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A função alocativa visa desviar o emprego de uma parcela dos recursos da economia
(capital, trabalho e recursos naturais diversos) para oferta e ou provisão de bens e
serviços tidos públicos. Devido as certas características de mercado, estes bens e
serviços não são ofertados na quantidade e ou preços ótimos do ponto de vista social.
São exemplos da função alocativa muitos dos programas de governo que afetam
seguimentos e ou setores que ofertam infra-estrutura (saneamento básico, transporte,
energia e telecomunicações). Devido ao volume de recursos exigidos para execução de
projetos, prazos de maturação dos empreendimentos, complementariedades de
investimento e externalidades ligadas à oferta nesses mercados, a relação custo-
benefício tende a afastar o volume investido do necessário ao atendimento das
demandas sociais. Um bom exemplo dessa falha foi a crise vivida pelo setor de geração
e distribuição de energia elétrica no ano de 2001. Quem se lembra do temor do famoso
"apagão" vivido no ano 2001 e que ainda restringe o crescimento nacional?.
Durante o processo de industrialização por substituição de importações a função
alocativa era exercida por meio da produção direta de bens e serviços por parte do
Estado. No final dos anos 1980 e durante o início dos anos 1990, com o Presidente
Collor, a oferta nesses mercados seria provida de maneira induzida pelo setor privado.
Esta prática seria aprofundada na era FHC com as privatizações e criação e introdução
de mecanismos de intervenção pública por meio das agências reguladoras (ANP, Aneel,
Anatel, etc.).
Estas medidas, embora tenham variado em profundidade e grau, foram muito utilizadas
durante o processo de industrialização por substituição de importação. Assim, durante a
fase nacional-desenvolvimentista (1950-1980) o Estado atuava na provisão de infra-
estrutura de maneira direta por meio de uma série de mecanismos de intervenção na
oferta e demanda. De fato, o Estado atuava na: produção e comercialização de insumos
básicos (minérios, química, energia, etc.); manutenção e intervenções no "sistema de
poupança e financiamento" por meio de bancos de investimento e outras agências;
oferta de serviços e atuação das empresas públicas nas áreas de saneamento, saúde,
transporte, telecomunicações, etc.; controle de preços e de comércio exterior; criação e
manutenção de um sistema de concessão de subsídios e isenções fiscais; administração
da política monetária, cambial (seletiva), fiscal, de preços mínimos, etc.; "elaboração e
execução"de políticas industriais e agrícolas ativas; política de comercio exterior,
política industrial e agrícola; além de atuar por meio de outros mecanismos diretos de
intervenção (manutenção de estoques reguladores, controle de preços, políticas de
controle de salários, etc.).
Este modelo seria totalmente revertido com a abertura e reforma patrimonial pública e
privada dos anos 1990. De fato, após o esgotamento do processo de industrialização por
substituição de importações houve uma radical mudança no raio de ação governamental.
Em parte essa mudança de orientação é resultado da crise fiscal, ajustamento externo,
inflação crônica e baixas taxas de crescimento. Após várias tentativas, a estabilização
foi implementada à luz da revisão do papel do Estado na economia. Nesse contexto,
emergiriam as crenças quanto aos benefícios da liberalização dos mercados as quais
foram cristalizadas no Consenso de Washington.