - organização do calendário escolar de acordo com as educacionais voltadas às famílias beneficiárias; e
fases do ciclo produtivo e as condições climáticas de cada IV - demais famílias cadastradas pelo INCRA.
região.
Art. 14. O PRONERA compreende o apoio a projetos nas
Art. 8° Em cumprimento ao art. 12 da Lei no 11.947, de 16 seguintes áreas:
de junho de 2009, os entes federados garantirão alimentação I - alfabetização e escolarização de jovens e adultos no
escolar dos alunos de acordo com os hábitos alimentares do ensino fundamental;
contexto socioeconômico-cultural-tradicional predominante II - formação profissional conjugada com o ensino de nível
em que a escola está inserida. médio, por meio de cursos de educação profissional de nível
técnico, superior e pós-graduação em diferentes áreas do
Art. 9° O Ministério da Educação disciplinará os requisitos conhecimento;
e os procedimentos para apresentação, por parte dos Estados, III - capacitação e escolaridade de educadores;
Municípios e Distrito Federal, de demandas de apoio técnico e IV - formação continuada e escolarização de professores de
financeiro suplementares para atendimento educacional das nível médio, na modalidade normal, ou em nível superior, por
populações do campo, atendidas no mínimo as seguintes meio de licenciaturas e de cursos de pós- -graduação;
condições: V - produção, edição e organização de materiais didático-
I - o ente federado, no âmbito de suas responsabilidades, pedagógicos necessários à execução do PRONERA; e
deverá prever no respectivo plano de educação, diretrizes e VI - realização de estudos e pesquisas e promoção de
metas para o desenvolvimento e a manutenção da educação do seminários, debates e outras atividades com o objetivo de
campo; subsidiar e fortalecer as atividades do PRONERA.
II - os Estados e o Distrito Federal, no âmbito de suas Parágrafo único. O INCRA celebrará contratos, convênios,
Secretarias de Educação, deverão contar com equipes técnico- termos de cooperação ou outros instrumentos congêneres
pedagógicas específicas, com vistas à efetivação de políticas com instituições de ensino públicas e privadas sem fins
públicas de educação do campo; e lucrativos e demais órgãos e entidades públicas para execução
III - os Estados e o Distrito Federal deverão constituir de projetos no âmbito do PRONERA.
instâncias colegiadas, com participação de representantes
municipais, das organizações sociais do campo, das Art. 15. Os projetos desenvolvidos no âmbito do PRONERA
universidades públicas e outras instituições afins, com vistas a poderão prever a aplicação de recursos para o custeio das
colaborar com a formulação, implementação e atividades necessárias à sua execução, conforme norma a ser
acompanhamento das políticas de educação do campo. expedida pelo INCRA, nos termos da legislação vigente.
Parágrafo único. Ato do Ministro de Estado da Educação
disporá sobre a instalação, a composição e o funcionamento de Art. 16. A gestão nacional do PRONERA cabe ao INCRA, que
comissão nacional de educação do campo, que deverá tem as seguintes atribuições:
articular-se com as instâncias colegiadas previstas no inciso III I - coordenar e supervisionar os projetos executados no
no acompanhamento do desenvolvimento das ações a que se âmbito do Programa;
refere este Decreto. II - definir procedimentos e produzir manuais técnicos
para as atividades relacionadas ao Programa, aprovando-os
Art. 10. O Ministério da Educação poderá realizar parcerias em atos próprios no âmbito de sua competência ou pro- pondo
com outros órgãos e entidades da administração pública para atos normativos da competência do Ministro de Estado do
o desenvolvimento de ações conjuntas e para apoiar Desenvolvimento Agrário; e
programas e outras iniciativas no interesse da educação do III - coordenar a Comissão Pedagógica Nacional de que
campo, observadas as diretrizes fixadas neste Decreto. trata o art. 17.

Art. 11. O Programa Nacional de Educação na Reforma Art. 17. O PRONERA contará com uma Comissão
Agrária - PRONERA, executado no âmbito do Ministério do Pedagógica Nacional, formada por representantes da
Desenvolvimento Agrário pelo Instituto Nacional de sociedade civil e do governo federal, com as seguintes
Colonização e Reforma Agrária - INCRA, nos termos do art. 33 finalidades:
da Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009, integra a política de I - orientar e definir as ações político-pedagógicas;
educação do campo. II - emitir parecer técnico e pedagógico sobre propostas de
trabalho e projetos; e
Art. 12. Os objetivos do PRONERA são: III - acompanhar e avaliar os cursos implementados no
I - oferecer educação formal aos jovens e adultos âmbito do Programa. § 1o A composição e atribuições da
beneficiários do Plano Nacional de Reforma Agrária - PNRA, Comissão Pedagógica Nacional serão disciplina- das pelo
em todos os níveis de ensino; Presidente do INCRA. § 2o A Comissão Pedagógica Nacional
II - melhorar as condições do acesso à educação do público deverá contar com a participação de representantes, entre
do PNRA; e outros, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, do
III - proporcionar melhorias no desenvolvimento dos Ministério da Educação e do INCRA.
assentamentos rurais por meio da qualificação do público do

Conhecimentos Pedagógicos 144


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Art. 18. As despesas da União com a política de educação II- auxiliar na efetivação dos planos estaduais e
do campo e com o PRONERA correrão à conta das dotações municipais de educação.
orçamentárias anualmente consignadas, respectivamente, aos § 3° O acompanhamento e o monitoramento da execução
Ministérios da Educação e do Desenvolvimento Agrário, das ações pactuadas no âmbito do PAR e o cumprimento das
observados os limites estipulados pelo Poder Executivo, na obrigações educacionais nele fixadas serão realizados com
forma da legislação orçamentária e financeira. base na análise de relatórios de execução ou, quando
necessário, por meio de visitas técnicas.
Art. 19. Este Decreto entra em vigor na data de sua
publicação. Art. 3° Fica instituído o Comitê Estratégico do PAR, no
âmbito do Ministério da Educação, com o objetivo de definir,
Brasília, 4 de novembro de 2010; 189º da Independência monitorar e revisar as ações, programas e atividades que serão
e 122º da República. objeto de apoio técnico ou financeiro da União assegurada a
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA representação do Conselho Nacional de Secretários de Estado
Fernando Haddad da Educação CONSED e da União Nacional dos Dirigentes
Daniel Maia Municipais de Educação UNDIME, na forma de regulamento.
Este texto não substitui o publicado no DOU de § 1° A inclusão ou a atualização das ações do PAR pelo
5.11.20102728 comitê de que trata o caput poderá implicar a revisão do termo
ANEXO IV de compromisso a que se refere o § 1o do art. 4o.
LEI Nº 12.695, DE 25 DE JULHO DE 2012. § 2° A composição e as normas de organização e
funcionamento do comitê serão estabelecidas em
Conversão da Medida Provisória no 562, de 2012 regulamento.
Dispõe sobre o apoio técnico ou financeiro da União no
âmbito do Plano de Ações Articula- das; altera a Lei no. 11.947, Art. 4° A União, por meio do Ministério da Educação, fica
de 16 de junho de 2009, para incluir os polos presenciais do autorizada a transferir recursos aos Estados, ao Distrito
sistema Universidade Aberta do Brasil na assistência Federal e aos Municípios, com a finalidade de prestar apoio
financeira do Programa Dinheiro Di- reto na Escola; altera a financeiro à execução das ações do PAR, sem a necessidade de
Lei no. 11.494, de 20 de junho de 2007, para contemplar com convênio, ajuste, acordo ou contrato.
recursos do FUNDEB as instituições comunitárias que atuam § 1° A transferência direta prevista no caput será
na educação do campo; altera a Lei no 10.880, de 9 de junho de executada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
2004, para dispor sobre a assistência financeira da União no Educação FNDE e ficará condicionada ao cumprimento de
âmbito do Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para termo de compromisso, que deverá conter, no mínimo:
Atendimento à Educação de Jovens e Adultos; altera a Lei no I- identificação e delimitação das ações a serem
8.405, de 9 de janeiro de 1992; e dá outras providências. financiadas; II- metas quantitativas; III- cronograma de
execução físico financeira; IV- previsão de início e fim da
O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do execução das ações e da conclusão das etapas ou fases
cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA programadas.
§ 2° Os recursos financeiros serão liberados aos órgãos e
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu entidades dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
sanciono a seguinte Lei: mediante depósito em contas correntes específicas, abertas e
mantidas exclusivamente em instituições financeiras oficiais
Art. 1° O apoio técnico ou financeiro prestado em caráter federais com as quais o FNDE mantenha parcerias, conforme
suplementar e voluntário pela União às redes públicas de cronograma estabelecido nos termos de compromisso.
educação básica dos Estados, do Distrito Federal e dos § 3° Os recursos transferidos pelo FNDE serão
Municípios será feito mediante a pactuação de Plano de Ações obrigatoriamente aplicados em caderneta de poupança aberta
Articuladas PAR. especificamente para este fim, quando a previsão do seu uso
Parágrafo único. O PAR tem por objetivo promover a for igual ou superior a um mês, ou em fundo de aplicação
melhoria da qualidade da educação básica pública, observadas financeira de curto prazo ou operação de mercado aberto
as metas, diretrizes e estratégias do Plano Nacional de lastreada em títulos da dívida pública, se a sua utilização
Educação. ocorrer em prazo inferior a um mês.
§ 4° A movimentação das contas correntes recebedoras
Art. 2° O PAR será elaborado pelos entes federados e dos recursos transferidos nos termos desta Lei ocorrerá
pactuado com o Ministério da Educação, a partir das ações, exclusivamente por meio eletrônico, para que seja devida-
programas e atividades definidas pelo Comitê Estratégico do mente identificada a titularidade das contas correntes de
PAR, de que trata o executores, fornecedores ou prestadores de serviços,
destinatários dos recursos utilizados pelos Estados, Distrito
Art. 3°. Federal e Municípios, para execução das ações.
§ 1° A elaboração do PAR será precedida de um diagnóstico
da situação educacional, estruturado em 4 (quatro) Art. 5° No caso de descumprimento do termo de
dimensões: compromisso pelos Estados, Distrito Federal ou Municípios, o
I-de gestão educacional; FNDE poderá suspender a liberação das parcelas previstas e
II-formação de profissionais de educação; determinar à instituição financeira oficial a suspensão da
III- práticas pedagógicas e avaliação; movimentação dos valores da conta vinculada do ente
IV- infraestrutura física e recursos pedagógicos. federado, até a regularização da pendência.
§ 2° O Ministério da Educação prestará assistência técnica Parágrafo único. Caso não seja regularizada a pendência, o
aos entes federados na elaboração do PAR, com o objetivo de: termo de compromisso poderá ser cancelado.
I- identificar as medidas mais apropriadas para a melhoria
da qualidade da educação básica e sua oferta com equidade, Art. 6° O ente federado deverá efetuar prestação de contas
assegurado o atendimento de suas necessidades referentes ao da regular aplicação dos recursos recebidos nos termos desta
acesso, permanência e conclusão com sucesso pelos Lei no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado a partir do
educandos; término da vigência do termo de compromisso ou sempre que

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lhe for solicitado. junho de 2007, independentemente da situação cadastral no


§ 1º A prestação de contas deverá conter no mínimo: censo escolar; e
I- relatório de cumprimento das ações; II- o valor anual mínimo por aluno definido nacionalmente
II- relação de despesas e pagamentos efetuados, com a para educação de jovens e adultos do ano anterior ao da
identificação do credor; assistência financeira, nos termos da Lei no 11.494, de 20 de
III- relação de bens adquiridos, produzidos ou construídos, junho de 2007. ...................................................................................” (NR)
quando for o caso;
IV- relação de treinados ou capacitados, quando for o caso; Art. 13. A Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007, passa a
V- relação dos serviços prestados, contendo descrição e vigorar com as seguintes alterações:
valor total, quando for o caso; “Art. 8º .........................................................................
VI- extrato bancário da conta corrente específica e das § 1º Será admitido, para efeito da distribuição dos recursos
aplicações financeiras; previstos no inciso II do caput do art. 60 do ADCT, em relação
VII- comprovante de recolhimento do saldo remanescente às instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas
de recursos, quando houver; sem fins lucrativos e conveniadas com o poder público, o
VIII- cópia do termo de compromisso a que se refere o § 1o cômputo das matrículas efetivadas:
do art. 4º. I- na educação infantil oferecida em creches para crianças
§ 2° A prestação de contas a que se refere o caput deverá de até 3 (três) anos;
ser divulgada nos sítios eletrônicos do FNDE e dos Estados, II- na educação do campo oferecida em instituições
Distrito Federal e Municípios, observado o disposto no art. 8° credenciadas que tenham como pro- posta pedagógica a
da Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011. formação por alternância, observado o disposto em
regulamento.
Art. 7° Quando a prestação de contas não for encaminhada .............................................................................................
no prazo estabelecido no art. 6o, e uma vez esgotados os § 3º Será admitido, até 31 de dezembro de 2016, o cômputo
prazos definidos pelo FNDE, o ente federado será declarado das matrículas das pré es- colas, comunitárias, confessionais
omisso no dever de prestar contas, cabendo ao FNDE adotar as ou filantrópicas, sem fins lucrativos, conveniadas com o poder
providências cabíveis para a devolução dos créditos público e que atendam às crianças de 4 (quatro) e 5 (cinco)
transferidos, devidamente atualizados. anos, observadas as condições previstas nos incisos I a V do §
2º, efetivadas, conforme o censo escolar mais atualizado até a
Art. 8° Os saldos financeiros remanescentes, inclusive os data de publicação desta Lei.
provenientes das receitas obtidas nas aplicações financeiras ...................................................................................” (NR)
realizadas não utilizadas na execução das ações previstas no “Art. 13. .......................................................................
termo de compromisso, serão devolvidos ao FNDE, no prazo .............................................................................................
estabelecido para a apresentação da prestação de contas. VI- fixar percentual mínimo de recursos a ser repassado às
Parágrafo único. O FNDE poderá autorizar a instituições de que tratam os incisos I e II do § 1º e os §§ 3º e
reprogramação dos saldos remanescentes mediante 4º do art. 8º, de acordo com o número de matrículas
justificativa fundamentada dos entes beneficiários. efetivadas.” (NR)

Art. 9° O Conselho Deliberativo do FNDE estabelecerá, por Art. 14. A Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009, passa a
meio de resolução, as regras e os procedimentos vigorar com as seguintes alterações:
complementares para a execução das ações previstas no termo “Art. 22. O Programa Dinheiro Direto na Escola PDDE, com
de compromisso e para a prestação de contas. o objetivo de prestar assistência financeira, em caráter
suplementar, às escolas públicas da educação básica das redes
Art. 10. O acompanhamento e o controle social da estaduais, municipais e do Distrito Federal, às escolas de
transferência e da aplicação dos recursos repassados para a educação especial qualificadas como beneficentes de
execução das ações do PAR, conforme Termo de Compromisso, assistência social ou de atendimento direto e gratuito ao
serão exercidos em âmbito municipal e estadual pelos público, às escolas mantidas por entidades de tais gêneros e
conselhos previstos no art. 24 da Lei no 11.494, de 20 de junho aos polos presenciais do sistema Universidade Aberta do
de 2007 Brasil UAB que ofertem programas de formação inicial ou
Parágrafo único. Os conselhos a que se refere o caput continuada a profissionais da educação básica, observado o
analisarão as prestações de contas dos recursos repassados disposto no art. 25, passa a ser regido pelo disposto nesta Lei.
aos entes federados e encaminharão ao FNDE demonstrativo § 1° A assistência financeira a ser concedida a cada
sintético anual da execução físico financeira, com parecer estabelecimento de ensino beneficiário e aos polos presenciais
conclusivo acerca da aplicação dos recursos. da UAB que ofertem programas de formação inicial ou
continuada a profissionais da educação básica será definida
Art. 11. Os valores transferidos pela União para a execução anualmente e terá como base o número de alunos
das ações do PAR não poderão ser considerados pelos matriculados na educação básica e na UAB, de acordo,
beneficiários para fins de cumprimento do disposto no art. 212 respectivamente, com dados do censo escolar realizado pelo
da Constituição Federal. Ministério da Educação e com dados coletados pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino
Art. 12. A Lei no 10.880, de 9 de junho de 2004, passa a Superior - CAPES, observado o disposto no art. 24.
vigorar com a seguinte alteração: ...................................................................................” (NR)
“Art. 3º ........................................................................ “Art. 26.......................................................................
§ 1º O valor da assistência financeira será estabelecido em I- pelas unidades executoras próprias das escolas públicas
ato do Ministro de Esta- do da Educação e terá como base: municipais, estaduais e do Distrito Federal e dos polos
I- o número de estudantes atendidos exclusivamente na presenciais do sistema UAB aos Municípios e às Secreta- rias
educação de jovens e adultos nos estabelecimentos públicos de Educação a que estejam vinculadas, que se encarregarão da
de ensino, cujas matrículas ainda não tenham sido computadas análise, julgamento, consolidação e encaminhamento ao FNDE,
no âmbito do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da conforme estabelecido pelo seu conselho deliberativo;
Edu- cação Básica e de Valorização dos Profissionais da .............................................................................................
Educação FUNDEB, de que trata a Lei no 11.494, de 20 de § 1º As prestações de contas dos recursos transferidos

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para atendimento das escolas e dos polos presenciais do 124º da República.


sistema UAB que não possuem unidades executoras próprias MICHEL TEMER
deverão ser feitas ao FNDE, observadas as respectivas redes Nelson Henrique Barbosa Filho
de ensino, pelos Municípios e pelas Secretarias de Educação José Henrique Paim Fernandes
dos Estados e do Distrito Federal. Miriam Belchior
............................................................................................. Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.7.2012
§ 3º Em caso de omissão no encaminhamento das
prestações de contas, na forma do inciso I do caput, fica o FNDE ANEXO V
autorizado a suspender o repasse dos recursos a todas as DECRETO ESTADUAL Nº 46.218, DE 15 DE ABRIL DE
escolas e polos presenciais do sistema UAB da rede de ensino 2013, ALTERADO PELO DECRETO ESTADUAL Nº 46.233, DE
do respectivo ente federado. 30 DE ABRIL DE 2013 E DECRETO ESTADUAL Nº 46.939 DE
...................................................................................” (NR) 21 DE JANEIRO DE 2016.

“Art. 33 A. O Poder Executivo fica autorizado a conceder Decreto Estadual nº 46.233, de 15 de abril de 2013.
bolsas aos professores das redes públicas de educação e a Cria a Comissão Permanente de Educação no Campo em
estudantes beneficiários do Programa Nacional de Edu- cação Minas Gerais.
na Reforma Agrária-PRONERA.
§ 1º Os professores das redes públicas de educação O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no uso
poderão perceber bolsas pela participação nas atividades do de atribuição que lhe confere o inciso VII do art. 90 da
Pronera, desde que não haja prejuízo à sua carga horária Constituição do Estado,
regular e ao atendimento do plano de metas de cada instituição
com seu mantenedor, se for o caso. DECRETA:
§ 2º Os valores e os critérios para concessão e manutenção
das bolsas serão fixados pelo Poder Executivo. Art. 1° Fica criada a Comissão Permanente de Educação do
§ 3º As atividades exercidas no âmbito do Pronera não Campo, com o objetivo de propor à Secretaria de Estado de
caracterizam vínculo empregatício e os valores recebidos a Educação – SEE – diretrizes operacionais para a educação do
título de bolsa não se incorporam, para qualquer efeito, ao campo no âmbito do Estado de Minas Gerais e acompanhar a
vencimento, salário, remuneração ou proventos recebidos.” sua implementação.

Art. 15. A Lei no 8.405, de 9 de janeiro de 1992, passa a Art. 2° São atribuições da Comissão Permanente de
vigorar com as seguintes alterações: Educação do Campo:
“Art. 2º ........................................................................ I - elaborar propostas de diretrizes para a educação do
§ 1º No âmbito da educação superior e do campo a serem apresentadas à SEE;
desenvolvimento científico e tecnológico, a Capes terá como II - propor à SEE planos de ação para implementar as
finalidade: diretrizes operacionais da educação do campo no Estado;
I- subsidiar o Ministério da Educação na formulação de III - acompanhar a implementação dos planos de ação
políticas para pós graduação; referentes às diretrizes operacionais da educação do campo
II- coordenar e avaliar cursos, nas modalidades presencial em Minas Gerais; e
e a distância; IV - elaborar seu regimento interno.
III- estimular, mediante a concessão de bolsas de estudo,
auxílios e outros mecanismos, a formação de recursos Art. 3° A Comissão Permanente de Educação do Campo
humanos altamente qualificados para a docência de grau será composta por: I - representantes do poder executivo
superior, a pesquisa e o atendimento da demanda dos setores estadual:
público e privado. a) três representantes da Secretaria de Estado de
§ 2º No âmbito da educação básica, a Capes terá como Educação;
finalidade induzir, fomentar e acompanhar, mediante b) um representante do Conselho Estadual de Educação;
convênios, bolsas de estudo, auxílios e outros mecanismos, c) um representante da Secretaria de Estado de
inclusive em regime de colaboração com os Estados, os Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais;
Municípios e o Distrito Federal e com instituições de ensino d) um representante da Secretaria de Estado de
superior públicas ou privadas, a formação inicial e continuada Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e do
de profissionais de magistério e os programas de estudos e Norte de Minas;
pesquisas em educação, respeitada a liberdade acadêmica das e) um representante da Empresa de Assistência Técnica e
instituições conveniadas, observado, ainda, o seguinte: Extensão Rural de Minas Gerais;
............................................................................................. f) um representante da Universidade Estadual de Montes
§ 4º Compete à Capes regulamentar as bolsas e os auxílios Claros;
de que trata este artigo. g) um representante da Universidade do Estado de Minas
§ 5º As bolsas de estudos e auxílios concedidos para Gerais;
formação inicial e continuada de profissionais de magistério II - como membros convidados:
deverão priorizar as respectivas áreas de atuação dos a) um representante da União Nacional de Dirigentes
docentes, bem como aquelas em que haja défice de Municipais de Educação;
profissionais.” (NR) b) um representante da Federação dos Trabalhadores da
Agricultura do Estado de Minas Gerais;
Art. 16. As despesas decorrentes do disposto nesta Lei c) um representante do Movimento dos Trabalhadores
correrão à conta de dotações específicas consignadas ao Rurais Sem Terra Setor Edu- cação Estadual;
orçamento vigente do Ministério da Educação, observadas as d) um representante da Federação das Comunidades
limitações de movimentação, empenho e pagamento, na forma Quilombolas de Minas Gerais;
da legislação orçamentária e financeira em vigor. e) um representante da Comissão Pastoral da Terra;
f) um representante da Associação Mineira das Escolas
Art. 17. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Família Agrícola;
Brasília, 25 de julho de 2012; 191º da Independência e g) um representante da Universidade Federal de Minas

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Gerais; I – representantes do Poder Executivo estadual:


h) um representante da Universidade Federal de Viçosa; a) três representantes da Secretaria de Estado de
i) um representante da Universidade Federal dos Vales do Educação;
Jequitinhonha e Mucuri; b) um representante do Conselho Estadual de Educação;
j) um representante do Conselho dos Povos Indígenas de c) um representante da Secretaria de Estado de
Minas Gerais; e Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais;
k) um representante da União Nacional dos Conselhos d) um representante da Secretaria de Estado de
Municipais de Educação. Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e do
§ 1° Cada órgão ou entidade indicará um titular e um Norte de Minas;
suplente para representá-lo junto à Comissão, que serão e) um representante da Secretaria de Estado de Trabalho e
designados mediante portaria do Secretário de Estado de Emprego;
Educação, devidamente publicada no Diário Oficial dos f) um representante da Empresa de Assistência Técnica e
Poderes do Estado. Extensão Rural de Minas Gerais;
§ 2º O suplente substituirá o seu titular em suas ausências g) um representante da Universidade Estadual de Montes
e impedimentos. Claros;
§ 3° O mandato dos titulares e seus suplentes será de dois h) um representante da Universidade do Estado de Minas
anos, sendo permitida, em qualquer caso, apenas uma Gerais;
recondução. .......................................................................................................................”
§ 4º A presidência da Comissão será exercida por um dos (nr)
representantes da SEE, por indicação de seu Secretário.
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua
Art. 4° A participação nas atividades da Comissão é publicação.
considerada serviço público relevante, vedada a remuneração,
a qualquer título, de seus integrantes. Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, aos 30 de abril de
2013; 225º da Inconfidência
Art. 5º As reuniões ordinárias da Comissão serão públicas Mineira e 192º da Independência do Brasil.
e terão periodicidade mensal, devendo ser convocadas com ANTONIO AUGUSTO JUNHO ANASTASIA
antecedência mínima de quarenta e oito horas, mediante Danilo de Castro
publicação no Diário Oficial dos Poderes do Estado e Maria Coeli Simões Pires
comunicação dirigida aos representantes das entidades. Renata Maria Paes de Vilhena
Parágrafo único. Poderão ser convocadas reuniões José Silva Soares
extraordinárias sempre que necessário. Ana Lúcia Almeida Gazzola
Elmiro Alves do Nascimento
Art. 6° O apoio administrativo e os meios necessários à Gilberto Wagner Martins Pereira Antunes
execução dos trabalhos da comissão serão fornecidos pelos
órgãos e entidades nele representadas, sob coordenação da Decreto Estadual nº 46.939, de 21 de janeiro de 2016.
SEE.
Altera o Decreto nº 46.218, de 15 de abril de 2013, que cria
Art. 7° A SEE baixará normas complementares para a Comissão Permanente de Educação no Campo em Minas
garantir o cumprimento do disposto neste Decreto. Gerais.

Art. 8º Este Decreto entra em vigor na data de sua O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no uso de
publicação. atribuição que lhe confere o inciso VII do art. 90 da
Constituição do Estado,
Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, aos 15 de abril de
2013; 225º da Inconfidência DECRETA:
Mineira e 192º da Independência do Brasil. Art. 1o Os incisos I e II do caput e o § 3° do art. 3o do
ANTONIO AUGUSTO JUNHO ANASTASIA Decreto no 46.218, de 15 de abril de 2013, passam a vigorar
Danilo de Castro com a seguinte redação: “Art. 3o
Maria Coeli Simões Pires .............................................................................................................................
Renata Maria Paes de Vilhena I – representantes do Poder Executivo estadual:
Ana Lúcia Almeida Gazzola a) cinco representantes da Secretaria de Estado de
Elmiro Alves do Nascimento Educação – SEE;
Gilberto Wagner Martins Pereira Antunes b) um representante do Conselho Estadual de Educação –
CEE;
Decreto Estadual nº 46.233, de 30 de abril de 2013. c) um representante da Secretaria de Estado de
Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas
Altera o Decreto nº 46.218, de 16 de abril de 2013, que cria Gerais – SEDINOR;
a Comissão Permanente de Educação do Campo em Minas d) um representante da Secretaria de Estado de
Gerais. Desenvolvimento Agrário – SEDA;
e) um representante da Secretaria de Estado de Trabalho e
O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no uso de Desenvolvimento Social – SEDESE;
atribuição que lhe confere o inciso VII do art. 90 da f) um representante da Secretaria de Estado de
Constituição do Estado, Agricultura, Pecuária e Abaste- cimento – SEAPA;
g) um representante da Empresa de Assistência Técnica e
DECRETA: Extensão Rural de Minas Gerais– EMATER;
h) um representante da Universidade Estadual de Montes
Art. 1° O inciso I do art. 3o do Decreto no 46.218, de 16 de Claros – UNIMONTES; i) um representante da Universidade do
abril de 2013, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 3º Estado de Minas Gerais – UEMG.
.................................................................................................................... II – como membros convidados, um representante:

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a) da Frente Parlamentar Mista pela Educação do Campo 126º da República


da Câmara dos Deputados; DILMA ROUSSEFF
b) da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da José Eduardo Cardozo
Assembleia Legislativa de Minas Gerais; José Henrique Paim Fernandes
c) da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Sergio Braune Solon de Pontes
Educação – Seção Minas Gerais– UNDIME-MG; Miguel Rossetto
d) da União Nacional dos Conselhos Municipais de Luiza Helena de Bairros
Educação – UNCME-MG;
e) da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do
Estado de Minas Gerais – FETAEMG; XII - Diretrizes Operacionais
f) da Federação das Comunidades Quilombolas do Estado
de Minas Gerais –
Básicas para a Educação
N ́Golo; Básica nas escolas do
g) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – campo.
MST-MG;
h) da Comissão Pastoral da Terra – CPT-MG;
i) da Associação Mineira das Escolas Famílias Agrícolas –
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE
AMEFA; j) da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG;
EDUCAÇÃO BÁSICA
k) da Universidade Federal de Viçosa – UFV; l) da
RESOLUÇÃO CNE/CEB 1, DE 3 DE ABRIL DE 2002.
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri –
UFVJM
Institui Diretrizes Operacionais para a Educação Básica
§ 3° O mandato dos titulares e seus suplentes será de três
nas escolas do campo.
anos, sendo permitida, em qualquer caso, apenas uma
recondução.................................................................” (nr)
O Presidente da Câmara da Educação Básica, reconhecido
o modo próprio de vida social e o de utilização do espaço do
Art. 2° O caput do art. 5o do Decreto no 46.218, de 2013,
campo como fundamentais em sua diversidade, para a
passa a vigorar com a seguinte redação:
constituição da identidade da população rural e de sua
inserção cidadã na definição dos rumos da sociedade
“Art. 5° As reuniões ordinárias da Comissão serão públicas
brasileira, e tendo em vista o disposto na Lei nº 9.394, de 20 de
e terão periodicidade bi- mestral, devendo ser convocadas
dezembro de 1996 (LDB); na Lei nº 9.424, de 24 de dezembro
com antecedência mínima de quarenta e oito horas, mediante
de 1996, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e
publicação no Diário Oficial dos Poderes do Estado e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
comunicação dirigida aos representantes das entidades.” (nr)
Magistério; na Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, que
aprova o Plano Nacional de Educação; e no Parecer CNE/CEB
Art. 3° Este Decreto entra em vigor na data de sua
nº 36/2001, homologado Despacho do Senhor Ministro da
publicação.
Educação, publicado no DOU de 13 de março de 2002, resolve:
Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, aos 21 de janeiro
Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes
de 2016; 228o da Inconfidência Mineira e 195o da
Operacionais para a Educação Básica nas escolas do campo a
Independência do Brasil.
serem observadas nos projetos das instituições que integram
os diversos sistemas de ensino.
FERNANDO DAMATA PIMENTEL
Publicado no Diário Oficial dos Poderes do Estado de Minas
Art. 2º Estas Diretrizes, com base na legislação
Gerais do dia 22 de janeiro de 2016.
educacional, constituem um conjunto de princípios e de
40
procedimentos que visam adequar o projeto institucional das
ANEXO VI
escolas do campo às Diretrizes Curriculares Nacionais para a
LEI Nº 12.960, DE 27 DE MARÇO DE 2014.
Educação Infantil, para o Ensino Fundamental, para o Ensino
Médio, para a Educação de Jovens e Adultos, para a Educação
Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
Especial, para a Educação Indígena, para a Educação
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para
Profissional de Nível Técnico e para a Formação de Docentes
fazer constar a exigência de manifestação de órgão normativo
da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino
do sistema de ensino para o fechamento de escolas do campo,
Fundamental, em nível médio, na modalidade Normal.
indígenas e quilombolas.
Parágrafo único. A identidade da escola do campo é
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o
definida pela sua vinculação às questões inerentes a sua
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios
dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na
Art. 1º O art. 28 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos
1996, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:
movimentos sociais em defesa de projetos que associem as
soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida
“Art. 28. ........................................................................
coletiva no país.
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo,
indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do
Art. 3º O Poder Público, considerando a magnitude da
órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que
importância da educação escolar para o exercício da cidadania
considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de
plena e para o desenvolvimento de um país cujo paradigma
Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a
tenha como referências a justiça social, a solidariedade e o
manifestação da comunidade escolar.” (NR)
diálogo entre todos, independente de sua inserção em áreas
urbanas ou rurais, deverá garantir a universalização do acesso
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
da população do campo à Educação Básica e à Educação
Profissional de Nível Técnico.
Brasília, 27 de março de 2014; 193º da Independência e

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Art. 4° O projeto institucional das escolas do campo, gestão democrática, constituindo mecanismos que
expressão do trabalho compartilhado de todos os setores possibilitem estabelecer relações entre a escola, a comunidade
comprometidos com a universalização da educação escolar local, os movimentos sociais, os órgãos normativos do sistema
com qualidade social, constituir-se-á num espaço público de de ensino e os demais setores da sociedade.
investigação e articulação de experiências e estudos
direcionados para o mundo do trabalho, bem como para o Art. 11 Os mecanismos de gestão democrática, tendo como
desenvolvimento social, economicamente justo e perspectiva o exercício do poder nos termos do disposto no §
ecologicamente sustentável. 1º do art. 1º da Constituição Federal, contribuirão
diretamente:
Art. 5º As propostas pedagógicas das escolas do campo, I - para a consolidação da autonomia das escolas e o
respeitadas as diferenças e o direito à igualdade e cumprindo fortalecimento dos conselhos que propugnam por um projeto
imediata e plenamente o estabelecido nos arts. 23, 26 e 28 da de desenvolvimento que torne possível à população do campo
Lei nº 9.394/96, contemplarão a diversidade do campo em viver com dignidade;
todos os seus aspectos: sociais, culturais, políticos, II - para a abordagem solidária e coletiva dos problemas do
econômicos, de gênero, geração e etnia. campo, estimulando a autogestão no processo de elaboração,
Parágrafo único. Para observância do estabelecido neste desenvolvimento e avaliação das propostas pedagógicas das
artigo, as propostas pedagógicas das escolas do campo, instituições de ensino.
elaboradas no âmbito da autonomia dessas instituições, serão
desenvolvidas e avaliadas sob a orientação das Diretrizes Art. 12 O exercício da docência na Educação Básica,
Curriculares Nacionais para a Educação Básica e a Educação cumprindo o estabelecido nos arts. 12, 13, 61 e 62 da LDB e
Profissional de Nível Técnico. nas Resoluções CNE/CEB nº 3/97 e nº 2/99, assim como os
Pareceres CNE/CP nº 9/2001, nº 27/2001 e nº 28/2001, e as
Art. 6º O Poder Público, no cumprimento das suas Resoluções CNE/CP nº 1/2002 e nº 2/2002, a respeito da
responsabilidades com o atendimento escolar e à luz da formação de professores em nível superior para a Educação
diretriz legal do regime de colaboração entre a União, os Básica, prevê a formação inicial em curso de licenciatura,
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, proporcionará estabelecendo como qualificação mínima, para a docência na
Educação Infantil e Ensino Fundamental nas comunidades Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o
rurais, inclusive para aqueles que não o concluíram na idade curso de formação de professores em Nível Médio, na
prevista, cabendo, em especial aos Estados, garantir as modalidade Normal.
condições necessárias para o acesso ao Ensino Médio e à Parágrafo único. Os sistemas de ensino, de acordo com o
Educação Profissional de Nível Técnico. art. 67 da LDB desenvolverão políticas de formação inicial e
continuada, habilitando todos os professores leigos e
Art. 7º É de responsabilidade dos respectivos sistemas de promovendo o aperfeiçoamento permanente dos docentes.
ensino, através de seus órgãos normativos, regulamentar as Art. 13 Os sistemas de ensino, além dos princípios e
estratégias específicas de atendimento escolar do campo e a diretrizes que orientam a Educação Básica no país, observarão,
flexibilização da organização do calendário escolar, no processo de normatização complementar da formação de
salvaguardando, nos diversos espaços pedagógicos e tempos professores para o exercício da docência nas escolas do campo,
de aprendizagem, os princípios da política de igualdade. os seguintes componentes:
§ 1° O ano letivo, observado o disposto nos arts. 23, 24 e 28 I - estudos a respeito da diversidade e o efetivo
da LDB, poderá ser estruturado independente do ano civil. protagonismo das crianças, dos jovens e dos adultos do campo
§ 2° As atividades constantes das propostas pedagógicas na construção da qualidade social da vida individual e coletiva,
das escolas, preservadas as finalidades de cada etapa da da região, do país e do mundo;
Educação Básica e da modalidade de ensino prevista, poderão II - propostas pedagógicas que valorizem, na organização
ser organizadas e desenvolvidas em diferentes espaços do ensino, a diversidade cultural e os processos de interação e
pedagógicos, sempre que o exercício do direito à educação transformação do campo, a gestão democrática, o acesso ao
escolar e o desenvolvimento da capacidade dos alunos de avanço científico e tecnológico e respectivas contribuições
aprender e de continuar aprendendo assim o exigirem. para a melhoria das condições de vida e a fidelidade aos
princípios éticos que norteiam a convivência solidária e
Art. 8° As parcerias estabelecidas visando ao colaborativa nas sociedades democráticas.
desenvolvimento de experiências de escolarização básica e de
Educação Profissional, sem prejuízo de outras exigências que Art. 14 O financiamento da educação nas escolas do campo,
poderão ser acrescidas pelos respectivos sistemas de ensino, tendo em vista o que determina a Constituição Federal, no art.
observarão: 212 e no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
I - articulação entre a proposta pedagógica da instituição e Transitórias, a LDB, nos arts. 68, 69, 70 e 71, e a
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a respectiva etapa da regulamentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
Educação Básica ou da Educação Profissional; do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Lei nº
II - direcionamento das atividades curriculares e 9.424/96), será assegurado mediante cumprimento da
pedagógicas para um projeto de desenvolvimento sustentável; legislação a respeito do financiamento da educação escolar no
III - avaliação institucional da proposta e de seus impactos Brasil.
sobre a qualidade da vida individual e coletiva;
IV - controle social da qualidade da educação escolar, Art. 15 No cumprimento do disposto no § 2º do art. 2º, da
mediante a efetiva participação da comunidade do campo. Lei nº 9.424/96, que determina a diferenciação do custo-aluno
com vistas ao financiamento da educação escolar nas escolas
Art. 9º As demandas provenientes dos movimentos sociais do campo, o Poder Público levará em consideração:
poderão subsidiar os componentes estruturantes das políticas I - as responsabilidades próprias da União, dos Estados, do
educacionais, respeitado o direito à educação escolar, nos Distrito Federal e dos Municípios com o atendimento escolar
termos da legislação vigente. em todas as etapas e modalidades da Educação Básica,
contemplada a variação na densidade demográfica e na
Art. 10 O projeto institucional das escolas do campo, relação professor/aluno;
considerado o estabelecido no art. 14 da LDB, garantirá a

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II - as especificidades do campo, observadas no V - com as iniciativas e os programas de formação


atendimento das exigências de materiais didáticos, implementados pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos
equipamentos, laboratórios e condições de deslocamento dos Municípios.
alunos e professores apenas quando o atendimento escolar
não puder ser assegurado diretamente nas comunidades CAPÍTULO I
rurais; DOS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS
III - remuneração digna, inclusão nos planos de carreira e Seção I
institucionalização de programas de formação continuada Dos princípios
para os profissionais da educação que propiciem, no mínimo,
o disposto nos arts. 13, 61, 62 e 67 da LDB. Art. 2o Para atender às especificidades do exercício de suas
atividades e aos objetivos das diferentes etapas e modalidades
Art. 16 Esta Resolução entra em vigor na data de sua da educação básica, a formação dos profissionais da educação
publicação, ficando revogadas as disposições em contrário. terá como princípios:
I - o compromisso com um projeto social, político e ético
FRANCISCO APARECIDO CORDÃO que contribua para a consolidação de uma nação soberana,
democrática, justa, inclusiva e que promova a emancipação
dos indivíduos e dos grupos sociais;
XIII - Política Nacional de II - o compromisso dos profissionais e das instituições com
o aprendizado dos estudantes na idade certa, como forma de
Formação de Profissionais redução das desigualdades educacionais e sociais;
do Magistério da Educação III - a colaboração constante, articulada entre o Ministério
Básica. da Educação, os sistemas e as redes de ensino, as instituições
educativas e as instituições formadoras;
IV - a garantia de padrão de qualidade nos cursos de
formação inicial e continuada;
DECRETO Nº 8.752, DE 9 DE MAIO DE 2016
V - a articulação entre teoria e prática no processo de
formação, fundada no domínio de conhecimentos científicos,
DISPÕE SOBRE A POLÍTICA NACIONAL DE FORMAÇÃO DOS
pedagógicos e técnicos específicos, segundo a natureza da
PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA.
função;
VI - a articulação entre formação inicial e formação
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
continuada, e entre os níveis, as etapas e as modalidades de
lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, tendo
ensino;
em vista o disposto no art. 211, caput e § 1o, da Constituição,
VII - a formação inicial e continuada, entendidas como
no art. 3o, caput, incisos VII e IX, e art. 8o da Lei no 9.394, de 20
componentes essenciais à profissionalização, integrando-se ao
de dezembro de 1996, na Lei no 10.172, de 9 de janeiro de
cotidiano da instituição educativa e considerando os
2001, no art. 2o da Lei no 8.405, de 9 de janeiro de 1992, e
diferentes saberes e a experiência profissionais;
Considerando as Metas 15 e 16 do Plano Nacional de
VIII - a compreensão dos profissionais da educação como
Educação, aprovado pela Lei no 13.005, de 24 de junho de
agentes fundamentais do processo educativo e, como tal, da
2014,
necessidade de seu acesso permanente a processos
DECRETA:
formativos, informações, vivência e atualização profissional,
visando à melhoria da qualidade da educação básica e à
Art. 1o Fica instituída a Política Nacional de Formação dos
qualificação do ambiente escolar;
Profissionais da Educação Básica, com a finalidade de fixar
IX - a valorização dos profissionais da educação, traduzida
seus princípios e objetivos, e de organizar seus programas e
em políticas permanentes de estímulo à profissionalização, à
ações, em regime de colaboração entre os sistemas de ensino
progressão na carreira, à melhoria das condições de
e em consonância com o Plano Nacional de Educação - PNE,
remuneração e à garantia de condições dignas de trabalho;
aprovado pela Lei no 13.005, de 24 de junho de 2014, e com os
X - o reconhecimento das instituições educativas e demais
planos decenais dos Estados, do Distrito Federal e dos
instituições de educação básica como espaços necessários à
Municípios.
formação inicial e à formação continuada;
§ 1o Para fins desde Decreto, consideram-se profissionais
XI - o aproveitamento e o reconhecimento da formação, do
da educação básica as três categorias de trabalhadores
aprendizado anterior e da experiência laboral pertinente, em
elencadas no art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
instituições educativas e em outras atividades;
1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a saber:
XII - os projetos pedagógicos das instituições formadoras
professores, pedagogos e funcionários da educação, atuantes
que reflitam a especificidade da formação dos profissionais da
nas redes públicas e privadas da educação básica ou a elas
educação básica, que assegurem a organicidade ao trabalho
destinados.
das diferentes unidades que concorram para essa formação e
§ 2o O disposto no caput será executado na forma
a sólida base teórica e interdisciplinar e que efetivem a
estabelecida pelos art. 61 a art. 67 da Lei no 9.394, de 1996, e
integração entre teoria e as práticas profissionais;
abrangerá as diferentes etapas e modalidades da educação
XIII - a compreensão do espaço educativo na educação
básica.
básica como espaço de aprendizagem, de convívio
§ 3o O Ministério da Educação, ao coordenar a Política
cooperativo, seguro, criativo e adequadamente equipado para
Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica,
o pleno aproveitamento das potencialidades de estudantes e
deverá assegurar sua coerência com:
profissionais da educação básica; e
I - as Diretrizes Nacionais do Conselho Nacional de
XIV - a promoção continuada da melhoria da gestão
Educação - CNE;
educacional e escolar e o fortalecimento do controle social.
II - com a Base Nacional Comum Curricular;
III - com os processos de avaliação da educação básica e
superior;
IV - com os programas e as ações supletivas do referido
Ministério; e

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Seção II profissionalização, avaliação, supervisão e regulação da oferta


Dos objetivos dos cursos técnicos e superiores.

Art. 3o São objetivos da Política Nacional de Formação dos Art. 5o A Política Nacional de Formação de Profissionais da
Profissionais da Educação Básica: Educação Básica contará com Comitê Gestor Nacional e com
I - instituir o Programa Nacional de Formação de Fóruns Estaduais Permanentes de Apoio à Formação dos
Profissionais da Educação Básica, o qual deverá articular ações Profissionais da Educação Básica.
das instituições de ensino superior vinculadas aos sistemas Parágrafo único. O detalhamento da composição, das
federal, estaduais e distrital de educação, por meio da atribuições e formas de funcionamento do Comitê Gestor
colaboração entre o Ministério da Educação, os Estados, o Nacional e dos Fóruns Estaduais Permanentes de Apoio à
Distrito Federal e os Municípios; Formação dos Profissionais da Educação Básica será objeto de
II - induzir avanços na qualidade da educação básica e ato do Ministro de Estado da Educação, atendidas as
ampliar as oportunidades de formação dos profissionais para disposições deste Decreto.
o atendimento das políticas deste nível educacional em todas
as suas etapas e modalidades, e garantir a apropriação Art. 6o O Comitê Gestor Nacional terá como atribuições:
progressiva da cultura, dos valores e do conhecimento, com a I - aprovar o Planejamento Estratégico Nacional proposto
aprendizagem adequada à etapa ou à modalidade cursada pelo Ministério da Educação;
pelos estudantes; II - sugerir ajustes e recomendar planos estratégicos
III - identificar, com base em planejamento estratégico estaduais para a formação dos profissionais da Educação
nacional, e suprir, em regime de colaboração, a necessidade Básica e suas revisões, além de opinar em relação ao
das redes e dos sistemas de ensino por formação inicial e Planejamento Estratégico Nacional e às ações e aos programas
continuada dos profissionais da educação básica, de forma a integrados e complementares que darão sustentação à política
assegurar a oferta em quantidade e nas localidades nacional; e
necessárias; III - definir normas gerais para o funcionamento dos
IV - promover a integração da educação básica com a Fóruns Estaduais Permanentes e do Fórum Distrital
formação inicial e continuada, consideradas as características Permanente de Apoio à Formação dos Profissionais da
culturais, sociais e regionais em cada unidade federativa; Educação Básica e o acompanhamento desuas atividades.
V - apoiar a oferta e a expansão de cursos de formação Parágrafo único. O Comitê Gestor Nacional será presidido
inicial e continuada em exercício para profissionais da pelo Secretário-Executivo do Ministério da Educação e contará
educação básica pelas instituições de ensino superior em com a participação:
diferentes redes e sistemas de ensino, conforme estabelecido I - das secretarias e autarquias do Ministério da Educação;
pela Meta 15 do PNE; II - de representantes dos sistemas federal, estaduais,
VI - promover a formação de profissionais comprometidos municipais e distrital de educação;
com os valores de democracia, com a defesa dos direitos III - de profissionais da educação básica, considerada a
humanos, com a ética, com o respeito ao meio ambiente e com diversidade regional; e
relações étnico-raciais baseadas no respeito mútuo, com vistas IV - de entidades científicas.
à construção de ambiente educativo inclusivo e cooperativo;
VII - assegurar o domínio dos conhecimentos técnicos, Art. 7o Os Fóruns Estaduais Permanentes e o Fórum
científicos, pedagógicos e específicos pertinentes à área de Permanente do Distrito Federal de Apoio à Formação dos
atuação profissional, inclusive da gestão educacional e escolar, Profissionais da Educação Básica terão como atribuições:
por meio da revisão periódica das diretrizes curriculares dos I - elaborar e propor plano estratégico estadual ou distrital,
cursos de licenciatura, de forma a assegurar o foco no conforme o caso, para a formação dos profissionais da
aprendizado do aluno; educação, com base no Planejamento Estratégico Nacional;
VIII - assegurar que os cursos de licenciatura contemplem II - acompanhar a execução do referido plano, avaliar e
carga horária de formação geral, formação na área do saber e propor eventuais ajustes, com vistas ao aperfeiçoamento
formação pedagógica específica, de forma a garantir o campo contínuo das ações integradas e colaborativas por ele
de prática inclusive por meio de residência pedagógica; e propostas; e
IX - promover a atualização teórico-metodológica nos III - manter agenda permanente de debates para o
processos de formação dos profissionais da educação básica, aperfeiçoamento da política nacional e de sua integração com
inclusive no que se refere ao uso das tecnologias de as ações locais de formação.
comunicação e informação nos processos educativos. Parágrafo único. Nos Fóruns Estaduais Permanentes e no
Fórum Permanente do Distrito Federal, terão assento
CAPÍTULO II representantes da esfera federal, estadual, municipal, das
DA ORGANIZAÇÃO, DO PLANEJAMENTO E DOS instituições formadoras e dos profissionais da educação,
PROGRAMAS E AÇÕES INTEGRADOS E COMPLEMENTARES visando à concretização do regime de colaboração.
Seção I
Da organização Seção II
Do Planejamento Estratégico Nacional e dos Planos
Art. 4o A Política Nacional de Formação de Profissionais da Estratégicos dos Estados e do Distrito Federal
Educação Básica será orientada pelo Planejamento Estratégico
Nacional, documento de referência proposto pelo Ministério Art. 8o O Planejamento Estratégico Nacional, elaborado
da Educação para a formulação de Planos Estratégicos em cada pelo Ministério da Educação e aprovado pelo Comitê Gestor
unidade federativa e para a implementação das ações e dos Nacional, terá duração quadrienal e revisões anuais, ouvidos
programas integrados e complementares. os Fóruns Estaduais Permanentes de Apoio à Formação dos
Parágrafo único. As ações e os programas integrados e Profissionais da Educação Básica, e deverá:
complementares serão aqueles de apoio técnico e financeiro I - assegurar a oferta de vagas em cursos de formação de
aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal, de forma professores e demais profissionais da educação em
complementar ao previsto nos Planejamentos Estratégicos, conformidade com a demanda regional projetada de novos
visando ao fortalecimento dos processos de formação, professores;

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II - assegurar a oferta de vagas em cursos de formação § 1o As formas de apoio técnico e financeiro serão
inicial e continuada de professores em exercício que não definidas em ato do Ministro de Estado da Educação.
possuam a graduação e a licenciatura na área de sua atuação, § 2o Cada ação de apoio técnico ou financeiro por parte da
conforme os critérios de prioridade em associação com os União deverá estar em consonância com o Plano Estratégico
sistemas de ensino; Nacional e seguirá regramento próprio, estabelecido pelo
III - assegurar a oferta de vagas em cursos de formação Ministério da Educação, em conformidade com os
continuada integrados à pós-graduação para professores da compromissos assumidos descritos em plano estratégico
educação básica; e estadual ou distrital.
IV - promover, em associação com governos estaduais, § 3o Nos planos estratégicos a que se refere o inciso I do
municipais e distrital, a formação continuada de professores caput do art. 7º, deverão também estar relacionadas as
da educação básica mediante integração ensino-serviço, contrapartidas e os compromissos assumidos pelos Estados,
inclusive por meio de residência pedagógica. pelo Distrito Federal e pelos Municípios.
Parágrafo único. O Ministério da Educação desenvolverá
formas de ação coordenada e colaboração entre os sistemas Seção III
federal, estaduais, municipal e distrital, com vistas a assegurar Dos programas e ações integrados e complementares
a oferta de vagas de formação inicial na quantidade e a
distribuição geográfica adequada à demanda projetada pelas Art. 12. O Planejamento Estratégico Nacional deverá
redes de educação básica. prever programas e ações integrados e complementares
relacionados às seguintes iniciativas:
Art. 9o Os planos estratégicos a que se refere o inciso I I - formação inicial e continuada em nível médio e superior
do caput do art. 7o serão quadrienais, com revisões anuais, e para os trabalhadores da educação que atuem na rede pública
deverão contemplar: e nas escolas comunitárias gratuitas da educação básica, em
I - diagnóstico e identificação das necessidades de funções identificadas como da Categoria III dos profissionais
formação inicial e continuada de profissionais da educação e da educação;
da capacidade de atendimento das instituições envolvidas, de II - iniciação à docência e ao apoio acadêmico a licenciandos e
acordo com o Planejamento Estratégico Nacional; licenciados;
II - definição de ações a serem desenvolvidas para o III - formação pedagógica para graduados não licenciados;
atendimento das necessidades de formação inicial e IV - formação inicial em nível médio, na modalidade normal
continuada, nas diferentes etapas e modalidades de ensino; e para atuantes em todas as redes de ensino, na educação infantil e
III - atribuições e responsabilidades de cada partícipe, com nos anos iniciais do ensino fundamental na função de magistério;
especificação dos compromissos assumidos, inclusive V - estímulo à revisão da estrutura acadêmica e curricular
financeiros. dos cursos de licenciatura, em articulação com as Diretrizes
Curriculares Nacionais e com a Base Nacional Comum
Art. 10. O diagnóstico, o planejamento e a organização do Curricular da Educação Básica;
atendimento das necessidades de formação inicial e VI - estímulo ao desenvolvimento de projetos pedagógicos
continuada de profissionais das redes e dos sistemas de ensino que visem a promover desenhos curriculares próprios à
que integrarão o Planejamento Estratégico Nacional e os formação de profissionais do magistério para atendimento da
planejamentos estratégicos estaduais e distrital se basearão Educação Profissional e Tecnológica, Educação de Jovens e
nos dados do Censo Escolar da Educação Básica, do Censo Adultos, Educação Especial, Educação do Campo, de povos
Escolar da Educação Superior e nas informações oficiais indígenas e de comunidades remanescentes de quilombos;
disponibilizadas por outras agências federais e pelas VII - estímulo ao desenvolvimento de projetos pedagógicos
Secretarias de Educação dos Estados, do Distrito Federal e dos que visem a promover novos desenhos curriculares ou
Municípios, em especial os indicadores dos Planos de Ações percursos formativos destinados aos profissionais da
Articuladas. educação básica;
VIII - residência docente, que estimulem a integração entre
Art. 11. No âmbito dos planos estratégicos a que se refere teoria e prática em escolas de comprovada qualidade
o inciso I do caput do art. 7o, o Ministério da Educação apoiará educativa;
técnica ou financeiramente, conforme o caso: IX - formação continuada no contexto dos pactos nacionais
I - cursos de formação inicial de nível superior em de desenvolvimento da educação básica;
licenciatura; X - mestrados acadêmicos e profissionais para graduados;
II - cursos de formação inicial necessários para cada XI - intercâmbio de experiências formativas e de
categoria dos profissionais da educação, decorrentes das colaboração entre instituições educacionais;
demandas para as diferentes funções que desempenham; XII - formação para a gestão das ações e dos programas
III - cursos de segunda licenciatura, para profissionais do educacionais e para o fortalecimento do controle social;
magistério em exercício, para que tenham formação na área XIII - apoio, mobilização e estímulo a jovens para o
em que atuam; ingresso na carreira docente;
IV - cursos de formação pedagógica para graduados não XIV - financiamento estudantil a estudantes matriculados
licenciados; em cursos de licenciatura com avaliação positiva pelo Sistema
V - cursos de formação técnica de nível médio e superior Nacional de Avaliação da Educação Superior - Sinaes, na forma
nas áreas de Secretaria Escolar, Alimentação Escolar, disciplinada pela Lei no 10.861, de 10 de abril de 2004,
Infraestrutura Escolar, Multimeios Didáticos, Biblioteconomia inclusive a amortização do saldo devedor pela docência efetiva
e Orientação Comunitária, podendo este rol ser ampliado na rede pública de educação básica;
conforme a demanda observada e a capacidade da rede XV - cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os
formadora; Municípios nos processos de ingresso e fortalecimento dos
VI - cursos de formação continuada; planos de carreira, melhoria da remuneração e das condições
VII - programas de iniciação à docência, inclusive por meio de trabalho, valorização profissional e do espaço escolar; e
de residência pedagógica; e XVI - realização de pesquisas, incluídas aquelas destinadas
VIII - ações de apoio a órgãos e instituições formadoras ao mapeamento, ao aprofundamento e à consolidação dos
públicas vinculadas às Secretarias de Educação dos Estados, estudos sobre perfil, demanda e processos de formação de
dos Municípios e do Distrito Federal. profissionais da educação.

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Art. 13. Os cursos de formação inicial e continuada


deverão privilegiar a formação geral, a formação na área do
saber e a formação pedagógica específica.
XIV - Organização e o
funcionamento do ensino
Art. 14. O Ministério da Educação, em colaboração com os nas Escolas Estaduais de
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, apoiará programas
e cursos de segunda licenciatura e complementação
Educação Básica de Minas
pedagógica para profissionais que atuem em áreas do Gerais.
conhecimento nas quais não possuam formação específica de
nível superior.
RESOLUÇÃO SEE N° 2197, DE 26 DE OUTUBRO DE 2012.
Art. 15. Serão fortalecidas as funções de avaliação,
regulação e supervisão da educação profissional e superior, Dispõe sobre a organização e o funcionamento do ensino
visando a plena implementação das diretrizes curriculares nas Escolas Estaduais de Educação Básica de Minas Gerais e dá
relativas à formação dos profissionais da educação básica. outras providências.
Parágrafo único. O Sinaes, instituído pela Lei no 10.861, de
2004, preverá regime especial para avaliação das A SECRETÁRIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, no uso de sua
licenciaturas, inclusive no que diz respeito ao Exame Nacional competência, tendo em vista o disposto na Lei n°9.394, de 20
de Desempenho dos Estudantes - Enade. de dezembro de 1996, nas Resoluções do Conselho Nacional
de Educação n° 4, de 13 de julho de 2010, no 7, de 14 de
Art. 16. A Coordenação Nacional de Aperfeiçoamento de dezembro de 2010 e no 2, de 30 de janeiro de 2012, nos
Pessoal de Nível Superior - Capes fomentará a pesquisa Pareceres do Conselho Estadual de Educação no 1132, de 12
aplicada nas licenciaturas e nos programas de pós-graduação, de dezembro de 1997, e no 1158, de 11 de dezembro de 1998,
destinada à investigação dos processos de ensino-
aprendizagem e ao desenvolvimento da didática específica. RESOLVE:
Art. 17. O Ministério da Educação coordenará a realização TÍTULO I
de prova nacional para docentes para subsidiar os Estados, o DA ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO ESCOLAR
Distrito Federal e os Municípios, mediante adesão, na CAPÍTULO I
realização de concursos públicos de admissão de profissionais DAS DISPOSICÖESPRELIMINARES
do magistério da educação básica pública, de maneira a
harmonizar a conclusão da formação inicial com o início do Art. 1° A presente Resolução estabelece as diretrizes para
exercício profissional. a organização e o funcionamento do ensino nas Escolas
Estaduais de Educação Básica de Minas Gerais.
CAPÍTULO III Parágrafo único. Estas diretrizes estão em consonância
DISPOSIÇÕES GERAIS com a legislação nacional, com os fundamentos e
procedimentos definidos pelos Conselhos Nacional e Estadual
Art. 18. O Ministério da Educação regulamentará este de Educação, com as normas do Sistema Estadual de Ensino de
Decreto no prazo máximo de sessenta dias, contado da data de Minas Gerais e com a estratégia governamental de longo prazo
sua publicação. definida no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado -
Parágrafo único. O apoio do Ministério da Educação aos PMIDI 2011-2030.
planos estratégicos estadual e distrital de formação em
andamento e aos outros programas e ações de formação de Art. 2° O disposto nesta Resolução, complementada,
profissionais da educação em execução continuam em vigência quando necessário, por normas específicas, aplica-se a todas
até seu encerramento ou até que novos acordos colaborativos as etapas e modalidades da Educação Básica.
sejam construídos e regulamentados no âmbito da Política
Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica. Art. 3° As Escolas da Rede Estadual de Ensino adotarão,
como norteadores de suas ações pedagógicas, os seguintes
Art. 19. Ficam revogados: princípios:
I - o Decreto no 6.755, de 29 de janeiro de 2009; e I - Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e autonomia;
II - o Decreto no 7.415, de 30 de dezembro de 2010. de respeito à dignidade da pessoa humana e de compromisso
com a promoção do bem de todos, contribuindo para combater
Art. 20. Este Decreto entra em vigor na data de sua e eliminar quaisquer manifestações de preconceito de origem,
publicação. gênero, etnia, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação:
Brasília, 9 de maio de 2016; 195o da Independência e II - Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres de
128o da República. cidadania, de respeito ao bem comum e à preservação do
DILMA ROUSSEFF regime democrático e dos recursos ambientais; da busca da
Aloizio Mercadante equidade e da exigência de diversidade de tratamento para
assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que
apresentam diferentes necessidades:
III - Estéticos: do cultivo da sensibilidade juntamente com
o da racionalidade; do enriquecimento das formas de
expressão e do exercício da criatividade da valorização das
diferentes manifestações culturais, especialmente, a da cultura
mineira e da construção de identidades pluraise solidárias.
Parágrafo único. Na Educação Básica, as dimensões
inseparáveis do educar e do cuidar deverão ser consideradas
no desenvolvimento das ações pedagógicas, buscando
recuperar, para a função social desse nível da educação, a sua

Conhecimentos Pedagógicos 154


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centralidade, que é o educando. para garantir o funcionamento previsto, observadas as


vedações da legislação.
Art. 4° As Escolas da Rede Estadual de Ensino devem
assegurar aos pais, conviventes ou não com seus filhos, ou CAPÍTULO IV
responsáveis, o acesso às suas instalações físicas, informá-los DA ORGANIZAÇÃO DO TEMPO ESCOLAR
sobre a execução de seu Projeto Político-Pedagógico e, a cada
bimestre, sobre a frequência e o rendimento dos alunos. Art. 11 A jornada escolar no Ensino Fundamental deve ser
de, no mínimo, 4 horas de trabalho diário, excluído o tempo
CAPÍTULO II destinado ao recreio.
DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E DO
REGIMENTO ESCOLAR Art. 12 Respeitados os dispositivos legais, compete à escola
proceder à organização do tempo escolar no ensino
Art. 5° O Projeto Político-Pedagógico e o Regimento fundamental e médio, assegurando a duração da semana letiva
Escolar de cada unidade de ensino devem ser elaborados e de 05 (cinco) dias.
atualizados em conformidade com a legislação, assegurada a
participação de todos os segmentos representativos da Escola, Art. 13 Poderá ser organizado horário escolar, com aulas
com assessoramento do Serviço de Inspeção Escolar e Equipes geminadas de um mesmo Componente Curricular, para
Pedagógicas Central e Regional, e aprovados pelo Colegiado de melhor desenvolvimento do processo de ensino-
cada Escola, implementados e amplamente divulgados na aprendizagem.
comunidade escolar.
§ 1° O Projeto Político-Pedagógico deve expressar, com CAPÍTULO V
clareza, os direitos de aprendizagem que devem ser garantidos DO ATENDIMENTO DA DEMANDA DA MATRÍCULA, DA
aos alunos. FREQUÊNCIA E DA PERMAN ENCIA
§ 2° Faz parte integrante do Projeto Político-Pedagógico o
Plano de Intervenção Pedagógica (PIP) elaborado, Art. 14. O encaminhamento da população em idade escolar
anualmente, pela Equipe Pedagógica da Escola, a partir dos ao Ensino Fundamental é formalizado por meio do Cadastro
resultados das avaliações internas e externas, com o objetivo Escolar, cujo processamento se faz mediante ação conjunta da
de melhorar o desempenho dos alunos no processo de ensino- Secretaria de Estado de Educação e das Secretarias Municipais
aprendizagem e garantir a continuidade de seu percurso de Educação, obedecidos os critérios definidos em norma
escolar, específica.
Parágrafo único. Será garantida ao aluno do Ensino
Art. 6° Os profissionais da Escola devem reunir-se, Fundamental, anos iniciais ou finais, a continuidade de seus
periodicamente, conforme cronograma estabelecido pela estudos em outra Escola Pública Estadual de Ensino
Equipe Gestora, para estudos, avaliação coletiva das ações Fundamental. Ou Ensino Médio, quando a Escola onde iniciou
desenvolvidas e redimensionamento do processo pedagógico, seu percurso escolar não contar com todas as etapas da
conforme o previsto no Projeto Político Pedagógico e no Plano Educação Básica.
de Intervenção Pedagógica (PIP).
Art. 15 Cabe à Superintendência Regional de Ensino a
CAPÍTULO III divulgação do calendário unificado para a realização das
DO CALENDÁRIO ESCOLAR matrículas nas Escolas Públicas Estaduais.

Art. 7° O Calendário Escolar deve ser elaborado pela Art. 16 A Escola deve renovar ou efetivar a matrícula dos
Escola, em acordo com os parâmetros definidos em norma alunos a cada ano letivo, sendo vedada qualquer forma de
específica, publicada anualmente pela Secretaria de Estado de discriminação, em especial aquelas decorrentes da origem,
Educação - SEE, discutido e aprovado pelo Colegiado e gênero, etnia, cor e idade.
amplamente divulgado, cabendo à Inspeção Escolar Parágrafo único. A matrícula dos alunos poderá ocorrer em
supervisionar o cumprimento das atividades nele previstas. qualquer época do ano.
§ 1° Serão garantidos, no Calendário Escolar, os mínimos
de 200 (duzentos) dias letivos e carga horária de 800 horas, Art. 17 O recurso da classificação tem por objetivo
para os anos iniciais, e de 833 horas e 20 minutos, para os anos posicionar o aluno em qualquer ano da Educação Básica,
finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. compatível com sua idade, experiência, nível de desempenho
§ 2° A Escola deve oferecer atividades complementares ou de conhecimento, nas seguintes situações:
para os alunos que, no ato da matrícula, não tiverem optado I - por promoção, para alunos que cursaram, com
pelo Componente Curricular facultativo, para cumprimento da aproveitamento, o ano anterior, na própria Escola;
carga horária obrigatória. II - por transferência, para alunos procedentes de outra
Escola situada no País ou no exterior, considerando a idade e
Art. 8° Considera-se dia letivo aquele em que professores e desempenho;
alunos desenvolvem atividades de ensino-aprendizagem, de III - independentemente de escolarização anterior,
caráter obrigatório, independentemente do local onde sejam mediante avaliação feita pela Escola, que defina o grau de
realizadas. desenvolvimento e idade do aluno.
Parágrafo único. Os documentos que fundamentarem e
Art. 9° Considera-se dia escolar aquele em que são comprovarem a classificação do aluno deverão ser arquivados
realizadas atividades de caráter pedagógico e administrativo, na pasta individual.
com a presença obrigatória do pessoal docente, técnico e
administrativo, podendo incluir a representação de pais e Art. 18. A reclassificação é o reposicionamento do aluno no
alunos. ano diferente de sua situação atual, a partir de uma avaliação
de seu desempenho, podendo ocorrer nas seguintes situações:
Art. 10 E recomendada a abertura da Escola nos feriados, I - avanço: propicia condições para conclusão de anos da
finais de semana e férias escolares, para atividades educativas Educação Básica, em menos tempo, ao aluno portador de altas
e comunitárias, cabendo à direção da escola encontrar formas habilidades comprovadas por instituição competente;

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II - aceleração: é a forma de reposicionar o aluno com TÍTULO II.


atraso escolar em relação à sua idade, durante o ano letivo; DAS ETAPAS E MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
III - transferência: o aluno proveniente de Escola situada CAPÍTULO I
no País ou exterior poderá ser avaliado e posicionado, em ano ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
diferente ao indicado no seu histórico escolar da Escola de
origem, desde que comprovados conhecimentos e habilidades;
IV - frequência: ao aluno com frequência inferior a 75% da Art. 24 A Educação Básica tem por finalidade desenvolver
carga horária mínima exigida e que apresentar desempenho o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável
satisfatório. " para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
Parágrafo único. Os documentos que fundamentarem e progredir no trabalho e em estudos posteriores.
comprovarem a reclassificação do aluno deverão ser
arquivados na pasta individual. Art. 25 A transição entre as etapas da Educação Básica -
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio - deve
Art. 19. É vedado à escola pública estadual: assegurar formas de articulação das dimensões orgânica e
I - cobrar taxas, contribuições ou exigir pagamentos a sequencial que garantam aos alunos um percurso contínuo de
qualquer título; aprendizagem, com qualidade.
II - exigir das famílias a compra de material escolar
mediante lista estabelecida pela Escola; Art. 26. A Rede Estadual de Ensino oferece, com prioridade,
III - impedir a frequência às aulas ao aluno que não estiver o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, e atende à Educação
usando uniforme ou não dispuser do material escolar: Infantil/Pré-Escola somente em Escolas Indígenas.
IV - vender uniformes.
SEÇÃO I
Art. 20 No ato da matrícula, a direção da Escola deve DO ENSINO FUNDAMENTAL
entregar, por escrito, ao aluno ou ao seu responsável, cópia das
vedações previstas no art. 19, e informá-los sobre os principais Art. 27 O Ensino Fundamental, etapa de escolarização
aspectos da organização e funcionamento do Estabelecimento obrigatória, deve comprometer-se com uma educação com
de Ensino. qualidade social e garantir ao educando:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, com
Art. 21. Terá sua matrícula cancelada o aluno que, sem pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
justificativa, deixar de comparecer à Escola, até o 25º II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
(vigésimo quinto) dia letivo consecutivo, após o início das político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
aulas, ou a contar da data de efetivação da matrícula, se esta fundamenta a sociedade;
ocorrer durante o ano letivo. III - a aquisição de conhecimentos e habilidades, e a
§ 1° Antes de efetuar o cancelamento da matrícula, a formação de atitudes e valores, como instrumentos para uma
direção da Escola deve entrar em contato, por escrito, com o visão crítica do mundo;
aluno ou seu responsável, alertando-o sobre a obrigatoriedade IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
do cumprimento da frequência escolar. solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
§ 2° Configurados o cancelamento da matrícula, o assenta a vida social.
abandono ou repetidas faltas não justificadas do aluno, a Parágrafo único. O Ensino Fundamental deve promover
Escola deve informar o fato, por escrito, ao Conselho Tutelar, um trabalho educativo de inclusão, que reconheça e valorize
ao Juiz Competente da Comarca e ao representante do as experiências e habilidades individuais do aluno, atendendo
Ministério Público do Município. às suas diferenças e necessidades específicas, possibilitando,
§ 3° O aluno que teve a sua matrícula cancelada poderá assim, a construção de uma cultura escolar acolhedora,
retornar para a mesma Escola, se houver vaga, ou para outra respeitosa e garantidora do direito a uma educação que seja
Escola pública estadual. relevante, pertinente e equitativa.

Art. 22 O controle de frequência diária dos alunos é de Art. 28 O Ensino Fundamental, com duração de nove anos,
responsabilidade do professor, que deverá comunicar à estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade,
direção da Escola eventuais faltas consecutivas, para as considerados como blocos pedagógicos sequenciais:
providências cabíveis. I - Ciclo da Alfabetização, com a duração de 3 (três) anos de
§ 1° O estabelecimento de ensino, após apurar a frequência escolaridade, 1°, 2° e 3° ano;
do aluno e constatar uma ausência superior a 05 (cinco) dias II - Ciclo Complementar, com a duração de 2 (dois) anos de
letivos consecutivos ou 10(dez) dias alternados no mês, deve escolaridade, 4° e 5o ano;
entrar em contato, por escrito, com a família ou o responsável III - Ciclo Intermediário, com duração de 2 (dois) anos de
pelo aluno faltoso, com vistas a promover o seu imediato escolaridade, 6° e 7° ano;
retorno às aulas e a regularização da frequência escolar. IV - Ciclo da Consolidação, com duração de 2 (dois) anos de
§ 2° O dirigente do estabelecimento de ensino remeterá ao escolaridade, 8° e 9° ano.
Conselho Tutelar, ao Juiz Competente da Comarca e ao
respectivo representante do Ministério Público a relação Art. 29 Os Ciclos da Alfabetização e Complementar devem
nominal dos alunos cujo número de faltas atingir 15(quinze) garantir o princípio da continuidade da aprendizagem dos
dias letivos consecutivos ou alternados e, também, ao órgão alunos, sem interrupção, com foco na alfabetização e
competente, no caso de aluno cuja família é beneficiada por letramento, voltados para ampliar as oportunidades de
programas de assistência vinculados à frequência escolar. sistematização e aprofundamento das aprendizagens básicas,
para todos os alunos, imprescindíveis ao prosseguimento dos
Art. 23 O descumprimento, pela Escola, dos dispositivos estudos.
que obrigam a comunicação da infrequência e da evasão
escolar à família, ao responsável e às autoridades Art. 30 Os Ciclos Intermediário e da Consolidação devem
competentes, implicará responsabilização administrativa à ampliar e intensificar, gradativamente, o processo educativo
direção do estabelecimento de ensino. no Ensino Fundamental, bem como considerar o princípio da
continuidade da aprendizagem, garantindo a consolidação da

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formação do aluno nas competências e habilidades d) Sociologia.


indispensáveis ao prosseguimento de estudos no Ensino Parágrafo único. A organização curricular do ensino médio,
Médio. que abrange as áreas de conhecimento referentes a
Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências
Art. 31. Os Componentes Curriculares obrigatórios do Humanas, deve garantir tanto conhecimentos e saberes
Ensino Fundamental que integram as áreas de conhecimento comuns necessários a todos os estudantes, quanto uma
são os referentes a: formação que considere a diversidade, as características locais
I - Linguagens: e especificidades regionais.
a) Língua Portuguesa:
b) Língua Materna, para populações indígenas; Art. 36. O currículo das Escolas participantes do Projeto
c) Língua Estrangeira moderna: Reinventando o Ensino Médio terá carga horária de 3.000 (três
d) Arte, em suas diferentes linguagens: cênicas, plásticas e, mil) horas, Conteúdos Interdisciplinares Aplicados e
obrigatoriamente, a musical; Conteúdos Práticos e incluirá, no turno diurno, o sexto horário.
e) Educação Física.
II - Matemática. CAPÍTULO II
III - Ciências da Natureza. DAS MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
IV - Ciências Humanas:
a) História; Art. 37 São modalidades da Educação Básica:
b) Geografia: I - Educação de Jovens e Adultos;
V - Ensino Religioso. II - Educação Especial;
III - Educação Profissional e Tecnológica:
SEÇÃO II IV - Educação do Campo;
DO ENSINO MÉDIO V - Educação Escolar Indígena e Educação Escolar
Quilombola:
Art. 32. O Ensino Médio, etapa conclusiva da Educação Parágrafo único. A cada etapa da Educação Básica pode
Básica, possui duração de 3 (três) anos e tem por finalidade: corresponder uma ou mais das modalidades acima.
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o SEÇÃO I
prosseguimento de estudos; DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
II - a compreensão dos fundamentos científico-
tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria Art. 38 A Educação de Jovens e Adultos - EJA - destina-se
com a prática; àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no
III - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do Ensino Fundamental e Médio na idade própria.
educando para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de
se adaptar a novas condições de ocupação ou de Art. 39. A Educação de Jovens e Adultos é oferecida por
aperfeiçoamento posteriores; meio de:
IV - o aprimoramento do educando como pessoa humana, I - curso presencial:
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia II - curso como momentos presencias e não presenciais;
intelectual e do pensamento crítico. III - cursos de Educação Profissional;
IV - Exames Supletivos para certificação de conclusão do
Art. 33 As Escolas de Ensino Médio devem prover ensino Ensino Fundamental e Médio;
de qualidade, de forma a ampliar o acesso e as taxas de V - Exames Especiais para certificação de conclusão de
conclusão e garantir a melhoria da eficiência no uso dos Ensino Fundamental e Médio, em Bancas Permanentes de
recursos disponíveis e na proficiência dos alunos. Avaliação, implantadas em Centros Estaduais de Educação
Continuada - CESEC:
Art. 34. O primeiro ano do Ensino Médio deve assegurar a § 1° A idade mínima para matrícula em cursos de Ensino
transição harmoniosa dos alunos. provenientes do 9° ano do Fundamental e Médio é de 15 e 18 anos respectivamente;
Ensino Fundamental, considerando o aprofundamento dos § 2° A idade mínima para a realização dos Exames
Componentes Curriculares dos anos finais do Ensino Supletivos e Exames Especiais, no Ensino Fundamental e no
Fundamental e a inclusão de novos Componentes Curriculares. Ensino Médio é 15 e 18 anos completos até a data da realização
da primeira prova, respectivamente.
Art. 35 Os Componentes Curriculares obrigatórios do
Ensino Médio que integram as áreas de conhecimento são os Art. 40. Os cursos presenciais da EJA poderão ser
referentes a: oferecidos nas Escolas Estaduais, para atendimento à
I - Linguagens: demanda efetivamente comprovada, após aprovação desta
a) Língua Portuguesa; Secretaria, e terão a seguinte organização:
b) Língua Materna, para populações indígenas; I - curso presencial dos anos finais do Ensino Fundamental,
c) Língua Estrangeira moderna; com duração de 02 (dois) anos letivos, organizados em
d) Arte, em suas diferentes linguagens: cênicas, plásticas e, 04(quatro) períodos semestrais;
obrigatoriamente, a musical; II - curso presencial do Ensino Médio, com duração de 01
e) Educação Física. (um) ano e meio, organizado em 03 (três) períodos semestrais.
II – Matemática. Parágrafo único. A nova organização dos cursos
III - Ciências da Natureza: presenciais de EJA será implantada, gradativamente, a partir
a) Biologia; do ano de 2013.
b) Física;
c) Química. Art. 41. Os Centros Estaduais de Educação Continuada -
IV - Ciências Humanas: CESEC - e os Postos de Educação . Continuada - PECON -
a) História; oferecem cursos com momentos presenciais e não presenciais
b) Geografia: de Educação de Jovens e Adultos - anos finais do Ensino
c) Filosofia: Fundamental, Ensino Médio e de Educação Profissional.

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Parágrafo único. Os cursos de Educação Básica oferecidos habilidades gerais e específicas para o exercício de atividades
pelo CESEC são desenvolvidos em regime didático de artístico-musicais:
matrícula por disciplina ou conjunto de disciplinas, a qualquer II - a habilitação profissional em nível técnico para o
época do ano, sendo que sua organização, estrutura e exercício competente de atividades profissionais na área da
funcionamento incluem momentos presenciais e não música:
presenciais, sem frequência obrigatória. III - o aperfeiçoamento e a atualização de músicos em seus
conhecimentos e habilidades, bem como a qualificação, a
Art. 42. É de competência da SRE, nos limites de sua profissionalização e a requalificação de profissionais da área
circunscrição, credenciar, mediante portaria, escolas estaduais da música para seu melhor desempenho no trabalho artístico.
que ministram os anos iniciais do Ensino Fundamental para § 3° A difusão cultural deverá ocorrer por meio de cursos
proceder à avaliação de candidato com 15 anos completos que livres, oficinas e atividades de conjunto, visando o
requeira o comprovante de conclusão do 5° ano do Ensino enriquecimento da produção pedagógica e artística dos
Fundamental. Conservatórios e a preservação do patrimônio artístico-
musical regional.
Art. 43. As Escolas Estaduais que funcionam nas unidades
prisionais oferecem cursos presenciais na modalidade EJA e Art. 50 Os Conservatórios Estaduais de Música oferecem:
têm o seu funcionamento regulamentado por normas I - conteúdo específicos de Educação Musical para alunos
específicas. que estão cursando o Ensino Fundamental e Médio;
II - habilitações profissionais para alunos que estão
SEÇÃO II frequentando o Ensino Médio ou já o concluíram;
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL III - cursos de extensão para a comunidade:
IV - cursos de extensão em Educação Musical para
Art. 44. A Educação Especial, modalidade transversal a professores da rede pública de ensino visando à sua formação
todas as etapas e modalidades de ensino, é parte integrante da inicial e continuada.
educação regular, destinada aos alunos com deficiência, § 1° Para ingresso nos cursos Técnicos de Nível Médio, o
transtornos globais do desenvolvimento e altas aluno deve apresentar certificado de conclusão do Ensino
habilidades/superdotação, devendo ser prevista no Projeto Fundamental e submeter-se a exame de capacitação, na forma
Político regimental.
Pedagógico e no Regimento Escolar. § 2° Os Conservatórios Estaduais de Música devem
articular com as Escolas de Ensino Fundamental e Médio para
Art. 45. O Projeto Político-Pedagógico da Escola e o o cumprimento do disposto nos incisos I a IV deste artigo.
Regimento Escolar devem contemplar as condições de acesso, § 3° Os cursos e ações de extensão devem atender,
percurso e permanência dos alunos com deficiência, prioritariamente, os alunos da Rede Pública da Educação
transtornos globais do desenvolvimento e altas Básica e abranger Escolas localizadas em outros municípios,
habilidades/superdotação nas escolas comuns do ensino além do município sede do Conservatório Estadual de Música.
regular, garantindo o processo de inclusão. § 4° Os planos de trabalho dos Conservatórios Estaduais de
Música, após parecer da Superintendência Regional de Ensino,
Art. 46. O Atendimento Educacional Especializado - AEE, devem ser encaminhados anualmente à Subsecretaria de
deve identificar, elaborar, organizar e oferecer os recursos Desenvolvimento da Educação Básica, para aprovação.
pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras
para a plena participação dos alunos, considerando suas SEÇÃO IV
necessidades específicas, em constante articulação com os DA EDUCAÇÃO DO CAMPO
demais serviços ofertados.
Art. 51. A Educação do Campo, tratada como educação
SEÇÃO III rural na legislação brasileira, incorpora os espaços da floresta,
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA da pecuária, das minas e da agricultura, e se estende, também,
aos espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos, quilombolas e
Art. 47 A Educação Profissional e Tecnológica integra-se extrativistas, entre outros.
aos diferentes níveis e modalidades de Educação e às
dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia, e articula-se Art. 52 As Escolas que oferecem a educação para a
com o ensino regular e com as modalidades educacionais da população rural devem proceder às adaptações necessárias às
Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial e Educação a peculiaridades da vida rural e de cada região, observando os
Distância. seguintes aspectos essenciais à organização da ação
pedagógica:
Art. 48 Na modalidade de Educação Profissional e I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às
Tecnológica, os cursos são oferecidos pela Rede Mineira de reais necessidades e aos interesses dos estudantes da Zona
Formação Profissional Técnica de Nível Médio da Secretaria de rural:
Estado de Educação, obedecidos os critérios definidos em II - organização escolar própria, incluindo adequação do
norma específica. calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições
climáticas;
Art. 49. Os Conservatórios Estaduais de Música tem suas III - adequação à natureza do trabalho na Zona rural.
ações voltadas para a formação profissional de músicos, em
nível técnico, a educação musical e a difusão cultural. Art. 53. As Escolas Estaduais do campo podem adotar a
§ 1° A Educação Musical abrange a formação inicial e metodologia da Pedagogia da Alternância, nos anos finais do
sistemática na área da Música pela oferta de cursos regulares Ensino Fundamental, Ensino Médio e na Modalidade de Jovens
a crianças, jovens e adultos. e Adultos.
§ 2° A formação profissional de músicos em nível técnico § 1° As Escolas do Campo que optarem por essa
abrange as funções de criação, execução e produção próprias metodologia devem encaminhar seu Projeto Político-
da arte musical objetivando: Pedagógico, Regimento Escolar, matriz curricular e calendário
I - A capacitação de alunos com conhecimentos, escolar devidamente aprovados pela comunidade escolar e

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parecer da SRE com indicativo da viabilidade de sua familiares aos alunos.


organização, para análise da Subsecretaria de
Desenvolvimento da Educação Básica, até o mês de maio do Art. 57. O Plano Curricular do Ensino Fundamental e
ano anterior àquele em que se propõe a sua implementação Ensino Médio, expressão formal da concepção do currículo da
§ 2° Na elaboração do Projeto Político-Pedagógico, deve escola, decorrente de seu Projeto Político-Pedagógico, deve
ser considerado que a escala de férias dos professores e dos conter uma Base Nacional Comum, definida nas diretrizes
demais servidores das Escolas do Campo deve se organizar curriculares, e uma Parte Complementar Diversificada,
preservando o funcionamento escolar, conforme a proposta definida a partir das características regionais e locais da
apresentada no calendário específico, observando a sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
impossibilidade de designação de servidores no mês de § 1° Deve ser incluído na Parte Diversificada, a partir do 6°
janeiro. ano do Ensino Fundamental, o ensino de, pelo menos, uma
§ 3° Para as Escolas do Campo que adotarem a metodologia Língua Estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da
da Pedagogia da Alternância, consideram-se, também, dias comunidade escolar.
letivos aqueles do tempo laboral ou de atividade na § 2° A Língua Espanhola, de matrícula facultativa ao aluno,
comunidade, em que os alunos desenvolvem ações orientadas é Componente Curricular que deve ser, obrigatoriamente,
por seus professores. ofertado no Ensino Médio.
§ 3° A Educação Física, componente obrigatório de todos
SEÇÃO V os anos do Ensino Fundamental e Médio, será facultativa ao
DA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA E EDUCAÇÃO aluno apenas nas situações previstas no § 3° do artigo 26 da
ESCOLAR QUILOMBOLA Lei nº 9394/96.
§ 4° O Ensino Religioso, de matrícula facultativa ao aluno,
Art. 54. A Educação Escolar Indígena e a Educação Escolar é Componente Curricular que deve ser, obrigatoriamente,
Quilombola de cada povo ou comunidade são oferecidas em ofertado no Ensino Fundamental.
unidades educacionais inscritas nas suas terras e culturas e § 5° A Música constitui conteúdo obrigatório, mas não
requerem pedagogia própria em respeito às especificidades exclusivo, do Componente Curricular Arte, o qual compreende
étnico-culturais. também as artes visuais, o teatro e a dança.
§ 1° O atendimento escolar dos povos indígenas e § 6° A temática História e Cultura Afro-Brasileira e
comunidades quilombolas requer respeito à sua diversidade Indígena deve, obrigatoriamente, ser desenvolvida no âmbito
étnico-cultural, às condições de vida e ainda à utilização de de todo o currículo escolar e, em especial, no ensino de Arte,
pedagogias condizentes com as suas formas próprias de Literatura e História do Brasil.
produzir conhecimentos, observadas as Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Art. 58. Além da Base Nacional Comum e da Parte
§ 2° As Escolas Indígenas devem oferecer ensino Diversificada, devem ser incluídos, permeando todo o
intercultural e bilíngue com vistas à afirmação e à manutenção currículo, Temas Transversais relativos à saúde, sexualidade e
da diversidade étnica e linguística. gênero, vida familiar e social, direitos das crianças e
§ 3° As Escolas Ouilombolas devem assegurar a seus adolescentes, direitos dos idosos, educação ambiental,
alunos os direitos específicos que lhes permitem valorizar e educação em direitos humanos, educação para o consumo,
preservar a sua cultura e reafirmar o seu pertencimento educação fiscal, educação para o trânsito, trabalho, ciência e
étnico. tecnologia, diversidade cultural, dependência química, higiene
bucal e educação alimentar e nutricional, tratados transversal
Art. 55. As Escolas Indígenas e Escolas Quilombolas, em e integradamente, determinados ou não por leis específicas.
comum acordo com seus povos e suas comunidades, têm Parágrafo único. Na implementação do currículo, os Temas
autonomia para definir outros dias de recesso escolar, Transversais devem ser desenvolvidos de forma
observando suas tradições e aspectos culturais, desde que seja interdisciplinar, assegurando, assim, a articulação com a Base
mantido o mínimo de 200 dias letivos e seja assegurado o Nacional Comum e a Parte Diversificada.
transporte escolar onde se fizer necessário.
Parágrafo único. As Escolas Indígenas e Quilombolas Art. 59 Na organização curricular do ensino fundamental e
devem prever, em seu calendário, dias ou períodos para do ensino médio deve ser observado o conjunto de Conteúdos
atividades pedagógicas interdisciplinares relacionadas às suas Básicos Comuns (CBC) a serem ensinados, obrigatoriamente,
tradições culturais, visando à valorização, reconhecimento, por todas as unidades escolares da rede estadual de ensino.
afirmação e manutenção de sua diversidade étnica.
TÍTULO IV
TÍTULO III DA ORGANIZAÇÃO EM CICLOS NO ENSINO
DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL
BÁSICA CAPÍTULO I
DOS CICLOS DA ALFABETIZAÇÃO E COMPLEMENTAR
Art. 56. O currículo da Educação Básica configura-se como
o conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção Art. 60 Considerando que o processo de alfabetização e o
e a socialização de significados no espaço social, contribuindo, zelo com o letramento são a base de sustentação para o
intensamente, para a construção de identidades socioculturais prosseguimento de estudos, com sucesso, as Escolas devem
do educando. organizar suas atividades de modo a assegurar aos alunos um
§ 1° Na implementação do currículo, deve-se evidenciar a percurso contínuo de aprendizagens e a articulação do Ciclo da
contextualização e a interdisciplinaridade, ou seja, formas de Alfabetização com o Ciclo Complementar.
interação e articulação entre diferentes campos de saberes
específicos, permitindo aos alunos a compreensão mais ampla Art. 61 O Ciclo da Alfabetização, a que terão ingresso os
da realidade, alunos com seis anos de idade, terá suas atividades
§. 2° A interdisciplinaridade parte do princípio de que todo pedagógicas organizadas de modo a assegurar que, ao final de
conhecimento mantém um diálogo permanente com outros cada ano, todos os alunos tenham garantidos, pelo menos, os
conhecimentos e a contextualização requer a concretização seguintes direitos de aprendizagem:
dos conteúdos curriculares em situações mais próximas e I - 1º Ano:

Conhecimentos Pedagógicos 159


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a) desenvolver atitudes e disposições favoráveis à leitura; articulada com o processo de alfabetização e letramento e de
b) conhecer os usos e funções sociais da escrita; iniciação à Matemática, crescendo em complexidade ao longo
c) compreender o princípio alfabético do sistema da dos Ciclos.
escrita; II - A questão ambiental contemporânea deve ser abordada
d) ler e escrever palavras e sentenças. partindo da realidade local, mobilizando as emoções e a
II - 2° Ano: energia das crianças para a preservação do planeta e do
a) ler e compreender pequenos textos; ambiente onde vivem.
b) produzir pequenos textos escritos; III - O Componente Curricular Arte deve oportunizar aos
c) fazer uso da leitura e da escrita nas práticas sociais. alunos momentos de recreação e ludicidade, por meio de
III - 3º Ano: atividades artístico-culturais.
a) ler e compreender textos mais extensos: VI - O Ensino Religioso deve reforçar os laços de
b) localizar informações no texto; solidariedade na convivência social e de promoção da paz.
c) ler oralmente com fluência e expressividade:
d) produzir frases e pequenos textos com correção Art. 65. A Escola deve, ao longo de cada ano dos Ciclos da
ortográfica. Alfabetização e Complementar, acompanhar,
§ 1° Ao final do Ciclo da Alfabetização, todos os alunos sistematicamente, a aprendizagem dos alunos, utilizando
devem ter consolidado as capacidades referentes à leitura e à estratégias e recursos diversos para sanar as dificuldades
escrita necessárias para expressar-se, comunicar-se e evidenciadas no momento em que ocorrerem e garantir a
participar das práticas sociais letradas, e ter desenvolvido o progressão continuada dos alunos.
gosto e apreço pela leitura.
§. 2° Ao final do Ciclo da Alfabetização, na área da CAPÍTULO II
Matemática, todos os alunos devem compreender e utilizar o DOS CICLOS INTERMEDIÁRIO E DA CONSOLIDAÇÃO
sistema de numeração, dominar os fatos fundamentais da
adição e subtração, realizar cálculos mentais com números Art. 66. A passagem dos alunos dos ciclos dos anos iniciais
pequenos, dominar conceitos básicos relativos a grandezas e para os ciclos dos anos finais do Ensino Fundamental deverá
medidas, espaço e forma e resolver operações matemáticas receber atenção especial da Escola, a fim de se garantir a
com autonomia. articulação sequencial necessária, especialmente entre o Ciclo
Complementar e o Ciclo Intermediário, em face das demandas
Art. 62 O Ciclo Complementar, com o objetivo de diversificadas exigidas dos alunos, pelos diferentes
consolidar a alfabetização e ampliar o letramento, terá suas professores, em contraponto à unidocência dos anos iniciais.
atividades pedagógicas organizadas de modo a assegurar que Parágrafo único. A Escola deverá, ainda, articular com a
todos os alunos, ao final de cada ano, tenham garantidos, pelo Rede Municipal de Ensino, para evitar obstáculos de acesso aos
menos, os seguintes direitos de aprendizagem: ciclos dos anos finais do Ensino Fundamental, dos alunos que
I - 4°ano: se transfiram de uma rede para outra, para completar esta
a) produzir textos adequados a diferentes objetivos, etapa da Educação Básica.
destinatários e contextos; b) utilizar princípios e regras
ortográficas e conhecer as exceções; Art. 67. Os Ciclos Intermediário e da Consolidação do
c) utilizar as diferentes fontes de leitura para obter Ensino Fundamental, com o objetivo de consolidar e
informações adequadas a diferentes objetivos e interesses: aprofundar os conhecimentos, competências e habilidades
d) selecionar textos literários segundo seus interesses. adquiridos nos Ciclos da Alfabetização e Complementar, terão
II - 5° Ano: suas atividades pedagógicas organizadas de forma gradativa e
a) produzir, com autonomia, textos com coerência de crescente em complexidade, considerando os Conteúdos
ideias, correção ortográfica e gramatical; Básicos Comuns - CBC, de modo a assegurar que, ao final desta
b) ler, compreendendo o conteúdo dos textos, sejam etapa, todos os alunos tenham garantidos, pelo menos, os
informativos, literários, de comunicação ou outros, seguintes direitos de aprendizagem:
§ 1° Ao final do Ciclo Complementar, todos os alunos I - Linguagens:
deverão ser capazes de ler, compreender, retirar informações a) Língua Portuguesa:
contidas no texto e redigir com coerência, coesão, correção - ler, de maneira autônoma, textos de diferentes gêneros,
ortográfica e gramatical. construindo a compreensão global do texto, identificando
§ 2° Ao final do Ciclo Complementar, na área da informações explícitas e implícitas, produzindo inferências,
Matemática, todos os alunos devem dominar e compreender o reconhecendo as intenções do enunciador e sendo capazes de
uso do sistema de numeração, os fatos fundamentais da adição, aderir ou recusar as ideias do autor;
subtração, multiplicação e divisão, realizar cálculos mentais, - identificar e utilizar os diversos gêneros e tipos textuais
resolver operações matemáticas mais complexas, ter que circulam na sociedade para a resolução de problemas
conhecimentos básicos relativos a grandezas e medidas, cotidianos que requerem o uso da língua;
espaço e forma e ao tratamento de dados em gráficos e tabelas. - produzir textos orais e escritos, com coerência, coesão e
correção ortográfica e gramatical, utilizando os recursos
Art. 63 A programação curricular dos Ciclos da sociolinguísticos adequados ao tema proposto, ao gênero, ao
Alfabetização e Complementar, tanto no campo da linguagem destinatário e ao contexto de produção: -
quanto no da Matemática, deve ser estruturada de forma a, - analisar e reelaborar seu próprio texto segundo critérios
gradativamente, ampliar capacidades e conhecimentos, dos adequados aos objetivos, ao destinatário e ao contexto de
mais simples aos mais complexos, contemplando, de maneira circulação previstos:
articulada e simultânea, a alfabetização e o letramento. - desenvolver atitudes e procedimentos de leitor e escritor
para a construção autônoma de conhecimentos necessários a
Art. 64. Na organização curricular dos ciclos dos anos uma sociedade baseada em informação e em constante
iniciais do Ensino Fundamental, os Componentes Curriculares mudança.
devem ser abordados a partir da prática vivencial dos alunos, b) Língua Estrangeira moderna:
possibilitando o aprendizado significativo e contextualizado: - compreender textos de diferentes gêneros em Língua
I - Os eixos temáticos dos Componentes Curriculares Estrangeira moderna, bem como suas condições de produção
Ciências, História e Geografia devem ser abordados de forma e de recepção:

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- produzir textos escritos em Língua Estrangeira moderna, - compreender as formações socioespaciais do campo e da
coesos e coerentes e com correção lexical e gramatical, cidade, sua relação com a modernização capitalista, bem como
considerando as condições de produção e circulação; o papel do Estado e das classes sociais, a cultura e o consumo
- utilizar a linguagem oral da Língua Estrangeira moderna na interação entre o campo e a cidade;
como instrumento de interação sociocomunicativa. - compreender o processo de globalização, os problemas
c) Arte: socioambientais e novos modos de vida, dentro de uma
- saber se expressar artisticamente, articulando a perspectiva de desenvolvimento humano, social e econômico
percepção, imaginação, emoção, sensibilidade e reflexão em sustentável.
suas produções artísticas visuais, corporais, cênicas e V- Ensino Religioso:
musicais, compreendendo a arte em todas as suas linguagens - compreender a religiosidade como fenômeno próprio da
e manifestações; vida e da história humana, desenvolvendo um espírito de
- apreciar e analisar criticamente produções artísticas fraternidade e tolerância em relação às diferentes religiões;
(artes visuais, dança, teatro e música), estabelecendo relações - refletir sobre os princípios éticos e morais, fundamentais
entre análise formal, contextualização, pensamento artístico e para as relações humanas, orientados pelas religiões, e agir
identidade cultural; segundo esses princípios.
- refletir acerca da manifestação artística, sobre si próprio
e sobre a experiência estética. Art. 68 Nos ciclos finais do Ensino Fundamental, os alunos
d) Educação Física: deverão, ainda, ser capazes de ler e compreender textos de
- reconhecer o potencial do esporte, dos jogos, das diferentes gêneros, inclusive os específicos de cada
brincadeiras, da dança e da ginástica para o desenvolvimento Componente Curricular, e produzir, com coerência e coesão,
de atitudes e de valores democráticos de solidariedade, textos da mesma natureza, utilizando-se dos recursos
respeito, autonomia, confiança, liderança; gramaticais e linguísticos adequados.
- conhecer as modalidades esportivas, sua história, suas
regras, movimentos técnicos e táticos, bem como as diferenças TÍTULO V
na forma de apresentação dos esportes: DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
- conhecer e identificar os elementos constitutivos da
dança, utilizando as múltiplas linguagens corporais, Art. 69. A avaliação da aprendizagem dos alunos, realizada
possibilitando a superação dos preconceitos, bem como pelos professores, em conjunto com toda a equipe pedagógica
conhecer e identificar diversos jogos e brincadeiras da nossa e da escola, parte integrante da proposta curricular e da
de outras culturas; implementação do currículo, redimensionadora da ação
- compreender os riscos e benefícios das atividades e pedagógica, deve:
práticas esportivas na promoção da saúde e qualidade da vida. I - assumir um caráter processual, formativo e
II - Matemática: participativo:
- comparar, ordenar e operar com números naturais, II - ser contínua, cumulativa e diagnóstica:
inteiros, racionais, interpretando e resolvendo situações- III - utilizar vários instrumentos, recursos e
problema: procedimentos:
- Identificar e resolver situações-problema que envolvam IV - fazer prevalecer os aspectos qualitativos do
proporcionalidade direta e inversa; porcentagem e juros; aprendizado do aluno sobre os quantitativos;
equações de primeiro e segundo graus; sistemas de equações V - assegurar tempos e espaços diversos para que os alunos
de primeira grau; conversão de medidas; cálculo de perímetro, com menor rendimento tenham condições de ser devidamente
de área, de volume e capacidade; probabilidade; utilização de atendidos ao longo do ano letivo:
linguagem algébrica; VI - prover, obrigatoriamente, intervenções pedagógicas,
- reconhecer as principais relações geométricas entre as ao longo do ano letivo, para garantir a aprendizagem no tempo
figuras planas; - interpretar e utilizar informações certo;
apresentadas em tabelas e gráficos. VII - assegurar tempos e espaços de reposição de temas ou
III - Ciências da Natureza: tópicos dos Componentes Curriculares, ao longo do ano letivo,
- compreender a inter-relação dos seres vivos entre si e aos alunos com frequência insuficiente:
com o meio ambiente; - identificar os conhecimentos físicos, Vll - possibilitar a aceleração de estudos para os alunos
químicos e biológicos presentes no cotidiano; com distorção idade-ano de escolaridade.
- compreender o processo de reprodução na evolução e
diversidade das espécies, a sexualidade humana, métodos Art. 70. Na avaliação da aprendizagem, a Escola deverá
contraceptivos e doenças sexualmente transmissíveis; utilizar procedimentos, recursos de acessibilidade e
- compreender o efeito das drogas e suas consequências no instrumentos diversos, tais como a observação, o registro
convívio social. descritivo e reflexivo, os trabalhos individuais e coletivos, os
IV - Ciências Humanas: portifólios, exercícios, entrevistas, provas, testes,
a) História: - compreender as relações da natureza com o questionários, adequando-os à faixa etária e às características
processo sociocultural, político e econômico, no passado e no de desenvolvimento do educando e utilizando a coleta de
presente; informações sobre a aprendizagem dos alunos como
- reconhecer e compreender as diferentes relações de diagnóstico para as intervenções pedagógicas necessárias,
trabalho na realidade atual e em outros momentos históricos: Parágrafo único. As formas e procedimentos utilizados
- compreender o processo de formação dos povos, suas pela Escola para diagnosticar, acompanhar e intervir,
lutas sociais e conquistas, guerras e revoluções, assim como pedagogicamente, no processo de aprendizagem dos alunos,
cidadania e cultura no mundo contemporâneo; devem expressar, com clareza, o que é esperado do educando
- realizar, autonomamente, trabalhos individuais e em relação à sua aprendizagem e ao que foi realizado pela
coletivos usando fontes históricas, Escola, devendo ser registrados para subsidiar as decisões e
b) Geografia: informações sobre Sua vida escolar.
- compreender as relações de apropriação do território,
associadas ao exercício da cidadania, à importância da Art. 71 A análise dos resultados da avaliação interna da
natureza para o homem, bem como às questões aprendizagem realizada pela Escola e os resultados do Sistema
socioambientais; Mineiro de Avaliação da Educação Pública - SIMAVE-,

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constituído pelo Programa de Avaliação da Rede Pública de pelo(s) professor(es) do(s) Componente(s) Curricular(es) do
Educação Básica - PROEB -, pelo Programa de Avaliação da ano letivo imediato ao da ocorrência da progressão parcial.
Alfabetização - PROALFA - e pelo Programa de Avaliação da § 4° O cumprimento do processo de progressão parcial
Aprendizagem Escolar - PAAE - devem ser considerados para pelo aluno poderá ocorrer em qualquer época do ano letivo
elaboração, anualmente, pela Escola, do Plano de Intervenção seguinte, uma vez resolvida a dificuldade evidenciada no(s)
Pedagogica (PiP). tema(s) ou tópico(s) do(s) Componentes Curricular(es).

Art. 72 A progressão continuada, com aprendizagem e sem Art. 76 A Escola deve utilizar-se de todos os recursos
interrupção, nos Ciclos da Alfabetização e Complementar está pedagógicos disponíveis e mobilizar pais e educadores para
vinculada à avaliação contínua e processual, que permite ao que sejam oferecidas aos alunos do 3° ano do Ensino Médio
professor acompanhar o desenvolvimento e detectar as condições para que possam ser vencidas as dificuldades ainda
dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo aluno, no existentes, considerando que o aluno só concluirá a Educação
momento em que elas surgem, intervindo de imediato, com Básica, quando tiver obtido aprovação em todos os
estratégias adequadas, para garantir as aprendizagens básicas. Componentes Curriculares.
Parágrafo único. A progressão continuada nos anos iniciais
do Ensino Fundamental deve estar apoiada em intervenções Art. 77. É exigida do aluno a frequência mínima obrigatória
pedagógicas significativas, com estratégias de atendimento de 75% da carga horária anual total.
diferenciado, para garantir a efetiva aprendizagem dos alunos Parágrafo único. No caso de desempenho satisfatório do
no ano em curso. aluno e de frequência inferior a 75%, no final do período letivo,
a Escola deve usar o recurso da reclassificação para posicionar
Art. 73. As Escolas e os professores, com o apoio das o aluno no ano seguinte de seu percurso escolar.
famílias e da comunidade, devem envidar esforços para
assegurar o progresso contínuo dos alunos no que se refere ao Art. 78 A Escola deve oferecer aos alunos diferentes
seu desenvolvimento pleno e à aquisição de aprendizagens oportunidades de aprendizagem definidas em seu Plano de
significativas, lançando mão de todos os recursos disponíveis, Intervenção Pedagógica, ao longo de todo o ano letivo, após
e ainda: cada bimestre e no período de férias, a saber:
I - criando, ao longo do ano letivo, novas oportunidades de I - estudos contínuos de recuperação, ao longo do processo
aprendizagem para os alunos que apresentem baixo de ensino-aprendizagem, constituídos de atividades
desempenho escolar; especificamente programadas para o atendimento ao aluno ou
II - organizando agrupamento temporário para alunos de grupos de alunos que não adquiriram as aprendizagens
níveis equivalentes de dificuldades, com a garantia de básicas com as estratégias adotadas em sala de aula;
aprendizagem e de sua integração nas atividades cotidianas de II - estudos periódicos de recuperação, aplicados
sua turma: imediatamente após o encerramento de cada bimestre, para o
III - adotando as providências necessárias para que a aluno ou grupo de alunos que não apresentarem domínio das
operacionalização do princípio da continuidade não seja aprendizagens básicas previstas para o período;
traduzida como “promoção automática” de alunos de um ano III- estudos independentes de recuperação, após o
ou ciclo para o seguinte, e para que o combate à repetência não encerramento do ano letivo, com avaliação a ser aplicada antes
se transforme em descompromisso com o ensino- do encerramento do ano escolar, quando as estratégias de
aprendizagem. intervenções pedagógicas previstas nos incisos I e II não
tiverem sido suficientes para atender às necessidades
Art. 74. A progressão parcial, que deverá ocorrer a partir mínimas de aprendizagem do aluno.
do 6° ano do ensino fundamental, deste para o ensino médio e Parágrafo único. Os estudos independentes de
no ensino médio, é o procedimento que permite ao aluno recuperação a serem desenvolvidos com os alunos antes do
avançar em sua trajetória escolar, possibilitando-lhe novas encerramento do ano escolar deverão contemplar apenas os
oportunidades de estudos, no ano letivo seguinte, naqueles temas ou tópicos em que o aluno não apresentou domínio
aspectos dos Componentes Curriculares nos quais necessita, necessário à continuidade do percurso escolar, o que deverá
ainda, consolidar conhecimentos, competências e habilidades ser informado ao aluno antes da aplicação. (Altera o Art. 78 da
básicas. Resolução SEE n° 2.807 de 2015)

Art. 75 Poderá beneficiar-se da progressão parcial, em até Art. 79. A Escola deve garantir, no ano em curso,
3 (três) Componentes Curriculares, o aluno que não tiver estratégias de intervenção pedagógica, para atendimento dos
consolidado as competências básicas exigidas e que alunos que, após todas as ações de ensino-aprendizagem e
apresentar dificuldades a serem resolvidas no ano oportunidades de
subsequente.
§ 1° O aluno em progressão parcial no 9° ano do Ensino III recuperação previstas no art. 78, ainda apresentarem
Fundamental tem sua matrícula garantida no 1° ano do Ensino deficiências em capacidades ou habilidades no(s)
Médio nas Escolas da Rede Pública Estadual, onde deve Componente(s) Curricular(es) do ano anterior.
realizar os estudos necessários à superação das deficiências de
aprendizagens evidenciadas nos tema(s) ou tópico(s) no(s) Art. 80 A promoção e a progressão parcial dos alunos do
respectivo(s) componente(s) curricular(es). Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ser decididas
§ 2° Ao aluno em progressão parcial devem ser pelos professores e avaliadas pelo Conselho de Classe,
assegurados estudos orientados, conforme Plano de levando-se em conta o desempenho global do aluno, seu
Intervenção Pedagógica elaborado, conjuntamente, pelos envolvimento no processo de aprender e não apenas a
professores do(s) Componente(s) Curricular(es) do ano avaliação de cada professor em seu Componente Curricular, de
anterior e do ano em curso, com a finalidade de proporcionar forma isolada, considerando-se os princípios da continuidade
a superação das defasagens e dificuldades em temas e tópicos, da aprendizagem do aluno e da interdisciplinaridade.
identificadas pelo professor e discutidas no Conselho de Parágrafo único. Os Componentes Curriculares cujos
Classe. objetivos educacionais colocam ênfase nos domínios afetivo e
§ 3° Os estudos previstos no Plano de Intervenção psicomotor, como Arte, Ensino Religioso e Educação Física,
Pedagógica devem ser desenvolvidos, obrigatoriamente, devem ser avaliados para que se verifique em que nível as

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habilidades previstas foram consolidadas, sendo que a nota ou IV - Cibercultura;


conceito, se forem atribuídos, não poderão influir na definição V - Segurança Alimentar Nutricional;
dos resultados finais do aluno. VI - Educação Socioambiental;
VII - Direitos Humanos e Cidadania.
Art. 81. Os resultados da avaliação da aprendizagem Parágrafo único. Os campos de conhecimento da Educação
devem ser comunicados em até 20 dias após o encerramento em Tempo Integral devem estar integrados aos Componentes
de cada 1(um) dos 4(quatro) bimestres, aos pais, conviventes Curriculares das áreas de conhecimento do Ensino
ou não com os filhos, e aos alunos, por escrito, utilizando-se Fundamental e Médio.
notas ou conceitos, devendo ser informadas, também, quais
estratégias de atendimento pedagógico diferenciado foram e TÍTULO VIII
serão oferecidas pela Escola. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Parágrafo único. No encerramento do ano letivo e após os
estudos independentes de recuperação, a Escola deve Art. 87. As Superintendências Regionais de Ensino
comunicar aos pais, conviventes ou não com os filhos, ou promoverão junto às Escolas, no primeiro bimestre de cada
responsáveis, por escrito, o resultado final da avaliação da ano letivo, um levantamento da situação dos alunos cuja
aprendizagem dos alunos, informando, inclusive, a situação de trajetória escolar esteja comprometida por distorção
progressão parcial, quando for o caso. idade/ano de escolaridade, defasagens de aprendizagem e
situação de progressão parcial, com o objetivo de propor
TÍTULO VI medidas imediatas de intervenção pedagógica que assegurem
DO DESEMPENHO DA ESCOLA E DA PUBLICIDADE DOS aos alunos condições de prosseguir seus estudos com sucesso,
ATOS Parágrafo único. Os alunos com distorção idade/ano de
escolaridade deverão ser atendidos pela escola utilizando-se
Art. 82 A Escola deve divulgar, amplamente, os dados e das seguintes estratégias:
informações relativos a: I - reclassificação conforme previsto no artigo 18 desta
I - medidas, projetos, propostas e ações desenvolvidas e Resolução:
previstas pela Escola para melhorar sua atuação e seus II - organização de turmas específicas para que possam
resultados educacionais: acelerar a aprendizagem e ser inseridos nas turmas adequadas
II - indicadores e estatísticas do desempenho escolar dos à sua idade;
alunos e resultados obtidos pela Escola nas avaliações III - encaminhamento à Educação de Jovens e Adultos - EJA,
externas. desde que atendidas as exigências de idade.
Parágrafo único. Considera-se relevante para o
cumprimento do que estabelece o caput deste artigo, informar: Art. 88. Os projetos e ações propostos pela unidade de
I - número de alunos matriculados por ciclo ou ano escolar; ensino devem ser desenvolvidos de maneira integrada ao
II - resultado do desempenho dos alunos de acordo com a Projeto Político-Pedagógico e estar alinhados com as
etapa e modalidades da Educação Básica; III - medidas diretrizes da Secretaria de Estado de Educação.
adotadas no sentido de melhorar o processo pedagógico e Parágrafo único. A direção da Escola poderá buscar
garantir o sucesso escolar; IV - percentual de alunos em parcerias para o desenvolvimento de suas ações e projetos
abandono por ano e as medidas para evitar a evasão escolar; V junto a associações diversas, instituições filantrópicas,
- taxas de distorção idade/ano de escolaridade e as medidas iniciativa privada, instituições públicas e comunidade em
adotadas para reduzir esta distorção. geral, propondo à Secretaria de Estado de Educação, quando
for o caso, a assinatura de convênios ou instrumentos jurídicos
Art. 83 Compete à Escola manter atualizados os dados da equivalentes para viabilizar as referidas parcerias.
Secretaria Escolar e do Sistema Mineiro de Administração
Escolar - SIMADE, bem como o Registro Estatístico Escolar Art. 89 Esta Resolução entra em vigor a partir do ano letivo
Nacional Anual, e organizados de acordo com as normas de 2013.
estabelecidas pelos respectivos Sistemas.
Art. 90 Revogam-se a Resolução SEE no 521, de 02 de
TÍTULO VIII fevereiro de 2004, a Resolução SEE no1086, de 16 de abril de
DA EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL 2008, a Resolução SEE no 820, de 24 de outubro de 2006, a
Resolução SEE no 159, de 16 de novembro de 1999 e as demais
Art. 84. A Educação em Tempo Integral tem por finalidade disposições em contrário.
ampliar a jornada escolar, os espaços educativos, a quantidade
e a qualidade do tempo diário de escolarização. SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, em Belo
Parágrafo único. A jornada escolar ampliada deve ter a Horizonte, aos 26 de outubro de 2012.
duração mínima de 3 (três) horas diárias durante todo o ano
letivo e contemplar a formação além da Escola, com a ANA LÚCIA ALMEIDA GAZZOLA
participação da família e da comunidade. Secretária de Estado de Educação

Art. 85. As atividades da jornada ampliada podem ser


desenvolvidas dentro do espaço escolar, conforme a
disponibilidade da Escola, ou fora dele, em espaços distintos
da cidade ou do entorno em que está situada a unidade escolar,
mediante as parcerias estabelecidas.

Art. 86. A composição curricular da Educação em Tempo


Integral deve ser organizada contemplando os seguintes
campos de conhecimento:
I - Acompanhamento Pedagógico;
II - Cultura e Arte;
III - Esporte e Lazer;

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estão explicitados nos planos e nas propostas, não sendo


sempre, por isso, claramente percebidos pela comunidade
XV - O Currículo na escolar.
perspectiva da inclusão, da Trata-se do chamado currículo oculto, que envolve,
diversidade e do direito à dominantemente, atitudes e valores transmitidos,
aprendizagem. subliminarmente, pelas relações sociais e pelas rotinas do
cotidiano escolar. Fazem parte do currículo oculto, assim,
rituais e práticas, relações hierárquicas, regras e
procedimentos, modos de organizar o espaço e o tempo na
Concepções de Currículo e a Organização Curricular da escola, modos de distribuir os alunos por grupamentos e
Educação Básica turmas, mensagens implícitas nas falas dos(as)
professores(as) e nos livros didáticos.
Concepções de Currículo
São exemplos de currículo oculto:
À palavra currículo associam-se distintas concepções, que - a forma como a escola incentiva o aluno a chamar a
derivam dos diversos modos de como a educação é concebida professora (tia, Fulana, Professora etc.);
historicamente, bem como das influências teóricas que a - a maneira como arrumamos as carteiras na sala de aula
afetam e se fazem hegemônicas em um dado momento. (em círculo ou alinhadas);
- as visões de família que ainda se encontram em certos
Diferentes fatores socioeconômicos, políticos e culturais livros didáticos (restritas ou não à família tradicional de classe
contribuem, assim, para que currículo venha a ser entendido média).
como:
- os conteúdos a serem ensinados e aprendidos; Resumindo... currículo oculto é o termo usado para
- as experiências de aprendizagem escolares a serem denominar as influências que afetam a aprendizagem dos
vividas pelos alunos; alunos e o trabalho dos professores. Representa tudo o que os
- os planos pedagógicos elaborados por professores, alunos aprendem diariamente em meio às várias práticas,
escolas e sistemas educacionais; atitudes, comportamentos, gestos, percepções, que vigoram no
- os objetivos a serem alcançados por meio do processo de meio social e escolar. Está oculto por que ele não aparece no
ensino; planejamento do professor (Moreira8; Silva9).
- os processos de avaliação que terminam por influir nos
conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes Teoria em duas grandes vertentes
graus da escolarização.
Como quase todos os temas educacionais, as decisões
Podemos afirmar que as discussões sobre o currículo sobre currículo envolvem diferentes concepções de mundo, de
incorporam, com maior ou menor ênfase, discussões sobre os sociedade e, principalmente, diferentes teorias sobre o que é o
conhecimentos escolares, sobre os procedimentos e as conhecimento, como é produzido e distribuído, qual seu papel
relações sociais que conformam o cenário em que os nos destinos humanos.
conhecimentos se ensinam e se aprendem, sobre as
transformações que desejamos efetuar nos alunos e alunas, Pode-se agrupar essas teorias em duas grandes vertentes:
sobre os valores que desejamos inculcar e sobre as identidades - o currículo centrado no conhecimento; e
que pretendemos construir. - o currículo centrado no aluno.

Estamos entendendo currículo como as experiências Conhecimento - a mais antiga e remonta a tempos em que
escolares que se desdobram em torno do conhecimento, em o conhecimento não se separava da crença religiosa. O
meio a relações sociais, e que contribuem para a construção currículo é entendido como fonte de um saber fixo, universal e
das identidades de nossos/as estudantes. inquestionável e a escola como lugar de assimilar esse
conhecimento de acordo com algumas regras.
Currículo associa-se, assim, ao conjunto de esforços Os estudos começavam com aquilo que “disciplina” o
pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas. Por pensamento: gramática, lógica e retórica, ou seja, ensinar a
esse motivo, a palavra tem sido usada para todo e qualquer pensar e a expressar o pensamento de acordo com as regras da
espaço organizado para afetar e educar pessoas, o que explica gramática. Em seguida era constituído de aritmética,
o uso de expressões como o currículo da mídia, o currículo da geometria, música e astronomia. Esta última era o único
prisão etc. “estudo das coisas” aceito pela academia medieval. Os estudos
finalmente se completavam com a teologia.
Devemos, ainda, considerar que o currículo se refere a uma A concepção do currículo escolar centrado no
realidade histórica, cultural e socialmente determinada, e se conhecimento privilegia a apropriação do patrimônio
reflete em procedimentos didáticos, administrativos que científico cultural acumulado em lugar do avanço em direção a
condicionam sua prática e teorização. Enfim, a elaboração de novas descobertas e fronteiras científicas. Sua didática é
um currículo é um processo social, no qual convivem lado a frontal, expositiva e fácil de observar e de aprender, motivo
lado os fatores lógicos, epistemológicos, intelectuais e pelo qual ainda predomina em muitas salas de aula. Ao longo
determinantes sociais como poder, interesses, conflitos da história, o currículo centrado no conhecimento garantiu
simbólicos e culturais, propósitos de dominação dirigidos por que o legado das várias gerações fosse assimilado, preservado
fatores ligados à classe, raça, etnia e gênero. e transferido para uma nova geração.

Cabe destacar que a palavra currículo tem sido também Aluno - a vertente centrada no aluno entende que o
utilizada para indicar efeitos alcançados na escola, que não currículo escolar deve ser constituído do conhecimento

8MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Currículos e programas no Brasil. Campinas: 9SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidades terminais: as transformações na política da
Papirus, 1990. pedagogia e na pedagogia da política. Petrópolis: Vozes, 1996.

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reconstruído pelo aluno a partir de suas próprias referências texto o autor classifica o currículo em quatro abordagens
culturais e individuais. As muitas variantes dessa vertente têm distintas: Acadêmico, Humanista, Tecnológico e
em comum a concepção do conhecimento como emancipação, Reconstrucionista, que foram sendo construídas ao longo do
mas diferem significativamente no que diz respeito ao papel tempo.
do professor e da escola.
Para as mais radicais, a educação escolar deve ser abolida Currículo Acadêmico - é dentre as várias orientações
porque é apenas transmissora de ideologia (Michael Apple10) curriculares, a que possui maior tradição histórica. Para os
ou de arbitrários culturais (Bourdieu & Passeron11). Já para adeptos da tendência tradicional, o núcleo da educação é o
seguidores de teóricos como Cesar Coll12 ou Emília Ferreiro e currículo, cujo elemento irredutível é o conhecimento. Nas
Ana Teberosky13, o conhecimento é emancipador se envolver a disciplinas acadêmicas de natureza intelectual – como língua e
participação do aluno e se o professor for antes de mais nada literatura, matemática, ciências naturais, história, ciências
um facilitador da reconstrução do conhecimento. Sua didática sociais e belas artes –, se encontra o núcleo do conhecimento,
requer atividade e vínculo do aluno com o saber; em lugar de o conteúdo principal ou a matéria de ensino.
frontal, é distribuída entre professor e alunos. Sua abordagem baseia-se, principalmente, na estrutura do
conhecimento, como um patrimônio cultural, transmitido às
O currículo é centrado no conhecimento mas num novas gerações. As disciplinas clássicas, verdades consagradas
conhecimento falível, que deve ser submetido à pela ciência, representam ideias e valores que resistiram ao
problematização. Diferentemente da concepção do currículo tempo e às mudanças socioculturais. Portanto, são
centrado no conhecimento, essa nova perspectiva considera a fundamentais à construção do conhecimento.
apropriação sistemática do mesmo, necessária mas não Segundo McNeil a finalidade da educação, segundo o
suficiente porque é preciso ir além e aplicá-lo às situações que currículo acadêmico, é a transmissão dos conhecimentos
demandam a intervenção humana. vistos pela humanidade como algo inquestionável e
principalmente como uma verdade absoluta. À escola, cabe
Da mesma forma, diferentemente da concepção do desenvolver o raciocínio dos alunos para o uso das ideias e
currículo centrado no aluno, considera insuficiente a processos mais proveitosos ao seu progresso.
reconstrução do conhecimento descomprometida com a
intervenção na realidade. A didática dessa vertente propõe Currículo Humanístico - o currículo humanista tem como
facilitar não só a reconstrução do conhecimento, como base teórica a tendência denominada Escola Nova e esta
também sua mobilização para intervir em situações de defende que o currículo necessita levar em consideração a
diferentes graus de complexidade. De preferência, demanda realidade dos alunos. Na ênfase humanista, segundo McNeil a
que o conhecimento seja reconstruído para um projeto ou um atenção do conteúdo disciplinar se desloca para o indivíduo. O
objetivo o que o torna inseparável da intenção e do valor. aluno é visto como um ser individual, dotado de uma
identidade pessoal que precisa ser descoberta, construída e
Por essa razão o currículo não é centrado nem no aluno ensinada; e o currículo tem a função de propiciar experiências
nem no conhecimento, mas na aprendizagem e no resultado, gratificantes, de modo a desenvolver sua consciência para a
entendido como aquilo que o aluno é capaz de saber e fazer. libertação e auto realização.
Por essa razão é também denominado currículo referenciado A educação é um meio de liberação, cujos processos,
em competências. conduzidos pelos próprios alunos, estão relacionados aos
ideais de crescimento, integridade e autonomia. A auto
Essa concepção superadora da polarização é sintonizada realização constitui o cerne do currículo humanístico. Para
com as novas fronteiras de aprendizagem que vêm sendo consegui-la, o educando deverá vivenciar situações que lhe
abertas pelo uso pedagógico das tecnologias da informação e possibilitem descobrir e realizar sua própria individualidade,
comunicação. As Tecnologias da Informação e Comunicação agindo, experimentando, errando, avaliando, reordenando e
(TICs) estão se revelando um recurso pedagógico capaz de expressando. Tais situações ajudam os educandos a integrar
potencializar o ensino baseado em projetos e a organização de emoções, pensamentos e ações.
situações problema, estratégias pedagógicas pertinentes na
concepção do currículo referenciado em competências. Currículo Tecnológico - sob a perspectiva tecnológica,
ainda segundo McNeil a educação consiste na transmissão de
Abordagens do Currículo conhecimentos, comportamentos éticos, práticas sociais e
habilidades que propiciem o controle social. Sendo assim, o
Currículo Fechado currículo tecnológico tem sua base sólida na tendência
- Apresenta disciplinas isoladas; tecnicista. O comportamento e o aprendizado são moldados
- Organizadas em grade curricular; pelo externo, ou seja, ao professor, detentor do conhecimento,
- Objetivos e competências definidos; cabe planejar, programar e controlar o processo educativo; ao
- Professor limita-se a segui-los. aluno, agente passivo, compete absorver a eficiência técnica,
atingindo os objetivos propostos.
Currículo Aberto: O currículo tecnológico, concebido fundamentalmente no
- Preocupa-se com a interdisciplinaridade; método, tem, como função, identificar meios eficientes,
- Objetos e competências definidos em áreas geradoras; programas e materiais com a finalidade de alcançar resultados
- Professores participam de todo o processo. pré-determinados. É expresso de variadas formas:
levantamento de necessidades, plano escolar sob o enfoque
Para entendermos melhor, as ideologias e concepções em sistêmico, instrução programada, sequências instrucionais,
relação ao currículo recorreremos ao texto de McNeil14. Neste

10 APPLE, M. 2004. Ideology and curriculum. New York: Routledge Falmer. ______. O currículo humanístico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho.
11 BOURDIEU, P. & PASSERON, J-C. 2008. A reprodução - elementos para uma teoria Campinas: editora, 2001.
do ensino. Petrópolis: Vozes. ______. O currículo acadêmico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho. Campinas:
12 COLL, C. 2006. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática. editora, 2001.
13 FERREIRO, E. & TEBEROSKY, A. 1988. Psicogenese da língua escrita. Porto ______. O currículo tecnológico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho.
Alegre: ArtMed. Campinas: editora, 2001.
14 MCNEIL, John. O currículo reconstrucionista social. Tradução de José Camilo dos

Santos Filho. Campinas: editora, 2001.

Conhecimentos Pedagógicos 165


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ensino prescritivo individualmente e avaliação por


desempenho.
O desenvolvimento do sistema ensino e aprendizagem
segundo hierarquia de tarefas constitui o eixo central do
planejamento do ensino, proposto em termos de uma
linguagem objetiva, esquematizadora e concisa.

Currículo Reconstrucionista Social - o currículo


reconstrucionista tem como concepção teórica e metodológica
a tendência histórico crítica e tem como objetivo principal a
transformação social e a formação crítica do sujeito. De acordo
com McNeil o reconstrucionismo social concebe homem e Mas esse processo requer uma progressão (Diogo; Vilar15),
mundo de forma interativa. A sociedade injusta e alienada isto é, desde as decisões assumidas pela Administração Central
pode ser transformada à medida que o homem inserido em um do Sistema Educativo (Lei de Bases do Sistema Educativo,
contexto, social, econômico, cultural, político e histórico decretos-lei, programas...) que constituem o instrumento
adquire, por meio da reflexão, consciência crítica para nuclear da política curricular: Currículo Prescrito
assumir-se sujeito de seu próprio destino.
Nesse prisma, a educação, é um agente social que promove É necessário interpretar seu conteúdo: Currículo
a mudança. A visão social da educação e currículo consiste em Apresentado.
provocar no indivíduo atitudes de reflexão sobre si e sobre o
contexto social em que está inserido. É um processo de Por meio de manuais escolares, publicações científicas e
promoção que objetiva a intervenção consciente e libertadora didáticas, passando pela planificação curricular e
sobre si e a realidade, de modo a alterar a ordem social. Na consequentes programações pedagógico-didáticas levadas a
perspectiva de reconstrução social agrupam-se as posições cabo na escola: Currículo Traduzido.
que consideram o ensino uma atividade crítica, cujo processo
de ensino e aprendizagem devam se constituírem em uma Já na sala de aula, o professor realiza diversas atividades
prática social com posturas e opções de caráter ético que em função dessas finalidades educativas assumidas. Currículo
levem à emancipação do cidadão e à transformação da Trabalhado.
realidade.
Sob o norte de emancipação do indivíduo, o currículo deve Dando significado real às decisões curriculares
confrontar e desafiar o educando frente aos temas sociais e previamente assumidas, o que implica uma aprendizagem
situações-problema vividos pela comunidade. Por significativa dos alunos a diversos níveis: cognitivo, motor,
conseguinte, não prioriza somente os objetivos e conteúdos afetivo, moral, social, materializando-se o currículo. Currículo
universais, sua preocupação não reside na informação e sim na concretizado.
formação de sujeitos históricos, cujo conhecimento é
produzido pela articulação da reflexão e prática no processo Como tal, esse processo de construção do currículo implica
de apreensão da realidade. Enfatizando as relações sociais, que professores interpretem, alterem e procedam à revisão e
amplia seu âmbito de ação para além dos limites da sala de adaptação do currículo prescrito, de acordo com as situações
aula, introduzindo o educando em atividades na comunidade, concretas de suas intervenções educativas e de suas
incentivando a participação e cooperação. perspectivas e concepções curriculares, de forma a surgir um
O currículo reconstrucionista acredita na capacidade do currículo trabalhado adequado ao meio envolvente, à
homem conduzir seu próprio destino na direção desejada, e na diversidade dos alunos e com a participação de toda a
formação de uma sociedade mais justa e equânime. Esse comunidade educativa.
compromisso com ideais de libertação e transformação social
lhe imputa certas dificuldades em uma sociedade hegemônica Desse modo, afirma José Pacheco16, “o currículo é um
e dominadora. propósito que não é neutro em termos de informação, já que
esta deriva de diferentes níveis é veiculada por diversos
Professores Construtores do Currículo agentes curriculares dentro do contexto de vários
condicionalismos”.
O currículo não surge de forma independente, há uma forte
interligação com os professores, que são uma parte integral do Currículo e Projeto Pedagógico
currículo construído e transmitido às turmas, já que o modo
como é interpretado pelo professor, as decisões que toma e o É viável destacar que o currículo constitui o elemento
modo como as concretiza influenciam o currículo. central do projeto pedagógico, ele viabiliza o processo de
ensino e de aprendizagem.
Ele corresponde a um conjunto de valores, significados e
padrões de vida e, simultaneamente, é uma fonte de Sacristán17 afirma que o currículo é a ligação entre a
conhecimentos, compreensões, técnicas, destrezas e cultura e a sociedade exterior à escola e à educação; entre o
estratégias necessárias para o desenvolvimento tanto pessoal conhecimento e cultura herdados e a aprendizagem dos
como social do sujeito. alunos; entre a teoria (ideias, suposições e aspirações) e a
prática possível, dadas determinadas condições.

Alguns estudos realizados sobre currículo a partir das


décadas 1960 a 1970 destacam a existência de vários níveis de
Currículo: formal, real e oculto. Esses níveis servem para fazer
a distinção de quanto o aluno aprendeu ou deixou de aprender.

15 DIOGO, F.; VILAR, A. Gestão flexível do currículo. Porto: Edições Asa, 1998. 17 SACRISTAN, J. Gimeno. Poderes instáveis em educação. Tradução de Beatriz
16 PACHECO, J. Currículo: teoria e práxis. Porto: Porto Editora, 1996. Affonso Neves. Porto Alegre: Artmed, 1999.

Conhecimentos Pedagógicos 166


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O Currículo Formal refere-se ao currículo estabelecido Contudo, para que ocorra a concretização do currículo ele
pelos sistemas de ensino, é expresso em diretrizes precisa relacionar-se com o pedagógico, as políticas de
curriculares, objetivos e conteúdos das áreas ou disciplina de formação e inovação curricular devem preocupar-se,
estudo. Este é o que traz prescrita institucionalmente os especialmente com a passagem desse currículo à escola, ao
conjuntos de diretrizes como os Parâmetros Curriculares professor, ao currículo voltado para a ação, de forma que as
Nacionais. orientações curriculares não estejam configuradas como
meros discursos, distantes e desconexos, em que a inovação e
O Currículo Real é o currículo que acontece dentro da sala a mudança tornem-se, tão-somente, em palavras de efeito, em
de aula com professores e alunos a cada dia em decorrência de discursos ecoando no imaginário pedagógico.
um projeto pedagógico e dos planos de ensino.
Teorias do Currículo
Assim, o currículo não é um elemento neutro de
transmissão do conhecimento social. Ele está imbricado em Teoria Tradicional
relações de poder e é expressão do equilíbrio de interesses e
forças que atuam no sistema educativo em um dado momento, Kliebard19 apresenta que os fundamentos da teoria
tendo em seu conteúdo e formas, a opção historicamente curricular de John Bobbit estão baseados na concepção de
configurada de um determinado meio cultural, social, político administração científica de Taylor, e que a extrapolação desses
e econômico. princípios para a área de currículo transformou a criança no
objeto de trabalho da engrenagem burocrática da escola.
O caráter pedagógico compreende todos os aspectos
envolvidos com as finalidades que se pretende a educação. A Neste sentido, as finalidades do currículo eram:
Pedagogia, segundo Libâneo18, ocupa-se da educação - educar o indivíduo segundo as suas potencialidades;
intencional, que investiga os fatores que contribuem para a - desenvolver o conteúdo do currículo de modo
construção do ser humano como membro de uma determinada suficientemente variado com o fim de satisfazer as
sociedade, e aos processos e aos meios dessa formação. necessidades de todos os tipos de indivíduos na comunidade;
- favorecer um ritmo de treinamento e de estudo que seja
Ter clara a compreensão de que Pedagogia se está falando, suficientemente flexível;
pra qual escola, que aluno, que ensino, ou seja, que conceitos - dar ao indivíduo somente aquilo de que ele necessita;
fundamentam as finalidades educativas que se pretende - estabelecer padrões de qualidade e quantidade
alcançar, é imprescindível para “orientar a prática educativa definitivos para o produto;
de modo consciente, intencional, sistemática, para finalidades - desenvolver objetivos educacionais precisos e que
sociais e políticas cunhadas a partir de interesses concretos no incluam o domínio ilimitado da capacidade humana através do
seio da práxis social”. conhecimento de hábitos, habilidades, capacidades, formas de
pensamento, valores, ambições, etc., enfim, conhecer o que
Portanto, o caráter pedagógico tem fundamental e estreita seus membros necessitam para o desempenho de suas
relação com a construção de um currículo que oriente a ação atividades;
educativa e determine princípios e formas de atuação. Quando - oferecer “experiências diretas” quando essas múltiplas
os conceitos acerca do que se pretende tratar são necessidades não fossem atendidas por “experiências
apresentados, entendem-se seus “fins desejáveis” e, define-se indiretas”.
assim, “uma intencionalidade educativa, implicando escolhas,
valores, compromissos éticos” (Libâneo). Da transposição dos princípios gerais da administração
científica para a administração das escolas passou-se ao
O desenvolvimento das teorias críticas de currículo domínio da teoria curricular. As implicações para a prática de
somam-se à preocupação com uma prática pedagógica uma escola em que a criança é o material e a escola é a escola-
comprometida, porque desejam ir além do estático fábrica e, que, portanto deve modelá-la como um produto de
formalismo das propostas curriculares. A partir dessas acordo com as especificações da sociedade, tem seus objetivos
considerações, fica clara a estreita relação entre currículo e voltados para um controle de qualidade.
práticas pedagógicas.
Kliebard20, defendia que “padrões qualitativos e
Os desafios da inovação curricular encontram-se quantitativos definitivos fossem estabelecidos para o
justamente nessa articulação entre os fundamentos do caráter produto”, considerando esse produto como o material criança,
pedagógico e curriculares refletidos na ação docente, pois, a professor deveria obter de seus alunos a maior capacidade
segundo Libâneo é justamente nesse ponto, quando a teoria que eles possuíssem para solucionar determinada tarefa em
une-se à prática, que o trabalho docente é produzido, sendo determinado período de tempo.
que o comprometimento do professor é fundamental, pois é
nesse momento que a produção pedagógica acontece. A prática docente desse currículo é facilmente
compreendida, pois baseia-se num modelo funcional de
Estar consciente dos objetivos educacionais irá refletir em aplicação de conteúdos e atividades. Para Kliebard a
sua postura diante do objeto de conhecimento em sua relação padronização de atividades ou unidades de trabalho e dos
com a prática pedagógica, lembrando que o que define uma próprios produtos (crianças), exigiu a especificação de
prática como pedagógica é o rumo que se dá às práticas objetivos educacionais e tornou a criança, em idade escolar
educativas, em que “o caráter pedagógico é o que faz distinguir como algo a ser modelado e manipulado, produzido de modo
os processos educativos que se manifestam em situações que se encaixasse em seu papel social predeterminado.
concretas, uma vez que é a análise pedagógica que explicita a
orientação do sentido (direção) da atividade educativa”. Em sequência a essa concepção fabril de currículo,
Kliebard apresenta o pensamento de Tyler, que afirma que o

18 LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 3ª ed. São Paulo: 20KLIEBARD, H. Os princípios de Tyler. In: MESSIK, R.; PAIXÃO, L.; BASTOS, L.
Cortez, 2000. (Orgs.) Currículo: análise e debate. São Paulo: Zahar, 1980. p.107-126.
19 KLIEBARD, H. Burocracia e teoria de currículo. In: MESSIK, R.; PAIXÃO, L.;

BASTOS, L. (Orgs.). Currículo: análise e debate. São Paulo: Zahar,1980. p.107-126.

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professor pode controlar as experiências de aprendizagem das alternativas e desiguais relações de poder, estaremos
através da “manipulação do ambiente de tal forma que crie vivendo em um mundo divorciado da realidade. As teorias,
situações estimulantes – situações que irão suscitar a espécie diretrizes e práticas envolvidas na educação não são técnicas.
de comportamento desejado, portanto, parte do pressuposto São intrinsecamente éticas e políticas, e em última análise
de que “a educação é um processo de mudança nos padrões de envolvem – uma vez que assim se reconheça – escolhas
comportamento das pessoas”. profundamente pessoais em relação ao que Marcus Raskin
denomina “o bem comum”.
Nesse sentido, a elaboração do currículo limitava-se a
ser uma atividade burocrática, desprovida de sentido e Quanto ao professor afirma que “queria que os educadores,
fundamentada na concepção de que o ensino estava sobretudo aqueles com interesse específico no que acontece
centrado na figura do professor, que transmitia nas salas de aula, examinassem criticamente as suas próprias
conhecimentos específicos aos alunos, estes vistos apenas ideias acerca dos efeitos da educação”. Esse posicionamento
como meros repetidores dos assuntos apresentados. certamente modificaria a prática pedagógica, não no sentido
de aplicação metodológica, mas enquanto intenções
Teoria Crítica provocativas à reflexão e à emancipação.

Quando Bobbitt (in Kliebard) concebeu esse currículo, Portanto, segundo Silva23, as teorias tradicionais
acreditamos que talvez não tenha tido a intenção de, além de pretendem ser apenas “teorias” neutras, científicas,
padronizar atividades, padronizar pessoas. Essa teoria desinteressadas, concentrando-se em questões técnicas e de
produziu uma concepção mecanizada de currículo que organização, enquanto que “as teorias críticas e as teorias pós-
perdura até hoje, mas ela abriu espaço para o campo político e críticas argumentam que nenhuma teoria é neutra, científica
econômico, conferindo ao currículo conteúdos implícitos de ou desinteressada, mas que está, inevitavelmente implicada
dominação e poder, através da ideologia dominante. em relações de poder. Não se limita a questionar “que
conhecimentos”, mas por que esse conhecimento e não outro?
Essa foi a percepção de Michael Apple do que vinha Quais interesses fazem com que esse conhecimento e não
acontecendo com o currículo e que o tornou, segundo outro esteja no currículo? Por que privilegiar um determinado
Paraskeva21, o grande precursor da Escola de Frankfurt no tipo de identidade ou subjetividade e não outro?”
campo da educação e do currículo e o primeiro a reavivar, de
uma forma explícita, o cunho político do ato educativo e Desta forma, percebemos que as teorias críticas
curricular, colocando a teorização crítica como a saída para a pretendem trazer as relações sociais e sua discussão para a
compreensão do atual fenômeno da escolarização. sala de aula: questões de raça, de religião, dominação política
e ideológica, diferenças culturais, etc. A intenção é legítima
Aponta que Apple, em “Ideilogy and Curriculum”, denuncia quanto à uma educação voltada para a redução e até mesmo,
a feliz promiscuidade entre Ideologia, Cultura e Currículo e o nivelação das desigualdades.
modo como os movimentos hegemônicos (e também contra
hegemônicos) se [re] [des] constroem e disputam um Trazer essas intenções para a sala de aula, concretizar essa
determinado conhecimento decisivo na construção e teorização crítica do currículo na prática pedagógica não é
manutenção de um dado senso comum com implicações tarefa fácil. É possível perceber essa dificuldade sobre o que
diretas nas políticas sociais, em geral e educativas e observamos do que Moreira24 apresenta quando a teoria
curriculares, em particular. E esta obra, para muitas figuras de curricular crítica é vista em crise tanto nos Estados Unidos
proa no campo do currículo – Huebner, McDonald, Mann, como no Brasil, e revela as seguintes interpretações:
Kliebard, Beane, McLaren, Giroux, Macedo – seria o inaugurar - para Pinar, Reynolds Slattery e Taubman, como críticos à
de uma nova era no campo, em que passava-se do Tylerismo ao essa teoria, a crise resulta do ecletismo do discurso,
Appleanismo. decorrente da amplidão desmedida de seus interesses e de
suas categorias;
Paraskeva, apresenta que para Apple, a problemática do - para James Ladwig, a crise resulta de um impasse teórico,
conhecimento é considerada como pedra angular para o pois são fundamentalmente qualitativos e não apresentam
estudo da escolarização como veículo de seletividade, um evidências suficientes de suas proposições, o que os torna
conhecimento que se toma parte nas dinâmicas desiguais de pouco convincentes para grande parte da comunidade
poder e de controle, no qual o processo de escolarização não é educacional tradicional;
inocente. - para Jennifer Gore a crise é mais evidente nos trabalhos
de Giroux e Peter Maclaren e são descritas em duas razões:
Sobre a preocupação com as formas de conhecimento ausência de sugestões para uma prática docente crítica e a
difundido Apple22, considera fundamental questionar “para utilização de um discurso altamente abstrato e complexo,
quem é esse conhecimento”, demonstrando uma preocupação cujos princípios dificilmente podem ser entendidos e
com o que deve ser ensinado não apenas como questão operacionalizados pelos professores.
educacional, mas, sobretudo, como questão ideológica e
política. Quanto ao Brasil, apresenta que Regina Celli Cunha
considera que a concepção crítica de currículo vivencia uma
Destaca a escola e o currículo porque considera “que crise de legitimação, por não conseguir, na prática,
discutir sobre o que acontece, o que pode acontecer e o que implementar seus princípios teóricos. Moreira revela, ainda,
deveria acontecer em sala de aula” (...) é uma “tarefa que que a opinião dominante entre especialistas em currículo
merece a aplicação de nossos melhores esforços”. acerca da crise é de que os avanços teóricos afetam pouco a
prática docente e que essas discussões têm predominância no
Nesse sentido observa que “enquanto não levarmos à sério campo acadêmico, dificilmente alcançando a escola, não
a intensidade do envolvimento da educação com o mundo real contribuindo para maior renovação, e que, apesar da crise, a

21 PARASKEVA, J.M. Michael Apple e os estudos [curriculares] críticos. Currículo 23 SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo.
sem Fronteiras, v.2, n. 1, p. 106-120, Jan./Jun. 2002. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
22 APPLE, M. W. Repensando ideologia e currículo. In: MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. 24 MOREIRA, A. F. B. A crise da teoria curricular crítica. 1999.

(Orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1994, p. 39-57.

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teoria curricular crítica constitui a mais produtiva tendência Multiculturalismo – contra o currículo universitário
do campo do currículo. tradicional (cultura branca, masculina e europeia e
heterossexual).
Fundamentos:
- Crítica aos processos de convencimento, adaptação e - As questões de gênero são uma das questões muito
repressão da hegemonia dominante; presentes nas teorias pós-críticas;
- Contraposição ao empiricismo e ao pragmatismo das - O acesso à educação era desigual para homens e mulheres
teorias tradicionais; e dentro do currículo havia distinções de disciplinas
- Crítica à razão iluminista e racionalidade técnica; masculinas e femininas;
- Busca da ruptura do status quo; - Assim certas carreiras eram exclusivamente masculinas
- Materialismo Histórico Dialético – crítica da organização sem que as mulheres tivessem oportunidades;
social pautada na propriedade privada dos meios de produção - A intenção era que os currículos percebessem as
(fundamentos em Marx e Gramsci); experiências, os interesses, os pensamentos e os
- Crítica à escola como reprodutora da hegemonia conhecimentos femininos dando-lhes igual importância;
dominante e das desigualdades sociais. (Michael Apple) - As questões raciais e étnicas também começaram a fazer
parte das teorias pós-críticas do currículo, tendo sido
Principais Fundamentos: percebida a problemática da identidade étnica e racial.

- Escola Francesa: teoria da reprodução cultural – “capital É essencial, por meio do currículo, desconstruir o texto
cultural”. O currículo da escola está baseado na cultura racial, questionar por que e como valores de certos grupos
dominante, na linguagem dominante, transmitido através do étnicos e raciais foram desconsiderados ou
código cultural (Bourdieu e Passeron) menosprezados no desenvolvimento cultural e histórico da
humanidade e, pela organização do currículo,
- Escola de Frankfurt: crítica à racionalidade técnica da proporcionar os mesmos significados e valores a todos os
escola “pedagogia da possibilidade” – da resistência. Currículo grupos, sem supervalorização de um ou de outro.
como emancipação e libertação. (Giroux e Freire)
Uma Análise Comparativa
Assim sendo, a função do currículo, mais do que um
conjunto coordenado e ordenado de matérias, seria Teorias Críticas Teorias Pós Críticas
também a de conter uma estrutura crítica que permitisse - Conceitos e conhecimentos
uma perspectiva libertadora e conceitualmente crítica em - Fim das metanarrativas;
históricos e científicos;
favorecimento das massas populares. As práticas - Concepções; - Hibridismo;
curriculares, nesse sentido, eram vistas como um espaço - Teoria de currículo – - Currículo como discurso-
de defesa das lutas no campo cultural e social. conceitos; representações;
- Trabalho; - Cultura;
Teoria Pós-Críticas -
- Identidade/subjetividade;
Materialidade/objetividade;
Já a teoria pós-críticas emergiu a partir das décadas de - Realidade; - Discurso;
1970 e 1980, partindo dos princípios da fenomenologia, do - Gênero, raça, etnia,
pós-estruturalismo e dos ideais multiculturais. Assim como a - Classes Sociais;
sexualidade;
teoria crítica, a perspectiva pós-crítica criticou duramente a
- Representação e
teoria tradicional, mas elevaram as suas condições para além - Emancipação e libertação;
incertezas;
da questão das classes sociais, indo direto ao foco principal: o
- Desigualdade Social; - Multiculturalismo;
sujeito.
- Currículo como construção
- Currículo como resistência;
de identidades;
Desse modo, mais do que a realidade social dos indivíduos,
- Currículo oculto; - Relativismo;
era preciso compreender também os estigmas étnicos e
culturais, tais como a racialidade, o gênero, a orientação sexual - Compreensão do “para
e todos os elementos próprios das diferenças entre as pessoas. - Definição do “o quê” e “por quem” se constrói o
Nesse sentido, era preciso estabelecer o combate à opressão quê” se ensina; currículo – formação de
de grupos semanticamente marginalizados e lutar por sua identidades.
inclusão no meio social. - Noção de sujeito.

A teorias pós-crítica considerava que o currículo Organização Curricular da Educação Básica


tradicional atuava como o legitimador dos modus operandi dos
preconceitos que se estabelecem pela sociedade. Assim, a sua A Educação Básica no Brasil é composta por três etapas:
função era a de se adaptar ao contexto específico dos - Educação Infantil (que atende crianças de 0 a 6 anos, em
estudantes para que o aluno compreendesse nos costumes e creches ou pré-escolas, geralmente mantidas pelo poder
práticas do outro uma relação de diversidade e respeito. municipal);
- Ensino Fundamental (que atende alunos de 7 a 14 anos,
Além do mais, em um viés pós-estruturalista, o currículo tem caráter obrigatório, é público, gratuito e oferecido de
passou a considerar a ideia de que não existe um forma compartilhada pelos poderes municipal e estadual); e
conhecimento único e verdadeiro, sendo esse uma questão de - Ensino Médio (que atende jovens de 15 a 17 anos e é
perspectiva histórica, ou seja, que se transforma nos oferecido basicamente pelo poder estadual).
diferentes tempos e lugares.
No Brasil, existe um contingente ainda expressivo, embora
Fundamentos: decrescente, de jovens e adultos com pouca ou nenhuma
escolaridade, o que faz da Educação de Jovens e Adultos um
Currículo Multiculturalista – nenhuma cultura pode ser programa especial que visa dar oportunidades educacionais
julgada superior a outra.

Conhecimentos Pedagógicos 169


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apropriadas aos brasileiros que não tiveram acesso ao ensino * Os municípios deveriam gastar 20% de seu orçamento
fundamental na idade própria. com educação, não previa a dotação orçamentária para a União
ou os estados (art. 59).
No que se refere às comunidades indígenas, a
Constituição garante-lhes o direito de utilizar suas línguas - Lei 4.024/81, contemplou a questão curricular
maternas e processos próprios de aprendizagem. superficialmente admitindo experiências pedagógicas, e no
ensino secundário, a variedade de currículos de acordo com as
Relativamente à questão curricular e à qualidade da matérias optativas escolhidas pelo estabelecimento de ensino.
educação, pode-se dizer que currículos compreendem a
expressão dos conhecimentos e valores que uma sociedade - Nova estrutura educacional – finalidades da educação
considera que devem fazer parte do percurso educativo de nacional concernentes ao regime político vigente.
suas crianças e jovens. Eles são traduzidos nos objetivos que
se deseja atingir, nos conteúdos considerados os mais - O paradigma curricular técnico, adotado na época,
adequados para promovê-los, nas metodologias adotadas e compreendeu uma complexa articulação que envolve quatro
nas formas de avaliar o trabalho desenvolvido. aspectos:
* A determinação dos conteúdos realçando as diferenças,
A definição de quais são esses conhecimentos e valores semelhanças e identidades que havia entre o núcleo comum e
vem sendo modificada nos últimos anos, devido às demandas a parte diversificada;
criadas pelas transformações na organização da produção e do * O currículo pleno com as noções de atividade, áreas de
trabalho e pela conjuntura de redemocratização do país. estudo e disciplina;
Portanto, a meta de melhoria da qualidade da educação impôs * Em relação ao currículo pleno, o desenvolvimento das
o enfrentamento da questão curricular como aquilo que deve ideias de relacionamento, ordenação, sequência e a função de
nortear as ações das escolas, dando vida e significado ao seu cada uma delas para a construção de um currículo orgânico e
projeto educativo. flexível;
* A delimitação da amplitude da educação geral e formação
É importante considerar também que, no quadro de especial, em torno das quais se desenvolvia toda a nova
diversidade da realidade brasileira, existem grandes escolarização.
discrepâncias em relação à possibilidade de se ter acesso aos
centros de produção de conhecimento, tanto das áreas - Outras categorias curriculares como educação geral e
curriculares quanto da área pedagógica. Isto é refletido na formação especial designavam com precisão as finalidades
formação de professores e nos currículos das escolas, o que atribuídas ao ensino de 1º e 2º graus.
não favorece a existência de uma equidade na qualidade da
oferta de ensino das cerca de 250.000 escolas públicas - A educação geral destinava-se a transmitir uma base
brasileiras dispersas nas cinco regiões do país. comum de conhecimentos indispensáveis a todos, tendo em
vista a continuidade dos estudos; a parte especial tinha como
Era preciso portanto construir referências nacionais para objetivo a sondagem de aptidões e a indicação para o trabalho
impulsionar mudanças na formação dos alunos, no sentido de no 1ºgrau, e a habilitação profissional no 2º grau.
enfrentar antigos problemas da educação brasileira e os novos
desafios colocados pela conjuntura mundial e pelas novas - Em relação aos conteúdos, optou-se pela classificação
características da sociedade como a urbanização crescente. tríplice das matérias em: (Conteúdos Particulares)
Por outro lado, essas referências precisavam indicar pontos * Comunicação e Expressão;
comuns do processo educativo em todas as regiões e, ao * Estudos Sociais;
mesmo tempo, respeitar as diversidades regionais, culturais e * Ciências.
políticas existentes.
Políticas do Governo Federal para o Currículo no Brasil - A Arte:
* Artes Plásticas;
- Uma característica marcante da política curricular no * Desenho;
Brasil foi a centralização do currículo nas mãos do poder * Teatro, entre outros.
público.
- Da mesma forma, programas de saúde substituem a visão
- Estados legislaram sobre o programa de ensino primário higienista predominante, pela compreensão mais abrangente
e secundário durante todo o século XIX e parte do século XX. de saúde e prevenção.

- Divisor de águas – a reforma do ensino de 1º e 2º graus - Assim foram definidos os objetivos das matérias.
ocorrida em 1971 – Lei 5.692/1971, que fixava as Diretrizes e
Bases para o ensino de 1° e 2º graus. - Em Comunicação e Expressão: o cultivo de linguagens
que ensejem ao aluno o contato coerente com os seus
- Principais características da Lei 5. 692/71: semelhantes e a manifestação harmônica de sua personalidade
* 2ª LDB implantada no país foi a Lei nº 5.692/71 que dos aspectos físico, psíquico e emocional, ressaltando-se a
estabeleceu um ensino tecnicista para atender ao regime Língua Portuguesa como expressão da cultura brasileira.
vigente (Ditadura Militar) voltado para a ideologia do
Nacionalismo Desenvolvimentista; - Nos Estudos Sociais: o ajustamento crescente do
* Previa um núcleo comum para o currículo de 1º e 2º educando ao meio cada vez amplo e complexo, em que deve
graus e uma parte diversificada em função das peculiaridades apenas viver como conviver, dando-se ênfase ao conhecimento
locais (art. 4); do Brasil na perspectiva atual do seu desenvolvimento.
* Inclusão da educação moral e cívica, Ed. Física, Ed.
Artística e programas de saúde como matérias obrigatórias do - Nas Ciências: o desenvolvimento do pensamento lógico e
currículo, além do ensino religioso facultativo (art. 7); a vivência do método científico e de suas aplicações.

Conhecimentos Pedagógicos 170


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- A organização curricular definida pela Reforma de 1971 TÍTULO IV


vogou por quase três décadas até ser revogada pela nova Lei Da Organização da Educação Nacional
de Diretrizes e Bases da Educação – LDB – Lei 9.394/96, em
1976. Art. 9º A União incumbir-se-á de:
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito
- Apesar da vigência da Lei, várias reestruturações Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a
curriculares ocorreram na década de 1980, implementações educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que
pela ação dos governos estaduais e de alguns municípios. nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo
a assegurar formação básica comum;
Dessa forma, no primeiro mandato do presidente
Fernando Henrique Cardoso, uma das prioridades do TÍTULO V
Ministério da Educação foi a elaboração de referências Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino
curriculares para a educação básica, um processo inédito na
história da educação brasileira, sistematizando ideias que já CAPÍTULO II
vinham sendo utilizadas nas reformulações curriculares de DA EDUCAÇÃO BÁSICA
estados e municípios.
Seção I
Os procedimentos seguidos na elaboração dos documentos Das Disposições Gerais
representam a manifestação do espírito democrático e
participativo que deve caracterizar a educação de base no país. Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries
Equipes de educadores (professores com larga e boa anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de
experiência nas salas de aula, professores universitários e períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade,
pesquisadores) elaboraram os documentos preliminares. na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
organização, sempre que o interesse do processo de
Estas equipes realizaram um estudo dos currículos de aprendizagem assim o recomendar.
outros países (como Inglaterra, França, Espanha, Estados § 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive
Unidos), analisaram as propostas dos estados e de alguns dos quando se tratar de transferências entre estabelecimentos
municípios brasileiros, considerando os indicadores da situados no País e no exterior, tendo como base as normas
educação no Brasil (como taxas de evasão e repetência, curriculares gerais.
desempenho dos alunos nas avaliações sistêmicas) e
estudaram os marcos teóricos contemporâneos sobre Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio,
currículo, ensino, aprendizagem e avaliação. será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular
A finalidade das referências curriculares consiste na por série, o regimento escolar pode admitir formas de
radical transformação dos objetivos, dos conteúdos e da progressão parcial, desde que preservada a sequência do
didática na educação infantil, no ensino fundamental e na currículo, observadas as normas do respectivo sistema de
educação de jovens e adultos. Os conteúdos estudados passam ensino;
a ser os meios com os quais o estudante desenvolve IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos
capacidades intelectuais, afetivas, motoras, tendo em vista as de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento
demandas do mundo em que vive. A formação se sobrepõe à na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou
informação pura e simples, modificando o antigo conceito de outros componentes curriculares;
que educação é somente transmissão de conhecimentos.
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino
A nova proposta apresentada pelo Ministério da Educação fundamental e do ensino médio devem ter base nacional
aos educadores brasileiros é composta dos documentos: comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em
- Parâmetros Curriculares Nacionais para Educação cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
Fundamental; exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
- Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil cultura, da economia e dos educandos. (Redação dada pela Lei
- Referencial Curricular Nacional para a Educação nº 12.796, de 2013)
Indígena; § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger,
- Proposta Curricular para Educação de Jovens e Adultos. obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da
Dentro das propostas já referidas, cada qual com sua realidade social e política, especialmente do Brasil.
especificidade, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o § 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões
Ensino Fundamental incluem, além das áreas curriculares regionais, constituirá componente curricular obrigatório da
clássicas (Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
História, Geografia, Arte, Educação Física e Línguas § 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da
Estrangeiras), o tratamento de questões da sociedade escola, é componente curricular obrigatório da educação
brasileira, como aquelas ligadas a Ética, Meio Ambiente, básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada
Orientação Sexual, Pluralidade Cultural, Saúde, Trabalho e pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
Consumo, ou outros temas que se mostrem relevantes. § 5o No currículo do ensino fundamental, a partir do
sexto ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela
Veremos agora o que está vigorando (hoje) na Lei de Lei nº 13.415, de 2017)
Diretrizes e Bases da Educação: § 6o As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as
linguagens que constituirão o componente curricular de que
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. trata o § 2o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de
2016)
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. § 7o A integralização curricular poderá incluir, a critério
dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os

Conhecimentos Pedagógicos 171


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temas transversais de que trata o caput. (Redação dada pela Seção IV


Lei nº 13.415, de 2017) Do Ensino Médio
§ 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá
componente curricular complementar integrado à proposta Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá
pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio,
mínimo, 2 (duas) horas mensais. (Incluído pela Lei nº 13.006, conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas
de 2014) seguintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei nº 13.415,
§ 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à de 2017)
prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o § 1o A parte diversificada dos currículos de que trata
adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos o caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá
currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser
como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto articulada a partir do contexto histórico, econômico, social,
da Criança e do Adolescente), observada a produção e ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei § 2o A Base Nacional Comum Curricular referente ao
nº 13.010, de 2014) ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de
§ 10. A inclusão de novos componentes curriculares de educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei nº
caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular 13.415, de 2017)
dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e § 4o Os currículos do ensino médio incluirão,
de homologação pelo Ministro de Estado da Educação. obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) outras línguas estrangeiras, em caráter optativo,
preferencialmente o espanhol, de acordo com a
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos
de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. § 5o A carga horária destinada ao cumprimento da Base
(Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e
§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro- oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de
brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído pela
no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas Lei nº 13.415, de 2017)
de educação artística e de literatura e história brasileiras. § 6o A União estabelecerá os padrões de desempenho
(Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). esperados para o ensino médio, que serão referência nos
processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica Comum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
observarão, ainda, as seguintes diretrizes: § 7o Os currículos do ensino médio deverão considerar a
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho
aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua
comum e à ordem democrática; formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais.
II - consideração das condições de escolaridade dos alunos (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
em cada estabelecimento;
III - orientação para o trabalho; Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela
IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas Base Nacional Comum Curricular e por itinerários
desportivas não-formais. formativos, que deverão ser organizados por meio da oferta de
diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para o
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a
rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações saber: (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e § 3o A critério dos sistemas de ensino, poderá ser composto
de cada região, especialmente: itinerário formativo integrado, que se traduz na composição
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às de componentes curriculares da Base Nacional Comum
reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; Curricular - BNCC e dos itinerários formativos, considerando
os incisos I a V do caput. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de
Seção III 2017)
Do Ensino Fundamental § 11. Para efeito de cumprimento das exigências
curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de reconhecer competências e firmar convênios com instituições
9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 de educação a distância com notório reconhecimento,
(seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do mediante as seguintes formas de comprovação: (Incluído pela
cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) Lei nº 13.415, de 2017)
§ 5o O currículo do ensino fundamental incluirá,
obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças Seção IV-A
e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio
de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
Adolescente, observada a produção e distribuição de material
didático adequado. (Incluído pela Lei nº 11.525, de 2007). Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela Lei nº
como tema transversal nos currículos do ensino 11.741, de 2008)
fundamental. (Incluído pela Lei nº 12.472, de 2011). I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes
curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional
de Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

Conhecimentos Pedagógicos 172


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Seção V Currículo e os Sujeitos da Ação Pedagógica


Da Educação de Jovens e Adultos
O coletivo dos educadores planeja a execução dos seus
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames currículos por área ou por ciclo. Individual e coletivamente, os
supletivos, que compreenderão a base nacional comum do conteúdos curriculares são revisados. Junto com os
currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em administradores das escolas, professores escolhem e planejam
caráter regular. prioridades e atividades, reorganizam os conhecimentos,
intervindo na construção dos currículos.
Obs.: Só colocamos os parágrafos e incisos que dizem
respeito ao currículo, por isso não seguimos à ordem. O avanço dessa prática de trabalho coletivo está se
constituindo em uma dinâmica promissora para a
Base Nacional Comum Curricular reorientação curricular na educação básica. Esses coletivos de
profissionais terminam produzindo e selecionando
A Base Nacional Comum Curricular é um documento de conhecimentos, material, recursos pedagógicos, de maneira
caráter normativo que define o conjunto orgânico e que eles se tornam produtores coletivos do currículo.
progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos
devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Os educandos, sujeitos centrais da ação pedagógica, são
Educação Básica. condicionados pelos conhecimentos que deverão aprender e
pelas lógicas e tempos predefinidos em que terão de aprendê-
Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da los. Muitos alunos têm problemas de aprendizagem, e talvez
Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), a Base deve muitos desses problemas resultem das lógicas temporais que
nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das norteiam as aprendizagens e dos recortes com os quais são
Unidades Federativas, como também as propostas organizados os conhecimentos nos currículos. Tais lógicas e
pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de ordenamentos não podem ser considerados intocáveis.
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em
todo o Brasil. Passo importante para os coletivos das escolas: investigar
os currículos a partir dos educandos. As novas sensibilidades
A Base estabelece conhecimentos, competências e para com os educandos são importantes para se repensarem e
habilidades que se espera que todos os estudantes reinventarem os currículos escolares. Os alunos estão
desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos mudando e obrigando-nos a rever nosso olhar sobre eles e
princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes sobre os conteúdos da docência.
Curriculares Nacionais da Educação Básica, a Base soma-se aos
propósitos que direcionam a educação brasileira para a Currículo e Qualidade do Ensino
formação humana integral e para a construção de uma
sociedade justa, democrática e inclusiva. Outra inquietação permeia a análise dos currículos: trata-
se da preocupação com o rebaixamento da qualidade da
Currículo e Direito à Educação docência e da escola. A reação das escolas, dos docentes e
gestores diante dos dados que informam a desigualdade
Sabemos o quanto a questão curricular afeta a organização escolar, em geral, é culpar os alunos, suas famílias, seu meio
do trabalho na escola, constituindo-se mesmo num elemento social, sua condição racial pelas capacidades desiguais de
estruturante do seu trabalho. aprender. Podemos, sim, ter outro entendimento sobre isso.

Aspectos fundamentais do cotidiano das escolas são Há um argumento que retarda a tentativa de se criar esse
condicionados pelo currículo: é ele que estabelece, por novo entendimento: o fato de a desigualdade ser socialmente
exemplo, os conteúdos, seu ordenamento e sequenciação, suas criada. No entanto, as ciências consideram que toda mente
hierarquias e cargas horárias. São também as decisões humana é igualmente capaz de aprender.
curriculares que fazem importante mediação dos tempos e dos
espaços na organização escolar, das relações entre educadores Embora hoje muitas escolas e coletivos docentes tenham
e educandos, da diversificação que se estabelece entre os essa preocupação, há muita dificuldade em superar o olhar
professores. A organização escolar, portanto, é inseparável da classificatório dos alunos e o padrão de normalidade bem
organização curricular. sucedida na gestão dos conteúdos. Ainda são aplicados
“remédios” para os malsucedidos, os lentos, os desacelerados,
Miguel G. Arroyo25 é um dos autores que têm se os fracassados. Exemplo disso é o reforço e a recuperação
preocupado com o currículo e os sujeitos envolvidos na ação paralela, agrupamentos em turmas de aceleração, dentre
educativa: educandos e educadores. Arroyo tem ressaltado outros.
nesses estudos diversos aspectos, como:
- a importância do trabalho coletivo na educação para a Podemos encontrar iniciativas corajosas de coletivos que
construção de parâmetros de ação pedagógica; repensam o currículo em função dessa questão da
- o fato de serem os educandos sujeitos de direito ao desigualdade. Assim, há estudos e propostas de revisão da
conhecimento; lógica que estrutura os conhecimentos dos tempos de
- a necessidade de se mapearem imagens e concepções dos aprendizagem. Novos estudos sobre a mente humana são
educandos para subsidiar o debate sobre os currículos. buscados, como o de Gerome Bruner26, para repensar os
currículos que organizam conhecimentos.
Com base em discussões apresentadas por esse autor,
veremos alguns pontos de reflexão sobre o tema:

25ARROYO, Miguel Gonzalez. Secretaria de Educação Básica (Org.). Os educandos, 26 BRUNER, J. A cultura da educação. Porto Alegre: Artmed, 2001.
seus Direitos e o Currículo: Documento em versão preliminar. 2006.

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O direito à educação e o currículo como instrumento A escola vem fazendo esforços para repensar-se em função
para viabilizar esse direito nos obrigam a desconstruir da vida real dos sujeitos que têm direito à educação, ao
crenças cristalizadas e a repensá-las à luz de critérios conhecimento e à cultura. A nova LDB n° 9394/96 recoloca a
éticos. educação na perspectiva da formação e do desenvolvimento
humano; o direito à educação, entendido como direito à
- Para desconstruir a crença na desigualdade de formação e ao desenvolvimento humano pleno.
capacidades de aprender, é preciso confrontá-la com o direito
igual de todos à educação, ao conhecimento e à cultura. Essa lei se afasta, no seu discurso, da visão dos educandos
como mão-de-obra a ser preparada para o mercado e
- Os avanços das ciências desconstroem nossos reconhece que toda criança, adolescente, jovem ou adulto tem
olhares hierárquicos e classificatórios das capacidades e direito à formação plena como ser humano. Reafirma que essa
ritmos dos alunos e alunas, além de nos levarem a visões mais é uma tarefa da gestão da escola, da docência e do currículo.
respeitosas e igualitárias. Há necessidade, portanto, de
entender mais os processos de aprender dos currículos. A Currículo e Multiculturalismo
questão central continua a ser o que ensinar, como ensinar,
como organizar os conhecimentos, tendo como parâmetro os Sacristán27 afirma que a escola tem sido um mecanismo de
processos de aprendizagem dos educandos em cada tempo normalização. O multiculturalismo na escola nada mais é do
humano. que a inclusão de todos à educação, procurando atender aos
interesses de todos, independentemente de etnias,
- À medida que essas questões vindas da visão dos alunos deficiências ou diferentes grupos minoritários, geralmente
e suas aprendizagens interrogam nossos currículos, somos excluídos e marginalizados.
levado(a)s a rever as lógicas em que estruturamos os
conteúdos escolares. Na sua concepção o currículo educacional deve atender a
todas estas diversidades, pois a sociedade não é homogênea.
Educandos como Sujeitos de Direitos Para tanto, o currículo deve ser ampliado e abranger as
necessidades dos grupos minoritários, ou seja, não pode se
Tomando os educandos como sujeitos de direito, os prender apenas a cultura dominante e geral, mas sim
currículos são responsáveis pela organização de reconhecer a singularidade dos indivíduos.
conhecimentos, culturas, valores, artes a que todo ser humano
tem direito. Isso significa inverter as prioridades ditadas pelo Para que aconteça a inclusão de grupos minoritários, é
mercado e definir as prioridades a partir do respeito ao direito necessária uma discussão profunda sobre a temática, a qual
dos educandos. deve envolver toda a comunidade escolar. O ponto de partida
para o movimento inicial é o planejamento curricular, mas é
Somente partindo do conhecimento dos educandos como no currículo real, ou seja, as práticas educativas, que de fato
sujeitos de direitos, estaremos em condições de questionar o ocorrem à desvalorização das experiências dos alunos e as
trato seletivo e segmentado em que ainda se estruturam os discriminações.
conteúdos.
Para Sacristán, a cultura transmitida pela escola confronta
Isso exige repensar a reorganização da estrutura escolar e com outros significados prévios, por isso, deve-se pensar em
do ordenamento curricular legitimados em valores de mérito um currículo extraescolar, para que os educadores possam
e sucesso, em lógicas excludentes e seletivas, em hierarquias mediar os educandos com uma perspectiva multicultural, a
de conhecimentos e de tempos, em cargas-horárias. qual visa o currículo em coordenadas mais amplas.

A superação das hierarquias, das segmentações e dos Para que não perca a identidade das culturas, o
silenciamentos entre os conhecimentos e as culturas pode ser planejamento curricular, de acordo com Sacristán28, deve se
um dos maiores desafios atuais para a organização dos pautar na seguinte estratégia:
currículos. Eles têm sido repensados, mas, sobretudo, em - formação de professores;
função do progresso cientifico e tecnológico. Assim, os - planejamento de currículos;
currículos se complexificam cada vez mais, o que não significa - desenvolvimento de materiais apropriados e,
que os mesmos questionem os processos humanos regressivos - a análise e revisão crítica das práticas vigentes.
que acontecem na sociedade e que cada vez mais parecem
precarizar a vida dos educandos. Para esta abordagem, segundo o autor, deve-se modificar
muito o currículo.
As exigências curriculares e as condições de garantia do
direito à educação e ao conhecimento se distanciam pela Em relação ao papel da escola Candau29 enfatiza que as
precarização da vida dos setores populares. diversidades culturais existentes nas diferentes sociedades,
como:
Por um lado, o direito à educação e, por outro, a vivência - os negros americanos;
da negação dos direitos humanos mais básicos questionam o - os emigrantes em países desenvolvidos;
ordenamento curricular, a lógica sequenciada, linear, rígida, - os emigrantes no Brasil; e mais,
previsível, para sujeitos disponíveis, liberados, em tempo - as muitas distintas culturas que variam de grupos e de
integral, sem rupturas, sem infrequências, somente ocupados pessoas se fazem presentes no interior da escola.
no estudo, sem fome, protegidos, com a sobrevivência
garantida.

27SACRISTAN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Trad Ernani 29CANDAU, Vera Maria Ferrão. (Org.). Sociedade, educação e cultura(s): Questões
da Rosa. Porto Alegre, RGS: Artmed, 2000. e propostas. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.
28 SACRISTAN, José Gimeno. Currículo e diversidade cultural. In SILVA, Tomaz

Tadeu da. MOREIRA, Antonio Flávio (Orgs). Territórios Contestados: o currículo e


os novos mapas políticos e culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

Conhecimentos Pedagógicos 174


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A escola neste sentido, não pode reproduzir a cultura Este conceito assevera a ideia de um currículo em
dominante, ela deve considerar as vivências dos educandos e constante movimento. Um currículo aberto e que serve de
contribuir para uma pedagogia libertária. passagem para o real e significativo. Um lugar perfeito para se
processar a avaliação que se deseja em qualquer processo de
Em decorrência do fracasso escolar, intensificaram-se os aprendizagem
estudos a respeito do multiculturalismo associado com a
Antropologia, mas também se viu a Psicologia como uma das A avaliação é um processo histórico que se propaga de
ciências importantíssima para a resolução dos problemas. acordo com as mudanças sociais, tendo em vista os múltiplos
contextos que perpassam a vida dos sujeitos humanos. Ou seja,
Candau faz referência à teoria de Paulo Freire, a qual a avaliação está presente no cotidiano dos indivíduos,
buscou em uma perspectiva da cultura popular, alfabetizar ocorrendo de maneira espontânea ou através do ensino
muitas pessoas em blocos divididos, os quais os educadores formal.
faziam um estudo do cotidiano das pessoas para daí então,
começar alfabetizá-los, considerando a linguagem e os termos Na educação, a avaliação deve partir de um currículo
comuns. planejado, envolvendo todo o coletivo da instituição. O
currículo, por sua vez, tem por objetivo direcionar caminhos
O multiculturalismo, de acordo com Candau, tem sua maior de como trabalhar as diversidades encontradas dentro da
representatividade nos EUA, porque lá vivem negros, escola, atribuindo juízo de valor que deve ser realizado de
mexicanos, porto-riquenhos, chineses e uma pluralidade de forma ética e democrática a respeito do objetivo que se
raças e etnias distintas. pretende alcançar, principalmente no ensino e na
aprendizagem escolar.
Durante a década de 1960, tiveram muitas manifestações
em prol da igualdade dos negros perante aos brancos, eles Nesse sentido, as práticas pedagógicas do educador podem
reivindicavam direitos e participação iguais na sociedade, se tornar um ato classificatório, sendo que o juízo de valor se
independentemente de raça, sexo, crenças e religião. expressa nas suas ações diárias desenvolvidas em sala de aula.
Haja vista que a atividade docente requer um processo
O multiculturalismo enfim, se apresenta de muitas formas, contínuo de reflexões em torno da práxis, especialmente no
as quais não se limitam a uma única tendência. Por isso, sua tocante ao ato de avaliar.
abordagem educacional é muito ampla, fazendo uma reforma
drástica no currículo para uma perspectiva de diversidades. Faz-se fundamental que o educador reflita as suas práticas
desenvolvidas no cotidiano da sala de aula, respeitando as
Currículo e Avaliação experiências que os indivíduos trazem do seu convívio em
sociedade. Tendo em vista que a avaliação consiste um dos
Que tipo de ser humano queremos formar? É com esta aspectos do processo pedagógico, cuja prática deve colaborar
pergunta na cabeça que devemos pensar o currículo. Não no desenvolvimento da criticidade do indivíduo, interagindo
obstante, a avaliação, também, perpassa por este viés – uma os conhecimentos escolares com os contextos em que alunos
avaliação que dê conta de suprir algumas de nossas estão inseridos.
necessidades do cotidiano.
Nesse sentido, o corpo docente não deve utilizar o ato de
É nesse contexto que as três últimas décadas registraram avaliar apenas para medir e controlar o rendimento do
uma preocupação intensa com os estudos sobre avaliação. O discente dentro da instituição escolar. Segundo Fernandes e
processo de avaliação não está ainda bem resolvido e definido Freitas30 perpassam, na prática escolar, duas formas de
pela escola e tampouco nas cabeças dos professores. avaliação:
- a avaliação formativa que tem princípios norteadores no
Muitos estudos foram empreendidos, mas pouco se próprio processo educativo e
avançou. Teóricos têm estudado e buscado caminhos para - a avaliação somativa que apresenta a função de julgar o
romper com um processo tão solidificado na escola como é o resultado final, ou seja, ao término do ano letivo, sendo feito
caso da avaliação da aprendizagem. uma avaliação com objetivo de somar as notas do aluno
durante o período escolar.
Algumas críticas severas têm sido feitas em relação ao
aluno não saber quais são os verdadeiros objetivos das “Os processos de avaliação formativa são concebidos para
avaliações, não saber como ele será avaliado e, o mais permitir ajustamentos sucessivos durante o desenvolvimento e
importante não saber o que o professor espera que ele a experimentação do currículo”.
responda, o que o professor, verdadeiramente, quer.
Dessa forma, a avaliação formativa se apresenta como
É preciso entender, de uma vez por todas, que temos que processo de aprendizagem na relação professor e aluno, já que
conciliar a concepção de avaliação em um currículo aberto e o docente não é o único responsável pelo desempenho do
em construção que deve contemplar o conhecimento real dos educando, embora oriente a construção do conhecimento.
alunos.
Para que isso aconteça, faz-se necessário, também, que o
Como local de conhecimento, o currículo é a expressão de discente conheça os conteúdos necessários à construção de
nossas concepções do que constitui conhecimento (...). Trata- sua autonomia. Nesse sentido, a avaliação formativa consiste,
se de uma concepção do conhecimento e do currículo como conforme Afonso, um dispositivo pedagógico adequado à
presença: presença do real e do significado no conhecimento e concretização de uma efetiva igualdade de oportunidades de
no currículo; presença do real e do significado para quem sucesso na escola básica. E, quando articulada à diversidade,
transmite e para quem recebe. torna-se democrática ao desenvolver a criticidade do aluno.

30FERNANDES, Claudia de Oliveira. Indagações sobre currículo: currículo e Aricélia Ribeiro do Nascimento. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
avaliação. Organização do documento: Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Educação Básica, 2008.

Conhecimentos Pedagógicos 175


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Haja vista que as características processuais da avaliação alunos, a fim de criar uma estratégia que favoreça os processos
têm como objetivo analisar a capacidade, habilidade e de aprender. Dessa forma, o conselho de classe não deve ser
desenvolvimento do aluno durante todo o ano letivo. Dessa entendido, simplesmente, como fechamento de notas e
forma, a escola avalia se o discente desenvolveu com decisões acerca da aprovação ou reprovação de alunos.
competência todas as etapas do processo de ensino e
aprendizagem na sala de aula. Além da avaliação dos processos de ensino e
aprendizagem, segundo Fernandes e Freitas, faz necessária a
De acordo com Fernandes e Freitas as práticas na avaliação avaliação institucional e a avaliação do sistema educacional.
da aprendizagem são apresentadas de diferentes perspectivas, - A avaliação institucional tem como apoio o Projeto
dependendo da concepção pedagógica da escola, pois esta Político-Pedagógico da escola, que é elaborado coletivamente
incorpora diversas práticas, eliminando algumas e pelos os profissionais envolvidos na educação, que se articula
hierarquizando outras, etc. Assim, os instrumentos de à comunidade local para criar e propor alternativas aos
avaliação como provas, trabalhos, relatórios, entre outros, problemas.
devem ser expostos aos alunos de forma clara no que se - A avaliação do sistema educacional acontece fora da rede
pretende alcançar em cada avaliação. avaliada, sendo a mesma elaborada pelas secretarias de
educação, envolvendo assim as escolas e os professores de
Porém, se os instrumentos forem utilizados de maneira forma que esta seja realizada com legitimidade técnica e
inadequada podem trazer consequências ao rendimento política, pois os resultados obtidos nesta avaliação são usados
escolar dos alunos. Nesse contexto, é importante avaliar tanto na avaliação institucional como pelo educador na
alguns aspectos no processo de elaboração dos instrumentos avaliação da aprendizagem dos alunos.
de avaliação, tais como:
- a linguagem que será utilizada; Assim, os sistemas de avaliações nacionais como SAEB,
- a contextualização investigada; Prova Brasil, ENEM e ENAD, que vêm sendo implementados,
- o conteúdo de forma significativa; desde os anos 90, no Brasil, apresentam o propósito de
- a coerência com o propósito de ensino; construir uma escola de melhor qualidade, sendo os
- e explorar a capacidade de leitura e de escrita. resultados apresentados nas avaliações debatidos nas escolas
e redes de comunicação para que, de fato, a educação se torne
Em relação à educação infantil, o método de avaliar um instrumento de democratização do sistema educacional
centra-se no acompanhamento do desenvolvimento e da brasileiro, com intuito de superar as dificuldades encontradas
aprendizagem das crianças. E essa forma avaliativa está dentro da escola, visando diminuir o índice de reprovação e
próxima da avaliação formativa por ser contínua e inclusiva. evasão escolar.

De acordo com advertência feita no artigo 24 da LDB (Lei Referências:


de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), a avaliação
contínua e acumulativa necessita de uma verificação sobre o ALVES, Alzenira Cândida; SANTOS, Jaiana Cirino dos;
rendimento escolar, sendo observados os critérios de FERNANDES, Hercília Maria. Currículo e Avaliação: uma análise
avaliação que permanecem nos processos quantitativos e do projeto político pedagógico da Escola Cecília Estolano
qualitativos no decorrer da aprendizagem escolar. Visto que a Meireles.IV FIPED. Campina Grande, REALIZE Editora, 2012.
avaliação se concretiza na adoção de instrumentos avaliativos, BRASIL. Indagações sobre Currículo - Currículo,
que almejam definir os critérios de como avaliar. Conhecimento e Cultura. Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Básica. Brasília, 2007.
O professor pode usar, enquanto instrumento de avaliação, FRANCO, Maristela Canário Cella. Teoria Curricular Crítica
o portifólio, que consiste um instrumento de aprendizagem em e Prática Pedagógica: Mundos Desconexos.
que os alunos podem registrar todas as construções efetivadas JESUS, Adriana Regina de. Currículo e Educação: conceito e
nas aulas; verificando assim os seus esforços, desempenhos, questões no contexto educacional.
dúvidas e criações. Assim, o portifólio pode consistir um MELLO, Guiomar Namo de. Currículo da Educação Básica no
procedimento de grande importância para aprendizagem do Brasil: concepções e políticas.
discente. PRADO, Iara Glória Areias. O MEC e a Reorganização
Curricular. Secretária de Educação Fundamental do MEC São
Outro tipo de instrumento que facilita a prática de Paulo Perspec. vol.14 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2000.
avaliação formativa corresponde ao caderno de REIS, Danielle de Souza. Concepções de Currículo e suas
aprendizagem, que igualmente proporciona o registro de inter-relações com os Fundamentos Legais e as Políticas
informações e dúvidas. A prática com o caderno de Educacionais Brasileiras. Rio de Janeiro,2010.
aprendizagem envolve dois momentos:
- atividades de acompanhamento dos conteúdos escolares, Questões
que têm como objetivo superar as dificuldades e dúvidas
inerentes às atividades estudadas. 01. (SEDUC-RO – Professor História – FUNCAB)
- e os registros reflexivos, que objetivam servir de auto Considere uma organização curricular por disciplinas isoladas,
avaliação para os alunos. dispostas em uma grade curricular, que não foi discutida e nem
elaborada pelos professores e visa a desenvolver nos alunos
O memorial, por sua vez, constitui um instrumento de habilidades e destrezas desejadas pela sociedade. Este é um
avaliação que visa à concretização da escrita do discente, visto currículo:
que contém o propósito de fazer com que o aluno reflita sobre (A) fechado e tecnicista.
as suas ações e o seu compromisso durante o processo de (B) aberto e por competência.
aprendizagem, contribuindo assim para o crescimento (C) aberto e sociocrítico.
individual e coletivo da turma. (D) fechado e escolanovista.
(E) aberto e tradicional.
Outro instrumento relacionado à avaliação condiz ao
conselho de classe, que consiste na troca de informações e
experiências entre professores que trabalham com os mesmos

Conhecimentos Pedagógicos 176


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02. (INSS – Analista Pedagogia – FUNRIO) A Pedagogia em quatro níveis de concretização. O primeiro nível de
tem passado por muitas inovações e mudanças no que se concretização do currículo corresponde aos próprios PCNs
refere aos processos de ensino e aprendizagem, em relação ao que se constituem em uma referência nacional; o segundo diz
que se compreende hoje sobre o que é o campo do currículo, respeito às propostas curriculares dos
em relação aos métodos e técnicas de ensino.
(A) Estados; o terceiro refere-se às propostas curriculares
Algumas questões exemplificam essas afirmações: dos Municípios e o quarto nível é o momento de realização das
1. começam a ser conhecidas e praticadas as propostas de programações das atividades de ensino e aprendizagem na
trabalhos por projetos; sala de aula.
2. os estudos curriculares apontam que é preciso (B) Municípios e das instituições escolares; o terceiro
problematizar a hierarquização linear dos conteúdos; refere- se às propostas curriculares implementadas nas salas
3. há uma reflexão sobre o uso das tecnologias em de aula e o quarto nível corresponde às atividades realizadas
educação, ao preço da escola se distanciar da vida concreta dos individualmente pelos alunos.
estudantes. (C) Estados e Municípios; o terceiro refere-se ao momento
de realização das programações das atividades de ensino e
No que se refere à hierarquização linear dos conteúdos, aprendizagem na sala de aula e o quarto nível corresponde às
faz-se uma crítica quanto à atividades realizadas individualmente pelos alunos.
(A) presença da interdisciplinaridade nos currículos. (D) Estados e Municípios; o terceiro refere-se às propostas
(B) presença da não disciplinaridade nos currículos. curriculares de cada instituição escolar e o quarto nível é o
(C) interdisciplinaridade presente nos currículos. momento de realização das programações das atividades de
(D) não presença da interdisciplinaridade nos currículos. ensino e aprendizagem na sala de aula.
(E) disciplinaridade não presente nos currículos.
08. (UFAL – Pedagogo – COPEVE) Do ponto de vista
03. (TJ/DF – Analista Judiciário Pedagogia – CESPE) etimológico, a palavra Currículo deriva da palavra latina
Julgue os item subsequente, relativo às concepções de curros (carros, carruagem) e de suas variações. Começou a ser
currículo. empregada na literatura geral norte-americana em meados do
século XIX, para designar processo de vida e desenvolvimento.
As imagens de família presentes em determinados livros Segundo Vilar (1998), o currículo pode assumir os significados
didáticos são exemplos de um tipo de currículo intitulado seguintes:
oculto, pois não são explicitados em documentos.
( ) Certo ( ) Errado Faça a associação correta.
1. Currículo prescrito.
04. (TSE – Analista Pedagogia – CONSULPLAN) A 2. Currículo apresentado.
incorporação, no currículo, de questões tais como ética, saúde, 3. Currículo trabalhado.
meio ambiente, orientação sexual e pluralidade cultural, 4. Currículo traduzido.
segundo os PCNs (1997) deve ser realizada a partir de 5. Currículo concretizado.
(A) uma abordagem transversal que integre todas as
temáticas relacionadas. ( ) Conjunto dos meios elaborados por diferentes
(B) criação de disciplinas específicas para cada tópico instâncias com o objetivo de apresentar uma interpretação do
específico. currículo prescrito.
(C) desenvolvimento das disciplinas de Ciências, História e ( ) Conjunto das tarefas escolares que corporizam as
Geografia. decisões curriculares, anteriormente assumidas.
(D) criação de uma disciplina integradora que contemple ( ) Consiste na planificação curricular no âmbito da escola,
ciência e cultura. configuram os significados e conteúdos das decisões e
propostas.
05. (TSE – Analista Pedagogia – CONSULPLAN) A teoria ( ) Consiste no conjunto de efeitos cognitivos, afetivos,
curricular apresenta diferentes conceitos que ajudam a definir morais, sociais etc.
o termo currículo que tanto pode ser entendido como curso, ( ) Trata-se do resultado das decisões assumidas pela
carreira, quanto designar as várias atividades educativas por administração do sistema educativo.
meio das quais os conteúdos são desenvolvidos. Dentre as
possíveis definições, o termo currículo oculto significa que Assinale a sequência correta, de cima para baixo
(A) ensina-se e aprende-se muito mais do que se supõe. (A) 2, 3, 5, 4, 1.
(B) procura-se uma identidade para o conteúdo curricular. (B) 3, 2, 4, 1, 5.
(C) o que se ensina é o que se aprende de fato. (C) 3, 1, 2, 4, 5.
(D) seleciona-se mais conteúdos do que se ensina. (D) 2, 3, 4, 5, 1.
(E) 2, 4, 3, 5, 1.
06. (TSE – Analista Pedagogia – CONSULPLAN) O
currículo tem um papel tanto de conservação quanto de 09. (TJ/DF – Analista Judiciário Pedagogia – CESPE)
transformação e construção dos conhecimentos Julgue os item subsequente, relativo às concepções de
historicamente acumulados. A perspectiva teórica que trata o currículo.
currículo como um campo de disputa e tensões, pois o vê
implicado com questões ideológicos e de poder, denomina-se A lógica temporal precedente e segmentada fundamenta-
(A) tecnicista. se em uma organização curricular baseada na lógica do ser
(B) crítica. humano como sujeito de direitos.
(C) tradicional. ( ) Certo ( ) Errado
(D) pós-crítica.
10. (TJ/DF – Analista Judiciário Pedagogia – CESPE)
07. (TSE – Analista Pedagogia – CONSULPLAN) O Julgue os item subsequente, relativo às concepções de
documento introdutório dos Parâmetros Curriculares currículo.
Nacionais (PCN/1997) propõe um desenvolvimento curricular

Conhecimentos Pedagógicos 177


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Em uma visão emancipadora de currículo, deve-se partir Cultural, do Meio Ambiente, da Saúde e da Orientação
do pressuposto que os alunos são diferentes, porém o Sexual.
parâmetro de organização curricular deve ser a capacidade Isso não significa que tenham sido criadas novas áreas ou
daqueles mais capazes ou normais para garantia da qualidade. disciplinas. Os objetivos e conteúdos dos Temas Transversais
( ) Certo ( ) Errado devem ser incorporados nas áreas já existentes e no trabalho
educativo da escola. É essa forma de organizar o trabalho
Respostas didático que recebeu o nome de transversalidade.
Amplos o bastante para traduzir preocupações da
01. Alternativa “A” sociedade brasileira de hoje, os Temas Transversais
Currículo Fechado correspondem a questões importantes, urgentes e presentes
- Apresenta disciplinas isoladas; sob várias formas, na vida cotidiana. O desafio que se
- Organizadas em grade curricular; apresenta para as escolas é o de abrirem-se para este debate.
- Objetivos e competências definidos; Os PCNs discutem a amplitude do trabalho com
- Professor limita-se a segui-los. problemáticas sociais na escola e apresentam a proposta em
sua globalidade, isto é, a explicitação da transversalidade entre
“Organização curricular por disciplinas isoladas, dispostas temas e áreas curriculares assim como em todo o convívio
em uma grade curricular, que não foi discutida e nem elaborada escolar.
pelos professores.” Há também, nos PCNs, um documento para cada tema,
expondo as questões que cada um envolve e apontando
Tecnicista objetivos, conteúdos, critérios de avaliação e orientações
Currículo Tecnológico - a educação consiste na didáticas, para subsidiá-lo na criação de um planejamento de
transmissão de conhecimentos, comportamentos éticos, trabalho eficiente para o desenvolvimento de uma prática
práticas sociais e habilidades que propiciem o controle social. educativa coerente com seus objetivos mais amplos.
Sendo assim, o currículo tecnológico tem sua base sólida na
tendência tecnicista. O comportamento e o aprendizado são 05. Alternativa “A”
moldados pelo externo, ou seja, ao professor, detentor do Currículo Oculto - São normas e valores, passados do
conhecimento, cabe planejar, programar e controlar o professor para o aluno, de uma forma contida numa
processo educativo; ao aluno, agente passivo, compete proposição sem estar expresso em termos precisos. No dia a
absorver a eficiência técnica, atingindo os objetivos propostos. dia na sala de aula, além da conclusão do planejamento diário,
o professor cita exemplos a mais, ou se aprofunda no tema
02. Alternativa “D” verbalmente, criando uma racionalização involuntária além do
Os professores da rede estadual aplicaram uma primeira esperado, do que estavam propostos no plano de aula, sem ter
proposta, de Currículo Básico, com suporte na pedagogia consciência disso.
histórico crítica até 1999. A proposta atual vigente na época da
pesquisa, de Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), era de 06. Alternativa “B”
conhecimento dos professores em suas concepções. Perspectiva Crítica: argumenta que não existe uma teoria
Comentavam que sua implementação não mudou a neutra, já que toda teoria está baseada nas relações de poder.
conformação metodológica dos conteúdos curriculares. Isso está implícito nas disciplinas e conteúdos que
Essa opinião confirma a visão de Moreira31, já referida e reproduzem a desigualdade social que fazem com que muitos
que aponta presente nos PCNs, a abordagem dos conteúdos alunos saem da escola antes mesmo de aprender as
curriculares de forma linear e hierarquizada, dificultando habilidades das classes dominantes. Percebe o currículo como
uma compreensão mais acurada da complexidade dos um campo que prega a liberdade e um espaço cultural e social
fenômenos do mundo atual. de lutas.

03. Certa 07. Alternativa “D”


Currículo oculto é o termo usado para denominar as O segundo nível de Concretização do desenvolvimento
influências que afetam a aprendizagem dos alunos e trabalho curricular diz respeito às Propostas Curriculares dos Estados
dos professores, representando tudo o que os alunos e Municípios. Os PCNs são usados como subsídio para
aprendem diariamente em meio às várias práticas, atitudes, adaptações ou elaborações de currículos realizados pelas
comportamentos, gestos, percepções, que vigoram no meio Secretarias de Educação.
social e escolar. Os parâmetros Curriculares Nacionais, servem como norte
Exercendo assim uma influência não consciente, mas eficaz para a produção do Currículo de cada região do país, pois
na formação, tal como os conteúdos que não são explícitos em temos uma Diversidade Cultura muito grande. Os estados e
planos e programas de estudo, manifestando-se de forma municípios, em sequência podem produzir, reproduzir e
implícita nas aprendizagens, tanto dentro da sala de aula como transformar este Currículo para aproximar-se de
em outros espaços escolares. características Regionais.
Outro conceito importante de "currículo oculto", é que ele E as Unidades escolares devem refletir sobre este currículo
inclui diversos valores, por exemplo: religião, preconceitos de e o incorporá-lo baseado em discussões com todos os sujeitos
cor e de classe, regras de comportamento, etc. que a escola a Comunidade Escolar, visando a garantia de um processo
pode ensinar, mesmo sem mencioná-los em seu currículo. educacional consigo, e formador de cidadãos autônomos,
críticos e donos de seu próprio saber.
04. Alternativa “A”
O compromisso com a construção da cidadania pede 08. Alternativa “D”
necessariamente uma prática educacional voltada para a Currículo Apresentado - conjunto dos meios elaborados
compreensão da realidade social e dos direitos e por diferentes instâncias com o objetivo de apresentar uma
responsabilidades em relação à vida pessoal, coletiva e interpretação do currículo prescrito.
ambiental. Nessa perspectiva é que foram incorporadas como
Temas Transversais as questões da Ética, da Pluralidade

31 MOREIRA, A.F.B. Currículos e programas no Brasil. Campinas: Papirus, 1990.

Conhecimentos Pedagógicos 178


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Currículo Trabalhado - conjunto das tarefas escolares que A seguir os direitos de aprendizagem e desenvolvimento
corporizam as decisões curriculares, anteriormente de cada componente curricular:
assumidas.
Currículo Traduzido - consiste na planificação curricular - Direitos de aprendizagem e desenvolvimento do
no âmbito da escola, configuram os significados e conteúdos componente curricular Língua Portuguesa.
das decisões e propostas.
Currículo Concretizado - consiste no conjunto de efeitos Tendo em vista essa concepção de linguagem, a seguir,
cognitivos, afetivos, morais, sociais etc. estão explicitados os Direitos de Aprendizagem e
Currículo Prescrito - trata-se do resultado das decisões Desenvolvimento de Língua Portuguesa:
assumidas pela administração do sistema educativo.
I. Falar, ouvir, ler e escrever textos, em diversas
09. Errada situações de uso da língua portuguesa, que atendam a
A lógica temporal dos conteúdos, tão marcante na diferentes finalidades, que tratem de variados temas e que
organização curricular segmentada e disciplinar, é superada à sejam compostos por formas relacionadas aos propósitos
medida que as temporalidades humanas passam a ser o em questão.
referencial dos processos de aprendizagem, socialização,
formação e desenvolvimento humano. Os currículos, o que Por ser a escola um dos espaços de acesso, de
ensinar e o que aprender, a organização dos tempos, espaços e questionamento e de ressignificação da produção científica e
do trabalho, as avaliações, aprovações e retenções se artística da humanidade, bem como local de formação de
justificam em uma suposta lógica dos conteúdos, lógica valores e de participação cidadã, o trabalho com os diferentes
temporal precedente, segmentada, hierarquizada. gêneros textuais sinaliza que as demais aprendizagens
As ciências que vêm estudando a mente humana, os relacionam-se estreitamente com este amplo cenário em que
processos de aprender, de socializar-nos e formar-nos como os sentidos do mundo estão sendo construídos. Nesta direção,
sujeitos mentais, éticos, estéticos, identitários; como sujeitos a formação dos estudantes como leitores e produtores de
de conhecimento, cultura, memória, emoção, sensibilidade, textos orais e escritos, falantes e ouvintes é responsabilidade
criatividade, liberdade vêm demonstrando que essas lógicas de todas as áreas curriculares da Educação Básica.
temporais em que organizamos os processos de ensinar- É assim que, desde o Ciclo de Alfabetização, como já
aprender não coincidem com os processos temporais de realizado na Educação Infantil, as ações da escola vão na
socializar-nos e formar-nos. Como profissionais destes direção de as crianças compreenderem e produzirem textos
processos, somos obrigados a confrontar-nos com os avanços orais e escritos de diferentes gêneros textuais, nas variadas
das ciências em nosso campo profissional e a rever as lógicas esferas sociais de interlocução, em suportes textuais diversos
em que organizamos o currículo, as escolas, a docência e o e para atender a diferentes propósitos comunicativos,
trabalho. considerando as condições em que os discursos são criados e
recebidos.
10. Errada
No que diz respeito a garantir a alfabetização, na
A compreensão da educação em favor da emancipação perspectiva do letramento, às crianças, no tempo de 600 dias
permanente dos seres humanos, considerados como classe ou do Ciclo de Alfabetização, é preciso assegurar-lhes que se
como indivíduos, se põe como um que-fazer histórico em apropriem do sistema de escrita alfabética, cujo conhecimento
consonância com a também histórica natureza humana. é requisito para a realização de atividades de compreensão e
(Freire32). produção de textos orais e escritos com autonomia, ou seja,
A escola neste sentido, não é apenas local de transmissão sem a ajuda de leitores / escritores mais experientes. Isso
de uma cultura incontestada, unitária, mas terreno de luta, de demanda experiências curriculares planejadas, dinâmicas e
encontro, de possibilidades. Como indicam o pensamento de interdisciplinares. No Ciclo de Alfabetização, as relações entre
Freire, a escola é o lugar onde se ensina não só conteúdos fala e escrita e a apropriação do sistema de escrita alfabética
programáticos, mas se ensina a ‘pensar certo’, a tolerância, o não são os únicos conhecimentos necessários para que a
‘profundo respeito pelo outro’. criança se alfabetize, mas, sem dúvida, é com eles que é
Neste sentido, o pensamento de Paulo Freire continua a possível a constituição gradativa da criança, em relação à sua
representar uma alternativa teoricamente renovada e autonomia, nas práticas de linguagem de que participa na
politicamente viável (Giroux33). escola e na vida.

Aprendizagem e Desenvolvimento como Direitos a II. Falar, ouvir, ler e escrever textos que propiciem a
Educação34 reflexão sobre valores e comportamentos sociais,
participando de situações de combate aos preconceitos e
A Educação Básica empreende seu trabalho político- atitudes discriminatórias: preconceito de raça, de gênero,
pedagógico em busca de garantir o direito à alfabetização de preconceito a grupos sexuais, a povos indígenas,
crianças dos seis aos oito anos de idade, pois a linguagem preconceito linguístico, dentre outros.
constitui o sujeito na interação social. Para isto, é necessário
proporcionar-lhes vivências e experiências de oralidade, A escola é um importante espaço de combate a
leitura e escrita que envolvam seu mundo físico, social, preconceitos e discriminações. Os estudantes, ao conheceram
cultural, a partir das quais possam compreender e produzir mais e melhor a organização social, política, econômica e
textos orais e escritos variados e de qualidade, de diferentes cultural em que vivem, podem ampliar suas referências e
gêneros textuais, com diversas finalidades, com vistas à sua compreender que o conceito de cidadania está estreitamente
participação autônoma em variadas esferas de interação relacionado a um conjunto de direitos constitucionais
social. estabelecidos e de valores sociais, tendo em vista a
diversidade, a inclusão e o respeito às diferenças,

32FREIRE, Paulo. Sobre Educação: diálogos (Paulo Freire e Sérgio Guimarães) – 34MEC. Elementos conceituais e metodológicos para definição dos direitos de
Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1982. aprendizagem e desenvolvimento do ciclo de alfabetização (1º, 2º E 3º ANOS) do
33 GIROUX, Henry. Os professores como intelectuais. Porto Alegre:Artes Ensino Fundamental: Brasília, 2012.
Médicas,1998.

Conhecimentos Pedagógicos 179


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especialmente em um país multicultural como o Brasil. No de finalidades claras e orientações didáticas significativas. No
Ciclo de Alfabetização, trata-se de problematizar o significado, que se refere aos textos em que se registram conhecimentos
por exemplo, das diferenças dialetais, dos direitos civis, humanos acumulados, as consultas a enciclopédias e
especialmente os relativos à criança e ao adolescente, por meio dicionários, por exemplo, representam situações demandadas
de vivências que tematizem aspectos de comportamentos pela necessidade de saber onde e como pesquisar assuntos ou
preconceituosos ou discriminatórios que neguem os valores temas de que necessitem ou tenham interesse e curiosidade.
inclusivos. Quanto à produção escrita de verbetes “criativos” ou
temáticos, pelos próprios alunos, é uma boa oportunidade
III. Apreciar e compreender textos falados e escritos do para que conheçam mais as características e os usos das obras
universo literário, como contos, fábulas, poemas, dentre de referência.
outros.
VI. Participar de situações de fala, escuta, leitura e
A formação literária dos sujeitos está sustentada na escrita de textos destinados à reflexão e discussão acerca
concepção do papel da literatura na constituição social do de temas sociais importantes, por meio de reportagens,
indivíduo e da coletividade. Assim, a literatura contribui para artigos de opinião, cartas de leitores, dentre outros.
desenvolver as capacidades interpretativas amplas dos
leitores, as quais favorecem uma socialização mais rica, tendo Os gêneros textuais da esfera midiática trazem, para o
em vista as estreitas relações entre os sentidos da vida, a interior da escola, os temas fundamentais que estão
constituição dos sujeitos e os textos literários. mobilizando o viver em sociedade, na direção tanto de
Isso significa colocar o leitor no lugar do processo, atualizar os estudantes, quanto de ajudá-los a problematizar
concentrando as ações didáticas na apreciação, em relação ao aspectos dos assuntos que circulam nos veículos de massa, de
que lê, e na estimulação do seu imaginário. Nessa direção, a modo a contribuir para a participação no debate social. A
formação de leitores literários na escola necessita, por parte mídia, suas linguagens e seu papel na formação de opinião, já
da escola, de uma seleção de autores e obras representativos podem frequentar a escola desde o início da escolaridade. No
da literatura brasileira e internacional, em termos infantis, e Ciclo de Alfabetização, a aprendizagem da argumentação oral
de obras produzidas no espaço local, o que significa bons e escrita pode ser desenvolvida em situações em que as
textos escritos e projetos gráficos cuidados e esteticamente crianças sejam motivadas a compreender e usar em
bem elaborados. No Ciclo de Alfabetização, levando-se em determinados textos as estratégias discursivas de diferentes
conta os fenômenos de fruição estética, de imaginação, de naturezas.
lirismo, de múltiplos sentidos que o leitor pode produzir O conjunto de Direitos acima descritos se organizam e se
durante a leitura, os gêneros literários encantam e emocionam sistematizam em forma de eixos.
as crianças, ao ampliar seu universo imaginário e a reflexão
sobre seus próprios sentimentos e valores. ÁREA DA MATEMÁTICA

IV. Apreciar e usar, em diversas situações, os gêneros Os Direitos e Objetivos de Aprendizagem e


literários do patrimônio cultural da infância, como Desenvolvimento que envolvem o processo de alfabetização
parlendas, cantigas, trava línguas, dentre outros. matemática estão atrelados à compreensão dos fenômenos da
realidade. Esta compreensão oferece ao sujeito as ferramentas
A escola tem função importante na preservação do necessárias para que ele possa agir conscientemente sobre a
patrimônio cultural da infância, uma vez que é mais um espaço sociedade na qual está inserido. É papel da escola criar as
de encontro da criança com a linguagem, em sua dimensão condições necessárias para que o sujeito possa servir-se
lúdica e histórica, o que contribui para a construção da sua dessas ferramentas em suas práticas sociais. Assim, o conceito
identidade. No Ciclo de Alfabetização, assim como na Educação de letramento matemático está diretamente ligado à
Infantil, os jogos verbais da tradição popular propiciam que as concepção de Educação Matemática e tem como espinha
crianças brinquem com as possibilidades sonoras que a língua dorsal a resolução de situações-problema e o desenvolvimento
materna proporciona. do pensamento lógico.
São ritmos, rimas, repetições que auxiliam tanto a
memorização desses textos e seus usos em jogos e A alfabetização matemática e a criança
brincadeiras, quanto contribuem para que as crianças possam
compreender também as relações entre sons e letras, ao A criança, antes de chegar à escola, desenvolve um
ajustarem o falado e o escrito em diversas situações. conjunto de saberes matemáticos construídos em interação
com seu meio social. Crianças brincando são capazes de
V. Falar, ouvir, ler e escrever textos relativos à realizar operações simples, de estabelecer categorias e
divulgação do saber escolar/ científico, como verbetes de equivalências, de reconhecer e diferenciar figuras e formas
enciclopédia, verbetes de dicionário, resumos, dentre geométricas, de estabelecer parâmetros pessoais para medir
outros, e textos destinados à organização do cotidiano grandezas e de servir-se de diversos outros conceitos
escolar e não escolar, como agendas, cronogramas, matemáticos.
calendários, dentre outros. A relação da criança com o conhecimento matemático é, de
início, marcadamente egocêntrica (“minha conta”, “meu
Ensinar o “aprender a aprender” e a organizar a vida número” etc.), bem como as representações por ela utilizadas.
escolar e extraescolar é uma finalidade fundamental da Esses conhecimentos servem como ponto de partida para a
Educação Básica. Desta forma, oportunizar que os alunos construção de conceitos mais universais e para tanto cabe à
falem/ouçam, leiam/escrevam textos relativos às situações de escola levar a criança a desenvolver-se e se apropriar de outras
aprendizagem favorece que os estudantes compreendam, por novas percepções.
meio de procedimentos de estudos, os conteúdos das A alfabetização matemática é o processo de organização
diferentes áreas do conhecimento humano, o que inclui saber dos saberes que a criança traz de suas vivências anteriores ao
relacioná-los. No Ciclo de Alfabetização, o uso de agendas, a ingresso no Ciclo de Alfabetização, de forma a levá-la a
elaboração de cronogramas, os resumos de textos lidos são construir um corpo de conhecimentos matemáticos
propostos em situações em que as crianças aprendem a se articulados, que potencializem sua atuação na vida cidadã.
organizar para estudar, que é um longo processo que necessita Esse é um longo processo que deverá, posteriormente,

Conhecimentos Pedagógicos 180


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permitir ao sujeito utilizar as ideias matemáticas para pensamento e de argumentação (dedução, indução,
compreender o mundo no qual vive e instrumentalizá-lo para formulação de hipóteses etc.) dos conceitos matemáticos. É
resolver as situações desafiadoras que encontrará em sua vida comum identificar a lógica matemática à simbologia própria
na sociedade. da linguagem matemática, denominando-a lógica simbólica. A
Isso não significa unicamente o domínio de uma linguagem terceira caracteriza-se por argumentar através de oposições
simbólica, pois os símbolos matemáticos devem aparecer não (tese, antítese e síntese), buscando compreender a realidade
apenas como componentes característicos do conhecimento por suas contradições ou pela própria evolução histórica dos
matemático, mas como elementos criadores da comunicação. fatos.
Por isso, não se trata de tentar levar a criança a escrever A Matemática é uma área que favorece o desenvolvimento
corretamente os algarismos ou a repetir sequências numéricas do raciocínio lógico, mas não é a única que o faz. No entanto,
até certo limite, em situações de contagem desprovidas de ela pode ajudar a estabelecer competência em estruturar
significado. logicamente uma mensagem, um discurso ou uma
O trabalho com as operações aritméticas vai além da argumentação, além de desenvolver a capacidade de
utilização ou memorização de técnicas operatórias únicas, generalização ao longo dos nove anos do Ensino Fundamental.
uma vez que a etapa de alfabetização matemática caracteriza- Na alfabetização matemática, as estruturas lógicas
se, principalmente, pela compreensão dos significados das elementares – de classificação e seriação – impulsionam tanto
operações e de cálculo efetuado mentalmente, motores do o desenvolvimento das operações aritméticas, quanto das
desenvolvimento da alfabetização matemática. Trata-se então operações geométricas espontâneas. Para classificar, a criança
do momento em que a criança começa a organizar estratégias estabelece relações de semelhança, juntando objetos que
mais sistematizadas que vão permitir, em etapas posteriores, possuem características comuns e separando-os dos que não
a compreensão de outros procedimentos de cálculo. possuem essas características. Assim, ela pode classificar
As relações entre causa e efeito e as inferências lógicas objetos, alternando o atributo/ critério dos agrupamentos:
também começam a aparecer na etapa de alfabetização separa-os pela cor, pela forma, pelo tamanho, ou por outro
matemática. Os estudantes começam a descobrir propriedades critério de semelhança, sempre comunicando qual foi o
e regularidades nos diversos campos da Matemática. A atributo que escolheu para reunir os que se parecem.
alfabetização matemática demanda a passagem por situações Uma propriedade importante no desenvolvimento da
que promovam a consolidação progressiva das ideias estrutura de classificação é a inclusão de classes. Nesse
matemáticas, evitando antecipar respostas a problemas e sentido, é condição necessária à consolidação da estrutura
questionamentos vindos da criança em um processo cuja lógica de classificação, e essa propriedade estará presente na
característica é desenvolver nela o comportamento construção de conceitos de todas as áreas de conhecimento e,
questionador que, como resultado final, permite desenvolver em especial, da própria Matemática. Para seriar, a criança
o pensamento lógico. No entanto, convém notar que a estabelece relações de ordem, enfileirando – do menor ao
sistematização excessiva e o abuso da linguagem matemática maior (série ascendente) ou do maior ao menor (série
podem ser prejudiciais ao desenvolvimento autônomo da descendente). Ao ser definido o critério de ordenação, cada
criança em período de alfabetização. elemento possuirá uma única posição na série, coordenada
A alfabetização matemática não pode ser reduzida ao com a posição de seu antecessor e de seu sucessor, salvo se for
domínio dos números e suas operações. Nessa fase de o primeiro ou o último elemento ordenado.
escolaridade, a criança deve construir as primeiras noções de As crianças têm o direito de vivenciar diferentes contextos
espaço, forma e suas representações. As ideias iniciais de próprios das culturas da infância que provoquem a
grandezas, como comprimento e tempo, por exemplo, também necessidade de estabelecer relações de ordem. Quando a
começam a ser organizadas no Ciclo de Alfabetização. criança é solicitada para uma atividade de ordenamento,
A necessidade de organizar e de comunicar informações de considerando a ordem da narrativa, além de coordenar
maneira eficaz também faz parte do processo de alfabetização relações, seriando os objetos, ela também é convocada a
matemática. O contato da criança com os meios de estabelecer uma correspondência ordinal espaço-temporal,
comunicação pode levá-la a reconhecer tabelas e gráficos pois a disposição no espaço dos elementos seriados
simples, como elementos facilitadores da compreensão de corresponderá à ordem temporal da narrativa ou da situação
determinadas informações. A proposta de alfabetização proposta. Esse tipo de relação é fundamental para a criança
matemática é o “alfabetizar letrando”, não dissociando ou aprender a quantificar os objetos de uma coleção, como
sequenciando os processos de alfabetização e letramento. também para avançar em suas concepções acerca da leitura e
da escrita, já que as relações que a criança precisa estabelecer
As formas de pensamento lógico em Matemática sobre os conteúdos da língua falada e escrita também são de
natureza lógico-matemática.
Como a Matemática deve ser compreendida como
instrumento para interpretação do mundo complexo e O conhecimento matemático e a resolução de
marcado por seus diversos contextos, alguns aspectos da problema
lógica podem ser âncoras para o desenvolvimento de
conceitos e utilização de procedimentos. Ela está presente nas Com o objetivo de estabelecer uma real integração do
conversas informais e, por sua característica interdisciplinar, conhecimento matemático com a realidade sociocultural,
também está presente nos conteúdos curriculares das demais ancorado na ideia do letramento matemático, entende-se a
disciplinas. Diversas formas de pensamento lógico- aprendizagem matemática como instrumento de formação e
matemático foram desenvolvendo-se ao longo da história da promoção humana. Por isso, defende-se a resolução de
humanidade e possuem características que, em alguns casos, situação-problema como núcleo para o desenvolvimento do
se complementam e, em outros, parecem antagônicas. conhecimento matemático na escola e não apenas em torno da
De maneira geral, pode-se dividir as formas de resolução de problemas.
pensamento lógico em três grupos mais importantes: a lógica Muitas vezes “problemas” e “situações-problema” são
clássica, a lógica matemática e a lógica dialética. A primeira termos tomados como sinônimos, mas há diferenças
estuda argumentos dedutivos, através de regras que procuram significativas entre eles. Numa proposta pedagógica fundada
compreender o mundo por leis que se repetem, em situação-problema, o ponto de partida não é o conteúdo
independentemente da situação ou do objeto. A segunda busca escolar para a constituição da situação, mas o mergulho em
estabelecer, por meio de leis e regularidades, formas de diferentes contextos. Uma diferença fundamental do

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conhecimento matemático em situações-problema é o fato de ferramentas ao longo do processo, que deve ser a
os conceitos e estruturas matemáticas estarem mais oportunidade de a criança compreender os conteúdos
integradas na mobilização de diferentes conteúdos matemáticos previstos no currículo considerando seu valor
matemáticos. social.
A situação-problema provoca, na sua resolução, a O direito à aprendizagem matemática, por meio de
mobilização de conceitos e procedimentos matemáticos de resolução de situações-problemas deve levar em conta dois
forma aberta à participação das crianças em suas hipóteses, aspectos fundamentais:
“não pensados” de modo apriorístico pelo professor, como 1. a resolução de uma situação-problema (assim como na
normalmente é feito na perspectiva de oferta de problemas. resolução de um problema) não trata da resposta numérica
Isso pode trazer, de início, uma desestabilização no professor encontrada, mas sim, dos processos construídos e percorridos
que não pode, de partida, garantir com certeza quais conceitos pela criança para encontrar a solução, e é, portanto, um
e estratégias os alunos irão mobilizar para resolver a situação- processo, não linear e nem sempre de fácil explicitação e de
problema. Essa dúvida sobre o processo de construção do análise avaliativa;
conhecimento é positiva, no que se refere à necessidade de o 2. a criança tem o direito de viver experiências de situação-
professor estar sempre em busca de novas compreensões problema, no início de suas aprendizagens, como forma de
sobre os processos de construção do conhecimento mobilização cognitivo-afetiva de saberes, e não apenas para a
matemático pela criança. fixação de conteúdos matemáticos e suas nomeações.
Uma primeira diferenciação entre problema e situação-
problema se refere ao papel da escrita no processo. Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento da Área
Inicialmente, a situação-problema não é apresentada da Matemática
necessariamente a partir de um texto, mas pode surgir ou ser
proposta ao grupo de estudantes por diferentes formas. Tendo em vista os fundamentos das aprendizagens
A produção escrita tem papel diferente também ao longo escolares relativas à Matemática aponta-se, a seguir, aquilo
da resolução. Se na resolução de problemas, o processo de que os estudantes têm o direito de aprender nesta área.
construção de conhecimento é essencialmente pela produção
escrita, na situação-problema outros processos são I. Utilizar caminhos próprios na construção do
mobilizados, igualmente importantes na Educação conhecimento matemático, como ciência e cultura
Matemática: a discussão coletiva, o planejamento do que construídas pelo homem, através dos tempos, em resposta
escrever, a coleta de dados, a organização de informações, a a necessidades concretas e a desafios próprios dessa
utilização de recursos de novas tecnologias (calculadoras, construção.
planilhas, softwares), a construção de maquetes e de
protótipos, de tabelas e de gráficos; a concepção de diagramas O papel principal da Matemática está em organizar o
e de esquemas, desenhos, o uso de textos argumentativos pensamento e desenvolver habilidades relacionadas ao
escritos etc. Nesse contexto, a produção escrita é parte raciocínio lógico; em ajudar a estabelecer relações entre
importante da produção matemática, mas não é a primeira objetos, conceitos e fatos, ao mesmo tempo em que desenvolve
nem a última. Grande parte da Matemática realizada pelo habilidades de previsão, explicação, antecipação e
estudante fica restrita às imagens mentais, sem, todavia, serem interpretação de situações reais para depois interferir nesta
exteriorizadas por meio da escrita, sobretudo nos primeiros realidade. O conhecimento matemático não apenas representa
anos de escolaridade, quando o gesto e o desenho devem ser e analisa o real, mas também intervém nele, o que traz como
mais valorizados nas produções matemáticas, constituindo-se, necessidade saber que tipo de intervenção é necessária.
desta forma, em um dos direitos da aprendizagem matemática. A exploração da História da Matemática, considerando-a
Uma segunda diferenciação é considerar a situação- como construção humana, participante e construtora da
problema como geradora de atividades de troca, de confronto, cultura, é importante, pois a história matemática acompanha e
de experimentação, de validação, de discórdias e de pode ser explicada pela história dos homens, que estão sempre
argumentações. A atividade matemática é um ato solidário, construindo e reconstruindo as matemáticas, nos diversos
portanto, socialmente produzida e validada. Assumir a contextos socioculturais e, em especial, resolvendo situações-
resolução de situação-problema como proposta pedagógica problema. No Ciclo de Alfabetização o importante é que, em
implica conceber novas formas de relação aluno-aluno, vários e diferentes momentos, a criança se sinta parte dessa
professor-aluno, aluno-conhecimento, o que leva, de forma história, ao experimentar situações em que é solicitada, por
necessária e desejável, a novas configurações do espaço de exemplo, a classificar, a comparar, a medir, a quantificar e a
aprendizagem matemática e isto requer que sejam concebidas prever, que são formas de pensar, características da espécie
novas perspectivas para a organização do trabalho humana.
pedagógico. A noção do desafio sociocognitivo, nas trocas
sociais realizadas nos grupos durante a busca de soluções, é II. Reconhecer regularidades em diversas situações, de
central quando a situação é partilhada por um grupo de diversas naturezas, compará-las e estabelecer relações
estudantes que está em pleno desenvolvimento da atividade entre elas e as regularidades já conhecidas.
matemática.
O terceiro aspecto de diferenciação é o fato de que cada A Matemática comporta um amplo campo de relações,
situação acaba por eclodir em grande número de questões que regularidades e coerências que despertam a curiosidade e
leva a uma visão mais dinâmica dos diversos conteúdos instigam a capacidade de generalizar, projetar, prever e
matemáticos. Assim, muitas vezes, mais que responder uma abstrair, favorecendo a estruturação do pensamento e o
questão, a situação-problema acaba por gerar outros desenvolvimento do raciocínio lógico. Desta maneira, parte do
questionamentos, não pensados anteriormente por quem a trabalho de letramento e alfabetização matemática tem nessas
propôs, os quais permitem articular dois ou mais conteúdos, regularidades o suporte teórico para o desenvolvimento de
tradicionalmente, tratados de forma separada pela escola. Um três eixos estruturantes: o eixo dos números, o de espaço e
elemento diferenciador importante é promover a seleção de forma e também do desenvolvimento inicial do pensamento
dados relevantes, sem modelagem prévia ou caminhos com algébrico. Pensa-se que o caminho da história geométrica da
indicativos operacionais a serem percorridos. humanidade pode nortear o reconhecimento de regularidades
O quarto fator de diferenciação é que, na busca de e o estabelecimento das relações de diversas naturezas. No
resolução da situação-problema, chega-se à construção de Ciclo de Alfabetização, as crianças devem partir da observação

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ativa: manipular objetos; construir e desconstruir sequências; por meio das quais os estudantes realizem decomposições das
desenhar, medir, comparar, classificar e modificar sequências escritas numéricas, tendo em vista a compreensão maior do
estabelecidas por padrões. sistema de numeração decimal assim como o cálculo, em suas
diferentes dimensões: aquele que pode ser escrito de forma
III. Perceber a importância da utilização de uma exata e/ou aproximada, e desenvolvido pelo conhecimento de
linguagem simbólica universal na representação e regularidades, pelas ideias fundamentais das operações e pela
modelagem de situações matemáticas como forma de antecipação e verificação de resultados. O cálculo mental pode
comunicação. ser articulado ao cálculo escrito e ao uso das calculadoras,
sempre que possível relacionado com situações do cotidiano
Faz parte da linguagem matemática a linguagem corrente, das crianças.
do dia a dia, para explicitações e discussões sobre conceitos Com relação ao cálculo mental, os questionamentos e
matemáticos – quadrados, soma, diminuir, dividir etc. – mas conceitos podem ter uma nova forma de apresentação e
muitas vezes essas linguagens se diferem. A linguagem representação com o uso das novas tecnologias digitais. A
matemática compreende um sistema de símbolos e sinais, com informática favorece o desenvolvimento da autonomia em
significados próprios. Ela é específica, estruturada e universal procedimentos de pesquisa, se esses procedimentos estiverem
e está sempre associada a conceitos. Representar um número aliados à análise crítica do que foi pesquisado. Ela traz também
por meio de palavra ou de um desenho é ação desprovida de um novo conceito de escrita, com criações hipertextuais e com
significado se a criança não formar, progressivamente, o as letras transformadas em bites, a página em monitor, o lápis
conceito de número, a partir de situações do seu cotidiano. A em teclado, materializando mudanças significativas no
linguagem matemática deve acompanhar a formação do próprio processo mental do sujeito.
conceito. Atividades adequadas podem ser estabelecidas para a
Outro aspecto a ser considerado é o da concisão e aprendizagem significativa, por exemplo, com o uso de
objetividade, pois não há espaço em uma expressão calculadoras.
matemática ou em uma equação para múltiplas No Ciclo de Alfabetização sugere-se que a calculadora seja
interpretações. A utilização da linguagem favorece a usada em situações de investigação, de análises, inferências e
descoberta de relações pertinentes a um fato – como as de previsões e de estimativas e aproximações.
argumentação ou de proposição, a organização temporal da
ação e também de seu controle. ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS
No Ciclo de Alfabetização, a importância da utilização de
uma linguagem simbólica e universal traz em seu bojo a Os pressupostos que contemplam a área das Ciências
oralidade matemática. O falar e o conversar sobre Matemática, Humanas e, segundo as DCNEF a História e a Geografia,
na explicitação de pontos de vista, são importantes ações de consideram o processo de aprendizagem do estudante e o seu
alfabetização matemática. desenvolvimento social e afetivo.
Nessa perspectiva, o professor desempenha um papel
IV. Desenvolver o espírito investigativo, crítico e fundamental, sendo efetivamente tanto o orientador, como
criativo, no contexto de situações-problema, produzindo também o coordenador do processo de aprendizagem, e não
registros próprios e buscando diferentes estratégias de um mero transmissor das informações que estão prontas e são
solução. apresentadas como verdades absolutas.
Espera-se uma articulação entre os processos de ensino e
A Educação Matemática prioriza o desenvolvimento do a aprendizagem, o que é um desafio, pois exige do professor
trabalho na investigação, ao criar condições favoráveis para a que explore e problematize as possibilidades existentes, tanto
aprendizagem, de tal forma que a ação pedagógica comece a nas experiências dos estudantes, como naquelas vivenciadas
ser organizada com problematizações, seguidas de discussões por outras sociedades, em tempo e espaço distintos. Assim, a
e elaborações, para, por fim, desembocar em sistematizações exploração das experiências pelos estudantes constitui o
dos resultados obtidos. O papel da escola é o de problematizar, ponto de partida da aprendizagem, não só na direção da
junto aos estudantes, que desenvolvem uma postura crítica reflexão, mas também da ampliação de seus horizontes, uma
nas suas ações, analisando e interpretando as diversas vez que terá de comparar, a partir do seu universo, outras
situações problematizadas. realidades socialmente construídas.
No Ciclo de Alfabetização o aprendizado da Matemática No presente documento, o conjunto de Direitos e Objetivos
ocorre a partir de ações reflexivas quando a criança compara, de Aprendizagem e Desenvolvimento favorecem a
discute, questiona, cria e amplia ideias, e também quando compreensão de mundo e da realidade na qual os estudantes
percebe que a tentativa e o erro fazem parte do seu processo estão inseridos e que contemplam a área de Ciências Humanas.
de construção do conhecimento. Essas ações investigativas A definição desse conjunto partiu de critérios que orientam o
geram na criança o desejo de responder a uma pergunta trabalho dos professores.
instigante, ou de ajustar-se às regras de um jogo, ou de seguir Destaca-se que a História é um modo de representação – e
as estratégias socializadas por um colega. Nesta direção, o produto dessa representação – da experiência humana no
propõem-se, na escola, situações em que há negociação entre tempo. Nas atividades de ensino, suas principais finalidades
as crianças ou entre o adulto e as crianças, tendo em vista a são a constituição da identidade do sujeito e a orientação da
resolução de problemas essenciais para a construção do vida prática. Assim, a justificativa da manutenção da História
conhecimento matemático. como componente curricular, na escolarização básica, é a
formação da consciência histórica ou, em termos semelhantes,
V. Fazer uso do cálculo mental, exato, aproximado e de o desenvolvimento da habilidade de pensar historicamente, de
estimativas. Utilizar as Tecnologias da Informação e transformar o passado em presente, a partir dos interesses
Comunicação potencializando sua aplicação em diferentes cotidianos. No caso da Geografia, a centralidade do ensino e da
situações. aprendizagem é a compreensão do espaço, na perspectiva da
ação das sociedades na relação com a natureza.
No Ensino Fundamental, o cálculo mental, exato e Partindo desta concepção de História - campo, forma e
aproximado, deve ser valorizado no ensino da Matemática produto do conhecimento-, entende-se o ensino como um
escolar desde a fase de alfabetização matemática. Tais conjunto de decisões planejadas para viabilizar a apropriação
atividades podem ser desenvolvidas com uso de estratégias, de determinados conhecimentos e habilidades por parte dos

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estudantes. O ensino de História pode, portanto, incorporar Desenvolvimento que compõem a área de conhecimento das
como princípio uma proposição elementar e fundamental que ciências humanas.
serve de base a uma ordem de conhecimentos, tanto no que diz
respeito à investigação quanto à expressão. Em síntese, o I. Situar acontecimentos históricos e geográficos,
ensino de História pode ser desenvolvido como localizando-os em diversos espaços e tempos.
investigação (pesquisa histórica) e expressão (escrita da
história). Tal princípio também encontra justificativa nas As noções de espaço e tempo, – vivido, concebido e
psicologias do desenvolvimento humano e da percebido – construídas pelos estudantes, são formadas a
aprendizagem que entendem que aprender é um processo partir das representações mentais e das observações
de construção de modelos ou regras de apresentação. cotidianas.
Para tanto, é fundamental o desenvolvimento de atitudes A importância de se eleger as dimensões de tempo e
e habilidades de investigação e exploração do meio espaço e reelaborá-las baseia-se no fato de que as ações
circundante da criança. didáticas respectivas são relevantes para as elaborações
É assim também que, na Geografia, estudam-se os conceituais ou para ressignificação do conhecimento escolar.
movimentos que as sociedades realizam no espaço, No Ciclo de Alfabetização, esses conceitos são relevantes para
resultantes de um processo histórico cujas bases materiais que as crianças desenvolvam o raciocínio e as noções de
dizem respeito às transformações do território. Nesta direção, orientação (lateralidade), posição (ponto de referência,
a finalidade de conhecer os processos geográficos é contribuir simultaneidade), duração (sucessão, passado e presente, curta
para que os estudantes desenvolvam a noção de e longa) e ritmos (frequência). Para compreender o passado é
pertencimento, para poderem atuar no espaço em que vivem, necessário partir de situações vivenciadas na atualidade, o que
o que inclui, compreender outros espaços, em diferentes requer selecionar e levantar fatos considerados importantes
tempos. na percepção do presente. Trata-se de organizá-los
Se aprender é descobrir e construir compreensões sobre a temporalmente numa ordem de sucessão que inclui noções de
vida, nos quadros dos Direitos e Objetivos de Aprendizagem e anterioridade, posteridade e de simultaneidade.
Desenvolvimento os conhecimentos são, predominantemente,
os objetos construídos e apreendidos socialmente que dão II. Relacionar sociedade e natureza reconhecendo suas
visibilidade à experiência humana e que são disseminados interações e procedimentos na organização dos espaços,
pelo campo da História e da Geografia: noções/conceitos, presentes tanto no cotidiano quanto em outros contextos
acontecimentos (de várias durações e escalas), históricos e geográficos.
artefatos/espacialidades (de distintas naturezas), sujeitos
(individuais e coletivos), procedimentos e valores. As As Ciências Humanas são importantes para identificar as
habilidades são os processos cognitivos em uso no sentir, razões e os processos pelos quais os grupos locais e a
pensar e agir humanos: conhecer, compreender, aplicar, sociedade transformam a natureza. No ensino fundamental,
analisar, avaliar e criar. Desta forma, nos quadros, os considera-se a necessidade de que as crianças, desde cedo,
conteúdos selecionados estão organizados em conhecimentos, construam conceitos e práticas para a compreensão do mundo
representados por substantivos e habilidades, representadas que as cerca. No Ciclo de Alfabetização é essencial desenvolver
por verbos. atividades – de leitura, observação, comparação, ordenação,
identificação e classificação dos fenômenos físicos e culturais
Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento da Área – relacionadas ao processo de produção e transformação do
de Ciências Humanas espaço geográfico. Este processo está vinculado à forma como
as pessoas se comunicam e como desenvolvem as técnicas e
Os Direitos e Objetivos de Aprendizagem e tecnologias, ao longo do tempo, influenciando as interações
Desenvolvimento reúnem, como vimos, conhecimentos e espaciais, em momentos históricos específicos, o que hoje
habilidades, que devem ser planejados considerando que as inclui a questão da sustentabilidade.
aprendizagens são progressivas e articuladas. O planejamento
dessa progressão, evidentemente, varia bastante. Ele pode III. Saber identificar as relações sociais no grupo de
realizar-se na quantidade de objetivos a serem tratados ou no convívio e/ou comunitário, na própria localidade, região e
grau de desenvolvimento orgânico do aluno, como pregam as país. Saber identificar também outras manifestações
psicologias do desenvolvimento. Nesta proposta, opta-se por estabelecidas em diferentes tempos e espaços.
considerar a progressão, em termos de complexidade das
habilidades de investigação e de expressão e conhecimentos É na vida cotidiana que os sujeitos (individuais e coletivos)
históricos, construídos pelos alunos e apresentados e atuam, se relacionam e constroem suas identidades. O ensino
requeridos aos alunos. e a aprendizagem das Ciências Humanas possibilitam sua
Os Direitos e Objetivos de Aprendizagem e inserção consciente no mundo – reconhecendo os elementos
Desenvolvimento para o Ciclo de Alfabetização consideram as históricos e geográficos que o caracterizam – como seres
potencialidades e as possibilidades da criança desta fase e de únicos e múltiplos, dotados de aspectos étnicos e
seu contato com os conceitos científicos introduzidos pela socioculturais que lhes permitam compartilhar valores e
escola. Esse período inicial é também entendido como um memórias próprias da sua comunidade. Os saberes escolares,
tempo de “alfabetização histórica e geográfica”, ou seja, um nas Ciências Humanas, devem partir da compreensão e
tempo em que a criança entrará em contato, de maneira reconstrução da vida cotidiana do estudante para que ele
sistematizada, com os princípios, conceitos e procedimentos compreenda o modo de vida dos sujeitos em tempos e espaços
empregados, na capacidade de pensar histórica e diferenciados. No Ciclo de Alfabetização deve-se trabalhar na
geograficamente, fazendo uso intenso de obras destinadas a perspectiva de como as crianças se identificam em relação ao
essa faixa etária. outro para depois compararem seu modo de viver como
Nesse período os conhecimentos construídos e criança com o de outras crianças, em diferentes tempos e
apresentados em situação didática têm por finalidade auxiliar espaços.
na constituição da identidade individual da criança, no
entendimento da sua historicidade - do caráter de ser IV. Conhecer e respeitar o modo de vida (crenças,
histórico, de estar no mundo em determinado tempo e espaço. alimentação, vestuário, fala e etc.) de grupos diversos, nos
A seguir, estão expostos os Direitos de Aprendizagem e diferentes tempos e espaços.

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O conhecimento sobre a diversidade dos grupos sociais e múltiplas relações do cidadão com a vida e com a sociedade
seus modos de vida nos permite pensar a organização da não são transparentes e, portanto, devem ser despertadas em
sociedade baseada no respeito às diferenças. As Ciências cada um. Aprender e compreender a complexa teia de relações
Humanas permitem compreender a pluralidade das que a realidade científica apresenta à sociedade, marcando
experiências individuais e coletivas em seus aspectos profundamente a economia a cultura e as relações sociais, é o
culturais, econômicos, políticos, sociais, etnicorraciais e de compromisso do ensino de ciências.
gênero relacionados aos processos de continuidade, rupturas, No Brasil, apenas em 1961 a LDB 4024 vai inserir a
mudanças e permanências, bem como estabelecer relações obrigatoriedade do ensino de Ciências da Natureza para todas
identificando diferenças e semelhanças, desigualdades, as séries ginasiais. Dez anos se passam e, em 1971, a LDB 5692
contradições e conflitos. No Ciclo de Alfabetização são expande a obrigatoriedade do ensino de Ciências da Natureza
trabalhadas as diversidades, na perspectiva de como as para todas as séries do primeiro grau.
crianças se identificam e se diferenciam em relação ao outro A evolução tardia da incorporação do ensino de Ciências
para depois compararem seu modo de viver como criança com nas escola faz mais urgente o esmero das políticas públicas
o de outras crianças em diferentes tempos e espaços. curriculares em trazer para os espaços escolares,
principalmente para as séries iniciais, debates, propostas e
V. Apropriar-se de métodos de pesquisa e de produção normatizações para o trabalho em sala de aula.
de textos das Ciências Humanas, aprendendo a observar, A Ciências da Natureza aqui são entendidas como um
analisar, ler e interpretar diferentes paisagens, registros elemento básico para os conteúdos da alfabetização. Afinal ler
escritos, iconográficos e sonoros. e escrever a realidade social, pela alfabetização, supõe
necessariamente a compreensão, a análise e a apropriação do
O ensino e a aprendizagem nas Ciências Humanas, mundo das tecnologias e das ciências. É na articulação das
baseados em métodos de investigação científica, possibilitam Ciências da Natureza, à cultura em geral, à Educação Física, à
a análise e compreensão da sociedade e sua complexidade. Isso Matemática, à Arte, à História e à Geografia que a alfabetização
requer que os estudantes tenham contato com as mais ganha seu mais amplo sentido e eficácia.
variadas fontes históricas e geográficas, de modo que Os conceitos de ensino de ciências e suas metodologias
desenvolvam capacidade de leitura, análise, interpretação, nem sempre foram claros e suas modalidades, finalidades e
inferência, avaliação crítica, síntese e narrativa; de modo que propostas legais variaram muito nas cinco últimas décadas.
busquem informações em fontes diversas. No Ciclo de No final da década de 1970 e a partir da década 1980,
Alfabetização a observação das paisagens e a utilização de muitos foram os estudos que identificaram concepções
fontes orais, iconográficas e sonoras são mais adequadas alternativas acerca de conceitos científicos. Estas concepções
enquanto a criança ainda não se apropriou plenamente da alternativas dos estudantes foram encontradas mesmo entre
linguagem escrita. concluintes de cursos de ciências exatas.
Considere-se que essas linguagens não são instrumentos Iniciam-se, nessas décadas novas e controversas vertentes
ou meras ferramentas, mas são utilizadas como propostas para pensar e propor o ensino das Ciências da Natureza.
voltadas para o processo de aprendizagem, alfabetização, Coloca-se o foco no papel do estudante como ator ativo e
como também para a ampliação cultural do aluno. Nesse influente na construção do seu conhecimento; e foco no
processo, é importante que aprendam a registrar, valorizar, professor como promotor de situações para a investigação e
acionar e ressignificar as memórias individuais e coletivas. orientador do processo de entendimento de seus estudantes.
Ao mesmo tempo, em todo mundo e também no Brasil,
VI. Saber elaborar explicações sobre os conhecimentos passa a se tornar cada vez mais urgente a necessidade de
históricos e geográficos utilizando a diversidade de ensinar não apenas conteúdos científicos, mas também formas
linguagens e meios disponíveis de documentação e registro. de organizar ideias com relação a temas das ciências e
construção de posicionamento frente a questões cotidianas
A elaboração de sínteses e conclusões pessoais que englobam nossa vida e nosso contato com adventos
relacionadas aos diferentes contextos históricos e geográficos científicos e tecnológicos.
devem estar presente em todas as etapas do Ensino Esta necessidade ultrapassa a escola e chega a outros
Fundamental. Em Ciências Humanas, ao exporem suas âmbitos de comunicação. No Brasil, a década de 1980 foi
opiniões, ideias ou conclusões, utilizando diferentes fortemente marcada pelo surgimento de revistas
linguagens, os estudantes estão demonstrando como especializadas, programas de TV e rádio, livros, abertura de
transformam seu conhecimento subjetivo em conhecimento museus e ações diversificadas com o intuito de divulgar, com
científico. No Ciclo de Alfabetização, as crianças devem mais intensidade, a ciência para o público não especializado,
socializar seus saberes de diferentes formas de expressão: atingindo o público infantil. A partir da década de 1990
orais, gráficas, iconográficas, escritas, midiática, dentre outras, verifica-se uma ampliação nos estudos relacionados ao ensino
utilizando-se sempre que possível de mais de um meio de de ciências para crianças. Um fato marcante para o
expressão. fortalecimento da escola em relação ao ensino de ciências é a
ampliação e maior eficácia das ações do PNLD (Programa
ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA Nacional do Livro Didático) que contribuiu para a qualificação
dos livros didáticos e materiais utilizados nos anos iniciais do
A sociedade contemporânea está marcada por um Ensino Fundamental.
intensivo e crescente uso de técnicas que vêm alterando Nessa direção, os Parâmetros Curriculares Nacionais de
essencialmente a economia, a cultura e as relações de convívio, 1998 foram orientações que serviram como um marco para o
de participação de cada um na realidade social, assim como a trabalho com o ensino de Ciências. Esse documento coloca tal
percepção de si mesmo. As tecnologias, em sua maioria, preocupação em evidência e trabalha com a necessidade de
nascem de pesquisas científicas e retornam ao corpo das que sejam abordados e avaliados, em situações de ensino,
ciências ao se consolidarem e se socializarem. As nossas conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais.
crianças, desde seu nascimento, se expõem a elas e tornam-se No entanto, esse documento apresenta uma proposta mais
suas usuárias cada vez com maior grau de naturalidade. geral que não contempla as especificidades das faixas etárias.
Embora conatural até ao mundo infantil, a ciência e as técnicas Nesse sentido, o presente documento busca contemplar as
não são claramente inteligíveis para as crianças. A curiosidade peculiaridades do ensino de Ciências da Natureza para o Ciclo
científica e a análise do que representam as técnicas nas de Alfabetização do Ensino Fundamental.

Conhecimentos Pedagógicos 185


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As crianças, antes mesmo do início de suas vidas escolares, O ensino das Ciências da Natureza tem, pois, dupla função:
já participam de conversas sobre questões relacionadas às abordar temas e características próprios deste campo de
ciências, vivenciam fenômenos da natureza e fazem uso de conhecimento e auxiliar para que os estudantes possam ser
aparatos tecnológicos. Quando falamos em alfabetização, é autores de resultados e relatos de suas investigações e leitores
preciso considerar o papel da educação em Ciências da de textos sobre assuntos os mais diversificados. Ensinar
Natureza neste processo: temas instigantes atraem a atenção Ciências no Ciclo de Alfabetização é oferecer a oportunidade
e o interesse dos estudantes para a aprendizagem de ciências para que fenômenos que espantam, fascinam e intrigam as
e também para a aprendizagem da leitura e da escrita, crianças sejam retomados na escola de modo formalizado e
trabalhando com atividades em que a criança seja convidada a que sejam previstas análises e atividades que deem
se expressar perante os problemas que traz para a sala de aula oportunidade para o entendimento do ponto de vista da
ou que a ela são propostos. cultura científica. O conhecimento científico é uma produção
O olhar mais abrangente sobre estas discussões - sobre o social, patrimônio histórico e cultural da humanidade ao qual
mundo da ciência e da técnica - põe em evidência as questões as crianças têm direito de compreensão e acesso.
oriundas de outras áreas de conhecimento destacando-se A educação em Ciências ultrapassa o espaço físico escolar.
especialmente a necessidade do reconhecimento e do respeito Também tem função educativa os museus, centros de ciências,
pela diversidade e o olhar interdisciplinar sobre o jardins botânicos, jardins zoológicos, mercados, feiras livres,
conhecimento. entre outros.
Contribuições das pesquisas educacionais - cognitivas e Frise-se, particularmente aqui, a crescente e enorme
curriculares - têm posto em evidência a necessidade de possibilidade de acesso às tecnologias da informação e
contextualizar os conhecimentos apresentados pelos alunos comunicação se torna um importante elemento metodológico
em sala de aula. e didático para a inserção da criança no mundo da ciência.
A necessidade evidenciada pelas concepções teóricas e Em termos conceituais, o Ciclo de Alfabetização, portanto,
metodológicas de que os estudantes participem ativamente na é o momento de desenvolver o processo de curiosidade,
construção de seus conhecimentos, faz com que as propostas admiração e encantamento pelas complexidades de ciência e
sobre ensino por investigação, interações discursivas e pela longa história da humanidade presente em cada elemento
dialógicas ganhem cada vez mais espaço com propostas mais da técnica. Trata-se de uma educação em que as crianças
elaboradas, mais bem implementadas e avaliadas possam continuar a encantar-se com o mundo em que vivem,
sistematicamente. Surgem a partir daí orientações teórico- expressar-se sobre o que os deslumbra ou choca, cuidar de si
metodológicas que priorizam o trabalho intelectual e mesmo e dos outros com apoio das tecnologias e dos
manipulativo dos estudantes na busca por soluções para conhecimentos das ciências.
problemas. Nesta perspectiva, os estudantes têm Os conhecimentos são apresentados, discutidos e
oportunidades de realizar investigações, levantar hipóteses, ampliados; e procedimentos e práticas são propostos e
organizar informações, propor explicações e produzir relatos apropriados. Significa, portanto, uma primeira aproximação
acerca do observado. As atividades investigativas aqui são com o universo conceitual que se torna complexo em termos
entendidas como problemas a serem resolvidos de relações e hierarquias.
individualmente ou em grupo. São utilizados dados empíricos Nesta perspectiva, os fenômenos das Ciências da Natureza
obtidos na manipulação direta de materiais ou na análise de despertam, encantam e fascinam trazendo contribuições não
informações coletadas em entrevistas e pesquisas. apenas para a educação em Ciências, mas, sobretudo para o
Essa concepção engloba a experimentação, mas não se desenvolvimento social, emocional e cognitivo de crianças que
restringe a ela. Metodologias que partem da curiosidade acabam de iniciar sua escolarização no Ensino Fundamental e
infantil e da investigação como elemento de aprendizagem estão aprendendo a ler, escrever e expressar-se sobre o que,
apoiam-se no entendimento da importância e da necessidade onde e como vivem – para poder participar melhor deste
de conferir liberdade intelectual aos estudantes como mundo.
pressuposto para que a sua formação geral se dê desde o início A Área das Ciências da Natureza no contexto dos Direitos
do processo de escolarização. A ênfase antes dada ao conteúdo de Aprendizagem para o Ciclo de Alfabetização (1º, 2º e 3º
recai agora fortemente sobre estratégias de resolução de anos) do Ensino Fundamental
problemas que, mantendo-nos dentro dos limites possíveis, O ensino de Ciências da Natureza tem lugar especial nos
aproximam os estudantes do entendimento de como anos iniciais, notadamente, pois para dar conta de um projeto
conhecimento científico pode ser proposto. de nação, faz-se necessário repensar e propor o ensino de
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa Ciências para as crianças do Ciclo de Alfabetização.
reafirma o direito de as crianças serem alfabetizadas até o final Relativo a este ciclo, vale ressaltar que as crianças não
do 3° ano. (Para o ano de 2016 o Pacto Nacional pela formam um grupo homogêneo. Ele é marcado pela
Alfabetização na Idade Certa apresenta três eixos que serão heterogeneidade em relação aos aspectos cognitivos, sociais,
considerados ao longo do desenvolvimento do trabalho culturais e econômicos, mas também por certa
pedagógico: homogeneidade no tocante à curiosidade e inquietação das
1) Fortalecimento das estruturas estaduais e regionais de crianças diante dos fenômenos da natureza, destacando as
gestão do programa, modificações no corpo. Em virtude do desenvolvimento
2) O monitoramento da execução e; cognitivo e psicossocial desse Ciclo, as atividades práticas e
3) A avaliação periódica dos alunos. lúdicas se impõem como uma necessidade para a
aprendizagem.
Aprender ciências, no contexto desse Programa, é Também como característica deste nível etário, as crianças
aprender uma nova forma de linguagem própria de pensar e compreendem a realidade de uma forma genérica. Por essa
de explicar o mundo. A educação em Ciências, pautada na razão, o estudo das Ciências da Natureza é apresentado como
investigação, proporciona espaço e tempo para que as crianças uma área para a qual concorrem conhecimentos oriundos de
do Ciclo de Alfabetização se expressem de maneiras diversas e diversas áreas, contribuindo para a compreensão progressiva
por meio de variadas linguagens, privilegiando a oralidade das inter-relações entre a natureza e a sociedade e o indivíduo.
como propulsora para a organização de fatos, informações e O processo cognitivo das crianças do Ciclo de Alfabetização
ideias que podem ser também apresentadas em forma de indica que elas não constroem ou desenvolvem conceitos
registros esquemático ou escrito. científicos tal como estes se caracterizam pela sua estrutura
fortemente relacional e hierárquica. Entretanto, são capazes

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de se implicarem na busca dos “como e porquês”, quando ÁREA DE LINGUAGEM ARTE E EDUCAÇÃO FÍSICA
engajadas em atividades significativas nas aulas de ciências.
Assim, a premissa de que a educação em Ciências da Natureza A Educação Básica empreende seu trabalho político-
para as crianças desta idade não tenha como propósito a pedagógico em busca de garantir o direito à alfabetização das
formação de conceitos e a aprendizagem de respostas prontas crianças dos seis aos oito anos de idade, no componente
e acabadas remete esse ensino justamente ao polo oposto: às curricular de Arte e de Educação Física, pois a linguagem é um
perguntas como ponto de partida para o ensino, o que torna dos constituintes do sujeito na interação social. Na construção
possível a elas compreenderem um mundo que se organiza por dessa garantia, é necessário proporcionar às crianças
leis físicas e sociais. vivências e experiências com a arte e com a expressão corporal
Ensinar ciências para o Ciclo de Alfabetização significa que envolvam seu mundo físico, social, cultural. As
criar ambientes de aprendizagem em que a voz da criança e o experiências devem contemplar apreciação, execução, criação
seu pensamento sejam valorizados, em que a aprendizagem e reflexão nas diferentes linguagens da Arte – cantando,
esteja pautada: pela ação, a possibilidade de investigar, a tocando, pintando, desenhando, dançando, interpretando,
construção de respostas com o outro, pela imaginação, pela encenando –, bem como em diferentes manifestações da
utilização de formas variadas de comunicação e por celebrar a cultura corporal – jogando, brincando com os elementos da
atitude do não saber e querer conhecer. ginástica, criando – de maneira a também conhecer, (re)criar
Como parte das práticas de alfabetização desse Ciclo, o e ampliar suas possibilidades de expressão. Assim, tem-se em
falar, ler e escrever nas aulas de ciências proporcionam o vista que a criança possa compreender e produzir ações com
desenvolvimento de discursos narrativos, próprios dessa vistas à sua participação autônoma, em variadas esferas
idade, bem como dos modos descritivos, explicativos e sociais de interação.
argumentativos de si posicionarem perante o mundo, em que Embora o diálogo entre Educação Física e Arte seja
a imaginação e a magia são os inspiradores de tais pertinente e ambas sejam componentes da área de
procedimentos. conhecimento Linguagem, suas especificidades devem ser
Assim, é preciso que as crianças sejam incentivadas a identificadas e reconhecidas em suas aproximações e
escrever com autonomia diferentes formas de representação distanciamentos, evitando-se assim que Arte e Educação Física
da linguagem científica, como o desenho, as tabelas, os gráficos percam seus contornos próprios ou que uma substitua a outra.
entre outros, para relatar situações estudadas em ciências. Nessa direção, o presente documento trata primeiro das
Essa importante estratégia para o desenvolvimento da relações entre Arte e Educação Física. Em seguida, são tratadas
linguagem exige uso de registro das observações, organização as especificidades de cada componente e, por fim, estão
de informações, debates, levantamento de hipóteses, entre expostos os Direitos e Objetivos de Aprendizagem e
outras ações mediadas pelo professor. Desenvolvimento em Arte e Educação Física, quanto seus
Ainda como parte desse processo, a diversidade de Eixos Estruturantes, a saber: criação/processo criador;
materiais escritos e o acesso a diferentes fontes têm imaginação; ludicidade/ brincadeira/ jogo/ movimento;
fundamental importância nas aulas de ciências. Os identidade/ alteridade; autoria/ autonomia; experiência
experimentos simples em sala de aula também são excelentes estética; cultura corporal.
mobilizadores da curiosidade e de explicação dos fenômenos
científicos. O trabalho com textos de divulgação científica para Arte e Educação Física em diálogo
crianças, bem como a leitura desse gênero em diferentes
suportes, possibilita a aprendizagem de um tipo de linguagem É inegável a importância de se propiciar às crianças o
e forma de leitura. Esses materiais, utilizados como recurso acesso ao conhecimento historicamente construído em todas
pedagógico, contribuem para o entendimento dos usos e as áreas, de maneira que possam conhecer e valorizar as
função dos textos de ciências na sociedade levando as crianças diferentes manifestações artísticas e culturais. Essas
a ler o mundo e escrever a vida. manifestações incluem as expressões da cultura corporal, de
diferentes povos, épocas e locais, que se manifestam em seu
Direitos de Aprendizagem da Área de Ciências da entorno mais próximo, bem como as demais expressões
Natureza brasileiras e internacionais da contemporaneidade e de outras
épocas. Além disso, as crianças, no Ciclo da Alfabetização,
I. Encantar-se com o mundo e com suas transformações, devem ter também amplas possibilidades de experimentar e
bem como com as potencialidades humanas de interagir potencializar seu processo criador.
com o mundo e de produzir conhecimento e outros modos Esse relacionamento da criança com a Arte e a Educação
de vida mais humanizados. Física acontece a partir de diferentes experiências: apreciação,
II. Ter acesso a informações pertinentes à Ciência e execução, criação e reflexão, que são as bases para definição
conhecê-la como processo que envolve curiosidade, busca dos eixos estruturantes dos Direitos e Objetivos de
de explicações por meio de observação, experimentação, Aprendizagem e Desenvolvimento que serão apresentados
registro e comunicação de ideias. posteriormente.
III. Compreender as relações socioambientais locais A apreciação pressupõe relacionar-se, de forma lúdica e
para construção de uma cultura de pertencimento e de imaginativa ao que está sendo visto, ouvido, sentido e vivido
convivência sustentável, em dimensões universais. nas diferentes produções e criações de outras pessoas ou
IV. Assumir atitudes e valores de admiração, respeito e grupos, incluindo aqui o que é produzido pelas próprias
preservação para consigo, com outros grupos, com outras crianças, a partir de seu repertório de experiências, saberes e
espécies e a natureza. fazeres.
V. Conhecer ações relacionadas ao cuidado – para As experiências de execução, para as crianças de 6 a 8 anos,
consigo mesmo, com a sociedade, com o consumo, com a devem ser prioritariamente inseparáveis das experiências de
natureza, com outras espécies - como um modo de proteger criação, de maneira a valorizar sua autoria e processo criador.
a vida, a segurança, a dignidade, a integridade física, Entretanto, há algumas manifestações da música, da dança e
moral, intelectual e ambiental. da cultura corporal (produções/ criações de outras pessoas ou
VI. Inventar, perguntar, observar, planejar, testar, grupos) que devem ser consideradas. Por exemplo: cantar em
avaliar, explicar situações, interagindo socialmente para coral, dançar uma coreografia, executar passos de dança,
tomar decisões éticas no cotidiano. brincar de roda, jogar bola, entre outros.

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A criação requer o diálogo da criança com seu repertório Ainda nesta direção, pensar em um processo de
de experiências, saberes e fazeres, e sua imaginação, alfabetização ampliado é considerar as diferentes linguagens
considerando seus processos de identidade e de alteridade, da Arte e as possibilidades e expressões do corpo, o que requer
exigindo, assim, autonomia de pensamento e ação. Por refletir criticamente sobre a maneira como a criança vivencia
exemplo: coreografar; desenhar, pintar ou esculpir de forma seus cotidiano escolar e cotidiano: em casa, na comunidade, na
autoral; criar cores com pigmentos naturais; inventar regras sociedade.
para jogos e brincadeiras; improvisar cenas, danças e A Educação Física e a Arte, nos espaços escolares, quando
personagens; compor músicas; improvisar musicalmente. atendem aos Direitos e Objetivos de Aprendizagem e
Conhecer-se e se apropriar de algo é poder também pensar Desenvolvimento, priorizam a expressão viva dos sujeitos em
criticamente sobre ele, compará-lo, fazer associações de suas práticas educativas, considerando a criança, sobretudo
ideias. Um dos pontos de partida é o conhecimento de si e do aquela do Ciclo da Alfabetização, como um ser que aprende em
outro. A busca de significação diante de expressões da cultura movimento – tal como ocorre em espaços sociais fora da
corporal e das linguagens da Arte mobiliza os conhecimentos escola.
que se tem sobre si mesmo: as origens, memórias e histórias
de vida, experiências anteriores, acervos, modos de ser, estar O componente curricular Arte
e agir no mundo – isto é, sua identidade. Da mesma forma, na
alteridade, as linguagens da Arte e as manifestações da cultura A Arte faz parte da existência humana. Pode ser
corporal mobilizam o conhecimento e a reflexão em relação ao considerada como uma das formas de significar o mundo e,
outro, num processo permanente de reconhecer-se, estranhar- para tal, diferentemente das ciências que utilizam a linguagem
se, diferenciar-se. verbal, a Arte usa, além da palavra, cores, sons, formas,
No ensino da Arte e da Educação Física do Ciclo da movimentos, criando suas próprias maneiras de atribuir
Alfabetização, os conceitos de identidade e alteridade sentidos às coisas, sendo polissêmica por natureza.
traduzem-se não apenas na maneira de as crianças se Pode-se dizer que identidade/ alteridade, criação/
relacionarem com o conhecimento historicamente produzido, processo criador, brincadeira/ jogo/ movimento, imaginação,
mas também nas formas de cada uma revisitar, avaliar e autoria/ autonomia são conceitos que permeiam os Direitos e
realinhar suas próprias produções, criações e expressões e as Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento da Arte, e seus
dos colegas. eixos estruturantes. Quanto mais estes elementos estiverem
Na medida em que se apontam as crianças como presentes na escola, mais plenas tornam-se as interações entre
protagonistas das ações de apreciação, execução, criação e a criança e as experiências, os saberes e fazeres da música, das
reflexão acerca de manifestações artísticas e culturais artes visuais, do teatro e da dança, ou seja, das linguagens
diversas, considerando seus processos de identidade e de artísticas.
alteridade, entende-se que o estímulo à sua autonomia de A Arte só pode ser apreendida/aprendida pela mediação
pensamento e ação seja fundamental. Isto é, professores do de outras pessoas – colegas, professores, artistas –, ou
Ciclo da Alfabetização devem preocupar-se em favorecer o materiais/instrumentos frutos da criação humana, como
processo de escolhas e acesso aos materiais, em acolher de livros, filmes etc.
maneira atenta e significativa os processos singulares de É importante perceber que o “contato” – esporádico, sem
apropriação e reflexão das crianças, suas hipóteses, observação atenta, e sem mediação por parte dos professores
comentários, percepções e ideias sobre si e sobre o mundo, – com lápis de cor, tintas, pincéis, argila e outros materiais não
impulsionando-as em seu percurso pessoal e coletivo de basta para assegurar às crianças seus Direitos e Objetivos de
produção de sentidos. Considerando ainda que os mecanismos Aprendizagem e Desenvolvimento em artes visuais; e que
de apropriação e de produção e criação nas crianças são cantar canções, hinos e músicas, ou tocar algum instrumento
bastante interconectados, valorizar suas expressões pessoais também não garante seus Direitos e Objetivos de
nas diversas linguagens artísticas e corporais é pressuposto Aprendizagem e Desenvolvimento em música. Da mesma
básico das práticas educativas, destacando e favorecendo forma, ensaiar textos e coreografias para apresentações
assim sua autoria nas experiências, saberes e fazeres em Arte diversas nas escolas não são suficientes para efetivar os
e Educação Física. Direitos e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento das
Aos processos de apropriação e produção está diretamente crianças nas linguagens do teatro ou da dança. O que se
imbricada a imaginação. Cabe ao professor acolher, valorizar e defende é que se vá além. Não é o caso de menosprezar estas
pautar suas práticas educativas também neste repertório, ações, e sim de trazer outras possibilidades que ajudem
disponibilizando tempo, espaço e materiais para que a criança professores em suas práticas educativas, a partir de um leque
não perca o fio que a conduz sua imaginação. maior de propostas visuais, sonoras, dramáticas e corporais.
Uma das possibilidades mais favoráveis para esta vivência O que há de mais específico no trabalho com Arte na escola
e exploração de diferentes experiências encontra-se é justamente a experiência estética, compreendida como as
justamente no contato efetivo das crianças com os processos e possibilidades de apreciação, produção e criação nas suas
manifestações da Arte e da Educação Física, uma vez que tanto diferentes linguagens (teatro, música, dança e artes visuais) –
a experimentação dramática, visual, musical e corporal, como nunca descoladas da identidade/ alteridade, criação/ processo
as obras literárias, teatrais, musicais, visuais e coreográficas, criador, ludicidade, imaginação, e autoria/ autonomia.
ou ainda os jogos e as brincadeiras podem solicitar e Na experiência estética a significação não está no objeto,
impulsionar a imaginação. naquele que o produziu, ou ainda no que o contempla, mas na
Nesta perspectiva, ressalta-se, então, que a ludicidade, a triangulação entre estes três (objeto, produtor,
brincadeira e os jogos – dramáticos, visuais, sonoros, corporais contemplador), estabelecendo um tipo específico de relação
e/ou cooperativos – são também espaços acolhedores e de diálogo, num movimento ininterrupto de ir e vir, aproximar
impulsionadores da imaginação, de extrema relevância nos e distanciar, perceber o todo e as partes, remetendo a
modos de experimentar e de experimentar-se, de apropriar-se, sensações, memórias e imagens diversas.
e de produzir e criar nas linguagens. Quando se fala de crianças Diferentemente do que se faz na vida cotidiana, a
de 6 a 8 anos, do Ciclo da Alfabetização, não se pode então experiência estética é aquela que faz entender que as crianças
deixar de sublinhar a brincadeira como uma de suas formas (e também os professores) não conhecem o mundo apenas
expressivas – maneira singular de relação da criança com o pensando nele, pois tudo é percebido e valorado pela
mundo; uma das mais significativas expressões da cultura e da experiência do mundo sensível. Ainda neste contexto, cabe
identidade infantil. sublinhar que a experiência estética, na escola, não visa

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estimular a formação de artistas – sejam eles músicos, artistas como forma de garantir-lhes os Direitos e Objetivos de
plásticos, atores ou dançarinos –, mas tornar os sujeitos mais Aprendizagem e Desenvolvimento.
sensíveis, apreciadores, conhecedores e criadores nas/ das Para atender a isso deve-se considerar o fato de que cada
diferentes linguagens e expressões humanas. criança carrega consigo um acervo de códigos gestuais,
Assim como na vida, a experiência estética deve ter lugar brincadeiras cantadas e jogos populares, que caracterizam as
nas práticas pedagógicas de maneira orgânica e não apenas em diferentes formas de expressão do corpo, bem como cada um
momentos isolados das aulas de Arte. Neste sentido, as faz diferentes usos de seus corpos e possui um conjunto de
práticas educativas devem iluminar as manifestações experiências e conhecimentos que constituem o que
artístico-culturais do entorno; oferecer outras práticas denominamos de cultura corporal. Esta deve ser considerada
diferenciadas; promover o diálogo entre várias formas e valorizada nas práticas educativas da Educação Física junto
expressivas; convidar a comunidade educativa a participar de às crianças de 6 a 8 anos, e ampliada constantemente por meio
práticas diversas que favoreçam o desenvolvimento da de novas propostas apresentadas, considerando-se suas
sensibilidade estética. Ainda nesta direção, cabe a ideia de que possibilidades corporais, interesses e necessidades.
é preciso não aceitar os mitos que envolvem as questões sobre Da cultura corporal emergem os conhecimentos
talento, dom inato e inspiração; bem como aqueles referentes pedagógicos da Educação Física, manifestando-se nas
a Arte como puro fazer ou ativismo. diferentes formas de expressão do corpo, como construção
Para se favorecer e impulsionar a concretização dos histórica para favorecer que a criança possa brincar com
Direitos e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento das elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica, entre
crianças em Arte, deve-se buscar uma perspectiva que integre outros. Neste sentido, trabalhar tais elementos na escola, em
as dimensões da teoria e da prática de forma cada vez mais especial no Ciclo de Alfabetização, respeitando-se as
articulada. características infantis, é garantir à criança o aprendizado da
Diante disso, é preciso assumir o compromisso de pensar expressão corporal como linguagem.
na criança e no professor como sujeitos de direito de reflexão Ao se pensar na Educação Física no Ciclo de Alfabetização,
crítica e acesso à formação permanente com oportunidades de deve-se propor práticas educativas, na forma de jogos e
apreciação, reflexão e de criação sobre as diversas linguagens brincadeiras, considerando, também, o universo do
artísticas, tendo em vista o estudo e a pesquisa para conhecer, brinquedo, como vetor das intervenções pedagógicas. Nesse
criar e recriar os saberes estéticos e artísticos, tão presentes sentido, os professores do Ciclo de Alfabetização não ficam
na vida e sempre em transformação. preocupados com os gestos técnicos que caracterizam os
Enfim, a proposta é oferecer oportunidades lúdicas e diferentes conteúdos, como no esporte, por exemplo, mas
imaginativas à criança de experiências estéticas, não apenas atentam em perceber que jogos e brincadeiras são essenciais
para ampliar seus conhecimentos sobre a Arte, mas também para constituir um acervo de experiências corporais capazes
os modos de se relacionar consigo, com os outros e com o de favorecer, inclusive, inúmeras aprendizagens nas crianças.
mundo. Tal pensamento coloca em evidência a relevância da
relação corpo/movimento no processo de aprendizagem
O componente curricular Educação Física vivido na escola, em especial no Ciclo de Alfabetização, de
forma a se defender que o corpo vivencia e auxilia na
Falar da Educação Física, no Ciclo de Alfabetização, é organização e na apropriação dos conhecimentos, uma vez que
considerá-la numa perspectiva educacional que destaca a se aprende com, e por intermédio dele. Compreende-se, assim,
relevância da espontaneidade dos gestos das crianças de 6 a 8 que o corpo é o mesmo que pensa, processa informações,
anos. Mas para se pensar nesta espontaneidade é necessário executa ações motoras e expressa os conhecimentos que
considerar a criança a partir da sua história de vida, da sua possui.
família, da sua cultura e do seu próprio contexto social, bem E, por fim, é importante enfatizar que os momentos da
como estar atento a valorização da sua lógica de ver o mundo Educação Física, no Ciclo da Alfabetização, devem alicerçar-se
e dos seus saberes, principalmente os relacionados a cultura em objetivos pedagógicos claros e planejados, que
infantil de jogos e brincadeiras. compreendam meninas, meninos e seus movimentos numa
Não se pode esquecer que em seu cotidiano na família, na perspectiva ampla, tomando por base este repertório
rua, nos parques, nos prédios, dentre outros espaços sociais, o composto pelas ações de cada sujeito, nas suas relações com o
movimento é uma das referências mais marcantes para as outro e com o conhecimento vivido em diferentes contextos.
crianças. Desde o nascimento, inúmeras linguagens do corpo Para isso, reforça-se a importância de o professor ter acesso,
vão se concretizando nas suas vidas, expressas nas suas também, aos conhecimentos referentes à compreensão dos
diferentes ações e nas diversas formas que utilizam para se tempos infantis e às diferentes formas de assegurar os Direitos
comunicar com os demais sujeitos – crianças e adultos. A e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento inerentes às
criança vive corporalmente cada momento de sua vida. Ela experiências, saberes e fazeres em Educação Física nas escolas.
aprende com o corpo em movimento e é este movimento que Desta forma, poderão levar a criança a apreciar, executar e
também deve ser considerado no Ciclo de Alfabetização. criar conhecimentos relativos à cultura corporal, bem como
Sendo assim, as experiências de movimento vividas pelas refletir sobre eles.
crianças proporcionam amplas perspectivas de
aprendizagens, sobretudo aquelas que promovem o Direitos de Aprendizagem da Área de Linguagem –
conhecimento do seu próprio corpo e a descoberta das suas Arte e Educação Física
possibilidades de ação, principalmente nas diversas relações
estabelecidas com as pessoas, com os objetos e nas diferentes Anteriormente foram tratados os conceitos básicos dos
situações do contexto social. componentes curriculares Arte e Educação Física. A partir
As instituições escolares devem garantir espaço para deles foram estruturados os Direitos e Objetivos de
receber estes corpos em movimento, assim como devem ter Aprendizagem e Desenvolvimento que devem ser assegurados
propostas pedagógicas que priorizem currículo e espaço às crianças no Ciclo da Alfabetização. Todos os direitos têm a
pedagógico para acolher práticas educativas de Educação mesma importância, não havendo nenhuma ordenação na
Física que sejam participativas, lúdicas, autorais, imaginativas, maneira de trabalhá-los. Os direitos desta área de
criadoras e autônomas. Diante do exposto, propõem-se conhecimento foram organizados de forma interligada, pois se
elementos estruturantes para as práticas educativas em entende que todos são igualmente relevantes e, ainda, que não
Educação Física, para as crianças do Ciclo de Alfabetização são isolados uns dos outros. Dois direitos expressam mais a

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perspectiva do acolhimento – respeitar e acolher as discriminatórias: preconceito de raça, de gênero, preconceito


diferenças entre as crianças; bem como considerar os a grupos sexuais, a povos indígenas, preconceito linguístico,
conhecimentos prévios que trazem em Arte e Educação dentre outros.
Física. Outros dois articulam-se a esses e se voltam mais aos - Encantar-se com o mundo e com suas transformações,
processos de criação, de apropriação e de produção de bem como com as potencialidades humanas de interagir com
conhecimentos nas áreas, como componentes o mundo e de produzir conhecimento e outros modos de vida
indispensáveis aos direitos a serem assegurados às mais humanizados.
crianças. E outros dois direitos, igualmente relevantes e - Ter acesso a informações pertinentes à Ciência e conhecê-
interconectados aos demais se relacionam àqueles voltados à la como processo que envolve curiosidade, busca de
ênfase na dimensão lúdica, criadora e imaginativa dos explicações por meio de observação, experimentação, registro
conhecimentos – elementos que marcam as e comunicação de ideias.
especificidades dos componentes curriculares Arte e
Educação Física. Assim, no Ciclo da Alfabetização, as crianças Referem-se, respectivamente, aos diretos de
têm direito a: aprendizagem dos componentes curriculares:
I. Ter acolhidas suas experiências, saberes e fazeres (A) Matemática e Ciências da Natureza.
corporais, sensíveis e reflexivos. (B) Língua Portuguesa e Ciências Humanas.
II. Ser incluídas e valorizadas nas práticas educativas (C) Língua Portuguesa e Ciências da Natureza.
de Educação Física e Arte, independentemente de suas (D) Ciências da Natureza e Ciências Humanas.
características corporais, expressivas e étnico-culturais.
III. Ter ampliadas suas experiências, saberes e fazeres 02. (Câmara dos Deputados - Analista Legislativo -
por meio do acesso aos diferentes modos como a Arte e CESPE) Acerca das políticas e ações governamentais na área
Educação Física vêm sendo produzidas ao longo do tempo da educação, julgue os próximos itens. Nesse sentido,
no seu entorno, no Brasil e no mundo. considere que a sigla FIES, sempre que utilizada, se refere ao
IV. Ter ampliadas suas experiências, saberes e fazeres Fundo de Financiamento Estudantil.
por meio de suas possibilidades expressivas na Arte e na
Educação Física. O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa se
V. Ter asseguradas práticas educativas lúdicas – que baseia na perspectiva de que os três primeiros anos do ensino
incluam brincadeiras e jogos – na realização de propostas fundamental constituem um ciclo de alfabetização e
visuais, sonoras, dramáticas e corporais. letramento essencial para o sucesso escolar ulterior, e inclui,
VI. Ter impulsionada sua imaginação e seus processos entre suas ações, o suporte à formação de professores
criadores nas propostas educativas de Educação Física e alfabetizadores e a aplicação anual de uma avaliação
das diferentes linguagens da Arte: música, teatro, dança e padronizada nacional ao universo de concluintes do terceiro
artes visuais. ano do ensino fundamental.
( ) Certo ( ) Errado
Caro candidato, o intuito desse material é tratar os
direitos e objetivos de aprendizagem por área de 03. (Prefeitura de Campo Verde-MT - Professor
conhecimento e esta edição é de 2012, última versão Educação Infantil - CONSULPLAN) A alfabetização moderna
disponível no portal do Ministério da Educação que trata resulta:
o ciclo de alfabetização, convém ressaltar que a Base (A) Do livro didático usado pelas crianças diariamente.
Nacional Comum Curricular engloba atualmente as áreas (B) De um processo espontâneo de interação das crianças
de conhecimento de acordo com a tabela abaixo: com a multiplicidade de ferramentas de leitura e escrita.
(C) Da criatividade do professor.
Educação Básica - Competências Gerais da Base (D) Da prontidão e inteligência do aluno.
Nacional Comum Curricular - Ensino Fundamental (E) Das diversas visitas das crianças à biblioteca com
acompanhamento sério do professor.
Componentes Curriculares
Áreas do 04. (Prefeitura de Nova Friburgo-RJ - Professor -
conhecimento Anos iniciais Anos Finais
(1° ao 5°) (6°ao 9°) EXATUS-PR) Assinale a alternativa INCORRETA em relação a
Língua Portuguesa alfabetização:
Arte (A) a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita pelo
indivíduo ou grupos de indivíduos.
Linguagens Educação Física
(B) a alfabetização deve se desenvolver em um contexto de
Língua
letramento como início da aprendizagem da escrita.
Estrangeira
(C) a alfabetização é o exercício do aprendizado
Matemática Matemática automático e repetitivo, baseado na descontextualização.
Ciências da (D) a alfabetização é a ação de fazer com que a pessoa se
Ciências
Natureza aproprie de habilidades que levam a leitura e a escrita.
Geografia
Ciências Humanas
História Respostas

Questões 01. C
Direitos de aprendizagem e desenvolvimento do
01. - Falar, ouvir, ler e escrever textos, em diversas componente curricular Língua Portuguesa
situações de uso da língua portuguesa, que atendam a I. Falar, ouvir, ler e escrever textos, em diversas
diferentes finalidades, que tratem de variados temas e que situações de uso da língua portuguesa, que atendam a
sejam compostos por formas relacionadas aos propósitos em diferentes finalidades, que tratem de variados temas e que
questão. sejam compostos por formas relacionadas aos propósitos
- Falar, ouvir, ler e escrever textos que propiciem a reflexão em questão.
sobre valores e comportamentos sociais, participando de II. Falar, ouvir, ler e escrever textos que propiciem a
situações de combate aos preconceitos e atitudes reflexão sobre valores e comportamentos sociais,

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participando de situações de combate aos preconceitos e proporcionar-lhes vivências e experiências de oralidade,


atitudes discriminatórias: preconceito de raça, de gênero, leitura e escrita que envolvam seu mundo físico, social,
preconceito a grupos sexuais, a povos indígenas, cultural, a partir das quais possam compreender e produzir
preconceito linguístico, dentre outros. textos orais e escritos variados e de qualidade, de diferentes
III. Apreciar e compreender textos falados e escritos do gêneros textuais, com diversas finalidades, com vistas à sua
universo literário, como contos, fábulas, poemas, dentre participação autônoma em variadas esferas de interação
outros. social.
IV. Apreciar e usar, em diversas situações, os gêneros
literários do patrimônio cultural da infância, como 04. C
parlendas, cantigas, trava línguas, dentre outros. Ao contrário do proposto nessa alternativa é necessário
V. Falar, ouvir, ler e escrever textos relativos à contextualizar os conhecimentos apresentados pelos alunos
divulgação do saber escolar/ científico, como verbetes de em sala de aula fato que favorece o processo de alfabetização.
enciclopédia, verbetes de dicionário, resumos, dentre São as vivencias da criança que possibilitam seu
outros, e textos destinados à organização do cotidiano desenvolvimento em cada componente curricular. Além disto
escolar e não escolar, como agendas, cronogramas, o letramento é cultural, por isso muitas crianças já vão para a
calendários, dentre outros. escola com o conhecimento alcançado de maneira informal
VI. Participar de situações de fala, escuta, leitura e absorvido no cotidiano. Ao conhecer a importância do
escrita de textos destinados à reflexão e discussão acerca letramento, deixamos de exercitar o aprendizado automático
de temas sociais importantes, por meio de reportagens, e repetitivo, baseado na descontextualização.
artigos de opinião, cartas de leitores, dentre outros.

Direitos de Aprendizagem da Área de Ciências da


Natureza
XVI - Projeto Político-
I. Encantar-se com o mundo e com suas transformações, Pedagógico e a estreita
bem como com as potencialidades humanas de interagir relação com o Plano de
com o mundo e de produzir conhecimento e outros modos
de vida mais humanizados.
Ensino, o Plano de Aula e a
II. Ter acesso a informações pertinentes à Ciência e gestão da sala de aula.
conhecê-la como processo que envolve curiosidade, busca
de explicações por meio de observação, experimentação,
registro e comunicação de ideias. Projeto Político-Pedagógico
III. Compreender as relações socioambientais locais
para construção de uma cultura de pertencimento e de Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
convivência sustentável, em dimensões universais. Educação Nacional (LDB), em 1996, toda escola precisa ter um
IV. Assumir atitudes e valores de admiração, respeito e projeto político-pedagógico (o PPP, ou simplesmente Projeto
preservação para consigo, com outros grupos, com outras Pedagógico).
espécies e a natureza.
V. Conhecer ações relacionadas ao cuidado – para No sentido etimológico, o termo projeto vem
consigo mesmo, com a sociedade, com o consumo, com a do latim projectu, particípio passado do verbo projicere, que
natureza, com outras espécies - como um modo de proteger significa lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa,
a vida, a segurança, a dignidade, a integridade física, empreendimento. Redação provisória de lei. Plano geral de
moral, intelectual e ambiental. edificação.
VI. Inventar, perguntar, observar, planejar, testar,
avaliar, explicar situações, interagindo socialmente para Segundo Veiga35, ao construirmos os projetos de nossas
tomar decisões éticas no cotidiano. escolas, planejamos o que temos intenção de fazer, de realizar.
Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando o
02. Certo possível. É antever um futuro diferente do presente.
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um
compromisso formal assumido pelos governos federal, do Nas palavras de Gadotti36:
Distrito Federal, dos estados e municípios de assegurar que
todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas
idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental. para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado
confortável para arriscar-se, atravessar um período de
Para o ano de 2016 o Pacto Nacional pela Alfabetização na instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da
Idade Certa apresenta três eixos que serão considerados ao promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o
longo do desenvolvimento do trabalho pedagógico: presente. Um projeto educativo pode ser tomado com a
1) Fortalecimento das estruturas estaduais e regionais de promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam
gestão do programa, visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores
2) O monitoramento da execução e; e autores.
3) A avaliação periódica dos alunos.
Fonte: http://pacto.mec.gov.br/noticias/134-adesao-2016 Nessa perspectiva, o Projeto Político-Pedagógico vai além
de um simples agrupamento de planos de ensino e de
03. B atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em
A Educação Básica empreende seu trabalho político- seguida arquivado ou encaminhado às autoridades
pedagógico em busca de garantir o direito à alfabetização de educacionais como prova do cumprimento de tarefas
crianças dos seis aos oito anos de idade, pois a linguagem burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os
constitui o sujeito na interação social. Para isto, é necessário

35 VEIGA, Ilma
Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: uma 36GADOTTI, Moacir. "Pressupostos do projeto pedagógico". In: MEC, Anais da
construção possível. 14ª edição Papirus, 2002. Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília, 1994.

Conhecimentos Pedagógicos 191


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momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo Buscar uma nova organização para a escola constitui uma
da escola. ousadia para os educadores, pais, alunos e funcionários. E para
enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de um referencial
O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação que fundamente a construção do projeto político-pedagógico.
intencional, com um sentido explícito, com um compromisso
definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da A questão é, pois, saber a qual referencial temos que
escola é, também, um projeto político por estar intimamente recorrer para a compreensão de nossa prática pedagógica.
articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses Nesse sentido, temos que nos alicerçar nos pressupostos de
reais e coletivos da população majoritária. É político no uma teoria pedagógica crítica viável, que parta da prática
sentido de compromisso com a formação do cidadão para um social e esteja compromissada em solucionar os problemas da
tipo de sociedade. educação e do ensino de nossa escola.

“A dimensão política se cumpre na medida em que ela se Uma teoria que subsidie o projeto político-pedagógico e,
realiza enquanto prática especificamente pedagógica”. por sua vez, a prática pedagógica que ali se processa deve estar
ligada aos interesses da maioria da população. Faz-se
Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da necessário, também, o domínio das bases teórico-
efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do metodológicas indispensáveis à concretização das concepções
cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e assumidas coletivamente. Mais do que isso, afirma Freitas37
criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas que:
e as características necessárias às escolas de cumprirem seus
propósitos e sua intencionalidade. As novas formas têm que ser pensadas em um contexto de
luta, de correlações de força – às vezes favoráveis, às vezes
Político e pedagógico têm assim uma significação desfavoráveis. Terão que nascer no próprio “chão da escola”,
indissociável. Neste sentido é que se deve considerar o projeto com apoio dos professores e pesquisadores. Não poderão ser
político-pedagógico como um processo permanente de inventadas por alguém, longe da escola e da luta da escola.
reflexão e discussão dos problemas da escola, na busca de
alternativas viáveis a efetivação de sua intencionalidade, que Se a escola nutre-se da vivência cotidiana de cada um de
“não é descritiva ou constatativa, mas é constitutiva”. seus membros, coparticipantes de sua organização do trabalho
pedagógico à administração central, seja o Ministério da
Por outro lado, propicia a vivência democrática necessária Educação, a Secretaria de Educação Estadual ou Municipal, não
para a participação de todos os membros da comunidade compete a eles definir um modelo pronto e acabado, mas sim
escolar e o exercício da cidadania. Pode parecer complicado, estimular inovações e coordenar as ações pedagógicas
mas trata-se de uma relação recíproca entre a dimensão planejadas e organizadas pela própria escola.
política e a dimensão pedagógica da escola.
Em outras palavras, as escolas necessitam receber
O Projeto Político-Pedagógico, ao se constituir em assistência técnica e financeira decidida em conjunto com as
processo democrático de decisões, preocupa-se em instaurar instâncias superiores do sistema de ensino.
uma forma de organização do trabalho pedagógico que
supere os conflitos, buscando eliminar as relações Isso pode exigir, também, mudanças na própria lógica de
competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a organização das instâncias superiores, implicando uma
rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia mudança substancial na sua prática. Para que a construção do
que permeia as relações no interior da escola, diminuindo projeto político-pedagógico seja possível não é necessário
os efeitos fragmentários da divisão do trabalho que reforça convencer os professores, a equipe escolar e os funcionários a
as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão. trabalhar mais, ou mobilizá-los de forma espontânea, mas
propiciar situações que lhes permitam aprender a pensar e a
Desse modo, o projeto político-pedagógico tem a ver com a realizar o fazer pedagógico de forma coerente.
organização do trabalho pedagógico em dois níveis: como
organização da escola num todo e como organização da A escola não tem mais possibilidade de ser dirigida de cima
sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social para baixo e na ótica do poder centralizador que dita as
imediato, procurando preservar a visão de totalidade. normas e exerce o controle técnico burocrático. A luta da
escola é para a descentralização em busca de sua autonomia e
Nesta caminhada será importante ressaltar que o projeto qualidade.
político-pedagógico busca a organização do trabalho
pedagógico da escola na sua globalidade. O projeto político-pedagógico não visa simplesmente a um
rearranjo formal da escola, mas a uma qualidade em todo o
A principal possibilidade de construção do projeto processo vivido. Vale acrescentar, ainda, que a organização do
político-pedagógico passa pela relativa autonomia da escola, trabalho pedagógico da escola tem a ver com a organização da
de sua capacidade de delinear sua própria identidade. Isto sociedade. A escola nessa perspectiva é vista como uma
significa resgatar a escola como espaço público, lugar de instituição social, inserida na sociedade capitalista, que reflete
debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva. no seu interior as determinações e contradições dessa
sociedade.
Portanto, é preciso entender que o projeto político-
pedagógico da escola dará indicações necessárias à Está hoje inserido num cenário marcado pela diversidade.
organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho do Cada escola é resultado de um processo de desenvolvimento
professor na dinâmica interna da sala de aula. de suas próprias contradições. Não existem duas escolas
iguais. Diante disso, desaparece aquela arrogante pretensão de
saber de antemão quais serão os resultados do projeto. A

37FREITAS Luiz Carlos. "Organização do trabalho pedagógico". Palestra proferida


no 11 Seminário Internacional de Alfabetização e Educação. Novo Hamburgo,
agosto de 1991.

Conhecimentos Pedagógicos 192


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arrogância do dono da verdade dá lugar à criatividade e ao rumo, que estabelece princípios, diretrizes e propostas de ação
diálogo. A pluralidade de projetos pedagógicos faz parte da para melhor organizar, sistematizar e significar as atividades
história da educação da nossa época. Por isso, não deve existir desenvolvidas pela escola como um todo. Sua dimensão
um padrão único que oriente a escolha do projeto das escolas. política pedagógica pressupõe uma construção participativa
que envolve ativamente os diversos segmentos escolares e a
Não se entende, portanto, uma escola sem autonomia para própria comunidade onde a escola se insere.
estabelecer o seu projeto e autonomia para executá-lo e avaliá-
lo. A autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte 2- Quando a atuação ocorre em um planejamento
da própria natureza do ato pedagógico. A gestão democrática participativo, as pessoas ressignificam suas experiências,
da escola é, portanto uma exigência de seu projeto político- refletem suas práticas, resgatam, reafirmam e atualizam
pedagógico. valores. Explicitam seus sonhos e utopias, demonstram seus
saberes, suas visões de mundo, de educação e o conhecimento,
Ela exige, em primeiro lugar, uma mudança de dão sentido aos seus projetos individuais e coletivos,
mentalidade de todos os membros da comunidade escolar. reafirmam suas identidades estabelecem novas relações de
Mudança que implica deixar de lado o velho preconceito de convivência e indicam um horizonte de novos caminhos,
que a escola pública é apenas um aparelho burocrático do possibilidades e propostas de ação. Este movimento visa
Estado e não uma conquista da comunidade. promover a transformação necessária e desejada pelo coletivo
escolar e comunitário e a assunção de uma intencionalidade
A gestão democrática da escola implica que a política na organização do trabalho pedagógico escolar.
comunidade, os usuários da escola, sejam os seus dirigentes e
gestores e não apenas os seus fiscalizadores ou meros 3- Para que o projeto seja impregnado por uma
receptores dos serviços educacionais. Os pais, alunos, intencionalidade significadora, é necessário que as partes
professores e funcionários assumem sua parte na envolvidas na prática educativa de uma escola estejam
responsabilidade pelo projeto da escola. profundamente integradas na constituição e que haja vivencia
dessa intencionalidade. A comunidade escolar então tem que
Há pelo menos duas razões, que justificam a implantação estar envolvida na construção e explicitação dessa mesma
de um processo de gestão democrática na escola pública: intencionalidade.

1º: a escola deve formar para a cidadania e, para isso, ela Processos e Princípios de Construção
deve dar o exemplo.
2º: porque a gestão democrática pode melhorar o que é A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB 9394/96, no
específico da escola, isto é, o seu ensino. artigo 12, define claramente a incumbência da escola de
elaborar o seu projeto pedagógico.
A participação na gestão da escola proporcionará um
melhor conhecimento do funcionamento da escola e de todos Além disso, explicita uma compreensão de escola para
os seus atores. Proporcionará um contato permanente entre além da sala de aula e dos muros da escola, no sentido desta
professores e alunos, o que leva ao conhecimento mútuo e, em estar inserida em um contexto social e que procure atender às
consequência, aproximará também as necessidades dos exigências não só dos alunos, mas de toda a sociedade.
alunos dos conteúdos ensinados pelos professores.
Ainda coloca, nos artigos 13 e 14, como tarefa de
O aluno aprende apenas quando ele se torna sujeito da sua professores, supervisores e orientadores a responsabilidade
própria aprendizagem. E para ele tornar-se sujeito da sua de participar da elaboração desse projeto.
aprendizagem ele precisa participar das decisões que dizem
respeito ao projeto da escola que faz parte também do projeto A construção do projeto político-pedagógico numa
de sua vida. perspectiva emancipatória se constitui num processo de
vivência democrática à medida que todos os segmentos que
A autonomia e a participação - pressupostos do projeto compõem a comunidade escolar e acadêmica dele devam
político-pedagógico da escola, não se limitam à mera participar, comprometidos com a integridade do seu
declaração de princípios consignados em alguns documentos. planejamento, de modo que todos assumem o compromisso
Sua presença precisa ser sentida no conselho de escola ou com a totalidade do trabalho educativo.
colegiado, mas também na escolha do livro didático, no
planejamento do ensino, na organização de eventos culturais, Segundo Veiga38, a abordagem do projeto político-
de atividades cívicas, esportivas, recreativas. Não basta apenas pedagógico, como organização do trabalho da escola como um
assistir reuniões. todo, está fundada nos princípios que deverão nortear a escola
democrática, pública e gratuita:
A gestão democrática deve estar impregnada por certa
atmosfera que se respira na escola, na circulação das Igualdade: de condições para acesso e permanência na
informações, na divisão do trabalho, no estabelecimento do escola. Saviani39 alerta-nos para o fato de que há uma
calendário escolar, na distribuição das aulas, no processo de desigualdade no ponto de partida, mas a igualdade no ponto
elaboração ou de criação de novos cursos ou de novas de chegada deve ser garantida pela mediação da escola. O
disciplinas, na formação de grupos de trabalho, na capacitação autor destaca: Portanto, só é possível considerar o processo
dos recursos humanos, etc. educativo em seu conjunto sob a condição de se distinguir a
democracia com a possibilidade no ponto de partida e
Então não se esqueça: democracia como realidade no ponto de chegada. Igualdade de
oportunidades requer, portanto, mais que a expansão
1- O projeto político pedagógico da escola pode ser quantitativa de ofertas; requer ampliação do atendimento com
entendido como um processo de mudança e definição de um simultânea manutenção de qualidade.

38 VEIGA, Ilma
Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: uma 39SAVIANI, Dermeval. "Para além da curvatura da 'vara". In: Revista Ande no 3.
construção possível. 12ª edição Papirus, 2002. São Paulo, 1982.

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Qualidade: que não pode ser privilégio de minorias solidariedade, que supera a opressão; da autonomia, que anula
econômicas e sociais. O desafio que se coloca ao projeto a dependência de órgãos intermediários que elaboram
político-pedagógico da escola é o de propiciar uma qualidade políticas educacionais das quais a escola é mera executora.
para todos. A qualidade que se busca implica duas dimensões
indissociáveis: a formal ou técnica e a política. Uma não está A busca da gestão democrática inclui, necessariamente, a
subordinada a outra; cada uma delas tem perspectivas ampla participação dos representantes dos diferentes
próprias. segmentos da escola nas decisões/ações administrativo-
pedagógicas ali desenvolvidas. Nas palavras de Marques41: A
Formal ou Técnica - enfatiza os instrumentos e os participação ampla assegura a transparência das decisões,
métodos, a técnica. A qualidade formal não está afeita, fortalece as pressões para que sejam elas legítimas, garante o
necessariamente, a conteúdos determinados. Demo40 afirma controle sobre os acordos estabelecidos e, sobretudo,
que a qualidade formal: “(...) significa a habilidade de manejar contribui para que sejam contempladas questões que de outra
meios, instrumentos, formas, técnicas, procedimentos diante dos forma não entrariam em cogitação.
desafios do desenvolvimento”.
Neste sentido, fica claro entender que a gestão
Política - a qualidade política é condição imprescindível da democrática, no interior da escola, não é um princípio fácil de
participação. Está voltada para os fins, valores e conteúdos. ser consolidado, pois trata-se da participação crítica na
Quer dizer “a competência humana do sujeito em termos de se construção do projeto político-pedagógico e na sua gestão.
fazer e de fazer história, diante dos fins históricos da sociedade
humana”. Liberdade: o princípio da liberdade está sempre associado
à ideia de autonomia. O que é necessário, portanto, como ponto
Nesta perspectiva, o autor chama atenção para o fato de de partida, é o resgate do sentido dos conceitos de autonomia
que a qualidade centra-se no desafio de manejar os e liberdade. A autonomia e a liberdade fazem parte da própria
instrumentos adequados para fazer a história humana. A natureza do ato pedagógico. O significado de autonomia
qualidade formal está relacionada com a qualidade política e remete-nos para regras e orientações criadas pelos próprios
esta depende da competência dos meios. sujeitos da ação educativa, sem imposições externas.

A escola de qualidade tem obrigação de evitar de todas as Para Rios42, a escola tem uma autonomia relativa e a
maneiras possíveis a repetência e a evasão. Tem que garantir liberdade é algo que se experimenta em situação e esta é
a meta qualitativa do desempenho satisfatório de todos. uma articulação de limites e possibilidades. Para a autora, a
Qualidade para todos, portanto, vai além da meta quantitativa liberdade é uma experiência de educadores e constrói-se na
de acesso global, no sentido de que as crianças, em idade vivência coletiva, interpessoal. Portanto, “somos livres com os
escolar, entrem na escola. É preciso garantir a permanência outros, não, apesar dos outros”. Se pensamos na liberdade na
dos que nela ingressarem. Em síntese, qualidade “implica escola, devemos pensá-la na relação entre administradores,
consciência crítica e capacidade de ação, saber e mudar”. professores, funcionários e alunos que aí assumem sua parte
de responsabilidade na construção do projeto político-
O projeto político-pedagógico, ao mesmo tempo em que pedagógico e na relação destes com o contexto social mais
exige dos educadores, funcionários, alunos e pais a definição amplo.
clara do tipo de escola que intentam, requer a definição de fins.
Assim, todos deverão definir o tipo de sociedade e o tipo de A liberdade deve ser considerada, também, como
cidadão que pretendem formar. As ações especificas para a liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a arte e
obtenção desses fins são meios. Essa distinção clara entre fins o saber direcionados para uma intencionalidade definida
e meios é essencial para a construção do projeto político- coletivamente.
pedagógico.
Valorização do magistério: é um princípio central na
Gestão Democrática: é um princípio consagrado pela discussão do projeto político-pedagógico. A qualidade do
Constituição vigente e abrange as dimensões pedagógica, ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar
administrativa e financeira. Ela exige uma ruptura histórica cidadãos capazes de participar da vida socioeconômica,
na prática administrativa da escola, com o enfrentamento das política e cultural do país relacionam-se estreitamente a
questões de exclusão e reprovação e da não permanência do formação (inicial e continuada), condições de trabalho
aluno na sala de aula, o que vem provocando a marginalização (recursos didáticos, recursos físicos e materiais, dedicação
das classes populares. Esse compromisso implica a construção integral à escola, redução do número de alunos na sala de aula
coletiva de um projeto político-pedagógico ligado à educação etc.), remuneração, elementos esses indispensáveis à
das classes populares. profissionalização do magistério.

A gestão democrática exige a compreensão em O reforço à valorização dos profissionais da educação,


profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica. garantindo-lhes o direito ao aperfeiçoamento profissional
Ela visa romper com a separação entre concepção e execução, permanente, significa “valorizar a experiência e o
entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. Busca resgatar conhecimento que os professores têm a partir de sua prática
o controle do processo e do produto do trabalho pelos pedagógica”.
educadores.
A formação continuada é um direito de todos os
Implica principalmente o repensar da estrutura de poder profissionais que trabalham na escola, uma vez que não só ela
da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização do possibilita a progressão funcional baseada na titulação, na
poder propicia a prática da participação coletiva, que atenua o qualificação e na competência dos profissionais, mas também
individualismo; da reciprocidade, que elimina a exploração; da

40DEMO Pedro. Educação e qualidade. Campinas, Papirus,1994. 42RIOS, Terezinha. "Significado e pressupostos do projeto pedagógico". In: Série
41MARQUES, Mário Osório. "Projeto pedagógico: A marca da escola". In: Revista Ideias. São Paulo, FDE,1982.
Educação e Contexto. Projeto pedagógico e identidade da escola no 18. ljuí, Unijuí,
abr./jun. 1990.

Conhecimentos Pedagógicos 194


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propicia, fundamentalmente, o desenvolvimento profissional Para delimitar o marco doutrinal do projeto político-
dos professores articulado com as escolas e seus projetos. pedagógico propõe-se discutir: que tipo de sociedade nós
queremos construir, com que valores, o que significa ser
A formação continuada deve estar centrada na escola sujeito nesta sociedade, como a escola pode colaborar com
e fazer parte do projeto político-pedagógico. a formação deste sujeito durante a sua vida.
Assim, compete à escola:
- proceder ao levantamento de necessidades de formação Para definirmos o marco operativo sugere-se que
continuada de seus profissionais; analisemos a concepção e os princípios para o papel que a
- elaborar seu programa de formação, contando com a escola pode desempenhar na sociedade.
participação e o apoio dos órgãos centrais, no sentido de
fortalecer seu papel na concepção, na execução e na avaliação Propomos a partir da leitura de textos, da compreensão de
do referido programa. cada um, discutir com todos os segmentos como queremos que
seja nossa escola, que tipo de educação precisamos
Daí, passarem a fazer parte dos programas de formação desenvolver para ajudar a construir a sociedade que
continuada, questões como cidadania, gestão democrática, idealizamos como entendemos que ser a proposta pedagógica
avaliação, metodologia de pesquisa e ensino, novas da escola, como devem ser as relações entre direção, equipe
tecnologias de ensino, entre outras. pedagógica, professores, alunos, pais, comunidade, como a
escola pode envolver a comunidade e se fazer presente nela,
Inicialmente, convém alertar para o fato de que analisando qual a importância desta relação para os sujeitos
essa tomada de consciência, dos princípios do projeto político- que dela participam.
pedagógico, não pode ter o sentido espontaneísta de se cruzar
os braços diante da atual organização da escola, que inibe a Diagnóstico: é o segundo passo da construção do projeto
participação de educadores, funcionários e alunos no processo e se constitui num momento importante que permite uma
de gestão. radiografia da situação em que a escola se encontra na
organização e desenvolvimento do seu trabalho pedagógico
É preciso ter consciência de que a dominação no interior acima de tudo, tendo por base, o marco referencial, fazer
da escola efetiva-se por meio das relações de poder que se comparações e estabelecer necessidades para se chegar à
expressam nas práticas autoritárias e conservadoras dos intencionalidade do projeto.
diferentes profissionais, distribuídos hierarquicamente, bem
como por meio das formas de controle existentes no interior O documento produzido sobre o marco referencial deve
da organização escolar. Por outro lado, a escola é local de ser lido por todos. Com base neste documento deve-se
desenvolvimento da consciência crítica da realidade. elaborar um roteiro de discussão para comparar todos os
elementos que aparecem no documento com a prática social
Estratégia de Planejamento vivida, ou seja, discutir como de fato se dá a relação entre
escola e a comunidade, como ela trabalha com os
Definição de marco/referência: é necessário definir o conhecimentos que os alunos trazem da sua prática social,
conjunto de ideias, de opções e teorias que orientará a prática como os conteúdos são escolhidos, como os professores
da escola. Para tanto, é preciso analisar em que contexto a planejam o seu trabalho pedagógico da escola, como e quando
escola está inserida. Para assim definir e explicitar com que se avalia o trabalho na sala de aula e o trabalho pedagógico da
tipo de sociedade a escola se compromete, que tipo de pessoas escola, quem participa desta avaliação, como a escola tem
ela buscará formar e qual a sua intencionalidade político, definido a sua opção teórica no trabalho pedagógico, como se
social, cultural e educativa. Esta assunção permite clarear os dão as relações e a participação de alunos, professores,
critérios de ação para planejar como se deseja a escola no que coordenadores, diretores, pais, funcionários e comunidade na
se refere à dimensão pedagógica, comunitária e organização do trabalho pedagógico escolar.
administrativa.
Estes dados precisam ser sistematizados e discutidos por
É um momento que requer estudos, reflexões teóricas, todos da equipe que elabora o projeto. Com a finalização do
análise do contexto, trabalho individual, em grupo, debates, diagnóstico da escola e de sua relação com a comunidade
elaboração escrita. Devem ser criadas estratégias para que pode-se definir um plano de ação e as grandes estratégias que
todos os segmentos envolvidos com a construção do projeto devem ser perseguidas para atingir a intencionalidade
político-pedagógico possam refletir, se posicionar acerca do assumida no marco referencial.
contexto em que a escola se insere. É necessário partir da
realidade local, para compreendê-la numa dimensão mais Propostas de Ação: este é o momento em que se procura
ampla. Então se deve analisar e discutir como vivem as pessoas pensar estratégias, linhas de ação, normas, ações concretas
da comunidade, de onde vieram quais grupos étnicos a permanentes e temporárias para responder às necessidades
compõem, qual o trabalho que realizam como são as relações apontadas a partir do diagnóstico tendo por referência sempre
deste trabalho, como é a vida no período da infância, à intencionalidade assumida. Assim, cada problema
juventude, idade adulta e a melhor idade (idoso) nesta constatado, cada necessidade apontada é preciso definir uma
comunidade, quais são as formas de organização desta proposta de ação.
comunidade, etc.
Esta proposta de ação pode ser pensada a partir de grandes
A partir da reflexão sobre estes elementos pode-se discutir metas. Para cada meta pode-se definir ações permanentes,
a relação que eles têm no tempo histórico, no sentido de ações de curto, médio e longo prazo, normas e estratégias para
perceber mudanças ocorridas na forma de vida das pessoas e atingir a meta definida. Além disso, é preciso justificar cada
da comunidade. Analisar o que tem de comum e tentar fazer meta, traçar seus objetivos, sua metodologia, os recursos
relação com outros espaços, com a sociedade como um todo. necessários, os responsáveis pela execução, o cronograma e
Discutir como se vê a sociedade brasileira, quais são os valores como será feita a avaliação.
que estão presentes, como estes são manifestados, se as
pessoas estão satisfeitas com esta sociedade e o seu modo de Com base nesses três momentos que devem estar
organização. dialeticamente articulados elabora-se o projeto político-

Conhecimentos Pedagógicos 195


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pedagógico, o qual precisa também de forma coletiva ser 1º - é o de que o currículo não é um instrumento neutro. O
executado, avaliado e (re)planejado. currículo passa ideologia, e a escola precisa identificar e
desvelar os componentes ideológicos do conhecimento escolar
Etapas que a classe dominante utiliza para a manutenção de
privilégios. A determinação do conhecimento escolar,
Devemos analisar e compreender a organização do portanto, implica uma análise interpretativa e crítica, tanto da
trabalho pedagógico, no sentido de se gestar uma nova cultura dominante, quanto da cultura popular. O currículo
organização que reduza os efeitos de sua divisão do trabalho, expressa uma cultura.
de sua fragmentação e do controle hierárquico. 2º - é o de que o currículo não pode ser separado do
contexto social, uma vez que ele é historicamente situado e
Nessa perspectiva, a construção do projeto político- culturalmente determinado.
pedagógico é um instrumento de luta, é uma forma de 3º - diz respeito ao tipo de organização curricular que a
contrapor-se à fragmentação do trabalho pedagógico e sua escola deve adotar. Em geral, nossas instituições têm sido
rotinização, à dependência e aos efeitos negativos do poder orientadas para a organização hierárquica e fragmentada do
autoritário e centralizador dos órgãos da administração conhecimento escolar.
central. 4º - refere-se a questão do controle social, já que o
currículo formal (conteúdos curriculares, metodologia e
As etapas de elaboração de um projeto pedagógico podem recursos de ensino, avaliação e relação pedagógica) implica
assim ser definidas: controle. Por outro lado, o controle social é instrumentalizado
pelo currículo oculto, entendido este como as “mensagens
Cronograma de trabalho e definição da divisão de transmitidas pela sala de aula e pelo ambiente escolar”.
tarefas: definição da periodicidade e das tarefas para a
elaboração do projeto pedagógico. Definir um prazo faz com Assim, toda a gama de visões do mundo, as normas e os
que haja organização e compromisso com o trabalho de valores dominantes são passados aos alunos no ambiente
elaboração. escolar, no material didático e mais especificamente por
intermédio dos livros didáticos, na relação pedagógica, nas
É importante reiterar que, quando se busca uma nova rotinas escolares. Os resultados do currículo oculto
organização do trabalho pedagógico, está se considerando que “estimulam a conformidade a ideais nacionais e convenções
as relações de trabalho, no interior da escola deverão estar sociais ao mesmo tempo que mantêm desigualdades
calçadas nas atitudes de solidariedade, de reciprocidade e de socioeconômicas e culturais”.
participação coletiva, em contraposição à organização regida
pelos princípios da divisão do trabalho da fragmentação e do Orientar a organização curricular para fins emancipatórios
controle hierárquico. implica, inicialmente desvelar as visões simplificadas de
sociedade, concebida como um todo homogêneo, e de ser
É nesse movimento que se verifica o confronto de humano como alguém que tende a aceitar papéis necessários
interesses no interior da escola. Por isso todo esforço de se à sua adaptação ao contexto em que vive. Controle social na
gestar uma nova organização deve levar em conta as condições visão crítica, é uma contribuição e uma ajuda para a
concretas presentes na escola. Há uma correlação de forças e é contestação e a resistência à ideologia veiculada por
nesse embate que se originam os conflitos, as tensões, as intermédio dos currículos escolares.
rupturas, propiciando a construção de novas formas de
relações de trabalho, com espaços abertos à reflexão coletiva Ensino, aprendizagem e avaliação: orientações didáticas
que favoreçam o diálogo, a comunicação horizontal entre os e metodológicas quanto à educação infantil, ensino
diferentes segmentos envolvidos com o processo educativo, a fundamental, ensino médio, educação especial, educação de
descentralização do poder. jovens e adultos, educação profissional. Mecanismos de
acompanhamento pedagógico, de recuperação paralela, de
Histórico da instituição: sua criação, ato normativo, avaliação: indicadores de aprendizagem, diretrizes,
origem de seu nome, etc. procedimentos e instrumentos de recuperação e avaliação.

Abrangência da ação educativa referente: Programa de formação continuada: concepção,


- Nível de ensino e suas etapas; objetivos, eixos, política e estratégia.
- Modalidades de educação que irá atender;
- Aos profissionais, considerando: à área, o trabalho da Formas de relacionamento com a comunidade:
equipe pedagógica e administrativa; concepção de educação comunitária, princípios, objetivos e
- À comunidade externa: entorno social. estratégias.

Objetivos: gerais, observando os objetivos definidos pela Organização do tempo e do espaço escolar: cronograma
instituição. de atividades.
- diárias, semanais, bimestrais, semestrais, anuais.
Princípios legais e norteadores da ação: a instituição - estudo, planejamento, enriquecimento curricular, ação
deve observar ainda os planos e Políticas (federal, estadual ou comunitária.
municipal) de Educação. A partir da identificação dos - normas de utilização de espaços comuns da instituição.
princípios registrados nas legislações em vigor, deve explicitar
o sentido que os mesmos adquirem em seu contexto de ação. O tempo é um dos elementos constitutivos da organização
do trabalho pedagógico. O calendário escolar ordena o tempo:
Currículo: identificar o paradigma curricular em determina o início e o fim do ano, prevendo os dias letivos, as
concordância com sua opção do método, da teoria que orienta férias, os períodos escolares em que o ano se divide, os
sua prática. Implica, necessariamente, a interação entre feriados cívicos e religiosos, as datas reservadas à avaliação, os
sujeitos que têm um mesmo objetivo e a opção por um períodos para reuniões técnicas, cursos etc.
referencial teórico que o sustente. Na organização curricular é
preciso considerar alguns pontos básicos:

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O horário escolar, que fixa o número de horas por semana consenso ou por conflito ou até se é matéria ambígua,
e que varia em razão das disciplinas constantes na grade imprecisa ou marginal.
curricular, estipula também o número de aulas por professor.
Tal como afirma Enguita43. Essa colocação está sustentada na ideia de que a escola
deve assumir, como uma de suas principais tarefas, o trabalho
(...) As matérias tornam-se equivalentes porque ocupam o de refletir sobre sua intencionalidade educativa. Nesse
mesmo número de horas por semana e, são vistas como tendo sentido, ela procura alicerçar o conceito de autonomia,
menor prestígio se ocupam menos tempo que as demais. enfatizando a responsabilidade de todos, sem deixar de lado
os outros níveis da esfera administrativa educacional.
A organização do tempo do conhecimento escolar é
marcada pela segmentação do dia letivo, e o currículo é, A ideia de autonomia está ligada à concepção
consequentemente, organizado em períodos fixos de tempo emancipadora da educação. Para ser autônoma, a escola não
para disciplinas supostamente separadas. O controle pode depender dos órgãos centrais e intermediários que
hierárquico utiliza o tempo que muitas vezes é desperdiçado e definem a política da qual ela não passa de executora. Ela
controlado pela administração e pelo professor. concebe seu projeto político-pedagógico e tem autonomia para
executá-lo e avaliá-lo ao assumir uma nova atitude de
Em resumo, quanto mais compartimentado for o tempo, liderança, no sentido de refletir sobre as finalidades
mais hierarquizadas e ritualizadas serão as relações sociais, sociopolíticas e culturais da escola.
reduzindo, também, as possibilidades de se institucionalizar o
currículo integração que conduz a um ensino em extensão. Estrutura Organizacional

Para alterar a qualidade do trabalho pedagógico torna-se A escola, de forma geral, dispõe de dois tipos básicos de
necessário que a escola reformule seu tempo, estabelecendo estruturas: administrativas e pedagógicas.
períodos de estudo e reflexão de equipes de educadores
fortalecendo a escola como instância de educação continuada. Administrativas - asseguram praticamente, a locação e a
gestão de recursos humanos, físicos e financeiros. Fazem
É preciso tempo para que os educadores aprofundem seu parte, ainda, das estruturas administrativas todos os
conhecimento sobre os alunos e sobre o que estão elementos que têm uma forma material como, por exemplo, a
aprendendo. É preciso tempo para acompanhar e avaliar o arquitetura do edifício escolar e a maneira como ele se
projeto político-pedagógico em ação. É preciso tempo para os apresenta do ponto de vista de sua imagem: equipamentos e
estudantes se organizarem e criarem seus espaços para além materiais didáticos, mobiliário, distribuição das dependências
da sala de aula. escolares e espaços livres, cores, limpeza e saneamento básico
(água, esgoto, lixo e energia elétrica).
Acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico:
parâmetros, mecanismos de avaliação interna e externa, Pedagógicas - que, teoricamente, determinam a ação das
responsáveis, cronograma. administrativas, “organizam as funções educativas para que a
escola atinja de forma eficiente e eficaz as suas finalidades”. As
Esses são alguns elementos que devem ser abordados no estruturas pedagógicas referem-se, fundamentalmente, às
projeto pedagógico. interações políticas, às questões de ensino e de aprendizagem
e às de currículo. Nas estruturas pedagógicas incluem-se todos
Geralmente encontram-se documentos com a seguinte os setores necessários ao desenvolvimento do trabalho
organização: apresentação, dados de identificação, pedagógico.
organograma, histórico, filosofia, pressupostos teóricos e
metodológicos, objetivos, organização curricular, processo de A análise da estrutura organizacional da escola visa
avaliação da aprendizagem, avaliação institucional, processo identificar quais estruturas são valorizadas e por quem,
de formação continuada, organização e utilização do espaço verificando as relações funcionais entre elas. É preciso ficar
físico, projetos/programas, referências, anexos, apêndices, claro que a escola é uma organização orientada por
dentre outros: finalidades, controlada e permeada pelas questões do poder. A
análise e a compreensão da estrutura organizacional da escola
Finalidades significam indagar sobre suas características, seus polos de
poder, seus conflitos.
Segundo Veiga44, a escola persegue finalidades. É
importante ressaltar que os educadores precisam ter clareza Avaliar a estrutura organizacional significa questionar os
das finalidades de sua escola. Para tanto há necessidade de se pressupostos que embasam a estrutura burocrática da escola
refletir sobre a ação educativa que a escola desenvolve com que inviabiliza a formação de cidadãos aptos a criar ou a
base nas finalidades e nos objetivos que ela define. As modificar a realidade social. Para realizar um ensino de
finalidades da escola referem-se aos efeitos intencionalmente qualidade e cumprir suas finalidades, as escolas têm que
pretendidos e almejados. romper com a atual forma de organização burocrática que
regula o trabalho pedagógico – pela conformidade às regras
Alves45 afirma que há necessidade de saber se a escola fixadas, pela obediência a leis e diretrizes emanadas do poder
dispõe de alguma autonomia na determinação das finalidades central e pela cisão entre os que pensam e executam, que
e, consequentemente, seu desdobramento em objetivos conduz a fragmentação e ao consequente controle hierárquico
específicos. O autor enfatiza que: interessará reter se as que enfatiza três aspectos inter-relacionados: o tempo, a
finalidades são impostas por entidades exteriores ou se são ordem e a disciplina.
definidas no interior do território social e se são definidas por

43 ENGUITA, Mariano F. A face oculta da escola: Educação e trabalho no 45ALVES José Matias. Organização, gestão e projeto educativo das escolas. Porto
capitalismo. Porto Alegre, Artes Médicas, 1989. Edições Asa, 1992.
44 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola:
uma construção possível. 12ª edição Papirus, 2002.

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Nessa trajetória, ao analisar a estrutura organizacional, ao a proposição de alternativas de ação, momento de criação
avaliar os pressupostos teóricos, ao situar os obstáculos e coletiva.
vislumbrar as possibilidades, os educadores vão desvelando a
realidade escolar, estabelecendo relações, definindo A avaliação, do ponto de vista crítico, não pode ser
finalidades comuns e configurando novas formas de organizar instrumento de exclusão dos alunos provenientes das classes
as estruturas administrativas e pedagógicas para a melhoria trabalhadoras. Portanto, deve ser democrática, deve favorecer
do trabalho de toda a escola na direção do que se pretende. o desenvolvimento da capacidade do aluno de apropriar-se de
conhecimentos científicos, sociais e tecnológicos produzidos
Assim, considerando o contexto, os limites, os recursos historicamente e deve ser resultante de um processo coletivo
disponíveis (humanos, materiais e financeiros) e a realidade de avaliação diagnóstica.
escolar, cada instituição educativa assume sua marca, tecendo,
no coletivo, seu projeto político-pedagógico, propiciando Questões
consequentemente a construção de uma nova forma de
organização. 01. (SEDUC-RO - Professor – História – FUNCAB)
Quanto ao Projeto Político-Pedagógico, é INCORRETO afirmar
Processo de Decisão que ele:
(A) deve ser democrático.
Na organização formal de nossa escola, o fluxo das tarefas (B) precisa ser construído coletivamente.
das ações e principalmente das decisões é orientado por (C) confere identidade à escola.
procedimentos formalizados, prevalecendo as relações (D) explicita a intencionalidade da escola.
hierárquicas de mando e submissão, de poder autoritário e (E) mostra-se abrangente e imutável.
centralizador.
02. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência – Área de
Uma estrutura administrativa da escola adequada à Pedagogia CESPE) Julgue o item a seguir, relativo a projeto
realização de objetivos educacionais, de acordo com os político-pedagógico, que, nas instituições, pode ser
interesses da população, deve prever mecanismos que considerado processo de permanente reflexão e discussão a
estimulem a participação de todos no processo de decisão. respeito dos problemas da organização, com o propósito de
propor soluções que viabilizem a efetivação dos objetivos
Isto requer uma revisão das atribuições especificas e almejados.
gerais, bem como da distribuição do poder e da Os pressupostos que norteiam o projeto político-
descentralização do processo de decisão. Para que isso seja pedagógico estão desvinculados da proposta de gestão
possível há necessidade de se instalarem mecanismos democrática.
institucionais visando à participação política de todos os ( ) Certo ( ) Errado
envolvidos com o processo educativo da escola.
03. (Prefeitura de Palmas/TO - Professor - Língua
Contudo, a participação da coordenação pedagógica Espanhola – FDC) “O projeto político-pedagógico antecipa um
nesse processo é fundamental, pois o trabalho é garantir a futuro diferente do presente. Não é algo que é construído e
satisfação do bom atendimento em prol de toda a arquivado como prova do cumprimento de tarefas
instituição. burocráticas.”
(Ilma Passos)
Avaliação
Segundo a autora, o projeto político-pedagógico,
Acompanhar as atividades e avaliá-las levam-nos a comprometido com uma educação democrática e de
reflexão com base em dados concretos sobre como a escola qualidade, caracteriza- se fundamentalmente como:
organiza-se para colocar em ação seu projeto político- (A) atividades articuladas, com temas selecionados
pedagógico. A avaliação do projeto político-pedagógico, numa semestralmente.
visão crítica, parte da necessidade de se conhecer a realidade (B) planejamento global, com conteúdos selecionados por
escolar, busca explicar e compreender ceticamente as causas série.
da existência de problemas bem como suas relações, suas (C) ação intencional, com compromisso definido
mudanças e se esforça para propor ações alternativas (criação coletivamente.
coletiva). Esse caráter criador é conferido pela autocrítica. (D) plano anual, com objetivos definidos pelos professores.
(E) instrumento técnico, com definição metodológica.
Avaliadores que conjugam as ideias de uma visão global,
analisam o projeto político-pedagógico, não como algo 04. (IFRN - Professor - Didática) A construção do projeto
estanque desvinculado dos aspectos políticos e sociais. Não político-pedagógico da escola exige a definição de princípios,
rejeitam as contradições e os conflitos. A avaliação tem um objetivos, estratégias e, acima de tudo, um trabalho coletivo
compromisso mais amplo do que a mera eficiência e eficácia para a sua operacionalização. Numa perspectiva crítica e
das propostas conservadoras. Portanto, acompanhar e avaliar democrática, o projeto político-pedagógico da escola
o projeto político-pedagógico é avaliar os resultados da proporciona:
própria organização do trabalho pedagógico. I - melhoria da organização pedagógica, administrativa e
financeira da escola, bem como o estabelecimento de novas
Considerando a avaliação dessa forma é possível salientar relações pessoais e interpessoais na instituição;
dois pontos importantes. Primeiro, a avaliação é um ato II - redimensionamento da prática pedagógica dos
dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao projeto político- professores e formação continuada do quadro docente.
pedagógico. Segundo, ela imprime uma direção às ações dos III - planejamento a curto prazo para definir aplicação de
educadores e dos educandos. medidas emergenciais na escola, de modo a superar certas
dificuldades, detectar outras e propor novas ações.
O processo de avaliação envolve três momentos: a IV - a superação de práticas pedagógicas fragmentadas e a
descrição e a problematização da realidade escolar, a garantia total de um ensino de qualidade.
compreensão crítica da realidade descrita e problematizada e

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Assinale a opção em que todas as afirmativas estão ( ) A elaboração do PPP possibilita aos profissionais da
corretas: educação e aos alunos a vivência do processo democrático.
(A) I, II e III.
(B) I e IV. A sequência CORRETA, de cima para baixo é:
(C) I, II e IV. (A) V, F, F, V.
(D) I e II (B) F, F, F, V.
(C) V, F, V, V.
05. (Pref. Maceió/AL - Professor - Área 1º ao 5º ano - (D) F, V, V, F.
COPEVE/UFAL/2017) Não se constrói um Projeto Político
Pedagógico sem norte, sem rumo. Por isso, todo projeto 08. (IFBA - Professor - FUNRIO) O projeto educacional é,
pedagógico da escola é também político (GADOTTI e ROMÃO, respectivamente, político e pedagógico, porque
1997). Dadas as afirmativas, (A) perpetua valores da cultura da sociedade a que atende
e impõe as opções pedagógicas da unidade de ensino
I. O Projeto Político Pedagógico deve ter como marco (B) reproduz os valores sociais e culturais e propõe opções
fundamental a participação democrática, o ser multicultural, educativas que levam à construção de ideais pedagógicos.
mantendo o convívio com base em hierarquias fixas. (C) favorece a formação dos sujeitos para um tipo de
II. O Projeto Político Pedagógico deve registrar, orientar, sociedade que se deseja e define as ações para que a escola
estabelecer ações, metas e estratégias que tenham como cumpra suas intenções educativas.
objetivo o disciplinamento dos corpos e das mentes. (D) responde às demandas da sociedade e organiza as
III. O Projeto Político Pedagógico de uma escola é fruto de estratégias pedagógicas traçadas pela direção e coordenação
uma ação cotidiana e que precisa tomar decisões para o bem pedagógica da escola.
de toda comunidade escolar. (E) repete as estruturas sociais e especifica o trabalho
pedagógico em linhas científicas, acadêmicas e educativas.
Verifica-se que está(ão) correta(s)
(A) I, apenas. 09. (DEPEN – Pedagogo - CESPE) São funções do projeto
(B) III, apenas. político-pedagógico: diagnóstico e análise da realidade,
(C) I e II, apenas. definição de objetivos e eixos norteadores, determinação de
(D) II e III, apenas. atividades e responsabilidades a serem assumidas, além da
(E) I, II e III. avaliação dos processos e resultados previstos.
( ) Certo ( ) Errado
06. (Pref. São Luís/MA - Professor de Nível Superior –
CESPE/2017) A partir da participação da comunidade escolar 10. (SEEAL – Pedagogo - CESPE) Para evitar prejuízo à
e da reflexão a respeito da composição escolar, a organização autonomia escolar, não deve haver articulação do projeto
da escola, desde os tempos e espaços do currículo até o político pedagógico das escolas com o sistema nacional de
relacionamento com a comunidade, é estabelecida avaliação.
(A) no plano de aula anual. ( ) Certo ( ) Errado
(B) no plano de curso.
(C) no conselho de classe. Respostas
(D) na reunião de pais.
(E) no projeto político-pedagógico. 01. Resposta: E
O PPP deve ser democrático, construído de forma coletiva,
07. (Pref. Lagoa da Prata/MG - Especialista conferindo a identidade da escola junto à comunidade,
Educacional – FGR) explicitando a intencionalidade da escola, de forma
abrangente.
“A construção do Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um “O projeto pedagógico da escola é, por isso mesmo, sempre
processo dinâmico e permanente, pois continuamente novos um processo inconcluso, uma etapa em direção a uma
atores se incorporam ao grupo, trazendo novas experiências, finalidade que permanece como horizonte da escola”.
capacidades e necessidades, assim como novo interesses e (Gadotti46). Por isso, a questão com palavra imutável está
talentos, exigindo que novas frentes de trabalho se abram. incorreta.
É um eterno diagnosticar, planejar, repensar, começar e
recomeçar, analisar e avaliar.” 02. Resposta: Errado
A gestão democrática exige a compreensão em
(VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Escola: espaço do profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica.
projeto político pedagógico. Ela visa romper com a separação entre concepção e execução,
Campinas, SP: Papirus, 1998, pág. 183) entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. Busca resgatar
o controle do processo e do produto do trabalho pelos
Tendo como referência a construção do PPP, marque V educadores.
para as alternativas VERDADEIRAS e F para as FALSAS. Neste sentido, fica claro entender que a gestão
democrática, no interior da escola, não é um princípio fácil de
( ) Eliminação das relações verticalizadas entre a escola e ser consolidado, pois trata-se da participação crítica na
os dirigentes educacionais. construção do projeto político-pedagógico e na sua gestão.
( ) Realização de trabalho padronizado, repetitivo e
mecânico, desconsiderando as diferenças entre os agentes 03. Resposta: C
educativos. O Projeto Político-Pedagógico vai além de um simples
( ) O currículo se restringe ao cumprimento das atividades agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. O
do livro didático, que passa a ser utilizado como um fim e não projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou
um meio. encaminhado às autoridades educacionais como prova do

46GADOTTI, Moacir. "Pressupostos do projeto pedagógico". In: MEC, Anais da


Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília, 28/8 a 2/9/94.

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cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é construído e 09. Resposta: Certo


vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos O Projeto Político-Pedagógico, ao se constituir em
com o processo educativo da escola. processo democrático de decisões, preocupa-se em instaurar
O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere
intencional, com um sentido explícito, com um compromisso os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas,
definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando
escola é, também, um projeto político por estar intimamente impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as
articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses relações no interior da escola, diminuindo os efeitos
reais e coletivos da população majoritária. É político no fragmentários da divisão do trabalho que reforça as diferenças
sentido de compromisso com a formação do cidadão para um e hierarquiza os poderes de decisão.
tipo de sociedade.
10. Resposta: Errado
04. Resposta: D Avaliadores que conjugam as ideias de uma visão global,
Os processos e princípios do PPP são: Igualdade de analisam o projeto político-pedagógico, não como algo
condições para acesso e permanência na escola; Qualidade estanque desvinculado dos aspectos políticos e sociais. Não
que não pode ser privilégio de minorias econômicas e sociais; rejeitam as contradições e os conflitos. A avaliação tem um
Gestão Democrática: é um princípio consagrado pela compromisso mais amplo do que a mera eficiência e eficácia
Constituição vigente e abrange as dimensões pedagógica, das propostas conservadoras. Portanto, acompanhar e avaliar
administrativa e financeira (que valida a alternativa I); o projeto político-pedagógico é avaliar os resultados da
Liberdade: o princípio da liberdade está sempre associado à própria organização do trabalho pedagógico.
ideia de autonomia; Valorização do magistério (que valida a
alternativa II).
Já as alternativas III e IV, tornam-se inválidas devido às
palavras grifadas: XVII - A organização do
III - planejamento a curto prazo para definir aplicação de trabalho pedagógico e a
medidas emergenciais na escola, de modo a superar certas
dificuldades, detectar outras e propor novas ações.
interdisciplinaridade.
IV - a superação de práticas pedagógicas fragmentadas e a
garantia total de um ensino de qualidade.
Currículo e educação Infantil47
05. Resposta: B
Grifo nas palavras que deixam as afirmativas I e II
Considerando uma concepção tecnicista de currículo,
incorretas:
ele é compreendido como sendo a prescrição de uma
I. O Projeto Político Pedagógico deve ter como marco
grade curricular, ou seja, as áreas de conhecimento a
fundamental a participação democrática, o ser multicultural,
serem trabalhadas, em que séries ou ano trabalhar cada
mantendo o convívio com base em hierarquias fixas.
uma, quais os conteúdos de cada área. Essa concepção,
II. O Projeto Político Pedagógico deve registrar, orientar,
porém traz consigo a ideia de que em cada parte do processo
estabelecer ações, metas e estratégias que tenham como
de escolarização, é preciso aprender determinados conteúdos
objetivo o disciplinamento dos corpos e das mentes.
próprios daquela etapa e que são considerados como pré-
requisito para aprender os próximos conteúdos, sempre em
06. Resposta: E
determinada sequência pré-estabelecida de forma linear. Na
O Projeto Político-Pedagógico vai além de um simples
educação infantil, por sua vez, essa concepção ainda é bastante
agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. O
utilizada no modo como se organizam as experiências vividas.
projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou
Currículo é o modo de organizar as práticas educativas,
encaminhado às autoridades educacionais como prova do
refere-se aos espaços, a rotina, aos materiais que
cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é construído e
disponibilizamos para as crianças, as experiências com as
vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos
linguagens verbais e não verbais que lhes serão
com o processo educativo da escola.
proporcionadas, o modo como vamos recebê-la, nos despedir
delas, trocá-las, alimentá-las durante todo o tempo em que se
07. Resposta: A
encontram na instituição.
Grifo nas palavras que deixam as afirmativas II e III Falsas:
A forma como essa prática é realizada carrega consigo um
Realização de trabalho padronizado, repetitivo e
conjunto de concepções e ideias sobre a finalidade da
mecânico, desconsiderando as diferenças entre os agentes
educação, a maneira como os sujeitos aprendem, o que se
educativos.
deseja que eles aprendam, que tipo de homem queremos
O currículo se restringe ao cumprimento das atividades
formar e para qual tipo de sociedade. Por isso, trata-se de uma
do livro didático, que passa a ser utilizado como um fim e não
prática complexa, com diversas perspectivas e pontos de vista.
um meio.
Ele é vivido permanentemente pelos sujeitos em seu processo
de educação, através das condições e contextos concretos. Por
08. Resposta: C
serem sujeitos, as crianças atribuem sentido ao que nós a
“A dimensão política se cumpre na medida em que ela se
oferecemos: se manifestam o tempo todo: seja se submetendo,
realiza enquanto prática especificamente pedagógica”.
se envolvendo, resistindo, aceitando as propostas ou
Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da
recusando.
efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do
Tomaz Tadeu da Silva, uma das referências nas reflexões
cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e
sobre currículo afirma que “Qual nossa aposta, qual é o nosso
criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas
lado, nesse jogo? O que vamos produzir no currículo entendido
e as características necessárias às escolas de cumprirem seus
como prática cultural? Os significados e sentidos, as
propósitos e sua intencionalidade.
representações que os grupos dominantes fazem de si e dos
outros, as identidades hegemônicas? Vamos fazer do currículo

47 MAUDONNET, J. Currículo na Educação Infantil. 2014.

Conhecimentos Pedagógicos 200


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um campo fechado, impermeável à produção de significados e desenvolver potencialidades nas crianças de forma em que
de identidades alternativas? Será nosso papel o de conter a possamos “preparar o terreno” para a aprendizagem das
produtividade das práticas de significação que formam o atividades pedagógicas futuramente.
currículo? Ou vamos fazer do currículo um campo aberto que Aprender sobre higiene, aprender como se relacionar com
ele é, um campo de disseminação de sentido, um campo de os outros (sejam eles outras crianças ou educadores),
polissemia, de produção de identidades voltados para o aprender a forma como agir em cada espaço da escola,
questionamento e a crítica? Evidentemente, a resposta é uma aprender a compreender os diferentes momentos da rotina
decisão moral, ética, política de cada um/uma de nós. Temos como a hora de comer, a hora de brincar, a hora de dormir, a
de saber, entretanto, que o resultado do jogo depende da hora de estudar. Tudo isso faz parte da educação infantil e é
decisão de tomarmos partido. O currículo é, sempre e desde já, tarefa do educador. Através dessas atividades, as crianças
um empreendimento ético, um empreendimento político. Não descobrem o outro bem como as formas de relacionar com ele,
há como evitá-lo. descobrem o mundo externo e também as práticas de higiene
Os clássicos da Pedagogia, especialmente Montessori, o que é fundamental para o desenvolvimento pedagógico
Freinet, Pestalozzi e Dewey iniciaram a ideia da educação futuro dessa criança, desde que essa aprendizagem nos
infantil com o pressuposto de que a criança é ativa, deve-se primeiros anos de vida seja prazerosa através de experiências
considerar a observação e o respeito às manifestações infantis compartilhadas e não algo imposto pela instituição de ensino.
e a ideia de que o espaço é educativo embora pareça que a
pedagogia da infância foi se afastando desses referenciais. Um currículo para e com a infância
Lenira Haddad em seu artigo: “Tensões Curriculares na
Educação Infantil” aponta duas grandes perspectivas adotadas Nos documentos oficias do Ministério da Educação, entre
pelos diferentes países que compõe a OECD (Organização de eles as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil de
Cooperação e de Desenvolvimento Econômico) para a 2009 – DCNs e o documento Práticas Cotidianas na Educação
Educação Infantil: currículo prescrito X currículo holístico. Infantil: Bases para a reflexão sobre as orientações
Na perspectiva prescritiva, o principal objetivo da curriculares, muitos princípios do currículo holístico
Educação Infantil é a preparação para a escola. A referência é (integral) aparecem. Nas DCNs está posto que o currículo é:
o ensino fundamental. É como se ser professora fosse adotar “um conjunto de práticas que buscam articular os saberes
os mesmos procedimentos do referencial de escola que temos e experiências das crianças com o patrimônio cultural,
historicamente: dar lição, ensinar letras e números, garantir a artístico, ambiental, cientifico e tecnológico, de modo a
ordem. Tem-se uma abordagem mais acadêmica, mais promover o desenvolvimento integral da criança”.
centrada no professor. A aprendizagem sequencial e linear é Ou seja, currículo não é aquele que se define a priori, mas
uma característica desse tipo de currículo. aquele que é vivenciado com as crianças a partir de seus
Essa concepção prescritiva burocratiza as relações e saberes, manifestações, articulado com aquilo que
desconsidera o fato de que a criança pequena aprende consideramos importante que elas conhecem do patrimônio
experimentando, investigando, brincando, na interação com os da humanidade.
adultos – educadores e famílias – e com outras crianças. Muitas O currículo é vivo, é ação, é prática que se manifesta no
vezes é uma prática de ausência de sentido para as crianças e cotidiano das nossas ações com as crianças e que articulam
para os educadores que precisam controlá-las com frequência. com quem elas são, o que pensam, o que sabem, com aquilo
Já o currículo holístico tem como pressuposto que a que desejamos que elas aprendam.
aprendizagem se dá ao longo da vida e que o currículo deve O currículo na Educação Infantil é marcado por linguagens.
apoiar o desenvolvimento e os interesses das crianças. As As crianças nascem imersas em um mundo com diferentes
brincadeiras, as interações e os projetos realizados através da linguagens e práticas sociais utilizadas para as pessoas se
escuta atenta e da consideração das manifestações infantis são expressarem, se comunicarem entre si e se organizarem
os pilares desse currículo. Entende-se que a criança é um todo, socialmente. Na tentativa de entender o mundo que as rodeia,
é corpo, mente, emoção, criatividade, história e identidade as crianças também se utilizam dessas linguagens,
social. As áreas do conhecimento não são excluídas, mas o observando, agindo, pensando e interpretando o mundo por
currículo é aberto e global, trabalha-se a partir de um amplo meio delas.
projeto que abarca múltiplas experiências com as diferentes Linguagem são as diferentes manifestações e práticas
linguagens (verbais e não verbais). Os projetos envolvem três humanas: culturais, científicas, da vida cotidiana. A oralidade e
pilares: linguagem, negociação e comunicação e têm como eixo a escrita são linguagens, assim como os desenhos, os
a investigação e a construção de hipóteses. movimentos corporais, as expressões faciais, a dança, a
O trabalho cooperativo é um forte princípio do currículo música. Todas são imersas em significação, expressão e
holístico. Acredita-se que as crianças aprendem a gostar de comunicação, embora não sejam valorizadas por todas as
trabalhar juntas e partilhar ideias. Encorajam-se as iniciativas culturas da mesma forma.
e as produções de significados das crianças, acreditando que A Educação Infantil, juntamente com a família, introduz as
isso apoia também o desenvolvimento cognitivo delas. Além crianças às práticas sociais humanas, de uma comunidade, de
disso, entende-se que os pais são parceiros privilegiados dos um país. Essas práticas culturais devem fazer parte do
profissionais das instituições educativas, uma vez que a currículo das crianças desde pequena: como as crianças são
educação e o cuidado das crianças pequenas devem ser postas para dormir, como os bebês e crianças são banhados,
compartilhados entre os adultos que são suas referências. do que e como se alimentam, como acontece o desfralde, como
As crianças têm hipóteses sobre as coisas do mundo: são recebidas na instituição, que brincadeiras brincamos com
pensam, criam, discutem e atribuem sentido a elas. Mas nem elas, que histórias lemos, que músicas são cantadas, como os
sempre são ouvidas. A chamada “atividade pedagógica” é aniversários são comemorados, como as danças são dançadas,
muitas vezes considerada mais importante do que essas quais as palavras escritas, que descobertas científicas são
relações. E a escuta e o diálogo são passos fundamentais para realizadas.
a construção de um currículo para e com a infância. Um aspecto não é mais importante do que o outro. Na
As instituições de educação infantil são espaços que podem educação Infantil, cuidar e educar são indissociáveis e
potencializar a ação infantil e valorizar a criança, que ainda é significam: a garantia da proteção, bem estar e segurança das
desvalorizada socialmente - e por consequência os crianças; a atenção às suas necessidades físicas, afetivas,
trabalhadores que atuam diretamente com ela. Precisamos sociais, cognitivas; e o planejamento de espaços que
mostrar à sociedade a potência que é a criança, precisamos estimulem sua imaginação e agucem sua curiosidade.

Conhecimentos Pedagógicos 201


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Assim, contar histórias não é mais importante do que Tendo por finalidade o desenvolvimento integral da
banhar os bebês, alimentar as crianças não é menos do que criança até os 5 anos de idade, em seus aspectos físico,
viver um projeto e assim por diante, pois todas essas ações são psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
práticas sociais que as crianças vão vivenciando e que fazem família e da comunidade.
parte do currículo nessa etapa do desenvolvimento. Por isso, A lei também estabelece que a Educação Infantil seja
todas precisam ser olhadas, reavaliadas e planejadas. oferecida em creches, para crianças de até 3 anos, e em pré-
escolas, para crianças de 4 a 5 anos.
Currículo da Educação Infantil: Legislação 48 Segundo o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica – FUNDEB (hoje FUNDEF) em seu Art. 60
Durante muito tempo, as instituições infantis, incluindo as determina que: agora é definitivo, todas as crianças a partir
brasileiras organizavam seu espaço e sua rotina diária em dos seis anos de idade devem estar matriculadas no ensino
função de ideias de assistência, de custódia e de higiene da fundamental. Portanto a Educação Infantil atenderá crianças
criança. A década de 1980 passou por um momento de de 0 a 5 anos e 9 meses.
ampliação do debate a respeito das funções das instituições A implantação de uma verdadeira Educação Infantil
infantis para a sociedade moderna, que teve início com os precisará contar com a colaboração do sistema de saúde e dos
movimentos populares dos anos de 1970. órgãos de assistência social.
A partir desse período, as instituições passaram a ser A responsabilidade deste nível inicial de educação
pensadas e reivindicadas como lugar de educação e cuidados pertence aos municípios, mas as empresas são chamadas a
coletivos das crianças de zero a seis anos de idade. dividir este encargo, pela obrigação de garantir assistência
A abertura política permitia o reconhecimento social gratuita para os filhos e dependentes de seus empregados em
desses direitos manifestados pelos movimentos populares e creches e pré-escolas, além da prevista com o recolhimento do
por grupos organizados da sociedade civil. A Constituição de salário educação.
1988 (art.208, e inciso IV), pela primeira vez, na história do Diretrizes
Brasil, definiu como direito das crianças de zero a seis anos de Educar e cuidar de crianças de 0 a 5 anos supõe definir
idade e dever do Estado o atendimento à infância. previamente para que isto será feito e como se desenvolverão
Muitos fatos ocorreram de forma a influenciar estas as práticas pedagógicas, visando a inclusão das crianças e de
mudanças: o desenvolvimento urbano, as reivindicações suas famílias em uma vida de cidadania plena.
populares, o trabalho da mulher, a transformação das funções As instituições de Educação Infantil são equipamentos
familiares, as ideias de infância e as condições socioculturais educacionais e não apenas de assistência, nesse sentido, uma
para o desenvolvimento das crianças. das características da nova concepção de Educação Infantil,
Ao constituir-se em um equipamento só para pobres, reside na integração das funções de cuidar e educar.
principalmente no caso das instituições de educação infantil, As instituições infantis além de prestar cuidados físicos,
financiadas ou mantidas pelo poder público, significou, em criam condições para o seu desenvolvimento cognitivo,
muitas situações, atuar de forma compensatória para sanar as simbólico, social e emocional. Nela se dão o cuidado e a
supostas faltas e carências das crianças e de seus familiares. educação de crianças que aí vivem, convivem, exploram,
A tônica do trabalho institucional foi pautada por uma conhecem, construindo uma visão de mundo e de si mesmas,
visão que estigmatizava a população de baixa renda. A constituindo-se como sujeitos. Para as crianças pequenas tudo
concepção educacional era marcada por características é novo, devendo ser trabalhado e aprendido. Não são
assistencialista, sem considerar as questões de cidadania independentes e autônomas para os próprios cuidados
ligadas aos ideais de liberdade e igualdade. pessoais, precisando ser ajudadas e orientadas a construir
Modificar essa concepção de educação assistencialista hábitos e atitudes corretas, bem como estimuladas na fala e no
significa atentar para várias questões que vão além dos aprimoramento de seu vocabulário.
aspectos legais. Envolve principalmente, assumir as O bom relacionamento entre pais, educadores e crianças, é
especificidades da educação infantil e rever concepções sobre fundamental durante o processo de inserção da criança na vida
a infância, as relações entre classes sociais, à responsabilidade escolar, além de representar a ação conjunta rumo à
da sociedade e o papel do Estado em relação às crianças consolidação de uma pedagogia voltada pra a infância.
pequenas. A instituição de Educação Infantil deverá proporcionar às
Embora haja um consenso sobre a necessidade de que a crianças momentos que a façam crescer, refletir e tomar
educação, para as crianças pequenas deva promover a decisões direcionadas ao aprendizado com coerência e justiça.
integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, Fundamentação filosófico-pedagógica
cognitivos e sociais da criança, considerando que esta é um ser
completo e indivisível, as divergências estão exatamente no A educação deve ser essencialmente lúdica, prazerosa,
que se entende sobre o que seja trabalhar com cada um desses fundada nas mais variadas experiências e no prazer de
aspectos. descobrir a vida, colocando as crianças em contato com uma
Polêmicas sobre cuidar e educar, sobre o papel do afeto na variedade de estímulos e experiências que propiciem a ela seu
relação pedagógica e sobre educar para o desenvolvimento ou desenvolvimento integral. Essas ações são desenvolvidas e
para o conhecimento tem-se constituído no pano de fundo fundamentadas numa concepção interdisciplinar e
sobre o qual se constroem as propostas em educação infantil. totalizadora. As ações desenvolvidas fundamentam-se nos
Fundamentação Legal seguintes princípios:
A Constituição do Brasil Seção I – da Educação em seu 1) Educação ativa e relacionada com os interesses,
artigo (205) destaca que: A educação direito de todos e dever necessidades e potencialidades da criança;
do Estado e da família, será promovida e incentivada com a 2) Ênfase na aprendizagem através da resolução de
colaboração da sociedade, visando pleno desenvolvimento problemas;
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 3) Ação educativa ligada à vida e não entendida como
qualificação para o trabalho. preparação para a vida;
Já na LDB – Diretrizes e Bases da Educação Nacional – lei 4) Incentivo da solidariedade e não da concorrência.
9394/96 em seu art. 29 regulamenta a Educação Infantil, A Estrutura Curricular e Seus Eixos Norteadores
definindo-a como a primeira etapa da educação básica.

48 Pedagogia ao pé da letra. Proposta Curricular para Educação Infantil. 2013.

Conhecimentos Pedagógicos 202


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A criança desde que nasce é um ser ativo. Possui um Devem-se considerar os conhecimentos que a criança já
repertório de condutas ou reflexos inatos que lhe permite possui e suas várias experiências culturais para efetuar a ação
interagir com seu meio e experimentar as primeiras pedagógica compartilhando, auxiliando a enfrentar novas
aprendizagens, consistindo nas adaptações que faz às novas perspectivas, mas do modo como à criança vê, apenas
condições de vida. O contato do bebê com o meio humano, orientando e praticando até encontrar o fortalecimento nas
transforma essas condutas inatas em respostas complexas. relações pessoais, sociais e de conhecimento geral.
Aos poucos, assimila novas experiências, integrando-as às que Propor para as crianças um mundo de interação
já possui, gerando novas respostas. Este processo de contribuirá para um desenvolvimento emocional, social,
adaptação às condições novas que surgem se dá ao longo de fundamentando-as nas suas formações, e na realidade de cada
toda a infância. um.
Durante o primeiro ano de vida, a criança constrói um Dentro desta perspectiva, a educação para todos constitui
pensamento essencialmente prático, ligado à ação, a um grande desafio: A Educação Inclusiva que é garantida pela
percepção e ao desenvolvimento motor. É através dessas ações Constituição Federal Brasileira, art. 208, III. A declaração da
que a criança processa informações, constrói conhecimentos e Salamanca em l994 reafirmou o direito de todos à educação,
se expressa desenvolvendo seu pensamento. independente de suas diferenças, enfatizando que a educação
Ao final do primeiro ano de vida, as ações das crianças para pessoas deficientes também é parte integrante do
passam a ser cada vez mais coordenadas e intencionais. sistema educativo, contemplando uma pedagogia voltada às
O desenvolvimento da função simbólica tem importância necessidades específicas e adoção de estratégias que se
ao desenvolvimento psicológico e social da criança; fizerem necessárias em benefício comum. A LDB 9.394/96,
internalizam funções e capacidade ao longo do seu processo de artigos 58 e 59 têm também como finalidade concretizar
desenvolvimento e vão situando e ampliando sua participação preceito constitucional e responder ao compromisso com a
no universo social. “Educação para Todos”. Assume-se assim, o compromisso de
O aperfeiçoamento da linguagem, o aumento do uma educação comprometida para a cidadania, considerando
vocabulário deverá ser permeado pela diversidade de sua diversidade. A educação inclusiva baseia-se na educação
experiências e oportunidades em contextos significativos para condizente com igualdade de direitos e oportunidades em
a criança. ambiente favorável.
No que se refere ao desenvolvimento físico motor, os três A participação da família e da criança na instituição, num
primeiros anos de vida, representam a fase em que o esforço conjunto de aprendizagem compartilhada é de suma
crescimento ocorre de maneira mais acelerada. Elas importância para aprender a conviver e se relacionar com
quadruplicam de peso e dobram a altura em relação ao pessoas que possuem habilidades e competências diferentes,
nascimento, adquirindo movimentos voluntários e considerando que expressões culturais e sociais são condições
coordenados. Controlam a posição de seu corpo e o necessárias para o desenvolvimento de valores éticos, dentro
movimento das pernas, braços e tronco, significa que correm, dos preceitos básicos pedagógicos, por isso a estrutura
rolam, deitam e tantas outras coisas. curricular se apoia nos Eixos Norteadores, que orientam a base
O desenvolvimento motor se dá quando a criança adquire educacional que são:
padrões de movimentos musculares, controle do próprio -Identidade e Autonomia: Busca possibilitar a formação
corpo e habilidades motoras, com as quais alcança da criança a partir das relações sócio-histórico-culturais, de
possibilidades de ação e expressão. Está relacionado com o forma consciente e contextualizada, oferecendo condições
desenvolvimento psíquico, principalmente no primeiro ano de para que elas aprendam a conviver com os outros, em uma
vida. Ao desenvolver a ação motora a criança está construindo atitude básica de respeito e confiança. O trabalho educativo
conhecimento de si própria e do mundo que a cerca. Esta pode assim, criar condições para as crianças conhecerem,
relação construtiva que a criança estabelece com objetos, descobrirem e ressignificarem novos sentimentos, valores,
acontecimentos e pessoas constituirão uma base fundamental ideias, costumes e papéis sociais. A identidade é um conceito
para o seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. de distinção, a começar pelo nome. A autonomia é a capacidade
Aos três anos, a criança já possui um repertório de de se conduzir e tomar decisões por si próprias, levando em
conhecimentos construídos, a partir de suas experiências. Há conta regras e valores. Identidade e autonomia é resultado da
um desenvolvimento claro das habilidades sociais ampliando construção do próprio cotidiano em sala de educação infantil,
os vínculos afetivos e sua capacidade de participação social. onde a criança necessita estar conhecendo, desenvolvendo e
A criança dos três aos cinco anos de idade apresenta seu utilizando seus recursos pessoais e naturais, para fazer frente
desenvolvimento de forma menos acelerada, caracterizado às diferentes situações que surgirão.
pelo progresso advindo das fases anteriores. -Conhecimento de Mundo: Refere-se à construção das
O desenvolvimento da capacidade de simbolização diferentes linguagens pelas crianças e as relações que
progride através da linguagem, da imaginação, e da imitação. estabelecem com os objetos de conhecimento. É importante
Ela faz uso do repertório cada vez mais rico de símbolos, que tenham contato com diferentes áreas e sejam instigadas
signos, imagens e conceitos para mediar à relação com a por questões significativas, para observá-los, explicá-los se
realidade e o mundo social. tenham várias maneiras de compreendê-los e representá-los.
A linguagem é bem desenvolvida, devido a diversificações As diferentes linguagens propiciam a interação com o outro,
de situações, pois amplia a expressão verbal, tendo quase que emoções e a mediação com a cultura.
um domínio completo de todos os sons da língua por volta dos -Movimento: As crianças se movimentam desde que
cinco anos de idade. nascem, adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio
Centrado nos eixos Formação Pessoal e Social e corpo. Ao movimentar-se, expressam sentimentos, emoções e
Conhecimento do Mundo, o ensino e a aprendizagem são pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo
atividades conjuntas, compartilhadas, que asseguram à de gestos e posturas corporais. O movimento humano,
criança ir conhecendo e contribuindo, progressivamente com portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no
o mundo que a envolve, com os objetos, pessoas, sistemas de espaço.
comunicação, valores, além de ir conhecendo a si mesma. As maneiras de andar, correr, arremessar, saltar resultam
Com o fazer lúdico, pensa reflete e organiza-se para das interações sociais e da relação dos homens com o meio; são
aprender em dado momento. Estas vivências são movimentos cujos significados têm sido construídos em
fundamentais para o processo de alfabetização e letramento. função das diferentes necessidades, interesses e
possibilidades corporais humanas presentes nas diferentes

Conhecimentos Pedagógicos 203


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culturas. Diferentes manifestações dessa linguagem foram -Produção de texto oral e escrito;
surgindo, como a dança, o jogo, as brincadeiras, as práticas -Função social da escrita;
esportivas etc., nas quais se faz uso de diferentes gestos, -Evolução da escrita na humanidade;
postura e expressões corporais com intencionalidade. Ao -Representação gráfica com diferentes tipos de letras e
brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças alfabetos;
também se apropriam do repertório da cultura corporal na -Diferentes funções da escrita; lazer, identificação,
qual estão inseridas. registro, comunicação, informação e organização do
O trabalho com movimento contempla a multiplicidade de pensamento.
funções e manifestações do ato motor, propiciando um amplo Nesta perspectiva, a linguagem oral e escrita deve estar
desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade das presente no cotidiano e na prática das instituições de educação
crianças; refletir sobre as atividades no cotidiano acerca das infantil.
posturas corporais. Assim, a linguagem não é um elemento “estático” nem
As atividades deverão priorizar o desenvolvimento das “objetivo”, mas uma construção dinâmica, na qual as pessoas
capacidades expressivas e instrumentais do movimento, se comunicam para informar, expressar seus sentimentos e
possibilitando a apropriação corporal pelas crianças, de forma ideias e compartilhar uma visão de mundo.
que possam agir com mais intencionalidade. Devem ser -Natureza e Sociedade: A percepção do mundo físico é
organizadas num processo contínuo e integradas, que direta: elas testam o que sabem, tocando, ouvindo,
envolvam múltiplas experiências corporais. Os conteúdos observando, elaborando hipóteses e procurando respostas às
podem ser organizados, dentro do movimento em suas indagações. A atitude científica merece ser estimulada
expressividade, coordenação e equilíbrio. por intermédio da observação, experimentação, manipulação
-Artes Visuais: A arte visual; expressa, comunica e atribui e enriquecidos com conversas e ilustrações. As crianças
sentido às sensações, sentimentos e pensamentos. Esta adquirem consciência do contexto em que vivem e se esforçam
linguagem se faz presente no cotidiano da educação infantil para entendê-lo, por meio da interação com o meio natural e
como importante forma de expressão e comunicação humana, social.
sofrendo influência da cultura onde está inserida. A criança, ao Conhecer o mundo implica conhecer as relações entre os
ingressar na instituição de ensino, traz consigo suas leituras de seres humanos e a natureza, as formas de transformações e
mundo pelas imagens. Dessa maneira, trabalhar a arte como utilizações dos recursos naturais, a diversidade cultural. Desta
geradora de conhecimentos dentro do contexto infantil e, forma, as crianças adquirem condições de desenvolver formas
portanto, portadora de um caráter lúdico, torna-se importante de convivências, atitudes de polidez, respeito, cultivando
instrumento para o desenvolvimento perceptivo e cognitivo. valores sociais, intelectuais, morais, artísticos e cívicos, cabe
Neste sentido, a arte visual deve se estruturada como uma ao professor se inteirar destes domínios e conhecimentos.
linguagem de códigos próprios e seu ensino deve articular os Natureza e Sociedade reúnem aspectos pertinentes ao
seguintes aspectos: Produção: exploração e expressão, por mundo natural e social abordando: grupos sociais (a criança e
meio da prática artística, desenvolvendo um percurso poético a família, a criança e a escola, a criança e o contexto social),
pessoal; Apreciação: reconhecimento, análise e identificação seres vivos (seres humanos, animais e vegetais), recursos
de obras artísticas e de seus autores; Reflexão: compreende a naturais (agua, solo, ar, luz, astros e estrelas) e fenômenos da
obra artística como produto cultural, possibilitando diversas natureza (marés, trovão, relâmpagos, enchentes, estações do
interpretações. ano e outros).
-Música: A música é uma organização de sons presentes -Pensamento Lógico-Matemático: A matemática é uma
em diversas culturas, compreendidas como linguagem que forma de pensar e organizar experiências, ela busca a ordem e
traduz formas sonoras expressivas de sentimentos, o estabelecimento de padrões, que requerem raciocínio e
pensamentos e sensações. Favorece nas crianças a aquisição resolução de problemas. As crianças estão imersas em um
de conhecimentos gerais e científicos, desenvolvendo universo no quais os conhecimentos matemáticos fazem parte,
potencialidades, como: observação, percepção, imaginação e elas vivem em um mundo, no qual experimentam, o muito, o
sensibilidades, contribuindo para a sustentação de valores e grande, o pequeno e o acabou. Trazem consigo um
normas sociais. É imprescindível que a música faça parte do entendimento intuitivo dos processos matemáticos e de
currículo, no processo ensino aprendizagem. Escutando, resolver problemas. O professor deve encorajar a exploração
cantando, tocando instrumentos e articulando movimentos. das ideias matemáticas relativas a números, estatística,
Para a aquisição da linguagem musical se concretizar, são geometria e medidas, fazendo com que as crianças
necessárias ações que envolvam o fazer, o perceber o desenvolvam o prazer e a curiosidade pela matemática. No seu
contextualizar. Esta linguagem contempla: Apreciação musical processo de desenvolvimento a criança vai criando várias
e fazer musical. relações entre objetos e situações por ela vivenciadas.
-Linguagem Oral e Escrita: É de grande importância na Estabelecem relações cada vez mais complexas que lhes
formação da criança e nas diversas práticas sociais. É permitirão desenvolver noções mais elaboradas.
importante considerar a linguagem como um meio de A matemática abrange os seguintes conteúdos: número
comunicação, expressão, representação, interpretação e (função social do número, noções de quantidade, sistema
modificação da realidade. Promover experiências numérico, inteiros, noção de números fracionários); geometria
significativas de aprendizagem. O convívio com a linguagem (plana, bidimensional, espacial, tridimensional, medidas de
oral e escrita deve ser compreendido como uma atividade da grandeza, medidas de tempo, medidas de massa, medidas de
realidade, considerando que as crianças são ativas na comprimento, medidas de velocidade e medidas de
construção de seu conhecimento. Para que ocorra um capacidade); sistema monetário e estatístico (tabelas e
desenvolvimento gradativo é preciso que as capacidades gráficos).
associadas estejam ligadas as competências linguísticas
básicas (falar, escutar, praticar leituras e escritas), que serão
trabalhadas de forma integrada, diversificada abrangendo
vários conteúdos:
-Textos de diversos gêneros (narrativos, informativos e
poéticos);
-Compreensão e interpretação de textos;
-Ampliação do vocabulário;

Conhecimentos Pedagógicos 204


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Eixo Integrador do Currículo da Educação Infantil49 e para os Direitos Humanos e Educação para a
Sustentabilidade.
A Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, que fixa as Assim sendo, o trabalho pedagógico com a infância implica
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, considerar esses eixos, ensinando a formar opinião, levando
delibera em seu artigo 9º que as práticas pedagógicas as quais em consideração a base familiar e valores éticos e sociais. O
compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem cotidiano escolar está repleto desses eixos concretos,
ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira. emergentes e que reclamam ações sobre questões, como:
Desta forma, ao pensar em educação infantil devemos diversidade cultural e biodiversidade, diversidade em relação
pensar como sendo eixo integrador do Currículo da Educação à religião, orientação sexual e configurações familiares,
Infantil a junção de elementos e práticas das atividades diversidade étnico-racial, inclusão das crianças com
desenvolvidas com bebês e também com crianças pré- deficiência, atendimento à heterogeneidade e à singularidade,
escolares, ou seja, educar e cuidar, brincar e interagir. direito às aprendizagens, infâncias vividas ou roubadas,
Tanto no atendimento da creche quanto da pré-escola, a convivências entre as gerações etc.
elaboração da proposta curricular precisa ser pensada de Nesse sentido, é importante a instituição, em seus planos e
acordo com a realidade da instituição: características, ações:
identidade institucional, escolhas coletivas e particularidades -contemplar as particularidades dos bebês e das crianças
pedagógicas, de modo a estabelecer a integração dessas pequenas, as condições específicas das crianças com
experiências. Para tanto, é necessário que as instituições, em deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
seu projeto político-pedagógico e em suas práticas cotidianas habilidades/superdotação e a diversidade social, religiosa,
intencionalmente elaboradas: cultural, étnico-racial e linguística das crianças, famílias e
I- promovam o conhecimento de si e do mundo por meio comunidade regional;
da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, -considerar que as crianças do campo possuem seus
corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão singulares encantos, modos de ser, de brincar e de se
da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da relacionar. As crianças do campo têm rotinas, experiências
criança; estéticas e éticas, ambientais, políticas, sensoriais, afetivas e
II- favoreçam a imersão das crianças nas diferentes sociais próprias. O contexto rural marca possibilidades
linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros distintas de viver a infância;
e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e -promover o rompimento das relações de dominação de
musical; diferentes naturezas, tais como: a dominação etária (dos mais
III- possibilitem às crianças experiências de narrativas, de velhos sobre os mais novos ou o contrário); a socioeconômica
apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e (dos mais ricos sobre os mais pobres); a étnico-racial (dos que
convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e se dizem brancos sobre os negros); de gênero (dos homens
escritos; sobre as mulheres); a regional (dos moradores de certa área
IV- recriem relações quantitativas, medidas, formas e sobre os que nela não habitam); a linguística (dos que
orientações de espaço temporais em contextos significativos dominam uma forma de falar e escrever que julgam a correta
para as crianças; sobre os que se utilizam de outras formas de linguagem
V - ampliem a confiança e a participação das crianças nas verbal); a religiosa (dos que professam um credo sobre os que
atividades individuais e coletivas; não o fazem);
VI- possibilitem situações de aprendizagem mediadas para -cumprir os artigos 6º e 7º das DCNEIs, o que significa
a elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado compreender os seres humanos como parte de uma rede de
pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar; relações. Relações que possibilitam a preservação da Terra, os
VII- possibilitem vivências éticas e estéticas com outras processos de autorregulação, novos modos de sociabilidade e
crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de de subjetividade voltados para as interações solidárias entre
referência e de identidades no diálogo e reconhecimento da pessoas, povos, outras espécies;
diversidade; -compreender que a sustentabilidade depende de novos
VIII- incentivem a curiosidade, a exploração, o valores, pautados numa ética em que os humanos se
encantamento, o questionamento, a indagação e o reconheçam como iguais e valorizem a flora, fauna, paisagens,
conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e ecossistemas;
social, ao tempo e à natureza; -prover condições para a construção de uma cidadania
IX- promovam o relacionamento e a interação das crianças ativa, o que significa a não conformidade com a estrutura
com diversificadas manifestações de música, artes plásticas e social e o sim à luta no sentido de contribuir para a mudança
gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura; social. A instituição educacional pode estabelecer-se como
X- promovam a interação, o cuidado, a preservação e o lugar de direitos e deveres, ainda que localizada em contextos
conhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da vida excludentes e violentos. Mesmo que sejam considerados os
na Terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais; múltiplos fatores que levam a certas limitações, a cidadania
XI- propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças ativa pode florescer na instituição de Educação Infantil, espaço
das manifestações e tradições culturais brasileiras; de contraposição à exclusão social e de produção de uma
XII- possibilitem a utilização de gravadores, projetores, sociedade de afirmação de direitos;
computadores, máquinas fotográficas e outros recursos -reconhecer a criança como sujeito de direitos e dizer que
tecnológicos e midiáticos; ela é cidadã desde já e não apenas no futuro. Trabalhar a
XIII- promovam práticas nas quais a criança perceba suas cidadania na infância é colaborar com o presente e o futuro de
necessidades em oposição às vontades de consumo. todos, inclusive por meio da promoção da participação ativa
O eixo integrador específico da Educação Infantil - Educar da criança, ouvindo sua voz e mostrando-lhe seus direitos e
e cuidar, brincar e interagir - precisa ser considerado responsabilidades;
juntamente com os eixos gerais do Currículo da Educação -exercer sua função social de ser o lócus privilegiado do
Básica: Educação para a Diversidade, Cidadania e Educação em saber sistematizado ao materializar o direito ao
conhecimento, como propulsor do desenvolvimento infantil.

49SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL. Currículo em


Movimento da Educação Básica: Educação infantil.

Conhecimentos Pedagógicos 205


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Esse desenvolvimento demanda e é mediado pelas todas elas. Todos os esforços então se voltam para uma ação
aprendizagens. É fruto, portanto, de uma atuação planejada, coletiva de superação dessas desigualdades.
qualitativa, afetuosa e compromissada dos profissionais de Em terceiro lugar, as Diretrizes partem de uma definição
educação. de currículo e apresentam princípios básicos orientadores de
um trabalho pedagógico comprometido com a qualidade e a
As novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a efetivação de oportunidades de desenvolvimento para todas
Educação Infantil50 as crianças. Elas explicitam os objetivos e condições para a
organização curricular, consideram a educação infantil em
O Parecer CNE/CEB nº 20/09 e a Resolução CNE/CEB nº instituições criadas em territórios não-urbanos, a importância
05/09, que definem as DCNEIs, fazem, em primeiro lugar, uma da parceria com as famílias, as experiências que devem ser
clara explicitação da identidade da Educação Infantil, condição concretizadas em práticas cotidianas nas instituições e fazem
indispensável para o estabelecimento de normativas em recomendações quanto aos processos de avaliação e de
relação ao currículo e a outros aspectos envolvidos em uma transição da criança ao longo de sua trajetória na Educação
proposta pedagógica. Eles apresentam a estrutura legal e Básica. Vejamos cada um desses pontos.
institucional da Educação Infantil – número mínimo de horas
de funcionamento, sempre diurno, formação em magistério de Os Objetivos Gerais e a Função Sociopolítica e Pedagógica
todos os profissionais que cuidam e educam as crianças, oferta das Instituições de Educação Infantil
de vagas próximo à residência das crianças, acompanhamento
do trabalho pelo órgão de supervisão do sistema, idade de As novas DCNEIs consideram que a função sociopolítica e
corte para efetivação da matrícula, número mínimo de horas pedagógica das unidades de Educação Infantil inclui
diárias do atendimento – e colocam alguns pontos para sua (Resolução CNE/CEB nº 05/09 artigo 7º):
articulação com o Ensino Fundamental.
A versão institucional proposta nas Diretrizes se a. Oferecer condições e recursos para que as crianças
contrapõe a programas alternativos de atendimento usufruam seus direitos civis, humanos e sociais;
englobados na ideia de educação não-formal. Lembra o b. Assumir a responsabilidade de compartilhar e
Parecer CNE/CEB nº 20/09 que nem toda Política para a complementar a educação e cuidado das crianças com as
Infância, que requer esforços multisetoriais integrados, é uma famílias;
Política de Educação Infantil. Com isso, outras medidas de c. Possibilitar tanto a convivência entre crianças e entre
proteção à infância devem ser buscadas fora do sistema de adultos e crianças quanto à ampliação de saberes e
ensino, embora articuladas com ele, sempre que necessário. conhecimentos de diferentes naturezas;
Em segundo lugar, as Diretrizes expõem o que deve ser d. Promover a igualdade de oportunidades educacionais
considerado como função sociopolítica e pedagógica das entre as crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao
instituições de Educação Infantil. Tais pontos refletem grande acesso a bens culturais e às possibilidades de vivência da
parte das discussões na área e apontam o norte que se deseja infância;
para o trabalho com as crianças. e. Construir novas formas de sociabilidade e de subjetividade
A questão pedagógica é tratada pensando que, se a comprometidas com a ludicidade, a democracia, a
Educação Infantil é parte integrante da Educação Básica, como sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de
diz a Lei nº 9.394/96 em seu artigo 22, cujas finalidades são dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, de gênero,
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum regional, linguística e religiosa.
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe
meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores, Nessa definição, foram integrados compromissos
essas finalidades devem ser adequadamente interpretadas em construídos na área em diferentes momentos históricos, mas
relação às crianças pequenas. Nessa interpretação, as formas articulados em uma visão inovadora e instigante do processo
como as crianças, nesse momento de suas vidas, vivenciam o educacional. Não só a questão da família foi contemplada,
mundo, constroem conhecimentos, expressam-se, interagem e como também a questão da criança como um sujeito de
manifestam desejos e curiosidades de modo bastante direitos a serem garantidos, incluindo o direito, desde o
peculiares, devem servir de referência e de fonte de decisões nascimento, a uma educação de qualidade no lar e em
em relação aos fins educacionais, aos métodos de trabalho, à instituições escolares.
gestão das unidades e à relação com as famílias. O foco do trabalho institucional vai em direção à ampliação
de conhecimentos e saberes de modo a promover igualdade de
Por outro lado, as instituições de Educação Infantil, assim oportunidades educacionais às crianças de diferentes classes
como todas as demais instituições nacionais, devem assumir sociais e ao compromisso de que a sociabilidade
responsabilidades na construção de uma sociedade livre, justa, cotidianamente proporcionada às crianças lhes possibilite
solidária e que preserve o meio ambiente, como parte do perceber-se como sujeitos marcados pelas ideias de
projeto de sociedade democrática desenhado na Constituição democracia e de justiça social, e apropriar-se de atitudes de
Federal de 1988 (artigo 3, inciso I). Elas devem ainda trabalhar respeito às demais pessoas, lutando contra qualquer forma de
pela redução das desigualdades sociais e regionais e a exclusão social.
promoção do bem de todos (artigo 3 incisos II e IV da A colocação dessa tarefa requer uma forma de organização
Constituição Federal). Contudo, esses compromissos a serem dos ambientes de aprendizagem que, na perspectiva do
perseguidos pelos sistemas de ensino e pelos professores sistema de ensino, é orientada pelo currículo.
também na Educação Infantil enfrentam uma série de desafios,
como a desigualdade de acesso às creches e pré-escolas entre Currículo e Proposta Pedagógica na Educação Infantil
as crianças brancas e negras, ricas e pobres, moradoras do
meio urbano e rural, das regiões sul/sudeste e norte/nordeste. O debate sobre o currículo na Educação Infantil tem gerado
Também as condições desiguais da qualidade da educação muitas controvérsias entre os professores de creches e pré-
oferecida às crianças em creches e pré-escolas impedem que escolas e outros educadores e profissionais afins. Além de tal
os direitos constitucionais das crianças sejam garantidos a debate incluir diferentes visões de criança, de família, e de

50 Texto adaptado de
OLIVEIRA, Z. M. R. de. O Currículo na Educação Infantil: O que
Propõem as Novas Diretrizes Nacionais?

Conhecimentos Pedagógicos 206


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funções da creche e da pré-escola, para muitos educadores e seu papel (organizando o ambiente, ouvindo as crianças,
especialistas que trabalham na área, a Educação Infantil não respondendo-lhes de determinada maneira, oferecendo-lhes
deveria envolver-se com a questão de currículo, termo em materiais, sugestões, apoio emocional, ou promovendo
geral associado à escolarização tal como vivida no ensino condições para a ocorrência de valiosas interações e
fundamental e médio e associado à ideia de disciplinas, de brincadeiras criadas pelas crianças etc.). Tal organização
matérias escolares. necessita seguir alguns princípios e condições apresentados
Receosos de importar para a Educação Infantil uma pelas Diretrizes.
estrutura e uma organização que têm sido hoje muito
criticadas, preferem usar a expressão ‘projeto pedagógico’ Organização do trabalho pedagógico – materiais,
para se referir à orientação dada ao trabalho com as crianças ambientes, tempos
em creches ou pré-escolas. Ocorre que hoje todos os níveis da
Escola Básica estão repensando sua forma de trabalhar o Para mediar as aprendizagens promotoras do
processo de ensino- aprendizagem e rediscutindo suas desenvolvimento infantil, é preciso tencionar uma ação
concepções de currículo. Com isso, as críticas em relação ao educativa devidamente planejada, efetiva e avaliada. Por isto,
modo como a concepção de currículo vinha sendo trabalhada é imprescindível pensar o tempo, os ambientes e os materiais.
nas escolas não ficam restritas aos educadores da Educação Ressalte-se, entretanto, que o que determina as aprendizagens
Infantil, mas são assumidas por vários setores que trabalham não são os elementos em si, mas as relações propostas e
no Ensino Fundamental e Médio, etapas que, inclusive, estão estabelecidas com eles.
também revendo suas diretrizes curriculares. Materiais: os materiais compõem as situações de
aprendizagem quando usados de maneira dinâmica,
Por sua vez, nos últimos 20 anos, foram se acumulando apropriada à faixa etária e aos objetivos da intervenção
uma série de conhecimentos sobre as formas de organização pedagógica. Assim, materiais são objetos, livros, impressos de
do cotidiano das unidades de Educação Infantil de modo a modo geral, brinquedos, jogos, papéis, tecidos, fantasias,
promover o desenvolvimento das crianças. Finalmente, a tapetes, almofadas, massas de modelar, tintas, madeiras,
integração das creches e pré-escolas no sistema da educação gravetos, figuras, ferramentas, etc. Podem ser recicláveis,
formal impõe à Educação Infantil trabalhar com o conceito de industrializados, artesanais, de uso individual e ou coletivo,
currículo, articulando-o com o de projeto pedagógico. sonoros, visuais, riscantes e/ou manipuláveis, de diferentes
O projeto pedagógico é o plano orientador das ações da tamanhos, cores, pesos e texturas, com diferentes
instituição. Ele define as metas que se pretende para o propriedades. Entretanto, a intencionalidade pedagógica não
desenvolvimento dos meninos e meninas que nela são pode ignorar ou ir além da capacidade da criança de tudo
educados e cuidados. É um instrumento político por ampliar transformar, de simbolizar, de desprender-se do mundo dos
possibilidades e garantir determinadas aprendizagens adultos e ver possibilidades nos restos, nos destroços, no que
consideradas valiosas em certo momento histórico. é desprezado. Significa dizer que as crianças produzem cultura
Para alcançar as metas propostas em seu projeto e são produto delas, de modo que a interpretação e releitura
pedagógico, a instituição de Educação Infantil organiza seu que a criança faz do mundo e das coisas que estão a sua volta
currículo. Este, nas DCNEIs, é entendido como “as práticas reverte-se em possibilidades de novos conhecimentos e
educacionais organizadas em torno do conhecimento e em aprendizagens. Um objeto, um livro, um brinquedo podem
meio às relações sociais que se travam nos espaços oportunizar diferentes ações, permitir a exploração e
institucionais, e que afetam a construção das identidades das propiciar interações entre as crianças e os adultos. Para tanto,
crianças”. O currículo busca articular as experiências e os é fundamental que os materiais:
saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte -provoquem, desafiem, estimulem a curiosidade, a
do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico da imaginação e a aprendizagem; fiquem ao alcance da criança,
sociedade por meio de práticas planejadas e tanto para serem acessados quanto para serem guardados;
permanentemente avaliadas que estruturam o cotidiano das -estejam disponíveis para o uso frequente e ativo;
instituições. -não tragam danos à saúde infantil;
-sejam analisados e selecionados em função das
Esta definição de currículo foge de versões já superadas de aprendizagens e dos possíveis sentidos que as crianças
conceber listas de conteúdos obrigatórios, ou disciplinas possam atribuir-lhes;
estanques, de pensar que na Educação infantil não há -estejam adequados às crianças com deficiência visual,
necessidade de qualquer planejamento de atividades, de reger auditiva ou física, com transtornos globais, com altas
as atividades por um calendário voltado a comemorar habilidades / superdotação;
determinadas datas sem avaliar o sentido e o valor formativo -contemplem a diversidade social, religiosa, cultural,
dessas comemorações, e também da ideia de que o saber do étnico-racial e linguística;
senso comum é o que deve ser tratado com crianças pequenas. -possam ser colhidos e explorados em diversos ambientes,
A definição de currículo defendida nas Diretrizes põe o para além das salas de atividades, mas também em pátios,
foco na ação mediadora da instituição de Educação infantil parques, quadras, jardins, praças, hortas etc;
como articuladora das experiências e saberes das crianças e os -sejam analisados e selecionados em função das
conhecimentos que circulam na cultura mais ampla e que aprendizagens e de acordo com a idade.
despertam o interesse das crianças. Tal definição inaugura Ambientes: quando planejamos, algumas questões nos
então um importante período na área, que pode de modo norteiam: que tipos de atividades serão selecionadas, em que
inovador avaliar e aperfeiçoar as práticas vividas pelas momentos serão feitas e em que local é mais adequado realizá-
crianças nas unidades de Educação Infantil. las? A depender do espaço físico, podem ser mais qualitativas
O cotidiano dessas unidades, como contextos de vivência, as aquisições sensoriais e cognitivas das crianças. O espaço é
aprendizagem e desenvolvimento, requer a organização de elemento fundamental para o desenvolvimento infantil. E qual
diversos aspectos: os tempos de realização das atividades a relação entre espaço e ambiente? Espaço e ambientes são
(ocasião, frequência, duração), os espaços em que essas elementos indissociáveis, ou seja, um não se constitui sem o
atividades transcorrem (o que inclui a estruturação dos outro. Dessa forma, apreende-se do termo espaço como as
espaços internos, externos, de modo a favorecer as interações possibilidades de abstração feita pelo ser humano, sobre um
infantis na exploração que fazem do mundo), os materiais determinado lugar, de modo a torná-lo palpável. Já ambiente é
disponíveis e, em especial, as maneiras de o professor exercer constituído por inúmeros significados, que são ressignificados

Conhecimentos Pedagógicos 207


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pelo sujeito de acordo com suas experiências, vivências e práticas sejam res-significadas, sejam objetos de reflexão,
culturas. Os ambientes da Educação Infantil têm como centro colocando as crianças em “situação de aprendizagem”.
a criança e precisam ser organizados em função de suas Interessa, portanto, dialogar historicamente com essas
necessidades e interesses, inclusive com mobiliário adequado. práticas, reexaminá-las e restituí-las na organização do
É interessante que permitam explorações individuais, grupais, trabalho pedagógico.
simultâneas, livres e/ou dirigidas pelos profissionais. Para Existem muitas possibilidades de organização do trabalho
tanto, é fundamental que os ambientes sejam organizados para pedagógico ao longo da jornada diária, semanal, bimestral.
favorecer: Elegemos quatro situações didáticas que podem
-construção da identidade da criança como agente que integrar/articular as linguagens não somente em cada turma,
integra e transforma o espaço; mas também no coletivo escolar. Em qualquer uma das
-desenvolvimento da independência. Por exemplo: tomar situações didáticas, cabe levar em consideração os objetivos,
água sozinha, alcançar o interruptor de luz, ter acesso à conteúdos, materiais, espaços / ambientes, tempos, interesses
saboneteira e toalhas, circular e orientar-se com segurança e características das crianças. Ou seja, ter sempre em mente:
pela instituição; onde está a criança nas situações de aprendizagem propostas
-amplitude e segurança para que a criança explore seus pelos professores?
movimentos corporais (arrastar-se, correr, pular, puxar Atividades permanentes: ocorrem com regularidade
objetos, etc.); (diária, semanal, quinzenal, mensal) e têm a função de
-possibilidades estimuladoras dos sentidos das crianças, familiarizar as crianças com determinadas experiências de
em relação a odores, iluminação, sons, sensação tátil e visual, aprendizagem. Asseguram o contato da criança com rotinas
entre outros; básicas para a aquisição de certas aprendizagens, visto que a
-observância da organização do espaço para que seja um constância possibilita a construção do conhecimento. É
ambiente estimulante, agradável, seguro, funcional e propício importante planejar e avaliar com a criança e todos os
à faixa etária; envolvidos no processo como o trabalho foi realizado.
-garantia da acessibilidade a crianças e adultos com visão Sequência de atividades: trata-se de um conjunto de
ou locomoção limitada; propostas que geralmente obedecem a uma ordem crescente
-organização que evite, ao máximo, acidentes e conflitos; de complexidade. O objetivo é trabalhar experiências mais
-renovação periódica mediante novos arranjos no específicas, aprendizagens que requerem aprimoramento com
mobiliário, materiais e elementos decorativos. a experiência. Os planejamentos diários, geralmente, seguem
Tempo: as aprendizagens e o desenvolvimento das essa organização didática.
crianças ocorrem dentro de um determinado tempo. Esse Atividades ocasionais: permitem trabalhar com as
tempo é articulado. Ou seja, o tempo cronológico – aquele do crianças, em algumas oportunidades, um conteúdo
calendário - articula-se com o tempo histórico – aquele considerado valioso, embora sem correspondência com o que
construído nas relações socioculturais e históricas, - visto que está planejado. Trabalhada de maneira significativa, a
as crianças carregam e vivenciam as marcas de sua época e de organização de uma situação independente se justifica, a
sua comunidade. E ainda podemos falar do tempo vivido, exemplo de passeios, visitas pedagógicas, comemorações,
incorporado por nós como instituição social e que regula nossa entre outras.
vida, segundo Norbert Elias, quando a criança tem a Projetos didáticos: os objetivos são claros, o período de
oportunidade de participar, no cotidiano, de situações que realização é determinado, há divisão de tarefas e uma
lidam com duração, periodicidade e sequência, ela consegue avaliação final em função do pretendido. Suas principais
antecipar fatos, fazer planos e construir sua noção de tempo. É características são objetivos mais abrangentes e a existência
importante que o planejamento e as práticas pedagógicas de um produto final.
levem em conta a necessidade de:
-diminuir o tempo de espera na passagem de uma Inserção / Acolhimento / Adaptação
atividade para outra;
-evitar esperas longas e ociosas, especialmente ao final da É comum falarmos em adaptação na Educação Infantil. E,
jornada diária; neste caso, muitas vezes a adaptação vincula-se às
-flexibilizar o período de realização da atividade, ao experiências de separação. Daí a importância de apreciarmos
considerar os ritmos e interesses de cada um e/ou dos grupos; a adaptação como item a ser contemplado no planejamento
-distribuir as atividades de acordo com o interesse e as curricular. Mas por que realizar adaptação na Educação
condições de realização individual e coletiva; Infantil? Na verdade, todos os seres humanos vivenciam
-permitir a vivência da repetição do conhecido e o contato processos de adaptação, de crescimento, de mudança... O
com a novidade; processo de adaptação inicia já com o nascimento da criança,
-alternar os momentos de atividades de higiene, nos acompanha no decorrer de toda a vida e ressurge a cada
alimentação, repouso; atividades coletivas (entrada, saída, nova situação que vivenciamos.
pátio, celebrações, festas); atividades diversificadas Fala-se em adaptação todas as vezes que enfrentamos uma
(brincadeiras e explorações individuais ou em grupo); situação nova, ou readaptação quando entramos novamente
atividades coordenadas pelo professor (roda de conversa, em contato com algo já conhecido, mas por algum tempo
hora da história, passeios, visitas, oficinas etc); atividades de distante de nosso convívio diário. Como na Educação Infantil
livre escolha da criança, ainda que supervisionadas pelos lidamos com bebês e crianças pequenas, em processo de
profissionais. passagem da casa para o mundo mais amplo, a adaptação
Aqui, cabe uma breve consideração sobre as possíveis ganha ainda mais sentido. Ressalte-se que esse período pode
denominações que um currículo pode comportar em relação à ser enfocado de diferentes pontos de vista:
organização do trabalho pedagógico: atividades, temas -o da criança, pelo significado e emoção despertados pela
geradores, projetos, vivências, entre outras. É plausível insistir passagem de um espaço seguro e conhecido para outro em que
que o importante é que essas estratégias adquiram sentido é necessário um investimento afetivo e intelectual para poder
para a criança e não sirvam apenas para mantê-la ocupada, estar bem;
controlada, quieta, soterrada por uma avalanche de tarefas. -o das famílias, que compartilham a educação da criança
Não interessa banir essas denominações (e seus usos) de com a creche/pré-escola;
nosso vocabulário e cotidiano. Interessa fazer com que as -o do professor, que recebe uma criança desconhecida e
atividades, temas geradores, projetos, vivências e outras ainda tem as outras do grupo para acolher;

Conhecimentos Pedagógicos 208


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-o das outras crianças, que estão chegando ou que fazem educativo. Apresentamos alguns dos aspectos a serem
parte do grupo e precisam encarar o fato de que há mais um ponderados pela instituição no período de uma adaptação
com quem repartir, mas também com quem somar; acolhedora:
-o da instituição, nos aspectos organizacional e de gestão, -planejamento coletivo;
que precisam prever espaço físico, materiais, tempo e recursos -envolvimento de todos os profissionais;
humanos capacitados para essa ação. -participação das famílias e da comunidade;
Não há unanimidade em relação ao termo utilizado para -atendimento à diversidade;
nomear o período de ingresso da criança na instituição. Podem -consideração dos sentimentos das crianças e dos adultos.
ser usados os termos adaptação, acolhimento e inserção. Como Mas não nos esqueçamos: a primeira regra é ter os braços
se sabe, a escolha do termo revela concepções sobre as abertos.
crianças e o modo de condução do trabalho dos profissionais.
Recorrendo à acepção da palavra adaptação, pode-se Rotina
inferir que é a ação ou efeito de adaptar-se ou tornar-se apto a
fazer algo que comumente não estava em seu contexto sócio É praticamente impossível a reflexão sobre a organização
histórico. É a capacidade do sujeito em acomodar-se, do tempo na Educação Infantil sem incluir a rotina
apropriar-se, ajustar-se às condições do meio ambiente. Por pedagógica. Entretanto, é importante enfatizar que a rotina é
inserção, é possível depreender que é o ato de inserir, apenas um dos elementos que compõem o cotidiano, como
introduzir, incluir ou integrar. Em síntese, é a capacidade do veremos a seguir.
sujeito de fazer parte de um contexto. Comumente, falamos em
adaptação. Mesmo levando em conta a questão conceitual Geralmente, a rotina abrange recepção, roda de
acima, usaremos a palavra adaptação na perspectiva do conversa, calendário e clima, alimentação, higiene,
acolhimento. atividades de pintura e desenho, descanso, brincadeira
Assim, a adaptação deve ser um período em que livre ou dirigida, narração de histórias, entre outras
linguagens, sentimentos, emoções estejam a serviço da ações. Ao planejar a rotina de sua sala de aula, o professor
liberdade, da autonomia e do prazer e não apenas para o deve considerar os elementos: materiais, espaço e tempo,
cumprimento de ordens com o objetivo de disciplinar os bem como os sujeitos que estarão envolvidos nas
corpos infantis para o modelo escolar tradicional. Para Ortiz atividades, pois esta deve adequar-se à realidade das
podemos falar em uma adaptação que supere apenas um crianças.
momento burocrático e vivenciar a adaptação em uma Segundo Barbosa a rotina é “a espinha dorsal, a parte fixa
perspectiva de acolhida. Todos, crianças e adultos, são do cotidiano”, um artefato cultural criado para organizar a
sensíveis ao acolhimento. Afinal, quem não gosta de ser bem cotidianidade. A partir dessa premissa, é importante definir
recebido? A qualidade do acolhimento garante o êxito da rotina e cotidiano:
adaptação. E, para que isso ocorra, fundamental se faz
empreender esforços no sentido de compreender que o Rotina - É uma categoria pedagógica que os responsáveis
processo de adaptação exigirá tanto da criança que busca pela educação infantil estruturaram para, a partir dela,
adequar-se a essa nova realidade social e de seus pais, quanto desenvolver o trabalho cotidiano nas instituições de educação
do educador e da instituição que precisa preparar-se para infantil. [...] A importância das rotinas na educação infantil
recebê-la. provêm da possibilidade de constituir uma visão própria como
Em suma, o estabelecimento de vínculos positivos concretização paradigmática de uma concepção de educação e
depende fundamentalmente da forma como a criança e sua de cuidado.
família são acolhidas na escola. Uma adaptação
compromissada com o acolhimento significa abrir-se ao Cotidiano – [...] refere-se a um espaço-tempo fundamental
aconchego, ao bem-estar, ao conforto físico e emocional, ao para a vida humana, pois tanto é nele que acontecem as
amparo. atividades repetitivas, rotineiras, triviais, como também ele é
Aqui e em outros momentos, o ato de educar não se separa o lócus onde há a possibilidade de encontrar o inesperado,
do ato de cuidar. Sendo assim, amplia-se o papel e a onde há margem para a inovação [...].
responsabilidade da instituição educacional nesse momento.
Por isto, a forma como cada instituição efetiva o período de José Machado Pais afirma que não se pode reduzir o
adaptação revela a concepção de educação e de criança que cotidiano ao rotineiro, ao repetitivo e ao a-histórico, pois o
orientam suas práticas. O planejamento das atividades é cotidiano é o cruzamento de múltiplas dialéticas entre o
fundamental, para não cair no espontaneísmo e na falta de rotineiro e o acontecimento. Bem elaborada, a rotina é o
reflexão e para favorecer o dinamismo e as interações. Pensar caminho para evitar a atividade pela atividade, os rituais
como se dará a chegada das crianças (novas ou não) nos repetitivos, a reprodução de regras, os fazeres automáticos.
primeiros dias do calendário escolar, pensar nos tempos, Para tanto, é fundamental que a rotina seja dinâmica, flexível,
materiais e ambientes, nos profissionais e suas atribuições, nas surpreendente. Barbosa aponta que a rotina inflexível e
famílias e suas inseguranças são aspectos importantes para desinteressante pode vir a ser “uma tecnologia de alienação”,
assegurar a qualidade da adaptação. Também é bom que as se não forem levados em consideração o ritmo, a participação,
atividades não se distanciem do dia a dia, evitando criar a relação com o mundo, a realização, a fruição, a liberdade, a
expectativas que não se cumprirão. Ortiz reforça a necessidade consciência, a imaginação e as diversas formas de
de considerar a diversidade nesse processo inicial. Dentro do sociabilidade dos sujeitos nela envolvidos. A rotina é uma
contexto escolar, manifestações, reações, sentimentos podem forma de organizar o coletivo infantil diário e,
ser de caráter transitório ou permanente. Respeitar os jeitos concomitantemente, espelha o projeto político-pedagógico da
de ser e estar no mundo e os rituais das crianças ajudam em instituição. A rotina é capaz de apresentar quais as concepções
uma transição suave e confiável. de educação, de criança e de infância se materializam no
O acolhimento é um princípio a ser concretizado em várias cotidiano escolar. Com o estabelecimento de objetivos claros e
situações que acontecem com as crianças: nos atrasos, no coerentes, a rotina promove aprendizagens significativas,
retorno após viagem ou doença, em um acidente ou incidente desenvolve a autonomia e a identidade, propicia o movimento
durante o ano letivo. Isto porque o acolhimento, para além das corporal, a estimulação dos sentidos, a sensação de segurança
datas, materializa a humanização da educação. Vale, portanto, e confiança, o suprimento das necessidades biológicas
para os primeiros dias e também ao longo do processo (alimentação, higiene e repouso). Isto porque a rotina contém

Conhecimentos Pedagógicos 209


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elementos que podem (ou não) proporcionar o bem-estar e o diário com as crianças que entre elas coexistem necessidades
desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, biológico. e ritmos diferentes. Mostram-se preocupados em não
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para conseguir atender essa diversidade para que as crianças
Educação Infantil, a rotina deve adequar-se às necessidades possam vivenciá-la. Oscilam entre cumprir a tarefa que é
infantis e não o inverso. Ao observar e documentar uma rotina ordenar e impor a sincronia e, ao mesmo tempo, abrir espaço
(diária ou semanal, por exemplo), algumas reflexões emergem: para deixar aparecerem as individualidades, a simultaneidade,
-Como as atividades são distribuídas ao longo do dia? E da a “desordem”.
semana? Desta forma, vivem cotidianamente um dilema, que é o de
-Com que frequência, em que momento e por quanto respeitar e partilhar a individualidade, a heterogeneidade, os
tempo as crianças brincam? diferentes modos de ser criança ou seguir a rotina
-Quanto do dia é dedicado à leitura de histórias, inclusive estabelecida, cuja tendência é a uniformização, a
para os bebês? homogeneidade, a rigidez que por vezes permeia as práticas
-A duração e a regularidade das atividades têm assegurado educativas. Assim, o grande desafio dos profissionais que
a aquisição das aprendizagens planejadas? atuam na Educação Infantil é o de preconizar novas formas de
-A criança passa muito tempo esperando entre uma e outra intervenção, distinta do modelo de educação fundamental e,
atividade? consequentemente, com sentido educativo próprio. Cresce a
-Como é organizado o horário das refeições? Onde são relevância do planejamento cuidadoso, flexível, reflexivo que
feitas? minimiza o perigo da rotina “cair na rotina”, no pior sentido da
-E os momentos dedicados ao cuidado físico, são previstos expressão: ser monótona, impessoal, sem graça, vazia, sem
e efetivados com que frequência e envolvem quais materiais? sentido para as crianças e até para os profissionais. Para tanto,
-Como o horário diário de atividades poderia ser conflito e tensão são elementos que estarão presentes e
aperfeiçoado, em favor de uma melhor aprendizagem? contrapõem-se a uma prática pedagógica idealizada. Como diz
-Há espaço para o imprevisto, o incidental, a imaginação, o a poeta Elisa Lucinda: “O enredo a gente sempre todo dia tece,
fortuito? o destino aí acontece (...)”.
-As crianças são ouvidas e cooperam na seleção e
organização das atividades da rotina? Datas comemorativas
-Como as interações adulto/criança e criança/criança são
contempladas na organização dos tempos, materiais e A exploração das datas, festejos, eventos comemorativos
ambientes? no calendário da Educação Infantil está bastante naturalizada
No caso da jornada em tempo integral, no período da nas instituições da Educação Infantil. Essas datas são
manhã devem ser incluídos momentos ativos e calmos, dando geralmente, a “tradição cívica, religiosa ou escolar”.
prioridade às atividades cognitivas. As crianças, depois de uma Entretanto, a tradição não pode obscurecer a necessidade da
noite de sono, estão mais descansadas para ampliar sua reflexão acerca da comemoração de “dias D”. Sousa adverte ser
capacidade de concentração e interesse em atividades que fundamental que “as escolas, professores e pais tenham muito
envolvem a resolução de problemas. É interessante, também, claro que é preciso priorizar sempre e entender qual o
incluir atividades físicas no período da manhã, observando o significado do conjunto dessas experiências para a vida das
tempo e a intensidade de calor e sol ou frio. Já o período da crianças – de todas e de cada uma delas. E não me refiro ao
tarde, em uma jornada de tempo integral, geralmente acaba futuro da criança apenas, mas principalmente ao seu
por concentrar atividades como sono ou repouso, refeições, presente”. Não nos cabe interditar ou eliminar a comemoração
banho, ou seja, as práticas sociais. O que não significa que as de datas especiais e a realização de festas. No entanto,
Interações com a Natureza e a Sociedade, as Linguagens Oral e propomos que, ao destacá-las no calendário escolar, façamos
Escrita, Digital, Matemática, Corporal, Artística e o Cuidado algumas reflexões. Entre elas:
Consigo e com o Outro não estejam presentes por meio de -Por que a instituição acredita ser válida a mobilização
atividades planejadas para surpreender e motivar em uma para celebrar este ou aquele dia?
sequência temporal que corre o risco da monotonia ou da -Por que é necessário realizar atividades acerca das datas
“linha de montagem”. Nas jornadas de tempo parcial, por comemorativas, todos os anos, com poucas variações em torno
serem mais curtas, as práticas sociais aparecem com menor do mesmo tema?
frequência, ainda que também estejam presentes. As -As atividades relacionadas à temática ampliam o campo
Linguagens, as Interações com a Natureza e a Sociedade e o de conhecimento das crianças?
Cuidado Consigo e com o Outro são geralmente o foco do -Foram atividades escolhidas pelo professor, pelo coletivo
trabalho pedagógico. Também é essencial abrir espaço e da instituição educacional, pela família ou pelas crianças?
reservar tempo para as brincadeiras, sejam livres, sejam -Os sentimentos infantis e aprendizagens são levados em
dirigidas. conta?
Não se pode ignorar o fato de que muitas das ações da -O trabalho desenvolvido em torno das datas está
rotina estão pautadas nas relações de trabalho do mundo articulado com os objetivos relacionados às aprendizagens?
adulto. Os horários de lanche, almoço, limpeza das salas, -Será que as crianças são submetidas, ao longo dos anos
funcionamento da cozinha, as atividades das crianças estão escolares, às mesmas atividades, ações, explicações?
sintonizadas de acordo com a produtividade, a organização e a -Consideramos as idades das crianças, seus interesses e
eficácia que estão implicadas em uma organização capitalista. capacidades ao elegermos as datas comemorativas?
Por vezes, as crianças querem ou propõem outros elementos -Fazemos diferentes abordagens para diferentes faixas
que transgridem as formalidades da rotina, das jornadas etárias?
integrais ou parciais, dos momentos instituídos pelos -Interrompemos trabalhos em andamento para incluir
profissionais, sejam no sono, na alimentação, na higiene, na datas comemorativas?
“hora da atividade”, nas brincadeiras, entre outros. -Quais são os critérios para a escolha das datas? Algumas
A partir da observação, é possível detectar como as são mais enfatizadas que outras? Por quê?
crianças vivem o cotidiano da instituição. Esses sinais das -Os conteúdos e as atividades são problematizados pelos
crianças ajudam a apontar possibilidades que não se limitam adultos e crianças?
às rotinas formalizadas e dão subsídios para trazer à tona a -Expomos as crianças, ainda que não intencionalmente, à
valorização da infância em suas relações e práticas. Os “indústria das festas”?
profissionais, em muitos momentos, percebem no contato

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-Incentivamos, ainda que não intencionalmente, a cultura fortalecimento de sua autoestima, interesse e curiosidade pelo
do consumo? conhecimento do mundo, na familiaridade com diferentes
-Como são tratados os aspectos culturais destas datas? Sob linguagens, e na aceitação e acolhimento das diferenças entre
qual enfoque? Com qual aprofundamento? as pessoas.
-Quais valores, conceitos, ideologias atravessam essas A fim de garantir às crianças o direito de viver a infância e
celebrações? desenvolverem-se; as escolas de educação infantil devem
Coletivamente, promover a crítica e a reflexão em torno proporcionar situações agradáveis, estimulantes e que
das datas comemorativas auxilia na problematização de ampliem as possibilidades infantis de cuidar de si e de outrem,
experiências curriculares que, em um primeiro momento, de se expressar, comunicar e criar, de organizar pensamentos
podem parecer “inquestionáveis”. O que importa é tornar e ideias, de conviver, brincar e trabalhar em grupo, de ter
datas e festas significativas e lúdicas para a criança, iniciativa e buscar soluções para os problemas e conflitos que
priorizando-a como centro do planejamento curricular, suas se apresentam às mais diferentes idades, desde muito cedo.
aprendizagens e seu desenvolvimento, sua cidadania. O ambiente deve possibilitar uma variedade de
Retomando: ao organizar tempo, ambientes e materiais, o experiências para exploração ativa e compartilhada por
profissional deve ter em mente a criança concreta. O crianças e professores, que constroem significações nos
planejamento curricular deve considerar a riqueza e a diálogos que estabelecem.
complexidade da primeira etapa da Educação Básica. Sendo assim, a organização curricular das instituições de
O campo de aprendizagens que as crianças podem realizar Educação Infantil deve considerar alguns desses pontos para
na Educação Infantil é muito grande. As situações cotidianas que garanta a eficácia do trabalho. Segundo as Diretrizes, essa
criadas nas creches e pré-escolas podem ampliar as organização deve assegurar a educação de modo integral,
possibilidades das crianças viverem a infância e aprender a considerando o cuidado como parte integrante do processo
conviver, brincar e desenvolver projetos em grupo, expressar- educativo, combater o racismo e as discriminações de gênero,
se, comunicar-se, criar e reconhecer novas linguagens, ouvir e socioeconômicas, étnico-raciais e religiosas; conhecer as
recontar histórias lidas, ter iniciativa para escolher uma culturas plurais que constituem o espaço da creche e da pré-
atividade, buscar soluções para problemas e conflitos, ouvir escola, a riqueza das contribuições familiares e da
poemas, conversar sobre o crescimento de algumas plantas comunidade, suas crenças e manifestações, e fortalecer formas
que são por elas cuidadas, colecionar objetos, participar de de atendimento articuladas aos saberes e às especificidades
brincadeiras de roda, brincar de faz de conta, de casinha ou de étnicas, linguísticas, culturais e religiosas de cada comunidade;
ir à venda, calcular quantas balas há em uma vasilha para dar atenção cuidadosa e exigente às possíveis formas de
distribuí-las pelas crianças presentes, aprender a arremessar violação da dignidade da criança e cumprir o dever do Estado
uma bola em um cesto, cuidar de sua higiene e de sua com a garantia de uma experiência educativa com qualidade a
organização pessoal, cuidar dos colegas que necessitam de todas as crianças na Educação Infantil.
ajuda e do ambiente, compreender suas emoções e sua forma Com base nessas condições, as DCNEIs apontam que as
de reagir às situações, construir as primeiras hipóteses, por instituições de Educação Infantil, na organização de sua
exemplo, sobre o uso da linguagem escrita, e formular um proposta pedagógica e curricular, necessitam:
sentido de si mesmas (OLIVEIRA). O que caracteriza uma -garantir espaços e tempos para participação, o diálogo e a
instituição de Educação Infantil, que se diferencia de outros de escuta cotidiana das famílias, o respeito e a valorização das
locais de convivências, sejam públicos ou privados, é diferentes formas em que elas se organizam;
justamente a intencionalidade do projeto educativo, a -trabalhar com os saberes que as crianças vão construindo
especificidade da escola como agência que promove as ao mesmo tempo em que se garante a apropriação ou
aprendizagens. construção por elas de novos conhecimentos;
-considerar a brincadeira como a atividade fundamental
Dica: Sempre devemos considerar, na montagem das nessa fase do desenvolvimento e criar condições para que as
salas de Educação Infantil, os diferentes conhecimentos e crianças brinquem diariamente;
linguagens que compõem o currículo, entre eles a leitura, -propiciar experiências promotoras de aprendizagem e
escrita matemática, artes, música, ciências sociais e consequente desenvolvimento das crianças em uma
naturais, corpo e movimento. Ter material adequado, frequência regular;
intencionalmente selecionado para as atividades contribui -selecionar aprendizagens a serem promovidas com as
significativamente para o aprendizado. É Importante crianças, não as restringindo a tópicos tradicionalmente
também ter os nomes das crianças em destaque como na valorizados pelos professores, mas ampliando-as na direção
latinha de lápis de cor ou giz de cera assim como o varal de do aprendizado delas para assumir o cuidado pessoal, fazer
alfabeto, a tabela numérica e o calendário e sempre, ao amigos, e conhecer suas próprias preferências e
longo do ano, utilizar os materiais produzidos pelas características;
próprias crianças para colorir e significar o espaço da sala -organizar os espaços, tempos, materiais e as interações
de aula. nas atividades realizadas para que as crianças possam
Subsídios para a elaboração do currículo na educação expressar sua imaginação nos gestos, no corpo, na oralidade
infantil e/ou na língua de sinais, no faz de conta, no desenho, na dança,
Para que se possa cuidar e ao mesmo tempo educar e em suas primeiras tentativas de escrita;
crianças através do trabalho pedagógico organizado em -Considerar, no planejamento do currículo, as
creches e pré-escola é necessário criar um ambiente que especificidades e os interesses singulares e coletivos dos bebês
transmita segurança, e no qual a criança se sinta segura, e das crianças das demais faixas etárias, vendo a criança em
satisfeita em suas necessidades, acolhida da forma como é, cada momento como uma pessoa inteira na qual os aspectos
onde ela consiga se relacionar de forma adequada com suas motores, afetivos, cognitivos e linguísticos integram-se,
emoções e seus medos, sua raiva, seus ciúmes, sua apatia ou embora em permanente mudança;
hiperatividade, e possa construir hipóteses sobre o mundo e -abolir todos os procedimentos que não reconheçam a
elaborar sua Identidade. atividade criadora e o protagonismo da criança pequena e que
A meta do trabalho pedagógico nas instituições de promovem atividades mecânicas e não significativas para as
Educação infantil é apoiar as crianças, desde cedo e ao longo crianças;
de todas as suas experiências cotidianas, no estabelecimento -oferecer oportunidade para que a criança, no processo de
de uma relação positiva com a instituição educacional, no elaborar sentidos pessoais, se aproprie de elementos

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significativos de sua cultura não como verdades absolutas, exercitam sua capacidade de intervir na realidade e participam
mas como elaborações dinâmicas e provisórias; das atividades curriculares com os colegas;
-criar condições para que as crianças participem de -garantir-lhes a acessibilidade de espaços, materiais,
diversas formas de agrupamento (grupos de mesma idade e objetos e brinquedos, procedimentos e formas de
grupos de diferentes idades), formados com base em critérios comunicação a suas especificidades e singularidades;
estritamente pedagógicos, respeitando o desenvolvimento -estruturar os ambientes de aprendizagem de modo a
físico, social e linguístico de cada criança; proporcionar-lhes condições para participar de todas as
-possibilitar oportunidades para a criança fazer propostas com as demais crianças;
deslocamentos e movimentos amplos nos espaços internos e -garantir-lhes condições para interagir com os
externos às salas de referência das turmas e à instituição, e companheiros e com o professor;
para envolver-se em exploração e brincadeiras; -preparar cuidadosamente atividades que tenham uma
-oferecer objetos e materiais diversificados às crianças, função social imediata e clara para elas;
que contemplem as particularidades dos bebês e das crianças -organizar atividades diversificadas em sequências que
maiores, as condições específicas das crianças com deficiência, lhes possibilitem a retomada de passos já dados;
transtornos globais do desenvolvimento e altas -preparar o espaço físico de modo que ele seja funcional e
habilidades/superdotação, e as diversidades sociais, culturais, possibilite locomoções e explorações;
étnico-raciais e linguísticas das crianças, famílias e -cuidar para que elas possam ser ajudadas da forma mais
comunidade regional; conveniente no aprendizado de cuidar de si, o que inclui a
-organizar oportunidades para as crianças brincarem em aquisição de autonomia e o aprendizado de formas de
pátios, quintais, praças, bosques, jardins, praias, e viverem assegurar sua segurança pessoal;
experiências de semear, plantar e colher os frutos da terra, -estabelecer rotinas diárias e regras claras para melhor
permitindo-lhes construir uma relação de identidade, orientá-las;
reverência e respeito para com a natureza; -estimular a participação delas em atividades que
-possibilitar o acesso das crianças a espaços culturais envolvam diferentes linguagens e habilidades, como dança,
diversificados e a práticas culturais da comunidade, tais como canto, trabalhos manuais, desenho etc., e promover-lhes
apresentações musicais, teatrais, fotográficas e plásticas, e variadas formas de contato com o meio externo;
visitas a bibliotecas, brinquedotecas, museus, monumentos, -dar-lhes oportunidade de ter condições instrucionais
equipamentos públicos, parques, jardins. diversificadas – trabalho em grupo, aprendizado cooperativo,
Um tópico já citado anteriormente mas que deve ser uso de tecnologias, diferentes metodologias e diferentes
relembrado aqui para a elaboração da proposta curricular, diz estilos de aprendizagem;
respeito às experiências de aprendizagem que podem ser -oferecer, sempre que necessário, materiais adaptados
promovidas. Elas são descritas no artigo 9º da Resolução para elas terem um melhor desempenho;
CNE/CEB nº5/09 como experiências que podem ser -garantir o tempo que elas necessitam para realizar cada
selecionadas para compor a proposta curricular das unidades atividade, recorrendo a tarefas concretas e funcionais por
de Educação infantil. meio de metodologias de ensino mais flexíveis e
As experiências apontadas visam promover oportunidade individualizadas, embora não especialmente diferentes das
para cada criança conhecer o mundo e a si mesma, aprender a que são utilizadas com as outras crianças;
participar de atividades individuais e coletivas, a cuidar de si e -realizar uma avaliação processual que acompanhe suas
a organizar-se. Visam introduzir as crianças em práticas de aprendizagens com base em suas capacidades e habilidades, e
criação e comunicação por meio de diferentes formas de não em suas limitações, tal como deve ocorrer para qualquer
expressão, tais como imagens, canções e música, teatro, dança criança;
e movimento, assim como a língua escrita e falada, sem -estabelecer contato frequente com suas famílias para
esquecer-se da língua de sinais, que pode ser aprendida por melhor coordenação de condutas, troca de experiências e de
todas as crianças e não apenas pelas crianças surdas. informações.
Conforme as crianças se apropriam das diferentes linguagens, O importante é reconhecer que a Educação Inclusiva só se
que se inter-relacionam, elas ampliam seus conhecimentos efetiva se os ambientes de aprendizagem forem sensíveis às
sobre o mundo e registram suas descobertas pelo desenho, questões individuais e grupais, e neles as diferentes crianças
modelagem, ou mesmo por formas bem iniciais de registro possam ser atendidas em suas necessidades específicas de
escrito. aprendizagem, sejam elas transitórias ou não, por meio de
Também a satisfação do desejo infantil de explorar e ações adequadas a cada situação.
conhecer o mundo da natureza, da sociedade e da matemática,
e de apropriar-se de formas elementares de lidar com 2) A Educação infantil deve atender a demanda das
quantidades e com medidas deve ser atendida de modo populações do campo, dos povos da floresta e dos rios,
adequado às formas das crianças elaborarem conhecimento de indígenas e quilombolas por uma educação e cuidado de
maneira ativa, criativa. qualidade para seus filhos. O trabalho pedagógico de creches e
Todas essas preocupações, além de marcar pré-escolas instaladas nas áreas onde estas populações vivem
significativamente todas as instituições de Educação Infantil precisa reconhecer a constituição plural das crianças
do país, devem ainda estar presentes em três situações que são brasileiras no que se refere à identidade cultural e regional e à
apontadas nas DCNEIs: filiação socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional,
1) O compromisso com uma Educação infantil de linguística e religiosa. Para tanto ele deve:
qualidade para todas as crianças não pode deixar de ressaltar -estabelecer uma relação orgânica com a cultura, as
o trabalho pedagógico com as crianças com deficiência, tradições, os saberes e as identidades das diversas populações;
transtornos globais de desenvolvimento e altas -adotar estratégias que garantam o atendimento às
habilidades/superdotação. Em relação a elas, o planejamento especificidades das comunidades do campo, quilombolas,
das situações de vivência e aprendizagem na Educação Infantil ribeirinhas e outras – tais como a flexibilização e adequação no
deve: calendário, nos agrupamentos etários e na organização de
-garantir-lhes o direito à liberdade e à participação tempos, atividades e ambientes – em respeito às diferenças
enquanto sujeitos ativos; quanto à atividade econômica e à política de igualdade, e sem
-ampliar suas possibilidades de ação nas brincadeiras e prejuízo da qualidade do atendimento, com oferta de materiais
nas interações com as outras crianças, momentos em que didáticos, brinquedos e outros equipamentos em

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conformidade com a realidade das populações atendidas, 03. (Prefeitura do Natal- Educador Infantil- Comperve-
evidenciando ainda o papel dessas populações na produção de UFRN) As dimensões básicas a serem consideradas nas
conhecimento sobre o mundo. metodologias para operacionalização da proposta curricular
Esta demanda por ampliação da Educação Infantil para na educação infantil são:
além dos territórios urbanos é nova e se integra à preocupação (A) a articulação entre o conhecimento das áreas de
em garantir às populações do campo e indígena, e aos conteúdo, a realidade imediata das crianças e os aspectos
afrodescendentes uma educação que considere os saberes de vinculados à aprendizagem.
cada comunidade, ou grupo cultural, em produtiva interação (B) a articulação da realidade sociocultural das crianças, o
com os saberes que circulam nos centros urbanos, igualmente desenvolvimento motor e os interesses específicos que elas
marcados por uma ampla diversidade cultural. manifestam.
(C) o desenvolvimento de assuntos que podem aglutinar
3) Quando oferecidas, aceitas e requisitadas pelas um trabalho em seu entorno, sem, contudo, estarem
comunidades indígenas, as propostas curriculares na vinculados à realidade sociocultural das crianças.
Educação Infantil devem: (D) o desenvolvimento afetivo, os conteúdos de áreas e os
-proporcionar às crianças indígenas uma relação viva com interesses que as crianças manifestam.
os conhecimentos, crenças, valores, concepções de mundo e as
memórias de seu povo; 04. (INSS- Analista- FUNRIO) O currículo compreendido
-reafirmar a identidade étnica e a língua como elementos como algo não estático, mas dinâmico e concreto, se expressa
de sua constituição; a partir de:
-dar continuidade à educação tradicional oferecida na (A) modelos de protocolos que viabilizarão os
família e articular-se às práticas socioculturais de educação e procedimentos necessários à realização dos conteúdos
cuidado coletivos da comunidade; expressos nas programações.
-adequar calendário, agrupamentos etários e organização (B) práticas com função socializadora e cultural de
de tempos, atividades e ambientes de modo a atender as determinada instituição que concretizam princípios e valores
demandas de cada povo indígena. expressos em seu projeto escrito.
(C) conflitos e interesses de determinados grupos, mas
Questões que necessita garantir a neutralidade dos conhecimentos que
ajudará a disseminar.
01. (Prefeitura de Niterói- Agente Educador Infantil- (D) programações de conteúdos de ensino e de
FEC) A organização do currículo, já na creche e pré- escola tem aprendizagem que expressam os valores e princípios da
sido feita através de projetos didáticos, que são propostos instituição.
como uma estratégia de ensino. Sobre essa abordagem (E) listagens de conteúdos a serem ensinados aos sujeitos
podemos dizer que: do processo, garantindo sua assepsia científica.
(A) Decroly e Montessori foram seus idealizadores;
(B) os chamados centros de interesse são a principal 05. (TJ/RO- Analista Judiciário- CESPE) Um currículo
referência para o trabalho do professor; elaborado conforme a tendência emancipadora de educação
(C) o trabalho se organiza a partir de temas que abrem (A) apresenta lógica temporal rígida e inflexível.
possibilidades para a criança integrar, criar relações e (B) prescreve os conteúdos necessários aos alunos.
entender de forma ampla seu ambiente, atribuindo-lhe (C) privilegia o saber dos alunos como ponto de partida
significados; para a seleção de conteúdo.
(D) a adesão à pedagogia de projetos se deu de forma (D) fundamenta-se nos princípios da administração
intensa porque, didaticamente, organiza os conteúdos a serem científica de Taylor.
transmitidos pelo professor através de temas eleitos pelos (E) valoriza diferentemente as áreas de conhecimento,
próprios alunos que, por isso, mostram se mais interessados e conforme sua importância ou status na sociedade.
participativos;
(E) Piaget foi o grande inspirador da pedagogia de Respostas
projetos, que deve ser desenvolvida sempre levando em conta
as características cognitivas da criança, abrindo, assim, 01. C
possibilidades para a pesquisa e o desenvolvimento do aluno. Tendo em vista que o Currículo é o modo de organizar as
práticas educativas, refere-se aos espaços, a rotina, aos
02. (SESI/SP- Supervisor de Ensino- CESPE) O projeto materiais que disponibilizamos para as crianças, as
pedagógico-curricular é o instrumento de articulação entre experiências com as linguagens verbais e não verbais que lhes
fins e meios. Ele faz o ordenamento entre todas as atividades serão proporcionadas, o modo como vamos recebê-la, nos
pedagógicas, curriculares e organizativas da escola, tendo em despedir delas, trocá-las, alimentá-las durante todo o tempo
vista os objetivos educacionais. Com base nesse pressuposto, em que se encontram na instituição o trabalho sempre deve
assinale a opção correta. ser organizado de modo que possibilite à criança interagir,
(A) A garantia da qualidade social do ensino acarreta a criar relações, significando o ambiente.
crença na possibilidade de educar a todos como condição para
igualdade e inclusão social. 02. A
(B) A reorganização das escolas e as mudanças nas práticas O projeto pedagógico deve ser organizado de modo a
de gestão elevam necessariamente a qualidade da educação e, desenvolver nas crianças a inclusão social, trabalhando com as
por isso, garantem um bom desempenho dos alunos na vida. diversidades educando para que se estabeleça princípios de
(C) A aferição do desempenho intelectual dos alunos por igualdade, pois, é essa a função social da educação infantil.
meio de provas e exames no âmbito das escolas é garantia da
melhoria da qualidade da educação oferecida. 03. A
(D) A qualidade da educação se pauta pela elaboração de Nas DCNs está posto que o currículo é: “um conjunto de
um projeto pedagógico que seja fruto da articulação de ideias práticas que buscam articular os saberes e experiências das
de um grupo específico apresentado à comunidade escolar. crianças com o patrimônio cultural, artístico, ambiental,
cientifico e tecnológico, de modo a promover o
desenvolvimento integral da criança”.

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Ou seja, currículo não é aquele que se define a priori, mas ao caráter de classes que marca educação brasileira até os dias
aquele que é vivenciado com as crianças a partir de seus de hoje.
saberes, manifestações, articulado com aquilo que Ainda conforme revela Romanelli, os colégios instalados
consideramos importante que elas conhecem do patrimônio pelos jesuítas destinavam-se à educação média para os
da humanidade, assim, a proposta deve integrar os conteúdos homens da classe dominante, parte da qual continuou nos
a serem trabalhados com a realidade e contexto em que a colégios preparando-se para o ingresso na classe
criança está inserida e com os aspectos da aprendizagem sacerdotal, ou para os estudos superiores, em
infantil para, então, promover o desenvolvimento desta universidades europeias, os jovens que não buscavam a
criança. Assim, o currículo não deve ser estático, rígido mas vida sacerdotal.
sim, ser flexível para adequá-lo às necessidades do grupo. Entendendo que o sistema jesuítico estava mais
articulado aos interesses da própria Companhia de Jesus
04. B que àqueles da Coroa, o rei influenciado por seu primeiro-
Considerando a realidade de cada grupo o currículo deve ministro, o Marques de Pombal, expulsou os padres
promover práticas socializadoras transmitindo às crianças os jesuítas de Portugal e seus domínios em 1759. Durante os
valores culturais que a rodeia para isso deve transmitir os mais de dois séculos (1549-1759) que dominaram a educação
valores da instituição pois cada instituição, cada grupo, cada brasileira, os jesuítas fundaram 17 colégios secundários e, ao
público-alvo está inserido em diferentes realidades, diferentes redor de cada um ou em locais avançados do interior, dezenas
contextualizações que representam a realidade imediata de escolas de primeiras letras. Assim, a partir de 1759,
daquela criança. quando o sistema de ensino montado pelos padres
jesuítas no Brasil caiu por terra, o Estado passou a
05. C assumir, pela primeira vez, a organização e os encargos da
O currículo escolar é visto como um processo educativo educação.
resistente por toda a vida, isto é, todas as experiências O orgânico, embora conservador e elitista, sistema
passadas atingem o presente e consequentemente o futuro, ou jesuítico foi substituído pelas aulas régias, um sistema não
seja, acumulando e transformando experiências. seriado de aulas avulsas, com professores mal
Portanto, é preciso muito cuidado para que sejam remunerados e vitalícios no cargo, custeado por um novo
selecionadas experiências positivas. Segundo Anísio Teixeira, tributo colonial instituído somente em 1772, o subsidio
o currículo deve ser centrado na criança, “pois é a criança a literário, que incidia sobre a venda de carne nos açougues
origem e o centro de toda atividade escolar”, desta forma é a e aguardente. Ao final do século XVIII a Colônia brasileira
partir do conhecimento da criança que o currículo deve ser apresentava um quadro educacional deplorável: além de
estruturado de modo a valer esse conhecimento para que haja algumas aulas régias criadas com a reforma pombalina,
aprendizagem tomando como ponto de partida o possuía algumas escolas primárias e secundárias, em mãos de
conhecimento prévio. eclesiásticos.
No início do século XIX, o Brasil passou por
Educação – Ensino Fundamental importantes mudanças políticas, sem que o modelo
agroexportador baseado na monocultura, no latifúndio e no
A) A história da Educação e do Ensino Fundamental trabalho escravo sofresse alterações de monta. Como revela
Gadotti (1993)52, a partir de 1808, com a vinda da família
A história da educação escolar (formal) no Brasil tem real portuguesa para o Brasil, fugindo da invasão
início em 1549, quando aqui chegam os padres da napoleônica, são criados os primeiros cursos superiores
Companhia de Jesus (ordem religiosa católica), (não-teológicos) na Colônia. Na avaliação do autor
incumbidos de comandar a educação brasileira. Na época, supracitado, a preocupação educacional da monarquia
nosso país era uma colônia portuguesa organizada sob a égide portuguesa aqui instalada restringiu-se à formação de quadros
da monocultura da cana-de-açúcar para exportação, baseada militares e administrativos de que necessitava, bem como das
no latifúndio e no trabalho escravo. elites governantes. Infelizmente, a presença da família real no
Segundo Romanelli (1992)51, como a educação escolar Brasil trouxe sensíveis mudanças apenas para o ensino
não se fazia necessária para o desenvolvimento das superior, ficando os demais níveis de ensino em situação de
atividades de produção, no período colonial ela abandono total.
permaneceu à margem e serviu mais como um mero A Independência política, proclamada em 1822,
símbolo de status para um limitado grupo de pessoas também não veio alterar, pelo menos de imediato, o
pertencentes à classe dominante (donos de terra e quadro da situação educacional do país. A Constituição do
senhores de engenho). Contando com o incentivo e o Império, outorgada em 1824, mesmo contendo poucas
subsídio da coroa portuguesa, os jesuítas dominaram a indicações sobre educação, estabeleceu um importante
educação brasileira por mais de dois séculos (1549- princípio: A instrução primária gratuita a todos os
1759), criando assim as nossas primeiras escolas, dentre cidadãos.
elas as de primeiras letras, correspondentes ao ensino Conforme aponta Saviani (1997)53, nossa primeira lei
fundamental de hoje nacional sobre instrução pública data de 15 de outubro de
Durante esse longo período, os padres jesuítas não 1827, a qual determinou a criação de escolas de primeiras
descuidaram da catequese, que era objetivo principal da letras em todas as cidades, vilas e lugares populosos.
presença da Companhia de Jesus, e acabaram ministrando Entretanto, como a Lei de 15 de outubro de 1827 nada
também educação elementar para a população índia e branca dispunha sobre as condições materiais de sua implantação, ela
em geral (salvo as mulheres) nas criadas escolas de primeiras acabou fracassando e a instrução pública no país permaneceu
letras. em estado de abandono total.
Contudo, a educação dada pelos jesuítas foi direcionando- O golpe de misericórdia no quadro da instrução
se cada vez mais para a formação das elites, dando início assim pública brasileira veio com o Ato Adicional de 1834, uma
emenda à Constituição de 1824. Mediante a edição de tal

51 ROMANELLI, Otaíza. História da educação no Brasil: 1930-1973. Petrópolis: 53SAVIANI, Dermerval. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas.
Vozes, 1992. Campinas: Autores Associados, 1997.
52 GADOTTI, Moacir. Organização do trabalho na escola: alguns pressupostos. São

Paulo: Ática, 1993.

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Ato, o poder central se reservou o direito de promover a Tal Reforma, contudo, pecou por tratar de organizar
educação superior em todo o Império e a educação no preferencialmente o sistema educacional das elites, deixando
Município da Corte, delegando às Províncias a completamente marginalizados os ensino primário e os vários
incumbência de promover a educação primária e ramos do ensino secundário profissional (salvo o comercial).
secundária em suas jurisdições. Em 16 de julho de 1934 uma nova Constituição Federal
Como se vê, essa descentralização trazida pelo Ato foi promulgada em nosso país. Em relação à educação,
Adicional de 1834 acabou por colocar a educação da elite a especificamente, muitas das ideias defendidas pelos
cargo do poder central e a do povo a cargo das Províncias que, educadores da Associação Brasileira de Educação (ABE), e
inteiramente entregues a si mesmas, desamparadas que mais tarde foram traduzidas no Manifesto dos
financeiramente pelo governo central, pouco puderam fazer Pioneiros da Educação Nova, tornaram-se preceitos
em benefício da educação primária e secundária. constitucionais a partir da Carta de 1934.
A partir de então foram criados nas capitais os liceus Segundo Romanelli, a Constituição de 1934 representa
provinciais, na tentativa de reunir antigas aulas régias em uma vitória do movimento renovador, uma vez que quase todo
liceus, sem muita organização. Em função da falta de texto constitucional “referente à educação denuncia uma
recursos das províncias, o ensino, sobretudo o influência bastante pronunciada do Manifesto”.
secundário, acabou ficando nas mãos da iniciativa privada Além de estabelecer a que a educação é direito de
e o ensino primário foi relegado ao abandono, acentuando todos, a Constituição de 1934 determinou a gratuidade e
ainda mais o caráter classista e acadêmico do ensino. a obrigatoriedade do ensino primário e estabeleceu, pela
Assim, ao final do Império, o quadro geral da educação primeira vez no país, a vinculação de mínimos
brasileira pouco diferia da situação herdada do período percentuais orçamentários para a educação, devendo a
colonial: poucas escolas primárias, os liceus provinciais, em União e os Municípios aplicar nunca menos de 10% e os
cada capital de província, colégios particulares, em algumas Estados e Distrito Federal pelo menos 20% da renda
cidades importantes, e alguns cursos superiores. resultante dos impostos, no ensino.
Com a queda da monarquia, em 1889, começa o Contudo, com o golpe que instalou o Estado Novo (1937-
período conhecido como Primeira República (1889- 1945) a Carta de 1934 logo foi substituída pela Constituição
1930). Contudo, no que se refere especificamente ao outorgada em 1937, a qual tratou a educação muito
campo educacional, a instauração do novo regime político restritivamente. A partir de 1942, o Ministro da Educação
não trouxe alterações significativas para a instrução Gustavo Capanema deu início, ainda que de maneira parcial, a
pública brasileira, visto que a primeira Constituição da reforma de todos os ramos do ensino primário e secundário.
República pouco modificou a divisão de Entre 1942 e 1946, oito decretos-lei foram postos em execução
responsabilidades educacionais estabelecida pelo Ato visando tal reforma, os quais tomaram o nome de Leis
Adicional de 1834. Orgânicas do Ensino.
A Constituição da República de 1891, que consagrou O ensino primário, até então, praticamente não tinha
também a descentralização do ensino, ou melhor, reservou ao recebido qualquer atenção do governo central e ainda não
governo central o direito de criar instituições de ensino havia diretrizes lançadas pelo governo central para esse nível
superior e secundário nos Estados e prover a instrução de ensino. Como era a administração dos Estados que cuidava
secundária no Distrito Federal, delegando aos Estados do ensino primário, as reformas referentes a este nível de
competência para prover e legislar sobre educação primária. ensino foram todas feitas pelos Estados, mas de maneira
Assim, mesmo com a queda do Império, continuaram a isolada e sem muita continuidade.
persistir o dualismo educacional e a ausência de uma Com a Lei Orgânica do Ensino Primário, enfim, o governo
coordenação central e de uma política nacional de central cuida de traçar diretrizes para o ensino primário,
educação que abrangesse todos os níveis de ensino, validas para todo o país. A partir de então, tal nível de ensino
conforme escrito por Haidar, Tanuri (1998)54. Na prática, isso ficou assim estruturado:
significou a permanência da precariedade da instrução
primária durante a Primeira República, que subordinada - Ensino primário fundamental, destinado a crianças de 7 a
inteiramente à iniciativa e às possibilidades financeiras 12 anos, subdividido em:
dos Estados, pouco avanço registrou. - Primário elementar (de 4 anos); e
Durante toda a Primeira República, uma série de reformas - Primário complementar (de 1 ano).
educacionais foram tentadas no país, destacando: a Reforma - Ensino primário supletivo, de 2 anos, para adolescentes e
Benjamin Constant (1890), a Reforma Epitácio Pessoa (1901), adultos que não receberam esse nível de educação na idade
a Reforma Rivadávia Corrêa (1911), a Reforma Carlos adequada.
Maximiliano (1915) e a Reforma João Luis Alves (1925). Sem
validade nacional, todas elas não lograram acarretar nenhuma Contudo, como ressalta Romanelli (1992), na prática o
mudança substancial na educação brasileira. Todas as ensino primário fundamental acabou por resumir-se no
reformas efetuadas pelo poder central, limitaram-se quase ensino primário elementar, por falta de condições
exclusivamente ao Distrito Federal, que as apresentava como objetivas de funcionamento do ensino complementar. O
“modelo” aos Estados, sem, contudo, obrigá-los a adotá-las. regime instalado com o golpe militar de 1964 veio alterar
A Revolução de 1930 marca o início da era Vargas sensivelmente a estrutura do ensino até então em vigor no
(1930-1945) e também de importantes transformações país. Mediante a Lei nº 5.692/71 (fixa diretrizes e bases
no campo educacional brasileiro. De início, o governo para o ensino de 1º e 2º graus), o governo militar
provisório cria o Ministério da Educação e Saúde Pública, reformou o ensino primário e secundário. A lei
que tem como seu primeiro Ministro Francisco Campos. Já supracitada criou o ensino de 1º grau, com duração de 8
em 1931, o governo provisório baixou uma série de anos, mediante a junção do antigo curso primário e do
decretos dispondo sobre a organização do ensino ciclo ginasial do ensino médio.
superior, secundário e comercial, que se constituíram na
chamada Reforma Francisco Campos.

54HAIDAR, Maria de Lourdes Mariotto; TANURI, Leonor Maria. A educação básica João Gualberto et al. Estrutura e funcionamento da educação básica. São Paulo:
no Brasil: dos primórdios até a primeira Lei de diretrizes e Bases. In: MEMESES, Pioneira, 1998.

Conhecimentos Pedagógicos 215


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B) Ensino Fundamental posteriores”, fato que confere ao ensino fundamental, ao


mesmo tempo, um caráter de terminalidade e de
Até dezembro de 1996 o ensino fundamental esteve continuidade.
estruturado nos termos previstos pela Lei Federal n. Para dar conta desse amplo objetivo, a LDB consolida a
5.692, de 11 de agosto de 1971. Essa lei, ao definir as organização curricular de modo a conferir uma maior
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, estabeleceu flexibilidade no trato dos componentes curriculares,
como objetivo geral, tanto para o ensino fundamental reafirmando desse modo o princípio da base nacional comum
(primeiro grau, com oito anos de escolaridade obrigatória) (Parâmetros Curriculares Nacionais), a ser complementada
quanto para o ensino médio (segundo grau, não obrigatório), por uma parte diversificada em cada sistema de ensino e
proporcionar aos educandos a formação necessária ao escola na prática, repetindo o art. 210 da Constituição Federal.
desenvolvimento de suas potencialidades como elemento O ensino proposto pela LDB, em seu artigo 32 está em
de auto realização, preparação para o trabalho e para o função do objetivo maior do ensino fundamental, que é o de
exercício consciente da cidadania. Também generalizou as propiciar a todos formação básica para a cidadania, a partir da
disposições básicas sobre o currículo, estabelecendo o núcleo criação na escola de condições de aprendizagem para:
comum obrigatório em âmbito nacional para o ensino
fundamental e médio. I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
Manteve, porém, uma parte diversificada a fim de como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
contemplar as peculiaridades locais, a especificidade dos cálculo;
planos dos estabelecimentos de ensino e as diferenças II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
individuais dos alunos. Coube aos Estados a formulação de político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
propostas curriculares que serviriam de base às escolas fundamenta a sociedade;
estaduais, municipais e particulares situadas em seu território, III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
compondo, assim, seus respectivos sistemas de ensino. Essas tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
propostas foram, na sua maioria, reformuladas durante os formação de atitudes e valores;
anos 80, segundo as tendências educacionais que se IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
generalizaram nesse período. solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
Em 1990 o Brasil participou da Conferência Mundial assenta a vida social.
de Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia,
convocada pela Unesco, Unicef, PNUD e Banco Mundial. C) A ampliação do Ensino Fundamental para 9 (nove)
Dessa conferência, assim como da Declaração de Nova anos
Delhi — assinada pelos nove países em desenvolvimento
de maior contingente populacional do mundo —, C.1) Fundamentação legal
resultaram posições consensuais na luta pela satisfação
das necessidades básicas de aprendizagem para todos, Conforme o Plano Nacional de Educação, a
capazes de tornar universal a educação fundamental e de determinação legal, Lei nº 10.172/2001, meta 2 do Ensino
ampliar as oportunidades de aprendizagem para crianças, Fundamental, de implantar progressivamente o Ensino
jovens e adultos. Fundamental de nove anos, pela inclusão das crianças de
Tendo em vista o quadro atual da educação no Brasil e os seis anos de idade, tem duas intenções: Oferecer maiores
compromissos assumidos internacionalmente, o Ministério da oportunidades de aprendizagem no período da
Educação e do Desporto coordenou a elaboração do Plano escolarização obrigatória e, Assegurar que, ingressando
Decenal de Educação para Todos (1993-2003), concebido mais cedo no sistema de ensino, as crianças prossigam nos
como um conjunto de diretrizes políticas em contínuo estudos, alcançando maior nível de escolaridade.
processo de negociação, voltado para a recuperação da escola O PNE estabelece, ainda, que a implantação
fundamental, a partir do compromisso com a equidade e com progressiva do Ensino Fundamental de nove anos, com a
o incremento da qualidade, como também com a constante inclusão das crianças de seis anos, deve se dar em
avaliação dos sistemas escolares, visando ao seu contínuo consonância com a universalização do atendimento na
aprimoramento. faixa etária de 7 a 14 anos. Ressalta também que esta ação
O Plano Decenal de Educação, em consonância com o que requer planejamento e diretrizes norteadoras para o
estabelece a Constituição de 1988, afirma a necessidade e a atendimento integral da criança em seu aspecto físico,
obrigação de o Estado elaborar parâmetros claros no campo psicológico, intelectual e social, além de metas para a
curricular capazes de orientar as ações educativas do ensino expansão do atendimento, com garantia de qualidade.
obrigatório, de forma a adequá-lo aos ideais democráticos e à Essa qualidade implica assegurar um processo educativo
busca da melhoria da qualidade do ensino nas escolas respeitoso e construído com base nas múltiplas
brasileiras. dimensões e na especificidade do tempo da infância, do
Nesse sentido, a leitura atenta do texto constitucional qual também fazem parte as crianças de sete e oito anos.
vigente mostra a ampliação das responsabilidades do poder O art. 23 da LDB incentiva a criatividade e insiste na
público para com a educação de todos, ao mesmo tempo que a flexibilidade da organização da educação básica, nesse sentido,
Emenda Constitucional n. 14, de 12 de setembro de 1996, a educação básica poderá organizar-se em séries anuais,
priorizou o ensino fundamental, disciplinando a participação períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de
de Estados e Municípios no tocante ao financiamento desse estudos, grupos não seriados, com base na idade, na
nível de ensino. competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional organização, sempre que o interesse do processo de
(Lei Federal n. 9.394), aprovada em 20 de dezembro de aprendizagem assim o recomendar.
1996, consolida e amplia o dever do poder público para As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
com a educação em geral e em particular para com o Infantil fornecem elementos importantes para a revisão da
ensino fundamental. Assim, vê-se no art. 22 dessa lei que Proposta Pedagógica do Ensino Fundamental que incorporará
a educação básica, da qual o ensino fundamental é parte as crianças de seis anos, até então pertencentes ao segmento
integrante, deve assegurar a todos “a formação comum da Educação Infantil. Entre eles, destacam-se:
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer- A) As propostas pedagógicas devem promover em suas
lhes meios para progredir no trabalho e em estudos práticas de educação e cuidados a integração entre os aspectos

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físicos, emocionais, afetivos, cognitivo linguísticos e sociais da contextualizada nas políticas educacionais focalizadas no
criança, entendendo que ela é um ser total, completo e Ensino Fundamental.
indivisível. Dessa forma, sentir, brincar, expressar-se, No entanto, não se trata de transferir para as crianças de
relacionar-se, mover-se, organizar-se, cuidar-se, agir e seis anos os conteúdos e atividades da tradicional primeira
responsabilizar-se são partes do todo de cada indivíduo. série, mas de conceber uma nova estrutura de organização dos
B) Ao reconhecer as crianças como seres íntegros que conteúdos em um Ensino Fundamental de nove anos,
aprendem a ser e a conviver consigo mesmas, com os demais e considerando o perfil de seus alunos.
com o meio ambiente de maneira articulada e gradual, as O objetivo de um maior número de anos de ensino
propostas pedagógicas devem buscar a interação entre as obrigatório é assegurar a todas as crianças um tempo
diversas áreas de conhecimento e aspectos da vida cidadã mais longo de convívio escolar, maiores oportunidades de
como conteúdos básicos para a constituição de conhecimentos aprender e, com isso, uma aprendizagem mais ampla. É
e valores. Dessa maneira, os conhecimentos sobre espaço, evidente que a maior aprendizagem não depende do
tempo, comunicação, expressão, a natureza e as pessoas aumento do tempo de permanência na escola, mas sim do
devem estar articulados com os cuidados e a educação para a emprego mais eficaz do tempo. No entanto, a associação
saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, de ambos deve contribuir significativamente para que os
a cultura, as linguagens, o trabalho, o lazer, a ciência e a educandos aprendam mais.
tecnologia. Seu ingresso no Ensino Fundamental obrigatório não pode
C) Tudo isso deve acontecer num contexto em que constituir-se em medida meramente administrativa. O cuidado
cuidados e educação se realizem de modo prazeroso, lúdico. na sequência do processo de desenvolvimento e aprendizagem
Nesta perspectiva, as brincadeiras espontâneas, o uso de das crianças de seis anos de idade implica o conhecimento e a
materiais, os jogos, as danças e os cantos, as comidas e as atenção às suas características etárias, sociais e psicológicas.
roupas, as múltiplas formas de comunicação, de expressão, de As orientações pedagógicas, por sua vez, estarão atentas a
criação e de movimento, o exercício de tarefas rotineiras do essas características para que as crianças sejam respeitadas
cotidiano e as experiências dirigidas que exigem que o como sujeitos do aprendizado.
conhecimento dos limites e alcances das ações das crianças e Como ponto de partida, para garantir uma nomenclatura
dos adultos estejam contemplados. comum às múltiplas possibilidades de organização desse nível
D) As estratégias pedagógicas devem evitar a monotonia, de ensino (séries, ciclos, outros – conforme art. 23 da LDB nº
o exagero de atividades “acadêmicas” ou de disciplinamento 9.394/96), sugere-se que o Ensino Fundamental seja assim
estéril. mencionado:
E) As múltiplas formas de diálogo e interação são o eixo de
todo o trabalho pedagógico, que deve primar pelo
envolvimento e pelo interesse genuíno dos educadores em
todas as situações, provocando, brincando, rindo, apoiando,
acolhendo, estabelecendo limites com energia e sensibilidade,
consolando, observando, estimulando e desafiando a
curiosidade e a criatividade, por meio de exercícios de Implantar um Ensino Fundamental, agora de nove
sensibilidade, reconhecendo e alegrando-se com as conquistas anos, leva necessariamente a repensá-lo no seu conjunto.
individuais e coletivas das crianças, sobretudo as que Assim, esta é uma oportunidade preciosa para uma nova
promovam a autonomia, a responsabilidade e a solidariedade. práxis dos educadores, sendo primordial que ela aborde
F) A participação dos educadores é mesmo participação e os saberes e seus tempos, bem como os métodos de
não condução absoluta de todas as atividades e centralização trabalho, na perspectiva das reflexões antes tecidas. Ou
dessas em sua pessoa. Por isso, desde a organização do espaço, seja, os educadores são convidados a uma práxis que
móveis, acesso a brinquedos e materiais, aos locais como caminhe na direção de uma escola de qualidade social,
banheiros, cantinas e pátios, até a divisão do tempo e do como foi proposto na parte I deste documento.
calendário anual de atividades, passando pelas relações e
ações conjuntas com as famílias e os responsáveis, o papel dos C.3) Organização do trabalho pedagógico
educadores é legitimar os compromissos assumidos por meio
das propostas pedagógicas. Uma questão essencial é a organização da escola que inclui
as crianças de seis anos no Ensino Fundamental. Para recebê-
C.2) Por que o Ensino Fundamental a partir dos 6 (seis) las, ela necessita reorganizar a sua estrutura, as formas de
anos gestão, os ambientes, os espaços, os tempos, os materiais,
os conteúdos, as metodologias, os objetivos, o
Conforme recentes pesquisas, 81,7% das crianças de seis planejamento e a avaliação, de sorte que as crianças se
anos estão na escola, sendo que 38,9% frequentam a Educação sintam inseridas e acolhidas num ambiente prazeroso e
Infantil, 13,6% as classes de alfabetização e 29,6% já estão no propício à aprendizagem. É necessário assegurar que a
Ensino Fundamental (IBGE, Censo Demográfico 2000). transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental
Esse dado reforça o propósito de ampliação do Ensino ocorra da forma mais natural possível, não provocando
Fundamental para nove anos, uma vez que permite nas crianças rupturas e impactos negativos no seu
aumentar o número de crianças incluídas no sistema processo de escolarização.
educacional. Os setores populares deverão ser os mais Recomenda-se que as escolas organizadas pela estrutura
beneficiados, uma vez que as crianças de seis anos da seriada não transformem esse novo ano em mais uma série,
classe média e alta já se encontram majoritariamente com as características e a natureza da primeira é série. Assim,
incorporadas ao sistema de ensino – na pré-escola ou na o Ministério da Educação orienta que, nos seus projetos
primeira série do Ensino Fundamental. político pedagógicos, sejam previstas estratégias
A opção pela faixa etária dos 6 aos 14 e não dos 7 aos 15 possibilitadoras de maior flexibilização dos seus tempos,
anos para o Ensino Fundamental de nove anos segue a com menos cortes e descontinuidades. Estratégias que, de
tendência das famílias e dos sistemas de ensino de inserir fato, contribuam para o desenvolvimento da criança,
progressivamente as crianças de 6 anos na rede escolar. A possibilitando-lhe, efetivamente, uma ampliação
inclusão, mediante a antecipação do acesso, é uma medida qualitativa do seu tempo na escola.

Conhecimentos Pedagógicos 217


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C.4) A formação do professor do aluno de 6 (seis) anos (D) optativo – 8 anos – 6 anos
do Ensino Fundamental (E) obrigatório – 9 anos – 6 anos

É essencial que esse professor esteja sintonizado com 04. (SEDUC/PI – Professor – NUCEPE) O Ensino
os aspectos relativos aos cuidados e à educação dessas Fundamental com duração de 9 anos, (Diretrizes Curriculares
crianças, seja portador ou esteja receptivo ao Nacionais), abrange a população na faixa etária dos:
conhecimento das diversas dimensões que as constituem (A) 5 aos 13 anos de idade.
no seu aspecto físico, cognitivo-linguístico, emocional, (B) 6 aos 14 anos de idade.
social e afetivo. (C) 6 aos 15 anos de idade.
Nessa perspectiva, é essencial assegurar ao professor (D) 7 aos 14 anos de idade.
programas de formação continuada, privilegiando a (E) 7 aos 15 anos de idade.
especificidade do exercício docente em turmas que atendem a
crianças de seis anos. A natureza do trabalho docente requer 05. O art. 23 da LDB incentiva a criatividade e insiste na
um continuado processo de formação dos sujeitos sociais flexibilidade da organização da educação básica.
historicamente envolvidos com a ação pedagógica, sendo ( ) Verdadeiro
indispensável o desenvolvimento de atitudes investigativas, ( ) Falso
de alternativas pedagógicas e metodológicas na busca de uma
qualidade social da educação. Respostas
Não há nenhum modelo a ser seguido, nem perfil ou
estereótipo profissional a ser buscado. Entretanto, como 01. Alternativa C
analisa Veiga(2002)55, o projeto pedagógico da formação, Como vimos, a educação básica, obrigatória e gratuita está
alicerçado na concepção do professor como agente social, organizada em pré escola, ensino fundamental e ensino médio.
deixa claro que é o exercício da profissão do magistério
que constitui verdadeiramente a referência central tanto 02. Alternativa A
da formação inicial e continuada como da pesquisa em De acordo com o texto base, vimos que o Ensino
educação. Por isso, não há formação e prática pedagógica Fundamental tem duração de 9 (nove) anos e inicia-se aos 6
definitivas: há um processo de criação constante e anos de idade, podendo os sistemas de ensino, desdobrá-los
infindável, necessariamente refletido e questionado, em ciclos.
reconfigurado.
03. Alternativa E
Questões O Ensino fundamental obrigatório, com duração de 9
(nove) anos, gratuito na escola pública, inicia-se aos 6 (seis)
1. (Prefeitura de Unaí/MG – Pedagogo – COTEC/2015) anos de idade.
A questão refere-se à Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei 9.394/96, incluindo a redação dada pela Lei 04. Alternativa B
12.796 de 2013. Como vimos, o ensino fundamental obrigatório, com
duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, inicia-se
Nos termos do inciso I do art. 4º da LDBEN, a educação aos 6 (seis) anos de idade. Assim, se o educando inicia aos 6
básica, obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) (seis) anos, e somente completa esta modalidade de educação
anos de idade, será organizada da seguinte forma: 9 (nove) anos depois, logo, ao término ele estará com 14
(A) Educação infantil, pré-escola e ensino fundamental. (catorze) anos de idade.
(B) Ensino fundamental e ensino médio.
(C) Pré escola, ensino fundamental e ensino médio. 05. Verdadeiro
(D) Ensino fundamental, ensino médio e ensino O art. 23 da LDB incentiva a criatividade e insiste na
profissionalizante. flexibilidade da organização da educação básica, nesse sentido
como vimos, a educação básica poderá organizar-se em séries
2. (Prefeitura de Niterói/RJ – Agente de administração anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de
Educacional – COSEAC/2016) O Sistema Municipal de Ensino períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade,
de Niterói organiza o ensino fundamental da seguinte maneira: na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
(A) I Ciclo: 3 anos / II Ciclo: 2 anos / III Ciclo: 2 anos / IV organização, sempre que o interesse do processo de
Ciclo: 2 anos. aprendizagem assim o recomendar.
(B) Ciclo: 1º, 2º e 3º anos / Ano escolar: 4º ao 9º ano.
(C) Ciclo: 1º, 2º ano / Ano escolar: 3º ao 9º ano. A Contextualização dos Currículos
(D) Ciclo I: 2 anos / Ciclo II: 3 anos / Ano escolar: 6º ao 9º
ano. Multidisciplinaridade, Interdisciplinaridade,
(E) Ciclo I: 4 anos / Ciclo II: 1 ano / Ano escolar: 6º ao 9º Transdisciplinaridade56
ano.
A compreensão dos conceitos de multidisciplinaridade,
03. (SEDUC/PE – Agente de apoio ao desenvolvimento interdisciplinaridade e transdisciplinaridade e sua
escolar – FGV/2015) De acordo com a LDB, leia o fragmento emergência no campo da educação requer uma atenção ao
a seguir: “O Ensino Fundamental _____, com duração de _____, conceito de disciplina e sua centralidade no universo escolar.
gratuito na escola pública, inicia-se aos _____ de idade”. Uma primeira observação a ser feita sobre o termo
Assinale a opção que completa corretamente as lacunas do disciplina diz respeito aos significados que evoca, dentre os
fragmento acima. quais, poderíamos destacar os seguintes: ensino e educação
(A) optativo – 8 anos – 7 anos que um discípulo recebia do mestre; obediência às regras e aos
(B) obrigatório – 8 anos – 6 anos superiores; ordem, bom comportamento; obediência a regras
(C) optativo – 9 anos – 7 anos de cunho interior, firmeza, constância; castigo, penitência,

55 VEIGA, Ilma
Passos Alencastro. (Org) Projeto político-pedagógico da escola: uma 56 SOARES, C.C. Disponível em http://crv.educacao.mg.gov.br/
construção possível. 14 a edição Papirus, 2002.

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mortificação; ramo do conhecimento, ciência, matéria, conhecimento e à falta de comunicação entre as disciplinas.
disciplinas: cordas, correias e concorrentes com que os frades, Cada uma dessas perspectivas responde à necessidade de
devotos e penitentes se flagelam. Embora algumas dessas interação entre diferentes disciplinas e caracteriza-se pelo
definições pareçam bastantes distintas entre si, a noção de tipo de relação que se vai estabelecer entre elas. Estudiosos do
disciplina está estritamente vinculada às ideias de controle, de tema propõem diferentes modalidades de colaboração entre
organização de algo que é múltiplo ou disperso, de imposição as disciplinas, às vezes, com subdivisões dentro de um mesmo
de uma ordem. Foucault57 denomina disciplinas aos métodos nível de relação (interdisciplinaridade linear, estrutural,
que permitem o controle minucioso das operações de corpo, restritiva), dentre os quais, Piaget, que apresenta o seguinte
que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes modelo: multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e
impõem uma relação de docilidade-utilidade. transdisciplinaridade.
É a partir da segunda metade do século XVIII, nos diz
Foucault, que o corpo é descoberto como objeto e alvo de - Multidisciplinaridade: corresponde ao nível mais baixo e
poder: algo que se manipula, se modela, treina, que obedece, integração. Caracteriza-se como uma justaposição de
que se torna ágil ou cujas forças podem ser multiplicadas, um disciplinas com a intenção de esclarecer alguns de seus
corpo máquina, que se submete e se utiliza, um corpo dócil e elementos comuns.
manipulável. Tudo isso a favor de uma nova anatomia política - Interdisciplinaridade: reúne estudos diferenciados de
nascente, que é também uma forma de poder que, por meio da diversos especialistas em um contexto coletivo de pesquisa.
disciplina, fabrica corpos submissos. As prisões, os hospitais, Implica um esforço por elaborar um contexto mais geral, no qual
os quartéis, as fábricas e os colégios são os espaços cada uma das disciplinas é modificada e passa a depender cada
disciplinares por excelência: na forma de distribuir os qual das demais. A interação proporcionará um enriquecimento
indivíduos, de organizar e controlar as atividades, os espaços recíproco, com transformações em diferentes aspectos, como,
e tempos, nos recursos para garantir o bom adestramento, por exemplo, nas suas metodologias de pesquisa, nos seus
dentre os quais ela destaca os exames. O conhecimento, sua conceitos, na formulação dos problemas, nos instrumentos de
produção e sua divulgação não fogem à lógica do poder que se análise, nos modelos teóricos, etc. Os intercâmbios entre as
está constituindo. disciplinas são mútuos. A bioquímica, a sociolinguística, as
No sentido que será aqui abordado – campo de neurociências são áreas do conhecimento resultantes de
conhecimento, ciência – disciplina refere-se a uma maneira de trabalhos interdisciplinares.
organizar e delimitar um território de trabalho de um corpo de - Transdisciplinaridade: caracteriza-se como o nível mais
conhecimentos e de definir a pesquisa e as experiências dentro alto de interação entre as disciplinas. A interação se dá de tal
de um determinado ângulo de visão. Historicamente, a forma que as fronteiras entre as diferentes disciplinas
diferenciação do conhecimento em disciplinas autônomas vem desaparecem e constitui-se um sistema total que ultrapassa o
se concretizando desde o início do século XIX. plano das relações e interações entre as disciplinas, na busca de
Vincula-se ao processo de transformação social que objetivos comuns e de um ideal de unificação epistemológica.
ocorria nos países em desenvolvimento na Europa, naquele Pode-se falar do aparecimento de uma macrodisciplina.
momento, e à necessidade de especialização demandada pelo
processo de produção industrial. Nesse contexto, as técnicas e Morin59 nos lembra que o movimento de migrações
os saberes foram progressivamente se diferenciando, disciplinares faz parte da história das ciências. As rupturas de
configurando campos, com objetos de estudo próprios, marcos fronteiras disciplinares sempre ocorreram paralelamente à
conceituais, métodos e procedimentos específicos. Esse consolidação das disciplinas, gerando novos campos de
movimento na produção do conhecimento se deu sob forte conhecimento. Cita, como exemplo, a biologia molecular,
influência do paradigma positivista, o que acabou por nascida de transferência entre disciplinas à margem da Física,
influenciar a própria definição do tipo de conhecimento que da Química e da Biologia. A antropologia estrutural de Lévi-
poderia se considerar uma disciplina e, ao mesmo tempo, Strauss, fortemente influenciada pela linguística estrutural de
destituindo diversas formas de conhecimento do estatuto de Jakobon. Ou o movimento da École de Annales, que construiu
ciência. As universidades são instituições que têm um papel uma história numa perspectiva transdisciplinar,
decisivo na configuração e legitimação do conhecimento multimensional, em que se acham presentes contribuições da
científico, uma vez que sua estrutura, seus departamentos, Antropologia, da Economia e da Sociologia entre outras
suas associações profissionais definem concretamente os disciplinas. Para Morin, esses projetos inter-poli-
objetos de estudo, as linhas de pesquisa para a construção e transdisciplinares podem constituir-se em processos de
formalização do conhecimento. complexificação das áreas de pesquisa e, ao mesmo tempo,
recorrem à poli competência do pesquisador.
E é nesse espaço institucional que se produz um
acúmulo enorme de conhecimentos, fragmentados e E quanto à escola, como é que todo esse movimento de
compartilhamentalizados em diferentes disciplinas e produção do conhecimento se reflete na instituição
especialidades que ignoram, embora muitas vezes, escolar?
trabalhem com o mesmo objeto de estudo, Santomé.58
A lógica de organização do conhecimento por disciplinas
Esse paradigma científico, que produziu conhecimentos foi incorporada à cultura escolar e passou a ser o critério
extremamente relevantes para a humanidade, está hoje sendo dominante de estruturação curricular, sobretudo, nos níveis
profundamente questionado, por seus limites e distorções, por de ensino mais elevados, reproduzindo a fragmentação e o
seu reducionismo e determinismo, por sua incapacidade de isolamento das diferentes matérias e campos do
abarcar aspectos da realidade que são estranhos aos seus conhecimento. O questionamento a essa perspectiva, no
marcos conceituais e metodológicos. É nesse contexto que entanto, se faz desde o início do século XX, quando diferentes
surgem as noções de multidisciplinaridade, educadores formulam propostas de ensino que têm como
interdisciplinaridade e transdisciplinaridade entre outros, a objetivo buscar maior unidade no desenvolvimento curricular,
partir de uma crítica à excessiva compartimentalização do na organização dos conteúdos de ensino. Ainda assim, a

57 FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. Raquel 59 MORIN, Edgar. A Cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o
Ramalhete, 19 ed. Petrópolis: Vozes, 1999. pensamento. 5 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
58 SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo

integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

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perspectiva disciplinar permanece fortemente arraigada à entre as disciplinas não garante que os alunos estabeleçam as
nossa cultura escolar, tendo chegado ao seu extremo, aqui no conexões necessárias para a compreensão global do tema.
Brasil, nos anos 70, com o tecnicismo. Os anos 80 foram Para Hernández, esse enfoque é externo à aprendizagem do
fecundos em debates, movimentos de renovação pedagógica e aluno, resulta do esforço e dos conhecimentos do professor e
reformas educativas que buscavam novas orientações mantém a centralidade das disciplinas. Para que a escola
curriculares, com forte componente político. A noção de enfrente as mudanças requeridas no contexto atual, diz ele, a
interdisciplinaridade incorpora-se ao discurso e à prática reorganização curricular deve acontecer na perspectiva da
pedagógica, como expressão de uma busca para superar o transdisciplinaridade.
isolamento entre as disciplinas e para construir propostas As transformações ocorridas nas últimas décadas no
educativas mais adequadas aos anseios dos educadores de cenário sociocultural, econômico, político, no campo do
trabalharem a formação para a cidadania, a partir da realidade conhecimento e das tecnologias, em todo o planeta, e que
do aluno. transformaram decisivamente as relações entre as pessoas e
Diferentes autores teorizam sobre as perspectivas destas com o conhecimento, demandam da escola mudanças
educativas de integração curricular. Zabala60 faz uma distinção profundas. Assumir a Transdisciplinaridade como marco para
entre os métodos globalizados e os enfoques que trabalham uma organização do currículo escolar integrado significa
diferentes relações entre os conteúdos. Nos primeiros, os repensar o trabalho educativo em termos da complexidade do
conteúdos de ensino não se apresentam nem se organizam a conhecimento e de sua produção. Nessa perspectiva, aprender
partir de uma estrutura disciplinar, mas de um tema ou significa interpretar a realidade, compreendendo seus
problema por meio do qual os conteúdos são estudados. O fenômenos e explicando essa compreensão. Isso implica que a
referencial organizador do trabalho pedagógico é o aluno e escola repense os critérios para a organização de seu currículo,
suas necessidades educativas. Os conteúdos estão o porquê de algumas disciplinas serem nele contempladas e
condicionados aos objetivos de formação do aluno. Os outras não, o significado de conteúdo escolar, os
segundos se caracterizam pelo tipo de relação que se procedimentos de ensino/aprendizagem, os processos
estabelece entre as disciplinas; não se referem a uma educativos como um todo.
metodologia concreta, mas a uma determinada maneira de
organizar e apresentar os conteúdos, a partir das disciplinas. Para Hernández, são características do currículo
A prioridade básica são matérias e sua aprendizagem. Zabala transdisciplinar:
observa que as relações entre as disciplinas constituem um - O trabalho é desenvolvido através de temas ou problemas
problema essencialmente epistemológico e apenas como vinculados ao mundo real, à comunidade;
consequência, uma questão escolar. Este autor apresenta - O professor é mediador do processo, que é desenvolvido por
quatro tipos diferentes de relações entre as disciplinas que meio de pesquisas, de projetos de trabalho (ver também verbete
têm aplicação no campo do ensino: multidisciplinaridade, Projetos de Trabalho, no Dicionário Tempos e Espaços
pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e Escolares).
transdisciplinaridade. - O estudo individual cede lugar ao estudo em pequenos
grupos, nos quais os alunos trabalham por projetos;
- Multidisciplinaridade: os conteúdos escolares se - O conhecimento é construído em função da pesquisa que se
apresentam como matérias independentes, como um somatório está realizando;
de disciplinas, sem explicitação de relação entre si. - A avaliação é feita através de portfólios, em que os alunos
- Pluridisciplinaridade: a organização dos conteúdos sistematizam o conhecimento construído e refletem sobre o seu
expressa a existência de relações entre disciplinas mais ou processo de aprendizagem.
menos afins, como, por exemplo, as diferentes ciências Igualmente importante para se repensar um currículo
experimentais. integrado, que favoreça a construção de sentido nas
- Interdisciplinaridade: é a interação de duas ou mais aprendizagens, é a noção de conceito estruturador que
disciplinas, implicando numa troca de conhecimentos de uma permite a concretização da interdisciplinaridade na prática
disciplina à outra (conceitos, leis, etc.), gerando, em alguns escolar.
casos, um novo corpo disciplinar. O conhecimento do meio, no
Ensino Fundamental, pode ser um exemplo de Implicações da interdisciplinaridade no processo de
interdisciplinaridade. ensino-aprendizagem
- Transdisciplinaridade: é o grau máximo de relações entre
as disciplinas, a busca de uma integração global dentro de um A escola, como lugar legítimo de aprendizagem, produção
sistema totalizador que possibilite uma unidade interpretativa. e reconstrução de conhecimento, cada vez mais precisará
acompanhar as transformações da ciência contemporânea,
Segundo Zabala, a transdisciplinaridade constitui-se mais adotar e simultaneamente apoiar as exigências
como um desejo do que como uma realidade. interdisciplinares que hoje participam da construção de novos
Para Hernández61, a interdisciplinaridade da escola tem conhecimentos. A escola precisará acompanhar o ritmo das
como objetivo oferecer uma resposta à necessidade de ensinar mudanças que se operam em todos os segmentos que
aos alunos a unidade do saber. Para isso, os professores compõem a sociedade. O mundo está cada vez mais
organizam o trabalho de modo a colocar em comum a visão de interconectado, interdisciplinarizado e complexo.
diferentes disciplinas sobre um determinado tema como, por Embora a temática da interdisciplinaridade esteja em
exemplo, a Inconfidência Mineira vista numa perspectiva debate tanto nas agências formadoras quanto nas escolas,
histórica, geográfica, das letras e artes. Uma crítica que esse sobretudo nas discussões sobre projeto político-pedagógico,
autor tece a essa perspectiva é relativa ao fato de que, de modo os desafios para a superação do referencial dicotomizador e
geral, não há intercâmbios relacionais reais entre os saberes, parcelado na reconstrução e socialização do conhecimento
já que cada professor costuma dar a uma visão do tema, o que que orienta a prática dos educadores ainda são enormes.
não garantirá que o aluno tenha uma visão relacional do Para Luck,62 o estabelecimento de um trabalho de sentido
mesmo: o fato de os professores evidenciarem as relações interdisciplinar provoca, como toda ação a que não se está

60 ZABALA, Antoni Vidiella.Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma 62LUCK, Heloísa. Pedagogia da interdisciplinaridade. Fundamentos teórico-
proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: Artmed, 2002.ant metodológicos. Petrópolis: Vozes, 2001.
61 HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de

trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

Conhecimentos Pedagógicos 220


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habituado, sobrecarga de trabalho, certo medo de errar, de revelam a visão de mundo que orienta as práticas pedagógicas
perder privilégios e direitos estabelecidos. A orientação para o dos educadores e organizam o trabalho do estudante.
enfoque interdisciplinar na prática pedagógica implica romper Perpassam todos os aspectos da organização escolar, desde o
hábitos e acomodações, implica buscar algo novo e planejamento do trabalho pedagógico, a gestão
desconhecido. É certamente um grande desafio. administrativo-acadêmica, até a organização do tempo e do
A ação interdisciplinar é contrária a qualquer espaço físico e a seleção, disposição e utilização dos
homogeneização e/ou enquadramento conceitual. Faz-se equipamentos e mobiliário da instituição, ou seja, todo o
necessário o desmantelamento das fronteiras artificiais do conjunto das atividades que se realizam no espaço escolar, em
conhecimento. Um processo educativo desenvolvido na seus diferentes âmbitos. As abordagens multidisciplinar,
perspectiva interdisciplinar possibilita o aprofundamento da pluridisciplinar e interdisciplinar fundamentam-se nas
compreensão da relação entre teoria e prática, contribui para mesmas bases, que são as disciplinas, ou seja, o recorte do
uma formação mais crítica, criativa e responsável e coloca conhecimento.
escola e educadores diante de novos desafios tanto no plano Enquanto a multidisciplinaridade expressa frações do
ontológico quanto no plano epistemológico. conhecimento e o hierarquiza, a pluridisciplinaridade estuda
Na sala de aula, ou em qualquer outro ambiente de um objeto de uma disciplina pelo ângulo de várias outras ao
aprendizagem, são inúmeras as relações que intervêm no mesmo tempo. Segundo Nicolescu63, a pesquisa
processo de construção e organização do conhecimento. As pluridisciplinar traz algo a mais a uma disciplina, mas
múltiplas relações entre professores, alunos e objetos de restringe-se a ela, está a serviço dela. A transdisciplinaridade
estudo constroem o contexto de trabalho dentro do qual as refere-se ao conhecimento próprio da disciplina, mas está para
relações de sentido são construídas. Nesse complexo trabalho, além dela. O conhecimento situa-se na disciplina, nas
o enfoque interdisciplinar aproxima o sujeito de sua realidade diferentes disciplinas e além delas, tanto no espaço quanto no
mais ampla, auxilia os aprendizes na compreensão das tempo. Busca a unidade do conhecimento na relação entre a
complexas redes conceituais, possibilita maior significado e parte e o todo, entre o todo e a parte. Adota atitude de abertura
sentido aos conteúdos da aprendizagem, permitindo uma sobre as culturas do presente e do passado, uma assimilação
formação mais consistente e responsável. da cultura e da arte. O desenvolvimento da capacidade de
De todo modo, o professor precisa tornar-se um articular diferentes referências de dimensões da pessoa
profissional com visão integrada da realidade, compreender humana, de seus direitos, e do mundo é fundamento básico da
que um entendimento mais profundo de sua área de formação transdisciplinaridade. De acordo com Nicolescu, para os
não é suficiente para dar conta de todo o processo de ensino. adeptos da transdisciplinaridade, o pensamento clássico é o
Ele precisa apropriar-se também das múltiplas relações seu campo de aplicação, por isso é complementar à pesquisa
conceituais que sua área de formação estabelece com as outras pluri e interdisciplinar. A interdisciplinaridade pressupõe a
ciências. O conhecimento não deixará de ter seu caráter de transferência de métodos de uma disciplina para outra.
especialidade, sobretudo quando profundo, sistemático, Ultrapassa-as, mas sua finalidade inscreve-se no estudo
analítico, meticulosamente reconstruído; todavia, ao educador disciplinar. Pela abordagem interdisciplinar ocorre a
caberá o papel de reconstruí-lo dialeticamente na relação com transversalidade do conhecimento constitutivo de diferentes
seus alunos por meio de métodos e processos disciplinas, por meio da ação didático-pedagógica mediada
verdadeiramente produtivos. pela pedagogia dos projetos temáticos. Estes facilitam a
A escola é um ambiente de vida e, ao mesmo tempo, um organização coletiva e cooperativa do trabalho pedagógico,
instrumento de acesso do sujeito à cidadania, à criatividade e embora sejam ainda recursos que vêm sendo utilizados de
à autonomia. Não possui fim em si mesma. Ela deve constituir- modo restrito e, às vezes, equivocados. A interdisciplinaridade
se como processo de vivência, e não de preparação para a vida. é, portanto, entendida aqui como abordagem teórico-
Por isso, sua organização curricular, pedagógica e didática metodológica em que a ênfase incide sobre o trabalho de
deve considerar a pluralidade de vozes, de concepções, de integração das diferentes áreas do conhecimento, um real
experiências, de ritmos, de culturas, de interesses. A escola trabalho de cooperação e troca, aberto ao diálogo e ao
deve conter, em si, a expressão da convivialidade humana, planejamento. Essa orientação deve ser enriquecida, por meio
considerando toda a sua complexidade. A escola deve ser, por de proposta temática trabalhada transversalmente ou em
sua natureza e função, uma instituição interdisciplinar. redes de conhecimento e de aprendizagem, e se expressa por
A escola precisa acolher diferentes saberes, diferentes meio de uma atitude que pressupõe planejamento sistemático
manifestações culturais e diferentes óticas, empenhar-se para e integrado e disposição para o diálogo.
se constituir, ao mesmo tempo, em um espaço de A transversalidade é entendida como uma forma de
heterogeneidade e pluralidade, situada na diversidade em organizar o trabalho didático-pedagógico em que temas, eixos
movimento, no processo tornado possível por meio de temáticos são integrados às disciplinas, às áreas ditas
relações intersubjetivas, fundamentada no princípio convencionais de forma a estarem presentes em todas elas. A
emancipador. Cabe, nesse sentido, às escolas desempenhar o transversalidade difere-se da interdisciplinaridade e
papel socioeducativo, artístico, cultural, ambiental, complementam-se; ambas rejeitam a concepção de
fundamentadas no pressuposto do respeito e da valorização conhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto
das diferenças, entre outras, de condição física, sensorial e e acabado. A primeira se refere à dimensão didático-
sócio emocional, origem, etnia, gênero, classe social, contexto pedagógica e a segunda, à abordagem epistemológica dos
sociocultural, que dão sentido às ações educativas, objetos de conhecimento. A transversalidade orienta para a
enriquecendo-as, visando à superação das desigualdades de necessidade de se instituir, na prática educativa, uma analogia
natureza sociocultural e socioeconômica. Contemplar essas entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados
dimensões significa a revisão dos ritos escolares e o (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real
alargamento do papel da instituição escolar e dos educadores, (aprender na realidade e da realidade). Dentro de uma
adotando medidas proativas e ações preventivas. compreensão interdisciplinar do conhecimento, a
Na organização e gestão do currículo, as abordagens transversalidade tem significado, sendo uma proposta didática
disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar que possibilita o tratamento dos conhecimentos escolares de
requerem a atenção criteriosa da instituição escolar, porque forma integrada. Assim, nessa abordagem, a gestão do

63NICOLESCU,Basarab. Um novo tipo de conhecimento – transdisciplinaridade. In: Vero, Maria F. de Mello e Américo Sommerman. Brasília: UNESCO, 2000. (Edições
NICOLESCU, Basarab et al. Educação e transdisciplinaridade. Tradução de Judite UNESCO).

Conhecimentos Pedagógicos 221


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conhecimento parte do pressuposto de que os sujeitos são administrativo‐acadêmica, até a organização do tempo e do
agentes da arte de problematizar e interrogar, e buscam espaço físico e a seleção, disposição e utilização dos
procedimentos interdisciplinares capazes de acender a chama equipamentos e mobiliário da instituição, ou seja, todo o
do diálogo entre diferentes sujeitos, ciências, saberes e temas. conjunto das atividades que se realizam no espaço escolar, em
Portanto, a interdisciplinaridade é um movimento seus diferentes âmbitos."
importante de articulação entre o ensinar e o aprender. (Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação
Compreendida como formulação teórica e assumida enquanto Básica, 2013.)
atitude, tem a potencialidade de auxiliar os educadores e as
escolas na ressignificação do trabalho pedagógico em termos As abordagens multidisciplinar, pluridisciplinar e
de currículo, de métodos, de conteúdos, de avaliação e nas interdisciplinar fundamentam‐se nas mesmas bases, que são
formas de organização dos ambientes para a aprendizagem. as disciplinas, ou seja, o recorte do conhecimento.
Considerando essas abordagens, analise a afirmativa a seguir.
Questões
“A ______ expressa frações do conhecimento e o hierarquiza,
01. (FUNECE – CE - Técnico em Assuntos a ______ estuda um objeto de uma disciplina pelo ângulo de
Educacionais/2017) Conforme o grau de integração das várias outras ao mesmo tempo. A _____ refere‐se ao
diferentes disciplinas reagrupadas em um determinado conhecimento próprio da disciplina, mas está para além dela.
momento, podemos estabelecer diferentes níveis de O conhecimento situa‐se na disciplina, nas diferentes
interdisciplinaridade. Segundo Piaget (1979), os níveis de disciplinas e além delas, tanto no espaço quanto no tempo. A
colaboração e integração entre disciplinas, são: _____ pressupõe a transferência de métodos de uma disciplina
(A) Multidisciplinaridade, interdisciplinaridade, para outra. Ultrapassa‐as, mas sua finalidade inscreve‐se no
transdisciplinaridade. estudo disciplinar."
(B) Pluridisciplinaridade, disciplinaridade cruzada,
multidisciplinaridade. Assinale a alternativa que completa correta e
(C) Interdisciplinaridade auxiliar, composta e unificadora. sequencialmente a afirmativa anterior.
(D) Pseudo-interdisciplinaridade, interdisciplinaridade
estrutural e restritiva. (A) Multidisciplinaridade / pluridisciplinaridade /
transdisciplinaridade / interdisciplinaridade
02. (CESGRANRIO – UNIRIO - Pedagogo/2016) Numa (B) Transdisciplinaridade / interdisciplinaridade /
reunião pedagógica, os professores devem refletir sobre o multidisciplinaridade / pluridisciplinaridade
limite de suas disciplinas, a relatividade das mesmas e a (C) Interdisciplinaridade / multidisciplinaridade /
necessidade da interdisciplinaridade, que permite: pluridisciplinaridade / transdisciplinaridade
(A) Ensinar dentro de uma nova metodologia. (D) Pluridisciplinaridade / transdisciplinaridade /
(B) Hierarquizar melhor as disciplinas. interdisciplinaridade / multidisciplinaridade
(C) Organizar melhor os conteúdos de cada disciplina.
(D) Passar de um saber setorizado a um conhecimento 05. (FUNIVERSA - Secretaria da Criança – DF -
integrado. Especialista Socioeducativo – Pedagogia) Assinale a
(E) Maior consenso entre os professores. alternativa que apresenta o termo correspondente à definição
a seguir: caracteriza-se como nova concepção de divisão do
03. (FUNRIO – IFPA - Pedagogo/2016) A saber e visa à interdependência, à interação e à comunicação
interdisciplinaridade pode ser assim definida: existentes entre as áreas do conhecimento. Há a interação e o
compartilhamento de ideias, opiniões e explicações.
(A) Os conteúdos escolares são apresentados por matérias (A) Multidisciplinaridade
ou disciplinas independentes umas das outras. O conjunto de (B) Interdisciplinaridade
matérias é proposto simultaneamente aos estudantes. Trata- (C) Contextualização
se de uma organização somativa. (D) Transdisciplinaridade
(B) A interação entre duas ou mais disciplinas, que pode ir (E) Pluridisciplinaridade
desde a simples comunicação entre elas até a integração
recíproca de conceitos fundamentais podendo implicar, em 06. (CESPE – SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargo
alguns casos, em um novo corpo disciplinar. 2/2017) Com relação a planejamento pedagógico,
(C) O grau máximo de relações entre as disciplinas, daí que transdisciplinaridade, avaliação e projeto político-pedagógico,
supõe uma integração global dentro de um sistema julgue o item que se segue. A transdisciplinaridade, sem negar
globalizador, com o propósito de explicar a realidade sem a interdisciplinaridade, propõe a superação da fragmentação
parcelamento do conhecimento. do conhecimento e o trabalho de forma integrada.
(D) Uma multiplicidade de disciplinas e, cada uma delas, ( ) Certo ( ) Errado
em sua especialização, cria um corpo diferenciado,
determinado por um campo ou objeto material de referência. 07. (CESPE – SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargo
(E) Temas voltados para a compreensão e para a 2/2017) Com relação a planejamento pedagógico,
construção da realidade social, que são assim adjetivados por transdisciplinaridade, avaliação e projeto político-pedagógico,
não pertencerem a nenhuma disciplina específica, mas por julgue o item que se segue. Os elementos constituintes, os
atravessarem todas elas como se a todas fossem pertinentes. objetivos e os conteúdos de um planejamento devem,
obrigatoriamente, estar interligados, mas as estratégias, não,
04. (IDECAN – RN - Professor de Ensino Religioso/2016) pois estas são flexíveis.
“Na organização e gestão do currículo, as abordagens ( ) Certo ( ) Errado
disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar
requerem a atenção criteriosa da instituição escolar, porque 08. Com relação as características fundamentadas por
revelam a visão de mundo que orienta as práticas pedagógicas Hernández acerca da transdisciplinaridade, julgue o item que
dos educadores e organizam o trabalho do estudante. se segue. O professor é mediador do processo, que é
Perpassam todos os aspectos da organização escolar, desde o desenvolvido por meio de pesquisas e/ou trabalhos, desta
planejamento do trabalho pedagógico, a gestão

Conhecimentos Pedagógicos 222


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forma o conhecimento é construído em função da pesquisa em 08. Certo


que se O professor é mediador do processo, que é desenvolvido
( ) Certo ( ) Errado por meio de pesquisas, de projetos de trabalho, favorecendo a
construção do conhecimento em função da pesquisa que se
Respostas está realizando.

01. A
Estudiosos do tema propõem diferentes modalidades de XVIII - A avaliação da
colaboração entre as disciplinas, às vezes, com subdivisões
dentro de um mesmo nível de relação (interdisciplinaridade
aprendizagem na
linear, estrutural, restritiva), dentre os quais, Piaget, que perspectiva de um Currículo
apresenta o seguinte modelo: multidisciplinaridade, Inclusivo.
interdisciplinaridade e transdisciplinaridade.

02. D
A Avaliação
Numa reunião pedagógica, os professores devem refletir
sobre o limite de suas disciplinas, a relatividade das mesmas e
A avaliação64, tal como concebida e vivenciada na maioria
a necessidade da interdisciplinaridade, que permite passar de
das escolas brasileiras, tem se constituído no principal
um saber setorizado a um conhecimento integrado.
mecanismo de sustentação da lógica de organização do
trabalho escolar e, portanto, legitimador do fracasso,
03. B
ocupando mesmo o papel central nas relações que
A interdisciplinaridade da escola tem como objetivo
estabelecem entre si os profissionais da educação, alunos e
oferecer uma resposta à necessidade de ensinar aos alunos a
pais.
unidade do saber. Para isso, os professores organizam o
Os métodos de avaliação ocupam, sem dúvida espaço
trabalho de modo a colocar em comum a visão de diferentes
relevante no conjunto das práticas pedagógicas aplicadas ao
disciplinas sobre um determinado tema como, por exemplo, a
processo de ensino e aprendizagem. Avaliar, neste contexto,
Inconfidência Mineira vista numa perspectiva histórica,
não se resume à mecânica do conceito formal e estatístico; não
geográfica, das letras e artes.
é simplesmente atribuir notas, obrigatórias à decisão de
avanço ou retenção em determinadas disciplinas.
04. A
Para Oliveira65, devem representar as avaliações aqueles
Enquanto a multidisciplinaridade expressa frações do
instrumentos imprescindíveis à verificação do aprendizado
conhecimento e o hierarquiza, a pluridisciplinaridade estuda
efetivamente realizado pelo aluno, ao mesmo tempo que
um objeto de uma disciplina pelo ângulo de várias outras ao
forneçam subsídios ao trabalho docente, direcionando o
mesmo tempo. Segundo Nicolescu, a pesquisa pluridisciplinar
esforço empreendido no processo de ensino e aprendizagem
traz algo a mais a uma disciplina, mas restringe-se a ela, está a
de forma a contemplar a melhor abordagem pedagógica e o
serviço dela. A transdisciplinaridade refere-se ao
mais pertinente método didático adequado à disciplina – mas
conhecimento próprio da disciplina, mas está para além dela.
não somente -, à medida que consideram, igualmente, o
O conhecimento situa-se na disciplina, nas diferentes
contexto sócio-político no qual o grupo está inserido e as
disciplinas e além delas, tanto no espaço quanto no tempo. A
condições individuais do aluno, sempre que possível.
interdisciplinaridade pressupõe a transferência de métodos
A avaliação da aprendizagem possibilita a tomada de
de uma disciplina para outra. Ultrapassa-as, mas sua finalidade
decisão e a melhoria da qualidade de ensino, informando as
inscreve-se no estudo disciplinar. Pela abordagem
ações em desenvolvimento e a necessidade de regulações
interdisciplinar ocorre a transversalidade do conhecimento
constantes.
constitutivo de diferentes disciplinas, por meio da ação
didático-pedagógica mediada pela pedagogia dos projetos
Origem da avaliação
temáticos.
Avaliar vem do latim a + valere, que significa atribuir valor
05. B
e mérito ao objeto em estudo. Portanto, avaliar é atribuir um
A interdisciplinaridade constitui-se em uma nova
juízo de valor sobre a propriedade de um processo para a
concepção de divisão do saber. Visa à interdependência, à
aferição da qualidade do seu resultado, porém, a compreensão
interação e à comunicação existente entre as áreas do
do processo de avaliação do processo ensino/aprendizagem tem
conhecimento. Busca a integração do conhecimento num todo
sido pautada pela lógica da mensuração, isto é, associa-se o ato
harmônico e significativo, ou seja, não fragmentado.
de avaliar ao de “medir” os conhecimentos adquiridos pelos
alunos.
06. Certo
A avaliação da aprendizagem tem seus princípios e
A transdisciplinaridade transpassa as disciplinas,
características no campo da Psicologia, sendo que as duas
amarrando as pontas para que não fique fraguimentado
primeiras décadas do século XX foram marcadas pelo
determinado assunto ou aula em relação aos objetivos a serem
desenvolvimento de testes padronizados para medir as
alcançados pelo professor e seus alunos.
habilidades e aptidões dos alunos.
A avaliação é uma operação descritiva e informativa nos
07. Errado
meios que emprega, formativa na intenção que lhe preside e
Os elementos constituintes, os objetivos, as estratégias e os
independente face à classificação. De âmbito mais vasto e
conteúdos de um planejamento devem, obrigatoriamente,
conteúdo mais rico, a avaliação constitui uma operação
estar interligados, mas devem ser flexíveis, pois o
indispensável em qualquer sistema escolar.
planejamento não é algo estático, parado, e sim evolutivo em
Havendo sempre, no processo de ensino/aprendizagem,
constante desenvolvimento.
um caminho a seguir entre um ponto de partida e um ponto de
chegada, naturalmente que é necessário verificar se o trajeto

64 Texto adaptado de KRAEMER, M. E. P. 65OLIVEIRA, I. B. Currículos praticados: entre a regulação e a emancipação. Rio de
Janeiro: DP & A, 2003.

Conhecimentos Pedagógicos 223


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está a decorrer em direção à meta, se alguns pararam por não construtivista. Para Guba e Lincoln é uma forma responsiva de
saber o caminho ou por terem enveredado por um desvio enfocar e um modo construtivista de fazer.
errado.
É essa informação, sobre o progresso de grupos e de cada A avaliação é responsiva porque, diferentemente das
um dos seus membros, que a avaliação tenta recolher e que é alternativas anteriores que partem inicialmente de
necessária a professores e alunos. variáveis, objetivos, tipos de decisão e outros, ela se situa e
A avaliação descreve que conhecimentos, atitudes ou desenvolve a partir de preocupações, proposições ou
aptidões que os alunos adquiriram, ou seja, que objetivos do controvérsias em relação ao objetivo da avaliação, seja ele
ensino já atingiram num determinado ponto de percurso e que um programa, projeto, curso ou outro foco de atenção. Ela
dificuldades estão a revelar relativamente a outros. é construtivista em substituição ao modelo científico, que
Esta informação é necessária ao professor para procurar tem caracterizado, de um modo geral, as avaliações mais
meios e estratégias que possam ajudar os alunos a resolver prestigiadas neste século.
essas dificuldades e é necessária aos alunos para se
aperceberem delas (não podem os alunos identificar Neste sentido, Souza diz que a finalidade da avaliação, de
claramente as suas próprias dificuldades num campo que acordo com a quarta geração, é fornecer, sobre o processo
desconhecem) e tentarem ultrapassá-las com a ajuda do pedagógico, informações que permitam aos agentes escolares
professor e com o próprio esforço. Por isso, a avaliação tem decidir sobre as intervenções e redirecionamentos que se
uma intenção formativa. fizerem necessários em face do projeto educativo, definido
A avaliação proporciona também o apoio a um processo a coletivamente, e comprometido com a garantia da
decorrer, contribuindo para a obtenção de produtos ou aprendizagem do aluno. Converte-se, então, em um
resultados de aprendizagem. instrumento referencial e de apoio às definições de natureza
pedagógica, administrativa e estrutural, que se concretiza por
As avaliações a que o professor procede enquadram-se meio de relações partilhadas e cooperativas.
em três grandes tipos: avaliação diagnostica, formativa e
somativa. Funções do processo avaliativo

Evolução da avaliação As funções da avaliação são: de diagnóstico, de verificação


e de apreciação.
A partir do início do século XX, a avaliação vem
atravessando pelo menos quatro gerações, conforme Guba e Função diagnóstica - A primeira abordagem, de acordo
Lincoln66 são elas: mensuração, descritiva, julgamento e com Miras e Solé67, contemplada pela avaliação diagnóstica
negociação. (ou inicial), é a que proporciona informações acerca das
capacidades do aluno antes de iniciar um processo de
1 – Mensuração – não distinguia avaliação e medida. Nessa ensino/aprendizagem, ou ainda, segundo Bloom, Hastings e
fase, era preocupação dos estudiosos a elaboração de Madaus, busca a determinação da presença ou ausência de
instrumentos ou testes para verificação do rendimento habilidades e pré-requisitos, bem como a identificação das
escolar. O papel do avaliador era, então, eminentemente causas de repetidas dificuldades na aprendizagem.
técnico e, neste sentido, testes e exames eram indispensáveis A avaliação diagnóstica pretende averiguar a posição do
na classificação de alunos para se determinar seu progresso. aluno face a novas aprendizagens que lhe vão ser propostas e
a aprendizagens anteriores que servem de base àquelas, no
2 – Descritiva – essa geração surgiu em busca de melhor sentido de obviar as dificuldades futuras e, em certos casos, de
entendimento do objetivo da avaliação. Conforme os resolver situações presentes.
estudiosos, a geração anterior só oferecia informações sobre o
aluno. Função formativa - A segunda função á a avaliação
Precisavam ser obtidos dados em função dos objetivos por formativa que, conforme Haydt, permite constatar se os alunos
parte dos alunos envolvidos nos programas escolares, sendo estão, de fato, atingindo os objetivos pretendidos, verificando
necessário descrever o que seria sucesso ou dificuldade com a compatibilidade entre tais objetivos e os resultados
relação aos objetivos estabelecidos. efetivamente alcançados durante o desenvolvimento das
Neste sentido o avaliador estava muito mais concentrado atividades propostas.
em descrever padrões e critérios. Foi nessa fase que surgiu o Representa o principal meio através do qual o estudante
termo “avaliação educacional”. passa a conhecer seus erros e acertos, assim, maior estímulo
para um estudo sistemático dos conteúdos.
3 – Julgamento – a terceira geração questionava os testes Outro aspecto é o da orientação fornecida por este tipo de
padronizados e o reducionismo da noção simplista de avaliação, tanto ao estudo do aluno como ao trabalho do
avaliação como sinônimo de medida; tinha como preocupação professor, principalmente através de mecanismos de
maior o julgamento. feedback.
Neste sentido, o avaliador assumiria o papel de juiz, Estes mecanismos permitem que o professor detecte e
incorporando, contudo, o que se havia preservado de identifique deficiências na forma de ensinar, possibilitando
fundamental das gerações anteriores, em termos de reformulações no seu trabalho didático, visando aperfeiçoa-lo.
mensuração e descrição. Para Bloom, Hastings e Madaus, a avaliação formativa visa
Assim, o julgamento passou a ser elemento crucial do informar o professor e o aluno sobre o rendimento da
processo avaliativo, pois não só importava medir e descrever, aprendizagem no decorrer das atividades escolares e a
era preciso julgar sobre o conjunto de todas as dimensões do localização das deficiências na organização do ensino para
objeto, inclusive sobre os próprios objetivos. possibilitar correção e recuperação.
A avaliação formativa pretende determinar a posição do
4 – Negociação – nesta geração, a avaliação é um processo aluno ao longo de uma unidade de ensino, no sentido de
interativo, negociado, que se fundamenta num paradigma identificar dificuldades e de lhes dar solução.

66FIRME, Tereza Penna. Avaliação: tendências e tendenciosidades. Avaliação v 67MIRAS, M., SOLÉ, I. A Evolução da Aprendizagem e a Evolução do Processo de
Políticas Públicas Educacionais, Rio de Janeiro,1994. Ensino e Aprendizagem in COLL, C., PALACIOS, J., MARCHESI, A. Desenvolvimento
psicológico e educação: psicologia da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

Conhecimentos Pedagógicos 224


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Função somativa – Tem como objetivo, segundo Miras e Tabela 1 – Comparação entre a concepção tradicional de
Solé determinar o grau de domínio do aluno em uma área de avaliação com uma mais adequada
aprendizagem, o que permite outorgar uma qualificação que,
por sua vez, pode ser utilizada como um sinal de credibilidade Modelo tradicional de Modelo adequado
da aprendizagem realizada. avaliação
Pode ser chamada também de função creditativa. Também
tem o propósito de classificar os alunos ao final de um período Foco na promoção – o alvo Foco na aprendizagem - o
de aprendizagem, de acordo com os níveis de aproveitamento. dos alunos é a promoção. Nas alvo do aluno deve ser a
primeiras aulas, se discutem aprendizagem e o que de
A avaliação somativa pretende ajuizar do progresso as regras e os modos pelos proveitoso e prazeroso dela
realizado pelo aluno no final de uma unidade de quais as notas serão obtidas obtém.
aprendizagem, no sentido de aferir resultados já colhidos para a promoção de uma
por avaliações do tipo formativa e obter indicadores que série para outra. Implicação - neste contexto,
permitem aperfeiçoar o processo de ensino. Corresponde a a avaliação deve ser um
um balanço final, a uma visão de conjunto relativamente a Implicação – as notas vão auxílio para se saber quais
um todo sobre o qual, até aí, só haviam sido feitos juízos sendo observadas e objetivos foram atingidos,
parcelares. registradas. Não importa quais ainda faltam e quais as
como elas foram obtidas, nem interferências do professor
Objetivos da avaliação por qual processo o aluno que podem ajudar o aluno.
passou.
Na visão de Miras e Solé, os objetivos da avaliação são
traçados em torno de duas possibilidades: emissão de “um Foco nas provas - são Foco nas competências - o
juízo sobre uma pessoa, um fenômeno, uma situação ou um utilizadas como objeto de desenvolvimento das
objeto, em função de distintos critérios”, e “obtenção de pressão psicológica, sob competências previstas no
informações úteis para tomar alguma decisão”. pretexto de serem um projeto educacional devem
Para Nérici, a avaliação é uma etapa de um procedimento 'elemento motivador da ser a meta em comum dos
maior que incluiria uma verificação prévia. A avaliação, para aprendizagem', seguindo professores.
este autor, é o processo de ajuizamento, apreciação, ainda a sugestão de
julgamento ou valorização do que o educando revelou ter Comenius em sua Didática Implicação - a avaliação
aprendido durante um período de estudo ou de Magna criada no século XVII.
deixa de ser somente um
desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem. É comum ver professores objeto de certificação da
Para outros autores, a avaliação pode ser considerada utilizando ameaças como consecução de objetivos, mas
como um método de adquirir e processar evidências "Estudem! Caso contrário, também se torna necessária
necessárias para melhorar o ensino e a aprendizagem, vocês poderão se dar mal nocomo instrumento de
incluindo uma grande variedade de evidências que vão além dia da prova!" ou "Fiquem diagnóstico e
do exame usual de ‘papel e lápis’. quietos! Prestem atenção! Oacompanhamento do
É ainda um auxílio para classificar os objetivos dia da prova vem aí e vocêsprocesso de aprendizagem.
significativos e as metas educacionais, um processo para verão o que vai acontecer..."
Neste ponto, modelos que
determinar em que medida os alunos estão se desenvolvendo indicam passos para a
dos modos desejados, um sistema de controle da qualidade, Implicação - as provas são progressão na aprendizagem,
pelo qual pode ser determinada etapa por etapa do processo utilizadas como um fator como a Taxionomia dos
ensino/aprendizagem, a efetividade ou não do processo e, em negativo de motivação. Os Objetivos Educacionais de
caso negativo, que mudança devem ser feitas para garantir sua alunos estudam pela ameaça Benjamin Bloom, auxiliam
efetividade. da prova, não pelo que a muito a prática da avaliação e
aprendizagem pode lhes a orientação dos alunos.
Modelo tradicional de avaliação x modelo mais trazer de proveitoso e
adequado prazeroso. Estimula o
desenvolvimento da
Gadotti diz que a avaliação é essencial à educação, inerente submissão e de hábitos de
e indissociável enquanto concebida como problematização, comportamento físico tenso
questionamento, reflexão, sobre a ação. (estresse).
Entende-se que a avaliação não pode morrer, ela se faz
necessária para que possamos refletir, questionar e
transformar nossas ações. Os estabelecimentos de Estabelecimentos de ensino
O mito da avaliação é decorrente de sua caminhada ensino estão centrados nos centrados na qualidade - os
histórica, sendo que seus fantasmas ainda se apresentam resultados das provas e estabelecimentos de ensino
como forma de controle e de autoritarismo por diversas exames - eles se preocupam devem preocupar-se com o
gerações. Acreditar em um processo avaliativo mais eficaz é o com as notas que presente e o futuro do aluno,
mesmo que cumprir sua função didático-pedagógica de demonstram o quadro global especialmente com relação à
auxiliar e melhorar o ensino/aprendizagem. dos alunos, para a promoção sua inclusão social
A forma como se avalia, segundo Luckesi, é crucial para a ou reprovação. (percepção do mundo,
concretização do projeto educacional. É ela que sinaliza aos criatividade,
alunos o que o professor e a escola valorizam. O autor, na Implicação - o processo empregabilidade, interação,
tabela 1, traça uma comparação entre a concepção tradicional educativo permanece oculto. posicionamento, criticidade).
de avaliação com uma mais adequada a objetivos A leitura das médias tende a
contemporâneos, relacionando-as com as implicações de sua ser ingênua (não se buscam Implicação - o foco da escola
adoção. os reais motivos para passa a ser o resultado de seu
discrepâncias em ensino para o aluno e não
determinadas disciplinas). mais a média do aluno na
escola.

Conhecimentos Pedagógicos 225


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APOSTILAS OPÇÃO

O sistema social se Sistema social preocupado Uma descrição da avaliação e da aprendizagem poderia
contenta com as notas - as com o futuro - Já alertava o revelar todos os fatos que aconteceram na sala de aula. Se fosse
notas são suficientes para os ex-ministro da Educação, instituída, a descrição (e não a prescrição) seria uma fonte de
quadros estatísticos. Cristóvam Buarque: "Para dados da realidade, desde que não houvesse uma vinculação
Resultados dentro da saber como será um país prescrita com os resultados.
normalidade são bem vistos, daqui há 20 anos, é preciso A isenção advinda da necessidade de analisar a
não importando a qualidade e olhar como está sua escola aprendizagem (e não julgá-la) levaria o professor e os alunos a
os parâmetros para sua pública no presente". Esse é constatarem o que realmente ocorreu durante o processo: se o
obtenção (salvo nos casos de um sinal de que a sociedade professor e os alunos tivessem espaço para revelar os fatos tais
exames como o ENEM que, de já começa a se preocupar com como eles realmente ocorreram, a avaliação seria real,
certa forma, avaliam e o distanciamento educacional principalmente discutida coletivamente.
"certificam" os diferentes do Brasil com o dos demais
grupos de práticas países. É esse o caminho para No entanto, a prática das instituições não encontrou uma
educacionais e revertermos o quadro de uma forma de agir que tornasse possível essa isenção: as
estabelecimentos de ensino). educação "domesticadora" prescrições suplantam as descrições e os pré-julgamentos
para "humanizadora". impedem as observações.
Implicação - não há garantia A consequência mais grave é que essa arrogância não
sobre a qualidade, somente Implicação - valorização da permite o aperfeiçoamento do processo de ensino e
os resultados interessam, educação de resultados aprendizagem. E este é o grande dilema da avaliação da
mas estes são relativos. efetivos para o indivíduo. aprendizagem.
Sistemas educacionais que O entendimento da avaliação, como sendo a medida dos
rompem com esse tipo de ganhos da aprendizagem pelo aluno, vem sofrendo denúncias
procedimento tornam-se há décadas, desde que as teorias da educação escolar
incompatíveis com os demais, recolocaram a questão no âmbito da cognição.
são marginalizados e, por Pretende-se uma mudança da avaliação de resultados para
isso, automaticamente uma avaliação de processo, indicando a possibilidade de
pressionados a agir da forma realizar-se na prática pela descrição e não pela prescrição da
tradicional. aprendizagem.

Avaliação da aprendizagem68
Mudando de paradigma, cria-se uma nova cultura
avaliativa, implicando na participação de todos os envolvidos A noção de aprendizagem está, em sua origem, associada a
no processo educativo. Isto é corroborado por Benvenutti, ao ideia de apreensão de conhecimento e, nesse sentido, só pode
dizer que a avaliação deve estar comprometida com a escola e ser compreendida em função de determinada concepção de
esta deverá contribuir no processo de construção do caráter, da conhecimento – algo que a filosofia compreende como base ou
consciência e da cidadania, passando pela produção do matriz epistemológica. A partir de tais concepções, podem ser
conhecimento, fazendo com que o aluno compreenda o mundo focalizadas três possibilidades de definição de aprendizagem:
em que vive, para usufruir dele, mas sobretudo que esteja
preparado para transformá-lo. “Aprendizagem é mudança de comportamento
resultante do treino ou da experiência”
A avaliação da aprendizagem como processo
construtivo de um novo fazer Esta seria a definição mais impregnada e dominante no
campo psicológico e pedagógico e, certamente, a mais
O processo de conquista do conhecimento pelo aluno ainda resistente às proposições alternativas. Funda-se na concepção
não está refletido na avaliação. Para Wachowicz & empirista formulada por Locke e Hume. Realimenta-se do
Romanowski, embora historicamente a questão tenha positivismo de Comte, com seus ideais de objetividade
evoluído muito, pois trabalha a realidade, a prática mais científica, ao final do século XIX e se encarna como corrente
comum na maioria das instituições de ensino ainda é um behaviorista, comportamentista ou de estímulo–resposta, no
registro em forma de nota, procedimento este que não tem as início do século XX. Valoriza o polo do objeto e não o do sujeito,
condições necessárias para revelar o processo de marcando a influência do meio ou do ambiente através de
aprendizagem, tratando-se apenas de uma contabilização dos estímulos, sensações e associações. Reserva ao sujeito o papel
resultados. de receptáculo e reprodutor de informações, através de
Quando se registra, em forma de nota, o resultado obtido modelagens comportamentais progressivamente reforçadas e
pelo aluno, fragmenta-se o processo de avaliação e introduz-se dele expropria funções mais elaboradas que tenham relação
uma burocratização que leva à perda do sentido do processo e com motivações e significações. Neste modelo, aprendizagem
da dinâmica da aprendizagem. e ensino têm o mesmo estatuto ou identidade, pois a primeira
Se a avaliação tem sido reconhecida como uma função é considerada decorrência linear do segundo (em outros
diretiva, ou seja, tem a capacidade de estabelecer a direção do termos: se algo foi ensinado, dentro de contingências
processo de aprendizagem, oriunda esta capacidade de sua ambientais adequadas, certamente foi apreendido...). Na
característica pragmática, a fragmentação e a burocratização perspectiva pedagógica, essa concepção encontra plena
acima mencionadas levam à perda da dinamicidade do afinidade com práticas mecanicistas, tecnicistas e bancárias –
processo. metáfora utilizada por Paulo Freire, para traduzir a ideia de
passividade do sujeito, depositário de informações, conforme
Os dados registrados são formais e não representam a a lógica do acúmulo, a serviço da seleção e da classificação.
realidade da aprendizagem, embora apresentem
consequências importantes para a vida pessoal dos alunos, “Aprendizagem é apreensão de configurações
para a organização da instituição escolar e para a perceptuais através de insights”.
profissionalização do professor.

68 http://crv.educacao.mg.gov.br/

Conhecimentos Pedagógicos 226


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Esta seria a concepção que se opõe à anterior, polarizando proximal”: a primeira referindo-se às competências ou
em torno das condições do sujeito e não mais do objeto ou domínios já instalados (no campo conceitual,
meio. Funda-se em uma base filosófica de natureza procedimental ou atitudinal, por exemplo) e a segunda
racionalista ou apriorista, que percebe o conhecimento como entendida como campo aberto de possibilidades, em
resultante de estruturas pré-formadas, de variáveis biológicas transição ou em vias de se consolidar, a partir de
ou maturacionais e de organização perceptual de situações intervenções ou mediações de outros – professores ou pares
imediatas. A escola psicológica alemã conhecida como Gestalt, mais experientes ou competentes em determinada área,
responsável no início do século XX, por estudos na vertente da tarefa ou função.70
percepção, constitui umas das expressões mais fortes dessa
posição, tendo deixado um legado mais associado ao estudo da Nesse sentido, este teórico redimensiona a relação ensino-
“boa forma” ou das condições capazes de propiciar soluções de aprendizagem, superando as dicotomias e fragmentação de
problemas por discernimento súbito (insight), em função de outras concepções e valoriza o aprendizado escolar como meio
relações estabelecidas na totalidade da situação. Neste privilegiado para as mediações em direito a patamares
modelo, a aprendizagem prevalece sobre o ensino, em seu conceituais mais elevados.
estatuto de autossuficiência e autorregulação, reducionismo Além disso, a perspectiva dialética dessa abordagem insere
que permanece recusando a relação ensino-aprendizagem e se a aprendizagem em uma dimensão mais próxima de nossa
fixando em apenas um de seus polos. realidade educacional: um processo marcado por
contradições, conflitos, rupturas e, até mesmo, regressões –
“Aprendizagem é organização de conhecimentos como necessitando, por isso mesmo, de mediações que assegurem o
estruturas, ou rede construídas a partir das interações espaço do reconhecimento das práticas sociais dos alunos, de
entre sujeito e meio de conhecimento ou práticas sociais” seus conhecimentos prévios, dos significados e sentidos
pertinentes às situações de aprendizagem de cada sujeito
Esta seria uma concepção de base construtivista ou singular e de suas dimensões compartilhadas.
interacionista, comprometida com a superação dos As abordagens contemporâneas da Psicologia da
reducionismos anteriores (experiência advinda dos objetos X Aprendizagem e dos estudos sobre reorientações curriculares
pré-formação de estruturas) e identificada com modelos mais apoiam-se nessas categorias para a necessária reorientação
abertos, fundados nas ideias de gênese ou processo. das estratégias de aprendizagem.
Por esta razão, suas principais vertentes podem ser
identificadas como “psicogenéticas” e são representadas pela Um enfoque superficial: centrado em estratégias
Epistemologia Genética Piagetiana e pela abordagem sócio- mnemônicas ou de memorização (reprodutoras em
histórica dos psicólogos soviéticos (Vygotsky, Luria e contingências de provas ou exames) ou centrado em
Leontierv, em especial). passividade, isolamento, ausência de reflexão sobre
propósitos ou estratégias; maior foco na fragmentação e no
Dois destaques merecem ser feitos em relação a essas duas acúmulo de elementos;
vertentes:
Um enfoque profundo: centrado na intenção de
1- Na perspectiva piagetiana, aprendizagem se compreender, na relação das novas ideias e conceitos com o
identifica com adaptação ou equilibração à medida que conhecimento anterior, na relação dos conceitos como
supõe a “passagem de um estado de menor conhecimento a experiência cotidiana, nos componentes significativos dos
um estado de conhecimento mais avançado” ou “uma conteúdos, nas inter-relações e nas condições de
construção sucessiva com elaborações constantes de transcendência em relação às situações e aprendizagens do
estruturas novas, rumo a equilibrações majorantes”69 momento.

(O motor para tais processos de adaptação e equilibração As questões mais relevantes, a partir dessas distinções
seria o conflito cognitivo diante de novos desafios ou seriam: Por que um aluno se dirige para um outro tipo de
necessidades de aprendizagem, em esforços complementares aprendizagem? O que faz com que mostre maior ou menor
de assimilação (polo do sujeito responsável por incorporações disposição para a realização de aprendizagens significativas?
de elementos do mundo exterior) e acomodação (polo Por que não aprende em determinadas circunstâncias? Por
modificado do estado anterior do sujeito em função das atuais que alunos modificam seu enfoque em função da tarefa ou da
demandas apresentadas pelo objeto de conhecimento). Essa mudança de estratégias dos professores? Quais os fatores de
posição sugere a importância de que o meio de aprendizagem mediação capazes de produzir novos patamares motivacionais
seja alargado e pleno de significado, para que se chegue a uma e novas zonas de aprendizagem e competência?
congruência entre a parte do sujeito e as pressões externas,
entre autorregulações e regulações externas, entre sistemas Tais questões sinalizam para um projeto educativo
pertinentes ao aluno e ao professor. Assim, a não- comprometido com novas práticas e relações pedagógicas,
aprendizagem seria resultante da ausência de congruência uma lógica a serviço das aprendizagens e da Avaliação
entre os sistemas envolvidos nos processos de ensino- Formativa, uma concepção construtiva e propositiva sobre
aprendizagem. erros e correção dos mesmos, uma articulação entre
dimensões cognitivas e sócio afetivas que ressignifiquem o ato
2- Na perspectiva sócio-histórica de Vygotsky e seus de aprender.
colaboradores, destaca-se, no contexto dessa discussão, a
articulação fortemente estabelecida entre aprendizagem e Definindo os tipos de avaliação
desenvolvimento, sendo a primeiro motor do segundo, no
sentido que apresenta potência para projeta-lo até - Avaliação classificatória
patamares mais avançados. Esta potência da
aprendizagem se ancora nas relações entre ”zona de Avaliação Classificatória é uma perspectiva de avaliação
desenvolvimento real” e “zona de desenvolvimento vinculada à noção de medida, ou seja, à ideia de que é possível

69PIAGET, J. A Evolução Intelectual da Adolescência à Vida Adulta. Trad. Fernando 70 VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,1984.
Becker; Tania B.I. Marques, Porto Alegre: Faculdade de Educação, 1993.

Conhecimentos Pedagógicos 227


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aferir, matemática, e objetivamente, as aprendizagens - Avaliação de conteúdos


escolares. A noção de medida supõe a existência de padrões de
rendimento a partir dos quais, mediante comparação, o Dimensão Conceitual: A dimensão conceitual do
desempenho de um aluno será avaliado e hierarquizado. A conhecimento implica que a pessoa esteja estabelecendo
Avaliação Classificatória é realizada através de variadas relações entre fatos para compreendê-los. Os fatos e dados,
atividades, tais como exercícios, questionários, estudos dirigidos, segundo COLL, estão num extremo de um contínuo de
trabalhos, provas, testes, entre outros. Sua intenção é aprendizagem e a retenção da informação simples, a
estabelecer uma classificação do aluno para fins de aprendizagem de natureza mnemônica ou “memorística”. São
aprovação ou reprovação. informações curtas sobre os fenômenos da vida, da natureza,
da sociedade, que dão uma primeira informação objetiva sobre
A centralidade da aprovação/reprovação na cultura o que é, quem fez, quando fez, o que foi. Os conceitos estão no
escolar impõe algumas considerações importantes em torno outro extremo (desse contínuo da aprendizagem) e envolvem
da nota e da ideia de avaliação como medida dos desempenhos a compreensão e o estabelecimento de relações. Traduzem um
do aluno. Para se medir objetivamente um fenômeno, é preciso entendimento do porquê daquele fenômeno ser assim como é.
definir uma unidade de medida. Sua operacionalização se dá As crianças, para aprenderem fatos, apenas os
através de um instrumento. No caso da avaliação escolar, este memorizam. Esquecem mais rápido. Para aprenderem
instrumento é produzido, aplicado e corrigido pelo professor, conceitos precisam estabelecer conexões mais complexas, de
que acaba sendo, ele próprio, um instrumento de medição do aprendizagem significativa, identificada por autores como os
desempenho do aluno, uma vez que é ele quem atribui o valor citados acima. Quando elas constroem os conceitos, os fatos
ao trabalho. Portanto, o critério de objetividade, implícito na vão tomando outras dimensões, informando o conceito. É
ideia de avaliação como medida, perde sua confiabilidade, já como se os fatos começassem a ser ordenados, atribuindo
que o professor é um ser humano e, como tal, impossibilitado sentido ao que se tenta entender.
de despir-se de sua dimensão subjetiva: a visão de mundo, as Como a escola teve, durante muito tempo, a predominância
preferências pessoais, o estado de humor, as paixões, os afetos da concepção empirista de ensino como transmissão, a
e desafetos, os valores, etc., estão necessariamente presentes memorização era o referencial mais comum para a avaliação.
nas ações humanas. Esta questão é objeto de estudo de Nesse sentido, os instrumentos e momentos de avaliação
inúmeras pesquisas que apontam desacordos consideráveis traziam a característica de um espaço em que as pessoas
na atribuição de valor a um mesmo trabalho ou exame tentavam recuperar um dado de sua memória. Um meio e
corrigido por diferentes professores. E esse valor, geralmente realizar essa atividade por evocação (pergunta direta, com
registrado de forma numérica, é a referência para a resposta certa ou errada) ou por reconhecimento, quando lhe
classificação do aluno e o julgamento do professor ou da escola oferecemos pistas e apresentamos alternativas para as
quanto à sua aprovação/reprovação. respostas. Uma hipótese a ser levantada é a de que a avaliação
foi, durante muito tempo, entendida com a recuperação dos
No contexto escolar, e no imaginário social também, o fatos nas memórias. Essa redução do entendimento do que é
significado da nota e sua identificação com a própria avaliação avaliar vem sendo superada nas reflexões sobre a tipologia dos
tornaram-se tão fortes que num dos argumentos para a sua conteúdos, principalmente ao se diferenciar a aprendizagem e
manutenção costuma ser o de que, sem ela, acabou-se a a avaliação de conceitos. A construção conceitual demanda
avaliação e o interesse ou a motivação do aluno pelos estudos. compreensão e estabelecimento de relações, sendo, portanto,
Estes argumentos refletem, por um lado, a distorção da função mais complexa para ser avaliada.
avaliativa na escola, que não deve confundir-se com a
atribuição de notas: a avaliação deve servir à orientação das Ao decidir a legitimidade de um instrumento de avaliação,
aprendizagens. Por outro lado, revelam uma compreensão do cada escola e cada professor precisam analisar seu alcance.
desempenho do aluno como decorrente exclusivamente de sua Pedir ao aluno que defina um significado (técnica muito
responsabilidade ou competência individual. Daí o fato da comum nas escolas), nem sempre proporciona boa medida
avaliação assumir, frequentemente, o sentido de premiação ou para avaliação, é uma técnica com desvantagens, pois pode
punição. Essa questão torna-se mais grave na medida que os induzir a falsos erros e falsos acertos. É uma técnica que exige
privilégios são justificados com base nas diferenças e um critério de correção muito minucioso. Ele ainda propõe
desigualdades entre os alunos. Fundamentada na meritocracia que, se a opção for por usar essa técnica, que se valide mais o
(a ideia de que a posição dos indivíduos na sociedade é que o aluno expuser com as próprias palavras do que uma
consequência do mérito individual), a Avaliação Classificatória reprodução literal. Se usarmos a técnica de múltipla escolha, o
passa a servir à discriminação e à injustiça social. reconhecimento da definição, corre-se o risco de se cair na
armadilha da mera reprodução de uma definição previamente
Na Avaliação Classificatória trabalha-se com a ideia de estabelecida e mesmo de um conhecimento fragmentário, o
verificação da aprendizagem. O termo verificar tem origem na que coloca esse tipo de instrumento e questão na condição de
expressão latina verum facere, que significa verdadeiro. Parte- insuficiente para conhecer a aprendizagem de conceitos. Outra
se do princípio de que existe um conhecimento – uma verdade possibilidade é a da exposição temática na qual o aluno debate
– que dever ser assimilado pelo aluno. A avaliação consistiria sobre um tema incluindo comparações, estabelecendo
na aferição do grau de aproximação entre as aprendizagens do relações.
aluno e essa verdade.
Estabelece-se uma escala formulada a partir de critérios de É preciso cuidado do professor para analisar se o aluno não
qualidade de desempenho, tendo como referência o conteúdo está procurando reproduzir termos e ideias de autores e sim
do programa. É a partir dessa escala que os alunos serão usando sua compreensão e sua linguagem. Evidencia-se, com
classificados, tendo em vista seu rendimento nos instrumentos isso, a necessidade de se trabalhar com questões abertas.
de avaliação, ou seja, o total de pontos adquiridos. De um modo Outra técnica, - a identificação e categorização de exemplos –
geral, as provas e os testes são os instrumentos mais utilizados por evocação (aberta) ou reconhecimento (fechada),
pelo professor para medir o alcance dos objetivos traçados possibilita ao professor conhecer como o aluno está
para aprendizagem dos alunos. A sua formulação exige rigor entendendo aquele conceito. Na técnica de reconhecimento o
técnico e deve estar de acordo com os conteúdos aluno deverá trabalhar, em questão fechada, com a
desenvolvidos e os objetivos que se quer avaliar. A dimensão categorização. Pode ser incluída, portanto, num instrumento
diagnóstica não está ausente dessa perspectiva de avaliação. como a prova objetiva.

Conhecimentos Pedagógicos 228


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Outra possibilidade para avaliar a aprendizagem de debates, nos trabalhos em grupos, o que indica uma natureza
conceitos seria a técnica de aplicação à solução de problemas, do planejamento das atividades de sala de aula.
deveriam ser situações abertas, nas quais os alunos fariam Os melhores instrumentos para se avaliar a aprendizagem
exposição da compreensão que têm do conceito, tentando de atitudes são a observação e autoavaliação.
responder à situação apresentada. Nesse caso, o instrumento Para uma avaliação completa (envolvendo fatos, conceitos,
mais adequado seria uma prova operatória, é importante, no procedimentos e atitudes), deve-se formalizar sempre o
caso da avaliação de conceitos, resgatar sempre os momento da avaliação inicial. Ela é um início de diagnóstico
conhecimentos prévios dos alunos, para analisar o que estiver que ajudará aos professores e alunos conhecerem o processo
sendo aprendido. Isso implica legitimar a avaliação inicial, o de aprendizagem. O professor deve diversificar os
momento inicial da aprendizagem. A avaliação de instrumentos para cobrir toda a tipologia dos conhecimentos:
aprendizagem de conceitos remete o professor, portanto, a provas, trabalhos e observação, para avaliar fatos e conceitos,
instituir também a observação como uma técnica de observação para concluir na avaliação da construção
levantamento de dados sobre a aprendizagem dos alunos, conceitual; observação para avaliar a aprendizagem de
ampliando as informações sobre o que o aluno está sabendo procedimentos e atitudes; autoavaliação para avaliar atitudes
para além dos momentos formais de avaliação, como e conceitos.
momentos de provas ou outros instrumentos de verificação. Além disso, deve-se validar o momento de avaliação inicial
em todo o processo de aprendizagem, usando a prática de
- Dimensão Procedimental datar o que está sendo registrado e propiciando ao próprio
aluno refletir sobre o que ele já sabe acerca de um conteúdo
A dimensão procedimental do conhecimento implica no novo quando se começa a estudar seriamente sobre ele.
saber fazer. Ex.: uma pesquisa tem uma dimensão
procedimental. O aluno precisa saber observar, saber ler, Sugestões de avaliação inicial / campo atitudinal
saber registrar, saber procurar dados em várias fontes, saber
analisar e concluir a partir dos dados levantados. Nesse caso, Essa sugestão não substitui a avaliação inicial de cada
são procedimentos que precisam ser desenvolvidos. Muitas conteúdo que é introduzido, pois, é a partir dela que se pode
vezes o aluno está com uma dificuldade procedimental e não fazer uma avaliação do que realmente pode ser considerado
conceitual e, dependendo do instrumento usado, o professor aprendido.
não identifica essa dificuldade para então ajudá-lo a superá-la, Como são os alunos individualmente em grupos?
por isso é importante diferenciar essas dimensões. Outros Que grupos sociais representam?
exemplos de dimensões procedimentais do conhecimento: Como se comportam e se vestem?
saber fazer um gráfico, um cartaz, uma tabela, escrever um O que apreciam?
texto dissertativo, narrativo. Vale a pena, nesse caso, que o Quais seus interesses?
professor acompanhe de perto essa aprendizagem. O melhor O que valorizam?
instrumento para isso é a observação sistemática – um O que fazem quando não estão na escola?
conjunto de ações que permitem ao professor conhecer até Como suas famílias vivem?
que ponto seus alunos estão sabendo: dialogar, debater, O que suas famílias e vizinhos fazem e o que comemoram?
trabalhar em equipe, fazer uma pesquisa bibliográfica, Como se organiza o espaço que compartilham fora da
orientar-se no espaço, dentre outras. Devem ser atividades escola?
abertas, feitas em aula, para o professor perceber como o Como falam, expressam seus sentimentos, seus valores,
aluno transfere o conteúdo para a prática. sua adesão/rejeição às normas, suas atitudes?

- Dimensão Atitudinal Feito isso, planeja-se como trabalhar as atitudes


importantes para a formação dos alunos na adolescência. Para
A dimensão atitudinal do conhecimento é aquela que mudança de atitudes é que são feitos os projetos.
indicará os valores em construção. É mais difícil de ser - Valores são princípios ou ideias éticas que permitem às
trabalhada porque não se desliga da formação mais ampla em pessoas emitir juízo sobre as condutas e seu sentido. Ex.: a
outros espaços da sociedade, sendo complexa por seus solidariedade, a responsabilidade, a liberdade, o respeito aos
componentes cognitivos (conhecimentos e crenças), afetivos outros...
(sentimentos e preferências) e condutais (ações e declaração - Atitudes são tendências relativamente estáveis das
de intenção). Manifesta-se mais através do comportamento pessoas para atuarem de certas maneiras: cooperar com o
referenciado em crenças e normas. Por isso, precisa ser grupo, respeitar o meio ambiente, participar das tarefas
amplamente entendida à luz dos valores que a escola escolares, respeitar datas, prazos, horários, combinados...
considera formadores. A aquisição de valores é alcançada - Normas são padrões ou regras de comportamentos que a
através do desenvolvimento de atitudes de acordo com esse pessoas devem seguir em determinadas situações sociais.
sistema de valores. Depende de uma autopersuasão que está
sempre permeada por crenças que sustentam a visão que as Depois de realizada a avaliação inicial, os professores terão
pessoas têm delas mesmas e do mundo. E delas mesmas em dados para dar continuidade ao trabalho com a Avaliação
relação ao mundo. As atitudes e valores envolvem também as Formativa: a serviço das aprendizagens.
normas. Fatos ou dados devem ser “aprendidos” de forma
reprodutiva: não é necessário compreendê-los. Ex.: capitais de
Valores são princípios ou ideias éticas que permitem às um estado ou país, data de acontecimentos, tabela de símbolos
pessoas emitir um juízo sobre as condutas e seu sentido. Ex.: a químicos. Correspondem a uma informação verbal literal
solidariedade, a responsabilidade, a liberdade, o respeito aos como vocabulários, nomes ou informação numérica que não
outros. Atitudes são tendências relativamente estáveis das envolvem cálculos, apenas memorização. Para isso se usa a
pessoas para atuarem de certas maneiras: cooperar com o repetição, buscando mesmo a automatização da informação.
grupo, respeitar o meio ambiente, participar das tarefas Esse processo de repetição não se adequa à construção
escolares, respeitar datas, prazos, horários, combinados. conceitual. Um aluno aprende, atribui significado, adquire um
Normas são padrões ou regras de comportamentos que as conceito, quando o explica com suas próprias palavras. É
pessoas devem seguir em determinadas situações sociais. comum o aluno dizer que sabe, mas não sabe explicar. Nesse
Portanto, são desenvolvidas nas interações, nas relações, nos caso, eles estão num início de processo de compreensão do

Conhecimentos Pedagógicos 229


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conceito. Precisam trabalhar mais a situação, o que vai ajudá- constatação, irá subsidiar o trabalho do professor, apontando
los a entender melhor, até saberem explicar com as suas as necessidades de continuidade, de avanços ou de mudanças
palavras. Esse processo de construção conceitual não é no seu planejamento e no desenvolvimento das ações
estanque, ele está em permanente movimento entre o conceito educativas. Caracterizando-se como uma prática voltada para
espontâneo, construído nas representações sociais e o o acompanhamento dos processos dos alunos, este tipo de
conceito científico. avaliação não comporta registros de natureza quantitativa
Princípios são conceitos muito gerais, de alto nível de (notas ou mesmo conceitos), já que estes são insuficientes para
abstração, subjacentes, à organização conceitual de uma área, revelar tais processos. Tampouco pode-se pensar, a partir
nem sempre explícitos. Atravessam todos os conteúdos das desta concepção, na manutenção da aprovação/reprovação.
matérias, devendo ser o objetivo maior da aprendizagem na Isso porque este tipo de avaliação não tem como objetivo
educação básica. Eles orientam a compreensão de noções classificar ou selecionar os alunos, mas interpretar e
básicas. Assim, por exemplo, se a compreensão de conceitos compreender os seus processos, e promover ações que os
como sociedade e cultura são princípios das áreas de humanas, ajudem a avançar no seu desenvolvimento, nas suas
eles devem referenciar o trabalho nos conceitos específicos. aprendizagens. Sendo assim, a avaliação a serviço das
Dentro de um conceito como o de sociedade, outros específicos aprendizagens desmistifica a ideia de seleção que está
como o de migração, democracia, crescimento populacional, implícita na discussão sobre aprovação automática. É uma
estariam subjacentes. Portanto, ao definir o que referenciará o avaliação que procura administrar, de forma contínua, a
trabalho do professor, será muito importante uma revisão progressão dos alunos. Trata-se, portanto, de Progressão
conceitual por área de conhecimento e por disciplina. Será Continuada.
preciso esclarecer as características dos fatos e dos conceitos
como objetos de conhecimento. A Avaliação Formativa é um trabalho contínuo de
regulação da ação pedagógica. Sua função é permitir ao
- Avaliação formativa professor identificar os progressos e as dificuldades dos
alunos para dar continuidade ao processo, fazendo as
Essa perspectiva de avaliação fundamenta-se em várias mediações necessárias para que as aprendizagens aconteçam.
teorias que postulam o caráter diferenciado e singular dos Inicialmente, é fundamental conhecer a situação do aluno, o
processos de formação humana, que é constituída por que ele sabe e o que ele ainda não sabe, tendo em vistas as
dimensões de natureza diversa - afetiva, emocional, cultural, intenções educativas definidas. A partir dessa avaliação inicial,
social, simbólica, cognitiva, ética, estética, entre outras. A organiza-se o planejamento do trabalho, de forma
aprendizagem é uma atividade que se insere no processo suficientemente flexível para incorporar, ao longo do
global de formação humana, envolvendo o processo, as adequações que se fizerem necessárias. Ao
desenvolvimento, a socialização, a construção da mesmo tempo, o uso de variados instrumentos e
identidade e da subjetividade. procedimentos de avaliação, possibilitará ao professor
compreender o processo do aluno para estabelecer novas
Aprendizagem e formação humana são processos de propostas de ação.
natureza social e cultural. É nas interações que estabelece com Uma mudança fundamental, sobretudo nos ciclos ou séries
seu meio que o ser humano vai se apropriando dos sistemas finais do Ensino Fundamental, diz respeito à organização dos
simbólicos, das práticas sociais e culturais de seu grupo. Esses professores. Agrupamentos de professores responsáveis por
processos têm uma base orgânica, mas se efetivam na vida um determinado número de turmas facilita o planejamento, o
social e cultural, e é através deles que o ser humano elabora desenvolvimento das atividades, a relação pessoal com os
formas de conceber e de se relacionar com o mundo físico e alunos e o trabalho coletivo.
social. Esses estudos sobre a formação humana e a
aprendizagem trazem implicações profundas para a educação Ex.: definir um grupo de X professores para trabalhar com
e destacam a importância do papel do professor como 5 turmas de um mesmo ciclo ou de séries aproximadas,
mediador do processo de construção de conhecimento dos visando favorecer o trabalho voltado para determinado
alunos. Sua ação pedagógica deve estar voltada para a período de formação humana (infância, adolescência, etc.).
compreensão dos processos sociocognitivos dos alunos e a Este tipo de organização tende a romper com a fragmentação
busca de uma articulação entre os diversos fatores que do trabalho pedagógico, facilitando a interdisciplinaridade e o
constituem esses processos – o desenvolvimento psíquico do desenvolvimento de uma Avaliação Formativa.
aluno, suas experiências sociais, suas vivências culturais, sua
história de vida – e as intenções educativas que pretende levar Tendo em vista a diversidade de ritmos e processos de
a cabo. Nesse contexto, a avaliação constitui-se numa prática aprendizagem dos alunos, um dos aspectos importantes da
que permite ao professor aproximar-se dos processos de ação docente deve ser a organização de atividades cujo nível
aprendizagem do aluno, compreender como esse aluno está de abordagem seja diferenciado. Isso significa criar situações,
elaborando seu conhecimento. Não importa, aqui, registrar os apresentar problemas ou perguntas e propor atividades que
fracassos ou os sucessos através de notas ou conceitos, mas demandem diferentes níveis de raciocínio e de realização. A
entender o significado do desempenho: como o aluno diversificação das tarefas deve também possibilitar aos alunos
compreendeu o problema apresentado? Que tipo de que realizem escolhas. As atividades devem oferecer graus
elaboração fez para chegar a determinada resposta? Que variados de compreensão, diferentes níveis de utilização dos
dificuldades encontrou? Como tentou resolvê-las? conteúdos, e devem permitir distintas aproximações ao
conhecimento.
Na Avaliação Formativa, o desempenho do aluno deve ser Outro movimento importante rumo a uma Avaliação
tomado como uma evidência ou uma dificuldade de Formativa deve acontecer na organização dos tempos e
aprendizagem. E cabe ao professor interpretar o significado espaços escolares. Os tempos de aula (50min, 1h, etc.) os
desse desempenho. Nessa perspectiva, a avaliação coloca-se a recortes de cada disciplina, os bimestres, os semestres, as
serviço das aprendizagens, da forma dos alunos. Trata-se, séries, os níveis de ensino são formas de estruturar o tempo
portanto, de uma avaliação que tem como finalidade não o escolar que têm como fundamento a lógica da organização dos
controle, mas a compreensão e a regulação dos processos dos conteúdos. Os processos de aprender e de construir
educandos, tendo em vista auxiliá-los na sua trajetória escolar. conhecimento, no entanto, não seguem essa mesma lógica. A
Isso significa entender que a avaliação, indo além da organização escolar por ciclos é uma experiência que busca

Conhecimentos Pedagógicos 230


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harmonizar os tempos da escola com os tempos de Outra importante ferramenta é a observação: uma técnica
aprendizagem próprios do ser humano. Os ciclos permitem que coloca o professor como pesquisador da sua prática. Toda
tomar as progressões das aprendizagens mais fluidas, observação pressupõe registros. É um bom instrumento para
evitando rupturas ao longo do processo. A flexibilização do avaliar a construção conceitual, o desenvolvimento de
tempo e do trabalho pedagógico possibilita o respeito aos procedimentos e as atitudes.
diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos e a organização Outro instrumento é a autoavaliação, que é muito
de uma prática pedagógica voltada para a construção do importante no desenvolvimento das habilidades
conhecimento, para a pesquisa. metacognitivas e na avaliação de atitudes.
Pode-se ainda utilizar questionários e entrevistas quando
Os tempos podem ser organizados, por exemplo, em torno as situações escolares necessitarem de um aprofundamento
de projetos de trabalho, de oficinas, de atividades. A maior para levantamento de dados.
estruturação do tempo é parte do planejamento pedagógico
semanal ou mensal, uma vez que a natureza da atividade e os Outra questão relevante ao processo de avaliação do
ritmos de aprendizagem irão definir o tempo que será ensino e aprendizagem é Como avaliar o aluno com
utilizado. deficiência? 71
O espaço de aprendizagem também deve ser ampliado, não
pode restringir-se a sala de aula. Aprender é constituir uma A avaliação sempre foi uma pedra no sapato do trabalho
compreensão do mundo, da realidade social e humana, de nós docente do professor. Quando falamos em avaliação de alunos
mesmos e de nossa relação com tudo isso. Essa atividade não com deficiência, então, o problema torna-se mais complexo
se constitui exclusivamente no interior de uma sala de aula. É ainda. Apesar disso, discutir a avaliação como um processo
preciso alargar o espaço educativo no interior da escola mais amplo de reflexão sobre o fracasso escolar, dos
(pátios, biblioteca, salas de multimídia, laboratórios, etc.) e mecanismos que o constituem e das possibilidades de
para além dela, apropriando-se dos múltiplos espaços da diminuir o violento processo de exclusão causado por ela,
cidade (parques, praças, centros culturais, livrarias, fábricas, torna-se fundamental para possibilitarmos o acesso e a
outras escolas, teatros, cinemas, museus, salas de exposição, permanência com sucesso dos alunos com deficiência na
universidades, etc.). A sala de aula, por sua vez, deve adquirir escola.
diferentes configurações, tendo em vista a necessidade de De início, importa deixar claro um ponto: alunos com
diversificação das atividades pedagógicas. deficiência devem ser avaliados da mesma maneira que seus
colegas. Pensar a avaliação de alunos com deficiência de
A forma de agrupamento dos alunos é outro aspecto que maneira dissociada das concepções que temos acerca de
pode potencializar a aprendizagem e a Avaliação Formativa. aprendizagem, do papel da escola na formação integral dos
Os grupos ou classes móveis – em vez de classes fixas – alunos e das funções da avaliação como instrumento que
possibilitam a organização diferenciada do trabalho permite o replanejamento das atividades do professor, não
pedagógico e uma maior personalização do itinerário escolar leva a nenhum resultado útil.
do aluno, na medida em que atendem melhor às suas Nessa linha de raciocínio, para que o processo de avaliação
necessidades e interesses. A mobilidade refere-se ao do resultado escolar dos alunos seja realmente útil e inclusivo,
agrupamento interno de uma classe ou entre classes é imprescindível a criação de uma nova cultura sobre
diferentes. Na prática, acontece conforme o objetivo da aprendizagem e avaliação, uma cultura que elimine:
atividade e as necessidades do aluno. - o vínculo a um resultado previamente determinado pelo
professor;
Ex.: oficinas de livre escolha onde alunos de diferentes - o estabelecimento de parâmetros com os quais as
turmas de um ciclo se agrupam por interesse (oficina de respostas dos alunos são sempre comparadas entre si, como se
cinema, de teatro, de pintura, de jogos matemáticos, de o ato de aprender não fosse individual;
fotografia, de música, de vídeo, etc.). Projetos de trabalho - o caráter de controle, adaptação e seleção que a avaliação
também permitem que a turma assuma configurações desempenha em qualquer nível;
diferentes, em momentos diferentes, de acordo com o - a lógica de exclusão, que se baseia na homogeneidade
interesse e para atendimento às necessidades de inexistente;
aprendizagem. - a eleição de um determinado ritmo como ideal para a
construção da aprendizagem de todos os alunos.
Instrumentos de avaliação
Numa escola onde a avaliação ainda se define pela
As provas objetivas (mais conhecidas como provas de presença das características acima certamente não haverá
múltipla escolha), as provas abertas / operatórias, observação lugar para a aceitação da diversidade como inerente ao ser
e autoavaliação são ferramentas para levantamento de dados humano e da aprendizagem como processo individual de
sobre o processo de aprendizagem. São materiais preparados construção do conhecimento. Numa educação que parte do
pelo professor levando em conta o que se ensina e o que se falso pressuposto da homogeneidade não há espaço para o
quer saber sobre a aprendizagem dos alunos. Podem ter reconhecimento dos saberes dos alunos, que muitas vezes não
diferentes naturezas. Alguns, como as provas, são se enquadram na lógica de classificação das respostas
instrumentos que têm uma intenção de testagem, de previamente definidas como certas ou erradas.
verificação, de colocar o aluno em contato com o que ele O que estamos querendo dizer é que todas as questões
realmente estiver sabendo. Esses instrumentos podem ser referentes à avaliação dizem respeito à avaliação de qualquer
elaborados em dois formatos: um de questões fechadas, de aluno e não apenas das pessoas com deficiências. A única
múltipla escolha ou de respostas curtas, identificado como diferença que há entre as pessoas ditas normais e as pessoas
prova objetiva; outro com questões abertas. Ambos são com deficiências está nos recursos de acessibilidade que
instrumentos que possibilitam tanto a avaliação de devem ser colocados à disposição dos alunos com deficiências
aprendizagem de fatos, como de aprendizagem de conceitos, para que possam aprender e expressar adequadamente suas
embora, em relação à construção conceitual, o professor aprendizagens. Por recursos de acessibilidade podemos
precisará inserir também instrumentos de observação. entender desde as atividades com letra ampliada, digitalizadas

71 SARTORETTO, Mara Lúcia. Assistiva-Tecnologia e Educação, 2010.

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em Braille, os interpretes, até uma grande gama de recursos da sucesso que está sendo obtido com o seu uso. Eles permitem
tecnologia assistiva hoje já disponíveis, enfim, tudo aquilo que que tomemos conhecimento não só das dificuldades, mas
é necessário para suprir necessidades impostas pelas também das habilidades dos alunos, para que, através dos
deficiências, sejam elas auditivas, visuais, físicas ou mentais. recursos necessários, estas habilidades sejam ampliadas.
Permitem, também, que os professores das classes comuns
Neste contexto, a avaliação escolar de alunos com possam contar com o auxílio do professor do atendimento
deficiência ou não, deve ser verdadeiramente inclusiva e ter a educacional especializado, no caso dos alunos que frequentam
finalidade de verificar continuamente os conhecimentos que esta modalidade, no esclarecimento de dúvidas que possam
cada aluno possui, no seu tempo, por seus caminhos, com seus surgir a respeito da produção dos alunos.
recursos e que leva em conta uma ferramenta muito pouco Quando utilizamos adequadamente o portfólio no
explorada que é a coaprendizagem. processo de avaliação podemos:
Nessa mudança de perspectiva, o primeiro passo talvez - melhorar a dinâmica da sala de aula consultando o
seja o de nos convencermos de que a avaliação usada apenas portfólio dos alunos para elaborar as atividades:
para medir o resultado da aprendizagem e não como parte de - evitar testes padronizados;
um compromisso com o desenvolvimento de uma prática - envolver a família no processo de avaliação;
pedagógica comprometida com a inclusão, e com o respeito às - não utilizar a avaliação como um instrumento de
diferenças é de muito pouca utilidade, tanto para os alunos classificação;
com deficiências quanto para os alunos em geral. - incorporar o sentido ético e inclusivo na avaliação;
De qualquer modo, a avaliação como processo que - possibilitar que o erro possa ser visto como um processo
contribui para investigação constante da prática pedagógica de construção de conhecimentos que dá pistas sobre o modo
do professor que deve ser sempre modificada e aperfeiçoada a cada aluno está organizando o seu pensamento;
partir dos resultados obtidos, não é tarefa simples de ser
conseguida. Entender a verdadeira finalidade da avaliação Esta maneira de avaliar permite que o professor
escolar só será possível quando tivermos professores acompanhe o processo de aprendizagem de seus alunos e
dispostos a aceitar novos desafios, capazes de identificar nos descubra que cada aluno tem o seu método próprio de
erros pistas que os instiguem a repensar seu planejamento e construir conhecimentos, o que torna absurdo um método de
as atividades desenvolvidas em sala de aula e que considerem ensinar único e uma prova como recurso para avaliar como se
seus alunos como parceiros, principalmente aqueles que não houvesse homogeneidade de aprendizagem.
se deixam encaixar no modelo de escola que reduz o Nessa perspectiva, entendemos que é possível avaliar, de
conhecimento à capacidade de identificar respostas forma adequada e útil, alunos com deficiências. Mas, se
previamente definidas como certas ou erradas. analisarmos com atenção, tudo o que o que se diz da avaliação
do aluno com deficiência, na verdade serve para avaliar
Segundo a professora Maria Teresa Mantoan, a educação qualquer aluno, porque a principal exigência da inclusão
inclusiva preconiza um ensino em que aprender não é um ato escolar é que a escola seja de qualidade – para todos! E uma
linear, continuo, mas fruto de uma rede de relações que vai escola de qualidade é aquela que sabe tirar partido das
sendo tecida pelos aprendizes, em ambientes escolares que diferenças oportunizando aos alunos a convivência com seus
não discriminam, que não rotulam e que oferecem chances de pares, o exemplo dos professores que se traduz na qualidade
sucesso para todos, dentro dos interesses, habilidades e do seu trabalho em sala de aula e no clima de acolhimento
possibilidades de cada um. Por isso, quando apenas avaliamos vivenciado por toda a comunidade escolar.
o produto e desconsideramos o processo vivido pelos alunos
para chegar ao resultado final realizamos um corte totalmente Questões
artificial no processo de aprendizagem.
Pensando assim temos que fazer uma opção pelo que 01. (TSE – Analista Judiciário – Pedagogia –
queremos avaliar: produção ou reprodução. Quando CONSULPLAN) Para Cipriano Carlos Luckesi (2000), a
avaliamos reprodução, com muita frequência, utilizamos avaliação é um ato amoroso e dialógico que envolve sujeitos e,
provas que geralmente medem respostas memorizadas e como tal, a primeira fase do processo de avaliação começa
comportamentos automatizados. Ao contrário, quando com:
optamos por avaliar aquilo que o aluno é capaz de produzir, a (A) o acolhimento do sujeito avaliado.
observação, a atenção às repostas que o aluno dá às atividades (B) a qualificação dos conhecimentos prévios.
que estão sendo trabalhadas, a análise das tarefas que ele é (C) o julgamento das aprendizagens avaliadas.
capaz de realizar fazem parte das alternativas pedagógicas (D) o diagnóstico do perfil do sujeito.
utilizadas para avaliar.
02. (Prefeitura de Uberlândia/MG – Professor
Vários instrumentos podem ser utilizados, com sucesso, Educação Básica II – Português – CONSULPLAN) A avaliação
para avaliar os alunos, permitindo um acompanhamento do da aprendizagem escolar é um elemento do processo de ensino
seu percurso escolar e a evolução de suas competências e de e de aprendizagem.
seus conhecimentos. Um dos recursos que poderá auxiliar o Dessa forma, a avaliação tanto serve para avaliar a
professor a organizar a produção dos seus alunos e por isso aprendizagem dos alunos quanto o ensino desenvolvido pelo
avaliar com eficiência é utilizar um portfólio. professor. Numa perspectiva emancipatória, que parte dos
A utilização do portfólio permite conhecer a produção princípios da autoavaliação e da formação, podemos afirmar
individual do aluno e analisar a eficiência das práticas que:
pedagógicas do professor. A partir da observação sistemática (A) os alunos também devem participar dos critérios que
e diária daquilo que os alunos são capazes de produzir, os servirão de base para a avaliação de sua aprendizagem.
professores passam a fazer descobertas a respeito daquilo que (B) os professores devem utilizar a avaliação como um
os motiva a aprenderem, como aprendem e como podem ser mecanismo de seleção para o processo de ensino.
efetivamente avaliados. (C) alunos e professores devem compartilhar dos mesmos
critérios que possam classificar as aprendizagens corretas.
No caso dos alunos com deficiências, os portfólios podem (D) os alunos também devem registrar o processo de
facilitar a tomada de decisão sobre quais os recursos de avaliação que servirá para disciplinar o espaço da sala de aula.
acessibilidade que deverão ser oferecidos e qual o grau de

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03. (Prefeitura de Montes Claros/MG – PEB I – 06. (IFB-Pedagogo-CESP) Partindo das concepções de
UNIMONTES) De acordo com Luckesi (1999), é importante avaliação institucional, de desempenho e de aprendizagem nas
estar atento à função ontológica (constitutiva) da avaliação da diferentes abordagens teóricas, julgue os seguintes itens.
aprendizagem, que é de diagnóstico.
Dessa forma, a avaliação cria a base para a tomada de A função classificatória é o principal objetivo da avaliação
decisão. Articuladas com essa função básica estão, EXCETO: formativa, que ocorre ao final de uma etapa ou período para
(A) a função de motivar o crescimento. verificação da aquisição de conhecimento ou habilidade.
(B) a função de propiciar a autocompreensão, tanto do ( ) Certo ( ) Errado
educando quanto da família.
(C) a função de aprofundamento da aprendizagem. Resposta
(D) a função de auxiliar a aprendizagem.
01. A
04. (IFC-SC-Pedagogia-Educação Infantil-IESES) No que Luckesi (2005) destaca que o papel da avaliação é
diz respeito à avaliação no processo de aprendizagem, é diagnosticar a situação da aprendizagem, tendo em vista
INCORRETO afirmar que: subsidiar a tomada de decisão para a melhoria da qualidade do
(A) A avaliação é constituída de instrumentos de desempenho do educando. Nesse contexto, a avaliação,
diagnóstico que levam a uma intervenção, visando à melhoria segundo o autor, é processual e dinâmica. Na medida em que
da aprendizagem. Ela deve propiciar elementos diagnósticos busca meios pelos quais todos possam aprender o que é
que sirvam de intervenção para qualificar a aprendizagem. necessário para o próprio desenvolvimento, é inclusiva. Sendo
(B) Na esfera educacional infantil, a avaliação que se faz inclusiva é, antes de tudo, um ato democrático. O autor é
das crianças pode ter algumas consequências e influências enfático ao afirmar que o ato de avaliar, uma vez que está a
decisivas no seu processo de aprendizagem e crescimento. serviço da obtenção do melhor resultado possível, implica a
Neste sentido, a expectativa dos professores sobre os seus disposição de acolher a realidade como ela é, seja satisfatória
alunos tem grande influência no que diz respeito ao ou insatisfatória, agradável ou desagradável. A disposição para
rendimento da aprendizagem. Nesta fase, é preciso ter uma acolher é, pois, o ponto de partida para qualquer prática de
visão fragmentada da criança. É aconselhável concentrar avaliação.
esforços no que as crianças não sabem fazer e, não, considerar Nesse cenário, a avaliação da aprendizagem escolar é
as suas potencialidades. compreendida como um ato amoroso, “O ato amoroso é aquele
(C) A avaliação deve se dar de forma sistemática e que acolhe a situação, na sua verdade (como ela é)” (LUCKESI,
contínua, aperfeiçoando a ação educativa, identificando 2005), é um estado psicológico oposto ao estado de exclusão.
pontos que necessitam de maior atenção na busca de Como afirma Hoffmann (1993), “a avaliação é uma reflexão
reorientar a prática do educador, permitindo definir critérios permanente sobre a realidade, e acompanhamento, passo a
para o planejamento, auxiliando o educador a refletir sobre as passo, do educando, na sua trajetória de construção de
condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às conhecimento”. Dessa forma, o avaliador, por ser avaliador,
necessidades colocadas pelas crianças. não se assusta com a realidade, mas a observa atentamente;
(D) Na educação infantil, a avaliação tem a finalidade não a julga (aprova/reprova), mas se abre para observá-la,
básica de fornecer subsídios para a intervenção na tomada de buscando conhecer essa realidade como verdadeiramente é, e,
decisões educativas e observar a evolução da criança, como a partir dela, criar estratégias de superação dos limites e
também, ajudar o educador a analisar se é preciso intervir ou ampliação das possibilidades, com vistas à garantia da
modificar determinadas situações, relações ou atividades na aprendizagem.
sala de aula.
02. A
05. (Prefeitura do Rio de Janeiro/RJ- Professor de A avaliação educacional é feita através de situações de
Ensino Fundamental- Artes Plásticas- Prefeitura do Rio de aprendizagem, buscando a aquisição de novo conhecimento,
Janeiro/2016). atitudes ou habilidades. A avaliação emancipatória tem como
Leia o fragmento abaixo: Normalmente, quando nos compromisso fazer com que as pessoas envolvidas em uma
referimos ao desenvolvimento de uma criança, o que ação, realizem e executem a sua própria história e escolham as
buscamos compreender é até onde a criança já chegou, em suas ações de maneira libertadora.
termos de um percurso que, supomos, será percorrido por ela.
Assim, observamos seu desempenho em diferentes tarefas e 03. B
atividades, como por exemplo: ela já sabe andar? Já sabe Segundo Luckesi, a avaliação da aprendizagem deverá ter
amarrar sapatos? Já sabe construir uma torre com cubos de como premissa a função ontológica (constitutiva), pois busca
diversos tamanhos? Quando dizemos que a criança já sabe resoluções para as decisões e não um julgamento definitivo. O
realizar determinada tarefa, referimo-nos à sua capacidade de ato de avaliar, por sua constituição mesma, não se destina a um
realizá-la sozinha. Por exemplo, se observamos que a criança julgamento “definitivo” sobre alguma coisa, pessoa ou
já sabe amarrar sapatos, está implícita a ideia de que ela sabe situação, pois não é um ato seletivo. A avaliação se destina ao
amarrar sapatos, sozinha, sem necessitar de ajuda de outras diagnóstico e, por isso mesmo, à inclusão; destina-se a
pessoas. melhoria do ciclo da vida. Deste modo, por si, é um ato
OLIVEIRA, Martha Kolh de. Vygotsky: aprendizado e amoroso. Infelizmente, por nossas experiências histórico-
desenvolvimento; um processo sócio-histórico. São Paulo: sociais e pessoais, temos dificuldades em assim compreendê-
Scipione, 1991. Pág. 11 la e praticá-la.

O trecho apresenta uma das categorias de análise usada 04. B


por Vygotsky ao estudar o desenvolvimento humano, que é: Na esfera educacional infantil, a avaliação que se faz das
(A) a zona de desenvolvimento real crianças pode ter algumas consequências e influências
(B) a zona de desenvolvimento proximal decisivas no seu processo de aprendizagem e crescimento.
(C) a fase potencial do pensamento formal Neste sentido, a expectativa dos professores sobre os seus
(D) a fase operatória do pensamento formal alunos tem grande influência no que diz respeito ao
rendimento da aprendizagem. Nesta fase, é preciso ter uma
visão fragmentada da criança- (ao contrário, não se deve

Conhecimentos Pedagógicos 233


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ter visão fragmentada, mas sim global da criança. É Essa percepção advém da diversidade de opções de
aconselhável concentrar esforços no que as crianças não mercado que exige cada vez mais profissionais de relevante
sabem fazer e, não, considerar as suas potencialidades (deve- desempenho. A realidade nos leva a refletir: Será que os
se sempre considerar as suas potencialidades). modelos de avaliação de desempenho evidenciam ao sistema
novos caminhos, visando a identificação e a seleção daqueles
05. A que conduzem ou conduzirão com sucesso o futuro da
Para especificar melhor a inter-relação instituição? Será que o modelo ou instrumento concebido para
instrução/desenvolvimento e a importância das conquistas avaliar permitiu promover e orientar o crescimento pessoal e
ontogenéticas para a constituição do homem, Vygotsky profissional das pessoas? 74
entende que o desenvolvimento humano compreende dois
níveis: o primeiro é o nível de desenvolvimento real, que Tendências de modelos de gestão e avaliação
compreende o conjunto de atividade que a criança consegue
resolver sozinha. Esse nível é indicativo de ciclos de Dentre os vários mecanismos existentes para realizar a
desenvolvimento já completos, isto é, refere-se às funções avaliação, a avaliação de desempenho certamente é aquele que
psicológicas que a criança já construiu até determinado apresenta maior eficiência e eficácia, desde que
momento. adequadamente adaptado às particularidades e cultura dos
O segundo nível de desenvolvimento é o nível de agentes e das instituições.
desenvolvimento potencial: conjunto de atividades que a Qualquer que seja a Instituição – governo, indústria, igreja,
criança não consegue realizar sozinha mas que, com a ajuda de exército, comércio, bancos, Universidades, Faculdades, entre
alguém que lhe dê algumas orientações adequadas (um adulto outros – são instituições que apresentam funções
ou outra criança mais experiente), ela consegue resolver. Para diferenciadas, mas os problemas administrativos são
Vygotsky, o nível de desenvolvimento potencial é muito mais praticamente comuns. Os seus administradores, gerentes,
indicativo do desenvolvimento da criança que o nível de diretores ou gestores, não importam as denominações, são
desenvolvimento real, pois este último refere-se a ciclos de sujeitos essenciais a toda Instituição e devem adotar
desenvolvimento já completos, é fato passado, enquanto o princípios básicos do ato de gerir: planejar, acompanhar e
nível de desenvolvimento potencial indica o desenvolvimento avaliar. A diferença residirá na visibilidade a uma marca
prospectivamente, refere-se ao futuro da criança. diferencial das demais administrações que lhe antecedeu, ao
propor ações que busquem a objetividade do trabalho. A
06. Errado dinâmica e o sucesso de uma gestão requerem, além da adoção
Esta é a avaliação somativa, pois essa avaliação possui de princípios administrativos, atitudes, valores, capacidade de
função classificatória ao final do processo, julgamento de valor articular ideias respeitando a pluralidade a benefício da
e função estática, enquanto que a avaliação formativa ocorre instituição e não apenas em causa. Toda Instituição existe, não
durante o processo e tem como objetivo fornecer feedback para si mesma, mas para alcançar seus objetivos e produzir
para professor e aluno de como estão procedendo para resultados. É em função dos objetivos e dos resultados que uma
realizar as mudanças necessárias. organização deve ser dimensionada, estruturada e orientada,
um gestor pode adotar vários modelos de gestão como marco
Avaliação de Desempenho Individual72 referencial da sua administração, por exemplo, a ênfase nos
objetivos institucionais. Neste caso, darão prioridade as ações
Várias empresas têm se utilizado de modelos de gestão que que justificam a existência e a importância da Instituição, a
procuram ampliar a importância das pessoas nessa demanda, partir dos resultados pretendidos, como meio de avaliar o
devido à convicção sobre o seu impacto nos resultados desempenho institucional e o cumprimento da missão junto à
organizacionais. O estabelecimento de políticas de gestão de sociedade.
pessoas que atendam simultaneamente aos principais Sua funcionalidade acontece a partir do entendimento de
interesses da empresa e das pessoas é a base de sustentação que o resultado da avaliação poderá ser utilizado como
para uma relação proveitosa para ambas as partes envolvidas. elemento promotor de melhoria da qualidade das instituições
Para contribuir com a construção dessa relação a empresa de forma global. Esse fenômeno ocorre porque uma das
deve buscar conhecer os interesses de seus colaboradores funções da avaliação é contribuir para averiguação do
para, a partir de uma análise e negociação, desenvolver ações grau de eficiência e eficácia das ações desenvolvidas. Três
que atendam aos principais interesses comuns e explorem as fenômenos de origem social, segundo Bonniol explicam a
suas vantagens para tornar-se mais competitiva. Assim, deve universalização da cultura da avaliação como mecanismo de
estar atenta para as sutilezas próprias do ser humano, regulação e, ao mesmo tempo, de emancipação:
observando-o com um ser formador de sua história. a) o ato de avaliar estabelece ligação diretamente
Dentre os processos de gestão de pessoas está a avaliação relacionada ao desenvolvimento das práticas democráticas,
de desempenho individual, através do qual as empresas fortalecendo o direito do exercício da cidadania.
procuram mensurar a performance de cada funcionário, b) a aparição das práticas avaliativas de ordem
comparando o resultado obtido por ele com um padrão organizacional, exigindo mudanças de paradigmas ou atitude
pré-estabelecido. Porém, muitos dos modelos de avaliação de de gestão;
desempenho utilizados não correspondem mais às c) a necessidade de legitimar as ações institucionais
expectativas organizacionais, apresentando, em alguns casos, perante a sociedade.
critérios injustos para os avaliados e inadequados aos
objetivos da organização que os avalia. Os critérios e a forma Avaliar o desenvolvimento das práticas democráticas é
como ocorre essa avaliação influenciam a motivação do uma necessidade que surge a partir do grau de exigência do
funcionário e o clima organizacional, devido a sua vinculação cidadão em relação aos seus direitos, a qualidade de serviços
com a remuneração, carreira profissional e, em muitos casos, prestados, entre outros. Assim, a exigência da avaliação,
com a permanência do funcionário na empresa73 identifica-se com a necessidade de prestar conta e provocar
responsabilidades e consequências. Na opinião do referido

72Texto adaptado de Wagner Soares Fernandes dos Santos. concentração em Avaliação Educacional). Fortaleza/ Universidade Federal do
73LUCENA, M. D. Avaliação de desempenho. São Paulo: Atlas, 1992. Ceará, 1998.
74GURGEL, Carmesina Ribeiro. Avaliação do Desempenho Docente do Centro de

Ciências da Educação - UFPI. Dissertação (Mestrado em Educação com área de

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autor avaliamos porque não sabemos o que fazemos, nenhuma exercer a prática de valores humanos; ter autoestima positiva
instituição pode afirmar que é legítima por si mesma, porque e saber conviver socialmente.
não tem certeza de seus efeitos. O único instrumento capaz de
legitimar a validade ou não das ações de uma instituição e, Em busca da eficiência e da eficácia, uma Instituição deve
consequentemente, de um gestor é a avaliação. adotar princípios funcionais e hierárquicos orientada para o
Numa visão contemporânea, administrar consiste em objetivo de produzir bens ou serviços. Nesta ótica, surge a
orientar, dirigir e avaliar os esforços de um grupo de pessoas divisão de trabalho, as especialidades, a hierarquia e
para um objetivo comum. Um bom gestor ou administrador é amplitude administrativa. A divisão de trabalho é importante
naturalmente, aquele que possibilita a sua equipe de porque facilita a direção e execução das tarefas e sua
assessores alcançarem os objetivos institucionais com o operacionalização. Do ponto de vista administrativo pode-se
mínimo dispêndio de recursos, de esforços e habilidade para apresentar em três níveis: institucional (gestor máximo e
minimizar os atritos com outras atividades úteis. assessores); intermediário (diretores/gerentes) e operacional
Administrar, nesta visão torna-se uma atividade essencial (coordenadores/supervisores e outros).
a todo esforço humano coletivo, seja qual for o tipo de Pela necessidade de divisão do trabalho, surge a
Instituição, pois o ser humano cada vez mais necessita de especialização, ou seja, cada órgão passa ter funções e tarefas
cooperar com outras pessoas para atingir seus objetivos, isto específicas, cujo objetivo é proporcionar melhorias de
é trabalhar socialmente e, como prática social a administração métodos e incentivos no trabalho e melhorando o desempenho
torna-se uma ação basicamente de coordenação de atividades funcional. Ainda como consequência da divisão do trabalho e
grupais que vem corroborar com o entendimento das novas da diversidade profissional dentro da Instituição surge a
tendências de modelo de gestão e avaliação de desempenho hierarquia com a finalidade de dirigir as ações dos níveis que
nesse século. lhe estão subordinadas. A pluralidade de funções exige o
Estamos na era das ideias, não há mais distância entre as desdobramento da função de comando, cuja missão é dirigir
informações em virtude dos avanços tecnológicos. Diante para que todas as atividades sejam cumpridas
deste contexto, vem se resgatando o lado humanista nos harmonicamente.
sistemas de gestão, onde o essencial é a interação entre as A hierarquia divide a Instituição em camadas ou níveis de
pessoas e a maior necessidade do desenvolvimento da autoridade. Quando mais alto a escala hierárquica maior o
criatividade, dos talentos e da sensibilidade. As tendências volume de autoridade do gestor. A autoridade pode ser
ascendentes de gestão apresentam-se nas formas de definida como sendo o direito formal e legítimo de tomar
integração com o meio ambiente, com a comunidade, e com o decisões, transmitir ordens e alocar recursos para alcançar os
potencial humano. objetivos desejados pela organização. O grau de autoridade é
Sendo assim os novos paradigmas estão fundamentados proporcional ao grau de responsabilidade assumida pela
nos talentos das pessoas, na gestão da informação, na visão pessoa. No entanto, a autoridade pode ser delegada conforme
comum, na ajuda mutua e na identidade de valores a posições e funções desempenhadas.
compartilhados. A partir disso quem dita as condições para o Quando um gestor transmite autoridade e
sucesso no mercado é o próprio mercado e às empresas resta responsabilidade a uma pessoa numa determinada hierarquia,
buscar alternativas que atendam essa nova fase. pode-se dizer que houve uma delegação. A amplitude
administrativa ou de comando ou de controle torna-se
Para que uma equipe de trabalho possa apresentar necessário quando a Instituição encontra-se em fase de
padrões elevados de eficiência e eficácia é preciso entender a expansão e precisa garantir a qualidade de seus serviços. No
diferença entre estas duas ações. A eficiência é voltada para entanto, alguns cuidados devem ser observados, pois quanto
a melhor maneira pela qual as ações devem ser mais restrita é a amplitude da estrutura organizacional menos
desenvolvidas, a fim de que os recursos sejam aplicados de disperso as ações e melhor sua comunicação.
forma mais racional possível. Uma equipe eficiente deve Outro fator deve ser levado em conta quando estamos em
preocupar-se com os meios, com os métodos e procedimentos posição de comando de uma Instituição ou parte dela é o
mais indicados para assegurar a otimização da utilização dos fenômeno da centralização e da descentralização.
recursos. A eficácia de uma ação é medida pelo alcance dos Ambas as situações têm suas vantagens e desvantagens,
resultados, pela capacidade de satisfazer uma necessidade vejamos resumidamente cada uma delas no quadro a seguir:
por meio de suprimento de seus produtos, bem ou serviços.
I- VANTAGENS
Assim, uma Instituição pode ser eficiente em suas ações e
pode não ser eficaz, como também, pode ser ineficiente em Gestão Centralizada Gestão Descentralizada
suas funções, mas apesar disso, ser eficaz. Tomada de decisões por Rapidez nas decisões/
Alguns indicadores de eficiência e eficácia são encontrados quem possui visão global Ausencia de conflitos.
na literatura que torna compreensível esta situação: da Instituição.
Decisões tomadas no topo Sentimento de equidade/
Indicadores de eficiência – centrar ênfase nos meios; são mais bem treinadas e Informalidade e democracia.
desenvolver ações corretas para cada objetivo proposto; preparadas.
resolver os problemas em tempo hábil; administrar Decisões mais consistentes Mais aproximação entre
corretamente o orçamento; cumprir criteriosamente o com os objetivos gestores e sua equipe de
cronograma de tarefas e obrigações; promover treinamento Institucionais. trabalho.
em serviço; manter instrumentos e equipamentos de trabalho Elimina esforços Substituição da
em condições de funcionamento; manter harmonia no duplicados de vários administração por
ambiente de trabalho; promover atividades sociais; ser tomadores de decisões e portarias/ medidas por
presente no ambiente de trabalho. reduz custos operacionais. informações.

Indicadores de eficácia – gestão centrada nos resultados;


prima pelas ações corretas; dar ênfase ao alcance dos
objetivos; otimizar a utilização dos recursos financeiros;
valorizar a equipe de trabalho; manter bons equipamentos;

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II- DESVANTAGENS Métodos Básicos de Avaliação de Desempenho


Individual
Gestão Centralizada Gestão Descentralizada
Decisões distanciadas dos Falhas de informação entre Para Lucena, as empresas têm uma preocupação
fatos e das circunstâncias. os departamentos/ setores permanente e natural com o desempenho humano e em como
envolvidos. torná-lo mais produtivo, uma vez que os seus resultados são
Tomadas de decisões tem Maior custo pela exigencia consequência desse desempenho. A mensuração desse
pouco contato com as de melhor seleção e desempenho permite a empresa conhecer a performance de
pessoas e situações treinamento dos cada um de seus funcionários e do impacto desse desempenho
envolvidas. administradores médios. nos resultados organizacionais, sendo esta uma função
A comunicação pode Risco de subobjetivação. Os precípua para a organização.
ocasionar custos gestores podem defender
operacionais. mais os objetivos de seus A avaliação de desempenho individual é prática
setores do que os cotidiana e instrumento de mensuração que procura
institucionais. integrar diferentes níveis organizacionais e promover a
Pode ocasionar distorções As plíticas e procedimentos melhoria da performance de todas as pessoas da
e erros no processo de podem variar enormemente organização.
comunicação. nos diversos
departamentos. Avaliar significa comparar resultados alcançados com
aqueles que eram esperados/planejados, de forma que apenas
Enfim, administrar numa sociedade onde todas as suas o trabalho previamente planejado deve ser objeto de
atividades são voltadas para produção de bens ou para a avaliação. Isto pressupõe a comparação entre o que se espera
prestação de serviços especializados e, que a vida das pessoas do indivíduo em termos de realização (resultado esperado), a
depende das Instituições e esta depende do seu trabalho, sua atuação efetiva (trabalho realizado) e a existência de
realmente podemos afirmar que ser gestor nesta conjuntura algum mecanismo de acompanhamento, que permita corrigir
requer conhecimento, maturidade, habilidade e competência desvios para assegurar que a execução corresponda ao que foi
para reunir todos estes atributos na arte de administrar. Dito planejado. Na literatura são encontrados vários objetivos para
de outra forma, administrar é a condução racional das a avaliação de desempenho individual, que variam conforme a
atividades de uma Instituição seja qual for o campo de atuação. abordagem dos autores. Entretanto, existem aspectos em que
O ato de administrar envolve o planejamento e eles são convergentes, entre os quais estão a definição clara
monitoramento de todas as atividades diferenciadas pela que possibilite a compreensão por todos e a sua utilização
divisão de trabalho que ocorram dentro da Instituição. A como ferramenta gerencial para a área de gestão de pessoas.
capacidade de administrar é imprescindível para a existência,
sobrevivência e sucesso da Instituição, é preciso ser acima de A gestão de desempenho individual pode ser definida
tudo ser um gestor, um articulador de ideias. como um método que visa estabelecer um contrato com os
Neste sentido, a avaliação torna-se um instrumento para funcionários, para estabelecer os resultados esperados
subsidiar a gestão de desempenho e deve ser considerada pela organização, como ocorrerá o acompanhamento dos
parte integrante deste processo. A gestão de desempenho desafios propostos, a correção dos rumos, e avaliar os
envolve a reforma dos processos centrais de gerenciamento, resultados alcançados.
sendo, portanto, de responsabilidade dos gestores em cada
instituição, enquanto que a avaliação é vista como um método Como métodos básicos de avaliação do desempenho
especializado, frequentemente aplicado por especialistas ou individual podem ser citados três, que são utilizados conforme
avaliadores externos. A maioria dos gestores vê a avaliação a escolha estratégica da empresa:
como parte de uma estrutura mais ampla da gestão de
desempenho, no entanto, o grau de integração entre avaliação - Avaliação Direta – o gestor deve emitir parecer sobre
e a gestão irá depender dos fins que se propõe com seus todo o pessoal que está sob sua responsabilidade direta. O
resultados. ponto favorável é que o gerente imediato é quem melhor
Várias abordagens sobre avaliação que partem de conhece o desempenho do funcionário. O ponto desfavorável é
premissas acerca da natureza do conhecimento avaliativo, da que a avaliação realizada pode ser contaminada por
possibilidade de criação de conhecimento confiável e quanto disfunções na percepção gerencial, de acordo com a
ao melhor uso legitimo dos resultados. Não há um método proximidade ou distanciamento que ele mantém com o
ideal de condução de uma avaliação, o papel da avaliação é avaliado.
diferente em cada um dos processos de tomada de decisão e
aprendizagem, por exemplo, a avaliação econômica e - Avaliação conjunta – mostra a possibilidade de
experimental usada para decisões orçamentárias e a avaliação avaliador e avaliado conversarem sobre o seu desempenho e,
naturalista usada para melhoria de programas e projetos. A muitas vezes em conjunto, responderem a avaliação de
questão relevante é a necessidade de adequar a avaliação ao desempenho. Tem a vantagem de ser uma prática rica por
elemento que se deseja avaliar, as informações desejadas, aos permitir um diálogo franco entre avaliador e avaliado sobre o
recursos disponíveis e ao uso pretendido para os resultados. esperado e o obtido durante o período.
Qualquer que seja a abordagem, a metodologia avaliativa é
intrínseca a cada modelo. Os problemas metodológicos mais - Auto avaliação – o próprio avaliado realiza o julgamento
comuns às práticas avaliativas são: casualidade; lentidão para sobre o seu desempenho, com base nos parâmetros
término; mecanismos de coleta de dados; dificuldade de estabelecidos pela empresa. Este método tem como ponto
identificar resultados dos programas; generalização dos favorável a diluição da centralização da avaliação.
resultados; limitações e tratamento apropriado dos
problemas. Essas técnicas de avaliação evoluíram de um modelo de
avaliação unilateral, onde o gerente realizava um diagnóstico
dos pontos fortes e fracos do subordinado, para modelos de
avaliação bilateral, em que gerente e subordinado discutem
em conjunto o desempenho do último, para a avaliação 360º

Conhecimentos Pedagógicos 236


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que se utiliza de múltiplas fontes, ou seja, a avaliação do desempenho das atribuições do seu cargo. Usualmente, a
empregado por diversas pessoas envolvidas no trabalho, como forma mais adotada é o próprio superior hierárquico proceder
gerentes, pares, subordinados e, também, a opinião do cliente. à avaliação do desempenho de cada servidor, aferindo o
Entretanto, Resende adverte que a opinião do cliente interno e desempenho funcional. Os objetivos principais em relação ao
externo somente pode ser utilizada se as relações estiverem desempenho dos servidores na maioria são:
bem definidas e houver amadurecimento cultural para que - adequação do funcionário ao cargo;
isso ocorra. Caso contrário, podem ocorrer traumas de gestão - identificação das necessidades de treinamento;
que colocam os sistemas que estão sendo implementados e a - promoções, incentivo salarial ao bom desempenho;
direção da empresa sob o foco da descrença, tendo - melhoria do relacionamento entre o chefe e subordinado;
consequências antônimas às que foram planejadas para os - auto aperfeiçoamento do funcionário;
resultados organizacionais. - estimativa do potencial de desenvolvimento dos
Outro fator relevante é a clareza das etapas do processo de funcionários;
avaliação de desempenho que normalmente segue algumas - estímulo à maior produtividade;
etapas para ser realizada: - oportunidade de conhecimento dos padrões de
Etapa 1: Definição do Sistema da Avaliação de desempenho da instituição;
Desempenho, nessa etapa é realizada um mapeamento dos - feedback ao próprio indivíduo avaliado;
indicadores/objetivos da avaliação. - decisões sobre transferências, dispensas e progressão/
Etapa 2: Construção e validação do formulário de ascensão funcional.
avaliação, ocorre a elaboração do material a ser utilizado no
processo avaliativo. A avaliação de desempenho propiciará os seguintes
Etapa 3: Sensibilização, ocorre a conscientização e benefícios:
preparação de avaliadores e avaliados. a) para os gestores: contar com um sistema de medição
Etapa 4: Aplicação da Avaliação de Desempenho, é a capaz de neutralizar a subjetividade; melhorar o padrão de
aplicação efetiva do projeto. desempenho dos funcionários; melhorar a comunicação.
Etapa 5: Apresentação do Resultado da Avaliação de b) para os funcionários: conhecer as regras institucionais;
Desempenho, ocorre a entrevista de feedback aos avaliados. conhecer as expectativas da Instituição e do chefe; oportuniza
a auto avaliação e autocrítica do seu desempenho.
Para Stoffel a avaliação do desempenho deve ser um c) para a Instituição: avalia seu potencial humano e a
processo participativo, dinâmico, contínuo e sistematizado. contribuição de cada empregado; identifica os empregados
Participativo para ter a participação do gestor de equipe e dos que necessitam de capacitação; dinamiza a política de recursos
integrantes da equipe na negociação democrática de um plano humanos; defini o grau de contribuição de cada servidor para
de trabalho viável e ambicioso, que tenha como foco principal a instituição; identifica os desempenhos conforme qualificação
a consecução das metas organizacionais. Dinâmico para requerida pelo cargo que exerce; identifica em que medida os
considerar a evolução dos fatos e o contexto no qual estão programas de treinamento têm contribuído para a melhoria
inseridos, com flexibilidade suficiente para permitir ajustes do desempenho dos servidores; obtêm subsídios para
que se fizerem necessários à melhoria do próprio processo e redefinir o perfil requerido dos ocupantes dos cargos e
de seus resultados. Contínuo para ter caráter de ação promoção; subsídios para elaboração de planos de ação para
permanente, de forma que qualquer descontinuidade pode desempenhos insatisfatórios.
eliminar os ganhos obtidos até então e substituí-los por
sensações de descrédito e desconfiança dos funcionários para Atualmente as avaliações de desempenho podem ser
com o sistema de gestão da empresa. E sistematizado para ser desenvolvidas pelos seguintes agentes:
um procedimento metodológico com características, etapas e
sequência bem definidas e objetivos pré-estabelecidos. ∗ Chefe imediato/gerente – ninguém melhor que o chefe
imediato para avaliar o empregado. Todavia favorece a
Os modelos de avaliação de desempenho existente subjetividade, podendo desvirtuar dos objetivos de toda a
Instituição.
A sistemática de avaliação de desempenho, como ∗ Próprio servidor – exige amplo grau de abertura da
instrumento complementar a política salarial é representada Instituição e de maturidade do empregado. Requer
na forma de apreciação do desempenho do indivíduo na sua determinação de parâmetros objetivos.
função, posicionando-o individualmente, na escala ou ∗ Equipe de trabalho – avalia o desempenho, define
estrutura impessoal de salários. objetivos e metas. Requer suficiente maturidade.
Recebe diferentes denominações, tais como: avaliação de ∗ Comissão de avaliação – constituída por membros de
mérito, avaliação dos funcionários, relatórios de progresso, diversas áreas da Instituição que têm poder de decisão.
avaliação da eficiência funcional e outros termos equivalentes. Desenvolvem padrões de julgamento mais homogêneo.
Já o instrumento de plano de carreiras define as carreiras ou ∗ Servidores – “avaliação invertida”. Possibilita o chefe
agrupamento de cargos, inerentes a uma organização, de conhecer a opinião do empregado a seu respeito. Pode
forma a indicar, a cada empregado ou funcionário, os modelos transformar-se num mero canal de insatisfação, com críticas
de que dispõe para seu desenvolvimento. É um processo que não acrescentam aspectos positivos.
continuo de interação entre o funcionário e a instituição do ∗ Órgão de Recursos Humanos – trata-se de modalidade
qual resultam passos selecionados e o caminho que bastante centralizadora. Proporciona pouca liberdade aos
mutuamente atendem aos objetivos da Instituição e às avaliadores. Padroniza o desempenho das pessoas,
aspirações do funcionário. desprezando suas peculiaridades.
A avaliação de desempenho pode ser considerada uma ∗ Entorno do avaliado – é uma técnica recente que
sistemática voltada para a apreciação do desempenho procura envolver todos os agentes do processo. Uma delas é
individual do funcionário no exercício das atribuições denominada “Avaliação 360 Graus”. A pessoa é avaliada por
inerentes a seu cargo. No Plano de Cargos, Carreira e todos que mantêm interação: chefe, colegas, subordinados,
Vencimentos dos Servidores Públicos (federal, estadual ou clientes externo e interno e fornecedores. Sua aplicação é
municipal) geralmente, a avaliação do desempenho é trabalhosa, mas fornece um amplo feedback.
concebida como instrumento técnico gerencial destinado a
aferir, de forma objetiva, o grau de eficiência do servidor no

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Não obstante, a avaliação é um processo de análise de meta apresenta um caráter probabilístico e não tem
resultados das políticas públicas institucionais, organizações, implicação lógica, isto porque, torna-se mais conveniente
de programas e desempenhos que enfatizam a confiabilidade incrementar o número de indicadores de uma meta para
e a utilidade das informações. Destina-se a colher melhores aumentar a probabilidade de conseguir uma medição
dados e reduzir as incertezas. Contudo, mesmo mediante a adequada.
aplicação dos rigorosos métodos, as avaliações sempre estarão
sujeitas a algum grau de julgamento subjetivo. Uma instância Objetivo 1 - Adequar os funcionários ao cargo.
central do processo de avaliação consiste em determinar o Meta 1 – Desenvolver estudo avaliativo sobre a formação e
grau em que foram alcançadas as finalidades de um plano, titulação do servidor para saber a adequação de sua formação
programa ou projeto. Isto requer dimensionar o objetivo em com a função ou cargo que exerce.
ações específicas, os quais terá metas, cuja obtenção será Indicador 1 – Índice de servidor ocupando cargo
medida através de indicadores. indevidamente.
O conceito tradicional de meta é a representação
quantificada de um objetivo (baliza, barreira, marco, limite, Os indicadores da avaliação não surgem necessariamente
alvo, mira, objetivo, termo, limite, fim), isto é, meta é um da programação realizada. Ainda que na formulação do Plano
objetivo temporal, espacial e quantitativamente tenham sido considerados as metas e indicadores
dimensionado. Numa visão contemporânea a meta é determinados. Pode ocorrer que as metas tenham sido mal
considerada a dimensionalização operacional dos objetivos estabelecidas e os indicadores incorretamente definidos. Mas
específicos, que traduz o significado correto da operação que isto não constitui uma restrição para a avaliação. Seu principal
se utiliza. Exemplificando a partir dos objetivos de Plano de referencial não é a programação, e sim o comportamento da
Cargos, Carreira e Vencimento: realidade como consequência da ação (plano). O objetivo da
avaliação é verificar de que modo, em que medida foi
- Objetivo 1 - Adequar os funcionários ao cargo. produzida as transformações no grupo afetado - pelo
Meta 1 – Desenvolver estudo avaliativo sobre a formação e plano. A partir dessas observações é possível determinar
titulação do servidor para saber a adequação de sua formação quais são os indicadores (indiretos) válidos para a avaliação.
com a função ou cargo que exerce. A literatura disponibiliza vários modelos de avaliação de
- Objetivo 2 - Identificar as necessidades de treinamento. desempenho, e a avaliação de mérito, modelo que enfatiza os
Meta 2 – Promover cursos de formação continuada visando critérios de desempenho, idealizado por Michael Scriven, que
promoções, incentivo salarial ao bom desempenho. define a avaliação uma atividade metodológica de coleta e
análise de dados relativos ao desempenho. Para isso, usa-se
Qualquer processo de avaliação pressupõe o uso de fontes um conjunto ponderado de escalas e critérios que possibilite
de informação apropriadas que fornecem um conjunto de classificações comparativas ou numéricas.
dados e referências descritivas úteis para caracterizar os A maioria das instituições centra, atualmente, avaliação
indicadores de qualidade. Um dos princípios que podemos numa série de instrumentos registrados periodicamente em
estabelecer no processo avaliativo é que um indicador possa forma de questionários contemplando como parâmetros listas
estar associado, simultaneamente, a vários aspectos do de atributos pessoais e profissionais, seguido de valores
desempenho funcional. Neste sentido, cada indicador deverá escalares cuja função é valorar a performance do servidor
ser associado ao critério que estabelece, de forma detalhada, a (funcionário; docente ou outras categorias). O resultado desse
situação desejável de cada indicador. O juízo de valor sobre o processo, via de regra automatizada, estabelece níveis
grau de atendimento de cada critério deverá ser construído a diferenciados de desempenho entre as pessoas, conforme as
partir das múltiplas fontes de informações disponíveis com a categorias associadas à escala estabelecida para cada
aplicação de técnicas e instrumentos, tais como: questionários instrumento, os mais usados (ótimos, regulares e péssimos)
de avaliação de desempenho, entrevistas e reuniões grupais, associados a uma escala 1, 2, 3,
informações de caráter qualitativo e quantitativo, Certamente este modelo tem gerado insatisfações entre os
observações, entre outros. avaliados, comprometendo a credibilidade das instituições e
Na avaliação, o indicador é a unidade que permite medir o os fins do processo avaliativo, pois são questionados pela falta
alcance de um objetivo especifico. Distingue-se em indicadores de objetividade, pela burocratização do processo, além da
diretos e indiretos. probabilidade de distorções e fatores que induzem
Indicadores diretos traduzem a obtenção do objetivo interpretações tendenciosas e injustas. No entanto, um
específico em uma relação de implicação lógica. Exemplo: Se sistema de avaliação adequado cumpre além da função de
aumentar à produtividade do servidor público, é um objetivo escolher e selecionar os futuros líderes constitui num
institucional, sua definição já determinou o indicador, que é instrumento de promoção do crescimento pessoal e
“produtividade funcional” que mostrará as variações para profissional das pessoas. Os maiores problemas de
mais ou para menos que ocorreram nas realizações do gerenciamento acontecem quando as instituições imputam
avaliado. Esta variação expressa o efeito do Plano de Cargo, aos seus servidores a responsabilidade pelo mau desempenho.
Carreiro e Vencimento, por exemplo, como elemento Vários estudos têm demonstrado que na realidade esse
motivador ou não da melhoria do desempenho funcional. insucesso advém do processo de gestão, ou do próprio sistema,
não sendo, portanto de responsabilidade dos servidores, mas
- Objetivo 1 - Adequar os funcionários ao cargo. de gerência.
Meta 1 – Desenvolver estudo avaliativo sobre a formação e
titulação do servidor para saber a adequação de sua formação Para saber mais... Indicadores de desempenho -
com a função ou cargo que exerce. Conceito75
Indicador 1- Quantidade de servidores exercendo cargos
compatíveis com formação e titulação acadêmica. Os indicadores são instrumentos de gestão essenciais nas
atividades de monitoramento e avaliação das organizações,
Por outro lado, pode surgir os chamados indicadores assim como seus projetos, programas e políticas, pois
indiretos, que emergem da forma em que o desempenho do permitem acompanhar o alcance das metas, identificar
servidor se expressa. Neste caso, a relação entre indicador e

75 http://www.antaq.gov.br/

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avanços, melhorias de qualidade, correção de problemas, Quantidade e qualidade dos indicadores selecionados
necessidades de mudança etc.
Quantidade: Para o trabalho com indicadores de
Pode-se dizer que os indicadores possuem, desempenho deve-se esquecer o mito da “Medição absoluta”.
minimamente, duas funções básicas: Não é necessário monitorar e controlar tudo e todos ao mesmo
- a primeira é descrever por meio da geração de tempo e na mesma hora. A postura correta é a alta seletividade.
informações o estado real dos acontecimentos e o seu Medir apenas o que é importante e significativo. A quantidade
comportamento; ideal sofrerá mudanças pelo nível de amadurecimento da
- a segunda é de caráter valorativo que consiste em instituição no tratamento das questões que envolvem
analisar as informações presentes com base nas avaliação de performance e desempenho.
anteriores de forma a realizar proposições valorativas. Pode-se começar com poucos indicadores, medindo
apenas os processos básicos, e ir aumentando gradativamente
Objetivo dos indicadores à medida que haja melhor sensibilidade institucional ao trato
desse assunto.
Dessa forma os indicadores servem para:
- mensurar os resultados e gerir o desempenho; Qualidade: As medidas devem ser úteis, fazer sentido para
- embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do orientar a gestão no dia a dia. A medição tem que ser orientada
processo de tomada decisão; para a melhoria do desempenho e a melhoria do desempenho
- contribuir para a melhoria contínua dos processos tem que ser orientada pela medição. Se com a medição
organizacionais; consegue-se extrair informações de gestão, ele terá qualidade.
- facilitar o planejamento e o controle do desempenho; e
- viabilizar a análise comparativa do desempenho da E como fica a Avaliação de Desempenho nas escolas?
organização.
Avaliação da aprendizagem
Elementos essenciais para a elaboração dos
indicadores A avaliação apresenta-se como uma das questões mais
controversas no processo de ensino aprendizagem, isto
- Os indicadores devem contribuir de forma explícita para porque comumente avaliamos, considerando sempre a
o cumprimento dos objetivos estratégicos (Mapa estratégico); realidade como algo objetivo e estável. Nesse enfoque, a
- Devem estar intimamente relacionados às principais avaliação assume a finalidade de proporcionar uma visão
conclusões do processo de elaboração do Planejamento retrospectiva e/ou pontual sobre a aprendizagem e medir o
(pontos fracos, pontos fortes, oportunidades e ameaças); que foi aprendido, legitimando a função de: recapitulação
- Devem medir performance e não atividade; (armazenamento) e seleção social (promoção do aluno).
- Devem custar o mínimo possível e ter o máximo de A proposta de avaliação da aprendizagem, é realizada em
justificativa possível; função dos objetivos expressos nos planos de cursos,
- Devem ser simples e de preferência exigir pouca ou considerando os aspectos cognitivos, afetivos e psicossociais
nenhuma explicação; do educando, apresentando-se em três momentos avaliativos:
- Devem permitir fixação de metas e autonomia na diagnóstico, formativo e somativo, além de momentos
obtenção das mesmas; coletivos de auto e heteroavaliação entre os sujeitos do
- A interpretação dos dados deve subsidiar o processo processo de ensino e aprendizagem.
decisório.
A avaliação diagnóstica define estratégias para detectar os
A cadeia de Valor e os 6Es do desempenho conhecimentos prévios dos alunos, em função do
Mensurar o desempenho da organização com base nos planejamento do professor, para que este possa estruturar e
elementos da cadeia de valor permite que as organizações adequar as suas atividades, ao longo do curso, às necessidades
analisem suas principais variáveis associadas ao cumprimento de aprendizagem dos alunos.
dos seus objetivos: quantos e quais insumos são requeridos,
quais ações são executadas, quantos e quais produtos/serviços A avaliação formativa ajusta, constantemente, o processo
são entregues e quais os impactos finais alcançados. de ensino e o de aprendizagem para adequar-se à evolução dos
alunos, a fim de orientar as ações educativas, de acordo com o
Cadeia de valor: que será detectado na prática, mediante a observação contínua
e permanente.
A cadeia de valor é definida como o levantamento de toda
a ação ou processo necessário para gerar ou entregar produtos A avaliação somativa reconhece, quantitativamente, se os
ou serviços a um beneficiário. É a representação das atividades alunos alcançaram os resultados esperados, por meio dos mais
de uma organização e permite melhor visualização do valor ou variados instrumentos de avaliação (provas, trabalhos,
do benefício agregado no processo. O modelo da cadeia de pesquisas, projetos, TCC, prática profissional etc.).
valor mensura o que se deve realizar para se produzir um
resultado significativo no futuro. Na auto avaliação, o aluno analisa junto ao professor os
êxitos e fracassos do processo ensino aprendizagem,
6 Es do Desempenho observando o material didático, a metodologia e o seu próprio
desempenho.
O modelo dos 6 Es de desempenho constitui-se nas
dimensões de esforços que serão despendidos considerando Esse entendimento conflui na ideia da necessidade de se
os resultados desdobrados em outras dimensões do estabelecer estratégias na formação do desempenho do aluno,
desempenho. As dimensões de esforço são economicidade, para o desenvolvimento de competências, habilidades, valores
execução e excelência; e as dimensões de resultado são e atitudes, ao longo do processo de ensino e aprendizagem.
eficiência, eficácia e efetividade. Para isso, a adoção de parâmetros individuais e coletivos
de desempenho dos alunos é necessária, como forma de
relacionar aos aspectos cognitivos, emocionais e sociais,

Conhecimentos Pedagógicos 239


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consequentes da ação educativa. Assim, deverão ser criados Avaliação de desempenho – alunos e ensino
espaços para a recuperação contínua da aprendizagem dos
alunos em dificuldade de acompanhamento de estudos, por Todo e qualquer projeto necessita prever mecanismos de
meio de várias técnicas e instrumentos avaliativos, de forma acompanhamento e avaliação que possam lhe permitir a
que estes avancem sempre junto aos demais, procurando “segurança” da sua implementação.
evitar a reprovação e/ou exclusão. A vivência de um Projeto Político Pedagógico pressupõe
Em síntese, a avaliação de aprendizagem deve ser uma que seu coletivo esteja em constante e democrático processo
estratégia pedagógica substancialmente voltada para o de avaliação, cujas bases são a crítica institucional e a criação
direito de aprender. Aprender implica esforço reconstrutivo coletiva, com vistas ao aperfeiçoamento de sua política e à
político, que privilegia atividades de pesquisa e elaboração emancipação de seus atores.
própria, habilidades de argumentação e autonomia, saber Em consonância com o Plano Nacional de Educação, faz-se
pensar crítica e autocriticamente, produção de textos e necessário considerar alguns princípios que contribuirão para
materiais inteligentes, com participação ativa envolvente. No a garantia de resultados positivos, no decorrer da
dizer de Demo a aprendizagem é marcada profundamente pela implementação do Projeto Político Pedagógico, quais sejam:
virtude de trabalhar os limites em nome dos desafios e os - Visão ampla do processo educativo;
desafios dentro dos limites”, a aprendizagem é, no seu âmago, - Universalização do acesso à escola para todos;
expressão política e ética. - Busca de padrão de qualidade;
Enfim, o processo de avaliação de aprendizagem, coerente - Compromisso de longo prazo;
com a proposta seu Projeto Político Pedagógico, estabelecerá - Busca de integração (via princípio de colaboração) com
estratégias pedagógicas que assegurem uma prática avaliativa outros agentes institucionais;
a serviço de uma ação democrática, por meio de instrumentos - Instituição e fortalecimento de canais de participação
e técnicas que concretizem resultados em benefício do popular e democratização da gestão;
processo ensino-aprendizagem - prova escrita e oral; - Abrangência/articulação com todos os níveis e
observação; auto avaliação; trabalhos individuais e em grupo; modalidades de ensino;
portfólio; projetos e conselho de classe, sobrepondo-se este - Busca de parcerias e intercâmbios;
como espaço privilegiado de avaliação coletiva. O conselho é, - Humanização das relações.
por excelência, espaço dialético com enorme potencial
pedagógico e guarda em si a possibilidade de articular os Dessa forma, o Projeto Político Pedagógico requer a
diversos segmentos da escola, objetivando avaliar o seu previsão de instâncias em condições de promover adaptações
processo de ensino/aprendizagem. Para tanto, dar-se-á e medidas corretivas na sua operacionalização, de
relevância às ações que se seguem: conformidade com as mudanças e exigências da dinâmica da
- Assegurar práticas avaliativas emancipatórias, como realidade, por meio de um salutar acompanhamento e de uma
instrumentos de diagnóstico e acompanhamento do processo constante avaliação no itinerário do desenvolvimento de suas
de ensino e aprendizagem, tendo como pressupostos o diálogo ações.
e a pesquisa; Torna-se imperativa a criação de um processo contínuo e
- Contribuir para a melhoria da qualidade do processo permanente de ação/reflexão/ação como suporte da
educativo, possibilitando a tomada de decisões para o consecução do Projeto Político Pedagógico, de forma que sua
(re)dimensionamento e o aperfeiçoamento do mesmo; tradução possa se dar, na prática pedagógica, em sala de aula.
- Assegurar a consistência entre os processos de avaliação Sendo o P.P.P um projeto de cunho institucional, seu
e a aprendizagem pretendida, através da utilização de formas processo de acompanhamento e avaliação deve ter correlação
e instrumentos diversificados, de acordo com a natureza dessa direta com a Comissão Própria de Avaliação – CPA- na
aprendizagem e dos contextos em que ocorrem; perspectiva de extrair elementos do desempenho institucional
- Assegurar as formas de participação dos alunos como que favoreçam sempre a melhoria da qualidade dos seus
construtores de sua aprendizagem; resultados. Para tanto, é imperativo constituir um grupo de
- Assegurar o aproveitamento de estudos concluídos com coordenação que, no âmbito da instituição, mantenha um
êxito; trabalho periódico envolvendo atividades tais como:
- Assegurar estudos de recuperação paralela ao período Contrastar quantidades e/ou qualidades, qualificar
letivo, em todos os cursos ofertados; desempenhos, acompanhar metas, comparar situações,
- Diagnosticar as causas determinantes das dificuldades de comparar dinâmicas, propor padrões, distribuir expectativas,
aprendizagem, para possível redimensionamento das práticas permitir/suspender entrada/progressão, evitar excessos e
educativas; prevenir.
- Diagnosticar as deficiências da organização do processo O delineamento de uma sistemática de acompanhamento e
de ensino, possibilitando reformulação para corrigi-lo; avaliação para esse P.P.P.I é a evidência da responsabilidade
- Estabelecer um conjunto de procedimentos que social que o Instituto assume no desenvolvimento das
permitam traduzir os resultados em termos quantitativos; atribuições que lhes são postas pelo poder público federal, na
- Adotar transparência no processo de avaliação, consecução da educação profissional. Para atendimento a uma
explicitando os critérios (o que, como e para que avaliar) numa proposição de tamanha envergadura torna-se imperativo:
perspectiva conjunta e interativa, para alunos e professores; - Constituir um sistema de monitoramento e controle que
- Garantir a primazia da avaliação formativa, valorizando permita identificar os sucessos, lacunas, desvios e perdas na
os aspectos (cognitivo, psicomotor, afetivo) e as funções prática pedagógica, a fim de possibilitar a indicação de
(reflexiva e crítica), como caráter dialógico e emancipatório; alternativas que concretizem melhorias e qualidades do
- Instituir o conselho de classe como fórum permanente de processo ensino-aprendizagem.
análise, discussão e decisão para o acompanhamento dos - Estabelecer sistemas de acompanhamento e avaliação do
resultados do processo de ensino e aprendizagem; PPP, em conjunto com a CPA, com participação representativa
- Desenvolver um processo mútuo de avaliação dos segmentos que compõem a comunidade escolar;
docente/discente como mecanismo de viabilização da - Organizar sistemas de informações estatísticas e de
melhoria da qualidade do ensino e dos resultados de divulgação das avaliações da política e dos resultados das
aprendizagem. ações político pedagógicas no ensino.
- Avaliar a destinação dos recursos da instituição na
manutenção e desenvolvimento do ensino, verificando suas

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consequências sobre a democratização e a qualidade do O percurso reflexivo feito através desses quatro eixos
ensino, que desenvolve em todos os níveis e modalidades; revelará, além do nível das experiências vivenciadas, os
- Desencadear ações de parcerias e intercâmbios na conhecimentos disseminados ao longo do processo de
execução de programas de avaliação externa do rendimento formação profissional e a interação entre os cursos e os
escolar; contextos: local, regional e nacional. Enfim, a avaliação deve
- Promover a avaliação da política educacional, através dos apresentar: a coerência interna entre seus elementos
indicadores de qualidade; constituintes, a pertinência da estrutura curricular em relação
- Considerar, dentre outros meios, os dados e análises ao perfil desejado, o desempenho profissional e social do
qualitativas e quantitativas fornecidos pelos sistemas de egresso, com vistas a possibilitar a viabilização das mudanças
avaliação já operados pelo MEC e pelas instituições e de forma sistemática e sistêmica.
organizações que produzem estudos no campo educacional;
- Definir instrumentos e procedimentos de avaliação; Questões
- Subsidiar a revisão e ajustes das metas e ações, num
contínuo processo de aperfeiçoamento; 01. (Prefeitura de Jacareacanga/PA - Técnico em
- Publicizar os resultados obtidos; Recursos Humanos - FADESP) Avaliação de Desempenho é
- Instituir mecanismos de avaliação do desempenho (A) um sistema formal de revisão e avaliação do
docente pelo corpo discente. desempenho das pessoas ou equipes de trabalho.
(B) o modo de vigiar os funcionários em suas atividades
Diretrizes para a avaliação e acompanhamento profissionais.
(C) o trabalho feito para definir os padrões de
A intencionalidade da avaliação está na possibilidade de desligamento de funcionários.
fazer uma instituição que, verdadeiramente, eduque a todos (D) atividade exclusiva dos chefes em relação a seus
que a ela tenha acesso, superando, não só os efeitos perversos subordinados.
das retenções e evasões, mas que lhes assegure o acesso crítico
ao mundo dos conhecimentos, bem como o desenvolvimento 02. (PROCON/RJ - Agente administrativo - CEPERJ) A
de uma consciência cidadã que lhes permita enfrentar os avaliação de desempenho tem como objetivos
desafios do mundo contemporâneo, interpretando-o como fundamentais:
uma perspectiva de futuro, buscando intervir no mundo real (A) desenvolver lideranças, ampliar cargos e rotacionar
para transformá-lo qualitativamente. pessoas
A consecução de um empreendimento desta ordem requer (B) estabelecer recompensas grupais, definir autonomias e
uma sistemática de acompanhamento que extrapole a designar tarefas
apreciação individualizada dos agentes diretos do processo (C) integrar pessoas, triar candidatos e planejar carreiras
escolar. É fundamental que a comunidade acadêmica institua (D) medir o potencial humano, desenvolver a capacidade
uma cultura de avaliação sistemática e processual, que traga produtiva e fornecer oportunidade de crescimento
elementos substantivos para a melhoria da qualidade do (E) medir a efetividade operacional, integrar equipes e
trabalho que desenvolve. descrever cargos
No plano institucional, as diretrizes que se estabelecem
para a avaliação da instituição, coerentemente com as 03. (TJ/AP - Analista Judiciário - Área de Apoio
premissas que lhe dão sustentação, assumem a dimensão Especializado – Psicólogo - FCC) Um dos propósitos da
emancipatória, compreendendo a função e/ou sentido entrevista de avaliação do desempenho é
pedagógico da instituição, onde seus próprios atores devem (A) informar de modo preciso se o funcionário tem ou não
assumir o protagonismo desse processo avaliativo. A condições de permanecer na empresa.
avaliação, portanto, [...] visa engajar os agentes da ação (B) dar ao avaliado as condições de melhorar seu trabalho
educativa [...] num processo de autocrítica e de transformação, por meio de comunicação clara e inequívoca de seu padrão de
comprometendo-os com o delineamento e com a execução de um desempenho.
projeto [...], onde a participação garante o envolvimento (C) diagnosticar o potencial do colaborador visando
daqueles que vivem o cotidiano da instituição, na sua construção remunerá-lo dentro dos padrões praticados no mercado.
e/ou reconstrução. (D) fornecer subsídios à empresa e ao mercado de como
Vinculada ao sistema de avaliação global da educação seus empregados são analisados por todos os stakholders.
superior no Brasil, instituído pela Lei Federal Nº 10.861/2004, (E) disciplinar os empregados a compreenderem aquilo
a concepção de avaliação institucional, centrada naquilo que é que realmente devem realizar em seus trabalhos.
missão e destacada nesse PPI, aponta para a necessidade de
aperfeiçoar e redimensionar, atitudinalmente, as ações de uma 04. (TRT/MG - Analista Judiciário - Área
gestão e suas relações com a sociedade. O processo avaliativo administrativa - FCC) O método de avaliação de desempenho
institucional objetiva, periódica e processualmente, coletar, mais adequado para assegurar o ajustamento de funcionário
organizar, analisar e interpretar dados de natureza quali- às demandas que ele recebe do ambiente interno e externo à
quantitativa, relativos à efetividade do ensino, com vistas à organização é a advinda da
melhoria do processo educativo global, o qual envolve os (A) comissão de avaliação de desempenho.
contextos interno e externo dessa Instituição Federal de (B) avaliação para cima.
Educação. (C) avaliação 360°.
Nesse sentido, as diretrizes de avaliação, em consonância (D) auto avaliação.
com as premissas oriundas das impressões iniciais da (E) avaliação gerencial.
Comissão Própria de Avaliação (CPA) do Centro de Ensino,
explicitam a tendência de nortear seu processo de 05. (UFPA – Psicólogo - Área: Organizacional e do
avaliação/auto avaliação num plano participativo, envolvendo Trabalho - UFPA/2017) A ferramenta de avaliação de
todos os segmentos da comunidade acadêmica, baseado nos desempenho que propõe a utilização de múltiplas fontes, ou
seguintes eixos: estrutura organizacional, desenvolvimento do seja, a avaliação do empregado por clientes, pares, chefe e
ensino, infraestrutura física e de equipamentos, e relações subordinados, incluindo sua auto avaliação, conforme
intra e interinstitucionais. discutido por Edwards e Ewen (1996), é denominada de

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(A) avaliação bilateral. subordinados, clientes externo e interno e fornecedores, o que


(B) avaliação global de desempenho. fornece um amplo feedback.
(C) modelo de avaliação de mão única.
(D) avaliação 360 graus. 05. D
(E) avaliação multifatorial de desempenho. Como métodos básicos de avaliação do desempenho
individual podem ser citados três, que são utilizados conforme
Respostas a escolha estratégica da empresa:
- Avaliação Direta – o gestor deve emitir parecer sobre
01.A todo o pessoal que está sob sua responsabilidade direta. O
A avaliação de desempenho individual é prática cotidiana ponto favorável é que o gerente imediato é quem melhor
e instrumento de mensuração que procura integrar diferentes conhece o desempenho do funcionário. O ponto desfavorável é
níveis organizacionais e promover a melhoria da performance que a avaliação realizada pode ser contaminada por
de todas as pessoas da organização. disfunções na percepção gerencial, de acordo com a
A gestão de desempenho envolve a reforma dos processos proximidade ou distanciamento que ele mantém com o
centrais de gerenciamento, sendo, portanto, de avaliado.
responsabilidade dos gestores em cada instituição, enquanto - Avaliação conjunta – mostra a possibilidade de
que a avaliação é vista como um método especializado, avaliador e avaliado conversarem sobre o seu desempenho e,
frequentemente aplicado por especialistas ou avaliadores muitas vezes em conjunto, responderem a avaliação de
externos. A maioria dos gestores vê a avaliação como parte de desempenho. Tem a vantagem de ser uma prática rica por
uma estrutura mais ampla da gestão de desempenho, no permitir um diálogo franco entre avaliador e avaliado sobre o
entanto, o grau de integração entre avaliação e a gestão irá esperado e o obtido durante o período.
depender dos fins que se propõe com seus resultados. - Auto avaliação – o próprio avaliado realiza o julgamento
sobre o seu desempenho, com base nos parâmetros
02. D estabelecidos pela empresa. Este método tem como ponto
São três os objetivos fundamentais da avaliação de favorável a diluição da centralização da avaliação.
desempenho: Essas técnicas de avaliação evoluíram de um modelo de
1 - Permitir condições de medição do potencial humano no avaliação unilateral, onde o gerente realizava um diagnóstico
sentido de favorecer a utilização do potencial. dos pontos fortes e fracos do subordinado, para modelos de
2 - Permitir o tratamento dos Recursos Humanos como um avaliação bilateral, em que gerente e subordinado discutem
recurso básico da organização e cuja produtividade pode ser em conjunto o desempenho do último, para a avaliação 360º
desenvolvida indefinidamente, dependendo, obviamente, da que se utiliza de múltiplas fontes, ou seja, a avaliação do
forma de administração. empregado por diversas pessoas envolvidas no trabalho, como
3 - Fornecer oportunidades de crescimento e condições de gerentes, pares, subordinados e, também, a opinião do cliente.
efetiva participação a todos os membros da organização, tendo
em vista, de um lado, os objetivos organizacionais e, de outro, Avaliação – Educação Especial
os objetivos individuais.
O que significa alunos com Necessidades Educacionais
03. B Especiais (NEE) 76?
De acordo com Chiavenato os propósitos da entrevista de
avaliação do desempenho são: Todos os alunos têm necessidades educacionais
1 – Dar ao avaliado as condições de melhorar seu trabalho COMUNS, que são atendidas pelos professores se
através de comunicação clara e inequívoca de seu padrão de relacionam às aprendizagens dos conteúdos escolares.
desempenho.
2 – Dar ao avaliado uma ideia clara de como está se Todos os alunos têm necessidades educacionais
desempenhando (retroação), salientando seus pontos fortes e INDIVIDUAIS, uma vez que possuem diferentes
pontos fracos e comparando-os com os padrões de capacidades, interesses, níveis, ritmos e estilos de
desempenho esperados. aprendizagem.
3 – Ambos – avaliado e avaliador – devem discutir sobre
providências e planos para melhor desenvolver e utilizar as Alguns alunos têm necessidades educacionais
aptidões do avaliado, que precisa entender como pode melhor ESPECIAIS, exigindo tanto uma atenção mais específica
seu desempenho e participar ativamente das providências quanto recursos e metodologias educacionais adicionais.
para essa melhoria.
4 – Construir relações pessoais mais fortes entre avaliador Numerosos professores definem alunos com necessidades
e avaliado, nas quais ambos têm condições de falar educacionais especiais como aqueles que possuem
francamente a respeito do trabalho, como está sendo deficiências.
desenvolvido e como pode ser melhorado e incrementado. Entretanto, a conceituação de necessidades educacionais é
5 – Eliminar ou reduzir dissonâncias, ansiedades, tensões muito mais abrangente e hoje, inclusive, veio substituir o
e incertezas que surgem quando as pessoas não recebem termo “pessoas excepcionais” ou “pessoas com
aconselhamento planejado e orientado. excepcionalidade”. Este conceito começou a ser utilizado a
partir dos anos 60, mas teve uma divulgação mais ampla a
04. C partir da Declaração de Salamanca.
A avaliação 360º se utiliza de múltiplas fontes, ou seja, a
avaliação do empregado por diversas pessoas envolvidas no Você conhece a Declaração de Salamanca? Já ouviu falar
trabalho, como gerentes, pares, subordinados e, também, a nela?
opinião do cliente, é uma técnica recente que procura envolver
todos os agentes do processo, sendo assim, a pessoa é avaliada A Declaração de Salamanca foi proclamada em
por todos com quem mantêm interação: chefe, colegas, assembleia, durante a Conferência Mundial de Educação

76Bolasanello, M. A.; Ross, P. R. Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem


na Escola Regular. Ministério da Educação, Curitiba/2005.

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Especial, pelos delegados representantes de 88 governos, - Que o professor, baseando-se em sua experiência
entre eles o Brasil, e 25 organizações internacionais. Esta cotidiana, crie formas alternativas de ensinar, que respondam
conferência ocorreu na cidade de Salamanca, na Espanha, às necessidades identificadas, sem sair de sua rotina com o
entre 7 e 10 de junho de 1994, tornando-se um importante grupo.
referencial para a educação inclusiva. - Que o professor se utilize continuamente da avaliação
para identificar o que precisa ser ajustado no processo de
Em linhas gerais, podemos conceituar alunos com ensinar.
necessidades educacionais especiais como aqueles que
apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem ou 77Avaliação

limitações no processo de desenvolvimento, decorrentes de


circunstâncias que podem ser de ordem biológica, psicológica, As discussões em torno dos pressupostos teóricos sobre a
social e cultural, exigindo uma atenção mais específica e necessidade de mudanças na didática e na avaliação se
maiores recursos sociais e educacionais, a fim de multiplicam no âmbito escolar e principalmente nos cursos de
desenvolverem suas potencialidades. formação para professores. Entretanto, percebe-se um fosso
De acordo com a Declaração de Salamanca, alunos com entre a teoria e a prática, pois o que predomina notoriamente
necessidades educacionais especiais seriam aquelas crianças é a utilização de posturas e técnicas avaliativas cristalizadas. A
ou pessoas: avaliação é mantida em um modelo reducionista que obedece
- que apresentam deficiências; a um sistema educacional engessado com seus conteúdos
- que apresentam condutas típicas; rígidos, que tratam a avaliação como instrumento de
- superdotados; comparação, quantificação e classificação, com o poder de
- que vivem nas ruas; aprovar/ reprovar ou ainda rotular o aprendente em apto ou
- crianças trabalhadoras; inapto.
- imigrantes ou de população nômade; A prática avaliativa no Brasil comumente segue um modelo
- pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais; norte-americano que foi implantada nos anos 60, conhecida
- pertencentes a outros grupos desfavorecidos ou como “avaliação por objetivos” que, de acordo com o teórico
marginalizados. Ralph Tyler, a avaliação verifica em que grau ocorreu
modificação no comportamento dos alunos. Sob o enfoque
Como você pode ver, as pessoas com necessidades comportamentalista, entende-se que as mudanças que serão
educacionais especiais fazem parte de uma população ampla e avaliadas devem ser previamente moldadas em objetivos
diversificada que necessitam de uma atenção mais específica e definidos pelo professor. Embora não tenha sido externado
maiores recursos educacionais que os necessários para os por Tyler em sua teoria, fica subentendido que todo o processo
colegas de sua idade. Necessitam, portanto, de uma de ensino permite a supremacia do saber absoluto e
educação especial. incontestável do professor.
Não são poucas as críticas a este modelo pragmático, mas
E como fica a Avaliação desses alunos? se constata que elas ainda não conseguiram eliminar essa
concepção. Uma prova real de tal afirmativa é percebida
Adaptação do Processo de Avaliação quando olhamos linearmente que, das escolas de ensino
fundamental às universidades, o aluno fica à mercê do
A avaliação deve ser um indicador, para o professor, de autoritarismo da avaliação, que contempla a exigência do
qual caminho percorrer para não visar o julgamento do aluno. conteúdo programático conforme imposto pela instituição de
Toda avaliação exige ações correspondentes, visando a ensino e prontamente acatado pelo professor. A utilização
melhoria do processo ensino-aprendizagem. Se isto não deste modelo é prática recorrente e tem o poder de liberar
ocorrer, estamos avaliando não somente para rotular, mas sim para a série seguinte ou retê-lo.
também para discriminar e excluir. Hoffman desenvolve críticas ao modelo
A avaliação é um processo que permeia todo o processo comportamentalista de avaliar e propõe o desafio de romper o
ensino-aprendizagem. Para que ela alcance sua finalidade, é mito da avaliação. A proposta é feita através de reflexões
necessário conhecer o potencial de aprendizagem que o aluno embasadas na teoria construtivista, sob os pressupostos
possui e os avanços que alcança em relação ao próprio piagetianos. Segundo Piaget, não há limites e nem fins
desempenho, antes de compará-lo com os outros alunos. As absolutos relacionados ao processo de construção do
avaliações podem tornar-se preciosos momentos de conhecimento. Esta premissa é para o teórico a pedra
aprendizagem, uma vez que permitem identificar os fatores fundamental para que no exercício da pedagogia libertadora, a
que podem interferir ou favorecer o desenvolvimento dos avaliação seja ampliada, sem um fim em si mesma, seja
alunos e intervir de maneira adequada. condutora para a formação moral e intelectual capaz também
O aluno que estamos avaliando pode ter características de de transformar o sujeito aprendente a ponto de na construção
aprendizagem diferentes das quais o professor está do próprio aprendizado ele consiga atuar criticamente.
acostumado a lidar, o que vai lhe requerer atenção especial, Nesta formação, os sujeitos envolvidos no processo
mas isso não significa que a sua estrutura mental e a qualidade ensino-aprendizagem desenvolvem a capacidade de respeitar
de sua aprendizagem sejam necessariamente deficitárias em os limites, mas também de transpô-los, permitindo-se discutir,
relação aos outros alunos. Significa, sim, que temos que definir investigar e participar da construção do próprio
critérios claros e específicos para esta avaliação e não que conhecimento. Sua proposta traz também o desafio de como
tenhamos que praticá-la de maneira paternalista. mudar o processo avaliativo, por onde começar a mudança e
Assim, é importante: quando implantar as mudanças. E expressa o desafio:
- Que o professor esteja constantemente atento para A ação avaliativa de acompanhamento e reflexão necessita
identificar que conhecimento o aluno já dispõe (relacionados de consistência metodológica. A elaboração de testes válidos,
com o tema de cada unidade de conteúdo) e que necessidades significativos, para investigação do professor, é uma tarefa
especiais apresenta. complexa que exige domínio da tecnologia de testes e da área
em questão. Não podemos discutir avaliação sem tratar

77Monteiro, J.F.; Machado, L.M.; Ferreira, M. G. S. et al. Reflexões sobre a avaliação


na escola inclusiva.2010.

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seriamente desses procedimentos, esclarecendo-se Ele determina qual aluno poderá passar para a série seguinte
imprecisões da terminologia empregada. e atingiu um nível pré-determinado. Esta avaliação deve ser
desenvolvida, no contexto da inclusão, não a partir de aspectos
Ferreira considera que a grande falha da prática da quantitativos, mas sim tendo em vista os aspectos qualitativos
avaliação está em valer-se prioritariamente da função do sujeito. A escola inclusiva deve atender a todos os alunos de
classificatória em detrimento das demais funções. Em suas maneira adequada a fim de se fazer desenvolver suas
considerações, reflete sobre a possibilidade de unir teorias potencialidades. Para tanto, é necessário um preparo
como o humanismo rogeriano e o construtivismo piagetiano. específico dos profissionais que atuam no âmbito escolar,
Utopia? Talvez. Mas, é provável que este seja o caminho da assim como o uso de instrumentos e técnicas especializados,
avaliação verdadeira, da prática total da educação inclusiva, da para que se faça perceber o indivíduo em sua singularidade.
observância dos aspectos subjetivos do sujeito aprendente, da
relação empática com o diferente. De acordo com Beyer79, a partir de projetos como o
A necessidade de descobrir outras formas para avaliar é programa do governo federal de Educação para todos e do
também a necessidade de multiplicar informações capazes de processo de inclusão de crianças com deficiência no sistema
impactar o fazer pedagógico, tornando-o mais dinâmico, a fim regular de ensino, surge a preocupação de revisar os papéis
de alcançar o momento em que os atores envolvidos com a que a educação especial e a escola regular passam a
educação se permitam sair de fórmulas prontas e redefinam a desempenhar frente a essa realidade.
relação educador-educando. Este avanço repercutirá na
educação de pessoas com necessidades educacionais Visto que os paradigmas constituem formas sociais e
especiais, porque possibilitará a verdadeira inclusão. culturais de representar ou entender a pessoa que apresenta
Para a Educação Inclusiva, os conteúdos trabalhados em limitações funcionais, o autor perpassa pelos paradigmas que
classe devem ter como proposta principal o desenvolvimento fundamentaram a educação especial, uma vez que estes
das estruturas afetivo-cognitivas do aluno. Esta proposta inferem diretamente no modo como é oferecido o atendimento
sugere ao professor uma avaliação diferenciada que levam em pedagógico a essa população. Assim, o livro assinala a
conta as habilidades individuais, respeita o ritmo da importância histórica da educação especial, faz menção de que
aprendizagem considerando limites físicos ou intelectuais. o ensino especial não seja extinto, mas que seu atendimento
seja modificado diante da proposta inclusiva.
[...]efetivar a inclusão é preciso [...] transformar a escola,
começando por desconstruir práticas segregacionistas. [...] a O papel do professor especializado, nesse sentido, se dá em
inclusão significa um avanço educacional com importantes parceria com professor da escola regular para atender as
repercussões políticas e sociais visto que não se trata de necessidades e potencialidades peculiares, de cada aluno,
adequar, mas de transformar a realidade das práticas dentro do ensino regular. A proposta de educação
educacionais78 desenvolvida por ele é que o ensino necessita ser
individualizado, não no atendimento, mas na elaboração dos
A educação tem como protagonistas os educadores e os objetivos, da didática e do processo de avaliação. Nesse
alunos, mas no processo avaliativo estes atores desenvolvem âmbito, as ações pedagógicas podem e devem ser
papeis antagônicos, em busca de resultados, considerando que desenvolvidas no contexto de sala de aula. Podem ser
o educador é o protagonista do primeiro plano, pois é mediado verificados, com a apresentação da experiência inclusiva
por ele que o aluno se revela e, dependendo do seu fazer alemã, procedimentos que inferem na prática do ensino
pedagógico, a complexa inclusão se estabelece com boas inclusivo efetivo, tais como: embasamento político-
condições. pedagógico, suporte para o professor, quantidade de alunos
O professor é responsável por colocar em prática as por sala, envolvimento de todos os sujeitos. Procedimentos
adequações ou os ajustes relacionados ao aprendizado e a estes que podem nortear o processo de educação brasileiro.
avaliação. Portanto, espera-se que este profissional tenha o
bom senso e a compreensão de que adequações não são O enfoque do autor sobre a avaliação de pessoas com
permissões para aprovar indiscriminadamente até conduzir o necessidades especiais não tem o intuito classificatório, mas
aluno especial para séries mais avançadas, a fim de que ele saia inspira-se na teoria da zona de desenvolvimento real e
do sistema. O empenho para compreender as diversidades e as proximal de Vygotsky, no sentido de verificar não apenas as
dificuldades cognitivas neste processo inclusivo requer condições atuais do desempenho escolar da criança, mas as
profissionalismo que superem inclusive o próprio preconceito habilidades que estão emergentes. Nesse sentido, salienta que
sobre as limitações do outro. se faz necessário contextualizar o ambiente socioafetivo da
criança.
É consenso entre teóricos da área educacional que, para
que haja um processo de inclusão efetivo, é preciso que se A avaliação, assim, serve para favorecer o processo de
considere o aluno em sua especificidade e totalidade. O inclusão no sentido de oferecer dados que informem a
sujeito precisa ser entendido dentro de seu contexto. necessidade de apoio e de todas as variáveis que inferem no
processo de ensino-aprendizagem. Por fim, o livro apoia-se na
Nesse sentido, os processos de ensino e de avaliação nas abordagem vygotskiana e na abordagem de Feuerstein e
escolas devem estar de acordo com as condições físicas e elucida novos rumos para a prática pedagógica por meio do
intelectuais de cada sujeito, isto é, precisa ser visto como um procedimento de ensino mediado, que leva em consideração
processo individualizado, personalizado, valorizando as os variados aspectos do desenvolvimento e das vivências
habilidades apresentadas por ele. Assim, a forma atual de sociais dos alunos.
avaliação da aprendizagem não condiz com os objetivos do
ensino inclusivo. A leitura do livro pode propiciar uma reflexão sobre o
Existe um currículo padronizado a partir do qual é longo caminho que ainda necessita ser percorrido, pelos
construída a avaliação dos alunos, em termos quantitativos. alunos, familiares, professores, direção, funcionários e

78 FIGUEIREDO, R. V. Políticas de inclusão: escola-gestão da aprendizagem na 79BEYER, Hugo Otto. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com necessidades
diversidade in ROSA de E. G. e SOUZA V. C. (org.) Políticas organizativas e educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005.
curriculares, educação inclusiva e formação de professores. Rio de Janeiro: DP&A
Editora, 2002.

Conhecimentos Pedagógicos 244


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gestores políticos para a efetivação da proposta inclusiva, mas (B) Tem como finalidade conhecer para intervir, de modo
também lança um olhar de esperança sobre um futuro possível preventivo e/ou remediativo, sobre as variáveis identificadas
no qual a educação seja finalmente para todos. como barreiras para a aprendizagem e para a participação,
contribuindo para o desenvolvimento global do aluno e para o
Questões aprimoramento das instituições de ensino.
(C) A avaliação constitui-se em processo contínuo e
01. (Prefeitura de Santana do Jacaré/MG - Auxiliar de permanente de análise das variáveis que interferem no
Secretaria - REIS & REIS) Sobre a educação inclusiva nas processo de ensino e de aprendizagem, objetivando identificar
escolas assinale a alternativa correta: potencialidades e necessidades educacionais dos alunos e das
(A) Escola inclusiva é, aquela que garante a qualidade de condições da escola e da família.
ensino educacional a cada um de seus alunos, reconhecendo e (D) A avaliação torna-se inclusiva, na medida em que
respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo permite identificar necessidades dos alunos, de suas famílias,
com suas potencialidades e necessidades; das escolas e dos professores. Mas, identificá-las, apenas, não
(B) A escola somente poderá ser considerada inclusiva basta. É preciso construir propostas e tomar as providências
quando estiver direcionada para tratar os alunos de forma que permitam, concretamente satisfazê-las.
indiferente em todos os aspectos; (E) N.D.A.
(C) A escola é aquela que garante a preferência no ensino
educacional aos alunos destaque, tratando todos de forma Respostas
genérica sem haver necessidade de tratamento diferenciado
em nenhum aspecto; 01. A
(D) Em toda escola inclusiva, o aluno está sujeito a A Educação inclusiva compreende a Educação especial
segregação, de modo a garantir a sua caminhada no processo dentro da escola regular e transforma a escola em um espaço
de aprendizagem e de construção das competências para todos. Ela favorece a diversidade na medida em que
necessárias para o exercício pleno da cidadania. considera que todos os alunos podem ter necessidades
especiais em algum momento de sua vida escolar.
02. (Prefeitura de Martinópolis/SP - Professor PEB I - Há, entretanto, necessidades que interferem de maneira
Educação Especial - Big Advice/2017) Quanto à Educação significativa no processo de aprendizagem e que exigem uma
Inclusiva, estaria correto afirmar, exceto: atitude educativa específica da escola como, por exemplo, a
(A) A educação inclusiva requer mudança de antigos para utilização de recursos e apoio especializados para garantir a
novos paradigmas. E é a partir da compreensão de inúmeros aprendizagem de todos os alunos.
aspectos ligados aos conceitos de igualdade e de diferença, é A Educação é um direito de todos e deve ser orientada no
que se pode investir em seres humanos melhores e mais sentido do pleno desenvolvimento e do fortalecimento da
fraternos. personalidade. O respeito aos direitos e liberdades humanas,
(B) Nesse modelo de educação é preciso criar alternativas primeiro passo para a construção da cidadania, deve ser
técnico-pedagógicas, psicopedagógicas e sociais que possam incentivado.
contribuir para o processo de aprendizagem de todas as Educação inclusiva, portanto, significa educar todas as
crianças. crianças em um mesmo contexto escolar. A opção por este tipo
(C) Na educação inclusiva não se espera que a escola se de Educação não significa negar as dificuldades dos
integre ao aluno, mas que este se transforme de maneira a se estudantes. Pelo contrário. Com a inclusão, as diferenças não
inserir na escola. são vistas como problemas, mas como diversidade. É essa
(D) O conceito de educação inclusiva se refere ao acesso à variedade, a partir da realidade social, que pode ampliar a
escola de todos os alunos, indistintamente, visão de mundo e desenvolver oportunidades de convivência
independentemente, do fato de apresentarem dificuldades e a todas as crianças.
ou deficiências.
(E) N.D.A. 02. C
A Educação Inclusiva significa um novo modelo de escola
03. (IFC/SC – Pedagogia - IESES) No que diz respeito à em que é possível o acesso e a permanência de todos os alunos.
avaliação da aprendizagem, assinale a alternativa INCORRETA. Sabe – se que: A escola regular, de maneira geral, não foi nem
(A) É importante que se categorize o desempenho escolar é planejada para acolher a diversidade de indivíduos, mas para
dos alunos, por meio de medidas e instrumentos quantitativos a padronização, para atingir os objetivos educativos daqueles
de avaliação estabelecidos pela escola. que são considerados dentro dos padrões de “normalidade”.
(B) A avaliação deve permitir que o aluno acompanhe suas Para tornar-se inclusiva a escola precisa formar seus
conquistas, suas dificuldades e suas possibilidades ao longo de professores e equipe de gestão, e rever as formas de interação
seu processo de aprendizagem. vigentes entre todos os segmentos que o compõem e que nela
(C) Sugere-se que, dentre as maneiras de avaliar a interferem. Precisa realimentar sua estrutura, organização,
aprendizagem, o professor elimine a utilização de notas, seu projeto político-pedagógico, seus recursos didáticos,
adotando uma proposta qualitativa de avaliação. metodologias e estratégias de ensino, bem como suas práticas
(D) Na avaliação da escola inclusiva, os alunos com avaliativas. Para acolher todos os alunos, a escola precisa,
deficiência devem ser avaliados pelos progressos que sobretudo, transformar suas intenções e escolhas curriculares,
alcançaram nas diversas áreas do conhecimento, evidenciando oferecendo um ensino diferenciado que favoreça o
suas potencialidades, suas conquistas e habilidades em relação desenvolvimento e a inclusão social. Sendo assim é a escola
à aprendizagem. que precisa adequar-se ao aluno (à inclusão) e não o contrário.

04. (Prefeitura de Martinópolis/SP - Professor PEB I - 03. A


Educação Especial - Big Advice/2017) Sobre a avaliação na É importante que se categorize o desempenho escolar dos
Educação Especial, assinale a alternativa incorreta: alunos, por meio de medidas e instrumentos qualitativos (e
(A) A avaliação é um processo compartilhado, a ser não quantitativos) de avaliação estabelecidos pela escola.
desenvolvido, preferencialmente, na escola, envolvendo os
agentes educacionais.

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04.E I – igualdade de condições para o acesso e permanência na


No decorrer do processo educativo deverá ser realizada escola;
uma avaliação pedagógica dos alunos que apresentam II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
necessidades educacionais especiais, objetivando identificar cultura, o pensamento, a arte e o saber;
barreiras que estejam impedindo ou dificultando o processo III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
educativo em suas múltiplas dimensões. Essa avaliação deverá IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância;
levar em consideração todas as variáveis: as que incidem na V – valorização do profissional da educação;
aprendizagem com cunho individual; as que incidem no VI – gestão democrática do ensino público;
ensino, como as condições da escola e da prática docente; as VII – valorização da experiência extraescolar;
que inspiram diretrizes gerais da educação, bem como as VIII – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
relações que se estabelecem entre todas elas. Sob esse práticas sociais;
enfoque, ao contrário do modelo clínico tradicional e IX – consideração com a diversidade étnico-racial.
classificatório, a ênfase recai no desenvolvimento e na
aprendizagem do aluno, bem como na melhoria da instituição Art. 3º – São objetivos da Educação Integral e Integrada:
escolar. I – contribuir para a formação integral de crianças,
adolescentes e jovens da rede de ensino pública do Estado;
Fonte: II – possibilitar a articulação de ações, projetos e
programas e suas contribuições às propostas, às visões e às
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação práticas curriculares, alterando o ambiente escolar;
Básica Saberes e práticas da inclusão III – ampliar a oferta de saberes, métodos, processos e
conteúdos educativos em outros espaços socioculturais, no
contraturno escolar;
IV – incluir os campos das artes, cultura, esporte, lazer,
XIX - A política da Educação mobilizando-os para a melhoria do desempenho educacional e
Integral e Integrada garantindo a o cultivo de relações entre professores, alunos e suas
formação humana e o comunidades;
V – incentivar o retorno de jovens e adolescentes ao
desenvolvimento integral dos sistema escolar, contribuindo para a elevação da escolaridade;
estudantes. VI – fortalecer a rede de educação profissional, com vistas
ao aumento da escolarização e à melhoria da qualidade da
formação do jovem e adulto trabalhador, tendo como
DECRETO ESTADUAL nº 47.227 de 02/08/2017 centralidade o estudante e considerando como dimensões
indissociáveis o trabalho, a ciência, a cultura e a tecnologia;
DISPÕE SOBRE A EDUCAÇÃO INTEGRAL E INTEGRADA VII – garantir a proteção social e a formação para a
NA REDE DE ENSINO PÚBLICA DO ESTADO. cidadania, incluindo perspectivas temáticas dos direitos
humanos, consciência ambiental, novas tecnologias,
O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no uso comunicação social, saúde e consciência corporal, segurança
de atribuição que lhe confere o inciso VII do art. 90 da alimentar e nutricional, convivência e democracia,
Constituição do Estado e tendo em vista o disposto nos arts. compartilhamento comunitário e a dinâmica de redes;
205, 206 e 208 da Constituição Federal, na Lei (*) nº 8.069, de VIII – contribuir para a redução da evasão, reprovação,
13 de julho de 1990, na Lei Federal nº 9.394, de 20 de distorção idade – série, mediante a implementação de ações
dezembro de 1996, no Decreto (*) nº 7.083, de 27 de janeiro pedagógicas para melhoria de condições para o rendimento e
de 2010, na Lei Federal nº 13.005, de 25 de junho de 2014, e aproveitamento escolares;
na Lei (*) nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, IX – oferecer atendimento educacional especializado às
DECRETA: crianças, adolescentes e jovens com necessidades
educacionais especiais, integrando à proposta curricular das
Art. 1º – A Educação Integral e Integrada visa a assegurar escolas de ensino regular o convívio com a diversidade de
o acesso e a permanência dos estudantes na educação básica, expressões e linguagens corporais, incluindo ações de
com a melhoria da qualidade do ensino e o respeito à acessibilidade voltadas àqueles com deficiência ou com
diversidade, garantindo-se as condições necessárias ao mobilidade reduzida;
desenvolvimento dos diversos saberes e habilidades pelos X – prevenir e combater o trabalho infantil, a exploração
estudantes e a ampliação da oferta da jornada em tempo sexual e outras formas de violência contra crianças,
integral, em consonância com as metas estabelecidas no Plano adolescentes e jovens, mediante sua maior integração
Nacional de Educação. comunitária, bem como a promoção do acesso aos serviços
§ 1º – A educação básica em tempo integral assegurará a socioassistenciais;
jornada escolar com duração igual ou superior a sete horas XI – promover a formação da sensibilidade, percepção e
diárias ou trinta e cinco horas semanais, durante todo o expressão de crianças, adolescentes e jovens nas linguagens
período letivo, compreendendo o tempo total em que os artísticas, literárias e estéticas, aproximando o ambiente
estudantes permanecerem na escola ou em outros espaços educacional da diversidade cultural brasileira, estimulando a
educacionais, em atividades educativas. sensorialidade, leitura e criatividade;
§ 2º – A Secretaria de Estado de Educação – SEE – tomará XII – estimular crianças, adolescentes e jovens a manter
as providências para a ampliação gradativa da Educação uma interação efetiva em torno de práticas esportivas
Integral e Integrada na rede de ensino pública estadual, educacionais e de lazer direcionadas ao processo de
considerando as metas estabelecidas no Plano Nacional de desenvolvimento humano, da cidadania e da solidariedade;
Educação e nos demais instrumentos legais e as condições de XIII – promover a aproximação entre a escola, as famílias e
oferta e demanda apresentadas no Plano de Atendimento as comunidades, mediante atividades que visem à
Escolar. responsabilização e à interação com o processo educacional,
integrando os equipamentos sociais e comunitários entre si e
Art. 2º – São princípios da Educação Integral e Integrada: à vida escolar;

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XIV – prestar assistência financeira e técnica às escolas, de locais, possibilitando a ampliação do quantitativo de
modo a estimular novas tecnologias e capacidades para o estudantes atendidos pela educação integral.
desenvolvimento de projetos com vistas a atender o disposto
no art. 1º; Art. 6º – A Educação Integral e Integrada será organizada a
XV – enfrentar as desigualdades territoriais, históricas e partir de três eixos estruturantes: projeto político pedagógico,
socioeconômicas das diversas regiões do Estado; infraestrutura e sistema de gestão.
XVI – reconhecer e valorizar a diversidade das populações
do campo, quilombola, indígena e em situação de itinerância. Art. 7º – O projeto político pedagógico contemplará:
I – o desenvolvimento dos estudantes nas dimensões ética,
Art. 4º – São estratégias para a afirmação da Educação emocional, social, cultural, intelectual, estética, política, física,
Integral e Integrada do Estado: dentre outras voltadas a promover a formação humana
I – a garantia do direito à educação, com a promoção e a integral, a articulação com os projetos de vida e a
ampliação do acesso e permanência dos estudantes na escola, aprendizagem significativa dos estudantes;
por meio de políticas afirmativas; II – a articulação das disciplinas curriculares da BNCC com
II – a gestão democrática, o incentivo à autonomia e o diferentes campos de conhecimento e práticas socioculturais,
fortalecimento dos espaços de decisão da escola, com a expressas nos campos de integração curricular, com vistas ao
participação efetiva da comunidade, a fim de valorizar as pleno desenvolvimento do educando, produzindo maior
diversas formas de organização escolar; diálogo e interação dos saberes locais com as áreas do
III – o protagonismo estudantil, com efetiva participação conhecimento e os componentes curriculares;
dos estudantes, desde a escolha do tema a ser trabalhado, do III – estratégias para a integração com outros órgãos locais
planejamento e da execução das ações até a etapa de avaliação do campo da proteção social, com vistas à superação de
e apropriação dos resultados; mecanismos de exclusão social que afetam o desenvolvimento,
IV – a constituição de territórios educativos, por meio da o processo de formação e o aprendizado dos estudantes.
integração dos espaços e tempos da comunidade, tornando-se
a escola a irradiadora de políticas públicas para estudantes e Art. 8º – A SEE conjugará investimentos em infraestrutura
para a comunidade educativa em geral; para o provimento das condições necessárias ao adequado
V – a intersetorialidade, por meio da atuação integrada da funcionamento da Educação Integral e Integrada, o incentivo à
escola com órgãos estaduais e municipais de proteção à criação de espaços educadores sustentáveis com a
infância e à juventude, de promoção e desenvolvimento readequação dos prédios escolares, incluindo a acessibilidade,
científico, da cultura, da saúde, do esporte e do lazer; o apoio a alimentação escolar, o transporte escolar, a
VI – a articulação entre a educação básica e a educação ampliação do parque tecnológico e da conectividade, a
superior, a fim de assegurar a produção de conhecimentos; estruturação de laboratórios temáticos, o fortalecimento das
VII – a garantia da formação inicial e continuada dos bibliotecas escolares, dentre outros.
profissionais da educação, a partir de demandas apresentadas
e para facilitar o desenvolvimento das atividades pedagógicas Art. 9º – A SEE, observado o princípio da gestão
nas áreas temáticas formativas e na construção de novas democrática das escolas, disporá sobre a gestão do sistema de
aprendizagens, diferenciadas e diversificadas; Educação Integral e Integrada na rede pública estadual,
VIII – a afirmação da cultura dos direitos humanos, especificamente quanto:
estruturada na diversidade, na promoção da equidade étnico- I – à composição de quadro de pessoal;
racial, religiosa, cultural, territorial, geracional, gênero, II – à formação continuada para os profissionais de
orientação sexual e opção política, por meio da inserção da educação;
temática dos direitos humanos na formação continuada de III – à gestão dos recursos tecnológicos e das informações
professores, nos currículos escolares e na confecção de educacionais;
materiais didáticos; IV – às instâncias de participação nos processos de decisão
IX – o fortalecimento da rede de educação profissional, dos e construção pedagógica;
conservatórios de música e dos centros interescolares de V – ao desenvolvimento de metodologias para avaliação
formação artística, por meio do diálogo permanente com as multidimensional e inclusiva.
demandas das juventudes, com vistas a potencializar sua § 1º – A SEE proverá quadro de pessoal qualificado para a
participação na vida pública, à articulação com seu projeto de efetivação das ações voltadas à Educação Integral e Integrada,
vida e a gerar oportunidades para sua inclusão no mundo do assegurando o pleno funcionamento das unidades da Rede
trabalho. Estadual de Ensino.
§ 2º – Serão desenvolvidas ações com vistas à formação
Art. 5º – A SEE aplicará como estratégia operacional para continuada e valorização dos profissionais das escolas
implementação da Educação Integral e Integrada a estaduais de Educação Integral e Integrada.
constituição de Escolas Polo de Educação Múltipla – Polem – e
as Instituições Polo de Educação Múltipla – I-Polem –. Art. 10 – Será elaborado, no prazo de cento e oitenta dias,
§ 1º – As Escolas Polo de Educação Múltipla são unidades a partir da publicação deste decreto, plano de ação para
de ensino que desenvolverão atividades curriculares em implantação do projeto político pedagógico, da infraestrutura
período integral, contemplando os componentes da Base e de sistema de gestão, junto às unidades da Rede Estadual de
Nacional Comum Curricular – BNCC –, bem como os diferentes Ensino.
campos de conhecimento e de práticas socioculturais.
§ 2º – As Escolas Polo de Educação Múltipla promoverão Art. 11 – A SEE desenvolverá metodologias para
iniciativas voltadas à melhoria da aprendizagem, nas suas monitoramento e avaliação da implementação da Educação
múltiplas dimensões, ao fortalecimento da integração da Integral e Integrada no Estado, levando-se em consideração as
escola com a sua comunidade e à participação estudantil. dimensões que afetam o desempenho escolar dos estudantes,
§ 3º – As Instituições Polo de Educação Múltipla são tais como o clima escolar, o nível socioeconômico, a gestão
unidades educativas externas às instituições de ensino que escolar, as condições docentes e a infraestrutura das escolas.
ofertam atividades educativas sob orientação pedagógica das
escolas, mediante o uso de equipamentos públicos ou Art. 12 – A SEE disciplinará, por meio de resolução, no
estabelecimento de parcerias com órgãos ou instituições prazo de cento e vinte dias, as orientações complementares

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para que as escolas estaduais possam elaborar seus projetos A inclusão escolar, fortalecida pela Declaração de
político pedagógicos, de acordo com a Educação Integral e Salamanca, no entanto, não resolve todos os problemas de
Integrada. marginalização dessas pessoas, pois o processo de exclusão é
anterior ao período de escolarização, iniciando-se no
Art. 13 – As despesas para a execução das ações voltadas à nascimento ou exatamente no momento em aparece algum
Educação Integral e Integrada correrão à conta das dotações tipo de deficiência física ou mental, adquirida ou hereditária,
orçamentárias consignadas à SEE. em algum membro da família. Isso ocorre em qualquer tipo de
Parágrafo único – Na hipótese de parceria com outros constituição familiar, sejam as tradicionalmente estruturadas,
órgãos públicos da área de esporte, cultura, juventude, ciência sejam as produções independentes e congêneres e em todas as
e tecnologia, trabalho e assistência social, sem prejuízo de classes sociais, com um agravante para as menos favorecidas.
outros órgãos e entidades do Poder Executivo estadual e O nascimento de um bebê com deficiência ou o
municipal, do Poder Legislativo e da sociedade civil, para a aparecimento de qualquer necessidade especial em algum
consecução dos objetivos da educação integral e integrada, as membro da família altera consideravelmente a rotina no lar.
despesas correrão à conta das dotações orçamentárias Os pais logo se perguntam: por quê? De quem é a culpa? Como
consignadas a cada uma das secretarias, órgãos ou entidades agirei daqui para frente? Como será o futuro de meu filho?
parceiros, na medida dos encargos assumidos, ou conforme O imaginário, então, toma conta das atitudes desses pais ou
dispuser o ato que formalizar a parceria. responsáveis e a dinâmica familiar fica fragilizada.
Imediatamente instalam-se a insegurança, o complexo de
Art. 14 – Este decreto entra em vigor na data de sua culpa, o medo do futuro, a rejeição e a revolta, uma vez que
publicação. esses pais percebem que, a partir da deficiência instalada,
terão um longo e tortuoso caminho de combate à
Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, aos 2 de agosto de discriminação e ao isolamento.
2017; 229º da Inconfidência Mineira e 196º da Independência
do Brasil. Nosso momento atual81

FERNANDO DAMATA PIMENTEL A escola se entupiu do formalismo da racionalidade e


cindiu-se em modalidades de ensino, tipos de serviço, grades
curriculares, burocracia.
XX - Educação Especial Uma ruptura de base em sua estrutura organizacional,
como propõe a inclusão, é uma saída para que a escola possa
Inclusiva: possibilidades e fluir, novamente, espalhando sua ação formadora por todos os
desafios. que dela participam.
A inclusão, portanto, implica mudança desse atual
paradigma educacional, para que se encaixe no mapa da
educação escolar que estamos retraçando.
A Inclusão da Pessoa com Deficiência na Sociedade
E inegável que os velhos paradigmas da modernidade
estão sendo contestados e que o conhecimento, matéria-prima
Segundo Maciel80, hoje, no Brasil, milhares de pessoas com
da educação escolar, está passando por uma reinterpretação.
algum tipo de deficiência estão sendo discriminadas nas
As diferenças culturais, sociais, étnicas, religiosas, de
comunidades em que vivem ou sendo excluídas do mercado de
gênero, enfim, a diversidade humana está sendo cada vez mais
trabalho. O processo de exclusão social de pessoas com
desvelada e destacada e é condição imprescindível para se
deficiência ou alguma necessidade especial é tão antigo quanto
entender como aprendemos e como compreendemos o mundo
a socialização do homem.
e a nós mesmos.
A estrutura das sociedades, desde os seus primórdios,
Nosso modelo educacional mostra há algum tempo sinais
sempre inabilitou os portadores de deficiência,
de esgotamento, e nesse vazio de ideias, que acompanha a
marginalizando-os e privando-os de liberdade. Essas pessoas,
crise paradigmática, é que surge o momento oportuno das
sem respeito, sem atendimento, sem direitos, sempre foram
transformações.
alvo de atitudes preconceituosas e ações impiedosas.
Um novo paradigma do conhecimento está surgindo das
A literatura clássica e a história do homem refletem esse
interfaces e das novas conexões que se formam entre saberes
pensar discriminatório, pois é mais fácil prestar atenção aos
outrora isolados e partidos e dos encontros da subjetividade
impedimentos e às aparências do que aos potenciais e
humana com o cotidiano, o social, o cultural. Redes cada vez
capacidades de tais pessoas.
mais complexas de relações, geradas pela velocidade das
Nos últimos anos, ações isoladas de educadores e de pais
comunicações e informações, estão rompendo as fronteiras
têm promovido e implementado a inclusão, nas escolas, de
das disciplinas e estabelecendo novos marcos de compreensão
pessoas com algum tipo de deficiência ou necessidade
entre as pessoas e do mundo em que vivemos.
especial, visando resgatar o respeito humano e a dignidade, no
Diante dessas novidades, a escola não pode continuar
sentido de possibilitar o pleno desenvolvimento e o acesso a
ignorando o que acontece ao seu redor nem anulando e
todos os recursos da sociedade por parte desse segmento.
marginalizando as diferenças nos processos pelos quais forma
Movimentos nacionais e internacionais têm buscado o
e instrui os alunos. E muito menos desconhecer que aprender
consenso para a formatação de uma política de integração e de
implica ser capaz de expressar, dos mais variados modos, o
educação inclusiva, sendo que o seu ápice foi a Conferência
que sabemos, implica representar o mundo a partir de nossas
Mundial de Educação Especial, que contou com a participação
origens, de nossos valores e sentimentos.
de 88 países e 25 organizações internacionais, em assembleia
O ensino curricular de nossas escolas, organizado em
geral, na cidade de Salamanca, na Espanha, em junho de 1994.
disciplinas, isola, separa os conhecimentos, em vez de
Este evento teve como culminância a "Declaração de
reconhecer suas inter-relações. Contrariamente, o
Salamanca", da qual transcrevem-se, a seguir, pontos
conhecimento evolui por recomposição, contextualização e
importantes, que devem servir de reflexão e mudanças da
integração de saberes em redes de entendimento, não reduz o
realidade atual, tão discriminatória.

80 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 81 Adaptado de: MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer?
88392000000200008 São Paulo: Moderna, 2006.

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complexo ao multidimensional dos problemas e de suas educar todas as crianças, incluindo aquelas que possuam
soluções. desvantagem severa. O mérito de tais escolas não reside somente
Os sistemas escolares também estão montados a partir de no fato de que elas sejam capazes de prover uma educação de
um pensamento que recorta a realidade, que permite dividir alta qualidade a todas as crianças: o estabelecimento de tais
os alunos em normais e deficientes, as modalidades de ensino escolas é um passo crucial no sentido de modificar atitudes
em regular e especial, os professores em especialistas nesta e discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras e de
naquela manifestação das diferenças. A lógica dessa desenvolver uma sociedade inclusiva."
organização é marcada por uma visão determinista,
mecanicista, formalista a reducionista, própria do pensamento Um dos princípios norteadores da Lei de Diretrizes e Bases
científico moderno, que ignora o subjetivo, o afetivo, o criador, Nacionais da Educação – LDB 9.394/96 é o da igualdade de
sem os quais não conseguimos romper com o velho modelo condições para o acesso e a permanência na escola. A LDB
escolar para produzir a reviravolta que a inclusão impõe. reconhece a educação infantil como direito e prevê a garantia
Se o que pretendemos é que a escola seja inclusiva, é de condições adequadas à escolarização de jovens, adultos e
urgente que seus planos se redefinam para uma educação trabalhadores, a qualidade de ensino em todos os níveis e
voltada para a cidadania global, plena, livre de preconceitos e modalidades educacionais, além de outros direitos e
que reconhece e valoriza as diferenças. obrigações (Título III, Artigo 5 I – IX).
Chegamos a um impasse, como nos afirma Morin82, pois, A reafirmação de identidades étnicas e o desenvolvimento
para se reformar a instituição, temos de reformar as mentes, de educação escolar bilíngue e intelectual aos povos indígenas
mas não se pode reformar as mentes sem uma prévia reforma são apontados em diversas proposições. A LDB rompe com o
das instituições. modelo assistencial e terapêutico operante, até então, no que
diz respeito ao tratamento dispensado a educandos com
Inclusão Escolar deficiência e necessidades educacionais especiais. Tais
proposições nos permitem inferir que os pilares fundamentais
A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão da LDB podem favorecer a concretização de projetos flexíveis
de uma parte, privações constantes e pela baixa autoestima e inovadores referenciados no ideal de uma escola inclusiva.
resultante da exclusão escolar e da social — alunos que são
vítimas de seus pais, de seus professores e, sobretudo, das Mudanças na escola
condições de pobreza em que vivem, em todos os seus
sentidos. Esses alunos são sobejamente conhecidos das Para atender a todos e atender melhor, a escola atual tem
escolas, pois repete as suas séries várias vezes, são expulsos, de mudar, e a tarefa de mudar a escola exige trabalho em
evadem e ainda são rotulados como mal nascidos e com muitas frentes. Cada escola, ao abraçar esse trabalho, terá de
hábitos que fogem ao protótipo da educação formal. encontrar soluções próprias para os seus problemas. As
As soluções sugeridas para se reverter esse quadro mudanças necessárias não acontecem por acaso e nem por
parecem reprisar as mesmas medidas que o criaram. Em Decreto, mas fazem parte da vontade política do coletivo da
outras palavras, pretende-se resolver a situação a partir de escola, explicitadas no seu Projeto Político Pedagógico (PPP) e
ações que não recorrem a outros meios, que não buscam novas vividas a partir de uma gestão escolar democrática.
saídas e que não vão a fundo nas causas geradoras do fracasso É ingenuidade pensar que situações isoladas são
escolar. suficientes para definir a inclusão como opção de todos os
Esse fracasso continua sendo do aluno, pois a escola reluta membros da escola e configurar o perfil da instituição. Não se
em admiti-lo como sendo seu. desconsideram aqui os esforços de pessoas bem-
A inclusão total e irrestrita é uma oportunidade que temos intencionadas, mas é preciso ficar claro que os desafios das
para reverter a situação da maioria de nossas escolas, as quais mudanças devem ser assumidos e decididos pelo coletivo
atribuem aos alunos as deficiências que são do próprio ensino escolar.
ministrado por elas — sempre se avalia o que o aluno A organização de uma sala de aula é atravessada por
aprendeu, o que ele não sabe, mas raramente se analisa “o que” decisões da escola que afetam os processos de ensino e de
e “como” a escola ensina, de modo que os alunos não sejam aprendizagem. Os horários e rotinas escolares não dependem
penalizados pela repetência, evasão, discriminação, exclusão, apenas de uma única sala de aula, o uso dos espaços da escola
enfim. para atividades a serem realizadas fora da classe precisa ser
E fácil receber os “alunos que aprendem apesar da escola” combinado e sistematizado para o bom aproveitamento de
e é mais fácil ainda encaminhar, para as classes e escolas todos, as horas de estudo dos professores devem coincidir
especiais, os que têm dificuldades de aprendizagem e, sendo para que a formação continuada seja uma aprendizagem
ou não deficientes, para os programas de reforço e aceleração. colaborativa, a organização do Atendimento Educacional
Por meio dessas válvulas de escape, continuamos a Especializado (AEE) não pode ser um mero apêndice na vida
discriminar os alunos que não damos conta de ensinar. escolar ou da competência do professor que nele atua.
Estamos habituados a repassar nossos problemas para outros Um conjunto de normas, regras, atividades, rituais,
colegas, os “especializados” e, assim, não recai sobre nossos funções, diretrizes, orientações curriculares e metodológicas,
ombros o peso de nossas limitações profissionais. oriundo das diversas instâncias burocrático-legais do sistema
Segundo proclama a Declaração de Salamanca: educacional, constitui o arcabouço pedagógico e
administrativo das escolas de uma rede de ensino. Trata-se do
"Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às que está INSTITUÍDO e do que Libâneo83 e outros autores
necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os analisaram pormenorizadamente.
estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação Nesse INSTITUÍDO, estão os parâmetros e diretrizes
de qualidade a todos através de um currículo apropriado, curriculares, as leis, os documentos das políticas, os
arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos regimentos e demais normas do sistema.
e parceria com as comunidades. (...) O desafio que confronta a Em contrapartida, existe um espaço e um tempo a serem
escola inclusiva é no que diz respeito ao desenvolvimento de uma construídos por todas as pessoas que fazem parte de uma
pedagogia centrada na criança e capaz de bem sucedidamente instituição escolar, porque a escola não é uma estrutura pronta

82MORIN. E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 4. 83 LIBÂNEO, J. C., OLIVEIRA J. F.; TOSCHI, M. S. Educação Escolar: políticas,
ed. Trad. Eloá Jacobina. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2001. estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.

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e acabada a ser perpetuada e reproduzida de geração em destes centros de AEE, zelando para que atuem dentro do que
geração. Trata-se do INSTITUINTE. a legislação, a Política e as Diretrizes orientam. No entanto, a
A escola cria, nas possibilidades abertas pelo preferência pela escola comum como o local do serviço de AEE,
INSTITUINTE, um espaço de realização pessoal e profissional já definida no texto constitucional de 1988, foi reafirmada pela
que confere à equipe escolar a possibilidade de definir o seu Política, e existem razões para que esse atendimento ocorra na
horário escolar, organizar projetos, módulos de estudo e escola comum.
outros, conforme decisão colegiada. Assim, confere autonomia O motivo principal de o AEE ser realizado na própria escola
a toda equipe escolar, acreditando no poder criativo e inova- do aluno está na possibilidade de que suas necessidades
dor dos que fazem e pensam a educação. educacionais específicas possam ser atendidas e discutidas no
dia a dia escolar e com todos os que atuam no ensino regular
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) e/ou na educação especial, aproximando esses alunos dos
ambientes de formação comum a todos. Para os pais, quando o
Uma das inovações trazidas pela Política Nacional de AEE ocorre nessas circunstâncias, propicia-lhes viver uma
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva é o experiência inclusiva de desenvolvimento e de escolarização
Atendimento Educacional Especializado - AEE, um serviço da de seus filhos, sem ter de recorrer a atendimentos exteriores à
educação especial que "[...] identifica, elabora e organiza escola.
recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as
barreiras para a plena participação dos alunos, considerando A formação de professores para o AEE
suas necessidades específicas" (SEESP/MEC).84
O AEE complementa e/ou suplementa a formação do Para atuar no AEE, os professores devem ter formação
aluno, visando a sua autonomia na escola e fora dela, específica para este exercício, que atenda aos objetivos da
constituindo oferta obrigatória pelos sistemas de ensino. É educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Nos
realizado, de preferência, nas escolas comuns, em um espaço cursos de formação continuada, de aperfeiçoamento ou de
físico denominado Sala de Recursos Multifuncionais. Portanto, especialização, indicados para essa formação, os professores
é parte integrante do projeto político pedagógico da escola. atualizarão e ampliarão seus conhecimentos em conteúdo
São atendidos, nas Salas de Recursos Multifuncionais, específico do AEE, para melhor atender a seus alunos.
alunos público-alvo da educação especial, conforme A formação de professores consiste em um dos objetivos
estabelecido na Política Nacional de Educação Especial na do PPP. Um dos seus aspectos fundamentais é a preocupação
Perspectiva da Educação Inclusiva e no Decreto N.6.571/2008. com a aprendizagem permanente de professores, demais
profissionais que atuam na escola e também dos pais e da
- Alunos com deficiência: aqueles [...] que têm comunidade onde a escola se insere. Neste documento,
impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, apresentam-se as ações de formação, incluindo os aspectos
intelectual ou sensorial, os quais em interação com diversas ligados ao estudo das necessidades específicas dos alunos com
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas habilidades/superdotação. Este estudo perpassa o cotidiano
(ONU)85. da escola e não é exclusivo dos professores que atuam no AEE.
- Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: À gestão escolar compete implementar ações que
aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações garantam a formação das pessoas envolvidas, direta ou
sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de indiretamente, nas unidades de ensino. Ela pode se dar por
interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. meio de palestras informativas e formações em nível de
Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do aperfeiçoamento e especialização para os professores que
espectro do autismo e psicose infantil. (MEC/SEESP). atuam ou atuarão no AEE.
- Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que As palestras informativas devem envolver o maior número
demonstram potencial elevado em qualquer uma das de pessoas possível: professores do ensino comum e do AEE,
seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, pais, autoridades educacionais. De caráter mais amplo, essas
acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de palestras têm por objetivo esclarecer o que é o AEE, como ele
apresentar grande criatividade, envolvimento na está sendo realizado e qual a política que o fundamenta, além
aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu de tirar dúvidas sobre este serviço e promover ações conjuntas
interesse (MEC/SEESP). para fazer encaminhamentos, quando necessários.
Para a formação em nível de aperfeiçoamento e
A matrícula no AEE é condicionada à matrícula no ensino especialização, a proposta é que sejam realizadas ações de
regular. Esse atendimento pode ser oferecido em Centros de formação fundamentadas em metodologias ativas de
Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou aprendizagem, tais como Estudos de Casos, Aprendizagem
privada, sem fins lucrativos. Tais centros, contudo, devem Baseada em Problemas (ABP) ou Problem Based Learning
estar de acordo com as orientações da Política Nacional de (PBL), Aprendizagem Baseada em Casos (ABC), Trabalhos com
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e com Projetos, Aprendizagem Colaborativa em Rede (ACR), entre
as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o outras.
Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica Essas metodologias trazem novas formas de produção e
(MEC/SEESP). organização do conhecimento e colocam o aprendiz no centro
Na perspectiva da educação inclusiva, o processo de do processo educativo, dando-lhe autonomia e
reorientação de escolas especiais e centros especializados responsabilidade pela sua aprendizagem por meio da
requer a construção de uma proposta pedagógica que institua identificação e análise dos problemas e da capacidade para
nestes espaços, principalmente, serviços de apoio às escolas formular questões e buscar informações para responder a
para a organização das salas de recursos multifuncionais e estas questões, ampliando conhecimentos.
para a formação continuada dos professores do AEE. Tradicionalmente os cursos de formação continuada são
Os conselhos de educação têm atuação primordial no centrados nos conteúdos, classificados de acordo com o
credenciamento, autorização de funcionamento e organização critério de pertencimento a uma especificidade, tendo sua

84 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Decreto No 6.571, de 17 de setembro de 2008. 85Organização das Nações Unidas - ONU. Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência. Nova Iorque, 2006.

Conhecimentos Pedagógicos 250


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organização curricular pautada num perfil "ideal" de aluno que ferramentas de livre acesso que podem ser utilizadas pelos
se deseja formar. Estes modelos de formação estão sendo cada professores.
vez mais questionados no contexto educacional e algumas As tecnologias de informação e comunicação - TICs, em
metodologias começam a surgir com a finalidade de romper especial as tecnologias Web 2.0, possibilitam aos usuários o
com esta organização e determinismo. Tais metodologias acesso às informações de forma rápida e constante. Elas
rompem com o modelo determinista de formação, permitem a participação ativa do usuário na grande rede de
considerando as diferenças entre os estudantes e computadores e invertem o papel de usuário consumidor para
apresentando uma nova perspectiva de organização usuário produtor de conhecimento, de agente passivo para
curricular. agente ativo, o que pode ampliar as possibilidades dos
Zabala86 defende uma perspectiva de organização programas de formação pautados em metodologias ativas de
curricular globalizadora, na qual os conteúdos de aprendizagem.
aprendizagem e as unidades temáticas do currículo são Estas e outras ferramentas possibilitam viabilizar a
relevantes em função de sua capacidade de compreender uma construção coletiva do conhecimento em torno das práticas de
realidade global. Para Hernandez87, o conceito de inclusão e, o mais importante, socializar estas práticas e fazer
conhecimento global e relacional permite superar o sentido da delas um objeto de pesquisa.
mera acumulação de saberes em torno de um tema. Ele propõe
estabelecer um processo no qual o tema ou problema Finalizando...
abordado seja o ponto de referência para onde confluem os
conhecimentos. Embora possa assustar pelo grande número de mudanças
É neste contexto que surgem as metodologias ativas de e pelo teor de cada uma delas, a inclusão é como muitos a
aprendizagem. Elas requerem uma mudança de atitude do apregoam “um caminho sem volta”.
docente. Uma delas refere-se à flexibilidade diante das Nunca é demais, contudo, reafirmar as condições em que
questões que surgirão e dos conhecimentos que se construirão essa inovação acontece, marcando, grifando na nossa
durante o desenvolvimento dos trabalhos. Este processo consciência de educadores o seu valor para que nossas escolas
permite aos professores e aos alunos aprenderem a explicar as atendam à expectativa dos alunos de nossas escolas, do ensino
relações estabelecidas a partir de informações obtidas sobre infantil à Universidade.
determinado assunto e demonstra respeito às diferentes A escola prepara o futuro e de certo que, se os alunos
formas e procedimentos de organização do conhecimento. aprenderem a valorizar e a conviver com as diferenças nas
Essas propostas colocam o aprendiz como protagonista do salas de aula, serão adultos bem diferentes de nós que temos
processo de ensino e aprendizagem e agrega valor educativo de nos empenhar tanto para entender e viver a experiência da
aos conteúdos da formação. Os conteúdos não se tornam à inclusão!
finalidade, mas os meios de ensino. As metodologias ativas de O movimento inclusivo, nas escolas, por mais que seja
aprendizagem têm como característica o fato de se ainda muito contestado, pelo caráter ameaçador de toda e
desenvolverem em pequenos grupos e de apresentarem qualquer mudança, especialmente no meio educacional,
problemas contextualizados. Trata-se de um processo ativo, convence a todos pela sua lógica e pela ética de seu
cooperativo, integrado e interdisciplinar. Estimula o aprendiz posicionamento social.
a desenvolver os trabalhos em equipe, ouvir outras opiniões, a Ao denunciar o abismo existente entre o velho e o novo na
considerar o contexto ao elaborar as propostas das soluções, instituição escolar brasileira, a inclusão é reveladora dos
tornando-o consciente do que ele sabe e do que precisa males que o conservadorismo escolar tem espalhado pela
aprender. Motiva-o a buscar as informações relevantes, nossa infância e juventude estudantil.
considerando que cada problema é um problema e que não O futuro da escola inclusiva depende de uma expansão
existem receitas para solucioná-los. rápida dos projetos verdadeiramente imbuídos do
Entre as diversas metodologias, a Aprendizagem compromisso de transformar a escola, para se adequar aos
Colaborativa em Redes - ACR, construída a partir da novos tempos.
metodologia de Aprendizagem Baseada em Problemas, foi Se hoje ainda esses projetos se resumem a experiências
desenvolvida para um programa de formação continuada a locais, estas estão demonstrando a viabilidade da inclusão, em
distância de professores de AEE. Seu foco é a aprendizagem escolas e redes de ensino brasileiras, porque têm a força do
colaborativa, o trabalho em equipe, contextualizado na óbvio e a clareza da simplicidade.
realidade do aprendiz. A aparente fragilidade das pequenas iniciativas tem sido
A ACR é composta de etapas que incluem trabalhos suficiente para enfrentar, com segurança e otimismo, o poder
individuais e coletivos. As etapas compreendem a da velha e enferrujada máquina escolar.
apresentação, a descrição e a discussão do problema; A inclusão é um sonho possível.
pesquisas em fontes bibliográficas para favorecer a
compreensão do problema; apresentação de propostas de Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
soluções para o problema em foco; elaboração do plano de da Educação Inclusiva 88
atendimento; socialização; reelaboração da solução do
problema e do plano de atendimento; avaliação. I – Introdução
A proposta de formação ACR prepara o professor para
perceber a singularidade de cada caso e atuar frente a eles. O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação
Nesse sentido, a formação não termina com o curso, visto que política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa
a atuação do professor requer estudo e reflexões diante de do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e
cada novo desafio. Finalizada a formação, é importante que os participando, sem nenhum tipo de discriminação. A educação
professores constituam redes sociais para dar continuidade inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado
aos estudos, estudar casos, dirimir dúvidas e socializar os na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e
conhecimentos adquiridos a partir da prática cotidiana. Para diferença como valores indissociáveis, e que avança em
contribuir com estas ações, a internet disponibiliza várias relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as

86ZABALA, A. A Prática Educativa. Porto Alegre: Artmed, 1998. 88http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&ali


87HERNANDEZ, F; VENTURA, M. A Organização do Currículo por Projetos de as=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-
Trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: Artmed, 1998. inclusiva-05122014&Itemid=30192

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circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e 4.024/61, que aponta o direito dos “excepcionais” à educação,
fora da escola. preferencialmente dentro do sistema geral de ensino.
Ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos A Lei nº 5.692/71, que altera a LDBEN de 1961, ao definir
sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as “tratamento especial” para os alunos com “deficiências físicas,
práticas discriminatórias e criar alternativas para superá-las, mentais, os que se encontram em atraso considerável quanto
a educação inclusiva assume espaço central no debate acerca à idade regular de matrícula e os superdotados”, não promove
da sociedade contemporânea e do papel da escola na a organização de um sistema de ensino capaz de atender às
superação da lógica da exclusão. A partir dos referenciais para necessidades educacionais especiais e acaba reforçando o
a construção de sistemas educacionais inclusivos, a encaminhamento dos alunos para as classes e escolas
organização de escolas e classes especiais passa a ser especiais.
repensada, implicando uma mudança estrutural e cultural da Em 1973, o MEC cria o Centro Nacional de Educação
escola para que todos os alunos tenham suas especificidades Especial – CENESP, responsável pela gerência da educação
atendidas. especial no Brasil, que, sob a égide integracionista,
Nesta perspectiva, o Ministério da Educação/Secretaria de impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas com
Educação Especial apresenta a Política Nacional de Educação deficiência e às pessoas com superdotação, mas ainda
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que configuradas por campanhas assistenciais e iniciativas
acompanha os avanços do conhecimento e das lutas sociais, isoladas do Estado.
visando constituir políticas públicas promotoras de uma Nesse período, não se efetiva uma política pública de
educação de qualidade para todos os alunos. acesso universal à educação, permanecendo a concepção de
“políticas especiais” para tratar da educação de alunos com
II – Marcos históricos e normativos deficiência. No que se refere aos alunos com superdotação,
apesar do acesso ao ensino regular, não é organizado um
A escola historicamente se caracterizou pela visão da atendimento especializado que considere as suas
educação que delimita a escolarização como privilégio de um singularidades de aprendizagem.
grupo, uma exclusão que foi legitimada nas políticas e práticas A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus
educacionais reprodutoras da ordem social. A partir do objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem
processo de democratização da escola, evidencia-se o preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
paradoxo inclusão/exclusão quando os sistemas de ensino outras formas de discriminação” (art.3º, inciso IV). Define, no
universalizam o acesso, mas continuam excluindo indivíduos e artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o
grupos considerados fora dos padrões homogeneizadores da pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a
escola. Assim, sob formas distintas, a exclusão tem qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I,
apresentado características comuns nos processos de estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência
segregação e integração, que pressupõem a seleção, na escola” como um dos princípios para o ensino e garante,
naturalizando o fracasso escolar. como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional
A partir da visão dos direitos humanos e do conceito de especializado, preferencialmente na rede regular de ensino
cidadania fundamentado no reconhecimento das diferenças e (art. 208).
na participação dos sujeitos, decorre uma identificação dos
mecanismos e processos de hierarquização que operam na O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei nº
regulação e produção das desigualdades. Essa 8.069/90, no artigo 55, reforça os dispositivos legais
problematização explicita os processos normativos de supracitados ao determinar que “os pais ou responsáveis têm
distinção dos alunos em razão de características intelectuais, a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede
físicas, culturais, sociais e linguísticas, entre outras, regular de ensino”. Também nessa década, documentos como
estruturantes do modelo tradicional de educação escolar. a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a
A educação especial se organizou tradicionalmente como Declaração de Salamanca (1994) passam a influenciar a
atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino formulação das políticas públicas da educação inclusiva.
comum, evidenciando diferentes compreensões, Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação
terminologias e modalidades que levaram à criação de Especial, orientando o processo de “integração instrucional”
instituições especializadas, escolas especiais e classes que condiciona o acesso às classes comuns do ensino regular
especiais. Essa organização, fundamentada no conceito de àqueles que “(...) possuem condições de acompanhar e
normalidade/anormalidade, determina formas de desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino
atendimento clínico-terapêuticos fortemente ancorados nos comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais” (p.19).
testes psicométricos que, por meio de diagnósticos, definem as Ao reafirmar os pressupostos construídos a partir de padrões
práticas escolares para os alunos com deficiência. homogêneos de participação e aprendizagem, a Política não
provoca uma reformulação das práticas educacionais de
No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve maneira que sejam valorizados os diferentes potenciais de
início na época do Império, com a criação de duas instituições: aprendizagem no ensino comum, mas mantendo a
o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual responsabilidade da educação desses alunos exclusivamente
Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos no âmbito da educação especial.
Mudos, em 1857, hoje denominado Instituto Nacional da
Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. No A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi (1926), nº 9.394/96, no artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino
instituição especializada no atendimento às pessoas com devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e
deficiência mental; em 1954, é fundada a primeira Associação organização específicos para atender às suas necessidades;
de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE; e, em 1945, é criado assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram
o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em
com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena virtude de suas deficiências; e assegura a aceleração de
Antipoff. estudos aos superdotados para conclusão do programa
Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com escolar. Também define, dentre as normas para a organização
deficiência passa a ser fundamentado pelas disposições da Lei da educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, Lei nº nas séries mediante verificação do aprendizado” (art. 24,

Conhecimentos Pedagógicos 252


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inciso V) e “[...] oportunidades educacionais apropriadas, transformação dos sistemas de ensino em sistemas
consideradas as características do alunado, seus interesses, educacionais inclusivos, promovendo um amplo processo de
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros
(art. 37). para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização, à
Em 1999, o Decreto nº 3.298, que regulamenta a Lei nº oferta do atendimento educacional especializado e à garantia
7.853/89, ao dispor sobre a Política Nacional para a Integração da acessibilidade.
da Pessoa Portadora de Deficiência, define a educação especial
como uma modalidade transversal a todos os níveis e Em 2004, o Ministério Público Federal publica o
modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar documento O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e
da educação especial ao ensino regular. Classes Comuns da Rede Regular, com o objetivo de
disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão,
Acompanhando o processo de mudança, as Diretrizes reafirmando o direito e os benefícios da escolarização de
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, alunos com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino
Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determinam que: regular.
“Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, Impulsionando a inclusão educacional e social, o Decreto
cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos nº 5.296/04 regulamentou as Leis nº 10.048/00 e nº
educandos com necessidades educacionais especiais, 10.098/00, estabelecendo normas e critérios para a promoção
assegurando as condições necessárias para uma educação de da acessibilidade às pessoas com deficiência ou com
qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001).” mobilidade reduzida. Nesse contexto, o Programa Brasil
As Diretrizes ampliam o caráter da educação especial para Acessível, do Ministério das Cidades, é desenvolvido com o
realizar o atendimento educacional especializado objetivo de promover a acessibilidade urbana e apoiar ações
complementar ou suplementar à escolarização, porém, ao que garantam o acesso universal aos espaços públicos.
admitir a possibilidade de substituir o ensino regular, não O Decreto nº 5.626/05, que regulamenta a Lei nº
potencializam a adoção de uma política de educação inclusiva 10.436/2002, visando ao acesso à escola dos alunos surdos,
na rede pública de ensino, prevista no seu artigo 2º. dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular, a
O Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, formação e a certificação de professor, instrutor e
destaca que “o grande avanço que a década da educação tradutor/intérprete de Libras, o ensino da Língua Portuguesa
deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva como segunda língua para alunos surdos e a organização da
que garanta o atendimento à diversidade humana”. Ao educação bilíngue no ensino regular.
estabelecer objetivos e metas para que os sistemas de ensino
favoreçam o atendimento às necessidades educacionais Em 2005, com a implantação dos Núcleos de Atividades de
especiais dos alunos, aponta um déficit referente à oferta de Altas Habilidades/Superdotação – NAAH/S em todos os
matrículas para alunos com deficiência nas classes comuns do estados e no Distrito Federal, são organizados centros de
ensino regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao referência na área das altas habilidades/superdotação para o
atendimento educacional especializado. atendimento educacional especializado, para a orientação às
A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil famílias e a formação continuada dos professores,
pelo Decreto nº 3.956/2001, afirma que as pessoas com constituindo a organização da política de educação inclusiva
deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades de forma a garantir esse atendimento aos alunos da rede
fundamentais que as demais pessoas, definindo como pública de ensino.
discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos Deficiência, aprovada pela ONU em 2006 e da qual o Brasil é
humanos e de suas liberdades fundamentais. Este Decreto tem signatário, estabelece que os Estados-Partes devem assegurar
importante repercussão na educação, exigindo uma um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de
reinterpretação da educação especial, compreendida no ensino, em ambientes que maximizem o desenvolvimento
contexto da diferenciação, adotado para promover a acadêmico e social compatível com a meta da plena
eliminação das barreiras que impedem o acesso à participação e inclusão, adotando medidas para garantir que:
escolarização. a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do
sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as
Na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução CNE/CP crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino
nº 1/2002, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais fundamental gratuito e compulsório, sob alegação de
para a Formação de Professores da Educação Básica, define deficiência;
que as instituições de ensino superior devem prever, em sua
organização curricular, formação docente voltada para a b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino
atenção à diversidade e que contemple conhecimentos sobre fundamental inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade
as especificidades dos alunos com necessidades educacionais de condições com as demais pessoas na comunidade em que
especiais. vivem (Art.24).
A Lei nº 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais Neste mesmo ano, a Secretaria Especial dos Direitos
– Libras como meio legal de comunicação e expressão, Humanos, os Ministérios da Educação e da Justiça, juntamente
determinando que sejam garantidas formas com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
institucionalizadas de apoiar seu uso e difusão, bem como a Ciência e a Cultura – UNESCO, lançam o Plano Nacional de
inclusão da disciplina de Libras como parte integrante do Educação em Direitos Humanos, que objetiva, dentre as suas
currículo nos cursos de formação de professores e de ações, contemplar, no currículo da educação básica, temáticas
fonoaudiologia. relativas às pessoas com deficiência e desenvolver ações
A Portaria nº 2.678/02 do MEC aprova diretrizes e normas afirmativas que possibilitem acesso e permanência na
para o uso, o ensino, a produção e a difusão do sistema Braille educação superior.
em todas as modalidades de ensino, compreendendo o projeto Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da
da Grafia Braille para a Língua Portuguesa e a recomendação Educação – PDE, reafirmado pela Agenda Social, tendo como
para o seu uso em todo o território nacional. eixos a formação de professores para a educação especial, a
Em 2003, é implementado pelo MEC o Programa Educação implantação de salas de recursos multifuncionais, a
Inclusiva: direito à diversidade, com vistas a apoiar a acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, acesso e a

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permanência das pessoas com deficiência na educação


superior e o monitoramento do acesso à escola dos
favorecidos pelo Benefício de Prestação Continuada – BPC.
No documento do MEC, Plano de Desenvolvimento da
Educação: razões, princípios e programas é reafirmada a visão
que busca superar a oposição entre educação regular e
educação especial.
Contrariando a concepção sistêmica da transversalidade
da educação especial nos diferentes níveis, etapas e
modalidades de ensino, a educação não se estruturou na
perspectiva da inclusão e do atendimento às necessidades
educacionais especiais, limitando, o cumprimento do princípio
constitucional que prevê a igualdade de condições para o
acesso e permanência na escola e a continuidade nos níveis
mais elevados de ensino (2007, p. 09).
Para a implementação do PDE é publicado o Decreto nº
6.094/2007, que estabelece nas diretrizes do Compromisso
Todos pela Educação, a garantia do acesso e permanência no
ensino regular e o atendimento às necessidades educacionais
especiais dos alunos, fortalecendo seu ingresso nas escolas Quanto à distribuição dessas matrículas nas esferas
públicas. pública e privada, em 1998 registra-se 179.364 (53,2%)
alunos na rede pública e 157.962 (46,8%) nas escolas
III – Diagnóstico da Educação Especial privadas, principalmente em instituições especializadas
filantrópicas. Com o desenvolvimento das ações e políticas de
O Censo Escolar/MEC/INEP, realizado anualmente em educação inclusiva nesse período, evidencia-se um
todas as escolas de educação básica, possibilita o crescimento de 146% das matrículas nas escolas públicas, que
acompanhamento dos indicadores da educação especial: alcançaram 441.155 (63%) alunos em 2006, conforme
acesso à educação básica, matrícula na rede pública, ingresso demonstra o gráfico:
nas classes comuns, oferta do atendimento educacional
especializado, acessibilidade nos prédios escolares,
municípios com matrícula de alunos com necessidades
educacionais especiais, escolas com acesso ao ensino regular e
formação docente para o atendimento às necessidades
educacionais especiais dos alunos.
Para compor esses indicadores no âmbito da educação
especial, o Censo Escolar/MEC/INEP coleta dados referentes
ao número geral de matrículas; à oferta da matrícula nas
escolas públicas, escolas privadas e privadas sem fins
lucrativos; às matrículas em classes especiais, escola especial
e classes comuns de ensino regular; ao número de alunos do
ensino regular com atendimento educacional especializado; às
matrículas, conforme tipos de deficiência, transtornos do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação; à
infraestrutura das escolas quanto à acessibilidade
arquitetônica, à sala de recursos ou aos equipamentos
específicos; e à formação dos professores que atuam no
atendimento educacional especializado.
Com relação à distribuição das matrículas por etapa de
ensino em 2006: 112.988 (16%) estão na educação infantil,
A partir de 2004, são efetivadas mudanças no instrumento
466.155 (66,5%) no ensino fundamental, 14.150 (2%) no
de pesquisa do Censo, que passa a registrar a série ou ciclo
ensino médio, 58.420 (8,3%) na educação de jovens e adultos,
escolar dos alunos identificados no campo da educação
e 48.911 (6,3%) na educação profissional. No âmbito da
especial, possibilitando monitorar o percurso escolar. Em
educação infantil, há uma concentração de matrículas nas
2007, o formulário impresso do Censo Escolar foi
escolas e classes especiais, com o registro de 89.083 alunos,
transformado em um sistema de informações on-line, o Censo
enquanto apenas 24.005 estão matriculados em turmas
Web, que qualifica o processo de manipulação e tratamento
comuns.
das informações, permite atualização dos dados dentro do
O Censo da Educação Especial na educação superior
mesmo ano escolar, bem como possibilita o cruzamento com
registra que, entre 2003 e 2005, o número de alunos passou de
outros bancos de dados, tais como os das áreas de saúde,
5.078 para 11.999 alunos, representando um crescimento de
assistência e previdência social. Também são realizadas
136%. A evolução das ações referentes à educação especial nos
alterações que ampliam o universo da pesquisa, agregando
últimos anos é expressa no crescimento de 81% do número de
informações individualizadas dos alunos, das turmas, dos
municípios com matrículas, que em 1998 registra 2.738
professores e da escola.
municípios (49,7%) e, em 2006 alcança 4.953 municípios
Com relação aos dados da educação especial, o Censo
(89%).
Escolar registra uma evolução nas matrículas, de 337.326 em
1998 para 700.624 em 2006, expressando um crescimento de
Aponta também o aumento do número de escolas com
107%. No que se refere ao ingresso em classes comuns do
matrícula, que em 1998 registra apenas 6.557 escolas e, em
ensino regular, verifica-se um crescimento de 640%, passando
2006 passa a registrar 54.412, representando um crescimento
de 43.923 alunos em 1998 para 325.316 em 2006, conforme
de 730%. Das escolas com matrícula em 2006, 2.724 são
demonstra o gráfico a seguir:
escolas especiais, 4.325 são escolas comuns com classe

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especial e 50.259 são escolas de ensino regular com matrículas sociais, emocionais, linguísticas ou outras” (BRASIL, 2006,
nas turmas comuns. p.330).
O indicador de acessibilidade arquitetônica em prédios O conceito de necessidades educacionais especiais, que
escolares, em 1998, aponta que 14% dos 6.557 passa a ser amplamente disseminado a partir dessa
estabelecimentos de ensino com matrícula de alunos com Declaração, ressalta a interação das características individuais
necessidades educacionais especiais possuíam sanitários com dos alunos com o ambiente educacional e social. No entanto,
acessibilidade. Em 2006, das 54.412 escolas com matrículas de mesmo com uma perspectiva conceitual que aponte para a
alunos atendidos pela educação especial, 23,3% possuíam organização de sistemas educacionais inclusivos, que garanta
sanitários com acessibilidade e 16,3% registraram ter o acesso de todos os alunos e os apoios necessários para sua
dependências e vias adequadas (dado não coletado em 1998). participação e aprendizagem, as políticas implementadas
No âmbito geral das escolas de educação básica, o índice de pelos sistemas de ensino não alcançaram esse objetivo.
acessibilidade dos prédios, em 2006, é de apenas 12%.
Com relação à formação inicial dos professores que atuam Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial
na educação especial, o Censo de 1998, indica que 3,2% possui passa a integrar a proposta pedagógica da escola regular,
ensino fundamental, 51% ensino médio e 45,7% ensino promovendo o atendimento às necessidades educacionais
superior. Em 2006, dos 54.625 professores nessa função, especiais de alunos com deficiência, transtornos globais de
0,62% registram ensino fundamental, 24% ensino médio e desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Nestes
75,2% ensino superior. Nesse mesmo ano, 77,8% desses casos e outros, que implicam em transtornos funcionais
professores, declararam ter curso específico nessa área de específicos, a educação especial atua de forma articulada com
conhecimento. o ensino comum, orientando para o atendimento às
necessidades educacionais especiais desses alunos.
IV – Objetivo da Política Nacional de Educação Especial na A educação especial direciona suas ações para o
Perspectiva da Educação Inclusiva atendimento às especificidades desses alunos no processo
educacional e, no âmbito de uma atuação mais ampla na escola,
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da orienta a organização de redes de apoio, a formação
Educação Inclusiva tem como objetivo o acesso, a participação continuada, a identificação de recursos, serviços e o
e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos desenvolvimento de práticas colaborativas.
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação Os estudos mais recentes no campo da educação especial
nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para enfatizam que as definições e uso de classificações devem ser
promover respostas às necessidades educacionais especiais, contextualizados, não se esgotando na mera especificação ou
garantindo: categorização atribuída a um quadro de deficiência,
• Transversalidade da educação especial desde a educação transtorno, distúrbio, síndrome ou aptidão. Considera-se que
infantil até a educação superior; as pessoas se modificam continuamente, transformando o
• Atendimento educacional especializado; contexto no qual se inserem. Esse dinamismo exige uma
• Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados atuação pedagógica voltada para alterar a situação de
do ensino; exclusão, reforçando a importância dos ambientes
• Formação de professores para o atendimento heterogêneos para a promoção da aprendizagem de todos os
educacional especializado e demais profissionais da educação alunos.
para a inclusão escolar; A partir dessa conceituação, considera-se pessoa com
• Participação da família e da comunidade; deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo, de
•Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários natureza física, mental ou sensorial que, em interação com
e equipamentos, nos transportes, na comunicação e diversas barreiras, podem ter restringida sua participação
informação; e plena e efetiva na escola e na sociedade. Os alunos com
• Articulação intersetorial na implementação das políticas transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que
públicas. apresentam alterações qualitativas das interações sociais
recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e
V – Alunos atendidos pela Educação Especial atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se
nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do
Por muito tempo perdurou o entendimento de que a autismo e psicose infantil. Alunos com altas
educação especial, organizada de forma paralela à educação habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em
comum, seria a forma mais apropriada para o atendimento de qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas:
alunos que apresentavam deficiência ou que não se intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes,
adequassem à estrutura rígida dos sistemas de ensino. além de apresentar grande criatividade, envolvimento na
Essa concepção exerceu impacto duradouro na história da aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu
educação especial, resultando em práticas que enfatizavam os interesse.
aspectos relacionados à deficiência, em contraposição à sua
dimensão pedagógica. O desenvolvimento de estudos no VI – Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na
campo da educação e dos direitos humanos vêm modificando Perspectiva da Educação Inclusiva
os conceitos, as legislações, as práticas educacionais e de
gestão, indicando a necessidade de se promover uma A educação especial é uma modalidade de ensino que
reestruturação das escolas de ensino regular e da educação perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o
especial. atendimento educacional especializado, disponibiliza os
Em 1994, a Declaração de Salamanca proclama que as recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no
escolas regulares com orientação inclusiva constituem os processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do
meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias e ensino regular.
que alunos com necessidades educacionais especiais devem O atendimento educacional especializado tem como
ter acesso à escola regular, tendo como princípio orientador função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos
que “as escolas deveriam acomodar todas as crianças e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena
independentemente de suas condições físicas, intelectuais, participação dos alunos, considerando suas necessidades
específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento

Conhecimentos Pedagógicos 255


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educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do
na sala de aula comum, não sendo substitutivas à sistema Braille, do Soroban, da orientação e mobilidade, das
escolarização. Esse atendimento complementa e/ou atividades de vida autônoma, da comunicação alternativa, do
suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e desenvolvimento dos processos mentais superiores, dos
independência na escola e fora dela. programas de enriquecimento curricular, da adequação e
Dentre as atividades de atendimento educacional produção de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização
especializado são disponibilizados programas de de recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e
enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos outros.
específicos de comunicação e sinalização e tecnologia A avaliação pedagógica como processo dinâmico considera
assistiva. Ao longo de todo o processo de escolarização esse tanto o conhecimento prévio e o nível atual de
atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica desenvolvimento do aluno quanto às possibilidades de
do ensino comum. O atendimento educacional especializado é aprendizagem futura, configurando uma ação pedagógica
acompanhado por meio de instrumentos que possibilitem processual e formativa que analisa o desempenho do aluno em
monitoramento e avaliação da oferta realizada nas escolas da relação ao seu progresso individual, prevalecendo na
rede pública e nos centros de atendimento educacional avaliação os aspectos qualitativos que indiquem as
especializados públicos ou conveniados. intervenções pedagógicas do professor. No processo de
avaliação, o professor deve criar estratégias considerando que
O acesso à educação tem início na educação infantil, na alguns alunos podem demandar ampliação do tempo para a
qual se desenvolvem as bases necessárias para a construção realização dos trabalhos e o uso da língua de sinais, de textos
do conhecimento e desenvolvimento global do aluno. Nessa em Braille, de informática ou de tecnologia assistiva como uma
etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de prática cotidiana.
comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação
emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência especial na perspectiva da educação inclusiva, disponibilizar
com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o as funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras e guia-
respeito e a valorização da criança. intérprete, bem como de monitor ou cuidador dos alunos com
Do nascimento aos três anos, o atendimento educacional necessidade de apoio nas atividades de higiene, alimentação,
especializado se expressa por meio de serviços de estimulação locomoção, entre outras, que exijam auxílio constante no
precoce, que objetivam otimizar o processo de cotidiano escolar.
desenvolvimento e aprendizagem em interface com os
serviços de saúde e assistência social. Em todas as etapas e Para atuar na educação especial, o professor deve ter como
modalidades da educação básica, o atendimento educacional base da sua formação, inicial e continuada, conhecimentos
especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos gerais para o exercício da docência e conhecimentos
alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino. específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação no
Deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na atendimento educacional especializado, aprofunda o caráter
própria escola ou centro especializado que realize esse serviço interativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do
educacional. ensino regular, nas salas de recursos, nos centros de
Desse modo, na modalidade de educação de jovens e atendimento educacional especializado, nos núcleos de
adultos e educação profissional, as ações da educação especial acessibilidade das instituições de educação superior, nas
possibilitam a ampliação de oportunidades de escolarização, classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a
formação para ingresso no mundo do trabalho e efetiva oferta dos serviços e recursos de educação especial.
participação social. Para assegurar a intersetorialidade na implementação das
políticas públicas a formação deve contemplar conhecimentos
A interface da educação especial na educação indígena, do de gestão de sistema educacional inclusivo, tendo em vista o
campo e quilombola deve assegurar que os recursos, serviços desenvolvimento de projetos em parceria com outras áreas,
e atendimento educacional especializado estejam presentes visando à acessibilidade arquitetônica, aos atendimentos de
nos projetos pedagógicos construídos com base nas diferenças saúde, à promoção de ações de assistência social, trabalho e
socioculturais desses grupos. justiça.
Na educação superior, a educação especial se efetiva por Os sistemas de ensino devem organizar as condições de
meio de ações que promovam o acesso, a permanência e a acesso aos espaços, aos recursos pedagógicos e à comunicação
participação dos alunos. Estas ações envolvem o planejamento que favoreçam a promoção da aprendizagem e a valorização
e a organização de recursos e serviços para a promoção da das diferenças, de forma a atender as necessidades
acessibilidade arquitetônica, nas comunicações, nos sistemas educacionais de todos os alunos. A acessibilidade deve ser
de informação, nos materiais didáticos e pedagógicos, que assegurada mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas,
devem ser disponibilizados nos processos seletivos e no urbanísticas, na edificação – incluindo instalações,
desenvolvimento de todas as atividades que envolvam o equipamentos e mobiliários – e nos transportes escolares, bem
ensino, a pesquisa e a extensão. como as barreiras nas comunicações e informações.
Para o ingresso dos alunos surdos nas escolas comuns, a
educação bilíngue – Língua Portuguesa/Libras desenvolve o Questões
ensino escolar na Língua Portuguesa e na língua de sinais, o
ensino da Língua Portuguesa como segunda língua na 01. (CESPE – SEDF - Conhecimentos Básicos/2017) Com
modalidade escrita para alunos surdos, os serviços de relação à educação especial/inclusiva e ao atendimento
tradutor/intérprete de Libras e Língua Portuguesa e o ensino especializado, julgue o item que se segue.
da Libras para os demais alunos da escola. O atendimento O termo necessidades educacionais especiais se refere
educacional especializado para esses alunos é ofertado tanto também a crianças de rua e minorias étnicas que apresentem
na modalidade oral e escrita quanto na língua de sinais. Devido alguma carência material e, portanto, necessitem de
à diferença linguística, orienta-se que o aluno surdo esteja com atendimento educacional especializado.
outros surdos em turmas comuns na escola regular. ( ) Certo ( ) Errado
O atendimento educacional especializado é realizado
mediante a atuação de profissionais com conhecimentos
específicos no ensino da Língua Brasileira de Sinais, da Língua

Conhecimentos Pedagógicos 256


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02. (CESPE – SEDF - Conhecimentos Básicos/ 2017) Com IV- defende a inserção de alunos com deficiência com
relação à educação especial/inclusiva e ao atendimento comprometimentos mais severos para o ato de socialização.
especializado, julgue o item que se segue.
A educação especial/inclusiva tem caráter complementar São corretas as afirmativas:
ou suplementar, conforme o caso concreto. (A) I e II.
( ) Certo ( ) Errado (B) I e III.
(C) II e III.
03. (CESPE – SEDF - Conhecimentos Básicos/2017) Com (D) III e IV.
relação ao planejamento escolar e à educação (E) I, II, III e IV.
especial/inclusiva, julgue o próximo item.
O plano de ensino deve ter coerência quanto a seus 06. (UTFPR – UTFPR - Pedagogo/2016) A Declaração de
objetivos e aos meios para alcançá-los. Salamanca apresentou princípios, políticas e práticas, que são
( ) Certo ( ) Errado explicitados nas legislações atualmente vigentes e nos
documentos oficiais. Sobre tais princípios, é correto afirmar
04. (Big Advice - Prefeitura de Martinópolis - Professor que:
PEB I – Educação Especial/2017) A noção de necessidades (A) A Declaração de Salamanca refere-se à necessidade de
educacionais especiais entrou em evidência a partir das todas as crianças se adaptarem à educação regular, a partir dos
discussões do chamado “movimento pela inclusão” e dos esforços da família e da comunidade.
reflexos provocados pela Conferência Mundial sobre Educação (B) A Declaração de Salamanca acentuou as desigualdades
Especial, realizada em Salamanca, na Espanha, em 1994. Nesse historicamente construídas em nossa sociedade, reforçando a
evento, foi elaborado um documento mundialmente segregação e a exclusão.
significativo denominado “Declaração de Salamanca” e na qual (C) A Declaração de Salamanca refere-se à educação nos
foram levantados aspectos inovadores para a reforma de países em desenvolvimento, fruto das desigualdades
políticas e sistemas educacionais. promovidas pelo sistema capitalista.
(D) A Declaração de Salamanca ressalta que os sistemas
De acordo com a declaração: educativos devem ser projetados e os programas aplicados de
I. O conceito de “necessidades educacionais especiais” modo que tenham em vista toda a gama das diferentes
passará a incluir, além das crianças portadoras de deficiências, características e necessidades.
aquelas que estejam experimentando dificuldades (E) A Declaração de Salamanca afirma que todas as
temporárias ou permanentes na escola, as que estejam crianças têm direito fundamental à educação, mesmo que não
repetindo continuamente os anos escolares, as que sejam consiga se desenvolver e manter um nível aceitável de
forçadas a trabalhar, as que vivem nas ruas, as que vivem em conhecimentos.
condições de extrema pobreza ou que sejam desnutridas, as
que sejam vítimas de guerra ou conflitos armados, as que 07. (FUNCAB - EMSERH -Pedagogo/2016) A Escola
sofrem de abusos contínuos, ou as que simplesmente estão Inclusiva é uma tendência internacional do final do século XX.
fora da escola, por qualquer motivo que seja.” O principal desafio dessa escola é:
II. A Declaração de Salamanca estabeleceu uma nova (A) Desenvolver uma pedagogia centrada na criança, capaz
concepção, extremamente abrangente, de “necessidades de educar todas, sem discriminação, respeitando suas
educacionais especiais” que provoca a secessão dos dois tipos diferenças.
de ensino, o regular e o especial, na medida em que esta nova (B) Dar conta da diversidade das crianças oferecendo
definição implica que todos possuem ou podem possuir, respostas adequadas às suas características e necessidades,
temporária ou permanentemente, “necessidades educacionais solicitando apoio de instituições e especialistas somente
especiais”. quando a família exigir.
III. Dessa forma, orienta para a existência de um sistema (C) Fortalecer uma sociedade democrática, justa e
único, que seja capaz de prover educação para todos os alunos, economicamente ativa.
por mais especial que este possa ser ou estar. (D) Garantir às crianças com necessidades especiais uma
IV. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), convivência participativa com outras crianças com as mesmas
elaborados com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação necessidades especiais.
(LDB), de 1996, orientam a respeito de estratégias para a (E) Desenvolver o princípio da integração previsto na
educação de alunos com necessidades especiais. Para isso, Declaração Municipal.
estabeleceu um material didático-pedagógico intitulado
“Adaptações Curriculares” que insere-se na concepção da Respostas
escola inclusiva defendida na Declaração de Salamanca.
01. Certo
Assinale a alternativa correta: Segundo a Deliberação n° 02/03 - CEE, a terminologia
(A) Apenas a I. “necessidades educacionais especiais” deve ser utilizada para
(B) I, II e IV. referir-se às crianças e jovens, cujas necessidades decorrem de
(C) I, III e IV. sua elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender.
(D) Todas estão corretas. Assim, a terminologia necessidade educacional especial pode
(E) Nenhuma das alternativas. ser atribuída a diferentes grupos de educandos, desde aqueles
que apresentam deficiências permanentes até aqueles que, por
05. (FCM - IF Sudeste – MG - Técnico em Assuntos razões diversas, fracassam em seu processo de aprendizagem
Educacionais/2016) A escola inclusiva é aquela que: escolar.
I- atua em coletividade, prezando o indivíduo,
reconhecendo sua identidade e subjetividade. 02. Certo
II- está preparada para receber os alunos, tendo a garantia O AEE complementa e/ou suplementa a formação do
da acessibilidade física, metodológica, comunicacional e aluno, visando a sua autonomia na escola e fora dela,
tecnológica. constituindo oferta obrigatória pelos sistemas de ensino
III- tem o poder de acabar com as mazelas sociais, com a
produção das desigualdades sociais.

Conhecimentos Pedagógicos 257


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03. Certo que eliminem as barreiras para a plena participação dos


Para atender a todos e atender melhor, a escola atual tem alunos, considerando suas necessidades específicas
de mudar, e a tarefa de mudar a escola exige trabalho em
muitas frentes. Cada escola, ao abraçar esse trabalho, terá de 06. D
encontrar soluções próprias para os seus problemas. As As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às
mudanças necessárias não acontecem por acaso e nem por diversas necessidades de seus alunos, acomodando tanto
Decreto, mas fazem parte da vontade política do coletivo da estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e
escola, explicitadas no seu Projeto Político Pedagógico (PPP) e assegurando uma educação de qualidade a todos através de
vividas a partir de uma gestão escolar democrática currículo apropriado, modificações organizacionais,
estratégias de ensino, uso de recursos e parceiras com a
04. C comunidade (…) Dentro das escolas inclusivas, as crianças com
Declaração de Salamanca (1994) necessidades educacionais especiais deveriam receber
A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas qualquer apoio extra que possam precisar, para que se lhes
Especiais: Acesso e Qualidade, realizada pela UNESCO, em assegure uma educação efetiva (…)”.
Salamanca (Espanha), em junho de 1994, teve, como objeto
específico de discussão, a atenção educacional aos alunos com 07. A
necessidades educacionais especiais. Educação inclusiva significa educar todas as crianças em
Nela, os países signatários, dos quais o Brasil faz parte, um mesmo contexto escolar. A opção por este tipo de Educação
declararam: não significa negar as dificuldades dos estudantes, pelo
- Todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito contrário. Com a inclusão, as diferenças não são vistas como
fundamental à educação e que a elas deve ser dada a problemas, mas como diversidade. É essa variedade, a partir
oportunidade de obter e manter um nível aceitável de da realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e
conhecimentos; desenvolver oportunidades de convivência a todas as crianças.
- Cada criança tem características, interesses, capacidades
e necessidades de aprendizagem que lhe são próprios;
- Os sistemas educativos devem ser projetados e os
programas aplicados de modo que tenham em vista toda a BASE NACIONAL
gama dessas diferentes características e necessidades; CURRICULAR COMUM
- As pessoas com necessidades educacionais especiais
devem ter acesso às escolas comuns, que deverão integrá-las
numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a
essas necessidades;
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)89
- As escolas comuns, com essa orientação integradora,
representam o meio mais eficaz de combater atitudes
APRESENTAÇÃO
discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras, construir
Ao homologar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
uma sociedade integradora e dar educação para todos;
para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, o Brasil
inicia uma nova era na educação brasileira e se alinha aos
A Declaração se dirige a todos os governos, incitando-os a:
melhores e mais qualificados sistemas educacionais do
- Dar a mais alta prioridade política e orçamentária à
mundo.
melhoria de seus sistemas educativos, para que possam
Prevista na Constituição de 1988, na LDB de 1996 e no
abranger todas as crianças, independentemente de suas
Plano Nacional de Educação de 2014, a BNCC foi preparada por
diferenças ou dificuldades individuais;
especialistas de cada área do conhecimento, com a valiosa
- Adotar, com força de lei ou como política, o princípio
participação crítica e propositiva de profissionais de ensino e
da educação integrada, que permita a matrícula de todas
da sociedade civil. Em abril de 2017, considerando as versões
as crianças em escolas comuns, a menos que haja razões
anteriores do documento, o Ministério da Educação (MEC)
convincentes para o contrário;
concluiu a sistematização e encaminhou a terceira e última
- Criar mecanismos descentralizados e participativos, de
versão ao Conselho Nacional de Educação (CNE). A BNCC pôde
planejamento, supervisão e avaliação do ensino de crianças e
então receber novas sugestões para seu aprimoramento, por
adultos com necessidades educacionais especiais;
meio das audiências públicas realizadas nas cinco regiões do
- Promover e facilitar a participação de pais, comunidades
País, com participação ampla da sociedade.
e organizações de pessoas com deficiência, no planejamento e
É com muita satisfação que apresentamos o resultado
no processo de tomada de decisões, para atender a alunos e
desse grande avanço para a educação brasileira. A BNCC é um
alunas com necessidades educacionais especiais;
documento plural, contemporâneo, e estabelece com clareza o
- Assegurar que, num contexto de mudança sistemática, os
conjunto de aprendizagens essenciais e indispensáveis a que
programas de formação do professorado, tanto inicial como
todos os estudantes, crianças, jovens e adultos, têm direito.
contínua, estejam voltados para atender às necessidades
Com ela, redes de ensino e instituições escolares públicas e
educacionais especiais, nas escolas integradoras.
particulares passam a ter uma referência nacional obrigatória
para a elaboração ou adequação de seus currículos e propostas
05. A
pedagógicas. Essa referência é o ponto ao qual se quer chegar
Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às
em cada etapa da Educação Básica, enquanto os currículos
necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os
traçam o caminho até lá.
estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação
Trata-se, portanto, da implantação de uma política
de qualidade a todos através de um currículo apropriado,
educacional articulada e integrada. Para isso, o MEC será
arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de
parceiro permanente dos Estados, do Distrito Federal e dos
recursos e parceria com as comunidades
municípios, trabalhando em conjunto para garantir que as
AEE, um serviço da educação especial que "[...] identifica,
mudanças cheguem às salas de aula. As instituições escolares,
elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade,
as redes de ensino e os professores serão os grandes
protagonistas dessa transformação.

89http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_20dez_site.pdf

Conhecimentos Pedagógicos 258


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A BNCC expressa o compromisso do Estado Brasileiro com mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a
a promoção de uma educação integral voltada ao acolhimento, preservação da natureza” (BRASIL, 2013)92, mostrando-se
reconhecimento e desenvolvimento pleno de todos os também alinhada à Agenda 2030 da Organização das Nações
estudantes, com respeito às diferenças e enfrentamento à Unidas (ONU)93.
discriminação e ao preconceito. Assim, para cada uma das É imprescindível destacar que as competências gerais da
redes de ensino e das instituições escolares, este será um BNCC, apresentadas a seguir, inter-relacionam-se e
documento valioso tanto para adequar ou construir seus desdobram-se no tratamento didático proposto para as três
currículos como para reafirmar o compromisso de todos com etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino
a redução das desigualdades educacionais no Brasil e a Fundamental e Ensino Médio), articulando-se na construção
promoção da equidade e da qualidade das aprendizagens dos de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na
estudantes brasileiros. formação de atitudes e valores, nos termos da LDB.

1. INTRODUÇÃO COMPETÊNCIAS GERAIS DA BASE NACIONAL COMUM


Base Nacional Comum Curricular CURRICULAR
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente
documento de caráter normativo que define o conjunto construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e
todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e colaborar para a construção de uma sociedade justa,
modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham democrática e inclusiva.
assegurados seus direitos de aprendizagem e 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à
desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a
Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento normativo reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para
aplica-se exclusivamente à educação escolar, tal como a define investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e
o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas)
Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996)90, e está orientado pelos com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
humana integral e à construção de uma sociedade justa, culturais, das locais às mundiais, e também participar de
democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN)91. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-
Referência nacional para a formulação dos currículos dos motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e
sistemas e das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística,
e dos Municípios e das propostas pedagógicas das instituições matemática e científica, para se expressar e partilhar
escolares, a BNCC integra a política nacional da Educação informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes
Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento
e ações, em âmbito federal, estadual e municipal, referentes à mútuo.
formação de professores, à avaliação, à elaboração de 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de
conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de informação e comunicação de forma crítica, significativa,
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as
educação. escolares) para se comunicar, acessar e disseminar
Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
fragmentação das políticas educacionais, enseje o exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais
de governo e seja balizadora da qualidade da educação. Assim, e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
para além da garantia de acesso e permanência na escola, é possibilitem entender as relações próprias do mundo do
necessário que sistemas, redes e escolas garantam um trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e
patamar comum de aprendizagens a todos os estudantes, ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
tarefa para a qual a BNCC é instrumento fundamental. crítica e responsabilidade.
Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações
definidas na BNCC devem concorrer para assegurar aos confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos
estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os
que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
aprendizagem e desenvolvimento. responsável em âmbito local, regional e global, com
Na BNCC, competência é definida como a mobilização de posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades outros e do planeta.
(práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
exercício da cidadania e do mundo do trabalho. reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
Ao definir essas competências, a BNCC reconhece que a capacidade para lidar com elas.
“educação deve afirmar valores e estimular ações que 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e
contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito

90 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e 92BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Caderno
bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de de Educação em Direitos Humanos. Educação em Direitos Humanos: Diretrizes
1996. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Nacionais. Brasília: Coordenação Geral de Educação em SDH/PR, Direitos
Acesso em: 23 mar. 2017. Humanos, Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, 2013.
91 BRASIL. Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica; Secretaria de Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.
Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão; Secretaria de php?option=com_docman&view=download&alias=32131-educacao-dh-
Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional de Educação; Câmara de diretrizesnacionais- pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 23 mar. 2017.
Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. 93 ONU. Organização das Nações Unidas. Transformando Nosso Mundo: a

Brasília: MEC; SEB; DICEI, 2013. Disponível em: Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: <
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alia https://nacoesunidas.org/pos2015/ agenda2030/>. Acesso em: 7 nov. 2017.
s=13448diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf&Itemid=30192>. Acesso em:
16 out. 2017.

Conhecimentos Pedagógicos 259


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ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e Essa orientação induziu à concepção do conhecimento
valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, curricular contextualizado pela realidade local, social e
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem individual da escola e do seu alunado, que foi o norte das
preconceitos de qualquer natureza. diretrizes curriculares traçadas pelo Conselho Nacional de
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, Educação (CNE) ao longo da década de 1990 , bem como de sua
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, revisão nos anos 2000.
tomando decisões com base em princípios éticos, Em 2010, o CNE promulgou novas DCN, ampliando e
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. organizando o conceito de contextualização como “a inclusão,
a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e à
Os marcos legais que embasam a BNCC diversidade cultural resgatando e respeitando as várias
A Constituição Federal de 198894, em seu Artigo 205, manifestações de cada comunidade”, conforme destaca o
reconhece a educação como direito fundamental Parecer CNE/CEB nº 7/201095.
compartilhado entre Estado, família e sociedade ao Em 2014, a Lei nº 13.005/201496 promulgou o Plano
determinar que Nacional de Educação (PNE), que reitera a necessidade de

a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, estabelecer e implantar, mediante pactuação
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, interfederativa [União, Estados, Distrito Federal e Municípios],
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de
(BRASIL, 1988). aprendizagem e desenvolvimento dos(as) alunos(as) para
cada ano do Ensino Fundamental e Médio, respeitadas as
Para atender a tais finalidades no âmbito da educação diversidades regional, estadual e local (BRASIL, 2014).
escolar, a Carta Constitucional, no Artigo 210, já reconhece a
necessidade de que sejam “fixados conteúdos mínimos para o Nesse sentido, consoante aos marcos legais anteriores, o
ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica PNE afirma a importância de uma base nacional comum
comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais curricular para o Brasil, com o foco na aprendizagem como
e regionais” (BRASIL, 1988). estratégia para fomentar a qualidade da Educação Básica em
Com base nesses marcos constitucionais, a LDB, no Inciso todas as etapas e modalidades (meta 7), referindo-se a direitos
IV de seu Artigo 9º, afirma que cabe à União e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento.

estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Em 2017, com a alteração da LDB por força da Lei nº
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a 13.415/2017, a legislação brasileira passa a utilizar,
Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, concomitantemente, duas nomenclaturas para se referir às
que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de finalidades da educação:
modo a assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996;
ênfase adicionada). Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio,
Nesse artigo, a LDB deixa claros dois conceitos decisivos conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas
para todo o desenvolvimento da questão curricular no Brasil. seguintes áreas do conhecimento [...]
O primeiro, já antecipado pela Constituição, estabelece a Art. 36. § 1º A organização das áreas de que trata o caput e
relação entre o que é básico-comum e o que é diverso em das respectivas competências e habilidades será feita de
matéria curricular: as competências e diretrizes são acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino
comuns, os currículos são diversos. O segundo se refere ao (BRASIL, 201797; ênfases adicionadas).
foco do currículo. Ao dizer que os conteúdos curriculares estão
a serviço do desenvolvimento de competências, a LDB orienta Trata-se, portanto, de maneiras diferentes e
a definição das aprendizagens essenciais, e não apenas dos intercambiáveis para designar algo comum, ou seja, aquilo que
conteúdos mínimos a ser ensinados. Essas são duas noções os estudantes devem aprender na Educação Básica, o que
fundantes da BNCC. inclui tanto os saberes quanto a capacidade de mobilizá-los e
A relação entre o que é básico-comum e o que é diverso é aplicá-los.
retomada no Artigo 26 da LDB, que determina que
Os fundamentos pedagógicos da BNCC
os currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental Foco no desenvolvimento de competências
e do Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser O conceito de competência, adotado pela BNCC, marca a
complementada, em cada sistema de ensino e em cada discussão pedagógica e social das últimas décadas e pode ser
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida inferido no texto da LDB, especialmente quando se
pelas características regionais e locais da sociedade, da estabelecem as finalidades gerais do Ensino Fundamental e do
cultura, da economia e dos educandos (BRASIL, 1996; ênfase Ensino Médio (Artigos 32 e 35).
adicionada). Além disso, desde as décadas finais do século XX e ao longo
deste início do século XXI98, o foco no desenvolvimento de

94 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, DF: 97 BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nº 9.394, de
Senado Federal, 1988 . Disponível em: 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado. e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e
htm>. Acesso em: 23 mar. 2017. Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
95 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmera de Educação Básica. Parecer Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei
nº 7, de 7 de abril de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967;
Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de julho de 2010, Seção 1, p. revoga a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à
10. Disponível em: <http://pactoensinomedio. mec. Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Diário Oficial da
gov.br/images/pdf/pceb007_10.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017. União, Brasília, 17 de fevereiro de 2017. Disponível em:
96 BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2015-2018/2017/lei/L13415.htm>.
Educação – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 de Acesso em: 20 nov. 2017.
junho de 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 98 Segundo a pesquisa elaborada pelo Cenpec, das 16 Unidades da Federação cujos

2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso em: 23 mar. 2017. documentos curriculares foram analisados, 10 delas explicitam uma visão de

Conhecimentos Pedagógicos 260


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competências tem orientado a maioria dos Estados e Independentemente da duração da jornada escolar, o
Municípios brasileiros e diferentes países na construção de conceito de educação integral com o qual a BNCC está
seus currículos99. É esse também o enfoque adotado nas comprometida se refere à construção intencional de processos
avaliações internacionais da Organização para a Cooperação e educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as
Desenvolvimento Econômico (OCDE), que coordena o necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes
Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla e, também, com os desafios da sociedade contemporânea. Isso
em inglês)100, e da Organização das Nações Unidas para a supõe considerar as diferentes infâncias e juventudes, as
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês), diversas culturas juvenis e seu potencial de criar novas formas
que instituiu o Laboratório Latino-americano de Avaliação da de existir.
Qualidade da Educação para a América Latina (LLECE, na sigla Assim, a BNCC propõe a superação da fragmentação
em espanhol)101. radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua
Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões aplicação na vida real, a importância do contexto para dar
pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em
de competências. Por meio da indicação clara do que os alunos sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida.
devem “saber” (considerando a constituição de
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, O pacto interfederativo e a implementação da BNCC
do que devem “saber fazer” (considerando a mobilização Base Nacional Comum Curricular: igualdade,
desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para diversidade e equidade
resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno No Brasil, um país caracterizado pela autonomia dos entes
exercício da cidadania e do mundo do trabalho), a explicitação federados, acentuada diversidade cultural e profundas
das competências oferece referências para o fortalecimento de desigualdades sociais, os sistemas e redes de ensino devem
ações que assegurem as aprendizagens essenciais definidas na construir currículos, e as escolas precisam elaborar propostas
BNCC. pedagógicas que considerem as necessidades, as
possibilidades e os interesses dos estudantes, assim como suas
O compromisso com a educação integral identidades linguísticas, étnicas e culturais.
A sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e Nesse processo, a BNCC desempenha papel fundamental,
inclusivo a questões centrais do processo educativo: o que pois explicita as aprendizagens essenciais que todos os
aprender, para que aprender, como ensinar, como promover estudantes devem desenvolver e expressa, portanto, a
redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o igualdade educacional sobre a qual as singularidades devem
aprendizado. ser consideradas e atendidas. Essa igualdade deve valer
No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto também para as oportunidades de ingresso e permanência em
histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico- uma escola de Educação Básica, sem o que o direito de
crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, aprender não se concretiza.
produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo O Brasil, ao longo de sua história, naturalizou
de informações. Requer o desenvolvimento de competências desigualdades educacionais em relação ao acesso à escola, à
para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada permanência dos estudantes e ao seu aprendizado. São
vez mais disponível, atuar com discernimento e amplamente conhecidas as enormes desigualdades entre os
responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar grupos de estudantes definidos por raça, sexo e condição
conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para socioeconômica de suas famílias.
tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma Diante desse quadro, as decisões curriculares e didático-
situação e buscar soluções, conviver e aprender com as pedagógicas das Secretarias de Educação, o planejamento do
diferenças e as diversidades. trabalho anual das instituições escolares e as rotinas e os
Nesse contexto, a BNCC afirma, de maneira explícita, o seu eventos do cotidiano escolar devem levar em consideração a
compromisso com a educação integral102. Reconhece, necessidade de superação dessas desigualdades. Para isso, os
assim, que a Educação Básica deve visar à formação e ao sistemas e redes de ensino e as instituições escolares devem se
desenvolvimento humano global, o que implica compreender planejar com um claro foco na equidade, que pressupõe
a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, reconhecer que as necessidades dos estudantes são diferentes.
rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a De forma particular, um planejamento com foco na
dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. equidade também exige um claro compromisso de reverter a
Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral situação de exclusão histórica que marginaliza grupos – como
da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – os povos indígenas originários e as populações das
considerando-os como sujeitos de aprendizagem – e promover comunidades remanescentes de quilombos e demais
uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e afrodescendentes – e as pessoas que não puderam estudar ou
desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e completar sua escolaridade na idade própria. Igualmente,
diversidades. Além disso, a escola, como espaço de requer o compromisso com os alunos com deficiência,
aprendizagem e de democracia inclusiva, deve se fortalecer na reconhecendo a necessidade de práticas pedagógicas
prática coercitiva de não discriminação, não preconceito e inclusivas e de diferenciação curricular, conforme
respeito às diferenças e diversidades. estabelecido na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Lei nº 13.146/2015)103.

ensino por competências, recorrendo aos termos “competência” e “habilidade” (ou <http://www.oecd.org/pisa/aboutpisa/Global-competency-for-an-inclusive-
equivalentes, como “capacidade”, “expectativa de aprendizagem” ou “o que os world.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017.
alunos devem aprender”). “O ensino por competências aparece mais claramente 101 UNESCO. Oficina Regional de Educación de la Unesco para América Latina y el

derivado dos PCN” (p. 75). CENPEC – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Caribe. Laboratorio Latinoamericano de Evaluación de la Calidad de la
Cultura e Ação Comunitária. Currículos para os anos finais do Ensino Educación (LLECE). Disponível em:
Fundamental: concepções, modos de implantação e usos. São Paulo: Cenpec, 2015. <http://www.unesco.org/new/es/santiago/education/education-assessment-
Disponível em: <http://www.cenpec.org.br/ wp- llece>. Acesso em: 23 mar. 2017.
content/uploads/2015/09/Relatorio_Pesquisa_Curriculos_EF2_Final.pdf>. Acesso 102 Na história educacional brasileira, as primeiras referências à educação integral

em: 23 mar. 2017. remontam à década de 1930, incorporadas ao movimento dos Pioneiros da
99 Austrália, Portugal, França, Colúmbia Britânica, Polônia, Estados Unidos da Educação Nova e em outras correntes políticas da época, nem sempre com o
América, Chile, Peru, entre outros. mesmo entendimento sobre o seu significado.
100 OECD. Global Competency for an Inclusive World. Paris: OECD, 2016. 103 BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de

Disponível em: Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário

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Base Nacional Comum Curricular e currículos com a Constituição Federal, com as Diretrizes Internacionais
A BNCC e os currículos se identificam na comunhão de da OIT – Convenção 169 e com documentos da ONU e Unesco
princípios e valores que, como já mencionado, orientam a LDB sobre os direitos indígenas) e suas referências específicas, tais
e as DCN. Dessa maneira, reconhecem que a educação tem um como: construir currículos interculturais, diferenciados e
compromisso com a formação e o desenvolvimento humano bilíngues, seus sistemas próprios de ensino e aprendizagem,
global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, tanto dos conteúdos universais quanto dos conhecimentos
ética, moral e simbólica. indígenas, bem como o ensino da língua indígena como
Além disso, BNCC e currículos têm papéis complementares primeira língua15.
para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para É também da alçada dos entes federados responsáveis pela
cada etapa da Educação Básica, uma vez que tais implementação da BNCC o reconhecimento da experiência
aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de curricular existente em seu âmbito de atuação. Nas duas
decisões que caracterizam o currículo em ação. São essas últimas décadas, mais da metade dos Estados e muitos
decisões que vão adequar as proposições da BNCC à realidade Municípios vêm elaborando currículos para seus respectivos
local, considerando a autonomia dos sistemas ou das redes de sistemas de ensino, inclusive para atender às especificidades
ensino e das instituições escolares, como também o contexto e das diferentes modalidades. Muitas escolas públicas e
as características dos alunos. Essas decisões, que resultam de particulares também acumularam experiências de
um processo de envolvimento e participação das famílias e da desenvolvimento curricular e de criação de materiais de apoio
comunidade, referem-se, entre outras ações, a: ao currículo, assim como instituições de ensino superior
- contextualizar os conteúdos dos componentes construíram experiências de consultoria e de apoio técnico ao
curriculares, identificando estratégias para apresentá-los, desenvolvimento curricular. Inventariar e avaliar toda essa
representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los experiência pode contribuir para aprender com acertos e erros
significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos e incorporar práticas que propiciaram bons resultados.
quais as aprendizagens estão situadas;
- decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos Por fim, cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como
componentes curriculares e fortalecer a competência às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e
pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais competência, incorporar aos currículos e às propostas
dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que
ensino e da aprendizagem; afetam a vida humana em escala local, regional e global,
- selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático- preferencialmente de forma transversal e integradora. Entre
pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados esses temas, destacam-se: direitos da criança e do adolescente
e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar (Lei nº 8.069/199016), educação para o trânsito (Lei nº
com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas 9.503/199717), educação ambiental (Lei nº 9.795/1999,
famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos Parecer CNE/CP nº 14/2012 e Resolução CNE/CP nº
de socialização etc.; 2/201218), educação alimentar e nutricional (Lei nº
- conceber e pôr em prática situações e procedimentos 11.947/200919), processo de envelhecimento, respeito e
para motivar e engajar os alunos nas aprendizagens; valorização do idoso (Lei nº 10.741/200320), educação em
- construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa direitos humanos (Decreto nº 7.037/2009, Parecer CNE/CP nº
de processo ou de resultado que levem em conta os contextos 8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/201221), educação das
e as condições de aprendizagem, tomando tais registros como relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-
referência para melhorar o desempenho da escola, dos brasileira, africana e indígena (Leis nº 10.639/2003 e
professores e dos alunos; 11.645/2008, Parecer CNE/CP nº 3/2004 e Resolução CNE/CP
- selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos nº 1/200422), bem como saúde, vida familiar e social,
e tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender; educação para o consumo, educação financeira e fiscal,
- criar e disponibilizar materiais de orientação para os trabalho, ciência e tecnologia e diversidade cultural (Parecer
professores, bem como manter processos permanentes de CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB nº 7/201023). Na
formação docente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento BNCC, essas temáticas são contempladas em habilidades dos
dos processos de ensino e aprendizagem; componentes curriculares, cabendo aos sistemas de ensino e
- manter processos contínuos de aprendizagem sobre escolas, de acordo com suas especificidades, tratá-las de forma
gestão pedagógica e curricular para os demais educadores, no contextualizada.
âmbito das escolas e sistemas de ensino.
Base Nacional Comum Curricular e regime de
Essas decisões precisam, igualmente, ser consideradas na colaboração
organização de currículos e propostas adequados às diferentes Legitimada pelo pacto interfederativo, nos termos da Lei
modalidades de ensino (Educação Especial, Educação de nº 13.005/ 2014, que promulgou o PNE, a BNCC depende do
Jovens e Adultos, Educação do Campo, Educação Escolar adequado funcionamento do regime de colaboração
Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação a para alcançar seus objetivos. Sua formulação, sob coordenação
Distância), atendendo-se às orientações das Diretrizes do MEC, contou com a participação dos Estados do Distrito
Curriculares Nacionais. No caso da Educação Escolar Indígena, Federal e dos Municípios, depois de ampla consulta à
por exemplo, isso significa assegurar competências específicas comunidade educacional e à sociedade, conforme consta da
com base nos princípios da coletividade, reciprocidade, apresentação do presente documento.
integralidade, espiritualidade e alteridade indígena, a serem Com a homologação da BNCC, as redes de ensino e escolas
desenvolvidas a partir de suas culturas tradicionais particulares terão diante de si a tarefa de construir currículos,
reconhecidas nos currículos dos sistemas de ensino e com base nas aprendizagens essenciais estabelecidas na BNCC,
propostas pedagógicas das instituições escolares. Significa passando, assim, do plano normativo propositivo para o plano
também, em uma perspectiva intercultural, considerar seus da ação e da gestão curricular que envolve todo o conjunto de
projetos educativos, suas cosmologias, suas lógicas, seus decisões e ações definidoras do currículo e de sua dinâmica.
valores e princípios pedagógicos próprios (em consonância

Oficial da União, Brasília, 7 de julho de 2015. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/ L13146.htm>.
Acesso em: 23 mar. 2017.

Conhecimentos Pedagógicos 262


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Embora a implementação seja prerrogativa dos sistemas e


das redes de ensino, a dimensão e a complexidade da tarefa
vão exigir que União, Estados, Distrito Federal e Municípios
somem esforços. Nesse regime de colaboração, as
responsabilidades dos entes federados serão diferentes e
complementares, e a União continuará a exercer seu papel de
coordenação do processo e de correção das desigualdades.
A primeira tarefa de responsabilidade direta da União será
a revisão da formação inicial e continuada dos professores
para alinhá-las à BNCC. A ação nacional será crucial nessa
iniciativa, já que se trata da esfera que responde pela regulação
do ensino superior, nível no qual se prepara grande parte
desses profissionais. Diante das evidências sobre a relevância
dos professores e demais membros da equipe escolar para o
sucesso dos alunos, essa é uma ação fundamental para a
implementação eficaz da BNCC.
Compete ainda à União, como anteriormente anunciado,
promover e coordenar ações e políticas em âmbito federal,
estadual e municipal, referentes à avaliação, à elaboração de
materiais pedagógicos e aos critérios para a oferta de
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da
educação.
Por se constituir em uma política nacional, a
implementação da BNCC requer, ainda, o monitoramento pelo
MEC em colaboração com os organismos nacionais da área –
CNE, Consed e Undime. Em um país com a dimensão e a
desigualdade do Brasil, a permanência e a sustentabilidade de
um projeto como a BNCC dependem da criação e do
fortalecimento de instâncias técnico-pedagógicas nas redes de
ensino, priorizando aqueles com menores recursos, tanto
técnicos quanto financeiros. Essa função deverá ser exercida
pelo MEC, em parceria com o Consed e a Undime, respeitada a EDUCAÇÃO BÁSICA
autonomia dos entes federados. COMPETÊNCIAS GERAIS DA BASE NACIONAL COMUM
A atuação do MEC, além do apoio técnico e financeiro, deve CURRICULAR
incluir também o fomento a inovações e a disseminação de Ao longo da Educação Básica – na Educação Infantil, no
casos de sucesso; o apoio a experiências curriculares Ensino Fundamental e no Ensino Médio –, os alunos devem
inovadoras; a criação de oportunidades de acesso a
desenvolver as dez competências gerais que pretendem
conhecimentos e experiências de outros países; e, ainda, o
assegurar, como resultado do seu processo de aprendizagem e
fomento de estudos e pesquisas sobre currículos e temas afins. desenvolvimento, uma formação humana integral que visa à
construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. ESTRUTURA DA BNCC
Em conformidade com os fundamentos pedagógicos Na primeira etapa da Educação Básica, e de acordo com os
apresentados na Introdução deste documento, a BNCC está eixos estruturantes da Educação Infantil interações e
estruturada de modo a explicitar as competências que os brincadeira), devem ser assegurados seis direitos de
alunos devem desenvolver ao longo de toda a Educação Básica aprendizagem e desenvolvimento, para que as crianças
e em cada etapa da escolaridade, como expressão dos direitos tenham condições de aprender e se desenvolver.
de aprendizagem e desenvolvimento de todos os estudantes. - Conviver
Na próxima página, apresenta-se a estrutura geral da BNCC - Brincar
para as três etapas da Educação Básica (Educação Infantil, - Participar
Ensino Fundamental e Ensino Médio), já com o detalhamento - Explorar
referente às etapas da Educação Infantil e do Ensino
- Expressar
Fundamental, cujos documentos são ora apresentados. O
Conhecer-se
detalhamento relativo ao Ensino Médio comporá essa
estrutura posteriormente, quando da aprovação do Considerando os direitos de aprendizagem e
documento referente a essa etapa104. desenvolvimento, a BNCC estabelece cinco campos de
Também se esclarece como as aprendizagens estão experiências, nos quais as crianças podem aprender e se
organizadas em cada uma dessas etapas e se explica a desenvolver.
composição dos códigos alfanuméricos criados para • O eu, o outro e o nós
identificar tais aprendizagens. • Corpo, gestos e movimentos
• Traços, sons, cores e formas
• Escuta, fala, pensamento e imaginação
• Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

104 Durante o processo de elaboração da versão da BNCC encaminhada para discussão e a aprovação da BNCC para a Educação Infantil e para o Ensino
apreciação do CNE em 6 de abril de 2017, a estrutura do Ensino Médio foi Fundamental, o Ministério da Educação decidiu postergar a elaboração – e
significativamente alterada por força da Medida Provisória nº 446, de 22 de posterior envio ao CNE – do documento relativo ao Ensino Médio, que se assentará
setembro de 2016, posteriormente convertida na Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro sobre os mesmos princípios legais e pedagógicos inscritos neste documento,
de 2017. Em virtude da magnitude dessa mudança, e tendo em vista não adiar a respeitando-se as especificidades dessa etapa e de seu alunado.

Conhecimentos Pedagógicos 263


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Em cada campo de experiências, são definidos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento organizados em três grupos por
faixa etária.
- Bebês (0-1a6m)
- Crianças bem pequenas (1a7m - 3a11m)
- Crianças pequenas (4a-5a11m)

Portanto, na Educação Infantil, o quadro de cada campo de experiências se organiza em três colunas – relativas aos grupos por
faixa etária –, nas quais estão detalhados os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Em cada linha da coluna, os objetivos
definidos para os diferentes grupos referem-se a um mesmo aspecto do campo de experiências, conforme ilustrado a seguir.

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11


Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)
3 anos e 11 meses) meses )

(EI03TS01)
(EI02TS01)
(EI01TS01) Utilizar sons produzidos por materiais,
Criar sons com materiais, objetos e
Explorar sons produzidos com o próprio objetos e instrumentos musicais durante
instrumentos musicais, para acompanhar
corpo e com objetos do ambiente. brincadeiras de faz de conta, encenações,
diversos ritmos de música.
criações musicais, festas.

Como é possível observar no exemplo apresentado, cada objetivo de aprendizagem e desenvolvimento é identificado por um
código alfanumérico cuja composição é explicada a seguir:

Segundo esse critério, o código EI02TS01 refere-se ao primeiro objetivo de aprendizagem e desenvolvimento proposto no campo
de experiências “Traços, sons, cores e formas” para as crianças bem pequenas (de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses).
Cumpre destacar que a numeração sequencial dos códigos alfanuméricos não sugere ordem ou hierarquia entre os objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento.

Conhecimentos Pedagógicos 264


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Na BNCC, o Ensino Fundamental está organizado em cinco


áreas do conhecimento.
Essas áreas, como bem aponta o Parecer CNE/CEB nº
11/201025,“favorecem a comunicação entre os
conhecimentos e saberes dos diferentes componentes
curriculares” (BRASIL, 2010).
Elas se intersectam na formação dos alunos, embora se
preservem as especificidades e os saberes próprios
construídos e sistematizados nos diversos componentes. Cada área de conhecimento estabelece competências
Nos textos de apresentação, cada área de conhecimento específicas de área, cujo desenvolvimento deve ser
explicita seu papel na formação integral dos alunos do Ensino promovido ao longo dos nove anos. Essas competências
Fundamental e destaca particularidades para o Ensino explicitam como as dez competências gerais se expressam
Fundamental – Anos Iniciais e o Ensino Fundamental – Anos nessas áreas.
Finais, considerando tanto as características do alunado Nas áreas que abrigam mais de um componente curricular
quanto as especificidades e demandas pedagógicas dessas (Linguagens e Ciências Humanas), também são definidas
fases da escolarização. competências específicas do componente (Língua
Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Geografia e
História) a ser desenvolvidas pelos alunos ao longo dessa
etapa de escolarização.
As competências específicas possibilitam a articulação
horizontal entre as áreas, perpassando todos os componentes
curriculares, e também a articulação vertical, ou seja, a
progressão entre o Ensino Fundamental – Anos Iniciais e o
Ensino Fundamental – Anos Finais e a continuidade das
experiências dos alunos, considerando suas especificidades.
Para garantir o desenvolvimento das competências
específicas, cada componente curricular apresenta um
conjunto de habilidades. Essas habilidades estão
relacionadas a diferentes objetos de conhecimento – aqui
entendidos como conteúdos, conceitos e processos –, que, por
sua vez, são organizados em unidades temáticas.

Respeitando as muitas possibilidades de organização do


conhecimento escolar, as unidades temáticas definem um
arranjo dos objetos de conhecimento ao longo do Ensino

Conhecimentos Pedagógicos 265


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Fundamental adequado às especificidades dos diferentes Segundo esse critério, o código EF67EF01, por exemplo,
componentes curriculares. Cada unidade temática contempla refere-se à primeira habilidade proposta em Educação Física
uma gama maior ou menor de objetos de conhecimento, assim no bloco relativo ao 6º e 7º anos, enquanto o código
como cada objeto de conhecimento se relaciona a um número EF04MA10 indica a décima habilidade do 4º ano de
variável de habilidades, conforme ilustrado a seguir. Matemática.
Vale destacar que o uso de numeração sequencial para
CIÊNCIAS – 1º ANO identificar as habilidades de cada ano ou bloco de anos não
representa uma ordem ou hierarquia esperada das
aprendizagens. A progressão das aprendizagens, que se
explicita na comparação entre os quadros relativos a cada ano
(ou bloco de anos), pode tanto estar relacionada aos
processos cognitivos em jogo – sendo expressa por verbos
que indicam processos cada vez mais ativos ou exigentes –
quanto aos objetos de conhecimento – que podem
apresentar crescente sofisticação ou complexidade –, ou,
ainda, aos modificadores – que, por exemplo, podem fazer
referência a contextos mais familiares aos alunos e, aos
poucos, expandir-se para contextos mais amplos.
Também é preciso enfatizar que os critérios de
organização das habilidades descritos na BNCC (com a
explicitação dos objetos de conhecimento aos quais se
As habilidades expressam as aprendizagens essenciais relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades
que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes temáticas) expressam um arranjo possível (dentre outros).
contextos escolares. Para tanto, elas são descritas de acordo Portanto, os agrupamentos propostos não devem ser
com uma determinada estrutura, conforme ilustrado no tomados como modelo obrigatório para o desenho dos
exemplo a seguir, de História (EF06HI14). currículos. A forma de apresentação adotada na BNCC tem
por objetivo assegurar a clareza, a precisão e a explicitação
do que se espera que todos os alunos aprendam na Educação
Básica, fornecendo orientações para a elaboração de
currículos em todo o País, adequados aos diferentes contextos.

3. A ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL


A Educação Infantil na Base Nacional Comum
Curricular
A expressão educação “pré-escolar”, utilizada no Brasil até
Os modificadores devem ser entendidos como a a década de 1980, expressava o entendimento de que a
explicitação da situação ou condição em que a habilidade deve Educação Infantil era uma etapa anterior, independente e
ser desenvolvida, considerando a faixa etária dos alunos. preparatória para a escolarização, que só teria seu começo no
Ainda assim, as habilidades não descrevem ações ou Ensino Fundamental. Situava-se, portanto, fora da educação
condutas esperadas do professor, nem induzem à opção formal.
por abordagens ou metodologias. Essas escolhas estão no Com a Constituição Federal de 1988, o atendimento em
âmbito dos currículos e dos projetos pedagógicos, que, como creche e pré-escola às crianças de zero a 6 anos de idade torna-
já mencionado, devem ser adequados à realidade de cada se dever do Estado. Posteriormente, com a promulgação da
sistema ou rede de ensino e a cada instituição escolar, LDB, em 1996, a Educação Infantil passa a ser parte integrante
considerando o contexto e as características dos seus alunos. da Educação Básica, situando-se no mesmo patamar que o
Nos quadros que apresentam as unidades temáticas, os Ensino Fundamental e o Ensino Médio. E a partir da
objetos de conhecimento e as habilidades definidas para cada modificação introduzida na LDB em 2006, que antecipou o
ano (ou bloco de anos), cada habilidade é identificada por um acesso ao Ensino Fundamental para os 6 anos de idade, a
código alfanumérico cuja composição é a seguinte: Educação Infantil passa a atender a faixa etária de zero a 5
anos.
Entretanto, embora reconhecida como direito de todas as
crianças e dever do Estado, a Educação Infantil passa a ser
obrigatória para as crianças de 4 e 5 anos apenas com a
Emenda Constitucional nº 59/2009105, que determina a
obrigatoriedade da Educação Básica dos 4 aos 17 anos. Essa
extensão da obrigatoriedade é incluída na LDB em 2013,
consagrando plenamente a obrigatoriedade de matrícula de
todas as crianças de 4 e 5 anos em instituições de Educação
Infantil.
Com a inclusão da Educação Infantil na BNCC, mais um
importante passo é dado nesse processo histórico de sua
integração ao conjunto da Educação Básica.

A Educação Infantil no contexto da Educação Básica


Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação
Infantil é o início e o fundamento do processo educacional. A
entrada na creche ou na pré-escola significa, na maioria das

105BRASIL. Emenda constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Diário <http://www.planalto.gov.br/


Oficial da União, Brasília, 12 de novembro de 2009, Seção 1, p. 8. Disponível em: ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc59.htm>. Acesso em: 23 mar. 2017.

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vezes, a primeira separação das crianças dos seus vínculos - Brincar cotidianamente de diversas formas, em
afetivos familiares para se incorporarem a uma situação de diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros
socialização estruturada. (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a
Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua
Infantil, a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo criatividade, suas experiências emocionais, corporais,
o cuidado como algo indissociável do processo educativo. sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.
Nesse contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as - Participar ativamente, com adultos e outras crianças,
vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades
ambiente da família e no contexto de sua comunidade, e propostas pelo educador quanto da realização das atividades
articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos
ampliar o universo de experiências, conhecimentos e materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes
habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se
novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à posicionando.
educação familiar – especialmente quando se trata da - Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas,
educação dos bebês e das crianças bem pequenas, que envolve cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos,
aprendizagens muito próximas aos dois contextos (familiar e histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela,
escolar), como a socialização, a autonomia e a comunicação. ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas
Nessa direção, e para potencializar as aprendizagens e o modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
desenvolvimento das crianças, a prática do diálogo e o - Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível,
compartilhamento de responsabilidades entre a instituição de suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses,
Educação Infantil e a família são essenciais. Além disso, a descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de
instituição precisa conhecer e trabalhar com as culturas diferentes linguagens.
plurais, dialogando com a riqueza/diversidade cultural das - Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e
famílias e da comunidade. cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil grupos de pertencimento, nas diversas experiências de
(DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009)106, em seu Artigo 4º, cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na
definem a criança como instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.

“sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, Essa concepção de criança como ser que observa,
relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua questiona, levanta hipóteses, conclui, faz julgamentos e
identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, assimila valores e que constrói conhecimentos e se apropria
deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e do conhecimento sistematizado por meio da ação e nas
constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo interações com o mundo físico e social não deve resultar no
cultura” (BRASIL, 2009). confinamento dessas aprendizagens a um processo de
desenvolvimento natural ou espontâneo. Ao contrário, impõe
Ainda de acordo com as DCNEI, em seu Artigo 9º, os eixos a necessidade de imprimir intencionalidade educativa às
estruturantes das práticas pedagógicas dessa práticas pedagógicas na Educação Infantil, tanto na creche
etapa da Educação Básica são as interações e a brincadeira, quanto na pré-escola.
experiências nas quais as crianças podem construir e
apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e Essa intencionalidade consiste na organização e
interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita proposição, pelo educador, de experiências que permitam às
aprendizagens, desenvolvimento e socialização. crianças conhecer a si e ao outro e de conhecer e compreender
A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da as relações com a natureza, com a cultura e com a produção
infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais científica, que se traduzem nas práticas de cuidados pessoais
para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as (alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), nas brincadeiras, nas
interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os experimentações com materiais variados, na aproximação
adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos com a literatura e no encontro com as pessoas.
afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a Parte do trabalho do educador é refletir, selecionar,
regulação das emoções. organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das
Tendo em vista os eixos estruturantes das práticas práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações
pedagógicas e as competências gerais da Educação Básica que promovam o desenvolvimento pleno das crianças.
propostas pela BNCC, seis direitos de aprendizagem e Ainda, é preciso acompanhar tanto essas práticas quanto
desenvolvimento asseguram, na Educação Infantil, as as aprendizagens das crianças, realizando a observação da
condições para que as crianças aprendam em situações nas trajetória de cada criança e de todo o grupo – suas conquistas,
quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que avanços, possibilidades e aprendizagens. Por meio de diversos
as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a registros, feitos em diferentes momentos tanto pelos
resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, professores quanto pelas crianças (como relatórios, portfólios,
os outros e o mundo social e natural. fotografias, desenhos e textos), é possível evidenciar a
progressão ocorrida durante o período observado, sem
DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA intenção de seleção, promoção ou classificação de crianças em
EDUCAÇÃO INFANTIL “aptas” e “não aptas”, “prontas” ou “não prontas”, “maduras”
- Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e ou “imaturas”. Trata-se de reunir elementos para reorganizar
grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o tempos, espaços e situações que garantam os direitos de
conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura aprendizagem de todas as crianças.
e às diferenças entre as pessoas.
3.1. OS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS

106BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2298-


Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares rceb00509 &category_slug=dezembro-2009-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 23
Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de mar. 2017.
dezembro de 2009, Seção 1, p. 18. Disponível em: <http://

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Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes
e o desenvolvimento das crianças têm como eixos manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e
estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-lhes universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às
os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar- crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar
se e conhecer-se, a organização curricular da Educação Infantil diversas formas de expressão e linguagens, como as artes
na BNCC está estruturada em cinco campos de experiências, visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a
no âmbito dos quais são definidos os objetivos de música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com
aprendizagem e desenvolvimento. Os campos de experiências base nessas experiências, elas se expressam por várias
constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou
experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com
saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções,
do patrimônio cultural. desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e
A definição e a denominação dos campos de experiências de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para
também se baseiam no que dispõem as DCNEI em relação aos que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso
saberes e conhecimentos fundamentais a ser propiciados às estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e
crianças e associados às suas experiências. Considerando da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa
esses saberes e conhecimentos, os campos de experiências em promover a participação das crianças em tempos e espaços
que se organiza a BNCC são: para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo
a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da
O eu, o outro e o nós – É na interação com os pares e com criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo
adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura
agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e
modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista. interpretar suas experiências e vivências artísticas.
Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na
família, na instituição escolar, na coletividade), constroem Escuta, fala, pensamento e imaginação – Desde o
percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, nascimento, as crianças participam de situações
diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais
seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam interagem. As primeiras formas de interação do bebê são os
de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o
constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham sentido
reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua vez, com a interpretação do outro. Progressivamente, as crianças
na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais
as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da
culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e língua materna – que se torna, pouco a pouco, seu veículo
rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é importante
e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo promover experiências nas quais as crianças possam falar e
de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é
respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos na escuta de histórias, na participação em conversas, nas
constituem como seres humanos. descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em
grupo e nas implicações com as múltiplas linguagens que a
Corpo, gestos e movimentos – Com o corpo (por meio dos criança se constitui ativamente como sujeito singular e
sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, pertencente a um grupo social.
coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à
exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao
estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem observar os muitos textos que circulam no contexto familiar,
conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de
e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita,
corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a
música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças
se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As
emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as experiências com a literatura infantil, propostas pelo
sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem
movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à
desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além
seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis
Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes
pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a
cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de
não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as
promover oportunidades ricas para que as crianças possam, crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se
sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que
pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não
movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita
descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o como sistema de representação da língua.
corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar,
escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, Espaços, tempos, quantidades, relações e
saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar- transformações – As crianças vivem inseridas em espaços e
se etc.). tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de
fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas,
elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro,

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cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.).


Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu
próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as
plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de
materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o
mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre
as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas
pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade
entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas
outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com
conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações
entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos
e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento
de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de
numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a
curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover
experiências nas quais as crianças possam fazer observações,
manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar
hipóteses e consultar fontes de informação para buscar
respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a
instituição escolar está criando oportunidades para que as
crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e
sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.

3.2. OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E


DESENVOLVIMENTO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Na Educação Infantil, as aprendizagens essenciais
compreendem tanto comportamentos, habilidades e
conhecimentos quanto vivências que promovem
aprendizagem e desenvolvimento nos diversos campos de
experiências, sempre tomando as interações e a brincadeira
como eixos estruturantes. Essas aprendizagens, portanto,
constituem-se como objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento.
Reconhecendo as especificidades dos diferentes grupos
etários que constituem a etapa da Educação Infantil, os
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento estão
sequencialmente organizados em três grupos por faixa
etária, que correspondem, aproximadamente, às
possibilidades de aprendizagem e às características do
desenvolvimento das crianças, conforme indicado na figura a
seguir. Todavia, esses grupos não podem ser considerados de
forma rígida, já que há diferenças de ritmo na aprendizagem e
no desenvolvimento das crianças que precisam ser
consideradas na prática pedagógica.

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CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “O EU, O OUTRO E O NÓS”

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CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS”

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CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”

CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO”

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CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES”

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3.3. A TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL


A transição entre essas duas etapas da Educação Básica requer muita atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças
introduzidas, garantindo integração e continuidade dos processos de aprendizagens das crianças, respeitando suas
singularidades e as diferentes relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das mediações de cada
etapa. Torna-se necessário estabelecer estratégias de acolhimento e adaptação tanto para as crianças quanto para os docentes, de
modo que a nova etapa se construa com base no que a criança sabe e é capaz de fazer, em uma perspectiva de continuidade de seu
percurso educativo.
Para isso, as informações contidas em relatórios, portfólios ou outros registros que evidenciem os processos vivenciados pelas
crianças ao longo de sua trajetória na Educação Infantil podem contribuir para a compreensão da história de vida escolar de cada aluno
do Ensino Fundamental. Conversas ou visitas e troca de materiais entre os professores das escolas de Educação Infantil e de Ensino
Fundamental – Anos Iniciais também são importantes para facilitar a inserção das crianças nessa nova etapa da vida escolar.
Além disso, para que as crianças superem com sucesso os desafios da transição, é indispensável um equilíbrio entre as mudanças
introduzidas, a continuidade das aprendizagens e o acolhimento afetivo, de modo que a nova etapa se construa com base no que os
educandos sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação e a descontinuidade do trabalho pedagógico. Nessa direção,
considerando os direitos e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, apresenta-se a síntese das aprendizagens
esperadas em cada campo de experiências. Essa síntese deve ser compreendida como elemento balizador e indicativo de objetivos
a ser explorados em todo o segmento da Educação Infantil, e que serão ampliados e aprofundados no Ensino Fundamental, e não como
condição ou pré-requisito para o acesso ao Ensino Fundamental.

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4. A ETAPA DO ENSINO FUNDAMENTAL As características dessa faixa etária demandam um


O Ensino Fundamental no contexto da Educação trabalho no ambiente escolar que se organize em torno dos
Básica interesses manifestos pelas crianças, de suas vivências mais
O Ensino Fundamental, com nove anos de duração, é a imediatas para que, com base nessas vivências, elas possam,
etapa mais longa da Educação Básica, atendendo estudantes progressivamente, ampliar essa compreensão, o que se dá pela
entre 6 e 14 anos. Há, portanto, crianças e adolescentes que, ao mobilização de operações cognitivas cada vez mais complexas
longo desse período, passam por uma série de mudanças e pela sensibilidade para apreender o mundo, expressar-se
relacionadas a aspectos físicos, cognitivos, afetivos, sociais, sobre ele e nele atuar.
emocionais, entre outros. Como já indicado nas Diretrizes Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove pedagógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de
Anos (Resolução CNE/CEB nº 7/2010)107, essas mudanças garantir amplas oportunidades para que os alunos se
impõem desafios à elaboração de currículos para essa etapa de apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado
escolarização, de modo a superar as rupturas que ocorrem na ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de
passagem não somente entre as etapas da Educação Básica, escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de
mas também entre as duas fases do Ensino Fundamental: Anos letramentos. Como aponta o Parecer CNE/CEB nº 11/2010108,
Iniciais e Anos Finais. “os conteúdos dos diversos componentes curriculares [...], ao
A BNCC do Ensino Fundamental Anos Iniciais, ao descortinarem às crianças o conhecimento do mundo por meio
valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a de novos olhares, lhes oferecem oportunidades de exercitar a
necessária articulação com as experiências vivenciadas na leitura e a escrita de um modo mais significativo” (BRASIL,
Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a 2010).
progressiva sistematização dessas experiências quanto o Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a
desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação progressão do conhecimento ocorre pela consolidação das
com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses aprendizagens anteriores e pela ampliação das práticas de
sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar linguagem e da experiência estética e intercultural das
conclusões, em uma atitude ativa na construção de crianças, considerando tanto seus interesses e suas
conhecimentos. expectativas quanto o que ainda precisam aprender. Ampliam-
Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças se a autonomia intelectual, a compreensão de normas e os
importantes em seu processo de desenvolvimento que interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com
repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros sistemas mais amplos, que dizem respeito às relações dos
e com o mundo. Como destacam as DCN, a maior desenvoltura sujeitos entre si, com a natureza, com a história, com a cultura,
e a maior autonomia nos movimentos e deslocamentos com as tecnologias e com o ambiente.
ampliam suas interações com o espaço; a relação com Além desses aspectos relativos à aprendizagem e ao
múltiplas linguagens, incluindo os usos sociais da escrita e da desenvolvimento, na elaboração dos currículos e das
matemática, permite a participação no mundo letrado e a propostas pedagógicas devem ainda ser consideradas medidas
construção de novas aprendizagens, na escola e para além para assegurar aos alunos um percurso contínuo de
dela; a afirmação de sua identidade em relação ao coletivo no aprendizagens entre as duas fases do Ensino
qual se inserem resulta em formas mais ativas de se Fundamental, de modo a promover uma maior integração
relacionarem com esse coletivo e com as normas que regem as entre elas. Afinal, essa transição se caracteriza por mudanças
relações entre as pessoas dentro e fora da escola, pelo pedagógicas na estrutura educacional, decorrentes
reconhecimento de suas potencialidades e pelo acolhimento e principalmente da diferenciação dos componentes
pela valorização das diferenças. curriculares. Como bem destaca o Parecer CNE/CEB nº
Ampliam-se também as experiências para o 11/2010, “os alunos, ao mudarem do professor generalista dos
desenvolvimento da oralidade e dos processos de percepção, anos iniciais para os professores especialistas dos diferentes
compreensão e representação, elementos importantes para a componentes curriculares, costumam se ressentir diante das
apropriação do sistema de escrita alfabética e de outros muitas exigências que têm de atender, feitas pelo grande
sistemas de representação, como os signos matemáticos, os número de docentes dos anos finais” (BRASIL, 2010). Realizar
registros artísticos, midiáticos e científicos e as formas de as necessárias adaptações e articulações, tanto no 5º quanto
representação do tempo e do espaço. Os alunos se deparam no 6º ano, para apoiar os alunos nesse processo de transição,
com uma variedade de situações que envolvem conceitos e pode evitar ruptura no processo de aprendizagem,
fazeres científicos, desenvolvendo observações, análises, garantindo-lhes maiores condições de sucesso.
argumentações e potencializando descobertas. Ao longo do Ensino Fundamental Ano Finais, os
As experiências das crianças em seu contexto familiar, estudantes se deparam com desafios de maior
social e cultural, suas memórias, seu pertencimento a um complexidade, sobretudo devido à necessidade de se
grupo e sua interação com as mais diversas tecnologias de apropriarem das diferentes lógicas de organização dos
informação e comunicação são fontes que estimulam sua conhecimentos relacionados às áreas. Tendo em vista essa
curiosidade e a formulação de perguntas. O estímulo ao maior especialização, é importante, nos vários componentes
pensamento criativo, lógico e crítico, por meio da construção e curriculares, retomar e ressignificar as aprendizagens do
do fortalecimento da capacidade de fazer perguntas e de Ensino Fundamental – Anos Iniciais no contexto das
avaliar respostas, de argumentar, de interagir com diversas diferentes áreas, visando ao aprofundamento e à ampliação
produções culturais, de fazer uso de tecnologias de informação de repertórios dos estudantes.
e comunicação, possibilita aos alunos ampliar sua Nesse sentido, também é importante fortalecer a
compreensão de si mesmos, do mundo natural e social, das autonomia desses adolescentes, oferecendo-lhes condições e
relações dos seres humanos entre si e com a natureza.

107 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. 108BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. Parecer
Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares nº 11, de 7 de julho de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de dezembro de
Brasília, 15 de dezembro de 2010, Seção 1, p. 34. Disponível em: 2010, Seção 1, p. 28. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb007_10.pdf>. Acesso em: 23 mar. <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alia
2017. s=6324pceb011-10&category_slug=agosto-2010-pdf&Itemid=30192>. Acesso em:
23 mar. 2017.

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ferramentas para acessar e interagir criticamente com diálogo entre as diferentes culturas presentes na comunidade
diferentes conhecimentos e fontes de informação. e na escola.
Os estudantes dessa fase inserem-se em uma faixa etária Em todas as etapas de escolarização, mas de modo especial
que corresponde à transição entre infância e adolescência, entre os estudantes dessa fase do Ensino Fundamental, esses
marcada por intensas mudanças decorrentes de fatores frequentemente dificultam a convivência cotidiana e a
transformações biológicas, psicológicas, sociais e emocionais. aprendizagem, conduzindo ao desinteresse e à alienação e, não
Nesse período de vida, como bem aponta o Parecer CNE/CEB raro, à agressividade e ao fracasso escolar. Atenta a culturas
nº 11/2010, ampliam-se os vínculos sociais e os laços afetivos, distintas, não uniformes nem contínuas dos estudantes dessa
as possibilidades intelectuais e a capacidade de raciocínios etapa, é necessário que a escola dialogue com a diversidade de
mais abstratos. Os estudantes tornam-se mais capazes de ver formação e vivências para enfrentar com sucesso os desafios
e avaliar os fatos pelo ponto de vista do outro, exercendo a de seus propósitos educativos. A compreensão dos estudantes
capacidade de descentração, “importante na construção da como sujeitos com histórias e saberes construídos nas
autonomia e na aquisição de valores morais e éticos” ( BRASIL, interações com outras pessoas, tanto do entorno social mais
2010). próximo quanto do universo da cultura midiática e digital,
As mudanças próprias dessa fase da vida implicam a fortalece o potencial da escola como espaço formador e
compreensão do adolescente como sujeito em orientador para a cidadania consciente, crítica e participativa.
desenvolvimento, com singularidades e formações identitárias Nessa direção, no Ensino Fundamental – Anos Finais, a
e culturais próprias, que demandam práticas escolares escola pode contribuir para o delineamento do projeto de vida
diferenciadas, capazes de contemplar suas necessidades e dos estudantes, ao estabelecer uma articulação não somente
diferentes modos de inserção social. Conforme reconhecem as com os anseios desses jovens em relação ao seu futuro, como
DCN, é frequente, nessa etapa, também com a continuidade dos estudos no Ensino Médio.
Esse processo de reflexão sobre o que cada jovem quer ser no
observar forte adesão aos padrões de comportamento dos futuro, e de planejamento de ações para construir esse futuro,
jovens da mesma idade, o que é evidenciado pela forma de se pode representar mais uma possibilidade de desenvolvimento
vestir e também pela linguagem utilizada por eles. Isso requer pessoal e social.
dos educadores maior disposição para entender e dialogar
com as formas próprias de expressão das culturas juvenis,
cujos traços são mais visíveis, sobretudo, nas áreas urbanas
mais densamente povoadas (BRASIL, 2010).
Anotações
Há que se considerar, ainda, que a cultura digital tem
promovido mudanças sociais significativas nas sociedades
contemporâneas. Em decorrência do avanço e da
multiplicação das tecnologias de informação e comunicação e
do crescente acesso a elas pela maior disponibilidade de
computadores, telefones celulares, tablets e afins, os
estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não
somente como consumidores. Os jovens têm se engajado cada
vez mais como protagonistas da cultura digital, envolvendo-se
diretamente em novas formas de interação multimidiática e
multimodal e de atuação social em rede, que se realizam de
modo cada vez mais ágil. Por sua vez, essa cultura também
apresenta forte apelo emocional e induz ao imediatismo de
respostas e à efemeridade das informações, privilegiando
análises superficiais e o uso de imagens e formas de expressão
mais sintéticas, diferentes dos modos de dizer e argumentar
característicos da vida escolar.
Todo esse quadro impõe à escola desafios ao cumprimento
do seu papel em relação à formação das novas gerações. É
importante que a instituição escolar preserve seu
compromisso de estimular a reflexão e a análise aprofundada
e contribua para o desenvolvimento, no estudante, de uma
atitude crítica em relação ao conteúdo e à multiplicidade de
ofertas midiáticas e digitais. Contudo, também é
imprescindível que a escola compreenda e incorpore mais as
novas linguagens e seus modos de funcionamento,
desvendando possibilidades de comunicação (e também de
manipulação), e que eduque para usos mais democráticos das
tecnologias e para uma participação mais consciente na
cultura digital. Ao aproveitar o potencial de comunicação do
universo digital, a escola pode instituir novos modos de
promover a aprendizagem, a interação e o compartilhamento
de significados entre professores e estudantes.
Além disso, e tendo por base o compromisso da escola de
propiciar uma formação integral, balizada pelos direitos
humanos e princípios democráticos, é preciso considerar a
necessidade de desnaturalizar qualquer forma de violência
nas sociedades contemporâneas, incluindo a violência
simbólica de grupos sociais que impõem normas, valores e
conhecimentos tidos como universais e que não estabelecem

Conhecimentos Pedagógicos 277


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Conhecimentos Pedagógicos 278


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Secretaria de Estado de Educação
de Minas Gerais - SEE-MG

Professor de Educação Básica –


Língua Portuguesa

VOLUME 2

Conteúdo Específico
I - Textos: interpretação e compreensão de textos. ......................................................................................................1
II - Língua e Linguagem: código, signo, significante e significado; variações lingüísticas; língua falada e língua
escrita; norma culta e língua coloquial; as funções da linguagem; texto narrativo; texto descritivo; texto
dissertativo; discurso direto, indireto e indireto livre; o gênero poético e as figuras de linguagem; o processo
de leitura de textos: inferências sócio-culturais. ...........................................................................................................3
III - Fonética - fonologia: fonemas: vogais consoantes e semivogais; encontros vocálicos, consonantais e
dígrafos; Sílabas. ............................................................................................................................................................... 29
IV - Ortografia: correção ortográfica; acentuação gráfica; divisão silábica. ........................................................... 33
V - Morfologia: estrutura e formação de palavras; morfemas, afixos; processos de formação de palavras; classes
gramaticais: identificação, classificações e emprego. ................................................................................................ 39
VI - Sintaxe: frase, oração e período; período simples - termos da oração: identificação, classificações e
emprego; as orações no período composto: identificação, classificações e emprego; sintaxe de concordância
verbal e nominal; sintaxe de regência nominal e verbal; a ocorrência da crase; a ocorrência do infinitivo;
emprego dos sinais de pontuação. ................................................................................................................................ 66
VII - Literatura: denotação e conotação; conceituação de texto literário; gêneros literários; periodização da
literatura brasileira; estudo dos principais autores dos estilos de época. ............................................................. 89
BASE NACIONAL CURRICULAR COMUM
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_20dez_site.pdf ..............................................................112
SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. Proposta Curricular para o Ensino Médio -2005.
............................................................................................................................................................................................147
SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. Proposta Curricular para o Ensino Fundamental
– 2014. ..............................................................................................................................................................................176

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CONTEÚDO ESPECÍFICO

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APOSTILAS OPÇÃO
Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar
inúmeros problemas, afetando não só o desenvolvimento
profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. O mundo
moderno cobra de nós inúmeras competências, uma delas é a
proficiência na língua, e isso não se refere apenas a uma boa
comunicação verbal, mas também à capacidade de entender
aquilo que está sendo lido. O analfabetismo funcional está
relacionado com a dificuldade de decifrar as entrelinhas do
I - Textos: interpretação e código, pois a leitura mecânica é bem diferente da leitura
compreensão de textos. interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer analogias e
criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise de
textos, elaboramos algumas dicas para você seguir e tirar suas
Interpretação de Texto dúvidas.
Uma interpretação de texto competente depende de
A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao inúmeros fatores, mas nem por isso deixaremos de contemplar
conhecimento, portanto, precisamos aprender a ler e não alguns que se fazem essenciais para esse exercício. Muitas vezes,
apenas “passar os olhos sobre algum texto”. Ler, na verdade, apressados, descuidamo-nos das minúcias presentes em um
é dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente, o que
qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo, narrativo, não é verdade. Interpretar demanda paciência e, por isso, sempre
possibilidades que se misturam e as tornam infinitas. É preciso, releia, pois uma segunda leitura pode apresentar aspectos
para uma boa leitura, exercitar-se na arte de pensar, de captar surpreendentes que não foram observados anteriormente.
ideias, de investigar as palavras… Para isso, devemos entender, Para auxiliar na busca de sentidos do texto, você pode também
primeiro, algumas definições importantes: retirar dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo,
isso certamente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto.
Texto Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo
O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de menos em um bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar
organização e transmissão de ideias, conceitos e informações de que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo
modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de ideias supracitadas ou apresentando novos conceitos.
televisão também são formas textuais. Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram
explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costumam
Interlocutor conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente
É a pessoa a quem o texto se dirige. contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às ideias do autor,
isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície
Texto-modelo do texto, mas é fundamental que não criemos, à revelia do
“Não é preciso muito para sentir ciúme. Bastam três – você, autor, suposições vagas e inespecíficas. Quem lê com cuidado
uma pessoa amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente. certamente incorre menos no risco de tornar-se um analfabeto
Se sua amiga disser que não, está mentindo ou se enganando. funcional e ler com atenção é um exercício que deve ser
Quem agüenta ver o namorado conversando todo animado com praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós
outra menina sem sentir uma pontinha de não-sei-o-quê? (…) leitores proficientes e sagazes. Agora que você já conhece nossas
É normal você querer o máximo de atenção do seu namorado, dicas, desejamos a você uma boa leitura e bons estudos!
das suas amigas, dos seus pais. Eles são a parte mais importante Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/dicas-para-uma-boa-
da sua vida.” interpretacao-texto.html
(Revista Capricho)
Modelo de Perguntas Questões
1) Considerando o texto-modelo, é possível identificar quem
é o seu interlocutor preferencial? O uso da bicicleta no Brasil
Um leitor jovem.
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no Brasil
2) Quais são as informações (explícitas ou não) que permitem ainda conta com poucos adeptos, em comparação com países
a você identificar o interlocutor preferencial do texto? como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos quais a bicicleta
Do contexto podemos extrair indícios do interlocutor é um dos principais veículos nas ruas. Apesar disso, cada vez
preferencial do texto: uma jovem adolescente, que pode ser mais pessoas começam a acreditar que a bicicleta é, numa
acometida pelo ciúme. Observa-se ainda , que a revista Capricho comparação entre todos os meios de transporte, um dos que
tem como público-alvo preferencial: meninas adolescentes. oferecem mais vantagens.
A linguagem informal típica dos adolescentes. A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas
e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais
09 DICAS PARA MELHORAR A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos
01) Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e
assunto; prioridade sobre os automotores.
02) Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à bicicleta
leitura; no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade, pois as bikes
03) Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo não emitem gases nocivos ao ambiente, não consomem petróleo
menos duas vezes; e produzem muito menos sucata de metais, plásticos e borracha;
04) Inferir; a diminuição dos congestionamentos por excesso de veículos
05) Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; motorizados, que atingem principalmente as grandes cidades; o
06) Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do favorecimento da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito
autor; bom; e a economia no combustível, na manutenção, no seguro e,
07) Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor claro, nos impostos.
compreensão; No Brasil, está sendo implantado o sistema de
08) Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada compartilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo,
questão; o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitura, em
09) O autor defende ideias e você deve percebê-las; parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com quase um
Fonte: http://portuguesemfoco.com/09-dicas-para-melhorar-a- ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São Paulo, Santos,
interpretacao-de-textos-em-provas/ Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país aderirem a

Conteúdo Específico 1
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APOSTILAS OPÇÃO
esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto pronto Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto
em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilhamento é concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum é
semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre, os usuários (A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas.
devem fazer um cadastro pelo site. O valor do passe mensal é (B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas.
R$ 10 e o do passe diário, R$ 5, podendo-se utilizar o sistema (C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas.
durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas modalidades. Em (D) o número excessivo de automóveis nas ruas.
todas as cidades que já aderiram ao projeto, as bicicletas estão (E) o uso de novas tecnologias no transporte público.
espalhadas em pontos estratégicos.
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção 04. Considere o cartum de Douglas Vieira.
não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não Televisão
sabem que a bicicleta já é considerada um meio de transporte,
ou desconhecem as leis que abrangem a bike. Na confusão de
um trânsito caótico numa cidade grande, carros, motocicletas,
ônibus e, agora, bicicletas, misturam-se, causando, muitas vezes,
discussões e acidentes que poderiam ser evitados.
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A
verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão
totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso
é tão importante usar capacete e outros itens de segurança. A
maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e
caminhões desconhece as leis que abrangem os direitos dos
ciclistas. Mas muitos ciclistas também ignoram seus direitos
e deveres. Alguém que resolve integrar a bike ao seu estilo de
vida e usá-la como meio de locomoção precisa compreender (http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br.
que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para Adaptado)
poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro,
as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser equipadas com É correto concluir que, de acordo com o cartum,
campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos (A) os tipos de entretenimento disponibilizados pelo livro ou
pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo. pela TV são equivalentes.
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado) (B) o livro, em comparação com a TV, leva a uma imaginação
mais ativa.
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de (C) o indivíduo que prefere ler a assistir televisão é alguém
locomoção nas metrópoles brasileiras que não sabe se distrair.
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra (D) a leitura de um bom livro é tão instrutiva quanto assistir
devido à falta de regulamentação. a um programa de televisão.
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido (E) a televisão e o livro estimulam a imaginação de modo
incentivado em várias cidades. idêntico, embora ler seja mais prazeroso.
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela
maioria dos moradores. Leia o texto para responder às questões:
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os
demais meios de transporte. Propensão à ira de trânsito
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade
arriscada e pouco salutar. Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente
perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais seguro
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos do mundo, existem muitas variáveis de risco no trânsito, como
objetivos centrais do texto é clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas.
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do E com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas
ciclista. não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, mas
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é também se engajam num comportamento de risco – algumas até
mais seguro do que dirigir um carro. agem especificamente para irritar o outro motorista ou impedir
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta que este chegue onde precisa.
no Brasil. Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio de ter antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando um
locomoção se consolidou no Brasil. motorista a tomar decisões irracionais.
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista deve Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocionante.
dar prioridade ao pedestre. Para muitos de nós, os carros são a extensão de nossa
personalidade e podem ser o bem mais valioso que possuímos.
03. Considere o cartum de Evandro Alves. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para alguns, mas
Afogado no Trânsito também é uma atividade que tende a aumentar os níveis de
estresse, mesmo que não tenhamos consciência disso no
momento.
Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez que
entra no trânsito, você se junta a uma comunidade de outros
motoristas, todos com seus objetivos, medos e habilidades ao
volante. Os psicólogos Leon James e Diane Nahl dizem que um
dos fatores da ira de trânsito é a tendência de nos concentrarmos
em nós mesmos, descartando o aspecto comunitário do ato de
dirigir.
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito, o
Dr. James acredita que a causa principal da ira de trânsito não
são os congestionamentos ou mais motoristas nas ruas, e sim
como nossa cultura visualiza a direção agressiva. As crianças
aprendem que as regras normais em relação ao comportamento
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br) e à civilidade não se aplicam quando dirigimos um carro. Elas
podem ver seus pais envolvidos em comportamentos de disputa

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APOSTILAS OPÇÃO
ao volante, mudando de faixa continuamente ou dirigindo em quando um cachorro balança a cauda quer dizer que está feliz
alta velocidade, sempre com pressa para chegar ao destino. ou coloca a cauda entre as pernas medo, tristeza.
Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos
sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era descarregar Dentro do contexto temos a simbologia que é uma forma
a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a descarga de de comunicação não-verbal. Exemplos: sinalização de trânsito,
frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma situação de ira semáforo, logotipos, bandeiras, uso de cores para chamar a
de trânsito, a descarga de frustrações pode transformar um atenção ou exprimir uma mensagem.
incidente em uma violenta briga.
Com isso em mente, não é surpresa que brigas violentas É muito interessante observar que para manter uma
aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas está comunicação não é preciso usar a fala e sim utilizar uma
predisposta a apresentar um comportamento irracional quando linguagem, seja, verbal ou não-verbal.
dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a maior parte das
pessoas fica emocionalmente incapacitada quando dirige. O que Linguagem mista é o uso simultâneo da linguagem verbal e
deve ser feito, dizem os psicólogos, é estar ciente de seu estado da linguagem não-verbal, usando palavras escritas e figuras ao
emocional e fazer as escolhas corretas, mesmo quando estiver mesmo tempo.
tentado a agir só com a emoção. Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a analogia
(Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.uol.com.br/ ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem utilizar o verbo? Se
furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013. Adaptado) não, tente, e verá que é impossível se ter algo fundamentado e
coerente! Assim, a linguagem verbal é que se utiliza de palavras
05. Tomando por base as informações contidas no texto, é quando se fala ou quando se escreve.
correto afirmar que
(A) os comportamentos de disputa ao volante acontecem à A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da verbal,
medida que os motoristas se envolvem em decisões conscientes. não se utiliza do vocábulo, das palavras para se comunicar. O
(B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são causadas objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer
pela constante preocupação dos motoristas com o aspecto dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar de outros meios
comunitário do ato de dirigir. comunicativos, como: placas, figuras, gestos, objetos, cores, ou
(C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas é seja, dos signos visuais.
o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma direção
agressiva. Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, uma
(D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou televisionado,
experiências e atividades não só individuais como também um bilhete? Linguagem verbal!
sociais.
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle das Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de futebol,
emoções positivas por parte dos motoristas. o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, o aviso de “não
fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identificação de “feminino” e
Respostas “masculino” através de figuras na porta do banheiro, as placas de
1. (B) / 2. (A) / 3. (D) / 4. (B) / 5. (D) trânsito? Linguagem não verbal!

A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao mesmo


II - Língua e Linguagem: código, tempo, como nos casos das charges, cartoons e anúncios
publicitários.
signo, significante e significado;
variações lingüísticas; língua Observe alguns exemplos:
falada e língua escrita; norma
culta e língua coloquial; as
funções da linguagem; texto
narrativo; texto descritivo;
texto dissertativo; discurso
direto, indireto e indireto livre; o
gênero poético e as figuras de
linguagem; o processo de leitura
de textos: inferências sócio-
culturais.

Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.


Linguagem

O que é linguagem? É o uso da língua como forma de


expressão e comunicação entre as pessoas. Agora, a linguagem
não é somente um conjunto de palavras faladas ou escritas,
mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos comunicamos
apenas pela fala ou escrita, não é verdade?

No cotidiano, sem percebermos usamos frequentemente a


linguagem verbal, quando por algum motivo em especial não a
utilizamos, então poderemos usar a linguagem não verbal.

Linguagem verbal é uso da escrita ou da fala como meio de


comunicação.
Linguagem não-verbal é o uso de imagens, figuras, Charge do autor Tacho – exemplo de linguagem verbal
desenhos, símbolos, dança, tom de voz, postura corporal, pintura, (óxente, polo norte 2100) e não verbal (imagem: sol, cactus,
música, mímica, escultura e gestos como meio de comunicação. pinguim).
A linguagem não-verbal pode ser até percebida nos animais,

Conteúdo Específico 3
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APOSTILAS OPÇÃO
O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em
1976 e recebeu diversos prêmios por suas ilustrações. Nessa
obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte
para
a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais.
b) estabelecer uma postura proativa da sociedade.
c) provocar a reflexão sobre essa realidade.
d) propor alternativas para solucionar esse problema.
e) retratar como a questão é enfrentada em vários países do
mundo.
Placas de trânsito – à frente “proibido andar de bicicleta”, 02. (ENEM 2013)
atrás “quebra-molas”.

Símbolo que se coloca na porta para indicar “sanitário


masculino”.

A linguagem não verbal pode produzir efeitos interessantes,


dispensando assim o uso da palavra. Cartum de Caulos, disponível em
www.caulos.com

O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em


oposição às outras e representa a
Imagem indicativa de “silêncio”.
a) opressão das minorias sociais.
b) carência de recursos tecnológicos.
c) falta de liberdade de expressão.
d) defesa da qualificação profissional.
e) reação ao controle do pensamento coletivo.

03.

Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.

Fontes: http://brasilescola.uol.com.br/redacao/linguagem.htm
http://www.infoescola.com/comunicacao/linguagem-verbal-e-
nao-verbal/

Questões

01. (ENEM 2013)

Através da linguagem não verbal, o artista gráfico polonês Pawla Ao aliar linguagem verbal e não verbal, o cartunista constrói um
Kuczynskiego aborda a triste realidade do trabalho infantil interessante texto com elementos da intertextualidade

Conteúdo Específico 4
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APOSTILAS OPÇÃO
Sobre o cartum de Caulos, assinale a proposição correta: Qualquer falante do português reconhecerá que os dois
I. A linguagem verbal é desnecessária para o entendimento enunciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido,
do texto; mas também que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que o
II. Linguagem verbal e não verbal são necessárias para a segundo é de uma pessoa mais “estudada”.
construção dos sentidos pretendidos pelo cartunista; Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber
III. O cartunista estabelece uma relação de intertextualidade dar grandes explicações, as pessoas têm noção de que existem
com o poema “No meio do caminho”, de Carlos Drummond de muitas maneiras de falar a mesma língua. É o que os teóricos
Andrade; chamam de variações linguísticas.
IV. O cartum é uma crítica ao poema de Carlos Drummond As variações que distinguem uma variante de outra se
de Andrade, já que o cartunista considera o poeta pouco prático. manifestam em quatro planos distintos, a saber: fônico,
morfológico, sintático e lexical.
a) Apenas I está correta.
b) II e III estão corretas. Variações Fônicas
c) I e IV estão corretas.
d) II e IV estão corretas. São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons
constituintes da palavra. Os exemplos de variação fônica são
04. Sobre as linguagens verbal e não verbal, estão corretas, abundantes e, ao lado do vocabulário, constituem os domínios
exceto: em que se percebe com mais nitidez a diferença entre uma
a) a linguagem não verbal é composta por signos sonoros ou variante e outra. Entre esses casos, podemos citar:
visuais, como placas, imagens, vídeos etc. - a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem
b) a linguagem verbal diz respeito aos signos que são oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô.
formados por palavras. Eles podem ser sinais visuais e sonoros. - o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me
c) a linguagem verbal, por dispor de elementos linguísticos alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica,
concretos, pode ser considerada superior à linguagem não hoje frequentes na fala caipira.
verbal. - a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava,
d) linguagem verbal e não verbal são importantes, e o sucesso marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na
na comunicação depende delas, ou seja, quando um interlocutor linguagem oral coloquial.
recebe e compreende uma mensagem adequadamente. - a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis
(Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas
Respostas típicas de pessoas de baixa condição social.
- A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das
01. (C) regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande
A imagem tem como objetivo, através do uso da linguagem do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem
não verbal, provocar uma reflexão sobre a realidade do trabalho caipira): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu,
infantil, que submete crianças pobres a uma dura rotina. farór, farol.
Enquanto algumas crianças trabalham, outras, mais protegidas, - deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar,
brincam. estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social.

02. (E) Variações Morfológicas


No cartum, os homens são representados por bonecos
de corda que andam para uma mesma direção, uma metáfora São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra.
que critica o comportamento subserviente adotado por muitas Nesse domínio, as diferenças entre as variantes não são
pessoas. Há apenas um boneco que representa o pensamento tão numerosas quanto as de natureza fônica, mas não são
contrário, que não é movido por corda e que caminha rumo à desprezíveis. Como exemplos, podemos citar:
outra direção: esse seria responsável pela escolha de seu próprio - o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar
caminho, aquele que reage ao controle do pensamento coletivo. o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da
linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de
03. (B) humaníssimo), uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um
carro hiperpossante (em vez de possantíssimo).
04. (C) - a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos
Ambas as linguagens, verbal e não verbal, são importantes regulares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se
para a construção de sentidos de uma mensagem. ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser).
- a conjugação de verbos regulares pelo modelo de
Variação Linguística irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia).
- uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-
“Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha
um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade; (o champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal
se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador (da cal).
errante ou um lavrador de pequeno campo fértil (...)” - a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e
adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os
Todas as pessoas que falam uma determinada língua livro indicado, as noite fria, os caso mais comum.
conhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento - o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero
podem sofrer variações devido à influência de inúmeros fatores. que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas
Tais variações, que às vezes são pouco perceptíveis e outras vezes eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não
bastante evidentes, recebem o nome genérico de variedades ou é possível que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.
variações linguísticas.
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os Variações Sintáticas
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-
se que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. No
mesmo significado dentro de um mesmo contexto. Suponham- domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas as
se, por exemplo, os dois enunciados a seguir: diferenças entre uma variante e outra. Como exemplo, podemos
citar:
Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz - o uso de pronomes do caso reto com outra função que não
tempo. a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não
Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos. irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em

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vez de ti) e ele. de concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête (palestra
- o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez particular entre duas pessoas), esprit de corps (“espírito de
de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. corpo”, corporativismo), menu (cardápio), à la carte (cardápio
- a ausência da preposição adequada antes do pronome “à escolha do freguês”), physique du rôle (aparência adequada à
relativo em função de complemento verbal: são pessoas que (em caracterização de um personagem).
vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez
de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu - Jargão: é o vocabulário típico de um campo profissional
mais confio. como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo.
- a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome No jargão médico temos uso tópico (para remédios que não
“que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” devem ser ingeridos), apneia (interrupção da respiração), AVC
com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a ou acidente vascular cerebral (derrame cerebral). No jargão
família dele (em vez de cuja família eu já conhecia). jornalístico chama-se de gralha, pastel ou caco o erro tipográfico
- a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando como a troca ou inversão de uma letra. A palavra lide é o nome
se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com que se dá à abertura de uma notícia ou reportagem, onde se
você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) apresenta sucintamente o assunto ou se destaca o fato essencial.
voz me irrita. Quando o lide é muito prolixo, é chamado de nariz-de-cera. Furo
- ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles é notícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso,
chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou foi uma barriga. Entre os jornalistas é comum o uso do verbo
naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios. repercutir como transitivo direto: __ Vá lá repercutir a notícia
de renúncia! (esse uso é considerado errado pela gramática
Variações Léxicas normativa).

É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes - Gíria: é o vocabulário especial de um grupo que não
do plano do léxico, como as do plano fônico, são muito deseja ser entendido por outros grupos ou que pretende marcar
numerosas e caracterizam com nitidez uma variante em sua identidade por meio da linguagem. Existe a gíria de grupos
confronto com outra. Eis alguns, entre múltiplos exemplos marginalizados, de grupos jovens e de segmentos sociais de
possíveis de citar: contestação, sobretudo quando falam de atividades proibidas. A
- a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito lista de gírias é numerosíssima em qualquer língua: ralado (no
para formar o grau superlativo dos adjetivos, características da sentido de afetado por algum prejuízo ou má-sorte), ir pro brejo
linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-se irremediavelmente),
difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado. cara ou cabra (indivíduo, pessoa), bicha (homossexual
- as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às masculino), levar um lero (conversar).
vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado
a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no - Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico
Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, excessivamente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez
em Portugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se de corrigir); procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez
diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que de discordar); cinesíforo (em vez de motorista); obnubilar (em
chamamos de suéter, malha, camiseta. vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em vez de casamento);
chufa (em vez de caçoada, troça).
Designações das Variantes Lexicais:
- Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso de
- Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de quem
isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida. diz, por exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou
É o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década (em vez de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de cheirar
de 60, o rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz gatinha mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz).
ou forma semelhante), e um homem bonito era um pão; na
linguagem antiga, médico era designado pelo nome físico; um Tipos de Variação
bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante
usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para as
supimpa. variantes linguísticas um sistema de classificação que seja
simples e, ao mesmo tempo, capaz de dar conta de todas as
- Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de palavras diferenças que caracterizam os múltiplos modos de falar dentro
recém-criadas, muitas das quais mal ou nem entraram para os de uma comunidade linguística. O principal problema é que
dicionários. A moderna linguagem da computação tem vários os critérios adotados, muitas vezes, se superpõem, em vez de
exemplos, como escanear, deletar, printar; outros exemplos atuarem isoladamente.
extraídos da tecnologia moderna são mixar (fazer a combinação As variações mais importantes, para o interesse do concurso
de sons), robotizar, robotização. público, são os seguintes:

- Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras - Sócio-Cultural: Esse tipo de variação pode ser percebido
emprestadas de outra língua, que ainda não foram com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase:
aportuguesadas, preservando a forma de origem. Nesse caso,
há muitas expressões latinas, sobretudo da linguagem jurídica, “Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.” (frase
tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o corpo” ou, 1)
mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto (“pelo Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos
próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis litteris (textualmente, caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado?
“com as mesmas letras”), grosso modo (“de modo grosseiro”, Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um
“impreciso”), sic (“assim, como está escrito”), data venia (“com garimpeiro? Um repórter de televisão?
sua permissão”). E quem usaria a frase abaixo?
As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight
(compreensão repentina de algo, uma percepção súbita), feeling “Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.”
(“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing (conjunto (frase 2)
de informações básicas), jingle (mensagem publicitária em Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes
forma de música). a grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que,
Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda não muitas vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou,
se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours (“fora quando muito, fizeram-no em condições não adequadas.

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Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que (...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os
tiveram possibilidades sócio-econômicas melhores e puderam, meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam
por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, mas
leitura, com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.
forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua. Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora.
Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita
acima está bastante simplificada, uma vez que há diversos Texto II
outros fatores que interferem na maneira como o falante escolhe
as palavras e constrói as frases. Por exemplo, a situação de uso Entre Palavras
da língua: um advogado, num tribunal de júri, jamais usaria a
expressão “tá na cara”, mas isso não significa que ele não possa Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras –
usá-la numa situação informal (conversando com alguns amigos, circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há trinta
por exemplo). anos, ou figura com outras acepções. A todo momento impõe-se
Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que tornar conhecimento de novas palavras e combinações.
as condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos, Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma
gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la.
língua. A elas damos o nome de variações sócio-culturais. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô;
talvez ele não entenda o que você diz.
- Geográfica: é, no Brasil, bastante grande e pode ser O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, a
facilmente notada. Ela se caracteriza pelo acento linguístico, que chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática, a
é o conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura, timbre, dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940?
intensidade), por isso é uma variante cujas marcas se notam Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a
principalmente na pronúncia. Ao conjunto das características motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, o
da pronúncia de uma determinada região dá-se o nome de enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a apartheid,
sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho o som pop, as estruturas e a infraestrutura.
etc. A variação geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo,
também ser percebida no vocabulário, em certas estruturas de a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o
frases e nos sentidos diferentes que algumas palavras podem mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem.
assumir em diferentes regiões do país. Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho abaixo, servomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurologia,
em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria a fala de a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a
um típico sertanejo do centro-norte de Minas: Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU.
Estão reclamando, porque não citei a conotação, o
“__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado conglomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM,
Mangolô!]. a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra
__ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não elétrica.
faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era moço, Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tensora,
isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, foras vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, filhotes de
d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta de fazer bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da girafa,
bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou percurando é poluição.
sossego...” Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos
fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa microrranhuras.
- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos super congelados.
Elas se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh!
forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Pow! Click!
Essas alterações recebem o nome de variações históricas. Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás, ou
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de Andrade. mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a aparecer
Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, mostra como a sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo geral.
língua vai mudando com o tempo. No texto I, ele fala das palavras A enumeração caótica não é uma invenção crítica de Leo Spitzer.
de antigamente e, no texto II, fala das palavras de hoje. Está aí, na vida de todos os dias. Entre palavras circulamos,
vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente, mas com que
Texto I significado?
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa,
Antigamente Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)

Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram - De Situação: aquelas que são provocadas pelas alterações
todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam das circunstâncias em que se desenrola o ato de comunicação.
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo Um modo de falar compatível com determinada situação é
rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam incompatível com outra:
longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o remédio
era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os Ô mano, ta difícil de te entendê.
mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a
fresca; e também tomava cautela de não apanhar sereno. Os mais Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em situação
jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, informal, não tem cabimento se o interlocutor é o professor em
chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; situação de aula.
os quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme
em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua. em todas as circunstâncias, excetuados alguns falantes da
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos linguagem culta, que servem invariavelmente de uma linguagem
queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a mão formal, sendo, por isso mesmo, considerados excessivamente
em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. formais ou afetados.
A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe São muitos os fatores de situação que interferem na fala de
faziam quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. um indivíduo, tais como o tema sobre o qual ele discorre (em
Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; princípio ninguém fala da morte ou de suas crenças religiosas
chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: como falaria de um jogo de futebol ou de uma briga que tenha
verdadeiros cromos, umas teteias. presenciado), o ambiente físico em que se dá um diálogo (num

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templo não se usa a mesma linguagem que numa sauna), o grau Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação
de intimidade entre os falantes (com um superior, a linguagem cultural de um indivíduo também são fatores que colaboram
é uma, com um colega de mesmo nível, é outra), o grau de para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada
comprometimento que a fala implica para o falante (num utiliza a língua de uma maneira diferente da pessoa que não teve
depoimento para um juiz no fórum escolhem-se as palavras, acesso à escola.
num relato de uma conquista amorosa para um colega fala-se
com menos preocupação). Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de acordo
As variações de acordo com a situação costumam ser com a situação em que nos encontramos: quando conversamos
chamadas de níveis de fala ou, simplesmente, variações de estilo com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se
e são classificadas em duas grandes divisões: estivéssemos discursando em uma solenidade de formatura.
- Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão sobre
o que se diz, bem como o estado de atenção e vigilância. É na Fatores profissionais: o exercício de algumas atividades
linguagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é mais requer o domínio de certas formas de língua chamadas
tenso. línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas
- Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com formas têm uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico
despreocupação e espontaneidade, em que o grau de reflexão de engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e da
sobre o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e informática, biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas.
familiar que esse estilo melhor se manifesta.
Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um pequeno Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes sofre
trecho da gravação de uma conversa telefônica entre duas influência de fatores naturais, como idade e sexo. Uma criança
universitárias paulistanas de classe média, transcrito do livro não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-
Tempos Linguísticos, de Fernando Tarallo. As reticências se em linguagem infantil e linguagem adulta.
indicam as pausas.
Fala
Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem
dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara rachada? Fica É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato
assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um individual, pois cada indivíduo, para a manifestação da fala, pode
menino lá que faiz pós-graduação na, na GV, ele me, nóis ficamo escolher os elementos da língua que lhe convém, conforme seu
até duas hora da manhã ele me explicando toda a matéria de gosto e sua necessidade, de acordo com a situação, o contexto,
economia, das nove da noite. sua personalidade, o ambiente sociocultural em que vive,
etc. Desse modo, dentro da unidade da língua, há uma grande
Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia diversificação nos mais variados níveis da fala. Cada indivíduo,
nem com a continuidade das ideias, nem com a escolha das além de conhecer o que fala, conhece também o que os outros
palavras. Para exemplificar o estilo formal, eis um trecho falam; é por isso que somos capazes de dialogar com pessoas
da gravação de uma aula de português de uma professora dos mais variados graus de cultura, embora nem sempre a
universitária do Rio de Janeiro, transcrito do livro de Dinah linguagem delas seja exatamente como a nossa.
Callou. A linguagem falada culta na cidade do Rio de Janeiro. As
pausas são marcadas com reticências. Níveis da fala

o que está ocorrendo com nossos alunos é uma fragmentação Devido ao caráter individual da fala, é possível observar
do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo... e fica com uma alguns níveis:
série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não sabe vincular
a realidade nenhuma de seu idioma... isto é válido também para Nível coloquial-popular: é a fala que a maioria das pessoas
a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série... de conceitos utiliza no seu dia a dia, principalmente em situações informais.
teóricos... que têm nomes bonitos e sofisticados... mas que... na Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utiizá-lo, não nos
hora de serem empregados... deixam muito a desejar... preocupamos em saber se falamos de acordo ou não com as
regras formais estabelecidas pela língua.
Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau
de formalidade e planejamento típico do texto escrito, mas trata- Nível formal-culto: é o nível da fala normalmente utilizado
se de um estilo bem mais formal e vigiado que o da menina ao pelas pessoas em situações formais. Caracteriza-se por um
telefone. cuidado maior com o vocabulário e pela obediência às regras
gramaticais estabelecidas pela língua.
Língua Falada e Língua Escrita
Diferenças existentes entre a língua falada e a escrita
Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois
meios de comunicação distintos. A escrita representa um estágio Língua Falada:
posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea,
abrange a comunicação linguística em toda sua totalidade. Palavra sonora;
Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes Requer a presença dos interlocutores;
por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é Ganha em vivacidade;
apenas a representação da língua falada, mas sim um sistema É espontânea e imediata;
mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo Uso de palavras-curinga, de frases feitas;
fisionômico, as mímicas e o tom de voz do falante. É repetitiva e redundante;
No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, O contexto extralinguístico é importante;
mas existem usos diferentes da língua devido a diversos fatores. A expressividade permite prescindir de certas regras;
Dentre eles, destacam-se: A informação é permeada de subjetividade e influenciada
pela presença do interlocutor.
Fatores regionais: é possível notar a diferença do português
falado por um habitante da região nordeste e outro da região Recursos: signos acústicos e extralinguísticos, gestos,
sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, também há entorno físico e psíquico
variações no uso da língua. No estado do Rio Grande do Sul, por
exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um cidadão Língua Escrita:
que vive na capital e aquela utilizada por um cidadão do interior
do estado. Palavra gráfica
É mais objetiva.

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APOSTILAS OPÇÃO
É possível esquecer o interlocutor O padrão de língua ideal a que as pessoas querem chegar é
É mais sintética. aquele convencionalmente utilizado nas instâncias públicas de
A redundância é um recurso estilístico uso da linguagem, como livros, revistas, documentos, jornais,
Comunicação unilateral. textos científicos e publicações oficiais; em suma, é a que circula
Ganha em permanência nos meios de comunicação, no âmbito oficial, nas esferas de
Mais correção na elaboração das frases. pesquisa e trabalhos acadêmicos.
Evita a improvisação Não obstante, os linguistas entendem haver uma língua
Pobreza de recursos não-linguísticos; uso de letras, sinais de circulante que é correta mas diferente da língua ideal e
pontuação imaginária, fixada nas fórmulas e sistematizações da gramática.
É mais precisa e elaborada. Eles fazem, pois, uma distinção entre o real e o ideal: a língua
Ausência de cacoetes linguísticos e vulgarismos concreta com todas suas variedades de um lado, e de outro um
O contexto extralinguístico tem menos influência padrão ou modelo abstrato do que é “bom” e “correto”, o que
conformaria, no seu entender, uma língua artificial, situada num
Registros da língua falada nível hipotético.
Para os cientistas da língua, portanto, fica claro que há
Há pelo menos dois níveis de língua falada: a culta ou padrão dois estratos diferenciados: um praticamente intangível,
e a coloquial ou popular. A linguagem coloquial também aparece representado nas normas preconizadas pela gramática
nas gírias, na linguagem familiar, na linguagem vulgar e nos tradicional, que comporta as irregularidades e excrescências da
regionalismos e dialetos. língua, e outro concreto, o utilizado pelos falantes cultos, qual
Essas variações são explicadas por vários fatores: seja, a “linguagem concretamente empregada pelos cidadãos
Diversidade de situações em que se encontra o falante: uma que pertencem aos segmentos mais favorecidos da nossa
solenidade ou uma festa entre amigos. população”, segundo Marcos Bagno.
Grau de instrução do falante e também do ouvinte. Convém esclarecer que para a ciência sociolinguística
Grupo a que pertence o falante. Este é um fator determinante somente a pessoa que tiver formação universitária completa
na formação da gíria. será caracterizada como falante culto(urbano).
Localização geográfica: há muitas diferenças entre o falar de Sendo assim, como são presumivelmente cultos os sujeitos
um nordestino e o de um gaúcho, por exemplo. Essas diferenças que produzem os jornais, a documentação oficial, os trabalhos
constituem os regionalismos e os dialetos. científicos, só pode ser culta a sua linguagem, mesmo que a
língua que tais pessoas falam e os textos que produzem nem
Atenção: o dialeto é a variedade regional de uma língua. sempre se coadunem com as regras rígidas impostas pela
Quando as diferenças regionais não são suficientes para gramática normativa, divulgada na escola e em outras instâncias
constituir um dialeto, utiliza-se os termos regionalismos ou (de repressão linguística) como o vestibular.
falares para designá-las. E as pichações têm características da Isso é o que pensam os linguistas. E o povo – saberá ele fazer
linguagem falada. a distinção entre as duas modalidades e os dois termos que as
descrevem?
A língua falada como recurso literário Para os linguistas, a língua-padrão se estriba nas normas
e convenções agregadas num corpo chamado de gramática
A transcrição da língua falada é um recurso cada vez mais tradicional e que tem a veleidade de servir de modelo de
explorado pela literatura graças à vivacidade que confere ao correção para toda e qualquer forma de expressão linguística.
texto. Querer que todos falem e escrevam da mesma forma e de
Observe, no trecho seguinte, algumas das características da acordo com padrões gramaticais rígidos é esquecer-se que não
língua falada, tais como o uso de gírias e de expressões populares pode haver homogeneidade quando o mundo real apresenta
e regionais; incorreções gramaticais (erros na conjugação verbal uma heterogeneidade de comportamentos linguísticos, todos
e colocação de pronomes) e repetições: igualmente corretos (não se pode associar “correto” somente a
culto).
Exemplo: Em suma: há uma realidade heterogênea que, por abrigar
“– Menino, eu nada disto sei dizer. A outro eu não falava, mas diferenças de uso que refletem a dinâmica social, exclui a
a ti eu digo. Eu não sei que gosto tem esse bicho de mulher. Eu possibilidade de imposição ou adoção como única de uma
vi Aparício se pegando nas danças, andar por aí atrás das outras, língua-modelo baseada na gramática tradicional, a qual, por sua
contar histórias de namoro. E eu nada. Pensei que fosse doença, vez, está ancorada nos grandes escritores da língua, sobretudo
e quem sabe não é? Cantador assim como eu, Bentinho, é mesmo os clássicos , sendo pois conservadora. E justamente por se valer
que novilho capado. Tenho desgosto. A voz de Domício era de de escritores é que as prescrições gramaticais se impõem mais
quem falava para se confessar: na escrita do que na fala.
– Desgosto eu tenho, pra que negar?... “ “ A cultura escrita, associada ao poder social , desencadeou
(Pedra Bonita, de José Lins do Rego) também, ao longo da história, um processo fortemente unificador
(que vai alcançar basicamente as atividades verbais escritas),
Registros da língua escrita que visou e visa uma relativa estabilização linguística, buscando
neutralizar a variação e controlar a mudança. Ao resultado desse
Além dos dois grandes níveis – língua culta e língua processo, a esta norma estabilizada, costumamos dar o nome de
coloquial –, os registros escritos são tão distintos quanto as norma-padrão ou língua-padrão” (Faraco, Carlos Alberto).
necessidades humanas de comunicação. Destacam-se, entre Aryon Rodrigues entra na discussão: “Frequentemente o
outros, os registros jornalísticos, jurídicos, científicos, literários padrão ideal é uma regra de comportamento para a qual tendem
e epistolares. os membros da sociedade, mas que nem todos cumprem, ou não
Fontes: http://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman4. cumprem integralmente”. Mais adiante, ao se referir à escola, ele
php professa que nem mesmo os professores de Língua Portuguesa
http://www.vestibular1.com.br/redacao/red020.htm escapam a esse destino: “Comumente, entretanto, o mesmo
professor que ensina essa gramática não consegue observá-la
Norma Culta e Língua-Padrão em sua própria fala nem mesmo na comunicação dentro de seu
grupo profissional ”.
De acordo com M. T. Piacentini, mesmo que não se mencione
terminologia específica, é evidente que se lida no dia-a-dia com Vamos ilustrar os argumentos acima expostos. Não há
níveis diferentes de fala e escrita. É também verdade que as brasileiro – nem mesmo professores de português – que não fale
pessoas querem “falar e escrever melhor”, querem dominar a assim:
língua dita culta, a correta, a ideal, não importa o nome que se – Me conta como foi o fim de semana…
lhe dê. – Te enganaram, com certeza!

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APOSTILAS OPÇÃO
– Me explica uma coisa: você largou o emprego ou foi usada em todas as pessoas verbais, com exceção, talvez, da 2ª
mandado embora? do plural, sendo utilizada principalmente na linguagem dos
sermões; empregada em todos os modos verbais em relação
Ou mesmo assim: verbal de tempos e modos; possuindo uma enorme riqueza
– Tive que levar os gatos, pois encontrei eles bem de construção sintática, além de uma maior utilização da
machucados. voz passiva; grande o emprego de preposições nas regências
– Conheço ela há muito tempo – é ótima menina. aproveitando a organização gramatical cuidada da frase.
– Acho que já lhe conheço, rapaz. De modo geral, um falante culto, em situação comunicativa
formal, buscará seguir as regras da norma explícita de sua
Então, se os falantes cultos, aquelas pessoas que têm acesso língua e ainda procurará seguir, no que diz respeito ao léxico,
às regras padronizadas, incutidas no processo de escolarização, um repertório que, se não for erudito, também não será vulgar.
se exprimem desse modo, essa é a norma culta. Já as formas Isso configura o que se entende por norma culta. A Norma
propugnadas pela gramática tradicional e que provavelmente só Padrão está vinculada a uma língua modelo. Segue prescrições
se encontrariam na escrita (conta-me como foi /enganaram-te / representadas na gramática, mas é marcada pela língua
explica-me uma coisa / pois os encontrei / conheço-a há tempos produzida em certo momento da história e em uma determinada
/ acho que já o conheço) configuram a norma-padrão ou língua- sociedade. Como a língua está em constante mudança, diferentes
padrão. formas de linguagem que hoje não são consideradas pela Norma
Se para os cientistas da língua, portanto, existe uma Padrão, com o tempo podem vir a se legitimar.
polarização entre a norma-padrão (também denominada Dentro da Norma Padrão define-se um modelo de língua
“norma canônica” por alguns linguistas) e o conjunto das idealizada prescrito pelas gramáticas normativas, como sendo
variedades existentes no Brasil, aí incluída a norma culta, no uma receita que nenhum usuário da língua emprega na fala e
senso comum não se faz distinção entre padrão e culta. Para os raramente utiliza na escrita. Sendo também uma referência
leigos, a população em geral, toda forma elevada de linguagem, para os falantes da Norma Culta, mas não passam de um ideal
que se aproxime dos padrões de prestígio social, configura a a ser alcançado, pois é um padrão extremamente enriquecido
norma culta. de língua. Assim, as gramáticas tradicionais descrevem a Norma
Padrão, não refletindo o uso que se faz realmente do Português
Norma culta, norma padrão e norma popular no Brasil.
Marcos Bagno propõe, como alternativa, uma triangulação:
A Norma é um uso linguístico concreto e corresponde ao onde a Norma Popular teria menos prestígio opondo-se à Norma
dialeto social praticado pela classe de prestígio, representando Culta mais prestigiada, e a Norma Padrão se eleva sobre as duas
a atitude que o falante assume em face da norma objetiva. A anteriores servindo como um ideal imaginário e inatingível.
normatização não existe por razões apenas linguísticas, mas A Norma Padrão subdivide-se em: Formal e Coloquial. A
também culturais, econômicas, sociais, ou seja, a Norma na Padrão Formal é o modelo culto utilizado na escrita, que segue
língua origina-se de fatores que envolvem diferenças de classes, rigidamente as regras gramaticais.
poder, acesso a educação escrita, e não da qualidade da forma Essa linguagem é mais elaborada, tanto porque o falante
da língua. Há um conceito amplo e um conceito estreito de tem mais tempo para se pronunciar de forma refletida como
Norma. No primeiro caso, ela é entendida como um fator de porque é supervalorizada na nossa cultura. É a história do vale o
coesão social. No segundo, corresponde concretamente aos que está escrito. Já a Padrão Coloquial é a versão oral da língua
usos e aspirações da classe social de prestígio. Num sentido culta e, por ser mais livre e espontânea, tem um pouco mais de
amplo, a norma corresponde à necessidade que um grupo liberdade e está menos presa à rigidez das regras gramaticais.
social experimenta de defender seu veículo de comunicação das Entretanto, a margem de afastamento dessas regras é estreita e,
alterações que poderiam advir no momento do seu aprendizado. embora exista, a permissividade com relação às transgressões é
Num sentido restrito, a Norma corresponde aos usos e atitudes pequena.
de determinado seguimento da sociedade, precisamente aquele Assim, na linguagem coloquial, admitem-se sem grandes
que desfruta de prestígio dentro da Nação, em virtude de razões traumas, construções como: ainda não vi ele; me passe o
políticas, econômicas e culturais. Segundo Lucchesi considera- arroz e não te falei que você iria conseguir?. Inadmissíveis na
se que a realidade linguística brasileira deve ser entendida como língua escrita. O falante culto, de modo geral, tem consciência
um contínuo de normas, dentro do quadro de bipolarização do dessa distinção e ao mesmo tempo em que usa naturalmente
Português do Brasil. as construções acima na comunicação oral, evita-as na escrita.
A existência da civilização dá-se com o surgimento da Contudo, como se disse, não são muitos os desvios admitidos
escrita. Suas regras são pautadas a partir da Norma Culta. Sendo e muitas formas peculiares da Norma Popular são condenadas
esta importante nos documentos formais que exigem a correta mesmo na linguagem oral. A Norma Popular é aquela linguagem
expressão do Português para que não haja mal entendido algum. que não é formal, ou seja, não segue padrões rígidos, é a
Ela nada mais é do que a modalidade linguística escolhida pela linguagem popular, falada no cotidiano.
elite de uma sociedade como modelo de comunicação escrita e O nível popular está associado à simplicidade da utilização
verbal. linguística em termos lexicais, fonéticos, sintáticos e semânticos.
A Norma Culta é uma expressão empregada pelos linguistas Esta decorrerá da espontaneidade própria do discurso oral e da
brasileiros para designar o conjunto de variantes linguísticas natural economia linguística. É utilizado em contextos informais.
efetivamente faladas, na vida cotidiana pelos falantes cultos, Dentre as características da Norma Popular podemos
sendo assim classificando os cidadãos nascidos e criados em destacar: economia nas marcas de gênero, número e pessoa;
zonas urbanas e com grau de instrução superior completo. redução das pessoas gramaticais do verbo; mistura da 2ª com
“Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras a 3ª pessoa do singular; uso intenso da expressão a gente em
dos grandes escritores, em cuja linguagem a classe ilustrada põe lugar de eu e nós; redução dos tempos da conjugação verbal e de
o seu ideal de perfeição, porque nela é que se espelha o que o uso certas pessoas, como a perda quase total do futuro do presente
idiomático e consagrou”. (ROCHA LIMA). e do pretérito-mais-que-perfeito no indicativo; do presente do
Dentre as características que são pertinentes à Norma Culta subjuntivo; do infinitivo pessoal; falta de correlação verbal entre
podemos citar que é: a variante de maior prestígio social na os tempos; redução do processo subordinativo em benefício da
comunidade, sendo realizada com certa uniformidade pelos frase simples e da coordenação; maior emprego da voz ativa
membros do grupo social de padrão cultural mais elevado; em lugar da passiva; predomínio das regências verbais diretas;
cumpre o papel de impedir a fragmentação dialetal; ensinada simplificação gramatical da frase; emprego dos pronomes
pela escola; usada na escrita em gêneros discursivos em que há pessoais retos como objetos.
maior formalidade aproximando-a dos padrões da prescrição da Na visão de Preti, os falantes cultos “até em situação de
gramática tradicional; a mais empregada na literatura e também gravação consciente revelaram uma linguagem que, em geral,
pelas pessoas cultas em diferentes situações de formalidade; também pertence a falantes comuns”. Sendo mais espontânea e
indicada precisamente nas marcas de gênero, número e pessoa; criativa, a Norma Popular se afigura mais expressiva e dinâmica.

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APOSTILAS OPÇÃO
Temos, assim, alguns exemplos: estou preocupado (Norma Não se interfere no comportamento das pessoas apenas
Culta); to preocupado (Norma Popular); to grilado (gíria, limite com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam
da Norma Popular). de maneira bastante sutil, com tentações e seduções, como
Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; urge os anúncios publicitários que nos dizem como seremos bem
conhecer a língua popular, captando-lhe a espontaneidade, sucedidos, atraentes e charmosos se usarmos determinadas
expressividade e enorme criatividade para viver, necessitando marcas, se consumirmos certos produtos.
conhecer a língua culta para conviver. Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos,
que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto
Fonte:https://centraldefavoritos.wordpress. espertalhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos
com/2011/07/22/norma-padrao-e-nao-padrao/(Adaptado) atemorizados, que se deixam conduzir sem questionar.
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem
Funções da Linguagem quando esta é usada para interferir no comportamento das
pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma sugestão. A
Quando se pergunta a alguém para que serve a linguagem, palavra conativo é proveniente de um verbo latino (conari) que
a resposta mais comum é que ela serve para comunicar. Isso significa “esforçar-se” (para obter algo).
está correto. No entanto, comunicar não é apenas transmitir
informações. É também exprimir emoções, dar ordens, falar A linguagem serve para expressar a subjetividade:
apenas para não haver silêncio. Para que serve a linguagem?
Função Emotiva.
A linguagem serve para informar: Função Referencial.
“Eu fico possesso com isso!”
“Estados Unidos invadem o Iraque”
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação
Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos sobre um com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetivamos
acontecimento do mundo. e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções.
Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na memória, Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
transmitimos esses conhecimentos a outras pessoas, ficamos amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, desdém,
sabendo de experiências bem-sucedidas, somos prevenidos desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas vezes, falamos para
contra as tentativas mal sucedidas de fazer alguma coisa. Graças exprimir poder ou para afirmarmo-nos socialmente. Durante o
à linguagem, um ser humano recebe de outro conhecimentos, governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, ouvíamos
aperfeiçoa-os e transmite-os. certos políticos dizerem “A intenção do Fernando é levar o
Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender país à prosperidade” ou “O Fernando tem mudado o país”. Essa
ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria maneira informal de se referirem ao presidente era, na verdade,
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como aprendemos uma maneira de insinuarem intimidade com ele e, portanto,
desde as mais banais informações do dia a dia até as teorias de exprimirem a importância que lhes seria atribuída pela
científicas, as expressões artísticas e os sistemas filosóficos mais proximidade com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas
avançados. que fizemos para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar
A função informativa da linguagem tem importância central nossa valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual
na vida das pessoas, consideradas individualmente ou como ou nossa competência na conquista amorosa.
grupo social. Para cada indivíduo, ela permite conhecer o mundo;
para o grupo social, possibilita o acúmulo de conhecimentos Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz
e a transferência de experiências. Por meio dessa função, a que empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não
linguagem modela o intelecto. raro inconscientemente.
É a função informativa que permite a realização do trabalho Emprega-se a expressão função emotiva para designar a
coletivo. Operar bem essa função da linguagem possibilita que utilização da linguagem para a manifestação do enunciador, isto
cada indivíduo continue sempre a aprender. é, daquele que fala.
A função informativa costuma ser chamada também de
função referencial, pois seu principal propósito é fazer com A linguagem serve para criar e manter laços sociais:
que as palavras revelem da maneira mais clara possível as coisas
ou os eventos a que fazem referência. Função Fática.
__Que calorão, hein?
A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: __Também, tem chovido tão pouco.
__Acho que este ano tem feito mais calor do que nos outros.
Função Conativa. __Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor.

“Vem pra Caixa você também.” Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram num
elevador e devem manter uma conversa nos poucos instantes
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a em que estão juntas. Falam para nada dizer, apenas porque o
aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Federal. silêncio poderia ser constrangedor ou parecer hostil.
Para persuadir o público alvo da propaganda a adotar esse Quando estamos num grupo, numa festa, não podemos
comportamento, formulou-se um convite com uma linguagem manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros. Nessas
bastante coloquial, usando, por exemplo, a forma vem, de ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso, quando não se
segunda pessoa do imperativo, em lugar de venha, forma de tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se histórias que todos
terceira pessoa prescrita pela norma culta quando se usa você. conhecem, contam-se anedotas velhas. A linguagem, nesse caso,
Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer não tem nenhuma função que não seja manter os laços sociais.
determinadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sentir Quando encontramos alguém e lhe perguntamos “Tudo bem?”,
determinadas emoções, a ter determinados estados de alma em geral não queremos, de fato, saber se nosso interlocutor está
(amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode-se dizer que bem, se está doente, se está com problemas. A fórmula é uma
ela modela atitudes, convicções, sentimentos, emoções, paixões. maneira de estabelecer um vínculo social.
Quem ouve desavisada e reiteradamente a palavra “negro”, Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja entre
pronunciada em tom desdenhoso, aprende a ter sentimentos alunos de uma escola, entre torcedores de um time de futebol
racistas; se a todo momento nos dizem, num tom pejorativo, ou entre os habitantes de um país. Não importa que as pessoas
“Isso é coisa de mulher”, aprendemos os preconceitos contra a não entendam bem o significado da letra do Hino Nacional, pois
mulher. ele não tem função informativa: o importante é que, ao cantá-lo,
sentimo-nos participantes da comunidade de brasileiros.

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APOSTILAS OPÇÃO
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão função Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
fática para indicar a utilização da linguagem para estabelecer ou Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/, /k/,
manter aberta a comunicação entre um falante e seu interlocutor. /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
E o bosque estala, move-se, estremece...
A linguagem serve para falar sobre a própria linguagem: Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...
Função Metalinguística.
Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássicos.
substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usando
o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegante usar Observe-se que a maior concentração de sons oclusivos
palavrões”, não estamos falando de acontecimentos do mundo, ocorre no segundo verso, quando se afirma que o barulho dos
mas estamos tecendo comentários sobre a própria linguagem. É cavalos aumenta.
o que chama função metalinguística. A atividade metalinguística Quando se usam recursos da própria língua para acrescentar
é inseparável da fala. Falamos sobre o mundo exterior e o sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se que estamos
mundo interior e ao mesmo tempo, fazemos comentários sobre usando a linguagem em sua função poética.
a nossa fala e a dos outros. Quando afirmamos como diz o
outro, estamos comentando o que declaramos: é um modo de Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-
esclarecer que não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial se necessário o estudo dos elementos da comunicação.
como a que estamos enunciando; inversamente, podemos usar Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era desenvolvido
a metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo de de maneira “sistematizada” (alguém pergunta - alguém espera
dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Parodiando o ouvir a pergunta, daí responde, enquanto outro escuta em
padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica, vou dizer que silêncio, etc). Exemplo:
“peixes se pescam, homens é que se não podem pescar”.

A linguagem serve para criar outros universos. ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO


Emissor emite, codifica a mensagem
A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala também
do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos mundos, Receptor recebe, decodifica a mensagem
outras realidades. Essa é a grande função da arte: mostrar que Mensagem conteúdo transmitido pelo emissor
outros modos de ser são possíveis, que outros universos podem
existir. O filme de Woody Allen “A rosa púrpura do Cairo” (1985) Código
conjunto de signos usado na transmissão e
mostra isso de maneira bem expressiva. Nele, conta-se a história recepção da mensagem
de uma mulher que, para consolar-se do cotidiano sofrido e Referente contexto relacionado a emissor e receptor
dos maus-tratos infligidos pelo marido, refugia-se no cinema,
assistindo inúmeras vezes a um filme de amor em que a vida Canal meio pelo qual circula a mensagem
é glamorosa, e o galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai Porém, com recentes estudos linguísticos, tal teoria sofreu
da tela e ambos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa certa modificação, pois, chegou-se a conclusão de que ao se
outra realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o tratar da parole (sentido individual da língua), entende-se que
amor nunca diminui e assim por diante. é um veículo democrático (observe a função fática), assim,
admite-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diálogo
A linguagem serve como fonte de prazer: Função Poética. interativo):

Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido e os sons Locutor quem fala (e responde)
são formas de tornar a linguagem um lugar de prazer. Divertimo- Locutário quem ouve e responde
nos com eles. Manipulamos as palavras para delas extrairmos
satisfação. Interlocução diálogo
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”, diz
“Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase shakespeariana As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, faciais
“To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emílio de Menezes, etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria.
quando soube que uma mulher muito gorda se sentara no banco As atitudes e reações dos comunicantes são também
de um ônibus e este quebrara, fez o seguinte trocadilho: “É a referentes e exercem influência sobre a comunicação
primeira vez que vejo um banco quebrar por excesso de fundos”.
A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel comprido Lembramo-nos:
para sentar-se” e “casa bancária”. Também está empregado em - Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no “eu”
dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e “capital”, “dinheiro”. do emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta função
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diversas, está, por norma, a poesia lírica.
com significados diferentes, nesta frase do deputado Virgílio - Função apelativa (imperativa): com este tipo de
Guimarães: mensagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que
este assuma determinado comportamento; há frequente
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu uso do vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é
continência para os militares, bateu palmas para o Collor e quer frequentemente usada por oradores e agentes de publicidade.
bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata uma dor de - Função metalinguística: função usada quando a língua
consciência e bata em retirada.” explica a própria linguagem (exemplo: quando, na análise de
(Folha de S. Paulo) um texto, investigamos os seus aspectos morfo-sintáticos e/ou
semânticos).
Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitariamente - Função informativa (ou referencial): função usada
ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada para informar, quando o emissor informa objetivamente o receptor de uma
para influenciar, para manter os laços sociais, etc. No segundo, realidade, ou acontecimento.
para produzir um efeito prazeroso de descoberta de sentidos. - Função fática: pretende conseguir e manter a atenção
Em função estética, o mais importante é como se diz, pois o dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e textos
sentido também é criado pelo ritmo, pelo arranjo dos sons, pela publicitários (centra-se no canal de comunicação).
disposição das palavras, etc. - Função poética: embeleza, enriquecendo a mensagem com
figuras de estilo, palavras belas, expressivas, ritmos agradáveis,
etc.

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Também podemos pensar que as primeiras falas conscientes levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar
da raça humana ocorreu quando os sons emitidos evoluiram dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa
para o que podemos reconhecer como “interjeições”. As fia mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, olha através
primeiras ferramentas da fala humana. da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer,
de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera,
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo que mais em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um
profundamente distingue o homem dos outros animais. sangue novo. Se nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em
Podemos considerar que o desenvolvimento desta função torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-
cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a libertação lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida
da mão, que permitiram o aumento do volume do cérebro, a par emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em
do desenvolvimento de órgãos fonadores e da mímica facial. última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já
Devido a estas capacidades, para além da linguagem falada bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o
e escrita, o homem, aprendendo pela observação de animais, inesperado.
desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos surdos em
diferentes países, não só para melhorar a comunicação entre MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas.
surdos, mas também para utilizar em situações especiais, São Paulo: Cia. das Letras, 1991.
como no teatro e entre navios ou pessoas e não animais que
se encontram fora do alcance do ouvido, mas que se podem Predomina nesse texto a função da linguagem que se
observar entre si. constitui

Questões (A) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista.


(B) nos elementos que servem de inspiração ao cronista.
01. (C) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica.
Alô, alô, Marciano (D) no papel da vida do cronista no processo de escrita da
Aqui quem fala é da Terra crônica.
Pra variar, estamos em guerra (E) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de
Você não imagina a loucura uma crônica.
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down o high society [...] 04. Sempre que há comunicação há uma intenção, o que
determina que a linguagem varie, assumindo funções. A
LEE, Rita. CARVALHO, Roberto de. Disponível em: http://www. função da linguagem predominante no texto com a respectiva
vagalume.com.br/ Acesso em: 30 mar. 2014. característica está expressa em:

Os dois primeiros versos do texto fazem referência à função (A) referencial – presença de termos científicos e técnicos
da linguagem cujo objetivo dos emissores é apenas estabelecer (B) expressiva – predominância da 1ª pessoa do singular
ou manter contato de comunicação com seus receptores. Nesses (C) fática – uso de cumprimentos e saudações
versos, a linguagem está empregada em função (D) apelativa – emprego de verbos flexionados no imperativo
(A) expressiva.
(B) apelativa. Respostas
(C) referencial. 01. (E) / 02. (B) / 03. (E) / 04. (D)
(D) poética. Tipos Textuais
(E) fática.
Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que
02. implicam no domínio de capacidades linguísticas. Temos dois
SONETO DE MAIO momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer)
(Vinícius de Moraes) e o de expressá-los por escrito (o escrever propriamente dito).
Fazer um texto, seja ele de que tipo for, não significa apenas
Suavemente Maio se insinua escrever de forma correta, mas sim, organizar ideias sobre
Por entre os véus de Abril, o mês cruel determinado assunto.
E lava o ar de anil, alegra a rua E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos de
Alumbra os astros e aproxima o céu. expressão escrita: Descrição – Narração – Dissertação.
Até a lua, a casta e branca lua
Esquecido o pudor, baixa o dossel Descrição
E em seu leito de plumas fica nua
A destilar seu luminoso mel. Expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma
Raia a aurora tão tímida e tão frágil visão;
Que através do seu corpo transparente É um tipo de texto figurativo;
Dir-se-ia poder-se ver o rosto
Carregado de inveja e de presságio Retrato de pessoas, ambientes, objetos;
Dos irmãos Junho e Julho, friamente Predomínio de atributos;
Preparando as catástrofes de Agosto...
Uso de verbos de ligação;
Disponível em: http://www.viniciusdemoraes.com.br Frequente emprego de metáforas, comparações e outras
figuras de linguagem;
Em um poema, é possível afirmar que a função de linguagem
está centrada na: Tem como resultado a imagem física ou psicológica.

(A) Função fática. Narração


(B) Função emotiva ou expressiva.
(C) Função conativa ou apelativa. Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta
(D) Função denotativa ou referencial. antes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente);

03. O exercício da crônica É um tipo de texto sequencial;


Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como Relato de fatos;
faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é

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APOSTILAS OPÇÃO
Deve-se notar:
Presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo;
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao
Apresentação de um conflito; mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os
outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha
Uso de verbos de ação;
grande medo ao pai);
Geralmente, é mesclada de descrições; - por isso, não existe uma ocorrência que possa ser
considerada cronologicamente anterior a outra do ponto de
O diálogo direto é frequente.
vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é
cronologicamente anterior a retirar-se dela; no nível do relato,
Dissertação
porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente: o que o
escritor quer é explicitar uma característica do menino, e não
Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa; traçar a cronologia de suas ações);
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas
É um tipo de texto argumentativo. elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitância em
Defesa de um argumento: relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano
a) apresentação de uma tese que será defendida, de 1840, em que o escritor frequentava a escola da Rua da Costa)
b) desenvolvimento ou argumentação, e, portanto, não denota nenhuma transformação de estado;
c) fechamento; - se invertêssemos a sequência dos enunciados, não
correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológica
Predomínio da linguagem objetiva; poderíamos mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar
Prevalece a denotação. e ler o texto do fim para o começo: O mestre era mais severo com
ele do que conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se
Carta antes...
Esse é um tipo de texto que se caracteriza por envolver um Características:
remetente e um destinatário; - Ao fazer a descrição enumeramos características,
É normalmente escrita em primeira pessoa, e sempre visa um comparações e inúmeros elementos sensoriais;
tipo de leitor; - As personagens podem ser caracterizadas física e
psicologicamente, ou pelas ações;
É necessário que se utilize uma linguagem adequada com - A descrição pode ser considerada um dos elementos
o tipo de destinatário e que durante a carta não se perca a constitutivos da dissertação e da argumentação;
visão daquele para quem o texto está sendo escrito. - é impossível separar narração de descrição;
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim a
Descrição capacidade de observação que deve revelar aquele que a realiza;
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo:
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo
ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea
ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que seja e fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que
apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, em parecem conformados expressamente para esposas da multidão
imagens. (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu);
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa - Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não
ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não existe relação de anterioridade e posterioridade entre seus
é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do enunciados;
observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa - Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que
forma, o que será importante ser analisado para um, não será se usem então as formas nominais, o presente e o pretério
para outro. imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferência aos
A vivência de quem descreve também influencia na hora de verbos que indiquem estado ou fenômeno.
transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, - Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos
pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento. adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.
Exemplos: A característica fundamental de um texto descritivo é essa
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas inexistência de progressão temporal. Pode-se apresentar, numa
a penumbra dos ramos cobria o atalho. descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, sempre simultâneos, não indicando progressão de uma situação
pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado anterior para outra posterior. Tanto é que uma das marcas
pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha o linguísticas da descrição é o predomínio de verbos no presente
meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de ou no pretérito imperfeito do indicativo: o primeiro expressa
abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande demais.” concomitância em relação ao momento da fala; o segundo, em
relação a um marco temporal pretérito instalado no texto.
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector) Para transformar uma descrição numa narração, bastaria
introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, estado anterior para um posterior. No caso do texto II inicial,
aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em para transformá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso
reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo...
minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o
cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, Características Linguísticas:
pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola O enunciado narrativo, por ter a representação de
depois do pai e retiravase antes. O mestre era mais severo com um acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela
ele do que conosco. temporalidade, na relação situação inicial e situação final,
enquanto que o enunciado descritivo, não tendo transformação,
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. São é atemporal.
Paulo, Ática, 1974, págs. 3132.) Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-
semânticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão:
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da - Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores
escola que o escritor frequentava. de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente

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APOSTILAS OPÇÃO
no presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, O poeta descreve-se das características físicas para as
situar-se, existir, ficar). características morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é o mesmo, pois as características físicas perderiam qualquer
descrito; relevo.
- Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações, O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a
sinestesias). visualizar uma cena. É como traçar com palavras o retrato de
- Uso de advérbios de localização espacial. um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas características
exteriores, facilmente identificáveis (descrição objetiva), ou
Recursos: suas características psicológicas e até emocionais (descrição
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. subjetiva).
Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos,
sol. também denominado adjetivação. Para facilitar o aprendizado
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, desta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu
concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu texto, sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou
sereno, uma pureza de cristal. depois deste um adjetivo ou uma locução adjetiva.
- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da
natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente
que deslumbrava e enlouquecia qualquer um. Descrição de objetos constituídos de uma só parte:
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do - Introdução: observações de caráter geral referentes à
texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, procedência ou localização do objeto descrito.
muito crente. - Desenvolvimento: detalhes (lª parte) formato (comparação
com figuras geométricas e com objetos semelhantes); dimensões
A descrição pode ser apresentada sob duas formas: (largura, comprimento, altura, diâmetro etc.)
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem - Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) material, peso, cor/
são apresentadas como realmente são, concretamente. Ex: “Sua brilho, textura.
altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. Aparência atlética, ombros largos, - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos”. utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Exemplo: como um todo.
“ A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central
que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de Descrição de objetos constituídos por várias partes:
guilhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado, - Introdução: observações de caráter geral referentes à
dentro de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. procedência ou localização do objeto descrito.
Telhado de quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais - Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das
velha que Juiz de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda partes que compõem o objeto, associados à explicação de como
que tivesse ficado, capricho da sorte, na linha de passagem da as partes se agrupam para formar o todo.
variante do Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois - Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo
a Rua Direita – sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha (externamente) formato, dimensões, material, peso, textura, cor
e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).” (Pedro Nava – Baú e brilho.
de Ossos) - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto em
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da sua totalidade.
emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são
transfigurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar Descrição de ambientes:
ou expressar seus sentimentos. Ex: “Nas ocasiões de aparato é - Introdução: comentário de caráter geral.
que se podia tomar pulso ao homem. Não só as condecorações - Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do
gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e
Aristarco todo era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, aroma (se houver).
calmos, eram de um rei...” (“O Ateneu”, Raul Pompéia) - Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a objetos
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, esculturas ou
esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par- quaisquer outros objetos.
de-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando - Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no
por lei, de sobregoverno.” ambiente.
(Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
Descrição de paisagens:
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos - Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer
descritivos: outra referência de caráter geral.
Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão - Desenvolvimento: observação do plano de fundo
temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, (explicação do que se vê ao longe).
uma vez que eles indicam propriedades ou características que - Desenvolvimento: observação dos elementos mais
ocorrem simultaneamente. No entanto, ela não é indiferente do próximos do observador explicação detalhada dos elementos
ponto de vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para que compõem a paisagem, de acordo com determinada ordem.
baixo ou viceversa, do detalhe para o todo ou do todo para o - Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca
detalhe cria efeitos de sentido distintos. da impressão que a paisagem causa em quem a contempla.
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de
Bocage: Descrição de pessoas (I):
Magro, de olhos azuis, carão moreno, - Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer
bem servido de pés, meão de altura, aspecto de caráter geral.
triste de facha, o mesmo de figura, - Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor
nariz alto no meio, e não pequeno. da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).
- Desenvolvimento: características psicológicas
Incapaz de assistir num só terreno, (personalidade, temperamento, caráter, preferências,
mais propenso ao furor do que à ternura; inclinações, postura, objetivos).
bebendo em níveas mãos por taça escura - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
de zelos infernais letal veneno. geral.

Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão,1968, pág. 497.

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Descrição de pessoas (II): Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar)  as ações do
aspecto de caráter geral. enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre
- Desenvolvimento: análise das características físicas, uma ação ou ações  é chamado de espaço, representado no texto
associadas às características psicológicas (1ª parte). pelos advérbios de lugar.
- Desenvolvimento: análise das características físicas, Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer
associadas às características psicológicas (2ª parte). “quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através
geral. dos tempos verbais, mas principalmente pelos advérbios de
tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma que indica ao leitor “como” o fato narrado aconteceu.
estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predominam. A história contada, por isso, passa por uma introdução
Porque toda técnica descritiva implica contemplação e (parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo
apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, desenvolvimento do enredo (é a história propriamente dita,
precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o pintor o meio, o “miolo” da narrativa, também chamada de trama)
capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma e termina com a conclusão da história (é o final ou epílogo).
descrição focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua Aquele que conta a história é o narrador,  que pode ser pessoal
sensibilidade. (narra em 1ª pessoa: Eu) ou impessoal (narra em 3ª pessoa:
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não- Ele).
literária ou literária. Na descrição não-literária, há maior Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos
preocupação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular. de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos
Por ser objetiva, há predominância da denotação. substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes
do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é pelos verbos, formando uma rede: a própria história contada.
um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a
linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para história.
descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os
compõem, para descrever experiências, processos, etc. Elementos Estruturais (I):
Exemplo: - Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
Folheto de propaganda de carro - Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir e dão lugar à trama que se estabelece na ação. Revelam-se por
o espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando meio de características físicas ou psicológicas. Os personagens
tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat podem ser lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais
Variant possuem direção hidráulica e ar condicionado de (trabalhador, estudante, burguês etc.) ou tipos humanos (o
elevada capacidade, proporcionando a climatização perfeita do medroso, o tímido, o avarento etc.), heróis ou antiheróis,
ambiente. protagonistas ou antagonistas.
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui - Narrador: é quem conta a história.
capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 - Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado. - Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o tempo
plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para interior, subjetivo.
evitar a deformação em caso de colisão.
Elementos Estruturais (II):
Textos descritivos literários: Na descrição literária Personagens Quem? Protagonista/Antagonista
predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de Acontecimento O quê? Fato
associações conotativas que podem ser exploradas a partir de Tempo Quando? Época em que ocorreu o fato
descrições de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; Espaço Onde? Lugar onde ocorreu o fato
situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também Modo Como? De que forma ocorreu o fato
podem ocorrer tanto em prosa como em verso. Causa Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
Resultado - previsível ou imprevisível.
Narração Final - Fechado ou Aberto.

A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se
fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo de tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente,
apresenta personagens que atuam em um tempo e em um como simples exemplos de uma narração. Há uma relação
espaço, organizados por uma narração feita por um narrador. de implicação mútua entre eles, para garantir coerência e
É uma série de fatos situados em um espaço e no tempo, verossimilhança à história narrada.
tendo mudança de um estado para outro, segundo relações Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão,
de sequencialidade e causalidade, e não simultâneos como na obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as
descrição. Expressa as relações entre os indivíduos, os conflitos e personagens ou o fato a ser narrado.
as ligações afetivas entre esses indivíduos e o mundo, utilizando
situações que contêm essa vivência. Existem três tipos de foco narrativo:
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada),
o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e - Narrador-personagem: é aquele que conta a história na
com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao
predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de ações; mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.
assim sendo, a maioria dos verbos que compõem esse tipo de - Narrador-observador: é aquele que conta a história como
texto são os verbos de ação. O conjunto de ações que compõem alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a
o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de história é contada em 3ª pessoa.
texto recebe o nome de enredo. - Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas e as personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos
personagens, que são justamente as pessoas envolvidas íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece
no episódio que está sendo contado. As personagens são misturada com pensamentos dos personagens (discurso
identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos substantivos indireto livre).
próprios.

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APOSTILAS OPÇÃO
Estrutura: Narrativa e Narração
- Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados
alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade
história, como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá. é um componente narrativo que pode existir em textos que
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia não são narrações. A narrativa é a transformação de situações.
propriamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, Por exemplo, quando se diz “Depois da abolição, incentivouse
conduzindo ao clímax. a imigração de europeus”, temos um texto dissertativo, que,
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu no entanto, apresenta um componente narrativo, pois contém
momento crítico, tornando o desfecho inevitável. uma mudança de situação: do não incentivo ao incentivo da
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações imigração européia.
dos personagens. Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto,
o que é narração?
Tipos de Personagens: A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características:
Os personagens têm muita importância na construção de um - é um conjunto de transformações de situação (o texto de
texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser principais ou Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, preenche
secundários, conforme o papel que desempenham no enredo, essa condição);
podem ser apresentados direta ou indiretamente. - é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos
A apresentação direta acontece quando o personagem concretos (o texto “Porquinho-daíndia» preenche também esse
aparece de forma clara no texto, retratando suas características requisito);
físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando - as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal
os personagens aparecem aos poucos e o leitor vai construindo que, entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e
a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir de posterioridade (no texto “Porquinhodaíndia» o fato de ganhar
suas ações, do que ela vai fazendo e do modo como vai fazendo. o animal é anterior ao de ele estar debaixo do fogão, que por
sua vez é anterior ao de o menino leválo para a sala, que por seu
- Em 1ª pessoa: turno é anterior ao de o porquinhoda-índia voltar ao fogão).
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre
história e é o protagonista. pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar, da temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no
eu estava lá e vi. romance machadiano Memórias póstumas de Brás Cubas,
quando o narrador começa contando sua morte para em
- Em 3ª pessoa: seguida relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada.
No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as relações
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa. de anterioridade e de posterioridade.
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como Resumindo: na narração, as três características explicadas
sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo: acima (transformação de situações, figuratividade e relações
de anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados)
Tipos de Discurso: devem estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha só
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente uma ou duas dessas características não é uma narração.
para o personagem, sem a sua interferência.
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto
diz, sem lhe passar diretamente a palavra. narrativo:
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do - Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que
personagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente aconteceu, quando e onde.
recente. Surgiu com romancistas inovadores do século XX. - Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos
personagens.
Sequência Narrativa: - Desenvolvimento: detalhes do fato.
- Conclusão: consequências do fato.
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias:
uma coordenase a outra, uma implica a outra, uma subordinase Caracterização Formal:
a outra. Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação: narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade,
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um porquanto a criação e o colorido do contexto estão em função
dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo); da individualidade e do estilo do narrador. Dependendo do
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma enfoque do redator, a narração terá diversas abordagens. Assim
competência para fazer algo); é de grande importância saber se o relato é feito em primeira
- uma em que a personagem executa aquilo que queria ou pessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, há a participação
devia fazer (é a mudança principal da narrativa); do narrador; segundo, há uma inferência do último através da
- uma em que se constata que uma transformação se deu e onipresença e onisciência.
em que se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos
(geralmente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo
maus). o aspecto linear e constituindo o que se denomina “flashback”.
O narrador que usa essa técnica (característica comum no
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se cinema moderno) demonstra maior criatividade e originalidade,
pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata a podendo observar as ações ziguezagueando no tempo e no
realização de uma mudança é porque ela se verificou, e ela espaço.
efetuase porque quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazêla. Exemplo - Personagens
Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento:
quando se assina a escritura, realizase o ato de compra; para “Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr.
isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou dever Amâncio não viu a mulher chegar.
comprar (respectivamente, querer deixar de pagar aluguel ou Não quer que se carpa o quintal, moço?
ter necessidade de mudar, por ter sido despejado, por exemplo). Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face
Algumas mudanças são necessárias para que outras se escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do
deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um passado, os olhos).”
bambu ou outro instrumento para derrubála. Para ter um carro, (Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mercado
é preciso antes conseguir o dinheiro. Aberto, p. 5O)

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Exemplo - Espaço São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento
/ Conclusão.
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza
escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. Não Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta a
havia, em todo o caso, como negarlhe a insipidez.” ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu desenvolvimento.
Tipos:
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto - Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos.
Alegre: Movimento, 1981, p. 51) Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que
olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...”
Exemplo - Tempo - Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um
fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início no começo
“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembrase: a dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que
mulher lhe pediu que a chamasse cedo.” a década colecionou, agravou vários dos históricos problemas
sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana,
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4) cuja escalada tem sido facilmente identificada pela população
brasileira.”
Tipologia da Narrativa Ficcional: - Proposição: o autor explicita seus objetivos.
- Romance - Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma
- Conto coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na sua”? Quer
- Crônica se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano!
- Fábula Faça parte desse time de vencedores desde a escolha desse
- Lenda momento!
- Parábola - Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex: “É
- Anedota importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é a
- Poema Épico solução no combate à insegurança.”
- Características: caracterização de espaços ou aspectos.
Tipologia da Narrativa NãoFiccional: - Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex:
- Memorialismo “Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com
- Notícias televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de
- Relatos aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo, existem
- História da Civilização no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar programas) e
Apresentação da Narrativa: 2.624 repetidoras (que apenas retransmitem sinais recebidos).
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em (...)”
quadrinhos) e desenhos. - Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
- auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e discos. - Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do
- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas. texto. Ex: “A principal característica do déspota encontra-se no
fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras
Dissertação que definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder,
escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre exclusivamente de
A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.”
de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema. - Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que
Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, compõem o texto.
clareza, coerência, objetividade na exposição, um planejamento - Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a
de trabalho e uma habilidade de expressão. pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo
É em função da capacidade crítica que se questionam futebol não é uma prova de alienação?”
pontos da realidade social, histórica e psicológica do mundo - Suspense: alguma informação que faça aumentar a
e dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu curiosidade do leitor.
significado diz respeito a um tipo de texto em que a exposição - Comparação: social e geográfica.
de uma ideia, através de argumentos, é feita com a finalidade - Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à
de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou artístico. distância, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo
Observe-se que: das massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade que marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira
com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem doença do século...”
particular e do que faz para chegar a ser primeiroministro, mas - Narração: narrar um fato.
do homem em geral e de todos os métodos para atingir o poder);
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial,
mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da corte de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais
no momento em que se tornam primeirosministros); importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias formas:
- a progressão temporal dos enunciados não tem importância, - Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com
pois o que importa é a relação de implicação (clamar contra a este tipo de abordagem.
corrupção da corte implica ser corrupto depois da nomeação - Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a ideia
para primeiroministro). principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a definição.
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações
Características: distintas.
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é - Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos
temático; favoráveis e desfavoráveis.
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação; - Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de descrever uma cena.
anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm maior - Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
importância o que importa são suas relações lógicas: analogia, - Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para
pertinência, causalidade, coexistência, correspondência, prováveis resultados.
implicação, etc. - Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de apresentar questionamento e reflexão.
redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem - Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos,
características próprias a cada tipo de texto. valores, juízos.

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APOSTILAS OPÇÃO
- Causa e Consequência: estruturar o texto através dos Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser
porquês de uma determinada situação. combatida urgentemente, pois a alta concentração de elementos
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética. tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo
- Exemplificação: dar exemplos. daquelas que sofrem de problemas respiratórios:

Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fechamento - A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado
integrado de tudo que se argumentou. Para ela convergem todas muita gente ao vício.
as ideias anteriormente desenvolvidas. - A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação
- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese. criados pelo homem.
- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um - A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades
pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de e hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvido
quem lê. apenas pela polícia.
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise
1º Parágrafo – Introdução atualmente.
A. Tema: Desemprego no Brasil. - O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a
Contextualização: decorrência de um processo histórico sociedade brasileira.
problemático.
O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:
2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento
Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de características,
remetem a uma análise do tema em questão. funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemento
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da necessário à afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se
realidade. enumerar, seguindo-se os critérios de importância, preferência,
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de classificação ou aleatoriamente.
quem propõe soluções. Exemplo:
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição. 1- O adolescente moderno está se tornando obeso por várias
causas: alimentação inadequada, falta de exercícios sistemáticos
e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos
7º Parágrafo: Conclusão de Televisão.
F. Uma possível solução é apresentada.
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com 2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o
modernidade. número de emissoras que dedicam parte da sua programação à
veiculação de programas religiosos de crenças variadas.
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar
sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos 3-
recursos que permite uma segurança maior no momento de - A Santa Missa em seu lar.
dissertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são atitudes - Terço Bizantino.
que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento de - Despertar da Fé.
um texto dissertativo. - Palavra de Vida.
- Igreja da Graça no Lar.
Ainda temos:
Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o 4-
assunto que vai ser abordado. - Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilíbrios
discutido. sociológicos e poluição.
Argumentação: é um conjunto de procedimentos - Existem várias razões que levam um homem a enveredar
linguísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas pelos caminhos do crime.
opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer - A gravidez na adolescência é um problema seríssimo,
argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma determinada porque pode trazer muitas consequências indesejáveis.
tese. - O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua
sobrevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
Estes assuntos serão vistos com mais afinco posteriormente. - O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em
várias categorias.
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são:
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através
pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação; da comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema; apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança.
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação; Exemplo:
- impõem-se sempre o raciocínio lógico;
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer “A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a
ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente
do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original, sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a
nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”.
(evitar-se o uso da primeira pessoa). (Arthur Schopenhauer)

O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar: Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes,
uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) e uma ou encontra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato
mais frases que explicitem tal ideia. motivador) e, em outras situações, um segmento indicando
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada consequências (fatos decorrentes).
(ideia central) porque oculta os problemas sociais realmente
graves. (ideia secundária)”. Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam
Vejamos: temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos.
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida
urgentemente.

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APOSTILAS OPÇÃO
Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se personagens sejam introduzidas e elas ganhem vida, como em
conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais uma peça teatral.
compreensíveis.
Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são muito
coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na comuns durante a reprodução das falas.
ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém
sangue vermelho-vivo, recém-oxigenado. Na artéria pulmonar, Exemplo:
porém, corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o
coração remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar “O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis
gás carbônico”. que suspira lá na língua dele - Chente! que vida dura esta de
guaxinim do banhado!...”
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve
delimitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser “- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!”
enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a
questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das Discurso Indireto: O narrador conta a história e reproduz
seguintes ideias: fala, e reações das personagens. É escrito normalmente em
terceira pessoa. Nesse caso, o narrador se utiliza de palavras
- A violência contra os povos indígenas é uma constante na suas para reproduzir aquilo que foi dito pela personagem.
história do Brasil.
- O surgimento de várias entidades de defesa das populações Exemplo:
indígenas.
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio “Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de
brasileiro. Assis)
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo
fazer a estruturação do texto. se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra,
imaginava podiam ser onze horas.” (Lima Barreto)

A estrutura do texto dissertativo constitui-se de: Passagem do discurso direto para discurso indireto
Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida
(geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do texto, por Na passagem do discurso direto para o discurso indireto,
isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois ocorre mudança nas pessoas do discurso, mudança nos tempos
itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento. verbais, mudança na pontuação das frases e mudança nos
Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a advérbios e adjuntos adverbiais.
hipótese ou a tese a ser defendida.
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão Mudança das pessoas do discurso: Toda a narrativa que
fundamentar a ideia principal que pode vir especificada se encontre na 1.ª pessoa no discurso direto passa para a 3.ª
através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da pessoa no discurso indireto, incluindo nessa mudança não só o
causa e da consequência, das definições, dos dados estatísticos, verbo, mas também todos os pronomes que aparecem na frase,
da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No como os pronomes eu, nós e meu, que passam para ele/ela, eles/
desenvolvimento são usados tantos parágrafos quantos elas e seu no discurso indireto.
forem necessários para a completa exposição da ideia. E esses
parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras expostas Mudança de tempos verbais nos tempos do indicativo: O
acima. presente no discurso direto passa para pretérito imperfeito no
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve discurso indireto, o pretérito perfeito no discurso direto passa
aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já para pretérito mais-que-perfeito no discurso indireto e o futuro
foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação do presente no discurso direto passa para futuro do pretérito no
(um parágrafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o discurso indireto.
objetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese
ou da tese, acrescida da argumentação básica empregada no Mudança de tempos verbais nos tempos do subjuntivo:
desenvolvimento. O presente e o futuro no discurso direto passam para pretérito
imperfeito no discurso indireto.
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre
Mudança de tempos verbais no imperativo: O imperativo
Discurso é a prática humana de construir textos, sejam eles no discurso direto passa para pretérito imperfeito do subjuntivo
escritos ou orais. Sendo assim, todo discurso é uma prática no discurso indireto.
social. A análise de um discurso deve, portanto, considerar o
contexto em que se encontra, assim como as personagens e as Mudança na pontuação das frases: Frases interrogativas,
condições de produção do texto. exclamativas e imperativas no discurso direto passam para
frases declarativas no discurso indireto.
Em um texto narrativo, o autor pode optar por três tipos
de discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso Mudança nas noções temporais: As noções temporais
indireto livre. Não necessariamente estes três discursos estão como ontem, hoje e amanhã no discurso direto passam para no
separados, eles podem aparecer juntos em um texto. Dependerá dia anterior, naquele dia e no dia seguinte no discurso indireto.
de quem o produziu.
Mudança nas noções espaciais: As noções espaciais como
Vejamos cada um deles: aqui, aí, este e isto no discurso direto passam para ali, lá, aquele
e aquilo no discurso indireto.
Discurso Direto: Neste tipo de discurso as personagens
ganham voz. É o que ocorre normalmente em diálogos. Isso Exemplo:
permite que traços da fala e da personalidade das personagens
sejam destacados e expostos no texto. O discurso direto Discurso direto: - Iremos de férias amanhã.
reproduz fielmente as falas das personagens. Verbos como Discurso indireto: Eles disseram que iriam de férias no dia
dizer, falar, perguntar, entre outros, servem para que as falas das seguinte.

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APOSTILAS OPÇÃO
Discurso Indireto Livre: O texto é escrito em terceira pessoa 04. “Impossível dar cabo daquela praga. Estirou os olhos
e o narrador conta a história, mas as personagens têm voz pela campina, achou-se isolado. Sozinho num mundo coberto
própria, de acordo com a necessidade do autor de fazê-lo. Sendo de penas, de aves que iam comê-lo. Pensou na mulher e sus-
assim é uma mistura dos outros dois tipos de discurso e as duas pirou.  Coitada de Sinhá Vitória, novamente nos descampados,
vozes se fundem. transportando o baú de folha.”

Exemplo: O narrador desse texto mistura-se de tal forma à persona-


gem que dá a impressão de que não há diferença entre eles. A
“Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com personagem fala misturada à narração. Esse discurso é chama-
a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que do:
pena! Houve um momento em que esteve quase... quase!” (A) discurso indireto livre
(B) discurso direto
“Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. (C) discurso indireto
Entretanto, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Machado) (D) discurso implícito
(E) discurso explícito 
“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para
que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Respostas
Irmãos.” (Graciliano Ramos)
01. Resposta D
FONTE: Celso Cunha in Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição. Apenas no discurso direto as personagens ganham voz. Para
construirmos um discurso direto, devemos utilizar o travessão e
Questões os chamados verbos de elocução, ou seja, verbos que indicam o
que as personagens falaram.
01. Sobre o discurso indireto é correto afirmar, EXCETO: Exemplo de verbo de elocução:
(A) No discurso indireto, o narrador utiliza suas próprias pa- – Muita fome! – Lucas respondeu, passando sua mão pela
lavras para reproduzir a fala de um personagem. barriga.
(B) O narrador é o porta-voz das falas e dos pensamentos No exemplo acima, o verbo “respondeu” é o verbo de elocu-
das personagens. ção.
(C) Normalmente é escrito na terceira pessoa. As falas são
iniciadas com o sujeito, mais o verbo de elocução seguido da fala 02. Resposta C
da personagem.
(D) No discurso indireto as personagens são conhecidas 03. Resposta B
através de seu próprio discurso, ou seja, através de suas pró-
prias palavras.  04. Resposta A
O discurso indireto livre é um tipo de discurso misto, em que
02. Assinale a alternativa que melhor complete o seguinte se associam as características do discurso direto e do indireto. 
trecho:
No plano expressivo, a força da ____________ em _____________ Gênero Lírico ou Poético
provém essencialmente de sua capacidade de _____________ o epi-
sódio, fazendo ______________ da situação a personagem, tornando- É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no
-a viva para o ouvinte, à maneira de uma cena de teatro __________ poema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime
o narrador desempenha a mera função de indicador de falas. suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior.
(A) narração - discurso indireto - enfatizar - ressurgir – onde; Normalmente os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há
(B) narração - discurso onisciente - vivificar - demonstrar- o predomínio da função emotiva da linguagem.
-se – donde;
(C) narração - discurso direto - atualizar - emergir - em que; Elegia:  é um texto de exaltação à morte  de alguém, sendo
(D) narração - discurso indireto livre - humanizar - imergir que a morte é elevada como o ponto máximo do texto. O emissor
- na qual; expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É
(E) dissertação - discurso direto e indireto - dinamizar - pro- um poema melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e Yufa,
tagonizar - em que. de William Shakespeare.

03. Faça a associação entre os tipos de discurso e assinale a Epitalâmia: é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou
sequência correta. seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo
de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
1. Reprodução fiel da fala da personagem, é demarcado
pelo uso de travessão, aspas ou dois pontos. Nesse tipo de dis- Ode (ou hino): é o poema lírico em que o emissor faz uma
curso, as falas vêm acompanhadas por um verbo de elocução, homenagem à pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à
responsável por indicar a fala da personagem. mulher amada, ou a alguém ou algo importante para ele. O hino
2. Ocorre quando o narrador utiliza as próprias palavras é uma ode com acompanhamento musical;
para reproduzir a fala de um personagem.
3. Tipo de discurso misto no qual são associadas as ca- Idílio (ou écloga): é o poema lírico em que o emissor
racterísticas de dois discursos para a produção de outro. Nele a expressa uma homenagem à natureza, às belezas e às riquezas
fala da personagem é inserida de maneira discreta no discurso que ela dá ao homem. É o poema bucólico, ou seja, que expressa
do narrador. o desejo de desfrutar de tais belezas e riquezas ao lado da amada
(pastora), que enriquece ainda mais a paisagem, espaço ideal
( ) discurso indireto para a paixão. A écloga é um idílio com diálogos (muito rara);
( ) discurso indireto livre
( ) discurso direto Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a
alguém ou a algo, em tom sério ou irônico.
(A) 3, 2 e 1.
(B) 2, 3 e 1. Acalanto: ou canção de ninar;
(C) 1, 2 e 3.
(D) 3, 1 e 2. Acróstico: (akros = extremidade; stikos = linha), composição
lírica na qual as letras iniciais de cada verso formam uma palavra
ou frase;

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APOSTILAS OPÇÃO
Balada:  uma das mais primitivas manifestações poéticas, Para verificar a quantidade de silabas podemos contar nos
são cantigas de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão dedos. Vejamos neste trechinho de Patativa do Assaré:
vocal que se destinam à dança;
Nes | ta | noi | te | pas | sa | gei | ra
Canção (ou Cantiga, Trova): poema oral com 1 2 3 4 5 6 7
acompanhamento musical;
Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e árabes; odes Há | coi| sa | que | mui | to | pas | ma
do oriente médio; 1 2 3 4 5 6 7

Haicai: expressão japonesa que significa “versos cômicos” Um mote:


(=sátira). E o poema japonês formado de três versos que somam
17 sílabas assim distribuídas: 1° verso= 5 sílabas; 2° verso = 7 Vou | fa | zer | se | re | na | ta | na | cal | ça | da
sílabas; 3° verso 5 sílabas; 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Soneto:  é um texto em poesia com 14 versos, dividido em
dois quartetos e dois tercetos, com rima geralmente em a-ba-b Da | me | ni | na | que a | mei | na | mi | nha | vi | da
a-b-b-a c-d-c d-c-d. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Vilancete:  são as cantigas de autoria dos poetas vilões Rima


(cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas, portanto. 
Rimas consoantes: As que se conformam inteiramente no
Métrica e Rima som desde a vogal ou ditongo do acento tônico até a última letra
ou fonema. Exemplo: fecundo e mundo; amigo e contigo; doce e
Métrica: Arte que ensina os elementos necessários à feitura fosse; pálido e válido; moita e afoita.
de versos medidos. Sistema de versificação particular a um
poeta. Contagem das sílabas de um verso. Verso é a linguagem Rimas toantes: Aquelas em que só há identidade de sons
medida. Para medir devemos ajuntar as palavras em número nas vogais, a começar das vogais ou ditongos que levam o acento
prefixado de pés. Chama-se pé uma sílaba métrica. O verso tônico, ou, algumas vezes, só nas vogais ou ditongos da sílaba
português pode ter de duas a doze sílabas. Os mais comuns são tônica. Exemplo: fuso e veludo; cálida e lágrima; “Sem propósito
os de seis, sete, oito, dez e doze pés. Como o verso mais comum, de sonho / nem de alvoradas seguintes, / esquece teus olhos
mais espontâneo é o de sete pés, comecemos nele a contagem tontos / e teu coração tão triste.” Cecília Meireles, Obra Poética,
métrica. Exemplo: p. 516. No caso da literatura de cordel nordestina, faz parte da
tradição do gênero o uso de rimas consoantes. Se um folheto de
Minha terra tem palmeiras cordel usa rimas toantes, o conhecedor de cordel pensa logo que
Onde canta o sabiá o autor daquele folheto desconhece a existência destas regras.
As aves que aqui gorjeiam Um cordel escrito assim pode até ser um grande poema, mas não
Não gorjeiam como lá. se pode dizer que se trata de ‘um cordel autêntico’.

Eis como se contam as sílabas: Figuras de Linguagem

Mi | nha | ter | ra |tem | pal | mei| As figuras de linguagem ou de estilo, de acordo com Renan
Bardine, são empregadas para valorizar o texto, tornando
Não contamos a sílaba final “ras” porque o verso acaba no a linguagem mais expressiva. É um recurso linguístico para
último acento tônico. O verso a quem sobra uma sílaba final expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo
chama-se grave. Aquele a quem sobram duas sílabas finais originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso.
chama-se esdrúxulo. O terminado por palavra oxítona chama-se
agudo, como o segundo e o quarto do exemplo supra. Eis como As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as
se decompõe o segundo verso: produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor. A
palavra empregada em sentido figurado, não-denotativo, passa
On | de | can | ta o | sa | bi |á| a pertencer a outro campo de significação, mais amplo e criativo.

Nesse verso “ta o” se leem como t’o formando um pé, As figuras de linguagem classificam-se em:
pela figura sinalefa (fusão) . Sabiá, modernamente, se deve 1) figuras de palavra;
contar dissílabo, porque biá, em duas silabas, forma hiato. 2) figuras de harmonia;
Em geral devemos sempre evitar o hiato, quer intraverbal, 3) figuras de pensamento;
quer interverbal. Os autores antigos e os modernos pouco 4) figuras de construção ou sintaxe.
escrupulosos toleram muitos hiatos.
1) FIGURAS DE PALAVRA
Sinalefa: Figura pela qual se reúnem duas sílabas em uma As figuras de palavra são figuras de linguagem que consistem
só, por elisão, crase ou sinérese. no emprego de um termo com sentido diferente daquele
convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito
Sinérese: Contração de duas sílabas em uma só, mas sem mais expressivo na comunicação.
alteração de letras nem de sons, como, p. ex., em reu-nir, pie-da-
de, em vez de re-u-nir, pi-e-da-de. São figuras de palavras:
a) comparação e) catacrese
As| aves | que a| qui | gor| jei | b) metáfora f) sinestesia
c) metonímia g) antonomásia
Não | gor | jei| am | co | mo | lá | d) sinédoque h) alegoria

No caso o verso é um heptassílabo, porque só contamos Comparação: Ocorre comparação quando se estabelece
sete sílabas. Se colocarmos uma sílaba a mais ou a menos em aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados
qualquer dos versos, fica dissonante e perde a beleza e harmonia. por conectivos comparativos explícitos – feito, assim como,
Vale lembrar que quando a palavra seguinte inicia com vogal, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem – e alguns verbos –
dependendo do caso, pode haver a junção da sílaba da primeira parecer, assemelhar-se e outros.
com a segunda, como se faz na língua francesa. Exemplo: Exemplos: “Amou daquela vez como se fosse máquina.
Beijou sua mulher como se fosse lógico.

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APOSTILAS OPÇÃO
Metáfora: Ocorre metáfora quando um termo substitui Exemplo: “A minha primeira recordação é um muro velho, no
outro através de uma relação de semelhança resultante da quintal de uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco
subjetividade de quem a cria. A metáfora também pode ser e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação
entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo visual] e úmida, macia [sensações táteis], quase irreal.” (Augusto
não está expresso, mas subentendido. Meyer)

Exemplo: “Supondo o espírito humano uma vasta concha, o Antonomásia: Ocorre antonomásia quando designamos
meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão.” uma pessoa por uma qualidade, característica ou fato que a
distingue.
Metonímia: Ocorre metonímia quando há substituição de
uma palavra por outra, havendo entre ambas algum grau de Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido,
semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação alcunha ou cognome, cuja origem é um aposto (descritivo,
mútua. Tal substituição fundamenta-se numa relação objetiva, especificativo etc.) do nome próprio.
real, realizando-se de inúmeros modos:
Exemplos:
- A causa pelo efeito e vice-versa: “E ao rabi simples(1), que a igualdade prega,
Rasga e enlameia a túnica inconsútil;
“E assim o operário ia *1 Cristo
Com suor e com cimento* Pelé (= Edson Arantes do Nascimento)
Erguendo uma casa aqui O poeta dos escravos (= Castro Alves)
Adiante um apartamento.” O Dante Negro (= Cruz e Souza)
*Com trabalho. O Corso (= Napoleão)

- O lugar de origem ou de produção pelo produto: Alegoria: A alegoria é uma acumulação de metáforas
referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura poética que
Comprei uma garrafa do legítimo porto*. consiste em expressar uma situação global por meio de outra
*O vinho da cidade do Porto. que a evoque e intensifique o seu significado. Na alegoria, todas
- O autor pela obra: as palavras estão transladadas para um plano que não lhes é
comum e oferecem dois sentidos completos e perfeitos – um
Ela parecia ler Jorge Amado*. referencial e outro metafórico.
*A obra de Jorge Amado.
- O abstrato pelo concreto e vice-versa: Exemplo: “A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor
e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos
Não devemos contar com o seu coração*. comprimários, quando não são o soprano e o contralto que
*Sentimento, sensibilidade. lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos
comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a
Sinédoque: Ocorre sinédoque quando há substituição de orquestra é excelente… (Machado de Assis)
um termo por outro, havendo ampliação ou redução do sentido
usual da palavra numa relação quantitativa. Encontramos 2) FIGURAS DE HARMONIA
sinédoque nos seguintes casos:
Chamam-se figuras de som ou de harmonia os efeitos
- O todo pela parte e vice-versa: produzidos na linguagem quando há repetição de sons ou, ainda,
quando se procura “imitar”sons produzidos por coisas ou seres.
“A cidade inteira (1) viu assombrada, de queixo caído, o
pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos (2) de seu cavalo.” As figuras de linguagem de harmonia ou de som são:
*1 O povo. 2 Parte das patas.
a) aliteração c) assonância
- O singular pelo plural e vice-versa: b) paronomásia d) onomatopéia

O paulista (3) é tímido; o carioca (4), atrevido. Aliteração: Ocorre aliteração quando há repetição da
*3 Todos os paulistas. 4 Todos os cariocas. mesma consoante ou de consoantes similares, geralmente em
posição inicial da palavra.
- O indivíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum):
Exemplo: “Toda gente homenageia Januária na janela.”
Para os artistas ele foi um mecenas (5).
*5 Protetor. Assonância: Ocorre assonância quando há repetição da
mesma vogal ao longo de um verso ou poema.
Modernamente, a metonímia engloba a sinédoque.
Exemplo: “Sou Ana, da cama
Catacrese: A catacrese é um tipo de especial de metáfora, da cana, fulana, bacana
“é uma espécie de metáfora desgastada, em que já não se sente Sou Ana de Amsterdam.”
nenhum vestígio de inovação, de criação individual e pitoresca.
É a metáfora tornada hábito lingüístico, já fora do âmbito Paronomásia: Ocorre paronomásia quando há reprodução
estilístico.” (Othon M. Garcia) de sons semelhantes em palavras de significados diferentes.

Exemplos: folhas de livro, pele de tomate, dente de alho, Exemplo: “Berro pelo aterro pelo desterro
montar em burro, céu da boca, cabeça de prego, mão de direção, berro por seu berro pelo seu erro
ventre da terra, asa da xícara, sacar dinheiro no banco. quero que você ganhe que você me apanhe
sou o seu bezerro gritando mamãe.”
Sinestesia: A sinestesia consiste na fusão de sensações
diferentes numa mesma expressão. Essas sensações podem ser Onomatopeia: Ocorre quando uma palavra ou conjunto de
físicas (gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas palavras imita um ruído ou som.
(subjetivas).
Exemplo: “O silêncio fresco despenca das árvores.
Veio de longe, das planícies altas,

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Dos cerrados onde o guaxe passe rápido… Também a atribuição de características humanas a seres
Vvvvvvvv… passou.” animados constitui prosopopéia o que é comum nas fábulas
e nos apólogos, como este exemplo de Mário de Quintana: “O
3) FIGURAS DE PENSAMENTO peixinho (…) silencioso e levemente melancólico…”

As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se Exemplos: “… os rios vão carregando as queixas do caminho.”
referem ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico. (Raul Bopp)

São figuras de linguagem de pensamento: Um frio inteligente (…) percorria o jardim…” (Clarice
Lispector)
a) antítese d) apóstrofe g) paradoxo
b) eufemismo e) gradação h) hipérbole Perífrase: Ocorre perífrase quando se cria um torneio de
c) ironia f) prosopopéia i) perífrase palavras para expressar algum objeto, acidente geográfico ou
situação que não se quer nomear.
Antítese: Ocorre antítese quando há aproximação de
palavras ou expressões de sentidos opostos. Exemplo: “Cidade maravilhosa
Cheia de encantos mil
Exemplo: “Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições Cidade maravilhosa
trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos Coração do meu Brasil.” (André Filho)
almejam o bem, e nos trazem o mal.” (Rui Barbosa)
4) FIGURAS DE SINTAXE
Apóstrofe: Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma
pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar presente As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a
ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é desvios em relação à concordância entre os termos da oração,
utilizada para dar ênfase à expressão. sua ordem, possíveis repetições ou omissões.
Elas podem ser construídas por:
Exemplo: “Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?” a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
(Castro Alves) b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
Paradoxo: Ocorre paradoxo não apenas na aproximação c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
de palavras de sentido oposto, mas também na de idéias que d) ruptura: anacoluto;
se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade e) concordância ideológica: silepse.
enunciada com aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é
outra designação para paradoxo. Portanto, são figuras de linguagem de construção ou sintaxe:
a) assíndeto e) elipse i) zeugma
Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver; b) anáfora f) pleonasmo j) polissíndeto
É ferida que dói e não se sente; c) anástrofe g) hiperbato l) sínquise
É um contentamento descontente; d) hipálage h) anacoluto m) silepse
É dor que desatina sem doer;” (Camões)
Assíndeto: Ocorre assíndeto quando orações ou palavras
Eufemismo: Ocorre eufemismo quando uma palavra ou deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas, aparecem
expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como justapostas ou separadas por vírgulas.
penosa, desagradável ou chocante.
Exigem do leitor atenção maior no exame de cada fato, por
Ex:“E pela paz derradeira(1) que enfim vai nos redimir exigência das pausas rítmicas (vírgulas).
Deus lhe pague” (Chico Buarque)
*1 paz derradeira: morte Exemplo: “Não nos movemos, as mãos é que se estenderam
pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se,
Gradação: Ocorre gradação quando há uma seqüência de fundindo-se.” (Machado de Assis)
palavras que intensificam uma mesma idéia.
Elipse: Ocorre elipse quando omitimos um termo ou
Exemplo: “Aqui… além… mais longe por onde eu movo o oração que facilmente podemos identificar ou subentender no
passo.” (Castro Alves) contexto. Pode ocorrer na supressão de pronomes, conjunções,
preposições ou verbos. É um poderoso recurso de concisão e
Hipérbole: Ocorre hipérbole quando há exagero de uma dinamismo.
idéia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de
impacto. Exemplo: “Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias
coloridas.”
Exemplo: “Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo 1 Elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de
Bilac) sandálias…)

Ironia: Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, Zeugma: Ocorre zeugma quando um termo já expresso na
pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as frase é suprimido, ficando subentendida sua repetição.
palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa
ou sarcástica. Exemplo: “Foi saqueada a vida, e assassinados os partidários
dos Felipes.” 1
Exemplo: “Moça linda, bem tratada, 1 Zeugma do verbo: “e foram assassinados…”
três séculos de família,
burra como uma porta: Anáfora: Ocorre anáfora quando há repetição intencional de
um amor.” (Mário de Andrade) palavras no início de um período, frase ou verso.

Prosopopéia: Ocorre prosopopéia (ou animização ou Exemplo: “Depois o areal extenso…


personificação) quando se atribui movimento, ação, fala, Depois o oceano de pó…
sentimento, enfim, caracteres próprios de seres animados a Depois no horizonte imenso
seres inanimados ou imaginários. Desertos… desertos só…” (Castro Alves)

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APOSTILAS OPÇÃO
Pleonasmo: Ocorre pleonasmo quando há repetição da a) Silepse de gênero: Ocorre quando há discordância entre
mesma ideia, isto é, redundância de significado. os gêneros gramaticais (feminino ou masculino).

a) Pleonasmo literário: É o uso de palavras redundantes para Exemplo: “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.”
reforçar uma ideia, tanto do ponto de vista semântico quanto (Guimarães Rosa)
do ponto de vista sintático. Usado como um recurso estilístico,
enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem. b) Silepse de número: Ocorre quando há discordância
Exemplo: “Iam vinte anos desde aquele dia envolvendo o número gramatical (singular ou plural).
Quando com os olhos eu quis ver de perto
Quando em visão com os da saudade via.” (Alberto Exemplo: Corria gente de todos lados, e gritavam.” (Mário
de Oliveira) Barreto)

“Ó mar salgado, quando do teu sal c) Silepse de pessoa: Ocorre quando há discordância entre o
São lágrimas de Portugal” (Fernando Pessoa) sujeito expresso e a pessoa verbal: o sujeito que fala ou escreve
se inclui no sujeito enunciado.
b) Pleonasmo vicioso: É o desdobramento de ideias que
já estavam implícitas em palavras anteriormente expressas. Exemplo: “Na noite seguinte estávamos reunidas algumas
Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm valor de pessoas.” (Machado de Assis)
reforço de uma idéia, sendo apenas fruto do descobrimento do
sentido real das palavras. Questões

Exemplos: subir para cima, entrar para dentro, repetir de 01. Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto
novo, ouvir com os ouvidos, hemorragia de sangue, monopólio faz uso de um tipo de linguagem figurada denominada
exclusivo, breve alocução, principal protagonista (A) metonímia.
(B) eufemismo.
Polissíndeto: Ocorre polissíndeto quando há repetição (C) hipérbole.
enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige (D) metáfora.
a norma gramatical ( geralmente a conjunção e). É um recurso (E) catacrese.
que sugere movimentos ininterruptos ou vertiginosos.
02. Identifique a figura de linguagem presente na tira
Exemplo: “Vão chegando as burguesinhas pobres, seguinte:
e as criadas das burguesinhas ricas
e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.”
(Manuel Bandeira)

Anástrofe: Ocorre anástrofe quando há uma simples


inversão de palavras vizinhas (determinante / determinado).

Exemplo: “Tão leve estou (1) que nem sombra tenho.” (Mário
Quintana)
*1 Estou tão leve…
(A) metonímia
Hipérbato: Ocorre hipérbato quando há uma inversão (B) prosopopeia
completa de membros da frase. (C) hipérbole
(D) eufemismo
Exemplo: “Passeiam à tarde, as belas na Avenida. ” 1 (Carlos (E) onomatopeia
Drummond de Andrade)
*1 As belas passeiam na Avenida à tarde. 03.
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.
Sínquise: Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta
de distantes partes da frase. É um hipérbato exagerado. O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira,
Exemplo: “A grita se alevanta ao Céu, da gente. ” 1 (Camões) horário do dia em que o calor é mais intenso, a temperatura
*1 A grita da gente se alevanta ao Céu. do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a
65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local alcançasse
Hipálage: Ocorre hipálage quando há inversão da posição do aproximadamente 90 ºC.
adjetivo: uma qualidade que pertence a uma objeto é atribuída a Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em:
outro, na mesma frase. 22 jan. 2014.

Exemplo: “… as lojas loquazes dos barbeiros.” 2 (Eça de O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para
Queiros) fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de linguagem. O
*2 … as lojas dos barbeiros loquazes. autor do texto refere-se a qual figura de linguagem?
(A) Eufemismo.
Anacoluto: Ocorre anacoluto quando há interrupção (B) Hipérbole.
do plano sintático com que se inicia a frase, alterando-lhe a (C) Paradoxo.
seqüência lógica. A construção do período deixa um ou mais (D) Metonímia.
termos – que não apresentam função sintática definida – (E) Hipérbato.
desprendidos dos demais, geralmente depois de uma pausa
sensível. 04. A linguagem por meio da qual interagimos no nosso
dia a dia pode revestir-se de nuances as mais diversas: pode
Exemplo: “Essas empregadas de hoje, não se pode confiar apresentar-se em sentido literal, figurado, metafórico. A opção
nelas.” (Alcântara Machado) em cujo trecho utilizou-se linguagem metafórica é
(A) O equilíbrio ou desequilíbrio depende do ambiente
Silepse: Ocorre silepse quando a concordância não é feita familiar.
com as palavras, mas com a ideia a elas associada. (B) Temos medo de sair às ruas.

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(C) Nestes dias começamos a ter medo também dentro dos quando for necessário. Segundo a mesma autora, a leitura de
shoppings. textos que apresentam uma perspectiva mais crítica, ou seja,
(D) Somos esse novelo de dons. textos ideologicamente constituídos e inclusos num contexto
(E) As notícias da imprensa nos dão medo em geral. social, político e histórico, possibilitam o desenvolvimento de
indivíduos reflexivos e mais bem preparados para atuar de forma
05. No verso “Essa dor doeu mais forte”, pode-se perceber a inovadora e incisiva perante os diversos segmentos sociais.
presença de uma figura de linguagem denominada: Esse é na verdade o grande desafio da educação. Nesse
(A) ironia sentido, segundo Balbino, o propósito da educação é promover
(B) pleonasmo o desenvolvimento e o combate às injustiças e desigualdades
(C) comparação sociais. Portanto, a educação necessita ser vista como uma
(D) metonímia ferramenta de inclusão social e qualidade de vida do povo,
Respostas proporcionando o exercício de uma cidadania consciente e
01. D\02. D\03. B\04. D\05. B emancipadora. Uma educação com esse perfil, certamente,
proverá melhoria na vida dos cidadãos, por meio do crescimento
Leitura: uma breve visão das principais tendências da econômico, redução da violência e maior conscientização social
pesquisa em do indivíduo na sociedade. Um cidadão alfabetizado significa
Leitura no contexto brasileiro um indivíduo que atua de forma positiva nas relações sociais
estabelecidas na comunidade, posicionando-se de forma sábia
Compreender o ato da leitura tem sido um grande desafio de e crítica.
algumas áreas como a Linguística, a Educação, a Neurolinguística, Os Parâmetros Curriculares Nacionais também defendem
a Psicologia e a Psicolinguística, como discorre Daniel Mateus que a leitura necessita ser desenvolvida de modo crítico,
O´Connell1. Como a leitura se configura como objeto de estudo apontando que “o professor poderá planejar atividades
dessas diversas áreas, dentre outras, discorreremos acerca de destinadas a levar os alunos a pensar sobre o texto, emitir suas
algumas concepções teóricas que norteiam os diversos modelos reações e avaliar, criticamente, as ideias do autor”. Entretanto,
de leitura. Serão apresentados, no decorrer deste artigo, alguns é importante ressaltar que, apesar da instituição do programa
dos modelos de leitura propostos por estudiosos e pesquisadores do MEC “Parâmetros em Ação”, cujo objetivo foi o de incentivar
bastante representativos no contexto brasileiro, a saber, os a divulgação dos PCN e torná-los acessíveis aos professores da
modelos de caráter social, sociointeracional, sociocognitivista, rede pública, infelizmente, várias escolas públicas do país não
metacognitivista e cognitivista. Porém, primeiramente, possuem esse documento.
contextualizaremos os grandes desafios e anseios que envolvem Considerando as questões epistemológicas que embasam
a atividade da leitura. o modelo de leitura de cunho social, seria inevitável destacar
os estudos de Moita Lopes, um dos principais pesquisadores e
Principais modelos de leitura propostos no Brasil estudiosos representantes da Linguística Aplicada no Brasil. O
modelo de leitura por ele proposto agrega alguns princípios do
A leitura tem sido frequentemente objeto de estudo de vários discurso no processo interacional da leitura. Conforme o autor,
pesquisadores e teóricos voltados ao estudo da linguagem, o fluxo de informações pode ocorrer nos sentidos ascendente2
dentre os quais Figueiredo, Moita Lopes, Kleiman, Leffa, Kato, e descendente3, de forma interativa, sendo que, em meio a
e Jesus. esse processo, existem contextos históricos, políticos e sociais
Sendo a leitura um ato também social, isto é, ato que envolve envolvidos. Esse modelo proposto por Moita Lopes se configura
dois atores, um leitor e um autor, que interagem entre si tendo como sendo o “modelo sociointeracional”.
em vista objetivos e necessidades socialmente determinados, Desse prisma, pode-se dizer que a leitura é vista como um
apresentaremos a questão crítica envolvida nesse processo processo comunicativo, no qual os atores, o leitor e o escritor,
(Brasil; Figueiredo e Freire). Pode-se afirmar que grande negociam, juntos, o sentido do texto, tendo em mente os aspectos
parte das variáveis que fazem parte do processo de ensino e sociais, históricos, políticos, culturais e étnicos, o que faz com que
aprendizagem favorece a conscientização crítica do indivíduo o ato de ler assuma, então, um caráter sociointeracional. Ambos
aprendiz. Além disso, há aspectos sociais e principalmente o leitor e o escritor delineiam seus valores, crenças e projetos
políticos envolvidos na leitura que justificam sua demasiada políticos na constituição do significado. Nesse sentido, Moita
importância no processo educacional. É por meio da leitura Lopes elucida que “deve-se acrescentar também que, ao situar
que o sujeito torna-se capaz de se relacionar socialmente. a leitura como ato comunicativo, está implícito neste modelo
Grande parte das relações formais e institucionais envolve a o fato de que leitores e escritores estão posicionados social,
habilidade de ler, por exemplo, os processos seletivos na maioria política, cultural e historicamente ao agirem na construção do
das universidades públicas e privadas do Brasil, o exame de significado”.
legislação para se adquirir a carteira nacional de habilitação, O leitor não deve enxergar o texto como um elemento único,
dentre outras. No que tange às línguas estrangeiras, os próprios particular e isolado porque, como mencionado anteriormente,
Parâmetros Curriculares Nacionais, doravante PCN postulam todo texto está inserido em um contexto histórico, político e
que “o foco na leitura pode ser justificado pela função social social. Desse modo, para que o sentido do texto seja construído,
das línguas estrangeiras no país e também pelos objetivos é necessário muito mais que o conhecimento sistêmico4 e
realizáveis, tendo em vista as condições existentes”. esquemático5, por parte do leitor. O leitor, certamente, faz uso
A proposta do modelo de leitura crítica tem seus de tais conhecimentos para a compreensão do texto, contudo
primórdios alicerçados na figura de Freire. Baseado na teoria necessita saber como e quando utilizá-los, pois o texto faz
da conscientização do mundo, apresentada por esse educador, parte de um contexto. É preciso que o leitor tenha sensibilidade
o indivíduo utiliza a leitura para atuar no mundo, pois ela suficiente para dominar os procedimentos interpretativos, os
proporciona a prática da liberdade e nega a existência do homem quais recuperam o discurso de elementos sistêmicos. Esse é, na
abstrato, isolado, solto e desligado do mundo. verdade, o grande desafio do leitor.
Figueiredo também participa dessa visão crítica no O ensino da leitura que proporcione o desenvolvimento da
campo da leitura. De acordo com a autora, a conscientização consciência crítica do leitor também é um dos pressupostos que
da linguagem tem o objetivo de integrar o indivíduo a uma fundamenta o modelo “sociointeracional”, proposto por Moita
sociedade já constituída. Por outro lado, a conscientização 2 “O processo ascendente (bottom-up) faz uso linear e indutivo das informações
crítica da linguagem visa não somente integrar, mas também, visuais, linguísticas, e sua abordagem é composicional, isto é constrói o signi-
emancipar o aluno socialmente, fazendo com que o mesmo ficado através da análise e síntese do significado das partes” (KATO, 2002, p. 50).
3 “O processo descendente (top-down) é uma abordagem não-linear, que faz uso
não atue somente na ordem social, como também a transforme
intensivo e dedutivo de informações não-visuais e cuja direção é da macro para a
microestrutura e da função para a forma” (KATO, 2002, p. 50).
1 Doutorando em Educação Escolar pela UNESP – Araraquara , Mestre em Linguís- 4 Entende-se por conhecimento sistêmico, aquele que engloba o conhecimento do
tica pela Universidade Federal de leitor nos níveis sintático, lexical e semântico.
Uberlândia e professor da Academia da Força Aérea – AFA – E-mail: doconnell@pro- 5 Entende-se por conhecimento esquemático, aquele que incorpora o pré-conheci-
ve.ufu.br mento do leitor da área do conteúdo do texto.

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Lopes. O desenvolvimento da consciência crítica do leitor é fase, mantém-se num nível menos profundo do que outras
extremamente necessário, haja vista que projetos políticos de informações que mantemos na memória de longo prazo. Seu
escritores estão constantemente implícitos no ato da leitura. A objetivo é manter a informação num estado de ciência, ou de
concepção de “poder” está inferida nas entrelinhas dos textos. alerta, porém é acessível.
Portanto, a capacidade e competência de posicionar-se e tomar Como mencionado anteriormente, o âmbito social abordado
decisões individuais são características primordiais nesse pela pesquisadora compreende principalmente o aspecto
modelo. interacional envolvido na leitura. A leitura é tida como uma
Essa capacidade de tomar iniciativas e de se posicionar interação à distância entre leitor e autor, via texto, já que o
perante o texto é justamente a fase mais refinada da habilidade autor não é parte presente. A missão do leitor, nesse contexto,
da leitura, a interpretação. É nessa fase da leitura que o leitor é construir um significado e buscar um sentido compreensível
faz escolhas de sentido e significação que julga de maior ou através de pistas formais, formulando e reformulando hipóteses,
menor importância. Essas escolhas não dependem única e aceitando ou rejeitando conclusões, a partir de si próprio. O
exclusivamente do pensamento lógico e quantitativo do leitor, autor, diferentemente, tenta buscar constantemente a adesão
utilizado principalmente em situações matemáticas, mas em do leitor, procurando da maneira mais soberana possível os
grande parte, do seu pensamento valorativo6. É justamente melhores argumentos e evidências para isso. Nesse sentido,
nesse estágio que a subjetividade do indivíduo entra em cena. O Kleiman destaca que “mediante a leitura, estabelece-se uma
leitor retira de sua interioridade validações que possibilitam um relação entre leitor e autor que tem sido definida como de
posicionamento que mostra certa maturidade, ou não. responsabilidade mútua, pois ambos têm a zelar para que os
Kleiman contempla pressupostos teóricos que resultam pontos de contato sejam mantidos, apesar das divergências
na proposição de um outro modelo de leitura inserido numa possíveis em opiniões e objetivos”.
vertente sociocognitivista. A autora coloca que a atividade Da perspectiva da abordagem sociocognitivista, a atividade
da leitura representa um ato complexo e diversificado na da leitura instiga, também, a criticidade dos leitores, tendo em
tentativa da compreensão de textos escritos, envolvendo vários vista suas crenças sociais, em uma tentativa de transformar
processos cognitivos na tentativa da construção do sentido. A as relações e situações já existentes. O leitor é encorajado a
memória, a inferência, a percepção, o processamento, a dedução posicionar-se como ser pensante, participativo e atuante, capaz
e o pensamento são processos cognitivos presentes no ato de se promover como indivíduo independente e intelectual. A
de ler, já que a leitura apresenta um caráter multifacetado e esse respeito, Kleiman (2004, p.76) destaca que “o senso crítico
multidimensional. é definido como uma atitude de descrença, de ceticismo que faz
Além disso, segundo Kleiman, a leitura também representa com que exijamos evidências para as opiniões e ideias que são
um processo social, pois envolve um processo interativo entre os apresentadas, e que podem servir de base para a formação de
sujeitos envolvidos, o leitor e o autor. Para a autora, esse processo opiniões e ideias próprias”.
interativo não significa necessariamente aquele que acontece Leffa apresenta uma perspectiva diferente de leitura, de
entre o leitor, determinado pelo seu contexto, e o autor, através um enfoque de caráter metacognitivo, embora o autor aborde,
do texto. O processo de interação, para ela, está associado ao também, outros aspectos envolvidos em tal processo como a
inter-relacionamento, não hierarquizado, de vários estágios de teoria de esquemas e o processo de interação entre o leitor e
conhecimento do sujeito-leitor. O conhecimento descrito, aqui, o texto. Desse modo, abordaremos, primeiramente, a teoria de
vai desde o conhecimento do sistema grafemático até o próprio esquemas e o processo de interação entre o leitor e o texto, para,
conhecimento do mundo7. em seguida, tratarmos do aspecto metacognitivo.
Dentre os inúmeros aspectos cognitivos abordados por Segundo Leffa, os esquemas localizam-se na estrutura
Kleiman, há uma preocupação visível da pesquisadora em cognitiva do indivíduo-leitor. Para compreender o mundo, o
contemplar questões importantes relacionadas à função dos indivíduo necessita possuir uma representação do mesmo.
olhos no processo da atividade da leitura. O simples fato de a Nesse sentido, a mente humana não pode ser considerada uma
visão humana ocupar pouco mais da metade do córtex cerebral8 tábula rasa onde informações do mundo são impressas. O leitor
justifica a enorme importância que os olhos representam nesse utiliza seu conhecimento de mundo para poder compreender e
processo. interpretar um determinado texto. Segundo Leffa,
Kleiman observa que o movimento dos olhos no decorrer
da atividade de leitura não é um processo contínuo. Esse Para compreender um texto devemos relacionar os dados
movimento é de natureza sacádica, isto é, muito rápido e fragmentados do texto com a visão que já construímos do
independente dos objetos diretos. Esse movimento sacádico mundo. Todo texto pressupõe essa visão do mundo e deixa
ocorre quando finalizamos a leitura de uma linha de texto à lacunas a serem preenchidas pelo leitor. Sem o preenchimento
direita, e transferimos o olhar para a linha seguinte à esquerda. dessas lacunas a compreensão não é possível.
A cada palavra, ou a cada pequeno grupo de palavras do mesmo
texto, também realizamos movimentos sacádicos. Sendo assim, pode-se afirmar que é possível prever que
Além disso, segundo a autora, a função dos olhos a interpretação depende, em grande parte, dos esquemas
também está associada à memória imediata9, ou de curto previamente estruturados e formados na estrutura cognitiva do
prazo. Durante a leitura rápida, ambos o reconhecimento leitor. Quando o leitor não consegue associar o conteúdo do texto
instantâneo e a inferência ocorrem a partir da visão periférica, aos esquemas e subesquemas adequados, sua compreensão fica
a qual tem o propósito de não sobrecarregar os mecanismos comprometida. A leitura, dessa forma, torna-se sem significado
do processamento inicial com o conteúdo que os nossos olhos, e bastante frustrante para o leitor. Os dados ficam vagos dentro
muito rapidamente, continuam a trazer para o cérebro processar. da estrutura cognitiva do indivíduo, inviabilizando, assim, a
O processamento da leitura necessita ser digerido rapidamente possibilidade de qualquer ligação consolidada. É possível que
para que não haja o “engarrafamento”. haja algum tipo de aprendizagem, porém o processamento,
Ainda em relação à função dos olhos, no âmbito do nessa situação, não se consolidará na memória de longo prazo.
processamento linguístico, Kleiman destaca também a Essa realidade é bastante corriqueira no dia a dia da maior parte
memória intermediária, ou de trabalho8. A informação, nessa dos estudantes brasileiros, tendo em vista a quantidade de
carga de conteúdo a ser dominado e assimilado, especialmente
6 Pensamento que lida com valores e não com fatos mensuráveis quantitativamen-
te.
referente aos processos seletivos das universidades públicas.
7 “O chamado conhecimento de mundo abrange desde o domínio que um físico tem A concepção de leitura de Leffa aponta a relevância dos
sobre sua especialidade até o conhecimento de fatos como „o gato é um mamífe- esquemas. Segundo o estudioso, a leitura retrata um processo
ro‟, „Angola está na África‟, „não se deve guardar fruta verde na geladeira‟, ou „na
consulta médica geralmente há uma entrevista antes do exame físico‟.” (KLEIMAN, de representação no qual o ato de ler significa metaforicamente
2004, p. 20-21) 8 Estima-se que aproximadamente 50% do córtex cerebral humano “reconhecer o mundo através de espelhos”. O indivíduo-leitor, ao
esteja envolvido com o processamento visual . 9 A memória imediata tem a capaci-
dade limitada; pode guardar entre 5 e 9 elementos e logo deve ser esvaziada para se deparar com um objeto (texto), assimila a informação com seu
a entrada de novos elementos. conhecimento estrutural do mundo a partir dele. A interação,
8 A memória de trabalho é aquela que busca dados no banco geral de dados da também, é uma das variáveis destacadas por Leffa no processo
estrutura cognitiva e administra a informação atual nas relações com o meio am-
biente. Embora seja de curto prazo, tem função diferente. de leitura, propondo que “ler é interagir com o texto”. Da mesma

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forma que Kleiman, o pesquisador defende que essa interação inúmeras informações à estrutura cognitiva, ou seja, a leitura
do leitor com o texto não se caracteriza como um processo elaborada. Segundo o autor, textos com um alto nível de
centrado em apenas um desses polos. A leitura transcende essa informatividade podem ser processados por meio do modelo
visão, pois deve representar um processo não hierarquizado no de leitura proposto. Essa tipologia textual exige que o leitor
qual o leitor tem a possibilidade de trazer seus conhecimentos proceda de forma muito mais cautelosa e cuidadosa. Leituras
de mundo para uma melhor compreensão e interpretação com esse perfil são frequentemente requisitadas no cotidiano
do texto. Dessa forma, a leitura não pode e não deve ser vista escolar e acadêmico. Em virtude da complexidade das leituras
como um processo unívoco, onde um dos polos prevalece sobre e das informações, o leitor precisa ler, reler e reler os textos
o outro. Leffa ressalta a importância do caráter metacognitivo novamente para poder compreender as informações contidas
presente na leitura. Segundo ele, esse caráter implica em um neles. O modelo de leitura elaborada proposto por Jesus exige
processo consciente executado pelo leitor durante o ato da do leitor muito mais trabalho. O mesmo deve “ir” e “vir” ao texto
leitura. A metacognição se caracteriza pela capacidade que o até que a informação seja processada e consolidada na memória
leitor tem de monitorar a qualidade de sua compreensão. Por de longo prazo. Quanto mais vezes um item novo for inter-
meio dessa avaliação, o leitor pode monitorar possíveis “falhas” relacionado com outros itens antigos, mais chances ele terá de
de compreensão e saná-las. Dessa forma, Leffa aponta que “o ser apreendido e consolidado.
papel do leitor é importante não só na compreensão do texto, Esse modelo proposto pelo pesquisador apresenta pelo
mas também no desenvolvimento da habilidade da leitura. menos três estágios de leitura. Em um primeiro momento, ocorre
A capacidade que temos de refletir sobre o que fazemos pode a leitura linear e horizontal do texto. Esse tipo de leitura seria
também nos ajudar a desenvolver estratégias adequadas de aquela em que o leitor lê para adquirir uma visão global do texto,
leitura”. ou seja, uma leitura rápida. Logo após o término da primeira
O conhecimento processual envolvido na leitura, de leitura, o leitor lê o texto novamente, refazendo assim todo o
acordo com o mesmo autor, também apresenta características percurso já feito. No entanto, dessa vez lança mão de estratégias
metacognitivas, na medida em que envolve não apenas próprias para melhor compreensão como anotações, gráficos,
a consciência da tarefa a ser executada, como também a marcações e configurações. Finalmente, há uma leitura vertical
consciência da própria consciência. Esse é, na verdade, o realizada pelo leitor para que ele possa digerir e sintetizar o
princípio básico da metacognição. O conhecimento abrange assunto do texto com o intuito de personalizar as informações
uma avaliação não apenas do produto da informação obtida encontradas, tirando, desse modo, conclusões próprias que
durante a leitura de um texto, mas principalmente do processo estejam, possivelmente, além do próprio texto.
utilizado para a obtenção do produto, ou seja, o resultado, a sua Com base no modelo de leitura elaborada, é possível
compreensão e interpretação. concluir que o modo como lemos determinados tipos de texto
Kato conceitua metacognição como “o domínio de estratégias deve ser diferente. A maneira de ler um dicionário, uma revista
que regem o comportamento do leitor” e explicita algumas ou até mesmo uma lista telefônica deve ser diferente do modo
dessas estratégias metacognitivas. Segundo a autora, ler envolve de ler um texto científico, por exemplo. A aproximação de um
o estabelecimento de uma meta explícita e a monitoração da texto dessa natureza requer uma leitura elaborada. Uma única
compreensão, tendo em vista essa meta. A manutenção de um leitura de um poema, por exemplo, não seria suficiente para a
propósito prévio na tarefa da leitura possibilita, na maioria compreensão do verdadeiro sentido implícito nas entrelinhas.
das vezes, uma atividade significativa, na qual o leitor se sente Entretanto, a leitura de um jornal pode ser perfeitamente
motivado e encorajado. A falta de objetivos claros e específicos compreensível em uma primeira instância. Isso ocorre porque
para a leitura faz com que o aprendiz tenha dificuldades na a leitura de um jornal, dependendo da informação, não requer
compreensão de um determinado texto. Ao ler um texto sem ter uma leitura elaborada, mas sim simplificada.
em mente um objetivo previamente determinado, dificilmente, o Ainda segundo Jesus, a leitura simplificada, também
aprendiz poderá monitorar sua compreensão. intitulada de leitura linear e horizontal, exige muito menos do
Alguns aspectos cognitivos também são abordados por Kato leitor, uma vez que é rápida e busca pouca informação nova. A
ao tratar da perspectiva metacognitiva envolvida na leitura. A memória de longo prazo já possui a maior parte das informações
autora qualifica o caráter cognitivo existente na leitura como um nesse tipo de leitura; portanto, há pouco trabalho neuronal,
estágio de desenvolvimento automático e inconsciente do leitor por parte do leitor. É possível fazer uso da leitura simplificada
que acontece naturalmente. Contudo, esse estágio só acontece quando o leitor deseja, por exemplo, localizar no texto uma
quando o leitor aborda um texto que não foge aos padrões confirmação para algo que já está consolidado na memória de
esperados por ele, isto é, padrões de ordem natural e canônica9. longo prazo.
Por outro lado, se há uma situação problemática no decorrer Como mencionado anteriormente, é importante destacar,
da leitura de um texto, ou se o indivíduo-leitor encontra algum aqui, que Jesus não desconsidera ou ignora o aspecto social
tipo de dificuldade, ele, inconscientemente, analisa o processo da envolvido na leitura. Para ele, a leitura é considerada uma
leitura na tentativa de compreender sua “falha” na compreensão atividade social devido ao fato dos sistemas simbólico,
ou interpretação de um determinado trecho. Por isso, pode-se fonológico e grafemático serem de natureza social. Além disso,
inferir que as duas estratégias, metacognitivas e cognitivas, são o fato de a leitura ser também uma atividade compartilhada
parte do complexo processo de leitura. intersubjetivamente faz com que ela apresente características
Por último, trataremos do modelo de leitura proposto eminentemente sociais.
por Jesus, que defende que a leitura, embora envolva aspectos Felizmente, há vários pesquisadores brasileiros preocupados
sociais, apresenta um caráter primordialmente cognitivo. O em investigar questões pertinentes voltadas à leitura, o que
autor postula que a leitura é altamente cognitiva visto que confirma a grande necessidade de se compreender, cada vez
esse processo representa uma atividade bastante complexa mais, o complexo processo que envolve a atividade da leitura,
que se inicia com a percepção dos olhos sobre o texto, isto é, considerada primordial para que o indivíduo possa exercer a
o reconhecimento grafemático e conceitual, formando, desse cidadania de forma plena em qualquer campo de atuação.
modo, proposições, que remetem a esquemas. Os esquemas O grande problema, como já ressaltado no decorrer do
ou recortes da realidade são ligados e ancorados à “nova” artigo, é que o brasileiro, de uma forma generalizada, não tem
informação. Essa “nova” informação é, por sua vez, consolidada o hábito de ler. Isso, certamente, contribui para que ele tenha
na memória de longo prazo. Além disso, segundo Jesus, a leitura infinitas limitações e dificuldades no grande desafio que é
deve ser considerada essencialmente cognitiva devido ao fato da tornar-se um leitor fluente e capaz de enxergar além dos limites
mesma ser realizada pela rede neuronal. As operações cognitivas do texto. O exercício da leitura competente e eficaz requer uma
necessárias na leitura são realizadas, de forma simultânea, por prática constante. Considerando as várias concepções e modelos
meio de vários módulos ou processadores neuronais. de leitura discutidos no decorrer deste artigo, pode-se concluir
Em se tratando dessa perspectiva cognitivista, o pesquisador que não há um modelo de leitura ou uma abordagem “mais
propõe um modelo de leitura que envolve a incorporação de adequada”, “melhor” ou “pior”. Há vários modelos que podem
possivelmente atender às necessidades específicas e próprias
9 Ordem canônica representa, por exemplo, a ordem sintática natural
dos elementos em uma sentença qualquer: SVO (sujeito-verbo-objeto). dos elementos envolvidos nesse processo, leitor, autor e texto.

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APOSTILAS OPÇÃO
Na nossa concepção, não seria comum requerer uma leitura Pressuposição: é o conteúdo que fica à margem da discussão,
elaborada de um livro de receitas, da mesma forma que seria é o conteúdo implícito. Assim, a frase “José parou de beber ”
difícil solicitar uma leitura simplificada de um poema de Carlos veicula a pressuposição de que José bebia antes; “José passou
Drummond de Andrade. Cabe, então, aos atores envolvidos nos a estudar à noite” contém a pressuposição de que antes estudava
mais variáveis contextos apropriarem-se das estratégias mais de dia, mas contém também a pressuposição de que ele não
adequadas para a realização de um determinado tipo de leitura. estudava antes, dependendo da ênfase colocada em passar a ou
em à noite.
Inferência Inferências: são informações normais que não precisam ser
explicitadas no momento da produção do texto; são também
O texto não se reduz à palavra, segundo Mayra Pavan, por isso chamadas de subentendidos.
é importante aprender a ler outras linguagens, não só a escrita. O exemplo seguinte ajuda a entender esta noção:
Antigamente, aprendia-se a ler somente textos literários, não
havendo a preocupação de como os textos não literários seriam “Maria foi ao cinema, assistiu ao filme sobre dinossauros e
lidos. Atualmente, busca-se formar cidadãos, portanto, a leitura voltou para casa.”
ganhou novo significado.
Ler é um exercício. Levantar hipóteses, analisar, comparar, Lendo esta frase, o leitor recupera os conhecimentos
relacionar são passos que auxiliam nessa tarefa. Entretanto, relativos ao ato de ir ao cinema: no cinema existem cadeiras,
existe uma habilidade que merece destaque: a inferência. tela, bilheteria; há uma pessoa que vende bilhetes, outra que
Segundo Houaiss, inferir é: concluir pelo raciocínio, a partir os recolhe na entrada; a sala fica escura durante a projeção, etc.
de fatos, indícios; deduzir. Enfim, isto não precisa ser dito explicitamente. Se assim não
Entretanto, na prática, como isso pode ajudar na fosse, que extensão teriam nossos textos para fornecer, sempre
interpretação? Ao ler um texto, as informações podem estar que necessário, todas estas informações?
explícitas ou implícitas. Inferir é conseguir chegar a conclusões Daí a importância das inferências na interação verbal. Se
a partir dessas informações. quiséssemos dizer que Maria não conseguiu ver o filme até o
Para facilitar o entendimento, vamos ao exemplo. Leia a final, isto teria que ser explicitado, porque, normalmente, a
tirinha abaixo: pessoa vê o filme inteiro.
A retomada do texto através de inferências é feita com
base em significados que compreendemos, mas não estão
manifestados, ao contrário do que se passa com os processos de
informação literais.

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.
html?aula=49268
Criada pelo cartunista Quino, Mafalda atravessa gerações
com seus questionamentos RESUMINDO

Após uma leitura atenta de todos os quadrinhos, o que é As inferências são de extrema importância para a leitura,
possível concluir? Perceberam a profundidade da pergunta? pois delas depende a compreensão de textos.
O objetivo da interpretação não é simplesmente descrever os Um texto só terá sentido para o leitor que for capaz de
fatos, mas acrescentar sentido a eles. estabelecer as relações entre as suas partes, ou seja, entre as
Muitos estudantes param na superfície do texto. Por palavras, frases, parágrafos, a relação entre o texto e o título,
exemplo, na tirinha acima, muitos diriam: “Mafalda estava em entre o texto e a ilustração, etc., e isto implica fazer inferências.
sua casa, quando seu amigo chegou. Ela pediu que ele não fizesse
barulho, porque tinha alguém doente. O amigo pensou que fosse III - Fonética - fonologia:
um familiar, mas deparou-se com o mundo.” Qual sentido tem
essa descrição? Nenhum, não é verdade? Fonemas: vogais, consoantes e
Então, para encontrar a essência do texto, é preciso partir semivogais; encontros vocálicos,
dos fatos e procurar o sentido que eles querem estabelecer. consonantais e dígrafos; Sílabas.
O fato apresentado na tira é que o mundo está doente, por
isso precisa de cuidados. Isso é possível? Literalmente, não.
Entretanto, se usarmos a linguagem conotativa, é possível Fonética
inferir, ou seja, interpretar, deduzir, que o objetivo da tira era
chamar a atenção das pessoas para a “doença” do mundo. Em A fonética, de acordo com Paula Perin dos Santos, estuda
que aspectos? Os mais diversos: desigualdade social, fome, os sons como entidades físico-articulatórias isoladas (aparelho
guerras, violência, poluição, preconceito, falta de amor etc. E fonador). Cabe a ela descrever os sons da linguagem e analisar
agora, faz sentido? Então, só agora houve entendimento. suas particularidades acústicas e perceptivas. Ela fundamenta-
É importante destacar que quando a área de atuação é a se em estudar os sons da voz humana, examinando suas
escola, falar de interpretação é falar de inferência, de conclusão, propriedades físicas independentemente do seu “papel
de dedução. Então, ao ler um texto, busque sempre sua essência. lingüístico de construir as formas da língua”. Sua unidade
mínima de estudo é o som da fala, ou seja, o fone.
Informações Literais e Inferências A Fonética se diferencia da Fonologia por considerar os sons
independentes das oposições paradigmáticas e combinações
Muitas vezes, os leitores reconhecem e compreendem as sintagmáticas. Observe no esquema:
palavras de um texto, mas se mostram incapazes de perceber
satisfatoriamente o seu sentido como um todo. 1. Oposições paradigmáticas: aquelas cuja presença ou
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que o texto nem ausência implica em mudança de sentido. Ex.
sempre fornece todas as informações possíveis. Há elementos /p/ata /b/ata /m/ata
implícitos que precisam ser recuperados pelo leitor para a Oclusiva Oclusiva Oclusiva
produção do sentido. A partir de elementos presentes no texto, Bilabial Bilabial Bilabial
estabelecemos relações com as informações implícitas. Por isso, Surda Sonora Surda
o leitor precisa estabelecer relações dos mais diversos tipos Oral Oral Nasal
entre os elementos do texto e o contexto, de forma a interpretá-
lo adequadamente. Algumas atividades são realizadas com 2. Combinações Sintagmáticas: arranjos e disposições
esse objetivo. Entre elas está a produção de pressuposições, lineares no contínuo sonoro. Troca na posição dos fonemas
inferências ou subentendidos. entre si. Ex.

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APOSTILAS OPÇÃO
Roma, amor, mora, ramo Exemplos de transcrições fonéticas de palavras:

A Fonética e a Fonologia são duas disciplinas interdependentes,


uma vez que, para qualquer estudo de natureza fonológica, é
imprescindível partir do conteúdo fonético, articulatório e/ou
acústico, para determinar as unidades distintivas de cada língua.
Desta forma, a Fonética e a Fonologia não são dicotômicas, pois a
Fonética trata da substância da expressão, enquanto a Fonologia
trata da forma da expressão, constituindo, as duas ciências,
dentro de um mesmo plano de expressão.
O termo ‘Fonética’ pode significar tanto o estudo de qualquer
som produzido pelos seres humanos, quando o estudo da
articulação, da acústica e da percepção dos sons utilizados em
línguas específicas. No primeiro tipo de investigação, torna-se
evidente a autonomia da Fonética em relação à Fonologia. No
segundo tipo de investigação, porém, as relações entre as duas
ciências se tornam patentes.

VOGAIS

Fonologia

Fonologia é o ramo da Linguística que estuda o sistema


sonoro de um idioma. Ao estudar a maneira como os fones
(sons) se organizam dentro de uma língua, classifica-os em
unidades capazes de distinguir significados, chamadas fonemas.
Segundo Saussure, “a fonética é uma ciência histórica, que
analisa acontecimentos, transformações e se move no tempo”.
Já a fonologia se coloca fora do tempo, pois o mecanismo da
articulação permanece estável de acordo com a estrutura da
língua em questão.
Mesmo não sendo uma concepção contemporânea, foi
Saussure quem primeiro fez a distinção entre as duas ciências,
através do uso de suas dicotomias (Langue/Parole, Forma/
Transcrição Fonética: Substância). Foi com componentes do Círculo Lingüístico de
Praga que a Fonologia passa a adquirir seu próprio objeto de
As transcrições fonéticas são feitas entre colchetes [...] e para estudo.
fazê-las, os linguistas recorrem ao Quadro Fonético Internacional. Cotidianamente ouvimos algumas palavras relacionadas à
Nesse quadro há para cada fone um símbolo fonético específico. fonologia, morfologia e sintaxe. Talvez para alguns, no tocante
Segue abaixo uma versão adaptada do quadro: ao significado, essas possam ainda ser desconhecidas, em
decorrência de alguns fatores aqui não discutidos.
O fato é que, na verdade, todas elas integram as partes
constituintes da gramática, cada uma atribuída a objetos de
estudo distintos. Assim, tendo em vista a finalidade do artigo
em questão, pautemo-nos no estudo apenas da fonologia. Para
tanto, retomemos alguns conceitos relacionados à origem dessa
palavra, visto que não somente ela, mas como a maioria de
nossos vocábulos, originaram-se de outras línguas existentes
no passado. Portanto, temos que “fono” se origina do grego, cujo
sentido se refere a “som”, “voz”; e “logia”, originária também
do mesmo idioma, possui significado relativo a “estudo”,
“conhecimento”.
Dessa forma, dizemos que fonologia nada mais é do que o
estudo dos sons. Esses sons, dos quais essa parte da gramática
se ocupa em analisar, são representados pelos fonemas (fono +
ema = unidade sonora distinta). No intuito de compreendermos
melhor essa questão, analisemos os exemplos descritos adiante:
Fonte: http://www.fonologia.org/fonetica_articulatoria.php

Constata-se que ambos os vocábulos apresentam


semelhanças em alguns aspectos, como por exemplo, as
terminações “-ata”. No entanto, quando expressos oralmente,
divergem de forma significativa em virtude da existência de
fonemas diferentes, representados graficamente por /m/ e /p/
– fator responsável por atribuir aos vocábulos cargas semânticas
diferentes. Mediante tal constatação, podemos dizer que os
fonemas são os sons representados pelas letras.

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APOSTILAS OPÇÃO
Entretanto, devemos observar alguns detalhes Não confunda os fonemas com as letras. Fonema é um
importantíssimos, como a diferenciação demarcada entre elemento acústico e a letra é um sinal gráfico que representa
letras e fonemas. Estes, como dito anteriormente, são os o fonema. Nem sempre o número de fonemas de uma palavra
sons representados, e aquelas são apenas sinais gráficos que corresponde ao número de letras que usamos para escrevê-la.
procuram representar esses sons, embora nem sempre tal Na palavra chuva, por exemplo, temos quatro fonemas, isto é,
representação se dê de maneira perfeita. Vejamos o porquê quatro unidades sonoras [xuva] e cinco letras.
dessa ocorrência: Certos fonemas podem ser representados por diferentes
* Há fonemas representados por letras diferentes, como é o letras. É o caso do fonema /s/, que pode ser representado por: s
caso do fonema que as letras “g” e “j” representam em “ginástica” (pensar) – ss (passado) – x (trouxe) – ç (caçar) – sc (nascer) – xc
e “jiló”; (excelente) – c (cinto) – sç (desço)
* Existem fonemas representados por duas letras, tais como Às vezes, a letra “x” pode representar mais de um fonema,
o /r/ de “guerra” e /s/ de “pássaro”; como na palavra táxi. Nesse caso, o “x” representa dois sons,
* Há casos nos quais a letra não corresponde a nenhum pois lemos “táksi”. Portanto, a palavra táxi tem quatro letras e
fonema, como é o caso do “h” manifestado em “hipopótamo”. cinco fonemas.
* Ocorrem casos em que uma mesma letra representa Em certas palavras, algumas letras não representam nenhum
fonemas diferentes, como por exemplo, a letra “g” em “gato” e fonema, como a letra h, por exemplo, em palavras como hora,
“ginástica”. hoje, etc., ou como as letras m e n quando são usadas apenas
* Há ainda casos em que uma letra representa dois fonemas, para indicar a nasalização de uma vogal, como em canto, tinta,
tal qual ocorre com o “x” de “anexar”, o qual soa como “ks”. etc.
Dessa forma, conclui Vânia Duarte, para que sempre
possamos perceber as diferenças demarcadas pelo emprego dos Classificação dos Fonemas
fonemas é sempre louvável pronunciarmos as palavras em voz Vogais: são fonemas que saem livremente pelo canal bucal.
alta, de modo a detectarmos tal identificação. (a, e, i, o, u)
Consoantes: são fonemas produzidos com obstáculos à
Fontes: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/ passagem da corrente expiratória (b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q,
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/fonologia.htm r, s, t, v, x, w, y, z).

Letra e fonema Semivogais: são as vogais I ou U, quando acompanhadas de


outra vogal na mesma sílaba, formando, assim, um ditongo ou
Fonema é som da fala. Letra é o sinal gráfico que representa tritongo.
o som da fala. Exemplo: CASEIRO
O sistema fonético do português falado no Brasil registra um
número aproximado de 33 fonemas. Já o alfabeto português é Sílaba: fonema ou grupo de fonemas emitidos de uma só vez.
constituído de 26 letras. Exemplo: Acaso (a - ca - so).
O número de fonemas nem sempre é igual ao número de
letra em uma palavra: ENCONTROS VOCÁLICOS
Duas letras podem representar um só fonema - carroça; Ditongo: é o encontro de uma vogal e de uma semivogal ou
assalto; chave... vice-versa na mesma sílaba.
A letra x pode representar dois fonemas ao mesmo tempo - Os ditongos podem ser: orais ou nasais, crescentes ou
fixo (/k//s/); táxi (/k//s/) decrescentes.
Há letras que não representam fonemas, mas são apenas Ditongos orais: quando a vogal e a semivogal são orais.
símbolo de nasalidade - canto [cãto], santo [sãto]; falam [falã] Exemplo: pai - fui - partiu
Ditongos nasais: quando a vogal e a semivogal são nasais.
Observação: Exemplo: mãe - muito - quando
A letra H não corresponde a nenhum som. É apenas um Ditongos crescentes: quando constituído por uma
símbolo de aspiração, que permanece em nosso alfabeto por semivogal e uma vogal na mesma sílaba, isto é, quando a
força da etimologia e da tradição. semivogal antecede a vogal. Exemplo: lírio - história
Ditongos decrescentes: quando formados por uma vogal e
DÍGRAFO uma semivogal, isto é, a vogal antecede a semivogal. Exemplo:
Dígrafo - é o conjunto de duas letras que representam um só pai - mau
fonema. São dígrafos: Tritongos: é o encontro de uma vogal entre duas semivogais
ch - chave, achar na mesma sílaba.
lh - lhama, telha Tritongos orais: quais - averiguei - enxaguei
nh - ninho, menininho Tritongos nasais: enxáguam - saguão - deságuem
rr - terra, carro Hiatos: é o encontro de duas vogais em sílabas diferentes:
ss - isso, pássaro Exemplo: vôo (vô - o) - saúde (sa - ú - de)
gu - guincho, joguinho CLASSIFICAÇÃO DAS VOGAIS
qu - quiabo, aquilo 1. Quanto a zona de articulação
sc - nascer, descer * anteriores ou palatais: quando à língua se eleva
sç - cresça, desça gradualmente para a frente. (/ É / - / Ê / - / I /)
xc - excelente, excêntrico *média: quando o fonema vocálico é emitido coma língua
baixa, quase em repouso. (/ A /)
Também são dígrafos os grupos que servem para representar *posteriores ou velares: quando a língua se eleva para trás.
as vogais nasais. São eles: (/ Õ / - / Ô / - / U /)
am - campo
an - anta 2. Quanto à intensidade
em - embora * átonas - são aquelas que se pronunciam com menor
en - tentar intensidade ( casa, rosa, Pelé).
im - importar * tônicas - são as que se pronunciam com maior intensidade,
in - findo isto é, onde cai o acento tônico (casa, rosa , Pelé).
om - bomba
on - desponta 3. Quanto ao Timbre
um - atum *abertas: maior abertura do tubo vocal. (pá, pé, pó)
un - profundo *fechadas: menor abertura do tubo vocal. (vê, vinda, avô,
mundo)

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APOSTILAS OPÇÃO
4. Quanto ao papel das cavidades bucal e nasal: as vogais Fonte: http://www.mundovestibular.com.br/articles/2445/1/
podem ser orais e nasais CLASSIFICACAO-DOS-FONEMAS/Paacutegina1.html
* orais: são aquelas cuja ressonância se dá na boca: ( par, fé,
negro, vida, voto, povo, tudo) Questões
* nasais: são aquelas cuja ressonância se dá no nariz (lã,
pente - cinco - conto - mundo) 01. A palavra que apresenta tantos fonemas quantas são as
letras que a compõem é:
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES (A) importância
1.Quanto ao modo de articulação: (B) milhares
* oclusivas: quando a corrente expiratória encontra um (C) sequer
obstáculo total (oclusão), que impede a saída do ar, explodindo (D) técnica
subitamente. / P / - / T / - / K / - / B / - / D / - / G / (E) adolescente
* constritivas: quando há um estreitamento do canal bucal,
saindo a corrente de ar apertada ou constrita, ou melhor, quando 02. Em qual das palavras abaixo a letra x apresenta não um,
o obstáculo é parcial. mas dois fonemas?
* fricativas: quando a corrente expiratória passa por uma (A) exemplo
estreita fenda, o que produz um ruído comparável a um fricção. (B) complexo
/F/-/S/-/X/-/N/-/Z/-/J/ (C) próximos
* laterais: quando a ponta ou dorso da língua se apóia (D) executivo
no palato (céu da boca), saindo a corrente de ar pelas fendas (E) luxo
laterais da boca. / L / - / LH /
* vibrantes: quando a ponta mantém com os alvéolos contato 03. Marque a opção que apresenta uma palavra classificada
intermitente, o que acarreta um movimento vibratório rápido, como trissílaba.
abrindo e fechando a passagem à corrente expiratória. / R / - / (A) Alimentação
RR / (B) Carentes
(C) Instrumento
2. Quanto ao ponto de articulação: (D) Fome
* bilabiais: quando há contato dos lábios. (E) Repetência
* labiodentais: quando há contato da ponta da língua com a
arcada dentária superior. 04. Indique a alternativa cuja sequência de vocábulos
* alveolares: quando há contato da ponta da língua com os apresenta, na mesma ordem, o seguinte: ditongo, hiato, hiato,
alvéolos dos dentes superiores. ditongo.
* palatais: quando há contato do dorso da língua com o (A) jamais / Deus / luar / daí
palato duro, ou céu da boca. (B) joias / fluir / jesuíta / fogaréu
* velares: quando há contato da parte posterior da língua (C) ódio / saguão / leal / poeira
com o palato mole, o véu palatino. (D) quais / fugiu / caiu / história

3.Quanto ao papel das cordas vocais: 05. Os vocabulários passarinho e querida possuem:
* surdas:quando são produzidas sem vibração as cordas (A) 6 e 8 fonemas respectivamente;
vocais. / P / - / T / - / K / - / F / - / S / - / X / (B)10 e 7 fonemas respectivamente;
* sonoras: quando são produzidas por vibração das cordas (C) 9 e 6 fonemas respectivamente;
vocais. (/ B / - / D / - / G / - / V / - / Z / - / J / - / L /- / LH / - / (D) 8 e 6 fonemas respectivamente;
R / - / RR / - / M / - / N / - / NH /) (E) 7 e 6 fonemas respectivamente.

4.Quanto ao papel das cavidades bucal e nasal: Respostas


* nasais: quando a corrente expiratória se desenvolve pela
boca e pelo nariz, em virtude do abaixamento do véu palatino. / 01. (D) (Em d, a palavra possui 7 fonemas e 7 letras. Nas
M / - / N / - / NH / demais alternativas, tem-se: a) 10 fonemas / 11 letras; b) 7
*orais: quando a corrente expiratória sai exclusivamente fonemas / 8 letras; c) 5 fonemas / 6 letras; e) 9 fonemas / 11
pela boca. letras).

ENCONTRO CONSONANTAL 02. (B) (a palavra complexo, o x equivale ao fonema /ks/).


É o encontro de duas ou mais consoantes na mesma sílaba
ou em sílabas diferentes Exemplo: su-bli-me 03. (B)
(A) Alimentação = a-li-men-ta-ção - polissílaba
DÍGRAFO OU DIGRAMA (B) Carentes = ca-ren-tes - trissílaba
É o grupo de duas letras que representam um só fonema. Os (C) Instrumento = ins-tru-men-to - polissílaba
dígrafos podem ser consonantais ou vocálicos. (D) Fome = fo-me - dissílaba
Dígrafos consonantais: CH, LH, NH, RR, SS, SC, SÇ. XC, XS, (E) Repetência = re-pe-tên-cia – polissílaba
QU, GU.
Dígrafos vocálicos: AM ou AN, EM ou EN, IM ou IN, OM ou 04. (B) (Observe os encontros: oi, u - i, u - í e eu).
ON, UM ou UN.
05. (D)
LETRAS (DIACRÍTICA E ETIMOLÓGICA)
Diacrítica: é a segunda letra de dígrafo. Exemplo: chave - Divisão Silábica
campo
Etimológica: é o h sem valor fonético . Exemplo: hoje - haver. Sílaba

CONTAGEM DE FONEMAS A palavra amor está dividida em grupos de fonemas


1.dígrafo: vale 1 fonema pronunciados separadamente: a - mor. A cada um desses grupos
2.x - ks: vale 2 fonemas pronunciados numa só emissão de voz dá-se o nome de sílaba.
3.letra etimológica: não valem fonema algum Em nossa língua, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal: não
4.Exemplos: (chave -> 5 letras e 4 fonemas) (fixo -> 4 letras e existe sílaba sem vogal e nunca há mais do que uma vogal em 
5 fonemas) (hoje -> 4 letras e 3 fonemas). cada sílaba. Dessa forma, para sabermos o número de sílabas
de uma palavra, devemos perceber quantas vogais tem essa

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APOSTILAS OPÇÃO
palavra. Atenção: as letras i e u (mais raramente com as letras e Oceania, ortoépia/ortoepia, projétil/projetil, réptil/reptil,
e o) podem representar semivogais. zângão/zangão.
  Questões:
Classificação das palavras quanto ao número de sílabas
- Monossílabas: possuem apenas uma sílaba. Exemplos: mãe, 01-Assinale o item em que a divisão silábica é incorreta:
flor, lá, meu; A) gra-tui-to;
- Dissílabas: possuem duas sílabas. Exemplos: ca-fé, i-ra, a-í, B) ad-vo-ga-do;
trans-por; C) tran-si-tó-ri-o;
- Trissílabas: possuem três sílabas. Exemplos: ci-ne-ma, pró- D) psi-co-lo-gi-a;
xi-mo, pers-pi-caz, O-da-ir; E) in-ter-stí-cio.
- Polissílabas: possuem quatro ou mais sílabas. Exemplos:
a-ve-ni-da, li-te-ra-tu-ra, a-mi-ga-vel-men-te, o-tor-ri-no-la-rin- 02-Assinale o item em que a separação silábica é incorreta:
go-lo-gis-ta. A) psi-có-ti-co;
B) per-mis-si-vi-da-de;
Divisão Silábica C) as-sem-ble-ia;
Na divisão silábica das palavras, cumpre observar as D) ob-ten-ção;
seguintes normas: E) fa-mí-li-a.
- Não se separam os ditongos e tritongos. Exemplos: foi-ce,
a-ve-ri-guou; 03-Assinale o item em que todos os vocábulos têm as sílabas
- Não se separam os dígrafos ch, lh, nh, gu, qu. Exemplos: cha- corretamente separadas:
ve, ba-ra-lho, ba-nha, fre-guês, quei-xa; A) al-dei-a, caa-tin-ga , tran-si-ção;
- Não se separam os encontros consonantais que iniciam B) pro-sse-gui-a, cus-tó-dia, trans-ver-sal;
sílaba. Exemplos: psi-có-lo-go, re-fres-co; C) a-bsur-do, pra-ia, in-cons-ci-ên-cia;
- Separam-se as vogais dos hiatos. Exemplos: ca-a-tin-ga, fi- D) o-ccip-tal, gra-tui-to, ab-di-car;
el, sa-ú-de; E) mis-té-ri-o, ap-ti-dão, sus-ce-tí-vel.
- Separam-se as letras dos dígrafos rr, ss, sc, sç xc. Exemplos:
car-ro, pas-sa-re-la, des-cer, nas-ço, ex-ce-len-te; 04-Assinale o item em que todas as sílabas estão
- Separam-se os encontros consonantais das sílabas internas, corretamente separadas:
excetuando-se aqueles em que a segunda consoante é l ou r. A) a-p-ti-dão;
Exemplos: ap-to, bis-ne-to, con-vic-ção, a-brir, a-pli-car. B) so-li-tá-rio;
C) col-me-i-a;
Acento Tônico D) ar-mis-tí-ci-o;
Na emissão de uma palavra de duas ou mais sílabas, percebe- E) trans-a-tlân-ti-co.
se que há uma sílaba de maior intensidade sonora do que as Respostas
demais. 01-E / 02-C / 03-E / 04-B
calor - a sílaba lor é a de maior intensidade.
faceiro - a sílaba cei é a de maior intensidade. IV - Ortografia: correção
sólido - a sílaba só é a de maior intensidade.
ortográfica; acentuação gráfica;
Obs.: a presença da sílaba de maior intensidade nas palavras,
em meio à sílabas de menor intensidade, é um dos elementos divisão silábica.
que dão melodia à frase.
 
Classificação da sílaba quanto à intensidade Caro(a) Candidato(a), o assunto “Divisão Silábica“, foi
-Tônica: é a sílaba pronunciada com maior intensidade. abordado no topico acima.
- Átona:  é a sílaba pronunciada com menor intensidade.
- Subtônica: é a sílaba de intensidade intermediária. Ocorre, Ortografia
principalmente, nas palavras derivadas, correspondendo à
tônica da palavra primitiva.  A ortografia se caracteriza por estabelecer padrões para a
forma escrita das palavras. Essa escrita está relacionada tanto
Classificação das palavras quanto à posição da sílaba a critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) quanto
tônica fonológicos (ligados aos fonemas representados). É importante
De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos compreender que a ortografia é fruto de uma convenção. A
da língua portuguesa que contêm  duas ou mais sílabas são forma de grafar as palavras é produto de acordos ortográficos
classificados em: que envolvem os diversos países em que a língua portuguesa é
- Oxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a última. Exemplos: oficial. A melhor maneira de treinar a ortografia é ler, escrever e
avó, urubu, parabéns consultar o dicionário sempre que houver dúvida.
- Paroxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a penúltima.
Exemplos: dócil, suavemente, banana O Alfabeto
- Proparoxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras. Cada
antepenúltima. Exemplos: máximo, parábola, íntimo letra apresenta uma forma minúscula e outra maiúscula. Veja:

Saiba que: a A (á) b B (bê)


- São palavras oxítonas, entre outras: cateter, mister, Nobel, c C (cê) d D (dê)
novel, ruim, sutil, transistor, ureter. e E (é) f F (efe)
- São palavras paroxítonas, entre outras: avaro, aziago, g G (gê ou guê) h H (agá)
boêmia, caracteres, cartomancia, celtibero, circuito, decano, i I (i) j J (jota)
filantropo, fluido, fortuito, gratuito, Hungria, ibero, impudico, k K (cá) l L (ele)
inaudito, intuito, maquinaria, meteorito, misantropo, necropsia m M (eme) n N (ene)
(alguns dicionários admitem também necrópsia), Normandia, o O (ó) p P (pê)
pegada, policromo, pudico, quiromancia, rubrica, subido (a). q Q (quê) r R (erre)
- São palavras proparoxítonas, entre outras: aerólito, bávaro, s S (esse) t T (tê)
bímano, crisântemo, ímprobo, ínterim, lêvedo, ômega, pântano, u U (u) v V (vê)
trânsfuga. w W (dáblio) x X (xis)
- As seguintes palavras, entre outras, admitem dupla y Y (ípsilon) z Z (zê)
tonicidade: acróbata/acrobata, hieróglifo/hieroglifo, Oceânia/

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APOSTILAS OPÇÃO
Observação: emprega-se também o ç, que representa o Exemplos:
fonema /s/ diante das letras: a, o, e u em determinadas palavras. arranjar: arranjo, arranje, arranjem
despejar: despejo, despeje, despejem
Emprego das letras K, W e Y gorjear: gorjeie, gorjeiam, gorjeando
Utilizam-se nos seguintes casos: enferrujar: enferruje, enferrujem
a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus viajar: viajo, viaje, viajem
derivados.
Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Taylor, 2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica
taylorista. Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji

b) Em topônimos originários de outras línguas e seus 3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j
derivados. Exemplos:
Exemplos: Kuwait, kuwaitiano. laranja- laranjeira loja- lojista lisonja -
lisonjeador nojo- nojeira
c) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como cereja- cerejeira varejo- varejista rijo- enrijecer
unidades de medida de curso internacional. jeito- ajeitar
Exemplos: K (Potássio), W (West), kg (quilograma), km
(quilômetro), Watt. 4) Nos seguintes vocábulos:
berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, jeito, jejum, laje,
Emprego de X e Ch traje, pegajento
Emprega-se o X:
1) Após um ditongo. Emprego das Letras S e Z
Exemplos: caixa, frouxo, peixe Emprega-se o S:
Exceção: recauchutar e seus derivados 1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam s no
radical
2) Após a sílaba inicial “en”.
Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca Exemplos:
Exceção: palavras iniciadas por “ch” que recebem o prefixo análise- analisar catálise- catalisador
“en-” casa- casinha, casebre liso- alisar
Exemplos: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro),
encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...) 2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título
ou origem
3) Após a sílaba inicial “me-”. Exemplos:
Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão burguês- burguesa inglês- inglesa
Exceção: mecha chinês- chinesa milanês- milanesa

4) Em vocábulos de origem indígena ou africana e nas palavras 3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e -osa
inglesas aportuguesadas. Exemplos:
Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu catarinense gostoso- gostosa amoroso- amorosa
palmeirense gasoso- gasosa teimoso- teimosa
5) Nas seguintes palavras:
bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar, 4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa
rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara, xale, Exemplos:
xingar, etc. catequese, diocese, poetisa, profetisa, sacerdotisa, glicose,
metamorfose, virose
Emprega-se o dígrafo Ch:
1) Nos seguintes vocábulos: 5) Após ditongos
bochecha, bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão, Exemplos:
chuchu, chute, cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha, coisa, pouso, lousa, náusea
mochila, pechincha, salsicha, tchau, etc.
6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus
Para representar o fonema /j/ na forma escrita, a grafia derivados
considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a origem Exemplos:
da palavra. Veja os exemplos: pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, puséssemos
gesso: Origina-se do grego gypsos quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos
jipe: Origina-se do inglês jeep. repus, repusera, repusesse, repuséssemos

Emprega-se o G: 7) Nos seguintes nomes próprios personativos:


1) Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem Baltasar, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa, Resende, Sousa,
Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem Teresa, Teresinha, Tomás
Exceção: pajem
8) Nos seguintes vocábulos:
2) Nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio abuso, asilo, através, aviso, besouro, brasa, cortesia,
Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio decisão,despesa, empresa, freguesia, fusível, maisena, mesada,
paisagem, paraíso, pêsames, presépio, presídio, querosene,
3) Nas palavras derivadas de outras que se grafam com g raposa, surpresa, tesoura, usura, vaso, vigésimo, visita, etc.
Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem),
vertiginoso (de vertigem) Emprega-se o Z:
1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam z no
4) Nos seguintes vocábulos: radical
algema, auge, bege, estrangeiro, geada, gengiva, gibi, gilete, Exemplos:
hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, vagem. deslize- deslizar razão- razoável vazio- esvaziar
raiz- enraizar cruz-cruzeiro
Emprega-se o J:
1) Nas formas dos verbos terminados em -jar ou -jear

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APOSTILAS OPÇÃO
2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos a Emprega-se Ss:
partir de adjetivos Nos substantivos derivados de verbos terminados em “gredir”,
Exemplos: “mitir”, “ceder” e “cutir”
inválido- invalidez limpo-limpeza macio- maciez Exemplos:
rígido- rigidez agredir- agressão demitir- demissão ceder- cessão
frio- frieza nobre- nobreza pobre-pobreza surdo- discutir- discussão
surdez progredir- progressão t r a n s m i t i r - t r a n s m i s s ã o
exceder- excesso repercutir- repercussão
3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar
substantivos Emprega-se o Xc e o Xs:
Exemplos:
civilizar- civilização hospitalizar- hospitalização Em dígrafos que soam como Ss
colonizar- colonização realizar- realização Exemplos:
exceção, excêntrico, excedente, excepcional, exsudar
4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita
Exemplos: Observações sobre o uso da letra X
cafezal, cafezeiro, cafezinho, arvorezinha, cãozito, avezita 1) O X pode representar os seguintes fonemas:
/ch/ - xarope, vexame
5) Nos seguintes vocábulos:
azar, azeite, azedo, amizade, buzina, bazar, catequizar, chafariz, /cs/ - axila, nexo
cicatriz, coalizão, cuscuz, proeza, vizinho, xadrez, verniz, etc.
/z/ - exame, exílio
6) Nos vocábulos homófonos, estabelecendo distinção no
contraste entre o S e o Z /ss/ - máximo, próximo
Exemplos:
cozer (cozinhar) e coser (costurar) /s/ - texto, extenso
prezar( ter em consideração) e presar (prender)
traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior) 2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci-
Exemplos: excelente, excitar
Observação: em muitas palavras, a letra X soa como Z. Veja os
exemplos: Emprego das letras E e I
exame exato exausto exemplo existir exótico Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i /
inexorável pode não ser nítida. Observe:

Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs


Existem diversas formas para a representação do fonema /S/. Emprega-se o E:
Observe: 1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar
Exemplos:
Emprega-se o S: magoar - magoe, magoes
Nos substantivos derivados de verbos terminados em continuar- continue, continues
“andir”,”ender”, “verter” e “pelir”
Exemplos: 2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes, anterior)
expandir- expansão pretender- pretensão verter- Exemplos: antebraço, antecipar
versão expelir- expulsão
estender- extensão suspender- suspensão 3) Nos seguintes vocábulos:
converter - conversão repelir- repulsão cadeado, confete, disenteria, empecilho, irrequieto, mexerico,
orquídea, etc.
Emprega-se Ç:
Nos substantivos derivados dos verbos “ter” e “torcer” Emprega-se o I :
Exemplos: 1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir
ater- atenção torcer- torção Exemplos:
deter- detenção distorcer-distorção cair- cai
manter- manutenção contorcer- contorção doer- dói
influir- influi
Emprega-se o X:
Em alguns casos, a letra X soa como Ss 2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra)
Exemplos: Exemplos:
auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta, sintaxe, texto, Anticristo, antitetânico
trouxe
3) Nos seguintes vocábulos:
Emprega-se Sc: aborígine, artimanha, chefiar, digladiar, penicilina, privilégio,
Nos termos eruditos etc.
Exemplos:
acréscimo, ascensorista, consciência, descender, discente, Emprego das letras O e U
fascículo, fascínio, imprescindível, miscigenação, miscível, Emprega-se o O/U:
plebiscito, rescisão, seiscentos, transcender, etc. A oposição o/u é responsável pela diferença de significado de
algumas palavras. Veja os exemplos:
Emprega-se Sç: comprimento (extensão) e cumprimento (saudação,
Na conjugação de alguns verbos realização)
Exemplos: soar (emitir som) e suar (transpirar)
nascer- nasço, nasça
crescer- cresço, cresça Grafam-se com a letra O: bolacha, bússola, costume,
descer- desço, desça moleque.

Grafam-se com a letra U: camundongo, jabuti, Manuel, tábua

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APOSTILAS OPÇÃO
Emprego da letra H f) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais.
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético. Exemplos:
Conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e ONU, Sr., V. Ex.ª.
da tradição escrita. A palavra hoje, por exemplo, grafa-se desta
forma devido a sua origem na forma latina hodie. g) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos,
políticos ou nacionalistas.
Emprega-se o H: Exemplos:
1) Inicial, quando etimológico Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado, Nação, Pátria,
Exemplos: hábito, hesitar, homologar, Horácio União, etc.

2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh Observação: esses nomes escrevem-se com inicial minúscula
Exemplos: flecha, telha, companhia quando são empregados em sentido geral ou indeterminado.
Exemplo:
3) Final e inicial, em certas interjeições Todos amam sua pátria.
Exemplos: ah!, ih!, eh!, oh!, hem?, hum!, etc.
Emprego FACULTATIVO de letra maiúscula:
4) Em compostos unidos por hífen, no início do segundo a) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios.
elemento, se etimológico Exemplos:
Exemplos: anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc. Rua da Liberdade ou rua da Liberdade
Igreja do Rosário ou igreja do Rosário
Observações: Edifício Azevedo ou edifício Azevedo
1) No substantivo Bahia, o “h” sobrevive por tradição. Note que
nos substantivos derivados como baiano, baianada ou baianinha 2) Utiliza-se inicial minúscula:
ele não é utilizado. a) Em todos os vocábulos da língua, nos usos correntes.
Exemplos:
2) Os vocábulos erva, Espanha e inverno não possuem a carro, flor, boneca, menino, porta, etc.
letra “h” na sua composição. No entanto, seus derivados eruditos
sempre são grafados com h. Veja: b) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana.
herbívoro, hispânico, hibernal. Exemplos:
janeiro, julho, dezembro, etc.
Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas segunda, sexta, domingo, etc.
1) Utiliza-se inicial maiúscula: primavera, verão, outono, inverno
a) No começo de um período, verso ou citação direta.
Exemplos: c) Nos pontos cardeais.
Disse o Padre Antonio Vieira: “Estar com Cristo em qualquer Exemplos:
lugar, ainda que seja no inferno, é estar no Paraíso.” Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste.
Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste,
“Auriverde pendão de minha terra, sudoeste.
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que à luz do sol encerra Observação: quando empregados em sua forma absoluta, os
As promessas divinas da Esperança…” pontos cardeais são grafados com letra maiúscula.
(Castro Alves) Exemplos:
Nordeste (região do Brasil)
Observações: Ocidente (europeu)
- No início dos versos que não abrem período, é facultativo o Oriente (asiático)
uso da letra maiúscula.
Lembre-se:
Por Exemplo: Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, usa-
“Aqui, sim, no meu cantinho, se letra minúscula.
vendo rir-me o candeeiro,
gozo o bem de estar sozinho Exemplo:
e esquecer o mundo inteiro.” “Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro,
incenso, mirra.” (Manuel Bandeira)
Emprego FACULTATIVO de letra minúscula:
- Depois de dois pontos, não se tratando de citação direta, usa- a) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica.
se letra minúscula. Exemplos:
Por Exemplo: Crime e Castigo ou Crime e castigo
“Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas
incenso, mirra.” (Manuel Bandeira) Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido

b) Nos antropônimos, reais ou fictícios. b) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em
Exemplos: nomes sagrados e que designam crenças religiosas.
Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote. Exemplos:
Governador Mário Covas ou governador Mário Covas
c) Nos topônimos, reais ou fictícios. Papa João Paulo II ou papa João Paulo II
Exemplos: Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor reitor
Rio de Janeiro, Rússia, Macondo. Santa Maria ou santa Maria.

d) Nos nomes mitológicos. c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e
Exemplos: disciplinas.
Dionísio, Netuno. Exemplos:
Português ou português
e) Nos nomes de festas e festividades. Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas
Exemplos: modernas
Natal, Páscoa, Ramadã. História do Brasil ou história do Brasil

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APOSTILAS OPÇÃO
Arquitetura ou arquitetura até sabedoria popular. Agora, estudo levanta hipóteses sobre
........................ praticar atividade física..........................benefícios
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/ para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas
fono24.php terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para
Emprego do Porquê .......................... e restaurar a perda muscular que ocorre com o
avanço da idade.
Orações (Ciência Hoje, março de 2012)
Interrogativas Exemplo:
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
(pode ser Por que devemos nos respectivamente, com:
substituído por: preocupar com o meio (A) porque … trás … previnir
Por por qual motivo, ambiente? (B) porque … traz … previnir
Que por qual razão) (C) porquê … tras … previnir
Exemplo: (D) por que … traz … prevenir
Equivalendo (E) por quê … tráz … prevenir
a “pelo qual” Os motivos por que não
respondeu são desconhecidos. 02. Assinale a opção que completa corretamente as lacunas
da frase abaixo: Não sei o _____ ela está com os olhos vermelhos,
Exemplos: talvez seja _____ chorou.
(A) porquê / porque;
Você ainda tem coragem de (B) por que / porque;
Final de
Por perguntar por quê? (C) porque / por que;
frases e seguidos
Quê (D) porquê / por quê;
de pontuação
Você não vai? Por quê? (E) por que / por quê.

Não sei por quê! 03.


Exemplos:
Conjunção
A situação agravou-se
que indica
porque ninguém reclamou.
explicação ou
causa
Ninguém mais o espera,
Porque porque ele sempre se atrasa.
Conjunção de
Exemplos:
Finalidade –
equivale a “para Considerando a ortografia e a acentuação da norma-
Não julgues porque não te padrão da língua portuguesa, as lacunas estão, correta e
que”, “a fim de
julguem. respectivamente, preenchidas por:
que”.
(A) mal ... por que ... intuíto
Função de (B) mau ... por que ... intuito
Exemplos:
substantivo (C) mau ... porque ... intuíto
– vem (D) mal ... porque ... intuito
Não é fácil encontrar o
acompanhado (E) mal ... por quê ... intuito
Porquê porquê de toda confusão.
de artigo ou
pronome
Dê-me um porquê de sua 04. Assinale a alternativa que preenche, correta e
saída. respectivamente, as lacunas do trecho a seguir, de acordo com
a norma-padrão.
Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenômeno da
1. Por que (pergunta) corrupção e das fraudes.
2. Porque (resposta) (A) a … concenso … acerca
3. Por quê (fim de frase: motivo) (B) há … consenso … acerca
4. O Porquê (substantivo) (C) a … concenso … a cerca
Emprego de outras palavras (D) a … consenso … há cerca
(E) há … consenço … a cerca
Senão: equivale a “caso contrário”, “a não ser”: Não fazia coisa
nenhuma senão criticar. 05. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam
Se não: equivale a “se por acaso não”, em orações adverbiais flexionadas de acordo com a norma-padrão.
condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
desta situação crítica. (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
Tampouco: advérbio, equivale a “também não”: Não (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
compareceu, tampouco apresentou qualquer justificativa. (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão
pouco esta semana. Respostas
01. D/02. B/03. D/4-B/5-D
Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios.
Traz - do verbo trazer. Acentuação

Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui. A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras
Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se compõe de
vultuosa e deformada. algumas particularidades, às quais devemos estar atentos,
Questões procurando estabelecer uma relação de familiaridade e,
consequentemente, colocando-as em prática na linguagem
01. Que mexer o esqueleto é bom para a saúde já virou escrita.

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APOSTILAS OPÇÃO
Regras básicas – Acentuação tônica Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, seguidas
de lo, la, los, las.
A acentuação tônica implica na intensidade com que são respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo
pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de
forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As Paroxítonas:
demais, como são pronunciadas com menos intensidade, são Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
denominadas de átonas. - i, is
táxi – lápis – júri
De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas - us, um, uns
como: vírus – álbuns – fórum
- l, n, r, x, ps
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps
última sílaba. - ã, ãs, ão, ãos
Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel ímã – ímãs – órfão – órgãos

Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica se - Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Repare que
evidencia na penúltima sílaba. essa palavra apresenta as terminações das paroxítonas que são
Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim
ficará mais fácil a memorização!
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica se
evidencia na antepenúltima sílaba. - ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de “s”.
Ex.: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
água – pônei – mágoa – jóquei
Como podemos observar, mediante todos os exemplos
mencionados, os vocábulos possuem mais de uma sílaba, mas Regras especiais:
em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente:
são os chamados monossílabos, que, quando pronunciados, Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” ( ditongos abertos),
apresentam certa diferenciação quanto à intensidade. que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com
a nova regra, mas desde que estejam em palavras paroxítonas.
Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos
em uma dada sequência de palavras. Assim como podemos Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma
observar no exemplo a seguir: palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
acentuados. Mas caso não forem ditongos perdem o acento.
“Sei que não vai dar em nada, seus segredos sei de cor”. Ex.:
Antes Agora
Os monossílabos em destaque classificam-se como tônicos;
assembléia assembleia
os demais, como átonos (que, em, de).
idéia ideia
jibóia jiboia
Os Acentos Gráficos
apóia (verbo apoiar) apoia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”, “i”, “u” e
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados
sobre o “e” do grupo “em” - indica que estas letras representam
ou não de “s”, haverá acento:
as vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns.
Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto. 
Ex.: herói – médico – céu(ditongos abertos)
Observação importante:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e
quando vierem depois de ditongo: Ex.:
“o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
Ex.: tâmara – Atlântico – pêssego – supôs
Antes Agora
bocaiúva bocaiuva
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
feiúra feiura
artigos e pronomes.
Ex.: à – às – àquelas – àqueles
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido.
Ex.:
trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi totalmente
abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras
Antes Agora
derivadas de nomes próprios estrangeiros.
crêem creem
Ex.: mülleriano (de Müller)
vôo voo
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais
- Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos que,
nasais.
no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais acento
Ex.: coração – melão – órgão – ímã
como antes: CRER, DAR, LER e VER.
Regras fundamentais:
Repare:
1-) O menino crê em você
Palavras oxítonas:
Os meninos creem em você.
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, “o”,
2-) Elza lê bem!
“em”, seguidas ou não do plural(s):
Todas leem bem!
Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s)
3-) Espero que ele dê o recado à sala.
Esperamos que os dados deem efeito!
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:
4-) Rubens vê tudo!
Eles veem tudo!
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, seguidos
ou não de “s”.
- Cuidado! Há o verbo vir:
Ex.: pá – pé – dó – há

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APOSTILAS OPÇÃO
Ele vem à tarde! mesmo motivo que:
Eles vêm à tarde! A) túnel
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando B) voluntário
seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: C) até
D) insólito
Ra-ul, ru-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz E) rótulos

Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem 04. Assinale a alternativa correta.
seguidas do dígrafo nh: A) “Contrário” e “prévias” são acentuadas por serem
ra-i-nha, ven-to-i-nha. paroxítonas terminadas em ditongo.
B) Em “interruptor” e “testaria” temos, respectivamente,
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem encontro consonantal e hiato.
precedidas de vogal idêntica: C) Em “erros derivam do mesmo recurso mental” as palavras
xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba grifadas são paroxítonas.
D) Nas palavras “seguida”, “aquele” e “quando” as partes
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com destacadas são dígrafos.
“u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” não E) A divisão silábica está correta em “co-gni-ti-va”, “p-si-có-
serão mais acentuadas. Ex.: lo-ga” e “a-ci-o-na”.

Antes Depois 05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO:


apazigúe (apaziguar) apazigue A) saúde
argúi (arguir) argui B) cooperar
C) ruim
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do D) creem
plural de: E) pouco
Respostas
ele tem – eles têm 1-B / 2-C / 3-B / 4-A / 5-E
ele vem – eles vêm (verbo vir)
V - Morfologia: estrutura
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter, e formação de palavras;
deter, abster. 
ele contém – eles contêm morfemas, afixos; processos de
ele obtém – eles obtêm formação de palavras; classes
ele retém – eles retêm gramaticais: identificação,
ele convém – eles convêm classificações e emprego.
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes
eram acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes Estrutura e formação das palavras
(regra do acento diferencial). Apenas em algumas exceções,
como: Observe as seguintes palavras:
escol-a
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do escol-ar
pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua escol-arização
sendo acentuada para diferenciar-se de pode (terceira escol-arizar
pessoa do singular do presente do indicativo). Ex: sub-escol-arização

Ela pode fazer isso agora. Percebemos que há um elemento comum a todas elas: a
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou... forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis,
responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se escolar
preposição por. pelo acréscimo do elemento destacável: ar.
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colocar”, Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas
então estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”; palavras que selecionamos, podemos depreender a existência
nos outros casos, “por” preposição. Ex: de diferentes elementos formadores. Cada um desses elementos
formadores é uma unidade mínima de significação, um elemento
Faço isso por você. significativo indecomponível, a que damos o nome de morfema.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Classificação dos morfemas:
Questões Radical
Há um morfema comum a todas as palavras que estamos
01. “Cadáver” é paroxítona, pois: analisando: escol-.
A) Tem a última sílaba como tônica. É esse morfema comum – o radical – que faz com que as
consideremos palavras de uma mesma família de significação –
B) Tem a penúltima sílaba como tônica. os cognatos. O radical é a parte da palavra responsável por sua
C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica. significação principal.
D) Não tem sílaba tônica.
Afixos
02. Assinale a alternativa correta. Como vimos, o acréscimo do morfema – ar - cria uma
A palavra faliu contém um: nova palavra a partir de escola. De maneira semelhante,
A) hiato o acréscimo dos morfemas sub e arização à forma escol
B) dígrafo criou  subescolarização. Esses morfemas recebem o nome de
C) ditongo decrescente afixos.
D) ditongo crescente Quando são colocados antes do radical, como acontece
com sub, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como
03. Em “O resultado da experiência foi, literalmente, arização, surgem depois do radical os afixos são chamados
aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada pelo de sufixos.

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APOSTILAS OPÇÃO
Prefixos e sufixos, além de operar mudança de classe  primeira conjug. segunda conjug. terceira conjug.
gramatical, são capazes de introduzir modificações de govern-a-va estabelec-e-sse defin-i-ra
significado no radical a que são acrescentados. atac-a-va cr-e-ra imped-i-sse
realiz-a-sse mex-e-rá g-i-mos
Desinências
Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como Vogal ou consoante de ligação 
amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam. Essas
modificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexionado As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que
em número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda ou surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo
terceira). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Temos um
do verbo (amava, amara, amasse, por exemplo). exemplo de vogal de ligação na palavra escolaridade: o - i - entre
Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam os sufixos -ar- e -dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros
as flexões das palavras. Esses morfemas sempre surgem no fim exemplos: gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira,
das palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há chaleira, tricota.
desinências nominais e desinências verbais.
Processos de formação de palavras:
Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos 1-) Composição
nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma opor as Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina. radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de composição;
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o justaposição e aglutinação.
morfema –s,  que indica o plural em oposição à ausência de 1.1-) Justaposição: ocorre quando os elementos que
morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas; formam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos:
menino/meninos; menina/meninas. Corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de 1.2-) Aglutinação:  ocorre quando os elementos que
plural assume a forma -es: formam o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde
mar/mares; sua integridade sonora: Aguardente (água + ardente), planalto
revólver/revólveres; (plano + alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre)
cruz/cruzes.
Derivação por acréscimo de afixos 
Desinências verbais: em nossa língua, as desinências É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivadas)
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que indicam pela anexação de afixos à palavra primitiva. A derivação pode
o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e aquelas que ser: prefixal, sufixal e parassintética.
indicam o número e a pessoa dos verbos (desinência número- 1-) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
pessoais): acréscimo de prefixo.
  cant-á-va-mos In------ --feliz        des----------leal
cant-á-sse-is Prefixo radical  prefixo radical
cant: radical
cant: radical 2-) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
-á-: vogal temática acréscimo de sufixo.
-á-: vogal temática Feliz---- mente    leal------dade
Radical sufixo   radical sufixo
-va-: desinência modo-temporal(caracteriza o pretérito
imperfeito do indicativo) 3-) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
-sse-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito simultâneo de prefixo e sufixo (não posso retirar o prefixo nem o
imperfeito do subjuntivo) sufixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não “existiria”).
-mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira Por parassíntese formam-se principalmente verbos.
pessoa do plural) En-- -----trist- ----ecer
-is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda Prefixo radical  sufixo
pessoa do plural)
en----- ---tard--- --ecer 
Vogal temática prefixo radical sufixo
Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais,
surge sempre o morfema –a. Outros tipos de derivação
Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado
de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que
o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temática) que se haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva e a
acrescentam as desinências. Tanto os verbos como os nomes derivação imprópria.
apresentam vogais temáticas.
1-) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, triste, base, de substantivos derivados de verbos. Exemplo: A pesca está
combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas proibida. (pescar). Proibida a caça. (caçar)
terminações são desinências indicadoras de gênero, pois a mesa,
escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a essas 2-) Derivação imprópria:  a palavra nova (derivada)
vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de plural: é obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra
mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais primitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas tão somente
tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam na classe gramatical.
vogal temática. Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê deriva
da conjunção porque)
Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam Seu olhar me fascina! (o verbo olhar tornou-se, aqui,
três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. substantivo)
Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira
conjugação; aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à Outros processos de formação de palavras:
segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem à - Hibridismo: é a palavra formada com elementos oriundos
terceira conjugação. de línguas diferentes.

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APOSTILAS OPÇÃO
automóvel (auto: grego; móvel: latim) Artigos Indefinidos:  determinam os substantivos
sociologia (socio: latim; logia: grego) de maneira vaga:  um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego) matei um animal.
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-
formacao-de-palavras-i.htm Combinação dos Artigos
É muito presente a combinação dos artigos definidos e
- Abreviação vocabular, cujo traço peculiar manifesta- indefinidos com preposições. Este quadro apresenta a forma
se por meio da eliminação de um segmento de uma palavra assumida por essas combinações:
no intuito de se obter uma forma mais reduzida, geralmente
aquelas mais longas. Vejamos alguns exemplos:  Preposições Artigos
metropolitano – metrô - o, os
extraordinário – extra
otorrinolaringologista – otorrino a ao, aos
telefone – fone de do, dos
pneumático – pneu
em no, nos
- Onomatopeia: Consiste em criar palavras, tentando por (per) pelo, pelos
imitar sons da natureza ou sons repetidos. Por exemplo: zum-
zum, cri-cri, tique-taque, pingue-pongue, blá-blá-blá. a, as um, uns uma, umas
  à, às - -
- Siglas: As siglas são formadas pela combinação das
letras iniciais de uma sequência de palavras que constitui um da, das dum, duns duma, dumas
nome. Por exemplo:IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e na, nas num, nuns numa, numas
Estatística); IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano).
As siglas escrevem-se com todas as letras maiúsculas, a não pela, pelas - -
ser que haja mais de três letras e  a sigla seja pronunciável sílaba
por sílaba. Por exemplo: Unicamp, Petrobras.  - As formas à e às indicam a fusão da preposição  a com o
  artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida
Questões por crase.

01. Assinale a opção em que todas as palavras se formam Constatemos as circunstâncias em que os artigos se
pelo mesmo processo: manifestam:
A) ajoelhar / antebraço / assinatura
B) atraso / embarque / pesca - Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do numeral
C) o jota / o sim / o tropeço “ambos”:
D) entrega / estupidez / sobreviver Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas.
E) antepor / exportação / sanguessuga
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do
02. A palavra “aguardente” formou-se por: artigo, outros não:
A) hibridismo São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia...
B) aglutinação
C) justaposição - Quando indicado no singular, o artigo definido pode indicar
D) parassíntese toda uma espécie:
E) derivação regressiva O trabalho dignifica o homem.

03. Que item contém somente palavras formadas por - No caso de nomes próprios personativos, denotando a ideia
justaposição? de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do artigo:
A) desagradável - complemente O Pedro é o xodó da família.
B) vaga-lume - pé-de-cabra
C) encruzilhada - estremeceu - No caso de os nomes próprios personativos estarem no
D) supersticiosa - valiosas plural, são determinados pelo uso do artigo:
E) desatarraxou - estremeceu Os Maias, os Incas, Os Astecas...

04. “Sarampo” é: - Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) para


A) forma primitiva conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo), o
B) formado por derivação parassintética pronome assume a noção de qualquer.
C) formado por derivação regressiva Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
D) formado por derivação imprópria Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
E) formado por onomatopeia (qualquer classe)

Respostas - Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo:


01. (B) / 2. (B) / 3. (B) / 4. (C) Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia de
Classes de Palavras aproximação numérica:
O máximo que ele deve ter é uns vinte anos.
Artigo
- O artigo também é usado para substantivar palavras
Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica oriundas de outras classes gramaticais:
se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida. Não sei o porquê de tudo isso.
Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o
número dos substantivos. - Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo
cujo (e flexões).
Classificação dos Artigos Este é o homem cujo amigo desapareceu.
Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira Este é o autor cuja obra conheço.
precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.

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APOSTILAS OPÇÃO
- Não se deve usar artigo antes das palavras casa (no sentido de adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais - quando essas
de lar, moradia) e terra (no sentido de chão firme), a menos que funções são desempenhadas por grupos de palavras. 
venham especificadas.
Eles estavam em casa. Classificação dos Substantivos
Eles estavam na casa dos amigos.
Os marinheiros permaneceram em terra. 1-  Substantivos Comuns e Próprios
Os marinheiros permanecem na terra dos anões. Observe a definição:

- Não se emprega artigo antes dos pronomes de tratamento, s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios,
com exceção de senhor(a), senhorita e dona. dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a sede de município
Vossa excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria. é cidade). 2. O centro de uma cidade (em oposição aos bairros).

- Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e
de revistas, jornais, obras literárias. edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada  cidade.
Li a notícia em O Estado de S. Paulo. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma
Morfossintaxe mesma espécie de forma genérica.
cidade, menino, homem, mulher, país, cachorro.
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas relações
com o substantivo. Assim, nas orações da língua portuguesa, Estamos voando para Barcelona.
o artigo exerce a função de adjunto adnominal do substantivo
a que se refere. Tal função independe da função exercida pelo O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie
substantivo: cidade. Esse substantivo é  próprio. Substantivo Próprio:  é
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma
A existência é uma poesia. particular.
Uma existência é a poesia.
Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
Questões
2 - Substantivos Concretos e Abstratos
01. Determine o caso em que o artigo tem valor qualificativo:
A) Estes são os candidatos que lhe falei. LÂMPADA MALA
B) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera.
C) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho. Os substantivos lâmpada e mala  designam seres com
D) Os problemas que o afligem não me deixam descuidado. existência própria, que são independentes de outros seres. São
E) Muito é a procura; pouca é a oferta. assim, substantivos concretos.
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe,
02. Em qual dos casos o artigo denota familiaridade? independentemente de outros seres.
A) O Amazonas é um rio imenso.
B) D. Manuel, o Venturoso, era bastante esperto.
C) O Antônio comunicou-se com o João. Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo
D) O professor João Ribeiro está doente. real e do mundo imaginário.
E) Os Lusíadas são um poema épico
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília,
03.Assinale a alternativa em que o uso do artigo está etc.
substantivando uma palavra. Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc.
A) A liberdade vai marcar a poesia social de Castro Alves.  
B) Leitor perspicaz é aquele que consegue ler as entrelinhas. Observe agora:
C) A navalha ia e vinha no couro esticado. Beleza exposta
D) Haroldo ficou encantado com o andar de bailado de Joana. Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
E) Bárbara dirigia os olhos para a lua encantada.
O substantivo beleza designa uma qualidade.
Respostas Substantivo Abstrato:  é aquele que designa seres que
1-B / 2-C / 3-D dependem de outros para se manifestar ou existir.
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser
Substantivo observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa
que seja bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar.
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo é Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato.
a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam Os substantivos abstratos designam estados, qualidades,
os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos,
também nomeiam: e sem os quais não podem existir.
-lugares: Alemanha, Porto Alegre... vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
-sentimentos: raiva, amor... (sentimento).  
-estados: alegria, tristeza...
-qualidades: honestidade, sinceridade... 3 - Substantivos Coletivos
-ações: corrida, pescaria... Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
abelha, mais outra abelha.
Morfossintaxe do substantivo Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário
exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra
como núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto abelha...
direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
como núcleo do complemento nominal ou do aposto, como No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular
núcleo do predicativo do sujeito ou do objeto ou como núcleo (enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie
do vocativo. Também encontramos substantivos como núcleos (abelhas).

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APOSTILAS OPÇÃO
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. - Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por
meio do artigo.
Substantivo Coletivo:  é o substantivo comum que, mesmo o colega e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
estando no singular, designa um conjunto de seres da mesma Saiba que:
espécie. - Substantivos de origem grega terminados em ema ou oma,
Formação dos Substantivos são masculinos.
Substantivos Simples e Compostos o axioma, o fonema, o poema, o sistema, o sintoma, o teorema.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero,
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. variam em seu significado.
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora) o
radical. É um substantivo simples. capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Simples:  é aquele formado por um único
elemento. Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora: a) Regra geral: troca-se a terminação -o por -a.
O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos aluno - aluna
(guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais b) Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
elementos. masculino.
Outros exemplos: beija-flor, passatempo. freguês - freguesa
 
Substantivos Primitivos e Derivados c) Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três
Meu limão meu limoeiro, formas:
meu pé de jacarandá... - troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de - troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
nenhum outro dentro de língua portuguesa.
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sultana
outra palavra da própria língua portuguesa.
O substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir d) Substantivos terminados em -or:
da palavra limão. - acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
Substantivo Derivado:  é aquele que se origina de outra - troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
palavra.
e) Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
Flexão dos substantivos cônsul - consulesa abade - abadessa poeta - poetisa
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável duque - duquesa conde - condessa profeta - profetisa
quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo,
pode sofrer variações para indicar: f) Substantivos que formam o feminino trocando o -e final
Plural: meninos por -a:
Feminino: menina elefante - elefanta
Aumentativo: meninão
Diminutivo: menininho g) Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e
no feminino:
Flexão de Gênero bode – cabra boi - vaca
Gênero  é a propriedade que as palavras têm de indicar
sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, h) Substantivos que formam o feminino de maneira especial,
há dois gêneros:  masculino  e  feminino. Pertencem ao isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
gênero masculino os substantivos que podem vir precedidos dos czar – czarina réu - ré
artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:
O velho e o mar Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
Um Natal inesquecível
Os reis da praia - Epicenos:
  Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre
vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar
A história sem fim o masculino e o feminino.
Uma cidade sem passado Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para
As tartarugas ninjas designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de
epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes de especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea.
A cobra macho picou o marinheiro.
Substantivos Biformes (= duas formas):  ao indicar nomes A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado
ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o Sobrecomuns:
masculino e outra para o feminino. Observe: gato – gata, homem Entregue as crianças à natureza.
– mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino,
quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma um possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que
única forma, que serve tanto para o masculino quanto para o se refere a palavra. Veja:
feminino. Classificam-se em: A criança chorona chamava-se João.
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos. A criança chorona chamava-se Maria.
a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré Outros substantivos sobrecomuns:
fêmea. a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas. criatura.
a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O
o indivíduo. cônjuge de Marcela faleceu

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APOSTILAS OPÇÃO
Comuns de Dois Gêneros: o edema
o magma
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez
que a palavra motorista é um substantivo uniforme. O restante Gênero dos Nomes de Cidades:
da notícia informa-nos de que se trata de um homem.
A distinção de gênero pode ser feita através da análise do Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo. A histórica Ouro Preto.
o colega - a colega A dinâmica São Paulo.
um jovem - uma jovem A acolhedora Porto Alegre.
artista famoso - artista famosa Uma Londres imensa e triste.

- A palavra personagem é usada indistintamente nos dois Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
gêneros.
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada Gênero e Significação:
preferência pelo masculino:
O menino descobriu nas nuvens os personagens dos contos de Muitos substantivos têm uma significação no masculino e
carochinha. outra no feminino.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: Observe:
O problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam
a personagem. o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
Não cheguei assim, nem era minha intenção, a criar uma movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à frente
personagem. de um bloco carnavalesco, manejando um bastão)
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
fotográfico Ana Belmonte. proibição de trânsito)

Observe o gênero dos substantivos seguintes: o cabeça (chefe)


a cabeça (parte do corpo)
Masculinos
o tapa o cisma (separação religiosa, dissidência)
o eclipse a cisma (ato de cismar, desconfiança)
o lança-perfume
o dó (pena) o cinza (a cor cinzenta)
o sanduíche a cinza (resíduos de combustão)
o clarinete
o champanha o capital (dinheiro)
o sósia a capital (cidade)
o maracajá
o clã o coma (perda dos sentidos)
o hosana a coma (cabeleira)
o herpes
o pijama o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro)
a coral (cobra venenosa)
Femininos
a dinamite o crisma (óleo sagrado, usado na administração da crisma e
a áspide de outros sacramentos)
a derme a crisma (sacramento da confirmação)
a hélice
a alcíone o cura (pároco)
a filoxera a cura (ato de curar)
a clâmide
a omoplata o estepe (pneu sobressalente)
a cataplasma a estepe (vasta planície de vegetação)
a pane
a mascote o guia (pessoa que guia outras)
a gênese a guia (documento, pena grande das asas das aves)
a entorse
a libido o grama (unidade de peso)
a grama (relva)
- São geralmente masculinos os substantivos de origem
grega terminados em -ma: o caixa (funcionário da caixa)
o grama (peso) a caixa (recipiente, setor de pagamentos)
o quilograma
o plasma o lente (professor)
o apostema a lente (vidro de aumento)
o diagrama
o epigrama o moral (ânimo)
o telefonema a moral (honestidade, bons costumes, ética)
o estratagema
o dilema o nascente (lado onde nasce o Sol)
o teorema a nascente (a fonte)
o apotegma
o trema
o eczema

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APOSTILAS OPÇÃO
Flexão de Número do Substantivo palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos

Em português, há dois números gramaticais: o singular, que c) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
indica um ser ou um grupo de seres, e formados de:
o plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres. A substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-
característica do plural é o “s” final. colônia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-
Plural dos Substantivos Simples vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como determinante
a) Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo
fazem o plural pelo acréscimo de “s”. anterior.
pai – pais ímã - ímãs hífen - hifens (sem acento, no palavra-chave - palavras-chave
plural). bomba-relógio - bombas-relógio
Exceção: cânon - cânones. notícia-bomba - notícias-bomba
homem-rã - homens-rã
b) Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em
“ns”. d) Permanecem invariáveis, quando formados de:
homem - homens. verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas
c) Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
pelo acréscimo de “es”. e) Casos Especiais
revólver – revólveres raiz - raízes o louva-a-deus e os louva-a-deus
Atenção: O plural de caráter é caracteres. o bem-te-vi e os bem-te-vis
o bem-me-quer e os bem-me-queres
d) Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se o joão-ninguém e os joões-ninguém.
no plural, trocando o “l” por “is”.
quintal - quintais caracol – caracóis hotel - hotéis Plural das Palavras Substantivadas
Exceções: mal e males, cônsul e cônsules.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes
e) Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as
maneiras: flexões próprias dos substantivos.
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis Pese bem os prós e os contras.
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. O aluno errou na prova dos noves.
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não
variam no plural.
f) Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas Nas provas mensais consegui muitos seis e alguns dez.
maneiras:
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo Plural dos Diminutivos
de “es”: ás – ases / retrós - retroses
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. acrescenta-se o sufixo diminutivo.
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
g) Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três animai(s) + zinhos = animaizinhos
maneiras. botõe(s) + zinhos = botõezinhos
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães farói(s) + zinhos = faroizinhos
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos tren(s) + zinhos = trenzinhos
h) Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o colhere(s) + zinhas = colherezinhas
látex - os látex. flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas
Plural dos Substantivos Compostos papéi(s) + zinhos = papeizinhos
A formação do plural dos substantivos compostos depende nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam funi(s) + zinhos = funizinhos
o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que pé(s) + zitos = pezitos
são grafados sem hífen comportam-se como os substantivos
simples: Plural dos Nomes Próprios Personativos
aguardente e aguardentes girassol e girassóis
pontapé e pontapés malmequer e malmequeres Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre
que a terminação preste-se à flexão.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são Os Napoleões também são derrotados.
ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões. As Raquéis e Esteres.
Algumas orientações são dadas a seguir:
Plural dos Substantivos Estrangeiros
a) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos como na língua original, acrescentando -se “s” (exceto quando
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens terminam em “s” ou “z”).
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras os shows os shorts os jazz
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com
b) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando as regras de nossa língua:
formados de: os clubes os chopes
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas os jipes os esportes
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto- as toaletes os bibelôs
falantes os garçons os réquiens

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APOSTILAS OPÇÃO
Observe o exemplo: (C) guarda-noturno.
Este jogador faz gols toda vez que joga. (D) célula-tronco.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. (E) sem-vergonha.

Plural com Mudança de Timbre 02. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam
flexionadas de acordo com a norma-padrão.
Certos substantivos formam o plural com mudança de (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
chamado metafonia (plural metafônico). (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
Singular Plural Singular Plural
corpo (ô) corpos (ó) osso (ô) ossos (ó) 03. Indique a alternativa em que a flexão do substantivo está
esforço esforços ovo ovos errada:
fogo fogos poço poços A) Catalães.
forno fornos porto portos B) Cidadãos.
fosso fossos posto postos C) Vulcães.
imposto impostos rogo rogos D) Corrimões.
olho olhos tijolo tijolos Respostas
1-D / 2-D / 3-C
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
Adjetivo
esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
molho (ó) = feixe (molho de lenha).
característica do ser e se relaciona com o substantivo.
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser colocada ao
lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa
a) Há substantivos que só se usam no singular:
bondosa.
o sul, o norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade,
não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade,
b) Outros só no plural:
moça bondade, pessoa bondade. 
as núpcias, os víveres, os pêsames, as espadas/os paus
Bondade, portanto, não é adjetivo, mas substantivo.
(naipes de baralho), as fezes.

c) Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular:


Morfossintaxe do Adjetivo:
bem (virtude) e bens (riquezas)
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro
honra (probidade, bom nome) e honras (homenagem,
de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como adjunto
títulos)
adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
d) Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com
Adjetivo Pátrio
sentido de plural:
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe
Aqui morreu muito negro.
alguns deles:
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
Estados e cidades brasileiros:
improvisadas.

Flexão de Grau do Substantivo Alagoas alagoano


Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as
Amapá amapaense
variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
Aracaju aracajuano ou aracajuense
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado
Amazonas amazonense ou baré
normal. Por exemplo: casa
Belo Horizonte belo-horizontino
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser.
Brasília brasiliense
Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que Cabo Frio cabo-friense
indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Campinas campineiro ou campinense
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
aumento. Por exemplo: casarão.
Adjetivo Pátrio Composto 
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser. Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
Pode ser: elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que Observe alguns exemplos:
indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. África afro- / Por exemplo: Cultura afro-americana
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
diminuição. Por exemplo: casinha. Alemanha germano- ou teuto- / Por exemplo:
Competições teuto-inglesas
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php América américo- / Por exemplo: Companhia
américo-africana
Questões
Bélgica belgo- / Por exemplo: Acampamentos belgo-
01. A flexão de número do termo “preços-sombra” também franceses
ocorre com o plural de China sino- / Por exemplo: Acordos sino-japoneses
(A) reco-reco.
(B) guarda-costa.

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APOSTILAS OPÇÃO
todo o adjetivo composto ficará invariável. Por exemplo:  a
Espanha hispano- / Por exemplo: Mercado hispano-
palavra rosa é originalmente um substantivo, porém, se estiver
português
qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso se
Europa euro- / Por exemplo: Negociações euro- ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto;
americanas como é um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro
ficará invariável. Por exemplo:
França franco- ou galo- / Por exemplo: Reuniões
franco-italianas
Camisas rosa-claro.
Grécia greco- / Por exemplo: Filmes greco-romanos Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
Inglaterra anglo- / Por exemplo: Letras anglo-
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
portuguesas
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Itália ítalo- / Por exemplo: Sociedade ítalo-
portuguesa Observe
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo
Japão nipo- / Por exemplo: Associações nipo-
composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis.
brasileiras
- O adjetivo composto pele-vermelha têm os dois elementos
Portugal luso- / Por exemplo: Acordos luso-brasileiros flexionados.

Flexão dos adjetivos Grau do Adjetivo

O adjetivo varia em gênero, número e grau. Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a
intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo:
Gênero dos Adjetivos o comparativo e o superlativo.

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem Comparativo


(masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos,
classificam-se em:  Nesse grau, comparam-se a mesma característica
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais características
outra para o feminino. atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade,
de superioridade ou de inferioridade. Observe os exemplos
Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu e judia. abaixo:

Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino 1) Sou tão alto como você.  = Comparativo de Igualdade
somente o último elemento. No comparativo de igualdade, o segundo termo da
Por exemplo: o moço norte-americano, a moça norte- comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.
americana. 
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como 2) Sou  mais alto  (do) que  você.  = Comparativo de
para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz. Superioridade Analítico
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no No comparativo de superioridade analítico, entre os dois
feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença substantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é
político-social. analítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”.

Número dos Adjetivos 3) O Sol é  maior (do) que  a Terra.  = Comparativo de


Superioridade Sintético
Plural dos adjetivos simples
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim.
simples.
Por exemplo: São eles:
mau e maus bom-melhor
feliz e felizes pequeno-menor
ruim e ruins mau-pior
boa e boas alto-superior
grande-maior
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função baixo-inferior
de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver
qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, Observe que: 
ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra  cinza  é a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade,
originalmente um substantivo; porém, se estiver qualificando pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente.
um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
Logo: camisas cinza, ternos cinza. (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas
Veja outros exemplos: entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar
as formas analíticas mais bom, mais mau, mais grande e mais
Motos vinho (mas: motos verdes) pequeno.
Paredes musgo (mas: paredes brancas). Por exemplo: Pedro é maior do que Paulo - Comparação de
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). dois elementos.
Pedro é  mais grande  que pequeno -  comparação de duas
Adjetivo Composto qualidades de um mesmo elemento.

É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, 4) Sou  menos alto  (do) que  você.  = Comparativo de
esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento Inferioridade
concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam Sou menos passivo (do) que tolerante.
na forma masculina, singular. Caso um dos elementos que
formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado,

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APOSTILAS OPÇÃO
Superlativo seus desejos.
A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os que
O superlativo expressa qualidades num grau muito tiveram a personalidade formada num ambiente desfavorável ao
elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser desenvolvimento psicológico pleno.
absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades: A revisão de estudos científicos permite identificar três
Superlativo Absoluto:  ocorre quando a qualidade de um fatores principais na formação das personalidades com maior
ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se inclinação ao comportamento violento:
nas formas: 1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos,
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O 2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
secretário é muito inteligente. transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não
Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de lhes impuseram limites de disciplina.
sufixos. 3) Associação com grupos de jovens portadores de
Por exemplo: comportamento antissocial.
O secretário é inteligentíssimo. Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de crianças
que se enquadram nessas três condições de risco. Associados à
Observe alguns superlativos sintéticos:  falta de acesso aos recursos materiais, à desigualdade social,
esses fatores de risco criam o caldo de cultura que alimenta a
violência crescente nas cidades.
benéfico beneficentíssimo Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a
bom boníssimo ou ótimo resposta do aprisionamento. Porém, seu efeito é passageiro: o
criminoso fica impedido de delinquir apenas enquanto estiver
comum comuníssimo preso.
cruel crudelíssimo Ao sair, estará mais pobre, terá rompido laços familiares
e sociais e dificilmente encontrará quem lhe dê emprego. Ao
difícil dificílimo mesmo tempo, na prisão, terá criado novas amizades e conexões
doce dulcíssimo mais sólidas com o mundo do crime.
Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ainda.
fácil facílimo Obrigados a optar por uma repressão policial mais ativa,
fiel fidelíssimo aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias continuarão
superlotadas.
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser Seria mais sensato investir em educação, para prevenir a
é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação criminalidade e tratar os que ingressaram nela.
pode ser: Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo.
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala. Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar os
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala. policiais a executar sua função com dignidade, criar leis que
acabem com a impunidade dos criminosos bem-sucedidos e
construir cadeias novas para substituir as velhas.
Note bem: Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medidas
1)  O superlativo absoluto analítico é expresso por meio preventivas para que os pais evitem ter filhos que não serão
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade de integrá-los
antepostos ao adjetivo. na sociedade por meio da educação formal de bom nível, das
2)  O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas práticas esportivas e da oportunidade de desenvolvimento
formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem artístico.
vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo
latino +  um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: (Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adaptado)
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo.
A forma popular é constituída do radical do adjetivo Em – características epidêmicas –, o adjetivo epidêmicas
português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. corresponde a – características de epidemias.
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo, Assinale a alternativa em que, da mesma forma, o adjetivo
necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas em destaque corresponde, corretamente, à expressão indicada.
seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável A) água fluvial – água da chuva.
hiato i-í. B) produção aurífera – produção de ouro.
Questões C) vida rupestre – vida do campo.
D) notícias brasileiras – notícias de Brasília.
01. Leia o texto a seguir. E) costela bovina – costela de porco.

Violência epidêmica 02.Não se pluraliza os adjetivos compostos abaixo, exceto:


A) azul-celeste
A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora B) azul-pavão
possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as classes C) surda-muda
sociais, é nos bairros pobres que ela adquire características D) branco-gelo
epidêmicas.
A prevalência varia de um país para outro e entre as cidades 03.Assinale a única alternativa em que os adjetivos não
de um mesmo país, mas, como regra, começa nos grandes estão no grau superlativo absoluto sintético:
centros urbanos e se dissemina pelo interior. A) Arquimilionário/ ultraconservador;
As estratégias que as sociedades adotam para combater a B) Supremo/ ínfimo;
violência variam muito e a prevenção das causas evoluiu muito C) Superamigo/ paupérrimo;
pouco no decorrer do século 20, ao contrário dos avanços D) Muito amigo/ Bastante pobre
ocorridos no campo das infecções, câncer, diabetes e outras
enfermidades. Respostas
A agressividade impulsiva é consequência de perturbações 1-B / 2-C / 3-D
nos mecanismos biológicos de controle emocional. Tendências
agressivas surgem em indivíduos com dificuldades adaptativas
que os tornam despreparados para lidar com as frustrações de

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APOSTILAS OPÇÃO
Pronome - 2ª pessoa do singular: tu
- 3ª pessoa do singular: ele, ela
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele - 1ª pessoa do plural: nós
se refere, ou ainda, que acompanha o nome qualificando-o de - 2ª pessoa do plural: vós
alguma forma. - 3ª pessoa do plural: eles, elas
A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
[substituição do nome] Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como
complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi
A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita! ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”,
[referência ao nome] comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua
formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os
Essa moça morava nos meus sonhos! pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a
[qualificação do nome] na praça”, “Trouxeram-me até aqui”.
Grande parte dos pronomes não possuem significados Obs.: frequentemente observamos a  omissão  do pronome
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas
um contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do
daquilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no verbo indicadas pelo pronome reto.
ato da comunicação. Com exceção dos pronomes interrogativos Fizemos boa viagem. (Nós)
e indefinidos, os demais pronomes têm por função principal
apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, Pronome Oblíquo
indicando-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
dessa característica, os pronomes apresentam uma forma Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença,
específica para cada pessoa do discurso. exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou 
indireto) ou complemento nominal.
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala] diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca
o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. oração.
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis  em gênero (masculino ou feminino) e em número Pronome Oblíquo Átono
(singular ou plural). Assim, espera-se que a referência através
do pronome seja coerente em termos de gênero e número São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são
(fenômeno da concordância) com o seu objeto, mesmo quando precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica  fraca.
este se apresenta ausente no enunciado. Ele me deu um presente.

Fala-se de Roberta. Ele  quer participar do desfile O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
da nossa escola neste ano. - 1ª pessoa do singular (eu): me
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância - 2ª pessoa do singular (tu): te
adequada] - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
[neste: pronome que determina “ano” = concordância - 1ª pessoa do plural (nós): nos
adequada] - 2ª pessoa do plural (vós): vos
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
inadequada]
Observações:
Existem seis tipos de pronomes:  pessoais, possessivos, O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o
pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar
Pronomes Pessoais diretamente uma preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a
função de objeto indireto na oração.
São aqueles que substituem os substantivos, indicando
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, diretos como objetos indiretos.
“você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
“eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de objetos diretos.
quem fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções Saiba que:
que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se
oblíquo. com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo,
mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, no-
Pronome Reto la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas formas
nos exemplos que seguem:
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença,
exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
Nós lhe ofertamos flores. - Trouxeste o pacote? - Não contaram a novidade a
vocês?
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero - Sim, entreguei-to ainda há - Não, no-la contaram.
(apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal pouco.
flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o
quadro dos pronomes retos é assim configurado: No português do Brasil, essas combinações não são usadas;
- 1ª pessoa do singular: eu até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro. 

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APOSTILAS OPÇÃO
Atenção: O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais depois
de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em -z, - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
-s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo Eu não me vanglorio disso.
tempo que a terminação verbal é suprimida. Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
Por exemplo: fiz + o = fi-lo
fazei + o = fazei-os - 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.
dizer + a = dizê-la Assim tu te prejudicas.
Conhece a ti mesmo.
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume
as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: - 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
viram + o: viram-no Guilherme já se preparou.
repõe + os = repõe-nos Ela deu a si um presente.
retém + a: retém-na Antônio conversou consigo mesmo.
tem + as = tem-nas
- 1ª pessoa do plural (nós): nos.
Pronome Oblíquo Tônico Lavamo-nos no rio.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre
precedidos por preposições, em geral as preposições a, para, de - 2ª pessoa do plural (vós): vos.
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim - 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
configurado: Eles se conheceram.
Elas deram a si um dia de folga.
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo A Segunda Pessoa Indireta
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas interlocutor ( portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na
terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento,
Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico que podem ser observados no quadro seguinte:
são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais
repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. Pronomes de Tratamento
- As preposições essenciais introduzem sempre pronomes
pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
pronomes costumam ser usados desta forma: Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Não há mais nada entre mim e ti. Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. oficiais-generais
Não há nenhuma acusação contra mim. Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de
Não vá sem mim. universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Atenção: Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Há construções em que a preposição, apesar de surgir Vossa Santidade V. S. Papa
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração cujo Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento
verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito cerimonioso
expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso Vossa Onipotência V. O. Deus
reto.
Também são pronomes de tratamento o senhor, a
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados
Não vá sem eu mandar. no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento
familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
- A combinação da preposição  “com” e alguns pronomes do Brasil; em algumas regiões, a forma  tu  é de uso frequente;
originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
frequentemente exercem a função de  adjunto adverbial de
companhia. Observações:
Ele carregava o documento consigo. a) Vossa Excelência X Sua Excelência:  os pronomes de
tratamento que possuem “Vossa (s)”  são empregados em
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por “com relação à pessoa com quem falamos.
nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são reforçados Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este
por palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou encontro.
algum numeral. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o
Você terá de viajar com nós todos. Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias.
Ele disse que iria com nós três. - Os pronomes de tratamento representam uma forma
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
Pronome Reflexivo tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração.
Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo b)  3ª pessoa:  embora os pronomes de tratamento dirijam-
verbo. se à  2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª

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APOSTILAS OPÇÃO
pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou
pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar discurso.
na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, No espaço:
para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos. Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro
está perto da pessoa que fala.
c) Uniformidade de Tratamento:  quando escrevemos ou Compro esse carro (aí). O pronome  esse  indica que o carro
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, fala.
por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro
poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo.
na terceira pessoa.  
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus Atenção:  em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto
cabelos. (errado) por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro
cabelos. (correto) localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus ao destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade.
cabelos. (correto)
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar
Pronomes Possessivos informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade
destinatária).
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical Reafirmamos a disposição  desta  universidade em participar
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que
possuída). envia a mensagem).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)
No tempo:
Observe o quadro: Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se refere
ao ano presente.
Número Pessoa Pronome Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere a
singular primeira meu(s), minha(s) um passado próximo.
Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se
singular segunda teu(s), tua(s) referindo a um passado distante.
singular terceira seu(s), sua(s)  
- Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
plural primeira nosso(s), nossa(s) invariáveis, observe:
plural segunda vosso(s), vossa(s)
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s).
plural terceira seu(s), sua(s) Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e puderem
o objeto possuído. ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
difícil. Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que
te indiquei.)
Observações: - mesmo(s), mesma(s):
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da - próprio(s), própria(s):
alteração fonética da palavra senhor. Os próprios alunos resolveram o problema.
- Muito obrigado, seu José.
- semelhante(s):
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. Não compre semelhante livro.
Podem ter outros empregos, como: - tal, tais:
a) indicar afetividade. Tal era a solução para o problema.
- Não faça isso, minha filha.
b) indicar cálculo aproximado. Note que:
Ele já deve ter seus 40 anos.
c) atribuir valor indefinido ao substantivo. a)  Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em
Marisa tem lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. construções redundantes, com finalidade expressiva, para
salientar algum termo anterior. Por exemplo:
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o Manuela, essa é que dera em cheio casando com o José Afonso.
pronome possessivo fica na 3ª pessoa. Desfrutar das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
Vossa Excelência trouxe sua mensagem? b)  O pronome demonstrativo neutro  ou  pode representar
um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto.
concorda com o mais próximo. O casamento seria um desastre. Todos o pressentiam.
Trouxe-me seus livros e anotações. c)  Para evitar a repetição de um verbo anteriormente
expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer,
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes
átonos assumem valor de possessivo. de).
Vou seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos.) Ninguém teve coragem de falar antes que ela o fizesse.
d)  Em frases como a seguinte,  este  se refere à pessoa
Pronomes Demonstrativos mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro
lugar.
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a O referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos;
posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. aquele casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado]

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e) O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica. vezes dependem a solidez e a consistência dos argumentos
A menina foi a tal que ameaçou o professor? expostos. Observe nas frases seguintes a força que os pronomes
f) Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com indefinidos destacados imprimem às afirmações de que fazem
pronome demonstrativo:  àquele, àquela, deste, desta, disso, parte:
nisso, no, etc. Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo) prático.
Certas  pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
Pronomes Indefinidos pessoas quaisquer.

São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso, Pronomes Relativos


dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade
indeterminada. São aqueles que representam nomes já mencionados
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém- anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as
plantadas. orações subordinadas adjetivas.
Não é difícil perceber que  “alguém”  indica uma pessoa O racismo é um sistema  que  afirma a superioridade de um
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma grupo racial sobre outros.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano (afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros =
que seguramente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou oração subordinada adjetiva).
não se quer revelar.  O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e
introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema”
Classificam-se em: é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome
- Pronomes Indefinidos Substantivos:  assumem o lugar demonstrativo o, a, os, as.
do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São Não sei o que você está querendo dizer.
eles:  algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
outrem, quem, tudo. expresso.
Algo o incomoda? Quem casa, quer casa.
Quem avisa amigo é.
Observe:
- Pronomes Indefinidos Adjetivos:  qualificam um ser Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais,
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas.
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Cada povo tem seus costumes.
Certas pessoas exercem várias profissões. Note que:
a)  O pronome  “que”  é o relativo de mais largo emprego,
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído
pronomes indefinidos adjetivos: por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), um substantivo.
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)

Menos palavras e mais ações. b)  O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
Alguns se contentam pouco. pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para
verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter
Os pronomes indefinidos podem ser divididos várias classificações) são pronomes relativos. Todos eles são
em variáveis e invariáveis. Observe: usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza
ou depois de determinadas preposições:
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto,
outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o
tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, geraria
todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, ambiguidade.)
nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo, Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
cada. dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)

São  locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um, c) O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja quem for, refere a uma oração.
seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou
qual, um ou outro, uma ou outra, etc. Não chegou a ser padre, mas deixou de ser poeta, que era a
Cada um escolheu o vinho desejado. sua vocação natural.

Indefinidos Sistemáticos d) O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente,


mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais,
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, das quais.
percebemos que existem alguns grupos que criam oposição
de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo; (antecedente) (consequente)
todo/tudo,  que indicam uma totalidade afirmativa, e  nenhum/
nada, que indicam uma totalidade negativa; alguém/ninguém, e) “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente
que se referem à pessoa, e  algo/nada, que se referem à coisa; um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
certo, que particulariza, e qualquer, que generaliza.
Essas oposições de sentido são muito importantes na Emprestei tantos quantos foram necessários.
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas (antecedente)

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APOSTILAS OPÇÃO
Ele fez tudo quanto havia falado. Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos:
(antecedente) os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente
dos segundos que são sempre precedidos de preposição.
f)  O pronome  “quem” se refere a pessoas e vem sempre - Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu
precedido de preposição. estava fazendo.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que
É um professor a quem muito devemos. eu estava fazendo.
(preposição)
Questões
g)  “Onde”, como pronome relativo, sempre possui
antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar. 01. Observe as sentenças abaixo.
A casa onde morava foi assaltada. I. Esta é a professora de cuja aula todos os alunos gostam.
II. Aquela é a garota com cuja atitude discordei - tornamo-
h) Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em nos inimigas desde aquele episódio.
que. III. A criança cuja a família não compareceu ficou inconsolável.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no
exterior. O pronome ‘cuja’ foi empregado de acordo com a norma
culta da língua portuguesa em:
i) Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras: (A) apenas uma das sentenças
- como (= pelo qual) (B) apenas duas das sentenças.
Não me parece correto o modo como você agiu semana (C) nenhuma das sentenças.
passada. (D) todas as sentenças.
- quando (= em que)
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame. 02. Um estudo feito pela Universidade de Michigan constatou
que o que mais se faz no Facebook, depois de interagir com
j)  Os pronomes relativos permitem reunir duas orações amigos, é olhar os perfis de pessoas que acabamos de conhecer.
numa só frase. Se você gostar do perfil, adicionará aquela pessoa, e estará
O futebol é um esporte. formado um vínculo. No final, todo mundo vira amigo de todo
O povo gosta muito deste esporte. mundo. Mas, não é bem assim. As redes sociais têm o poder de
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. transformar os chamados elos latentes (pessoas que frequentam
o mesmo ambiente social, mas não são suas amigas) em elos
k)  Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode fracos – uma forma superficial de amizade. Pois é, por mais
ocorrer a elipse do relativo “que”. que existam exceções _______qualquer regra, todos os estudos
A sala estava cheia de gente que conversava, (que) ria, mostram que amizades geradas com a ajuda da Internet são
(que) fumava. mais fracas, sim, do que aquelas que nascem e se desenvolvem
fora dela.
Pronomes Interrogativos
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito
ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem- geralmente são parecidos com você: pertencem ao mesmo
se à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos fracos, não. Eles
interrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações). transitam por grupos diferentes do seu e, por isso, podem lhe
apresentar novas pessoas e ampliar seus horizontes – gerando
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. uma renovação de ideias que faz bem a todos os relacionamentos,
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas inclusive às amizades antigas. O problema é que a maioria das
preferes. redes na Internet é simétrica: se você quiser ter acesso às
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos informações de uma pessoa ou mesmo falar reservadamente com
passageiros desembarcaram. ela, é obrigado a pedir a amizade dela. Como é meio grosseiro
dizer “não” ________ alguém que você conhece, todo mundo acaba
Sobre os pronomes: adicionando todo mundo. E isso vai levando ________ banalização
do conceito de amizade.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de É verdade. Mas, com a chegada de sítios como o Twitter, ficou
sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando diferente. Esse tipo de sítio é uma rede social completamente
desempenha função de complemento. Vamos entender, assimétrica. E isso faz com que as redes de “seguidores” e
primeiramente, como o pronome pessoal surge na frase e que “seguidos” de alguém possam se comunicar de maneira muito
função exerce. Observe as orações: mais fluida. Ao estudar a sua própria rede no Twitter, o sociólogo
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. Nicholas Christakis, da Universidade de Harvard, percebeu
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia ajudá- que seus amigos tinham começado a se comunicar entre si
lo. independentemente da mediação dele. Pessoas cujo único ponto
em comum era o próprio Christakis acabaram ficando amigas.
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” No Twitter, eu posso me interessar pelo que você tem a dizer e
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. começar a te seguir. Nós não nos conhecemos.
Mas você saberá quando eu o retuitar ou mencionar seu
Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo nome no sítio, e poderá falar comigo. Meus seguidores também
função de complemento, e, consequentemente, é do caso oblíquo. podem se interessar pelos seus tuítes e começar a seguir você.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, Em suma, nós continuaremos não nos conhecendo, mas as
o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a pessoas que estão ________ nossa volta podem virar amigas entre
segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia si.
ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe). Adaptado de: COSTA, C. C.. Disponível em:
Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do <http://super.abril.com.br/cotidiano/como-internet-
pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo estamudando-amizade-619645.shtml>.
“ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou
entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”) Considere as seguintes afirmações sobre a relação que se
estiver no infinitivo ou gerúndio. estabelece entre algumas palavras do texto e os elementos a que
Eu desejo lhe perguntar algo. se referem.
Eu estou perguntando-lhe algo. I. No segmento que nascem, a palavra que se refere a
amizades.

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II. O segmento elos fracos retoma o segmento uma forma falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
superficial de amizade.
III. Na frase Nós não nos conhecemos, o pronome Nós refere- d)  Desinência número-pessoal:  é o elemento que designa
se aos pronomes eu e você. a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou
plural).
Quais estão corretas? falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
(A) Apenas I. falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
(B) Apenas II.
(C) Apenas III. Observação:  o verbo pôr, assim como seus derivados
(D) Apenas I e II. (compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a
(E) I, II e III. forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver
desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do
03. Observe a charge a seguir. verbo: põe, pões, põem, etc.

Formas Rizotônicas e Arrizotônicas

Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos


verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com
facilidade que nas formas rizotônicas, o acento tônico cai no
radical do verbo: opino, aprendam,  nutro, por exemplo. Nas
formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim
na terminação verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos.

Classificação dos Verbos

Classificam-se em:
a) Regulares:  são aqueles que possuem as desinências
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações
Em relação à charge acima, assinale a afirmativa inadequada. no radical.
(A) A fala do personagem é uma modificação intencional de
uma fala de Cristo. Por exemplo: canto     cantei      cantarei     cantava      cantasse
(B) As duas ocorrências do pronome “eles” referem-se a b) Irregulares:  são aqueles cuja flexão provoca alterações
pessoas distintas. no radical ou nas desinências.
(C) A crítica da charge se dirige às autoridades políticas no Por exemplo: faço     fiz      farei     fizesse
poder. c) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação
(D) A posição dos braços do personagem na charge repete a completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais.
de Cristo na cruz.
(E) Os elementos imagísticos da charge estão distribuídos de - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito.
forma equilibrada. Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
Respostas principais verbos impessoais são:
01. A\02. E\03. B a) haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se
ou fazer (em orações temporais).
Verbo Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Verbo  é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover);
ocorrência (nascer); desejo (querer). b) fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
possíveis significados. Observe que palavras como corrida, Era primavera quando a conheci.
chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns Estava frio naquele dia.
verbos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as
possibilidades de flexão que esses verbos possuem. c) Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
Estrutura das Formas Verbais escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal-
humorado”, usa-se o verbo  “amanhecer”  em sentido figurado.
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado,
apresentar os seguintes elementos: deixa de ser impessoal para ser pessoal.
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
a)  Radical:  é a parte invariável, que expressa o significado Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
essencial do verbo. Por exemplo: Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-)
d) São impessoais, ainda:
b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo.
conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r Ex.: Já passa das seis.
2. os verbos  bastar  e  chegar, seguidos da preposição  de,
São três as conjugações: indicando suficiência. Ex.: 
1ª - Vogal Temática - A - (falar) Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
2ª - Vogal Temática - E - (vender) 3. os verbos  estar  e  ficar  em orações tais como  Está bem,
3ª - Vogal Temática - I - (partir) Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal,  sem referência
a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso,
c) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o classificar o sujeito como  hipotético, tornando-se, tais verbos,
tempo e o modo do verbo. então, pessoais.
Por exemplo: 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) possível”. Por exemplo:

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APOSTILAS OPÇÃO
Não deu para chegar mais cedo. Por exemplo: 
Dá para me arrumar uns trocados?
Ir Pôr Ser Saber
- Unipessoais:  são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se vou ponho sou sei
apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. vais pus és sabes
A fruta amadureceu. ides pôs fui soube
As frutas amadureceram. fui punha foste saiba
foste seja
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos
pessoais na linguagem figurada:
f) Auxiliares
Teu irmão amadureceu bastante.
São aqueles que entram na formação dos tempos
Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de
compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando
animais; eis alguns:
acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas
bramar: tigre
nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
bramir: crocodilo
                        
cacarejar: galinha
  Vou                       espantar           as          moscas.
coaxar: sapo
(verbo auxiliar)       (verbo principal no infinitivo)
cricrilar: grilo
Está                    chegando            a         hora     do    debate.
Os principais verbos unipessoais são:
(verbo auxiliar)      (verbo principal no gerúndio)                 
1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer,
                   
ser (preciso, necessário, etc.).
Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e
Cumpre  trabalharmos bastante. (Sujeito:  trabalharmos
haver.
bastante.)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
Conjugação dos Verbos Auxiliares
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da
SER - Modo Indicativo
conjunção que.
Presente: eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são.
Faz  dez anos que deixei de fumar. (Sujeito:  que deixei de
Pretérito Imperfeito: eu era, tu eras, ele era, nós éramos,
fumar.)
vós éreis, eles eram.
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia.
Pretérito Perfeito Simples: eu fui, tu foste, ele foi, nós
(Sujeito: que não vejo Cláudia)
fomos, vós fostes, eles foram.
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
Pretérito Perfeito Composto: tenho sido.
Mais-que-perfeito simples: eu fora, tu foras, ele fora, nós
- Pessoais:  não apresentam algumas flexões por motivos
fôramos, vós fôreis, eles foram.
morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha sido.
verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do
Futuro do Pretérito simples: eu seria, tu serias, ele seria,
indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que
nós seríamos, vós seríeis, eles seriam.
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos
Futuro do Pretérito Composto: terei sido.
contextos.
Futuro do Presente: eu serei, tu serás, ele será, nós seremos,
verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do
vós sereis, eles serão.
indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade
Futuro do Pretérito Composto: Teria sido.
considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas
razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas
SER - Modo Subjuntivo
verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é
o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a
Presente: que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que nós
popularização da informática, tem sido conjugado em todos os
sejamos, que vós sejais, que eles sejam.
tempos, modos e pessoas.
Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele fosse,
se nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem.
d) Abundantes:  são aqueles que possuem mais de uma
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse sido.
forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma
Futuro Simples: quando eu for, quando tu fores, quando ele
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares
for, quando nós formos, quando vós fordes, quando eles forem.
terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas
Futuro Composto: tiver sido.
curtas (particípio irregular). Observe:
SER - Modo Imperativo
Infinitivo Particípio regular Particípio irregular
Imperativo Afirmativo: sê tu, seja ele, sejamos nós, sede
vós, sejam eles.
Anexar Anexado Anexo Imperativo Negativo: não sejas tu, não seja ele, não sejamos
Dispersar Dispersado Disperso nós, não sejais vós, não sejam eles.
Infinitivo Pessoal: por ser eu, por seres tu, por ser ele, por
Eleger Elegido Eleito sermos nós, por serdes vós, por serem eles.
Envolver Envolvido Envolto
SER - Formas Nominais
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto Formas Nominais
Infinitivo: ser
Morrer Morrido Morto Gerúndio: sendo
Pegar Pegado Pego Particípio: sido
Soltar Soltado Solto Infinitivo Pessoal : ser eu, seres tu, ser ele, sermos
nós, serdes vós, serem eles.
e) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical
em sua conjugação.

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APOSTILAS OPÇÃO
ESTAR - Modo Indicativo HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente: eu estou, tu estás, ele está, nós estamos, vós estais, Modo Subjuntivo
eles estão. Presente: que eu haja, que tu hajas, que ele haja, que nós
Pretérito Imperfeito: eu estava, tu estavas, ele estava, nós hajamos, que vós hajais, que eles hajam.
estávamos, vós estáveis, eles estavam. Pretérito Imperfeito: se eu houvesse, se tu houvesses, se
Pretérito Perfeito Simples: eu estive, tu estiveste, ele ele houvesse, se nós houvéssemos, se vós houvésseis, se eles
esteve, nós estivemos, vós estivestes, eles estiveram. houvessem.
Pretérito Perfeito Composto: tenho estado. Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse havido.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu estivera, tu Futuro Simples: quando eu houver, quando tu houveres,
estiveras, ele estivera, nós estivéramos, vós estivéreis, eles quando ele houver, quando nós houvermos, quando vós
estiveram. houverdes, quando eles houverem.
Pretérito Mais-que-perfeito Composto: tinha estado Futuro Composto: tiver havido.
Futuro do Presente Simples: eu estarei, tu estarás, ele
estará, nós estaremos, vós estareis, eles estarão. Modo Imperativo
Futuro do Presente Composto: terei estado. Imperativo Afirmativo: haja ele, hajamos nós, havei vós,
Futuro do Pretérito Simples: eu estaria, tu estarias, ele hajam eles.
estaria, nós estaríamos, vós estaríeis, eles estariam. Imperativo Negativo: não hajas tu, não haja ele, não
Futuro do Pretérito Composto: teria estado. hajamos nós, não hajais vós, não hajam eles.
Infinitivo Pessoal: por haver eu, por haveres tu, por haver
ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo ele, por havermos nós, por haverdes vós, por haverem eles.

Presente: que eu esteja, que tu estejas, que ele esteja, que HAVER - Formas Nominais
nós estejamos, que vós estejais, que eles estejam.
Pretérito Imperfeito: se eu estivesse, se tu estivesses, se Infinitivo Impessoal: haver, haveres, haver, havermos,
ele estivesse, se nós estivéssemos, se vós estivésseis, se eles haverdes, haverem.
estivessem. Infinitivo Pessoal: haver
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse estado Gerúndio: havendo
Futuro Simples: quando eu estiver, quando tu estiveres, Particípio: havido
quando ele estiver, quando nós estivermos, quando vós
estiverdes, quando eles estiverem. TER - Modo Indicativo
Futuro Composto: Tiver estado.
Presente: eu tenho, tu tens, ele tem, nós temos, vós tendes,
Imperativo Afirmativo: está tu, esteja ele, estejamos nós, eles têm.
estai vós, estejam eles. Pretérito Imperfeito: eu tinha, tu tinhas, ele tinha, nós
Imperativo Negativo: não estejas tu, não esteja ele, não tínhamos, vós tínheis, eles tinham.
estejamos nós, não estejais vós, não estejam eles. Pretérito Perfeito Simples: eu tive, tu tiveste, ele teve, nós
Infinitivo Pessoal: por estar eu, por estares tu, por estar ele, tivemos, vós tivestes, eles tiveram.
por estarmos nós, por estardes vós, por estarem eles. Pretérito Perfeito Composto: tenho tido.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu tivera, tu tiveras,
Formas Nominais ele tivera, nós tivéramos, vós tivéreis, eles tiveram.
Infinitivo: estar Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha tido.
Gerúndio: estando Futuro do Presente Simples: eu terei, tu terás, ele terá, nós
Particípio: estado teremos, vós tereis, eles terão.
Futuro do Presente: terei tido.
ESTAR - Formas Nominais Futuro do Pretérito Simples: eu teria, tu terias, ele teria,
nós teríamos, vós teríeis, eles teriam.
Infinitivo Impessoal: estar Futuro do Pretérito composto: teria tido.
Infinitivo Pessoal: estar, estares, estar, estarmos, estardes,
estarem. TER - Modo Subjuntivo e Imperativo
Gerúndio: estando
Particípio: estado Modo Subjuntivo
Presente: que eu tenha, que tu tenhas, que ele tenha, que
HAVER - Modo Indicativo nós tenhamos, que vós tenhais, que eles tenham.
Pretérito Imperfeito: se eu tivesse, se tu tivesses, se ele
Presente: eu hei, tu hás, ele há, nós havemos, vós haveis, eles tivesse, se nós tivéssemos, se vós tivésseis, se eles tivessem.
hão. Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse tido.
Pretérito Imperfeito: eu havia, tu havias, ele havia, nós Futuro: quando eu tiver, quando tu tiveres, quando ele tiver,
havíamos, vós havíeis, eles haviam. quando nós tivermos, quando vós tiverdes, quando eles tiverem.
Pretérito Perfeito Simples: eu houve, tu houveste, ele Futuro Composto: tiver tido.
houve, nós houvemos, vós houvestes, eles houveram.
Pretérito Perfeito Composto: tenho havido. Modo Imperativo
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu houvera, tu Imperativo Afirmativo: tem tu, tenha ele, tenhamos nós,
houveras, ele houvera, nós houvéramos, vós houvéreis, eles tende vós, tenham eles.
houveram. Imperativo Negativo: não tenhas tu, não tenha ele, não
Pretérito Mais-que-Prefeito Composto: tinha havido. tenhamos nós, não tenhais vós, não tenham eles.
Futuro do Presente Simples: eu haverei, tu haverás, ele Infinitivo Pessoal: por ter eu, por teres tu, por ter ele, por
haverá, nós haveremos, vós havereis, eles haverão. termos nós, por terdes vós, por terem eles.
Futuro do Presente Composto: terei havido.
Futuro do Pretérito Simples: eu haveria, tu haverias, ele g) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com
haveria, nós haveríamos, vós haveríeis, eles haveriam. os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma
Futuro do Pretérito Composto: teria havido. pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais
acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio
sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:

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APOSTILAS OPÇÃO
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os 2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se, 1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.:termos (nós)
ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos 2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.:terdes (vós)
verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita 3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.:terem (eles)
no radical do verbo. Por exemplo:
Arrependi-me de ter estado lá. Por exemplo:
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma,
pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o - c) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou
pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do advérbio. Por exemplo: 
verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz- Saindo  de casa, encontrei alguns amigos. (função de
se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva advérbio)
expressa pelo radical do próprio verbo.   Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função adjetivo)
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso;
respectivos pronomes):  na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
Eu me arrependo  Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
Tu te arrependes  Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
Ele se arrepende 
Nós nos arrependemos  - d) Particípio:  quando não é empregado na formação dos
Vós vos arrependeis  tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado
Eles se arrependem de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e
grau. Por exemplo:
 - 2. Acidentais:  são aqueles verbos transitivos diretos em que Terminados os exames, os candidatos saíram.
a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma
pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos (adjetivo verbal). Por exemplo:
transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser Ela foi a aluna escolhida para representar a escola.
conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se
chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava. Tempos Verbais
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode
ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:  Maria Tomando-se como referência o momento em que se fala,
penteou-me. a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.
  Veja:
Observações:
1- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes 1. Tempos do Indicativo
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática. - Presente  - Expressa um fato atual. Por exemplo:
2- Há verbos que também são acompanhados de pronomes Eu estudo neste colégio.
oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, - Pretérito Imperfeito  - Expressa um fato ocorrido num
são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, terminado. Por exemplo: Ele  estudava  as lições quando foi
exercem funções sintáticas. interrompido.
Por exemplo: - Pretérito Perfeito (simples)  -  Expressa um fato ocorrido
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado.
direto) - 1ª pessoa do singular Por exemplo: Ele estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve
Modos Verbais início no passado e que pode se prolongar até o momento atual.
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo Por exemplo: Tenho estudado muito para os exames.
verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
modos:  antes de outro fato já terminado. Por exemplo: Ele já  tinha
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por exemplo: estudado  as lições quando os amigos chegaram. (forma
Eu sempre estudo. composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por (forma simples)
exemplo: Talvez eu estude amanhã. - Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve
Imperativo  - indica uma ordem, um pedido. Por ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual.
exemplo: Estuda agora, menino. Por exemplo:  Ele estudará as lições amanhã.
- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve
Formas Nominais ocorrer posteriormente a um momento atual, mas já terminado
antes de outro fato futuro. Por exemplo: Antes de bater o sinal,
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas os alunos já terão terminado o teste.
que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, - Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode
advérbio), sendo por isso denominadas  formas nominais. ocorrer posteriormente a um determinado fato passado. Por
Observe:  exemplo: Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
- a) Infinitivo Impessoal:  exprime a significação do verbo - Futuro do Pretérito (composto)  -  Enuncia um fato que
de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato
substantivo. Por exemplo: Viver é lutar. (= vida é luta) passado. Por exemplo:  Se eu tivesse ganho esse dinheiro, teria
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) viajado nas férias.
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente
(forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo: 2. Tempos do Subjuntivo
É preciso ler este livro. Era preciso ter lido este livro.
- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
b) Infinitivo Pessoal:  é o infinitivo relacionado às três atual. Por exemplo: É conveniente que estudes para o exame.
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não - Pretérito Imperfeito  -  Expressa um fato passado, mas
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; posterior a outro já ocorrido. Por exemplo: Eu esperava que
nas demais, flexiona- -se da seguinte maneira: ele vencesse o jogo.

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APOSTILAS OPÇÃO
Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções Futuro do Pretérito do Indicativo
em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo:
Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato. 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente CANTAR VENDER PARTIR
terminado num momento passado. Por exemplo: Embora tenha cantarIA venderIA partirIA
estudado bastante, não passou no teste. cantarIAS venderIAS partirIAS
- Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode cantarIA venderIA partirIA
ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Por exemplo: cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
Quando ele vier à loja, levará as encomendas. cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que cantarIAM venderIAM partirIAM
indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja,
levará as encomendas. Presente do Subjuntivo
- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior
ao momento atual mas já terminado antes de outro fato Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a
futuro. Por exemplo:  Quando ele  tiver saído do hospital, nós o desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
visitaremos. indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou
pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).
Presente do Indicativo
1ª conj./2ª conj./3ª conju./Des.Temp./Des.temp./Des. pess
1ª conjugação/2ª conjugação/3ª conjugação / Desinência 1ª conj. 2ª/3ª conj.
pessoal CANTAR VENDER PARTIR
CANTAR VENDER PARTIR cantE vendA partA E A Ø
cantO vendO partO O cantES vendAS partAS E A S
cantaS vendeS parteS S cantE vendA partA E A Ø
canta vende parte - cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantaIS vendeIS partIS IS cantEM vendAM partAM E A M
cantaM vendeM parteM M
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo
Pretérito Perfeito do Indicativo
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a
1ª conjugação/2ª conjugação/3ª conjugação/Desinência desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
pessoal obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse
CANTAR VENDER PARTIR tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
canteI vendI partI I e pessoa correspondente.
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U 1ª conj. 2ª conj. 3ª conj. Des. temporal Desin. pessoal
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS 1ª /2ª e 3ª conj.
cantaSTES vendeSTES partISTES STES CANTAR VENDER PARTIR
cantaRAM vendeRAM partiRAM AM cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
Pretérito mais-que-perfeito cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíssemos SSE MOS
1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. /Desin. Temp. /Desin. Pess. cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
1ª/2ª e 3ª conj. cantaSSE vendeSSEM partiSSEM SSE M
CANTAR VENDER PARTIR - -
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø Futuro do Subjuntivo
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
correspondente.
Pretérito Imperfeito do Indicativo
1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. / Des. temp. /Desin. pess.
1ª conjugação / 2ª conjugação / 3ª conjugação 1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA cantaR vendeR partiR Ø
cantAVAS vendIAS partAS cantaRES vendeRES partiRES R ES
CantAVA vendIA partIA cantaR vendeR partiR R Ø
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantAVAM vendIAM partIAM cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Futuro do Presente do Indicativo Imperativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Imperativo Afirmativo


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente
cantar ás vender ás partir ás do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do
cantar á vender á partir á plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm,
cantar emos vender emos partir emos sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja: 
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão Pres. do Indicativo Imperativo Afirm. Pres. do Subjuntivo
Eu canto --- Que eu cante

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APOSTILAS OPÇÃO
Tu cantas CantA tu Que tu cantes Respostas
Ele canta Cante você Que ele cante 1-B / 2-C / 3-E
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis Advérbio
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem
O  advérbio, assim como muitas outras palavras existentes
Imperativo Negativo na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo,
tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade,
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a contiguidade.
negação às formas do presente do subjuntivo.
Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no
Que eu cante --- sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias
Que tu cantes Não cantes tu em que esse processo se desenvolve. 
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de
Que vós canteis Não canteis vós caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não
Que eles cantem Não cantem eles é modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também
modifica o  adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns
Observações: exemplos:
Para quem se diz  distantemente alheio  a esse assunto,
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa
você está até bem informado.
(singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo
fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês. alheio, representando uma qualidade, característica.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu),
sede (vós). O artista canta muito mal.

Infinitivo Impessoal Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro


advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação verificar que se tratava de somente uma palavra funcionando
CANTAR VENDER PARTIR como advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por
mais de uma palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar
Infinitivo Pessoal tal função. Temos aí o que chamamos de  locução adverbial,
representada por algumas expressões, tais como: às vezes, sem
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação dúvida, frente a frente, de modo algum, entre outras.
CANTAR VENDER PARTIR Mediante tais postulados, afirma-se que, dependendo das
cantar vender partir circunstâncias expressas pelos advérbios, eles se classificam em
cantarES venderES partirES distintas categorias, uma vez expressas por:    
cantar vender partir de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, às
cantarMOS venderMOS partirMOS claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse
cantarDES venderDES partirDES jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado
cantarEM venderEM partirEM a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam
em -mente: calmamente, tristemente, propositadamente,
Questões pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosamente,
bondosamente, generosamente
01. Considere o trecho a seguir. É comum que objetos de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
___ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão,
poderiam ser evitados se as pessoas ______ a atenção voltada tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de
para seus pertences, conservando-os junto ao corpo. Assinale a muito, por completo.
alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
do texto. amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
(A) sejam … mantesse doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim,
(B) sejam … mantivessem afinal, breve, constantemente, entrementes, imediatamente,
(C) sejam … mantém primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
(D) seja … mantivessem à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de
(E) seja … mantêm quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos,
em breve, hoje em dia
02. Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão
apresentando quedas sucessivas de 2005 para cá. –, a locução de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
verbal em destaque expressa ação além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde,
(A) concluída. longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora,
(B) atemporal. alhures, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância,
(C) contínua. à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda,
(D) hipotética. ao lado, em volta
(E) futura.
de negação  : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
03. (Escrevente TJ SP Vunesp) Sem querer estereotipar, forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
mas já estereotipando: trata--se de um ser cujas interações sociais
terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”. de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente,
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
(A) considerar ao acaso, sem premeditação.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela. de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto,
(C) adotar como referência de qualidade. efetivamente, certo, decididamente, realmente, deveras,
(D) julgar de acordo com normas legais. indubitavelmente
(E) classificar segundo ideias preconcebidas.

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de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, A) Lugar e negação.
simplesmente, só, unicamente B) Lugar e tempo.
C) Modo e afirmação.
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também D) Tempo e tempo.
E) Intensidade e dúvida.
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
02. Leia o texto a seguir.
de designação: Eis
Impunidade é motor de nova onda de agressões
de interrogação: onde?(lugar), como?(modo),
quando?(tempo), por quê?(causa), quanto?(preço e intensidade), Repetidos episódios de violência têm sido noticiados nas
para quê?(finalidade) últimas semanas. Dois que chamam a atenção, pela banalidade
com que foram cometidos, estão gerando ainda uma série de
Locução adverbial  repercussões.
É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio. Em Natal, um garoto de 19 anos quebrou o braço da
Exemplo: estudante de direito R.D., 19, em plena balada, porque ela teria
Carlos saiu às pressas. (indicando modo) recusado um beijo. O suposto agressor já responde a uma ação
Maria saiu à tarde. (indicando tempo) penal, por agressão, movida por sua ex-mulher.
No mesmo final de semana, dois amigos que saíam de uma
Há locuções adverbiais que possuem advérbios boate em São Paulo também foram atacados por dois jovens
correspondentes. que estavam na mesma balada, e um dos agredidos teve a perna
Exemplo: fraturada. Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem
Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressadamente. sucesso, de duas garotas que eram amigas dos rapazes que
saíam da boate. Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são passou de um engano e que o rapaz teria fraturado a perna ao
flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única cair no chão.
flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios Curiosamente, também é possível achar um blog que diz
é a de grau: que R.D., em Natal, foi quem atacou o jovem e que seu braço se
quebrou ao cair no chão.
Superlativo:  aumenta a intensidade. Exemplos: longe Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos
- longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente - felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão
inconstitucionalissimamente, etc; ajudar a polícia na investigação.
Diminutivo: diminui a intensidade. O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se
Exemplos: perto - pertinho, pouco - pouquinho, devagar - quebrando por aí ao cair no chão, não é mesmo? As agressões
devagarinho,  devem ser rigorosamente apuradas e, se houver culpados, que
Questões eles sejam julgados e condenados.
A impunidade é um dos motores da onda de violência que
01. Leia os quadrinhos para responder a questão. temos visto. O machismo e o preconceito são outros. O perfil
impulsivo de alguns jovens (amplificado pela bebida e por
outras substâncias) completa o mecanismo que gera agressões.
Sem interferir nesses elementos, a situação não vai mudar.
Maior rigor da justiça, educação para a convivência com o outro,
aumento da tolerância à própria frustração e melhor controle
sobre os impulsos (é normal levar um “não”, gente!) são alguns
dos caminhos.
(Jairo Bouer, Folha de S.Paulo, 24.10.2011. Adaptado)

Assinale a alternativa cuja expressão em destaque apresenta


circunstância adverbial de modo.
A) Repetidos episódios de violência (...) estão gerando ainda
uma série de repercussões.
B) ...quebrou o braço da estudante de direito R. D., 19, em
plena balada…
C) Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem
sucesso, de duas amigas…
D) Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não passou
de um engano...
E) O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se
quebrando por aí…

03. Leia o texto a seguir.

Cultura matemática
Hélio Schwartsman

(Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano. Português. Volume SÃO PAULO – Saiu mais um estudo mostrando que o ensino
Único) de matemática no Brasil não anda bem. A pergunta é: podemos
viver sem dominar o básico da matemática? Durante muito
No primeiro e segundo quadrinhos, estão em destaque dois tempo, a resposta foi sim. Aqueles que não simpatizavam muito
advérbios: AÍ e ainda. com Pitágoras podiam simplesmente escolher carreiras nas
Considerando que advérbio é a palavra que modifica quais os números não encontravam muito espaço, como direito,
um verbo, um outro advérbio ou um adjetivo, expressando jornalismo, as humanidades e até a medicina de antigamente.
a circunstância em que determinado fato ocorre, assinale Como observa Steven Pinker, ainda hoje, nos meios
a alternativa que classifica, correta e respectivamente, as universitários, é considerado aceitável que um intelectual se
circunstâncias expressas por eles. vanglorie de ter passado raspando em física e de ignorar o beabá

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da estatística. Mas ai de quem admitir nunca ter lido Joyce ou Esse processo de junção de uma preposição com outra
dizer que não gosta de Mozart. Sobre ele recairão olhares tão palavra pode se dar a partir de dois processos:
recriminadores quanto sobre o sujeito que assoa o nariz na
manga da camisa. 1. Combinação: A preposição não sofre alteração.
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a preposição a + artigos definidos o, os
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida a + o = ao
prática. Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma preposição a + advérbio onde
ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental, mesmo a + onde = aonde
para quem não pretende ser engenheiro ou seguir carreiras
técnicas. 2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.
Como sobreviver à era do crédito farto sem saber calcular as
armadilhas que uma taxa de juros pode esconder? Hoje, é difícil Preposição + Artigos
até posicionar-se de forma racional sobre políticas públicas sem De + o(s) = do(s)
assimilar toda a numeralha que idealmente as informa. De + a(s) = da(s)
Conhecimentos rudimentares de estatística são pré-requisito De + um = dum
para compreender as novas pesquisas que trazem informações De + uns = duns
relevantes para nossa saúde e bem-estar. De + uma = duma
A matemática está no centro de algumas das mais intrigantes De + umas = dumas
especulações cosmológicas da atualidade. Se as equações da Em + o(s) = no(s)
mecânica quântica indicam que existem universos paralelos, Em + a(s) = na(s)
isso basta para que acreditemos neles? Ou, no rastro de Eugene Em + um = num
Wigner, podemos nos perguntar por que a matemática é tão Em + uma = numa
eficaz para exprimir as leis da física. Em + uns = nuns
Releia os trechos apresentados a seguir. Em + umas = numas
- Aqueles que não simpatizavam muito com Pitágoras A + à(s) = à(s)
podiam simplesmente escolher carreiras nas quais os números Por + o = pelo(s)
não encontravam muito espaço... (1.º parágrafo) Por + a = pela(s)
- Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma
ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental...(3.º Preposição + Pronomes
parágrafo) De + ele(s) = dele(s)
De + ela(s) = dela(s)
Os advérbios em destaque nos trechos expressam, correta e De + este(s) = deste(s)
respectivamente, circunstâncias de De + esta(s) = desta(s)
A) afirmação e de intensidade. De + esse(s) = desse(s)
B) modo e de tempo. De + essa(s) = dessa(s)
C) modo e de lugar. De + aquele(s) = daquele(s)
D) lugar e de tempo. De + aquela(s) = daquela(s)
E) intensidade e de negação. De + isto = disto
De + isso = disso
Respostas De + aquilo = daquilo
1-B / 2-C / 3-B De + aqui = daqui
De + aí = daí
Preposição De + ali = dali
De + outro = doutro(s)
Preposição  é uma palavra invariável que serve para ligar De + outra = doutra(s)
termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente Em + este(s) = neste(s)
há uma subordinação do segundo termo em relação ao Em + esta(s) = nesta(s)
primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura Em + esse(s) = nesse(s)
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores Em + aquele(s) = naquele(s)
semânticos indispensáveis para a compreensão do texto. Em + aquela(s) = naquela(s)
Em + isto = nisto
Tipos de Preposição Em + isso = nisso
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente Em + aquilo = naquilo
como preposições. A + aquele(s) = àquele(s)
A, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, A + aquela(s) = àquela(s)
para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com. A + aquilo = àquilo

2.  Preposições acidentais: palavras de outras  classes Dicas sobre preposição


gramaticais que podem atuar como preposições.
Como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, 1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal
visto. oblíquo e artigo. Como distingui-los?

3.  Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo - Caso o “a” seja um artigo, virá precedendo a um substantivo.
como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas. Ele servirá para determiná-lo como um substantivo singular
Abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de e feminino.
acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, A dona da casa não quis nos atender.
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por Como posso fazer a Joana concordar comigo?
trás de.
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar
um tratamento adequado.
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/
preposição, mas das palavras às quais ela se une. ou a função de um substantivo.

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APOSTILAS OPÇÃO
Temos Maria como parte da família. / A temos como parte egresso saia melhor do que entrou são muito importantes. Nós
da família não temos pena de morte ou prisão perpétua no Brasil. O preso
Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. / tem data para entrar e data para sair, então ele tem que sair
Creio que a conhecemos melhor que ninguém. sem retornar para o crime”, analisa o presidente do Conselho
Estadual de Direitos Humanos, Bruno Alves de Souza Toledo.
2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das (Disponível em: www.inapbrasil.com.br/en/noticias/xadrez-que-
preposições: liberta-estrategia-concentracao-e-reeducacao/6/noticias. Adaptado)
Destino = Irei para casa.
Modo = Chegou em casa aos gritos. No trecho –... xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo
Lugar = Vou ficar em casa; vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar.– o
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência. termo em destaque expressa relação de
Tempo = A prova vai começar em dois minutos. A) espaço, como em – Nosso diretor foi até Brasília para falar
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral. do projeto “Xadrez que liberta”.
Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o B) inclusão, como em – O xadrez mudou até o nosso modo
tratamento. de falar.
Instrumento = Escreveu a lápis. C) finalidade, como em – Precisamos treinar até junho para
Posse = Não posso doar as roupas da mamãe. termos mais chances de vencer o torneio de xadrez.
Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom. D) movimento, como em – Só de chegar até aqui já estou
Companhia = Estarei com ele amanhã. muito feliz, porque eu não esperava.
Matéria = Farei um cartão de papel reciclado. E) tempo, como em – Até o ano que vem, pretendo conseguir
Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco. a revisão da minha pena.
Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume. 02. Considere o trecho a seguir.
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. O metrô paulistano, ________quem a banda recebe apoio,
Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista. garante o espaço para ensaios e os equipamentos; e a estabilidade
no emprego, vantagem________ que muitos trabalhadores sonham,
Questões é o que leva os integrantes do grupo a permanecerem na
instituição.
01. Leia o texto a seguir.
As preposições que preenchem o trecho, correta,
“Xadrez que liberta”: estratégia, concentração e reeducação respectivamente e de acordo com a norma-padrão, são:
A) a ...com
João Carlos de Souza Luiz cumpre pena há três anos e dois B) de ...com
meses por assalto. Fransley Lapavani Silva está há sete anos C) de ...a
preso por homicídio. Os dois têm 30 anos. Além dos muros, D) com ...a
grades, cadeados e detectores de metal, eles têm outros pontos E) para ...de
em comum: tabuleiros e peças de xadrez.
O jogo, que eles aprenderam na cadeia, além de uma válvula 03. Assinale a alternativa cuja preposição em destaque
de escape para as horas de tédio, tornou-se uma metáfora para o expressa ideia de finalidade.
que pretendem fazer quando estiverem em liberdade. A) Além disso, aumenta a punição administrativa, de R$
“Quando você vai jogar uma partida de xadrez, tem que pensar 957,70 para R$ 1.915,40.
duas, três vezes antes. Se você movimenta uma peça errada, B) ... o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que
pode perder uma peça de muito valor ou tomar um xeque-mate, o bafômetro e o exame de sangue eram obrigatórios para
instantaneamente. Se eu for para a rua e movimentar a peça comprovar o crime.
errada, eu posso perder uma peça muito importante na minha C) “... Ele é encaminhado para a delegacia para o perito fazer
vida, como eu perdi três anos na cadeia. Mas, na rua, o problema o exame clínico”...
maior é tomar o xeque-mate”, afirma João Carlos. D) Já para o juiz criminal de São Paulo, Fábio Munhoz
O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil internos Soares, um dos que devem julgar casos envolvendo pessoas
em 22 unidades prisionais do Espírito Santo. É o projeto “Xadrez embriagadas ao volante, a mudança “é um avanço”.
que liberta”. Duas vezes por semana, os presos podem praticar E) Para advogados, a lei aumenta o poder da autoridade
a atividade sob a orientação de servidores da Secretaria de policial de dizer quem está embriagado...
Estado da Justiça (Sejus). Na próxima sexta-feira, será realizado
o primeiro torneio fora dos presídios desde que o projeto foi Respostas
implantado. Vinte e oito internos de 14 unidades participam da 1-B / 2-B / 3-B
disputa, inclusive João Carlos e Fransley, que diz que a vitória
não é o mais importante. Conjunção
“Só de chegar até aqui já estou muito feliz, porque eu não
esperava. A vitória não é tudo. Eu espero alcançar outras coisas Conjunção  é a palavra invariável que liga duas orações ou
devido ao xadrez, como ser olhado com outros olhos, como dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por exemplo:
estou sendo olhado de forma diferente aqui no presídio devido
ao bom comportamento”. A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as
Segundo a coordenadora do projeto, Francyany Cândido amiguinhas.
Venturin, o “Xadrez que liberta” tem provocado boas mudanças Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
no comportamento dos presos. “Tem surtido um efeito positivo
por eles se tornarem uma referência positiva dentro da unidade, 1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as
já que cumprem melhor as regras, respeitam o próximo e amiguinhas
pensam melhor nas suas ações, refletem antes de tomar uma
atitude”. Cada informação está estruturada em torno de um verbo:
Embora a Sejus não monitore os egressos que ganham a segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações:
liberdade, para saber se mantêm o hábito do xadrez, João Carlos 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e  mostrou
já faz planos. “Eu incentivo não só os colegas, mas também 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
minha família. Sou casado e tenho três filhos. Já passei para a A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a
minha família: xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As
vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar”. palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
“Medidas de promoção de educação e que possibilitem que o

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APOSTILAS OPÇÃO
Observe: Gosto de natação e de futebol. Falou tanto que ficou rouco.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes
ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra  “e” está - FINAIS
ligando termos de uma mesma oração. Expressam ideia de finalidade, objetivo.
Todos trabalham para que possam sobreviver.
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque
ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. (=para que),

Morfossintaxe da Conjunção - PROPORCIONAIS


As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto
propriamente uma função sintática: são conectivos. mais, ao passo que, à proporção que.
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
Classificação - Conjunções Coordenativas- Conjunções
Subordinativas - TEMPORAIS
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo
Conjunções coordenativas que.
Dividem-se em: Quando eu sair, vou passar na locadora.

- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Importante:


Ex. Gosto de cantar e de dançar.
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também, Diferença entre orações causais e explicativas
não só...como também. Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais (OSA)
e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos deparamos
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de oposição, com a dúvida de como distinguir uma oração causal de uma
de compensação. explicativa. Veja os exemplos:
Ex. Estudei, mas não entendi nada.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo, 1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser
todavia, no entanto, entretanto. atropelado”:
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa ou
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância. uma explicação do fato expresso na oração anterior.
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho. b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer... uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que
quer, já...já. vêm marcadas por vírgula.
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações. Ex. b) Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Oração
Estudei muito, por isso mereço passar. Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela será
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois explicativa.
(depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim. Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperativo)

- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. É 2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade
melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora. porque não havia cemitério no local.”
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada
do verbo), porquanto. (parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-
Conjunções subordinativas la é colocá-la no início do período, introduzida pela
- CAUSAIS conjunção como - o que não ocorre com a CS Explicativa.
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os mortos
vez que, como (= porque). em outra cidade.
Ele não fez o trabalho porque não tem livro. b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente
dependentes uma da outra.
- COMPARATIVAS
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como, Questões
mais...do que, menos...do que.
Ela fala mais que um papagaio. 01. Leia o texto a seguir.
A música alcançou uma onipresença avassaladora em nosso
- CONCESSIVAS mundo: milhões de horas de sua história estão disponíveis em
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, disco; rios de melodia digital correm na internet; aparelhos
mesmo que, apesar de, se bem que. de mp3 com 40 mil canções podem ser colocados no bolso. No
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos, ou
inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”. até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós.
Ela se tornou um meio radicalmente virtual, uma arte sem
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar rosto. Quando caminhamos pela cidade num dia comum, nossos
cansada) ouvidos registram música em quase todos os momentos − pedaços
Apesar de ter chovido fui ao cinema. de hip-hop vazando dos fones de ouvido de adolescentes no metrô,
o sinal do celular de um advogado tocando a “Ode à alegria”, de
- CONFORMATIVAS Beethoven −, mas quase nada disso será resultado imediato de
Principais conjunções conformativas: como, segundo, um trabalho físico de mãos ou vozes humanas, como se dava no
conforme, consoante passado.
Cada um colhe conforme semeia. Desde que Edison inventou o cilindro fonográfico, em1877,
Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade. existe gente que avalia o que a gravação fez em favor e desfavor
da arte da música. Inevitavelmente, a conversa descambou para
- CONSECUTIVAS os extremos retóricos. No campo oposto ao dos que diziam que a
Expressam uma ideia de consequência. tecnologia acabaria com a música estão os utópicos, que alegam
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”, que a tecnologia não aprisionou a música, mas libertou-a, levando
“tão”, “tamanho”). a arte da elite às massas. Antes de Edison, diziam os utópicos,

Conteúdo Específico 63
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APOSTILAS OPÇÃO
as sinfonias de Beethoven só podiam ser ouvidas em salas de Respostas
concerto selecionadas. Agora, as gravações levam a mensagem 1-E / 2-E / 3-A
de Beethoven aos confins do planeta, convocando a multidão
saudada na “Ode à alegria”: “Abracem-se, milhões!”. Glenn Gould, Interjeição
depois de afastar-se das apresentações ao vivo em 1964, previu
que dentro de um século o concerto público desapareceria no éter Interjeição  é a palavra invariável que exprime emoções,
eletrônico, com grande efeito benéfico sobre a cultura musical. sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o
(Adaptado de Alex Ross. Escuta só. Tradução Pedro Maia interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que,
Soares. São Paulo, Cia. das Letras, 2010, p. 76-77) para isso, seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas
mais elaboradas. Observe o exemplo:
No entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos, Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
ou até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós. No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua
Considerando-se o contexto, é INCORRETO afirmar que o raiva se traduz numa palavra: Droga!
elemento grifado pode ser substituído por:
A) Porém. Ele poderia ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou
B) Contudo. simplesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!
C) Todavia. As sentenças da língua costumam se organizar de forma
D) Entretanto. lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui
E) Conquanto. em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por
outro lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma
02. Observando as ocorrências da palavra “como” em – ideia expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras -
Como fomos programados para ver o mundo como um lugar locução interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma
ameaçador… – é correto afirmar que se trata de conjunção sentença.
(A) comparativa nas duas ocorrências. Veja os exemplos:
(B) conformativa nas duas ocorrências. Bravo! Bis!
(C) comparativa na primeira ocorrência. bravo  e  bis: interjeição / sentença (sugestão): «Foi muito
(D) causal na segunda ocorrência. bom! Repitam!»
(E) causal na primeira ocorrência. Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé...
ai: interjeição / sentença (sugestão): “Isso está doendo!” ou
03. Leia o texto a seguir. “Estou com dor!”

Participação A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que


Num belo poema, intitulado “Traduzir-se”, Ferreira Gullar não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as
aborda o tema de uma divisão muito presente em cada um de sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro,
nós: a que ocorre entre o nosso mundo interior e a nossa atuação um estado da alma decorrente de uma situação particular, um
junto aos outros, nosso papel na ordem coletiva. A divisão não é momento ou um contexto específico. Exemplos:
simples: costuma-se ver como antagônicas essas duas “partes” Ah, como eu queria voltar a ser criança!
de nós, nas quais nos dividimos. De fato, em quantos momentos ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
da nossa vida precisamos escolher entre o atendimento de um Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
interesse pessoal e o cumprimento de um dever ético? Como poeta hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
e militante político, Ferreira Gullar deixou-se atrair tanto pela
expressão das paixões mais íntimas quanto pela atuação de um O significado das interjeições está vinculado à maneira
convicto socialista. Em seu poema, o diálogo entre as duas partes como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita
é desenvolvido de modo a nos fazer pensar que são incompatíveis. o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto de
enunciação. Exemplos:
Mas no último momento do poema deparamo-nos com esta Psiu!
estrofe: contexto:  alguém pronunciando essa expressão na rua;
“Traduzir uma parte na outra parte − que é uma questão de significado da interjeição (sugestão):  “Estou te chamando! Ei,
vida ou morte − será arte?” espere!”
Psiu!
O poeta levanta a possibilidade da “tradução” de uma parte contexto:  alguém pronunciando essa expressão em um
na outra, ou seja, da interação de ambas, numa espécie de hospital; significado da interjeição (sugestão):  “Por favor, faça
espelhamento. Isso ocorreria quando o indivíduo conciliasse silêncio!”
verdadeiramente a instância pessoal e os interesses de uma Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
comunidade; quando deixasse de haver contradição entre a razão puxa: interjeição; tom da fala: euforia
particular e a coletiva. Pergunta-se o poeta se não seria arte esse Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
tipo de integração. Realmente, com muita frequência a arte se puxa: interjeição; tom da fala: decepção
mostra capaz de expressar tanto nossa subjetividade como nossa
identidade social. As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
Nesse sentido, traduzir uma parte na outra parte significaria a)  Sintetizar uma frase  exclamativa, exprimindo alegria,
vencer a parcialidade e chegar a uma autêntica participação, tristeza, dor, etc.
de sentido altamente político. O poema de Gullar deixa-nos essa Você faz o que no Brasil?
hipótese provocadora, formulada com um ar de convicção. Eu? Eu negocio com madeiras.
(Belarmino Tavares, inédito) Ah, deve ser muito interessante.
b) Sintetizar uma frase apelativa
Os seguintes fatos, referidos no texto, travam entre si uma Cuidado! Saia da minha frente.
relação de causa e efeito: As interjeições podem ser formadas por:
A) ser poeta e militante político / confronto entre a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
subjetividade e atuação social b) palavras: Oba!, Olá!, Claro!
B) ser poeta e militante político / divisão permanente em c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora
cada um de nós bolas!
C) ser movido pelas paixões / esposar teses socialistas A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes
D) fazer arte / obliterar uma questão de vida ou morte da entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que
E) participar ativamente da política / formular hipóteses uma interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:
com ar de convicção Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)

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APOSTILAS OPÇÃO
Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria) 4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas,
que exprimem ruídos e vozes.
Classificação das Interjeições
Pum! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof!
Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
Comumente, as interjeições expressam sentido de:
- Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a sua
Atenção!, Olha!, Alerta!
homônima  “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza, etc.
- Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a fazemos
- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
depois do “ó” vocativo.
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!,
“Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!» (Olavo Bilac) 
Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
Oh! a jornada negra!» (Olavo Bilac)
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
6) Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas
de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!,
diminutivo ou no superlativo.
Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
Calminha! Adeusinho! Obrigadinho!
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
Interjeições, leitura e produção de textos
- Desculpa: Perdão!
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!,
Usadas com muita frequência na língua falada informal,
Eh!
quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!,
conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além
Ora!
disso, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falante
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!,
- como a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo ou
Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, Putz!
dócil, até mesmo a origem geográfica. É nos textos narrativos -
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!,
particularmente nos diálogos - que comumente se faz uso
Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
das interjeições com o objetivo de caracterizar personagens
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
e, também, graças à sua natureza sintética, agilizar as falas.
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!,
Natureza sintética e conteúdo mais emocional do que
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me,
racional fazem das interjeições presença constante nos textos
Deus!
publicitários.
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
morf89.php
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é, Numeral
não sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes,
nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os Numeral é a palavra que indica os seres em termos
verbos. No entanto, em uso específico, algumas interjeições numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa
sofrem variação em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que em determinada sequência.
não se trata de um processo natural dessa classe de palavra, Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite. [quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. Eu quero café duplo, e você?
[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
Locução Interjetiva
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
“fila”]
expressão com sentido de interjeição. Por exemplo
Ora bolas!
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
Quem me dera!
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando a
Virgem Maria!
expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata
Meu Deus!
de numerais, mas sim de algarismos.
Ai de mim!
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
Valha-me Deus!
ideia expressa pelos números, existem mais algumas palavras
Graças a Deus!
consideradas numerais porque denotam quantidade, proporção
Alto lá!
ou ordenação. São alguns exemplos: década, dúzia, par,
Muito bem!
ambos(as), novena.
Observações:
Classificação dos Numerais
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por
Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico:
exemplo:
um, dois, cem mil, etc.
Ué! = Eu não esperava por essa!
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada:
Perdão! = Peço-lhe que me desculpe.
primeiro, segundo, centésimo, etc.
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu
dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
podem aparecer como interjeições.
seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada:
Viva! Basta! (Verbos)
dobro, triplo, quíntuplo, etc.
Fora! Francamente! (Advérbios)
Leitura dos Numerais
3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase”
Separando os números em centenas, de trás para frente,
porque sozinha pode constituir uma mensagem.
obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
Socorro!
início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos
Ajudem-me! 
usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
Silêncio!
1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte
Fique quieto!
e seis.

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APOSTILAS OPÇÃO
45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte. dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
Flexão dos numerais trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, cinquenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em setenta septuagésimo - setenta avos
diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. oitenta octogésimo - oitenta avos
Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número: noventa nonagésimo - noventa avos
milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis. cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
Os numerais ordinais variam em gênero e número: trezentos trecentésimo - trecentésimo
primeiro segundo milésimo quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
primeira segunda milésima quinhentos quingentésimo - quingentésimo
primeiros segundos milésimos seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
primeiras segundas milésimas oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam ou noningentésimo - nongentésimo
em funções substantivas: mil milésimo - milésimo
Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção. milhão milionésimo - milionésimo
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais bilhão bilionésimo - bilionésimo
flexionam-se em gênero e número:
Teve de tomar doses triplas do medicamento. Questões
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número.
01.Na frase “Nessa carteira só há duas notas de cinco reais”
Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças temos exemplos de numerais:
partes A) ordinais;
Os numerais coletivos flexionam-se em número. Veja: uma B) cardinais;
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. C) fracionários;
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos D) romanos;
numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. E) Nenhuma das alternativas.
É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...” 02.Aponte a alternativa em que os numerais estão bem
É artigo de primeiríssima qualidade! empregados.
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda A) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro.
divisão de futebol) B) Após o parágrafo nono virá o parágrafo décimo.
C) Depois do capítulo sexto, li o capitulo décimo primeiro.
Emprego dos Numerais D) Antes do artigo dez vem o artigo nono.
*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em E) O artigo vigésimo segundo foi revogado.
que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a
partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do 03. Os ordinais referentes aos números 80, 300, 700 e 90
substantivo: são, respectivamente
Ordinais Cardinais A) octagésimo, trecentésimo, septingentésirno,
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze) nongentésimo
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis) B) octogésimo, trecentésimo, septingentésimo, nonagésimo
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte) C) octingentésimo, tricentésimo, septuagésimo, nonagésimo
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte) D) octogésimo, tricentésimo, septuagésimo, nongentésimo
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Respostas
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal 1-B / 2-D / 3-B
até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um VI - Sintaxe: frase, oração e
e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente período; período simples -
empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez termos da oração: identificação,
referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância classificações e emprego; as
da solidariedade. Ambos agora participam das atividades orações no período composto:
comunitárias de seu bairro. identificação, classificações
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática.
Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo. e emprego; sintaxe de
concordância verbal e nominal;
Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários sintaxe de regência nominal e
um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio verbal; a ocorrência da crase; a
três terceiro triplo, tríplice terço ocorrência do infinitivo; emprego
quatro quarto quádruplo quarto dos sinais de pontuação.
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo Análise Sintática
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo A Análise Sintática examina a estrutura do período, divide
onze décimo primeiro - onze avos e classifica as orações que o constituem e reconhece a função
doze décimo segundo - doze avos sintática dos termos de cada oração.
treze décimo terceiro - treze avos Daremos uma ideia do que seja frase, oração, período, termo,
catorze décimo quarto - catorze avos função sintática e núcleo de um termo da oração.
quinze décimo quinto - quinze avos As palavras, tanto na expressão escrita como na oral, são
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos reunidas e ordenadas em frases. Pela frase é que se alcança
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos o objetivo do discurso, ou seja, da atividade linguística: a
comunicação com o ouvinte ou o leitor.

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APOSTILAS OPÇÃO
Frase, Oração e Período são fatores constituintes de “Maldito seja quem arme ciladas no seu caminho!”
qualquer texto escrito em prosa, pois o mesmo compõe-se de (Domingos Carvalho da Silva)
uma sequência lógica de ideias, todas organizadas e dispostas
em parágrafos minuciosamente construídos. Como se vê dos exemplos citados, os diversos tipos de frase
podem encerrar uma afirmação ou uma negação. No primeiro
Frase: é todo enunciado capaz de transmitir, a quem nos caso, a frase é afirmativa, no segundo, negativa. O que caracteriza
ouve ou lê, tudo o que pensamos, queremos ou sentimos. Pode e distingue esses diferentes tipos de frase é a entoação, ora
revestir as mais variadas formas, desde a simples palavra até ascendente ora descendente.
o período mais complexo, elaborado segundo os padrões Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só podem ser
sintáticos do idioma. São exemplos de frases: integralmente captados se atentarmos para o contexto em que
são empregadas. É o caso, por exemplo, das situações em que se
Socorro! explora a ironia. Pense, por exemplo, na frase “Que educação!”,
Muito obrigado! usada quando se vê alguém invadindo, com seu carro, a faixa de
Que horror! pedestres. Nesse caso, ela expressa exatamente o contrário do
Sentinela, alerta! que aparentemente diz.
Cada um por si e Deus por todos. A entoação é um elemento muito importante da frase falada,
Grande nau, grande tormenta. pois nos dá uma ampla possibilidade de expressão. Dependendo
Por que agridem a natureza? de como é dita, uma frase simples como «É ela.» pode indicar
“Tudo seco em redor.” (Graciliano Ramos) constatação, dúvida, surpresa, indignação, decepção, etc.
“Boa tarde, mãe Margarida!” (Graciliano Ramos) A mesma frase pode assumir sentidos diferentes, conforme o
“Fumaça nas chaminés, o céu tranquilo, limpo o terreiro.” tom com que a proferimos. Observe:
(Adonias Filho) Olavo esteve aqui.
“As luzes da cidade estavam amortecidas.” (Érico Veríssimo) Olavo esteve aqui?
“Tropas do exército regular do Sul, ajustadas pelos Olavo esteve aqui?!
seus aliados brancos de além mar, tinham sido levadas em Olavo esteve aqui!
helicópteros para o lugar onde se presumia estivesse o inimigo,
mas este se havia sumido por completo.” (Érico Veríssimo) Questões

As frases são proferidas com entoação e pausas especiais, 01. Marque apenas as frases nominais:
indicadas na escrita pelos sinais de pontuação. Muitas frases, (A) Que voz estranha!
principalmente as que se desviam do esquema sujeito + (B) A lanterna produzia boa claridade.
predicado, só podem ser entendidas dentro do contexto (= (C) As risadas não eram normais.
o escrito em que figuram) e na situação (= o ambiente, as (D) Luisinho, não!
circunstâncias) em que o falante se encontra. Chamam-se frases
nominais as que se apresentam sem o verbo. 02. Classifique as frases em declarativa, interrogativa,
Exemplo: Tudo parado e morto. exclamativa, optativa ou imperativa.
(A) Você está bem?
Quanto ao sentido, as frases podem ser: (B) Não olhe; não olhe, Luisinho!
(C) Que alívio!
Declarativas: aquela através da qual se enuncia algo, (D) Tomara que Luisinho não fique impressionado!
de forma afirmativa ou negativa. Encerram a declaração ou (E) Você se machucou?
enunciação de um juízo acerca de alguém ou de alguma coisa: (F) A luz jorrou na caverna.
Paulo parece inteligente. (afirmativa) (G) Agora suma, seu monstro!
Nunca te esquecerei. (negativa) (H) O túnel ficava cada vez mais escuro.
Neli não quis montar o cavalo velho, de pelo ruço. (negativa)
03. Transforme a frase declarativa em imperativa. Siga o
Interrogativas: aquela da qual se pergunta algo, direta modelo:
(com ponto de interrogação) ou indiretamente (sem ponto de Luisinho ficou pra trás. (declarativa)
interrogação). São uma pergunta, uma interrogação: Lusinho, fique para trás. (imperativa)
Por que chegaste tão tarde?  
Gostaria de saber que horas são. (A) Eugênio e Marcelo caminhavam juntos.
“Por que faço eu sempre o que não queria” (Fernando Pessoa) (B) Luisinho procurou os fósforos no bolso.
(C) Os meninos olharam à sua volta.
Imperativas: aquela através da qual expressamos uma
ordem, pedido ou súplica, de forma afirmativa ou negativa. 04. Sabemos que frases verbais são aquelas que têm verbos.
Contém uma ordem, proibição, exortação ou pedido: Assinale, pois, as frases verbais:
“Cale-se! Respeite este templo.” (afirmativa) (A) Deus te guarde!
Não cometa imprudências. (negativa) (B) As risadas não eram normais.
“Não me leves para o mar.” (negativa) (C) Que ideia absurda!
(D) O fósforo quebrou – se em três pedacinhos.
Exclamativas: aquela através da qual externamos uma (E) Tão preta como o túnel!
admiração. Traduzem admiração, surpresa, arrependimento, (F) Quem bom!
etc.: (G) As ovelhas são mansas e pacientes.
Como eles são audaciosos! (H) Que espírito irônico e livre!
Não voltaram mais!
Respostas
Optativas: É aquela através da qual se exprime um desejo:
Bons ventos o levem! 01. “a” e “d”
Oxalá não sejam vãos tantos sacrifícios!
“E queira Deus que te não enganes, menino!” (Carlos de Laet) 02. a) interrogativa; b) imperativa; c) exclamativa; d)
optativa; e) interrogativa; f) declarativa; g) imperativa; h)
Imprecativas: Encerram uma imprecação (praga, maldição): declarativa
“Esta luz me falte, se eu minto, senhor!” (Camilo Castelo
Branco) 03. a) Eugênio e Marcelo, caminhem juntos!; b) Luisinho,
“Não encontres amor nas mulheres!” (Gonçalves Dias) procure os fósforos no bolso!; c) Meninos, olhem à sua volta!

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APOSTILAS OPÇÃO
04. a = guarde / b = eram / d = quebrou / g = são Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que pratica
uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma coisa. Ao
Oração fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto semântico
do sujeito (agente de uma ação) ou o seu aspecto estilístico
Oração: é todo enunciado linguístico dotado de sentido, (o tópico da sentença). Já que o sujeito é depreendido de uma
porém há, necessariamente, a presença do verbo. A oração análise sintática, vamos restringir a definição apenas ao seu
encerra uma frase (ou segmento de frase), várias frases ou um papel sintático na sentença: aquele que estabelece concordância
período, completando um pensamento e concluindo o enunciado com o núcleo do predicado. Quando se trata de predicado verbal,
através de ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns o núcleo é sempre um verbo; sendo um predicado nominal, o
casos, através de reticências. núcleo é sempre um nome. Então têm por características básicas:
Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes - estabelecer concordância com o núcleo do predicado;
elípticos). Não têm estrutura sintática, portanto não são orações, - apresentar-se como elemento determinante em relação ao
não podem ser analisadas sintaticamente frases como: predicado;
Socorro! - constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo
Com licença! ou, ainda, qualquer palavra substantivada.
Que rapaz impertinente!
Muito riso, pouco siso. Exemplo:

Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como A padaria está fechada hoje.
partes de um conjunto harmônico: elas formam os termos está fechada hoje: predicado nominal
ou as unidades sintáticas da oração. Cada termo da oração fechada: nome adjetivo = núcleo do predicado
desempenha uma função sintática. Geralmente apresentam dois a padaria: sujeito
grupos de palavras: um grupo sobre o qual se declara alguma padaria: núcleo do sujeito - nome feminino singular
coisa (o sujeito), e um grupo que apresenta uma declaração (o
predicado), e, excepcionalmente, só o predicado. Exemplo: No interior de uma sentença, o sujeito é o termo determinante,
ao passo que o predicado é o termo determinado. Essa posição
A menina banhou-se na cachoeira. de determinante do sujeito em relação ao predicado adquire
A menina – sujeito sentido com o fato de ser possível, na língua portuguesa, uma
banhou-se na cachoeira – predicado sentença sem sujeito, mas nunca uma sentença sem predicado.
Choveu durante a noite. (a oração toda predicado) Exemplo:

O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em As formigas invadiram minha casa.
número e pessoa. É normalmente o «ser de quem se declara as formigas: sujeito = termo determinante
algo», «o tema do que se vai comunicar». invadiram minha casa: predicado = termo determinado
O predicado é a parte da oração que contém “a informação Há formigas na minha casa.
nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere ao sujeito, há formigas na minha casa: predicado = termo determinado
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. sujeito: inexistente

Observe: O amor é eterno. O tema, o ser de quem se declara O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma
algo, o sujeito, é “O amor”. A declaração referente a “o amor”, ou nominal, isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse
seja, o predicado, é «é eterno». nome se refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o
sujeito é representado por um pronome pessoal do caso reto (eu,
Já na frase: Os rapazes jogam futebol. O sujeito é “Os rapazes”, tu, ele, etc.). Se o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa,
que identificamos por ser o termo que concorda em número e sua representação pode ser feita através de um substantivo, de
pessoa com o verbo “jogam”. O predicado é “jogam futebol”. um pronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras,
cujo núcleo funcione, na sentença, como um substantivo.
Núcleo de um termo é a palavra principal (geralmente um Exemplos:
substantivo, pronome ou verbo), que encerra a essência de Eu acompanho você até o guichê.
sua significação. Nos exemplos seguintes, as palavras amigo e eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa
revestiu são o núcleo do sujeito e do predicado, respectivamente: Vocês disseram alguma coisa?
“O amigo retardatário do presidente prepara-se para vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa
desembarcar.” (Aníbal Machado) Marcos tem um fã-clube no seu bairro.
A avezinha revestiu o interior do ninho com macias plumas. Marcos: sujeito = substantivo próprio
Ninguém entra na sala agora.
Os termos da oração da língua portuguesa são classificados ninguém: sujeito = pronome substantivo
em três grandes níveis: O andar deve ser uma atividade diária.
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado. o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa oração

- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal e Além dessas formas, o sujeito também pode se constituir
Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e Agente de uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o nome de
da Passiva). oração substantiva subjetiva:

- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, É difícil optar por esse ou aquele doce...
Adjunto Adverbial, Aposto e Vocativo. É difícil: oração principal
optar por esse ou aquele doce: oração substantiva subjetiva
Termos Essenciais da Oração: São dois os termos essenciais
(ou fundamentais) da oração: sujeito e predicado. Exemplos: O sujeito é constituído por um substantivo ou pronome, ou
por uma palavra ou expressão substantivada. Exemplos:
Sujeito Predicado O sino era grande.
Pobreza não é vileza. Ela tem uma educação fina.
Vossa Excelência agiu com imparcialidade.
Os sertanistas capturavam os índios. Isto não me agrada.
Um vento áspero sacudia as árvores.

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APOSTILAS OPÇÃO
O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um relampejar, amanhecer, anoitecer e outros que exprimem
substantivo ou pronome. Em torno do núcleo podem aparecer fenômenos meteorológicos.
palavras secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas, etc.).
Exemplo: “Todos os ligeiros rumores da mata tinham uma Predicado: assim como o sujeito, o predicado é um
voz para a selvagem filha do sertão.” (José de Alencar) segmento extraído da estrutura interna das orações ou das
frases, sendo, por isso, fruto de uma análise sintática. Nesse
O sujeito pode ser: sentido, o predicado é sintaticamente o segmento linguístico
que estabelece concordância com outro termo essencial
Simples: quando tem um só núcleo: As rosas têm espinhos; da oração, o sujeito, sendo este o termo determinante (ou
“Um bando de galinhas-d’angola atravessa a rua em fila indiana.” subordinado) e o predicado o termo determinado (ou principal).
Composto: quando tem mais de um núcleo: “O burro e o Não se trata, portanto, de definir o predicado como “aquilo
cavalo nadavam ao lado da canoa.” que se diz do sujeito” como fazem certas gramáticas da língua
Expresso: quando está explícito, enunciado: Eu viajarei portuguesa, mas sim estabelecer a importância do fenômeno
amanhã. da concordância entre esses dois termos essenciais da oração.
Oculto (ou elíptico): quando está implícito, isto é, quando Então têm por características básicas: apresentar-se como
não está expresso, mas se deduz do contexto: Viajarei amanhã. elemento determinado em relação ao sujeito; apontar um
(sujeito: eu, que se deduz da desinência do verbo); “Um soldado atributo ou acrescentar nova informação ao sujeito.
saltou para a calçada e aproximou-se.” (o sujeito, soldado, está
expresso na primeira oração e elíptico na segunda: e (ele) Exemplo:
aproximou-se.); Crianças, guardem os brinquedos. (sujeito:
vocês) Carolina conhece os índios da Amazônia.
Agente: se faz a ação expressa pelo verbo da voz ativa: O Nilo sujeito: Carolina = termo determinante
fertiliza o Egito. predicado: conhece os índios da Amazônia = termo
Paciente: quando sofre ou recebe os efeitos da ação expressa determinado
pelo verbo passivo: O criminoso é atormentado pelo remorso;
Muitos sertanistas foram mortos pelos índios; Construíram-se Nesse exemplo podemos observar que a concordância é
açudes. (= Açudes foram construídos.) estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois termos
Agente e Paciente: quando o sujeito realiza a ação expressa essenciais. No exemplo, entre “Carolina” e “conhece”. Isso se dá
por um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe os efeitos porque a concordância é centrada nas palavras que são núcleos,
dessa ação: O operário feriu-se durante o trabalho; Regina isto é, que são responsáveis pela principal informação naquele
trancou-se no quarto. segmento. No predicado o núcleo pode ser de dois tipos: um
Indeterminado: quando não se indica o agente da ação nome, quase sempre um atributo que se refere ao sujeito da
verbal: Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem atropelou oração, ou um verbo (ou locução verbal). No primeiro caso,
a senhora? Não se diz, não se sabe quem a atropelou.); Come-se temos um predicado nominal (seu núcleo significativo é um
bem naquele restaurante. nome, substantivo, adjetivo, pronome, ligado ao sujeito por
um verbo de ligação) e no segundo um predicado verbal (seu
Observações: núcleo é um verbo, seguido, ou não, de complemento(s) ou
- Não confundir sujeito indeterminado com sujeito oculto. termos acessórios). Quando, num mesmo segmento o nome e o
- Sujeito formado por pronome indefinido não é verbo são de igual importância, ambos constituem o núcleo do
indeterminado, mas expresso: Alguém me ensinará o caminho. predicado e resultam no tipo de predicado verbo-nominal (tem
Ninguém lhe telefonou. dois núcleos significativos: um verbo e um nome). Exemplos:
- Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o
verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer agente Minha empregada é desastrada.
já expresso nas orações anteriores: Na rua olhavam-no com predicado: é desastrada
admiração; “Bateram palmas no portãozinho da frente.”; “De núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito
qualquer modo, foi uma judiação matarem a moça.” tipo de predicado: nominal
- Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo
ativo na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se. O O núcleo do predicado nominal chama-se predicativo
pronome se, neste caso, é índice de indeterminação do sujeito. do sujeito, porque atribui ao sujeito uma qualidade ou
Pode ser omitido junto de infinitivos. característica. Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, etc.)
Aqui vive-se bem. funcionam como um elo entre o sujeito e o predicado.
Devagar se vai ao longe.
Quando se é jovem, a memória é mais vivaz. A empreiteira demoliu nosso antigo prédio.
Trata-se de fenômenos que nem a ciência sabe explicar. predicado: demoliu nosso antigo prédio
núcleo do predicado: demoliu = nova informação sobre o
- Assinala-se a indeterminação do sujeito deixando-se o sujeito
verbo no infinitivo impessoal: Era penoso carregar aqueles tipo de predicado: verbal
fardos enormes; É triste assistir a estas cenas repulsivas.
Os manifestantes desciam a rua desesperados.
Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a predicado: desciam a rua desesperados
posposição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em nossa núcleos do predicado: desciam = nova informação sobre o
língua. sujeito; desesperados = atributo do sujeito
Exemplos: tipo de predicado: verbo-nominal
É fácil este problema!
Vão-se os anéis, fiquem os dedos. Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é
“Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores.” responsável também por definir os tipos de elementos que
(José de Alencar) aparecerão no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta
para compor o predicado (verbo intransitivo). Em outros casos
Sem Sujeito: constituem a enunciação pura e absoluta de um é necessário um complemento que, juntamente com o verbo,
fato, através do predicado; o conteúdo verbal não é atribuído a constituem a nova informação sobre o sujeito. De qualquer
nenhum ser. São construídas com os verbos impessoais, na 3ª forma, esses complementos do verbo não interferem na tipologia
pessoa do singular: Havia ratos no porão; Choveu durante o jogo. do predicado.
Observação: São verbos impessoais: Haver (nos sentidos Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do verbo,
de existir, acontecer, realizar-se, decorrer), Fazer, passar, ser quando este puder ser facilmente subentendido, em geral por
e estar, com referência ao tempo e Chover, ventar, nevar, gear, estar expresso ou implícito na oração anterior. Exemplos:

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APOSTILAS OPÇÃO
“A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os
inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o verbo é que formam o predicado verbo nominal e se constrói com o
depois de algozes) complemento acompanhado de predicativo. Exemplos:
“Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira da Consideramos o caso extraordinário.
Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe) Inês trazia as mãos sempre limpas.
“A cidade parecia mais alegre; o povo, mais contente.” (Povina O povo chamava-os de anarquistas.
Cavalcante) (isto é: o povo parecia mais contente) Julgo Marcelo incapaz disso.

Chama-se predicação verbal o modo pelo qual o verbo Observações: Os verbos transitivos diretos, em geral, podem
forma o predicado. ser usados também na voz passiva; Outra característica desses
Há verbos que, por natureza, tem sentido completo, verbos é a de poderem receber como objeto direto, os pronomes
podendo, por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos o, a, os, as: convido-o, encontro-os, incomodo-a, conheço-as; Os
de predicação completa denominados intransitivos. Exemplo: verbos transitivos diretos podem ser construídos acidentalmente
com preposição, a qual lhes acrescenta novo matiz semântico:
As flores murcharam. arrancar da espada; puxar da faca; pegar de uma ferramenta;
Os animais correm. tomar do lápis; cumprir com o dever; Alguns verbos transitivos
As folhas caem. diretos: abençoar, achar, colher, avisar, abraçar, comprar,
Outros verbos há, pelo contrário, que para integrarem castigar, contrariar, convidar, desculpar, dizer, estimar, elogiar,
o predicado necessitam de outros termos: são os verbos de entristecer, encontrar, ferir, imitar, levar, perseguir, prejudicar,
predicação incompleta, denominados transitivos. Exemplos: receber, saldar, socorrer, ter, unir, ver, etc.

João puxou a rede. Transitivos Indiretos: são os que reclamam um


“Não invejo os ricos, nem aspiro à riqueza.” (Oto Lara complemento regido de preposição, chamado objeto indireto.
Resende) Exemplos:
“Não simpatizava com as pessoas investidas no poder.” “Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma
(Camilo Castelo Branco) adolescente.” (Ciro dos Anjos)
“Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e
Observe que, sem os seus complementos, os verbos puxou, neutros.” (Érico Veríssimo)
invejo, aspiro, etc., não transmitiriam informações completas: “Lúcio não atinava com essa mudança instantânea.” (José
puxou o quê? Não invejo a quem? Não aspiro a quê? Américo)
Os verbos de predicação completa denominam-se “Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiritual.”
intransitivos e os de predicação incompleta, transitivos. Os (José Geraldo Vieira)
verbos transitivos subdividem-se em: transitivos diretos,
transitivos indiretos e transitivos diretos e indiretos Observações: Entre os verbos transitivos indiretos importa
(bitransitivos). distinguir os que se constroem com os pronomes objetivos lhe,
Além dos verbos transitivos e intransitivos, quem encerram lhes. Em geral são verbos que exigem a preposição a: agradar-lhe,
uma noção definida, um conteúdo significativo, existem os de agradeço-lhe, apraz-lhe, bate-lhe, desagrada-lhe, desobedecem-
ligação, verbos que entram na formação do predicado nominal, lhe, etc. Entre os verbos transitivos indiretos importa distinguir
relacionando o predicativo com o sujeito. os que não admitem para objeto indireto as formas oblíquas
Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em: lhe, lhes, construindo-se com os pronomes retos precedidos de
Intransitivos: são os que não precisam de complemento, preposição: aludir a ele, anuir a ele, assistir a ela, atentar nele,
pois têm sentido completo. depender dele, investir contra ele, não ligar para ele, etc.
“Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis) Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam
“Os guerreiros Tabajaras dormem.” (José de Alencar) a forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer, e
“A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia.” pouco mais, usados também como transitivos diretos: João
(Marquês de Maricá) paga (perdoa, obedece) o médico. O médico é pago (perdoado,
obedecido) por João. Há verbos transitivos indiretos, como
Observações: Os verbos intransitivos podem vir atirar, investir, contentar-se, etc., que admitem mais de uma
acompanhados de um adjunto adverbial e mesmo de um preposição, sem mudança de sentido. Outros mudam de sentido
predicativo (qualidade, características): Fui cedo; Passeamos com a troca da preposição, como nestes exemplos: Trate de sua
pela cidade; Cheguei atrasado; Entrei em casa aborrecido. vida. (tratar=cuidar). É desagradável tratar com gente grosseira.
As orações formadas com verbos intransitivos não podem (tratar=lidar). Verbos como aspirar, assistir, dispor, servir, etc.,
“transitar” (= passar) para a voz passiva. Verbos intransitivos variam de significação conforme sejam usados como transitivos
passam, ocasionalmente, a transitivos quando construídos com diretos ou indiretos.
o objeto direto ou indireto.
- “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do Nascimento) Transitivos Diretos e Indiretos: são os que se usam com
- “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís Jardim) dois objetos: um direto, outro indireto, concomitantemente.
- “Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves Dias) Exemplos:
- “Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no mundo No inverno, Dona Cléia dava roupas aos pobres.
que já morreu...” (Ciro dos Anjos) A empresa fornece comida aos trabalhadores.
Oferecemos flores à noiva.
Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer, Ceda o lugar aos mais velhos.
crescer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar,
chegar, vir, mentir, suar, adoecer, etc. De Ligação: Os que ligam ao sujeito uma palavra ou
expressão chamada predicativo. Esses verbos, entram na
Transitivos Diretos: são os que pedem um objeto direto, isto formação do predicado nominal. Exemplos:
é, um complemento sem preposição. Pertencem a esse grupo: A Terra é móvel.
julgar, chamar, nomear, eleger, proclamar, designar, considerar, A água está fria.
declarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos: O moço anda (=está) triste.
Comprei um terreno e construí a casa. A Lua parecia um disco.
“Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de
Maricá) Observações: Os verbos de ligação não servem apenas de
“Então, solenemente Maria acendia a lâmpada de sábado.” anexo, mas exprimem ainda os diversos aspectos sob os quais
(Guedes de Amorim) se considera a qualidade atribuída ao sujeito. O verbo ser, por
exemplo, traduz aspecto permanente e o verbo estar, aspecto

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APOSTILAS OPÇÃO
transitório: Ele é doente. (aspecto permanente); Ele está doente. - Completa a significação dos verbos transitivos diretos;
(aspecto transitório). Muito desses verbos passam à categoria - Normalmente, não vem regido de preposição;
dos intransitivos em frases como: Era =existia) uma vez uma - Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um
princesa.; Eu não estava em casa.; Fiquei à sombra.; Anda com verbo ativo: Caim matou Abel.
dificuldades.; Parece que vai chover. - Torna-se sujeito da oração na voz passiva: Abel foi morto
por Caim.
Os verbos, relativamente à predicação, não têm classificação
fixa, imutável. Conforme a regência e o sentido que apresentam O objeto direto pode ser constituído:
na frase, podem pertencer ora a um grupo, ora a outro. Exemplos: - Por um substantivo ou expressão substantivada: O lavrador
O homem anda. (intransitivo) cultiva a terra.; Unimos o útil ao agradável.
O homem anda triste. (de ligação) - Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos:
Espero-o na estação.; Estimo-os muito.; Sílvia olhou-se ao
O cego não vê. (intransitivo) espelho.; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo a
O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto) tempo.; Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos amo.;
“Marchei resolutamente para a maluca e intimei-a a ficar
Não dei com a chave do enigma. (transitivo indireto) quieta.”; “Vós haveis de crescer, perder-vos-ei de vista.”
Os pais dão conselhos aos filhos. (transitivo direto e indireto)
Predicativo: Há o predicativo do sujeito e o predicativo do - Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém na
objeto. loja.; A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto de
plantei); Onde foi que você achou isso? Quando vira as folhas do
Predicativo do Sujeito: é o termo que exprime um atributo, livro, ela o faz com cuidado.; “Que teria o homem percebido nos
um estado ou modo de ser do sujeito, ao qual se prende por um meus escritos?”
verbo de ligação, no predicado nominal. Exemplos:
A bandeira é o símbolo da Pátria. Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos, dando-
A mesa era de mármore. se-lhes por objeto direto uma palavra cognata ou da mesma
esfera semântica:
Além desse tipo de predicativo, outro existe que entra na “Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.”
constituição do predicado verbo-nominal. Exemplos: (Vivaldo Coaraci)
O trem chegou atrasado. (=O trem chegou e estava “Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal
atrasado.) Machado)
O menino abriu a porta ansioso. “Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.” (Machado
Todos partiram alegres. de Assis)
Em tais construções é de rigor que o objeto venha
Observações: O predicativo subjetivo às vezes está acompanhado de um adjunto.
preposicionado; Pode o predicativo preceder o sujeito e até
mesmo ao verbo: São horríveis essas coisas!; Que linda Objeto Direto Preposicionado: Há casos em que o objeto
estava Amélia!; Completamente feliz ninguém é.; Raros são os direto, isto é, o complemento de verbos transitivos diretos, vem
verdadeiros líderes.; Quem são esses homens?; Lentos e tristes, precedido de preposição, geralmente a preposição a. Isto ocorre
os retirantes iam passando.; Novo ainda, eu não entendia certas principalmente:
coisas.; Onde está a criança que fui? - Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico:
Predicativo do Objeto: é o termo que se refere ao objeto de Deste modo, prejudicas a ti e a ela.; “Mas dona Carolina amava
um verbo transitivo. Exemplos: mais a ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me que Roberto
O juiz declarou o réu inocente. hostilizava antes a mim do que à ideia.”; “Ricardina lastimava o
O povo elegeu-o deputado. seu amigo como a si própria.”; “Amava-a tanto como a nós”.
- Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro
Observações: O predicativo objetivo, como vemos dos Severiano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a todos;
exemplos acima, às vezes vem regido de preposição. Esta, em deu um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo desenvolvimento
certos casos, é facultativa; O predicativo objetivo geralmente das suas graças.”; “Agora sabia que podia manobrar com ele, com
se refere ao objeto direto. Excepcionalmente, pode referir-se aquele homem a quem na realidade também temia, como todos
ao objeto indireto do verbo chamar. Chamavam-lhe poeta; ali”.
Podemos antepor o predicativo a seu objeto: O advogado - Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evitando
considerava indiscutíveis os direitos da herdeira.; Julgo que o objeto direto seja tomado como sujeito, impedindo
inoportuna essa viagem.; “E até embriagado o vi muitas construções ambíguas: Convence, enfim, ao pai o filho amado.;
vezes.”; “Tinha estendida a seus pés uma planta rústica da “Vence o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem cerimônia, como a
cidade.”; “Sentia ainda muito abertos os ferimentos que aquele um irmão.”; A qual delas iria homenagear o cavaleiro?
choque com o mundo me causara.” - Em expressões de reciprocidade, para garantir a clareza e a
eufonia da frase: “Os tigres despedaçam-se uns aos outros.”; “As
Termos Integrantes da Oração companheiras convidavam-se umas às outras.”; “Era o abraço de
duas criaturas que só tinham uma à outra”.
Chamam-se termos integrantes da oração os que completam - Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas,
a significação transitiva dos verbos e nomes. Integram (inteiram, principalmente na expressão dos sentimentos ou por amor da
completam) o sentido da oração, sendo por isso indispensável à eufonia da frase: Judas traiu a Cristo.; Amemos a Deus sobre
compreensão do enunciado. São os seguintes: todas as coisas. “Provavelmente, enganavam é a Pedro.”; “O
- Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto); estrangeiro foi quem ofendeu a Tupã”.
- Complemento Nominal; - Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o objeto
- Agente da Passiva. direto para dar-lhe realce: A você é que não enganam!; Ao
médico, confessor e letrado nunca enganes.; “A este confrade
Objeto Direto: é o complemento dos verbos de predicação conheço desde os seus mais tenros anos”.
incompleta, não regido, normalmente, de preposição. Exemplos: - Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro
As plantas purificaram o ar. caiu, molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os matava a
“Nunca mais ele arpoara um peixe-boi.” (Ferreira Castro) ambos...”.
Procurei o livro, mas não o encontrei. - Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes a
Ninguém me visitou. pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a uns e odeias a
outros?; Aumente a sua felicidade, tornando felizes também aos
O objeto direto tem as seguintes características: outros.; A quantos a vida ilude!.

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- Em certas construções enfáticas, como puxar (ou arrancar) Objeto Indireto Pleonástico: à semelhança do objeto direto,
da espada, pegar da pena, cumprir com o dever, atirar com os o objeto indireto pode vir repetido ou reforçado, por ênfase.
livros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas de aço fino...”; Exemplos: “A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa
“Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou a mim o destino de uma mulher tísica...? “E, aos brigões,
da linha, enfiou a linha na agulha e entrou a coser.”; “Imagina-se incapazes de se moverem, basta-lhes xingarem-se a distância.”
a consternação de Itaguaí, quando soube do caso.”
Complemento Nominal: é o termo complementar reclamado
Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a pela significação transitiva, incompleta, de certos substantivos,
preposição é de rigor, nos cinco outros, facultativa; A substituição adjetivos e advérbios. Vem sempre regido de preposição.
do objeto direto preposicionado pelo pronome oblíquo átono, Exemplos: A defesa da pátria; Assistência às aulas; “O ódio ao
quando possível, se faz com as formas o(s), a(s) e não lhe, mal é amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino.”;
lhes: amar a Deus (amá-lo); convencer ao amigo (convencê- “Ah, não fosse ele surdo à minha voz!”
lo); O objeto direto preposicionado, é obvio, só ocorre com
verbo transitivo direto; Podem resumir-se em três as razões Observações: O complemento nominal representa o
ou finalidades do emprego do objeto direto preposicionado: recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um
a clareza da frase; a harmonia da frase; a ênfase ou a força da nome: amor a Deus, a condenação da violência, o medo de
expressão. assaltos, a remessa de cartas, útil ao homem, compositor
Objeto Direto Pleonástico: Quando queremos dar destaque de músicas, etc. É regido pelas mesmas preposições usadas
ou ênfase à ideia contida no objeto direto, colocamo-lo no no objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de
início da frase e depois o repetimos ou reforçamos por meio do complementar verbos, complementa nomes (substantivos,
pronome oblíquo. A esse objeto repetido sob forma pronominal adjetivos) e alguns advérbios em –mente. Os nomes que
chama-se pleonástico, enfático ou redundante. Exemplos: requerem complemento nominal correspondem, geralmente, a
O dinheiro, Jaime o trazia escondido nas mangas da camisa. verbos de mesmo radical: amor ao próximo, amar o próximo;
O bem, muitos o louvam, mas poucos o seguem. perdão das injúrias, perdoar as injúrias; obediente aos pais,
“Seus cavalos, ela os montava em pelo.” (Jorge Amado) obedecer aos pais; regresso à pátria, regressar à pátria; etc.

Objeto Indireto: É o complemento verbal regido de Agente da Passiva: é o complemento de um verbo na voz
preposição necessária e sem valor circunstancial. Representa, passiva. Representa o ser que pratica a ação expressa pelo verbo
ordinariamente, o ser a que se destina ou se refere à ação verbal: passivo. Vem regido comumente pela preposição por, e menos
“Nunca desobedeci a meu pai”. O objeto indireto completa a frequentemente pela preposição de: Alfredo é estimado pelos
significação dos verbos: colegas; A cidade estava cercada pelo exército romano; “Era
conhecida de todo mundo a fama de suas riquezas.”
- Transitivos Indiretos: Assisti ao jogo; Assistimos à missa e
à festa; Aludiu ao fato; Aspiro a uma vida calma. O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos ou
- Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou passiva): pelos pronomes:
Dou graças a Deus; Ceda o lugar aos mais velhos; Dedicou sua As flores são umedecidas pelo orvalho.
vida aos doentes e aos pobres; Disse-lhe a verdade. (Disse a A carta foi cuidadosamente corrigida por mim.
verdade ao moço.)
O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na voz
O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras ativa:
categorias, os quais, no caso, são considerados acidentalmente A rainha era chamada pela multidão. (voz passiva)
transitivos indiretos: A bom entendedor meia palavra basta; A multidão aclamava a rainha. (voz ativa)
Sobram-lhe qualidades e recursos. (lhe=a ele); Isto não lhe Ele será acompanhado por ti. (voz passiva)
convém; A proposta pareceu-lhe aceitável.
Observações:
Observações: Há verbos que podem construir-se com dois Frase de forma passiva analítica sem complemento agente
objetos indiretos, regidos de preposições diferentes: Rogue a expresso, ao passar para a ativa, terá sujeito indeterminado
Deus por nós.; Ela queixou-se de mim a seu pai.; Pedirei para e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi expulso da cidade.
ti a meu senhor um rico presente; Não confundir o objeto direto (Expulsaram-no da cidade.); As florestas são devastadas.
com o complemento nominal nem com o adjunto adverbial; Em (Devastam as florestas.); Na passiva pronominal não se declara
frases como “Para mim tudo eram alegrias”, “Para ele nada é o agente: Nas ruas assobiavam-se as canções dele pelos
impossível”, os pronomes em destaque podem ser considerados pedestres. (errado); Nas ruas eram assobiadas as canções dele
adjuntos adverbiais. pelos pedestres. (certo); Assobiavam-se as canções dele nas
ruas. (certo)
O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa
ou implícita. A preposição está implícita nos pronomes objetivos Termos Acessórios da Oração
indiretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Exemplos:
Obedece-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence. (=Isto Termos acessórios são os que desempenham na oração
pertence a ti.); Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...); Peço- uma função secundária, qual seja a de caracterizar um ser,
vos isto. (=Peço isto a vós.). Nos demais casos a preposição é determinar os substantivos, exprimir alguma circunstância. São
expressa, como característica do objeto indireto: Recorro a três os termos acessórios da oração: adjunto adnominal, adjunto
Deus.; Dê isto a (ou para) ele.; Contenta-se com pouco.; Ele adverbial e aposto.
só pensa em si.; Esperei por ti.; Falou contra nós.; Conto com
você.; Não preciso disto.; O filme a que assisti agradou ao Adjunto adnominal: É o termo que caracteriza ou determina
público.; Assisti ao desenrolar da luta.; A coisa de que mais os substantivos. Exemplo: Meu irmão veste roupas vistosas.
gosto é pescar.; A pessoa a quem me refiro você a conhece.; Os (Meu determina o substantivo irmão: é um adjunto adnominal
obstáculos contra os quais luto são muitos.; As pessoas com – vistosas caracteriza o substantivo roupas: é também adjunto
quem conto são poucas. adnominal).
O adjunto adnominal pode ser expresso: Pelos adjetivos:
Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é água fresca, terras férteis, animal feroz; Pelos artigos: o
representado pelos substantivos (ou expressões substantivas) mundo, as ruas, um rapaz; Pelos pronomes adjetivos: nosso tio,
ou pelos pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são: a, este lugar, pouco sal, muitas rãs, país cuja história conheço,
com, contra, de, em, para e por. que rua?; Pelos numerais: dois pés, quinto ano, capítulo sexto;
Pelas locuções ou expressões adjetivas que exprimem qualidade,
posse, origem, fim ou outra especificação:

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APOSTILAS OPÇÃO
- presente de rei (=régio): qualidade O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. Exemplos:
- livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, sinal de
- água da fonte, filho de fazendeiros: origem tempestade iminente.
- fio de aço, casa de madeira: matéria O espaço é incomensurável, fato que me deixa atônito.
- casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade
Um aposto pode referir-se a outro aposto:
Observações: Não confundir o adjunto adnominal formado “Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do
por locução adjetiva com complemento nominal. Este representa velho coronel Tavares, senhor de engenho.” (Ledo Ivo)
o alvo da ação expressa por um nome transitivo: a eleição do
presidente, aviso de perigo, declaração de guerra, empréstimo O aposto pode vir precedido das expressões explicativas isto
de dinheiro, plantio de árvores, colheita de trigo, destruidor é, a saber, ou da preposição acidental como:
de matas, descoberta de petróleo, amor ao próximo, etc. O
adjunto adnominal formado por locução adjetiva representa Dois países sul-americanos, isto é, a Bolívia e o Paraguai,
o agente da ação, ou a origem, pertença, qualidade de alguém não são banhados pelo mar.
ou de alguma coisa: o discurso do presidente, aviso de amigo, Este escritor, como romancista, nunca foi superado.
declaração do ministro, empréstimo do banco, a casa do
fazendeiro, folhas de árvores, farinha de trigo, beleza das O aposto que se refere a objeto indireto, complemento
matas, cheiro de petróleo, amor de mãe. nominal ou adjunto adverbial vem precedido de preposição:
Adjunto adverbial: É o termo que exprime uma circunstância
(de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras palavras, que modifica O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.
o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. Exemplo: “Meninas “Acho que adoeci disso, de beleza, da intensidade das
numa tarde brincavam de roda na praça”. O adjunto adverbial coisas.” (Raquel Jardim)
é expresso: Pelos advérbios: Cheguei cedo.; Ande devagar.; De cobras, morcegos, bichos, de tudo ela tinha medo.
Maria é mais alta.; Não durma ao volante.; Moramos aqui.;
Ele fala bem, fala corretamente.; Volte bem depressa.; Talvez Vocativo: (do latim vocare = chamar) é o termo (nome, título,
esteja enganado.; Pelas locuções ou expressões adverbiais: Às apelido) usado para chamar ou interpelar a pessoa, o animal ou
vezes viajava de trem.; Compreendo sem esforço.; Saí com meu a coisa personificada a que nos dirigimos:
pai.; Júlio reside em Niterói.; Errei por distração.; Escureceu
de repente. “Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria
de Lourdes Teixeira)
Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição antes “A ordem, meus amigos, é a base do governo.” (Machado de
de adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite, não Assis)
dormi. (=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No “Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (Fagundes Varela)
domingo...); Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (=De
ouvidos atentos...); Os adjuntos adverbiais classificam-se de Observação: Profere-se o vocativo com entoação exclamativa.
acordo com as circunstâncias que exprimem: adjunto adverbial Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo inicial, os
de lugar, modo, tempo, intensidade, causa, companhia, meio, pontos interrogativo e exclamativo indicam um chamado alto e
assunto, negação, etc. É importante saber distinguir adjunto prolongado. O vocativo se refere sempre à 2ª pessoa do discurso,
adverbial de adjunto adnominal, de objeto indireto e de que pode ser uma pessoa, um animal, uma coisa real ou entidade
complemento nominal: sair do mar (ad.adv.); água do mar (adj. abstrata personificada. Podemos antepor-lhe uma interjeição de
adn.); gosta do mar (obj.indir.); ter medo do mar (compl.nom.). apelo (ó, olá, eh!):

Aposto: É uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, “Tem compaixão de nós , ó Cristo!” (Alexandre Herculano)
desenvolve ou resume outro termo da oração. Exemplos: “Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!”
D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio. (Graciliano Ramos)
“Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.” “Esconde-te, ó sol de maio, ó alegria do mundo!” (Camilo
(Carlos Drummond de Andrade) Castelo Branco)
O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura da
O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado.
substantivo:
Foram os dois, ele e ela. Questões
Só não tenho um retrato: o de minha irmã.
01. O termo em destaque é adjunto adverbial de intensidade
O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases em:
seguintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do (A) pode aprender e assimilar MUITA coisa
sujeito: (B) enfrentamos MUITAS novidades
Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas. (C) precisa de um parceiro com MUITO caráter
As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de (D) não gostam de mulheres MUITO inteligentes
cores. (E) assumimos MUITO conflito e confusão

Os apostos, em geral, destacam-se por pausas, indicadas, na 02. Assinale a alternativa correta: “para todos os males, há
escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo dois remédios: o tempo e o silêncio”, os termos grifados são
pausa, não haverá vírgula, como nestes exemplos: respectivamente:
Minha irmã Beatriz; o escritor João Ribeiro; o romance Tóia; (A) sujeito – objeto direto;
o rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o Colégio Tiradentes, etc. (B) sujeito – aposto;
“Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?” (C) objeto direto – aposto;
(Graciliano Ramos) (D) objeto direto – objeto direto;
(E) objeto direto – complemento nominal.
O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, às
vezes, está elíptico. Exemplos: 03. Assinale a alternativa em que o termo destacado é objeto
Rapaz impulsivo, Mário não se conteve. indireto.
Mensageira da ideia, a palavra é a mais bela expressão da (A) “Quem faz um poema abre uma janela.” (Mário Quintana)
alma humana. (B) “Toda gente que eu conheço e que fala comigo / Nunca
teve um ato ridículo / Nunca sofreu enxovalho (...)” (Fernando
Pessoa)

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APOSTILAS OPÇÃO
(C) “Quando Ismália enlouqueceu / Pôs-se na torre a sonhar “Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de
/ Viu uma lua no céu, / Viu uma lua no mar.” (Alphonsus de Assis)
Guimarães) “A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.”
(D) “Mas, quando responderam a Nhô Augusto: ‘– É a (Antônio Olavo Pereira)
jagunçada de seu Joãozinho Bem-Bem, que está descendo para “O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.”
a Bahia.’ – ele, de alegre, não se pôde conter.” (Guimarães Rosa) (Coelho Neto)

04. “Recebeu o prêmio o jogador que fez o gol”. Nessa frase - As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm
o sujeito de “fez”? introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo:
(A) o prêmio; O homem saiu do carro / e entrou na casa.
(B) o jogador; OCA OCS
(C) que;
(D) o gol; As orações coordenadas sindéticas são classificadas de
(E) recebeu. acordo com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas
que as introduzem. Pode ser:
05. Assinale a alternativa correspondente ao período onde
há predicativo do sujeito: - Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só...
(A) como o povo anda tristonho! mas também, não só... mas ainda.
(B) agradou ao chefe o novo funcionário; Saí da escola / e fui à lanchonete.
(C) ele nos garantiu que viria; OCA OCS Aditiva
(D) no Rio não faltam diversões;
(E) o aluno ficou sabendo hoje cedo de sua aprovação. Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
que expressa idéia de acréscimo ou adição com referência à
Respostas oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva.
01. D\02. C\03. D\04. C\05. A
A doença vem a cavalo e volta a pé.
Período As pessoas não se mexiam nem falavam.
“Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até
Período: Toda frase com uma ou mais orações constitui um nenhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara.”
período, que se encerra com ponto de exclamação, ponto de (Machado de Assis)
interrogação ou com reticências. - Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas,
O período é simples quando só traz uma oração, chamada porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto.
absoluta; o período é composto quando traz mais de uma
oração. Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração Estudei bastante / mas não passei no teste.
absoluta.); Quero que você aprenda. (Período composto.) OCA OCS Adversativa

Existe uma maneira prática de saber quantas orações há Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
num período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num que expressa idéia de oposição à oração anterior, ou seja, por
período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as uma conjunção coordenativa adversativa.
locuções verbais nele existentes. Exemplos:
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração) A espada vence, mas não convence.
Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações) “É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles)
Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma
oração) - Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto,
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções por isso, pois, logo.
verbais, duas orações)
Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão.
Há três tipos de período composto: por coordenação, por OCA OCS Conclusiva
subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo
tempo (também chamada de misto). Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
que expressa ideia de conclusão de um fato enunciado na oração
Período Composto por Coordenação – Orações anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.
Coordenadas
Vives mentindo; logo, não mereces fé.
Considere, por exemplo, este período composto: Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade.
Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos
de infância. - Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou,
1ª oração: Passeamos pela praia ora... ora, seja... seja, quer... quer.
2ª oração: brincamos
3ª oração: recordamos os tempos de infância Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
As três orações que compõem esse período têm sentido OCA OCS Alternativa
próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática:
elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma
sentido, mas, como já dissemos, uma não depende da outra conjunção que estabelece uma relação de alternância ou escolha
sintaticamente. com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção
As orações independentes de um período são chamadas coordenativa alternativa.
de orações coordenadas (OC), e o período formado só de
orações coordenadas é chamado de período composto por Venha agora ou perderá a vez.
coordenação. “Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de
As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e Assis)
sindéticas. “Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço
- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando muito caro.” (Renato Inácio da Silva)
não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: “A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente.”
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram. (Luís Jardim)
OCA OCA OCA

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APOSTILAS OPÇÃO
- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de
porque, pois, porquanto. causa)
Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
OCA OCS Explicativa Veja, agora, como podemos transformar esses termos em
Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção orações com a mesma função sintática:
que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada
à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa com função de adjunto adnominal)
explicativa. Todos querem / que você participe. (oração subordinada
com função de objeto direto)
Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã. Não pude sair / porque estava chovendo. (oração
“A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico subordinada com função de adjunto adverbial de causa)
Veríssimo)
Questões Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma
certa função sintática em relação à primeira, sendo, portanto,
01. Relacione as orações coordenadas por meio de subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo
conjunções: menos um conjunto de duas orações em que uma delas (a
(A) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram. subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele
(B) Não durma sem cobertor. A noite está fria. é classificado como período composto por subordinação. As
(C) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los. orações subordinadas são classificadas de acordo com a função
   que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas.
02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar
das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de: Orações Subordinadas Adverbiais
(A) causa
(B) explicação As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas
(C) conclusão que exercem a função de adjunto adverbial da oração principal
(D) proporção (OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa
(E) comparação que as introduz:
 
03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração - Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração
sublinhada pode indicar uma ideia de: principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que,
(A) concessão visto que.
(B) oposição Não fui à escola / porque fiquei doente.
(C) condição OP OSA Causal
(D) lugar
(E) consequência O tambor soa porque é oco.
   Como não me atendessem, repreendi-os severamente.
04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem, Como ele estava armado, ninguém ousou reagir.
entre as orações de cada item, uma correta relação de sentido. “Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de
1. Correu demais, ... caiu. Sousa)
2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
3. A matéria perece, ... a alma é imortal. - Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a
4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se,
detalhes. contanto que, a menos que, a não ser que, desde que.
5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde. Irei à sua casa / se não chover.
OP OSA Condicional
(A) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
(B) por isso, porque, mas, portanto, que Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos
(C) logo, porém, pois, porque, mas ofensores.
(D) porém, pois, logo, todavia, porque Se o conhecesses, não o condenarias.
(E) entretanto, que, porque, pois, portanto “Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de
Andrade)
05. Reúna as três orações em um período composto por A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência
coordenação, usando conjunções adequadas. tenha êxito.
- Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da
Os dias já eram quentes. oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização.
A água do mar ainda estava fria. Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais
As praias permaneciam desertas. que, mesmo que.
Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
Respostas OP OSA Concessiva
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que
01. ou se bem que) não o conhecesse pessoalmente.
Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram. Embora não possuísse informações seguras, ainda assim
Não durma sem cobertor, pois a noite está fria. arriscou uma opinião.
Quero desculpar-me, mas consigo encontrá-los. Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando
  ou ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.
02. E\03. C\04. B Por mais que gritasse, não me ouviram.

05. Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda estava - Conformativas: Expressam a conformidade de um fato
fria, por isso as praias permaneciam desertas. com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
Período Composto por Subordinação OP OSA Conformativa

Observe os termos destacados em cada uma destas orações: O homem age conforme pensa.
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal) Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi.
Todos querem sua participação. (objeto direto) Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas.

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APOSTILAS OPÇÃO
O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação. substantivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções
integrantes que e se. Elas podem ser:
- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao
que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É
que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que). aquela que exerce a função de objeto direto do verbo da oração
Ele saiu da sala / assim que eu cheguei. principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
OP OSA Temporal O grupo quer / que você ajude.
OP OSS Objetiva Direta
Formiga, quando quer se perder, cria asas.
“Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O
esvaziam.” (Carlos Povina Cavalcânti) mestre exigia a presença de todos.)
“Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês Mariana esperou que o marido voltasse.
de Maricá) Ninguém pode dizer: Desta água não beberei.
Enquanto foi rico, todos o procuravam. O fiscal verificou se tudo estava em ordem.
- Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi
enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de
que, porque (=para que), que. - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É
Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar. aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração
OP OSA Final principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)
Necessito / de que você me ajude.
“O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.” OP OSS Objetiva Indireta
(Marquês de Maricá)
Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor. Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua
“Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que = viagem.)
para que) Aconselha-o a que trabalhe mais.
“Instara muito comigo não deixasse de frequentar as Daremos o prêmio a quem o merecer.
recepções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse = Lembre-se de que a vida é breve.
para que não deixasse)
- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela
- Consecutivas: Expressam a consequência do que foi que exerce a função de sujeito do verbo da oração principal.
enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (= Observe: É importante sua colaboração. (sujeito)
porque), pois que, visto que. É importante / que você colabore.
A chuva foi tão forte / que inundou a cidade. OP OSS Subjetiva
OP OSA Consecutiva
A oração subjetiva geralmente vem:
Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos. - depois de um verbo de ligação + predicativo, em construções
“A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É certo que
J. Veiga) ele voltará amanhã.
De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais. - depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta-
As notícias de casa eram boas, de maneira que pude se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade.
prolongar minha viagem. - depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir,
ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e seguidos
- Comparativas: Expressam ideia de comparação com das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos participem
referência à oração principal. Conjunções: como, assim como, da reunião.
tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com
menos ou mais). É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é
Ela é bonita / como a mãe. necessária.)
OP OSA Comparativa Parece que a situação melhorou.
Aconteceu que não o encontrei em casa.
A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.” Importa que saibas isso bem.
(Marquês de Maricá)
Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro. - Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal:
Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram. É aquela que exerce a função de complemento nominal de um
Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à luz termo da oração principal. Observe: Estou convencido de sua
daquele olhar. inocência. (complemento nominal)
Estou convencido / de que ele é inocente.
Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam OP OSS Completiva Nominal
claramente o verbo, como no exemplo acima, em que está
subentendido o verbo ser (como a mãe é). Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão
- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona dele.)
proporcionalmente ao que foi enunciado na principal. Estava ansioso por que voltasses.
Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto Sê grato a quem te ensina.
mais, quanto menos. “Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo.”
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia. (Graciliano Ramos)
OSA Proporcional OP
- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela
À medida que se vive, mais se aprende. que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal,
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando. vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O importante é sua
O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai felicidade. (predicativo)
diminuindo. O importante é / que você seja feliz.
OP OSS Predicativa
Orações Subordinadas Substantivas
Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.)
As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas Minha esperança era que ele desistisse.
que, num período, exercem funções sintáticas próprias de Meu maior desejo agora é que me deixem em paz.

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APOSTILAS OPÇÃO
Não sou quem você pensa. Orações Reduzidas
Observe que as orações subordinadas eram sempre
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela introduzidas por uma conjunção ou pronome relativo e
que exerce a função de aposto de um termo da oração principal. apresentavam o verbo numa forma do indicativo ou do
Observe: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício subjuntivo. Além desse tipo de orações subordinadas há outras
do país. (aposto) que se apresentam com o verbo numa das formas nominais
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do (infinitivo, gerúndio e particípio). Exemplos:
país.
OP OSS Apositiva - Ao entrar nas escola, encontrei o professor de inglês.
(infinitivo)
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma - Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio)
coisa: a sua felicidade) - Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.
Só lhe peço isto: honre o nosso nome. (particípio)
“Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de
que virias a morrer...” (Osmã Lins) As orações subordinadas que apresentam o verbo numa das
formas nominais são chamadas de reduzidas.
“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo Para classificar a oração que está sob a forma reduzida,
oculto?” (Machado de Assis) devemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo: colocamos
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois- a conjunção ou o pronome relativo adequado ao sentido e
pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à oração passamos o verbo para uma forma do indicativo ou subjuntivo,
principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a conforme o caso. A oração reduzida terá a mesma classificação
saúde, tornou-se realidade. da oração desenvolvida.

Observação: Além das conjunções integrantes que e se, Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês.
as orações substantivas podem ser introduzidas por outros Quando entrei na escola, / encontrei o professor de inglês.
conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos: OSA Temporal
Não sei quando ele chegou. Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial temporal,
Diga-me como resolver esse problema. reduzida de infinitivo.

Orações Subordinadas Adjetivas Precisando de ajuda, telefone-me.


Se precisar de ajuda, / telefone-me.
As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem OSA Condicional
a função de adjunto adnominal de algum termo da oração Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial
principal. Observe como podemos transformar um adjunto condicional, reduzida de gerúndio.
adnominal em oração subordinada adjetiva:
Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal) Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.
Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o
adjetiva) vestiário.
OSA Temporal
As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal,
por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem reduzida de particípio.
ser classificadas em:
Observações:
- Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas
quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que se - Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de
referem. Exemplo: desenvolvimento. Há casos também de orações reduzidas
O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar. fixas, isto é, orações reduzidas que não são passíveis de
OP OSA Restritiva desenvolvimento. Exemplo: Tenho vontade de visitar essa
cidade.
Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica - O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem
o sentido do substantivo cantor, indicando que o público não orações reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal.
aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar. Exemplos:
Preciso terminar este exercício.
Pedra que rola não cria limo. Ele está jantando na sala.
Os animais que se alimentam de carne chamam-se Essa casa foi construída por meu pai.
carnívoros. - Uma oração coordenada também pode vir sob a forma
Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas reduzida. Exemplo:
escreveram. O homem fechou a porta, saindo depressa de casa.
“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração
Mariano) coordenada sindética aditiva)
- Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de
quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se gerúndio.
referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem Qual é a diferença entre as orações coordenadas explicativas
restringi-lo ou especificá-lo. Exemplo: e as orações subordinadas causais, já que ambas podem ser
O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um iniciadas por que e porque? Às vezes não é fácil estabelecer a
novo livro. diferença entre explicativas e causais, mas como o próprio nome
OP OSA Explicativa OP indica, as causais sempre trazem a causa de algo que se revela na
oração principal, que traz o efeito.
Deus, que é nosso pai, nos salvará. Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre
Valério, que nasceu rico, acabou na miséria. a oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes,
Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho. imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal.
Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado. Essa noção de causa e efeito não existe no período composto por
coordenação. Exemplo: Rosa chorou porque levou uma surra.
Está claro que a oração iniciada pela conjunção é causal, visto
que a surra foi sem dúvida a causa do choro, que é efeito.

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APOSTILAS OPÇÃO
Rosa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. O Temos aí o que podemos chamar de princípio básico.
período agora é composto por coordenação, pois a oração Contudo, a intenção a que se presta o artigo em evidência é
iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se revelou eleger as principais ocorrências voltadas para os casos de sujeito
na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e efeito: o simples e para os de sujeito composto. Dessa forma, vejamos: 
fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é causa de ela
ter chorado. Casos referentes a sujeito simples
Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto.
OP OSA Comparativa OSA Condicional 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o
núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado. 
Questões
2) Nos casos referentes a sujeito representado por
01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que estava substantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do
para ser mãe”, a oração destacada é: singular:  A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
(A) subordinada substantiva objetiva indireta Observação:
(B) subordinada substantiva completiva nominal - No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnominal
(C) subordinada substantiva predicativa no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para o
(D) coordenada sindética conclusiva plural: Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
(E) coordenada sindética explicativa Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
02. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada.
Há reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na 3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas,
realidade.” A oração sublinhada é: representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de,
(A) adverbial conformativa uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode concordar
(B) adjetiva com o núcleo dessas expressões quanto com o substantivo
(C) adverbial consecutiva que a segue: A  maioria  dos alunos  resolveu  ficar.   A maioria
(D) adverbial proporcional dos alunos resolveram ficar.
(E) adverbial causal
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões
03.“Esses produtos podem ser encontrados nos aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo
supermercados com rótulos como ‘sênior’ e com características concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de
adaptadas às dificuldades para mastigar e para engolir dos vinte candidatos se inscreveram no concurso de piadas.
mais velhos, e preparados para se encaixar em seus hábitos de
consumo”. O segmento “para se encaixar” pode ter sua forma 5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão
verbal reduzida adequadamente desenvolvida em “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de
(A) para se encaixarem. um candidato se inscreveu no concurso de piadas.  
(B) para seu encaixotamento. Observação:
(C) para que se encaixassem. - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
(D) para que se encaixem. associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
(E) para que se encaixariam. necessariamente, deverá permanecer no plural: Mais de um
aluno, mais de um professor contribuíram na campanha de
04. A palavra “se” é conjunção integrante (por introduzir doação de alimentos. 
oração subordinada substantiva objetiva direta) em qual das Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades
orações seguintes? de formatura. 
(A) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão.
(B) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo. 6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos
(C) O aluno fez-se passar por doutor. que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi  um dos
(D) Precisa-se de operários. que atuaram na Copa América.
(E) Não sei se o vinho está bom.
7) Em casos relativos à concordância com locuções
05. “Lembro-me de que ele só usava camisas brancas.” A pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
oração sublinhada é: quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos
(A) subordinada substantiva completiva nominal atermos a duas questões básicas:
(B) subordinada substantiva objetiva indireta - No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural,
(C) subordinada substantiva predicativa o verbo poderá com ele concordar, como poderá também
(D) subordinada substantiva subjetiva concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos.
(E) subordinada substantiva objetiva direta   / Alguns de nós o receberão.
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso
Respostas no singular, o verbo permanecerá, também, no singular:  Algum
01. B\02. A\03. D\04. E\05. B de nós o receberá.  

Concordância Verbal 8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome


“quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos ou poderá concordar com o antecedente desse pronome:   
referindo à relação de dependência estabelecida entre um termo Fomos nós  quem  contou  toda a verdade para ela. / Fomos
e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes nós quem contamos toda a verdade para ela.
principais desse processo são representados pelo sujeito, que no
caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha 9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra
a função de subordinado.  “que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa
Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza- palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. /
se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número Em casa sou eu que decido tudo.   
e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno
chegou 10) No caso de o sujeito aparecer representado por
Temos que o verbo apresenta-se na terceira pessoa do expressões que indicam porcentagens, o verbo concordará com o
singular, pois faz referência a um sujeito, assim também expresso numeral ou com o substantivo a que se refere essa porcentagem:   
(ele).  Como poderíamos também dizer: os alunos chegaram 50% dos funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50%
atrasados. do eleitorado apoiou a decisão.

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APOSTILAS OPÇÃO
Observações: 02. “Se os cachorros correm livremente, por que eu não
- Caso o verbo aparecer anteposto à expressão de posso fazer isso também?”, pergunta Bob Dylan em “New
porcentagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram Morning”. Bob Dylan verbaliza um anseio sentido por todos
a decisão da diretoria 50% dos funcionários.      nós, humanos supersocializados: o anseio de nos livrarmos
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular: de todos os constrangimentos artificiais decorrentes do fato
1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.   de vivermos em uma sociedade civilizada em que às vezes nos
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de sentimos presos a uma correia. Um conjunto cultural de regras
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os tácitas e inibições está sempre governando as nossas interações
50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.  cotidianas com os outros.
Uma das razões pelas quais os cachorros nos atraem é o fato
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por de eles serem tão desinibidos e livres. Parece que eles jogam
pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira com as suas próprias regras, com a sua própria lógica interna.
pessoa do singular ou do plural:  Vossas Majestades gostaram das Eles vivem em um universo paralelo e diferente do nosso - um
homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite.   universo que lhes concede liberdade de espírito e paixão pela
vida enormemente atraentes para nós. Um cachorro latindo ao
12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo vento ou uivando durante a noite faz agitar-se dentro de nós
próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos alguma coisa que também quer se expressar.
que os determinam: Os cachorros são uma constante fonte de diversão para
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser, nós porque não prestam atenção as nossas convenções sociais.
este permanece no singular, contanto que o predicativo também Metem o nariz onde não são convidados, pulam para cima
esteja no singular:  Memórias póstumas de Brás Cubas  é  uma do sofá, devoram alegremente a comida que cai da mesa. Os
criação de Machado de Assis.    cachorros raramente se refreiam quando querem fazer alguma
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também coisa. Eles não compartilham conosco as nossas inibições. Suas
permanece no plural: Os  Estados Unidos  são  uma potência emoções estão ã flor da pele e eles as manifestam sempre que
mundial. as sentem.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem (Adaptado de Matt Weistein e Luke Barber. Cão que
aparece, o verbo permanece no singular:  Estados Unidos é uma late não morde. Trad. de Cristina Cupertino. S.Paulo: Francis,
potência mundial.  2005. p 250)

Casos referentes a sujeito composto A frase em que se respeitam as normas de concordância


verbal é:
1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas (A) Deve haver muitas razões pelas quais os cachorros nos
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando atraem.
relacionado a dois pressupostos básicos: (B) Várias razões haveriam pelas quais os cachorros nos
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as atraem.
demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. (C) Caberiam notar as muitas razões pelas quais os cachorros
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá nos atraem.
flexionar na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. (D) Há de ser diversas as razões pelas quais os cachorros nos
Tu e ele são primos. atraem.
(E) Existe mesmo muitas razões pelas quais os cachorros
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto nos atraem.
ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois
filhos compareceram ao evento.   03. Uma pergunta

3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este Frequentemente cabe aos detentores de cargos de
poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer responsabilidade tomar decisões difíceis, de graves
no plural: Compareceram  ao evento  o pai e seus dois filhos. consequências. Haveria algum critério básico, essencial, para
Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos. amparar tais escolhas? Antonio Gramsci, notável pensador
e político italiano, propôs que se pergunte, antes de tomar a
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com decisão: - Quem sofrerá?
mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: Para um humanista, a dor humana é sempre prioridade a se
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade do considerar.
mundo. (Salvador Nicola, inédito)

5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no
ou ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá singular para preencher adequadamente a lacuna da frase:
permanecer no singular ou ir para o plural: Minha vitória, (A) A nenhuma de nossas escolhas ...... (poder) deixar de
minha conquista, minha premiação são frutos de meu esforço. corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
/ Minha vitória, minha conquista, minha premiação é fruto de (B) Não se ...... (poupar) os que governam de refletir sobre o
meu esforço. peso de suas mais graves decisões.
(C) Aos governantes mais responsáveis não ...... (ocorrer)
Questões tomar decisões sem medir suas consequências.
(D) A toda decisão tomada precipitadamente ...... (costumar)
01. A concordância realizou-se adequadamente em qual sobrevir consequências imprevistas e injustas.
alternativa? (E) Diante de uma escolha, ...... (ganhar) prioridade,
(A) Os Estados Unidos é considerado, hoje, a maior potência recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor
econômica do planeta, mas há quem aposte que a China, em humana.
breve, o ultrapassará.
(B) Em razão das fortes chuvas haverão muitos candidatos 04. Em um belo artigo, o físico Marcelo Gleiser, analisando a
que chegarão atrasados, tenho certeza disso. constatação do satélite Kepler de que existem muitos planetas
(C) Naquela barraca vendem-se tapiocas fresquinhas, pode com características físicas semelhantes ao nosso, reafirmou sua
comê-las sem receio! fé na hipótese da Terra rara, isto é, a tese de que a vida complexa
(D) A multidão gritaram quando a cantora apareceu na (animal) é um fenômeno não tão comum no Universo.
janela do hotel! Gleiser retoma as ideias de Peter Ward expostas de modo
persuasivo em “Terra Rara”. Ali, o autor sugere que a vida

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APOSTILAS OPÇÃO
microbiana deve ser um fenômeno trivial, podendo pipocar até ou concorda com o substantivo mais próximo.
em mundos inóspitos; já o surgimento de vida multicelular na - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
Terra dependeu de muitas outras variáveis físicas e históricas, - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
o que, se não permite estimar o número de civilizações
extra terráqueas, ao menos faz com que reduzamos nossas 2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o
expectativas. plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
Uma questão análoga só arranhada por Ward é a da - Ela tem pai e mãe louros.
inexorabilidade da inteligência. A evolução de organismos - Ela tem pai e mãe loura.
complexos leva necessariamente à consciência e à inteligência?
Robert Wright diz que sim, mas seu argumento é mais 3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente
matemático do que biológico: complexidade engendra para o plural.
complexidade, levando a uma corrida armamentista entre - O homem e o menino estavam perdidos.
espécies cujo subproduto é a inteligência. - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
Stephen J. Gould e Steven Pinker apostam que não. Para
eles, é apenas devido a uma sucessão de pré-adaptações e b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
coincidências que alguns animais transformaram a capacidade 1 - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais
de resolver problemas em estratégia de sobrevivência. Se próximo.
rebobinássemos o filme da evolução e reencenássemos o Comi delicioso almoço e sobremesa.
processo mudando alguns detalhes do início, seriam grandes as Provei deliciosa fruta e suco.
chances de não chegarmos a nada parecido com a inteligência. 2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
(Adaptado de Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo, concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
28/10/2012) Estavam feridos o pai e os filhos.
Estava ferido o pai e os filhos.
A frase em que as regras de concordância estão plenamente
respeitadas é: c) Um substantivo e mais de um adjetivo
(A) Podem haver estudos que comprovem que, no passado, 1- antecede todos os adjetivos com um artigo.
as formas mais complexas de vida - cujo habitat eram oceanos Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
ricos em nutrientes - se alimentavam por osmose. 2- coloca o substantivo no plural.
(B) Cada um dos organismos simples que vivem na natureza Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
sobrevivem de forma quase automática, sem se valerem de
criatividade e planejamento. d) Pronomes de tratamento
(C) Desde que observe cuidados básicos, como obter energia 1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.
por meio de alimentos, os organismos simples podem preservar Vossa Santidade esteve no Brasil.
a vida ao longo do tempo com relativa facilidade.
(D) Alguns animais tem de se adaptar a um ambiente cheio de e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
dificuldades para obter a energia necessária a sua sobrevivência 1 - Concordam com o substantivo a que se referem.
e nesse processo expõe- se a inúmeras ameaças. As cartas estão anexas.
(E) A maioria dos organismos mais complexos possui um A bebida está inclusa.
sistema nervoso muito desenvolvido, capaz de se adaptar a Precisamos de nomes próprios.
mudanças ambientais, como alterações na temperatura. Obrigado, disse o rapaz.

05. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, a f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
concordância verbal está correta em: 1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no
(A) Ela não pode usar o celular e chamar um taxista, pois singular e o adjetivo no plural.
acabou os créditos. Renato advogou um e outro caso fáceis.
(B) Esta empresa mantêm contato com uma rede de táxis Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
que executa diversos serviços para os clientes.
(C) À porta do aeroporto, havia muitos táxis disponíveis para g) É bom, é necessário, é proibido
os passageiros que chegavam à cidade. 1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier
(D) Passou anos, mas a atriz não se esqueceu das calorosas precedido de artigo ou outro determinante.
lembranças que seu tio lhe deixou. Canja é bom. / A canja é boa.
(E) Deve existir passageiros que aproveitam a corrida de táxi É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
para bater um papo com o motorista. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
é proibida.
Respostas
01. C\02. A\03. C\04. E\05. C h) Muito, pouco, caro
1- Como adjetivos: seguem a regra geral.
Concordância Nominal Comi muitas frutas durante a viagem.
Pouco arroz é suficiente para mim.
Concordância nominal é que o ajuste que fazemos aos Os sapatos estavam caros.
demais termos da oração para que concordem em gênero e
número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o 2- Como advérbios: são invariáveis.
artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, temos Comi muito durante a viagem.
também o verbo, que se flexionará à sua maneira. Pouco lutei, por isso perdi a batalha.
Comprei caro os sapatos.
Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
concordam em gênero e número com o substantivo. i) Mesmo, bastante
- A pequena criança é uma gracinha. 1- Como advérbios: invariáveis
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático. Preciso mesmo da sua ajuda.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra
geral mostrada acima. 2- Como pronomes: seguem a regra geral.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
a) Um adjetivo após vários substantivos Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural

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APOSTILAS OPÇÃO
j) Menos, alerta (D) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios)
1- Em todas as ocasiões são invariáveis. (E) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inquilino.
Preciso de menos comida para perder peso. (meio/ meia)
Estamos alerta para com suas chamadas.
05. Quanto à concordância nominal, verifica-se ERRO em:
k) Tal Qual (A) O texto fala de uma época e de um assunto polêmicos.
1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o (B) Tornou-se clara para o leitor a posição do autor sobre o
consequente. assunto.
As garotas são vaidosas tais qual a tia. (C) Constata-se hoje a existência de homem, mulher e
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos. criança viciadas.
(D) Não será permitido visita de amigos, apenas a de
l) Possível parentes.
1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” Respostas
ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.
A mais possível das alternativas é a que você expôs. 01. D\02. D\03. B
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da 04. a) necessária b) alerta c) bastantes d) vazia e) meio
cidade.
05. C
m) Meio Regência Verbal e Nominal
1- Como advérbio: invariável.
Estou meio (um pouco) insegura. Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que
2- Como numeral: segue a regra geral. ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos.
Comi meia (metade) laranja pela manhã. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando
frases não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido
n) Só desejado, que sejam corretas e claras.
1- apenas, somente (advérbio): invariável.
Só consegui comprar uma passagem. Regência Verbal
2- sozinho (adjetivo): variável.
Estiveram sós durante horas. Termo Regente:  VERBO

Questões A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre


os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e
01. Indique o uso INCORRETO da concordância verbal ou objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
nominal: O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa
(A) Será descontada em folha sua contribuição sindical. capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
(B) Na última reunião, ficou acordado que se realizariam conhecermos as diversas significações que um verbo pode
encontros semanais com os diversos interessados no assunto. assumir com a simples mudança ou retirada de uma preposição. 
(C) Alguma solução é necessária, e logo! Observe:
(D) Embora tenha ficado demonstrado cabalmente a A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.
ocorrência de simulação na transferência do imóvel, o pedido A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou
não pode prosperar. prazer”, satisfazer.
(E) A liberdade comercial da colônia, somada ao fato de D.
João VI ter também elevado sua colônia americana à condição de Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
Reino Unido a Portugal e Algarves, possibilitou ao Brasil obter “agradar a alguém”.
certa autonomia econômica.
Saiba que:
02. Aponte a alternativa em que NÃO ocorre silepse (de O conhecimento do uso adequado das preposições é um
gênero, número ou pessoa): dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e
(A) “A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer a também nominal). As preposições são capazes de modificar
diferença.” completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os
(B) Todos sabemos que a solução não é fácil. exemplos:
(C) Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às Cheguei ao metrô.
cinco horas para chegar ao trabalho às oito da manhã. Cheguei no metrô.
(D) Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de
longe... No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo
(E) Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei
compreensivo. no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se
vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é
03. A concordância nominal está INCORRETA em: muito comum existirem divergências entre a regência coloquial,
(A) A mídia julgou desnecessária a campanha e o cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
envolvimento da empresa.
(B) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de
desnecessária. acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é
(C) A mídia julgou desnecessário o envolvimento da empresa um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes
e a campanha.
(D) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa formas em frases distintas.
desnecessárias.
Verbos Intransitivos
04. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
parênteses. importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(A) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/ aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
necessária) a) Chegar, Ir
(B) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas) Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais
(C) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/ de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
bastantes) indicar destino ou direção são: a, para.

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APOSTILAS OPÇÃO
Fui ao teatro. Simpatizo com os que condenam os políticos que governam
      Adjunto Adverbial de Lugar para uma minoria privilegiada.

Ricardo foi para a Espanha. Verbos Transitivos Diretos e Indiretos


                  Adjunto Adverbial de Lugar Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados
b) Comparecer de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido grupo:
por em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último Agradecer, Perdoar e Pagar
jogo. São verbos que apresentam objeto direto
relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
Verbos Transitivos Diretos Veja os exemplos:
Os verbos transitivos diretos são complementados por Agradeço    aos ouvintes         a audiência.
objetos diretos. Isso significa que  não  exigem preposição  para                    Objeto Indireto      Objeto Direto
o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses Cristo ensina que é preciso perdoar     o pecado        ao pecador.
verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os,                                                                  Obj. Direto       Objeto Indireto
as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem assumir Paguei      o débito        ao cobrador.
as formas lo, los, la, las (após formas verbais terminadas em -r,                Objeto Direto      Objeto Indireto
-s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas em
sons nasais), enquanto  lhe e lhes são, quando complementos - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com
verbais, objetos indiretos. particular cuidado. Observe:
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, Agradeci o presente. / Agradeci-o.
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, Paguei minhas contas. / Paguei-as.
socorrer, suportar, ver, visitar. Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
verbo amar: Informar
Amo aquele rapaz. / Amo-o. - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
Amo aquela moça. / Amo-a. indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Amam aquele rapaz. / Amam-no. Informe os novos preços aos clientes.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
preços)
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para
indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais). - Na utilização de pronomes como complementos,  veja as
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) construções:
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre
eles)
Verbos Transitivos Indiretos Obs.: a mesma regência do verbo  informar é usada  para os
Os verbos transitivos indiretos são complementados por seguintes:  avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma
preposição  para o estabelecimento da relação de regência. Comparar
Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para preposições  “a”  ou  “com” para introduzir o complemento
substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como indireto.
complementos de verbos transitivos indiretos. Com os objetos Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.
indiretos que não representam pessoas, usam-se pronomes
oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos Pedir
pronomes átonos lhe, lhes.  Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma
de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Pedi-lhe                 favores.
a) Consistir - Tem complemento introduzido pela Objeto Indireto    Objeto Direto
preposição “em”.                                      
A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para Pedi-lhe                     que mantivesse em silêncio.
todos. Objeto Indireto           Oração Subordinada Substantiva
b) Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos                                                            Objetiva Direta
introduzidos pela preposição “a”.
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Saiba que:
Eles desobedeceram às leis do trânsito. 1) A construção  “pedir para”,  muito comum na linguagem
c) Responder - Tem complemento introduzido pela cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver
quem” ou “ao que” se responde. subentendida.
Respondi ao meu patrão. Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Respondemos às perguntas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma
Respondeu-lhe à altura. oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para
Obs.:  o verbo  responder, apesar de transitivo indireto ir entregar-lhe os catálogos em casa).
quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva 2) A construção  “dizer para”,  também muito usada
analítica. Veja: popularmente, é igualmente considerada incorreta.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente. Preferir
d) Simpatizar e  Antipatizar - Possuem seus complementos Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto
introduzidos pela preposição “com”. indireto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Antipatizo com aquela apresentadora. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.

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APOSTILAS OPÇÃO
Prefiro trem a ônibus. A torcida chamou ao jogador de mercenário.
Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
termos intensificadores, tais como:  muito, antes, mil vezes, um CUSTAR
milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente 1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor
no próprio verbo (pre). ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial.
Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Mudança de Transitividade versus Mudança de
Significado 2) No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
transitivo indireto.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, Muito custa          viver tão longe da família.
apresentam mudança de significado. O conhecimento das             Verbo   Oração Subordinada Substantiva Subjetiva 
diferentes regências desses verbos é um recurso linguístico        Intransitivo                       Reduzida de Infinitivo
muito importante, pois além de permitir a correta interpretação
de passagens escritas, oferece possibilidades expressivas a Custa-me (a mim)  crer que tomou realmente aquela atitude.
quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão:         Objeto                 Oração Subordinada Substantiva Subjetiva 
        Indireto                                     Reduzida de Infinitivo
AGRADAR
1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que
acariciar. atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa.
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada Observe o exemplo abaixo:
quando o revê. Custei para entender o problema. 
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia Forma correta: Custou-me entender o problema.
não perde oportunidade de agradá-lo.
IMPLICAR
2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado 1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
a, satisfazer, ser agradável a.  Rege complemento introduzido
pela preposição “a”. a) dar a entender, fazer supor, pressupor
O cantor não agradou aos presentes. Suas atitudes implicavam um firme propósito.
O cantor não lhes agradou.
b)  Ter como consequência, trazer como consequência,
ASPIRAR acarretar, provocar
1) Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar Liberdade de escolha implica amadurecimento político de um
(o ar), inalar. povo.
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
2) Como transitivo direto e indireto, significa comprometer,
2)  Aspirar  é transitivo indireto no sentido de  desejar, ter envolver
como ambição. Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a
elas) Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, indireto e rege com preposição “com”.
mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” Implicava com quem não trabalhasse arduamente.
e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”.  Veja o
exemplo: PROCEDER
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela) 1)  Proceder  é intransitivo no sentido de  ser decisivo,
ter cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
ASSISTIR agir.  Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de
1)  Assistir  é transitivo direto no sentido de  ajudar, prestar adjunto adverbial de modo.
assistência a, auxiliar. Por Exemplo: As afirmações da testemunha procediam, não havia como
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. refutá-las.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. Você procede muito mal.

2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, 2) Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição”
estar presente, caber, pertencer. de”) e  fazer, executar  (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
Exemplos: O avião procede de Maceió.
Assistimos ao documentário. Procedeu-se aos exames.
Não assisti às últimas sessões. O delegado procederá ao inquérito.
Essa lei assiste ao inquilino.
Obs.: no sentido de  morar, residir,  o verbo  “assistir”  é QUERER
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar 1)  Querer  é transitivo direto no sentido de  desejar, ter
introduzido pela preposição “em”. vontade de, cobiçar.
Assistimos numa conturbada cidade. Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.
CHAMAR
1)  Chamar  é transitivo direto no sentido de  convocar, 2)  Querer  é transitivo indireto no sentido de  ter afeição,
solicitar a atenção ou a presença de. estimar, amar.
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la. Quero muito aos meus amigos.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.
2)  Chamar  no sentido de  denominar, apelidar  pode
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo VISAR
preposicionado ou não. 1)  Como transitivo direto, apresenta os sentidos de  mirar,
A torcida chamou o jogador mercenário. fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
A torcida chamou ao jogador mercenário. O homem visou o alvo.
A torcida chamou o jogador de mercenário. O gerente não quis visar o cheque.

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APOSTILAS OPÇÃO
2)  No sentido de  ter em vista, ter como meta, ter como Aversão a, para, por
objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”. Doutor em
O ensino deve sempre visar ao progresso social. Obediência a
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar Atentado a, contra
público. Dúvida acerca de, em, sobre
Questões Ojeriza a, por
Bacharel em
01. Todas as alternativas estão corretas quanto ao emprego Horror a
correto da regência do verbo, EXCETO: Proeminência sobre
(A) Faço entrega em domicílio. Capacidade de, para
(B) Eles assistem o espetáculo. Impaciência com
(C) João gosta de frutas. Respeito a, com, para com, por
(D) Ana reside em São Paulo.
(E) Pedro aspira ao cargo de chefe. Adjetivos
Acessível a
02. Assinale a opção em que o verbo Diferente de
chamar é empregado com o mesmo sentido que Necessário a
apresenta em __ “No dia em que o chamaram de Ubirajara, Acostumado a, com
Quaresma ficou reservado, taciturno e mudo”: Entendido em
(A) pelos seus feitos, chamaram-lhe o salvador da pátria; Nocivo a
(B) bateram à porta, chamando Rodrigo; Afável com, para com
(C) naquele momento difícil, chamou por Deus e pelo Diabo; Equivalente a
(D) o chefe chamou-os para um diálogo franco; Paralelo a
(E) mandou chamar o médico com urgência. Agradável a
Escasso de
03. A regência verbal está correta na alternativa: Parco em, de
(A) Ela quer namorar com o meu irmão. Alheio a, de
(B) Perdi a hora da entrevista porque fui à pé. Essencial a, para
(C) Não pude fazer a prova do concurso porque era de menor. Passível de
(D) É preferível ir a pé a ir de carro. Análogo a
Fácil de
04. Em todas as alternativas, o verbo grifado foi empregado Preferível a
com regência certa, exceto em: Ansioso de, para, por
(A) a vista de José Dias lembrou-me o que ele me dissera. Fanático por
(B) estou deserto e noite, e aspiro sociedade e luz. Prejudicial a
(C) custa-me dizer isto, mas antes peque por excesso; Apto a, para
(D) redobrou de intensidade, como se obedecesse a voz do Favorável a
mágico; Prestes a
(E) quando ela morresse, eu lhe perdoaria os defeitos. Ávido de
Generoso com
05. A regência verbal está INCORRETA em: Propício a
(A) Proibiram-no de fumar. Benéfico a
(B) Ana comunicou sua mudança aos parentes mais íntimos. Grato a, por
(C) Prefiro Português a Matemática. Próximo a
(D) A professora esqueceu da chave de sua casa no carro da Capaz de, para
amiga. Hábil em
(E) O jovem aspira à carreira militar. Relacionado com
Compatível com
Respostas Habituado a
01. B\02. A\03. D\04. B\05. D Relativo a
Contemporâneo a, de
Regência Nominal Idêntico a
   
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, Advérbios
adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa Longe de Perto de
relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo
da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes Obs.: os advérbios terminados em  -mente tendem a seguir
apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, paralelamente a; relativa a; relativamente a.
conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Verbo  obedecer  e os nomes correspondentes: todos regem
complementos introduzidos pela preposição «a”.Veja: Questões

Obedecer a algo/ a alguém. 01. Assinale a alternativa em que a preposição “a” não deva


Obediente a algo/ a alguém. ser empregada, de acordo com a regência nominal.
(A) A confiança é necessária ____ qualquer relacionamento.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados (B) Os pais de Pâmela estão alheios ____ qualquer decisão.
da preposição ou preposições que os regem. Observe-os (C) Sirlene tem horror ____ aves.
atentamente e procure, sempre que possível, associar esses (D) O diretor está ávido ____ melhores metas.
nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece. (E) É inegável que a tecnologia ficou acessível ____ toda
população.
Substantivos
Admiração a, por 02. Quanto a amigos, prefiro João.....Paulo,.....quem sinto......
Devoção a, para, com, por simpatia.
Medo a, de (A) a, por, menos

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(B) do que, por, menos Ela não tem nada a dizer.
(C) a, para, menos
(D) do que, com, menos Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos
(E) do que, para, menos exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.

03. Assinale a opção em que todos adjetivos podem ser 3-) diante da maioria dos pronomes e das expressões de
seguidos pela mesma preposição: tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona:
(A) ávido, bom, inconsequente Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
(B) indigno, odioso, perito Entreguei a todos os documentos necessários.
(C) leal, limpo, oneroso Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
(D) orgulhoso, rico, sedento
(E) oposto, pálido, sábio Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes
podem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina
04. “As mulheres da noite,......o poeta faz alusão a colorir por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao,
Aracaju,........coração bate de noite, no silêncio”. A opção que ocorrerá crase. Por exemplo:
completa corretamente as lacunas da frase acima é:
(A) as quais, de cujo Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
(B) a que, no qual Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)
(C) de que, o qual Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio
(D) às quais, cujo Cláudio para sair mais cedo.)
(E) que, em cujo
4-) diante de numerais cardinais:
05. Com relação à Regência Nominal, indique a alternativa Chegou a duzentos o número de feridos
em que esta foi corretamente empregada. Daqui a uma semana começa o campeonato.
(A) A colocação de cartazes na rua foi proibida.
(B) É bom aspirar ao ar puro do campo. Casos em que a crase SEMPRE ocorre:
(C) Ele foi na Grécia.
(D) Obedeço o Código de Trânsito. 1-) diante de palavras femininas:
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
Respostas Sempre vamos à praia no verão.
01. D\02. A\03. D\04. D\05. A Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Sou grata à população.
Crase Fumar é prejudicial à saúde.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.
A palavra crase é de origem grega e significa «fusão»,
«mistura». Na língua portuguesa, é o nome que se dá à «junção» 2-) diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de”
de duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
preposição “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. 
pronomes aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
indicar a crase. O uso apropriado do acento grave depende da O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental também,
para o entendimento da crase, dominar a regência dos verbos 3-) na indicação de horas:
e nomes que exigem a preposição  “a”. Aprender a usar a Acordei às sete horas da manhã.
crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência Elas chegaram às dez horas.
simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.  Foram dormir à meia-noite.

Observe: 4-) em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de


Vou a + a igreja. que participam palavras femininas. Por exemplo:
Vou à igreja.
à tarde às ocultas às pressas à medida que
No exemplo acima, temos a ocorrência da à noite às claras às escondidas à força
preposição  “a”,  exigida pelo verbo  ir (ir a algum lugar) e a
ocorrência do artigo “a” que está determinando o substantivo à vontade à beça à larga à escuta
feminino igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e às avessas à revelia à exceção de à imitação de
elas se unem, a união delas é indicada pelo acento grave. Observe
os outros exemplos: à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
Conheço a aluna.
Refiro-me à aluna. à proporção
à luz à sombra de à frente de
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer que
algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode à
ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto semelhança às ordens à beira de
(referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição  “a”. de
Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja
feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes já Crase diante de Nomes de Lugar
especificados.
Veja os principais casos em que a crase NÃO ocorre: Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do
artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que
1-) diante de substantivos masculinos: diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a
Andamos a cavalo. preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
Fomos a pé. a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo
regente por um verbo que peça a preposição  “de”  ou  “em”. A
2-) diante de  verbos no infinitivo: ocorrência da contração  “da”  ou  “na”  prova que esse nome de
A criança começou a falar. lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase.

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APOSTILAS OPÇÃO
Por exemplo: Seus argumentos são superiores aos dele.
Vou  à  França. (Vim  da  [de+a] França. Estou  na  [em+a] Sua blusa é idêntica à de minha colega.
França.) Seu casaco é idêntico ao de minha colega.
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália) A Palavra Distância
Vou  a  Porto Alegre. (Vim  de Porto Alegre. Estou em Porto
Alegre.)  Se a palavra  distância  estiver especificada, determinada, a
crase deve ocorrer.
- Minha dica: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A Por exemplo:
volto DE, crase PRA QUÊ?” Sua casa fica  à  distância de 100 Km daqui. (A palavra está
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas. determinada)
Vou à praia. = Volto da praia. Todos devem ficar  à  distância de 50 metros do palco. (A
palavra está especificada.)
- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,
ocorrerá crase. Veja: Se a palavra  distância  não estiver especificada, a
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = crase não pode ocorrer. 
mesmo que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” Por exemplo:
Irei à Salvador de Jorge Amado. Os militares ficaram a distância.
Gostava de fotografar a distância.
Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s), Ensinou a distância.
Aquela (s), Aquilo Dizem que aquele médico cura a distância.
Reconheci o menino a distância.
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo
regente exigir a preposição “a”. Por exemplo: Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade,
pode-se usar a crase.
Refiro-me a + aquele atentado. Veja:
Preposição Pronome Gostava de fotografar à distância.
Ensinou à distância.
Refiro-me àquele atentado. Dizem que aquele médico cura à distância.

O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição,
portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo: 1-) diante de nomes próprios femininos:
Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes
Aluguei aquela casa. próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exige A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.
preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso.
Veja outros exemplos: Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho. feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos
Quero agradecer àqueles que me socorreram. escrever as frases abaixo das seguintes formas:
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Não obedecerei àquele sujeito. Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a
Roberto.
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao
Roberto.
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as
quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes 2-) diante de pronome possessivo feminino:
exigir a preposição  «a»,  haverá crase. É possível detectar a Observação: é facultativo o uso da crase diante de
ocorrência da crase nesses casos utilizando a substituição do pronomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
termo regido feminino por um termo regido masculino.  artigo. Observe:
Por exemplo: Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. esperando por você.
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está
esperando por você.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase.
Veja outros exemplos: Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. frases abaixo das seguintes formas:
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam
responder nenhuma das questões. Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
A sessão à qual assisti estava vazia. Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.

Crase com o Pronome Demonstrativo “a” 3-) depois da preposição até:


Fui até a praia. ou Fui até à praia.
A ocorrência da crase com o pronome Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
demonstrativo “a” também pode ser detectada através da A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou
substituição do termo regente feminino por um termo regido A palestra vai até às cinco horas da tarde.
masculino. 
Veja: Questões
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país. 01. No Brasil, as discussões sobre drogas parecem limitar-
As orações são semelhantes às de antes. se ______aspectos jurídicos ou policiais. É como se suas únicas
Os exemplos são semelhantes aos de antes. consequências estivessem em legalismos, tecnicalidades
Suas perguntas são superiores às dele. e estatísticas criminais. Raro ler ____respeito envolvendo

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APOSTILAS OPÇÃO
questões de saúde pública como programas de esclarecimento O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se o
e prevenção, de tratamento para dependentes e de reintegração segmento grifado for substituído por:
desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome de um médico A) leitura apressada e sem profundidade.
ou clínica ____quem tentar encaminhar um drogado da nossa B) cada um de nós neste formigueiro.
própria família? C) exemplo de obras publicadas recentemente.
D) uma comunicação festiva e virtual.
(Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo, E) respeito de autores reconhecidos pelo público.
17.09.2012. Adaptado)
05. O Instituto Nacional de Administração Prisional
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e (INAP) também desenvolve atividades lúdicas de apoio______
respectivamente, com: ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará-
(A) aos … à … a … a lo para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em
(B) aos … a … à … a liberdade, ele estará capacitado______ ter uma profissão e uma
(C) a … a … à … à vida digna.
(D) à … à … à … à (Disponível em:
(E) a … a … a … a www.metropolitana.com.br/blog/qual_e_a_importancia_da_
ressocializacao_de_presos. Acesso em: 18.08.2012. Adaptado)
02. Leia o texto a seguir.
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu Assinale a alternativa que preenche, correta e
______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do respectivamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma-
procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu- padrão da língua portuguesa.
lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o A) à … à … à
que fez. B) a … a … à
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de C) a … à … à
Janeiro: Globo, 1997, p. 6) D) à … à ... a
E) a … à … a
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
ordem dada: Respostas
A) à – a – a 1-B / 2-A / 3-B / 4-A / 5-D
B) a – a – à
C) à – a – à Pontuação
D) à – à – a
E) a – à – à Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
para compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar
03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas já especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais
expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”. funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua
a) à - àqueles - a - há  portuguesa.
b) a - àqueles - a - há 
c) a - aqueles - à - a  Ponto
d) à - àqueles - a - a  1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
e) a - aqueles - à - há - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que
se encontra.
04. Leia o texto a seguir. - Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.

Comunicação - Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.

O público ledor (existe mesmo!) é sensorial: quer ter um autor 2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
ao vivo, em carne e osso. Quando este morre, há uma queda de
popularidade em termos de venda. Ou, quando teatrólogo, em Ponto e Vírgula ( ; )
termos de espetáculo. Um exemplo: G. B. Shaw. E, entre nós, o 1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
suave fantasma de Cecília Meireles recém está se materializando, importância.
tantos anos depois. -  “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão
Isto apenas vem provar que a leitura é um remédio para a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de
a solidão em que vive cada um de nós neste formigueiro. Claro nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
que não me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e
efervescente. 2- Separa partes de frases que já estão separadas por
Porque o autor escreve, antes de tudo, para expressar-se. Sua vírgulas.
comunicação com o leitor decorre unicamente daí. Por afinidades. - Alguns quiseram verão, praia e calor; outros montanhas, frio
É como, na vida, se faz um amigo. e cobertor.
E o sonho do escritor, do poeta, é individualizar cada
formiga num formigueiro, cada ovelha num rebanho − para que 3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,
sejamos humanos e não uma infinidade de xerox infinitamente decreto de lei, etc.
reproduzidos uns dos outros. - Ir ao supermercado;
Mas acontece que há também autores xerox, que nos invadem - Pegar as crianças na escola;
com aqueles seus best-sellers... - Caminhada na praia;
Será tudo isto uma causa ou um efeito? - Reunião com amigos.
Tristes interrogações para se fazerem num mundo que já foi
civilizado. Dois pontos
1- Antes de uma citação
(Mário Quintana. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1. - Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
ed., 2005. p. 654)
2- Antes de um aposto
Claro que não me estou referindo a essa vulgar comunicação - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde
festiva e efervescente. e calor à noite.

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APOSTILAS OPÇÃO
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento - Para marcar elipse (omissão) do verbo:
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
rotina de sempre.
- Para isolar:
4- Em frases de estilo direto
 Maria perguntou: - o aposto:
- Por que você não toma uma decisão? São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um
trânsito caótico.
Ponto de Exclamação
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto, - o vocativo:
súplica, etc. Ora, Thiago, não diga bobagem.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
Questões
2- Depois de interjeições ou vocativos
- Ai! Que susto! 01. Assinale a alternativa em que a pontuação está
- João! Há quanto tempo! corretamente empregada, de acordo com a norma-padrão da
língua portuguesa.
Ponto de Interrogação (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, procurou
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo) a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
Reticências ajudar a revelar quem era a sua dona.
1- Indica que palavras foram suprimidas. (B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora
- Comprei lápis, canetas, cadernos... experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, procurou
a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
2- Indica interrupção violenta da frase. ajudar a revelar quem era a sua dona.
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!” (C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
- Este mal... pega doutor? ajudar a revelar quem era a sua dona.
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, embora
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
- Deixa, depois, o coração falar... a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse
ajudar a revelar quem era a sua dona.
Vírgula (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
Não se usa vírgula experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
*separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse
diretamente entre si: ajudar a revelar quem era a sua dona.

a) entre sujeito e predicado. 02. Assinale a opção em que está corretamente indicada a
Todos os alunos da sala    foram advertidos.  ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as lacunas
Sujeito                            predicado da frase abaixo:
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas devem
b) entre o verbo e seus objetos. ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que o trabalho
O trabalho custou            sacrifício             aos realizadores.  oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter.
             V.T.D.I.              O.D.                      O.I. A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
c) entre nome e complemento nominal; entre nome e adjunto C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
adnominal. D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
A surpreendente reação do governo contra os sonegadores E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.
despertou reações entre os empresários.
adj. adnominal nome adj. adn. complemento nominal 03. Os sinais de pontuação estão empregados corretamente
em:
Usa-se a vírgula: A) Duas explicações, do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a construção
- Para marcar intercalação: de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das metas de
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância, vendas associadas aos dois temas.
vem caindo de preço. B) Duas explicações do treinamento para consultores
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a construção
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos. de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das metas de
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias vendas associadas aos dois temas.
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir C) Duas explicações do treinamento para consultores
mão dos lucros altos. iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a construção
de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das metas de
- Para marcar inversão: vendas associadas aos dois temas.
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): D) Duas explicações do treinamento para consultores
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a construção
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar das metas de
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. vendas associadas aos dois temas.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio E) Duas explicações, do treinamento para consultores
de 1982. iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a construção
de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das metas, de
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos vendas associadas aos dois temas.
em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. 04. Assinale a alternativa em que o período, adaptado da
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. revista Pesquisa Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à

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APOSTILAS OPÇÃO
regência nominal e à pontuação. Ampliação de Sentido
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente,
seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a
notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em designar uma quantidade mais ampla de objetos ou noções do
outros. que originariamente.
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente “Embarcar”, por exemplo, que originariamente era
seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja mais usada para designar o ato de viajar em um barco, ampliou
notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em consideravelmente o sentido e passou a designar a ação de
outros. viajar em outros veículos. Hoje se diz, por ampliação de sentido,
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente que um passageiro:
seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço seja mais - embarcou num ter.
notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em - embarcou no ônibus das dez.
outros. - embarcou no avião da força aérea.
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente - embarcou num transatlântico.
seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço seja mais
notável em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em “Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que
outros. escala os Alpes (cadeia montanhosa europeia). Depois, por
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente, ampliação de sentido, passou a designar qualquer tipo de
seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais praticante do esporte de escalar montanhas.
notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
outros. Restrição de Sentido

05. Assinale a alternativa em que a frase mantém-se correta Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento
após o acréscimo das vírgulas. inverso, isto é, uma palavra passa a designar uma quantidade
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pulseira mais restrita de objetos ou noções do que originariamente. É
instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao grupo o caso, por exemplo, das palavras que saem da língua geral e
ou acione o código na internet. passam a ser usadas com sentido determinado, dentro de um
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o universo restrito do conhecimento.
código foi acionado. A palavra aglutinação, por exemplo, na nomenclatura
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados, gramatical, é bom exemplo de especialização de sentido. Na
recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a língua geral, ela significa qualquer junção de elementos para
criança foi encontrada. formar um todo, porém em Gramática designa apenas um tipo
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega primeiro de formação de palavras por composição em que a junção dos
às, areias do Guarujá. elementos acarreta alteração de pronúncia, como é o caso de
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone pernilongo (perna + longa).
de quem a encontrou e informar um ponto de referência Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais
aglutinação, mas justaposição. A palavra Pernalonga, por
Resposta exemplo, que designa uma personagem de desenhos animados,
1-C 2-C 3-B 4-D 5-E não se formou por aglutinação, mas por justaposição.
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o
significado das palavras para dar precisão à comunicação.
VII - Literatura: Denotação e A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol,
conotação; conceituação de não pode ser usada para designar, por exemplo, um astro que
texto literário; gêneros literários; gira em torno do Sol: seu sentido sofreu restrição, e ela serve
periodização da literatura para designar apenas um tipo de flor que tem a propriedade de
acompanhar o movimento do Sol.
brasileira; estudo dos principais
autores dos estilos de época. Há certas palavras que, além do significado explícito, contêm
brasileira; estudo dos principais outros implícitos (ou pressupostos).
autores dos estilos de época. Os exemplos são muitos. É o caso do adjetivo outro, por
exemplo, que indica certa pessoa ou coisa, pressupondo
necessariamente a existência de ao menos uma além daquela
indicada.
Sentido Literal (próprio ou denotativo) e Sentido Não Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que
Literal (figurado ou conotativo) nunca lançou um livro, dizer que ele estará autografando seu
outro livro. O uso de outro pressupõe necessariamente ao menos
Literal é o sentido da palavra interpretada ao pé da letra, um livro além daquele que está sendo autografado.
isto é, de acordo com o sentido geral que ela tem na maioria
dos contextos em que ocorre. É o sentido próprio da palavra. Questões
Exemplo:
01. (PC-CE – Delegado de Polícia Civil – VUNESP/2015)
“Uma pedra no meio da rua foi a causa do acidente.”
A morte do narrador
A palavra “pedra” aqui está usada em sentido literal.
Recentemente recebi um e-mail de uma leitora perguntando
Não Literal é o sentido da palavra desviado do usual, isto a razão de eu ter, segundo ela, uma visão tão dura para com
é, aquele que se distancia do sentido próprio e costumeiro. os idosos. O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma
Exemplo: de minhas colunas, que hoje em dia não existiam mais vovôs e
vovós, porque estavam todos na academia querendo parecer
“As pedras atiradas pela boca ferem mais do que as atiradas com seus netos.
pela mão.” Claro, minha leitora me entendeu mal. Mas o fato de ela
“Pedras”, nesse contexto, não está indicando o que ter me entendido mal, o que acontece com frequência quando
usualmente indica, mas um insulto, uma ofensa produzida pela se discute o tema da velhice, é comum, principalmente porque
boca. o próprio termo “velhice” já pede sinônimos politicamente
corretos, como “terceira idade”, “melhor idade”, “maturidade”,

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APOSTILAS OPÇÃO
entre outros. que só quem pesquisa, atividade estupidamente cara, seja capaz
Uma característica do politicamente correto é que, quando de ensinar.
ele se manifesta num uso linguístico específico, é porque esse O gasto médio anual por aluno numa das três universidades
uso se refere a um conceito já considerado como algo ruim. estaduais paulistas, aí embutidas todas as despesas que
A marca essencial do politicamente correto é a hipocrisia contribuem direta e indiretamente para a boa pesquisa,
articulada como gesto falso, ideias bem comportadas. incluindo inativos e aportes de Fapesp, CNPq e Capes, é de R$ 46
Voltando à velhice. Minha leitora entendeu que eu dizia que mil (dados de 2008). Ora, um aluno do ProUni custa ao governo
idosos devem se afundar na doença, na solidão e no abandono, algo em torno de R$ 1.000 por ano em renúncias fiscais.
e não procurar ser felizes. Mas, quando eu dizia que eles estão Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que
fugindo da condição de avós, usava isso como metáfora da o país não dispõe de recursos para colocar os quase sete milhões
mentira (politicamente correta) quanto ao medo que temos de universitários em instituições com o padrão de investimento
de afundar na doença, antes de tudo psicológica, devido ao das estaduais paulistas. E o Brasil precisa aumentar rapidamente
abandono e à solidão, típicos do mundo contemporâneo. Minha sua população universitária. Nossa taxa bruta de escolarização
crítica era à nossa cultura, e não às vítimas dela. Ela cultua a no nível superior beira os 30%, contra 59% do Chile e 63% do
juventude como padrão de vida e está intimamente associada Uruguai.
ao medo do envelhecimento, da dor e da morte. Sua opção é pela Isso para não mencionar países desenvolvidos como
“negação”, traço de um dos sintomas neuróticos descritos por EUA (89%) e Finlândia (92%). Em vez de insistir na ficção
Freud. constitucional de que todas as universidades do país precisam
Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia que na dedicar-se à pesquisa, faria mais sentido aceitar o mundo como
modernidade o narrador da vida desapareceu. Isso quer dizer ele é e distinguir entre instituições de elite voltadas para a
que as pessoas encarregadas, antigamente, de narrar a vida produção de conhecimento e as que se destinam a difundi-lo. O
e propor sentido para ela perderam esse lugar. Hoje os mais Brasil tem necessidade de ambas.
velhos querem “aprender” com os mais jovens (aprender a amar, (Hélio Schwartsman. Disponível em: http://www1.folha.uol.
se relacionar, comprar, vestir, viajar, estar nas redes sociais). com.br, 10.09.2013. Adaptado)
Esse fenômeno, além de cruel com o envelhecimento, é também
desorganizador da própria juventude. Ouço cotidianamente, na Assinale a alternativa em que a expressão destacada é
sala de aula, os alunos demonstrarem seu desprezo por pais e empregada em sentido figurado.
mães que querem aprender a viver com eles. (A) ... universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a
Alguns elementos do mundo moderno não ajudam a nata dos especialistas...
combater essa desvalorização dos mais velhos. As ferramentas (B) Os dados do Ranking Universitário publicados em
de informação, normalmente mais acessíveis aos jovens, setembro de 2013...
aumentam a percepção negativa dos mais velhos diante do (C) Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber
acúmulo de conhecimento posto a serviço dos consumidores, que o país não dispõe de recursos...
que questionam as “verdades constituídas do passado”. A (D) ... das 20 universidades mais bem avaliadas em termos
própria estrutura sobre a qual se funda a experiência moderna – de ensino...
ciência, técnica, superação de tradição – agrava a invisibilidade (E) ... todas as despesas que contribuem direta e
dos mais velhos. Em termos humanos, o passado (que “nada” indiretamente para a boa pesquisa...
serve ao mundo do progresso) tem um nome: idoso. Enfim, resta
aos vovôs e vovós ir para a academia ou para as redes sociais. 03. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário –
VUNESP/2014)
(Luiz Felipe Pondé, Somma, agosto 2014, p. 31. Adaptado) Leia o texto para responder a questão.
Um pé de milho
O termo empregado com sentido figurado está em destaque
na seguinte passagem do texto: Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra trazido
(A) Mas o fato de ela ter me entendido mal, o que acontece pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de
com frequência quando se discute o tema da velhice… (segundo capim – mas descobri que era um pé de milho. Transplantei-o
parágrafo). para o exíguo canteiro na frente da casa. Secaram as pequenas
(B) O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma de folhas, pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando
minhas colunas, que hoje em dia não existiam mais vovôs e estava do tamanho de um palmo, veio um amigo e declarou
vovós… (primeiro parágrafo). desdenhosamente que na verdade aquilo era capim. Quando
(C) Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia que estava com dois palmos veio outro amigo e afirmou que era cana.
na modernidade o narrador da vida desapareceu. (penúltimo Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha
parágrafo). razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas folhas
(D) A própria estrutura sobre a qual se funda a experiência além do muro – e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor
moderna – ciência, técnica, superação de tradição – agrava a um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de
invisibilidade dos mais velhos. (último parágrafo). milharais – mas é diferente. Um pé de milho sozinho, em um
(E) Minha leitora entendeu que eu dizia que idosos devem anteiro, espremido, junto do portão, numa esquina de rua – não
se afundar na doença, na solidão e no abandono… (quarto é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas
parágrafo). raízes roxas se agarra mão chão e suas folhas longas e verdes
nunca estão imóveis.
02. (PC-CE – Escrivão de Polícia Civil – VUNESP/2015) Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos
Ficção universitária encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou.
Há muitas flores belas no mundo, e a flor do meu pé de milho
Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro não será a mais linda. Mas aquele pendão firme, vertical, beijado
de 2013 trazem elementos para que tentemos desfazer o mito, pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com
que consta da Constituição, de que pesquisa e ensino são uma força e uma alegria que fazem bem. É alguma coisa de vivo
indissociáveis. É claro que universidades que fazem pesquisa que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo
tendem a reunir a nata dos especialistas, produzir mais gesto da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que vive
inovação e atrair os alunos mais qualificados, tornando-se assim atrás de uma chata máquina de escrever: sou um rico lavrador
instituições que se destacam também no ensino. da Rua Júlio de Castilhos.
O Ranking Universitário mostra essa correlação de forma (Rubem Braga. 200 crônicas escolhidas, 2001. Adaptado)
cristalina: das 20 universidades mais bem avaliadas em termos Assinale a alternativa em que, nas duas passagens, há termos
de ensino, 15 lideram no quesito pesquisa (e as demais estão empregados em sentido figurado.
relativamente bem posicionadas). Das 20 que saem à frente em (A) ... beijado pelo vento do mar.... (3º §) / Meu pé de milho é
inovação, 15 encabeçam também a pesquisa. Daí não decorre um belo gesto da terra. (3º §)

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APOSTILAS OPÇÃO
(B) Mas ele reagiu. (1º §) / ... na verdade aquilo era capim. 04. Resposta: B
(1º §) (A) Atitudes são o espelho;
(C) Secaram as pequenas folhas... (1º §) / Sou um ignorante... (B) CERTA;
(2º §) (C) Pipocavam palavras no texto;
(D) Ele cresceu, está com dois metros... (2º §) / Tinha visto (D) Choviam risadas;
centenas de milharais... (2º §) (E) Sabedoria abre as portas
(E) ... lança as suas folhas além do muro... (2º §) / Há muitas
flores belas no mundo... (3º §) 05. Resposta: B
Segundo Bechara:
04. (IF-SC – Técnico de Laboratório – IF-SC/2014) Vocativo: uma unidade à parte – Desligado da estrutura
Assinale a opção em que NÃO há palavra usada em sentido argumental da oração e desta separado por curva de entoação
conotativo. exclamativa, o vocativo cumpre uma função apelativa de 2.ª
(A) Tuas atitudes são o espelho do teu caráter. pessoa, pois, por seu intermédio, chamamos ou pomos em
(B) Regras podem ser estabelecidas para uma convivência evidência a pessoa ou coisa a que nos dirigimos:
pacífica. José, vem cá!
(C) Pipocavam palavras no texto, como se fossem rabiscos Tu, meu irmão, precisas estudar!
coloridos do próprio pensamento Felicidade, onde te escondes?
(D) Choviam risadas naquela peça de humor. Algumas vezes vem precedido de ó, que a tradição gramatical
(E) A sabedoria abre as portas do conhecimento. inclui entre as interjeições, pela sua correspondência material,
mas que, na realidade, pode ser considerado um morfema de
05. (CRN-GO – Nutricionista Fiscal – Quadrix/2014) vocativo, dada a característica entonacional que a diferencia das
interjeições propriamente ditas [HCv.2, 197 n.47].
“Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?” [CAv.1, 141]
Estes exemplos nos põem diante de algumas particularidades
que envolvem o vocativo. Pelo desligamento da estrutura
argumental da oração, constitui, por si só, a rigor, uma frase
exclamativa à parte ou um fragmento de oração, à semelhança
das interjeições. Por outro lado, como no caso de Tu, meu irmão,
precisas estudar!, às vezes, se aproxima do aposto explicativo,
pela razão que vai constituir a particularidade seguinte. Por
Sobre a tirinha, de uma maneira geral, analise as afirmações. fim, o vocativo, na função apelativa, está ligado ao imperativo
I. A linguagem do texto da tirinha é absolutamente formal. ou conteúdo volitivo da forma verbal, já que, em se tratando
II. A palavra “Garfield”, no segundo quadrinho, aparece de ordem ou manifestação de desejo endereçada à pessoa com
isolada por vírgula por se tratar de um vocativo. quem falamos ou a quem nos dirigimos, presente quase sempre,
III. O humor da tirinha se constrói com base, essencialmente, não há necessidade de marcar gramaticalmente o sujeito.
na linguagem não verbal, já que as bruscas alterações nas feições Quando surge a necessidade de explicitá-lo, por algum motivo,
de Garfield levam à estranheza do leitor. aludimos a esse sujeito em forma de vocativo [RLz.1, 66].

Está correto o que se afirma em: Denotação e Conotação


(A) I, somente.
(B) II, somente. A língua portuguesa é rica, interessante, criativa e versátil,
(C) III, somente. encontrando-se em constante evolução. As palavras não
(D) I e III, somente. apresentam apenas um significado objetivo e literal, mas sim
(E) II e III, somente. uma variedade de significados, mediante o contexto em que
ocorrem e as vivências e conhecimentos das pessoas que as
Respostas utilizam.
01. Resposta: D A significação das palavras não é fixa, nem estática. Por meio
O sentido figurado ou conotativo, é aquele em que se atribui da imaginação criadora do homem, as palavras podem ter seu
à palavra ou expressão, um sentido ampliado, diferente do significado ampliado, deixando de representar apenas a ideia
sentido literal/usual. original (básica e objetiva). Assim, frequentemente remetem-
d) A palavra “Indivisibilidade” foi usada com o sentido de nos a novos conceitos por meio de associações, dependendo de
“isolamento”, “exclusão” e, portanto, é o gabarito. sua colocação numa determinada frase. Observe os seguintes
exemplos:
02. Resposta: A
nata:na.ta sf (lat matta) 1 Camada que se forma à superfície A menina está com a cara toda pintada.
do leite; creme. 2 A melhor parte de qualquer coisa, o que há de Aquele cara parece suspeito.
melhor; a fina flor, o escol. N. da terra: nateiro; terra fértil.
No primeiro exemplo, a palavra cara significa “rosto”, a parte
03. Resposta: A que antecede a cabeça, conforme consta nos dicionários. Já no
... beijado pelo vento do mar.... (3º §) / Meu pé de milho é um segundo exemplo, a mesma palavra cara teve seu significado
belo gesto da terra. (3º §) ampliado e, por uma série de associações, entendemos que
nesse caso significa “pessoa”, “sujeito”, “indivíduo”.
Mas aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do Algumas vezes, uma mesma frase pode apresentar duas (ou
mar, (que o vento bate no pé de milho) veio enriquecer nosso mais) possibilidades de interpretação. Veja:
canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem.
É alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu Marcos quebrou a cara.
pé de milho é um belo gesto da terra. (Como nasce da terra, para Em seu sentido literal, impessoal, frio, entendemos que
o autor parece um presente desta). Marcos, por algum acidente, fraturou o rosto. Entretanto,
Sentido figurado: A palavra tem valor conotativo quando podemos entender a mesma frase num sentido figurado, como
seu significado é ampliado ou alterado no contexto em que é “Marcos não se deu bem”, tentou realizar alguma coisa e não
empregada, sugerindo ideias que vão além de seu sentido mais conseguiu.
usual.
Pelos exemplos acima, percebe-se que uma mesma
palavra pode apresentar mais de um significado, ocorrendo,
basicamente, duas possibilidades:

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APOSTILAS OPÇÃO
a) No primeiro exemplo, a palavra apresenta seu sentido maneira, os gêneros textuais são definidos pelas características
original, impessoal, sem considerar o contexto, tal como aparece dos diversos tipos de textos, os quais apresentam características
no dicionário. Nesse caso, prevalece o sentido denotativo - ou comuns em relação à linguagem e ao conteúdo.
denotação - do signo linguístico.
b) No segundo exemplo, a palavra aparece com outro
significado, passível de interpretações diferentes, dependendo
do contexto em que for empregada. Nesse caso, prevalece o
sentido conotativo - ou conotação do signo linguístico.
Obs.: a linguagem poética faz bastante uso do sentido
conotativo das palavras, num trabalho contínuo de criar ou
modificar o significado. Na linguagem cotidiana também é
comum a exploração do sentido conotativo, como consequência
da nossa forte carga de afetividade e expressividade.

Exemplos de variação no significado das palavras:

Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido próprio


ou literal)
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido Lembre-se que existem muitos gêneros textuais, os quais
figurado) promovem uma interação entre os interlocutores (emissor e
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado) receptor) de determinado discurso, seja uma resenha crítica
As variações nos significados das palavras ocasionam jornalística, publicidade, receita de bolo, menu do restaurante,
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo bilhete ou lista de supermercado; porém, faz-se necessário
(conotação) das palavras. O sentido denotativo é também considerar seu contexto, função e finalidade.
conhecido como sentido próprio ou literal e o sentido conotativo O gênero textual pode conter mais de um tipo textual, ou
é também conhecido como sentido figurado. seja, uma receita de bolo, apresenta a lista de ingredientes
necessários (texto descritivo) e o modo de preparo (texto
Denotação injuntivo).
Uma palavra é usada no sentido denotativo (próprio ou literal) Distinguindo
quando apresenta seu significado original, independentemente É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero
do contexto frásico em que aparece. Quando se refere ao seu literário e tipo textual. Cada uma dessas classificações é
significado mais objetivo e comum, aquele imediatamente referente aos textos, porém é preciso ter atenção, cada uma
reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado possui um significado totalmente diferente da outra. Veja uma
que aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da breve descrição do que é um gênero literário e um tipo textual:
palavra.
A denotação tem como finalidade informar o receptor Gênero Literário – nestes os textos abordados são apenas os
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo assim um literários, diferente do gênero textual, que abrange todo tipo de
caráter prático e utilitário. É utilizada em textos informativos, texto. O gênero literário é classificado de acordo com a sua forma,
como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de podendo ser do gênero líricos, dramático, épico, narrativo e etc.
medicamentos, textos científicos, entre outros.
Tipo textual – este é a forma como o texto se apresenta,
Exemplos: podendo ser classificado como narrativo, argumentativo,
O elefante é um mamífero. dissertativo, descritivo, informativo ou injuntivo. Cada uma
Já li esta página do livro. dessas classificações varia de acordo como o texto se apresenta
A empregada limpou a casa. e com a finalidade para o qual foi escrito.
Conotação Tipos de Gêneros Textuais
Uma palavra é usada no sentido conotativo (figurado) Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura; note que
quando apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes existem inúmeros gêneros textuais dentro das categorias
interpretações, dependendo do contexto frásico em que aparece. tipológicas de texto. Em outras palavras, gênero textual são
Quando se refere a sentidos, associações e ideias que vão além estruturas textuais peculiares que surgem dos tipos de textos:
do sentido original da palavra, ampliando sua significação narrativo, descritivo, dissertativo-argumentativo, expositivo e
mediante a circunstância em que a mesma é utilizada, assumindo injuntivo.
um sentido figurado e simbólico.
A conotação tem como finalidade provocar sentimentos no
receptor da mensagem, através da expressividade e afetividade
que transmite. É utilizada principalmente numa linguagem
poética e na literatura, mas também ocorre em conversas
cotidianas, em letras de música, em anúncios publicitários, entre
outros.

Exemplos:
Você é o meu sol!
Minha vida é um mar de tristezas.
Você tem um coração de pedra!

Fontes: http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil1.php
Texto Narrativo
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denotacao/
Os textos narrativos apresentam ações de personagens no
tempo e no espaço. Sua estrutura é dividida em: apresentação,
Gêneros Textuais desenvolvimento, clímax e desfecho. Alguns exemplos de
gêneros textuais narrativos:
Os gêneros textuais são classificações de textos de acordo Romance
com o objetivo e o contexto em que são empregados. Dessa Novela

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APOSTILAS OPÇÃO
Crônica deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha
Contos de Fada curiosidade até quinze para as sete. Quando não dava mais para
Fábula esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as
Lendas boas-vindas, esfregando-se em minhas pernas.”
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”.
Texto Descritivo
Os textos descritivos se ocupam de relatar e expor Carta – esta, dependendo do destinatário pode ser informal,
determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento. Dessa quando é destinada a algum amigo ou pessoa com quem se tem
forma, são textos repletos de adjetivos os quais descrevem ou intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto
apresentam imagens a partir das percepções sensoriais do ou que não se tenha intimidade. Dependendo do objetivo da
locutor (emissor). São exemplos de gêneros textuais descritivos: carta a mesma terá diferentes estilos de escrita, podendo ser
Diário dissertativa, narrativa ou descritiva. As cartas se iniciam com
Relatos (viagens, históricos, etc.) a data, em seguida vem a saudação, o corpo da carta e para
Biografia e autobiografia finalizar a despedida.
Notícia
Currículo Propaganda – este gênero geralmente aparece na forma
Lista de compras oral, diferente da maioria dos outros gêneros. Suas principais
Cardápio características são a linguagem argumentativa e expositiva,
Anúncios de classificados pois a intenção da propaganda é fazer com que o destinatário
se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter
Texto Dissertativo-Argumentativo algum tipo de descrição e sempre é claro e objetivo.
Os textos dissertativos são aqueles encarregados de expor
um tema ou assunto por meio de argumentações; são marcados Notícia – este é um dos tipos de texto que é mais fácil de
pela defesa de um ponto de vista, ao mesmo tempo que tenta identificar. Sua linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo
persuadir o leitor. Sua estrutura textual é dividida em três desse texto é informar algo que aconteceu.
partes: tese (apresentação), antítese (desenvolvimento), nova
tese (conclusão). Exemplos de gêneros textuais dissertativos: Fontes: http://www.todamateria.com.br/generos-textuais/
Editorial Jornalístico http://www.estudopratico.com.br/generos-textuais/
Carta de opinião http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/genero-textual.
Resenha htm
Artigo
Ensaio Questões
Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado
Veja também: Texto Dissertativo. 01. MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE
COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS.
Texto Expositivo
Os textos expositivos possuem a função de expor determinada Revista Época. N° 424, 03 jul. 2006.
ideia, por meio de recursos como: definição, conceituação,
informação, descrição e comparação. Assim, alguns exemplos de Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como
gêneros textuais expositivos: práticas de linguagem, assumindo funções específicas, formais
Seminários e de conteúdo. Considerando o contexto em que circula o texto
Palestras publicitário, seu objetivo básico é
Conferências a) definir regras de comportamento social pautadas no
Entrevistas combate ao consumismo exagerado.
Trabalhos acadêmicos b) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos
Enciclopédia que visam à adesão ao consumo.
Verbetes de dicionários c) defender a importância do conhecimento de informática
pela população de baixo poder aquisitivo.
Texto Injuntivo d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas
O texto injuntivo, também chamado de texto instrucional, é classes sociais economicamente desfavorecidas.
aquele que indica uma ordem, de modo que o locutor (emissor) e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a
objetiva orientar e persuadir o interlocutor (receptor); por isso, máquina, mesmo a mais moderna.
apresentam, na maioria dos casos, verbos no imperativo. Alguns
exemplos de gêneros textuais injuntivos: 02. Partindo do pressuposto de que um texto estrutura-se
Propaganda a partir de características gerais de um determinado gênero,
Receita culinária identifique os gêneros descritos a seguir:
Bula de remédio I. Tem como principal característica transmitir a opinião de
Manual de instruções pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse. Algumas
Regulamento revistas têm uma seção dedicada a esse gênero;
Textos prescritivos II. Caracteriza-se por apresentar um trabalho voltado
para o estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular,
Exemplos de gêneros textuais refletindo o momento, a vida dos homens através de figuras que
Diário – é escrito em linguagem informal, sempre consta possibilitam a criação de imagens;
a data e não há um destinatário específico, geralmente, é III. Gênero que apresenta uma narrativa informal ligada à
para a própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos vida cotidiana. Apresenta certa dose de lirismo e sua principal
acontecimentos do dia. O objetivo desse tipo de texto é guardar característica é a brevidade;
as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um IV. Linguagem linear e curta, envolve poucas personagens,
exemplo: que geralmente se movimentam em torno de uma única ação,
“Domingo, 14 de junho de 1942 dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
Vou começar a partir do momento em que ganhei você, encaminham-se diretamente para um desfecho;
quando o vi na mesa, no meio dos meus outros presentes de V. Esse gênero é predominantemente utilizado em manuais
aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com de eletrodomésticos, jogos eletrônicos, receitas, rótulos de
isso eu não contava.) produtos, entre outros.
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que
não é de espantar; afinal, era meu aniversário. Mas não me São, respectivamente:

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APOSTILAS OPÇÃO
a) texto instrucional, crônica, carta, entrevista e carta Quinhentismo
argumentativa.
b) carta, bula de remédio, narração, prosa, crônica. Contexto Histórico: Grandes Navegações
c) entrevista, poesia, crônica, conto, texto instrucional. O Brasil foi descoberto em 1500 e a partir de agora começa
d) entrevista, poesia, conto, crônica, texto instrucional. a Literatura Brasileira. O Quinhentismo (uma referência ao ano
e) texto instrucional, crônica, entrevista, carta e carta de 1500) é o período literário brasileiro dos anos 1500 e tudo
argumentativa. o que tínhamos sobre o Brasil eram os textos informativos que
os navegantes europeus escreviam para descreverem a terra
03. descoberta (Literatura de Informação). Sendo assim, o marco
Câncer 21/06 a 21/07 inicial da Literatura Brasileira foi A Carta de Caminha, primeiro
documento escrito sobre o Brasil (foi escrito por Pero Vaz de
O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua Caminha para o rei de Portugal com o objetivo de dar notícias
autoestima e no seu modo de agir. O corpo indicará onde você sobre a terra descoberta e descrever as suas características).
falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se ressentirá. O Também temos a ocorrência da Literatura de Catequese, que
que ficou guardado virá à tona, pois este novo ciclo exige uma tinha o objetivo de catequizar os índios (o grande nome desse
“desintoxicação”. Seja comedida em suas ações, já que precisará período foi o padre José de Anchieta).
de energia para se recompor. Há preocupação com a família,
e a comunicação entre os irmãos trava. Lembre-se: palavra Barroco no Brasil
preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também na vida
amorosa, que será testada. Melhor conter as expectativas e ter O Barroco foi introduzido no Brasil por intermédio dos
calma, avaliando as próprias carências de modo maduro. Sentirá jesuítas. Inicialmente, no final do século XVI, tratava-se de um
vontade de olhar além das questões materiais – sua confiança movimento apenas destinado à catequização. A partir do século
virá da intimidade com os assuntos da alma. XVII, o Barroco passa a se expandir para os centros de produção
Revista Cláudia. Nº 7, ano 48, jul. 2009. açucareira, especialmente na Bahia, por meio das igrejas. Assim,
a função da igreja era ensinar o caminho da religiosidade e da
O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu moral a uma população que vivia desregradamente.
contexto de uso, sua função específica, seu objetivo comunicativo Nos séculos XVII e XVIII não havia ainda condições para
e seu formato mais comum relacionam-se com os conhecimentos a formação de uma consciência literária brasileira. A vida
construídos socioculturalmente. A análise dos elementos social no país era organizada em função de pequenos núcleos
constitutivos desse texto demonstra que sua função é: econômicos, não existindo efetivamente um público leitor
a) vender um produto anunciado. para as obras literárias, o que só viria a ocorrer no século XIX.
b) informar sobre astronomia. Por esse motivo, fala-se apenas em autores brasileiros com
c) ensinar os cuidados com a saúde. características barrocas, influenciados por fontes estrangeiras
d) expor a opinião de leitores em um jornal. (portuguesa e espanhola), mas que não chegaram a constituir
e) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho. um movimento propriamente dito.  Nesse contexto, merecem
destaque a poesia de Gregório de Matos Guerra e a prosa do
04. Leia o texto a seguir para responder à questão: padre Antônio Vieira representada pelos seus sermões.
Didaticamente, o Barroco brasileiro tem seu marco inicial
A outra noite em  1601, com a publicação do poema épico Prosopopeia, de
Bento Teixeira.
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de
vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de Conheça a seguir os trechos selecionados:
táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a
ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua Prosopopeia
cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de
cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal. I
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou
o sinal fechado para voltar-se para mim: Cantem Poetas o Poder Romano,
- O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Sobmetendo Nações ao jugo duro;
Mas, tem mesmo luar lá em cima? O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e Descendo à confusão do Reino escuro;
torpe havia uma outra – pura, perfeita e linda. Que eu canto um Albuquerque soberano,
- Mas, que coisa... Da Fé, da cara Pátria firme muro,
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira,
fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Pode estancar a Lácia e Grega lira.
Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.
- Ora, sim senhor...
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um “boa II
noite” e um “muito obrigado ao senhor” tão sinceros, tão
veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei. As Délficas irmãs chamar não quero,
que tal invocação é vão estudo;
Rubem Braga Aquele chamo só, de quem espero
A vida que se espera em fim de tudo.
Analisando as principais características do texto lido, Ele fará meu Verso tão sincero,
podemos dizer que seu gênero predominante é: Quanto fora sem ele tosco e rudo,
Que per rezão negar não deve o menos
a) Conto. Quem deu o mais a míseros terrenos.
b) Poesia.  
c) Prosa. Esse poema, além de traçar elogios aos primeiros donatários
d) Crônica. da capitania de Pernambuco, narra o naufrágio sofrido por um
e) Diário. deles, o donatário Jorge Albuquerque Coelho. Apesar de os
críticos o considerarem de pouco valor literário, o texto tem seu
Respostas valor histórico pois foi a primeira obra do Barroco brasileiro e o
01 (B) \02. (C)\03.(E)\04. (D) marco inicial do primeiro estilo de época a surgir no Brasil.

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APOSTILAS OPÇÃO
Gregório de Matos Guerra: o Boca do Inferno    À mesma d. Ângela

Anjo no nome, Angélica na cara!


Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Gregório de Matos Guerra nasceu Ser Angélica flor, e Anjo florente,
em Salvador (BA) e morreu em Em quem, senão em vós, se uniformara:
Recife (PE). Estudou no colégio Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
dos jesuítas e formou-se em De verde pé, da rama fluorescente;
Direito em Coimbra (Portugal). E quem um Anjo vira tão luzente,
Recebeu o apelido de Boca do Que por seu Deus o não idolatrara?
Inferno, graças a sua irreverente Se pois como Anjo sois dos meus altares,
obra satírica. Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que por bela, e por galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
  Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Gregório de Matos firmou-se como o primeiro poeta
brasileiro: cultivou a poesia lírica, satírica, erótica e religiosa. O poeta erótico
O que se conhece de sua obra é fruto de inúmeras pesquisas, Também alcunhado de profano, o poeta exalta a sensualidade
pois Gregório não publicou seus poemas em vida. Por essa razão, e a volúpia das amantes que conquistou na Bahia, além dos
há dúvidas quanto à autenticidade de muitos textos que lhe são escândalos sexuais envolvendo os conventos da cidade.
atribuídos.
Necessidades Forçosas da Natureza Humana
O poeta religioso
A preocupação religiosa do escritor revela-se no grande Descarto-me da tronga, que me chupa,
número de textos que tratam do tema da salvação espiritual do Corro por um conchego todo o mapa,
homem. No soneto a seguir, o poeta ajoelha-se diante de Deus, O ar da feia me arrebata a capa,
com um forte sentimento de culpa por haver pecado, e promete O gadanho da limpa até a garupa.
redimir-se. Observe: Busco uma freira, que me desemtupa
A via, que o desuso às vezes tapa,
Soneto a Nosso Senhor Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Que as cartas lhe dão sempre com chalupa.
Da vossa alta clemência me despido; Que hei de fazer, se sou de boa cepa,
Porque quanto mais tenho delinquido E na hora de ver repleta a tripa,
Vos tem a perdoar mais empenhado. Darei por quem mo vase toda Europa?
Se basta a voz irar tanto pecado, Amigo, quem se alimpa da carepa,
A abrandar-vos sobeja um só gemido: Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
Que a mesma culpa que vos há ofendido, Ou faz da mão sua cachopa.
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada Padre Antônio Vieira 
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história.
Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada, Padre Antônio Vieira nasceu
Recobrai-a; e não queirais, pastor divino, em Lisboa, em 1608, e
Perder na vossa ovelha a vossa glória. morreu na Bahia, em 1697.
  Com sete anos de idade, veio
O poeta satírico para o Brasil e entrou para
Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas a Companhia de Jesus. Por
à situação econômica da Bahia, especialmente de Salvador, defender posições favoráveis
graças à expansão econômica chegando a fazer, inclusive, uma aos índios e aos judeus, foi
crítica ao então governador da Bahia Antonio Luis da Camara condenado à prisão pela
Coutinho. Além disso, suas críticas à Igreja e a religiosidade
Inquisição, onde ficou por dois
presente naquele momento. Essa atitude de subversão por meio
das palavras rendeu-lhe o apelido de “Boca do Inferno”, por anos.
satirizar seus desafetos  
Padre Antônio Vieira, por
Triste Bahia Arnold van Westerhout (1651-
1725)
Triste Bahia!   
ó quão dessemelhante  Responsável pelo desenvolvimento da prosa no período do
Estás e estou do nosso antigo estado! barroco, Padre Antônio Vieira é conhecido por seus sermões
Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante. polêmicos em que critica, entre outras coisas, o despotismo dos
A ti tricou-te a máquina mercante, colonos portugueses, a influência negativa que o Protestantismo
Que em tua larga barra tem entrado, exerceria na colônia, os pregadores que não cumpriam com seu
A mim foi-me trocando e, tem trocado, ofício de catequizar e evangelizar (seus adversários católicos)
Tanto negócio e tanto negociante. e a própria Inquisição. Além disso, defendia os índios e sua
  evangelização, condenando os horrores vivenciados por eles
O poeta lírico nas mãos de colonos e os cristãos-novos (judeus convertidos ao
Em sua produção lírica, Gregório de Matos se mostra um Catolicismo) que aqui se instalaram. Famoso por seus sermões,
poeta angustiado em face à vida, à religião e ao amor. Na poesia padre Antônio Vieira também se dedicou a escrever cartas e
lírico-amorosa, o poeta revela sua amada, uma mulher bela profecias.
que é constantemente comparada aos elementos da natureza.  
Além disso, ao mesmo tempo que o amor desperta os desejos Mito do Sebastianismo
corporais, o poeta é assaltado pela culpa e pela angústia do Com o desenvolvimento do mercado marítimo, Portugal
pecado. vivenciou um período de ascensão e grandeza. Porém, com

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APOSTILAS OPÇÃO
o declínio do comércio no Oriente, Portugal viveu uma crise cresceu o mar até os cumes dos montes, alagou-se o mundo todo:
econômica e dinástica. Como consequência, o então rei de já estaria satisfeita vossa justiça, senão quando ao terceiro dia
Portugal D. Sebastião resolve colocar em prática seu plano de começaram a boiar os corpos mortos, e a surgir e aparecer em
organizar uma cruzada em Marrocos e levando à batalha de multidão infinita aquelas figuras pálidas, e então se representou
Alcacer-Quibir em 1578. sobre as ondas a mais triste e funesta tragédia que nunca viram os
A derrota na batalha e seu de desaparecimento (provável anjos, que homens que a vissem, não os havia.
morte em batalha), gerou especulações acerca de seu paradeiro.  
A partir de então, originou-se a crença de que o rei retornaria Sermão de Santo Antônio (1654):
para transformar Portugal novamente em uma grande potência
econômica. Padre Antônio Vieira era um dos que acreditavam no Também conhecido como “O Sermão dos Peixes”, pois nele
Sebastianismo e, mais adiante, Antônio Conselheiro anunciava o padre usa a imagem dos peixes como símbolo para fazer uma
o retorno de D. Sebastião nos episódios da Guerra de Canudos. crítica aos vícios dos colonos portugueses que se aproveitavam
  da condição dos índios para escravizá-los e sujeitá-los ao seu
poder. Leia um trecho do sermão:
Os sermões Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois
o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam
Escreveu cerca de duzentos sermões em estilo conceptista, na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção;
isto é, que privilegia a retórica e o encadeamento lógico de ideias mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo
e conceitos. Estão formalmente divididos em três partes: tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a
causa desta corrupção? (...) Enfim, que havemos de pregar hoje
Introito ou Exórdio: a apresentação, introdução do assunto. aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas
Desenvolvimento ou argumento: defesa de uma ideia com boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa
base na argumentação. pudera desconsolar o Pregador, que é serem gente os peixes que
Peroração: parte final, conclusão. se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo
  costume quase se não sente (...) Suposto isto, para que procedamos
Seus sermões mais famosos são: com clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no
  primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-
Sermão da Sexágésima (1655): vos-ei os vossos vícios. (...)  

O sermão, dividido em dez partes, é conhecido por tratar RESUMO


da arte de pregar. Nele, Padre Antônio Vieira condena aqueles
que apenas pregam a palavra de Deus de maneira vazia. Para O Barroco: século XVII
ele, a palavra de Deus era como uma semente, que deveria ser
semeada pelo pregador. Por fim, o padre chega à conclusão de CONTEXTO HISTÓRICO
que, se a palavra de Deus não dá frutos no plano terrreno a culpa - Contrarreforma;
é única e exclusivamente dos pregadores que não cumprem - Renascimento.
direito a sua função. Leia um trecho do sermão:
Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que “saiu o CARACTERÍSTICAS
pregador evangélico a semear” a palavra divina. Bem parece este - Conflito entre corpo e alma;
texto dos livros de Deus ão só faz menção do semear, mas também - Passagem do tempo;
faz caso do sair: Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a - Cultismo e conceptismo;
semeadura e hão-nos de contar os passos. (...) Entre os semeadores - Figuras de linguagem.
do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam
sem sair. Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à PRINCIPAIS AUTORES
China, ao Japão; os que semeiam sem sair, são os que se contentam - Bento Teixeira;
com pregar na Pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua - Gregório de Matos Guerra;
conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; - Padre Antônio Vieira.
aos que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a  
semeadura e hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do Juízo! Ah  Arcadismo
pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com
mais passos: Exiit seminare. (...) Ora, suposto que a conversão das O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo ou
almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Neoclacissismo, é o movimento que compreende a produção
Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender literária brasileira na segunda metade do século XVIII. O nome
a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez,
parte de Deus? (...) foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e
  Calisto).
Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra Denota-se, logo de início, as referências à mitologia grega
as de Holanda (1640): que perpassa o movimento.
Profundas mudanças no contexto histórico mundial
Neste sermão, o padre incita os seguidores a reagir contra as caracterizam o período, tais como a ascensão do Iluminismo,
invasões Holandesas, alegando que a presença dos protestantes que pressupunha o racionalismo, o progresso e as ciências.
na colônia resultaria em uma série de depredações à colônia. Na América do Norte, ocorre a Independência dos Estados
Leia um trecho do sermão: Unidos, em 1776, abrindo caminho para vários movimentos de
Se acaso for assim — o que vós não permitais — e está independência ao longo de toda a América, como foi o caso do
determinado em vosso secreto juízo, que entrem os hereges na Brasil, que presenciou inúmeras revoluções e inconfidências até
Bahia, o que só vos represento humildemente, e muito deveras, a chegada da Família Real em 1808.
é que, antes da execução da sentença, repareis bem, Senhor, no O movimento tem características reformistas, pois seu
que vos pode suceder depois, e que o consulteis com vosso coração intuito era o de dar novos ares às artes e ao ensino, aos hábitos
enquanto é tempo, porque melhor será arrepender agora, que e atitudes da época. A aristocracia em declínio viu sua riqueza
quando o mal passado não tenha remédio. Bem estais na intenção esvair-se e dar lugar a uma nova organização econômica liderada
e alusão com que digo isto, e na razão, fundada em vós mesmo, pelo pensamento burguês.
que tenho para o dizer. Também antes do dilúvio estáveis vós Ao passo que os textos produzidos no período convencionado
mui colérico e irado contra os homens, e por mais que Noé orava de Quinhentismo sofreram influência direta de Portugal e
em todos aqueles cem anos, nunca houve remédio para que se aqueles produzidos durante o Barroco, da cultura espanhola,
aplacasse vossa ira. Romperam-se enfim as cataratas do céu, os do Arcadismo, por sua vez, foram influenciados pela cultura

Conteúdo Específico 96
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APOSTILAS OPÇÃO
francesa devido aos acontecimentos movidos pela burguesia Também conhecido como o “guardador de rebanhos”
que sacudiram toda a Europa (e o mundo Ocidental). Glauceste Satúrnio, seu pseudônimo, Cláudio Manoel da Costa
  nasceu na cidade de Mariana (em Minas Gerais). Estudou
Segundo o crítico Alfredo Bosi em seu livro História Concisa Direito em Coimbra, onde teve contato com as principais ideias
da Literatura Brasileira (São Paulo: editora Cultrix, 2006) houve do Iluminismo e, ao voltar para o Brasil, fundou da Arcádia
dois momentos do Arcadismo no Brasil: Ultramarina em Vila Rica. Era um homem muito rico e de posses
a) poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos que influenciou a elite intelectual da época. Por ter participado
seus modelos, e valorização da natureza e da mitologia. da Inconfidência Mineira, foi preso e encontrado enforcado na
b)  ideológico: influenciados pela filosofia presente no cadeia em 1789.
Iluminismo, que traduz a crítica da burguesia culta aos abusos Os temas iniciais de sua obra giram em torno das reflexões
da nobreza e do clero. morais e das contradições da vida com forte inspiração nos
Seus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás modelos barrocos.
Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No Brasil, Posteriormente, dedicou-se à poesia bucólica e pastoril na
o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando qual a natureza funciona como um refúgio para o poeta que busca
houve a publicação deObras, do poeta Claudio Manoel da Costa. a vida longe da cidade e reflete o as angustias e o sofrimento
  amoroso com sua musa inacessível Nise. Estes poemas fazem
Arcádia Ultramarina parte do conjunto intitulado Obras (1768).
Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade de Cláudio Manoel da Costa também se dedicou à exaltação
Vila Rica (MG), influenciada pela Arcádia italiana (fundada em dos bandeirantes, fundadores de inúmeras cidades da região
1690) e cujos membros adotavam pseudônimos, isto é, nomes mineradora e desbravadores do interior do país e de contar
artísticos, de pastores cantados na poesia grega ou latina. Por a história da cidade de Ouro Preto no poemeto épico Vila
isso que alguns dos principais nomes do Arcadismo brasileiro Rica (1773).
publicavam suas obras com nomes inspirados na mitologia
grega e romana. Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
Principais características
- inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e
renascentistas, como por exemplo, em O Uraguai (gênero épico),
em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas Chilenas (gênero Tomás Antônio Gonzaga,
satírico); poeta árcade, ilustrdo por
- influência da filosofia francesa; artista desconhecido. Patrono
- mitologia pagã como elemento estético; da cadeira de número 37 da
- o bom selvagem, expressão do filósofo Jean-Jacques Academia Brasileira de Letras,
Rousseau, denota a pureza dos nativos da terra fazem menção à
natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril; Gonzaga deixou como legado
- tensão entre o burguês culto, da cidade, contra a aristocracia; importantes obra líricas e
- pastoralismo: poetas simples e humildes; satíricas.
- bucolismo: busca pelos valores da natureza;
- nativismo: referências à terra e ao mundo natural;
- tom confessional;
- estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos;  
- exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza. Nasceu na cidade de Porto, em Portugal, porém, filho de
  mãe portuguesa e pai brasileiro, vive parte da vida no Brasil.
Termos em latim Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, muda para
O uso de expressões em latim era comum no neoclacisssimo. o Brasil para trabalhar como ouvidor e juiz. Aqui, pretendia se
Elas estavam associadas ao estilo de vida simples e bucólico. casar com a jovem Maria Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão,
Conheça algumas delas: sua musa Marília.
Inutilia truncat:  «cortar o inútil», referência aos excessos No entanto, como participara da Inconfidência Mineira,
cometidos pelas obras do barroco. No arcadismo, os poetas
primavam pela simplicidade. é preso e levado para o Rio de Janeiro. Quando sai da prisão,
Fugere urbem: «fugir da cidade», do escritor clássico Horácio; muda-se para Moçambique, na África, onde casa com Juliana de
Locus amoenus: “lugar ameno”, um refúgio ameno em Sousa Mascarenhas.
detrimento dos centros urbanos monárquicos; Tomás Antônio Gonzaga é o pastor Dirceu, pseudônimo criado
Carpe diem:  «aproveitar a vida», o pastor, ciente da pelo poeta para seu conjunto de liras famosas intitulado Marília
efemeridade do tempo, convida sua amada a aproveitar o de Dirceu, publicadas em três partes nos anos de 1792, 1799 e
momento presente. 1812. Nessa obra, Dirceu é o pastor que cultiva o ideal da vida
Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram campestre, que vive entre ovelhas em uma choupana e aproveita
todos burgueses e habitantes dos centros urbanos. Por isso a o momento presente ao lado da amada Marília.
eles são atribuídos um fingimento poético, isto é, a simulação Essa oscilação, segundo o crítico, demonstraria o
de sentimentos fictícios. compromisso árcade entre o real e os padrões de beleza do
lirismo inspirado no poeta clássico Petrarca. Outra oscilação
Autores presente nos poemas é entre o pastor bucólico e o intelectual
Cláudio Manoel da Costa (1729-1789) da cidade.
Percebe-se, no entanto, uma mudança considerável no
discurso do poeta, coincidindo com a época em que o autor esteve
preso e passa a refletir sobre as angústias do aprisionamento, a
justiça e o destino dos homens.
Cabe ressaltar, no entanto, que, embora o conjunto de liras
Cláudio Manoel da Costa, o seja dedicado à amada Marília, em momento algum temos a
poeta mineiro nascido em voz da personagem idealizada. É apenas Dirceu quem discorre
acerca dos seus sentimentos. Segundo alguns críticos literários,
1729, ilustrado por Newton
esse fato é um reflexo da sociedade patriarcal em que Gonzaga
Resende. vivia, não permitindo que suas personagens pudessem expressar
suas vozes.

Por fim, Tomás Antônio Gonzaga também ficou conhecido


por suas Cartas Chilenas, compostas por 13 poemas satíricos
  escritos antes da Inconfidência Mineira. Novamente, Gonzaga

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APOSTILAS OPÇÃO
cria personagens e pseudônimos: aqui, Critilo assina as cartas Em 1769 publica o poema épico O Uraguai, criticando os
e as envia para Doroteu. O conteúdo das “cartas” são críticas jesuítas e defendendo a política do Marquês de Pombal que o
ao suposto governador do Chile (onde vive Critilo) Fanfarrão transforma em oficial da Secretaria do Reino. A crítica recaía
Minésio, uma referência ao governador de Minas Gerais Luís da no fato de que os jesuítas não defendiam os índios, apenas
Cunha Meneses. pretendiam falsamente libertá-los e usar a mão de obra indígena
para proveito próprio.
Santa Rita Durão (1722-1784) Em 1750, com o Tratado de Madrid, a missão dos Sete Povos
passaria aos portugueses enquanto que Colônia de Sacramento,
no Uruguai, passaria para os espanhóis. O poema narra a luta
dos portugueses contra os índios das Missões (instigados pelos
José de Santa Rita Durão jesuítas espanhóis) que se recusam a sair de suas terras, dando
início aos conflitos conhecidos como as Guerra Guaranítica
nasceu em Cata-Preta, nas
(1754-56).
proximidades de Mariana A crítica recai, principalmente, sobre o personagem Balda,
em Minas Gerais. Ingressa na padre jesuíta que encarna o mal. Corrupto e desleal, seduz uma
Ordem de Santo Agostinho, em índia e tem um filho com ela, Baldeta. Na aldeia moram também
Portugal, e lá permanece até o chefe da tribo Cacambo e sua mulher Lindóia, casal que
sua morte em 1784. representa a força do guerreiro e a beleza e delicadeza da índia.
Balda quer forçar Lindóia a se casar com Baldeta, enviando
Cacambo para as batalhas na esperança de que o índio morra
para uni-la a seu filho.
  No Canto II, Basílio da Gama relata o encontro entre os
Seu trabalho mais conhecido é o Caramuru  (1781), cujo caciques Sepé Tiaraju e Cacambo com o comandante português
subtítulo,  Poema épico do descobrimento da Bahia, remonta Gomes Freire de Andrada, ocorrido às margens do rio Uruguai
ao tempo em que os primeiros europeus chegaram ao Brasil e (chamado então de “Uraguai”). O comandante tenta estabelecer
travaram contato com os nativos. um acordo com os índios, sem sucesso, dando início aos
Caramuru é o nome dado ao português Diogo Álvares Correia combates.
que passa a viver entre os índios Tupinambás após sobreviver a O cacique Sepé Tiaraju lidera a disputa e acaba morto.
um naufrágio no litoral baiano. Considerado um herói “cultural”, Cacambo, seu sucessor, é capturado e descobre que o perigo
que ensina as leis e as virtudes aos “bárbaros” que aqui viviam, estava o tempo todo na mão dos jesuítas. Os portugueses,
ganha o respeito dos índios ao disparar uma arma de fogo. Os então, permitem que ele retorne a sua aldeia para alertar seus
índios, assustados, equiparam-no a Tupã e passam a respeitá- companheiros contra os perigos dos jesuítas. De volta, o valente
lo como uma entidade eviada. Ele se encanta com Paraguaçu, a guerreiro é envenenado por Balda e Lindóia, vendo-se forçada a
bela índia de pele branca. Já instalado na tribo, Diego percebe a casar com Baldeta, comete suicídio, deixando-se picar por uma
possibilidade de difundir a fé cristã para os índios, doutrinando- cobra venenosa.
os após ter encontrado uma gruta que se assemelharia a uma Segundo o crítico literário Alfredo Bosi no estudo História
igreja. Concisa da Literatura Brasileira  (São Paulo: Cultrix, 2006),
Mais adiante, Diego ajuda a resgatar a tripulação de um barco Basílio da Gama é o homem do fim do século XVIII «cujos valores
espanhol que havia naufragado e vê a possibilidade de retornar pré-liberais prenunciam a Revolução e se manteriam com o
à Europa através da nau francesa que viera resgatar aquela idealismo romântico». Assim, pode-se dizer que O Uraguai
tripulação. Parte, com Paraguaçu, deixando para trás as belas prenuncia muitos dos aspectos que serão desenvolvidos durante
índias que haviam se apaixonado por ele, incluindo Moema, a o movimento do Romantismo.
mais bela, que se atira ao mar em direção ao navio na tentativa Características principais do poema
de alcançar o seu amado. Ao chegar na Europa, Paraguaçu é - exaltação da natureza e do “bom selvagem”, atribuindo aos
batizada de Catarina, ambos são festejados e recebem as honras jesuítas a culpa pelo envolvimento dos índios na luta;
da realeza lusitana. - rompimento da estrutura poética camoniana;
O poema segue a estrutura dos versos camonianos (de - inovação no gênero épico: versos decassílabos brancos, isto
Camões) e da epopeia clássica, com fortes influências da é, sem rima, sem divisão de estrofes e divididos em apenas cinco
mitologia grega: composto por 10 cantos, versos decassílabos, cantos;
oitava rima camoniana. Segue também com a divisão tradicional - ao contrário da tradição épica, o poema conta um
das epopeias: proposição, invocação, dedicatória, narração e acontecimento recente na história do país;
epílogo. - inicia o poema pela narração;
- discursos permeados por ideias iluministas;
Basílio da Gama (1741-1795)
RESUMO

O Arcadismo: século XVIII


CONTEXTO HISTÓRICO
José Basílio da Gama nasceu - Iluminismo;
em 1741 na cidade de São - Lutas pela independência do Brasil.
José do Rio das Mortes, atual
Tiradentes, em Minas Gerais. CARACTERÍSTICAS
Falece em Lisboa no dia 31 de - Modelo greco-romano e renascentista;
julho de 1795. - Mitologia pagã;
- Pastoralismo, nativismo, bucolismo;
- Expressões em latim.

PRINCIPAIS AUTORES
  - Claudio Manoel da Costa;
Foi para o Rio de Janeiro, onde estudou no Colégio dos - Tomás Antônio Gonzaga;
Jesuítas e era noviço quando os jesuítas foram expulsos do - Basílio da Gama;
país. Exilou-se na Itália e filiou-se na Arcádia Romana, sob o - Santa Rita Durão.
pseudônimo de Termindo Sipílio. É preso por jesuitismo, em
Lisboa, e enviado para Angola, livrando-se do exílio ao escrever
um poema para a filha do Marquês de Pombal.

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APOSTILAS OPÇÃO
Romantismo Sentimentalismo: o eu lírico expressa e analisa a realidade
por meio de seus sentimentos, como o predomínio da emoção. É
O Romantismo surgiu na Inglaterra e na Alemanha na metade o sentimento que determina a importância das coisas.
do séc. XVIII a partir de escritores que descreviam os tempos
medievais; valorizavam os heróis nacionais e os sentimentos Individualismo/Egocentrismo: o lirismo é característica
populares; falavam de amor e saudade de forma pessoal e dominante, reproduzindo um “eu” interior num mundo exterior
íntima. Esse subjetivismo era intenso na nova literatura e então idealizado.
surgiu o Romantismo. Esse estilo chega à França e estende-se
aos demais países da Europa. É um estilo rico de características, Idealização: o romântico não vê as coisas como são, contudo
onde algumas delas são: como deveriam ser. O olhar romântico arruma, organiza, elimina
- busca por liberdade política; as imperfeições tornando os detalhes ainda mais belos.
- valorização da natureza, sinal da manifestação divina que - idealização do país: perfeito e belo;
serve como refúgio para o homem angustiado; - idealização da mulher: virgem, pura, frágil, delicada, nobre,
- exposição de sentimentos íntimos, dos estados da alma e submissa, inatingível, musa inspiradora, de beleza incomum;
das paixões; - idealização do amor: quase sempre espiritual, supremo,
- preferência por ambientes noturnos, solitários que inatingível, puro, perfeito, seguindo a ideia de platonismo
amoroso;
propiciam aos desabafos mais íntimos. - idealização do herói: belo, forte, perfeito, honrado - o índio
- descarta a ideia centrada na razão do estilo anterior e é o nosso herói nacional, o “bom selvagem”, contudo moldado
inspira-se em subjetividades como a fé, o sonho, a intuição, a com as qualidades e padrões europeus.
saudade e as lendas nacionais.
O que propiciou que o Romantismo se difundisse com maior Medievalismo: no Romantismo houve um retorno ao
velocidade foi o desenvolvimento do meio de comunicação passado com o objetivo de espelhar-se nos antigos valores,
jornalístico e a ascensão da classe burguesa que tinha acesso sendo assim, as origens do país, de seu povo e de seus heróis
aos jornais, onde começaram a ser publicados os folhetins com serão ressuscitados. Na Europa, voltou-se à Idade Média, com
histórias românticas e de suspense publicadas em capítulos. sua atmosfera de sombras e de mistério o que fascinava a
Então, a literatura começou a popularizar-se. imaginação do romântico. No Brasil, buscaremos no índio a
personagem de exaltação do passado.
O Romantismo no Brasil
Nacionalismo, patriotismo e lusofobia: nesse período
No Brasil, o Romantismo inicia-se com a publicação do livro ocorre uma intensa exaltação do país e das coisas nacionais,
de poesias de Gonçalves de Magalhães, “Suspiros poéticos e existindo também um sentimento de aversão à ex-metrópole,
saudades” e no mesmo ano é lançada em Paris a revista “Niterói” Portugal.
por iniciativa de Araújo Porto Alegre, Torres Homem, Pereira
da Silva e Gonçalves de Magalhães. Tornando uma porta-voz Escapismo psicológico: Fuga (evasão) da realidade. O
dos ideais românticos. Também, junto à política o Romantismo romântico que ir e estar além de sua realidade, por isso a volta
se expressou envolvido pelo entusiasmo da independência ao passado tanto individual (sua própria infância) quanto
proclamada em 1822, surgindo daí o desejo de criar uma histórico (época medieval).
literatura com autenticidade nacional, apesar dessa atitude ser
bastante criticada por alguns autores puristas que prezavam Evasão: o eu lírico, tomado pelo sofrimento, busca alívio
pela linguagem poética praticada em Portugal. para a sua dor fugindo da realidade - no tempo, no espaço, na
Com a invasão de Napoleão em Portugal, a Coroa portuguesa morte ou na religiosidade.
é obrigada a transferir-se para o Brasil em 1808. Esse fato - evasão no tempo: busca um passado histórico (heroico) ou
ocasiona uma série de mudanças: na infância (onde tinha felicidade);
- O Brasil passa de colônia à Reino Unido, ao lado de Portugal - evasão no espaço: busca na natureza um lugar que suavize o
e Algarves; seu sofrimento; e também no sonho.
- Desenvolvimento na educação: reformas do ensino, criação - evasão na morte: vê a morte como solução radical e
de escolas de nível superior e uma universidade; definidora do seu sofrimento.
- Incentivo e desenvolvimento da cultura, das artes e das - evasão na religiosidade: vê a religiosidade como solução
ciências; para o seu sofrimento.
- Desenvolvimento da imprensa: criação de tipografias,
iniciação da atividade editorial, imprensa periódica, comércio Mal-do-século: a impossibilidade de realizar os sonhos,
do livro; provoca no eu romântico uma reação de profunda tristeza,
- Instalação de biblioteca pública, museus, arquivos; desilusão, angústia, dor, desespero, frustração, inquietação.
O eu lírico dominado por todo esse sentimento, entrega-se ao
A vida brasileira foi alterada profundamente com esses pessimismo, ao gosto pela melancolia e sofrimento; busca da
acontecimentos que favoreceram o processo de independência solidão, que levam o homem à atração pela morte (suicídio).
política da nação ocorrida em 1822. Esse fato desperta nos
intelectuais e nos artistas a necessidade de se formar uma Religiosidade: a vida espiritual retoma sua força e
identidade nacional, votada, principalmente, paras suas raízes influência no Romantismo. Acontece uma reação ao Racionalimo
históricas, linguísticas e culturais. Dessa forma, busca-se materialista dos clássicos. A crença em Deus é uma forma de
valorizar a natureza exuberante e exótica, retorno às bases da escape das frustrações e desilusões da vida e do mundo.
história de formação do território, a partir dos primórdios da
colonização com a presença dos povos indígenas e portugueses, Supervalorização do amor: coisa mais importante da
bem como a presença da cultura desses dois povos e a identidade vida; tema mais desenvolvido pelos românticos. A perda ou
linguística de cada um desses povos. irrealização do amor leva, geralmente, à morte, à loucura ou ao
suicídio.
Características Fundamentais do Período
Instabilidade emocional (ilogismo): causado pelo
Subjetivismo: É a emoção retratando de forma pessoal predomínio da emoção (subjetivismo - com o desprezo da lógica
realidade interior de um eu lírico. e da razão), demonstrado através das antíteses (alegria/tristeza)

Liberdade de criação: o autor expressa-se através de uma Idealização da mulher: é vista, na maioria das vezes,
atitude pessoal, individual e única. O que importa é o que cada divinizada e envolta em mistérios. Figura inatingível e poderosa,
um tem de característico, ocorrendo uma forte valorização do capaz de mudar a vida de um homem, de levá-lo à morte ou à
sentimento do “eu lírico”. loucura.

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APOSTILAS OPÇÃO
Liberdade de criação e despreocupação com a forma: - apresenta como características românticas os temas:
abandono das formas fixas (sonetos, redondilhas, oitava-rima nacionalismo; religiosidade, a poesia da saudade e da natureza.
etc.), das rimas; valorização do verso branco aproximando - não utiliza a liberdade expressiva cultivada no romantismo.
a linguagem literária da linguagem oral e coloquial, para
aproximar a literatura do leitor da época. Gonçalves Dias
- primeiro poeta brasileiro autenticamente romântico
Predomínio da metáfora e de figuras de linguagem dela - temas desenvolvidos: indianismo; lirismo amoroso;
derivada exaltação à pátria
- poesia indianista: o fez conhecido e é destacada como a
- Metáfora: quando um termo é utilizado para substituir principal marca do nacionalismo romântico.
outro através de uma relação de semelhança, mas também - lirismo amoroso: mostra, quase sempre a impossibilidade
pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o de realização de anseios afetivos, tendo a mulher sempre como
conectivo (como, parece, ser semelhante, etc.) não está expresso, idealizada.
mas subentendido. - exaltação à pátria: vista sempre com saudade, mostrando
“A criança é um touro.” também exaltação à natureza (saudosismo: lembrança da pátria
“Minhas sensações são um barco de quilha pro mar.” e da infância).

- Prosopopeias: atribui ações ou qualidades humanas para Segunda Geração Romântica: considerada “mal do século”
seres inanimados ou irracionais. ou “ultrarromântica” é uma geração que tem uma visão trágica
“O dia amanheceu tristonho.” da existência e um profundo desencanto pela vida. Seus poemas
“A chuva semeou a esperança.” falam de morte, tédio, solidão e melancolia. Seus poetas
morreram muito jovens. Seus melhores representantes foram:
- Sinestesia: mistura de sensações (ruído áspero; música Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Casimiro de Abreu e
doce; perfume adocicado) Fagundes Varela.
“Uma melodia azul tomou conta da sala.”
“A sua voz áspera intimidava a plateia.” Alvares de Azevedo - principal representante do mal-do-
século
O Romantismo e o Teatro - poesia cerebral: revela mais de suas leituras do que de sua
experiência de vida;
Com a ascensão sociocultural dos brasileiros e com a - presença constante do álcool: que é tomado como fonte
chegada da família real em 1808, que trouxe consigo costumes de inspiração, sendo temas constante de sua obra (“cognac” e
da corte portuguesa; o Brasil era frequentemente visitado por “Johannisberg”);
companhias portuguesas de teatro e ópera. Então, foi crescendo a - presença de objetos que cercam a intimidade do poeta
vontade pela criação de um teatro brasileiro. O ator e empresário (cômoda, cama, travesseiro,etc)
João Caetano fundou, em 1834, a Companhia Dramática Nacional
e deu a seu teatro o nome de Teatro Nacional. Em 1836, o poeta Casimiro de Abreu
Gonçalves de Magalhães lhe entregou a peça “Antônio José ou - pessimismo decorrente do mal-do-século; do amor simples
o Poeta e a Inquisição”, encenada em 1838, representando a e espontâneo
primeira obra teatral de assunto e autor brasileiros. O teatro - saudosismo: da família, da terra natal e da infância
brasileiro ampliou-se com o comediógrafo Martins Pena - visão idealizada da mulher: meiga e ideal
tornando-se autenticamente popular. Em 1843, foi criado o - considerado um dos poetas mais populares do Romantismo
Conservatório Dramático e em 1855, o teatro Ginásio Dramático, brasileiro por sua linguagem simples e pelo lirismo ingênuo.
recebendo o apoio de escritores como José de Alencar e Joaquim
Manuel de Macedo. Terceira Geração Romântica: sua característica principal
é a preocupação com os problemas sociais, tendo com objetivo
O Indianismo Romântico denunciar as injustiças e lutar pela liberdade. Seu maior
representante é Castro Alves. Poesia social, condoreira.
Nos países da Europa os autores voltavam-se aos heróis
nacionais dos tempos medievais. No Brasil, a literatura Castro Alves - poeta revolucionário (“poeta dos escravos”)
desenvolveu a corrente indianista responsável pelo nacionalismo - poeta da liberdade e da denúncia das desigualdades sociais
romântico. Como exemplo dessa linha podemos citar o romance (mostra a África chorando seus filhos)
- poemas lírico-amorosos: visão do amor e da mulher mais
“O guarani”, de José de Alencar, onde o índio Peri salva Cecília, sensual. As mulheres são mais concretas, mais materializadas,
filha do colonizador português D. Antônio de Mariz em razão mesmo sendo sempre belas e perfeitas.
de um ataque indígena onde toda a família de Cecília é morta. - características: poesia lírica e poesia social
Os índios ganham uma imagem de herói neste estilo literário,
é considerado nobre, valoroso, fiel e cavalheiro na intenção Poesia Lírica - experiência amorosa em sua plenitude
de valorizar as origens da nacionalidade. O índio surge com sentimental e carnal;
símbolo do nacionalismo romântico, umas das características - mulher sensual, amante, individualizada, carnal (bela e
básicas do Romantismo. perfeita).

Romantismo (poesia) Poesia Social - “poeta dos escravos”.


- poesia próxima do discurso, com ênfase à oratória (arte
As três gerações de poetas românticos: de discursar) e abandono da retórica (regras), mas com grande
poder de significação
Primeira Geração Romântica: foi a geração que introduziu - poeta da liberdade e da denúncia das desigualdades sociais
as ideias românticas no Brasil e tem como características (dignidade aos sentimentos dos escravos, mostrando sua dor e
principais a exaltação da natureza, o indianismo, a expressão seu amor)
da religiosidade e o sentimento amoroso. Representantes
dessa geração são: Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães. Temas
Caracterizada pelo indianismo e nacionalismo. - amor: realização plena
- mulher: sensual, caminhando juntas a mulher-anjo e a
Gonçalves de Magalhães prostituta (causa decepção)
- publica em 1836 a obra inaugural do período - Suspiros - morte: vista com amargura pela sua pouca idade
Poéticos e Saudades. Obra medíocre do ponto de vista literário, (tuberculose), vista também como empecilho para suas grandes
tendo importância por seu valor histórico. realizações.

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APOSTILAS OPÇÃO
- natureza: aspectos grandiosos (infinito, oceano, deserto, Manuel Antônio de Almeida: Anonimamente escreveu o
condor, águia) folhetim “Memórias de um sargento de milícias”, que fez muito
sucesso entre os leitores. Este folhetim retratava com riqueza
Outros poetas românticos e suas obras de detalhes os becos, as praças, as tradições e os moradores da
cidade do Rio de Janeiro. Mais tarde publicou a história em livro
Junqueira Freire: Inspirações do Claustro; e se destacou entre os escritores do romance brasileiro.
Casimiro de Abreu: As primaveras; - Memórias de um Sargento de Milícias, romance publicado
Fagundes Varela: Vozes da América; Estandarte auriverde; em folhetins de julho de 1852 a julho de 1853.
Cantos do ermo e da cidade; Cantos religiosos; Diário de Lazaro; - linguagem coloquial, direta com ausência de descrições
Anchieta ou O Evangelho nas selvas. diretas, presença de camadas populares e ausência de heróis e
vilões. Surgimento do anti-herói (Leonardo) com características
Romantismo (prosa) de vadio.
- foge às convenções românticas; é considerada como uma
Com o Romantismo surgiu o romance brasileiro. O transição para o realismo/naturalismo, por construir um herói
romance tornou-se popular entre os jovens da classe média, não idealizado.
principalmente do Rio de Janeiro; liam apenas por distração.
Acompanhavam as histórias dos folhetins e torciam por um final Memórias de um sargento de milícias: Conta a história
feliz que sempre acontecia. Literatura folhetinesca que captava de um menino, Leonardo, filho enjeitado de Leonardo Pataca.
os costumes da época (saraus, fofocas, histórias de amor - uma Relata seus dramas cotidianos, casos engraçados e o cotidiano
visão superficial da vida). da vila onde morava. Diferentemente de “A moreninha” sai do
- Teixeira e Souza: O filho do pescador (1843) - iniciador ambiente burguês e dá ao romance um toque de realismo.
cronológico.
- Joaquim Manoel de Macedo - A Moreninha (1844) - José de Alencar: José Martiniano de Alencar nasceu no
iniciador qualitativo. Ceará em 1829 e morreu no Rio de Janeiro em 1877. É o mais
importante prosador do nosso Romantismo. Ele abrange com
Romance Romântico: preocupação nacionalista com a seus romances as quatro linhas da época:
preocupação de exaltar as paisagens e nossos costumes, voltou- - consolida o romance romântico brasileiro
se em 3 direções. - trata com perfeição literária os temas nacionais (sociais,
- passado: romance histórico, voltado para lendas e geográficos e temáticos)
histórias, mas sem a preocupação com a veracidade dos fatos, - uso de brasileirismos na língua literária, defende o
somente com a nacionalidade (índios). nacionalismo linguístico, ou seja, uma língua brasileira.
- cidade: romance urbano e de costumes (retratar a
sociedade - a Corte - do Rio de Janeiro). Social ou Urbana: retrata a sociedade carioca apontando
- regionalismo: campo e sertão com a finalidade de exaltar aspectos negativos da vida urbana e dos costumes burgueses.
a terra e o homem brasileiro, retratando seus costumes e Seus romances giram em torno de intrigas amorosas, diferenças
ambientes. econômicas, mas acaba com final feliz, pois o amor sempre
vence. No romance urbano traça 3 “perfis femininos”:
Principais Romances do Romantismo Lucíola: prostituta que se julga indigna de amor verdadeiro.
Diva: luta entre o ódio e o amor; vence o amor.
1844- A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Senhora: amor puro entre dois jovens; separação motivada
1845- O moço loiro, de Joaquim Manuel de Macedo. por dinheiro; o caça-dotes; o casamento por vingança e o amor
1852/53- Memórias de um sargento de milícias, de Manuel triunfa. Romance baseado na história de uma mulher (Aurélia)
Antônio de Almeida. que dividida entre o amor e o desejo de vingança por ter sido
1856- Cinco minutos, de José de Alencar. abandonada quando era pobre; ao herdar uma herança resolve
1857- O guarani, de José de Alencar. comprar o homem que a abandonou (Fernando Seixas) em
1862- Lucíola, de José de Alencar busca de um casamento rico e espera ansiosamente que ele
1865- Iracema, de José de Alencar. não aceite o trato feito por Lemos, seu porta-voz. Mas, para
1872- Inocência, de Taunay; O seminarista, de Bernardo seu descontentamento ele aceita se casar por dinheiro e aceita
Guimarães também a condição de conhecer a noiva apenas alguns dias
1874- Ubirajara, de José de Alencar. antes da cerimônia.
1875- Senhora e o Sertanejo, de José de Alencar; A escrava Quando Fernando descobre quem é a noiva fica feliz porque
Isaura, de Bernardo Guimarães. ele ainda a ama, mas ele cai no conceito de Aurélia que o maltrata
1876- O cabeleira, de Franklin Távora. e o humilha após o casamento. Apaixonado e ferido ele resolve
trabalhar com afinco e depois de onze meses devolve à Aurélia o
Joaquim Manuel de Macedo: Nasceu no Rio de Janeiro, dinheiro que recebeu por ter se casado com ela. Sem terem mais
em 1820 e ali morreu em 1882. Escrevia textos com assuntos motivo para ficarem separados, os dois se reconciliam e vivem
corriqueiros e tradicionais, reproduzia a vida social da um grande amor. Esse romance é uma crítica à sociedade que
burguesia, com seus mocinhos e mocinhas, casos amorosos, dava mais valor ao dinheiro do que ao caráter e por isso, seu
cenas engraçadas e finais felizes. Não há análises sociais, mas livro é dividido em quatro capítulos que representam o sistema
um pouco de suspense e muita emoção passageira. financeiro: preço, quitação, posse e resgate.
- romance urbano A Moreninha (Augusto e Carolina) Cinco minutos; A viuvinha; Lucíola; Diva; A pata da gazela;
- obra folhetinesca (novelesca), servindo como documento Sonhos d’ ouro, Senhora (considerado seu 2º melhor livro);
dos costumes da Corte do século XIX, com retratação da vida Encarnação.
doméstica e social da burguesia da época.
- linguagem oscila entre o coloquialismo informal e o Regionalista: O sertanejo (sertão nordestino); O Gaúcho
português culto (pampas gaúchos); Til (planalto paulista); O tronco do Ipê
(zona da Mata Fluminense) - retrata as diferentes partes do país
A moreninha: Conta a história de uma aposta entre dois salientado seus hábitos, sua linguagem e tradições.
rapazes, Filipe e Augusto. Augusto, que se diz incapaz de se
apaixonar por uma mulher, aposta com Filipe que se isso Histórica: procura tratar figuras históricas ou lendárias,
acontecer ele irá escrever um romance contando sua história de situando-as em seu tempo e momentos reais. Usa tanto o índio
amor. Ele encontra seu grande amor, Carolina, irmã de Filipe. Ele como fatos voltados para o período colonial do país.
perde a aposta e escreve o romance intitulado A moreninha. As minas de prata: início da procura de metais pelos
aventureiros e bandeirantes no sertão, aos quais se deve o seu
povoamento.

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A guerra dos mascates: lutas entre as cidades de Olinda e A primeira é relacionada aos problemas sociais, ambiente
Recife, este desejava a sua autonomia. urbano e elementos do cotidiano. Já a segunda, aconteceu no
O guarani (livro épico, considerado seu melhor livro). flerte do realismo com o Naturalismo. Assumindo uma posição
Indianista: volta ao passado - os índios representam o ideológica regionalista, na qual se elevou a cor local, a vida
aspecto mais autêntico de nossa nacionalidade. Idealiza tanto difícil no ambiente rural brasileiro e o determinismo, negando
os índios como os nativos da colonização portuguesa, que com a existência do livre-arbítrio. Entre as principais características
sua mistura, formam a raça brasileira (isto é visto em O Guarani do Realismo brasileiro, influenciado pelo Determinismo de
através de Peri e Cecília, a Ceci). Iracema, Ubirajara. Taine e pelo Positivismo de Augusto Comte, existem duas linhas:
Marcada por Machado de Assis, de análise das classes mais
Autores Sertanistas abastadas da sociedade carioca, com foco em temas políticos
- procura substituir o indianismo pelo regionalismo, pois do século XIX. Com ênfase na análise comportamental dos
os traços tipicamente nacionais estão caracterizados no sertão seres humanos das camadas menos privilegiadas. Estabelece-
(homem simples que trabalha na terra e vive no interior do país, se o condicionamento do homem. Nesta segunda vertente, foi
agora como herói nacional). criado um laço entre a conduta humana e a terra, o problema de
- o sertão do Brasil tinha ainda intactos e naturais alguns relações entre o ambiente e o homem, verificadas na abordagem
traços peculiares de nossa cultura (língua e costumes) e de Realista/Naturalista. Ainda no que se refere ao regionalismo,
nossa paisagem. o realismo consolidou as expressões regionais, populares e
profissionais.
Bernardo Guimarães: considerado um dos criadores do Entre os escritores de ficção realista brasileiros estão:
romance sertanejo e regional, com uma linguagem repleta de Manuel Antônio de Almeida, Aluísio Azevedo, Inglês de Souza,
adjetivos. Adolfo Caminha, Júlio Ribeiro, Machado de Assis e Raul Pompéia.
Escrava Isaura: (antecipa o abolicionismo) - obra popular, Os dois últimos estão em posição singular. No caso de Machado
mais medíocre. de Assis, por ter criado um estilo que reproduzia a realidade
O seminarista: enfoca o celibato clerical forçado, onde utilizando-se de relativa indiferença formal e sem fetichismo. Já
relaciona os personagens ao meio. Raul Pompéia, pela independência dos tons impressionistas que
são características marcantes de sua obra.
Visconde de Taunay: utiliza a vida rural brasileira como As características dos romances realistas da primeira fase,
cenário nacional, com peculiaridades da fala sertaneja, cercada influenciada pelo romantismo, são: vocabulário claro e simples,
de uma história tipicamente romântica. tonalidade natural à prosa, estudo da psicologia dos personagens
Inocência: retrata o sertão no Mato Grosso, a natureza e os e narrativa linear e imaginativa. Na segunda fase, simbolizada
costumes da região. por Machado de Assis, o estilo fica maleável, rompe-se com a
linearidade, acrescenta-se o humor ligado ao pessimismo e ao
Franklin da Távora: criador da literatura do Norte, que desencanto.
para ele representa a face real do Brasil, tematiza a violência e o
banditismo do Nordeste. Principais Romances Realistas
O cabeleira: José Gomes, bandido, ao tentar violentar uma
rapariga reconhece nela um amor de infância, regenerando o 1881- O mulato, de Aluísio Azevedo; Memórias póstumas de
bandido. Brás Cubas, de Machado de Assis
1884- Casa de pensão, de Aluísio Azevedo
Realismo 1888- O missionário, de Inglês de Sousa; O Ateneu, de Raul
Pompéia
O Realismo foi um estilo oposto ao Romantismo, seus 1890- O cortiço, de Aluísio Azevedo
autores escreviam sobre a realidade de forma nua e crua, foi 1891- Quincas Borba, de Machado de Assis
um abandono das realidades do modo de vida burguês para a 1893- A normalista, de Adolfo Caminha
realidade da população anônima, marginalizada da sociedade 1895- Bom-crioulo, de Adolfo Caminha
do séc. XIX. Teve início na França, em 1857,com a publicação 1899- Dom Casmurro, de Machado de Assis
do romance “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert. Em 1881, 1903- Luzia-Homem, de Domingos Olímpio
iniciou no Brasil com a publicação do romance de Machado 1904- Esaú e Jacó, de Machado de Assis
de Assis “Memórias póstumas de Brás Cubas”, e de Aluísio de 1908- Memorial de Aires, de Machado de Assis
Azevedo “O mulato”.
Foi uma época de apogeu dos progressos científicos na Aluísio Azevedo: Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo
medicina, nas ciências, biológicas, genética e das filosofias nasceu em São Luís, no Maranhão e faleceu em 1913, em
(Positivismo de Augusto Conte, Determinismo de Hippolyte Buenos Aires, na Argentina. Escreveu várias obras, mas nem
Taine, Darwinismo de Charles Darwin, Evolucionismo social todas tinham a mesma qualidade literária. As melhores são os
de Herbert Spencer, Socialismo Utópico de Saint-Simon e romances “O mulato”, “Casa de Pensão” e “O cortiço”.
Socialismo científico de Karl Marx). O Realismo apresenta
um trabalho realizado na realidade da vida humana e deixa o O Cortiço: Este romance tem como personagem principal
sentimentalismo e o subjetivismo romântico de lado, o romance João Romão, vendeiro português, que tem por meta de vida
deixa de ser visto como pura distração e passa a ser crítico e ascender socialmente; tinha por amante uma escrava fugida
realista. que o ajudou a enriquecer (Bertoleza). Seu sonho era adquirir
Segundo Felipe Araújo10, na segunda parte do século boa posição social com a de seu patrício Miranda, que tinha um
XIX, três importantes movimentos literários floresceram: o sobrado ao lado do cortiço, e ficar noivo de sua filha. Mas para
Parnasianismo, o Realismo e o Naturalismo. O Realismo é isso ele tinha de se livrar de Bertoleza que poderia atrapalhar sua
considerado a pintura objetiva da realidade, uma forma de reação ascensão. Então, ele a delata como escrava fugida. Ao perceber a
ao excesso e à espiritualidade. Alguns autores consagrados que traição de João, Bertoleza suicida-se. É um texto povoado de tipos
escreveram obras realistas são: Homero, na tragédia e comédia humanos como lavadeiras, operários, prostitutas, mascates que
clássica, Cervantes, Chaucer, Balzac e Dostoiévski. De acordo vivem num ambiente marginalizado, degradante e corruptor.
com Eça de Queirós, um dos mais importantes escritores lusos,
“o Romantismo era apoteose do sentimento, o Realismo é a Machado de Assis: Joaquim Maria Machado de Assis nasceu
anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos no Rio de Janeiro, em 1839, e ali morreu em 1908. Mestiço, gago,
pinta a nossos próprios olhos para nos reconhecermos, para que epilético foi considerado símbolo de esforço por nunca ter ido à
saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que escola. Foi tipógrafo, revisor, colaborador da imprensa da época
houver de mau em nossa sociedade”. e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, que
No Brasil, o início do Realismo ocorre em duas direções. ajudou a fundar em 1897; o melhor escritor brasileiro do séc. XIX
10 http://www.infoescola.com/literatura/realismo-no-brasil/ e um dos mais importantes de toda a história literária em língua

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portuguesa. Possuía um estilo preciso, não falava demais e mestre espírita Plácido para saber sobre as brigas. O amigo o
nem de menos, usava frases curtas, tinha um misto de graça e tranquiliza, afirmando os meninos seriam grandes homens e por
amargura. isso brigavam antes mesmo do nascimento.
Pedro e Paulo crescem idênticos fisicamente, mas
Os contos: Machado de Assis tinha uma grande habilidade completamente diferentes na personalidade. Paulo, republicano,
para escrever histórias curtas baseadas na realidade e na análise ingressa na faculdade de Direito, e Pedro, monarquista, cursa
do comportamento humano (os contos). Seus contos eram Medicina. Ambos encantam-se por Flora, filha do político
verdadeiras obras-primas. Dentre eles, estão: “O enfermeiro”, oportunista Batista e de Dª Cláudia. Com a nomeação de Batista
“ A cartomante”, “A igreja do diabo”, “O alienista”, “Pai contra para presidente de uma província do norte, a jovem, dividida
mãe”, “A causa secreta”, “Conto de escola”, “Umas férias”, “Noite de entre os gêmeos, se desespera, sem querer deixar o Rio. Com
almirante”, “O espelho”, “Missa do galo”, “Uns braços” etc. a proclamação da república, a moça acaba permanecendo na
cidade. No entanto, ainda indecisa, resolve ir para a casa da Rita,
Os romances: Na primeira fase de sua produção, Machado irmã do Conselheiro Aires, e assim ter mais tempo para escolher
de Assis, escreveu quatro romances com traços românticos: um dos irmãos. Antes de decidir, a jovem adoece e morre. Os
Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876), Iaiá irmãos sofrem, mas logo dão curso às suas carreiras.
Garcia (1878). Após essa fase ele assume um aspecto realista Os dois se enfrentam na vida política como deputados em
em suas obras com Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), lados opostos no parlamento. Com a morte de Natividade,
Quincas Borba (1891), Dom casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904), atendendo a seu último pedido, cessam os desentendimentos.
Memorial de Aires (1908) e aprofunda suas análises psicológicas A paz dura pouco, logo os irmãos voltam a trocar farpas e
dos personagens. terminam separados.

Dom Casmurro: É um de seus romances mais famosos Quincas Borba: Publicada entre 15/06/1886 a 15/09/1891
pela incerteza que ele nos causa em relação à ambiguidade da na revista Estação, a obra é a continuação do livro Memórias
personagem Capitu, onde ao final da história, não se sabe se Póstumas de Brás Cubas.
ela traiu ou não seu marido Bentinho com seu amigo Escobar. Inicialmente o livro de Romance, que tem um foco narrativo
Bentinho fez o seminário, mas, por influência de Capitu, não se em 3 pessoa, tem como tema a loucura despertada, através de
ordenou padre para casar-se com ela e, Escobar, seu amigo de um processo que ativa fatores latentes.
seminário, casou-se com a melhor amiga de Capitu, tornando- A história gira em torno da vida de Pedro Rubião de
se muito próximos. Bentinho e Capitu têm um filho, mas ele Alvarenga, ex-professor primário, que torna-se enfermeiro e
desconfia que o filho seja do suposto amante de Capitu. Bentinho discípulo do filósofo Quincas Borba, que falece no Rio, na casa
é apelidado Dom Casmurro por viver recluso e o texto é uma de Brás Cubas. Com isso, Rubião é nomeado herdeiro universal
retrospectiva de sua vida. do filósofo, sob a condição de cuidar de seu cachorro, de nome
Quincas Borba também.
Memórias Póstumas de Brás Cunha: Brás Cubas é um Rubião, então, parte para o Rio de Janeiro e, na viagem,
homem rico e solteiro que, depois de morto, resolve se dedicar conhece o capitalista Cristiano de Almeida e Palha e também
à tarefa de narrar sua própria vida. Dessa perspectiva, emite Sofia que lhe dispensava olhares e delicadezas. Sofia era mulher
opiniões sem se preocupar com o julgamento que os vivos de Crtistiano, mas Rubião se apaixonou por ela, tendo em vista o
podem fazer dele. De sua infância, registra apenas o contato modo em que os dois entraram em sua vida.
com um colega de escola, Quincas Borba, e o comportamento de O amor era tão grande que Rubião foi obrigado a assumi-
menino endiabrado, que o fazia maltratar o escravo Prudêncio lo perante Sofia. Para o espanto, Sofia recusa seu amor, mesmo
e atrapalhar os amores adúlteros de uma amiga da família, tendo lhe dado esperanças tempos atrás, e conta o fato para
D. Eusébia. Da juventude, resgata o envolvimento com uma Cristiano.
prostituta de luxo, Marcela. Apesar de sua indignação, o capitalista continua suas
Depois de retornar de uma temporada de estudos na relações com Rubião pois queria obter os restos da fortuna que
Europa, vive uma existência de moço rico, despreocupado e ainda existia.
fútil. Conhece a filha de D. Eusébia, Eugênia, e a despreza por ser O amor de Sofia, não correspondido, aos poucos começa a
manca. Envolve-se com Virgília, uma namorada da juventude, despertar a loucura em Rubião. Essa loucura o levou à morte e
agora casada com o político Lobo Neves. O adultério dura muitos foi comparada à mesma que causou o falecimento de Quincas
anos e se desfaz de maneira fria. Brás ainda se aproxima de Nhã Borba. Louco e explorado por várias pessoas, principalmente
Loló, parenta de seu cunhado Cotrim, mas a morte da moça Palha e Sofia, Rubião morre na miséria e assim se exemplifica a
interrompe o projeto de casamento. tese do humanitismo.
Desse ponto até o fim da vida, Brás se dedica à carreira A FILOSOFIA
política, que exerce sem talento, e a ações beneficentes, que
pratica sem nenhuma paixão. O balanço final, tão melancólico O livro representa a filosofia inventada por Quincas
quanto a própria existência, arremata a narrativa de forma Borba, de que a vida é um campo de batalha onde só os mais
pessimista: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o fortes sobrevivem e que fracos e ingênuos, como Rubião, são
legado da nossa miséria”. manipulados e aniquilados pelos superiores e espertos, como
Palha e Sofia, que no fim da obra terminam vivos e ricos.
Esaú e Jacó: Publicado em 1904, Esaú e Jacó é o penúltimo
romance de Machado de Assis. Memorial de Aires: Escrita em 1908, mesmo ano da morte
Tendo como título uma história retirada da Bíblia, do autor, Memorial de Aires é considerada uma obra de caráter
remetendo-nos ao Gênesis: à história de Rebeca, que privilegia autobiográfico, pois nota-se uma relação entre o romance e a
o filho Jacó, em detrimento do outro filho, Esaú, fazendo-os velhice do escritor. Sem apresentar um enredo único, a história
inimigos irreconciliáveis. A inimizade dos gêmeos Pedro e é dividida em diversas entradas de uma espécie de diário,
Paulo, do romance de Machado, não tem causa explícita, daí a apresentando anedotas e episódios que se permeiam ao longo
denominação de romance “Ab Ovo” (desde o ovo). dos capítulos.
A narrativa começa com a visita de Natividade, grávida de O romance é considerado por críticos literários como um
gêmeos, e sua irmã, Perpétua, a uma cabocla do Morro do Castelo. romance de caráter psicológico, pois apresenta temas como
A futura mãe queria conhecer o destino dos filhos gêmeos, Pedro a frivolidade da elite da sociedade brasileira ao final de 1800
e Paulo. A previsão da cabocla é animadora: “serão grandes”. e a dificuldade das relações amorosas. Ao contrário de outros
Isso, porém, não é suficiente para desfazer a inquietação de romances de Machado de Assis, esta obra não é permeada pelo
Natividade, que se preocupa com as possíveis brigas dos irmãos sarcasmo ou pela ironia. Além disso, a narração não é feita por
ainda no ventre. um narrador onisciente. Desenrola-se através de um observador
Ao chegar em casa, a mulher relata as previsões a Santos, tentando desvendar o íntimo de personagens bondosos e
seu marido. O homem fica feliz, mas resolve procurar o amigo simples.

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APOSTILAS OPÇÃO
Memorial de Aires apresenta um enredo narrado pelo trechos do tratado de Charles Darwin, “A origem das espécies”.
Conselheiro Aires, que remonta em um diário os anos de 1888 Mudou-se para São Paulo, onde foi cursar Direito na
e 1889, em que viveu como um diplomata idoso e aposentado Faculdade do Largo de São Francisco, passando a participar
no Rio de Janeiro. Com várias observações argutas em suas na campanha abolicionista e defendendo a causa republicana.
memórias, Aires chega a enganar e confundir os leitores. Segundo Publica em forma de folhetim o romance “As Joias da Coroa”,
Alfredo Bosi, crítico, professor universitário e historiador da obra explicitamente antimonarquista. Nesse mesmo ano publica
literatura nacional, o Conselheiro Aires “ouve mais do que fala e também suas primeiras poesias do livro “Canções sem metro”.
concilia o quanto pode”. Juntamente com 90 colegas da faculdade, transfere-se para a
Nas páginas de Memorial de Aires são apresentadas pessoas cidade de Recife para concluir o curso de Direito, provavelmente
com quem o narrador conviveu, citações de leituras e obras em consequência da defesa dos ideais abolicionistas e
que leu quando era diplomata e reflexões sobre fatos passados republicanos. Em 1888 publica “O Ateneu” em forma de folhetim
que ocorreram na política. Uma das principais personagens na Gazeta de notícias.
descritas por Aires é Fidélia, moça mais jovem por quem ele se Inquietante como escritor e como pessoa, o escritor
interessou. Devido à idade avançada, Aires nunca revelou seu envolveu-se em inúmeras polêmicas, inimizades e crises
amor à Fidélia, considerada uma filha para o casal Dona Carmo e depressivas, chegando até a desafiar o poeta Olavo Bilac para um
Aguiar, que não pode ter filhos. duelo. Afastado pelos amigos e caluniado nos meio jornalísticos
e intelectuais, Raul Pompéia suicidou-se na noite de natal de
Histórias sem data: Histórias sem data reúne 18 contos de 1895.
Machado de Assis publicados ao longo de 1883 em periódicos
cariocas. Parnasianismo no Brasil
A escolha do título, “Histórias sem Data”, de acordo com o
próprio Machado de Assis no prefácio de advertência da 1ª Os poetas Teófilo Dias, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e
edição: Raimundo Correia auxiliaram a implantação do Parnasianismo
De todos os contos que aqui se acham há dous que no Brasil.
efetivamente não levam datas expressas; os outros a têm, de O Parnasianismo11 tem seu marco inicial com a publicação
maneira que este título Histórias sem Data parecerá a alguns de “Fanfarras” de Teófilo Dias, em 1882. Contudo, Alberto de
ininteligível, ou vago. Supondo, porém, que o meu fim é definir Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Correia também auxiliaram a
estas páginas como tratando, em substância, de cousas que não implantação do Parnasianismo no Brasil.
são especialmente do dia, ou de um certo dia, penso que o título A estética parnasiana, originada na França, valorizava a
está explicado. E é o pior que lhe pode acontecer, pois o melhor perfeição formal, o rigor das regras clássicas na criação dos
dos títulos é ainda aquele que não precisa de explicação. M. de A. poemas, a preferência pelas formas fixas (sonetos), a apreciação
da rima e métrica, a descrição minuciosa, a sensualidade, a
À primeira vista, como num prefácio normal, Machado mitologia greco-romana. Além disso, a doutrina da “arte pela
de Assis anuncia sua independência de seu tempo, sua arte” esteve presente nos poemas parnasianos: alienação e
extemporaneidade. Com efeito, mais de um século decorrido, descompromisso quanto à realidade.
verificamos que o tempo atua a seu favor, como um aliado que Contudo, os parnasianos brasileiros não seguiram todos
cronicamente o desvela e fortalece. Fato indiscutível é que os acordos propostos pelos franceses, pois muitos poemas
o autor não nos quer presos a qualquer data, e nem sequer à apresentam subjetividade e preferência por temas voltados
descrição que faz de seus próprios personagens. à realidade brasileira, contrariando outra característica do
Histórias sem Data foi publicado em 1884, três anos parnasianismo francês: o universalismo.
depois de Memórias póstumas de Brás Cubas e quando o autor Os temas universais, vangloriados pelos franceses, se
provavelmente já idealizava o romance Quincas Borba. Este opunham ao individualismo romântico, que revelava aspectos
quarto livro de contos tem todos os ingredientes que fazem de pessoais, desejos, aflições e sentimentos do autor.
Machado de Assis um contista modelar. Outra característica que o Parnasianismo brasileiro não
seguiu à risca foi a visão mais carnal do amor em relação à
Os contos de Histórias sem data são: A Igreja do Diabo, espiritual. Olavo Bilac, principalmente, enfatizou o amor sensual,
O Lapso, Último Capítulo, Cantiga de Esponsais, Singular entretanto, sem vulgarizá-lo.
Ocorrência, Galeria Póstuma, Capítulo dos Chapéus, Conto No Brasil, os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac
Alexandrino, Primas de Sapucaiana, Uma Senhora, Anedota e Raimundo Correia.
Pecuniária, Fulano, A Segunda Vida, Noite de Almirante, O poema “Profissão de fé” de Olavo Bilac é uma
Manuscrito de um Sacristão, Ex-Cathedra, A Senhora do Galvão, representação da estética parnasiana no Brasil:
As Academias de Sião.
Veja um trecho:
Várias Histórias: Os contos de Várias Histórias constituem
rico material para um estudo da psicologia do homem e de como (...)
ele se comporta no grupo em que vive. Vemos neles a análise das E horas sem conta passo, mudo,
fraquezas humanas, norteadas muitas vezes pela preocupação O olhar atento,
com a opinião alheia. Em inúmeros casos as personagens fazem A trabalhar, longe de tudo
o mesmo que nós: mentem, usam máscaras, para não entrar O pensamento.
em conflito com o meio em que estão e, portanto, conviver em Porque o escrever – tanta perícia
sociedade. O pior é que levam tão a sério essa máscara que Tanta requer,
chegam até a enganar a si mesmas, acreditando nela como a Que ofício tal... nem há notícia
personalidade real. De outro qualquer.
Assim procedo. Minha pena
Contos: A Cartomante, Entre Santos, Uns Braços, O Homem Segue esta norma,
Célebre, A Desejada das Gentes, A causa Secreta, Trio em Lá Por servir-te, Deusa serena,
Menor, Adão e Eva, O Enfermeiro, O Diplomático, Mariana, Conto Serena Forma!
de Escola, Um Apólogo, D. Paula, Viver!, O Cônego ou Metafísica
do Estilo. Vemos nas estrofes acima aspectos parnasianos, como “a
arte pela arte”: o poeta deixa claro que a arte poética exige do
Raul Pompéia: nasceu no dia 12 de abril de 1863 no vilarejo autor o afastamento quanto ao que acontece no mundo.
de Jacuecanga, município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Ainda vemos a exaltação e procura por um rigor técnico,
Começou a escrever muito cedo, editando um jornalzinho que purismo na forma: o poeta diz que escrever requer muita perícia,
circulava no colégio. Através dele, ele criticava tanto professores 11 https://www.todamateria.com.br/parnasianismo-no-brasil/
como alunos. Na ocasião, ele estava empenhado em traduzir http://brasilescola.uol.com.br/literatura/parnasianismo-no-brasil.htm

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cuidado e engrandece a estética formal “Serena Forma”. 1879.
Além disso, observamos no poema a forma fixa dos sonetos, Sua obra apresenta características românticas,
a rima rica e a perfeita ou rara em contraposição aos versos parnasianas e simbolistas. Dessa maneira, suas poesias
livres e brancos dos poetas românticos. possuem um caráter pessimista e subjetivo, ao mesmo
tempo que apresentam grande preocupação métrica. Outras
O  Parnasianismo no Brasil teve como marco inicial a obras que merecem destaque são: Sinfonias  (1883),  Versos e
publicação da obra “Fanfarras”, de Teófilo Dias, em 1882. Versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898).
Os mais importantes escritores brasileiros do período
formavam a chamada “Tríade Parnasiana” composta por Olavo Parnasianismo em Portugal
Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia. Em Portugal, o movimento parnasiano não teve a
Os escritores parnasianos buscavam o sentido para a representação e a força que se desenvolveu no Brasil e noutros
existência humana por meio da perfeição estética. Por isso, a países.
preocupação residia na “Arte pela Arte”, ou seja, a forma como Os autores parnasianos portugueses que se destacaram
caraterística principal da poesia. foram: João Penha (1838-1919), Gonçalves Crespo (1846-1883),
António Feijó (1859-1917) e Cesário Verde (1855-1886) .
Características do Parnasianismo
• Arte pela arte Simbolismo no Brasil
• Objetivismo e universalismo
• Cientificismo e positivismo O simbolismo no Brasil  surge em 1893, com a publicação
• Temas baseados na realidade (objetos e paisagens), de “Missal” e “Broquéis”, de Cruz e Souza, considerado o maior
fatos históricos, mitologia grega e cultura clássica representante do movimento no país, ao lado de Alphonsus de
• Busca da perfeição Guimarães.
• Sacralidade e o culto à forma
• Preocupação com a estética, metrificação, versificação Características do Simbolismo
• Utilização de rimas ricas e palavras raras
• Preferência por estruturas fixas (soneto) - Não-racionalidade
• Descrição visual bem detalhada - Subjetivismo, individualismo e imaginação
- Espiritualidade e transcendentalidade
Escritores Parnasianos Brasileiros - Subconsciente e inconsciente
- Musicalidade e misticismo
Teófilo Dias (1854-1889) - Figuras de linguagem: sinestesia, aliteração, assonância
Teófilo Odorico Dias de Mesquita, sobrinho do
poeta Gonçalves Dias, foi professor, jornalista, advogado e poeta O Simbolismo no Brasil foi representado, principalmente,
brasileiro. por Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens. A temática
Patrono da cadeira 36 na Academia Brasileira de Letras, simbolista apoia-se na subjetividade.
em 1882 publicou “Fanfarras”, obra que marca o início do
parnasianismo no Brasil. Musselinosas como brumas diurnas 
Outras obras que merecem destaque:  Flores e descem do ocaso as sombras harmoniosas, 
Amores  (1874), Cantos Tropicais (1878),Lira dos Verdes sombras veladas e musselinosas 
Anos (1878), A Comédia dos Deuses (1888). para as profundas solidões noturnas. 
Sacrários virgens, sacrossantas urnas, 
Olavo Bilac (1865-1918) os céus resplendem de sidéreas rosas, 
Um dos grandes escritores parnasianos, Olavo Brás Martins da Lua e das Estrelas majestosas 
dos Guimarães Bilac, conhecido como “Príncipe dos Poetas iluminando a escuridão das furnas. 
Brasileiros”, foi jornalista, tradutor, poeta e um dos fundadores Ah! por estes sinfônicos ocasos 
da Academia Brasileira de Letras. a terra exala aromas de áureos vasos, 
Sua obra é caracterizada pela linguagem clássica, com incensos de turíbulos divinos. 
conteúdos: históricos, patrióticos, emotivos, platônicos e Os plenilúnios mórbidos vaporam ... 
sensuais. Vale lembrar que o Hino à Bandeira do Brasil foi escrito E como que no Azul plangem e choram 
por Olavo Bilac. cítaras, harpas, bandolins, violinos ...
Suas principais obras são:  Poesias  (1888),  Crônicas (Sinfonias do Ocaso – Cruz e Sousa)
e Novelas  (1894),  Crítica e Fantasia(1904),  Conferências
Literárias  (1906),  Dicionário de Rimas  (1913),  Tratado de O poema que você leu pertence a Cruz e Sousa, principal
Versificação (1910), Ironia e Piedade (1916) e Tarde (1919). poeta simbolista brasileiro. O Simbolismo constituiu-se na
Europa, principalmente na França e na Bélgica, alcançando a
Alberto de Oliveira (1857-1937) poesia brasileira no final da década de 80, século XIX.
Antônio Mariano de Oliveira, mais conhecido pelo Ao contrário do que aconteceu na Europa, onde o Simbolismo
pseudônimo “Alberto de Oliveira”, foi um poeta, professor, contou com maior destaque em relação ao Parnasianismo, no
farmacêutico e um dos fundadores da Academia Brasileira de Brasil o movimento ficou à sombra da poesia parnasiana, que
Letras. ganhou a simpatia das camadas mais cultas do país, sobretudo
Publicou sua primeira obra “Canções Românticas” em 1878. em virtude do preciosismo da métrica e linguagem. Embora
A despeito desse livro apresentar características românticas, não contasse com o mesmo prestígio, a poesia simbolista
Alberto de Oliveira foi um exímio poeta parnasiano cuja obra brasileira deixou uma contribuição significativa, prenunciando
é caracterizada por temáticas e estruturas parnasianas, por os movimentos literários do século XX. Seus principais
exemplo, descrição minuciosa, composição de retratos, quadros representantes foram Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.
e cenas. Apesar da estética simbolista ser oposta à estética
Suas obras que merecem destaque parnasiana, especialmente no que se refere à ideologia, ambas
são:  Meridionais  (1884),  Versos e se preocupavam com a linguagem e com o rigor formal,
Rimas (1895),Poesias (1900), Céu, Terra e Mar (1914), O Culto da sendo possível encontrar algumas influências parnasianas
Forma na Poesia Brasileira (1916). nos versos do poeta Cruz e Sousa. O simbolismo nasceu do
descontentamento de escritores contrários ao Naturalismo e ao
Raimundo Correia (1859-1911) Realismo, que pregavam uma visão materialista e cientificista
Raimundo da Motta de Azevedo Corrêa foi um juiz, poeta da vida defendida pelo Positivismo. Os primeiros simbolistas
e um dos fundadores do Sodalício Brasileiro. Maranhense, apresentavam uma estética marcada pela subjetividade,
publicou seu primeiro livro de poesias “Primeiros Sonhos” em elemento presente no misticismo e na sugestão sensorial,

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diametralmente oposta aos valores defendidos pela estética Augusto dos Anjos (1884-1914)
realista.
No Brasil, as inovações estiveram relacionadas com o plano Augusto dos Anjos foi um dos grandes poetas brasileiros
temático e com o plano formal, com uma poesia permeada simbolistas, embora, muitas vezes, sua obra apresente
pelo subjetivismo, representado pelos sofrimentos universais, características pré-modernas.
o amor, a morte e a religiosidade. Todos esses assuntos foram Patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de
expostos através de um cuidadoso trabalho com a linguagem, Letras, publicou um livro intitulado “Eu” e foi chamado de “Poeta
privilegiando o uso de figuras de linguagem, sobretudo da da morte” uma vez que seus poemas exploram temas sombrios.
sinestesia, além de versos com elaboradas construções sonoras,
tendo por finalidade conferir musicalidade e ritmo às palavras: Não alcançado na Literatura brasileira a mesma relevância
que alcançou na Literatura europeia, infelizmente o Simbolismo
Ismália no Brasil não pôde romper com a Literatura oficial, já que
apresentava uma temática que parecia distanciar-se dos
Quando Ismália enlouqueceu, problemas sociais enfrentados àquela época. Porém, podemos
Pôs-se na torre a sonhar... afirmar que o Simbolismo abriu caminhos para o Modernismo,
Viu uma lua no céu, que notadamente  foi influenciado pelas tendências
Viu outra lua no mar. irracionalistas desse movimento literário.

No sonho em que se perdeu, Pré-Modernismo


Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu, A realização deste trabalho tem como objetivo mostrar os
Queria descer ao mar... fatos, ocorrências, consequências de um dos períodos da nossa
Literatura, o Pré-Modernismo12.
E, no desvario seu, Tentaremos mostrar claramente, com a melhor das intenções,
Na torre pôs-se a cantar... os fatos e características de tal assunto, e também através da
Estava longe do céu... realização deste trabalho, procuraremos tirar o maior proveito
Estava longe do mar... para o nosso aprendizado, buscando colher mais informações
úteis que sejam satisfatórias para que por meio da pesquisa, nós
E como um anjo pendeu possamos engrandecer o nosso conhecimento.
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu, Pré-Modernismo
Queria a lua do mar...
O pré-modernismo deve ser situado nas duas décadas iniciais
As asas que Deus lhe deu deste século, até 1922, quando foi realizada a Semana da Arte
Ruflaram de par em par... Moderna. Serviu de ponte para unir os conceitos prevalecentes
Sua alma, subiu ao céu, do Parnasianismo, Simbolismo, Realismo e Naturalismo.
Seu corpo desceu ao mar... O pré-modernismo não foi uma ação organizada nem um
(Alphonsus de Guimaraens) movimento e por isso deve ser encarado como fase.
Não possui um grande número de representantes mas conta
Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens foram os com nomes de imenso valor para a literatura brasileira que
responsáveis por incorporar a estética simbolista na Literatura formaram a base dessa fase.
brasileira. Embora o Realismo tenha supostamente chegado O pré-modernismo, também conhecido como período
ao fim — de acordo com a divisão arbitrária proposta pelas sincrético. Os autores embora tivessem cultivado formalismos
Escolas Literárias — no ano em que os livros Missal e Bróqueis, e estilismos, não deixaram de mostrar inconformismo perante
ambos de Cruz e Sousa, foram publicados (era o ano de 1893), suas próprias consciências dos aspectos políticos e sociais,
podemos dizer que o Simbolismo conviveu paralelamente ao incorporando seus próprios conceitos que abriram o caminho
Realismo, mesmo porque obras importantes de Machado de para o Modernismo.
Assis, como Dom Casmurro e  Esaú e Jacó, foram publicadas já Essa foi uma fase de uma grande transição que nos deixou
nos primeiros anos do século 20. grandes joias como Canaã de Graça Aranha; Os Sertões de
Euclides da Cunha; e Urupês de Monteiro Lobato.
Autores Brasileiros Simbolistas O que se convencionou em chamar de Pré-Modernismo,
no Brasil, não constitui uma escola literária, ou seja, não temos
Cruz e Sousa (1861-1898) um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário,
seguindo determinadas características. Na realidade, Pré-
Considerado o precursor do simbolismo no Brasil,  João da Modernismo é um termo genérico que designa toda uma vasta
Cruz e Sousa foi um poeta brasileiro nascido em Florianópolis. produção literária que caracterizaria os primeiros vinte anos
Sua obra é marcada pela musicalidade e espiritualidade com deste século. Aí vamos encontrar as mais variadas tendências
temáticas individualistas, satânicas, sensuais. Suas principais e estilos literários, desde os poetas parnasianos e simbolistas,
obras: Missal (1893), Broquéis (1893), Tropos e fantasias que continuavam a produzir, até os escritores que começavam
(1885), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905). a desenvolver um novo regionalismo, outros preocupados com
uma literatura política e outros, ainda, com propostas realmente
Alphonsus de Guimarães (1870-1921) inovadoras.
Por apresentarem uma obra significativa para uma nova
Um dos principais poetas simbolistas do Brasil, Afonso interpretação de realidade brasileira, bem como pelo valor
Henrique da Costa Guimarães possui uma obra marcada pela estilístico, limitaremos o Pré-Modernismo ao estudo de Euclides
sensibilidade, espiritualidade, misticismo, religiosidade, com da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e
temas como a morte, a solidão, o sofrimento e o amor. Augusto dos Anjos. Assim, abordaremos o período que se inicia
Sua produção literária apresenta características neo- em 1902 com a publicação de dois importantes livros –  Os
romântico, árcades e simbolistas. Suas.principais obras: sertões, de Euclides da Cunha e Canaã, de Graça Aranha – e se
Setenário das dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística estende até o ano de 1922, com a realização da Semana da Arte
(1899), Kyriale (1902), Pastoral aos crentes do amor e da morte Moderna.
(1923).

12 http://www.coladaweb.com/literatura/pre-modernismo

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Momento Histórico lado, muitas obras ainda mostravam a influência das escolas
passadas: realista/naturalista/parnasiana e simbolista. Essa
Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra dicotomia de tendências, uma renovadora e outra conservadora,
Mundial, o Brasil começa a viver, a partir de 1894, um novo gerou não só tensão, mas sobretudo um clima rico e fecundo,
período de sua história republicana: com a posse do paulista que Alceu Amoroso Lima chamou de Pré-Modernismo.
Prudente de Morais, primeiro presidente civil, inicia-se a
“República do café-com-leite”, dos grandes proprietários rurais, Quanto à prosa, podemos distinguir três tipos de obras:
em substituição a “República da Espada” (governos do marechal
Deodoro e do marechal Floriano). É a áurea da economia 1-  Obras de ambiência rural e regional – que tem por
cafeeira no Sudeste; é o movimento de entrada de grandes temática a paisagem e o homem do interior.
levas de imigrantes, notadamente os italianos; é o esplendor da
Amazônia com o ciclo da borracha; é o surto de urbanização de 2-  Obras de ambiência urbana e social – retratando a
São Paulo. realidade das nossas cidades.
Mas toda esta prosperidade vem deixar cada vez mais
claros os fortes contrastes da realidade brasileira. É, também, o 3- Obras de ambiência indefinida – cujos autores produzem
tempo de agitações sociais. Do abandono do Nordeste partem uma literatura desligada da realidade socioeconômica brasileira.
os primeiros gritos da revolta. Em fins do século XIX, na Bahia,
ocorre a Revolta de Canudos, tema de Os sertões, de Euclides Características:
da Cunha; nos primeiros anos do século XX, o Ceará é o palco
de conflitos, tendo como figura central o padre Cícero, o famoso A)  ruptura com o passado – por meio de linguagem
“Padim Ciço”; em todo o sertão vive-se o tempo do cangaço, com chocante, com vocabulário que exprime a “frialdade inorgânica
a figura lendária de Lampião. da terra”.
O Rio de Janeiro assiste, em 1904, a uma rápida mais B)  inconformismo diante da realidade brasileira –
intensa revolta popular, sob o pretexto aparente de lutar mediante um temário diferente daquele usado pelo romantismo
contra a vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz; e pelo parnasianismo: caboclo, subúrbio, miséria, etc..
na realidade, tratava-se de uma revolta contra o alto custo de C)  interesse pelos usos e costumes do interior –
vida, o desemprego e os rumos da República. Em 1910, há outra regionalismo, com registro da fala rural.
importante rebelião, desta vez dos marinheiros liderados por D)  destaque à psicologia do brasileiro – retratando sua
João Cândido, o “almirante negro”, contra o castigo corporal, preguiça, por exemplo nas mais diferentes regiões do Brasil.
conhecida como a “Revolta de Chibata”. Ao mesmo tempo, em E) acentuado nacionalismo – exemplo Policarpo Quaresma.
São Paulo, as classes trabalhadoras sob a orientação anarquista, F) preferência por assuntos históricos.
iniciam os movimentos grevistas por melhores condições de G)  descrição e caracterização de personagens típicos –
trabalho. com o intuito de retratar a realidade política, e econômica e
Essas agitações são sintomas de crise na “República do café- social de nossa terra.
com-leite”, que se tornaria mais evidente na década de 1920, H) preferência pelo contraste físico, social e moral.
servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana I) sincretismo estético – Neorrealismo, Neoparnasianismo,
da Arte Moderna. Neossimbolismo.
J) emprego de uma linguagem mais simples e coloquial –
Características com o objetivo de combater o rebuscamento e o pedantismo de
alguns literatos.
Apesar de o Pré-Modernismo não constituir uma escola Principais autores :
literária, apresentando individualidades muito fortes, com Na poesia:  Augusto dos Anjos, Rodrigues de Abreu, Juó
estilos às vezes antagônicas – como é o caso, por exemplo, de Bananére, etc..
Euclides da Cunha e Lima Barreto -, podemos perceber alguns Na prosa: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha,
pontos em comum entre as principais obras pré-modernistas. Monteiro Lobato, Afonso Arinos, Simões Lopes, Afrânio Peixoto,
Apesar de alguns conservadorismos, são obras inovadoras, Alcides Maia, Valdomiro Silveira, etc…
apresentando uma ruptura com o passado, com o academismo;
a linguagem de Augusto dos Anjos, ponteadas de palavras “não Modernismo no Brasil: poesia e prosa
poéticas” como cuspe, vômito, escarro, vermes, era uma afronta
à poesia parnasiana ainda em vigor; a denúncia da realidade No início do século XX consolidou-se um movimento
brasileira, negando o Brasil literário herdado de Romantismo e literário e artístico que tinha como principal objetivo
Parnasianismo; o Brasil não oficial do sertão nordestino, dos romper com a estética tradicionalista, libertando-se dos
caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré- paradigmas, formalismos e regras que até então imperavam.
Modernismo; No Brasil, o Modernismo preconizava a independência
- o regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o cultural do país, sendo valorizada a cultura cotidiana brasileira,
Norte e Nordeste com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o em específico, a linguagem popular. As obras modernistas são de
interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito do Santo com suma importância e extremamente enriquecedoras da literatura
Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto; brasileira.
- os tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, Impossível falar sobre o Modernismo brasileiro sem citar
o caipira, os funcionários públicos, os mulatos; a Semana de Arte Moderna de 1922, evento realizado em São
- uma ligação com fatos políticos, econômicos e sociais Paulo que representou um divisor de águas em nossa cultura.
contemporâneos, diminuindo a distância entre a realidade e a Embora não tenha sido o começo do movimento, haja vista que
ficção. o processo de transformação de nossa arte iniciara no início do
século XX influenciado pelas vanguardas europeias, a Semana,
Pré-Modernismo no Brasil que aconteceu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922,
aproximou e apresentou os principais nomes do movimento  e
Nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras do século chamou a atenção dos meios artísticos de todo país para o
XX, o Brasil também viveu sua bélle époque. Nesse período nossa debate em torno das novas questões estéticas propostas por
literatura caracterizou-se pela ausência de uma única diretriz. seus representantes. Entre seus principais organizadores,
Houve, isso sim, um sincretismo estético, um entrecruzar de Guilherme de Almeida, Paulo Prado, Godofredo Silva
várias correntes artístico-literárias. O país vivia na época uma Telles, Mário e Oswald de Andrade; esses dois últimos formaram,
constante tensão. com o principal poeta modernista, Manuel Bandeira, aquela que
Nesse contexto, alguns autores refletiam o inconformismo ficou imortalizada como a tríade modernista, responsável por
diante de uma realidade sociocultural injusta e já apontavam definir os novos parâmetros das letras brasileiras.
para a irrupção iminente do movimento modernista. Por outro

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Fases do Modernismo no Brasil Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Três momentos distintos, chamados de fases ou gerações, (Oswald de Andrade)
caracterizaram o Modernismo no Brasil.
Erro de português 
Primeira Fase (1922 a 1930)  Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Durante a primeira fase o movimento buscou concretizar-se Vestiu o índio
no Brasil. Foi um período de grande produção de arte moderna Que pena!
e de materiais que divulgavam esta arte (orgia intelectual). Em Fosse uma manhã de sol
meio a essa “orgia”, quatro correntes de pensamento ganharam O índio tinha despido
força e foram ganhando teor ideológico ao longo da década de O português.
20. São elas: Pau Brasil, Verde Amarelismo, Escola da Anta e (Oswald de Andrade)
Antropofagia.
Segunda Fase (1930 a 1945)
Pau Brasil
Fundado por Oswald de Andrade com o Manifesto Pau Também chamada de Fase Heroica e geração de 30, foi a
Brasil, o movimento Pau Brasil fazia críticas ao passado cultural mais radical no rompimento com os paradigmas tradicionais.
brasileiro, que imitava os modelos europeus, propondo um olhar Houve a redescoberta e valorização do cotidiano brasileiro, com
para o Brasil com o olhar do brasileiro, apesar das influencias grande destaque da linguagem coloquial e espontânea, com suas
europeias. gírias, erros e capacidade expressiva (humor, ironia e sarcasmo).
Ocorreu também a negação brusca do passado a nível formal,
Verde Amarelismo sendo desvalorizadas as regras de rima e métrica da poesia. 
Em resposta a isso, o Verde Amarelismo vinha com a defesa Como citado anteriormente, esta fase buscava refletir a
de um nacionalismo exagerado, valorizando os elementos realidade social e econômica brasileira. Os romances eram
nacionais sem qualquer influência europeia. Esta corrente, que carregados de denúncias e mostravam as relações do “eu” com
originaria a Escola da Anta, tinha inclinações nazistas e, de o restante do mundo. O regionalismo teve grande importância
certa forma, possuía ideais xenófobos. nesta fase, destacando a seca, a migração, os problemas do
trabalhador rural e a miséria. Dentre as temáticas trabalhadas,
Antropofagia entraram também os romances urbanos e psicológicos. Se
A Antropofagia, também fundada por Oswald de Andrade, comparado à era naturalista, o modernismo, em sua segunda
vinha como uma nova resposta às duas correntes, pregando a fase, afastou-se do apego ao cientificismo.
aceitação da cultura estrangeira, mas sem cópias e imitações. A prosa da 2ª fase modernista caracteriza-se pelo
Esta cultura deveria ser absorvida pela brasileira, que colocaria regionalismo, pela relação do homem com o meio em que vive.
na arte a representação da realidade do Brasil e do elemento A Literatura Brasileira já apresentava uma tendência regionalista.
popular, valorizando as riquezas nacionais. Desde o Romantismo, a busca de traços particulares da
realidade brasileira já estava presente em algumas obras,
Transição entretanto, neste período, a partir das conquistas da primeira
Apesar dos movimentos contrários, vemos na primeira fase modernista e das idéias socialistas, os autores dão um novo
fase modernista uma arte descontraída, com poemas que tom a esse regionalismo. O livro A bagaceira de José Américo é
desestruturavam as velhas escolas literárias e que traziam uma considerado o primeiro romance regionalista do Modernismo.
linguagem que fugia às regras gramaticais, aproximando-se Mas seu valor deve-se mais à temática histórica da seca, dos
da fala popular. A construção da imagem brasileira foi sendo retirantes e ao aspecto social do que aos aspectos literários.
aproximada do povo, da realidade popular e a principal temática
comum a todas as obras era a valorização e reconstrução do Principais autores da prosa da segunda fase:
nacionalismo. - Raquel de Queirós
A transição da primeira para a segunda fase modernista - Graciliano Ramos
ocorreu em meio a revoltas contra a política brasileira do café- - Jorge Amado
com-leite  e à crise econômica ocasionada pela crise de 1929, - Érico Veríssimo
que impossibilitava a importação do café, principal riqueza - José Lins do Rego
brasileira. As Grandes Guerras também viriam compor o cenário
histórico da época. Quase todos esses autores voltaram-se basicamente para os
A busca pela nacionalidade no final da década de 1920 temas do Nordeste, como a seca, o cangaço e o ciclo açucareiro.
já começava a ganhar ares ideológicos e os conflitos da época Com exceção de Érico Veríssimo que apresentou uma obra
também pediam a tomada definitiva de uma posição ideológica. voltada para as relações do homem e a paisagem do Sul do Brasil.
O resultado disso é a arte engajada que surgiu na segunda fase Raquel de Queirós foi a primeira mulher a se “eleger
modernista, com uma reflexão sobre a época de crise e pobreza. imortal” na Academia Brasileira de Letras. Suas obras
regionalistas destacam-se pela reflexão sobre a figura feminina
Principais autores da Primeira Fase numa sociedade patriarcal.
- Mário de Andrade;  Em seu livro O quinze, conta a história da luta de um povo
- Oswald de Andrade; contra a seca e a miséria, tema marcante da prosa modernista
- Manuel Bandeira; da segunda geração.  A força da mulher nordestina também
- Alcântara Machado. é tratada em toda sua obra. Entre as suas figuras femininas
destacam-se: Conceição em “O quinze” e Maria Bonita em “O
Poesias da Primeira Fase  Lampião”.
Graciliano Ramos é considerado pela crítica
Pronominais  literária o melhor ficcionista dessa segunda fase.
Dê-me um cigarro Sua obra é marcada pela ausência de sentimentalismo e por um
Diz a gramática forte poder de síntese, refletida na linguagem direta e precisa.
Do professor e do aluno Entre seus livros destacam-se “Memórias do Cárcere” e “São
E do mulato sabido Bernardo”.
Jorge Amado é talvez um dos autores mais conhecidos
Mas o bom negro e o bom branco pelo público jovem. Isto porque, muitos de seus livros foram
Da Nação Brasileira adaptados para a TV e o cinema. E ainda hoje, é um dos escritores
Dizem todos os dias brasileiros que mais vendeu livros. Seus livros traçam um

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verdadeiro e completo quadro do povo brasileiro, em especial Terceira Fase (1945 a 1960)
do povo baiano. A linguagem simples, marcada por expressões
populares, a preocupação com os costumes e as tradições A terceira fase é marcada pela ruptura com a 1ª e a 2ª
populares e o bom humor fizeram de Jorge Amado um dos mais fases modernistas, experimentação estética e a busca por uma
queridos escritores brasileiros. nova expressão literária foram as principais características da
Érico Veríssimo é o grande representante da região Sul terceira geração modernista.
do Brasil nessa segunda fase. E assim como Jorge Amado, Grandes escritores, preocupados principalmente com a
também foi muito querido pelo público leitor. Sua obra é pesquisa em torno da própria linguagem, surgiram, afinal o
frequentemente dividida em romances urbanos, históricos contexto político, relativamente tranquilo em relação às gerações
e políticos. Em seus romances urbanos analisa os conflitos anteriores, fomentou o trabalho estético e linguístico, pois
e os valores de uma sociedade em crise. Entre os principais menos exigidos social e politicamente, puderam explorar com
livros dessa categoria estão: “Clarissa” e “Olhai os lírios maior afinco a forma literária, tanto na prosa quanto na poesia.
do campo”. A sua grande obra prima é a trilogia histórica Em 1945, terminada a Segunda Guerra Mundial e, no Brasil, a
“O tempo e o vento”, que narra a disputa pelo poder ditadura de Vargas, o Brasil vivia um período democrático e
político entre importantes famílias na região Sul. Entre as desenvolvimentista, cujo ápice ocorreu nos anos de governo do
personagens principais estão Ana Terra e Rodrigo Cambará. presidente Juscelino Kubitschek.
José Lins do Rego foi um autor muito identificado com os Em virtude da grande discrepância com o padrão estético
costumes do povo e sua obra pautou-se fundamentalmente inaugurado por nomes como Mário e Oswald de Andrade
nas recordações de um menino que conviveu com as fazendas e Manuel Bandeira — a tríade do Modernismo de 1922 —,
produtoras de cana. Seus principais temas são: da decadência muitos críticos literários consideram a terceira geração como
dos engenhos produtores de açúcar e da estrutura patriarcal, pós-modernista, na qual se pode notar um rigor formal distante
as disputas políticas na região nordeste e o cangaço. Entre seus do proposto pelos precursores do movimento. Na poesia,
livros destacam-se: Menino de Engenho e Fogo Morto. um novo princípio literário surgiu, alterando assim a antiga
Esta segunda fase, foi uma fase de consolidação do concepção sobre o gênero: para os pós-modernistas, a poesia era
a arte da palavra, rompendo assim com o caráter social, político,
Modernismo brasileiro. Sendo uma fase mais madura, foi quando filosófico e religioso, muito explorado pela poesia da geração de
o movimento ganhou mais força e se criaram obras essenciais da 1930. Enquanto muitos retomaram a estética parnasiana, outros
literatura brasileira. buscaram uma linguagem sintética e precisa, dando continuidade
Na prosa, houve uma grande reflexão e crítica da realidade à estética de Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes,
brasileira, sendo retratados problemas sociais das diferentes grandes representantes da segunda fase modernista.
regiões, com destaque para o regionalismo nordestino. Na Na prosa, especialmente nos gêneros conto e romance,
poesia, houve um questionamento do sentido da existência, escritoras como Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles
com profunda análise dos sentimentos humanos e das angústias aprofundaram a sondagem psicológica das personagens e
sociais. introduziram inovações nas técnicas narrativas, quebrando
a frequência e a estrutura do gênero narrativo, canonizado na
Principais autores da Segunda Fase na poesia fórmula “começo, meio e fim”. Outros escritores, como Guimarães
- Carlos Drummond de Andrade; Rosa e Mário Palmério, dedicaram-se ao regionalismo,
- Cecília Meireles; estética muito desenvolvida nos anos 30, renovando-a. No caso
- Vinicius de Moraes; de Guimarães Rosa, a inovação atingiu fortemente a linguagem,
- Jorge Amado; através do emprego do discurso direto e do discurso indireto
- Graciliano Ramos; livre, revolucionando vocabulário e sintaxe:
- Érico Veríssimo; Conhecida também como Geração de 45, a última fase do
- Rachel de Queiroz. Modernismo, considerada por muitos como já Pós-Modernismo,
é caracterizada pela liberdade. Abandonam os diversos ideais
Poesias da Segunda Fase  defendidos pela primeira geração do Modernismo, como a
exploração da realidade brasileira e a linguagem popular. Na
Retrato poesia há inclusivamente um retorno à forma, sendo encarada
Eu não tinha este rosto de hoje, como a arte da palavra. Nesta última fase, houve a exploração
assim calmo, assim triste, assim magro da psicologia humana, sendo abordados conteúdos inovadores.
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo. Principais autores da Terceira Fase
Eu não tinha estas mãos sem força, - Guimarães Rosa;
tão paradas e frias e mortas; - Clarice Lispector;
eu não tinha este coração  - Mário Quintana; 
que nem se mostra. - João Cabral de Melo Neto;
Eu não por esta mudança, - Lygia Fagundes Telles;
tão simples, tão certa, tão fácil: - Ariano Suassuna.  
-Em que espelho ficou perdida a minha face?
(Cecília Meireles) Poesias da Terceira Fase

No Meio do Caminho Morte e Vida Severina


No meio do caminho tinha uma pedra [...]
tinha uma pedra no meio do caminho E se somos Severinos
tinha uma pedra iguais em tudo na vida,
no meio do caminho tinha uma pedra. morremos de morte igual,
Nunca me esquecerei desse acontecimento mesma morte severina:
na vida de minhas retinas tão fatigadas. que é a morte de que se morre
Nunca me esquecerei que no meio do caminho de velhice antes dos trinta,
tinha uma pedra de emboscada antes dos vinte
tinha uma pedra no meio do caminho de fome um pouco por dia
no meio do caminho tinha uma pedra. (de fraqueza e de doença
(Carlos Drummond de Andrade) é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
[...]
(João Cabral de Melo Neto) 

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Poeminha do Contra  (D) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de
Todos estes que aí estão leitura poética.
Atravancando o meu caminho, (E) lembretes de palavras tipicamente brasileiras
Eles passarão. substitutivas das originais.
Eu passarinho!
(Mário Quintana) 03. Assinale a alternativa em que se encontram preocupações
estéticas da Primeira Geração Modernista:
Prosa da Terceira Fase (A) Principal corrente de vanguarda da Literatura Brasileira,
- Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa; rompeu com a estrutura discursiva do verso tradicional,
- Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa; valendo-se de materiais gráficos e visuais que transformaram a
- A Hora da Estrela, de Clarice Lispector; estrutura do poema.
- A cidade sitiada, de Clarice Lispector. (B) Busca pelo sentido da existência humana, confronto
entre o homem e a realidade, reflexão filosófico-existencialista,
QUESTÕES espiritualismo, preocupação social e política, metalinguagem e
sensualismo.
01.(Unifesp-SP) Sobre Manuel Bandeira, é correto afirmar (C) Os escritores de maior destaque da primeira fase do
que Modernismo defendiam a reconstrução da cultura brasileira
(A) a insistência em temas relacionados ao sonho sobre bases nacionais, revisão crítica de nosso passado histórico
e à fantasia aponta para uma concepção de vida fugidia e de nossas tradições culturais, eliminação do complexo
e distanciada da realidade. Dessa forma, entende-se de colonizados e uso de uma linguagem própria da cultura
o poeta na transição entre o Realismo e Modernismo. brasileira.
(B) sua obra é muito pouco alinhada ao Modernismo, (D) Amadurecimento da prosa, sobretudo do romance,
pois sua expressão exclui por completo a linguagem enfoque mais direto dos fatos, influência da estética Realista-
popular, priorizando a erudição e a contenção criadora. Naturalista do século XIX e caráter documental, como no
(C) o desapego aos temas do cotidiano o aponta como livro Vidas secas, de Graciliano Ramos.
um poeta que, embora inserido no Modernismo, está
muito distanciado das causas sociais e da busca de uma 04. (UC-MG) Graciliano Ramos é autor que, no Modernismo,
identidade nacional, como fizeram seus contemporâneos. faz parte da:
(D) o movimento modernista teve com seu trabalho (A) fase destruidora, que procura romper com o passado.
e com o de poetas como Oswald e Mário de Andrade a (B) segunda fase, em que se destaca a ficção regionalista.
base de sua criação. Bandeira recriou literariamente suas (C) fase irreverente, que busca motivos no primitivismo.
experiências pessoais, com temas como o amor, a morte (D) geração de 45, que procura estabelecer uma ordem no
e a solidão, aos quais conferiu um valor mais universal. caos anterior.
(E) o poeta trata de temas bastante recorrentes ao Romantismo, (E) década de 60, que transcendentaliza o regionalismo.
como a saudade, a infância e a solidão. Além disso, expressa-se
como os românticos, já que tem uma visão idealizada do mundo. Respostas
Daí seu distanciamento dos demais modernistas da primeira
fase. 01. Resposta correta: D
O aproveitamento da riqueza expressiva da linguagem e das
02. Enem – 2013 possibilidades rítmicas do verso são características da produção
dos poetas em questão. Disso resulta uma poesia simples, clara
e de profundo lirismo.

02. Resposta correta: A


A instalação “Brasilidade em construção” explora elementos
socioculturais defendidos pelos primeiros modernistas, fazendo
referência ao futebol como instrumento de supremacia sobre
os portugueses, nossos colonizadores. As anotações feitas em
torno dos versos denunciam possíveis direcionamentos para
uma leitura crítica de dados histórico-culturais.

03. Resposta correta: B

04. Resposta correta: B

Literatura Contemporânea

Olhar hoje para a literatura brasileira contemporânea e


analisar ou defini-la não é um trabalho simples. Atualmente o
mercado editorial passou por uma expansão inacreditável, e
com a multiplicação das editoras vem também uma multidão de
novos autores. Sem falar que, com as possibilidades recentes de
auto publicação, especialmente na rede virtual, vários escritores
optam pela divulgação de suas obras nesse meio para só mais
MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA. Oswald de Andrade: o tarde lançarem um livro impresso.
culpado de tudo. 27 set. 2011 a 29 jan. 2012. São Paulo: Prol Mas marcar essa produção atual com o rótulo da diversidade
Gráfica, 2012. seria diminuir o valor dessa vertente literária. O crítico e mestre
O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que da PUC - Rio Karl Erik Schollhammer defende em sua obra Ficção
a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão Brasileira Contemporânea que os autores contemporâneos
da identidade nacional, as anotações em torno dos versos interagem com os padrões canônicos da literatura nacional. O
constituem realismo, por exemplo, ganhou uma nova aparência nos livros de
(A) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de escritores como Luiz Ruffato, Marcelino Freire e Marçal Aquino.
dados histórico-culturais. Enquanto isso João Gilberto Noll reativa a face intimista de
(B) forma clássica da construção poética brasileira. autores do porte de Clarice Lispector.
(C) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.

Conteúdo Específico 110


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APOSTILAS OPÇÃO
Poesia Tropicalismo: movimento cultural do fim da década de
A partir da década de 50, vários movimentos e grupos 60 que revoluciona a música popular brasileira. É iniciado no
procuraram novos caminhos para a poesia brasileira em função lançamento das músicas “Alegria, Alegria” de Caetano Veloso
das transformações (mudanças de ordem política, social, e “Domingo no Parque” de Gilberto Gil, no Festival de MPB da
econômica e tecnológica) do mundo. Por outro lado, a prosa de TV Record em 1967. É influenciado pelo Manifesto Antropófago
ficção revelou dezenas de novos autores, que ora usam recursos de Oswald de Andrade e também um reflexo da resistência à
tradicionais da técnica narrativa, ora buscam novas formas de censura e à repressão, agravada após o AI – 5 (1968).
expressão, inserindo-se numa perspectiva experimentalista.
Concretismo (1956): concepção poética baseada na Outros poetas que merecem destaque na poesia
geometrização e na visualização da linguagem, que preconiza contemporânea são Adélia Prado, Mário Quintana, Afonso
a substituição da estrutura tradicional do verso por expressões Romano Sant’Anna, Gilberto Mendonça Telles, Paulo Leminski
nominais relacionadas espacialmente. O grupo concretista foi e Cacaso. Arnaldo Antunes, representante da poesia anárquica
liderado por Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari. que floresceu nos anos 70 do século passado é, atualmente,
Leia este poema concreto de Ivo Barroso: exemplo de artista que usufrui de mídias diversas para ampliar
público e explorar novas linguagens.
astro
ave Prosa
vela
olho ilha Intertextualidade, aproveitamento da forma popular
casco de ficção, cultivo da ambiguidade, exploração da paródia,
peixe rompimento com a sintaxe são aspectos que marcam a narrativa
ostra ficcional contemporânea.

Neoconcretismo (1957): reage aos excessos formais dos O romance


concretistas, propondo uma poesia social, mais voltada para os
problemas do país. São representantes desse grupo: Ferreira Realista-regionalista: Mário Palmério, Antônio Callado...
Gullar, Thiago de Melo, José Paulo Paes. Introspectivo: Lygia Fagundes Telles (influência de Clarice
Lispector), Autran Dourado, Adonias Filho...
Poesia Práxis (1962): considera as palavras que integram Preocupação com a linguagem: Osman Lins, Nélida Pinon...
um vocabulário não um simples objeto inerte de composição, e
sim energia transformável. Mário Chamie lidera a nova tendência Outras tendências:
e Cassiano Ricardo adere ao movimento. Como exemplo, analise - Romance Policial: Rubem Fonseca, Marcelo Rubens Paiva,
o poema de Cassiano Ricardo: Garcia Rosa, etc.
- Romance Memorialista: Fernando Gabeira.
Posições do corpo
Outros romancistas: J.J. Veiga e João Ubaldo Ribeiro.
Sob o azul O conto
sobre o azul Representantes: Moacyr Scliar, Marina Colasanti, Dalton
subazul Trevisan, Murilo Rubião, entre outros.
subsol
subsolo A Crônica: forma literária muito divulgada nos veículos de
(Cassiano Ricardo) comunicação de massa. Dedicam-se ao gênero: Luís Fernando
Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro, entre outros.
O poema apresenta uma técnica de repetição para a fixação
da mensagem nuclear do poema. Além disso, há uma sintaxe Autores e Obras Contemporâneas
antidiscursiva, suprimidos os elementos de ligação tradicionais
da frase. Luiz Ruffato: Eles eram muitos Cavalos; Mamma, son tanto
Felice; Vista Parcial da Noite; De mim já nem se Lembra; O Livro
Poema-processo (1967): propôs uma nova codificação das Impossibilidades.
para o texto, que seria uma nova linguagem. Utilizaram, além Marcelino Freire: EraOdito; Angu de Sangue; Contos
da palavra, fotografias, desenhos, colagens. Foi liderado por Negreiros; Rasif - Mar que Arrebenta; Amar é Crime; BaléRalé.
Wladimir Dias-Pino. Marçal Aquino: O Invasor; Cabeça a Prêmio; Eu Receberia as
Piores Notícias dos seus Lindos Lábios; O Amor e outros Objetos
Poesia participante (1962): Textos que se utilizam de Pontiagudos; As Fomes de Setembro; Abismos; O Mistério da
acontecimentos da vida política nacional, de fatos históricos e Cidade-Fantasma; A Turma da Rua Quinze.
problemas sociais. Rubem Fonseca: A Coleira do Cão; O Cobrador; Vastas
Emoções e Pensamentos Imperfeitos; Feliz Ano Novo; Agosto.
Dois e dois são quatro Nelson Rodrigues: Engraçadinha; O Casamento; Asfalto
Selvagem; Cem Contos Escolhidos – A Vida Como Ela é...; Meu
Como dois e dois são quatro como um tempo de Destino é Pecar; Núpcias de Fogo; Escravas do Amor.
alegria Ariano Suassuna: O Castigo da Soberba; O Rico Avarento;
Sei que a vida vale a pena por trás do temor me Auto da Compadecida; O Santo e a Porca; A Pena e a Lei.
acena Bernardo Carvalho: Aberração; Onze; Teatro; Medo de
Embora o pão seja caro Sade; Nove Noites; Mongólia; O Sol se põe em São Paulo; O Filho
E a liberdade pequena e a noite carrega o dia da Mãe; Os Bêbados e os Sonâmbulos.
no seu colo de açucena Adélia Prado: Solte os Cachorros; O Homem da Mão Seca;
como teus olhos são claros Manuscritos de Filipa; Palavra de Mulher; Contos Mineiros;
e a tua pele morena - sei que dois e dois Poesia Reunida; Prosa Reunida; A Imagem Refletida.
são quatro Milton Hatoum: Relato de um certo Oriente; Dois Irmãos;
como é azul o oceano sei que a vida vale a pena Cinzas do Norte; Órfãos do Eldorado; A Cidade Ilhada; Varandas
e a lagoa serena mesmo que o pão da Eva.
seja caro Nélida Piñon: Guia-Mapa de Gabriel Arcanjo; Madeira Feita
e a liberdade pequena. de Cruz; A Casa da Paixão; A Doce Canção de Caetana; Vozes do
(www2.uol.com.br/ferreira Gullar/ Deserto; Coração Andarilho; Tempo das Frutas; Até Amanhã,
poesia/) Outra Vez; A Roda do Vento; Aprendiz de Homero.

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APOSTILAS OPÇÃO
Lygia Fagundes Telles: membro da Academia Brasileira de 03. (FCC – 2016) O estilo Barroco chega ao Brasil pelas mãos
Letras, Academia de Ciências de Lisboa e da Academia Paulista dos colonizadores, sobretudo portugueses. Seu desenvolvimento
de Letras; Lygia nasceu em 19 de abril de 1923 em São Paulo pleno se dá no século XVIII, 100 anos após o surgimento do
capital. Barroco na Europa.
Pode-se considerar que a temática predominante do
“Porão e Sobrado”, livro de contos, é a primeira obra Barroco brasileiro e a alcunha de seu escultor mais famoso são,
publicada pela autora em 1938. respectivamente:
(A) Arte sacra, Aleijadinho.
Lygia cursou Direito em 1941, foi neste mesmo período que (B) Arte sincrética, Mestre Athaíde.
conheceu Mário e Oswald de Andrade, e começou a integrar a (C) Sincretismo religioso, mestre Vitalino.
Academia de Letras da Faculdade. Em 1946, termina os estudos (D) Arte Acadêmica, Francisco Vieira.
de Direito e publica seu terceiro livro de contos “O Cacto (E) Ex-votos, Aleijadinho.
vermelho” que recebe o Prêmio Afonso Arinos, da Academia
Brasileira de Letras. 04. (UFRS) Leia as afirmações abaixo sobre o Arcadismo
brasileiro. 
“O Cacto Vermelho” foi o primeiro de seus muitos livros I - Os poetas árcades colocavam-se como pastores para
premiados, outros exemplos são: Histórias do desencontro realizarem, dessa forma, o ideal de uma vida simples em contato
(1958), Antes do baile verde (1970), As meninas (1973), com a natureza. 
Seminário de ratos (1977), A noite escura e mais eu (1994) e II - O Arcadismo brasileiro, embora tenha reproduzido muito
Invenção e Memória (2001). dos modelos europeus, apresentou características próprias,
como a incorporação do elemento indígena e a sátira política. 
Nas obras, há uma sondagem psicológica permanente, suas III - O tema do “Carpe diem”, em que o poeta expressa
personagens femininas são misteriosas e complexas, enquanto o desejo de aproveitar intensamente o momento presente,
as personagens masculinas são, geralmente, representantes fugaz e passageiro, foi ignorado pelos árcades brasileiros,
simbólicos de funções sociais e não possuem contornos excessivamente racionalistas. 
marcantes. Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
Luís Fernando Veríssimo: O Analista de Bagé; O Popular; (B) Apenas III. 
Ed Mort e Outras Histórias; A Velhinha de Taubaté; O Santinho; (C) Apenas I e II. 
O Jardim do Diabo; Comédias da Vida Pública; Gula – O Clube dos (D) Apenas II e III. 
Anjos. (E) I, II e III.
Natural de Porto Alegre-RS, Luís Fernando Veríssimo nasceu
em 26 de setembro de 1936, iniciou seus estudos no Instituto 05. (PUR-RJ)  Qual dessas afirmações não caracterizava a
Porto Alegre e chegou a morar e estudar nos Estados Unidos. poesia arcádica realizada no Brasil no século XVIII?
Veríssimo estreou sua carreira profissional como Jornalista (A) Procurava-se descrever uma atmosfera denominada
em Porto Alegre, por volta de 1966; e a partir de 1969 passou locus amoenus. 
a escrever matérias assinadas. O autor criou, também, quadros (B) A poesia seguia o lema de “cortar o inútil” do texto. 
para o programa “Planeta dos Homens”, transmitidos pela Rede (C) As amadas eram ninfas, lembrando a mitologia grega e
Globo; bem como, possui crônicas e contos publicados nas romana. 
revistas e jornais brasileiros como “Cláudia”, “Veja”, “Folha de (D) Os poetas da época não se expressaram no gênero épico. 
São Paulo” e “O Globo”. (E) Diversos poemas foram dedicados a reis e rainhas, e
Veríssimo é conhecido principalmente por suas crônicas tinham um objetivo político.
que apresentam tom humorístico e costumam tratar de
assuntos delicados, como a política, com ironia. Em relação as Respostas
personagens, Veríssimo cria típicos protagonistas brasileiros.
01. Alternativa (C). A literatura jesuítica e os relatos de
Questões viagem dominaram o primeiro século da vida colonial brasileira,
visto que o Brasil ainda não possuía uma identidade cultural
01. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século formada. Portanto, não tínhamos ainda uma literatura que
da vida colonial brasileira, é correto afirmar que: pudesse ser chamada de brasileira.
(A) É formada principalmente de poemas narrativos e textos
dramáticos que visavam à catequese. 02. Alternativa (E).
(B) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
(C) É constituída por documentos que informam acerca da 03. Alternativa (A).
terra brasileira e pela literatura jesuítica.
(D) Os textos que a constituem apresentam evidente 04. Alternativa (C). O tema “Carpe diem” é um dos que
preocupação artística e pedagógica. prevalecem nas obras árcades.
(E) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o
homem, ao relatar as condições encontradas no Novo Mundo. 05. Alternativa (D). Os poetas árcades escreveram o gênero
épico.
02. Com relação ao Barroco, é CORRETO afirmar que:
(A) firmou-se no Brasil no início do século XVI, tendo como
característica o uso de curvas e contracurvas e a busca de poucos BASE NACIONAL
efeitos decorativos. CURRICULAR COMUM http://
(B) foi o primeiro estilo artístico que o Brasil conheceu, basenacionalcomum.mec.gov.
predominando no mesmo o aspecto racional juntamente com o br/images/BNCC_20dez_site.pdf
sentimento religioso.
(C) uma característica da escultura barroca são as chamadas
imagens de pau oco, as quais seguem detalhadamente os moldes A ÁREA DE LINGUAGENS
europeus.
(D) a escultura barroca complementa a arquitetura da época, As atividades humanas realizam-se nas práticas sociais,
com ausência de detalhes e pouca expressividade. mediadas por diferentes linguagens: verbal (oral ou visual-
(E) entre os principais artistas barrocos, destacam- motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e,
se Rembrandt, Rubens, Goya, El Greco, Velásquez, Antonio contemporaneamente, digital. Por meio dessas práticas,
Francisco da Costa Lisboa e Manuel da Costa Athayde. as pessoas interagem consigo mesmas e com os outros,

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APOSTILAS OPÇÃO
constituindo-se como sujeitos sociais. Nessas interações, estão locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio
imbricados conhecimentos, atitudes e valores culturais, morais cultural da humanidade, bem como participar de práticas
e éticos. diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-
Na BNCC, a área de Linguagens é composta pelos seguintes cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e
componentes curriculares: Língua Portuguesa, Arte, Educação culturas.
Física e, no Ensino Fundamental – Anos Finais, Língua Inglesa. Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação
A finalidade é possibilitar aos estudantes participar de práticas e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
de linguagem diversificadas, que lhes permitam ampliar suas nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para
capacidades expressivas em manifestações artísticas, corporais se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias,
e linguísticas, como também seus conhecimentos sobre produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver
essas linguagens, em continuidade às experiências vividas na projetos autorais e coletivos.
Educação Infantil.
As linguagens, antes articuladas, passam a ter status LÍNGUA PORTUGUESA
próprios de objetos de conhecimento escolar. O importante,
assim, é que os estudantes se apropriem das especificidades de O componente Língua Portuguesa da BNCC dialoga com
cada linguagem, sem perder a visão do todo no qual elas estão documentos e orientações curriculares produzidos nas últimas
inseridas. Mais do que isso, é relevante que compreendam que décadas, buscando atualizá-los em relação às pesquisas recentes
as linguagens são dinâmicas, e que todos participam desse da área e às transformações das práticas de linguagem ocorridas
processo de constante transformação. neste século, devidas em grande parte ao desenvolvimento
No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, os componentes das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC).
curriculares tematizam diversas práticas, considerando Assume-se aqui a perspectiva enunciativo-discursiva de
especialmente aquelas relativas às culturas infantis tradicionais linguagem, já assumida em outros documentos, como os
e contemporâneas. Nesse conjunto de práticas, nos dois Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), para os quais a
primeiros anos desse segmento, o processo de alfabetização linguagem é “uma forma de ação interindividual orientada para
deve ser o foco da ação pedagógica. Afinal, aprender a ler e uma finalidade específica; um processo de interlocução que
escrever oferece aos estudantes algo novo e surpreendente: se realiza nas práticas sociais existentes numa sociedade, nos
amplia suas possibilidades de construir conhecimentos nos distintos momentos de sua história” (BRASIL, 1998, p. 20).
diferentes componentes, por sua inserção na cultura letrada, Tal proposta assume a centralidade do texto como unidade
e de participar com maior autonomia e protagonismo na vida de trabalho e as perspectivas enunciativo-discursivas na
social. abordagem, de forma a sempre relacionar os textos a seus
Por sua vez, no Ensino Fundamental – Anos Finais, as contextos de produção e o desenvolvimento de habilidades ao
aprendizagens, nos componentes curriculares dessa área, uso significativo da linguagem em atividades de leitura, escuta e
ampliam as práticas de linguagem conquistadas no Ensino produção de textos em várias mídias e semioses.
Fundamental – Anos Iniciais, incluindo a aprendizagem de Ao mesmo tempo que se fundamenta em concepções e
Língua Inglesa. Nesse segmento, a diversificação dos contextos conceitos já disseminados em outros documentos e orientações
permite o aprofundamento de práticas de linguagem artísticas, curriculares e em contextos variados de formação de
corporais e linguísticas que se constituem e constituem a vida professores, já relativamente conhecidos no ambiente escolar –
social. tais como práticas de linguagem, discurso e gêneros discursivos/
É importante considerar, também, o aprofundamento da gêneros textuais, esferas/campos de circulação dos discursos
reflexão crítica sobre os conhecimentos dos componentes da –, considera as práticas contemporâneas de linguagem, sem
área, dada a maior capacidade de abstração dos estudantes. Essa o que a participação nas esferas da vida pública, do trabalho
dimensão analítica é proposta não como fim, mas como meio e pessoal pode se dar de forma desigual. Na esteira do que foi
para a compreensão dos modos de se expressar e de participar proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais, o texto ganha
no mundo, constituindo práticas mais sistematizadas de centralidade na definição dos conteúdos, habilidades e objetivos,
formulação de questionamentos, seleção, organização, análise e considerado a partir de seu pertencimento a um gênero
apresentação de descobertas e conclusões. discursivo que circula em diferentes esferas/campos sociais de
Considerando esses pressupostos, e em articulação com as atividade/comunicação/uso da linguagem. Os conhecimentos
competências gerais da BNCC, a área de Linguagens deve garantir sobre os gêneros, sobre os textos, sobre a língua, sobre a norma-
aos alunos o desenvolvimento de competências específicas. padrão, sobre as diferentes linguagens (semioses) devem ser
mobilizados em favor do desenvolvimento das capacidades de
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LINGUAGENS PARA O leitura, produção e tratamento das linguagens, que, por sua
ENSINO FUNDAMENTAL vez, devem estar a serviço da ampliação das possibilidades
de participação em práticas de diferentes esferas/ campos de
1. Compreender as linguagens como construção humana, atividades humanas.
histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo- Ao componente Língua Portuguesa cabe, então,
as e valorizando-as como formas de significação da realidade e proporcionar aos estudantes experiências que contribuam
expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais. para a ampliação dos letramentos, de forma a possibilitar a
2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem participação significativa e crítica nas diversas práticas sociais
(artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da permeadas/constituídas pela oralidade, pela escrita e por
atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas outras linguagens.
possibilidades de participação na vida social e colaborar para As práticas de linguagem contemporâneas não só envolvem
a construção de uma sociedade mais justa, democrática e novos gêneros e textos cada vez mais multissemióticos e
inclusiva. multimidiáticos, como também novas formas de produzir, de
3. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual- configurar, de disponibilizar, de replicar e de interagir. As novas
motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital ferramentas de edição de textos, áudios, fotos, vídeos tornam
–, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias acessíveis a qualquer um a produção e disponibilização de
e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que textos multissemióticos nas redes sociais e outros ambientes da
levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação. Web. Não só é possível acessar conteúdos variados em diferentes
4. Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de mídias, como também produzir e publicar fotos, vídeos diversos,
vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a podcasts, infográficos, enciclopédias colaborativas, revistas
consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito e livros digitais etc. Depois de ler um livro de literatura ou
local, regional e global, atuando criticamente frente a questões assistir a um filme, pode-se postar comentários em redes sociais
do mundo contemporâneo. específicas, seguir diretores, autores, escritores, acompanhar
5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e de perto seu trabalho; podemos produzir playlists, vlogs,
respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das vídeos-minuto, escrever fanfics, produzir e-zines, nos tornar

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um booktuber, dentre outras muitas possibilidades. Em tese, diferentes linguagens, o que a análise ou produção de uma foto
a Web é democrática: todos podem acessá-la e alimentá-la convencional, por exemplo, pode não propiciar.
continuamente. Mas se esse espaço é livre e bastante familiar Essa consideração dos novos e multiletramentos; e das
para crianças, adolescentes e jovens de hoje, por que a escola práticas da cultura digital no currículo não contribui somente
teria que, de alguma forma, considerá-lo? para que uma participação mais efetiva e crítica nas práticas
Ser familiarizado e usar não significa necessariamente levar contemporâneas de linguagem por parte dos estudantes possa
em conta as dimensões ética, estética e política desse uso, nem ter lugar, mas permite também que se possa ter em mente mais
tampouco lidar de forma crítica com os conteúdos que circulam do que um “usuário da língua/das linguagens”, na direção do que
na Web. A contrapartida do fato de que todos podem postar quase alguns autores vão denominar de designer: alguém que toma
tudo é que os critérios editoriais e seleção do que é adequado, algo que já existe (inclusive textos escritos), mescla, remixa,
bom, fidedigno não estão “garantidos” de início. Passamos a transforma, redistribui, produzindo novos sentidos, processo
depender de curadores ou de uma curadoria própria, que supõe que alguns autores associam à criatividade. Parte do sentido de
o desenvolvimento de diferentes habilidades. criatividade em circulação nos dias atuais (“economias criativas”,
A viralização de conteúdos/publicações fomenta fenômenos “cidades criativas” etc.) tem algum tipo de relação com esses
como o da pós-verdade, em que as opiniões importam mais do fenômenos de reciclagem, mistura, apropriação e redistribuição.
que os fatos em si. Nesse contexto, torna-se menos importante Dessa forma, a BNCC procura contemplar a cultura digital,
checar/verificar se algo aconteceu do que simplesmente diferentes linguagens e diferentes letramentos, desde aqueles
acreditar que aconteceu (já que isso vai ao encontro da própria basicamente lineares, com baixo nível de hipertextualidade, até
opinião ou perspectiva). As fronteiras entre o público e o privado aqueles que envolvem a hipermídia.
estão sendo recolocadas. Não se trata de querer impor a tradição Da mesma maneira, imbricada à questão dos
a qualquer custo, mas de refletir sobre as redefinições desses multiletramentos, essa proposta considera, como uma de suas
limites e de desenvolver habilidades para esse trato, inclusive premissas, a diversidade cultural. Sem aderir a um raciocínio
refletindo sobre questões envolvendo o excesso de exposição nas classificatório reducionista, que desconsidera as hibridizações,
redes sociais. Em nome da liberdade de expressão, não se pode apropriações e mesclas, é importante contemplar o cânone, o
dizer qualquer coisa em qualquer situação. Se, potencialmente, a marginal, o culto, o popular, a cultura de massa, a cultura das
internet seria o lugar para a divergência e o diferente circularem, mídias, a cultura digital, as culturas infantis e juvenis, de forma
na prática, a maioria das interações se dá em diferentes bolhas, a garantir uma ampliação de repertório e uma interação e trato
em que o outro é parecido e pensa de forma semelhante. Assim, com o diferente.
compete à escola garantir o trato, cada vez mais necessário, com Ainda em relação à diversidade cultural, cabe dizer que se
a diversidade, com a diferença. estima que mais de 250 línguas são faladas no país – indígenas,
Eis, então, a demanda que se coloca para a escola: contemplar de imigração, de sinais, crioulas e afro-brasileiras, além do
de forma crítica essas novas práticas de linguagem e produções, português e de suas variedades. Esse patrimônio cultural e
não só na perspectiva de atender às muitas demandas sociais linguístico é desconhecido por grande parte da população
que convergem para um uso qualificado e ético das TDIC – brasileira.
necessário para o mundo do trabalho, para estudar, para a vida No Brasil com a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002,
cotidiana etc. –, mas de também fomentar o debate e outras oficializou-se também a Língua Brasileira de Sinais (Libras),
demandas sociais que cercam essas práticas e usos. É preciso tornando possível, em âmbito nacional, realizar discussões
saber reconhecer os discursos de ódio, refletir sobre os limites relacionadas à necessidade do respeito às particularidades
entre liberdade de expressão e ataque a direitos, aprender a linguísticas da comunidade surda e do uso dessa língua nos
debater ideias, considerando posições e argumentos contrários. ambientes escolares.
Não se trata de deixar de privilegiar o escrito/impresso nem Assim, é relevante no espaço escolar conhecer e valorizar as
de deixar de considerar gêneros e práticas consagrados pela realidades nacionais e internacionais da diversidade linguística
escola13, tais como notícia, reportagem, entrevista, artigo de e analisar diferentes situações e atitudes humanas implicadas
opinião, charge, tirinha, crônica, conto, verbete de enciclopédia, nos usos linguísticos, como o preconceito linguístico. Por outro
artigo de divulgação científica etc., próprios do letramento lado, existem muitas línguas ameaçadas de extinção no país e
da letra e do impresso, mas de contemplar também os novos no mundo, o que nos chama a atenção para a correlação entre
letramentos, essencialmente digitais. Como resultado de um repertórios culturais e linguísticos, pois o desaparecimento de
trabalho de pesquisa sobre produções culturais, é possível, por uma língua impacta significativamente a cultura.
exemplo, supor a produção de um ensaio e de um vídeo-minuto. Muitos representantes de comunidades de falantes
No primeiro caso, um maior aprofundamento teórico-conceitual de diferentes línguas, especialistas e pesquisadores vêm
sobre o objeto parece necessário, e certas habilidades analíticas demandando o reconhecimento de direitos linguísticos14. Por
estariam mais em evidência. No segundo caso, ainda que um nível isso, já temos municípios brasileiros que cooficializaram línguas
de análise possa/tenha que existir, as habilidades mobilizadas indígenas – tukano, baniwa, nheengatu, akwe xerente, guarani,
estariam mais ligadas à síntese e percepção das potencialidades macuxi – e línguas de migração – talian, pomerano, hunsrickisch
e formas de construir sentido das diferentes linguagens. Ambas -, existem publicações e outras ações expressas nessas
as habilidades são importantes. Compreender uma palestra é línguas (livros, jornais, filmes, peças de teatro, programas de
importante, assim como ser capaz de atribuir diferentes sentidos radiodifusão) e programas de educação bilíngue15.
a um gif ou meme. Da mesma forma que fazer uma comunicação Considerando esse conjunto de princípios e pressupostos, os
oral adequada e saber produzir gifs e memes significativos eixos de integração considerados na BNCC de Língua Portuguesa
também podem sê-lo. são aqueles já consagrados nos documentos curriculares da
Uma parte considerável das crianças e jovens que estão Área, correspondentes às práticas de linguagem: oralidade,
na escola hoje vai exercer profissões que ainda nem existem e leitura/escuta, produção (escrita e multissemiótica) e análise
se deparar com problemas de diferentes ordens e que podem 14 Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, Barcelona, 1996,
requerer diferentes habilidades, um repertório de experiências com o patrocínio da UNESCO. Disponível em: <http://e-ipol.org/direito-linguistic>.
e práticas e o domínio de ferramentas que a vivência dessa Acesso em: 6 dez. 2017.
diversificação pode favorecer. O que pode parecer um gênero 15 O MEC, por meio da Secretaria de Educação Básica, desenvolve o Pro-
menor (no sentido de ser menos valorizado, relacionado a grama Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF), no âmbito do MERCOSUL, em cida-
situações tidas como pouco sérias, que envolvem paródias, des brasileiras da faixa de fronteira e em suas respectivas cidades-gêmeas de países
fronteiriços ao Brasil. É objetivo do PEIF promover a integração regional por meio da
chistes, remixes ou condensações e narrativas paralelas), na educação intercultural que garanta formação integral às crianças e aos jovens nas
verdade, pode favorecer o domínio de modos de significação nas regiões de fronteira do Brasil com outros países, com atenção para os usos linguís-
ticos. Disponível em: <http://educacaointegral.mec.gov.br/ escolas-de-fronteira>.
13 O espaço maior nesse trecho introdutório destinado aos novos letramen- Acesso em: 6 dez. 2017. Os povos indígenas têm o direito constitucional de desen-
tos e à cultura digital é devido tão somente ao fato de que sua articulação ao currícu- volver em seus territórios projetos educacionais e práticas pedagógicas de ensino
lo é mais recente e ainda pouco usual, ao contrário da consideração dos letramentos intercultural e bilíngue. Os pomeranos também dispõem de programas de educação
da letra já consolidados. Os quadros de habilidades mais adiante atestam ainda a bilíngue, no Espírito Santo. MORELLO, R (Organizadora). Leis e línguas no Brasil. O
primazia da escrita e do oral. processo de cooficialização e suas potencialidades. Florianópolis: IPOL, 2015, 140p.

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linguística/semiótica (que envolve conhecimentos linguísticos • Relacionar o texto com suas
– sobre o sistema de escrita, o sistema da língua e a norma-
condições de produção, seu contexto
padrão –, textuais, discursivos e sobre os modos de organização
e os elementos de outras semioses). Cabe ressaltar, reiterando sócio-histórico de circulação e com
o movimento metodológico de documentos curriculares os projetos de dizer: leitor e leitura
anteriores, que estudos de natureza teórica e metalinguística – previstos, objetivos, pontos de vista
sobre a língua, sobre a literatura, sobre a norma padrão e outras e perspectivas em jogo, papel social
variedades da língua – não devem nesse nível de ensino ser do autor, época, gênero do discurso e
tomados como um fim em si mesmo, devendo estar envolvidos esfera/campo em questão etc.
em práticas de reflexão que permitam aos estudantes ampliarem • Analisar a circulação dos
suas capacidades de uso da língua/linguagens (em leitura e em gêneros do discurso nos diferentes
produção) em práticas situadas de linguagem. campos de atividade, seus usos e
O Eixo Leitura compreende as práticas de linguagem que funções relacionados com as atividades
decorrem da interação ativa do leitor/ouvinte/espectador com típicas do campo, seus diferentes
os textos escritos, orais e multissemióticos e de sua interpretação,
agentes, os interesses em jogo e as
sendo exemplos as leituras para: fruição estética de textos e
práticas de linguagem em circulação
obras literárias; pesquisa e embasamento de trabalhos escolares
e acadêmicos; realização de procedimentos; conhecimento, e as relações de determinação
discussão e debate sobre temas sociais relevantes; sustentar a desses elementos sobre a construção
reivindicação de algo no contexto de atuação da vida pública; ter composicional, as marcas linguísticas
mais conhecimento que permita o desenvolvimento de projetos ligadas ao estilo e o conteúdo temático
Reconstrução e
pessoais, dentre outras possibilidades. dos gêneros.
reflexão sobre
Leitura no contexto da BNCC é tomada em um sentido mais • Refletir sobre as
amplo, dizendo respeito não somente ao texto escrito, mas as condições
transformações ocorridas nos
também a imagens estáticas (foto, pintura, desenho, esquema, de produção
campos de atividades em função do
gráfico, diagrama) ou em movimento (filmes, vídeos etc.) e ao e recepção
desenvolvimento das tecnologias
som (música), que acompanha e cossignifica em muitos gêneros dos textos
de comunicação e informação, do
digitais. pertencentes a
uso do hipertexto e da hipermídia
O tratamento das práticas leitoras compreende dimensões diferentes gêneros
e do surgimento da Web 2.0:
inter-relacionadas às práticas de uso e reflexão, tais como as e que circulam nas
apresentadas a seguir. novos gêneros do discurso e novas
diferentes mídias e
práticas de linguagem próprias
esferas/campos de
da cultura digital, transmutação
atividade humana
ou reelaboração dos gêneros em
função das transformações pelas
quais passam o texto (de formatação
e em função da convergência
de mídias e do funcionamento
hipertextual), novas formas de
interação e de compartilhamento
de textos/ conteúdos/informações,
reconfiguração do papel de leitor,
que passa a ser também produtor,
dentre outros, como forma de ampliar
as possibilidades de participação na
cultura digital e contemplar os novos e
os multiletramentos.
• Fazer apreciações e valorações
estéticas, éticas, políticas e ideológicas,
dentre outras, envolvidas na leitura
crítica de textos verbais e de outras
produções culturais.

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APOSTILAS OPÇÃO
• Analisar as diferentes formas de
manifestação da compreensão ativa
(réplica ativa) dos textos que circulam • Identificar implícitos e os
nas redes sociais, blogs/microblog, sites efeitos de sentido decorrentes de
Reconstrução e e afins e os gêneros que conformam determinados usos expressivos da
reflexão sobre essas práticas de linguagem, como: linguagem, da pontuação e de outras
as condições comentário, carta de leitor, post em rede notações, da escolha de determinadas
de produção social33, gif, meme, fanfic, vlogs variados, palavras ou expressões e identificar
e recepção political remix, charge digital, paródias efeitos de ironia ou humor.
dos textos de diferentes tipos, vídeos-minuto, Compreensão dos • Identificar e analisar
pertencentes a e-zine, fanzine, fanvídeo, vidding, efeitos de sentido efeitos de sentido decorrentes de
diferentes gêneros gameplay, walkthroug, detonado, provocados pelos escolhas e formatação de imagens
e que circulam nas machinima, trailer honesto, playlists usos de recursos (enquadramento, ângulo/vetor, cor,
diferentes mídias e comentadas de diferentes tipos etc., linguísticos e brilho, contraste), de sua sequenciação
esferas/campos de de forma a ampliar a compreensão de multissemióticos (disposição e transição, movimentos
atividade humana textos que pertencem a esses gêneros em textos de câmera, remix) e da performance –
e a possibilitar uma participação mais pertencentes a movimentos do corpo, gestos, ocupação
qualificada do ponto de vista ético, gêneros diversos do espaço cênico e elementos sonoros (
estético e político nas práticas de entonação, trilha sonora, sampleamento
linguagem da cultura digital. etc.) que nela se relacionam.
• Identificar e refletir sobre • Identificar e analisar efeitos
as diferentes perspectivas ou vozes de sentido decorrentes de escolhas de
presentes nos textos e sobre os efeitos volume, timbre, intensidade, pausas,
de sentido do uso do discurso direto, ritmo, efeitos sonoros, sincronização
indireto, indireto livre, citações etc. etc. em artefatos sonoros.
Dialogia e • Estabelecer relações de
relação entre intertextualidade e interdiscursividade
textos que permitam a identificação
e compreensão dos diferentes
posicionamentos e/ou perspectivas
em jogo, do papel da paráfrase e
de produções como as paródias e a
estilizações.
• Estabelecer relações entre
as partes do texto, identificando
repetições, substituições e os elementos
Reconstrução
coesivos que contribuem para a
da textualidade,
continuidade do texto e sua progressão
recuperação
temática.
e análise da
• Estabelecer relações lógico-
organização
discursivas variadas (identificar/
textual, da
distinguir e relacionar fato e opinião;
progressão
causa/efeito; tese/ argumentos;
temática e
problema/solução; definição/exemplos
estabelecimento
etc.).
de relações entre
• Selecionar e hierarquizar
as partes do texto
informações, tendo em vista as
condições de produção e recepção dos
textos.

Reflexão
• Refletir criticamente sobre a
crítica sobre
fidedignidade das informações, as
as temáticas
temáticas, os fatos, os acontecimentos,
tratadas e
as questões controversas presentes nos
validade das
textos lidos, posicionando-se.
informações

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APOSTILAS OPÇÃO
• Selecionar procedimentos de contextualizada pelas práticas, gêneros e diferentes objetos do
conhecimento em questão.
leitura adequados a diferentes objetivos e
A demanda cognitiva das atividades de leitura deve
interesses, levando em conta características aumentar progressivamente desde os anos iniciais do Ensino
do gênero e suporte do texto, de forma a Fundamental até o Ensino Médio. Esta complexidade se expressa
poder proceder a uma leitura autônoma em pela articulação:
relação a temas familiares. • da diversidade dos gêneros textuais escolhidos e das
• Estabelecer/considerar os práticas consideradas em cada campo;
objetivos de leitura. • da complexidade textual que se concretiza pela temática,
• Estabelecer relações entre o texto estruturação sintática, vocabulário, recursos estilísticos
e conhecimentos prévios, vivências, valores utilizados, orquestração de vozes e linguagens presentes no
e crenças. texto; • do uso de habilidades de leitura que exigem processos
• Estabelecer expectativas mentais necessários e progressivamente mais demandantes,
(pressuposições antecipadoras dos passando de processos de recuperação de informação
(identificação, reconhecimento, organização) a processos de
sentidos, da forma e da função do texto),
compreensão (comparação, distinção, estabelecimento de
apoiando-se em seus conhecimentos
relações e inferência) e de reflexão sobre o texto (justificação,
prévios sobre gênero textual, suporte análise, articulação, apreciação e valorações estéticas, éticas,
e universo temático, bem como sobre políticas e ideológicas);
saliências textuais, recursos gráficos, • da consideração da cultura digital e das TDIC;
imagens, dados da própria obra (índice, • da consideração da diversidade cultural, de maneira a
prefácio etc.), confirmando antecipações abranger produções e formas de expressão diversas, a literatura
e inferências realizadas antes e durante a infantil e juvenil, o cânone, o culto, o popular, a cultura de
leitura de textos. massa, a cultura das mídias, as culturas juvenis etc., de forma a
• Localizar/recuperar informação. garantir ampliação de repertório, além de interação e trato com
• Inferir ou deduzir informações o diferente.
Estratégias e A participação dos estudantes em atividades de leitura com
implícitas.
• Inferir ou deduzir, pelo contexto demandas crescentes possibilita uma ampliação de repertório
de experiências, práticas, gêneros e conhecimentos que podem
semântico ou linguístico, o significado de
ser acessados diante de novos textos, configurando-se como
palavras ou expressões desconhecidas. conhecimentos prévios em novas situações de leitura.
• Identificar ou selecionar, em Por conta dessa natureza repertorial, é possível tratar de
função do contexto de ocorrência, a gêneros do discurso sugeridos em outros anos que não os
acepção mais adequada de um vocábulo ou indicados. Embora preveja certa progressão, a indicação no
expressão. ano visa antes garantir uma distribuição adequada em termos
• Apreender os sentidos globais do de diversidades. Assim, se fizer mais sentido que um gênero
texto. mencionado e/ou habilidades a ele relacionadas no 9º ano sejam
• Reconhecer/inferir o tema. trabalhados no 8º, isso não configura um problema, desde que
• Articular o verbal com outras ao final do nível a diversidade indicada tenha sido contemplada.
linguagens – diagramas, ilustrações, Mesmo em relação à progressão das habilidades, seu
fotografias, vídeos, arquivos sonoros etc. desenvolvimento não se dá em curto espaço de tempo, podendo
supor diferentes graus e ir se complexificando durante vários
– reconhecendo relações de reiteração,
anos.
complementaridade ou contradição entre o
Durante a leitura, as habilidades operam de forma
verbal e as outras linguagens. articulada. Dado o desenvolvimento de uma autonomia de
• Buscar, selecionar, tratar, analisar leitura em termos de fluência e progressão, é difícil discretizar
e usar informações, tendo em vista um grau ou mesmo uma habilidade, não existindo muitos pré-
diferentes objetivos. requisitos (a não ser em termos de conhecimentos prévios),
• Manejar de forma produtiva a não pois os caminhos para a construção dos sentidos são diversos.
linearidade da leitura de hipertextos e o O interesse por um tema pode ser tão grande que mobiliza
manuseio de várias janelas, tendo em vista para leituras mais desafiadoras, que, por mais que possam não
os objetivos de leitura. contar com uma compreensão mais fina do texto, podem, em
função de relações estabelecidas com conhecimentos ou leituras
• Mostrar-se interessado e anteriores, possibilitar entendimentos parciais que respondam
envolvido pela leitura de livros de aos interesses/objetivos em pauta. O grau de envolvimento com
literatura, textos de divulgação científica uma personagem ou um universo ficcional, em função da leitura
e/ou textos jornalísticos que circulam em de livros e HQs anteriores, da vivência com filmes e games
várias mídias. relacionados, da participação em comunidades de fãs etc., pode
• Mostrar-se ou tornar-se receptivo ser tamanho que encoraje a leitura de trechos de maior extensão
Adesão às e complexidade lexical ou sintática dos que os em geral lidos.
a textos que rompam com seu universo de
práticas de O Eixo da Produção de Textos compreende as práticas de
expectativa, que representem um desafio
leitura linguagem relacionadas à interação e à autoria (individual ou
em relação às suas possibilidades atuais
e suas experiências anteriores de leitura, coletiva) do texto escrito, oral e multissemiótico, com diferentes
finalidades e projetos enunciativos como, por exemplo, construir
apoiando-se nas marcas linguísticas, em
um álbum de personagens famosas, de heróis/heroínas ou de
seu conhecimento sobre os gêneros e a vilões ou vilãs; produzir um almanaque que retrate as práticas
temática e nas orientações dadas pelo culturais da comunidade; narrar fatos cotidianos, de forma
professor. crítica, lírica ou bem-humorada em uma crônica; comentar e
indicar diferentes produções culturais por meio de resenhas
Como já ressaltado, na perspectiva da BNCC, as habilidades ou de playlists comentadas; descrever, avaliar e recomendar
não são desenvolvidas de forma genérica e descontextualizada, (ou não) um game em uma resenha, gameplay ou vlog; escrever
mas por meio da leitura de textos pertencentes a gêneros que verbetes de curiosidades científicas; sistematizar dados de um
circulam nos diversos campos de atividade humana. Daí que, estudo em um relatório ou relato multimidiático de campo;
em cada campo que será apresentado adiante, serão destacadas divulgar conhecimentos específicos por meio de um verbete de
as habilidades de leitura, oralidade e escrita, de forma enciclopédia digital colaborativa; relatar fatos relevantes para

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APOSTILAS OPÇÃO
a comunidade em notícias; cobrir acontecimentos ou levantar • Estabelecer relações entre
dados relevantes para a comunidade em uma reportagem;
as partes do texto, levando em conta a
expressar posição em uma carta de leitor ou artigo de opinião;
denunciar situações de desrespeito aos direitos por meio construção composicional e o estilo do
de fotorreportagem, fotodenúncia, poema, lambe-lambe, gênero, evitando repetições e usando
microrroteiro, dentre outros. adequadamente elementos coesivos
O tratamento das práticas de produção de textos compreende que contribuam para a coerência, a
dimensões inter-relacionadas às práticas de uso e reflexão, tais continuidade do texto e sua progressão
como: temática.
• Organizar e/ou hierarquizar
• Refletir sobre diferentes Construção da informações, tendo em vista as
contextos e situações sociais em textualidade condições de produção e as relações
que se produzem textos e sobre lógico discursivas em jogo: causa/efeito;
as diferenças em termos formais, tese/argumentos; problema/solução;
estilísticos e linguísticos que esses definição/exemplos etc.
contextos determinam, incluindo-se • Usar recursos linguísticos e
aí a multissemiose e características da multissemióticos de forma articulada
conectividade (uso de hipertextos e e adequada, tendo em vista o contexto
Consideração e de produção do texto, a construção
hiperlinks, dentre outros, presentes nos
reflexão sobre composicional e o estilo do gênero e os
textos que circulam em contexto digital).
as condições de efeitos de sentido pretendidos.
• Analisar as condições de
produção dos
produção do texto no que diz respeito • Utilizar, ao produzir textos, os
textos que regem
ao lugar social assumido e à imagem conhecimentos dos aspectos notacionais
a circulação de
que se pretende passar a respeito de si Aspectos – ortografia padrão, pontuação
diferentes gêneros
mesmo; ao leitor pretendido; ao veículo notacionais e adequada, mecanismos de concordância
nas diferentes
ou à mídia em que o texto ou produção gramaticais nominal e verbal, regência verbal etc.,
mídias e campos
cultural vai circular; ao contexto sempre que o contexto exigir o uso da
de atividade
imediato e ao contexto sócio-histórico norma-padrão.
humana
mais geral; ao gênero do discurso/
• Desenvolver estratégias
campo de atividade em questão etc.
de planejamento, revisão, edição,
• Analisar aspectos
reescrita/redesign e avaliação de textos,
sociodiscursivos, temáticos,
considerando-se sua adequação aos
composicionais e estilísticos dos
contextos em que foram produzidos, ao
gêneros propostos para a produção de
modo (escrito ou oral; imagem estática
textos, estabelecendo relações entre
ou em movimento etc.), à variedade
eles.
linguística e/ou semioses apropriadas
Estratégias de
• Orquestrar as diferentes vozes a esse contexto, os enunciadores
produção
nos textos pertencentes aos gêneros envolvidos, o gênero, o suporte, a
literários, fazendo uso adequado da esfera/ campo de circulação, adequação
“fala” do narrador, do discurso direto, à norma-padrão etc.
indireto e indireto livre. • Utilizar softwares de edição de
Dialogia e relação • Estabelecer relações de texto, de imagem e de áudio para editar
entre textos intertextualidade para explicitar, textos produzidos em várias mídias,
sustentar e qualificar posicionamentos, explorando os recursos multimídias
construir e referendar explicações disponíveis.
e relatos, fazendo usos de citações e
paráfrases, devidamente marcadas e Da mesma forma que na leitura, não se deve conceber que as
para produzir paródias e estilizações. habilidades de produção sejam desenvolvidas de forma genérica
e descontextualizadas, mas por meio de situações efetivas de
• Selecionar informações e dados, produção de textos pertencentes a gêneros que circulam nos
argumentos e outras referências em diversos campos de atividade humana. Os mesmos princípios de
fontes confiáveis impressas e digitais, organização e progressão curricular valem aqui, resguardadas
organizando em roteiros ou outros a mudança de papel assumido frente às práticas discursivas
Alimentação formatos o material pesquisado, para em questão, com crescente aumento da informatividade e
temática que o texto a ser produzido tenha um sustentação argumentativa, do uso de recursos estilísticos e
nível de aprofundamento adequado coesivos e da autonomia para planejar, produzir e revisar/editar
(para além do senso comum, quando for as produções realizadas.
esse o caso) e contemple a sustentação Aqui, também, a escrita de um texto argumentativo no 7º
das posições defendidas. ano, em função da mobilização frente ao tema ou de outras
circunstâncias, pode envolver análise e uso de diferentes tipos
de argumentos e movimentos argumentativos, que podem estar
previstos para o 9º ano. Da mesma forma, o manuseio de uma
ferramenta ou a produção de um tipo de vídeo proposto para
uma apresentação oral no 9º ano pode se dar no 6º ou 7º anos,
em função de um interesse que possa ter mobilizado os alunos
para tanto. Nesse sentido, o manuseio de diferentes ferramentas
– de edição de texto, de vídeo, áudio etc. – requerido pela
situação e proposto ao longo dos diferentes anos pode se dar
a qualquer momento, mas é preciso garantir a diversidade
sugerida ao longo dos anos.

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APOSTILAS OPÇÃO
O Eixo da Oralidade compreende as práticas de linguagem • Estabelecer relação entre
que ocorrem em situação oral com ou sem contato face a face,
fala e escrita, levando-se em conta o
como aula dialogada, webconferência, mensagem gravada,
spot de campanha, jingle, seminário, debate, programa de modo como as duas modalidades se
rádio, entrevista, declamação de poemas (com ou sem efeitos articulam em diferentes gêneros e
sonoros), peça teatral, apresentação de cantigas e canções, práticas de linguagem (como jornal de
playlist comentada de músicas, vlog de game, contação de TV, programa de rádio, apresentação
histórias, diferentes tipos de podcasts e vídeos, dentre outras. de seminário, mensagem instantânea
Envolve também a oralização de textos em situações socialmente etc.), as semelhanças e as diferenças
significativas e interações e discussões envolvendo temáticas e entre modos de falar e de registrar o
outras dimensões linguísticas do trabalho nos diferentes campos escrito e os aspectos sociodiscursivos,
de atuação. O tratamento das práticas orais compreende:16 Relação entre
composicionais e linguísticos de cada
fala e escrita
modalidade sempre relacionados com
• Refletir sobre diferentes os gêneros em questão.
Consideração e • Oralizar o texto escrito,
contextos e situações sociais em que
reflexão sobre considerando-se as situações sociais em
se produzem textos orais e sobre
as condições de que tal tipo de atividade acontece, seus
as diferenças em termos formais,
produção dos elementos paralinguísticos e cinésicos,
estilísticos e linguísticos que esses
textos orais que dentre outros.
contextos determinam, incluindo-se aí a
regem a circulação • Refletir sobre as variedades
multimodalidade e a multissemiose.
de diferentes linguísticas, adequando sua produção a
• Conhecer e refletir sobre
gêneros nas esse contexto.
as tradições orais e seus gêneros,
diferentes mídias Se uma face do aprendizado da Língua Portuguesa decorre
considerando-se as práticas sociais em
e campos de da efetiva atuação do estudante em práticas de linguagem
que tais textos surgem e se perpetuam,
atividade humana que envolvem a leitura/escuta e a produção de textos orais,
bem como os sentidos que geram.
escritos e multissemióticos, situadas em campos de atuação
• Proceder a uma escuta ativa, voltada específicos, a outra face provém da reflexão/análise sobre/da
para questões relativas ao contexto de própria experiência de realização dessas práticas. Temos aí,
produção dos textos, para o conteúdo portanto, o eixo da análise linguística/semiótica, que envolve o
Compreensão de em questão, para a observação de conhecimento sobre a língua, sobre a norma-padrão e sobre as
textos orais estratégias discursivas e dos recursos outras semioses, que se desenvolve transversalmente aos dois
linguísticos e multissemióticos eixos – leitura/escuta e produção oral, escrita e multissemiótica
mobilizados, bem como dos elementos – e que envolve análise textual, gramatical, lexical, fonológica e
paralinguísticos e cinésicos. das materialidades das outras semioses.
O Eixo da Análise Linguística/Semiótica envolve os
• Produzir textos pertencentes a procedimentos e estratégias (meta)cognitivas de análise e
gêneros orais diversos, considerando-se avaliação consciente, durante os processos de leitura e de
Produção de aspectos relativos ao planejamento, à produção de textos (orais, escritos e multissemióticos), das
textos orais produção, ao redesign, à avaliação das materialidades dos textos, responsáveis por seus efeitos de
práticas realizadas em situações de sentido, seja no que se refere às formas de composição dos textos,
interação social específicas. determinadas pelos gêneros (orais, escritos e multissemióticos)
e pela situação de produção, seja no que se refere aos estilos
Compreensão adotados nos textos, com forte impacto nos efeitos de sentido.
dos efeitos Assim, no que diz respeito à linguagem verbal oral e escrita,
• Identificar e analisar efeitos de
de sentidos as formas de composição dos textos dizem respeito à coesão,
sentido decorrentes de escolhas de
provocados pelos coerência e organização da progressão temática dos textos,
volume, timbre, intensidade, pausas, influenciadas pela organização típica (forma de composição)
usos de recursos
ritmo, efeitos sonoros, sincronização, do gênero em questão. No caso de textos orais, essa análise
linguísticos e
expressividade, gestualidade etc. e envolverá também os elementos próprios da fala – como
multissemióticos
produzir textos levando em conta ritmo, altura, intensidade, clareza de articulação, variedade
em textos
efeitos possíveis. linguística adotada, estilização etc. –, assim como os elementos
pertencentes a
paralinguísticos e cinésicos – postura, expressão facial,
gêneros diversos
gestualidade etc. No que tange ao estilo, serão levadas em conta
as escolhas de léxico e de variedade linguística ou estilização e
alguns mecanismos sintáticos e morfológicos, de acordo com a
situação de produção, a forma e o estilo de gênero.
Já no que diz respeito aos textos multissemióticos, a análise
levará em conta as formas de composição e estilo de cada uma
das linguagens que os integram, tais como plano/ângulo/
lado, figura/fundo, profundidade e foco, cor e intensidade nas
imagens visuais estáticas, acrescendo, nas imagens dinâmicas
e performances, as características de montagem, ritmo, tipo
de movimento, duração, distribuição no espaço, sincronização
com outras linguagens, complementaridade e interferência etc.
ou tais como ritmo, andamento, melodia, harmonia, timbres,
instrumentos, sampleamento, na música.
Os conhecimentos grafofônicos, ortográficos, lexicais,
morfológicos, sintáticos, textuais, discursivos, sociolinguísticos
e semióticos que operam nas análises linguísticas e semióticas
necessárias à compreensão e à produção de linguagens estarão,
concomitantemente, sendo construídos durante o Ensino
16 Grande parte das habilidades descritas nos eixos Leitura e Produção de Fundamental. Assim, as práticas de leitura/escuta e de produção
texto também se relaciona com o eixo Oralidade. Foram incluídas no quadro a seguir
somente habilidades que se relacionam com gêneros e aspectos mais específicos da
de textos orais, escritos e multissemióticos oportunizam
modalidade oral. situações de reflexão sobre a língua e as linguagens de uma

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APOSTILAS OPÇÃO
forma geral, em que essas descrições, conceitos e regras operam Morfossintaxe • Conhecer as classes de palavras
e nas quais serão concomitantemente construídos: comparação
abertas (substantivos, verbos, adjetivos
entre definições que permitam observar diferenças de recortes
e ênfases na formulação de conceitos e regras; comparação de e advérbios) e fechadas (artigos,
diferentes formas de dizer “a mesma coisa” e análise dos efeitos numerais, preposições, conjunções,
de sentido que essas formas podem trazer/ suscitar; exploração pronomes) e analisar suas funções
dos modos de significar dos diferentes sistemas semióticos etc. sintático-semânticas nas orações e seu
Cabem também reflexões sobre os fenômenos da mudança funcionamento (concordância, regência).
linguística e da variação linguística, inerentes a qualquer • Perceber o funcionamento das
sistema linguístico, e que podem ser observados em quaisquer flexões (número, gênero, tempo, pessoa
níveis de análise. Em especial, as variedades linguísticas devem etc.) de classes gramaticais em orações
ser objeto de reflexão e o valor social atribuído às variedades de (concordância).
prestígio e às variedades estigmatizadas, que está relacionado a • Correlacionar as classes de
preconceitos sociais, deve ser tematizado. palavras com as funções sintáticas
Esses conhecimentos linguísticos operam em todos os
(sujeito, predicado, objeto, modificador
campos/esferas de atuação.
etc.).
Em função do privilégio social e cultural dado à escrita,
tendemos a tratar as outras linguagens como tratamos Sintaxe • Conhecer e analisar as funções
o linguístico – buscando a narrativa/relato/exposição, a sintáticas (sujeito, predicado, objeto,
relação com o verbal –, os elementos presentes, suas formas modificador etc.).
de combinação, sem muitas vezes prestarmos atenção em • Conhecer e analisar a
outras características das outras semioses que produzem organização sintática canônica das
sentido, como variações de graus de tons, ritmos, intensidades, sentenças do português do Brasil e
volumes, ocupação no espaço (presente também no escrito, mas
relacioná-la à organização de períodos
tradicionalmente pouco explorado) etc. Por essa razão, em cada
campo é destacado o que pode/deve ser trabalhado em termos compostos (por coordenação e
de semioses/modalidades, de forma articulada com as práticas subordinação).
de leitura/ escuta e produção, já mencionadas nos quadros • Perceber a correlação entre os
dessas práticas, para que a análise não se limite aos elementos fenômenos de concordância, regência
dos diferentes sistemas e suas relações, mas seja relacionada a e retomada (progressão temática –
situações de uso. anáfora, catáfora) e a organização
O que seria comum em todas essas manifestações de sintática das sentenças do português do
linguagem é que elas sempre expressam algum conteúdo Brasil.
ou emoção – narram, descrevem, subvertem, (re)criam,
argumentam, produzem sensações etc. –, veiculam uma Semântica • Conhecer e perceber os efeitos de
apreciação valorativa, organizando diferentes elementos e/ sentido nos textos decorrentes de
ou graus/intensidades desses diferentes elementos, dentre fenômenos léxico-semânticos, tais como
outras possibilidades. A questão que se coloca é como articular aumentativo/diminutivo; sinonímia/
essas dimensões na leitura e produção de textos, no que uma antonímia; polissemia ou homonímia;
organização do tipo aqui proposto poderá ajudar. figuras de linguagem; modalizações
A separação dessas práticas (de uso e de análise) se epistêmicas, deônticas, apreciativas;
dá apenas para fins de organização curricular, já que em modos e aspectos verbais.
muitos casos (o que é comum e desejável), essas práticas se
interpenetram e se retroalimentam (quando se lê algo no V a r i a ç ã o • Conhecer algumas das
processo de produção de um texto ou quando alguém relê o linguística variedades linguísticas do português
próprio texto; quando, em uma apresentação oral, conta-se do Brasil e suas diferenças fonológicas,
com apoio de slides que trazem imagens e texto escrito; em um prosódicas, lexicais e sintáticas,
programa de rádio, que embora seja veiculado oralmente, parte- avaliando seus efeitos semânticos.
se de um roteiro escrito; quando roteirizamos um podcast; ou • Discutir, no fenômeno da
quando, na leitura de um texto, pensa-se que a escolha daquele variação linguística, variedades
termo não foi gratuita; ou, ainda, na escrita de um texto, passa-se prestigiadas e estigmatizadas e o
do uso da 1ª pessoa do plural para a 3ª pessoa, após se pensar preconceito linguístico que as cerca,
que isso poderá ajudar a conferir maior objetividade ao texto). questionando suas bases de maneira
Assim, para fins de organização do quadro de habilidades do
crítica.
componente, foi considerada a prática principal (eixo), mas uma
mesma habilidade incluída no eixo Leitura pode também dizer E l e m e n t o s • Conhecer as diferentes funções
respeito ao eixo Produção de textos e vice-versa. O mesmo cabe notacionais da e perceber os efeitos de sentidos
às habilidades de análise linguística/semiótica, cuja maioria foi escrita provocados nos textos pelo uso de
incluída de forma articulada às habilidades relativas às práticas sinais de pontuação (ponto final, ponto
de uso – leitura/escuta e produção de textos. São apresentados
de interrogação, ponto de exclamação,
em quadro referente a todos os campos os conhecimentos
linguísticos relacionados a ortografia, pontuação, conhecimentos vírgula, ponto e vírgula, dois pontos) e
gramaticais ( morfológicos, sintáticos, semânticos), entre outros de pontuação e sinalização dos diálogos
: (dois pontos, travessão, verbos de dizer).
• Conhecer a acentuação gráfica
e perceber suas relações com a prosódia.
Fono-ortografia • Conhecer e analisar as relações • Utilizar os conhecimentos
regulares e irregulares entre fonemas sobre as regularidades e irregularidades
e grafemas na escrita do português do ortográficas do português do Brasil na
Brasil. escrita de textos.
• Conhecer e analisar as
Como já destacado, os eixos apresentados relacionam-se com
possibilidades de estruturação da sílaba
práticas de linguagem situadas. Em função disso, outra categoria
na escrita do português do Brasil. organizadora do currículo que se articula com as práticas são
os campos de atuação em que essas práticas se realizam. Assim,

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na BNCC, a organização das práticas de linguagem (leitura de dinamicamente na prática escolar e na vida social, contribuindo
textos, produção de textos, oralidade e análise linguística/ para a necessária organização dos saberes sobre a língua e as
semiótica) por campos de atuação aponta para a importância outras linguagens, nos tempos e espaços escolares.
da contextualização do conhecimento escolar, para a ideia de que A pesquisa, além de ser mais diretamente focada em um
essas práticas derivam de situações da vida social e, ao mesmo campo, perpassa todos os outros em ações de busca, seleção,
tempo, precisam ser situadas em contextos significativos para validação, tratamento e organização de informação envolvidas
os estudantes. na curadoria de informação, podendo/devendo também estar
São cinco os campos de atuação considerados: Campo da presente no tratamento metodológico dos conteúdos. A cultura
vida cotidiana (somente anos iniciais), Campo artístico-literário, digital perpassa todos os campos, fazendo surgir ou modificando
Campo das práticas de estudo e pesquisa, Campo jornalístico/ gêneros e práticas. Por essa razão, optou-se por um tratamento
midiático e Campo de atuação na vida pública, sendo que esses transversal da cultura digital, bem como das TDIC, articulado
dois últimos aparecem fundidos nos anos iniciais do Ensino a outras dimensões nas práticas em que aparecem. De igual
Fundamental, com a denominação Campo da vida pública: forma, procurou-se contemplar formas de expressão das
culturas juvenis, que estão mais evidentes nos campos artístico-
literário e jornalístico/midiático, e menos evidentes nos campos
Anos iniciais Anos finais
de atuação na vida pública e das práticas de estudo e pesquisa,
ainda que possam, nesse campo, ser objeto de pesquisa e ainda
Campo da vida cotidiana
que seja possível pensar em um vídeo-minuto para apresentar
Campo artístico-literário Campo artístico-literário resultados de pesquisa, slides de apresentação que simulem um
game ou em formatos de apresentação dados por um número
Campo das práticas de estudo Campo das práticas de estudo mínimo de imagens que condensam muitas ideias e relações,
e pesquisa e pesquisa como acontece em muitas das formas de expressão das culturas
juvenis.
Campo da vida pública Campo jornalístico-midiático
Os direitos humanos também perpassam todos os campos
Campo de atuação na vida de diferentes formas: seja no debate de ideias e organização de
pública formas de defesa dos direitos humanos (campo jornalístico/
midiático e campo de atuação na vida pública), seja no exercício
A escolha por esses campos, de um conjunto maior, deu-se desses direitos – direito à literatura e à arte, direito à informação
por se entender que eles contemplam dimensões formativas e aos conhecimentos disponíveis.
importantes de uso da linguagem na escola e fora dela e criam Para cada campo de atuação, os objetos de conhecimento
condições para uma formação para a atuação em atividades e as habilidades estão organizados a partir das práticas de
do dia a dia, no espaço familiar e escolar, uma formação que linguagem e distribuídos pelos nove anos em dois segmentos
contempla a produção do conhecimento e a pesquisa; o exercício (Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Ensino Fundamental –
da cidadania, que envolve, por exemplo, a condição de se inteirar Anos Finais), dadas as especificidades de cada segmento.
dos fatos do mundo e opinar sobre eles, de poder propor pautas As habilidades são apresentadas segundo a necessária
de discussão e soluções de problemas, como forma de vislumbrar continuidade das aprendizagens ao longo dos anos, crescendo
formas de atuação na vida pública; uma formação estética, progressivamente em complexidade. Acrescente-se que, embora
vinculada à experiência de leitura e escrita do texto literário e à as habilidades estejam agrupadas nas diferentes práticas, essas
compreensão e produção de textos artísticos multissemióticos. fronteiras são tênues, pois, no ensino, e também na vida social,
Os campos de atuação considerados em cada segmento estão intimamente interligadas.
já contemplam um movimento de progressão que parte das Assim, as habilidades devem ser consideradas sob as
práticas mais cotidianas em que a circulação de gêneros orais perspectivas da continuidade das aprendizagens e da integração
e menos institucionalizados é maior (Campo da vida cotidiana), dos eixos organizadores e objetos de conhecimento ao longo
em direção a práticas e gêneros mais institucionalizados, com dos anos de escolarização. Por esses motivos, optou-se por
predomínio da escrita e do oral público (demais campos). A apresentar os quadros de habilidades em seis blocos (1º ao 5º
seleção de gêneros, portadores e exemplares textuais propostos ano; 1º e 2º anos; 3º ao 5º ano; 6º ao 9º ano; 6º e 7º anos; e 8º e
também organizam a progressão, como será detalhado mais 9º anos), sem que isso represente qualquer tipo de normatização
adiante. de organização em ciclos.
Os campos de atuação orientam a seleção de gêneros, Cumpre destacar que os critérios de organização das
práticas, atividades e procedimentos em cada um deles. habilidades na BNCC (com a explicitação dos objetos de
Diferentes recortes são possíveis quando se pensa em campos. conhecimento aos quais se relacionam e do agrupamento
As fronteiras entre eles são tênues, ou seja, reconhece-se que desses objetos em práticas de linguagem e campos de atuação)
alguns gêneros incluídos em um determinado campo estão expressam um arranjo possível (dentre outros). Portanto, os
também referenciados a outros, existindo trânsito entre esses agrupamentos propostos não devem ser tomados como modelo
campos. Práticas de leitura e produção escrita ou oral do obrigatório para o desenho dos currículos.
campo jornalístico/midiático se conectam com as de atuação Considerando esses pressupostos, e em articulação com as
na vida pública. Uma reportagem científica transita tanto pelo competências gerais da BNCC e com as competências específicas
campo jornalístico/midiático quanto pelo campo de divulgação da área de Linguagens, o componente curricular de Língua
científica; uma resenha crítica pode pertencer tanto ao campo Portuguesa deve garantir aos estudantes o desenvolvimento
jornalístico quanto ao literário ou de investigação. Enfim, os de competências específicas. Vale ainda destacar que tais
exemplos são muitos. É preciso considerar, então, que os campos competências perpassam todos os componentes curriculares
se interseccionam de diferentes maneiras. Mas o mais importante do Ensino Fundamental e são essenciais para a ampliação das
a se ter em conta e que justifica sua presença como organizador possibilidades de participação dos estudantes em práticas de
do componente é que os campos de atuação permitem diferentes campos de atividades humanas e de pleno exercício
considerar as práticas de linguagem – leitura e produção de da cidadania.
textos orais e escritos – que neles têm lugar em uma perspectiva
situada, o que significa, nesse contexto, que o conhecimento COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
metalinguístico e semiótico em jogo – conhecimento sobre os PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
gêneros, as configurações textuais e os demais níveis de análise 1. Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico,
linguística e semiótica – deve poder ser revertido para situações social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso,
significativas de uso e de análise para o uso. reconhecendo-a como meio de construção de identidades de
Compreende-se, então, que a divisão por campos de atuação seus usuários e da comunidade a que pertencem.
tem também, no componente Língua Portuguesa, uma função 2. Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a
didática de possibilitar a compreensão de que os textos circulam como forma de interação nos diferentes campos de atuação
da vida social e utilizando-a para ampliar suas possibilidades

Conteúdo Específico 121


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de participar da cultura letrada, de construir conhecimentos que os estudantes conheçam o alfabeto e a mecânica da
(inclusive escolares) e de se envolver com maior autonomia e escrita/leitura – processos que visam a que alguém (se) torne
protagonismo na vida social. alfabetizado, ou seja, consiga “codificar e decodificar” os sons
3. Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e da língua (fonemas) em material gráfico (grafemas ou letras), o
multissemióticos que circulam em diferentes campos de atuação que envolve o desenvolvimento de uma consciência fonológica
e mídias, com compreensão, autonomia, fluência e criticidade, (dos fonemas do português do Brasil e de sua organização
de modo a se expressar e partilhar informações, experiências, em segmentos sonoros maiores como sílabas e palavras) e o
ideias e sentimentos, e continuar aprendendo. conhecimento do alfabeto do português do Brasil em seus vários
4. Compreender o fenômeno da variação linguística, formatos (letras imprensa e cursiva, maiúsculas e minúsculas),
demonstrando atitude respeitosa diante de variedades além do estabelecimento de relações grafofônicas entre esses
linguísticas e rejeitando preconceitos linguísticos. dois sistemas de materialização da língua.
5. Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo Dominar o sistema de escrita do português do Brasil não é
de linguagem adequados à situação comunicativa, ao(s) uma tarefa tão simples: trata-se de um processo de construção
interlocutor(es) e ao gênero do discurso/gênero textual. de habilidades e capacidades de análise e de transcodificação
6. Analisar informações, argumentos e opiniões manifestados linguística. Um dos fatos que frequentemente se esquece é que
em interações sociais e nos meios de comunicação, posicionando- estamos tratando de uma nova forma ou modo (gráfico) de
se ética e criticamente em relação a conteúdos discriminatórios representar o português do Brasil, ou seja, estamos tratando de
que ferem direitos humanos e ambientais. uma língua com suas variedades de fala regionais, sociais, com
7. Reconhecer o texto como lugar de manifestação e seus alofones17, e não de fonemas neutralizados e despidos de
negociação de sentidos, valores e ideologias. sua vida na língua falada local. De certa maneira, é o alfabeto que
8. Selecionar textos e livros para leitura integral, de acordo neutraliza essas variações na escrita.
com objetivos, interesses e projetos pessoais (estudo, formação Assim, alfabetizar é trabalhar com a apropriação pelo aluno
pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho etc.). da ortografia do português do Brasil escrito, compreendendo
9. Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem como se dá este processo (longo) de construção de um conjunto
o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a de conhecimentos sobre o funcionamento fonológico da língua
literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas pelo estudante. Para isso, é preciso conhecer as relações
de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, fono-ortográficas, isto é, as relações entre sons (fonemas)
reconhecendo o potencial transformador e humanizador da do português oral do Brasil em suas variedades e as letras
experiência com a literatura. (grafemas) do português brasileiro escrito. Dito de outro modo,
10. Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes conhecer a “mecânica” ou o funcionamento da escrita alfabética
linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as para ler e escrever significa, principalmente, perceber as
formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão relações bastante complexas que se estabelecem entre os sons
e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar da fala (fonemas) e as letras da escrita (grafemas), o que envolve
diferentes projetos autorais. consciência fonológica da linguagem: perceber seus sons, como
se separam e se juntam em novas palavras etc. Ocorre que essas
LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL – relações não são tão simples quanto as cartilhas ou livros de
ANOS INICIAIS: PRÁTICAS DE LINGUAGEM, OBJETOS DE alfabetização fazem parecer. Não há uma regularidade nessas
CONHECIMENTO E HABILIDADES relações e elas são construídas por convenção. Não há, como
diria Saussure, “motivação” nessas relações, ou seja, diferente
No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, aprofundam-se as dos desenhos, as letras da escrita não representam propriedades
experiências com a língua oral e escrita já iniciadas na família e concretas desses sons.
na Educação Infantil. A humanidade levou milênios para estabelecer a relação
Assim, no Ensino Fundamental – Anos Iniciais, no eixo entre um grafismo e um som. Durante esse período, a
Oralidade, aprofundam-se o conhecimento e o uso da representação gráfica deixou de ser motivada pelos objetos
língua oral, as características de interações discursivas e as e ocorreu um deslocamento da representação do significado
estratégias de fala e escuta em intercâmbios orais; no eixo das palavras para a representação convencional de sons dessas
Análise Linguística/Semiótica, sistematiza-se a alfabetização, palavras. No alfabeto ugarítico, por exemplo, as consoantes,
particularmente nos dois primeiros anos, e desenvolvem-se, ao mais salientes sonoramente e em maior número, foram isoladas
longo dos três anos seguintes, a observação das regularidades e primeiro.
a análise do funcionamento da língua e de outras linguagens e Pesquisas sobre a construção da língua escrita pela criança
seus efeitos nos discursos; no eixo Leitura/Escuta, amplia-se o mostram que, nesse processo, é preciso:
letramento, por meio da progressiva incorporação de estratégias • diferenciar desenhos/grafismos (símbolos) de grafemas/
de leitura em textos de nível de complexidade crescente, letras ( signos);
assim como no eixo Produção de Textos, pela progressiva • desenvolver a capacidade de reconhecimento global de
incorporação de estratégias de produção de textos de diferentes palavras (que chamamos de leitura “incidental”, como é o caso da
gêneros textuais. leitura de logomarcas em rótulos), que será depois responsável
As diversas práticas letradas em que o aluno já se inseriu na pela fluência na leitura;
sua vida social mais ampla, assim como na Educação Infantil, • construir o conhecimento do alfabeto da língua em questão;
tais como cantar cantigas e recitar parlendas e quadrinhas, ouvir • perceber quais sons se deve representar na escrita e como;
e recontar contos, seguir regras de jogos e receitas, jogar games, • construir a relação fonema-grafema: a percepção de que
relatar experiências e experimentos, serão progressivamente as letras estão representando certos sons da fala em contextos
intensificadas e complexificadas, na direção de gêneros precisos; • perceber a sílaba em sua variedade como contexto
secundários com textos mais complexos. fonológico desta representação;
Preserva-se, nesses eventos de letramento, mesmo em • até, finalmente, compreender o modo de relação entre
situação escolar, sua inserção na vida, como práticas situadas fonemas e grafemas, em uma língua específica.
em eventos motivados, embora se preserve também a análise
de aspectos desses enunciados orais e escritos que viabilizam a Esse processo básico (alfabetização) de construção do
consciência e o aperfeiçoamento de práticas situadas. conhecimento das relações fonografêmicas em uma língua
específica, que pode se dar em dois anos, é, no entanto,
O processo de alfabetização complementado por outro, bem mais longo, que podemos
Embora, desde que nasce e na Educação Infantil, a criança chamar de ortografização, que complementará o conhecimento
esteja cercada e participe de diferentes práticas letradas, é da ortografia do português do Brasil. Na construção desses
nos anos iniciais (1º e 2º anos) do Ensino Fundamental que se conhecimentos, há três relações que são muito importantes:
espera que ela se alfabetize. Isso significa que a alfabetização 17 Alofones - variante fonética de um fonema, por exemplo /t/ e /t / para
deve ser o foco da ação pedagógica. Nesse processo, é preciso a letra T.

Conteúdo Específico 122


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a) as relações entre a variedade de língua oral falada e a língua escrita;
escrita (perspectiva sociolinguística); b) os tipos de relações • Dominar as relações entre grafemas e fonemas;
fono-ortográficas do português do Brasil; e c) a estrutura da • Saber decodificar palavras e textos escritos;
sílaba do português do Brasil ( perspectiva fonológica ). • Saber ler, reconhecendo globalmente as palavras;
Mencionamos a primeira relação ao dizer que a criança • Ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto
está relacionando com as letras não propriamente os fonemas que meras palavras, desenvolvendo assim fluência e rapidez de
(entidades abstratas da língua), mas fones e alofones de sua leitura (fatiamento).
variedade linguística (entidades concretas da fala). É preciso também ter em mente que este processo de
O segundo tipo de relações – as relações fono-ortográficas ortografização em sua completude pode tomar até mais do que
do português do Brasil – é complexo, pois, diferente do finlandês os anos iniciais do Ensino Fundamental.
e do alemão, por exemplo, há muito pouca regularidade de Evidentemente, os processos de alfabetização e ortografização
representação entre fonemas e grafemas no português do Brasil. terão impacto nos textos em gêneros abordados nos anos
No português do Brasil, há uma letra para um som (regularidade iniciais. Em que pese a leitura e a produção compartilhadas
biunívoca) apenas em poucos casos. Há, isso sim, várias letras com o docente e os colegas, ainda assim, os gêneros propostos
para um som – /s/ s, c, ç, x, ss, sc, z, xc; /j/ g, j; /z/ x, s, z e assim para leitura/escuta e produção oral, escrita e multissemiótica,
por diante –; vários sons para uma letra: s - /s/ e /z/; z - /s/, /z/; nos primeiros anos iniciais, serão mais simples, tais como listas
x - /s/, /z/, /∫/, /ks/ e assim por diante; e até nenhum som para (de chamada, de ingredientes, de compras), bilhetes, convites,
uma letra – h, além de vogais abertas, fechadas e nasalizadas ( fotolegenda, manchetes e lides, listas de regras da turma etc.,
a/ã; e/é; o/ó/õ ). pois favorecem um foco maior na grafia, complexificando-se
Dos 26 grafemas de nosso alfabeto, apenas sete – p, b, t40, conforme se avança nos anos iniciais. Nesse sentido, ganha
d , f, v, k – apresentam uma relação regular direta entre fonema
36
destaque o campo da vida cotidiana, em que circulam gêneros
e grafema e essas são justamente as consoantes bilabiais, mais familiares aos alunos, como as cantigas de roda, as receitas,
linguodentais e labiodentais surdas e sonoras. Essas são as as regras de jogo etc. Do mesmo modo, os conhecimentos e a
regulares diretas. análise linguística e multissemiótica avançarão em outros
Há, ainda, outros tipos de regularidades de representação: aspectos notacionais da escrita, como pontuação e acentuação
as regulares contextuais e as regulares morfológico-gramaticais, e introdução das classes morfológicas de palavras a partir do 3º
para as quais o aluno, ao longo de seu aprendizado, pode ir ano.
construindo “regras”. As regulares contextuais têm uma escrita
regular (regrada) pelo contexto fonológico da palavra; é o caso
de: R/RR; S/SS; G+A,O,U/ GU+E,I; C+A,O,U/QU+E,I; M+P,B/
N+outras, por exemplo.
Anotações
As regulares morfológico-gramaticais, para serem
construídas, dependem de que o aluno já tenha algum
conhecimento de gramática, pois as regras a serem construídas
dependem desse conhecimento, isto é, são definidas por aspectos
ligados à categoria gramatical da palavra, envolvendo morfemas
(derivação, composição), tais como: adjetivos de origem com
S; substantivos derivados de adjetivos com Z; coletivos em /
au/ com L; substantivos terminados com o sufixo /ise/ com C
(chatice, mesmice); formas verbais da 3ª pessoa do singular
do passado com U; formas verbais da 3ª pessoa do plural do
futuro com ÃO e todas as outras com M; flexões do Imperfeito
do Subjuntivo com SS; Infinitivo com R; derivações mantêm a
letra do radical, dentre outras. Algumas dessas regularidades
são apresentadas por livros didáticos nos 3º a 5º anos e depois.
Todo o restante das relações é irregular. São definidas por
aspectos históricos da evolução da ortografia e nada, a não ser a
memória, assegura seu uso. Ou seja, dependem de memorização
a cada nova palavra para serem construídas. É, pois, de se supor
que o processo de construção dessas relações irregulares leve
longo tempo, se não a vida toda.
Por fim, temos a questão de como é muitas vezes
erroneamente tratada a estrutura da sílaba do português do
Brasil na alfabetização. Normalmente, depois de apresentadas
as vogais, as famílias silábicas são apresentadas sempre
com sílabas simples consoante/vogal (CV). Esse processo de
apresentação dura cerca de um ano letivo e as sílabas não CV
(somente V; CCV; CVC; CCVC; CVV) somente são apresentadas ao
final do ano.
36 Isso se não considerarmos as variedades do português
que realizam T como /t/ e como /t / e D como /d/ e como /dj/.
As sílabas deveriam ser apresentadas como o que são, isto
é, grupos de fonemas pronunciados em uma só emissão de voz,
organizados em torno de um núcleo vocálico obrigatório, mas
com diversos arranjos consonantais/vocálicos em torno da
vogal núcleo.
Em resumo, podemos definir as capacidades/habilidades
envolvidas na alfabetização/ como sendo capacidades de (de)
codificação, que envolvem:
• Compreender diferenças entre escrita e outras formas
gráficas ( outros sistemas de representação);
• Dominar as convenções gráficas (letras maiúsculas e
minúsculas, cursiva e script) ;
• Conhecer o alfabeto;
• Compreender a natureza alfabética do nosso sistema de

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LÍNGUA PORTUGUESA – 1º E 2º ANOS

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LÍNGUA PORTUGUESA – 3º AO 5º ANO (Continuação)

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LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL – las, de convocá-las para o debate, analisá-las, confrontá-las,
ANOS FINAIS: PRÁTICAS DE LINGUAGEM, OBJETOS DE de forma a propiciar uma autonomia de pensamento, pautada
CONHECIMENTO E HABILIDADES pela ética, como convém a Estados democráticos. Nesse sentido,
Nos Anos Finais do Ensino Fundamental, o adolescente/ também são propostas análises linguísticas e semióticas de
jovem participa com maior criticidade de situações comunicativas textos vinculados a formas políticas não institucionalizadas,
diversificadas, interagindo com um número de interlocutores movimentos de várias naturezas, coletivos, produções artísticas,
cada vez mais amplo, inclusive no contexto escolar, no qual se intervenções urbanas etc.
amplia o número de professores responsáveis por cada um dos No campo das práticas investigativas, há uma ênfase nos
componentes curriculares. Essa mudança em relação aos anos gêneros didático-expositivos, impressos ou digitais, do 6º ao
iniciais favorece não só o aprofundamento de conhecimentos 9º ano, sendo a progressão dos conhecimentos marcada pela
relativos às áreas, como também o surgimento do desafio de indicação do que se operacionaliza na leitura, escrita, oralidade.
aproximar esses múltiplos conhecimentos. A continuidade da Nesse processo, procedimentos e gêneros de apoio à compreensão
formação para a autonomia se fortalece nessa etapa, na qual os são propostos em todos os anos. Esses textos servirão de base
jovens assumem maior protagonismo em práticas de linguagem para a reelaboração de conhecimentos, a partir da elaboração
realizadas dentro e fora da escola. de textos-síntese, como quadro-sinópticos, esquemas, gráficos,
No componente Língua Portuguesa, amplia-se o contato dos infográficos, tabelas, resumos, entre outros, que permitem o
estudantes com gêneros textuais relacionados a vários campos processamento e a organização de conhecimentos em práticas
de atuação e a várias disciplinas, partindo-se de práticas de de estudo e de dados levantados em diferentes fontes de
linguagem já vivenciadas pelos jovens para a ampliação dessas pesquisa. Será dada ênfase especial a procedimentos de busca,
práticas, em direção a novas experiências. tratamento e análise de dados e informações e a formas variadas
Como consequência do trabalho realizado em etapas de registro e socialização de estudos e pesquisas, que envolvem
anteriores de escolarização, os adolescentes e jovens já não só os gêneros já consagrados, como apresentação oral e
conhecem e fazem uso de gêneros que circulam nos campos das ensaio escolar, como também outros gêneros da cultura digital –
práticas artístico-literárias, de estudo e pesquisa, jornalístico/ relatos multimidiáticos, verbetes de enciclopédias colaborativas,
midiático, de atuação na vida pública e campo da vida pessoal, vídeos-minuto etc. Trata-se de fomentar uma formação que
cidadãs, investigativas. possibilite o trato crítico e criterioso das informações e dados.
Aprofunda-se, nessa etapa, o tratamento dos gêneros que No âmbito do Campo artístico-literário, trata-se de
circulam na esfera pública, nos campos jornalístico-midiático possibilitar o contato com as manifestações artísticas em
e de atuação na vida pública. No primeiro campo, os gêneros geral, e, de forma particular e especial, com a arte literária e de
jornalísticos – informativos e opinativos – e os publicitários são oferecer as condições para que se possa reconhecer, valorizar
privilegiados, com foco em estratégias linguístico-discursivas e fruir essas manifestações. Está em jogo a continuidade da
e semióticas voltadas para a argumentação e persuasão. Para formação do leitor literário, com especial destaque para o
além dos gêneros, são consideradas práticas contemporâneas desenvolvimento da fruição, de modo a evidenciar a condição
de curtir, comentar, redistribuir, publicar notícias, curar etc. e estética desse tipo de leitura e de escrita. Para que a função
tematizadas questões polêmicas envolvendo as dinâmicas das utilitária da literatura – e da arte em geral – possa dar lugar à
redes sociais e os interesses que movem a esfera jornalística- sua dimensão humanizadora, transformadora e mobilizadora, é
midiática. A questão da confiabilidade da informação, da preciso supor – e, portanto, garantir a formação de – um leitor-
proliferação de fake news, da manipulação de fatos e opiniões fruidor, ou seja, de um sujeito que seja capaz de se implicar na
têm destaque e muitas das habilidades se relacionam com a leitura dos textos, de “desvendar” suas múltiplas camadas de
comparação e análise de notícias em diferentes fontes e mídias, sentido, de responder às suas demandas e de firmar pactos
com análise de sites e serviços checadores de notícias e com o de leitura. Para tanto, as habilidades, no que tange à formação
exercício da curadoria, estando previsto o uso de ferramentas literária, envolvem conhecimentos de gêneros narrativos
digitais de curadoria. A proliferação do discurso de ódio também e poéticos que podem ser desenvolvidos em função dessa
é tematizada em todos os anos e habilidades relativas ao trato e apreciação e que dizem respeito, no caso da narrativa literária,
respeito com o diferente e com a participação ética e respeitosa a seus elementos (espaço, tempo, personagens); às escolhas que
em discussões e debates de ideias são consideradas. Além das constituem o estilo nos textos, na configuração do tempo e do
habilidades de leitura e produção de textos já consagradas para espaço e na construção dos personagens; aos diferentes modos
o impresso são contempladas habilidades para o trato com de se contar uma história (em primeira ou terceira pessoa, por
o hipertexto e também com ferramentas de edição de textos, meio de um narrador personagem, com pleno ou parcial domínio
áudio e vídeo e produções que podem prever postagem de novos dos acontecimentos); à polifonia própria das narrativas, que
conteúdos locais que possam ser significativos para a escola ou oferecem níveis de complexidade a serem explorados em cada
comunidade ou apreciações e réplicas a publicações feitas por ano da escolaridade; ao fôlego dos textos. No caso da poesia,
outros. Trata-se de promover uma formação que faça frente a destacam-se, inicialmente, os efeitos de sentido produzidos
fenômenos como o da pós-verdade, o efeito bolha e proliferação por recursos de diferentes naturezas, para depois se alcançar
de discursos de ódio, que possa promover uma sensibilidade a dimensão imagética, constituída de processos metafóricos e
para com os fatos que afetam drasticamente a vida de pessoas e metonímicos muito presentes na linguagem poética.
prever um trato ético com o debate de ideias. Ressalta-se, ainda, a proposição de objetivos de
Como já destacado, além dos gêneros jornalísticos, também aprendizagem e desenvolvimento que concorrem para a
são considerados nesse campo os publicitários, estando capacidade dos estudantes de relacionarem textos, percebendo
previsto o tratamento de diferentes peças publicitárias, os efeitos de sentidos decorrentes da intertextualidade
envolvidas em campanhas, para além do anúncio publicitário e temática e da polifonia resultante da inserção – explícita ou
a propaganda impressa, o que supõe habilidades para lidar com não – de diferentes vozes nos textos. A relação entre textos e
a multissemiose dos textos e com as várias mídias. Análise dos vozes se expressa, também, nas práticas de compartilhamento
mecanismos e persuasão ganham destaque, o que também pode que promovem a escuta e a produção de textos, de diferentes
ajudar a promover um consumo consciente. gêneros e em diferentes mídias, que se prestam à expressão das
No campo de atuação da vida pública ganham destaque os preferências e das apreciações do que foi lido/ouvido/assistido.
gêneros legais e normativos – abrindo-se espaço para aqueles Por fim, destaque-se a relevância desse campo para o
que regulam a convivência em sociedade, como regimentos exercício da empatia e do diálogo, tendo em vista a potência da
(da escola, da sala de aula) e estatutos e códigos (Estatuto da arte e da literatura como expedientes que permitem o contato
Criança e do Adolescente e Código de Defesa do Consumidor, com diversificados valores, comportamentos, crenças, desejos
Código Nacional de Trânsito etc.), até os de ordem mais geral, e conflitos, o que contribui para reconhecer e compreender
como a Constituição e a Declaração dos Direitos Humanos, modos distintos de ser e estar no mundo e, pelo reconhecimento
sempre tomados a partir de seus contextos de produção, o que do que é diverso, compreender a si mesmo e desenvolver uma
contextualiza e confere significado a seus preceitos. Trata-se de atitude de respeito e valorização do que é diferente.
promover uma consciência dos direitos, uma valorização dos Outros gêneros, além daqueles cuja abordagem é sugerida
direitos humanos e a formação de uma ética da responsabilidade na BNCC, podem e devem ser incorporados aos currículos das
( o outro tem direito a uma vida digna tanto quanto eu tenho ). escolas e, assim como já salientado, os gêneros podem ser
Ainda nesse campo, estão presentes gêneros reivindicatórios contemplados em anos diferentes dos indicados.
e propositivos e habilidades ligadas a seu trato. A exploração de Também, como já mencionado, nos Anos Finais do Ensino
canais de participação, inclusive digitais, também é prevista. Fundamental, os conhecimentos sobre a língua, sobre as demais
Aqui também a discussão e o debate de ideias e propostas semioses e sobre a norma-padrão se articulam aos demais
assume um lugar de destaque. Assim, não se trata de promover eixos em que se organizam os objetivos de aprendizagem
o silenciamento de vozes dissonantes, mas antes de explicitá- e desenvolvimento de Língua Portuguesa. Dessa forma, as

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abordagens linguística, metalinguística e reflexiva ocorrem sempre a favor da prática de linguagem que está em evidência nos eixos de
leitura, escrita ou oralidade.
Os conhecimentos sobre a língua, as demais semioses e a norma-padrão não devem ser tomados como uma lista de conteúdos
dissociados das práticas de linguagem, mas como propiciadores de reflexão a respeito do funcionamento da língua no contexto dessas
práticas. A seleção de habilidades na BNCC está relacionada com aqueles conhecimentos fundamentais para que o estudante possa
apropriar-se do sistema linguístico que organiza o português brasileiro.
Alguns desses objetivos, sobretudo aqueles que dizem respeito à norma, são transversais a toda a base de Língua Portuguesa. O
conhecimento da ortografia, da pontuação, da acentuação, por exemplo, deve estar presente ao longo de toda escolaridade, abordados
conforme o ano da escolaridade. Assume-se, na BNCC de Língua Portuguesa, uma perspectiva de progressão de conhecimentos que vai
das regularidades às irregularidades e dos usos mais frequentes e simples aos menos habituais e mais complexos.

LÍNGUA PORTUGUESA – 6º AO 9º ANO

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SECRETARIA ESTADUAL DE
EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS.
Proposta Curricular para o Ensino
Médio -2005.

PROPOSTA CURRICULAR – LÍNGUA PORTUGUESA – ENSINO MÉDIO

Razões para o Ensino da Disciplina

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) apresentam a disciplina Língua Portuguesa como constitutiva da área de Linguagens,
Códigos e suas Tecnologias, ao lado das disciplinas Língua Estrangeira Moderna, Arte, Educação Física e Informática. Segundo os
documentos oficiais, a finalidade básica da área seria o desenvolvimento das competências gerais de Representação e Comunicação,
definidas, nos PCN+, como competências de ―manejar sistemas simbólicos e decodificá-los‖ (PCN+, 2002:24).
A abordagem acima, ainda que útil para a compreensão das inter-relações entre as disciplinas, não pode deixar sem resposta uma
questão fundamental: Por que e para que manejar sistemas simbólicos? Em outras palavras: Que valores, sentidos e razões devem
nortear o trabalho com a linguagem e, em particular, por que ensinar e aprender Língua Portuguesa? O modo como representamos e
concebemos a linguagem, o que consideramos ―domínio das linguagens e suas tecnologias‖, os motivos que orientam esse domínio
trazem implícitos nossos horizontes filosóficos e éticos, políticos e sociais, culturais e estéticos. Torna-se, pois, essencial explicitar
nossa compreensão do que seja linguagem e de seu lugar na vida humana e, consequentemente, o sentido do ensino da disciplina.
Nosso objeto de estudo, a linguagem, mostra-se diferente aos olhos do observador, conforme ele a investigue. Por exemplo, como
representação do pensamento, e este como representação do mundo. Entretanto, sabemos que, no uso cotidiano da língua, não pensamos
conscientemente em formas para traduzir conteúdos, nem em conteúdos preexistentes que buscam formas. Forma e pensamento
nascem juntos; nossos pensamentos e representações são feitos de palavras e se constroem ou na interação contextualizada com o
outro, ou no diálogo interno com outros discursos também feitos de palavras.
A referência à decodificação, presente nos PCN+, não pode nos induzir também ao engano de reduzir as línguas naturais — em
particular, a língua portuguesa — a um sistema de sinais, por meio do qual um emissor comunica a um recebedor determinada
mensagem. A partir dessa concepção, aprender e ensinar língua seria dominar o código, e a compreensão e a produção de textos se
reduziriam ao processo de decodificação e codificação: para cada sinal ou combinação de sinais corresponderia um sentido. Sabemos
que os enunciados produzidos nas línguas naturais têm uma parte material - os sons, no caso da língua oral, e as formas, no caso da
escrita -, mas têm também uma parte subentendida, essencial para a produção de sentido na interação. Essa parte subentendida,
digamos, ―invisível‖, está no contexto de produção do enunciado, em sua enunciação e co-enunciação, nos conhecimentos de mundo e
nos valores partilhados pelos interlocutores. Assim, uma frase como ―A porta está aberta‖ pode ter vários sentidos, pode fazer realizar
diferentes atos — convidar, expulsar, pedir —, dependendo da entoação, da situação em que é enunciada e das relações existentes entre
os interlocutores. Portanto, ensinamos linguagem, não para ―descobrir‖ o verdadeiro significado das palavras ou dos textos, nem para
conhecer estruturas abstratas e regras de gramática, mas para construir sentidos, sempre negociados e compartilhados, em nossas
interações. Nosso conceito de natureza e de sociedade, de realidade e de verdade, nossas teorias científicas e valores, enfim, a memória
coletiva de nossa humanidade está depositada nos discursos que circulam na sociedade e nos textos que os materializam. Textos feitos
de gestos, de formas, de cores, de sons e, sobretudo, de palavras de uma língua ou idioma particular. Assim, a primeira razão e sentido
para aprender e ensinar a disciplina está no fato de considerarmos a linguagem como constitutiva de nossa identidade como seres
humanos, e a língua portuguesa como constitutiva de nossa identidade sociocultural.
Do ponto de vista psicossocial, a atividade discursiva é espaço de constituição e desenvolvimento de habilidades sociocognitivas,
de apropriação de conhecimentos e de culturas necessárias à inserção e ao trânsito social. Ao se constituir e se realizar no espaço
eu-tu-nós, sempre concreto e contextualizado, a linguagem nos constitui como sujeitos de discurso e nos posiciona, do ponto de vista
político, social, cultural, ético e estético, frente aos discursos que circulam na sociedade. A língua não é um todo homogêneo, mas

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um conjunto heterogêneo, múltiplo e mutável de variedades, • atinja um nível de letramento que o capacite a compreender
com marcas de classes e posições sociais, de gêneros e etnias, e produzir, com autonomia, diferentes gêneros de textos, com
de ideologias, éticas e estéticas determinadas. Nesse sentido, distintos objetivos e motivações;
ensinar e aprender linguagem significa defrontar-se com as • tenha acesso aos usos literários da língua e a obras de
marcas discursivas das diferentes identidades presentes nas autores representativos da literatura brasileira.
variedades linguísticas. Significa tornar essas variedades
objeto de compreensão e apreciação, numa visão despida de Só compreendemos as regras do jogo discursivo quando
preconceitos e atenta ao jogo de poder que se manifesta na observamos a língua viva, em funcionamento na comunicação.
linguagem e pela linguagem. Essa se dá, não por meio de frases ou estruturas isoladas,
Não podemos deixar de lembrar aqui as razões que devem mas por meio de discursos e de suas manifestações, os textos.
nortear nosso papel como mediadores das experiências dos Assim, a compreensão e a produção de textos orais e escritos
alunos com a interlocução literária. O sentido do ensino e da e a reflexão sobre os processos de textualização devem ser
aprendizagem impõe a ampliação de horizontes, de forma a vistos como objeto de estudo central da disciplina, o que exige
reconhecer as dimensões estéticas e éticas da atividade humana novos níveis de análise e novos procedimentos metodológicos
de linguagem, só ela capaz de tornar desejada a leitura de - a começar pelo reconhecimento de que estudar língua é mais
poemas e narrativas ficcionais. É essencial propiciar aos alunos que analisar a gramática da forma ou o significado de palavras.
a interlocução com o discurso literário que, confessando-se Compreender a textualização inclui estudar as dimensões
como ficção, nos dá o poder de experimentar o inusitado, de pragmática e discursiva da língua, nas quais se manifestam
ver o cotidiano com os olhos da imaginação, proporcionando- as relações entre as formas linguísticas e o contexto em que
nos compreensão mais profunda de nós mesmos, dos outros e são usadas. Nessa perspectiva, a coerência e a coesão não são
da vida. qualidades dos textos em si, mas se produzem no contexto,
com base no trabalho linguístico dos interlocutores e em seus
Diretrizes para o Ensino da Disciplina conhecimentos compartilhados.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o A tradição de ensino de língua sempre privilegiou o
ensino de Língua Portuguesa deve preparar o aluno para a estudo da forma em detrimento do sentido e da função
vida, qualificando-o para o aprendizado permanente e para o sociocomunicativa. As análises fonética, morfológica e sintática
exercício da cidadania. pretendiam descrever a língua como um sistema de regras que,
Se a linguagem é atividade interativa em que nos uma vez aprendido, habilitaria automaticamente o aluno a ler
constituímos como sujeitos sociais, preparar para a vida significa e a escrever bem. Essa concepção reduziu, com frequência, a
formar locutores/autores e interlocutores capazes de usar a aula de Língua Portuguesa a uma aula de gramática normativa
língua materna para compreender o que ouvem e lêem e para se e, consequentemente, contribuiu para sedimentar uma visão
expressar em variedades e registros de linguagem pertinentes e preconceituosa acerca das variedades linguísticas, visão que
adequados a diferentes situações comunicativas. Tal propósito opõe o ―certo‖ e o ―errado‖ e supõe, enganosamente, a
implica o acesso à diversidade de usos da língua, em especial às existência de um padrão linguístico homogêneo. Não se pretende
variedades cultas e aos gêneros de discurso do domínio público negar à língua seu caráter de sistema de signos. É preciso,
que as exigem, condição necessária ao aprendizado permanente porém, levar o aluno a compreender que ela é um sistema que se
e à inserção social. modifica pela ação dos falantes nos processos de interlocução. É,
Qualificar para o exercício da cidadania implica compreender pois, por natureza, heterogênea, variada, ―sensível‖ ao contexto
a dimensão ética e política da linguagem, ou seja, ser capaz de uso e à ação dos usuários; prevê o trabalho linguístico dos
de refletir criticamente sobre a língua como atividade social interlocutores no processo de produção de sentido. Tem uma
capaz de regular - incluir ou excluir- o acesso dos indivíduos estruturação plástica, maleável, construída historicamente
ao patrimônio cultural e ao poder político. Nesse sentido, os pela atividade coletiva dos falantes, na interlocução e para a
conteúdos e as práticas de ensino selecionados devem favorecer interlocução. Não se trata, pois, de uma estrutura fechada em si
a formação de cidadãos capazes de participação social e política, mesma, acabada e disponível para o uso como um instrumento.
funcionando, portanto, como caminho para a democratização e Privilegiar o texto como objeto de estudo da disciplina
para a superação de desigualdades sociais e econômicas. não significa transformar a aula de Língua Portuguesa num
É importante ter em mente que o aluno já utiliza a língua plenário de discussão de variados temas. De maneira alguma.
portuguesa cotidianamente. Isso significa que ele já domina Um texto não é só assunto; é assunto expresso por determinada
pelo menos uma das variedades dessa língua e que podemos forma, em determinada circunstância. Estudar o texto implica
e devemos partir de seus conhecimentos intuitivos de falante considerá-lo em sua materialidade linguística, seu vocabulário
da língua. Cabe à escola levá-lo a expandir sua capacidade de e sua gramática. Implica analisar as interrelações entre as
uso, estimulando o desenvolvimento das habilidades de se condições de produção e a configuração semântica e formal dos
comunicar em diferentes gêneros de discursos, sobretudo diversos tipos de textos. Pode-se, então, sim, dizer mais sobre
naqueles do domínio público que exigem o uso do registro uma frase do que simplesmente afirmar que ela se estrutura em
formal e da norma padrão. É preciso considerar que o domínio sujeito e predicado e que inclui substantivos e verbo: podem-
das variedades cultas é fundamental ao exercício crítico frente se constatar e explicar termos elípticos e relações anafóricas ou
aos discursos da ciência, da política, da religião, etc. dêiticas que a interligam com outros elementos do texto ou do
Os conteúdos dos currículos e programas, assim como contexto em que aparece; pode-se indagar sobre seu papel na
as práticas de ensino, devem ser selecionados em função da progressão temática e na articulação do texto; sobre os objetivos
aquisição e desenvolvimento das competências e habilidades comunicativos do autor, manifestos pelas escolhas lexicais e
de uso da língua e da reflexão sobre esse uso, e não em sintáticas que ele processou; sobre os efeitos de sentido que
função do domínio de conceitos e classificações como fins em essas escolhas podem provocar. Desse modo, a gramática não
si mesmos. Assim, devem compor o currículo da disciplina fica abolida da aula de Língua Portuguesa, mas apenas realocada
aqueles conteúdos considerados essenciais à vida em sociedade, e redimensionada.
especialmente aqueles cuja aprendizagem exige intervenção e A partir dessa perspectiva, as situações de ensino devem
mediação sistemáticas da escola, como é caso da leitura e da levar o aluno a rever o conceito de gramática, considerando as
escrita. Em relação a essas duas competências, é preciso lembrar várias significações desse termo e o fato de existirem diferentes
que não basta que o aluno seja capaz de decodificar e codificar práticas discursivas orais e escritas, variedades diversas de
textos escritos. É preciso que ele: língua (dialetos e registros), cada qual com sua gramática e
• reconheça a leitura e a escrita como atividades interativas com suas situações de uso. Isso significa que, ao ensinar Língua
de produção de sentido, que colocam em jogo diferentes Portuguesa, é preciso lembrar que ela não é uma só. Não se
fatores, como a situação comunicativa, o horizonte social dos pode negar que é tarefa da escola ensinar o português padrão,
interlocutores, o objetivo de interlocução, as imagens que já que esse, geralmente, o aluno não domina. Sendo, porém, a
os interlocutores fazem um do outro, os usos e práticas de língua um fator de interação social, é preciso que a sala de aula
linguagem; seja um ambiente sem preconceitos e, mais que isso, que seja

Conteúdo Específico 148


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um laboratório verdadeiramente científico, que acolha os fatos aplicação não garante que o aluno desenvolva necessariamente
linguísticos com o objetivo de análise e reflexão. as competências desejadas. Estudar, por exemplo, tudo sobre
Além de levar em consideração a variação linguística nas coesão textual, obedecendo a uma organização lógica inspirada
dimensões dos dialetos — do [+ culto] ao [- culto] — e dos em uma teoria sobre a língua, não garante que o aluno vá produzir
registros — do [+ formal] ao [- formal] —, é preciso ainda textos mais coesos. As situações de aprendizagem devem
ter em mente que a língua oral e a língua escrita não são favorecer a compreensão progressiva do conceito de coesão e a
compartimentos estanques, mas que formam um contínuo. Uma capacidade de pensar sobre ele tanto de forma contextualizada
interfere na outra, em maior ou menor grau, dependendo das quanto de forma abstrata e genérica, num movimento constante
circunstâncias. Daí a necessidade de levar o aluno a ter contato de contextualização e descontextualização, de particularização
com outras gramáticas, além daquela da língua padrão. E essa e generalização. Por isso, as oportunidades de aprendizagem
tarefa será mais produtiva se o aluno tiver a oportunidade de devem ser ricas, variadas, recursivas, de forma a permitir que o
observar os fatos linguísticos ocorrendo em situações concretas aluno estabeleça relações entre os conceitos, seja no interior da
de comunicação: ao compreender e produzir um texto, ao disciplina seja entre as disciplinas e áreas.
refazer seus próprios textos ou a retextualizar textos orais como Por fim, convém lembrar que a Língua Portuguesa deve ser
textos escritos de determinado gênero. aprendida não apenas para que o aluno saiba usá-la em diferentes
A interlocução literária requer competências específicas de situações ou contextos, mas, assim como outras linguagens, ela
leitura e abordagem que atentem para seu contexto e objetivo deve ser vista como ferramenta semiótica essencial para que o
específicos de produção e para o pacto de leitura proposto. O ser humano transcenda os limites de sua experiência imediata e
poema, a narrativa ficcional, qualquer forma de literatura é possa pensar sobre seu próprio pensamento.
texto; mas uma forma muito especial de texto, no qual se elabora
artisticamente a manifestação verbal de vivências e reflexões; Critérios de Seleção de Conteúdos
com o qual se propõe ao leitor cumplicidade e envolvimento A seleção dos conteúdos da disciplina Língua Portuguesa se
emocional, e se lhe proporciona prazer intelectual e estético; traduz em critérios de seleção de textos, de práticas pedagógicas
por meio do qual se provoca o estranhamento do cotidiano e se de leitura e produção de textos, e de recursos linguísticos que
criam possibilidades de deslocamento pelo humor, pela fantasia, deverão ser objeto de reflexão e estudo sistemático, a cada etapa
pelo sarcasmo. Assim, a melhor maneira de desenvolver a de ensino. Ao selecionar textos para estudo, é preciso ter em
competência e o gosto pela leitura literária é criar situações em mente que a escola deve garantir ao aluno o contato com textos
que o aluno tenha oportunidade de interagir com o objeto que • de diferentes gêneros orais e escritos em circulação na
se quer que ele conheça e aprecie: o texto literário. A construção sociedade; • adequados do ponto de vista discursivo, semântico
de conceitos e o conhecimento de teorias acerca da literatura e formal;
e do fazer literário se dão na relação ativa com o objeto de • com níveis cada vez mais complexos de organização.
conhecimento.
O estudo das manifestações literárias pode contribuir Os estudos linguísticos atuais mostram que o usuário da
significativamente para articular externamente a área de língua pode se mostrar competente para interpretar ou produzir
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias com a área de Ciências determinado gênero de texto, mas não outro, pois cada situação
Humanas, uma vez que favorece o desenvolvimento do eixo de comunicativa lhe faz exigências específicas. Essa constatação
Contextualização Sociocultural, previsto pelos PCN+. Os textos joga por terra a concepção de que se pode ensinar um gênero
literários oferecem oportunidade para a compreensão dos prototípico de texto, a partir do qual o aluno se tornaria capaz de
processos simbólicos historicamente contextualizados, bem produzir e interpretar os diferentes gêneros de textos exigidos
como para a compreensão das identidades culturais nacionais pelas práticas sociais de linguagem. Portanto, para expandir
e regionais e das circunstâncias históricas, sociológicas, as possibilidades de uso da língua, é necessário trabalhar com
antropológicas de sua formação. textos orais e escritos representativos dos diversos gêneros,
É importante considerar que, qualquer que seja o conteúdo, inclusive e em especial textos produzidos em situações de
a constituição de conceitos acontece num movimento espiralado interação diferentes daquelas do universo imediato do aluno.
e progressivo, por meio do qual se pretende uma aproximação Contemplar a diversidade não significa, porém, pretender
crescente de conceitos mais complexos, refinados e abstratos. ensinar todos os gêneros — até porque eles são praticamente
Primeiramente, os alunos devem usar a língua; depois, em número ilimitado, criam-se e recriam-se historicamente —
refletir sobre o uso, intuir regularidades, levantar hipóteses nem ensinar todos os gêneros de uma só vez.
explicativas; em seguida, podem fazer generalizações, nomear As práticas pedagógicas de compreensão e produção devem
fenômenos e fatos da língua, ou seja, usar a língua para descrever dar preferência a textos reais dos gêneros em circulação na
o funcionamento da própria língua e, então, voltar a usar a sociedade, começando pelos mais familiares aos alunos e
língua de forma mais consciente. Os objetos de conhecimento se encaminhando para os mais distantes de sua experiência
receberão um tratamento metalinguístico de acordo com o imediata. A função social e a estrutura de determinados gêneros
nível de aprofundamento possível e desejável, considerando é mais facilmente apreensível que a de outros, consideradas as
o desenvolvimento cognitivo dos alunos e as características possibilidades da faixa etária e da etapa de desenvolvimento
específicas do tema trabalhado. do aluno. Assim, gêneros do domínio privado, como bilhetes,
Vale frisar que o aluno deve ter oportunidade de compreender cartas, convites, são de mais fácil leitura e produção que textos
o caráter histórico e dinâmico dos conceitos. Os conceitos de do domínio público, especialmente aqueles produzidos em
texto, gramática, erro linguístico com que se opera hoje na situações de comunicação formal, como atas ou palestras. É
disciplina, por exemplo, sofreram significativas modificações preciso, porém, ter em mente que, ao final da Educação Básica, o
nas últimas décadas, e essas mudanças devem ser focalizadas e aluno deve estar em condições de usar a linguagem oral e escrita
discutidas criticamente em sala de aula com o aluno, na medida em situações públicas de interlocução (assembleias, palestras,
de sua capacidade de compreensão e abstração. seminários de caráter político, técnico, leitura e produção de
Outro aspecto a considerar é que os conceitos se articulam textos científicos, etc.) e demonstrar disposição e sensibilidade
em redes conceituais, ou seja, eles não se definem ou se esgotam para apreciar os usos artísticos da linguagem.
em si mesmos, mas se relacionam com outros; por isso, quanto Considerando as dimensões da recepção e da produção,
mais variadas e complexas são as situações de operacionalização é preciso observar que interpretar e produzir textos de
de um conceito, mais se amplia a rede conceitual do sujeito determinado gênero são tarefas que podem apresentar
e mais se explicitam as inter-relações entre os conceitos e, diferentes graus de exigência quanto à ativação e articulação de
consequentemente, os próprios conceitos. habilidades. Assim, em determinada etapa da aprendizagem, um
No ensino de Língua Portuguesa, a diretriz acima implica aluno pode ser capaz de ler uma reportagem, mas não de produzir
abandonar a ideia de que é preciso ensinar tudo sobre um texto desse gênero. Vale ainda lembrar que há gêneros que
determinado assunto de uma só vez, para que o aluno possa os usuários só precisam interpretar, mas não produzir. Constitui,
avançar. Implica também compreender que explicar bem a portanto, critério de seleção a distinção entre a competência de
matéria em uma aula expositiva e, em seguida, fazer exercícios de leitura e a de produção, uma vez que elas não são equivalentes,

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APOSTILAS OPÇÃO
nem caminham pari passu, de forma sincronizada. intencionalmente provocar múltiplas leituras, porque joga com
Com relação à adequação e ao nível de complexidade dos a ambiguidade e com a subjetividade, a literatura estabelece um
textos, cumpre esclarecer que se deve considerar adequado pacto específico de leitura, em que a materialidade da palavra
o texto que, fazendo ou não uso de formas linguísticas se torna fonte virtual de sentidos: o espaço gráfico, o som, a
sancionadas pela gramática normativa, apresenta um conjunto imagem visual, a desconstrução da palavra, a reinvenção de
de marcas linguísticas que permitam ao interlocutor previsto sentidos e visões de mundo. A compreensão da especificidade
recuperar referências contextuais (o que implica contar com do texto literário justifica por que ele não deve ser usado para
conhecimentos prévios, capacidade de fazer inferências, outras finalidades, além daquela de contribuir para formar
identificar pressupostos, etc.) e contextuais produtoras de leitores capazes de reconhecer e apreciar os usos estéticos e
coerência e coesão (seleção lexical, índices de remissão, criativos da linguagem.
marcadores linguísticos de articulação, operadores discursivos, Quanto ao estudo dos recursos linguísticos que deverão ser
etc.). objeto de reflexão sistemática, ou seja, o trabalho com o que
Uma vez que a coerência e a coesão não são qualidades tradicionalmente se identifica como estudo de gramática e de
do texto, mas dependem das competências do usuário estilística, ele se dará de forma integrada às demais dimensões
(conhecimento de mundo, de textualidade e de língua), é do texto. Isso não significa, porém, subordinar o estudo a
importante destacar alguns pontos a serem considerados pelo eventuais características dos textos selecionados para leitura.
professor no momento de selecionar os textos e as práticas Ao escolher o gênero ou o tipo textual a ser estudado em
pedagógicas. uma etapa de ensino, o professor poderá e deverá selecionar,
• Usar textos completos é melhor que usar fragmentos. previamente, no repertório de recursos linguísticos, aquele
Quando a opção for por usar um fragmento, é preciso cuidar ou aqueles que será mais oportuno estudar sistematicamente.
para que os recortes tenham unidade de sentido e sejam A apropriação consciente de recursos linguísticos específicos
adequadamente contextualizados. O intuito de simplificação — por exemplo, formas disponíveis para expressar a ideia de
didática não justifica tomar como objeto de estudo fragmentos oposição, modos de expressar ordens, pedidos e conselhos,
sem unidade discursiva, semântica e formal ou adaptações de estratégias de relativização, conhecimento de prefixos e sufixos
baixa qualidade. mais produtivos na formação de palavras da língua, etc.—
• Buscar textos em suportes dirigidos ao público juvenil pode e deve ser tomada como objeto de estudo sistemático, de
(livros literários e paradidáticos, revistas juvenis, suplementos forma a garantir o controle sobre o que está sendo ensinado e
de jornais dirigidos ao público jovem, etc.) e em autores de aprendido pelos alunos. Cabe ao professor, de acordo com as
qualidade que se dedicam a escrever para a faixa etária pode necessidades e possibilidades dos alunos, selecionar os tópicos
contribuir para a qualidade do material a que se expõe o aluno e a serem estudados, mas sem perder de vista que os recursos
facilitar a seqüenciação dos textos quanto ao nível de dificuldade linguísticos estão a serviço das práticas sociais de linguagem, ou
de leitura. Por exemplo: textos publicados em revistas de seja, são selecionados em função das condições de produção, das
divulgação científica destinadas a crianças e jovens serão de finalidades e objetivos do texto, das características do gênero e
mais fácil leitura que textos publicados em revistas científicas do suporte.
especializadas.
• Avaliar em que medida as inferências, os pressupostos Finalmente, é importante ressaltar que, qualquer que seja
e os raciocínios exigidos para a compreensão ou produção do o recorte ou a organização escolhida, o professor deve ter
texto estão ao alcance dos alunos. Algumas inferências são mais clareza do que pretende ensinar, para que ensinar e do nível de
simples, por exigirem conhecimentos prévios comuns a todos; dificuldade da tarefa proposta. Cabe à escola e ao professor a
outras exigem conhecimentos específicos, que podem não fazer tarefa de selecionar e sequenciar os conteúdos, considerando o
parte da bagagem cultural dos alunos de determinado meio que for, de um lado, possível a seus alunos e, de outro, necessário,
social e faixa etária. Não se trata, é claro, de deixar de trabalhar em função dos objetivos do projeto educativo da escola.
textos que exijam inferências e raciocínios mais complexos,
mas de explicitar para e com os alunos os conhecimentos e Apresentação comentada do CBC do Ensino Médio
estratégias necessários à produção de sentido.
• Considerar que, quanto mais implícitas estão as Elaborada para a atender às normas dispostas pela Resolução
marcas do ponto de vista do locutor como ocorre, por exemplo, SEE-MG nº. 833, de 24 de novembro de 2006, esta Proposta
em passagens onde há alusões, metáforas e ironia, mais sutileza Curricular de Língua Portuguesa mantém todas as orientações e
se exige do interlocutor. A adequada interpretação global de um diretrizes da versão anterior, publicada em 2005. O componente
texto e sua produção dependem da compreensão dos efeitos de novo se encontra na reorganização e redistribuição daqueles
sentido de imagens e comentários implícitos, que podem ser tópicos de conteúdo entre o 1º EM (CBC) e o 2º EM (CBC Ênfase
reveladores do ponto de vista e da ideologia daquele discurso. Curricular) e na apresentação de alguns tópicos novos para o 3º
• Lembrar que os objetivos de leitura interferem nas EM e o 4º EM (Conteúdo Básico Comum Ampliado).
estratégias e nos resultados da leitura. Ler um verbete de
enciclopédia para localizar determinada informação exige Destacamos que o caráter dinâmico, hipertextual e recursivo
estratégia diferente daquela exigida quando se lê esse mesmo desta proposta curricular permite ao professor fazer diferentes
verbete com o objetivo de resumi-lo. Ler um poema para agrupamentos dos tópicos e, assim, desenvolver o programa de
apreciá-lo é diferente de ler esse mesmo poema com o objetivo várias formas.
de descrever e relacionar marcas linguísticas e efeitos de O quadro a seguir apresenta, resumidamente, os conteúdos
sentido. De forma análoga, as condições e objetivos de produção do Eixo Temático I, a serem estudados em cada uma das séries
interferem no resultado do texto produzido. do Ensino Médio. Esses conteúdos e suas respectivas habilidades
• Considerar que textos de gêneros diferentes exigem estão detalhadamente apresentados no item Conteúdo Básico
estratégias de leitura e produção diversas e que tarefas Comum do Ensino Médio desta proposta (p.97).
diferentes propostas a partir de um mesmo texto também
podem requerer a ativação e articulação de habilidades distintas
e, portanto, podem apresentar graus diferentes de exigências e
complexidade.

Com relação aos gêneros do domínio literário, vale lembrar


que cabe à escola mediar a leitura e a apreciação dos textos
literários, a partir de categorias que reconheçam a especificidade
da recepção literária. A literatura ultrapassa a verdade de
correspondência (o que pode ser constatado pela observação ou
pelo testemunho de outras fontes), instaura outra relação entre
o sujeito e o mundo, entre a imagem e o objeto. Porque deseja

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APOSTILAS OPÇÃO
Eixo Temático I

Compreensão e Produção de Textos


SUBTEMAS E TÓPICOS DE ESTUDO DOS
SÉRIE TEMA 1: GÊNEROS
GÊNEROS
1º EM CBC Crônicas, contos, romances, novelas, Subtema: Contexto de produção, circulação e
cordel (e outras narrativas orais). recepção de textos.
Resumos, notas, notícias, reportagens, Referenciação bibliográfica, segundo normas da
artigos de divulgação científica, atas e ABNT.
relatórios.
Retrato ou perfil.
Poemas.
Entrevistas, charges e tirinhas.
2º EM CBC Dissertações, exposições de livros Subtema: Operação de
Todas as ênfases didáticos e técnicos. Tematização
curriculares 3. Organização temática do texto
Artigos de opinião, editoriais, cartas 4. Seleção lexical e efeitos de sentido
argumentativas, resenhas. 5. Signos não verbais (sons, ícones, imagens,
grafismos, gráficos, tabelas).
Anúncios publicitários, artigos de
aconselhamento e autoajuda, leis, estatutos, Subtema: Operação de
regulamentos, instruções de confecção, Enunciação
operação ou montagem. 6. Vozes do texto
7. Intertextualidade e metalinguagem
Entrevistas; charges e tirinhas.
3º EM E 4º EM CBC Artigo de opinião, carta argumentativa, Subtema: Operação de
Ampliado dissertação argumentativa, dissertação Textualização
Todas as ênfases expositiva.
curriculares 8. Textualização do discurso narrativo
Curriculum vitae (ficcional)
9. Textualização do discurso de relato
Prova de concurso vestibular e outros (narrativo não ficcional)
10. Textualização do discurso descritivo
11. Textualização do discurso expositivo
12. Textualização do discurso argumentativo.
13. Textualização do discurso injuntivo
14. Textualização do discurso poético

Operação de Contextualização
SÉRIE TEMA 2: SUPORTES TÓPICOS DE ESTUDO DOS SUPORTES

1º EM CBC Subtema: Revistas 15. Organização do suporte revista: relações


com o públicoalvo
16. Capa de revista
17. Credibilidade do suporte revista: linha
editorial, público-alvo e tratamento ideológico-
linguístico da informação.
2º EM CBC Subtema: Livros didáticos e técnicos 18. Perigrafia de livros didáticos e técnicos
Todas as ênfases 19. Fatores de legibilidade do texto de livros
curriculares didáticos e técnicos

Tema 1: Gêneros

A definição de ambos os temas do Eixo I — Gêneros e Suportes — fez-se considerando que todo texto se realiza como gênero e todo
gênero circula em algum suporte. Já a indicação de gêneros por série considerou também a possibilidade do agrupamento dos gêneros
por tipo predominante de discurso. Assim, o 1º EM se ocupará, essencialmente, de gêneros textualizados como narração ficcional ou
de relato, como descrição e como poema; o 2º EM, de gêneros textualizados como exposição, argumentação e injunção, assim como
também o 3º e o 4º EM, conforme discriminado no quadro acima.
Esse conjunto de gêneros do Tema 1, se por um lado necessita complementação — os gêneros indicados não podem e não devem
ser os únicos estudados ao longo do Ensino Médio —, tem a vantagem, por outro, de estabelecer um corpus comum para a avaliação,
fácil de conseguir. Sabemos todos da necessidade de um corpus dessa natureza: a avaliação de uma mesma habilidade de compreensão
ou de produção de textos pode ter resultados muito diferentes, dependendo da familiaridade que o aluno tenha ou não com o gênero
escolhido para testá-la. Além disso, os gêneros indicados atendem plenamente aos critérios de seleção de conteúdos, comentados
nesta proposta: funcionam em instâncias públicas de interação linguística, pertencem a diferentes domínios da atividade humana,
representam setores onde é bastante visível o dinamismo da língua e exemplificam possibilidades variadas de textualização.
Parece óbvia a necessidade de promover o estudo, no CBC Ampliado, do gênero prova de concurso, especialmente de concurso
vestibular: muitos são os alunos interessados em prestar exames desse tipo ao final do Ensino Médio. Nada mais natural, portanto,
que o gênero seja estudado, de modo que o aluno esteja mais preparado para compreender o que a ele se pede e produzir o tipo de

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resposta que dele se espera em tais concursos. O que talvez cause significações sociais, culturais, econômicas, políticas, religiosas,
estranheza é termos tomado a prova de concurso como gênero. filosóficas, às quais o texto pode referir-se explicitamente ou não
Considerando, porém, com Marcuschi (2002) que gêneros são e das quais ele é uma manifestação.
textos efetivamente realizados em determinadas esferas de
atividade humana, com características sociocomunicativas Reconhecer e aceitar o pacto de recepção proposto pelo
definidas pelos conteúdos, propriedades funcionais, estilo e texto, outro fator de identificação do gênero, implica perceber
composição característica, definimos, então, com Rafael (2006), se o texto toma ou não o mundo extralinguístico como
referente de seu universo textual. Uma notícia, por exemplo,
...o exame vestibular como um gênero discursivo, uma vez que remete o destinatário (leitor ou ouvinte) para fora do mundo
entendemos tratar-se de uma realização linguística típica de uma das palavras, para o universo lá de fora, o que torna possível
esfera/instância da atividade humana, e sócio-historicamente avaliar a informação como verdadeira ou não, merecedora de
constituída em práticas discursivas institucionalizadas, tendo credibilidade ou não, legítima ou não. Já o universo criado em um
em vista o atendimento a uma necessidade social específica: conto de fadas ou romance é autorreferente: o que aí se diz não
a seleção de sujeitos para a formação profissional em nível pode ser verificado, comprovado e legitimado fora desse próprio
superior. universo textual, embora possa ser menos ou mais parecido com
Historicamente, as práticas escolares, nas quais se insere a o mundo não ficcional — menos ou mais verossímil. O próprio
formação em nível superior, também determinam suas formas suporte costuma indicar se o texto é ficcional ou não. Essa é uma
ou instrumentos de avaliação, como as provas e os exercícios, o informação que se pode encontrar na capa, nas orelhas, na folha
que nos autoriza a identificar tal exame como uma atividade de de rosto, na apresentação ou prefácio da obra. Não podemos
natureza escolar, familiar ao sujeito avaliado. esquecer que há também gêneros que se situam no limite dos
RAFAEL, E. L. Caracterização do exame vestibular como universos da ficção e da não ficção, o que implica pactos de
gênero discursivo. Revista Intercâmbio, volume XV, São Paulo, recepção diferentes.
LAEL/PUC-SP. INSS 1806-275X, 2006. pdf. Acesso em 30 nov. 2007.
Todavia, a contextualização pode não ser suficiente para
Voltado para o estudo dos gêneros textuais, o Tema 1 fazer a identificação de um gênero, e assim teremos de juntar
comporta quatro subtemas, correspondentes às operações que a ela a análise de aspectos temáticos, enunciativos e/ou
realizamos para produzir sentido, isto é, para compreender estruturais do texto.
e para produzir textos orais ou escritos — contextualização,
tematização, enunciação e textualização —, as quais comentamos Os tópicos 1 e 2 do Eixo I referem-se ao subtema de
a seguir. contextualização, operação que deve ser realizada na
compreensão e na produção de todo e qualquer gênero,
Subtema: Operação de Contextualização em todas as séries do Ensino Médio. Espera-se que o aluno se
conscientize da importância de realizá-la, bem como integre a
As relações que um texto mantém com o mundo ela a interpretação e a elaboração de referências bibliográficas.
extralinguístico podem ser apreendidas por meio da operação
aqui denominada contextualização, ou seja, da análise das Subtema: Operação de Tematização
condições de produção, circulação e recepção do texto.
Contextualizar é, primeiramente, reconhecer a situação O que estamos chamando de tematização é a operação de
comunicativa da interação verbal, iniciando por quem fala e para responder a uma pergunta essencial: O texto fala de quê? Qual é
quem fala. Para tanto, é preciso considerar que um texto envolve o seu tema, assunto ou tópico discursivo?
não apenas interlocutores empíricos, mas também a construção
de imagens que esses interlocutores fazem de si mesmos e um Para reconhecer um tópico discursivo, podemos recorrer
do outro. Simplificando bastante o processo, podemos dizer às saliências do texto (título, subtítulos, intertítulos, destaques,
que o autor empírico de um texto lida com uma imagem de imagens), ficar atentos à seleção lexical, por meio da qual
destinatário (destinatário implícito ou previsto), menos ou reconstruímos o universo textual em nós, combinar palavras e
mais aproximada do destinatário empírico de seu texto; e este sintagmas do texto em tópicos de informação...
destinatário empírico lida com uma imagem de autor (autor
implícito), menos ou mais aproximada do autor empírico do Embora nos cheguem uma a uma, as palavras de um
texto. Reconhecer que, na interação textual oral ou escrita, texto têm a propriedade de permitir arranjos, construções,
lidamos sempre com imagens, distinguindo-as do autor e do arquiteturas. Seguindo instruções do próprio texto de como
destinatário empíricos, é apenas parte do reconhecimento da fazer esses arranjos, reconhecemos as informações que estão
situação comunicativa do texto, que busca responder também em destaque e as que ficam como apoio de outras. Como leitores
às questões onde e quando se fala. Para tanto, adquire especial ou ouvintes, é fundamental que identifiquemos a hierarquia das
importância, nos textos escritos, a referência bibliográfica, fonte ideias do texto e avaliemos sua consistência. Como produtores,
que informa, entre outras coisas, o nome do autor e da obra, é imperioso que relacionemos ideias pertinentes e suficientes
o local e a data de sua publicação, e o suporte em que circula para a expressão do tema e que apontemos a relevância maior
(livro, jornal, revista, etc.). Conhecer a identidade do autor — ou menor das informações de modo que o destinatário possa
se pessoal, se institucional ou coletiva — pode ser crucial para construir a coerência do texto. Mas também que brinquemos
o reconhecimento do gênero de um texto, bem como o próprio com as palavras e saibamos tirar partido da negociação dos
suporte. Assim, por exemplo, um editorial e um artigo de opinião sentidos – das ambiguidades, das metáforas, dos neologismos,
que sejam publicados em um mesmo jornal e versem sobre um de pressupostos e subentendidos.
mesmo tema se distinguirão, muitas vezes, pela identidade
institucional do produtor do primeiro (texto sem assinatura, Os tópicos de 3 a 5 do Eixo I referem-se a essa operação
que expressa a opinião do jornal) e pessoal do segundo (texto de tematização, que deve ser realizada na compreensão e
que expressa a opinião de quem o assina) e por aparecerem em na produção de todo e qualquer gênero, em todas as séries
seções ou colunas diferentes do jornal. do Ensino Médio.

Tanto as situações sociais de uso do gênero quanto o suporte Subtema: Operação de Enunciação
de circulação e a situação comunicativa influenciam na escolha
da variedade ou variedades linguísticas de um texto. Por sua Um texto é interlocução: ele encena sempre, dentro de si,
vez, a variedade ou variedades linguísticas ajudam a compor as uma ou mais interações, cujos atores são seres de palavras,
imagens de autor e destinatário implícitos e, consequentemente, vozes que podem ou não representar seres empíricos.
a caracterizar a situação comunicativa.
Contextualizar é, ainda, perceber ou inferir o contexto Quem diz dentro do texto o que o texto nos faz saber? O
de época, momento histórico da produção do texto, pleno de locutor ou locutores. Para quem o diz? Para seus respectivos

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alocutários (destinatários das falas de cada locutor). Como o diz? apresenta — passagens ou sequências textuais argumentativas
Narrando uma história, relatando um acontecimento, expondo ou injuntivas, bem como citações, ou seja, recortes de discursos
uma teoria, descrevendo uma paisagem, argumentando a favor dialogados, realizados em outras interações verbais. O estudo
de uma tese, dando instruções, prescrevendo, aconselhando, de textos do gênero reportagem exigirá, portanto, na etapa
dialogando... Quem narra, quem relata, quem expõe, quem da textualização, que se abordem também os demais tipos de
descreve, quem argumenta, quem dá instruções e conselhos sequências textuais que ela apresentar. O mesmo se pode dizer
ou impõe normas, quem se expressa sobre o ato linguístico do gênero cordel, cujo estudo muito provavelmente se fará pelos
que realiza (metalinguagem), até mesmo quem fala apenas tópicos 8 (discurso narrativo) e 14 (discurso poético).
em pensamento é um locutor: participa como ator em uma
conversa encenada dentro do texto. Assim, o locutor do texto, Os tópicos de 8 a 14 do Eixo 1 referem-se, respectivamente,
que é também conhecido por outros nomes conforme o modo à textualização dos discursos narrativo (fi ccional), de relato
como vai dizendo o que diz (narrador, relator, expositor, (narrativo não fi ccional), expositivo, argumentativo, injuntivo e
descritor, eu-poético, etc.) fala com o alocutário do texto poético. O estudo de cada um deles, evidentemente, dependerá
(destinatário previsto); uma personagem fala com outra; e um do tipo de discurso predominante no texto, detectado na
locutor-personagem ora fala com o alocutário do texto, ora com operação de enunciação.
outra personagem. Vale frisar: vozes locutoras participam de
interlocuções dentro do texto. O tópico 8 aplica-se a todo gênero narrativo (conto, cordel,
romance, por exemplo) e a toda sequência narrativa que ocorra
Outras vozes, porém, podem vir apenas mencionadas no em qualquer gênero (por exemplo, um caso usado dentro de uma
texto. Bronckart (1999) as chama de vozes sociais e as identifica exposição ou argumentação a título de exemplificação). O tópico
como vozes de grupos, instituições, pessoas e personagens nove refere-se especialmente aos gêneros notícia, reportagem
de outros textos, cujas palavras são citadas, parafraseadas, e relatório, mas também a toda sequência de relato dentro de
parodiadas ou meramente lembradas na conversa que um qualquer gênero. O tópico 10 remete ao gênero perfil ou retrato
locutor está mantendo com seu alocutário no momento. Assim, e, mais frequentemente, a sequências descritivas de crônicas,
as vozes sociais não são locutoras em determinada interação contos, romances, notícias, reportagens, relatórios e instruções
representada no texto, embora o possam ter sido em interações de operação, confecção ou montagem. O tópico 11 aplica-se ao
anteriores, ocorridas em outras situações comunicativas. gênero dissertação e a sequências expositivas de livros didáticos
ou técnicos, por exemplo. O tópico 12 refere-se à textualização
Em muitos textos, o locutor se representa, referindo-se a si de artigos de opinião, cartas argumentativas (como as cartas
mesmo por meio de formas verbais e pronomes do paradigma de leitor publicadas em jornais e revistas) e a sequências
da 1ª pessoa (eu/nós), ou se deixa perceber nas modalizações argumentativas que ocorram em qualquer outro gênero. As
do discurso. Às vezes, representa seu(s) alocutário(s) por sequências injuntivas (tópico 13), além de textualizarem leis,
meio de construções ou pronomes do paradigma da 2ª pessoa estatutos, regulamentos, textos de aconselhamento e autoajuda,
(você/vocês, tu/vós). A representação ou não do locutor e instruções de confecção, operação e montagem, anúncios
do alocutário nos textos serve a propósitos do produtor e às publicitários, cartilhas educativas, folders e panfletos, vêm
funções sociocomunicativas do gênero. A interpretação de um se tornando cada vez mais frequentes em artigos da mídia,
texto passa, pois, pelo reconhecimento desses propósitos e especialmente aqueles de revistas destinadas a adolescentes,
funções e dos posicionamentos enunciativos das vozes do texto. a mulheres e a empresários e executivos. O tópico 14 remete a
A compreensão exige um pouco mais: que nos posicionemos textos em verso (poemas e letras de canções).
criticamente diante dessas vozes e seus posicionamentos. ***

Os tópicos de 6 e 7 do Eixo I referem-se à operação de Ao apresentarmos os subtemas do Tema 1 na ordem acima


enunciação, que deve ser realizada na compreensão e descrita, estamos sugerindo um percurso de estudo de textos,
produção de todo e qualquer gênero, em todas as séries do que se inicia pelo reconhecimento e análise do seu contexto
Ensino Médio. de produção, circulação e recepção e pela identificação do
gênero (operação de contextualização); prossegue com a
Subtema: Operação de Textualização identificação do tema ou tópico discursivo abordado (operação
de tematização); passa pelo reconhecimento das vozes do
Todo texto se constitui como gênero e todo gênero se texto e de seus posicionamentos diante do tema (operação
materializa como sequência ou seqüências textuais. de enunciação); e vai terminar com o estudo das sequências
discursivas que constituem o texto (operação de textualização).
Seqüências ou segmentos textuais são porções textuais que O estudo de um conto, por exemplo, abrangeria essencialmente
servem para contar fatos (sequências de natureza narrativa), os tópicos de 1 a 8 e o tópico 10; o de um artigo de opinião,
para argumentar (sequências de natureza argumentativa), para os tópicos de 1 a 7 e o tópico 12. Em suma: em todas as séries
solicitar ou impor ações (sequências de natureza injuntiva), do Ensino Médio, a abordagem de todo e qualquer gênero
para descrever situações, objetos, procedimentos (sequências de exigirá o estudo dos tópicos de contextualização, tematização
natureza descritiva), entre outras. e enunciação e, pelo menos, de um tópico de textualização,
RAFAEL, E. L. Caracterização do exame vestibular como conforme o tipo de discurso ou de sequências discursivas que
gênero discursivo. Revista Intercâmbio, volume XV, São Paulo, ele apresentar. É certo que a compreensão e a produção de textos
LAEL/PUC-SP. INSS 1806-275X, 2006. pdf. Acesso em 30 nov. 2007. não se fazem linearmente, o que torna possível iniciar o estudo
por qualquer uma das quatro operações. Contudo, na sequência
Textualizar é justamente organizar sequencialmente o acima proposta, há uma progressão, que vai da dimensão mais
conteúdo temático do texto, sempre considerando o gênero pragmática para a mais linguística dos textos.
textual, o suporte de circulação, o destinatário, os objetivos
comunicativos, os posicionamentos enunciativos dos locutores Tema 2: Suportes Textuais
frente ao tema. Ao textualizar, temos de tomar decisões sobre
como ordenar esse conteúdo, como introduzir e retomar Subtemas: Revistas, livros didáticos e técnicos
tópicos discursivos de modo a garantir tanto a unidade quanto a
progressão temática, como estruturar e articular os enunciados O estudo de revistas (de variedades e especializadas) será
e as partes do texto. feito no 1º EM (CBC); o de livros didáticos e técnicos, no 2º
EM (CBC - Todas as ênfases curriculares). Não há indicação de
Dificilmente um gênero é constituído por um tipo único de suporte textual para o CBC Ampliado do 3º EM e do 4º EM, mas
sequência discursiva. Uma reportagem, por exemplo, embora o professor pode pensar na possibilidade de retomar suportes
seja um gênero do discurso de relato, por ser esse o modo estudados anteriormente, no Ensino Fundamental, como é o
básico de sua enunciação, pode apresentar — e geralmente caso do jornal e do livro literário. Pode, também, estudar o site

Conteúdo Específico 153


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e seus gêneros característicos. Ou, ainda, a carteira de trabalho, concordância e regência.
sobretudo com aqueles alunos que já trabalham ou estão em Da mesma forma, as sugestões apresentadas para o CBC
vias de fazê-lo. Ampliado do 3º EM e 4º EM representam uma retomada de
aspectos da textualização dos vários tipos de discurso, estudados
Destacando mais uma vez o caráter dinâmico e hipertextual nas séries anteriores. Trata-se de uma sistematização que inverte
desta proposta, lembramos que é possível iniciar o estudo do o caminho percorrido naquelas séries, agora feito não mais a
Eixo I pelo Tema 2 e depois abordar o Tema 1. Partindo-se, partir dos gêneros, mas de aspectos linguísticos do discurso
então, no 1º EM, dos tópicos previstos para o estudo de revistas, dos gêneros. O fato, porém, de esses tópicos representarem uma
chega-se facilmente aos tópicos que permitem fazer o estudo sistematização não pode impedir que sejam abordados de forma
dos gêneros que nelas circulam. Da mesma forma, no 2º EM, sempre contextualizada, como frisamos acima.
pode-se fazer, primeiramente, o estudo de um livro didático ou O quadro a seguir apresenta, resumidamente, os conteúdos
técnico pelos tópicos previstos no Tema 2 e deles partir para o do Eixo Temático III a serem estudados em cada uma das séries
estudo de gêneros expositivos, cujos tópicos integram o Tema 1. do Ensino Médio. Esses conteúdos e suas respectivas habilidades
estão detalhadamente apresentados no item Conteúdo Básico
O quadro a seguir apresenta, resumidamente, os conteúdos Comum do Ensino Médio desta proposta (p.128).
do Eixo Temático II a serem estudados em cada uma das séries
do Ensino Médio. Esses conteúdos e suas respectivas habilidades Eixo Temático III
estão detalhadamente apresentados no item Conteúdo Básico A Literatura Brasileira e outras Manifestações Culturais
Comum do Ensino Médio desta proposta (p.119).
SÉRIE TEMA 1: TEMAS, TEMA 2: ESTILOS
Eixo Temático II MOTIVOS E ESTILOS NA DE
Linguagem e Língua L I T E R AT U R A ÉPOCA NA
BRASILEIRA E EM LITERATURA
OUTRAS MANIFESTAÇÕES BRASILEIRA
SÉRIE TÓPICOS DE ESTUDO CULTURAIS E EM OUTRAS
M A N I F E S TA Ç Õ E S
1º EM CBC 20. A linguagem como CULTURAIS
atividade sócio-interativa
21. A língua portuguesa ao TÓPICOS DE ESTUDO TÓPICOS DE
longo do tempo ESTUDO
22. Variação linguística no 1º EM CBC 31. O -
português brasileiro autor e seu fazer
literário Discursos
2º EM CBC 23. O uso de pronomes pessoais no fundadores
32. O
Todas português padrão (PP) e não padrão (PNP) índio na literatura
as ênfases 24. A concordância verbal e nominal brasileira
curriculares no português padrão (PP) e não padrão
(PNP)
25. A regência verbal e nominal no
português padrão (PP) e não padrão (PNP)
26. O uso de pronomes relativos no
português padrão (PP) e não padrão (PNP)
2º EM CBC 34. O -
3º EM E 27. Estratégias de organização textual de T o d a s amor e a mulher na
4º EM CBC sequências expositivas e argumentativas 28. as ênfases literatura brasileira
Ampliado Coesão nominal curriculares 35. O
negro na literatura
Todas as 29. Coesão verbal brasileira
ênfases 30. Conexão textual e frasal 36. O
curriculares imigrante na literatura
brasileira
37. Vida
O Eixo II pode ser trabalhado, pelo menos, de duas maneiras. social e política na
Uma delas consiste em fazer de seus tópicos expansões de literatura brasileira
outros tópicos do Eixo I, inserindo-os nos momentos em que a 3º e 4º EM 38. Origens da
situação o permitir. Por exemplo: o trabalho com a significação CBC literatura brasileira
de palavras de um determinado texto (tópico 4, no Eixo I: Seleção Ampliado 39. B a r r o c o
Todas as Neoclassicismo e
Lexical e Efeitos de Sentido) pode requerer a identificação de ê n f a s e s A r c a d i s m o
ambiguidades, o que, por sua vez, pode levar ao estudo do tópico curriculares Romantismo
20, no Eixo II (A linguagem como atividade sócio interativa), se 40. Re a l i s m o -
o professor assim o planejar. Praticamente todos os tópicos de N a t u r a l i s m o
Parnasianismo
Linguagem e Língua encontram referências em tópicos do tema 41. Simbolismo
Gêneros do Eixo I, de modo a permitir inserções. M o d e r n i s m o
Outra forma de desenvolver o Eixo II consiste em organizar Contemporaneidade
unidades temáticas em torno de seus tópicos. Elaboradas pelo
professor, que deve levar em conta os conhecimentos prévios e
Tema 1: Temas, motivos e estilos na literatura brasileira e em
as necessidades de seus alunos, elas deverão permitir a reflexão
outras manifestações culturais
sobre os usos da língua de forma mais crítica e contextualizada e
Como forma de desenvolver o estudo formal da literatura
requerer o planejamento de um momento específico para serem
brasileira no Ensino Médio, mantendo o foco da atenção nos
estudadas.
textos literários, propomos o estudo comparativo de temas e
Convém ressaltar que, no Eixo II, os tópicos de 23 a 26,
motivos constantes na nossa literatura. Trata-se daqueles temas
indicados para o 2º EM, se relacionam essencialmente com
e motivos que, desde a carta de Pero Vaz de Caminha, estão
o tópico 22 do 1º EM — Variação linguística no português
presentes na nossa literatura e também na canção popular e em
brasileiro. Assim, o aluno estuda aspectos mais gerais de
outras manifestações culturais — como as concepções de Brasil
variação linguística no 1º EM e segue desenvolvendo esse estudo
como Terra Prometida ou como Paraíso terreal, do governante
no 2º EM, comparando usos do português padrão (PP) com usos
como o Pai de Todos, da redenção dos pobres pela fé, entre
do português não padrão (PNP), no que diz respeito a pronomes,
outros.

Conteúdo Específico 154


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APOSTILAS OPÇÃO
Para cada um dos tópicos desse tema — O autor e seu fazer literário, Discursos fundadores, O amor e a mulher, O índio, O negro,
etc. —, sugerimos a elaboração de uma unidade temática, que reúna textos de autores representativos da literatura brasileira e outras
manifestações culturais em torno do assunto (pintura, escultura, música, cinema...), do século XVI aos nossos dias.

Para a abordagem dos textos desse tema, deve-se levar em conta não só as competências e habilidades citadas na planilha do Eixo
III, mas também as do Eixo I, para o devido estudo dos gêneros desses textos no que diz respeito à contextualização (tópicos 1 e 2), à
tematização (tópicos 3 a 5), à enunciação (tópicos 6 e 7), à textualização do discurso narrativo (tópico 8), do discurso descritivo (tópico
10) e do discurso poético (tópico 14).

Tema 2: Estilos de época na literatura brasileira e em outras manifestações culturais

Para compor o CBC Ampliado do 3º EM e do 4º EM, propomos uma visão geral dos estilos de época na literatura brasileira e em
outras manifestações culturais, o que é uma forma de retomar, recursivamente, o Tema 1, desenvolvido nas séries anteriores.

Observação
· A Resolução SEE-MG nº. 833, de 24 de novembro de 2006, prevê, no 1º EM, que o Ensino Médio Regular Diurno tenha cerca de 40
módulos-aula anuais a mais que o Ensino Médio Regular Noturno, o EJA e o Projeto de Aceleração de Estudos. Diferença semelhante
também se observa, no 2º EM, entre as ênfases Ciências Humanas e Ciências da Natureza; e ainda, no 3º EM e no 4º EM, entre as ênfases
Ciências Humanas, Ciências Exatas e Ciências Biológicas. Em todas as séries, esses 40 módulos-aula anuais podem ser destinados a
projetos a serem desenvolvidos pelos alunos, sem necessidade de aumentar o número de tópicos de conteúdo.

Conteúdo Básico Comum do Ensino Médio

Eixo Temático I
Compreensão e Produção de Textos

Tema 1: Gêneros
1º EM CBC Crônicas, contos, romances, novelas, cordel (e outras narrativas orais).

Resumos, notas, notícias, reportagens, artigos de divulgação científica,


atas e relatórios.

Retrato ou perfil.

Poemas.

Entrevistas, charges e tirinhas.

2º EM CBC Dissertações, exposições de livros didáticos e técnicos.


Todas as ênfases curriculares
Artigos de opinião, editoriais, cartas argumentativas, ensaios, resenhas.

Anúncios publicitários, artigos de aconselhamento e autoajuda, leis,


estatutos, regulamentos, instruções de confecção, operação ou montagem,
cartilhas educativas.

Entrevistas; charges e tirinhas.

3º EM e 4º EM CBC Artigo de opinião, carta argumentativa, dissertação argumentativa,


Ampliado Todas as ênfases curriculares dissertação expositiva.

Prova de concurso vestibular e outros.

Curriculum vitae.

Conteúdo Específico 155


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APOSTILAS OPÇÃO
Competência: Compreender e produzir textos, orais ou escritos, de diferentes gêneros.

Subtema: Operação de contextualização


Séries
1º EM, 2º EM, 3º EM e 4º EM
TÓPICOS E SUBTÓPICOS DE CONTEÚDO HABILIDADES E DETALHAMENTO DAS
HABILIDADES
1. Contexto de produção, circulação e recepção de textos 1.0. Considerar os contextos de produção, circulação e
recepção de textos, na compreensão e na produção textual,
• Situação comunicativa: produtor e produtiva e autonomamente.
destinatário, tempo e espaço da produção; grau de
intimidade entre os interlocutores. 1.1. Reconhecer o gênero de um texto a partir de seu contexto
• Suporte de circulação do texto e localização de produção, circulação e recepção.
do texto dentro do suporte.
• Contexto histórico. 1.2. Usar índices, sumários, cadernos e suplementos de jornais,
• Pacto de recepção do texto. livros e revistas para identificar, na edição, textos de diferentes
• Domínio discursivo, objetivo da interação gêneros.
textual e função sociocomunicativa do gênero. 1.3. Situar um texto no momento histórico de sua produção
• Situações sociais de uso do texto / gênero. a partir de escolhas linguísticas (lexicais ou morfossintáticas) e/
• Variedades linguísticas: relações com a ou de referências (sociais, culturais, políticas ou econômicas) ao
situação comunicativa, o contexto de época, o suporte contexto histórico.
e as situações sociais 1.4. Reconhecer semelhanças e diferenças de tratamento dado
a um mesmo tópico discursivo em textos de um mesmo gênero,
veiculados por suportes diferentes.
1.5. Reconhecer semelhanças e diferenças de tratamento dado
a um mesmo tópico discursivo em textos de diferentes gêneros.
1.6 Ler textos de diferentes gêneros, considerando o pacto de
recepção desses textos.
1.7. Reconhecer o objetivo comunicativo (finalidade ou função
sociocomunicativa) de um texto ou gênero textual.
1.8. Identificar o destinatário previsto para um texto a partir do
suporte e da variedade linguística (+ culta / - culta) ou estilística (+
formal / - formal) desse texto.
1.9. Analisar mudanças na imagem dos interlocutores de um
texto ou interação verbal em função da substituição de certos
índices contextuais e situacionais (marcas dialetais, níveis de
registro, jargão, gíria) por outros.
1.10. Relacionar tópicos discursivos, valores e sentidos
veiculados por um texto a seu contexto de produção, de circulação
e de recepção.
1.11. Relacionar gênero textual, suporte, variedade linguística
e estilística e objetivo comunicativo da interação.
1.12. Relacionar os gêneros de texto às práticas sociais que os
requerem.
1.13. Reconhecer, em um texto, marcas da identificação política,
religiosa, ideológica ou de interesses econômicos do produtor.
1.14. Participar de situações comunicativas,- empregando
a variedade e o estilo de linguagem adequados à situação
comunicativa, ao interlocutor e ao gênero;- respeitando, nos
gêneros orais, a alternância dos turnos de fala que se fizer
necessária;- assumindo uma atitude respeitosa para com
a variedade linguística do interlocutor;- reconhecendo a
variedade linguística do interlocutor como parte integrante de
sua identidade.1.15. Retextualizar um texto, buscando soluções
compatíveis com o domínio discursivo, o gênero, o suporte e o
destinatário previsto.1.16. Selecionar informações para a produção
de um texto, considerando especificações (gênero, suporte,
destinatário, objetivo da interação...) previamente estabelecidas.
2. Referenciação bibliográfica, segundo 2.0. Integrar referenciação bibliográfica à compreensão
normas da ABNT, de textos, produtiva e autonomamente.

• de jornais e textos de jornais; 2.1. Interpretar referências bibliográficas de textos


• de revistas e textos de revista; apresentados.
• de livros e partes de livro; 2.2. Localizar, em jornais, revistas, livros e sites, dados
• de sites e artigos da internet. de identificação de textos para elaboração de referências
bibliográficas.
2.3. Referenciar textos e suportes em trabalhos escolares,
segundo normas da ABNT.

Conteúdo Específico 156


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APOSTILAS OPÇÃO
Subtema: Operação de tematização

Séries
1º EM, 2º EM, 3º EM e 4º EM
TÓPICOS E SUBTÓPICOS DE CONTEÚDO HABILIDADES E DETALHAMENTO DAS
HABILIDADES
3. Organização temática 3.0. Construir coerência temática na compreensão e na
produção de textos, produtiva e autonomamente.
• Relação título-texto (subtítulos/partes do texto).
Hierarquização de tópicos e subtópicos temáticos. 3.1. Relacionar título e subtítulos a um texto ou partes de um
• Consistência: pertinência, sufi ciência e relevância das texto.
ideias do texto. • Implícitos, pressupostos e subentendidos. 3.2. Justificar o título de um texto ou de partes de um texto.
3.3. Reconhecer a organização temática de um texto,
identificando
- a ordem de apresentação das informações no texto;
- o tópico (tema) e os subtópicos discursivos do texto.
1.4. Reconhecer informações explícitas em um texto.
1.5. Inferir informações (dados, fatos, argumentos,
conclusões...) implícitas em um texto.
1.6. Correlacionar aspectos temáticos de um texto.
1.7. Sintetizar informações de um texto em função de
determinada solicitação.
1.8. Avaliar a consistência (pertinência, suficiência e
relevância) de informações de um texto.
1.9. Corrigir problemas relacionados à consistência
(pertinência, suficiência e relevância) das informações de um texto.
1.10. Comparar textos que falem de um mesmo tema
quanto ao tratamento desse tema.
1.11. Produzir textos com organização temática adequada aos
contextos de produção, circulação e recepção.

4. Seleção lexical e efeitos de sentido • Recursos lexicais e semânticos 4.0. Usar, produtiva e autonomamente, a seleção lexical
de expressão: sinonímia, antonímia, hiperonímia, hiponímia, neologia, como estratégia de produção de sentido e focalização temática,
comparação, metáfora, metonímia... na compreensão e na produção de textos.
• Significação de palavras e expressões.
4.1. Inferir o significado de palavras e
• Efeitos de sentido da seleção lexical do texto: expressões usadas em um texto.
focalização temática, ambiguidade, contradições, 4.2. Reconhecer recursos lexicais e semânticos usados em um
imprecisões e inadequações semânticas intencionais e não texto e seus efeitos de sentido.
intencionais, modalização do discurso, estranhamento, 4.3. Usar, em um texto, recursos lexicais e semânticos adequados
ironia, humor... aos efeitos de sentido pretendidos.
4.4. Identificar, em um texto, inadequações lexicais, imprecisões
e contradições semânticas.
4.5. Explicar inadequações lexicais, imprecisões e contradições
semânticas de um texto.
4.6. Corrigir, em um texto, inadequações lexicais, imprecisões e
contradições semânticas.
4.7. Produzir novos efeitos de sentido em um texto por meio de
recursos lexicais e semânticos.

5. Signos não verbais (sons, ícones, imagens, grafismos, 5.0. Integrar informação verbal e não verbal na
gráficos, tabelas...). compreensão e na produção de textos, produtiva e
autonomamente.
• Valor informativo.
• Qualidade técnica. 5.1. Relacionar sons, imagens, gráficos e tabelas a informações
• Efeitos expressivos. verbais explícitas ou implícitas em um texto.

Conteúdo Específico 157


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APOSTILAS OPÇÃO
Subtema: Operação de enunciação

Séries
1º EM, 2º EM, 3º EM e 4º EM
TÓPICOS E SUBTÓPICOS DE CONTEÚDO HABILIDADES E DETALHAMENTO DAS
HABILIDADES
6. Vozes do discurso 6.0. Reconhecer e usar estratégias de enunciação
na compreensão e na produção de textos, produtiva e
• Vozes locutoras e seus respectivos destinatários (alocutários). autonomamente.
• Recursos linguísticos de representação do locutor e/ou do
destinatário do texto e seus efeitos de sentido. 6.1. Reconhecer e usar, em um texto, estratégias de representação
• Recursos linguísticos de não representação do locutor e/ou do de seus interlocutores (vozes locutoras e alocutários). 6.2. Reconhecer
destinatário do texto e seus efeitos de sentido. e usar, em um texto, estratégias de não representação de seus
• Vozes sociais (não locutoras) mencionadas no texto: interlocutores (vozes locutoras e alocutários). 6.3. Interpretar efeitos
representações e efeitos de sentido. de sentido decorrentes da representação ou da não representação, em
• Variação linguística no discurso das vozes e seus efeitos de um texto, de suas vozes (locutoras ou sociais) e alocutários.
sentido. 6.4. Interpretar efeitos de sentido decorrentes de variedades
• Modalização e argumentatividade: uso de recursos linguísticas e estilísticas usadas em um texto.
linguísticos (entoação e sinais de pontuação, adjetivos, substantivos, 6.5. Reconhecer estratégias de modalização e argumentatividade
expressões de grau, verbos e perífrases verbais, advérbios, operadores usadas em um texto e seus efeitos de sentido.
de escalonamento, etc.) como meios de expressão ou pistas do 6.6. Explicar estratégias de modalização e argumentatividade
posicionamento enunciativo das vozes do texto e de persuasão dos usadas em um texto e seus efeitos de sentido. 6.7. Usar estratégias
alocutários. de modalização e argumentatividade na produção de textos. 6.8.
• Tipos de discursos (ou sequências discursivas) usados em um Identificar tipos de discurso ou de sequências discursivas usadas
texto pelo locutor: narração, relato, descrição, exposição, argumentação, pelos locutores
injunção, diálogo...
• Focos enunciativos do texto (locutor onisciente,

locutor protagonista, locutor testemunha e outros) e seus efeitos de em um texto e seus efeitos de sentido. 6.9. Reconhecer e usar
sentido. focos enunciativos (pontos de vista) adequados aos efeitos de sentido
• Posicionamentos enunciativos das vozes (locutoras e sociais) pretendidos.
do texto: 6.10. Reconhecer posicionamentos enunciativos presentes em um
• relações de divergência (oposição e confronto) ou de texto e suas vozes representativas.
semelhança (aliança ou complementação). • efeitos de sentido decorrentes 6.11. Identificar relações de diversidade (contradição,
do domínio de um posicionamento enunciativo (texto autoritário), do oposição) ou de semelhança (aliança e/ou complementação) entre
confronto e desconstrução de posicionamentos enunciativos (texto posicionamentos enunciativos presentes em um texto.
polêmico), do diálogo entre posicionamentos enunciativos (texto lúdico). 6.12. Reconhecer, em um texto, efeitos de sentido
decorrentes
-do domínio de determinado posiciona mento enunciativo;
- da desconstrução de posicionamento(s) enunciativo(s);
- do diálogo entre diferentes posicionamentos tosa
enunciativos. 6.13. Representar, produtiva e autonomamente,
posicionamentos enunciativos em textos.
6.14. Posicionar-se criticamente frente a
posicionamentos enunciativos presentes em um texto.
6.15. Reconhecer estratégias de enunciação de uso frequente em
determinado gênero a partir da leitura de vários textos desse gênero.
7. Intertextualidade e metalinguagem 7.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente,
estratégias de intertextualidade e metalinguagem na
• Intertextualidade: estratégias (citação, epígrafe, alusão, compreensão e na produção de textos.
referência, paráfrase, paródia, pastiche) e efeitos de sentido.
• Metalinguagem: marcas e efeitos de sentido. 7.1. Reconhecer, em um texto, estratégias e/ ou marcas explícitas
de intertextualidade com outros textos, discursos, produtos culturais
ou linguagens e seus efeitos de sentido. 7.2. Explicar efeitos de
sentido de estratégias intertextuais usadas em um texto. 7.3. Usar
estratégias de intertextualidade adequadas aos efeitos de sentido
pretendidos. 7.4. Reconhecer marcas de metalinguagem em um texto
e seus efeitos de sentido. 7.5. Comparar a abordagem temática de
um texto metalinguístico com aquela realizada por outro texto ou
produto cultural igualmente metalinguístico (pintura, escultura, filme,
telenovela...).
7.6. Usar adequadamente a estratégia da metalinguagem em um
texto, em função dos efeitos de sentido pretendidos.

Conteúdo Específico 158


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APOSTILAS OPÇÃO
Subtema: Operação de textualização

Séries

1º EM: tópicos 8, 9, 10 e 14.


2º EM: tópicos 11, 12 e 13.
3º EM e 4º EM: tópicos 11 e 12.

TÓPICOS E SUBTÓPICOS DE CONTEÚDO HABILIDADES E DETALHAMENTO DAS HABILIDADES

8. Textualização do discurso narrativo 8.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente,


• Fases ou etapas: estratégias de textualização do discurso narrativo, na
• exposição ou ancoragem (ambientação da história, compreensão e na produção de textos.
apresentação de personagens e do estado inicial da ação); 8.1. Reconhecer e usar as fases ou etapas da narração em
• complicação ou detonador (surgimento de conflito ou um texto ou sequência narrativa.
obstáculo a ser superado); • clímax (ponto máximo de tensão do 8.2. Reconhecer e usar estratégias de ordenação temporal
conflito); do discurso em um texto ou sequência narrativa.
• desenlace ou desfecho (resolução do conflito ou repouso 8.3. Reconhecer e usar, mecanismos de coesão verbal em
da ação; pode conter a avaliação do narrador acerca dos fatos um texto ou sequência narrativa.
narrados e, ainda, a moral da história). 8.4. Reconhecer e usar marcas linguísticas e gráficas de
• Estratégias de organização: conexão textual em um texto ou sequência narrativa.
- ordenação temporal linear; 8.5. Reconhecer e usar mecanismos de textualização de
- ordenação temporal com retrospecção (flashback); discursos citados ou relatados dentro de um texto ou sequência
- ordenação temporal com prospecção. narrativa.
• Coesão verbal: 8.6. Reconhecer e usar mecanismos de coesão nominal em
• valores do presente, dos pretéritos perfeito, imperfeito, um texto ou sequência narrativa.
mais-que-perfeito e do futuro do pretérito do indicativo. 8.7. Reconhecer e usar recursos linguísticos e gráficos de
• Conexão textual: estruturação de enunciados narrativos.
- marcas linguísticas e gráficas da articulação de sequências 8.8. Reconhecer e corrigir problemas de textualização do
narrativas com sequências de outros tipos presentes no texto; discurso em um texto ou sequência narrativa.
- marcadores textuais de progressão / segmentação 8.9. Retextualizar, produtiva e autonomamente, narrativas
temática: articulações hierárquicas, temporais e/ou lógicas entre orais em narrativas escritas, ou viceversa.
as fases ou etapas do discurso. • Textualização de discursos citados 8.10. Recriar textos narrativos lidos ou ouvidos em textos
ou relatados: direto; indireto; indireto livre. do mesmo gênero ou de gênero diferente.
• Coesão nominal (referenciação): 8.11. Usar, na produção de textos ou sequências narrativas
- estratégias de introdução temática; orais ou escritas, recursos de textualização adequados ao
- estratégias de manutenção e retomada temática. discurso, ao gênero, ao suporte, ao destinatário e ao objetivo
• Organização linguística do enunciado narrativo: recursos da interação.
semânticos e morfossintáticos mais característicos e/ou frequentes.
9. Textualização do discurso de relato
9.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente,
• Fases ou etapas do relato noticioso: estratégias de textualização do discurso de relato, na
• sumário (título, subtítulo e lide): relato sumariado do compreensão e na produção de textos.
acontecimento (quem, o quê, quando, onde, como, por quê); •
continuação do acontecimento noticiado no lide: relato com detalhes 9.1. Reconhecer e usar as fases ou etapas do discurso de
sobre as pessoas envolvidas, repercussões, desdobramentos, relato em um texto ou sequência de relato.
comentários. 9.2. Distinguir fato de opinião em um texto ou sequência
• Estratégias de organização: de relato.
• ordenação temporal linear; 9.3. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente,
• ordenação temporal com retrospecção (flashback); estratégias de ordenação temporal do discurso em um texto ou
• ordenação temporal com prospecção. sequência de relato.
• Coesão verbal: 9.4. Reconhecer e usar mecanismos de coesão verbal em
• valores do presente, dos pretéritos perfeito, imperfeito, um texto ou sequência de relato.
mais-que-perfeito, do futuro do presente e do futuro do pretérito 9.5. Reconhecer e usar marcas linguísticas e gráficas de
do indicativo. conexão textual em um texto ou sequência de relato.
• Conexão textual: 9.6. Reconhecer e usar mecanismos de
• marcas linguísticas e gráficas da articulação de textualização de discursos citados ou relatados dentro de
sequências de relato com sequências de outros tipos presentes um texto ou sequência de relato.
no texto; 9.7. Reconhecer e usar mecanismos de coesão nominal em
• marcadores textuais da progressão / um texto ou sequência de relato.
segmentação temática: articulações hierárquicas, temporais e/ 9.8. Reconhecer e usar recursos linguísticos e gráficos de
ou lógicas entre as fases ou etapas do discurso de relato. estruturação de enunciados de relato.
• Textualização de discursos citados ou relatados: 9.9. Reconhecer e corrigir problemas de textualização do
• direto; discurso em um texto ou sequência de relato.
• indireto; 9.10. Retextualizar, produtiva e autonomamente, relatos
• resumo com citações. orais em relatos escritos, ou vice-versa.
• Coesão nominal: 9.11. Recriar relatos lidos ou ouvidos em textos do mesmo
• estratégias de introdução temática; gênero ou de gênero diferente. 9.12. Usar, na produção de
• estratégias de manutenção e retomada temática. textos ou sequências de relato orais ou escritas, recursos de
• Organização linguística do enunciado de relato: textualização adequados ao discurso, ao gênero, ao suporte, ao
recursos semânticos e morfossintáticos mais característicos e/ destinatário e ao objetivo da interação.
ou frequentes.

Conteúdo Específico 159


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APOSTILAS OPÇÃO
10. Textualização do discurso descritivo
• Fases ou etapas:
• introdução do tema por uma forma nominal ou tema- 10.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente,
título no início, no fim ou no curso da descrição; estratégias de textualização do discurso descritivo, na
• enumeração de diversos aspectos do tópico discursivo, compreensão e na produção de textos.
com atribuição de propriedades a cada um deles;
• relacionamento dos elementos descritos a outros por 10.1. Reconhecer e usar as fases ou etapas da descrição em
meio de comparação ou metáfora. um texto ou sequência descritiva.
• Estratégias de organização: 10.2. Reconhecer e usar estratégias de organização da
• subdivisão; descrição em um texto ou sequência descritiva.
• enumeração; 10.3. Reconhecer e usar mecanismos de coesão verbal em
• exemplificação; um texto ou sequência descritiva.
• analogia; 10.4. Reconhecer e usar marcas linguísticas e gráficas de
• comparação ou confronto; • outras. conexão textual em um texto ou sequência descritiva.
• Coesão verbal: 10.5. Reconhecer e usar mecanismos de textualização de
• valores do presente e do pretérito imperfeito, do pretérito discursos citados ou relatados dentro de um texto ou sequência
perfeito e do futuro do indicativo. descritiva. 10.6. Reconhecer e usar mecanismos de coesão
• Conexão textual: nominal em um texto ou sequência descritiva.
• marcas linguísticas e gráficas da articulação de sequências 10.7. Reconhecer e usar recursos linguísticos e gráficos de
descritivas com sequências de outros tipos presentes no texto; estruturação de enunciados descritivos.
• marcadores textuais da progressão/ segmentação 10.8. Reconhecer e corrigir problemas de textualização do
temática: articulações hierárquicas, temporais e/ou lógicas entre discurso em um texto ou sequência descritiva.
as fases ou etapas do discurso descritivo. 10.9. Retextualizar, produtiva e autonomamente, descrições
• Textualização de discursos citados ou relatados: orais em descrições escritas, ou vice-versa.
• direto; 10.10. Recriar descrições lidas ou ouvidas em textos do
• indireto; mesmo gênero ou de gênero diferente.
• indireto livre. 10.11. Usar, na produção de textos ou sequências descritivas
• Coesão nominal: orais ou escritas, recursos de textualização adequados ao
• estratégias de introdução temática; discurso, ao gênero, ao suporte, ao destinatário e ao objetivo
• estratégias de manutenção e retomada temática. da interação.
• Organização linguística do enunciado descritivo:
recursos semânticos e morfossintáticos mais característicos e/
ou frequentes.
11. Textualização do discurso expositivo 11.0. Reconhecer e usar, produtiva e
• Fases ou etapas:
• constatação: introdução de um fenômeno ou fato tomado
como incontestável; • problematização: colocação de questões da
ordem do porquê ou do como; autonomamente, estratégias de textualização do
• resolução ou explicação: resposta às questões colocadas; discurso expositivo, na compreensão e na produção de
• conclusão-avaliação: retomada da constatação inicial textos.
• Estratégias de organização:
• definição analítica; 11.1. Reconhecer e usar as fases ou etapas da exposição em
• explicação; um texto ou sequência expositiva.
• exemplificação; 11.2. Reconhecer e usar estratégias de organização da
• analogia; exposição em um texto ou sequência expositiva.
• comparação ou confronto; 11.3. Reconhecer e usar mecanismos de coesão verbal em
• causa-e-consequência; um texto ou sequência expositiva.
• outras. 11.4. Reconhecer e usar marcas linguísticas e gráficas de
• Coesão verbal: conexão textual em um texto ou sequência expositiva.
• valores do presente do indicativo e do futuro do presente 11.5. Reconhecer e usar mecanismos de textualização de
do indicativo; discursos citados ou relatados dentro de um texto ou sequência
• correlação com tempos do subjuntivo. • Conexão textual: expositiva. 11.6. Reconhecer e usar mecanismos de coesão
• marcas linguísticas e gráficas da articulação de sequências nominal em um texto ou sequência expositiva.
expositivas com sequências de outros tipos presentes no texto; 11.7. Reconhecer e usar recursos linguísticos e gráficos de
• marcadores textuais da progressão/ segmentação estruturação de enunciados expositivos.
temática: articulações hierárquicas, temporais e/ou lógicas entre 11.8. Reconhecer e corrigir problemas de textualização do
as fases ou etapas do discurso expositivo. discurso em um texto ou sequência expositiva.
• Textualização de discursos citados ou relatados: 11.9. Retextualizar, produtiva e autonomamente, discursos
- direto; expositivos orais em discursos expositivos escritos, ou vice-
- indireto; versa.
- paráfrase; 11.10. Recriar exposições lidas ou ouvidas em textos
- resumo com citações. mesmo gênero ou de gênero diferente. 11.11. Usar, na produção
• Coesão nominal: de textos ou sequências expositivas orais ou escritas, recursos
- estratégias de introdução temática; de textualização adequados ao discurso, ao gênero, ao suporte,
- estratégias de manutenção e retomada temática. • ao destinatário e ao objetivo da interação.
Organização linguística do enunciado expositivo:
recursos semânticos e morfossintáticos mais característicos e/
ou frequentes.

Conteúdo Específico 160


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APOSTILAS OPÇÃO
12. Textualização do discurso argumentativo
• Fases ou etapas:
- proposta: questão polêmica, explícita ou implícita no
texto, diante da qual o locutor toma uma posição;
- proposição: posicionamento favorável ou desfavorável do
locutor em relação à proposta, orientador de toda a argumentação; 12.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente,
- comprovação: apresentação de provas que sustentam a estratégias de textualização do discurso argumentativo, na
proposição do locutor, assegurando a veracidade ou validade dela e compreensão e na produção de textos.
permitindo-lhe chegar à conclusão; 12.1. Reconhecer e usar as fases ou etapas da argumentação
- conclusão: retomada da proposta e/ou uma possível em um texto ou sequência argumentativa.
decorrência dela. • Estratégias de organização: 12.2. Reconhecer e usar estratégias de organização da
• causa -e-consequência; argumentação em um texto ou sequência argumentativa.
• comparação ou confronto; 12.3. Reconhecer e usar mecanismos de coesão verbal em
- concessão restritiva; um texto ou sequência argumentativa.
- exemplificação; 12.4. Reconhecer e usar marcas linguísticas e gráficas de
- analogia; conexão textual em um texto ou sequência argumentativa.
- argumentação de autoridade; - outras. 12.5. Reconhecer e usar mecanismos de textualização de
• Coesão verbal; discursos citados ou relatados dentro de um texto ou sequência
- valores do presente do indicativo e do futuro do presente argumentativa.
do indicativo; 12.6. Reconhecer e usar mecanismos de
- correlação com tempos do subjuntivo. coesão nominal em um texto ou sequência argumentativa.
• Conexão textual: 12.7. Reconhecer e usar recursos linguísticos e gráficos de
- marcas linguísticas e gráficas da articulação de sequências estruturação de enunciados argumentativos.
argumentativas com sequências de outros tipos presentes no texto; 12.8. Reconhecer e corrigir problemas de textualização do
-marcadores textuais da progressão/segmentação temática: discurso em um texto ou sequência argumentativa.
articulações hierárquicas, temporais e/ou lógicas entre as fases ou 12.9. Retextualizar, produtiva e autonomamente, discursos
etapas do discurso argumentativo. argumentativos orais em discursos argumentativos escritos, ou
• Textualização de discursos citados ou relatados: viceversa.
- direto; 12.10. Recriar textos argumentativos lidos ou ouvidos em
- indireto; textos do mesmo gênero ou de gênero diferente.
- paráfrase; 12.11. Usar, na produção de textos ou sequências
- resumo com citações. argumentativas orais ou escritas, recursos de textualização
• Coesão nominal: adequados ao discurso, ao gênero, ao suporte, ao destinatário e
- estratégias de introdução temática; - estratégias de ao objetivo da interação.
manutenção e retomada.
• Organização linguística do enunciado argumentativo:
recursos semânticos e morfossintáticos mais característicos e/ou
frequentes no enunciado argumentativo.

13. Textualização do discurso injuntivo 13.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente,


• Fases ou etapas: estratégias de textualização do discurso injuntivo, na
• exposição do macrobjetivo acional: indicação de um compreensão e na produção de textos.
objetivo geral a ser atingido sob a orientação de um plano de 13.1. Reconhecer e usar as fases ou etapas da injunção
execução, ou seja, de um conjunto de comandos; em um texto ou sequência injuntiva. 13.2. Reconhecer e
• apresentação dos comandos: disposição de um conjunto usar estratégias de organização do discurso em um texto ou
de ações (sequencialmente ordenadas ou não) a ser executado para sequência injuntiva.
que se possa atingir o macrobjetivo; 13.3. Reconhecer e usar mecanismos de coesão verbal em
• justificativa: esclarecimento dos motivos pelos quais o um texto ou sequência injuntiva.
destinatário deve seguir os comandos estabelecidos. 13.4. Reconhecer e usar marcas linguísticas e gráficas de
• Estratégias de organização: conexão textual em um texto ou sequência injuntiva.
• plano de execução cronologicamente ordenada; 13.5. Reconhecer e usar mecanismos de textualização de
• plano de execução não cronologicamente ordenada. discursos citados ou relatados dentro de um texto ou sequência
• Coesão verbal: injuntiva. 13.6. Reconhecer e usar mecanismos de coesão
• valores do modo imperativo e seus substitutos (infinitivo, nominal em um texto ou sequência injuntiva.
gerúndio e futuro de presente). • Conexão textual: 13.7. Reconhecer e usar recursos linguísticos e gráficos de
• marcas linguísticas e gráficas da articulação do discurso estruturação de enunciados injuntivos.
injuntivo com outros discursos e sequências do texto; 13.8. Reconhecer e corrigir problemas de textualização do
• marcadores textuais da progressão / segmentação discurso em um texto ou sequência injuntiva.
temática: articulações hierárquicas, temporais e/ou lógicas entre as 13.9. Retextualizar, produtiva e autonomamente, discursos
fases ou etapas do discurso injuntivo. • Textualização de discursos injuntivos orais em discursos injuntivos escritos, ou vice-versa.
citados ou relatados: 13.10. Recriar textos injuntivos lidos ou ouvidos em textos do
direto; indireto; resumo com citações. mesmo gênero ou de gênero diferente..
• Coesão nominal: 13.11. Usar, na produção de textos ou sequências injuntivas
• estratégias de introdução temática; orais ou escritas, recursos de textualização adequados ao
• estratégias de manutenção e retomada temática. • Organização discurso, ao gênero, ao suporte, ao destinatário e ao objetivo
linguística do enunciado injuntivo: recursos semânticos e da interação.
morfossintáticos mais característicos e/ou frequentes.
14.0. Reconhecer e usar, produtiva e autonomamente,
estratégias de textualização do discurso poético, na
compreensão e na produção de textos.
14.1. Reconhecer estratégias musicais e visuais do discurso
poético em um texto ou sequência textual literária.
14.2. Reconhecer efeitos de sentido de estratégias musicais
e visuais do discurso poético em um texto ou sequência
14. Textualização do discurso poético literária.
14.3. Usar, em um texto ou sequência textual, estratégias
• O estrato fônico e as estratégias musicais. visuais e musicais do discurso poético em função dos efeitos de
• O estrato óptico e as estratégias visuais. sentido pretendidos.
• O estrato semântico e a construção de imagens poéticas. 14.4. Reconhecer imagens poéticas em um texto ou
sequência literária.
14.5. Reconhecer efeitos de sentido de imagens poéticas,
em um texto ou sequência literária. 14.6. Construir imagens
poéticas adequadas aos efeitos de sentido pretendidos.
14.7. Reconhecer o uso de estratégias do discurso poético
e seus efeitos de sentido, em discursos, textos ou gêneros
literários ou não (canções, contos, romances, anúncios
publicitários, slogans, provérbios, filmes, telenovelas, etc.).

Conteúdo Específico 161


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APOSTILAS OPÇÃO
Tema 2: Suportes textuais 16.0. Ler capas de revistas,
Subtema: Revistas produtiva e autonomamente.

16.1. Identificar e justificar


Competência: Ler revistas, produtiva e autonomamente. a presença constante de
determinados elementos em
Séries capas de revistas (título, logotipos
da revista e da editora, data de
1º EM publicação, edição, número, preço,
HABILIDADES E etc.).
TÓPICOS E SUBTÓPICOS 16.2. Associar o projeto
DETALHAMENTO DAS
DE CONTEÚDO gráfico da capa às suas funções
HABILIDADES
comunicativas de identificar o
15.0. Ler revistas, produtiva suporte, sintetizar a edição e
e autonomamente, considerando seduzir o leitor.
a organização desse suporte e 16.3. Avaliar fotos de capas
suas relações com o público-alvo. quanto ao valor informativo
(relação com o fato documentado),
15.1. Usar sumário ou a qualidade técnica (nitidez,
índice de revistas para localizar ineditismo, disposição na capa)
seções, colunas e matérias e/ou e seus efeitos expressivos
reconhecer o tema e/ou o objetivo (focalização, efeitos de luz e
comunicativo dessas matérias. sombra, detalhes essenciais, valor
15.2. Relacionar a identidade simbólico de gestos e posturas).
de uma revista a seu tema-título, 16.4. Identificar a matéria de
a seu formato e projeto gráfico, capa entre as chamadas.
à seleção e ao tratamento de 16.5. Inferir a importância dada
temas, às variedades linguísticas 16. Capa de revista às matérias de uma revista a partir
e estilísticas de suas matérias, aos da análise da capa, do sumário,
anúncios publicitários veiculados das fotos e do número de páginas
por ela. dedicadas a cada uma delas.
15.3. Relacionar o público-alvo 16.6. Relacionar a omissão de
15. Organização do de uma revista a seu tema-título, informações nas chamadas de capa
suporte revista: relações a seu formato e projeto gráfico, à a supostos conhecimentos do leitor
com o público-alvo seleção e ao tratamento de seus previsto.
temas, às variedades linguísticas 16.7. Identificar e explicar
• Composição (capa, e estilísticas de suas matérias, aos índices de sedução do leitor e/ou
expediente, sumário, seções, anúncios publicitários veiculados de sensacionalismo em capas de
colunas...). por ela. revistas.
• Formato. 15.4. Explicar efeitos de sentido 16.8. Redigir chamadas de capa
• Projeto gráfico decorrentes da publicação de um para diferentes revistas a partir
(logomarca, variedade anúncio publicitário em diferentes de um acontecimento de interesse
de fontes ou caracteres gêneros de revistas. público.
tipográficos, cores, imagens). 15.5. Identificar as funções 16.9. Distinguir matérias
• Caracterização e funções sociais de diferentes tipos de educativas, informativas, de
sociocomunicativas do revistas. entretenimento e de formação
suporte e suas partes. • Pactos 15.6. Identificar, em matérias de opinião a partir da análise das
e finalidades de leitura. de revistas, marcas linguísticas de chamadas de capa de uma revista.
• Variedade de dialetos sociais: seleção vocabular, 16.10. Reconhecer e
temas, gêneros e domínios jargões, clichês... explicar efeitos de sentido de
discursivos. 15.7. Reconhecer efeitos de diferenças observadas entre a
sentido do uso de metáforas em chamada da capa, do sumário e
artigos de revistas. o título ou subtítulo da matéria
15.8. Reconhecer efeitos de correspondente nas páginas
sentido do uso de neologismos em internas de uma revista.
artigos de revistas.
15.9. Reconhecer a formação de 17.0. Ler revista,
neologismos usados em matérias considerando criticamente
publicadas em revistas. o tratamento ideológico-
15.10. Reconhecer efeitos linguístico da informação.
de sentido do uso de gírias em
reportagens antigas e recentes. 17.1. Relacionar, em uma
15.11. Relacionar a organização revista, o tratamento ideológico-
do suporte revista às suas funções linguístico da informação, a linha
sociais de entretenimento, editorial e o público-alvo.
educação, informação e formação 17.2. Reconhecer recursos
de opinião. textuais e gráficos que tornam
17. Credibilidade
15.12. Elaborar referências menos ou mais sensacionalista um
do suporte revista:
de revistas e artigos de revista, título ou uma matéria de revista
linha editorial, público-
segundo normas da ABNT. apresentada.
alvo e tratamento 17.3. Inferir o posicionamento
ideológicolinguístico da ideológico, a linha editorial e o
informação. público-alvo de uma revista a partir
da análise de seu projeto gráfico.
• O mito da 17.4. Inferir o posicionamento
imparcialidade jornalística ideológico, a linha editorial e o
• Estratégias de público-alvo de uma revista a partir
objetividade e credibilidade do tema e do tratamento do tema
• Estratégias nas chamadas de capa, nos títulos
de subjetividade e ou subtítulos e nas matérias.
argumentatividade 17.5. Avaliar criticamente o
grau de objetividade e credibilidade
de uma revista a partir da
verificação do uso de estratégias
apropriadas à produção desses
efeitos de sentido.
17.6. Posicionar-se
criticamente frente a uma revista,
considerando o tratamento
ideológico linguístico da
informação e sua linha editorial.

Conteúdo Específico 162


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APOSTILAS OPÇÃO
Subtema: Livros didáticos e técnicos 19. Fatores de legibilidade 19.0 . Fazer uso produtivo
Competência: Ler livros didáticos e técnicos, produtiva e do texto de livros didáticos ou e autônomo de índices de
autonomamente. técnicos legibilidade, na compreensão
de textos de livros didáticos e
• Marcas gráficas de técnicos.
Séries organização temática
2º EM • Marcas linguísticas de 19.1. Reconhecer a
organização temática organização temática do texto
TÓPICOS E SUBTÓPICOS DE HABILIDADES E de um livro didático ou técnico
CONTEÚDO DETALHAMENTO DAS a partir de indicadores gráficos
HABILIDADES (parágrafos, destaques, fontes
especiais, numeração, etc.)
18. Perigrafia de livros 18.0 . Ler livros didáticos e linguísticos (marcadores
didáticos e técnicos e técnicos, considerando, textuais).
produtiva e autonomamente, 19.2. Reconhecer a função
• Capa (sobrecapa, as informações de seus textos de marcadores textuais na
primeira, segunda e quarta capas, perigráficos. organização temática do texto
orelhas, lombada). de um livro didático ou técnico.
• Falsa folha de rosto, 18.1. Reconhecer as 19.3. Ler textos de um
folha de rosto e ficha catalográfica. funções comunicativas da livro didático ou técnico,
• Dedicatória e capa de um livro didático ou recorrendo, conscientemente,
agradecimentos. técnico: identificar a obra a conhecimentos prévios,
• Epígrafe. e o destinatário previsto, inferências e instruções
• Sumário, índices e listas. estabelecer pactos de leitura, formais, semânticas e
• Apresentação, prefácio e motivar o leitor à leitura da discursivas de marcadores
posfácio. obra. textuais.
• Imagens. 18.2. Ler capa de um livro
• R e f e r ê n c i a s didático ou técnico (sobrecapa,
bibliográficas. primeira, segunda e quarta Eixo Temático II
• Apêndices e anexos. capas, orelhas), reconhecendo
o destinatário previsto da obra Competências:
• Glossários. e reconhecendo-se ou não
como esse destinatário.
18.3. Selecionar, pela Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico,
leitura da capa de um livro social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
didático ou técnico, do sumário Reconhecer a língua como instrumento de construção da
e das referências bibliográficas,
obras que atendam a objetivos identidade de seus usuários e da comunidade a que pertencem.
pessoais de leitura. Mostrar-se consciente do conjunto de conhecimentos
18.4. Usar dados da folha de pragmáticos, discursivos, semânticos e formais envolvidos no uso
rosto ou da ficha catalográfica da língua.
de um livro didático ou
técnico para referenciar obras Compreender a necessidade da existência de convenções na
consultadas, fazer empréstimos língua escrita.
em bibliotecas, adquirir livros, Valorizar a escrita como um bem cultural de transformação
catalogar livros pessoais ou de da sociedade.
uso coletivo.
18.5. Reconhecer Usar variedades do português, produtiva e autonomamente.
como práticas discursivas Posicionar-se criticamente contra preconceitos linguísticos.
a dedicatória e os Mostrar uma atitude crítica e ética no que diz respeito ao uso
agradecimentos presentes em da língua como instrumento de comunicação social.
um livro didático ou técnico.
18.6. Justificar a
presença de epígrafes em Séries
um livro didático ou técnico, 1º EM: Tópicos 20, 21 e 22.
relacionando os textos 2º EM: Tópicos 23, 24, 25 e 26.
colocados em diálogo.
18.7. Usar, produtiva e 3º EM e 4º EM: Tópicos 27, 28, 29 e 30.
autonomamente, sumários, Linguagem e Língua
listas e índices para localizar
informações dentro de um livro
didático ou técnico. TÓPICOS E HABILIDADES E
18.8. Avaliar a adequação SUBTÓPICOS DE DETALHAMENTO DAS
das imagens de um livro CONTEÚDO HABILIDADES
didático ou técnico ao texto
verbal, ao projeto gráfico da 20.0. Reconhecer o
obra, ao pacto de leitura e ao sentido como produto de
destinatário previsto. 20. A linguagem como interação
discursivo).
verbal (efeito
18.9. Ler, produtiva e atividade sóciointerativa
autonomamente, fontes
bibliográficas presentes em • Significação 20.1.
e possibilidade Reconhecer a
um livro didático ou técnico: contextos de uso. de uma mesma
referências dentro do texto • Significação e atos forma linguística (palavra,
sintagma ou frase) ter sentidos
verbal, notas de rodapé, notas de linguagem.
de final de capítulo, bibliografia, • Ambiguidade diferentes em um texto ou
etc. • Fatores de sequência textual.
20.2. Reconhecer atos de
18.10. Ler, produtiva e produção de sentido: linguagem
autonomamente, apêndices, realizados no uso da
contexto histórico-cultural, língua (declarar,
anexos e glossários de livros situação comunicativa, perguntar, pedir, afirmar, negar,
didáticos ou técnicos. c o n h e c i m e n t o s avisar, informar, convencer,ordenar,
compartilhados de mundo, persuadir, amedrontar,
de língua e de texto ameaçar, prometer...) como
(gênero e tipo de texto), parte integrante do sentido de
inferência de pressupostos e textos ou sequências textuais.
subentendidos. 20.3. Reconhecer a
ambiguidade como um traço
constitutivo da língua.

Conteúdo Específico 163


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APOSTILAS OPÇÃO
21.0. Reconhecer 24.0. Reconhecer
o caráter histórico, e usar mecanismos de
heterogêneo, variável concordância verbal e
e sensível do léxico aos nominal, produtiva e
contextos de uso. autonomamente.
21.1. Relacionar a origem 24.1. Reconhecer
e a mudança da língua diferenças entre a norma
portuguesa às circunstâncias padrão e o uso não padrão de
21. A língua portuguesa históricas de formação da concordância verbal e nominal
ao longo do tempo nacionalidade portuguesa e da em um texto ou sequência
nacionalidade brasileira. textual.
• Origem e história 21.2. Inferir a origem 24. A concordância da 24.2. Avaliar a adequação
da língua portuguesa de palavras do léxico da verbal e nominal no padrão norma padrão ou não
• O português língua portuguesa com português padrão (PP) e verbal e de concordância
brasileiro e as contribuições base em conhecimentos não padrão (PNP) nominal em um
indígenas e africanas enciclopédicos prévios (dados texto ou sequência textual,
• O português históricoculturais), pistas considerando a situação
brasileiro atual fonéticas, morfossintáticas e comunicativa e o gênero
(empréstimos, neologismos semânticas. do texto. 24.3. Corrigir um
e arcaísmos): nacionalidade 21.3. Analisar as condições texto ou sequência textual,
e globalização de uso e os efeitos de sentido considerando a necessidade
de estrangeirismos. de uso da norma padrão de
21.4. Identificar concordância verbal e nominal.
fatores responsáveis 24.4. Usar a norma padrão
pela incorporação de de concordância verbal
estrangeirismos ao léxico de e nominal em situações
uma língua. comunicativas e gêneros
21.5. Avaliar implicações textuais que a exijam.
políticas, ideológicas e culturais
do uso de estrangeirismos. 25.0. Reconhecer e usar
mecanismos de regência
verbal e nominal, produtiva
22.0. Valorizar as e autonomamente.
variedades do português
brasileiro como elemento de 25.1. Reconhecer
22. Variação linguística identidade cultural. diferenças entre a norma
no português brasileiro padrão e o uso não padrão de
22.1. Reconhecer fatores regência verbal e nominal, em
• Caracterização políticos, sociais e culturais um texto ou sequência textual.
sociolinguística da que estimulam ou inibem a
variação linguística.
25.2. Avaliar a adequação
sociedade brasileira atual: 25. A regência verbal da norma padrão ou não padrão
- o contínuo rural— manifestação 22.2. Reconhecer a e nominal no português de regência verbal e nominal
urbano: sobreposições; linguísticos como de preconceitos padrão (PP) e não padrão em um texto ou sequência
variedades estratégia de
descontínuas discriminação e dominação. (PNP) textual, considerando a
e variedades graduais; situação comunicativa e o
- o contínuo oralidade— crítica 22.3. Mostrar uma atitude gênero do texto.
letramento: eventos de relaçãoe não preconceituosa em
ao uso de variedades
25.3. Corrigir um texto
oralidade e eventos de linguísticas ou sequência textual,
letramento; sobreposições; e estilísticas. considerando a necessidade
• o contínuo de variedades 22.4. Avaliar o uso de de uso da norma padrão de
monitoração estilística: linguísticas e regência verbal e nominal.
variedades de estilo ou estilísticas em um texto, 25.4. Usar a norma padrão
registro menos ou mais considerando a
comunicativa e o gênero
situação de regência verbal e nominal
monitoradas. em situações comunicativas e
• Prestígio e textual.
22.5. Adequar a variedade
gêneros textuais que a exijam.
preconceito linguístico. linguística e/ou estilística 26.0. Reconhecer e
de um texto à situação usar pronomes relativos,
comunicativa e ao gênero do produtiva e autonomamente.
texto.
26.1. Reconhecer, em um
23.0. Reconhecer e texto ou sequência textual,
usar pronomes pessoais, retomadas temáticas feitas por
produtiva e autonomamente. pronomes relativos.
26.2. Reconhecer
23.1. Reconhecer, em um diferenças entre a norma
texto ou sequência textual, padrão e o uso não padrão
referenciações dêiticas e de pronomes relativos
remissivas de pronomes 26. O uso de pronomes (estratégias de relativização).
pessoais e seus efeitos de relativos no português da 26.3. Avaliar a adequação
norma padrão ou não
sentido. 23.2. Reconhecer padrão (PP) e não padrão padrão
diferenças entre a norma (PNP) de pronomes relativos
padrão e o uso não padrão de em um texto ou sequência
pronomes pessoais. textual, considerando a
23. O uso de pronomes 23.3. Avaliar a adequação situação comunicativa e o
pessoais no português da norma padrão ou não gênero do texto.
padrão (PP) e não padrão padrão de pronomes pessoais 26.4. Corrigir um texto
(PNP) em um texto ou sequência ou sequência textual,
textual, considerando a considerando a necessidade
situação comunicativa e o de uso da norma padrão de
gênero do texto. pronomes relativos.
23.4. Corrigir um texto 26.5. Usar a norma padrão
ou sequência textual, de pronome relativo em
considerando a necessidade situações comunicativas e
de uso da norma padrão de gêneros textuais que a exijam.
pronomes pessoais.
23.5. Usar a norma padrão
de emprego de pronomes
pessoais em situações
comunicativas e gêneros
textuais que a exijam.

Conteúdo Específico 164


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APOSTILAS OPÇÃO
27.0. Reconhecer 27.10. Avaliar a
e usar, produtiva e consistência (pertinência,
autonomamente, estratégias suficiência e relevância) de
de organização textual em uma analogia usada como
sequências expositivas e estratégia de esclarecimento
argumentativas. ou de persuasão.
27.11. Avaliar a
27.1. Identificar o tópico consistência (pertinência,
discursivo de uma sequência suficiência e relevância) do
expositiva ou argumentativa. critério semântico usado para
27.2. Identificar a(s) estruturar um confronto ou
estratégia(s) de organização uma comparação.
textual usada(s) em uma 27.12. Corrigir
sequência expositiva ou inconsistências semânticas e
argumentativa. gramaticais de uma sequência
27.3. Justificar o uso de expositiva ou argumentativa
uma determinada estratégia 27.13. Reestruturar
de organização textual em sequência expositiva ou
27. Estratégias de uma sequência expositiva ou argumentativa, substituindo
organização textual de argumentativa, considerando analogias ou exemplos usados
sequências expositivas e a situação comunicativa e o por outros igualmente ou mais
argumentativas tópico discursivo. consistentes.
27.4. Elaborar, para 27.14. Identificar
• Conceituação exemplos apresentados, marcadores linguísticos de
(definição analítica). a generalização de uma organização textual em uma
• Exemplificação sequência expositiva. sequência expositiva ou
• Explicação 27.5. Elaborar, para argumentativa e seus efeitos
• Analogia exemplos apresentados, de sentido.
• Comparação e a tese de uma sequência 27.15. Completar as
confronto argumentativa. lacunas de uma sequência
• C a u s a - e - 27.6. Identificar possíveis expositiva ou argumentativa
consequência • Concessão- critérios de confronto ou com marcadores de
restritiva comparação entre seres, organização textual
• Outras. fenômenos ou fatos a partir adequados à(s) estratégia(s)
de dados apresentados sobre empregada(s).
eles. 27.16. Reestruturar uma
27.7. Introduzir ou sequência expositiva ou
desenvolver uma sequência argumentativa, substituindo
expositiva ou argumentativa, marcadores de organização
usando uma estratégia de textual por outros
organização textual específica. semanticamente equivalentes.
27.8. Avaliar a consistência 27.17. Pontuar
(pertinência, suficiência e corretamente uma sequência
relevância) de uma definição expositiva ou argumentativa,
analítica, considerando a considerando a(s)
situação comunicativa em que estratégia(s) de organização
foi usada. textual empregadas.
27.9. Avaliar a consistência 27.18. Construir uma
(pertinência, suficiência e sequência expositiva ou
relevância) de exemplos para argumentativa, usando a
a conclusão apresentada em estratégia de organização
uma sequência expositiva ou textual solicitada.
argumentativa.

Conteúdo Específico 165


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APOSTILAS OPÇÃO
28.0. Reconhecer e usar
mecanismos de coesão 30.0. Reconhecer e usar
nominal, produtiva e mecanismos de conexão
autonomamente. textual e frasal, produtiva e
28.1. Reconhecer recursos autonomamente.
lexicais de coesão nominal 30.1. Reconhecer princípios
28. Coesão nominal (introdução e retomada sintáticos de estruturação e
temática) em um texto ou encadeamento de sequências
• Coesão nominal com sequência textual. textuais (frase, parte de frase,
recursos lexicais: 28.2. Reconhecer o valor conjunto de frases, etc.) por
- repetição; coesivo de repetições e subordinação, coordenação e
- substituição substituições lexicais em um correlação.
(sinonímia, hiperonímia, texto ou sequência textual. 30.2. Reconhecer efeitos de
hiponímia, nominalização). 28.3. Reconhecer o valor sentidos do uso de operadores
• Coesão nominal com argumentativo de repetições argumentativos em um texto ou
recursos gramaticais: - e substituições lexicais em um sequência textual.
emprego de dêiticos (de texto ou sequência textual. 30.3. Reconhecer o papel
pessoa, de tempo e de 28.4. Reconhecer recursos sintático, semântico e discursivo
espaço); gramaticais de coesão nominal de articuladores em um texto ou
- emprego de artigos (introdução e retomada sequência textual.
(definidos e indefinidos); temática) em um texto ou 30.4. Identificar, em um texto
- emprego de sequência textual. ou sequência textual, efeitos de
pronomes pessoais; 28.5. Reconhecer sentido de construções aditivas,
- emprego de remissões feitas por vocábulos adversativas, alternativas,
pronomes possessivos; gramaticais em um texto explicativas e conclusivas.
- emprego de ou sequência textual. 28.6. 30.5. Identificar, em um texto
pronomes demonstrativos; Reconhecer, em um texto ou ou sequência textual, efeitos de
- emprego de sequência textual, efeitos 30. Conexão textual e sentido de construções causais,
pronomes indefinidos; discursivos de vocábulos frasal consecutivas, concessivas,
- emprego de gramaticais coesivos condicionais, finais, temporais,
pronomes relativos; (artigos, pronomes pessoais, • Conexão sintática, comparativas, proporcionais,
- emprego de possessivos, demonstrativos, semântica e discursiva: conformativas, modais e
palavras e expressões indefinidos, interrogativos e articuladores e operadores locativas. 30.6. Identificar,
adverbiais de valor coesivo. relativos, palavras e expressões argumentativos. em um texto ou sequência
adverbiais). • Processos de textual, efeitos de sentido de
28.7. Avaliar a adequação articulação sintática: construções adjetivas restritivas
de recursos lexicais e subordinação, e explicativas.
gramaticais de introdução coordenação e correlação. 30.7. Identificar, em um texto
e retomada temática para a • O período ou sequência textual, efeitos
coesão e a argumentatividade composto e suas orações. de sentido de construções com
de um • Construções orações substantivas.
c o o r d e n a t i v a s , 30.8. Avaliar a propriedade
texto ou sequência textual. subordinativas e
28.8. Identificar e explicar correlativas: articulação, da seleção de articuladores,
procedimentos coesivos relações temporais, lógicas e estruturas sintáticas e sinais
inadequados à situação discursivas, pontuação. de pontuação em um texto
sociocomunicativa e à ou sequência textual. 30.9.
intencionalidade do produtor Corrigir impropriedades de uso
de um texto ou sequência de articuladores, estruturas
textual. sintáticas e sinais de pontuação
28.9. Corrigir problemas em um texto ou sequência
de coesão nominal em um textual.
texto ou sequência textual. 30.10. Manter ou alterar
28.10. Produzir texto ou o sentido e/ou o efeito
sequência textual com recursos argumentativo de um texto ou
coesivos adequados à situação sequência textual, incluindo,
comunicativa e aos efeitos substituindo, omitindo ou
discursivos e argumentativos deslocando elementos.
pretendidos. 30.11. Relacionar o objetivo
comunicativo e a direção
29.0. Reconhecer e usar argumentativa de sequências
mecanismos de coesão textuais à seleção de itens
verbal em textos orais lexicais e construções sintáticas.
ou escritos, produtiva e 30.12. Estabelecer relações
autonomamente. sintáticas e semânticas
adequadas entre sequências
29.1. Reconhecer, em um textuais.
texto ou sequência textual, 30.13. Produzir textos ou
formas verbais do indicativo sequências textuais com conexão
e seus valores temporais, textual e frasal adequada aos
29. Coesão verbal aspectuais ou modalizadores. efeitos de sentido pretendidos,
29.2. Explicar o valor temporal, à situação comunicativa e ao
• Valores temporais, aspectual ou modalizador de gênero textual.
aspectuais e modalizadores tempos e modos verbais, em
dos tempos verbais do modo um texto ou sequência textual.
indicativo em diferentes 29.3. Avaliar a adequação
discursos. de formas verbais do indicativo Eixo Temático III
• Correlação entre e do subjuntivo em um texto ou
tempos do modo indicativo e sequência textual.
tempos do modo subjuntivo. 29.4. Explicar Competências:
inadequações de coesão verbal
em um texto ou sequência Compreender e usar, produtiva e autonomamente,
textual.
29.5. Corrigir inadequações estratégias de interação com textos literários.
de coesão verbal em um texto Compreender o texto literário como lugar de manifestação de
ou sequência textual. ideologias.
29.6. Empregar, em um
texto ou sequência textual, Posicionar-se, como pessoa e como cidadão, frente aos
formas verbais adequadas aos valores, às ideologias e às propostas estéticas representadas em
efeitos de sentido pretendidos. obras literárias.
Valorizar a leitura literária como forma de compreensão do

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mundo e de si mesmo. 32. Discursos 32.0. Reconhecer os
Reconhecer e explicar efeitos de sentido de metalinguagem fundadores discursos fundadores da
em textos literários. Reconhecer e explicar relações intertextuais brasilidade e seus efeitos
entre diferentes obras da literatura brasileira. de sentido, em textos e
Estabelecer relações intertextuais entre textos literários e manifestações culturais de
produções culturais de outras áreas (cinema, televisão, rádio, diferentes épocas.>
jornal impresso, artes plásticas, música, etc.). Caracterizar, a
partir da leitura de textos literários, formas de representação do 32.1. Caracterizar os
imaginário brasileiro. discursos fundadores em
Localizar, numa linha de tempo, as tendências predominantes textos e outras manifestações
na poesia e na prosa de ficção brasileira. culturais do passado e da
Valorizar manifestações literárias brasileiras como expressão atualidade.
da identidade e da cultura nacional. 32.2. Reconhecer nos
Ler, produtiva e autonomamente, obras e textos literários de discursos ou mitos fundadores
autores brasileiros. do Brasil uma visão de mundo
Produzir textos a partir da leitura crítica e criativa de textos eurocêntrica.
literários. 32.3. Reconhecer,
Organizar ações coletivas de apresentação e discussão de em textos literários e em
textos literários lidos ou ouvidos. outras manifestações
culturais de diferentes
Tema 1 épocas, a perpetuação ou o
questionamento da ideologia
Temas, motivos e estilos na literatura brasileira e em outras dos discursos fundadores.
manifestações culturais Séries 32.4. Relacionar a
1º EM: tópicos 31, 32 e 33. perpetuação de discursos
2º EM: tópicos 34, 35, 36 e 37. fundadores ao silenciamento de
A Literatura Brasileira e outras Manifestações Culturais outras vozes.
33. O índio na 33.0. Relacionar formas
TÓPICOS E HABILIDADES E literatura brasileira diferentes de representação
SUBTÓPICOS DE DETALHAMENTO DAS do índio a contextos
CONTEÚDO HABILIDADES históricos e literários
31. O autor e seu fazer 31.0. Relacionar diferentes.
literário diferentes concepções de
autor e de fazer literário 33.1. Comparar
a contextos históricos e representações do índio em
literários diferentes. textos literários de uma mesma
época ou de épocas diferentes
31.1. Reconhecer o caráter da história literária brasileira.
metalinguístico de um texto 33.2. Reconhecer, em
literário. textos literários apresentados,
31.2. Reconhecer, em o processo de aculturação do
um texto ou obra literária, índio brasileiro.
a concepção de autor e/ 33.3. Reconhecer, em
ou de fazer literário que ela textos literários apresentados,
apresenta. conflitos e formas de resistência
31.3. Comparar concepções do índio.
de autor e de fazer literário 33.4. Reconhecer, na
presentes em textos literários perpetuação de determinados
de uma mesma época ou de discursos sobre o índio, o
épocas diferentes da história silenciamento de outras vozes.
literária brasileira. 33.5. Estabelecer relações
31.4. Estabelecer relações intertextuais entre um
entre um texto literário texto literário e uma outra
metalinguístico e uma manifestação cultural de/sobre
outra manifestação cultural índio.
igualmente metalinguística.

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34. O amor e a mulher 34.0. Relacionar formas 36. O imigrante na 36.0. Relacionar formas
na literatura brasileira diferentes de representação literatura brasileira diferentes de representação
do amor e da mulher a de imigrantes a contextos
contextos históricos e históricos e literários
literários diferentes. diferentes.

34.1. Comparar 36.1. Comparar


representações do amor e da representações de imigrantes
mulher em textos literários de em textos literários de uma
uma mesma época ou de épocas mesma época ou de épocas
diferentes da história literária diferentes da história literária
brasileira. brasileira.
34.2. Reconhecer, em 36.2. Reconhecer, em
textos literários apresentados, textos literários apresentados,
conflitos e formas de resistência conflitos e formas de
do feminino. resistência de diferentes etnias
34.3. Reconhecer, na de imigrantes da população
perpetuação de determinados brasileira.
discursos sobre o amor e/ou 36.3. Reconhecer, na
a mulher, o silenciamento de perpetuação de determinados
outras vozes. discursos sobre imigrantes, o
34.4. Estabelecer relações silenciamento de outras vozes.
intertextuais entre um 36.4. Estabelecer relações
texto literário e uma outra intertextuais entre um
manifestação cultural sobre o texto literário e uma outra
amor e/ou a mulher. manifestação cultural de/sobre
35. O negro na 35.0. Relacionar formas imigrantes.
literatura brasileira diferentes de representação 37. Vida social e 37.0. Relacionar
do negro a contextos política na literatura abordagens diferentes
históricos e literários brasileira da vida social e política
diferentes. brasileira a contextos
históricos e literários
35.1. Comparar diferentes.
representações do negro em
textos literários de uma mesma 37.1. Comparar
época ou de épocas diferentes representações da vida social e
da história literária brasileira. política em textos literários de
35.2. Reconhecer, em uma mesma época ou de épocas
textos literários apresentados, diferentes da história literária
conflitos e formas de resistência brasileira.
do negro. 37.2. Reconhecer, em textos
35.3. Reconhecer, na literários
perpetuação de determinados apresentados, conflitos e
discursos sobre o negro, o formas de resistência de
silenciamento de outras vozes. minorias sociais e políticas
35.4. Estabelecer relações brasileiras. 37.3. Reconhecer, na
intertextuais entre um perpetuação de determinados
texto literário e uma outra discursos sobre minorias
manifestação cultural de/sobre sociais e políticas brasileiras, o
negro. silenciamento de outras vozes.
37.4. Estabelecer relações
intertextuais entre um
texto literário e uma outra
manifestação cultural sobre a
vida social e política brasileira.

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Tema 2: Estilos de época na literatura brasileira e em outras 39.0. Ler textos e obras
manifestações culturais representativos do Barroco
brasileiro, produtiva e
autonomamente.
Séries
3º EM e 4º EM 39.1. Reconhecer a
importância do Barroco brasileiro
para a formação da consciência e
HABILIDADES E da literatura nacional.
TÓPICOS E SUBTÓPICOS 39.2. Identificar, em textos
DETALHAMENTO DAS
DE CONTEÚDO literários do Barroco, marcas
HABILIDADES
discursivas e ideológicas desse
38.0. Ler textos e obras estilo de época e seus efeitos de
representativos do período sentido.
inicial de formação da literatura 39.3. Relacionar
brasileira, produtiva e características discursivas e
autonomamente. ideológicas de obras barrocas
ao contexto histórico de sua
38.1. Reconhecer, nos produção, circulação e recepção.
primeiros textos escritos sobre 39.4. Reconhecer e caracterizar a
o Brasil, o germe da formação da 39. Barroco contribuição
identidade nacional.
38.2. Identificar, em textos dos principais autores
literários do período inicial de barrocos para a literatura
formação da literatura brasileira, nacional.
marcas discursivas e ideológicas e 39.5. Estabelecer relações
seus efeitos de sentido. intertextuais entre textos literários
38.3. Relacionar barrocos e outras manifestações
características dos textos e obras literárias e culturais de épocas
literárias do período inicial de diferentes. 39.6. Identificar efeitos
formação da literatura brasileira a de sentido da metalinguagem e
seu contexto histórico. da intertextualidade em textos
38. Origens da literatura 38.4. Estabelecer relações literários barrocos.
brasileira intertextuais entre textos 39.7 . Posicionar-se, como
literários do período inicial de pessoa e como cidadão, frente a
formação da literatura brasileira valores, ideologias e propostas
e outras manifestações literárias estéticas representadas em obras
e culturais de épocas diferentes. literárias barrocas.
38.5. Identificar efeitos de 39.8. Elaborar textos orais e
sentido da metalinguagem e escritos de análise e apreciação de
da intertextualidade em textos textos literários barrocos.
literários do período inicial de
formação da literatura brasileira. 40.0. Ler textos e obras
38.6. Posicionar-se, como representativos do Arcadismo
pessoa e como cidadão, frente a brasileiro, produtiva e
valores, ideologias e propostas autonomamente.
estéticas representadas em obras
do período inicial de formação da 40.1. Reconhecer a
literatura brasileira. importância do Arcadismo
38.7. Elaborar textos orais e brasileiro para a formação
escritos de análise e apreciação da consciência e da literatura
de textos literários do período nacional.
inicial de formação da literatura 40.2. Identificar, em textos
brasileira. literários do Arcadismo, marcas
discursivas e ideológicas desse
estilo de época e seus efeitos
de sentido. 40.3. Relacionar
características discursivas e
ideológicas de obras árcades
ao contexto histórico de sua
produção, circulação e recepção.
40. Arcadismo ou 40.4. Reconhecer e caracterizar
Neoclassicismo a contribuição dos principais
autores árcades nacionais para a
literatura brasileira.
40.5. Estabelecer relações
intertextuais entre textos
literários árcades e outras
manifestações literárias e
culturais de épocas diferentes.
40.6. Reconhecer efeitos de
sentido da metalinguagem e
da intertextualidade em textos
literários árcades.
40.7. Posicionar-se, como
pessoa e como cidadão, frente a
valores, ideologias e propostas
estéticas representadas em obras
literárias árcades.
40.8. Elaborar textos orais e
escritos de análise e apreciação de
textos literários árcades.

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41.0. Ler textos e obras 43.0. Ler textos e
representativos do Romantismo obras representativos do
brasileiro, produtiva e Parnasianismo brasileiro,
autonomamente. produtiva e autonomamente.
41.1. Reconhecer a 43.1. Reconhecer a
importância do Romantismo importância do
brasileiro para a formação Parnasianismo brasileiro
da consciência nacional e a para a formação da consciência
consolidação da literatura nacional e o desenvolvimento da
brasileira. literatura brasileira.
41.2. Localizar, numa 43.2. Identificar, em textos
linha de tempo, as tendências literários do
predominantes na poesia e Parnasianismo, marcas
na prosa de ficção romântica discursivas e ideológicas desse
brasileira. estilo de época e seus efeitos
41.3. Identificar, em textos de/ de sentido. 43.3. Relacionar
sobre o características discursivas e
Romantismo, marcas ideológicas da poesia parnasiana
discursivas e ideológicas desse brasileira ao contexto histórico
estilo de época e seus efeitos de sua produção, circulação e
de sentido. 41.4. Relacionar recepção.
características discursivas e 43. Parnasianismo 43.4. Reconhecer e
Romantismo ideológicas de obras românticas caracterizar a contribuição
brasileiras ao contexto histórico dos principais autores
de sua produção, circulação e parnasianos nacionais para a
recepção. literatura brasileira.
41.5. Reconhecer e 43.5. Estabelecer relações
caracterizar a contribuição intertextuais entre textos
literários parnasianos e outras
dos principais autores manifestações literárias e culturais
românticos nacionais para a de épocas diferentes.
literatura brasileira. 43.6. Identificar efeitos de
41.6. Estabelecer relações sentido da metalinguagem e
intertextuais entre textos literários da intertextualidade em textos
românticos e outras manifestações literários parnasianos.
literárias e culturais de épocas 43.7. Posicionar-se, como
diferentes. pessoa e como cidadão, frente a
41.7. Posicionar-se, como valores, ideologias e propostas
pessoa e como cidadão, frente a estéticas representadas em obras
valores, ideologias e propostas literárias parnasianas.
estéticas representadas em obras 43.8. Elaborar, produtiva e
literárias românticas. autonomamente, textos orais e
41.8. Elaborar textos orais e escritos de análise e apreciação de
escritos de análise e apreciação de textos literários parnasianos.
textos literários românticos.

42.0. Ler textos e obras 44.0. Ler textos e obras


representativos do representativos do Simbolismo
Realismo / Naturalismo brasileiro produtiva e
brasileiro, produtiva e autonomamente.
autonomamente.
44.1. Reconhecer a
42.1. Reconhecer a importância do Simbolismo
importância do Realismo- brasileiro para a formação
Naturalismo brasileiro para a da consciência nacional e o
formação da consciência nacional desenvolvimento da literatura
e o desenvolvimento da literatura brasileira.
brasileira. 44.2. Identificar, em textos
42.2. Identificar, em literários do Simbolismo, marcas
textos literários do Realismo / discursivas e ideológicas desse
Naturalismo, marcas discursivas estilo de época e seus efeitos
e ideológicas desse estilo de de sentido. 44.3. Relacionar
época e seus efeitos de sentido. características discursivas e
42.3. Relacionar características ideológicas da poesia simbolista
discursivas e ideológicas de obras brasileira ao contexto histórico
realistas / naturalistas brasileiras de sua produção, circulação e
ao contexto histórico de sua recepção.
produção, circulação e recepção. 44.4. Reconhecer e
42. Realismo / 44. Simbolismo
42.4. Reconhecer e caracterizar a contribuição dos
Naturalismo principais autores simbolistas
caracterizar a contribuição dos
principais autores realistas / nacionais para a literatura
naturalistas nacionais para a brasileira.
literatura brasileira. 44.5. Estabelecer relações
42.5. Estabelecer relações intertextuais entre textos literários
intertextuais entre textos literários simbolistas e outras manifestações
realistas / naturalistas e outras literárias e culturais de épocas
manifestações literárias e culturais diferentes.
de diferentes épocas. 44.6. Identificar efeitos de
42.6. Identificar efeitos de sentido da metalinguagem e
sentido da metalinguagem e da intertextualidade em textos
da intertextualidade em textos literários simbolistas.
literários realistas / naturalistas. 44.7. Posicionar-se, como
42.7. Posicionar-se, como pessoa e como cidadão, frente a
pessoa e como cidadão, frente a valores, ideologias e propostas
valores, ideologias e propostas estéticas representadas em obras
estéticas representadas em obras literárias simbolistas.
literárias realistas / naturalistas. 44.8. Elaborar, produtiva e
42.8. Elaborar textos orais e autonomamente, textos orais e
escritos de análise e apreciação escritos de análise e apreciação de
de textos literários realistas / textos literários simbolistas.
naturalistas.

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45.0. Ler textos e obras 46.0. Ler textos e obras


representativos do Modernismo representativos da literatura
brasileiro, produtiva e brasileira contemporânea,
autonomamente. produtiva e autonomamente.

45.1. Caracterizar os 46.1. Caracterizar movimentos


movimentos de vanguarda culturais e poéticos de vanguarda
europeia (Futurismo, (concretismo, poesia práxis,
Expressionismo, Cubismo, poema-processo, pop art,
Dadaísmo, Surrealismo). contracultura, etc.).
45.2. Explicar a importância 46.2. Explicar a importância
dos movimentos de vanguarda dos movimentos de
para o Modernismo brasileiro. vanguarda para a literatura
45.3. Localizar, numa linha de brasileira contemporânea.
tempo, as principais tendências 46.3. Localizar, numa linha de
da poesia (primitivismo, tempo, as principais tendências
antropofagia, nacionalismo, da poesia e da prosa de ficção
universalismo, brasileira contemporânea.
intimismo, experimentalismo) 46.4. Identificar, em textos
e da prosa de ficção (neorrealismo, literários brasileiros, marcas
intimismo, experimentalismo) do discursivas e ideológicas das
Modernismo brasileiro. principais tendências da poesia e
45.4. Reconhecer as propostas da prosa de ficção contemporânea
das diferentes correntes e seus efeitos de sentido.
modernistas, especialmente a 46.5. Relacionar
primitivista, a nacionalista, a características discursivas e
regionalista e a universalista. ideológicas de obras brasileiras da
45.5. Reconhecer a contemporaneidade ao contexto
importância do Modernismo 46. Contemporaneidade histórico e à situação de produção,
brasileiro para a formação circulação e recepção dessas
da consciência nacional e a obras.
consolidação da literatura 46.6. Reconhecer e
brasileira. 45.6. Identificar, em caracterizar a contribuição
textos literários do dos principais autores
Modernismo, marcas brasileiros da contemporaneidade
45. Modernismo discursivas e ideológicas das para a literatura nacional. 46.7.
principais tendências da poesia e Estabelecer relações intertextuais
da prosa de ficção desse estilo de entre textos literários da
época e seus efeitos de sentido. contemporaneidade e produções
45.7. Relacionar literárias e culturais de diferentes
características discursivas épocas.
e ideológicas de obras do 46.8. Identificar efeitos
Modernismo brasileiro ao de sentido da metalinguagem
contexto histórico de sua e da intertextualidade em
produção, circulação e recepção. textos literários brasileiros
45.8. Reconhecer e contemporâneos.
caracterizar a contribuição dos 46.9. Posicionar-se, como
principais autores do Modernismo pessoa e como cidadão, frente
brasileiro para a literatura aos valores, às ideologias e às
nacional. propostas estéticas representadas
45.9. Estabelecer relações em obras literárias do
intertextuais entre textos Modernismo brasileiro.
literários do Modernismo e outras 46.10. Elaborar, produtiva e
manifestações literárias e culturais autonomamente, textos orais e
de épocas diferentes. escritos de análise e apreciação
45.10. Identificar efeitos de textos literários brasileiros
de sentido da metalinguagem e contemporâneos.
da intertextualidade em textos
literários do Modernismo
brasileiro. Avaliação
45.11. Posicionar-se, como
pessoa e como cidadão, frente
aos valores, às ideologias e às Se é função da escola criar condições para que o aluno
propostas estéticas representadas aprenda determinados conteúdos e, sobretudo, desenvolva
em obras literárias do determinadas habilidades, ela precisa, o tempo todo e de diversas
Modernismo brasileiro.
45.12. Elaborar, produtiva e formas, avaliar se está atingindo seus objetivos. Ao professor,
autonomamente, textos orais e a avaliação fornece elementos para uma reflexão contínua
escritos de análise e apreciação de sobre a sua prática, sobre a criação de novos instrumentos de
textos literários do Modernismo trabalho, sobre ajustes a fazer no processo de aprendizagem
brasileiro.
individual ou de todo grupo. Ao aluno, permite a tomada de
consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades
para reorganização de seu investimento na tarefa de aprender. À
escola, possibilita definir prioridades e identificar que aspectos
das ações educacionais demandam apoio.
A avaliação deve ocorrer antes, durante e após o processo
de ensino e aprendizagem. Avaliando permanentemente, o
professor capta o crescimento do aluno no decorrer do tempo
e evita que uma situação não desejável permaneça acontecendo
até que chegue ao patamar do irremediável.
A fase investigativa ou diagnóstica inicial instrumentaliza
o professor para pôr em prática seu planejamento de forma a
atender às características de seus alunos. Informando-se sobre
o que o aluno já sabe a respeito de determinado conteúdo, o
professor estrutura o planejamento, define os conteúdos e o
nível de profundidade em que devem ser abordados. Vale frisar
que a avaliação investigativa não deve destacar-se do processo

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de aprendizagem em curso, impedindo o professor de avançar Assinatura do professor ________/_______/_______
em suas propostas e fazendo-o perder o escasso tempo escolar
de que dispõe. Pelo contrário, ela deve realizar-se no interior
mesmo do processo de ensino-aprendizagem, já que os alunos Já esta outra ficha, pequeno exemplo de como avaliar
inevitavelmente põem em jogo seus conhecimentos prévios ao valores e atitudes em linguagem, leitura e escrita, dentro e fora
enfrentar qualquer situação didática. da escola, foi inspirada em Campbell, Campbell e Dickinson
Durante o processo, é conveniente que o professor, junto (2000:265). É possível recriá-la de modo a avaliar vários outros
com os alunos, faça paradas para monitorar os produtos e aspectos importantes.
processos, alterar rotas, tomar consciência do que cada um
ainda não sabe e buscar caminhos para avançar. É importante
Boletim de avaliação de valores e atitudes
que os alunos participem dessa avaliação formativa e que sejam
apoiados pelo professor no processo de formação da capacidade Nome: .........................................................................................................
de julgamento autônomo, consciente, a partir de critérios claros ................. Data:......../......../....
e compartilhados, de princípios de honestidade intelectual e Como está seu desempenho nas categorias abaixo?
espírito crítico.
A fase final inclui a observação dos avanços e da qualidade Auto-avalie-se no espaço sob o título EU, descrevendo
da aprendizagem alcançada pelos alunos ao final de um período seu progresso em cada item. Depois, peça a um colega para
de trabalho, com base na síntese de todas as informações sobre
avaliar você na segunda coluna. Em seguida, leve o boletim
o aluno obtidas pelo professor, ao acompanhá-lo contínua e
sistematicamente. para casa e peça a seu pai, sua mãe ou outro adulto para
A avaliação deve ser multimodal, multidimensional. Isso quer avaliar você na terceira coluna.
dizer que ela deve ser feita por meio de diferentes instrumentos
e linguagens — não só por meio de testes escritos; por outros Compare a opinião de todos sobre o seu progresso. Você
agentes, além do professor — o próprio aluno, um ou mais concorda ou discorda dos comentários? Escreva suas reações
colegas, pessoas da comunidade; e avaliar não só conhecimentos, a eles no verso do boletim e, quando estiver completo,
como também competências e habilidades, valores e atitudes coloque-o em seu portfólio.
aprendidos ao longo do tempo e demonstrados não só dentro
da escola, mas também fora dela. A diversidade de instrumentos LINGUAGEM EU COLEGA ADULTO
e situações possibilita avaliar as diferentes competências e Mostra atitude não
conteúdos curriculares em jogo, contrastar os dados obtidos
preconceituosa frente
e observar a transferência das aprendizagens para contextos
distintos. A utilização de diferentes linguagens além da verbal aos diferentes modos
— teatro, filme, dança, música, pintura, expressão corporal, de falar das pessoas,
grafismos, etc. - leva em conta as diferentes aptidões dos alunos. reconhecendo a igual
validade linguística
A ficha a seguir, proposta por Armstrong (2001:127) para o de todos os usos da
aluno escolher como deseja ser avaliado, apresenta uma grande língua.
variedade de instrumentos e linguagens.
Posiciona-se
criticamente frente
Folha de inscrição do aluno para “Comemoração da a preconceitos
Aprendizagem” linguísticos.
Para mostrar que eu sei...................................................................... Faz uso consciente
............ eu gostaria de das variedades
( ) fazer um relatório ( ) dar uma palestra. linguísticas e níveis de
( ) fazer um ensaio ( )fazer uma simulação. registros do português
fotográfico. ( )criar uma série de brasileiro, conforme os
( ) montar um livro de esboços/ diagramas. efeitos de sentido que
recortes. ( )montar um quer provocar.
( ) construir um modelo. experimento. LEITURA EU COLEGA ADULTO
( ) fazer uma ( )participar de um debate Mostra-se
demonstração ao vivo. ou discussão. receptivo a textos
( ) criar um projeto em ( )fazer um mapa mental. que rompem com
grupo. ( )produzir um vídeo. seu universo de
( ) fazer um gráfico ( )criar um projeto expectativas.
estatístico. ecológico.
( ) fazer uma ( )montar um musical. Dispõe-se a trocar
apresentação interativa em ( )criar um rap ou uma impressões com outros
computador. canção sobre o assunto. leitores acerca de
( ) manter um diário. ( )ensinar o assunto a textos lidos.
( ) gravar entrevistas. alguém. Valoriza a
( ) planejar um mural. ( )coreografar uma dança. leitura em suas
( ) criar uma discografia ( )fazer um projeto diferentes dimensões:
baseada no assunto. diferente dos listados acima. informação,
Breve descrição do que pretendo fazer: conhecimento,
.............................................................................. ...................................... fruição...
........................ Posiciona-se
.............................................................................. ........................................ ideologicamente frente
............................................. ............................................................. aos textos que lê.
Assinatura do aluno ________/_______/_______ LEITURA EU COLEGA ADULTO

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PDedica um tempo Reflexão do aluno sobre seu crescimento escolar
por dia ou semana Revendo amostras do seu trabalho durante os últimos
para o aprendizado ou meses, responda, por favor, às seguintes perguntas:
o aperfeiçoamento da • Que amostras do seu trabalho você reviu? Quando
própria escrita. os projetos foram concluídos?
Problematiza as • De que maneira o seu trabalho mudou? O que é
próprias curiosidades diferente nele agora do que era antes? Que evidências você
e indagações tem dessa mudança?
acerca da língua, da • O que você aprendeu que não sabia antes? Quando
construção de textos e e como você adquiriu essa nova informação? • Como você
personagens, etc. usou seu novo conhecimento nesta aula, em outras aulas e
Lê textos de fora da escola?
diferentes gêneros • As mudanças em seu trabalho afetam a maneira
com o intuito de como você se vê? • Você adquiriu um nível adequado de
conhecer soluções conhecimento e habilidades? Se não, como poderia obter
dadas por diferentes informações adicionais no futuro?
autores a situações- • Que outros comentários você poderia fazer sobre
problema. seu trabalho nos últimos meses?

Desenvolve Quando fundamentada em habilidades, conhecimentos


projetos de e valores necessários para que o aluno assuma papéis
aperfeiçoamento da sociais no seu presente junto à comunidade, ou no seu futuro
própria expressão profissional, a avaliação torna-se significativa e faz significativo
escrita: estratégias o ensinoaprendizagem. Assim, por exemplo, pode-se avaliar a
de construção de habilidade de narrar dos alunos, ouvindo-os contar histórias
diferentes gêneros, para um grupo de crianças da comunidade. As próprias aulas
tipos de textos e sobre narrativa podem contar com a presença de contadores de
histórias, profissionais com quem os alunos poderão aprender
suportes; de domínio
muitas habilidades essenciais a essa arte-profissão. Da mesma
da norma padrão;
forma, o contato com outros profissionais, como palestrantes,
de uso adequado de jornalistas, repórteres, comunicadores, deve ser incentivado,
variedades e registros bem como a criação de oportunidades para que os alunos
de linguagem, etc. vivenciem os papéis desses profissionais.
Outro aspecto importante a ser considerado é que qualquer
A auto avaliação é uma oportunidade para o aluno se atividade didática pode ser usada como avaliação: algumas serão
apropriar conscientemente dos conhecimentos que adquire adequadas como avaliações parciais, outras como avaliações
e dos processos desenvolvidos para adquiri-los. Monitorar finais, a depender do grau de complexidade das habilidades
os processos de aquisição de conhecimentos, habilidades e requeridas. Cabe ao professor decidir que atividades usar em
atitudes, identificar as próprias dificuldades e sucessos pode avaliações, em que momento do processo, para qual turma de
levar aquele que aprende a livrar-se de ideias preconcebidas. alunos. Apenas se recomenda que atividades mais complexas
E a desenvolver habilidades para o crescimento contínuo sejam propostas na fase final do trabalho e que uma avaliação
fora da escola. Permite, igualmente, refletir sobre a noção do tipo teste ou prova jamais avalie competências e habilidades
de erro. A resposta do aluno a uma questão pode não ser a que o aluno não teve chance de desenvolver durante a etapa.
que prevíamos, mas pode desvelar outras possibilidades de
interpretação também ricas, que mereçam nossa consideração. BIBLIOGRAFIA
E ainda que nos pareça sem fundamento, ela revela o processo A REVISTA NO BRASIL São Paulo: Abril, 2000.
de pensamento do aluno. Investigar esse processo junto AGUIAR, Vera Teixeira (Coord.). Era uma vez... na escola: formando educadores
para formar leitores. Belo Horizonte: Formato, 2001.
com ele é um exercício metacognitivo indispensável para o
ALVES, Ieda Maria. Neologismo: criação lexical. São Paulo: Ática, 1990.
desenvolvimento do pensamento. Perguntas ou solicitações do (Princípios; 191).
tipo Como você chegou a tal conclusão? O que faz você afirmar ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola
isso?. Dê exemplos que justifiquem sua resposta devem ser feitas Editorial, 2003.
tanto para respostas que se considerarem corretas quanto para ARMSTRONG, Thomas. Inteligências múltiplas na sala de aula. 2. ed. Porto
aquelas que, à primeira vista, parecerem incorretas. Elas devem Alegre: Artmed, 2001.
BAGNO, Marcos. A língua de Eulália: novela sociolingüística. São Paulo:
estar imbuídas de um autêntico espírito de investigação, e não Contexto, 1997.
do desejo de induzir o aluno a chegar à resposta inicialmente _____. Dramática da língua portuguesa: tradição gramatical, mídia e exclusão
pensada pelo professor. social. São Paulo: Loyola, 2000.
_____. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2000.
Ferramenta importante para a avaliação, especialmente _____. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. 2. ed. rev. e aum. São Paulo:
Loyola, 1999.
para a auto avaliação, é o portfólio, por oferecer perspectivas BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
longitudinais do desenvolvimento do aluno e estimular a _____. Marxismo e filosofia da linguagem. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1986.
metacognição. Nele, o próprio aluno tem a chance de fazer BARBOSA, Jaqueline Peixoto. Do professor suposto pelos PCNs ao professor real
anotações individuais sobre seu crescimento em cada etapa de Língua Portuguesa: são os PCNs praticáveis? In: ROJO, Roxane (Org.) A prática
ou disciplina, de rever anotações e trabalhos anteriores, de de linguagem em sala de aula: praticando os PCNs. São Paulo: EDUC; Campinas:
Mercado de Letras, 2000.
contrastar o que sabia com o que sabe agora. BASTOS, Lúcia Kopschitz. Coesão e coerência em narrativas escolares. São
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Campbell, Campbell e Dickinson (2000:263) sugerem a ficha BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a
a seguir, a ser preenchida pelo aluno, consultando o portfólio. sociolingüística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. (Linguagem; 4).
Com pequenas adaptações, ela se presta à avaliação de vários BOSI, Alfredo (Org.) Leitura de poesia. São Paulo: Ática, 1996.
BRAIT, Beth. A personagem. 4. ed. São Paulo: Ática, 1990. (Princípios; 3).
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Conteúdo Específico 173


Apostila Digital Licenciada para Heverton Otoni da Silva - detonblack@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
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